Chef de Cuisine - Modulo 5
July 13, 2022 | Author: Anonymous | Category: N/A
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1
Normas e Procedimentos Procedimentos Caro aluno,
12. Não é permitido levar sobras de preparações para
Os itens abaixo são para tornar melhor seu ambiente
casa.
durante a permanência no curso.
13. Só terá direito a Certificado de Participação o aluno que tiver frequência mínima de 75% no módulo.
Critérios Básicos
14. Qualquer material extra utilizado em sala pelo
1. Não será permitido entrar na cozinha sem uniforme.
professor dever ser solicitado à escola, caso o aluno
Deve-se usar também calça comprida e sapatos
tenha interesse em receber o mesmo.
fechados, por medida de segurança. 2. Trazer sempre a apostila nas aulas e levá-la consigo
15. O aluno que se forma em um módulo do curso de
para casa.
Chef, tem direito a R$ 50,00 de desconto em uma aula
3. Devem-se higienizar as mãos ao entrar na cozinha.
show, mediante apresentação do certificado. Sendo
4. O atraso do aluno é aceitável desde que seja por
limitadas duas vagas por turma a serem utilizadas com
motivo relevante. O aluno deve entrar na cozinha já
este benefício.
uniformizado e respeitando o andamento da aula. Porém, o chef não retornará o assunto.
Essas normas devem ser seguidas por todos a fim de que
5. Não será permitido trocar de horário, a não ser que seja
tenhamos um ambiente agradável para o desenvolvimento de senvolvimento
definitivo e tenha vaga no período procurado. Caso seja
das aulas. Nosso maior objetivo é que todos terminem o
necessário repor alguma aula perdida, deve-se entrar em
módulo satisfeitos.
contato com a recepção/secretaria da escola a fim de
Na avaliação ao final do módulo, serão considerados os
verificar o cronograma e a disponibilidade, e será cobrada
seguintes itens:
uma taxa de R$ 50,00 sobre cada reposição de aula. 6. Ter boas atitudes, disciplina, postura e manter bom
Frequência
Peso 2
relacionamento com os instrutores, funcionários da escola
Participação em aula
Peso 3
e colegas de aula au la dentro do ambiente.
Prova Final
Peso 5
7. Zelar pelos utensílios e equipamentos da escola. 8. Não é permitida a permanência e/ou degustação de alunos do curso de chef de cuisine nas Aulas-Show, assim como não é permitido também o acesso de alunos de Aulas-Show à cozinha-chef. 9. Solicitamos que o aparelho celular permaneça desligado ou no modo vibra call durante durante a aula. 10. Os ingredientes da cozinha são de uso exclusivo para a aula, não sendo permitido seu consumo fora das preparações. 11. Não é permitido trazer bebidas (alcoólicas ou não) à escola.
2
ENOLOGIA E ENOGASTRONOMIA ENOGASTRONOMIA
mais ao norte: a civilização romana. Assim, observa-se que
O vinho
a maior parte dos grandes vinhos romanos era proveniente
Definição, historia e aspecto sociais. sociais.
das áreas que integraram a Magna Grécia : Falerno,
O vinho é, por definição, o produto da fermentação alcoólica
Surrentinum, Caecubum na Campania e Mamertinum na
natural
ocorre
Sicília. O nome de uma das principais uvas da região, a
espontaneamente na natureza quando uvas maduras têm
aglianico , é provavelmente uma corruptela da palavra
suas cascas rompidas, permitindo o ataque de leveduras
helênico. No norte, apenas o Rhaeticum atingia o nível
selvagens responsáveis pela transformação do açúcar da
daqueles vinhos meridionais.
fruta em álcool. Portanto, é de se supor que o homem
A situação atual é inversa, com os vinhos mais finos sendo
primitivo tenha entrado em contato com esse produto
elaborados nas regiões
casualmente. A adoção desse protótipo de vinho por nossos
imaginar que a expansão imperial romana, bem como a
antepassados deveu-se antes ao efeito causado no estado
política da Pax Romana e o aculturamento dos povos
anímico daqueles primeiros consumidores do que às
bárbaros com o aparecimento dos chamados foederati ,
qualidades gustativas do produto.
contribuíram para a difusão do vinho em todas as províncias
Diferentes pesquisas arqueológicas têm evidenciado que o
romanas estabelecidas nas terras conquistadas. No início a
vinho acompanha a humanidade desde seus primórdios. A
cultura da vinha difundiu-se pela Gália cisalpina, onde já
parreira vinífera parece ter origem na região ao sul do mar
havia Massília com sua cultura fenícia. Esta região era então
Negro e sudoeste da cadeia dos Cáucasos. Essa área
a grande fornecedora para toda Gália setentrional. A seguir,
corresponde aos territórios atuais da Turquia, Armênia e da
a viticultura estabeleceu-se na Gália narbonensis (Narbone). (Narbone).
Geórgia e nela floresceram, na era neolítica, os reinos da
O cultivo da vinha no restante da Gália tem origem
Anatólia, dos hititas e da Armênia. Lá, foram encontrados os
controversa. É possível que os gauleses e mesmo os celtas
mais antigos vestígios conhecidos de videiras. O uso do
já o fizessem, pois, po is, existem evidências arqueológicas disso.
vinho nas várias cidades gregas enraizou-se de forma sólida
No entanto, a versão mais aceita é a da sua propagação a
naquelas sociedades, tanto como produto alimentício como
partir das margens do Mediterrâneo para a região da
para uso ritual e religioso, no culto dionisíaco. O vinho tinha
Lugdunencis (Lugdunum-Lyon), (Lugdunum-Lyon), seguindo o curso do Rhône
ainda função medicamentosa, sendo citado por Dioskurides,
e, para Burdigala (Bordeaux), na Aquitânia . A implantação
o pai da farmacologia, e por Hipócrates de Cós, o pai da
da vitivinicultura na península ibérica foi facilitada pelo fato
medicina. Da mesma forma, aparece freqüentemente na literatura grega, bem como, em sua dramaturgia. No
de que já lá havia uma cultura do vinho, herdada dos fenícios através dos cartagineses, que dominaram a região
entanto, a importância do vinho na civilização helênica
antes da destruição de Cartago nas guerras Púnicas contra
também reside no fato que a partir de 750 AC iniciou-se a
Roma. Sob domínio romano, a vinha floresceu na Baetica
expansão grega no sul do atual território da Itália.
(Andaluzia), em Tarraconensis (norte da Espanha e
Fundaram-se as colônias de Neapólis (Nápoles), Tarentum
Portugal) e na Lusitania (Portugal). (Portugal).
(Taranto) e Siracusa. O sul da Itália e a Sicília integraram a
No norte, o grande estímulo vinícola foi a descentralização
chamada Magna Grécia , conhecida então como Enotria , a
administrativa do império romano, levada a efeito por
"terra das vinhas treliçadas", referência, em grego, à
Diocleciano, em virtude das invasões bárbaras, no início do
abundância e forma de condução das videiras locais. A forte
século IV. Umas das capitais imperiais criadas foi Trier, a
presença grega na região influenciou de forma definitiva os
Augusta Treverorum , sob o comando de Constantino, às
padrões culturais da civilização que se iniciava um pouco
margens do rio Mosel. A presença da corte na região
do
suco
de
uvas.
Este
fenômeno
setentrionais. Torna-se fácil
3
desenvolveu muito a viticultura local. Após um período de
A partir de 1870, grande parte do vinhedo europeu foi
calma relativa, a Europa mergulhou na grande noite que se
devastado por uma praga agrícola denominada Phylloxera
seguiu à queda do império romano do ocidente em 476. A
vastatrix . Descobriu-se que o emprego de técnicas de
barbárie e o caos subseqüentes acarretaram uma total
enxertia sobre porta-enxertos de origem americana, imunes
desorganização social e da atividade produtiva. A produção
à infestação, podia representar a salvação de quase 8000
do vinho nesse período é pouco conhecida mas sabe-se que
anos de tradição no cultivo da vinha. Todo o vinhedo
foi mantida pelos inúmeros novos senhores de terras e,
europeu foi replantado com as plantas originais enxertadas
principalmente, pelos bispados. Um novo alento foi tomado
sobre "cavalos" americanos. Nesse fim de século, também
após a reunificação da Europa, com a sagração no dia de
foi marcante a implantação definitiva de vinhedos de
natal de 800, de Carlos Magno como imperador. Uma
qualidade no novo mundo. Assim, a Califórnia, a África do
espécie de renascimento teve então lugar, revalorizando a
Sul,
cultura
significativamente as suas áreas plantadas com videiras
greco-latina. O culto do vinho veio como
a
Austrália
e
o
Chile
tiveram
aumentadas
conseqüência lógica. Além da doação à abadia local, do
nobres de origem européia.
vinhedo que hoje leva seu nome em Corton e da lenda de
A primeira metade do século XX não apresentou fatos
que os primeiros vinhedos do Rheingau teriam sido
relevantes em relação ao vinho exceto a promulgação, nos
plantados
de
Estados Unidos, da Prohibition, a chamada Lei seca. O
regulamentação da produção de vinhos foram promulgados
próximo episódio histórico a influenciar a viticultura foi o
por Carlos Magno.
eclodir da segunda grande guerra quando essa atividade foi
No entanto, o fator decisivo na manutenção da tradição
praticamente destruída. Mais uma vez, no entanto, após o
vitivínicola foi o desenvolvimento, a partir do século XI, do
término do conflito, a cultura da vinha voltou a apresentar
monasticismo decorrente do surgimento das grandes ordens
dias de esplendor.
monacais, como a Cluniacense e a Cisterciense. As imensas
Vários fatos de relevância têm ocorrido recentemente,
abadias dessas ordens, como a de Cluny, eram verdadeiras
modificando o panorama do consumo mundial de vinhos. No
cidades com extensas áreas plantadas para o sustento da
dizer de Hugh Johnson, uma das maiores autoridades
vida abacial. Inúmeros são os vinhedos famosos que
mundiais em vinho, 80% das modificações em 8000 anos de
pertenceram a esses mosteiros beneditinos. O período que
relacionamento do homem com o vinho, ocorreram nos
se seguiu foi de relativa estagnação. Um dos grandes
últimos trinta anos. As principais causas dessas alterações
problemas do comércio de vinhos era a fragilidade do
são a diminuição das populações rurais, o menor consumo
produto. Os vinhos de então eram extremamente perecíveis,
de vinho pelas populações urbanas em decorrência do ritmo
o que, com raras exceções, impedia a exportação. O
de trabalho e, a popularização do automóvel e o
consumo era totalmente local. A maior concentração
conseqüente controle da ingestão alcoólica de seus
alcoólica, característica de vinhos de clima quente,
motoristas. Contribuem também, a difusão de vários
aumentava a durabilidade tornando-os mais procurados
conceitos de saúde e uma exigência, pelos consumidores,
pelas regiões importadoras. A progressiva aceitação do uso
de melhor qualidade. Esses fatos somados implicam em
da garrafa e da rolha, em meados do século XVII, mudaram
diminuição do consumo global. Outra tendência relevante é
radicalmente este panorama. Muitos vinhos de qualidade,
a internacionalização do paladar. Essa corrente caracteriza-
antes consumidos apenas pelos moradores da área de
se pela adoção de determinadas cepas de uvas como a
produção, passaram a ser comercializados por toda Europa.
Cabernet Sauvignon, a Chardonnay e a Riesling. Tais
Alguns deles tornaram-se verdadeiras manias em várias
variedades são vinificadas de modo a obter vinhos límpidos,
cortes, adquirindo grande fama. Com isso, o mercado
frutados, com pouco tanino e projetados para consumo
vinícola passou a ter cada vez maior importância financeira
imediato ou, no máximo, para um curto período de guarda.
para os países produtores. Essa situação perdurou até a
Nota-se também uma preferência pelo vinho branco, que,
segunda metade do século XIX.
nesse caso, apresenta-se ligeiro, frutado e aromático. Esse
por
sua
ordem,
numerosos
atos
4
estilo de consumo implica em dificuldades para algumas
localizados fora da área mediterrânea. É difícil estabelecer o
regiões tradicionais, cujos produtos fortemente marcados
posicionamento atual dos produtores em virtude das
por características regionais, encontram certa rejeição no
recentes mudanças no mapa político da Europa com a
mercado internacional. Torna-se cada vez mais difícil a
fragmentação do 40 maior produtor mundial, a URSS. De
comercialização de vinho tânicos, de paladar muito
qualquer forma, França, Itália, Estados Unidos, Espanha e
acentuado
Argentina são os cinco grandes produtores.
e
que
necessitam
de
longos anos de
amadurecimento.
O vinho vem, há tempos, deixando de ser consumido
Os países do novo mundo, com sua capacidade de produzir
prioritariamente nas áreas produtoras. Países que não se
vinhos de acordo com a exigência internacional e dotados
incluíam entre os grandes consumidores apresentam, agora,
de excelente relação custo-qualidade, invadiram o mercado.
grande importância. Assim, Japão, Estados Unidos,
No entanto, as regiões vinícolas tradicionais apresentam
Luxemburgo e Bélgica importam grandes quantidades de
uma clara reação. Nota-se uma nítida mudança do estilo de
vinhos finos. Porém, a produção de vinhos finos
vinificação com abrandamento dos taninos e aumento da
compreende cerca de 5% do volume total. Nesse segmento
fruticidade, além da diminuição do tempo previsto de
do mercado, existe uma oferta insuficiente para uma
amadurecimento. Tem ocorrido também a implantação das
demanda crescente, com conseqüente aumento de preços.
chamadas uvas internacionais em áreas tradicionais onde
Entretanto, como já foi exposto anteriormente, existe um
elas não são variedades normalmente presentes. Essa
outro padrão de vinho que vem conquistando a preferência
revolução, em pleno curso, além da diminuição do consumo
do mercado consumidor. Países do novo mundo como os
mundial, tem causado uma massificação do estilo dos
Estados Unidos, a Austrália, o Chile e a África do Sul
vinhos, com perda de algumas qualidades interessantes e
produzem vinhos que atendem a esse padrão, muitas vezes
características regionais. Por outro lado, o consumidor tem
a preços inferiores aos seus equivalentes europeus. Diante
sido beneficiado pela elevação geral da qualidade e pela
dessa demanda comercial, algumas regiões tradicionais
diminuição de preços dos vinhos médios.
estão sendo obrigadas a se adaptar para continuarem competitivas. Isso implica em pesados investimentos em
Produção e consumo internacional.
técnicas modernas de viticultura e equipamentos capazes de
A produção mundial de vinhos encontra-se, hoje, espalhada
executar o processo altamente tecnológico em que se
por todos os continentes. No entanto, o maior volume e a
transformou a vinificação.
maior concentração de vinhos de qualidade ainda estão
Embora a perda das características regionais de alguns
localizados nos países da bacia mediterrânea. Na última
vinhos seja uma consequência notável, é importante lembrar
década, França e Itália têm se revezado na liderança da
que os dois vinhos mais exportados do mundo (Mateus
produção mundial, com cerca de 70 milhões de hectolitros
Rosé e Liebfraumilch), são produtos de tecnologia e
anuais cada um. No momento, a Itália é a maior produtora e
destituídos de caráter ou qualidade. Um outro fato que tem
a segunda consumidora, ocupando a França, a posição
influenciado o mercado mundial foi a criação do mercado
inversa. Nesses países, a produção de vinhos representa
comum europeu. A padronização da lei entre os países
importante fração do produto interno bruto e parcela
integrantes que está em curso, seguramente facilitará a vida
considerável de suas exportações. Juntos, os dois exportam
do consumidor que, muitas vezes, se vê em dificuldades
cerca de 30 milhões de hectolitros. Outras nações da região,
para
como Portugal, são essencialmente vinícolas. Cerca de 8%
regulamentação entre os países e para comparar vinhos de
das terras agriculturáveis de Portugal estão ocupadas pela
procedência diferente.
vinha,
trabalhadores
Em relação à qualidade do vinho, sabe-se que nas zonas
empregados nessa atividade. A Espanha possui a maior
produtoras existe uma forte regionalização. As populações
área de vinhedos do mundo. No entanto, esses produtores
bebem seus vinhos, aqueles que são produzidos localmente.
clássicos vêm sofrendo forte concorrência de países
É inimaginável para, por exemplo, um piemontês, tomar um
com
aproximadamente
235.000
compreender
as
inúmeras
diferenças
de
5
vinho produzido na Sicília. Em geral, consomem-se vinhos
Algumas situações específicas devem ser lembradas como
genéricos reservando-se os mais finos para a exportação e
o caso dos pacientes diabéticos que não podem consumir
para dias festivos. Já nas grandes cidades e em zonas não
vinhos de sobremesa, ricos em açúcar, e os portadores de
produtoras, bebe-se vinhos de procedências extremamente
úlceras gastroduodenais que devem tratá-las antes de
variadas. A tendência, no entanto, é o consumo daquele
reiniciar o consumo de vinhos. Também é importante evitar
padrão de vinho internacional já descrito. Os vinhos mais
a associação de álcool com outras drogas e medicamentos
finos, de grande qualidade e conseqüentemente caros,
como
destinam-se a segmentos restritos da população, de alto
antiinflamatórios e analgésicos.
calmantes,
anti-depressivos,
anti-alérgicos,
poder aquisitivo. São também consumidos por grupos de amadores e conhecedores, interessados em um maior
Variedades de Uvas Viníferas
conhecimento daquela bebida e, portanto, bebendo de
A Vitis vinifera se expressa de múltiplas maneiras
maneira crítica.
reconhecidas como variedades dessa espécie. Cada uma
Observamos, portanto, o vinho sendo consumido como
dessas variedades é típica de uma região produtora,
alimento, como bebida sofisticada em eventos sociais e
existindo cepas que mantém suas características em outras
como objeto de estudo e análise, tal como se fora uma obra
áreas enquanto outras só produzem vinhos típicos em suas
de arte.
áreas nativas. Embora sejam conhecidas milhares de variedades de Vitis vinifera , algumas dezenas têm maior
Vinho e saude vinculados ao consumo raci racional onal de vinhos
expressão como produtoras de vinhos finos.
O vinho, consumido racionalmente, pode ser um excelente auxiliar na manutenção da saúde. São numerosos os relatos de entidades médicas conceituadas demonstrando um
UVAS BRANCAS
benefício na ingestão moderada de álcool, que teria um efeito profilático da doença arterosclerótica cardiovascular.
1) CHARDONNAY
No entanto, todas as pesquisas são concordantes quando
A Chardonnay é a mais famosa de todas as uvas brancas,
afirmam que esse efeito só se observa quando do uso de
tendo seu nome escapado dos compêndios c ompêndios de botânica para
pequenas quantidades. A ingestão maior está relacionada a
se tornar uma marca, um nome de vinho extremamente
uma perda desse efeito benéfico, além do risco aumentado
popular e facilmente reconhecido pelos consumidores. Em
de desenvolvimento das doenças associadas ao álcool
sua terra natal, a Borgonha, na França, a Chardonnay é a
como a cirrose hepática e a pancreatite crônica. Assim, o
única responsável por todos os finíssimos vinhos brancos
controle do consumo de álcool é imperioso e o vinho
daquela região. O vinho da Chardonnay costuma ser pleno,
tradicionalmente é a bebida da moderação.
acessível, amanteigado, frutado e dependendo do tipo de
Igualmente, faz-se necessário conhecer os limites máximos
vinificação adotado, ter ou não o sedutor aroma de baunilha
de consumo considerados seguros. O Royal College of
derivado do tratamento em tonéis de carvalho, além de não
Psychiatrists and Physicians da Inglaterra recomendou
ser áspero ou conter acidez agressiva. Mas a Chardonnay
recentemente que o limite de baixo risco é de 168 gramas
não agrada apenas os consumidores. Os produtores a
de álcool por semana para homens e 112 gramas por
apreciam muito por ser uma uva muito fácil de d e cultivar.
semana para mulheres.
Para facilitar esse cálculo,
Sua expressão máxima no entanto, continua a ser na
considera-se para qualquer bebida alcoólica, uma "unidade"
Borgonha, onde dá origem a alguns dos mais elegantes e
de álcool como o equivalente a 8 gramas. No caso do vinho
refinados vinhos brancos de todo o mundo (Montrachet,
de mesa com 10 a 12 graus, uma unidade corresponderia a
Mersault, etc...). A Chardonnay costuma ter uma enorme
uma taça com cerca de 80 ml e o limite de segurança estaria
variedade de aromas e sabores. Entre os mais conhecidos
em torno de 240 ml /dia, ou seja, três taças.
estão: maçã, pêra, frutas cítricas, melão, pêssego, abacaxi, manteiga, cera, mel, “balas toffee” ou “butterscotch” (espécie
6
de caramelo feito com açúcar queimado e manteiga ou xarope de milho), baunilha, especiarias diversas, lã molhada
4) CHENIN BLANC
(na Borgonha), minerais e pedra de isqueiro (Chablis).
A Chenin Blanc, uma uva de elevada acidez e grande potencial de longevidade na sua região nativa, chamada
2) SAUVIGNON BLANC
Pineau ou Pineau de la Loire, é provavelmente a variedade
A Sauvignon Blanc é a única varietal responsável por alguns
de uva mais versátil do mundo, capaz de produzir alguns
dos mais populares e respeitados vinhos brancos secos do
dos mais finos e longevos vinhos brancos doces. Os aromas
mundo, os Sancerre e os Puilly - Fumé do Vale do Loire, na
e sabores mais freqüentes da Chenin Blanc são os de
França. É também a uva dos Sauvignon e Fumé Blancs nas
maçãs verdes, damascos, nozes, avelãs, amêndoas, mel e
demais partes do mundo. Parece ter suas origens na região
marzipan.
de Bordeaux, na França, onde costuma ser adicionada à Sémillon, tanto nos vinhos secos (Graves), como nos doces
6) GEW URZTRAMI URZTRAMINER NER
(Sauternes), conferindo sabor e vivacidade à mistura.
A Gewurztraminer é uma varietal extremamente aromática,
Quando corretamente tratada, a Sauvignon costuma
que atinge o seu grau máximo de qualidade na Alsácia, na
produzir vinhos com personalidade forte, apesar de
França, onde dá origem a uma enorme gama de vinhos
unidimensionais, bastante secos e com notável acidez (sua
personalíssimos, variando do totalmente seco até vinhos
mais marcante característica). Os sabores e aromas
doces (VT - Vendage Tardive e SNG - Sélection de Grains
encontrados com maior freqüência são os herbáceos, tais
Nobles), sempre com elegância e fineza. Também na
como grama recentemente cortada, folhas de groselha em
Alemanha, na região de Pfalz, produz vinhos de excepcional
floração, aspargos em lata e principalmente maracuja. maracuja.
qualidade. Também tem aparecido em praticamente todas as regiões do mundo, tais como a Austrália, Califórnia e o
3) RIESLING RIESLING
Chile, porém com características muito distintas e com
A verdadeira Riesling de origem germânica, também
poucas das qualidades que a tornaram famosa. O vinho feito
conhecida como Johannisberg, White Rhine ou Riesling
com esta uva tem um perfume floral, com uma característica
Renano, é uma das melhores uvas do mundo. Tem em
pungência, com um peculiar sabor e aroma de lichias, sendo
comum com a Sauvignon Blanc uma personalidade
geralmente bastante encorpado, com textura untuosa,
extremamente marcante, que se manifesta muito melhor
elevado teor alcoólico e baixa acidez.
sem a influência do carvalho, e uma acidez bastante elevada. É, no entanto, muito mais adaptável que a
7) MOSCATEL
Sauvignon, crescendo muito bem tanto no clima frio da
Se um vinho tem aroma de uvas, então é quase certo que a
Europa (Alemanha e Alsácia), como no clima quente da
uva do qual se originou é uma uva da família Moscatel. Os
Austrália. É ainda passível de ser atacada pela “podridão
vinhos feitos com esta uva podem ser secos, como na
nobre”, causada pela Botrytis cinerea , o fungo que acomete
Alsácia; leves, adocicados e frisantes, como em Asti,
certas uvas maduras, desidratando-as, dando origem a
Moscato d’Asti e Clairette de Die; muito doce, como no
vinhos de imensa riqueza e doçura. Independente de sua
Moscatel de Valência; muito doce e fortificado, como no
origem, de ser seco ou doce, velho ou novo, o vinho
pesado, super-doce, âmbar e castanho “Liqueur Muscats”
produzido com a Riesling deve ter um intenso caráter
Australiano e nos “vins doux naturels” do Rhône e do Sul da
frutado, balanceado por uma vívida acidez.
França (dos quais os mais conhecidos são os Muscat de
Os aromas e sabores mais freqüentemente associados à
Beaumes-de-Venise, Muscat de Rivesaltes e Muscat de
Riesling são os de petróleo/ querosene, tostado, notas
Frontignan).
minerais, aromas florais (Mosel), mel (vinhos doces), maçãs
Os aromas e sabores mais citados são os de uvas, laranjas,
verdes crocantes, maçãs cozidas com especiarias, marmelo,
rosas (Alsácia), bergamota / tangerina (Alsácia), uvas
laranja, lima (Austrália) e maracujá (Austrália)
7
PINOT BLANC BLANC - Em sua melhor expressão, como a
passas (nos vinhos fortificados), cevada e açúcar mascavo
•
(demerara).
cultivada na Alsácia, dá origem a vinhos que se assemelham a um Chardonnay leve, sem tratamento em madeira, fresco
8) VIOGNIER
e herbáceo, com maçãs e toques de manteiga.
A varietal Viognier é uma uva importante por ser
•
extremamente rara. A Viognier é a responsável pelo
Tokay ou Rülander) - Produz vinhos leves, ácidos e neutros
Condrieu, um vinho branco excitante, perfumado, opulento
na Itália e Alemanha. Ou então vinhos maduros, ricos,
(apesar de seco) e encorpado, proveniente de uma
concentrados e pouco ácidos, com perfume de talco e
minúscula região do norte do Rhône, sendo cultivada em
toques de mel, tanto secos como doces, na Alsácia.
muito poucos lugares no mundo. Os aromas e sabores mais
•
citados são os de flores de primavera (flor-de-maio e flor do
consideradas uvas brancas da Alsácia, mas ainda assim não
limoeiro), damascos, pêssegos, almíscar e algumas vezes,
desprovida de atrativos. Na Alemanha, onde é conhecida
de “crème fraîche”, que é um laticínio francês constituído por
como Silvaner, é importante na região da Francônia.
PINOT GRIS GRIS (também conhecida como Pinot Grigio,
SYLVANER SYLVANER -
Uma
das
menos
expressivas
e
um creme de leite levemente acidificado (inexistente no UVAS TINTAS
Brasil).
1) CABERNET SAUVIGNON 9) SÉMILLON SÉMILLON
A Cabernet Sauvignon é a uva tinta mais conhecida e
A Sémillon é a principal uva dos vinhos brancos de
difundida em todo o mundo. Tem grande facilidade de
Bordeaux, tanto os secos (especialmente em Graves), como
adaptação a diferentes climas e solos, sendo por isto
os doces (Sauternes). Também consegue excelentes
cultivada em praticamente todas as principais regiões
resultados na Austrália, na região do Hunter Valley, na forma
vinícolas, das quais Bordeaux, na França, é a de maior
de um pouco usual vinho branco seco. Os aromas e sabores
expressão. Os aromas e sabores típicos da Cabernet
mais freqüentes são os de grama, cítricos, lanolina, mel e
Sauvignon jovem são os de groselhas negras (blackcurrant),
torradas.
cassis e ameixas pretas. Quando mais evoluído, o “bouquet” pode revelar aromas muito complexos, tais como os de
OUTRAS UVAS BRANCAS DE INTERESSE:
carne de caça, couro, chocolate e azeitonas. Se o vinho
•
FURMINT - A Furmint, varietal branca encontrada em
receber um tratamento em carvalho, surgem aromas de
grande quantidade na Hungria e em menor escala na
cedro, caixa de charutos e tabaco, podendo ter acentuados
Eslovênia, é uma uva refinada e apaixonante, dando origem
aromas minerais como o de grafite. Em alguns casos (Chile
a um dos mais famosos e longevos vinhos de sobremesa do
e Austrália) podem surgir aromas de hortelã e até mesmo
mundo, o Tokay. É uma varietal muito sensível a Botrytis
eucalipto.
cinerea (ou “podridão nobre”). Seus vinhos costumam ter
acidez extremamente elevada, alta concentração de açúcar residual e elevado teor alcoólico, com grande potencial de envelhecimento. Os vinhos são ricos, concentrados e ardentes. Pode produzir também vinhos completamente secos, robustos e potentes. potentes. MÜLLER-THURGAU MÜLLER-THURGAU -
•
É uma uva resultante do
cruzamento da Riesling com a Sylvaner, plantada por toda a Alemanha, sendo a principal constituinte do Liebfraumilch. É também a variedade mais comum na Inglaterra.
2) MERLOT A uva Merlot, tradicionalmente usada para arredondar as duras arestas dos vinhos feitos com a Cabernet Sauvignon, sempre foi considerada como coadjuvante no processo de fabricação dos grandes vinhos de Bordeaux. É bom lembrar que o famoso Château Petrus é produzido quase que exclusivamente com Merlot. 8
A Merlot é por natureza menos tânica e de maturação mais
geralmente violetas, sendo que na Califórnia e Austrália são
precoce que a Cabernet Sauvignon, se adaptando muito
descritos aromas “empireumáticos” (café torrado).
bem a solos argilosos e úmidos. Os aromas característicos
Quando amadurece, a Pinot Noir (principalmente na
da Merlot são os de frutas vermelhas escuras: amoras
Borgonha) revela nuances muito interessantes tais como
pretas e ameixas pretas. São também descritos os exóticos
caça, couro, alcaçuz, trufas negras, estábulo e o clássico
aromas de rosas e bolo de frutas. No caso do vinho ser
“sous-bois”, que é descrito como o aroma de terra úmida,
tratado em tonéis de carvalho, pode surgir um delicioso
cogumelos e folhas do bosque em decomposição.
toque de chocolate, além de ser conferida ao vinho uma intensa riqueza textural. textural.
4) TEMPRANILLO A Tempranillo é a uva mais comum da Espanha, possuindo cor intensa, com taninos e acidez elevados. Quando pura,
3) PINOT NOIR A Pinot Noir é a mais complexa e delicada de todas as uvas
sem tratamento em carvalho, tem aromas e sabores de
tintas. Seu cultivo fora da Borgonha, sua terra natal, é
frutas vermelhas e especiarias. A grande dificuldade de se
extremamente difícil, sendo poucos os produtores bem
individualizar o sabor da Tempranillo é que os vinhos
sucedidos. Mesmo na Borgonha, são raros os que
espanhóis, tradicionalmente, sempre foram maturados por
conseguem expressar em seus vinhos toda a grandiosidade
longos períodos em tonéis de carvalho, tirando praticamente
da uva. A Pinot Noir é uma das mais antigas uvas da França
toda a fruta e a personalidade da uva. Atualmente, com a
e é extremamente sujeita a mutações. O plantio do clone
adoção de novas técnicas de vinificação, este panorama
errado, em locais não adequados, poderá resultar em vinhos
está mudando e a Tempranillo deverá ocupar em breve um
insípidos e sem personalidade. A uva tem casca fina, baixa
lugar de destaque no mundo do vinho. v inho.
acidez, cor média, poucos taninos e é melhor cultivada em regiões de clima mais frio. Os fatores mais importantes para a produção de grandes vinhos de Pinot Noir são: produzir a uva em pequenas quantidades e em locais adequados, além de ter cuidados extremos no processo de vinificação (fermentação
com
temperatura
controlada,
cuidados
higiênicos rigorosos e uso de métodos delicados de clareamento e / ou filtração). A este respeito é bom frisar que atualmente os grandes vinhos da Borgonha são aqueles em que praticamente não se usam quaisquer destes métodos, sendo o vinho resultante a verdadeira expressão do “terroir”, sem manipulações. Os vinhos de Pinot Noir, com raras exceções, não são muito longevos, atingindo sua maturidade em 8 a 10 anos, permanecendo no auge por pouco tempo, para depois declinar rapidamente. Os aromas e sabores típicos da Pinot Noir quando jovem são os de frutas vermelhas, especialmente framboesas, morangos e cerejas. Na Borgonha podem aparecer notas florais,
5) SYRAH / SHIRAZ A uva Syrah / Shiraz é mundialmente conhecida por dar origem a vinhos incrivelmente concentrados, escuros, moderadamente ou muito tânicos, densos, alcoólicos e repletos de aromas e sabores de especiarias. É uma variedade de fácil cultivo e difícil vinificação. Pode ser usada sozinha ou em deliciosas combinações com outras uvas tintas, especialmente a Grenache e a Cabernet Sauvignon. O vinho produzido com a uva Syrah / Shiraz é descrito como sensual e sedutor, sendo muitas vezes o responsável pela paixão
por
vinhos
tintos,
despertada
em
neófitos
apreciadores de vinhos. Os aromas e sabores característicos da Syrah / Shiraz são os de especiarias (particularmente a pimenta do reino preta), 9
frutas escuras maduras (framboesa negra, groselha negra,
acidez e sutis aromas e sabores de frutas vermelhas frescas
amora), alcaçuz, couro, caça e alcatrão, além de outros aromas do grupo dos “empireumáticos” (tostado e defumado
(morango) e chocolate.
6) GAMAY Gamay, a uva típica da região de Beaujolais, costuma produzir vinhos com média ou muita intensidade de cor, com um característico tom púrpura, tradicionalmente descritos com os termos vagos de “leve e frutado”. Na verdade, o processo pelo qual o vinho é produzido - maceração carbônica, onde a fermentação é feita a partir de uvas inteiras, começando dentro do bago - resulta em aromas muito evidentes de bananas (às vezes, doce de banana), caramelo e até de chiclete de bola e acetona. A expressão aromática de frutas frescas lembra morangos silvestres. silvestres.
7) CABERENT FRANC A uva Cabernet Franc é muito usada na região de Bordeaux, em associação com a Cabernet Sauvignon. Com relação a esta, é considerada menos aristocrática, mais suave, apresentando casca menos espessa, com menos cor, aromas e taninos. Tem um característico toque herbáceo e vegetal, lembrando a pimenta verde, folhas e “cascas de batatas”. No entanto, na região de Saint Emilion, em Bordeaux, é a principal componente de vinhos muito famosos tais como o Château Cheval Blanc (60%) e o Château L’Angelus (50%). No Vale do Loire, na região região de Chinon, onde é usada pura, exibe freqüentemente boa
10
9) NEBBIOLO
NOÇÕES BÁSICAS DE DEGUSTAÇÃO
A pequena Nebbiolo, também conhecida como Spanna,
1.
Inferno e Grumello, tem seu nome derivado de neblina, em
Então, o que é realmente degustar um vinho? Como
italiano, numa referência às regiões repletas de neblina do
qualquer habilidade, uma degustação responsável requer
Piemonte, norte da Itália, sua terra natal, especialmente em
uma combinação de técnica e experiência. Quanto mais
Barolo e Barbaresco.
você pratica, melhor você se torna. Dizem que, dado um
De casca muito espessa, costuma produzir vinhos
vinho não identificado, um degustador experiente, usando
extremamente escuros, secos, grandiosos, com muita
apenas seus sentidos e sua memória, pode identificar a
acidez e taninos exuberantes. Seus aromas e sabores
variedade de uva, a safra do vinho, sua região de origem e
típicos são os de alcatrão, alcaçuz, violetas, rosas, ameixas
até o seu produtor. Este é o mito. Na verdade, se o vinho for
secas, bolo de frutas e chocolate amargo.
servido na temperatura ambiente e o degustador estiver
Aspectos Gerais
vendado, na maioria das vezes sequer conseguirá dizer se o vinho é branco ou tinto. A degustação às cegas é na verdade um grande exercício intelectual, um jogo de raciocínio, cujo verdadeiro objetivo é entender o vinho e não praticar um jogo de adivinhação. Através do apurado uso de todos os sentidos e da comparação das sensações obtidas 10 ) SANGIOVESE
com dados da memória de outras degustações, um
A uva Sangiovese domina praticamente toda to da a região central
degustador dedicado pode decifrar a biografia de um vinho
da Itália, porém só consegue ser grandiosa na Toscana, particularmente nas regiões de Chianti, Brunello de
com razoável extensão, incluindo informações sobre a uva e a região do vinho, sua relação com outros vinhos de mesmo
Montalcino e Vino Nobile de Montepulciano. Na sua melhor
tipo e origem, obtendo dados para fazer um julgamento
expressão, a Sangiovese produz vinhos de corpo médio a
responsável de suas qualidades intrínsecas.
encorpado, secos, levemente picantes, com aromas e
Cada garrafa de vinho traz uma mensagem, a incorporação
sabores de cereja amarga, especiarias, tabaco e ervas.
física de um determinado local e tempo, capturados e
Principal componente dos vinhos da região de Chianti, em
transmitidos para o prazer do degustador. É um verdadeiro
mistura com outras uvas (geralmente a Canaiolo e a
contato físico com o passado.
Mamolo), a Sangiovese está cada vez mais sendo usada
Mais do que isto, o vinho tem um verdadeiro efeito
pura ou em associação com a Cabernet Sauvignon, nos
catalisador. O esforço de entendê-lo através da degustação,
vinhos chamados de “Super-Toscanos”, onde consegue
repartindo este conhecimento com outros degustadores, cria
expressar de forma exuberante todo o seu caráter. Com a
uma experiência comum, construindo laços que aproximam
flexibilização da legislação, mesmo os vinhos da região do Chianti Classico DOCG tem apresentado esta composição.
as pessoas. Emile Peynaud enfatiza este aspecto da degustação em seu livro “O Gosto do Vinho”, um marco da literatura especializada. Segundo Peynaud, “o grande vinho tem a maravilhosa qualidade de imediatamente estabelecer a comunicação dentre aqueles que o estão bebendo. Degustá-lo à mesa não deve ser uma atividade solitária, sendo que um vinho fino não deve ser bebido sem comentários”. As técnicas de degustação ampliam nossa habilidade de compreender plenamente um vinho. Elas são realmente bastante simples e seguem uma série de passos logicamente definidos. Alguns dos procedimentos podem
11
parecer pouco naturais ou mesmo pretensiosos para os não
existentes no líquido. Ainda com o copo inclinado, aproveite
iniciados, mas eles foram desenvolvidos ao longo dos
para avaliar o anel periférico, que se localiza na parte mais
séculos para atingir finalidades específicas. Após algum
distante do observador, onde o líquido está mais próximo da
tempo, estes procedimentos estarão automatizados.
borda do copo. Observe se há uma gradação de cor, do mais escuro para o mais claro à medida que se distancia do
As Normas Básicas da Degustação Degustação
centro para a periferia do vinho. Quanto mais maduro estiver
Considere cuidadosamente as circunstâncias. Nem todos os
o vinho, mais aquoso será o anel periférico e mais
vinhos merecem ser cuidadosamente analisados. Se você
perceptível será a gradação de cor.
estiver bebendo um Liebfraumilch alemão de garrafa azul,
Outro aspecto fundamental para ser avaliado nesta fase do
em copos de plástico, numa festinha sem compromisso,
processo diz respeito à maturidade do vinho. Podemos
qualquer tentativa de degustação a sério será um esforço
afirmar de maneira genérica que os vinhos brancos tendem
perdido e uma atitude esnobe. Degustadores profissionais
a ficar mais escuros com a idade e os tintos mais claros.
preferem uma sala com iluminação natural, livre de odores,
Para os vinhos brancos, de acordo com o grau
de
com paredes e mesas brancas para poder apreciar o vinho
envelhecimento,
de
num ambiente o mais neutro possível, tornando a análise
mudanças na cor:
mais precisa. Lembre-se que a degustação não é um teste -
branco papel
sua resposta subjetiva é mais importante do que qualquer
âmbar
teremos verdeal
a
seguinte
amarelo palha
seqüência
amarelo ouro
“resposta certa”. Não importa quão avançada seja a sua técnica, a degustação não é uma ciência exata. A
Para os vinhos tintos, a seqüência seria a seguinte:
sensibilidade individual varia bastante quando o assunto é
púrpura rubi granada tijolo (alaranjado) âmbar
aroma e sabor. Estas diferenças são fisiológicas e culturais. O objetivo da degustação de vinhos não é
Intensidade: A intensidade, um atributo do vinho que diz Intensidade:
“descobrir” os mesmos aromas e sabores que outro
respeito ao fato deste ser mais claro ou mais escuro, ou
degustador está descrevendo.
seja, mais ou menos penetrável pela pela luz, e que não deve ser confundida com a limpidez. É melhor aferida olhando-se
ASPECTOS VISUAIS: OLHANDO O VINHO VINHO
o vinho diretamente de cima, em direção à base do copo,
A Técnica Técnica
através do líquido. A intensidade é um indício do extrato - a
O primeiro passo no exame de um vinho é o visual.
concentração de sólidos no vinho, um dos componentes do
Preencha o copo com cerca de 1/3 de sua capacidade e
assim chamado corpo do vinho.
nunca com mais da metade desta capacidade. Segure o copo pela base. Isto pode, no início, parecer embaraçador,
Limpidez:: A limpidez - se o vinho tem ou não partículas em Limpidez
mas há boas razões para tal - segurar o copo pelo corpo
suspensão, é mais evidente quando se olha uma fonte de
esconde o líquido de sua visão, impressões digitais
luz através do líquido. Em princípio, um vinho deve ser
dificultam a visão da cor e o calor de sua mão altera a
totalmente livre de partículas visíveis em suspensão. A
temperatura do vinho. Peynaud diz, “ofereça a alguém um
presença de partículas em suspensão pode não ser
copo de vinho e você poderá dizer, pela maneira de segurar
obrigatoriamente um defeito, já que vinhos engarrafados
o copo, se é ou não um conhecedor”. Comece a observar a
sem filtração podem apresentá-las, porém exige um cuidado
cor, a intensidade e a limpidez e a formação das “lágrimas”.
maior na análise dos aspectos olfativos e gustativos.
Cada um desses atributos requer uma maneira diferente de observação.
“Lágrimas”: O passo seguinte é fazer o vinho girar no copo.
Cor: A verdadeira cor, com suas matizes de tonalidades, é Cor:
Além de misturar toda a gama de tonalidades, prepara o
melhor julgada inclinando-se o copo, olhando o vinho a partir
vinho para o próximo passo que é o exame olfativo do
da borda, observando-se as variações de tonalidades
mesmo. A maneira mais fácil de fazer isto é segurar o copo
12
pela base, segurando a haste com o indicador e o polegar e gentilmente rodar o pulso. Movimente o copo até que o
c) Presença de sinais de amadurecimento do vinho: reflexos de cor
vinho esteja dançando, subindo em direção à borda. Então pare. Assim que o líquido voltar para a parte inferior do
3. Após a agitação
copo, uma película transparente aparecerá na parede
a) Viscosidade: velocidade com que as “lágrimas” se
interna, caindo com velocidade variável e irregularmente, formando as chamadas “lágrimas” ou “pernas”. Estas são simplesmente uma indicação da quantidade de
formam e com que descem pela parede do copo. b) Indicação do teor alcoólico do vinho: quantidade de “lágrimas” e sua largura.
álcool do vinho: quanto mais alcoólico for o vinho, as “lágrimas” serão mais abundantes e mais estreitas. Lembre-
ASPECTOS OLFATIVOS
se que o fenômeno da formação de “lágrimas” não tem qualquer relação com o teor de glicerol do vinho e sim com o
A Técnica
seu teor de álcool etílico ou etanol.
Quando você parar de agitar o vinho, durante a queda das
Cada um desses elementos revela diferentes aspectos do
“lágrimas”, é tempo de começar o próximo passo: a análise
caráter do vinho e de sua qualidade. Não se esqueça,
olfativa. Agitando o vinho, este se vaporiza e a fina película
durante este processo de apreciar a cor do vinho. Nenhum
do líquido que recobre a parede interior do copo se evapora
outro líquido é tão vívido, com tonalidades variadas ou
rapidamente. O resultado é uma intensificação dos aromas
reflete a luz com tal prazer e fineza. Há boas razões para
que se tornarão mais concentrados se o copo for mais
que a aparência do vinho seja freqüentemente comparada
estreito em sua porção superior. Coloque seu nariz
com pedras preciosas tais como o rubi, o topázio, a granada
diretamente no copo e aspire. Não há consenso na maneira
e a metais nobres como o ouro. Em síntese, podemos dizer
correta de se proceder esta aspiração. Alguns advogam
que a seqüência mais adequada para a análise visual de um
duas ou três rápidas inaladas, outros preferem apenas uma
vinho é a que se segue:
inalação profunda e prolongada. Existem degustadores que preferem inalar isoladamente com cada uma das narinas.
1. Com o co po na vertical a) Limpidez
A Percepçã o dos Aromas e a V ia Olfativa Olfativa
b) Transparência
O objetivo destes procedimentos é conduzir os aromas
c) Brilho na superfície do líquido (bom indicador do teor
profundamente no nariz, colocando-os em contato com os
de acidez do vinho)
receptores olfativos e o bulbo olfativo, onde as sensações
d) Intensidade de cor (indicativo do extrato do vinho)
são registradas e decodificadas. Estes receptores estão
e) Presença de bolhas (lembre-se de que estas são
situados num local remoto e protegido, na parte superior do
normais nos vinhos espumantes e que podem ser
nariz. Com prática e muita atenção, será possível aprender
encontradas eventualmente e de forma passageira nos
como maximizar a percepção dos aromas e a seguir como
vinhos não espumantes. Neste caso, sua persistência
decifrá-los. Devemos ainda nos lembrar dos aromas que
pode significar uma segunda fermentação dentro da
atingem os receptores nasais pela rinofaringe, a chamada
garrafa, constituindo-se num grave defeito).
via retro olfativa, constituindo-se no mais importante componente do chamado aroma de boca e da persistência aromática intensa. Este assunto será melhor visto mais
2. Com o copo inclinado
adiante, quando tratarmos da análise gustativa do vinho.
a) Teor aquoso do anel periférico (indica a maturidade do vinho) b) Cor: no centro do copo e no anel periférico
Os Aromas do Vinho O mundo dos aromas é vasto e confuso e sabe-se que o vinho tem uma assombrosa quantidade de elementos
13
aromáticos. Nosso sistema olfativo é incrivelmente sensível,
b) Frutados
nos sendo possível distinguir aromas em quantidades tão pequenas, que mesmo os mais sensíveis equipamentos de
cassis,
cerejas, ameixas, pêssegos, limões,
laranjas, etc. c) Especiarias
laboratório terão dificuldade em medir. Nossa capacidade
pimenta, cravo, canela, alcaçuz, noz-
moscada, etc.
analítica é extraordinária, estimando-se em cerca de 10 mil o
d) Animais caça, carne, pêlo molhado, couro, etc.
número de aromas diferentes que o ser humano pode
e) Vegetais
identificar. Muitas dessas substâncias são modificadas de
palha, capim, feno, cana de açúcar,
cogumelos, chá, fumo, etc.
diferentes formas pelo amadurecimento e envelhecimento
f) Minerais vulcânico, petróleo, pedra de isqueiro, etc. etc .
do vinho, podendo interagir entre si, com propriedades
g) Balsâmicos resinoso, pinho, eucalipto, baunilha, etc.
aditivas,
h) Químicos
dissimuladoras
ou
sinérgicas.
Degustadores
odores
da fermentação, fermento de pão,
experientes adoram identificar aromas no vinho, tais como
enxofre, esmalte de unha, mercaptana (aliáceo), cola de
chocolate, fósforo queimado, chá, tabaco, cogumelo,
aeromodelo, removedor de esmalte, etc.
especiarias, frutas diversas e até cheiro de sela molhada,
i) Empireumáticos odores associados a calor e fogo, tais como o alcatrão, tostado, caramelo, café torrado, etc.
pêlo queimado, grama cortada, estábulo e outros. É notória a dificuldade de se encontrar palavras adequadas
j) Outros aromas
para descrever as complexas e efêmeras sensações
“sous-bois”, etc.
chocolate, mel, caixa de charutos,
olfativas que emanam de um copo de vinho.
Da mesma forma que a cor, os aromas do vinho oferecem
Para aumentar esta dificuldade, deve-se ressaltar que o
pistas de seu caráter, origem e história. De uma maneira
aroma de um vinho está em constante evolução, mudando
muito genérica e simplista poderíamos dizer que:
suas características com rapidez desde o momento em que
o
Nos vinhos jovens predominam traços de flores e frutas
deve-se
frescas ou vegetais, que evoluem com o envelhecimento
freqüentemente reavaliar os aromas do vinho, captando-se
do vinho para os aromas de frutas mais maduras, secas
estas mudanças.
ou em geléia.
é
colocado
no
copo.
Numa
degustação,
Na realidade, o vinho tem aromas diversos do de uva. A
Nos vinhos mais envelhecidos predominam aromas
o
animais ou de decomposição.
análise de seus componentes voláteis revela as mesmas moléculas que criam aromas que nos são familiares. Eis
Nos vinhos brancos predominam aromas de flores
o
alguns exemplos: rosa, cereja, banana, pêssego, mel e
brancas e amarelas ou de frutas brancas ou amarelas:
baunilha. Até alguns aromas pouco comuns, tais como
maçã, pêra, abacaxi, melão, pêssego, maracujá, lírio,
alcatrão, bacon defumado ou meias molhadas, identificados
jasmim branco, etc.
por degustadores experientes, têm sua origem em
Nos vinhos tintos percebemos aromas de flores ou frutas
o
vermelhas: rosa, violeta, morango, cereja, framboesa,
substâncias com afinidades químicas básicas.
amora, groselha. A Classificação dos Aromas
Os aromas típicos das diferentes variedades de uvas e
o
Numa tentativa de facilitar a análise olfativa dos vinhos,
porque não, até de algumas regiões vinícolas, podem ser
poderíamos dividir teoricamente os aromas em primários -
reconhecidos em determinados vinhos.
originários da própria uva, secundários - originados do processo fermentativo e do amadurecimento em madeira
Ainda com relação ao aromas, devemos observar dois
(carvalho) e terciários - originados do envelhecimento na
aspectos bastante importantes na análise do vinho: a
garrafa e também conhecidos por “bouquet”.
Intensidade e a Persistência. A intensidade nem sempre é sinônimo de qualidade: muitas
Segundo Peynaud, podemos agrupar os aromas, como se
vezes um aroma muito intenso pode ser comum,
segue:
unidimensional, com pouca complexidade e fineza. Aromas
a) Florais: rosas, violetas, jasmins, acácias, etc.
mais delicados podem ser mais complexos, finos e
14
agradáveis. Portanto, o julgamento da intensidade deve ter
Mais uma vez a técnica correta é essencial para uma
um peso relativo ao se analisar um determinado vinho.
completa avaliação. Com os aromas ainda reverberando em
Lembre-se também que a intensidade dos aromas está
seus sentidos, leve o copo à boca e coloque uma
intimamente relacionada com a temperatura de serviço do
quantidade suficiente, ou seja, o bastante para que o vinho
vinho, fato este que torna imprescindível a anotação deste
possa percorrer toda a sua boca. Mantenha o vinho dentro
dado na ficha de degustação.
da boca por cerca de dez a quinze segundos, fazendo-o
A persistência dos aromas tem também uma importância
manter contato com as diferentes partes da língua que
relativa, dando indícios da qualidade do vinho. Também Também
identificam as sensações gustativas.
aqui deve-se levar em consideração a complexidade e a Os Sabores do Vinho
fineza dos aromas que persistem no copo. Devido ao fato que o sentido do gosto é limitado a apenas quatro sabores simples - doce, salgado, ácido e amargo, o
Doce: No vinho, o sabor doce é provocado não só pelos Doce:
olfato adquire ainda maior relevância no exame sensorial de
açúcares residuais (frutose e glicose), mas também pelo
um vinho. Portanto, não deixe de se divertir com as
álcool e pela glicerina (glicerol). Estas substâncias são
maravilhosas sensações que este sentido lhe proporciona.
percebidas na ponta da língua e são reconhecidas não
Dizem os cientistas que o aroma tem acesso direto ao
apenas por sua doçura, mas também porque provocam
cérebro, conectando-se imediatamente à memória e à
sobre as mucosas da boca uma sensação tátil de maciez,
emoção.
pastosidade e untuosidade.
Assim como o perfume do ser amado ou o delicado aroma dos bolos e dos biscoitos da infância, os aromas do vinho
Salgado: É um sabor raramente encontrado nos vinhos. É
podem evocar lugares e épocas específicas, com grande
descrito, às vezes em vinhos de apelações muito próximas
intensidade.
ao oceano, sendo o Jerez na Espanha o exemplo mais citado.
ASPECTOS GUSTATIVOS Ácido: Proveniente no caso dos vinhos, dos ácidos próprios A última parte da avaliação sensorial do vinho diz respeito
da uva (tartárico, cítrico e málico) ou dos ácidos
aos aspectos gustativos. É importante ressaltar que a
provenientes da fermentação alcoólica (succínico, láctico e
expressão gosto abrange na verdade um conjunto de
acético).
sensações: as gustativas propriamente ditas, as cutâneas e
Estas substâncias são percebidas nas bordas laterais da
as olfativas retro nasais.
língua e reconhecidas pela salivação fluida e abundante que
O sentido do gosto revela, como já foi dito, quatro sabores:
provocam, por irritação das mucosas.
doce, salgado, ácido e amargo.
Amargo: Os taninos podem provocar um amargor muito
A
sensibilidade
cutânea
nos
dá
sensações
táteis
discreto e até agradável (se os mesmos forem finos e
(adstringência, aspereza e maciez ou untuosidade), térmicas
maduros), que é sentido no fundo da língua. Isto é normal e
e doloríficas, que poderíamos definir como complementares.
ocorre praticamente com quase todos os vinhos tintos. O
O olfato por sua vez fornece o aroma (sensações odoríficas
amargor intenso e desagradável é, sempre que presente,
retro nasais), que é o componente mais importante do gosto,
um defeito ou uma doença do vinho.
pois é o que mais influencia a avaliação do caráter e da
A amplitude destas sensações gustativas pode ser
qualidade do vinho.
aumentada através de técnicas especiais, que são mais
Todas estas sensações são percebidas quase ao mesmo
apropriadas para as salas de degustação do que para
tempo, e por isso muitas vezes é difícil analisá-las, separá-
ocasiões sociais. Inicialmente segure o vinho na boca e,
las e atribuí-las com certeza a uma determinada modalidade
com os lábios entreabertos, inale uma pequena quantidade
sensorial.
de ar. Isto criará um turbilhonamento, que acelerará a
15
vaporização do vinho, intensificando os aromas. A seguir,
caso dos vinhos tintos, os elementos a serem apreciados
mastigue o vinho vigorosamente para retirar do mesmo cada
são a acidez, os taninos e o corpo do vinho (álcool +
sutil matiz de sabor.
extrato). Quanto mais correta e equânime for a relação entre os elementos, melhor será o equilíbrio e a harmonia do
O Álcool e o Co rpo do Vinho
vinho analisado.
Nesta fase, deve-se proceder a avaliação do chamado
Para finalizar, lembre-se de que a degustação de vinhos
“corpo” do vinho, que é a sensação de “peso” que o vinho
deve
aparenta ter na boca. Pode ser definido ainda como o quão
constituindo-se numa inigualável atividade intelectual, que
diferente da água o vinho em questão aparenta ser. O
deve ser praticada com grande paixão. Segue-se o
“corpo” do vinho está diretamente relacionado com o seu
“Decálogo do Bom D egustador” egustador” , criado por Mario Telles Jr.,
teor alcoólico - a quantidade de etanol do vinho e com o seu
da Associação Brasileira de Sommeliers - São Paulo.
ser
uma
atividade
extremamente
agradável.
extrato - a quantidade de material sólido diluído no vinho. O 1. Deguste sempre nas melhores condições ambientais
álcool também poderá excitar os receptores térmicos da
possíveis.
língua, provocando uma falsa sensação de calor (pseudo térmica), freqüentemente acompanhada de uma ligeira
2. Sempre que possível, deguste às cegas.
ardência na mucosa bucal.
3. Sempre que possível, deguste em grupo. 4. Não se deixe levar pelas emoções.
O Aroma de Boca e a Persistência Aromática Intensa
5.
Cheque suas impressões com os outros membros do grupo.
Após a deglutição do vinho, expire lentamente
6. Jamais pontue um vinho abaixo abaixo dos 50 pontos.
através da boca e do nariz. Isto fará com que os aromas atinjam o bulbo olfativo pela via retro nasal, que conecta a
7.
Nenhum vinho é totalmente horrível ou perfeito: diante
garganta e o nariz, constituindo-se numa rota alternativa
de um vinho “perfeito”, tente descobrir seu ponto fraco e
para os aromas, prolongando seus efeitos por muito tempo
diante de um vinho “ruim”, tente descobrir sua melhor
após o vinho ter sido ingerido. É o que se costuma chamar
qualidade.
de retro olfato. Você descobrirá que quanto melhor for o
8. Evite odores externos que possam confundi-lo: não use
vinho, seus aromas residuais serão mais complexos,
perfume para degustar e não fume antes ou durante uma
profundos e duradouros. O tempo de percepção destes
degustação.
aromas é chamado de persistência aromática intensa, que
9.
Confie nos seus sentidos, não se deixando intimidar
nos grandes vinhos pode ultrapassar a marca de um minuto.
com termos complicados ou demonstrações “mágicas” “mágicas”
Este é um momento sublime, de reflexão e comunhão, que
: degustar é um exercício de lógica e não um ato de
só o vinho é capaz de proporcionar.
adivinhação. ainda
10 . Não seja chato: deguste na hora de degustar e beba
correlacionar todas as sensações percebidas, expressando
socialmente quando indicado. Não contribua para a
um conceito de difícil definição, que é o de equilíbrio e
injusta imagem de esnobismo que a degustação de
harmonia do vinho.
vinhos tem junto ao p úblico leigo.
Ao
2.
final
da
avaliação
gustativa,
deveremos
O Equilíbrio do Vinho
O equilíbrio gustativo é o resultado da complexa interação
Champagne e vinhos espumantes
entre as substâncias que formam a estrutura do vinho, isto
A primeira descrição de um vinho espumante foi feita pelo
é, álcool, taninos, açúcares, extrato e ácidos. No caso dos
monge Dom Pérignon, responsável pela adega da Abadia
vinhos brancos devemos analisar a relação entre os
dos Beneditinos em Hautvilliers, uma cidade no Distrito de
açucares (se for o caso) e o álcool, que conferem maciez ao
Champagne, na França, entre os anos de 1668 a 1715,
vinho, em contraposição à acidez presente no mesmo. No
onde se tornou famoso por suas inovações nas técnicas de
16
vinificação e por sua habilidade de mesclar vinhos. Sua
2. 2. A Produção dos Vinhos Base
lendária habilidade em degustar vinhos é em parte atribuída
Os vinhos base para a produção de espumantes são na
à deficiência visual que o acometeu no final da vida. Dom
verdade pequenos lotes de vinhos secos brancos e
Pérignon foi um dos primeiros enólogos a utilizar rolhas para
tranqüilos, que são misturados para criar o vinho de “cuvée”
vedar as garrafas, ao invés de pano ou madeira, além de
(“vin de cuvée”), que será colocado na garrafa para a
preferir garrafas de vidro mais resistente, que haviam sido
segunda fermentação e envelhecimento. Muitos dos
recentemente importadas da Inglaterra. Conforme conta a
métodos utilizados para a produção do vinho base se
história, numa primavera, Dom Pérignon estava exercitando
originaram das técnicas utilizadas primariamente para a
sua arte de degustar vinhos, que haviam sido fermentados e
vinificação da Pinot Noir no distrito de Champagne. Apesar
engarrafados na colheita do inverno anterior. Durante a
da Pinot Noir ser uma uva tinta, seu suco é incolor, e vinhos
degustação, descobriu algumas garrafas com grande
brancos podem ser feitos desta e de muitas outras uvas
quantidade de bolhas. Eufórico com o achado, comunicou o
tintas, desde que se utilizem técnicas especiais que
fato aos outros monges, dizendo: “Venham rápido irmãos,
minimizem a extração de cor das cascas e da polpa. Estas
estou bebendo estrelas”. É por esta razão que muitos rótulos
técnicas incluem a colheita das uvas ainda imaturas, sob as
de vinhos espumantes e champagnes são decorados com
condições mais frias possíveis; seleção das uvas para a
estrelas, numa simpática referência à frase antológica de
remoção de uvas que não estejam 100% sadias (pois estas
Dom Pérignon.
podem ter as cascas danificadas) e prensagem das uvas íntegras, sem o esmagamento prévio. Estes métodos são
Méthode Cham penoise - Fermentação na Garraf Garrafaa
utilizados para todas as varietais usadas na produção de
O significado exato do termo “ méthode champenoise” é
espumantes pelo “méthode champenoise”, especialmente no
difícil de ser especificado, uma vez que uma variedade muito
distrito de Champagne, pois minimiza a extração de taninos,
grande de técnicas de vinificação é usada na região de
assim como de material corante das cascas das uvas.
Champagne, na França. No entanto, este termo pelo menos implica no fato de que você irá consumir o vinho proveniente da mesma garrafa onde ocorreu a segunda fermentação alcoólica, apesar de não haver qualquer referência às
3. A Criação do Vinho de Cuvée - “Assemblage ”
técnicas de vinificação empregadas (cortes, fermentação,
Um cuvée é na verdade um corte de diferentes vinhos. Na
amadurecimento
“méthode
produção de espumantes pelo “méthode champegnoise”,
champenoise” não possui uma clara definição legal, apesar
cuvées são os vinhos obtidos pela mistura de diferentes
dos esforços dos produtores franceses em restringir seu
lotes de vinhos base, que serão convertidos em espumantes
uso, da mesma forma que procuram restringir o uso do
através da segunda fermentação. A
termo “Champagne” aos vinhos espumantes produzidos
cuvée” é a etapa mais crítica na produção de espumantes,
exclusivamente no distrito de Champagne.
sendo necessárias cinco a sete semanas de trabalho
e
clarificação).
O
termo
criação do “vin de
intensivo, misturando e degustando os vinhos até encontrar 1. Variedades de Uvas, Condições de Cultivo, Época de
a composição adequada. Os vinhos base ideais para serem
Colheita Colheita
utilizados na obtenção do cuvée são límpidos, claros, livres
As varietais preferidas para a produção de espumantes pelo
de odores indesejáveis, com aromas e sabores delicados,
“méthode champenoise” são a Chardonnay, a Pinot Noir e a
com moderados teores de álcool, com acidez elevada e
Pinot Meunier, que são as mais utilizadas no distrito de
corpo leve. Estes vinhos não são equilibrados ou agradáveis
Champagne, na França. Na Califórnia a Pinot Blanc é
para consumo como vinhos de mesa, porém se tornam
utilizada em substituição à Pinot Meunier, sendo outras
espumantes equilibrados após serem misturados e por
varietais utilizadas em várias regiões vinícolas do mundo.
causa da segunda fermentação, ganharem o CO 2, alguns graus a mais de álcool, riqueza e complexidade nos aromas
17
e sabores, além de uma discreta diminuição em sua acidez.
6. Coletando as Leveduras - “Rémuage” “Rémuage”
A grande dificuldade para
A “remuage” é um processo que implica em girar as garrafas
produzir o cuvée é que é
necessária uma grande experiência do profissional que irá
lentamente,
inclinando-as
progressivamente,
fazer o corte, pois este deverá saber por antecipação como
finalidade de coletar, com a ajuda da gravidade, os restos
se comportará o cuvée após a segunda fermentação e mais
das leveduras na extremidade superior da garrafa, para
2 a 4 anos de envelhecimento na garrafa. Para a produção
posterior remoção. O processo, que foi inventado pela viúva
do cuvée os vinhos base que foram separados por
Nicole-Barbe
variedade, prensagem, vinhedo e data de colheita são
manualmente em estruturas chamadas “pupitres”, ou então
degustados e misturados entre si e com o vinho de reserva
por meios mecânicos, quando uma grande quantidade de
dos anos anteriores
garrafas é movimentada simultaneamente. Quando o
Clicquot-Ponsardin,
pode
ser
com
a
realizado
processo de remuage se completa, todo o sedimento estará 4. A Segunda Fermentação - “Prise “Prise de Mousse”
coletado no gargalo da garrafa, próximo à tampa de metal.
A segunda fermentação, ou “prise de mousse”, literalmente,
As garrafas são então colocadas cuidadosamente com a
aprisionar a espuma, é feita com o cuvée colocado em
ponta para baixo (“sur pointe”), antes da remoção do
grandes tanques onde então se adiciona o “liqueur de
sedimento, continuando o processo de envelhecimento.
tirage”, que é uma mistura de um vinho de cuvée, açúcar, leveduras e nutrientes. Isto feito,
procede-se ao
engarrafamento desta mistura para que processe a segunda fermentação e o subseqüente envelhecimento na garrafa. Nesta fase do processo as garrafas são fechadas com tampas de metal, resistentes à pressão que se formará dentro das garrafas. A segunda fermentação pode durar de 10 dias a três meses, dando origem ao vinho espumante, pois as leveduras adicionadas transformarão o açúcar adicionado em álcool, com a produção de gás carbônico,
7. Removendo as Leveduras - ““Dégorgement” Dégorgement”
que permanecerá dissolvido no vinho.
Antes de proceder à remoção do sedimento, as garrafas podem ser resfriadas a - 4o C, por cerca de 1 a 2 semanas
5. Envelhecend o com as Leveduras - “Sur “Sur Lie”
para que os cristais de tartarato se precipitem. Durante o
As garrafas são colocadas então em posição horizontal para
processo de remoção das leveduras, o vinho é mantido a
envelhecer por dois a quatro anos, onde o vinho ficará em
baixa temperatura, para reduzir a pressão do gás carbônico
contato com uma fina camada constituída pelas leveduras
e minimizar a perda do gás quando a garrafa for aberta.
que restaram após o processo de fermentação. Durante o
Para o processo de “dégorgement”, as garrafas são
envelhecimento, dois processos ocorrem: os vinhos sofrem
colocadas, com a ponta para baixo, numa solução
mudanças à medida que as reações de envelhecimento na
congelante. Quando o vinho do gargalo é congelado, o
garrafa ocorrem e as células das leveduras se rompem, num
sedimento das leveduras ali coletado, juntamente com os
processo conhecido como autólise, liberando compostos
cristais de tartarato são aprisionados num “cubo de gelo” de
nitrogenados (aminoácidos), açúcares complexos e outros
vinho. A seguir a garrafa é colocada na posição de 45 o e a
compostos para o vinho. Estas substâncias ajudam no
tampa de metal é removida. A pressão do gás carbônico
desenvolvimento do “bouquet de Champagne”, além de
empurra o vinho congelado para fora, juntamente com o
favorecer a dissolução do gás carbônico no vinho,
sedimento, deixando o vinho remanescente na garrafa
permitindo a lenta liberação das bolhas quando o vinho for
límpido e brilhante.
aberto
18
8. Ajustando o Açúcar - “Liqueur “Liqueur de Dosage” Dosage” Após a retirada do sedimento e antes do arrolhamento, as garrafas são completadas em seu nível e é adicionado o “liqueur de dosage” ou “liqueur d’expédition”. Em todos os casos, exceto para o Extra-Brut, este “liqueur” inclui uma pequena quantidade de açúcar. Quanto mais jovem for o vinho, maior a quantidade de açúcar necessária para contrabalançar sua acidez. A elevada acidez é crucial para um fino espumante de Champagne, pois mantém o vinho fresco durante seu lento período de envelhecimento. A doçura dos espumantes de Champagne pode ser indicada com muita precisão pelo seu teor de açúcar residual, que é medido em gramas por litro. Os níveis permitidos perm itidos pela regulamentação de Champagne são os descritos na tabela abaixo. Tipo
Açúcar (g/l (g/l))
Características Organolépticas
Extra-Brut
0–6
Totalmente seca (“bone dry”).
Brut
0 – 15
Seca a muito seca, porém nunca austera.
Extra-Sec ou
Um nome enganoso. O Champagne pode variar de seca a
Extra-Dry
15 – 20
ligeiramente doce.
Sec ou
17 – 35
Cuidado. Apesar do nome estes Champagnes possuem um
Dry Demi-Sec
considerável grau de doçura. ou
35 – 50
Doces, mas não a nível de vinhos de sobremesa.
50+
Muito doces, muito raras.
Rich Doux
9) Envelhecimento na Garrafa
período, que pode variar de 3 a 9 meses, o “liqueur de
O período mínimo de envelhecimento na garrafa para um
dosage” se combina perfeitamente com o vinho e uma certa
vinho espumante feito pelo “méthode champenoise” é de
complexidade poderá ainda se desenvolver.
alguns meses, e de maneira ideal, este período deveria ser anterior à liberação do produto no mercado. Durante este
19
Método Charmat - Fermentação em Tanque Tanque
características
O método Charmat, ou de fermentação em tanque, é
freqüência a Colombard, a Chenin Blanc e a Sylvaner. Da
utilizado
espumantes
mesma maneira que foi descrito para o “méthode
relativamente simples, cujas principais características são a
champenoise”, as uvas são precocemente colhidas para
juventude e a ênfase nas frutas. O caráter das leveduras
manter sua elevada acidez e a fermentação se faz em
não é importante nestes vinhos. Não sendo desejado desejado seu
temperaturas relativamente elevadas. Os vinhos base para
envelhecimento, todo o processo pode ser ser completado em
os espumantes pelo método Charmat, devem a grosso
duas semanas.
modo preencher os mesmos requisitos que os necessários
Com exceção da Moscatel, as varietais escolhidas para a
para a produção pelo “méthode champenoise”.
para
a
produção
de
vinhos
marcantes,
sendo
usadas
com
mais
produção de vinhos por este processo não possuem
Método Asti - Espumantes por Fermentação Única Os Asti Spumanti italianos, feitos com a uva moscatel, são produzidos interrompendo-se a fermentação alcoólica antes que a mesma se complete e filtrando-se os vinhos enquanto os mesmos ainda estão saturados de CO 2, proveniente da fermentação. Estes vinhos são invariavelmente doces. Comparando os Dois Métodos Mais Important Importantes es : Champenoise e Charmat Etapa da Vinificação
Méthod e Cham penoise:
Método Charmat:
Fermentação na Garraf Garrafaa
Fermentação em Tanque
Chardonnay
Colombard
Pinot Noir
Chenin Blanc
Clima mais adequado
Mais Frio
Frio ou Calor
Seleção e Preparação do Cuvée
Corte
Varietais Preferidas
dos
Vinhos
Base,
Clarificação, Estabilização
Igual
Adição de Fermento e Açúcar Segunda Fermentação
Na Garrafa
Em Tanque Pressurizado
Envelhecim ento “sur lie”
1 a 3 anos
Geralmente Evitado
Coleta dos Sedimentos
“Rémuage”
Filtração
Remoção do Sedimento
“Dégorgement”
Filtração
Ajuste do Teor de Açúcar
Adição da “dosage” em cada
Adição
Engarrafamento
garrafa Re-arrolhamento
tanque do vinho Engarrafamento
Potencial de Envelhecimento Após a
da
mesma
da
“dosage”
garrafa onde fermentou
máquinas + SO2
Até 10 anos
Alguns Meses
2 a 4 anos
15 dias a 2 meses
ao em
Liberação Tempo do Processo
VINHOS DE SOBREMESA
licoroso. Como cada 17 gramas de açúcar levam à produção
Quando terminar a fermentação e nem todo o açúcar
de um grau de álcool, mostos muito ricos em açúcar
presente no mosto tiver sido transformado em álcool,
poderiam teoricamente ser capazes de produzir vinhos de
teremos um vinho adocicado. Se a parcela de açúcar
elevado teor alcoólico, superior a 15O.
residual for superior a 40 gramas por litro, o vinho será 20
Mas como as leveduras morrem acima de 15o de álcool, o
No caso do Porto, o álcool é proveniente de uma aguardente
vinho resultante apresenta açúcar não convertido, ou seja,
vínica adicionada durante o processo de fermentação. A
açúcar residual. Os vinhos doces, isto é, aqueles que
adição de álcool eleva artificial e propositadamente o teor
apresentam açúcar residual detectável ao paladar, podem
alcoólico do mosto a mais ou menos 19º impedindo que as
ser produzidos de várias maneiras: pelo uso uvas infectadas
leveduras continuem a trabalhar, embora ainda houvesse
pela Botrytis ou de uvas passa (secas ao sol) ou ainda por
açúcar para ser fermentado. Com isto se obtém um vinho
fortificação.
com teor alcoólico elevado (entre 18o e 20o , dependendo do que se pretende) e com um teor sensível de açúcar
Uso de uvas Afetadas pela Botrytis Cinerea
residual, características marcantes do vinho do Porto.
Trata-se da infecção dos bagos das uvas pelo fungo Botrytis
No caso do Jerez ou do Porto seco, o álcool é acrescentado
cinerea , fato este que ocorre espontaneamente em algumas
após a fermentação, resultando num vinho alcoólico e seco.
poucas regiões do mundo - tais como Sauternes (em
Curiosidades sobre o vinho do po rto
Bordeaux) e Vale do Loire na França, Vale do Reno e do
# O vinho do porto apesar de levar este nome não é
Mosel na
Alemanha, na Hungria e Áustria - sendo
produzido na cidade do Porto e sim na região do Douro. Na
conhecida como “podridão nobre”. Esse microorganismo
região da cidade do Porto e de sua cidade irmão Vila Nova
altera a permeabilidade da casca da uva, permitindo sua
de Gaia, ele é engarrafado e importado para todo o mundo,
desidratação. Esta modificação se traduz por uma certa
principalmente por embarcadores ingleses.
queda na taxa de acidez,
# O vinho do porto é uma invenção Portuguesa, uma
enquanto eleva eleva bastante a
concentração de açúcar. O uso destas uvas dá origem aos
descoberta inglesa e uma paixão mundial.
mais nobres vinhos de sobremesa do mundo, tendo como
# As uvas utilizadas no vinho do porto são todas
exemplo máximo o Château d’Yquém, de de Sauternes. Pode-
portuguesas. No tinto são utilizadas a tinta barroca, tinta
se obter mais açúcar residual, interrompendo artificialmente
roriz, tinto cão, touriga francesa e touriga nacional, e para o
a fermentação. Isto pode ser conseguido, por exemplo, pela
raro vinho branco do porto são utilizadas as vinhas codega,
adição de SO2, o anidrido sulfuroso, ou por resfriamento. Na
gouveio, malvasia fina rabigato e viosino.
Califórnia desenvolveu-se técnica de botritização em
# Existem vários estilos de vinho do porto, desde o ruby que
laboratório com infecção artificial dos vinhedos, obtendo-se
é o mais simples e de menor qualidade, passando pelo
resultados satisfatórios.
tawny, o vintage character, late bottle vintage até os grandes vintages e os garrafeiras que são os vinhos do porto por exelencia. # Os vinhos do porto são uma paixão como o champagne, e estes como o famoso espumante frances que só pode ser produzido na região da delimita seu nome, o porto só pode ser produzidos na região do douro e embarados na Cidade do Porto, não existe vinho do porto produzido em outras regiões do mundo.
VINHOS FORTIFICADOS São vinhos de teor alcoólico mais elevado, oriundos de uma adição artificial artificial de álcool.
Os vinhos fortificados mais
famosos do mundo por sua extrema qualidade são
os
portugueses Porto e Madeira e o espanhol, Jerez.
21
5. Tempo médio para consumo dos vinhos nacionais: a. Brancos - 1 - 1 a 2 anos da data da vindima b. Tintos - 1 a 3 anos da data da vindima 6. Em relação aos vinhos importados, informe-se como foi feito o transporte desde a origem até o Brasil. Dê preferência aos importadores que se utilizam de "containers refrigerados". 7. Sempre que possível tenha em seu poder uma tabela de safras,
com as respectivas notas.
Exemplo a elaborada pelo expert
americano
Robert Parker Jr. 8. Solicite cotações a várias importadoras pois muitas vezes o mesmo vinho pode ser comercializado por mais de um estabelecimento. 9. Verifique o estado de conservação da cápsula e rolha e a possível ocorrência de vazamentos. Rejeite qualquer garrafa com sinais de vazamento ou com rolha "saltada". FATORES QUE INFLUENCIAM INFLUENCIAM NA DECISÃO DA COMPRA
10. Ao adquirir uma garrafa ou uma caixa de vinho, tenha consciência do valor investido, não deixando,
DE UM VINHO Devemos presupor, que o indivíduo ao tomar a iniciativa de
por descuido, que fiquem no interior do carro expostas ao
adquirir uma garrafa de vinho, deve ter o espírito desarmado para apreciar o produto que essa garrafa contém, que lhe poderá propiciar grandes prazeres. Essa compra, muitas
é importantíssima.
vinho! Muitas vezes, por exemplo, um vinho chileno, possui uma relação qualidade x preço mais
degustar um produto em boas condições.
vantajosa
A seguir, algumas sugestões que devem ser seguidas ao
2. Dê preferência para os locais onde garrafas estão expostas deitadas, de modo que o líquido fique sempre em contacto com a rolha. 3. Dê preferência ao estabelecimento comercial que mantiver seu estoque em ambiente climatizado 4. Mesmo que as garrafas expostas estejam de pé, nunca deixe de verificar o nível do líquido dentro da garrafa e se houve algum vazamento.
Uma das fontes que nos
com apreciadores e conhecedores de um bom
relação qualidade x preço e a certeza (teórica) de poder
expostas nas prateleiras.
poderá
orientam com clareza neste parâmetro é o contacto
momento de satisfação dupla: ter conseguido uma boa
garrafas não tenham ficado por muito tempo
calor. Isto
11. A relação qualidade x preço nos vinhos importados
fatores, que poderão transformar essa aquisição em um
1. Dê preferência a um estabelecimento comercial com um bom giro do produto, de modo que as
no
comprometer a qualidade do vinho.
vezes pode ser otimizada, levando-se em conta alguns
adquirirmos uma garrafa de vinho:
sol e
que
muitos
vinhos
famosos
e
tradicionais.
12. Como o "hobby" do vinho não é barato, não deixe de sempre solicitar o tradicional DESCONTO, por ocasião da compra. 13. Um dos itens que devemos levar em consideração para a aquisição de um determinado vinho,é a ocasião e em companhia de quem iremos degustálo.
Muitas vezes,
numa
situação
onde
os
convidados não possuem "boca" para a degustação de um ótimo vinho, não é conveniente que o sirvamos. Um grande vinho deve ser curtido e reverenciado
por
seus
degustadores
e
apreciadores.
22
garrafas que transportariam os vinhos do Douro para CÁPSULAS
Londres, diversas tentativas foram feitas com trapos,
A cápsula recobre a rolha e o gargalo da garrafa. Oferece à
madeira e até com o próprio vidro, até que se descobriu que
rolha uma certa proteção contra ataque de bactérias e
a rolha feita de cortiça seria o ideal. A rolha de cortiça feita
organismos que podem danificá-las. Deve ter alguns
com a casca do sobreiro, que os árabes já usavam séculos
pequenos furos, para permitir a respiração da rolha. As
antes, seria a tampa ideal para conservar aquele vinho em
cápsulas tradicionais são feitas de chumbo. As cápsulas
perfeitas condições.
feitas com liga de estanho/alumínio entraram no mercado a
Até então, salvo esparsas tentativas com a rexina , que era a
partir de 1992, para evitar os potenciais danos à saúde
resina do pinheiro ( usada pelos gregos para tentar
causados pela cápsula de chumbo.
Alguns produtores e
conservar as ânforas de vinho 6 séculos A.C.) , na maioria
negociantes codificam suas cápsulas em cores, para
das diversas regiões produtoras, os vinhos eram guardados
distinguir os diferentes tipos de vinhos, porém não existe um
em talhas, ânforas, barricas e tonéis, num processo
padrão universal para essa identificação. Os vinhos de
totalmente aeróbico e sem nenhum cuidado de controle de
menor preço são encapsulados com plástico. Além de sua
temperatura e higiene tornando-os muito menos agradáveis temperatura
função protetora, as cápsulas trazem o nome e o brazão
do que são hoje . hoje .
impressos na parte superior, o que ajuda a identificar as garrafas quando as etiquetas não estão visíveis. Nunca sirva
A doença da rolha rolha
um vinho antes de cortar a cápsula pelo menos 0,5 cm
Essa tampa feita de cortiça atravessou mais de três séculos,
abaixo do "bico" da garrafa, para que o vinho não seja
porém tinha ainda um sério problema: até pouco mais de 20
contaminado.
anos atrás, 10 a 20% das garrafas apresentavam a chamada doença da rolha que tecnicamente é a
Rolhas de Cortiça, Rolhas Sintéticas ou Tampas de Rosca,
contaminação do vinho por um composto químico, o 2,4,6
eis a questão.
tricloroanisol (TCA), formado durante o processo de
Nos últimos tempos, uma questão vem se tornando o centro
produção da rolha. Nesse caso o vinho apresenta um
das discussões quando o assunto é a forma de se tampar
desagradável aroma de mofo e dizemos que o vinho está
uma garrafa de vinho. Tudo porque a velha e confiável rolha,
bouchonée . Com a evolução das técnicas de produção e
que há alguns séculos vem cumprindo a nobre missão de
dos métodos de esterilização da cortiça, esse índice foi
preservar o vinho nosso de cada dia, mantendo-o longe do
diminuindo, sendo que há dez anos a nos o índice de garrafas com
alcance do oxigênio e de outras ameaças ao precioso
problema na rolha estava em torno de 7%, acreditando-se
líquido.
que hoje seja ainda menor, na casa dos 5%, como citado no
Com o passar dos anos, a cortiça está se tornando cada vez
Harpers Wine and Spirit Weekly em maio de 2003.
mais cara e rara, levando inevitavelmente à busca de alternativas ao seu uso. No entanto, o que parecia muito
O ESTADO DA ROLHA
simples, na prática se mostrou muito mais complicado, pois
Após a retirada da cápsula de uma garrafa, devemos
além da tecnologia, há no assunto uma boa dose de
proceder um exame do topo da rolha. Uma rolha totalmente
romantismo e tradição. Mas será que é só isso mesmo ou
limpa e sem vestígios de vazamento sinaliza que o vinho
existem outras variáveis envolvidas nesta questão? É o que
contido naquela garrafa foi recentemente engarrafado ou
iremos tentar decifrar, percorrendo os caminhos desta
reengarrafado. Com o passar dos anos, a rolha se torna
mudança.
mais escura e a sua superfície, que fica em contato com o ar, acumula pó e sedimentos, próprios da cave onde esteve
Um pouco de história
armazenado. Se o rótulo disser que o vinho possui dez
Em Portugal, entre os séculos XVII e XVIII, quando nossos
anos, por exemplo, e a rolha parecer nova, é uma evidência
antepassados buscavam uma maneira de tampar as
suspeita. Um antigo BORDEAUX, comprado diretamente no
23
Château, pode ter uma rolha que pareça mais jovem que o
o
Nos vinhos da Austrália, Califórnia e Espanha são
vinho, isto é justificável em razão de que um BORDEAUX de
colocados os contra-rótulos, com informações
ótima qualidade tem a sua rolha trocada a cada 25 anos,
técnicas mais detalhadas, que o produtor julga
para oferecer assim, a máxima proteção ao vinho.
importante para os consumidores em potencial.
o
DETALHES QUE PODEM SER NOTADOS NAS ROLHAS
Segue exemplo detalhado de rótulo de um vinho francês da região de BORDEAUX:
1. Cristais: Inofensivo. Indicam que o vinho não foi superfiltrado; os vinhos brancos podem desprender cristais de tartarato, se tiverem sido submetidos a baixas temperaturas em algum momento de sua vida. 2.
Secura: Cuidado! Secura:
As garrafas podem
ter
sido
armazenadas de pé, possibilitando o encolhimento da rolha e a conseqüente entrada de ar na garrafa, causando oxidação do vinho. Verifique se o líquido ainda poderá ser aproveitado. Cheire a rolha após retirá-la. Se a garrafa tiver sido 3. Odor: Odor: Cheire armazenada deitada (como recomendado), a extremidade úmida da rolha deverá ter um aroma agradável, próprio do
Nome do Produtor Produtor do Vinho: “Chateau
Latour” Ano da colheita: “1958”
Classificação do vinho: “Premier Grand
•
vinho. 4. Mofo no topo da Rolha: Inofensivo. Um armazenamento
•
em condições úmidas pode provocar o aparecimento de
•
mofo na parte superior da rolha, sob a cápsula. Após abrir a
Cru Classe”
garrafa, deve-se limpar bem o seu bico e em seguida provar
•
o vinho, antes de serví-lo.
bouteilles au Château”
•
•
Na França, frases como "Grand Vin", "Grande possuem um significado legal. De forma similar "Private Reserve", nada significa nos Estados Unidos.
Existe na França a "Appellation Controlée" – DOC, com normas e regras regidas pelo governo.
o
“Superieur” significa normalmente um teor alcoólico 1,0%
mais
elevado,
o
que
não
melhora
necessariamente a qualidade do vinho. Em geral, todavia, um vinho com 12% de teor alcoólico é preferível a um de 11%.
o
Ter cuidado com vinhos alemães, seus rótulos trazem muitas informações, que devem ser bem interpretadas.
Denominação de origem controlada: “Appelation Pauillac Controllé”
Reserve", ou "Cuvée Speciale" no rótulo, não
o
Comuna onde está situado o Château: “Pauillac-Medoc”
RÓTULOS o
Local onde foi foi engarrafado: “Mis en
GARRAFAS Os recipientes utilizados para armazenar ou guardar o vinho são tão importantes, que podemos dividir a História do Vinho em três fases, de acordo com o recipiente: 1. Fase do Barro: Barro : Utilizavam-se ânforas de barro cozido (cerâmica) e o vinho só podia ser conservado misturado ao mel ou resinas, tendo que ser diluído para ser bebido. Sua fase mais conhecida foi dos gregos e romanos, até o ano 1000 DC. 2.
das Fase do Tonel: Tonel: Iniciada a partir da descoberta das
vantagens do casamento do vinho com a madeira e de seu 24
desenvolvimento em contacto com a mesma. Havia, porém,
4. Vinhos com sedimento, necessitando decantação, proporcionarão menos copos.
problemas sérios de conservação, pelo contacto do oxigênio com o vinho dentro do tonel, a partir de sua abertura e, de
5. Em caso de refeições, calcule grosseiramente 8 a
praticidade, pelos enormes volumes dos tonéis, o que
10 copos de vinho por garrafa de 750 ml; tratando-
dificultava a guarda do vinho nas residências.
se de degustação de 13 a 14 copos por garrafa.
Iniciada no final do século XVII, com a 3. Fase da Gar Garrafa: rafa: Iniciada
ADEGA
invenção, na Inglaterra, da garrafa de vidro forte,
É de suma importância a maneira de conservação e/ou
semelhante em espessura à conhecida hoje, já que antes
guarda de nossas garrafas de vinho, para que as
disto, existiam garrafas de vidro fino e pouco resistentes. Em
características do líquido se mantenham adequadamente e
consequência, modificou-se totalmente a técnica de
ele possa evoluir normalmente pelos anos. As garrafas
vinificação, surgindo os vinhos de guarda, os espumantes e
devem sempre permanecer deitadas para evitar o
uma utilização mais adequada da cortiça, conhecida e usada
ressecamento da rolha e, conseqüentemente impedir a
como tampa da ânforas desde os tempos da Roma Antiga.
entrada de oxigênio, o que poderia provocar a oxidação do
Apesar
vinho. São três cuidados básicos que devemos tomar na
dos
avanços
tecnológicos,
e
tentativas
de
substituição por outros tipos de recipientes - papel especial
escolha de um local para a instalação de uma adega:
ou plásticos - o vidro, pela sua inércia de reação e ausência
1. Não devemos ter um gradiente térmico no ambiente, isto
de odor, permanece soberano para a conservação do vinho
é, a alternância de temperaturas. Caso Ca so isto ocorra, a solução
por períodos prolongados. prolongados. A forma das garrafas garrafas - embora
é partir para um local refrigerado.
possa em alguns casos obedecer a critérios técnicos e
2. Não devemos ter luz intensa direta sobre as garrafas. O
funcionais, por exemplo a indentação inferior nas garrafas
ideal seria um ambiente de penumbra.
de champagne - habitualmente difere, por motivos de
3. Não devemos ter vibrações de qualquer natureza no
tradição regional.
interior da adega.
A cor da garrafa tem grande importância na proteção do
4. Evitar a proximidade de materiais de limpeza, tintas,
vinho contra as diferentes radiações de luz solar, sendo por
solventes, derivados de petróleo, etc
isso preferível as de cor verde ou marron às incolores.
Concluímos então que o ambiente ideal para uma garrafa de vinho é aquele com: temperatura constante, sombra,
LEMBRAR QUE:
ausência de ruídos e vibrações e longe de produtos
1. As garrafas menores fazem o vinho amadurecer
químicos.
mais rapidamente e, são habitualmente mais caras; prefira comprar vinhos doces (de sobremesa)
DICAS IMPORTANTES
o
nessas garrafas. 2. As garrafas magnun são consideradas como ideais para a guarda de vinhos e por isso, em relação aos grandes
vinhos
de
BORDEAUX
e
o
o
3. Relação Vinho/Pessoa - O cálculo clássico em um jantar é de meia garrafa por pessoa. Esta relação
o
grandes
variações
de
temperatura.
Longe da claridade (que acelera o envelhecimento), vibrações e produtos químicos.
Livre de aromas / cheiros estranhos.
Para que não se percam os rótulos por fungos,
poucos vinhos servidos - em média dois, um tinto e
o
um branco.
o
disponíveis, o consumo tende a crescer.
Evitar
Temperatura ideal – 14ºC a 17ºC.
se aplica a um jantar informal ou estilo "buffet", com Caso haja mais tipos de vinho
A umidade relativa no interior da adega deve ser em torno de 65% a 75%.
da
BOURGOGNE, seu preço é maior.
O vinho deve ser conservado sempre deitado, para que atinja o seu ápice.
mofo ou umidade, aconselhamos ao se colocar a garrafa na prateleira, envolvê-la em um pedaço de
25
o
plástico - tipo “MAGIPACK” - protegendo-se o
contém. Os vinhos tintos, sempre suportam melhor o
rótulo, ou aplicar uma camada de verniz incolor
envelhecimento que os brancos. Durante vários meses após
(utilizado para fixar desenhos/pinturas), criando-se
o engarrafamento, os vinhos finos ficam numa espécie de
assim uma proteção permanente para o rótulo.
choque silencioso.
Ter um termômetro de máximas e mínimas
após essa operação, porém esperar cerca de quatro a cinco
instalado no interior da adega, bem como um
meses, para então degustá-los. O mesmo pode-se dizer da
pequeno higrômetro.
viagem que o vinho enfrenta até chegar ao mercado. Isto
Não devemos abri-los imediatamente
pode deixá-lo tão sem graça quanto o engarrafamento. RELAÇÃO QUALIDADE – CUSTO
Devemos dar-lhes algumas semanas para repousarem.
Sendo o vinho considerado uma das mais sofisticadas
A principal exceção é o Beaujolais Nouveau, cujo grande
bebidas e que possui uma enorme gama de variedades,
charme é ser bebido no próprio ano de sua vindima. Sabe-
torna-se necessário ao consumidor conhecer certas regras
se porém que ele melhorará substancialmente nos seis
básicas que possam identificá-lo e, conseqüentemente,
meses subseqüentes ao seu engarrafamento.
proporcionar prazer ao seu adquirente. Algumas dessas
Concluindo, diríamos que a abertura de uma garrafa de
informações já as temos em nosso poder - a linguagem do
vinho, somente nos dará o prazer total se for compartilhada
rótulo e a análise da garrafa ( cápsula, rolha, nível do líquido
com outras pessoas e mais ainda, se essas pessoas
). ). Por mais nobre que seja o vinho, trata-se de um produto
também apreciarem o vinho. vinho.
comercial e, nos dias atuais, a pergunta feita após degustarmos um vinho é: A garrafa vale o preço cobrado?
NOÇÕES DE ENOGASTRONOMIA
Existem no mercado, vinhos para todos os gostos e bolsos. "
A multiplicidade de preparações culinárias, a diversidade de
A única relação qualidade X custo que devemos ter em vista
sabores dos alimentos e a extrema variedade de estilos de
é a nossa, de nada valem va lem os parâmetros de outros países". países".
vinhos fazem com que a harmonização eno-gastronômica seja assunto complexo e controverso. A compatibilização
CONSUMO DO VINHO
vinho-alimento é antes de tudo, questão de gosto pessoal.
"Quanto mais velho o vinho, melhor..." - frase muito utilizada,
Todos temos o direito inalienável de consumir nossos pratos
porém totalmente falsa. Qualquer vinho, é preciso lembrar,
prediletos com o vinho que nos parece oferecer a melhor
está vivo! Caso você encontre algum já morto, é algo que
combinação com eles. No entanto, existem alguns
não necessita de uma palavra de um expert para anunciá-lo.
“casamentos” consagrados pelo simples motivo que
O vinho nasce, cresce, atinge o seu ápice e daí tende à
agradam à maioria das pessoas que os experimentam. Por
decrepitude até a morte. O grande segredo, é saber a hora
outro lado, pelas razões contrárias, há combinações
correta de tomá-lo, seu auge. Os vinhos para consumo
notadamente antagônicas. O mecanismo que regula estes
diário são, em geral, elaborados para serem bebidos jovens. Até os anos 70, a vinificação dos grandes vinhos
“casamentos” é a interação entre componentes químicos do vinho e do alimento. Pode ocorrer atenuação, exacerbação
(BORDEAUX, por exemplo) era feita de modo que o seu
ou neutralização de determinados sabores. Há, ainda, a
auge fosse atingido em 15 a 20 anos. Hoje a tendência é de
possibilidade de que novos sabores advenham do
que se antecipe esse auge para p ara 7 a 10 anos.
pareamento vinho-comida na boca. As combinações eno-
O consumo de um vinho depende fundamentalmente de
gastronômicas vêm sendo testadas ao longo dos séculos e
como ele foi envelhecido, de como ele foi conservado, de
várias “regras” foram sendo criadas. Dentro das limitações
como ele foi transportado desde o seu engarrafamento na
acima expostas, essas regras servem como diretrizes
origem até chegar ao nosso poder. Sendo o Brasil um país
gerais, podendo ser quebradas quando o gosto pessoal
de clima tropical, torna-se necessário tomar-se alguns
assim o determinar.
cuidados na guarda e no manejo da garrafa, para que ela não perca as principais características do líquido que
26
"AS REGRAS REGRAS""
Carne vermelha ou caça com vinho tinto.
Peixes ou frutos do mar com vinho branco
Cada prato acompanhado de um vinho.
Grandes vinhos com grandes pratos.
Combinações difíceis: Vinagre, frutas cítricas, ovos,
o
o
o
o
o
aspargos, alcachofras, chocolate. Pratos orientais: indianos, japoneses, tailandeses e coreanos. Uma outra fonte de referência para as combinações de vinhos e alimentos é a tradição cultural regional. Esta muitas vezes confirma as considerações acima. É fácil imaginar o cordeiro de Pauillac acompanhado pelo vinho de Bordeaux ou o “boeuf bourguignone” com um borgonha tinto. No entanto, nestas mesmas regiões observamos: Lampréias a bordalesa
- peixe de água doce cozido no vinho tinto;
morangos com vinho tinto e, na Borgonha, “oeufs en meurette” com molho de Borgonha tinto. Certas harmonizações também podem refletir gostos regionais, que nem sempre são generalizados: Sardinhas assadas com vinho tinto e Bacalhau com vinho tinto verde. Seguem algumas combinações que são bem aceitas:
Ostras e Chablis.
Salmão defumado e Riesling.
Salmão fresco Chardonnay ou Riesling.
Peixes brancos grelhados com molhos untuosos e
o
o
o
o
Chardonnays.
Queijo de cabra e Sancerre.
Roquefort e Sauternes.
Stilton e Porto.
Sushi e sashimi com Champagne brut.
Presunto cru e xerez fino.
o
o
o
o
o
o
Foie gras e Sauternes Cordeiro e Bordeaux tinto.
Caça e Borgonha tinto.
Pizza e massas com molho vermelho e Chianti.
o
o
o
Concluímos que os parâmetros são insuficientes para o planejamento da harmonização de qualquer prato com vinho. Para tanto, são necessários princípios ao invés de regras.. regras
27
Os princípios não revelam exatamente o que tomar para
Empregamos ainda, o princípio da complementaridade. complementaridade .
acompanhar determinado prato, mas norteiam como se
Assim, uma sobremesa de caráter doce predominante e
chegar ao vinho que poderá ser a melhor escolha, em
sabores cítricos será harmonizada, por antagonismo, com
determinada situação. Devemos conhecer as características
um
organolépticas organolépt icas do vinho bem como as do prato prato.. Para tanto,
complementarmente, também seja doce - para não ressaltar
devemos conhecer os ingredientes que entraram na
a doçura do prato - e, se possível, apresente aromas de
composição da receita e como foram preparados, lembrando
frutas cítricas.
que muitas vezes o ingrediente principal é um mero
As ostras, com sabor marinho lembrando iodo, harmonizam-
transportador dos sabores determinados pelo molho. De
se com os sabores minerais do Chablis.
posse
Nem sempre o resultado é previsível pois algumas vezes, a
desses
dados,
podemos
combiná-los
por
complementaridade ou por antagonismo.
vinho
de
acidez
marcante
mas
que,
interação entre os componentes cria novos sabores que podem ser agradáveis como os do queijo com o vinho tinto
Exemplos de combinações por antagonismo:
ou desagradáveis, quando usamos um vinho tânico com
Atenuar a acidez de um prato pela doçura do vinho.
peixe oleoso criando um terceiro sabor que é um desastre.
Avivar o paladar de um prato doce pela acidez do
Pode haver sinergismo, quando a combinação vinho e
vinho.
comida cria um efeito melhor que o vinho sozinho ou a
Opor a untuosidade da receita aos taninos e ácidos
comida sozinha ou neutralidade quando o vinho e a comida
do vinho.
seguem cada um seu caminho sem interferência ou com
Equilibrar a suculência do prato com vinhos mais
pouca interferência um com outro.
encorpados.
O único modo de testar um “casamento” é, após levantar as
Equilibrar a condimentação de certos pratos com
hipóteses possíveis, degustar o vinho e a comida
vinhos mais aromáticos.
conjuntamente analisando-se o resultado final. O único
o
o
o
o
o
modo de aprender como combinar vinho / comida é degustar Um exemplo clássico de harmonização por antagonismo é o
vinho e comida conjuntamente.
do Roquefort com Sauternes: o gosto gos to extremamente salgado
Para uma refeição sem surpresas devemos nos ater às
do queijo é atenuado pela doçura extrema do vinho e sua
combinações consagradas. Uma inovação bem planejada
untuosidade - mais de 90% de gordura - é equilibrada pela
pode ser um grande achado. Experimente!
grande acidez do vinho.
O SERV IÇO DO VINHO – A função do Sommelier.
vícios
ou
as
virtudes
deste,
mas
podem
ampliar
significativamente o prazer que ele pode nos dar. Se existem taças, garrafas de cristal, decanters, e até mesmo rituais específicos para determinados tipos de vinho, não é por necessidade física ou outra razão qualquer, que não seja auxiliar a expressão dos variados prazeres sensoriais que este vinho pode nos oferecer. Ao consultar a literatura, encontraremos até menção a que “ao acentuar as diferentes características do vinho e O cuidado em servir o vinho e os hábitos adquiridos ou as lendas que cercam o vinho não contribuem para modificar os
recordarmos suas origens, reforça-se a experiência, e podemos mesmo torná-la memorável”. Não é portanto por acaso que os vinhateiros franceses, ao adquirirem vinho, provem-no com maçã verde, que aguça o 28
paladar, e, ao contrário, ao venderem este mesmo vinho, o
"prandii"), sendo entitulado de "Rex Bibendi". Durante a
sirvam com queijo, o qual amaciando o paladar esconde
época do Renascimento, generalizou-se o hábito entre os
muitos dos defeitos que ele possa ter.
nobres de possuir um copeiro, auxiliado por um garrafeiro.
Assim, ao se falar de serviço do vinho, vinho , logo afloram duas
Em 1700, esse profissional aparece citado nos éditos do
questões: O que é? Para que serve?
Duque de Savoia, com o nome de "Somegliere di bocca e di corte", citando-se nos mesmos o direito do próprio utilizar
A primeira indagação - “o que é” é” - tem resposta muito
um anel com as iniciais ducais para lacrar as barricas de
simples. É a forma como o vinho é servido, o
vinho. O instrumento do “sommelier” para provar o vinho era
estabelecimento da seqüência dos vinhos de uma refeição,
o taste-vin, do qual conhecemos diversos tipos. É um
escolha da técnica e o tipo de saca-rolhas utilizados para
recipiente de metal (preferivelmente prata) que o sommelier
abrir as garrafas, a avaliação da necessidade de decantação
usava pendurado como um colar. O tipo mais conhecido era
e assim sucessivamente.
o “borgonhês”, no qual podemos identificar uma grande bolha (elevação) ao centro, que delimitava o nível de vinho
Quanto à questão - “para que serve?” serve?” - a resposta não é
que deveria ser servido, já que ela jamais deveria ser
mais complexa: Para extrair de uma garrafa de vinho o
coberta.
máximo de prazer que ele nos pode oferecer. Em poucas
Tem pequenas “pérolas” ou saliências que servem para
palavras, de nada adianta estarmos diante do mais
auxiliar a oxigenação do vinho; pequenas nervuras que se
maravilhoso vinho do mundo, se não o servirmos
destinam a auxiliar a observação das tonalidades dos vinhos
adequadamente, pois sem os cuidados, que serão mais
brancos e finalmente ligeiras depressões que auxiliam a
detalhados adiante, ele não exibirá todo o seu potencial nem
observação das tonalidades dos tintos.
todas as suas qualidades.
Existem taste-vins de outras regiões produtoras de vinhos,
Evidentemente, não se pode falar em serviço sem antes
como por exemplo os taste-vins de Bordeaux ou da região
abordarmos a figura do “sommelier” - figura absolutamente
do Porto.
identificada com o serviço do vinho.
É importante ressaltar, entretanto, que atualmente estas
A língua portuguesa é a única que traduz este termo, para
peças são meramente decorativas, sendo os copos o
“escanção”,
recipiente apropriado para provar o vinho.
podendo
ser
encontrado
no
Dicionário
Português/Francês de Paulo Ronai a tradução como
A figura do sommelier, por outro lado, ainda se encontra
“garçom encarregado das bebidas”. Já em definição menos
presente nos bons restaurantes. É o profissional que deverá
simplista, Aurélio Buarque de Holanda define o escanção
auxiliar o cliente a escolher o vinho que melhor se
como “aquele que punha o vinho na copa e a apresentava
compatibilize com o prato escolhido e proceder ao seu
ao rei” e “aquele que dá de d e beber aos convidados”.
serviço. Certamente, uma compatibilização perfeita tornará a
Claro está pelas definições acima que se trata de profissão milenar, que encontramos desde a Antigüidade e que a essa
refeição memorável e inesquecível. Nos grandes restaurantes, o sommelier é o responsável pela elaboração
época era exercida por nobres. A comida, por outro lado, no
da carta de vinhos bem como sua escolha, compra e
Antigo Egito, era servida por escravos.
armazenamento adequado.
Encontraremos referências ao “sommelier” no Egito, na Grécia, no Renascimento, etc.
Temperatura e algumas regras basicas para consumo
Sua presença já é descrita desde o tempo dos assírios e
adequado dos vinhos:
babilônios e no início das primeiras dinastias egípcias. Entre
Quanto à questão da temperatura de serviço, costuma-se
os gregos esta função era exercida pelos arcontes ou
dizer que os vinhos brancos devem ser gelados e os tintos
simposiarcas, que tinham a missão de servir os vinhos,
servidos à temperatura ambiente.
escolhendo os jarros e taças de vinho. Na antiga Roma,
Acreditamos que aí reside o maior erro a ser cometido. Os
encontramos os mesmos durante os banquetes (os
vinhos tintos devem, sim, ser servidos à temperatura
29
ambiente. Só que à temperatura ambiente da Inglaterra, é
mais doces; primeiro os mais leves e a seguir os mais
bem diferente do Brasil, onde a temperatura chega
encorpados; e, evidentemente, primeiro os piores e por
facilmente aos trinta ou quarenta graus centígrados.
último os melhores.
Poderíamos sugerir as seguintes temperaturas de serviço de
Estas regras se devem basicamente aos seguintes fatores:
vinhos:
durante a refeição aumenta a sensibilidade aos ácidos e
o
o
o
o
Espumante doce
diminui a sensibilidade aos taninos taninos;; o que nos conduz à
7 a 8 Cº
regra geral de começar com mais frescor, a seguir servir o
Espumante Brut 6 a 8 Cº
Surge aqui uma questão natural. Já somos especialistas em
Brancos Suaves e Doces
abrir uma garrafa de vinho, já sabemos a que temperatura
8 a 9 Cº
servi-lo, já sabemos até a ordem preferível dos vinhos em
Brancos Secos 10 a 12 Cº
o
Rosés
Tintos Leves 12 a 15 Cº
o
uma refeição. Mas vamos a um restaurante e o sommelier ou, lamentavelmente no mais das vezes, o maitre, pela ausência de um sommelier, nos entrega entrega a carta de vinho.
12 a 14 Cº o
vinho mais macio e por derradeiro o mais tânico.
Tintos Tânicos 16 a 20 Cº
Aí, com efeito, começam a surgir os problemas complicados. Infelizmente, na maioria das vezes, ao invés da carta de vinhos nos dar informações precisas, nos oferece um nome qualquer, como “Chateauneuf du Pape”, às vezes com o ano (mas muitas vezes nem o ano da safra fornece) e o preço
É bastante significativo que a tabela acima seja encontrada,
(muitas vezes, infelizmente, escorchante).
com mínimas diferenças, em toda a literatura especializada.
A Carta de Vinhos, se bem elaborada, deveria fornecer
Como saber quando o vinho está na temperatura correta? Termômetros confeccionados especialmente para mensurar a temperatura de vinhos são hoje facilmente disponíveis no mercado. Ao controlar a temperatura de serviço do vinho, é importante
Os critérios que devem nos orientar quando escolhemos o
ter em mente que: quanto mais quente o vinho, mais se
vinho em um restaurante foram bem definidos pelo crítico de
realçam o açúcar e o álcool e quanto mais frio, mais se
vinhos e gastronomia Saul Galvão:
realçam a acidez e o tanino tanino.. Assim, ao refrescarmos um vinho pouco tânico (por exemplo, um Beaujolais), não correremos maiores riscos, pois não haverá taninos a realçar. Ao contrário, ao refrescarmos um Barolo, extremamente tânico, deveremos ser cuidadosos, pois ao refrescarmos em demasia o mesmo ficará imbebível, alguma coisa como uma lixa na língua. Por outro lado, ao não refrescarmos um vinho quando
Ainda sobre a carta de vinhos, há que se comentar que
necessário, a sensação de álcool e açúcar realçada, irá
alguns poucos restaurantes a fazem como deve ser, e ainda
tornar o vinho bastante desagradável.
menos a adaptam ao objetivo do restaurante. Se se trata de
Existem algumas regras sobre a sucessão dos vinhos à
um restaurante de cozinha italiana, obviamente é normal se
mesa, as quais passamos a expor, apesar de algumas delas
prestigiar o vinho italiano; se se trata de um restaurante de
serem de clara obviedade: primeiro os brancos, a seguir os
cozinha portuguesa, obviamente é normal se prestigiar o
rosados e por último os tintos; primeiro os mais jovens e a
vinho português, e assim sucessivamente.
seguir os mais velhos; primeiro os mais secos e a seguir os
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