Casa Dos Cataventos

June 24, 2019 | Author: Silvia Weiss | Category: Sociologia, Tempo, Jacques Lacan, Cidade, Ciência Filosófica
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A Casa dos Cataventos é um projeto social em Porto Alegre, em uma comunidade chamada Vila Sao Pedro....

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Associação Psicanalítca de Poro Alegre

Casa dos Cata-Ventos. Uma estratégia clínica e política na atenção à infância. Autoras: Ana Maria Gageiro Eda Estevanell Tavares Renata Maria Conte de Almeida Sandra D. Torossian

O que vamos apresentar aqui é a experin!ia de um pro"eto #ruto da par!eria entre a $niversidade %ederal do Rio Grande do Sul &'ns(tuto de )si!ologia* e o 'ns(tuto A))OA &'ns(tuto da Asso!ia+,o )si!anal-(!a de )orto Alegre*: a Casa dos Cata/entos. $ma estrutura Dolto0 um lugar de 1rin!ar0 !onversar e !ontar 2ist3rias. 4ugar que a!ol2e a vida !omum0 uma psi!an5lise na !idade. Estamos em um territ3rio da !idade de )orto Alegreque é pr3ximo do !entro da !idade0 de duas $niversidades &$%RGS e )$CRS* eem #rente a um s2opping !enter0 porém quase ninguém o v. C2amase /ila S,o )edro0 nome oriundo da proximidade !om o 6ospital )siqui5tri!o S,o )edro. Seus moradores vivem em !ondi+7es de extrema pre!ariedade so!ioe!on8mi!a e !onvivem !om a ex!lus,o de todos os direitos e re!ursos aos quais tm a!esso aqueles designados 9!idad,os. /ivem da !ata+,o e venda de lixo quea1arrota e trans1orda os pequenos 1arra!os0 !on#undindose !om seus moradores. As !asas pre!5rias n,o tem piso0oesgoto é a !éu a1erto0 mos!as e mau !2eiro s,o !onstantes. A !omunidade est5 su1me(da a muitas violn!ias: ao a1andono so!ial0 ; #or+a paralela e perversa do tr5itos0 quais quer que se"am eles0 repe(+7es destas vivn!ias0 mais violn!ia.S,oterrit3rios0 espa+os 9poten!ialmente trauma(?antes pela ausn!ia e desregula+,o de meios de prote+,o aos seus 2a1itantes0 !omo nos di? )aulo Endo @. Ali0 eles n,o apenas est,o mais expostos expostos do que moradores de outros lo!ais da !idade0 !omo tm que estar sempre alertas0 e muitas ve?es angus(ados0#rente ; violn!ia que pode irromper inesperadamente a qualquer momento0 trauma(!amente. A violn!ia sempre presente0 a!a1a assim permeando todas as rela+7es e se reprodu?indo nas rela+7es das !rian+as entre si e !om os da Casa. Sa1emos0 !omo alerta enilton e?erra09que ini!ia(vas !omo o nosso pro"eto tem seus limites #rente ; !omplexidade de pro1lemas de ordem estrutural que pre!isam ser en#rentados para que os su"eitos que 2a1itam esses espa+os saiam da ex!lus,o em que se en!ontram e par(l2em de #orma mais ampla dos re!ursos &so!iais0 e!on8mi!os0 E=DO0 )aulo Cesar. 9 A violn!ia no !ora+,o da !idade. S,o )aulo0 Es!uta0 B

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Associação Psicanalítca de Poro Alegre

pol-(!os e !ulturais* indispens5veis ; amplia+,o de sua norma(vidade so!ial e de sua plena !idadania.B =,o des!on2e!emos o ris!o presente0 em ini!ia(vas !omo a nossa0 de psi!ologi?ar0 ou de se in!orporar a um 9dis!urso !ompetente0 té!ni!o0 quest7es e pro1lemas que s,o de ordem existen!ial0 pol-(!a ou s3!ioe!on8mi!a. Mas0 essas quest7es n,o nos impedem de pretender0 !om nossa proposta de tra1al2o0 !riar um disposi(vo do qual0 !rian+as e adultos possam se u(li?ar para ampliar suas !2an!es de viver de modo mais aut8nomo0 !ria(vo e sa(s#at3rio poss-vel. 65 nesse pro"eto a  "un+,o de e#eitos !l-ni!os e pol-(!os sem que isso se"a uma 1andeira da Casa. O tra1al2o que reali?amos se situa nas 1ordas da interven+,o !l-ni!a0 so!ial e edu!a(va sem se tratar propriamente de nen2uma delas0 mas !ertamente0 1ali?ado pela psi!an5lise. =,o se trata de uma interven+,o propriamente edu!a(va0 apesar dela poder estar presente0 uma ve? que !onsideramos que os !uidados possuem uma #un+,o orientadora e indi!a(va0 ou se"a0 podem ter valor de ins!ri+,o e papel na sade ps-qui!a dos pequenos. =,o se trata tampou!o de um tra1al2o de interven+,o so!ial0 apesar da aposta reali?ada nos e#eitos que a produ+,o de su"eitos mais aut8nomos0 menos !on#ormados e silen!iados pela dor0 dese"antes0 enex,o so1re a dimens,o de uma temporalidade que introdu? a possi1ilidade da in!lus,o e do re!on2e!imento através de um ato !l-ni!o e pol-(!o de apostaKsuposi+,o de existn!ia de um su"eito de dese"o0 de um narrador. $m lugar em que tam1ém é poss-vel pensar o !on!eito de testemunha.  Temos o1servado o quanto o espa+oKtempo dos plant7es desdo1ra uma dimens,o temporal que permite que alguém ali queira ser0 in!luirse0 pelo 1rin!ar e pela palavra e0 se poss-vel0 ela1orar traumas. en"amin*0 o1serva que os so1reviventes0 na Segunda Guerra0 voltavam mudos das trin!2eiras porque aquilo que viven!iaram n,o podia mais ser assimilado por palavras. Em 9O =arrador ele es1o+a a ideiadeuma narra+,o nas ru-nas da narra(va0 uma transmiss,o entre !a!os de uma tradi+,o em migal2as. )ara Gagne1in0 tal proposi+,o nas!e de uma in"un+,o é(!a e pol-(!a: 9n,o deixar o passado !air no esque!imento. Esse narrador seria a exiva do que #oi vivido pode a"udar a n,o repe(lo mas a ousar es1o+ar uma outra 2ist3ria0 a inventar o presente. Miriam De1ieux Rosa !onsidera que 25 uma espe!i
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