Cartilha Sobre o Cultivo de Mariri e Chacrona

March 18, 2017 | Author: Fabiano Henrique Fortunato Ferreira | Category: N/A
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Cartilha do Departamento de Pesquisa, Plantio e Cultivo de Mariri e Chacrona

2006

Há um bom tempo venho tentando concretizar um sonho de reunir informações e experiências vividas sobre plantio de mariri e chacrona nesta nossa sagrada religião. Estas experiências são frutos de experimentos e observações que fazemos naturalmente quando nos dedicamos ao plantio de mariri e chacrona. Estes Mestres, caboclos que vem ensinando na pratica o que cientistas comprovam em suas pesquisas. As valorosas informações sobre pesquisa, de como encontrar o mariri na floresta, quando e a forma de colher bem como identificar não estarão contidas nesta cartilha, mas nosso objetivo é reunir informações sobre como plantar nossas plantas sagradas. Dentro desta força de União, esta cartilha é uma reunião de informações colhidas ao longo dos anos de pesquisa, tendo como professores a Natureza e os caboclosindios, Mestres que um dia me integraram nesta caminhada, na busca de luz dentro desta sagrada religião do sentir. Também reuni aqui uma síntese das palestras proferidas no encontro do Departamento de Pesquisa, Plantio e Cultivo de Mariri e Chacrona realizado na cidade de Belém (PA), entre os dias 22 e 23 de setembro de 2006. Fazem parte destas desta cartilha informações dos departamentos do plantio das Unidades Administrativas: Núcleos Rei Canaã e Jardim Florido, dos PréNúcleos Castelo de Marfim e Príncipe Ram, bem como das extensões do N Rei Canaã em Araguaina, Paruapebas e Itinga. Este trabalho não seria possível sem as experiências trazidas com as pessoas que iniciaram as atividades de plantio e do conhecimento adquirido com experimentos feitos durante mais de 20 anos de atividades de plantio em nossa região. A estas pessoas é que dedico esta apostilha como uma forma de deixar gravado um conhecimento adquirido ao longo dos anos, mesmo sabendo que este conhecimento ainda precisa ser aprimorado e adaptado as diferentes condições de ambiente e clima desta nossa imensa Amazônia, em especial a nossa diversificadissima 14º região.

José Henrique Cattanio Coordenador Regional do Departamento do Plantio 14º Região

Índice 1 Plantio do Mariri e Chacrona____________________________________________00 1.1 Plantio por parte vegetativa____________________________________________00 1.1.1 Mariri (Banisteriopsis caapi)__________________________________________00 1.1.1 Chacrona (Psychotria viridis)_________________________________________00

1 Plantio do Mariri e Chacrona Uma das primeiras coisas que devemos fazer para ter um melhor resultado no plantio é a analise físico-química do solo onde vamos realizar o plantio. A coleta do solo para analise deve ser feita de forma correta, em “zig-zag”, abrangendo toda a área do terreno, com auxilio de uma pá, previamente limpa, a uma profundidade de 15 cm. Todo o solo coletado (aproximadamente uma fatia de solo de 5 cm de grossura e da mesma largura da pá) deve ser colocada dentro de um balde. Após feito a coleta, 3 sub-amostras, de aproximadamente 500 g de solo, devem ser colocadas em sacos plásticos separados e enviados para analise em um local especializado em analise de solo, como EMBRAPA, EMATER, Universidades e etc. Todo o manuseio das amostras bem como as ferramentas utilizadas deve estar previamente limpa. É ideal que nesta análise do solo devemos ter informação sobre pH (acidez do solo), teores de Nitrogênio (N), Fósforo (P) e Potássio (K), elementos estes importantíssimos para uma boa nutrição das plantas, e se possível informação sobre a qualidade física do solo (textura e estrutura). De posse do resultado da análise do solo e se verificado que existe uma acidez, ou seja, um pH do solo abaixo de 4,5, a ação mais importante que deve ser feita, antes do plantio, é a correção do pH com calcário, em quantidade recomendada pela análise. É importante que esta correção seja feita apenas nas covas das plantas, tanto das nossas plantas sagradas como nas covas das arvores que por ventura forem plantadas. O calcário, de preferência o dolomitico, deve ser incorporado em toda a área da cova revolvendo a terra de 20 a 30 cm de profundidade com antecedência mínima de 30 dias do plantio ou colocada junto com a terra da cova com o mesmo período de antecedência. Quando não for possível a análise do solo, a experiência nos mostra que na região Amazônica a quantidade a ser usada fica entre 2.500 a 3.000 kg de calcário/ha, quando aplicada na área toda, ou de em covas de 40X40X40 cm, usase 200 a 250 g de calcário/cova. A possível deficiência de outros elementos químicos deve ser controlada com uso constante de adubos orgânicos (sólidos e líquidos) e de rocha fosfatadas conforme será mostrado mais adiante. Devemos abolir dos nossos plantios adubos químicos solúveis como NPK e também o uso de agrotóxicos. É importante que não apenas nos preocupemos com o plantio de mariri e chacrona, mas que também iniciemos uma caminhada na direção de tornarmos nossos plantios 1

mais produtivos com a introdução de árvores lenhosas para uso da lenha nos preparos. Neste sentido isto deve ser projetado previamente. Também devemos dar um importante passo na direção da construção de fornalha mais eficiente. Esta deve consumir menos lenha e ter um poder calorífico constante e suficiente para retirada do principio ativos de nossas plantas sagradas. Todo nosso plantio deve ser direcionado para acontecer nos períodos em que a Lua esteja em faze crescente. Quando do plantio em local definitivo, alem da fase da Lua, devemos nos preocupar com a estação do ano. Nossos plantios têm dado melhores resultados quando são direcionados para o inicio até o meio do período chuvoso. Entretanto, os tratos culturais como adubação, roçagem do mato, podas, manejo da capoeira tem melhores resultados quando são realizados na lua minguante e durante todo o ano.

1.1

Para reprodução vegetativa, tanto do mariri quanto da chacrona, deve-se selecionar plantas vigorosas, sem doenças e, se possível, que apresentem uma boa concentração do principio ativo alem de um bom crescimento (adaptação às condições locais). Devemos ter sempre em mente que quando se faz a reprodução através de uma parte da planta (talo para o mariri e folha para a chacrona), a nova planta que surge será idêntica à mãe. Quando se reproduz por sementes os descendentes vem com material genético (características) tanto do pai como da mãe, em proporções diferentes para cada individuo. Devemos ter muito cuidado com a introdução de partes vegetativas provenientes de locais onde se tem conhecimento de ataque de pragas e doenças. Portanto, todo o material vindo de outra região deve passar por uma minuciosa averiguação para se identificar besouros, larvar, brocas, fungos, etc. Se for encontrado qualquer uma destas pragas o material deve passar por uma desinfecção manual ou com auxilio de calda bordalesa (descrita mais a frente) ou descartado (de preferência incinerado).

1.1.1 Mariri (Banisteriopsis caapi) Primeiramente o mariri escolhido para o plantio (talo ou haste) deve ser espalhado pelo solo (Figura 1) para que ocorra a brotação. Este local deve permanecer sempre úmido para que haja a brotação, sem que a haste perca o vigor reprodutivo.

1ha corresponde a 10.000 m2 5

Plantio por parte vegetativa

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Figura 1. Mariri espalhado acima de solo úmido para germinação.

Figura 2. Local do surgimento dos brotos e das raízes jovens

Para plantio de pedaços de mariri deve-se dar preferência pelos talos mais jovens, pois estes têm uma rebrota mais vigorosa e mais rápida. Apenas nos locais onde existe o nó é que surgem os brotos (Figura 2), tanto das folhas como de raízes, mesmo estes não apresentando um nó definido. Com o aparecimento dos brotos fica mais fácil o corte da estaca para divisão das mudas (Figura 3). Cada nó com um broto, já enraizado, será uma nova muda. O corte deve ser de preferência com uma tesoura de poda ou um facão bem afiado para não danificar a muda. O plantio da muda do mariri deve ser feito deitado, conforme Figura 3, para que as raízes possam ter total contato com o solo. Com o Mariri brotado e em solos arenosos, abre-se uma cova, no locam definitivo, na profundidade de 30 cm e de comprimento (ou largura) do mesmo tamanho do talo (pedaço de mariri) da muda (Figura 4). Em locais com solos mais argilosos a cova deve ser feita no tamanho de 30x30x30 cm. Dentro da cova coloca-se, aproximadamente, ½ pá de composto orgânico (preparado conforme item 1.8). Após o adubo, coloca-se solo, preenchendo o restante da cova, e planta-se o Mariri. O plantio é feito de forma que o talo seja enterrado junto com as raízes ficando apenas os brotos para fora (Figura 4). Isto faz com que o talo não perca umidade e não seja atacado por brocas ou outros Figura 3. Corte do talo predadores. do Mariri, entre os nós, Após realizar o plantio, coloca-se um tutor de madeira formando a muda. 2

A necessidade de aumentar o volume da cova é para proporcionar uma diminuição da compactação do solo. 7

(pedaço de galho ou um fio) para desenvolvimento inicial das mudas (Figura 4), e espalha-se novamente a matéria orgânica acima do solo. Quando a muda alcança os galhos das árvores o tutor de madeira pode ser retirado. O Mariri Caupuri encontrado na região de Belém não aceita que seja enrolado no tutor de madeira ou fio, portanto na hora do plantio a guia do mariri deve ser direcionada para o tutor ou fio, de forma que esta já cresça em sua direção. É de grande importante a catalogação da muda, dando um código para cada planta. As informações importantes às quais devem ser anotadas são: número de identificação (deve estar colocado na planta também), data do plantio, tipo de Mariri, procedência da muda.

Figura 4. Muda de Mariri plantas na forma horizontal (deitada), ficando o pedaço do Mariri enterrado junto com as raízes e a brotação para fora com um tutor de madeira ou uma linha de condução da brotação.

1.1.1 Chacrona (Psychotria viridis) No plantio das chacronas primeiramente deve-se construir um canteiro com duas partes de solo arenoso e uma parte de matéria orgânica de composto ou paú da floresta (Figura 5). O local do canteiro deve ser sombreado e perto de uma fonte de água para facilitar as regas, que dependendo do ano (menos chuva) devem ser duas vezes ao dia. Selecionam-se folhas sadias, nem muito nova ou muito velha, da chacrona que se quer reproduzir. As folhas podem ser enterradas pelo talo (Figura 6) ou se dobra a folha ao meio e enterra-se esta parte no canteiro deixando as duas pontas de fora. Quando estas germinam (Figura 7) aparecem às raízes e vários brotos ao redor da parte que foi enterrada. A retirada de cada broto deve ser cuidadosa para que este apresente as folhas novas junto com as raízes. Os brotos, cuidadosamente retirados das folhas, são plantados em sacos plásticos previamente cheios com solo areno-argilosa e matéria orgânica de composto na proporção 5. Canteiro de Chacrona para de 1:2. É importante que o solo seja um pouco Figura brotação das mudas. argilosa, pois quando formos retirar a muda do 3

Para isto estamos usando etiquetas de garrafa petti escritas com cola-tinta usadas para desenho em auto-relevo.

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A chacrona conhecida como cabocla é a espécie Psychotria viridis, a chacrona caneluda é Psychotria carthagenensise a chacrona caianinha é Psychotria leiocarpa.

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provenientes de plantas matrizes sadias com bom desenvolvimento em crescimento e adaptadas às condições locais. É importante que as sementes sejam catalogadas com a procedência e época da colheita. Quando for coletar as sementes deve-se fazer esta catalogação individualmente, para cada uma das plantas matrizes e não misturar Mariris e nem chacronas diferentes, ou de diferentes procedências.

Figura 6. Forma de enterrar as folhas de Chacrona para brotação pelo talo.

Figura 7. Germinação das folhas de Chacronas enterradas pelo talo.

saquinho, para plantar em um lugar definitivo, o torrão não se quebre e as raízes fiquem expostas. Também é importante que os sacos sejam cheios até a boca para que, quando for regado, as bordas não se dobrem impedindo a entrada da agua no saco. As mudas devem permanecer a sobra e, se na estação seca, regadas diariamente pelo período da manha e da tarde. Quando prontas para o plantio (aproximadamente 15 a 20 cm de altura), as mudas devem ser plantadas em covas previamente abertas (40x40 cm e com profundidade de 40 cm). A cova deve ser preenchida com o solo até o meio, sendo que o restante da terra é misturado com a mesma proporção de composto orgânico (aproximadamente 1 pá cheia de composto). Depois de plantadas, deve-se colocar uma pá de composto, ou matéria orgânica (folhas e paus em decomposição), ao redor da muda para que sirva de fonte de nutriente e dificulte a perda da agua pela evaporação e transpiração do solo.

1.1 Plantio por semente O período de floração do Mariri vai de março a agosto nas regiões tropicais com queda das sementes no período de agosto a setembro. A floração do Mariri está relacionada com mudanças repentinas da temperatura como, por exemplo, noites mais frias e dias quentes. O poder germinativo das sementes diminui em 30 dias e interrompe em 60 dias a partir se colhidos. Portanto, as sementes devem ser plantadas antes deste período, aconselhando que o plantio seja feito até 15 dias após a coleta das sementes. As coletas de sementes tanto do mariri quanto da chacrona devem ser 5

Figura 9. Canteiro para plantio de sementes de Mariri com algumas plântulas germinadas.

1.1.1 Sementeira Tanto as sementes de mariri como as da chacrona devem ser plantadas em canteiros previamente construídos com uma proporção de uma parte de terra arenosa com uma parte de composto orgânico (Figura 9). Cada procedência deve ser plantada separadamente em uma área previamente demarcada. Antes de colocar as sementes, o canteiro deve ser regado de forma que a terra fique úmida, mas não encharcada. As sementes devem ser colocadas organizadamente sobre o canteiro, sendo que ao termino do plantio uma fina camada de matéria orgânica deve ser espalhada sobre as sementes. Cada procedência deve ser plantada separadamente, como uma marcação onde se inicia e termina a sementeira. Após isto, rega-se todo o canteiro novamente. Após a germinação das sementes, aproximadamente 10 a 15 dias para o mariri (Figura 10), e 2 a 3 semanas para a chacrona, as plântulas devem ser retiradas com cuidado, com um pouco de terra e sem quebrar as raízes. As plantas jovens devem ser plantadas em sacos plásticos previamente preenchidos com terra areno-argilosa 7

A proporção significa uma quantidade de terra, por exemplo, uma lata de terra para duas outras latas de composto (lata do mesmo tamanho).

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Figura 8. Sementes de Mariri.

O tamanho da cova tem que ser boa proporção, pois a chacrona vem ficar por toda a vida no mesmo lugar. Lembre-se que nós só retiramos as folhas

Observações pessoais.

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É importante que a terra contenha uma boa quantidade de argila, pois assim quando formos retirar a muda do saquinho para plantar no local definitivo o torrão não se desmanche. As mudas devem ser mantidas em uma área sombreada e perto de uma fonte de água. No período da seca a rega deve ser duas vezes ao dia, de preferência pela manha e pela tarde.

árvores podem ser plantadas (Figura 13) a uma distancia de 1,5 m uma da outra e no meio da linha (1,0 m da borda da floresta).

Árvores lenhosas

Figura 10. Germinação do Mariri na floresta.

1.2 Condução do mariri As mudas de mariri e chacrona devem ser plantadas em local definitivo, de preferência, no inicio da estação chuvosa. A cova deve ser aberta com uma profundidade de 40 cm e área de 40 x 40 cm. O solo deve ser colocado novamente na cova até completar metade da cova, e o restante do solo deve ser misturado com a mesma proporção de composto orgânico. Nas covas do Mariri deve ser colocado um tutor de madeira ou um fio para condução da guia ate a árvore (Figura 11). O solo ao redor da muda não deve ficar exposto, e para tanto deve-se espalhar material orgânico para evitar a perda de água. Não esquecer de retirar o saco plástico antes de plantar a muda e de manusear com cuidado o torrão para que ele não Figura 11. Plantio da muda de Mariri se quebre. O plástico deve ser levado para o local com tutor de madeira. apropriado. O melhor local para plantio de mariri são áreas de capoeira antiga onde exista uma boa entrada de luz dentro da vegetação (Figura 12). Nós estamos tendo um bom resultado com a abertura de uma rua, com direção Leste-Oeste, de aproximadamente 2 metros de largura, dentro da capoeira antiga. Nas ruas, onde se planta o mariri nas bordas, estas podem ser preenchidas com arvores lenhosa para serem usadas como lenha no preparo do vegetal. Desta forma, quando se corta o mariri das bordas, coleta-se a lenha para usar na fornalha. As 11

Figura 12. Área propicia para plantio de Mariri em capoeira velha. Detalhe mostrando a abertura das linhas de plantio dentro da floresta.

Figura 13. Plantio eficiente de mariri (nas bordas das linhas) com o plantio de arvores lenhosas no meio das linhas.

A chacrona deve ser plantada em local sombreado de preferência com plantas leguminosas (ingá, paliteira, acácia, etc.). As espécies da Família das Leguminosas são importantes para o ecossistema, pois fornecem nitrogênio gratuitamente para as plantas. Em locais onde o Mariri “solta” muitas guias, estas devem ser podadas a cada seis meses, de preferência na Lua Minguante, deixando apenas uma ou duas guias mais vigorosas. A poda do mariri, feita com uma tesoura-de-poda bem afiada, para que desta forma o mariri não sofra nenhum dano, e com a possibilidade de ficar grosso o mais rápido possível, pois toda a energia disponível será direcionada apenas para duas guias. A cada inicio da estação chuvosa e seca deve ser colocado uma pá cheia de composto em cada uma das mudas plantadas. Ao mesmo tempo da adubação devese olhar se existe ataque de pragas nas folhas e caules das mudas de mariri e de chacrona. É muito importante o plantio de espécies lenhosas dentro das nossas áreas de plantio, e deve ser incentivado pelos Presidentes das Unidades Administrativas, pois assim quando retiramos o mariri para o preparo do vegetal nós também possamos retirar a lenha da mesma área. No futuro, se queremos ainda preparar o vegetal no jeito tradicional usando fornalha, será cada vez mais difícil conseguir a lenha para o preparo. Portanto, precisamos pensar agora nisto e além de plantar árvores lenhosas devemos já desenvolver um movimento para termos fornalhas mais eficientes.8 8

No CD enviado para cada unidade tem uma planta de fornalha desenvolvida pelo N São João Batista (SP), como também um passo a passo fotográfico da construção da fornalha de Parauapebas (PA).

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2 Avaliando o estado nutricional das plantas

compactação e perda de umidade por evaporação. Além do que, proporcionar um abrigo para animais benéficos no combate de pragas e doenças bem como em alimento para as pragas das nossas plantas impedindo assim uma maior pressão sobre o nosso plantio;

Todas as plantas para crescerem precisam em doses ótimas de sol, agua e nutrientes. As plantas absorvem energia, em forma de luz a partir do sol, e convertendo-a em energia química. Este processo é denominado de fotossíntese.

• Para que este processo aconteça, um outro elemento que deve estar presente é a água: todos os processos que envolvem organismos vivos necessitam de água em condições ideais, portanto nossos plantios devem estar supridos de água na forma de irrigação ou na sua manutenção da água do solo;

2.1 E o que é a fotossíntese? A fotossíntese é transformação de água (H2O) e sais minerais (N, P, K, Mg, etc.) na presença de CO2 e energia solar em carboidratos (Glicose = C6H12O6):

• Também é preciso nutrientes para o desenvolvimento: os nutrientes são muito importante para o crescimento das plantas e para que estas construam barreiras contra o ataque de pragas e doenças. Por exemplo, o N é responsável pela coloração verde das plantas, sendo que os cloroplastos (estrutura de coloração verde das plantas) são responsáveis pela captura da luz do sol dentro das folhas, com isto uma deficiência de N pode acarretar em uma enfraquecimento das plantas;

6 CO2 + 6 H2O + Energia Solar C6H12O6 + 6 O2 Figura 14. Processo de utilização da luz do sol pelas plantas e transformação desta energia luminosa em energia química, denominado fotossíntese.

• Cuidados com pragas e doenças: as pragas e doença devem ser controladas de uma forma que não agredimos o meio ambiente e nem a saúde humana.

Este processo é a única forma com que a natureza criou para transformar a energia do sol em energia orgânica nos vegetais.

2.3 Como podemos aproveitar da melhor forma possível o Sol, a água e os nutrientes?

2.2 Como se pode utilizar ao máximo a luz do sol? As plantas precisam da energia do sol para crescer, com isto precisamos encontrar uma maneira de fazer com que elas tenham condições ótimas para crescerem. Nesta direção temos que levar em conta os seguintes itens: •Condições ótimas de funcionamento: cada planta tem uma condição ideal de luz (energia solar), água e nutrientes. Por exemplo, as chacronas crescem melhor em uma condição de sombra e o mariri cresce melhor em condições de pleno sol; • Investir na possibilidade de outras espécies trabalharem captando a energia do Sol (adubação verde): quanto mais plantas tivermos em uma mesma área mais energia do sol estaremos captando e colocando na nossas áreas de plantio. Estas plantas, as quais têm como exemplo as gramas, mucuna, etc., podem nos auxiliar na forma de adubo verde e como protetor do solo contra erosão, 13

O jeito mais eficiente é tendo bastante vida no solo. Esta vida é dada pelos microorganismos, minhocas pequenos animais, besouros, larvas, piolhos-de-cobra, centopéias, etc. (Figura 15). Todos estes organismos têm uma função nos solos e são extremante importantes para a vida das plantas.

2.4 Indicadores Biológicos de Fertilidade do Solo As espécies vegetais ou animais são importantes 9

Figura 15. Solo com vida e com saúde, ótimo para desenvolvimento de nossas plantas.

É importante conviver com a praga e não exterminá-la, lembre-se que nós incentivamos a biodiversidade.

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• aumenta significativamente a capacidade das raízes de absorver minerais do solo, quando se compara aos solos sem matéria orgânica;

indicadoras das condições de fertilidade e de saúde dos nossos plantios (Figura 16). Portanto, em um ambiente natural, todo ser vivo desempenha um papel na comunidade da qual faz parte.

• possui, na sua constituição, os macros e micronutrientes em quantidades bem equilibradas, as quais as plantas absorvem conforme sua necessidade, escolhendo a qualidade e a quantidade necessária; • é fundamental na estruturação do solo, devido à formação de grumos (agregados, figura ao lado); • existem na matéria orgânica substâncias de crescimento (os fito-hormônio), que aumentam a respiração e a fotossíntese nas plantas.

Figura 16. Ambiente natural saudável é aquele que contem todos os elementos necessários para a vida das plantas e dos microorganismos.

2.6 Como fazer o composto?

Figura 17. Matéria orgânica na forma de composto. Alimento saudável para nossas plantas.

O importante, então, não é eliminar os seres vivos, mas sim manejá-los para que apareçam em momentos que nos tragam mais benefícios do que prejuízos. Assim, as ervas daninhas ao mesmo tempo em que indicam um problema, podem ser a própria solução natural para superar determinada situação, conforme veremos mais na frente.

2.5 Por que a matéria orgânica melhora a resistência das plantas? O uso da matéria orgânica (Figura 17) deve ser cada vez uma constante dentro do plantio. Esta atividade vem atuar nos seguintes pontos: • aumenta bastante a capacidade do solo em armazenar água, diminuindo os efeitos das secas; • aumenta a população de minhocas, besouros, fungos e bactérias benéficas e vários outros organismos úteis, que estão livres no solo;

O composto é preparado utilizando várias camadas de material orgânico de origem vegetal (20 cm de altura) intercalado com camadas de material de esterco animal (5 cm de altura), conforme esquema da Figura 18. Na produção de composto, procuramos misturar o resíduo pobre em Nitrogênio (N) e ricos em Carbono (C) (ex. palha de milho, arroz, trigo, capins, bagaço de cana, etc.), com resíduos ricos em nitrogênio com as leguminosas (feijão, ervilha de vaca, mucuna, gricidia, ingá, feijão guandu, crotalária, sabiá, feijão de porco, etc.), além do adubo animal, Figura 18. Esquema para construção da de tal modo que a decomposição seja rápida e pilha de composto. sem perda de nitrogênio. Com esse equilíbrio, pode-se aumentar inúmeras vezes a quantidade de adubo orgânico a ser produzido, considerando que todo e qualquer resíduo orgânico, livre de agentes contaminantes, pode ser usado na compostagem. Quando estiver fazendo o composto recomenda-se nunca pisar sobre a pilha, deixando-a sempre fofa para uma boa aeração e um ideal movimento da água de irrigação. O ideal é usar uma relação de 2/3 de material fibroso para 1/3 de nitrogenados 10 11

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Macronutrientes são o Nitrogênio (N), Fósforo (P) e o Potássio (K), elementos importantes no funcionamento das plantas. Micronutrientes são elementos importantes para o sistema de proteção contra pragas e doenças e participam no crescimento das plantas

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(2:1). Aproveitamos o composto para enriquecer a mistura com alguns minerais (pó de rocha, MB4, calcário, farinha de osso e fosfato natural, pulverizados sobre a mistura e em pouca quantidade). Desse modo, acima do adubo animal é importante colocar uma fina camada de adubos fosfatados como os pós de rocha (Iorim, Arad, MB4, rocha de Arachá). Para cada tonelada de composto devemos colocar 1 kg de pó de rocha (0,1%).

Tabela 1. Características de alguns adubos animais.

O uso de adubos minerais (pós de rocha) é muito importante para oferecer as plantas diversos microelementos de grande valor para o desenvolvimento das plantas, tanto a nível nutricional como também para que as plantas possa criar suas fontes de defesa para resistir ao ataque da pragas e doenças. A cada camada concluída deve-se colocar água o suficiente para molhar a leira sem escorrer. Pelo menos uma vez por semana, deve-se verificar as condições de umidade e temperatura da composteira e, se necessário, irrigá-lo e/ou revira-lo. O composto esta em uma umidade ideal quando ao espremer uma quantidade nas mãos nos sentimos o composto molhado mas este não deixa escorrer agua entre os dedos. A escolha do local onde será construído a composteira é extremamente importante. Deve ser uma área plana, protegida de ventos e insolação direta, com fácil acesso para a carga e descarga do material, e ter água disponível para irrigação (Figura 19). Uma vez pronta à leira, observa-se uma elevação de temperatura, logo nos primeiros dias, como conseqüência da atividade dos microorganismos. Essa 17

temperatura pode atingir limites superiores a 80 ºC. A elevação da temperatura acima de 70 ºC, por muito tempo, pode provocar uma perda acentuada de nitrogênio, o que não é desejável. Entretanto, esta elevação, em curtos períodos de tempo, é importante para descontaminar a composteira de agentes químicos ou Figura 19. Pilha de composto pronta em local plano de pragas e doenças indesejáveis. e próximo de uma fonte de agua. Deve-se conservar, durante o período de produção do composto, uma temperatura entre 50 a 60 ºC. Para verificar a temperatura, um processo prático, mas viável para as condições rurais, consiste em deixar mergulhado na composteira pedaços de cano ou vergalhões de ferro. De quando em quando, retira-se o cano ou vergalhão e toca-se com a costa da mão, pôr ser mais sensível ao calor. Três condições podem ocorrer: • Temperatura alta (mais de 60 ºC), a tendência é retirar de imediato à mão. Nesse caso, deve-se diminuir a temperatura da composteira, verificando a umidade do material, isto é, se estiver úmido, reduzir as condições de arejamento, por meio de uma ligeira compactação da composteira; caso esteja seco, pode-se abaixar a temperatura pela rega. • Temperatura média, elevada, mas suportável ao contato. Significa que a decomposição ocorre normalmente. • Temperatura baixa, material sem aquecimento. Duas situações podem acorrer ou o material já se encontra decomposto; ou, pôr falta de arejamento ou umidade, a temperatura não se elevou. A primeira circunstância mostra que o composto já se encontra em condições de ser usado, na segunda, recomenda-se provocar uma redução da compactação da composteira, pôr meio do reviramento da leira (Figura 20), o que facilitará o arejamento, conseqüentemente haverá maior atividade microbiana e aumento da temperatura. O reviramento ou corte da leira, deve ser feito de cima para baixo, de modo que o material que estava em cima fique Figura 20. Revolvimento da pilha de composteira para diminuir o calor. embaixo e o que estava em baixo fique em cima.

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Normalmente são feitos 2 ou 3 reviramentos no composto (após 7, 15 e 25 dias), e o tempo total de decomposição está entre 2 a 3 meses.

2.7 Como fazer um biofertilizante? Os biofertilizantes são preparados biológicos que são usados como adubo foliar ou no solo, para ativação celular e nutricional das plantas. Este é constituído de rumem de boi (esterco verde novo), rocha fosfatada, matéria orgânica, cinza e restos de frutas e legumes não cozidos, sendo este derradeiro aplicados no inicio e periodicamente para alimentar as bactérias. O Biogeo é uma criação de microrganismos que quando colocados sobre a terra devolvem a vida para ela e aceleram a decomposição do mato que foi roçado. Já nas folhas das plantas, o Biogeo funciona como um revitalizante aumentando a sua capacidade de buscar nutrientes na terra.

2.7.1 Preparo do Biogeo • 30% de esterco verde para 70% de água. Caso não tenha o esterco verde, pode ser usado 20% de capim de bucho de boi e 80% de água. Misturar bem. • Depois, acrescentar 10 a 20L de serrapilheira da mata (de preferência, tirar as folhas secas de cima e pegar a terra gorda, úmida e com mofo) para 400L de Biogeo. • Assim que começar a fermentar, tratar com restos orgânicos (cascas de verduras, frutas, legumes, etc.). Esses restos orgânicos não podem estar temperados ou cozidos; • Para que o pH não aumente muito é bom adicionar um pouco de laranja ou limão para controlar esta elevação; • Adicionar 100g de farinha de rocha ou pó de pedra para cada 100 litros de Biogeo.

2.7.2 Alguns cuidados que devemos ter com o Biogeo • O Biogeo quando é feito pela primeira vez fica pronto em torno de 45 dias. A melhor maneira de saber se já está pronto são as moscas e marimbondos que começam a rodear a caixa. Além disso, você pode ver a sua imagem refletindo na água como se fosse um espelho. • O Biogeo deve ser mexido todos os dias pelo menos três vezes (Figura 21). Mas 12

quando vai ser utilizado no dia anterior, deve-se mexer apenas pela manhã e depois deixar em repouso durante o resto do dia para que se possa tirar apenas a parte líquida que é o que será utilizado. • No plantio o Biogeo deve ser aplicado nas horas mais frescas do dia, isso tanto para folha quanto para solo. Se o plantio estiver limpo não se deve usar o Biogeo. • Se as plantas estiverem floridas não deve ser aplicado o Biogeo, pois os insetos que são responsáveis pela polinização podem fugir. • A caixa contendo o Biogeo deve ser mantida sempre destampada e no sol (Figura 22). É importante que seja abrigado da chuva quando esta aparecer. • O Biogeo pode durar até mesmo anos e para mantê-lo vivo é preciso estar sempre cuidando dele com restos de frutas e verduras, e acrescentando água. • Para pulverizar a terra coloca-se 18L de água e 2L de Biogeo. E para usar diretamente nas folhas, diluir 250mL de Biogeo em 20L de água. Uma dica muito interessante é que Figura 21. Biogeo sendo preparado e mexido. sementes podem ser inoculadas com o Biogeo e assim germinam muito mais rápido e vigorosas. Para a inoculação das sementes deve ser feito o seguinte processo: deixar a semente de molho por 2 minutos (somente 2 minutos) no Biogeo puro. A quantidade de Biogeo utilizada deve ser o suficiente para cobri-las. Depois é só plantar! O Biogeo pode ser colocado no plantio todo mês até que a vida retorne a terra, ficando mais fofa, úmida e apareçam plantas Figura 22. Local coberto, mas com incidência espontâneas e bichos num ambiente de luz para preparação do Biogeo. semelhante ao da floresta.

2.8 Vantagens de uso do composto orgânico e biofertilizantes • aumenta o pH do solo tornando o solo menos acido • diminui os elementos tóxicos do solo

Esterco verde é aquele ainda fresco se estar duro e seco. 19

20

• aumenta a disponibilidade de nutrientes • libera gradualmente seus nutrientes • aumenta a absorção de fósforo (P) pelas plantas • aumenta a eficiência na fotossíntese • aumenta a resistência à praga e doenças • reduz a perda de água nas plantas e no solo pela transpiração • aumenta o desenvolvimento radicular • melhora a produtividade das planta

F

3 Deficiências minerais nas plantas: como reconhecer?

A Flores ou frutas são afetadas. As partes subterrâneas são afetadas (raízes, bulbos, etc.) O campo inteiro ou linhas mostram produção variável

B M N O

Folhas velhas mais afetadas, ou planta inteira afetada.

C D

Manchas não muito evidentes, morte das pontas, ou órgãos de armazenamento da planta afetada.

H

G

Áreas perto das veias ainda verdes, as áreas afetadas se tornam transparentes, marrons e começam a morrer. As folhas novas afetadas primeiro. Feijões e ervilhas, ao germinar, mostram raízes marrons e área marrom central no broto. pH normalmente menor que 7.

4

As folhas são menores do que normal, talos curtos, crescimento retardado. Feijão, milho, algumas árvores novas afetadas. Solos ácidos, areias lixiviadas, solos alcalinos, ou altos em húmus, regiões costais. As folhas podem ter brotos múltiplos em roseta.

5

Plantas quebradiças, as folhas morrem ou são distorcidas, as ponteiras morrem, os talos são rachado, ásperos, curtos, com fendas (repolho). Provável em areias ácidas ou em solos de alto teor de húmus, onde foi aplicado muito calcário. Plantas não são quebradiças, mas com crescimento retardado, as ponteiras morrem, as raízes finas morrem como também as pontas das folhas e os brotos terminais. As folhas novas são enroladas ou morrem nas margens; as folhas velhas sem problema. As folhas novas enroladas têm margens marrons, apodrecem (parecendo geléia). Verifique para excesso de água, excesso de N, K, Mg na água ou no calcário. Os tomates sofrem de podridão do fundo da fruta.

C I

Manchas amarelinhas ou brancas nas folhas.

Veias continuam verdes, áreas desbotadas menos amareladas, muitas vezes embranquecidas ou sem cor.

H

B Folhas novas mais afetadas, ou afetadas primeiro.

3

G

Como usar a tabela a seguir: Leia as primeiras escolhas (A) e, depois de escolher, siga a letra na coluna à direita. Vá seguindo as letras até aparecer um numero que se faz referência à lista de minerais a seguir, os quais podem ser deficiente dentro de seu plantio.

Folhas, talos ou pecíolos são afetados.

No começo, a folha só perde a cor entre as veias, estas desbotando depois. Folhas maduras não afetadas, não há folhas mortas. Comum em ilhas calcareas ou de coral, solos de deserto. A planta toma um tom amarelado (Veja também J).

6

7

I Planta amarelada. Amarelamento não é o principal problema, folhas com margens marrons ou roxas.

D

J L

J

Folhas pálidas por inteiro, inclusive as veias plantas fracas e finas (especialmente em solos muito desgastados ou áreas arenosas pobres, ácidas ou alcalinas).

1

Folhas não afetadas por inteiro, veias ainda verdes.

E

E

Amarelamento entre as veias ou nas margens da folha.

K

Amarelamento afeta planta inteira, plantas finas as folhas mais velhas caem. Comum em solos frios de turfa, areias lixiviadas, solos sujeitos a encharcamento. As plantas florescem e amadurecem cedo.

8

K

As folhas murcham, ficam pálidas, começando a morrer. Em campos de cebolas, estas ficam pequenas. Se ervilhas estas ficam pequenas (podendo servir de indicadores).

2

Não há grande incidência de folhas murchas e morrendo.

F

As margens são amarelas, ou tem manchas que se juntam. Folhas amareladas ou roxas, com morte progressiva das folhas. Em seguida as folhas novas são afetadas. As áreas afetadas enrolam ou se tornam quebradiças, amarronzadas. Comum em areias ou solos com alto teor de K ou Ca. Crescimento lento, planta retardada. 21

22

9

Amarelamento entre as veias, parecido com deficiência de N. Folhas velhas manchadas, veias de verde claro, as margens das folhas enroladas, alcançando progressivamente as folhas mais novas. As margens das folhas podem até morrer, deixando os tecidos centrais; couve-flor não forma cabeça. Comum em solos ácidos ou alcalinos lixiviados, como dunas. Dificuldade em estabelecer leguminosas.

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Número da tabela anterior

L As margens das folhas são marrons, queimadas, pode ser ligeiramente enrolada para baixo, manchas de tecido morto nas folhas; manchas tem centros escuros, margens amareladas; aparência geralmente irregular em cor. Crescimento reduzido, primeiro nas folhas novas maduras, depois nas folhas mais velhas finalmente nas folhas novas. Pode aparecer tarde no crescimento da planta, se for cultura de raiz (o K pode ser translocado para as raízes). Solos argilosos ácidos lixiviados; as margens da folha do tomateiro são pálidas.

Elementos ou ações que se fazem necessários dentro dos plantios.

1 2 11 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

As folhas ficam murchas, morrem nas pontas ou nas margens: excesso de sódio. As folhas não têm brilho, verde escuro ou arroxeadas, especialmente na face inferior e nas veias. As veias e os talos também roxos, crescimento reduzido. Comum em solos que são muito ácidos. Alcalinos secos frios ou de trufa.

12

As pontas das folhas murcham conforme que o solo seque, depois ficam de cor bronze e morrem. Não é comum. Verifique a água e o teor de sal no solo. Excesso de cloro

M Frutas ásperas, rachadas, manchadas, poucas flores. Solos ácidos, areias lixiviadas, solos ricos em húmus. Brotos terminais podem morrer, com posterior desenvolvimento lateral. As folhas no topo ficam grossas, podem se enrolar da ponta até a base.

6

Frutas apodrecem a partir do fundo ou mostram áreas escuras neste local.

7

13

Elemento/ação Aplicação de Enxofre Aplicação de Cobre. (em forma de rocha ou sulfato de cobre) Aplicação de Ferro. Aplique enxofre primeiro para ver se resolve. Se necessário acrescente sulfato de ferro ou adubo foliar a base de ferro. (Enterre pedaços de ferro velho perto das árvores). Aplicação de Manganês. Aplicação de Zinco. Aplicação de Boro. Aplicação de Cálcio. Aplicação de Nitrogênio. Aplicação de Magnésio. 13

Aplicação de Molibdênio.

Aplicação de Potássio. Utilize cinzas, chá de confrei e urina diluída. Aplicação de Fósforo. Farinha de osso, ou fosfato em rocha. Envenenamento por Cloro. Processe o município, ou deixe a água de torneira descansar com um punhado de calcário.

N Morte interna, ou áreas encharcadas na fruta, desigual na forma (beterrabas, nabos, se o solo for ácido, lixiviado, ou com calcaria livre). Cavidades no centro da raiz, a parte exterior entra em colapso, comum em cenouras em solos ácidos e lixiviados. As raízes podem rachar por inteiro.

4 Plantas indicadoras

6 7

Em um ecossistema natural todo ser vivo, seja ele vegetal ou animal, tem um papel a desempenhar (um serviço a prestar) para a comunidade da qual faz parte. Além de, obviamente, contribuir para a manutenção de sua própria espécie. É a análise de qual papel que determinada espécie vegetal desempenha, no nicho ecológico no qual momentaneamente está se sobressaindo, que nos leva ao conceito de plantas indicadoras. Se as encararmos como daninhas e buscarmos sua erradicação, estaremos perdendo uma preciosa fonte de informações, que nos auxiliariam nas tomadas de decisão em relação ao nosso manejo. Se, ao contrário, as vemos como indicadoras, poderemos utilizar não só as informações que ela nos trazem, como também manejarmos sua presença. Desta

O As áreas afetadas são acidas: os solos podem ser arenosos; pH 7,5: experimentar aplicar enxofre. Áreas profundas do solo são manchadas com cheiro de enxofre, encharcadas. Melhore a drenagem. As folhas são rasgadas e a coroa da planta está morrendo. Ventos salgados: Providencie abrigo.

13

23

Importante elemento para construir órgãos de defesa dos organismos vivos.

24

forma permitiremos que elas cumpram sua função para a comunidade vegetal da qual fazem parte. Plantas companheiras são plantas que indicam características do solo e deficiências de algum tipo de nutriente. Portanto, ao mesmo tempo em que estas indicam certa deficiência em nutrientes as mesma são concentradoras destes nutrientes podendo ser usadas para isto quando fazemos atividade de cobertura morta:

Capim amoroso ou carrapicho Cenchrus ciliatus

Solo depauperado e muito duro, pobre em Cálcio, e pH baixo.

Carqueja Baccharis spp

Solos que retêm água estagnada na estação chuvosa, pobres em Molibdênio.

Esta planta indica solo argiloso, o qual apresenta pH baixo, falta de Cálcio e/ou Molibdênio.

Cravo brabo Tagetes minuta

Solo infestado de nematóides.

Amendoim brabo Euphorbia heterophylla

Desequilíbrio de Nitrogênio com Cobre, ausência de Molibdênio.

Fazendeiro ou Picão branco Galinsoga parviflora

Solos cultivados com Nitrogênio em excesso, faltando Cobre ou outros micronutrientes.

Capim arroz ou pé-de-galinha Echinochloa crusgallii

Solo com falta de Oxigênio, substâncias tóxicas. Solos problemáticos para o desenvolvimento radicular.

Guanxuma ou Malva Sida ssp

Solos muito compactados.

Cabelo de porco Echinochloa crusgallii

Solo muito exausto, arenosos, com baixa fertilidade, com nível de Cálcio extremamente baixo e pH ácido

Nabisco ou Nabo brabo Raphanus raphanistrum

Solos carentes em Boro e Manganês.

Tabela 2. Plantas indicadoras sobre estado nutricional e físico do solo.

Planta Companheira

Nome popular ou científico

Azedinha Oxalis oxyptera

Indicador

25

26

Papua Brachiaria plantaginea

Planta companheira

Solo com problemas de drenagem e falta de Zinco como micronutriente.

Samambaia Pteridium aquilinum

Excesso de Alumínio tóxico (pH baixo).

Tiririca Cyperus rotundus

Solos ácidos, adensados, mal drenados, possível deficiência de Magnésio.

Urtiga Urtiga urens

Maria mole ou Berneira Senecio brasiliensis

Excesso de Nitrogênio livre, carência em Cobre.

Camada estagnante em 40 a 50 cm de profundidade, falta Potássio.

Nome popular e científico

Utilização

Modo de preparar

Cravo da Índia (Syzygium aromaticum)

Combate o crescimento de fungos

Diluição de 20 a 30 g de cravo da Índia em 10 a 20 litros de água

Pitanga (Eugenia unifora)

Combate o crescimento de fungos

Extrato aquoso de folhas e ramos secos, triturados em liquidificador, filtra-se a mistura em pano de algodão

Pimenta de macaco (Piper tuberculatum)

Combate as lagartas

Extrato aquoso de frutos a 10% (100 g de frutos para 1 litro de água)

Bouganvile; Primavera (Bougainvilea spectabilis)

Combate fungos de antracnose e vírus do Mosaico

Extrato aquoso de folhas e ramos secos

Copaíba (Copaifera langsdorfii)

Podridão de frutos, ataque de fungos e bactérias

Mistura de óleo 250 ml em 500 ml de água, para melhor homogeneização do óleo em água adicionou-se detergente neutro.

Podridão de frutos, Pimenta longa vassoura de bruxas, fungos patógenos (Piper aduncum) de sementes, acaricida, bactericida

Pulverizar 0,06 ml de óleo/cm2 de área. Usar na diluição de 50 g de óleo para 1 litro de água. Se extraído em metanol ou água deve aumentar a concentração dez vezes

Alecrim pimenta (Lippia sidoides)

Decocção de folhas cortadas misturadas com água 1:5 (folha:água) aquecida até ponto de fervura. Após isto o recipiente se mantém fechado por 15 min, depois diluir 5-10% (50 g do concentrado em 1 litro de água)

5 Plantas Companheiras Plantas companheiras são aquelas que podemos usar tanto no combate a pragas e doenças (na forma natural ou em preparados) como na forma de repelente de insetos e pragas. 27

28

Combate fungos

Espirradeira (Nerium oleander)

Inseticida para Mosca branca

Decocção de folhas cortadas misturadas com água 1:2,5 (folha:água), 10 min. Após isto o recipiente se mantém fechado por 24 hr

Nim (Azadirachta indica)

Controle de formiga de fogo e formiga preta, ácaros, lagartas, pulgões, cigarrinhas, besouros mastigadores e cochonilhas

1.000 g de folhas verdes, macerar em pilão até atingir uma forma pastosa, curtir em 1.200 ml de água durante 72 hr, peneirar, adicionar 10.000 ml de água e pulverizar com pulverizador costal

Acácia Negra Controle de fusariose (Acacia mearnsii) (Fusarium subglutinans)

Alho (Allium sativum)

O extrato de alho tem ação fungicida, combatendo doenças como o míldio e ferrugens, e ação bactericida. É utilizado também como repelente de insetos no-civos como a lagarta e o pulgão

Combate pulgões, ácaros e algumas Cravo de Defunto lagartas. Plantar na área (Tagetes minuta) onde tem infestação de nematóides atua como repelente natural.

Nicotina (Nicotina tabacum)

A nicotina contida no tabaco é um excelente inseticida, tendo ação de contato contra pulgões, tripes e outras pragas. Quando aplicada como cobertura do solo, pode prevenir o ataque de lesmas, caracóis e lagartas cortadeiras.

Extrato etanólico dissolvidos em água

Diluições 1:10 ou 1:20 (10 gramas de extrato de alho para 10 ml de água).

Decocção de flores misturadas com água 1:2,5 (folha:água), 10 min. Após isto o recipiente se mantém fechado por 24 hr. Plantando na área afugenta nematóides. Picar 10 cm de tabaco de corda e colocar em um litro de água por um dia em recipiente nãometálico com tampa. Diluir em 10 litros de água e pulverizar as plantas.

Urtiga (Tagetes minuta)

É útil no combate aos pulgões, lagartas e para aumentar a resistência natural

Colocar 500 gramas de folhas frescas ou 100 gramas de folhas secas em um litro de água e deixar dois dias. Para aplicação diluir em 10 litros de água e pulverizar sobre as plantas ou no solo.

Samambaia (Polypodium vulgare)

Controla ácaros, cochonilhas e pulgões

Colocar 500 gramas de folhas frescas ou 100 gramas de folhas secas em um litro de água por dia. Ferver meia hora. Para aplicação diluir 1 litro deste macerado em 10 litros de água.

29

Pimenta vermelha (Capsicum annuum L.)

Repelente de insetos

Pimenta vermelha bem socada, misturada com bastante água e um pouco de sabão em pó ou líquido pulverizada sobre as plantas, age como repelente de insetos.

6 Controle biológico - predadores e parasitas Equilíbrio biológico é o controle que predadores e parasitas fazem sobre as populações dos insetos, ácaros, nematóides, fungos, bactérias e vírus. Pulgão (“praga”) que é comido pela Joaninha (“predador”) é um exemplo clássico de controle biológico. Com isto é importantíssimo que nossos plantios tenham a maior diversidade de plantas possíveis. Existem muitas espécies que são predadoras ou parasitas das pragas e doenças. É muito importante que a presença destas espécies seja incentivada dentro dos plantios. Estes animais são insetos, ácaros, nematóides, fungos, bactérias e vírus. Animais maiores também são muitíssimo importantes, entre eles: aves, morcegos, tatus, cobras, rãs, sapos e aranhas. Existe uma teoria que se chama trofobiose que diz que todo e qualquer ser vivo só sobrevive se houver alimento adequado e disponível para sua sobrevivência. A planta ou parte da planta cultivada só será atacada por um inseto, ácaro, nematóide ou microorganismo (fungos ou bactérias), quando tiver em excesso na sua seiva, exatamente o alimento que eles precisam. Este alimento é constituído, principalmente, por aminoácidos, que são substâncias simples e se desmancham facilmente (solúveis). Para que a planta tenha uma quantidade maior de aminoácidos, basta tratá-la de maneira errada. Neste sentido, um vegetal saudável, bem alimentado, dificilmente será atacado por "pragas" e "doenças". As ditas "pragas" e "doenças" morrem de fome em uma planta sadia. Na mesma direção o não uso de agrotóxico vai aumentar o numero de predadores naturais diminuindo o numero de pragas. A seguir listamos alguns produtos que incentivam e melhoram a saúde das nossas plantas, do solo e do ecossistema. 30

6.1 Manipueira A Manipueira é um liquido de aspecto leitoso de coloração amarelo-clara que escorre das raízes de mandioca (Manihot esculenta), por ocasião da prensagem. A produção no geral é de 3:1 (3 kg de mandioca para 1 litro de manipueira) Ela pode ser usada como fertilizante natural, seja foliar ou no solo, isto devido a sua notada concentração de elementos químicos (macros e micronutrientes) necessários ao bom desenvolvimento das plantas. Composição química da manipueira. Competente Quantidade (ppm) Nitrogênio (N) 425,5 Fósforo (P) 259,5 Potássio (K) 1.863,5 Cálcio (Ca) 227,5 Magnésio (Mg) 405,0 Enxofre (S) 95,0 Ferro (Fe) 15,3 Zinco (Zn) 4,2 Cobre (Cu) 11,5 Manganês (Mn) 3,7 Boro (B) 5,0 Cianeto livre (CN- ) 42,5 604,0 (55,0 mg/l Cianeto total (CN) em média)

água), ou 100 ml de manipueira por cova. No terreno: Diluição aquosa de 1:1, aplicar de 4 a 6 litros desta diluição por m2 de terreno. Deixar o solo em repouso por 8 dias e antes de plantar dar uma revolvida. No sulco: Usar a manipueira em diluição aquosa, na proporção de 1:1. Aplicar, no mínimo 2 litros dessa diluição por m2 de sulco. Deixar o solo em repouso por 8 dias e antes de plantar dar uma revolvida.

Figura 23. Nematóide atacando a raiz de uma planta e em detalhe como os identificamos nas raízes.

6.1.2 Utilização da Manipueira como Inseticida e Acaricida Ácaros (Figura 24) são pequenos araquinidios que vivem sobre a face inferior das folhas sulgando a seiva desta e competindo pela comida com os órgãos das plantas. Dependendo da intensidade de infestação pode acabar matando a folha e a própria planta. Forma de aplicação:

A manipueira pode ser estocada a temperatura ambiente por um período de 3 dias, sem prejuízo ao potencial nematicida ou pesticida, entretanto a temperatura de 8 a 10 °C pode ser estoca por mais de 60 dias Toda vez que a manipueira for aplicada ao solo, este deve ser revolvido, apos 8 dias da data de sua aplicação. Esta atividade é importante no sentido de prevenir efeitos residuais fitotóxicos.

Figura 24. Ácaros na parte de baixo da folha.

Na planta: 3 Pulverizações ministradas a intervalos semanais; acrescentar a manipueira pura ou diluída com o correspondente de 1% de farinha de trigo para melhorar a aderência. O melhor a fazer é testar determinadas diluições em lotes de plantas para ver a reação. Se a planta testada apresentar alguma deficiência diluir ainda mais a concentração. Arbustos: Diluição de 1:1 ou 1:2 (1 de manipueira para 1 ou 2 de água) contra ácaros, pulgões ou insetos

6.1.3 Utilização da Manipueira como Fungicida

6.1.1 Utilização da Manipueira como Nematicida Nematóides (Figura 23) são pequenas vermes que se instalam nas raízes das plantas impedindo que estas cresçam satisfatoriamente ou até mesmo matando a planta por impedir a absorção de água e nutrientes do solo. Forma de aplicação: Na planta: 12 a 15% de manipueira diluída em água (12 a 15 l manipueira e 100 l de 31

Na planta: Para utilização no combate de Oidios (Figura 25) Figura 25. Fungos em folhas deve ser observadas as mesmas recomendações prescritas para de abóbora. o seu uso como inseticida/acaricida. O tratamento deve se estender por, no mínimo, 3 semanas com pulverizações a cada 7 dias. Prevalece a recomendação de adicionar 1% de farinha de trigo para dar maior aderência. 32

6.1.4 Utilização da Manipueira como Herbicida Na área: Aplicação de 5 L por metro quadrado, três vezes em seguida (intervalos de 24 hr)

6.1.5 Utilização da Manipueira como Fertilizante Fertilizante de solo: Diluição de 1:1 (1 de manipueira e 1 de água). Aplicar com regador na linha de plantio na proporção de 2 a 4 litros de diluição por metro de sulco. Aplicação deve preceder o plantio e o solo ficar em repouso por 8 dias. Revolver levemente o solo que margeia a linha de cultivo, antes de proceder à semeadura. Fertilizante foliar: Diluição de 1:6 ou 1:8. Mínimo de 6 máximo de 10 aplicações em intervalos semanais. Quando do suo da manipueira com a finalidade exclusiva de fertilização foliar, não adicionar farinha de trigo.

inseticida e repelente de pragas em geral. Posologia: Os extratos podem ser preparados com a simples trituração das folhas. Esse pó obtido da trituração deve descansar por 12 horas em água, para só então ser filtrado o líquido, ser diluído na concentração adequada para a praga em questão, e poder ser utilizado na pulverização das áreas infestadas. Essa solução deve ser usada em 24 horas para que não se perca a ação dos princípios ativos do Nim. Também pode-se usar 20 g de folhas de Nim trituradas e deixadas em contato com 500 ml de solução alcoólica 44%, durante 16h (agitar várias vezes). Usar 277,4 mg do extrato/ml de água. Para controle de carrapatos: • Para bovinos utilizar 1.250g de folhas verdes em 100 litros de água; • Para cachorros utilizar 500g de folha para 3 litros de água. Posologia: Macerar as folhas e deixar em infusão por 24 horas. Coar e aplicar, mediante pulverização nos animais.

6.1.6 Utilização da Manipueira como Formicida

6.2.2 Folhas secas

Combate à saúva (Atta spp): Aplicada diretamente nos ninhos das formigas, através de vários orifícios previamente abertos. A quantidade do composto introduzida no sauveiro varia de 1 a 10 litros, de conformidade com o tamanho do mesmo. Fechar o buracos após a aplicação.

Controle de pragas, principalmente em hortaliças. Posologia: As folhas devem ser secas à sombra e moídas em moinho; adicionar para cada litro de água 30 a 40g do pó, deixando em repouso por 24 horas. Usar 40g de folhas/litro de água. Coar e pulverizar.

6.2 Nim (Azadirachta indica), no Controle de Doenças

6.2.3 Sementes

Os extratos do Nim (Figura 26) também possuem ação nematicida, bactericida e fungicida, reduzindo a população de nematóides fitófagos, inibindo o crescimento de bactérias e atuando sobre fungos de importância econômica.

Controla Cigarras (Schistocera gregária) e outros cicadelideos (Figura 27). Posologia: Repete-se o mesmo procedimento para o extrato bruto de sementes, utilizando-se 30 g de sementes de Nim sem casca em 200 ml de solução alcoólica 44%. Diluir 520,9 mg do extrato/ml de água Figura 26. Árvore de Nim

Figura 27. Gafanhoto do gênero Schistocera.

6.2.4 Torta (resíduo seco e moído de sementes, obtido após extração do óleo)

6.2.1 Folhas trituradas Controla Insetos fitófagos, traças, lagartas, pulgões, gafanhotos, agindo como 33

Combate Ácaro e insetos fitófagos 34

Posologia: Para o extrato bruto de torta, 50 g de torta de Nim adicionados a 300 ml de álcool etílico absoluto, mantido sob agitação magnética durante 16h. Diluir 10,9 mg do extrato/ml de água. Como nematicida. Posologia: usar 100 a 300 g da torta por cova

6.2.5 Óleo das sementes O óleo inseticida é extraído pela prensagem das sementes, obtendo-se no máximo 47% de óleo, que contém cerca de 10% da azadiractina existente no fruto. Essa prensagem pode se dar por prensa manual ou mecânica, ou mesmo por pilão. A torta restante (muito rica em azadiractina) tem efeito nematicida e serve também como adubo orgânico, podendo também ser secada e utilizada posteriormente para preparo de extratos inseticidas, em mistura com água e filtração. Normalmente a prensagem de 1 kg de semente de Nim gera cerca de 150 ml de óleo. Posologia: 5 ml de óleo/litro de água

principalmente contra cochonilhas. Posologia: Diluir o Óleo de soja a 0,62% em Leite em pó contendo lecitina de soja (20 g de leite/litro água) • Combate ainda pulgão, lagartas, moscas, mosquitos, ácaros (acaro vermelho), ovos e larvas de insetos, tripes, mosca branca. Posologia: Diluir 1 litro de óleo vegetal com 100 gramas de sabão neutro ou 100 ml de sabão líquido em 15 litros de água. Agitar até obter uma emulsão turva. Para combater viroses usa-se óleo mineral de parafina.

Figura 28. Antracnose em folha de abóbora.

Figura 29. Atraquinse em frutos de maracujá.

Figura 30. Casca de caranguejo triturado para combater a podridão das raízes.

6.3.2 Leite em pó instantâneo

6.2.6 Pragas e doenças podem ser controladas pelos extratos de Nim

• Controle de antracnose em frutos (Figura 29) Posologia: Diluir 20g de Leite em pó instantâneo em um (01) litro de água

Pragas de lavouras: lagarta do cartucho, curuquerê-do-algodoeiro, mosca branca, cochonilhas, ácaros fitófagos, moscas-das-frutas, besouros mastigadores, pulgões, tripes, bicho mineiro do cafeeiro, broca do café, brocas do tomateiro, larva minadora dos citros, larvas de besouros que se alimentam de folhas, dentre outras. São considerados como mais suscetíveis às lagartas, cigarrinhas, pulgões e larvas de besouros. Pragas de criações: pulga, piolho, carrapatos, mosca-do-chifre. Doenças de plantas: sistema radicular e colo da planta (Fusarium oxysporum, Sclerotinia sclerotiorum, Rhizoctonia solani) e da parte aérea (oídio, ferrugem, míldio, manchas foliares).

6.3 Outros Produtos

6.3.3 Gesso agrícola • Controla ataque de Bactérias em folhas e frutos Posologia: Acidificar (pH = 4) o gesso agrícola com H3PO4: Depois diluir 3 kg de gesso em 100 L de água • Evita a subida de formigas e ajuda controlar a barba das frutíferas. Posologia: Fazer uma pasta de cal e pincelar sobre o tronco.

6.3.4 Casca de Camarão e ou Caranguejo Controle da podridão de raízes, Fusarium sp (Figura 30) e nematóide Posologia: Triturar e moer a casca de camarão/caranguejo e espalhar pelo terreno ou nos sacos com as mudas.

6.3.5 Armadilha luminosa

6.3.1 Óleo vegetal (soja, milho, etc.)

Controla mariposas, especialmente a mariposa-oriental (broca-dos-ponteiros)

• Controle de antracnose em folhas (Figura 28). Também tem ação inseticida, 35

36

que ataca as plantações. Posologia: Colocar uma lanterna de querosene acessa a partir das sete horas da noite no meio do plantio e deixar até de madrugada. As mariposas são atraídas pela luz e batem no vidro da lanterna, caindo num saco de estopa aberto que é colocado logo abaixo. No dia seguinte matar as mariposas.

misturando-se uma parte de calda bordalesa para uma parte de água; Para mofos da cebola e do alho e mancha da folha da beterraba (cercosporiose), usa-se uma diluição de 3 partes de calda para uma parte de água. Convém lembrar que a calda bordalesa perde a eficácia com o passar do tempo, por isso deve ser usada até, no máximo, três dias depois de pronta.

6.3.6 Solução de água e sabão

6.5 Controle Alternativo de Formigas Cortadeiras

• Controla pulgões, cochonilhas e lagartas. Posologia: Colocar 50 gramas de sabão caseiro em 5 litros de água quente. Após esfriar, aplicar com o pulverizador.

6.5.1 Barreira Física

6.3.7 Saco de aniagem • Controla lesmas. No dia seguinte pegar as lesmas que estão aderidas ao saco e matá-las. Posologia: Umedecer o saco de aniagem com um pouco de leite e colocar na plantação em vários locais.

6.4 Preparo e uso da Calda Bordalesa. A calda bordalesa é recomendada para o controle, entre outras doenças e parasitas, de míldio e alternaria da couve e do repolho, alternaria do chuchu, antracnose do feijoeiro, pinta preta e queima do tomate, murchadeira da batata, queima das folhas da cenoura etc. Também é usada em frutíferas, como figueira, parreira, macieira etc. Na diluição a 1% acima descrita, seu uso é recomendado para plantas adultas. Em mudas pequenas e em brotações novas, deve-se aplicar essa calda mais diluída,

DOENÇAS Míldio Requeima, Pinta Preta Pinta Preta, Podridões Míldio, Antracnose Ferrugem, Manchas Bacteriose, Verrugose Sarna, Podridões Manchas, Entomosporiose Verrugose, Melanose, Rubelose Antracnose; Podridões

Tabela indicando a doença e o tipo de calda mais indicada para uso.

SULFATO de COBRE 1.000g

CAL VIRGEM 1.000g

ÁGUA (Litros) 100

1.000g

1.000g

100

800g

400g

100

300g

300g

100

1.500g

1.500g

100

400g

400g

100

400g

800g

100

800g

800g

100

600g

300g

100

800g

800g

100

Para proteger apenas mudas ou arvores individuais, o simples uso de cones invertidos de lata ou plástico, ou ainda lá de ovelha amarrada no caule da planta impedindo a ação das formigas.

6.5.2 Plantas repelentes ou tóxicas A hortelã, batata doce, salsa. Cenoura, gergelim, mamona funcionam como repelentes ou intoxicantes.

6.5.3 Preservação ou criação de inimigos naturais das formigas As galinhas comuns e de angola (Figura 31), pássaros, tatus, tamanduás os quais controlam ate 90% das revoadas. É interessante o uso de Galinha de Angola pelo fato delas não terem o hábito de ciscarem, evitando o espalhamento do adubo nas plantas.

6.5.4 Controle de Colônias Para adotar medida de controle eficaz, é importante lembrar que as formigas cortadeiras não se alimentam diretamente das folhas cortadas, e sim da massa de fungos que cresce sobre as folhas armazenadas no ninho. Alguns métodos de controle das colônias que podem ser usados:

Figura 31. Galinha de Angola.

Método Físico: São ações diretas sobre os formigueiros como: • Uso de agua quente: para formigueiros pequenos e próximos de casa; • Inundação: para formigueiros maiores, quando houver condições de desviar água de um canal ou acesso com uso de mangueira; • Fumaça de escapamento: dirigir o escamento de motores para a entrada (olheiro) do formigueiro, tapando as saídas de fumaça, provocando a afixia das formigas, pela ação do gás carbônico. 37

38

Métodos Biológicos: Aplicação de calda microbiológica: • Usar 2 a 4 laranjas ou limões mofados, moídos; • Deixar fermentar 4 a 5 dias em agua, com um pouco de melado de açúcar. • Diluir a 10% em agua (100 ml por litro de agua) e aplicar em todos os olheiros; • Depois de uma semana, repetir a aplicação Observação: As laranjas ou limões mofados possuem os fungos Penicilium digitatum e P. italicum, que causam o mofo verde e azul respectivamente, os quais destroem o fundo criado pelas formigas para se alimentar.

5. Precipitação desejada ou calculada (em mm). Normalmente a precipitação é calculada pelo projetista, que leva em conta os dados climatológicos da região em que será instalado o equipamento, a cultura a ser irrigada e o equipamento a ser utilizado. 6. Horas de funcionamento desejado por dia: máximo de horas de funcionamento possível. 7. Desnível entre a água e o local de motor em metros: este dado é de suma importância para o dimensionamento correto da bomba, pois cada motor apresenta uma altura máxima de sucção.

6.5.5 Cultivo de Plantas Atrativas e Tóxicas

8. Desnível entre o local do motor e o ponto mais alto do terreno em metros.

Neste caso o Gergelim (Figura 32) é a melhor opção, pois suas folhas contem uma substancia chamada sesamina, que é fungicida. Geralmente as formigas só carregam folhas inofensivas ao formigueiro, mas o gergelim é uma exceção, pois é uma das folhas preferidas pelas saúvas, mas mata o fungo que serviria de alimento a rainha e as larvas.

7 Irrigação

Figura 32. Planta de Gergelim (Sesamum indicum).

Para a elaboração de um projeto de irrigação, seja por aspersão, localizada ou por superfície, são necessários à coleta de alguns dados na área a ser irrigada. Esses dados são: 1. Área a ser irrigada em hectares, alqueires ou m2. 2. Espécie de cultura plantada ou a ser plantada e o espaçamento entre plantas e entre linhas. 3. Tipo de solo: a. Quanto à sua textura: argilosa, arenosa ou textura média. b. Quanto à sua permeabilidade: muito permeável, meio permeável ou pouco permeável. 4. Topografia do terreno: plana, suavemente ou fortemente ondulada (planta plani-altimétrica). 39

9. Quantidade e qualidade da água disponível na estação seca: a. Se a água for captada numa fonte de água corrente (rio, riacho, canal, etc.) determinar a sua vazão em litros/segundo ou metros cúbicos/hora; b. Se a captação for feita em um reservatório (represa, açude, etc.) determinar o seu volume em metros cúbicos (m3). Se estas medições foram feitas na época de chuvas, deve-se coletar junto aos moradores vizinhos à variação que as mesmas sofrem na época da seca. c. Qualidade da água: presença de sólidos em suspensão, ferro, manganês, carbonatos, coliformes, etc. 10. Tipo de acionamento que prefere para a bomba: a. Elétrico: voltagem e fases; b. Diesel c. Trator: marca, modelo e potência d. Outros Caso já haja bomba centrífuga e ou motor para acionamento, especificar todos os dados disponíveis tais como: Marca; Modelo; Potência; Rotação; Vazão; Altura de sucção de recalque; Diâmetro dos rotores; etc. 11. Sistema de irrigação que pretende utilizar ou as alternativas possíveis. 12. Se possível, anexar uma planta plani-altimétrica ou planimétrica da área a ser irrigada. Para irrigação localizada acrescentar curva de nível de metro em metro e locação das linhas de plantio. Caso não haja a planta, fazer um croqui da área com as seguintes indicações: 40

a. Formato de área com suas dimensões; b. Aonde se localiza o ponto mais alto do terreno e a distância entre este e o ponto de captação de água. c. Localizar o ponto de captação da água e a distância entre o início da área a ser irrigada. d. Demarcar estradas, grotas, espigões, linhas de força, etc. 13. Se possuir, anexar os dados climatológicos da região, tais como: Chuva; Evaporação do Tanque Classe A; Evapotranspiração; Velocidade do vento; Temperatura média; Umidade relativa. Com base no levantamento de dados da área a ser irrigada, elabora-se o projeto de irrigação mais viável, técnica e economicamente.

necessárias para o equipamento escolhido; 6. Dimensionamento do conjunto motobomba: o dimensionamento deste conjunto também baseia-se na vazão, na altura manométrica e na potência necessária. Na escolha da bomba, além dos itens anteriormente citados, deve-se atentar para que a bomba escolhida trabalhe no ponto de máximo rendimento ou próximo possível dele, e para a sua altura máxima de sucção; 7. Elaboração de planta ou croqui: efetuados os cálculos deve ser elaborada uma planta ou croqui, onde são locados o ponto de captação, a linha mestra, as linhas laterais, os acessórios e o posicionamento do equipamento; 8. O roteiro prossegue com a análise econômica do projeto e outros itens, tais como custos, receitas, fluxo de caixa, comercialização, etc., conforme a exigência da situação.

7.1 A elaboração do projeto deve seguir o seguinte critério:

7.2 Métodos

1. Definição da precipitação ou lâmina a ser aplicada na área: esta precipitação varia em função, principalmente, da cultura (cada cultura apresenta uma evapotranspiração e, portanto, um consumo de água) e da região geográfica em que a área se situa (de região para região as condições climáticas - chuvas, evaporação, ventos, etc. - variam); 2. Seleção do equipamento mais adequado ou das alternativas dos equipamentos para a área: esta seleção leva em consideração a cultura plantada ou a ser plantada, a topografia da área, o tamanho da área e a disponibilidade de água; 3. Cálculo do turno de rega e tempo de funcionamento por posição: para fazer estes cálculos leva-se em conta, principalmente, o consumo diário de água que a cultura necessita, a profundidade do sistema radicular, a resistência que a planta apresenta ao "déficit" de água e as características físicas do solo, principalmente, quanto á sua capacidade de armazenamento de água; 4. Cálculo da vazão: esse cálculo refere-se à vazão total do equipamento e baseia-se na área a ser irrigada, na precipitação definida e o número de horas de trabalho diário; 5. Dimensionamento hidráulico: o dimensionamento das tubulações e dos acessórios, tais como: válvulas, hidrantes, cotovelos de derivação e outros, baseia-se na vazão total, na altura manométrica necessária e na velocidade da água no interior dos tubos. Uma vez selecionadas as tubulações e acessórios, procede-se a locação dos mesmos na área, locando-se, inclusive, as posições 41

Assim, qualquer técnica deve partir de dois pontos básicos: quanto e quando irrigar. Em outras palavras, a água deve ficar à disposição da planta na quantidade e na ocasião em que ela necessitar. Para regiões onde a água é farta, tal como no Norte, para solos planos e argilosos os métodos por superfície como os de sulcos e bacias em nível são viáveis. Para regiões onde a água é escassa, os métodos pressurizados (aspersão, microaspersão, miniaspersão e gotejamento) são recomendados. O método da aspersão é o que molha completamente todo o solo (área molhada de 100%) e quando usado, os aspersores devem ficar a 1 m do solo, com ângulo de inclinação no máximo de 7 graus. No caso da microaspersão, usar um microaspersor de vazão superior a 45 L/h, para quatro plantas, preferencialmente dispostas em fileiras duplas. No caso do gotejamento é o sistema de menor área molhada. O sistema de microaspersão, que facilita a introdução do sistema de produção integrada no plantio, que exige a racionalização do uso dos recursos água e solo e dos insumos. Além da economia de água, o método possibilita a utilização da fertirrigação e possibilita a economia de energia, permitindo a irrigação nos horários em que a energia é mais barata.

7.3 Quantidade de água necessária 42

A quantidade de agua é aquela em que não haja encharcamento do solo ou escorrimento superficial, nem mesmo visualização de murcha das plantas durante o dia. Em percentagens da evapotranspiração potencial, para regiões úmidas a subúmidas, a demanda de água pela maioria das culturas, em seu estagio inicial, inicia-se com 28% da evapotranspiração potencial nos primeiros 70 dias, elevando-se para 70% da evapotranspiração potencial na fase adulta. No caso de regiões mais secas, a demanda de água pela maioria das culturas em seu primeiro ciclo inicia-se com 45% da evapotranspiração potencial nos primeiros 70 dias, elevando-se para 85% da evapotranspiração potencial.

7.6 Quantidade de água a ser aplicada Estima-se que uma planta com área foliar total em torno de 14 m2 consome 30 litros de água/dia, em dias ensolarados e de baixa umidade relativa do ar; 20 litros/dia em dias semi-cobertos e 15 litros em dias completamente nublados. Quando chover acima de 20 mm/dia, deve-se interromper a irrigação por dois a cinco dias, em caso de solos arenosos e argilosos, respectivamente, em condições semi-áridas. Em condições úmidas esses intervalos podem ser de quatro a dez dias.

7.4 Manejo da irrigação Os níveis de tensão de água do solo (medição da quantidade de umidade do solo) recomendados pela EMBRAPA situam-se entre 0,25 atm a 0,45 atm, para camadas superficiais do solo (até 0,25 m) e entre 0,35 atm até 0,50 atm, para profundidade próxima de 0,40 m. Se optar pelo uso de tensiômetros para monitorar a disponibilidade de água no solo, recomenda-se instalá-los em quatro baterias por hectare, sendo cada bateria composta por dois tensiômetros às profundidades entre 0,20 m e 0,40 m e distância de 0,30 a 0,40 m da planta em direção ao microaspersor. Em se utilizando a evaporação do tanque classe A, para estimar a demanda de água pela bananeira, deve-se multiplicar a leitura do tanque por 0,6, para regiões úmidas e por 0,85 a 1,0, para regiões semi-áridas.

7.5 Freqüência de irrigação A irrigação por superfície ou aspersão para solos siltosos ou argilosos pode ser feita em intervalos máximos de 12 dias para regiões semi-áridas e 18 dias para regiões úmidas. A irrigação por aspersão em solos franco-arenosos e arenosos pode ser feita em intervalos máximos de 7 dias em regiões semi-áridas e 10 dias em regiões úmidas. A irrigação localizada, seja por gotejamento, microaspersão ou equivalente deve ser feita em intervalos máximos de três dias para regiões úmidas e solos com teores de argila acima de 30%, e pelo menos duas vezes por dia em solos arenosos (areia franca e areia). 43

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Agradecimentos Para elaboração desta cartilha sou grato pelo auxilio e incentivo das pessoas relacionadas abaixo, sem as quais grande parte disto não seria possível:

Maria Alice M. Silvio M. Mauro M. Gario M. Adalberto M. Joaquim M. José Onofre M. José Ernesto M. Paulo Afonso C. Cezar C. Dativo C. João C. Oriones Elmo Lenon Salomar Carvalho C. Delman C. Giselle Carlos (“Refribom”) Fabio Bastos Pedro Paulo Equipe do Plantio Gráfica ??

Coordenadora Nacional do Plantio M. Central 14° Região M. Representante N. Rei Canaã (NRC) M. Representante do N Jardim Florido (NJF) M. Representante PN Príncipe Ram (PNPR) M. Representante PN Castelo de Marfim (PNCM) Monitor do Plantio 8° Região Monitor do Plantio 10° Região Monitor do Plantio NRC Monitor do Plantio Parauapebas Monitor do Plantio PNPR Monitor do Plantio Araguaina Monitor do Plantio Itinga Monitor do Plantio PNCM Monitor do Plantio NJF PNPR NRC (Belém) NRC (Parauapebas) NRC (Belém) NRC (Belém) 14° Região

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