Carla Silva
January 28, 2023 | Author: Anonymous | Category: N/A
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EDIÇÃO I VOLUME I I
SILVA AUTORA: CARLA SILVA
PROJETO: DESENVOLVIMENTO DO PROJETO: ALVINA BOLDORI | @ALVIN @ALVINABOLDORI1 ABOLDORI1 KELLY RENOVATO | @KELLYRENOVATO
MARIANA COELHO | @MARIIICOELHOS @MARIIICOELHOS
COORDENAÇÃO DO PROJETO: PROJETO: SHS EDITORA EDITORA
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“E não vos conformeis com este mundo, mas transfor mai-vos pela renovação do vosso entendimento para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.”
12.2 Romanos 12.2 Este é o versículo que resume minha missão, meu pro pósito de vida. vida. Sou inconformada! E este inconformismo tem me impulsionado a produzir transformação por meio do conhecimento. conhecimento. Olhar para o cenário educacional e dizer que não tem jeito são o que não cabe em meu vocabulário, vocabulário, por isso a melhor maneira de provocar transformação é produzir transformação. transformação. Com isso, te convido a conhecer um pouco do conteúdo que tenho estudado e que transformou minha prática educativa acerca da alfabetização. alfabetização.
AGRADECIMENTOS A Deus que plantou em mim um propósito de Transformar vidas de modo que, assim, possam experimentar a Sua boa, agradável e perfeita vontade. vontade. Ao meu esposo, Willian Moreira, que me fez enxergar meu potencial e por ser meu maior estimulador, pois sem suas perguntas que sempre me fizeram pensar, eu não agiria para cumprir o propósito maior. maior. Às minhas filhas que foram as minhas fontes de experiências frente a cada novo aprendizado. aprendizado. Aos meus pais, Arivaldo dos Santos, in memorian, e Iracema Sant Ana dos Santos que me incentivaram em tudo, que sempre me impulsionaram a estudar e que me formaram com aprendizagens úteis para vida. vida. Aos meus irmãos e suas famílias, que sempre me apoiaram e torceram por mim. mim. Aos meus alunos, pois cada experiência em sala de aula me fez crescer e amadurecer. amadurecer. Às escolas que lecionei, por confiarem em meu trabalho. trabalho.
Aos amigos que torcem, apoiam e não me deixam desistir! desistir! Aos meus pastores Jonas Castro e Márcia Cristina por me incentivarem no chamado! chamado! Aos amigos professores que com muita alegria contribuo para que cada atuação de sala de aula seja momentos agradáveis e especiais, pois sabem o que precisam fazer! fazer!
PREFÁCIO PREFÁCIO 1 1 Esta obra tem uma base questionadora, que se propõe a abrir um leque de possibilidades sobre o que impede de se alfabetizar. disso, convida-nos auma reflcriança etir, enquanto professoresAlém e enquanto pais, qual o papel fundamenta fundamentall do mediador. Dispor de algumas ferramentas ferrament as não é suficiente. É preciso saber usá-las para que as crianças aprendam não só a decodificar, mas a se tornar seres questionadores de fatos e ideias, exercendo um papel ativo e crítico na sociedade. sociedade. A autora nos leva a refletir, com bastante propriedade, propriedade, sobre o quão prejudicial é para uma criança ser submetida a fica. métodos de alfabetização controversos e sem base cientí Como psicopedagoga e psicóloga, psic óloga, percebo a angústia daquelas que não acompanham os demais colegas, acometendo-se de ansiedade, desespero e até depressão. Não falemos apenas de crianças, mas também de adultos que não conseguiram aprender a ler e que desenvolveram muitos desses transtornos. Percebemos aqui a importância e a emergência de haver uma ressignificação em sala de aula, e que os professores possa po ssam m ut util iliz izar ar mé méto todo doss co comp mpro rova vadam damen ente te ci cien entí tíficos, sem
basea ba searr su suaa prá prátic ticaa em mer meros os ach achism ismos os ou int intuiç uição ão..
A autora alerta que a alfabetização não é uma memorização, mas um processo consciente no qual a criança será levada a reconhecer o valor sonoro das letras letras e a fazer a relação grafema-fonema para conseguir ter acesso à leitura de forma apropriada. O profissional que leva em consideração o processo consciente é aquele que já entendeu que existe um cérebro funcionando e que precisa ser compreendid compreendido. o. A autora nos brinda com informações relevantes sobre a neurociência e como ela pode ser um auxiliar primordial para profissionais que lidam com crianças em fase de alfabetização e nos anos seguintes do seu desenvolvimento. Entender que certas conexões de áreas cerebrais são fortalecidas quanto maior for a estimulaçã estimulaçãoo recebida favorece a compreensão e a busca de meios mais eficazes para alcançarm alcançarmos os o propósito ideal: não só ler ler com com fluência, mas também com compreensão e criticidade. criticidade. O mediador tem um papel fundamental e deve-se valer de todas as informações, portanto é necessário que esteja sempre atualizado e em contato com as descobertas descob ertas mais recentes da neurociência, que se tornou nos últimos anos um aliado da educação. Feliz o professor ou os pais que têm nas mãos uma obra como esta, por meio da qual poderão ressignificar suas concepções de ensino sobre a alfabetização e auxiliar todos aqueles que precisam desenvolver-se como ser humano de forma integral. A leitura liberta e nos torna seres autenticamente críticos, que é do que a nossa sociedade mais precisa. precisa. Simaia Sampaio Psicopedagoga, Psicóloga e Neuropsicóloga
PREFÁCIO 2 Alfabetização é a mais complexa das habilidades que o cérebro do homem moderno aprenderá em sua vida – vida – este é o maior desafio para o próprio ser, e é o professor queComo o norteia nesteoft processo. processo. e pesquisadora, dedicamédica almologista da aos distúrbios de aprendizagem relacionados à visão, fui impactada, assim como a autora deste livro, pelas contribuições neurocientíficas na aprendizagem em meu campo de trabalho. O objetivo deste livro foi exatamente trazer aos leitores uma abordagem mais ampla deste fascinante processo que é a alfabetização. alfabetização. LAPAN – – Laboratório Laboratório de PesAo desenvolver através do LAPAN quisas Aplicadas em Neurociências Visuais, uma metodologia abrangente que ampliou o tradicional ―exame ―exame de de vista de rotina‖ rotina‖ onde onde é avaliado o tamanho de letra vísivel para a criança e a presença de eventuais doenças oculares ou limitações de natureza estrabísmica estrabísmica num exame estático; estático; conseguimos compreender que para LER é preciso muito mais do que enxergar letras em um papel, quadro negro ou outdoor, era preciso aprimorar o exame e contribuir com ferramentas mais eficientes sob o ponto de vista oftalmologico. almologico. Neste trabalho, iniciado há mais de 15 anos, fomos fomos presenteados conhecimento to neurocientífico alta presenteados com um conhecimen mente relevante e que nos proporciono proporcionouu a extraordiná extraordinária ria oportunidade de conviver com educadores e famílias, o que nos levou a valorizar fortemente e por que não dizer, a reverenciar a importância do professor alfabetizador. alfabetizador. Ao contrário da FALA, habilidade inata e cujo aprendizado se faz pela prática, a LEITURA precisa ser ensina- ensina-
da e treinada cuidadosamente. Ela depende de instrução visual apropriada e um processo pedagogicamente bem estruturado, exigindo sólida base em neuroaprendizagem e vocação para a função. função. Para sua consolidação, etapase fundamentais no desenvolvimento motor, visual, auditivo emocional já foram previapreviamente estruturadas via estimulação ambiental e emocional reforçadas com jogos, brincadeiras etc. Sem o desejável estágio de desenvolvimento neural, torna-se tarefa árdua e ingrata mesmo em crianças consideradas normais. normais. É preciso contar com um bom exame visual que teste habilidadess e funções para assim, apoiar o educador. Não habilidade basta APENAS enxergar as letras, letras, é preciso extrair informação visual de forma rápida, reconhecendo reconhece ndo e agrupando os símbolos gráficos e, em seguida, associa-los a sons e significados numa complexa interação neural. É preciso compreender que LEITURA é uma atividade essencialmente dinâmica dependente do movimento mais rápido feito pelo corpo humano: o movimento de extração visual sequenciada e com extrema precisão. precisão. ―Por que ler pode ser tão di ficil?‖ cil?‖-- esta é a pergunta fundamental, o cerne de toda aprendizagem por via impressa. Graças à expansão dos conhecimentos em neurociencias e sua aplicação na educação, a efetividade de modelos tradicionais de alfabetização muitas vezes perpetuadoss pelo perpetuado pelo uso e costume vem sendo questionad questionados, os, devidamente devidame nte aprimorados ou substituídos. substituídos. aprendizagem dizagem,, a exigê exigência ncia visual é particul particularment armentee Na apren intensa atingindo seu auge com relação à leitura. Para isto, a área de reconhecimento facial que permite ao ao
bebê recém nascido reconhec reconhecer er seus pais e cuidadore cuidadoress já nos primeiros dias de vida; será treinada, ou melhor dizendo, neuromodulada para identificar e ―fotografar‖ ―fotografar‖ os símbolos gráficos associando-os aos sons. Este é um dos exemplos da fantástica neuroplasticidade, neuroplasticidade, ou seja, da capacidade de resposta e adaptação cortical presente desde os primeiros dias e que vem sendo aplicada de forma muito efetiva na aprendizagem humana. humana. Além disso, a movimentação oculomotora realizada durante uma leitura é totalmente controlada pelo cérebro e este, diga-se diga-se de passagem, passagem, precisa ser ser devidamente―doma devidamente―doma-do‖‖ e automatizado para que uma leitura eficiente, de padrão do lexical e compreensível seja efetivada. As conexões nervosas entre os olhos e o cerebro ultrapassam a soma das conexões de todos os outros orgãos dos sentidos somados – somados – há há dezenas, mais de 50 de áreas corticais e subcorticais relacionadas à atenção, audição, compreensão,comportamento, coordenação motora, emoção, equilíbrio e postura, entre outras, que trocam informações com áreas visuais integrando e poten pot enci cian ando do os gran grandes des cir circui cuitos tos ne neura urais is da apr aprend endiza izagem gem.. Uma vez alfabetizado e com a extraordinária habilidade automatizada de forma rápida e eficiente, o ser humano garante seu acesso ao mundo de hoje, onde a leitura se tornou essencial para inserção social e exercício da plena cidadania. Compartilhar experiências, a luta e muitas vezes a angústia das famílias dos portadores de dificuldades na aprendizagem tem sido uma experiência cientificamente enriquecedora para nós, equipe da Fundação Hospital de Olhos. Aprendemos muito e buscamos o aprimoramento contínuo em nossos atendimentos para oferecer o melhor
a estes pacientes. Esta a sensação de urgência na busca por conhecime conhecimento nto neurocient neurocientíífico sempre foi compartilhada com os mais de 6000 médicos, professores e demais profissões da área da saúde e educação que fizeram os cursos de Distúrbios Visuais e Aprendizagem conosco. conosco. Foi justamente nestes cursos que conheci uma das pessoas mais notáveis desta caminhada; Carla Silva, a autora deste livro. Trata-se de uma profissional com o dom da comunicação – comunicação – como como se pode comprovar pelo sucesso de seu trabalho contínuo e pelo número exponencial de seguidores atraídos por seu genuíno carisma e competência nas áreas da psicologia e educação. educação. Outro ponto que aqui ressalto é a sua profunda solidariedade e empatia com o sofrimento das famílias e alunos, claramente expressa no empenho com que a autora pro põe soluções para as questões envolvendo a árdua tarefa da alfabetização. alfabetização. Sua postura extremamente proativa em busca de respostas e aperfeiçoamento pessoal e profissional, seu empenho como pesquisadora pesquisadora incansável se revela agora, na na plenitude. Este é o retrato e o objetivo desta obra voltada para educadores e pais: discutir, esclarecer e contribuir de forma substancial para o aprimoramento da metodologia na alfa betização, mantendo uma linguagem acessível e envolvente. E justifica, de forma transparente e indiscutível, a minha admiração pela obra e à autora, e minha gratidão por ter sido honrada com o convite em prefaciá-lo. prefaciá-lo. Dra. Márcia Reis Guimarães Médica Oftalmologista
SUMÁRIO INTRODUÇÃO ............................................................................................... 17 17
CAPÍTULO 1 A BRIGA EXISTENTE ENTRE OS MÉTODOS DE ALFABETIZAÇÃO .................25 2 CAPÍTULO 2 ......................................... ................................... ............. 37 OS COMPONENTES DA ALFABETIZAÇÃO ................... CAPÍTULO 3 3 NEUROCIÊNCIA E APRENDIZAGEM ..................... ........................................... ............................................ ......................45 CAPÍTULO 4 4 NEUROCIÊNCIA E ALFABETIZAÇÃO ..................... .......................................... ........................................... ......................55 CAPÍTULO 5 5 A LEITURA .............................. ............................................................... ................................................................. ............................................... ...............61 6 CAPÍTULO 6 APRENDER A LER .................. ........................................ ............................................ ........................................... ................................ ...........69 69 CAPÍTULO 7 7 ......................................... .................................... ..............79 ETAPAS DA COMPREENSÃO DA LEITURA ................... CAPÍTULO 8 8 SISTEMA DE ESCRITA ................... ........................................ ........................................... ............................................ ......................... ...91 CAPÍTULO 9 9 ......................................... ........................ 111 111 COMO REALIZAR UMA SONDAGEM DE ESCRITA ...................
CAPÍTULO 10 A ALFABETIZAÇÃO SOB UMA P PERSPECTIVA ERSPECTIVA EPISTEMOLÓGICA ................123 CAPÍTULO 11 A IMPORTÂNCIA DA CONSCIÊNCIA FONOLÓGICA ................... ....................................... ....................135
INTRODUÇÃO
A
alfabetização pode ser como o processo de aprendizagem quedefinida desenvolve a habilidade de ler e escrever de maneira adequada, de modo que o educando possa utilizar a língua como um código de comunicação com o seu meio. Se a alfabetização pode ser definida assim, por que existem tantas dificuldades para que essa habilidade seja trabalhada e/ou para alfabetizar? alfabetizar? Quando recebo mensagens de seguidores, colegas professores e pais me pedindo socorro e perguntando o porquê do filho/aluno não aprender ou por qual motivo há empecilhos para esse desenvolvimento, por exemplo, me pergunto: onde está o foco desse problema? Na criança? Na escola? escola? Nos pais? No professor? professor? Muito me preocupa a qualidade do que é veiculado dentro das salas de aula dos cursos de formação 17 17
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de professores, pois a falta dela tem impossibilitado que docentes sejam devidamente qualificados e instrumentalizados para atuar na transfor transformação mação de realidades que só a alfabetização poderá proporcionar como ponto de partida. Ao longo de nossa formação, somos influenciados por três principais fatores de risco que podem interferir numa veiculação equivocada de qualquer tentativa de ensino, incluindo o ensino e aprendizagem da leitura e escrita. Algumas determinações nacionais, municipais e escolares asão colocadase àodisposição dos professores faltam orientação conhecimento necessários,e lhes que possam oferecer-lhes consciência de como e porqu porquêê devem inseri-los em sua prática, de modo que sejam ca pazes de sair da condição de indivíduos passivos para indivíduos ativos e transformadores de realidades, ou seja, verdadeiros especialistas! especialistas! Destaco, a seguir, alguns fatores de risco que têm levado professores a uma prática alfabetizadora sem sucesso. É muito comum ver professores que pouco questionam e não buscam fundamentos científicos para a sua prática, de modo que passam a ser cumpridores de taente aí refas, protocolos e determinações. determinações. E é exatam exatamente que mora um grande perigo; este é o primeiro fator de risco, a falta de conhecimento, pois a sociedade brasileira pouco é estimulada a pensar e questionar sobre a 18 18
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sua realidade realidade para transformá-la. transformá-la. Questionar no sentido de compreender, de buscar avaliar fatos e dados. A educação brasileira tem uma raiz que a distancia do pensamentoo crítico e científico pensament científico,, e todo professor especialista precisa ter, primordialmente, o desejo de buscar práticas e resultados com respaldo científico. Quando nós, profissionais especialistas em ensinar, não nos posicionamos diante de alguma realidade adversa, estamos aceitando tudo que nos é imposto de modo passivo. Em minha prática pedagógica, aprendi que precisava questionar, mas sem confrontar . Sempre respeitei ordens instituições, quando meu questionamento não era das sanado, entendiae,com clareza que, dentro de minha sala de aula, o que precisava ser feito era me utilizar daquilo que eu já havia estudado e comprovado. Os bons resultados sempre apareciam e eram consequentemente notados e reconhecidos pelos pais e pela escola, por mais que não admitissem inicialmente. ualquer ação em sala de aula, não Para executar qqualquer só no processo de alfabetização, é preciso saber exatamente como fazer para alcançar o objetivo a que se propõe. Isso também se aplica em diferentes contextos de nossa vida. Questionar precisa ser uma habilidade bem desenvolvida desenvolvida em nós. O questiona questionamento mento produz desenvolvimento. Então, considero o conceito conceito de alfabetização como a habilidade de ler e escrever de maneira adequada, de modo 19 19
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O foco de muitos professores ainda se concentra no conceito sim plista de que ―alfabetizar ―alfabetizar é desenvolver a habilidade da da leitura e escrita‖. Precisamos pensar como esse objetivo objetivo que permita o sujeito questionar realidades.
será alcançado adequadamente, pois ler e escrever vai além de decodificar; é preciso pensar no uso ativo dessa habilidade, de modo consciente e questionador, a começar por quem ensina. O segundo fator de risco chama-se método de alfabetização. Existe uma verdadeira bagunça na cabeça de muitos profissionais quanto ao uso ou não de um método de alfabetização qualcalar delese seria eficaz. É uma pergunta que não equer que, mais na verdade, não deve mesmo se calar, calar, pois pois há muito o que se aprender com ela. Ainda se discute exaustivamente sobre o tema e perde-se tempo em debater debater o uso ou não desses métodos, o adequado e o inadequado, e, enquanto isso não chega ao fim, perdemos o tempo das crianças. Nesse contexto, quando uma criança deixa de ser alfabetizada na idade certa, atrasamos o seu desenvolvimento. desenvolvimento. Atendi a diversos casos em meu consultório de psico pedagogia de crianças crianças a part partir ir de 9 anos anos de idade que não alcançaram as habilidades de leitura e escrita no tempo adequado e hoje estão sofrendo com isso. Esta, porém, não é apenas a realidade de uma ou duas crianças, é uma realidade nacional, nacional, e esta é a minha angústia. 20 20
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Viajo o Brasil Brasil mi ministrando nistrando ccursos ursos de capacitação capacitação para professores, professores, presto assessoria a escolas e vejo que é um mal instalado de modo generalizado. generalizado. Quando essas crianças, a partir dos 9 anos, chegarem a fase adulta, dos 18 anos em diante, podemos imaginar que tipo de ―pro―pro fissionais‖ teremos? É possível um país se desenvolver sem que tenhamos profissionais qualificados? Devemos pensar emergenc emergencialmente, ialmente, para que possamos buscar soluções definitivas sarando a base, não apagando focos de incêndio.
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1 CAPÍTULO 1
A BRIGA EXISTENTE ENTRE OS MÉTODOS DE
ALFABETIZAÇÃO
“TÃo IMPoRTANTE QUANTo o QUE SE ENSINA E SE APRENDE é coMo SE ENSINA E coMo SE APRENDE.” CÉSAR CoLL
D
esde o início do século XIX, entender sobre a alfabetização é um grande problema, pois sempre ram dificuldades com o desenvolvimento desenvolvimento das existiram existi habilidades de leitura e escrita, visto que não são inatas ao ser humano. Veremos essa questão mais detalhadamente nos próximos capítulos e conseguiremos conseguiremos perceber seus impactos quando observarmos os índices e as realidades que mostram o número de jovens e adultos que não foram alfabetizados ou que até foram, mas que não possuem a habilidade funcional da alfabetização.
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Segundo dados do IBGE (2019), o Brasil tem 11,3 milhões de analfabetos, uma taxa de 6,8% de pessoas acima dos 15 anos que não sabem ler ou escrever. O país ainda não alcançou a meta do Plano Nacional de Educação para 2015, que era baixar o índice para 6,5%, a fim de erradicar o analfabetismo até 2024. Que fique claro que a taxa de analfabetismo medida pelo IBGE é o percentua percentuall de pessoas que não sabem ler e escrever pelo menos um bilhete simples no idioma que conhecem, ou seja, o mínimo possível para se comunicar. Há também uma outra medição criada pela ONG Ação Educativa, o Índice Nacional de Analfabetismo Funcional (Inaf), feita em parceria com o IBOPE. O Inaf 2018 apontou que cerca de 30% dos brasileiros entre 15 e 64 anos são analfabetos funcionais. Certa vez, recebi uma mensagem em áudio de uma pessoa dizendo que estava pesquisando sobre alfabetização e me encontrou no Youtube. Ela gostaria de saber como poderia ser alfabetizada aos 40 anos de idade. Relatou que conseguia ler algumas palavras, mas não sabia escrever. Quantas pessoas estão vivendo essa realidade e também estão escondidas, ansiando resolver essa dificuldade, mas sem sucesso? O que precisamos pensar é no que fazer para dar solução aos que estão iniciando o seu processo de aalfabetizaç lfabetização. ão. Muitos professores se angustiam em sala de aula por não obterem os resultados esperados, e outros são, com
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frequência, cobrados diante de um índice de alfabetização insatisfatório. insatisfatório. A alfabetização sempre se mostrou como um problema gerador de conflitos de opiniões entre os inovadores e os tradicionais, entre o velho e o novo. Existem aqueles que defendem uma novidade, mas muitas vezes não sa bem onde ela está sendo fundamenta fundamentada. da. Na verdade, em meio às tentativas, ensaios e erros, não conseguimos alcançar verdadeiramente os objetivos, e assim o problema se repete. No fim do séc século ulo XIX, ler e escrever estava atrelaque sado ao reconhecimento das corretame letras, e de letras, ber sole so letrá trá-l -las as e grafá-las corretamente nte modo era suficiente para que a criança pudesse aprender a ler e escrever, ou seja, tudo estava pautado na nomeação, identificação de letras e grafia. Isto é uma preocupação, visto que, mesmo no século XXI, ainda temos escolas e professores seguindo um padrão que acredita na alfabetização decorrente da soletração e, mesmo tendo insucessos, persistem. pergunto:: quantas crianças sabem idenDiante disso, disso, pergunto tificar letras, mas não leem e não escrevem? É preciso entender que essa identificação não é um preditivo para a aquisição da leitura e da escrita. É parte do processo, mas sem compreender o que está além do nome da letra, a criança não será alfabetizada.
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―Como a arte da leitura é a análise da fala, levemos ―Como a desde logo o aluno a conhecer os valores fônicos das letras, porque é com o valor que há de ler e não com o nome delas.‖ delas.‖ (RIBEIRO, 1936, apud MORTATTI, 2000, p. 54)
É preciso entender que B e A são letras. Juntas, não formam o som /BA/, ou seja, B com A não faz /BA/ e, sim, ―BÊA‖. Muitas pessoas que trabalham pautadas no no nome das letras esbarram com essa dificuldade no processo de aquisição, e inúmeros profissionais ainda insistem em estimular as crianças até com musiquinhas para que memorizem memorizem.. Eu aprendi assim, cantava as músicas das famílias silábicas que o professor ensinava, e, juntando os nomes das letras letras,, roboticamente unia síla bas e formava palavras, mas eu não sabia refletir sobre a palavra e sua estrutura. Logo, juntar nomes de letras não forma os sons de uma sílaba. Quando uma criança faz isso, ela está reproduzindo uma memorização e não acessa a consciência desejada (e necessária) para esse desenvolvimento. Se juntarmos o nome de uma letra com o de outra leexatamente o nome dessas letras. Então, sotra,, teremos exatamente tra letrá-las e saber nomeá-las não é um passo fundamental para se alfabe alfabetizar. tizar. Identificar as letras pelo nome é muito importante dentro desse processo, mas a criança não será
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alfabetizada se não for capaz de associar o som de cada uma delas. Desde muito cedo, vejo crianças na educação infantil que são insistentemente cobradas para decorar e reconhecer nomes de letras, mas, quando chegam à alfa betização,, ainda se apresentam no nível pré-silábico de betização escrita, ou seja, em sua representação da escrita, fazem uso de símbolos aleatórios que não possuem relação com a pauta sonora da fala.
No século XX , o pensamento pensamento sobre sobre alfabetiz alfabetização ação começou a mudar, e houve o entendimento de que não é pelo nome da letra que se chega à leitura, e sim pelo seu valor sosonoro. Logo, a soletração passa a dar lugar ao método fônico.
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O método fônico integra o conjunto dos métodos sintéticos que privilegiam as correspondências grafofônicas. Seu princípio organizativo é a ênfase na relação direta entre fonema e grafema, ou seja, entre o som da fala e a escrita. Seu uso é mencionado na França por Vallange, em 1719; na Alemanha, por Enrique Stenani, em 1803; e é trabalhado por Montessori, na Itália, em 1907. No Brasil, as ideias relativas ao método fônico se iniciam em 1980. Percebe-se, então, que as diferentes metodologias sofreram variadas modificações ao longo do tempo até chegarmos ao que temos hoje: os métodos de alfabetização. Estes são divididos divididos em dois grandes grupos: Sintéticos e Analíticos. No método sintético, o objetivo é que as percepçõ percepções es oral e escrita sejam pautadas na nomeação de letras, sílabas, famílias silábicas e nos sons das letras. O método sintético parte da menor unidade para a maior. Partindo do nome das letras, por exemplo, a criança é conduzida a construir as sílabas e as palavras. Há também aquel aqueles es que entendem a menor unidade como sendo a sílaba, e trabalham a partir das famílias silábicas para formar palavras e frases. Outros compreendem que devem partir do som da letra para alcançar a leitura e escrita, o que configura o método fônico. O método analítico entende que a alfabetização ocorre da maior unidade, que é a palavra, palavra , ou até mesmo de frases 30 30
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ou textos, para a menor unidade, partindo do macro para o micro. Em 1980, com a chegada do construtivismo, conforme tratou Magda Soares em seu livro ―Alfabetização, a a questão dos Métodos‖, houve uma tentativa de de acabar com a figura de método de alfabetização. Em algumas escolas em que trabalhei, o ―método‖ era um vilão que que sequer podia ser mencionado, pois defendiam uma linha teórica construtiv construtivista. ista. É necessário destacar que o construtivismo realmente não é um método, e sim uma teoria de ensino que veio para quebrar paradigma s, damentação para ―desmetodizar‖ esse esse processo e trazer traparadigmas, zer uma fun fundamentaçã o teórica e todo conceitual para a consolidação do fazer pedagógico. O construtivismo trabalha dentro do que é conceitual e teórico. Isto é o que falta no meio educacional, pois é frequente que professores professores e escolas não saibam dizer em qual teoria estão estão embasados e muito menos em qual método está fundamentada a alfabetização. Hoje, o professor não sabe para onde vai, não tem ferramentas, não tem quem o direcione no processo, e a escola ainda se encontra perdida, perdida, parecendo um barco à deriva. Com isso, os resultados deixam de ser alcançados. A educação não se faz com intuição. O ―achismo‖ ―achismo‖ tem tem levado nossa educação de mal a pior, e, mesmo diante de uma oferta de pesquisas e estudos, a ignorância ainda é o principal mal. 31 31
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Depoimento Lâmpada para os meus pés é tua palavra, e luz para o meu caminho.
119:105 Salmos 119:105 Quando recebi o diagnóstico de Autismo do meu filho Eduardo, após conter o choro, respirei fundo e fui orar. Fiz a seguinte oração: “Pai, o Senhor conhece melhor do que ninguém o cérebro do meu fi lho, lho, o Senhor tem a chave que abre todas as portas das conexões cerebrais do Eduardo. Eu só te peço, que me dê sabedoria para identifi car car e usar de maneira assertiva cada chave que o Senhor colocar diante de mim. Amém.”
Era uma quarta-feira, havia entrada na aula on line pela manhã e naquele dia percebi o quanto meu filho estava desconectado do aprendizado das demais crianças. Saí da aula chorando, mas decidida a fazer algo. Peguei vários materiais ―adaptados‖ para ―adaptados‖ para estudar com o meu filho. As figuras / palavras eram: cavalo, camisa, boneca. E estavam separadas silabicamente. Eu mostrava o CA de cavalo para o Eduardo, e ele repetia CA. Pegava o CA de camisa e aquilo não fazia sentido para ele e nem para mim. Estava usando a ―chave‖ ―chave‖ errada – errada – daquela daquela maneira ele não entendia e eu, sofria. Chorei a noite toda e entrei a madrugada chorando, falando falando com o Senhor que não estava funcionando funcionando do jeito que estávamos fazendo. Eduardo sabia BA, BE, BI, BO, BU e ponto final. Fora dessa citação, esse esquema não fazia o menor sentido sentido 32 32
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para ele. E foi nessa madrugada que encontrei a Carla Silva. Comprei os cursos Neurociência e Alfabetização e Como a criança aprende. Devorei o conteúdo e a frase ―O ―O ser ser humano é modificável‖ foi uma flecha certeira em meu peito - senti meu coração vel‖ foi aquecido com a certeza que o Senhor havia colocado diante de mim, a chave correta para alcançar o Eduardo em seu proces pro cesso so de alf alfabe abetiz tizaçã ação. o. Uma sem semana ana apó apóss ter ter com compra prado do os dois cursos citados, comprei o curso Consciência Fonológica na Prática. A chave não estava mais apenas diante de mim, ela estava em mãos. E não havia mais escuridão – escuridão – ha havia luz no meu caminho para que meus pés não fossem mais por camin caminhos hos erran errantes. tes. Eu pedi a chav chavee e ganh ganhei ei ―lâmpada ―lâmpada para os meus meus pés‖. pés‖. Esse Esse é o significado dos cursos da Carla para mim. Segui cada etapa cabalmente. Cada instrução. Toda orientação foi e ainda é posta em prática. prática. O resultado que obtive foi além da alfabetização. Res- Res- gatei a autoestima do meu filho. A criança de sete anos que outrora se chamava de ―burro, ―burro, perdedor perdedor e derrotado‖, derrotado‖, hoje, me olha cheio de esperança em seus olhos e sorrindo me diz: ―eu ―eu sou sou muito esperto né mamãe?‖ mamãe?‖ Respondo Respondo sempre emocionada: ―sim ―sim meu meu amor, muito esperto.‖ esperto.‖ Obrigada Carla por ser através das mãos do Senhor, a lâmpada para os meus pés e luz para o meu caminho. Fraternalmente, Fraternalmente, Raquel Sampaio.
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CAPÍTULO 2
OS COMPONENTES DA ALFABETIZAÇÃO
“CADA UM LÊ COM OS OLHOS QUE
TEM.OSE INTERPRETA A PARTIR ONDE PÉS PISAM. TODO PONTODEDE VISTA É A VISTA DE UM PONTO.” LEONARDO BOFF
M
agda Soares traz a visão da alfabetização dentro de três perspectivas, as quais chama de facetas, ou seja, deve-se observar o método sobre três princi pais vertentes: linguística, linguística, interativa e sociocultural. sociocultural. No componen componente te linguístico, linguístico, está toda a estrutura de um sistema de representação visual da cadeia sonora da fala. Ele está relacionado com a codificação e decodificação e no modo como a criança se apropria leituraà e da escrita. O componente linguístico é o que adalevará compreensão das menores unidades de uma palavra até a sua formação, ou da palavra até suas menores unidades. Os componentes interativo e sociocultural estão ligados às práticas sociais e ao uso, os quais Soares considera como o letramen letramento. to.
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NEUROCIÊNCIA PARA ALFABETIZAÇÃO
A alfabetização é composta de processos, e cada um deles exige o desenvolvimento de diferentes habilidades e competências específicas que, apesar de serem vistas se paradamente, paradame nte, nec necessitam essitam de integração integração simultânea. simultânea. Quando se tratauma de ideia alfabetização, alfabetização estudioso ou profissional defende dentro de, cada um todo fragmentado, o que nos impede de alcançar o sucesso desejado e esperado. Muitos profissionais alfabetizam apenas letrando e se esquecem da faceta linguística. Existem aqueles que só consideram a interação, acreditando que a alfabetização se dá de modo natural e que não há necessidade de uma estimulação linguística. Há Há ainda outros outros que só pensam no componente linguístico e negligenciam o letramento. Enquanto os profissionais de educação, sobretudo os de alfabetização, não se conscientizarem da importância dessa tríade, conhecerem e agirem sobre ela, o cenário cenário da alfabetização de nosso país não mudará. Acredito muito na educação como uma totalidade, segundo Soares (2017, p. 33): 33): ―Como qualquer tema multifacetado, também na na aprendizagem inicial inicial da língua escrita o todo só pode ser compreendido se cada uma de suas partes partes é com pree pr eend ndid ida; a; po porr isso, isso, para para a ci ciên ênci cia, a, par paraa as pe pesq squis uisas, as, é necessário fragmentar essa aprendizagem, tomar cada uma de suas facetas separadamente, a fim de aprender as características específicas a cada uma, construir prin pr incí cípi pios os e teor teoria iass qu quee eluc elucid idem em ca cada da uma.‖ uma.‖ Na pr prát átic icaa ps psic icop oped edag agóg ógic ica, a, é muito muito comu comum m visit visitar ar as esescolas das crianças em acompanhamento. Percebi que vários 38 38
SILVA CARLA SILVA
dos alunos que apresentavam dificuldades na compreensão da leitura e da escrita vieram de um contexto escolar em que não havia estimulação integrada. Na maioria das instituições em que identifiquei essa problemática, as crianças eram estimuladas considerando apenas o componente sociocultural. Elas tinham contato com diferentes tipos de textos, mas eram ausentes da base linguística, o que as impedia de avançar nas habilidades propostas. Nas visitas visitas que fiz a variados ambientes escolares, pude expor a situação para esclarecer que havia a falta falta de um com ponente pone nte essenci essencial al que, nnaque aquele le cont contexto, exto, resolveria resolveria to todos dos os problemas, mas a maioria das escolas não recebia muito bem minha exposição e disponibilidade para contribuir com seu crescimento. Para muitas, ofereci palestras gratuitas gratuitas e lamentei por rejeitarem o cuidado que tive. O problema ainda persiste, e sigo solucionando entraves que as escolas produzem. Então, já sabemos que estes três componentes — componentes — lin linguístico, interativo e sociocultural — sociocultural — fazem fazem parte do mesmo todo chamado alfabetização, eles estão presentes em todo o processo, integrando-o e interagindo entre si. É preciso compreender o que verdadeiramente interessa para que nossas crianças deixem a condição em que se encontram e para que o professor se veja como vencedor nesse processo. É comum receber professores chorando, se lamentando e até mesmo doentes emocionalmente, dizendo que não estão conseguindo alcançar seus objetivos; eles se sentem fraestão prest prestes es a desistir . Tudo o que mais cassados e alguns estão desejo é ver o professor dominando o processo, cons consciente ciente 39 39
NEUROCIÊNCIA PARA ALFABETIZAÇÃO
do que faz. Chega de trabalhar de qualquer jeito! A alfabetização precisa da seriedade que merece, e você, que está na condição de especialista, precisa entender sobre isso. Magda Soares diz que o método de alfabetização alfabetiz ação é um conjunto de procedimentos que precisam estar estar fundamentados em teorias e princípios linguísticos, epistemológicos e suficientemente flexíveis para que toda a prática pedagógica possa superar as dificuldades que são perce bidas externamen externamente. te. Nós, professores, professores, enfrentamos enfrentamos muitos muitos fa fatores tores externos que nos impossibilitam de alcançar bons resultados no processo de alfabetiza alfabetização, ção, mas precisamos precisamos adequar adequar o qque ue há de melhor e que esteja fundamentado, principalmente linguística, psicológica e cientificamente, para que possamos alcançar os melhores resultados. É preciso conhecer sobre alfabetização, utilizar técnicas e métodos que possam reunir todas essas facetas e se apropriar desse conceito para trazer uma prática de resultados fundamentados. O terceiro fator de risco que impede o professor professor de alfabetizar é a falta de conhecimento básico sobre como o cérebro cérebro aprende (veremos isso no próximo capítulo). Se você não está alcançando o sucesso na aprendizagem de seu aluno, arrisco dizer que você ainda não conhece o funcionamento do cérebro, e a sua atuação pode não estar estar sendo efetiva por algum dos entraves tratados anteriorment anteriormente. e.
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Depoimento José Luiz Quimente Oliveira Junior Psicopedagogo Professor alfabetizador Psicopedagogo
Comecei a alfabetizar no ano de 2016 e me deparei com algumas situações e questionamentos em relação a qual seria a melhor forma de alfabetizar e quais seriam as melhores atividades. Essas inquietações me fizeram realizar pesquisas sobre o assunto e encontrei um curso com a Carla Silva sobre Consciência Fonológica. Fonológica. começou.. Foi onde tudo começou.. Encontrei algumas respostas aos meus questionamentos, ao perceber que tinham muitas habilidades importantes que deveriam ser desenvolvidas nos alunos, antes de pensar em alfabetizar. alfabetizar. Utilizei muito o desenvolvimento da Consciência Fonológica, mas a busca e a vontade de saber mais faziam parte da da minha rotina diária. diária. E, assim eu conheci a Neurociência e o que esta ciência poderia ajudar na Educação, entrei em um mundo mágico e cheio de respostas para as minhas perguntas. perguntas. Com a Neurociência entendi como o cérebro funciona, ou seja, como as crianças aprendem e quais são os estímulos necessários para ativar áreas importantes do cérebro para que o aprendizado aconteça. aconteça. 41 41
NEUROCIÊNCIA PARA ALFABETIZAÇÃO
Precisamos observar e ativar áreas do cérebro que são essenciais para uma alfabetização eficaz, como o processamento auditivo, estímulos em relação à atenção e memória, movimentos, desenvolvimento da fala, as emoções, sensibilidade, interpretação, audição, visão. visão. Consegui compreender que, antes de falarmos ou pensarmos em um método, existe muito a se fazer em relação aos estímulos e habilidades importantes para o desenvolvimento das crianças. crianças.
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CAPÍTULO 3
NEUROCIÊNCIA E APRENDIZAGEM
No SécULo XX XXII PoDE-SE AcEITAR Q UE
“
,
UMA PESSoA cULTA coNhEçA MELhoR SobRE o fUNcIoNAMENTo DE SEU cARRo oU DE SEU coMPUTADoR Do QUE DE SEU PRÓPRIo céREbRo?” STANISLAS DEHAENE
neurociência nos traz algumas respostas acerca neurociência da alfabetização, mas, antes, quero questioná-lo sobre algo que pode ser um tanto desconfortável. Estendo a você o questionamento de Dehaene, você acha que, no século XXI, podemos aceitar que entendamos mais do funcionamento de nosso smartphone do que do nosso próprio cérebro e de como o cérebro infantil aprende? aprende? É inadmissível inadmissível que nós, professores es pecialistas, pecialista s, não entendamos entendamos o mínimo que seja sobre o
A
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NEUROCIÊNCIA PARA ALFABETIZAÇÃO
funcionamento cerebral das crianças pelas pelas quais somos responsáveis. O professor precisa se ver como especialista em desenvolvimento humano. Os estudos da neurociência sobre o desenvolvimento humano se iniciaram na primeira metade do século XXI. Antes disso, até o fim do século XX, todo o conhecimento estava pautado no foco central da biologia, gene. Foi a partir desse período que os os estudos começaram a ev evoluir oluir e o foco foi mudando para o funcionamento do cérebro, a biologia da mente. É evidente que os fatores genéticos não foram anulados como agentes de respostas a respeito do desenvolvimento humano, e ressalto que a análise do ser humano não necessariamente precisa precisa estar focada em um único ponto, como ocorria até o século XX. A neurociência veio buscar respostas e ainda está em descobertas, descoberta s, pois tudo que já foi revelado sobre o funcionamento do cérebro humano ainda é muito pouco diante de sua magnitude. O objetivo principal da neurociência é entender os processos pelos quais os seres seres humanos percebem percebem,, agem, agem, aprendem e lembram. Quando se fala em neurociência, o foco não está apenas relacionado à aprendizagem, mas sim ao cérebro como um todo, todo, para que seja possível com preender o comportamento comportamento humano em diferentes áreas. Para exemplificar, você já percebeu que, em uma praça uma praça de alimentação, as cores predominantes nos letreiros de restaurantes e lanchonetes são azul, vermelho e amarelo? O que levou os responsáveis a escolhê-la escolhê-lass não foi o senso 46 46
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comum, mas sim os estudos que mostram que estas cocomum, res ativam uma área cerebral relacionada ao sistema de recompensas. Quando nos deparamos com uma propaganda e nos sentimos atraídos por ela, tudo foi pensado pensa do para captar nosso cérebro e nos conduzir ao alcance de um objetivo proposto. Nada é por acaso. A neurociência vai vai dizer, também, que nos desenvolvemos o tempo todo, para a vida toda; quanto mais ativamos as conexões dos nossos neurônios, mais nos desenvolvemos em nossas capacidades. Você pode não ter a habilidade de fazer a leitura de um livro completo em pouco tempo, porém, com treino, você pode desenvolver as habilidade habilidadess necessárias para, em breve, estar lendo dois, três, quatro, até que se torne um leitor fluente. Quanto mais treinamos para o alcance de um objetivo, melhor ficamos, ou seja, novas conexões neurais são formadas e fortalecidas, e isso iss o acontece em qualquer área de nossa vida. Quanto mais nos desenvolvem desenvolvemos, os, mais com binações sinápticas são realizadas, o que nos capaci capacita ta a fazer inúmeras tarefas. A neurociência afirma que nos desenvolvemos nas relações afetivas não só cognitivamente, ou seja, podemos aprender a nos relacionar. Isso mostra que nós não nascemos prontos e que seguiremos a nossa vida sempre da mesma maneira? maneira? Não. Podemos ser melhores a cada dia diante de qualquer aprendizagem. Eu tenho muito interesse em desenvolver pessoas. Amo ver o quanto uma criança ou um adulto podem 47 47
NEUROCIÊNCIA PARA ALFABETIZAÇÃO
crescer cognitivamente, emocionalmente, socialmente etc. Somos seres em construção contínua. Muitos professores buscam entender, por exemplo, se uma criança com necessidades especiais pode ser alfabetizada. Não vejo limite para isso. Um diagnóstico não é uma sentença, já que podemos estimular o cérebro para que ele se transforme. Não vamos eliminar as necessidades diagnosticadas com a estimulação, mas podemos melhorar as condições desse cérebro para que ele possa aprender, por isso existe a neuroplasticidade1. Uma criança que apresenta algum tipo de di ficuldade ou transtorno de aprendizagem hoje não terá, necessariamente, a mesma adversidade durante a vida toda, pois pode melhorar suas condições à medida que lhe oferecermos a estimulação necessária para essa transformação.
Aprender é o mesmo que mudar! A neurociência da aprendizagem visa a compreender como os indivíduos memorizam, consolidam essas memórias e acessam as informaçõe informações. s. Quando falamos em educação e aprendizagem, nos referimos a todas as conexões sinápticas que são realizadas por meio de uma estimulação de qualidade, qualidade, e isso acontece a todo momento. Ao estimular a criança, ela se desenvolve, aprende e é potencializada em suas habilida1 Neuroplasticidade, também conhecida como plasticidade neuronal, é a capacidade
de o cérebro se adaptar a mudanças por meio do sistema nervoso. Trata-se da habilidade do cérebro reorganizar os neurônios e os circuitos estruturais porde meio de aprendizagem e vivências.
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neurais, moldando-se a níveis
CARLA SILVA SILVA
des, de modo que, a cada dia que passa, seu potencial vai se manifestando. Um professor especialista sabe que, ao oferecer a estimulação certa, contribui para que a estrutura cerebral da criança seja transformada transfo rmada com o aumento de conexões sinápticas e com o fortalecimento delas, o que permite que novas aprendizagens contribuam para que essa criança se modifique. O aprendizado precisa produzir mudança! Quando um cérebro se amplia, ele não volta ao seu tamanho original, como disse Albert Einstein. Ao fim do ano letivo, seu aluno terminou da mesma forma como iniciou? A resposta a essa pergunta vai de pender da qualidade do estímul estímuloo que lhe foi oferec oferecido ido ao longo dos dias em que você, professor, esteve com ele e do papel que que desempenhou desempenhou no decorrer decorrer do ano.
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Depoimento Vanderlei Roberto Gabricio Coordenador pedagógico pedagógico
Meu nome é Vanderlei Roberto Gabricio, sou coordenador pedagógico na rede municipal de ensino de Mogi Guaçu – Guaçu – SP SP e amo estudar, não tendo desenvolvido essa paixão por conta da profissão, mas sempre o fiz, desde muito novo, na verdade desde que fui matriculado no 1º ano (apesar de dar um pouco de trabalho nos primeiros dias por não querer ficar na escola… o que ocorreu por conta da minha timidez, desde criança, e que mais tarde, com muito esforço eu venci, sendo esse, inclusive tema de um e-book de minha autoria que vem fazendo muito sucesso na Internet!). Internet!). E essa minha paixão, como eu disse, de desde sde muito cedo, até hoje, me levou a fazer investimentos em cursos não somente de diversos temas, mas também das mais diversas áreas, alguns dos quais me deram oportunidade de, inclusive, exercer como profissão, até que vim e me dedico atualmente exclusivamente à Educação. Educação. Interessante notar, porém, que na maioria dos cursos que concluí e me certifiquei, minha procura sempre foi por ―apostilas‖, uma vez que aliado à paixão de estudar está a de ler (e escrever), sendo assim, vídeos em cursos sempre foi e é algo que eu, se não podia ou posso evitar, eu uso somente como segundo plano, como apoio. apoio.
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Ao me matricular nos Cursos da Carla Silva (―Neurociência (―Neurociência e Alfabetização‖ e posteriormente ―Consciência Fonológica‖) Fonológica‖) eu fui direto ver quantas apostilas eu encontraria e percebi que o foco do curso eram vídeos; eu e u fiquei apreensivo… apreensivo… Quando comecei assistir a primeira aula, no entanto, eu não só fui até o final como fui pra segunda, e pra terceira, e pra quarta… e por fim tive que programar um tempo de estudo porque eu não conseguiria perder uma aula sequer…e sequer…e tudo tudo isso porque ―simplesmente‖ ―simplesmente‖ ela ela parece estar do nosso lado, ou na nossa frente, como preferir, ministrando a aula exclusivamente pra você, ou você se sente parte de um grupo e ela ali, presente, coordenando a interação do processo de aprendizagem… aprendizagem… Claro que eu poderia ainda falar muito mais, por exem plo, da quali qualidade dade dos cont conteúdos eúdos,, da form formaa com que ela faz com que assuntos normalmente tão complexos se tornem tão simples de se compreender, enfim diversos outros fatores que me levam a continuar acompanhando de perto seu trabalho que, como ela própria diz, é sua Missão…mas Missão…mas vou vou pararr por aqui para aqui,, confidencian denciando do antes que esse meu contato com ela ainda acabou por me inspirar me matricular, matricular , e estou cursando, mais uma especialização: agora em Neuropsicopedagogia. Enfim, o contato com as formações de Carla Silva me impactaram muito, muito mesmo, mesmo, de forma tão positiva que eu poderia escrever diversas outras páginas aqui sobre isso; mas vou ficar por aqui. aqui.
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CAPÍTULO 4
NEUROCIÊNCIA E ALFABETIZAÇÃO
A ESPERANçA: VER A NEURocIêNcIA EMERgIR NoS DAR A VERDADEIRAo EDUcAçÃoPARA E ASSIM ALcANçARMoS ÓTIMO NAS ESTRATégIAS DE ENSINo E ADAPTÁ-LAS A cADA céREbRo A cADA REALIDADE . “
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”
DEHAENE
uanto tempo nossas crianças estão perdendo para se transformar? Quantos chegam à adolescência e até mesmo à idade adulta sem terem sido transformados por meio de uma alfabetização de qualidade? A neurociência da alfabetização não se faz pela intuição, tudo que se faz em sala de aula não pode ser feito fundamentado no ―achismo‖, ―achismo‖, ou ou no sens sensoo comum comum.. É preciso entender como tudo se processa, como o cérebro da criança aprende de forma efetiva a ler e a escrever, que são habilidades nada naturais, como já sabemos. 55 55
NEUROCIÊNCIA PARA ALFABETIZAÇÃO
A maior esperança dita até pelos neurocientistas é ver a neurociência emergir para nos dar a verdadeira educação e, assim, alcançarmos alcançarmos o ótimo nas estratégias de ensino, adaptando-as a cada cérebro, a cada realidade. leiturada e acriança escrita aprende dependeeda de Ensinar como o acérebro decompreensão qual é a melhor maneira de veicular essa aprendizagem. Somos profissionais de desenvolvimento, então precisamos entender sobre isso. Ser professor é muito mais que ensinar o conteúdo prop rogramático. O nosso papel é veicular uma aprendizagem que verdadeiramentee possa transformar, permitindo que o céreverdadeirament broo da crian br criança ça est esteja eja pront prontoo para para ser pote potenci nciali aliza zado do,, ao invés invés de limitá-lo com estímulos pobres e sem sentido. A nossa esperança é que o professor deixe de fazer sua prática por intuição, intuição, para fazê-la com fund fundamentaçã amentaçãoo teórica e científica.
Como o cérebro pode ser alfabetizado? A neurociência e a alfabetização nos ensinam que nada na nossa evolução nos preparou para recebermos informações linguísticas pela via do olhar, ou seja, foi comprovado cientificamente que nosso cérebro não foi estruturado para aprender tais informações apenas pela observação visual. Quando o olho focaliza uma palavra, não significa que a pessoa a compreenderá naturalmente. Ler e escrever não é próprio do ser humano, não é inato, não nascemos com essa capacidade. Nosso cérebro ainda está se transformando para entender esse processo, estamos engatinhando nessa tentativa de evolução cerebral. 56 56
CARLA SILVA SILVA
É engano pensar que uma criança alcançará a alfabetização por um ―clique‖. Muitos acreditam nisso, nisso, mas é importante ressaltar que ler e escrever não é uma condição natural, a verdade é que o aluno será alfa betizado por consequência consequência de uma série de estímulos conscientes e de qualidade. Olhar a alfabetização apenas pelo viés sociocultural e trabalhar em sala de aula achando que ela ocorrerá naturalmente é um engano. O professor precisa se apropriar das técnicas, dos recursos e dos métodos corretos para veicular uma alfabetização que seja significativa, multislúdica. a. É preciso reuni reunirr todas as competências competências sensorial e lúdic para que a cri criança ança possa se desenvolver desenvolver e aprender. aprender. A leitura e a escrita são uma invenção histórica que transforma radicalmente o cérebro humano. É preciso entender como se dará a conversão grafema/fonema grafema/fonema para que o sujeito se aproprie desse sistema de escrita.
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NEUROCIÊNCIA PARA ALFABETIZAÇÃO
Depoimento Fabiana da Penha Souza Reis Professora Professora
Como professora alfabetizadora, gostaria de enfatizar que o curso de Neurociência e Alfabetização foi extremamente produtivo e dinâmico, conteúdo muito interessante e excelente conhecimento da especialista Carla. Foi de extrema importância para a ampliação de conhecimentos, concon ceitos e oportunidades de aplicação na prática prática na escola. escola. Durante o curso, vale ressaltar que os módulos foram relevantes e significativos, pois além de proporcionar aprendizagem, foi possível também fazer uma reflexão sobre a minha prática, ou seja, pensar e repensar as minhas ações do cotidiano escolar. Esse conjunto de aprendizado e reflexão, foi um estímulo para que eu melhore cada vez mais o meu trabalho com os alunos. alunos. Desta forma, o curso e a professora Carla sempre desafiaram nossas ações, e é isto que nós devemos receber: apoio, incentivo para nossas aulas. aulas. Em resumo, agradeço a atenção de toda a equipe. Considero que o curso não acabou, apenas começou um novo grande desafio, que despertou em mim o desejo de buscar mais conhecimentos com objetivo de aprimorar a minha prática e fazer fazer a diferença na vida vida dos alunos. alunos.
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CAPÍTULO 5
A LEITURA
“QUEM MAL Lê, MAL oUVE, MAL fALA, MAL Vê.” MONTEIRO LOBATO
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tanislas Dehaene, neurocientista francês, fala que atrás de cada leitor se esconde uma mecânica neuronal admirável de precisão e eficácia, a partir da qual começamos a compreender a organização da leitura. Nesse momento, você está parado olhando para essa folha de papel, seus olhos estão se movimentando em cada letra, que é captada pela vias visuais e percorre em milésimos de segundos várias áreas cerebrais cereb rais que o capacitam a compreender o que leu. Ler é simples? Não, não é. Se fosse, a leitura não seria o grande entrave na educação do do nosso país.
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Toda pessoa, independentemente de qual seja seu idioma nativo, encontram dificuldades no momento da aprendizagem da leitura. O artigo de Maria do Rosário Mortatti, ―Órfãos do Construtivismo‖, retrata que muimuitas pessoas chegam a algum estágio de alfabetização, o que não quer dizer que foram alfabetizadas, pois inúmeras delas não conseguem ler, interpretar e escrever textos satisfatoriamente. satisfatoriamente. Não se forma um bom leitor de um dia para o outro, é necessário um caminho a ser percorrido. Durante essa jornada, percebemos que, muito mais do que ler, é preciso entender como esse processo se efetiva e como é construído. Tornar-se um bom leitor não é fácil e rápido, e muitas vezes é exigido de algumas crianças um nível de leitura fluente quando acabam de sair do primeiro ou segundo ano do ensino fundamental. Hoje, podemos observar que existem pessoas que não leem, não sabem interpretar e não entendem nem mesmo um recadinho. Durante a nossa evolução, não fomos preparados para receber as informaçõe informaçõess linguísticas pela via do olhar, mas principalmente principalmente pelas vias auditivas, visto que escutamos, interagimos e, pelas vias orais, falamos. Agora, para lermos o código escrito, nós não fomos treinados. Ler Ler e escrever escrever não são atividades atividades simples nem naturais, pois são invenções culturais. O nosso cérebro não teve tempo suficiente para se modificar de modo que pudesse aprender a ler de forma rápi-
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da. Assim, precisamos ter um olhar atencioso para nossos alunos e filhos quando eles não compreendem a leitura, pois essa essa habilidade habilidade pre precisa cisa se serr veicula veiculada da de forma que o cérebro possa aprender melhor. Os estudos da neurociência já constataram por diversos canais de neuroimagem e vários tipos de análise do cérebro em funcionamento na hora da leitura; que ler não é um processo global, ou seja, não adianta iniciar inicia r o ensino da leitura e da escrita pela maior parte. Uma criança não entenderá a leitura a partir da visualização de uma palavra, porque não é assim que o cérebro humano compreende; ele reconhece a palavra a partir da análise da cadeia de letras, unindo o sistema visual ao fonológico. Existe uma parte da nossa via visual muito minúscula, milimétrica, milimét rica, que enxerga uma porção da palavra por vez, e o olho a percorre em movimentos retangulares, também chamados de movimentos sacádicos. Quando lemos um texto, o olho percorre palavra por palavra até o fim, analisando apenass as cadeias de letras, porque a entrada de informação apena feita pela retina é minúscula, o que obriga o olho a focalizar a palavra partindo das menores unidades, ou seja, da cadeia de letras. À medida que percorre a palavra, o indivíduo vai compreendendo as combinações das letras, e, ao mesmo tempo, o cérebro começa a ser ativado em diferentes áreas, fazendo a associação das letras com os sons sons que representam até que finalize a compreensão do sentido. Cada etapa desse processo ativa uma área cerebral es pecífica, primeiramente, pelo reconhecimento visual, em
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NEUROCIÊNCIA PARA ALFABETIZAÇÃO
seguida, pelo reconhecimento sonoro, e, depois, pela área responsável pelo sentido da leitura. Na maioria das vezes, ficamos ansiosos quando a criança bate o olho na palavra e não a compreende, pois não sabe fazer as relações devidas. Isso acontece porque não foram foram oferecid oferecidas as a ela ferramentas suficientes para que pudesse olhar e reconhecer cada etapa das palavras. Mais uma vez, ler não é um processo global, não olhamos para uma palavra e a identificamos como um todo, uma memorização, pelo menos não é assim que se faz uma alfabetização consciente. Stanislas Deahene, através de seus estudos, comprova que o método global para o ensino da leitura e da escrita não é suficientemente eficaz. Para a aprendizagem da leitura, é importante considerar a menor unidade, porque, assim, o cérebro entende e consegue percorrer pelas vias treinadoo para isso. isso. do olhar, visto que não foi foi treinad ―Reconhecer uma uma palavra consiste, primeiramente, em analisar essa cadeia das letras e aí descobrir as combinações das letras (sílabas, prefixos, sufixos, radicais das palavras), para enfim associá-las aos sons e aos sentidos. É somente porque as operações foram automatizadas em anos de aprendizagem e porque se desenvolv desenvolveu eu em paralelo, fora de nossa consciência,, que pôde persistir durante tantos anos consciência a hipótese naíve de uma leitura imediata e global.‖ global.‖ (DEHAENE, 2012, p.21)
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Depoimento Giovana Graziela Murata Professora de arte arte
Sou professora de arte, vejo a satisfação em que um arte educador precisa ter novos conhecimentos para sua capacitação profissional. Como arte educadora, vi a importância de crescer em aprendizado, seu curso em Neurociência e alfabetização me fez enxergar, além para uma nova etapa, novos conhecim conhecimentos entos dentro da psicopedagogia. psicopedago gia. Sou muito grata a Deus e a você pela oportunidade, em continuar na educação para poder ajudar outras crianças. crianças. Gratidão e continue levar seu conhecimento para muitos. Deus te abençoe! abençoe!
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CAPÍTULO 6
APRENDER A LER
“ENSINE ÀS cRIANçAS QUE SUAS ÚNIcASIMPoSTAS LIMITAçõESPoRREAIS SÃo AQUELAS SI MESMAS oU QUE PERMITEM QUE oUTRoS ESTAbELEçAM EM SUAS MENTES.” NAPOLEON HILL
nosso cérebro não foi projetado para ler; segundo
O
Dehaene, ele se reconverteu de alguma maneira. Já foi comprovado comprovado,, através de inúmeras pesquisas em Neurociência Neurociênc ia Cognitiva, Cognitiva, que não existe uma dezena de maneiras de converter o cérebro em leitor experiente. Pode-se usar várias estratégias metodológicas para o ensino da leitura e da escrita, mas precisamos saber que, para aprender a ler, não existe mais mais de uma maneira. É necessário que entendamos de qual modo nosso cérebro entende melhor para que possamos potencializar essa habilidade. 69 69
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Como dito por Dehaene, e partilho da mesma visão, seria muito desejável que nossas escolas se inspirassem nessa única via para elevar o nível do ensino e reduzir os índices de fracasso escolar. Dehaene relata, também, que, enquanto a escola não se convencer de que existe apenas uma maneira de ter sucesso na aprendizagem e aceitar isso, a realidade que vivemos hoje não será mudada. O professor muitas vezes se sente desmotivado quando não alcança a todos na sala de aula. Digo isso porque, quando eu atuava na alfabetização, ficava muito frustrada quando não conseguia alcançar os objetivos propostos com todos os alunos. Talvez isso ocorresse pela inexperiência, mas existiam muitas outras questões que acabavam contribuindo para o fracasso. Quando comecei a ter sucesso na alfabetização, foi um momento muito bom, porque passei a entender essa fundamentação científica, unindo-a a uma prática mais consciente e com um olhar mais especializado. Toda a organização da aprendizagem da leitura se dá por meio do estímulo adequado adequado.. Como a nossa organização biológica não contribuiu para que pudéssemos aprender a ler naturalmente, é necessário compreender os processos cerebrais cerebrais envolvidos nessa aquisição. Nosso cérebro acessa duas principai principaiss vias no processo de leitura: a fonológica e a lexical. A primeira permite converter convert er a cadeia de letras em sons da língua (os fonemas). A segunda permite acessar um dicionário mental onde está armazenado o significado das palavras. Mais
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uma vez, podemos perceber que ler não depende de uma estratégia metodológica global. Na cultura cultura brasileira, lemos da esquerda para a ddireita; ireita; o olho percorre esse caminho e, quando chega ao final da linha, volta de maneira rápida para a próxima palavra, para, então, repetir todo esse movimento. O olho faz movimentos de escaneamento das letras, compreendendo o que elas significam por meio da via fonológica e perce bendo o sent sentido ido das palavras acessando a via via le lexical. xical. Em alguns países, esse movimento é feito da direita para a esquerda, então é possível perceber que cada sujeito precisa adaptar seu modo de ler de acordo com sua cultura. Diante de tudo isso, acabamos conectando dois sistemas cerebrais, o sistema visual e o sistema de linguagem.
Quando você capta informações pelas vias visuais, automaticamente tomatica mente elas são espalhadas para outras áreas res ponsáveis pela linguagem, compree compreensão nsão da letra e do que
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ela representa. Quando essas informações são espalhadas espalhadas para a área de linguagem (relacionadas (relacionadas à percepçã percepçãoo do som da palavra falada), elas vão convertendo o que o cérebro capta a fim de compreender o que as letras signifi possível apreender um sentido. cam. Assim, torna-se torna-se possível
Como o cérebro se organiza para a leitura? A audição e a visão são as faculdades essenciais para que o cérebro aprenda a ler, pois favorecem o processo de compreensão da leitura. O cérebro começa a se preparar para compreender a leitura desde quando a criança nasce até os cinco anos de idade. Aos três meses, existe uma área de linguagem que está sendo ativada na criança, que é a área de Broca, responsável pela pela percepção articulatória articulatóriados dos sons da fala. Nessa fase, a criança começa a observar os padrões articulatórios articulatórios da língua falada ao, por exemplo, observar seus pais articulando quando falam diretamente a ela. ela. Então, ela começa a imitá-los.
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A partir dos três meses de idade, a criança aprende os padrões fonéticos fonéticos da cult cultura ura em qu quee está inserida através das palavras ouvidas. Estamos nos referindo apenas à via auditiva no cérebro dessa criança, até que, que , depois ddisso, isso, ela começa a estruturar as frases da língua utilizada em seu contexto. Existe toda uma padronização fonética que a criança começa a estruturar desde muito novinha. Quando ela ingressa na escola e os professores e responsáveis não aproapr oveitam suas faculdades essenciais para que ela continue se desenvolvendo, ela acaba por experimentar uma cultura de aprendizagem pautada na repetição, na memorização de letras, sílabas e palavras. Esta cultura é totalmente diferente da que o cérebro já começou a estabelecer e não faz o menor sentido para a criança.
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Depoimento Joceli de Lima Professora Professora
Meu nome é Joceli de Lima, sou professora de ensino fundamental e educação infantil, pela prefeitura de Cam pinas SP. SP. Antes de mais nada gostaria de deixar aqui a minha admiraçãoo pelo seu trabalho, profissionalismo, pelo conadmiraçã teúdo de seus cursos, e pela maneira ímpar como transmite todo seu conhecimento. conhecimento. divisor O curso Neurociência e alfabetização, um diviso de águas na de minha vida profissional, e tambémfoipessoal. pessoal. r Pois não tem como você absorver tanto conhecimento e não ser transformada como pessoa. pessoa. A pandemia me fez ir atrás de alguns projetos meus que estavam parados pela falta de tempo, pois leciono em duas escolas, saio às 6h da manhã e volto às 19h. Então vi a oportunidade de me aperfeiçoar, mas não imaginava que iria ser tão perfeito do jeito que foi. foi. Sempre lecionei na Educação Infantil, mas há dois anos passei no concurso para ensino fundamental, e assumi uma sala de primeira série. série. Um desafio e tanto, e confesso que até me saí bem, pelo tanto de erro que cometi. cometi.
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Mas sempre que voltava pra casa, eu tinha uma inquietação em relação aos meus alunos com dificuldade de aprendizagem. aprendizagem. Eu me perguntava, como vou poder ajudar esse aluno a se desenvolver, a sair do estágio que se encontra? encontr a? E por mais que eu pensasse não conseguia resposta, pois não tinha o conhecim conhecimento ento de como se dá a aprendizagem pela perspectiva da neurociência. neurociência. Então, era muito frustrante, não conseguir fazê-los avançar. Bom, depois que comecei a fazer o curso, as escamas dos olhos foram caindo, e senti um profundo sentimento de culpa por não ter aprendido antes, pois assim poderia poderia ter ajudado meus alunos. alunos. Depois que aprendi sobre como aplicar os estímulos certos para cada fase da aprendizagem, a entender os pré requisitos necessários que cada aluno precisaria alcançar antes de evoluir em suas novas aprendizagens, tudo fez sentido. sentido. Sou grata à você pelo trabalho de resgatar tantos professores que como eu vivia numa constante angústia, e frustração, por não saber qual o caminho da verdadeira aprendizagem. aprendizagem. Muito obrigada!! obrigada!!
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CAPÍTULO 7
ETAPAS DA COMPREENSÃO DA
LEITURA
“À MEDIDA QUE Você MoDIfIcA SUA PERcEPçÃo, VocêPERcEPçÃo MoDIfIcA Aé REALIDADE. PoRQUE REALIDADE, TUDo o MAIS é ILUSÃo”. LAIR RIBEIRO
processo de aquisição aquisição da leitura se dá por etapas importantes. Estas precisam ser compreendidas, de modo que possamos verdadeiramente definir e considerar o que é a leitura em si. Os estudos de 1985, realizados pela Psicóloga Uta Frith, propuseram propuseram um modelo de três estágios da leitura. leitura. É importante dizer que esse modelo possui um marco para cada etapa, mas não podemos considerá-lo considerá-lo fixo, pois pode variar de um indivíduo para o outro, numa escala de meses ou anos.
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Primeira etapa - Fase pictórica A primeira etapa proposta proposta por Uta Frith surge dos 5 aos 6 anos de idade. É muito comum ver pais que celebram quando, por meio de um reconhecimento visual, a criança crian ça identifica uma determinada marca de restaurante, bebida, alimento etc. Por falta de compreensão das etapas da leitura, eles consideram que o(a) filho(a) produziu uma leitura consciente.. O fato de um infante reconhecer os diferente consciente diferentess tipos de marcas o coloca na primeira etapa deste processo, que é a fase de reconhecimento pictórico ou logográfico. co. Ao olhar logomarcas, rótulos de produtos, seu nome, o nome do amigo, a criança apenas identificou, pelas vias visuais, o que aquele símbolo significa por meio de uma memorização. Já foi percebido que, ao expor à criança um rótulo de uma vamos mos usar a Coca-Cola como exemplo), se marca familiar (va escrevermos outra palavra palavra com a mesma cor e fonte e pe pedir dir-mos para que ela leia o que está escrito, certamente ela―lerá‖ ela ―lerá‖ Coca-Cola. Isso nos mostra, mais uma vez, que essa criança não pro não produz duziu iu uma lei leitur turaa com a com compree preensão nsão lógica lógica da escrita, apenas identificou a palavra a partir de um desenho já familiar. Trata-se de uma leitura ―por adivinhação‖, adivinhação‖, que que a faz se enganar por uma semelhança visual das palavras.
Segunda etapa - Fase fonológica A segunda fase, que pode acontecer por volta dos 6 ou 7 anos de idade, é a fonológica. fonológica. Nessa, para que haja progresso na leitura, a criança precisa precisa ass associar ociar sistem sistematiati-
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camente as palavras, convertendo letras em sons, a fim de que finalmente apreenda o sentido da palavra lida. Nessa etapa, etapa, a criança criança já inicia o processo de compreensão da estrutura da palavra, percebendo seus constituintes quando adquire a correspondência letra/som. Então, independentemente da fonte em que está está escrit escritaa, ela olha a palavra e entende o que aquelas letras signi ficam. É importante ressaltar que não se trata de compreender apenas o nome das letras, aproveito e retomo o jargão: ―BÊ com A não faz BÁ‖. Na fase fonológica, a criança nenecessariamente precisa compreender a letra e seu real sentido além do nome que a identi fica. O som é o que vai fazer com que a criança decodifique: ela olha a letra, entende o som, o seu olho percorre e decifra as palavras, fazendo-a entender o que lê pelo som, não pelo nome. Uma criança que olha para as letras B, O, L, A só as está está identificando, ou seja, isso não significa que está lendo a palavra BOLA. Identificar as letras que formam uma palavra não a ajudam no processo de leitura. Muitos questionam o motivo pelo qual a criança reconhece as letras, mas não lê, eis a questão resolvida: o que reunimos na leitura não são nomes de letras, e sim os fonemas que estas representam. Vale ressaltar que a consciência dos fonemas e a relação com os grafemas depende de um ensino explícito, ou seja, não se apropria natura naturalmente. lmente. O processo de aquisição da leitura necessita desse ensino voltado para a evolução das competências competências metafonológicas, que consi consiste ste em 81 81
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desenvolver a capacidade da criança de refletir sobre os sons da fala. As competências metafonológicas precisam ser estimuladas desde a Educação Infantil. Institucionalmente, se faz necessário um currículo que possa atender as demandas fonológicas para que possamos preparar melhor os futuros leitores fluentes. ―Os dados não não faltam para mostrar que, quanto mais a criança está à vontade para manipular conscientemente o fonema, mais depressa ela aprende a ler‖. ler‖. (DEHAENE, 2012, p. 220)
É importante ressaltar que as habilidades de consciência fonológica são preditivas de um sucesso neste processo de aquisição, e é o que realment realmentee importa que seja realizado. realizado. Os exercícios de Consciência Fonêmica melhoram escores de leitura, por isso não podem ser negligenciados fl
no processo. e re etir osobre os das componentes sonoros da fala Pensar devem preceder ensino letras, porém, especificamente no desenvolvimento da consciência fonêmica, é verdadeiro dizer que fonema e grafema caminham juntos.
Terceira etapa - Fase ortográfica em de um processo de aquisição A terceira etapa vvem de um repertório maior, em que a criança não mais 82 82
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realiza uma leitura pautada na decodificação lenta e, sim, na mais rápida, rápida, pois já está mais familiarizada com palavras de uso frequente. Apenas quando surge uma palavra nova é que a criança acessa uma leitura mais lenta. lenta. Nessa etapa, a criança começa a perceber e usar um processo de leitura mais automatizado, automatizado, acionando a sua estrutura lexical. Acessar a rota ortográfica não significa dizer que a criança deixa de utilizar a rota fonológica, pelo contrário, ela precisa ter o acesso fonológico, principalmente quando está diante de uma palavra não lida anteriormente. Ressalto essa compreensão, pois é muito comum ver crianças que ―automatizaram‖ algumas palapalavras, então, quando essas lhes são apresentadas num texto, elas leem apenas as que já memorizaram. Diante das que não fazem parte de seu repertório, elas travam, dizendo que não sabem ler ou que ainda não aprenderam na escola. Por que isso acontece? Porque elas não têm ferramentas fonológicas para acessar. Suponhamos que a frase a ser lida seja: Juliana está na casa da vovó. Ao ler, a criança diz apenas ―casa vovó‖, pois são essas as as palavras já memorizadas. memorizadas. Nós vamos acessar a decodificação sempre que não entendermos determinada palavra, porém isso só vai
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acontecer se tivermos as ferramentas necessárias instaladas. Leia o texto abaixo:
Veja o que aconteceu com você ao ler o texto acima. Um bom leitor é aquele que usa as duas rotas de leitura: a lexical ou ortográfica e a fonológica. Seu olho bate e reconhece a palavra e suas estruturas mesmo diante desse texto nada convencional. O que acontece é que, pelo reconhecimento nhecimen to visual das palavras já familiares a nós, nós, lemos de modo automático e, diante de alguma que não reconhecemos, voltamos com mais cuidado em sua estrutura, acessando a rota fonológica e realizando uma leitura mais lenta, letra por letra, até que compreendamos o sentido total da palavra. Caso ela apareça novamente no texto, não será mais preciso que a leitura seja lenta, porque ela já foi automatizada. Você só foi capaz de fazer uma boa leitura porque já consegue acessar a dupla rota. A criança que não teve as suas capacidades metafonológicas desenvolvidas não consegue ler com consciência fl
nem fazer uma leitura uente. 84
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Como desenvolver a leitura É preciso estimular cada etapa da leitura a partir das estratégias metafonológicas. A aprendizagem da leitura bene ficia intensamente o cérebro e provoca modificações em suas estruturas anatômicas, como citado por Deheane (2012, p. 227): ―O corpo caloso se espessa na parte posterior posterior que conecta as regiões parietais dos dois hemisférios. Sem dúvida, algumas dessas modificações cere brais são responsáveis por um dos efeitos maiores na escolarização: o aumento da capacidade da memória (...)‖. (...)‖. O que vem primeiro, a leitura ou a escrita?
O processo de leitura vem primeiro. Só é possível que a criança escreva depois de já entender toda a estrutura da qual falamos anteriormente. O que normalmente ocorre é as escolas ensinarem primeiro a escrita por memorização. Consequentemente, a criança acaba enfrentando muitas dificuldades na leitura porque ainda não entende o que significam, de fato, as cadeias das letras. Existe uma ―chave‖ que vira no funcionamento do do cérebro quando lhe é oferecida a estimulação correta para que esse processo ocorra. Desenvolver Desenvolver a decodificação fonológica das palavras é a etapa chave para a compreensão da leitura e, consequentemente, da escri85 85
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ta. Como a leitura é uma análise da fala, deve-se começar sua estimulação pelas vias fonológicas. A chave do processo de alfabetização está na estimulação das capacidades da consciência fonológica e metafonológica. Cada criança que está adquirindo a leitura e a escrita precisa entender seus processos neurais ligados à consciência fonológica. Hilário Ribeiro, desde o século passado, já dizia: ―Como a arte da leitura é a análise da fala, fala, levemos desde logo o aluno a conhecer os valores fônicos das letras, porque é com o valor que há de ler e não com o nome delas.‖ delas.‖ A decodificação fonológica é necessária, por isso o professor precisa aprender aprender sobre ela, de modo que possa ensinar seu aluno com ferramentas acessíveis a ele pró prio. Em meu curso sobre Consciênci Consciênciaa Fonológica na Prática, discuto exatamente este processo, ensinando pais e professores a desenvolverem um ambiente estimulador para que a criança seja preparada em todas as etapas antecedentes à alfabetização em si. Vale a pena conferir a apresentação do curso. Acesse o site www.carlasilva.com.br site www.carlasilva.com.br e confira meus cursos on-line. Quando entendi esse processo, me senti muito mal em ter realizado um trabalho que não permitiu que as crianças pudessem se desenvolver melhor . Sem com preender o que estava provocando dificuldades para os alunos, eu acabava por justificá-las como se eles fossem os responsáveis. É claro que uma criança pode não
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se desenvolver bem na alfabetização por conta de um Transtorno de Aprendizagem, mas o que não podemos é generalizar o processo, especialmente se o caminho da impossibilidade pode estar em nossa prática,que desconhece o funcionamento do processo cerebral para tal aquisição. Se até aqui o seu modelo de aprendizagem não considerava a maneira mais adequada do cérebro aprender, vale a pena buscar as estratégias metodológicas que lhe permitir ããoo obter o sucesso que sempre almejou em sua prática. Invista Invista o seu conhe conhecimento cimento em um traba trabalho lho pautado na consciência fonológica, porque, a partir disso, tudo começará a fazer sentido para as crianças no momento da leitura e da escrita.
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Depoimento Kátia Cilene Santos de Brito Professora Professora
Olá, meu nome é Kátia, sou professora atuante do ensino fundamental I. I. No intuito de ampliar meus conhecime conhecimentos, ntos, resolvi fazer o curso de Neurociência e Alfabetização ministrado pela professora Carla Silva, me interessei pelo curso através das chamadas feitas pelas redes sociais, então resolvi me inscrever. inscrever. Foi a melhor atitude que tive, em época de pandemia e trabalhando em home office, iniciei meu curso. curso. A cada aula adquiria novos conhecimentos e me interessava cada vez mais pelo aprendizado. aprendizado. Ao final do curso pode observar o quanto adquiri conhecimento e o quanto ele me ajudará no dia a dia em sala de aula e na minha próxima graduação (Psicopedagogia). Fiquei fã dos cursos da Carla, passei a acompanhar os seus cursos pelo YouTube e recomendei a todas as minhas amigas de profissão. ssão. envolvidos. Só tenho a agradecer e parabenizar a todos os envolvidos.
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CAPÍTULO 8
SISTEMA DE ESCRITA
O céREbRo DE NoSSAS cRIANçAS é UMA DE APRENDER. foRMIDÁVELCADA PEQUENA DIA PASSADo MÁQUINA NA EScoLA MoDIfIcA o NÚMERo VERTIgINoSo DE SINAPSES. CAbE ENTÃo Ao PRofESSoR EXPERIMENTAR coM ZELo E RIgoR A fIM DE IDENTIfIcAR DIA oSAPÓS QUAIS DIASEoSALIMENTARÃo ESTíMULoS ÓTIMoS oS ALUNoS. coMo STANISLAS DEHAENE
A construção da escrita
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sistema de escrita alfabética (SEA) é a produção escrita baseada na compreensão de que essa é a re presentação oral oral das palavras. palavras. Esse método é consconstruído por meio de um ensino explícito que estimule a percepção dos aspectos aspectos fonológicos e cognitivos cognitivos presenpresen- processo. tes nesse processo. 91 91
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Algumas crianças representam a sua escrita sem compreender os seus aspectos fonológicos e sem refletir sobre a palavra e sua estrutura. É comum encontrarmos crianças que escrevem a palavra BOLA por meio de uma memorização a que foram expostas, mas que não sabem escrever CEBOLA ou REBOLA justamente pela falta de estimulação fonológica fonológica.. Isso impede que elas reflitam sobre o que, entre uma palavra e outra, foi modificado. Analisar a composição sonora das palavras, bem como o desenvolvimento da Consciência Fonêmica, aliado a relação letra/som é o que garantirá sucesso nesse processo. processo. A base sonora é a principal aprendizagem para que a criança possa ter consciência da sua alfabetização desde a Educação Infantil. É na pré-escola que, a partir dos quatro anos de idade, a criança começa a compreender a consciência fonológica, a refletir, entender, desenvolver o seu nível de consciência e de compreensão sobre a estrutura da nossa língua. língua.
A escrita é um processo natural?
Alguns estudiosos compreendem que a aquisição da escrita se dá naturalmente e que essa acontece assim como a aquisição da fala, relacionando a escrita apenas ao aspecto visual, construindo e testando suas hipóteses por meio meio de uma necessidade necessidade de se comunicar, conforme Smith e Goodman, em 1970. Se a criança possui a necessidade de comunicar-se por po r meio da fala, ao longo do seu seu
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desenvolvimento, perceberá que a escrita também é uma forma de comunicação e, como tem necessidade para tal, a partir disso, aprenderá de modo natural, assim como a aquisição da fala. fala. Nesse âmbito, nasce um questionam questionamento ento de Stanovich, em 2000. Como tratar a escrita como um processo natural, assim como a fala, se a escrita foi inventada recenrecentemente (há três ou quatro mil anos) e pouco dominada pelos seres humanos? humanos? Como algo algo que foi inventado inventado após o processo de evolução e pouco dominada pelos seres humanos até a atualidade seja algo natural? Por que encontramos tantas dificuldades para alfabetizar? O grande problema é que aqueles aqueles que afirmam que a alfabetização e que a aquisição da leitura e da escrita são algo natural não questionam e ficam ao senso comum, isto é, na sub jetividade. É preciso preciso entender entender de fato fato o que é, como como se dá e como se processa essa aquisição. aquisição. Segundo a neurociência, o cérebro ainda não teve tem- tem- po suficiente para fazer da leitura e da escrita um processo natural, pois são processos neurais completamente completamente diferentes do que foram criados para executar. Tratando o que é natural, cabe ressaltar que a fala é inata, ou seja, própria do ser humano. Nenhuma criança vai à escola para aprender a falar, e não existe professor de fala; ela vai à escola para desenvolver o que traz de habilidade. A escrita é algo externo, cultural, criado, historicamente, historicamente, ao longo do tempo, para que o homem pudesse se comunicar por meio de registros. registros.
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Compreendendo essa consigna, cabe-nos compreender que, para que a aquisição da leitura e escrita possa acontecer, se faz necessário um ensino explícito fundamentado em um método eficaz que permita o cérebro humano desenvolver essa capacidade. Para isso, é necessário selecionar as melhores estratégias de ensino da língua escrita, de modo que esta esteja fundamentada teórica e cientificamente. camente. Com a chegada do construtivismo em nosso país, em 1980, muitas pessoas começaram a entender os princípios teóricos de modo equivocado. Afirmava-se que a criança não precisava receber nenhum tipo de intervenção e que, para alfabetizar, bastava esperar o click acontecer; ou seja, retirava-se a força da utilização de um método e entendia-se que a criança construiria esse saber naturalmente. Ainda, erroneamente afirmam que o Construtivismo é um método. método. O Construtivismo é uma teoria sobre a origem do conhecimento, desenvolvida por Jean Piaget, fundamentada na relação interdependente entre o mediador e o sujeito, visando ao processo de construção do conhecimento e à maneira pelo qual esse conhecimento é assimilado e acomodado em suas etapas. Ao contrário do que muitos compreendem, essa teoria se preocupa com o processo e com as bases de uma construção que permitirá que o sujeito desenvolva sua aprendizag aprendizagem em a partir de esquemas mentais já consolidados. Isso, portanto, permite que novas aprendizagens ocorram, a fim fim
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de que o sujeito seja um agente ativo no processo de mudança de sua realidade. realidade. Em se tratando de método de alfabetização, como dito em capítulos anteriores, é importante compreender compreender a necessidade de um método que esteja embasado teórica e cientificamente e que nos permita compreender o processo dessa aquisição de modo que possamos acompanhá-lo, oferecendo ao sujeito os melhores estímulos para que ele desenvolva essa aprendizagem cultural. cultural.
Alfabetização como uma construção Nessa jornada pela construção do conhecim conhecimento, ento, acompanhada de uma análise sobre o desenvolvimento da criança, faz-se necessário entender onde se inicia a estimulação das bases dessa aquisição. Desde a Educação Infantil, a criança precisa ser exposta à estimulações que permitam reflexões sobre os sons da fala, pois os estímulos pautados na consciênc consciência ia fonológica permitem que ela progrida mais significativam significativamente ente em sua alfabetização. alfabetização. É comum encontrar instituições que oferecem estímulos com foco nos resultados e não no processo — perspers pectiva sobre a qual falaremos nos capítulos seguintes. Desde muito cedo, submetem as crianças à memorização e à grafia de letras, seja do nome próprio, do nome do amiguinho, do papai ou da mamãe; organizam o alfabeto; alfabeto ; recitam o nome de letras; e, com isso, iss o, a falta de esquemas mentais faz com que as crianças cheguem ao primeiro primeiro
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ano do Ensino Fundamental sem compreender a relação existente entre a fala e a escrita. A falta de um estímulo adequado nessa etapa da vida da criança compromete seu futuro como leitor. leitor. É preciso, portanto, ter claro que ensinamos e desenvolvemos as capacidades queprimeiro levarão ensinamos a leitura e depois a escrita. Dehanne diz que: que: […] o cérebro de nossas crianças é uma formidável pequena máquina de aprender cada dia passado na escola modifica o número vertiginoso de sinapses. Cabe então ao professor experimentar com zelo e rigor a fim de identificar dia após dia os estímulos ótimos como os quais se alimentarão os alunos. alunos. A sala de aula precisa ser recheada de estimulação de qualidade para que ocorra um aumento na produção de sinapses no cérebro das crianças. Esse objetivo somente será alcançado quando a seleção de estímulos acontecerem com um olhar para o processo de construção. construção.
Como a escrita se constrói? Numa pe persp rspect ectiv ivaa ps psico icogen genét ética ica,, o olhar para o desenvolvimento da escrita, considerando suas etapas de construção, começou em 1970, na Argentina, com Emilia Ferreiro e Ana Teberosky. Essas basearam seus estudos a partir partir dos estudos de Piaget, olhando para esse processo sob a perspectiva psicogenética, ou seja, seja,
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analisaram a escrita como uma evolução na compreensão e criação de suas hipóteses. Essas pesquisadoras trabalharam com crianças de 4 (quatro) a 6 (seis) anos, observando como os sujeitos estavam pensando a escrita. A preocupação delas não era com essa pro priamente, mas com o processo e com a formulação priamente, de hipóteses. hipóteses. Emilia Ferreiro e Ana Teberosky desenvolveram esses estudos e perceberam que, progressivamente, as crianças formulam suas hipóteses, até que estas se tornavam cada vez mais próximas à escrita alfabética — produção produção escrita baseada na compreensão de que essa invenção é a representação oral das palavras — palavras — , , ou seja, é a compreensão de como realizamos essa representação, tomando como base os sons presentes nas palavras e como estes podem ser notados. As pesquisado pesquisadoras ras perceberam que, progressivamente, progressivam ente, existia uma repetição de padrões na criação das hipóteses. hipóteses. ní- Originalmente, Emilia Ferreiro atribuiu 5 (cinco) ní- veis de escrita, em que alguns citam como etapas de escrita, sendo estes: estes: Nível 1 (Pré-Silábico): trata-se da modalidade de re-
presentação básica para retratar a escrita, através de dese presentação nhos e escrita, imitando formas básicas da escrita cursiva. Normalmente, Normalme nte, a criança constrói sua hipótese hipótese pautada pautada no desenho ou numa escrita inventada por meio de ondinhas e linhas, com ausência de caracteres. caracteres.
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Nível 2 (Pré-Silábico): Neste nível, a criança faz uso uso das
letras, sem correspondência, correspondência, com valores sonoros da palavra. O sujeito escreve várias letras para uma palavra, sem comprometimento com a coerência coerência do que deseja registrar. registrar. Emilia Ferreiro não colocam menos de três letras para umapercebeu palavra pala vra eque nãoelas costuma cost umam m repe repetir, tir, na sequ sequênc ência, ia, as mesmas letras, ou seja, acreditam que não pode repeti-las. repeti-las.
Nos níveis 1 e 2, é perceptíve perceptívell a formulaç formulação ão de hipóteses atreladas ao realismo nominal, denominado por Piaget; afinal a hipótese da criança está ligada ao significado e não ao significante, ou seja, ao escrever a palavra ―leão‖, a criança atribui mais letras do que à palavra formiga, pois ela considera que ―leão‖ tem mais letras por ser um animal maior, ou por ser ―rei da selva‖. Ao conhecer o processo de construção, percebemos a etapa em que se encontra e também podemos utilizar estratégias para permitir que a criança avance nessa cognição. cognição. 98 98
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Segundo Ferdinand de Saussure (1857/1913), em sua Teoria sobre o signo linguístico, significado e significante são lados de uma mesma moeda. ―Significado‖ está relacionado à concretude, ao conceito, enquanto ―significante‖ cante‖ está está relacionado à imagem acústica da palavra. Uma criança criança no nível pré- pré- -silábico de representação de sua escrita está representando o significado, ou seja, as hipóteses criadas fundamentalmente estão relacionadas ao que é mais concreto, perceptível. perceptível. Nível 3 (Silábico): neste nível, a criança faz uso de letras
que correspondem aos valores sonoros da palavra, atribuindo uma letra para cada sílaba. Para que seja classificada como silábica, a criança precisa pensar na palavra silabicamente a partir da pauta sonora. Na formulação de sua escrita, ela pode representar letras cujo valor sonoro esteja em cada uma das sílabas ou letras que não possuam conexão com o valor sonoro, e isso não a impede de pensar silabicamente. silabicamente.
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neste nível, a criança começa a analisar a sílaba segundo as suas unidades sonoras menores, isto é, os fonemas. Aparecem, neste nível, letras representando uma sílaba e letras já repreNível 4 (Silábico-Alfabético):
sentando os fonemas das sílabas. Nesse caso, a criança pensa na sílaba e representa algumas sílabas completa completas. s. É comum, neste nível, que a criança omita algumas letras nas palavras. palavras.
Nível 5 (Alfabético):
neste nível, a criança tem uma consciência fonêmica bem desenvolvida, o que lhe permite atribuir uma letra para cada som percebido na palavra. Neste nível, não há comprom comprometimento etimento com a escrita ortográfica. ortográfica.
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Quando a criança alcança o nível alfabético, não significa que está alfabetizada. O nível alfabético é caracterizado por compreender o sistema de escrita alfabética, ou seja, o princípio alfabético, e não a ortografia. Como exemplificado anteriormente, a criança registra ―caxoro‖, ―caxoro‖, mas sabe-se que, ortograficamente, se escreve ―cachorro‖. ―cachorro‖. A criança precisa, primeiramente, entender o princí pio alfabétic alfabéticoo para que, em seguida, possa compreen compreender der a ortografia. Na etapa alfabética, a criança não possui com promisso com a ortografia. Não faz sentido cobrar isso de uma criança antes que esta entenda o princípio alfabético. A apropriação da ortografia se dá a partir desta etapa, mas é importante registrar que o contato com ela também se dá por me meio io do letr letrame amento nto,, mas de mod modoo con consci scient ente. e. Com Compre pre-ender o SEA (Sistema de Escrita Alfabética) Alfab ética) é o primeiro passo pa sso par paraa seg seguir uir em dir direçã eçãoo à nor norma ma ort ortogr ográáfica da língua. língua.
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Uma vez compreendido cada um desses níveis de escrita, diante de uma classe, cabe ao professor desenvolver des envolver um trabalho prático, diferenciado, pautado nos estímulos fonológicos adequados, proporcionando avanços em cada uma das etapas desta aquisição. aquisição. Em sala de aula, sei que existe uma heterogeneidade. Cada criança é única dentro de um mesmo grupo, e, para que o grupo pudesse alcançar um mesmo nível, o meu primeiro passo sempre foi realizar uma sondagem inicial que me permitia perceber os níveis de cada criança. A partir daí, então, eu poderia selecionar os estímulos adequados para cada grupo. Isso contribuiu, dentro de um mesmo contexto, para que as cri para crianç anças as pud pudess essem em ava avanç nçar ar de mod modoo que que,, ao longo do processo, elas conseguissem alcançar o nível alfabético e crescer rumo ao nível ortográfico co..
Alguns impasses do processo Muitos impasses ainda estão presentes no ambiente escolar quando se trata de avaliar e estimular o processo de escrita. Abaixo ilustro a presença de duas avaliações que ignoram totalmente a psicogênese da escrita. escrita. Em ambos os casos, fica evidente que há falta do olhar para o processo processo de avaliação; avaliação; crianças crianças estão estão sendo impeimpedidas de criar suas hipóteses e até mesmo, em muitos casos, são estimuladas a seguirem padrões que as impedem de desenvolverem autonomia deste desenvolvimento. desenvolvimento. Certa vez, fui a uma escola para falar sobre o desenvolvimento de uma criança que estava em acompanhamento psic ps icop oped edag agóg ógic icoo e ap apro rove veit itei ei pa para ra bu busc scar ar a co comp mpre reen ensã sãoo soso- 102
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bre a cor corre reção ção de uma ava avalia liação ção bim bimest estral ral.. Essa cria criança nça foi indicada para o atendimento por apresentar dificuldades na alfabetização aos 5 anos de idade. Questiono muito esse tipo de indicação, já que a criança em fase pré-escolar deveria receber estímulos para esta aquisição na idade certa e não ter sua etapa de estimulação queimada diante de uma cobrança exagerada de um sistema de ensino que mais engessa engessa do que liberta. Bem, mas essa criança chegou com tal demanda, foi avaliada e ficou claro que a falta de estímulos fonológicos a impedira de avançar no processo, de modo que pudesse alcançar as demandas escolares. A criança encontrava-se no nível pré-silábico de escrita, no fim do ano em que cursava a última fase da pré-escola. pré-escola. Partindo do princípio de que essa criança necessitava necessitava de estímulos fonológicos não estimulados na pré-escola, iniciei um trabalho de resgate dessas habilidades, e, ra pidamente,, ela avançou para o nível silábico-alfabé pidamente silábico-alfabético. tico. Contudo, o olhar da escola ainda estava concentrado na exigência de uma escrita ortográfica. ca. Foi quando levantei questionamentos que me fizeram perceber que a falta de preparo e também a falta de um olhar sensível estava impedindo que percebessem o avanço significativo da criança, que encontrava- encontrava- -se no nível silábico-alfabético no primeiro bimestre do primeiro ano da alfabetização, compreendendo, compreendendo, então, o sistema de escrita alfabética. Abaixo, ilustro a correção de uma avaliação de ciências, na qual foram desconsideradas as hipóteses levantadas na escrita da criança, bem bem
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como o conhecimento adquirido referente aos conteúdos trabalhados trabalhados..
A criança em questão, aos 6 anos de idade, estava caminhando dentro desse processo de alfabetização, e a correção da avaliação realizada pela professora da turma não considerou o nível de escrita em que ela se encontrava, assim como foi desconsiderado o nível de conhecimento referente ao conteúdo trabalhado. Para concluir o caso, a criança foi encaminhada à recuperação bimestral em função disso. disso. As perguntas que não querem calar: até quando vamos nos distanciar de conhecimentos que nos permitem desenvolver as potencialidades de nossas crianças? Até quando seremos reféns de um sistema que engessa o professor, não lhe lhe
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pe permi rmiti tindo ndo av avali aliar ar o pro proces cesso so e a qua qualid lidade ade des deste te?? Há err erros os no processo de desenvolvimento das hipóteses de escrita? escrita? O professor de alfabetização que entende a psicogênese da escrita e recebe uma criança no nível silábico-alfabético no primeiro ano da alfabetização ficará, certamente, muito satisfeito, pois a criança neste nível está compreendendo o processo da escrita alfabética. É importante compreender sobre a psicogênese da escrita, aliando-a à compreensão das principais características de cada fase, de modo que, assertivamente, o professor possa intervir para o progresso da criança, juntamente juntamente com a estimulação da consciência fonológica. fonológica.
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Depoimento Neuseli Aparecida de Oliveira Souza Professora Professora
Meu nome é Neuseli Aparecida de Oliveira Souza moro em Curiúva Paraná, trabalho na rede municipal de ensino com alfabetização há quinze anos, adoro o que faço. Atualmente estou com uma turma de terceiro ano a onde tenho alunos com muita dificuldades de leitura e escrita, repetentes desmotivados e também trabalho com criança autista. autista. pesquisando do em busca de ajuda, para ajudar Foi pesquisan meus alunos com dificuldades na alfabetização, para entender o porquê não aprende, não consegue ler e escrever memorizar desmotivados etc. Foi ai que encontrei a Carla Silva com seus vídeos maravilhosos, fiquei interessada. Assistindo um desses vídeos chamou minha atenção pelo seu carisma e a maneira que tratava do assunto com conhecimento de causa. Então procurei saber mais sobre seus cursos que ela estava proporcionando, proporciona ndo, inicie com o curso de consciênci consciênciaa fonológica, em seguida o curso de neurociências e alfa betização e neuro planejamento de aulas. aulas. Quando vi o curso de neurociências e alfabetização foi uma luz no meu caminho, pois muitas vezes me senti no escuro perdendo o sono pensando em como como 106
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ajudar meu aluno e não entender o que acontece com ele, após assistir suas aulas Carla Silva, comecei a entender a dificuldade de cada um .E percebi os erros que cometi por falta de preparação, para entender o aluno de hoje. Ai pude entender que se a criança não for estimulada desde a educação infantil sempre vai ter uma defasagem no seu aprendizado. aprendizado. Quando você fala que B+A não faz BA achei muito interessante são muitos detalhes simples que muitas vezes não prestamos atenção sem perceber como o cérebro da criança aprende e está processando as informações compreender a importância da estimulaçãoque das recebe, habilidade auditivas desde a educação infantil ,entender a cada nível que a criança se encontra e o que ela precisa aprender sem atropelar e entender o processo da alfabetização. alfabetização. Só tenho agradecer pelo conhecimento compartilhado e agora tenho certeza que vou poder ajudar meus alunos com base na sua fundamentação e aulas práticas que só veio a somar no meu aprendizado. E estou recomendando seus cursos para os colegas. colegas.
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CAPÍTULO 9
COMO REALIZAR UMA SONDAGEM DE
ESCRITA
“OU EScREVES ALgo QUE VALhA A PENA LER,VALhA oU fAZES AcERcA Do QUAL A PENAALgo EScREVER”. BENJAMIN FRANKLIN
egundo Ferreiro (1996, p.24) ―O ―O desenvolvimento desenvolvimento da alfabetização ocorre, sem dúvida, em um am-
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biente social. Mas as práticas sociais assim como como as informações sociais, não são recebidas passivamente pelas crianças‖. crianças‖. Realizar uma sondagem de escrita tem como principal objetivo diagnosticar diagnos ticar níveis de escrita para que possamos compreenderr como o sujeito está refletindo esse processo. compreende Para iniciar toda atuação pedagógica e psicopedagógica, precisamoss entender precisamo entender de onde partir, porque independe independente nte
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da idade, da série, da classe em que essa criança se encontra, precisamos precisa mos entend entender er verda verdadeirame deiramente nte o que a criança traz consigo para que, a partir dessa análise, possam ser traçadas estratégias que melhor conduzam ao objetivo final. É muito importante ter um momento de análise no início do processo e ao longo do processo dessa d essa aquisição. aquisição. A sondagem é uma avaliação, uma análise de como o sujeito se encontra, com a intenção de compreender o ponto inicial do processo. Avaliar, numa perspectiva de sondagem, não é o mesmo que atribuir notas ou corrigir a produção, mas compreender a perspectiva do avaliado. Quando lecionava na classe de alfabetização, recebi uma criança que estava matriculada para cursar o 3º ano do Ensino Fundamental. Ela foi submetida a uma avaliação, uma sondagem, para entender em qual nível de escrita estava. Foi diagnosticado através da avaliação que ela e la não estava preparad prep aradaa para enfre enfrentar ntar as dema demandas ndas do 3º ano do Ensin Ensinoo Fundamental, porque ainda precisava ser alfabetizada. Na época, existia a possibilidade possibili dade de um acordo entre a escola e a família para fazer o que era melhor para a criança. E junto jun tos, s, es esco cola la e fam famíl ília, ia, de deci cidir diram am qu quee o mel melhor hor a fa faze zerr co com m aquela criança seria cursar a ―classe ―classe de alfabetização‖, alfabetização‖, a a ter que seguir a série enfrentando dificuldades nesse processo. processo. A criança foi colocada em minha turma e foi muito beneficiada com toda a estimulação que fora dado a ela. Emocionalmente a criança desenvolveu segurança, confiança. Cognitivamente também se desenvolveu muito, alcançando os objetivos propostos para a aquisição da da
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leitura e da escrita, além de autonomia. Esse menino se tornou um rapaz e seguiu plenamente seus estudos concluindo sua Faculdade de Administração de Empresas. Ele é um rapaz muito inteligente; porém, naquele naq uele período da vida,diagnóstica ele precisava entendido resgatado. Se a sondagem nãosertivesse sido erealizada realizada, , talvez essa história não tivesse terminado assim. assim. Precisamos entender verdadeiramente qual é o momento e o que esse sujeito traz com ele, para que todas as estratégiass sejam estratégia s ejam traçadas assertivamente. Vamos esquecer um pouco aquela velha frase: ―Eu tenho que cumprir o planejamen planejamento‖, to‖, para para seguirmos, exatamente, a partir da aprendizagem da criança. Ela é nosso ponto de partida. partida. Para entender a lógica desse processo de construção, recorremos a Weisz (1988, p.73) p. 73) quando ela afirma que: que: A criança começa diferenciando o sistema de representação escrita do sistema de representação do desenho. Tenta várias abordagens globais (hipótese pré-silábica), numa busca consistente da lógica do sistema, até descobrir o que implica uma mudança violenta de critérios que a escrita não representa o objeto a que se refere e sim o desenho sonoro sonoro do seu nome. Neste momento costuma aparecer uma hipótese conceitual que atribui a cada letra escrita uma sílaba oral. Esta hipótese (hipótese silábica) silábica) gera inúmeros conflitos cognitivos, tanto com as informações que qu e recebe do mundo, como com as hipóteses de quantidade e variedade mínima de caracteres construída pela criança. criança. 113
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Ferreiro acrescenta essas informações, afirmando que: Vão desestabilizando a hipótese silábica até que a criança tem coragem suficiente para se comprometer em seu novo processo de construção. O período silábico-alfabético marca a transição entre os esquemas prévios em vias de serem abandonados e os esquemas futuros em vias de serem construídos. Quando a criança descobre que a sílaba síla ba não pode ser considerada como unidade, mas que ela é, por sua vez, reanalisável em elementos menores, ingressa no último passo da compreensão do sistema socialmente estabelecido. E, a partir daí, descobre novos problemas: pelo lado quantitativo, se não basta uma letra por sílaba, também não pode estabelecer nenhuma regularidade duplicando a quantidade de letras por sílaba sílaba (já que há sílabas que se escrevem com uma, duas, três ou mais letras); pelo lado qualitativo, enfrentará os problemas ortográficos (a identidade de som não garante a identidade de letras, nem a identidade de letras a de som). (FERREIRO, (FERREIRO, 1985, p.13). p.13). Assim, a sondagem diagnóstica pode ser feita em qualquer etapa do ensino e para cumprir qualquer objetivo. Posso fazer uma sondagem para perceber se as crianças conhecem os números, as quatro operações, enfim, para qualquer objetivo. objetivo. Numa sondagem de escrita, é necessário observar como essa criança representa a palavra, sem que haja haja
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interferências nessa produção, de modo que o que for re presentado possa ser exatament exatamentee a forma como como percebe percebe a palavra. Em alguns casos, a criança pode ficar inibida por fazer uma sondagem, pois ela está acostumada a apenas copiar o que o professor oferece como referência na sala de aula. aula.
A sondagem e o ambiente Primeiramente o ambiente deve ser acolhedor, a criança precisa sentir confiança na pessoa que está avaliando. É necessário ela sinta à vontade para realizar esta sondagem. sondagem. Certa vez, dei um curso de capacitação em uma prefeitura em Santa Catarina, e eles me trouxeram respostas relativas a uma sondagem diagnóstica que foi realizada. Eles criaram um clima super bacana, trabalharam com música com as crianças, contextualizaram a atividade em todas as turmas que foram fazer a sondagem. Em seguida, depois que o ambiente onde essas crianças estavam inseridas estava totalmente acolhedor, eles partiram para a próxima etapa. etapa.
A frequência na aplicação de uma sondagem sondagem Sempre realizei a sondagem mensalmente, pois meu objetivo era compreender como essas crianças estavam evoluindo nesse período, então sempre escolhia uma data específica do mês e sempre nesse período eu planejava uma atividade atividade de de
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sondagem para realizar. A cada atividade diagnóstica que realizava, guardava comigo as folhas separadas de cada aluno e ao final do ano eu tinha toda demonstração desse apanhado de escrita de cada criança. E assim, através dessas avaliações perceb perc ebia ia,, ni niti tida dame ment nte, e, o av avan anço ço da cr cria ianç nçaa ao lo longo ngo do an ano. o. Mostrar esse portfólio para os pais e coordenação escolar, em uma reunião de final de ano, é maravilhoso. Além de, mensalmente, proporcionar ao professor uma oportunidade de planejar e/ou replanejar o que foi percebido percebido de modo que a criança alcance a próxima etapa. etapa.
A sondagem na prática O primeiro passo é selecionar um contexto que seja significativo para a criança. Certa vez aproveitei o contexto da Páscoa, sensibilizei as crianças sobre o tema e selecionei palavras ligadas a eles para a realização da sondagem. Preferencialmente Preferencialmen te selecione quatro palavras que variem na quantidade de sílabas para que que você verdadeiramente perce ba como as crianç crianças as estão pensando as palavras de acordo com o número de sílabas. Essa Essa consciência será importante para pa ra o mo mome mento nto da av avali aliaç ação ão.. Ai Ainda nda ne nessa ssa et etap apaa de se seleç leção ão de palavras é importante que você selecione palavras palavr as com diferentes diferen tes formações silábicas (cv / ccv / cvc / ccvc). ccvc). Certa vez, orientei um pai por telefone, pois estava angustiado com a lenta evolução do seu filho no processo de alfabetização. Na época o contexto era copa do mundo, assim pedi a ele para escolher dentro desse contexto quatro palavras, ele escolheu BOLA, CAMPO, FUTEBOL FUTEBOL
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e JOGADOR. Foi muito interessante, durante a escrita da palavra BOLA seu filho prontamente escreveu, sem dificuldades e questionamento. questionamento. Quando o pai pediu para que escrevesse a palavra CAMPO, a criança se recusou e pediu para escrever outra palavra. palavra. Olha que que interessante! interessante! Isso mostra que a criança estava diante de um desafio e a zona de conforto era escrever palavras memorizadas e quando o pai trouxe um dificultador, uma palavra que fugia da formação simples (CV) que compreendia, a criança preferiu fugir e então, a criança escreveu as palavras desconhecidas diferente da forma com que ele escreveu a palavra BOLA, apresentando um nível pré-silábico de escrita para as demais palavras. palavras. Selecionadas as quatro palavras, solicite às crianças que que representem por meio de desenho as palavras que disserem, ocupando com a palavra um quadrante da folha. folha. Após os desenhos prontos, as crianças deverão representar com palavras o nome de cada desenho e no verso da folha pode pedir que escrevam uma frase solicitada. solicitada. É importante pontuar para as crianças que você precisa que elas escrevam da maneira maneir a como elas pensam que a palavra seja escrita. escrita.
A análise dos resultados Após a escrita das palavras, inicia o momento de análise dos resultados. Para analisar os resultados, é preciso compreender e classificar os níveis de escrita propostos por Emília Emília Ferreiro, como tratados tratados anteriormente. anteriormente.
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Em uma sala de aula encontramos crianças apresentando níveis diferentes em sua escrita. Que não se perca de vista o objetivo central de uma sondagem: identificar como a criança pensa sobre a escrita. A partir dessa análise, cabe-nos trabalhar com cada grupo e compreender que cada criança é única e precisa ser atendida em sua individualidade. individualidade. Percebo nas assessorias que presto a escolas e professores, que na organização de tudo isso existe uma angústia em uniformizar o processo de desenvolvimento dessas crianças, mas na prática, não é assim que funciona, é preciso ter propostas que possam atender cada grupo, por isso a grande necessidade necessidade de se fazer fazer uma sondagem sondagem e de conhecer sobre o assunto. assunto. Dessa forma, como está presente em um trecho do PCN de Língua Portuguesa podemos concluir que: que: A alfabetização não é um processo baseado em perceber e memorizar memorizar e, para aprender a ler e a escrever, o aluno precisa construir um conhecimento de natureza conceitual: ele precisa compreender não só o que a escrita representa, mas também da que forma ela representa graficamente a linguagem. (BRASIL, 1997, p. 20). 20). Iniciei uma sondagem diagnóstica com uma criança que cursava o segundo ano do Ensino Fundamental e percebi que ela havia memoriza memorizado do algumas palavras, e
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para me certificar dessa percepção, solicitei que escrevesse outras palavras que saíam um pouco da matriz que ela trouxe, ela apresentou uma escrita totalmente pré-silábica. Percebi então que era preciso alfabetizar essa criança. É necessário estruturar o trabalho para conduzir a criança na percepção da escrita alfabética por meio de uma estimulação de consciência. É inadmissível que crianças de sete, oito, nove ou dez anos não entendam o o sistema de escrita alfabética. alfabética. O conhecimento está disponível para todos, mas o quanto verdadeiramente estamos dispostos a fazer uma sondagem, entender sobre o nível de cada criança, utilizar uma estratégia que o cérebro aprende melhor e alcançar o objetivo? É preciso entender o estado atual dentro do meu campo de atuação, ter clareza do que realizar ao longo do caminho para alcançar o objetivo desejado. desejado.
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Depoimento Kely da Costa Gabarão Professora Professora
Meu nome é Denise Kely da Costa Gabarão, tenho 46 anos, formada professora aos 18 anos pelo antigo curso Magistério, aos 38 conclui minha graduação em Pedagogia. Posso afirmar que tenho vivenciado construções e desconstruções do meu próprio eu e das aprendizagens que fazem parte da minha formação acadêmica. acadêmica. A olhos ―nus‖ presenciamos a evolução do ser humano, e junnto a es ju esse se,, se seus us avanços e de desc scob ober erttas as,, portanto to torn rnaa-s -see in inad ad-missível que continuemos pautados em formas de alfabetização que não atendam as crianças em suas especi e specificidades e necessidades, visto que documentos institucionais e cursos de formação de docentes, sempre nos apontem a necessidade de olhar cada criança como ser único em seu tempo de aprender. aprender. A temática Neurociência sempre foi de meu grande interesse, porém ao me apropriar do conteúdo do curso curso Neurociência e Alfabetização, ministrado por Carla Silva, fiquei ainda mais apaixonada apaixonada e confesso que surpresa com tantas descobertas. A forma clara, lúdica e rica em detalhes e vivências me fez estar a todo tempo envolvida, almejando sempre saber mais. Não há possibilidade alguma de sairmos com o mesmo pensamento que iniciamos os estudos. estudos. A abordagem da síndrome de Irlen aguçou-me a a curiosidade curiosidade,, visto que me enquadrei em seu diagnóstico. Agradeço pela dedicação e clareza ao abordar as temátifi
cas e para nalizar expresso meu apreço e gratidão. gratidão. 120
CAPÍTULO 10
A ALFABETIZAÇÃO SOB UMA PERSPECTIVA
EPISTEMOLÓGICA
EXISTEM MUITAS hIPÓTESES EM cI SS ERR PERê cEAAQ MUEE NETSET ÃAoc EER ITR ÁAVDELAS EL ELE ESo S éÃo A AbERTURA PARA AchAR AS QUE ESTÃo cERTAS. CARL SAgAN
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conhecimento; ento; a busca pistemologia é a teoria do conhecim da natureza, as etapas e os limites desse conhecimento que levam a estudar os processos cognitivos individuais (psicologia cognitiva) cognitiva) e sociais (a formação e a validade das ciências), de modo que possamos responder a algumas perguntas básicas como: o que é conhecer? O que podemos conhecer? Como podemos conhecer? ―Epistemologia‖ ―Epistemologia‖ é é o mesmo que teoria do co- co- 123 123
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nhecimento, é saber como se dá o conhecimento humano e suas etapas. etapas. A maior dificuldade, academicamente falando, é relacionar o que está proposto na teoria, ou até mesmo em laboratórios e trazer para a prática escolar. O foco da epistemologia é exatamente entender os processos na pers pectiva do aluno ou do professor. Toda aprendiz aprendizagem agem vem por meio da pergunta, e isso se refere à epistemol epistemoloogia. Qual pergunta você levanta diante de sua realidade? Qual pergunta você precisa responder diante das necessidades de seus alunos? alunos? Como professora, me perguntei como a criança pensa a escrita alfabética. Como se explica a etapa em que essa criança se encontra? O que fazer para que ela avance a partir das concepções percebidas? Essas perguntas me fizeram analisar epistemologicamente, para melhor com preender o processo processo de alfabetizaçã alfabetização. o. Quando minhas filhas estavam em idade de ingresso à Educação Infantil, selecionei uma escola em que a pro posta pedagógica cumprisse os requisitos ideais para essa fase de ensino e que valorizasse o processo e o desenvolvimento da criança em suas etapas. Confesso que não foi tão fácil encontrar uma instituição que valorizasse o essencial, mas encontrei. encontrei. Acabamos nos tornando muito seletivos quando se trata do que defendemos, e minha maior preocupação sempre foi em preparar minhas filhas para o processo a fim de alcançarem um resultado satisfatório. Sabemos Sabemos
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que, por desconhecimento, muitos pais se satisfazem com um ensino que classificam como ―um ―um ensino ensino mais forte‖. forte‖. Quando o pai busca e exige da escola esse tipo de postura, sua preocupação está concentrada no resultado e não com o processo. processo. Geralmente, muitas pessoas buscam mais pelo resultado e não sabem o quanto o processo é importante. A cultura que apregoa quantidade é a mesma que defende um ensino essencialmente conteudista e sem sentido para a vida da criança e seu desenvolvimento como um todo. todo. Recebi um depoimento de uma aluna de um dos meus cursos, professora do 4º ano do Ensino Fundamental, que, após avaliação inicial, percebeu que grande parte de seus alunos encontrava-se em nível pré-silábico de escrita. É de se assustar ao olhar para uma classe de alunos com seus 9/10 anos de idade nesse nível, e sua maior angústia estava justamente em receber ordens institucionais para que sua preocupação fosse apenas com o conteúdo programático programát ico proposto para a série. Ela estava muito muito angustiada e me perguntou se estava pensando errado, pois havia decidido não trabalhar com o conteúdo da série a priori, pois estava preocupada em avançar na alfabetização das crianças, já que não adiantaria trabalhar o conteúdo proposto se, no contexto, havia crianças com necessidades específicas de alfabetização. alfabetização. Precisamos parar para pensar qual é nossa maior preocupação; no caso dessa professora, seu dilema era traba- traba-
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lhar com o conteúdo programático da série. Independentemente das dificuldades percebidas ou do conteúdo da série sendo desenvolvido de acordo com as possibilidades, as crianças estão evoluindo no processo de alfabetização? Observe o que um sistema engessado faz com o professor e consequentemen consequentemente te com o aluno. aluno. Ter uma visão de especialista e fazer o que deve ser feito para o desenvolvimento do seu trabalho é, consequentemente, praticar uma educação na essência de sua palavra; é libertar, chamar para fora, desenvolver seu aluno. Alinhe isso dentro de você e não se deixe moldar. Você é livre. livre. Epistemologia é saber os motivos, entender o porquê, levar ao questionamento. Como dito inicialmente, nós, professores, precisamos aprender a questionar sobre o fato e questionar o fato, porque tudo tem uma resposta. resposta. Nada é o que parece parece ser. O mar de longe longe é azul, de perto é verde, por dentro, transparen transparente. te. Aparentemente, tudo é diferente do que realmente é. Eis então o segredo para não julgar: em vez de olhar o mar de longe, mergulhe! Autor desconhecido
Criando hipóteses no processo de alfabetização betização alfabetizaçã o, antes de pensar Para alcançar o processo de alfabetização, em ensinar qualquer etapa relacionada à leitura e escrita, é preciso prec iso tomar como ponto de partida o moment momentoo em que a 126 126
criança se encontra e como ela está pensando isso. Uma vez que ela não esteja refletindo sobre os seus processos mentais, como compreenderá sobre a relação de uma letra com o som? Piaget fala que, para que todo conhecimento seja consolidado, importante que se uma por porque que,, des dessa saéfor forma ma,, um sob sobrep repõe õetenha o out outro. ro. base anterior, Se preciso que a criança entenda da relação letra/som, antes disso é necessário compreender como estão as ha bilidades auditivas auditivas dela, qual o nível de estimulação que recebeu a respeito disso, para que, etapa por etapa, possamos chegar à relação letra/som. letra/som. Na pe pers rspe pect ctiv ivaa ps psic icop oped edag agóg ógic ica, a, qu quan ando do av avali aliam amos os uma criança com dificuldade de aprendizagem, precisamos, primeiro, entender o que ela já sabe, e não o que deverá saber. Por exemplo, a criança, para compreender o conceito de multiplicação, primeiro precisará conhecer o conceito de número, adição, etc., para, aí sim, dominar esse conhecimento acerca da multiplicação. Um conhecimento precisa estar fortalecido para que outro se sobreponha, fixe isso! isso! criança Falando de alfabetização, como permitir que a criança crie suas hipóteses para que chegue a uma escrita alfabética? Isso só se torna possível a partir das informações informações que o meio me oferece. Se este oferece condições para que a criança formule suas hipóteses, ela será capaz de avançar. ava nçar. O que se passa pa ssa,, mu muit itas as ve veze zes, s, é qu quee cr cria ianç nças as nã nãoo av avan ança çam m no pr proce ocesso sso por não ter terem em rec recebi ebido do os est estímul ímulos os dev devido idos, s, mas some somente nte terem sido cobradas a alcançar as demandas. demandas. Vamos falar de formulação de hipóteses remetendo às fases de escrita. Uma criança que está em nível silábico-alfabético escreve com omissões de algumas letras na na 127 127
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sílaba, como vimos anteriormente, pois as informações que recebeu até então lhe proporcionaram criar somente essas hipóteses. Qual é a qualidade dos estímulos que você tem oferecido para seu aluno? É preciso refletir, pois é a Opartir que vai a criança irá se desenvolver. desenvolver. meiodisso sempre oferecer estímulos, mas é preciso avaliar a qualidade e o resultado que será alcançado com eles. A hipótese que o aluno está formulando está intimamente relacionada e é proporcional ao estímulo que foi recebido e consolidado. Uma criança pré-silábica, que não sai desse nível, e continua fazendo essa formulação de hipóteses, se justifica pelo fato de o meio não estar lhe oferecendo condições de avançar do realismo nominal. Seu pensamento ainda está engessado no ―significando‖, cando‖, devendo compreender o significante. cante. Você tem oferecido o estímulo adequado para seu aluno de modo que ele possa avançar na sua formulação de hi póteses póte ses na escrita alfabét alfabética? ica? O que você tem estimula estimulado? do? Por que ele ainda não saiu do pré-silábico? Como ele está pensa pe nsand ndoo a esc escrit rita? a? Fo Form rmul ular ar hi hipót pótese esess é dif difer erent entee de cop copiar iar e reproduzir; não é colocar no quadro ou ditar para que a criança copie em seu caderno, caderno, pois, assim, ela não está formulando hipóteses. hipóteses. O que vejo, muitas vezes, são crianças que têm medo de de formular hipóteses, dizem que não sabem, perguntam qual a letra, não têm autonomia, não conseguem pensar sozinhas, pois estão condicionadas condicionadas a realizar apenas uma reprodução. Muitos alunos esperam o professor fazer a correção no quadro para, então, copiar no caderno, que, muitas vezes, está impecável, mas a criança não sabe o que signi fica uma uma
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palavra que ali está escrita. Formular hipóteses revela um trabalho mental de análise e organização. A criança precisa parar para pensar, organiz organizar ar as informaçõe informaçõess e ferramenta ferramentass que foram dadas para que possa usá-las. usá-las. Arthur Gomes de Morais fala que a qualidade do que a escola oferece para pensar é fundamental para que as crianças tenham boas reflexões. Se meu aluno não está tendo boas reflexões na formulação de hipóteses, certamente o meio não está lhe oferecendo informações de qualidade para se desenvolva nessa aprendizagem. aprendizagem. Quando o professor ensina com base nos nomes das letras, por exemplo, no momento da escrita, a criança precisa escrever escrever a palavra ―GALINHA‖ ―GALINHA‖,, mas, em vez de de escrever a sílaba ―GA‖, a criança escreva a letra ―H‖, o que que demonstra o resultado de um processo a que foi submetida: memorizar nome de letra. Na perspectiva da criança, ao pronunciar a sílaba ―GA‖, ―GA‖, e e na tentativa de buscar uma letra que representa esse som desta sílaba, acaba encontrando a letra H, produzindo uma escrita ―HLINHA‖. ―HLINHA‖. Um outro exemplo seria uma criança que escreve ―PA ―PA-SATO‖ para a palavra ―PASTO‖. A inclusão da letra A A após o S no fim da sílaba se dá pela exposição à memorização de sílabas com formação de CV (consoante+vogal), o que não permite que a criança perceba a possibilidade de uma consoante sem uma vogal numa palavra. O estímulo adequado trará um resultado adequado. adequado. Ainda ilustrando o resultado de um estímulo inadequado, posso citar crianças que registram sua escrita de frase com palavras aglutinadas ou segmentadas. Você já deve ter visto uma criança escrevendo uma frase desta desta 129 129
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―ME UCA UCA CHORRO LA TIU‖, TIU‖, nos lugar de maneira: ―ME ―Meu cachorro ―Meu cachorro latiu‖. latiu‖. Isso Isso acontece por falha na consciência da palavra e também pode ser fruto de um reforçador de trabalhar incansavelmente a separação silábica silábi ca em atividades, semfazer compreender de fato o objetivo dasnamesmas. Como com que essa criança avance formulação de hipóteses, fazendo uma reflexão desses processos mentais para se apropriar de uma escrita alfabética? Como isso é possível? A resposta está na estimulação da da Consciência Fonológica, como trataremos a seguir. seguir.
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Depoimento Maria Luiza Goulart Professora Professora
De acordo com a Carla, falar em alfabetização é compreender a importância dos componentes linguístico, interativo e sociocultural no processo de aprendizagem onde se desenvolvem as habilidades de leitura e escrita. escrita. Neste sentido, posso dizer que o curso de Neurociência e Alfabetização foi maravilhoso, pois veio de encontro à minha proposta de trabalho, contribuindo para reforçar e aprimorar meus conhecimentos em alfabetização, área que muito amo e defendo como a mais importante no período de escolariz escolarização. ação. Além de aprender um pouco mais sobre Neurociência e sua importância na Educação, entendendo como se dá o desenvolvimento das crianças, para assim poder auxiliá-las, auxiliá-las, o que é fundamental no dia a dia da sala de aula. aula. Sempre acreditei que a alfabetização se dá através da mediação do professor, estimulando, desafiando e respeitando as fases de desenvolvimento da criança, refletindo e entendendo como ela pensa sobre a consciência fonológica, ou seja, consciência fonológica, pra mim, é a palavra chave no processo de alfabetização. E isto, o curso deixa muito claro e evidente. Todos os os
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alfabetização ação deveriam se apropriar professores de alfabetiz destas aprendizagens. aprendizagens. Compreender como as crianças se alfabetizam, como aprendem e como o cérebro se desenvolve para poder ativá-lo corretamente. corretamente. Isto, sem dúvida, é primordial para a docência dos anos iniciais. iniciais. Por isso, posso dizer que esta escrita é a minha gratidão em relação ao curso e a Carla Silva por compartilhar conosco tanto conhecimento, nos provocando o desejo em saber e melhorar nossas práticas! práticas! Afinal: ―A gente pode escrever uma outra história‖. história‖. Um grande abraço. abraço.
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11 CAPÍTULO 11
A IMPORTÂNCIA DA CONSCIÊNCIA
FONOLÓGICA
MAIS IMPoRTANTE Do QUE SAbER é APRENDER coMoFEUERSTEIN USAR ESSE SAbER. REUVEN
A
Consciência fonológica está ligada a uma habilidade metacognitiva. A metacognição, por sua vez, é uma habilidade que se refere ao ―pensar sobre sobre o o Habilidades es metacognit metacognitivas ivas são normalmen normalmente te pensar‖. Habilidad conceituadas como um conjunto integrado de competências para aprender e pensar. Incluem-se aí muitas das habilidades necessárias para uma aprendizagem ativa: o pensamentoo crítico, pensament crítico, o juízo reflexivo, a resolução de pro blemas e tomada tomada de decisão. decisão. ―Metalinguagem‖ ―Metalinguagem‖ é é pensar e refletir sobre os seus pró prios pri os pro process cessos os lingu linguísti ísticos. cos. Isso oco ocorre rre espo esponta ntaneam neamente ente,,
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por exemplo, quando você fala uma frase para uma criança, e nela existem palavras que rimam; ela para, pensa e percebee que algo ali está parecido, então é possível enten perceb der que ela refletiu e percebeu que algo ali rimou. Ela acaba refletindo sobre os seus próprios processos linguísticos, e isso se dá espontaneamente. espontaneamente. Entretanto, nós, professores, quando não sabemos disso, não nos apropriamos dessa percep per cepção ção.. É imp import ortant antee aprov aproveita eitarmos rmos de situ situaçõ ações es assim para fazer com que a criança se desenvolv desenvolva. a. Consciência fonológica é a habilidade de discriminar e manipular os segmentos sonoros da fala de modo consciente. A criança precisa saber refletir sobre a palavra. Por sua vez, consciência fonológica exige cognição. cognição. Uma criança que é deficiente intelectual, dependendo do nível em que ela se encontra, terá uma dificuldade maior para chegar nesse nível de reflexão. Isso não significa que ela não chegará, mas precisamos dar uma estimulação cognitiva adequada para que ela possa alcançar, então, essa habilidade. Atendi em meu consultório uma criança deficiencien- te intelectual moderada, que chegou com uma questão cognitiva muita acentuada, acentuada, porém agora já lê, escreve, interpreta e faz reflexão fonológica consciente. Precisei de um tempo para chegar nesse nível. Não é algo impossível, mas vai depender muito de como ela é estimulada. estimulada. Cada criança é única, mas, em se tratando da aprendizagem e a leitura e escrita, todas têm o mesmo cérebro que impõe os mesmos limites e a mesma sequência de aprendizagem. Habilidade fonológica é a reflexão desses desses
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componentes sonoros de modo consciente, por isso usa- usa- -se o termo consciência fonológica. fonológica. Para desenvolver essa percepção, preciso de uma est estimuimulação direta. Algumas etapas se desenvolvem espontaneamente, mas se não dermos essa espontaneidade em uma estimulação direta, isso pode se perder. É necessário necessário estimular estimular a criança para que não se perca essa habilidade que ela já vem desenvolvendo espontaneamente. Trabalhar com consciência fonológica na pré-escola é fundamental, pois, a partir dos quatro anos de idade, a criança já é capaz de desenvolver desenvolver suas competências fonológicas, uma vez que o cérebro está começando a se desenvolver para essa reflexão. exão. Estimular a consciência fonológica fonológica é dar um passo de aceleração para a aprendizagem de leitura e escrita. A criancriança vai formular suas hipóteses de maneira maneira assertiva porque estamos oferecendo a ela a consciência do que ela precisa.
Níveis Níve is hierárquicos da Consciência Fonológica Como já foi comprovado cientificamente em diferentes países paí ses,, a con consci sciênc ência ia fono fonológ lógica ica é mui muito to imp import ortant ante. e. Ante Antess dos estudos chegarem ao nosso país, por volta de 1980, começaram a desenvolver as primeiras pesquisas sobre esse tema. Em suas pesquisas, ADAMS ADAMS mostra que se deve estimular a consciência fonológica regularmente, no mínimo de 15 a 20 minutos diário. Assim, o professor levará as crianças a avançarem consideravelmente nesse processo, além de estar envolvendo com dinamismo, porque trabalhar com com consciência fonológica deve ser dinâmico e lúdico. lúdico.
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NEUROCIÊNCIA PARA ALFABETIZAÇÃO
A consciência fonológica possui níveis hierárquicos, então é necessário iniciar uma reflexão sonora mais glo bal até a mais especí e specífica reflexão sonora, ou seja, da Palavra ao Fonema. Vejamos, conceitualmente, cada um desses níveis, seguindo a hierarquia proposta. proposta. Consciência da palavra: o primeiro nível de estimu-
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lação da consciência fonológica é a consciência da palavra. Tê-la é entender o que falamos e ouvimos; ouvi mos; é desenvolver a habilidade de escutar a palavra dita, seja de forma isolada ou numa frase, ou numa música, ou numa história ou numa conversa. A partir da consciência da palavra, é possível perceber que a linguagem oral é composta por níveis de unidades linguísticas cada vez menores, oferecendo, assim, uma compreensão da lógica do sistema de escrita adotado. adotado. Consciência da sílaba: o objetivo da consciênci consciênciaa da sílaba é perceber que as palavras podem ser divididas em partes menores, ou seja, em sílabas. Anteriormente, era a percepção da palavra na frase, ou seja, esta é composta por palavras. Nessa etapa, define-se que a
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palavra é composta por sílabas, isto é, em unidades menores. Através do processo de análise e síntese, é possível compreende compreenderr a palavra. A sílaba é a menor unidade da língua falada. É preciso entendê-la para que haja a percepção das palavras, não é necessário que a criança conheça as letras das sílabas para que tenha consciência da sílaba propriamente. propriamente. Consciência das rimas e aliterações: a rima é uma uma relacio- dimensão da consciência fonológica e está relacio-
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SILVA CARLA SILVA
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nada à semelhança dos sons finais das palavras, mais comum a partir da vogal tônica. A aliteração silábica significa a repetição de sílabas, que pode ocorrer no início, no meio, ou no final da palavra. palavra. Consciência do Fonema: a capacidade de segmentação da oralidade se desenvolve sempre da maior unidade para a menor unidade. Mostrar-se sensível à segmentação da palavra em sílabas é passo fundamental para desenvolver a percepção no nível do fonema. O trabalho com os fonemas deve partir de uma percepção mais simples para mais mais complexa. complexa. Sobre o fonema, é importante ressaltar que: que:
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é a menor unidade da língua; língua; não é pronunciável isoladamente; isoladamente; não é audível; audível; é abstrato (é comum que não se percebam facilmente). facilmente).
No nível do fonema fonema,, é importante desenvolver a Consciência consiste em perceber as OPERAunidades sonoras,Fonêmica, permitindoqueque a criança REALIZE ÇÕES COGNITIVAS, COGNITIVAS, como: adicionar, segmentar, omitir, manipular e analisar a cadeia sonora das palavras. É o desenvolvimentoo de uma análise mais apurada da palavra desenvolviment ouvida que permite a criança compreender os sons envolvidos em cada sílaba dessa palavra. palavra. Diante desse esclarecimento, torna-se mais fácil com preender o lugar da estimulaçã estimulaçãoo Fônica, ou seja, a estiesti- 139 139
NEUROCIÊNCIA PARA ALFABETIZAÇÃO
mulação a partir da relação letra/som. O lugar da fônica não antecede a Consciência Fonológica, necessitando respeitar todos os níveis hierárquicos da mesma. mesma. Stanislas Dehaene, em seu livro Os neurônios da leitura, diz que é preciso colocar o estímulo hierárquico no cérebro, a fim de que a criança possa reconhecer as letras e
os grafemas e os transformar em imagens acústicas de sua língua; todas as outras etapas em nível ortográ fico e enriquecimento de vocabulário dependem disto diretamente. O trabalho de consciência fonológica é preparar para o caminho alfabetizador, então é necessário entender sobre as etapas de cada processo e estimular para uma apropriaapropria - ção do sistema de escrita alfabética de modo consciente. Diante de todas essas aprendizagens, cabe a refle- refle- xão de nosso processo: ―Quanto mais apagamos e re re-desenhamos, desenhamo s, mais perfeitos vão se tornando os nossos traços… e as marcas que ficam nada mais são que que um sinal do aprendizado.‖ Redesenhar é apagar a sua prática ou passar uma borracha sobre o que faz. Peço, apenas, para que REDESENHE; se for necessário apagar, apague, mas redesenhe, fundamentando o que está desenhado de modo que possa ver que aprendeu com a experiência que teve. Faça ciência, fundamente sua prática de modo consciente. consciente. Vamos nessa! nessa!
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SILVA CARLA SILVA
Depoimento Dayanna Braz Professora Professora
Meu nome é Dayanna. Moro em São José dos Campos. Sou professora há mais de 10 anos. Já trabalhei na Educação Infantil e atualmente leciono para o Ensino Fundamental nos anos iniciais e finais. nais. Adquiri dois cursos ministrados pela Carla. O Neurociência e Alfabetização e o Consciência Fonológica na Prática. A abordagem que a Carla utiliza é bem explícita e objetiva. Através da comunicação dinâmica que ela apresenta, pude ampliar meus conhecimentos e já estou executando no meu planejamento para colocar em prática com os meus alunos. alunos. Meu primeiro contato com as explanações da Carla foi pelo Facebook, onde vi os anúncios e vídeos sobre o curso em Neurociência e Alfabetização, o qual já des pertou meu interesse imediato. Neste curso aprendi so bre a maneira em que o cérebro cérebro reage aos estímulos estímulos e ao desenvolvimento cognitivo e suas contribuições na fase de alfabetização, a relação de como o professor ensina e como o aluno aprende, as diferenças entre dificuldades e transtornos de aprendiza aprendizado. do. Já no curso de Consciência Fonológica na Prática, tive a oportunidade de aprofundar meus conhecimentos e todas as dúvidas persistentes foram consolidadas. consolidadas.
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NEUROCIÊNCIA PARA ALFABETIZAÇÃO
Encontrei subsídios e referenciais bibliográficos para escrever meu artigo científico. As aulas mostram como desenvolver a consciência fonológica com os alunos através dos níveis hierárquicos, nos quais pude compreender a fundo cada uma das etapas e também é disponi bilizado várias sugestões de atividades para desenvolver em sala de aula, dentro de cada contexto. É um curso riquíssimo com conteúdos inovadores que só tem a aprimorar a prática docente. Eu recomendo!! recomendo!!
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Língua Portuguesa (1º e 2º ciclos do ensino fundamental). v. 3. Brasília: MEC, 1997. DEHAENE, S. Os neurônios da leitura: como a ciência explica a nossa capacidade de ler. Porto Alegre: Penso, 2012. FERREIRO, E. Alfabetização em Processo. São Paulo: Cortez, 1996.
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