Caderno de Apoio Ao Professor -Manual Interações

February 3, 2018 | Author: soniadmelo | Category: Neutrino, Advertising, Editorial, Rhetoric, Communication
Share Embed Donate


Short Description

Português...

Description

– 11.o ANO Português

CADERNO DE APOIO AO PROFESSOR CONCEIÇÃO COELHO • FÁTIMA AZÓIA • FÁTIMA SANTOS

∫ Propostas de planificação ∫ Situações de aprendizagem ∫ Recursos de apoio à aprendizagem ∫ Testes de avaliação com tipologia de exame

ÍNDICE

NOTA INTRODUTÓRIA ..................................................................

3

O NOVO ACORDO ORTOGRÁFICO NO SISTEMA EDUCATIVO PORTUGUÊS....

4

AULA DIGITAL ............................................................................

8

CONTRIBUTOS PARA O DESENVOLVIMENTO CURRICULAR..................

10

• Finalidades da disciplina de Português .............................................. • Objetivos da disciplina de Português ................................................

10 10

EXPLORAÇÃO DAS SEQUÊNCIAS DE ENSINO Sequência de ensino-aprendizagem n.o 1 A. Planificação .............................................................................

12

B. Em interação: Situações de aprendizagem .........................................

13

C. Recursos de apoio ao desenvolvimento das situações de aprendizagem ......

17

D. Recursos de apoio à avaliação das situações de aprendizagem .................

24

E. Teste de avaliação n.o 1 .................................................................

32

Sequência de ensino-aprendizagem n.o 2 A. Planificação .............................................................................

43

B. Em interação: Situações de aprendizagem .........................................

44

C. Recursos de apoio ao desenvolvimento das situações de aprendizagem ......

46

D. Recursos de apoio à avaliação das situações de aprendizagem .................

54

E. Teste de avaliação n.o 2.................................................................

59

Sequência de ensino-aprendizagem n.o 3 A. Planificação..............................................................................

72

B. Em interação: Situações de aprendizagem .........................................

73

C. Recursos de apoio ao desenvolvimento das situações de aprendizagem ......

76

D. Recursos de apoio à avaliação das situações de aprendizagem .................

81

E. Teste de avaliação n.o 3 ................................................................

87

1

Sequência de ensino-aprendizagem n.o 4 A. Planificação .............................................................................

98

B. Em interação: Situações de aprendizagem .........................................

99

C. Recursos de apoio ao desenvolvimento das situações de aprendizagem .......... 102 D. Recursos de apoio à avaliação das situações de aprendizagem .................

115

E. Teste de avaliação n.o 4................................................................. 120

Sequência de ensino-aprendizagem n.o 5 A. Planificação ............................................................................. 132 B. Em interação: Situações de aprendizagem ......................................... 133 C. Recursos de apoio ao desenvolvimento das situações de aprendizagem ...... 136 D. Recursos de apoio à avaliação das situações de aprendizagem ................. 143 E. Teste de avaliação n.o 5 ................................................................ 146

SOLUÇÕES DOS RECURSOS DE APOIO AO DESENVOLVIMENTO E À AVALIAÇÃO DAS SITUAÇÕES DE APRENDIZAGEM ........................ 157

Nota: Este Caderno encontra-se redigido conforme o novo Acordo Ortográfico.

2

NOTA INTRODUTÓRIA

O Caderno de Apoio ao Professor (CAP) do Interações do 11.o ano pretende ser um instrumento de apoio à atividade dos docentes na promoção de uma aprendizagem significativa e contextualizada. As propostas apresentadas configuram um paradigma fundamentado num modelo dinâmico de aprendizagem, no qual o aluno (re)constrói o saber, partindo de um significado contextual e interacional e buscando a transformação para intervir na realidade. Sem este propósito de intervenção, qualquer aprendizagem é inócua. Mais do que um momento em que se apresentam conceitos, a aula de Português deve provocar aprendizagens. Daí que este CAP proponha um trabalho em torno de situações de aprendizagem globais, progressivamente mais complexas e que exigem um olhar do aluno sobre os seus limites e potencialidades, criando novas relações com o conhecimento. No desenvolvimento do processo de ensino-aprendizagem, o professor busca formas criativas e estimulantes para desafiar as estruturas cognitivas dos alunos, procurando, simultaneamente, avaliar os procedimentos adotados na resolução das atividades. A avaliação é diversificada e emerge das situações de aprendizagem, apresentando o CAP instrumentos auxiliares da prática avaliativa, sob a forma de grelhas simplificadas, onde se procura averiguar do grau de desenvolvimento das competências preconizadas pelo Programa. A avaliação mais formal surge em testes globais, no final de cada sequência, procurando familiarizar os alunos com o modelo de exame de final de ciclo. Todas as propostas aqui apresentadas foram construídas na convicção de que a aprendizagem constitui um processo dialógico problematizador e que só é possível em sintonia e conexão com os outros. A língua portuguesa pode ser, afinal, o veículo de todas as interações! As Autoras

3

O novo acordo ortográfico no sistema educativo português Principais alterações Por Paulo Feytor Pinto A ortografia da língua portuguesa, tal como a própria língua, tem sofrido alterações ao longo do tempo. Em 2011, com a entrada em vigor da nova ortografia que aqui se apresenta, chega ao fim um período de 100 anos durante o qual a língua portuguesa teve duas ortografias oficiais distintas. Este facto foi provocado pelos portugueses que, em 1911, adotaram uma nova ortografia, tornaram-na oficial e não consultaram os brasileiros. Apesar de a nova ortografia comum ter provocado alterações tanto na ortografia portuguesa como na brasileira, aqui apresentam-se apenas as regras que alteram a ortografia a utilizar no sistema educativo português. Todas as regras ortográficas que não são referidas mantêm-se, portanto, inalteradas. Também a terminologia utilizada nesta brochura é a adotada no ensino básico e secundário e não a do texto legal. As alterações introduzidas na ortografia são as seguintes: 1. Introdução das letras k, w e y no alfabeto (Base I). 2. Obrigatoriedade de inicial minúscula em alguns nomes próprios e formas de cortesia (Base XIX). 3. Supressão das letras c e p em sequências de consoantes (Base IV). 4. Supressão de acento em palavras graves (Base IX). 5. Supressão e/ou substituição do hífen em palavras compostas e derivadas, formas verbais e locuções (Bases XV-XVII). A consulta deste texto pode ser complementada com a leitura do diploma legal que aprova a nova ortografia, em especial das bases ou regras acima identificadas e das respetivas notas explicativas. A Resolução da Assembleia da República, de agosto de 1991, está permanentemente disponível em: http://dre.pt/pdf1sdip/1991/08/193A00/43704388.pdf A Resolução do Conselho de Ministros que determina a entrada em vigor da nova ortografia, de janeiro de 2011, adotou também o Vocabulário Ortográfico do Português e o conversor Lince desenvolvidos pelo Instituto de Linguística Teórica e Computacional, com financiamento público do Fundo da Língua Portuguesa. Uma vez que o texto legal que descreve a nova ortografia prevê exceções e não é exaustivo na exemplificação, estas duas ferramentas são muito úteis para esclarecer as inevitáveis dúvidas e estão disponíveis gratuitamente no sítio: www.portaldalinguaportuguesa.org

Alfabeto k w y As letras k, w e y fazem parte do alfabeto da língua portuguesa. Apesar desta novidade, as regras de utilização mantêm-se as mesmas. Estas três letras podem, por exemplo, ser utilizadas em palavras originárias de outras línguas e seus derivados ou em siglas, símbolos e unidades internacionais de medida, como darwinismo, Kuwait, km ou watt. A posição destas três letras no alfabeto é a seguinte: …j, k, l… …v, w, x, y, z. 4

Minúsculas sábado agosto verão

sul senhor Silva

A letra minúscula inicial é obrigatória nos: – nomes dos dias: sábado, domingo, segunda-feira, terça-feira, quarta-feira… – nomes dos meses: agosto, setembro, outubro, novembro, dezembro, janeiro… – nomes das estações do ano: verão, outono, inverno, primavera… – nomes dos pontos cardeais ou equivalentes, mas não quando eles referem regiões: sul, leste, oriente e ocidente europeu, mas o Ocidente. A letra minúscula inicial é obrigatória também nas formas de tratamento ou cortesia: senhor Silva, cardeal Santos… A letra inicial tanto pode ser maiúscula como minúscula em: – títulos de livros, exceto na primeira palavra: Amor de perdição ou Amor de Perdição. – nomes que designam cursos e disciplinas: matemática ou Matemática. – designações de arruamentos: rua da Liberdade ou Rua da Liberdade. – designações de edifícios: igreja do Bonfim ou Igreja do Bonfim.

C&P ação facto ótimo apto As letras c e p são suprimidas sempre que não são pronunciadas pelos falantes mais instruídos, como acontece em algumas sequências de consoantes: ação, ótimo, ata, ator, adjetivo, antártico, atração, coletânea, conceção, letivo, noturno, perentório, sintático… As letras c e p mantêm-se apenas nos casos em que são pronunciadas: facto, apto, adepto, compacto, contacto, corrupção, estupefacto, eucalipto, faccioso, fricção, núpcias, pacto, sumptuoso… Assim, tal como na oralidade, na escrita temos Egito e egípcio. Aceita-se a dupla grafia quando se verifica oscilação na pronúncia culta, como em sector e setor. Já existiam em português outras palavras com mais de uma grafia, como febra, fevra e fêvera. As letras b, g e m mantêm-se na escrita em português europeu padrão de sequências idênticas de consoantes: subtil, súbdito, amígdala, amnistia, omnipresente… A letra h mantém-se tanto no início e no fim de palavra como nos dígrafos ch, lh e nh: homem, oh, chega, mulher, vinho.

5

Acento joia heroico leem veem pera para O acento agudo é suprimido das palavras graves cuja sílaba tónica contém o ditongo oi. Generaliza-se portanto a regra já aplicada em dezoito e comboio. Assim, passamos a ter: joia, heroico, boia, lambisgoia, alcaloide, paranoico… O acento circunflexo é suprimido das formas verbais graves, da terceira pessoa do plural, terminadas em eem. Assim, passamos a ter: leem, veem, creem, deem, preveem… O acento gráfico, agudo ou circunflexo, é suprimido das palavras graves que não têm homógrafas da mesma classe de palavras. Assim, para pode ser uma preposição ou uma forma do verbo parar, tal como acordo já podia ser um nome ou uma forma do verbo acordar. Outros exemplos são: acerto (verbo ou nome), coro (verbo ou nome), fora (verbo ou advérbio)… O acento agudo mantém-se na escrita em português europeu padrão das formas verbais da primeira pessoa do plural, do pretérito perfeito do indicativo, dos verbos da primeira conjugação: gostámos, levámos, entregámos, andámos, comprámos…

Hífen autoavaliação

paraquedas

semirrígido

suprassumo

fim de semana

hei de

O hífen é suprimido das palavras derivadas em que a última letra do primeiro elemento – o elemento não autónomo – é diferente da primeira letra do segundo elemento: autoavaliação, autoestrada, agroindústria, antiamericano, bioalimentar, extraescolar, neoidealismo… O hífen mantém-se nas derivadas começadas por ex, vice, pré, pós, pró, circum seguido de vogal ou n, pan seguido de vogal ou m, ou ab, ad, ob, sob ou sub seguido de consoante igual, b ou r. Assim, continuamos a ter: pós-graduação, pan-americano, sub-região… O hífen mantém-se nas derivadas em que o segundo elemento começa por h, r ou s. No primeiro caso, mantém-se a regra anteriormente em vigor: anti-herói, pan-helénico… O hífen é suprimido de palavras cuja noção de composição se perdeu, tal como já tinha acontecido com pontapé. Assim, passamos a ter: paraquedas, mandachuva… O hífen é substituído por r ou s, duplicando-o, nas palavras derivadas e compostas acima referidas em que a última letra do primeiro elemento é uma vogal e a primeira letra do segundo elemento é um r ou um s : semirrígido, suprassumo, antirroubo, antissemita, girassol, madressilva, ultrassecreto… O hífen é substituído por um espaço em branco nas locuções substantivas, adjetivas, pronominais, adverbiais, prepositivas ou conjuncionais: fim de semana, cão de guarda, cor de vinho…

6

O hífen é substituído por um espaço em branco nas quatro formas monossilábicas do verbo haver seguidas da preposição de: hei de, hás de, há de e hão de. Mantém-se a ortografia em exceções pontuais tais como desumano, cor-de-rosa… O hífen mantém-se em todos os restantes casos: – generalidade das compostas: cobra-capelo, ervilha-de-cheiro, mal-estar, tenente-coronel… – derivadas em que a última letra do primeiro elemento é igual à primeira letra do segundo elemento: anti-ibérico, hiper-realista… – formas verbais seguidas de pronome pessoal dependente: disse-lhe, disse-o, dir-te-ei… – encadeamentos vocabulares: estrada Lisboa-Porto, ponte Rio-Niterói…

7

AULA DIGITAL A Aula Digital possibilita a fácil exploração do projeto Interações, através das novas tecnologias em sala de aula. Utilize uma ferramenta inovadora que lhe permitirá tirar o melhor partido do seu projeto escolar, simplificando o seu trabalho diário.

Explore e vá mais longe Projete e explore as páginas do manual na sala de aula e aceda a um conjunto de conteúdos multimédia integrados com o manual, para tornar a sua aula mais dinâmica:

• Vídeos – documentários de divulgação científica, biografias dos autores abordados no Programa ou anúncios publicitários são alguns dos vídeos disponibilizados na Aula Digital, que permitem explorar, de forma original e criativa, os diferentes conteúdos programáticos.

• Áudios – gravações de leituras expressivas de diversos textos do manual. • PowerPoint – apresentações multimédia sobre as principais obras e autores abordados no manual (Um olhar sobre…) e temas como publicidade, discurso político ou dramatização.

• Testes Interativos – extenso banco de testes interativos personalizáveis e organizados de acordo com os diversos temas do manual.

• Links Internet – sugestões de endereços de páginas na Internet com conteúdos de apoio às matérias exploradas em contexto de sala de aula, com vista a complementar informação e a alargar conhecimento.

Prepare as suas aulas em pouco tempo A Aula Digital simplifica a preparação de aulas com as novas tecnologias. Prepare facilmente sequências planeadas e personalizadas de recursos digitais, para exploração no quadro interativo ou com o projetor simples. Avalie os seus alunos de forma fácil

• Utilize os testes predefinidos ou crie um à medida da sua turma, a partir de uma base de mais de 300 questões.

• Imprima os testes para distribuir, projete em sala de aula ou envie aos seus alunos com correção automática. • Acompanhe o progresso dos alunos através de relatórios de avaliação detalhados.

Comunique e interaja Tire partido das funcionalidades de comunicação e de interação que lhe permitem trocar mensagens e partilhar recursos com os seus alunos.

8

Materiais multimédia Sequência

CD Áudio

Singles e publicidade radiofónica

1

Vídeos

• Vídeo Tvnet sobre a enzima protetora da malária • Eles andam aí (vídeos 1 e 2)

• Um mundo multirriscos • Pluralidade cultural – índios no Brasil, quem • A herança de Padre

2

António Vieira • Sermão de Santo António aos Peixes – Capítulo I • Sermão de Santo António aos Peixes – Capítulo V (excerto) • Sermão de Santo António aos Peixes – Capítulo IV

são eles • A arquitetura barroca • O problema da história única

• Memória ao

3

5

• «Num bairro moderno» • «Cristalizações» • «Deslumbramentos» • «Contrariedades» • «De tarde» • «Provincianas»

apreciação crítica

• Um olhar sobre a publicidade

• Código da Publicidade (documento)

• Formulário de Reclamação do Consumidor (documento) • A retórica ou a arte de convencer (documento) • Testes interativos

• Argumentar para

• Educação, um tesouro convencer a descobrir, de Jacques • Um olhar sobre o Sermão Delors (documento) de Santo António aos • Testes interativos Peixes

de Sousa

• Os Maias, capítulo VIII • Eça de Queirós, 4

• Ler um artigo de

Outros recursos

• Tragédia e Drama • Testes interativos • Um olhar sobre Frei Luís

Conservatório Real de Lisboa • Frei Luís de Sousa, ato I, cena VIII • Frei Luís de Sousa, ato III, cena IV • Frei Luís de Sousa, ato III, cena XI • Louvor a Garrett, de António Mega Ferreira

(excerto) • Os Maias, capítulo XVII (excerto) • Os Maias, capítulo IV (excertos)

PowerPoint

realidade e ficção

• Conhecer Eça de Queirós • Testes interativos • Um olhar sobre Os Maias

• Nas nossas ruas,

• Testes interativos

ao anoitecer • Um olhar sobre a poética de Cesário Verde

9

CONTRIBUTOS PARA O DESENVOLVIMENTO CURRICULAR «O programa de Português valoriza o exercício do pensamento reflexivo pela importância de que se reveste no desenvolvimento de valores, capacidades e competências decorrentes do processo de ensino formal, atribuindo à escola a função de incrementar a capacidade de compreensão e expressão oral e escrita do aluno.»1

Finalidades da disciplina de Português: • «Assegurar o desenvolvimento das competências de compreensão e expressão em língua materna. • Desenvolver a competência de comunicação, aliando o uso funcional ao conhecimento reflexivo sobre a língua. • Formar leitores reflexivos e autónomos que leiam na Escola, fora da Escola e em todo o seu percurso de vida, conscientes do papel da língua no acesso à informação e do seu valor no domínio da expressão estético-literária.

• Promover o conhecimento de obras/autores representativos da tradição literária, garantindo o acesso a um capital cultural comum.

• Proporcionar o desenvolvimento de capacidades ao nível da pesquisa, organização, tratamento e gestão de informação, nomeadamente através do recurso às Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC).

• Assegurar o desenvolvimento do raciocínio verbal e da reflexão, através do conhecimento progressivo das potencialidades da língua.

• Contribuir para a formação do sujeito, promovendo valores de autonomia, de responsabilidade, de espírito crítico, através da participação em práticas de língua adequadas.

• Promover a educação para a cidadania, para a cultura e para o multiculturalismo, pela tomada de consciência da riqueza linguística que a língua portuguesa apresenta.»2

Objetivos da disciplina de Português: • «Desenvolver os processos linguísticos, cognitivos e metacognitivos necessários à operacionalização de cada uma das competências de compreensão e produção nas modalidades oral e escrita.

• Interpretar textos/discursos orais e escritos, reconhecendo as suas diferentes finalidades e as situações de comunicação em que se produzem.

• Desenvolver capacidades de compreensão e de interpretação de textos/discursos com forte dimensão simbólica, onde predominam efeitos estéticos e retóricos, nomeadamente os textos literários, mas também os do domínio da publicidade e da informação mediática.

1 Programa de Português do 10.o, 11.o e 12.o anos dos Cursos Científico-Humanísticos e Cursos Tecnológicos do Ensino Secundário, páginas 2 e 3. 2 Idem, página 6.

10

• Desenvolver o gosto pela leitura dos textos de literatura em língua portuguesa e da literatura universal, como forma de descobrir a relevância da linguagem literária na exploração das potencialidades da língua e de ampliar o conhecimento do mundo.

• Expressar-se oralmente e por escrito com coerência, de acordo com as finalidades e situações de comunicação. • Proceder a uma reflexão linguística e a uma sistematização de conhecimentos sobre o funcionamento da língua, a sua gramática, o modo de estruturação de textos/discursos, com vista a uma utilização correta e adequada dos modos de expressão linguística.

• Utilizar métodos e técnicas de pesquisa, registo e tratamento de informação, nomeadamente com o recurso às TIC. • Desenvolver práticas de relacionamento interpessoal favoráveis ao exercício da autonomia, da cidadania, do sentido de responsabilidade, cooperação e solidariedade.»3

3 Idem, página 7.

11

SEQUÊNCIA DE ENSINO-APRENDIZAGEM N.o 1 A. Planificação

10 blocos 90 minutos (20 aulas)

Competências transversais • Comunicação: Componentes linguística, discursiva/textual, sociolinguística, estratégica. • Estratégica: Estratégias de leitura e de escuta adequadas ao tipo de texto e à finalidade; seleção e organização de informação; operações de planificação, execução e avaliação da escrita e da oralidade; pesquisa em vários suportes; conceção e utilização de instrumentos de análise; elaboração de ficheiros; utilização das TIC. • Formação para a cidadania: Tomada de consciência e exercício de direitos e deveres; apresentação e defesa de opiniões; desenvolvimento do espírito crítico. Tipos de texto: Artigos científicos e técnicos, artigos de apreciação crítica, textos publicitários, reclamação/ protesto

Testes de compreensão oral (CD áudio/ manual): • Documentário de índole científica: A árvore genealógica da humanidade.

COMPETÊNCIAS NUCLEARES

COMPREENSÃO ORAL

• Publicidade (comercial e institucional): Jogos Santa Casa; Eles andam aí...; Água das Pedras.

Escuta/visionamento: • Documentário de índole científica: A árvore genealógica da humanidade. • Publicidade (comercial e institucional): Jogos Santa Casa ; Eles andam aí...; Água das Pedras. • Outros documentários e exemplos de publicidade selecionados na comunicação social por professores e alunos.

• Textos de apreciação crítica. EXPRESSÃO ORAL

• Textos publicitários. • Descrição e interpretação de imagens. • Artigos de apreciação crítica.

EXPRESSÃO ESCRITA

• Texto publicitário. • Reclamação/Protesto. Leitura seletiva: • Loucos por anúncios, página 51.

LEITURA

Textos informativos (páginas 15 a 28)

• A arte de chamar a atenção, página 52. • A retórica ou a arte de convencer (Aula Digital). (Continua)

12

COMPETÊNCIAS NUCLEARES

• Artigos científicos e técnicos. • Artigos de apreciação crítica (sociedade, economia, política, cultura); editorial. • Reclamação/Protesto.

LEITURA

Leitura analítica: • Jovens cientistas europeus em Lisboa • Pura adrenalina • Está aí alguém? • Lugar ao sol • Direito à esperança • O meu avô, o meu pai e eu • As salas de aula, 50 anos depois • Cinema e democracia • Sistemas quânticos e eterna juventude Leitura global: Textos do manual e outros selecionados pelo(a) professor(a) e pelos alunos em revistas e jornais da atualidade. Leitura recreativa: Contrato de Leitura.

Imagem fixa e em movimento: Imagens de publicidade comercial e institucional.

FUNCIONAMENTO DA LÍNGUA

AVALIAÇÃO

• Tempo, aspeto e modalidade. • Tropos e figuras retóricas. • Consolidação dos conteúdos de morfologia, classes de palavras, sintaxe. • Avaliação das competências e avaliação do Webfólio/Portefólio (facultativo). • Autoavaliação e coavaliação para regulação das aprendizagens.

B. Em interação: situações de aprendizagem

• Documentário de índole científica. • Artigos científicos e técnicos. • Artigos de apreciação crítica (sociedade, economia, política, cultura); editorial. • Publicidade (comercial/institucional); texto publicitário. • Reclamação/Protesto.

Situação de aprendizagem n.o 1 • Visionamento de documentário de índole científica (manual); tomada de notas. • Interação verbal em torno das ideias expressas no documentário. • Identificação de vocabulário específico e construção de glossário de termos científicos. • Deteção da estrutura do documentário. • Oficina de escrita (planificação): – Planificação de texto a partir das ideias expressas no documentário: construção do universo de referência/ tópico; determinação da situação e objetivos de comunicação; construção de um plano-guia.

13

Avaliação: • Avaliação da interação verbal. • Participação ativa no trabalho da oficina de escrita. • Avaliação do plano construído. • Balanço individual do trabalho desenvolvido e das aprendizagens realizadas.

Situação de aprendizagem n.o 2 • Pesquisa e constituição de Webfólio/Portefólio de artigos científicos e técnicos. • Seleção dos artigos por área de ciência/técnica. • Constituição de pequenos grupos por área científica/técnica de interesse dos alunos. • Leitura dos artigos selecionados para levantamento de vocabulário específico e informação. • Elaboração de glossário de termos científicos. • Produção de um PowerPoint com informação relevante extraída dos artigos para ser apresentado à turma. • Alargamento do conhecimento: pesquisa de um termo/experiência apresentado(a) nos artigos que suscite a curiosidade intelectual do grupo. • Apresentação à turma do resultado da pesquisa. Avaliação:

• Auto e coavaliação do trabalho em grupo. • Produção de um texto individual, a partir de um dos artigos analisados e da informação recolhida, utilizando vocabulário específico. • Balanço individual do trabalho desenvolvido e das aprendizagens realizadas.

Situação de aprendizagem n.o 3 • Leitura, em trabalho de pares, de um editorial apresentado pelo professor: – Deteção da opinião do meio de comunicação – ponto de vista da entidade/instituição. – Modo como influencia a opinião pública a tomar aquele posicionamento como verdadeiro ou certo. – Relevância do tema tratado. – Afirmações que conferem ao editorial um estatuto de autoridade. – Enquadramento no género de discurso jornalístico que é persuasivo por natureza e visa orientar os indivíduos e a sociedade em geral. • Apresentação oral e registo de conclusões. • Leitura analítica individual de um editorial trazido pelo par com quem o aluno trabalhou inicialmente – registo escrito. Avaliação:

• Avaliação da interação verbal e da apresentação oral. • Auto e coavaliação do trabalho em pares. • Leitura analítica individual de um editorial. • Balanço individual do trabalho desenvolvido e das aprendizagens realizadas.

14

Situação de aprendizagem n.o 4 • Constituição de quatro grandes grupos para leitura de artigos de apreciação crítica (sociedade, economia, política, cultura). • Procedimentos de leitura para cada grupo: – Identificação de sequências informativas e de sequências argumentativas. – Identificação da tese defendida. – Registo de argumentos que revelem a apreciação crítica do autor do artigo. – Levantamento de exemplos utilizados para comprovar a tese e ilustrar os argumentos. – Registo da utilização de linguagem valorativa ou depreciativa. – Identificação do tom utilizado, de acordo com a intenção da crítica. – Verificação da consecussão do objetivo de atingir a eficácia persuasiva, isto é, de influenciar o leitor. • Apresentação oral e registo de conclusões. • Oficina de escrita (planificação, textualização e revisão): – Elaboração de um artigo de apreciação crítica (manual): – Estrutura. – Características. – Expressão de pontos de vista e de juízos de valor. – Estratégias argumentativas. – Vocabulário (valorativo ou depreciativo). Avaliação:

• Auto e coavaliação do trabalho em grupo. • Avaliação da interação verbal e da apresentação oral. • Participação ativa no trabalho da oficina de escrita. • Elaboração individual de um artigo de apreciação crítica. • Balanço individual do trabalho desenvolvido e das aprendizagens realizadas.

Situação de aprendizagem n.o 5 • Trabalho em pequenos grupos em torno de anúncios publicitários escritos e audiovisuais. • Leitura de imagem. • Identificação de características da linguagem publicitária/dos mecanismos de persuasão. • Levantamento dos recursos expressivos que suportam a informação/crítica/argumentação. • Ficha de funcionamento da língua a partir do anúncio. • Produção de um anúncio publicitário que evidencie a relação entre o verbal e o visual, com recurso à função informativa, crítica e argumentativa da imagem e a figuras de estilo/tropos adequados. Avaliação:

• Auto e coavaliação do trabalho em grupo. • Anúncio publicitário produzido. • Balanço individual do trabalho desenvolvido e das aprendizagens realizadas.

15

Situação de aprendizagem n.o 6 • Leitura, em pares, de textos onde seja evidente a reclamação/o protesto: levantamento de factos/situações, razões apresentadas, argumentação evidenciada, soluções alternativas propostas, linguagem que suporta a reclamação/o protesto. • Ficha de funcionamento da língua a partir do texto. • Elaboração, em pares, de reclamação/protesto sobre tema à escolha. Avaliação:

• Produção individual de reclamação/protesto. • Balanço individual do trabalho desenvolvido e das aprendizagens realizadas.

16

C. Recursos de apoio ao desenvolvimento das situações de aprendizagem Jovens identificaram espécie de rã-de-focinho-pontiagudo

5

Três alunos da Escola Secundária Dr. Manuel Candeias Gonçalves conseguiram identificar, na região de Odemira, uma espécie de rã da família Discoglossidae – também chamada de rã-de-focinho-pontiagudo –, considerada espécie protegida, mas atualmente ameaçada por destruição de habitat. A descoberta valeu-lhes o terceiro lugar no Concurso Nacional para Jovens Cientistas e Investigadores e a participação na Semana Internacional de Investigação, na Suíça, que vai decorrer entre 27 de junho e 3 de julho. Com o projeto Anfíbios e répteis: completar o atlas para a região de Odemira, Francisco Silva, João Pedro Pereira e Rúben Gonçalinho, todos da Escola Secundária Dr. Manuel Candeias Gonçalves, conseguiram garantir a presença na Semana Internacional de Investigação que durante sete dias junta, na Suíça, mais de 20 jovens cientistas, entre os 17 e os 20 anos, de várias nacionalidades.

10

15

20

25

A ideia desta Semana é promover o contacto com a natureza, descobrir a vida selvagem alpina e, simultaneamente, despertar os mais novos para os temas relacionados com a ecologia, a biodiversidade, o comportamento animal ou as diferentes espécies de plantas. O objetivo é que os participantes desenvolvam um trabalho de investigação sobre uma área, podendo fazer análises de campo para obter as conclusões necessárias. Em Portugal, os três alunos da Escola Secundária Dr. Manuel Candeias Gonçalves identificaram novas espécies de anfíbios e répteis da Região de Odemira, ajudando a valorizar o património natural daquela zona e, por outro lado, a promover a sua conservação efetiva. A ideia surgiu quando «nos deparámos, pela primeira vez, com o Atlas editado em 2008 pelo Instituto da Conservação da Natureza e Biodiversidade e percebemos que espécies que estávamos habituados a ver na zona de Odemira não se encontravam registadas nas respetivas quadrículas», explicam os alunos. Orientados pela professora Paula Canha, calçaram as botas de borracha e os impermeáveis e durante alguns meses percorreram vários charcos, munidos de recipientes para a identificação das larvas de anfíbios, réguas, lanternas e máquina fotográfica. De entre as espécies com maior número de novos registos, isto é, que foram encontradas em quadrículas nas quais a equipa do Atlas não as detetou, destacam-se: o tritão-de-ventre-laranja (Lissotriton boscai ), a rã-defocinho-pontiagudo (Discoglossus galganoi ), a cobra-cega (Blanus cinereus ), a cobra-de-ferradura (Hemorrhois hippocrepis ) e a cobra-de-capuz (Macroprotodon brevis ). A presença dos «jovens investigadores» na Suíça conta com o apoio da Fundação da Juventude, entidade que vai promover a organização da Final Europeia para Jovens Cientistas, a decorrer em Lisboa, no próximo mês de setembro. Fonte: www.cienciahoje.pt

17

A dança das partículas fantasmas O neutrino é uma partícula engraçada. Teorizada pelo físico austríaco Wolfgang Pauli, em 1930, só viria a ser detetada 30 anos mais tarde. Porém está em todo o lado: em cada segundo chegam até nós, vindas do Espaço, 65 mil milhões destas partículas por centímetro quadrado. As estrelas e as centrais nucleares produzem-nas, tal como a radioatividade natural e, até, o corpo humano. 5

10

Estas partículas mínimas são impercetíveis. Como só raramente interagem com a matéria, atravessam-na como fantasmas inofensivos, quer estejamos a falar de uma parede, de uma pessoa ou dos 732 quilómetros de subsolo que separam o CERN (Centro Europeu de Física das Partículas), em Genebra, do laboratório de Gran Sasso, perto de Roma. Foram estes laboratórios a detetar a metamorfose da partícula, como anunciaram os cientistas da equipa internacional da experiência Opera, iniciada em 2006. O neutrino apresenta-se sob três formas ou «sabores»: o neutrino do eletrão, o neutrino do muão e o neutrino do tau. Contudo, pode sofrer uma mutação brusca – oscilar, como dizem os físicos – de um tipo para outro.

15

A experiência Opera teve início no CERN, onde se procede à aceleração de protões – partículas elementares de carga positiva – contra um alvo de grafite. A colisão produz outras partículas elementares que se desintegram rapidamente, fazendo desaparecer, sobretudo, os neutrinos do muão. Enterradas 1400 metros abaixo da superfície para ficarem protegidas dos raios cósmicos, as salas de teste do laboratório de Gran Sasso foram construídas viradas para Genebra. Dentro delas, um detetor, constituído por 150 mil tijolos de chumbo e por emulsões fotográficas, aguarda os biliões de biliões de neutrinos de muão enviados pelo CERN.

20

25

Foi no meio desta horda de partículas do tipo muão que os investigadores apanharam nas suas redes uma partícula tau. «É quase como se um cão tivesse ido dar um passeio e voltado transformado num gato», dizem os físicos. Essa confirmação experimental é importante porque, segundo a teoria, para se poder transformar, o neutrino precisa de ter massa. Acontece que o Modelo-Padrão, o sustentáculo em que, desde há décadas, assenta toda a física das partículas, presume que o neutrino não tem massa – tal como o fotão, a partícula mensageira da luz. Para Alain Blondel, estamos a aproximar-nos de uma coisa fundamental: a física dos neutrinos com massa poderá ter desempenhado um papel no desequilíbrio entre matéria e antimatéria, o desequilíbrio que possibilitou que as duas entidades não se tivessem aniquilado por completo depois do Big Bang. «Isso poderia permitir-nos compreender por que razão o mundo é feito de matéria e não de antimatéria.» Lucia Sillig, in Courrier Internacional, n.o 174, agosto de 2010 (texto com adaptações)

18

Leitura interativa 1. Especifica o tema deste artigo. 2. Relaciona o título com o tema que indicaste na questão anterior. 3. Atenta nas seguintes afirmações: a) «O neutrino é uma partícula engraçada» (linha 1). b) «atravessam-na como fantasmas inofensivos» (linha 5-6). c) «Essa confirmação experimental é importante» (linha 23). 3.1 Explica cada uma delas, de acordo com o sentido do texto.

4. Explicita o facto que leva os físicos a afirmar: «É quase como se um cão tivesse ido dar um passeio e voltado transformado num gato.»

5. Faz três perguntas sugestivas a partir das informações contidas no artigo. 6. Refere-te à relevância e atualidade do tema explorado.

19

Admirável mundo próprio Assíduas e pontuais, as pessoas afetadas por síndroma de Asperger adaptam-se surpreendentemente bem ao mundo digital. História de sucesso numa empresa suiça onde estão em maioria.

5

Aos 37 anos, Susan Conza dirige, em Zurique, uma empresa de informática fora do comum: emprega técnicos com síndroma de Asperger, uma forma ligeira de autismo. Fundada há dois anos, a Asperger Informatik tem seis funcionários e dá lucro. «Não somos uma instituição social, mas uma sociedade anónima lucrativa», afirma a diretora que também sofre da doença. Antes de se lançar no webdesign, a firma especializara-se em testes aos programas informáticos, uma tarefa meticulosa e repetitiva que se adequa na perfeição a um Asperger. Geralmente inteligentes, as pessoas com esta doença revelam competências em áreas técnicas, como a mecânica e a informática, as artes e as línguas.

10

15

20

A empresa emprega dois «neurotípicos», o nome que os Asperger dão às pessoas normais: o sogro da diretora é o responsável pelos recursos humanos e pela gestão de projetos. Susan Conza acompanha os funcionários nas deslocações aos clientes, para evitar percalços que possam inviabilizar o trabalho, nomeadamente em grandes gabinetes por onde circulam dezenas de pessoas. «Compreendemos mal a linguagem corporal, as subtilezas da língua e as metafóras. A ambiguidade desestabiliza-nos: as coisas têm de ser claras, verdadeiras ou falsas. O aparecimento da Internet ajudou-nos imenso: sentimo-nos mais à vontade a comunicar por correio eletrónico do que por telefone. Estamos muito bem adaptados ao mundo digital e já me questionei se não seremos os representantes de uma nova etapa na evolução da espécie humana», diz a sorrir Susan Conza, a quem não faltam humor e encanto. «A nossa franqueza total pode parecer brusca. Se pensamos que um chefe não tem razão, dizemos. Sem arrogância, mas também sem rodeios...». Esta sinceridade e a criatividade podem ser uma vantagem na política e nas empresas. Damos connosco a sonhar: um mundo onde as manipulações dos políticos e as ligações de amizade darão lugar a trocas diretas, francas e unívocas... Medo da solidão, propensão para a mentira, hipersensibilidade e negação da realidade: os neurotípicos também têm alguns defeitos. Mas, ao contrário dos Asperger, nunca os reconhecem. Daniel Saraga, in Courrier International, n.o 174, agosto de 2010 (texto com adaptações)

Leitura interativa 1. A partir das ideias contidas no texto, caracteriza: 1.1 os Asperger; 1.2 os neurotípicos.

2. «(…) e já me questionei se não seremos os representantes de uma nova etapa na evolução da espécie humana» (linhas 16-17). 2.1 Explica o contexto em que surge esta afirmação.

3. Salienta as razões que permitem validar a opinião de que a sinceridade e a criatividade podem ser uma vantagem na política e nas empresas.

4. Trabalho de grupo: Imagina que vais constituir uma empresa. Elabora um breve estudo de implementação: – Indica o ramo de atividade. – Estabelece o horário de trabalho. – Traça o perfil dos funcionários. – Esboça a hierarquia. 20

– Apresenta a tua visão de futuro, estabelecendo metas. – Perspetiva a rentabilidade. – Sê criativo.

Compreensão oral Filme publicitário Jogos Santa Casa Se eu ganhasse, a primeira coisa que fazia era comprar uma casa com piscina e com vista para o mar. Comprava um carro novo para a minha irmã e outro para o meu irmão. Comprava um barco para os meus pais. À Sara, comprava um colar de diamantes. Depois, pegava em todos os meus amigos e fazia uma festa numa ilha deserta. Este é o outro lado dos jogos, sempre que apostar está a apoiar inúmeras instituições que todos os dias levam esperança e sorrisos a milhares de pessoas. Aposte nos jogos da Santa Casa. Se ganhar, vai fazer muita gente feliz; se não ganhar, também.

Filmes publicitários Eles Andam Aí a) Cheguei de manhãzinha. Já ali estava um objeto não identificado, parecia uma pipa serrada ao meio que fazia UUUUUUUUUUUUUU!!!! Com medo que me roubassem as ameixas soltei os cães – era só o que faltava, não haver ameixas para o novo néctar da Compal. Abalaram, não levaram uma ameixa! A Compal orgulha-se de ter as ameixas mais procuradas de todas. Novo Compal Clássico Ameixa. Fruta que faz tão bem como sabe.

b) Olhe, era p’ra aí dez p’ras cinco quando comecei a sentir os cães alvoraçados. Abateu-se uma luz, ficou dia, assim p’ro vermelho, aquilo parecia um ovo estrelado de ferro, parado ali por cima daquele carreiro. Pensei logo, mais uns maganos que vêm roubar as ameixas, atão e depois, e se as roubam? O que é que digo aos senhores da Compal? Eles precisam das ameixas para fazer o novo néctar. Vai daí, deitei unhas à enxada, sumiram-se de tal maneira, nunca mais os vi! A Compal orgulha-se de ter as ameixas mais procuradas de todas. Novo Compal Clássico Ameixa. Fruta que faz tão bem como sabe.

21

Código da Publicidade1 Artigo 3.o Conceito de publicidade 1. Considera-se publicidade, para efeitos do presente diploma, qualquer forma de comunicação feita por entidades de natureza pública ou privada, no âmbito de uma atividade comercial, industrial, artesanal ou liberal, com o objetivo direto ou indireto de: a) Promover, com vista à sua comercialização ou alienação, quaisquer bens ou serviços; b) Promover ideias, princípios, iniciativas ou instituições. 2. Considera-se, também, publicidade qualquer forma de comunicação da Administração Pública, não prevista no número anterior, que tenha por objetivo, direto ou indireto, promover o fornecimento de bens ou serviços. 3. Para efeitos do presente diploma, não se considera publicidade a propaganda política. (…) Artigo 6.o Princípios da publicidade A publicidade rege-se pelos princípios da licitude, identificabilidade, veracidade e respeito pelos direitos do consumidor. Artigo 7.o Princípio da licitude 1. É proibida a publicidade que, pela sua forma, objeto ou fim, ofenda os valores, princípios e instituições fundamentais constitucionalmente consagrados. 2. É proibida, nomeadamente, a publicidade que: a) Se socorra, depreciativamente, de instituições, símbolos nacionais ou religiosos ou personagens históricas; b) Estimule ou faça apelo à violência, bem como a qualquer atividade ilegal ou criminosa; c) Atente contra a dignidade da pessoa humana; d) Contenha qualquer discriminação em relação à raça, língua, território de origem, religião ou sexo; e) Utilize, sem autorização da própria, a imagem ou as palavras de alguma pessoa; f) Utilize linguagem obscena; g) Encoraje comportamentos prejudiciais à proteção do ambiente; h) Tenha como objeto ideias de conteúdo sindical, político ou religioso. 3. Só é permitida a utilização de línguas de outros países na mensagem publicitária, mesmo que em conjunto com a língua portuguesa, quando aquela tenha os estrangeiros por destinatários exclusivos ou principais, sem prejuízo do disposto no número seguinte. 4. É admitida a utilização excecional de palavras ou de expressões em línguas de outros países quando necessárias à obtenção do efeito visado na conceção da mensagem. Artigo 8.o Princípio da identificabilidade 1. A publicidade tem de ser inequivocamente identificada como tal, qualquer que seja o meio de difusão utilizado. 2. A publicidade efetuada na rádio e na televisão deve ser claramente separada da restante programação, através da introdução de um separador no início e no fim do espaço publicitário. 3. O separador a que se refere o número anterior é constituído, na rádio, por sinais acústicos e, na televisão, por sinais óticos ou acústicos, devendo, no caso da televisão, conter, de forma percetível para os destinatários, a palavra «publicidade» no separador que precede o espaço publicitário. 1 Decreto-Lei n.o 330/90 de 23 de outubro (excertos), com as alterações introduzidas pelos Decretos-Lei n.o 74/93, de 10 de março, n.o 6/95, de 17 de janeiro e n.o

61/97 de 25 de março, n.o 275/98, de 9 de setembro.

22

A retórica ou a arte de convencer

5

O político quer mostrar a relevância das suas ideias. O publicitário quer promover um produto. O advogado de defesa deve demonstrar a inocência do seu cliente. O adolescente quer convencer os pais a deixá-lo sair à noite. O intelectual quer convencer o mundo da relevância da sua visão do mundo. A retórica está em toda parte e muito para além das suas áreas tradicionais (política, publicidade ou barra do tribunal). Considera-se mesmo que ela está na base do discurso científico (persuasão implícita sob o disfarce de demonstração) e que está na linguagem comum do dia a dia. Somos todos retóricos.

10

15

Sempre que surge um problema na comunicação, as pessoas afirmam a sua posição ou tentam diminuir a distância que as separa. Neste sentido, a retórica não se limita às alegações jurídicas ou ao discurso político. Durante muito tempo, a retórica foi mal vista. Associada à propaganda, à manipulação, à publicidade (muitas vezes enganosa) e a muitas outras formas de sedução, muitas vezes enganadora, a retórica gozava de pouca consideração. Foi necessário que a sociedade se liberalizasse e se abrisse à pluralidade de opiniões, para que se aceitasse como normal e saudável que houvesse debates contraditórios. Uma sociedade de comunicação, onde cada um tenta convencer, quando não seduzir, só pode ser dominada por uma retórica preocupada em criar acordos e consensos.

20

A retórica serve, então, não apenas para propor respostas, mas, sobretudo, para negociar o que pode separar cada pessoa de outra pessoa. E pode também servir não só para esbater diferenças, mas para as reforçar. Quando insultamos alguém que acaba de provocar um acidente de automóvel estamos a distanciarmo-nos desse comportamento. E isso também é retórica.

25

A retórica só adquire sentido em relação ao ato de questionar. Se assistimos a um debate sobre educação, ou entre dois adversários políticos ou simplesmente um casal que discute a decoração da sala, isso acontece porque uma questão se impõe: é preciso reformular programas ou repensar a noção de escola; é necessária ou não a ajuda externa para a crise financeira que o país atravessa; que tipo de materiais vamos privilegiar num espaço a ser usado por crianças pequenas. Afinal, porque é que se diz, quando se fala de retórica, que a tónica deve ser colocada nas perguntas? Quando as opiniões e os pontos de vista se tornam problemáticos, pede-se para se justificarem as respostas para que elas sejam validadas (como respostas), o que obriga a encontrar argumentos. É esse o caráter racional da retórica.

30

Mas como as respostas caducam e as respostas válidas ainda fazem pouco eco, há a possibilidade de manipular o auditório fazendo-o acreditar em respostas que não o são. A forma, o estilo, a elegância, as figuras (de retórica) servem pois para fazer passar as respostas sem argumentar a questão. A publicidade é disso um exemplo por excelência. Texto adaptado de «La rhétorique d’Aristote à Obama» in Sciences Humaines, n.o 209, dossiê coordenado por Jean François Dortier, novembro de 2009

23

D. Recursos de apoio à avaliação das situações de aprendizagem Avaliação da competência de compreensão oral Ouve, atentamente, o editorial «Lugar ao sol», da autoria de Rui Cardoso. Assinala com uma X a opção que te parece correta.

V 1. O Sol tem sido tema de reflexão desde épocas remotas. 2. Para os gregos, o Sol era designado de deus Rá. 3. Os egípcios consideravam o sol como símbolo da vida. 4. Segundo a mitologia clássica, Apolo, deus do Sol, tinha uma dupla função. 5. Com o aparecimento das religiões monoteístas, o Sol ganha protagonismo como divindade. 6. No início do período do iluminismo, o rei Luís XVI passou a ser conhecido como o Rei-Sol. 7. O telescópio de Galileu trouxe a Terra para o centro do universo visível, em detrimento do astro-rei. 8. No contexto civilizacional atual, o homem faz o culto solar. 9. Atualmente, o Sol desencadeia apenas situações funestas no ser humano. 10. O desenvolvimento da tecnologia trouxe-nos privilégios, mas também graves prejuízos. 11. A libertação de elevadas quantidades de dióxido de carbono atenua os problemas ambientais. 12. A solução para alguns dos problemas ambientais pode vir do Sol. 13. O calor pode servir para obtermos água, através da dessalinização. 14. A ação do Sol na atmosfera terrestre impede a expansão das energias renováveis. 15. Na parte final do texto, o autor estabelece uma ligação entre o tema desenvolvido e outros assuntos da edição do jornal. 16. Para terminar o editorial, o autor referencia publicações de jornais da atualidade. 17. Um dos assuntos a abordar na edição é o dos protestos dos índios do Amazonas. 18. Charles de Gaulle e Winston Churchill viveram no século XVIII. 19. O editorial apresenta uma linguagem manifestamente objetiva. 20. Em geral, o editorial é um texto jornalístico bastante relevante.

24

F

Avaliação da competência de expressão oral Interação verbal

Parâmetros

a) Intervém voluntária e pertinentemente, mostrando segurança e compreensão dos assuntos colocados à discussão. b) Pronuncia as palavras com clareza, exprimindo-se num tom de voz audível e conjugando adequadamente o acento, a entoação e o ritmo. c) Textualiza com coesão, coerência e sequencialização. d) Demonstra competência argumentativa na forma como sustém uma linha de argumentação. e) Manifesta, através da comunicação oral, interesses, hábitos e atitudes de trabalho, interagindo, com todos os intervenientes, de forma crítica e solidária. Alunos

a) 40

b) 40

c) 40

d) 40

e) 40

Total

25

Avaliação da competência de leitura Avaliação do trabalho de pesquisa de artigos científicos e técnicos em vários suportes a) Seleciona informação relevante. b) Mobiliza a informação de forma correta e adequada. Parâmetros

c) Organiza de forma coerente e estruturada um glossário de termos científicos. d) Produz um PowerPoint de qualidade com a síntese da informação recolhida. e) Apresenta de forma dinâmica e relevante os trabalhos realizados. Alunos

26

a) 40

b) 40

c) 40

d) 40

e) 40

Total

Textos científicos e técnicos

a) Identifica as características específicas do tipo de texto. b) Explicita as questões organizadoras do texto. Parâmetros

c) Salienta a relevância e a atualidade do tema. d) Distingue factos de opiniões. e) Identifica o contributo para a difusão da cultura científica.

Alunos

a) 40

b) 40

c) 40

d) 40

e) 40

Total

27

Trabalho de grupo: Leitura de artigos de apreciação crítica (sociedade, economia, política, cultura) a) Identifica sequências informativas/sequências argumentativas. b) Identifica a tese defendida. c) Seleciona os argumentos que revelam a apreciação crítica do autor do artigo. Grupos

d) Deteta os exemplos utilizados para comprovar a tese e ilustrar os argumentos. e) Distingue a linguagem valorativa ou depreciativa utilizada. f) Reconhece a intencionalidade crítica, identificando o tom utilizado. g) Verifica a eficácia das estratégias persuasivas na receção textual. a)

b)

c)

d)

e)

f)

g)

Observações

1.o 2.o 3.o 4.o

Apresentação oral e registo de conclusões a) Apresenta a tese defendida pelo autor. b) Explicita os pontos de vista/argumentos evidenciados pelo autor. c) Salienta a intencionalidade crítica. Grupos

d) Sintetiza as estratégias persuasivas utilizadas. e) Usa um tom expressivo e um ritmo adequados. f) Articula com clareza, rigor e correção. g) Regista as conclusões enunciadas pelos colegas. a)

1.o 2.o 3.o 4.o

28

b)

c)

d)

e)

f)

g)

Observações

Publicidade

a) Identifica a intencionalidade. b) Descreve e analisa os constituintes verbais e visuais. Parâmetros

c) Interpreta a mensagem, relacionando imagem e texto. d) Identifica os recursos expressivos (visuais e verbais) que servem a mensagem publicitária. e) Avalia a eficácia persuasiva.

Alunos

a) 40

b) 40

c) 40

d) 40

e) 40

Total

29

Avaliação da competência de expressão escrita Texto de apreciação crítica a) Evidencia uma estrutura formal (título/introdução/desenvolvimento/conclusão). b) Expressa um juízo de valor fundamentado em argumentos válidos. Parâmetros

c) Articula com coerência, continuidade e progressão temática. d) Mobiliza recursos adequados à intenção comunicativa. e) Utiliza, com correção linguística, uma linguagem valorativa/depreciativa.

Alunos

30

a) 40

b) 40

c) 40

d) 40

e) 40

Total

Reclamação/Protesto a) Aplica a estrutura da reclamação/do protesto. b) Expõe com clareza e pertinência o(s) motivo(s) da reclamação/do protesto. Parâmetros

c) Apresenta argumentação consistente para fundamentar a reclamação/o protesto. d) Demonstra capacidade crítica e interventiva, propondo soluções pertinentes. e) Redige com correção linguística.

Alunos

a) 40

b) 40

c) 40

d) 40

e) 40

Total

31

TESTE DE AVALIAÇÃO N.o 1 GRUPO I A Lê, atentamente, o seguinte editorial, da autoria de José Carlos Vasconcelos. Se necessário, consulta o vocabulário que se apresenta nas notas de rodapé.

A procura de «respostas»

5

10

15

20

25

30

Portugal, a Europa e o mundo em geral passam por um momento especialmente difícil, para não dizer, em muitas circunstâncias, dramático. Aliás, miséria, fome, injustiça, iniquidade1, corrupção, tirania – às vezes, mormente em alguns países africanos, até massacres, genocídios –, têm sido e continuam a ser, em várias latitudes, tristes realidades do nosso tempo. De resto, isso não é de agora – e não convém esquecer o passado e suas lições: estudos credíveis (por exemplo do PNUD2) mostram que, apesar de tudo, a miséria e a pobreza têm diminuído a nível mundial. No entanto, não sendo de agora, é cada vez mais incompreensível e insuportável que, apesar de todos os avanços e progressos globais, sobretudo a nível científico e tecnológico, ainda em tanto sítio se mantenham aquelas situações. E que o progressivo desenvolvimento de regiões, países, territórios, não seja acompanhado de uma melhor distribuição da riqueza, antes amiúde, apesar de diminuir a miséria, ou aumentar o rendimento per capita, ainda cresçam as tremendas desigualdades sociais. Aliás, a nível europeu, Portugal é o país da UE em que as desigualdades sociais são maiores. (…) Algumas daquelas situações levaram ao promissor triunfo, na Tunísia e no Egito, de revoluções populares que já afastaram ditadores corruptos e, embora subsistam perigos, ameaças, abriram as portas a regimes mais democráticos e sérios. Enquanto serviram de exemplo, foram detonadores da contestação a regimes iguais ou piores – na Líbia, no Iémen, no Barém, etc. Veremos como tudo vai terminar, designadamente na Líbia, onde a ONU, muito bem, decidiu intervir para evitar o bombardeamento e o extermínio de civis. Acrescendo à grave crise económica e financeira ainda não superada, e em Portugal muito grave, há ainda outras «desgraças»: desde a subida em flecha do preço do petróleo e dos alimentos até ao terrível sismo e tsunami no Japão, mais o subsequente acidente nuclear em Fukushima, que mostrou à exuberância a justeza do «nuclear não» e sobre cujos efeitos ainda há imensas dúvidas. Em Portugal estamos, aliás, à beira de uma crise política, com queda de governo e eleições antecipadas. Desconhecem-se as consequências, sabe-se a extrema dificuldade da situação. Este não é o local próprio para análises e comentários políticos. Creio, no entanto, não haver nenhuma resposta de fundo capaz e com resultados satisfatórios, perduráveis, dentro do atual modelo de sociedade. As muitas dezenas de milhares de pessoas, sobretudo jovens, que há uma dúzia de dias encheram ruas e praças de Lisboa e do Porto, clamando contra a situação atual e reclamando melhores condições de vida, num misto de protesto e festa, com exemplar civismo, terão de procurar novas respostas. Todos teremos de as procurar. Quando às vezes já nem se sabe quais são as perguntas. Entretanto, é saudável e indispensável que, com esse mesmo civismo e sem violência, os cidadãos se indignem. Dos mais jovens aos mais velhos, como o resistente ao nazismo Stephane Hessel, de 93 anos, que publicou em França o opúsculo Indignai-vos, que rápida e muito significativamente vendeu ali 1 milhão e 300 mil exemplares – e que foi agora editado em Portugal (pela Objetiva) com um certeiro prefácio de Mário Soares. A indignação como primeiro passo para a(s) mudança(s) necessárias – eis o que poderá ser o início de um bom caminho, mesmo ignorando se alcançamos a meta... 1 Iniquidade – injustiça. 2 PNUD – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento.

32

José Carlos de Vasconcelos, in Jornal de Letras, 23 de março de 2011

Apresenta, de forma clara e bem estruturada, as respostas aos itens que se seguem.

1. Esclarece a situação socioeconómica de Portugal no contexto europeu. 2. Justifica a opinião do autor face aos problemas que aborda no texto, relacionando-a com aspetos da linguagem valorativa e subjetiva presentes no editorial.

3. Explica a estruturação lógica do editorial em análise. 4. Explicita as razões que possibilitam classificar o texto transcrito como um editorial.

B «1. Considera-se publicidade, para efeitos do presente diploma, qualquer forma de comunicação feita por entidades de natureza pública ou privada, no âmbito de uma atividade comercial, industrial, artesanal ou liberal, com o objetivo direto ou indireto de: a) Promover, com vista à sua comercialização ou alienação, quaisquer bens ou serviços; b) Promover ideias, princípios, iniciativas ou instituições.» N.o 1 do artigo 3.o do Código da Publicidade

Fazendo apelo à tua experiência de leitura e de visionamento/audição de textos publicitários, comenta, num texto de oitenta a cento e trinta palavras, as estratégias publicitárias que causam maior impacto no interlocutor/potencial consumidor.

Observações relativas ao item B 1. Para efeitos de contagem, considera-se uma palavra qualquer sequência delimitada por espaços em branco, mesmo quando esta integre elementos ligados por hífen (ex.: /dir-se-ia/). Qualquer número conta como uma única palavra, independentemente dos algarismos que o constituam (ex.: /2011/). 2. Um desvio dos limites de extensão indicados implica uma desvalorização parcial (até cinco pontos) do texto produzido.

33

GRUPO II Lê atentamente o texto seguinte.

Fomento de vocações científicas Uma sociedade desenvolvida necessita de atrair para a ciência e tecnologia alunos em quantidade e qualidade suficientes. Isso pressupõe o fomento de vocações científicas, o que significa não só vocações para a criação da ciência, mas também para a aplicação da ciência na vida prática.

5

10

15

Tem-se assistido em todo o mundo a um declínio do número de jovens que procuram cursos e carreiras de ciência e tecnologia, no sentido estrito, em favor da procura de cursos de ciências sociais, artes, etc. E o problema atinge-nos também. Precisamos de mais cientistas e engenheiros, se compararmos os nossos índices dessas profissões com os índices dos países mais desenvolvidos da Europa, a que pertencemos. Toda a Europa, para se desenvolver rumo à «economia mais desenvolvida do mundo» (um objetivo da Estratégia de Lisboa do ano 2000, cuja concretização ficou bastante aquém do previsto), necessita de mais pessoas com formação em ciência e tecnologia. Como superar este evidente desfasamento entre oferta de jovens e procura pela sociedade e pelo mercado? Porque é que os jovens se afastam, pode mesmo dizer-se, se autoexcluem, da ciência e da tecnologia? As causas são várias, mas entroncam todas no distanciamento entre ciência e sociedade. Se é verdade que a ciência é impulsionadora do progresso social, proporcionando aos cidadãos níveis de conforto inalcançáveis sem o seu concurso (em múltiplos fatores: na saúde, alimentação, habitação, transportes, comunicações, lazer, etc.), não é menos certo que parte importante da sociedade receia a ciência, chegando mesmo em alguns casos extremos a recusá-la liminarmente. A ciência, depois dos desastres de Bhopal e Chernobyl (para não falar de outros mais recentes, como o derrame petrolífero no golfo do México), está associada a perigos, não se encontrando interiorizada a noção de que o risco é inerente a qualquer atividade humana e que a própria ciência, mais e melhor do que ninguém, poderá prever, evitar e diminuir os riscos. Carlos Fiolhais (2011), A ciência em Portugal, Lisboa, Fundação Francisco Manuel dos Santos, páginas 63-64

1. Seleciona, em cada um dos itens de 1 a 7, a única opção que permite obter uma afirmação adequada ao sentido do texto. Escreve, na folha de respostas, o número do item e a letra que identifica a opção correta. 1. Segundo o autor do texto…

a) há muitos jovens com grande vocação científica. b) os jovens revelam reduzida vocação científica. c) é necessário desenvolver a vocação científica nos jovens. d) é imperativo inibir a vocação científica nos jovens. 2. Para atingir um dos objetivos da Estratégia de Lisboa 2000, é prioritário…

a) reduzir o tempo dos cursos para algumas profissões. b) circunscrever os currículos de alguns cursos superiores. c) diminuir o número de cientistas e de engenheiros. d) incrementar a formação em ciência e em tecnologia.

34

3. A superação do desfasamento entre a lógica da procura de jovens com formação científica e a respetiva oferta

poderá residir… a) na total ausência de progresso social. b) na aproximação entre ciência e sociedade. c) no distanciamento entre ciência e sociedade. d) nas lacunas da sociedade do conhecimento. 4. No discurso parentético (linha 14), encontramos…

a) uma personificação. b) uma sinestesia. c) uma gradação. d) uma enumeração. 5. A forma verbal «compararmos» (linha 6) encontra-se no…

a) futuro do modo indicativo. b) presente do modo indicativo. c) futuro do modo conjuntivo. d) presente do modo conjuntivo. 6. Em «a recusá-la liminarmente» (linhas 15-16), o constituinte «-la» desempenha a função sintática de…

a) complemento do adjetivo. b) complemento oblíquo. c) complemento indireto. d) complemento direto. 7. Em «não se encontrando interiorizada a noção» (linha 17), o pronome encontra-se anteposto ao verbo, porque…

a) o texto é de um autor brasileiro. b) a frase se encontra na negativa. c) há uma incorreção sintática. d) a oração é subordinada.

2. Faz corresponder a cada segmento textual da coluna A um único segmento textual da coluna B, de modo a obteres uma afirmação adequada ao sentido do texto. Escreve, na folha de respostas, as letras e os números correspondentes. Utiliza cada letra e cada número apenas uma vez. Coluna A

Coluna B

1. Com a expressão entre aspas «economia mais desenvolvida do mundo» (linha 8),

a) o enunciador recorre à ironia.

2. Com o advérbio «liminarmente» (linhas 15-16)

c) o enunciador introduz um modificador restritivo.

3. Ao usar os parênteses (linha 14)

d) o enunciador recorre ao aspeto gramatical genérico.

4. Com a expressão «o risco é inerente a qualquer atividade humana» (linha 18)

e) o enunciador recorre à modalidade deôntica.

5. Com o segmento «a própria ciência, mais e melhor do que ninguém, poderá prever, evitar e diminuir os riscos» (linhas 18-19)

b) o enunciador introduz um modificador do predicado.

f) o enunciador demarca uma citação. g) o enunciador faz uso da modalidade epistémica. h) o enunciador explicita a possibilidade de existirem outros exemplos.

35

GRUPO III Imagina que os laboratórios da tua escola se encontram desprovidos de materiais essenciais para a realização de experiências. Escreve uma carta de reclamação, correta e bem estruturada, com um mínimo de duzentas e um máximo de trezentas palavras, dirigida à Direção da escola, aduzindo argumentos que sustentem a tua contestação e propondo uma solução para o problema. Respeita os aspetos formais da carta.

Observações 1. Para efeitos de contagem, considera-se uma palavra qualquer sequência delimitada por espaços em branco, mesmo quando esta integre elementos ligados por hífen (ex.: /dir-se-ia/). Qualquer número conta como uma única palavra, independentemente dos algarismos que o constituam (ex.: /2011/). 2. Relativamente ao desvio dos limites de extensão indicados – um mínimo de duzentas e um máximo de trezentas palavras –, há que atender ao seguinte:

• A um texto com extensão inferior a oitenta palavras é atribuída a classificação de zero pontos. • Nos outros casos, um desvio dos limites de extensão indicados implica uma desvalorização parcial (até cinco pontos) do texto produzido.

FIM

36

Critérios específicos de classificação

GRUPO I A 1. ................................................................................................................................................................................................................................................................ ...............................

15 pontos

Critérios específicos de classificação

• Aspetos de conteúdo (C) ......................................................................................................................................................................................................................... 9 pontos • Aspetos de organização e correção linguística (F) ................................................................................................................................................... 6 pontos – Estruturação do discurso ................................................................................................................................................................................................................. – Correção linguística ...............................................................................................................................................................................................................................

3 pontos 3 pontos

Níveis de desempenho

Descritores

Pontuação

4

Apresenta, com pertinência e rigor, todos os aspetos inerentes à situação do país no contexto europeu.

9

3

Apresenta, com pertinência e rigor, dois dos aspetos referentes à situação do país no contexto europeu.

7

2

Apresenta, com imprecisão, dois dos aspetos relativos à situação do país no contexto europeu.

5

1

Apresenta, com acentuadas imprecisões, um ou dois aspetos referentes à situação do país no contexto europeu.

3

Cenário de resposta A resposta deve contemplar os aspetos que a seguir se enunciam, ou outros considerados relevantes:

• Situação difícil de toda a Europa. • Portugal é o país da UE que apresenta maiores desigualdades sociais. • Crise económica e financeira muito grave. • Crise política, com eleições antecipadas. •…

37

2. ................................................................................................................................................................................................................................................................ .............................

15 pontos

Critérios específicos de classificação

• Aspetos de conteúdo (C) ......................................................................................................................................................................................................................... 12 pontos • Aspetos de organização e correção linguística (F) ................................................................................................................................................... – Estruturação do discurso ........................................................................................................................................................ – Correção linguística ..................................................................................................................................................................

8 pontos 4 pontos 4 pontos

Níveis de desempenho

Descritores

Pontuação

4

Explicita, com clareza e pertinência, a opinião do autor, destacando evidências da linguagem valorativa e subjetiva.

12

3

Explicita, com clareza e pertinência, a opinião do autor, mas não destaca evidências da linguagem valorativa e subjetiva. Ou Destaca aspetos da linguagem valorativa e subjetiva, mas não explicita a opinião do autor, com clareza e pertinência.

9

2

Expõe, com imprecisão, a opinião do autor, transcrevendo alguns exemplos da linguagem valorativa e subjetiva.

6

1

Expõe, com muita imprecisão, a opinião do autor. Ou Transcreve alguns exemplos da linguagem valorativa e subjetiva.

3

Cenário de resposta A resposta deve contemplar os aspetos que a seguir se enunciam, ou outros considerados relevantes:

• Desencanto do autor perante as dificuldades que assolam a humanidade («miséria, fome, injustiça, iniquidade, corrupção, tirania»; «massacres, genocídios»), ideias marcadas pela subjetividade da expressão «tristes realidades do nosso tempo».

• Consciência de que esta situação tem abrangido várias gerações. • Recurso à expressão valorativa e subjetiva «incompreensível e insuportável», para salientar que, numa sociedade caracterizada pelo progresso científico e tecnológico, permanecem as desigualdades sociais.

• Triunfo das revoluções em países subjugados a regimes ditatoriais («promissor triunfo»). • Aprovação, através da expressão «muito bem», da operação da ONU na Líbia. • Apologia da intervenção dos cidadãos em defesa do interesse coletivo. • ...

38

3. ................................................................................................................................................................................................................................................................ .............................

20 pontos

Critérios específicos de classificação

• Aspetos de conteúdo (C) ......................................................................................................................................................................................................................... 12 pontos • Aspetos de organização e correção linguística (F) ................................................................................................................................................... – Estruturação do discurso ........................................................................................................................................................ – Correção linguística ..................................................................................................................................................................

8 pontos 4 pontos 4 pontos

Níveis de desempenho

Descritores

Pontuação

4

Explica, com rigor e clareza, a estruturação do editorial, identificando a introdução, o desenvolvimento (exposição, argumentação e exemplificação) e a conclusão.

12

3

Explica, com rigor e clareza, as partes constituintes do discurso (introdução, desenvolvimento e conclusão), mas não explicita, com precisão, os argumentos.

9

2

Explica, com algumas imprecisões, as partes constituintes do discurso (introdução, desenvolvimento e conclusão).

6

1

Refere, com muitas imprecisões, as partes constituintes do discurso (introdução, desenvolvimento e conclusão)..

3

Cenário de resposta A resposta deve contemplar os aspetos que a seguir se enunciam, ou outros considerados relevantes:

• Introdução (primeiro parágrafo): Apresentação sucinta do tema; generalização das dificuldades e das injustiças sociais em Portugal, na Europa e no mundo.

• Desenvolvimento (segundo, terceiro, quarto e quinto parágrafos): Referencial histórico (situações do passado que se repetem no presente; contexto político em Portugal); argumentação: injustiça das desigualdades sociais; continuidade dessas situações numa sociedade marcada pelo progresso científico e tecnológico; confirmação e exemplificação: revoluções populares que tentam inverter as assimetrias sociais; intervenção da ONU em defesa de cidadãos comuns; retoma da referência à situação de Portugal (crise política; contestação)...

• Conclusão: A atitude de cidadania deve pautar-se pela intervenção não violenta... •…

39

4. ................................................................................................................................................................................................................................................................ .............................

15 pontos

Critérios específicos de classificação

• Aspetos de conteúdo (C) .........................................................................................................................................................................................................................

9 pontos

• Aspetos de organização e correção linguística (F) ...................................................................................................................................................

6 pontos 3 pontos 3 pontos

– Estruturação do discurso ........................................................................................................................................................ – Correção linguística ..................................................................................................................................................................

Níveis de desempenho

Descritores

Pontuação

4

Explicita, com rigor e pertinência, as características do texto que permitem a sua integração no editorial, salientando tratar-se de um género jornalístico que expressa opinião

9

3

Explicita as características do texto que permitem a sua integração no editorial, referindo tratar-se de um género jornalístico que expressa opinião.

7

2

Explicita, com algumas imprecisões, características do texto que possibilitam a sua classificação de editorial.

5

1

Explicita, com muitas imprecisões, características do texto que possibilitam a sua classificação de editorial.

3

Cenário de resposta A resposta deve contemplar os aspetos que a seguir se enunciam, ou outros considerados relevantes:

• Género do discurso jornalístico que expressa a opinião através de uma linguagem valorativa e subjetiva. • Discurso sobre os factos mais importantes no espaço político-social-económico com abrangência nacional (Portugal) e internacional (a Europa e o mundo)

• Pretende persuadir o público, levando-o a tomar aquele posicionamento como verdadeiro ou certo. • Texto exortativo e persuasivo, visando a orientação dos indivíduos e da sociedade em geral. • ...

40

B Critérios específicos de classificação

• Aspetos de conteúdo (C) ......................................................................................................................................................................................................................... 18 pontos • Aspetos de organização e correção linguística (F) ................................................................................................................................................... 12 pontos – Estruturação do discurso ................................................................................................................................................................................................................. – Correção linguística ...............................................................................................................................................................................................................................

7 pontos 5 pontos

Níveis de desempenho

Descritores

Pontuação

6

Comenta, com rigor e pertinência, o impacto de diversas estratégias publicitárias no público, evidenciando um excelente domínio do tema.

18

5

Comenta, com rigor e pertinência, o impacto de diversas estratégias publicitárias no público, demonstrando um bom domínio do tema.

15

4

Comenta, com algum rigor e alguma pertinência, o impacto de diversas estratégias publicitárias no público, evidenciando um bom domínio do tema.

12

3

Comenta, com algum rigor e alguma pertinência, o impacto de diversas estratégias publicitárias no público, evidenciando um domínio suficiente do tema.

9

2

Comenta, com imprecisão e pouco rigor, o impacto de diversas estratégias publicitárias no público, evidenciando um domínio suficiente do tema.

6

1

Comenta, com muita imprecisão, o impacto de diversas estratégias publicitárias no público, tecendo considerações gerais e incipientes.

3

Cenário de resposta A resposta deve contemplar os aspetos que a seguir se enunciam, ou outros considerados relevantes:

• A mensagem publicitária contém uma significação indireta, aludindo e evocando, através da associação e da conotação…

• Os argumentos recaem sobre a criação de um significado complexo, conotado positivamente, que se vem associar à marca e àqueles que a consomem. A beleza, a riqueza, a felicidade familiar, as férias ou a amizade são desta forma invocados, por metonímia, segundo mecanismos significantes que podem parecer complicados, mas que desencadearão no público a atitude determinada pelos objetivos da publicidade...

• As imagens sonoras e visuais são estratégias publicitárias muito eficazes. • O método AIDMA (atenção, interesse, desejo, memória e aquisição) e o método DDPC (dramático, descritivo, persuasivo, compra) são recorrentes na publicidade.

•…

41

GRUPO II Chaves de correção:

1. 1. c); 2. d); 3. b); 4. d); 5. c); 6. c); 7. b). Níveis de desempenho

2. 1. g); 2. b); 3. h); 4. d); 5. e) Descritores do nível de desempenho

Pontuação

3

Estabelece quatro ou cinco correspondências corretas.

15

2

Estabelece duas ou três correspondências corretas.

9

1

Estabelece uma correspondência correta.

3

GRUPO III Critérios específicos de classificação

• Estruturação temática e discursiva .......................................................................................................................................................................................... 30 pontos • Correção linguística .................................................................................................................................................................................................................................... 20 pontos Parâmetros

Estruturação temática e discursiva

• Cumpre integralmente a instrução quanto a: – tema (escreve um texto sobre a dificuldade de realizar aulas práticas nos laboratórios da escola); – tipo de texto – carta formal de reclamação com caráter expositivo-argumentativo. Tema e tipologia • Integra, pelo menos, uma sequência descritiva relativa à situação exposta e dois argutextual mentos. • Apresenta a disposição gráfica dos elementos distintivos da carta (destinatário com fórmula de tratamento adequada; assunto, data, fórmulas de abertura e de despedida, assinatura...).

20

• Redige um texto que respeita totalmente o tema. – Produz um discurso coerente: – com informação e argumentação pertinente; – com progressão temática evidente; – com abertura, desenvolvimento e conclusão adequados.

5

Estrutura e coesão

• Domina os mecanismos de coesão textual: – Recorre a processos variados de articulação interfrásica, designadamente conetores diversificados de tempo, de sequencialização, … – Assegura a manutenção de cadeias de referência (através de substituições nominais, pronominais…); – Garante a manutenção de conexões entre coordenadas de enunciação (pessoa, tempo, espaço) ao longo do texto.

5

Morfologia e sintaxe

• Recorre a estruturas sintáticas variadas e complexas. • Domina processos de conexão interfrásica (concordância, flexão verbal, propriedades de seleção...)

5

Repertório vocabular

• Usa um registo de língua adequado ao texto. • Recorre a um repertório lexical variado.

5

• Não dá erros ortográficos. • Pontua de forma sistemática e pertinente. • Assinala, inequivocamente, as marcas de início de parágrafos.

10

Coerência e pertinência da informação

Ortografia e pontuação

42

Pontuação

SEQUÊNCIA DE ENSINO-APRENDIZAGEM N.o 2 A. Planificação

12 blocos de 90 minutos (24 aulas)

Competências transversais: • Comunicação: Componentes linguística, discursiva/textual, sociolinguística, estratégica. • Estratégica: Estratégias de leitura e de escuta adequadas ao tipo de texto e à finalidade; seleção e organização da informação; operações de planificação, execução e avaliação da escrita e da oralidade; pesquisa em vários suportes; conceção e utilização de instrumentos de análise; elaboração de ficheiros; utilização das TIC. • Formação para a cidadania: Construção de uma identidade pessoal e cultural através da reflexão sobre ideias, motivações e ações; conhecimento e aceitação das diferenças do outro; apresentação e defesa de opiniões; desenvolvimento de capacidades críticas. Tipos de texto: Sermão, exposição, textos expositivo-argumentativo

COMPREENSÃO ORAL

COMPETÊNCIAS NUCLEARES

EXPRESSÃO ORAL EXPRESSÃO ESCRITA

LEITURA

FUNCIONAMENTO DA LÍNGUA

AVALIAÇÃO

Testes de compreensão oral (CD áudio/manual): • «Um mundo multirriscos». • «A herança do Padre António Vieira». • Sermão de Santo António aos Peixes (capítulo IV).

Escuta/visionamento: • «Um mundo multirriscos». • «A herança do Padre António Vieira». • Sermão de Santo António aos Peixes (capítulo IV). • Vídeos da RTP2 selecionados pelos alunos e pelo(a) professor(a) e disponíveis no YouTube.

Expressão oral • Exposição (a partir de plano-guia). • Texto expositivo-argumentativo. • Comunicado: – Planificação; textualização; revisão. Textos informativos: Leitura seletiva: (páginas 68 a 72; 74 a 102) • Excerto de Carta sobre o achamento do Brasil. • «Entre o sonho e a realidade». • «Todo o discurso de Vieira é empolgante». Leitura literária: • Sermão de Santo António aos Peixes, Padre António Vieira. • Discurso político. • Comunicado.

Leitura analítica: • Discurso do secretário-geral da ONU, Kofi Annan, sobre os Objetivos de Desenvolvimento do Milénio ; «Educação, um tesouro a descobrir»; «Objetivo: mudança»; Sermão de Santo António aos Peixes ; «Comunicado dos povos indígenas do Xingu». Leitura global: • Outros discursos políticos e comunicados selecionados pelo(a) professor(a) e pelos alunos. Leitura recreativa: • Contrato de Leitura.

• Processos fonológicos. • Processos irregulares de formação das palavras. • Relações semânticas entre palavras. • Coesão, coerência e progressão textual. • Consolidação de conteúdos: classes de palavras, morfologia e sintaxe. • Avaliação das competências e avaliação do Webfólio/Portefólio (facultativo). • Autoavaliação e coavaliação para regulação das aprendizagens.

43

B. Em interação

• Texto argumentativo; texto expositivo-argumentativo. • Discurso político. • Sermão de Santo António aos Peixes, de Padre António Vieira (excertos). • Comunicado. • Exposição (a partir de um plano-guia previamente fornecido).

Situação de aprendizagem n.o 1 • Audição de discurso político (manual); tomada de notas. • Interação verbal em torno das ideias expressas no discurso. • Deteção da estrutura do discurso. • Identificação de tese e estratégias de argumentação, persuasão e manipulação. • Redação de um comunicado a partir das ideias transmitidas pelo discurso político. • Recolha e seleção de discursos políticos do passado e da atualidade: Semelhanças e diferenças na estrutura e nos temas abordados. • Enquadramento do discurso no seu tempo: Pesquisa sobre o autor e sobre o contexto de produção. • Apresentação oral dos resultados da pesquisa. Avaliação: • Avaliação da interação verbal e da apresentação oral. • Avaliação do comunicado. • Balanço individual do trabalho desenvolvido e das aprendizagens realizadas.

Situação de aprendizagem n.o 2 • Leitura, em trabalho de grupo, de um texto argumentativo/expositivo-argumentativo: – Identificação do tema. – Deteção do ponto de vista (explícito ou implícito) do autor. – Análise da cadeia argumentativa: Argumentos e exemplos utilizados na defesa do ponto de vista; possíveis contra-argumentações; recursos mobilizados para refutar as possíveis contra-argumentações. • Ficha de funcionamento da língua a partir do texto analisado. • Apresentação oral e registo de conclusões. • Registo escrito individual – posicionamento crítico relativamente ao tema abordado no texto analisado. Avaliação:

• Auto e coavaliação do trabalho em grupo. • Avaliação da interação verbal e da apresentação oral. • Avaliação da ficha de funcionamento da língua. • Produção de um texto individual – posicionamento crítico face ao tema exposto pelo autor do texto estudado em grupo.

• Balanço individual do trabalho desenvolvido e das aprendizagens realizadas. 44

Situação de aprendizagem n.o 3 • Leitura, em grupo, de um excerto do Sermão de Santo António aos Peixes (louvor ou crítica a um peixe): – Identificação do peixe e do louvor/crítica respetivo/a. – Esquematização do excerto (estrutura e ideias transmitidas). – Reconhecimento da argumentação e da exemplificação. – Levantamento dos princípios lógicos subjacentes à argumentação. – Identificação de marcadores e conetores discursivos. – Comparação do peixe em questão com Santo António. – Comparação do louvor/crítica com a atualidade. • Apresentação oral e registo de conclusões. • Conceção de um quadro global analítico que evidencie os louvores e as críticas presentes no Sermão. • Oficina de escrita (planificação, textualização e revisão): – Produção de um texto argumentativo individual que apresente um louvor ou uma crítica a uma situação da sociedade contemporânea. Avaliação:

• Avaliação da interação verbal e da apresentação oral. • Auto e coavaliação do trabalho em grupo. • Participação ativa no trabalho da oficina de escrita. • Texto argumentativo individual. • Balanço individual do trabalho desenvolvido e das aprendizagens realizadas. Situação de aprendizagem n.o 4 • Exposição oral a partir de um plano guia previamente fornecido (manual) – trabalho de pares: – Preparação da exposição a partir do tema e do plano apresentado (seleção de recursos de apoio). – Discussão com o par do enfoque a emprestar ao tema. – Divisão lógica e coerente da parte da exposição que cabe a cada um. – Apresentação da exposição com os recursos de apoio. Avaliação:

• Auto e coavaliação do trabalho em pares. • Avaliação da exposição oral. • Balanço individual do trabalho desenvolvido e das aprendizagens realizadas.

45

C. Recursos de apoio ao desenvolvimento das situações de aprendizagem Um mundo multirriscos

5

10

15

A queda, em 1989, do bloco soviético virou uma página da história mas, paradoxalmente, o fim da Guerra Fria, que marcara os decénios precedentes, deu origem a um mundo mais complexo e inseguro e sem dúvida mais perigoso. Talvez a Guerra Fria encobrisse, há muito tempo já, as tensões latentes que existiam entre nações, etnias, comunidades religiosas, que agora surgem à luz do dia, constituindo outros tantos focos de agitação ou causas de conflitos declarados. A entrada neste mundo «multirriscos», ou pressentido como tal, constituído por elementos ainda por decifrar, é uma das características dos finais do século XX, que perturba e inquieta profundamente a consciência mundial. É correto, sem dúvida, considerar a queda de alguns regimes totalitários como um avanço da liberdade e da democracia. Mas há muito caminho a percorrer ainda, e a revelação da multiplicidade de riscos que pesam sobre o futuro do mundo coloca o observador perante numerosos paradoxos: o poder totalitário revela-se frágil, mas os seus efeitos persistem; assiste-se, simultaneamente, ao declínio da ideia de Estado nacional e ao aumento dos nacionalismos; a paz parece, agora, menos impossível do que durante a Guerra Fria, mas a guerra surge, também, como menos improvável. A incerteza quanto ao destino comum da humanidade assume novas e variadas formas. A acumulação de armas, mesmo de armas nucleares, não tem o mesmo significado simples de dissuasão nem de segurança contra o risco de uma guerra entre dois blocos; é fruto de uma competição generalizada, para ver quem detém as armas mais sofisticadas. Ora, esta corrida aos armamentos não diz respeito apenas a alguns Estados; implica entidades não institucionais, como associações políticas ou grupos terroristas.

20

Mesmo tendo resolvido o problema da não proliferação dos testes nucleares, o mundo não está livre dos efeitos de novas e sofisticadas armas químicas ou biológicas. Ao risco de conflitos entre as nações vem, pois, juntar-se o das guerras civis e da violência, mais ou menos generalizada, para os quais as grandes organizações mundiais e, designadamente a ONU, bem como as diversas chancelarias, não encontram solução.

25

Além da incerteza sobre o próprio destino, partilhada por todos os habitantes do planeta, pois ninguém está livre da violência, a impressão geral que se tem é ambígua: nunca anteriormente o sentimento de solidariedade foi tão forte; mas, ao mesmo tempo, nunca foram tantas as ocasiões de divisão e de conflito.

30

O medo destes riscos, mesmo se universalmente partilhado, devido, em especial, à grande difusão das informações acerca dos efeitos da violência, não afeta com a mesma intensidade os que, de algum modo, tiram vantagens desta evolução e os que apenas lhe sofrem os inconvenientes. Impelidos por estas rápidas alterações, todos sentimos necessidade de segurança contra estes riscos ou, pelo menos, de os controlar, a fim de os minimizar. Mas há quem, por razões económicas e políticas, seja incapaz de dominar estes fenómenos. Neste caso, o perigo para a humanidade é que estas pessoas se tornem reféns e depois, eventualmente, mercenários daqueles que querem obter o poder pela violência. Jacques Delors (coordenação), Educação, um tesouro a descobrir, Relatório para a UNESCO da Comissão Internacional sobre educação para o século XXI, Edições Asa, página 44

46

Discurso político Na Grécia Antiga, o político era o cidadão da pólis (cidade entendida como comunidade organizada). Com o tempo, passou-se a utilizar a palavra para designar os responsáveis pelos negócios públicos. Tudo era decidido na Ágora, a praça onde se realizavam as assembleias, com a mediação de políticos, que utilizavam palavras persuasivas para obter decisões de interesse para o bem comum ou para impor seus próprios pontos de vista ou os de quem representavam. Daí surgiu o discurso político, baseado na oratória (arte de falar em público) e na retórica (arte de convencer os outros através da oratória ou outras formas de comunicação). Para que os seus alunos tenham condições de analisar e debater, em sala de aula, o discurso dos políticos, o professor pode recomendar que os alunos consultem, através dos vários meios de comunicação, incluindo a Internet, discursos proferidos em congressos partidários e na Assembleia da República, entre outros. Poder-se-á também sugerir uma ida à Câmara Municipal da sua área de residência para assistirem a uma reunião da vereação camarária. O discurso seguinte, de Barack Obama, revela a força das palavras e como elas podem aglutinar pessoas em torno de um ideal.

Discurso de tomada de posse do presidente dos Estados Unidos da América Barack Obama1 Caros compatriotas,

5

10

15

Estou aqui hoje com humildade perante a tarefa que nos é imposta, grato pela confiança que me concederam, consciente dos sacrifícios consentidos pelos nossos antepassados. Agradeço ao Presidente Bush pelo serviço prestado ao nosso país e pela generosidade e cooperação demonstradas durante a transição. Quarenta e quatro americanos prestaram juramento como presidentes. Estas palavras foram proferidas em momentos de grande prosperidade e em águas calmas de paz. Contudo, quantas vezes o juramento é prestado no meio de nuvens acumuladas e tempestades violentas. Nestes momentos, a América prosseguiu não só devido à competência e visão dos que estavam no poder, mas também porque Nós o Povo nos mantivemos fiéis aos ideais dos nossos antepassados e leais aos documentos fundadores. Assim tem sido. Assim deve ser com esta geração de americanos. Que nos encontramos no meio de uma crise é agora bem compreendido. O nosso país está em guerra contra uma vasta rede de violência e ódio. A nossa economia está muito enfraquecida em consequência da ganância e da irresponsabilidade de alguns, mas também devido ao nosso fracasso coletivo em fazer escolhas difíceis e preparar o país para uma nova era. Perderam-se casas, eliminaram-se empregos, fecharam-se empresas. Os nossos cuidados de saúde são demasiado caros, as nossas escolas falham muitas vezes e cada dia traz-nos mais provas de que as formas como utilizamos a energia fortalecem os nossos adversários e ameaçam o nosso planeta. Estes são indicadores de crise, sujeitos a dados e estatísticas. Menos mensurável mas não menos profunda é a falta de confiança em toda a nossa terra, um receio incómodo de que o declínio da América seja inevitável e a próxima geração tenha que diminuir as suas expetativas. 1 Proferido a 20 de janeiro de 2009, em Washington, D. C., Estados Unidos da América.

47

20

Hoje, digo-vos que os desafios que enfrentamos são reais. São graves e são muitos. Não será fácil vencê-los num curto período de tempo. Mas uma coisa é certa, América: serão vencidos. Hoje, estamos reunidos porque escolhemos a esperança ao medo, a unidade de objetivos ao conflito e à discórdia. Hoje, viemos proclamar o fim de pequenos agravos e falsas promessas, recriminações e dogmas gastos, que durante demasiado tempo estrangularam a nossa política.

25

30

35

40

45

50

55

60

48

Continuamos a ser um país jovem, mas segundo as Sagradas Escrituras é chegado o momento de pôr de lado as criancices. É chegado o momento de reafirmar a nossa perseverança de espírito, de optar por melhorar a nossa história, de levar avante esse dom precioso, essa ideia nobre, transmitida de geração em geração: a promessa feita por Deus de que todos são iguais, todos são livres e todos merecem uma oportunidade de alcançar a felicidade. Ao reafirmar a grandeza da nossa nação, compreendemos que a grandeza nunca é um dado adquirido. Tem de ser ganha. A nossa jornada nunca foi de atalhos nem de nos contentarmos com pouco. Nem tem sido uma via para os de coração fraco, os que preferem o ócio ao trabalho ou que procuram apenas o prazer da riqueza e da fama. Pelo contrário, têm sido os que correm riscos, os que trabalham, os que fazem coisas, alguns celebrados, mas mais frequentemente homens e mulheres obscuros na sua tarefa, que nos levaram por caminhos longos e difíceis para a paz e a liberdade. Por nós, embalaram os seus parcos bens terrenos e atravessaram oceanos em busca de uma nova vida. Por nós, labutaram em fábricas e povoaram o Oeste, suportaram o chicote e lavraram a terra dura. Por nós, lutaram e pereceram em lugares como Concord e Gettysburg, Normandia e Khe Sahn. Várias vezes estes homens e mulheres lutaram e sacrificaram-se e trabalharam até ficarem com as mãos gretadas, para que pudéssemos ter uma vida melhor. Consideraram a América maior do que a soma das nossas ambições individuais, maior do que todas as diferenças de berço, riqueza ou fação. Esta é a jornada que prosseguimos hoje. Continuamos a ser o país mais próspero e poderoso à face da Terra. Os nossos trabalhadores não são menos produtivos do que quando começou a crise. As nossas mentes não são menos criadoras, os nossos produtos e serviços não são menos necessários do que eram na semana passada, no mês passado ou no ano passado. A nossa capacidade continua inalterável. Mas o nosso tempo de nos recusarmos a mudar de planos, de protegermos interesses mesquinhos e de adiarmos decisões desagradáveis, esse tempo sem dúvida que já passou. A partir de hoje, devemos erguer-nos, sacudir a poeira e começar de novo o trabalho de reconstruir a América. Para onde olharmos, há trabalho a ser feito. O estado da economia exige ação arrojada e rápida e nós agiremos não só para criar novos empregos, mas para lançar novas bases para o crescimento. Construiremos estradas e pontes, redes elétricas e linhas digitais que sustentem o nosso comércio e nos unam. Voltaremos a dar à ciência o lugar que merece e dominaremos as maravilhas da tecnologia para melhorar os cuidados de saúde a um custo menor. Aproveitaremos o sol e os ventos e o solo como combustível para os nossos carros e fábricas. E transformaremos as nossas escolas e universidades para satisfazer as exigências de uma nova era. Podemos fazer tudo isto. Faremos tudo isto. Há alguns que questionam a amplitude das nossas ambições, que sugerem que o nosso sistema não pode suportar planos demasiado grandiosos. Têm a memória curta. Porque se esqueceram do que este país já fez, do que homens e mulheres livres podem realizar quando a imaginação se junta a um fim comum e a necessidade à coragem. O que os cínicos não conseguem compreender é que a situação mudou, que os argumentos políticos viciados, que durante tanto tempo nos consumiram, já não se aplicam. A questão que se coloca hoje não é se o nosso governo é demasiado grande ou pequeno, mas se funciona, se ajuda as famílias a arranjar empregos com um salário decente, se podem pagar os cuidados de saúde, se conseguem uma reforma digna. Onde a resposta for afirmativa, tenciona-

mos avançar. Se a resposta for negativa, os programas serão terminados. E aqueles que gerem os dólares públicos terão de prestar contas, para gastarem com sensatez, deixarem de lado maus hábitos e fazermos o nosso trabalho com transparência, porque só assim podemos restaurar a confiança vital entre o povo e o seu governo.

65

70

75

80

85

Também a questão que nos é colocada não é se o mercado é uma força para o bem ou para o mal. O seu poder de gerar riqueza e aumentar a liberdade é ímpar, mas esta crise veio lembrar-nos que, sem um olhar atento, o mercado pode descontrolar-se, que um país não pode prosperar durante muito tempo quando só favorece os ricos. O êxito da nossa economia nunca dependeu apenas da dimensão do nosso Produto Interno Bruto, mas do alcance da nossa prosperidade, da habilidade de estendermos a oportunidade a todos os que a desejarem, não por caridade mas porque é a via mais segura para o nosso bem comum. Quanto à defesa comum, rejeitamos como falsa a escolha entre a nossa segurança e os nossos ideais. Os nossos Pais Fundadores… Os nossos Pais Fundadores, confrontados com perigos que dificilmente conseguimos imaginar, elaboraram uma carta para garantir o Estado de Direito e os Direitos do Homem, uma carta que se expandiu pelo sangue de gerações. Esses ideais ainda iluminam o mundo e não desistiremos deles por conveniência. E assim, a todos os outros povos e governos que nos estão a ver hoje, das maiores capitais à pequena aldeia em que o meu pai nasceu, fiquem a saber que a América é amiga de cada país, de cada homem, mulher e criança que procure um futuro de paz e dignidade e que estamos prontos a liderar mais uma vez. Lembrem-se de que as gerações anteriores enfrentaram o fascismo e o comunismo não só com mísseis e tanques, mas também com alianças sólidas e convicções duradouras. Compreenderam que só o nosso poder não basta para proteger-nos, nem nos dá o direito de fazermos o que nos apetece. Pelo contrário, sabiam que o nosso poder aumenta através de prudência na sua utilização, a nossa segurança resulta da justeza da nossa causa, a força do nosso exemplo das qualidades moderadas de humildade e sobriedade. Nós somos os defensores deste legado. Guiados por estes princípios uma vez mais, podemos enfrentar essas novas ameaças que exigem um esforço ainda maior, uma cooperação ainda maior e compreensão entre as nações. Começaremos responsavelmente por deixar o Iraque para o seu povo e forjar uma paz duramente conquistada no Afeganistão. Com amigos antigos e antigos inimigos, trabalharemos incansavelmente para diminuir a ameaça nuclear, fazer recuar o espetro do aquecimento global. Não pediremos desculpas pela nossa forma de viver, nem recuaremos na sua defesa e para aqueles que procuram avançar os seus objetivos, provocando o terror e matando inocentes, dizemos que agora a nossa coragem é mais forte e não pode ser quebrada, não podem sobreviver-nos e nós derrotá-los-emos.

95

Sabemos que a nossa herança de retalhos é uma força e não uma fraqueza. Somos uma nação de cristãos e muçulmanos, judeus e hindus e descrentes. Somos moldados por todas as línguas e culturas de todos os cantos da Terra e, porque provámos o gosto amargo da Guerra Civil e da Segregação e emergimos desse capítulo negro mais fortes e mais unidos, temos de acreditar que os ódios antigos um dia acabam, que as linhas da tribo em breve desaparecem, que à medida que o mundo fica mais pequeno a nossa bondade comum se revela e que a América deve desempenhar o seu papel anunciando uma nova era de paz.

100

Para o mundo muçulmano, procuramos um novo caminho a seguir baseado no interesse e respeito mútuos. Para os líderes em todo o mundo que procuram semear o conflito ou culpar o Ocidente pelos males da sua sociedade, fiquem a saber que o vosso povo irá julgar-vos por aquilo que conseguirem construir e não pelo que destroem. Para aqueles que se agarram ao poder através da corrupção, da fraude e do silenciamento de dissidentes, fiquem a saber que se encontram no lado errado da história, mas que vos daremos a mão se quiserem abrir o vosso punho.

90

Aos povos de países pobres prometemos trabalhar convosco para fazer prosperar as vossas quintas e deixar correr água limpa, para alimentar corpos famintos e nutrir espíritos famintos. E aos países como o nosso, que des49

105

frutam de relativa abundância, dizemos que não podemos continuar indiferentes ao sofrimento fora das nossas fronteiras, nem podemos consumir os recursos mundiais sem nos preocuparmos com as consequências. Porque o mundo mudou e nós devemos mudar também.

110

Ao considerarmos o caminho que se estende à nossa frente, lembramo-nos com humilde gratidão dos bravos americanos que, neste preciso momento, patrulham desertos longínquos e montanhas distantes. Eles têm algo a dizer-nos, tal como os heróis que tombaram e jazem em Arlington sussurram através dos séculos. Nós honramo-los não só porque são os defensores da nossa liberdade, mas porque encarnam o espírito de missão, uma vontade de encontrar significado em algo maior do que eles próprios; é precisamente este espírito que todos devemos ter.

115

Porque por muito que o governo possa e deva fazer, em última análise, o nosso país conta com a fé e a determinação do povo americano. É a bondade de receber um estranho quando os diques rebentam, o altruísmo do trabalhador que prefere trabalhar menos horas a ver um amigo perder o emprego, que nos guiam nas horas mais difíceis. É a coragem do bombeiro de correr por uma escada cheia de fumo, mas também a vontade de um pai de alimentar um filho, que finalmente decidem o nosso destino.

120

125

Os nossos desafios podem ser novos. Os instrumentos que temos para os enfrentar podem ser novos. Mas os valores dos quais depende o nosso êxito – honestidade e trabalho árduo, coragem e jogo limpo, tolerância e curiosidade, lealdade e patriotismo –, estes são antigos. Estas são coisas verdadeiras. Têm sido a força silenciosa do progresso ao longo da nossa história. O que é exigido é um regresso a estes princípios. O que nos é exigido agora é uma nova era de responsabilidade, um reconhecimento da parte de cada americano de que temos deveres para connosco, para o nosso país e para o mundo, deveres que não aceitamos com relutância, mas que cumprimos alegremente, sabendo com toda a certeza que não há nada mais compensador para o espírito, que defina tão bem o nosso caráter, do que entregarmo-nos de alma e coração a uma tarefa difícil. Este é o preço e a promessa de cidadania. Esta é a origem da nossa confiança: saber que Deus nos convida a moldar um destino incerto. Este é o significado da nossa liberdade e do nosso credo – a razão pela qual homens, mulheres e criança de todas as raças e religiões se podem unir em celebração ao longo desta magnífica alameda e a razão pela qual um homem cujo pai há menos de sessenta anos não podia ser atendido num restaurante local, pode estar aqui à vossa frente a prestar o mais sagrado juramento.

135

Portanto, assinalemos este dia com a memória de quem somos e do longo caminho percorrido. No ano do nascimento da América, nos meses mais frios, um pequeno grupo de patriotas estava apinhado à volta de fogueiras quase apagadas nas margens de um rio gelado. A capital estava abandonada. O inimigo avançava. A neve estava manchada de sangue. No momento em que o resultado da revolução estava mais em dúvida, o pai da nossa nação mandou que estas palavras fossem lidas ao povo: «Que se diga ao mundo futuro… que num inverno rigoroso, onde nada a não ser a esperança e a virtude podiam sobreviver… que a cidade e o país, alarmados com um perigo comum, saíram para enfrentá-lo».

140

América, perante os perigos comuns, neste inverno de dificuldades, lembremo-nos destas palavras imortais. Com esperança e retidão, enfrentemos mais uma vez as correntes geladas e as tempestades que surgirem. Que os nossos filhos digam que quando fomos postos à prova recusámos deixar terminar esta jornada, não voltámos as costas nem vacilámos, e de olhos postos no horizonte e com a graça de Deus transportámos essa grande dádiva da liberdade, entregando-a com segurança às gerações futuras.

130

Obrigado. Que Deus vos abençoe. E que Deus abençoe os Estados Unidos da América.

50

Leitura interativa 1. O discurso do presidente Obama foi escrito com a finalidade de ser «pregado» à semelhança do Sermão de Santo António aos Peixes, de Padre António Vieira. 1.1 Assinala as partes constituintes deste discurso, propondo uma estrutura interna.

2. Tal como no Sermão, também neste discurso podemos verificar que o autor recorre a um conjunto de artifícios que, juntamente com o uso de variações de intensidade e inflexão da voz, asseguram, na perfeição, a atenção dos ouvintes. 2.1 Identifica alguns desses artifícios.

3. Comenta este discurso, salientando a sua organização contrastiva.

51

Comunicado do Conselho de Ministros de 7 de abril de 2011 I. O Conselho de Ministros, reunido hoje na Presidência do Conselho de Ministros, aprovou os seguintes diplomas: 1. Resolução do Conselho de Ministros que autoriza a realização da despesa com a aquisição de vacinas contra a infeção por vírus do papiloma humano, no âmbito do Plano Nacional de Vacinação. Esta Resolução autoriza a realização da despesa, no valor global de 12 118 772,00 euros, com a aquisição de vacinas contra a infeção por vírus do papiloma humano, no âmbito do Plano Nacional de Vacinação. 2. Decreto-Lei que estabelece especificações técnicas para a análise e monitorização dos parâmetros químicos e físico-químicos caracterizadores do estado das massas de água superficiais e subterrâneas e procede à transposição da Diretiva n.o 2009/90/CE, da Comissão, de 31 de julho de 2009 Este Decreto-Lei estabelece as especificações técnicas para a análise e monitorização dos parâmetros químicos e físico-químicos, caracterizadores do estado das massas de água superficiais e subterrâneas, garantindo que se atinjam os objetivos de qualidade estabelecidos numa diretiva comunitária sobre a matéria. Assim, em primeiro lugar, de modo a garantir a qualidade e a comparabilidade dos resultados analíticos dos laboratórios para efetuar a monitorização química do estado da água, determina-se que todos os laboratórios devem observar, para a validação dos métodos de análise utilizados, a norma NP EN ISO/IEC 17025, que estabelece requisitos gerais de competência para laboratório de ensaio e de calibração. Em segundo lugar, estabelece-se que os métodos de análise química da água devem cumprir determinados critérios de desempenho mínimo. Determina-se ainda, em terceiro lugar, que para se efetuarem análises químicas, os laboratórios devem demonstrar a sua competência, através de uma acreditação. No entanto, sempre que sejam introduzidos novos parâmetros a analisar, a demonstração de competência num período transitório de um ano pode ser efetuada através da participação em programas de ensaio de aptidão reconhecidos a nível internacional ou nacional. Atribui-se às administrações das regiões hidrográficas a responsabilidade de garantir a monitorização e a análise químicas do estado da água. 3. Decreto-Lei que estabelece os procedimentos de elaboração de listas e de publicação de informações nos domínios veterinário e zootécnico, aprova diversos regulamentos relativos a condições sanitárias, zootécnicas e de controlo veterinário e transpõe a Diretiva n.o 2008/73/CE, do Conselho, de 15 de julho de 2008 Este Decreto-Lei estabelece a harmonização no domínio veterinário e no domínio zootécnico das regras relativas ao registo, elaboração, atualização, transmissão e publicação das listas dos estabelecimentos, bem como dos laboratórios nacionais de referência, de modo a assegurar um acesso mais simples a essas listas por parte dos operadores económicos, transpondo uma diretiva comunitária sobre a matéria. O diploma prevê também a simplificação dos procedimentos relativos às trocas de informação no domínio zootécnico, designadamente no que se refere aos concursos de equinos, bem como à criação e manutenção de livros genealógicos por parte das organizações e associações de produtores ou por empresas privadas. 4. Resolução do Conselho de Ministros que autoriza a realização de despesa com a aquisição de serviços de disponibilização e locação de meios aéreos destinados ao combate aos incêndios florestais Esta Resolução autoriza a realização de despesa, no montante global de 12 983 740,00 euros, valor ao qual acresce o IVA, com a aquisição de serviços de disponibilização e locação de meios aéreos necessários à prossecução 52

das missões públicas de combate aos incêndios florestais atribuídas ao Ministério da Administração Interna, durante o ano de 2011. Os incêndios florestais constituem uma ameaça que afeta sazonalmente o nosso país, tal como acontece nos países da bacia mediterrânica em geral, obrigando à prossecução de um conjunto de ações de ordenamento do território, de desenvolvimento rural, de sensibilização, de prevenção, de vigilância e fiscalização e de combate aos incêndios.

Contextualização do Sermão de Santo António aos Peixes É dentro das lutas que dividem os jesuítas e os colonos, por causa dos indígenas, que Vieira profere este sermão. (…)

5

10

15

20

25

Os colonos exploravam de uma forma desumana os índios. Os jesuítas não podiam permitir tal atrocidade. Eram homens sem escrúpulos que enriqueciam à custa do suor e do sangue dos pobres índios. Vieira defendia os seus direitos e pretendia a abolição de leis que os tornavam cativos. A palavra era (…) a maior arma [de Padre António Vieira]. No Sermão XIV, na Baía, refere: «E que cousa há na confusão deste mundo mais semelhante ao inferno destes nossos Engenhos, e tanto mais quanto de maior fábrica? Por isso tão bem recebida aquela breve e discreta definição de quem chamou a um Engenho do açúcar: doce inferno (…).» Tentou comunicar, por cartas, ao Rei D. João IV a insustentável situação. Enviou uma primeira carta em abril de 1654, na qual expunha todo o problema; na seguinte propunha possíveis soluções. Eis aqui excertos de algumas: «No estado do Maranhão, Senhor, não há outro ouro nem outra prata mais que o sangue e o suor dos Índios: o sangue se vende nos que se cativam, e o suor se converte no tabaco, no açúcar e nas mais drogas que com os ditos Índios se lavram e fabricam (…) Desde o princípio do mundo, entrando o tempo dos Neros e Dioclecianos, não se executaram em toda a Europa tantas injustiças, crueldades e tiranias como executou a cobiça e impiedade dos chamados conquistadores do Maranhão. (…) nenhum destes índios vai senão violentado e por força, e o trabalho é excessivo, e em todos os anos morrem muitos, por ser venenosíssimo o vapor do tabaco; o rigor com que são tratados é mais que de escravos; os nomes que lhes chamam e que eles muito sentem, feiíssimos; o comer é quase nenhum, a paga, tão limitada que não satisfaz a menor parte do tempo, nem do trabalho (…) Assim ausentes e divididos não podem os índios ser doutrinados, e vivem sem conhecimento da fé, nem ouvem missa, nem a têm para a ouvir, nem se confessam pela Quaresma, nem recebem nenhum outro Sacramento, ainda na morte (…).» Não vendo progressos na sua resolução, [Padre António Vieira] decidiu embarcar para o reino a 14 de junho de 1654 e colocar o rei ao corrente de tudo. Aproveitando o facto de a 13 de junho ser o dia de Santo António, no calendário litúrgico, pronuncia o célebre Sermão de Santo António aos Peixes, que deixou enraivecidos os espíritos por aquelas paragens, tão profundas foram as suas palavras. Em Lisboa, depois de uma atribulada viagem, tentou a alteração de algumas leis de forma a limitarem o poder dos colonos que viam no índio mão de obra barata que exploravam sem piedade. Esta contenda, entre jesuítas e colonos, remonta à época dos descobrimentos. Finalmente, em abril de 1655, conseguiu que fosse dada «a exclusividade da faina das missões» aos jesuítas. O tema do sermão é a denúncia das atrocidades que os índios sofrem às mãos dos sanguinários colonos. Toda a crítica é feita sob a forma de alegoria na qual os peixes simbolizam os vícios dos homens.

30

Rodrigues Lapa classifica o sermão como «uma obra-prima do humorismo». É, na verdade, um quadro interessante este pintado por Vieira. Igualmente interessante é o conhecimento que mostra ter da história natural que lhe permite uma descrição tão viva e clara dos peixes retratados. Fernanda Carrilho (2008), Sermão de Santo António aos Peixes, O texto em análise, Lisboa, Texto Editores, páginas 57-58.

53

D. Recursos de apoio à avaliação das situações de aprendizagem Avaliação da competência de compreensão oral Ouve, atentamente, uma breve contextualização da obra Sermão de Santo António aos Peixes, de Padre António Vieira. Seleciona a opção que considerares correta.

1. O Sermão de Santo António aos peixes é proferido num contexto de lutas entre... a) colonos e índios. b) missionários jesuítas. c) colonos e jesuítas. d) povos indígenas.

2. Os jesuítas eram... a) complacentes face às atitudes dos colonos. b) inflexíveis para com os indígenas. c) benévolos para com os marinheiros. d) intolerantes face às crueldades dos colonos. 3. Os colonos... a) evangelizavam os indígenas. b) enriqueciam à custa dos índios. c) trabalhavam arduamente. d) divertiam-se com os jesuítas. 4. O engenho do açúcar era considerado o... a) maravilhoso paraíso. b) desumano inferno. c) doce inferno. d) ardente inferno. 5. Padre António Vieira denunciou as injustiças dos colonos a... a) Pêro Vaz de Caminha. b) D. João VI. c) D. João IV. d) D. Manuel I.

54

6. Muitos índios morriam devido a... a) não se converterem. b) lutas entre tribos. c) contendas com os missionários. d) inalarem o vapor do tabaco. 7. Padre António Vieira viajou para Portugal no dia... a) 13 de junho de 1654. b) 14 de junho de 1654. c) do seu aniversário. d) de Santo António. 8. O Sermão de Santo António aos Peixes foi pregado... a) em Lisboa. b) em São Paulo. c) no Rio de Janeiro. d) no Maranhão. 9. Padre António Vieira consegue... a) completar legislação em defesa dos índios. b) que seja alterada legislação em benefício dos índios. c) que seja alterada legislação em benefício dos colonos. d) aprovar novas leis no estado do Maranhão.

10. Segundo o autor Rodrigues Lapa, o Sermão de Santo António aos Peixes é... a) uma obra-prima da dramaturgia. b) uma obra-prima do lirismo. c) uma obra-prima do humorismo. d) uma obra-prima da narrativa.

Avaliação da competência de expressão oral Exposição

Parâmetros

a) Apresenta e fundamenta o seu ponto de vista sobre um tema. a) Produz um discurso coerente e coeso, desenvolvido numa sequência lógica e apoiado em informação pertinente. a) Exprime-se com correção linguística, utilizando um vocabulário rico, diversificado, adequado e pertinente. a) Adequa o discurso à situação, utilizando uma entoação e mímica expressivas, imprimindo um ritmo adequado de modo a persuadir o interlocutor. a) Revela autonomia e criatividade. Alunos

a) 40

b) 40

c) 40

d) 40

e) 40

Total

55

Avaliação da competência de leitura Texto expositivo-argumentativo a) Identifica o tema e o ponto de vista (explícito ou implícito). b) Reconhece a argumentação e a exemplificação. Parâmetros

c) Salienta os princípios lógicos subjacentes à argumentação. d) Verifica o uso de marcadores e conetores discursivos ao serviço da exposição/argumentação. e) Regista os recursos linguísticos e expressivos que suportam o tipo de texto.

Alunos

56

a) 40

b) 40

c) 40

d) 40

e) 40

Total

Trabalho em grupo

Parâmetros

a) Colabora de forma empenhada, dando opiniões pertinentes e aceitando/potenciando as opiniões dos colegas. b) Dinamiza o grupo, fomentando um ambiente de trabalho propício à evolução do trabalho. c) Planifica o trabalho a realizar e seleciona a informação recolhida de acordo com os objetivos. d) Organiza a informação de forma adequada, cumprindo o plano de trabalho ou propondo alterações/reajustamentos pertinentes. e) Contribui, de forma decisiva, para a apresentação do produto final e para a partilha dos conhecimentos adquiridos. Alunos

a) 40

b) 40

c) 40

d) 40

e) 40

Total

57

Avaliação da competência de expressão escrita Texto argumentativo

Descritores

a) Identifica a problemática para reflexão.

b) Inicia o texto com uma introdução, apresentando a problemática. c) Textualiza, revelando • Coesão aspeto-temporal • Coerência lógica-concetual • Coesão lexical e interfrásica d) Revela progressão temática, introduzindo argumentos relevantes. e) Fundamenta opiniões e pontos de vista com exemplos elucidativos. f) Finaliza o texto com uma conclusão, sintetizando o raciocínio efetuado.

g) Revela correção linguística h) Legibilidade gráfica: • Margens respeitadas. • Mancha gráfica organizada. • Grafia legível. • Apresentação cuidada.

Estratégias de superação

58

Sem dificuldade

Com dificuldade

Com grande dificuldade

TESTE DE AVALIAÇÃO N.o 2 GRUPO I A Lê atentamente o texto seguinte.

5

10

15

20

25

30

Com os Voadores tenho também uma palavra, e não é pequena a queixa. Dizei-me, Voadores, não vos fez Deus para peixes; pois porque vos meteis a ser aves? O mar fê-lo Deus para vós, e o ar para elas. Contentai-vos com o mar, e com nadar, e não queirais voar, pois sois peixes. Se acaso vos não conheceis, olhai para as vossas espinhas, e para as vossas escamas, e conhecereis, que não sois ave, senão peixe, e ainda entre os peixes não dos melhores. Dir-me-eis, Voador, que vos deu Deus maiores barbatanas, que aos outros do vosso tamanho. Pois porque tivestes maiores barbatanas, por isso haveis de fazer das barbatanas asas? Mas ainda mal porque tantas vezes vos desengana o vosso castigo. Quisestes ser melhor que os outros peixes, e por isso sois mais mofino que todos. Aos outros peixes do alto, mata-os o anzol, ou a fisga; a vós sem fisga, nem anzol, mata-vos a vossa presunção, e o vosso capricho. Vai o navio navegando, e o Marinheiro dormindo, e o Voador toca na vela, ou na corda, e cai palpitando. Aos outros peixes mata-os a fome, e engana-os a isca, ao Voador mata-o a vaidade de voar, e a sua isca é o vento. Quanto melhor lhe fora mergulhar por baixo da quilha, e viver, que voar por cima das antenas, e cair morto. Grande ambição é, que sendo o mar tão imenso, lhe não basta a um peixe tão pequeno todo o mar, e queira outro elemento mais largo. Mas vede, peixes, o castigo da ambição. O Voador fê-lo Deus peixe, e ele quis ser ave, e permite o mesmo Deus que tenha os perigos de ave, e mais os de peixe. Todas as velas para ele são redes como peixe, e todas as cordas laços como ave. Vê, voador, como correu pela posta o teu castigo. Pouco há nadavas vivo no mar com as barbatanas, e agora jazes em um convés amortalhado nas asas. Não contente com ser peixe, quiseste ser ave, e já não és ave, nem peixe: nem voar poderás já, nem nadar. A Natureza deu-te a água, tu não quiseste senão o ar, e eu já te vejo posto ao fogo. Peixes, contente-se cada um com o seu elemento. Se o Voador não quisera passar do segundo ao terceiro, não viera a parar no quarto. Bem seguro estava ele do fogo, quando nadavam na água, mas porque quis ser borboleta das ondas, vieram-se-lhe a queimar as asas. À vista deste exemplo, Peixes, tomai todos na memória esta sentença. Quem quer mais do que lhe convém, perde o que quer, e o que tem. Quem pode nadar, e quer voar, tempo virá em que não voe nem nade. Ouvi o caso de um Voador da terra. Simão Mago, a quem a Arte Mágica, na qual era famosíssimo, deu o sobrenome, fingindo-se, que ele era o verdadeiro Filho de Deus, sinalou o dia, em que nos olhos de toda Roma havia de subir ao Céu, e com efeito começou a voar muito alto; porém a oração de S. Pedro, que se achava presente, voou mais depressa que ele, e caindo lá de cima o Mago, não quis Deus que morresse logo, senão que nos olhos também de todos quebrasse, como quebrou, os pés. Não quero que repareis no castigo, senão no género dele. Que caia Simão, está muito bem caído; que morra, também, estaria muito bem morto, que o seu atrevimento e a sua arte diabólica o merecia. Mas que de uma queda tão alta não rebente, nem quebre a cabeça, ou os braços, senão os pés? (...) Eis aqui Voadores do mar, o que sucede aos da terra, para que cada um se contente com o seu elemento. Se o mar tomara exemplo nos rios, depois que Ícaro1 se afogou no Danúbio, não haveria tantos Ícaros no Oceano. Oh Alma de António, que só vós tivestes asas, e voastes sem perigo, porque soubestes voar para baixo, e não para cima! Padre António Vieira, Sermão de Santo António aos Peixes, capítulo V (excerto)

1 Ícaro – personagem da mitologia grega que tentou voar com asas de cera, mas estas derreteram e Ícaro caiu no oceano e afogou-se.

59

Apresenta, de forma clara e bem estruturada, as respostas aos itens que se seguem.

1. Localiza o excerto transcrito na estrutura global da obra Sermão de Santo António aos Peixes, tendo presente que o orador segue os preceitos da retórica clássica.

2. Explica as consequências da ousadia dos voadores. 3. Explicita o significado dos aforismos presentes no início do segundo parágrafo (linhas 21 e 22). 4. Justifica a apóstrofe final a Santo António (linhas 32 e 33), tendo em atenção a globalidade do Sermão.

B Onde as leis, onde a justiça, onde a verdade, onde a razão e onde o mesmo Deus parece estar longe (…) Não gastemos tempo, a verdade que vos digo é que no Maranhão não há verdade. Se o império da mentira não fora tão universal no mundo pudera-se suspeitar que nesta nossa ilha tinha a sua corte a mentira. Padre António Vieira, in J. Lúcio de Azevedo (1931), História de António Vieira, Lisboa, Livraria Clássica Editora, volume 1, página 209

Comenta o excerto transcrito, tendo em conta a tua experiência de leitura da obra Sermão de Santo António aos Peixes. Escreve um texto bem estruturado, de oitenta a cento e trinta palavras. Observações relativas ao item B: 1. Para efeitos de contagem, considera-se uma palavra qualquer sequência delimitada por espaços em branco, mesmo quando esta integre elementos ligados por hífen (ex.: /dir-se-ia/). Qualquer número conta como uma única palavra, independentemente dos algarismos que o constituam (ex.: /2011/). 2. Um desvio dos limites de extensão indicados implica uma desvalorização parcial (até cinco pontos) do texto produzido.

60

GRUPO II Lê atentamente o texto seguinte.

Outros passageiros

5

10

15

20

Os navios trouxeram não apenas riquezas mas furtivos e clandestinos passageiros que davam pelo nome de ratos. Os ratos foram notáveis disseminadores de doenças e pragas. É difícil imaginar quantas trocas se faziam já no século XIV entre as mais longínquas paragens. Acreditamos que viagens tão difíceis exigem os atuais e sofisticados meios náuticos. Mas o desafio de cruzar os mares estimulou, desde há muito, o engenho e a arte de ser humano. Nunca nos conformámos com o destino e o lugar que nos coube. Sempre partilhámos com os deuses o milagre de caminhar sobre as águas. As embarcações trouxeram também enganos e mal-entendidos. Quando Colombo desembarcou na Costa da América batizou os habitantes locais de «índios». Acreditava estar perante um povo das Índias, no oceano Índico. O nome, fruto de equívoco, não foi nunca retificado. Ficou para sempre e para todos (incluindo para os mal batizados «índios»). Outras marcas sobreviveram durante séculos. A história das navegações não é feita só de glórias. Os navegantes europeus trouxeram com eles doenças contra as quais as populações americanas não haviam adquirido resistências. Epidemias mataram milhões desses «índios». Acredita-se que, um século depois da chegada de Colombo, alguns destes povos tenham sido reduzidos a um décimo da sua população originária. As viagens realizaram trocas de produtos alimentares. Muito do que incorporamos na nossa dieta quotidiana vem dessas américas. Foram os navegadores portugueses os maiores responsáveis por esta disseminação. Muitos moçambicanos acreditam que produtos como a mandioca, a batata-doce, o caju, o amendoim, a goiaba e a papaia são genuinamente africanos. Todos eles foram importados e chegaram a África no porão de alguma pequena nau lusitana. (...) Mais que obstáculo, o oceano Índico foi um caminho, um cruzamento de culturas. Por suas águas chegaram navegantes de outros continentes, de outras raças, de outras religiões. Na costa moçambicana os navios eram a agulha que costurava esse imenso pano onde ainda hoje se estampam diversidades. Durante séculos não se procedeu apenas ao comércio de mercadorias, de línguas, de culturas e de genes. Construíram-se nações. Moçambique foi tecido do mar para o interior. A linha que costurou o nosso país veio da água, da viagem, do desejo de ser outro. A bandeira que nos cobre é um pano de muitos variegados e fios. Mia Couto (2010), Pensageiro frequente, Lisboa, Editorial Caminho, páginas 65-67

1. Seleciona, em cada um dos itens de 1 a 7, a única opção que permite obter uma afirmação adequada ao sentido do texto. Escreve, na folha de respostas, o número do item e a letra que identifica a opção correta. 1. Os ratos eram... a) ambiciosos mercadores. b) roedores marinhos. c) viajantes ilegais. d) indígenas brasileiros. 2. Colombo designou os habitantes da costa da América de índios, porque… a) descobriu o Brasil. b) descobriu a Índia. c) pensava estar no Brasil. d) pensava estar na Índia. 61

3. Muitos nativos índios morreram devido a… a) falta de imunidade. b) agressões físicas. c) carências nutritivas. d) fenómenos da natureza. 4. A papaia e a goiaba são frutos… a) genuinamente africanos. b) originários da Europa. c) provenientes da Ásia. d) procedentes das Américas. 5. O pronome pessoal «eles» (linha 11) é um mecanismo de coesão… a) interfrásica. b) gramatical. c) lexical. d) temporal. 6. Em «os navios eram a agulha que costurava esse imenso pano onde ainda hoje se estampam diversidades» (linhas 20 a 21), identificamos a presença da… a) hipálage. b) comparação. c) sinestesia. d) imagem. 7. A palavra «variegados» (linha 24) significa a) matizados. b) calorosos. c) alegres. d) uniformes.

2. Faz corresponder a cada segmento textual da coluna A um único segmento textual da coluna B, de modo a obteres uma afirmação adequada ao sentido do texto. Escreve, na folha de respostas, as letras e os números correspondentes. Utiliza cada letra e cada número apenas uma vez..

Coluna A 1. Com o uso de «também» (linha 7)

Coluna B a) o enunciador estabelece uma referência temporal.

2. Com a enumeração «a mandioca, a batata-doce, o caju, o b) o enunciador traduz um nexo de causalidade. amendoim, a goiaba e a papaia» (linha 16) c) o enunciador recorre a uma conexão contrastiva. 3. Com a oração «Quando Colombo desembarcou na Costa d) o enunciador faz uso de um mecanismo de coesão por da América» (linhas 7 e 8) meronímia. 4. Com o grupo nominal «Os navios» (linha 1)

e) o enunciador introduz o sujeito da frase.

5. Com o constituinte «um caminho, um cruzamento de culturas» (linha 19)

f) o enunciador estabelece uma conexão aditiva. g) o enunciador introduz o predicativo do sujeito. h) o enunciador faz uso de um mecanismo de coesão referencial lexical por hiponimia

62

GRUPO III Partindo dos dois primeiros artigos da Declaração Universal dos Direitos Humanos, escreve um texto expositivo-argumentativo, devidamente estruturado, de duzentas a trezentas palavras, no qual fundamentes a tua perspetiva sobre a importância dos princípios consignados nos artigos transcritos. Fundamenta o teu ponto de vista recorrendo, no mínimo, a dois argumentos e ilustra cada um deles com, pelo menos, um exemplo significativo.

Artigo 1.o Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de consciência, devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade.

Artigo 2.o Todos os seres humanos podem invocar os direitos e as liberdades proclamados na presente Declaração, sem distinção alguma, nomeadamente de raça, de cor, de sexo, de língua, de religião, de opinião política ou outra, de origem nacional ou social, de fortuna, de nascimento ou de qualquer outra situação. Fonte: http://www.portugal.gov.pt/pt/GC18/Portugal/SistemaPolitico/dudh/Pages/DeclaracaoUniversaldosDireitosHumanos.aspx

Observações:

1. Para efeitos de contagem, considera-se uma palavra qualquer sequência delimitada por espaços em branco, mesmo quando esta integre elementos ligados por hífen (ex.: /dir-se-ia/). Qualquer número conta como uma única palavra, independentemente dos algarismos que o constituam (ex.: /2011/).

2. Relativamente ao desvio dos limites de extensão indicados – um mínimo de duzentas e um máximo de trezentas palavras –, há que atender ao seguinte: • A um texto com extensão inferior a oitenta palavras é atribuída a classificação de zero pontos. • Nos outros casos, um desvio dos limites de extensão indicados implica uma desvalorização parcial (até cinco pontos) do texto produzido.

FIM

63

Critérios específicos de classificação GRUPO I A 1. ................................................................................................................................................................................................................................................................ ...............................

15 pontos

Critérios específicos de classificação

• Aspetos de conteúdo (C) .........................................................................................................................................................................................................................

9 pontos

• Aspetos de organização e correção linguística (F) ...................................................................................................................................................

6 pontos 3 pontos 3 pontos

– Estruturação do discurso ................................................................................................................................................................................................................. – Correção linguística ...............................................................................................................................................................................................................................

Níveis de desempenho

Descritores

Pontuação

4

Localiza, com pertinência e rigor, o excerto na estrutura global do Sermão de Santo António aos Peixes, fazendo o respetivo enquadramento na obra.

9

3

Localiza, com pertinência e rigor, o excerto na estrutura global do Sermão de Santo António aos Peixes.

7

2

Localiza, com algumas imprecisões, o excerto na estrutura global do Sermão de Santo António aos Peixes.

5

1

Localiza, com acentuadas imprecisões, o excerto na estrutura global do Sermão de Santo António aos Peixes.

3

Cenário de resposta A resposta deve contemplar os aspetos que a seguir se enunciam, ou outros considerados relevantes:

• O Sermão apresenta três partes fundamentais: o exórdio (capítulo I, onde se encontra, também, a invocação), a argumentação (desenvolvimento do tema, através da exposição e confirmação: capítulos II, III, IV e V) e a peroração (conclusão exortativa).

• O excerto localiza-se, pois, no capítulo V (repreensões em particular). • O orador apresenta os defeitos particulares dos peixes, metáfora dos homens. •… 64

2. ................................................................................................................................................................................................................................................................ .............................

20 pontos

Critérios específicos de classificação

• Aspetos de conteúdo (C) .........................................................................................................................................................................................................................

12 pontos

• Aspetos de organização e correção linguística (F) ...................................................................................................................................................

8 pontos 4 pontos 4 pontos

– Estruturação do discurso ................................................................................................................................................................................................................. – Correção linguística ...............................................................................................................................................................................................................................

Níveis de desempenho

Descritores

Pontuação

4

Explica, com pertinência e rigor, as consequências da ousadia dos voadores.

12

3

Explica, com pertinência, as consequências da ousadia dos voadores.

9

2

Explica, com esporádicas imprecisões, as consequências da ousadia dos voadores.

6

1

Explica, com acentuadas imprecisões, as consequências da ousadia dos voadores.

3

Cenário de resposta A resposta deve contemplar os aspetos que a seguir se enunciam, ou outros considerados relevantes:

• Os voadores, porque têm maiores barbatanas do que os outros peixes, tentam voar. • Como os voadores não são aves, a sua ousadia, presunção e vaidade têm como consequências a sua destruição e a sua morte.

• A excessiva ambição do voador é castigada: «Todas as velas para ele são redes como peixe, e todas as cordas laços como ave.»

• A tentativa de entrar num elemento que não é o seu (o ar) leva-o ao fogo, metáfora da morte. • ...

65

3. ................................................................................................................................................................................................................................................................ .............................

15 pontos

Critérios específicos de classificação

• Aspetos de conteúdo (C) .........................................................................................................................................................................................................................

9 pontos

• Aspetos de organização e correção linguística (F) ...................................................................................................................................................

6 pontos 3 pontos 3 pontos

– Estruturação do discurso .................................................................................................................................................................................................................. – Correção linguística ................................................................................................................................................................................................................................

Níveis de desempenho

Descritores

Pontuação

4

Explicita, com pertinência e rigor, o significado dos dois aforismos.

9

3

Explicita, com pertinência, o significado dos dois aforismos.

7

2

Explicita, com algumas imprecisões, o significado dos dois aforismos.

5

1

Explicita, com acentuadas imprecisões, o significado dos dois aforismos.

3

Cenário de resposta A resposta deve contemplar os aspetos que a seguir se enunciam, ou outros considerados relevantes:

• Ambos os aforismos («Quem quer mais do que lhe convém, perde o que quer e o que tem»; «Quem pode nadar e quer voar, tempo virá em que não voe nem nade») constituem máximas de vida, alertando para o facto de a ambição, o capricho e a vaidade poderem originar a desgraça, a perdição e, inclusivamente, a morte.

•…

66

4. ................................................................................................................................................................................................................................................................ .............................

20 pontos

Critérios específicos de classificação

• Aspetos de conteúdo (C) .........................................................................................................................................................................................................................

12 pontos

• Aspetos de organização e correção linguística (F) ...................................................................................................................................................

8 pontos 4 pontos 4 pontos

– Estruturação do discurso ................................................................................................................................................................................................................. – Correção linguística ...............................................................................................................................................................................................................................

Níveis de desempenho

Descritores

Pontuação

4

Justifica, com pertinência e rigor, a apóstrofe a Santo António, tendo em atenção a globalidade da obra.

12

3

Justifica, com pertinência, a apóstrofe a Santo António, tendo em atenção a globalidade da obra.

9

2

Justifica, com alguma pertinência, a apóstrofe a Santo António.

6

1

Justifica, com acentuadas imprecisões, a apóstrofe a Santo António.

3

Cenário de resposta A resposta deve contemplar os aspetos que a seguir se enunciam, ou outros considerados relevantes:

• Descontente com a violência e a exploração que os colonos do Maranhão exerciam sobre os índios, Padre António Vieira decidiu embarcar para o reino, no dia 14 de junho de 1654, e dar a conhecer ao rei esta situação. No entanto, na véspera da sua partida, aproveita o facto de se comemorar o dia de Santo António, proferindo o Sermão de Santo António aos Peixes, no dia 13 de junho.

• A bondade e a humildade de Santo António contrastavam com a ambição e a desumanidade dos colonos do Maranhão.

• Padre António Vieira estabelece um paralelo entre a ação do Santo medieval (Santo António) e as atitudes dos homens seus contemporâneos, enaltecendo as virtudes do primeiro («Oh Alma de António, que só vós tivestes asas, e voastes sem perigo, porque soubestes voar para baixo, e não para cima») e criticando os vícios e defeitos dos segundos.

• ... 67

B Critérios específicos de classificação

• Aspetos de conteúdo (C) .........................................................................................................................................................................................................................

18 pontos

• Aspetos de organização e correção linguística (F) ...................................................................................................................................................

12 pontos 7 pontos 5 pontos

– Estruturação do discurso .................................................................................................................................................................................................................. – Correção linguística ................................................................................................................................................................................................................................ Níveis de desempenho

Descritores

Pontuação

6

Comenta, com pertinência e rigor, o excerto transcrito, associando-o ao Sermão de Santo António aos Peixes, de Padre António Vieira, fazendo referências que refletem um muito bom conhecimento da obra.

18

5

Comenta, com pertinência e rigor, o excerto transcrito, associando-o ao Sermão de Santo António aos Peixes, de Padre António Vieira, fazendo referências que refletem um bom conhecimento da obra.

15

4

Comenta, com alguma pertinência e menor rigor, o excerto transcrito, associando-o ao Sermão de Santo António aos Peixes, de Padre António Vieira, fazendo referências que refletem um conhecimento suficiente da obra.

12

3

Comenta, com ligeiras ou esporádicas imprecisões, o excerto transcrito, associando-o ao Sermão de Santo António aos Peixes, de Padre António Vieira, fazendo referências que refletem um conhecimento suficiente da obra.

9

2

Comenta, com acentuadas imprecisões, o excerto transcrito, associando-o ao Sermão de Santo António aos Peixes, de Padre António Vieira, fazendo referências que refletem um conhecimento insuficiente da obra.

6

1

Tece comentários gerais sobre o excerto transcrito, pouco relevantes para o tema proposto e que revelam um conhecimento incipiente do Sermão de Santo António aos Peixes, de Padre António Vieira.

3

Cenário de resposta A resposta deve contemplar os aspetos que a seguir se enunciam, ou outros considerados relevantes:

• Padre António Vieira dedicou-se arduamente à sua vocação de missionário, difundindo a fé cristã e tentando proteger a vida dos indígenas.

• Quando chegou ao Brasil, em 1653, Vieira descobriu que mais de dois milhões de índios tinham sido mortos, situação que não era divulgada ao rei; a mentira e a insensatez dos colonos indignaram o missionário.

• O Sermão de Santo António aos Peixes, pregado no Maranhão, critica os defeitos dos homens e denuncia a mentira e as atrocidades dos que enriqueciam à custa dos indefesos índios.

• Através da alegoria, o missionário jesuíta atinge os defeitos dos homens que andam permanentemente à procura de «como hão de comer, e como se hão de comer».

• Os peixes, metáfora dos homens, possibilitam a crítica à arrogância («roncadores»), ao parasitismo («pegadores»), à vaidade («voadores») e à traição («polvo»).

• ... 68

GRUPO II Chaves de correção:

1. 1. c); 2. d); 3. a); 4. d); 5. b); 6. d); 7. a). Níveis de desempenho

2. 1. f); 2. h); 3. a); 4. e); 5. g). Descritores do nível de desempenho

Pontuação

3

Estabelece quatro ou cinco correspondências corretas.

15

2

Estabelece duas ou três correspondências corretas.

9

1

Estabelece uma correspondência correta.

3

GRUPO III Níveis de desempenho

Descritores do nível de desempenho

Pontuação

• Trata, sem desvios, o tema proposto (liberdade e igualdade de direitos humanos). • Mobiliza, sempre com eficácia argumentativa, uma informação ampla e diversificada: – Produz um discurso coerente e sem qualquer tipo de ambiguidade. – Define, de forma inequívoca, o seu ponto de vista. – Fundamenta a perspetiva adotada em (pelo menos) dois argumentos, distintos e pertinentes, cada um deles ilustrado com (pelo menos) um exemplo significativo.

9

• Redige um texto estruturado, refletindo uma planificação prévia e evidenciando um bom domínio dos mecanismos de coesão textual: – Apresenta um texto constituído por três partes (introdução, desenvolvimento, conclusão), individualizadas, devidamente proporcionadas e articuladas entre si de modo consistente. – Marca corretamente os parágrafos. – Utiliza, com adequação, conetores diversificados e outros mecanismos de coesão textual.

30

• Faz uso correto do registo de língua adequado ao texto, eventualmente com esporádicos afastamentos, que se encontram, no entanto, justificados pela intencionalidade do discurso e marcados (com aspas ou sublinhados). • Mobiliza expressivamente, com adequação e intencionalidade, recursos da língua (repertório lexical variado e pertinente, figuras de estilo, procedimentos de modalização, pontuação,...).

69

8

27 • Trata, sem desvios, o tema proposto (liberdade e igualdade de direitos humanos). • Mobiliza informação diversificada, com suficiente eficácia argumentativa: – Produz um discurso coerente, pontuado, no entanto, por ambiguidades pouco relevantes. – Define com suficiente clareza o seu ponto de vista. – Fundamenta a perspetiva adotada em (pelo menos) dois argumentos adequados, cada um deles documentado com (pelo menos) um exemplo apropriado.

7

• Redige um texto estruturado, refletindo uma planificação e recorrendo a mecanismos adequados de coesão textual: – Apresenta um texto constituído por três partes (introdução, desenvolvimento, conclusão), individualizadas, proporcionais e satisfatoriamente articuladas entre si. – Marca corretamente os parágrafos. – Utiliza adequadamente conetores e outros mecanismos de coesão textual.

24

• Utiliza o registo de língua adequado ao texto, apesar de esporádicos afastamentos que não afetam, porém, a adequação geral do discurso. • Mobiliza um repertório lexical adequado e variado. 6

21 • Trata o tema proposto (liberdade e igualdade de direitos humanos), embora apresente desvios pouco relevantes. • Mobiliza informação suficiente, nem sempre com eficácia argumentativa: – Produz um discurso globalmente coerente, apesar de algumas ambiguidades evidentes. – Define o seu ponto de vista, eventualmente com lacunas que não afetam, porém, a inteligibilidade. – Fundamenta a perspetiva adotada em (pelo menos) dois argumentos adequados, mas apresentando um único exemplo e pouco significativo.

5

• Redige um texto pouco estruturado, refletindo uma escassa planificação e evidenciando um domínio apenas suficiente dos mecanismos de coesão textual: – Apresenta um texto constituído por três partes (introdução, desenvolvimento, conclusão), articuladas entre si de modo pouco consistente. – Marca, em geral, corretamente os parágrafos, mas com falhas esporádicas. – Utiliza apenas os conetores e os mecanismos de coesão textual mais comuns, embora sem incorreções graves. • Utiliza, em geral, o registo de língua adequado ao texto, mas apresentando alguns afastamentos que afetam pontualmente a adequação global. • Mobiliza um repertório lexical adequado, mas pouco variado.

70

18

4

15 • Trata globalmente o tema (liberdade e igualdade de direitos), mas com desvios notórios. • Mobiliza pouca informação e com reduzida eficácia argumentativa: – Produz um discurso com alguma coerência, mas nem sempre claramente inteligível. – Define um ponto de vista identificável, mas fá-lo de forma confusa. – Fundamenta a perspetiva adotada em um único argumento ou em dois argumentos redundantes e não apresenta exemplos, ou apresenta exemplos pouco adequados.

3

• Redige um texto com deficiências de estrutura, evidenciando um domínio insuficiente dos mecanismos de coesão textual: – Apresenta um texto em que não distingue com clareza três partes (introdução, desenvolvimento, conclusão) ou em que as mesmas se encontram insuficientemente marcadas, com desequilíbrios de proporção mais ou menos notórios e com deficiências ao nível da articulação entre elas. – Marca parágrafos, mas com incorreções de alguma gravidade. – Utiliza poucos conetores, por vezes de forma inadequada e recorrendo, frequentemente, a construções paratáticas.

12

• Apresenta, em número significativo, afastamentos do registo de língua adequado ao texto. • Utiliza um vocabulário simples e comum, com impropriedades que não perturbam, porém, a comunicação. 2

9 • Aborda lateralmente o tema (liberdade e igualdade de direitos humanos), porque o compreendeu mal ou porque não se cinge a uma linha condutora e se perde em digressões.

1

• Mobiliza muito pouca informação e sem eficácia argumentativa: – Produz um discurso geralmente inconsistente e, por vezes, ininteligível. – Não define um ponto de vista identificável. – Não cumpre a instrução no que diz respeito à tipologia textual ou apresenta um texto em que traços do tipo de texto solicitado se misturam, sem critério, com os de outros tipos textuais.

6

• Redige um texto com estruturação muito deficiente, desprovido de mecanismos elementares de coesão textual. • Utiliza, indiferenciadamente, registos de língua distintos, mas sem manifestar consciência do registo adequado ao texto, ou um único registo inadequado. • Utiliza vocabulário elementar e restrito, não raro redundante e/ou inadequado. Ver critérios gerais de classificação das provas de Exame Nacional (http://www.gave.min-edu.pt/np3/exames)

71

SEQUÊNCIA DE ENSINO-APRENDIZAGEM N.o 3 A. Planificação

12 blocos de 90 minutos (24 aulas)

Competências transversais: • Comunicação: Componentes linguística, discursiva/textual, sociolinguística, estratégica. • Estratégica: Estratégias de leitura e de escrita adequadas ao tipo de texto e à finalidade; seleção e organização da informação; produção de resumo; operações de planificação, execução e avaliação da escrita e da oralidade; pesquisa em vários suportes; conceção e utilização de instrumentos de análise; elaboração de ficheiros; utilização das TIC. • Formação para a cidadania: Construção de uma identidade cultural; apresentação e defesa de opiniões; reconhecimento da importância da herança do passado na construção do presente; assunção dos valores da democracia, da liberdade e da responsabilidade como valores consensuais a defender. Tipos de texto: Drama, textos argumentativos, expositivo-argumentativos e resumo.

COMPETÊNCIAS NUCLEARES

Testes de compreensão oral: • A viagem de Almeida Garrett. COMPREENSÃO • Memória ao Conservatório Real, de Almeida Garrett. ORAL • Louvor a Garrett, de António Mega Ferreira.

Escuta/visionamento: • A viagem de Almeida Garrett – documentário. • Memória ao Conservatório Real de Lisboa, de Almeida Garrett. • Louvor a Garrett, de António Mega Ferreira.

EXPRESSÃO ORAL

Expressão oral: • Dramatização (páginas 191 e 192)

EXPRESSÃO ESCRITA

• Texto expositivo-argumentativo. • Resumo de textos expositivo-argumentativos.

LEITURA

Textos informativos: (páginas 198 a 199 (Em interação))

Leitura seletiva: • «Frei Luís de Sousa – personagem histórica». • «Drama, espetáculo teatral e Frei Luís de Sousa». • «Um destino inflexível a pesar sobre os homens».

Leitura literária: • Frei Luís de Sousa, de Almeida Garrett (leitura integral): – Categorias do texto dramático. – Intenção pedagógica. – Sebastianismo. – Ideologia romântica. – Valor simbólico de alguns elementos.

Leitura analítica: • Frei Luís de Sousa (páginas 132 a 183). Leitura global: • Frei Luís de Sousa. • Outros textos selecionados pelo(a) professor(a) e pelos alunos. Leitura recreativa: • Contrato de Leitura.

Leitura de imagem fixa: Imagens do romantismo.

(Continua)

72

FUNCIONAMENTO DA LÍNGUA

AVALIAÇÃO

Análise do discurso, pragmática e linguística textual: • Interação discursiva: Discurso. • Adequação discursiva (registos formal e informal; formas de tratamento). • Atos ilocutórios e força ilocutória: – Atos ilocutórios diretos e indiretos. – Tipologia dos atos ilocutórios (assertivos, diretivos; compromissivos; expressivos; declarativos). – Princípios reguladores da interação discursiva (princípios de cooperação, máximas conversacionais, princípio de cortesia e saber compartilhado). • Processos interpretativos inferenciais: – Pressuposição. – Implicatura conversacional. • Elementos do discurso oral e deixis. • Consolidação de conteúdos: morfologia, classes de palavras, sintaxe. • Avaliação das competências e avaliação do Webfólio/Portefólio (facultativo). • Autoavaliação e coavaliação para regulação das aprendizagens.

B. Em interação • Documentário A viagem de Almeida Garrett. • Memória ao Conservatório Real de Lisboa, de Garrett. • Leitura literária: Frei Luís de Sousa (leitura integral). • Dramatização. • Texto expositivo-argumentativo. • Resumo de texto expositivo-argumentativo.

Situação de aprendizagem n.o 1 • Visionamento de documentário sobre Almeida Garrett; tomada de notas. • Teste de compreensão oral (manual). • Interação verbal em torno das ideias expressas no documentário. • Pesquisa em vários suportes sobre a vida e a obra de Garrett, nomeadamente a sua ligação ao teatro. • Apresentação oral dos resultados da pesquisa. • (Re)Construção em PowerPoint da biografia de Garrett a partir dos dados do documentário e da pesquisa efetuada (trabalho em grandes grupos). Avaliação: • Avaliação do teste de compreensão oral. • Avaliação da interação verbal e da apresentação oral. • Auto e coavaliação do trabalho em grupo. • Balanço individual do trabalho desenvolvido e das aprendizagens realizadas. 73

Situação de aprendizagem n.o 2 • Audição do texto Memória ao Conservatório Real de Lisboa, de Garrett. • Teste de compreensão oral (manual). • Identificação de informação relevante que configure um momento de pré-leitura: – Assunto de índole trágica. – Ação simples. – Poucas personagens. – Contenção de cenas. – Recurso à prosa. – Assunto de caráter nacional e histórico. – Caráter didático. – Hibridismo de género – drama ou tragédia? • Interação verbal em torno da informação identificada e de uma possível antecipação de conteúdo. • Construção de um guião orientador de dramatização (manual). • Dramatização. Avaliação: • Avaliação do teste de compreensão oral. • Avaliação da interação verbal. • Balanço individual do trabalho desenvolvido e das aprendizagens realizadas.

Situação de aprendizagem n.o 3 • Leitura analítica, em trabalho de grupo, das cenas I e II do Ato I de Frei Luís de Sousa (questionário no manual): – Importância da leitura e o seu reflexo cultural e moral. – Caracterização das personagens presentes em cena e ausentes. – O sebastianismo. – Os indícios trágicos. – Valor simbólico de alguns elementos/situações. – Enquadramento no modo dramático. – Apresentação oral e registo de conclusões. – Leitura dramatizada de um excerto da cena II. – Registo individual escrito das primeiras impressões de leitura da peça de Garrett. Avaliação: • Auto e coavaliação do trabalho em grupo. • Avaliação da interação verbal e da apresentação oral. • Avaliação do registo escrito das impressões de leitura. • Balanço individual do trabalho desenvolvido e das aprendizagens realizadas.

Situação de aprendizagem n.o 4 • Constituição de quatro grandes grupos para leitura da cena VIII do Ato I (questionário no manual): – Contraste entre as personagens em cena. – Classicismo e romantismo presentes na caracterização/atitude das personagens. – Registo das decisões tomadas pelas personagens e motivos que as impelem. • Apresentação oral e registo de conclusões. • Pesquisa sobre romantismo e classicismo em Frei Luís de Sousa. 74

• Elaboração de um PowerPoint de apresentação dos resultados da pesquisa. • Oficina de escrita (planificação, textualização e revisão): – Elaboração de um texto argumentativo – discurso de Manuel de Sousa incitando a resistir ao invasor ou um apelo à luta contra uma situação da sociedade contemporânea que constitua um atentado aos direitos humanos: • Estrutura canónica de base da argumentação: tese, antítese, síntese. • Argumentação e contra-argumentação. • Estratégias do sujeito. • Alusões e subentendidos. • Processos de influência sobre o destinatário. • Tipos de argumentos. • Progressão temática e discursiva. • conetores predominantes. • Figuras de retórica. Avaliação: • Auto e coavaliação do trabalho em grupo. • Avaliação da interação verbal e da apresentação oral dos resultados da leitura analítica e da pesquisa efetuada. • Participação ativa no trabalho da oficina de escrita. • Avaliação do texto argumentativo. • Balanço individual do trabalho desenvolvido e das aprendizagens realizadas.

Situação de aprendizagem n.o 5 • Leitura analítica, em trabalho de grupo, das cenas XI, XIV e XV do Ato II de Frei Luís de Sousa (questionário no manual): – Importância do diálogo travado entre as personagens Romeiro e D. Madalena. – Consequências do regresso do Romeiro. – Importância das didascálias. – A superstição popular como suporte ideológico do romantismo. – O sebastianismo. – A anagnórise. – Valor simbólico de alguns elementos/situações. • Apresentação oral e registo de conclusões. • Pesquisa sobre a batalha de Alcácer Quibir e o seu impacto na sociedade portuguesa da época. • Elaboração de um PowerPoint de apresentação dos resultados da pesquisa. • Dramatização da cena XV. • Oficina de escrita (planificação, textualização e revisão): – Elaboração de um resumo de texto expositivo-argumentativo (manual): • Compreensão do(s) texto(s)-fonte (oral/escrito). • Reagrupamento das ideias: observância das técnicas do resumo. Avaliação:

• Auto e coavaliação do trabalho em grupo. • Avaliação da interação verbal e da apresentação oral dos resultados da leitura analítica e da pesquisa efetuada. • Avaliação do resumo. • Balanço individual do trabalho desenvolvido e das aprendizagens realizadas. 75

C. Recursos de apoio ao desenvolvimento das situações de aprendizagem Memória ao Conservatório Real de Lisboa (...) Na história de Frei Luís de Sousa (...) há toda a simplicidade de uma fábula trágica antiga. Casta e severa como as de Ésquilo, apaixonada como as de Eurípedes, enérgica e natural como as de Sófocles, tem, demais do que essoutras, aquela unção e delicada sensibilidade que o espírito do Cristianismo derrama por toda ela... acendendo, até às últimas trevas da morte, a vela da esperança que se não apaga com a vida. A catástrofe é um duplo e tremendo suicídio; não se obra pelo punhal ou pelo veneno: foram duas mortalhas que caíram sobre dois cadáveres vivos... (...) Esta é uma verdadeira tragédia – se as pode haver, e como só imagino que as possa haver sobre factos e pessoas comparativamente recentes. Não lhe dei todavia esse nome porque não quis romper de vizeira com os estafermos respeitados dos séculos... Demais, posto que eu não creia no verso como língua dramática possível para assuntos tão modernos, também não sou tão desabusado contudo que me atreva a dar a uma composição em prosa o título solene que as musas gregas deixaram consagrado à mais sublime e difícil de todas as composições poéticas. O que escrevi em prosa, pudera escrevê-lo em verso (...) E di-lo-ei porque é verdade – repugnava-me também pôr na boca de Frei Luís de Sousa outro ritmo que não fosse o da elegante prosa portuguesa que ele, mais do que ninguém, deduziu com tanta harmonia e suavidade. (...) Contento-me para a minha obra com o título modesto de drama; só peço que a não julguem pelas leis que regem, ou devem reger, essa composição de forma e índole nova; porque a minha, se na forma desmerece da categoria, pela índole há de ficar pertencendo sempre ao antigo género trágico. (...) Nenhuma ação mais dramática, mais trágica do que esta; mas as situações são poucas: estender estas de invenção era adelgaçar a força daquela, quebrar-lhe a energia. (...) Nem amores, nem aventuras, nem paixões, nem carateres violentos de nenhum género. Com a ação que se passa entre pai, mãe e filha, um frade, um escudeiro velho, e um peregrino que apenas entra em duas ou três cenas – tudo gente honesta e temente a Deus – sem um mau para contraste, sem um tirano que se mate ou mate alguém pelo menos no último ato... eu quis ver se era possível excitar fortemente o terror e a piedade ao cadáver das nossas plateias, gastas e caquéticas pelo uso contínuo de estimulantes violentos... (...) Para ensaiar estas minhas teorias de arte, que se reduzem a pintar do vivo, desenhar do nu e a não buscar poesia nenhuma nem de intervenção nem de estilo fora da verdade e do natural, escolhi este assunto, porque em suas mesmas dificuldades estavam as condições de sua maior propriedade. (...) Escuso dizer-vos, Senhores, que me não julguei obrigado a ser escravo da cronologia... Eu sacrifico às musas de Homero não às de Heródoto... Nem o drama, nem o romance, nem a epopeia são possíveis, se os quiserem fazer com a «Arte de verificar as datas» na mão... Almeida Garrett, Memória ao Conservatório Real de Lisboa, lido a 6 de maio de 1843

76

Louvor de Garrett Entre as muitas coisas novas e diferentes que então se praticavam no Pedro Nunes, havia um grupo de teatro, animado por Maria Helena Lucas, no qual, talvez a partir de 1963, participei ativamente. Aí fui escudeiro na Farsa de Inês Pereira, aí li Tchekov pela primeira vez, aí disse poemas de Musset («Sobre os móveis, o pó, e o pálido fanal» é tudo o que me lembro, para lá da obsolescência adivinhável da tradução e da imagem nítida de, nesse espetáculo, ter contracenado com Ana Zanatti, minha colega de turma), aí fiz um papel em O Alfageme de Santarém. Dos ensaios do Alfageme, aliás, lembro-me bem: passavam-se na vastidão álgida do ginásio antigo, situado no primeiro andar de uma das alas do edifício principal, que dá para a Avenida Álvares Cabral, em frente do Jardim-Escola João de Deus. As récitas, essas, tinham normalmente lugar no pequeno palco arranjado para o efeito na sala dos professores. Aí – ou nas aulas de Português, mas é natural que ambas as experiências, a teatral e a literária, se tenham complementado – devo ter caído na «poção mágica» do Romeiro de Frei Luís de Sousa. Li o texto pela primeira vez quando tinha 13 ou 14 anos – e ainda não me refiz do fascínio inicial, aumentado pelas muitas releituras, não sei quantas representações teatrais, filmes e telefilmes. Aquele Romeiro, aquela «ameaça» à normalidade feliz do triângulo Maria-Madalena-Manuel de Sousa Coutinho, foi para mim uma fonte de mistério, o sinal de uma coisa que mais tarde, muito mais tarde, reconheceria como «desassossego» (o livro do dito, convém que se recorde, só foi conhecido em 1982). Ao mesmo tempo, na quase impenetrável opacidade da literatura que íamos conhecendo (não chegáramos ao Eça, andávamos pelo Sá de Miranda e pelo Camões), o «Ninguém» carregado de presságio daquela espécie de fantasma de D. João de Portugal era uma espécie de «buraco negro» pelo qual se esvaía a normalidade da literatura como corpus de coisas a aprender – mas de cujo ensino, parece-me, estava ausente qualquer ligação com a vida, a quotidiana, corriqueira «vidinha» de todos e cada um de nós. Frei Luís de Sousa foi a primeira exceção a este distanciamento entre nós e a literatura que nos ensinavam. De forma evidentemente não consciente, o que o «Ninguém» do Romeiro me deixava entrever é que, para lá do dito, do explícito, havia – há – no texto literário um amplo espaço de indeterminação, o espaço do mistério, de um segredo que nos cabe adivinhar ou (o que é ainda melhor) simplesmente reconhecer. Nessa altura, eu não sabia que algum fundo de verdade histórica existia naquele punhado de retratos apenas esboçados por Garrett. É claro que só muito mais tarde descobri em Manuel de Sousa Coutinho o soberbo prosador, cuja vida se dividiu entre a aventura e a literatura, a esta tendo legado a magistral Vida de Dom Frei Bartolomeu dos Mártires. Nem, por maioria de razão, podia saber que o episódio perturbador do Romeiro era enxerto sebastianista (o sebastianismo ficaria para mim envolto em nevoeiro até à leitura, no início dos anos 70, do estudo clássico de Joel Serrão), hoje atribuído a Frei António da Encarnação. O meu fascínio era, por isso, absoluta e exclusivamente literário, funcionando em estado puro de verosimilhança, fora de quaisquer considerações históricas ou ideológicas. Quer dizer que, naquela indecisão histórica que a figura do Romeiro vem transformar em autêntica tragédia, eu pressentia a vibração de uma outra literatura, uma literatura que não se esgotava na aparência da sua imaginária «perfeição», porque os textos literários nos eram dados como coisas finais, definitivas. Ora, o Frei Luís de Sousa foi, para mim, nessa altura, o primeiro texto «aberto» que me era dado ler: o suspense, a emoção, o desconcerto, o excesso emocional, tudo estava lá, ou, pelo menos, tudo eu imaginava lá figurar. Leio o Frei Luís de Sousa antecipando sempre aquele momento catártico já prenunciado por mil e um sinais, mas adivinhado com a mesma excitação com que somos capazes de antecipar uma sequência já conhecida de um filme visto e amado mais de uma vez (...) 77

Dorme Maria, no delírio que a febre e os seus sonhos de grandeza alimentam? E Telmo conforta-se na sua apegada ternura pela menina, como se a pureza que ela lhe entrega limpasse a recordação de uma qualquer culpa passada? E Dona Madalena, quem pode dizer, entre os sustos cheios de presságio de Maria e as meias palavras de Telmo, que realmente sossega nos braços de Manuel de Sousa? E Manuel de Sousa, quem aquieta esta extenuante vontade de ação, que o leva de Lisboa à outra margem, uma vez e outra e outra? O espaço de representação de Frei Luís de Sousa é atravessado por um vendaval permanente: ninguém está bem naquele lugar, ninguém está bem no seu papel e, por isso, Manuel de Sousa acaba por incendiar aquela casa, como se com isso quisesse exorcizar pelo fogo a causa de toda a inquietude. E é extraordinária a curta frase com que Manuel de Sousa Coutinho, o autêntico, descreve o incidente, no prefácio às Obras Poéticas de Jaime Falcão: «Possuído de extraordinária exaltação, furtei as minhas paredes a essa injúria (a requisição dos procuradores) com nova e inaudita metamorfose: foram-se abaixo em fumo e cinzas.»

Frei Luís de Sousa é o livro do desassossego português, antes de ser drama histórico, narrativa amorosa ou tragédia sebastiana. Todas as personagens vivem um mal-estar, cuja causa difusa, corporizada no fantasma de D. João de Portugal, é, afinal de contas, «ninguém». E qual de nós pode dizer que nunca se sentiu, ainda que por instantes, prisioneiro deste desejo de não ser, neste momento em que existe? «Eu só estou bem onde não estou», lembram-se? E é preciso ler Frei Luís de Sousa em voz alta, para ouvir o eco que o silêncio entre as palavras nos envia – ou a música que faria da obra-prima de Garrett a ópera portuguesa por excelência. Sei hoje – e sei dizê-lo – porque é que o Frei Luís de Sousa foi tão importante para mim: a partir daí, a literatura passou a ser, aos meus olhos, o terreno onde se desenhava o risco dos limites e a experiência do indivisível. Com Garrett comecei a aprender o que quer dizer, literariamente, ser moderno. António Mega Ferreira, in Público, 8 de fevereiro de 1999

78

Resposta à questão n.o 4 da leitura interativa da página 140: D. João de Portugal

Caracterização

D. Madalena

Telmo

Maria

Manuel de Sousa

Direta: Elementos fornecidos pelas personagens

Viúva, orfã e sem ninguém aos dezassete anos; obedece a Telmo como uma filha; chorou a perda do marido e procurou-o durante sete anos; nobre e honrada senhora.

O escudeiro valido; o familiar quase parente; amigo velho e provado; acredita em agoiros e profecias; aio e amigo de D. João de Portugal; alcançou um poder no espírito de D. Madalena; fiel servidor; inteligente; usa palavras misteriosas e alusões frequentes a D. Sebastião; amigo de Maria.

Tem crescido demais; tem treze anos; um anjo, uma viveza, um espírito; está sempre a querer saber, a perguntar; não é muito forte, é delgadinha; anjo de formosura e bondade; compreende tudo; é sangue de Vilhenas e de Sousas; formosura, engenho, dotes admiráveis; inocente; curiosidade; espírito perspicaz.

É instruído; sabe latim; fidalgo de primor e de boa linhagem; guapo cavalheiro; honrado fidalgo; bom português; bom mareante; cavaleiro de Malta; caráter inflexível.

Primeiro marido de D. Madalena; desapareceu na batalha com o pai e outros fidalgos; escreveu uma carta onde diz que vai voltar a ver a mulher vivo ou morto; amava muito D. Madalena; espelho de cavalaria e gentileza; flor dos bons; nobre amo, santo amo.

Indireta: Elementos deduzidos pelo leitor a partir das atitudes, gestos e comportamentos das personagens

Nervosa, insegura, aterrada (comportamento muito agitado; falas entrecortadas; evita falar no assunto que a preocupa)).

Crença no sebastianismo e no regresso do seu primeiro amo que muito ama, mais do que a Manuel de Sousa; respeita D. Madalena e por isso acaba também por evitar falar sobre o assunto-tabu, para não penalizar Maria, a quem muito ama.

Um mistério parece ensombrar a vida desta personagem; é ela o motivo principal da conversa entre as duas personagens em cena; pelo que sobre si é dito (ou escondido), percebe-se que é precoce.

A parte final da cena faz deduzir a questão política que virá a ser importante no final do capítulo.

A carta escrita na madrugada da batalha de Alcácer Quibir prepara o leitor/espetador para o decorrer da «tragédia».

79

O romantismo O romantismo em Portugal está ligado à transformação revolucionária da sociedade portuguesa no início do século XIX. Deve notar-se, no entanto, que, anteriormente à revolução liberal, se vinham desenvolvendo temas e estilos que anteviam a criação de um novo conceito de literatura; já os árcades procuravam um estilo mais direto, descritivo e individualizante, oposto ao estilo clássico. Também eles atribuíram à literatura uma função social e nacional que será ponto de partida para os primeiros românticos. Na génese do romantismo está o acesso da burguesia à literatura, com o surto do jornalismo que nasce em meados do século XVII e se desenvolve durante o século XVII, apesar do controlo exercido pelo poder central sobre as publicações periódicas. Com as revoluções ocorridas entre 1820-1831, verificam-se grandes vagas de emigração, tendo os emigrados repartido-se entre França e Inglaterra, onde o romantismo estava em florescimento. É em plena emigração que Almeida Garrett publica as suas primeiras obras: Camões (1825) e D. Branca (1826), em Paris. Com o regresso dos emigrados, devido à vitória dos liberais na guerra civil de 1832-34, o romantismo ganhou firmeza, com a participação ativa de Alexandre Herculano e Almeida Garrett, vindo a ter o seu apogeu com Camilo Castelo Branco e sendo substituído pelo realismo em 1871. O romantismo caracteriza-se pela rejeição, por um lado, das tradições do classicismo como modelos e, por outro, do racionalismo do século XVIII. Vejamos as suas principais características: • Valoriza-se o indivíduo em si mesmo, a sensibilidade, o sentimento e a exaltação do eu interior, estando inerentes a inquietação e o desequilíbrio, assim como o sofrimento, a melancolia, a fatalidade; da nostalgia causada pela impossibilidade de alcançar o absoluto e da frustração da condição humana, nasce o «mal du siècle» que pode ter como manifestação o protesto político. • Verifica-se o contraste entre a realidade idealizada e a história e privilegia-se a liberdade e o nacionalismo, não sendo a este alheio o interesse pela Idade Média como época representativa do surgimento das nações, pela afirmação das nacionalidades e independências políticas, tão cara aos românticos que na sua época aderem a causas autonomistas e liberais (…). • Privilegia-se a fuga no tempo e no espaço, a evasão no sonho, na meditação, no mistério, na morte, no fantástico e o gosto pela tradição, pelo pitoresco e popular, sintomático do que é próprio e nacional e não alheio, como se manifestavam os cânones do classicismo. • Enaltece-se a imaginação, a espontaneidade, o natural, o ser genial de cada indivíduo, a religião, o misticismo. • Centra-se nos jogos de contrastes e antíteses, registando-se com frequência a ironia e o sarcasmo, a fluência vocabular predominantemente emocional e o gosto pelo coloquialismo do discurso com marcas nítidas da oralidade; liberaliza-se a forma, nomeadamente no uso do verso livre, estrofes irregulares e da prosa no género dramático. • O herói romântico é incompreendido e perseguido pela sua singularidade: busca o infinito, o absoluto do amor, da justiça, da verdade e da beleza; é excessivo, fatal, solitário, dominado pelo coração, rebelde, procurando a sua pureza imaginária através de uma contestação às regras da sociedade; o homem transfere-se para a obra, fazendo desta a realização imaginária da sua vida, dos seus desejos ou da raiva contra os seus próprios limites enquanto ser humano; este é assumido como um misto de sublime e de grotesco. • A paisagem romântica é revolta, tumultuosa, agreste, sombria, povoada por seres selvagens, notívagos («locus horrendus»), associada aos estados de alma e capaz de provocar sensações violentas. Tendo em conta algumas características da época anterior (classicismo), que contrastam com as acima mencionadas, note-se que a natureza clássica («locus amoenus») é aprazível, primaveril, diurna, simétrica; os artistas do Renascimento (em Portugal sobretudo no século XVI, apresentando um cunho próprio resultante da expansão ultramarina) basearam a sua doutrina na imitação da Antiguidade Clássica (grega e romana, seus modelos e regras), na imitação da Natureza, valorizando o primado da razão e daí o equilíbrio corpo/espírito, forma/conteúdo, harmonia, sobriedade e serenidade. 80

Dulce Pereira Teixeira; Lurdes Aguiar Trilho (2008), Frei Luís de Sousa de Almeida Garrett, O texto em análise, Lisboa, Texto Editores, páginas 146-149

D. Recursos de apoio à avaliação das situações de aprendizagem Avaliação da competência de compreensão oral Ouve atentamente o texto «O romantismo». Assinala com X as respostas que considerares verdadeiras (V) ou falsas (F). Corrige as afirmações falsas. V

F

1. Em Portugal, o romantismo emerge num clima de paz política. 2. Para os primeiros escritores românticos, a literatura tinha uma função nacional e social. 3. Em 1825 e 1826, Garrett publica os poemas Camões e D. Branca em Inglaterra. 4. Em Portugal, o romantismo tem o seu apogeu com Camilo Castelo Branco. 5. O romantismo caracteriza-se pela aceitação dos modelos clássicos. 6. Os românticos cultivaram os princípios do racionalismo iluminista do século XVIII. 7. Os românticos valorizam o indivíduo, a sensibilidade, o sentimento e a exaltação do eu interior. 8. No romantismo, privilegia-se a liberdade e o nacionalismo, evidenciando-se o interesse pelo Renascimento. 9. Tal como os escritores do classicismo, os românticos valorizam o que é alheio em detrimento do nacional. 10. No romantismo, enaltece-se a imaginação, a espontaneidade, o natural, a religião e o misticismo. 11. Os textos românticos apresentam marcas de oralidade, evidenciando o gosto pelo coloquialismo. 12. O herói romântico é dominado pela razão. 13. O herói romântico procura o infinito, o absoluto do amor, da justiça, da verdade e da beleza. 14. A paisagem romântica é revolta, tumultuosa, na esteira do locus amoenus do classicismo. 15. A paisagem clássica é designada de locus horrendus. 16. Por oposição à natureza aprazível dos artistas do Renascimento, os românticos manifestam preferência pela natureza sombria e agreste. 17 Os românticos optaram pelo versilibrismo e pela irregularidade estrófica. 18. No texto dramático, os escritores românticos manifestam preferência pelo verso. 19. Os românticos preocupam-se com a imitação dos textos da Antiguidade Clássica. 20. Os escritores clássicos valorizam a razão e o equilíbrio entre forma e conteúdo.

81

Avaliação da competência de expressão oral Dramatização a) Mobiliza informações relevantes contidas no texto representado. b) Manifesta eficácia comunicativa da organização e da estrutura do texto. Parâmetros

c) Evidencia coordenação da voz, do gesto e do movimento relativamente ao texto. d) Faz uso correto do registo de língua e do tom adequados ao texto. e) Perspetiva o impacto geral da representação nos espetadores.

Alunos

82

a) 40

b) 40

c) 40

d) 40

e) 40

Total

Avaliação da competência de leitura Ficha de verificação de leitura

Frei Luís de Sousa, de Almeida Garrett 1. Faz corresponder a cada nome de personagem da coluna A um único segmento textual da coluna B, de modo a obteres uma correspondência adequada entre o nome e a fala da personagem. Escreve, na folha de respostas, as letras e os números correspondentes. Utiliza cada letra e cada número apenas uma vez. Coluna A 1. Manuel de Sousa 2. Dona Madalena de Vilhena 3. Dona Maria de Noronha 4. Frei Jorge Coutinho 5. O Romeiro 6. Telmo Pais

Coluna B a) «Não digais mais, senhora, não me lembreis de tudo o que eu era.» b) «Meu senhor chegou: vi agora daquele alto entrar um bergantim, que é por força o nosso.» c) «Parentes!… os mais chegados, os que eu me importava achar… contaram com a minha morte, fizeram a sua felicidade com ela: hão de jurar que me não conhecem.» d) «(possuída de grande terror)» e) «Manuel de Sousa Coutinho, irmão Luís de Sousa, pois em tudo quisestes despir o homem velho, abandonando também ao mundo o nome que nele tínheis! — Soror Madalena! Vós ambos que já fostes nobres senhores no mundo, e aqui estais prostrados no pó da terra, nesse humilde hábito de pobres noviços...» f) «Meu pai morreu desastrosamente caindo sobre a sua própria espada: quem sabe se eu morrerei nas chamas ateadas por minhas mãos? Seja.» g) «Dúvida de fiel servidor, esperança de leal amigo, meu bom Telmo! que diz com vosso coração, mas que tem atormentado o meu…» h) «Minha senhora mana! — A bênção de Deus te cubra, filha!» i) «Voz do povo, voz de Deus, minha senhora mãe: eles que andam tão crentes nisto, alguma coisa há de ser.»

2. Ordena as afirmações que se seguem, de acordo com a sequência cronológica dos acontecimentos em Frei Luís de Sousa. 1

Maria mostra as papoilas murchas a D. Madalena.

2

Maria e Manuel de Sousa vão a Lisboa.

3

O Romeiro fala com D. Madalena e Frei Jorge.

4

Manuel de Sousa destrói a sua casa para que os governadores não se instalem naquele espaço.

5

Miranda anuncia a chegada de um peregrino vindo dos lados de Espanha.

6

Dona Madalena lê dois versos d’Os Lusíadas.

7 8 9 10

Maria diz a Telmo que Dona Madalena está muito angustiada desde que se mudaram para o palácio que fora de D. João de Portugal. Maria diz que morre «de vergonha». Telmo diz acreditar no regresso de D. João de Portugal, devido à existência de uma carta deixada a Frei Jorge, no dia da batalha. Dona Madalena e Manuel de Sousa vão para a capela, para professarem a vida religiosa.

83

3. Lê, atentamente, as afirmações transcritas. Assinala a opção que te parece correta.

84

3.1 Frei Luís de Sousa é um texto... a) lírico. b) narrativo. c) dramático.

3.7 Frei Jorge é... a) tio de Miranda. b) irmão de Manuel de Sousa. c) irmão de D. Madalena.

3.2 A obra estrutura-se em... a) dois atos. b) três atos. c) quatro atos.

3.8 Maria de Noronha... a) tem oito anos. b) tem dezoito anos. c) tem treze anos.

3.3 No primeiro ato, a ação decorre... a) no palácio de Manuel de Sousa. b) na capela. c) no palácio de D. João de Portugal.

3.9 Manuel de Sousa é... a) o primeiro marido de D. Madalena. b) o segundo marido de D. Madalena. c) irmão de D. Madalena.

3.4 O texto está escrito... a) em verso. b) em prosa. c) predominantemente em verso.

3.10 O Romeiro é... a) um peregrino impostor. b) D. Sebastião. c) D. João de Portugal.

3.5 D. Madalena revela-se... a) receosa. b) corajosa. c) arrojada.

3.11 O Romeiro é reconhecido quando profere a palavra... a) ninguém. b) rei. c) nobre.

3.6 Telmo Pais é... a) pai de Maria. b) cunhado de D. Madalena. c) um escudeiro da família.

3.12 Maria de Noronha revela-se... a) imatura. b) precoce. c) imprudente.

Avaliação da competência de expressão escrita Texto expositivo-argumentativo a) Trata, sem desvios, o tema proposto. b) Mobiliza, sempre com eficácia argumentativa, uma informação ampla e diversificada. Parâmetros

c) Redige um texto estruturado, refletindo uma planificação prévia e evidenciando um bom domínio dos mecanismos de coesão textual. d) Faz uso correto do registo de língua adequado ao texto. e) Mobiliza expressivamente, com adequação e intencionalidade, recursos da língua. Alunos

a) 40

b) 40

c) 40

d) 40

e) 40

Total

85

a) Reconhece o assunto global do texto, identificando as suas relações lógicas. b) Conserva as ideias fundamentais e os exemplos importantes. Parâmetros

c) Mantém a enunciação e a ordem do texto. d) Produz um texto conciso e coerente, mantendo a rede semântica e o limite de palavras. e) Utiliza corretamente a ortografia, a pontuação e os conetores frásicos. Alunos

86

a) 40

b) 40

c) 40

d) 40

e) 40

Total

TESTE DE AVALIAÇÃO N.o 3 GRUPO I A Lê atentamente o texto a seguir transcrito.

5

10

15

Maria (entrando com umas flores na mão, encontra-se com Telmo, e o faz tornar para a cena) – Bonito! Eu há mais de meia hora no eirado passeando — e sentada a olhar para o rio a ver as faluas e os bergantins que andam para baixo e para cima — e já aborrecida de esperar… e o senhor Telmo, aqui posto a conversar com minha mãe, sem se importar de mim! — Que é do romance que me prometestes? não é o da batalha, não é o que diz: Postos estão, frente a frente, Os dois valorosos campos; é o outro, é o da ilha encoberta onde está el-rei D. Sebastião, que não morreu e que há de vir, um dia de névoa muito cerrada… Que ele não morreu: não é assim, minha mãe? Madalena – Minha querida filha, tu dizes coisas! Pois não tens ouvido, a teu tio Frei Jorge e a teu tio Lopo de Sousa, contar tantas vezes como aquilo foi? O povo, coitado, imagina essas quimeras para se consolar na desgraça. Maria – Voz do povo, voz de Deus, minha senhora mãe: eles que andam tão crentes nisto, alguma coisa há de ser. Mas ora o que me dá que pensar é ver que, tirado aqui o meu bom velho Telmo (chega-se toda para ele, acarinhando-o), ninguém nesta casa gosta de ouvir falar em que escapasse o nosso bravo rei, o nosso santo rei D. Sebastião. — Meu pai, que é tão bom português, que não pode sofrer estes castelhanos, e que até às vezes dizem que é de mais o que ele faz e o que ele fala… em ouvindo duvidar da morte do meu querido rei D. Sebastião… ninguém tal há de dizer, mas põe-se logo outro, muda de semblante, fica pensativo e carrancudo: parece que o vinha afrontar, se voltasse, o pobre do rei. — Ó minha mãe, pois ele não é por D. Filipe; não é, não? Madalena – Minha querida Maria, que tu hás de estar sempre a imaginar nessas coisas que são tão pouco para a tua idade! Isso é o que nos aflige, a teu pai e a mim; queria-te ver mais alegre, folgar mais, e com coisas menos…

20

25

Maria – Então, minha mãe, então! — Veem, veem?… também minha mãe não gosta. Oh! essa ainda é pior, que se aflige, chora… ela aí está a chorar… (vai-se abraçar com a mãe, que chora) Minha querida mãe, ora pois então! — Vai-te embora, Telmo, vai-te: não quero mais falar, nem ouvir falar de tal batalha, nem de tais histórias, nem de coisa nenhuma dessas. — Minha querida mãe! Telmo – E é assim: não se fala mais nisso. E eu vou-me embora. (aparte, e indo-se depois de lhe tomar as mãos.) Que febre que ela tem hoje, meu Deus! queimam-lhe as mãos… e aquelas rosetas nas faces… Se o perceberá a pobre da mãe! Almeida Garrett, Frei Luís de Sousa

Apresenta, de forma clara e bem estruturada, as respostas aos itens que se seguem.

1. Localiza o excerto transcrito na estrutura externa e na estrutura interna de Frei Luís de Sousa. 2. Explicita os argumentos utilizados por D. Madalena para dissuadir a filha de determinadas ideias. 3. Interpreta o provérbio «Voz do povo, voz de Deus», atendendo ao contexto em que é proferido. 4. Caracteriza a personagem Maria de Noronha a partir do excerto transcrito. 87

B O mito de D. Sebastião percorre a literatura do século XIX como uma espécie de espetro, assumindo formas específicas que se cruzam com o nacionalismo romântico e com a forma como ele encarou a relação entre a literatura e o poder. Teresa Almeida (1997), Dicionário do Romantismo literário português, Lisboa, Editorial Caminho, página 531

Fazendo apelo à tua experiência de leitura de Frei Luís de Sousa, comenta, num texto de oitenta a cento e trinta palavras, a relevância do mito sebastianista para a compreensão da ação dramática. Observações relativas ao item B

1. Para efeitos de contagem, considera-se uma palavra qualquer sequência delimitada por espaços em branco, mesmo quando esta integre elementos ligados por hífen (ex.: /dir-se-ia/). Qualquer número conta como uma única palavra, independentemente dos algarismos que o constituam (ex.: /2011/).

2. Um desvio dos limites de extensão indicados implica uma desvalorização parcial (até cinco pontos) do texto produzido.

GRUPO II 1. Relê a cena transcrita no Grupo I. Para cada um dos itens que se seguem, escreve, na tua folha de respostas, a letra correspondente à alternativa correta, de acordo com o sentido do texto. 1. Na primeira fala de Maria, a palavra «Bonito!» (linha 1) é... a) um advérbio. b) um adjetivo. c) uma interjeição. d) um pronome. 2. Na expressão «névoa muito cerrada» (linhas 7-8), o adjetivo «cerrada» está... a) no grau superlativo relativo de superioridade. b) no grau superlativo absoluto analítico. c) no grau superlativo relativo de inferioridade. d) no grau superlativo absoluto sintético. 3. Na expressão «em que escapasse o nosso bravo rei» (linha 13), o verbo está... a) no presente do indicativo. b) no presente do conjuntivo. c) no pretérito imperfeito do indicativo. d) no pretérito imperfeito do conjuntivo.

88

4. Com a questão «Que ele não morreu: não é assim, minha mãe?» (linha 8), o locutor realiza um ato... a) ilocutório assertivo. b) ilocutório compromissivo. c) ilocutório diretivo. d) ilocutório declarativo. 5. A frase «Minha querida filha, tu dizes coisas!» (linha 9) evidencia um ato... a) ilocutório expressivo. b) ilocutório assertivo. c) ilocutório compromissivo. d) ilocutório diretivo. 6. Na expressão «Minha querida Maria» (linha 18), o locutor recorre a uma forma de tratamento... a) nobiliárquica. b) honorífica. c) eclesiástica. d) familiar. 7. No segmento textual «e o senhor Telmo, aqui posto a conversar com minha mãe» (linha 3), a palavra «aqui» é um deítico... a) pessoal. b) espacial. c) temporal. d) espácio-temporal.

2. Faz corresponder a cada segmento textual da coluna A um único segmento textual da coluna B, de modo a obteres uma afirmação adequada ao sentido do texto. Escreve, na folha de respostas, as letras e os números correspondentes. Utiliza cada letra e cada número apenas uma vez.

Coluna A 1. Ao usar parênteses (linha 1), 2. Com o adjetivo «bravo» (linha 13) 3. Com a palavra «minha» (linha 20), 4. Com o constituinte «Minha querida Maria» (linha 18), 5. Com a expressão «para se consolar na desgraça» (linha 10),

Coluna B a) o enunciador traduz uma ideia com valor não restritivo. b) o enunciador introduz um vocativo na frase. c) o enunciador recorre a um pronome possessivo. d) o enunciador traduz um nexo de fim. e) o enunciador introduz o sujeito da frase. f) o enunciador traduz uma ideia com valor restritivo. g) o enunciador faz uso de uma didascália. h) o enunciador recorre a um determinante possessivo.

89

GRUPO III Resume o texto a seguir transcrito, constituído por trezentas e cinquenta e seis palavras, num texto de cento e cinco a cento e trinta palavras.

5

A arte teatral nasce do encontro entre duas forças convergentes: a obra, concebida pelo poeta1 dramático e animada sobre as tábuas do palco pelo encenador, e o público, a quem se dirige e destina. O ator é o elo de ligação entre estes dois elementos: a ele compete produzir a descarga elétrica resultante da aproximação desses dois pólos; é por via dele que se transmite ao público o pensamento do autor, tornado, graças à sua intervenção, sensível e presente.

10

Inicialmente um texto, o teatro não se esgota, contudo, nesse texto. A obra escrita pelo poeta implica a presença do ator (que emprestará a sua pessoa às personagens por aquele concebidas) e o mundo em que este há de evoluir e viver o conflito ideado pelo autor. Assim, vem o teatro a resolver-se numa verdadeira síntese das artes, num modo superior de expressão em que todas as formas artísticas – da poesia2 à declamação e à mímica, da pintura e da arquitetura à música – colaboram e, unificadas no plano comum do espetáculo, harmoniosamente se fundem. O ator, com a sua presença física, viva, real, a sua voz, os seus gestos, a sua marcha, é um dos elementos essenciais dessa síntese. «O prazer da metamorfose – escreveu Nietzsche3 em A origem da tragédia – é a condição prévia de toda a arte dramática. O fenómeno dramático primordial consiste em ver-se a si próprio metamorfoseado e agir como se realmente se vivesse dentro de um outro corpo, com um outro caráter.»

15

20

Épocas houve da história do teatro em que o ator (...) ocupou o lugar predominante adentro da síntese teatral. Tais épocas, porém, não coincidem com os períodos áureos da arte dramática, visto que esse predomínio de uma das partes do todo sobre o próprio todo equivale ao rompimento do equilíbrio pressuposto pela síntese das artes. Os momentos mais altos da história do teatro são aqueles em que – como sucedeu na Grécia Antiga, no apogeu da Idade Média ou na Inglaterra Isabelina4 – todas as artes, e portanto também a do ator, embora gravitando em torno do texto e ordenadas em sua função, concorrem harmoniosa e proporcionalmente para atingir o objetivo comum: o espetáculo teatral. Luiz Francisco Rebello (1953), «O Ator» in Separata da Enciclopédia da Vida Corrente, Lisboa

Observações: 1. Para efeitos de contagem, considera-se uma palavra qualquer sequência delimitada por espaços em branco, mesmo quando esta integre elementos ligados por hífen (ex.: /dir-se-ia/). Qualquer número conta como uma única palavra, independentemente dos algarismos que o constituam (ex.: /2011/). 2. Relativamente ao desvio dos limites de extensão indicados – um mínimo de duzentas e um máximo de trezentas palavras –, há que atender ao seguinte: – A um texto com extensão inferior a oitenta palavras é atribuída a classificação de zero pontos. – Nos outros casos, um desvio dos limites de extensão indicados implica uma desvalorização parcial (até cinco pontos) do texto produzido.

1 Poeta – neste contexto, significa autor. 2 Poesia – neste contexto, significa literatura. 3 Nietzsche – filósofo alemão. 4 Isabelina – relativa ao reinado de Isabel.

90

Critérios específicos de classificação GRUPO I A 1. ................................................................................................................................................................................................................................................................ ...............................

15 pontos

Critérios específicos de classificação

• Aspetos de conteúdo (C) ......................................................................................................................................................................................................................... 9 pontos • Aspetos de organização e correção linguística (F) ................................................................................................................................................... 6 pontos – Estruturação do discurso .................................................................................................................................................................................................................. – Correção linguística ................................................................................................................................................................................................................................

3 pontos 3 pontos

Níveis de desempenho

Descritores

Pontuação

4

Localiza, com pertinência e rigor, o excerto em Frei Luís de Sousa, evidenciando um muito bom conhecimento da obra.

9

3

Localiza, com pertinência, o excerto em Frei Luís de Sousa, evidenciando um bom conhecimento da obra.

7

2

Localiza, com esporádicas imprecisões, o excerto em Frei Luís de Sousa, evidenciando um conhecimento suficiente da obra.

5

1

Localiza, com acentuadas imprecisões, o excerto em Frei Luís de Sousa, evidenciando um conhecimento insuficiente da obra.

3

Cenário de resposta A resposta deve contemplar os aspetos que a seguir se enunciam, ou outros considerados relevantes:

• Estrutura externa: Ato I, de Frei Luís de Sousa. • Estrutura interna: Exposição (apresentação do tema e das personagens). • Após o longo diálogo entre Dona Madalena e Telmo, que nos dá a conhecer o passado da família, na cena II, as palavras de Maria de Noronha vêm confirmar os receios da mãe.

•…

91

2. ................................................................................................................................................................................................................................................................ .............................

15 pontos

Critérios específicos de classificação

• Aspetos de conteúdo (C) ......................................................................................................................................................................................................................... 9 pontos • Aspetos de organização e correção linguística (F) ................................................................................................................................................... 6 pontos – Estruturação do discurso .................................................................................................................................................................................................................. – Correção linguística ................................................................................................................................................................................................................................

Níveis de desempenho

Descritores

Pontuação

4

Explicita, com rigor e pertinência, os argumentos utilizados por Dona Madalena para dissuadir a filha da crença no regresso do rei.

9

3

Explicita, com rigor, os argumentos utilizados por Dona Madalena para dissuadir a filha da crença no regresso do rei.

7

2

Explicita, com algumas imprecisões, os argumentos utilizados por Dona Madalena para dissuadir a filha da crença no regresso do rei.

5

1

Explicita, com acentuadas imprecisões, os argumentos utilizados por Dona Madalena para dissuadir a filha da crença no regresso do rei.

3

Cenário de resposta A resposta deve contemplar os aspetos que a seguir se enunciam, ou outros considerados relevantes:

• Dona Madalena evoca as palavras de Frei Jorge e do tio Lopo de Sousa, para dissuadir Maria. • A personagem argumenta que essas ideias sobre o regresso do rei são crendices populares. • Dona Madalena diz que aqueles assuntos não são adequados à idade da filha. •…

92

3 pontos 3 pontos

3. ................................................................................................................................................................................................................................................................ .............................

20 pontos

Critérios específicos de classificação

• Aspetos de conteúdo (C) .........................................................................................................................................................................................................................

12 pontos

• Aspetos de organização e correção linguística (F) ...................................................................................................................................................

8 pontos 4 pontos 4 pontos

– Estruturação do discurso ................................................................................................................................................................................................................. – Correção linguística ...............................................................................................................................................................................................................................

Níveis de desempenho

Descritores

Pontuação

4

Interpreta, com rigor e pertinência, o provérbio, tendo em atenção o contexto em que é proferido.

12

3

Interpreta, com rigor, o provérbio, tendo em atenção o contexto em que é proferido.

9

2

Interpreta, com algum rigor, o provérbio, mas tem dificuldade em enquadrá-lo no contexto em que é proferido.

6

1

Interpreta, com acentuadas imprecisões, o provérbio.

3

Cenário de resposta A resposta deve contemplar os aspetos que a seguir se enunciam, ou outros considerados relevantes:

• Maria manifesta crença na voz do povo, argumentando que a «voz do povo» terá algum fundamento. • Maria de Noronha é o protótipo da personagem romântica, revelando, por isso, o gosto por temas da história nacional, pela religiosidade, pelo popular e a crença em adágios.

•…

93

4. ................................................................................................................................................................................................................................................................ .............................

20 pontos

Critérios específicos de classificação

• Aspetos de conteúdo (C) .........................................................................................................................................................................................................................

12 pontos

• Aspetos de organização e correção linguística (F) ...................................................................................................................................................

8 pontos 4 pontos 4 pontos

– Estruturação do discurso .................................................................................................................................................................................................................. – Correção linguística ................................................................................................................................................................................................................................

Níveis de desempenho

Descritores

Pontuação

4

Caracteriza, com pertinência e rigor, a personagem Maria de Noronha, apoiando-se no excerto transcrito.

12

3

Caracteriza, com pertinência, a personagem Maria de Noronha, apoiando-se no excerto transcrito.

9

2

Caracteriza, com esporádicas imprecisões, a personagem Maria de Noronha.

6

1

Caracteriza, com acentuadas imprecisões, a personagem Maria de Noronha.

3

Cenário de resposta A resposta deve contemplar os aspetos que a seguir se enunciam, ou outros considerados relevantes:

• Maria de Noronha interessa-se por assuntos da história nacional, manifestando um grande patriotismo («o nosso bravo rei, o nosso santo rei D. Sebastião»).

• É carinhosa, meiga e sensível («chega-se toda para ele, acarinhando-o»; «vai-se abraçar com a mãe, que chora»). • Revela perspicácia e sentido de responsabilidade, sendo muito precoce e observadora para a sua idade («meu pai (...) põe-se logo outro, muda de semblante, fica pensativo e carrancudo»).

• Supersticiosa e crente na voz do povo («Voz do povo, voz de Deus»). •…

94

B Critérios específicos de classificação

• Aspetos de conteúdo (C) .........................................................................................................................................................................................................................

18 pontos

• Aspetos de organização e correção linguística (F) ...................................................................................................................................................

12 pontos 7 pontos 5 pontos

– Estruturação do discurso ................................................................................................................................................................................................................. – Correção linguística ............................................................................................................................................................................................................................... Níveis de desempenho

Descritores

Pontuação

6

Comenta, com rigor e pertinência, a relevância do mito sebastianista para a compreensão da ação dramática, fazendo referências que revelam um muito bom conhecimento da obra Frei Luís de Sousa.

18

5

Comenta, com rigor e pertinência, a relevância do mito sebastianista para a compreensão da ação dramática, fazendo referências que revelam um bom conhecimento da obra Frei Luís de Sousa.

15

4

Comenta, com alguma pertinência e menor rigor, a relevância do mito sebastianista para a compreensão da ação dramática, fazendo referências que revelam um conhecimento suficiente da obra Frei Luís de Sousa.

12

3

Comenta, com ligeiras ou esporádicas imprecisões, a relevância do mito sebastianista para a compreensão da ação dramática, fazendo referências que refletem um conhecimento suficiente da obra Frei Luís de Sousa.

9

2

Comenta, com acentuadas imprecisões, a relevância do mito sebastianista para a compreensão da ação dramática, fazendo referências que refletem um conhecimento insuficiente da obra Frei Luís de Sousa.

6

1

Tece comentários gerais sobre a relevância do mito sebastianista para a compreensão da ação dramática, pouco relevantes para a temática proposta, que refletem um conhecimento incipiente da obra Frei Luís de Sousa.

3

Cenário de resposta A resposta deve contemplar quatro dos aspetos que a seguir se enunciam, ou outros considerados relevantes:

• O sebastianismo é um mito com origem no desaparecimento do rei D. Sebastião, na batalha de Alcácer Quibir, a 4 de agosto de 1578. • D. João de Portugal, primeiro marido de Dona Madalena, tal como grande parte da nobreza portuguesa, desaparecera nessa batalha. • O eventual regresso de D. João de Portugal significaria a destruição do matrimónio de Dona Madalena e de Manuel de Sousa Coutinho. Consequentemente, Dona Madalena revela-se supersticiosa e assustada com a possibilidade da vinda de D. João de Portugal. Por isso, não gosta que Telmo e Maria falem nesse assunto. • Telmo compromete-se a não verbalizar esse assunto junto de Maria; no entanto, manifesta a convicção de que o seu primeiro amo haveria de voltar. • Maria, crente na voz do povo, elogia o rei e acredita que ele há de voltar num «dia de névoa muito cerrada». • O regresso de D. Sebastião, para esta família, não significaria a salvação, mas sim a fatalidade. •… 95

GRUPO II Chaves de correção:

1. 1. c); 2. b); 3. d); 4. c); 5. a); 6. d); 7. b). Níveis de desempenho

2. 1. g); 2. a); 3. h); 4. b); 5. d). Descritores

Pontuação

4

Estabelece quatro ou cinco correspondências corretas.

15

3

Estabelece duas ou três correspondências corretas.

9

2

Estabelece uma correspondência correta.

3

GRUPO III Critérios específicos de classificação

• Estruturação informacional e discursiva

..........................................................................................................................................................................

30 pontos

• Correção linguística .................................................................................................................................................................................................................................... 20 pontos

Parâmetros

Descritores do nível de desempenho

• Mantém a informação nuclear do texto, através da referência aos seguintes tópicos: – O encontro, através do ator, entre dramaturgo e público como princípio da arte teatral. – O espetáculo teatral como síntese das diferentes artes. – O ator como um dos elementos fundamentais dessa síntese, constituindo a sua metamorfose em personagem a condição da arte dramática. Preservação da informa– A contribuição harmoniosa de todas as artes na produção do ção nuclear do texto espetáculo teatral, como característica dos momentos mais altos da história do teatro. – Preservação da rede semântica relativa ao tema, no todo ou em parte, a qual deverá integrar vocábulos e expressões constantes no texto, ou seus equivalentes, tais como: arte teatral, obra, público, ator, autor, texto, síntese das artes, espetáculo, metamorfose, arte dramática, equilíbrio, história do teatro.

Pontuação

20

(Continua)

96

• Recorre a um discurso conciso, optando por construções mais económicas: supressão de expressões sintáticas ou lexicais repetitivas; uso de vocabulário genérico que substitua expressões nominais mais específicas (hiperónimos e expressões englobantes Estratégias discursivas com valor anafórico). próprias do resumo • Mantém o registo discursivo do texto-fonte, isento de marcas de enunciação do sujeito produtor do resumo. • Mantém a ordem do texto-fonte. • Respeita o limite de palavras.

10

• Produz um discurso coerente, mantendo informação e argumentação pertinente. • Domina os mecanismos de coesão textual: – Recorrendo a processos variados de articulação interfrásica, designadamente conetores diversificados de tempo, de sequencialização… – Assegurando a manutenção de cadeias de referência (através de substituições nominais, pronominais…).

5

Morfologia, sintaxe e repertório vocabular

• Recorre a estruturas sintáticas complexas. • Domina processos de conexão interfrásica (concordância, flexão verbal, propriedades de seleção...). • Usa um registo de língua adequado ao texto. • Recorre a um repertório lexical variado.

5

Ortografia e pontuação

• Não dá erros ortográficos. • Pontua de forma sistemática e pertinente. • Assinala as marcas de início de parágrafos.

5

Coerência e coesão

Cf. Critérios de correção da Prova Escrita de Português de 2001, 1.a fase, 1.a chamada

97

SEQUÊNCIA DE ENSINO-APRENDIZAGEM N.o 4 A. Planificação 16 blocos de 90 minutos (32 aulas)

Competências transversais: • Comunicação: Componentes linguística, discursiva/textual, sociolinguística, estratégica. • Estratégica: Estratégias de leitura e de escuta adequadas ao tipo de texto e à finalidade; seleção e organização da informação; produção de síntese; operações de planificação, execução e avaliação da escrita e da oralidade; pesquisa em vários suportes; conceção e utilização de instrumentos de análise; elaboração de ficheiros; utilização das TIC. • Formação para a cidadania: Construção de uma identidade cultural; desenvolvimento de capacidades críticas; apresentação e defesa de opiniões pessoais relevantes sobre situações diversas e reflexão sobre pontos de vista. Tipos de texto: Romance, debate, síntese.

COMPETÊNCIAS NUCLEARES

Testes de compreensão oral: • Eça de Queirós, realidade ou ficção. COMPREENSÃO • Excerto do capítulo IV d’Os Maias. ORAL

Escuta/visionamento: • Eça de Queirós, realidade ou ficção – documentário. • Excerto do capítulo IV d’Os Maias. • Excertos gravados no CD áudio de Interações.

EXPRESSÃO ORAL

• Debate (páginas 266 a 268).

EXPRESSÃO ESCRITA

• Síntese de textos expositivo-argumentativos.

LEITURA

Textos informativos: (páginas 281 a 282 (Em interação))

Leitura seletiva: • Texto de Carlos Reis sobre Eça de Queirós. • «O realismo como nova expressão de arte».

Leitura literária: • Os Maias, de Eça de Queirós: – Categorias do texto narrativo. – Contexto ideológico e sociológico. – Valores e atitudes culturais. – Características da prosa queirosiana.

Leitura analítica: • Excertos d’Os Maias, de Eça de Queirós (páginas 214 a 261). Leitura global: • Os Maias, de Eça de Queirós. Leitura recreativa: • Contrato de Leitura.

Leitura de imagem fixa: Caricaturas, desenhos humorísticos (função crítica da imagem).

(Continua)

98

(Continuação)

FUNCIONAMENTO DA LÍNGUA

AVALIAÇÃO

• Lexicologia: – Neologia. – Polissemia. • Análise do discurso, pragmática e linguística textual: – Reprodução do discurso no discurso (citação, discurso direto, discurso indireto, discurso indireto livre). • Semântica: – Valor dos adjetivos (valor restritivo e não restritivo). – Valor das orações relativas (valor restritivo/explicativo). • Consolidação de conteúdos: Morfologia, classes de palavras, sintaxe.

• Avaliação das competências e avaliação do Webfólio/Portefólio (facultativo). • Autoavaliação e coavaliação para regulação das aprendizagens.

B. Em interação

• Documentário sobre a vida e obra de Eça de Queirós. • Leitura literária: Os Maias, de Eça de Queirós. • Leitura de imagem: caricaturas, desenhos humorísticos (função crítica da imagem). • Debate. • Síntese de texto expositivo-argumentativo

Situação de aprendizagem n.o 1 • Visionamento de documentário sobre a vida e obra de Eça de Queirós; tomada de notas. • Teste de compreensão oral (manual). • Interação verbal em torno das ideias expressas no documentário. • Interação verbal em torno do PowerPoint sobre a biografia de Eça. • Eça visto por outros : Constituição de um conjunto de recursos, a incluir no Webfólio/Portefólio, representativos da receção pelo público/crítica literária da obra do escritor ao longo dos tempos.

99

Avaliação: • Avaliação do teste de compreensão oral. • Avaliação da interação verbal. • Apreciação crítica dos recursos constantes do Webfólio/Portefólio. • Balanço individual do trabalho desenvolvido e das aprendizagens realizadas.

Situação de aprendizagem n.o 2 • Leitura analítica, em trabalho de grupo, de excertos selecionados d’Os Maias, de acordo com os temas sugeridos (manual): – Realismo e naturalismo. – A intriga principal. – A crónica de costumes. – O histórico, o simbólico e o trágico. – Narrador e processo narrativo. – Linguagem e estilo queirosianos. • Apresentação oral num PowerPoint sugestivo e registo de conclusões. • Registo individual escrito de um texto expositivo-argumentativo sobre o tema do trabalho realizado em grupo. Avaliação: • Auto e coavaliação do trabalho em grupo. • Avaliação da interação verbal e da apresentação oral. • Produção de um texto expositivo-argumentativo individual. • Balanço individual do trabalho desenvolvido e das aprendizagens realizadas.

Situação de aprendizagem n.o 3 • Leitura de imagem: caricaturas, desenhos humorísticos (função crítica da imagem). • Pesquisa e constituição de Webfólio/Portefólio de caricaturas/desenhos humorísticos. • Seleção das caricaturas/dos desenhos por área (por exemplo, política). • Constituição de pequenos grupos e trabalho em torno de uma das caricaturas selecionadas ou de um dos cartoons selecionados. • Identificação de características da linguagem visual/verbal utilizada; • Levantamento dos recursos expressivos e dos mecanismos de persuasão que suportam a crítica. • Apresentação oral e registo de conclusões. • Seleção de excertos d’Os Maias que configurem um exemplo de caricatura escrita. • Produção e apresentação de um esquema que exemplifique essa caricatura. Avaliação:

• Avaliação da interação verbal e da apresentação oral; • Auto e coavaliação do trabalho em grupo; • Avaliação do esquema/leitura de uma caricatura; • Balanço individual do trabalho desenvolvido e das aprendizagens realizadas.

100

Situação de aprendizagem n.o 4 • Oficina de escrita (planificação, textualização e revisão): – Síntese de texto expositivo-argumentativo (manual) em trabalho de pares. Avaliação: • Auto e coavaliação do trabalho de pares. • Participação ativa no trabalho da oficina de escrita. • Balanço individual do trabalho desenvolvido e das aprendizagens realizadas.

Situação de aprendizagem n.o 5 • Constituição de quatro grandes grupos para preparação prévia de debate. – Discussão em torno do tema apresentado (manual). – Registo escrito dos melhores argumentos/contra-argumentos e exemplos. • Seleção de um aluno moderador e dois alunos secretários, encarregados de tirar notas durante o debate para, no final, elaborarem a síntese oral do processo e das conclusões do debate. • Debate no grupo-turma: – Discussão das ideias-força de cada grupo. – Verificação da eficácia argumentativa. – Dinâmica que o moderador imprime ao debate, não o deixando esmorecer, através da introdução de questões pertinentes que relancem a discussão. • Síntese oral final. • Síntese escrita das conclusões do debate. Avaliação:

• Auto e coavaliação do trabalho em grupo. • Avaliação da participação no debate e da síntese oral final. • Avaliação da síntese escrita. • Balanço individual do trabalho desenvolvido e das aprendizagens realizadas.

101

C. Recursos de apoio ao desenvolvimento das situações de aprendizagem Vídeo-documentário: O homem que nunca se maçava

5

10

15

20

25

30

Nas palavras da filha, Dona Maria Eça de Queirós (falecida em 1970), adivinha-se a personalidade do escritor subjacente à sua obra. Mesmo na tarefa árdua de burilar a escrita, guardava um sorriso para os seus quatro filhos, um ensinamento como esse de que a vida é demasiado preciosa para que nos deixemos maçar. Recordações como esta surgem no filme da SinalVídeo, produzido e financiado pelo Instituto Camões, Eça de Queirós, realidade e ficção. Com guião e apresentação do reputado queirosiano A. Campos Matos (autor de várias obras, entre as quais o Dicionário de Eça de Queirós ), este trabalho (que tem edições legendadas em inglês, francês e castelhano) traça o perfil biográfico do autor d’Os Maias. A ação do filme começa na Póvoa de Varzim. Filho dos amores de Carolina Pereira d’Eça e de José Teixeira de Queirós, José Maria de Eça de Queirós, nascido naquela cidade costeira a 25 de novembro de 1845, teve uma infância decerto confortável, mas desprovida do afeto dos pais. Dos cuidados de uma ama, residente em Vila do Conde, passará para casa dos avós paternos em Verdemilho (Aveiro) e, à morte destes quando contava dez anos, para o colégio da Lapa no Porto, onde, sob grande austeridade, viverá a adolescência. Em 1861, ruma a Coimbra, onde cursará Direito e encontrará Antero de Quental, circunstância que terá profundas consequências na evolução literária de ambos. Fazendo juz ao seu título – Eça: realidade e ficção – o filme cruzará a partir de então a vida e a obra do escritor, lendo frequentemente passagens de livros, cartas e testemunhos. Sobre esses anos vividos em Coimbra, recordará: «Também me sentei num degrau, quase aos pés de Antero que improvisava, a escutar, num enlevo, como um discípulo. E para sempre assim me conservei na vida.» Segue-se nova «viagem» para o espetador. Aos 21 anos, Eça terá uma experiência inédita: ruma a Lisboa para, finalmente, viver com os pais e com os irmãos. Com morada na Praça do Rossio, n.o 26, torna-se um janota (como recorda a filha), frequentando os lugares da boémia chique da capital – o Grémio Literário, a Casa Havaneza, o Passeio Público, o Aterro, o Café Martinho (supremamente elogiado no romance A Capital ), lugares que depois se tornarão o palco de personagens inesquecíveis como João da Ega, Carlos da Maia, Maria Eduarda, Dâmaso Salcede, Palma Cavalão, Artur Corvelo, Luísa e o seu primo Basílio. O essencial da formação do escritor estava assegurado. Ao longo dos anos acumulará funções oficiais com a escrita. Em 1872, torna-se diplomata, assumindo o cargo de cônsul em Havana. Seguir-se-ão os postos de Newcastle, Bristol e Paris, onde falecerá em 1900. As funções diplomáticas nunca se mostraram incompatíveis com a escrita e a publicação – a sua bibliografia é publicada por esta ordem: O Crime do Padre Amaro (1876); O Primo Basílio (1878); A Relíquia (1887); Os Maias (1888). Embora nunca deixe de assinalar a importância literária destas obras e do seu autor, Eça de Queirós: realidade e ficção nunca perde de vista o homem. Aborda a sua profunda e longuíssima amizade por Ramalho Ortigão, com quem escreveu As Farpas e O Crime da Estrada de Sintra, o modo como se indignou contra as condições de trabalho dos trabalhadores macaenses em Havana e o profundo amor e respeito que devotou à esposa, Emília, e aos quatro filhos do casal. Ao contrário de muitos outros artistas do século XIX, os seus contemporâneos não tardaram a reconhecer-lhe o talento. Cem anos depois, a homenagem é completa. A sua obra continua perfeitamente atual. Fonte: www.instituto-camoes.pt/encarte/ecasempre.htm

102

As Farpas Crónica mensal da política, das letras e dos costumes

5

Ah! É verdade, já nos esquecia! Este mês caiu um ministério e subiu outro! Também – se pomos aqui este facto trivial, é só para completar a crónica do mês. De resto estamos como o país: que caiam ministérios ou que subam, que é que isso nos faz a nós – a vós, pobres homens da província que trabalhais e pagais, a vós burgueses que gozais as vossas rendas, a vós comerciantes que vendeis as vossas peças de pano cru, a vós árvores que ramalhais, a ti sol que nos crias? Um ministério vai, outro vem; uns têm, outros não, são bens de sacristão, cantando vêm cantando vão. Pobres deles! Vivem e não têm vida; pousam o pé e não deixam pegada; morrem e nada nos falta. Este outono vai bom: as colheitas no Douro não foram más, e algumas árvores, já meias desfolhadas, começam a destacar, no tom outonal, sobre a palidez do ar!

10

15

20

Oh! Eles também não são precisos para nada, os ministérios! Tire-se o ministério, e o país continuará a viver, as sementeiras fazem-se, os tributos pagam-se, os pobres enterram-se, os rios descem para o mar, os agiotas vencem! É sempre o mesmo! Se têm minoria, dissolvem, fazem outra câmara com maioria, mas daí a pouco, essa maioria tornou-se minoria, e como não podem dissolver outra vez – caem! Ocupados nisto não podem fazer mais nada! Ele, até o melhor era deixar que cada ministério dissolvesse as câmaras que quisesse! Ficava um ministério para sempre. Já a gente os conhecia. É verdade que assim também os conhece. De mais! Pobre gente! entretém-se naquilo! Também se não fosse a política que seria de muita gente? Que seria do sr…. Por exemplo? Ele não é agricultor, ele não é escritor, ele não é tenor, ele não é Cora Pearl, ele não é a corveta Estefânia… Se não fosse político… credo, que o pobre homem era capaz de não ser coisa nenhuma! Ah! A política: excelente arrumação! Pudera! Ela é a posição dos nulos, a ocupação dos vadios, a ciência dos ignorantes, o préstimo dos inúteis, a grandeza dos medíocres, a renda dos que não têm renda!... Mas em que estávamos nós a falar? No ministério. Sim, coitado, foi feliz, subiu!» Eça de Queiroz; Ramalho Ortigão, in Maria Filomena Mónica (2004) (coordenação), As Farpas, Lisboa, Publicações Principia, páginas 201-202

103

Ficha de verificação de leitura d’Os Maias, de Eça de Queirós

Capítulo I 1. Indica a data em que tem início a narração d’Os Maias. a) 1820. c) 1875. b) 1870. d) 1887. 2. Assinala o subtítulo do romance Os Maias. a) Cenas da vida doméstica. b) Episódios da vida romântica. c) Episódios da vida aristocrática. d) Cenas da vida oitocentista. 3. Os Maias são uma família. Explicita o seu estatuto social e as três últimas gerações dessa família. ____________________________________________________________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________________________________________________________

4. Identifica o nome da casa que os Maias foram habitar e onde se situava. ____________________________________________________________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________________________________________________________

5. Assinala o nome da estátua que existia no jardim dessa casa. a) Cupido. b) Vénus. c) D. Afonso Henriques. 6. Identifica o elemento mais novo da família. ____________________________________________________________________________________________________________________________

7. Determina o que era Santa Olávia e onde se situava. ____________________________________________________________________________________________________________________________

8. Explica quem era o Reverendo Bonifácio. ____________________________________________________________________________________________________________________________

9. Identifica o país estrangeiro em que Afonso e a sua mulher viveram. ____________________________________________________________________________________________________________________________

104

10. Nomeia o filho de ambos, sintetizando, numa frase, a maneira como foi educado. __________________________________________________________________________________________________________________________

11. Indica o nome da mulher por quem este se viria a apaixonar. __________________________________________________________________________________________________________________________

12. Clarifica o motivo pelo qual lhe chamavam negreira. __________________________________________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________________________________________

13. Descreve a reação de Afonso quando o filho lhe pediu autorização para se casar. __________________________________________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________________________________________

Capítulos II, III e IV 1.

Explicita os países que Pedro da Maia e Maria Monforte visitaram após o casamento. ______________________________________________________________________________________________________________________

2. Assinala o bairro de Lisboa onde o casal se instalou. a) Santos. b) Janelas Verdes. c) Arroios. d) Campo de Ourique. 3. Identifica o amigo do casal que virá a conhecer Carlos quando adulto. ____________________________________________________________________________________________________________________________

4. Explica o motivo da escolha do nome de Carlos. ____________________________________________________________________________________________________________________________

5. Assinala o número de filhos que Pedro da Maia e Maria Monforte tiveram. a) Um filho. b) Dois filhos. c) Quatro filhos.

105

6. Descreve a atitude de Pedro após a fuga de Maria, sua esposa. ___________________________________________________________________________________________________________________________

7. Assinala os aspetos que podem caracterizar o tipo de educação que Afonso quis proporcionar ao neto. Aspetos

Sim

Não

Estudo do latim Exercício físico Estudo de línguas vivas Conhecimentos teóricos Conhecimentos práticos

8. Identifica os filhos de D. Eugénia Silveira. ___________________________________________________________________________________________________________________________

9. Explicita as revelações feitas a Afonso acerca do paradeiro da neta. ___________________________________________________________________________________________________________________________

10. Carlos formou-se em Medicina. Especifica os seus projetos. ___________________________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________________________

11. Ega é o grande amigo e companheiro de Carlos. Refere os planos daquele. ___________________________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________________________

12. Identifica o local do consultório de Carlos. ___________________________________________________________________________________________________________________________

13. Preenche o seguinte quadro acerca das personagens indicadas. Personagem Steinbroken Craft Cruges Cohen

106

Profissão/Ocupação

Nacionalidade

Capítulos V, VI e VII 1. Sintetiza como eram passados os serões em casa dos Maias, mencionando quem os frequentava. ____________________________________________________________________________________________________________________________

2. Assinala o teatro que Carlos frequentava. a) Dona Maria. b) São Luís. c) São Carlos. d) Trindade. 3. Refere alguns locais de Lisboa por onde deambulam as personagens. ____________________________________________________________________________________________________________________________

4. Clarifica o que pretende dizer Ega com a expressão «Vamo-nos gouvarinhar». ____________________________________________________________________________________________________________________________

5. Identifica a quem pertencia a famosa Vila Balzac. a) Aos Cohen. b) Aos Maias. c) A Alencar. d) A João da Ega. 6. Indica o sítio onde viu Carlos, pela primeira vez, uma mulher que o impressionou. a) No Hotel Central. b) No Chiado. c) Na Rua de São Francisco. d) No Teatro São Luís. 7. Menciona o sítio onde decorre o jantar organizado por Ega. ____________________________________________________________________________________________________________________________ 7.1 Explicita os objetivos desse jantar. ________________________________________________________________________________________________________________________

8. Nesse jantar discutiram-se vários assuntos. Identifica-os. a) As mulheres. b) Os menus. c) Teorias literárias. d) Desportos. 9. Determina quem é que entra em conflito nesse jantar e o motivo de tal confronto. ____________________________________________________________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________________________________________________________ 107

10. Identifica a personagem que repete, com frequência, a expressão «Chique a valer!». __________________________________________________________________________________________________________________________

11. Explica o que designa a expressão Petits Pois à la Cohen. __________________________________________________________________________________________________________________________

12. Explicita as revelações que são feitas a Carlos acerca do seu passado. __________________________________________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________________________________________

13. Carlos volta a encontrar a mulher que o tinha impressionado muito, na companhia de: a) Ega. b) Dâmaso. c) Alencar. d) Eusebiozinho. 14. Indica onde Carlos decide ir e o objetivo que o leva a fazer esta viagem. __________________________________________________________________________________________________________________________

Capítulos VIII, IX e X 1. Indica quem acompanha Carlos a Sintra e a recomendação que lhe é feita ao sair de casa. ____________________________________________________________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________________________________________________________

2. Identifica o trajeto percorrido pelos dois amigos até chegarem a Sintra. ____________________________________________________________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________________________________________________________

3. Assinala o que, durante o percurso, o amigo de Carlos comeu. a) Coelho à caçador. b) Coelho guisado. c) Ovos com chouriço. d) Fruta. 4. Indica três locais de Sintra referidos neste capítulo. ____________________________________________________________________________________________________________________________

5. Assinala onde Carlos e o amigo ficam instalados. a) No Central. b) Na Lawrence. 108

c) No Nunes.

d) No Tivoli.

6. Identifica quem lá encontram, relevando o aspeto dessas personagens. __________________________________________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________________________________________

7. A determinada altura, os dois companheiros encontram um amigo comum. Identifica-o. __________________________________________________________________________________________________________________________

8. Assinala o sítio para onde se dirigem de seguida. a) Seteais. b) Palácio da Pena. c) Monserrate. d) Lawrence. 9. Explica o estado de espírito com que Carlos deixa Sintra e a sua origem. __________________________________________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________________________________________

10. Descreve a reação do amigo de Carlos no final deste passeio. __________________________________________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________________________________________

11. Apresenta o motivo que leva Carlos a sentir, a certa altura, um «desejo brutal de espancar» Dâmaso. __________________________________________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________________________________________

12. Sintetiza o que acontece de inesperado no início da soirée dos Cohens. __________________________________________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________________________________________

13. Assinala a mulher com quem Carlos tem uma relação adúltera. a) Raquel Cohen. b) Condessa da Gouvarinho. c) D. Maria da Cunha. d) Ministra da Baviera. 14. Descreve o sítio onde decorrem as corridas de cavalos e o ambiente que as rodeia. __________________________________________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________________________________________

15. Descreve em que consiste a agradável surpresa de Carlos, após a corrida de cavalos. __________________________________________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________________________________________ 109

Capítulos XI, XII e XIII 1. Indica o local de Lisboa onde morava a mulher que atraía Carlos. ____________________________________________________________________________________________________________________________

2. Explicita o motivo da ida de Carlos a casa de Maria Eduarda. ____________________________________________________________________________________________________________________________

3. Um acontecimento inesperado verifica-se na estação de Santa Apolónia. Indica-o. ____________________________________________________________________________________________________________________________

4. Refere como passava, agora, Carlos as suas tardes e que tipo de sentimentos o dominava. ____________________________________________________________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________________________________________________________

5. Identifica quem veio também numa dessas tardes e que ambiente se gerou. ____________________________________________________________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________________________________________________________

6. Menciona onde se instalou Ega, após regressar do seu exílio em Celorico. ____________________________________________________________________________________________________________________________

7. Indica qual a personagem que, ao dirigir-se a Carlos e Ega, disse: «Pois então façam vocês essa revolução. Mas pelo amor de Deus, façam alguma coisa.» a) Cruges. b) Alencar.

c) Dâmaso.

8. Assinala o tema abordado durante o jantar em casa dos Gouvarinhos. a) A escravatura. b) As teorias literárias. c) A ópera.

d) Afonso.

d) A moda.

9. Explica o comportamento da Condessa de Gouvarinho em relação a Carlos, durante e após este jantar. ____________________________________________________________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________________________________________________________

10. Refere de que modo evoluiu a relação de Carlos e Madame Castro Gomes e o que ambos decidiram. ____________________________________________________________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________________________________________________________

11. Explicita como evoluiu a amizade entre Carlos e Dâmaso. ____________________________________________________________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________________________________________________________

110

12. Explica o que era a «Toca». __________________________________________________________________________________________________________________________

13. Assinala o que representava o quadro que impressionou Madame Castro Gomes na visita à casa dos Olivais. a) Vénus e Marte. b) S. João Batista. c) S. António. d) Guerra de Troia. 14. Menciona a razão pela qual ficou impressionada com tal quadro. __________________________________________________________________________________________________________________________

15. Explica o que aconteceu à Gouvarinho. __________________________________________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________________________________________

Capítulos XIV e XV 1. Identifica e situa a nova casa de Maria Eduarda. ____________________________________________________________________________________________________________________________

2. Explica como decorria a relação entre Carlos e Maria Eduarda e qual a sua intenção. ____________________________________________________________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________________________________________________________

3. Identifica a personagem que revelou a Carlos aspetos desconhecidos sobre Maria Eduarda. ____________________________________________________________________________________________________________________________

4. Explicita as revelações feitas por essa personagem. ____________________________________________________________________________________________________________________________

5. Assinala o verdadeiro nome de Maria Eduarda. a) Mac Cartney. b) Mac Gren.

c) MacDonald. d) Mac Green.

6. Explica como reagiu Carlos. ____________________________________________________________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________________________________________________________

7. Refere outras revelações feitas posteriormente por Maria Eduarda. ____________________________________________________________________________________________________________________________

111

8. Assinala o nome do jornal que publicou um artigo sobre Carlos. a) Sentinela do Diabo. b) Corneta do Diabo. c) A Tarde.

d) O Diabo.

9. Identifica o redator do artigo. ____________________________________________________________________________________________________________________________

10. Menciona o conteúdo do artigo. ____________________________________________________________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________________________________________________________

11. Identifica a personagem que mandara publicar tal artigo. ____________________________________________________________________________________________________________________________

12. Explica como acabou a questão. ____________________________________________________________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________________________________________________________

13. Indica o motivo pelo qual também Ega se quis vingar dessa personagem. ____________________________________________________________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________________________________________________________

Capítulos XVI a XVIII 1. Refere-te ao modo como decorreu o sarau do Teatro da Trindade. ____________________________________________________________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________________________________________________________

2. Identifica a personagem que fala com Ega sobre Maria Eduarda. ____________________________________________________________________________________________________________________________

3. Explicita a revelação feita e os argumentos existentes que confirmavam essa revelação. ____________________________________________________________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________________________________________________________

4. Identifica a personagem que conta toda a verdade a Carlos. ____________________________________________________________________________________________________________________________

5. Clarifica o que se passa a seguir entre Carlos e Maria Eduarda. ____________________________________________________________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________________________________________________________ 112

6. Menciona o que acontece a Afonso e onde. ____________________________________________________________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________________________________________________________

7. Explica o que faz Carlos depois do grande desgosto. ____________________________________________________________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________________________________________________________

8. Indica ao fim de quanto tempo se reencontram de novo Carlos e Ega. ____________________________________________________________________________________________________________________________

9. Ao passearem por Lisboa, Carlos e Ega encontram pessoas conhecidas. Identifica essas pessoas, explicando em que sentido tinham evoluído. ____________________________________________________________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________________________________________________________

10. Refere a opinião de Carlos sobre a capital após todos aqueles anos. ____________________________________________________________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________________________________________________________

11. Explicita o que aconteceu a Maria Eduarda. ____________________________________________________________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________________________________________________________

12. Refere o que acontece de inesperado quando os dois amigos visitam o Ramalhete. ____________________________________________________________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________________________________________________________

13. Indica a teoria de vida referida pelos dois e que, naquele momento, pauta as suas vidas. Conseguem levar essa teoria à prática? Porquê? ____________________________________________________________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________________________________________________________

14. Explicita de que maneira termina o romance. ____________________________________________________________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________________________________________________________

113

Roteiro queirosiano em Lisboa Lisboa serve de cenário ao capítulo final d’O Crime do Padre Amaro, a O Primo Basílio, a A Capital, a A Tragédia da Rua das Flores, a Os Maias, a Alves & Cia., a José Matias, a Singularidades de uma Rapariga Loira e a A Catástrofe. Também com Lisboa se relacionam O Mandarim, A Relíquia, O Conde de Abranhos, A Ilustre Casa de Ramires e Correspondência de Fradique Mendes.

• Rossio: – No n.o 26, 4.o andar, sobre o atual café Nicola, situava-se a residência dos pais de Eça. – Espaço central por onde passam todas as personagens queirosianas. Era no Rossio que se situava: – o consultório de Carlos da Maia (Os Maias); – o escritório do Dr. Vaz Correia (Conde de Abranhos); – o Gonçalinho (A Ilustre Casa de Ramires); – o Raposão – «como o Rossio não há» (A Relíquia). • Restauradores: «Um obelisco, com borrões de bronze no pedestal, erguia um traço cor de açúcar na vibração fina da luz de inverno; e os largos globos dos candeeiros que o cercavam, batidos do sol, brilhavam» (Os Maias). • Praça da Figueira: Aqui funcionava o mercado, demolido em 1949. «Maria Eduarda viera indignada da Praça da Figueira» (Os Maias ). • Largo do Pelourinho (Praça do Município): «Como estavam no Pelourinho [o senhor Guimarães], rogou a Ega que esperasse um bocadinho, enquanto ele corria, acima, buscar os papéis da Monforte» (Os Maias ). • Avenida da Liberdade: «Ora aí tens tu essa Avenida, hem?... Já não é mau!» (Os Maias ). • Teatro da Trindade: «Ega voltou a falar dos inundados do Ribatejo e do sarau literário e artístico que em benefício deles se ia cometer no salão da Trindade» (Os Maias ). • Hotel Central: «Então, couraçado de libras, corri a saciar-me! Ah, que dia! Jantei num gabinete do Hotel Central, solitário e egoísta, com a mesa alastrada de Bordéus, Borgonha, Champagne, Reno...» (O Mandarim). «Ega oferece o Jantar a Cohen no Hotel Central» (Os Maias ). • Hipódromo de Belém (atual zona residencial a oeste do Mosteiro dos Jerónimos): «Estavam todas as senhoras que vêm no high life dos jornais, as dos camarotes de São Carlos, as das terças-feiras dos Gouvarinhos. A maior parte tinha vestidos sérios de missa.» (Os Maias ). • Alto do Chiado: Onde acaba Os Maias . A expressão do tempo – o tempo psicológico – 2 anos = toda a vida. • Hotel Bragança: O hotel dos vencidos da vida. • Largo do Pelourinho: Onde João da Ega encontra o Sr. Guimarães, portador de toda a «tragédia» (Os Maias). • Rampa de Santos (atual Calçada Ribeiro Santos)/Aterro (avenida 24 de Julho) «Ainda o apanhamos! De novo a lanterna deslizou e fugiu. Então, para apanhar o americano, os dois amigos romperam a correr desesperadamente pela Rampa de Santos e pelo Aterro sob a primeira claridade luar que subia.» (Os Maias ). 114

D. Recursos de apoio à avaliação das situações de aprendizagem: Avaliação da competência de compreensão oral Ouve atentamente o excerto do capítulo XVII d’Os Maias, de Eça de Queirós. Seleciona a opção que considerares correta.

1. A ação decorre... a) nos Olivais. b) em Santa Olávia.

c) no Ramalhete. d) em Celas.

2. Quando entrou em casa e avistou a figura do avô, Carlos... a) cumprimentou-o com muito afeto. c) esgueirou-se rapidamente para o salão. b) proferiu uma saudação em voz baixa. d) recuou e parou num recanto. 3. Carlos entrou no quarto às escuras e... a) tropeçou num sofá. b) esbarrou na porta.

c) bateu na cómoda. d) tropeçou na cama.

4. Compreendendo que o seu segredo fora descoberto, Carlos... a) deseja repousar num local longínquo. c) lembra-se dos seus tempos de estudante. b) pensa realizar uma viagem pela Europa. d) considera que a solução seria o suicídio. 5. De manhã, Carlos é interpelado por... a) Vilaça. b) Batista.

c) Ega. d) Dâmaso.

6. A governanta pede a um moço que... a) levante Afonso da Maia. b) vá acordar Carlos da Maia.

c) vá chamar o doutor Azevedo. d) se dirija para a padaria.

7. Afonso da Maia estava tombado sobre a mesa... a) do quintal. b) da cozinha.

c) da sala. d) de bilhar.

8. Para descrever a barba de Afonso, o narrador recorre a uma... a) hipálage. c) antítese. b) metáfora. d) comparação. 9. Para tentar salvar o avô, Carlos... a) vai ao consultório. b) borrifa-o de água.

c) leva-o para casa. d) tenta levantá-lo.

10.Neste excerto, o narrador é... a) autodiegético. b) homodiegético.

c) heterodiegético. d) protagonista. 115

Avaliação da competência de expressão oral Debate (participação) a) Gere com pertinência o tempo que tem para intervir. b) Mobiliza informação adequada ao tema em debate. Parâmetros

c) Defende os seus pontos de vista, argumentando e desenvolvendo estratégias discursivas persuasivas. d) Interage produtiva e corretamente com os outros. e) Evita interromper a intervenção dos restantes intervenientes e repetir o que já foi dito. Alunos

116

a) 40

b) 40

c) 40

d) 40

e) 40

Total

Debate (moderador)

a) Expõe sumariamente o assunto a debater. b) Mobiliza informação adequada ao tema em debate. Parâmetros

c) Estabelece uma relação entre as diversas opiniões expressas, procurando ser imparcial. d) Evita que os intervenientes se desviem do assunto. e) Apresenta as conclusões.

Alunos

a) 40

b) 40

c) 40

d) 40

e) 40

Total

Debate (secretário)

a) Regista com rigor os pedidos de intervenção. b) Colabora com o moderador na gestão do tempo e da ordem das intervenções. Parâmetros

c) Regista, por escrito, os aspetos relevantes da discussão. d) Colabora com o moderador na dinamização da discussão. e) Apresenta oralmente a síntese dos aspetos relevantes da discussão.

Alunos

a) 40

b) 40

c) 40

d) 40

e) 40

Total

117

Avaliação da competência de leitura Leitura de imagem a) Descreve os elementos constitutivos da imagem. b) Mobiliza recursos linguísticos adequados à leitura de imagem. Parâmetros

c) Analisa os constituintes da imagem, procurando as suas relações e a sua função. d) Constrói, com pertinência e criatividade, hipóteses de leitura interpretativa. e) Descodifica a simbologia subjacente à imagem. Alunos

118

a) 40

b) 40

c) 40

d) 40

e) 40

Total

Avaliação da competência de expressão escrita Síntese a) Reconhece o assunto global do texto, identificando as suas relações lógicas. b) Conserva as ideias fundamentais e os exemplos importantes. Parâmetros

f) Apresenta o texto na terceira pessoa com indicação do(s) autor(es), respeitando o limite de palavras. c) Produz um texto conciso e coerente, mantendo a rede semântica. d) Utiliza corretamente a ortografia, a pontuação e os conetores frásicos. Alunos

a) 40

b) 40

c) 40

d) 40

e) 40

Total

119

TESTE DE AVALIAÇÃO N.o 4 GRUPO I A Lê atentamente o texto a seguir transcrito. O aposento, a que as velhas estantes de pau-preto davam um ar severo, estava adormecido tepidamente, na penumbra suave, com as cortinas bem fechadas, um resto de lume na chaminé, e o globo do candeeiro pondo a sua claridade serena na mesa coberta de livros. Em baixo, os repuxos cantavam alto no silêncio da noite.

5

Enquanto o escudeiro rolava para o pé da poltrona de Afonso, numa mesa baixa, os cristais e as garrafas de soda, Vilaça, com as mãos nos bolsos, de pé e pensativo, olhava a brasa da acha que morria na cinza branca. Depois ergueu a cabeça, para murmurar, como ao acaso: – Aquele rapazito é esperto...

10

15

– Quem? O Eusebiozinho? – disse Afonso, que se acomodava junto ao fogão, enchendo alegremente o cachimbo. – Eu tremo de o ver cá, Vilaça! O Carlos não gosta dele, e tivemos aí um desgosto horroroso... Foi já há meses. Havia uma procissão e o Eusebiozinho ia de anjo... As Silveiras, excelentes mulheres, coitadas, mandaram-no cá para o mostrar à viscondessa, já vestido de anjo. Pois senhores, distraímo-nos, e o Carlos, que o andava a rondar, apodera-se dele, leva-o para o sótão, e, meu caro Vilaça... Em primeiro lugar ia-o matando porque embirra com anjos... Mas o pior não foi isso. Imagine você o nosso terror, quando nos aparece o Eusebiozinho aos berros pela titi, todo desfrisado, sem uma asa, com a outra a bater-lhe os calcanhares dependurada de um barbante, a coroa de rosas enterrada até ao pescoço, e os galões de ouro, os tules, as lentejoulas, toda a vestimenta celeste em frangalhos!... Enfim, um anjo depenado e sovado... Eu ia dando cabo do Carlos. Bebeu metade da sua soda e, passando a mão pelas barbas, acrescentou, com uma satisfação profunda: – É levado do Diabo, Vilaça!

20

25

30

O administrador, sentado agora à borda de uma cadeira, esboçou uma risadinha muda; depois ficou calado, olhando Afonso, com as mãos nos joelhos, como esquecido e vago. Ia abrir os lábios, hesitou ainda, tossiu de leve; e continuou a seguir pensativamente as faíscas que erravam sobre as achas. Afonso da Maia, no entanto, com as pernas estiradas para o lume, recomeçara a falar do Silveirinha. Tinha três ou quatro meses mais que Carlos, mas estava enfezado, estiolado, por uma educação à portuguesa: daquela idade ainda dormia no choco com as criadas, nunca o lavavam para o não constiparem, andava couraçado de rolos de flanelas! Passava os dias nas saias da titi a decorar versos, páginas inteiras do Catecismo de Perseverança. Ele por curiosidade um dia abrira este livreco e vira lá «que o Sol é que anda em volta da Terra (como antes de Galileu), e que Nosso Senhor todas as manhãs dá as ordens ao Sol, para onde há de ir e onde há de parar, etc., etc.» E assim lhe estavam arranjando uma armazinha de bacharel... Vilaça teve outra risadinha silenciosa. Depois, como subitamente decidido, ergueu-se, fez estalar os dedos, disse estas palavras: – Vossa Excelência sabe que apareceu a Monforte? Afonso, sem mover a cabeça, reclinado para as costas da poltrona, perguntou tranquilamente, envolvido no fumo do cachimbo:

120

35

– Em Lisboa? – Não senhor, em Paris. Viu-a lá o Alencar, esse rapaz que escreve, e que era muito de Arroios... Esteve até em casa dela.

40

E ficaram calados. Havia anos que entre eles se não pronunciava o nome de Maria Monforte. Ao princípio, quando se retirara para Santa Olávia, a preocupação ardente de Afonso da Maia fora tirar-lhe a filha que ela levara. Mas a esse tempo ninguém sabia onde Maria se refugiara com o seu príncipe: nem pela influência das legações, nem pagando regiamente a polícia secreta de Paris, de Londres, de Madrid, se pôde descobrir a «toca da fera», como dizia então o Vilaça. Eça de Queirós (2004), Os Maias (prefácio e cronologia de Maria Filomena Mónica), Lisboa, Texto Editores, páginas 64-65

Apresenta, de forma clara e bem estruturada, as tuas respostas aos itens que se seguem.

1. Esclarece a reação (ou reações) que as palavras iniciais de Vilaça provocam em Afonso da Maia. 2. Expõe sucintamente o episódio humorístico protagonizado por Carlos e Eusebiozinho. 3. Explicita o efeito expressivo da personificação na expressão «os repuxos cantavam alto no silêncio da noite» (linha 3)

4. Eusebiozinho «tinha três ou quatro meses mais que Carlos, mas estava enfezado, estiolado, por uma educação à portuguesa» (linhas 23-24). Explica as características da tradicional educação portuguesa oitocentista presentes no texto.

B Tido como obra-prima do romance português, Gaspar Simões considerou-o (...) «a mais perfeita obra de arte literária que ainda se escreveu em Portugal depois d’Os Lusíadas». A. Campos Matos (1988), Dicionário de Eça de Queirós, Lisboa, Editorial Caminho, página 389

Fazendo apelo à tua experiência de leitura de Os Maias, comenta, num texto de oitenta a cento e trinta palavras, a relação que existe entre a personagem Alencar e a família Maia.

Observações relativas ao item B 1. Para efeitos de contagem, considera-se uma palavra qualquer sequência delimitada por espaços em branco, mesmo quando esta integre elementos ligados por hífen (ex.: /dir-se-ia/). Qualquer número conta como uma única palavra, independentemente dos algarismos que o constituam (ex.: /2011/). 2. Um desvio dos limites de extensão indicados implica uma desvalorização parcial (até cinco pontos) do texto produzido.

121

GRUPO II 1. Relê o excerto d’Os Maias transcrito no Grupo I. Para cada um dos itens que se seguem, escreve, na tua folha de respostas, a letra correspondente à alternativa correta, de acordo com o sentido do texto. 1. O primeiro parágrafo do texto é uma sequência textual... a) expositiva. b) descritiva. c) narrativa. d) preditiva. 2. O segmento «Bebeu metade da sua soda e, passando a mão pelas barbas, acrescentou» (linha 18) atualiza o protótipo textual... a) argumentativo. b) conversacional. c) instrucional. d) narrativo. 3. No segmento textual «Quem? O Eusebiozinho? – disse Afonso» (linha 8), está presente um verbo... a) de sentimento. b) de dimensão interativa. c) dicendi. d) de opinião. 4. No segmento textual «Eu tremo de o ver cá, Vilaça!» (linha 9), o constituinte «Vilaça» desempenha a função sintática de... a) sujeito. b) complemento direto. c) complemento indireto. d) vocativo. 5. Na expressão «uma risadinha muda» (linha 20), identificamos uma... a) personificação. b) hipálage. c) sinestesia. d) antítese. 6. O processo de formação da palavra «Eusebiozinho» designa-se... a) derivação por sufixação. b) derivação por prefixação. c) composição morfológica. d) composição morfossintática. 7. A forma verbal «recomeçara» (linha 23) encontra-se... a) no pretérito imperfeito do indicativo. b) no futuro do indicativo. c) no pretérito mais-que-perfeito do indicativo. d) no pretérito perfeito do indicativo. 122

2. Faz corresponder a cada segmento textual da coluna A um único segmento textual da coluna B, de modo a obteres uma afirmação adequada ao sentido do texto. Escreve, na folha de respostas, as letras e os números correspondentes. Utiliza cada letra e cada número apenas uma vez.

Coluna A

Coluna B

1. Ao usar o nome Eusebiozinho (linha 8), 2. Com o pronome pessoal «o», em «Eu tremo de o ver cá» (linha 9), 3. Com as palavras «asa», «barbante», «coroa de rosas», «galões de ouro», «tules», «lentejoulas» (linhas 14-16), 4. Ao usar o adjetivo em posição pré-nominal, em «velhas estantes» (linha 1), 5. Ao usar o verbo haver no singular, em «Havia anos» (linha 38),

a) o enunciador recorre a um mecanismo de coesão interfrásica. b) o enunciador contrói o campo lexical de «vestimenta celeste». c) o enunciador traduz subjetividade. d) o enunciador recorre a um mecanismo de coesão referencial gramatical. e) o enunciador põe em evidência que se trata de uma exceção à regra de concordância. f) o enunciador contrói o campo semântico de «vestimenta celeste». g) o enunciador recorre a um mecanismo de coesão frásica. h) o enunciador retoma o referente «Aquele rapazito» (linha 7)

GRUPO III Faz uma síntese do texto a seguir transcrito, constituído por quinhentas e vinte e duas palavras, num texto de cento e vinte a cento e quarenta palavras.

Whisky duplo, por favor!

5

10

Luís Afonso é um exemplo de humor minimalista: tudo começa pela mudança de uma letra (diríamos melhor de «um fonema») que nos faz saltar do «cartoon» para o «bartoon», de um «p» para um «b», e assim cria um cenário conhecido, o da «conversa de bar». É uma pausa no dia, um lugar de confidências ou invenções pessoais, um comentário dos acontecimentos, e é nesta aceção que surge como personagem central «o leitor de jornais». Para Luís Afonso, a atualidade não se obtém através de uma participação nos factos, mas, sim, através dessa forma de distanciamento e envolvimento que é da ordem do que oscila entre o jornal e a televisão, a «conversa fiada» e a «conversa afiada». Uma das características que distinguem os desenhos (...) é o de terem todos o mesmo cenário, o de um balcão de um bar, três bancos em que quase sempre apenas um está ocupado, uma máquina de cervejas, um dono ou empregado desse mesmo bar, às vezes acompanhado pela mulher, e um interlocutor. Alguns dos interlocutores reincidem, embora o mais frequente seja aquele que duplica o próprio dono do bar, se bem que com uma pequena

123

15

20

25

30

diferença de cabelos. Mas há a mulher de calças e longa cabeleira negra e frisada (mas de tempos a tempos muda de roupa e põe uma saia), há o jovem de camisola e calças às riscas, há o intelectual de gravata com flores e óculos, há o jovem robusto e mal barbeado com um gorro na cabeça, representante estudantil da chamada «geração rasca», há o marialva endividado e o homem de negócios de óculos escuros. (...) E temos ainda uma longa teoria de personagens que simbolizam os grandes protagonistas da atualidade política, desde o homem das cavernas que faz as gravuras de Foz Côa até às mulheres de burka, e o próprio Deus em pessoa numa versão de Pai Natal. É a este, aliás, que cabe a frase decisiva, quando vê o estado do mundo que criou: «um whisky duplo, por favor!» (...) O leitor poderá nem reparar, mas estes desenhos conseguem criar a sua própria banda sonora através dos gestos e dos movimentos dos olhos. Por vezes o olhar é frontal, por vezes volta-se para dentro como quem fica perplexo e reflete, por vezes há pálpebras que descem sobre o olhar, ou os olhos ficam mais próximos de espanto ou emoção, ou o olhar ganha uma espécie de lateralidade como quem insinua o que está a dizer. Por vezes o espanto configura-se na mão segurando o queixo. O prazer que resulta destes «cartoons» vem, como se disse, da sua matriz extremamente reduzida. Reencontramos um cenário idêntico, as mesmas situações, as mesmas personagens anónimas ou representativas de determinados grupos sociais (militares americanos, talibans, padres) – e nunca nos surge uma pessoa concreta (não há caricaturas, há apenas amostras de uma realidade complexa). O código comunicacional é extremamente escasso e feito de discretas marcas quase subliminares. A realidade é concentrada e depurada através da sua medição discursiva: existe na medida em que é dita, comentada, transformada em lugar-comum. O trabalho de Luís Afonso é um trabalho sobre lugares-comuns da vida coletiva. Eduardo Prado Coelho (prefácio) in Luís Afonso, 10 anos de Bartoon, Lisboa, Publicações Dom Quixote

Observações: 1. Para efeitos de contagem, considera-se uma palavra qualquer sequência delimitada por espaços em branco, mesmo quando esta integre elementos ligados por hífen (ex.: /dir-se-ia/). Qualquer número conta como uma única palavra, independentemente dos algarismos que o constituam (ex.: /2011/). 2. Relativamente ao desvio dos limites de extensão indicados – um mínimo de duzentas e um máximo de trezentas palavras –, há que atender ao seguinte: – A um texto com extensão inferior a oitenta palavras é atribuída a classificação de zero pontos. – Nos outros casos, um desvio dos limites de extensão indicados implica uma desvalorização parcial (até cinco pontos) do texto produzido.

FIM

124

Critérios específicos de classificação GRUPO I A 1. ................................................................................................................................................................................................................................................................ ...............................

15 pontos

Critérios específicos de classificação

• Aspetos de conteúdo (C) .........................................................................................................................................................................................................................

9 pontos

• Aspetos de organização e correção linguística (F) ...................................................................................................................................................

6 pontos 3 pontos 3 pontos

– Estruturação do discurso ................................................................................................................................................................................................................. – Correção linguística ...............................................................................................................................................................................................................................

Níveis de desempenho

Descritores

Pontuação

4

Esclarece, com pertinência e rigor, os efeitos que as palavras de Vilaça provocam em Afonso da Maia.

9

3

Esclarece, com pertinência, os efeitos que as palavras de Vilaça provocam em Afonso da Maia.

7

2

Esclarece, com esporádicas imprecisões, os efeitos que as palavras de Vilaça provocam em Afonso da Maia.

5

1

Esclarece, com acentuadas imprecisões, os efeitos que as palavras de Vilaça provocam em Afonso da Maia.

3

Cenário de resposta A resposta deve contemplar os aspetos que a seguir se enunciam, ou outros considerados relevantes:

• A afirmação de Vilaça («Aquele rapazito é esperto») desperta a satisfação de Afonso, que enche «alegremente o cachimbo» e aproveita para narrar um episódio que ridiculariza Eusebiozinho e a educação retrógrada que lhe é ministrada.

• A evocação do episódio narrado provoca uma «satisfação profunda» em Afonso, que se orgulha da inteligência e destreza do neto («É levado do Diabo»).

•…

125

2. ................................................................................................................................................................................................................................................................ .............................

20 pontos

Critérios específicos de classificação

• Aspetos de conteúdo (C) ......................................................................................................................................................................................................................... 12 pontos • Aspetos de organização e correção linguística (F) ................................................................................................................................................... – Estruturação do discurso ................................................................................................................................................................................................................. – Correção linguística ...............................................................................................................................................................................................................................

8 pontos 4 pontos 4 pontos

Níveis de desempenho

Descritores

Pontuação

4

Expõe sintetizadamente, com rigor e pertinência, o episódio protagonizado por Carlos e Eusebiozinho.

12

3

Expõe sintetizadamente e com pertinência, o episódio protagonizado por Carlos e Eusebiozinho.

9

2

Expõe, com pertinência, o episódio protagonizado por Carlos e Eusebiozinho, mas revela pouca capacidade de síntese.

6

1

Expõe, com acentuada imprecisão, o episódio protagonizado por Carlos e Eusebiozinho, revelando muita dificuldade na elaboração da síntese.

3

Cenário de resposta A resposta deve contemplar os aspetos que a seguir se enunciam, ou outros considerados relevantes:

• Eusebiozinho vai a Santa Olávia para mostrar a «vestimenta» de anjo que iria levar na procissão, mas Carlos, que não simpatizava com Eusebiozinho e que embirrava com anjos, levou-o para o sótão e destruiu toda a indumentária do pequeno Silveirinha.

•…

126

3. ................................................................................................................................................................................................................................................................ .............................

15 pontos

Critérios específicos de classificação

• Aspetos de conteúdo (C) .........................................................................................................................................................................................................................

9 pontos

• Aspetos de organização e correção linguística (F) ...................................................................................................................................................

6 pontos 3 pontos 3 pontos

– Estruturação do discurso ................................................................................................................................................................................................................. – Correção linguística ...............................................................................................................................................................................................................................

Níveis de desempenho

Descritores

Pontuação

4

Explicita, com rigor e pertinência, o efeito expressivo da personificação.

9

3

Explicita, com pertinência, o efeito expressivo da personificação.

7

2

Explicita, com algumas imprecisões, o efeito expressivo da personificação.

5

1

Explicita, com acentuadas imprecisões, o efeito expressivo da personificação.

3

Cenário de resposta A resposta deve contemplar os aspetos que a seguir se enunciam, ou outros considerados relevantes:

• Na expressão «os repuxos cantavam alto no meio da noite», a personificação sugere alegria, tranquilidade, harmonia.

• Esta personificação desperta a sensação de uma perfeita comunhão entre a Natureza e a paz que se vivia naquele lar.

• A água, símbolo de vida, canta e, por isso, sobrepõe-se às trevas («noite»), sugerindo o bem-estar de Afonso e do neto.

•…

127

4. ................................................................................................................................................................................................................................................................ .............................

20 pontos

Critérios específicos de classificação

• Aspetos de conteúdo (C) ......................................................................................................................................................................................................................... 12 pontos • Aspetos de organização e correção linguística (F) ................................................................................................................................................... – Estruturação do discurso ................................................................................................................................................................................................................. – Correção linguística ...............................................................................................................................................................................................................................

8 pontos 4 pontos 4 pontos

Níveis de desempenho

Descritores

Pontuação

4

Explica, com rigor e pertinência, as características da tradicional educação portuguesa oitocentista presentes no texto.

12

3

Explica, com pertinência, as características da tradicional educação portuguesa oitocentista presentes no texto.

9

2

Explica, com alguma imprecisão, as características da tradicional educação portuguesa oitocentista presentes no texto.

6

1

Explica, com acentuadas imprecisões, as características da tradicional educação portuguesa oitocentista presentes no texto.

3

Cenário de resposta A resposta deve contemplar os aspetos que a seguir se enunciam, ou outros considerados relevantes:

• Superproteção feminina («ainda dormia no choco com as criadas»). • Afastamento da higiene diária para não contrair doenças («nunca o lavavam para o não constiparem, andava couraçado de rolos de flanelas»).

• Memorização em detrimento do desenvolvimento do espírito crítico («Passava os dias nas saias da titi a decorar versos»).

• Culto exacerbado da religiosidade («páginas inteiras do Catecismo de Perseverança»). • Aprendizagem de conceitos retrógrados («vira lá “que o Sol é que anda em volta da Terra (como antes de Galileu)”»).

• Consequências: Criança atrofiada, medrosa, enfezada, dependente das «saias da titi» e da mamã. •… 128

B Critérios específicos de classificação

• Aspetos de conteúdo (C) ......................................................................................................................................................................................................................... 18 pontos • Aspetos de organização e correção linguística (F) ................................................................................................................................................... 12 pontos – Estruturação do discurso ................................................................................................................................................................................................................. – Correção linguística ...............................................................................................................................................................................................................................

7 pontos 5 pontos

Níveis de desempenho

Descritores

Pontuação

6

Comenta, com rigor e pertinência, a relação que existe entre a personagem Alencar e a família Maia, fazendo referências que revelam um muito bom conhecimento da obra Os Maias.

18

5

Comenta, com rigor e pertinência, a relação que existe entre a personagem Alencar e a família Maia, fazendo referências que revelam um bom conhecimento da obra Os Maias.

15

4

Comenta, com alguma pertinência e menor rigor, a relação que existe entre a personagem Alencar e a família Maia, fazendo referências que revelam um conhecimento suficiente da obra Os Maias.

12

3

Comenta, com ligeiras ou esporádicas imprecisões, a relação que existe entre a personagem Alencar e a família Maia, fazendo referências que refletem um conhecimento suficiente da obra Os Maias.

9

2

Comenta, com acentuadas imprecisões, a relação que existe entre a personagem Alencar e a família Maia, fazendo referências que refletem um conhecimento insuficiente da obra Os Maias.

6

1

Tece comentários gerais sobre a personagem Alencar, pouco relevantes para a temática proposta, que refletem um conhecimento incipiente da obra Os Maias.

3

Cenário de resposta A resposta deve contemplar os dois primeiros aspetos que a seguir se enunciam e/ou outros considerados relevantes: • Personagem secundária do romance Os Maias; no entanto, associa-se à geração de Pedro da Maia, de quem era amigo. Frequentava a casa de Arroios, de Pedro e Maria Monforte, tinha lá «o seu talher», proclamava-se «cavaleiro e poeta» de Maria, dedicando-lhe, numa paixão inocente, o seu poema «Flor de Martírio». Acompanha o desfecho trágico de Pedro da Maia. • No episódio do Hotel Central, Alencar, emocionado, abraça Carlos e evoca saudosamente o passado e o seu grande amigo Pedro da Maia. O poeta de Vozes de Aurora, Elvira, «Flor de Martírio» e O Segredo do Comendador é inimigo da literatura realista e naturalista. • Quando Carlos vai a Sintra à procura de Maria Eduarda, encontra Alencar. • Na noite em que Guimarães revela o grau de parentesco entre Carlos e Maria Eduarda, Alencar estivera a declamar os seus românticos versos no sarau do Teatro da Trindade. •… 129

GRUPO II Chaves de correção:

1. 1. b); 2. d); 3. c); 4. d); 5. b); 6. a); 7. c). Níveis de desempenho

2. 1. h); 2. d); 3. b); 4. c); 5. e). Descritores do nível de desempenho

Pontuação

3

Estabelece quatro ou cinco correspondências corretas.

15

2

Estabelece duas ou três correspondências corretas.

9

1

Estabelece uma correspondência correta.

3

GRUPO III Critérios específicos de classificação

• Estruturação informacional e discursiva • Correção linguística

130

..........................................................................................................................................................................

30 pontos

...................................................................................................................................................................................................................................

20 pontos

Parâmetros

Estrutura informacional, discursiva e linguística

Pontuação

Preservação da informação nuclear do texto

• Preserva a informação nuclear do texto, através de: – manutenção dos tópicos: • Luís Afonso é um modelo do humor, através dos cartoons, conseguindo excelentes resultados com técnicas minimalistas. • O recurso aos mesmos cenários e às mesmas personagens constitui traço distintivo dos seus desenhos. • Os olhos e o movimento das personagens são pormenores a que o leitor deve estar atento. • O cartoonista apresenta vários tipos sociais, nomeadamente os protagonistas da atualidade política. – manutenção da rede semântica relativa ao tema, no todo ou em parte, a qual deverá integrar vocábulos e expressões constantes no texto, ou seus equivalentes, tais como: Luís Afonso, cartoon, atualidade, cenário, personagens, desenhos, gestos, movimentos, protagonistas da atualidade.

20

Estratégias discursivas próprias da síntese

• Recorre a um discurso conciso, optando por construções mais económicas: supressão de expressões sintáticas ou lexicais repetitivas; uso de vocabulário genérico que substitua expressões nominais mais específicas (hiperónimos e expressões englobantes com valor anafórico). • O texto pode apresentar marcas de enunciação do sujeito produtor da síntese e fazer referências diretas ao autor do texto-fonte («Segundo o autor...»). • A ordem do texto-fonte pode ser alterada.

10

Coerência e coesão Morfologia, sintaxe e repertório vocabular

Ortografia e pontuação

• Produz um discurso coerente mantendo informação e argumentação pertinente. • Domina os mecanismos de coesão textual: – recorrendo a processos variados de articulação interfrásica, designadamente conetores diversificados de tempo, de sequencialização…; – assegurando a manutenção de cadeias de referência (através de substituições nominais, pronominais…) • Recorre a estruturas sintáticas complexas. • Domina processos de conexão interfrásica (concordância, flexão verbal, propriedades de seleção...). • Usa um registo de língua adequado ao texto. • Recorre a um repertório lexical variado.

5

• Não dá erros ortográficos. • Pontua de forma sistemática e pertinente. • Assinala as marcas de início de parágrafos.

10

131

SEQUÊNCIA DE ENSINO-APRENDIZAGEM N.o 5 A. Planificação 10 blocos de 90 minutos (20 aulas)

Competências transversais: • Comunicação: Componentes linguística, discursiva/textual, sociolinguística, estratégica. • Estratégica: Estratégias de leitura e de escuta adequadas ao tipo de texto e à finalidade; seleção e organização da informação; operações de planificação, execução e avaliação da escrita e da oralidade; pesquisa em vários suportes; conceção e utilização de instrumentos de análise; elaboração de ficheiros; utilização das TIC. • Formação para a cidadania: Construção de uma identidade cultural; apresentação e defesa de opiniões; interação com a realidade de forma crítica e criativa. Tipos de texto: Textos líricos; textos expressivos e criativos; textos argumentativos e expositivo-argumentativos.

COMPETÊNCIAS NUCLEARES

Testes de compreensão oral: • Home – O mundo é a nossa casa. COMPREENSÃO • «Provincianas». ORAL

Escuta/visionamento: • Home – O mundo é a nossa casa. • Produções áudio e audiovisuais diversas. • Audição de poemas do CD áudio do manual.

EXPRESSÃO ORAL

• Exposição oral. • Debate.

EXPRESSÃO ESCRITA

• Texto expressivo e criativo. • Resumo e síntese de texto expositivo-argumentativo. • Texto argumentativo e expositivo-argumentativo. Textos informativos: (páginas 329 a 331 (Em interação))

LEITURA

Leitura literária: • Poesia de Cesário Verde: – O repórter do quotidiano. – A oposição cidade/campo.

Leitura seletiva: • «Cesário Verde», de Jacinto do Prado Coelho. • «A cidade e o campo», de Hélder Macedo. Leitura analítica: • Poemas de Cesário Verde (páginas 296 a 317). Leitura global: • Poemas de Cesário Verde e poemas de homenagem a Cesário Verde, de autores do século XX. Leitura recreativa: • Contrato de Leitura.

Leitura de imagem fixa: Imagens do impressionismo, realismo, surrealismo e fotografias de Lisboa Antiga. (Continua)

132

FUNCIONAMENTO DA LÍNGUA

AVALIAÇÃO

• Paratextos. • Tipologia textual (protótipos textuais). • Noções de versificação. • Avaliação das competências e avaliação do Webfólio/Portefólio (facultativo). • Autoavaliação e coavaliação para regulação das aprendizagens.

• Avaliação das competências e avaliação do Webfólio/Portefólio (facultativo). • Autoavaliação e coavaliação para regulação das aprendizagens.

B. Em interação: situações de aprendizagem

• Documentário Home – O mundo é a nossa casa. • Audição de poemas. • Leitura literária: Poesia de Cesário Verde. • Exposição oral. • Debate. • Texto expressivo e criativo. • Resumo e síntese de texto expositivo-argumentativo. • Texto argumentativo e expositivo-argumentativo.

Situação de aprendizagem n.o 1 • Visionamento de documentário; tomada de notas. • Teste de compreensão oral (manual). • Deteção da estrutura do documentário. • Debate sobre as ideias expressas no documentário. • Oficina de escrita (planificação, textualização, revisão): – Produção de texto expositivo-argumentativo a partir das ideias expressas no documentário: construção do universo de referência/tópico; determinação da situação e objetivos de comunicação; construção de um plano-guia; deteção de inadequações e de insuficiências e determinação de estratégias de aperfeiçoamento.

Avaliação: • Avaliação do teste de compreensão oral. • Avaliação da participação no debate.

133

• Participação ativa no trabalho da oficina de escrita. • Avaliação do texto expositivo-argumentativo. • Balanço individual do trabalho desenvolvido e das aprendizagens realizadas. Situação de aprendizagem n.o 2 • Constituição de antologia de poemas de e sobre Cesário Verde. • Audição de poemas (manual). • Constituição de grupos para trabalho sobre a poesia de Cesário Verde: – Leitura analítica de um poema. – Produção de um PowerPoint com dados sobre a análise efetuada para ser apresentado à turma. – Seleção do verso preferido de cada elemento do grupo. – Apresentação, por cada elemento do grupo, das razões da sua escolha. – Mobilização criativa dos versos de Cesário – «O poema da turma, à maneira de Cesário...». • Elaboração de um texto expressivo e criativo individual a partir do verso selecionado. Avaliação:

• Auto e coavaliação do trabalho em grupo. • Avaliação da leitura analítica. • Avaliação da interação verbal e da apresentação oral. • Avaliação de texto expressivo e criativo. • Balanço individual do trabalho desenvolvido e das aprendizagens realizadas. Situação de aprendizagem n.o 3 • Leitura de imagem, em trabalho de grupo (manual), e associação com a poesia de Cesário Verde: – Leitura das imagens apresentadas, convocando o estudo da poesia de Cesário Verde. – Integração das imagens em três grupos, dando-lhes um título, de acordo com as temáticas estudadas. – Associação de cada conjunto de imagens a um poema, justificando a escolha. • Apresentação oral e registo de conclusões. • Pesquisa sobre o impressionismo: características, autores mais representativos... • Recolha e seleção de imagens representativas do impressionismo. • Seleção de excertos de poemas representativos da linguagem impressionista. • Construção de PowerPoint que evidencie as aprendizagens realizadas sobre o impressionismo para ser apresentado à turma. Avaliação: • Avaliação da interação verbal e da apresentação oral. • Auto e coavaliação do trabalho em grupo. • Avaliação da correção e da pertinência das informações contidas no PowerPoint. • Balanço individual do trabalho desenvolvido e das aprendizagens realizadas.

Situação de aprendizagem n.o 4 • Exposição oral sobre o tema futuro das cidades (manual), relembrando o processo de operacionalização das suas diversas fases: enunciar uma tese, demonstrando-a com argumentos, confirmando-a com exemplos e apresentando uma conclusão. • Oficina de escrita (planificação, textualização e revisão): 134

– Elaboração de um texto expositivo-argumentativo individual, expondo, argumentando e concluindo o ponto de vista do aluno sobre o que poderá/deverá ser o futuro das cidades. Avaliação: • Avaliação da exposição oral. • Participação ativa no trabalho da oficina de escrita. • Elaboração individual de um texto expositivo-argumentativo. • Balanço individual do trabalho desenvolvido e das aprendizagens realizadas.

Situação de aprendizagem n.o 5 • Trabalho em pares: Resumo e síntese (semelhanças e diferenças no manual) de um mesmo texto, cujo tema esteja relacionado com a poesia de Cesário Verde. Avaliação: • Auto e coavaliação do trabalho em pares. • Avaliação do resumo e da síntese. • Balanço individual do trabalho desenvolvido e das aprendizagens realizadas.

135

C. Recursos de apoio ao desenvolvimento das situações de aprendizagem Home – O mundo é a nossa casa (introdução): O documentário começa com «Ouça-me, por favor» numa personificação evidente do próprio planeta como se este, agonizante, clamasse por ajuda. As imagens aéreas em mais de cinquenta países traçam o percurso da humanidade, coadjuvadas por uma narração em voz off e uma banda sonora que salienta a urgência do agir em defesa do planeta. O mundo é a nossa casa, mas está tão fragilizado que, sem uma ação rápida e eficaz, corre o risco de desaparecer. Semelhante ao teor de Uma verdade inconveniente, Home vai mais longe na sua abrangência. As imagens selecionadas são de uma beleza comovedora, mesmo na sua tragicidade. A palavra, muitas vezes poética, impele-nos à reflexão, questionando as nossas ações coletivas e individuais, pois, tal como se diz no filme, «é tarde demais para ser pessimista».

Leitura de imagem móvel

1. Acabaste de ler/ver Home. Assinala o que te parecer mais apropriado. Suporte Televisão

Informática (Internet/DVD)

Vídeo

Cinema

Proximidade/distância da câmara

136

Plano de conjunto

Plano americano

Plano semiconjunto

Plano aproximado

Plano médio

Grande plano/Insert

Ângulo de visão Horizontal Cima para baixo Baixo para cima

Movimentos da câmara Panorâmico

Travelling

Género Policial

Musical

Documentário

Ficção científica

Comédia

Suspense

Drama psicológico

Funções da imagem Referencial ou descritiva Narrativa Argumentativa Estética

137

2. Exprime, agora, as tuas impressões sobre o documentário, tendo em conta os seguintes aspetos: Título

Banda sonora

Discurso

Impacto das imagens

Estratégias persuasivas

Propostas de implicação do espetador/ouvinte.

3. O documentário quer sublinhar um ponto de vista. Expõe o teu sobre o mesmo assunto.

4. Refere-te a duas ou três medidas imprescindíveis para minorar os «males» da «nossa casa».

Aluno: ___________________________________________________________________________________________________________________ 138

Provincianas

5

Olá! Bons dias! Em março Que mocetona e que jovem A terra! Que amor esparso Corre os trigos, que se movem Às vagas dum verde garço!

10

Como amanhece! Que meigas As horas antes de almoço! Fartam-se as vacas nas veigas E um pasto orvalhado e moço Produz as novas manteigas.

15

Toda a paisagem se doura; Tímida ainda, que fresca! Bela mulher, sim senhora, Nesta manhã pitoresca, Primaveril, criadora!

20

Bom Sol! As sebes de encosto Dão madressilvas cheirosas Que entontecem como um mosto. Floridas, às espinhosas Subiu-lhes o sangue ao rosto.

25

Cresce o relevo dos montes, Como seios ofegantes; Murmuram como umas fontes Os rios que dias antes Bramiam galgando pontes.

30

E os campos, milhas e milhas, Com povos de espaço a espaço. Fazem-se às mil maravilhas; Dir-se-ia o mar de sargaço Glauco, ondulante, com ilhas!

35

Pois bem. O inverno deixou-nos. É certo. E os grãos e as sementes Que ficam doutros outonos Acordam hoje frementes Depois duns poucos de sonos.

40

Mas nem tudo são descantes Por esses longos caminhos; Entre favais palpitantes Há solos bravos, maninhos, Que expulsam seus habitantes

45

É nesta quadra de amores Que emigram os jornaleiros Ganhões e trabalhadores! Passam clãs forasteiros Nas terras de lavradores.

50

Tal como existem mercados Ou feiras, semanalmente, Para comprarmos os gados, Assim há praças de gente Pelos domingos calados!

55

Enquanto a ovelha arredonda, Vão tribos de sete filhos, Por várzeas que fazem onda, Para as derregas dos milhos e molhadelas da monda.

60

De roda pulam borregos; Enchem então as cardosas As moças desses labregos Com altas botas barrosas De se atirarem aos regos!

65

Ei-las que vêm às manadas Com caras de sofrimento, Nas grandes marchas forçadas! Vêm ao trabalho, ao sustento, Com fouces, sachos, enxadas!

70

Ai o palheiro das servas Se o feitor lhe tira as chaves! Elas chegam às catervas, Quando acasalam as aves E se fecundam as ervas!...

Cesário Verde, O livro de Cesário Verde,Assírio & Alvim, 2009, páginas 127-130

139

Texto para resumo e síntese Evocação de Cesário Verde

5

10

15

20

Na reedição da Poesia Completa de Cesário Verde, livro que trago debaixo do braço depois de passar pela «Bertrand» da avenida de Roma (passe a publicidade), paro junto do pequeno jardim na rua Dona Estefânia que tem o seu nome, observo o busto de bronze que permanece aqui desde o centenário do nascimento, revejo Cesário na memória dos anos e dos tempos, e sei do prazer que tive na descoberta dos seus poemas, sonhados para lá dos limites da vida prática que levou, e ainda o posso imaginar ao balcão da loja de ferragens de seu pai, na rua dos Fanqueiros, mesmo no centro da Baixa Pombalina e lisboeta. E não sei entabular outro diálogo a não ser pela leitura dos seus poemas ou no olhar atento do retrato de Columbano que por aí anda espalhado em vários livros ou de um desenho sério e grave de António Fernando. Porque a provada amizade de Silva Pinto, seu irmão de jornada e de destino, tudo pôde recuperar da poeira das revistas e dos jornais em que ficaram muitos dos seus poemas, e houve quem amasse tanto Cesário ao ponto de fixar o texto correto ou anotar muitas das suas cartas aos amigos. E por isso o Livro de Cesário se lê e relê no anseio de reinventar o tempo e poder imaginá-lo perdido ou não nesta Lisboa, tantos anos passados, quando as pessoas já não andam ao ritmo do coupé ou do landau, mas ainda se vestem pelos sinais que foram do seu deslumbramento e cristalização: os anos passaram e mais atento parece ter ficado ao que corresse à sua volta – levou para a cova a sentida desilusão de não lhe ligarem muito, não serem lidos os seus versos e por isso sempre desabafava nas cartas aos amigos, e numa delas dizia a Macedo Papança, que foi o conde de Monsaraz, em agosto de 1880, depois de ter publicado esse belo poema «Sentimento dum ocidental» em homenagem a Camões: «Ah! Quanto eu ia indisposto contra tudo e contra todos! Uma poesia minha, recente, publicada numa folha bem impressa, limpa, comemorativa de Camões, não obteve um olhar, um sorriso, um desdém, uma observação! Ninguém escreveu, ninguém falou, nem num noticiário, nem numa conversa comigo; ninguém disse bem, ninguém disse mal!» Fonte: Serafim Ferreira, in www.apagina.pt

Impressionismo O impressionismo é um movimento artístico surgido em França, no século XIX, que criou uma nova visão concetual da natureza utilizando pinceladas soltas, enfatizando a luz e o movimento. Geralmente as telas eram pintadas ao ar livre para que o pintor pudesse captar melhor as nuances da luz e da natureza.

5

10

A arte alegre e vibrante dos impressionistas enche os olhos de cor e luz. A presença dos contrastes, da natureza, transparências luminosas, claridade das cores, sugestão de felicidade e de vida harmoniosa transparecem nas imagens criadas pelos impressionistas. Os impressionistas retratam os reflexos e efeitos que a luz do Sol produz nas cores da natureza. A fonte das cores estava nos raios do Sol. Uma mudança no ângulo destes raios implica uma alteração de cores e tons. É comum um mesmo motivo ser retratado diversas vezes no mesmo local, porém com as variações causadas pela mudanças das horas do dia e das estações ao longo do ano. O impressionismo mostra a graciosidade das pinceladas, a intensidade das cores e a sensibilidade do artista, que em conjunto emocionam quem contempla as suas obras.

140

Paula Rego

5

10

15

20

25

Ela estava fatigada e feliz. A casa encheu-se de gente, e mais gente, e mais gente. Toda essa gente obedecia aos quadros. Subjugada, olhava-os como se olham as imagens nas igrejas antigas. Corria um silêncio murmurado de exclamações. Cá fora, no jardim, existia o movimento dos corpos e dos copos, que põem a vista num turbilhão de onde não sai mais. Havia a festa da festa: os braços dançavam em vez das pernas. Os gestos cruzavam-se e colidiam. A montanha-russa das vozes andava para cima e para baixo. As conversas caíam umas sobre as outras, acabavam antes do fim, começavam depois do princípio. Tudo se cruzava e se cortava. Todos estavam alegres por estarem ali e todos estavam ali para estarem alegres. Todos cumprimentavam todos com o sorriso de todos. Nestas alturas, a malícia segue a alegria. Dizem-se palavras que a mostram, fazem-se sinais que a escondem. A consciência da seleção torna quem foi selecionado ainda mais seletivo. Este darwinismo mundano tem as suas leis, e uma delas diz que aqui não ganha o mais inteligente, o mais forte, ou o mais sábio. Ganha o mais ágil, o mais surpreendente, o que melhor se sabe adaptar. Foi Proust quem empurrou os mundanos e a mundanidade, essa desocupação tão ocupada, para um vazio de que teve longamente a experiência, o gosto e, finalmente, o remorso. A sua obra é escrita contra esse vazio, mas, sem a memória dele, não seria o que é. Proust dizia que o artista é o escravo de uma rainha chamada solidão. Ela sabe isso. O jardim estava cheio de gente que a ocultava. Mas, de repente, como num filme, surgia dela um grande plano. Batia-nos no rosto, contente e cansada. Estava com os amigos, ou com os amigos dos amigos – e isso lhe bastava! Todos a queriam ver, todos lhe queriam falar, todos a queriam ouvir, todos a queriam tocar. Estava vestida como para uma peça de teatro em que fizesse de Paula Rego. A sua aura, o valor da obra, a ênfase da ocasião davam àquele dia o prestígio da História. Quem lá estava não queria esquecer que lá esteve. E queria levar consigo a frase ouvida, a mão agarrada, a face beijada, o quadro olhado. Queria levar isso na memória disso. Paula Rego estava ali e estava fora dali. Sabe aproximar-se com distância. E sabe distanciar-se com proximidade. Sabe falar com silêncios que a defendem. Sabe rir com risos que a protegem. Sabe andar com passos que a recuam. Em todo aquele dia, naquela peça, fazia de Paula Rego – Branca de Neve na casa da floresta. E nós éramos os seus anões. Não sete, nem setenta, nem setecentos – mas sete mil! Eu estava lá, e ela chamou-me. Então, escolheu as palavras certas para não dizer o que se costuma dizer («Obrigado por ter vindo», por exemplo).

30

35

A Paula não diz lugares-comuns, mesmo quando os ouviu durante horas a fio. Ela é sempre ela, com o seu génio ágil e uma estratégia exata para que não a culpem de o ter. Quando saí, voltei a olhá-la. Estava ainda mais cansada e mais feliz, como que suspensa. Penso que, em momentos assim, olha e vê animais: «Este é um gato; aquela, um cão; aquele, um porco; aquela ali, um coelho... não, um rato.» No dia seguinte, falei-lhe pelo telefone: estava tão atordoada que ia fugir. Fugir para dentro de si, fugir para a pintura, fugir para Londres. É lá que é a sua casa, o seu castelo, a sua prisão – nesse ateliê que parece os bastidores de um teatro, cheio de bonecos sob a luz. A Casa das Histórias, em Cascais, também lhe pertence, porque é verdadeira e imaginativa como ela. Vi aquela arquitetura que tem o rigor na imaginação e às vezes mesmo no desespero. As cores exteriores, o verde do jardim e o almagre das paredes encontram-se e festejam-se. A casa está cheia de génios bons e maus. Cheia de histórias. Isto é, de segredos, de suspeitas, de ameaças, de crueldades, de crimes, de castigos. E de memórias, de enigmas, de adivinhas, de narrativas, de moralidades. Tudo o que lá está mostra que os grandes artistas são capazes de alcançar o mundo. De o dominar. De o destruir. De o substituir. José Manuel dos Santos, in Expresso, 3 de outubro de 2009

141

Leitura interativa José Manuel dos Santos escreveu este texto a propósito da inauguração da Casa das Histórias, museu da pintura de Paula Rego, a mais conceituada e internacional pintora portuguesa.

1. Analisa cuidadosamente o comportamento dos convidados tendo em atenção a ironia do autor do texto. Não te esqueças de ilustrar as tuas afirmações com exemplos textuais.

2. Explica o que pensa o autor da «mundanidade». 3. «Penso que, em momentos assim, olha e vê animais.» Exprime a tua opinião sobre o que Paula Rego veria nas pessoas ao pensar:

a) «Este é um gato.» b) «Aquela, um cão.»

c) «Aquele, um porco.» d) «Aquela ali, um coelho... não, um rato.»

4. Interpreta a seguinte afirmação: «Tudo o que lá está mostra que os grandes artistas são capazes de alcançar o mundo. De o dominar. De o destruir. De o substituir.»

5. Refere o que significa para ti a arte. 6. Traça o perfil de Paula Rego de acordo com a visão de José Manuel dos Santos. 7. Esta crónica revela características literárias. Aponta três aspetos da escrita de José Manuel dos Santos que confirmem esta opinião.

8. A literatura/pintura revela sempre, de uma forma ou de outra, uma observação do mundo. Paula Rego/ Cesário Verde. Dois artistas, dois olhares. 8.1 Num texto organizado e estruturado, apresenta a tua reflexão sobre a realidade filtrada/subjetivada pelo olhar de cada um deles.

A cidade feliz A minha utopia urbana é a cidade do encontro. Não necessariamente constante mas sempre possível. Pois a solidão imposta é das mais duras formas de pobreza. E é grande a solidão no Portugal cheio de urbanização e com pouca cidade, que deixou irem-se fragmentando os espaços e as redes de proximidade, dos afetos e das amizades. Sim, os idosos – mas muitos mais. 5

10

Somos, recorrentemente, referidos nos estudos da felicidade como uma sociedade pouco feliz. A solidão é uma tragédia. E, para muitos, uma tragédia banalizada em paisagens de asfaltos, de consumos, de televisões e de futebóis sempre iguais. A solidão deve ser uma escolha e não uma imposição, a nossa liberdade, a nossa intimidade necessitam do encontro com o outro para crescer e ser mais humanas. E combater a solidão no Portugal urbanizado deveria ser das nossas maiores prioridades. (…) João Seixas, in Público, 13 de março de 2011

9. Num texto bem estruturado, de cento e cinquenta a duzentas e cinquenta palavras, apresenta uma reflexão sobre a temática da cidade, partindo da perspetiva exposta no excerto transcrito e da leitura dos textos de Cesário Verde. Fundamenta o teu ponto de vista, recorrendo a argumentos e exemplos significativos. 142

D. Recursos de apoio à avaliação das situações de aprendizagem Avaliação da competência de compreensão oral Ouve, atentamente, o poema «Deslumbramentos», de Cesário Verde. Seleciona a opção que considerares correta.

1. O sujeito poético... a) sente-se seguro quando observa «Milady». b) refere que é perigoso contemplar «Milady».

c) expressa que odeia contemplar «Milady». d) sente que abomina contemplar «Milady».

2. A mulher referida pelo «eu» poético integra-se... a) no povo. b) no clero.

c) na aristocracia. d) na plebe.

3. Podemos inferir que esta mulher é... a) gentil e afetuosa. b) sofisticada e gélida.

c) artificial e carinhosa. d) nobre e terna.

4. O sujeito poético sente-se atraído pela mulher como se esta fosse um... a) diamante. c) tesouro. b) palácio. d) brilhante. 5. O poeta refere que encontrou aquela mulher... a) no dia anterior. b) em Inglaterra.

c) havia muito tempo. d) na Áustria.

6. O olhar de «Milady» é... a) carinhoso e amável. b) distante e gélido.

c) indiferente e arrogante. d) agressivo e confortador.

7. A altivez da figura feminina é comparada... a) ao orgulho de Ana de Áustria. b) à sensatez de Ana de Áustria.

c) à simpatia de Ana de Áustria. d) à agressividade de Ana de Áustria.

8. O sujeito poético adverte a mulher, para que... a) esta não se isole. b) esta prossiga outro caminho.

c) esta tenha cuidado. d) esta não circule de noite.

9. A metáfora «flor de luxo» sugere... a) a classe aristocrata. b) a beleza feminina.

c) o aroma da mulher. d) o amor avassalador.

10. Para concluir o poema, o sujeito poético... a) passa do plano coletivo para o individual. b) passa do plano individual para o coletivo.

c) faz uma alusão ao ambiente campestre. d) sente-se um farrapo humilhado. 143

Avaliação das competências de leitura e de expressão oral Apresentação do livro do Contrato de Leitura a) Comprova a leitura do livro, apresentando referências pertinentes. b) Produz um discurso coerente, recorrendo a informações relevantes. Parâmetros

d) Expõe com clareza, utilizando um tom de voz audível. d) Mobiliza um vocabulário adequado, pertinente e variado. e) Exprime-se com fluência e expressividade, motivando os colegas para a leitura. Alunos

144

a) 40

b) 40

c) 40

d) 40

e) 40

Total

Avaliação da competência de expressão escrita Texto expressivo e criativo a) Apresenta uma estrutura adequada à tipologia textual escolhida. b) Desenvolve um tema, mobilizando recursos expressivos pertinentes e referências culturais. Parâmetros

c) Utiliza um tom adequado ao tema. d) Revela criatividade na forma que escolheu. e) Redige com correção linguística e legibilidade gráfica. Alunos

a) 40

b) 40

c) 40

d) 40

e) 40

Total

145

TESTE DE AVALIAÇÃO N.o 5 GRUPO I A Lê atentamente o texto a seguir transcrito. Em caso de necessidade, consulta o vocabulário que se apresenta nas notas de rodapé.

Em Petiz I De tarde Mais morta do que viva, a minha companheira Nem força teve em si para soltar um grito; E eu, nesse tempo, um destro e bravo rapazito, Como um homenzarrão servi-lhe de barreira! 5

10

15

20

Em meio de arvoredo, azenhas1 e ruínas, Pulavam para a fonte as bezerrinhas brancas; E, tetas a abanar, as mães, de largas ancas, Desciam mais atrás, malhadas e turinas2. Do seio do lugar – casitas com postigos – Vem-nos o leite. Mas batizam-no primeiro. Leva-o, de madrugada, em bilhas, o leiteiro, Cujo pregão vos tira ao vosso sono, amigos! Nós dávamos, os dois, um giro pelo vale: Várzeas, povoações, pegos, silêncios vastos! E os fartos animais, ao recolher dos pastos, Roçavam pelo teu «costume de percale3». Já não receias tu essa vaquita preta, Que eu seguirei, prendi por um chavelho? Juro Que estavas a tremer, cosida com o muro, Ombros em pé, medrosa, e fina, de luneta! Cesário Verde, O livro de Cesário Verde, Assírio & Alvim, 2009, páginas 90-91

Apresenta, de forma clara e bem estruturada, as tuas respostas aos itens que se seguem.

1. Sintetiza o episódio apresentado pelo sujeito poético neste poema. 2. Explicita o efeito expressivo das sensações presentes na composição poética, transcrevendo um exemplo de cada uma delas.

1 Azenhas – moinhos movidos a água. 2 Turinas – raça de gado bovino. 3 Percale – ou percal é um tecido de algodão, fino e liso.

146

3. Caracteriza, a partir do poema, a figura feminina. 4. Explica a presença dos dois momentos temporais a que o sujeito poético se reporta.

B A participação ativa na vida rural levou (...) Cesário a reformular o básico contraste entre campo e cidade, alargando-o para abranger as realidades da experiência rural em contraste com a abstração metafórica do campo bucólico. Hélder Macedo (1986), Nós, uma leitura de Cesário Verde, Lisboa, Publicações Dom Quixote, páginas 45-46

Fazendo apelo à tua experiência de leitura de O livro de Cesário Verde, comenta o excerto acima transcrito, num texto de oitenta a cento e trinta palavras. Observações relativas ao item B 1. Para efeitos de contagem, considera-se uma palavra qualquer sequência delimitada por espaços em branco, mesmo quando esta integre elementos ligados por hífen (ex.: /dir-se-ia/). Qualquer número conta como uma única palavra, independentemente dos algarismos que o constituam (ex.: /2011/). 2. Um desvio dos limites de extensão indicados implica uma desvalorização parcial (até cinco pontos) do texto produzido.

GRUPO II Lê antentamente o seguinte texto.

Fortifique o cérebro!

5

10

15

A plasticidade do cérebro continua a surpreender-nos, muito embora Santiago Ramón y Cajal, considerado o pai da neurologia moderna, já o tivesse afirmado há um século: os neurónios podem trocar de ligações entre si, pelo que convém exercitá-los. Se moldamos com a experiência o órgão pensante, até que ponto será possível melhorá-lo? Podemos fazer algo para evitar que as doenças de Parkinson ou de Alzheimer nos esvaziem a mente quando formos idosos ou, pelo menos, para retardar o seu aparecimento? Uma montanha de ideias e soluções rodeia a tão propagandeada ginástica cerebral. Sim, ninguém tem dúvidas sobre a necessidade de exercitar a massa cinzenta. O problema é saber como. A revista Nature fez eco de um estudo que demonstrava a ineficácia dos videojogos cujos anúncios mostravam adultos muito felizes quando conseguem «distinguir maçãs de peras» num ecrã. A fim de comprová-lo, 11.430 voluntários entre os 18 e os 60 anos tiveram de se entreter com um dos referidos programas; embora a pontuação que obtinham fosse cada vez melhor (como seria de esperar quando se apanha o jeito de matar marcianos), os resultados não se refletiam nos testes que avaliavam de modo científico a memória, o raciocínio e a aprendizagem. «Não houve absolutamente nenhum efeito de transferência», esclareceu um dos autores da investigação, o neurocientista Adrian Owen, da Universidade de Cambridge (Inglaterra). Será que isso significa que a ginástica mental é inútil? De modo algum: Cajal tinha razão. O cérebro opera em função das ligações que estabelece entre os neurónios. É aquilo que nos faz ser como somos. Nesse caso, o que 147

20

falha? A carga intelectual de um videojogo, ou de um documentário, é bastante menor do que a proporcionada por um livro. Foram feitas experiências para observar o que acontece quando se lê: o cérebro recria paisagens e emoções, e são ativadas áreas cerebrais relacionadas com a informação que se está a obter. Em contrapartida, quando vemos algo num ecrã, a única coisa que se «acende» é a zona visual. (...)

25

Primeira lição: quer manter o cérebro em forma? Pois arranje um bom livro e mergulhe nas suas páginas; ou então uma revista com histórias surpreendentes que estimulem a sua curiosidade e imaginação (...). Pode também deixar momentaneamente de lado a máquina de calcular e fazer algumas contas; ou tentar aprender outra língua, ou tocar um instrumento musical. O cérebro agradece os desafios e, numa época ultratecnológica, o leitor não tem necessariamente de envergar um traje virtual e ser protagonista de Tron para pô-lo à prova. Além disso, não se instale no sofá. Correr um pouco não mata. Passeie ou frequente aulas de dança. Compre uma bola de fitness e faça ginástica. As experiências efetuadas com pacientes e, sobretudo, em animais submetidos a exercício físico moderado mostram claramente um aumento do respetivo rendimento cerebral. O exercício muda a face dos nossos neurónios: os vínculos aumentam e tornam-se mais ricos. Luís Miguel Ariza, in Super Interessante, n.o 156, abril de 2011, página 26

1. Seleciona, em cada um dos itens de 1 a 7, a única opção que permite obter uma afirmação adequada ao sentido do texto. Escreve, na folha de respostas, o número do item e a letra que identifica a opção correta. 1. O estudo de problemas neurológicos teve início... a) recentemente. b) há um século. c) há meio século. d) na antiguidade. 2. Para exercitar os neurónios, é aconselhável... a) a prática de videojogos. b) o visionamento de documentários. c) a leitura de um livro. d) a ausência de atividade. 3. No estudo sobre o impacto dos videojogos na aprendizagem foi divulgado... a) na revista Nature. b) por Santiago Ramón y Cajal. c) pela revista Super Interessante . d) pela Universidade de Cambridge. 4. Quando lemos, … a) o cérebro reduz a criação de imagens. b) é cancelada a atividade cerebral. c) os neurónios ficam inertes. d) são estimuladas as áreas cerebrais. 5. No início do texto (linhas 1 a 3), o autor recorre a um... a) argumento por analogia. b) argumento de autoridade. c) argumento dedutivo. d) argumento sobre causas. 148

6. O segmento textual «considerado o pai da neurologia moderna» (linha 2) tem... a) valor restritivo. b) valor causal. c) valor consecutivo. d) valor explicativo. 7. A palavra «Sim» (linha 6) é... a) um advérbio de inclusão. b) um advérbio de frase. c) um advérbio de afirmação. d) um advérbio conetivo.

2. Faz corresponder a cada segmento textual da coluna A um único segmento textual da coluna B, de modo a obteres uma afirmação adequada ao sentido do texto. Escreve, na folha de respostas, as letras e os números correspondentes. Utiliza cada letra e cada número apenas uma vez. Coluna A 1. 2. 3. 4. 5.

Coluna B

Com o constituinte «-los» (linha 3) Ao usar a palavra «cujos» (linha 8), Com as conjunções «ou» (linha 22) Ao usar o segmento «para pô-lo à prova» (linha 25), Ao usar os verbos «passear» e «frequentar» (linha 26)

a) o enunciador apresenta alternativas. b) o enunciador retoma o referente «a plasticidade do cérebro». c) o enunciador introduz um nexo de fim. d) o enunciador introduz uma oração subordinada adverbial concessiva. e) o enunciador exorta à realização de ações. f) o enunciador introduz uma oração relativa. g) o enunciador traduz um nexo de causa. h) o enunciador retoma o referente «os neurónios».

GRUPO III Escreve um texto, devidamente estruturado, de duzentas a trezentas palavras, no qual apresentes uma apreciação crítica sobre um dos livros que leste no âmbito do Contrato de Leitura. Refere o(s) elemento(s) paratextuais que, de algum modo, contribuíram para a tua opção de leitura. Observações: 1. Para efeitos de contagem, considera-se uma palavra qualquer sequência delimitada por espaços em branco, mesmo quando esta integre elementos ligados por hífen (ex.: /dir-se-ia/). Qualquer número conta como uma única palavra, independentemente dos algarismos que o constituam (ex.: /2011/). 2. Relativamente ao desvio dos limites de extensão indicados – um mínimo de duzentas e um máximo de trezentas palavras –, há que atender ao seguinte: – A um texto com extensão inferior a oitenta palavras é atribuída a classificação de zero pontos. – Nos outros casos, um desvio dos limites de extensão indicados implica uma desvalorização parcial (até cinco pontos) do texto produzido.

FIM 149

Critérios específicos de classificação GRUPO I A 1. ................................................................................................................................................................................................................................................................ ...............................

20 pontos

Critérios específicos de classificação

• Aspetos de conteúdo (C) .........................................................................................................................................................................................................................

12 pontos

• Aspetos de organização e correção linguística (F) ...................................................................................................................................................

8 pontos 4 pontos 4 pontos

– Estruturação do discurso ................................................................................................................................................................................................................. – Correção linguística ...............................................................................................................................................................................................................................

Níveis de desempenho

Descritores

Pontuação

4

Sintetiza, com pertinência e com rigor, o episódio apresentado pelo sujeito poético no poema.

12

3

Sintetiza, com pertinência, o episódio apresentado pelo sujeito poético no poema.

9

2

Sintetiza, com esporádicas imprecisões, o episódio apresentado pelo sujeito poético no poema.

6

1

Sintetiza, com acentuadas imprecisões, o episódio apresentado pelo sujeito poético no poema

3

Cenário de resposta A resposta deve contemplar os aspetos que a seguir se enunciam, ou outros considerados relevantes:

• Durante um passeio pelo campo, o sujeito poético e a sua companheira foram surpreendidos por uma «vaquita preta», que se aproximou e assustou a rapariga. Porém, o jovem rapaz, assumindo a atitude de um «homenzarrão», agarrou o animal, para proteger a companheira. O poema apresenta-nos um cenário rural, fazendo alusão ao momento em que o gado recolhe aos estábulos, evidenciado, também, a atividade dos leiteiros que vendem o leite, nas povoações, pela manhã.

•…

150

2. ................................................................................................................................................................................................................................................................ .............................

20 pontos

Critérios específicos de classificação

• Aspetos de conteúdo (C) .........................................................................................................................................................................................................................

12 pontos

• Aspetos de organização e correção linguística (F) ...................................................................................................................................................

8 pontos 4 pontos 4 pontos

– Estruturação do discurso .................................................................................................................................................................................................................. – Correção linguística ................................................................................................................................................................................................................................

Níveis de desempenho

Descritores

Pontuação

4

Explicita, com rigor e pertinência, o efeito expressivo das sensações presentes na composição poética, transcrevendo um exemplo de cada uma delas.

12

3

Explicita, com pertinência, o efeito expressivo das sensações presentes na composição poética, transcrevendo um exemplo de cada uma delas.

9

2

Explicita, com algumas imprecisões, o efeito expressivo das sensações presentes na composição poética, mas não transcreve um exemplo de cada uma delas. Ou Transcreve um exemplo de cada uma das sensações presentes no poema, mas não explicita o respetivo efeito expressivo.

6

1

Explicita, com acentuadas imprecisões, o efeito expressivo das sensações presentes na composição poética, mas não transcreve um exemplo de cada uma delas. Ou Transcreve alguns exemplos de sensações presentes no poema, mas não explicita o respetivo efeito expressivo.

3

Cenário de resposta A resposta deve contemplar os aspetos que a seguir se enunciam, ou outros considerados relevantes:

• As expressões que remetem para as sensações contribuem para que o leitor participe no «quadro» impressionista, percecionando o espaço rural apresentado.

• Veem-se as «bezerrinhas brancas» e as «malhadas turinas», «Em meio de arvoredo, azenhas e ruínas»; ao longe, avistam-se «várzeas, povoações, pegos» (sensações visuais).

• Ouvem-se «silêncios vastos», naquele cenário rural, mas, de manhã, o pregão do leiteiro entrará no ambiente urbano (sensações auditivas: «o leiteiro / cujo pregão vos tira ao vosso sono, amigos!»).

• A figura feminina assusta-se aquando da aproximação de um animal (sensação tátil: «E os fartos animais, ao recolher dos pastos, / Roçavam pelo teu “costume de percale”»).

•… 151

3. ................................................................................................................................................................................................................................................................ .............................

15 pontos

Critérios específicos de classificação

• Aspetos de conteúdo (C) .........................................................................................................................................................................................................................

9 pontos

• Aspetos de organização e correção linguística (F) ...................................................................................................................................................

6 pontos 3 pontos 3 pontos

– Estruturação do discurso ................................................................................................................................................................................................................. – Correção linguística ...............................................................................................................................................................................................................................

Níveis de desempenho

Descritores

Pontuação

4

Caracteriza, com rigor e pertinência, a figura feminina.

12

3

Caracteriza, com pertinência, a figura feminina.

9

2

Caracteriza, com alguma imprecisão, a figura feminina.

6

1

Caracteriza, com acentuadas imprecisões, a figura feminina.

3

Cenário de resposta A resposta deve contemplar os aspetos que a seguir se enunciam, ou outros considerados relevantes:

• A figura feminina pertenceria, provavelmente, à burguesia ou à aristocracia, não estando familiarizada com o ambiente rural, o que se reflete no seu comportamento aquando da aproximação de uma «vaquita preta»: «estavas a tremer, cosida com o muro, / Ombros em pé, medrosa, e fina, de luneta!».

• O facto de a rapariga vestir um «costume de percale» e usar «luneta» permite traçar o retrato de uma figura feminina urbana.

• Ao longo da composição poética, é reiterado o seu receio dos animais («Nem força teve em si para soltar um grito»).

•…

152

4. ................................................................................................................................................................................................................................................................ .............................

15 pontos

Critérios específicos de classificação

• Aspetos de conteúdo (C) .........................................................................................................................................................................................................................

9 pontos

• Aspetos de organização e correção linguística (F) ...................................................................................................................................................

6 pontos 3 pontos 3 pontos

– Estruturação do discurso .................................................................................................................................................................................................................. – Correção linguística ................................................................................................................................................................................................................................

Níveis de desempenho

Descritores

Pontuação

4

Explica, com rigor e pertinência, a presença dos dois momentos temporais a que o sujeito poético se reporta.

9

3

Explica, com pertinência, a presença dos dois momentos temporais a que o sujeito poético se reporta.

7

2

Explica, com algumas imprecisões, a presença dos dois momentos temporais a que o sujeito poético se reporta.

5

1

Explica, com acentuadas imprecisões, a presença dos dois momentos temporais a que o sujeito poético se reporta.

3

Cenário de resposta A resposta deve contemplar os aspetos que a seguir se enunciam, ou outros considerados relevantes:

• Construção do poema em dois tempos: o da escrita e o da história. • O poeta evoca um episódio passado, fazendo o seu autorretrato, com alguma ironia: perante uma situação de perigo imaginário, sentiu-se um «destro e bravo rapazito», que protegeu a sua assustada companheira.

• No presente, o sujeito poético, através da memória, evoca o passado, e pergunta se a figura feminina ainda receia aquela «vaquita preta», sugerindo a contextualização do episódio na infância de ambos.

•…

153

B Critérios específicos de classificação

• Aspetos de conteúdo (C) .........................................................................................................................................................................................................................

18 pontos

• Aspetos de organização e correção linguística (F) ...................................................................................................................................................

12 pontos 7 pontos 5 pontos

– Estruturação do discurso .................................................................................................................................................................................................................. – Correção linguística ................................................................................................................................................................................................................................ Níveis de desempenho

Descritores

Pontuação

6

Comenta, com rigor e pertinência, o excerto transcrito, revelando um muito bom conhecimento da obra de Cesário Verde.

18

5

Comenta, com rigor e pertinência, o excerto transcrito, fazendo referências que revelam um bom conhecimento da obra de Cesário Verde.

15

4

Comenta, com alguma pertinência e menor rigor, o excerto transcrito, fazendo referências que revelam um conhecimento suficiente da obra de Cesário Verde.

12

3

Comenta, com ligeiras ou esporádicas imprecisões, o excerto transcrito, fazendo referências que refletem um conhecimento suficiente da obra de Cesário Verde.

9

2

Comenta, com acentuadas imprecisões, o excerto transcrito, fazendo referências que refletem um conhecimento insuficiente da obra de Cesário Verde.

6

1

Tece comentários gerais sobre Cesário Verde, pouco relevantes para a temática proposta, que refletem um conhecimento incipiente da poética do autor.

3

Cenário de resposta A resposta deve contemplar os dois primeiros aspetos que a seguir se enunciam, e/ou outros considerados relevantes: • Cesário apresenta o contraste entre a sociedade industrial e a sociedade agrária e, consequentemente, a dicotomia cidade/campo. • A sua integração e a sua experiência rural levam a que o poeta se identifique com o povo comum e se sinta fortalecido em contacto com a natureza. • O campo não é apresentado apenas como um espaço idílico e bucólico, mas, essencialmente, como uma realidade concreta, associada ao trabalho duro dos trabalhadores rurais. • No poema «Nós», por exemplo, a cidade surge conotada com a repressão, confinamento, doença e morte e o campo é exaltado como símbolo de liberdade, saúde e vida. • Em «Provincianas», o trabalho rural é apresentado em primeiro plano, salientando-se a rudeza da atividade das personagens e algumas injustiças e conflitos sociais. •… 154

GRUPO II Chaves de correção:

1. 1. b); 2. c); 3. a); 4. d); 5. b); 6. d); 7. c). Níveis de desempenho

2. 1. h); 2. f); 3. a); 4. c); 5. e). Descritores do nível de desempenho

Pontuação

3

Estabelece quatro ou cinco correspondências corretas.

15

2

Estabelece duas ou três correspondências corretas.

9

1

Estabelece uma correspondência correta.

3

GRUPO III Critérios gerais de classificação dos testes

1. Fatores de desvalorização no domínio da correção linguística: • Por cada erro de sintaxe ou de impropriedade lexical, são descontados dois (2) pontos. • Por cada erro inequívoco de pontuação ou por cada erro de ortografia (incluindo erro de acentuação, erro por ausência de letra maiúscula quando obrigatória e erro de translineação), é descontado um (1) ponto.

• Por cada erro de ortografia repetido (incluindo acentuação, usos convencionais de letra maiúscula e erro de translineação), apenas é descontada uma ocorrência.

• Por cada erro por incumprimento das regras de citação de texto (ausência ou uso indevido de aspas, ausência de indicador(es) de corte de texto, etc.) ou de referência a uma obra (ausência de sublinhado ou de uso de aspas no título, etc.), é descontado um (1) ponto.

• Os descontos por erro de citação de texto ou de referência a uma obra são efetuados até ao máximo de cinco (5) pontos na totalidade do instrumento de avaliação.

• Os descontos por aplicação dos fatores de desvalorização, no domínio da correção linguística, são efetuados até ao limite das pontuações indicadas para este critério.

Nos itens de resposta aberta de composição curta/composição extensa, a cotação é percentualmente distribuída pelos seguintes parâmetros:

a) aspetos de conteúdo (60%); b) aspetos de organização e correção linguística (40%). Se o aluno obtiver 1/3 nos aspetos de conteúdo, a cotação relativa a aspetos de correção linguística será igualmente proporcional a 1/3.

155

Sempre que for indicado um número mínimo e/ou máximo de palavras para a elaboração da resposta, deve ser tido em conta o seguinte:

a) Os limites explicitados correspondem a requisitos relativos à extensão de texto, que devem ser respeitados. b) O incumprimento dos limites de extensão implica o desconto de (1) um ponto por cada palavra a mais ou a menos, até ao máximo de (5) cinco pontos, depois de aplicados todos os critérios definidos para o item. Se da aplicação deste fator de desvalorização resultar uma classificação inferior a zero pontos, é atribuída à resposta a classificação de zero pontos. O afastamento integral dos aspetos de conteúdo relativos a cada um dos itens implica a desvalorização total da resposta. Fonte: http://www.gave.min-edu.pt/np3/294.html

156

SOLUÇÕES DOS RECURSOS DE APOIO AO DESENVOLVIMENTO E À AVALIAÇÃO DAS SITUAÇÕES DE APRENDIZAGEM Sequência 1

«A dança das partículas fantasmas» (página 18) 1. O tema é a mutação dos neutrinos. 2. O título A dança das partículas fantasmas relaciona-se com o tema na medida em que, como o texto especifica, os neutrinos raramente interagem com a matéria, atravessando-a, seja ela qual for, como um fantasma inofensivo, ou seja, não lhe provoca nenhuma alteração. 3.1

a) É uma partícula engraçada pois está em todo o lado, é produzida até pelo corpo humano, porém é impercetível e sofre metamorfoses. b) Não se detetam pois raramente interagem com a matéria. Por isso são como fantasmas, inofensivos por atravessarem a matéria sem nela provocarem alterações. c) A experiência Opera deu conta da mutação das partículas de neutrinos muão, ao detetarem uma partícula de neutrino tau. Neste caso a confirmação da experiência é importante porque toda a física das partículas presume que o neutrino não tem massa. No entanto, para se transformar o neutrino precisa de possuir massa.

4. A metamorfose levada a cabo pela dança das partículas fantasma é tão surpreendente, como nos surpreenderíamos se assistíssemos à transformação de um cão em gato.

5. Exemplos de perguntas: – Que relação tem o CERN com o laboratório San Sasso? – E se, tal como o neutrino, o fotão sofresse mutações como se tivesse massa? – Onde nos poderá levar a física dos neutrinos com massa?

6. Contributo para a construção de novas teorias sobre matéria e antimatéria; relação com o Big Bang; compreensão das razões do mundo ser constituído por matéria e não antimatéria.

«Admirável mundo próprio» (página 20) 1.1 São assíduos, pontuais, adaptam-se muito bem ao mundo digital, são inteligentes, revelam competências em áreas técnicas, adequam-se a tarefas meticulosas e repetitivas, compreendem mal a linguagem corporal, as subtilezas da língua e as metáforas, a ambiguidade desestabiliza-os, sentem-se mais à vontade a comunicar por correio eletrónico do que por telefone, são francos e falam sem rodeios. 1.2 Têm medo da solidão, propensão para a mentira, hipersensibilidade e negação da realidade. Ao contrário dos Asperger, não reconhecem os seus defeitos. 2.1 Ao explicar a sua adaptação ao mundo digital, Susan Conza ventila a hipótese de os Asperger constituírem uma nova fase da espécie humana, com uma nova forma de comunicação.

157

3. As razões consistem na possibilidade de erradicar as manipulações da política e das ligações de amizade e de construir relações diretas, francas e unívocas.

Compreensão oral (página 24) 1. V; 2. F; 3. V; 4. V; 5. F; 6. V; 7. F; 8. V; 9. F; 10. V; 11. F; 12. V; 13. V; 14. F; 15. V; 16. F; 17. V; 18. F; 19. F; 20. V.

Sequência 2

Discurso de tomada de posse de Barack Obama (página 47) 1.1 • De «Estou aqui hoje com humildade…» (linha 2) até «…esta geração de americanos.» (linha 9): Agradecimento e homenagem à história, à Constituição, aos Pais Fundadores e aos seus representantes ao longo dos tempos. • De «Que nos encontramos no meio de uma crise…» (linha 10) até «…tenha de diminuir as suas expetativas.» (linha 18): Diagnóstico do estado de coisas; ponto de partida; o que está em jogo. • De «Hoje, digo-vos que os desafios…» (linha 19) até «…uma oportunidade de alcançar a felicidade.» (linha 27): Promessa de vencer apesar das dificuldades; a fé inabalável no povo americano. • De «Ao reafirmar a grandeza da nossa nação…» (linha 28) até «…por caminhos longos e difíceis para a paz e a liberdade.» (linha 33): A força está nos novos desafios e em não desistir. A história da América foi feita por todos, independentemente dos seus ofícios. • De «Por nós, embalaram os seus parcos bens terrenos…» (linha 34) até «…sem dúvida que já passou.» (linha 45): O sacrifício dos que foram para a América como o sonho da terra prometida. • De «A partir de hoje, devemos erguer-nos…» (linha 46) até «Faremos tudo isto.» (linha 53): Projeção do futuro; o que tem de ser feito. • De «Há alguns que questionam a amplitude das nossas ambições…» (linha 54) até «…entre a nossa segurança e os nossos ideais.» (linha 70): Concessão aos adversários. • De «Os nossos Pais Fundadores…» (linha 71) até «…qualidades moderadas de humildade e sobriedade.» (linha 81): A lição e o exemplo da história; carta; Constituição. • De «Nós somos os defensores deste legado…» (linha 82) até «…anunciando uma nova era de paz.» (linha 95): Continuação do legado herdado, do modo de vida americano; a diversidade étnica e cultural é uma força e não uma fraqueza. • De «Para o mundo muçulmano…» (linha 96) até «…nós devemos mudar também.» (linha 105): As parcerias e as promessas aos seus aliados e amigos. • De «Ao considerarmos o caminho…» (linha 106) até «…prestar o mais sagrado juramento.» (linha 128): Com o exemplo dos bravos e a ajuda de todos será possível ser melhor; apesar de instrumentos e desafios novos, estes devem ser travados com os mesmos valores. • De «Portanto, assinalemos este dia…» (linha 129) até «…os Estados Unidos da América.» (linha 141): Assinalar este acontecimento como a revalidação de todos os princípios da luta pela liberdade e dos valores democráticos que fizeram da América o que ela é. 2.1 • A voz poderosa e invulgar, a articulação e a excelente dicção do orador devem ser assinaladas como um fator determinante na captação da atenção dos ouvintes, assim como o seu carisma e a sua presença física, a boa figura,

158

a elegância, o sorriso, a tranquilidade que inspira confiança; poder-se-á ainda acrescentar que a sua origem africana personifica o caráter multicultural que caracteriza os Estados Unidos. • A confissão de humildade e agradecimento, a emotividade, o uso do nós em vez do eu, o apelo às referências e aos fundamentos da nação americana. • A repetição anafórica: Hoje – presentificação do momento da sua eleição como início de mudança e rutura com o passado. Este/estes – enunciação e enumeração das suas prioridades. • Construções simétricas: «Construiremos estradas e pontes, redes elétricas e linhas digitais que sustentem o nosso comércio e nos unam. Voltaremos a dar à ciência o lugar que merece e dominaremos as maravilhas da tecnologia para melhorar os cuidados de saúde a um custo menor. Aproveitaremos o sol e os ventos e o solo como combustível para os nossos carros e fábricas. E transformaremos as nossas escolas e universidades para satisfazer as exigências de uma nova era.» • O uso de metáforas, de enumerações e de comparações.

3. Sugestão de resposta: O discurso do presidente americano ao ser iniciado com as palavras «Estou aqui hoje com humildade perante a tarefa que nos é imposta, grato pela confiança que me concederam, consciente dos sacrifícios consentidos pelos nossos antepassados» denota uma extraordinária capacidade oratória (potenciada pela sua formação em Direito), que desde o famoso «yes we can» (que ficou para a posteridade), galvanizou não só os americanos mas todo o planeta.  A sua sensibilidade faz dele um cidadão de perfil conciliador, capaz de convocar para o seu discurso parceiros e adversários. As suas palavras são profundamente marcadas pela negociação, mas também pelos aspetos programáticos: é importante o que vamos fazer e como vamos fazer. A construção rigorosa do seu discurso assenta em oposições simples e binárias para demarcar as suas prioridades, favorecendo a coerência e a clareza da sua mensagem: a cada progressão temática das suas intenções políticas, opõe o que os seus potenciais opositores criticam, apontando soluções para cada um dos problemas diagnosticados, demarcando-se claramente de um passado de estagnação e de falta de confiança para um futuro de prosperidade e de esperança, invocando as grandes personalidades e os homens e as mulheres anónimos que fizeram e fazem a grandeza da América. Para além das técnicas retóricas e da eloquência do orador, a quem alguém já chamou o novo Cícero, a construção do seu discurso gira em torno de três ideias-chave: a esperança num mundo melhor; a capacidade do povo americano para fazer o impossível; a união de todos para forjar a mudança tendo como referência os valores fundadores da nação americana.

Avaliação da competência de compreensão oral (página 54) 1. c); 2. d); 3. b); 4. c); 5. c); 6. d); 7. b); 8. d); 9. b); 10. c).

Sequência 3 Avaliação da competência de compreensão oral (página 81) 1. F – Em Portugal, o romantismo emerge num clima revolucionário. 2. V 3. F – Em 1825 e 1826, Garrett publica os poemas «Camões» e «D. Branca» em Paris. 159

4. V 5. F – O romantismo caracteriza-se pela rejeição dos modelos clássicos. 6. F – Os românticos rejeitaram os princípios racionalistas do século XVIII. 7. V 8. F – No romantismo, revela-se gosto pela Idade Média. 9. F – Tal como os escritores do classicismo, os românticos valorizam o que é próprio e nacional e não alheio. 10. V 11. V 12. F – O herói romântico é dominado pelo sentimento. 13. V 14. F – A paisagem romântica é revolta e tumultuosa, é o locus horrendus. 15. F – A paisagem clássica é designada de locus amoenus. 16. V 17. V 18. F – No texto dramático, os escritores românticos manifestam preferência pela prosa. 19. F – Os escritores clássicos preocupam-se com a imitação dos modelos da Antiguidade Clássica. 20. V Avaliação da competência de leitura Verificação de leitura de Frei Luís de Sousa (página 83) 1. 1. f); 2. g); 3. i); 4. h); 5. c); 6. a).

2. 6; 9; 1; 4; 7; 2; 5; 3; 10; 8.

3. 3.1. c); 3.2. b); 3.3. a); 3.4. b); 3.5. a); 3.6. c); 3.7. b); 3.8. c); 3.9. b); 3.10. d); 3.11. a); 3.12. b).

Sequência 4 Verificação de leitura d’Os Maias (páginas 104 a 113) 1. a). 2. b). 3. Os Maias são uma família lisboeta, representante da alta burguesia, num conjunto de três gerações sucessivas: Afonso da Maia (primeira geração), Pedro da Maia (segunda geração) e Carlos da Maia (terceira geração).

4. Afonso da Maia e seu neto Carlos instalam-se no Ramalhete, em Lisboa, na rua de São Francisco, às Janelas Verdes, no outono de 1875.

5. b). 160

6. Carlos da Maia 7. Santa Olávia era uma enorme quinta, o solar que a família possuía, na margem esquerda do Douro, em Resende.

8. Era o gato «pesado e enorme angorá, branco com malhas louras», que acompanha a família para a nova morada, «o fiel companheiro de Afonso».

9. Afonso e Eduarda Runa viveram em Inglaterra. 10. Pedro é o filho de ambos e teve uma educação à antiga portuguesa, privilegiando o latim e algumas práticas fossilizadas. Maria Eduarda Runa, a sua mãe, impõe este tipo de educação ao filho, o que o «condena» ao suicídio por não o ter preparado para enfrentar as adversidades da vida.

11. Apaixona-se por Maria Monforte. 12. Esta alcunha pejorativa deve-se ao facto de o seu pai estar ligado ao comércio de escravos, de ter feito fortuna como comandante de um navio de transporte de escravos.

13. Afonso reage muito mal e não lhe dá a pretendida autorização.

Capítulos II, III e IV 1. Pedro casa com Maria Monforte contra a vontade de seu pai e partem para Itália, depois para França. 2. c). 3. Tomás de Alencar, o poeta. 4. A escolha do nome Carlos Eduardo deve-se ao facto de Maria Monforte estar a ler uma novela cujo herói tinha este nome.

5. b). 6. Pedro fica completamente transtornado, incapaz de enfrentar e resolver a adversidade, acaba por se suicidar, deixando uma carta para o pai.

7. Estudo do latim: não; exercício físico: sim; estudo de línguas vivas: sim; conhecimentos teóricos: não; conhecimentos práticos: sim.

8. Eusébio Silveira (Eusebiozinho) e Teresinha. 9. Após as diligências de Afonso para encontrar a sua neta, foi-lhe transmitido que esta morrera em Londres. 10. Carlos queria exercer a sua profissão, ser útil, o que o seduzia na medicina era essa vida a sério, prática e útil; atraiam-no agora estes lados militantes e heroicos da ciência.

11. Ega queria escrever um livro, Memórias de um Átomo. 12. Carlos montou o seu consultório num lugar nobre da capital, em pleno Rossio. 13. Steinbroken: Diplomata da Finlândia; finlandês. Craft: Sem profissão, diletante, coleciona obras; inglês. Cruges: Pianista; português. Cohen: Banqueiro; português.

Capítulos V, VI e VII 1. O avô fazia o seu whist com os velhos parceiros: D. Diogo, o Sequeira e o conde de Steinbroken, o Taveira, o Cruges, o marquês de Souselas. 161

2. c). 3. O teatro, o Grémio Literário, a casa dos Gouvarinhos (às terças-feiras), o Hotel Central, o Aterro… 4. Ega quer dizer que se vão à procura de companhia feminina para se divertirem. 5. d). 6. a). 7. No Hotel Central. 7.1 Neste jantar, Ega pretende homenagear Cohen, o marido de Raquel, por quem Ega está apaixonado e com a qual mantinha uma relação; o outro objetivo é o de apresentar Carlos à sociedade lisboeta.

8. c) teorias literárias. 9. Confrontam-se Ega e Alencar por defenderem teorias literárias diferentes: Ega é defensor das novas teorias da literatura, do realismo e naturalismo, ao contrário de Alencar que defende o ultrarromantismo; esta discussão revela uma sociedade dominada por valores tradicionais, a que se opõe uma nova geração, representante da geração de 70.

10. É Dâmaso Salcede. 11. Esta expressão é o nome de um prato (ervilhas) à Cohen, pois assim presta homenagem ao Cohen e à esposa. 12. Carlos conhece, por Alencar, alguns aspetos da vida de seus pais com os quais ele convivera, durante o período em que viveram em Lisboa.

13. b). 14. Carlos decide ir a Sintra com o objetivo de poder ver Maria Eduarda. Capítulos VIII, IX e X 1. É Cruges, pois nunca tinha ido a Sintra e sua mãe recomenda-lhe que traga as queijadas. 2. Carlos saiu de casa, passou pela rua de São Francisco para apanhar Cruges, passaram pela estrada de Benfica, seguiram via Porcalhota e finalmente o break foi penetrando sob as árvores do Ramalhão, depois de avistarem as primeiras casa de Sintra.

3. c). 4. Lawrence, Nunes, castelo da Pena. 5. c). 6. Encontraram o Eusebiozinho e o amigo Palma acompanhados de duas espanholas, a Lola e a Concha. 7. Encontraram Alencar, o poeta. 8. a). 9. Carlos deixa Sintra desolado por não ter visto ou encontrada a deusa, a brasileira que esperava encontrar. 10. O amigo de Carlos, já no regresso, sucumbido exclamou – «Esqueceram-me as queijadas». 11. Por ele estar perto da brasileira e Carlos não a ter visto. 12. O romance entre Ega e Raquel Cohen é descoberto e Ega é posto fora de casa dos Cohen. «Você, seu infame, ponha-se já no meio da rua!» 162

13. b) . 14. As corridas de cavalos decorrem numa quintarola arranjada para o efeito. 15. Carlos recebe um bilhete da Senhora Castro Gomes, de Maria Eduarda. Capítulos XI, XII e XIII 1. Maria Eduarda morava na rua de São Francisco. 2. Carlos vai a casa de Maria Eduarda a seu pedido para consultar a governanta inglesa, Miss Sara. 3. O conde de Gouvarinho decide acompanhar a esposa ao Porto que ia aos anos do pai. 4. Carlos passava as suas tardes na rua de São Francisco em grande enlevo amoroso. 5. Foi Dâmaso que também por lá apareceu e houve algum desagrado, tornando-se o ambiente um pouco pesado. 6. Instalou-se no Ramalhete. 7. d). 8. a). 9. A Condessa de Gouvarinho faz alusões indiretas às novas ocupações de Carlos, acusando-o de passar o seu tempo com a brasileira.

10. Carlos compra uma casa nos Olivais para Maria Eduarda se instalar. 11. Dâmaso revela o seu mau caráter e má formação e difama Carlos cheio de despeito, sentindo-se preterido por Maria Eduarda.

12. A Toca era o recanto idílico, nos Olivais, onde Maria Eduarda e Carlos da Maia partilharam as suas juras de amor. Objetivamente ligada à habitação de alguns animais, a toca representa simbolicamente o território de Carlos da Maia e de Maria Eduarda.

13. b). 14. Por causa da cabeça cortada e do sangue… 15. A Gouvarinho pede explicações a Carlos, discutem e terminam a relação. Capítulos XIV e XV 1. Maria Eduarda muda-se para a Toca nos Olivais. 2. A relação amorosa de Carlos e Maria Eduarda evolui e têm a intenção de ficar juntos. 3. Foi Joaquim Álvares de Castro Gomes. 4. Ele revela-lhe que Maria Eduarda não é sua mulher e que ela é afinal Madame Mac Gren, que veio para os braços dele, vindos de outros, que ela era uma mulher a quem ele pagava.

5. b). 6. Carlos ficou lívido, assombrado «só lhe restava o sentimento atordoado de uma coisa muito bela, resplandecendo muito alto, e que caia de repente, se fazia em pedaços de lama…» Carlos revolta-se e pensa na rutura.

7. Maria Eduarda conta a Carlos a sua infância, a vida atribulada com sua mãe, a sua fuga com o irlandês que morre na guerra, a filha Rosa a seu cargo; procura dar aulas de piano em Londres mas nada dá certo, a sua mãe está doente e falida, passa fome e vê a sua filha a passar privações e é aí que conhece Castro Gomes. 163

8. b). 9. Palma Cavalão. 10. São uns ditos difamatórios e injuriosos a respeito de Carlos da Maia. 11. Dâmaso Salcede, cheio de despeito. 12. Cruges e Ega vão a casa de Dâmaso desafiá-lo, a pedido de Carlos. Ega convence-o a escrever uma carta na qual se retratava e refere que estava bêbedo quando proferiu as injúrias sobre Carlos.

13. Devido ao facto de Dâmaso ter acompanhado os Cohen e a Raquel, a Sintra durante o verão. Capítulos XVI a XVIII 1. O sarau foi um verdadeiro desastre, evidenciando o gosto convencional e fossilizado dos portugueses dominados por valores caducos, enraizados num sentimentalismo educacional e sociais ultrapassados.

2. É o Senhor Guimarães, o tio de Dâmaso, que vive em Paris. 3. Ele revela que Maria Eduarda é filha de Maria Monforte e de Pedro da Maia e entrega a Ega uma caixa com documentos comprovativos.

4. É Ega que conta a Carlos toda a verdade. 5. Carlos, após uma primeira reação de revolta, continua a manter a relação incestuosa. 6. Afonso morre de desgosto, de ataque de apoplexia, no jardim do Ramalhete. 7. Carlos reconhece e aceita o castigo e decide afastar-se de Maria Eduarda. 8. Passados dez anos, Carlos regressa a Lisboa e reencontra Ega. 9. Essas pessoas evoluíram para pior, ajudando a retocar a imagem soturna da sociedade portuguesa, em contraste com a beleza da terra.

10. Que está decadente, cada vez pior – «arrasta os seus derradeiros dias, caquética e caturra, a velha Lisboa fidalga». 11. Ia casar com alguém mais velho do que ela, um casamento de conveniência «para afrontar juntos a velhice». 12. Ambos começam a dar espirros aflitivos, pois Vilaça, seguindo uma receita de almanaque, fizera espalhar camadas espessas de pimenta branca sobre os móveis, os lençóis, as roupas…

13. As suas vidas parecem pautar-se por uma espécie de fanatismo muçulmano – «Nada desejar e nada recear… Não se abandonar a uma esperança nem a um desapontamento». Porém, logo a seguir correm para apanhar o «americano» que lhes permitirá chegar a horas ao jantar que marcaram no Hotel Central. 14. O romance acaba com uma nota irónica de Carlos e Ega correndo atrás do «americano» enquanto convictamente proclamavam que nada na vida os faria apressar o passo. Podemos então concluir que a teoria que tentavam pôr em prática era apenas uma defesa para evitar novos fracassos. Talvez ambos precisassem de uma luz, de um estímulo que os fizesse sair da decadência em que se encontravam.

Avaliação da competência de compreensão oral (página 115) 1. c); 2. d); 3. a); 4. d); 5. b); 6. c); 7. a); 8. b); 9. b); 10. c).

164

Sequência 5 Leitura interativa (página 141) 1. Aquando da inauguração da Casa das Histórias, museu da pintura de Paula Rego, os convidados observavam a pintura de Paula Rego com exclamações de aprovação e até com alguma reverência, colocando a sua pintura (moderna) ao lado pintura antiga, conferindo-lhe, pois, a mesma importância. Havia, no entanto a «festa da festa», ou seja o lado social, o estar ali para se mostrar e para ser visto, as conversas de circunstância, os sorrisos, os gestos, o barulho de vozes que se entrecruza, o ruído de «copos e de corpos» de «braços que dançam em vez de pernas».

2. Segundo o autor a mundanidade, inventada por Proust é uma maneira de estar de quem nada faz/produz a que ele chama «desocupação», mas, no entanto, muito «ocupada» a gerar vazios. Afinal, mundanidade é o mundo das aparências e do jogo social.

3. a) felino, arisco, inteligente…; b) fidelidade, amiga, solidária…; c) prosperidade, poupança, economicista…; d) indefinição, ambiguidade, esperteza…

4. Tudo o que está naquela Casa, tudo o que a pintura de Paula Rego representa é, afinal, a visão do homem na sociedade com as suas forças e as suas fraquezas, a capacidade de se superar, mas também de se violentar a si ou a outrem. Assim, o génio artístico de alguns criadores tem o privilégio de tocar o mundo, ou seja, de o apreender na sua totalidade e, consequentemente, de o dominar para o destruir e para o substituir, pois, mostrando, denunciando, através da arte, contribui para que cada um se veja com maior nitidez no espelho da pintura, neste caso, nesta casa, da pintura de Paula Rego.

5. Resposta pessoal. 6. De acordo com a visão de José Manuel dos Santos, Paula Rego faz o que quer e não os que os outros esperam dela. É distante e próxima, é sempre genuína, embora saiba sempre o que dizer de modo a proteger-se, não se expondo demasiado. Não diz lugares-comuns, é muito perspicaz para tudo o que está à sua volta, analisando o comportamento das pessoas como se fizesse um estudo para os seus quadros.

7. Visualismo descritivo: Escrita cinematográfica em planos sucessivos de conjuntos de pessoas como se fossem quadros sociais. Primeiro plano de Paula Rego. Recursos expressivos (exemplos):

• Aliteração («cruzavam-se e colidiam.»). • Repetição expressiva («A casa encheu-se de gente, e mais gente, e mais gente.»). • Antítese («Paula Rego estava ali e estava fora dali. Sabe aproximar-se com distância. E sabe distanciar-se com proximidade.»).

• Enumeração («E queria levar consigo a frase ouvida, a mão agarrada, a face beijada, o quadro olhado.»; «Isto é, de segredos, de suspeitas, de ameaças, de crueldades, de crimes, de castigos. E de memórias, de enigmas, de adivinhas, de narrativas, de moralidades.»).

• Quiasmo («Todos estavam alegres por estarem ali e todos estavam ali para estarem alegres.»). • Comparação. • Ironia («Cá fora, no jardim, existia o movimento dos corpos e dos copos.»; «Havia a festa da festa: os braços dançavam em vez das pernas. Os gestos cruzavam-se e colidiam.»).

• Dupla adjetivação («fatigada e feliz»).

165

Simetrias nas construções frásicas. («Fugir para dentro de si, fugir para a pintura, fugir para Londres.»; «Todos a queriam ver, todos lhe queriam falar, todos a queriam ouvir, todos a queriam tocar.»). 8.1 Tópicos: • A pintura de Paula Rego traduz um olhar lúcido e cru da realidade social. • Desenvolve temas difíceis de ver «retratados» que nos perturbam e nos emocionam. • Os seus quadros são cheios de imaginação e ousadia que exprimem por vezes um olhar infantil. Os seus transbordam de emoções: ironia, medo, revolta e terror. • A sua enorme capacidade de observar criticamente o que vê lembra os «quadros revoltados» de Cesário Verde. • As suas figuras são pessoas vulgares, como as que habitam a poesia narrativa de Cesário Verde. • Na sua deambulação, Cesário também apreende de modo lúcido e crítico a vida social, colocando-se sempre do lado dos mais fracos e mais desfavorecidos, exprimindo as suas emoções. • Elogia os trabalhadores que honestamente ganham o seu pão e critica os que nada fazem e que exploram os mais fracos. • O poeta foca lugares nauseabundos que nunca tinham sido colocados em verso, denuncia o outro lado que sustenta a ostentação e a grandeza. • O poeta transfigura o que observa, filtrando a realidade através dos sentidos. • Cesário pinta com palavras à maneira dos impressionistas. • Paula Rego conta-nos autênticas histórias nos seus quadros.

9. Tópicos: • A busca de melhores condições de vida e de oportunidades leva as pessoas a imigrar para as grandes cidades. • Cada vez mais populosas, as cidades são espaços de modernidade, mas também de degradação, de opulência e de miséria, onde os contrastes são cada vez mais violentos. • As cidades tornaram-se em lugares de desencontros e de solidão, espaços de verdadeiras tragédias sociais, onde os idosos engrossam as estatísticas de suicídios, de maus tratos, de negligência ou de indiferença. • a inclusão é uma miragem, tal como a proximidade e as relações sociais, o encontro de culturas quase não acontece. • Na cidade, o fosso entre o egoísmo e a bondade parece muito maior e a batalha que se trava é a da humanidade. • A cidade do encontro pode também ser urbana, próxima de cada um, com grande densidade e complexidade relacional. • A cidade do futuro pode ser uma cidade de aprendizagem e de educação permanente; uma cidade nova e madura na sua liberdade e na sua intimidade. A cidade do encontro pode deixar de ser utopia e passar a ser possível.

Avaliação da competência de compreensão oral (página 143) 1. b); 2. c); 3. b); 4. c); 5. a); 6. d); 7. a); 8. c); 9. a); 10. b).

166

bdfanafgmgfmf

Interações 11.o ano • Caderno de Apoio ao Professor

View more...

Comments

Copyright ©2017 KUPDF Inc.
SUPPORT KUPDF