Brown, Peter. O Fim Do Mundo Classico

July 1, 2019 | Author: Felipe Alberto Dantas | Category: Império Romano, Império Bizantino, Mundo Ocidental, Constantino, o Grande, Alta Idade Média
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BROWN, Peter. O Fim do mundo clássico  –  de   de Marco Aurélio a Maomé. Portugal, 1972 (1971). Prefácio Tensão entre continuidade e mudança  –  declínio  declínio do mundo clássico e surgimento de uma Europa cristã. Consideração de como “os homens do fim da antiguidade

enfrentaram o

 problema da mudança”.

Primeira parte  –   esboço das mudanças da vida pública do Império de c. 200 a 400. Em seguida transform. de ordem religiosas, reli giosas, determinantes para o período (p. 9). Centro –  Mediterrâneo  Mediterrâneo Oriental; mundo bárbaro do norte periférico. Relação entre rev. social e religiosa. reli giosa. Circulação e interação cultural.

Parte 1: A última últ ima revolução romana As fronteiras do mundo clássico c. 200 À volta do grande lago  –  grandes   grandes cidades marítimas ou próximas. Controle do movimento dinâmico marítimo e a lentidão terrestre. Controle dos 10% da cidade sobre o campo. Grande riqueza  –   alimentos (sobretudo da África) (p. 12). Violência como  parte do cotidiano cotidiano e tão antiga qto qto a civilização. Império Romano  –  unido  unido pela ilusão de seu tamanho reduzido. Elite unida em exclusividade por cultura, gosto e linguagem. Bárbaros já pressão constante no interior, por volta de c.200. Tolerância à raça e religião (“diferente do colonialismo moderno”) desde que se pagasse o preço a conformidade qto à adoção do

estilo de vida, tradições, educação e línguas latina ou grega. Os que não se conformavam eram tratados de bárbaros e rústicos. Os que não desejavam, como os  judeus eram odiados odiados e desprezados. desprezados. Revivência da cultura clássica, no mundo grego do sec. II, motivada pelo  progresso econômico e iniciativa política da elite helênica. Em fins do sec. II a cultura grega é o lastro da tradição clássica disseminada na Idade Média. Época dos Antoninos e das compilações dos conhecimentos conhecimentos clássicos. Inclinação para Bizâncio e mundo oriental.

Autor esclarece objetivos do livro: “a mudança das definições das fronteiras a  partir desse período”. Declínio e queda das estruturas  políticas somente, das

províncias

romanas ocidentais que continuam sec. Após as invasões do s.V como “subcivili zação romana” ( p. 21)

O centro cultural do fim da antiguidade clássica é o mediterrâneo oriental e oriente próximos que ficam incólumes. Preocupação dos homens da época se dá mais em função a mudança dos limites e recuo mediterrânico. Influência da arte e religião da região da Mesopotâmia.  No ocidente, recuo da cultura clássica provoca modificações nos modos de vestimenta, cultura e impregnação na filosofia grega de novos sentimentos religiosos

Os novos governantes: 240-350 Reflexos das modificações em fins do sec. III. Recuo do paganismo. Grosso da pop. Protegida no interior da instabilidade  política e invasões posteriores a 240 (p. 24) “Meios que o

Império abre mão para resolver a crise de 240 a 300 marcam as

características da futura evolução da última s ociedade antiga” Revela contraste entre o coração mediterrânico do Império e mundo mais  primitivo e frágil da fronteiras ou entre a paz duradoura da qual dependia o domínio aristocrático romano e a guerra no norte e nas fronteiras. Império de desconjura a partir daí tendo que sustentar a guerra em várias fronteiras. Sem estar preparado para isso perde a disciplina em diversa províncias (exercito depõe 25 imperadores em 47 anos p. 24). Contrasta com a moda barroca dos Antoninos. Império salvo por revolução militar  –   aristocracia senatorial expulsa dos comandos militares pós 260, obrigados a partir de então, de fazerem carreira; Divisão em pequenos destacamentos para melhor distribuição; Gerando necessidades de maior  burocracia o que leva a + custos e consequentemente + impostos. Qdo Diocleciano sobe ao trono, exercito tinha se transformado em viveiro de talentos, que desalojou autocracia tradicional (p. 28).

Com Constantino vemos uma aristocracia de serviços, assalariada. Imperadores abandonam a toga e vestem-se como guerreiros. Pos 312  –   cristianização do estado  –   recrutas: homens novos da alta classe do estado (p.29).  Nova classe governamental  –   mais jovens educados na ideias clássicas conservadoras com “trompe oeuil” no qual poderiam

se encostar;

Cultura-sucesso – esforço consciente de “regresso às raízes do passado”. Títulos como o de cônsul mais importando pela antiguidade que pelos méritos do possuidor. Mestres buscados nas cidades helênicas. Processo de aristocratização pela  Paideia. Cristianismo disputando esse espaço: bispo como descendente do homem de letras da antiguidade (p.34) Revolução cultural sob o baixo Império  –   explosão do gênio criador de estilo vigoroso e inquieto  – (“como sucede quando um ancién regime é sacudido”)

Restauração de um mundo: a sociedade romana do sec. IV Roma c. 350  –   sentimento de reparatio Saeculi. Modificações culturais e “ 

religiosas do fim da antiguidade não tem imagem de um mundo aterrado pela sombra de uma catástrofe”

Traço mais característico  –  fosso maior entre ricos e pobres (classe dominante 5 vezes mais ricas que senadores do sec. I). {A maior visibilidade talvez seja responsável  pelo choque dos tradicionalistas}. Pequenas cidades ganham importância e prosperidade mediterrânica aumenta. conseq. do aumento do imposto predial rústico que triplica. Senadores passam a residir nas províncias ondem possuíam propriedades e se tornam intermediários entre Roma e os pequenos (p.40)  –   modelo do santo patrono da Idade Média. Sociedades ganha tons locais e mais privados. Reforça por vezes a cultura romana, pela intensidade da vida local. Desaparece mesmo o  glacis econômico e cultural entre o mediterrâneo e as fronteiras. Ao longo do Reno e Danúbio surgem vilas Ricas e fronteiras são estabilizadas.

Dentro do Império todo homem pode considerar como parte da Romania {etnogenese}  –  lealdade fica mais próxima do que a velha nostalgia do “senado”. No oriente o Império é o Imperador (p.44)  –  culto ao imperador decorre disso. Diferença importante  –   no Oriente há mais colaboradores que no ocidente, e mais prósperos. No oriente, comercio e cidades prósperas no interior mediterrânicos dão origem a uma sociedade mais equilibrada e igualitária (p.48)  –  legado mais importante do mundo antigo é esse contraste de vida do ocidente/oriente. Embora “haja uma adaptação a uma nova ordem social e política, importantes

modificações religiosas se operaram entre a época da restauração e o mundo clássico de 200”, denunciados nos rostos concentrados e olhares profundos das estátuas (p.49)

II A Religião

O Novo ambiente: direção do pensamento religioso c. 170-300 Sec. III  –   maior interesse na religião tradicional que na filosofia e cultura; absorvedora de exotismo e supersticiosa. Um sec. Depois o cristianismo rompe com a tradição. Embate Celso x Orígenes (tributário do gnosticismo  – “sondar a profundidade do verdadeiro conhecimento” p. 52).

Ideia tradicional dos deuses como espíritos ativos de força superior insondável, que zela pela comunidade e indivíduo. Assim o cristianismo representaria um ato contra a cidade. Pensamentos e ansiedades de um novo espírito pos-170: Certeza de possuir algo infinitamente superior sem relação com o mundo exterior; preocupações tradicionais vistas como medíocres; homem como agente das forças divinas; conversão=revelação  –   liberta o homem médio das muralhas da excelência moral das classes altas; surgimento do demônio patrocinado pela Igreja: bem x mal –  judaísmo>zoroastrismo. Filósofos se insurgem contra a ideia de revelação.

Sentimento contemporâneo de auge da cultura clássica, ao mesmo tempo que um novo espírito revolucionário toma lugar (62). Heróis até então são os sofistas e não santos. “Quando a vida pública das antigas cidades é apagada pelas frias necessidades

 públicas a dianteira é tomada pela igreja cristã.

Crise nas cidades: o aparecimento do cristianismo Taciano constata a experiência de Império oposta à das classes dominantes  –   para mais humildes horizonte vasto. Abertura pelo comércio e emigração. Anulação entre as classes baixas do sentimento de lealdade e tradição local de que dependiam as classes superiores (66). Classes médias são as primeiras a se converterem, tocados pelas ansiedades e incertezas de suas novas posições. Determinante –  alastramento dos cultos orientais entre os sécs. I e II.  –  restituem o sentimento de intimidade e lealdade que perderam para com a cidade. Em contrapartida a cultura clássica abandona uma linguagem flexível e viva para se proteger num barroquismo do “ático arcaico”, fechado a um escol altamente educado.

Isso amplia o fosso para com as classes baixas (67). A literatura gnóstica testemunha saída dos que não poderiam recorrer aos filósofos para resolverem seus urgentes problemas. Apologistas cristão valorizam a simplificação, para fazerem chegar mais facilmente seus discursos (nisso o desprezo das elites). Ascenção do cristianismo ligado às transformações sociais ocorridas no contexto. Alastramento no séc. III surpreendente  –   ela trazia algo que faltava à vida  pública da cidade (68). Diferença com os cultos orientais pela intolerância com o mundo exterior. Certeza de pertencimento a um grupo distinto reforça a impressão causada; sucesso onde a soc. Romana era mais fluida (Ásia Menor). Valores para o sucesso  –  deraciné, fraternidade e igualdade entre os membros. Fortunas pessoais empregadas mais pessoalmente. Mundo mais caseiro e mundano (diminui por volta de 250 inscrições em honra aos deuses). Maior medida da crise da cidade –  rigor da vida interior.

Solidariedade cristã face crescente fosso social e cultural “ser cristão, em

250,

dava mais garantias a um homem do que ser cives romanus”. Mas a solidariedade era

interna e recrutamento selecionado. Pequena paz (260  –  302) Império voltado para as fronteiras, volta as costas para o que se passa nas cidade mediterrânicas.

Últimos helenos: filosofia e paganismo c. 260-360 Força de revivências culturais  –   combate ao gnosticismo (invasão barbara do espirito) e cristianismos, justamente onde cristianização se dá via estado (oriente). Helenos moldam a filosofia clássica herdade na idade média, e também o cristianismo, judaísmo e islã. O Mundo para os filósofos torna-se mistério dotado de sentidos. Cristãos  –   herdeiros de Plotino, que por sua vez fora contaminado pelos gnósticos. Consolação p/ pagãos: refúgio dos deuses nos invisível e intangível  –  estrelas.

Conversão ao cristianismo 300-363 À essa época já assentado nas grandes cidades com destaque p/ Alexandria e Antioquia. De sectários a absorvedores do Império (episódio mais decisivo do séc.III  p.88). Conversão de Constantino precedida da conversão do cristianismo à cultura e ideia de Império romano {processo igual ao de Clóvis}.  Numa crosta de cidade no vasto império, o exército já é elemento estranho. E a  partir de Diocleciano estrangeiro. Esse imperador embora tradicionalista, estava mais  preocupado com a sobrevivência do império que com a cultura. Ao voltar da guerra dáse o último terror cristão. Cristãos salvo em 312, pela conversão de Constantino  –   à luz da interpretação cristã  –   torna-se o salvador do império (93)  –   período da grande paz. Sob seu filho  bispos juntam-se à burocracia. Época dos embates entre Arius x Atanásio. Juliano, o apostata  –   restaurador pagão  –   instruído pelos helenos  –   enxerga a ameaça representada à cultura helênica pelo cristianismo, mas não vê o potencial desses últimos, como propagadores da cultura clássica.

A nova sociedade: monarquismo e expansão cristã 300-400 Surgimento do monarquismo  –   Antão contemporâneo de Plotino  –   ambiente ideológico e cultural comum  –   ambos admirados por conquistarem domínio divino do espírito sobre o corpo. Diferença: para Plotino brota da cultura tradicional; para Antão,  pela Anacorese (102). Monges  –   grande prestígio na Síria e Egito (contra o individualismo sírio). Lutadores contra demônios e intercessores  –  fim do mundo para os pagãos, perseguidos. Cristianismo assume proeminência com conivência dos imperadores (astúcia contra fome e rebelião). Império torna-se comunidade de cidades, governadas mtas por bispos Ideia do juízo final  –  medo do Cristo Juiz e imperador Monge como aquele que antecipa as penas  –   drástico exemplo que ajuda os cristãos a melhor se prepararem (113). Paradoxo –  bispos mais partidários são os que mais trabalham na implantação da Igreja no Império, inclusive solicitando auxilio dos imperadores. Identidade maior no Oriente, mais preparados por isso às tribulações do séc. (117). Até 400, a vida converge p/ o Mediterrâneo. Bispos fazem homens identificarem com o mundo urbano e pacifico e esquecerem-se do exterior bárbaro. Por isso a surpresa das invasões. “A história da antiguidade posterior a 400 é de como se

adaptam, ao aparecerem

os novos estrangeiros no oriente e no ocidente, as diferentes sociedades, cujas atitudes e estruturas são descritas na segunda parte do livro”

Parte II: legados divergentes Ressurreição do ocidente Qdo Valentiano vem à Roma em meados do séc. IV, encontra cidade atrasada, face ao centro cultural do Império, no Oriente. Aristocracia levando vida mais retraída, pautada em relações tentaculares.

Igreja mantém-se como grupo fechado, escol superior (3ª grande época da literatura latina, de Ausonio, Jeronimo, Paulino, Agostinho. Por volta de 400, o ocidente reencontra uma personalidade, mas 2 gerações depois desaparece politicamente (124). Fraqueza econômica e social: determinantes são o alheamento da igreja e do senado à sorte do exército. Para esse último a grande surpresa das invasões, por considerar o Oriente mais fraco (habilidade diplomática mais do que militar). Depois de Teodósio a administração cai nas mão de uma aristocracia senatorial amadora: adaptação da máquina governamental ao patrimonialismo e rede de favores e  beneficiamento pessoal {visão bem negativa de Brown). Período de forte patriotismo pela ideologização da Roma eterna legada à idade média. Fator responsável pela intolerância frente aos bárbaros, que não podem ser nem dominados, nem assimilados. Elite bárbara seduzida por Roma, como atesta o testemunho de Teodorico (131). Inabilidade e intolerância que leva ao saque de Roma de 410. Bárbaro visto com sucessor do soldado romano. Francos como exceção à regra. Últimos a chegar, em pouco contingente e agrupados no norte são bem recebidos pelo senado e bispos do sul da Gália. Sentem-se mais livres para converterem-se.

O preço da ressureição: a sociedade ocidental de 450-600

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