Botânica para designers e arquitetos

April 21, 2019 | Author: Anna Cristina | Category: Plants, Landscape Architecture, Natural Environment, Flowers, City
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Sobre paisagismo, uso e manejo de espécies....

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Botânica  para designers e arquitetos TERMOS TÉCNICOS PARA ESPECIFICAÇÃO DE PROJETOS PAISAGÍSTICOS  ADRIAN  ADR IANA A CARL CARLA A DE AZE AZEVED VEDO O BOR BORBA BA

Botânica  para designers e arquitetos TERMOS TÉCNICOS PARA ESPECIFICAÇÃO DE PROJETOS PAISAGÍSTICOS  ADRIAN  ADR IANA A CARL CARLA A DE AZE AZEVED VEDO O BOR BORBA BA

© 2013. odos os direitos reservados à APEC - Sociedade Potiguar de Educação e Cultura S.A. Milton Camargo

PRESIDENE Profª. Sâmela Soraya Gomes de Oliveira 

REIORA  Profª. Sandra Amaral de Araújo

PRÓ-REIORA ACADÊMICA  Patrícia Gallo  Adriana Evangelista 

EDIORA UNIVERSIDADE POIGUAR – EdUnP  Jucilândia Braga Lopes Tomé

REVISÃO LINGUÍSICA   Adriana Evangelista 

REVISÃO NORMAIVA  Firenzze - Making Apps

PROJEO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO

Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou duplicada  sem a autorização expressa da APEC.

B726b Borba, Adriana Carla de Azevedo. Botânica para arquitetos : termos técnicos para especificação de projetos paisagísticos / Adriana Carla de Azevedo Borba. – Natal: Edunp, 2013. 198p. : il.

 

ISBN: 978-85-8257-004-3 E-Book

1. Botânica – arquitetura. 2. Paisagismo. I. ítulo. RN/UnP/BCSF

CDU 581:72

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Sumário  AGRADECIMENTOS RESUMO LISTA DE FIGURAS

31 37 59

Introdução Orientações para o projeto paisagístico

189 Partes consituintes das plantas Raiz

59

Caule

92

Folha

136

Flor

166

Fruto

182

193 Considerações finais Referências

 Agradecimentos Gostaria de agradecer ao meu orientador, professor Eugênio Mariano, verdadeiro mentor intelectual, e até espiritual, desta obra, sem o qual a mesma não teria frutificado: em um momento em que o projeto estava tendo de ser abandonado, Eugênio não desistiu de mim, e moveu céus e terras para viabilizar o trabalho “Adriana, vá e faça, deixe que dessas burocracias eu cuido”... Agora, cerca de dez anos depois, o “fruto” vira semente e cairá nas mãos merecidas de estudiosos e curiosos de Paisagismo. É um ciclo precioso que se fecha, Eugênio. A você, meu eterno agradecimento! Meu agradecimento a Socorro Borba, minha mãe, pela revisão do texto - especialmente nas referências e questões metodológicas -, e pela coragem, pela força, pelo carinho.  A Tiago Luiz, meu noivo, pelas digitações da versão definitiva, pela revisão das legendas e fontes e, sobretudo, pela paciência, abnegação e companheirismo que teve comigo neste ano tão atribulado - só muito amor mesmo para aguentar tanto estresse!

ambém agradeço a Napoleão Nunes, pelas belíssimas ilustrações feitas, exclusivamente, para esta obra e pela diagramação original. Um agradecimento especial aos amigos do curso de Arquitetura e Urbanismo, bem como aos professores, com os quais conquistei o “pique” de trabalho que permitiu suportar jornadas extenuantes em frente ao computador, produzindo esta obra no decorrer do último semestre de faculdade.

Resumo Os profissionais designers e arquitetos urbanistas, dentre os vários campos de trabalho oferecidos pelas profissões, podem optar por atuar na área de Paisagismo, ou seja, lidar com planejamento e execução da construção da paisagem. Para o bom desempenho desta atividade, o projetista deve estar imbuído de uma série de conhecimentos sobre construção, materiais, estética, conforto ambiental, dentre outros; verifica-se, contudo, a importância fundamental do estudo de Botânica, tendo em vista a adequabilidade dos vegetais empregados no projeto, buscando assim tornar o paisagismo proposto exequível. Analisando a carga horária da maioria das disciplinas de paisagismo oferecidas pelos cursos de Design de Interiores e de  Arquitetura e Urbanismo cadastrados junto à ABEA, constatou-se uma insuficiência de tempo para desenvolver uma ementa na qual estivessem inclusos fundamentos de Botânica. Desta forma, estes profissionais saem da universidade para o mercado de trabalho desprovidos de conhecimentos mínimos para realizar trabalhos paisagísticos satisfatórios. endo em vista atenuar estas dificuldades de lidar com a paisagem, este trabalho oferece aos estudantes, professores e profissionais do

ramo, um instrumento a mais para o estudo de Botânica, no qual as informações botânicas são passadas em uma maneira mais simples e com linguagem analogicamente mais acessível aos projetistas, com uso de ilustrações relacionando os funcionamentos/ morfologias dos vegetais aos dos elementos arquitetônicos, procurando assim uma maior integração e intercâmbio entre as diferentes disciplinas. Além disto, são vistas com recorrencia as nomenclaturas científicas dos vegetais, com o objetivo de familiarizar o estudante com os termos em latim e facilitar a elaboração dos Memoriais Botânicos — nos quais são fornecidos os dados sobre os vegetais utilizados no projeto paisagístico.

Lista de fguras

39

FIGURA 1A FIGURA 1B

RAIZ Fonte: Napoleão Nunes, 2000. PORTA Fonte: Napoleão Nunes, 2000.

40

FIGURA 2A FIGURA 2B

CAULE Fonte: Napoleão Nunes, 2000. CORREDOR Fonte: Napoleão Nunes, 2000.

41

FIGURA 3A FIGURA 3B

FOLHA Fonte: Napoleão Nunes, 2000. COZINHA Fonte: Napoleão Nunes, 2000.

43

FIGURA 4A FIGURA 4B

FLOR Fonte: Napoleão Nunes, 2000. SALA Fonte: Napoleão Nunes, 2000.

44

FIGURA 5A FIGURA 5B

FLOR Fonte: Napoleão Nunes, 2000. QUARTO Fonte: Napoleão Nunes, 2000.

45

FIGURA 6A FIGURA 6B

FRUTO Fonte: Napoleão Nunes, 2000. ESCRITÓRIO Fonte: Napoleão Nunes, 2000.

46

FIGURA 7B FIGURA 8B

FUNDAÇÃO Fonte: Napoleão Nunes, 2000. PILARES Fonte: Napoleão Nunes, 2000.

47

FIGURA 9A FIGURA 9B

FOLHAS E FLORES Fonte: Napoleão Nunes, 2000. COBERTURA Fonte: Napoleão Nunes, 2000.

49

FIGURA 10B FIGURA 11B

51

FIGURA 12B CIRCULAÇÃO VERTICAL Fonte: PIANCA, João Baptista. Manual do construtor. Porto Alegre: Globo, 1978, p. 542. FIGURA 13B APARTAMENTOS SIMPLES Fonte: REVISTA Casa e Jardim. São Paulo: Ed. Globo, vol. 47, nº 550, p. 90-91, nov. 2000.

52

FIGURA 14B APARTAMENTOS DE LUXO Fonte: REVISTA Projeto Design. São Paulo: Arco editorial, nº 226, p. 35 e 37, nov. 1998. FIGURA 15A FLORESTA Fonte: STERLING, Tom. A amazônia: as regiões selvagens do mundo, São Paulo: Cidade Cultural, 1983, p.03.

53

FIGURA 15B CIDADE Fonte: Centro Histórico de São Luiz - Maranhão: patrimônio mundial. Coord. Luiz Phelipe de Carvalho Castro Andrès. São Paulo: Audichromo, 1998, p. 26. FIGURA 16B GRANDES LATIFÚNDIOS Fonte: RAVEN, Peter, EVERT, Ray F., CURTIS, Helena. Biologia Vegetal. Trad. Patrícia Lydie Voeux (et al). 2 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Dois, 1985, p. 13.

CANTEIRO DE OBRAS Fonte: Napoleão Nunes, 2000. PORTÃO DE ENTRADA/GUARITA Fonte: Napoleão Nunes, 2000.

54

FIGURA 17B SISTEMA VIÁRIO Fonte: REVISTA Veja. São Paulo: Ed. Abril, vol. 33, nº 14, de 05 de abril de 2000, p. 125. FIGURA 18B GRANDES CENTROS URBANOS REVISTA Época. São Paulo: Ed. Abril, vol. 03, nº 109, de 19 de  junho de 2000, p. 09.

55

FIGURA 19B1 FIGURA 19B2

GRANDES CENTROS URBANOS - CAPITAL DO PAÍS Ver Crédito da Foto GRANDES CENTROS URBANOS - CIDADES SUSTENTÁVEL Ver Crédito da Foto

56

FIGURA 19B3

GRANDES CENTROS URBANOS - CIDADE INDUSTRIALIZADA Ver Crédito da Foto.

63

FIGURA 20A FIGURA 21B

64

FIGURA 22B ESTRUTURAS EXCÊNTRICAS Fonte: Napoleão Nunes, 2000. FIGURA 23B MOMENTO INICIAL DA CONCRETAGEM Fonte: EQUIPE de Obra, São Paulo: Pini, ano IX, n. 55, p. 38, jan. 2013.

65

FIGURA 24B CONCRETO COMO BLOCO MONOLÍTICO DE PEDRA Fonte: GOSSEL, Peter, LEUTHÄUSER, Gabriele. Arquitetura no século XX. Espanha: Taschen, 1996, p. 234. FIGURA 25B CINTA Fonte: Napoleão Nunes, 2000.

66

FIGURA 26B CONSTRUÇÃO TRADICIONAL Fonte: GOSSEL, Peter, LEUTHÄUSER, Gabriele. Arquitetura no  século XX. Espanha: Taschen, 1996, p. 69. FIGURA 27B CONSTRUÇÃO MODERNISTA Fonte: GOSSEL, Peter, LEUTHÄUSER, Gabriele. Arquitetura no  século XX. Espanha: Taschen, 1996, p. 227.

67

FIGURA 28A FIGURA 28B

PARTES CONSTITUINTES DA RAIZ Fonte: Napoleão Nunes, 2000. BUCHA Fonte: Napoleão Nunes, 2000.

RAIZ AXIAL OU PIVOTANTE Fonte: Napoleão Nunes, 2000. ESQUEMA VETORIAL DA RAIZ AXIAL OU PIVOTANTE Fonte: Napoleão Nunes, 2000.

70

FIGURA 29A FIGURA 29B

RAIZ RAMIFICADA Fonte: Napoleão Nunes, 2000. ESQUEMA VETORIAL DA RAIZ RAMIFICADA Fonte: Napoleão Nunes, 2000.

71

FIGURA 30A FIGURA 30B

RAIZ FASCICULADA Fonte: Napoleão Nunes, 2000. ESQUEMA VETORIAL DA RAIZ FASCICULADA Fonte: Napoleão Nunes, 2000.

72

FIGURA 31A FIGURA 31B

RAIZ AXIAL TUBEROSA Fonte: Napoleão Nunes, 2000. ESQUEMA VETORIAL DA RAIZ AXIAL TUBEROSA Fonte: Napoleão Nunes, 2000.

73

FIGURA 32A FIGURA 32B

RAIZ ADVENTÍCIA TUBEROSA Fonte: Napoleão Nunes, 2000. ESQUEMA VETORIAL DA RAIZ ADVENTÍCIA TUBEROSA Fonte: Napoleão Nunes, 2000.

77

FIGURA 33A RAIZ SECUNDÁRIA TUBEROSA Fonte: CORDEIRO, Ruth, NUNES, Vivian do Amaral, ALMEIDA, Cristina Rosa de. Plantas que curam. Cajamar - SP: Três, 1998, p. 88. FIGURA 33B ESQUEMA VETORIAL DA RAIZ SECUNDÁRIA TUBEROSA Fonte: Napoleão Nunes, 2000.

78

FIGURA 34A RAIZ AQUÁTICA NATANTE Fonte: LORENZI, Harri, SOUZA, Hermes M. de. Plantas ornamentais do Brasil. São Paulo: Instituto Plantarum, 2 ed., 1999, p. 909. FIGURA 34B CONSTRUÇÃO FLUTUANTE Fonte: REVISTA Época, ano III, nº 113, de 17 de julho de 2000, p. 108.

79

FIGURA 35A RAIZ AQUÁTICA LODOSA Fonte: LORENZI, Harri, SOUZA, Hermes M. de. Plantas ornamentais do Brasil. São Paulo: Instituto Plantarum, 2 ed., 1999, p. 813. FIGURA 35B BASE DE PRODUÇÃO DE PETRÓLEO Fonte: Revista Época, ano III, nº 110, de 26 de junho de 2000, p. 99.

80

FIGURA 36A RAIZ CINTURA OU ESTRANGULADORA Fonte: GRAF, Alfred Byrd. Tropica: color cyclopedia of exotic plantas and trees. New Jersey: Roehrs, 1992, p. 195. FIGURA 36B FAVELA Fonte: Revista Veja, ano 33, nº 29, de 19 de julho de 2000, p. 50

81

FIGURA 37A RAIZ GRAMPIFORME OU ADERENTE Fonte: LORENZI, Harri, SOUZA, Hermes M. de. Plantas ornamentais do Brasil. São Paulo: Instituto Plantarum, 2 ed., 1999, p. 766. FIGURA 37B CONSTRUÇÕES EM PLANALTOS OU TERRENOS MONTANHOSOS Fonte: ARDAGH, John,  JONES, Colin. Grandes impérios e civilizações: França, uma civilização essencial. Espanha: Del Prado, 1997, vol. II,  p. 221.

83

FIGURA 38A RAIZ RESPIRATÓRIA OU PNEUMATÓFORO Fonte: GRAF, Alfred Byrd. Tropica: color cyclopedia of exotic plantas and trees. New Jersey: Roehrs, 1992, p. 841. FIGURA 38B CATEDRAL GÓTICA Fonte: ADARGH, John, JONES, Colin. França: uma civilização essencial. Espanha: del Prado, 1997, vol, 2, p. 41.

85

FIGURA 39A RAIZ SUGADORA OU HAUSTÓRIOS Fonte: LORENZI, Harri. Plantas daninhas do Brasil. São Paulo: Instituto Plantarum, 3 ed., 2000, p. 205. FIGURA 39B ALDEIAS INDÍGENAS OU PRIMITIVAS Fonte: STERLING, Tom. A amazônia: as regiões  selvagens do mundo, São Paulo: Cidade Cultural, 1983, p.149.

89

FIGURA 40A RAIZ SUPORTE OU FÚLCREA Fonte: VIDAL, Waldomiro Nunes, VIDAL, Maria Rosaria Rodrigues. Botânica Organografia: quadro sinóticos ilustrados de fanerógamos. 3 ed. Viçosa: UFV, 1986, p. 103. FIGURA 40B PILOTIS DE UM EDIFÍCIO Fonte: GOSSEL, Peter, LEUTHÄUSER, Gabriele. Arquitetura no século  XX. Espanha: Taschen, 1996, p. 172.

90

FIGURA 41A RAIZ TABULAR Fonte: GRAF, Alfred Byrd. Tropica: color cyclopedia of exotic plantas and trees. New Jersey: Roehrs, 1992, p. 649. FIGURA 41B FORTE COM FUNDAÇÃO EM PEDRA Fonte: SIQUEIRA, Ricardo. Fortes e faróis. Rio de  Janeiro: R. Siqueira, 1997, p. 143.

91

FIGURA 42A GAVINHAS Fonte: GRAF, Alfred Byrd. Tropica: color cyclopedia of exotic plantas and trees. New  Jersey: Roehrs, 1992, p. 753. FIGURA 43A TUBULAÇÃO HIDRO SANITÁRIA Fonte: TUBOS E CONEXÕES TIGRE S.A. Divisão de produto. Departamento de Assistência técnica. Manual técnico de instalações hidráulicas e sanitárias. 2 ed. São Paulo: Pini, 1991, p. 38

95

FIGURA 44B FIGURA 45B

REFORMA DA EDIFICAÇÃO NO SENTIDO HORIZONTAL Fonte: Napoleão Nunes, 2000. REFORMA DA EDIFICAÇÃO NO SENTIDO VERTICAL Fonte: Napoleão Nunes, 2000.

WEXLER, Madelin. Dinig in style: 50 great hotel restaurants of the world. New York: PBC International,

96

FIGURA 46A 1996, p. 28. FIGURA 47A

PARTES CONSTITUINTES DO CAULE Fonte: Napoleão Nunes, 2000.

97

FIGURA 48B MARCAÇÃO DE PÉ DIREITO DA CASA Fonte: Napoleão Nunes, 2000. FIGURA 49B O “ENTRENÓ” SERIA O PONTO MÉDIO Fonte: MONTENEGRO, Gildo A. Desenho  Arquitetônico. 3 ed. São Paulo: Edgard Blücher, 1997, p. 51-52.

99

FIGURA 50A CAULE HERBÁCEO Fonte: LORENZI, Harri. Plantas daninhas do Brasil. São Paulo: Instituto Plantarum, 3 ed., 2000, p. 158. FIGURA 51A CAULE SEMILENHOSO OU SUBLENHOSO Fonte: LORENZI, Harri. Plantas daninhas do Brasil. São Paulo: Instituto Plantarum, 3 ed., 2000, p. 51. FIGURA 52A CAULE LENHOSO Fonte: GRAF, Alfred Byrd. Tropica: color cyclopedia of exotic plantas and trees. New Jersey: Roehrs, 1992, p. 341. FIGURA 53A CAULE COM DESENVOLVIMENTO DE ERVA Fonte: LORENZI, Harri. Plantas daninhas do Brasil. São Paulo: Instituto Plantarum, 3 ed., 2000, p. 161. FIGURA 53B EDIFICAÇÃO TIPO “ERVA” VEJA, São Paulo: Ed. Abril, ed. 2286, ano 45, n. 37,p. 33, 12 de  setembro de 2012.

101

FIGURA 54A CAULE COM DESENVOLVIMENTO DE SUBARBUSTO Fonte: LORENZI, Harri. Plantas daninhas do Brasil. São Paulo: Instituto Plantarum, 3 ed., 2000, p. 83. FIGURA 54B EDIFICAÇÃO TIPO “SUBARBUSTO” Fonte: GOSSEL, Peter, LEUTHÄUSER, Gabriele.  Arquitetura no século XX. Espanha: Taschen, 1996, p. 275. FIGURA 55A CAULE COM DESENVOLVIMENTO DE ARBUSTO Fonte: LORENZI, Harri, SOUZA, Hermes M. de. Plantas ornamentais do Brasil. São Paulo: Instituto Plantarum, 2 ed., 1999, p. 121. FIGURA 55B EDIFICAÇÃO TIPO “ARBUSTO” Fonte: GOSSEL, Peter, LEUTHÄUSER, Gabriele. Arquitetura no  século XX. Espanha: Taschen, 1996, p. 300. FIGURA 56A CAULE COM DESENVOLVIMENTO DE ÁRVORE Fonte: GRAF, Alfred Byrd. Tropica: color cyclopedia of exotic plantas and trees. New Jersey: Roehrs, 1992, p. 341.

103

FIGURA 56B EDIFICAÇÃO TIPO “ÁRVORE” Fonte: REVISTA Veja. São Paulo: Ed. Abril, vol. 33, nº 14, de 05 de abril de 2000, p. 86. FIGURA 57A CAULE COM DESENVOLVIMENTO DE LIANA Fonte: LORENZI, Harri. Plantas daninhas do Brasil. São Paulo: Instituto Plantarum, 3 ed., 2000, p. 77. FIGURA 58A CAULE COM FORMATO CILÍNDRICO Fonte: GRAF, Alfred Byrd. Tropica: color cyclopedia of exotic plantas and trees. New Jersey: Roehrs, 1992, p. 807. FIGURA 58B REPRESENTAÇÃO ESQUEMÁTICA DA SEÇÃO DO CAULE COM FORMATO CILÍNDRICO Fonte: Napoleão Nunes, 2000. FIGURA 59A CAULE COM FORMATO COMPRIMIDO OU ACHATADO Fonte: GRAF, Alfred Byrd. Tropica: color cyclopedia of exotic plantas and trees. New Jersey: Roehrs, 1992, p. 244. FIGURA 59B REPRESENTAÇÃO ESQUEMÁTICA DA SEÇÃO DO CAULE COM FORMATO COMPRIMIDO OU ACHATADO Fonte: Napoleão Nunes, 2000.

105

FIGURA 60A CAULE COM FORMATO ANGULOSO TRIGONAL Fonte: LORENZI, Harri. Plantas daninhas do Brasil. São Paulo: Instituto Plantarum, 3 ed., 2000, p. 251. FIGURA 60B REPRESENTAÇÃO ESQUEMÁTICA DA SEÇÃO DO CAULE COM FORMATO ANGULOSO TRIGONAL. Fonte: Napoleão Nunes, 2000. FIGURA 61A CAULE COM FORMATO ANGULOSO TETRAGONAL Fonte: LORENZI, Harri. Plantas daninhas do Brasil. São Paulo: Instituto Plantarum, 3 ed., 2000, p. 382. FIGURA 61B REPRESENTAÇÃO ESQUEMÁTICA DA SEÇÃO DO CAULE COM FORMATO ANGULOSO TETRAGONAL. Fonte: Napoleão Nunes, 2000. FIGURA 62A CAULE COM FORMATO ESTRIADO Fonte: GRAF, Alfred Byrd. Tropica: color cyclopedia of exotic plantas and trees. New Jersey: Roehrs, 1992, p. 271. FIGURA 62B REPRESENTAÇÃO ESQUEMÁTICA DA SEÇÃO DO CAULE COM FORMATO ESTRIADO. Fonte: Napoleão Nunes, 2000.

107

FIGURA 63A CAULE COM FORMATO BOJUDO OU BARRIGUDO Fonte: GRAF, Alfred Byrd. Tropica: color cyclopedia of exotic plantas and trees. New Jersey: Roehrs, 1992, p. 195. FIGURA 63B REPRESENTAÇÃO ESQUEMÁTICA DA SEÇÃO DO CAULE COM FORMATO BOJUDO OU BARRIGUDO Fonte: Napoleão Nunes, 2000. FIGURA 64A CAULE TIPO TRONCO Fonte: GRAF, Alfred Byrd. Tropica: color cyclopedia of exotic plantas and trees. New Jersey: Roehrs, 1992, p. 477. FIGURA 64B ESTRUTURA DE PIRÂMIDES ESCALONADAS Fonte: GOITIA, Fernando Chueca et ll. História Geral da Arte: Arquitetura III. Espanha: Del Prado, 1996, p. 83. FIGURA 65A CAULE TIPO HASTE Fonte: LORENZI, Harri. Plantas daninhas do Brasil. São Paulo: I nstituto Plantarum, 3 ed., 2000, p. 160.

109

FIGURA 65B PONTOS DE ÔNIBUS Fonte: ARQUITETURA e Construção, São Paulo: Ed. Abril, a no 27, n. 10, p. 38, out. 2011. FIGURA 66A CAULE TIPO ESTIPE, ESPIQUE OU ESTÍPITE Fonte: GRAF, Alfred Byrd. Tropica: color cyclopedia of exotic plantas and trees. New Jersey: Roehrs, 1992 , p. 801.

110

FIGURA 66B COLUNA CILÍNDRICA Fonte: GOITIA, Fernando Chueca et all. História Geral da Arte: Arquitetura I. Espanha: Del Prado, 1996, p. 70. FIGURA 67A COLMO CHEIO OU CÁLAMO Fonte: GRAF, Alfred Byrd. Tropica: color cyclopedia of exotic  plantas and trees. New Jersey: Roehrs, 1992, p. 511.

111

FIGURA 68A COLMO FISTULOSO OU MEDULAR Fonte: GRAF, Alfred Byrd. Tropica: color cyclopedia of exotic plantas and trees. New Jersey: Roehrs, 1992, p. 509. FIGURA 68B TUBOS CILÍNDRICOS VAZADOS Fonte: Napoleão Nunes, 2000.

113

FIGURA 69A CAULE ESCAPO Fonte: LORENZI, Harri, SOUZA, Hermes M. de. Plantas ornamentais do Brasil. São Paulo: Instituto Plantarum, 2 ed., 1999, p. 156. FIGURA 69B MÃO FRANCESA Fonte: MONTENEGRO, Gildo A. Desenho Arquitetônico. 3 ed. São Paulo: Edgard Blücher, 1997, p. 157

114

FIGURA 70A CAULE PROSTRADO Fonte: CORDEIRO, Ruth, NUNES, Vivian do Amaral, ALMEIDA, Cristina Rosa de. Plantas que curam. Cajamar - SP: Três, 1998, p. 319. FIGURA 71A EDIFICAÇÃO HORIZONTALIZADA 01 Fonte: GOSSEL, Peter, LEUTHÄUSER, Gabriele.  Arquitetura no século XX. Espanha: Taschen, 1996, p. 226.

115

FIGURA 71B CAULE ESTOLÃO, RADICANTES OU ESTOLHOS Fonte: CORDEIRO, Ruth, NUNES, Vivian do  Amaral, ALMEIDA, Cristina Rosa de. Plantas que curam. Cajamar - SP: Três, 1998, p. 328. FIGURA 72A CAULE SARMENTOSO Fonte: GRAF, Alfred Byrd. Tropica: color cyclopedia of exotic plantas and trees. New Jersey: Roehrs, 1992, p. 815.

117

FIGURA 72B TIRANTES OU CABOS DE SUSPENSÃO Fonte: ENGEL, Heino. Sistemas de estruturas. Trad. Carlos Antônio Lauand. São Paulo: Hemus, 1981, p. 30. FIGURA 73A CAULE VOLÚVEL Fonte: GRAF, Alfred Byrd. Tropica: color cyclopedia of exotic plantas and trees. New Jersey: Roehrs, 1992, p. 358. FIGURA 73B ESCADA HELICOIDAL Fonte: GOSSEL, Peter, LEUTHÄUSER, Gabriele. Arquitetura no século XX. Espanha: Taschen, 1996, p. 226.

118

FIGURA 74A ECAULE DO TIPO RIZOMA Fonte: VIDAL, Waldomiro Nunes, VIDAL, Maria Rosaria Rodrigues. Botânica Organografia: quadro sinóticos ilustrados de fanerógamos. 3 ed. Viçosa: UFV, 1986, p. 93. FIGURA 75A ETUBÉRCULO Fonte: CORDEIRO, Ruth, NUNES, Vivian do Amaral, ALMEIDA , Cristina Rosa de. Plantas que curam. Cajamar - SP: Três, 1998, p. 87.

119

FIGURA 76A BULBO CHEIO Fonte: CORDEIRO, Ruth, NUNES, Vivian do Amaral, ALMEIDA, Cristina Rosa de. Plantas que curam. Cajamar - SP: Três, 1998, p. 27. FIGURA 76B GRANDE BEIRAL Fonte: VEJA, São Paulo: Ed. Abril, ed. 2277, ano 45, n. 28,p. 93, 11 de julho de 2012.

124

FIGURA 77A BULBO ESCAMOSO Fonte: LORENZI, Harri, SOUZA, Hermes M. de. Plantas ornamentais do Brasil. São Paulo: Instituto Plantarum, 2 ed., 1999, p. 672. FIGURA 77B BEIRADA BEIRA-SERVEIRA Fonte: CENTRO Histórico de São Luís – Ma ranhão: patrimônio  mundial/ coord. Luiz Phelipe de Carvalho Castro Andrès. São Paulo: Audichromo Editora, 1998, p. 67.

125

FIGURA 78A BULBO TUNICADO Fonte: CORDEIRO, Ruth, NUNES, Vivian do Amaral, ALMEIDA, Cristina Rosa de. Plantas que curam. Cajamar - SP: Três, 1998, p. 135. FIGURA 79A BULBO COMPOSTO OU BULBILHO Fonte: CORDEIRO, Ruth, NUNES, Vivian do Amaral,  ALMEIDA, Cristina Rosa de. Plantas que curam. Cajamar - SP: Três, 1998, p. 45.

126

FIGURA 79B BEIRAL MUITO RECORTADO Fonte: REVISTA Arquitetura e Construção: São Paulo, Abril, p. 31, v. 12, n.08, 1998. FIGURA 80A CAULOBULBOS OU PSEUDOBULBOS Fonte: LORENZI, Harri, SOUZA, Hermes M. de. Plantas ornamentais do Brasil. São Paulo: Instituto Plantarum, 2 ed., 1999, p. 835.

127

FIGURA 81A RAMIFICAÇÃO MONOPODIAL Fonte: GRAF, Alfred Byrd. Tropica: color cyclopedia of exotic  plantas and trees. New Jersey: Roehrs, 1992, p. 300. FIGURA 81B DIAGRAMA SEQUENCIAL DA RAMIFICAÇÃO MONOPODIAL Fonte: Autoria de Napoleão Nunes, 2000.

128

FIGURA 82A RAMIFICAÇÃO SIMPODIAL Fonte: GRAF, Alfred Byrd. Tropica: color cyclopedia of exotic plantas  and trees. New Jersey: Roehrs, 1992, p. 659. FIGURA 82B DIAGRAMA SEQUENCIAL DA RAMIFICAÇÃO SIMPODIAL Fonte: Autoria de Napoleão Nunes, 2000.

129

FIGURA 83B DIAGRAMA SEQUENCIAL DA RAMIFICAÇÃO EM DICÁSIO Fonte: Autoria de Napoleão Nunes, 2000. FIGURA 84A CLADÓDIOS Fonte: LORENZI, Harri. Plantas daninhas do Brasil. São Pa ulo: Instituto Plantarum, 3 ed., 2000. p. 125.

133

FIGURA 84B CAIXA D´ÁGUA Fonte: TUBOS E CONEXÕES TIGRE S/A. Di visão de produto. Departamento de  Assistência Técnica. Manual técnico de instalações hidráulicas e sanitárias. 2 ed. São Paulo: Pini, 1991, p. 19 . FIGURA 85A ESPINHOS Fonte: GRAF, Alfred Byrd. Tropica: color cyclopedia of exotic plantas and trees. New  Jersey: Roehrs, 1992, p. 482. FIGURA 85B SISTEMA DE SEGURANÇA Fonte: GOITIA, Fernando Chueca et all. História geral da Arte e da  Arquitetura 02. Espanha: Del Prado, 1996, p. 182.

135

FIGURA 86A GAVINHAS Fonte: CORDEIRO, Ruth, NUNES, Vivian do Amaral, ALMEIDA, Cristina Rosa de. Plantas que curam. Cajamar - SP: Três, 1998, p. 31 2. FIGURA 87A XILOPÓDIO Fonte: GRAF, Alfred Byrd. Tropica: color cyclopedia of exotic plantas and trees. New  Jersey: Roehrs, 1992, p. 428.

139

FIGURA 88B FÁBRICA Fonte: Contemporary European Architecture, v. 04, Taschen, p. 165. FIGURA 89A PARTES CONSTITUINTES DAS FOLHAS Fonte: VIDAL, Waldomiro Nunes, VIDAL, Maria Rosaria Rodrigues. Botânica Organografia: quadro sinóticos ilustrados de fanerógamos. 3 ed. Viçosa: UFV, 1986, p. 67.

140

FIGURA 90B FIGURA 91B

LAJE EM BALANÇO Fonte: Napoleão Nunes, 2000. VIGA EM BALANÇO Fonte: Napoleão Nunes, 2000.

141

FIGURA 92A FOLHAS APECIOLADAS LORENZI, Harri. Plantas ornamentais no Brasil: arbustivas, herbáceas e trepadeiras. 2ed, Nova Odessa: Instituto Plantarum, 1999, p. 686. FIGURA 92B LAJE NERVURADA Fonte: SILVA, Daiçon Maciel da, SOUTO, André Kraemer. Estruturas: uma  abordagem arquitetônica. Porto Alegre: Sagra Luzzatto, 1997, p. 132

146

FIGURA 93A FOLHAS PECIOLADAS Fonte: CORDEIRO, Ruth, NUNES, Vivian do Amaral, ALMEIDA, Cristina Rosa de. Plantas que curam. Cajamar - SP: Três, 1998, p. 22. FIGURA 94A FOLHAS FENESTRADAS Fonte: GRAF, Alfred Byrd. Tropica: color cyclopedia of exotic plantas  and trees. New Jersey: Roehrs, 1992, p. 110.

147

FIGURA 95A FOLHA UNINÉRVEA Fonte: LORENZI, Harri, SOUZA, Hermes M. de. Plantas ornamentais do Brasil. São Paulo: Instituto Plantarum, 2 ed., 1999, p. 73. FIGURA 96A FOLHA PARALELINÉRVEA Fonte: GRAF, Alfred Byrd. Tropica: color cyclopedia of exotic plantas  and trees. New Jersey: Roehrs, 1992, p. 475.

148

FIGURA 97B CÚPULA Fonte: GOITIA, Fernando Chueca et all. História g eral da Arte e da Arquitetura II. Espanha: Del Prado, 1996, p. 182. FIGURA 98A FOLHA PELTINÉRVEA Fonte: LORENZI, Harri, SOUZA, Hermes M. de. Plantas ornamentais do Brasil. São Paulo: Instituto Plantarum, 2 ed., 1999, p. 73.

149

FIGURA 99A FOLHA CARNOSA OU SUCULENTA Fonte: GRAF, Alfred Byrd. Tropica: color cyclopedia of exotic plantas and trees. New Jersey: Roehrs, 1992, p. 371. FIGURA 99B JANELA DE MADEIRA Fonte: ARQUITETURA e Construção, São Paulo: Ed. Abril, ano 27, n. 11,  p. 51, nov. 2011.

151

FIGURA 100A FOLHA CORIÁCEA CORDEIRO, Ruth, NUNES, Vivian do Amaral, ALMEIDA, Cristina Rosa de. Plantas que curam. Cajamar - SP: Três, 1998, p. 21. FIGURA 100B JANELA DE VIDRO Fonte: ARQUITETURA e Construção, São Paulo: Ed. Abril, ano 2 7, n. 11, p. 25, nov. 2011.

159

FIGURA 101B JANELA DE PVC  ARQUITETURA e Construção, São Paulo: Ed. Abril, ano 27, n. 11, p. 75, nov. 2011. FIGURA 102A FORMATO DAS FOLHAS Fonte: ABREU, Denilson et all. Paisagismo. Trabalho apresentado à disciplina Paisagismo I da UFRN. Natal: UFRN, 1992, p. 07 – 08.

167

FIGURA 103A PARTES CONSTITUINTES DA FLOR Fonte: VIDAL, Waldomiro Nunes, VIDAL, Maria Rosaria Rodrigues. Botânica Organografia: quadro sinóticos ilustrados de fanerógamos. 3 ed. Viçosa: UFV, 1986, p. 3. FIGURA 104A PARTES CONSTITUINTES DA FLOR Fonte: VIDAL, Waldomiro Nunes, VIDAL, Maria Rosaria Rodrigues. Botânica Organografia: quadro sinóticos ilustrados de fanerógamos. 3 ed. Viçosa: UFV, 1986, p. 3-7.

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FIGURA 105A

169

FIGURA 106A TIPOS DE INFLORESCÊNCIA Fonte: THOMAS-DOMENECH, J. M. Atlas de Botânica. Tradução de Álvaro Xavier Moreira. Rio de Janeiro: livro ibero-americano, 1985, p. f5.

184

FIGURA 107A PARTES CONSTITUINTES DO FRUTO Fonte: VIDAL, Waldomiro Nunes, VIDAL, Maria Rosaria Rodrigues. Botânica Organografia: quadro sinóticos ilustrados de fanerógamos. 3 ed. Viçosa: UFV, 1986, p. 23. FIGURA 108A DRUPA Fonte: CORDEIRO, Ruth, NUNES, Vivian do Amaral, ALMEIDA, Cristina Rosa de. Plantas que curam. Cajamar - SP: Três, 1998, p. 51. FIGURA 109A CARIOPSE Fonte: CORDEIRO, Ruth, NUNES, Vivian do Amaral, ALMEIDA, Cristina Rosa de. Plantas que curam. Cajamar - SP: Três, 1998, p. 32 4.

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FIGURA 110A LEGUME Fonte: CORDEIRO, Ruth, NUNES, Vivian do Amaral, ALMEIDA , Cristina Rosa de. Plantas que curam. Cajamar - SP: Três, 1998, p. 23 5. FIGURA 111A CAPSULA Fonte: GRAF, Alfred Byrd. Tropica: color cyclopedia of exotic plantas and trees. New  Jersey: Roehrs, 1992, p. 197.

SEXO DAS FLORES Fonte: Napoleão Nunes, 2000.

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1 Introdução No limiar do Século XXI, o estudo de Paisagismo encontra-se difundido em todo o mundo, trabalhado de forma distinta por diversas escolas, podendo ser destacadas: a da Itália, França, Inglaterra, Holanda, as Orientais e correntes contemporâneas. Embora o projeto paisagístico considere uma série de elementos que vão desde a edificação, mobiliário, equipamentos diversos, marcações de nível e piso, objetos decorativos e outros, o grande destaque das intervenções é a utilização de vegetação e sua relação com o meio ambiente.  As finalidades do uso de plantas nos ambientes variam de acordo com os efeitos que o projetista deseja provocar nos usuários do espaço. Independente do resultado estético, a existência de vegetação num ambiente traz consigo uma série de benefícios, tais como propiciar um micro clima mais agradável, promover o lazer contemplativo, enfim, o contato com o meio ambiente é salutar para o ser humano. Deste modo, cabe ao paisagista conhecer as relações entre estes diversos elementos para que o projeto funcione de maneira satisfatória; tal conhecimento envolve inclusive as relações vegetais x vegetais, e vegetais x objetos.

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Considerando que as plantas são seres vivos com estruturas e funcionamentos complexos, o ideal seria que o profissional estudasse a fundo seu desenvolvimento e características intrínsecas, tendo em vista produzir projetos exequíveis, passíveis de implantação na prática. O Projeto Paisagístico, assim como qualquer projeto arquitetônico/ urbanístico, compreende três (03) fases: numa primeira etapa, consiste no estudo preliminar, no qual se deve realizar o levantamento planimétrico e cadastral do terreno, fazer a análise do solo, ecossistema e do clima local. A segunda etapa corresponde ao  Anteprojeto, na qual são relacionados os dados obtidos no estudo preliminar com o programa de necessidades e são elaborados os primeiros esboços para resolver o projeto paisagístico. Por fim, a terceira etapa constitui-se do Projeto Definitivo ou Executivo, no qual devem ser apresentadas pranchas com as soluções Arquitetônicas, de Engenharia Civil, Altimétrica, Hidráulica, Elétrica e de Botânica.  Acerca do Projeto Botânico, Winters (1991, p. 36), explica que o mesmo compreende “Pranchas ilustradas com a locação das espécies vegetais simbolizadas, em escala; Memorial Botânico e Manual écnico de Implantação e Manutenção”. No Memorial Botânico deve conter informações tais como o nome científico de cada vegetal existente no projeto paisagístico, seu respectivo nome popular, a área média que este ocupa (em metros quadrados), dimensão de sua cova, espaçamento de plantio, quantidade de substrato (em metros cúbicos), quantidade de cada vegetal, porte das mudas (em metros) e tipo de embalagem. No Manual écnico de Implantação e Manutenção, devem ser fornecidas informações sobre as formas de plantio de cada vegetal e um manual de manutenção, explicitando a quantidade e frequência de irrigação, detalhando quando e como deve ser feita a reposição de nutrientes no solo, caso necessário, quais os períodos de poda, qual o tipo de poda a ser feito, instrumentos para sua realização, etc.

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Estas informações, essenciais para a concepção de um projeto paisagístico viável, são obtidas a partir do estudo da disciplina de Botânica, que corresponde ao ramo da Biologia que estuda os vegetais, tanto morfológica (estudo das formas e estruturas dos organismos vegetais) como fisiologicamente (investigação das funções orgânicas, processos ou atividades vitais das plantas, tais como o crescimento, a nutrição, a respiração, etc.). Este estudo Botânico pretende fornecer ao paisagista inclusive um maior conhecimento sobre fitogeografia, ou seja, sobre as relações entre a planta e o meio ambiente: ao se estudar a morfologia do vegetal, compreende-se que suas estruturas evoluíram e se adaptaram ao meio ambiente, ao clima e aos demais seres vivos, sendo, portanto adequada a determinadas condições — e absolutamente inadequadas a outras. Um exemplo prático disto seria a utilização de vegetais morfologicamente inadequados entre si, plantados lado a lado num jardim: pode-se citar o caso muito comum de cactos e gramíneas. A solução mais adequada seria estudar as características das plantas e colocá-las em convivência com outras que apresentem condições e necessidades semelhantes ou aproximadas. Utilizar por exemplo plantas de clima frio em locais de clima frio, juntamente com outras plantas que sejam adaptadas ao clima frio; respeitar as necessidades de luz solar, água, nutrientes, solo, clima ideal para cada planta, e ousar sim nos projetos paisagísticos, mas com pesquisa, responsabilidade e consciência. Desta maneira, observa-se que é imprescindível o estudo de Botânica para o desempenho das atividades do paisagista, reforçando o pensamento atual de “universalização” do saber, isto é, o profissional não deve se isolar em seu conhecimento específico e sim investigar com outros profissionais relacionados, de modo que cada um, dentro de sua especialidade, possa contribuir para a construção de um todo.

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Esta deficiência identificada na área de paisagismo, possivelmente termina por oferecer ao mercado de trabalho um perfil de paisagista aquém do desejado e de atuação restrita. al fato pode ser comprovado quando analisamos a atual produção do espaço urbano, onde concomitante ao intenso processo de construção e verticalização de edifícios, assim como impermeabilizações do solo (através da pavimentação de ruas, os grandes calçadões, etc.), não tem ocorrido uma proporcional multiplicação da área verde, nem nos quesitos de qualidade nem de quantidade. Pode-se verificar que havendo carência de área verde, aliada ao excesso de área construída ou impermeabilizada, ocorre um desequilíbrio no meio ambiente; tal fenômeno provavelmente poderá alterar todo o ecossistema da cidade, como por exemplo, através da formação de ilhas de calor, promovendo o decréscimo da umidade relativa do ar, um aumento da temperatura média da cidade, maior incidência de luz solar, dentre outros, ocasionando males como câncer de pele, problemas visuais (em virtude do excesso de lux) e muitos outros distúrbios para a população atual. ais transformações, efetuadas de maneira acelerada, além de destruir a paisagem natural (para dar lugar à morfologia essencialmente urbana, artificial), promovem remodelações em cima da própria paisagem urbana (por exemplo, destruindo antigos tecidos urbanos, importantes para a história e imagem da cidade, para dar lugar a modernos complexos arquitetônicos). Vale ressaltar, neste processo, o papel dos profissionais arquitetos urbanistas, no sentido de promover constantes avaliações em tais transformações urbanas, considerando fatores tais como: respeito à escala humana, conforto ambiental, estética, eixos de fluxo, quantidade populacional, dentre outros. E, evidentemente, considerando as mesmas problemáticas na produção dos designers, no caso dos espaços internos. endo em vista atenuar estas dificuldades de lidar com a paisagem, pretendeu-se

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com este trabalho oferecer aos estudantes, professores e profissionais do ramo, um instrumento para o estudo de Botânica, no qual as informações botânicas são passadas numa linguagem analogicamente mais acessível aos projetistas, com uso de ilustrações relacionando os funcionamentos/ morfologias dos vegetais aos dos elementos arquitetônicos (em especial no aspecto estrutural de ambos), procurando assim uma maior integração e intercâmbio entre as duas disciplinas. Pode-se constatar assim, a relevância da presente pesquisa na medida em que a mesma visa auxiliar estudantes, professores, pesquisadores do tema bem como profissionais do ramo, no estudo de uma das mais significativas áreas do Paisagismo: a Botânica.  A importância do estudo de Botânica para a formação do paisagista é indiscutível, sobretudo quando se analisa qual deve ser a qualidade, o nível dos projetos paisagísticos produzidos na carreira profissional, e num âmbito mais abrangente, qual deve ser o perfil do profissional formado pelas escolas de arquitetura e design brasileiras.  Assim, este manual objetiva possibilitar aos designers, arquitetos e profissionais que atuam neste ramo, melhor compreensão sobre Botânica, isto é, especificamente a caracterização e as potencialidades das plantas, através do uso de linguagem metalingüística; além disto, buscou-se criar um banco de imagens relacionando botânica e arquitetura, tendo em vista facilitar a assimilação das informações; divulgar informações básicas sobre Botânica, que permitam aos profissionais e estudantes do ramo a compreensão do funcionamento dos vegetais mais utilizados em Paisagismo. Decidiu-se abordar apenas as divisões das Pteridophyta, Gymnospermae e Angyospermae, por entender que estes grupos de vegetais tem maior aplicabilidade no Projeto Paisagístico – uma vez que os demais grupos correspondem a vegetais que vão desde unicelulares, invisíveis a olho nu, seguindo até as algas marinhas e plantas com sistema circulatório primitivo, cuja utilização é muito específica.

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2 Orientações para o projeto paisagístico Para compreendermos como os vegetais são classificados e como eles se relacionam entre si, faz-se necessário estudar a morfologia destas plantas. Sabe-se que a aparência externa de um ser vivo reflete o processo de evolução e adaptação deste com o meio ambiente. Assim, se assimilarmos o que determinados formatos das estruturas vegetais significam, estamos entendendo como esta planta se relaciona com o meio ambiente e com outros seres vivos. No intuito de sistematizar este estudo morfológico, buscou-se identificar as partes constituintes da planta, a saber, raiz, caule, folha, flor e fruto, estudando separadamente as possibilidades formais de cada uma. A etapa seguinte consistiu na transposição da compreensão dos termos botânicos através das imagens analógicas entre a Botânica e a Arquitetura. Esta transposição de linguagem corresponde a uma maneira eficaz para compreendermos algo que não conhecemos bem: ao se converter os termos e fenômenos próprios do assunto desconhecido em experiências comuns, naturais ao nosso uni-

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verso cotidiano, adquirimos uma consciência global do assunto antes completamente desconhecido. Partindo desta colocação, uma pessoa desprovida de um mínimo de conhecimentos sobre determinado assunto, pode vir a ter uma ideia básica sobre este, a partir de correlações com informações que já domine. Assim, pode-se assimilar qualquer assunto, por mais complexo que seja, desde que se disponha de um arsenal mínimo de conhecimento em outro campo, cujos mecanismos de funcionamento sejam passíveis de comparação. No caso específico deste trabalho, a correlação feita se dá entre a Botânica e a Arquitetura. Nesta situação, o vegetal (suas principais partes constituintes, as diversas adaptações, formatos, texturas, fenômenos, enfim os aspectos mais relevantes para o desenvolvimento de um projeto paisagístico) será analisado sob a ótica do arquiteto e designer e interpretado segundo o vocabulário da Arquitetura e Urbanismo e do Design de Interiores, tendo em vista a decodificação de dados essencialmente botânicos. Considerando uma planta completa, composta de raiz, caule, folha, flor e fruto, pode-se traçar um comparativo, numa micro escala, entre esta e os cômodos de uma casa. A raiz (figura 1A), nesta analogia, corresponde ao acesso para o interior da casa, ou seja, a porta (figura 1B), por onde entrariam todos os gêneros indispensáveis à sobrevivência de seus moradores (em especial, alimentos). Na sequência, o caule (figura 2A), que transporta seiva bruta e orgânica por toda extensão da planta, seria o corredor da casa (figura 2B), permitindo o deslocamento das pessoas aos demais cômodos da casa.  A folha (figura 3A) teria a função da cozinha (figura 3B): é neste local onde se processa a preparação dos alimentos, a partir da matéria prima que “veio” da porta de entrada (raiz) e com a energia luminosa proveniente das janelas, ou seja, dos

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FIGURA 1A

Raiz: permite o acesso de água, sais minerais e matéria orgânica para o vegetal.

FIGURA 1B

Porta: permite o acesso dos seres humanos à casa, e é por onde entram todos os recursos necessários à vida humana.

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FIGURA 2A

Caule: através deste, as seivas bruta e elaborada são transportadas por meio de diferencial de pressão, às diversas partes da planta.

FIGURA 2B

Corredor: através deste, as pessoas podem se locomover por todos os cômodos da casa.

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FIGURA 3A

Folha: a partir da seiva bruta, combinada com a luz solar e o gás carbônico existente na atmosfera produzem oxigênio (que retorna à atmosfera), energia e glicose (consumidos pelo vegetal).

FIGURA 3B

Cozinha: a partir de ingredientes diversos combinados com o fogo do fogão, da iluminação proveniente das janelas e a ação humana, produz alimentos cozidos (que são consumidos pelo ser humano) e resíduos ou lixo (tanto das embalagens que continham os ingredientes, como o produto da digestão humana, ambos eliminados da casa e retornando ao solo, mares, oceanos, etc., ou em alguns casos, são reciclados e retornam á casa).

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estômatos (pequenos orifícios existentes na superfície da folha) os quais permitem a entrada da energia solar. Da mesma forma que ao cozinhar precisamos de matéria prima e de luz para visualizarmos a tarefa que estamos executando, a folha precisa dos nutrientes advindos da raiz e da luz solar encaminhada pelos estômatos para iniciar a fotossíntese. O alimento preparado na cozinha (folha) é distribuído por toda a casa através dos corredores (caule).  A flor, dependendo de seu estado de desenvolvimento, pode corresponder à sala ou ao quarto. Na fase inicial de desenvolvimento, a flor (figura 4A), antes de ser fecundada, corresponde à sala (figura 4B), o cômodo mais bem decorado da casa, onde o morador procura dispor seus melhores móveis, cortinas, onde recebemos nossos convidados e lhes oferecemos alimentos e tudo que há de melhor em nossa casa. Da mesma forma, a flor reúne em si as características de beleza, aromas, texturas mais agradáveis aos seus convidados (no caso, os agentes polinizadores, tais como insetos, pássaros, etc.), servindo-lhes lanches (que seria o pólen), constituindo enfim a parte social da casa, pensada de forma a atrair os amigos, parentes, etc. Num momento seguinte, no instante da fecundação, a flor (figura 5A) apresenta características do cômodo “quarto” (figura 5B), pois se torna mais resguardada (uma vez que seu objetivo de ser fecundada já foi alcançado), e é onde ocorrem os processos mais íntimos da planta, que são os relativos à reprodução. O fruto (figura 6A) serviria como escritório (figura 6B), como local de trabalho, onde se recebe clientes (no caso os agentes dispersores como insetos, pássaros, mamíferos, etc.), a partir de onde as informações do escritório (sementes) podem ser repassadas, globalizadas (transportadas pelos agentes dispersores, às vezes a quilômetros de distância da planta de origem); é ainda onde a mercadoria (parte comes-

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FIGURA 4A

Flor: vistosa. Colorida, perfumada e com substancias açucaradas para atrair os agentes polinizadores (insetos, aves, mamíferos).

FIGURA 4B

Sala: vistosa, colorida, bem decorada e com alimentos para serem servidos às visitas.

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FIGURA 5A

Flor: Neste momento em especial, com a fecundação da flor, surgem condições que dão origem aos descendentes da planta em questão, por meio das sementes.

FIGURA 5B

Quarto: neste momento em especial, com a fecundação do óvulo feminino, surgem condições que dão origem aos descendentes do casal, por meio do zigoto.

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FIGURA 6A

Fruto: detém a semente e através dos agentes dispersores, estas sementes são espalhadas pelo solo.

FIGURA 6B

Escritório: detém informações e através de equipamentos ou serviços, divulga estas informações segundo seu interesse.

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FIGURA 7B

Fundação: elemento estrutural da casa, por onde entram as instalações hidráulicas, elétricas, sanitárias, telefônicas, etc.

FIGURA 8B

Pilares: elemento estrutural da casa, que sustenta a cobertura (tanto sua parte estrutural como de sua vedação), distribuindo seu peso para a fundação. As setas representam a atuação esquemática das forças na estrutura.

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FIGURA 9A

Folhas e flores: corresponde à copa das árvores e seu ápice geralmente constitui a parte mais alta do vegetal. As setas representam a atuação esquemática das forças na árvore.

FIGURA 9B

Cobertura: corresponde ao teto da casa, que protege o homem das intempéries, e seu ápice (cumeeira) é a parte mais alta da edificação.

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tível do fruto) é vendida (ingerida pelos animais) ou trocada por transporte (no caso, locomoção das sementes). Pode-se ainda relacionar as partes de uma casa com uma planta em termos estruturais: neste caso, a raiz (figura 1A) corresponde à fundação (figura 7B) da casa, por onde entram as instalações hidráulicas, elétricas, sanitárias, telefônicas, dentre outras. De acordo com o terreno onde a casa se localiza e mesmo com o porte da casa (número de pavimentos, área construída, etc.) esta fundação pode ser uma simples sapata (raiz pouco desenvolvida de um arbusto) ou um tubulão (no caso da raiz de uma árvore de 170 metros de altura). O caule (figura 2A), com função de sustentação, corresponde aos pilares (figura 8B), na parte mais próxima com a fundação e às vigas, na parte mais superior (os galhos, ramificações mais extremas do caule). O conjunto de folhas e flores (figura 9A) corresponderia à cobertura (figura 9B), podendo representar a laje, o telhado simplesmente, casca de concreto, pórticos, cúpulas, enfim de qualquer sistema estrutural ou de vedação que proteja o homem das intempéries, o teto da edificação. Por fim, o fruto (figura 6A) seria um canteiro de obras (figura 10B): reuniria em si o conjunto de plantas com projetos arquitetônicos, elétricos, estruturais, hidráulicos, etc. (ou seja, o material genético contido na semente) e uma quantidade mínima de material de construção — cimento, areia, ferragens (reservas de nutrientes do próprio fruto, e na semente, seriam os cotilédones).  Ao entrar em contato com o solo e a água, este canteiro de obras consegue executar de uma pequena kitchenette, a qual aos poucos vai sofrendo processos de reforma para ampliação (conforme o vegetal prossegue seu processo de crescimento), até se tornar uma casa igual a anterior (conforme os projetos originais). Considerando agora esta mesma planta não mais como uma casa, mas como um

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FIGURA 10B

Canteiro de obras: encerra um mínimo de elementos que permitem a construção da edificação, reunindo todos os projetos relativos a esta, bem como a matéria prima para sua execução.

FIGURA 11B

Portão de entrada/guarita: acesso principal de entrada de pessoas no condomínio.

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edifício com vários apartamentos: teríamos a raiz (figura 1A) como o portão de entrada/ guarita (figura 11B), por onde os moradores têm acesso aos seus apartamentos; o caule (figura 2A) correspondendo à circulação vertical (seja ela escada ou elevador) (figura 12B); as folhas (figura 3A) seriam os apartamentos mais simples (figura 13B), e as flores e frutos (figura 4A e 6A) corresponderiam aos apartamentos de luxo (figura 14B) (com mais equipamentos, melhores materiais de acabamento e instalações mais bem decorados, etc.). Dentro desta perspectiva, o conjunto de vegetais, como uma floresta (figura 15A), representaria uma cidade (figura 15B), com os mais diversos estilos arquitetônicos (morfologias das plantas), gabaritos, condições climáticas, topografia, divergências sociais (vegetais parasitas x vegetais clorofilados), etc. rabalhando ainda numa macro escala, podemos considerar um vegetal como sendo um país: nesta concepção, as raízes (figura 1A), seriam os grandes latifúndios (figura 16B), as grandes fazendas produtoras/ captadoras de matéria prima e alimentos; o caule (figura 2A) e suas demais ramificações consistiriam no sistema de circulação (figura 17B), correspondendo às avenidas, rodovias, que ligam os grandes centros fornecedores de matéria prima aos grandes centros urbanos industrializados (figura 18B), que corresponderiam às folhas, flores e frutos. Dentro destas “tipologias” de centros urbanos, poder-se-ia colocar que o fruto seria a capital de um país (figura 19B1), dado a seu caráter de envio de informações (sementes), de “comunicação com o exterior”; a flor seria a cidade sustentável (figura 19B2), que consegue aliar progresso com qualidade de vida, apresentando-se como uma cidade esteticamente agradável, bem cuidada; a folha seria a cidade de caráter mais industrial (figura 19B3), (cuja função é produzir alimentos a partir da matéria prima trazida pelas rodovias) de menor porte, e em maior quantidade que as “cidades tipo flor e fruto”.

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FIGURA 12B

Circulação vertical: responsável pelo transporte de pessoas aos diversos pavimentos do edifício, podendo ser elevador, escadas ou rampas.

FIGURA 13B

 Apartamentos simples: são espaços geralmente mais compactos, com poucos cômodos, com planta baixa padrão, sem grandes preocupações em personalizá-la para seus futuros moradores.

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FIGURA 14B

 Apartamentos de luxo: são espaços mais amplos, com vários cômodos, totalmente personalizados de acordo com as necessidades dos clientes.

FIGURA 15A

Floresta: conjunto complexo de vegetais, com plantas apresentando diversas morfologias, alturas, texturas, cores, etc.

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FIGURA 15B

Cidade: conjunto complexo demográfico, não agrícola, assentado em tecido urbano, formado na maioria dos casos por quadras, vias, lote, etc.

FIGURA 16B

Grandes latifúndios: propriedades rurais, de monocultura, produzem gêneros alimentícios para abastecer os centros urbanos.

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FIGURA 17B

Sistema viário: vias em geral, de todos os portes, que interligam várias localidades.

FIGURA 18B

Grandes centros urbanos: dotados de indústrias que transformam a matéria prima em produtos industrializados.

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FIGURA 19B1

Grandes centros urbanos - capital do país: seria a “semente”, dado o seu caráter de “envio de informações” em âmbito internacional. Ex.: Brasília DF

FIGURA 19B2

Grandes centros urbanos - cidade sustentável: seria a “flor”, aliando progresso e qualidade de vida, mostrando-se agradável a seus habitantes. Ex,: Curitiba PR

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Refletindo sobre as analogias acima descritas, pode-se colocar que o vegetal encerra em si uma série de funções, e se compõe de uma série de estruturas básicas que podem se reproduzir em diferentes escalas, dependendo do ponto de vista, assim como a Arquitetura. No caso do vegetal, esta escala varia desde o vegetal unicelular, ao complexo con junto de organismos superiores mais evoluídos, da classe Dycotiledoneae , e no caso da arquitetura varia desde a casa embrião (dotada de quarto, banheiro, sala e cozinha) até o projeto com diretrizes urbanísticas de cunho regional. endo em vista a identificação de uma série de similaridades morfológicas passíveis de comparação, a seguir são trabalhadas comparações entre as Partes Constituintes das Plantas e a Arquitetura.

FIGURA 19B3

Grandes centros urbanos - cidade industrializada: seria a “folha”, cuja função é produzir bens de consumo, provenientes das rodovias. Ex.: Diadema SP

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3 Partes constituintes das plantas  A seguir serão estudadas as partes constituintes das plantas, ou seja, a raiz, caule, folha, flor e fruto; de cada elemento serão fornecidas informações sobre sua definição, origem, características, partes que o compõe, as diferentes classificações/ tipos de acordo com as especificidades de cada estrutura. Estas informações são compostas por textos e imagens relativos à Morfologia Botânica, bem como as respectivas analogias (de textos e imagens) dentro de Arquitetura e Urbanismo. 3.1 RAIZ

 A raiz possui basicamente duas funções: a de fixar o vegetal ao solo (função estrutural) e de captar e transportar água e sais minerais para o restante da planta (função nutricional). Devido aos processos evolutivos/ adaptativos, existem alguns tipos de raiz que desenvolveram outras funções que não somente as supra citadas, como será visto mais a frente.

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Como já foi mencionado na introdução do item 5. Orientações ao Projeto Paisagístico, com relação à função estrutural da raiz, pode-se tecer uma comparação em termos de arquitetura com a fundação de uma edificação. anto a raiz (figura 1A) de um vegetal como a fundação de um edifício (figura 7B) são responsáveis por descarregar no solo as forças resultantes da ação da força normal (que corresponde à ação da força da gravidade sobre as estruturas, ou seja, a atuação do peso próprio), de eventuais componentes Fx e Fy (caso a estrutura encontre-se inclinada em relação ao solo, em ângulo diferente de 90º), e outras cargas permanentes (cargas aplicadas constantemente na estrutura).  Além destas, a raiz e a fundação recebem os esforços provenientes de outras forças que atuam externamente em suas estruturas, que correspondem às cargas variáveis ou acidentais. De acordo com Silva (1997, p. 57), no caso da fundação, estas cargas variáveis correspondem a: a) as cargas úteis (pesos e efeitos colaterais como frenagem, efeitos dinâmicos, força centrífuga, etc.); b) os pesos, empuxos e pressões de líquidos cujo nível é variável (as pressões dinâmicas da água corrente de um rio). c) as cargas não permanentes aplicadas durante a construção (equipamentos, depósitos de materiais, etc.). d) as ações naturais (vento, temperatura, neve, etc.).

Pode-se destacar ainda outras características das raízes: a raiz tem em geral geotropismo positivo (ou seja, cresce para “dentro do solo”), são desprovidas de clorofila (pigmento esverdeado que possibilita a fotossíntese nas folhas do vegetal), de gemas ou botões vegetativos (estruturas existentes no caule da planta e que dão origem às folhas e aos ramos) e na maioria dos casos são subterrâneos. ambém estas características possuem exceções, que serão estudadas oportunamente.

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Com relação à morfologia externa, a raiz se divide em cinco partes, que seriam: Caliptra ou Coifa; Zona Lisa, de Crescimento ou de Extensão; Zona Pilífera ou  Absorvente, Zona Suberosa ou de Ramificação e Colo ou Coleto. (figura 20A) 1) A Coifa ou Caliptra corresponde à região terminal da raiz, sensivelmente mais avolumada e em formato de dedal, formando uma espécie de “capa” protetora na extremidade da raiz (figura 20A). Amortece o atrito da raiz com o solo, protegendo principalmente a Zona Lisa ou de Crescimento. No caso das raízes aquáticas, a coifa ou caliptra se apresenta mais avolumada, para uma maior proteção da raiz. Com relação a esta parte da raiz, pode-se fazer uma analogia com o mecanismo de fixação do parafuso de bucha (figura 21B). A bucha, ao ser introduzida num orifício na parede, simultaneamente penetra de forma profunda neste orifício e reduz o atrito entre a parede e o parafuso, permitindo uma maior fixação do parafuso à parede. Do mesmo modo que a coifa reduz o atrito entre a zona lisa e o solo, possibilitando uma maior fixação da raiz ao solo, a bucha reduz o atrito entre o parafuso e a parede, possibilitando uma maior fixação deste à parede. 2) A Zona Lisa, de Crescimento ou de Extensão situa-se entre a Coifa e a Zona Pilífera; área de maior crescimento da raiz, determinando o seu alongamento (figura 20A). Esta área é desprovida de ramificações para permitir que a raiz penetre mais facilmente no solo e se estenda para seu interior. Caso houvesse ramificações, haveria mais atrito, dificultando a fixação da raiz.  Ao se comparar esta porção da raiz com os diversos tipos de fundação, observar-se-á que em ambas inexistem ramificações ou estruturas em sentido transversal à raiz ou às fundações. al fato ocorre, como já foi argumentado, para evitar atritos desnecessários com o solo, permitindo assim a maior penetração no terreno, tanto quanto for possível.

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Obviamente o fato da raiz, assim como toda a planta crescer, (o que não ocorre com as fundações) permite que esta já no interior do solo, desenvolva ramificações em outros sentidos e em outros pontos da raiz, aumentando consideravelmente seu poder de fixação ao solo. Um tipo de fundação que apresenta elementos ortogonais entre si (semelhantes ao das raízes) pode ser identificado em casos excepcionais, como por exemplo, para apoiar estruturas muito excêntricas (figura 22B). 3) A Zona Pilífera ou Absorvente é a região da raiz dotada de pêlos que aumentam a superfície de contato com o meio, sendo a principal responsável pela absorção de água e sais minerais (figura 20A).rata-se de uma estrutura frágil e, segundo Raven, (1985, p.450): Por esta razão, deve-se ter muito cuidado em se remover a maior quantidade possível de solo juntamente com o sistema radicular durante o transporte de um vegetal. Se a planta for simplesmente arrancada do solo, a maior parte das raízes absorventes será abandonada, e, provavelmente, a planta não sobreviverá.

Sua duração é praticamente efêmera: com o tempo, caem para dar lugar às raízes secundárias, terciárias, etc. 4) A Zona Suberosa ou de Ramificação trata-se da região mais antiga da raiz, de onde saem as raízes laterais ou secundárias (Figura 20A). É suberiforme, ou seja, apresenta o tecido similar ao da cortiça, sendo, portanto impermeável. No que diz respeito às zonas Pilífera (ou Absorvente) e Suberosa (ou de Ramificação), é possível traçar um paralelo com as diferentes fases por que passa o concreto armado (ou seja, a mistura aglomerante, areia, brita ou pedregulho e água necessária à formação de uma pasta).

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FIGURA 20A

Partes constituintes da raiz.

FIGURA 21B

Bucha: reduz o atrito entre o parafuso e a parede.

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FIGURA 22B

Estruturas excêntricas: exigem “ramificações” da fundação.

FIGURA 23B

Momento inicial da concretagem.

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FIGURA 24B

Concreto como bloco monolítico de pedra.

FIGURA 25B

Cinta: amarração entre a fundação e os pilares/paredes da edificação.

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FIGURA 26B

Construção tradicional: estrutura embutida na vedação.

FIGURA 27B

Construção modernista: elemento estrutural desvinculado da vedação.

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FIGURA 28A

Raiz axial ou pivotante: raiz principal central com maior espessura e comprimento, e raízes secundárias de menor calibre.

FIGURA 28B

Esquema vetorial da raiz axial ou pivotante.

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Num primeiro momento, de lançamento do concreto, (Figura 23B) este exige uma série de cuidados, em virtude de sua condição de estar fresco, assim como a raiz da zona Pilífera necessita de cuidados por representar uma área bastante sensível da planta. Neste estágio inicial, de acordo com Pianca (1978, p. 60-63), o concreto precisa passar pelas etapas de amassamento (tendo em vista obter uma mistura perfeita entre os componentes do concreto, melhorando assim, as condições de resistência do conglomerado); de adensamento (o que reduz a possibilidade de permanência de vazios na massa, formando um produto mais compacto e resistente); precisa ser protegido das variações de temperatura (que podem prejudicar a resistência do concreto); e finalmente, deve ser submetido ao processo de cura (que consiste no umedecimento do concreto exposto ao sol, para evitar a rápida evaporação da água existente neste). Depois de iniciada a pega (processo de enrijecimento do concreto), a resistência do concreto (tendo sido observadas as condições favoráveis de sua preparação) cresce continuamente com o passar do tempo, assumindo a consistência de um monolítico de pedra (Figura 24B). Do mesmo modo a raiz, com o passar do tempo, cresce, e o que era a zona pilífera se transforma em zona suberosa, modificando sua consistência de frágil estrutura com espessura capilar para um material mais resistente, suberiforme e atinge maiores espessuras, conforme for o porte do vegetal. 5) O Colo ou Coleto corresponde à região de transição entre o caule e a raiz (Figura 20A). A principal diferença identificada entre o caule e a raiz nesta estrutura, é a distribuição interna dos tecidos transportadores de seiva e matéria inorgânica, que “são concêntricos e alternados na raiz e reunidos em feixes no caule (...)”. Da mesma forma que o colo ou coleto corresponde à transição entre as raízes e o

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caule, a cinta ou baldrame (Figura 25B) consiste na transição entre a fundação de um edifício e seus pilares. Segundo Pianca (1978, p. 488), a cinta além de consolidar a estrutura do edifício, serve para distribuir a carga dos pisos e cobertura. Corresponde também a “uma camada isolante e de consequente proteção do vigamento contra a umidade e com frequência também fazem às vezes de vergas, com as quais se confundem” (PIANCA, 1978, p. 488).  A cinta proporciona uma maior “amarração” da estrutura, consistindo numa viga de concreto armado (altura de 6 a 10 centímetros), com largura igual ou menor à largura da parede que a encima, e se localiza no mesmo nível que o do respaldo do piso ou do teto (conforme a edificação for térrea ou com vários pavimentos).  As raízes podem ainda ser classificadas de acordo com os seus ipos de Ramificação, quanto à Consistência, quanto à sua Origem (Normais ou Adventícias), quanto ao seu Habitat (errestre, Subterrâneo, Aquático ou Aéreo) e ainda quanto às suas Modificações/ Adaptações. Para o estudo morfológico, contudo, as classificações mais relevantes são as que se referem à origem das raízes, ao seu habitat e quanto às modificações/adaptações. Neste sentido, quanto à origem, as raízes podem ser classificadas em: 1. Normais: são as raízes que se desenvolvem a partir de uma raiz principal ou da radícula do embrião (estrutura existente dentro da semente que ao se desenvolver dá origem à raiz). Constitui-se da raiz principal e as secundárias e corresponde ao tipo de origem mais frequente das raízes (Figuras 28A, 29A, 30A, 31A, 32A, 33A). 2. Adventícias: são as raízes que se formam a partir de caules ou de folhas, correspondendo a estruturas aéreas, em especial no caso dos caules subterrâneos. São as raízes grampiformes, fúlcreas, etc., e representam as origens “excepcionais” das raízes, geralmente adaptações que estas plantas criaram há milhares de anos para adequarem-se ao meio em que se inserem (Figuras 37A, 40A).

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FIGURA 29A

Raiz ramificada: raiz principal destacada, que se ramifica em secundária, terciária, etc, sendo possível visualizar os diferentes tamanhos e espessuras.

FIGURA 29B

Esquema vetorial da raiz ramificada.

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FIGURA 30A Raiz fasciculada: raiz principal, apresentando mesma espessura e comprimento das demais

FIGURA 30B

Esquema vetorial da raiz fasciculada.

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FIGURA 31A

Raiz axial tuberosa: é a raiz que acumula reservas nutritivas em sua raiz axial, principal, e as demais raízes são, praticamente, desprezíveis, considerando seus tamanhos e espessuras. (cenoura – Daucus carota L).

FIGURA 31B

Esquema vetorial da raiz axial tuberosa.

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FIGURA 32A

Raiz adventícia tuberosa: é a raiz que acumula reservas nutritivas nas proximidades da superfície do solo e as demais raízes não são desprezíveis, considerando seus tamanhos e espessuras. (Dália – Dahlia pinnata).

FIGURA 32B

Esquema vetorial da raiz adventícia tuberosa.

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Comparando as plantas de origem normal e as adventícias, com tipos arquitetônicos, é possível traçar um paralelo entre a construção tradicional (Figura 26B) e o rompimento desta arquitetura, causado pelo modernismo (Figura 27B), respectivamente.  As plantas de origem normal, com suas estruturas dentro da concepção mais “tradicional” de vegetais, ou seja, raízes partindo da extremidade inferior dos caules e apresentando o geotropismo positivo, seriam similares às construções tradicionais onde a estrutura também representa o elemento de vedação ou encontra-se imbutida na vedação. De acordo com Reis Filho (1995, p 34), estas edificações tradicionais “avançavam sobre os limites laterais e sobre o alinhamento das ruas, como as casas coloniais [...] (caracterizam-se) [...] pela simplicidade dos esquemas, com suas paredes grossas, suas alcovas e corredores, telhados elementares e balcões de ferro batido.”  Já as raízes cuja origem é adventícia, podem ser comparadas à estrutura proposta nas edificações modernistas: Pela primeira vez seriam exploradas amplamente as possibilidades de acomodação ao terreno, em que pese a exiguidade dos lotes em geral. Para isso contribuiria principalmente o uso das estruturas de concreto, que viriam libertar as paredes de sua primitiva função de sustentação e as estruturas de sua rigidez. Agora as lajes de piso e de cobertura seriam de concreto, em substituição às velhas estruturas de madeira, com soalhos de tábuas longas e revestidas por baixo com forros de estuque ou madeira. Também as vigas e colunas eram agora de concreto; as paredes de tijolos não mais seriam estruturais, mas funcionariam apenas como painéis de vedação (REIS FILHO, 1995, p. 34).

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ambém no que tange a escala evolutiva, estes elementos podem ser comparados: considerando o desenvolvimento natural, as raízes normais surgiram antes das adventícias; estas últimas consistem em processos evolutivos onde alguns vegetais, buscando melhores condições de sobrevivência em ambientes de certo modo hostis, adaptaram seu organismo desenvolvendo mecanismos que otimizassem obtenção de água, luz, gás carbônico/ oxigênio, etc. Do mesmo modo, a arquitetura tradicional surgiu antes da modernista; esta última, reflexo de novos pensamentos acerca da implantação do edifício no lote, da relação estrutura x elemento de vedação, ornamentos, materiais, simetria x modulação, dentre outros aspectos. Quanto ao seu Habitat, as raízes podem ser classificadas em Subterrâneas, Aquáticas ou Aéreas. As raízes subterrâneas podem ainda ser divididas em axial ou pivotante; ramificada; fasciculada, cabeleira ou cabelame; e tuberosa. endo em vista uma melhor compreensão das raízes r aízes subterrâneas, serão vistos a seguir diagramas esquemáticos representando a disposição da tipologia de cada raiz, enfatizando suas posições relativas e hierarquias em termos de espessura e comprimento, que corresponde em síntese, aos aspectos que as diferenciam entre si.  A raiz axial axial ou pivota pivotante nte é caracteriz caracterizada ada pela pela existência existência de de uma raiz raiz principal principal central (primária) que se desenvolve mais que as outras (secundárias), sendo que é a partir desta principal que surgem as secundárias. Normalmente estas raízes secundárias não ultrapassam o comprimento da raiz axial e em alguns casos, são praticamente desprezíveis em relação a esta. Este tipo de raiz é comum na divisão Gymnospermae , e dentro da divisão Angyosp  Angyospermae  ermae , ocorre na ordem das Dycotiledoneae  (Figuras  (Figuras 28A e 28B).  As raízes ramificadas ramificadas são caracterizada caracterizadass pela raiz principal que se ramifica em secundária, terciária, etc. As raízes secundárias neste caso são oblíquas em relação às

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principais. Como exemplo podem ser citadas a maioria das árvores e arbustos da ordem Dycotiledoneae  (Figuras  (Figuras 29A e 29B).  A raiz fasc fasciculad iculada, a, em cabel cabeleira eira ou cabelame, é caracterizada caracterizada pela atrofia precoce precoce da raiz principal, e pelo surgimento de várias outras raízes secundárias, formando um feixe, entre as quais não é possível distinguir pela forma, posição, espessura ou desenvolvimento, qual seria a principal. Este tipo de raiz é comum nas  Monocotyl  Mono cotyledone edoneae  ae , como o alho ( Allium  Allium sativ sativum um). (Figuras 30A e 30B). Finalmente a raiz tuberosa é caracterizada pela raiz que, em sua porção mais próxima à superfície do solo, dilata-se em virtude do acúmulo de reservas nutritivas; estas reservas constituem-se na maioria das vezes, de açúcar e amido. ami do. Como exemplo, tem-se a beterraba (Beta vulgaris ),), nabo (Brassica napus ),), rabanete (Raphanus sativus ),  Manihot utili utilissima  ssima ), ), aipim ( Manihot ), etc.  As raízes tuber tuberosas osas podem ser clas classificad sificadas as ainda em: axial tuber tuberosa osa (ceno (cenoura ura Daucus carota L) (Figuras 31A e 31B); adventícia tuberosa (dália - Dahlia pinnata ) (Figuras 32A e 32B); ou secundária tuberosa (batata doce - Ipomoea batatas L) (Figuras 33A e 33B). Com relação às raízes aquáticas, estas são caracterizadas por desenvolverem-se em meio aquoso; deste modo, além das raízes com função de absorção, formam outras, curtas e grossas, capazes de armazenar ar e flutuar. Em muitos casos, tais raízes podem apresentar a cor esverdeada, o que significa presença de clorofila (ou seja, tais raízes auxiliam no processo de fotossíntese do vegetal). De acordo com Pereira, Pereira, (1980, p. 8), as raízes aquáticas podem se subdividir ainda em natantes (corresponderiam às que flutuam, ficando em suspensão na água) e as lodosas (que se fixam em pântanos e no fundo de rios e lagos). Como exemplos, pode-se citar respectivamente o aguapé (Eichhornia crassipes ) (Figura 34A) e a vitória régia (Victoria regia Lindl ) (Figura 35A).

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FIGURA 33A

Raiz secundária tuberosa: é a raiz que acumula reservas nutritivas nas extremidades das raízes e as demais não são desprezíveis, considerando seus tamanhos e espessuras espessur as (Ipomoea batatas).

FIGURA 33B

Esquema vetorial da raiz secundária tuberosa.

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FIGURA 34A

Raiz aquática natante: cujas raízes não se fixam, fazendo com que a planta “flutue” por toda a superfície do rio (aguapé – Eichhornia crassipes).

FIGURA 34B

Construção flutuante: na ilustração, um barco escola, que percorre toda a extensão do rio onde se encontra.

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FIGURA 35A

Raiz aquática lodosa: cujas raízes se fixam no fundo dos lagos, rios, etc. (vitória régia – Victoria regia Lindl).

FIGURA 35B

Base de produção de petróleo: onde o reservatório é marítimo e a fundação, em tubulão de aço.

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FIGURA 36A

Raiz cintura ou estrangulador estranguladora: a: cresce ao redor de outros vegetais (suportes), engrossa o caule e termina por estrangular seu suporte. (Ceiba pentandra).

FIGURA 36B

Favela: implantação espontânea e desprovida de infraestrutura, que termina por erodir ou destruir o sítio onde se localiza.

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FIGURA 37A

Raiz grampiforme ou aderente: cresce em forma de grampos ou ganchos; auxilia a planta trepadora a se fixar no suporte, mesmo que este seja íngreme (hera - Ficus pumilla).

FIGURA 37B

Construções em planaltos ou terrenos montanhosos: edificações fixadas a terrenos íngremes e de difícil acesso.

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Construções cujas fundações se encontram submersas em água podem ser encontradas nos seguintes exemplos: edificações que flutuam em lagos ou rios e edificações que abarcam bases de produção de petróleo cujo reservatório localiza-se no mar. Edificações que flutuam no mar (Figura 34B) podem adquirir uma série de usos, como estadia temporária (hotel flutuante), laboratórios especializados, escola, etc. Nesta situação, assim como no caso da raiz natante, estas “edificações” flutuam sobre a superfície da água, sem se fixar por fundações, desta maneira locomovendo-se por toda extensão de lâmina d’água onde estão inseridas. Uma base de produção de petróleo, neste caso, se assemelha à raiz lodosa, pois como ela se fixa ao fundo do mar; esta fixação ocorre através de tubulões de aço, devidamente tratados para suportar o grau de salinidade da água, bem como as variações do nível do mar e suas movimentações (como aquele provocado pelas ondas) (Figura 35B). Em se tratando das raízes aéreas, ou seja, aquelas que se desenvolvem fora do solo, Vidal, (1986, p. 101) considera a seguinte classificação: cinturas ou estranguladoras; grampiformes ou aderentes; respiratórias ou pneumatóforos; sugadoras ou haustórios; suportes ou fúlcreas; e tabulares. Assim como as raízes aquáticas, as raízes aéreas podem apresentar a cor esverdeada, significando a presença de clorofila.  A raiz cintura ou estranguladora é aquela que cresce ao redor de outros vegetais (utilizando-os como suporte), com o objetivo de fixação, desenvolvem-se engrossando seu caule e terminam por estrangular seu suporte — sendo que em muitos casos este suporte pode ainda morrer (Figura 36A). Exemplos deste tipo de raiz seriam o cipó mata pau (Ficus sp) e certas epífitas. Um acontecimento similar ao que ocorre com a raiz cintura ou estranguladora no espaço urbano pode ser observado nas favelas (Figura 36B), que de acordo com o Ministério do Interior (BRASIL, 1989, p. 27-34) é definida como uma ocupação

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FIGURA 38A

Raiz respiratória ou pneumatóforo: cresce para cima, procurando o ar, captando o oxigênio por meio de orifícios existentes em toda sua extensão. Essa raiz ocorre em mangues e chega a atingir o nível das marés altas (Rhizophora mangle).

FIGURA 38B

Catedral gótica: os arcobotantes distribuem o peso da estrutura ao solo e, morfologicamente, assumem forma arqueada.

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desordenada e não controlada, de terrenos pertencentes a terceiros, sem condições mínimas de infraestrutura e saneamento básico, onde faltam recursos, as casas são feitas com tecnologia de qualidade inferior, a partir de reaproveitamento de materiais e lançamento de detritos – o que acarreta construções de péssima qualidade.  A favela, na maioria dos casos, se situa em áreas de encostas ou de proteção ambiental (tais como nos sopés de montanhas e serras, áreas de mangue ou de praia, florestas, etc.), contra indicadas para a construção de quaisquer usos.  Ao se instalar, as preocupações urbanísticas praticamente inexistem (tais como, a criação de recuos entre edificações e os limites de seus lotes, calçadas, áreas verdes livres, vias, equipamentos, etc.), assim como em relação à infraestrutura (construção de encanamentos para esgoto, para escoamento de águas pluviais, instalações elétricas e hidro sanitárias concebidas dentro das normas, etc.) e mesmo no tocante às próprias unidades habitacionais (muitas vezes construídas com material de baixa qualidade ou inadequados para tal fim, como papelão, plástico, etc.). Neste quadro de precariedade, a favela termina por “destruir” o sítio no qual se insere, seja através da erosão (quando se desmata as encostas e as habita sem maiores preocupações urbanísticas e de infraestrutura, a ação de chuvas faz com que o solo inclinado desmorone, levando consigo as precárias construções da favela), seja através da destruição do meio ambiente (no caso da favela se inserir em áreas de proteção ambiental, e nestes locais depositar os detritos, tanto sanitários como de lixo). Desta forma, a favela se assemelha à raiz cintura ou estranguladora uma vez que ambas, ao crescerem, “destroem” os seus respectivos suportes, (que no caso corresponde ao ambiente no qual a favela se localize).  As raízes grampiformes ou aderentes são raízes que crescem em forma de grampos ou ganchos, as quais auxiliam a planta trepadora a se fixar no suporte, mesmo que este seja íngreme (Figura 37A). Ex.: hera (Ficus pumilla ), Hedera helix  e Araliaceae .

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FIGURA 39A

Raiz sugadora ou haustórios: são raízes de plantas parasitas que germinam em outro vegetal hospedeiro; desenvolvem um órgão de contato que penetra os vasos da hospedeira, sugando-lhe a seiva orgânica (cipó chumbo – Cuscuta racemosa).

FIGURA 39B

 Aldeias indígenas ou primitivas: “sugam” os nutrientes do solo de um determinado local (em virtude do plantio constante dos mesmos vegetais) e seguem para outro, onde ocorre o mesmo processo.

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Da mesma forma que as raízes grampiformes ou aderentes se fixam a um suporte para poder crescer, as fundações das construções em planaltos ou terrenos montanhosos encontram-se fixadas a seus terrenos íngremes (Figura 37B).  Apesar das dificuldades para se implantar uma edificação neste tipo de terreno (tanto no que se refere ao transporte de materiais de construção até o local da futura edificação, como a própria construção da fundação), dentre os vários tipos de fundação é considerada a mais resistente, pois nesta situação, utiliza-se a própria rocha (geralmente blocos de granito) para suportar a estrutura da edificação.  As raízes respiratórias ou pneumatóforos são raízes que crescem para cima, procurando o ar; nestes casos, as raízes funcionam como órgãos de respiração, captando o oxigênio por meio de orifícios existentes em toda sua extensão. ais raízes ocorrem em mangues e chegam a atingir o nível das marés altas; fazem ainda com que seu caule permaneça sem tocar a superfície do solo, e é através destas raízes que o peso do vegetal é distribuído ao solo (Figura 38A). Ex.:  Avicennia tomentosa , Verdenacea , e para citar um exemplar característico dos pântanos, o cipreste (axodium distichum ). Morfologicamente, pode-se colocar a semelhança entre as raízes respiratórias ou pneumatóforos e as antigas catedrais góticas, mais especificamente em relação às estruturas denominadas contrafortes ou arco portantes (Figura 38B).  A catedral gótica, conforme Koch, (1998, p. 126) é dotada de contrafortes exteriores, denominados arcobotantes, os quais [...] passam por cima das naves menores ligando os botaréus (obra maciça de alvenaria para reforçar as paredes sujeitas a grandes empuxos laterais) à nave central e alinhando-os aos arcos transversais, que do ponto de vista estático são os mais importantes. Os contrafortes exteriores possuem, além disso,

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a carga dos pináculos (pequena torre ornamental gótica, fina e pontiaguda, construída sobre torres ou gabletes), que servem de contrapeso para a pressão lateral do telhado e das abóbadas.

 Assim como as raízes respiratórias ou pneumatóforos, os arcobotantes auxiliam na distribuição do peso do restante da estrutura a ser descarregado ao solo e morfologicamente, ambos assumem uma forma arqueada, que liga o caule (no caso das raízes) ou as paredes/ colunas (no caso da catedral gótica) ao solo.  As raízes do tipo sugadora ou haustórios são raízes de plantas parasitas que germinam em outro vegetal hospedeiro; tais raízes crescem em direção ao caule do hospedeiro e desenvolvem um órgão de contato de onde partem os haustórios (estruturas muito finas) que penetram os vasos da hospedeira, sugando-lhe a seiva orgânica (Figura 39A). Ex.: cipó chumbo ( Cuscuta racemosa ), Concolvuláceas , erva de passarinho (Loranthus marginatus ), Rafflesia arnoldii .  Assim como as raízes sugadoras ou haustórios sugam a seiva orgânica de outro vegetal, as aldeias indígenas ou primitivas, no estágio inicial de aprendizado da agricultura, “sugam” os nutrientes do solo de um determinado local, (em virtude do plantio constante dos mesmos vegetais) sem destruí-lo, como o faz os favelados e seguem para outro lugar, onde ocorre o mesmo processo (Figura 39B). al fato ocorria (e ainda ocorre atualmente) em virtude do desconhecimento de técnicas de adubação ou reposição de nutrientes ao solo através de outras técnicas (deposição de outros tipos de matéria orgânica ou por meio químico), e sabe-se que ao sobrecarregar o solo com a produção frequente de um mesmo vegetal, este “esgota-se” e deixa de produzir com a mesma qualidade, até que seja recuperado e reflorestado.  As raízes suportes ou fúlcreas são raízes que se desenvolvem a partir do caule, brotando em direção ao solo, onde penetram, se fixam e ramificam. Estas raízes man-

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têm o caule no alto e com o passar do tempo, atingem grandes dimensões, tornam-se vigorosas e auxiliam a escorar os galhos maiores da planta. Em alguns casos, estas raízes são capazes de suportar sozinhas, toda a copa da árvore (Figura 40A). Ex.: milho ( Zea Mays L.), Philodendron, pândano (Pandanus sp), Rhizophora sp. Neste caso, é possível traçar um comparativo entre as raízes suporte ou fúlcreas com os pilotis de um edifício (Figura 40B). De acordo com Koch, (1998, p. 195) os pilotis são “suportes que sustentam o edifício deixando-o elevado do chão”, e como fazem parte do sistema estrutural, sustentam todo o peso do edifício, transmitindo-o às fundações e ao solo. Como ocorre com as raízes suporte ou fúlcreas, os pilotis mantêm o edifício (caule) no alto e são capazes de suportar o peso de todo o edifício (caule e copa).  As raízes tabulares são aquelas que partem do caule e atingem o solo, aumentando a superfície de fixação do vegetal; apresentam consistência lenhosa, tal como o caule. Consistem numa variação do sistema de raízes suportes, sendo parte aérea, parte subterrânea. omam o aspecto de tábuas perpendiculares ao solo, que ampliam a base do vegetal, proporcionando-lhe mais estabilidade, ao passo que aumentam a sua superfície respiratória (Figura 41A). Ocorre em árvores de grande porte, tais como o pau d’alho (Gallezia gorazema ), figueira, (Ficus microcarpa ), chichá (Sterculia chicha ).  As fundações em pedra dos grandes fortes, assim como as raízes tabulares, proporcionam mais estabilidade às edificações, uma vez que estas suportavam paredes geralmente com vários metros de espessura, também executadas em pedra (Figura 41B). A respeito das dimensões de uma fundação de pedra, de acordo com Vasconcellos (1979, p. 13),

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FIGURA 40A

Raiz suporte ou fúlcrea: desenvolvese a partir do caule e o mantém no alto. É capaz de suportar toda a copa das árvores (pândano – Pandanus veichii).

FIGURA 40B

Pilotis de um edifício: sustentam o edifício, deixando-o elevado do chão, e sustentam todo o seu peso, transmitindo-o às fundações e ao solo.

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FIGURA 41A

Raiz tabular: parte do caule e atinge o solo, aumentando a superfície de fixação do vegetal, estabilidade, bem como sua superfície respiratória. Tem aspecto de tábua perpendicular ao solo, de consistência lenhosa (Ficus rubiginosa).

FIGURA 41B

Forte com fundação em pedra: dotado de uma forte estrutura de fundação para suportar o seu próprio peso, a qual é formada pelo material mais resistente possível.

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FIGURA 42A

Gavinhas: modificações/adaptações das raízes que se enrolam a um suporte (Ex.: Vanilla – Vanilla planifólia).

FIGURA 43B

Tubulação hidro sanitária: transporta a água limpa aos diversos pontos de água existentes no edifício e a água já servida retorna a outro ramo de tubulação, através dos ralos de chuveiro, cuba, etc.

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[...] o dimensionamento dos alicerces modifica-se naturalmente, em função dos volumes que devem suportar, aprofundando-se e alargando-se à medida que as paredes suportadas se alteiam.  Alteram-se, ainda, em função do tempo, sendo menos profundos quando mais recentes.

 Assim, verifica-se que tanto o forte como as raízes tabulares, são dotados de uma forte estrutura de fundação para suportar o seu próprio peso, e esta estrutura é formada pelo material mais resistente possível (no caso do vegetal, é formado pelo mesmo material do caule, com consistência lenhosa e no caso dos fortes, a pedra, material bastante resistente aos esforços de compressão).  As raízes podem ainda, sofrer outras modificações ou adaptações, sendo classificadas em gavinhas (Figura 42A) - estruturas que se enrolam a um suporte (ex.: Vanilla planifolia - Orchidaceae ) ou espinhos (ex.: buritirana - Mauritia aculeada ).

3.2. CAULE

Dentre as principais funções do caule, este serve de ligação entre as raízes e folhas, é responsável pelo transporte (tanto no sentido raiz – folhas como folhas – raiz) de matéria inorgânica e seiva (função nutricional); estimula o crescimento e produção de ramos, flores e frutos (função de crescimento), dispondo as folhas nas posições mais favoráveis à fonte de luz; por fim, apresenta a função de suportar o peso de sua copa (função estrutural). Com relação à função de transporte de matéria inorgânica e seiva no sentido raiz-folhas-raiz, verifica-se que funciona de maneira similar às instalações hidro sanitárias de um edifício. O caule transporta água e sais minerais da raiz para as folhas e transporta seiva elaborada das folhas às demais partes do vegetal. Do mesmo modo, as instalações hidro sanitárias transportam a água limpa do sistema de

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abastecimento público de água, que correspondem a tubulações situadas abaixo do nível do arruamento ou dos poços artificiais da edificação, encaminham esta água através dos encanamentos aos diversos pontos de água existentes no edifício (cozinha, banheiro, área de serviço, enfim, as “áreas molhadas”) molhadas”) e a água já servida retorna à outro ramo de tubulação (sistema de esgotos sanitários) através dos ralos de chuveiro, cuba, etc. (Figura 43B).  Este sistema de esgoto, conforme Azevedo Netto (1973, p. 543), é definido como “conjunto de obras e instalações destinadas a propiciar a coleta, afastamento, condicionamento (tratamento quando necessário) e disposição final, adequadas do ponto de vista sanitário, das águas servidas de uma comunidade”.  Acerca  Acer ca do do crescimen crescimento to e produ produção ção de ramos ramos no caule, caule, é possível possível traçar uma analoanalogia com as obras de reforma da edificação. Assim como o caule se ramifica e cresce, nos sentidos vertical e horizontal, o edifício pode sofrer reformas de ampliação tanto horizontal (no caso das edificações térreas) (Figura 44B) como vertical (por exemplo, a construção de 2º pavimento numa casa térrea, através do reforço da estrutura) (Figura 45B). O caule apresenta também a função de dispor as folhas nas posições mais favoráveis para captação de luz solar. Analogicamente, visando atender aos pré-requisitos do conforto ambiental na edificação, é principalmente nas vedações (paredes) que se localizam as janelas, por onde entram tanto luz solar como ventilação. Dependendo do local onde a edificação se encontre, das características específicas do sítio (orientação e velocidade dos ventos predominantes, períodos e ângulos de insolação, máscaras de sombras projetadas por edificações no entorno, umidade relativa do ar, temperatura, dentre outros aspectos), do fator estético e da funcionalidade do projeto, o arquiteto distribui as esquadrias mais adequadas ao edifício em questão (Figura 46B).

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Finalmente, no que se refere à função do caule de suportar o peso de sua copa, pode ser traduzida arquitetonicamente como a função dos pilares ou paredes estruturais de suportar os esforços provenientes da cobertura do edifício (Figuras 9A e 9B). O caule possui ainda outras particularidades: geralmente apresenta geotropismo negativo (cresce para “fora” do solo), o que direciona a verticalização da planta através do crescimento do ramo gemular (ramo situado à lateral do caule) ou caule apical (ramo situado na extremidade superior do caule); ausência de clorofila (pigmento esverdeado que possibilita a fotossíntese nas folhas da planta); é dotado de gemas ou botões vegetativos (estruturas que dão origem à ramos ou folhas) e de folhas. Apresenta na maioria das vezes, uma forma cônica, geralmente muito alongada, e tem o corpo todo dividido em nós e entrenós. Da mesma forma que as raízes, as características do caule podem sofrer exceções, dependendo das adaptações do vegetal ao meio ambiente. No tocante à morfologia externa, o caule pode ser dividido em três estruturas, as quais são listadas a seguir: nó; entrenó ou meritalo; e gemas (Figura 47A). Nó: localizado nas porções centrais do caule, e é a partir p artir dele que surgem as folhas (Figura 47A). Dentro da linguagem de Arquitetura, a parte do caule denominada “nó”, “nó”, pode ser considerada como sendo a marcação de pé direito da casa (Segundo MONENEGRO, 1997, p. 56, a altura do piso ao forro ou da parte mais baixa da coberta ao piso), e no caso de um edifício com vários pavimentos, corresponderia a altura de cada pavimento (Figura 48B). Entrenó ou meritalo: situa-se também nas porções centrais do caule e corresponde à região entre nós consecutivos (Figura 47A). Nesta analogia com a arquitetura, a estrutura vegetal designada como “entrenó” seria o ponto médio do pé direito, e no caso específico de uma edificação com pé

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FIGURA 44B

Reforma da edificação no sentido horizontal: funciona como a gema lateral ou axial dos vegetais.

FIGURA 45B

Reforma da edificação no sentido vertical: gema terminal ou apical.

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FIGURA 46A

Distribuição das janelas de acordo com as conveniências de ventilação, insolação, funcionalidade e estética

FIGURA 47A

Partes constituintes do caule.

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FIGURA 48B

Marcação de pé direito da casa, e no caso de um edifício com vários pavimentos, o “nó” do caule corresponderia à altura de cada pavimento.

FIGURA 49B

No caso de uma edificação com pé direito de 3,00 (três) metros, o entrenó corresponde ao corte imaginário que dá origem à representação gráfica de “planta baixa”.

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direito de 3,00 (três) metros — que corresponde ao pé direito usual de uma casa — o entrenó corresponde à marcação do corte imaginário nas estruturas verticais que dão origem à representação gráfica ou desenho técnico denominado “planta baixa”. De acordo com MONENEGRO, 1997, p. 51 corresponde à representação do corte de um plano horizontal que secciona a construção a 1,50 metros acima do piso, da qual se retira a parte de cima do plano de corte; a planta baixa é o desenho deste corte, visto de cima para baixo. (Figura 49B). Gemas: estruturas do caule que podem estar situadas em toda sua extensão e que quando estimulada, origina e determina o alongamento dos ramos que dão origem às folhas e flores. Podem se classificar em gema terminal ou apical e lateral ou axial (Figura 47A).  A gema terminal ou apical encontra-se na porção superior do caule, podendo produzir ramos de folhas ou flor, bem como promove o crescimento do caule; quando em determinadas situações de poda, esta gema terminal é eliminada, o vegetal perde o seu fio condutor de crescimento, e como recurso para sobreviver passar a emitir ramificações desordenadamente, independente da localização das gemas originais. Neste processo, o vegetal desprende muita energia, e por isto permanece durante algum tempo em estado de recuperação, não produzindo flores ou frutos — até o restabelecimento de seu desenvolvimento “normal”.  A gema lateral ou axial, do mesmo modo que a gema terminal, pode dar origem a ramos, folhas ou flores; localiza-se, contudo, na porção central do caule, mais precisamente na axila das folhas (imediatamente abaixo da folha). Na maioria das vezes não se desenvolve, permanecendo dormente.  A gema, estrutura vegetal responsável pela origem e crescimento dos ramos, corresponderia, em arquitetura, às estruturas que possibilitam futuras reformas de ampliação (quer dizer formas de “crescimento” das edificações), sejam elas hori-

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FIGURA 51A

Caule semilenhoso ou sublenhoso: mistura entre os tipos herbáceo e lenhoso (crista de galo - Amaranthus hybridus).

FIGURA 50A

Caule herbáceo: aspecto de erva (serralha – Sonchus oleraceus L).

FIGURA 52A

Caule lenhoso: consistente e resistente. (Cedro – Cedrus libanii)

FIGURA 53A

Caule com desenvolvimento de erva: pouco desenvolvimento e tenro lenhoso (botão de ouro – Galinsoga parviflora Cav).

FIGURA 53B

Edificação tipo “erva”: casebre de taipa, coberto por um telhado de duas águas com telha canal de barro.

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zontais ou verticais. Estas estruturas podem ser as extremidades de pilares, a partir dos quais se deseje anexar um outro pavimento à edificação (mediante os reforços estruturais necessários), correspondendo à gema terminal ou apical, ambas permitindo um crescimento vertical do edifício/ vegetal (Figura 45B); ou contrapisos/ pisos/ baldrames, indicando uma ampliação lateral da edificação, correspondendo à gema lateral ou axial, responsáveis pelo crescimento horizontal do edifício/ vegetal (Figura 44B). Os caules também podem ser classificados quanto à consistência (herbáceo, sublenhoso ou semilenhoso e lenhoso), quanto ao desenvolvimento (erva, subarbusto, arbusto, árvore e liana), quanto à forma (cilíndrico, comprimido ou achatado, anguloso, estriado e bojudo ou barrigudo), quanto ao habitat (aéreos, subterrâneos e aquáticos), quanto ao tipo de ramificação (monopodial, simpodial e dicásio) e quanto às adaptações (gavinhas, cladódio e espinhos). Quanto à consistência, como foi colocado anteriormente, os caules podem ser classificados como herbáceos, lenhosos, semilenhosos ou herbáceos. O caule herbáceo é aquele que exibe aspecto de erva, especialmente por não ser lenhificado (consistência de madeira, lenha). Ex.: serralha ( Sonchus oleraceus L) (Figura 50A), botão de ouro (Galinsoga parviflora Cau). O caule semilenhoso ou sublenhoso trata-se de uma mistura entre os tipos herbáceo e lenhoso: a região da base é lenhosa, e seu ápice, contudo, apresenta-se herbáceo, tenro. Ex.: crista de galo ( Amaranthus hybridus ) (Figura 51A).  A consistência lenhosa corresponde ao caule bastante consistente e resistente, em virtude da sua lenhificação, e com considerável crescimento em diâmetros transversais. Ex.: árvores de grande porte em geral, como o cedro ( Cedrus libanii ) (Figura 52A). É possível comparar a consistência dos caules vegetais com a rigidez de materiais

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FIGURA 54A

Caule com desenvolvimento de subarbusto: atinge até um metro, consistindo num arbusto pequeno (crista de galo– Heliotropium indicum L).

FIGURA 54B

Edificação tipo “subarbusto”: casa de dois pavimentos, construída com tijolos, rebocada.

FIGURA 55A

Caule com desenvolvimento de arbusto: alcança uma altura inferior a 5 (cinco) metros; apresenta-se resistente e lenhoso em sua base, tenro e suculento em sua porção superior (escudo persa – Strobilanthes dyerianus).

FIGURA 55B

FIGURA 56A

Edificação tipo “arbusto”: prédio de vários pavimentos, com estrutura de concreto armado, revestido em cerâmica e com cobertura de laje em concreto armado.

Caule com desenvolvimento de árvore: ultrapassa a altura de 5 (cinco) metros; seu caule é lenhoso resistente. (Cedro – Cedrus libanii).

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utilizados na construção civil: de acordo com Silva, (1997, p. 68), se diz usualmente que um material é mais rígido que outro “e essa medida de rigidez é uma propriedade de cada material, denominada de módulo de deformação longitudinal, ou simplesmente conhecida como módulo de elasticidade”. Partindo desta colocação, o caule herbáceo corresponderia a uma estrutura de madeira, cujo módulo de elasticidade é de 7.050 Mpa (70.500 Kgf/cm2); o caule semilenhoso ou sublenhoso corresponderia a uma estrutura de concreto, com módulo de elasticidade de 25.549 Mpa (255.490 Kgf/cm2); e o caule com consistência lenhosa seria a estrutura de aço, que apresenta módulo de elasticidade de 210.000 Mpa (2.100.000 Kgf/cm2). (os valores dos módulos de elasticidade supracitados foram extraídos de SILVA, 1997, p. 69). No tocante ao desenvolvimento, os caules podem ser classificados em erva, subarbusto, arbusto, árvore e liana. O caule cujo tipo de desenvolvimento é erva apresenta pouco desenvolvimento e é tenro, devido a pouca ou nenhuma lenhificação. Ex.: crista de galo ( Celosia argentea ), botão de ouro ( Galinsoga parviflora Cav ) (Figura 53A). Comparando estes níveis de desenvolvimento com tipologias de edificações, pode-se colocar que o caule de desenvolvimento tipo erva corresponderia a um casebre de taipa, coberto por um telhado de duas águas com telha canal de barro (Figura 53B). O caule subarbusto pode atingir uma altura de até um metro, consistindo num arbusto pequeno; a sua base é lenhosa e o restante é herbáceo, com ramos tenros Ex.: crista de galo ( Heliotropium indicum L ) (Figura 54A).  Ainda comparando com tipologias de edificações, o caule subarbusto corresponderia a uma casa de dois pavimentos, construída com tijolos, rebocada, também coberta por telhas canal, contudo, formando um jogo de planos mais elaborado

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FIGURA 56B

FIGURA 57A

FIGURA 58A

Edificação tipo “árvore”: arranha céu com mais de 50 pavimentos, estrutura de aço, revestido com vidro e aço, coberto por laje protendida impermeabilizada.

Caule com desenvolvimento de liana: comprimento de muitos metros, consistindo em cipós trepadores. (cipó de são João – Pyrostigia venusta).

Caule com formato cilíndrico: (palmeira – Washingtonia filifera).

FIGURA 59B FIGURA 58B

FIGURA 59A

Representação esquemática da seção do caule com formato cilíndrico.

Caule com formato comprimido ou achatado: cactos (Opuntia basilaris).

Representação esquemática da seção do caule com formato comprimido ou achatado.

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que a tipologia representada pela “erva” (Figura 54B). O caule arbusto alcança uma altura inferior a cinco (5) metros, apresentando-se resistente e lenhoso em sua base, tenro e suculento em sua porção superior. Não possui um tronco predominante, uma vez que se ramifica desde a base. Ex.: escudo persa (Strobilanthes dyerianus ) (Figura 55A). Comparando este caule com tipologias de edificação, o caule arbusto corresponderia a um prédio de vários pavimentos, com estrutura de concreto armado, revestido em cerâmica e com cobertura de laje em concreto armado (Figura 55B). O caule que se desenvolve até se tornar árvore, ultrapassa a altura de cinco (5) metros; seu caule é lenhoso e resistente, apresentando um tronco nítido e sem ramos na parte inferior, e bastante ramificada na porção superior (constituindo a copa) Ex.: Cedro (Cedrus libanii ) (Figura 56A). Prosseguindo na comparação por tipologias, o caule cujo grau de desenvolvimento é árvore teria similaridade com um arranha céu com mais de 50 pavimentos, estrutura de aço, revestido com vidro e aço, coberto por laje protendida impermeabilizada (Figura 56B).  A última classificação de desenvolvimento do caule é a liana, cujo comprimento pode atingir muitos metros, consistindo em cipós trepadores. Ex.: cipó de são joão (Pyrostigia venusta ) (Figura 57A). O caule cujo desenvolvimento é liana, muitas vezes apresenta-se enroscado a suportes (como as árvores); dentro da analogia de tipologias de edificação, este caule assumiria a condição de um elevador do arranha céu (que seria o vegetal com desenvolvimento de árvore), uma vez que cresce dependendo de seu suporte, atingindo um comprimento tão alto conforme a árvore que o sustenta. No que compete à forma do caule, os caules apresentam certa variedade, e para uma maior compreensão destas formas de caule, serão comparados vegetais que

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FIGURA 60A

FIGURA 60B

FIGURA 61A

Caule com formato anguloso trigonal: tiririca (Cyperus rotundus).

Representação esquemática da seção do caule com formato anguloso trigonal.

Caule com formato anguloso tetragonal: macaé (Leonurus sibiricus L).

FIGURA 61B

Representação esquemática da seção do caule com formato anguloso tetragonal.

FIGURA 62B FIGURA 62A

Caule com formato estriado: cacto

Representação esquemática da seção do caule com formato estriado.

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as possuem e suas respectivas representações de cortes mostrando a seção destes caules, ou seja suas formas básicas. Os caules podem ter formato cilíndrico, como a palmeira ( Washingtonia filifera ) (Figuras 58A e 58B); comprimido ou achatado, como o cipó e cactos ( Opuntia basilaris ) (Figuras 59A e 59B); anguloso trigonal, no caso da tiririca ( Cyperus rotundus ) (Figuras 60A e 60B) e anguloso tetragonal, do macaé ( Leonurus sibiricus L) (Figuras 61A e 61B); sulcado, como o cipó do rego; estriado como o cacto (Notocactus magnificus ) (Figuras 62A e 62B); e finalmente bojudo ou barrigudo, como a palmeira e o baobá ( Adansonia digitata ) (Figuras 63A e 63B). No que se refere ao habitat, os caules podem se desenvolver em ambientes aéreos, subterrâneos e aquáticos. Os caules aéreos podem ainda ser classificado como eretos ou erguidos (os quais por sua vez se subdividem em tronco; haste; estipe, espique ou estípite; colmo; e escapo), rastejantes ou reptantes e trepadores. O caule tipo tronco é lenhoso, robusto e resistente, com formato cilíndrico ou cônico, apresentando desenvolvimento maior na base e ramificações no ápice. Geralmente ocorre em vegetais de médio e grande porte, na maioria das árvores e arbustos da classe das dicotiledôneas. Ex.: cacaueiro ( Teobroma cacao) (Figura 64A), magnólia ( Michelia champaca L). O caule tronco, com seu maior desenvolvimento na base e se estreitando no ápice, guarda similaridade com a estrutura de pirâmides escalonadas (Figura 64B), como a Pirâmide de Kukulkán ou O Castelo, uma  [...] construção piramidal de nove corpos superpostos, sobre uma base quadrangular de 70 metros de lado, que já não alcança a altura das antigas plataformas maias, reduzindo-se aqui a 24 m; por outra parte sua ladeira é menos acentuada. Outro aspecto revelador da nova arte maia de influência tolteca é que o acesso

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FIGURA 64A

FIGURA 63A

FIGURA 63B

Caule com formato bojudo ou barrigudo: baobá (Adansonia digitata).

Representação esquemática da seção do caule com formato bojudo ou barrigudo.

Caule tipo tronco: lenhoso, robusto e resistente, com formato cilíndrico ou cônico, apresentando desenvolvimento maior na base e ramificações no ápice (cacaueiro – Theobroma cacao).

FIGURA 65A

FIGURA 64B

Estrutura de pirâmides escalonadas: pirâmide de Kukulkán ou O Castelo.

Caule do tipo haste: caule pouco resistente, flexível e não lenhoso (herbáceo), geralmente esverdeado (dotado de clorofila).

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à plataforma superior onde se levanta a edícula já não é frontal, mas abre caminho em cada lado da pirâmide uma escada de 11 m de largura com 91 degraus. O templo superior é de base quadrada, com portas de acesso em cada fachada — a do norte tem três portas separadas por pilares que reproduzem serpentes de monstruosas cabeças em suas bases — e compõe-se de um quarto interior cujo teto de abóbadas é sustentado por dois pilares. (GOITIA, 1996, p. 82-83)

 A haste é um tipo de caule pouco resistente, flexível e herbáceo (não lenhoso), geralmente esverdeado (dotado de clorofila), dotado de folhas e pequenos ramos. Ocorre em vegetais de pequeno porte, como nas ervas e subarbustos. Ex.: serralha (Sonchus oleraceus L), botão de ouro ( Galinsoga parviflora Cau), mata pasto (Eupatorim squalidum) (Figura 65A). Este caule do tipo haste, dada a sua pouca resistência, pode ser comparado com a estrutura necessária para abrigos de pequeno porte como os pontos de ônibus (Figura 65B). De acordo com o Manual de implantação de Mobiliário Urbano, (RIO DE JANEIRO, 1999, p. 60) “o sistema de transporte coletivo urbano feito por ônibus apontou a necessidade de se criar abrigos em alguns pontos de parada, proporcionando conforto ao usuário e proteção do sol, chuva e vento, muito comuns de uma cidade com clima tropical”. Ainda de acordo com este manual, o módulo para abrigo de ônibus apresenta dimensões de 2,30 a 3,00 metros de largura por 5,00 metros de comprimento, e a sua tipologia é variável. No caso do caule do tipo haste, os pilares se encontram diretamente com a cobertura, sem artifícios complementares (tais como mão francesa, treliças, etc.) que distribuam os esforços da cobertura para o pilar, uma vez que o caule tipo haste não apresenta ramificações. O caule estipe, espique ou estípite, é lenhoso, não ramificado, tem formato cilín-

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FIGURA 65B

Ponto de ônibus: abrigos de pequeno porte, no caso, quando os pilares se encontram diretamente com a cobertura, sem artifícios complementares (como mão francesa, etc.) que distribuam os esforços da cobertura.

FIGURA 66A

Caule tipo estipe, espique ou estípite: lenhoso, não ramificado, tem formato cilíndrico, apresenta entrenós curtos e pode se desenvolver muito e se tornar resistente (palmeira imperial – Roystonea oleracia).

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FIGURA 66B

Coluna cilíndrica: formato cilíndrico, não apresenta ramificações, pode atingir grandes alturas e seu ápice apresenta estrutura que, de certo modo, indica o término da coluna, o capitel. Cobertura para o pilar.

FIGURA 67A

Colmo cheio ou cálamo: o caule é lenhoso, não se ramifica, tem formato cilíndrico, apresenta nós e entrenós bastante marcados, dividido em gomos e é cheio (cana de açúcar – Saccharum officinarum L.)

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FIGURA 68A

Colmo fistuloso ou medular: o caule é lenhoso, não se ramifica, tem formato cilíndrico, apresenta nós e entrenós bastante marcados, dividido em gomos e é oco (bambu – Bambusa vulgaris).

FIGURA 68B

Tubos cilíndricos vazados: utilizados, usualmente, nas instalações hidráulicas,, sanitárias, elétricas, etc. hidráulicas

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drico, apresentam entrenós curtos, e pode se desenvolver muito e se tornar resistente. Em seu ápice apresenta um capitel de folhas que se ligam diretamente a este caule. É o caule característico das palmeiras, ocorrendo raramente entre a classe das dicotiledôneas. Ex.: mamão ( Carica papaya ), imbaúba (Cecropia moraceae ), palmeira imperial (Roystanea oleracia ) (Figura 66A). Este tipo de caule, o chamado estipe, espique ou estípite pode ser comparado, dentro da linguagem de Arquitetura, com o elemento estrutural “coluna”, de seção circular (Figura 66B). Conforme Koch, (1998, p. 123), a coluna é um [...] elemento arquitetônico de seção circular, poligonal ou perfilada. Originalmente sustentava a arquitrave, a partir da época romana também os arcos, que, por sua vez, sustentavam as paredes; além disso, é empregada sem função de suporte, apenas com finalidade decorativa [...] As partes principais são a base, o fuste e o capitel, das quais o fuste é elemento absolutamente indispensável. [...] a maior parte das denominações da coluna se refere a sua forma ou posição: [...] 2. coluna cilíndrica, composta de partes cilíndricas [...].

anto o caule estipe como a coluna cilíndrica tem formato cilíndrico, não apresentam ramificações, podem atingir grandes alturas (e neste caso, ambos sofrem um estreitamento ao se aproximar do ápice) e em seus ápices apresentam estruturas que de certo modo indicam o término da coluna: no caso do caule, a presença da folhagem, e no caso da coluna, o capitel. O caule tipo colmo, assim como o estipe, é lenhoso, não se ramifica, tem formato cilíndrico; contudo, apresentam nós e entrenós bastante marcados, dividido em gomos. Sua ramificação é simples ou monopodial (este termo será visto mais a frente quando forem estudados os tipos de ramificação dos caules).

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FIGURA 69A

Caule escapo: caule herbáceo, longo, não ramificado e sem folhas. (narciso – Narcissus cyclamineus).

FIGURA 69B

Mão francesa: um tipo de artifício usado para melhor distribuição dos esforços da cobertura para o pilar, sendo aplicado numa estrutura de pequeno porte.

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FIGURA 70A

Caule prostrado: pouco resistente, não suporta o peso de sua própria copa, tomba ao chão e se desenvolve paralelamente à superfície do solo, não emitindo raízes adventícias (melancia – Curcubita citrullus).

FIGURA 71A

Caule estolão, radicantes ou estolhos: desenvolve-se rente ao solo, formando botões laterais, geralmente longos, que de espaço a espaço origina gemas, as quais emitem raízes adventícias e folhas (morangueiro – Fragaria vesca).

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FIGURA 71B

Edificação horizontalizada 01: dimensão horizontal maior que a vertical e, neste caso, com os pilares embutidos nas paredes.

FIGURA 72A

Caule sarmentoso: possui adaptações que permitem a fixação da planta ao substrato. Estas adaptações podem ser raízes adventícias aderentes ou gavinhas (maracujá – Passiflora sp).

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O caule colmo pode ainda ser subdividido em cheio ou cálamo, quando o caule apresenta-se maciço; é o caso da cana de açúcar ( Saccharum officinarum L.), Figura 67A, e do milho ( Zea Mays L.); e fistuloso ou medular, quando o caule apresenta-se oco; como exemplo pode se citar o bambu ( Bambusa vulgaris ), Figura 68A. Este tipo de caule é característico das gramíneas em geral. Com relação aos caules colmo tipo cheio ou cálamo e fistuloso ou medular, pode-se fazer uma analogia com os tipos de tubos usados em Arquitetura: os tubos cilíndricos de alma cheia (que corresponderiam ao colmo cheio ou cálamo) são empregados muitas vezes como elementos estruturais (como as colunas) (Figura 66B), e os tubos cilíndricos vazados, (colmo fistuloso ou medular) (Figura 68A) são utilizados usualmente nas instalações hidráulicas, sanitárias, elétricas, etc. Finalmente, dentro da classificação de caules eretos ou erguidos, tem-se o caule escapo. Este caule é herbáceo, longo, não ramificado e sem folhas. em origem no rizoma, bulbo, etc., e apresenta flores em sua extremidade. Como exemplo, pode ser citado o narciso ( Narcissus cyclamineus ) (Figura 69A). O caule escapo, assim como o caule haste, ocorre em vegetais de pequeno porte, e pode-se fazer a mesma analogia destes caules com abrigos de pequeno porte como paradas de ônibus; contudo, no caso do caule escapo, existiriam artifícios para melhor distribuição dos esforços da cobertura para o pilar (uma vez que este tipo de caule apresenta ramificações), como por exemplo, o uso de mão francesa (Figura 69B). Com relação aos caules aéreos do tipo rastejante ou reptante, existe uma classificação que os subdividem em prostrados e radicantes (também denominados estolhos ou estolão). O caule aéreo do tipo prostrado é pouco resistente, não suporta o peso de sua própria copa, tomba ao chão e se desenvolve paralelamente à superfície do solo,

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FIGURA 72B

Tirantes ou cabos de suspensão: sistema estrutural de forma ativa, constituído de “matéria não rígida, flexível, formada de modo definido e suportada por extremidades fixas, pode sustentar-se a si própria e cobrir um vão” (ENGEL, 1981, p. 25)

FIGURA 73A

FIGURA 73B

Caule volúvel: dotado de certa irritabilidade, ao entrar em contato com um suporte, se enrosca a ele num movimento espiral, sem apresentar órgãos de fixação (enrola semana – Ipomea cairica L).

Escada helicoidal: movimento em espiral, não apresenta “órgãos” de fixação, uma vez que a própria escada funciona como laje, uma peça única, e pontos de fixação se encontram nas extremidades da escada.

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FIGURA 74A

Caule do tipo rizoma: caule típico da bananeira

FIGURA 75A

Tubérculo: tipo de caule subterrâneo, cujas ramificações laterais engrossam em virtude do acúmulo de reserva nutritiva (bata inglesa – Solanum tuberosum)

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FIGURA 76A

Bulbo cheio: bulbo apresenta o disco mais desenvolvido e os catafilos que o revestem são semelhantes a uma casca (açafrão – Crocus sativus)

FIGURA 76B

Grande beiral: o sistema de madeiramento (“disco”) apresentaria grande beiral, sendo revestido por telhas cerâmicas.

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não emitindo raízes adventícias. Ex.: melancia (Curcubita citrullus ) (Figura 70A), cabaça, (Lagenaria vulgaris ), abóbora (Cucurbita pepo L.). Dentro da analogia com Arquitetura, o caule prostrado seria a tipologia de edificação horizontalizada (figura 27B) (ou seja, a sua dimensão horizontal é maior que a vertical), com a estrutura, no caso os pilares, embutida dentro dos elementos de vedação, uma vez que o caule prostrado não emite raízes adventícias, que seriam raízes que nascem em outro local que não o padrão, o usual. O caule estolão, radicantes ou estolhos, também se desenvolve rente ao solo, formando botões laterais, geralmente longos, que de espaço a espaço origina gemas, as quais emitem raízes adventícias e folhas, os quais geram novas plantas. Estas gemas ou estolhos possibilitam desta maneira a multiplicação do vegetal. É o caso de violetas (Viola odorata ), do morangueiro (Fragaria vesca ) (Figura 71A). Este caule estolão, assim como o prostrado, teria similaridade em Arquitetura com uma tipologia de edificação horizontalizada (figura 71B) (ou seja, a sua dimensão horizontal é maior que a vertical), entretanto sua estrutura (os pilares), não se encontraria embutida dentro dos elementos de vedação, e sim destacada, solta das paredes; isto porque o caule estolão emite raízes adventícias, que seriam raízes que nascem fora do padrão, do usual. Por fim, dentro dos caules aéreos, tem-se o caule trepador. Este tipo de caule pode classificar-se ainda em sarmentoso, volúvel e liana ou cipó. O caule trepador tipo sarmentoso é aquele que possui adaptações as quais permitem a fixação da planta ao substrato. Estas adaptações podem ser raízes adventícias aderentes, como é o caso da hera ( Ficus pumilla ), ou gavinhas, tais como o chuchu (Sechium edule ), uva (Vitis vinifera ), maracujá (Passiflora sp) (Figura 72A). Este tipo de caule, com suas estruturas de fixação, guarda similaridade, dentro da Arquitetura, com os tirantes ou cabos de suspensão para fixação da coberturas

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à pilares (Figura 72B). Este tipo de sistema estrutural, segundo Engel, (1981, p. 25) é de forma ativa, ou seja, é constituído de “matéria não rígida, flexível, formada de modo definido e suportada por extremidades fixas, pode sustentar-se a si própria e cobrir um vão”. Além disto, o sistema de forma ativa muda as forças externas por meio de esforços normais simples, (no caso do cabo de suspensão, por tração) e os esforços que nele atuam correspondem ao fluxo “natural” das forças aplicadas no sistema. anto este sistema de cabos como o caule sarmentoso, dependem de estruturas de fixação para se manterem na altura desejada, e necessitam de um meio de apoio (no caso do caule, este apoio seria o suporte, e no caso do sistema de forma ativa, os cabos). O caule volúvel é aquele que dotado de uma certa irritabilidade, ao entrar em contato com um suporte, se enrosca a ele num movimento espiral, todavia sem apresentar órgãos de fixação. Ex.: enrola semana ( Ipomoea cairica L) (Figura 73A). Assim como o caule volúvel, a escada helicoidal (Figura 73B) apresenta um movimento em espiral, e não apresenta órgãos de fixação, uma vez que a própria escada funciona como uma laje, uma peça única, cujos pontos de fixação se encontram nas extremidades da escada (geralmente vencendo a distância de um pavimento a outro).  As lianas ou cipós são caules que crescem se apoiando no substrato, no qual se emaranha, não apresentando órgãos de fixação. Como já mencionado anteriormente, o caule tipo liana ou cipó se assemelha aos sistemas de circulação vertical de edifícios com mais de três pavimentos, em especial os elevadores: da mesma forma que o cipó, o elevador se apoia no edifício, não apresentando órgãos de fixação, uma vez que o mesmo locomove-se verticalmente por todos os pavimentos, sendo apoiado somente por cabos de aço na extremidade superior, e sendo amortecido inferiormente por molas.

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 Acerca do habitat subterrâneo, os caules se dividem em rizoma, tubérculo e bulbo. O caule tipo rizoma é aquele que se desenvolve subterraneamente, ramificando-se em baixo da terra, podendo tornar-se mais ou menos espesso. Geralmente é horizontal, e de espaços a espaços, emitem brotos aéreos (que dão origem a folhas e flores) ou raízes adventícias. São dotados de nós, entrenós, gemas e escamas. Como exemplo pode-se citar a bananeira ( Musa sapientium) (Figura 74A), samambaia (Polystichum munitum), iris, bambu (Bambusa vulgaris ), espada de são jorge ( Sansevieria thyrsiflora thunb). O rizoma pode ser comparado às edificações de uso residencial, dotadas de estacionamento no subsolo. Nestes casos, as pessoas acessam (com automóveis) o prédio por este pavimento no subsolo (que corresponderia à área de estacionamentos), e a partir daí sobem por elevador aos pavimentos superiores; ou seja, o acesso principal (o pavimento do subsolo), corresponderia ao rizoma, e o restante da edificação acima do nível do solo, corresponderia aos brotos aéreos ou raízes adventícias emitidos pelo rizoma. O tubérculo é um tipo de caule subterrâneo cujas ramificações laterais engrossam em virtude do acúmulo de reserva nutritiva, (tais como amido, inulina, etc.) através do mesmo processo verificado nas raízes tuberosas. Geralmente apresenta forma ovóide, com gemas ou “olhos” nas axilas de escamas ou de suas cicatrizes. Ex.: batata inglesa (Solanum tuberosum) (Figura 75A), cará do ar (Dioscorea bulbifera L).  Acerca do tubérculo, é possível traçar um comparativo entre este e as edificações que servem como abrigos subterrâneos contra furacões, fortes tempestades, etc. Estas edificações, tendo em vista proteger as pessoas contra as intempéries, encontram-se no subsolo, suas paredes são fortemente reforçadas, e nestes locais são armazenados mantimentos (que no caso dos tubérculos seriam estas reservas nutritivas) e outros gêneros de limpeza, medicamentos, etc., prevendo que a tempestade

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possa durar muitos dias. Em sequência, tem-se o caule subterrâneo tipo bulbo. Neste tipo de caule subterrâneo, a porção central (denominada prato ou disco), que é pouco desenvolvida e maciça, abriga a gema ou botão vegetativo (que futuramente dá origem a uma nova planta). Esta gema é rodeada e protegida por folhas modificadas denominadas catáfilos ou escamas, estruturas que em geral apresentam acúmulo de substâncias nutritivas. Diretamente deste caule partem também raízes fasciculadas. O bulbo pode ainda ser classificado como bulbo sólido, compacto ou cheio; escamoso; tunicado; composto ou bulbilho. Em se tratando do bulbo cheio, ocorre quando o bulbo apresenta o disco (porção central do caule que protege a gema) mais desenvolvido. Neste caso, os catáfilos que o revestem são semelhantes a uma casca. Por exemplo, pode-se colocar o açafrão (Crocus sativus ) (Figura 76A), falsa tiririca (Hypoxis decumbens L). Pode-se fazer uma analogia entre o disco do bulbo e seus catáfilos, com o sistema de madeiramento (caibros e ripas) e os diversos materiais que os recobrem; no caso do bulbo cheio, o sistema de madeiramento (disco), apresentaria um grande beiral, sendo revestido por telhas cerâmicas (Figura 76B). O bulbo escamoso é aquele cujos catáfilos (folhas modificadas) mais externos recobrem parcialmente os mais internos e são mais desenvolvidas que o prato ou disco. Ex.: açucena (Lilium candidum), lírio (Lilium longoflorum) (Figura 77A).  Ainda dentro da comparação com coberturas, o bulbo escamoso seria a cobertura com beirada beiraserveira (Figura 77B), que de acordo com Vasconcellos, (1979, p. 143) corresponde à “beirada de carreiras de telhas superpostas chamada de beirasobeira, beiraserveira, corruptela de beira-sob-beira”, ou seja, a camada de telhas mais externas (catáfilos mais externos, no caso dos bulbos) recobre parcialmente a camada imediatamente abaixo, a qual por sua vez, recobre

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FIGURA 77A

Bulbo escamoso: catafilos (folhas modificadas) mais externos recobrem parcialmente os mais internos e são mais desenvolvidas que o prato ou disco (lírio – Lilium longoflorum).

FIGURA 77B

Beirada beiraserveira: carreiras de telhas superpostas que recobre parcialmente a camada imediatamente abaixo, a qual, por sua vez, recobre o madeiramento (o “disco”).

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FIGURA 78A

Bulbo tunicado: catafilos mais externos são mais desenvolvidos que o prato ou disco e recobrem totalmente os catafilos mais internos (cebola – Allium cepa).

FIGURA 79A

Bulbo composto ou bulbilho: apresenta um grande número de pequenos bulbos (alho – Allium sativum).

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FIGURA 79B

Telhado muito recortado: com várias águas, cada qual com estrutura de madeira, encimadas pelo telhado cerâmico.

FIGURA 80A

Caulobulbos ou pseudobulbos: caules com dilatação bulbosa nas bases dos caules e folhas (Cymbidium x hybridum).

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FIGURA 81A

Ramificação monopodial: existe um ramo terminal principal e a partir deste surgem os ramos laterais, sempre menos desenvolvidos (casuarina – Casuarina descussata).

FIGURA 81B

Ramificação monopodial: diagrama sequencial.

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FIGURA 82A

Ramificação simpodial: o ramo terminal tem curta duração, sendo substituído por um lateral que passa a ser principal e assim sucessivamente (figueira – Ficus sycomorus).

FIGURA 82B

Ramificação simpodial: diagrama sequencial.

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FIGURA 83B

Ramificação em dicásio: diagrama sequencial; dois ramos laterais crescem mais que o principal e dão origem a outros ramos, e assim por diante.

FIGURA 84A

Caule cladódio: dilatado e suculento com reservas de água. (carqueja Baccharis articulata).

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o madeiramento (o disco). Com relação ao bulbo tunicado, é aquele cujos catáfilos mais externos, são mais desenvolvidos que o prato ou disco e recobrem totalmente os catáfilos mais internos. Como exemplo pode-se citar a cebola ( Allium cepa L) (Figura 78A), o jacinto (Hyacintus sativum). O bulbo tunicado seria uma variação do beiral beiraserveira; nesta situação, a camada superior de telhas recobriria completamente a camada inferior, e esta recobre o madeiramento. Por fim, o bulbo composto ou bulbilho é aquele que apresenta um grande número de pequenos bulbos. Ex.: trevo ( rifolium glomeratum), alho ( Allium sativum) (Figura 79A). O caso do bulbo composto ou bubilho poderia ser traduzido para Arquitetura como sendo um telhado muito recortado, dotado de várias águas, todas elas com estrutura de madeira e encimadas pelo telhado cerâmico (Figura 79B). Existe ainda uma classificação que considera os caulobulbos ou pseudobulbos, que consistem em caules com dilatação bulbosa nas bases dos caules e folhas. É o caso das orquídeas (Cymbidium x hybridum ) (Figura 80A). Como o próprio termo sugere, o pseudobulbo seria um “bulbo falso”, uma dilatação que tem o aspecto de bulbo, sem sê-lo de fato. Ainda dentro da comparação entre disco e catáfilos com madeiramento de cobertura e telhado, o pseudobulbo pode se configurar em três situações: pode ser um falso telhado cerâmico (por exemplo, o uso de fibrocimento pintado na cor de barro, para que se tenha a impressão de que seriam telhas cerâmicas); um falso madeiramento de cobertura (por exemplo, o uso de laje inclinada recoberta por telhas cerâmicas, externamente dando a impressão de ser um telhado de madeira convencional); ou mesmo uma cobertura falsa.

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 Acerca dos caules aquáticos, são aqueles que se desenvolvem em meio líquido. Geralmente tem consistência tenra e são clorofilados. Apresentam ainda reservas de ar que possibilitam sua flutuação e respiração. Quanto à ramificação os caules podem ser considerados como indivisos (caules não ramificados, como os estipes) ou ramificados (com ramos laterais, que é o caso da maioria dos caules). Com relação aos tipos de ramificação, os caules podem ser monopodial, simpodial e dicásio. Para uma maior compreensão de como ocorrem cada uma destas ramificações supra citadas, serão exibidos a seguir diagramas sequenciais que ilustram como se dá o crescimento de cada um destes tipos de caule.  A ramificação tipo monopodial é aquela em que pode ser identificado um ramo terminal principal, e a partir deste surgem os ramos laterais, sempre menos desenvolvidos. Ex.: casuarina ( Casuarina descussata ) (Figuras 81A e 81B).  A ramificação tipo simpodial é aquela em que o ramo terminal tem curta duração, sendo substituído por um lateral que passa a ser principal; em seguida este ramo principal passa a ser lateral, sendo substituído e assim sucessivamente. Ex.: árvores em geral, como a figueira ( Ficus sycomorus ) (Figuras 82A e 82B).  Com relação à ramificação em dicásio, é aquela em que dois ramos laterais do caule principal, crescem mais que o ramo terminal, dando origem a novos ramos; em seguida, cada um destes ramos novamente se ramifica e assim por diante. Ocorre em plantas inferiores (Figura 83B). Para concluir, quanto aos tipos de adaptações do caule, são destacados os cladódios, cladofilos, filocládios ou caules achatados; os espinhos; as gavinhas e os xilopódios.  A adaptação do caule conhecida como cladódios, cladófilos, filocládios ou caules achatados, consiste em caules carnudos, podendo ser roliços, achatados ou laminados, de coloração verde (dotados de clorofila), desprovidos de folhas e muitas

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vezes dotados de espinhos. Podem se apresentar ainda dilatados e suculentos, com reservas nutritivas e de água. Este tipo de caule é frequente em regiões secas, “onde o perigo da perda de água pode ameaçar seriamente a vida das plantas”. Desta maneira, estes caules servem à planta tanto como órgãos fotossintético, como de armazenamento de substâncias. Como exemplo desta adaptação, pode-se citar o cacto ( Machaerocereus eruca ), a carqueja (Baccharis articulata ) (Figura 84A), Mühlenbeckia platiclada, barriguda, (Cavanilesia arborea ) aspargo ( Asparagues officinalis ). Uma vez que os caules cladódios, cladofilos, filocládios ou caules achatados funcionam armazenando substâncias (especialmente água) com uma estrutura reforçada (com espinhos) para proteger suas reservas destes nutrientes, este tipo de caule pode ser comparado a um reservatório como a caixa d´água (Figura 84B), que da mesma forma, é dotada de uma estrutura reforçada, muitas vezes revestida inclusive com impermeabilizantes, tendo em vista o armazenamento de água para consumo da edificação. Com relação aos espinhos, são órgãos do caule, bastante endurecidos e pontiagudos, muito resistentes, cuja função é proteger a planta. ais espinhos são vascularizados e ao arrancá-los, são produzidas lacerações no caule. Ex.: tojo ( Ulex europaeus ), limão (Citrus limonum), laranja (Citrus aurantium) (Figura 85A). Uma vez que os espinhos funcionam principalmente como órgãos de proteção do vegetal apresenta neste sentido similaridade com os diversos sistemas de segurança dotados nas edificações, desde os antigos métodos de proteção dos castelos e fortes medievais, até os mais modernos sistemas computadorizados de segurança, utilizados em bancos e museus, galerias de arte, etc. (Figura 85B).  A gavinha é um tipo de modificação do caule no qual ramos herbáceos ou folhas modificadas, desprovidas das folhas propriamente ditas, servem como elemento

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FIGURA 84B

Caixa d’ água: reservatório de água, para o consumo da edificação.

FIGURA 85A

FIGURA 85B

Espinhos: estruturas para proteção do vegetal (laranja – Citrus aurantium).

Sistemas de segurança: museu, onde são dispostos bens de muito valor que precisam ser bem protegidos.

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de fixação, enroscando-se com movimento heicoidal ao redor de um suporte. Ex.: maracujá (Passiflora sp), videira (Vitis vinifera ) e paternocisso (Parthenocissus quinquefolia ) (Figura 86A).  A estrutura da gavinha, filamentos helicoidais, guarda similaridade com uma mola, peça elástica que reage quando vergada, distendida ou comprimida. Dentro da  Arquitetura, o uso de molas é mais frequente no sentido de amortecer impactos (por exemplo, de elevadores em edificações), sendo aplicadas especificamente em edificações nas estruturas antissísmicas (Figura 86B), para atenuar o efeito de movimentações tectônicas do solo sob a estrutura dos edifícios. Os xilopódios são caules subterrâneos, de consistência rígida e lenhosa, semelhante ao tubérculo. São ricos em substâncias de reserva e tem capacidade para regenerar toda a parte aérea do vegetal. Geralmente ocorrem em plantas da caatinga e do serrado, em regiões que sofrem secas prolongadas, queimadas ou derrubadas. Ex.: caiapiá (Dorstenia opifera ), maniçoba ( Manihot glaziovii ) (Figura 87A). Da mesma forma que o caule tubérculo, o caule do tipo xilopódio corresponderia a uma edificação com finalidade de abrigo subterrâneo; entretanto, no caso específico dos xilopódios, este abrigo se localiza num local onde o perigo de destruição completa (do vegetal ou da edificação) é bem mais frequente, e por isto é mais bem preparado que o abrigo subterrâneo “oferecido pelos tubérculos”. 3.3 FOLHA 

 As folhas são responsáveis basicamente por três funções, que correspondem à fotossíntese (ou seja, produção de seu próprio alimento); respiração/ transpiração (trocas gasosas e eliminação de água) e condução/ distribuição da seiva (captando a seiva bruta, ou seja, a matéria inorgânica transportada pelo caule e transformando-o em energia e glicose, repassando novamente ao caule e demais partes da planta).

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FIGURA 86A

Gavinhas: elemento de fixação de vegetais, enrosca-se em movimento helicoidal em torno do suporte (paternocisso – Pathernocisso qüinqüefólia).

FIGURA 87A

Xilopódios: caules subterrâneos ricos em substâncias que são capazes de regenerar toda a parte aérea do vegetal (maniçoba – Manihot glaziovii Muell).

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Uma folha, com seu funcionamento racionalizado e buscando sempre a maior produtividade com o menor gasto de energia, guarda semelhança com o sistema de produção fabril (Figura 88B), onde todos os fatores (desde o maquinário, o funcionário da empresa até a edificação em si) devem refletir a produção em série, racional e sem desperdícios. Em geral, as plantas produzem seu próprio alimento, os animais ingerem-no e os fungos o absorvem. Nos vegetais, esta diferença fundamental que as distingue dos demais reinos se processa nas folhas. É nas folhas que acontecem as principais reações físico-químicas, culminando com a fotossíntese, que definem os vegetais como “produtores” dentro da cadeia alimentar.  A maior parte das folhas se origina de ramos laterais do caule, apresenta forma laminar e tem crescimento limitado. Sua coloração é verde (clorofilada) e caracteriza-se por sua simetria bilateral.  As folhas consistem no órgão vegetativo das plantas que apresentam maior variedade de formas e estruturas, em virtude de fatores internos e externos. De acordo com as diferentes funções que as folhas podem desempenhar, as mesmas podem ser classificadas em cinco categorias: cotilédones (ou embriófilos), catáfilos, folhas propriamente ditas (ou normófilos), hipsólios e antófilos (folhas florais).  As folhas denominadas cotilédones (ou embriófilos) protegem e nutrem o embrião (estágio inicial de desenvolvimento da planta, ainda dentro de sua semente); os catáfilos, também são folhas de proteção e de reserva, mas o são para os bulbos e gomos (ver o item sobre Caule); as folhas propriamente ditas (ou normófilos), têm função de produção de clorofila, respiração/ transpiração e condução/ distribuição da seiva; finalmente os hipsólios, apresentam função de proteção da flor e os antófilos, função de reprodução especificamente. Uma folha completa é composta por 4 partes: limbo, pecíolo, bainha e estípula.

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(Figura 89A) É frequente que as folhas não apresentem a estípula; por outro lado, é raro folhas que não possuam limbo. O limbo (Figura 89A) consiste na parte da folha que apresenta espessura laminar, ou seja, é a parte “achatada” da folha. Corresponde à superfície da folha e é a região de maior atividade fotossintética do vegetal. No limbo, pode-se identificar ainda algumas ranhuras, denominadas nervuras, que correspondem aos vasos condutores de seiva, ramificados por toda extensão do limbo. O limbo consta de duas faces, que correspondem ao rosto (parte superior, ventral ou adaxial) e o verso (parte inferior, dorsal ou abaxial). Pode ainda ter outras classificações, conforme suas nervuras, consistência, forma geral, forma do ápice, forma da base e número de limbos. Retornando ao comparativo, pode-se considerar a folha como sendo uma laje em balanço (Figura 90B) de concreto armado, uma vez que esta só teria “um pilar” de sustentação. Segundo Pianca (1978, p. 397), “as lajes em balanço são engastadas numa extremidade e livres na outra ou são a continuação de uma laje que avança além do seu apoio”. Dentro deste comparativo, as nervuras existentes ao longo do limbo, corresponderiam às ferragens negativas e positivas existentes dentro do concreto, que trabalham a questão da tração. Ainda de acordo com Pianca (1978, p. 397), no caso das lajes em balanço, as armaduras são dispostas na porção superior da laje. O pecíolo (Figura 89A) corresponde à haste que liga a folha (mais especificamente o limbo) ao caule. Esta inserção pode se dar de forma direta ou indireta, através de outra parte da folha denominada bainha. O pecíolo funciona também como eixo de sustentação do limbo, e na maioria dos casos, apresenta formato cilíndrico. Prosseguindo no comparativo entre folha e laje, o pecíolo estrutura da folha que a liga ao caule, corresponderia às vigas em balanço (Figura 91B), que ligam a laje ao pilar, auxiliando na distribuição dos esforços pela laje.

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 A bainha (Figura 89A) localiza-se entre o pecíolo e o caule da planta. Consiste num alargamento à base do pecíolo, e serve para uma melhor fixação da folha ao caule.  A bainha pode ainda se classificar em aberta (fendida) ou fechada (inteira); é tida como aberta quando envolve parcialmente o caule, sem que suas bordas se unam, como ocorre nas gramíneas. É chamada fechada quando envolve completamente o caule e suas bordas se soldam, que é o caso da tiririca (Cyperus rotundus), da trapoeraba (Commelina ruobusta). A bainha quase não existe nas dicotiledôneas e sempre ocorre nas monocotiledôneas.  A bainha, cuja função é de otimizar a fixação da folha ao caule, seria, dentro da analogia de laje, um reforço estrutural dado no ponto de encontro entre a viga ou laje (que corresponde ao limbo) e o pilar (que corresponde ao caule). Este reforço poderia ser uma maior quantidade de ferragem ligando a viga ao pilar.  A estrutura da folha denominada estípula (Figura 89A), pode se situar imediatamente abaixo do contato bainha – caule ou a alguma distância deste contato. Corresponde a pequenos apêndices laterais, geralmente de espessura laminar e em número de dois, que se formam de cada lado da base foliar. Sua função é de proteger as gemas ou botões vegetativos; quando envolve completamente a bainha denomina-se ócrea. Por fim, a estrutura denominada estípula, com sua função de proteção, seria traduzida para a linguagem de Arquitetura como sendo o revestimento de proteção das lajes e vigas. De acordo com Pianca (1978, p. 198) estas estruturas bem como as paredes “são revestidos com argamassa, pedra natural ou artificial, ou madeira a fim de adquirirem aparência mais agradável e, frequentemente, também para protegê-los dos agentes destruidores”.  A folha completa é constituída por limbo, pecíolo, bainha e estípula. Contudo,

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FIGURA 88B

Fábrica: busca de maior produtividade, com menor gasto de energia. (paternocisso – Pathernocisso qüinqüefólia).

FIGURA 89A

Partes constituintes das folhas.

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FIGURA 90B

Laje em balanço: assim como o limbo, a laje em balanço é engastada numa extremidade e livre na outra.

FIGURA 91B

Viga em balanço: liga a laje ao pilar, assim como o pecíolo liga a viga ao caule.

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FIGURA 92A

Folhas sésseis: que apresentam somente o limbo (Espada de São Jorge).

FIGURA 92B

Laje nervurada: dispensa o apoio das vigas.

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nem todas as folhas são completas, e nestes casos, cada combinação destas estruturas que a folha possua, tem uma nomenclatura diferente. A importância de se conhecer estas denominações será importante para a compreensão dos nomes científicos das plantas.  As folhas que apresentam somente o limbo são denominadas sésseis ou apecioladas. É o caso da espada de São Jorge (Sansevieria thyrsiflora thunb) (Figura 92A). Uma folha séssil corresponderia a uma estrutura que apresentasse somente a laje, sem vigas ou ferragens; nesta situação, este tipo de folha seria uma laje nervurada (Figura 92B), capaz de vencer grandes vãos livres e suportar grandes cargas, com alturas relativamente baixas, não possuindo ferragens (que combatem o esforço de cisalhamento). Conforme Pianca (1978, p. 399), as lajes nervuradas São formadas por chapas tendo na face inferior pequenas nervuras, afastadas no máximo de 1 metro de eixo a eixo, entre as quais se colocam materiais inertes com o fim de tornar plana a superfície inferior [...] O material de enchimento deve ser leve. É constituído comumente por tijolos ocos, dos quais existem as mais diversas formas, podendo-se mesmo prescindir deles e deixar vazio o espaço entre as nervuras ou fechá-lo com uma laje delgada colocada na parte inferior e intimamente ligada às nervuras.

No caso das folhas que apresentam somente o limbo e o pecíolo, são chamadas de pecioladas; como exemplos pode ser citada a abóbora (Cucurbita pepo L.) (Figura 93A). Prosseguindo no comparativo entre estrutura e folhas, as pecioladas, ou seja, que apresentam limbo e pecíolo corresponderiam a estrutura que apresenta laje e vigas (respectivamente figura 90B e 91B). Quando a folha possui apenas o limbo e a bainha é denominada de invaginante. Este tipo de folha é frequente nas gramíneas. No caso da folha invaginante, ou seja,

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a folha dotada de limbo (laje) e bainha (reforço no encontro desta com os pilares), a mesma pode ser comparada com a laje protendida, capaz de vencer grandes vãos e suportar grandes cargas, dispensa as estruturas de vigas e por isto apresenta ferragens maiores e protendida. Quando as folhas se apresentam com perfurações no limbo, são chamadas fenestradas. al situação pode ser observada na costela de adão (Monstera deliciosa) (Figura 94A). A folha dita fenestrada encerra semelhança com lajes vazadas, ou seja, lajes que apresentam orifícios em toda sua extensão. As lajes vazadas podem ser utilizadas por razões estéticas, ou para dar passagem às instalações prediais (neste último caso, as lajes precisam ser calculadas já considerando previamente estes orifícios, caso contrário, não são recomendadas). Com relação às classificações de acordo com as variedades de cada estrutura da folha, pode-se colocar que estas ocorrem predominantemente no limbo. Além das modificações do limbo, são consideradas como referencial de classificação, as formas de crescimento das folhas (filotaxia) e as modificações/ adaptações das folhas. O limbo pode ser classificado quanto as suas nervuras (folhas enervadas; uninérveas; paralelinérveas; peninérveas; palminérveas ou digitinérveas; curvinérveas; peltinérveas); quanto a sua consistência; (carnosa ou suculenta; coriácea; e herbácea ou membranácea); quanto a sua superfície (glabra; lisa; pilosa; rugosa); quanto à coloração (maculada; variegada; bicolor; listrada) e quanto ao número de limbos (folhas simples; folhas compostas). No que diz respeito às formas, o limbo das folhas podem ser classificados segundo sua forma geral; segundo a forma do bordo; segundo a forma do ápice e por fim, segundo a forma da base. No que diz respeito aos tipos de nervura, o limbo pode ser enervado, ou seja, não apresentar nervuras. É o caso da babosa. A folha enervada, sem nervuras, ainda

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comparando com a estrutura de lajes, seria uma laje desprovida das ferragens, e nesta situação, pode-se citar como exemplo as lajes nervuradas (Figura 92B). A folha cuja nervura é uninérveas, possui apenas uma nervura, geralmente na porção central da folha; ocorre no sagu de jardim (Cycas revoluta thunb) (Figura 95A).  A folha uninérvea, dentro da mesma analogia supra citada, guarda similaridade com a laje nervurada; contudo seria o caso onde o vão a ser vencido pela laje seria maior que sua capacidade de vencê-lo, e para resolver esta situação, colocar-se-ia uma viga central (dotado de ferragens).   A folha tipo paralelinérvea é aquela cujas nervuras secundárias são paralelas à nervura principal. A nervura principal pode ser identificada visualmente: é como se fosse a continuação do pecíolo, e as nervuras secundárias são aqueles que se dirigem deste eixo central às bordas da folha. A nervura paralelinérvea é frequente na divisão Monocotyledoneae. Nesta situação, a folha paralinérvea pode ser comparada com uma laje maciça armada em uma única direção, ou seja, apresentando as ferragens paralelas entre si e num único sentido. al fato ocorre quando uma das dimensões da laje é consideravelmente maior que a outra, sendo que esta menor, em virtude da pouca dimensão, praticamente não sofre esforços de tração. Quando as nervuras secundárias saem da nervura principal, como que imitando uma pena, a folha é peninérvea. ais nervuras apresentam-se ramificadas, reticuladas ao longo das folhas. Ocorre geralmente na divisão Dicotyledoneae, tais como a laranjeira (Citrus aurantium) (Figura 85A), a vinca (Lochnera rosea). Este tipo de nervura pode ser comparado às ferragens existentes na laje maciça convencional, armada nas duas direções, formando uma malha de armadura as quais trabalham os esforços de tração da laje.  A folha palminérvea ou digitinérvea é aquela cujas nervuras partem de um mesmo

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ponto e divergem em várias direções. Como exemplo pode ser citado o brinco de princesa (Hibiscus rosa-sinensis L), mamoeiro (Carica papaya L) (Figura 96A), mamona (Ricinus communis L). Este tipo de nervura das folhas palminérveas teria similaridade dentro da Arquitetura com uma laje que recobre uma edificação de formato pentagonal, hexagonal, ou com maior quantidade de ângulos: nesta situação, as ferragens partem do ponto central da estrutura (o ponto onde o pilar apoia esta laje) e segue em direção às extremidades da cobertura. O tipo de nervura curvinérvea tem certa semelhança com a nervura paralelinérvea; exibe uma nervura principal retilínea e as nervuras secundárias são paralelas e esta central, contudo se apresentam com formato curvo, ou seja, não se mantêm paralelas na base e no ápice da folha. É o que acontece na planta língua de sogra. Acerca das nervuras curvinérveas, pode ser colocado que elas guardam similaridade, dentro de Arquitetura, com as estruturas de cúpulas, (Figura 97B) as quais, segundo Koch (1998, p. 132) correspondem a uma “abóboda de curvatura regular que cobre um espaço redondo, quadrado ou poligonal. A passagem da planta poligonal para a curva da base da cúpula é feita através de pendentes.” Por fim a nervura peltinérvea, corresponde às nervuras das folhas peltadas, com nervuras que partem do pecíolo às bordas da folha. O pecíolo, neste caso, se insere no verso da folha, na porção central desta, ou próximo ao centro. Ocorre no mamoeiro e na chagas (ropaeolum majus) (Figura 98A). Uma folha de nervura peltinérvea, pode ser traduzida como sendo uma laje circular com apoio central, de onde partem as ferragens em direção às extremidades desta laje. No tocante à consistência, as folhas podem ser carnosas ou suculentas; coriáceas; e herbáceas ou membranáceas. Para uma melhor compreensão destas consistências das folhas, serão feitas analogias com materiais utilizados para confecção de  janelas, considerando a folha como elemento que permite as trocas gasosas entre

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FIGURA 93A

Folhas pecioladas: que apresentam somente o limbo e o pecíolo.

FIGURA 94A

Folhas fenestradas: que apresentam perfurações no limbo.

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FIGURA 95A

Folha de nervura uninérvia: possui só uma nervura.

FIGURA 96A

Folha palminérvea: nervuras partem de um mesmo ponto e divergem em várias.

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FIGURA 97B

Cúpula: abóboda de curvatura regular que cobre um espaço redondo quadrado ou poligonal.

FIGURA 98A

Nervura peltinérvea: nervuras que partem do pecíolo às bordas da folha.

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FIGURA 99A

Folha carnosa: ricas em sucos e reservas de água.

FIGURA 99B

Janela de madeira: retetora de uidade

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o meio externo e o meio interno, da mesma forma que o faz as esquadrias de uma edificação.  As folhas carnosas ou suculentas são ricas em sucos, geralmente apresentando reservas de água. Ex.: cactáceas (Cephalocereus polylophus), crassuláceas (Echeveria albicans) (Figura 99A), agave (Agave americana). Uma folha de consistência carnosa pode ser comparada a uma janela cuja matéria prima foi madeira (Figura 99B), um material que apresenta considerável quantidade de água, e que ao ser exposta às intempéries, incham em virtude do acúmulo d´água; por esta razão, janelas de madeira voltadas para o exterior devem ser revestidas com algum material isolante, como verniz ou tinta para exteriores. Segundo Mascaró (1991, p. 124), as janelas de madeira “bloqueiam, efetivamente, a totalidade da passagem da luz solar, podendo reduzir o ganho térmico através da  janela em cerca de 80%”.  Já as folhas chamadas coriáceas são folhas rígidas, consistentes, ressecadas e quebradiças, semelhantes a um tipo de couro. Ex.: abacateiro (Persea gratissima) (Figura 100A), eucalipto (Eucalyptus globulus), cajueiro (Anacardium occidentale), mangueira (Mangifera indica). Um material rígido e quebradiço, assim como a folha coriácea, muito utilizado nas  janelas é o vidro (Figura 100B). Segundo Mascaró (1991, p. 126) “a energia solar absorvida pelo vidro se transforma em calor, que é enviado para o interior e para o exterior por radiação e convecção, de maneira proporcional a temperaturas, movimento do ar e características de superfície da outra face do vidro (se diferente)”.  As folhas herbáceas ou membranáceas apresentam consistência de erva, sem lenhosidade, são flexíveis, tenras, delgadas e maleáveis. Ex.: limoeiro (Citrus limonum). Esta última classificação de folha quanto a sua consistência, pode ser comparada a uma janela de PVC (Figura 101B), uma vez que ambos são flexíveis e maleáveis.

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FIGURA 100A

Folhas coriáceas: rígidas, consistentes, ressecadas e quebradiças.

FIGURA 100B

Janela de vidro: material rígido e quebradiço.

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Quanto a sua superfície, as folhas podem ser glabras; lisas; pilosas; rugosas. A folha é denominada de glabra quando é lisa, desprovida de pelos. Quando a superfície da folha se apresenta sem acidentes, sem irregularidades, é chamada lisa. A folha cuja superfície é pilosa é aquela revestida de pelos. Este tipo de superfície pode ter ainda outras subclassificações: caso os pelos forem muito curtos e densos, a folha é aveludada; se os pelos forem finos e suaves, é chamada pubescente; se os pelos forem inclinados e reluzirem como uma seda, é denominada serícea; já se os pelos forem grossos e ásperos ao toque, chama-se híspida; se os pelos forem intermediários entre o pubescente e a híspida, são chamados vilosos; por fim, se os pelos forem ramificados e emaranhados, formando um aveludado compacto, a folha é tomentosa. O último tipo de superfície abordado neste trabalho é o rugoso, e como o próprio nome sugere, é quando a folha apresenta-se enrugada. Quanto à coloração, as folhas podem ser maculadas; variegadas; bicolores; ou listradas. Na coloração tipo maculada, as folhas se apresentam manchadas de branco no limbo. Ocorre na comigo ninguém pode. A coloração variegada é aquela multicor. Como exemplo pode-se citar o Coleus blumei. A folha bicolor é aquela cujas faces do limbo apresentam colorações distintas. Finalmente a folha listrada é aquela cujo limbo apresenta riscos de tonalidades diferentes. Como exemplo pode-se citar as dracenas. No que se refere ao número de limbos as folhas podem ser simples ou folhas compostas. A folha pode ser chamada de simples quando possui um único limbo, não dividido em folíolos, como é o caso do café (Coffea arabica). A folha é denominada composta quando se apresenta dividida; seus segmentos têm o aspecto de pequenas folhas com pecíolos próprios partindo da “nervura” ou pecíolo principal.  As folhas compostas podem ser classificadas ainda em geminadas; trifoliadas; digitadas ou palmadas; penadas. A folha composta geminada é aquela que apresenta os

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limbos unidos. A folha trifoliada possui o limbo dividido em três folíolos. É o caso do oró (Phaseolus panduratus), feijão (Phaseolus vulgaris L), carrapicho (Zornia dipyla pers). Uma folha composta denominada digitada ou palmada é aquela cujo os folíolos, em número de três ou mais, partem de um mesmo ponto, sendo dispostos no ápice do pecíolo comum. Ocorre na paineira (Chorisia speciosa), pinhão (Jatropha curcas), mamona (Ricinus communis). A folha penada corresponde à folha composta cujos pecíolos se distribuem ao longo dos dois lados da “nervura” ou pecíolo central. As folhas penadas podem ainda ser classificadas em paripenada, imparipenada e bipenada ou recomposta.  A folha penada paripenada é aquela que termina com um par de folíolos. Exemplo: fedegoso (Cassia ocidentalis). A folha imparipenada apresenta apenas um folíolo terminal. Exemplo: roseira (Rosa sp), espatódea. Finalmente a folha bipenada ou recomposta encerra folíolos, que também são compostos, ou seja, a folha é duplamente composta. Exemplo: mimosa, angico (Piptadenia contorta), cassia (Acacia cornigera). Este tipo de folha pode ser considerada também como uma modificação/adaptação, das folhas à climas quentes e secos, pois estas folhas têm grande capacidade de absorver água da atmosfera. No que diz respeito às formas, foram identificados seis grupos básicos de formatos (Figura 102) (assimétricas, orbiculares, obovada, ovada, lanceolada e oblonga). A seguir serão vistas as formas mais referenciadas. Estas formas podem criar diferentes efeitos dentro do projeto paisagístico, conforme sejam dispostas em grupos ou separadas. O grupo de formato assimétrico, como o próprio nome sugere, é composto por folhas que não apresentam simetria lateral, a partir do eixo central da folha, no sentido da nervura principal. Ex.: begônia (Begonia sp). Dentro do grupo de formatos orbiculares, ou seja, formato circular, foram vistas

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quatro variações: orbicular, suborbicular, peltada, cordado-orbicular. O formato orbicular trata-se de uma forma aproximadamente circular. Ocorre na chagas (ropaeolum majus L), no aguapé. O formato suborbicular é um intermediário entre os formatos orbicular (aproximadamente circular) e reiniforme (em formato de rim). A folha peltada tem forma de escudo, com pecíolo inserido ao centro da folha ou próximo deste, no verso do limbo. Exemplo: aguapé, pata de vaca. O formato cordado orbicular, como o próprio nome sugere apresenta um formato de coração, que tende ao formato circular. Com relação ao grupo das obovadas, quer dizer, que apresentam o ápice mais largo que a base, foram identificadas as seguintes variações: obovada, obcordada, obcordiforme, reniforme, cocleariforme, flabelada, cuneiforme e espatulada. A folha cujo formato é obovado é aquela que apresenta a forma ovada com a parte mais larga no ápice, ou seja, é uma folha ovada invertida. Ex: amendoeira (Arachis hypogaea), buxo (Buxus sempervirens), cajueiro (Anacardium ocidentale). A forma cujo formato é obcordada apresenta a base mais estreita que o ápice e este último tem um leve formato de coração com a reentrância do ápice pouco acentuada, ou seja, é a função entre os formatos obovado e cordado. Ainda dentro do grupo das folhas obovadas, tem-se o formato obcordiforme, que apresenta similaridade com o formato obcordado, também correspondendo à junção dos formatos obovado e cordado, contudo a reentrância no ápice da folha é bem acentuada. Os demais formatos do grupo das obovadas são nomeados por analogia. Desta maneira tem-se o formato reniforme – que seria a folha em forma de rim, mais largo que longo (ex: salsa de praia); o formato cocleariforme – em forma de colher; a forma flabeada – formato em leque; a folha cuneiforme – semelhante a uma cunha e para concluir a folha espatulada – em forma de espátula, com o ápice mais largo e comprimento maior que duas vezes a largura. Ex: cajueiro

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(Anacardium occidentale). No tocante ao grupo das ovadas, ou seja, de formato oval, foram estudadas as modificações a seguir: ovada, oval, deltóide, cordiforme, sagitada, escamiforme e hastada ou alabardina. A forma ovada, como o próprio nome sugere, é aquela similar à ovóide, mais larga na porção próxima à base e cujo comprimento é de uma a duas vezes maior que a largura da folha. Ex.: vassoura (Baccharis aphylla). O formato oval propriamente dito se aproxima à forma ovada; contudo o seu ápice não se apresenta tão afunilado como ocorre na forma ovada. A folha cuja forma é deltóide, tem formato de delta, triangular. Ex.: cardeal (Salvia splendens). Com relação ao formato cordiforme, pode-se colocar que é uma das formas de folhas mais encontradas na natureza; corresponde à forma de coração, com a base mais larga, reentrante, lobos arredondados e o ápice bastante afilado. Ex.: capeva (Pothomorphe sp). A folha sagitada exibe uma forma semelhante à seta, com a base reentrante, tendo os lobos pontiagudos voltados para baixo. Ex.: copo de leite, Araceae. O formato de folha escamiforme, como o nome sugere, tem forma e aspecto de escama, sendo a região do ápice mais estreita que a base. Ex.: cipreste (Cupressus sp). Fechando o grupo de folhas de formato ovado, tem-se as folhas hastadas ou labardinas; este formato assemelha-se ao sagitado, também tendo aspecto de seta, contudo apresentando os lobos voltados para os lados e não para baixo. Ex.: Mikania salviaefolia. No grupo das chamadas lanceoladas, que seriam as de formato em lança, foram encontradas nove sub tipologias: lanceolada, subulada, oblongo-lanceolada, acicular, romboidal, falciforme, enciforme, acinaciforme e panduriforme. A forma lanceolada tem aparência de uma lança, mais larga na porção próxima à base, com comprimento superior a três vezes sua largura. Ex.: espirradeira (Nerium oleander L). Em seguida, a folha de formato subulado, tem seção cilíndrica e sofre um es-

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treitamento em seu ápice. Ex.: cebola (Allium cepa). Com relação à forma oblongo-lanceolada, corresponde à junção entre as formas oblongo e lanceolada, ou seja, apresenta um formato geral de elipse, sendo seu comprimento maior que sua largura. A folha de forma denominada acicular é aquela que se assemelha a uma agulha longa, fina e pontiaguda. Ex.: pinheiro (Araucaria angustifolia). A forma romboidal é aquela semelhante a um losango, sendo o comprimento da folha maior que sua largura. A folha de formato falciforme, por analogia, possui formato de foice, plana e encurvada. Ex.: eucalipto. ratando do formato enciforme, também por analogia, apresenta forma de espada, longa, com bordos paralelos e afilados. Ex.: espada de são jorge (Sansevieria thyrsiflora thunb). A folha acinaciforme é aquela que tem formato de sabre curvo. O último formato dentro do grupo das lanceoladas é o panduriforme, que apresenta forma de guitarra, cujo comprimento é maior que a largura. Por fim, dentro do grupo dos oblongos que corresponde às folhas de formato eliptíco, foram detectadas quatro variantes, que são: oblonga, eliptíca, violada e cordado-oblonga. Com relação à forma oblonga, pode-se colocar que possui formato geral elíptico, mais longa que larga, com bordos praticamente paralelos e de comprimento aproximadamente três a quatro vezes maior que a sua largura. Ex.: vinca (Lochnera rosea). A folha de formato eliptíco é aquela que possui forma de elipse, mais larga no centro, com comprimento cerca de duas vezes maior que a largura. Ex.: ficus. Ainda dentro do grupo das oblongas, tem-se o formato violado, que como o próprio nome sugere, exibe uma forma de viola, sofrendo um estreitamento na sua porção central. Para encerrar o estudo de forma geral do limbo, a forma cordado-oblonga, assemelha-se à forma oblonga, contudo apresenta forma de coração na base da folha. Segundo a forma do bordo ou margens, foram estudados os tipos: inteiro; acule-

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ado; crenado ou ondulado; dentado ou denteado; serrado, serrilhado ou serreado; lobado ou fendido; partido.  A borda da folha inteira é lisa, sem deformações ou divisões. Ex.: buxo (Buxus sempervirens). A forma de bordo denominada aculeada é aquela onde as folhas apresentam pontas agudas e rígidas em suas margens. Ex.: abacaxi. A margem crenada ou ondulada encerra dentes obtusos arredondados ou ondulados em toda sua extensão. Ex.: folha da fortuna. A borda dentada ou denteada possui recortes regulares, pouco agudos e não inclinados. Ex.: roseira. A margem serrada, serrilhada ou serreada, como o nome indica, tem recortes semelhantes ao de uma serra, agudos e inclinados em direção ao ápice da folha. Ex.: beijo de frade. Para reconhecer e diferenciar as margens do tipo dentada (ou denteada) da margem serrada (serrilhada ou serreada) e da crenada (ou ondulada), de uma maneira prática, deve-se verificar a existência dos recortes característicos e passar a mão ao longo de sua borda, nos dois sentidos (base- ápice, ápice- base). Caso este gesto não venha a machucar a mão, a borda é do tipo crenada (ou ondulada); se machucar a mão ao passá-la em apenas um sentido, a margem é tida dentada (ou denteada) e por fim, se machucar a mão nos dois sentidos, a margem é serrada (serrilhada ou serreada). O tipo de borda lobada ou fendida é aquela onde o limbo aparece dividido em porções aproximadamente arredondadas. Dentro desta classificação de bordas, ainda são encontrados outros sub tipos: a margem pinatilobada (que ocorre em folhas de nervura peninérvea, como o bico de papagaio) e a palmatilobada (freqüente nas folhas de nervuras palminérveas, tais como a guaxima). ratando das bordas partidas ou incisas, pode-se afirmar que são margens dotadas de recortes, os quais atingem uma profundidade maior que a metade do limbo, na direção bordo - nervura principal da folha. Este tipo de borda, assim como as

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lobadas ou fendidas, possuem subclassificações de acordo com as nervuras das folhas; assim, a folha de nervura peninérvea apresenta borda pinatipartida (ex.: flor de maio) e a de nervura palminérvea, tem borda palmatipartida (ex.: mamoeiro). De acordo com a forma do ápice, pode-se classificar a folha como acuminada; aguda; cuspidada ou aristada; mucronada; emarginada; obtusa; retusa; truncada. O chamado ápice acuminado é aquele onde o limbo sofre um gradual estreitamento em direção ao ápice e em sua extremidade, transforma-se numa ponta, bastante aguda. Ex.: eucalipto. O ápice agudo é aquele que termina em ângulo agudo, o limbo não prossegue em gradual estreitamento. Ex.: espirradeira (Nerium oleander L). A folha de ápice cuspidado ou aristado é aquela onde pouco antes da extremidade do ápice, o limbo sofre um brusco estreitamento. Ex.: cardeal (Salvia splendens). O ápice mucronado tem certa semelhança com o ápice cuspidado, pois ambos sofrem um brusco estreitamento do ápice; contudo, no tipo mucronado tal afunilamento ocorre somente na extremidade do ápice, formando um aponta curta, rígida e isolada. Ex.: vinca (Lochnera rosea). O ápice emarginado apresenta uma reentrância de pouca profundidade, desde a extremidade do ápice em direção ao centro da folha; ocorre no caruru (Phytolacca decandra). A folha de ápice obtuso, como o próprio nome sugere, termina num ângulo obtuso; é o caso do buxo (Buxus sempervirens) e do cajueiro (Anacardium occidentale). O ápice retuso guarda certa semelhança com o emarginado, uma vez que ambos apresentam reentrâncias na extremidade do ápice. No caso do ápice retuso, porém, esta reentrância é mais suave. Ex.: buxo (Buxus sempervirens). Finalmente, o ápice truncado é aquele que aparenta ter sido cortado transversalmente; a sua extremidade forma com a nervura central da folha um ângulo que tende a 90º. Ex.: folíolo de carrapicho (Zornia dipyla pers). Considerando a forma da base, tem-se as seguintes tipologias: acunheada, cunei-

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FIGURA 101B

Janela de PVC: material maleável e flexível.

FIGURA 102A

Formato das folhas.

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forme ou cuneada; atenuada; cordada; hastada; sagitada; obtusa; reniforme; truncada. A folha de base acunheada, cuneiforme ou cuneada possui forma de cunha, a base de margens retas e convergindo em direção ao pecíolo da folha. Ex.: botão de ouro (Galinsoga parviflora Cau).  A base atenuada estreita-se gradualmente em direção ao pecíolo da folha. Ex.: espirradeira (Nerium oleander L). A base cordada é reentrante em direção ao pecíolo, e seus lobos (as duas laterais do limbo, divididas pela nervura central) são arredondados. Ex.: violeta, capeva. A base da folha hastada é reentrante em direção ao pecíolo e seus lobos são voltados para os lados. Ex.: Mikania. A base sagitada, assim como a hastada, é reentrante, mas seus lobos são pontiagudos e voltados para baixo. Ex.: tinhorão. A base denominada obtusa, como o próprio nome indica, termina num ângulo obtuso. Ex.: brinco de princesa (Hibiscus rosa-sinensis L).  A folha de base reniforme, por analogia, tem formato de rim, ou seja, apresenta reentrância com lobos longos e arredondados. Ex.: centella. Uma folha cuja base é truncada, apresenta um ângulo entre a sua extremidade e o pecíolo da folha, que tende a 90º. Aparentemente esta base parece ter sido cortada em plano transversal. Ex.: cardeal (Salvia splendens). Existe um relação muito íntima entre as formas geral, do ápice e da base da folha; a forma geral da folha é resultado da combinação de seu ápice e sua base, os quais por sua vez são determinados pela forma de inserção da folha no caule, pelo próprio formato do caule e pelas transformações/ adequações do vegetal como um toso ao meio ambiente. Outro fato relevante a ser considerado é que estas classificações de forma geral, ápice e base da folha, apresentadas devem ser vistas apenas como referência, como foi condutor para análise do vegetal. Ao estudar uma folha, deve-se buscar dentro dos formatos aqui expostos, aquele que mais se aproxima da espécie com a qual

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se está trabalhando; isto porque a variedade de formas encontradas na natureza é tão grande quanto o são as quantidades de ângulos e medidas numéricas existentes passíveis de serem materializadas como seres vivos. ratando agora da filotaxia das folhas, ou seja, sua forma de crescimento e disposição no caule, pode-se colocar que os principais tipos são: alternas; opostas; verticiladas; rosuladas ou rosetada; geminadas; fasciculadas. As folhas têm disposição alterna quando em cada nó existe apenas uma folha, como acontece no brinco de princesa (Hibiscus rosa-sinensis L). No caso de se situarem num único plano, são chamadas de alternas dísticas; se se dá em vários planos por toda a extensão do caule, chama-se alterna espiralada. Geralmente, as folhas que apresentam este tipo de disposição têm caule de eixo cilíndrico, o que facilita a inserção das folhas ao longo deste. Esta relação entre a filotaxia e o formato do caule ocorre em virtude de uma das funções do caule, que é a de promover as melhores posições das folhas em relação ao sol. Desta forma, é otimizada a produção da fotossíntese (ver o item que trata do caule).  As folhas são consideradas opostas quando encerram um par de folhas em cada nó, sendo uma de frente para outra. Exemplo: Lythum. Se as folhas dispõem-se num único plano, a filotaxia é oposta dística e se em planos cruzados, em ângulo de 90 graus com as folhas do nó seguinte é oposta cruzada ou descussadas. Neste último caso de folhas opostas, cujos pares se sobrepõem em cruz, na maioria das vezes o caule correspondente apresenta seção triangular.  A disposição verticulada ou trifoliada é aquela onde cada nó aparece com três ou mais folhas, todas no mesmo nível, formando um verticilo foliar. Ex.: espirradeira (Nerium oleander L), feijão (Phaseolus vulgaris L), oró (Phaseolus panduratus). No intuito de facilitar tal disposição das folhas, o caule das plantas de filotaxia trística tem o eixo triangular, onde cada face deste caule recebe o pecíolo das folhas.

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 As folhas de crescimento rosulado ou rosetada, ocorrem quando as folhas (localizadas no ápice ou na base do caule) possuem disposição alterna espiralada, e o caule apresenta entrenós bastante curtos. Estes entrenós curtos dão a impressão de que as folhas partem do mesmo nó, assumindo um aspecto de roseta. Ex.: falsa tiririca, alface.  A disposição tida como geminada, é aquela que exibe um par de folhas em cada nó, num mesmo ponto de inserção. É o caso do juá de sapo e da Vicia. Com relação à disposição fasciculada, é aquela onde três ou mais folhas partem de um mesmo ponto do nó, reunidas em feixes. Ex.: Pinus. Seguindo as classificações das folhas, têm-se as modificações/ adaptações. Neste sentido, são identificadas algumas das funções que não são próprias das folhas, mas que estas terminaram por assumir: função de: proteção, sustentação, absorção, reserva e reprodução. Dentro das adaptações com modificação da função, as folhas com função de proteção podem ser classificadas em: pétalas e sépalas (hipsófilos), estípulas, ócreas, lígulas, brácteas e espinhos.  As pétalas e sépalas (hipsófilos), correspondem à modificação das folhas com o ob jetivo de proteger os órgãos reprodutores do vegetal. ais estruturas serão estudadas mais a frente no item referente à Flor. As estípulas são pequenos apêndices situados à base da folha, cuja função é de proteger a gema ou botão vegetativo (estrutura que dá origem a novos ramos ou folhas). A ócrea corresponde a uma variação da estípula, onde um par destas envolve completamente o caule, como se fosse uma bainha, ultrapassando para cima o ponto de inserção da folha no caule. Sua função, assim como a estípula, também é de proteger a gema ou botão vegetativo.  A lígula é outro tipo de apêndice, que se origina na estípula. Encontra-se na região entre o limbo e a bainha, sendo bastante freqüente nas gramíneas. rata-se de uma

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estrutura de coloração esbranquiçada, apresentando pêlos e cuja função é de proteger as gemas ou botão vegetativo.  As brácteas correspondem a folhas modificadas que protegem os botões florais. Frequentemente apresenta coloração vistosa, que as fazem parecer as reais flores da planta. Ex.: buganvília, bico de papagaio. Os espinhos podem corresponder tanto a caules como a folhas, ambos modificados. Nesta última opção, são endurecidos e pontiagudos, contribuindo para evitar a perda excessiva de água do vegetal para o ambiente. Caso estes espinhos sejam arrancados, não provocarão lacerações nos vasos condutores do vegetal (contudo, se os espinhos forem caules modificados, arrancá-los significa danificar os vasos condutores da planta). Ex.: cactos, juá, juazeiro. Com relação às folhas cuja função é de sustentação, pode-se citar o caso das gavinhas; estas são órgãos filamentosos (em forma de filetes, de fios), que se enroscam a um suporte, consistindo em estruturas existentes exclusivamente para fins de fixação do vegetal. São resultado da modificação total ou parcial do limbo, pelo prolongamento do pecíolo ou das estípulas. São encontradas em plantas sarmentosas como chuchu, maracujá, cipó de são joão. No tocante à função absorção, podem ser citadas as folhas rosuláceas e as plantas insetívoras/ carnívoras. As folhas rosuláceas têm a capacidade de acumular água e a absorvem pela epiderme. Ex.: Bromeliaceae. As folhas insetívoras/ carnívoras consistem em folhas modificadas que capturam e aprisionam pequenos animais para posteriormente digeri-los. Estas folhas compreendem ainda duas classificações: os ascídios e utrículos. Os ascídios constituem-se numa metamorfose das folhas vegetativas, onde estas folhas se convertem em órgãos utriculares ou urceolados. Dentro destas estruturas é liberado (por glândulas especiais) um tipo de suco digestivo o qual digere os animais que caem em seu interior. Ex.: nepentes.

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Desta forma, o vegetal — geralmente existente em locais de solo pobre em nutrientes — consegue complementar sua nutrição com proteínas animais, invertendo assim, o ciclo da cadeia alimentar. Os utrículos são folhas modificadas que se convertem em pequenas vesículas, as quais são capazes de deglutir pequenos animais aquáticos. Ex.: utricularia. No que se refere à função de reserva, foram estudadas as folhas de consistência suculenta, os catáfilos e os cotilédones. As folhas que apresentam consistência suculenta, como já foi visto anteriormente, acumulam substâncias de reserva, especialmente água, pois em seu habitat natural (geralmente clima quente e seco) a água é escassa e precisa ser racionada. Ex.: Crassulaceas. Os catáfilos, também já estudados anteriormente, são as folhas modificadas, semelhantes a escamas e desprovidas de clorofila, que protegem e nutrem os brotos dos bulbos. Ex.: escama de bulbo de cebola, folhas de bulbo de bananeira. Os cotilédones correspondem às primeiras folhas do embrião, se apresentando na maioria das vezes em par. Sua função é nutrir o embrião nos primeiros dias de seu desenvolvimento, quando este inicia o lançamento de raízes e de folhas propriamente ditas, e ainda não obtendo do solo nutrientes em quantidade suficiente para se manter. Ex.: broto de feijão (Phaseolus vulgaris L). ratando das folhas que assumem função de reprodução, encontram-se nesta classificação os estames, carpelos e esporófilas ou trofoesporófilas. Os estames e os carpelos são modificações foliares que correspondem respectivamente ao androceu e gineceu nos vegetais da divisão Angiospermae, e no caso da divisão Gimnospermae, correspondem às folhas e escamas. É nessas estruturas que acontece a reprodução dos vegetais. As folhas modificadas denominadas esporófilas ou trofoesporófilas, são as folhas que apresentam função reprodutiva no caso das plantas da divisão Pteridophyta.

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 Além das adaptações em virtude da mudança de função da folha, pode-se identificar ainda dois tipos de modificações: com finalidade de maior adequação às condições externas, que são as modificações especiais; e às relativas à heterofilia (ou seja, uma mesma folha, no decorrer do crescimento da planta, pode modificar sua função ou sua forma). Os casos de modificações especiais são muito específicas de cada folha, e dada a dificuldade de abarcar todas (ou a maioria) das possibilidades existentes, o presente trabalho limitar-se-á a relacionar alguns exemplos para compreensão deste tipo de modificação da folha.  A modificação especial identificada na Victoria amazonica (vitória regia) corresponde à borda de suas folhas (que flutuam na superfície da água) que são reviradas para cima, tendo em vista que a água na qual a planta se encontra não invada seu limbo, sobrecarregando-a com seu peso e a faça afundar. Outra modificação especial é observada na Monstera deliciosa (costela de adão), a qual apresenta folhas fenestradas ou cletradas (quer dizer, com o limbo naturalmente perfurado), que facilitam o escoamento de água da chuva. No que se refere ao processo de heterofilia, ou seja, numa mesma planta, a folha sofrer processos de modificação de forma e/ou de função, pode-se citar o exemplo do eucalipto (cuja folha tem um formato inicial tendendo para o cordado e depois muda para o formato lanceolado, ou seja, modificação da forma da folha na mesma planta) e do feijão (Phaseolus vulgaris L) — este último, com folhas iniciais denominadas cotilédones e em seguida, com folhas propriamente ditas, num exemplo de mudança de função da folha. 3.4 FLOR

 A flor representa o resultado de um processo evolutivo dos vegetais, no qual algumas folhas sofreram transformações e passaram a funcionar em conjunto

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como aparelho reprodutor das plantas superiores, ou seja, as Fanerógamas, que englobam as Angiospermae. Desta forma, a função das flores é de reprodução sexuada; as flores surgem a partir de uma gema lateral ou terminal (apical), existente no caule (assim como as folhas); e correspondem a folhas modificadas, que sofreram metamorfose foliar. Dentro da macrofunção de reprodução, a folha pode ser subdividida em conjuntos de órgãos responsáveis única e exclusivamente pela reprodução e outro conjunto responsável pela proteção dos órgãos reprodutivos e por atrair animais que venham a otimizar a reprodução. Esta última função da flor é a responsável pela grande variedade de flores, em termos de tamanho, cores, odor, textura e mecanismos de aproveitamento dos animais para sua reprodução — neste último caso, tanto no sentido de fecundar a flor como no de disseminação de suas sementes. oda esta variedade se justifica quando analisamos que cada flor precisa se tornar atrativa para determinadas espécies de animais e mais especificamente, precisa se tornar indispensável a estes animais, uma vez que sua reprodução, a manutenção de sua existência no planeta se deve à ação polinizadora destes animais. Outro aspecto relevante é que cada espécie de planta deve atrair um número mínimo de espécies, pois caso ela queira se adaptar a vários tipos de animais, corre o risco destes animais visitarem também outras variedades de flores, desperdiçando assim seu pólen (haja visto que este pólen não será fecundado por outra flor da mesma espécie). Serão estudadas agora as partes constituintes das flores (Figuras 103A e 104A), responsáveis pela reprodução e proteção do conjunto reprodutor desta. Uma flor para ser considerada completa deve ser composta de pedúnculo ou pedicelo; receptáculo; e verticilos florais. Se considerarmos que as flores são folhas modificadas, é possível fazer as mesmas

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FIGURA 103A

Partes constituintes da flor

FIGURA 104A

Partes constituintes da flor. Corte esquemático

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FIGURA 105A

Sexo das flores

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FIGURA 106A

Sexo das flores

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analogias apresentadas no capítulo sobre Folhas; tendo em vista não recorrer em redundâncias, serão apresentadas neste item as características das flores buscando apenas a compreensão de suas formas e disposições, inflorescências, enfim, as possibilidades formais.  A palavra pedúnculo vem do latim pedunculus, que significa diminutivo de pé.  Assim, o pedúnculo ou pedicelo corresponde à haste de sustentação da flor e que a prende aos ramos do vegetal. A flor desprovida de pedúnculo é chamada séssil ou apedicelada, como ocorre no cactus. O receptáculo consiste numa porção mais dilatada do pedúnculo, localizada na parte superior deste, onde se inserem os verticilos florais (tanto protetores como reprodutores). O termo receptáculo advém do termo latim receptaculum, cujo significado é lugar ou coisa que, em si, recebe algo. Os verticilos florais são um conjunto de peças florais semelhantes. Estes verticilos podem ser divididos em dois grupos: os verticilos externos, protetores ou perianto (que engloba o cálice e a corola); e os verticilos internos, reprodutores ou perigônio (que engloba o androceu e o gineceu). Uma flor é dita incompleta quando se apresenta desprovida de um dos seus verticilos (de proteção ou de reprodução). Com relação aos verticilos externos, protetores, pode-se colocar que são responsáveis pela proteção dos órgãos reprodutores da flor e também por atrair animais que favoreçam o processo de reprodução. Como já foi mencionado acima, constitui-se de cálice e corola. O cálice corresponde ao conjunto de sépalas, que são folhas modificadas, geralmente de coloração verde. Quando as sépalas encontram-se soldadas, a flor é chamada gamossépala; caso se apresentem soltas, livres, são denominadas dialissépalas, como é o caso da roseira. Quanto ao número de sépalas, o cálice pode ser classificado como trímero (quando apresenta sépalas em número de três ou seus múltiplos, como por exemplo,

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as plantas da divisão Monocotyledoneae); tetrâmero ou pentâmero (quando suas pétalas são em número de quatro ou cinco, como ocorre nos vegetais da divisão Dicotyledoneae). A corola representa o conjunto de pétalas, consistindo no verticilo protetor mais interno, geralmente coloridas. Nas pétalas da corola podem ainda ser identificadas duas partes: a porção mais estreita que se encaixa ao receptáculo (sépalas), que é chamado de unha; e a parte mais dilatada, próxima à extremidade da pétala, cuja forma se aproxima à de uma folha simples, que é denominada limbo. Com relação ao número de pétalas, a corola pode ser classificada como trímera (quando possui pétalas em número de três ou seus múltiplos, que corresponde ao caso das Monocotyledoneae); e tetrâmera ou pentâmera (no caso das pétalas se apresentarem em número de quatro ou cinco, como ocorre nas Dicotyledoneae). Quando as pétalas se apresentam soldadas são chamadas gamopétalas (ex.: copo de leite), e ao se encontrarem livres, soltas, são ditas dialipétalas (ex.: brinco de princesa, Hibiscus rosa-sinensis L). anto as pétalas do tipo gamopétalas como as dialipétalas podem ser classificadas ainda de acordo com a disposição e tamanhos de suas pétalas. As flores dialipétalas podem ser classificadas ainda em: crucífera ou cruciforme; rosácea; cariofilácea, cariofilada ou craviforme; orquidácea ou orquidiforme; papilionada, papilionácea ou amariposada.  A flor crucífera ou cruciforme apresenta quatro pétalas em cruz, opostas de duas a duas. Ex.: flor de couve (Brassica oleracea). A flor rosácea exibe cinco pétalas de unhas curtas, com as bordas arredondadas. Ex.: rosa. (Rosa sp). A flor cariofilácea, cariofilada ou craviforme, possui cinco pétalas de unhas longas e estreitas, e suas bordas são recortadas. Ex.: cravina (Dianthus chineses). Com relação à flor orquidácea ou orquidiforme, é aquela que apresenta três pétalas, sendo duas laterais e uma mediana, denominada labelo. Ex.: orquídea (Cattleya sp). Por fim, a folha

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dialipétala tida como papilionada, papilionácea ou amariposada, que consiste num conjunto de cinco pétalas desiguais: uma, a maior de todas (tanto em comprimento como em largura), localizada na parte superior da flor (denominada estandarte ou vexilo); duas menores laterais e simétricas (chamadas asas); duas menores e mais internas (unidas pelo ápice e sendo envolvidas pelas asas (chamadas carena ou quilha). Ex.: ervilha (Pisum sativum).  As flores gamopétalas também apresentam sub tipologias que correspondem às seguintes: tubulosa ou tubular; rotácea, rotada ou rotata; infundibuliforme; campanuladas; urceolada; hipocrateriforme; labiada; personada, mascarina, gibilosa ou mascarila; ligulada ou semiflósculo.  A flor tubulosa ou tubular é aquela cujas pétalas formam um tubo de seção aproximadamente cilíndrica, comprido, e a porção mais externa da corola é bastante curta ou quase nula. É o caso da margarida (Chrysanthemum leucanthemum).  A flor do tipo rotácea, rotada ou rotata, possui um tubo curto, com pétalas planas, as quais sofrem um estreitamento na extremidade de cada pétala; o seu limbo lembra os raios de uma roda. Ex.: tomate (Lycopersicum esculentum). A gamopétala do tipo infundibuliforme, consiste num tubo que sofre gradual alargamento da base para a extremidade. Sua forma geral se assemelha a um funil. Ex.: enrola semana (Ipomoea cairica).  Acerca da flor campanulada, trata-se de um tubo que alarga-se drasticamente na base e em seguida mantém o diâmetro constante até a borda da flor. Sua forma geral assemelha-se a um sino, campânula, ou campainha; ocorre na planta chamada campainha (Campanula sp). Em se tratando da flor urceolada, é aquela cujo tubo alarga-se rapidamente na base e sofre um afunilamento conforme se aproxima da borda. Neste caso, o tubo é bastante destacado e o limbo, praticamente desprezível.  Apresenta uma forma geral de jarro ou urna. Ex.: Erica (Erica sp). A flor hipocrate-

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riforme encerra um tubo comprido, o qual alarga-se rapidamente na extremidade das pétalas (que são planas). Apesar de ser tubulosa, o seu limbo se destaca, é predominante. Sua forma geral guarda semelhança com uma taça ou salva; pode ser observada na vinca (Lochnera rosea). A flor labiada é aquela que apresenta o limbo dividido em um ou dois lábios. Ex.: cardeal (Salvia splendens). A flor personada, mascarina, gibilosa ou mascarila apresenta dois lábios justapostos, sendo que o lábio inferior tem uma dilatação que fecha a abertura da corola. Ex.: boca de leão (Arterrhium majus). A flor denominada ligulada ou semiflósculo, corresponde a um tubo, cuja forma lembra a de uma língua; suas pétalas se apresentam recortadas na extremidade. Ex.: margarida (Chrysanthemum leucanthemum). Voltando ao estudo dos verticilos, os verticilos internos, reprodutores, têm função exclusiva de reprodução, sendo formados pelo androceu e pelo gineceu. O androceu é o conjunto de órgãos reprodutores masculinos da flor, que são os estames. Cada estame é composto por três partes: filete, conectivo e antera. O filete consiste numa haste que sustenta a antera, e geralmente tem formato filamentoso; é a parte estéril do estame. O conectivo, assim como o filete, é um tecido estéril que une o filete à antera, podendo ser pouco ou muito desenvolvido. A antera localiza-se na extremidade do filete, consistindo numa porção mais dilatada do estame. Internamente é dividida em quatro partes chamadas sacos polínicos, os quais reunidos dois a dois são denominados tecas. É nas tecas que são produzidos e armazenados os grãos de pólen. Com relação ao gineceu, este consiste no conjunto de órgãos reprodutores femininos da flor, que são os pistilos. Este conjunto dos órgãos reprodutores pode ainda ser chamado carpelos. Assim como o estame (órgão reprodutor masculino), o pistilo é composto por três estruturas: o ovário; estilete ou estilo; e o estigma. O ovário é a estrutura principal do pistilo, que dá origem ao fruto. Corresponde à parte basal

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dilatada do pistilo, formada pelos carpelos (folhas modificada dobrada sobre si mesma), que se fecham delimitando cavidades, denominadas lóculos. No interior destes lóculos se originam os óvulos da flor; estes óvulos por sua vez, se transformarão em sementes. O estilete ou estilo designam a porção tubular, relativamente alongada do pistilo, que liga o estigma ao ovário, e é formado pelo prolongamento dos carpelos, sobre o qual se encontra o estigma. O estigma localiza-se na parte superior do carpelo, correspondendo a uma dilatação do estilete ou estilo. Sua principal função é amortecer o pouso do grão de pólen e permitir sua permanência; para tanto, é rico em substâncias mucilaginosas que otimizam a fixação e germinação do grão de pólen. Além das classificações pertinentes às partes constituintes da flor, estas podem ainda ser estudadas e catalogados de acordo com a disposição das peças florais; com o sexo; com os tipos de inflorescência; com os tipos de polinização. No que se refere à disposição das peças florais, foram detectadas três tipologias básicas: flor cíclica ou verticilada; flor acíclica ou espiralada; flor hemicíclica. A flor cíclica ou verticilada é aquela onde as peças florais se inserem no receptáculo (sépatas) em círculos concêntricos, formando verticilos. Ex.: Angyospermae, como o lírio (Hemerocallis sp), quaresma, flor de couve (Brassica oleracea). Na flor acíclica ou espiralada as peças florais se dispõem em espiral ao redor do receptáculo. Ex.: magnólia (Michelia champaca L), Gymnospermae em geral. A flor hemicíclica consiste num tipo intermediário de disposição, entre a cíclica e a acíclica. Neste caso, algumas peças se inserem ao receptáculo em ciclos, enquanto as demais (em geral, as pétalas e estames), se dispõem em espiral. ratando agora da classificação das plantas quanto ao sexo das flores, foram identificadas as possibilidades que se seguem: bissexuada, hermafrodita ou monóclina; unissexuada ou díclina; assexuada, estéril ou neutra; monóica; dióica; polígamos. A flor bissexuada, hermafrodita ou monóclina, é o tipo de flor que apresenta simulta-

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neamente os órgãos reprodutores masculinos (androceu) e feminino (gineceu), ou seja, uma mesma flor possui os dois sexos. Ex.: rosa (Rosa sp), brinco de princesa (Hibiscus rosa-sinensis L), lírio (Hemerocallis sp). A flor unissexuada ou díclina, é aquela que apresenta órgão sexual somente feminino ou somente masculino. A flor unissexuada feminina, é dotada de gineceu e desprovisa de androceu, e a flor unissexuada masculina é dotada de androceu e desprovida de gineceu. Ex.: mamona (Ricinus communis L), mamão (Carica papaya). A flor tida como assexuada, estéril ou neutra é desprovida de órgãos sexuais masculinos (androceu) e feminino (gineceu), ou os possui, embora não fecundados em virtude de serem estéreis. Ex.: arum, flores externas brancas da margarida (Chrysanthemum leucathemum).  A flor monóica ocorre quando uma mesma planta possui flores unissexuadas femininas (dotadas de gineceu e desprovidas de androceu) e flores unissexuadas masculinas (dotadas de androceu e desprovidas de gineceu). Ex.: abóbora (Cucurbita pepo L.), mamona (Ricinus communis L). Uma flor é denominada dióica, quando uma planta de determinada espécie apresenta flores de um único sexo, e uma outra planta, da mesma espécie, apresenta flores de sexo oposto. Ou seja, dentro de uma mesma espécie, indivíduos podem ser unissexuados femininos ou masculinos. Ex.: tamareira (Phoenix dactylifera) e a família Cariaceae. Finalmente, a planta é classificada como tendo flores polígamas quando um mesmo vegetal é dotado de flores hermafroditas e unissexuadas, tanto femininas como masculinas. Ex.: compositae (asteraceae). Num vegetal, as flores podem aparecer únicas no ápice do caule ou na axila das folhas, e neste caso, são denominadas solitárias. Por outro lado, quando as flores se apresentam em conjunto, que se formam nas extremidades dos ramos, são chamadas inflorescências. De forma mais específica, a inflorescência consiste na disposição dos ramos florais e das flores existentes nestes.

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Podem ser identificados dois grupos de inflorescências (Figura 106A): as chamadas indefinidas, centrípeta, racimosa ou monopodial; definidas, centrífuga, cimosa ou simpodial. Estes dois grupos podem ainda ser classificados em simples ou compostas.  A inflorescência indefinida, centrípeta, racimosa ou monopodial, relaciona-se com a ramificação monopodial, ou seja, aquela que apresenta um eixo central de crescimento, a partir do qual surgem ramificações. Neste tipo de inflorescência, as flores se abrem de baixo para cima ou da periferia para o centro. Esta inflorescência é chamada indefinida pois o eixo, em tese, desenvolve-se ilimitadamente, pois como o ápice não termina com uma flor, a medida em que o ramo cresce, origina novas flores. Dentro da inflorescência indefinida, centrípeta, racimosa ou monopodial, são identificadas ainda sete variações; são elas: cacho, racimo ou racemosa; corimbo; umbela; espiga; capítulo; amento ou amentilho; espádice. O tipo de inflorescência denominado cacho, racimo ou racemosa, apresenta um eixo principal (pedúnculo principal), que se ramifica monopidialmente (formando os pedicelos) em intervalos regulares, e estas ramificações podem atingir diversas alturas; neste caso, a distância entre as flores não é desprezível. Ex.: xiquexique (Crotalaria striata).  A Inflorescência chamada corimbo, também forma uma espécie de cacho com um eixo central de onde partem ramificações em intervalos regulares; contudo, em virtude de um maior desenvolvimento dos pedicelos das flores localizadas nas posições mais inferiores, o resultado é que todas as flores atingem uma mesma altura no ápice do ramo. Ex.: espadótea (Spathodea campanulata).  A umbela ocorre quando todos os pedicelos partem do ápice do pedúnculo principal, e as florem atingem uma altura aproximadamente igual. Neste caso, o ponto do pedúnculo de onde saem os pedicelos, sofre uma certa dilatação, e a distância

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entre os pedicelos e as flores é praticamente desprezível. Esta inflorescência apresenta uma forma geral semelhante a uma sombrinha. Ex.: erva doce, falsa-unha-de-rato (Asclepias curassavica).  A espiga é constituída por uma série de flores sésseis (ou seja, desprovidas de pedicelos), dispostas ao longo do pedúnculo principal, em intervalos regulares, e as flores atingem diversas alturas. Nesta situação, a distância entre as flores não é desprezível. Ex.: milho (Zea mays), língua de vaca (Plantago major). O capítulo ocorre quando o pedúnculo (eixo central da inflorescência), sofre um alargamento em seu ápice, formando um receptáculo côncavo, plano, convexo ou ligeiramente cônico, denominado toro. Neste receptáculo se inserem flores sésseis (sem pedicelos), as quais atingem entre si quase a mesma altura. Ex.: margarida (Chrysanthemum leucathemum). O amento ou amentilho corresponde a uma variação da inflorescência espiga, contudo o eixo principal se apresenta mais denso, flexível e pendente, geralmente dotado de flores unissexuadas. Ex.: castanheira (Castanea sativa), rabo de macaco (Acalypha sp).  A última inflorescência racemosa simples é a espádice, que também consiste numa variação da espiga, cujo eixo principal se apresenta dilatado, carnoso e as flores inseridas nela são, na maioria das vezes, unissexuadas. odo este conjunto pode vir envolvido por uma bráctea grande denominada espata. Ex.: araceae, copo de leite, banana de macaco (Monstera deliciosa).  A inflorescência denominada definida, centrífuga, cimosa ou simpodial, é aquela onde tanto o eixo principal como os pedicelos tem crescimento limitado. Isto acontece porque neste eixo principal ou inicial, exibe em seu ápice uma flor, com a qual interrompe seu crescimento e dá origem a outros ramos, com os quais ocorre o mesmo. Os ramos secundários laterais, muitas vezes crescem mais que o ramo

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principal, e por esta razão esta inflorescência também é conhecida como simpodial. Neste tipo de inflorescência, a flor localizada no ápice do ramo principal é a primeira a abrir-se, seguida pelas flores no ápice dos demais ramos; em outros casos, as flores se abrem do centro para a periferia.  A inflorescência definida, centrífuga, cimosa ou simpodial pode ainda ser dividida em: cima unípara ou monocásio; helicóide; escorpióide; cima bípara ou dicásio; trípara; multípara ou pleiocásio.  A inflorescência denominada cima unípara ou monocásio é aquela onde, abaixo da flor que se forma no eixo principal, surge um ramo secundário, também dotado de uma flor; abaixo desta surge um novo ramo, e assim sucessivamente. No caso dos ramos subsequentes saírem de um lado e do outro do ramo principal, alternadamente, a inflorescência monocásio é chamada helicoidal; neste caso, as flores no ápice dos ramos podem ser unidas, formando uma curva helicoidal, como ocorre no lírio (Hemerocallis sp). odavia, se os ramos laterais saírem sempre de uma mesma lateral do ramo principal, a inflorescência monopodial é chamada escorpióide; as flores desta inflorescência, vistas de frente, podem ser unidas, formando um caracol ou a cauda de um escorpião, como é o caso do miosótis (Borraginaceae). No caso da inflorescência helicoidal, há dois tipos: o rípido (onde todos os ramos se encontram no mesmo plano) e o bóstrice (onde os ramos se situam em planos distintos). Na inflorescência escorpióide, também foram identificados dois tipos: o drepânio (todos os ramos se encontram no mesmo plano) e o cincino (onde os ramos se situam em planos distintos).  A cima bípara ou dicásio é aquela onde, abaixo da flor que se forma no ápice do eixo principal, surgem dois ramos secundários, cada qual também com uma flor no ápice, e abaixo de cada flor surgem outros dois ramos laterais e assim sucessiva-

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mente, num processo de fractal. Ex.: begônia (Begonia sp), Caryophyllaceae.  A inflorescência trípara é semelhante à bípara, contudo abaixo da flor no ápice do eixo principal surgem três outros ramos e assim por diante. A inflorescência multípara ou pleiocásio é similar à trípara e à bípara, entretanto, abaixo da flor no ápice do eixo principal surgem mais que três outros ramos e assim por diante. Ou seja, cada pedúnculo dá origem a muitos outros. Ex.: ixora, jardineira (Pelargonium sp). odas as inflorescências supra citadas correspondem às tipologias simples de inflorescências. Com relação às tipologias compostas, de modo geral, podem ser homogêneas (correspondendo à ramificação entre racemosas de mesmo tipo, ou seja, tanto a inflorescência como sua ramificação são uma mesma racimosa. É como se uma inflorescência racimosa X tivesse uma ramificação racimosa X. Ex.: umbela composta ou umbela de umbelas); heterogêneas (quando a ramificação é racimosa ou cimosa, porém entre diferentes tipos; é como se a inflorescência racimosa X tivesse uma ramificação racimosa Y. Ex.: dicásio de ciátios); e mistas (correspondendo à mistura entre inflorescências racimosas e cimosas; como se fosse uma inflorescência racimosa X ter como ramificação uma cimosa Y. Ex.: dicásio de capítulos).  A seguir serão abordadas as inflorescências compostas mais referenciadas. Estas compreendem as que se seguem: panícula ou racimo composto; panícula composta; antela; racimo ou cacho de umbelas; racimo ou cacho de espigas; umbela composta ou umbela de umbelas; sícono ou sicônio; cíato ou ciátio; glomérulo.  A inflorescência panícula ou racimo composto é aquela onde as ramificações laterais (que partem do eixo principal) também sofrem ramificações que vão diminuindo conforme se aproximam do ápice do ramo, de modo que o conjunto completo toma o aspecto de uma pirâmide. Neste caso, tanto as ramificações como o todo se constituem por cachos. Existe ainda a panícula composta, na qual cada sub ramificação das ramificações laterais, por sua vez se ramificam também.

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 A antela assemelha-se à panícula, entretanto, na antera os pequenos ramos laterais suplantam cada eixo respectivamente. O racimo ou cacho de umbelas é um misto das inflorescências racemosas e umbela, onde cada ramificação lateral dá origem a vários pedicelos cada um com uma flor em seu ápice. O racimo ou cacho de espigas é um cacho cujos pedicelos são espigas, correspondendo a uma mistura entre as inflorescências racimosa e espiga. A umbela composta ou umbela de umbelas ocorre quando os pedicelos de uma umbela são suportes de umbelas. O sícono ou sicônio corresponde a um conjunto de espigas muito contraídas, dispostas num receptáculo côncavo. Ex.: figueiro (Ficus carioca). O cíato ou ciátio é constituído por uma flor central unissexuada feminina, com pedúnculo alongado, ao redor do qual são dispostas flores masculinas com um só estame cada uma. Ex.: Coroa de cristo (Euphorbia splendens). O glomérulo ocorre quando várias flores com pedicelos quase desprezíveis, se aglomeram num determinado ponto do pedúnculo, ao longo do eixo comum ou nos ramos, numa configuração aproximadamente globosa. Ex.: cordão de frade (Leonotis nepetaefolia). Para finalizar o estudo das flores, será abordado a seguir os tipos de polinização. A polinização pode ser definida como sendo o transporte do grão de pólen da antera (órgão sexual masculino) para o estigma (órgão sexual masculino) da flor. O processo de polinização pode se dar de forma direta (uma mesma flor se fecundar, pois esta mesma flor apresenta órgãos sexuais masculinos e femininos) ou cruzada (uma flor fecunda outra flor). A polinização direta não é vantajosa do ponto de vista evolutivo, haja vista que diminui a variabilidade genética da espécie; mesma nas flores onde as chances de autofecundação são grandes, as flores desenvolveram mecanismos para impedir ou dificultar este processo. Por outro lado, a polinização cruzada permite que ocorram melhoramentos na

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espécie, que determinadas características indesejáveis ou defeitos sejam minimizados através das misturas genéticas. Na polinização cruzada, as flores necessitam de agentes externos para fecundar outras flores; desta maneira, as flores sofreram adaptações ao meio externo para otimizar o transporte de seu pólen ao estigma de outra flor. Surgiram assim as plantas anemófilas, zoófilas e hidrófilas. Uma planta é chamada anemófila quando o seu agente polinizador é o vento. Neste caso, as flores são de pequeno porte e desprovidas de aroma, cor ou néctar; as anteras são bem expostas ao ar, com filetes longos, finos e flexíveis; apresenta grande quantidade de pólen, de grãos pequenos e leves; os estigmas apresentam, grande superfície. Como exemplo pode ser colocado o carvalho (Quercus laevis). Um vegetal é denominado zoófilo no caso de seus agentes polinizadores serem os animais. Na planta zoófila, as flores são vistosas, apresentando formas exuberantes, bizarras ou adaptadas ao pouso; possuem ainda glândulas, papilas e nectários que elaboram substâncias aromáticas e açúcares próprios para atrair animais. Quando estes animais que polinizam são insetos, a planta é entomófila (ex.: salvia); quando são pássaros, a planta é ornitófila (ex.: brinco de princesa [Hibiscus rosa-sinensis L]). Um exemplo de planta ortitófila é a Ilex montana, e um exemplo de plantas que atraem morcegos é a Agave palmeri. A planta é hidrófila quando sua polinização é feita com o auxílio de água. Ex.: pinheirinho d´água (Ceratophyllum demersum). 3.5. FRUTO

Em linhas gerais, o fruto apresenta duas funções: uma delas é envolver e proteger as sementes e a outra é favorecer a dispersão dessas. Assim como as flores, os frutos desenvolveram uma série de artifícios (tais como o uso de cores, aromas e sabores agradáveis) para atrair os animais, fazê-los alimentarem-se de sua polpa e assim dispersar suas sementes. A morfologia do fruto, deste modo, depende do tipo de

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dispersão que promove e dos seus agentes disseminadores. O fruto corresponde ao ovário desenvolvido da flor, contendo a semente já formada; popularmente, é utilizada a palavra “fruta” para designar frutos doces, que normalmente podem ser comidos a seco. Esta terminologia, porém, costuma causar uma certa confusão, haja visto que nem sempre a parte “comestível” da fruta corresponde ao “verdadeiro fruto”. Como exemplo, pode-se colocar o caso da maçã (Pyrus malus), onde a parte comestível corresponde ao receptáculo floral que sofre uma hipertrofia, e envolve completamente o fruto. Um outro exemplo é o coco (Cocos nucifera L), onde a parte comestível corresponde à semente, e o fruto é a parte externa, de consistência rígida, chamada vulgarmente de “casca”. Um fruto completo é formado de pedúnculo, pericarpo, semente, e em situações excepcionais, do cálice, receptáculo e pedúnculo da antiga flor (Figura 107A). O pedúnculo é a haste que sustenta o fruto; corresponde ao pedicelo da flor. O pericarpo é a parte do fruto que envolve a semente. Pode ser dividido em três partes: epicarpo (revestimento externo do fruto); mesocarpo (camada intermediária do pericarpo, bastante desenvolvida nos frutos carnosos); e endocarpo (reveste a cavidade do fruto, ficando em contato com este; geralmente é pouco desenvolvida e de difícil separação). A semente é a parte do fruto responsável pela perpetuação do vegetal, uma vez que a partir de sua germinação inicia-se o crescimento de uma planta igual à original. A semente pode ser dividida ainda em: tegumento ou casca, que protege a amêndoa; e a amêndoa, formada pelo embrião e em muitos casos por reservas nutritivas. Como ocorre com a flor e a folha, o fruto, por se tratar do resultado primeiramente da metamorfose foliar que transformou uma folha em flor e depois da fecundação, que possibilitou o aparecimento do fruto, as comparações entre os frutos e arquite-

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tura seriam similares às já mencionadas sobre folha e flor. Assim, no decorrer deste item serão colocadas apenas considerações sobre as diversas morfologias de frutos encontradas na natureza, e suas possibilidades formais. Os frutos podem ser classificados ainda quanto a sua origem; quanto a sua consistência; quanto a sua forma de abertura e quanto ao número de sementes existentes. Com relação à origem, os frutos podem ser divididos nas seguintes categorias: os frutos propriamente ditos ou simples (provenientes de uma única flor e consequentemente de um único ovário); o fruto de infrutescência (oriundos de inflorescências ou de diversas partes da flor que não só o ovário; ex.: abacaxi [Ananas comosus L]); os frutos compostos ou múltiplos (formado por vários ovários; ex.: morango [Fragaria vesca]); os pseudofrutos (originários do receptáculo da flor, e como o próprio nome indica, não corresponde ao fruto verdadeiro). Dentro da classificação dos frutos propriamente ditos ou simples, podem ser estudados aqueles que apresentam consistência carnosa (quando apresentam o pericarpo suculento; é o caso da maioria dos frutos, ex.: goiaba [Psidium guajava L]) e os de consistência seca (no caso onde seu pericarpo é seco; ex.: coco [Cocos nucifera L]). Os frutos simples de consistência carnosa compreendem os seguintes: baga; drupa; hesperídeo. A baga é o tipo de fruto simples carnoso desprovido de caroço, porém dotado de muitas sementes. Ex.: uva (Vitis vinifera), tomate (Lycopersicum esculentum), abóbora (Cucurbita pepo L.), goiaba (Psidium guajava L), banana (Musa paradisiaca).  A drupa é um fruto simples carnoso dotada de somente uma semente ressecada, concrescida com o endocarpo. Ex.: pêssego (Prunus persica L), ameixa (Prunus domestica), azeitona, amêndoa (Amygdalus communis ) (Figura 108A) O hesperídeo apresenta o endocarpo membranoso revestido interiormente por numerosos pêlos repletos de suco, que corresponde à parte comestível. Ex.: limão (Citrus li-

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FIGURA 107A

Partes consituintes do fruto

FIGURA 108A

FIGURA 109A

Drupa: fruto simples carnoso, dotado de somente uma semente. (Amêndoa)

Caríopse: fruto simples seco que apresenta apenas uma semente. (Milho)

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FIGURA 110A

Legume: tem várias sementes e o fruto abre-se por duas fendas longitudinais (Feijão)

FIGURA 111A

Cápsula: possui várias sementes e o fruto abre por fendas longitudinais (Paineira)

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monum), laranja (Citrus aurantium). Com relação aos frutos simples de consistência seca, podem ser citados: aquênio; cariopse; samara; noz; folículo; legume; cápsula; pxídio. O aquênio é o tipo de fruto seco que apresenta apenas uma semente, a qual liga-se ao pericarpo por um pequeno pedúnculo. Ex.: Compositae, girassol (Helianthus annuus), picão (Bidens pilosa), serralha (Sonchus oleraceus).  A cariopse é um fruto seco que possui apenas uma semente, a qual liga-se ao endocarpo em toda sua extensão. Ex.: gramíneas, como o arroz (Oryza sativa L), trigo (riticum aestivun) e milho (Zea mays) (Figura 109A). A samara é um fruto simples seco, dotada de uma única semente, que apresenta expansões laterais semelhantes a asas. Estas expansões são percorridas por nervuras e favorecem o transporte das sementes pelo vento. Ex.: olmeiro (Ulmus americana), cipó de asa (Stigmaphyllon sp), asa de barata (Caesalpinia pulcherrima). A noz é o tipo de fruto que apresenta mesocarpo lenhoso, fibroso, geralmente coberto por inteiro ou em parte por um invólucro. Ex.: coco da baía (Cocos nucifera L), avelão (Corylus cornuta). O folículo possui várias sementes e o fruto abre-se por uma fenda no sentido longitudinal. Ex.: magnólia (Michelia champaca L), chichá (Sterculia chicha). O legume possui várias sementes, e o fruto abre-se por duas fendas no sentido longitudinal. Ex.: feijão (Phaseolus vulgaris L) (Figura 110A), xiquexique (Crotalaria striata). A cápsula apresenta várias sementes, e o fruto abre-se por várias fendas no sentido longitudinal. Ex.: cravina (Dianthus chinenses), paineira (Chorisia speciosa) (Figura 111A), fumo (Nicotiana tabacum), estramônio (Datura stramonium). O pxídio é o fruto que apresenta várias sementes e abre-se por uma fenda no sentido transversal. Ao se abrir, libera um tipo de tampa denominada opérculo, e pelo orifício caem as sementes. Ex.: sapucaia (Lecythis sp). No tocante ao tipo de abertura dos frutos, existem os frutos deiscentes (são aqueles

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que, quando maduros, abrem-se espontaneamente); neste caso, encontram-se os frutos cápsula, hesperídio, folículo, legume, pxídio. E os frutos indeiscentes (são os que, quando maduros, não se abrem), correspondem aos que se seguem: baga, drupa, hesperídio, aquênio, cariopse, sâmara e noz. No que se refere ao número de sementes existente, os frutos podem ser classificados em: monospérmicos, que são os frutos dotados de uma só semente (como o abacate); dispérmicos, dotados de duas sementes; trispérmicos, com três sementes; e os polispérmicos, apresentando várias sementes (como a melancia [Curcubita citrullus]).

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4 Considerações Finais Enquanto instrumento para consulta, e auxílio no ensino da disciplina de Paisagismo, constata-se que atende aos pré-requisitos estipulados na introdução: as informações estão claras, sucintas e facilmente encontradas no decorrer das páginas, bem como encontra-se bastante ilustrado, facilitando a compreensão das ideias e comparativos expostos no texto. No que diz respeito à eficácia na compreensão dos elementos transpostos de Botânica para a Arquitetura, por enquanto, pode-se relatar apenas a experiência da própria autora: sem dúvida, houve um substancial acréscimo das informações sobre os vegetais e suas características, estruturas e funcionamento, e o fato de tê-los comparado com Arquitetura, Urbanismo e Design de Interiores, auxiliou ainda mais na fixação destes dados. Em alguns casos, o reconhecimento das semelhanças entre os vegetais e a Arquitetura, especialmente no que diz respeito às similaridades morfológicas, são mais facilmente detectados, ao passo que outros, quando as comparações são feitas considerando similaridades de funcionamento, faz-se necessária uma leitura mais cui-

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dadosa do texto, além da simples observação das ilustrações. ambém no momento de buscar as analogia entre Botânica e Design, Arquitetura e Urbanismo, em alguns casos a transposição foi imediata (ou seja, logo que determinada característica dos vegetais fora compreendida, rapidamente pensou-se em situações similares que aconteciam em Arquitetura) e em outros, foi necessário mais tempo de reflexão para se chegar a uma conclusão. Outro aspecto importante a ser avaliado, é que as comparações enfocadas neste trabalho foram realizadas baseadas num só ponto de vista — o da autora. É provável que no futuro, o arquiteto, urbanista ou designer que se dispuser a trabalhar nesta mesma temática, venha a encontrar novas informações ou mesmo identificar outras possibilidades comparativas entre a Arquitetura e a Botânica, e desta maneira venha a contribuir com novas ideias e raciocínio por ora não contemplados. Do modo como se apresentam atualmente as comparações tecidas no texto, muito embora estejam argumentadas (quer dizer, todas elas se apresentam fundamentadas, explicados os motivos e em que aspectos se pode comparar esta ou aquela ideia de botânica com determinado aspecto arquitetônico) é possível que alguns concordem com as analogias propostas, e outros não. Mesmo no caso do arquiteto, numa situação extrema, não concordar com nenhuma analogia proposta, ainda neste caso, pode-se considerar que este trabalho alcançou seus objetivos, uma vez que para concordar ou não com determinada ideia, é preciso que se reflita a respeito e que se pese todos os fatores inerentes à questão — e já o fato de o trabalho ter proporcionado ao arquiteto uma reflexão sobre a Botânica e suas relações com o Paisagismo, significa que as ideias contidas nesta pesquisa fizeram o arquiteto pensar sobre questões antes não discutidas dentro do curso de Arquitetura e Urbanismo, e que se revelam fundamentais para a produção de uma paisagem de qualidade.  Após o término deste trabalho, muitas informações foram apreendidas e muitas dúvidas foram sanadas; entretanto, as informações contidas neste volume não dispensam a consulta aos manuais e catálogos de plantas. Apesar de fornecer as características morfológicas de diversos vegetais, este trabalho de forma alguma abarcou todas as

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possibilidades de vegetais que o projetista dispõe para uso nos projetos paisagísticos. Outro fato relevante a ser esclarecido, é que este trabalho pode ser considerado apenas como um passo inicial para uma eventual readequação do ensino de Paisagismo nas escolas de Design e de Arquitetura e Urbanismo; muito ainda precisa ser reformulado e repensado para otimizar a metodologia e as temáticas de ensino. Pensando num passo mais a frente na produção de material didático para o ensino de Paisagismo, que apresentasse uma interface cada vez maior para auxiliar os profissionais e estudantes do ramo a resolver os problemas inerentes ao projeto paisagístico, podem ser lançadas algumas ideias para prosseguimento dos estudos de Botânica vinculado ao Paisagismo: por exemplo, analisar de que forma as diversas morfologias dos vegetais apresentadas neste trabalho, se rebatem dentro do projeto de paisagismo, quais os efeitos compositivos, estéticos, etc., se pode obter utilizando estas diferentes tipologias de raízes, caule, folhas, flores e frutos; Criar um banco de dados com informações botânicas sobre os vegetais com potencial paisagístico, somente com dados que interessariam diretamente ao arquiteto e ao designer, tais como porte dos vegetais, formato de copa, manutenção, efeitos proporcionados pela quantidade de vegetais, relação destes com outros vegetais, com o meio ambiente, com as condições climáticas, com os diversos materiais de construção empregados em arquitetura, dentre outros. Na realidade, existem muitas possibilidades para se trabalhar informações necessárias ao paisagista disponibilizando estes dados para melhorar o desempenho e a qualidade dos projetos. Espera-se que, com este trabalho, mais profissionais e estudantes se interessem pelo tema e se proponham a contribuir para a melhoria da paisagem, especialmente a urbana, que é tão massacrada pela falta de conhecimento e de sensibilidade dos planejadores e governantes.

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