Biologia da Conservação

March 29, 2019 | Author: alynecanela | Category: Extinction, Invasive Species, Homo Sapiens, Natural Environment, Biodiversity
Share Embed Donate


Short Description

Download Biologia da Conservação...

Description

Serviço Público Federal Ministério da Educação Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará Curso de Licenciatura Plena em Biologia

Biologia da Conservação Professor: Danilo Leal Arcoverde

1. Ameaças à Diversidade Biológica O aspecto mais sério do perigo ambiental é a extinção das espécies. As comunidades podem ser degradadas e confinadas a um espaço limitado, mas na medida em que as espécies originais sobrevivam, ainda será possível reconstituir as comunidades. Uma vez que uma espécie tenha sido extinta, sua população não pode ser recuperada, a comunidade que ela habitava torna-se empobrecida e o valor potencial para os seres humanos não se realizará. Uma espécie globalmente extinta é aquela em que nenhum individuo permanece vivo em todo o mundo. Ex.: Ararinha azul e o pau-brasil. Já uma espécie localmente extinta é aquela que não é mais encontrada em um determinado local ora antes habitado, porém pode ser encontrada em outro ambiente selvagem. O tempo que uma espécie demorará a se extinguir, os biólogos não sabem precisar. De acordo com Martin e Klein (1984) essas extinções foram causadas diretamente pela caça e indiretamente por desmatamento e queimadas. Em todos os continentes há extensos registros de alterações antrópicas pré-históricas e destruição de habitats , coincidindo com uma alta taxa de extinções de espécies. Embora a extinção seja um processo natural, mais de 99% das atuais extinções podem ser atribuídas à atividade humana. As taxas mais conhecidas são de mamíferos e aves, haja vista que são espécies maiores, evidentes e bem estudadas. Muitas espécies ainda não tecnicamente extintas foram quase que totalmente dizimadas pelas atividades humanas e persistem em número ainda reduzido. Essas espécies podem ser consideradas ecologicamente extintas, pois não exercem mais um papel na organização da comunidade. Observe as tabelas abaixo.

Retiradas de: Primack & Rodrigues, 2001

O local onde foi registrado o maior número de extinções foram as ilhas. Isso porque, nestes ambientes há uma quantidade enorme de espécies endêmicas, ou seja, espécies que somente lá são encontradas. As crescentes extinções devem-se ao fato que essas espécies podem habitar uma ou poucas ilhas. Existem espécies endêmicas que possuem como hábitat uma grande área geográfica (como exemplo a Cecropia Sp . que pode ser encontrada em toda a

extensão da Mata Atlântica) ou uma pequena área geográfica ( Leionthopitecus  Leionthopitecus caissara encontrado na Ilha de Superaghi no Paraná). A ilha de Madagascar é um importante exemplo de endemia. Nesta região as florestas tropicais úmidas são ricas em espécies endêmicas: 93% das 28 espécies de primatas, 99% de 144 espécies de sapos e mais de 80% de plantas são somente desta região. Estudos sobre comunidades de ilhas têm levado ao desenvolvimento de princípios gerais sobre a distribuição da diversidade biológica, como o modelo de Biogeografia de ilhas. A

Teoria MacArthur & Wilson produziram uma teoria simples para explicar o que eles consideravam as três características básicas das biotas insulares: o número de espécies aumenta com o aumento do tamanho da ilhas; o número de espécies diminui com o aumento da distância para o continente mais próximo ou outra fonte de espécies; ocorre uma mudança contínua na composição de espécies como resultado de colonizações recorrentes e extinções, mas o número de espécies permanece aproximadamente o mesmo em um patamar. MacArthur & Wilson (1967) propuseram que o número de espécies que habita uma ilha representa um equilíbrio entre taxa de colonização e de extinção. As causas da extinção das espécies são as mais diversas: mudanças no ambiente, falta de alimento, dificuldades de reprodução e, sobretudo, a ação destruidora do homem. As maiores ameaças à diversidade biológica que resultam da atividade humana são:



Destruição do habitat

As pessoas usam recursos tais como lenha, carne de animais silvestres e as plantas nativas, e convertem também grandes quantidades do habitat natural para fins agrícolas e residenciais; portanto o crescimento populacional humano, por si próprio, é parcialmente responsável pela perda da diversidade biológica. Porém fica claro que as extinções de espécies e a destruição dos ecossistemas nem sempre são causadas por cidadãos utilizando estes recursos para suprir suas necessidades básicas. De acordo com Meyer e Turner (1994), em muitos casos, as causas da destruição do habitat são as atividades comerciais em grande escala, associadas a uma economia global, tais como mineração, criação de gado, pesca comercial, silvicultura, agricultura, fabricação e construção de represas.

A maior ameaça à diversidade biológica é a perda de habitat. Portanto, a maneira mais importante de proteger esta diversidade é preservando-se os habitats. A perda de habitat é a ameaça mais séria para a maioria das espécies de vertebrados e invertebrados que atualmente enfrentam a extinção.

Alguns habitats que estão sendo destruídos são: - Florestas Tropicais: A destruição das florestas tropicais tornou-se sinônimo de perda de espécies. Apesar das florestas úmidas ocupam 7% da superfície da Terra, estima-se que contenham mais de 50% de espécies. Os ecossistemas das florestas tropicais são facilmente degradados porque os seus solos são, com freqüência, rasos e pobres em nutrientes e estão à erosão devido à alta densidade pluviométrica. Apesar da dificuldade de se obter números precisos, há um consenso de que as taxas de desmatamento tropical são alarmantemente altas. Uma projeção realizada por Laurance (2000) mostra que daqui a vinte anos restarão apenas entre 4,7% e 28% da floresta Amazônica. Florestas tropicais na Amazônia brasileira estão sendo derrubadas para dar lugar a fazendas de gado. - Florestas Tropicais Semidecíduas e Decíduas: essas florestas possuem o solo adequado para a agropecuária quando comparado ao solo das florestas tropicais úmidas.

- Áreas alagadiças e habitats aquáticos: essas áreas são freqüentemente aterradas ou drenadas para o desenvolvimento, ou alteradas por construções de canais de água e represas, e poluição química.

- Manguezais: são a base da cadeia trófica dos camarões e peixes, e são úteis também como fonte de tanino e madeira para carvão para as populações caiçaras. A principal ameaça do mangue no Brasil é o turismo predatório. Muitos manguezais são aterrados para a construção de casas e estradas.

- Recifes de Corais: contêm um número estimado de 1/3 das espécies de peixes no mar, apesar de ocuparam apenas 0,2% da superfície. Cinco a dez por centos de todos os recifes de corais já foram destruídos e 50% podem ser destruídos nas próximas décadas.

Fragmentação do habitat É o processo pelo qual uma grande e contínua área de habitat é tanto reduzida em sua •

área, quanto dividida em dois ou mais fragmentos. Os fragmentos de habitat diferem do habitat original de dois modos importantes: os fragmentos têm uma quantidade maior de borda por área de habitat; o centro de cada fragmento de habitat está mais próximo desta borda. A substituição de grandes áreas de florestas por ecossistemas diferentes leva à criação de fragmentos florestais isolados, imersos em uma matriz de ambientes não florestais ou “matriz inter-hábitat”. O aumento da área de contato das florestas com a matriz decorrente do isolamento das manchas florestais promove uma alteração no movimento energético, material

e no fluxo de organismos entre tais ambientes. De maneira geral, estas modificações nas áreas mais externas dos fragmentos florestais e bordas do fragmento, geradas pelo contato com a matriz, são chamadas “efeitos de borda”. Nas bordas de fragmentos florestais, comunidades vegetais da matriz e da floresta se encontram e, assim, as bordas podem ser entendidas como áreas de transição entre unidades da paisagem de hábitat e não-hábitat.

Degradação do habitat A poluição ambiental elimina muitas espécies encontradas em comunidades biológicas, •

mesmo onde a estrutura da comunidade não esteja aparentemente perturbada. Tal poluição constitui- se no uso excessivo de pesticidas, contaminação de fontes de água com dejetos industriais, esgoto, fertilizantes, resultando em chuva ácida, excesso de deposição de nitrogênio, poluição fotoquímica e ozônio; e poluição atmosférica. Os padrões do clima global irão se alterar no Século XXI devido às grandes quantidades de dióxido de carbono que se encontra na atmosfera, produzido pela queima de combustível fóssil. O aumento previsto da temperatura pode acontecer tão rápido que muitos indivíduos não conseguirão se ajustar e provavelmente serão levados à extinção.

Superexploração das espécies para uso humano Assim que as populações humanas cresceram o uso do ambiente se intensificou. •

Superexploração ocorre quando a demanda humana excede o suprimento da natureza em escala local, nacional ou global. O nível de superexploração é a quantidade de uso da capacidade biológica da natureza que excede a sua taxa de regeneração. A superexploração de espécies é bastante difundida. Um recurso é identificado, um mercado é desenvolvido para aquele recurso e a população humana local se mobiliza para extrair e vender este recurso. O recurso é extraído de modo tão extensivo que ele se torna raro e até mesmo extinto. O mercado então vai a busca de outra espécie ou região para explorar. A pesca comercial se enquadra neste padrão, de maneira semelhante se comportam as madeireiras. A produção sustentável máxima (Getz e Haight, 1989) é a maior quantidade de recursos que pode ser tirada a cada ano e substituída pelo crescimento populacional natural. Cálculos usando a taxa de crescimento da população e a capaciade de carga (capacidade máxima que o ambiente possa tolerar) são usados para estimar a produção sustentável máxima. Em situações controladas pode-se atingir um uso máximo recomendado. Entretanto, em muitas situações a caça de uma espécie a caça de uma espéci baseada na teoria da

produção máxima não é possível e tais tentativas frequentemente levam a uma redução abrupta da espécie.

Fonte: www.eco.ibi.usp.br

Introdução de espécies exóticas As invasões biológicas são um dos piores problemas ecológicos atuais. Constitui no •

estabelecimento de espécies animais ou vegetais, vindas de outras regiões – e, portanto, denominadas exóticas – em ecossistemas naturais ou manejados pelo homem, e seu posterior alastramento, de forma que passam a dominar o ambiente e a causar danos às espécies originais e ao próprio funcionamento dos ecossistemas. Em muitos casos, invasões biológicas causam a extinção de espécies nativas. Oceanos, desertos, montanhas, e rios, todos restringem o movimento das espécies. O homem rapidamente alterou esse padrão transportando espécies pelo mundo. Muitas introduções de espécies ocorreram da seguinte maneira: Colonização européia, pois os europeus traziam consigam animais e plantas para que o ambiente lhe parecesse familiar;

Horticultura e agricultura, para fins ornamentais, agrícolas ou para pastagem; Transporte Acidental, os navios freqüentemente carregam espécies exóticas em seus lastros. O processo de invasão biológica pode ser dividido em quatro fases distintas: a chegada (ou introdução) da espécie, seu estabelecimento (ou fixação), sua expansão e o equilíbrio da

espécie na comunidade (Williamson, 1996). Na grande maioria dos casos, esse equilíbrio se

dá com uma grande dominância da espécie invasora na comunidade, levando a uma condição ecologicamente inferior à original, com perda de biodiversidade no nível de espécies e de processos ecológicos. Os efeitos das espécies exóticas são geralmente maiores em locais que já sofreram perturbações decorrentes da ação do homem. O isolamento das ilhas favorece o desenvolvimento de um conjunto único de espécies endêmicas, porém isto faz com que essas espécies tornem-se vulneráveis à predação das espécies invasoras. Uma das razões para o sucesso das espécies exóticas é a ausência de seus predadores naturais, pestes e parasitas no novo habitat. As concentrações mais altas de espécies exóticas são freqüentemente encontradas em habitats que foram alterados pela ação humana.



Aumento da ocorrência de doenças

As infecções são comuns tanto em populações silvestres como nas de cativeiro. As infecções podem vir de microparasitas, tais como vírus, bactérias, fungos e protozoários, ou de macroparasitas, como helmintos e artrópodes. Tais doenças são provavelmente a maior ameaça para algumas espécies. O que facilita estas infecções quando estes seres são criados em cativeiro ou quando são manejados são os seguintes fatores: - O espaço pode ser pequeno para acomodar as populações, fazendo com que estes animais mantenham contato com suas fezes, restos de pele ou outras infecções; - Suscetibilidade às doenças seja por deterioração da qualidade do habitat ou pela menor disponibilidade de alimentos; - Contato entre espécies que no meio selvagem nunca antes se encontrariam, favorecendo assim, infecções por doenças exóticas. Existem alguns fatores que favorecem a extinção de uma determinada espécie, são eles: 1.

Espécies com área de ocorrência limitada

2.

Espécies com apenas uma ou algumas populações

3.

Espécies com populações pequenas

4.

Espécies com população em declínio

5.

Espécies com baixa densidade populacional

6.

Espécies que necessitam de habitats grandes

7.

Espécies de grande porte

8.

Migrantes sazonais

9.

Espécies com pouca variabilidade genética

10.

Espécies que são características de ambientes estáveis

11.

Espécies que são caçadas ou consumidas

Referências Bibliográficas Getz, W. M. e Haight, R. G. (1989). Population havesting: Demographic models of fish, forest and animal resources. Princeton University Press, Princeton, NJ. Laurance, W. F. (2000). Mega-development trends in the Amazon: Implications for global chage. Envoronmental Monitoring and Assesment 61: (1) 113-122. MacArthur, R. H. e Wilson, E. O. (1967). The theory of island biogeography. Princeton University Press, Princeton, NJ. Martin, P. S. e Klein, R. G. (eds.). (1984). Quaternary Extinctions: A prehistoric Revolution, University of Arizona Press, Tucson. Meyer, W. B. e Tuner, B. L. (1994). Changes in land use and lan cover: A global perspctive. Cambrige University Press, New York. Primack, R.B. & Rodrigues, E. (2001). Biologia da conservação. Editor Efraim Rodrigues. Williamson, M. H. (1996). Biological Invasions. Chapman & Hall, London. 244 p.

View more...

Comments

Copyright ©2017 KUPDF Inc.
SUPPORT KUPDF