Bibliotheca Maçonica Completa.pdf

April 3, 2017 | Author: Phaleg Joaquim | Category: N/A
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BIBLIOTHE CA MAÇONNICA.

TOMO I.

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- PARIS. — NA OFFICINA

TYPOGRAPHICA DE

Rue François Miron, 8.

BEAULÉ,

BIBLIOTHECA MAçorINICA, OU

INSTRUCÇÃO COMPLETA Do FRANC-MAÇON. COMPRE HENDENDO

1- A Historia da Maçonnaria desde a mais alta antigui dade até hoje; 2- O Ritual de todos os gráos da Maçonnaria; 3º A Guia do Architecto ;

4º A Maçonnaria d'Adopção;

5° Huma Collecção de Discursos para todos osgráos e fes tas das ordens; Os Estatutos geraes e particulares dos principaes Orien tes da Europa; 7° Modelos de Correspondencia oficial e ceremonias; 8° Hum Vocabulario Maçonnico.

6*

OBRA *#

proicadº. Aos onmentes Lusitano e BRASILIENSE, -

POR UM CAV.". ROSA-CRUZ. TOMO PRIMEIRO. /**



PARIS.

184 ().

ADVERTENCIA.

A ordem da Franc-Maçonnaria é uma associação de homens sabios e virtuo

sos, cujo objecto é viver em uma per feita igualdade, intimamente unidos pelos laços da estima, da confiança e da amizade, debaixo da denomina ção de Irmãos, e o estimularem reci

procamente um aos outros á pratica das virtudes.

Segundo esta definição, a pruden cia e o interesse de todas as Lojas im põe-lhes o rigoroso dever de não faze rem participar dos nossos Mysterios senão

aquellas pessoas que, além de serem dignas de todas estas vantagens, séjão {

Ij

ADvERTENCIA.

capazes de contribuir ao fim proposto,

e que não envergonhem, aos olhos dos Mações todo o Universo, as Lojas que as tiverem admittido.

Assim quando se trata da admissão de um profano (*) a Loja, a que elle é apresentado, deve considerar: que vai dar um membro á associação geral, e

um Irmão a cada membro; que uma vez admittido, os Maç... de todo universo,

de qualquer estado, qualidade e condi ção que séjão, são obrigados a reconhecê lo como tal; por consequencia que é

tanto da honra da Loja, como do inte resse de que ella deve ser animada pela gloria e prosperidade da Ordem, que —

(*) Remontando á mais alta antiguidade, estapa lavra nunca significou outra cousa mais que a inad misso ao templo, aos mysterios. Profanum extra

templum: assim profano não significa senão aquelle que ainda não está admittido, em opposição ao que já o é, ao iniciado; e assim por nenhum motivo esta palavra pode ser ofensiva,

ADVERTENCIA.

Ilj

aquelle aspirante seja digno de ser apre sentado a todos os Maç...; é preciso em fim que, apoiado no testemunho da sua Loja, elle mereça ser acolhido por todos os Irmãos como um homem virtuoso,

como um Irmão que, em tal qualidade, tem direito á sua amizade a mais intima,

visto que a Loja, pela admissão d'um homem, torna-se, para com todos os Maç..., garante das qualidades, que essa admissão deve fazer presumir no = iniciado.

Assim nunca se poderá criminar de demasiado o escrupulo, exactidão e se

veridade das lojas nas informações, que se houver de tomar, sobre os individuos

que lhes forem apresentados. Um outro ponto, não menos impor tante, é a uniformidade que deve reinar na maneira de procederá iniciação. Portão plausiveis motivos se proce deu á redacção d'um protocolo de ini

ADVERTENCIA,

IV

ciação não só aos tres primeiros gráos, ou gráos symbolicos, mas tambem ás

quatro ordens superiores, ou gráos mys terios, a fim de conseguir-se, sendo pos sivel, a requerida uniformidade, e para que a Maçonnaria sendo levada á pratica de seus usos antigos, que alguns inno vadores teem tentado alterar, visse res

tabelecidas essas primeiras e importantes iniciações na sua antiga e respeitavel pu TOZ3.

As Lojas devem pois conformar-se

com elle em todos os pontos, a fim de

não oferecerem mais aos Maç... via jantes uma diversidade tão repugnante, e contraria aos verdadeiros principios da Maçonnaria.

INTRODUCÇÃO.

Antes de tratar de cada um dos gráos do Rit.". Moderno, julgamos dever an tepôr uma instrucção geral sobre a orga nisação da L... e de seus empregados. Serie dos Gr... e Ord.'. do Rit.". Francez ou Moderno. Gráos.

4º Aprendiz. 2º Companheiro,

Maç.". Symb.".

3° Mestre. Ordens.

lº 5º 6º 7º

#

Eleito secreto. 4º El.". Sub. "., ou Escocez. Cavalleiro do Oriente. 3º Cavalleiro R.". Cruz. Aº

Maç.". Myst.".

Analyse do Rit.". Moderno.

O 1º Gr.… É consagrado a virtude e á beneficencia.

-

vj INTRODUCÇAo. O 2º Gr... É cons... ao trabalho e ás artes mechanicas.

O 5° Gr... É cons,…, ao pundonor in flexivel, e ás producções do genio.

O 4° Gr... É cons... ao zelo virtuoso, e á punição da perfidia.

O 5º Gr... É cons... á gratidão para com os chefes da Ord..., e ao perdão das injurias. O 6° Gr... É cons... ao heroismo em beneficio da patria.

O 7º Gr... É cons... ao triumpho das luzes sobre as trevas, e ao da virtude contra o vicio.

Oficiaes de uma L.'. 1º Veneravel.

2º Vigilante (1°). 5° Vigilante (2). 4º Orador. 5° Secretario.

6º Mest... de Cerem... 7º Archivista. 8º Thesoureiro.

ºº Experto (1). 10° Experto (2°).

INTRODUCÇÃO,

vij

11º I.”. Terrivel. ##

12º I...Hospitaleiro. 15. I.”. Architecto.

14º Mest... dos Banq.'. (*). Veneravel: é o primeiro empregado, que examina, dirige, e preside os Trab.". da L... Tem o direito de retirar a Pal.".

ao I... que se afastar da ordem da discus são : de lhe fazer cobrir o Templo; e mesmo, em caso grave, o Ven... pode suspender e fechar os Trab... Como chefe supremo, o Ven... assigna todas as pranchas da L.'.: é presidente nato em todas a commissões e deputações; final mente o Ven... é quem só pode negar ou dar a Pal... aos II.”., devendo ser

sempre igual e imparcial. O Ven... oc cupa o lugar do Oriente. Vigilantes: são dous empr."., que teem a seu cargo o annunciar, cada um á sua respectiva columna, os Trab... propostos pelo Ven.'., conservão na L.". o silencio e a ordem, e são os que obteem do Ven.'. a Pal... para os II.". Os Vigil... substituem o Ven.'. na sua falta; mas em todas as

(*) Além d’estes empregados pode haver outros adjuntos,



vnj

rNTRODUCÇAo.

funções o primeiro Vig... prefere o se gundo. Ambos assignão todas as pranchas da L... O logar do primeiro é debaixo da Col... B: e o do segundo da Col.". J.".. Orador: é o conservador nato dos esta

tutos geraes da Ord...; por isso deve op por-se a toda e qualquer deliberação que lhes seja contraria, e pedir acta da pro testação; para ser transmettida ao Gr.-Or...: pertence-lhe tambem a inspecção

dos regulamentos particulares da L.'., e pode oppor-se á sua infracção; n’este ca so a L.'. só delibéra na sessão seguinte sobre o merito de tal opposição. O Orad..., a pedido do Ven.'., e ha vendo necessidade, resume tambem as

questões em discussão sem as motivar, e pode adia-las, quando a discussão não esteja suficientemente esclarecida. O Orad... he especialmente encarregado : 1º d'explicar os symbolos aos iniciados : 2º de apresentar, em cada festa da Ord.'., a analyse dos Trab... da L.'.: 5º de cele brar as festas e os funeraes com pranchas de Arch.….: 4º em fim de assignar e con a redacção definitiva das pranchas ferir da L.'. •

O Orad... assenta-se no cimo da col.".

B.º., no Oriente.

INTRODUcção. jx Secretario : é o Empr... encarregado de fazer o traço do Trab... que deve ser li lo antes do encerramento da L...) so

bre o qual será feita a prancha, que na sessão seguinte deve ser submettida á ap

provação da L... É tambem encarregado da correspondencia da L.'., e da expedi ção dos diplomas. Convoca os II... a convite do Ven.'., assiste aos escrutinios, e assigna todas as Pranch... da L.'. O Secr.". assenta-se

no lado opposto ao Orad.

Mest... de Cerem...: É o Empr... que prescreve e dirige o ceremonial das as sembléas ordinarias e extraordinarias; que introduz e accompanha os II... visi tadores para os colocar segundo os seus Gr...; faz correr o sacco das Prop.". e no caso de necessidade dá os agradecimentos

em vez dos iniciados. Tambem é ele o que distribue as espheras para os escrutinios, e traz ao Ven... as Pal.'. de Ord... trans

mettidas sobre as Col.". O Mest de Ce rem... assenta-se no cimo da Col.". J.

Archivista : he o depositario do sello da L.'., e de todos e quaesquer papeis que lhe pertencem, os ques sem deslocação, podem ser communicados aos outros II... Além d’isso, o Arhciv.". conserva um re

INTRODUCÇÃO.

X



gistro de todas as pranchas que lhe são confiadas, e cada um de seus artigos deve ser rubricado por elle e pelo Ven.. O Arch. ". assenta-se ao lado do Orad.…..

Thesoureiro: é o encarregado de regis trar as despezas e receitas da L.".; de ar recadar a joia das iniciações, das filia ções e das contribuições; e dá annual mente as contas de sua administração. O

Thes.…. paga todos os bilhetes que forem assignados pelo Ven... e pelo Archiv.". O Thes.", assenta-se ao lado do I.". Secr.

Expertos : cobrem e vigião o Templo;

assegúrão-se das qualidades Maç.…. dos II.". Visit..., e recolhem os escrutinios.

O 1º Exp.…. em caso d'ausencia, pode substituir um e outro Vig..., e até mesmo

o Ven...; mas o 2º Exp... só pode substi tuir o 1º, e fazer as vezes de I.”. Terrível. O 1º Exp... assenta-se no cimo da Col... B.º. e o segundo á porta no interior do

Templo.

I.". Terrivel : é o encarregado de con duzir o Recip..., durante o tempo da recep ção; e pode ser substituido pelo 2° Exp... O I.”. Terrivel assenta-se entre as portas exterior e interior do Templo. I.". Hospitaleiro : tem a seu cargo o exercicio da beneficencia; visista os II.".

INTRODUCÇÃo.

xj

doentes ou desgraçados; e provoca em seu favor os soccorros da L.'., e do Gr.".

Or... Havendo funeral, elle pode, com o Secr..., convocar os 11... para assistirem as ultimas honras do I... defunto. O I.".

Hosp.…. assenta-se ao lado 1º Exp.….. I.". Architecto : é o encarregado de tudo que diz respeito á decoração do Tem plo Maçº... Assenta-se ao lado do Mest.". dos Banq.'. Mest... de Banquetes: é o encarregado da direcção das festas solsticiaes da Ord.'.,

das quaes uma tem logar a 27 de dezem bro, e a outra a 24 de junho. Assenta-se ao lado do Mest... de Cerem.".

Os Aprend. . e Comp... assentão-se na Col.". J."... Os Mest.º., El.". Esc.º., e Cav.'. do Or..., assentão-se na Col.". B.".. Os R.'. cruz órnão o Oriente.

PROLOGO.

SENDo certo que, com o andar dos tempos, a tradição tem podido introdu zir na Maç... erros nimiamente damno

sos, pensámos que fazer uma obra, em que s'apresentasse a verdadeira doctrina Maç..., seria tão necessario para o bem

da Ord..., que gostoso tomámos essa ardua tarefa.

He matural que alguns Maç... zelosos

taxem d’indiscrição a ingenuidade, com que de certo modo revelamos alguns de seus mysterios: entretanto, pareceo-nos

que a publicação de certas verdades seria

"j PROLOGO. muito menos nociva á Ord.". Maç.'. do

que não tem sido o ridiculo, em que a Maç.…. se tem deixado cair pela falta d'instrucção, e de livros.

Alem d’isso, damos por certo que as ideias, que qualquer Prof... pode tirar d’este escrito, aonde não se achão nem

Sin.… nem Toq.'. nem Pal..., nunca

serão sufficientes para poder entrar n’uma L.'. regular, comtanto que os seus Off... fação o seu devêr.

Contribuirão para o total d’esta obra quasi todos os escritos Maç... até 1833. Poucas copias fizemos; mas a maior

parte das vezes recorremos a extratos; por ser nosso fim o reunir em poucos volumes o precioso, disperso em mui tos, e d'um preço exorbitante. Não se diga termos tido a pertenção d'inculcar antes o Rit.". Maç. . Francez,

do que outro qualquer, mas bem pelo contrario, nós solicitamos os Or... Lu sit... e Brasil... a fazer um Rit... novo

Ilj

PROLOGO.

e independente, que, tendo por baze os 3 Gr... Symb... e communs a todos os Ritos, tenha comtudo os altos Gr.".

mysteriosos differentes, e nacionaes. Convimos em que uma tal reforma he contraria ao cosmopolismo e á tolerancia

Maç..., mas tambem he verdade que, em quanto os Maç...forem bons patrio tas, e os povos physicamente desiguaes, a conservação d'um Rito universal nos

parece quasi impossivel: talvez que um tão gigantesco projecto só poderá ter rea lidade no vigesimo seculo. VALE.

PRIMEIRA PAR" º :--

ENSAIO HISTORICO

SOBRE A FRANC - MA Ç.".

O REGULADOR DO MAÇON. ENSAIO HISTORICO so B R E A FRAN C-MAÇ.". ----• O•- -

Preliminares.

Morro se tem escrito sobre a Maçº., e tão pouco evidentemente se sabe. Os profanos, ignorando seus Mysterios, fallárão quasisem pre em seu desabono; e os Maçons, levados pelo enthusiasmo, excedêrão os limites d'um louvor rasoavel.

O chaos fatal, e a incerteza funesta, em

que uns e outros nos deixárão,parece vir, em parte, da falta de documentos, que existerião ainda hoje, se não fossem as catastrophes, que sofreu a livraria dos Ptolomeos nas guerras de Cezar et Omar : no entretanto, privados d'esses mesmos materiaes, tão

precisos para o fim a que nos propomos, ousamos pensar que, recalcando os pontos mais notaveis da marcha do Espirito Hu.

mano, rasgaremos o denso véo que cobre uma historia tão interessante,

— 4 —

Com efeito, sem aventurarmos idêa algu

ma sobre a formação do globo, nem darmos ao mundo a idade d'alguns mil annos, como

fizérão os escritores profanos e sagrados, poderiamos provar, que os terrenos Asianos,

pela influencia das agoas e do calor do Sol, fôrão os primeiros, onde os corpos organi

sados tivérão uma formação espontanea. Tambem, se livres de prejuizos applicar mos o entendimento sobre a escala dos cor

pos naturaes, não será difficil conceber, que todos elles parecem destinados a formar na

vida certas raças, que só estão em relação com o seu modo d'organisação. Postos taes principios, a boa philosophia nos ensina, que os terrenos do Oriente, pela natureza de seu clima, e talvez pelo inter medio de successões progressivas, fôrão tam bem os primeiros, onde as raças se aperfei

çoárão; e onde, por efeitos d’uma sympa thia physica e moral, tivérão origem as So ciedades humanas.

É natural que estes primeiros povos fos sem, o que érão, ha quatro seculos, alguns habitantes da Africa e da America, que, não conhecendo senão a materia bruta, não po

dião ter sido grandes sabios, nem grandes moralistas; mas he verdade historica, que, passados os seculos d'ignorancia, apparecê

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rão Asianos d’uma razão culta, que, separa

dos da multidão, dérão origem a muitas seitas scientificas, religiosas e philosophicas, das quaes a mais célebre tem sido a Inicia ção, Mysterios, Maçonnaria, ou Franc Maçonnaria.

Origem da Iniciação, symbolos, mysterios, e sua definição.

A obscuridade, ácerca da origem da Ini

ciação primitiva, deve principalmente ser attribuida á crença geral, de que seus diver sos gráos fôrão todos estabelecidos n’uma mesma epoca, e por uma reunião de philo sophos, vivendo em commum. Mas, se antes de considerar o systema da

Iniciação como homogeneo, se tivesse estu dado primeiro cada uma das partes que o constituem, facil seria achar, que os factos e as sciencias, encerrados na maior parte dos seus gráos, indicão que o systema da

Iniciação só podia ser creado successiva mente, e segundo os progressos, mais ou menos lentos, que fez a Civilisação do Mundo

primitivo : e esta nossa asserção é tanto mais positiva, que os tres gráos symbolicos da Iniciação represêntão separadamente o elemento predominante do seculo que lhes

deu origem. Mas como o caracter distinctivo da Iniciação tem sido a reunião dos symbolos 1"

— 6 —

e hiéroglyficos; e como estes representárão

sempre a industria e a religião dos pavos do Oriente, taes como a Persia, a India e o Egypto, segue-se que a Iniciação tirou tam bem de lá a sua origem primitiva. Deve entender-se por symbolos certas fi guras ou imagens, que são allusivas a algum sentido moral. O triangulo, esquadria, com passo, regoa, Sol, Lua, estrellas, astros, es tatuas, etc., são symbolos, de que usárão os primeiros Sabios Persas para esconder o sentido real de seus pensamentos. Os Padres e primeiros legisladores do

Egypto adoptárão tambem esta linguagem emblematica; mas depois Menes, o segundo Mercurio, substituio os hiéroglyphicos aos symbolos.

Hiéroglyphicos érão certos signaes ou ca racteres, com que, sem o soccorro da pala vra, os Padres do Egypto occultávão ao

vulgo os seus pensamentos. Os páos, pedras, plantas, animaes, etc., erão outros tantos enigmas, que symbolisávão factos sagrados ou profanos. Assim, para representarem a Natureza em hiéroglyphico, os Padres do

Egypto construião um homem alado, com o rosto côr de fôgo, com cornos, barba, um bastão na mão direita, e sete circulos na esquerda.

A côr e os cornos

……… o Sol com

seus raios: a barba figurava os elementos:

o bastão era o symbolo do poder, que o Sol exerce sobre os corpos: as coxas representá

vão a terra chea d'arvores e fructos: as agoas sahião pelo embigo : o penis era o em blema da reproducção : os joelhos indicávão as montanhas : as azas o curso dos ventos; e em fim os sete circulos érão o symbolo

dos sete planetas. Ora, por este exemplo, que nós poderiamos multiplicar, se vê, que os hiéroglyphicos érão na verdade ingenho sos para representar qualquer cousa em particular; e que para marcar uma epoca, consignar um facto, ou uma sentença, era preciso unir e acumular muitos hiérogly phicos, que não podião estar ao alcance de homens communs.

Esta grande difficuldade, junta a outros motivos não menos poderosos, foi a origem dos Pequenos e dos Grandes Mysterios.

Nos Pequenos Myst."., que érão popula res, ensinava-se a moral, e todo o segredo

consistia em persuadir aos Iniciados, que o Olympo era povoado por mortaes, que se tínhão distinguido por virtudes patrias: nos grandes Myst.º., que erão privativos aos Iniciados, aprendião-se as sciencias, e os

erros da Metempsycose. D'onde se tira, que

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os primeiros tinhão por objecto o fazer ci dadãos virtuosos; e os segundos devião for

mar sabios e philosophos, que servissem de farol á Civilisação. Taes érão as vantagens da Iniciação pri

mitiva, e de seus Myst...; mas porque estas vantagens não fôrão igualmente conhecidas

de todos os homens, a Iniciação ou Maç.'., tem tido, e terá ainda, seus inimigos, ca

lumniadores e perjuros..... O traductor de Luciano ousa afirmar que os Myst... antigos tínhão por fim o crime, e o deboche: mas contra esta opinião apre sentaremos as autoridades de Socrates, Pla tão, Cicero, Plutarco, e até mesmo a do

jesuita Lafiteau, que define Iniciação, uma escola pratica da religião, e da virtude.

Lemontey chama a Iniciação ou Maç.'., uma sublime futilidade, em que o crime de seus partidarios consiste todo em jantar com formalidades um pouco fastidiosas.

Mas esta definição ironica inculca, no seu autor, não só uma profunda ignorancia dos symbolos, mas tambem uma falta de senso comum, para pertender, que a Maç.…., não sendo mais do que uma frivolidade, tenha

podido propagar-se, e conservar-se por tantos seculos.

Cadet-Gassicourt considera a Maç. . como

uma liga odiosa e bizarra contra os tronos e

altares. Este autor porém não só reconheceu

depois como calumnioso o escrito de sua in fancia; mas, para maior prova, elle tambem

se fez colocar entre os pertendidos infames, e veio a sêr successivamente Orador, e Vene ravel d'uma das Lojas de Pariz. Basta d'inep cias, e voltemos ao essencial.

A Maç.…. será por ventura uma instituição puramente philantropica ? No exame da chronologia dos tempos ob serva-se uma infinidade d’estabelecimentos

de philantropia, fundados ora por governos, ora por familias opulentas, que, a pezar de sua reconhecida utilidade, cedo ou tarde perecêrão : entretanto que a Maç.'., sendo tão antiga, e tantas vezes perseguida, foi a unica das instituições, que lhes sobreviveo; conseguintemente a Maç. .. traz comsigo al

guma cousa mais além da Philantropia. A Maç.…. será uma religião especial? Mas ella não tem nem dogma, nem disciplina ex clusivamente religiosa : a Iniciação encerra a theogonia, o culto, a moral, a philantro pia, as artes, e as sciencias do mundo pri mitivo; mas ella não se importa com as leis de Brama, Moisés, ou Mahomet, comtanto que cada um de seus sectarios junte á sua religião natalicia uma moral universal. Em

— 10 —

Maç.…. não ha pagãos nem infieis, todos são Irmãos, sem prejuizos. Guerin-Dumast define Maç. .. a união dos povos. Esta definição, posto que eminente mente philosophica, todavia não encerra se não um dos resultados positivos da Iniciação. Além d’isso a definição parece não exprimir tudo o que a Maç.'. deve représentar.

o Dº Vassal define Maç.…. a Philosophia Symbolica : porque diz elle, a Philosophia positiva tem por missão o encarar as ab

stracções as mais subtis, debaixo de diffe rentes fórmas, e de as patentear ao vulgo como Verdades: pelo contrario a Philoso phia symbolyca tem por objecto o encobrir as mesmas Verdades d'um véo impenetra vel, para não as mostrar senão aos Adeptos.

Esta definição, posto que he fundada sobre um conhecimento perfeito dos symbolos, com tudo ella tambem não caracterísa a

Iníciação inteira; pois que designa mais os meios, do que os fins. Nós definimos Iniciação, Maç..., ou Franc Maçº. uma escola de Philosodhia, aonde, por

meio de Symbolos e hiéroglyphicos, o homem se torna bom pai, bom amigo, e bom patriota.

A definicão que apresentamos, ainda que laconica n'apparencia, he todavia d’uma

vasta extensão, pelas provas que exige a

— 14 —

sua exactidão; pois seria preciso mostrar um paralelo entre a historia da Philosophia e

as historias dos diversos povos do mondo priuitivo : porém semelhante trabalho não só desarranjaria a ordem methodica da Iniciação; mas anteciparia exposições, que só pertencem aos diversos Myst.º., de que Vam0S tTata T.

Myst... antigos e modernos.

Entre o numero prodigioso dos Mysterios, encontrados na Historia das diversas idades

do mundo, uns érão puramente religiosos; outros exprimião costumes populares, e outros finalmente abraváção mysticamente todos os conhecimentos moraes e scientifi

ces. São os emblemas d’estes ultimos Myst.º., que se áchão sementados nos diversos gráos de Maç.". Moderna e Escoceza : Mas os Myst. "., que parecem ter connexões

mais intimas com a Ord., Maç.…. do Rito Moderno, são: 1º Myst.". Persas, ou dos Magos. . . 100,000 2º M.". Indios, ou dos Brachmanes.

5,000

3° M.'. Egypcios, ou d'Isis. . . . .

2,900

(Cahyres lº M.", r, o

AM

e

c…) •

de Samo

Thracia . . . . .

1,950

de Salomão. . . .

1,018) -33 12

( Cavalleria . . . .

800

Or.'. do Templo. Corpor.". d'Arc.

1,118

7"M.'. Britanicos # 3"

1,7%

6º M. ". Francos AM •

12*********

{

1,330)-?

"M.'. Judaicos) do Christianismo, o

|

Orpheo em Eleusis.

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287

G

— 12 —

1º Myts.…. dos Magos. «Alguns sabios, Persas, Hebreos, e Chal º deos, se reunirão, diz Vassal, 100,000 « annos antes da era vulgar, para formarem « na Persia uma Associação mystica, de

«baixo do nome de Magos (do Caucasio « Mágh, grandeza.) »

A instituição dos Magos tinha por objecto, não só o conservar secretos os vestigios das artes e das sciencias dos tempos primitivos; mas tambem a formação d'um dogma reli

gioso, que, sem assombrar os espiritos fra cos, podesse conter a força brutal dos pri meiros homens. D'esta sociedade em commum nasceu a

precisão de certos Symbolos, com que a

doutrina dos Magos se podesse propagar sem risco. A luz dos Sabios foi então distribuida

com gradação; e seus iniciados nunca fôrão accusados, nem de athéos, nem d’impos tOTOS.

Os Magos, tendo Deos como incomprehen

sivel e inefavel, o propúnhão á adoração dos povos, debaixo de dous emblemas: Sol e Natureza. O primeiro era considerado como o retrato do Creador, ou como o seu mais bello producto, e o segundo era olhado como a expressão de suas vontades, ou

— 13 —

como codigo personalisado das leis que re gem o Universo. Pelo andar dos tempos, e pelo abuso que os Thaumaturgos fizérão da linguagem figu

rada dos Magos, os phenomenos naturaes dos astros e da terra fôrão transformados em um

systema de fabulas ou mythes, com que os povos depois se illudirão. Tal foi a doutrina, que deu principio aos erros do Paganismo; e tal he a origem do grande deus Mithras, Osiris, Sésostris, Ba chus, Chamos, Apollo, Minos, etc.; e a da grande deosa Parachanti, Isis, Salambo, Venus, Diana, Vesta, Ceres, etc., etc. Buret de Lonchamps menciona 111 cul tos diferentes, entre os quaes o culto do fogo e do Sol se móstrão sempre debaixo de de nominações diversas. Mas um sentido physico interessante, diz

Cicero, está encerrado nas fabulas apparen temente impias; e os verdadeiros successores dos Magos, os Maçons, fôrão os unicos, que não perdêrão de vista o motivo de sua origem. Por muitos tempos, diz Eusebio Salverte, a Magia, tida ao principio como um producto da divindade, e até considerada pelos philo sophos christãos como uma sciencia, que mos tra sem reserva os productos da natureza, governou o Mundo; mas 150 annos depois, I•

2

— 44 -

quando uma multidão de charlatãos fez pro fissão d'alguns dos seus segredos, para enga nar os credulos povos, a Magia primitiva, não só perdeu o mérito, mas até moveu a riso os homens dos seculos modernos: entretanto, em se estudando bem a historia da Magia, vêr-se-ha o seu nome designar, umas vezes a sciencia occulta ao vulgo, pela qual os Sa bios explicávão os phenomenos naturaes; ou tras vezes uma arte d’operar physicamente as maravilhas: mas aquelle que descobrir a origem da Magia (conclue o mesmo autor) terá descoberto tambem a origem das scien cias humanas, e da Civilisação

Em huma palavra os Verdadeiros Magos erão ainda, no seculo XVIº da nossa era, tão

afamados, que o grande Camões faz d'elles assim fallar um Regedor de Malabar : 55

Os Portuguezes vendo estas memorias, Dizia o catual ao capitão: Tempo cedo virá, que outras victorias, Estas que agora olhais abaterão: Aqui se escreverão novas historias Por gentes estrangeiras que virão ; Que os nossos sabios Magos o alcançárão, Quando o tempo futuro especulárão. 56

E diz-lhe mais a Magica sciencia, Que para se evitar força tamanha, Não valerá dos homens resistencia,

– 15 -

Que contra o céo não val da gente manha: Mas tambem diz, que a bellica excellencia Nas armas, e na paz, da gente estranha, Será tal, que será no mundo ouvido O vencedor por gloria do vencido. CAMões, Canto 7º,

He pois preciso distinguir as epocas e os homens.

1º Os Sabios ou Magos, ainda que reser vados em communicar o deposito de seus conhecimentos scientificos, soubérão com tudo governar, e conter as cohortes salva

gens do mundo primitivo. Balbeck, situada nos confins da Persia e

da Judêa, era o centro da Iniciação e da re ligião dos Magos, como Jerusalem, e Roma fôrão o centro da religião Judaica, e Chris tãa. O primeiro Zoroastres não foi o seu fundador, mas sim o seu reformador, 2164 annos antes era vulgar.

2º Os Philosophos Grecos, que começárão

a apparecer 500 annos antes de Christo, tivé rão tambem talentos e virtudes, como os Ma gos seus antepassados. Mas a maior parte de

seus livros systematicos, aonde, segundo Ci cero, não ha um absurdo, que não esteja sus

tentado, valerão, para o genero humano, as doutrinas solidas e consolantes da Iniciação dos primeiros Sabios? «Os antigos, diz Buf » fon, convertião todas as sciencias em uti

— 16 —

º lidade..... Tudo o que não era interessante » á sociedade ou ás artes era desprezado, » Elles referião tudo ao homem moral, e não

º julgávão, que as cousas inutis fossem dig » nas de o occupar. Pelo contrario, os phi

» losophos Gregos trabalhárão por deixar á » posteridade algumas Constituições poli » ticas, que posto serem bem feitas em » theoria, como a Republica de Platão, e a » Politica d'Aristoteles, todavia nunca po » dérão pôr-se em pratica. » 5º No principio do christianismo, quando os Thaumaturgos, pela perseguição dos Ma

gos, s'apoderárão d'alguns de seus segredos praticos, a sciencia Magia se degradou de todo; porque, para chegar ao seu fim, que era o vil interesse, e uma admiração abso luta, os Thaumaturgos servirão-se do char latanismo, estilo figurado, prodigios, e ha bilidades; de modo que, nos ultimos seculos recebêrão o bem merecido nome defeiticeiros.

« Entre os povos do novo e velho mundo, » acrescenta Salverte, ainda ha hoje muitos

» d’estes pelotiqueiros, que esgótão, com a » sua impostura, a bolça e a vida de muitos

» miseraveis! Uma imagem em Portugal, » achada num buraco, servio a alguns Thau » maturgos Portuguezes, para, em 1825, » perseguirem homens, que não tinhão ou

» tro crime, senão o de haverem convidado o » povo a deixar a escravidão, e o fanatismo!

» E n'America, alguns ha, que, abusando da » maldade ou da crença d'aquelle que os con » sulta, entregão á morte um negro, como

» cumplice do crime, real ou imaginario, de » º » º »

que o seu senhor procura os autores! E fi nalmente a Inglaterra e a França, que se ólhão como o prototypo da civilisação Eu ropêa, ainda consérvão, em seu seio, uma turba-multa d'impostores iguaes!!! » Mas felizmente para a humanidade, desde

que a maior parte dos homens começou a perder de vista os conhecimentos e as ver dades primitivas, para se lançar nas trevas

da superstição, tambem por toda a parte do mundo tem apparecido os discipulos dos primeiros Magos, que conservárão, e trans

mittirão, sem interrupção, as suas maxi mas doces e liberaes....

O segredo dos Myst.". dos Magos nunca se perdeu; sómente o nome lhe foi mudado... e seu edificio, que tem por base o Patriotis mo, e por vertice o Cosmopolismo, deverá ter a duração do mundo..... Taes fôrão os

primeiros fundadores da Maç.….... (1) (1) V. les Sciences occultes, par Eusèbe Salverte, e o Cours complet de Maç.'., par le docteur:Vassal. 2"

— 18 —

« Dans le Midi naquit toute erreur mensongère,

* Au Nord, la barbarie et toutes sesfureurs; » Em Occident, le crime étala ses horreurs,

» Mais c'est de l'Orient que nous vintlalumiere.

2º Myst.'. dos Brachmanes.

Os Myst... da India são d’uma antiguidade tão remota, que Buret de Longchamps a leva

a cincoenta seculos antes da era vulgar, para estabelecer a Historia geral do mundo. O Schasta, primeiro livro indio escrito, ha ho

je (1855) 4959 annos, parece ter sido o seu verdadeiro ritual (1). Os Myst.", dos Brachmanes consistião na

Iniciação dos Padres, que, sendo ao princi pio meritoria e electiva, se tornou depois em casta priviligiada.

A doutrina d’estes Myst... era toda theo gonica; e suas experiencias physicas, se gundo o I. . Vassal, se aproximávão das da Maçonaria. A theogonia dos Brachmanes, que se acha consignada no Schasta, ou Ve dam em linguagem Sanskrit, admitte Para

Brachma, como deus, que creou Brahma, autor do mundo; e lhe deu dous anjos Wishnu e Schiva: o primeiro encarregava-se

da conservação do mundo, e o segundo de (1) Voltaire, Dic, , phil, ., e Ensaio sobre os Cost, "., cap, 1-6,

— 19 —

sua destruição. De maneira que Brahma, Wishnu, e Schiva fórmão a trindade dos

Indios, que, posto ser mythologica, acha-se todavia conforme á dos Hebreos.

Os Brahmanes, sendo os unicos litteratos da India, tivérão tambem o conhecimento

da Iniciação primitiva dos Magos; porque antes d’elles, diz Vassal, os Myst.". Indios erão exclusivamente religiosos. Os Brachmanes, querendo dar uma idêa

sublime de sua doutrina, fizérão gravar no frontispicio do Templo da Natureza a ins cripção seguinte: Fui, sou, e serei, e nenhum mortal me descobrirá.



He, sem duvida, d'estes ultimos Brach manes que Voltaire diz terem sido os primei

ros theologos, os primeiros philosophos, e os primeiros legisladores. Entre elles o sacer docio não era senão a magistratura, e sua religião a justiça. Taes fôrão os segundos fundadores da

Maç.…., de quem o Poema Maç. .. diz: « Parells aux nénuphars, purs ausein de la fange, » » » » •

Quelques sages, épars sur les rives du Gange, Déploraient devant Dieu les erreurs des mortels; Et leurs coeurs sans reproche étaient sesseuls autels, lls s'unirent enfim. A leur maissante ligue, A leurstravaux constans, mous devons cette digue

* Dont l'effort de la haine et le fleuve des ans

º N’ont jamais ébranlé les larges fondemens, º

— 20 —

Mas o nosso illustre Camões, que n'esta materia tem maior voto do que o mesmo Voltaire e o mesmo Dumast, no Canto 7º do seu Poema se exprime assim: 40

Brachmanes são os seus religiosos, Nome antigo, e de grande preeminencia: 1)

Obsérvão os Preceitos tão famosos

De hum, que primeiro poz nome á sciencia: Não matão cousa viva, e temerosos,

Das carnes tem grandissima abstinencia: Sómente no venereo ajuntamento Tem mais licença, e menos regimento.

5º Myst.". Egypcios. Os Padres do Egypto, sendo iniciados nos Myst... dos Brachmanes, trouxérão para o seu paiz a Iniciação primitiva dos Magos. Segundo Strabon, os Padres do Egypto re cebêrão dos Brachmanes a primeira idêa dos Myst.".; e Pythagoras, que, muitos se culos depois, foi á India consulta-los, trouxe

tambem comsigo luzes semelhantes, que em mui pouco differem da Iniciação de Mem phis et de Samothracia.

A Iniciação dos Egypcios, conhecida pelo nome de Myst.". d'Isis e Osiris, remonta,

segundo Vassal, a 2900 antes da era vulgar. Sua doutrina tinha por fim, d'um lado o &

— 21 —

culto Egypcio ou a Metempsycose, d’outro os conhecimentos humanos.

A Iniciação Egypcia era dividida em pe quenos e grandes Myst.". Os primeiros érão religiosos e publicos; e os segundos scien tificos e privados.

Mas quando os Iniciados reunirão em col legio todas as artes e todas as sciencias do Oriente, a Iniciação foi dividida em setegráos Era no alto Egypto que os Iniciados, suc cessores de Sésostris, exercião, senão a so berania, ao menos os privilegios suzeranos dos reinos Memphis, This, etc., etc.: e posto

que sua instituição fez a gloria do Egypto, comtudo autores injustos dissérão d'elles o seguinte: • • • • • • Or notez bien qu'em fait d’allégorie » Tout, de la part du prêtre, est censé fourberie, º

Mas semdo superior ás considerações do momento, e sem que nossa opinião favora vel ou desfavoravel ao culto religioso, sirva

de nada na balança da justiça, nós devemos julgar os Padres d'antiguidade, como se elles não tivessem tido successores.... He ver

dade que os Padres do Egypto, a exemplo} de seus maiores, cuidárão não dever

esclai.

recer o povo, reservando as luzes para um pequeno numero de adeptos escolhidos:mas~

- 22 =

n'isto mesmo os Padres julgárão obrar em beneficio geral; pois pensárão que a Socie dade seria melhor governada, se os conhe cimentos scientificos fossem confiados só

mente a corações generosos et sublimes. Con seguintemente sua conducta, mais desinte ressada do que parece, teve por base duas maximas reinantes no tempo de Voltaire: « Tout pour le peuple, rien par le peuple, Il me » faut dire la vérité qu'aux gens de bien. »

Ora pois se os Padres do Egypto se enga nárão na maneira de dirigir os povos, tam bem Socrates e Confucius fôrão seus com

panheiros; pois formalmente approvárão o seu duplicado methodo: e o sabio Boulan

ger, ardente inimigo do fanatismo e da hy pocrisia, confessa que os antigos Myst.". fô

rão inventados mais em favôr dos povos, do que dos Padres. He verdade que depois de 5000 ou 4000 annos a face do mundo moral está inteira mente mudada: as artes e as sciencias estão

hoje ao alcance de todos; mas se nos ele varmos aos seculos remotos, e nos fizermos cidadãos do mundo primitivo, reconhece remos não só a extensão das vistas dos pri

meiros legisladores; mas tambem que a

Instituição dos Padres do Egypto, bem longe

— 23 —

d'um egoismo calculado, tinha por motivo a utilidade geral.

E com efeito, os Padres do Egypto, reti rados no recinto de seus templos e occupa dos unicamente no culto e nas sciencias, se mostrárão sempre amigos de todos os ho mens do globo, e fizérão uma amigavel troca

de conhecimentos com os Magos, como os Brachmanes e com os philosophos Gregos. Cosmopolitas no tempo de sua gloria, cida dãos nas desgraças de sua patria, os Padres

do Egypto tivérão igualmente uma con ducta nobre.

Foi nos seus Myst.'. que os reis legisla

dores, os Sabios, e os Grandes do Egypto ad querirão os profundos conhecimentos por que se tornárão tão recommendaveis á pos teridade; e os Egypcios não fôrão felizes

senão em quanto fôrão governados por Ini ciados. «Felizes os povos, diz Guerin-Du » mast, onde o herdeiro do throno, isolado » das lisonjas de sua côrte, acha por mestre » um Amédes, ou um Fenelon; que o in

» strua, a respeito dos dêveres dos reis....» Taes fôrão os mais respeitaveis fundado

res da Maç.…., ácerca dos quaes o famoso Poema Maç.", diz: « Je l'y suis….. que aspect vient enchanter mes yeux?

»IC'est laterredes arts, rÉgypte primitive,

— 24 —

Non, comme de nos jours, ignorante et captive, Mais telle qu’autre fois Minos la visita. •• •















Salut prêtres d'Égypte, o vous dontle savoir, Dont l'amour des humains formaitle seul pouvoir, Et qui régniez pourtant par des chaines plus fortes Que les fiers souverains de la ville aux cent portes ! Jamais vous me formiez de factieux projets; Mais sans vous écarter du rang de leurs sujets, A ces rois dont l'orgueil fressa des pyramides Vous portiez les soupirs de leurs peuples timides, Et près du lac fatal votre doigt leur montrait La justice dictant som inflexible arrêt. » Mais pour en écarter la foule téméraire, » Pour n'admettre que l'homme au-dessas du vulgaire, * Vous saviez déployer une utile rigueur.

4º Myst.". Gregos. . A Grecia parece ter sido o templo com

mum de todos os Myst... d'antiguidade: entretanto os que mais relação teem com a Ord.". Maç.". são: 1º Os Myst... dos Cabyres de Samothra

cia. Foi, segundo Vassal, em 1950 antes da era vulgar que os Myst.". Egypcios passárão

á Grecia; e os primeiros fôrão os dos Caby

res estabelecidos na ilha de Samothracia, hoje Samandraki, no Archipelago. N’estes Myst.". havia oito deoses Caby res, quatro dos quaes érão: Oxierés, Axio kersa, Axiokersos a Casmilos.

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Os Myst.". dos Cabyres, diz A. Boileau,

levados á Phrigia por Dardanus, passárão de pois á Italia, onde fôrão confiados ás Vestaes.

O I.". Vassal pensa que os Pelasgios, que instituirão estes Myst.º., não tinhão sido

iniciados senão aos pequenos Myst.". Egyp cios; pois que a principal sciencia de Sa mothracia fora strategia; e entre os Athe mienses os oficiaes militares se chamávão

strategios. Voltaire, conhecendo mal os Myst.". Maç.'.,

deixou escapar, no seu Dicc. Phil., algu mas blasphemias contra os Iniciados de Sa

mothracia; entretanto, seguindo a opinião dos melhores autores, somos obrigados a con fessar, que os Myst.". de Samothracia fôrão na realidade uma escola militar e scientifica, d'onde sahirão os maiores capitães da Gre cia (V. as obras de M. Sainte-Croix) (1).

2º Os Myst.". de Céres ou d’Eleusis. Estes Myst.'., segundo uns, fôrão estabelecidos

por Triptolemo; e segundo outros por Erec teo, primeiro rei de Athenas, 1575 annos

antes da era vulgar. Os Myst.". de Céres fôrão, como os do (1) Voltaire só em 1778 se fez Maç.'., tendo 84 nmos de idade; e morreu 6 mezes depois, sem ter tempo de corregir suas obras! lº

3

— 26 —

Egypto, divididos em pequenos e grandes Myst.º., e seus Iniciados se chamávão Eu

molpides, por ser a familia d'Eumolpo a que conservou, durante 1200 annos, a digni dade d'Hiérophante. O Dº Vassal, assim como Buret de Long champs, são da opinião, de que a sciencia dos Myst.". de Céres se reduzia unicamente á Mythologia, e ao charlatanismo; porque

os seus Iniciados chegárão a persuadir-se, que não só na vida tudo lhes deveria suc

ceder bem; mas que depois da morte, elles sós occuparião os Campos-Elysios, ficando o Tartaro para os profanos. Esta asserção parece tanto mais fundada, que a maior

parte dos philosophos esclarecidos da Gre cia, pouco satisfeitos da instrucção que of

ferecião então os Myst.". de Céres, fôrão procurar conhecimentos positivos aos Myst.". de Memphis e de Heliopolis: taes como Or pheo Pythagoras, Platão, Thales, Minos, etc. Orpheo, principe dos Sicyonios em Thra cia, depois de ter adquerido os conheci

mentos scientificos do collegio de Memphis, veio para a Grecia; e em 1550 antes da era

vulgar regularisou os Myst.'. d'Eleusis, e destruio os erros que até ali tínhão servido de base aos Myst.". de Céres. Orpheo, que rendo respeitar, d'algum modo, os prejui

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zos populares, estabeleceu sobre bases me nos supersticiosas as mesmas festas, que

os Gregos tínhão ja; mas que elle teve o cuidado de fazer verter em favor do espirito nacional, e da segurança do Estado. Todo o corpo de doutrina dos Myst... d’Orpheo

era dividido em dous gráos. No primeiro se desenvolvia a Theogonia egypcia com seus

emblemas, e a moral, no segundo, que era puramente scientifico, se expúnhão, não só o systema physico da Natureza, mas tam bem todos os conhecimentos que podião in fluir directamente na civilisação dos povos.

Orpheo deu á primeira doutrina o nome d'exoterica (publica), e á segunda o de eso terica (particular aos Iniciados), imitando assim os seus mestres do Egypto.

As experiencias physicas, pelas quaes o

Iniciado aos Myst... d’Orpheo tinha de pas sar, érão mais rigorosas, que os mesmos Adeptos não podião falar entre si de seus

Myst...; porque tanto aquelle que fallasse, como aquelle que tivesse a fraqueza de os ouvir, érão ambos expulsos do Templo, e até da sociedade.

« Foi nos Myst.". reformados por Orpheo, º diz Vassal, que todos os legisladores gre » gos aprendêrão o uso da dupla doutrina,

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« de que fizérão o parte mais essencial de « seus estabelecimentos politicos. » Mas, antes de deixarmos a Grecia, falle mos d’uma instituição philosophica: que se liga muito de perto com Franc-Maç.….: tal he a Escola de Pythagoras. Nihil mirabitur

Eleusinia haec Pythagorae decretisfuisse adfi nia, qui ex eodem fonte derivata meminerit : diz o sabio Rhoer.

Para bem entender esta passagem he pre ciso lembrarmo-nos que Pytagoras, consi derado por alguns autores como instituidor da Franc Maç.'., foi buscar os principios de

sua doutrina philosophica á India, ao Egyp to, e aos Myst.". Gregos. Com efeito, Pythagoras, natural da ilha de Samos, e nascido nos fins do VI° seculo antes de Christo, depois de ter sido iniciado aos Myst.º., acima referidos, e depois de ter conhecido Solon , Pittacus, Zoroastre e ou tros, veio para a sua Patria; mas não po

dendo viver debaixo das leis d'um tyrano e usurpador, Pytagoras deixou a Grecia, e veio fundar em Crotona a celeberrima escola Ita

liana, onde tantos homens se fizérão illus tres. Pytagoras, imitando tambem seus mes tres, julgou dever encubrir o facho de sua philosophia com um veo mysterioso. Um cuidado escrupuloso o dirigia sempre na

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escolha de seus discipulos, e diversas ex

periencias o assegurávão de sua vocação. Seus Myst... érão divididos em tres classes: Na primeira demorava-se o candidato tres annos. Antes de sua admissão o néophyto devia pôr todos os seus bens nas mãos do thesoureiro.

Se estes primeiros tres annos d'experien cia correspondião aos desejos do mestre, o discipulo passava á segunda classe. Durante cinco annos o néophyto era condemnado a um profundo silencio; e a voz de Pythagoras

não chegava a seus ouvidos, senão através do veo que occultava a entrada do Santuario. Finalmente o néophyto era admittido ao perfeito conhecimento da doutrina sagrada, e trabalhava com o mestre, para a instruc ção dos novos iniciados.

« Os filhos desta grande familia, dizem » Jamblique e Barthélemy, espalhados por » muitos climas, e sem nunca se terem vis

»to, se reconhecião por certos signaes, e se » tratávão como se sempre se tivessem co » nhecido.»

Qual será em nossos dias o Maç.". in struido, que, lendo estas linhas, não veja

pontos de contacto entre a Iniciação de Py thagoras, e o 2° e 5º G.'. do Rit.". Maç.". Moderno?

Mas a celebridade dos philosophos da es cola de Pythagoras devia armar contra esta a ignorancia e a maldade! A calumnia apre sentou estas reuniões sabias e virtuosas co

mo tantes focos de conspiração; e o despo tismo, firme na cega multidão, lançou nas chammas quasi todos os discipulos de Py— thagoras! Entretanto os deploraveis restos de sua escola não acabárão de todo... Elles

se reunirão alguns tempos depois; e conti nuárão a formar reuniões ora toleradas, ora SCCTGtaS.... « Ainsi de l'art-royalles préceptes

parfaits

Firent au genre humain ressentir leurs effets. Sempressant aux leçons d'une sagesse orale, Les savans à Memphis apprenaient la morale, Et de leurs devanciers devemus les rivaux,

Couraient la propager chez des peuples nouveaux. Ouí, des Égyptiens le secret salutaire, Sous desnoms différens civilisa la terre.

Un grand législateur, long-temps instruitpar eux, Rassembla, défendit, gouverna les Hébreux; Le Thrace, le Gélon, des sommets du Riphée Descenditaux accens de Linus et d'Orphée ;

Triptolème déjà, chez les Grecs retiré, Les avait appelés à ce dépôt sacré; Aux remparts de Tarente on le retrouve encore

Dans l'art silencieux qu'enseignait Pythagora,

Tal he a admiravel maneira, com que se exprime o Poem.". Maç. ..., a respeito dos Myst.". Gregos.

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5º Myst.". Judaicos.

Os Myst.". Judaicos, ainda que menos ce. lebres que os Myst.". Gregos, não são por isso menos interessantes a conhecer; por

que, segundo a opinião de muitos eruditos, elles servem de tronco á Maçº. Moderna.

Alguns Israelitas,tendo habitado o Egypto, e voltado depois á Judêa, fundárão, em 1550 antes da era vulgar, as tres seitas Ciniana, Recabites, e Essénia. Mas de todas a ultima, que tambem foi a fonte do Christianismo,

he a que mais relação tem com a Iniciação. 1º Myst.". Essénios : os iniciados a estes Myst... vivião como Irmãos; e a iniciação a seus myst.". não era facilmente concedida. Quando um Candidato se appresentava, elles o experimentavão tres annos; e antes

d'admittido era preciso fazer o juramento de servir Deus, amar e proteger os homens bons, e finalmente guardar os segredos da

Ord... com o perigo de vida. Os symbolos, as parabolas, e as allegorias érão para elles de uso familiar. Tal he a opinião de Philon, Joseph e Plinio. Dom Calmet admira-se, de que nenhum *

dos Evangelistas fallasse d’esta seita tão celebre entre os Judeos, e que fazia tanta

honra á sua religião. Mas em resposta al

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guns Allemães pertendem, que a doctrina de Christo he uma simples revelação da Iniciação Essenia; e que o Cap. 14 de S. Lucas, e 17 de S. Matheos, São uma ma nifestação completa dos seus segredos e ex

periencias, que Christo só ensinou a disci pulos escolhidos: de modo que os primeiros Christãos, segundo estes autores, tinhão sido todos Iniciados Essénios.

« Estes documentos historicos, diz o » D.Vassal, não deixão duvida alguma sobre » a existencia dos Myst.". Essenios, cuja in

º stituição precedeu de quatro seculos os de

» Salomão, que, tendo pãssado por funda » dor, não foi realmente senão o seu res º taurador.»

2º Salomão, tendo sido iniciado nos Myst.º. de Eleusis, fundados por Orpheo, veio, no undecimo seculo antes da era vulgar, reor ganisar em Jerusalem novos Myst.". Esse nios.

A Biblia e a Historia nos ensinão, que David, fatigado de lutar contra as conspira

ções, tramadas entre seus filhos Absalão e Adonisa, e o general Achitophel, fizéra ungir seu filho Salomão, e o proclamára rei de

Jerusalem. Eleito rei, Salomão, assustado pelos progressos do Polytheismo e da Idola tria, que muitas tribus d'Israel então pro

fessávão tentou restabelecer a Theogonia dos primeiros Hebreos, que era a mesma dos antigos Magos, e que, 1600 annos antes de Christo, ja Moisés tinha exposto no seu Decalogo. Para alcançar tão justo fim, Sa

lomão fez construir não só o singular Tem plo material de Jerusalem, fazendo tratados

com Hiram II, rei de Tyro, e Hiram, o ar chitecto; mas tambem fundou um Templo allegorico para a Iniciação, tomando por modelo a construcção do primeiro, á qual se deu o nome mystico de Maçonnaria;

(denominação, que, segundo Vassal et Du mast, não vem da Inglaterra, como quer Thory.) A Iniciação de Salomão teve por objecto um triplicado fim : a tolerancia: a philan tropia : e a civilisação dos Israelitas. E é depois d'esta epoca que os Essénios fôrão considerados como homens esclarecidos no

meio d'um povo avaro, e tolerantes no meio d'um povo fanatico. Tal é opinião de muitos Sabios.

Mas em 604 antes da era vulgar Nabu chodonsor, rei de Babylonia, entrou em Je rusalem, destruio o Templo de Salomão, e levou em cativeiro um grande numero de Iniciados, entre os quaes se achava Jecho nias, pai de Zorobabel.

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Durante o cativeiro de setenta annos, os Iniciados Israelitas, suspendendo suas lyras

nos salgueiros do Euphrates,não só choravão amargamente a saudade de sua patria; mas tinhão tambem a esperança de tornar um dia a construir o Templo de Salomão! Esta idêa, a mais grata de suas illusões, foi introduzida nos seus Myst.º., onde procura vão consolações reciprocas contra as penas da escravidão, O dissoluto Nabuchodonosor morreu; e o clemente Cyrus lhe succedeu 538 antes da era Vulgar. Este ultimo rei, compadecendo

se do povo Hebreo, e attendendo ás suppli cas de Zorobabel, fez publicar um decreto,

pelo qual os Israelitas fôrão postos em liber dade para irem de novo construir o Templo de Jerusalem.

20robabel, partindo como chefe de seus

7000 Irmâos, e derrotando os inimigos, que lhe disputárão a passagem do Euphrates, en trou em Jerusalem, no anno 556 antes da era vulgar. •

Lançados os alicerces do novo Templo, cuja construcção durou vinte annos, um schisma religioso se declarou entre as tribus d'Israel, e produzio a sua separação ! As tribus de Juda, e Benjamin ficárão firmes

em Jerusalem; e as outras déz fôrão para

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Samaria. Estas ultimas tribus fizérão algu mas baldadas guerras contra as duas pri meiras.



Construido o novo Templo, a Ord.'. dos novos Architectos teve novo brilho: mas o

tempo de sua gloria foi muito curto! Titus, o Vespasiano; saqueando Jerusalem, em 70 depois de Christo, queimou o Templo de Salomão. e aniquilou inteiramente a Judêa.

Entretanto os Iniciados Essénios, espalhados pela superficie do globo, continuárão a transmittir os seus Myst.". : « e o Templo » de Salomão, diz Vassal, sobre a construc

» ;ão do qual se calcou depois toda a Maç. ..., « he uma ficção engenhosa, que indica os » incriveis esforços que sustentárão os Sa » bios e os Philosophos de todos os tempos, » para elevar o Templo da Verdade.» Mas

he principalmente depois do estabelecimento dos Barbaros na Europa, que os Judeos,então os unicos viajantes, necessitados d’uma pro

tecção cosmopolita, entrárão em grande numero de Lojas, e lá fizérão prevalecer seus usos e costumes. As insignias Maçoni cas fizérão cahir em desuso as da Iniciação

primitiva; e a Iniciação mesma perdeu e trocou seu nome pelo de Maçonaria. « A

» epoca d’esta mudança, diz G. Dumast, que » foi antes parcial e successiva, do que

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» geral e instantanea, pode collocar-se entre » o 6° e o 10" seculo da era vulgar. » Muito mais se poderia dizer ácerca dos

Myst...Essénios; pois que sua doutrina abran ge a maior parte dos altos Gr. .. dos Rit. . Maç... ; entretanto, para não transpormos

os limites, nós terminaremos com o celebre Poema Maç. ". : « Mais quel dieu me découvre un tableau plus riant ? » Ce feu qui semble éteint brillait dans l'Orient. Dès long-temps Salomon, des princes le modèle, En avait ranimé la mourante étincelle : Salomon qui, cherchant la gloire dans la paix, Du sceptre de David soutint le noble faix, . Et ni voir aux mortels l'union peu commune Des dons de la sagesse aux dons de la fortune. A sa voix s'éleva ce temple si vanté De qui la renommée atteste la beauté. Dans l'aride Sion tous les arts se rendirent ;

Des neiges du Liban les cèdres descendirent ; Le marbre façonné s'élança dans les airs ; Surpris par le chasseur, l'éléphant des déserts Livra pour ces travaux sa dent éblouissante, Cependant que du roi la flotte obéissante

Rapportait dans Joppé, sous l'aile du zéphir, Les largesses d'Hiram, et l'or lointain d'Ophir.

Un édifice altier, que le jaspe décore, Aux vœux de Salomon me peut suffire encore ; Il offre à Jéhova, sa force et son appui, Un temple plus auguste et plus digne de lui. Des secrets de Moïse héritier dès l'enfance,

Plus riche encor des fruits de son étude immense, Par cent mille artisans, semant la vérité,

I)1>

Il lègue ses bienfaits à la postérité, Et fait remonter l'homme à sa grandeur première. Mais, envers le profane avare de lumière,

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Même à ses ouvriers il la cache long-temps. L'accordant par degrés à leurs efforts constans, Sa sagesse aux travaux mesure le salaire, Environne le but d'une ombre tutélaire,

Et par un doute habile ép ouve leurs esprits. Pour eux de la vertu la science est le prix. Aux desseins du grand roi, pendant quarante années ;

Israël applaudit ; et quand les destinées Eurent compté les jours de ce règne adoré, La mort n'atteignit point son chef-d'œuvre sacré ; Les guerriers d'Assyrie et les armes romaines Deux fois à la Judée imposèrent des chaînes ;

#!

» Deux fois de Salomon le tem le et les remparts Semèrent Josaphat de leurs débris épars ; Mais son temple moral, édifice sublime,

Respecté des vainqueurs, survécut à Solyme : J>

-

Rien ne put l'ébranler; ce monument divin Sur qui la faux du 1emps s'est émoussée en vain, Dont nul n'a mesuré la hauteur infinie, Porte encore aujourd'hui le sceau de son génie.

5° Myst.'. do Christianismo. O homem

Deus, afflicto pelas doutrinas erroneas, que os doutores da lei professávão, e instruido no abuso do poder sacerdotal e das castas

privilegiadas, resolveu, em sua alta sabe doria, o substituir novos Myst. ". aos anti

gos Essénios. Em trinta da era vulgar Christo formou o seu Apostolado; e foi morto em trinta e tres : até quarenta e cinco a sua lniciação

foi secreta, e passou a Roma; mas foi nos dous seculos seguintes que ella se fez no 4

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tavel pela sua rapida propagação, e pelas onze Perseguições que sofreu. Como conceber, diz Vassal, que intenções tão louvaveis, que uma moral tão pura, e

que uma doutrina tão sublime podessem ter feito condemnar Christo a um supplicio

ignominioso? Tantas perfeições só deman dávão respeito e veneração do povo de Je rusalem ... Mas, em qualidade d'Iniciado,

Christo estava ligado por um juramento so lemne e terrivel: e os Padres que então dirigião os Myst.'., humilhados pela refor

ma de Christo, devião ligar-se para amoti

nar o povo, que sem discernimento pedio a morte do reformador ! ....

Tres grandes principios constituião a dou trina dos Myst.". do Christianismo primi tivo: A unidade de Deus; a liberdade do

homem; e a igualdade entre os homens da mes

ma familia. Christo se apresentou, é verda de, como um mandatario de seu pai (Deus); mas nunca falou da Trindade Christãa, que de resto não seria mais do que uma imitação da Trindade dos Indios, dos Chal

deos, ou dos Egypcios. A Trindade Christãa he um invento sacerdotal; e os Padres teem sido forçados a reconhecer a unidade de Deus, posto que apparentemente seja com posta de tres essencias diferentes. Isto, se

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gundo Vassal, he uma alegoria, mas não uma realidade.

Os Myst... do Christianismo primitivo

fôrão; durante quasi dous seculos, pratica dos em lugares subterraneos e retirados; e foi sómente em 221 que Alexandre Severo, setimo imperador romano, permittio aos

Iniciados Christãos a construcção do pri meiro templo. Mas em 512, Constantino o

Grande, tendo sido por seus crimes repel

lido dos Myst... de Memphis, como 242 an nos antes o tinha sido Néro, veio a Roma,

e abraçou o Christianismo catholico: a dou trina de Christo, de exoterica, que era, foi transformada pelo Sacerdocio em esoterica

ou secreta: e depois d'esta epoca o despo tismo sacerdotal começou a perseguir toda

a sorte d'iniciados sem distincção alguma de myst.". Depois de Constantino até ás Cruzadas seguirão-se os seculos da Barbaria; « mas » tambem he depois desta epoca notavel,

» diz Valleteau de Chabrey, que os Ceno

º bitas Christãos (Templarios) nos trans º mittirão fielmente o deposito das sciencias » Mysticas. » Christo tinha posto em pratica as tres vir

tudestheologaes; mas elle principiava pelo

amor do proximo, chamando a todos irmãos;

— 60 —

pela applicação do trabalho e das sciencias, fazendo ter esperança n'outra vida melhor; e finalmente pelos bons resultados de sua doutrina, que produzia confiança e fé mutua entre todos os homens: e quando ja não houvesse necessidades a satisfazer, então teria lugar o consumatum est. Pelo contrario os Padres catholicos trans

tornárão toda a doutrina de Christo: vio

lárão o preceito da tolerancia, que formava a sua essencia: substituirão o fanatismo á razão esclarecida; a escravidão á liberdade; as prerogativas á igualdade; a ambição do poder ao desinteresse; ao titulo d'Irmão o de senhor absoluto, e finalmente substituí rão as penas eternas a uma immortalidade promettida..... Ah! se o Catholicismo intolerante qui zesse proclamar a verdade, que dentro em si concentra, elle nos diria, que os Padres Catholicos fôrão os unicos, que obstárão a

que o Christianismo primitivo não seja hoje a religião universal... Christo confiou ao Sacerdocio o Cordeiro sem mancha, como symbolo expressivo de sua doutrina pura; mas o Sacerdocio maculou a candura de sua lãa...

Entre os Myst... exclusivamente religio sos os do Christianismo são, sem duvida, os

— 41 —

mais simples e os mais sublimes; mas he preciso ter o cuidado de os não confundir com o Catholicismo. Se a Verdade tivesse

tido altares por toda a parte, o despotismo sacerdotal teria desapparecido, e as dissen sões religiosas, que tem feito correr tantos rios de sangue, nunca terião existido. Eis porque a construcção do Templo da Verdade

tem sido, e he tão dificil!.... Mas, « O surprise! arrivé sur cenouveau théâtre, J'aperçois de la croix le signe respecté, Symbole de douleurs et d'immortalité. Au centre, dégagé des voiles de la fable, Rayonnait du Très-Haut le nom pur, ineffable, Tel qu'à Jérusalem le pontife em secret Aufond du Saint des saints tous les ans l'adorait, Ou tel que sous son dieu, vaincue, anéantie, Dans Claros autrefois l'annonçait la Pythie. PoE.M. ". MAç.".

6º Myst.". Francos.

A maior parte dos Escritores Francezes pretendem, que os antigos Gallos fôrão os primeiros povos da Europa, que tivérão dogmas Maç.". Os mais notaveis fôrão os Mys... dos Druidas: os dos Cavalleiros: e os dos Templarios. 1° Os Druidas, padres dos antigos Gallos, habitárão, em 600 antes de Christo, os bos

ques glaceaes do Norte; e pelas relações in

timas que tivérão com os padres do Egypto, elles se tornárão, como estes ultimos, os A*

1

senhores e legisladores de quasi todos os povos do Occidente. Os Druidas érão divididos em tres clas

ses, debaixo d'um chefe commum: os Va

cies, depositarios dos dogmas e da philoso phia, exercião as funcções de padres e juizes: os Bardes cantávão hymnos religiosos, e ce

lebrávão as acções dos grandes homens: os Eubages érão os aruspices.

Os Druidas, perseguidos pelos Romanos, e obrigados a refugiar-se na Albion, fôrão cultivar a sua doutrina nos brancos roche

dos da ilha Mona. « Esta celebre ilha, diz » A. Boilleau, conservou, durante um se » culo, em suas florestas impenetraveis, o

» altar triangular, o cofre mystico, e a es » pada de Belinus.» E Leonard Gallois af

firma que os Druidas não só tinhão recebido dos Persas o deus Mithra, emblema do Sol;

mas que o Egypto tambem lhes tinha feito conhecer Isis que, como Céres, coberta de mam mas representava a fecundidade.

Mas de que servio que os Druidas conhe cessem Mithra, Isis, e o Gui, e barbaros, como erão, conservárão os horrorosos sacri ficios humanos, e não entendêrão da Inicia

ção senão alguns factos uteis á sua prepon

derancia, prototypo do egoismo sacerdotal? Mais dignos de louvôr que os Druidas,

— 43 —

dizem G.". Dumast e Vassal, e mais amigos da tolerancia, os Padres d'Herta, nos pri meiros seculos do christianismo, conser

várão fielmente na Dinamarca, Suecia e Norwega a Iniciação primitiva, que, vinda directamente do Oriente, sem passar por

Eleusis, nem Samotrhacia, era a primeira destinada a florecer na Europa ainda bar bara.

« Com effeito a gloria dos myst. ", diz » Court-de-Gebelin, nunca teve maior brilho,

» senão quando os Romanos subjugárão as » Nações, e se vírão eles mesmos vis escra » vos de monarchas insensatos: é nos Myst.". » que a sua liberdade expirante veio pro

º curar um asylo: e he por eles que a ord..., » bannida de toda a parte, procurou sus » tentar-se e restabelecer-se.

Embalados

» com esta doce esperança, e penetrados das

º vantagens da iniciação, muitos Iniciados, º tomando o apostolado, deixárão a Grecia º moderna, e fôrão refugiar-se na Scandi

» navia.» Foi desde esta epoca que os ini ciados ou Adeptos guardárão para si as Pal... e os Sim... de fraternidade que, tendo vindo do Nilo ao Euxino, passárão do Euxino ao Baltico. Eis como o Poem.". Maç. .. descreve esta valei osa emigração: » Aussi, lorsque pliant sousles coups d'Attila,

- 44 » Le colosse romaain à son tour s'écroula,

» Quand la ville de Mars eut perdu sa puissance,

» Et que, foulant aux pieds la pourpre de Byzance, » » » » »

" ^

D'avides conquérans, assis sur des tombeaux, De l'empire affaibli s'arrachaient les lambeaux, Le lien étermel de la Maçonnerie Des tyrans et du sort défiant la furie, Sut encor réunir les mortels éclairés,

» Par la langue et les lois vainement séparés. » Tel un chêne aux cent bras, dont l'immense feuillage

» Prête aux oiseaux du ciel son favorable ombroge, » Debout sur les débris d'un antique manoir, » Des autans conjurés méprise le pouvcir, » Et semble, autour de soi prolongeant ses racines, » De réseaux protecteurs enlacer les ruines. » Les frères dispersés, vainqueurs des élémens, » D'un bout du monde àl'autre échangeaient leurs sermens, S'encourageaient sans cesse aux vertus les plus rares, Ou, portant la lumière à des peuples barbares,

La faisaient rayonner jusqu'aux mers de Thulé. Par leur culte fleurit ce climat reculé Où les fils'à'Ossian, sur la harpe sonore, Aux forêts de Morven, aux rochers d'Inistore,

Aux échos que sa voix si souvent anima, » Redisaient la splendeur des fêtes de Selma. »

2° Cavalleria. Longo tempo concentrada

nas praias do Baltico, a Iniciação fez pro gressos, graças aos reinados d'Egbred em Inglaterra, e de Carlos Magno em França : mas, em despeito da autoridade legal , a anarchia feodal violava todas as leis, e abria

caminho ás rapinas da idade media !..... Para obstar a tanta desordem appareceu a Ord. .. dos Cavalleiros no oitavo seculo da

era vulgar; e fazendo-se campeóes da hu

— 45 —

manidade, os Cavalleiros se mostrárāo no vos Theseos contra novos Scyrons. A devisa d'esta nobre Cavalleria era soc

corro ā desgraça; e o ceremonial de suas re cepçôes foi uma pura imitação dos Myst. . d'Eleusis. « Todos os fundadores das Ord. ..

» » » » »

de Cavalleria, diz G. .. Dumast, imitárāo, quanto podérāo, a Ord.'. Maç.'« porque a aguia negra, a aguia de duas cabeças, ophe nix, etc. etc.; que se áchão na Cavalleria, são emblemas Maç,°. e proprios do Magis

» mo Oriental. »

Eis como um Cavalleiro s'exprimiria, es crevendo á sua Dama : « Passe dans les mains de Glycère, » Heureux symbole de candeur ; » Aux profanes regards oppose une barrière,

» Et tombe quelquefois au gré de mon ardeur. » Ce don, belle Glycère, est pur comme ton cœur ;

» J'en atteste un serment que la sagesse avoue, » J'en jure par mon tablier : » Qu'avec horreur on le dénoue, » Si je puis jamais t'oublier ! » Oui, ces gants ont un prix que le vulgaire ignore; » Ce gage sacré de ma foi » N'est dû qu'à la beauté que la vertu décore ; » Je couraisgrand risque, sans toi,

» De le garder long-temps encore. » M. DE LA LoUPTIÈRE.

É verdade que Ch.°. Dupontés, compa rando as leis, fórmas, e fim da Ord...Maç.. e da Cavalleria, foi levado « a concluir que

» a Maç. ". era um ramo da Cavalleria, ou

— 16 —

º antes que a Maç.…. era mesma Cavalleria

» aperfeiçoada e polida. » Mas se Dupontés, na sua Encyclopedia Maç. ..., não tivesse to — mado o efeito pela causa, teria com mais razão concluido que a Cavalleria era um ra mo da Maç.".

Portugal deu tambem valerosos e illus tres Cavalleiros. Os doze de Inglaterra, ácerca

de quem o nosso abalisado Camões nos of ferece um Episodio, no Canto 6º do seu fa moso Poema, são dignos de memoria eterna na Maçº. Lusitana.... 5º Ordem do Templo. Todo o mundo co |

nhece a historia tragica d’esta Ord... militar e monastica, da qual os membros érão cha mados Pobres Cavalleiros da Cidade Santa; Soldados de Christo; Milicia de Salomão; ou commummente Templarios. Em 1118 Hugues de Paganis, Geofroy de

Saint-Aumer, e mais sete outros Cavalleiros fundárão esta Ord... celebre, na intenção d'ajudarem á conquista da Palestina, e de

se reunirem à Cruzada de Godefroy dê Bouillon.

Estes Cruzados Francezes consagrávão-se á pratica das virtudes Christãas e mili tares, e principalmente a defender, con tra os ataques dos Musulmanos, os pere

grinos que, de todos os pontos da Euro

— 47 —

pa, ião a Jerusalem para adorar os lugares santos. Em mui pouco tempo o numero de seus membros se tornou consideravel; e em 1128 o Concilio de Troyes approvou a sua instituição. Os templarios fizerão-se notaveis nas ba talhas por uma bravura pouco commum; em premio de suas façanhas recebêrão dos reis e dos grandes immensas riquezas, e nu

merosas herbades: fôrão tantos bens, que mais tarde causárão a sua ruina!... Quando

os Soberanos e os Padres observárão que a Ord. . do Templo commeçava a exercer uma

grande influencia moral e politica sobre o globo, os Templarios fôrão accusados de he resia, de sodomia, de rebellião, etc. « Mas » na realidade, os dous crimes, porque os » condemnárão no seculo quatorze, diz a

» Revista Maç. ..., fôrão a sua riqueza, que » os tornava temiveis aos reis, e suas dou

º trinas, que se afastavão das da Igreja, e » tinhão irritado o Pontifice romano. »

Os crimes absurdos, de que os Templa rios fôrão accusados, e os supplicios crueis,

que lhes fizérão sofrer Philippe o Bello, e o Papa Clemente V, excitárão tão justain dignação, que a maior parte dos escritores modernos, para melhor rehabilitarem a sua

memoria, avançárão que os Templarios nun

— 48 —

ca tivérão praticas secretas. Mas faltárão á verdade.....

Ninguem nega a bravura, a generosidade e a caridade dos Templarios; mas não se

pode contestar que elles não tivessem tido assembleas mysticas, aonde conservárão a herança da antiga Iniciação. •

Nos fins do seculo dezasete achou se n'Al

lemanha, no tumulo d'um Templario, morto antes da perseguição da Ord "., uma especie de talisman que tinha, além de muitos ou ti os sinaes proprios da sua Ord. "., os se guintes: o compasso : a esquadria: a es phera: o pentagono de Pythagoras; e o ogdoado Gnostico, que symbolisa os oito Cabyres de Samothracia, os oito principios Egypcios e Phenicios, os oito deoses de Xenocrates, e os oito angulos da pedra cubica. De mais, os Templarios recebião, como marca de sua Cavalleria secreta, uma cin tura, ulteriormente mudada em charpa, da

qual se derivárão os cordões modernos, e as insignias, que hoje se úsão em toda a

parte. Tal he a opinião de G. Dumast, e OutTOS.

« Conseguinteménte, a Ord", do Templo, » á cerca de quem tão diversamente se tem » fallado, não era, diz Vassal, senão um an

» nel da grande cadêia da Iniciação mysti

» ca, colocada entre os tempos antigos e os

» tempos modernos. » Com efeito Ilugues de Paganis, principal fundador da Ord.'. do Templo, quiz reunir n’ella todas as vantagens, obtidas até então por meio da Iniciação e da Cavalleria : elle pertendia que a milicia fosse util á Patria pe lo braço, e que os chefes o fossem pela liber dade de suas idêas. Os preceitos fundamen taes da associação érão a Beneficencia e a Tolerancia. A primeira se mostra pelas abundates esmolas que, tres vezes por se mana, érão distribuidas á porta de sens nu merosos mosterios; e a seguuda se deixa vêr pelo amor, com que tratavávão os prisio neiros nas guerras da Palestina.

A denominação de Cavalleiros do Templo não se refere, como muitos júlgão, á igreja do Santo Sepulcro ou ao Templo de Salomão;

« porque os chefes da Ord. .. tinhão em vis » ta, diz G. Dumast, um outro Templo

» mais digno da Divindade, o mundo intei » ro, povoado de homens livres e virtuosos. » Era na construcção d’este ultimo Templo, continua o mesmo autor, que a Ord.". tra balhava, e o de Salomão não lhe servia se não de symbolo; e supposto o nome de Templarios ter prevalecido, todavia nunca

perdêrão o d'Iniciados ou de Maçons. 5

- 50 —

Quando, no seculo quatorze, teve lugar a perseguição d'esta illustre Ord. ., a maior parte de seus membros entrárāo de novo na grande familia Maç. "., a que, ha muito , pertençiâo, : mas é principalmente depois d'esta aglomeração que Barruel, Gassicourt, e outros calumniadores da Iniciação, com meçárāo a fazer sentir aos Soberanos me drosos, que os Maç. *. não érão senão os

proprios vingadores de Jacques Molay e de seus companheiros. Entre tanto o autor do Mysterium Baphometi revelatum prova que os Maçons Europêos são muito anteriores aos Templario3. « Cherchons aux bords glacés où mugit la Baltique. De la gloire des preux le berceau poétique. Parlez, donjons déserts ! Pouvez-vous oublier Quels périls votre enceinte offrait au chevalier, Quand pour briguer ce titre environné d'obstacles,

D'un art pour lui magique bravait les miracles,



Et, comme un autre Ajax, incapable de peur, N'accusait que la nuit et son voile trompeur ! » Al'erreur, aux forfaits, l'Europe était livrée : Le maçon, de sa dame arborant la livrée, Pressa les flancs poudreux d'un noble palefroi, Fut le soutien des bons, et des méchans l'effroi.

Pour punir l'oppresseur et sauver la victime, Pour prêter son secours au prince légitime Qui, par la trahison conduit vers le malheur, D'une élite intrépide empruntait la valeur, Pour venger la beauté qui gémissait esclave, Le plus doux des mortels en devint le plus brave. » Tels étaient ces héros, défenseurs du Jourdain, » Qu'aux murs de Césarée admira Saladin ;

— 51 -

"Ce formidable corps des chevaliers du Temple, Leur chúte à l'Univers offrit un grand exemple. Nourris de leurs trésors, protégés par leurs bras, Les peuples d'Occident, servilement ingrats, N’osèrent démentir d'atroces impostures. Proclamés criminels sur la foi des tortures, Cessages méconnus, em marchant au búcher, Firent couler des pleurs que l’on voulait cacher. Carle soupçon veillait, et, fils de l'ignorance, Le fanatisme aveugle éPouvantait la France. »

Taes são os sentimentos do Poema Maç... a

respeito dos Antigos Templarios, que se não devem confundir com os TemplariosModernos Templarios Modernos ou Joanitas. Em

1804, um Medico, Bernard Raimond Fabré Palaprat, julgando devêr aproveitar-se da illustre memoria dos antigos Templarios, conseguio, entre alguns amigos, o organisar uma nova seita Templaria, a qual se dis sesse ser uma successão verdadeira da pri

meira Ord.'. do Templo. Os novos Templa rios, temendo encontrar algumas difficul dades em tão alto projecto, encobrirão suas

primeiras reuniões com a capa da Maç.". Com efeito esta nova Ord.'., em 1805, obteve do Gr.". Or.'. de França as Constitui ções para formar a L.'. dos Chevalier de la

Croix, que mais tarde deu tambem erigem a um Cap.'. de R.'. --.".

Mas foi só em 1806 que a Ord.". revelou a sua existencia Templaria. Pela occasião

do casamento de Napoleão com Maria Luiza, em 1810, esta Ord.'. deu na capital uma festa brilhante, que foi terminada por uma

grande distribuição de esmolas a probes. Mas o G.". O.". de França, ignorando ainda

as pretenções da nova Ord.'., e receando que esta viesse a ser uma autoridade rival, convidou, em 1811, tres de seus nombros a dar conta de suas doutrinas perante o Con sistorio dos Ritos Maç.".

A doutrina dos novos Templarios consiste,

segundo a Revue Maç.…. nº 6, no Evangelho de S. João Baptista, sem os milagres. A res peito de Christo, o Joanismo não tem idêas fixas sobre sua natureza: umas vezes é con

siderado como um homem superior, que vai buscar a Iniciação ao Egypto, para a transmittir aos profanos; outras vezes é o filho de Deus, parte essencial da suprema Intelligencia.

O Gr.". Or.'. de França, plenamente sa tisfeito com as vistas puramente religiosas da

nova Ord.". Templaria, não lhe disputou mais a sua independencia; e desde então ella

ficou fazendo corpo á parte da Maç... Seja porém como fôr, he certo que a nova Ord.".

Templaria, em 15 de Janeiro 1855, inaugu rou a sua igreja, por um acto do culto pu blico em Pariz, e supposto que alguns ho

mens respeitaveis pertênção a este nova Sociedade, que se afasta muito da doutri na dos antigos Templarios, todavia seja nos licito relatar um facto historico. Um dos

chefes da nova Ord.'., recrutando para membros quantos homens encontrava, e sendo reprehendido pela sua má escolha, respondeu: Qu'il fallait de la tapisserie, et

qu'il faisait des hommes avec de la boue... CH, DUPONTÉs.

4º Maçonnaria em França. Antes do se culo dezasete não havia em França senão Maç. .. isolados; mas em 1725, alguns In glezes, entre os quaes se contão os Lords Dervent-Water, e Harnwester, fôrão os pri meiros, que em Pariz, estabelecêrão algu mas LL... nacionaes. Tres Gr.". (Apr."., Comp.º., e Mest.".) compúnhão toda a Maçº.

quando foi introduzida em Franç; mas, em 1728, um Escocez; o Dº Ramsay, imagi

nando que a Maç... tinha tido origem nos campos das Cruzadas, lhe acrescentou mais

tres Gr... de Cavalleria, com a denomina ção geral d'Escocismo. Esta fatal inovação fez nascer muitas outras; e a Escocia, In

glaterra, Allemanha, etc. tivérão tambem seus Gr.". d'Escocismo, mas a França pos suio um rito de vinte e cinco Gr."., que mais tarde foi elevado a trinta e tres!!! 5*

— 54 —

Em 1786, o Gr.". Or.'. de França, que

rendo simplificar os trinta e tres Gr.-- do Escocismo, organisou quatro ordens, (El."» Secr.'., El.". Esc.". Cav.". do Or."., e R.", Cruz) que, juntas aos tres primeiros Gr.". »

fórmão o Rito Moderno Francez. É depois d’esta epoca que uma luta vergonhosa se declarou entre os dous Ritos; e os damnos que uma preeminencia mal entendida tem

causado á Maç. . Franceza são incalcula veis! Entre tanto que o seu encarniçado inimigo, (a reunião de duas seitas também mysticas) marcha a passos lentos e tranquil los, para o dominio universal!!! A lerta Maçons-Francezes ! deixai vossos Ritos, e

reuni vossas columnas..... Olhai que o he diondo monstro se desenfrêa,e vossos glorio sos dias de Julho não lhe fizérão recuar se

não um pequeno passo !!..... Seja-nos per

mittido fazer uma observação, que o amor da Patria e da Ord.". exige. Portugal et Brazil não conhecêrão tambem ao principio senão os tres primeiros Gr.'. da

Maç.". Symbolica; mas ha hoje quem diga que alguns.Maçons pertendem estabelecer o Escosimo em ambos os Paizes : entretanto

nós esperamos que tal projecto não serealise. O systema do Escocismo foi um aborto

arbitrario, e não o fruto d'um pacto una

– 55 —

nime entre todos os povos, como foi o da Maç.". Symbolica. A os tres primeiros Gr.", de Maç. -- Symbolica todo o mundo he ad mittido, nacionaes ou estrangeiros; e é n'isto que realmente consiste a fraternidade uni versal; mas pelo que respeita a altos Gr.". ou Mysteriosos, cada nação quer, pode, e deve ter os seus em particular; pois que só devem ser fundados sobre a historia, costu mes, e necessidades de cada um dos paizes : sirvão d'exemplo a Inglaterra, Prusia, Alle

manha, e ultimamente a Belgica. Mas querer adoptar um Rito estrangeiro, que, além d’estar vulgarisado, tem produzido a discor dia e a zizania entre os II, …. do mesmo |

| |

reino, se não fôr especulação, tambem de certo não he pensar decoração nobre e inde

pendente..... Todos ambiciónão a Maçº. re formada; mas para isso não precisamos d’esmola estrangeira.

5" Maç. .. d'Adopção. A França he, sem duvida, o berço da Maç.'. d'Adopção ou

das Damas. Foi em 1774 que o Gr.". Or.'. de França tomou debaixo de seu patronato al

gumas LL.'. d'Adopção, que d'antes exis tião, com a condição expressa de que seus trabalhos serião presididos por um Ven.'. Maç.". Depois d'esta epoca a M.'. d'Adopção se espalhou rapidamente na Allemanha, na

— 56 —

Italia, na Hollanda, e na Russia; mas não em Inglaterra.



Em 1775 a duqueza de Bourbon foi eleita Gr.". Mest.". de todas as LL.". Francezas; e em 1777 ella mesma presidio a L.". Can deur, que se distinguio sempre por muitos

actos de philantropia. Foi em 1779 que a L... Candeur estabeleceo um premio em favor d’aquella memoria, que trastasse

melhor a questão seguinte : Qual será a maneira, a mais economica, a mais sã, e a

mais util & Sociedade para educar os en

jeitados, desde o nascimento até á idade de sete annos ?

Mas foi principalmente depois de 1805 até 1827 que o numero das LL.'. d'Adop

ção s'augmentou consideravelmente em França; e todas as suas festas da Ord.".

fôrão notaveis por abundates esmolas, feitas já eu favor dos desgraçados, já em favor

dos Gregos opprimidos..... Prisioneiros libertos; familias indigentes consoladas; bellas acções recompensadas; festas augustas, e o triumpho dos principios

Maçonnicos, taes teem sido em França os admiraveis e patheticos resultados do con curso de ambos os sexos, debaixo do estan

darte sagrado da Maç.…...... Por que razão as Portuguezas e as Brasi

— 57 —

leiras, aonde se encontra principalmente o germe da innocentia e da virtude, perma necerão por mais tempo indifferentes ao

beneficio de taes associações?

Tº Mysl... Britannicos. Os Druidas e o Padres d'Herta, havendo tido nos primeiros seculos do Christianismo communicações intimas com os povos da antiga Albion, podérão semear a Iniciação nas Ilhas Britannicas.

Ja em 287, Cauracius reconhecido impe rador, animou as artes, e promoveu parti

cularmente a Instituição Maç.". Mas foi principalmente desde 880 até 900, durante os reinados d'Alfredo o grande, d'Eduardo,

a d'Athlestan, que a Corporação dos Maç.…. Architectos tomou fórmas regulares. O principe Edwin foi eleito Gr.". Mest.". d’esta Corporação em 925 ou 926. Esta singular Corporação d'Architectos se dividia em reuniões parciaes, que se chamá vão Loges; e todas érão dependentes d'um corpo central, ou G.". L.'., especie de Dieta,

que teve seu local em Yorck. O objecto d’esta Associação era construcção em com

mum d'edificios publicos; e todas as antigas cathedraes do pais lhe devem ser attribuidas. Em 1451 o marquez Pembroke foi eleito

— 58 —

Gr.". Mest...; e foi debaixo d'este patrono que a Maç.". Escoceza appareceo, e seus membros edificárão a abbadia de Kilwin

ning: mas foi só em 1515, epoca da des truição apparente dos Templarios, que Ro berto 1º, rei de Escocia, fundou a Gr.". L.'. d'Heredon de Kilwinning. Desde o reinado d'Henrique 6° até ao d'Henrique 7º (1495-1501) a Corporação

Maç. . sofreo funestos golpes, e teria aca bado inteiramente, a não se declararem seus protectores, o Gr.". Mest.". da Ord.'. de Malta, e seus Cavalleiros.

Em 1562, a rainha Elisabeth, d'um carac

ter desconfiado e suspeitoso, quiz tambem perseguir a Ord.'. dos Maç. . Arch.….; mas

em compensação, Jacques 1º, Carlos 1", Guilherme 5°, e outros, lhe mostrárão e dê rão provas d’uma protecção generosa. Mas o mais digno de notar-se, arespeito d’esta Ord.". celebre, vem a ser a exposição

d'um Sabio antiquario Inglez : « Que, des de 1641, a Corporação Maç.…. aggregou a si, como membros externos, as pessoas estra

nhas á arte de construir, das quaes ella es perava tirar alguma utilidade ou reatce, e a quem ella deu o titulo de Free accepted

Masons (Maç.…. livres e aceites) para os dis

— 59 —

tinguir dos Maç. .. de pratica. (Journal d'Elie Ashmole.)

Depois d'esta epoca a Corporação Maçº. se conservou por muitos tempos brilhante;

mas, á medida que a instrucção, se espa lhou, e que o individualismo prevaleceo ao espirito d'associação, a Ord... foi decli mando a tal ponto, que no principio do se culo 18° muito poucas LL... havia nos con dados, e Londres mesmo não tinha senão

quatro, das quaes a mais singular era a L.". Antiguidade, que construio a ingreja de S. Paulo.

Mas ou fosse com vistas de perpetuar os Mys.". Maç.…. na occasião proxima de se per derem, ou fosse por uma feliz inspiração, a L.'. Antiguidade tomou, em 1705, uma de

cisão, que produzio os mais importantes resultados.

Segundo Preston, que foi Mest... e Ven.'. da mesma L.'., e a quem nós pedimos este facto, ignorado de quasi todos os Maç.…. dos dous mundos, a L.". Antiguidade ordenou,

Que: d'hoje em diante os privilegios da Maç.". não serião mais a repartição exclusiva dos Maç.". Constructores, e que os homens de

todas as profissões serião chamados a gozar d’ella, com tanto que tivessem sido regular mente approvados e iniciados na Ord, ".

— 60 —

Esta sabia deliberação, que constitue uma verdadeira reforma na Maç."., fez entrar na Ord... es pessoas da mais alta distincção,

e particularmente litteratos e sabios, que, tornados zelosos partidarios, viérão a sêr os propagadores da Ord. .. os mais infatigaveis. Feito este primeiro passo, a L.". Antigui dade lhe ajuntou outras innovações não me nos interessantes : ella renunciou total —

mente ao abjecto material da antiga Confra ternidade, e modificou todas as suas formas

e cerimonias para seu uso interno. Tal foi a origem do Rito Moderno Inglez.

É depois d'esta epoca notavel que a Ord.. Maç. .. tem sido florecente em Inglaterra : e é depois d’ella tambem que a Maçº. Re formada tem estendido seus braços pater naes pelas cinco partes do mundo; de ma

neira que, no curto espaço de 127 annos, a Acacia foi plantada em setenta e nove es

tados do globo, debaixo do titulo explicito de Franc-Maç.".

- 64 —

TABOA CHRONOLOGICA DA MAÇ.. OU

Introdução da Franc-Maç. .. nos diversos

Estados do globo, desde a sua reforma até 1850.

EURO PA.

Inglaterra Escocia .

Irlanda , França .

Hespanha Suecia .



Napoles. Hollanda Russia .

























Toscana







Portugal





Hamburgo Suissa . Sardenha Saxonia.





.

4 750

2

.



1731 1731

.

4 731



1 755

.

1755

Baviera.

4757

Prussia.

175S

Austria. Turquia

1758 1758 •

Polonia.

4759

Malta

174 O

Dinamarca.

4742

Bohemia

1744

Hungria

1744 4 747

Norwega Guernesey Jersey

1755 1755

4.754

HanOVer

Bengala.

1728

Turquia

4758

Madrasta

4752

Ceilão .

4771

Surate .

1776

Ilha do Principe de Galle

1780

Persia

4812 4820

Pondicheri.

1820

Bombain



A FRICA.

Cabo Costa. 1lha Bourbon



— 63 —

Ilha de França. . . . Cabo de Boa Esperança .

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1778 1781

S. Helena .

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1798

Serra-Leôa.

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1819

Senegal.

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1822

Ilhas Canarias.

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1825

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1721 1755

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A M E RICA,

Canadá. . . Massachussett .

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Georgia.

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1755

Carolina do Sul New-Yorck. . S. Christóvão .

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1759 1757 1175

Martinica

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1758

Antigoa.

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1742

Jamaica. . Ilha-Real .

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1745 1745

S. Domingos .

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1749

Pensilvania.

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1755

Barbada

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1754

Guadelupe . . S. Eustachio .

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1754 1754

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Nova Escocia .

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1762

Grenada.

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1764

Virginia.

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1765

Terra-Nova

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1765

Guiana Hollandeza

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1771

Bermudas .

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1774

S, Thomaz. Honduras .

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4818 -

S. Vincente

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1819

Cuba

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Dominica .

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Brasil .

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Columbia . Mexico . .

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Lusiana.

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1784

1819

1821

1825 4824



Guiana-Franceza .

4825

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1824

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1827

O CEANIA. Java.

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-

-

-

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1769

Sumatra

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-

1 772

Nova Galles do Sul

1828 (1)

(1) Extracto da Revue Maç.". Nº 1-1830.

- 65 —

R I TU A L DOS MYSTERIOS,

DO EGYPTO E DA GRECIA,

A maior parte dos autores, que viajárão pelos terrenos do Oriente, afirmão que as

grandes Pyramides do Egypto dávão entra da a longos subterraneos, onde se fazião as Iniciações. Mas como expor factos, que se não podérão testemunhar? A historia dos

povos Orientaes não tendo sido consignada, senão em symbolos e allegorias, sómente as

tradições oraes ou escritas poderão em tal caso servir de bussola ao historiador. Ora

a Crata Repoa, escrita em alemão em 1770, e traduzida em francez pelo I.". Bailleul em 1821, é de todas as obras, a que melhor

descreve as experiencias da antiga Inicia ção. Por consequencia, para que o nosso trabalho seja o mais completo possivel, nós exporemos em summa o systema da Crata

Repoa, que nos parece tanto mais positivo 6*

— Gö —

e real, quanto he provavel que, na deca dencia do Imperio Romano, os Iniciados, expatriados que implantárão a iniciação

na Scandinavia, podérão levar comsigo, e communicar aos novos Adeptos o mesmo

Ritual, que servia nos diversos Myst... an tigos.

— 67 - -

PRIMEIRO GRAO.

P A S T O P H O R I Se

A terra, o fogo, a agoa, e o ar érão os quatro elementos que constituião as gran

des experiencias physicas de Memphis. O ultimo Iniciado era quem conduzia o Néophyto até á entrata dos subterraneos, e lhe dava uma alampada accesa para lhe ser vir de guia. O Néophyto marchava depois sósinho, atravessando corredores de tal ma

neira baixos, que era obrigado a enga tinhar. Passados estes primeiros obstaculos, o Néoph.º. encontrava uma cisterna im mensa, a que se achava firme uma escada de ferro polido, por onde devia descer até

sessenta pés de fundo: mas não podendo continuar a marcha por falta de degrãos,

elle tornava a subir, e via um pequeno bu raco, (não observado na descida) que dava entrada a um caminho espiral, e se termi

nava em um grande poço.

— 68 —

Chegando ao fundo do poço mystico, o Néoph... via duas grades, uma de ferro ao

meiodia, e outra de bronze ao norte, a qual deixava vêr um largo corredor, que era al lumiado por tochas e alampadas, e ador nado nos lados por arcadas successivas. (Tal era a experiencia, que symbolisava o chaos da natureza inerte.) Apenas o Néoph.º. entrava no corredor, e passava a porta de bronze, esta repentina mente se fechava per si mesmo, e produzia um grande ruido que, junto ao echo das ar cadas, se tornava horroroso. O Néoph.º., de pois de ter feito cincoenta passos no corre

dor, encontrava uma abobada cheia de fogo, que elle devia atraversar; e a qual, segundo Terrasson, imitava uma fornalha ardente de

cem pés de longo. (Tal era a experiencia do fogo.) …

"

Depois da fornalha seguia-se um canal, de

cincoenta pés de largo, do qual a agoa, vinda do Nilo, entrava por um lado no subterra neo, e sahia por outro, com estrondo e ra

pidez assombrosa: era preciso queo Néoph..., com a alampada na mão, passasse a nado

este canal. (Eis a experiencia da agoa.) O Néoph..., tendo atravessado o canal,

encontrava uma grande arcada, no interior da qual havia alguns degráos, que o con

— 69 —

duzião a uma ponte levadiça, e d'um me

canismo complicado. Na extremidade d’esta ponte havia uma porta de marfim, que o Néoph... de balde tentava abrir: mas no momento, em que elle lançava mão de duas argolas, fixas nas umbreiras da porta, uma

mola real, que fazia mover muitas rodas, abalava a ponte levadiça , e fazia asoprar um vento impetuoso, que lhe apagava a alampada. O Néoph..., depois de ter estado dous mi -

nutes n'esta cruel posição, que lhe deixava ver um precipio immenso, tornava a descer

para o mesmo lugar, por efeito d'um con trapreso, e achava-se colocado defronte da porta de marfim, que sabria rapida mente. (Tal era a experiencia do ar. (1) Passadas as quatro provas preparatorias, o Thesmophores (introductor) vendava o Can didato, e o conduzia pela mão até á porta

dos homens que era exteriormente guardada pelo ultimo iniciado (Pastophoris). O introductor batia sobre o hombro do

(1) Estas quatro Exp.". , que a Crata repoa não descreve, achão-se perfeitamente representadas na estampa de Moreau, e nas obras de Lenoir, Ter rasson, Vassal, e outros.

— 70 —

guarda exterior; e este batia á porta do Templo, para annunciar a presença do

Cand... Este, satisfazendo ás questões, que então lhe erão feitas, entrava no Templo pela porta dos homens, e lá ouvia lêr toda a

sua vida profana, que d'antemão os Padres sabião cuidadosamente espionar. O Hiérophante (presidente) fazia novas

questões sobre objectos diversos, a que o Cand.…. devia categoricamente responder. O Cand. ". era depois obrigado a fazer

uma viagem no circuito de Birantha, (que era o recinto exterior do Templo) durante a

qual os Padres, fingindo borrascas e tro voadas, procurávão assustar o Cand... que, firme, afouto e resoluto, tornava a entrar no Templo, e promettia de se conformar aos estatutos da Ord..., que anteriormente lhe

tinhão sidolidos por Menies (leitor das leis). Depois d'esta adhesão, que era puramente voluntaria, o Cand.". ajoelhava perante o presidente, o qual, pondo-lhe uma cimi

tarra ou alfange sobre o pescoço, lhe fazia prestar o juramento de fidelidade e discrição,

tomando por testemunhas o Sol, a Lua, e OS AstrOS.

O Cand... era depois situado entre as duas columnas (Betilies): a venda lhe era tirada aprendia a Pal.'. d’Ord.'. que era

— 71 —

Amoun (séde discreto): e recebia um bar rete pyramidal; um toque manual; e um avental chamado Xylon.

Quanto ao mais, o Cand... era obrigado a estudar a theologia, a physica, a medici

na, e a linguagem symbolica. Tambem de via guardar a porta dos homens.

— 73 —

SEGUNDO GRÁo. NEOCORIS•

Se o Pastophoris, durante um amo d'es

tudos, tinha dado provas d'intelligencia, um jejum severo lhe era recommendado, para se preparar a receber o Gr.". Neocoris. Acabado o jejum, que durava doze ou

quinze dias, o iniciado era posto n’uma ca mara escura, chamada Endimion; aonde bellas mulheres ião reanimar-lhe as forças

com iguarias delicadas, e provocá-lo com estimulos d'amor (1). … "

O iniciado, para provar o imperio que ti nha sobre si, devia triumfar d’esta expe

(1) Estas mulheres, segundo a Crata Repoa, érão as esposas dos padres; e na Grecia erão as mesmas virgens consagradas a Diana... I»

7

— 74 —

riencia difficil. O

… interrogava

o iniciado sobre as sciencias do Gr... prece dente, e depois de ter respondido a diver sas questões e a proposito, este era introdu

zido nassemblêa. O Stolista (hysopista) espargia agoa sobre o iniciado para o puri ficar, e este era obrigado a afirmar que sua conducta tinha sido casta.

Depois d'esta declaração, o Presidente,

com uma serpente artificial na mão, corria ao iniciado, que, enleado com ella, era e

vado a um logar cheio de bichos. (Tanto o iniciado mostrava valor n’esta experiencia,

quanto depois era elogiado). O iniciado era depois colocado entre duas altas columnas, que representavão o Oriente e o Occidente. Entre estas havia um gry pho (emblema do Sol) que empurrava uma

roda de quatro raios (emblema das quatro estações): O Néocoris tomava por insignia um bas tão, circundado por uma serpente, como o caduceo de Mercurio. O Presidente lhe dava

a Pal... d’Ord.c., que era Eva, e lhe contava a historia mythologica da ruina do genero humano. Encruzar os braços sobre o peito era o Sin.'. de reconhecimento; e o novo

emprego do Iniciado o de lavar as columnas. Os estudos d’este Gr.", erão a architec

tura, a arithmetica, a geometria e a hygro metria, para conhecer as inundações do Nilo. Estas sciencias, diz a Crata Repoa,

constituião o grande segredo, que não era communicado ao povo.

– 77 —

TERCEIRO GRAO.

PORTA DA MORTE, OU

MELANEPHORIS.

A iniciação a este gráo dependia dos pro

gressos mais ou menos rapidos do Néoph... mas sciencias, e da continuação de sua boa

conducta. Quando os padres o julgávão di gno, o Néoph... era denominado Melane phoris, e conduzido a um portico, aonde se via escrito Porta da morte. Esta dava en

trada a um edificio, cheio de mumias e tum

bas figuradas, aonde o Iniciado encontrava os Paraskistes e os Heroi (os que abrem e

embalsámão cadaveres). No centro do local achava-se o tumulo de Osiris, que, por causa de seu assassinio, supposto recente, mos

trava ainda vestigios de sangue. Era n’este lugar da morte que se perguntava ao inicia do, se tinha ou não tomado parte no assas sinio de seu Mestre? Depois da sua resposta 7"

– 78 —

megativa, dous Tapixeytes (coveiros) o con—

duzião para uma sala, aonde se achávão todos os Melanephoris vestidos de preto. O rei, que, segundo a Crata Repou, assis tia a esta scena, se aproximava do Inicia

do, e com ár gracioso lhe oferecia uma corôa d'ouro a fim de melhor vencer os obstacu

los: Tertuliano assevera que o Cand.'., in struido d'antemão, rejeitava, e pisava a co rôa com os pés. Era n’este instante que o rei exclamava ultraje ! vingança! e tomando o machado dos sacrificios tocava levemente

com ele a cabeça do Inic.. Os dous Tapixeytes lançávão por terra o Inic...; e os Parakistes o envolvião em fa chas de mumia. Durante esta scena, os as

sistentes gemião em redor do Inic."., que era depois conduzido até a porto do Sanc tuario dos Espiritos. Apuleo afirma que, quando esta porta se abria, trovões e re

lampagos cercávão o presumido morto, Caron, agarrando o Cand.". o descia ao Sanctuario, aonde se achávão os juizes das sombrias praias: Pluton, segundo Diodoro de Sicilia, estava assentado na sua cadeira, tendo a seu lado Rhadamanto, Minos, Alec ton, A laster, e Orpheo. Este tribunal terrivel,

depois de haver questionado o Cand.". so

– 79 —

bre as sciencias e a moral, devia condemna lo a errar nas galarias subterraneas. Tirávão depois as faxas ao Cand.'., e lhe recommendávão as tres maximas ou sen tenças:

1º Não ser sanguinario; e não deixar de soccorrer o seu semelhante, quando em perigo. 2º Outorgar sepultura aos mortos. 5º Esperar uma resurreição. O Sin.'. d’este Gr... era um abraço parti

cular, que exprimia o poder da morte. As

Pal... érão Monach Caron Mini (passo os dias da colera). As artes que se aprendião neste Gr.". érão o desenho, a rhetorica e a escrita

chamada hiero-grammatical, para entender

a geographia, a astronomia, e a historia do Egypto.

— 81 –

QUARTO GRÁO. BATALHA DAS SOMBRAS OU

CHRISTOPHORIS.

O tempo empregado nos estudos do Gr... anterior, e que se chamava tempo da colera, durava dezoito mezes. Se o Cand... tinha

feito progressos, o Thesmosphores ia ter com elle, entregava-lhe uma cimitarra e

um escudo, e marchávão ambos por gala rias escuras. Aqui homens armados e hor rendamente mascarados atacávão de subito

o Cand..., e exclamávão Panis! O Cand..., a convite do Themosphores, se defendia com valor; mas a final succumbia ao numero. As sombras, ou os homens armados, ven dávão então o Cand.::, e lhe lançávão uma corda ao pescoço, com que era arrastado

— 82 –

até á sala, aonde devia receber o novo gráo. Chegadas a este lugar as sombras, gritando muito, desapparecião.

O Cand.'., depois de tirada a venda, ob— servava n’esta rica e majestosa sala uma reunião brilhante: taes como o rei, assen

tado ao lado do Demiurgos (inspector da Ord...): o Odus (orador): o Stolista (hyso pista): o Hiérostalista (secretario): o Zacoris (thesoureiro): e o Komastis (M.'. de ban

quete). Todos érão condecorados com a Alydea (decoração egypcia que symbolisa a Verdade).

Depois d'uma allocução do orador, ten dente a dar valor ao Cand..., este bebia um

licor amargo, chamado Cice; e ornava-se

com o escudo d'Isis, com a capa d'Orei, e com o capacete d'Anubis.

Armado d'esta sorte, o Cand... recebia a ordem de cortar a cabeça d'um individuo, que deveria achar-se n’uma caverna, e de a trazer ao rei. Os membros do collegio gri távão todos Niobel (eis a caverna do inimi go). Entrando na caverna o Cand... encon trava uma bella mulher, arranjada de modo que parecia viva; tomava-a pelos

cabellos,

e lhe cortava a cabeça. Depois de ter sido

louvada a sua acção heroica, o Cand... prendia que a cabeça cortada era a ca

— 83 —

beça de Gorgo, esposa de Typhom, que ha via occasionado o assassinio d’Osiris (1). O nome do Inic.". era depois escrito no livro, onde se achávão os nomes de todos os juizes do pays: davão-lhe, com o co

digo das leis, uma insignia, representando Isis em forma de mocho, da qual elle não

podia servir-se senão no acto de recepção ou na villa de Sais: explicavão-lhe depois as allegorias do Gr... e se lhe recommen

dava por estudo a linguagem amunica, e a legislação.

Diodoro de Sicilia affirma que, neste gráo, o Inic... aprendia tambem o nome do gran de legislador, que era Jaob. Esta servia de Pal... de Ord.". O capitulo dos Christopho ris chamase Pixon (tribunal de justiça.) A Pal... em uso nas sessões era Sasychis (no

me d'um antigo Egypcio muito virtuoso).

(1) Esta fabula parece ter servido de base ao 4º e 7º gr.", do R, M., e ao 9º e 15º do R, Esc.".

— 85 —

QUINTO GRÁo. B A L A H A T E•

O Christophoris tinha o direito de pedir este gráo sem que o Demiurgos lh'o podesse recusar. O Cand... era introduzido n’uma

sala em forma theatral, aonde cada um dos

membros fazir seu papel, á excepção do

Inic..., que era o unico espèctador. Huma personagem, chamada Horus, e seguida por muitos Balahates com archotes, marchava

na sala e parecia buscar alguma cousa.

Chegando a uma caverna, aonde se achava o assassino Typhon, (de braços longos, corpo d'escamas, e de cem cabeças) Horus desen bainhava o alfange, ou cimitarra; cortava o pescoço ao monstro; e sem se proferir pa lavra, acabeça era mostrada a todos os mem

bros. Esta scena mythologica, que, segundo Vassal, servio de base ao undecimo Gr.'. do R. Esc.'., era terminada por uma explica

ção alegorica, pela qual o Inic... aprendia I•

8

— 86 —

que Typhon representava o fogo, agente terrivel e ao mesmo tempo necessario; e que Horus era o emblema da industria e da razão, com que o genio do homem pqdia obrar maravilhas.

O estudo, n’este Gr.'., era especialmente a Alchimia, e não a chimica, como diz a Crata Repoa; porque a ultima he uma scien

cia moderna, entretanto que a alchimia foi cultivada pelos Egypcios, e fundada por Hermes. A Pal.'. de Ord.". era Alchimia. Tal

he a opinião de Vassal.

— 87 —

SEXTO GRÁO. A ST R ON OM O DEFRONTE DA PORTA DOS DEOSES, •

--******

Quando o Inic.". estava sufficentemente instruido n’alchimia, o Thesmosphores o

conduzia algemado até á porta da morte, de pois da qual se encontrava uma caverna chêa d’agoa, aonde vogava a barca de Caron. Nos lados da caverna havia muitas tum

bas, que se suppunha encerrarem as cinzas dos que tinhão trahido a Sociedade. O Inic.". era ameaçado da mesma pena, se um dia cometesse o mesmo delicto.

Sendo depois introduzido na assemblêa dos Padres, o Cand.…. prestava um novo ju ramento, e ouvia a explicação da origem dos deoses populares. Era n’este lugar que os padres fazião sentir ao Cand... não só a necessidade de conservar o polytheismo

entre o povo, mas tambem, que a doutrina

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do 1º Gr... tinha por objecto o Ente Su premo, que rege o systema do Universo. O Cand.'., depois de ter passado a Porta dos Deoses, era introduzido n’um magnifico Templo (Pantheon entre os Gregos e Roma

nos), aonde se achávão representados todos os Deoses até então adorados.

Era lá que o Demiurgos mostrava sem reserva, a verdadeira causa do polytheismo; assim como se mostrava tambem ao Cand. ".

uma lista chronologica, que continha os nomes dos membros do Ord."., que se achávão espalhados pela superficie do globo.

O Iniciado... neste gráo era obrigado a fazer observações astronomicas com os mais

membros, e aprendia uma dança particular, que figurava o curso dos astros.

A Pal... de Ord.". era Ibis (vigilancia): e o Gr... era inteiramente consagrado ao es

tudo theorico e pratico d'astronomia (1).

(1) Este gr. "., segundo Vassal, deu motivo à doutrina dos gr.'. 21, 22, 23 e 24 do R. Esc.".

— 89 —

s ETIM o GRÁO. PROPHETA, O U S A PH EN NAT PANCA H , HOMEM QUE CONECE OS MYST.", ----• @***

Este Gr.". era o ultimo e o mais eminente,

aonde se dava a explicação completa de to dos os Myst.". O Astronomo não podia obter este Gr... (que o habilitava a todos os em pregos mesmo publicos e politicos) sem o consentimento do Hierophante, do Demiur gos, e dos outros socios. O Cand. "., depois de approvado e in struido nos verdadeiros fins dos Myst.'., dava motivo a uma procissão publica, cha mada Pamylach, (circoncisão da lingua, pois que o Inic... tinha o direito de fallar e en

sinar sobre tudo) na qual todos os objectos sagrados érão expostos ao publico. Concluida a procissão, todos os Prophetas, durante a noite, sahião da villa, e ião clan

destinamente reunir-se num vasto e rico 8º

— 90 –

edificio, perto de Memphis, que chamávão Maneras; porque o povo julgava ser ali, aonde os Inic... communicávão com as almas

dos mortos.

Este edificio era quadrado, e ornando com muitas columnas, entre as quaes se figurá vão tumbas, sphynges, e outras pinturas, que representávão todos os trances da vida humana.

Apenas o Cand... entrava no Maneras se lhe dava uma bebida feita de vinho e mel, que se chamava Oimellas : e se lhe dizia « que o termo de suas experiencias era che

» gado, e que a doçura da bebida exprimia * a recompensa de seus longos estudos. » O novo Propheta tomava por decoração constante uma cruz tautica, da qual a signi ficação era só conhecida pelos Inic... deste Gr.". : cobria-se com um vestido branco,

que se chamava Etangi ; e além de ser ton surado, trazia na cabeça um toucado de

fórma quadrada. O Sin... principal era d’en cruzar os braços, e metter as mãos nas lon gas mangas de vestido. A Pal.'. de Ord.".

era Adon (senhor, Sol). Estes Inic.". tinhão a prerogativa de con

correr á eleição do rei, e de possuir a viga ou chave-real, para poderem ler todos os

documentos mysticos em linguagem amon

— 91 —

nica. Cada umidos empregados tinha seus habitos differentes; e sua reunião era ter

minada por uma cêa mystica.

* Este Gr..., diz o I. vassal, tem grande * analogia com a consecração do Sacerdo

5 cio, e com a ordenação do Catholicismo; » por isso ele não era conferido senão aos » que se destinávão a ser Padres nos Tem * plos egypcios: Moysés parece ser o unico, * que, por excepção, recebeu este gráo, e o » conferido depois a seu irmão Aaron,

º quando hierophante do culto hebreo: » entretanto, conclue o mesmo author, nós

» não pensamos que a maior parte dos an »tigos philosophos fossem n’elle iniciados.» RITUAL DOS MYST... MODERNOS. Para se apreciar melhor a analogia ou diferença que existe entre a Inic.". antiga e a moderna, talvez devessemos expôr

n'este logar o Ritual da Franc-Maçº.; mas tendo sido forçados a traduzir litteralmente os Cadernos da instrucção, que o Gr.". Or.".

de França manda seguir nas LL.'. de sua correspondencia, nós convidamos o Leitor a ir consultar os tomos 2° e 5", aonde se acha o Ritual fiel do Rito Moderno.

— 92 —

Objecto dos diversos Myst. Todas as instituições recebérão mais ou

menos o espirito geral dos tempos que atra vessárão, e principalemente dos que as virão nascer : ora, os diversos Myst.º., tendo existido nos seculos da ignorancia, nos se culos da barbaria, e nos seculos das luzes, deverião tambem ter fins differentes » COn forme os homens e as necessidades de cada

pays; mas he certo que, abstracção feita de bagatelas, quasi todos os Myst.'., sobre que a Franc-Maç. .. tem assentado, tivérão sem pre em vista, não o interesse exclusivo e especial, mas sim a utilidade geral. Ant. Christ. 100,000. Os Myst... dos Magos tivérão em vista dous fins : o pri meiro era a conservação dos conhecimentos uteis e scientificos; e o segundo foi a união da theogonia ás sciencias. Para o bom exito

do primeiro, os Magos só tomávão por Adep tos homens profundamente instruidos; e para firmar a crença do segundo, usávão de symbolos, que o povo adorava, mas que

não entendia. Este methodo, improprio talvez dos se culos modernos, era rasoavel e necessario nos seculos remotos; porque, quer o Sol se considere como o retrato do Creador, quer

— 93 —

como o Creador mesmo, nem por isso a sua essencia deixa de escapar ás investigações humanas; e quando o erro tentasse atacar o seu culto, lá se achávão as sciencias para dissipar os desvarios. He forçoso confessar que o duplicado fim

dos Magos era sabio e generoso; pois que tendia a lançar as bases da civilisação, e a prevenir os résultados atrozes das guerras religiosas. 5,000.—Os Myst.'. dos Brachmanes tivé. rão por objecto: 1º, a theogonia do Vedan: 2º a ambição do poder. He verdade que mais tarde os Brach... conhecêrão tambem

a Iniciação dos Magos; mas só parece ter lhes servido para melhor sustentar o seu

egoismo. A India tendo entorpecido debaixo do dominio sacerdotal, que se oppõe con stantemente a toda sorte de progresso, he prova incontestavel do que avançamos.

2,900, —Os Myst... dos Padres do Egypto, ou d'Isis, mais vastos do que os antece dentes, tivérão em vista tres objectos diffe rentes: o primeiro era a instrucção publica

e privada; o segundo a industria e a pros peridade dos Egypcios; e o terceiro foi pu ramente politico. Os Padres tivérão a pru

dencia d'estabelecer dous cultos e duas dou trinas : um era secreto e comprehendia a

— 94 --

doutrina dos Magos; outro era popular, e tinha por base a Metempsycose, que pro

mette um porvir mais consolador do que as chammas eternas, que devem sempre quei mar, sem consumir.....

Os annaes do Egypto próvão de sobejo que os Padres d'Isis fôrão os primeiros ho mens, que realmente se occupárão da feli cidade publica. O fim politico d'estes Myst.". consistio na formação de algumas leis, nas

verdades pouco numerosas, mas proporcio nadas aos costumes do Egypto; em uma pa lavra os Myst.'. d'Isis fôrão tão sublimes, que o Égypto foi, e he ainda hoje conside rado por muitos sabios como berço da civi

lisação primitiva. 1,950. — Os Myst.". dos Cabyres da ilha de Samothracia tivérão por fim a coragem e o patriotismo. Os homens que se distin guião por qualquer acção brilhante em be neficio da Patria érão annualmente coroados

na celebração publica d’estes Myst.". 1,550. — Os Myst... de Orpheo tivérão

em vista dous fins louvaveis, e igualmente avantajosos : o primeiro he a abolição do charlatanismo dos Myst.". de Céres; e o se gundo foi a instituição d'um collegio scien

tifico, aonde as sciencias érão dadas segundo a capacidade de cada Iniciado. Orpheo, esta

— 95 —

belecendo a doutrina dupla, reformou os Myst... gregos, e tornou-os todos em bene ficio da Grecia.

4,018. – Os Myst.". Essénios tivérão por fim : 1º a abolição da idolatria: 2° a bene volencia e a philantropia : 3" o amor da Patria. Os Inic.", dos Myst.". de Salomão observárão a doutrina dos Magos, e sua mo ral foi sempre austera. Finalmente os Essé nios soccorrêrão todos os homens virtuosos,

fosse qual fosse a sua crença; e quando a maior parte dos israelitas érão vagabundos, os Essénios adoptárão, e defeudêrão uma Patria.

Post Christ. 55. – Os Myst.". do Christia nismo tivérão por fim o estabelecimento

d’uma religião nova e sublime, que tinha por base, a igualdade, a liberdade politica e religiosa, e a abolição completa das castas privilegiadas. A doutrina de Christo, sendo parabolica, era propria para unir os homens entre si; e a não serem os abusos do Catho licismo, ella seria hoje universal, e teria feito talvez a felicidade do genero humano, 800. — Os Myst.". des Francos, á excep

ção dos Druidas, tivérão todos por fim, não só a tolerencia e a philantropia; mas tam bem a prosperidade e a independencia da pa

tria. A abolição dos Feudos, as guerras da

Palestina, e o estado progressivo da civilisa

ção não os desmentem. 1705. — Os Myst.". Britanicos tivérão e teem tido por objecto : 1º a gloria nacional: 2º uma generosa philantropia : 5º o amor das sciencias e das idéas liberaes. Os me

lhores e mais antigos edificios da Inglaterra; os numerosos estabelecimento d'educação publica; os primeiros livros scientificos pu blicos; e finalmente os beneficios, que a

Maç.…. tem feito mas cinco partes do mundo, fôrão obra dos Myst.". Britanicos. Conclusão. — D'estas considerações geraes

se colhe, que a maior parte dos Myst... fó rão estabelecidos não só por motivos louvaveis mas que cada um d'elles tem tido seus fins

uteis, já geraes, já locaes. Mas, se isto he verdade, por que razão a Maç.…., e seus Adeptos teem sido tantas vezes

perseguidos? Necessario he respondermos a esta questão; porque homens ha, a quena é preciso mostrar com o dedo a verdade. He indubitavel que a Maç.…. tem sido em

differentes epocas, e he ainda hoje perse guida em alguns estados da Europa: mas esta perseguição tem sempre por motivo a fraqueza d'alguns principes, que, embala dos n’uma religião dominante, se deixão alliciar por uma seita de egoistas, que, com

— 97 —

o manto sagrado da religião, perpétrão cri mes os mais horrosos..... A Russia, Italia,

Hespanha, Portugal, são ainda hoje victima innocente d’estes infames monstros, que, a troco d'uma sordida ambição, não poupão nem a honra de seus amigos, nem a vida de seus proprios irmãos!!! Pelo contrario, nos paizes civilisados,

onde existe realmente a tolerancia religiosa, e onde não ha nem o dominio papal, nem o fanatismo do clero, a Maç... não só he res

peitada, mas até tem sido protegida pelos princepes e pelos governos..... Assim, em 1757, Frederico nº prohibio as reuniões Maç.". em Suecia; mas, no mes mo anno, esse mesmo decreto foi revogado.

Desde então a Maç... não só tem sido favo recida n'aquelle reino, mas até seus reis teem sido Gr.". Mest...; e Carlos XIII insti

tuio em favor dos Franc-Maç.…. uma Ord.". civil de Cavalleria.

Em 1757 os Estados Geraes suprimirão

na Hollanda as assemblêas Maç..., em decla… rando que elles nada tinhão descoberto, que fosse contrario á boa ordem. Depois d'escu

tada a defeza dos Maç..., os Estados Geraes não só revogárão a mesma ordenança; mas accordárão protecção á Franc-Maç..

Em 1745 os Magistrado de Berna, fun Iº

9

— 98 –

dados méramente em suspeitas, prohibirão

o exercicio da Maç.….; mas os Maçº., fazendo imprimir em Francfort uma memoria que refutava as imputações allegadas contra a Ordº, obtivérão dos Magistrados uma tole rancia absoluta.

Em 1764 a imperatriz Maria-Theresa proscreveu a Maçº., unicamente porque os Ven.'. de Vienna recusávão descobrir ao go

verno os segredos da Ord... Elisabeth, rai nha d'Inglaterra, quiz tambem conhecer os mesmos, segredos; mas, a pezar de não sa tisfazer a sua curiosidade, ella não inquie

tou mais os Maçº. e ficou convencida de que o fim de taes reuniões era louvavel. Em França, os Maçons teem sido algumas

vezes perseguidos, ja por bispos, ja pela po licia; mas nunca fôrão accusados de faccio sos nem d’intrigantes. Os Franc-Maçº. érão suspeitos a Guilher me 1", rei de Prussia; mas Federico 11°, e seus successores os protegêrão d’uma ma neira especial. Por um decreto de 1800 o governo prussiano prohibio as sociedades

secretas; mas elle não comprehendeu n’este numero as Sociedades Maç.". Em uma palavra muitos outros principes temêrão, não as reuniões Maç. "., porque

bem conhecêrão a pureza de suas vistas,

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mas outras sociedades secretas, que pode rião tomar as suas formas e espalhar prin cipios mui diferentes.

Ora, a Maç.…., pelo que respeita á reli

gião, pode desagradar ao Clero que, por toda a parte e em todas as religiões considéra a

tolerancia como deismo ou indiferentismo. A

Maçº. pelo que respeita á politica, pode tambem, em momentos criticos, produzir

inquietação, por causa do véo mystico, que a encobre: mas pelos exemplos, que cita

mos, claramente se mostra, que a Maç..., bem longe de declarar guerra aos reis e aos

governos, não faz mais do que ajudá-los e sustentá-los. He verdade que a conducta d'alguns Adeptos da Maç.…. tem sido escan dalosa; mas a Maç.'., tendo por fim a pra tica das virtudes, não tem o direito de cor

recção pelas faltas commettidas fóra de seio. Se um membro se torna culpavel por uma falta grave, ella pode exclui-lo, e já o tem feito mais d’uma vez: mas uma Sociedade,

principalmente quando he numerosa, nunca deve ser julgada pela conducta d'alguns membros em particular.

A Maç.…. só combate a ambição, o fanatis mo e a superstição; porque são os tres ini migos implacaveis da ordem, e do genro humano. He por theoria que os Maç.…. com

— 100 —

batem. A Maç.'., sendo a escola da Philo sophia, lembra aos homens seus direitos e seus devêres: dá aos fortes, quando são jus tos, o appoio de sua opinião; e inspira aos

fracos, quando timidos, a energia d’uma resistencia legal: conseguintemente a Maç.'.,

por meio de suas lições e de seus exemplos, sabe conservar e distribuir os direitos civis

e religiosos. Tal he o seu fim; tal he a sua gloria; e tal he a sua recompensa....

– 104 —

ESTATUTOS GERAES•

1º Constit.". dos Magos (Ant de Christ.) Art. 1º Não ha mais do que um só Deus que coordenou dous principios para con servação e perpetuidade do Universo; a luz e as trevas, fonte da vida e causa da morte.

Art. 2º Todos os homens sem distincção são filhos e creaturas de Deus; por conse

quencia todos são Irmãos; deste principio nasce o amor do proximo, laço de toda a sociedade civil, e que se explica em mão fa gendo aos outros o que se não deseja para si proprio. Art. 3º Os homens, elevados a condições

e gráos superiores aos outros, nunca devem considerar-se como sahidos do circulo da

igualdade natural, estabelecida por Deus ImCSIDO,

Art. 4º O dogma tem tres gráos ou Or dens: 1º o de Crente: 2º o d’Eleito: 3º C de

Perfeito. Estas ordens são conferidas pelos Magos superiores e respectivos. 9*

— 102 —

Art. 5º A iniciação aos mysterios será precedida pela Purificação dos quatro ele

mentos; a admissão só terá lugar depois que os Magos estiverem seguros da morali dade do candidato e de seus progressos nas sciencias.

Art. 6º Os gráos se distinguem entre si por um sinal, um toque, e uma palavra.

Art. 7º A instrucção dos néophitos per tence aos Magos das Ord.c. relativas; esta se exerce sobre a physica, a geometria, e a astronomia, como sciencias as mais uteis á humanidade,

Os Magos superiores são encarregados não só de culto, mas tambem da policia interior dos Templos e da explicação dos emble

mas, que só devem lembrar a unidade de Deus, a luz e as trevas, ou os seus efeitos, a geração, a destruição e a regeneração, de baixo dos emblemas dos Sol, das Estrel

las, da Lua, e do Fogo (1). 2° Const... antiga (idade Med...) Art. 1º Não podendo validamente obri gar-se por cousas que não conhece, ne

(1) A conformidade d’estes dogmas he provada por S. Augustinho, por Baronio, por Fleury, e por Reghelini de Schio,

— 103 —

nhum profano sera admittido, sem que an tes tenha sido prevenido, de que na Ord.".

Maçº. nada ha contrario a Deus, á religião, ao principe, ao estado, e aos bons costu mes: a palavra d'honra do introductor lhe será dada por garante, sem que por isso fi que responsavel para o futuro. Art. 2° Se algum, depois d'admittido, commette faltas graves, que não tenhão

palliativo toleravel, será degradado em L.'., despojado das distincções Maç..., e será ignominiosamente expulso para sempre.

Art. 5º O espirito d'união e boa intelli gencia devendo sêr constantemente o nos -

so, se fará sentir ao Card... que a discussão ou disputa sobre politica, a murmuração, colloquios esquivocos, etc., são prohibidas em L.'., sob pena de uma muleta. Art. 4º Sendo todos os homens iguaes por nascimento, não deverá sofrer-se, em L.'.,

distincção alguma, ou preeminencia que tenha a menor apparencia de superioridade odiosa, sob pena de Humiliação. Art. 5º O nome de I.º., e o idioma habi tual do paiz, são os unicos recebidos em

L.. Sendo bom o reprimir tudo que se aproxima do estylo dos profanos, as asser

ções com juramento são banidas d’entre nós.

Art. 6º O juramento do segredo he rigu

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roso a tal ponto, que, em caso de perjurio, o I... não poderá obter graça alguma, nem

confiança. He pela necessidade absolutas do segredo, que as mulheres são excluidas das LL.'., e não podem, debaixo de qualquer pretexto, ser admittidas n’ellas. Art. 7º A caridade sendo o nosso princi

pal dever, toda a L.'. deverá soccorrer um I.". em necessidade urgente. Se fôr um I.”. da L.'., não se deverá esperar que elle péça

esse soccorro: ho preciso preveni-lo. E para que não faltem os recursos, em taes circuns tancias, as despezas da L.'. devem ser sem pre mediocres. -

Art. 8° Se um I. . cahir em desgraça im prevista, déve-se, sem humilhá-lo, fazer um esforço extraordinario, sangrar a bolsa dos particulares, e esgotar os fundos da

L...; porque he melhor reparar a desgraça por uma vez e de repente, do que ajudá-lo parcamente, sobre tudo se he um I.". res peitavel. Art. 9º A respeito dos II... estrangeiros, dever-se-ha ser mais circumspecto, todavia serão soccorridos; mas neste caso, os fun dos da L.'. não serão desarranjados; os 11. .. mais ricos se cotisarão entre si; e a

L.'. examinará se o I. . supplicante he mu mido d'um certificado autentico, que teste

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munhe de seus bons costumes e de sua mo ralidade....

Art. 10" Nenhum I... poderá mudar, in novar, e explicar arbitrariamente as questões Maç. ..., sob pena de não ser promovido aos altos Gr..., e de ser expulso, no caso de pertinacia. Art. 11° No caso d'um I.". ser expulso, o Ven.'. da L.'., onde o delicto tiver succe dido, dará parte a todas as LL... sobre a su

perficie da terra, por uma carta circular e assignada pelo secretario, com ordem ex pressa de não receber em seus Myst.". o

profanador, que será designado pelo nome, sobrenome, e qualidades. Art. 12° As bebidas espirituosas não ex cúsão os defeitos d'um I.”. em L.'., nem a

sua indiscrição fóra d’ella; pelo contrario, ellas aggrávão a falta; por que um Maç.".

deve ser sempre sobrio, e tranquillo. Em geral, como a expulsão d'um membro he cousa odiosa, será melhor examinar escru pulosamente o profano, antes da sua ad missão.

Art. 15º Cada L.'. deverá receber gratui tamente, até ao Gr.". de Mest.º., um medico e um chirurgião, que por isso serão obri gados a visitar gratuitamente os II.…. doen

tes. Os remedios serão fornecidos pelo cofre

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da L.", e pelo soccorro de todos os II.". Art. 14º Haverá sempre em cada Gr.".,

tres II.…. enfermeiros para assistir de noite e dia ao I.”. doente; mas elles terão o cui dado de não se intrometterem com os ne

gocios da familia, nem de lhe darem algum conselho que possa ser-lhe prejudicial. Art. 15º So o I.'. doente morre, o Ven. ".

irá ou mandará comprimentar os parentes, e oferecer-lhes todos os soccorros da L.".

Chegado o funeral os II.”., de luvas bran cas e de fumo em charpa, accompanharão o morto; e o orador em L.'. recitará um discurso em elogio do defunto. Art. 16° Pelo casamento d'um I..., a L.".

testemunhará seu jubilo por uma deputa ção á esposa, em lhe oferecendo um par de luvas e um presente conveniente, etc. (1) 3º Const.". moderna.

Art. 1º A Ordem dos Franc-Maçons tem por objecto o exercicio da benevolencia, o estudo da moral universal, das sciencias e das artes, e a pratica de todas as virtudes.

Art. 2º Ella he composta d'homens livres (1) L'Étoile Flamboyante par Tschoudy, t. v.

Encyclopédie Maç.… par Ch.", Dupontés, tom.". 1º,

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que, submissos ás leis, se reunem em So ciedade constituida segundo os statutos ge T3GS.

Art. 5º Ninguem pode vir a ser Maçº. e gozar dos direitos d’este titulo se não tem: 1º vinteoito annos d'idade, e bons costu mes; 2° se não tem uma profissão livre e honrosa; 5° se não está legalmente domici liado depois d'um anno; 4º se não tem o

gráo d'instrucção necessario para cultivar sua razão ; 5º se não he admittido segundo as fórmas determinadas pelos regulamentos e estatutos geraes.

Art. 4º Os direitos de Maç.…. se perdem: 1º por uma acção indecorosa, provada ci vil ou Maçonicamente; 2º pelo exeroicio d'um officio servil, ou notoriamente des

prezivel na ordem social; 5" pela violação dos juramentos de fidelidade á Ord... Maç.". ou aos estatutos presentes.

Art. 5º Os Maçons podem seguir, em seus trabalhos, ritos diferentes; mas o fim he

sempre o mesmo (1). A divulgação simples que, a exemplo dos Maç.". respeitiveis, nos permettimos de fa zer dos Estatutos antigos e modernos, fór

(1) Abeille Maçº", nº 49 (1830).

— 108 —

ma per si só, sem outras exposições, o elogio o mais eloquente da Maçº. « Ha poucas Sociedades, diz o barão

» Tschoudy, aonde as maximas parêção » mais conformes ás virtudes essenciaes,

» que podem ornar a humanidade, e fazer a }

sua felicidade. »

.("

— 109 —

NOT I C I A SOBRE OS

RITOS MAÇ... MAIS USADOS. *-*>•99•=

A Franc-Maç.'., sendo uma doutrina uni versal, deveria existir sempre uniforme, e sem ritos; mas não tem succedido assim!...

A Maç..., posto que uniforme em seus principios, dogmas e moral, tem todavia muitos ritos diferentes. Esta diferença é, sem duvida, pouco importante; mas ella |

tem podido produzir alguns schismas fu nestos!! Os ritos mais usados hoje no Globo

são cinco (1).

1º RIT.". SYMB.º.

Este rito he o primitivo na Europa, e existe em toda a parte do globo, Seus mo

(1)A nomenclatura dos Gr.'., de que se compõe alguns d'estes Ritos, vai no Vocabulario. I»

10

— 410 —

destos fundadores julgárão não dever dar lhe senão tres G.'., nos quaes se acha a tri

plicada força de bem pensar, de bem dizer, e de bem fazer..... Estes tres G.". servem de base fundamental a todos os outros Ritos,

salvo a transposição insignificante d'alguma palavra, ou algumas variantes nas batterias.

2º RIT.". ESCOCEZ...

Este rito foi fundado por um Barão Es cocez : no principio era composto de sete G.'., que depois fôrão elevados a vinte e cinco; mas hoje só tem por cortejo trinta e tres G.'....

O Rit.". Escocez divide-se em sete classes: a primeira comprehende os tres primeiros Gr.". : a segunda desde o 4º até o 8º : a terceira desde o 9" até o 41": a quarta desde o 12º até o 14º : a quinta desde o 15º até o 18º : a sexta desde o 19º até o 27º: e a septima finalmente compõe-se de o 28º até o 55° Gr.". Mas entre todos apenas ha sete Gr."., que se conferem; e dos outros só se consérvão os nomes.

— 114 —

Recapitulação analytica dos trinta e tres

Gr., do R.". Esc... (1). O 1º Gr.". é consagrado ao desenvolvi mento dos principios fundamentaes da

Maç..., e ao ensino de suas leis e usos; en cerra-se todo nestas tres Pal.". Deus, Bene ficencia, e Fraternidade. O 2° Gr.". é consagrado á direcção da •

mocidade á felicidade possivel, por meio do trabalho, da virtude, e das sciencias que lhe são recommendadas.

O 5º Gr... é consagrado ao pundonor in flexivel que não transige com o devêr, e

aos grandes homens, que se sacrificárão pelo bem e segurança publica. O 4° Gr... é consagrado á discrição do sabio, e á vigilancia do bom obreiro. O 5º Gr.". é consagrado á perfeição do espirito e do coração, a todas as grandes verdades, e a todos os conhecimentos uteis

enumerados sobre a pedra cubica, O 6° Gr.…. é ao mesmo tempo consagrado á necessidade de aprender, que produzio

(1) Abeille Mac,…, nº 67 (20 de Sept ", 1830),

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descobertas preciosas, e aos perigos d'uma vā curiosidade.

O Tº Gr. -. consagrado á equidade severa com que devemos julgar nossas acções. 0 8º Gr... é consagrado ao espirito de or

dem, e de analyse. 0 9º Gr. -. é consagrado ao zelo virtuoso ao talento esclarecido, que, par bons exem plos e generosos esforços, vingão a verdade e a virtude contre o erro e o vicio.

0 10º Gr. -. é consagrado á extincção de todas as paixões, e de todas as inclinações culpaveis.

0 11º Gr.…. é consagrado á regeneração dos costumes, das sciencias e das artes. 0 12º Gr. -. é consagrado á curagem per severante.

O 13º Gr. -. é consagrado á memoria dos

primeiros instituidores da Or..., os Magos, os pontifices de Misraim e de Jerusalem. O 44º Gr... é especialmente consagrado ao Gr...". Arch.*. do Un. *. debaixo do sym bolo sagrado Delta.

0 45º Gr... é consagrado aos heróes li bertadores da sua patria. 0 16º Gr. -. é consagrado ao jubilo de seu triumpho. 0 17º Gr... é consagrado ao desenvolvi mento das avantagens de Maç.".

— 413 —

O 18° Gr... é consagrado ao triumpho da luz sobre as trevas, isto é, ao culto evange lico.

O 19º Gr... é consagrado ao pontificado

da religião universal, e regenerada. O 20° Gr... é consagrado aos deveres dos Chefes das LL.'. Maç.". O 21º Gr... é consagrado aos perigos da ambição, e ao arrependimento sincero. O 22º Gr... é consagrado á gloria da an tiga Cavalleria, propagadora dos sentimentos nobres e generosos; e ao sacrificio pela Ord.". O 25" Gr.". é consagrado á activa vigi lancia dos conservadores da Ord.".

O 24° Gr... é consagrado á conservação das doutrinas Maç.".

O 25º Gr... é consagrado á emulação, que produzio planos uteis. O 26º Gr.". é consagrado á estima e à recompensa devidas ao genio. O 27° Gr... é consagrado á superioridade e á independencia que dão os talentos e a virtude.

O 28 Gr... é consagrado á verdade nua sobre tudo que interesssa a felicidade dos homens.

O 29° Gr... é consagrado á antiga Maç.…. da Escocia. 10*

— 114 —

O 50° Gr.". é consagrado ao fim mesmo

da Maç. .. em todos os seus gráos. O 51 Gr... é consagrado á alta justiça de Ord.".

O 52° Gr.". é consagrado ao commando militar da Ord.".

O 55° Gr... é consagrado á administração suprema do Rito Escocez (1).

3. RITO MODERNO OU FRANCEZ.

Alguns membros do Gr.". Oriº. de França» fatigados pelas rixas que produzirão os al tos Gr.'. de Escocismo, organizárão o Rito Moderno francez. Este compõe-se de sete

Gr., em duas Series. A primeira, designada pelo titulo de Maç.". Symb.". ou azul, com prehende os tres primeiros Gr...: a segunda chamada Maç.…. dos altos Gr..., ou Maç.….

(1) O sentido dado a cada um d’estes Gr.". re sulta naturalmente do ceremonial e dos symbolos designados nos cadernos da Instrucção; mas he for çoso convir que entre todos elles não ha senão os primeiros tres que são rasoaveis, tudo o mais he superfluo.

— 115 —

vermelha, encerra quatro Ordens ou Gr.".

Mysticos (1). Analyse dos sete Gr... do Rit.". Mod.". Os tres primeiros Gr... do Rit.". Moderno podem comprehender a mesma moral, e a mesma doutrina, que os tres primeiros Gr.", do Rit.". Escocez.

O 4° Gr... do Rit.". Moderno corresponde ao 9º do Rit.". Escocez.

O 5° Gr... do Rit.". Moderno corresponde ao 14° do Rit.". Escocez :

O 6° G.'. do Rit.". moderno Corresponde ao 15º do Rit.". Escocez:

E finalmente o 7° Gr.". do Rito Moderno

ou Francez tem a mesma doutrina, e a mesma moral, que o 18º do Rit.". Escocez.

(1) Como este Rito he hoje o mais usado em Por tugal e no Brasil, nós reservamos a sua exposição para o tomo 2° e 3º.

— 116 —

Aº RIT... DE MISRAIM, OU EGYPCIO. Este Rit.". compõe-se da noventa Gr.".» dividios em quatro series : 4" Serie Symbo lica, que comprehende trinta e tres Gr. "., em seis classes : Serie Philosophica, que abrange trinta e tres Gr.". em quatro clas ses: 5" Serie Mystica; tem onze Gr.". em

quatro classes: 4° finalmente é a Serie Ca balistica, e comprehende doze Gr.". em tres classes.

Parece que os fundadores d’este Rit."., em multiplicando assim os Gr. "., quizé ão reunir nas primeiras duas Series os conhecimentos Maç.'. de todos os outros Rit. --, e deixar nas duas ultimas a chave

dos Myst.". Eypcios, e a explicação dos em blemas Maç.". Entretanto, tres negociantes do mesmo

nome, Bédarrides, de quem as operações commerciaes não fôrão mais feliz do que as suas especulações Maç.'., parece terem sido

os que indroduzirão em França o Rit.". Misraim. Tambem s'affirma que a Potencia suprema d’este Rit.". viéra do Or.'. de Na poles para Pariz em 1814. Mas he certo que em 1816 os Iniciados

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de Misraim fundárão em Pariz uma L.".

mãi (l'Arc-en-ciel); e que em 1827 o Gr.". Or... de França declarou que o Rit... Egypcio náo era reconhecido nem tolerado : com tudo

sabe-se que depois de 1850 algumas LL.'. do Rit...". Misraim teem continuado seus

trabalhos: a Inglaterra nunca quiz acceita lo; e nós esperamos que, a seu exemplo, Portugal e o Brasil recusarão sempre tama

nha praga, 5º Rit... d'Adopção. —- É debaixo d'este nome, que as LL.'. das Damas são designa das. As Damas tambem formárão sociedades, á maneira das LL.'. Maç.". E qual he a virtude que lhe se deve ser estranha? Na

Maç. ..., trata-se dos actos de Beneficencia; e seu coração sensivel, não podendo resistir por mais tempo á tão doce inclinação, quiz tambem cultivar os Myst. Affirma-se que

o marquez de Saisseval, adjudado por alguns II... igualmente illustres, fôra o verdadeiro fundador do Rit.", d'Adopção em Pariz. Seja como for, o Rito das Damas será extensamente apresentendo no tomo IV d’este Obra.

Ha muitos outros Ritos, que julgamos não dever analysar, para não engrossar o volume sem utilidade : sómente diremos

que o Rito Escocez tem sido refomardo n

— 118 —

Allemanha, e reduzido a um mais pequeno numero de Gr.". O Cav.'. de Saint-Martin fez dez Gr.", dos trinta e tres dos Rit.".

Escocez; e dividio-o em duas series, de

baixo do nome de primairo, e segundo Templo,

Tão pouco não fallaremos d'outras Ord.". Maç. . , taes como : a dos Martinistas; dos Cabalistas; dos Somnambulistas; dos Iniciados de Cagliostro; dos Jesuitas; dos Cav... do S. Sepulcro; dos Cav.". de Christo; dos Illuminados d'Allemanha; dos Carbonaros

da Italia, etc.; porque algumas ja não exis tem, e as outras estão fóra do systema ge

ral da Franc-Maç.…. e só são conhecidas em alguns lugares.

– 119 —

A NA LOGIA

MYST.". ANTIGOS COM os MODERNOS.

Do que temos dito até a qui se colhe que o dogma da Franc-Maç.". se deriva evidente

mente do dogma dos antigos Magos, dos Egypcios, dos Judeos, e dos Christãos. Lenoir estabeleceo e demonstrou que as Iniciações Maç. .. érão identicas ás do

Egypto, e que tinhão por fim os conheci mentos originaes do mundo, a introducção, do bem e do mal physico, o systema astro nomico, e as instituições d’uma são moral. Noel offereceo ao Gr.". Or.". de França um manustrito em que se mostra a relação que existe entre a theologia e a Maç.".

Robelot fez ver que os Myst.". Maç.…. sahi rão do Oriente, e do codigo de Zoroastre. Delaunay prouvou que os Myst.". Maç.".

érão originaes do Egypto, e que fôrão tra zidos para a Europa pelos Judeos.

Tschudy, a quem o Gr.". Or... de França

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deve uma parte de suas reformas, sustenta

que o dogma Maç. .. tira a sua origem dos Padies do Egypto, e que fôra introduzido na Europa pelas Cruzadas. Os Cavalleiros das Cruzadas trouxérão

comsigo o Christianismo, despido do mate rialismo e da idolatria, e plantárão a arvore

evangelica, que os Maç.…. cuidadosamente cultivão, a fim de que a superstição não possa contaminá-la. Se a opinião de tanto sabios, se a explica

ção dos emblemas do Egypto, do templo de Salomão, e dos Myst.". do christianismo, não estão assás demonstrados, nós vamos apresentar em summa todas as provas de que os Myst.". Maç.…. são o resultado do culto e da moral das regiliões antigas as mais celebres.

1° Iniciação. A doutrina da Iniciação dos Magos consistia nas sciencias, e moral; assim como a dos Myst... de Isis tinha por base o systema das leis physicas da natu reza. As experiencias para a admissão a seus Myst.". érão feitas pelos quatro elementos;

estas ainda hoje se consérvão entre os Maçº. Na Iniciação egypcia érão precisas certas condições, Pythagoras mesmo soffreu a cir cumcisão, ceremonia então usada entre os

Judeos e até mesmo entre os Ecclesiasticos.

— 121 —

Hoje em alguns Ritos Maç.". esta expe riencia he substituida por uma sangria ou

um sello quente, que se finge applicar ao neophito. Entre os Egypcios, Judeos, e Christãos, os Iniciados obrigávão-se a guardar segredo sobre os seus Myst.". Hoje entre os Maç.". exige-se do neophito, a promessa, sob pa lavra de honra, de não revelar os segredos da Iniciação. Tanto nos Myst. ". antigos como nos mo dernos se acha sempre figurado um roman

ce, cujo heróe he a luz; e suas sentenças fazem allusão ao systema da geração, da destruição e da regeneração dos entes. As Ordens da Cavalleria seguirão na Eu ropa o formulario das Iniciações Christãas, que se áchão ainda hoje em muitos Rit.". Maç.".

Pelo que respeita á Maç.…. de Adopção, he constante que ella foi tambem praticada

no Egypto, na Grecia, e na Judêa. 2º Allegorias. As allegorias dos heróes da antiguidade, como de Baccho, d'Hercu les, etc., representárão sempre o Sol; mas ellas fórão confundidas pelos povos da an tiguidade até a decadencia do imperio ro II1311O.

A allegoria do Gr.". Arch.'. do Un.'., co Ie

MA

– 122 —

mo a do bom e máo principio, passou dos Indios aos Mithriacos, e destes aos Judeos

Christãos, que a transmittirão aos Cav. -das Cruzadas e é d’estes ultimos que os Maçº. a recebêrão.

A allegoria do Sol personalisado era a mais usada nos Myst.". entre as Romanos,

Gregos, Phenicios, Egypcios, Indios, Ju deos e Christãos. A morte d'Adonis era

chorada pelas sacerdotizas, assim como os Christãos chorárão a morte do deus Luz: os

Maç. -- chórão tambem a morte d'Hiram, que tem uma analogia manifesta com todos os heróes da antiguidade. « Os Christãos

» (diz Reghelini de Schio) adaptárão esta º allegoria a Jezus, como os Maç.…. a adap » tárão a Hiram. Huma parte destes mes » mos emblemas serve ainda hoje entre os

» Maç.…. para explicar os dogmas antigos » dos Magos e dos Cophtas. »

A allegoria da pedra bruta existio em quasi todos os Myst.". antigos, assim como existe ainda hoje na Maç. "..

» Muitos povos diz R. de Schio) venerá » rão as pedras, taes como os Egypcios, os » Judeos, os Christãos, os Musulmanos, os » Asiaticos, os Africanos, etc., etc. d'onde » se tira que esta allegoria se refere ás ver

» dades egypcias, seguidas pelos Maç.'.,

— 123 —

» ácerca da geração, destruição, e regene » ração. »

5º Decorações. Em todas as celebrações dos

Myst... antigos os Iniciados tínhão certas in signias, que se referião todas aos signos do Zodiaco, ás quatro estações e ás virtudes moraes. A imitação destas decorações ainda existem hoje na Maçº. No Egypto o Hieropha te trazia no peito uma lamina com as pala vras Verdade, Prudencia, e Sabedoria. Os Ju

deos, os Christãos, e ultimamente os Maçº., adoptárão tambem o mesmo costume; em uma palavra, os Maç.…. teem de commum

com os antigos padres e patriarchas o uso das tunicas, das estolas, das mitras, dos

candelabros triangulares, etc., etc. O hahito que o papa Honorio II deo aos Cav... das Cruzadas, ornado d’uma cruz vermelha, he

- ainda hoje o mesmo que decora os Templa rios e os Rosa-Cruz de todos os Ritos e dou trinas.

4º Emblemas. « Os emblemas egypcios, » que passárão aos Judeos, fôrão (diz R. de

» Schio) adoptados tambem pelos primeiros » christãos, e d’estes passárãos aos Caval

º leiros e aos Maç.…. para lhes lembrar que » a religião he fundada na astronomia, e

» que este segredo he conhecido sómente º por alguns Iniciados estudiosos, º

— 424 —

Além de muitos outros emblemas oon

servados na Maç.…., áchão-se as duas colum mas, emblema do fogo e do vento, as quaes tinhão servido ás religiões antigas, e ante riores ás de Moyses et de Salomão. S. Paulo chamava Jacques, Cephas e João as tres co lumnas da nova igreja: conseguintemente este emblema era tambem proprio dos pri

meiros Christãos. A estrella rutilante, que guiou os Magos na busca do verbo e da ver dade, serve tambem d’emblema em muitos gráos dos diversos Ritos Maç.". O cordeiro, a lyra, a serpente, a cruz, a rosa, o pelicano e a aguia, emblemas que represêntão o sol, a harmonia, os combates,

a immortalidade, o segredo, a caridade e a sabedoria, érão usados entre os primeiros christãos, e passando aos Maç. .. servem pa ra explicar as doutrinas as mais uteis. O triple triangulo dos Maç.…. he um em blema que, segundo R. de Schio, contém tres unidades iguaes, symbolo da trindade philosophica, a geração, destruição e rege

neração. A regua, a esquadria, e o poço mystico, usado ainda hoje em alguns Ri tos Maç,"., érão emblemas egypcios que pas sárão dos Judeos aos christãos e d’estes aos

Maçons.

Se os Maç.…. consérvão ainda hoje o aven

— 125 —

tal, he porque os Iniciados do Egypto, da Judêa, e até mesmo o Christo, usárão do mesmo emblema da igualdade. A serpente servio tambem d'emblema em muitas reli

giões antigas, para designar o Sol. O ramo mystico da acacia, que serve á manifesta ção de Hiram, era um emblema commum aos Romanos, aos Egypcios, aos Phenicios, aos Druidas, e aos Christãos. 5° Sinaes. Os Egypcios, os Christãos, os Judeos, os Gnosticos, e os discipulos de

Pythagoras, tivérão palavras e signaes, as sim como teem hoje os Maç. ..., para se re conhecerem. « Christo (diz R. de Schio) fez » se reconhecer por sinaes a dous de seus » discipulos. » 6º Doctrina. Já dissemos que a doutrina das diferentes seitas antigas era relativa

aos elementos, e ao culto do Sol; os Ophytas, os Essénios, os Cabalistas e os Gnosticos honrávão o Sol, como a mais bella imagem do creador, o que se acha ainda hoje na Maç.". « Estas doutrinas, conservadas na

» Asia, fôrão trazidas (diz R. de Schio) para » a Europa pelos Cav.". das Cruzadas, e » adoptadas pelas differentes sociedades se º cretas. Note-se que a doutrina dos ele » mentos se acha tambem na Biblia. Pelo

» que respeita a Mithras, os Persas pensá 11°

— 126 —

», vão que ele tinha morrido para salvar * » » » º » »

os homens: o mesmo julgávão os Egyp cios a respeito do seu Osiris, os Gregos a respeito de Prometheo, os Romanos a res peito dos filhos de Jupiter, os Phenicios a respeito d'Adonis, os Indios a respeito de Chrishna, e os Judeos Christãos a respeito de Christo. Muitos Ritos Maç.…. consérvão

» ainda esta mesma doutrina. »

Os Egypcios ensinávão que a destruição succedia á geração, e que a regeneração restabelecia debaixo d'outras formas tudo

aquillo que se destruia. Esta doutrina, con tinua o mesmo autor, foi adoptada por

muitas Ord.". Maç.…. e particularmente pelos Rosa - Cruz.

As doutrinas scientificas dos

Gnosticos, as moraes dos Essenios, as na

turaes d'Haken, e as verdadeiras dos Car

pocracios, que ensinão que a Verdade deve ter-se secreta entre os bons, são as que ainda hoje se consérvão em diversos Ritos

Maç.…. Mas é só pela meditação dos emble mas visiveis, que órnão os templos Maç.".,

taes como o sol, a lua, os astros, os instru mentos, etc., que se pode vir a ter um ca bal conhecimento de sua doutrina e do seu autOr.

7º Historia. A historia dos Hebreos nos

ensina que os doze Patriarchas vivérão des

– 127 –

prezados no Egypto, ao mesmo passo que Joseph ali era respeitado; este respeito nos faz crer, diz R. de Schio, que Joseph era iniciado nos Myst.'. de Heliopolis; e he

provavel que não o sendo ele não poderia obter em casamento a filha do Hierophante

Egypcio. Moysés teve tambem a felicidade de ser iniciado, e R. de Schio affirma ter sido elle quem fez passar para a Judêa os dog mas e os emblemas do Egypto.

O Antigo Testamento, reformado por Es dras, foi o Codigo das leis religiosas e civis dos Judeos: assim como o Novo Testamento,

redigido pelo concilio de Nicêa, se tornou tambem o codigo religioso dos Christãos. « Os Maç. . (continua o mesmo autor) para º viverem em paz com as diversas seitas

» religiosas extrahirão de ambos os Codigos º tudo aquilo que se achava em relação com » a civilisação da sua epoca, dando todavia » uma certa preferencia á nova lei, que

» estabelece a igualdade de direito no sa » cerdocio. »

A religião christãa na Europa, até ao se culo dezaseis, esteve em contradição con— tinua comsigo mesmo : a sua anarchia trouxe todas as guerras religiosas, e com ellas o abuso do poder dos padres. Pelo

contrario nos povos da Asia e do Egypto,

— 128 —

aonde os padres christãos estavão sujeitos

a governos de diferentes religiões, o chris tianismo, tolerado mas sem influencia, sou

be conservar-se, e transmittir-se do Oriente ao Occidente por meio das Crusadas.

Pelos tempos do feudalismo em França houve tão grande confusão no culto, e tão grande perversidade nos costumes do cléro, que o christianismo oriental, e os principios Gnosticos fizérão progressos espantosos. Foi então que os Cavaleiros formárão e estabe lecêrão na Europa diversas ordens e socie dades secretas, cujas formalidades imitávão as Iniciações de Thebas, d'Eleusis, e do

Christianismo. É destas ultimas sociedades que a Maç.…. se deriva. Conseguintemente, a Maç. .. apresen tando hoje tantos pontos de contacto com os antigos Myst.º., se pode, com razão, afir mar terem sido uns e outros a mesma So ciedade.

– 129 –

CONCLUSÃO GERAL, OU

Influencia que a Iniciação tem exercido sobre a civilisação dos povos. Em quanto o Maç. .. vulgar, satisfeito com uma apparencia mystica, se contenta de saber pronunciar algumas palavras, de que

ignora o verdadeiro sentido, o Maç.…. philo sopho se lança aos seculos passados, e lá vê as causas primeiras e os fins reaes da In stituição Maç. ... Fracos restos da antiga

Africa, onde em outros tempos a Virtude desenrolava a sua bandeira triumfante, são

os que se offecerem em L. ". ao Maç.…. in struido... Pára, imprudente, lhe diz o Phe nix, contempla de longe estas ruinas res peitaveis, mas não toques esses marmores que brados.... As columnas que vês, estão hoje privadas dos ornamentos, que outr’ora érão admirados; e as suas doces inscripções, que

fizérão a felicidade do mundo primitivo, tem sido disfiguradas pela fria mão do tempo, e pelo ferro da barbaria !! Medita; mas não toques.

Mas seja qual for a opinião que se queira adoptar ácerca dos primeiros Sabios da An

– 130 —

tiguidade, he indubitavel que os primeiros conhecimentos scientificos estivérão encer

rados nos Templos dos Myst.'. do Oriente. Ora se a Civilisação primitiva consistio

na instrução mais ou menos completa de alguns individuos que, reunidos, sentirão a necessidade d’estabelecer regras para conter a força brutal dos primeiros homens, ga rantir a liberdade individual, propagar a instrucção com discernimento, recompensar a virtude e punir o vicio, forçoso he convir que a Iniciaçã5 primitiva foi a causa me diata e immediata da Civilisação de todo os povos.

É certo que a incommensuravel questão de que vamos tratar, estaria muito acima de nossas forças, se fosse preciso exporto dos os commentos relativos ás artes, ás leis e ás religiões de todos os povos do Oriente; mas a natureza desse escrito nos violenta a

resumi-la em generalidades, que só podem oferecer uma exposição summaria ácerca dos povos, que gozárão dos Myst.". Ma5.….; e comoa Persia, a India e o Egypto servirão de berço á Iniciação, será tambem de lá que nós partiremos.

Alguns homens instruidos, Persas, Chal deos, Hebreos e Sidonios, formárão em tem pos remotos uma associação sabia, que teve

– 131 —

o nome de Magos. Estes creárão a navega ção, a astronomia, o culto do fogo, e as pri meiras leis sociaes: de modo que os Magos

são os que devem ser considerados como os primeiros fundadores da Civilisação: esta origem, posto que incerta ainda, nos parece a mais provavel, posto que outros preten dão encontrá-la nos Brachmanes da India, cuja seiencia parece só ter consistido em

uma theogonia conjectural, impropria para o desenvolvimento da Civilisação. Alguns escritores attribuem aos Indios muitas des

cobertas astronomicas; mas devião lembrar se que todas ellas fôrão posteriores ás dos Magos, primeiros homens do Oriente, que tivérão conhecimentos positivos. E se é ver dade, como diz Vassal, que os Magos forão encarregados da instrucção dos Grandes que occupávão os empregos importantes do Es tado, não se poderá negar a influencia que

a sua Iniciação devia ter produzido sobre a Civilisação primitiva dos povos da Asia oriental, que devião ser mais bem gover

nados, do que os povos da India, que tivé rão por chefes os Padres que, não obstante serem Iniciados, érão com tudo homens ex clusivos é absolutos.

O Egypto foi tambem uma das regiões,

que possuio primeiro as artes da lavoura,

— 132 —

da architectura, da navegação e da astro nomia; os monumentos colossaes do Egypto, e as observações que Calhistene enviou a

Aristoteles são provas de subejo. Foi nos Myst... Egypcios que os reis aprendião os conhecimentos necessarios para reger os povos.

Menés, appellidado o Trimegisto (por ser ao mesmo tempo, philosopho, padre e le

gislador) fez leis, com que os Egypcios se governárão: e para que as luzes fossem pro porcionadas elle empregou todos os meios para espalhar a instrucção. Os Scythas, os Chinas, os Babylonios e os Assyrios fôrão

tambem regidos por leis que sahirão dos Myst.'. de Isis. O primeiro Zoroastre intro duzio a mesma legislação entre as Bactria nos. D'onde se tira que estes diversos povos

gozárão da civilisação, cuja fonte érão a Ini ciação e os Myst.“.: é verdade que se com pararmos a sua philosophia (que era toda misturada de theogonia) com a sua indus

tria, artes e sciencias, poder-se-ha crer que a sua civilisação estava pouco avançada; mas se reflectirmos que nos Myst.". de Isis

a philosophia era o ultimo Gr..., que mui poucos Iniciados o recebião, e que este lhes conferia o direito do ensino publico, nin

guem duvidará de que a Civilisação deveria

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fazer progressos, lentos he verdade, mas so lidos e regulares: e a maior prova he que depois de Menés as descobertas se succe

dêrão (1). Mas quando e como passárão os Myst.". da Asia e do Egypto para a Grecia e para a Eu ropa? Os Myst... passárão: 1º pela commu

nicação habitual dos Gregos com os successo res dos Magos, que depois da morte Smerdis se tinhão espalhado na Asia : 2º pela deca dencia do Egypto, depois da conquista dos Romanos, a qual chamou a Roma alguns Padres de gráos inferiores, que degenerados traficárão ali a pratica secreta dos Templos; mas foi principalmente nos principios do Christianismo, que os restos da sciencia se creta se concentrárão, parte nas escolas dos philosophos Theurgistas, e parte nas da mais baixa classe dos Padres do Egypto.

« Ora pode-se, sem inverosimilhança (diz • Salverte), assignar por successores aos pri » meiros as sociedades secretas da Europa; » e aos segundos os feiticeiros modernos ou » Thaumaturgos. » (1) Os Chinas estabelêcerão pontes: cunhárão moeda: inventárão a bussola : e fundarão hospi taes, escolas e academias. A rainha Nictoris fez elevar a 1º pyramide. Fez-se um canal para receber as agoas do Nilo; e principiou-se o labyrintho, que foi obra de doze reis do Egypto, etc., etc. Iº

42

— 134 —

Os Myst... dos Cabires da ilha de Samo thracia, não sendo senão uma translação dos do Egypto, deverião tambem exercer uma grande influencia sobre a civilisação da Gracia : a strategia, e o amor absoluto dos Iniciados de Samothracia para com a causa da patria attéstão o gráo da sua civi

lisação. Os Myst... d'Eleusis, consagrados primei ramente ao culto de Céres, longe d'exerce rem alguma influencia sobre a civilisação creárão o fanatismo, e a superstição que en riqueceu os Padres; mas, meio seculo de pois de sua instituição, Orpheo os reorgani sou, e a sua influencia não só se mostrou em

todas as classes da sociedade, mas preparou

a brilhante epoca da Grecia, que foi o proto typo da civilisação a mais perfeita. Os Romanos, diz Vassal, devêrão á Ini

ciação dos Myst... a maior parte de sua ci vilisação: elles fôrão um povo livre, porque érão um povo de Iniciados; e no tempo de sua escravidão não se indemnisárão da perda de sua liberdade, senão no seio dos Myst.".

A Grecia, que possuio mais Myst.". do que outra qualquer região, não desdenhou de n’elles fazer entra tambem as mulheres.

Sacerdotizas fôrão aggregadas aos Templos de Diana d’Ephéso, e de Céres Eleusina ; e

— 135 —

suas Iniciadas forão inspiradas de tanto pa triotismo, que, para sustentar a indepen dencia da Grecia, não só sacrificárão seus bens e seus enfeites; mas inspirárão a seus maridos tanto amor pela gloria, que todos se tornárão heróes famosos. Os Myst.'. da Boa

Deosa em Roma, aonde só entrávão as mu lheres, tambem produzirão resultados se melhantes.

Mas se os Myst.". Gregos e os Myst.". Ro manos influírão tão podorosamente na civi

lisação respectiva dos dous povos, he por que (conclue Vassal) os seus Myst... fôrão estabelecidos com as vistas da utilidade ge ral, em que o amor da patria era uma das principaes bases.

Entre os Gallos, muito antes dos Gregos e dos Romanos, os Druidas fôrão os unicos

que gozárão das vantagens da Iniciação. A' imitação dos Brachmanes da India, os Drui das não instruirão senão os homens que se destimávão ao Sacerdocio. O estabelecimento dos Druidas na Gallia

deve ter sido o resultado dos missionarios,

que os Sacerdotes da antiguidade mandávão pelas diversas partes do mundo, para sub metter o Universo ao seu egoismo insaciavel.

Os Druidas, pelo que respeita ás sciencias, parecem ter sido os primeiros philosophos

— 136 —

do Occidente, assim como os Magos fôrão

os primeiros philosophos do Oriente; mas elevados no egoismo sacerdotal, a sua dou trina ficou sepultada nos seus bosques sa

grados, e o Occidente, privado de instrucção não teve aquellas vantagens que só a Ini

ciação poderia offerecer a povos ainda bar baros.

Os Myst.". Essénios, posto que exclusiva mente religiosos e moraes, exercêrão com tudo uma poderosa influencia na Civilisação dos Israelitas; porque, além de estabelece rem a philantropia que tende a reunir, e amar todos os homens, os Iniciodos Essénios estabelecêrão a tolerencia, virtude essential

mento necessaria a um povo egoista e exclu sivo. A suave legislação de Salomão foi aprendida nos Myst.'. de Orpheo; e a civili sação das tribus d'Israel não foi senão um efeito immediato da Iniciação. Os Myst... do Christianismo primitivo

érão destinados a exercer uma grande in fluencia na Civilisação do globo : quando porém Constantino illustrou estes Myst.º., ja a doutrina primativa de Christo estava

alterada pelo Sacerdocio, que a tinha divi dido em publica e secreta. Foi pela Iniciação Secreta que o Sacerdocio apropriou para si

só a doutrina admiravel de Christo, a qual,

— 137 —

segundo Vassal, encerrava o republicanismo puro e virginal, pois que a

igualdade

C à

liberdade érão as suas verdadeiras bases.

Por esta transformação dos Myst... do Christianismo o despotismo Sacerdotal cor roborou a ignorancia e a superstição: estes dous monstros alimentárão as guerras reli

giosas, que levárão ao supplicio milhares de victimas innocentes: e graças ao Sacerdocio, a civilisação recuou em vez d'avançar. O Catholicismo, diz Vassal, não se con— tentou com o invadir a Grecia, e a soberba

Roma que tinha sido a senhora do mundo enteiro, mas tambem perseguio e Iniciação

que, longe de esmorecer, redobrou de cora gem na adversidade, e foi refugiar-se na Scandinavia. Desde então a influencia e os

progressos da Iniciação fôrão tão grandes entre as tribus errantes do Norte (cuja lei tinha sido até então a força brutal) que as

guerras intestinas diminuirão, e os povos inimigos viérão submeter-se ás leis da Ini ciação, cujos orgãos érão os Padres da Deosa Herta.

Tendo levado as suas conquistas mais longe do que os Romanos levárão o seu im

perio, o Christianismo, de seis seculos de existencia, parecia nada ter a receas, a não

serem as dissensões frequentes entre os seus 12"

— 138 —

aproprios adeptos: quando, Mahomet, es tranho nas sciencias occultas da Iniciação, appareceu no mundo, e teve o animo de fundar o Islamismo, et de fazer crêr uma

revelação sua: a civilisação da Persia, da Syria e do Egypto foi destruida pelo fana

tismo dos seus conquistadores, e um golpe fatal cahio sobre os Magos, então quasi os

unicos depositarios da Iniciação primitiva. No seculo oitavo surgio a util instituição da Cavalleria, a qual, em soccorrendo os opprimidos, pertendeo enfrear o despotismo da horrorosa feudalidade. Ora não se pode duvidar, diz Vassal, de que esta instituição deixasse de ser a obra de qualquer Inicia do; porque as suas recepções érão uma imi

tação das Iniciações militares dos Myst.". de Samothracia; e posto serem secretas e mysteriosas, com tudo ellas fizérão appare cer no Occidente os primeiros germes da ci vilisação. No seculo onze quando os Musulmanos

erão já um pouco civilisados, as relações dos Europeos com os Arabes e com os Mou ros, tornárão-se mais faceis e frequentes; e as sciencias, ainda que infectas de super

stições magicas, começárão a ser ensinadas nas escolas de Toledo, de Sevilha, e de Sa lamanca: « mas fôrão as Sociedades occultas

— 139 —

» da Europa (diz Salverte) que tomárão a » parte mais essencial n’estas communica

» cões; e he pelos Iniciados, de que ellas se » compúnhão, que nós tivémos o conheci » mento das descobertas physicas e chymi » cas dos Arabes. »

No começo do seculo doze Huguo de Pa ganis, em reunindo as vantagens da pri meira Cavalleria , instituio a Ord. .. do

Templarios ás Crusadas produzio homens profondamente instruidos, que juntárão ao saber uma independencia a mais esclarecida.

« Da Syria, da Arabia, da Persia, e do Egyp » » » » »

to os Templarios trouxérão para a Eu ropa (diz Reghelini de Schio) o espirito do tolerancia religiosa, com as sensatas doutrinas da lei natural, que he esta mo ral sublime o simples, que a Divindade

» inspirou no coracão de todos os homens.» A Ord.'. dos templarios propagou-se quasi por todo o globo; e a sua doutrina prepa rou a civilisação dos Europeos, que então não tardaria a mostrar-se, se o poder sa cerdotal de Roma não a tivesse forçado a cobrir a Iniciação com o manto da religião dominante.

Foi no seculo dezoito que alguns Inglezes distinctos plantárão Iniciação reformada na França, aonde o gosto das lettras tinha ja

— 140 —

supplantado uma parte da influencia sacer dotal.

Quantos litteratos (exclama Vassal), quan tos sabios, e quantas familias illustres cor rêrão então para se submeterem ao estan darte da Iniciação! Nobres, Sabios, Sacer

dotes e proprietarios, arranjados debaixo do nivel Maç. ..., concorrêrão todos junta mente para expulsar da França o fanatismo e a superstição.... O Marte dos tempos mo dernos, Napoleão, depois de ter consultado as pyramides do Egypto, deo novo esplen

dor á oriflama da Iniciação: mas o despo tismo, invejoso da prosperidade humana, e receando o gosto da liberdade, que a Inicia

ção inspirava aos diversos povos, formou a liga geral, e suas phalanges lançárão por terra o grande homem; mas a civilisação marchou.

Finalmente a Maç. ..., cujo centro era ha muitos annos a Inglaterra, depois de ter triumfado dos terrores frivolos de Elizabeth

e do Parlamento, e de ter obtido a protec ção d'Eduardo III e de Henrique VI, pro

pagou as artes e as sciencias debaixo d'uma forma symbolica, e a Europa recebeu o vi

goroso impulso do seculo dezaseis: é da Companhia dos R.'.-Cruz que sahirão todos os primeiros livros de chymica: é da Reu

— 141 —



nião dos Masons-House que dimanou a So ciedade real de Londres: é finalmente da

Maç.". Ingleza que sahirão os modelos de todos os estabelecimentos de beneficencia e de utilidade publica. Com efeito, foi na Inglaterra, e no prin

cipio do seculo dezoito, que a Maç. . rece beu a ultima reforma; e de là a Maç.…. es tendeu o seu dominio pelas cinco partes do mundo. Desde 1705 até 1830 o ramo da Acacia e o Pelicano fôrão introduzidos em setenta e

nove Estados do globo; e se é licito ajuizar do futuro pelo passado, os Iniciados não devem desesperar; porque cedo o tarde a Acacia juncará a terra, e tomando a força do cavalho, os seus ramos poderão dar um asilo seguro aos povos opprimidos. Tal é em summa a historia da Maç.….: tal é em summa a influencia que elle teve na civilisação dos diferentes povos.

Mas não se diga que a Maç. -- tem termi mado a sua carreira, só porque certos po vos gózão de mais ou menos instrucção, e

de mais ou menos liberdade, ganhada á força de sangue! Não imitemos a antiga Grecia, nem a or gulhosa Roma, que embaladas na liberdade e fartas d’ella, deixárão perder a Iniciação,

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e tomárão em troco ferros vergonhosos, que ainda dúrão! O jesuitismo no seculo deza seis, e a Santa-Alliança no seculo dezano— ve, arvorárão o estandarte da rebellião para

fazer retrogradar os povos; é preciso não nos escondermos para os fazer avançar. Soccorrer os miseraveis: recompensar a virtude e a amor da patria: espalhar a in

strucção em todas as classes da sociedade; e manter as instituições nacionaes: tal é a nobre e grande missão que a Maç.…. e seus Iniciados teem por ora a preencher.

Tempo virá em que os homens, forman do um só corpo de Cosmopolitas, elevarão no centro do mundo um Templo universal, donde possa partir a direcção ao progresso. « O Templo de Salomão (diz um velho » Maç. ...) só será definitivamente acabado º quando a Verdade fôr a Soberana de to » dos povos da terra. »

— 143 —

ESTATUTOS, OU

LEIS GERAES DA FRANC-MAÇ.. ->O+

A Franc-Maç. "., tendo commeçado com a sociedade humana, deveria ter existido am tes de dar ou receber leis; mas o progresso do corpo Maç.". e a experiencia de tantos seculos fizérão em fim conhecer a necessi

dade de certas normas para a sua conserva

ção. Estas leis teem sido diversas em cada nação, e cada uma tem o direito de as pôr a pár do progresso de sua civilisação. En tretanto a nossa obra seria incompleta se

não tratasse de tal materia. Nós não expo remos as leis que regem a Maç. . Port.". e Brasil...; mas sim as que se execútão em

alguns povos, aonde a Maç. .. he tolerada e protegida, a fim de que póssão ao menos servir de modelo. Esta parte será estrahida

do Codigo dos Franc-Maç.…. por Bazot. .……--•

— 145 —

1º ESTATUTOS, OU

LEIS GERAES DA FRANC-MAÇ... EM INGLATERRA.

Art. unico.

Um Maç.…. he obrigado, segundo a sua or dem, a obedecer á lei moral; e se percebe bem a arte, elle nunca será um atheo estu

pido nem um libertino profano. Posto que, nos tempos remotos, os Maçº.

fossem obrigados a ser da religião de cada paiz que habitávão; todavia julgou-se re centemente que era mais conveniente o per mittir de abraçar as opiniões que cada um julgar mais honestas e mais rasoaveis; estas

opiniões, que podem tornar um homem bou, recto, sincero e humano para com os seus

semelhantes, seja qual for a sua crença. De sorte que, por um principio tão excel lente, a Maçonnaria torna-se o centro da uniãolºentre os homens, e o unico meio d’es 13 •

tabelecer uma estreita e solida amizade entre

pessoas que não poderião ser sociaveis, pela diferença de seus sentimentos religiosos. Um Maçon he um pacifico subdito das au toridades civis do paiz, aonde reside e tra balha.

D'esta sorte elle deve abster-se d’entrar

em tramas e conspirações contrarias á paz e

á prosperidade de sua nação, e não obrar como homem desobediente aos magistrados inferiores, para que os princepes, observando a innocencia e a fidelidade da Ord.'., póssão

animá-la e defendê-la das más intenções de seus adversarios. De maneira que s'um I.". se revolta contra o Estado, elle não deve ser

sustentado em sua rebelião, posto que d'elle se tenha piadade; e não deverá ser admittido nas LL... para não causar ciume ao governo.

Os membros d’uma L.". devem ser bons

e sinceros, livres de nascimento, e d’uma idade madura : não se admitte nem es

cravos, nem dissolutos e libertinos, nem mulheres, mas sim homens respeitaveis de bom caracter.

— 147 —

2° ESTATUTOS, OU

LEIS GERAES E PARTICULARES DA FRANC – MAÇ.". EM FRANÇA.

CAP. Iº. Das sociedades Maç.".

Art.". 1º Associedades Maç.º., differentes por seus trab..., mas tendendo ao mesmo fim, distinctas pelos ritos, e collectiva ou isoladamente por Officinas, são chamadas Loges, Capitulos, Conselhos, e Consistorios. Art.". 2º Uma L.'. é a base de toda a

officina superior que toma o seu nome, e só se forma por seu consentimento. O Cap.". se estabelece pelo consentimento da L...; o Conselho pelo consentimento do Cap.….; e o Consist... pelo consentimento do Conselh... Art.". 5º A cessação d’uma L.", traz com

sigo de direito a interrupção de toda e qual quer Officina de que ella é a base. Art.". 4º A organisação, os direitos e os

deveres de cada Officina são determinados

pelos estatutos geraes.

Art.". 5° Não existe em França, para to das as Officinas senão um centro de unidade

e de autoridade Maç.'., debaixo da denomi nação de Grande Oriente.

CAP. II. Do Grande Oriente.

Art.". 1º O Gr.". Or... he composto de

um Gr.". Mest.º., dos presidentes das diffe rentes Officinas, ou de seus representantes

regularmente eleitos, e admittidos segundo os estatutos geraes.

Art.". 2º A administração é confiada a cen to e cinco Expertos, escolhidos entre os de putados eleitos das differentes Officinas da

França: trinta e cinco teem a direcção da camera de correspondencia e das finanças; trinta e cinco a da Camera symbolica; e

trinta e cinco a do supr... Conselh... dos Rit.". Suas funcções dúrão tres annos, e céssão n'esta epoca se não são reeleitos. Art.". 5º O Gr.". Or... tem tambem Off.".

d'honr.'., e Off. ". Honor.".

Art. 4º O Gr.". Or... he o legislador e o

— 149 —

regulador da Ord.". Elle reune os poderes, e exerceo-os directamente, ou os delega a ca meras creadas no seu seio. Art.". 5º Só o Gr...". Or... tem o direito de

conhecer e de consagrar todos os Rit.", em harmonia com as leis do Estado, os bons cos tumes e os principios Maç.". Art.". 6 O Gr.". Or.". não dá titulos cons

titutivos ás Officinas de paizes estrangeiros, nos quaes existe uma autoridade Maç.…. su perior. Art.". 7º O Gr.". Or.". não reconhece as

Officinas constituidas em França par auto- . ridades Maç.…. estrangeiras, seja immediata mente, seja por seus delegados. Art.". 8º A séde do Gr.". Or. ". he invaria velmente fixa no Or.". de Pariz.

Art.". 9º He no Gr.". Or.'. que são dadas a Pal.". Sym.". para as LL.'., e a Pal. ". Ant.". para os Cap. -. e para os Conselh.". Art.". 10° O Gr.". Or.". he composto de cinco cameras, a saber : Cam.". de correspondencia e de finanças: trinta e cinco Off... ou Exp.". Ella conhece

de tudo que é relativo á administração e ás finanças. É n'esta Cam.". que se fazem a re partição e a remessa ás outras Cam.". do Gr.". Or.'. dos diversos negocios que lhes pertencem especialmente. 13"

— 150 —

Cam.". Symb.". Trinta e cinco Off.…. ou

Exp.". Ella pronuncia sobre todas as ques tões de Rit... e de Trab. .; outorga as cons

tituições ás LL... em instancia; expede os diplomas aos Maçº. regulares do Gr... de Mest.'., tendo sido pedidos na fórma dos

estatutos geraes; toma conhecimento dos li tigiosos entre as LL.'., e de todos os objec tos que lhes interêssão. Cam.". dos altos Gr.'., ou Supr.". Con selh... dos Rit.". Trinta e cinco Off. ". ou

Exp... Suas attribuições são as mesmas para os altos Gr..., que as da Cam.". Sym.". para os tres primeiros Gr... da Maç.". Cam.". do Conselho e de Appellação. Ella compõe-se de trinta e seis membros das tres Cam.". precedentes, nomeando cada uma doze. Ella tem voto em todos os negocios que interéssão a existencia dos corpos Maç.". e sobre os quaes só pertence ao Gr.". Or... o

decedir definitivamente. Ella julga em ul tima instancia todos os outros negocios de que se appella. Esta Cam.". não se intro

mette nos Trab.". administrativos ou dog maticos, que são da attribuição das outras Cam.".

Commissão central e de Eleição. É com posta das tres primeiras Cam."., e não se in tromette nas attribuições das outras quatro.

— 151 —

A commissão central occupa-se especial mente de todas as eleições do Gr... Or...; da apresentação dos candidatos feita por cada uma das tres primeiras Cam..., e de tudo aquilo que diz respeito á ordem interior do Gr.". Or.", ou de suas Cam.".

Todos as suas decisões devem ser sanccio

nadas pelo Gr.". Or.", em assemblêa geral ordinaria ou extraordinaria. Os Trab. .. da

Commissão central são dirigidos, em cada

sessão, por cada uma das tres primeiras Cam."., e por turno. Art.". 11" Ha no seio do Gr.". Or... um

grande Collegio de Rit. --, aonde se conferem os altos Gr.". Maç. . (51, 52 e 55, ou outros analogos).

Art.". 12° 0 grande collegio de Rit.". he uma Officina superior dos altos Gr...; mas não faz parte do Gr.". Or...; todavia, os membros que o compõe devem ser Off... do Gr.". Or.'., e Grand.'. Inspectores-geraes

(52 Gr...). Art.'. 15º Os membrostitulares de grande collegio de Rit.". são trinta e seis; todos os de mais são simplesmente membros aggre gados.

– 452 —

CAP. III.

Das officinas. Art. 1º Para formar uma L.'. he preciso

que sete Mest.". regulares se reúnão no mes mo Oriente.

Art. 2º Elles se constituem em L.", pro visoria de baixo da presidencia d'um d'elles,

que toma o titulo de Ven... Os outros Off.…. ou Dignit... são: 1º Vig...,2º Vig..., Orad..., Secr..., Thes... e Hosp.….; se são mais de sete elles nomêão 1º Exp..., Arch.'., Mest.". de Cerim.". e o I.”. Cobridor.

Art. 5º A L.'. escolhe para si um titulo distinctivo, alheio a toda e qualquer idêa po

litica ou religiosa. Este titulo torna-se defi nitivo, quando o Gr.". Or.". o tenha sanc cicnado.

Art. 4º Os primeiros Trab.'. d’esta L.". provisoria são o dirigir ao Gr.". Or... uma petição de Constituição, assignada pelos cinco primeiros dignitarios. Art. 5º Esta L.'. ajunta á sua petição, e

em dupla expedição, um quadro de seus membros, indicando os seus nomes, preno

mes, qualidades civis e Maç.…., o lugar e data do nascimento, a designação das LL.…..

— 153 —



aonde fôrão recebidos ou de que fazem ainda

parte; e assignada por todos os membros inscritos, manu propria. Art. 6º A sua petição deve ser referen dada pelas duas LL. ". as mais visinhas do Or.'. que elles habitão. Se a distancia he consideravel, elles suprem esta formalidade pela remessa de seus diplomas ao Gr.". Or.". Art. 7º A nova L.". remette ao Gr.".

Ord.'., com os documentos acima indicados, uma somma determinada pelos estatutos

geraes para o direito de constituição, e para as custas dos cadernos dos Gr. "., e d'um exemplar d’estes estatutos necessario á L.'. em instancia.

Art. 8º Uma L.". em instancia não pode fazer recepção alguma. Art. 9º A L.", tendo sido installada, todos os Trab. . precedentes são regulares. Art. 10 A.L.'. tendo-se tornado regular

pela sua instalação, escolhe um I... do Or... de Pariz, a quem remette um poder especial para representa-la no Gr.". Or.". Art. 11 Para formar um Cap. ". a L.". deve escolher ao menos sete de seus mem

bros, que tênhão o Gr... e o diploma de R.". Cruz.

Art. 12 Ella toma uma deliberação para

pedir ao Gr.". Or.…. a creação de um Cap...,

— 154 —

que toma o nome da L.'.; porque um Cap.". não pode ser constituido nem existir se não tem uma L. . por tronco.

Art. 15. O novo Cap.". em instancia no mêa, como a L."., seus Off. "., e, como ella faz ao Gr.". Or.". um requerimento de cartas

capitulares. As formalidades a preencher são as mesmas que as da L.". (V.art. 5° e 6°). Art. 14. O custo das cartas Capitul...,

cadernos, etc., é determinado pelos estatu tos geraes. Art. 15. Para formar um Conselh.…. de

GG.". Cav.". El.". Kal... he preciso preen cher as formalidades prescritas para as duas Officinas precedentes. Art. 16. O Conselh... não pode ser esta

belecido se não pelo consentimento da L... e do Cap..., de quem elle deve tomar o nome. Art. 17. Todo o Conselh... paga um di reito de patentes constitutivas, etc., etc.,

igualmente determinado nos estatutos geraes. Art. 18. Para formar um Consist.". de

Princep.". do Réal Segr... (52° Gr. “.) he pre ciso tambem seguir as formalidades prece dentemente indicadas.

Art. 19. O custo das patentes constituti vas do 52° Gr... he tambem determinado nos estatutos geraes.

Art. 20. Não ha em França senão um

— 155 —

Conselho de G ". I.”. G. . (55º Gr..); que he o Gr.". Collegio dos Rit.". estabelecido no seio do Gr.". Or.'. de França (V. Cap.". 2",

art. 11, 12, 15).

CAP. IV.

Da irregularidade dos Maç.'., e das

Officinas. Art. 1. São Maç.…. irregulares: 1º os que fôrão recebidos n’uma L.'. não reconhecida

pelo Gr.". Or.'., ou por Maçº. que não tinhão a qualidade para conferir este titulo : 2º os Maç. . promovidos da mesma maneira aos

Gr... superiores: 5º aquelles que, perten cendo a uma Officina regular, se associão a uma outra, que o não é, ou que deixou de o ser : 4" os Maç. .. que sem missão, outor gárão a iniciação a profanos, ou que confe

rirão os Gr... superiores: 5º os que, sem motivos legitimos, não teem satisfeito para com a sua L.", as obrigações pecuniarias : 6º os que teem revelado os segredos da Franc-Maç.'., ou escrito contra ella; 7º em

fim aquelles que, por uma decisão especial

— 156 —

são excluidos das Officinas da corresponden cia do Gr.". Or.".

Art. 2. São Officinas irregulares : as que teem sido constituidas por uma associação

Maç. .. não reconhecida pelo Gr.". Or... : 2º as que durante tres annos em França, e cinco no ultra-mar, teem cessado a sua cor

respondencia com o Gr.". Or.". : 5º as que,

sendo regulares, se associarem a uma Offi cina Maç.…. qualquer irregular : 4" as que consérvão em seu seio os Maç. .. irregulares, isto he, pertencendo associações Maç. .. irre

gulares: 5º as que sem a autorisação do Gr... Or.". entrégão a trab. . d’uma ordem supe rior ás em que fôrão constituidas, ou que ajúntão a seus trab... outros d'um Rit. ". não reconhecido pelo Gr.". Or...: 6º as que teem as suas sessões, ou celébrão as festas

Maç. . em locaes não reconhecidos pelo Gr.". Or...; 7" finalmente as que são decla radas pelo Gr.". Or.". refractarias aos esta tutos geraes da Ord.". -

3° ESTATUTOS, OU

LEIS GERAES DA FRANC-MAÇ.. NA

BELGICA.

->•• .

Aquelles que são admittidos membros d’uma L.'. devem ser homens d'honra, de

probidade e de boa reputação, de uma idade madura e discreta, evitando a devassidão, a

libertinagem e o escandalo. Toda e qualquer promoção entre os Maç.". deve ser fundada unicamente sobre o valor

real e o merito pessoal, para que a obra se faça beem; que os II.". séjão isentos de cem sura, para que a arte real não cáia em des

prezo. Além d’isso he preciso que um I.”. seja descendente de paes honestos; de ma neira que, tendo as mais qualidades reque ridas, elle possa depois vir a ser uma auto ridade Maç.'., segundo o seu merito.

Todos os Maç.…. trabalharão honestamen te, para poderem viver da mesma maneira. Nenhum Maç. .. invejará a prosperidade I•

14

- 158 —

d'um I.'., nem procurará supplantá-lo.» quando está em estado de acabar a obra. Os II."., que se áchão em uma L. . for mada, não farão entre si conventiculos pri

vados, nem conversações separadas, nem fallarão sem a permissão do Mest.".: não se deverá interromper o discurso d'um I."., nem zombar ou gracejar, quando a L.". se occupa de negocios serios e solemnes: é prohibido o servir-se de termos indecentes

ou injuriosos; e ter seha, mutua e recipro camente uns para com os outros, o respeito que convém entre II.".

**********-*****-* #4•••º

-- 159 —

4° ESTATUTOS, OU

LEIS GERAES DA FRANC-MAÇ... NA HOLLANDA,

Antes de se entrar na L.'., é preciso deixar todas as rixas e todas as dissenções; tanto mais se ellas teem por objecto a religião ou o merito das nações, ou dos governos.

Vós sereis circonspectos nos termos e nas maneiras, a fim de que o estrangeiro o mais astuto não possa descobrir nem penetrar aquillo que não nos convém divulgar...

Vós obrareis da maneira que convém a um homem de bem e prudente; particular mente em occultando os negocios da L.", á vossa familia, visinhos e visinhas, etc.

Vós deveis examinar escrupulosamente um I.". estrangeiro... Mas se conhecerdes que elle é um verdadeiro I. "., vós sois obrigado á respeitá-lo; se ella este em necessidade

vós deveis soccorre-lo, podendo; e quando

— 160 —

não, será preciso indicar-lhe os meios com

que possa ser alliviado: vós deveis empre ga-lo, durante alguns dias, ou recommenda lo para que o seja, mas não estais encarre

gado de fazer mais do que não podeis; pois sómente um I.". pobre, que he verdadeiro homem de bem, he preferivel a outro qual quer pobre nas mesmas circunstancias. Fi nalmente vós deveis observar todos estes

deveres, e tambem aquelles que vos forem

communicados por outra via. Em evitando todos os odios, todas as disputas, e todas as calumnias, defendei sempre a reputação de nossos II.", para que todos véjão quanto é doce e benigna a influencia da Maç.º., e como os verdadeiros Maç. -- teem feito de

pois do começo do mundo, e farão até ao fim.

— 161 —

MODELO PARA

OS ESTATUTOS PARTICULARES.

DA L.'. (1).

CAP, I.

Organisação da L.'." Art. 1º A L.'. tem o nome de....

Art. 2º A L. '. deve ter pelo menos os

seguintes empregados dignitarios: Veneravel,

(1) Note-se que ha na Maç.…. tres especies de Esta.". : 1º Esta.". Ger.'. da Ord.". Maç."., que são communs e os mesmos em todos os paizes, e dos quaes ja tratamos no 1º tomo: 2º Esta.", Geraes da Ord."., que são diversos nos diferentes

paízes, e dos quaes fallamos ha pouco : 3º Estat.". particulares das LL.'., que são feitos por cada L.". em particular; os que apresentamos por modelo

são approvados pela experiencia. 14"

– 162 —

1° e 2° Vigil..., Orador,

Secretario, Thesoureiro, Mest... de Cerem."., 1° e 2° Expertos,

Havendo II.'. de Gr... competente a L.". poderá nomear : I.". Hospitaleiro,

I.". Archivista, I.". Terrivel,

II. . Adjunctos.

Art. 5° Todos estes empregados serão eleitos pela ordem acima indicada; com tanto que o Ven... tenha o Gr... de R.". Cru, e os outros o de Mest.º., pelo menos. Art. 4º As funcções dos empregados du rarão um anno; e não é prohibida a sua reeleição.

Art. 5° Todas as eleições serão feitas á pluralidade absoluta de votos, e por escru tinio secreto. No caso de empate far-se-ha

um segundo escrutinio sobre os II.…. em que houve empate: e se este ainda não de cedir, será preferido: 1º o que tiver maior

idade Maç.….; aº o que tiver maior idade civil.

— 163 —

CAP, II.

Da ordem dos Trab, ",

Art. 6º Aberta a L. '. nenhum I.". po derá pedir a Pal. ". antes que se tenha lido a prancha dos Trab. ". antecedantes. Art. 7° Discutida e approvada a prancha, seguir-se-hão: 1° O parecer das Commissões. 2º Correr o sacco das Prop.". 5º Passar á Ord.'. do dia.

Art. 8º Nenhum I.…. poderá fallar, mes mo a bem da ordem, sem ter obtido pri meiro a Pal. ". do Ven.". se o I.". estiver no

Or. "., e dos Vig... se estiver nas colum.". Art. 9º Nenhum I. . poderá fallar mais

do que tres vezes sobre a mesma questão, excepto o relator de alguma das Commis sões.

Art. 10° Qualquer I.”. tem o direito de chamar outro á ordem sobre a discussão;

mas, se o que falla se julgar n’ella, poderá continuar o discurso até que um terço dos II. ". a reclame.

Art. 11. Nenhuma Prop. -. ou emenda

poderá entrar em discussão sem que seja

feita por escrito, assignada pelo autor, e to mada em consideração pela L.". Art. 12. Havendo duas ou mais Prop.". para se discutirem, o Ven.". porá primeiro á votação a que a L.". julgar mas interes

sante, devendo seguir, quando for possivel, a ordem de sua apresentação. Art. 15. Todas as votações da L.". são feitas á pluralidade relativa de votos, ex cepto as mencionadas nos Art.19 e 20. Ha vendo empate a L.'. decide se o caso he ou não grave. Sendo grave a L.". elegerá uma commissão de tres membros, pela maneira do Art. 5°, para decedir a questão: e não

sendo grave, esta poderá ser decedida pelas tres primeiras luzes da L.'. reunida. Art. 14. Tiradas as conclusões pelo Orad..., nenhum I. . poderá falar sobre o objecto discutido; mas poderão admittir-se as respostas a factos pessoaes. Art. 15. Concluida a discussão sobre os

trab. . do dia, o Ven.'. mandará correr o sacco das Prop. "., indicará a ordem do

dia para a sessão subsequente, e fará ler a minuta dos Trab.". d'esse dia.

— 165 —

CAP. III.

Das Iniciações.

Art. 16. Profano algum será iniciado, sem

que tenha vinte e um annos de idade, bons costumes, boa reputação, e uma subsisten cia decente e honesta.

Art. 17. O indiscreto, o pusilanime, o

egoista e o inimigo de instituições liberaes não poderão ser recebidos Maç.'., seja qual for a sua jerarchia profana. Art. 18. Nenhum Prof.". poderá ser ini ciado Maç. .. sem que se apresente em L.". o parecer d'uma Commissão de tres mem

bros sobre as qualidades do Asp..., a qual deve ser nomeada pelo Ven... e em segredo. Art. 19. A votação para a admissão do Prof.". deve ser por escrutinio secreto. Se houver unanimidade de votos, o Prof.".

será recebido com distincção; e se houver tres contra, o Prof.". será recusado.

Se houver um ou dous votos contra, o Prof.". tornará a ser proposto com o inter vallo de tres mezes; e se então houver um só voto contra, o Prof.…. poderá ser recebido. Art. 20. Qualquer Prof... que for iniciado

— 166 –

Maç.…. deverá pagar uma joia, que não será menos de...., nem mais de...

CAP. IV.

Das filiações.

Art. 21. Todo e qualquer Maç.…. poderá ser filiado n’esta L.'., huma vez que tenha as qualidades exigidas nos Art. 16, 17, 18 e 19, e que renoncie pertenecer a outra L.". do mesmo Oriente.

Art. 22. O Maç.". filiado pagará tambem uma joia, que não será menos de..., nem mais de.....

CAP. V.

Determinações geraes. Art. 25. A L.'..... exerce dentro em si

os tres poderes, legislativo, executivo, e

judiciario; e suas deliberações tem força de soberania.

Art. 24. São deveres de todo o I.". o ser

– 467 —

docil, benevolo, tolerante, e o trabalhar na illustração do genero humano. Fica guar dado o sigillo Maç.…. não só para com os Prof..., mas ainda para com os Maç. .. que não pertencerem a este quadro. Art. 25. Todo o I.…. tem o direito de vo

tar, querendo, excepto em negocios que lhe dizem respeito, ou a Gr.'. que elle não tenha.

Art. 26. Nenhum I. . poderá ter aug mento de paga sem um anno d'exercicio no

Gr... que tem, salvo havendo serviços á pa tria, ou á Ord.". Art. 27. As despezas da L.". serão tiradas do producto das joias e das contribuições mensaes dos II."., a qual por ora he de....

— 468 —

INSTRUCÇÃO GERAL PARA OS MAÇ.". EM L.".

Os Maç.'. devem sempre apresentar-se com um trajo decente, e guardar na L.". o mais profundo silencio.

Ninguem, salvo os Vig... e o Or..., pode fallar em L. “.. sem ter obtido a Pal.'. do

Ven...; para o que se eleva a mão. Quando se entrar em L. “., dá-se ao I.".

Exp.…. a Pal.'. de passe, e o toque: poe-se á Ord.'., e executa se a marcha, segundo o Gr... em que a L.'. trabalha; faz se o Sin.". e busca-se o lugar que pertence a cada um. Sendo I.'. visitador, além das formalida

des acima ditas, he preciso tambem que leve comsigo o seu diploma, e que va pre parado para agradecer ás felicitações da L.·., pouco mais ou menos nos termos se guintes.

— 169 —

Agradecimento d'um I.". Visit.". « Ven.'. Mest.". I.”. primeiro e segundo

» Vig..., e vós todos meus II..., o acolhi º » » » »

mento favoravel que me fazeis, e as mar cas d’estima que vós me dais, me movem ao mais vivo reconhecimento. Mas como as expressões me faltão para o exprimir, permitti que eu recorra ao Sin. -. e á Bat. --

» dos verdadeiros Maç.…., a fim de vos tes » temunhar os meus sentimentos. »

Se o agradecimento porém tiver lugar em Banq.. então se agradecerá da seguinte maneira.

« Ven.'. Mest.º., e vós meus II..., em » todos vossos Gr... e qualidades, eu vos peço » d'acceitar a expressão de minha gratidão

» pelas marcas d’estima e d'amizade com » que vós me honrais. Para esse efeito, eu » vou atirar uma salva em vossa saude com

» polvora vermelha, e em fazendo fogo, bom

» fogo, e perfeito fogo.» (Faz com o Mest.". de Cerem... o exercicio do Costume, e be bem.)

— 470 —

Agradecimento d'um I. "., que acaba de ser iniciado.

« Ven.'. Mest.º., II... primeiro e segundo » Vig..., e vós todos meus II.'., ha muito º tempo que eu aspirava a ser admittido na » vossa respeitavel sociedade. Agora, sendo

» ja vosso I. “., nada mais me resta do que » » » » » »

a marchar sobre vossas pisadas, e a pra ticar as virtudes com o vosso exemplo, A minha vida se passará toda inteira a tra balhar, para me tornar digno do alto fa vor que me fazeis, e para ter occasiões de mostrar-vos a minha gratidão. I.”. Mest.".

» de Cerem.". tende a bondade de me guiar » para agradecer maçonicamente aos nossos » II.…. as tocantes provas de amizade, com

» que me honrárão, etc. (1) »

(1) Estamos mui longe de pretender que qual quer não saiba fazer um discurso para taes oc curencias ; mas são tantos os embaraçados, que

julgamos necessario expor não discursos, mas sim ples minutas"

— 171 —

MODELO DO

PRocEsso.VERBAL DA 1- SESSÃo.

A GL. ". Do GR.". ARCH.". Do UN.".

Em nome e debaixo dos auspicios do Gr.". Or.'. de.....

Os abaixo assignados, desejando elevar

um Templo á Virtude, se reunirão em um logar coberto, aonde reinava a paz e o si lencio; e depois do reconhecimento de suas

qualidades Maç.…., decidirão todos de se en dereçar ao Gr.". Or... de...., a fim de obter uma Constit.'. que podesse regularisar os seus Trab.".

Em consequencia, procedêrão logo á no minação dos Empr.'. necessarios, por meio do escrutinio. A maioria de votos deu para Ven.'. o I. “.....

1º Vigº, o I.”.... 2º Vig... o I.…..... etc., etc.

– 172 —

Todos estes Empr..., depois de prestado o juramento, tomárão posse de seus logares respectivos..

O Ven.". propoz para titulo distinctivo d’esta L.". o de...., o que foi sanccionado. Tambem se escolheu o I. "..... para ser o Representante d’esta L. ". no Gr.". Or, "., o que igualmente foi sanccionado.

Duas Commissões fôrão depois nomeadas: uma para redigir os regulamentos da L.".; e outra par apresentar o quadro dos II.". que compõe a R.'.L.'..... ao Or.". de.... Neuhum I... tendo pedido a Pal..., o Ven.'. fechou os Trab. . na maneira costu

mada, e cada um dos II... se retirou em paz.

— 173 —

MODELO DO QUADRO DA D...

Quadro dos II.…. (sello) que compõe a L.'..... ao O.'. de.....

An.'. da V... L.". 58..... ASSIGNATURA, NOMES,

QUALIDADES,

NASCIMENTO,



propria manu.

(O sello, e as assignaturas das P.…. tres

luzes da L...) 15"

— 474 —

MfDDELO PARA CR>

oRTER Do GR.". oa... UMA consTITUIÇAo.

Petição de Constit.".

(Sello da L.".)

Em nome e debaixo dos auspicios do Gr... Or.'. de A L. ". S. - JOAO.

Debaixo do titulo distinctivo de.... AO GR.". OR.". DE...

Saude ! Força ! União ! M.". RR.". 1.".

Animados pelo desejo de trabalhar regu larmente para gloria da Maç.…., e bem geral da humanidade, nós vos pedimos nossa reu nião ao centro commum de todos os Maç.".,

em nos outorgando a Constit.". que regula rise a L.". erigida no Or.'. de...., debaixo

— 175 —

do titulo distinctivo de...., conforme a de

liberação tomada no dia.... mez da V.". L. '. 58.... cujo extracto remettemos junto. Unidos a vós pelos laços da fraternidade, nos empenharemos em merecer a vossa ami

zade, e desde ja nos obrigamos a dar a con tribuição que exigem os vossos regulamen tos. Ao Or.'. de..... dia..... do mez..., do anno 58..... Nós somos P.". N.'.M.'.

Vossos afeiçõados II.".

(Assign.'. das tres Pr... Luzes da L.". -

(Sello) do (Assign.", Arch,", e Secr...)

— 176 –

M O D E L O ÇN3

DE AUTORISAÇAo

PARA O REPRRS.". DE UMAL.'., OU CAP.º. --•+>++>

Extracto do livro (sello) do Arch.". da L.". (o Cap...) debaixo do titulo distinctivo de.....

No dia do.…. mez..., An.….... o I...or..., para satisfazer aos Estat.'. do Gr.". O.º., pedio que se nomeasse um deputado ou Repres... juntô do Gr.". O."

Esta materia sendo posta em deliberação, o scrutinio deu para Representante d’esta L.'. (ou Cap.".) o I.…..... Em consequencia

a L.'. ou (ou Cap...) deu e dá ao I. “..... plenos poderes para obrar em seu nome,

junto do Gr.". Or... de....; em promettendo d’approvar tudo que em seu nome elle tiver promettido ao Gr.". Or.".

(Assign.'. das tres luzes da L.".) (Sello.)

(Assign. do Secr...)

— 177 —

MODELO PARA

PEDIR DIPLOMAS OU BREVES.

A” Gl.'.

do

Gr.".

Arch... do Un.".

(O mesmo preambulo das Const...) O M.'. C.". I.…...., desejando participar

aos Trab.'. da LL.". (ou Cap...) regulares, nos roga de vos pedir para elle um Certifi

cado, que constate a sua qualidade de Maçº. regular. Nós aproveitamo-nos d’esta occa sião para lhe testimunhar nossa amizade, e

vos pedimos que concedais este Certificado ao I.”. (nome, qualidade, nascimento, e idade) recebido membro de nossa L.". ao G.'. de.... no dia.... mez.... anno.....

Nós somos (como no Modelo para as Cons tit.".)

— 178 —

CEREMONIA FUNEBRE e ++@•

Quando uma L.'. tiver de honrar a me moria d'um I.'. defunto, o Ven.'. deve, por uma circular, prevenir e convidar os mais II... a assistirem ao enterro. Além d’isso, o

Ven.'. deverá traçar e endereçar uma pran cha a viuva ou parentes do defunto, na

qual exprima o profundo pezar de todos os II. . por causa de tão grande perda, A cabado o funeral Prof.". deve seguir-se o Maç.". Para isso, o Ven... endereçará uma nova circular aos II.…., em que lhes indi

que o dia e hora da pompa funebre. Além do Templo, são necessarias duas salas para esta ceremonia. A 1° terá armação preta, e serve para re

ceber todos os II..., que tambem devem es tar vestidos de preto. O Ven... fará distribuir os fumos para o luto de cada um dos II.'., e uma espada igualmente ornada com uma garça da mes ma côr.

Quando convier entrar no Templo o Ven.'. o fará annunciar por tres grandes martella das sobre a lamina de bronze.

Todos os II.…. se levántão logo; desen bainhão as espadas: dirigem as pontas para

— 179 —

a terra; arránjão-se em duas Columnas, e seguem o Ven.'., que he precedido por dous Mest.". de Cerem.".

Este cortejo se arranjará em redor do tu mulo, colocado no meio do Templo, o

qual, n'esse dia, deve ser allumiado por tres alampadas. No Oriente pôr-se-hão tres urnas chêas de alcohol, que o Ven... accen

de, sendo accompanhado pelos Vig... Sobre o tumulo estarão postos os attri butos e as insignias do Gr... do defunto; e seus despojos profanos pôr-se hão no as sento que este costumava occupar durante a vida. O Ven... entre os Vig..., e defronte dos

degráos do tumulo, bate tres martelladas com grandes intervallos sobre o bronze, e lembra aos II... por um pathetico discurso o motivo penivel de sua reunião. O I.”. Orad.". pronunciará uma oração funebre,

na qual deverá traçar as virtudes profanas e Maç."., que illustrárão o I.…. defunto. Cada um dos II... tem direito a dissertar

sobre o mesmo objecto. Depois dos discur sos os II.". farão, na mesma ordem, tres voltas em roda do tumulo, sobre o qual vão deitando algumas flores (esta ceremonia he tambem annunciada por tres outras mar telladas).

Todos os II..., a convite do Ven.'., pas

— 180 —

sarão em procissão para a 2° sala. (Dous 11..., do mesmo gr... que o morto, levarão

sobre uma almofada preta as insignias Maç. . do 1. .. defunto, e fecharão o cortejo). N’esta 2° sala estará colocada uma eça; esta será assombrada por cyprestes, cho rões e acacias, e construida de maneira a . poder abrir-se, para se introduizirem n’ella as insignias dos II.". defuntos. Nos muros

da sala e em roda da eça pôr-se-hão algu mas inscripções moraes. O Ven.'. termi nará por uma invocação ao Gr.". Arch.". do Un.'., para que elle se digne lançar so— bre o I.”. todos os seus beneficios do novo mundo.

Os II.…. serão convivados depois pelo Vem... a entrar no Templo, aonde por um

novo discurso lhes lembrará: que o homem sensato deve habituar-se ás privações, e en carar a morte sem susto, quando deixa de pois de si os exemplos de virtude. N. B. Os despojos profanos do I.'. defunto

occupão ordinariamente o seu lugar acostu mado até ás primeiras eleições. Tambem, durante a ceremonia da segunda sala, o tu mulo desapparecerá do Templo, que deve ser mais luzes para o encerramento dos Trab. ". FIM

DO TOMO PRIMEIRO.

TABOA

#

DAS MATERIAS DO TOMO PRIMEIRO,

Pag.

Ensaio historico sobre a Franc-Maçº... , , , , Taboa chronologica da Maç."... . . . . . . . . . . Primeiro gráo... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . -

3

61 67

Pastophoris........................... Ibid.

Segundo grºo........…....…......….

78

Neocoris.............................. Ibid.

Terceiro grºo.......................... 77 Porta da morte, ou melanephoris......... Ibid. Quarto grºo........................... 81

Batalha das sombras, ou christophoris..... Ibid. Is

16

{

— 182 — Pag.

Quinto gráo.......................…...

85

Balahate............................. - Ibid.

Sexto grá0.......…...…...…......... 87 Astronomo defronte da porta dos deoses.... Ibid. Setimo gráo........................... 89

Propheta, ou saphennatpancah, homem que conhece os Myst.…................... 89 Estatutos geraes........................ 101 Noticia sobre os ritos Maç.", mais usados... 109 1° Rit.".Symb......................... Ibid. 2º Rit.". Escocez....................... 3º Rito moderno ou francez...............

110 114

lº Rit.". de Misraim, ou Egypcio.......... 116 Analogia dos Myst.". antigos com os moder nos - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -

419

Conclusão geral... .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 129 Estatutos, ou leis geraes da Franc-Maç.".... 143 1º Estatutos, ou leis geraes da Franc-Maç.", em Inglaterra........................ 145

2º Estatutos, ou leis geraes e particulares da Franc-Maç.". em França............... 3º Estatutos, ou leis geraes da Franc-Maç.".

147

na Belgica...................….....

457

Aº Estatutos, ou leis geraes da Franc-Maç.". na Hollanda.........................

159

Modelo para os estatutos particulares da L.'. 161 Instrucção geral para os Maç.". em L."...... 168

Modelo do processo-verbal da 1° sessão.....

171

Modelo do *# quadro da L….................478 ••

#

— 183 – Pag.

Modelo para obter do Gr.". Or.", uma consti tuição. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 174 Modelo de autorisação para a repres.", de uma L.'., ou cap. "..................... . . . 176 Modelo para pedir diplomas ou breves..... 177 Ceremonia Funebre,, , , , , , , , , , , , , , , . . . . .

178

BIBLIOTHE CA MAÇONNICA.

ToMo II.

PARIS, — NA OFFICINA TYPOGRAPHICA DE

Rue François Mirom, 8,

BEAULÉ,

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