BAL_Manual Técnico (Formato eBook)

May 21, 2019 | Author: Carla Ferreira | Category: Word, Reading (Process), Theory, Time, Learning
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Manual avaliação leitura...

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BAL Bateria de Avaliação Avaliação da Leitura  Abordagens teóricas e opções metodológicas

Coordenação Iolanda Ribeiro Fernanda Leopoldina Viana

Testes Psicológicos

CEGOC-TEA, 2014

Obra vencedora do 9.º Prémio CEGOC. Título BAL– BateriadeAvaliaçãodaLeitura 

Coordenadores IolandaRibeiro FernandaLeopoldinaViana

Autores IolandaRibeiro FernandaLeopoldinaViana SandraSantos IreneCadime SéliChaves-Sousa AnaPaulaVale AlinaGalvãoSpinillo

Consultores GerardoPrieto(Universida GerardoPrieto(UniversidadedeSalama dedeSalamanca,Espanh nca,Espanha) a) JoséAntónioRibeiroMaia(FaculdadedeDesporto,UniversidadedoPorto) JoséJunçadeMorais JoséJunçadeMorais(Universidade (UniversidadeLivredeBrux LivredeBruxelas,Bélgica elas,Bélgica) ) MariaArmandaMartins MariaArmandaMartinsdaCosta(Fac daCosta(FaculdadedeL uldadedeLetras,Universi etras,UniversidadedeLisboa dadedeLisboa) )

Capa Conceçãoe design dacapabyEduardaCoquet©2013 dacapabyEduardaCoquet©2013 Copyright©2014byCEGOC-TE Copyright©2014byCEGOC-TEA,Lisboa,Portu A,Lisboa,Portugal. gal. Primeiraedição,Setembro2014 ISBN:978-972-8817-75-6 Editor:CEGOC-TEA,RuaGene Editor:CEGOC-TEA,RuaGeneralFirmino ralFirminoMiguel,nº3 Miguel,nº3A/BeRc,16 A/BeRc,1600-100Lisboa. 00-100Lisboa. Ediçãodigital.TODOS OS DIREITOS RESERVADOS. Proibidaareproduçãototalouparcia Proibidaareproduçãototalouparcial,sobqualquerformaoumeio l,sobqualquerformaoumeio,incluindo ,incluindofotocópia,gravaçã fotocópia,gravaçãoouqualquerou oouqualqueroutrosistema trosistema dearmazenamentoourecuperaçãodeinformação,semautorizaçãoescritadoeditor. ESTA

PROIBIÇÃO APLICA-SE A QUALQUER

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entários de Este Este trabalh trabalho o foi desenv desenvolv olvidono idono âmbito âmbito do projet projeto o “Invest “Investiga igação ção e avalia avaliação ção deleitura deleitura no 1.º ciclo: ciclo: Desenvol Desenvolvim vimento ento deinventários -PED/098592/ 592/2008 2008) ) financi financiado ado pela pela Fundaçã Fundação o para para a Ciênci Ciência a e Tecnolog Tecnologia, ia, no âmbito âmbito do POPH-QREN POPH-QREN, , avalia avaliação ção de leitur leitura” a” (PTDC/ (PTDC/PSI PSI-PED/098 comparticipadopeloFundoSocialEuropeueporfundosnacionaisdoMCTES.

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Agradecimentos Comoosleitorespoderãoconstataraolongodaspróximaspáginas,umtrabalhodaenvergaduradoexigido pelaconstruçãodaBALsófoipossívelgraçasaotrabalhodeumaverdadeiraequipaque,aolongodetrês anos,nuncasepoupouaesforçosparaqueosobjetivosfossemplenamenteatingidos. Chegadoomomentodepartilharcomacomunidadeescolarecientíficaotrabalhoproduzido,nãopodemos deixar deregistaro nosso profundoreconhecimentoaosescritores queconnoscocolaboraram,produzindo textosoriginaiseapelativos,apesardosconstrangimentosquelhesforamimpostosemtermosdeextensão e deorganização. Sem quaisquer tiques devedetismo e a títulograciosofoi possível dar a ler àscrianças testadastextosdeAnaMariaMagalhães,CarlaMaiadeAlmeida,IsabelAlçada,IsabelMinhósMartinseJorge Gomes.Emnossonome,mastambémemnomedascercade5.000criançasenvolvidasnoestudo,onosso BEMHAJAM! ÀnossacolegaEduardaCoquet– quenosrespondiasempre“Sim.Paraquando ?”–atodosospedidosque lhefazíamosquerestivessenoPorto,querestivessenomeiodoAtlântico,aolharoazuldocimodeumacolina doFaial,“aqueleabraço”.

ÀAnaCarinaFigueiredo,membrodoEngageLabdaUniversidadedoMinhoebolseiranoprojeto engagebook , um agradecimento reconhecido pelas aplicações que criou para otimizar um dos testes da BAL, o Teste deLeituradePalavras,epelaforma“quasemágica”comotransformavaosnossospedidosemferramentas

tecnológicas,fazendo-noscrerqueerapossívelfazer(quase)tudo. ÀsdireçõesdetodososAgrupamentosEscolares(eforammuitos!)queaceitaramonossodesafio,assinando umacordodecolaboraçãocomoCIEC –CentrodeInvestigaçãoemEstudosdaCriança,eapoiandotoda alogísticanecessáriaparaqueasavaliaçõessepudessemefetuarcomo mínimo deperturbação,impõe-se tambémumapalavradeagradecimento–Obrigado. Porfim,atodasascriançasqueresponderamàssucessivasversõesdostestesqueintegramaBALeaosseus respetivosprofessores, reiteramoso nosso agradecimento pelocontributoinestimável que deram à ciência quesefazemPortugal.

Ascoordenadoras

IolandaRibeiro FernandaLeopoldinaViana

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 Autoras Iolanda Ribeiro DoutoradaemPsicologia,naespecialidadedePsicologiadaEducação.ProfessoraAuxiliar,Departamentode PsicologiaAplicadadaEscoladePsicologianaUniversidadedoMinho.

Correioeletrónico:[email protected] Fernanda Leopoldina Viana DoutoradaemPsicologia,naespecialidadedePsicologiadaEducação.ProfessoraAssociada,Departamento dePsicologiadaEducaçãoeEducaçãoEspecialdoInstitutodeEducaçãodaUniversidadedoMinho.Membro integradodoCentrodeInvestigaçãoemEstudosdaCriança– CIEC.

Correioeletrónico:[email protected] Sandra Santos LicenciadaeMestreemPsicologiaEscolaredaEducação.DoutorandaemPsicologiaAplicada,naEscolade PsicologiadaUniversidadedoMinho.

Correioeletrónico:[email protected] Irene Cadime Doutoradaem Psicologia, naespecialidadede Psicologiada Educação.Bolseirade investigação e membro integradodoCentrodeInvestigaçãoemEstudosdaCriança– CIEC.

Correioeletrónico:[email protected] Séli Chaves-Sousa Licenciada e Mestre em Psicologia Escolar e da Educação pela Universidade do Minho. Doutoranda em PsicologiaAplicada,naEscoladePsicologiadaUniversidadedoMinho.

Correioeletrónico:[email protected] Ana Paula Vale Doutorada em Psicologia. Professora Auxiliar, Departamento de Ciências da Educação e Psicologia da Universidade deTrás-os-Montese AltoDouro.Membrointegrado doCentrode Investigação emEstudosda Criança– CIEC.

Correioeletrónico:[email protected]

Alina Galvão Spinillo Doutorada em Psicologia. Professora Catedrática, Departamento de Psicologia, Pós-Graduação em Psicologia Cognitiva da Universidade Federal de Pernambuco, Brasil. Pesquisadora do Conselho Nacional deDesenvolvimentoCientíficoeTecnológico(CNPq).

Correioeletrónico:[email protected]

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Í NDICE PREFÁCIO ………………………………………………………………………………………………………………………………………………….……………………………...

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INTRODUÇÃO …………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………..

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CAPÍTULO I …………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………......

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Avaliar leitura. Questões conceptuais e de medida IolandaRibeiro,FernandaLeopoldinaViana,SandraSantoseIreneCadime 

LER-Questõesconceptuais pág.15 Dificuldadesnaleitura pág.17 Aavaliaçãodaleitura pág.18

CAPÍTULO II …………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………….….......

29

Leitura de palavras. Considerações teóricas e implicações para a sua avaliação FernandaLeopoldinaViana,AnaPaulaVale,SéliChaves-SousaeIolandaRibeiro 

Modelosteóricosrelativosàleituradepalavras pág.30 Fatoresqueinfluenciamaleituradepalavras pág.32 Adescodificação:implicaçõesparaasuaavaliação pág.37 AconstruçãodoTLP(TestedeLeituradePalavras) pág.38

CAPÍTULO III ………………………………………………………………………………………………………………………………………………..................................

43

Compreensão de textos. Considerações teóricas e implicações para a sua avaliação AlinaGalvãoSpinillo,IolandaRibeiroeFernandaLeopoldinaViana 

Compreensãodetextos:consideraçõesteóricas pág.43 Compreensãodetextos:implicaçõesparaasuaavaliação pág.48 A construção das provas de compreensão: Testes de Compreensão de Textos na modalidadede leitura(narrativoeinformativo)eTestesdeCompreensãodeTextosnamodalidadeoral(narrativoe informativo) pág.50

CAPÍTULO IV ……………………………………………………………………………………………………………………………………………………...........................

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Bateria de Avaliação da Leitura (BAL). Descrição e opções de construção IolandaRibeiro,FernandaLeopoldinaViana,SandraSantos,IreneCadime,AlinaGalvãoSpinillo,SéliChaves-Sousae AnaPaulaVale 

PlanodeconstruçãodaBAL pág.55 DesenvolvimentodostestesdaBAL:opçõesaoníveldaconstruçãoedaadministração pág.57 MateriaisquefazempartedaBAL pág.60 © 2014 by CEGOC TEA. Todos os direitos reservados. -

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CAPÍTULO V …………………………………………………………………………………………………………………………………………………................................ Opções metodológicas e estatísticas na construção dos testes da Bateria de Avaliação da Leitura IreneCadime,IolandaRibeiroeFernandaLeopoldinaViana 

TeoriadeRespostaaoItemversus TeoriaClássicadosTestes pág.64 TeoriadeRespostaaoItem:ocasoespecíficodomodeloRasch pág.66 EstudodaspropriedadespsicométricasdostestesqueintegramaBAL pág.68

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Prefácio

PREFÁCIO Actualmente,la lecturaresultaun instrumento devital importanciaparaadquirir conocimiento,paraacceder a la cultura, para participar en ella. Este papel tan vital nos debe hacer conscientes de la importancia trascendental que poseela lectura enel mundoeducativo, social, cultural y laboral,así como enel propio enriquecimiento personal. La lectura supone un proceso de formación inseparable del proyecto de una sociedad ilustrada por lo que constituye lo que se denomina «cultura lectora», esto es, como habilidades básicas sobre las que se desarrolla toda una actividad cultural, mediante la cual las personas nos desenvolvemos y aplicamos nuestros conocimientos y estrategias lectoras/escritas en múltiples contextos dela vida diaria de maneramás o menos eficiente. Aún lo es más desdeque interactuamos mediante la tecnología(acceso a Internetdesde múltiplesartefactostecnológicoscomoordenadores portátiles,tabletas, teléfonos inteligentes,…) desde los cuales podemos leer y comunicarnos de manera instantánea. Tanto es

así,quemuchospaísesdesarrolladoso envíasdedesarrolloestándedicandomuchotiempoyesfuerzoa la investigaciónsobreestetemaytambiénasuevaluación. Un esfuerzo reciente ha sido el realizado por el Informe PISA (Programa Internacional para la Evaluación de Estudiantes) que se viene aplicando desde el año 2000 en todos los países de la OCDEen busca de asumircriterioscomunessobrelaevaluacióndelacompetencialectora.ElproyectoPISAdelaOCDEesuna evaluacióninternacionalestandarizadaqueseaplicaalalumnadode15años.Enesteproyecto,queseinició enelaño2000yenelqueparticiparon32países(yquehapasadoaduplicarsecon65paísesparticipantesen 2009),seevalúaelrendimientoentresámbitos:Lectura,MatemáticasyCiencias.Enlorelativoalalectura,esta prueba lleva a cabo diferentes tipos de tareas lectoras, tales como la elaboración de una comprensión global,la recuperacióndeinformaciónespecífica,la elaboraciónde unainterpretacióno lareflexión sobreel contenidoolaformadeltexto.Incluyetambiénlahabilidadparaleerdiversosmaterialesescolaresymateriales de lectura no escolares, incluyendo la lectura para el uso personal (cartas personales, ficción, biografías, páginas web, etc.), para el uso público (documentos oficiales, información pública, prensa, etc.) o para el empleoylaeducación(librosdetexto,informes,etc.). Además de esta prueba PISA,centradafundamentalmenteen adolescentes de 15 años, existeotraprueba internacionaldenominada PIRLS (EstudioInternacionaldeProgresoenComprensiónLectora),yqueseviene aplicandoaniñosde10añosquecursansusestudiosdeprimariaen45países,aligualqueseaplicaotra llamadaTIMSS,relativaamatemáticasy ciencias.Unaspectomuyreveladorde todas estaspruebasesque susresultadossuelensercoincidentes,estoes,unalumnoqueobtieneunnivelbajoenla pruebadelectura sueleobtenertambiénpobres resultados enlas pruebas dematemáticasy ciencias,y alrevés, unalumno sobresalienteenlaspruebasdelecturasuelecoincidirconbuenaspuntuacionesenlaspruebasdeciencias.

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Todoellonosincideenlaideadequealigualqueocurreconelaprendizaje,lalecturaesunclaroejemplode procesos cognitivos enormemente complejos que requieren de un largo camino para alcanzar un nivel decompetenciaadecuado,unniveldecomprensiónprofundoyeficiente.Hoysabemosconcertezaquelos problemas de comprensión que se producen como consecuencia de una inhabilidad lectora, cuyo origen se sitúa frecuentemente en una claradesmotivación del alumno, en edades tempranas y que suele ser el denominadorcomúndelfracasoacadémicoencualquieradesusfasesydesarrollo.Esmás,esteproblemaha trascendidoalámbitoextraacadémico,convirtiéndoseenunproblemasocial(véase,porejemplo,elporcentaje tandisparadodeparojuvenilennuestropaísqueseincrementamáscuantomenorsealapreparacióndel  joven). Por ello, hoy se asume que las dificultades lectoras y de comprensión afecta de manera transversal al alumno y en cuyo estudio están implicadas múltiples áreas de conocimiento. Pero todo ello pasa, necesariamente,pordisponerherramientasútilesqueprecisen,porunlado,undiagnósticolomáscorrecto posibley,porotro,unaintervenciónlomástempranaposible. Comohemosseñaladoenlospárrafosanteriores,haypruebaslectorasqueevalúanelniveldecomprensióny decompetencialectoraenniñosde10añosyenadolescentesde15años,perosonmuyescasasaquellas queseinteresanporevaluarelmismoprocesodelecturadesdesuinicio,desdeelmomentoenelqueelniño toma contacto con los libros, con las tareas lectoras en los primeros años de la enseñanza primaria. En estadirecciónhasurgidola BateriadeAvaliaçãodaLeitura ,BAL,consistenteencincopruebasdelectura,que coordinadaporlasautorasIolandaRibeiroyFernanda Leopoldina Viana,handesarrolladodichapruebaala luzdeladireccióndediversasinvestigacionesenlasquehanparticipadocasicincomilniñosdeedadesentre losseisydiezaños,juntoasugrupodeinvestigaciónformadoporAlinaGalvãoSpinillo,AnaPaulaVale,Irene Cadime,SandraSantosySéliChaves-Sousa. La Bateria deAvaliação daLeitura  ofrece variasventajas singulares sobreotraspruebas. Por un lado,esta pruebasesustentaendiversosmodelosdelecturaqueoscilandesdelosmodelosdelecturadepalabrasyde comprensiónactualessincronizadosconotrosmodelosypruebasdelecturaydecompetencialectora(PISA, TIMSS,ECOMPLEC),loquehacefácilyfluidalainformaciónquesepuedeextraerdeellaysuconexióncon otraspruebas.Enotraspalabras,estapruebautilizaunlenguajeensudiagnósticoeinterpretacióncomúna otraspruebasmuyreconocidasalusoquediagnosticanlacomprensiónlectoraenedadesposteriores. Una segunda ventaja es lapropia construcción y estructuraciónde la prueba, muy consistente en surigor metodológicoyestadístico,convaloresmuyimportantesenfiabilidadyvalidez,yconunamuestramuyamplia (cerca de cinco mil participantes distribuidos en cuatro niveles académicos correlativos). Esta batería de lecturaadquiereunvalorextraalconsiderarcincopruebasdiferentesconstruidasenelámbitodelateoríade respuestaalítem(modelodeRasch)yquepermite,además,uníndicedecadasubprueba(tienenunvaloren símismo).Laenormeventajaquesuponeestaestructuracióndecincopruebasquepuedenserintegradas bajounmismoparaguasesquepermitenundiagnósticomuchomásprecisoycerterodelasdificultadesde lectura detectadas, siendo unvalorañadidopara la investigación y la prácticaprofesional.Precisamente, la diversidaddepruebassuponeotradesusventajas,alsercapazdedistribuirpruebasdelecturaoralconescrita (enfuncióndelamodalidaddepresentación)odelaaplicacióndetextosdediferentegénerocomopueden

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Prefácio

serlos textos narrativosde los informativos. Todoello supone materialesy actividadesconsideradas como “naturales”ycotidianasdentrodelaula,loquetambiénfacilitasuaplicación.

Unacuartaventaja,éstaespecialmenteimportante,esladeofrecerunaevaluacióncontinuadelalumno,esto es,permiteunseguimientodelaevoluciónlectoradelalumnoenloscuatroprimerosaños(1ºa4ºdeprimaria) de escolarización,lo quefacilita enormemente su diagnóstico y disponerde métodos de intervención. Otro aspecto a tener en cuenta de esta prueba y que supone una nueva ventaja sobre otras pruebas, es su cuidadosa elección de los materiales de lectura, muy apropiados en todos los casos. Las autoras se han esforzadoporseleccionarparaestapruebatextosadecuadosparacadaniveldelectura,textomotivadoresen suscontenidosymuyapropiadosensuexpresividadafectivaenelcasodelostextosnarrativos.Porúltimo, otraventajadeestabateríadelecturaesladeofrecerunmanualespecíficodecadasubpruebaconelobjeto deresultarmuchomásespecíficodecadapruebaydeestamanera,poderajustarsemejoralosobjetivosde usodeinvestigaciónodiagnósticomásparticular.Sinduda,esteesfuerzoañadidoporlosautoressuponeotra ventaja importante deestaprueba.Porotro ello,esta prueba delectura puede resultarun instrumentomuy valiosoenlaevaluacióndelalecturaenlasedadescomprendidasentrelosseisydiezaños.

JoséA.León CatedráticodePsicologíadelaUniversidadAutónomadeMadrid Septiembre2014

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Introdução

INTRODUÇÃO Aapresentaçãodosquadrosteóricosquesustentamaconstruçãodoscincotestesda BateriadeAvaliaçãoda Leitura –BAL,adescriçãodométodo,especificamenteasquestõesrelacionadascomaelaboraçãodostextos

edositensdasprovasdecompreensãodetextos,bemcomoasanálisesestatísticaseasprovasusadasnos estudosdevalidade,sãoinseridasnestelivroenãonosmanuaistécnicosdecadateste. Váriasrazõesjustificamestadecisão.Emprimeirolugarimportasalientarqueabateriadeprovasfoiconstruída demodoapermitiravaliaracompreensãodetextosconsiderandotrêscondições:otipodetexto(narrativoou informativo),amodalidadedeapresentação(leiturasilenciosaouaudiçãodeumtexto)ealeituradepalavras. Asquestões teóricasque sustentam esta opção são abordadas no primeirocapítulo deste livro.O modelo teóricoqueenquadraasquatroprovasdecompreensãoésimilar,bemcomoasopçõestomadasaonívelda elaboraçãodositensedoseuformato.Dopontodevistametodológicoeestatístico,oscincotestesforam construídos no âmbito da Teoria da Respostaao Item(TRI), maisespecificamentecom recursoao modelo Rasch. O planodefinidoparao estudo davalidade dos resultados é igualmente comum aos vários testes. Existe,assim,umasobreposiçãodeaspetosconceptuais,metodológicoseestatísticosnasprovas. Em segundo lugar, a BAL foi pensada como um conjunto de cinco testes cujos resultados podem ser integrados de modo a permitir um diagnóstico preciso das dificuldades de leitura. Todavia, a BAL pode tambémserutilizadaemsituaçõesdeinvestigaçãooudepráticaprofissional.Caberáaosprofissionaisaopção porutilizarapenasalgunsdostestes.CadatestedaBALfoiconstruídodemodoautónomoecadaresultado temumvalorsubstantivoemsimesmo. Tendoemcontaestasconsiderações,nãosejustificaaexistênciadeumúnicomanualtécnicorelativoatodas as provas.Porum lado, a elaboraçãode cinco manuaistécnicosindependentesfoi a solução considerada maisajustadaparaautilizaçãodostestesdaBALemfunçãodosobjetivosdosseusutilizadores.Poroutro lado, dado que o modelo teórico dos testes de compreensão, bem como as opções metodológicas e estatísticasrelacionadascomos cincotestes, sãocomuns,a suarepetiçãonoscincomanuaisresultariaem informaçãoredundante. Optou-se,porisso,pelaelaboraçãode umapublicaçãocomplementar aosmanuais técnicos,naqualsesistematizamasquestõesconceptuaisemetodológicasqueorientaramaconstruçãodos diferentestestesqueintegramaBAL. A BAL tem como objetivo avaliar a identificação das palavras escritas (geralmente denominada descodificação), a compreensão da leitura e a compreensão da linguagem oral (embora apresentado numregistoelaborado,dadoquesetratadaaudiçãodeumtextoqueélido).Estetriploobjetivodecorredo reconhecimento dos contributos da habilidade de identificação das palavras escritas e da compreensão da linguagemoral paraa compreensão daleitura. Esta bateria respondeà necessidadede disponibilizar à

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comunidadeeducativaecientíficatestesadaptadosàpopulaçãoportuguesaafrequentaro1.ºciclodoensino Básicoequepermitamumaavaliaçãoabrangente. Consequentemente, a BAL é constituída por cinco testes, com formas ajustadas aos vários anos de escolaridade:  Testedeleituradepalavras(TLP–4formasdestinadasaosalunosdo1.º,2.º,3.ºe4.ºanos); 

Testedecompreensãodetextosnamodalidadeoral 1 – narrativo (TCTMO-n–4formasdestinadasaos

alunosdo1.º,2.º,3.ºe4.ºanos); 

Testedecompreensãodetextosnamodalidadeoral – informativo (TCTMO-i–4formasdestinadasaos

alunosdo1.º,2.º,3.ºe4.ºanos); 

Testedecompreensãodetextosnamodalidadedeleitura 2– narrativo (TCTML-n –3formasdestinadas

aalunosdo2.º,3.ºe4.ºanos); 

Teste de compreensão de textos na modalidade de leitura –  informativo (TCTMO-i – 3 formas,

destinadasaalunosdo2.º,3.ºe4.ºanos). Aterminologiaadotadanosquatrotestesdecompreensãotraduzaopçãoporconstruirumconjuntodeprovas emquesecombinaaavaliaçãodacompreensãocomamodalidadedeapresentação –oral(audiçãodotexto) versusleitura(silenciosa)–ecomotipodetexto(narrativoversus informativo).

Nocapítulo I descrevem-seos constructosavaliados pelostestesque constituem a BAL,a par dealgumas considerações sobrea avaliação dos mesmos. O capítulo inclui aindauma secção onde sedescrevem as utilizações possíveis da BAL. Um aprofundamento dos constructos “leitura de palavras” e “compreensão”

são abordados nos capítulos II e III. No capítulo IV especifica-se o plano de construção da bateria e as característicasgeraiscomunsaostestesqueaintegram.NocapítuloVdiscutem-seasopçõesmetodológicas eestatísticasnaconstruçãodostestesdaBAL,comespecialdestaqueparaasanálisesdomodeloRasch,um modelodeTeoriadeRespostaaoItem.Nosmanuaistécnicosdecadatestesãotratadosaspetosespecíficos relacionadoscomoprocessodeconstrução,instruçõesparaaplicaçãoecotaçãoedadospsicométricos. Ainvestigaçãodaleituraexigeautilizaçãodeinstrumentoscomcaracterísticaspsicométricasrobustas.Neste sentido coma BALdisponibiliza-seaos investigadores um conjunto detestesque permitem umaavaliação rigorosaeabrangentedaleitura.

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Usaremosaexpressão modalidadeoralquandooexaminandoescutaaleituradeumtextopreviamentegravado. 2 Usaremosaexpressão modalidadedeleitura quandooexaminandoprocedeàleiturasilenciosa.

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Introdução

Aoníveldaprática,sejanoquadrodaavaliação,sejanodaintervençãojuntodealunoscomdificuldadesde aprendizagem da leitura, os vários testes que constituem a BAL permitirão responder a um conjunto de questõesquepassamosaenumerar: a) Qualodesempenhodosalunosnaleituradepalavrasnacompreensãodaleituraenacompreensão dediscursosorais,tendoporreferênciaoseugruponormativo? As normas disponibilizadas para cada teste por ano de escolaridade permitirão determinar a discrepância entreo desempenho individuale o queé expectável, tendo porreferênciao respetivo gruponormativo.

b)

Como varia o desempenho na compreensão da linguagem orale na compreensão da leituraem funçãodotipodetexto? As discrepâncias observadas permitirão formular hipóteses sobre a influência desta variável no desempenhodosalunose,consequentemente,fornecerindicaçõessobreotrabalhoadesenvolver.

c) Quaisasmudançasdedesempenhointraindividualqueocorremaolongodotempo,queraonívelda identificaçãodaspalavrasescritas,queraoníveldacompreensãodaleitura? Como será explicado de modo detalhado no capítulo V, as versões de cada teste para cada um dos anos de escolaridade foram sujeitas a um procedimento de equalização vertical. Esta opção permite que com testesdiferentesparacadaano deescolaridade(queatendemàs mudançasno desempenho em leitura que decorrem do processo de aprendizagem e com controlo de efeitos deteto) seja possívela avaliaçãodas mudanças intraindividuais e não apenas a comparação dos resultados de um leitor com os do grupo de referência. Desta forma, cria-se a possibilidade de monitorizarosganhosnotempoeaaproximaçãoaoqueéopadrãodesejávelparadeterminadoano deescolaridade.Esta possibilidade é particularmenteimportantepara avaliar osefeitos,a curtoe a médioprazo,daintervençãojuntodealunoscomdificuldadesnaidentificaçãodepalavrasescritas,na compreensãodaleituraenacompreensãodalinguagemoral.

d) Em que medida resultados não satisfatórios ao nível do desempenho em compreensão da leitura variamemfunçãodaproficiêncianaidentificaçãodepalavrase/ounacompreensãodeenunciados orais? Esta comparação permitirá formular hipóteses sobre a extensão em que as dificuldades da compreensãodaleituraresultamdedificuldadesglobaisdecompreensãodalinguagemoralouestão associadasaproblemasdadescodificação.

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Nota final Aidentificaçãodaspalavrasescritaséumdosprincipaisfatoresqueexplicagrandepartedasdificuldadesde compreensão da leitura observada em alunos nos primeiros anos de escolaridade. Porém, apesar de a descodificação ser umacondição necessária para a compreensão da leitura, elanão é suficiente para se chegaraumquadrocompreensivodoquepode,defacto,explicarasdiferençasinterindividuais(Catts,Hogan, &Fey,2003). Asdiferençasinterindividuaisdependemdacompreensãodalinguagemoral,mastambémdeoutrasvariáveis comoacapacidadedefazerinferências,damonitorização,damemóriadetrabalho,doconhecimentolexical edosconhecimentospréviosdoleitor(Perfetti,Landi,&Oakhill,2005).Aavaliaçãodestasvariáveisnãoestá contemplada naBAL.Numaperspetivaabrangentedeavaliaçãodosalunossinalizadoscomdificuldadesde aprendizagemdaleituraelasdeverãoserincluídas,bemcomooutrasquenãoseassociamexclusivamente a problemas deleitura,como sejama ocorrência dedéficescognitivos ousensoriais, problemas daesfera emocional e/ou comportamental e características de contextos microssistémicos, em particular os que se relacionamcomafamíliaecomocontextoescolar.

Referências bibliográficas

Catts, H., Hogan, T.P., & Fey, M.(2003). Subgrouping poor readers onthe basisof reading-related abilities. JournalofLearningDisabilities,36 ,151-164.

Perfetti,C.A.,Landi,N.,&Oakhill,J.(2005).Theacquisitionofreadingcomprehensionskill.In M.J.Snowling&C. Hulme(Eds.),Thescienceofreading:Ahandbook(pp.227-347).Oxford:Blackwell.

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Capítulo I

AVALIAR LEITURA. QUESTÕES CONCEPTUAIS E DE MEDIDA IolandaRibeiro,FernandaLeopoldinaViana,SandraSantoseIreneCadime 

A construção de provas de avaliação da leitura é uma tarefa complexa dada a natureza do conceito. O desenvolvimentodaBALe aseleçãodosconstructosaavaliardecorreu,querderazõesdenaturezateórica, querdepreocupaçõesrelacionadascomaavaliaçãoeaintervençãonosproblemasdeleitura,emparticular dos alunos do1.ºciclo doEnsinoBásico.Da conjugaçãodestesdoisfatoresresultoua opçãodeavaliara leituradepalavraseacompreensão.Aolongodestecapítuloprocuramosjustificarestaescolha,bemcomoos procedimentosadotadosnosváriostestes.

LER - Questões conceptuais Oqueéler? Entendido como “o processo de simultaneamente extrair e construir significado através da interação e envolvimentocomalinguagemescrita ”(RAND– ReadingStudyGroup ,2002,p.11),éconsensualmenteaceite

que ler éum processoquerequera integraçãode várias fontes deinformação. Num sentidomenos latoa leitura é, essencialmente, uma habilidade percetiva e cognitivo-linguística que implica o processamento de informação oriunda de várias fontes. O processamento de informação exige a transformação de uma representaçãodeentrada,geralmentevisual(emborapossasertáctil,nocasodeleiturapelosistemaBraille) numaoutrarepresentação(desaída).DeacordocomMorais(2008),estemesmoprincípioéaplicadoparaa compreensãodalinguagemoral,ouseja“arepresentaçãoacústicadafalatemdesertransformadaparase obterumarepresentaçãodosignificadodafrase,eeventualmenteumarepresentaçãoortográficaquepermite escrevê-la ”(p.1).

Estasoperações de transformação – quer setratede linguagem oral,querse trate delinguagem escrita – implicam que o leitor ative um conjunto de subprocessos cognitivos (por exemplo, atenção, memória de trabalho) e linguísticos (por exemplo, vocabulário, análise sintática, a capacidade de fazer inferências). No entanto,nocasodaleitura,háumahabilidadequelheéespecífica –aidentificaçãodaspalavrasescritas.A aquisiçãodestahabilidadeécrucial,pois,paraqueacompreensãosejapossível,éprecisoodomíniodeum código(ocódigoalfabéticonamaiorpartedaslínguas). Todavia,odomíniodocódigoécondiçãonecessáriamasnãosuficiente.AindadeacordocomMorais(2008): “…para ageneralidadedosleitores,a compreensãoem leitura(CL)é funçãoda relaçãomultiplicativaentrea compreensãodafala(CF)eaidentificaçãodaspalavrasescritas(IPE).(…).Oscasosextremosemqueumadas

capacidades é muito fraca e a outra é normal também exemplificam esta relação multiplicativa (Gough & Tunmer,1986).Osdisléxicos ,queapresentamdificuldadesimportantesemIPEmasnãoemCF,sãoafetadosna compreensãodetextos;e,inversamente,oshiperléxicos ,queadquiriramosprocessosnecessáriosàIPEapesar

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deteremenormesdificuldadesemCF,tambémosão,nestecasoquaseilustrandoofatodeque0multiplicado por qualquer outro número, por mais elevado que seja, faz 0. Assim, conclui-se que ambos os tipos de conhecimento ou capacidade são necessários e que nenhum deles é suficiente para a compreensão na leitura”(p.2).

Linguagemoral,descodificaçãoecompreensãodaleitura

Aaprendizagemdaleituraedaescritasãoaprendizagensculturais.Nascemospré-programadosparaadquirir a linguagem oral, mas não para aprender a ler (e a escrever). A linguagem escrita é uma linguagem de segundaordemqueusaasrotasneuronaisdalinguagemoral(Dehaene,2007).ComoreferemPerfetti,Landie Oakhill (2005) “the acquisition of reading comprehension is learning to understand writing as well as one understands spoken language ”  (p. 227). Embora existam diferenças importantes entre a linguagem oral,

entendidacomoacapacidadedeextrairsignificadosapartirdodiscursofalado(Snowling&Hulme,2005),ea linguagemescrita,ainvestigaçãotemmostradodemodosistemáticoaexistênciadeumaassociaçãoentrea compreensãodaleituraeacompreensãodalinguagemoral(McGuinness,2005;Nation,2005),oqueindicaa possibilidadedaexistênciadeprocessoscomuns. Aassociaçãoentreacompreensãodaleituraeacompreensãodalinguagemoraltraduz-seemcorrelações de magnitude variável ao longo do tempo. Na fase inicial da aquisição da leitura, as crianças estão predominantemente orientadas para a aquisição das regras de correspondência grafema-fonema, a que sesegue a necessidadede automatizara leitura depalavras.A compreensãoda leitura é limitadaporeste processo normal de aquisição. Numa primeira fase, as correlações entre os resultados em tarefas de compreensãoda leitura são mais elevadas com osda descodificação doquecomos dacompreensão da linguagemoral(Curtis,1980;Stanovich,Cunningham,&Freeman,1984;Sticht&James,1984). Numa trajetória de aprendizagem da leitura sem dificuldades associadas à descodificação, à medida que o reconhecimento de palavras se torna cada vez mais automático, reduzem-se as correlações entre a descodificação e a compreensão da leitura e aumentam as correlações entre esta e a compreensão da linguagemoral. Na faseinicial de alfabetização,a leitura de palavras e a compreensão daleitura partilham entre 61 e 81% de variância comum, reduzindo para 45 a 66% a partir do 4.º ano (Bowey, 2000). Em contrapartida, aumenta a percentagem de variância da compreensão da leitura que é explicada pela compreensãodalinguagemoral.Estudoscomalunosuniversitáriosmostramqueaquelapercentagemsesitua em81%(Gernsbacher,1990).Mesmoemadultosfluentesmantém-sea associaçãoentreacompreensãoda leituraeoreconhecimentodepalavras(Perfetti,Landi,&Oakhill,2005). Comofoi referido,a capacidadepara identificaras palavrasescritas é específica da leitura. Todavia, sendo específicadaleituraedeterminanteparaaextraçãodesentido,nãoésuficienteparaasseguraracompreensão doqueélido.Identificarumapalavrasignificaobterasuaformaacústica,mastalnãogarantequeativeuma representação semântica. Um leitor pode identificar a palavra sardanapalo  e produzir corretamente a sua formaacústica,mastalnãogaranteoacessoaosignificado,emboraelepossaserinferidoatravésdepistas contextuaiscasoapalavraestejaintegradanumafraseounumtexto.

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 Avaliar leitura. Questões conceptuais e de medida Iolanda Ribeiro, Fernanda Leopoldina Viana, Sandra Santos e Irene Cadime

A compreensão da linguagem oral, a descodificação e a compreensão da leitura têm entre si relações complexas. Esta complexidade decorre de várias razões. Em primeiro lugar, porque considerados isoladamentesão,perse ,constructoscomplexos.Emsegundolugarporque,duranteaaquisiçãodaleitura,se influenciammutuamente.Emterceirolugarporqueopadrãodeinterrelaçãomudaaolongodotempo.Em quartolugarporquealeituraétambémumacompetênciaquemudaaolongodaescolaridade,comespecial relevonosanosiniciais(Bowey,2005).Seestasrelaçõescolocamdesafiosaoníveldainvestigaçãonoâmbito daleitura,criamexigênciasparticularesquandosetratadaconstruçãodeprovasparaasuaavaliação.

Dificuldades na leitura Dificuldadesnaleituradepalavras

Asdificuldadesiniciaisnaaprendizagemdaleitura,nosentidomaisestritodadescodificação,apresentam-se associadasaumconjuntodevariáveiscomoovocabulário,alinguagemrecetivaeexpressiva,aconsciência fonológica,oconhecimentodasletras,anomeaçãorápidadeletrasea compreensãodoprincípioalfabético (Bowey,2005;Caravoles,Hulme,&Snowling,2001). Asuacaracterizaçãotemsidoefetuadacombasenomodelodeduplavia(Coltheart,Rastle,Perry,Langton,& Ziegler,2001).Deacordocomestemodelo,aleituradepalavraspodeserfeitaatravésdeduasviasdiferentes: (a) uma via direta, também denominada via lexical ou visual; (b) uma via indireta também denominada subléxica oufonológica.A utilização de qualqueruma destas vias implica previamente a análise visual da palavraescrita.Noentanto,avialexicalimplicaoacessodiretoàrepresentaçãodapalavraarmazenadano léxicomentaldoleitor,ativadopelocontactocomaformaortográficadapalavra.Oacessoaoléxicopelavia fonológicafaz-seatravésdaconversãografema-fonema. Nesta linha é possível distinguir entre subgrupos de dificuldades. Um primeiro subgrupoinclui as crianças nasquaisaviafonológicadeacessoaoléxicoseencontraalterada.Estascriançasconseguemlerpalavras regulares ou irregulares, desde que as mesmas sejam familiares, mas apresentam dificuldades na leitura depalavraspoucofrequentesoudepseudopalavras.Adificuldadeemutilizarosmecanismosdeconversão grafema-fonemaexplicaestepadrãodedesempenho.Numsegundogrupo,osproblemasdeleituradecorrem da dificuldade em usar a via direta ou léxica. Tipicamente, as crianças deste grupo têm dificuldades em reconhecerumapalavracomoumtodoeemlerpalavrasirregulares,sendooseudesempenhosuperiorna leitura de palavrasregulares, sejam estas familiares ou não. Um terceirogrupo inclui ascriançasque têm dificuldadesnautilizaçãodasduasviasdeacessoaoléxico(Defior,2000). Um leitor proficiente usa as duas vias em função das características das palavras (frequentes versus não frequentes)efetuandoumaleiturafluente.Nofinaldosprimeirosanosdeescolaridadeascriançasdeverão sercapazesdeusarasduasviasdeacessoaoléxicoedeefetuaremumaleituraautomáticaeprecisadas palavras,querasmesmasseapresentemdemodoisolado,querestejamincluídasnumtexto.Nãoatingiro

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níveldeleituraconsideradofluente,ouseja,nãosercapazdeefetuaraleituraautomática,precisaeexpressiva, podecomprometerdeformadramáticaacompreensão.

Asdificuldadesnacompreensãodaleitura

Na comunidade científica, é atualmente aceite que a construção de significados pelo leitor não decorre naturalmente da leitura das palavras presentes num texto (Nation, 2005). A capacidade para identificar as palavrasescritasdeformarápidaeautomáticalibertarecursoscognitivosparaaextraçãodesentido.Quando osujeitotemdeorientarosseusrecursosparaprocessosdenívelinferior,i.e.,aidentificaçãodaspalavras escritas, os processos de ordem superior necessários à extração e à construção de significados não são executados ousão-no demodonão eficiente(Bowey, 2005).Assim sendo, não é deestranhar que grande parte das dificuldades ao nível da compreensão se encontre associada a dificuldades ao nível da descodificação(Perfetti,1985,1994). Criançasque apresentamdificuldadesnacompreensãode textosescritostêm, frequentemente,dificuldades naleituradepalavras;criançascomproblemasnaleituradepalavrastêm,sistematicamente,dificuldadesna compreensão de textos escritos (Vellutino & Fletcher, 2005). Estudos realizados por Oakhill (1994) e Yuill e Oakhill(1991)contribuíramparadistinguir,noâmbitodasdificuldadesdeleitura,umgrupodealunosquese caracteriza por apresentar na leitura de palavras um desempenho adequado à sua faixa etária, mas com desempenhos em compreensão da leitura abaixo do esperado para essa mesma faixa etária. Este grupo, identificadocomo“poorcomprehenders ”(Nation,2005)é,tipicamente,menosreferenciadoparaapoiodoque

odealunoscomproblemasaoníveldaleituradepalavras(Leach,Scarborough,&Rescorla,2003).Excluídos osproblemasdeleituradepalavrascomocausadasdificuldadesdecompreensãodaleitura,osresultados de alguns estudos (e.g. Nation & Snowling, 1999) mostram que estes alunos (“poor comprehenders ”), por

comparaçãocomumgrupodecontrolosemdificuldades,apresentamumdesempenhoinferioraodosseus paresemtarefasdecompreensãodalinguagemoral( listeningcomprehension ).Estasdificuldadespoderão indiciar dificuldades mais gerais de compreensão que não se restringem apenasa uma modalidade (oral versus leitura).Alémdeproblemasdecompreensãodalinguagemoral,variáveiscomoconhecimentolexicale

memóriadetrabalho(Perfetti etal .,1996),realizaçãodeinferênciasemonitorizaçãodacompreensão(Nation etal .,2004)estãoigualmentepresentesnosalunosdestesubgrupo.

 A avaliação da leitura Como foi referido anteriormente, a avaliação da leitura deverá incluir: a competência na identificação das palavras escritas (vulgarmente chamada descodificação, embora, em rigor, a descodificação seja, na realidade, a forma mais usada e mais eficaz para identificar as palavras escritas) 1, a compreensão da linguagemoralea compreensãoda leitura.Avaliarapenasa compreensãoda leituranãonos permitesaber

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Nestaobrausaremos descodificação eidentificação depalavrasescritascomosinónimos.

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o contributo de cada um dos fatores (descodificação e compreensão oral), nem saber as origens de eventuais dificuldades. Consequentemente, “não é possível, portanto, apurar, sem uma avaliação separada, independente,dos doistiposde capacidade(compreensão dafala eidentificaçãodas palavrasescritas), se umalunoouumaalunacompreendemalostextosporquecompreendemal,demodogeral,alinguagem,ou porquetemdificuldadesemidentificaraspalavrasescritas ”(Morais,2008,p.3).

Seleréumprocessocomplexo,paraoqualconcorremmúltiplosfatoreseprocessoscognitivoselinguísticos, facilmentesedepreenderáqueavaliaraleituraé,igualmente,umprocessocomplexoequedependetambém dosobjetivossubjacentesaessaavaliação.Seoobjetivoéavaliarasmudançasdeconhecimentosquese operamdepoisdaleitura,está-seaavaliarumproduto.Seoobjetivoéavaliaroconjuntodecompetênciasque oleitormobiliza(ounão)aolongodaleituraparaqueseproduzamasmudançasaoníveldoconhecimento, estamosaavaliarprocessos(Viana,2009). Estes dois tiposde avaliação não são mutuamente exclusivos,mas complementares.Numa mesmaprova podemseravaliadosprodutoseprocessos,dependendodotipodeanálisequeforfeitaedastarefasnela incluídas.ABALfoidesenvolvidadeformaapermitirestacomplementaridade. AfimdeexplicitarasopçõesnosformatosadotadosnosváriostestesdaBAL,apresenta-se,deseguida,uma síntesedasprincipaistarefasdeavaliaçãodaleituranavertentedescodificaçãoecompreensão.

Aavaliaçãodaleituradepalavras– descodificação

A leitura de palavras constitui um objetivo de aprendizagem nos primeiros anos de aquisição da leitura, relativamente ao qualmuitas crianças experienciam dificuldades. Estasdificuldades limitam severamente a capacidade de compreensão da leitura (Perfetti, Landi, & Oakill, 2005). A avaliação da leitura de palavras tem,assim,desernecessariamentecontempladanaavaliaçãodaleitura,querporqueemsimesmaéuma dificuldade,querpeloimpactoquetemnacompreensãodaleitura. Aavaliaçãodaleituradepalavras(tambémdenominadaavaliaçãodadescodificaçãooudoreconhecimento depalavras) recorre,maioritariamente,a doistiposde procedimentos:a leiturade palavrasapresentadasde formaisoladaealeituradepalavrasapresentadasem(con)texto. a) Leituradepalavrasapresentadasdeformaisolada

Nestetipode tarefao leitortem deidentificarum conjuntode palavrasapresentadas deforma isolada em cartões,noecrãdeum computadorouem listas.Estetipodetarefaforneceumamedidarelativamentepura da habilidade de descodificação, já que o leitor não pode usar pistas contextuais. Todavia, pode sempre socorrer-sedeoutrasestratégias,queserãoaprofundadasnocapítuloseguinte,taiscomofazerumaleitura visual(usandopistasrelativasàformadapalavra),oulerporanalogia(Ehri,1998).

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Nosváriosinstrumentosdeavaliaçãodaleituradepalavrasapresentadasdeformaisolada,podemencontrar- -sealgumasvariantes,relativamenteaoformatodeapresentação,taiscomo:i)Ler,numminuto,onúmero máximo de palavras apresentadas numa lista (por exemplo, Dyslexia Screening Test , Nicolson & Fawcett, 1996);ii)Ler,emsilêncio,umapalavraemarcaraimagemrelativaaessapalavraselecionandoarespetiva imagemdeentre3ou4imagensdadas(porexemplo, GroupReadingAssessmentandDiagnosticEvaluation  , Williams,2002;ProvadeReconhecimentodePalavras,Viana&Ribeiro,2010);iii)Marcarapalavrapronunciada peloexaminador,selecionando-adeentre3ou4palavrasescritas(porexemplo, GroupReadingAssessment andDiagnosticEvaluation ,Williams,2002).

Emgeral,estetipodetarefanãoéapresentadocomtempolimite,emborasepossamencontrarexceções,tal comoareferidaacimaequeintegrao DyslexiaScreeningTest ouaProvadeReconhecimentodePalavras.A ordemdeapresentaçãodaspalavraspodeseraleatóriaouhierarquizadaporgraudedificuldade. As palavras a apresentar de formaisolada paraavaliar a descodificação são, geralmente, selecionadas de acordocomumconjuntodecritériospsicolinguísticos.Osmaisusadossão:(i)afrequência,(ii)aregularidade, e(iii)aextensão. Alguns testes incluemtambémpseudopalavras.O usodepseudopalavrasparaavaliaradescodificaçãonão é consensual. Se pode, por um lado, ser considerada a medida mais pura para testar o processamento fonológico, por outro lado há estudos que reportam diferenças de desempenho em função do tipo de pseudopalavrasusado. Quando as pseudopalavrassãoitens similares,em termos visuais, a palavras reais, podeminduzirousodaleituraporanalogia,reduzindoaexigênciaquantoàcompetênciaemavaliação – o processamentofonológico(Rathvon,2004). b) Leituradepalavrasem(con)texto

Nestetipodetarefaoleitoréconvidadoalerumtexto,sendoregistadaaprecisãodaleituraefetuada.Trata-se deumprocedimentomuitoutilizadoemtestesdefluência,nosquais,alémdaprecisão,éavaliadatambém a velocidade de leitura (número de palavras corretamente lidas por minuto) e, embora mais raramente, a prosódia.Temavantagemdeconfrontaroleitorcomumatarefamaisusual –aleituradeumtexto–mas,em contrapartida,oleitor,mesmoomenosfluente,podefazerusodepistascontextuaisparaaidentificaçãodas palavras.Naleituradepalavrasem(con)texto,ocontrolodaspalavrasausar,dopontodevistadasvariáveis psicolinguísticasatrásreferidas,ébastantemaisdifícildeconseguir. Na BAL optou-se por integrar um teste de leitura de palavras, selecionadas tendo em conta os critérios psicolinguísticosatrásreferidoseaindaotipodeestruturassilábicas.Quantoaesteúltimocritério,incluíram-se asestruturassilábicasmaisfrequentesemPortuguêsEuropeu(Viana,Ribeiro,Vale,Chaves-Sousa, Santos,& Cadime,2014).Asuaconstruçãotentoudarrespostaaumdesafioadicional –aproduçãodeformasdiferentes do Testede Leitura dePalavras poranodeescolaridade.Umaúnicalistadepalavras,aseraplicadasem tempo limite em diferentes anos de escolaridade, teria de ser uma lista extensa, com itens que seriam forçosamente muito difíceis para os anos escolares iniciais e muito fáceis para os anos escolares mais

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avançados. Segundo as recomendações formuladas no documento Standards for Educational and Psychological Testing (American Educational Research Association, American Psychological Association, &

NationalCouncilonMeasurementinEducation,1999),foramelaboradas4listascalibradasatravésdousode procedimentosdeequalizaçãoparaasseguraracomparabilidadeentreresultadosentreasdiferentesformas doteste.Esteprocedimento–denominadoequalizaçãovertical –temavantagemdepermitiracomparação deresultadosemhabilidadesquemudamaolongodotempo,comespecialrelevânciaparaosanosiniciaisde escolaridade,comoéocasodaidentificaçãodepalavras(descodificação)edacompreensãoemleitura.A descriçãodetalhadadoprocessodecalibraçãodostestesqueintegramaBALseráapresentadanocapítuloV.

Aavaliaçãodacompreensãodaleitura

A variável texto Emboraemalgunsestudosavariáveltexto(narrativo versus informativo)nãosetenhareveladodiferenciadora em termos de desempenho em leitura, a maior parte da investigação aponta esta variável como sendo determinanteparaexplicardiferençasaoníveldacompreensão(Giasson,2005;Sim-Sim,Duarte,&Micaelo, 2007). Uma das razões explicativas para esta diferença poderá ser a maior proximidade dos textos narrativos ao discursooral.DeacordocomSteineAlbro(1997),acompreensãodeumahistóriadependeemlargamedida do conhecimento acerca das intenções que motivam a ação humana e este conhecimento é adquirido precocemente.Segundoestesautores,aostrêsanos,esteconhecimentojáestápresentenascrianças.Uma razãoadicionalpodeseraduzida:quernosanospré-escolares,querno1.ºciclodoEnsinoBásico,aleitura “pelavozdosoutros”ealeituraautónomasãoefetuadasmaioritariamentecomrecursoaobrasdeliteratura

paraainfância,quaseexclusivamentenarrativas.NoTCTMO-nenoTCTML-n,sãousadostextosnarrativose, noTCTMO-ienoTCTML-i,textospredominantementeinformativos2.

As tarefas Noquerespeitaàstarefasparaaavaliaçãodacompreensãodaleitura,asperguntasocupamolugarcimeiro (perguntas deverdadeiro/falso,perguntas derespostadeescolhamúltiplae perguntasde respostaaberta), seguidasdepertopelosprocedimentosdecompletamento(cloze )(Viana,2009). a) Perguntasdotipoverdadeiro/falso

Não requerem uma resposta verbal complexa (Cain & Oakhill, 2006), o que torna este tipo de tarefa particularmenteútilparaavaliarcriançascomdificuldadesna expressãoescritaouoral(Greene,2001;Viana, 2Quandoostextosrelatamtemascientíficosdestinadosacrianças,geralmenteadota-seumaestratégiadenarrarparaexplicar,recorrendoa

textosquesãosimultaneamenteinformativosenarrativos.Ostextosinformativosusadossão,defacto,textosdenaturezahíbrida,nosquais a organização narrativa funciona como uma espécie de pano de fundo que suporta a sequência informativa, captando a atenção e estimulandoacuriosidadedascrianças.Oespaço,otempoe aspersonagensconstroemaestruturaqueapoiaaexplicaçãoeadescrição científica. © 2014 by CEGOC TEA. Todos os direitos reservados. -

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2009). Têm, todavia, limitações na avaliação de competências relevantes para a compreensão da leitura, nomeadamente quanto à capacidade de discriminar diferentes níveis de competências na realização de inferências(Cain&Oakhill,2006;Oakhill,Yuill,&Parkin,1986),bemcomolimitaçõesquepodemresultarda elevadaprobabilidade(50%)deacertoscomrespostasaoacaso. b) Perguntascomrespostadeescolhamúltipla

Têm como vantagem a rapidez nos procedimentos de avaliação e de cotação, o que permite incluir um número elevado de perguntas num único teste e, deste modo, aumentar o espectro de níveis de processamentodeinformação incluídos(Campbell,2005).Esteformatodeperguntaspermiteaindaexcluira influênciadascompetênciasdeescrita,peloquetemsidoamplamenteadotadoemtestesestandardizados deavaliaçãodacompreensãodaleitura(Snow,2003).Asprincipaiscríticasaestetipodeperguntasdizem respeito às limitações relativas à avaliação das competências para realizar inferências e das estratégias deleituraqueocorremdurantealeitura(Carver,1992),aofactodeosexaminadospoderemrespondercom relativaprecisãoàsperguntassemteremlidoostextos(Daneman&Hannon,2001;Keenan&Betjemann,2006) e aofactode apenas permitir verificarse o leitorreconhece ossignificados que osautoresdas perguntas previamente construíram (Valencia & Pearson, 1987). Reconhecendo vantagens e limitações em todos os formatos de tarefa, consideramos que as desvantagens podem ser contornadas, através de um rigoroso controlodaformulaçãodasperguntasedasrespetivasalternativasderesposta. c) Perguntasderespostaaberta

Apósaleituradeumtexto,osleitoresrespondem,oralmenteouporescrito,aumconjuntodeperguntas(Cain &Oakhill,1996).Umadasvantagensdesteformatodeperguntaprende-secomoseupotencialparaeliciar envolvimento com o texto (Campbell, 1999), para além de a análise das respostas erradas poder ajudar à análise operativa do processo de aprendizagem, permitindo clarificar o que esteve na base do erro (Cain, Oakhill,Barnes,& Bryant, 2001;Cain,Oakhill, & Elbro, 2003). Comodesvantagem, é apontadoo factode os resultados obtidos poderemserinfluenciadospor competênciasque nãosão tradicionalmente classificadas como componentes da compreensão, nomeadamente as competências declarativas e de escrita (Jenkins, Johnson,&Hileman,2004;Shanahan,1984;Shanahan&Lomax,1986). d) Tarefasdotipocloze

Nestastarefasosleitoressãoconvidadosapreencher,comaspalavrascontextualmenteadequadas,espaços embrancoexistentenumconjuntodefrases.Aspalavrasausarpodemserlivrementeescolhidaspeloleitor,ou selecionadasdeentreumalistadealternativas(geralmentenãosuperioracinco)quelheéfornecidaporcada espaçoapreencher(Cain&Oakhill,2006).Dadoqueestetipodetarefaexigequeoleitorestabeleçarelações entreoselementosdotextoeasassocieeintegrenosseusconhecimentosprévios,temavantagemdereduzir potenciais fontes deviés que outros formatos deresposta podemapresentarcomo, por exemplo,uma má formulaçãodeperguntas(Greene,2001).Comoprincipaisdesvantagensregista-seo factodeodesempenho do leitor estar muito dependente dos conhecimentos prévios possuídos sobre o tema (Cohen, 1975; Page,

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1975)edotipodepalavrarequeridoparaopreenchimentodalacuna(adjetivo,verbo,substantivo…)(Abraham

&Chapelle,1992). AtendendoaosobjetivosdaBAL,aopçãorecaiunoformatodeperguntascomrespostadeescolhamúltipla, quer devido à facilidade de cotação, especialmente útil para que possa ser utilizada em avaliações com grandenúmerodesujeitos,querporquesepretendiaqueviesseaserusadanaavaliaçãodacompreensão nasduasmodalidades(oralvs escrita).Ousodatécnicade cloze edeperguntasderespostaabertacriaria dificuldadesadicionaisdeaplicaçãoecotaçãonaprovadecompreensãodetextosnamodalidadeoral.

Aavaliaçãodacompreensãodalinguagemfalada

Linguagem oral e linguagem escrita diferem em vários aspetos. A linguagem oral é contextualizada, ointerlocutorestápresenteeorecetorpodepediraoemissorqueclarifiqueoquenãoentendeu.Alémdisso, oregistoescritonãoélinguagemoraltranspostaparaescrita,masumacodificaçãonumaoutralinguagem. Todavia,asteoriasdacompreensãonãoprocedemaumadistinçãoclaraentrecompreensãodalinguagem oralecompreensãodalinguagemescrita(Cain&Oakhill,2008),considerandoqueoprodutoéidêntico –uma representaçãomentalcoerente,integradaecompleta(Johnson-Laird,1993;Kintsch,1998)equeosprocessos para construir esta representação mental são os mesmos, independentemente da modalidade de apresentação–escritaoufalada(Gernsbacher,1990). Analisandoosresultadosdainvestigaçãosobreleituradepalavras,compreensãodaleituraecompreensão dalinguagemoral,doisaspetosprincipaissãodesalientar.Emprimeirolugaracompreensãodaleituraea compreensãodalinguagemoralestãointerrelacionadaseinfluenciam-semutuamente.Seacompreensãoda linguagem oralse constituicomoum fatorde explicação dasdiferençasinterindividuais e dasdificuldades decompreensãodaleitura,esta,porsuavez,influenciaodesenvolvimentodacapacidadedecompreender alinguagemoral(Perfetti,Landi,&Oakill,2005).Assim,emboraosprocessosparaconstruirrepresentações mentaisapartirdeproduçõeslinguísticas –lidasououvidas –sejamosmesmos,numquadrocompreensivo de avaliação da leitura e das suas dificuldades, torna-se necessário avaliar a compreensão da leitura e a compreensãodalinguagemoral,dadoqueexistemsujeitosquetêmdesempenhosdiferenciadosnasduas áreas(Nation,2005).

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Capítulo II

LEITURA DE PALAVRAS. CONSIDERAÇÕES TEÓRICAS E IMPLICAÇÕES PARA A SUA AVALIAÇÃO FernandaLeopoldinaViana,AnaPaulaVale,SéliChaves-SousaeIolandaRibeiro

Atarefaprincipaldeumacriançaqueiniciaaaprendizagemdaleituraéentendercomoaescritarepresentaa línguaquejáconhece.Aortografiaportuguesausa23letras(àsquaissejuntaramrecentementeo,o e o ), com asquaisé possível representar os sons dalíngua falada. Como se depreende, para poder representarsonsatravésdeletras,énecessáriaaidentificaçãodossons,ouseja,énecessáriaaconsciência fonémica. Qualquerquesejao método deiniciação àleitura,eletem deajudar o aprendente a aceder ao fonema,poissãoossonsenãoasletrasabasedocódigoescrito(McGuinness,2006).Aprenderalernum sistemadeescritaalfabéticaexigeodomíniodeumcódigo(nonossocaso,ocódigoalfabético).Dominar estecódigoéahabilidadeespecíficadaleitura.Dificuldadesaestenívelcomprometeminexoravelmentea extraçãodesentido(Snowling&Hulme,2005). A descodificação, como o próprio nome indica, é a habilidade de aplicar um código para decifrar uma mensagem.Usadona leitura, o conceito de descodificação refere-se ao processo que levaà recuperação dafonologia,ousejadapronúnciadeumpadrãoortográficoqueé, emgeral,umapalavra.Descodificaréo aspetotécnicodaleitura,aaplicaçãodoprincípioalfabético 1.Paraqueascriançasaprendamadescodificar comeficáciaénecessárioumensinoexplícitosobreasrelaçõesletra(grafema)-som(fonema)(Morais,1997). Atravésdaprática,adescodificaçãoprogridedeumexercíciolaboriosoelentodeconversãografema-fonema, passandopelaapropriaçãodasregularidadesqueocorrememestruturasquesãopartesdepalavra,parase tornarnummododereconhecimentorápidoeautomáticodepadrõesespecíficosdepalavras(Ehri,2005). Comofoireferidonocapítuloanterior,aaprendizagemdaleituraécomplexaepodetornar-semuitodifícilpara algumascrianças.Ascriançasqueapresentamdificuldadesemaprenderalermanifestam-nasprimariamente aoníveldadescodificação(Høien-Tengesdal&Tønnessen,2011;Snowling&Hulme,2012). Neste capítulo, abordaremos de forma sucinta os modelos teóricos relativos à identificação das palavras escritaseaos fatoresquea influenciam,demodoacontextualizaroleitorquantoàsopçõesquesustentam, querainclusão,naBAL,deumtestedeleituradepalavras,querasuaelaboração.

1

Princípioalfabético –pressuposiçãoquefundamentaos sistemasdeescritaalfabéticos,segundoaqualcadasomda falaoufonemade umalínguadeveterasuaprópriarepresentaçãográficaedistinta(Harris&Hodges,1999,p.217). © 2014 by CEGOC TEA. Todos os direitos reservados. -

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Modelos teóricos relativos à leitura de palavras Ainvestigaçãosobreosprocessossubjacentesàleitura(e.g.Ellis,1989;Goodman,1968;Gough,1972;LaBerge &Samuels,1974;Morais,1994;Rumelhart,1977,1994;Samuels,1994;Smith,1973;Stanovich,1980)foigerando umasériedeteoriasedemodelosdeleitura.Assim,sãonumerosososestudosefetuadosapartirdosanos70 doséculoXX,centradosnaanálisedasoperaçõeseestratégiasqueestãopresentesnoatodeler. As diferentes conceptualizações sobre a aprendizagem da leitura podem ser organizadas em três grandes gruposdemodelos:i)osmodelosascendentes;b)osmodelosdescendentese;iii)osmodelosinterativos. Os modelosascendentes (e.g.omodelodeGough,1972,ouomodelodeLaBergeeSamuels,1974)comoo próprionomeindica,consideramquealeituraéumpercursolinearehierarquizadoquepartedosprocessos psicológicos mais básicos – identificar e juntar letras – para chegar aos processos psicológicos de ordem superior –aextraçãodesentido.Peranteumtextoescritooleitorcomeçaporidentificarasletras,combiná-las emsílabasque,porsuavez,sereúnemparaformarpalavras.Aspalavras,porsuavez,integramfrasesque, combinadasresultamemtextos.Alinguagemescritaé,paraestesmodelos,acodificaçãodalinguagemoral,e leracapacidadededescodificaroutraduziramensagemescritanoseuequivalenteoral. Os modelos descendentes (e.g.o modelo Goodman,1968, ouo modelo deSmith, 1973)consideramquea leitura segue um processo completamente inverso ao anterior. A leitura é concebida como “um jogo de adivinhas psicolinguísticas”, no qual o leitor, utilizando os seus conhecimentos prévios sobre o tema e o

contexto,fazantecipaçõesquesãoconfirmadasouinfirmadaspelosíndicesfornecidospelotextoescrito.Os processosdeordemsuperiorsãoprimeiramenteativados,atravésdeantecipações,peloquealeituraéum processovisuopercetivodereconhecimentodepalavras(semdescodificação). Ascríticasaestesmodelos,nomeadamentequantoàssuasinsuficiênciasparaexplicarmuitassituaçõescom queoleitorsedepara,conduziramaoaparecimentodemodelosdinâmicos –osmodelosinterativos(e.g.Ellis, 1989;Rumelhart, 1977 ou Stanovich, 1980) –osquaisconsideramquealeituraexige,emsimultâneoeem interação,processosdeordeminferior(comoprocessospercetivoselexicais)eprocessosdeordemsuperior. Assim,paraos modelosinterativos, aolerumapalavra,oleitorativaumaviadiretadeacessoaosignificado (tambémchamadavisualoulexical)seessapalavraformuitofamiliar,ouumaviaindireta(tambémchamada fonológicaousublexical),seessapalavrafordesconhecida. Oreconhecimentoimediatodeumapalavraescritadependemuitodaexperiênciadeleitura.Emboraalguns métodosdeiniciaçãoàleiturapartamdamemorizaçãodeumconjuntodepalavras,apartirdasquais,através de uma abordagem descendente, se chega ao grafema, o uso eficiente da via direta só é possível com experiênciadeleitura.Noiníciodaescolaridade,mesmoqueoaprendizleitorpossuaumléxicoalargado,eleé essencialmentefonológico(poisconheceaspalavrasditaseouvidas)enãoortográfico(ouseja,nãoconhece aesmagadoramaioriadasformasescritasdessasmesmaspalavras).

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Leitura de palavras. Considerações teóricas e implicações para a sua avaliação Fernanda Leopoldina Viana, Ana Paula Vale, Séli Chaves -Sousa e Iolanda Ribeiro

A experiência de leitura permite ainda que unidades ortográficas mais amplas do que a letra (como, por exemplo dígrafos, tais como ou , ou estruturas silábicas muito frequentes na língua) sejam processadas como padrões e não como uma sucessão de letras. Morais (1997) propõe um modelo de leituradepalavras(cf.figura1)emqueaviavisualé,àmedidaqueaexperiênciadeleituraaumenta,umavia essencialmenteortográfica.

Palavra escrita Análisevisual

Categorização das letras

Conversão grafema-fonema

Ativação das unidades ortográficas

Conversão grafo-fonológica (unidadesintermédias)

Ativação das formas ortográficas das palavras

Ativação das formas fonológicas das palavras

Agrupamento

Ativação das representações semânticas

Ativação das unidades fonológicas de saída

Pronúncia Figura 1. ModelodeLeituradePalavras(Morais,1997,p.128)

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Nestemodelo,apalavraescritaésujeita,emprimeirolugar,aumaanálisevisual,idênticaàdequalqueroutro objeto. De seguida, as letras que a constituem são categorizadas (num processo cognitivo complexo) e o resultadodestacategorizaçãovaialimentarumsistemadeextraçãodeunidadesortográficaseumsistemade conversãografema-fonema,tornandooperacionaisestasduasvias. Na viadadireita(cf.figura1),a queoautorchama“fonológica”,asletrassãoconvertidasemsonse,através de um processo de combinação sequencial, ativam as formas fonológicas das palavras que, por sua vez, conduzemàativaçãodasrepresentaçõessemânticaseortográficascorrespondentes.Aopostularaexistência deunidades ortográficas mais amplas doque asletras (ou grafemas), é deadmitirque asrepresentações destas unidades ativem diretamente as unidades fonológicas suprafonémicas correspondentes (chamadas unidades intermediárias). O uso de setas de duplo sentido indica que os três tipos de representação das palavras(ortográfica,fonológicaesemântica)interagemmutuamente(Morais,1997). Na viada esquerda , a queo autor chama “ortográfica”, o subsistema quedenomina “unidadesortográficas” dizrespeitoaunidadesmaisamplasdoquealetra(comoporexemplodígrafos,sílabasepartesdepalavras como emceraou em fera). São estasunidades ortográficasque ativam asformas ortográficasdas palavras e estas, por sua vez, conduzem à ativação das representações semânticas e fonológicas correspondentes.Éesteprocessamento,comrecursoaunidadesortográficasmaisamplasdoquealetra,que imprimerapidezàleitura. Nosprimeirosanosdeescolaridadeorecursoàviafonológicaépredominante,poisoaprendizestáainda construiroseuléxicoortográfico.Àmedidaqueesteéconstruído,aviaortográficapassaráasercadavezmais usada.Oleitorproficienteéaquelequeusaaviamaisadequadaàscaraterísticasdaspalavrasalereque serãodetalhadasnoutropontodestecapítulo. Osleitoresnão proficientese ascriançascom dificuldadesao níveldaidentificaçãodepalavrasusampredominantementeumavia,independentementedaspalavrasaler. Todavia, e independentementedo método deensino daleitura a que é sujeito,o aprendizdescobre muito rapidamentequeosistemadeconversãografema-fonemanãoéoúnicodequedispõeparalerevaiintegrar pistas semânticase sintáticas.Aliás,o novoacordoortográfico (http://www.priberam.pt/docs/acortog90.pdf), aoeliminaralgunsdiacríticos,obrigaaatenderapistassintáticasesemânticasparaencontrarapronúncia correta de algumas palavras (por exemplo, a eliminação do acento circunflexo na palavra pêlo ou a eliminaçãodoacentoagudonapalavrapára).

Fatores que influenciam a leitura de palavras Oléxicomental– conhecimentodalínguaemquevaiaprenderaler

Conhecer(edominar)alínguaemqueseaprendealerédeterminanteparaumacessobemsucedidoàleitura (Carroll, 1987). A revisão da investigação efetuada por McGuinness (2004) evidencia que os maus leitores apresentamdéficesdelinguagem,essencialmenteaoníveldovocabulárioedoconhecimentomorfossintático.

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Leitura de palavras. Considerações teóricas e implicações para a sua avaliação Fernanda Leopoldina Viana, Ana Paula Vale, Séli Chaves -Sousa e Iolanda Ribeiro

Umarevisãorecentedainvestigação(Hulme&Snowling,2011)mostraqueosleitoresquetêmdificuldadesde compreensão da leitura apresentam défices de linguagem, essencialmente ao nível do vocabulário e do conhecimentomorfossintático. QuerarevisãodeestudosefetuadaporAndersoneFreebody(1987),querarealizadaporMcGuinness(2004) mostraram que as medidas de conhecimento de vocabulário são fortes preditores de uma variedade de índicesdecompetêncialinguística.Apossedeumvocabulárioamploéimportanteparaaleitura,queraonível dadescodificação,queraoníveldacompreensão.Aoníveldadescodificaçãopermitequeacriançaencontre rapidamenteaformafonológicadeumapalavraimpressa-porexemplo,acriançapodeler* cá-ssá-có masse estapalavrapertenceraoseuvocabulário(léxicomentalfonológicoesemântico),elarapidamenteemparelha estaformaortográfica com a forma fonológicaconhecida,e lerácorretamente casaco  (Kɐz’aku), abrindo a vogaldasílabaintermédiaefechando-anasílabainicial.Aoníveldacompreensãodaleituraétalvezmais óbviaa importânciadoconhecimentodo vocabulário.O desconhecimentode umapalavra,nomeadamente seela for chavede compreensãoe não puderser inferida a partir docontexto, pode comprometertodaa compreensãodeumtexto. Possuir um amplo vocabulário não é, todavia, suficiente. É preciso que a criança saiba as combinações possíveisepermitidaspelasualíngua,ouseja,énecessáriotambémumbomdomíniodecompetênciasao nível morfossintático. As repercussões que problemas a este nível podem ter no processo de leitura não são, no geral, detetadas aquando do início da escolaridade, porque os textos com que as crianças são confrontadas nesta etapa, para além de possuírem um registo muito marcado pela oralidade, apresentam também,nogeral,níveisdecomplexidademuitobaixos.Todavia,àmedidaqueaestruturadasfrasesedos textossevaitornandomaiscomplexa,asdificuldadesemergem. ParaTunmer (1990), o domínio morfossintático podeinteragir com o desempenho na leitura pelomenos a dois níveis: i) nas possibilidades deo leitor seauto-monitorizar nacompreensão dotexto; ii)na facilitação da descoberta e apreensão de correspondências grafema-fonema que até aí ignorava. Uma terceira razão poderia, ainda, ser invocada: se o significado de uma ilocução não é um somatório dos significados dos elementoslexicaisqueacompõem(Gombert,1992),oacessoaosignificadorequerumaarticulaçãosintática entre os elementos lexicais isolados. Assim sendo, é evidente que o domínio sintático desempenha um importantepapelnaextraçãodesentido.

Conhecimentodascorrespondênciasgrafema-fonema

Aescritaalfabéticacodificaafalaaoníveldofonema.Istoé,cadafonemadeumapalavraérepresentadona escritaporumgrafema(quepodesersimples,comoououcomplexo,como,,ou ).Porexemplo,apalavra mar temtrêsfonemas –/m/,/a/,/r/–,porissoasuaescritaobrigaàutilização detrêsgrafemas,,,;apalavra fim temdoisfonemas –/f/,/ i / –e,porisso,temdeserescrita comdoisgrafemas –,.Paralercomautonomiaéindispensávelconhecerascorrespondênciasentre grafemasefonemas,abasedoprincípioalfabético(Byrne,1992;Byrne&Fielding-Barnsley,1989,1990;Morais,

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2012). Sem esse conhecimento não poderão ser lidas as palavras novas que surgem a cada momento, particularmentenoiníciodaaprendizagem.Essascorrespondências,noentanto,nemsempresãototalmente consistentes,poishápadrõesdegrafemas,emesmografemassingulares,quepodemserlidosdemaisdo queumamaneira.Opadrãopronuncia-se/ur/napalavra por e/or/em cor ;ografemadiz-se/k/em cala ,maspronuncia-se/s/em cela .Estesexemplosmostramquealeituraenvolve,paraalémdeconversões

grafema – fonema, a aprendizagem de diferentes regras queregem o funcionamento de cada sistema de escrita,osquaissãofundamentaisparalerpalavrascomprecisão.

Transparênciavsopacidadedalínguaescrita

As línguas de escrita alfabética, mesmo as que usam um mesmo alfabeto, apresentam diferenças em termos da maiorou menor consistência dasconversões grafema-fonema.Seymour e colaboradores(2003) apresentam uma proposta de classificação de algumas ortografias europeias, de acordo com esta consistência. Enquanto a ortografia finlandesa é considerada uma ortografia muito regular, a portuguesa aparececlassificadanumnívelintermédio,maispróximadopoloirregulardoqueacastelhana,anorueguesa, a islandesa, a suecae a grega. A ortografia inglesa é classificada como a menos regular,antecedidapela dinamarquesa.Estaclassificaçãotemsidosustentadaporoutrasinvestigaçõesposteriores(Borgwaldt,Hellwig, &deGroot,2005;Serranoetal .,2010). Não considerando as letras ,  e , na língua portuguesa, as 23 letras do alfabeto dão origem a 67 grafemas que representam 35 fonemas (Gomes, 2001). Já no francês, por exemplo, os mesmos 35 fonemas podem serrepresentadospor130 grafemas(Catach, 1980).No entanto, apesar de a ortografia portuguesa ser considerada de regularidade intermédiaem termos de leitura, a descodificação das vogais colocaparticularesdesafiosaosleitoresportugueses,dadoqueas5letrasvogaiscorrespondema14sons.Por exemplo,ografematemuma traduçãofonológicairregular,poispodecorrespondera/ ɛ/comoem vela , /e/comoem mesa ,/ ǝ/comoem peru ,ou/i/comoem errar .Omesmoacontececomografema,jáque pode corresponder a / ʃ /  como em lixo ,  /ks/ como em fixo ,  /z/ como em exame  e /s/ como em máximo . Para além desta complexidade, quando o grafema  se encontra em fim de sílaba com o grafema  transforma-oemditongo.Numainvestigaçãoqueanalisoualeituradevogaisoraisemdissílabosaolongodos quatroanosdo1.ºciclo(Vale,Sucena,Viana,&Garcez,2008),verificou-sequevogaismenosregulares, e , sofrem um efeito da frequência da palavra a que pertencem. Isto é, quando ocorrem em palavras menos frequentes, como mega  ou godo ,  dão lugar a níveis de exatidão de cerca de menos 30% a 20%, respetivamenteno1.ºeno4.ºanos,doqueasmesmasvogaisinseridasempalavrasfrequentes,como fera e lobo .

A mediação fonológica, isto é, o recurso a um procedimento de transformação de unidades e padrões ortográficos em padrões fonológicos, é necessária para estabelecer e concretizar a pronúncia correta da palavraescrita.Estemecanismoéeficazparalerumagrandepartedaspalavrasportuguesas,masnãoresulta comtodas.Porexemploseessaestratégiafosseaplicadaàleituradapalavra dez ,emvezde/d Ɛʃ /obteríamos /de ʃ /,jáquetodasasoutraspalavrasportuguesasterminadasemsepronunciam/e ʃ /nofinal(Gomes, 2001). 34

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Variáveispsicolinguísticas

Como já foi atrás referido, as palavras não são processadas todas da mesma maneira. Para além das variáveisatrásmencionadas,háaindaumconjuntodeoutrasvariáveisrelativasàspalavrasquedevemser consideradas.Entreelas,asmaisestudadassãoafrequência,aregularidade,aextensãoeotipodeestrutura silábica.

Frequência A frequência refere-seao número de vezes que uma palavra ocorre numa língua. Quando uma palavra é lidamuitasvezes,o leitorcriaumarepresentaçãoortográficaconsistentedessapalavra,oquepermiteo seu reconhecimento quase imediato. Estudos realizados com crianças portuguesas mostraram que do 1.º ao 4.º ano de escolaridade as palavras frequentes são lidas com maior precisão e mais depressa do que as palavrasinfrequentes(Fernandes,Ventura,Querido,&Morais,2008;Loff&Vale,2007;Sucena,2005;Vale,2000). Noiníciodaaprendizagem,oefeitodefrequênciaétendencialmentemaiordoquenosníveisdeescolaridade maisavançados.

Regularidade /Consistência A regularidade deuma palavra diz respeitoao grau deprecisão com que apronúncia dessapalavrapode ser derivada das regras de conversão grafema-fonema (RCG-F). Palavras como fita , buzina  ou pupila  são regulares,poisapenasaúltimaletrapodelevantaralgumaindecisãoquantoàconversãofonológica,embora a posição que ocupa lhe confira uma consistência de 100% relativamente à pronúncia / α/. Por exemplo, osgrafemas , , , e , entreoutros,não levantam problemas quando aplicadas asregras de conversão grafema-fonema. Já a leitura de palavras como vacina  e casulo  implica que seja convocada umaregracontextual(aletraentesdeedelê-se/s/;aletraentrevogaislê-se/z/).Umestudo recente(Sousa,2011),realizadocomcriançasportuguesasdos3.ºe5.ºanosdeescolaridade,mostrouquea leituradepalavrascontendoconsoantescujapronúnciadependiadeumaregracontextual,como vacina  e casulo ,davalugaramaiserrosdoquealeituradepalavrasparaasquaispodiamseraplicadasregrasestritas

deconversãografema-fonema,como buzina e pupila .Adiferençadedesempenhoobservadaentreestesdois tiposdepalavraserasignificativanosdoisanosdeescolaridadeemanálise,emboradiminuíssedo3.ºparao 5.ºano.ResultadossemelhantestinhamtambémsidoverificadosporPinheiro(1995)comcriançasbrasileiras do1.ºao4.ºanodeescolaridade. Aspalavras fixo , arguido  e frequente sãoirregulares.Naausênciadeconhecimentosdeordemetimológica, a sua leitura correta exige o conhecimento dapalavra.Paraeste tipo de palavras, asregras de conversão maisfrequentesnemsempreajudam.Usandoosconhecimentosquepossuirelativamenteàspalavrasque conhece,oleitorpodeconverterografemadapalavra fixo ,erradamente,nofonema/ ʃ /,talcomfazpara lixo .Éaindaoconhecimentopréviodapalavraqueindicaaoleitorqueografemanapalavra frequente é

pronunciado,enquantonãooénapalavraquente .

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Comofoireferido,aidentificação,numalíngua,deestruturasortográficasmaisamplasdoquealetraaumenta aconsistênciadaconversãodasvogaisecriaregularidadesestatísticasquesãoapreendidasnodecursoda aprendizagem(Vale,2011).Todasasvogaisportuguesassãoirregularesnaleitura(Gomes,2001),masograu de previsibilidade da sua conversãofonológicaaumenta drasticamente se tivermos em conta os grafemas adjacentes.Porexemplo,ografemalê-se/ ɛ/em75%dasvezesqueocorrenaestrutura,comoem feto .

Extensão Aextensãodaspalavraspodeserrelativaaonúmerodeletrasouaonúmerodesílabasqueasconstituem. Independentementedocritériodeextensãousado,verifica-sequeaspalavrascurtassãomelhorlidasdoque aspalavraslongas,quandoseavaliaotempodeleituraenãoapenasaexatidãodasrespostas(Pinheiro,1995; Sucena,2005;Vale,2000). Estudosrealizadosemlínguaportuguesaqueusaramonúmerodeletrascomocritériodeextensão(palavras curtas: 4 a 5 letras; palavraslongas:8 a 9 letras) mostraram que a importância doefeito decomprimento, querno tempode leitura,querna precisão,decrescia àmedidaque seavançava do1.ºparao 4.ºanode escolaridade. Este padrão de desempenho indica um progressivo afastamento da estratégia de conversão sequencialgrafema-fonema e um desenvolvimento gradual dosprocedimentos envolvendoconhecimentos lexicaisnaleituradepalavras(Pinheiro,1995;Vale,2000). Quandoaextensãodaspalavrasémedidapelonúmerodesílabas,oefeitodecomprimentoparecemanifestar -se menos claramente. Num estudo realizado por Sucena (2005), o aumento do número de sílabas não conduziu a um decréscimo na precisão ou no tempo de leitura, quando as palavras incluíam grafemas complexos,como,,nemquandocontinhamregrascontextuais,comoseguidodeou. Jánaspalavrasconstituídasapenasporgrafemassimples,osquadrissílabosforammelhorlidosdoqueos trissílaboseosdissílabos,masnaspalavrasirregularesostrissílabosproduziramosmelhoresdesempenhos. A influência da extensão das palavras na leitura também depende da frequência das palavras. Em palavrasfrequentesaimportânciadoseucomprimentoémuitomenosrelevante.VianaeRibeiro(2010)não encontraramdiferençasaoníveldaprecisãonaleituradepalavrasfrequentesdeduasetrêssílabas.

Estrutura silábica Assílabassãoconstituídasbasicamenteporsequênciasdeconsoantes(C)evogais(V).AestruturasilábicaCV éamaisfrequente,seguidadasestruturasCVC,VeCCVqueocupamposiçõesmaisoumenosfrequentes, dependendo do corpus  e dos critérios de análise. Estes quatro tipos correspondem a cerca de 85% dos 23formatossilábicosortográficos(Gomes,2001)ea75%dos29tiposdeestruturassilábicasfaladas(Vigário, Martins,&Frota,2006). Existem poucos estudos a documentar a influência da estrutura silábica na qualidade da leitura. Recentemente,umestudorealizadocomcriançasdo3.ºedo5.ºanosdeescolaridade(Sousa,2011)mostrou

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que as palavas cuja primeira sílaba tinha uma estrutura CVC, como castelo  e silvado , produziam piores desempenhosdoqueaspalavrascomestruturaCV,como pupila e buzina .JáaspalavrascomestruturaCCV naprimeirasílaba,como granito  e flanela ,deramorigemadesempenhosequivalentesaosobtidoscomas palavrasdeestruturaCV,querno3.º,querno5.ºano.Emboranãopossamostirarconclusõesapartirdeum únicoestudo,sublinha-sequeestesresultadossão,emalgunsaspetos,semelhantesaosobtidosemestudos realizadoscom as ortografias francesa e castelhana. Querno estudo francês (Sprenger-Charolles & Siegel, 1997), querno estudo espanhol(Defior,Justicia,& Martos, 1996), as palavrascom sílabas CV foram melhor lidasdoqueaspalavrascomsílabasCVCeCCV.Umadasexplicaçõesnormalmenteapontadasparaestas diferenças é a de a estrutura CV ter uma frequência muito superior à das outras estruturas silábicas. No entanto,no casoportuguês, embora a estruturaCCVsejamenos frequentedo quea CV,osresultadossão semelhantes. Provavelmente, fatores como o tipo de vogais que constituem as palavras podem também influenciarosresultados,peloqueserãonecessáriosestudosqueverifiquemestahipótese.

A descodificação: Implicações para a sua avaliação Adescodificaçãoé o mecanismoresponsávelpelaconversão decadagrafemade umadada palavranum fonema, que fica ativo na memória de trabalho e que, combinado com os outros, vai permitir formar a pronúnciadeumapalavra.Ofactodegrandepartedasdificuldadesnaaprendizagemdaleituraocorrerao níveldotratamentodepalavrastraduzaimportânciadesteprocessoe justificaasuaavaliaçãosistemáticae precoce. Como foi referido no capítulo anterior, os procedimentos para avaliar a leitura de palavras podem ser integrados em doisgrandesgrupos: a) o recursoa palavras apresentadas de forma isolada;b) a leitura de palavrasem(con)texto. Oparadigmaexperimentaldaleiturade“palavrasisoladas”,istoé,depalavrasquenãoestãoinseridasnum

contextosintáticoesemântico,temsidoutilizadoportrêsrazõesfundamentais: 1) Porquesendoapresentadasisoladamentenãosofremainfluênciadaspalavrasadjacentes.Quandotemde lerpalavrasisoladas,istoé,foradeumcontexto,oleitornãopodegerarexpectativassobrequalapalavra queestáescrita,porissotemdeusarosconhecimentosquepossuisobreofuncionamentodosistema alfabéticoparaproduzirapronúnciacorreta,apartirdopadrãoortográficoquelheéapresentado. 2) Porque aleiturade palavrasisoladasé oprocedimentoprivilegiado paraestudaro tipode estratégiase mecanismosusadosnaleitura(Peereman,1992)eé,porisso,consideradaumamedidamaisrigorosadas capacidadesdeleituradoquealeituraem(con)texto. 3) Porquealeituradepalavrasisoladastemreveladoseropreditormaisrobustodosucessoulterioremleitura (Stuart,1995;Verhoeven&vanLeeuwe,2009).Paraalémdeasdiferençasindividuaisemleituradepalavras serem, logo desdeo 1.º ano, fortemente preditivas dos desempenhosmaistardiosna leitura, o nível de

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desempenhonessatarefaétambémumamedidaqueapresentagrandeestabilidadeindividualaolongo de vários anos de escolaridade (Foorman, Francis, Shaywitz, Shaywitz, & Fletcher, 1997; Verhoeven & vanLeeuwe,2009).

A construção do TLP (Teste de Leitura de Palavras) Nocapítulo I foram abordadosos doisprocedimentosbásicos deavaliação dadescodificação: a leitura de palavrasapresentadasdeformaisoladaealeituradepalavrasapresentadasem(con)texto.Nestecapítulo, foramanalisadasasprincipaisrazõesparaousodaleituradepalavrasapresentadasdeformaisolada. DadososobjetivosdaBAL,otestedeleituradepalavrasqueaintegra –oTLP–respondedeformasimples,e facilmenteaplicávelemcontextoseducativos,ànecessidadedeavaliarodesempenhodosalunosaonívelda leituradepalavras.Anecessidadedestaavaliaçãojustifica-seporsetratardeumaáreanaqualumnúmero significativodealunosapresentadificuldadeseparaosquaisénecessárioefetuarumdiagnósticoprecoce, tendoemvistaaorganizaçãodeumplanodeintervenção.Umasegundarazãoprende-secomarelaçãoentre descodificaçãoeasdificuldadesdecompreensãodaleitura.ComofoireferidonocapítuloI,eseráretomado no capítulo III, quando estamos em presença de alunos com dificuldades de compreensão da leitura, é necessário determinar em que medida as mesmas são uma consequência de problemas ao nível da descodificação.Responderaestaquestãoécríticoparadefinirobjetivosdeintervenção. Na BAL optou-se por incluir uma prova de leitura de palavras apresentadas de forma isolada em formato digital, permitindo a obtenção deinformação sobrea precisão daleitura de cada palavra.Os critérios que presidiramàseleçãodobancodepalavras,equeserãoexplicitadosnocapítuloIV,foramosmaisusadosna investigação relativos às caraterísticas psicolinguísticas das palavras: frequência, regularidade, extensão e estruturasilábica.

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Capítulo III

COMPREENSÃO DE TEXTOS. CONSIDERAÇÕES TEÓRICAS E IMPLICAÇÕES PARA A SUA AVALIAÇÃO AlinaGalvãoSpinillo,IolandaRibeiroeFernandaLeopoldinaViana 

O conceito de compreensão aparece frequentemente associado à leitura, porém não se esgota nesta. Aplica-sesemprequeosujeitotemdeprocessarumtexto,sendoqueestepodeserapresentado,quernuma modalidade oral, quer numa modalidade impressa. Em ambos os casos a compreensão é crítica para os sujeitos em todos os momentos da sua vida, uma vez que ela remete para a capacidade de processar a informação proveniente do mundo. Em contexto escolar esta competência tem um valor particular, uma vezque,semseremcapazesdeextraireconstruirsignificados,osalunosnãoconseguemapropriar-sedas aprendizagensassociadasàsváriasáreascurriculares. As questões da avaliação da compreensão colocam-se, por isso, com uma especial relevância. Para os profissionaisdediferentesáreasquelidamcomalunosquetêmproblemasdeaprendizagem,sejamestesna esferamaisrestritada leitura ounoutrasáreasacadémicas, éabsolutamentenecessáriopoderemdisporde testesquecontribuamparaumdiagnósticoprecisodosproblemasdecompreensão. Reconhecerarelevânciadacompreensãoedasuaavaliaçãoémaissimplesdoquelidarcomduasquestões fundamentais no que concerne à sua medida: a) Qual o enfoque teórico a adotar? e b) Como avaliar? A primeira questão conduz à necessidade dedefinir e delimitaro conceito,enquanto a segunda orientapara anecessidadedetomardecisõessobreastarefasausar,omododeasapresentar(leitura versus oral)ea escolha de textos (narrativos versus  informativos). A resposta às questões formuladas justifica as opções tomadasnaconstruçãodasprovasdecompreensãodaBAL–BateriadeAvaliaçãodeLeitura

Compreensão de textos: considerações teóricas Compreendertextos,sejamoraisouescritos,requerconsiderarotextoeoindivíduoquecomeleinterageem contextossociaisdiversos.Otextopodeserapresentadooralmenteouporescrito,havendoaspetoscomunsà compreensãooraleescritaeaspetosespecíficosparticularesaumaououtramodalidadedeapresentação dotexto. Por exemplo,a leitura detextos envolve habilidade dedescodificação, habilidade esta que não é requerida na compreensão de textosapresentados oralmente.Para compreender um texto,o leitoraciona umconjuntodehabilidadescognitivas(memória,capacidadedemonitoramento,capacidadedeestabelecer inferências) e linguísticas (habilidade de decodificação – nocaso daleitura de textos escritos, vocabulário, conhecimentossobreasintaxee sobreosgénerostextuais,entreoutros)econvocaoseu conhecimentodo mundo (informações acumuladas relacionadas com as experiências sociais vivenciadas, variando desde conhecimentos gerais até conhecimentos específicos adquiridos formal ou informalmente).Na realidade,a

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compreensão de textos é um fenómeno multifacetado que envolve três dimensões distintas, porém indissociáveis:alinguística,acognitivaeasocial(Spinillo,2013).Estasdimensões,queestãosemprepresentes nacompreensão,assumemumpapeldemaioroumenordestaqueemfunçãodaperspetivateóricaadotada porquemsepropõeinvestigarestetema.Alémdisso,acadaumadestasdimensõesestãoassociadosfatores que são responsáveis e que influenciam a compreensão de textos, como será discutido adiante, após a apresentaçãodosdiferentesmodelosteóricosqueprocuramdefiniredescreveracompreensãotextual.

Compreensãodetextosediferentesmodelosteóricos

Definir a compreensão de textos não é tarefa fácil devido à sua complexidade e natureza multifacetada. Para tal, é necessário considerar osmodelos teóricos que procuramexplicarcomoa compreensão ocorre econsiderarosfatoresque ainfluenciam. Deforma breve, comoreferem Colomere Camps(2002),há três grandesclassesdemodelosrelativosaoprocessamentodeleituradeumtexto:modelosdeprocessamento ascendente,modelosdeprocessamentodescendenteemodelosinterativos. Os modelos de processamento ascendente pressupõem que a compreensão se inicia a partir de níveis inferioresdo texto (decodificação, reconhecimento de palavras) até alcançar os níveis superiores (orações, frases,parágrafos,textocomoumtodo).Deacordocomestemodelo,inicialmente,oleitorseleciona,deentre osváriossentidosqueumapalavrapodeter,aquelequemelhorseadequaaotexto.Oleitorconstrói,então, umaredederelaçõessemânticasesintáticasaoníveldasoraçõesoufrases,extraindoosignificadoapartirda suaestruturagramatical.Asfrasessão,então,relacionadasentresi, formandoumarepresentação mentalde todootexto.Assimqueumdadosegmentodotextoéprocessado,eleéintegradonoquefoianteriormente apresentado(equeseencontraarmazenadonamemóriadetrabalho),demodoquecadanovainformaçãoé integradanas anteriores.Esta integraçãoé responsávelpelos significados queserãoatribuídos ao próximo segmentodetexto.Nestemodelo,sãofortementeenfatizadasasrelaçõesintratextuaisestabelecidasdurantea leitura. Os modelos de processamento descendente  pressupõem que a compreensão se inicia com o contexto emque o leitorinteragecom o texto:a situaçãona qual a leitura ocorre, ospropósitos daleitura, assuas expectativas diante dotexto e o seu conhecimento domundo. É a partir deste cenário que o indivíduo vai acederaotextoeatribuirsignificadosatodososseussegmentos(palavra,frase,parágrafo,…).Nestemodelo,a

ênfaserecaisobrerelaçõesextratextuaisestabelecidasdurantealeitura. Os modelosinterativos pressupõemqueacompreensãoenvolvetantoumprocessamentoascendentecomo descendenteemtodososníveisdotexto(palavra,frase,parágrafo),demodoqueoconhecimentodomundo e o conhecimento linguístico do leitor participam e interagem simultaneamente em todos os níveis de processamentodotexto. Um dos modelos mais aceites entre os investigadores é o modelo denominado Construção-Integração (Kintsch, 1998; Kintsch & Rawson, 2005) que se define como sendo interativo. A arquitetura deste modelo baseia-se em duas instâncias que são o texto-base e o modelo situacional. O texto-base consiste numa

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Compreensão de textos. Considerações teóricas e implicações para a sua avaliação  Alina Galvão Spinillo, Spinillo, Iolanda Ribeiro Ribeiro e Fernanda Leopoldina Leopoldina Viana

representaçãomentalmuitopróximadotextolido,marcadapor representaçãomentalmuitopróxima dotextolido,marcadaporinformaçõesintratextuais;omodelos informaçõesintratextuais;omodelosituacional ituacional éumarepresentaçãomentalmarcadapeloconhecimentodomundoqueoleitorpossui.Omodelopressupõe aindafasescíclicasdeconstruçãoedeintegração,nasquais,apartirdeconexõesentreaspassagensdo texto,oleitorconstróiummodelomentalanívellocal(atribuindosignificadoàspalavraseàsproposições), mastambémanívelmaisglobal,aointegrarnasinformaçõesintratextuaisoseuconhecimentodemundo, gerandonovasinformações,quesãoasinferências.Assim,representaçãomentaleinferênciassurgemcomo instân instâncias cias respon responsáv sáveis eis por um process processame amento nto de naturez natureza a ascend ascendent ente e e de nature natureza za descen descenden dente te no momentodaleitura. Tomando Tomando porbase umaperspetivainterativa, a compreensã compreensão o de textos podeser definida definidacomosendo comosendo um processoinferencialporexcelência,noqualoleitortemumpapelativonainterpretaçãodotexto,umavezque esteprocessonãose esteprocessonãoselimitaapena limitaapenasà sà atividadedeidentificaç atividadedeidentificaçãooude ãoouderepro reprodução dução dainformação,sendo dainformação,sendoum um processoqueimplicaaconstru processoqueimplicaaconstruçãoea çãoea apropriação apropriaçãode desentid sentidos,tendocomobase os,tendocomobase arelaçãoentreoautor,o textoeopróprioleitor.Paraconstruirsentidos,oleitorinterpretaprogressivamenteotexto,gerandohipótesesà medidaquelê,asquaisserãoconfirmadas,infirmadasoumodificadas,aolongodaleitura.Percebe-se,assim, anaturezadinâmicadesteprocesso,oqualrequerumaconstanteelaboraçãoereelaboraçãoporpartedo leitor(Solé,1998). Ressalta-seaqui,queaconstruçãodeumarepresentaçãomentaleoestabelecimentodeinferênciassãoo cerne dacompr da compreensã eensão o detexto de textos, s, constituind constituindo o os processos processos responsáveis responsáveis,, tanto porum por um processame processamento ntode de naturezaascendentecomopelodenaturezadescendentenomomentodaleitura.

Osfatoresqueinfluenciamacompreensãodetextos

Comomencionado,eaceiteporumnúmeroexpressivodeestudiososdaárea,compreendertextosenvolve fatoressociais fatoressociais,linguíst ,linguísticosecognitivo icosecognitivos.Osfatores s.Osfatoressociais,demaneir sociais,demaneirageral,estã ageral,estãorelaciona orelacionados,tant dos,tantocomo ocomo contextoemqueainteraçãoentreoleitoreotextoocorre(objetivos,motivaçõeseexpectativasdoleitoredo autor autor do texto) texto),, como como com o contex contexto to socioc sociocult ultura urall do leitor, leitor, as suas suas experi experiênc ências ias vividas vividas e acumul acumulada adas s (Dell´Isola,2001;Kleiman,2002a,2002b;Koch&Elias,2006;Marcuschi,2008;Solé,1998;Tolchinsky&Pipkin, 2003). Os fatores fatores linguí linguísti sticos cos referem referem-se -se ao domínio domínio que o leitor leitor possui possui acerca acerca dos aspeto aspetos s lexica lexicais, is, sintát sintático icos s e semânt semântico icos, s, bem como como à habilid habilidade ade de descod descodific ificaçã ação o (Cain (Cain & Oakhil Oakhill, l, 2004; 2004; Kleima Kleiman, n, 2002a; 2002a; 2002b) 2002b).. Por exemplo, exemplo, dificuldades dificuldades acentuadas acentuadasna na descodifica descodificação çãopodem podem comprometer comprometer o reconhecime reconhecimento ntoda da palavra, palavra, a fluênciae fluênciae oestabelecimento oestabelecimento derelaçõesentreos derelaçõesentreos diversossegmentos diversossegmentostextuais(palavras textuais(palavras,frases,parágra ,frases,parágrafos), fos), prejudican prejudicandooprocesso dooprocessoinferencia inferenciale leaconstru aconstruçãodeumareprese çãodeumarepresentaçã ntaçãoglobaldotexto(Balot oglobaldotexto(Balota,1990;Ehri, a,1990;Ehri, 1992;Salles&Parente,2002,2004;Yuill&Oakhill,1991).Ovocabulário,porsuavez,éumdospreditoresda compreensã compreensão, o, comomostramdiversosestudos (Perfetti, (Perfetti,1985;Stanovich, 1985;Stanovich, West, Cunningham, Cunningham, Cipielewski, Cipielewski, & Siddiqui,1996).Narealidade,ovocabulárioestárelacionadocomoconhecimentodomundo,demodoque umvocabuláriolimitadodificultaaatribuiçãodesignificadosapropriadosaotexto.

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Para Para além além do proc proces essa same ment nto o semâ semânt ntic ico, o, tamb também ém o proc proces essa same ment nto o sint sintát átic ico o dese desemp mpen enha ha um pape papell impo import rtan ante te,, visto visto que que o conh conhec ecim imen ento to que que o leito leitor r poss possui ui acer acerca ca das das cate catego goria rias s sint sintát átic icas as e das das regr regras as  gramaticaisdalínguaéacionadoparaatribuirsignificadoàsoraçõesefrases.Umavezcompreendidas,estas sãointegradasnoutrasoraçõesefrases,gerandoumainterpretaçãolocaleglobaldotexto.Conhecimentos sobreaestruturadotextoesobreosseuselementosconstituintestambémparticipamnocomplexoprocesso de comp compre reen ensã são, o, pode podend ndo o comp compro rome metê tê-l -lo o (Sol (Solé, é, 2003 2003). ). Corr Correl elaç açõe ões s entr entre e o conh conhec ecim imen ento to sobr sobre e a organizaçãogeraldotextoeoníveldecompreensãoforamdocumentadasporCaineOakhill(1996;2004). De acordo acordo com as autora autoras, s, quanto quanto maior maior for o domíni domínio o acerca acerca da organi organizaç zação ão e consti constitui tuição ção dos textos textos maiscondiçõesoleitorteráparaoscompreender.Istoocorreporqueafamiliaridadecomaestruturadotexto auxilianaintegração auxilianaintegraçãode de informações informações,facilitan ,facilitandoa doaconst construção ruçãode deummodelomentaleo ummodelomentaleo estabelecime estabelecimentode ntode inferências. Osfatorescognitivosreferem-seàmemória(detrabalhoedelongoprazo),àmonitorizaçãodacompreensãoe aoestabeleciment aoestabelecimentode ode inferências inferências,sendoreferidos ,sendoreferidos naliteraturacomoprocesso naliteraturacomoprocessosde sde altonível(Oakhill &Yuill, 1996).Amemóriadetrabalhoatuanaretençãodeinformaçõesintratextuaisdurantealeitura,permitindoqueo leitorintegreasdiferentespassagensdotextoe,assim,estabeleçainferências,monitorizeasuacompreensão econstruaummodelomentaldetodootexto,tantoanívellocalcomoanívelglobal(Fletcher,vanderBroek,& Arthur,1996;Kintsch,1998;Oakhill&Yuill,1996;Yuill&Oakhill,1991).Amemóriadelongoprazopermiteque oleitoracionetantooseuconhecimentodomundocomooseuconhecimentolinguístico.Amonitorização consistenatomadadeconsciênciaarespeitodesuaprópriacompreensão,permitindoqueoleitoridentifique o que que impe impede de ou difi dificu cult lta a a comp compre reen ensã são o e que que iden identi tifiq fique ue quan quando do e onde onde,, event eventua ualm lmen ente te,, deix deixou ou de de compreender compreender..Osestudos Osestudos conduzidospor conduzidospor Perfetti, Perfetti,Marron Marron e Foltz(1996) e porRuffman(1996) porRuffman (1996) mostram mostram que obom leitor leitor é capazde capazde monito monitoriz rizara ara sua compre compreens ensãoe ãoe deutilizar deutilizar estrat estratégi égiasde asde leitura leitura que o ajudam ajudam a supera superar r as dificu dificulda ldades des identi identifica ficadas das,, como, como, por exemplo exemplo,, fazer fazer correç correções ões,, ler devagar devagar,, ler novame novamente nte uma uma dadapassagem, dadapassagem,procuraroutr procuraroutrasfontesdeinforma asfontesdeinformaçãoetc.Nadadissoérealizado çãoetc.Nadadissoérealizadoporleitoresmenoshábe porleitoresmenoshábeis, is, que, que, com com freq frequê uênc ncia ia,, nem nem sequ sequer er se aper aperce cebe bem m das das difi dificu culd ldad ades es que que expe experi rime ment ntam am.. A impo import rtân ância cia da da moni monito tori riza zaçã ção o para para a comp compre reen ensã são o de text textos os foi enfa enfatiz tizad ada a por por Coelh Coelho o e Corre Correa a (2010 (2010), ), a part partir ir de um um estudodeintervenç estudodeintervençãojuntodeadoles ãojuntodeadolescentes centesqueforamestimulad queforamestimuladosamonitoriz osamonitorizara arasualeitur sualeituraea aea identificar identificar inco incons nsis istê tênc ncia ias s em texto textos. s. Estes Estes adol adoles esce cent ntes es tive tivera ram m um desem desempe penh nho o sign signifi ifica cativ tivam amen ente te supe superi rior or na na compreensão compreensão de textos, textos, quando comparados comparados com um grupo grupo equivalente equivalente de adolescent adolescentes es que não tinham tinham usufruídodestaexperiência. Oestabelecimentodeinferênciasécrucialparaacompreensão,poiséatravésdelasqueoleitorpreencheas lacunasdotextocomoconhecimentodomundo(Brandão&Oakhill,2005;Colomer&Camps,2002;Coscarelli, 2003;Graes 2003;Graesser ser & Zwaan, Zwaan, 1995; 1995; Kintsc Kintsch,1998; h,1998; Marcus Marcuschi chi,, 2008; 2008; Oakhill Oakhill & Yuill, Yuill, 1996; 1996; Spi Spinil nillo& lo& Mahon, Mahon, 2007; 2007; Vidal-Abarc Vidal-Abarca& a&Rico, Rico,2003;Yuill&Oakhill,1991) 2003;Yuill&Oakhill,1991).Asinferência .Asinferênciasvãoalémdaquilo svãoalémdaquiloqueestáexplicit queestáexplicitadonotexto, adonotexto, permitindogerarnovasproposiçõesapartirdasinformaçõesdadas.Sãoelasquepossibilitamaintegraçãode informações informações intratextua intratextuaisentresi isentresi edeinformaç e deinformaçõesintratext õesintratextuaiscominformaçõ uaiscominformaçõesextratextu esextratextuais.Leitore ais.Leitorescom scom dificu dificulda ldades des de compre compreens ensão ão tendem tendem a memori memorizar zar as inform informaçõ ações es literai literais s em detrim detriment ento o das infere inferenci nciais ais, ,

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Compreensão de textos. Considerações teóricas e implicações para a sua avaliação  Alina Galvão Spinillo, Spinillo, Iolanda Ribeiro Ribeiro e Fernanda Leopoldina Leopoldina Viana

como como demons demonstra tradopor dopor Yuill Yuill e Oakhil Oakhilll (1991) (1991).. Autores Autores de difere diferente ntes s afiliaç afiliações ões teórica teóricas s afirma afirmam m que o leitor leitor profic proficien ienteé teé aquele aquele que é capazde capazde fazeruma fazeruma leitur leitura a profun profundae dae iralém doque está está explici explicitad tado o notexto. notexto. Osníveisdecompreensãotextualserãoapresentadosediscutidosadiante. SegundoSpinillo SegundoSpinillo (2013),a (2013),a compreensã compreensãode ode textospode textospodetambé tambémser mserinfluen influenciada ciada porfatorescircunsta porfatorescircunstanciais nciais,, umavezqueleitorescomdiferentespropósitospodemdiferiremrelaçãoàcompreensãodeummesmotexto, ou um mesm mesmo o leit leitor or pode pode ter ter dife difere rent ntes es nívei níveis s de comp compre reen ensã são o do mesm mesmo o texto texto,, ao lê-lo lê-lo em difer diferen entes tes  moment momentos. os. Ospropósit Ospropósitosdo osdo leitortambé leitortambém m pod podemvariar emvariar emfunção emfunção dotipode texto.Por texto.Por exemplo exemplo,, aoser informadodequeler informadodequeleráumcontodefadas, áumcontodefadas,oleitorcriaaexpecta oleitorcriaaexpectativadequeoconteú tivadequeoconteúdodotextoéfictíci dodotextoéfictício;por o;por outrolado,aoserinformado outrolado,aoserinformadodequeleráumanotíciadejornal,eletemaexpectativa dequeleráumanotíciadejornal,eletemaexpectativadequeo dequeo conteúdoseja conteúdoseja real.Alémdisso,osaspetosinternosdotextodirecionamacompreensão,antecipandooquesesegue.Por exemplo,numahistória,otítulopoderemeterparaaaçãoouparaaspersonagensdotexto,enquantootítulo deumasecçãodojornalpodeanteciparotipodeconteúdoqueserátratado(política,economia,desporto, cinemaetc.).DeacordocomSolé(1998;2003),aosaberqualotipodetextoqueserálidoeaoestarciente dos propós propósito itos s da leitur leitura, a, o leitor leitor cria cria um esquem esquema a menta mentall que favorec favorece e a integr integraçã ação o de inform informaçõ ações es e o estabelecimentodeinferências.

Osníveisdecompreensãodetextos

Tomand Tomando o por base base a capaci capacidad dade e de estabe estabelec lecer er inferê inferênci ncias, as, div divers ersos os autore autores s têm procur procurado ado descre descrever ver níveisde níveisde compreensão compreensãode de textos.Marcusch textos.Marcuschi(2008),porexemplo,espe i(2008),porexemplo,especificahoriz cificahorizontesdecompree ontesdecompreensãoque nsãoque caracterizamarelaçãodoleitorcomotexto:faltadehorizonte,horizontemínimo,horizontemáximo,horizonte problemáticoehorizonteindevido.Afaltadehorizontecaracteriza-sepelarepetiçãodasinformaçõesliterais presentesnotextoeohorizontemínimoconsistenumaparáfrase presentesnotextoeohorizontemínimoconsistenumaparáfrasedasinformações.Assim,ambosos dasinformações.Assim,ambososhorizontes horizontes consistememníveisdecompreensãoqueserestringemainformaçõesliteraispresentesnotexto.Ohorizonte máximocaracteriza-sepeloestabelecimentodeinferênciasapropriadas,indoalémdoqueéexplicitamente mencionadonotexto. mencionadonotexto.O O horizonteprobl horizonteproblemátic emáticovaimuitoalémdoqueé ovaimuitoalémdoqueé explicitado explicitadono notexto, texto,extrapola extrapolando-o, ndo-o, poisoleitorinseremuitoselementosdeconhecimentopessoaledeopinião.Ohorizonteindevidoafasta-se dossentidosautorizadospelotexto. King(2007)propõe,porsuavez,adistinçãoentrecompreensãoliteralousuperficialecompreensãoinferencial ouprofunda.Aprimeirabaseia-senasinformaçõesqueestãoexplícitasnotexto,demodoqueaorigemdas inferênciaséotexto,havendopoucaelaboraçãoporpartedoleitor.Asegunda –acompreensãoprofunda – baseia-seemconhecimentosquevãoalémdotextoequederivamdoestabelecimentodeinferênciasque dependemdopapelativodesempenhadopeloleitoraoacionarconhecimentosdomundoquesãopertinentes paraoentendimentodoconteúdodotexto.

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Compreensão de textos: implicações para a sua avaliação A compre compreens ensão ão de textos textos depend depende, e, como como referi referimos mos previam previament ente, e, de uma conste constelaç lação ão de compet competênc ências ias cognitivas,linguísticasesociais.Algumassãoespecíficasàcompreensãodaleitura(comoadescodificação), outras,comoamemóriadetrabalhoouoconhecimentolexical,sãovariáveisqueexplicamacompreensão de tex textos, tos, qualq ualque uer r que que seja eja a moda modalilida dade de de apre aprese sen ntaçã tação o (leit leitur ura a ou oral oral), ), mas mas tam também bém outr outro os comportamen comportamentos tos e processos processospsico psicológico lógicos. s. A avaliação avaliação destas destas variáveis variáveis é passível passível de ser efetuada efetuada a partir partir deumconjuntodiversodeprovaspsicológicas.Atítuloilustrativo,amemóriadetrabalhopodeseravaliada recorr recorrend endo o ao teste teste de memóri memória a de díg dígito itos s da WISC WISC – Escala Escala de Inteli Inteligên gência cia de Wechsl Wechsler er para para Criança Crianças s (Wechsler,2003).Porsuavez,aprovadevocabuláriodaWISCouasprovasdenomeaçãoededefinição verba verball da bate bateri ria a de prov provas as de Avali Avaliaç ação ão da Ling Lingua uage gem m Oral Oral (Sim(Sim-Si Sim, m, 2001) 2001) perm permite item m a avali avaliaç ação ão do do voca vocabu bullário ário.. Não se pret preten ende de,, nest neste e capí capítu tulo lo,, faze fazerr uma uma siste istema mati tiza zaçã ção o das das vár várias ias abo abordag rdagen ens s e proc proced edim imen ento tos s que que pode podem m ser ser usad usados os no quad quadro ro da avalia avaliaçã ção o dos dos fato fatore res s que que expl explic icam am as dife difere renç nças as  individuaisaonívelda individuaisaonívelda compreens compreensãoe ãoe quedeverãoser quedeverãoser especificame especificamentecontemp ntecontemplados lados,quandosetrata,por ,quandosetrata,por exemplo,deavaliarcriançassinalizadasporapresentaremproblemasdecompreensão. Os modelo modelos s revist revistos os ao longo longo deste deste capítu capítulo lo foram foram concep conceptua tualiz lizado ados, s, tendo tendo por base base a leitura leitura de textos textos escritos.Todavia,ecomofoireferidonocapítuloI,osmodeloseteoriasrelativosàcompreensãodaleituranão estabelecemumadistinçãoclaraentrecompreensãodalinguagemoralecompreensãodalinguagemescrita (Cain&Oakhill,2008),considerandoqueoprodutoéidêntico –umarepresentaçãomentalcoerente,integrada ecompleta(Kintsch,1998).Ouseja,os ecompleta(Kintsch,1998).Ouseja,os processosparaconstru processosparaconstruiras iras representa representaçõesmentais çõesmentaissão são osmesmos, indepe ind epende ndente ntemen mente te da modalid modalidade ade de aprese apresenta ntação ção ser escrita escrita ou falada falada (Gerns (Gernsbac bacher her,, 1990). 1990). Na BAL BAL optou-se,pelasrazões optou-se,pelasrazõesdiscutidas discutidasno nocapítu capítuloI,poravaliara loI,poravaliara compreensã compreensão,apresent o,apresentandoaosujeito andoaosujeitoos os textos atravésdeduasmodalidades:oraleescrita. O conhec conhecime imento nto dos modelo modelos s teóric teóricos os de compre compreens ensão ão é fundam fundament ental al para para os profiss profission ionais ais,, psicól psicólogo ogos, s, profes professor sores es ou outros outros especia especialist listas as que trabal trabalham ham com crianç crianças as que aprese apresentam ntam difi dificul culdad dades es em atribu atribuir ir signif significa icado do aoque leem leem ou ouvem ouvem ler, ler, uma vez que facult facultamum amum quadro quadro de referê referênci ncia a compre compreen ensivo sivo que que contri contribui bui para para a formul formulaçã ação o de hip hipóte óteses ses sobre sobre a fonte fonte das dificu dificulda ldades des.. Doponto de vista vista damedida, damedida, os modelosteóricossãofundamentaisporqueorientamadecisãodoinvestigadorsobreo“que”e“como”avaliar.

NaBALoptou-seporavaliarníveisdecompreensão. Sãováriasastentativasdeclassificaçãodosdiferentesníveisdecompreensãodaleitura 1.Destastentativas (Barrett, (Barrett, 1976; Català, Català, et al ., 2001; 2001; Herber Herber,, 1978; 1978; Pearso Pearson n & Johnso Johnson, n, 1978) 1978) resultar resultaram am difere diferente ntes s propos propostas tas, , nas quais quais os autore autores s optam optam por termin terminolo ologia gias s difere diferente ntes s (compr (compreen eensão são litera literal, l, compre compreens ensão ão inferen inferencia cial, l, reorga reorganiz nizaçã ação, o, compre compreens ensão ão crític crítica, a, compre compreens ensão ão avaliat avaliativa iva,, compre compreens ensão ão interp interpret retati ativa, va, compre compreens ensão ão aplicada,entreoutros)ecomumnúmerovariáveldeníveis(entre3e5).Acresceaindaquealgunsautoresse

1 ParaumarevisãodetalhadaconsultarCadime,2012.

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centraram unicamente nas inferências, construindo taxonomias para as classificar (e.g. Cunningham, 1987; Graesser, Singer, & Trabasso, 1994; Graesser, Swamer, Baggett, & Sell, 1996; Giasson, 2005). Embora ao longodestecapítulosetenhaenfatizadoaimportânciadasinferências,talnãosignificaquealocalizaçãode informaçãoexplícitapresentenumtextonãosejaigualmenteimportante. Esta breve revisão mostra que a classificação dos níveis de compreensão está longe de ser consensual, peloqueseimpõeaoinvestigadorquequerconstruirprovasdeavaliaçãodacompreensãodetextostomar decisões quanto a este aspeto. Na BAL optou-se por definir quatro níveis de compreensão, baseados na releitura das propostas de Barrett (1976) efetuada por Català e colaboradores (2001), dado que esta nomenclatura é a mais próxima dautilizada nos programas deLíngua Portuguesa,nos Estudos doPISAe nas provas deaferição deLíngua Portuguesa.A compreensãoliteral implica a identificação deideias e de informaçãoexplícita.Acompreensãoinferencialresultadaintegraçãodainformaçãoveiculadapelotextoedas experiênciaseconhecimentosdoleitor,conduzindoàformulaçãodehipótesesouinferências.Areorganização estárelacionadacomtarefasdeanálise,desíntesee/oudeorganizaçãodainformaçãopresentesnotexto deformaaacederaconhecimentonovo.Porfim,acompreensãocríticarequeraformulaçãodejuízospor comparaçãocomumcritério.Estesjuízospodemincluir,porexemplo,distinçõesentrerealidadeefantasia, factoseopiniões. Asdiferentestaxonomiasdecompreensãodaleituranãoconsideramdistinçõesemfunçãodotipodetexto. Todavia,naBAL,epelasrazõesdiscutidasnocapítuloI,apresentam-setestesseparadosemfunçãodotipode textousado.

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A construção das provas de compreensão: Testes de Compreensão de Textos (narrativos e informativos) na modalidade de leitura e Testes de Compreensão de Textos (narrativos e informativos) na modalidade oral NocapítuloIdescreveram-seasprincipaisdificuldadesnaleituraqueosalunospodemapresentar.Existeuma discussãoemabertosobreaclassificaçãodaquelasdificuldades,bemcomosobreasterminologiasausar. Nãoépropósitodestelivrodebruçar-sesobreestatemática.Aanáliseéefetuadaapartirdasáreasnasquais osalunosapresentamdificuldades,podendoserdescritososseguintesperfis: a) Alunoscomdificuldadesnaleituradepalavras,nacompreensãodalinguagemoralenacompreensão daleitura; b) Alunossem dificuldadesna leituradepalavras, mascomdificuldadesna compreensãoda linguagem oralenacompreensãodaleitura; c) Alunoscomdificuldadesnaleituradepalavrasesemdificuldadesnacompreensãodalinguagemoral. Estegrupopodeapresentardificuldadesnacompreensãodaleituraquedecorremdeproblemasde descodificação. A caracterização de cada um destes perfis requer que os alunos sejam avaliados através de provas que avaliem a leitura de palavras, a compreensão da linguagem oral e a compreensão da leitura. Têm sido descritosperfismaiscomplexos,quecontemplamoutrasvariáveis(e.g.vocabulário,fluênciadaleitura)(Defior, 2000;Nation,2005;Spear-Swerling&Sternberg,1996).Noentanto,osperfisaquidescritossãoparticularmente úteisparaumdiagnósticodasáreasdedificuldadecomimplicaçõesdiretasparaadefiniçãodeobjetivosde intervençãoede organizaçãode respostasadequadasàsnecessidadesdosalunos.Comoreferidoaolongo destecapítulo,asdiferençasdedesempenhonacompreensãomanifestam-seemfunçãodostextosusados. A integração desta informação justifica a construção de quatro testes independentes que avaliam a compreensãodetextosnarrativoseinformativosapresentadosemduasmodalidadesquerequeremaaudição ealeitura: 

Testedecompreensãodetextosnamodalidadeoral–narrativo(TCTMO-n);



Testedecompreensãodetextosnamodalidadeoral–informativo(TCTMO-i);



Testedecompreensãodetextosnamodalidadedeleitura–narrativo(TCTML-n);



Testedecompreensãodetextosnamodalidadedeleitura–informativo(TCTML-i).

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Capítulo IV

BATERIA DE AVALIAÇÃO DA LEITURA (BAL). DESCRIÇÃO E OPÇÕES DE CONSTRUÇÃO IolandaRibeiro, FernandaLeopoldinaViana, SandraSantos,IreneCadime, AlinaGalvãoSpinillo,SéliChaves-Sousae Ana PaulaVale

Neste capítulo oferece-se uma panorâmica geral dos testes que constituem a Bateria de Avaliação da Leitura (BAL), detalhando-se os objetivos, o público-alvo e as opções gerais de construção de cada um.

AapresentaçãogeraldostestesdaBALnestecapítulo,apesardaexistênciademanuaisespecíficosparacada umdeles,deveu-seaduasrazões. Emprimeirolugar ,osdiferentestestesdaBALpodemserutilizadosnumalógicadecomplementaridade,tendo -seclarificadonocapítuloIdestelivroarelevânciadecontemplarnaavaliaçãodascriançascomdificuldades deaprendizagemdaleitura(DAL)asdimensõesdeleituradepalavras,decompreensãodoqueouve(ler)eda compreensãodaleiturasilenciosa.Noentanto,ressalva-seque,emfunçãodosobjetivosdecadautilizador, cadatestepoderáseraplicadoindividualmenteeosseusresultadosapreciadosemfunçãodainformaçãoque omesmoforneceisoladamente.Note-seaindaquecadatestepossuientre3a4 versões,dirigidasaanosde escolaridadedistintos.Maisumavez,emfunçãodoobjetivodaavaliação,outilizadordecadatestepodeoptar poradministrarapenasumaformadeteste,específicaparadeterminadoanodeescolaridade,ounocasode sepretenderavaliarosganhosdeumoumaisalunosaolongodotempo,podeadministrarasversõesdeteste correspondentesàmedidaqueestesavançamnaescolaridade; Em segundo lugar ,  o facto de as opções metodológicas tomadas ao nível da construção dos testes de avaliaçãodacompreensãodetextosnamodalidadedeleituraenamodalidadeoralseremcomuns. Assimsendo,considerou-semaiscongruenteclarificarnestevolumeasopçõescomunsaestesdoistestes, nomeadamenteasrelativasàseleçãodostextos,àconstruçãodositenseaosformatosdeapresentação.

Plano de construção da BAL ABALéumabateriadeprovasdeavaliaçãodaleituraqueincluicincotestes,organizadosemtornodetrês domíniosprincipais: 1) identificaçãodepalavrasapresentadasdeformaisolada; 2) compreensãodetextosnamodalidadedeleitura; 3) compreensãodetextosnamodalidadeoral. Adesignaçãodecadatestepodeserconsultadanoquadro1.

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Quadro 1. ApresentaçãodostestesqueconstituemaBAL. DESIGNAÇÃO DO TESTE

AUTORAS

TLP Testedeleituradepalavras

FernandaLeopoldinaViana IolandaRibeiro AnaPaulaVale SéliChaves-Sousa SandraSantos IreneCadime

POPULAÇÃO-ALVO

VERSÕES DISPONÍVEIS

1.ºao4.ºanodo EnsinoBásico

4

2.ºao4.ºanodo EnsinoBásico

3

TCTML-i FernandaLeopoldinaViana Testedecompreensãodetextosnamodalidadedeleitura IreneCadime SandraSantos –informativo

2.ºao4.ºanodo EnsinoBásico

3

TCTMO-n Testedecompreensãodetextosnamodalidadeoral –narrativo

IolandaRibeiro FernandaLeopoldinaViana SandraSantos IreneCadime

1.ºao4.ºanodo EnsinoBásico

4

TCTMO-i Testedecompreensãodetextosnamodalidadeoral –informativo

IolandaRibeiro FernandaLeopoldinaViana SandraSantos IreneCadime

1.ºao4.ºanodo EnsinoBásico

4

IolandaRibeiro

TCTML-n FernandaLeopoldinaViana Testedecompreensãodetextosnamodalidadedeleitura IreneCadime SandraSantos –narrativo AlinaGalvãoSpinillo IolandaRibeiro

AlinaGalvãoSpinillo

O desenvolvimento daBAL implicou a colaboração de um conjunto alargadode especialistas oriundosde diversas áreas de conhecimento. Foi, assim, possível uma abordagem multidisciplinar na elaboração dos testes. Contou-se, igualmente, com a colaboração de dois consultores externos especialistas em análise estatística – Gerardo Prieto (Universidade de Salamanca, Espanha) e José Maia (Faculdade de Desporto daUniversidadedoPorto)–nafasedeanálisededadosdosestudosdevalidaçãodostestes.Ostextosque integramostestesdeavaliaçãodacompreensãoforamelaboradosporescritoresconsagradosnaáreada literaturainfanto-juvenil:Ana Maria Magalhães, Carla Maiade Almeida, Isabel Alçada,Isabel Minhós Martins e Jorge Gomes. A revisão dos textos e dos itens dos testes ficou a cargo de especialistas do domínio da linguística – Armanda Costa (Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa), Rui Ramos (Instituto de EducaçãodaUniversidadedoMinho)eJoséMorais(UniversidadeLivredeBruxelas,Bélgica). Construíram-setestesdistintosparaavaliaracompreensãodetextosnarrativoseinformativosnamodalidade oral (TCTMO-n e TCTMO-i) e na modalidade de leitura (TCTML-n e TCTML-i). Cada teste é composto por versõesespecíficasparacadaumdosanosdeescolaridadequesevisaavaliar.OstestesTLP,TCTMO-ne TCTMO-isãoconstituídosporquatroversõescadaum,destinadasaalunosdo1.ºao4.ºanodeescolaridade.

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Bateria de Avaliação da Leitura (BAL). Descrição e opções de construção Iolanda Ribeiro, Fernanda Leopoldina Viana, Sandra Santos, Irene Cadime, Alina Galvão Spinillo, Séli Chaves-Sousa e Ana Paula Vale

OstestesTCTML-neTCTML-isãoconstituídosportrêsversõescada,construídasparaavaliaralunosdo2.ºao 4.ºanodeescolaridade.Noquadro1apresenta-seumadescriçãogeraldecadaumdostestesquecompõem aBAL.

Desenvolvimento dos testes da BAL: opções ao nível da construção e da administração Avaliaçãodaleituradepalavras:oTLP

OTLP(TestedeLeituradePalavras)éumtestenoqualosalunosdevemleremvozaltaumconjuntode palavras, apresentadas isoladamente. Os itens (palavras) foram selecionados por peritos, de acordo com quatrocritériospsicolinguísticos: a) extensão(curta;longa); b) frequência(muitofrequente;poucofrequente); c) regularidade(regular;regracontextual;irregular); d) estruturasilábica(estruturassilábicasmaisfrequentesnaLínguaPortuguesa). Naclassificaçãodafrequênciadaspalavrasrecorreu-seàbasededadosESCOLEX(Soares etal .,2013). Foram construídas quatro versões do teste (uma para cada ano de escolaridade do 1.º ciclo), integrando 30palavrascada.Cadaversãodetesteestádisponívelnumaaplicaçãoinformáticaespecífica,desenvolvida paraoefeito.Aspalavrasquecompõemcadaversãodetesteaparecemisoladamentenoecrãdocomputador, tendoaordemdeaparecimentosidoaleatorizada.Oaplicadordotestedeveassinalar,durantearealização domesmo,secadapalavrafoilidacorretaouincorretamente.Nofinaldaadministraçãodoteste,aaplicação informáticacompilaosresultadosdaavaliaçãonumficheiroExcel.Dadooseuformato,oTLPéumtestede administraçãoindividual.

Aavaliaçãodacompreensão:TCTML-n,TCTML-i,TCTMO-neTCTMO-i

Procedimentos de medida Asmedidasdecompreensãopodemserclassificadascomomedidasemtemporeal( online )ouemdiferido (offline ).Nasmedidasemtemporeal,ainformaçãofornecidapelamedidaéobtidadurantealeitura,enquanto nasmedidasemdiferidoestaérecolhidaapósarealizaçãodaleitura(Lencastre,2003).Osprocedimentosde think-aloudederegistodosmovimentossacádicossãoexemplosdemedidaspertencentesaestegrupo.Para

as medidas em diferido, o procedimento mais utilizado é a formulação de perguntas durante a leitura (i.e. a leitura é interrompida e o sujeito responde) ou no final da leitura (Lencastre, 2003). Os quatro testes de

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compreensãoqueconstituemaBALpodemclassificar-secomomedidasemdiferido,dadoqueositenssão apresentadosapósaleitura(nocasodostestescorrespondentesàmodalidadedeleitura)ouaudiçãodotexto (nocasodostestescorrespondentesàmodalidadeoral).

Os textos Naconstruçãodostestesdecompreensãooptou-seporutilizartestesdistintosparaavaliaracompreensãode textosnarrativosedetextosinformativos,quernamodalidadeoral,quernamodalidadedeleitura.Ostextos utilizadossão originais e foram elaboradosexpressamente parao desenvolvimentoda BAL,através de um trabalhodecooperaçãocomosescritores,demodoaassegurarqueostextosseajustavamemtermosde extensãoevocabulárioaosníveisdeescolaridadedascrianças. ForamadotadasasorientaçõesdeSim-Sim&Viana(2007)naorganizaçãodaestruturaenaextensãodos textos.Cadaautorproduziuentredoisaseistextosparaostestesdecompreensão: 

AnaMariaMagalhãeseIsabelAlçada(2textosnoTCTML-n,2textosnoTCTML-ie2textosnoTCTMO-n);



JorgeGomes(2textosnoTCTML-ie4textosnoTCTMO-i);



CarlaMaiadeAlmeida(1textonoTCTML-ne1textonoTCTMO-n);



IsabelMinhósMartins(1textonoTCTML-ne1textonoTCTMO-n).

Osdireitosdeautorforamcedidos,tendoemvistaasuautilizaçãoexclusivanostestesdaBAL. Aopçãoportextosoriginaisenãopublicadosanteriormentevisoueliminaroefeitodeumcontactopréviode algunsalunoscomostextos,oqueoscolocariaemvantagem,relativamenteaoseugrupodereferência.Em cadaversãodoTCTML-nedoTCTML-iforamincluídos4textos,deextensãocrescenteemfunçãodoanode escolaridade(cf.quadro2).Aopçãoporutilizarosmesmostextosparatodososanosdeescolaridadedecorreu danecessidade deelaborar itens deancoragem,istoé, itenscomuns entreversõesde testeparaanosde escolaridade adjacentes. Os itens de ancoragem são fundamentais para a realização do processo de equalizaçãodepontuaçõesdasdiferentesformasdeteste,talcomoseexplicanocapítuloV.Noentanto,e aindaqueostextossejamcomunsaostrêsanosdeescolaridadevisados,aextensãodestesé maiorquanto mais avançado é o ano de escolaridade. Cada um dos textos incluiu o texto do ano anterior, pelo que a extensãoécrescente.Otextode3.ºanoincluiodo2.ºeumapartenova;ode4.ºanoincluiode3.ºe,mais umavez,éampliado.Anecessidadedemanterosexcertosnosváriostextoséumacondiçãonecessáriapara a construção de itens deancoragem. Esteplano deconceçãodos textos permite avaliar osalunos usando umtextoadequadoàsuafaixaetária/anodeescolaridadeediminuiraspossibilidadesdeumefeitodetetona avaliaçãodosanosdeescolaridademaisavançados.

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Bateria de Avaliação da Leitura (BAL). Descrição e opções de construção Iolanda Ribeiro, Fernanda Leopoldina Viana, Sandra Santos, Irene Cadime, Alina Galvão Spinillo, Séli Chaves-Sousa e Ana Paula Vale

Quadro 2. OrganizaçãodostextosnasversõesdoTCTML-neTCTML-i. EXTENSÃO (nº de palavras) TESTE

TEXTO 2.º ano

3.º ano

4.º ano

ARitaeoBruno

289 247 138 163

544 527 538 363

915 782 661 495

Noitesdospirilampos

196 179 173 193

378 351 450 502

940 838 718 701

TCTML-n Osanimais Testedecompreensãodetextosnamodalidadedeleitura Pãoperdido –narrativo Doisgémeosquasequaseiguais TCTML-i Ascaravelas Testedecompreensãodetextosnamodalidadedeleitura ObservaravesnoEstuário –informativo D.Sebastião

NoTCTMO-neTCTMO-iforamincluídosigualmente4textosemcadateste.ContrariamenteaoTCTML-neao TCTML-i,ostextossãocomunsatodososanosdeescolaridade.Noentanto,eparaevitarumasobrecargada memória de trabalho, os textos foram segmentados, sendo a apresentação dos excertos alternada com a apresentaçãodositens(cf.quadro3).

Quadro 3. OrganizaçãodostextosnasversõesdoTCTMO-neTCTMO-i. Nº DE PALAVRAS POR EXCERTO TESTE

TEXTO 1

2

3

4

5

6

7

TCTMO-n Testedecompreensãodetextosnamodalidadeoral –narrativo

Umanjonacozinha Fériasnaaldeia Ofilhodopirata Umgatocompoderesespeciais

86 149 135 109 195 180 95 57 167 117 142 123

123 117 71 174

84 - 130 122 137 135 106 -

- - 40 -

TCTMO-i Testedecompreensãodetextosnamodalidadeoral –informativo

Borboletaselagartos Aiquesolzinho! Ratinhoscomasas Bugalhosebolotas

79 60 144 120 136 154 95 157 145 141 110 125

89 90 138 100

70 53 130 57 101 115 158 -

- - - -

A taxonomia adotada Adotou-seataxonomiadeBarrett(1976),revistaporCatalà,Català,MolinaeMonclús(2001)naconstrução dositens.Destemodo,cadaitemavaliaacompreensãoliteral,acompreensãoinferencial,areorganizaçãode informaçãoouacompreensãocrítica.

Os itens Nos quatro testes, os itens são constituídos por perguntas com resposta de escolha múltipla com três alternativas,dasquaisapenasumaécorreta.Temsidodemonstradoqueainclusãodetrêsalternativasnos

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itensdeescolhamúltiplaé,emtermospsicométricos,tãoeficientecomoainclusãode4ou5alternativas, tendoa vantagemde permitiruma aplicação mais rápida dos instrumentos demedida (Delgado& Prieto, 1998;Rodriguez,2005).Paraalémdequestõespsicométricas,ainclusãodemaisdoque3alternativaspoderia sobrecarregaramemóriadetrabalhonostestesdecompreensãonamodalidadeoral.Porestesmotivos,e deformaamanteraequivalênciaentreasduasmodalidadesdeavaliação(leitura versus oral),optou-sepor incluir3alternativasemtodosositens. Queros itens, queras respetivasalternativas,foram sujeitosa revisão linguísticapor peritos.A posição em que cada alternativa correta é apresentada em cada um dos itens resultou de um processo prévio de aleatorização.

As modalidades: leitura versus oral A opçãopor construir testes distintos para avaliar a compreensãonas modalidadesde leitura e oral foijá discutida no capítulo I deste livro. Os dois tipos de testes distinguem-se também pelo formato de apresentação:ostestesTCTML-neTCTML-isãoapresentadosnumformatodepapelelápis;ostestesTCTMO -ne TCTMO-i emformato digital.Nos dois primeiros, tantoos textoscomo ositenssão apresentados em papel.Oalunodevelersilenciosamenteotextoeasperguntaseassinalararespostaescolhidanafolhade respostas.Estestestespodemseraplicadosindividualmenteouemgrupo. Nostestesdecompreensãodetextosapresentadosnamodalidadeoral,aleituradostextoséouvidacom recursoaumaaplicaçãoinformáticadesenvolvidaparaoefeito,naqualsãoapresentadostambémositense gravadas as respostas dos alunos. Ressalve-se que, tanto o texto como os itens e respetivas alternativas derespostasãoapresentadosaosalunosapenasemformatoáudio,semacomplementaridadedequalquer suporte escrito. A gravação da leitura dos textos e das perguntas foi efetuada por uma profissional. Aadministraçãodosdoistestespodeserfeitaindividualmenteouemgrupo,requerendo,nesteúltimocaso,a utilizaçãodeumcomputadoredeauscultadoresporcriança.Nofinaldaadministraçãodoteste,aaplicação informáticacompilaeexportaosresultadosdaavaliaçãoparaumficheiroExcel. AsversõesfinaisdoTCTML-nsãoconstituídaspor27itenscada,incluindo-se6itenscomuns(i.e.itensde ancoragem)entreversõesadjacentes(22.2%dototaldeitens).CadaversãofinaldoTCTML-iécompostapor 33 itens, dos quais 8 (24.2%) são itens de ancoragem. As versões finais do TCTMO-n e TCTMO-i contêm 30itenscada,nosquaisseincluem10itensdeancoragem(33.3%dototaldasversões).Todasasversõesdos testespossuemitens-exemplo.

Materiais que fazem parte da BAL 

O presente livro, composto por cinco capítulos, onde se incluem a descrição, os objetivos, as bases teóricaseasutilizaçõespossíveisdostestesqueacompõem.

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Bateria de Avaliação da Leitura (BAL). Descrição e opções de construção Iolanda Ribeiro, Fernanda Leopoldina Viana, Sandra Santos, Irene Cadime, Alina Galvão Spinillo, Séli Chaves-Sousa e Ana Paula Vale

TLP 

Manual técnico,onde se incluem os resultados dos estudos de construção e de validação doteste, os procedimentosparaadministraçãoe cotação,bemcomoasrespetivasorientaçõesparainterpretaçãode resultados;



Quatroversõesdotesteemformatodigital(umaporanodeescolaridade).

TCTML-neTCTML-i 

Doismanuaistécnicos(umparaoTCTML-neoutroparaoTCTML-i),ondeseincluemosresultadosdos estudosdeconstruçãoedevalidaçãodostestes,osprocedimentosparaadministraçãoecotação,eas respetivas;orientaçõesparainterpretaçãoderesultados.



Seiscadernosdeteste(trêsparacadaversãodoTCTML-netrêsparacadaversãodoTCTML-i).



Seisfolhasderesposta(trêsparacadaversãodoTCTML-netrêsparacadaversãodoTCTML-i).

TCTMO-neTCTMO-i 

Doismanuaistécnicos(umparaoTCTMO-neoutroparaoTCTMO-i)ondeseexpõemosresultadosdos estudosdeconstruçãoedevalidaçãodostestes,osprocedimentosparaadministraçãoecotação,eas respetivasorientaçõesparainterpretaçãoderesultados.



Oitoversõesdotesteemformatodigital(quatroversõesdoTCTMO-nequatrodoTCTMO-i).

Referências bibliográficas

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Delgado, A. R. & Prieto, G. (1998). Further evidence favoring three-option items in multiple-choice tests. EuropeanJournalofPsychologicalAssessment,14 (3),197-201.

Lencastre,L.(2003).Leitura:Acompreensãodetextos .Lisboa:FundaçãoCalousteGulbenkian. Rodriguez, M.C. (2005). Three options are optimal for multiple-choice items:A meta-analysis of80 yearsof research.EducationalMeasurement:IssuesandPractice,24 (2),3-13. Sim-Sim.I.&Viana,F.L.(2007).Paraaavaliaçãododesempenhodeleitura .Lisboa:MinistériodaEducação- GabinetedeEstatísticaePlaneamentodaEducação(GEPE).

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Soares, A. P., Medeiros, J. C., Simões, A., Machado, J., Costa, A., Iriarte, A., Almeida, J. J., Pinheiro, A., & Comesaña,M.(2013).ESCOLEX:Agrade-levellexicaldatabasefromEuropeanPortugueseElementaryto MiddleSchooltextbooks.BehaviorResearchMethods,46 (1),240-253.

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Capítulo V

OPÇÕES METODOLÓGICAS E ESTATÍSTICAS NA CONSTRUÇÃO DOS TESTES DA BATERIA DE AVALIAÇÃO DA LEITURA IreneCadime,IolandaRibeiroeFernandaLeopoldinaViana

A BateriadeAvaliaçãodaLeitura (BAL)temcomoobjetivoavaliaraidentificaçãodepalavrasescritas(TLP), acompreensãodaleitura(TCTML-ne TCTML-i)eda linguagemoral(TCTMO-ne TCTMO-i).Pretende-seque ostestesque a compõem permitamnãosó descreverdiferenças interindividuais e compararos resultados individuais dos leitores com os dos seus grupos de referência em termos de escolaridade, mas que, em simultâneo,permitamumacomparaçãointraindividualdasmudançasdedesempenhoqueocorremaolongo dotempo.Estasquestõeseasuarelevânciaforamanalisadasnoprimeirocapítulodestemanual. Quer a identificação das palavras escritas, quer a compreensão da leitura variam em função das aprendizagens dos sujeitos, sendo expectável que se observem ganhos ao longo da escolaridade (Bowey, 2005).Umaavaliaçãoobjetivadosganhosobtidosporcadaalunoemdiferentesmomentosaolongodotempo implicaqueaspontuaçõesdasmedidasutilizadasemcadamomentodeavaliaçãosejamcomparáveis.Esta comparaçãosóépossívelseforutilizadaamesmamedidaouseaspontuaçõesdediferentesmedidasse encontrarem numa escala métrica comum. A opção pela utilização de uma mesma medida em vários momentos de avaliação ao longo da escolaridade é problemática. Para os alunos em anos iniciais de escolaridade,ostestespoderãoserdemasiadodifíceise,emcontrapartida,corre-seoriscodeencontrarefeito detetonosanosdeescolaridademaisavançados.Acrescequeaaplicaçãosucessivadeumamesmaprova podeconduziraumefeitodereatividadedasmedidas.Aopçãopelautilizaçãodemedidasdiferentespara distintosníveisescolaresé,nestecaso,maisapropriada,poistalpermitiráquesejamaplicadasmedidascom conteúdoedificuldadeajustadosaoníveldeescolaridadeemcausa.Noentanto,paraqueaspontuaçõesde diferentesmedidassejamcomparáveis,estasdevemsersujeitasaumatransformaçãoqueascoloquenuma únicaescala,medianteumprocedimentoestatísticodesignadoequalização(DeAyala,2009).Emboraexistam diferentes alternativas para a realização da equalização, na BAL ela foi efetuada no quadro da Teoria de RespostaaoItem1. TodosostestesdaBALforamdesenvolvidoscomrecursoàsanálisesdomodeloRasch,tendosidoconstruídas versõesespecíficasparacadaanodeescolaridade.Apósoestudodositens,aspontuaçõesdecadaversãode testeforamequalizadas,ouseja,foramcolocadasnumamesmaescala,deformaaqueosutilizadoresdecada teste possam comparar a evolução no desempenho de alunos avaliados ao longo do 1.º ciclo do Ensino Básicooucompararaspontuaçõesobtidasporalunosdeanosdeescolaridadedistintos. AfimdefornecerumavisãogeralsobreasopçõesmetodológicaseestatísticasnaconstruçãodaBAL,neste capítulo começa-se por explicitar quaisas limitações daTeoria Clássica dos Testes (TCT)que a Teoria da

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Uma descrição aprofundada dosmétodos estatísticos mais adequadospara a equalização de testespode ser consultada em Kolen eBrennan(2010). © 2014 by CEGOC TEA. Todos os direitos reservados. -

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RespostaaoItem(TRI)permiteultrapassar.Deseguida,exploram-seosprincípiosbásicosdaTRI,incluindo-se namesmasecçãoumacaracterizaçãodasbasesteóricasdomodeloRasch.Posteriormente,descrevem-se as análises estatísticasespecíficasrealizadas, paraverificar, com recurso às análises do modelo Rasch, as propriedades psicométricas dostestesque compõem a BAL. Excetuam-se as análises relacionadas com a validadedecritérioepartedasnormasconstruídasparaostestes.Tantooestudodavalidadedecritériocomo a determinação de percentis foram efetuados com recurso aos procedimentos clássicos. Ainda no âmbito das análises de TRI utilizadas, apresenta-se uma descrição da aplicação específica do modelo Rasch na equalizaçãoverticaldetestes,comespecialenfoque nométodoutilizadoparaa equalizaçãodas versõesde cadaumdostestesqueintegramaBAL.

Teoria de Resposta ao Item versus  Teoria Clássica dos Testes OdesenvolvimentodetestesaolongodamaiorpartedoséculoXXfoimarcadopelautilizaçãodeumconjunto de procedimentos e análises estatísticas que são hoje identificados com uma corrente da psicometria denominada TeoriaClássicadosTestes (TCT)(Embretson&Reise,2000).Emboranãosejapossívelprecisara origemdaTCT,estaafirmou-secomoo grandereferencialnapsicometria,sobretudoapartirdosanos30do mesmoséculo,comadisseminaçãodautilizaçãodetestesestandardizadosemvárioscontextos.Asbasese osprincípiosdaTCTsãohojesobejamenteconhecidos.UmadescriçãocompletadosprincípiosdaTCTpode ser consultada em Kline (2005). Apesar de ter sido usada de modo sistemático na construção de testes e provaspsicológicas,aTCTpossuiváriaslimitações.OproblemacentraldaTCTfoidesdecedoidentificado, comopróprioThurstone(citadoporPasquali&Primi,2003)aassinalar,aindaantesdosanos30,que“ um instrumentodemedida,nasuafunçãodemedir,nãopodeserseriamenteafetadopeloobjetodemedida.Na extensãoemquesuafunçãodemedirforassimafetada,avalidadedoinstrumentoéprejudicadaoulimitada. Seummetromedediferentementepelofatodeestarmedindoumtapete,umapinturaouumpedaçodepapel, então nesta mesma extensãoa confiançanestemetro comoinstrumentode medida é prejudicada ”(pp.99-

-100). Estamos, portanto, perante uma questão central da psicometria: a invariância das medidas. Este problema é frequentemente ilustrado, recorrendo-se ao exemplo dos testes de inteligência: se o grau de inteligência de ummesmosujeito foravaliado comdois testesde inteligênciadistintos, os seusresultados, apesardetraduziremambosoníveldosujeitonacompetência,nãosãocomparáveis.A soluçãoadotadana TCT foi a de expressar as pontuações em função de parâmetros relativos definidos em função de um grupo normativo. Embora esta solução se constitua como útil para a prática, dificilmente é uma solução cientificamente aceitável, dado que inevitavelmente se define a variável medida em função dotesteque a mede.Noexemploapresentado,ainteligênciaseriadefinidaemfunçãodotesteaplicadoaosujeito,sendo a sua pontuação mais ou menos elevada em função do conjunto de itens utilizado (test-dependent) .  Tal pressupostoseriaequivalenteadizer-senocampodaFísicaqueocomprimentodeumobjetodependeda réguautilizadaparaomedir(Muñiz&Hambleton,1992).

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OutroproblemacentraldaTCTéodainvariânciadaspropriedadesdosinstrumentosdemedida.NaTCTa maioriadaspropriedadesdeumteste,comooíndicededificuldadeouopoderdiscriminativo,dependemdo tipodesujeitosutilizadosparaoseucálculo (group-dependent) .Centrando-nosporexemplonadificuldade doteste,seumconjuntodeitensforaplicadoaumaamostradesujeitoscomaltoníveldeaptidãonavariável medida,a dificuldadeatribuída aos itensé menordo que seesteforaplicado aum grupodesujeitoscom baixo nível de aptidão. Estabelecendo novamente uma analogia com o campo da Física, é como se as qualidadesmétricasdeumabalançadependessemdotipodeobjetospesados(Muñiz&Hambleton,1992). Destemodo,naTCTexisteumadependênciacircular:aestatísticadossujeitos,ouseja,apontuaçãoqueestes obtêmnotesteédependentedoconjuntodeitensutilizadonaavaliaçãoeasestatísticasdositens,i.e.oíndice dedificuldadeeopoderdiscriminativo,sãodependentesdaamostra. A resposta a estas limitações da TCT surgiu no quadro de um conjunto de modelos de traço latente, geralmentereferidoscomomodelosde TeoriadeRespostaaoItem (TRI).ATRIbaseia-senoprincípiogeralde que o nível detraço latente ouaptidãodos sujeitos (variáveisnão observáveis) pode ser estimadoa partir de variáveis observáveis, tais como as respostas aos itens (Pasquali & Primi, 2003). Os modelos de TRI especificamcomooníveldetraçolatenteeaspropriedadesdositensserelacionamcomasrespostasdos sujeitosaessesmesmositens(Embretson&Reise,2000).Estesmodelospsicométricosoferecemumasolução paraoproblemadadependênciadaamostraedoteste,dadoquepossuempropriedadesdeinvariância. Talcomojásereferiu,naTCTapontuaçãodomesmosujeitoserámaisaltaseositensforemfáceisemais baixaseositensforemdifíceis,dadoqueoníveldosujeitonavariávelavaliadaédependentedotestecomo qualestaémedida (test-dependent) .NaTRIocálculodapontuaçãodossujeitoséindependentedoconjunto de itens utilizado (not test-dependent)  e, por isso, desde que os itens meçam o mesmo traço latente irão produziromesmoresultadoemtermosdeaptidãodosujeito(Pasquali&Primi,2003).NaTCTosparâmetros dositensdependem,emlargamedida,daamostrautilizadaparaoseucálculo (group-dependent) ,masnaTRI ocálculodosparâmetrosdositenséindependentedaamostrautilizada(notgroup-dependent) ,peloquenãoé afetadopelascaracterísticasdaamostra.Apropriedadedeinvariânciadosparâmetrosdositensedaaptidão dossujeitosé,assim,acaracterísticacentralquediferenciaaTRIdaTCT,aosuporqueosparâmetrosque caracterizam o item não dependem da distribuição da aptidão dos sujeitos e que os parâmetros que caracterizamossujeitosnãodependemdoconjuntoparticulardeitensutilizadonasuaavaliação(Arias,1996). Uma segunda limitação da TCT prende-se com a conceptualização do erro de medida. O erro padrão de medidarefere-seàvariaçãonaspontuaçõesdevidoaoerro(Embretson&Reise,2000).Relembre-seque,de acordocomosprincípiosbásicosdaTCT,apontuaçãobrutaeobserváveldeumsujeitonumdeterminado testepodeser decomposta emduaspartes:(a) a pontuação verdadeira,ou seja,o nívelrealdo sujeito na variávelmedida;(b)oerroaleatóriodemedida,queocorreemfunçãodafaltadeprecisãodamedidautilizada. NaTCToerropadrãodemedidaéobtidocalculando-searaizquadradade1menosovalordefidelidadee multiplicando-apelodesvio-padrãodoteste(Embretson&Reise,2000).Partindodestecálculo,sãoconstruídos intervalosdeconfiançaparaas pontuações individuais,assumindo-seque oerro demedidaestádistribuído

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normalmenteeigualmenteparatodasaspontuações.Assume-se,assim,queháigualdadedevariânciaao longodetodoocontínuodepossíveispontuaçõesobtidascomumdeterminadoteste(Pasquali&Primi,2003). Estasuposiçãoébastanteimprovável,dadoqueaconsistênciadasrespostasestárelacionadacomonívelde aptidãodossujeitosnacompetênciaavaliada(Hambleton&Swaminathan,1985).NaTRIesteproblemanãose coloca,umavezqueopressupostodeigualdadedevariânciadoserrosdemedidanãoéassumido(Pasquali &Primi,2003).Maisdoquenãoassumirestepressuposto,largamenteinverosímil,osmodelosdaTRIpermitem quantificaroerropadrãodamedidaemcadaníveldadimensãoavaliada,possibilitando,porisso,aseleção deitensque permitemdiminuiro grau deerroem regiões doatributo previamente especificadas (Prieto & Delgado,2003). Aquartalimitaçãodizrespeitoaocálculodafidelidadeoudaprecisãoque,naTCT,colocatambémalguns problemasnaconstruçãodetestes(Pasquali,2003).NaTCT,as técnicasestatísticasparaavaliarafidelidade dos testes podem integrar-se em dois grupos principais: coeficientes de correlação e indicadores de consistênciainterna(Pasquali,2009).A correlaçãoéutilizadanométodoteste-retestecomomesmotesteou comformasparalelas(Arias,1996).Ométodoteste-retestecomamesmaformadetestepossuiumalimitação evidente que torna o seu uso pouco recomendável, particularmente em testes de desempenho – o efeito detreino –dadoqueosparticipantessãotestadosduasvezescomomesmoconjuntodeitens.Tambéma correlaçãoentreaspontuaçõesobtidasemduasformasparalelasdeumtestecolocaoproblemaadicionalda suaequivalência.Paraqueasformasdetestesejamestritamenteparalelas,estasdevemproduzirvariâncias semelhantes (Pasquali & Primi, 2003), o que na prática é extremamente difícil deobter. Oscoeficientes de consistência interna como, por exemplo, o alpha  de Cronbach, são uma alternativa para ultrapassar as limitaçõesinerentesaosmétodosassentesnacorrelação,maspossuemoutraslimitações.Nocasodo alpha , umadascríticasmaisapontadaséadequeasuafórmulatendeasubavaliarafidelidadedamedida(Arias, 1996; Maroco & Garcia-Marques, 2006). Na TRI não existe a exigência de trabalhar com formas paralelas. Vários dos modelos que a integrampossuem fórmulas decálculo de coeficientesque estimam o grau de replicabilidadedasposiçõesdossujeitos,seestesfossemsujeitosaversõesparalelasdeumteste,bemcomo ograudereplicabilidadedasposiçõesdositens,seestesfossemestudadoscomumaamostraequivalente.Na exposiçãodasanálisesaefetuarnaconstruçãodetestescomrecursoaomodeloRasch,detalhar-se-ãodois dessesíndices– personseparationreliability eoitemseparationreliability .

Teoria de Resposta ao Item: o caso específico do modelo Rasch A TRI possui uma base teórica mais robusta do que a TCT e modela a distribuição probabilística de sucessodossujeitosaníveldoitem.ATRIfoca-seprimariamenteaníveldainformaçãodoitem,enquanto ainformaçãoprimordialdaTCTderivadapontuaçãonototaldoteste.DoispostuladosbásicosregemaTRI: (a) o desempenho num teste pode ser predito a partir de um conjunto de aptidões ou traços latentes (geralmente designado pela letra grega theta [θ]), sendo estes a causa e a resposta aos itens o efeito;

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(b)arelaçãoentreodesempenhonumitemeavariávellatentepodeserdescritaporumarelaçãomatemática monotónica crescente designada Curva Característica do Item, na qual a probabilidade de uma resposta corretaaoitemaumentaàmedidaqueaumentaotheta dosujeito(Muñiz,1996;Pasquali&Primi,2003). ATRIenglobaumadiversidadedemodeloscujaaplicabilidadeacadasituaçãodependedanaturezaeda viabilidadedediferentesassunçõesteóricassobreositensdoteste(Fan,1998).FaceàscaracterísticasdaBAL, nestecapítuloreferir-se-ãoapenasosmodelosaplicáveisaitensdicotómicoseasituaçõesondeoconstructo a mediré unidimensional. Nos itens dicotómicos, asrespostas dos sujeitossão cotadas como sucesso (1) ou insucesso (0). Apesar de marcados por diferenças na consideração de parâmetros para a modelação probabilística de respostas, duas assunções comuns subjazem a este conjunto de modelos: a unidimensionalidadeeaindependêncialocaldositens.Nosmodelosunidimensionais,umúnicoconstructo latente é assumido como suficiente para caracterizar as diferenças entre os sujeitos, sendo a causa da respostaquecadasujeitodáaoitem(Embretson&Reise,2000).Éesteconstructolatentequeésupostoestar asermedidopeloteste. A independência local significa que a resposta a um item não pode estar relacionada com a resposta a qualqueroutroitem,quandooníveldeaptidãoécontrolado(Muñiz,1996).Naprática,aindependêncialocalé violada, quando as respostas entre os itens se encontram interligadas, como acontece nos casos em que oconteúdode umitemforneceinformaçãorelevanteparaarespostacorretaa outroitem.Itensquecontêm terminologia muito relacionada ou que se referem a um estímulo comum, tal como os itens de testes de compreensão,podemser particularmentesuscetíveisà presençade dependência local(Embretson& Reise, 2000).Destemodo,aelaboraçãodositensdeveserfeitacuidadosamentedemodoagarantirqueemcada itemnãosãofornecidaspistasparaarespostaaitenssubsequentes.Tantoaunidimensionalidadecomoa independência local dos itens podem ser testadas empiricamente, havendo várias propostas de métodos estatísticosadequadosparaestatestagem. Nestesentido,podeserconsideradaa utilização detrêsmodeloslogísticos: o modelo deum parâmetro, o de dois parâmetros e o de três parâmetros. Os três modelos assumem a função logística como função matemática que relaciona os valores da aptidão dos sujeitos na variável medida com a probabilidade de acerto a um item,representada graficamente pelacurva característica do item(Muñiz & Hambleton,1992). Adistinçãoentreostrêsgruposdemodeloséfeitapelonúmerodeparâmetrosdositensquecadamodelo assumenocálculodestaprobabilidade.Osmodelosdeumparâmetrotêmemcontasomenteoparâmetrode dificuldade,enquantoosmodelosdedoisparâmetrosrecorremàdificuldadeeàdiscriminaçãodoitem.Os modelosde trêsparâmetrosincluem,paraalémdosanteriores, aprobabilidadedeumarespostacorretaser fornecidaaoacaso(Muñiz,1996;Pasquali,2003). Aolongodestecapítulo,focar-nos-emosapenasnomodeloquesubjazàconstruçãodosdiferentestestesque compõemaBAL:omodelodeumparâmetro,conhecidotambémpormodeloRasch,nomedoseuprincipal impulsionador – GeorgRasch. Neste modelo a probabilidade daresposta correta a umitemé definidaem funçãodoníveldeaptidãodosujeitoedeumparâmetrodoitem –adificuldade(Bond&Fox,2007).Omodelo

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Rasché,assim,omaisparcimoniosoaocaracterizarcadaitememtermosdeumúnicoparâmetro.Oconceito dedificuldadeaquiutilizadonãoéequivalenteaoconceitodeíndicededificuldadetradicionalmenteassociado àTCT,naqualesteexpressaaproporçãodeacertosemfunçãodototalderespondentes.NomodeloRasch,a dificuldadedoiteméumvalorqueindicaasualocalizaçãono continuumlatentequerepresentaoconstructo (DeAyala,2009).Nacalibraçãodosresultadosdeumteste,recorrendoàsanálisesdomodeloRasch,obtêm-se doistiposdeestimativas:umvalordeaptidãoparacadasujeitotestadoeumvalordedificuldadeparacada umdositens.

Estudo das propriedades psicométricas dos testes que integram a BAL Noestudodosdiferentestestesda BAL,contemplaram-seas linhasorientadorasparao desenvolvimentode testesdeavaliaçãoenunciadasno Standardsforeducationalandpsychologicaltesting (AmericanEducational ResearchAssociation,AmericanPsychologicalAssociation& NationalCouncilon MeasurementinEducation, 1999).Nestesentido,serãoapresentados:(a)dadosrelativosaodesenvolvimentodostestes,especificando-se omodeloestatísticoutilizado;(b)dadosrelativosàfidelidadedostestes;(c)dadosrelativosànormatização, comparabilidadedepontuaçõeseequalização;e(d)evidênciadevalidade. Na construção e desenvolvimento dos testesda BAL recorreu-se às análises do modelo Rasch. O modelo possuiumconjuntodeanálisesquesubstituiastradicionaisanálisesdaTCTdeíndicededificuldade,poder discriminativodositenseconsistênciainternadasmedidas.Assim,medianteosprocedimentosestatísticosdo modeloRasch,avaliaram-seasseguintespropriedadespsicométricasdositensedosresultadosdosdiferentes testesqueconstituemaBAL: 1) parâmetrosdeitens(dificuldade)esujeitos(aptidão); 2) estatísticasdeajuste; 3) unidimensionalidade,independêncialocaldositens; 4) fidelidade; 5) normatização,comparabilidadedepontuaçõeseequalização; 6) evidênciadevalidade. A utilização do modelo Rasch na normatização dos testes, nomeadamente no processo de equalização, permitecompararas pontuações entre asversões decadateste.Nanormatizaçãodostestes,calcularam-se também percentis para cada versão, de modo a permitir comparações por referência aogrupo normativo. No que respeita à evidência de validade, estudaram-se a validade de constructo e a validade de critério, recorrendo-seàsanálisesclássicasparaoestudodavalidadedecritério.

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Aapresentaçãodosdadospsicométricosdecadatestenosmanuaistécnicoséefetuadadeacordocoma sequênciadeanálisesapresentadanestecapítulo.

Parâmetrosdositens(dificuldade)edossujeitos(aptidão)

OmodeloRaschpossuiapropriedadedemediçãoconjunta,oquesignificaqueosparâmetrosdeaptidãodos sujeitosededificuldadedositenssãoexpressosnumamesmaescala,utilizando-seasmesmasunidadesLogit (Bond&Fox,2007).Estapropriedadetemapotencialidadedepermitiranalisaraadequaçãodadificuldade dos itens ao nível de competência dos sujeitos, bem como de inferir as interações entre sujeitos e itens. Ainterpretaçãodaspontuaçõesindividuaispode,assim,basear-se,nãosóemnormasdegrupo,mastambém naidentificaçãodositensaquecadasujeitotemaltaoubaixaprobabilidadederespondercorretamente. Tomemoscomoexemploumtestehipotéticoondeoconstructoamediréacompreensãodaleitura.Emboraa compreensão da leitura não possa ser diretamente observada, é possível inferi-la a partir de observações comportamentais:a respostaaositensdoteste.Destemodo,a compreensãoconstitui-secomooconstructo latenteque,nomodeloRasch,éexpressanum continuum .Ositensqueconstituemotestesãolocalizadosem váriospontosdo continuum querepresentaacompreensãodaleitura.Nomesmo continuum sãolocalizados osdiversossujeitosdaamostra.Destemodo,cadasujeitoécaracterizadoporumníveldeaptidão(parâmetro dosujeito),cadaitemporumníveldedificuldade(parâmetrodoitem),eambossãoexpressospornúmeros ao longo de uma escala. A partir da diferença de valores entre os dois parâmetros, é possível calcular a probabilidadedeumarespostacorretaparacadasujeitoaumdadoitem(Bond&Fox,2007). Nafigura2(cf.página70)apresenta-seumexemplodeumarepresentaçãográficadalocalizaçãodeitens e sujeitos no continuum de um hipotético teste de compreensão com sete itens (representação gráfica construída com recurso ao softwareWINSTEPS).Na figura 2,podeobservar-seque ositens seencontram representadosnapartedireitadocontinuumeossujeitosnaparteesquerda.

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Figura 2. Representaçãográficadalocalizaçãodositensnumcontinuum Rasch.

Nocasoespecíficodafigura2,ocontinuumvariaentre-3e 3eamédiadositensestásituadanovalorzero. Ressalve-se,noentanto,quenomodeloRaschointervalodevaloresqueo continuum assumenãoéestipuladoà priori ,masdeterminadopelasestimativasdaaptidãodossujeitosedadificuldadedositensdetetadasna matrizdedados(Bond&Fox,2007).Pararesolveraquestãodaindeterminaçãodaescala,énecessáriaadefiniçãodeumpontodereferência,sendogeralmenteadotadaasoluçãodesituaramédiadositensnovalor zero.Noentanto,épossíveldefinirqualqueroutrovalorparaamédiadositensou,emalternativa,paraamédia dosvaloresparamétricosdossujeitos.Porconseguinte,osvaloresdaescalado continuumpodemvariarentre –∞ e+∞ ,embora,namaioriadoscasosemqueamédiadositensésituadaemzero,osvaloresdo continuum

variementre-5e+5(Prieto&Delgado,2003). Osvaloresparamétricosparaadificuldadedoitemeparaaaptidãodosujeitosão,assim,representadosnuma mesmaescalalogarítmica(expressaemvalores logit) ,sendoatribuídoacadasujeitodaamostraumvalorde

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aptidãoeacadaitemumvalordedificuldade.Tendoemcontaserassumidoquevaloresmaiselevadosno continuum indicammaiorníveldecompreensãodaleitura,quantomaiselevadoforoparâmetrodelocalização

doitem,maisdifícilesteseráequantomaiselevadaforalocalizaçãodossujeitos,maiorseráaaptidãona variávelmedida.Observandoafigura2,verifica-sequeoitemmaisdifíciléonúmero3eoitemmaisfáciléo número 7.Verifica-seainda que existem sujeitosdistribuídos aolongo detodoo continuum , representando uma amostra heterogénea em termos de aptidão na compreensão da leitura. A relativa confluência das médiasdosvaloresparamétricosdesujeitosedeitensindicaqueadificuldadedotesteé,emtermosmédios, adequadaaogrupodesujeitosavaliado. Partindo dos valores paramétricos de sujeitos e itens, é possível calcular a probabilidade de um dado sujeitocomumníveldeaptidão x respondercorretamenteaoitem  y .Aprobabilidadedeumsujeitoresponder corretamenteaumitemqueestejalocalizadoexatamenteaomesmoníveldoseuvalordeaptidãoéde50%. Seobservarmos a figura 2,a probabilidade deos sujeitoscom umvalorparamétrico de0.00 responderem corretamenteaoitem2éde50%,dadoqueseencontramaomesmonívelno continuum .Itenscomvalores paramétricosmuitodistantesdosvaloresparamétricosdossujeitosquesedesejaavaliar,i.e.itensdemasiado fáceis(aosquais,teoricamente,todosossujeitosrespondem),ouitensdemasiado fáceis(aosquaisnenhum sujeito consegueresponder corretamente),sãopouco informativos. Por conseguinte, deveser ponderada a inclusãodetaisitens,faceaoscustosquedecorremdaaplicaçãodeumtestemaislongoemdetrimentode ummaiscurto. Na construção dos testes da BAL foram calculados os parâmetros de itens e sujeitos e foi avaliada a adequabilidadedadificuldadeedoconteúdodositensparacadagrupo,definidoemtermosdeanoescolar. Emfunçãodosresultadosobtidosselecionaram-seositensmaisadequadosparacadagrupo,agrupando-os emversõesespecíficasparacadaanoescolar.

Estatísticasdeajuste:infiteoutfit

Para verificarqueo modelo Rasché adequadopara calibraros dados, é indispensável que osmesmosse ajustem ao modelo, ou seja,que nãohaja diferençassignificativasentreos resultadosprognosticados pelo modelo e os verificados empiricamente.Se osdados seajustaremao modelo, a probabilidade deresposta corretaaumdadoitemdependeráúnicaeexclusivamentedaaptidãodosujeitoedadificuldadedoitem.A presençaderespostasanómalas,como,porexemplo,aconstataçãodesujeitoscomaltoníveldeaptidãoa falharemnarespostaaitensmuitofáceisousujeitoscombaixoníveldeaptidãoaresolveremcorretamente itensdemasiadodifíceis,indicaqueosdadosempíricoscarecemdeajusteaomodeloequeosvaloresparaos parâmetrosdeitensedesujeitoscarecemdesignificadoteórico.Emboranãosejafácildeterminaracausado desajuste,talpodedever-seaumavariedadedefatores:multidimensionalidadedoteste,problemasaoníveldo texto,daformulaçãodositensoudasalternativasderesposta(noscasosemqueexistam),respostasaoacaso, entreoutros2.

2 ParaumalistagemmaiscompletadepossíveiscausasdedesajusteconsultarKarabatsos(2000).

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B

A

L

OmodeloRaschpossuiindicadoresdeajustebaseadosemanálisesderesíduos –osindicadoresde Infit e de Outfit (Bond&Fox,2007).Estesdoisíndicesforneceminformaçãorelativaàsdiscrepânciasnasrespostas, consoante o seu afastamento dos parâmetros estimados. Os software s para análises Rasch mais comummenteutilizados,taiscomooWINSTEPS,calculamestasestatísticasdeajustetantoparaossujeitos comoparaositens(deAyala,2008).Assim,acadasujeitoeacadaiteméatribuídoumvalorde Infit eoutrode Outfit .

O Infit é uma estatística ponderada baseada nos resíduos quadráticos estandardizados resultantes da diferença entre o que é observado e o que seria esperadocom base nomodelo (de Ayala, 2008; Prieto & Delgado,2003).Paracalcularo Infit ,cadavalorderesíduoquadráticonopadrãoderespostas,istoé,oresíduo “z”para cada umdos itensrespondidos pelo sujeito “n”, é ponderado com a sua variância e somado. Este

totalé divididopelasoma das variâncias.Assim,o índicede Infit maisnãoédoqueamédiadosresíduos quadráticos, ponderada com a sua variância. Por sua vez, o Outfit  é baseado na soma convencional dos resíduosquadráticosestandardizados,semqualquerponderação(Bond&Fox,2007).Ambososíndicessão reportados como médias quadráticas na forma de estatísticas de qui-quadrado divididas pelos seus graus deliberdade,deformaasituaroíndicenumaescalaquepodevariarentre0e+ ∞ ,comumvaloresperado de 1 (Bond & Fox, 2007; Prieto & Delgado, 2003). Os valores de Infit  ede Outfit  reportados como médias quadráticasnãoassumem,assim,valoresnegativos. Umvalorde Infit oude Outfit de1+ x indica100*x %maisvariaçãoentreosdadosobservadoseospadrõesde respostapreditospelomodelodoqueaqueseriaesperadaseosdadoseomodelofossemperfeitamente compatíveis (Bond & Fox, 2007). Deste modo, um valor de, por exemplo, 1.30 (i.e. 1+0.30=1.30) indica 30%(100*0.30)maisvariaçãonosdadosobservadosdoqueoestimadopelomodeloRasch.Tomandooutro exemplocomumvalorinferioraoesperado,umvalorde0.78(1-0.22=0.78)indica22%(100*0.22)menosde variaçãonopadrãoderespostasobservadodoqueoprevisto. Osvaloresde Infit ede Outfit devem,idealmente,situar-seentre0.5e1.5,nãodevendosersuperioresa2.00, sob pena de haver distorção e degradação das medidas (Linacre, 2002). Itens com valores de desajuste superiores ao valor de referência 2.0 devem ser excluídos dos instrumentos. Valores inferiores a 0.5 não degradamasmedidase,portanto,nãosãopreocupantes,maspodemserindicadoresdefalhasanívelda independência local dos itens (Bond & Fox, 2007). Se o pressuposto da independência local não estiver assegurado,opadrãoderespostastorna-sedemasiadodeterminado,havendomuitopoucavariabilidadenão previstapelomodelo,tornandoredundanteainformaçãofornecidapelamedida. Embora osvalores de referência apresentados sejamindicados tantopara o índice ponderado como para o não ponderado, deve ressalvar-se que o Outfit  é muito afetado pela presença de outlier s ou respostas extremamenteanómalas,como,porexemplo,respostascorretasaitensextremamentedifíceis,porpartede sujeitoscommuitobaixoníveldeaptidão(deAyala,2008;Pina&Montesinos,2005).Talfactofoitambémtido emcontanaapreciaçãodosresultadosdasestatísticasdeajustedostestesdaBAL.

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Unidimensionalidadeeindependêncialocaldositens

NoprogramaestatísticoWINSTEPS,tantoaunidimensionalidadecomoaindependêncialocaldositenssão testadas mediante análises de resíduos. Quando os dados são calibrados por meio do modelo Rasch, há observaçõesque não seajustam de forma perfeita ao modelo. Porconseguinte, destas diferenças entre o padrãoderesultadosobservadoeopadrãoderesultadospreditopelomodelo,resultamresíduosquepodem seranalisadosparaexplorarvariânciacomum. Clusters deresíduosquepartilhamumagrandequantidadede variânciacomumpodemseridentificadosatravésdaanálisederesíduosemcomponentesprincipais. Aanálisederesíduosemcomponentesprincipaisnãodeveserinterpretadadamesmaformaqueaanálise fatorial.Enquantonaanálisefatorialo objetivoé extraira estruturafatorialmaisadequadapara“acomodar”a

variânciaeacovariânciadosdadosobservados,naanálisederesíduosemcomponentesprincipaisoobjetivo é confirmar a hipótese de que os resíduos são “ruído” aleatório, através da extração da componente que

explica a maior quantidade possível de variância dos resíduos (Brown, 2006; Linacre & Wright, 2001). Os clusters  de resíduos, também designados dimensões secundárias, poderão ser considerados relevantes seexplicaremuma percentagem elevada devariância e se tiverem a forçade, pelo menos, dois itens. Por conseguinte, eigenvalues inferiores a 2.0 para as dimensões secundárias significam que a variância partilhada entre os resíduos pode ser considerada “ruído aleatório”, fornecendo suporte empírico para a

unidimensionalidadedosdados(Linacre,2011). A análise das intercorrelações entre os resíduos é efetuada para examinar a possível existência de dependêncialocaldositens.Nabasedestaanáliseestáahipótesedequeresíduosaltamentecorrelacionados podemserindicadoresdequeodesempenhodossujeitosnumitemnãodependeapenasdoseunívelde aptidão,ousejadoseu theta ,masquepodeestaraser“contaminado”pelarespostaaoutroitem.Deacordo comasugestãode Linacre(2011),coeficientesdecorrelaçãosuperioresa.70 entreosresíduosdedoisitens podemserindicadoresdaexistênciadedependêncialocalentreosmesmos. Estaanálise nãosó permite verificardoispressupostosbásicos do modelo Rasch, comimplicaçõespara a apreciaçãodositenseparaasuaseleção,comoconstituiumindicadordevalidadedeconstructo.Nestecaso, aestruturafatorialquesetestaéadequeexisteumaestruturaunidimensional.Noprocessodeconstruçãode testescomrecursoàTCT,aquestãodaestruturafatorialassociadaàvalidadedeconstructoéusualmente apresentadanumasecçãodedicadaàanálisedosresultadosdoteste.NaTRI,otestedaunidimensionalidade baseadonaanálisederesíduoséapresentadona secçãodedicada aoprocessodeconstruçãoe deanálise dositens.

Fidelidade

OmodeloRaschpermiteocálculodedoiscoeficientesdefidelidadealternativosaoscoeficientesclássicosda TCT:personseparationreliability(PSR)eitemseparationreliability(ISR).

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OcoeficientePSRindicaquãoeficientementeogrupodeitensconseguediscriminarossujeitosnoconstructo medido. Por sua vez, o coeficiente de ISR é um indicador da probabilidade de reprodução do nível de dificuldade dos itens aolongo dediversas aplicações.Os valores destes coeficientesvariam entre0 e 1 e, quanto mais elevado é o valor, melhora separação entre os itens e os sujeitos e mais precisa a medida (Wright&Stone,1999).Usualmente,utilizam-sevaloresdereferênciasemelhantesaosutilizadosparaavaliara adequabilidadedovalordo alpha deCronbach,peloqueérecomendávelqueestessuperemovalormínimo de.70.

Normatização,comparabilidadedepontuaçõeseequalização

ParacadaumdostestesquecompõemaBALelaboraram-sedoistiposdenormas:centradasnamédiaeno desvio-padrão(pontuaçõesestandardizadas)ecentradasnafrequência(percentis). As pontuações estandardizadas são notas t  derivadas de uma transformação linear das pontuações logit obtidas na equalização das versões de cada teste. Quando os dados se ajustam ao modelo, uma das vantagensdousodaTRIestárelacionadacomapossibilidadedecompararosdesempenhosdediferentes pessoas ou da mesma pessoa em diferentes ocasiões, através de uma técnica metodológica e estatística denominadaequalização(doinglêsequating ). Quandosãoutilizadostestesdiferentes(oudiferentesformasdeummesmoteste)esepretendecompararos resultadosobtidosemcadaum,érequeridoqueestesseencontremnumamesmaescalamétrica.Paratal,é necessário que os dados recolhidos sejam sujeitos a um processo de ligação entre versões ou formas, permitindo a comparabilidade de resultados. A equalização é o procedimento que permite ajustar as classificaçõesaumamesmaescala,demodoquediferentestestesouformas/versõesdeumtestepossamser usados,alternadamente,comummesmogrupodesujeitosouaplicadosaamostrasdiferentese,aindaassim, os resultados obtidos em cada momento ou com cada grupo continuarem a ser comparáveis (Kolen & Brennan, 2010). Por outras palavras, trata-se de estabelecer uma correspondência entre as pontuações de diferentestestesouversões/formasdeumteste,demodoqueestas,umavezrealizadaaequalização,possam serconsideradasequivalentes. Existem doistipos de equalização: horizontalou vertical. A primeira é utilizada quando os grupos possuem aptidõesidênticas eos testes equalizadossãodedificuldadesemelhante.Apenasnestecaso,asversõesdo testepodemserutilizadasindistintamente.Porsuavez,oprocessodeequalizaçãovertical,tambémchamado escalonamento vertical (doinglês vertical scaling ), é empreguequando os grupos de participantes diferem nonívelde habilidade e ostestes diferem nonívelde dificuldade (Baker, 1984). Este tipo deequalização é o indicado quando se pretende comparar desempenhos em aptidões ou competências que se supõe desenvolverem-se ao longo do tempo ou aumentar ao longo da escolaridade, como é o caso das competênciasdeleitura.Naequalizaçãovertical,asformasdetestenãopodemserutilizadasindistintamente comcadagrupo,poiscadaformadetesteédirigidaaumgrupoespecífico,como,porexemplo,a alunosde umdeterminadoanodeescolaridade,sendoadequadaemtermosdedificuldadeedeconteúdoapenasa essemesmogrupo. 74

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Medianteaaplicaçãodosprocedimentosestatísticosdeequalizaçãovertical,aspontuaçõesdecadaformade testesãocolocadasnumúnicaescala,permitindoavaliaraevoluçãonodesempenhodeumalunoàmedida queavançaemtermosdeanodeescolaridade.SendoestaumadasprincipaisutilizaçõesdaBAL –avaliara evoluçãonodesempenhoemcompetênciasdeleituraaolongodaescolaridade –procedeu-seàequalização verticaldasformasdecadaumdostestesqueintegramestabateria(TLP,TCTMO-n,TCTMO-i,TCTML-ne TCTML-i). Consideraram-se duas fases centrais no processo de equalização: fase de recolha de dados e fase da transformação de pontuações (De Ayala, 2009). Relativamente à primeira, há que considerar os designs utilizados. No caso da equalização vertical, o design  mais comummente adotado é o de grupos não equivalentescomitensdeancoragem.Este design implicaaavaliaçãodedoisoumaisgrupos,aosquais é aplicada uma forma de teste específica. Na BAL os grupos correspondem a cada um dos anos de escolaridade. Cada versão de teste por ano de escolaridade incluium grupo deitensúnicos e um grupo deitenscomumentreversõesparagruposadjacentes(e.g.anosdeescolaridadeconsecutivos).Estesitens comuns,tambémdesignadositensde ancoragem,são cruciaisparao processodeequalização.De acordo com as recomendações da literatura, os itens de ancoragem devem idealmente constituir-se como uma “mini-versão”do testetotal,ou seja, devemmediro mesmo constructo, representar osconteúdos avaliados

e os seus parâmetros de dificuldade devem distribuir-se ao longo do continuum  resultante da calibração do teste total (De Ayala, 2009; Kolen & Brennan, 2010). Na seleção de itens de ancoragem devem ainda privilegiar-se osquesemostrem razoavelmente estáveisao longo dasversões adjacentesque estão a ser equalizadas,ouseja,aquelescujadificuldadeésemelhanteentregruposavaliados(Huynh&Meyer,2010;Yu &Popp,2005).Porfim,deveaindater-seemcontaqueonúmerodeitensdeancoragemnãodeveserinferior a20%dototaldeitensdoteste(Kolen&Brennan,2010).Todosestescritériosforamcontempladosnoestudo e na seleção dos itens de ancoragem para cada versão dos testes que integram a BAL (TLP, TCTMO-i, TCTMO-n,TCTML-ieTCTML-n). Asegundafase–transformaçãodepontuações–envolvedoispassossequenciais: a)acalibraçãodosdadoscomomodeloselecionado(modeloRasch),afimdeobterevidênciadeajuste aomodeloeosparâmetrosdositensparaoposterioralinhamentodamétricadasdiferentesformasde teste; b)aaplicaçãoefetivadométododeequalização(DeAyala,2009). EstãoatualmentedisponíveisváriosmétodosparaarealizaçãodaequalizaçãodetestesnoâmbitodaTRI. Porrazõesdeparcimónia,referir-nos-emosapenasaométodoutilizadonaequalizaçãodostestesdaBAL –o métododecalibraçãocomparâmetrosdeitensfixos3.Nométododeequalizaçãoselecionado,acalibraçãode cadaformadetesteéefetuadaseparadaesequencialmente.Umaversãodetesteéselecionadacomooteste de referência e os parâmetros dos itens de ancoragem resultantes da sua calibração são utilizados para realizar a calibração deoutra formade teste – a formade testealvo (De Ayala, 2009). Naestimação dos parâmetros daforma deteste alvo,os valores dos itens deancoragem são fixadosnos valores obtidos na

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calibraçãodaformadetestedereferênciae,porisso,nãosãore-estimados.Nãosendore-estimados,estes valoressãoutilizadosparaestimarosparâmetrosdositensúnicos,colocandoassimaformadeteste“alvo”na

mesmaescalademedidadotestedereferência(Kolen&Brennan,2010). NaequalizaçãodasversõesdostestesdaBAL,selecionou-secomotestedereferênciaaversãoparaoanode escolaridademaisbaixo.Apósacalibraçãodareferidaversãodeteste,os valoresparamétricosdositensde ancoragemforamutilizadosparafixarosvaloresdosmesmositensnacalibraçãodaversãoparaoanode escolaridadesubsequente,colocando-asassimnamesmamétrica.Esteprocessofoirepetidoparaasversões subsequentes, até todas as pontuações das versões que compõem um mesmo teste estarem localizadas numa escala comum. Estabeleceu-se a média das pontuações estandardizadas de cada escala em 100 (DP=10).

Evidênciadevalidade

OestudodavalidadedeconstructofoiefetuadonoquadrodomodeloRasch,baseadonaanálisederesíduos  jádescritanasecção“unidimensionalidadeeindependêncialocaldositens”destecapítulo.

Esta não é uma abordagem muito frequente no estudo da estrutura interna dos testes, mas proporciona indicadoresquepermitemigualmenteapreciara estruturafatorialdosmesmos.Tantonocasodostestesde compreensão,comodotestedeleituradepalavraséesperadoqueomodelodeumfatorseajusteaosdados observados. O teste da unidimensionalidade dos testes deriva, quer da definição teórica dos constructos avaliados(vercapítulosIIeIII),querdaobservaçãodosresultadosdaanálisedadimensionalidadedetestes queavaliamconstructossemelhantes(e.g.Cadimeetal .,2013). Noquerespeitaàvalidadedecritério,examinaram-seascorrelaçõesentreoscincotestesdaBAL,bemcomo entre os resultados nestes e noutras provas de compreensão (TCL - Cadime, Ribeiro, & Viana, 2012), de reconhecimentode palavras(PRP - Viana& Ribeiro, 2010), dememóriade trabalho (Prova dememóriade dígitosdaWISC-III-Wechsler,2003),devocabulário(ProvadevocabuláriodaWISC-III-Wechsler,2003)ede fluência(OREI-Carvalho,2010). Apresenta-se,deseguida,umabrevedescriçãodecadaumadasprovasutilizadasnoestudodavalidadedos testesdaBAL: TCL-Teste de Compreensão da Leitura (Cadime,Ribeiro,&Viana,2012)

OTCLéumtestedeavaliaçãodacompreensãodaleituraqueavaliaacompreensãoliteraleinferencial,a reorganizaçãodainformaçãoeacompreensãocrítica.Édestinadoaalunosdo2.ºao4.ºanodeescolaridade, comumaversãodetesteespecíficaparacadaanodeescolaridade.OTCLécompostoporumtextoelaboradoporumaescritoradeliteraturainfanto-juvenil.Esteestáestruturadocomoumdiárioeintegrasequências de texto narrativo, informativo, poético e prescritivo. Em cada item é apresentada uma pergunta e quatro

3 UmadescriçãodetalhadadosdiversosmétodospodeserconsultadaemKoleneBrennan(2010).

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alternativasderesposta,dasquaisapenasumaécorreta.AconstruçãodoTCLfoiefetuadanoquadrodateoria darespostaaoitem.Asversõesdestinadasacadaanoforamsujeitasaumprocessodeequalizaçãodemodo aestabelecerumaescalamétricacomumatodas,oquepermitecompararaevoluçãonosdesempenhosdos sujeitosaoníveldacompreensãodaleitura.Ositensapresentaramvaloresde Infit ede Outfit inferioresa1.50. Os valores dos coeficientes de Kuder-Richardson, person separation reliability e item separation reliability variaramentre.70e.98.Osresultadosdoestudodavalidadedeconstructo,efetuadocomrecursoàanálise fatorialconfirmatória,indicaramqueositenssaturamnumúnicofatoremcadaumadas versões.Emtermos devalidadede critério, foramobtidas correlaçõesmoderadas entreos resultados no TCL e outros critérios externos(Cadimeetal .,2013). PRP-Prova de Reconhecimento de Palavras (Viana&Ribeiro,2010)

APRPéumaprovadereconhecimentodepalavrasregulares,destinadaaavaliaravelocidadeeaprecisãode leitura,juntodealunosdo1.ºao4.ºanodo1.ºCiclodoEnsinoBásico.Éconstituídapor3detreinoe40itens experimentais.Emcadaiteméapresentadaumaimagem,seguidade4palavras,deentreasquaisossujeitos têmdeselecionaraquenomeiaaimagemrespetiva.Quantoàextensão,20palavrassãodissilábicase20são trissilábicas. Relativamente ao número de vizinhas ortográficas, em 5 itens são apresentadas 3 vizinhas da palavra-alvo,em16itenssãoapresentadas2vizinhasdaspalavras-alvo,em13itenséapenasapresentada umavizinhaeem6itensapenassãoapresentadaspalavrascomproximidadeortográfica.Ocoeficiente alpha  deCronbachdaprovavariouentre.84e.95.Osresultadosdaanálisefatorialconfirmatóriaindicamquetodos ositenssaturamnumúnicofator.Emtermosdevalidadedecritério,ascorrelaçõescomaavaliaçãodaleitura realizadapelosprofessoresvariaramentre.62e.84. O REI-Teste de Avaliação da Fluência e Precisão da Leitura (Carvalho,2010)

OREIéumtestedeavaliaçãodafluênciaedaprecisãodaleitura,dirigidoaalunosdo2.ºao6.ºanode escolaridade.Éconstituídoporumtextonarrativo,com281palavras,queacriançadeveleremvozalta.Oteste temumtempolimitede3minutosparatodososanosdeescolaridade.Aolongodaleiturasãoanotadosos erroseéanotadootempototaldeleitura,casoacriançaterminealeituradotextoantesdeterminadosos 3minutos.Otestepossibilitaocálculodeumíndicedeprecisãoedeumíndicedefluência.Oprimeiroíndice traduzapercentagemdepalavraslidascorretamenteeosegundoindicaonúmerodepalavrasqueacriança leu,emmédia,porminuto.ParaefeitosdoestudodevalidadedaBALapenasseutilizouoíndicedefluência. O teste apresenta bons indicadores de fidelidade, avaliada com recurso a teste-reteste, com correlações de.797paraoíndicedeprecisãoede.938paraoíndicedefluência.Emtermosdevalidade,otesteapresenta correlaçõesemgeralmoderadascomaavaliaçãodaleituraefetuadapelosprofessores(Carvalho,2010). Memória de Dígitos (Wechsler,2003)

Esta prova constitui um dos subtestes da Escala de Inteligência de Wechsler para crianças com idades compreendidasentreos6eos16anos –WISC-III –econstituiumamedidadaatençãoedamemóriade

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trabalho.Sãoapresentadasváriassériesdenúmerosàcriança,incluindoumacomoexemplo,ecadasérieé constituídapordoisensaios.Acriançaésolicitadaarepetircadasérie,contendoentredoisenovedígitos,pela mesmaordememqueestalhefoiapresentada(DígitosemSentidoDireto)ouporordeminversa(Dígitosem SentidoInverso).Aprovaterminaapósinsucessoemambososensaiosdeumamesmasérie.Apontuação atribuídacorrespondea1 pontoporcadasérierepetidacorretamente.AcotaçãomáximaparaosDígitosem SentidoDiretoéde16pontoseparaosDígitosemSentidoInversoéde14pontos.AWISC-IIIéumamedida que se encontra aferida para a população portuguesa e que apresenta boas qualidades psicométricas, revelando-secomouminstrumentocomelevadafidelidadeebonsindicadoresdevalidade. Vocabulário(Wechsler,2003)

Aprovadevocabulárioé outrodossubtestesdaEscaladeInteligênciadeWechslerparacrianças-WISC-III. Osubtesteéconstituídoporumgrupodepalavrasapresentadasoralmentequeosujeitodevedefinirtambém oralmente. Cada resposta é cotada com 2, 1 ou 0 pontos. A aplicação do subteste é interrompida após 4insucessosconsecutivos.Acotaçãomáximaéde60pontos. NoestudodevalidadedaBALtodosostestesdabateria,bemcomooTCLeaPRP,foramadministradosem grupo-turma,emcontextodesaladeaula.OTLP,OREI,eostestesMemóriadeDígitosedeVocabulárioforam aplicadosindividualmente. Correlacionaram-se ainda os resultados nos testes da BAL com critérios externos de avaliação da descodificaçãoedacompreensãopelosprofessores.Acadaprofessorfoipedidoqueclassificassecadaaluno emtermosde: a) descodificaçãonaleitura; b) compreensãonaleitura; c) compreensãodetextoslidosemvozalta. Estaclassificaçãofoiefetuadacombasenumaescalade1(Insuficiente) a5(Excelente) .

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