Aula 2 - Anemia Para 8 Periodo
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Anemias
Prof. Vânia Regina Martins
AULA 1
A PRODUÇÃO DE ERITRÓCITOS CÉLULA PLURIPOTENCIAL PRIMITIVA PROERITROBLASTO ERITROBLASTO BASÓFILO ERITROBLASTO POLICROMÁTICO ERITROBLASTO ORTOCROMÁTICO RETICULÓCITO ERITRÓCITO P.C.Naoum, 2002
ERITROPOIETINA VIT. B12 / FOLATOS VIT. B12 / FOLATOS / FERRO FERRO FERRO FERRO
MEDULA ÓSSEA SANGUE PERIFÉRICO
FATORES DA ERITROPOIESE ERITROPOIETINA
VIT. B12 E FOLATOS
FERRO
P.C.Naoum, 2002
ATUA NO ESTÍMULO DA ERITROPOIESE ATUA NA SÍNTESE DE DNA PARA REPRODUÇÃO DE PROERITROBLASTOS E ERITROBLASTOS BASÓFILOS ATUA NA SÍNTESE DE HEMOGLOBINA E NA MATURAÇÃO DOS ERITRÓCITOS
PROERITROBLASTO - 20 hs de vida, 0 a 7 µ µ g de Hb
P.C.Naoum, 2002
ERITROBLASTOS BASÓFILOS 40 hs de vida, 7 a 25 µ µ g de Hb
P.C.Naoum, 2002
ERITROBLASTOS POLICROMÁTICOS 24 hs de vida, 10 a 25 µ µg de Hb
P.C.Naoum, 2002
ERITROBLASTOS ORTOCROMÁTICOS DE 1ºGRAU 15 hs de vida, 13 a 25 µ µ g de Hb
P.C.Naoum, 2002
ERITROBLASTOS ORTOCROMÁTICOS DE 2ºGRAU 15 hs de vida, 13 - 25 µ µg de Hb
P.C.Naoum, 2002
ERITROBLASTO ORTOCROMÁTICO PERDENDO O NÚCLEO
P.C.Naoum, 2002
O INÍCIO DA PERDA DO NÚCLEO
P.C.Naoum, 2002
PERDA DO NÚCLEO (CONTINUAÇÃO)
P.C.Naoum, 2002
O NÚCLEO E O RETICULÓCITO
P.C.Naoum, 2002
RETICULÓCITOS CORADOS
P.C.Naoum, 2002
OS NÚCLEOS FAGOCITADOS
P.C.Naoum, 2002
OS ERITRÓCITOS NA CIRCULAÇÃO 120 dias de vida, 27 a 32 µ µ g de Hb7
P.C.Naoum, 2002
M.E. DOS ERITRÓCITOS NORMAIS
P.C.Naoum, 2002
Eritrócitos ou Hemácias • Discos bicôncavos e anucleados
• Diâmetro: varia de 6 µm a 8,5 µm. • Função: transporte de O2 e CO2. • Variam em número de acordo com: idade, sexo e altitude a) Homem = 5.200.000 hemácias/mm³ b) Mulher = 4.700.000 hemácias/mm³ • Conteúdo: Hemoglobina (34 g/100 ml de célula) a) Homem = 15 g/100 ml de sangue b) Mulher = 14 g/100 ml de sangue
VALORES PADRÕES DE ERITRÓCITOS Faixa Etária
GV
Ht
Hb
VCM
HCM
CHCM
RDW
RN até 15 dias
5,2
52
17
80-100
27-31
30-35
10-15*
10,3 - 12,7
75 - 90
25 - 29
30 - 35
10 - 15
3 m a 1 ano
4,1- 4,9
33- 41
1 a 3 anos
4,0-5,1
33-41
10,6-13,0
75-90
25-29
30-35
10-15
3 a 5 anos
4,0-5,1
33-41
11,0-14,5
76-90
26-29
30-35
10-15
5 a 10 anos
4,0-5,1
33-41
11,5-14,0
77-90
26-30
30-35
10-15
P.C.Naoum, 2003
VALORES PADRÕES DE ERITRÓCITOS
Faixa Etária
GV
Ht
Hb
VCM
HCM
CHCM
RDW
10 a 16 anos
4,0-5,5
35-52
11,5-15,0
77-92
27-32
30-35
10-15
adulto masc.
4,5-6,1
40-54
12,8-17,8
77-92
27-32
30-35
10-15
adulto fem.
4,0-5,4
36-48
11,5-16,3
77-92
27-32
30-35
10-15
P.C.Naoum, 2003
Hb g/dl 17 16 15 14 13 12 11 10
RN
1
3
5
10
16
Adulto
IDADE
RELAÇÃO ENTRE Hb (g/dl) E IDADE P.C.Naoum, 2003
Formas anormais dos eritrócitos com significação diagnóstica
Eliptócitos ou ovalócitos • Decorrem de ampla variedade de defeitos genéticos que afetam as proteínas do cito-esqueleto da membrana (α espectrina) • Sobrevida próxima ao normal (exceto em casos de homozigoze ou dupla heterozigose) • An. Microcíticas, megaloblásticas e síndromes mieloprolifertativas (Failace, • Em homozigose: eliptocitose hereditária (Failace, 2003) 2003) http://pathy.med.nagoya-u.ac.jp/atlas/img/t8/img19.jpg
http://www.hematologica.pl/Atlas3/Angielska/Erythropoiesis/26e.htm
Esferócitos • Células com biconcavidade e diâmetro reduzidos • Defeito genético nas proteínas de membrana que desestabilizam o cito-esqueleto (β espectrina) • Perdem porções da membrana na circulação esplênica e hemolisam precocemente (falta de elasticidade retém as células no baço) • Esferocitose: hereditária ou adquirida (imunológicas) • Esferócitos grandes (macroesferócitos): anemia hemolítica. • Microesferócitos: em casos severos de queimaduras (Failace, 2003) http://www.hematologica.pl/Atlas3/Angielska/Erythropoiesis /42e.htm
http://pathy.med.nagoya-u.ac.jp/atlas/img/t8/img20.jpg
Leptócito, codócito, target cell • formam-se como consequência de um excesso de membrana em relação ao volume do citoplasma. • podem ser microcíticos, macrocíticos ou normocíticos • Podem ser vistos em muitas anemias hemolíticas principalmente na An. Falciforme, HbC e talassemia (Failace, 2003) http://www.wadsworth.org/chemheme/heme/microscope/t argetcells.htm
http://www.quimicaviva.qb.fcen.uba.ar/Actualizaciones/fotos.htm
Dacriócito, teardrop cell • Os eritrócitos sofrem estiramento além do limite no baço. Acredita-se que ocorra pela remoção de inclusões anormais • Ocorrem na mielofibrose com metaplasia mielóide e outras desordens mieloprofiferativas, anemia perniciosa, talassemia e algumas anemias hemolíticas (Failace,2003) http://www.wadsworth.org/chemheme/heme/microscope/teardr op.htm
Acantócitos • São eritrócitos contraídos, esferóides com espículas de dimensões e distribuição irregulares • Deformação irreversível que ocorre “in vivo” • Hepatopatias, constantes na hipofunção esplênica e pós esplênica • Predominante na rara abetalipoproteinemia congênita • Deficiência de tocoferol nos primeiros meses de vida causa acantocitose e an. Hemolítica (Failace,2003) http://www.quimicaviva.qb.fcen.uba.ar/Actualizaciones/fotos. htm
http://www.wadsworth.org/chemheme/heme/ microscope/acanthocyte.htm
Equinócitos, burr cell • Possuem de 10 a 30 espículas distribuídas regularmente • A formação é reversível que resultam da falta de umidade no esfregaço sanguíneo ou exposição a soluções hiperosmóticas • A conservação do sangue “in vitro” (bolsas de hemoterapia) pode originar essas células • Esta associado a uremia (burr cells), tratamento com heparina intravenosa e hipotireoidismo (ovalados)
http://www.wadsworth.org/chemheme/heme/mic roscope/echinocytes.htm
Drepanócito, Célula em foice, Sickle cell • Presença de HbS que cristaliza em baixas tensões de O2 • Quando há mais de 50% de HbS nos eritrócitos a cristalização ocorre ocorre em tensões de Co2 possíveis “in vivo” (Failace,2003) http://www.wadsworth.org/chemheme/heme/microscope/sicklec ell.htm
http://www.hematologica.pl/Atlas3/Angielska/Erythropoiesis/48e.htm
Estomatócitos • Membrana retraída em forma de “xícara sem asa”. A concavidade lateral é vista como uma fenda • Muitas vezes é artefato • Sangue do RN, doenças hepáticas,desequilíbrio eletrolítico e estomatocitose hereditária (Failace, 2003)
http://www.quimicaviva.qb.fcen.uba.ar/Actualizaciones/fotos.htm http://www.hematologica.pl/Atlas3/Angielska/Erythropoiesis/40e.htm
Eritrócito fragmentado, irregularmente contraído e mordido • Queratócito ou helmet cells: aspecto de capacete • Esquizócito: pedaços de eritrócitos • Trauma por colisão em zonas de fluxo turbulento com superfícies mal endotelizadas • Trauma ao ultrapassar depósitos intravasculares de fibrina ou agregados plaquetários • Trauma mecânico • Agressão térmica nas queimaduras • Agressão química pelo uso de fármacos oxidativos (Failace, 2003) http://www.wadsworth.org/chemheme/heme/microscope/celllist.htm
http://www.hematologica.pl/Atlas3/Angielska/Erythropoiesis/38e.htm
Ponteado basófilo • pequenas inclusões basófilas, contendo RNA, dispersas no citoplasma do eritrócito. São compostas de agregados de ribossomos. • EDTA – dificulta a formação • Presente na β Talassemia minor e não na ferropênica • Pontilhado grosseiro – intoxicação por chumbo • Pontilhado tênue na maioria dos eritrócitos - deficiência genética de pirimidina 5 nucleotidase (Failace, 2003)
http://www.hematologica.pl/Atlas3/Angielska/Erythrop oiesis/56e.htm
http://pathy.med.nagoya-u.ac.jp/atlas/img/t8/img24.jpg
Corpúsculos de Pappenheimer • São grânulos de ferro agregados com ribossomos e mitocôndria dispersos de modo irregular, na periferia do eritrócito • Facilmente evidenciados pela coloração de Perls • Vistos nas síndromes mielodisplásicas, nas severas anemias e talassemias (Failace, 2003)
http://www.hematologica.pl/Atlas3/Angielska/Erythropoiesis/57e.htm
http://pathy.med.nagoya-u.ac.jp/atlas/img/t8/img25.jpg
Corpos de Howell Jolly • São cromossômos aberrantes, remanescentes de mitoses anômalas • São vistos nas anemias hemolíticas severas, em pacientes esplenectomizados • possui importância diagnóstica em pacientes não esplenectomizados - sugere hipofunção esplênica • Pode ocorrer acantocitose simultânea. (Failace, 2003)
http://pathy.med.nagoya-u.ac.jp/atlas/img/t8/img26.jpg
Anel de Cabot • São restos do fuso mitótico • Forma de anel ou 8 dentro da hemácia • Aparece em anemias hemolíticas severas e em casos de diseritropoese.
http://www.hematologica.pl/Atlas3/Angielska/Erythropoiesis/53e.htm
Roleaux • Empilhamento das hemácias • Aparece como artefato • Aparece na presença de globulinas anormais ou fibrinogênio. • Mieloma múltiplo e macroglobulimemia
http://pathy.med.nagoya-u.ac.jp/atlas/img/t8/img27.jpg
Anisocitose • é o aumento da variabilidade do tamanho dos eritrócitos que excede a observada em um indivíduo sadio. • é uma anormalidade inespecífica comumente encontrada nas desordens hematológicas. http://www.professoraangela.kit.net/hematologia4.htm
http://www.hematologica.pl/Atlas3/Angielska/Erythropoiesis/20e.htm
Microcitose • Diminuição do tamanho dos eritrócitos • Só é perceptível na lâmina quando o VCM< 70 fL ou quando houver uma população normo ou macrocítica contrastante • An. Ferropênica, hemoglobinopatias, Talassemia minor, Síndromes mieloproliferativas, An. Doenças crônicas, etc. (Failace, 2003)
Macrocitose • Aumento do tamanho dos eritrócitos • Só é percebida com VCM> 110 fL ou, pelo contraste, se houver população normo ou microcítica concomitante • Alcoolismo; fármacos; hepatopatias; an. Megaloblásticas; etc. (Failace,2003)
Macrócito
Hipocromia • é a redução da coloração do eritrócitos devido à deficiência de Hb. • Síntese deficiente de Hb
http://www.hematologica.pl/Atlas3/Angielska/Erythropoiesis/22e.htm
Policromatofilia, Policromasia • São células maiores que o normal • Em coloração supra vital são identificadas como reticulócitos • Aparecem em condições de acelerada produção de células vermelhas
Pecilocitose, poiquilocitose • Presença de numerosas formas anormais que resistem a uma sistematização. • An. ferropênica severa; An. Megaloblástica e mielofibrose. (Failace,2003) • É fisiológica no RN
http://www.hematologica.pl/Atlas3/Angielska/Erythropoiesis/49e.htm
Cuidados na interpretação das formas anormais • Lâminas perfeitamente distendidas e coradas • Os campos microscópicos examinados devem conter eritrócitos não empilhados (devem apenas se tocarem) • Experiência e conhecimento do profissional (Failace,2003)
AULA 2
Anemia - Definição • Síndrome clínica (múltiplas causas) caracterizada pela diminuição da taxa de hemoglobina.
Anemia - Definição Déficit de Hb
↓ massa glóbulos vermelhos ↓ concentração hemoglobina ↓ capacidade transporte de O2
↓ Hb é geralmente acompanhada ↓ nº de GV ↓ hematócrito (Ht) (embora em algumas situações possam ser normais)
Classificação das anemias De acordo com Failace, 2003
• Pela biometria do eritrócito (VCM) • Segundo o VCM e RDW • De acordo com a patogênese
Classificação pela biometria do eritrócito ANEMIA ↓Hb
MICROCÍTICA VCM< 82 fL
NORMOCÍTICA VCM entre 82 e 98
MACROCÍTICA VCM> 98 fL
DADOS REFERENTES AO HEMOGRAMA Série Vermelha DIMINUÍDO
→
MICROCITOSE
VCM AUMENTADO →
DIMINUÍDO
→
MACROCITOSE
HIPOCROMIA
HCM AUMENTADO →
P.C.Naoum, 2003
ERRO TÉCNICO? HIPERCROMIA?
Série Vermelha DIMINUÍDO
→
ANEMIA GRAVE
CHCM AUMENTADO →
HIPERCROMIA (Ex. Esferocitose)
RDW ELEVADO
P.C.Naoum, 2003
→
ANISOCITOSE
TABELA INDICATIVA DE ALTERAÇÕES ERITROCITÁRIAS RDW E VCM VCM RDW NORMAL
ALTO
P.C.Naoum, 2003
NORMAL
DIMINUÍDO
ALTO
NORMOCITOSE
MICROCITOSE
MACROCITOSE
HOMOGÊNEA
HOMOGÊNEA
HOMOGÊNEA
NORMOCITOSE
MICROCITOSE
MACROCITOSE
HETEROGÊNEA
HETEROGÊNEA
HETEROGÊNEA
Classificação da anemia segundo VCM e RDW RDW normal
RDW aumentado
VCM< 82 fL
Talassemia minor Anemia de doenças crônicas + Ovalocitose +
Anemia ferropênica +++ Talassemia maior
VCM > 82 e < 98 fL
Anemia da Insuficiência renal Anemia das doenças crônicas++ Anemia do hipotireoidismo+++ Esferocitose Ovalocitose++ Anemia aplastica+ Anemia por fármacos oxidativos
Anemia ferropência recente Drepanocitose++ Anemia sideroblástica++ Anemia das mielodisplasias+
VCM> 98 fL
Anemia da hepatopatias Anemia aplástica+++ Anemia por fármacos que interferem na síntese de DNA+ Anemia do hipotireoidismo+
Falta de vitamina B12 Falta de ácido fólico Anemia por fármacos que interferem na síntese de DNA+++ Anemias sideroblásticas+ Anemias das mielodisplasias++ Anemia hemolítica auto imune Drepanocitose+
Adaptado de Failace, 2003)
Classificação de acordo com a patogênese Reticulócitos Policromatofilia
Aumentados HIPERREGENERATIVA
• Hemorragia recente • Hemólise
Ausentes HIPORREGENERATIVAS
• Produção Hb deficiente • Produção inadequada de DNA • Eritropoiese ineficaz • Falta de tecido eritropoiético • Falta de eritropoietina
Anemias por deficiência de elementos essenciais
Anemia ferropênica Metabolismo do ferro
Hemoglobina
Absorção do Ferro Conteúdo intestinal
Epitélio duodenal Apoferritina
Heme hemeoxigenase Fe livre + anel pirrólico ou Fe++ ligado à mobilferrina
Apoferritina Ferritina
Fe+++ oxidação
Fe++
Sangue
Fe++
oxidação
Fe+++
Fe liberado – MO, fígado, placenta Fe + transferrina Transferrina livre
oxiredução
Transferrina
Anemia ferropênica
Anemia ferropênica Ocorre quando as reservas de ferro do organismo tornam-se insuficientes para manter a eritropoiese e conseqüentemente, a concentração normal de hemoglobina no sangue (MIRANDA et al., 2003).
Anemia ferropênica Causas de deficiência de ferro • aumento da necessidade, • excesso de perda (hemorragias), • má-absorção do ferro da alimentação e • dieta deficiente de ferro (LORENZI, 2003).
Anemia ferropênica Instalação da anemia – gradual - 3 estágios 1º. Estágio a) Depleção dos depósitos de Fe b) com Fe sérico e Hb Normal c) ferritina diminuída. d) Normocítico normocrômico
Anemia ferropênica Instalação da anemia – 3 estágios 2º. Estágio a) Depleção ou ausência de Fe em depósito; b) Anemia leve com discreta diminuição da Hb; c) Ferritina e ferro sérico diminuidos d) Microcitose discreta e) Hipocromia discreta ou ausente
Anemia ferropênica Instalação da anemia – 3 estágios 3º. Estágio a) Anemia ferropênica instalada com ausência de estoques de Fe, b) Ferro sérico, índice de saturação, Ferritina e Hb diminuídos, c) capacidade de transporte aumentada d) Microcítico hipocrômico
Anemia ferropênica Diagnóstico laboratorial 1) Contagem de eritrócitos – não representa a severidade 2) VCM – microcítico proporcional a severidade 3) RDW – aumentado 4) CHCM – baixo apenas na anemia severa (hipocromia) 5) Contagem de reticulócitos – N ou diminuído sem policromatofilia 6) Pecilocitose com presença de eliptócitos, dacriócitos mais comumente. Leptócitos são incomuns
Anemia ferropênica Diagnóstico laboratorial Exames complementares 1) Ferritina sérica: abaixo de 10 ng/mL 2) Fe sérico: cai a níveis extremos (< 30 ng/mL) 3) Capacidade de transporte: aumentada (até > 400µg/dL 4) Índice de saturação: baixo (< 16%) 5) Dosagem dos receptores de transferrina livres no soro: aumentada
“Os receptores de transferrina da membrana dos eritroblastos (na medula) captam o ferro da transferrina plasmática; seu número é proporcional às necessidades de ferro da célula. São liberados proteolíticamente dos eritroblastos e dos reticulócitos para o plasma; o aumento de receptores livres no plasma (soro) reflete hiperplasia eritróide e/ou deficiência tecidual de ferro. Não havendo reticulocitose, a dosagem é fidedigna para diferenciar AF (resultado elevado) de ADC (resultado normal ou baixo)” (Failace, 2003)
Diagnóstico Clínico As manifestações clínicas ocorrem devido: • redução da capacidade transporte de O₂ • menor oxigenação dos tecidos (hipóxia) Sintomatologia: palidez, tontura, astenia, falta de interesse e atenção perversão do apetite e anorexia, irritabilidade, cefaléia, debilidade física, dispnéia aos esforços, depressão imunológica
Anemia ferropênica Diagnóstico Laboratorial
Hemácias normais
Hemácias microcíticas e hipocrômicas
Anemia ferropênica Diagnóstico Laboratorial
http://www.professoraangela.kit.net/anemiaferropriva.htm
Adulto
8 meses – dieta restrita ao leite bovino
Failace, 2003 p. 109
AULA 3
Anemia megaloblástica
Anemia megaloblástica • Eritropoiese ineficaz por comprometimento da síntese de DNA (redução seletiva da biosíntese) pela carência de vit B12 e/ou ác. fólico. • Produz alterações celulares em MO e sangue periférico • A síntese de RNA e outras proteínas não é afetada – ocorre um crescimento assincrônico entre citoplasma e núcleo (que piora a cada mitose) inviabilizando a célula
Metabolismo da vitamina B12 • Funções: participa como cofator na produção de timina (a.a); participa na formação de tetrahidrofolato (FH4) – forma ativa do ácido fólico e de outras reações enzimáticas • Origem: carne, pescados, ovos, leite e produtos laticínios • Necessidade diária: 1 a 3 µg • Depósito: fígado com 2 a 3 mg de vit B12 (suprimento orgânico para 3 a 4 anos)
Metabolismo da vitamina B12 • Absorção: a) Passiva: ocorre no jejuno e no íleo; ineficiente (1% da vit. B12 alimentar é absorvida assim) b) Ativa: no íleo; altamente eficiente; mediada pelo fator gástrico intrínseco.
Metabolismo dos folatos • Funções: a) Metabolismo de compostos de um carbono, sendo essencial para a biossíntese de purinas e da pirimidina tímica, b) vital na formação e manutenção de glóbulos vermelhos e conversão de proteínas em energia c) Necessário para o crescimento e divisão celular, entre outras funções • Origem: vegetais e folhas verdes, fígado, carne, levedo de cerveja, leguminosas, gema de ovo, frutas cítricas • Depósito: fígado • Necessidades diárias: 50 a 100 µg (400 µg na gravidez)
Metabolismo dos folatos Causas da deficiência de folatos • Dietética (alimentação parenteral, bondições sócio econômicas) • Má absorção • Excesso de utilização (gestação e lactação, an. Hemolítica, carcinomas, leucemias, doença de Crohn, doença hepática ativa, drogas anti folatos – anticonvulsivantes, álcool, etc.)
Anemia megaloblástica Etiologia 1) Deficiência de vit. B12 que responde ao tratamento • Menor ingestão (falta de produtos de origem animal) • Comprometimento da absorção (def. de fator intrínceco) – Anemia Perniciosa
Anemia megaloblástica Etiologia • Deficiência de ácido fólico que responde ao tratamento • Interferência de fármacos na biossíntese de ácidos nucléicos
Anemia perniciosa – falta de vit. B12 devido a falta de produção de fator intrínceco pelas células da mucosa gástrica – gastrite atrófica crônica – doença autoimune comum em idosos com maior incidência entre as mulheres e outras doenças auto-imunes como o vitiligo Failace, 2003. p. 126
Anemia megaloblástica Diagnóstico laboratorial • do VCM e HCM; CHCM normal; RDW • Extensão sanguínea: macrócitos bem hemoglobinizados, anisocitose, pecilocitose variadas, ponteado basófilo, corpos de Howell Jolly e anel de Cabot (sinais de alteração do processo mitótico) e, eventualmente eritroblastos
Anemia megaloblástica Diagnóstico laboratorial • Leucócitos: Leucopenia moderada, neutrófilos hipersegmentados • Plaquetas: trombocitopenia leve a grave (sangramentos), presença de forma bizarras • Reticulócitos: N ou ↓
Neutrófilos hipersegmentados
Anemia megaloblástica Diagnóstico laboratorial – outros exames • Dosagem de vit. B12 • Determinação do folato sérico • Dosagem de LDH (desidrogenase lática) • Dosagem de ácido metilmalônico * • Exame de MO
Anemia megaloblástica Diagnóstico laboratorial – medula óssea • Celularidade: geralmente aumentada • Hiperplasia com eritropoiese megaloblástica • Megaloblastos com cromatina fina, mitoses anômalas, precursores eritróides em forma de trevo • Reticulócitos normais – eritropoiese ineficaz • Leucopoiese com metamielócitos gigantes • Megacariócitos grandes com mais núcleos que o habitual tronmbocitopoese ineficaz • Fe medular em depósito - aumentados
Sangue periférico
An. megaloblástica
Medula óssea
http://pathy.med.nagoya-u.ac.jp/atlas/doc/atlas.html
Anemia perniciosa antes e pós tratamento com cianocobalamina intramuscular
Anemias sideroblásticas
Anemias sideroblásticas “Grupo de doenças que tem como característica comum um defeito na utilização do átomo de Fe e na produção do grupamento heme” (Silva, 1999)
Anemias sideroblásticas Fisiopatologia Deficiência enzimática ou defeitos mitocondriais depósito de Fe nas mitocôndrias dos eritroblastos - sideroblastos em anel eritropoiese ineficaz – aumento da absorção intestinal - hemocromatose
Anemias sideroblásticas Características laboratoriais • Hb: entre 6 a 10 g/dL • VCM: micro, normo ou macrocítico • RDW: elevado • Fe sérico, saturação de transferrina e ferritina: aumentados • Dupla população eritrocitária (dimorfismo celular) * • Anisocitose, pecilocitose, ponteado basófilo, corpos de Peppenheimer • Leucograma: DNNE • Plaquetas: normais • MO: coloração de Perls – evidencia os sideroblastos em anel
Anemias sideroblásticas • Incluída hoje nas síndromes mielodisplásicas - Classificação FAB e OMS • Não possui tratamento eficaz • Sobrevida pode ultrapassar uma década • Necessidade de transfusão com a piora
Sideroblastos em anel
http://www.depotz.net/saude/julio/med%20curso/disco%203/hematologia/anemias%20-%20parte%20i/anemia%20siderobl%C3%A1stica.pdf
Sideroblastos em anel
Lâmina de aspirado medular: Sideroblastos em anel (Anemia Sideroblástica). Coloração: Azul da Prússia; aumento 1000x (Hermes Pardini)
Naoum, 2002
AULA 4
Talassemias
Hemoglobina • Proteína de estrutura globular e quaternária composta por 4 cadeias polipeptídicas (globinas) e 1 grupo prostético (heme) ligado a cada cadeia de globina • Hb normal adulto: 2 cadeias α e 2 não α
Hemoglobina • Cromossomo 16 – 2 genes específicos para cadeias de globina alfa (α) e 1 gene para produção de cadeias zeta (ζ) • Cromossomo 11 – genes unitários e exclusivos para globinas: • épsilon (ε) – ativo só na fase embrionária • gama (γ) – só na fase fetal • beta (β) e delta (δ) – coordenam a produção de globinas
Hemoglobina • O ser humano é diplóide: 2 cromossomos 11 - 1 gen para β, ε, γ, δ 2 cromossomos 16 - 2 gens para α e ζ • Um cromossomo é herdado da mãe e o outro do pai • Representação normal: β/β β, δ/δ δ, γ/γγ, α α/α αα
PERÍODO
Hb
CONCENTRAÇÃO
Embrionário
Gower 1
20 – 40%
Zeta ζ
Épsilon ε
Portland
5 – 20%
Zeta ζ
Gama γ
Gower 2
10 -20%
Alfa α
Épsilon ε
Fetal
90 – 100%
Alfa α
Gama γ
A
5 – 10%
Alfa α
Beta β
A2
traços
Alfa α
Delta δ
A
96 – 98%
Alfa α
Beta β
A2
2 – 3,5%
Alfa α
Delta δ
Fetal
0 – 1%
Alfa α
Gama γ
Fetal
Pósnascimento (acima de 6 meses)
Globinas
Talassemias Talassemia α
Talassemia α • Ocorre devido a deleção parcial ou total dos genes α por vários problemas genéticos • Há decréscimo na produção de cadeias α e produção normal de cadeias β que forma tetrâmeros β (Hb H) • ↓ de cadeias α - de HbH • No RN (α2γ2 - fetal) há a formação de tetrâmeros de Hb γ (Hb Bart’s)
Talassemia α • HbH - afinidade por O2 - difícil liberação para os tecidos – anóxia tecidual. • É instável e forma inclusões nos eritrócitos - hemólise
Talassemia α - classificação • De acordo com o número de genes α lesados (parcialmente ou totalmente) NORMAL – cromossomo 16 – 2 genes α da mãe e 2 genes α do pai Mãe αα
Pai αα
FILHO (αα/ αα)
Talassemia α - classificação Um gene afetado (Portador silencioso)
Pai αα
Mãe αα
FILHO (αα/ α-) ou (-α/ αα)
Talassemia α - classificação Dois genes afetado (traço α talassêmico)
Pai αα
Mãe αα
FILHO (α-/ α-) ou (--/ αα)
Talassemia α - classificação Três genes afetados (Doença de HbH)
Mãe αα
Pai αα
FILHO (--/ α-)
Talassemia α - classificação Quatro genes afetados (Hidropsia fetal)
Mãe αα
Pai αα
FILHO (--/ --)
Talassemia α - diagnóstico laboratorial Portador silencioso • 20 a 25% da população negra africana • Geram 1 a 2% de homozigotos (α-/ α-) • prevalência na Índia, Indonésia e na Polinésia • Hemograma normal com VCM em torno de 80 fL e Hb em torno de 1g/dL inferior a referência populacional.
Talassemia α - diagnóstico laboratorial Traço α talassêmico (α-/ α-) • Anemia microcítica • Eritrócitos normais ou pouco diminuídos • Hb entre 11 e 12 g/dL • VCM em torno de 75 fL • Sem pontilhado basófilo • Ferritina sérica normal ou elevada • Não há resposta com tratamento com Fe • Azul de cresil brilhante – raríssimos eritrócitos em forma de bolas de golfe – ppt de inclusões de HbH
Talassemia α - diagnóstico laboratorial Doença de HbH (--/ α-) • Comum na Ásia, rara no Brasil • Anemia severa • Hb entre 5 e 10 g/dL • VCM entre 62 e 75 fL • CHCM < 30% • RDW > 20% • Pecilocitose com dacriócitos, eritrócitos fragmentados, pontilhado basófilo • Componente hemolítico e eritropoiese ineficaz
Talassemia α - diagnóstico laboratorial Hidropsia fetal (--/ --) • Incompatível com a vida • Sem cadeia α não se forma a Hb fetal • o feto sobrevive pouco tempo a custa das Hb embrionárias • Morre no útero ou nasce com hidropsia fetal e morre.
Talassemia α - diagnóstico laboratorial A eletroforese em pH alcalino, a dosagem de HbA2 e a presença de agregados eritrocitários de HbH e biologia molecular auxiliam sobremaneira o diagnóstico das talassemias
Hb H intra-eritrocitária na talassemia alfa por doença de Hb H
Bonini-Domingos C.R. et al. Rev.bras.hematol.hemoter., 2000, 22(3): 388-394
Talassemia β • Deve-se a um bloqueio parcial ou total de um ou dois genes β • Bloqueio de um gene – heterozigoto (menor ) • Bloqueio de dois genes – homozigoto (maior)
Talassemia β • Controle genético de cadeias β,δ e γ – cromossomo 11 – 2 genes para cada um
Pai
β
β
δ
δ
γ
γ
Mãe
FILHO (β/ β,δ /δ, γ /γ )
Talassemia β - minor • Bloqueio total de um gene β
Pai
β
β
δ
δ
γ
γ
FILHO (β/-)
Mãe
Talassemia β - minor • Bloqueio parcial de um gene β
Pai
β
β
δ
δ
γ
γ
FILHO (β/ β)
Mãe
Talassemia β - major • Bloqueio total de 2 genes β
Pai
β
β
δ
δ
γ
γ
FILHO (-/-)
Mãe
Talassemia β - major • Bloqueio parcial de 2 genes β
Pai
β
β
δ
δ
γ
γ
FILHO (β/ β)
Mãe
Talassemia β •
Desiquilíbrio entre a produção de cadeias α e β.
•
As cadeias α “sobram” e ppt na forma de corpos de inclusão nos eritroblastos
Deficiência de globina β
Produção de Hb fetal (α2γ2) alta afinidade por 02 Anóxia tecidual Predisposição a infecção, úlceras nas pernas, interferência na produção de eritropoietina Hiperplasia eritróide absorção do Fe Acumula na forma de ferritina
Diminição do nível de folatos Anemia megaloblástica deformidades no crânio, maxilar e face com baixa estatura Presença de massas extra ósseas ou metaplasia mielóide com formações tumorais no mediastino e retroperitônio ou acentuada hepatoesplenomegalia
Deficiência de globina β • • • a) b) c) d)
Células com maior hemoglobinização mesmo com Hb fetal – tem maior sobrevida Nos eritroblastos o ppt de globinas causa bloqueio da síntese de globinas Essas situações geram: Ppt de globinas α Rigidez celular lesão do DNA Eritripoiese ineficaz Anemia e da absorção do Fe
Eritrócito rígido + lesão de membrana (peroxidação da membrana)
Sequestro nos sinusóides do baço Anemia hemolítica com de bilirrubina indireta hiperesplenismo
destruição de leucócitos e plaquetas ↓leucócitos – infecção (morte) ↓ Plaquetas – hemorragia nasal (epistaxes)
Anemia grave, Anóxia Necessidade de transfusões Acúmulo de Fe no; miocárdio, fígado Distúrbios de metabolismo: emagrecimento, febre, ác. Úrico - gota
Diagnóstico laboratorial Talassemia β
Características
Bloqueio total de 2 genes β
Bloqueio parcial de 2 genes β
Bloqueio total de 1 gene β
Bloqueio parcial de 1 gene β
Intensidade das manifestações
++++
++
+
0
Esplenomegalia
++++
+++/++
+/0
0
Icterícia
+++
++/+
+/0
0
Alterações ósseas
++++/++
+/0
0
0
Hb g/dL
10
Normal
Hipocromia
+++
+++
++
+
Microcitose
+++
++
+
0
Codócitos
+++
++
+
+/0
Ponteados basófilos ++
+
+
+/0
Reticulócitos%
5 - 15
3 -10
2 -5
1-2
Eritroblastos
+++
+/0
0
0
HbA1%
ausente
traços
> 90
97
HbA2%
1-9
0 -10
1-8
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