As Escolas Historic As Guy Bourde e Herve Martin[1]

March 29, 2019 | Author: Raimundo Barroso | Category: Georg Wilhelm Friedrich Hegel, Immanuel Kant, Sociology, Dialectic, State (Polity)
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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE EDUCAÇÃO DEPARTAMENTO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO DISCIPLINA: ED 313 – MÉTODOS E TEORIAS DA HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO PROFESSOR RESPONSÁVEL: JOSÉ CLAUDINEI LOMBARDI ALUNA: ISABELA CRISTINA SALGADO (RA 080210) FICHAMENTO DO LIVRO: BOURDÉ Guy; MARTIN, Hervé (co-aut.). As escolas históricas. 2º Ed. Mem Martins: Europa-America, 2003. 220p. (Fórum da Historia; v. 4). PÁGINA

ASSUNTO

RESENHA

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PREFÁCIO

De uma maneir maneiraa geral, geral, a corpor corporaçã açãoo dos historiadores privilegia uma prática empírica e recusa, com um certo desprezo, a reflexão teórica.

CITAÇÃO

Faland Falandoo sobre sobre Tucídi Tucídides des:: “O histor historiad iador or deve deve se empenhar na busca da verdade e para isso examinar os documentos mais seguros, os mais próximos dos fatos relatados, relatados, confrontar confrontarem em os testemun testemunhos hos divergente divergentes, s, desconfiar dos erros veiculados pela opinião comum...” O texto se propõe a examinar os diferentes (p.10). discursos do método histórico e dos diferentes modos de escrita da história: da Alta Idade (Tucídides foi um historiador Ateniense: 460 a.C. – 400 Média aos tempos atuais (1983). a.C.)

 Na opinião dos autores, a prática da história e o discurso feito sobre evoluíram consideravelmente.

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A variedade de gêneros históricos da Alta Idade Média até o Século XII: apreciação contraditória dos autores.

O Cristianismo introduziu a linearidade na História: começo, meio e fim. Nascimento, vida e morte. 1º Gênero. A produção hagiográfica: na alta Idade Média, os altos feitos de Deus e seus servos ocupam o primeiro lugar na cena histórica (relatos de vida de santos, e padres, de clérigos). 2º Gênero. Anais e Crônicas: os anais relatam os fatos ano a ano, principalmente os acontecimentos políticos e militares. Na maioria das vezes estes são escritos nos mosteiros. Já a crônica é um gênero com  pretensões mais amplas. 3º Gênero. As biografias e autobiografias.

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Novo espaço historiográfico a partir do Século VI. Idade Média: aproximadamente do século V ao XV.

A interpretação das designações de Deus vem antes da investigação das razões humanas. A percepção da natureza através da descontinuidade. Os acontecimentos históricos isolados uns dos outros, produzidos   pela arbitrariedade divina. O gênero hagiográfico predomina sobre o histórico.

“O período carolíngio é particularmente propício à floração dos relatos milagrosos, as incursões dos Vikings impondo a várias comunidades monásticas fugirem com as sua relíquias. É também a época da redação da Gesta Episcoporum...”. (p. 14). Período Carolíngio: (751 a 987 d.C.) Sobre as crônicas, o autor vai dizer: “Grégoire de Tours fornece um bom exemplo na matéria (...) escapa ao universo mental greco-romano. Não sem dúvida pelas suas pretensões universais, que o levam a começar o relato na Criação para continuar até 591 (...). Narra de maneira precisa e evocadora. Que se avalie pelo relato da peste que assola Marselha em 588: a proveniência do mal, o contágio, as primeiras sevícias da doença, seguidas de uma fase de remissão, a propagação fulminante da epidemia, todas estas etapas estão claramente marcadas”. (p.14). “O Arquétipo moral ou espiritual vence o vivido. Não se proíbe qualquer reemprego de relatos anteriores. Os fatos passados não são um dado inatingível. A história é um arsenal onde se vão buscar os fatos-provas, fatosargumentos, que têm no discurso religioso um estatuto comparável ao das autoridades bíblicas”. (p.16). “Assim vê-se reinar o descontínuo e o inesperado no relato histórico. É a sucessão cronológica no estado

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As diferenças estruturais entre a Hagiografia e a Historiografia.

Os dois gêneros têm em comum, de acordo com o autor, a mesma preocupação com a verdade e autenticidade dos fatos, sempre com as garantias de lugar e datas. Evitando que os fatos importantes caiam no esquecimento.

puro, sem encadeamento de causas e de efeitos. Mas os fios da intriga são mantidos na realidade pela vontade divina”. (p.16). “O primeiro destes dois gêneros não recolhe necessariamente fatos verdadeiros, mas “constitui” a verdade de fenômenos maravilhosos rodeando-os de todas as garantias desejáveis. A crônica, em contrapartida, registra os fatos verdadeiros a par de outros mal estabelecidos”. (p.16).

Para o hagiógrafo, o tempo é circular  Ermentaire e a invasão da França: “(...) um número (liturgia). Para a história, prevalece o sentido incalculável de navios normandos sobre o rio Sena. O da duração. mal aumenta nesta região. A cidade de Ruão é invadida, pilhada, incendiada; as de Paris, Beauvais e  No final do capítulo, o relato de Ermentaire Meaux são tomadas; a praça forte de Melun é sobre a Invasão Normanda na França por  devastada; Chartres é ocupada; Évreux é pilhada (...) volta de 862. todos os habitantes fogem (...). No seu torpor, no meio das suas rivalidades recíprocas, resgatam à custa dos tributos aquilo que teriam devido defender de armas na mão e deixam sossobrar o reino dos cristãos”. (p.27). A Teologia a serviço   Na Alta Idade Média os cristãos vêem-se “Dado que a história do mundo é concebida como a de da História (século como membros da “Cidade de Deus” (Santo um progresso (aqui moral e espiritual) orientado para XII). Agostinho), e através da Igreja e da paz um determinado termo, pode falar-se, segundo Gilson,   pretendem alcançar a paz celestial. Para os de uma ordem linear, que substituiu à ordem cíclica dos teólogos a História é a aventura humana como pensadores greco-romanos”. (p.18). construção progressiva da cidade de Deus. De acordo com os teólogos do século XII, Gilbert de La Com o novo sentido do tempo, surge também Porrée, Hugues de Saint-Victor), nasce uma nova visão um novo sentido para a natureza: através do da história: “São numerosos os espíritos preocupados trabalho o homem transforma-se (homo faber, com a história (...). Por um lado, a seqüência dos

homo artifex).

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acontecimentos procedendo da economia divina da salvação, organizada segundo um fim preconcebido. Por outro lado, a disciplina intelectual que trata destes acontecimentos, ou a história escrita, concebida como series narrationis, sucessão organizada, continuidade articulada”. (p.19). Guillaume de Conches: “É preciso procurar a razão em todas as coisas”. (p.20). Guibert de Nogent: “Julguei em primeiro lugar dever expor os motivos e as circunstâncias que tornavam urgente uma tal expedição (trata-se da segunda cruzada)”. (p.20). “A “qualidade da recordação” é muitas vezes deficiente. Estas memórias preguiçosas, e curiosamente pouco históricas, pouco emotivas, dão apenas um lugar débil às calamidades e só raramente citam datas e nomes próprios, ao mesmo tempo que dão testemunhos concordantes quanto ao essencial (...) Entre as referências mais utilizadas, encontra-se o calendário das atividades rurais,a sucessão das festas religiosas...”. (p.21)

A transferência da Estes outros dois esquemas são muito soberania imperial difundidos na Idade Média. Os relatos dos (translatio imperii ) e acontecimentos do passado são mais a transferência do coerentes nos registros dos historiadores e saber (translatio cronistas. No entanto, as causas dos fatos são studii ). designadas pelo divino. 20 e 21 As atas do colóquio   Nestes relatos o sentido do passado está Le temps et    pouco desenvolvido. Traço geral: a l’histoire, Tours,  presentificação dos grandes acontecimentos 1975, publicado nos da história santa. É o tempo do mito sempre  Annales de Bretagne vivo. et des Pays de l’Ouest , 1976/2. Artigos de C. Deluz, M. Gramain e C. Schaeffer: relatos de peregrinação. Sobre a pintura: “Gaspard parece que confunde o soberano, Melchior, com o delfim, Luís, Baltazar com Testemunho Carlos de França. A guarda pessoal do rei é Iconográfico. O representada com um sentido exigente do detalhe quadro da (traje, armamento). Em fundo, a tomada de um solar representação da comemora possivelmente a libertação de Pont-Audemer adoração dos Magos pelas tropas reais. Nesta cena a reportagem coabita por Jean Fouquet com a evocação do imutável. É insuficiente dizer que o

nas  Heures de Étienne Chevalier: uma série de elementos fora do tempo. 22 e 23

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pintor empresta “ingenuamente” aos reis magos a aparência, o hábito e a escolta dos soberanos do seu tempo. Mas é claro que se produz aqui “o encaixe de um fato de revelação e de um fato de história contemporânea”. (p. 21). (ver quadro em arquivo anexo). Joinville (1224- Joinville acompanhou Luís IX em suas Joinville fala sobre o Rei Luís IX: “Este santo homem 1317): hagiógrafo, missões e escreveu um livro sobre seus amou Deus com todo o coração e imitou suas obras... cronista e moralista. “feitos”. Evocou com precisão os costumes Em palavras, o santo rei foi moderado: também nunca dos Beduínos. o ouvi nomear o diabo...” (p. 23).

Bossuet e seu Bossuet (1627-1704) criticou Richard Simon   Discurso sobre a e Spinoza, pois estes quiseram submeter Deus   História Universal às leis da ciência e da natureza. Chefe da (1681): Igreja Galicana sujeita à Monarquia e teólogo representante da oficial que via como ameaça o concepção Protestantismo, o Jansenismo e o quietismo. providencialista da história no período Em Bousset a história é regida pela moderno. A história necessidade (utilitarismo), não procede dos Utilitária. determinismos naturais ou sociais, mas é conseqüência do plano que Deus tem para os homens.

Sobre os Beduínos: “Não moram nas aldeias, em cidades ou castelos, mas dormem sempre nos acampamentos (...). Os próprios Beduínos têm grandes peliças que lhes cobrem todo o corpo, as pernas e os pés (...). A sua convicção é de que ninguém pode morrer a não ser no seu dia, e assim não querem usar armadura...”. (p.23). “O Discurso tomou três formas sucessivas: em primeiro lugar a de um simples resumo da história universal ( As  Épocas), depois a de lições sobre a história da religião (  A Continuação da Religião), finalmente a de um curso de filosofia da história, onde a ascensão e a decadência dos impérios eram explicados pelo estado das leis e das instituições (Os Impérios)”. (p. 24). Providencialismo rígido: “Mas esta visão da história é ao mesmo tempo muito acanhada. Apenas ou quase são retidos os fatos respeitantes ao mundo judeu-cristão. Jerusalém constitui o centro do mundo, como na Idade

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Média”. (p.25) Bossuet, pelo menos expõe que a história não é um encadeamento de milagres. Sugere uma Sobre a análise dos três tempos de Bossuet: “Para análise das causas longínquas, depois das consegui-lo, é preciso escapar ao fascínio do tempo razões imediatas e depois dos resultados. breve, remontar no passado e entregar-se ao estudo dos traços distintivos dos povos dominantes e dos homens extraordinários”. (p.26). Jean Froissart Froissart define sua obra como crônica “Não conseguiu satisfazer-se, diz-nos, com os relatos (1337-1410): arauto historiada. Em seu relato sobre a Sucessão da divulgados por vários saltimbancos e cantores de da sociedade Bretanha deixa transparecer o desejo de fazer  praças, que nas suas canções de gesta fabulosas e cavalheiresca crônica e historiar ao longo da matéria. Seu poemas mentirosos, tinham evocado a querela da declinante. método associava compilação e inquérito, de Bretanha para desagrado de João O Belo, em quem se um cronista retribuído pelo poder que tinha inspirava, e para seu próprio desagrado. Com efeito, como objetivo relatar a verdade dos fatos. estes poemas e estas canções não davam de modo algum Praticava com talento o inquérito oral, e é os fatos reais que ele tinha por missão relatar”. (p.29) citado como um dos precursores da história imediata. Na Baixa Idade Média depois de “O estudo detalhado do relato muito conhecido da Deus, vêm os senhores e os príncipes. insurreição camponesa de 1358 (...) vai permitir-nos distinguir no historiógrafo lacunas na informação, o primado absoluto da narração sobre a investigação das causas, e finalmente uma tomada de posição a favor dos detentores da ordem aristocrática”. (p.30) “A reação senhorial ou contra-insurreição organizou-se (...) fez talvez vinte mil vítimas, para algumas centenas devidas ao insurrectos. De tudo isto, Froissart não diz uma palavra. Este relato é um tecido de inexatidão e imprecisões (...) Froissart faz-se eco do medo suscitado entre os nobres por esta mobilização camponesa”. (p.31).

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No relato de Froissart “O leitor é preparado para considerar o castigo dos revoltados como legítimo”. (p.32) Sobre os cronistas O autor cita vários cronistas, historiadores, “Acontecia que com este objetivo (registrar a história dos reis e príncipes contratados pelos reis e príncipes: Jean dos reis) os príncipes lhes abriam seus arquivos, como no século XV. Chartier, Thomas Basin, Philippe de Carlos O Temerário a favor de Jean de Wavrin”. (p. 34) Commynes, Monstrelet, Mathieu d’Escouchy, Jacques du Clerq, Jean de Wavrin, Georges Chastellain, Olivier de La Marche e Jean “Esperam-se dos cronistas pelo menos dois tipos de Molinet. serviços. Em primeiro lugar exaltar os feitos dos príncipes e da sua dinastia (...). Depois, contribuir para a coesão dos Estados da Borgonha invocando antecedentes históricos (...). Ao fornecer uma versão conforme de suas origens e da sua ligação ao conjunto burguinhês, o discurso historiográfico permite colocar sob o signo da necessidade as aquisições territoriais felizes operadas por Filipe O Bom. (p.34).

Os

cronistas

Commynes e Basin, testemunhas em desacordo sobre quase tudo: “(...) igualmente revelador do fraco grau de objetividade de Commynes e de Basin, consiste em confrontar as suas apreciações sobre Luís XI. Pode compreender-se que haja divergência sobre o balanço de conjunto de reinado: se Commynes o aprecia favoravelmente, em contrapartida Basin é dos mais expeditos no seu “Breve epitáfio de Luís”: Velhaco insigne conhecido daqui até aos infernos. Abominável tirano de um povo admirável”. (p.36) da Do lado da Borgonha a encenação de um Sobre Commynes: “Nas  Memórias, já não se realizam

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Borgonha X sonho de reis, as grandes batalhas. Do outro, a atos loucamente heróicos, já não se pronunciam Commynes e Basin. alegria relativa de príncipes sem escrúpulos palavras históricas em plena confusão, “a guerra já não que tentam se destruir. é coisa alegre”. Reina o olhar frio do memorialista, que tem prazer em minimizar os feitos”. (p.37). A História como Breves tratados e Compêndios: os futuros “Não é sem dúvida excessivo dizer que o século XV está veículo do manuais de história e geografia. Obras marcado por mudanças profundas nas práticas sentimento subentendidas por um sentimento nacional historiográficas. Claro que a expressão estereotipada da nacional: Século  profundo. vida política e militar continua a ser dominante, mas XV. olhares perspicazes são a partir de agora lançados para Bernard Guené e sua obra-prima: Histoire et os jogos da guerra e da diplomacia (...) Commynes Culture historique dans l’Occident médiéval, procedeu a uma autêntica reescrita das crônicas Aubier, 1980. contemporâneas. A aproximação dos anos 1500 reside na acentuação do lado literário e retórico da história”. Os Arquivos e Bibliotecas: a partir da difusão (p.39). da imprensa, na segunda metade do século XV a baixa do preço das obras e a melhor  “Bernard Guenée edificou uma autêntica sociologia do classificação e manutenção dos acervos. saber histórico, distinguindo os tipos de historiadores segundo os locais onde exercem mais do que segundo as épocas. Em primeiro lugar o monge, guardião dos manuscritos dos mosteiros (...) Segundo tipo distinguido: o historiador das cortes e praças (Froissart): a história para eles é um meio de existir (...) Terceira categoria: o historiador de gabinete, personagem característico da Baixa Idade Média, onde se desenvolvem os serviços administrativos, muito especialmente as chancelarias. As Filosofias da A teleologia, que postula um sentido à “Na reflexão de Rousseau, a história não passa de uma HISTÓRIA. história nasce num texto de Platão: o Fédon. abstração (o negativo da natureza) que é colocada ao serviço de uma demonstração moral”. (p.45). Rousseau e KANT. Leibniz fala sobre a contradição entre o Bem

(o Deus criador) e o Mal (as epidemias, as Kant e as Conjecturas sobre os inícios da história guerras): para ele vivemos no melhor dos humana: “A história da natureza começa pelo bem, mundos possíveis da escolha divina. porque ela é obra de Deus; a história da liberdade começa pelo mal, porque ela é obra do homem...”. Para Rousseau, no estado de natureza, o (p.45) homem vive harmonia. No momento que este equilíbrio é rompido começam as “A hipótese de Kant é que, nos assuntos humanos e na dificuldades. Com o surgimento da acumulação dos fatos da história empírica, existe uma   propriedade, surgem as desigualdades entre finalidade. Todavia, esta finalidade, nenhuma ricos e pobres e as instituições jurídicas vem inteligência suprema a concebeu; nenhuma sociedade sancionar as relações de força. Chega-se ao humana a quis; corresponde a um “plano da natureza”. estado civil. Paradoxalmente, a natureza realiza os seus fins através dos homens. (...) O poder de que o homem está dotado Kant: mistura de uma teleologia da tradição para realizar os seus projetos é a razão. Portanto, o cristã e uma reflexão ética do período da plano previsto para o homem não é que atinja o estado Luzes. de natureza mas que atinja o estado de cultura (a este respeito Kant opõe-se a Rousseau)”. (p.46). Rousseau: história fictícia. Kant: história real. Para Kant a filosofia da história é uma Para Kant o indivíduo está á serviço da espécie: “O  parte da Moral. que, nos sujeitos individuais, nos choca pela forma confusa e irregular, poderá todavia ser conhecido no Kant ( A Idéia de uma História Universal sob conjunto da espécie sob o aspecto de um um ponto de vista cosmopolítico ) (1784). desenvolvimento contínuo, apesar de lento, das disposições originais”. (p.46). Ainda Kant: “O destino do homem não é a felicidade a todo custo. Nesta perspectiva, a hostilidade entre os indivíduos obriga-os a saírem de um estado de beatitude mais ou menos primitiva e a empenharem-se na aplicação de tarefas mais difíceis mas grandiosas”.

(p. 47).

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As filosofias HISTÓRIA.

da Contemporâneos de Hegel (Kant, Fichte e Schelling). Pertence ao mundo do Aufklarung (esclarecimento/iluminismo) e acredita na força da razão. HEGEL (1770- Em seu empreendimento Hegel 1831): a liberdade é   primeiramente trata da idéia abstrata, da a finalidade formação das categorias intelectuais. Depois absoluta da da Filosofia da Natureza, que examina a História. difusão da Idéia fora de si, no mundo natural; e por último, da Filosofia do Espírito, que se interessa pela tomada de consciência do espírito através da história universal. Somente 3 obras foram publicadas enquanto Hegel ainda era vivo:   A Fenomenologia do  Espírito (1807  ); A Lógica (1812-1817) e a Filosofia do Direito (1821).

Kant e as relações entre os Estados: “Dos confrontos insensatos a que os homens se entregam acabará por sair “uma comunidade civil universal”... que administrará o direito internacional de maneira que o mais pequeno Estado possa atingir a garantia da sua segurança...de uma força unida, e de um acordo de vontades”. (p.47). “Como todo a elite intelectual alemã, Hegel é influenciado pelo pensamento das Luzes, admira a Revolução Francesa e espera muito da sua difusão através da Europa graças às conquistas napoleônicas”. (48) “O pensamento de Hegel afirma-se como um idealismo absoluto que supõe uma identidade entre o sujeito e o objeto, entre o conhecer e o ser. Neste sentido Hegel reencontra o realismo da Antiguidade abalado num momento pelo nominalismo da Idade Média”. (p.49). “Hegel introduz a dimensão da temporalidade. Na tradição medieval, o tempo era concebido como uma degradação ontológica. Na concepção Hegeliana, o tempo torna-se uma categoria da inteligibilidade”. (p.49)

Hegel e a idéia da “astúcia da razão”: os Para Hegel: “O Espírito é o ator principal da história, indivíduos julgam realizar os seus interesses, não toma consciência de si mesmo diretamente, mas por mas apenas realizam um destino mais amplo um movimento dialético, que comporta 3 momentos: a

que os ultrapassa.

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As filosofias HISTÓRIA.

da Comte vai tratar da formação das ciências e da evolução das sociedades. Para Hervé Comte pode ser considerado o inventor da Sociologia. COMTE (17981857) e o Estática Social (teoria da Ordem). Dinâmica Positivismo. Social (teoria do Progresso).

tese (o ser); a antítese (o não ser); a síntese (o devir). Hegel não se limita a enunciar um idealismo puro, faz corrente no século XVIII; inventa o movimento dialético, que vai dominar o pensamento do século XIX”. (p.49). Para os autores a conclusão de Hegel é decepcionante: “a longa marcha do espírito, ritmada pelos movimentos da dialética, culmina na criação de um Estado Moderno, burocrático, que deve incarnar a moral, a liberdade e a razão, ser a forma última do progresso”. (p. 51). “Segundo A. Comte, a Sociologia é o estudo positivo do conjunto das leis fundamentais próprias dos fenômenos sociais. A dita ciência divide-se em dois ramos segundo se trata de estabelecer “leis estáticas”, que respeitam à existe da sociedade, ou de determinar leis dinâmicas que se referem ao movimento da sociedade”. (p.52)

“No estado teológico, o espírito humano (...) representa Comte e a lei dos três estados: o teológico (ou para si mesmo os fenômenos como produzidos pela fictício); o estado metafísico (ou abstrato) e o ação direta e contínua de agentes sobrenaturais, cuja científico (ou positivo). intervenção arbitrária explica todas as anomalias aparentes do universo. No estado metafísico, os agentes naturais são substituídos por forças abstratas (...). Finalmente no estado positivo, o espírito humano, renuncia a procurar a origem e o destino do universo, para se empenhar em descobrir suas leis efetivas, suas relações de sucessão e semelhança”. (p.52)

“Com efeito ao passo que Hegel encara a marcha do Espírito segundo os três tempos da dialética, Comte imagina a progressão do espírito humano por etapa, segundo o ritmo igualmente ternário mas diferentes na sua essência dos três estados”.

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As filosofias HISTÓRIA.

da A História Universal sob o signo da descontinuidade. Obra Esboço de uma morfologia da História Universal (1918): O Oswald  Declínio do Ocidente. SPENGLER (18801936). Para Spengler a civilização é o destino inevitável de uma cultura. Os Romanos conquistaram a Grécia e levaram os modelos helênicos para todo o mundo mediterrânico.

“O pensamento de Comte, marcado inicialmente por um certo racionalismo, acaba numa religiosidade exaltada. O caso não é isolado. Em meados do século XIX, a maior parte dos socialistas utópicos – H. de Saint Simon e os seus discípulos – misturam as análises concretas desvendando os mecanismos da sociedade capitalista industrial e os sonhos mais desenfreados respeitantes á organização harmoniosa de sistemas econômicos, políticos e religiosos, todos visando assegurar a felicidade dos homens”. (p.54) “O. Spengler anuncia, num sentido, o estruturalismo. O seu postulado inicial é que a ciência não é universal. Para fazer a demonstração, deve segmentar a humanidade em blocos absolutamente estranhos uns aos outros. Dentro desta perspectiva, as civilizações funcionam como estruturas fechadas, que não se comunicam entre si no plano das idéias racionais (...) mas todas as criações culturais e materiais tem afinidades entre si”. (p. 55).

“A visão que dominava o pensamento do século XIX, de Spengler: A derrota da Alemanha na uma história contínua, linear, progressiva, é Guerra e a filosofia da história diretamente posta de novo em causa (...) Para Spengler “pessimista”. os homens são escravos da vontade da história, os

órgãos auxiliares executivos de um destino orgânico”. (p.55). “No final do século XIX e início do século XX, uma corrente do pensamento influente, ilustrada por Schopenhauer, Bergson e outros, tende para edificar sistemas filosóficos inspirando-se nos resultados das ciências naturais. A “orgânica spengleriana” pertence a este universo mental”. (p.56).

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As filosofias HISTÓRIA.

da A Study of History: Obra de 12 volumes que vai de 1934 a 1961. De acordo com Raimond Aron: a obra mais célebre e mais TOYNBEE – Fim controversa da historiografia do séc. XIX –   contemporânea. Inglaterra. De acordo com Toynbee o conhecimento é muitas vezes determinado pela importância da fonte; os historiadores freqüentemente se contentam com visões parciais. O que conta é a visão do conjunto. Toynbee pratica uma história comparatista. Prefigura o estruturalismo nas ciências humanas.

“O livro de Spengler, que noutros tempos teria podido dormir à sombra das bibliotecas, encontra uma ampla audiência junto de um público alemão ávido de  justificar a sua própria catástrofe por uma teoria geral das catástrofes”. (p.57). Crítica de Toynbee: “Com efeito, Toynbee contesta francamente a atitude seguida pelos historiadores franceses, dos positivistas tradicionais aos inovadores dos Annales. O ensaísta britânico considera que a hierarquização das tarefas no plano intelectual reflete lamentavelmente a divisão do trabalho na sociedade industrial”. (p.57) “Em a Study of History, a evolução das sociedades deixa de ser contínua, linear orientada. Toynbee só se interessa pela unidade histórica, a mais ampla no espaço, a mais longa no tempo, a saber “a civilização”. (p. 58). “Ao passo que, segundo Spengler, uma civilização

O modelo mais original de Toynbee: o enfraquece porque é vítima de um envelhecimento mecanismo do “challenge and response” biológico, segundo Toynbee, uma civilização declina (desafios e respostas). porque o quer, porque se deixa ir. Atenas, Veneza ou Constantinopla enterraram-se, renunciaram a defender-se porque já só pensavam na sua glória passada”. (p.59). Segundo Toynbee: “O sentido da história é fazer do mundo uma província do reino de Deus... Os homens não passam de peões, reduzidos à impotência, no jogo que Deus joga neste xadrez dos dias e das noites, que faz mover em todos os sentidos, imobiliza e retira, e que volta a colocar, um a um, na sua casa”. (p.60).

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