Artigo Teoria Do Valor D
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Explicação do valor na teoria marxista: o trabalho como essência da riqueza social. Eziel G. de Oliveira Resumo
O texto busca interpretar o significado da teoria marxista do valor fundamentado no papel do trabalho enquanto parte essencial da produção e composição
da
riqueza
econômica
da
sociedade.
São
apresentados
importantes fundamentos da crítica de Marx ao pensamento econômico clássico, exposição que contextualiza a teoria; o estudo também discorre sobre os princípios básicos que validam a aplicabilidade de tal teoria, além de elucidar questões divergentes para o desenvolvimento da análise do movimento da dinâmica capitalista, proporcionada pela teoria.
Palavras-chave
Teoria do valor; riqueza capitalista; teoria marxista Abstract
The text seeks to interpret i nterpret the meaning of the Marxist theory of value based on the role of labor as an essential part of the production and composition of economic wealth of society. We present important fundamentals of Marx's critique of classical economic thought, that contextualizes exposure theory, the study also discusses the basic principles that validate the applicability of this theory, besides elucidating divergent issues for the development of motion analysis of capitalist dynamics , provided by th e theory. INTRODUÇÃO
A Teoria do valor elaborada por Karl Marx serviu como importante fundamento, se não essencial, de sua análise de Economia Política. Sem tal teoria nem se pode imaginar o que seria de sua brilhante obra, O Capital, a qual faz uso do termo como respaldo ao emprego do conceito de mais-valia, CIÊNCIAS ECONÔMICAS – UFMS - TPEE CAMPO GRANDE – MS – 06/2012
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elemento chave da crítica marxista às contradições existentes no sistema de produção capitalista. Marx tentou desvendar a lei econômica do movimento da sociedade moderna. Seu ponto de partida foi à análise dos bens na sociedade capitalista. Uma comunidade deve ser capaz de satisfazer as necessidades humanas [...]. Esses bens podem satisfazer a esses desejos. (Oser, 1983, p. 168).
Assim, Mattei (2003, p. 272) assume que a mercadoria é a célula econômica da sociedade capitalista, porque, ela é a forma em que se apresenta o produto do trabalho humano que se expressa como valor de uso, na sua forma natural, e como valor, na sua forma social. Entretanto, o próprio Marx caracterizou a temática do valor como uma das partes mais difíceis de sua principal obra, reconhecendo seus aspectos controversos. Já alerta no prefácio de sua primeira edição de O Capital as possíveis dificuldades de interpretação: “(...) todo começo em qualquer ciência é difícil, por isso o capítulo primeiro é o que oferece as maiores dificuldades de compreensão, notadamente a seção que contém a análise da mercadoria. mercadoria. Nele procurei expor, com a maior clareza possível, o que concerne especialmente á análise da substância e magnitude do valor.”
Deriva daí o motivo pelo qual a maioria das pessoas encontra significativa dificuldade e disponibilidade de tempo para correta compreensão da teoria marxista do valor, mesmo aquelas que possuem algum grau de leitura sobre o assunto. Ademais, segundo Carcanholo (1998), sobre a teoria do valor de Marx,
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capítulos avançados dessa obra, inclusive os do livro III, são meros aspectos seus. Conceitos como os de capital, mais-valia, capital comercial, capital fictício, renda da terra não passam de elementos dentro da teoria marxista do valor, conceitos mais desenvolvidos do próprio valor. Não entender os significado do valor é não entender a verdadeira natureza de cada um desses conceitos. O trabalho como elemento básico da sociedade humana, nessa perspectiva, implicaria que seu desenvolvimento seria determinante da dinâmica e desenvolvimento da sociedade, hipótese em concordância com a teoria do materialismo histórico. 1. Crítica marxista a teoria do valor do pensamento econômico clássico
O artigo de Lauro Mattei “Teoria do valor trabalho: do ideário clássico aos postulados marxistas” tem como objetivo fazer uma sistematização de
importantes aspectos presentes no debate sobre teoria do valor, buscando mostrar as diferentes abordagens entre os pensadores da economia clássica e a concepção marxista. Onde se define um novo ciclo do pensamento econômico relativamente ao passado, ao definir que somente o trabalho humano tem a capacidade de criar valor. Mattei (2003) também conclui que a teoria de Marx sobre o valor faz f az surgir uma nova teoria que rompe com paradigmas dos economistas clássicos, representando a mais consistente teoria do valor-trabalho. Essa posição é justificada no artigo baseado nos seguintes aspectos de divergência e desenvolvimento da concepção marxista em contraposição as formulações clássicas sobre a teoria do valor:
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por assumir um papel autônomo contraposto ao trabalho. Em Marx, essa contraposição do trabalho ao capital desaparece, uma vez que apenas o trabalho é o elemento portador de valor, ou seja, somente o trabalho humano vivo tem a capacidade de criar valor, isto porque, na teoria marxista, o problema da medida do valor e da causa do valor é o mesmo; Na análise clássica, é o trabalho em forma de produto que está sendo trocado ou contraposto ao capital. Já na perspectiva da teoria marxista, essa troca possui características característi cas particulares que não estão presentes na troca genérica de mercadoria por mercadoria. Isto porque Marx diferencia trabalho de .força de trabalho. ou .capacidade de trabalho.; Na teoria clássica, não se percebe nenhuma distinção entre o trabalho individual (privado) e o trabalho social. Ao contrário, não há naquele arcabouço teórico nenhuma referência às relações sociais de produção que estavam escondidas e que acabavam alienando o trabalho. Em Marx, o elemento decisivo é o trabalho social, tendo em vista que o valor da força de trabalho corresponde ao tempo de trabalho socialmente necessário à sua reprodução, sendo justamente o trabalho social total o responsável pela geração da massa de valor que é repartida entre o capital e o trabalho; Os "clássicos", particularmente Ricardo, ficaram presos à idéia de se encontrar uma unidade que pudesse determinar a grandeza física do valor. Marx, ao contrário, demonstra, com a sua teoria, que o aspecto qualitativo é o mais importante, uma vez que a medida da grandeza do valor em sua obra é dada d ada pela unidade temporal do trabalho socialmente necessário (por isso, já reduzido à igualdade com os outros trabalhos) para a sua reprodução;
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utilitarista inglesa. Marx, ao contrário, é inteiramente hostil ao princípio do interesse, dizendo que a divisão do trabalho se articula no âmbito das relações sociais de produção. Com isso, o homem econômico smithiano nada tem a ver com o princípio marxista da sociabilidade. (MATTEI, 2004, p. 292).
Em síntese, diz o autor que através da teoria do valor, Marx desvendou os mecanismos e os segredos do funcionamento da sociedade capitalista, ao pôr à descoberta a complexa rede de relações sociais que eram estabelecidas e que davam sustentação ao processo de expropriação entre as classes, o qual subordinava o trabalho ao capital. O texto de Jorge Grespan (1988), que também faz uma abordagem dos fundamentos da crítica marxista à teoria do valor elaborada pelos economistas clássicos relata o contexto sobre os quais se basearam esses economistas para nortear seus estudos de Economia Política. Da tradição do pensamento liberal-revolucionário inglês do século XVII, os economistas políticos herdaram a noção de que a chave para a compreensão dos fenômenos sociais em qualquer época se encontra nas condições primitivas de sociabilidade, consideradas um “estado de
natureza”. Daí que as investigações sobre economia partissem de situações muito simples, como a troca entre dois produtores individuais, procurando os fatores que as presidiam – no caso da troca, a medida que tornaria possível a comparação de coisas diferentes. [...] A busca pela determinação no mais simples e abstrato, portanto, concebido
como o mais próximo da “natureza” do objeto, orienta os esforços dos clássicos, transparecendo inclusive na crítica de Ricardo à teoria do valor de Smith, pelo menos conforme o entendimento de Marx, que vê esta crítica como tendo grande significação histórica para a ciência. (GRESPAN, 1988, p. 2).
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movimento da riqueza capitalista. Pois parte de uma inspiração simplista para descrição da medida do valor de troca baseado naquele primitivo sistema de produção anterior a acumulação de capital, considerando que o valor das mercadorias se estabelece na esfera da circulação. O próprio Ricardo identificou esta incoerência presente na teoria smithiana, propôs uma diferente abordagem mais condizente com a realidade do movimento da riqueza capitalista ao considerar o valor das mercadorias estabelecido na esfera da produção. Ainda para Marx, a “grande significação histórica” de Ricardo para a economia política decorre, então, de ele ter estabelecido que “o fundamento, o ponto de partida do sistema burguês – da concepção de seu nexo orgânico interno e de seu processo vital – é a determinação do valor pelo tempo de trabalho ”. Ricardo resolve a tensão entre as duas formas de definição do valor em Smith, assumindo o primeiro caminho
mencionado acima, da apreensão do “interior”, do “fundamento” – chamado por Marx de “esotérico”. É a partir daí que o “nexo” imanente pode ser concebido, como um eixo constituinte da organicidade das
demais relações econômicas, expressando expressando a “fisiologia” do sistema. [...] Tal opção implicava, porém, grandes dificuldades teóricas, assim
sintetizadas por Marx: “em oposição a Smith , Ricardo destaca a determinação do valor da mercadoria puramente pelo tempo de trabalho e mostra que esta lei predomina inclusive nas relações de produção burguesas que aparentemente mais a contradizem” . O próprio projeto teórico de Ricardo pode ser caracterizado por esta tarefa de evidenciar
que a “lei do valor” seguia sendo válida, pois as novas condições técnicas e sociais da produção não obrigariam a nenhuma modificação no seu fundamento. (GRESPAN, 1988, p. 7).
Apesar de insistir que o valor-trabalho é a base das relações econômicas reais, o problema, para Marx, não está simplesmente na estratégia de exposição;
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especificamente, de conceber resultados que contrariem seus pressupostos, passando por conceitos intermediários contraditórios. É preciso esclarecer o que é obscurecido pelo apego da economia política ao princípio da nãocontradição, e o que, uma vez ultrapassado este princípio pela dialética, passa a ser por ela revelado (GRESPAN, J. 1988). Ainda, para Mattei (2003) a crítica marxista vai ao sentido de mostrar que os autores "clássicos" ficaram presos à simples determinação da grandeza do valor, ao não considerarem o trabalho como resultado de um processo que vai do individual até o social. O duplo caráter do trabalho é o ponto central que diferencia Marx dos autores anteriores. Para ele, o trabalho humano que assume valor de troca nas sociedades capitalistas é um trabalho social igualado, porém não como um dado natural, mas como resultado histórico advindo das relações sociais de produção. Dessa forma, Marx chega ao conceito de trabalho abstrato, distinguindo o trabalho humano como elemento natural da produção e como elemento do capital. Mais precisamente, chega à definição desse tipo de trabalho porque faz as mediações teóricas entre o trabalho humano, como fator natural da produção, e o trabalho na sua forma histórica, como produto e elemento do capital. 2. Pressupostos da teoria marxista do valor A obra “O Capital: Edição Resumida” é um resumo feito dos três volumes de O
Capital de Carl Marx, feito por Julian Borchardt – foi publicado na Alemanha a mais de meio século. O grande mérito do deste resumo é atribuído pelo fato
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esboços escritos pelo próprio Marx. Disso resultaram inúmeras repetições.
Em síntese, sobre os conceitos de valor de uso, valor de troca e trabalho socialmente necessário presentes em O Capital, Borchardt interpreta: A mercadoria é um objeto externo que satisfaz uma necessidade humana, podendo ser útil para diversas finalidades de acordo com seu conjunto de qualidades. Assim a utilidade de um bem lhe dá valor de uso determinada por suas propriedades físicas, e segue-se que com valores de uso as mercadorias têm qualidades diferentes; O valor de troca parece residir unicamente na relação das mercadorias com nossas necessidades. Segue-se, pois que os valores de troca válidos para a mesma mercadoria exprimem a mesma grandeza, o que ocorre é que na troca, um valor de uso, seja ele qual for, tem exatamente tanto valor quanto outro qualquer. Uma espécie qualquer de mercadoria vale outra no momento em que seu valor de troca é o mesmo; Atrás do valor de troca deve existir um conteúdo de que ele é a expressão ( o trabalho), onde qualquer que seja sua relação de troca, podemos sempre representá-la por uma igualdade, isto é, um elemento equivalente ou comum de igual grandeza existe em dois bens diferentes. De forma que ao fazer-se abstração de seu valor de uso as mercadorias conservam uma mesma propriedade, a de serem produtos (resultados) do trabalho. Portanto um valor de uso, isto é, um bem não tem valor senão pela causa do trabalho humano, considerado numa forma abstrata, materializado no bem. Portanto para Borchardt (1980 cap. 3), sendo o trabalho a substância criadora
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coerência ou validade da teoria do valor elaborada por Marx: a teoria marxista do valor não é uma simples teoria dos preços, mas da natureza da riqueza capitalista; valor e valor-de-troca são conceitos total e absolutamente diferentes; o valor de uma mercadoria não é a quantidade de trabalho socialmente necessário para produzi-la. O valor não pode ser definido; se inicialmente ele pode ser descrito como a propriedade social das mercadorias que consiste em seu poder de compra, converte-se em entidade com vida própria; os preços das mercadorias não são proporcionais nem ao valor nem à quantidade de trabalho. São determinados pelo jogo da oferta e demanda. Segundo Carcanholo (1994) seria uma verdadeira confusão a idéia de que a teoria marxista do valor é uma teoria dos preços ou que sua preocupação principal é a explicação de como se determinam os preços pr eços das mercadorias em uma economia capitalista. Ela é, de fato, uma teoria sobre a natureza da riqueza capitalista, particularmente, sobre a produção e distribuição dessa riqueza. Nesse sentido, valor e valor de troca não devem ser confundidos e entendidos como se fossem iguais. Isso constitui um grave erro. Para Marx o valor de troca de uma determinada mercadoria é a proporção de troca que ela realmente estabelece com outra mercadoria qualquer. A mercadoria possui tantos valores de troca quantas são as demais mercadorias existentes na sociedade. O preço é simplesmente o valor de troca da mercadoria quando a outra é a mercadoria dinheiro. Nesse sentido, o valor é entendido como uma propriedade social que consiste no “poder de compra”, entendido como poder de apropriação que possui essa mercadoria sobre as
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e, portanto, uma categoria da essência da sociedade capitalista, o valor de troca é sua forma de manifestação e aparece na superfície mesma dos fenômenos; por isso, diretamente observável. (CARCANHOLO, 1994, p. 5)
Porém, as variações desse real poder de compra são determinadas pelo jogo da oferta e da demanda. Assim, evidentemente para Marx, os valores de troca e, em particular, o preço de uma mercadoria determina-se pela oferta e demanda. Portanto, não há na teoria marxista, uma “lei do valor” que diga que os valores de troca e os preços estejam determinados diretamente pelas quantidades de trabalho socialmente necessário contido nas mercadorias ou, em outras palavras, que as mercadorias devam ser trocadas na proporção de seus valores, trabalhos socialmente contidos. Se imaginássemos uma situação em que o real poder de compra das mercadorias não fosse alterado por determinações secundárias, fosse diretamente proporcional às magnitudes magnitudes dos seus valores, isto é, às quantidades de trabalho socialmente necessário nelas contidas, teríamos preços exatamente correspondentes aos valores; nesse caso haveria, na equação de troca entre duas mercadorias quaisquer mesma quantidade de trabalho abstrato. No entanto, isso não acontece na realidade. Pois preços de mercado correspondentes às magnitudes dos valores significariam produção e apropriação de valor iguais. Nessa situação não seria possível uma transferência diferenciada - superior ou inferior- de valor ou riqueza no processo de transação dos mercados. Os preços das mercadorias seriam exatamente iguais aos custos de sua produção, ou seja, seu trabalho
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possui realmente de, no mercado, apropriar-se de valor sob a forma de outra mercadoria ou de dinheiro .” (CARCANHOLO, 2004, p. 7)
A quantidade de trabalho socialmente necessário determina a magnitude do valor, refere-se à sua dimensão quantitativa, à sua grandeza, mas não à sua natureza. O valor não é trabalho, embora encontre nele o seu fundamento. Valor é uma propriedade social das mercadorias que consiste em um certo poder de compra, de magnitude só aproximadamente determinada, como vimos anteriormente. É uma qualidade delas, mas só é isso durante um tempo, um período, uma época. Como qualquer categoria da dialética marxista, m arxista, não se refere a algo dado, a algo que possa ser definido de uma vez para sempre. O valor é um processo de desenvolvimento que possui seu nascimento, desenvolvimento, maturidade, velhice e morte. O valor está em permanente processo de desenvolvimento. Este processo é, ao mesmo tempo, o desenvolvimento das relações sociais mercantis no seio da humanidade. Como está em permanente desenvolvimento, o que ele é hoje deixará de ser amanhã e é diferente do que foi ontem, como qualquer ser orgânico, inorgânico ou social. Por isso, defini-lo de alguma forma é uma completa insensatez. o valor, durante um certo período pode ser descrito (nunca definido) como uma característica, um adjetivo, uma qualidade social. Trata-se de algo que existe no interior da mercadoria e não pode desprenderse dela. Mas tudo isso é correto na etapa de seu desenvolvimento anterior à sua maturidade. Esta só é alcançada quando ele se transforma t ransforma em capital. Nos processos de desenvolvimento do valor da mercadoria, esta pode adquirir
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3. Teoria do valor em Marx no processo de análise social da produção e natureza da riqueza capitalista. Na obra “A Teoria Marxista do Valor” de Isaak Illich Rubin, é apresentada pelo
autor, de forma concisa, a essência do pensamento de Marx sobre a teoria do valor. O livro é, pela profundidade e pelo rigor lógico, certamente umas das principais obras sobre teoria do valor. Sobre o valor argumenta: A teoria do valor-trabalho não está baseada numa análise das transações de troca enquanto enquanto tais em sua forma material, mas na análise das relações sociais de produção que se expressam nas transações. (RUBIN, 1980, p. 77).
Assim as transações no mercado são entendidas como conseqüências e não causas do processo social de produção resultado das relações sociais. Isso significa que o ponto de partida para a investigação não é o preço ou o valor de
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Como apontado por Mattei (2003) o trabalho era considerado pelos "clássicos" simplesmente como uma unidade física imediata, sendo visto, inclusive, como algo indiferente às mercadorias. Marx, ao contrário, faz a crítica da economia clássica tentando compreender o significado do valor a partir das leis gerais do sistema capitalista. Decorre daí que o objeto de estudo de Marx não é o valor, mas a mercadoria, porque nela se encontra o resultado (produto) do trabalho humano. Dessa formulação, o autor tira uma primeira conclusão importante: o trabalho não é valor, mas, sim, o seu fundamento. Para Marx, (...) os homens não estabelecem relações entre os produtos de seu trabalho como valores, por considerá-los simples aparência material do trabalho humano de igual natureza. Ao contrário. Ao igualar, na permuta, como valores, seus diferentes produtos, igualam seus trabalhos diferentes, de acordo com sua qualidade comum de trabalho humano. Fazem isso sem o saber (...)"; e dessa forma, "(...) o valor transforma cada produto do trabalho humano num hieroglifo social, que os homens procuram decifrar seu significado (Marx, 1975, p. 82-83).
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Sobre a relação entre valor e preço é conciso a síntese de Souza (2001), dizendo que conhece-se normalmente o preço, determinado pelas forças competitivas do mercado, ou em termos marxistas pela conversão do valor em termos monetários. O preço acontece quando a mercadoria entra no processo de circulação e o valor, nada mais é do que o trabalho incorporado na produção de uma mercadoria. Com isto, fica claro que MARX quis mostrar a origem do processo de exploração que acontece no sistema capitalista porque o preço esconde o trabalho não pago que é apropriado pelo capitalista e convertido em mais fonte de exploração do trabalhador e é isto que MARX chamou de mais-valia, portanto, de fundamental importância para a acumulação capitalista e sobrevivência da burguesia moderna. m oderna. 4 - Considerações finais
A preocupação básica deste ensaio esteve centrada na busca dos pressupostos teóricos necessários para compreender adequadamente as formulações da teoria marxista do valor, os quais possibilitam interpretar o significado desta teoria fundamentado no papel do trabalho enquanto parte essencial da produção e composição da riqueza econômica da sociedade.
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demanda. Nesse mesmo âmbito a divergência entre valor e preço nos diferentes mercados possibilita uma interessante análise da distribuição do trabalho humano ou da apropriação de riqueza social pelo capitalista, fonte esta da exploração do trabalho, chamada por Marx de mais-valia a qual possibilita o processo de acumulação e reprodução das relações sociais próprias do capitalismo. Porém, por não ser foco deste trabalho esta análise não foi devidamente explorada no seu contexto mais amplo e complexo, estudo este de meu interesse futuro.
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REFERÊNCIA BORCHARDT, BORCHARDT, J. O Capital: Edição resumida. Rio de Janeiro: LTC, 1980. RUBIN, I. I. A Teoria Marxista do valor. São Paulo: Brasiliense, 1980. CARCANHOLO, Reinaldo A. A importância da categoria valor de uso na teoria de Marx. PESQUISA & DEBATE, SP, 1998. MATTEI, Lauro. Teoria do valor-trabalho: do ideário clássico aos postulados marxistas; Ensaios FEE, Porto Alegre, 2003. OSER, J. História do Pensamento Econômico. São Paulo: Atlas, 1983.
GRESPAN, J. “A crise na crítica à economia política”. Crítica Marxista. no 10, São Paulo, Boitempo Editorial. 2000. SOUZA, Luiz G. Valor e preços em Marx, Rio de Janeiro, Zahar, 2001. BELLUZZO, L. G. M. Valor e capitalismo: um ensaio sobre a economia política. Campinas, SP: UNICAMP/IE, 1998. MARX, K. 1, v. 1
O Capital. Rio de Janeiro: Editora Civilização C ivilização Brasileira, 1975. liv.
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