Arteterapia e Idosos
November 27, 2022 | Author: Anonymous | Category: N/A
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FACULDADE PAULISTA DE ARTE-FPA PÓS-GRADUAÇÃO PSICOPEDAGOGIA E ARTETERAPIA
EVANDETE TAVARES
ARTETERAPIA NA TERCEIRA IDADE: A ARTETERAPIA E SEUS SIGNOS COMO FERRAMENTA TERAPÊUTICA
SÃO PAULO 2013
EVANDETE TAVARES
ARTETERAPIA NA TERCEIRA IDADE: A ARTETERAPIA E SEUS SIGNOS COMO FERRAMENTA TERAPÊUTICA Monografia apresentada como requerimento de obtenção do título de especialista do Curso de Pós-Graduação lato sensu em Psicopedagogia e Arteterapia da Faculdade Paulista de Artes-FPA. Orientadoras: Profª Drª. Eliana Branco Malanga, Profª. Ms. Rosana Beatriz Trzoscki e Profª. Leila Cristina Ciolf.
SÃO PAULO 2013
EVANDETE TAVARES
ARTETERAPIA NA TERCEIRA IDADE: A ARTETERAPIA E SEUS SIGNOS COMO FERRAMENTA TERAPÊUTICA TERAPÊUTICA Monografia apresentada como requerimento de obtenção do título de especialista do Curso de Pós-Graduação lato sensu em Psicopedagogia e Arteterapia da Faculdade Paulista de Artes-FPA.
Aprovado em:____/____/____
Profª. Drª. Eliana Branco Malanga Orientadora
Profª. MS. Beatriz Trzoscki Orientadora
Profª. Leila Cristina Ciolf Orientadora
Dedico aos meus filhos, Daniel e Talita.
AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus, por permitir a realização deste projeto. A minha mãe, pelo seu apoio. A todos os professores da Faculdade Paulista de Artes, que passaram os seus conhecimentos. A todos os orientadores da faculdade. Aos colegas de curso, que ajudaram de alguma forma nesta pesquisa. E, agradeço em especial à orientadora Ms. Rosana Beatriz Trzoscki, que ajudou a concretizar esta pesquisa, dando-me base acadêmica, como também, despertando em mim o potencial de pesquisadora.
“Eu quero desaprender para aprender de novo. Raspar as tintas que me pintaram. Desencaixotar emoções, recuperar sentidos”. Rubens Alves
RESUMO A pesquisa foi feita com intenção de obter conhecimento dentro da Arteterapia e, o seu uso com idosos. A Arteterapia com idosos tem a função de restabelecer a autoestima, resgatar a identidade e, através do lúdico propiciar a alegria de viver. O processo elaborado por meio da pesquisa teve como base vários autores conceituados nessa área. Durante o percurso foi feito pesquisa de campo, com um grupo de idosos e, pesquisa individual com duas idosas. Essas pesquisas de campo serviram como norteadoras do objetivo central da pesquisa. Ela foi baseada em dados que mostram que o nosso país será num futuro próximo, o país dos idosos. A Arteterapia vem de encontro a este fato, visto que, é uma forma de se resgatar a autoconfiança e outros valores que estão distantes, aliviar o sofrimento e propor reflexões, obtendo uma melhora na qualidade de vida dessas pessoas. O processo usado na Arteterapia tem suas origens na arte e, é feito no decurso das várias linguagens artísticas. O fazer artístico, leva o ser que cria, a encontrar nas suas criações, respostas às suas questões. Palavras-chave:: Arteterapia. Idoso. Autoestima. Palavras-chave
ABSTRACT This research was carried out in order to gain knowledge on art therapy and its use with senior citizens. Art therapy with seniors aims to restore self-esteem, create a positive identity and, through playfulness, enhance pleasure of living. The process drawn to collect data was based on several well-known authors in the field. On the process a field research was carried out with a group of senior citizens and individual research with two elderly women. These field researches guided the core objective of the investigation. It was based on data that shows that Brazil will be the country of the elderly in the near future. Art therapy offers a contribution since it is a way of boosting self-confidence and other distant values, relieving suffering and encouraging reflections, thus contributing to improving quality of life of these people. The process used in art therapy has its origins in art and involves many art mediums. Making art leads the being that creates to find, in their production, answers to their issues. Key words: Art words: Art therapy. Senior citizens. Self-esteem .
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 – ARGILA FIGURA 2 – ARGILA FIGURA 3 – DESENHO COLETIVO FIGURA 4 – PINTURA COM TINTA ACRÍLICA FIGURA 5 – PINTURA TINTA ACRÍLICA COM AS MÃOS FIGURA 6 - PINTURA TINTA ACRÍLICA COM AS MÃOS FIGURA 7 – DESENHO COM LÁPIS DE COR FIGURA 8 – DESENHO COM LÁPIS DE COR FIGURA 9 – PINTURA TINTA ACRÍLICA COM AS MÃOS FIGURA 10 – PINTURA ACRÍLICA COM AS MÃOS FIGURA 11 – PINTURA ACRÍLICA COM AS MÃOS FIGURA 12 – PINTURA ACRÍLICA COM AS MÃOS FIGURA 13 – PINTURA ACRÍLICA COM AS MÃOS FIGURA 14 – PINTURA COM TINTA ACRÍLICA FIGURA 15 – MASSINHA DE MODELAR FIGURA 16 – MASSINHA DE MODELAR FIGURA 17 – MASSINHA DE MODELAR FIGURA 18 – PINTURA COM CANUDINHO FIGURA 19 – PINTURA ACRÍLICA COM AS MÃOS FIGURA 20 - PINTURA ACRÍLICA COM AS MÃOS E COM AS CINZAS
36 37 37 39 40 40 41 42 44 44 45 46 47 48 49 50 50 51 52 53
SUMÁRIO INTRODUÇÃO
11
CAPÍTULO I
14
ARTETERAPIA NA TERCEIRA IDADE: A ARTETERAPIA E SEUS SIGNOS COMO FERRAMENTA TERAPÊUTICA
14 14
1.1 A ARTETERAPIA SUAS APLICAÇÕES E SIGNIFICADO NO PROCESSO CRIATIVO
14
1.2 ARTETERAPIA: EXPRESSÃO ARTÍSTICA COMO FIM TERAPÊUTICO E SEUS PRECURSORES
21 21
1.3 A ARTE, O CAMINHO A DESVENDAR A ARTETERAPIA
23 23
CAPÍTULO II
28
O ENVELHECIMENTO NA ATUALIDADE
28
2.1 CAMINHANDO PARA A MATURIDADE
28
CAPÍTULO III
34
OS IDOSOS NA ARTETERAPIA
34
3.1 ARTETERAPIA: A CONTRIBUIÇÃO PARA OS IDOSOS
34
3.2 ANÁLISES DA EXPERIÊNCIA
54
CONSIDERAÇÕES FINAIS
60
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFI BIBLIOGRÁFICAS CAS
63
APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO PARA PESQUISA DE AVALIAÇÃO I
66
APÊNDICE B – QUESTIONÁRIO PARA PESQUISA DE AVALIAÇÃO II
67
ANEXO A – AVALIAÇÃO DA ARTETERAPIA
68
ANEXO B – AVALIAÇÃO DA ARTETERAPIA
70
ANEXO C – AVALIAÇÃO DA ARTETERAPIA
72
ANEXO D – AUTORIZAÇÃO DE USO DE IMAGEM
74
ANEXO E– AUTORIZAÇÃO DE USO DE IMAGEM
76
ANEXO F – AUTORIZAÇÃO DE USO DE IMAGEM
78
INTRODUÇÃO A pesquisa foi feita com o intuito de conhecer a vida das pessoas a partir da terceira idade, as suas vivências e suas queixas, para que com isso pudéssemos ajudálas a ter uma qualidade de vida melhor. Esse tema foi escolhido pelo interesse em obter mais conhecimento sobre a Arteterapia com idosos, como também, entrar em contato com o universo deles. As estatísticas mostram que o nosso país será futuramente o país dos idosos. Baseado nesses dados a Arteterapia será de fundamental importância, pois por meio dela eles poderão ter uma vida mais feliz. A Arteterapia e o lúdico têm como proposta resgatar a autoestima desses idosos, que por algum motivo ou simplesmente por não aceitarem o envelhecimento desistiram de serem felizes, de rir e abandonaram o bom humor. O exercício com a arte traz melhora na qualidade de vida. Quando ocupamos a mente com criatividade, no fazer artístico, melhoramos nosso humor e, com isso nos relacionamos melhor com todos à nossa volta. O idoso tem condição de viver bem, não precisa ficar em casa sentado esperando à hora de partir, achando que não tem mais nada para fazer, que tudo se acabou. Muito pelo contrário, agora é o começo para que possa se cuidar melhor com uma vida mais plena de satisfação. Todo o processo usado na pesquisa foi norteado usando o lúdico na Arteterapia, nas brincadeiras de infância, nas músicas preferidas, nas releituras de suas vivências, tentando resgatar a criança e as fases boas que passaram nas suas vidas. Processo esse que possibilitou a percepção dos signos e significados na expressão artística, olhando o mundo com uma nova n ova ótica, para melhor entendê-lo e vivenciá-lo. Após a pesquisa, foram elaboradas oficinas de Arteterapia, com um pequeno grupo de idosos, conhecendo assim, as possibilidades presentes nessa prática. Esta pesquisa tem grande relevância acadêmica, pois poderá nos ajudar como futuros arte terapeutas, a entender e cuidar de nossos pacientes idosos. Todo o processo da prática de Arteterapia está relatado nesta pesquisa, visando observar, analisar e documentar toda essa trajetória. Percebendo após esse processo, melhora
na qualidade de vida dos idosos. Mostrando através de dados coletados, na pesquisa de campo, as possibilidades de pessoas, a partira Arteterapia da maturidade, poderem se preparar parabem o envelhecimento, com mais saúde, usando como um recurso para o seu estar mental e físico. A pesquisa mostrou a qualidade de vida da terceira idade e do idoso, antes e após a Arteterapia, através de relatos do processo percorrido e, elucidando os elementos que apareceram no contexto, com seus signos e significados. Este tema teve a intenção de responder as seguintes problemáticas: como a Arteterapia pode melhorar a vida das pessoas da terceira idade e idoso? Qual a importância dessa terapia nas suas vidas? Qual a possibilidade de resgatarem suas autoestimas e, qual o sentimento dessas pessoas antes e após a Arteterapia? Percebemos que Arteterapia pode trazer uma nova visão na vida das pessoas da terceira idade e do idoso, podendo assim, viver de forma mais saudável e prazerosa. Nas oficinas de Arteterapia, esse público pode se sensibilizar e criar no concreto, possibilidades de obterem respostas às suas questões emocionais e, durante as suas criações, perceberem as dificuldades e limitações, transportando-as para o dia a dia e, assim sendo, aceitar suas limitações de forma f orma prazerosa. A Arteterapia é importante para a terceira idade e idoso, à medida que faz com que se sintam úteis, capacitados e socialmente integrados. Essas pessoas que antes se sentiam desanimadas e excluídas da sociedade, possivelmente, se sentirão incluídas e donas das suas vidas, no comando delas, novamente. Nos capítulos que seguem foi dada ênfase a Arteterapia e aos subtemas relacionados aos idosos. Os capítulos mostram o processo e caminho percorrido com base em autores pesquisados para este tema. A pesquisa é baseada em vários autores consagrados na área da Arteterapia. Alguns desses autores de renomes são: C. G. Jung (2011), que nos põe a par dos seus escritos, sobre os arquétipos e o inconsciente coletivo; Angela Philippini (2000), com “Cartografias da Coragem”, onde relata o dia a dia da arte terapeuta no
ateliê e, como lidar com os desafios da comunicação expressiva, espontânea e seus significados; Dulcinéa M. R. Monteiro (2009), com “Arteterapia: arquétipos e símbolos”, onde relata sobre os símbolos e a Arteterapia; Deolinda M. M. C. F. Fabietti (2004), com “Arteterapia e envelhecimento”, onde aborda o processo de vivência das mulheres maduras em ateliê de Arteterapia e, outros autores que cito nas referências bibliográficas. A metodologia abordada foi realizada ao longo da pesquisa de campo, de forma qualitativa e descritiva. Foram citados três casos: o primeiro de um senhor do grupo de Arteterapia e, os outros dois, de duas senhoras, às quais foram atendidas individualmente, comprovando as hipóteses argumentadas no decorrer desta pesquisa. A monografia segue em três capítulos. O primeiro capítulo esclarece sobre o que é a Arteterapia, a finalidade com os idosos, como é abordada nas oficinas, os seus precursores, a arte caminhando ao lado da Arteterapia. O segundo capítulo relata os caminhos percorridos para a maturidade, o processo de envelhecimento, o idoso na atualidade, as dificuldades e as novas medidas para que ele tenha uma vida mais prazerosa e feliz. O terceiro capítulo discorre sobre as oficinas de Arteterapia, o resgate da autoestima com os idosos, o fazer artístico e o processo de criação. Relata sobre a experiência da pesquisa de campo, o percurso nas oficinas e, os benefícios causados a essas pessoas. Esta pesquisa foi elaborada por meio de dados acadêmicos, para corroborar a capacidade que o fazer artístico promove na vida dos idosos. Os dados da pesquisa foram comprovados tanto por autores de renomes, como também pela pesquisa de campo. Toda pesquisa de campo ocorreu em oficinas de Arteterapia, as quais proporcionaram melhora em seus relacionamentos, na postura de vida e autoestima, mostrando aos idosos um novo caminho, um meio de se sentirem felizes, integrados, novamente na sociedade.
CAPÍTULO I ARTETERAPIA NA TERCEIRA IDADE: a Arteterapia e seus signos como ferramenta terapêutica 1.1 A Arteterapia suas aplicações e significado no processo criativo A Arteterapia como processo de terapia é um recurso de expressão usado para que o indivíduo se conecte com os mundos internos e externos. Ela é baseada em diferentes referenciais de teorias, como a Psicanálise, a Psicologia Analítica, a Gestaltterapia e outras abordagens do campo da Psicologia. A Arteterapia será diferenciada conforme a abordagem do arteterapeuta. Podemos interagir com várias áreas do conhecimento: Arte, Psicologia, Antropologia, Neurologia, Psiquiatria, Filosofia, Sociologia, etc. Caminhando junto a ela, vamos nos relacionar diretamente com a Arte, a Antropologia, a Sociologia e, em outros momentos com a Psicologia. Porém, como arteterapeutas, não podemos adentrar nos caminhos da Psicologia. A terapia com a arte pode ser um suporte a mais, para ajudar o psicólogo no tratamento de seus pacientes. Para C. G.Jung (1875/1961), a arte tem o poder de curar. A energia psíquica transforma-se em imagens e, através dos símbolos emergidos observa-se os conteúdos internos e profundos. A Arteterapia engrandece e faz libertar o indivíduo em si, ajuda-o a perceber-se, a pensar e agir de acordo com o seu sentimento, fazendo a junção do seu inconsciente com o consciente. A Arteterapia é uma forma de expressão por meio da arte, do fazer artístico. A arte é a linguagem da alma, ou seja, esse processo se baseia na psique. Sendo assim, a Arteterapia é uma forma de trabalhar utilizando a linguagem artística como base, na comunicação entre o arteterapeuta e o cliente, e usa a criação estética e artística em favor da saúde. Um processo não verbal, que possibilita tornar visível, àquilo que é invisível. A Arteterapia apropria-se de recursos da arte como: colagens, pincéis, tintas, papéis, argila e outras linguagens artísticas. A sua finalidade é a expressão, não se preocupando com a aparência do objeto (trabalho), e sim com os conteúdos que aparecem implícitos e explícitos em cada criação. Nos trabalhos (objetos), aparecem os significação),, que até então eram signos (sinal, símbolo) e significados (sentido, (sentido, significação)
desconhecidos, que emergem vagarosamente e, adentram o ser. Signos esses, que se expressam do imaginário simbólico, que emerge do inconsciente, sem qualquer preocupação com a estética artística. A Arteterapia, a terapia com a arte, visa o bem estar das pessoas, usa o processo do fazer artístico, em oficinas de ateliês e pode ser aplicada individual ou em grupo. Ela estimula a criatividade e desperta as emoções que estão camufladas no inconsciente. O processo criativo do fazer arte é terapêutico e, enriquece a qualidade de vida das pessoas. Por meio do processo de criar e refletir sobre o resultado final dos trabalhos, as pessoas podem ampliar o conhecimento de si mesmas, aprenderem a lidar com as experiências traumáticas, aumentarem seus recursos físicos e cognitivos, estruturando-se emocionalmente. Podem entrar em contato com o mundo interior, desenvolverem a psicomotricidade, fortalecerem o equilíbrio físico, emocional, mental e espiritual. Têm a possibilidade de estimular a imaginação e intuição, favorecer a socialização e com isso resgatar a autoestima, autoconfiança e autoconhecimento, proporcionando alivio ao sofrimento e propondo reflexões para que se obtenha melhora na qualidade de vida. Ela resgata o potencial criativo, estimula a autonomia e a liberdade para se expressar. ex pressar. A Arteterapia fornece suportes materiais para que sejam visíveis seus símbolos, que aparecem nas diversas criações e, é um tratamento psicoterapêutico que utilizando como mediação de expressão, as várias formas de arte como: desenho, psicodrama, gravura, pintura, fotografia, teatro, escultura, palavras, biodança, expressão corporal, vídeos, instalações e muitas outras que se criar. Essa terapia que usa a “arte” é uma forma de autoexpressão do paciente, a arte livre do contexto histórico, “fazer arte pela arte”, sem compromisso de ser arte. A arte de forma espontânea, feita através das técnicas antigas ou mesmo contemporâneas, porém, carregadas de significados para o sujeito que a executa. O arteterapeuta observa o percurso em que ocorre o processo de criação, os materiais que foram escolhidos, a aplicação desses e o seu uso, a forma como ocorre esse trabalho, que faz com que surjam imagens de dentro para fora do indivíduo, do subjetivo para o concreto. A finalização do trabalho não é de suma importância como na arte em si, o mais importante são esses signos serem percebidos pelo autor e, a partir disso se perceber e
se conhecer. Na finalização, o autor observa o objeto feito ou as expressões do seu corpo, nesse fazer artístico e se sente mais conhecedor de si mesmo, fazendo ligações com o seu meio, com a sua vida, com aspectos que talvez passassem despercebidos até aquele momento. Captura as emoções que estavam escondidas no inconsciente, completamente desconhecidas e, o próprio autor se sensibiliza, ao perceber no concreto essas vivências, começando assim, o processo de terapêutico. terapêutico. Segundo Selma Ciornai (2004, p. 21) “desde a época das cavernas, os seres humanos desenhavam imagens, buscando representar, organizar, significar e assenhorear-se do mundo em que viviam”.
Desde os tempos imemoriais utilizavam recursos expressivos como danças, tatuagens e pinturas rituais dedas cura, poder esem de invocaçãocantos, às forças da natureza. O usoem terapêutico artesderemonta, dúvida, às civilizações mais antigas. No entanto, só com a crise da modernidade e, especialmente, após a Primeira Guerra Mundial, a Arteterapia, como profissão, delineia-se com um corpo próprio de conhecimento e atuação em meio às mudanças que marcaram a época. (CIORNAI, 2004, p. 21).
A Arteterapia é um apoio emocional aos pacientes. Com base nas afirmações de (CIORNAI, 2004), o ser humano se expressa manualmente e através dos gestos expressa suas emoções, suas angústias e, suas projeções aparecem indicando o caminho a ser traçado, caminho este que se mostra nas expressões artísticas. A arte gera signos e, através deles pode-se fazer uma leitura das produções criadas, que por hora, captam de forma subjetiva o sentimento, que está contido, ou mesmo desconhecido, ativando assim, a comunicação do inconsciente com o consciente. Monteiro (apud JUNG, Vol. XVlll /I), que subdivide o inconsciente em dois níveis: inconsciente pessoal, a psique subjetiva, que são os conteúdos adquiridos durante toda a vida da pessoa e o inconsciente coletivo, a psique objetiva, que são os conteúdos que estão presentes desde a concepção da pessoa. O inconsciente pessoal é uma camada mais superficial, sem uma divisão muito
rígida com o consciente, composto por conteúdos esquecidos, reprimidos pelo indivíduo, involuntariamente e, tem relação com as experiências vividas, faz referência aos comportamentos civilizados ou que possam ser aprendidos. O inconsciente coletivo é a camada mais profunda da psique, são padrões de comportamento coletivos, herdados da humanidade, que não depende de experiências do indivíduo e nele estariam os traços funcionais comum a todos os seres humanos.
No nível do Inconsciente coletivo, encontram-se os instintos e os arquétipos– formas estruturantes comuns a toda espécie humana, padrões de comportamentos coletivos, que se manifestam em motivos mitológicos, nas mais diversas culturas e são o resultado do depósito de impressões deixadas por certas vivências fundamentais, repetidas incontavelmente por meio de milênios: registros de emoções e fantasias suscitadas por fenômenos da natureza; experiências intra-uterinas e as relações iniciais que se estabelecem entre mãe e filho; vivências da imposição do poder do mais forte sobre o mais fraco; vivências da relação de irmandade; encontros com o sexo oposto e relações estabelecidas entre ambos; vivências de situações–limite em que o risco de vida é iminente; situações de aborto, onde algo se inicia, mas não chega ao fim; percepções da temporalidade e das transformações corpóreas vividas em cada momento da vida; entre muitas outras. (MONTEIRO, 2009, p.25).
O fazer artístico aponta o rumo seguido pela energia psíquica, anunciando ao consciente o que está por vir, mesmo ainda sem ele ter esse conhecimento, através dos símbolos emergentes (MONTEIRO apud JUNG, Vol. XVlll/l). Sendo assim, os símbolos trazem para o consciente, algum sentido concreto, fazendo com que o indivíduo perceba os significados que antes eram desconhecidos, que de forma racional não seriam percebidos. Esses símbolos acabam mediando à relação entre a consciente e inconsciente, do sujeito. (MONTEIRO, 2009). Nos trabalhos feitos em Arteterapia, surgem expressões concretas carregadas de conteúdos inconscientes. Na terapia consegue-se decifrar o mundo interior das pessoas, confrontando as imagens e a energia psíquica. Compreendendo esses símbolos e, percebendo os significados que o inconsciente emana, o consciente se apropria desses conteúdos.
A Arteterapia está diretamente ligada à representação simbólica, não verbal, agrupando processos inconscientes, que aos poucos se tornam conscientes e, através das técnicas artísticas usadas nas oficinas, esses símbolos emergem espontaneamente. A análise desses símbolos é feita no nível objetivo e subjetivo. No nível objetivo, relacionam-se os conteúdos que aparecem com a realidade da pessoa, ligando-os a fatos, pessoas e situações reais que acarretaram essa emersão. No nível subjetivo, relacionam-se os conteúdos que aparecem com aspectos e possibilidades da pessoa, visando mostrar um conteúdo latente (MONTEIRO, 2009). A Arteterapia aplicada para grupo da terceira idade tem a intenção de resgatar suas vivências, algumas vezes de forma lúdica e, no decorrer do processo de criação poder sensibilizá-los, fazer com que se expressem espontaneamente, expondo através das criações, as dificuldades, limitações do dia a dia e transformá-las em facilidades para resolverem os seus problemas. A Arteterapia utilizada como recurso artístico no ambiente terapêutico, enriquece a qualidade de vida dessas pessoas. Esse processo auxilia e estimula a criatividade, revigora os sentidos e aumenta a autoestima. A Arteterapia faz com que expressem artisticamente suas emoções, concretizando seus anseios, se libertando e confrontando o sentir, o tocar, o ver, captando todas as informações que estão contidas no concreto. A expressão plástica torna possível, entrar em contatos com os conteúdos do inconsciente, permitindo que sentimentos obscuros e afetos se tornem visíveis (MONTEIRO, 2009). A expressão artística se relaciona com a psique, funciona como um documento psíquico e por meio deste, podemos entender como o indivíduo se relaciona com o meio em que vive. A Arteterapia possibilita a ampliação da consciência, promovendo o reconhecimento da força psíquica, no qual ocorre um diálogo com os conteúdos inconscientes sendo emersos para a consciência. A ampliação da consciência permite que as projeções sejam retiradas do mundo externo e incorporadas. As projeções são feitas pelo inconsciente, não são criadas, elas já existem de antemão. Nessas projeções que aparecem no fazer artístico o indivíduo percebe-se, apropriando-se de cada sinal mandado pelo seu inconsciente, do signo materializado nesse expressar, assimilando novos dizeres, novos conhecimentos, tem a oportunidade de se reciclar. A
arte media esses fenômenos da ampliação da consciência, expressando significados na vida das pessoas, ou seja, a arte potencializa, permite olhar a experiência vivida, dando-lhe um sentido único. Essa experiência terapêutica pode dar acolhimento, forma e significado ao que antes era desconfortável. Quando se permite criar o indivíduo tem possibilidade de transformar e atribuir novos significados às experiências vividas, sejam elas de quaisquer ordens. Na Arteterapia cada pessoa é considerada alguém com capacidade de autocura, assim dizendo, o arteterapeuta não cura, mas capacita o ser para buscar a si mesmo e descobrir nos seus recursos internos o processo natural de cura ou de crescimento (ARCURI, 2006). Em todo o processo de aplicação da Arteterapia, nos expressamos artisticamente e, por meio desse processo percebemos os símbolos que aparecem de forma aleatória, no lúdico, nas palavras, nas cores, nas formas, nos traços que são traçados sem se comprometer, sem preocupação com o produto final. Esse processo segue de forma espontânea, pois nele não há como camuflar os sentidos, os sentimentos, como na escrita ou na fala. Na Arteterapia temos a possibilidade de autoconhecimento, observando cada passo dado e seu significado. O fazer criativo mostra toda a subjetividade do autor, que aparece contida nos seus trabalhos e ele vai percebendo-a, aos poucos e, assim vai absorvendo seus significados, para então compreender-se e, assim ocorrer a sua transformação. A transformação se dará aos poucos, à medida que se expressam e que se percebam como autor do seu fazer criativo e artístico. Na Arteterapia é o próprio paciente quem vai analisar o seu fazer artístico, relatando a sua vivência durante o percurso criativo, as suas lembranças imagéticas e seus significados. No primeiro momento ele relata o que quis reproduzir e depois o que percebe na sua produção, se o que fez conversa com o queria mostrar ou se percebe novos significados que estavam camuflados e agora se manifestam. O arteterapêuta, juntamente, com o paciente vai analisando esses signos, que mostram seus significados para o paciente (ARCURI, 2006). Esses significados podem ser singulares e específicos para o paciente, individuais ou coletivos, é ele quem vai analisar esses signos e ver até onde tem maturidade para percebê-los e absorvê-los, interiormente. Sendo assim, para Arcuri, a Arteterapia possibilita ao ser humano ter uma
conexão com aspectos saudáveis do seu ser, pois quando se conecta com o seu centro criativo faz a conexão com o self (eu), e experimenta a beleza e a estética, naturalmente, transpondo limites impostos por condicionamentos psicológicos, da sociedade e cultura que se vive. O uso da arte na Arteterapia faz com que o processo criativo leve a autopercepção e gere o desenvolvimento pessoal no indivíduo. O desenvolvimento pessoal leva ao autoconhecimento, a conscientização do self (eu), possibilitando transformações e mudanças na vida do paciente. Segundo Alejandro Reisin (2006); a significação em Arteterapia é dada pela dialética do processo-produto artístico. Trata-se de pensar uma práxis que o sujeito concebido tenha como co-construtor e, protagonista de sua vida, conhecedor das relações intersubjetivas nas quais transita e criador de novos espaços e tempos originais, instâncias benéficas para o potencial de saúde. Com a ação do criar, o sujeito expande sua mente, abre seus caminhos para o novo, para ver de outra forma, um novo olhar, que reverbera em ficar de bem com o todo, com o universo. As criações não são meras projeções, como imagens planas em espelhos que devolvem o mesmo. O criado sempre mostra outra coisa, habilita outro discurso, tal qual um espelho que tem voz própria. Se alguém pensa que aquilo que cria é somente tirar de si o que há dentro, não existiria espaço de produção, de novidade. Será então que o computador já estava presente no homem das cavernas? Não somente tiramos o que está dentro de nós, como também colocamos para fora coisas que nem existem em nós. Maravilha do ato criador. Profundidade do olhar sobre esse renovado pôr do sol que inspira outra coisa sobre a já existente, que se nutre como a ave fênix de suas cinzas, para dar-se nascimento, outra vez. Isso criado nos é conhecido por ter sido obra nossa e ao mesmo tempo desconhecido por ter voz própria, como se tratasse de um filho, de quem não podemos saber tudo o que é capaz de dizer, de sentir, de fazer. (REISIN, 2006, p.16.17).
Olhar o que surge sem a sua permissão, para então perceber suas narrativas, através da obra e, produzir novas narrativas, romanceando-as, reavivando-as por meio de um novo foco. Descobrir quais dessas narrativas atrapalham para assim, mudar a direção no sentido contrário ao sofrimento. Produzir novas narrativas com outros roteiros para guiá-lo no caminho da esperança. Caminho esse que fará com que o sujeito passe a ter um novo olhar, uma nova percepção de si e dos outros, do mundo a sua volta (REISIN, 2006).
1.2 Arteterapia: expressão artística como fim terapêutico e seus precursores A expressão artística para fins terapêuticos começou a ser usada no início do século XIX, pelo médico psiquiatra alemão Johann Christian Reil (1759 -1813). Nessa época a terapia com a expressão artística ainda não era chamada de Arteterapia. Reil usou as atividades artísticas para fins de cura psiquiátrica, no tratamento das doenças mentais. Utilizou desenhos, sons e textos, com o intuito de estabelecer a comunicação com os conteúdos internos de seus pacientes. (BOTSARIS, 2012). Nas relações entre Arte e a Psiquiatria, Carl Jung (1875 -1961), pai da Psicologia Analítica também foi um precursor do uso da arte como terapia, integrou o fazer artístico nas atividades de criação e integração do indivíduo. Em 1920, nas suas pesquisas percebeu as riquezas simbólicas do inconsciente contidas nas expressões que apareciam nas pinturas e desenhos, e essa atividade contribuía ao tratamento de pacientes psicóticos na reorganização do seu ego, após os surtos da doença. Em estudo às análises dos sonhos e desenhos dos pacientes concluiu que, alguns símbolos eram comuns a algumas culturas ou religiões, surgiam temas mitológicos universais, espécie de memória coletiva, que poderia ser acionada em sonhos e desenhos. Comprovou nesse estudo que além do consciente e inconsciente pessoal, havia o inconsciente coletivo, ou seja, figuras, símbolos, arquétipos de cenas e temas universais que estão armazenados na psique. O inconsciente coletivo é acessado nas imagens de sonhos, na expressão do desenho, mesmo sem o paciente conhecer esses símbolos, faz parte de uma zona mental interpsíquica e intrapsíquica repleto de imagens com representação comum a todo ser humano (OLIVIER, 2008). Esses processos psíquicos não são acessados diretamente, porém podem aparecer indiretamente por intermédio das palavras, gestos e de outras maneiras na expressão plástica. Jung pedia para que seus pacientes pintassem, mesmo quando alguns diziam não saber pintar, ele dizia que não se tratava de reproduzir imagens bonitas, mas de exprimir as imagens vindas do interior de cada ser, dos sonhos, mesmo que fossem em formas rústicas. Que eles estariam mostrando o que é inexprimível pela palavra e através dessas imagens poderia se interpretar os símbolos e seus significados, se apreender da libido sem interpretações racionalizadas (MONTEIRO, 2009 apud JUNG,
Vol. XVI/1). Segundo Olivier (2008, p.19), em 1957, Jung inaugurou uma exposição de pinturas do Museu de Imagens do Inconsciente, no II Congresso Internacional de Psiquiatria, em Zurique. Na Suíça, a Dra. Ita Wegmann (1874 -1943) e o filósofo, educador e artista Rudolf Steiner (1861 -1925), também prescreviam a pintura como parte do tratamento médico, incorporando a terapia com arte ao arsenal terapêutico da medicina antroposófica, que foi criada na virada do século XX. (TOURINHO, 2004). No Brasil, em 1925 os psiquiatras Ulysses Pernambucano (1892 -1943), e Osório César (1895 -1986), foram pioneiros no uso da Arteterapia entre pacientes psiquiátricos. Usaram a arte como expressão para ajudar nas causas sociais, integrando técnicas artísticas, para ajudar as pessoas que passavam por tratamentos mentais (OLIVIER, 2008). Em 1946 a psiquiatra Nise da Silveira (1906 -1999), procurando compreender as imagens produzidas pelos pacientes tratou centenas de psicóticos com Arteterapia, gerando o acervo mundialmente conhecido no Museu de Imagem do Inconsciente (1952). O museu fica no Rio de Janeiro, centro de estudo e pesquisa, onde se encontram as obras produzidas nos ateliês de pintura e modelagem. Ela introduziu a psicologia Junguiana no Brasil, intitulando esse trabalho de Terapia Ocupacional. Esse trabalho era feito de forma livre. Através das técnicas artísticas, os pacientes eram integrados à sociedade em regime de externato, onde eram recebidos com acolhimento e respeito. (OLIVIER, 2008). Margaret Naumburg em 1941 e Edith Kramer em 1958 foram precursoras da Arteterapia. Naumburg sistematizou-a e desenvolveu sua teoria a partir do âmbito educacional, relacionando com trabalhos realizados de forma espontânea e projeção do inconsciente. (ARCURI, 2006). Em 1973 Janie Rhyne e Natalie Rogers em 1974, também contribuíram com a Arteterapia explicando o processo criativo. Rhyne uniu teoria gestáltica ao trabalho com arte, o processo criativo é baseado na vivência do presente, no contato, na sensibilização. (ARCURI, 2006). A Arteterapia surgiu como profissão em 1969, por meio da American Art Therapy
Association. Atualmente temos vários cursos de Arteterapia no Brasil, estes têm crescido de forma rápida. (ARCURI, 2006, p. 22). Esse crescimento tão rápido parece ocorrer para atender as demandas do ser humano que, na atualidade, podem estar entorpecidos pela tecnologia e pelas doutrinas materialistas com suas tendências meramente utilitárias. A Arteterapia pode prover a alma de sua necessidade de libertação. A expressão artística, muitas vezes, exprime indivisíveis emoções, levando à concretização dos anseios e das necessidades do ser humano. Emoções que não encontram uma maneira socialmente aceita de expressão, que se introvertem, criando fendas nas profundidades do psiquismo, e deformando suas estruturas básicas . (ARCURI, 2006, p.23).
O mundo hoje é movido à tecnologia, com máquinas em todos os setores, informações que são transmitidas em segundos em todas as mídias, um mundo todo feito de imagens, com muitos desencontros e encontros virtuais, causando o distanciamento das pessoas, gerando doenças psíquicas e carência humana de contatos com a alma. A Arteterapia pode ser o caminho para que desperte a sensibilidade e o aquecimento no ser, um caminho para mostrar de forma sociável os conflitos interiores, através de uma metáfora, poder criar um caminho para a “cura”, para o autoconhecimento, gerando assim a saúde saúd e mental e física. (ARCURI, 2006). 1.3 A Arte, o caminho a desvendar desvend ar a Arteterapia A arte é um caminho como meio de expressão. Desde a Pré-História, os homens já se expressavam através de manifestações artísticas, de modo subjetivo, mítico e emocional. A arte tem o poder de curar e, levar quem a produz a entrar em contato com impressões que estão dentro do ser. Dessa forma, a arte nos capacita para sermos mais sensíveis, para a autocompreensão e autoconhecimento. A arte pode levar o homem além do que se pode ver, proporcionar o encontro com sua alma. Ela liberta a alma que se sente presa no vazio de sentimentos, que ainda não foram identificados (ARCURI, 2006). É uma linguagem com capacidade para criar um canal de comunicação com a psique e de compreender seus diferentes aspectos. aspectos.
A arte oferece reticulados cujas pontes podem conduzir a verbalizações (entendimentos), de questões que, à simples vista, não aparecem unidas (virtude das pontes). As redes produzem conexões entre lugares afastados, como poderia ser o ver numa imagem plasmada no papel, a história de um sonho vivido há muitos anos. Será que certas palavras ou idéias subjetivas parecem proviré,do não de uma representação consciente anterior. Isto seobjeto a arteartístico enlaça equestões que pura aparentemente se encontram muito afastada (ao entendimento), essa virtude de laço, de fazer pontes, podenos levar a lugares maravilhosos, não previstos pela lógica racional. A arte não tem um sentido utilitário, não serve para outra coisa. Detém-se ali, num espaço impossível, criando um espaço-tempo no qual é possível habitar. Inventa lugares de residência onde os sujeitos podem encontrar-se. A possibilidade oferecida pela arte de criar mundos nos quais habitar abre tempos e espaços de encontros subjetivos. Curiosamente, é nesse habitat entre reais e virtuais, que os sujeitos dialogam, compartilham, olham-se, encontram-se, diferenciamse e enriquecem-se. Residência majestosa cujos tijolos são a poderosa materialidade do subjetivo. (REISIN, 2006, p.20).
Por meio da arte pode-se criar, e por meio da Arteterapia pode-se refletir e dar um novo significado ao que foi criado e, os conteúdos são revelados de modo parcial. Os conteúdos aparecem parcialmente, pelo fato de o inconsciente ser muito vasto e, sendo assim, não conseguimos ter acesso ao seu todo. A arte promove aspectos de criação, capacita e tem capacidade de prevenir percepções de modelos repetidos, pois atua nos níveis cognitivos e transforma as energias destrutivas em fonte de criatividade. O que produz arte é o “criador” de sua obra e a obra torna-se sua “criatura” que é o produto final, criado através da sua imaginação. O autor da obra é o primeiro a que se sacrifica, deixando um pouco de si em sua criação, vendo a depois ir a encontro de outros e multiplicando-se. O criador pode ser comparado com a mulher que gera o filho, a criação artística segue as mesmas leis que regem a gestação na mulher. Quando o sujeito produz uma obra pode ocorrer à transformação dele em sujeito do conhecimento, isso ocorre a partir do momento que ele gesta qualquer expressão artística (ARCURI, 2006). Na Arteterapia ocorre o mesmo processo, aquele que cria ou se expressa artisticamente, gera simbolicamente e, quando materializa o objeto, dá luz a sua criação, podendo ocorrer transformações que o levam ao autoconhecimento. O paciente que pode criar e materializar em um objeto imagens inconscientes, sentindo-se tocado e impressionado por elas, acaba por gerar em si mesmo uma predisposição ao processo que conduz à gênese do que estamos
chamando de “morte” simbólica ou, ainda de um estado de abertura para um distanciamento ótimo em relação às suas “certezas”. Na distância, sem a fusão do observador com a coisa observada, podemos ver com olhos novos. (ARCURI, 2006, p.52).
Ao criar por meio de uma expressão plástica, revela-se outro reflexo do sujeito que cria suas verdades internas, que por sua vez pareciam estar bem organizadas nas suas estruturas e, isso o leva a ver com outro olhar, perspectivas de si mesmo e, seu mundo interior passa a apresentar-se com várias possibilidades. Constatando outras possibilidades que ultrapassam as barreiras que escondem o que estava reprimido, a criação artística vai produzir sensações estranhas nesse sujeito, surtindo questionamentos. Dessa maneira, o sujeito mergulha dentro de si e anda por vias que antes eram desconhecidas, por caminhos novos que jamais percorreu. Segundo Monteiro (2009, p.22), a arte utilizada no espaço terapêutico revela a riqueza inconsciente das pessoas. E, por ser uma linguagem cheia de símbolos tornase um instrumento eficiente para acessar a alma a lma humana. As artes, os mitos, as religiões e a literatura sempre expressaram as mais profundas emoções humanas. São meios de comunicação comuns a toda espécie humana, que permitem que nos expressemos... (MONTEIRO, 2009, p.31). “...por meio da palavra, da mímica e das reações psicomotoras, da realização de atos, das várias modalidades de expressão plástica”. (MONTEIRO, 2009 apud SILVEIRA, 1981 p.114). A arte, com sua função simbólica aparece nas obras com vários significados, inerentemente ao fazer artístico. A arte é essencial para o ser humano, tem efeito terapêutico, possibilita a expressão dos seus conflitos, traumas, por meio da produção artística, ajudando a revelar o inconsciente. Quando a arte é usada para fins de terapia não se privilegia os aspectos estéticos. A arte usada como Arteterapia ajuda na compreensão do mundo interior do sujeito, que confrontando as imagens e a energia psíquica percebe as formas simbólicas e, faz o confronto com o inconsciente, tomando assim consciência dos conteúdos manifestados, pois o mundo emocional e o concreto têm fronteiras transponíveis. Ambos permeiam-se no dia a dia, o que é particularmente manifestado
nas obras de artes plásticas e literárias e, a Arteterapia pode aperfeiçoar estes intercâmbios. (MONTEIRO, 2009, p.32). Desde as épocas arcaicas, a arte funciona como um meio de apreensão e reconhecimento das coisas significativas do homem, tanto nas suas experiências externas quanto internas. Escrevendo uma poesia, tocando uma música, pintando ou dançando, somos capazes de trabalhar com forças interiores que, se permanecessem inconscientes, poderiam nos esmagar. Assim, não fugimos nem evitamos o que está nos perturbando, ao contrário, “nós o confrontamos munidos de um novo referencial”. (MONTEIRO, 2009 apud NACHMANOVITCH,, 1996, p.166). NACHMANOVITCH
Segundo Monteiro (2009, p.40), por meio da arte nos conectamos com a Totalidade (o todo), nesse momento experimentamos um poder superior dentro de nós, um fator desconhecido em si, o Numinoso, ou seja, relativo à divindade, o qual não se pode defini-lo, ou entendê-lo, mas por meio da arte, podemos praticá-lo. A arte tem o poder de nos levar ao encontro com nosso eu interior, gerando ora prazer, ora conflitos, sentimentos bons ou ruins são resgatados, verdades latentes são manifestadas na produção artística. A obra acabada é a manifestação da arte de alguém, do artista que criou com a certeza de se mostrar para outros, seu intuito na verdade é ser plural, levar as pessoas a reflexões coletivas, que também gerem mudanças (MONTEIRO, 2009). Com base no autor acima, nas minhas experiências e vivências com arte, penso que, a arte, algumas vezes causa estranhamento, assim também na Arteterapia ocorrerá estranhamento de manifestações desconhecidas pelo sujeito, que poderá rejeitá-las no primeiro momento. Na arte o estranhamento surge na obra que se afasta do convencional, do academicismo, na linguagem ao qual não estamos habituados, que causa choque visual, no primeiro instante. Porém, depois de alguns momentos você já a olha com outro olhar, querendo compreendê-la, decifrá-la, mesmo não gostando do que vê, você passa a aceitá-la e interiorizar o seu estranhamento inicial. Na Arteterapia esse estranhamento também pode ser interiorizado e compreendido pelo sujeito. No início, ele vai olhar o seu objeto com espanto e querer abortar os significados latentes, vai rejeitar sua criação e criticá-la, para esconder esses conteúdos manifestos. E, assim como na arte, na Arteterapia o sujeito precisa de um tempo para absorver e aceitar aquele estranho que acabara de nascer, um estranho
que nasceu dele, mas ainda é um desconhecido.
CAPÍTULO II O ENVELHECIMENTO NA ATUALIDADE 2.1 Caminhando para a maturidade A maturidade é conquistada com o amadurecimento interno, ou seja, você se torna maduro quando tem discernimento e controle das suas emoções, sejam essas boas ou ruins. O autoconhecimento é importante para chegar à maturidade, ele vem acompanhado do aprender a se olhar e olhar o outro. Um olhar contemplativo, sem pressa, para perceber detalhes que antes não se percebia. E, aprender a controlar os impulsos emocionais, deixando de se desgastar e, passar a refletir o momento presente. Maturidade é conseguir lidar com os seus sentimentos e do outro mais serenamente, sem correrias, sem excessos, mas ao mesmo tempo, poder cometer excessos se preciso for, f or, para atender a outro ser. No poema “O retrato” de Cecília Meireles, ela narra de forma poética como as pessoas se sentem com as transformações, no seu corpo e na vida. O poema faz menção às passagens da vida, mudanças físicas e psíquicas. Ela fala da velhice, do idoso, do corpo que envelhece, sem ao menos pedir licença. licença. RETRATO Eu não tinha este rosto de hoje, assim calmo, assim triste, assim magro nemnem estes olhosamargo. tão vazios, o lábio Eu não tinha estas mãos sem força, tão paradas e frias e mortas; eu não tinha este coração que nem se mostra. Eu não dei por esta mudança, tão simples, tão certa, tão fácil: — em que espelho ficou perdida a minha face? Cecília Meireles
Antes de chegarmos à velhice nosso corpo passa por várias transformações, durante toda a vida. Nascemos com limitações, que ao longo da vida vamos superando.
Crescemos, viramos adolescentes e jovens, para mais tarde amadurecermos. E é nessa fase da vida que chega a maturidade, que é a idade de maturar, absorver tudo que foi vivenciado. A maturidade é uma forma de o corpo nos avisar para a preparação do envelhecer. Ficar maduro não significa que não podemos ser felizes, mas sim que chegou à hora de nos preocuparmos com o amanhã. Precisamos fazer projeções para o futuro, para a idade que dizem ser a melhor. A feliz idade ou idad idadee de ser feliz. O organismo humano, desde a concepção até a morte passa por diversas fases: o desenvolvimento, a puberdade, a maturidade e envelhecimento. O envelhecimento manifesta-se por declínios de diversos órgãos, tendo característica mais linear em função do tempo, não se conseguindo definir o ponto exato de transição para com o envelhecimento, como ocorre nas outras fases da vida. Com início precoce, ao final da terceira década, surgem as primeiras alterações funcionais e ou estruturais que são sinais do envelhecimento. As funções orgânicas declinam em função desse tempo e, esse declínio varia em relação ao ritmo de deterioração nos diferentes sistemas orgânicos e nos diferentes indivíduos. As transformações físicas que estão associadas ao envelhecimento são observadas facilmente, cabelos brancos, a pele enrugada, manchada, a postura, o andar mais lento e a perda de autonomia, identificam a diminuição das funções biológicas e funcionais. (GOLDFARB, 1998). Segundo o IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, a população de idosos representa quase 15 milhões de pessoas com 60 anos ou mais de idade (8,6% da população brasileira). E, nos próximos 20 anos, a população idosa do Brasil poderá ultrapassar os 30 milhões de pessoas, representando quase 13% da população total. O Brasil é o sétimo país do mundo em número de idosos e chegaremos à sexta posição antes de 2025. No império romano um cidadão vivia até os 22 anos, no início do século passado a idade média era de 45 anos. Hoje a expectativa de vida é de 79 anos a 83 anos, para um cidadão que viva nos países desenvolvidos e cinco a dez
anos a menos dessa expectativa para a maioria dos países em desenvolvimento. O fato de acrescentar mais anos de vida para as pessoas decorre de uma série de ações, relacionada à melhoria das condições sociais, do saneamento básico, da invenção da penicilina e da medicina preventiva. O aumento da expectativa de vida cresce com a vivência de hábitos mais saudáveis e de lazer, o que mantém o sujeito mais ativo, integrado na família e grupos sociais. Esses hábitos saudáveis geram oportunidades de encontros nas comunidades, novos desafios, a valorização da autoestima e do ser por inteiro. O crescimento do aumento de expectativa de vida faz com que as políticas públicas comecem a se preocupar com os idosos, visto que a maiorias das preocupações sempre foram e continuam sendo voltadas para as crianças e jovens. A velhice geralmente está ligada a perdas, diminuição de vitalidade e doenças, porém, isso não necessariamente é verdade, pois as funções de cognição e emoção não envelhecem como o corpo. A saúde mental na pessoa idosa não segue os mesmos caminhos das suas limitações físicas. De acordo com especialistas, o envelhecimento causa perda progressiva da autonomia, porém, somente em pessoas muito velhas é que se percebem grandes mudanças significativas. (GOLDFARB, 1998). Estudos revelam que além das condições biológicas que determinam o processo de envelhecimento, a realidade do ambiente físico e social também é determinante. Baseado nestes dados o envelhecimento não depende somente da idade cronológica, mas também de fatores ligados à alimentação, ao convívio social e econômico. O aumento da população de idosos juntamente com avanço tecnológico, causa uma considerável mudança de valores, com a importância simbólica da vida, deixando lugar ao efêmero da imagem, trazendo transformações no campo da família. Hoje em dia quase não se usa este substantivo “velho”, só sendo usado como adjetivo para designar coisas antigas ou usadas. O “velho” de hoje deu lugar a outra nomeação, “um senhor de terceira idade” ou “uma senhora de idade avançada”. Ser idoso nessa época da modernidade é ser um ser quase sem nomenclatura, pois nas tentativas de dar uma nomeação no que não é mais nominável, pode-se então
ter todos os nomes e a velhice vira como que um buraco negro, que cabe qualquer interpretação. (GOLDFARB, 1998). A dificuldade para se categorizar a velhice consiste em que ela não é um único estado, porém, é um processo de subjetivação em constante transformação. Assim dizemos que não existe um ““ser ser velho”, mas mas um “ser “ser envelhecendo”. Embora todos saibam reconhecer uma pessoa velha, não temos um parâmetro para defini-lo, pois se mesmo através da biologia víssemos a aparência e os fatores patológicos, perceberíamos que alguns dos sinais de envelhecimento se manifestam muitas vezes bem antes da pessoa ser definida como velha ou em processo de envelhecimento. Podemos falar também do processo de envelhecimento pelas vias da psicologia, nos parâmetros do enrijecer o pensamento, certa regressão, tendência a certo tipo de reminiscência e a depressão. Porém, nada do que foi dito descreve todas as velhices, assemelham-se mais a uma negatividade, do que uma descrição que corresponde à categoria em massa. Também não podemos definir a velhice em relação ao ponto de vista social, como a aposentadoria, pois esse fato não faz do sujeito um velho. Mesmo de acordo com os sinais universais dentro de cada cultura, elas não dão conta, nem individualmente ou em conjunto de uma definição categórica sobre o que vem a ser a velhice. Nas sociedades tradicionais o “velho” representava o sábio, o que tinha mais paciência e passava os valores dos ancestrais, era o que transmitia oralmente a história do grupo ou família. O velho nessas sociedades era um elemento importante na vida dos jovens, que colaborava para fixar o registro simbólico, sendo esse o lugar simbólico para a velhice. Na velhice, onde há perdas de objetos significativos e de lugares com valores simbólicos, ocorrem os sentimentos de castração e aniquilamento ligados ao Eu, fortemente desvalorizado. Perde-se a beleza física, a saúde plena, o trabalho, os colegas, amigos, a família, o bem estar econômico e a capacidade de se projetar para um futuro distante, mesmo que a qualidade de vida seja preservada, não se pode evitar o sentimento de finitude (GOLDFARB, 1998).
Ser velho pode muitas vezes significar a perda da ilusão da própria potência, aceitar o domínio inelutável da pulsão de morte e apesar disso, continuar lutando. Luta difícil, porque o luto que deve ser elaborado é o da própria vida, é um luto que age por antecipação, luto por um objeto ainda conservado, porém, condenado: e a ameaça da aniquilação pela morte não é um sentimento ao qual alguém se adapte. O Eu, antes de qualquer outra coisa, exige continuidade. (GOLDFARB, 1998, p.30).
Discussões sobre o envelhecimento com qualidade de vida ocupam grandes espaços nas recentes publicações, de um modo geral, a qualidade de vida do idoso está se transformando. Não somente o mundo acadêmico e, a mídia vem trazendo aos debates questões que envolvem envelhecer bem. Na Assembléia Mundial sobre o Envelhecimento, que foi realizada em abril de 2002 em Madri, Espanha, representantes de 160 países e 700 representantes de organizações não governamentais (ONGS) aprovaram dois documentos que servem de guias para orientar medidas e políticas públicas relacionadas ao envelhecimento no século XXI. O Plano de Ação Internacional para o Envelhecimento é uma Declaração Política, que contêm os compromissos assumidos pelos governos, para que esse plano seja executado nos próximos 25 anos. Esse plano aponta três prioridades que diz respeito às questões que envolvem o envelhecer bem. As questões prioritárias são: a) necessidade de as sociedades ajustarem suas políticas e instituições para que a população idosa se torne uma força produtiva, em benefício da sociedade; b) necessidade de implantar políticas que garantam a saúde, durante todo o desenvolvimento das etapas da vida, para alcançar uma velhice com bom estado de saúde. c) necessidade de aprimorar as condições de moradia, promover uma visão positiva de envelhecimento e necessidade de conscientização pública de que os idosos têm importantes contribuições para dar a sociedade. (PESSINI, 2003). No nosso país o direito a um envelhecimento com qualidade pode ser encontrado na lei nº 10741/2003, do Estatuto do Idoso, que apresenta a seguinte cláusula: “É a obrigação da família, da comunidade, da sociedade, e do Poder Público assegurar ao idoso, com absoluta prioridade, a efetivação do direito à vida, à saúde, à alimentação, à
educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência convivê ncia familiar e comunitária”. (Título I, Artigo 3). No momento observamos que com a diminuição da taxa de natalidade e o aumento das expectativas de vida, as famílias estão cada vez menores e aumenta o número de velhos, isso faz com que ocorra maior preocupação social com a velhice. Essa preocupação coopera para que reinvistam nessa faixa de idade (PAPALÉO, 2005). Alguns países têm um grande investimento social na velhice, que garante além do bem estar, o fundamental exercício de cidadania. Na América Latina esse tipo de iniciativa não funciona com a maioria, pois depende da esfera privada que beneficia pequenos grupos privilegiados. A mídia colabora com o poder de agir e provocar mudanças e, para que haja um novo reconhecimento, com campanhas publicitárias em torno da velhice, dirigidas a pessoas com mais de 60 anos. A busca para um envelhecimento bem sucedido nas diferentes velhices, em uma sociedade que está em permanente transformação, gera insegurança para com os novos desafios. Tem que se ter a participação dos mais velhos na defesa e construção de seus direitos. Com o saber que adquiriram nas suas vivências podem liderar, participar e dar uma grande contribuição na organização o rganização dos programas para idosos. Devido à ciência estar se preocupando cada vez mais com a qualidade de vida dos idosos, hoje eles contam com mais vantagens para envelhecer com saúde. A Gerontologia é o ramo da ciência que estuda esse processo de envelhecimento e os seus vários problemas (PAPALÉO, 2005). Essa parte da ciência é muito jovem, pois mesmo o envelhecimento sendo um fenômeno antigo e universal seu estudo foi negligenciado por muito tempo, portanto, há um longo caminho a percorrer para que novos estudos sejam mais esclarecedores. E, todas essas mudanças na vida dos idosos fazem com que não sejam mais passivos, pois agora, são eles que contribuem para os novos projetos, ressignificando o envelhecimento.
CAPÍTULO III OS IDOSOS NA ARTETERAPIA 3.1 Arteterapia: a contribuição para os idosos Quando o idoso exerce sua criatividade tem possibilidade de se transformar e, atribuir novos significados às suas experiências de vida. Expressando suas emoções, por meio da atividade artística, pode se relacionar melhor melh or com o meio em que vive. A arte potencializa o ser, sendo assim, o idoso com o seu fazer artístico sente-se livre na sua criação. Transformando os sentimentos internos e abstratos em concreto. O uso da arte faz com que o idoso saiba lidar melhor com suas perdas, com a possibilidade de ter contato com sua alma, podendo dar um novo significado as perdas e dificuldades, sejam quais forem. A Arteterapia usa num mesmo processo duas atividades, fazer arte como expressão e a terapia. Quando o idoso tem contato com a arte se expressa e, ao mesmo tempo faz terapia, sente-se feliz, satisfeito, pois ao final do processo pode observar-se e reconhecer-se na figura do seu s eu trabalho. O idoso tem capacidade para criar como todas as pessoas. Nos seus trabalhos expressam suas vivências, suas dores e seus amores. Os trabalhos criados pelos idosos estão cheios de símbolos, que remetem a suas vidas. Algumas vezes, latentes e outras vezes aparecem explícitos, mas que de alguma forma querem se manifestar e se manifestam abstratamente e, posteriormente concretamente.
Em que pesem suas diversas linhas e correntes, o que tipifica a Arteterapia é o fato de ela oferecer subsídios para que os sujeitos desenvolvam, durante o processo, um olhar que permita a adoção de novas posturas e ressignificação da vida, dedicando-se à construção de uma existência mais gratificante. Não são poucos pesquisadores que postulam que a expressão artística, dentre outras possibilidades, pode levar indivíduos de diferentes idades a se perceberem com mais propriedade no “aqui e agora”. Por tratar-se de uma área construída no diálogo entre duas formas de conhecimento - Arte e Ciência creio que ela deve, quer como prática quer por seus pressupostos teóricos, passar pelo crivo de uma reflexão mais substantiva e de uma investigação voltada para a confirmação, ou não, de seu lugar e do papel que desempenha
no processo de ressignificação da vida dos idosos e dos que envelhecem. (FABIETTI, 2004, p.15).
Para as oficinas de Arteterapia formei um grupo com idosos que, se reuniam às terças-feiras, durante 1h30min. As oficinas aconteceram num trabalho social, junto ao Círculo dos Trabalhadores de Vila Prudente, na cidade cid ade de São Paulo. Os objetivos das oficinas foram: resgatar a autoestima dos idosos; proporcionar momentos felizes e reintegrá-los a sociedade. O grupo de idoso que participou da Arteterapia vive em um abrigo. Também elaborei oficinas de Arteterapia com duas senhoras idosas, cada qual em sua casa. O grupo no inicio era formado por oito pessoas, cinco mulheres e três homens. Depois ficaram uma mulher e seis homens. Algumas mulheres não voltaram, falaram que se sentiram expostas, no primeiro dia da Arteterapia em grupo. Nas primeiras oficinas perguntei a cada um o tipo de música que eles gostavam, para que eu pudesse trazer e colocar para ouvirem. Todos escolheram algum tipo de música. Antes de começar as oficinas, eu colocava uma das músicas para ficar ao fundo, enquanto trabalhavam. Alguns dançavam no final das oficinas e algumas vezes eu os estimulava a isso. 3.1.1 O caso de “J” O primeiro caso é de um senhor de 63 anos, viúvo. Vou chamá-lo de “J”. Esse senhor gostava de fazer as atividades, de falar sobre si e dos trabalhos produzidos. Desde o primeiro dia ficou à vontade nas oficinas. Ele participou de várias oficinas de Arteterapia, mas aqui vou mostrar os registros de apenas quatro delas. Nessa oficina pedi para que fizessem alguma coisa que gostassem com a argila. O objetivo era que sentissem o material, a textura, a água do barro. A argila foi escolhida pela plasticidade, para que eles pudessem manipular e tocar, sentir a energia do barro. A argila aqui serviu como uma representação do toque, do poder tocar o outro, aquilo que as pessoas que moram num abrigo sentem falta.
O “J” fez um carro e um cinzeiro. Disse que gostou de trabalhar com o barro e que é prazeroso. Dedicou-se ao trabalho até acabar e queria que saísse perfeito. Disse que o cinzeiro era por que fumava e, que precisava parar de fumar, por isso teve essa idéia e, o carro era por gostar muito de carros. Disse que se tivesse um carro, naquele momento, ele iria para a estrada, viajar, sumir e, que já foi mochileiro. Contou que depois da morte da esposa saiu por aí, sem destino e, que só está no abrigo por não ter condições de por o pé na estrada, novamente. (Fig. 1, 2).
Figura 1 – Argila
Figura 2 – Argila
No próximo trabalho foi feito um desenho coletivo. Levei um rolo de papel e, estiquei sobre a mesa em duas seqüências e, cada um desenhou no mesmo papel, um ao lado do outro. Fazendo a junção com o desenho do colega. O desenho foi feito com canetinha. O “J” desenhou uma paisagem, com árvores frutíferas, montanhas, nuvens e um céu gigantesco. Também aparece no desenho uma árvore quase quase sem vida, com vários galhos e com algumas folhas nascendo nela. Disse que gosta de lugares com árvores, do campo e das montanhas, que gostaria de morar em um lugar assim, calmo e sossegado. (Fig. 3).
Figura 3 – Desenho coletivo
O “J” nesse meio tempo das oficinas de Arteterapia teve um derrame e ficou sem vir um tempo. Quando voltou estava meio debilitado, mas mesmo assim, quis participar de todas as oficinas. Nesse dia fiz uma dinâmica com bexigas. Joguei-as para cima e eles tinham que estourar o maior número de bexigas. Todos gostaram bastante, brincaram feitos crianças. Depois pedi para que cada um desenhasse alguma coisa que remetesse a infância. Que usassem cartolina e tinta. Ele reproduziu várias bexigas na sua pintura. Disse que gostou da brincadeira, por isso as desenhou. (Fig. 4).
Figura 4 – Pintura com tinta acrílica
Nessa oficina pedi para que pintassem com as mãos, sem uso do pincel, sobre papel Kraft. Falei para pensarem em coisas boas que viessem em suas mentes, lembranças boas, para esfregarem as mãos na tinta e que as pusessem sobre o papel, sem medo. Os trabalhos ficaram muito bons, muito expressivos, juntamente com o dele. Ele produziu dois trabalhos. Ficou totalmente concentrado para pintar e, fazer seus trabalhos. Terminou primeiro que os outros colegas e pediu para fazer outro. Identificou-se muito com os trabalhos de pintura. No final do trabalho comentou muito pouco, só disse que um parece um buquê de flores e, o outro lembra um coração. Disse que o coração é o coração c oração de um apaixonado. (Fig. 5, 6).
Figura 5 – Pintura tinta acrílica com as mãos
Figura 6 - Pintura tinta acrílica com as mãos
3.1.2 A senhora “C” O segundo caso é de uma senhora de 82 anos, viúva. Vou chamá-la de C. Ela gostou muito de participar das oficinas. As oficinas foram feitas na sua residência, às quartas-feiras, no período de 2h, cada uma. Nessa oficina pedi para que se apresentasse, de forma não verbal. Ela gostava de falar enquanto desenhava. Comentava sobre sua vida e ia narrando o desenho. Disse que a casa para ela representa a segurança, proteção. Falou sobre ficar dentro de casa muito tempo, por não ter firmeza para andar, pois já caiu algumas vezes. Gosta de paisagens, pintou telas durante vários anos, paisagens e flores, mas faz algum tempo que não pinta. As flores, ela faz referência às que seu marido sempre lhe dava, durante os anos de casados. A árvore com frutas, ela disse que é porque gosta de frutas. O Sol, ela disse que fez com carinha, por lembrar-se das bisnetas, pois ela sempre desenha assim para elas, que também lembra vida, pois quando ele não aparece, ela fica depressiva. Os pássaros, ela disse que é por poderem voar, lembram liberdade. Reclama muito da solidão, do filho que é ausente. Diz que a família demora em vir a sua casa e, ela sente falta, sente saudades. E, com esse desenho ela se apresentou para mim. Mostrando o que ela gosta de fazer, pintar paisagens. (Fig. 7).
Figura 7 – Desenho com lápis de cor
Figura 8 – Desenho com lápis de cor
Após ela se apr sentar com o desenho de paisagem, pedi para fazer outro desenho, para que escolhe lhesse sse uma uma cor de lápi lápiss e, coloca colocasse sse n papel tudo o que não
gostasse e incomodava naquele momento. De forma abstrata ela riscou o papel, usando duas cores, a cor vermelha e a cor azul. Depois falou sobre os significados de cada cor. A parte riscada na cor azul, disse que foi a lembrança de uma viagem de navio, de Alexandria até a Itália, que o mar estava agitado e passou muito mal. Disse que fez essa viagem para vir para o Brasil. A parte riscada na cor vermelha disse que era para representar a guerra, as lembranças de quando era pequena. Lembrou-se das bombas da guerra, de esconder-se nos abrigos, junto com os pais e, de ouvir os barulhos dos bombardeios. (Fig. 8). Nessa próxima oficina comecei a trabalhar com ela as dores físicas que dizia ter. Pedi para que colocasse no papel Kraft tudo o que incomodava, fosse dor física ou dor emocional, o que quisesse por para fora sobre o papel. Passei como consigna para que usasse as mãos, sem pincel. Ela foi usando duas cores, a cor pink e a cor azul claro. Com movimentos circulares ou meia lua, ela foi passando tinta no papel. Sempre se preocupava com a composição da pintura. Enquanto pintava reclamava da ausência da família. Ao terminar comentou sobre o que fez, disse que a cor azul claro lembrava o mar, a maresia e depois falou que era um mar agitado. A cor vermelha falou que era a dor que sentia no corpo e no ombro. Fotografei a sua pintura e mostrei para ela a foto no celular, ela mesma exclamou “quanta dor”. Perguntei se ela queria jogar fora toda aquela dor, queimar ou rasgar. Falei que era um modo subjetivo de tirar a dor do peito dela, de dentro dela. E, ela preferiu rasgar tudo e jogar fora. (Fig. 9).
Figura 9 – Pintura tinta acrílica com as mãos
Figura 10 – Pintura acrílica com as mãos
Logo após, pedi para que fizesse uma pintura da qual gostasse e colocasse tudo que fazia bem para ela. Ela disse que não tinha muita coisa boa para lembrar.
Eu falei para ela se lembrar de alguma coisa que um dia a deixou feliz. Ela preferiu pintar com os dedos, como se eles fossem pincéis. Novamente, ela fez a paisagem com a árvore, os frutos, as flores e o Sol, tudo que a deixava feliz. O Sol é na cor vermelha, por lembrar vida, felicidade. Por isso ele está sorrindo. (Fig. 10). Nessa oficina continuei com a pintura com as mãos. Pedi para que colocasse no papel, novamente, o que a incomodava, na primeira pintura e depois o que gostava, na segunda pintura. Sempre falando, comentando sobre a família e as dores no corpo, enquanto fazia a pintura. Comentava sobre o que estava fazendo e explicava que colocou a cor vermelha, fazendo movimentos circulares, se referindo às dores no corpo. A cor azul e a cor verde, disse que era a esperança de que a dor passaria. (Fig. 11).
Figura 11 – Pintura acrílica com as mãos
Figura 12 – Pintura acrílica com as mãos
Na segunda pintura pedi para que colocasse os seus desejos para fora, algo que gostaria que acontecesse de bom na sua vida. Fez movimentos do centro para fora da folha, ia fazendo e falando ao mesmo tempo. Esfregava os dedos com força sobre o papel. Dizia que sentia vontade de jogar a dor fora. Colocou bastante cor vermelha que para ela representava a dor, a cor azul e a cor branca, que disse serem para acalmar e passar a dor. No final, olhou bem a pintura e, ela mesma fez a observação de que, parecia uma coluna, o eixo central da pintura. O eixo era igual ao eixo de uma coluna. Observou que era aonde tinha a dor, naquela hora. (Fig. 12). Nesse oficina quis trabalhar de forma mais lúdica. Procurei passar uma consigna que trouxesse alegria para ela. Pedi para que ela pintasse soprando o canudinho com tinta. Percebi a alegria irradiando dentro dela. Parecia uma criança com seu brinquedo novo. Eu mesma só de olhar fiquei feliz, com a felicidade que ela transmitia fazendo esta pintura. Ela foi soprando as cores que queria e formando os respingos e apareceu o desenho. Quando terminou fez a leitura do simbólico e, percebeu as flores e um pássaro. As flores que tanto gosta e, que traz boas lembranças do marido. E o pássaro que está associado a ser s er livre e poder voar. (Fig. 13).
Figura 13 – Pintura acrílica com as mãos
3.1.3 A senhora “E” O terceiro caso é uma senhora de 81 anos, casada. Vou chamá-la de E. As oficinas de Arteterapia aconteceram na sua residência, às quintas-feiras, com duração de 2h, cada uma. Nessa oficina levei papéis de vários tamanhos, tinta acrílica, como também pincéis variados, porém, ela preferiu usar papel sulfite A4 e pincel mais fino. Pedi para que colocasse no papel o que sentisse vontade, não se preocupando com o resultado, que o mais importante era se expressar. Falava que não sabia o que fazer e, que nunca pintou e, que iria ficar feio. Ela fazia movimentos delicados, pegava pouca tinta e ficava preocupada com o que ia fazer. Ficava em silêncio, enquanto compunha sua pintura. Usou o marrom, o vermelho, o azul e azul mais escuro. Os movimentos eram para cima. Apareceram algumas flores e plantas. Ela falava muito pouco sobre seu trabalho. Disse que o marrom representava a terra, que gostava muito de plantar nela. Disse que gostava das flores e das plantas e,
que as cultivava em seu quintal. O vermelho que aparece no meio da pintura, disse que era uma dor, mágoa, que às vezes v ezes sentia, em relação à família. (Fig. 14). Figura 14 – Pintura com tinta acrílica
Nessa oficina trabalhei com massinha de modelar. Pedi para que ela escrevesse num papel três coisas que não gostasse e, em outro papel três coisas que gostasse. Depois pedi para que escolhesse as cores para representar cada palavra. No primeiro papel ela escreveu as coisas que não gostava: desunião, briga e fofoca. (Fig. 15). No segundo papel ela escreveu as coisas que gostava: união, amizade e não consigo ficar parada só em movimento. (Fig. 16). Escolheu as massinhas da cor vermelha para representar a desunião, a cor azul para representar briga e a cor verde para representar fofoca, que são as coisas que não gostava. (Fig. 15). E, escolheu as massinhas da cor verde claro para representar união, a cor rosa para representar amizade e a cor bege para representar o não conseguir ficar parada,
só em movimento. (Fig. 16). Após as escolhas das massinhas de modelar de cada cor, pedi para que fizesse algo com elas. Juntando ou separando. Ela foi pegando uma por uma e, dessa vez falava ao mesmo tempo. Falava das mágoas na família, que não gostava das fofocas, das brigas, que surgiam por causa disso e, que acabavam com a união em família. Foi juntando todas as massas e eu lhe perguntei se mesmo com tudo isso, não poderiam ser unidos? Ela continuou amassando tudo e no final transformou em uma só massa. A massa passou a ter várias cores. Foi aí que ela me respondeu que sim, mesmo com todas as diferenças e apesar de tudo, poderiam ser unidos. (Fig. 17).
Figura 15 – Massinha de modelar
Figura 16 – Massinha de modelar
Figura 17 – Massinha de modelar
Nessa próxima oficina trabalhei com pintura feita com canudinho, como forma de resgatar a infância, o lúdico. Ela usou tinta acrílica sobre papel Canson A4. Foi escolhendo as cores e, jogando sobre o papel com uma colher de café. Depois soprava sobre cada cor, que aleatoriamente, ia formando a pintura. Escolheu as cores: amarelo, azul e vermelho. Enquanto fazia a composição ficou calada e, só no final comentou sobre o trabalho. Falou novamente da preocupação com a família, com seu bem estar.
Com o marido aposentado, que fica o dia inteiro em casa. Disse que a cor amarela colocou pensando em se ter mais amizade entre todos. A cor azul, para acalmar e que o branco da folha também fazia parte, pois era para ter paz. Porém, apareceu uma pequena mancha vermelha na pintura. E, ao lhe questionar sobre o que poderia significar, disse que talvez fosse mágoa, que tinha com um membro da família, que causou o afastamento de um ente muito querido. (Fig. 18). Figura 18 – Pintura com canudinho
Nessa oficina procurei trabalhar uma forma dela jogar fora suas dores e mágoas, no papel, junto com as tintas. Pedi para que pintasse com as mãos no papel Kraft. Que jogasse sobre s obre o papel tudo que a incomodava. incom odava. As discórdias na família, as fofocas e a desunião. Ela foi passando as mãos na tinta e esfregando no papel. Começou com a cor branca e foi esfregando em movimentos de meio círculo. Depois passou a cor azul claro, a cor azul escuro, a cor preta e a cor vermelha. E, por último, reforçou a cor azul escuro. Fazia calada e depois no final comentou sobre o que tinha feito. As dores físicas e emocionais que reclamava, deixou sobre o papel. Disse que pensou nas coisas que não gostava e, foi esfregando no papel. Que novamente, ela colocou num canto a cor vermelha. Falou sobre o incomodo da desunião na família, que isso provoca
dor, que talvez, seja esse incomodo a cor vermelha, que colocou na pintura. Perguntei se não queria se desfazer desse incomodo e, jogar tudo fora, as dores e problemas familiares. Se não queria rasgar ou queimar tudo, para que simbolicamente sumisse essas dores, tudo que a incomodava naquele momento. Ela optou por queimar todo o trabalho. Deixou virar cinzas. (Fig. 19).
Figura 19 – Pintura acrílica com as mãos
Nessa outra oficina de Arteteterapia resgatamos a oficina anterior, trabalhamos com as cinzas que restou do trabalho. Pedi para que ela aproveitasse as cinzas, os restos simbólicos do trabalho anterior e, agora desse um novo significado para ele. Que fizesse uma pintura com as mãos e usasse as cinzas, juntamente com as tintas. Começou esfregando as cinzas sobre o papel Canson A3, preenchendo quase que a folha toda. Depois foi colocando outras cores. A cor azul escuro, a cor branca, a cor
vermelha e a cor amarela. Os movimentos eram pra cima, dizia que eram como se fosse plantas. Que trabalhou na roça e carpia para plantar. Colocou a cor vermelha, quase em forma de coração. Falou da dor e questionei se não podia deixar a dor quieta, esquecê-la e não se importar mais com ela. Que se não olhasse mais para ela, ia chegar um dia em que ela cicatrizaria, como um sinal e não mais doeria. Ela foi colocando as cinzas sobre o vermelho e ele ficou mais escondido. Continuou falando que, apesar de tudo é uma pessoa alegre, dinâmica, que gosta de flores e da natureza. (Fig. 20).
Figura 20 - Pintura acrílica com as mãos e com as cinzas
Encerro aqui os relatos das oficinas de Arteterapia, são apenas uma pequena parte da pesquisa de campo. Pesquisa esta, que fiz com a intenção de aplicar a Arteterapia com os idosos e comprovar sua eficácia como tratamento terapêutico. O objetivo da pesquisa e oficinas também foi o de proporcionar o bem estar físico e mental, como também resgatar a autoestima desses idosos. i dosos. Nas oficinas eles participaram com muita boa vontade, gostaram do fazer artístico e, de poder falar com alguém durante ou depois do processo de criação. Estes
três casos, aqui relatados, foram de pessoas que participaram e gostaram de se expressarem artisticamente.
3.2 Análises da experiência Esta pesquisa foi feita baseada em Arteterapia com idosos. Fiz alguns estudos de casos com um grupo de idosos, de um abrigo e, dois atendimentos individuais. Aqui vou relatar uma pequena parte da minha experiência vivida com o grupo e, com as duas senhoras. A pesquisa foi amparada por livros sobre Arteterapia, nos relatos de vários escritores, onde alguns narram suas experiências com outros grupos de idosos. Nas primeiras oficinas de Arteterapia com o grupo, não consegui tocá-los da forma que gostaria, eles ficavam meio distantes. Mesmo assim, participavam das atividades. Uns se envolviam mais e outros menos, porém respeitei o jeito de cada cad a um. O trabalho com esse grupo foi feito sempre de forma mais sutil, voltado para o lúdico, sem a intenção de sensibilizá-los e, sim de resgatar o que existe de melhor dentro deles. De modo geral, posso dizer que no começo não foi fácil, pois alguns tinham dificuldades de coordenação motora, cognição e às vezes até emocional. A maioria se envolvia com o trabalho, porém, algumas vezes, aparecia um ou outro, que não queria participar e ficava sentado de lado, só olhando. Procurava entender e dava atenção para pa ra o restante da turma que queria participar. As sessões eram iniciadas com música, depois sugeria alguma atividade. A maior parte do grupo gostava das atividades. Os que tinham dificuldades pediam minha atenção o tempo todo. Queriam fazer da forma que elas achavam que era melhor, queriam que ficasse bonito, como uma obra de arte. Explicava para eles que o importante era que fizessem, sem se preocupar com o resultado. Dizia a eles que cada um tem sua forma de fazer, que todos eram bonitos, pois cada um é diferente do outro.
Que se expressassem livremente, que se s e soltassem, pois o mais importante era o “fazer artístico”, o processo, não o resultado. E, que as diferenças fazem parte da vida. De acordo com Fabietti (2004, p. 22) o arteterapeuta pode estimular o idoso: Cabe ao arteterapeuta encorajar o idoso a fazer e a viver intensamente seu processo, de modo a tornar-se responsável por suas escolhas. Os conceitos estéticos de bonito e feio não são valorizados. As prioridades são a expressão dos sentimentos e das sensações a “quebra” do antigo e a instalação do novo. O objetivo é fazer arte para si próprio, deixando que o potencial criativo desperte. Não se busca o julgamento do certo ou errado, mas a escuta da voz interior. Idéias e emoções são expressas livremente em clima de aceitação. As diferenças são valorizadas e as potencialidades encorajadas. Nesse espaço, cada um é livre para experimentar, perceber e sentir.
Nas primeiras oficinas os idosos ficavam desconfiados, quase não se expressavam verbalmente. Depois se soltaram, nos outros encontros. No final das oficinas alguns dançavam e eu os estimulava para que continuassem a dançar. Nesse grupo havia uma senhora que tinha dificuldade em se expressar, na primeira vez que participou só fez garatujas. Não falava nada e nem olhava para mim, ficava cabisbaixa. Fui conversando com ela e deixando-a a vontade. Depois da terceira oficina, já falava olhando para mim. Gostava muito de dançar e, já se expressava nos seus trabalhos de forma diferente, com grande intensidade. Coutinho (2008, p. 75) assegura que: A Arteterapia pode auxiliar a diminuir alguns preconceitos, como o de que as pessoas idosas são pouco criativas. Na realidade, quando são proporcionadas as oportunidades, os idosos são tão capazes de se expressar criativamente quanto qualquer um. E isso é fundamental na recuperação e na manutenção da saúde emocional do sujeito.
Conversando com a psicóloga do abrigo soube que ela melhorou bastante, tanto socialmente, como na saúde, após as oficinas de Arteterapia. Ela disse que a psiquiatra dessa senhora diminuiu as doses do remédio, pois percebeu que ela estava melhor. Nesse grupo de idosos, muitos não gostavam de falar de si, do que aparecia no trabalho final e, eu os deixava livre para falar, ou não. Mesmo assim, apareceram
trabalhos lindos, interessantes e intensos. E, Coutinho (2008, (200 8, p. 75) acrescenta que: Criando, “fazendo arte”, falamos de nós, de nosso tempo, nossa história, nossos medos e anseios. Entramos em contato com conteúdos, muitas vezes, desconhecidos para nossa consciência. Mergulhamos em um universo prazeroso, capaz de liberar e organizar afetos.
Muitos desses idosos do grupo gostavam de conversar no final das oficinas, falavam dos seus trabalhos e contavam suas histórias de vida. Eu os ouvia e penso que eles ficavam felizes com isso. Havia muitas pessoas nesse grupo, porém escolhi mostrar somente os trabalhos de um deles. No capítulo anterior mostro alguns desses trabalhos e sua trajetória nas oficinas de Arteterapia. Esse senhor, que mostro e relato sobre seus trabalhos, era muito talentoso, gostava muito de se expressar através do desenho e da pintura. Falava sobre seus trabalhos, mas de forma discreta. Brincava e ria durante as oficinas, como também gostava de dançar. Participava de tudo e só se ausentou quando ficou doente, mas logo retornou com força total. Nos seus trabalhos com tinta mostrou muita intensidade. Foi uma pessoa muito ativa no grupo. O trabalho com esse grupo de idosos foi muito gratificante e obtive um grande retorno, mesmo com as dificuldades iniciais, foi um grupo muito receptivo. Eu os tratava com atenção e carinho, embora muitas vezes, não dava para atender a todos no mesmo momento e, eles retribuíram o carinho da mesma forma. Sou grata a eles por terem permitido a minha aproximação e pela troca de d e experiência de vida. Também elaborei oficinas individuais de Arteterapia com duas idosas. Os atendimentos foram feitos em suas residências, respectivamente. No capítulo anterior, mostro uma parte da trajetória dessas oficinas. Os atendimentos aconteceram de forma prazerosa, de ambas as partes. No caso da primeira senhora, as oficinas de Arteterapia ocorreram em cinco meses. Como no grupo, no começo percebi uma pequena resistência da parte dela, porém, com o passar do tempo, ela foi se sensibilizando e ficando f icando mais à vontade junto a mim.
Em todas as oficinas ela participou com bastante criatividade, algumas vezes se sensibilizava e chorava e a maior parte do tempo falava, narrando fatos da sua vida, que estavam ligados ao “fazer artístico” do momento. Nas oficinas trabalhei com pinturas, aquarela, massinha para modelar, argila, papel machê, arame, colagens, objetivando que, através das suas criações percebesse sua capacidade criadora e transformadora dos materiais, podendo vivenciar essas transformações no seu dia a dia. Nas oficinas sempre procurei trabalhar com o lúdico, procurando fazer com que se sentisse mais feliz, pois na ocasião ocasi ão se encontrava triste. Arcuri (2006, p. 89) aponta que: Dar concretude às imagens e fazer aflorar a capacidade de transformação da matéria é um processo que envolve mente e corpo (natureza): amassando o barro, também se restitui a própria plasticidade (não ficar cristalizado em posições rígidas e preso a preconcepções); pintando com aquarela, aspectos do próprio ser são restituídos a seu estado de semente, liberando uma energia criativa que pode ser canalizada em novas formas de vivência e expressão. Ao trabalhar sobre a matéria, o homem também trabalha sobre si próprio (como já sabiam os alquimistas). Ao mesmo tempo em que empresta suas mãos e sua voz à natureza, esta lhe fornece meios para uma maior compreensão de seu ser. O que resulta daí poderá ser uma transformação tanto interna (relativa ao eu) quanto externa (relativa às relações eu-mundo), havendo uma sutilização de aspectos concretos e a materialização (formalização) de conteúdos psíquicos.
Ao finalizar as oficinas, percebi melhoras no seu estado de espírito, já não reclamava tanto dos seus problemas, estava mais alegre e participando das reuniões em família. A segunda senhora, que trabalhei com oficinas de Arteterapia, também foi muito receptiva. Com essa senhora foram feitas oito sessões com oficinas de Arteterapia. As oficinas foram preparadas para trabalhar de forma sutil, com todo o cuidado para que não a constrangesse e, nem dificultasse o seu trabalho. Nas oficinas ela ficava preocupada por não saber pintar, por nunca ter mexido com massa de papel e tintas. Da mesma forma que falei para o grupo de idosos, também falei para ela, que o
mais importante era o “fazer artístico”, o processo, sentir e se expressar, como ela quisesse. Sempre se expressava com facilidade na fala e, na criação ficava mais tímida no início e depois se soltava. Ficava preocupada com o que ia falar, em não se expor para mim. Falei que não precisava falar quando não sentisse vontade. De acordo com Arcuri apud Bernardo (1999, (19 99, p. 226) afirma que: Através das linguagens artísticas, o espírito ganha corporeidade e a matéria plasticidade. O interno e o externo, o real e o imaginário, entrelaçam-se num movimento formador e transformador. Aí reside um dos principais fatores terapêuticos da arte: poder dar visibilidade às tramas que permeiam as relações e que se concretizam em comportamentos; poder, ainda propor e criar novos paradigmas à medida que formas cristalizadas e não satisfatórias de relacionamento eu-mundo podem ser conscientizadas, questionadas, revistas e transformadas através da vivência de novas possibilidades de ser.
Sempre ficava em silêncio para fazer os trabalhos, só quando terminava é que comentava sobre o que tinha feito. Algumas vezes se sensibilizou, chorou um pouco, porém, tive o cuidado de não prolongar esse sentimento, pois me preocupei com sua idade. Toda vez falava sobre a família e a preocupação com todos. Em todos os trabalhos aparecem essa preocupação com o bem estar da família e a união de todos. Algumas vezes relembrou os tempos que morou no interior, que cuidou de roça e plantava. Disse que gosta das plantas e da terra, por isso tem as plantações no seu quintal e isso pra ela também funciona como c omo terapia. No final das oficinas, ela já estava se sentindo melhor e, procurando ficar menos preocupada com os familiares. Arcuri (2006, p. 84) relata sobre o processo da d a autocura: Diante disso, as atividades expressivas nos oferecem uma rara oportunidade para o resgate da dimensão lúdica, de nossa capacidade de interagir criativamente com a realidade e de auto- reflexão. Podem então ser utilizadas em sua dimensão curativa e preventiva, como uma forma de promover o “sonhar acordado”, ativando a nossa capacidade de autocura (o nosso curador interno) e, de aprender com nossas experiências de vida, encontrando nelas sentidos para a nossa existência (chamando à cena o nosso mestre interno), compensando a unilateralidade da consciência e expandindo-a ao iluminar,
trazendo à tona, os elementos de que necessitamos para nos tornarmos mais inteiros, conectando-nos com as bases de nossa humanidade, com o solo arquetípico que alimenta o nosso crescimento.
Durante as oficinas de Arteterapia procurei ouvir mais do que falar e ser paciente com todos. Procurei respeitar o tempo que cada um leva para criar, pois cada qual tem uma experiência de vida diferente do outro e muitos tinham dificuldades para se expressarem artisticamente. Como os idosos são pessoas mais sensíveis, optei por fazer oficinas mais lúdicas, levando-os a resgatarem a infância, o momento das brincadeiras. Nessas oficinas também usei canudinhos de refrigerante, bexigas, jogos, bolinha de sabão, dança e dinâmica em grupo, onde participaram ativamente. Esse resgate da infância e as brincadeiras faziam com que muitos deles rissem, na hora em que estavam criando, pois achavam graça da consigna que foi passada. Quando via que eles reagiam rindo ficava muito feliz e satisfeita. Percebia que de alguma forma os tocava e, com essas oficinas pude colocar em prática o que vi na teoria, como também desenvolver o meu próprio jeito para trabalhar com eles. Que a Arteterapia tem a capacidade de despertar o melhor que há dentro das pessoas, o amor por si próprio.
CONSIDERAÇÕES FINAIS Com esta pesquisa adquiri mais conhecimento sobre a Arteterapia com idosos. Todas as etapas passadas, durante esse processo foram demasiadamente importantes para mim. Essa busca por conhecimento em Arteterapia fez com que amadurecesse a minha visão inicial. Com um novo olhar percorri novos caminhos, aprendendo na prática o exercício de Arteterapia. Arteterapia. A pesquisa teve inicio por meio de livros, artigos, sites e monografias, específicos sobre Arteterapia. Alguns autores precursores despertaram em mim um interesse maior pelo assunto, como C. G. Jung, que na área de Psicologia Analítica, na década de 1920, já fazia uso da Arteterapia com seus pacientes, usando o desenho, a pintura, como forma deles se expressarem para obter a cura. Jung dizia que nos desenhos e pinturas dos seus pacientes aparecia o inconsciente, pedia para que pintassem o que viam nos seus sonhos, para dessa forma poder ajudá-los. Percebeu que os pacientes tinham uma grande melhora, quando se expressavam através do fazer artístico. Outra precursora da Arteterapia, Nise da Silveira (1905-1999), psiquiatra que inovou no tratamento com esquizofrênicos, rompeu com os métodos grotescos usados no tratamento dos pacientes, os eletrochoques e, desenvolveu um tratamento baseado na psicologia, em oposição aos procedimentos fisiológicos, que atuavam diretamente na função do cérebro. Os internos participavam de oficinas artesanais, pinturas, modelagem, possibilitando a expressão simbólica, como forma de superar a desordem psíquica. Esses e outros precursores da Arteterapia despertaram em mim a vontade de conhecer, de me aprofundar nesse assunto, para fazer uso com os idosos, que são à base desta pesquisa. Com outros autores coletei informações e dados sobre o processo de aplicação da Arteterapia com idosos. Como no livro “Arteterapia com idosos” de Vanessa Coutinho (2008), onde cita os relatos do processo arte terapêutico em ateliê com idosos.
Em cada livro que pesquisei, absorvi um pouco do conhecimento do autor sobre o assunto. Um assunto que me instigou a ler cada vez mais sobre Arteterapia. No livro “Arteterapia: um novo campo do conhecimento” de Irene Gaeta Arcuri (2006), fez com que percebesse o quanto esse assunto é amplo, esclarecendo muitos dos meus questionamentos e ocorrendo outros. Como também conheci outros autores que me sensibilizaram e que ocorreu grande sintonia, pois me vi dentro das suas abordagens, sobre Arteterapia. Também me senti representada pelo (Reisin, 2006), autor, escritor, artista e professor que vivenciou a arte e a Arteterapia na forma mais ampla e, penso que seja por esta razão a minha identificação. Para completar a pesquisa abordei o assunto envelhecimento, suas causas e seus efeitos, visto que, foi por este fato que surgiu a vontade de usar a Arteterapia com os idosos. O meu objetivo da Arteterapia para com os idosos teve a intenção de resgatar a autoestima, fazer com que se sentissem mais felizes e isso favorecesse a saúde e a inclusão social desse grupo. Acredito que a Arteterapia seja uma opção para que os idosos se sintam mais satisfeitos, em atividade e por meio do lúdico se expressar. Para comprovar minhas crenças na Arteterapia com idosos, realizei pesquisa de campo com vários deles. Pude perceber nas oficinas em grupo e individuais, que a Arteterapia teve êxito com essas pessoas. Que por meio de técnicas artísticas o idoso se integra ao grupo e é capaz de criar, se percebe na sua criação e se transforma. Não uma transformação total, mas a capacidade de levar a vida de forma mais leve, sem se preocupar com coisas que não pode resolver. Ele percebe que mesmo com mais idade, pode brincar, dançar, fazer coisas que dão prazer e com isso resgata a autoestima e sua identidade. Nesse intervalo de tempo em que realizei as pesquisas, percebi o quanto foi importante a Arteterapia para esse grupo de pessoas. Percebi o quanto foi bom para eles se sentirem queridos, se sentirem integrados a algum determinado tipo de grupo, não importa qual seja, o importante é a integração. Que enquanto estavam na Arteterapia se sentiram bem, riram, brincaram, trocaram informações e criaram.
A Arteterapia se apropria do fazer artístico e quando se faz algum tipo de “arte” você usa mais seu lado subjetivo, você deixa seu lado objetivo e racional de lado e, isso é muito bom para a mente e o corpo. O seu lado emocional tende a ficar mais equilibrado, assim sendo, quando necessitar usar o lado racional, você estará mais tranqüilo, centrado e conseguirá ter um raciocínio melhor. m elhor. Por meio da Arteterapia as pessoas conseguem se desligar dos problemas e conectam-se com o seu eixo simbólico interno, eixo esse que pode conduzir ao equilíbrio. E baseada nas pesquisas que fiz tanto acadêmica, como de campo, posso dizer que a Arteterapia faz bem para os idosos, bem para a mente e quando a mente está bem, o corpo também responde sim. Chego ao final da pesquisa satisfeita com todo o conhecimento adquirido em todas as leituras e, também com o aprendizado que obtive na prática das oficinas de Arteterapia. Todo o trabalho com os idosos foi muito gratificante. Penso que, foi um ótimo laboratório, para que num futuro próximo eu possa usar com outras pessoas ou até mesmo trabalhar em sala de aula. Espero poder unir essa especialização em Arteterapia com a minha formação em Artes, que possam andar juntas e me fazer uma profissional melhor.
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APÊNDICE A – Questionário para pesquisa de avaliação I
Questionário destinado a pessoas a partir de 40 anos, de ambos os sexos. sexos. 1. Como você se sentia antes da Arteterapia? ............................................ .............................. ............................. ............................. .............................. ............................... .............................. .......................... ........... .............................. ................ .............................. ............................. ........................... .............................. ............................... .............................. .......................... ........... .............................. ................ ............................ ............................. ............................. .............................. ............................... .............................. .......................... ........... .............................. ................ ............................ ............................. ............................. .............................. ............................... .............................. .......................... ........... 2. O que a Arteterapia representou para você? .............................. ................ ............................ ............................. ............................. .............................. ............................... .............................. .......................... ........... .............................. ................ ............................ ............................. ............................. .............................. ............................... .............................. .......................... ........... ................ .............................. ............................ ............................. ............................. .............................. ............................... .............................. .......................... ........... .............................. ................ ............................ ............................. ............................. .............................. ............................... .............................. .......................... ........... 3. Você teve alguma dificuldade para fazer a Artet Arteterapia? erapia? ............................................ .............................. ............................. ............................. .............................. ............................... .............................. .......................... ........... .............................. ................ ............................ ............................. ............................. .............................. ............................... .............................. .......................... ........... .............................. ................ ............................ ............................. ............................. .............................. ............................... .............................. .......................... ........... .............................. ................ ............................ ............................. ............................. .............................. ............................... .............................. .......................... ........... 4. A sua autoestima está mais elevada após após a Arteterapia? ............................................ .............................. ............................. ............................. .............................. ............................... .............................. .......................... ........... .............................. ................ ............................ ............................. ............................. .............................. ............................... .............................. .......................... ........... .............................. ................ ............................ ............................. ............................. .............................. ............................... .............................. .......................... ........... .............................. ................ ............................ ............................. ............................. .............................. ............................... .............................. .......................... ........... 5. Explique com suas palavras quais mudanças ac aconteceram onteceram na sua vida familiar ou social depois da Arteterapia. ............................................ .............................. ............................. ............................. .............................. ............................... .............................. .......................... ........... .............................. ................ ............................ ............................. ............................. .............................. ............................... .............................. .......................... ........... .............................. ................ ............................ ............................. ............................. .............................. ............................... .............................. .......................... ........... .............................. ................ .............................. ............................. ........................... .............................. ............................... .............................. .......................... ........... .............................. ................ ............................ ............................. ............................. .............................. ............................... .............................. .......................... ...........
APÊNDICE B – Questionário para pesquisa de avaliação II Questionário destinado a pessoas a partir de 40 anos, de ambos os sexos. 1. Antes de fazer a Arteterapia você se sentia desanimado? a) sim ( ) b) não ( ) c) às vezes ( ) d) sempre ( ) 2. A Arteterapia ajudou a conviver conviver melhor na sua famí família? lia? a) sim ( ) b) não ( ) c) possivelmente ( ) d) talvez ( ) 3. Você se sentia feliz fazendo Arteterapia? a) sempre ( ) b) não ( ) c) algumas vezes ( ) d) uma vez ( ) 4. Fazer Arteterapia era divertido e prazeroso? a) sim ( ) b) não ( ) c) às vezes ( ) d) uma ou duas vezes ( ) 5. Você sentiu alguma dificuldade dificuldade física para fazer a Arteterapia? a) sim ( )
c) a maioria das vezes ( )
b) não ( )
d) poucas vezes ( )
ANEXO A – Avaliação da Arteterapia
ANEXO B – Avaliação da Arteterapia
ANEXO C – Avaliação da Arteterapia
ANEXO D – Autorização de uso de imagem i magem
ANEXO E – Autorização de uso de imagem
ANEXO F – Autorização de uso de imagem
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