ApostilaTurismoHistoriaDoCeara

January 16, 2019 | Author: Marcos | Category: Brazil, Slavery, Unrest, People, Languages
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Escola Estadual de Educação Profissional - EEEP Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

Curso Técnico em Turismo

História do Ceará

Governador

Cid Ferreira Gomes Vice Governador

Francisco José Pinheiro

Secretária da Educação

Maria Izolda Cela de Arruda Coelho Secretário Adjunto

Maurício Holanda Maia Secretário Executivo

Antônio Idilvan de Lima Alencar Assessora Institucional do Gabinete da Seduc

Cristiane Carvalho Holanda

Coordenadora de Desenvolvimento da Escola

Maria da Conceição Ávila de Misquita Vinãs

Coordenad Coordenadora ora da Educaç Educação ão Profi Profission ssional al – SEDUC SEDUC

Thereza Maria de Castro Paes Barreto

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HISTÓRIA DO CEARÁ A DESCOBERTA A historia do Ceará propriamente dito tem inicio em 1603 com tentativa de colonização empreendida pelo açoriano Pero de Coelho de Souza. No entanto, é fato conhecido e reconhecido pela historiografia nacional a possível aportagem de espanhóis no litoral cearense, antes mesmo da descoberta do Brasil por Pedro Álvares Cabral, em 22 de abril de 1500. Esse evento teria se dado em torno do dia 02 de fevereiro daquele ano e protagonizado por uma frota sob o comando do navegador Vicente Yanes Pizón, companheiro de Cristovão Colombo na viagem de descoberta da América. Além dessa, outra frota sob o comando de Diogo de Lepe, também espanhol, teria tocado o litoral cearense antes de Cabral apontar a Bahia. Existem muitas controvérsias quanto ao local onde teria se dado a aportagem. Na verdade, ele teria tocado o litoral do Ceará por duas vezes. Para Capistrano de Abreu, teria sido no cabo de Santo Agostinho, em Pernambuco. Já o Rio Branco esposa a tese de ter sido a ponta do calcanhar, no Rio Grande do Norte. Thomáz Pompeu, com quem Raimundo Girão concorda, aponta ser o local conhecido por Jabarana ou Ponta Grossa, no município de Aracati, aquele teria sido batizado de Santa Maria de La Consolación, e a enseada do Mucuripe como segundo ponto de parada de Pizón. Segundo ele, seria o Mucuripe que Diogo de Lepe, seguindo o rastro de Pizón, teria batizado de Rostro Hermoso. Para Varnhagem, o Santa Maria de La Consolación seria a enseada do Mucuripe e o Rostro Hermoso estaria situado na praia de Jericoacoara, próximo à foz do rio Acaraú. Os espanhóis, no entanto não puderam tomar posse da nova terra em respeito ao Tratado de Tordesilhas, firmado em 1494, entre os reis de Portugal e Espanha, dividindo as regiões descobertas e a descobrir, entre os dois soberanos. INICIO DA COLONIZAÇÃO Após a descoberta e posse do Brasil pelos holandeses, esses não se mostraram, a princípio, muito interessados na sua colonização, comportamento que obedecia a razões de ordem econômica: o comércio com o Oriente se mostrava mais interessante e, no Brasil, não se tinha detectado a existência de metais preciosos, além de não haver uma população organizada que se pudesse tributar. Anos depois a coroa portuguesa se veria obrigada a mudar de atitude, em face à crise do comércio oriental e do risco de perder o Brasil para as nações que só tardiamente ingressaram na corrida maritimocomercial, no caso, França, Inglaterra e países baixos (Holanda). O Brasil foi divido em capitanias hereditárias, que foram cedidas a particulares, visando dividir o peso da colonização com a iniciativa privada. O território que viria a ser mais tarde o Ceará estava compreendido nas capitanias de Fernando Álvares de Andrade, Antônio Cardoso de Barros, no 1° lote dos sócios João de Barros e Aires da Cunha e no 3° lote da capitania de Pero Lopes de Souza. Afora Álvares de Andrade e os sócios João de Barros e Aires da Cunha, que intentaram e explorar seus quinhões, numa frustrada iniciativa que iria custar a vida de Aires da Cunha e a dos filhos de seu sócio, as terras do Ceará ficaram abandonadas: Antônio Cardoso de Barros, em cuja capitania estava situada a maior parte do litoral cearense, sequer chegou a tomar posse dela. Resultou então que os portugueses não se interessando pela capitania, apenas costeando-a, sem nunca nela oportar, deixaram-na exposta à presença de outros povos, principalmente franceses que intentavam se fixar no maranhão. Traficavam madeiras e outros produtos como um âmbar, utilizado na perfumaria. Faziam escambo com os índios, trocando quinquilharias por essas matérias primas. Somente em 1603 é que ouve a primeira tentativa de colonização do Siará-Grande, pelo capitão-mor Pero Coelho de Souza que, vindo da Paraíba, tencionava atingir o Maranhão por terra, seduzido por notícias de riquezas nas regiões acima do Rio Grande. Abriu o caminho até a Ibiapaba, enfrentando os Turismo – História do Ceará

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índios e os franceses, vendo-se, entretanto, forçado a recuar até rio que os índios chamavam de Siará, instalando uma pequena povoação que chamou de Nova Lisboa, e que pretendia tornar a capital de Nova Lisutânia. Veio, então, à Paraíba, em busca de reforços e da família. Nesse ínterim, seu preposto, Simão Nunes, construiu uma fortificação tão frágil que se duvida de sua existência, que denominou de São Tiago. Voltando Pero Coelho para Nova Lisboa, aí não pôde permanecer por muito tempo, devido aos índios e à seca de 1605/1607. Partindo na direção da foz do Jaguaribe, enfrentando terríveis flagelos, teve que amargar a perda da maior parte de seus homens e de seus filhos. Retornando à Paraíba, não foi, porém, ressarcido de seus prejuízos e veio a morrer pobremente em Lisboa. Se não foi coberta de êxito a sua expedição, também não se pode afirmar que foi um fracasso absoluto, como observa Raimundo Girão. “ A empresa de Pero Coelho frustou-se, porém só em parte. Se não atingiu o Maranhão, pôde utilizar o já, ............, perigoso enquistamento dos franceses no Ceará..........,exordiou a exploração civilizadora, preparando o terreno para aquele que considerando o fundador, Soares Moreno.”

SOARES MORENO: FUNDADOR DO CEARÁ Martim Soares Moreno veio pela primeira vez ao Ceará, anda muito jovem, na bandeira de Pero Coelho, por determinação de seu tio Diogo de Campos Moreno, que instruiu o rapaz no sentido de aprender a língua e os costumes dos índios. Em 1612 retornou ao Ceará na companhia do Padre Baltazar João Correia com o fim de consolidar a posse portuguesa da Capitania, que vivia infestada de franceses instalados na França Equinocial no Maranhão. Deu grande demonstração de coragem no enfrentamento com os estrangeiros chegando a degolar no ano de sua chegada, mais de duzentos flibusteiros e enviar para Portugal, três navios tomados àqueles, segundo afirma ele próprio em sua “Relação do Siará”. No local onde Pero de Coelho instalou sua Nova Lisboa, na foz do rio Siará ergueu um fortim que chamou de São Sebastião, contando com a ajuda do cacique Jacaúna. Em 1613 rumou com Jerônimo de Albuquerque na direção do Maranhão no intuito de expulsar definitivamente os franceses daquela região. Instalou-se na Jericoacoara (buraco das tartarugas) e, numa expedição de reconhecimento foi arrastado até a ilha de São Domingos, de onde rumou para Servilha. De volta ao Brasil, em 1615, participou da expulsão dos franceses e quando se dirigia ao Ceará foi surpreendido por uma tempestade que o levou novamente a São Domingos. Quando conduzia alguns navios para a Europa, foi feito prisioneiro por piratas que o levaram para a França onde foi condenado à morte, sendo salvo pelo embaixador da Espanha. Em Portugal foi recompensado por seus serviços com a concessão da capitania do Siará Grande, por dez anos. Aqui chegando, em 1621, refez o forte de São Sebastião e dirigiu a Capitania com tranqüilidade, apesar das más condições advindas, principalmente o fato da capitania estar sob jurisdição do “ Estado do Maranhão”, que havia desmembrado do “ Estado do Brasil”, apesar de sua maior proximidade com Pernambuco, onde mais uma vez se destacou como grande soldado. Não mais voltou ao Ceará, mas seu nome foi imortalizado anos mais tarde pelo escritor cearense José de Alencar, que talvez, inspirado por uma vida tão rica de aventuras de heroísmo, colocou-o ao lado de Iracema. “... a moça tabajara, com quem quebrava a flecha da paz, símbolo do conúbio racial que gerou Moacir, o filho, aqui, da miscigenação luso-ameríndia.”

Iracema é, na verdade, um anagrama da palavra América, e, através desse romance, o escritor alude à formação do novo continente pelo elemento ibérico, miscigenado ao indígena. Em Fortaleza existe um monumento erigido na praia do Mucuripe em homenagem à obra de José de Alencar e, nele, os membros inferiores da índia se encontram agigantados, numa referência á longas caminhadas que fazia da lagoa de Messejana, onde se banhava a gruta de Ubajara, onde dormia.

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OS HOLANDESES NO CEARÁ: O SCHOONENBORCH Vieram os holandeses movidos pela fragilidade da defesa da capitania e pela possibilidade de se obter sal, âmbar e cultivar cana de açúcar. Além disso, corriam notícias da existência de prata na região. Chegaram ao Ceará em 1637, sob o comando de George Gatsman e dominaram com facilidade o forte português, defendido por mais de 30 homens armados. Nessa primeira fase os holandeses permaneceram em torno de 7 anos; afora as salinas de Mossoró e Camocim e algumas espécies vegetais úteis na Europa, viram-se frustrados em algumas das suas expectativas. Por tratarem mal os indígenas estes revoltaram-se contra seu domínio, em 1644, matando toda a guarnição holandesa e destruindo o forte, que se encontra registrado em uma pintura de Frans Post. Coma a queda do forte construído por Soares Moreno, em 1612, a Barra do Ceará deixou de ser um ponto de fixação do colonizador na capitania, pois novo posto se mostraria mais interessante ao europeu com a chegada do holandês Matias Beck, em 1649, à frente de 298 homens, a serviço da Companhia das Índias Ocidentais. No comando militar estava o major Joris Garstman, o mesmo que comandara a primeira invasão. O local escolhido para fixar a fortificação, projetada pelo engenheiro Ricardo Caar, foi o monte ou duna, chamado Marajaitiba ou Marajaituba, na linguagem Tupi, formada pela palavra Marajá, palmeira e Tiba ou Tuba, sufixo designativo de quantidade ou abundância. A palmeira ali existente era o catolé ou cocobabão. Ao sopé corria o riacho chamado Marajaík (rio das palmeiras), que posteriormente passou a chamar-se Ipojuca, depois de Telha e, finalmente, Pajeú (rio de feiticeiro). A escolha deste local obedeceu às razões militares e não sem antes se estudar a possibilidade de instalar no local do antigo forte que, daquele ponto de vista, mostrou-se inadequado. Batizaram o forte de Schoonenborch em homenagem ao governador holandês do Recife. Matias Beck ficou no Ceará até o ano de 1654, enfrentando, nesse íterim situações difíceis como quando ficou encurralado pelos índios no Schoonenborch, sendo obrigado a comer os próprios cavalos, para não morrer de fome. Foi salvo pelo barco que lhes trazia a notícia as capitulação holandesa. No dia 20 de maio daquele ano os holandeses entregaram a praça ao capitão-mor Álvaro de Azevedo Barreto, retirando-se para a ilha de Barbados.

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O TOPÔNIMO CEARÁ A origem e significado do nome do Ceará é bastante controvertida. Os mais renomados historiadores cearenses arriscam explicações, ou se aliaram em torno de uma versão, sem, contudo chegarem uma conclusão definitiva. Em alguns estudiosos existe a convicção que o nome é de origem tupi, significando canto da jandaia: SEMO – Cantar forte; ARÁ – Jandaia. Essa interpretação foi utilizada por Alencar, no seu livro Iracema. Há os que acreditam se tratar de uma corruptela do nome do deserto africano, SAARA, pois assim, os colonizadores chamaram o litoral cearense, devido a grande quantidade de dunas; explicação muito improvável. Antônio Bezerra entende que o nome se origina dos termos SOÓ ou COÓ – caça e ARÁ – papagaio. Capistrano, por sua vez, vai contestar a origem Tupi do nome e defende o berço Cariri; vendo nos termos DZU – rio, pronunciado ao modo francês, e ERA – verde. Pompeu Sobrinho lembra, no entanto, que, na língua dos cariris, DZU, no significado de rio, não tem essa pronuncia de verde não é ERÁ e sim ERÃ, daí não ter havido qualquer evolução no sentido de SIARÁ. Paulino Nogueira insiste na origem Tupi: ÇOO ou SÕO, ou ainda SUU, significando caça, e ARÁ – tempo, portanto, tempo de caça. João Brígido acreditava ser o nome uma corruptela de CIRI ou SIRI – andar para trás, referindo-se às várias espécies de caranguejos existentes no litoral; e ARÁ – branco, claro. O mais provável, entretanto, é que nenhuma das explicações seja encontrada no próprio território cearense, pos já designava um rio no vizinho Rio Grande do Norte: o Siará-mirim. Aqui adotou-se o Siará-Grande. Embora, o rio nosso fosse menor que o de lá, porém, mais povoado e de território mais extenso, conforme observação de Barão de Studart. OS ÍNDIOS CEARENSES “Encontrando a nova terra ‘descoberta’ já habitada os portugueses chegaram dividiram a indiada os Tupis (Língua Geral) E ‘Tapui” Língua Travada”.

No Ceará viviam cerca de vinte e dois povos indígenas cada um com seu idioma próprio. Do grupo tupi basicamente dois povos: Tabajaras, que viviam na Serra de Ibiapaba ou Buapavas; e os Potiguaras, que se situavam entre o Jaguaribe e o Camocim. Estes índios se mostravam mais cordatos e mantinham um grau de relação mais amigáveis com os portugueses; até porque sua língua foi mais facilmente assimilada com os brancos. As demais tribos foram chamadas genericamente de Tapuia, que em Tupi significa: “aquele que fala a língua travada”, ou seja, eram diferentes, inimigos. Quando a chegada dos portugueses ao Brasil, essas Turismo – História do Ceará

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nações já viviam um processo de interiorização, empurrados pelos Tupis que eram em maior quantidade. Desses povos, faziam parte os Tarariu (Kanindé,Paiakú,Genipapo,Jenipabuçú, Arariú, Anacé, Karatiú); os Karirís (Kaririaçú,Kariú...); Tremembé; Guanacé (Guanacésguakú, Guanacé-mirim); Jaguaruana; Aimoré; Tukurijú; Xiriró; Ilko; Apujaré; Kariré; Akonguaçú; Pitaguary; e muitos outros. “Durante os primeiros séculos da tal colonização com aquelas tribos “Tapuia” não houve aproximação, pois aos colonizadores não interessavam o sertão”.

Enquanto os portugueses permaneceram no litoral, os choques com esses não foram tão intensos, porém, na medida em que a penetração foi se dando, por conta principalmente do criatório de gado o confronto foi se tornando inevitável. Embora o colonizador fosse superior, do ponto de vista tecnológico, encontrou entre os índios do Ceará forte resistência, sendo que estes em determinados momentos, conseguiram sérias derrotas àqueles, fazendo retardar o processo de ocupação da terra. Muitas foram as “confederações” que reuniram as mais diferentes tribos para enfrentar os brancos; em 1688, por exemplo, os Paiakú, os primeiros atingidos pela implantação das fazendas de criar, aliados aos Ikó, Janduim e Karatiú quase conseguiram recuperar a capitania das mãos dos colonos. Em 1694, outro levante, os Janduin conseguiram um feito inédito: serem reconhecidos como um reino autônomo e um tratado de paz com o rei de Portugal que, claro, não cumpriu seus termos. Em 1713, uma confederação indígena destruiu Aquiráz, expulsando seus habitantes para junto da Fortaleza. Diante dessa resistência só restava pedir o socorro dos bandeirantes paulistas, mais experientes na arte de aprisionar e matar índios. O ano de 1713 vai marcar o início do recuo indígena com a derrota da Confederação dos Kariri, às margens do rio Choró, para o paulista João de Barros Braga. “E assim nosso valente nordestino silenciou depois dessa guerra o branco quase tudo dominava naquele vasto sertão que livre pro gado estava.”

OS PADRES E OS ALDEAMENTOS Os primeiros missionários a visitar o Ceará foram os padres Francisco Pinto e Luis Filgueiras, da Companhia de Jesus. Sua ação evangelizadora restringiu-se à região da Ibiapaba e Uruburetama, sendo que nela o padre Francisco Pinto perdeu a vida num ataque dos índios Tocarijú, em 1607. Mais tarde, na ilha de Marajó, seu companheiro Luis Filgueiras conheceria o mesmo destino. O domínio do elemento indígena foi possível não só devido à força das armas, mas principalmente, pelo desmantelamento de sua estrutura cultural e religiosa. Nesse sentido, os padres e seus aldeamentos, onde juntavam índios de procedência diversa e lhes repassavam os valores e a religião européia, desempenharam um papel fundamental. “Ao chegarem os missionários tinham seus planos de ação escoltados por soldados com armas e munição recrutavam índios no mato pra compor ar Missão.”

Nos aldeamentos os índios eram transformados em mão-de-obra barata para os padres ou eficientes soldados no combate às tribos mais rebeldes. Muitas cidades cearenses têm origem nesses aldeamentos: Caucaia (antiga vila do Soure), Ibiapaba ou Viçosa Real (o primeiro deles, hoje é a cidade de Viçosa do Ceará, muito antiga, ainda mantém seu aspecto colonial), Telha (Iguatu), Miranda (Crato), Monte-mor “O Novo d’América” (Baturité), Palma (Quixadá), Monte-mor “O Velho” (Pacajús), Aracati, Uruburetama, Paupina (Messejana), Arronches (Parangaba), e muitas outras. As missões religiosas também contribuíram no sentido da preservação física dos índios. Quanto a estes, no Ceará ainda encontramos algumas tribos que, a duras penas, conseguiram se salvar da destruição absoluta. Os tremembés vivem no litoral norte do estado, no distrito de Almofala, municípios de Itarema. Exímios nadadores, profundamente familiarizados com o mar, derrotaram as diversas expedições enviadas para destruí-los. Vivem da pesca e do artesanato e em ocasiões especiais dançam o torém. Turismo – História do Ceará

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“O torém é uma pantomima transmitida oralmente de pai para filho,... Já perdeu seu primitivo significado e função, hoje constituindo-se numa dança diversional. Seus versos misturam palavra de origem tremembé, tupi e portuguesa e embora utilizem formas sincréticas do folclore regional, conservaram-se suas características mais ressaltantes.” Almofala é uma palavra de origem árabe, vindo de AlMahalla (Acampamento); é um pequeno povoado situado em terras que foram doadas no final do século XVII pela coroa portuguesa, aos Tremembés. Sua igreja foi concluída em 1712, sob a invocação de Nossa Senhora da Conceição. No século passado foi soterrada pelas areias da praia, “ ...para aflorar lenta daquele imenso areal sua única e bela torre setencista, moçárabe, até descobrir-se inteiro com suas volutas, nichos, seu crucifi xo de ferro para luz.” Foi reconhecida como Monumento Nacional. Os índios Tapebas não constituem exatamente uma nação indígena e sim um grupo de descendentes de Tremembé, Kariri e Potiguara, reunidos no aldeamento jesuítico de Nossa Senhora dos Prazeres de Caucaia. Habitam as margens do rio Ceará, na BR-222, município de Caucaia. Vivem de pequenas roças, pesca e artesanato. O nome Tapepa é de origem tupi, possivelmente uma corruptela de Itapeva: pedra limpa, polida. Embora suas terras tenham sido delimitadas pela FUNAI, não foram garantidas ainda por portaria apropriada, devido à ação de fazendeiros que se sentiram prejudicados por essa demarcação. Os Pitaguary e os Jenipapo-Kanindé ainda estão sendo objetos de estudo pela FUNAI para o devido reconhecimento de seu trabalho de índio. “Os índios nesse Nordeste Têm também a sua história Têm os seus valores Suas lutas e Vitórias Pra conservar seus valores Não dão mão à palmatória.”

O GADO E A PENETRAÇÃO DO INTERIOR A cana-de-açúcar, desde o século XVI se afirmou como principal produto de exportação do Brasil colonial. Tornando-se monocultura por toda a zona da mata nordestina, expulsou para outras áreas, as demais atividades que pudessem disputar o espaço. O rei de Portugal, interessado nos lucros que a cana carregava para seus cofres, proibiu a criação de gado, numa faixa de terra que se estendia do litoral até a distância de 10 léguas. O gado seguiu, então, sua marcha lenta em direção ao interior da colônia, bifurcando-se em dois movimentos migratórios que Capistrano de Abreu nomeou de “sertão de dentro” e “ sertão de fora”. A primeira veio da Bahia, margeando o rio São Francisco, tomou o rumo do norte, povoando sua margem esquerda de Pernambuco; procurando atingir a bacia do Parnaíba, desbravou o sul do Piauí e Maranhão e, desviando-se para o leste, atingiu a capitania do Siará-Grande. A do “sertão de fora”, vindo de Olinda, tomou o rumo do norte, atravessando o sertão da Paraíba e do Rio Grande do Norte, desaguando no Siará-Grande. O gado, criado de forma extensiva, demonstrou adaptar-se bem a vegetação xerófita da caatinga, pois nos períodos mais secos era com ela que se alimentava. Além do mais, a pecuária se mostrou um empreendimento mais barato que a cana-de-açúcar, uma vez que não necessitava de equipamentos e da grande quantidade de escravos de que precisava aquela atividade. A mão-de-obra era o índio domesticado. O pagamento era feito através da aquartação, ou seja, a cada quatro bezerros nascido por ano, um era do vaqueiro. Isso lhe permitia montar, mais tarde o seu próprio negócio. O tipo de sociedade que a pecuária produziu no Nordeste e, especialmente no Ceará, o que Capistrano de Abreu chamou de “Civilização de Ouro”, pois tudo girava em torno do gado e dos seus derivados. Tudo era feito em couro, desde os instrumentos de trabalho, até os apetrechos domésticos e os objetos pessoais. A fazenda era a unidade econômica e social, e dentro dela o fazendeiro exercia todo o poder. “...cada fazenda representava uma família, caracterizada pelo extremo patriarcalismo...os laços de parentesco uniam todos ao senhor. Havia os parentes sangüíneos (legítimos e Turismo – História do Ceará

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ilegítimos) e o restante, em número maior, por parentescos canônios ou convencionais. Nestes últimos, encontrava-se os moradores e agregados. São as relações do regime de compadrio...”

Os fazendeiros costumavam aceitar em seus domínios a presença do forasteiro, principalmente os fugidos da justiça a fim de serem utilizados como jagunços para a resolução de desavenças políticas e pessoais. “Quem não era criador, era criado”. As casas desprovidas de luxo, porém sólidas e espaçosas, voltadas de alpendre. Levava-se uma vida austera e sem requintes, mesmo entre os familiares do fazendeiro. A alimentação era a base de carne, rica em gorduras, e leite, nas várias formas, fazendo-se pouco uso das frutas e verduras.

AS CHARQUEADAS Na primeira metade do século XVIII, o gado já se apresentava como principal atividade econômica do Siará-Grande. Apresentava um caráter complementar ao cultivo da cana-de-açúcar. Levado para os mercados consumidores de Pernambuco e da Bahia, ao perfazer tão longos trajetos, emagrecia e conseqüentemente, perdia parte de seu valor nas feiras, provocando enorme prejuízo aos criadores cearenses. Além disso, o “subsídio do sanguir”, taxação a quem estavam expostos os donos de bois, prejudicava-lhes mais ainda os rendimentos. Vendo que não podiam competir com seus vizinhos, nessas condições, os cearenses passaram a industrializar a carne de boi, reduzindo-a a mantas, que eram salgadas e expostas ao sol, tornando-as capazes de resistir a longas viagens. A essas fábricas chamavam de oficinas ou charqueadas e não se sabe quando elas começaram a funcionar. Tem-se conhecimento da existência delas no arraial de São José do Porto dos Barcos, mais tarde Vila de Santa Cruz do Aracati – em período anterior a 1740. Antes mesmo de tornar-se vila, Aracati já era “o pulmão da economia colonial da capitania”, por onde transitava, por onde transitava sua riqueza. Seu dinamismo econômico gerou uma elite bastante conceituada na capitania e, a imponência de seu casario, que permanece até hoje, é um t estemunho da sua importância. Depois as charqueadas começaram a brotar na barra do Acaraú, na povoação de mesmo nome, que servia como ponto de embarque da carne, estendo-se também para Sobral, Camocim e Granja. Do Acaraú, assim como da Aracati, a carne era transportada para os outros portos da colônia, principalmente Pernambuco, em embarcações assim chamadas “sumacas”. Sobral tornou-se o pólo mais dinâmico da região; os habitantes da “Princesa do Norte” mostrava-se bastante requintados nos costumes; a elegância de seus trajes, o asseio de suas casas e o som dos pianos nos sobrados denotavam o elevado grau de civilidade daquele oásis incrustado no sertão bárbaro.

“ O conjunto arquitetônico de Aracati e Sobral é também a amostra de sua importância no período colonial. Entre as obras de maior destaque encontra-se as igrejas, as casas da câmara e as residências dos senhores donos das oficinas e comerciantes: exemplo típico dos prédios de dois pavimentos revestidos de azulejos,ou ainda, uma arquitetura pesada, feia aparência, mas realmente segura, pois suas muralhas são levantadas com

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cerca de dois metros de espessura, no caso, a cadeia de Sobral...Conjunto arquitetônico, este muito inferior, quanto o prisma plástico, dos prédios coloniais barrocos da área açucareira... As próprias igrejas de início do século XVIII, principalmente as de área pastoril,entre as quais se encontra a Igreja Matriz de Nossa Senhora do Rosário de Aracati, apesar de apresentar influências daquelas de Pernambuco e da Bahia, de onde muitas vezes provinham os materiais de construção,mostram uma aparência singela,quase severa, principalmente nos interiores. Salientando, no entanto, que nesta arquitetura simples, motivada pela falta de pedra de obragem apropriada, na modesta alvenaria executada uma ornamentação própria,onde os artistas anônimos obtinham com linhas, nas combinações ingênuas de curvas e ornatos retilíneos,os efeitos decorativos da maior significação, surgindo daí, uma arte sertaneja, oficialmente desconhecida que chama a atenção para sua originalidade tão peculiar que deve ser admirada como testemunho material da “Civilização do Sertão”.

Em finais do século XVIII a indústria saladeril cearense viria a entrar em declínio. Vários fatores concorreram para isso: a seca de 1790/93, que dizimou quase todo rebanho cearense; a transferência da técnica do charque para Rio Grande do Sul, operada pelo charqueador José Pinto Martins, onde encontrou melhores condições para seu crescimento, e finalmente, o plantio do algodão, que quebraria o exclusivismo pastoril no Ceará. A essa altura, as oficinas de Açu e Mossoró, no Rio Grande do Norte, já tinham sido proibidas pela coroa portuguesa porque prejudicavam o fornecimento de carne fresca de Pernambuco. As de Parnaíba, no Piauí, que se projetam junto com as do Ceará, acompanharam a estas em seu declínio. O ALGODÃO O crescimento da cultura algodoeira no Ceará não significou necessariamente o fim da pecuária, e sim, a convivência dessas duas atividades. A valorização da cotonicultura cearense ocorreu na segunda metade do século XVIII, obedecendo a estímulos externos, a saber: a Revolução Industrial na Inglaterra, que tinha como carro chefe a indústria têxtil, a guerra da independência dos Estados Unidos e, mais tarde, a guerra da Secessão americana. A cotonicultura marcou profundamente o Ceará, a começar pelo fato de que Fortaleza só passou a assumir ares de capital na medida em que se tornou o centro receptor da produção algodoeira, adquirindo uma importância econômica que, até então, estava reservadas às cidades inseridas no ciclo da pecuária, conforme vimos acima. A guerra da Secessão nos Estados Unidos, que era principal fornecedor de algodão para as indústrias inglesas e francesas, provocou uma queda significativa de sua produção. O Ceará viu-se então, beneficiado com esse conflito, pois as nações industrializadas passaram a comprar a matéria prima de outros centros fornecedores. Dessa maneira, através do algodão, o Ceará foi inserido no mercado internacional. Nesse período instalaram-se na província inúmeras firmas estrangeiras ou de estrangeiros associados a brasileiros que lidavam principalmente com o beneficiamento e exportação do algodão. Em1860, dos 353 estabelecimentos comerciais existentes em Fortaleza, 84 eram estrangeiros. Com o fim da guerra, os americanos foram paulatinamente recuperando sua capacidade produtiva e o algodão cearense perdendo terreno no exterior. Para absorver a produção passou-se a industrializar o produto na própria região. Hoje, o Ceará é possuidor de um dos principais pólos da industria têxtil brasileira. O CEARÁ INDEPENDENTE A 17 de janeiro de 1799, por determinação de uma carta régia de D. Maria I, “Amor e Delícias do seu Povo”, o Ceará foi desmembrado de Pernambuco, tornando-se independente. Foi seu primeiro governo o chefe de esquadra, Bernardo Manoel de Vasconcelos, que fez grande esforço no sentido de estabelecer contatos comerciais diretos da capitania com a metrópole. Entretanto, os próprios comerciantes cearenses resistiam a essa relação, uma vez que mantinham vínculos estreitos com os de Recife. Somente a partir de 1808 é que o comércio externo da capitania recebeu Turismo – História do Ceará

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grande impulso, devido à exportação do algodão e a abertura dos portos às nações amigas. No seu governo, veio para o Ceará o naturalista João da Silva Feijó, com a incumbência de estudar o potencial de suas riquezas naturais. Em 1803, com a morte de Vasconcelos, veio substituí-los Carlos Augusto de Oeynhausen, futuro Marquês de Aracati. O terceiro governador foi Luiz Barba Alardo de Menezes que procurou incentivar o comércio coma Inglaterra, favorecendo a instalação de firmas inglesas na capitania. Governou de 1808 à 1812, quando foi substituído por Manuel Inácio de Sampaio (1812-1820) Entre suas realizações podemos citar a reforma do Forte de Nossa Senhora de Assunção, o traçado da vila de Fortaleza, contando com os serviços do engenheiro Antonio José da Silva Paulet e a criação da alfândega de Fortaleza. Além disso, promovia em sua residência reuniões de literatos, conhecidas como Outeiros, precursoras dos futuros movimentos literários, muitos comuns em Fortaleza. Porém, o que marcou de forma mais acentuada a seu governo foi a severa repressão ao movimento revolucionário de 1807. O sucessor de Sampaio, Francisco de Alberto Rubim (1820-1821), governando em momento de grande instabilidade, foi tragado pelos acontecimentos que desembocariam a chamada Revolução Liberal do Porto, em Portugal. Incapaz de enfrentar a oposição interna ao seu governo e ao novo regime renunciou em favor de uma junta provisória, sob a presidência de Francisco Xavier Torres. A INSURREIÇÃO DE 1817 NO CEARÁ: A BÁRBARA REBELDE O movimento de1817, de profundo caráter nativista, teve seu foco inicial na província de Pernambuco, espalhando-se, em seguida, pelas províncias vizinhas. Em Pernambuco, havia um grande descontentamento devido á perda de sua importância no cenário da colônia. O cultivo da cana-de-açúcar entrara em declínio e a saída do Ceará, da Paraíba e do Rio Grande do Norte, de sua jurisdição, causou-lhe mais prejuízos, criando as condições para o desencadeamento de movimentos radicais. As influências do liberalismo eram evidentes; os lideres do movimento eram, em sua maioria, os membros da elite ilustrada, com passagem pela Europa, estudando ou mercadejando e, conseqüentemente, se instruindo nas novas idéias. Vivia-se ainda sob o impacto das revoluções americana e francesa. Com movimento, os pernambucanos, queriam recuperar sua antiga posição, sob um novo regime, em um país independente. Um dos lideres do movimento, Domingos José Martins, vivera no Ceará a serviço da firma “BARROSO, MARTINS, DOURADO & CARVALHO”, da qual era sócio. Essa firma tinha sede em Londres e intermediava negócios de algodão. Depois, um outro sócio, Antônio Rodrigues de Carvalho, veio para o Ceará onde divulgou amplamente os ideais revolucionários, procurando recrutar seguidores para sua causa revolucionária. Mas, o principal incendiário da revolução na Capitania foi o seminarista José Martiniano de Alencar. Membro de uma importante oligarquia carirense, sua mãe Bárbara, também aderiu ao movimento. Alencar tentou adesão de um outro potentado da região, o capitão Pereira Filgueiras e, embora este a princípio se mostrasse simpático ao movimento, foi convencido pelo chefe de milícias, Leandro Bezerra, da temeridade do envolvimento naquela empresa. O movimento eclodiu em 6 de março de 1817 mas, poucos meses depois, já estava debelado. Durou apenas 75 dias em Pernambuco e 8 dias no Ceará. José Martiniano foi preso juntamente com seus familiares, mãe, irmãos,tios e primos que, de um modo geral, participaram da malfadada revolução. Conduzidos para Fortaleza, por Pinto Madeira, ainda ensaiaram uma fuga, mas recapturados, foram trazidos para a capital.

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“Após revistados dos pés à cabeça e ainda carregando grilhões, os presos são atirados no estreito e imundo calabouço do quartel, que fica entre a cadeia do crime e a Fortaleza. Incomunicáveis, alguém só pode falar-lhes de uma distância de dez metros e com sentinela a vista. Estão nus e dormirão no chão. Dentro de alguns tempos estarão cobertos de cabelos, comidos de pulga, piolhos e percevejos. São tratados como animais ...Bárbara é reconhecida só, em um outro cubículo,com menos martírio, mas sem o consolo de ver os filhos”.

Depois, foram enviados para a Bahia onde permaneceram presos até 1820. A repressão promovida por Sampaio fora dura e severa, tendo ele aproveitado a ocasião para perseguir desafetos, como o naturalista Feijó, que foi preso por simples suspeita. O CEARÁ NA INDEPENDÊNCIA A primeira reação positiva à proclamação da independência no Ceará só veio a ocorrer em 16 de outubro de 1822, quando o colégio eleitoral reunido na vila Içó rebelou-se contra a junta provisional de Fortaleza, que mantinha-se obediente às cortes portuguesas. Elegeu-se, então, um governo temporário, que tinha à cabeça o capitão-mor do Crato, José Pereira Filgueiras, que tomou posse em Fortaleza, após a rendição da antiga junta. No ano seguinte foi substituído por um governo permanente, sob a direção do Padre Francisco Pinheiro Landim. No Piauí, o comandante Português, João José da Cunha Fidié, não aceitou a nova realidade e resistiu à independência, reprimindo cruelmente os patriotas. Para enfrentá-lo, formou-se no Ceará uma tropa sob o comando do major Luis Rodrigues Chaves, de João da Costa Alecrim e Alexandre Néri Ferreira. Esta, no entanto, foi derrotada pelos portugueses na batalha de Jenipapo. Pereira Filgueiras e Tristão Gonçalves uniram-se no esforço de libertar o Piauí do jugo de Fidié; arregimentaram um grande número de homens vindos de toda província e, em 23 de julho de 1823, conseguiram a rendição de Fidié. Estava dada a contribuição do Ceará à consolidação da independência no norte do Brasil. SANGUE NO CAMPO DOS MÁRTIRES A CONFEDERAÇÃO DO EQUADOR NO CEARÁ Em 1824, a chama ardente da revolução voltaria a incendiar o Nordeste; e mais uma vez, sairia de Pernambuco o grito de guerra. O decreto de 12 de novembro de 1823, de D. Pedro I, dissolveu a Assembléia Constituinte, eleita com a finalidade de promulgar a constituição do novo império. Esta, no entanto, se mostrou muito liberal para os desígnios do Imperador. Em Pernambuco, mantiveram-se inalteradas as condições estruturais que geraram movimentos com a Guerra dos Mascates no século XVIII e a insurreição de 17. O absolutismo de D, Pedro tendia a se respaldar nos elementos mais conservadores da sociedade, principalmente os portugueses que, aproximando-se do Imperador, pretendiam manter os privilégios que remontavam ao período colonial. As ligações do Ceará com Pemambuco eram profurldas: a província, que nas suas origens tinha sido povoada em sua maior parte por colonos pemambucanos, permaneceu por muitos anos sob a jurisdição de Recife e seu porto ainda polarizava o comércio cearense. Além disso, a independência projetou para todo o Ceará a oligarquia dos Alencar e outras figuras do Cariri, cujos interesses estavam ligados a Permambuco. A adesão à Confederação do Equador, que havia sido proclamada em 2 de julho de 1824, foi imediata, pois antes mesmo da proclamação, já haviam eclodido vários focos insurreicionais no Ceará: em 9 de  janeiro, a Câmara de Quixeramobim declarou decaída a dinastia de Bragança. O Padre Gonçalo Inácio de Loiola, mais tarde Mororó. espalhou pelo Icó, São Bemardo das Russas e Aracati o fogo revolucionário; em 2 de fevereiro, Pereira Filgueiras e Tristão Gonçalves comandaram a adesão do Crato e se dirigiram à Fortaleza, onde prenderam o comandante das armas, restabelecendo a Turismo – História do Ceará

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autoridade da antiga junta govemativa, na qual Filgueiras era o presidente e Tristão o comandante das armas. Muitos dos revolucionários, para salientar seu nacionalismo, alteraram seus nomes: Padre Gonçalo passou a chamar-se Mororó; Tristão Gonçalves, Tristão Araripe. Surgiram, então, Carapinima, Pessoa Anta, Ibiapina; Sucupira, etc. O presidente Costa Barros, indicado por D. Pedro, foi deposto e em seu lugar constitui-se um conselho dirigido por Araripe, que enviou emissários a outras províncias, visando sua adesão. Logo o movimento entraria em refluxo, e em Pemambuco, a repressão, dirigida pelo brigadeiro Luis Aives de Lima e Silva, foi fulminante, eliminarldo em pouco tempo o govemo revolucionário; quem não conseguiu fugir, foi fuzilado. No Ceará, começou a se verificar deserções nas hostes equatorianas: José Félix de Azevedo e Sá, substituto de Tristão Gonçalves, que tinha ido dar combate aos monarquistas no Aracati, rendeu-se a Lord Cochrane, sem esboçar nenhuma reação ao cerco que este promoveu contra a Fortaleza, pelo mar; Luis Rodrigues Chaves, que foi a Pemambuco dar auxílio ao conselho revolucionário, bandeou-se para os legalistas. Os demais foram presos ou chacinados, resta'1do apenas Pereira Filgueiras e Tristão Gançalves, tendo o Padre José Martiniano sido preso no interior de Pemambuco. Não vendo mais sentido em continuar a luta, Pereira Filgueiras depõs suas armas no Crato, vindo a falecer no caminho do Rio de Janeiro, onde ia ser julgado. Quanto a Tristão Gonçalves, em sua fuga desesperada pelo interior do Ceará, fugindo à sanha assassina de seus perseguidores, escreveu uma das páginas mais emocionantes da história cearense. A maior parte de seus amigos e parentes mais queridos estavam mortos, muitos trucidados de forma bárbara, sem direito sequer a um julgamento justo. Aos poucos, o cerco foi se fechando em tomo dele, até que, em 31 de outubro de 1824, foi assassinado às margens do rio Jaguaribe, no lugar de nome Santa Rosa, hoje Jaguaribara. No momento de sua morte várias partes do corpo lhe foram arrancadas; o cadáver permaneceu insepulto por vários dias, até resolverem enterrá-Io à sombra da igrejinha do lugar. No local de sua morte foi erigido um monumento que provavelmente será tragado pelas águas do açude Castanhão, projetado para ser construído naquela área. Para os que restaram prisioneiros, triste destino lhe foi reservado. Condenados à forca, nenhum carrasco se prontificou a executar a sentença, sendo a pena transformada em fuzilamento. Os primeiros a serem executados foram o Padre Mororó e Pessoa Anta. O comportamento do padre, na hora do fuzilamento, foi exemplar, não permitindo que lhe colocassem a venda nos olhos e indicando, com a mão no coração, o local que deveria ser atingido pelas balas. Pessoa Anta, por sua vez, não teve comportamento tão fleumático e, para seu azar, não morreu com a descarga do pelotão de fuzilamento, sendo morto a coronhadas. Dias depois foi a vez de Ibiapina, que foi fuzilado deitado, pois a var[ola lhe atingira os pés, deixandex-incapaz de permanecer ereto. O último a ser executado foi Carapinima que, não sucumbindo à primeira descarga, ficou rodopiando no meio do Campo da Pólvora, enquanto os soldados iam ao quartel recarregar suas armas, demorando o tempo suficiente para que o pobre homem fosse alvo dos risos da multidão. Sua esposa, não suportando o espetáculo macabro, desmaiou, e só então, os executores completaram o terrível ritual. Terminava assim, em tragicomédia, a mais heróica passagemda história do Ceará.

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A REVOLTA DE PINTO MADEIRA Em 1832 eclodiu outra insurreição no Ceará, só que desta vez, de caráter contrário às de 17 e 24. Joaquim Pinto Madeira era um grande proprietário e chefe político da vila de Jardim. no vale do Cariri. Conservador convicto, participara ativamente da repressão àqueles dois movimentos. Era um partidário da monarquia absolutista e liderava na sua região uma sociedade secreta ultraconservadora a "Coluna do Trono e do Altar", uma espécie de TFP (Tradição, Família e Propriedade). Com a abdicação de D. Pedro I. em 1831, seus adversários vislumbraram a oportunidade de ir à forra das derrotas do passado, ainda não cicatrizadas. Passaram a hostilizá-Io continuamente, empurrando-o no sentido da radicalização de suas posições, Arregimentou em torno de si um verdadeiro exército, com a colaboração do vigáriCl de Jardim, Antonio Manuel de Sousa que, de tanto abençoar as armas dos  jagunços, sendo muito comum o uso de bastões de madeira, por falta de armas de fogo, recebeu a alcunha de "Padre Benze-Cecetes". Com esse exército invadiu a vila do Crato, passando depois para o Icó, sendo daf rechaçado. Depois disso foram sofrendo reveses constantes até se renderem para o General Pedro Labatut, um mercenário francês que atuava no Brasil desde as lutas pela independência. Os dois insurretos foram presos e enviados para Recife e depois para o Maranhão. Pinto Madeira foi mandado de volta para o Ceará, que se encontrava presidido por seu arquiinimigo José Martiniano de Alencar. Este, não se fez de rogado; enviou o réu para a vila do Crato, onde foi julgado de forma tendenciosa, sendo acusado da morte de um tal Joaquim Pinto Cidade e não de crime polftico. COfildenado à forca, foi fuzilado conforme pedido feito ao tribunal. Seu companheiro, o "Benze-Cacetes", escapou da força, vindo a morrer bem mais tarde, pobre e cego. Paralelo a esse conflito, ocorreram outros semelhantes, em pontos diferentes do pafs, porém, não se verificaram vfnculos mais estreitos entre eles. O SEGUNDO IMPÉRIO: PADRE ALENCAR Durante o perfodo regencial (1831 - 1840) o Ceará foi governado por seis presidentes. Destacou-se nesse perfodo a figura de José Martiniano de Alencar (1834 - 1837), em cuja administração se instalou, em 1835, a Assembléia Legislativa da Provfncia. Além disso, criou o Banco Provincial do Ceará. o primeiro a funcionar depois do Banco do Brasil, fundado por D. João VI. Combateu o banditismo, abriu estradas e construiu açudes. No reinado de D. Pedro 11 (1840 - 1889), o Ceará teve 44 presidentes, tendo o Padre Alencar dirigido mais uma vez o destino da provfncia de 1840 a 1841. O antigo revolucionário deu lugar ao estadista.

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Sufocou pessoalmente um levante militar em Sobral, chefiado pelo coronel Xavier Torres. O último presidente, no tempo da monarquia, foi Jerônimo Rodrigues de Morais Jardim. O CEARÁ NA GUERRA DO PARAGUAI A participação dos cearenses na guerra contra Solano López foi significativa. Destacaram-se as figuras do General Sampaio, General Tibúrcio e Clarindo de Queirós. Sampaio, que morreu em conseqüência dos ferimentos recebidos na Batalha de Tuiuti, foi agraciado com o titulo de Patrono da Infantaria. Uma jovem de Tauá, Jovita Feitosa, tentou incorporar-se na luta, trajando-se de homem, descoberto o embuste, foi, mesmo assim, engajada na tropa. No Rio de Janeiro, entretanto, seus serviços foram rejeitados. Suicidou-se naquela cidade com uma punhalada no coração. A ABOLIÇÃO DA ESCRAVATURA: CEARÁ, TERRA DA LUZ O contingente de escravos no Ceará era pequeno, visto que sua economia sempre esteve baseada eratividades que não exigiam o uso deste tipo de mão-de-obra em larga escala. A pecuária utilzou o trabalho do índio domesticado ou semiescravizado e Clecaboclo, que recebia sua paga na forma da aquatação. Na cotonicultura foi utilizado o sistema de parceria, que permanece até os dias de hoje. Nesse regime de trabalho, o parceiro produz na terra do grande proprietário ou em um pedaço de terra cedido por ele, em troca do pagamento de uma renda em forma de serviço ou produto. A maior parte dos escravos existentes na província eram utilizados em serviços domésticos. Portanto, a proibição do tráfico de escravos, em 1850, não representou grandes prejuízos para a economia cearese. Ao contrário, a proibição gerou um comércio interprovincial de escravos, muito vantajoso para os proprietários locais, que descobriam assim, nova forma de obtenção de rendimentos. É bastante provável que essa pequena ou quase nenhuma dependência do trabalho escravo, tenha constituído a base sobre a qual se assentou o pioneirismo abolicionista do Ceará. As idéias abolicionistas cresceram no interior de entidades que se propunham a libertar o escravo, a princípio, através de alforrias, assumindo depois caráter mais radical, com ações diretas. A primeira dessas sociedades no Ceará foi a "PERSEVERANÇA E PORVIR", instalada em 28 de setembro de 18 sendo seus principais dirigentes, José Correia do Amaral, José Teodorico de Castro, Antonio Martins Júnior, Alfredo Salgado e outros. Entretanto, essa sociedade não foi a pioneira na luta pela abolição no Ceará. Antes mesmo de sua existência, o deputado cearense, Pedro Pereira da Silva Guimarães, tentara, já por duas vezes, colocar em discussão na Assembléia Geral Legislativa, em 1850 e 1852, projete de lei que favorecia o elemento escravo, sendo prontamente rechaçado. Além da PERSEVERANÇA E PORVIR, foi criada em 8 de setembro de 1880, a Sociedade Libertadora Cearense, que tinha à frente, João Cordeiro, Antonio Bezerra, José do Amaral, José Barros, José Marrocos, etc. João Cordeiro era radical e tinha como proposta a promoção da fuga de escravos, sem que se esperasse por meios legais. No ato de fundação da sociedade, fincou um punhal sobre a mesa exigido que todos jurassem matar ou morrer pela abolição dos escravos. A sociedade editava um periódico, Libertador, que divulgava suas idéias e promovia eventos, visando angariar fundos para a causa. Em 1882 foi fundado o Centro Abolicionista 25 de Dezembro, que reunia figuras proeminentes da província como Guilherme Studart e Meton de Alencar. Antes já havia sido fundado o CLUBE DOS LIBERTOS (20 de maio) e no interior, criaram-se a L1BERTADORA ARTíSTICA ACARAPENSE e a SOCIEDADE LIBERTADORA ICOENSE. Em 18 de dezembro de 1882, fundou-se na chácara de José do Amaral, no Benfica, contando com a presença de José do Patrocínio, uma sociedade composta só de mulheres, que tinha como presidente, Maria Tomásia. Essas sociedades tinham um caráter elitista, reunindo elementos das classes proprietárias e, de certa forma, contavam com a ausência do poder público, sem se verificar sanções às suas atividades. A adesão do elemento popular ocorreu quando os pescadores responsáveis pelo transporte de mercasorias e escravos, do porto para os navios, se rebelaram sob a direção de Francisco José do Turismo – História do Ceará

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Nascimento, o "Dragão do Mar", e negaram-se a embarcar escravos, que seriam vendidos para outras províncias Essa greve se deu nos dias 27, 30 e 31 de janeiro de 1881; nessa ocasião foi proferida a frase clássica: "No porto do Ceará não se embarcam mais escravos", que errôneamente se atribui ao Dragão do Mar, sem que se saiba de fato quem é seu autor. O rastilho da abolição iniciou-se em 1º de janeiro de 1883, com a libertação dos escravos em Acarape hoje cidade de Redenção - e estendeu-separa várias cidades do interior até chegar em Fortaleza, em 2 de fevereiro. Finalmente, em 25 de março de 1884, a escravatura seria abolida do Ceará em caráter definitivo. Entusiasmado com o feito dos cearenses, José do Patrocínio homenageou a próvíncia com o título de "Terra da Luz".

PODER LOCAL E MANDONISMO A.s raízes do poder local e do mandonismo político no Ceará encontram-se principalmente na forma de ocupação e apropriação da terra. O território cearense foi conquistado a ferro e fogo. em detrimento de sua população primitiva. obrigada a submeter-se à vontade dos novos donos. instalados em grandes propriedades que, em muitos aspectos. se assemelhavam aos feudos medievais. Exemplo típico é o da família Feitosa, dos Inhamuns, cuja história foi estudada de forma brilhante pelo pesquisador americano Billy Chandler. Seu patriarca, Francisco Alves Feitosa, era proprietário de inúras sesmarias ao longo do rio Jaguaribe e, disputando a posse da terra ou a: hegemonia política na área de seus domínios, promoveu uma guerra sanguinária contra outra família da região. os Montes, que as autoridades da colônia nada pudessem fazer para evitar as arbitrariedades dos potentados a os colonos e os índios. Findo o conflito ainda no século XVIII, os Feitosas mantiveram o seu pacar oos Inhamuns até a primeira metade do exesente século. Nas áreas interioranas predominava as relações de compadrio, que se baseavam nas trocas de favores na assistência econômica em troca da fidelidade política, enfim, nas práticas que concorriam para fortalecer as oligarquias dominantes. No século passado, após a derrota de Pinto Madeila, predominou a nível de toda a província a hegemonia da família Alencar. Com a morte do senador Alencar e a preterição de seu filho, José de Alencar, ao senado do Império, assumiu o poder político Thomaz Pompeu de Sousa Brasil que, por sua vez, se opunha a outra oligarquia. a dos Fernandes Vieira. Com a morte do senador Pompeu, substituiuo seu genro, Antonio Pinto Nogueira Accioly. Accioly dominou a política no Ceará de 1896 a 1912; governando de forma despótica, perseguindo se adversários, fraudando, roubando, colocando seus familiares na máquina administrativa, enfim, reinando como um monarca absoluto. Sua queda em 1912, deu-se em meio a uma verdadeira guerra civil nas ruas de Fortaleza. Fato marcarte desse conflito, foi a repressão movida pela guarda estadual contra uma manifestação de crianças na praça do Ferreira, matando várias delas. As cenas desse massacre revoltaram mais ainda a população da cidade que não deu mais trégua ao oligarca. O povo perdeu o medo e ocupou as ruas, Turismo – História do Ceará

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cercando a casa de Accioly. Este, vendo-se sem saída, renunciou à presidência do Estado e foi mandado embora para o Rio de Janeiro, não voltando mais ao Ceará Porém, mesmo distante, continuou exercendo influência sobre a política local. Em seu lugar ficou o vice-presidente do Estado, Antonio Frederico ce Carvalho Mota, que entregou o governo ao Coronel Marcos Franco Rabelo, em 12 de julho de 1912, candidato vitorioso nas eleições de 11 de abril. Do período acciolino, uma das poucas obras dígnas de menção foi a Faculdade de Direito, criada governo de Pedro Borges, um preposto de Accioly. Sua fundação deu-se a 1º de março de 1903, tendo como diretor honorário, o próprio Nogueira Accioly. Instalou-se, a princípio, no prédio do liceu do Ceará, sendo encampada pelo Governo Federal em 23 de novembro daquele ano. No seu governo, em 1910, foi construído o Teatro José de Alencar. Franco Rabelo enfrentou, logo de início, poderosa oposição; no plano nacional, com seu antigo aliado, Pinheiro Machado e no âmbito interno, com a nova força que vinha do sertão, o Padre Cícero, de Juazeiro. O PADRE CíCERO E A SEDiÇÃO DO JUAZEIRO Cícero Romão Batista nasceu a 24 de maio de 1844, na vila do Crato. Desde cedo manifestou a vocação sacerdotal, vindo a Fortaleza para estudar no seminário da Prainha. Auxiliado por seu padrinho, coronel Luis Antonio Pequeno, pode continuar seus estudos, apesar da morte do pai. Ordenou-se aos 26 anos e em 1872 foi enviado para o pequeno povoado de Juazeiro do Norte. No seminário não registraram-se fatos estranhos com o jovem estudante, mas ele e seu primo José Marrocos eram vistos como "arrivistas". José Marrocos foi mandado embora e Cícero ordenou-se padre, por intervenção do bispo D. Luis, apesar da reprovação do Reitor do seminário. A princípio Cícero não se afeiçoou ao povoado, e sua intenção era voltar para Fortaleza. No entanto, Jesus lhe apareceu em um sonho, instruindo-o no sentido de cuidar dos pobres. Fixou-se então no lugarejo e lá exerceu o sacerdócio, normalmente, até 1889, quando se deu o orimeiro caso de milagre, entre tantos outros atribuídos a ele: a hóstia recebida pela beata Maria de Araújo transformou-se em sangue na sua boca. Logo a sua fama se espalhou, e todos acorriam para o Juazeiro em busca da proteção o "santo milagreiro". Juazeiro depressa se transformou ,em um enorme ajuntamento de pessoas, vindas de todos os lugares do sertão. Em breve, Cfcero deixou de ser apenas um Ifder religioso, para se trarlsformar na mais prestigiada liderança política do sertão nordestino. Em vão, a hierarquia da Igreja tentou manter um controle sobre o padre, enviando-o até mesmo a Roma, para entrevista com o Papa; mas isso só fez crescer seu prestfgio junto ao povo. Algumas pessoas exerciam grande influência sobre ele; a princfpio foi seu primo José Marrocos,   jomalista de talento, que soube manipular com habilidade junto ao povo, as notfcias em tomo dos milagres. Depois, foi o médico baiano Floro Bartolomeu, que articulou a aproximação do padre com os coronéis e a polftica acciolina. Com a transformação de Juazeiro em municfpio, padre Cicero foi seu primeiro prefeito. A essa altura, o padre já estava mergulhado no complexo xadrez polftico das oligarquias. Esse envolvimento culminou na "Guerra Santa" que apreendeu contra o presidente Franco Rabelo, causando a sua queda do poder em 1914; foi a sediação de Juazeiro. Mesmo depois de sua morte, em 1934, a influência do Padre Cfcero permaneceu muito viva entre o povo sertanejo. Essa influência não se limitou à região do Cariri, nem somente ao Ceará; ele se estendeu por todo o Nordeste e até além dele. Diariamente a "Meca" do Cariri, Juazeiro, é procurada por romeiros vindos dos mais diversos lugares. Essas romarias são mais fortes nas comemorações do dia da padroeira, Nossa Senhora das Dores, de Nossa Senhora das Candeias e dia de Finados. O turismo religioso tomou-se a maior fonte de renda de Juazeiro, tornando-a uma das maiores e mais prósperas cidades do Estado. No período das romarias, os hotéis ficam lotados com os fiéis que vêm pagar suas promessas, bem como, adquirir "souvenirs", para que a proteção do "padim" lhe acompanhe Turismo – História do Ceará

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sempre, deixar seu óbulo na Igreja, morada do santo querido. Nos restaurantes não faltam o baião-dedois com o piqui e a carne de sol. À noite, os repentistas embalam seus ouvidos com histórias do padre e de outros heróis do imaginário sertanejo. E, como não poderia deixar de ser, junto com os repentes, as rezas. Os locais mais visitados são a casa do Padre Cfcero e o Horto. No alto dele, a estátua esculpida em 1969, por Armando Lacerda, com 27 metros de altura. A casa foi transformada em museu e conta no seu acervo com oratórios, imagens sacras, batinas, paramentos, prataria, mobiliário e objetos, doados pelos romeiros. Objetos de peregrinação são também a Casa dos Milagres, onde são depositados os ex-votos, peças de gesso, madeira e plástico, que representam partes do corpo humano curadas por obra das promessas, além de retratos e cartas e a Capela do Socorro, onde o padre está sepultado. Existe também o moderno prédio da Fundação Memorial Padre Cfcero, centro de promoções culturais, conferências, exposições e cursos, que inclui em seu acervo, objetos pessoais, fotos e mais de 200 livros e opúsculos sobre o Padre. Em 1994 comemorou-se o Sesquicentenário de seu nascimento, com realização de romarias, seminários os em vários locais do Brasil e apresentação de filmes, peças de teatro, além de lançamentos de livros cordéis sobre o "Patriarca de Juazeiro". Vinculado ao fenõmeno do Padre Cfcero em Juazeiro, surgiu na região do Cariri o Caldeirão da Santa Cruz do Desterro. Era uma fazenda na serra do Araripe, onde o padre havia abrigado um beato, de nome José Lourenço e seus seguidores. O beato era antipatizado pelos coronéis, talvez porque seu estilo "ário pudesse se tomar um mau exemplo, semelhante ao de Canudos, na Bahia. Com a morte do padre, recrusdeceram as hostilidades contra o beato e sua gente, até que a fazenda foi evacuada pelas autoridades políticas, inclusive com o uso de bolmbardeiro aéreo. O beato conseguiu escapar com vida, falecendo em 1946, de morte natural, em Pernambuco.

AS SECAS NO CEARÁ As secas acompanham o Ceará desde o início de sua história. A crônica e a tradição oral guardam relatos terríveis dos efeitos desse fenômeno com o qual o sertanejo mal conseguiu aprender a conviver. A primeira seca que a história registra foi a que acossou Pero Coelho, 1605/07, obrigando-o a fugir na direção do Rio Grande do Norte. Sobre a segunda, de 1614, poucas informaçâes se tem. Vieram, eseguida, as de 1692, 1711 e 1721. A primeira de que se tem documentos oficiais é a de 1723/27. Esta quase pôs em risco a colonização incipiente da colonia. Depois foi de 1736/37. A de 1777/78, chamada seca dos três setes, e a de 1798/99, contribuíram para aniquilar com a indústria do charque cearense. Famosas, foram, a de 1877 a 1879, chamada seca dos dois setes, e a de 1915, a seca do 15, celebrizada pela Iitaratura através do romance "O Quinze", de Rachei de Queiróz. Enfim, as secas continuam a assolar periodicamente o Ceará, ocorrendo normalmente em espaços de dez anos. Para combate problema da falta d'água, a solução mais freqüentemente utilizada foi a construção de barragens. Se a primeira delas o açude do Cedro, na cidade de Quixadá, no sertão central. Sua construção foi rea.zada entre os anos de 1884 e 1906, sendo que no seu início fez-se uso da mão de obra escrava. O reservatório é formado de quatro barragens, sendo a principal, de alvenaria ciclópica e Turismo – História do Ceará

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traçado semiCircular; duas auxiliares de terra, com revestimento de granito e cerca de 300 metros de extensão, além de outra pequena represa, denominada de "forges" e dois sangradouros. Sua construção foi decidida pelo govemo imperial após a seca de 1877. sendo famosa a frase do famosa a frase do Imperador “que se venda a última pedra da minha coroa, mas que não morra um cearense de feme". O açude do Cedro foi o primeiro tombado pelo Patrimônio Histórico Nacional. Em 1909 foi criada a Inspetoria Nacional de Obras Contra as Secas (IFOCS), mais tarde, Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS). Em 1960 inaugurou-se o Açude de Orós, na época o maior da Amárica Latina. Atualmente projeta-se a construção do açude Castanhão na região do baixo Jaguaribe, que deverá ser o maior do mundo. Em face da última seca, que se estendeu de 1989 a 1993, a capital do Estado se viu na contingência de raciocinar o uso da água, devido ao esvaziamento de seus reservatórios. Construiu-se então o Canal do Trabalhador, de 100 quilômetros de extensão e que alimenta, com as águas do rio Jaguaribe, o sistema Pacoti-Riachão, que abastece Fortaleza. A partir dessa magnffica obra veio  à tona uma discussão em torno da possibilidade de se transpor as águas do rio São Francisco para o Ceará, resolvendo definitivamente o problema da falta de água por ocasião das secas periódicas. FORTALEZA: CIDADE DE SOL E MAR A CIDADE DO PAJEÚ Com a safda dos holandeses em 1654, o Schoonenborch teve  seu nome modificado para Fortaleza de Nossa Senhora da Assunção, pelo capitão-mor Álvares de Azevedo  Barreto, que passara a dirigir os destinos da capitania. Por muito tempo permaneceu a polêmica sobre onde se deveria instalar a vila, criada por Carta-régia de 13 de fevereiro de 1699. A princfpio. os membros da nova  Câmara entenderam ser o melhor local, a barra do rio Pacoti, na praia do Iguape, embora a Carta se referisse claramente à vila  do Ceará, sendo que, por muito tempo, as pessoas designavam a povoação  surgida em torno do forte. Instalada a vila naquele primeiro ponto, em 25 de janeiro de 1700, o govemador de Pernambuco reprovou a medida forçando a Câmara a transferi-Ia para a povoação  do forte. Em 1702 a Câmara mudou a vila  para a Barra do Ceará; voltando o pelourinho, sfmbolo da autonomia da vila, em 1706, para junto da Fortaleza. Enfim, depois de muito vai e vem, instalou-se definitivamente no Aquirás (27 de junho de 1713) a vila  de São José de Ribamar do Siará Grande. No entanto, passado um mês apenas da instalação da vila, esta foi atacada pelos fndios, obrigando seus habitantes a fugirem para junto do forte. Com esse incidente, os próprios habitantes do Aquirás passaram a defender a criação da vila  na Fortaleza. Esta, porém, só se tornaria uma realidade, em 13 de abril de 1726. Quanto à vila  de Aquirás continuou existindo, entretanto, devido à insegurança a que estava  exposta, perdeu o estatuto de sede da capitania. Trata-se de uma cidade histórica situada na zona metropolitana de Fortaleza; mantém ainda a arquitetura colonial em muitas de suas edificações. Estão tombados a antiga Casa de Câmara e Cadeia, a Igreja Matriz de São José de Ribamar e o Mercado da Carne. Muito interessante, também, é o Museu Sacro de São José de Ribamar que conta em seu acervo com imagens talhadas em madeira, castiçais, turfbulos e prataria do século XVIII. A CIDADE DE AREIA Por muitos anos a vila da Fortaleza permaneceu desassistida. Seu aspecto era deplorável: as casas eram rústicas, feitas de taipa e pouco numerosas; as ladeiras e areias abundantes dificultavam a locomoção. Até o século XIX ela permaneceu pobre e medfocre, perdendo em beleza e funcionalidade para as outros que surgiam em posições Tais favoráveis. Somente quando o Ceará tornou-se independente da capitania de Pernambuco, é que os governadores, que passaram a residir na vila, lhe imprimiram algumas melhorias. Bernardo Manuel de Vasconcelos instalou na ponta do Mucuripe um Fortim, de nome São Bernardo, de onde sempre que chegava um navio, se disparava um tiro de canhão, anunciando sua presença. Anos depois, um acidente que vitimou os operadores do canhão levou o governador a desatlvá-Io. Turismo – História do Ceará

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SAMPAIO E SILVA PAULET As primeiras grandes modificações na paisagem urbanística de Fortaleza ocorreram no governo de Inácio de Sampaio, que contou com a colaboração do Tenente-Coronel Antonio José da Silva Paulet. Reconstruiu a Fortaleza de Nossa Senhora da Assunção, construiu o mercado público e vários chafarizes. Entretanto, a maior obra desses dois homens foi imprimir à cidade o traçado quadrangular que apresenta até hoje, principalmente na sua área central. A primeira rua de Fortaleza foi a da matriz seguida pela dos Mercadores, correspondendo hoje, respectivamente, às ruas Conde D'Eu e Sena Madureira. Elas acompanhavam as sinuosidades do riacho Pajeú; Silva Paulet ajustou as demais ruas de modo a que elas se cortassem em ângulo reto. "A primeira rua em linha reta ..., fez-se a partir de Fortaleza, tomando como referência a praça da Carolina (onde hoje se encontram a sede dos correios, o Banco do Brasil e o Palácio do Comércio) e aproveitando os arruados como a rua das Belas, a rua das Pitombeiras e a rua da Alegria, correspondendo os três à rua da Boa Vista, hoje Floriano Peixoto." Foram se construindo os primeiros sobrados, acabando com o preconceito de que o terreno não suportava edificações com mais de um andar. O BOTICÁRIO FERREIRA E ADOLFO HERBSTER Em 1823, Fortaleza seria elevada à condição de cidade, por D. Pedro I, com a denominação de "Cidade de Fortaleza de Nova Bragança". Ela iria conhecer outros benfeitores nas figuras do boticário Antonio Rodrigues Ferreira e do engenheiro Adolfo Herbster. O primeiro era natural de Niterói e veio ainda rapaz para o Ceará, vindo do Rio de Janeiro, de onde fugiu por causa de um incidente político no qual fora envolvido por engano. No Recife, onde originalmente projetara ficar, conheceu o comerciante português Manoel Caetano de Gouveia que, simpatizando com o rapaz, trouxe-o para Fortaleza. Do Rio, já trazia os conhecimentos farmacêuticos e seu protetor, em gratidão pelo fato do jovem ter-lhe salvo a esposa em um parto complicado, resenteou-o com uma botica, que instalou no Largo da Feira Nova, a futura praça do Ferreira. Os boticários, de um modo geral, eram pessoas muito prestigiadas nas comunidades, principalmente em regiões onde o acesso a um médico era difícil, pela escassez desses profissionais. O Ferreira não fugiu à regra; além disso, sua forte personalidade atraía para si a atenção e o respeito dos fortalezenses. Foi vereador e presidente da Câmara, estimulando, na sua gestão, a continuidade e aperfeiçoamento da obra de Paulet. Turismo – História do Ceará

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Na sua botica, reuniam-se seus correligionários, com tanta freqüência, que o Partido Conservador era conhecido pelo nome de "partido da Botica". Faleceu no dia 29 de abril de 1859. Casado com D. Francisca Áurea de Macedo, não deixou filhos. Adolfo Herbster era pernambucano e veio para o Ceará em 1855, chegando aqui com 26 anos. Engenheiro, aliou-se ao boticário no esforço de embelezamento da capital da província. Herbster elaborou inúmeras plantas de Fortaleza, além de prédios como o Paço da Assembléia Legislativa, hoje Palácio Senador Alencar, prédio de estilo neoclássico, onde funciona, atualmente, o Museu do Ceará Herbster faleceu em 1893, pobre e esquecido. Uma planta da cidade elaborada antes de Herbster, pelo arruador Antonio Simões Ferreira, é descrita da seguinte maneira por Raimundo Girão: “Aludido desenho mostra-nos que a cidade já se definira integralmente no esquema projetado por Paulet. A. rua da Boa Vista (Floriano Peixoto)..., aparece retificada, seguida paralelamente, rumo sul, pelas ruas da Palma (Major Facundo), Formosa (Barão do Rio Branco), A.mélia (Senador Pompeu), Patrocfnio (General Sampaio),' esta última apenas esboçada. Cruzando-as perpendicularmente, vêem-se as travessas do Quartel (Dr. João Moreira), das Flores (Castro e Silva), das Hortas (Senador A.lencar), das Belas (São Paulo), Municipal (Guilherme Rocha), Formosa (Liberato Barroso), A.mélia (Pedra Pereira), A.legria (Pedro I), onde se acabavam as edificações ... A. rua do Quartel ou rua Larga, ao lado leste da Carolina, não se achava completame'lte traçada e a travessa das Flores ainda não atingia a Praça da Sé, o que se deu em 1859, com o sacrifício da Travessa da Matriz. À. direita do pajeú, o começo da rua do Sampaio (Govemador Sampaio), a esse tempo chamada rua do Norte; e, na praia, algumas construções que formariam a ruas do Chafaris (José A.velino) e da A.lfândega (Dragão do Mar)."

Em outra planta, a primeira de Herbster, registrava-se distante, o Matadouro, na atual Praça Clóvis Beviláqua, e a lagoa do Garrote que, em 1890, se transformaria no Parque da Liberdade, depois Cidade da Criança. Noutra, de 1875, já se faz referência à rua da A.ldeota (Nogueira A.ccioly), para leste; e para sul, a rua do Coelhos (Domingos Olímpio); algumas ruas foram sacrificadas para manter o tracejado, salvo a entrada da Messejana (Vinconde.do Rio Branco).

A PRAÇA DO FEREIRA As praças sempre constituíram marcos imPortantes na história de Fortaleza. Antes da Praça do Fereira houveram outras que funcionaram como centros aglutinadores das mais diversas formas de manifestação humana da cidade. No período colonial havia a praça do Conselho, onde estava postado o Pelourinho, simbolo da da autoridade real, depois transferido para a praça da Carolina, ao lado do mercado, ponto tro de feirantes, daí o nome de "Feira Velha". Mais tarde a feira foi transferida para o local onde a praça do Ferreira, que passou a ser chamado "Feira Nova". Quanto ao Pelourinho, não se sabe foi seu destino, presume-se que foi arrancado com a Proclamação da Independência.

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Ocupando junto com a "Feira Nova", o espaço da futura praça, havia também a rua do Cotovelo, uma viela de mocambos que cortava em diagonal o terreno. Esse ajuntamento desordenado de casebres foi erradicado em 1942. O lugar passou a chamar-se Largo das Trincheiras e depois Pedro II. Só em 1871 é que viria a ser batizado com o nome do Boticário. Além da Botica, outros elementos contribuíram para tomar a futura praça o pronto mais agitado da cidade. Havia a feira; a sede da Câmara Municipal, localizada no Sobrado do Pacheco; o Pachecão, o primeiro construído em tijolo e telha, em 1825. Havia também a livraria do Oliveira, no lugar em que está hoje o cine São Luiz, palco de animadas palestras. Logo, as melhores casas comerciais da cidade foram se fixando em tomo da praça. Com a proclamação da República, a febre positivista que acometeu os legisladores, quis mudar o nome do logradouro para Praça Municipal, assim como retirar os nomes das ruas para numerá-Ias. A modificação, no entanto, não agradou aos fortalezenses e tudo voltou a ser como era antes. Para fazer crescer mais ainda a agitação da praça foram instalados nelas, em 1880, os trilhos da Comoanhia Ferro Carril, cujos bondes puxados a burros, ar estacionavam. Em 1913, os burros foram substirdos por bondes elétricos. Completando a preferência pela praça, foram implantados nela, nos anos 80, os famosos quiosques. Eram cafés-restaurante, que se tomaram a alegria dos palradores da cidade. O iniciador desses pontos de reunião foi o aracatiense Manuel Pereira dos Santos, conhecido por Mané Coco. Eram em número de 4: o Java, no ponto nordeste da praça; o Café do Comércio, no noroeste; o Iracema, no sudoeste e o Elega:lte, a sudeste. Na reforma de 1920, promovida pelo prefeito Godofredo Maciel, foi decretada a extinção dos quiosques. Também na praça estava o "cajueiro da mentira", à sombra do qual se elegia todos os anos, no dia 12 de abril, em meio a bombas e bandeirinhas, o "Coronel Comandante do Batalhão dos Potoqueiros (mentirosos) de Fortaleza", batalhão que tinha como única finalidade combater a verdade. O copado cajueiro também não escapou à reforma do Godofredo. Houve também "o banco" que reuniu várias gerações de intelectuais e que foi sendo lentamente abandonado, até restar apenas o banco com seu nome inscrito no chão da praça; mesmo essa singela homenagem desapareceu. A praça foi testemunha também de tragédias como a que vitimou, em 1894, Joaquim Vitoriano, o Paulo Kandalascaia, da Padarial Espiritual, o tenente Heitor Ferraz e o poeta Mário da Silveira. mortos por motivos semelhantes. Foi palco igualmente da covardia da polícia de Accioly, que assassinou crianças indefesas, nas manifestações de 1912. Ao logo de sua existência, a praça sofreu várias reformas: a primeira com Guilherme Rocha, em 1906, que nela construiu jardins e alamedas. Em 1920, Godofredo Maciel tirou os quiosques e pôs um coreto para a apesentação de peças musicais. Em 1933, Raimundo Girão demoliu o coreto e colocou em seu lugar a coluna da hora. Em 1946 foi construrdo o Abrigo Central, com casa de merenda, bancas de bicheiros e engraxates no seu interior. Este foi derrubado em 1966 e em 1967, foi a vez da coluna, para dar lugar a nova reforma em 1968, muito criticada pela estranha roupagem com que vestiu a praça. Finalmente, em 1991, sofreu uma reforma profunda, que recuperou a coluna da hora, os bancos e até ê. .e'ha cacimba construfda no século passado. Foram autores do projeto os arquitetosh Fausto Nilo Costa e Delberg Ponce de Leon que procuraram evocar as diversas fases da praça. A. cacimba, tues com bancas de revistas, a seqüência de pórticos em torno deles, feitos em aço especial que homenageiam o espírito da praça; galhoteiro, brincalhão, onde até o sol foi vaiado nos anos 40; tudo feito num esforço de resgatar a história do espaço mais democrático da cidade.

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AS RODAS LITERÁRIAS OS CAFÉS, OS TEATROS, OS CLUBES As primeiras manifestações literárias do Ceará começaram nas reuniões feitas na casa do governador Sampaio, os concorridos outeiros. Era início do século XIX. Freqüentavam essas reuniões, Costa Barros, Pacheco Espinosa, Castro e Silva e outros que não produziram nada de muito significativo. Outro grupo só surgiria na década de 70; era a Academia Francesa que contou com figuras de peso como, Rocha Lima,Tomás Pompeu e Capistrano de Abreu. Muitos, influenciados pelas idéias positivistas, combatiam o Romantismo. Publicavam o Jornal FRATERNIDADE. Em 1886 surgiu o Clube Literário, que reunia Juvenal Galeno, Antonio Bezerra, Justiniano de Serpa, Olieira Paiva, Farias Brito, Rodolfo Teófilo e o moço Antonio Sales. Apesar da matriz romântica de muitos esses escritores, o grupo começou a se enquadrar na escola realista. Seu orgão na imprensa era AQUINZENA. Foi no final do século que o Ceará conheceu o seu mais expressivo e criativo movimento literário: A PADARIA ESPIRITUAL. O seu mentor foi Antonio Sales e a idéia de sua criação se deu nas mesas do Java. Seu orgão era O PÃO e tinha um Padreiro-mor Padeiro-mor (Presidente), dois Forneiros (secretários) e os demais embros eram chamados de Padeiros. Os Padeiros tinham nomes fictícios: Antonio Sales era Moacir rema, Adolfo Caminha era Feliz Guanabari no, Rodolfo Teófilo era Marcos Serrano, Antonio Bezerra era André Camaúba e assim por diante. Entre outras coisas, seus estatutos determinavam que era "proibido o tom oratório, sob pena de vara", ser severamente punido o Padeiro que passasse uma semana sem dizer um chiste e, recitar ao pia'1o, dava "expulsão imediata e sem apelo". Declarava como "inimigos naturais (...) o clero, os alfaiates e a polícia", Além de escritores, haviam também músicos, Henrique Jorge (Sarasate Mirim) e seu irmão Carlos Vítor, e um pintor, Luis Sá. Havia um que era nada disso, Joaquim Vitoriano, o Paulo Kandalascaia, que por sua coragem e físico avantajado atuava como guarda costas dó grupo. No interior do movimento conviviam estilos Turismo – História do Ceará

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literários diferentes, com maior predominância do Realismo. Através da Padaria foi introduzido o Simbolismo no Ceará, bebido diretamente de Portugal. A Padaria Espiritual viveu duas fases: a primeira, de 10 de julho de 1892 a 24 de dezembro desse ano, com a publicação de seis números d'O PÃO, apesar do sexto estar numerado como quinto, porque saiu dois números 2. E a segunda fase, que se iniciou a 1º de janeiro de 1895 e foi até 1898, quando extinguiu-se o movimento, apesar d'O PÃO ter deixado de circular já em 1896. A 15 de agosto de 1894 foi fundada a Academia Cearense de Letras, portanto, antes da Academia Brasileira que é de 1896. Seus objetivos iam além da literatura, abarcando o campo das ciências, educação, artes, de uma modo geral. Alguns de seus principais fundadores foram Tomás Pompeu, Guilherme Studart, Farias Brito, Justiniano de Serpa, Padre Valdevino, Henrique Théberge, para citar os mais conhecidos. Nessa primeira fase, publicou de 1896 a 1914, a REVISTA DA ACADEMIA CEARENSE. Digo primeira fase porque deixou de funcionar várias vezes, sendo reorganizado em 1922,1930 e 1951. Funciona atualmente no Palácio da Luz, antiga sede do govemo e tem como presidente o poeta Arthur Eduardo Benevides. Em data recete, elegeu como membro a escritora Rachei de Oueirós. O Centro Literário foi criado por uma dissidência da Padaria Espiritual em 1894. Não tinha a mesma originalidade mas contava com escritores de grande talento como Papi Júnior, Guilherme Studart, Farias Brito, e outros. Muitos faziam parte de um e outro movimento, pois não se exigia fidelidade de seus membros. Publicava a revista IRACEMA e funcionou até o início do presente século. Os grupos literários brotavam como ervas nos canteiros da "lourinha" afrancesada. Surgiam das rodas que se formavam em torno dos bancos da Praça do Ferreira e do Passeio Público, nas livrarias e, principalmente, nos cafés. Assim surgiram, inspirados pelo bucolismo da Fortaleza "Belle Époque", grupos como a Plêiade, onde se sobressaia a figura de Soriano Albuquerque; a Academia Rebarbativa, que publicou a revista A JANGADA; e a Polimática, nascida no Café Riche. Os cafés, reflexo da influência francesa, existiram em grande quantidade em Fortaleza. Houve época em que a cada esquina encontravam-se um. A moda começou com os quiosques da Praça do Ferreira. Depois, os cafés foram contornando a praça e se estendendo para outros espaços. Neles. encontravam-se figuras como Ouintino Cunha, poeta e piadista fino; o poeta José Albano, admirado pela beleza, cultura elevada e excentricidade; o· teatrólogo Carlos Câmara, o mestre da burleta; enfim, as figuras mais interessantes da Fortaleza provinciana. Havia a "Maison Art-Nouveau", na Major Facundo com Guilherme Rocha; funcionou de 1907 a 1930, quando foi consumida por um i ncêndio. O Café Riche foi inaugurado em 1913, sendo seus proprietários Alfredo Salgado, o notável abolicionista, e Luis Severiano Ribeiro, que se tomaria o Rei do Cinema no Brasil. E vieram outros; Avenida, Globo, Confeitaria Glória, Éden Café, Café do Comércio, a Rotisserie. Esses "antros" luxuosos e tão agradáveis acompanharam a cidade no seu crescimento até os idos dos anos quarenta quando conheceram o ocaso. O primeiro teatro de Fortaleza, o "Concórdia", iniciou suas atividades em torno do ano de 1830 e funcionava em um prédio em frente à Igreja do Rosário. Em 1842, já com o nome de "Taliense", foi transferido para a rua Formosa, hoje Barão do Rio branco. Era bem freqüentado, apesar do amadorismo de seus artistas. Encerrou suas atividades no ano de 1872. Já naquela época, as autoridades pensavam na construção de um teatro de maior envergadura, sem que se tomasse iniciativa nesse sentido. Continuaram, então, os teatros de pequeno porte a servir como único espaço disponível para as atividades cênicas da cidade. Eram eles o São José, na rua Amélia; o das variedades, fundado em 1877, cujas representações eram feitas ao ar livre; o São Luis, que funcionou de 1880 a 1896. Nele, em 1882, esteve o maestro Carlos Gomes. apenas de passagem, sem executar nenhuma de suas peças musicais. Além desses, funcionaram vários outros, verdadeiros teatros de "fundo de quintal". Em 1896, o Presidente Bezerril Fontenele lançou a pedra fundamental do que seria mais tarde o Teatro José de Alencar. As obras, no entanto, só seriam iniciadas em 1908, concluindo-se em 1910, no

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governo de Nogueira Accioly. Foi construido em metal vindo da Inglaterra, como quase todas as construções de qua fdade da ápoca (ver pág.41). Outro teatro construIdo nessa fase, em 1915, foi o São José. Desde sua construção nunca tinha sido reformado, o que ocorreu há pouco tempo. No projeto foram previstas melhorias, que não implicarão na ateração de sua estrutura. Outras casas de espetáculo da cidade, atualmente ou estão em reforma, como o Teatro Carlos Cãmara, no Centro de Turismo da CODITUR, ou em pleno funcionamento, como o Teatro Universitário, o Teatro do IBEU, o ARENA Aldeota e o Paurillo Barroso, sendo os três últimos de propriedade de instituições privadas. I Os primeiros "cinemas" chegaram na forma dos bioscópios e kinetoscópios ou kinefones. Foram introduzidos por um italiano de nome Pascoal, e se constituia de uma lanterna mágica, que projetava numa tela imagens sem movimento. Os kinefones foram introduzidos antes, em 1891. sendo uma combinação do bioscópio com o gramofone O primeiro cinematógrafo foi exposto pela Empresa Oliveira & Coelho no teatro no Clube Iracema, em 1907. Depois, o italiano Vitor Di Maio montou o primeiro cinema fixo. no prédio da "Maison Art Nouveau", na rua Major Facundo com Guilherme Rocha, daí, ser chamado também de "Art Nouveau". Em seguida vieram o Politeame, o Rio Branco, o Cassino. o Riche e o American Kinema. Em 1917, foi aberto o MajesticPálace, do milionário Plácido Carvalho. o mesmo que construiu o Excelsior Hotel, que além de belo é o maior ediflcio de alvenaria do mundo. Com o Majestic, o cinema tornou-se hábito para a elite social. Que freqüentava vestida a caráter, glamourizando suas "soirées". Aliás, naquela época, as pessoas, de um modo geral, andavam bem vestidas. Mais tarde, em 1922, veio o Cinema Moderno, e o Majestic foi perdendo a importãncia, até que na década de 40, já se apresentando como um cinema poeira, freqüentado por gente de classe social inferior, foi destruido por um incêndio. Surgiu então o Diogo e posteriormente o São Luis, marcando o início do monopólio do grupo Severiano Ribeiro.

Fortaleza já foi chamada de "Cidade dos Clubes", dada a grande quantidade dessas agremiações que reuniam os membros das classes média e alta. O primeiro deles foi o Recreação Familiar Cearense, surgio em 1851. Depois foi a vez do Cea:ense. fundado em 1867, em um Casarão da Senador Pompeu. Torou-se tão elitista que alguns de seus membros resolveram fundar um outro, o Iracema, em 1884. Nesses clubes se fazia de tudo: jogos, danças, flertes, concertos, peças teatrais, reuniões polfticas, ou simplesmente encetavam-se relaxadas conversações. O Iracema tornou-se o clube mais freqüentado de sua época, dividindo mais tarde com o Clube dos Diários, surgido em 1913, as preferências dos boêmios da cidade. Nas festas de camaval, o pessoal do Cearense se convertia no "antro" dos Dragões do Averno. Os do Iracema nos Conspiradores Infernais do Iracema. O desfile começava com uma parada dos camelos que haviam sido trazidos da Argélia, pelo governo Imperial, para resolver o problema dos transportes do sertão. Embora se adaptassem bem à região, desistiu-se da idéia e eles ficaram reduzidos a simples atração zoológica, para os habitantes da capital. Comparado com os dias de hoje, o Carnaval era uma brincadeira de jardim da infância. Consistia em promover "assaltos" nas casas de família, ocultas por Turismo – História do Ceará

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máscaras e jogando-se água com tinta ou perfume uns nos outros. Depois surgiram as sociedades carnavalescas propriamente ditas: os Cavaleiros do Prazer, os Cavaleiros da Época, a Legião dos Únicos e aqueles que modificaram as festas mominas em Fortaleza, os Dragões e os Conspiradores. Em 1885, estes dois grupos desfilaram suntuosamente, fazendo uso de carros alegóricos. No presente século, os clubes se multiplicaram, fazendo a alegria das noitadas fortalezenses ou estimulando a prática das diversas modalidades esportivas: Ceará Country Club, Ideal Clube, Náutico Atlético Cearense, Maguari, Clube Líbano Brasileiro. Muitos ainda estão em pleno funcionamento sem, no entanto. conseguirem manter C? "glamour" do passado. O PASSEIO PÚBLICO O antigo Largo da Pólvora, depois Praça dos Mártires e finalmente Passeio Público, foi o local escolhido para o sacrifício dos heróis da Confederação do Equador. Em 1867 e Chefe da Obra Públicas da Privíncia, Dr. José Pompeu de Albuquerque, fez levantar as muralhas de sustentação do corte feito na rampa da praia, além de programar os embasamentos dos gradis circundantes. Na administração de Tito Rocha, em 1879, o Passeio foi transformado em um logradouro ajardinado, contando com um "rink" de patinação. Era rodeado de gradis artisticamente trabalhados e apresentava duas alamedas a Padre Mororó, e a Carapinima. Mais tarde, em 1898, o prefeito Caio Prado acrescentou-lhe outra, que levava seu nome e apresentava melhor acabamento. Nas horas de passeio, os "footings", as pessoas da classe alta,passeavam pela Caio Prado, os da classe média pela Carapinima e na Pe. Mororó, circulava a "raia miúda", sendo que esta diferenciação ocorria espontaneamente. sem regras estabelecidas. Em 1932, perdeu as grades, sendo repostas outras mais simples, na década de 60, na gestão de José Walter Cavalcante. Com o tempo foi deixando de ser a coqueluche da cidade e aos poucos foi sendo abandonado, ficando entregue aos desocupados e "profissionais do amor". Sofreu recentemente algumas reformas, que lhe restituíram um pouco da beleza anterior, sem, contudo, recuperar a imponência de antes. Permanecem lá a fonte, as estátuas gregas e o velho Baobá, vindo da África.

A ARQUITETURA ANTIGA DO CEARÁ Inexiste, ou pelo menos não se apresenta dígna de menção uma arquitetura colonial no Ceará. Tal fenômeno encontra uma explicação mais plausível na pobreza econõmica da região, que não contou com nenhum produto de exportação ao estilo da cana de1açúcar ou do ouro, que geraram em áreas como Pernambuco, Bahia e Minas, uma arquitetura pujante. e até mesmo original. Nem a prosperidade passageira da indústria do charque encontrou o tempo necessário para consolidar nas concentrações urbanas geradas por ela, uma arquitetura desse nível. Dessa forma, foi no século XIX, já passado o ciclo barroco. que se constituiu a arquitetura antiga cearense.

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"A arquitetura antiga do Ceará evidenciará um caráter popular, utilitário e ecológico, mesmo as edificações de maior envergadura. Trata-se de uma arquitetura reduzida ao essencial. condicionada às poucas disponibilidades financeiras e erguidas com materiais de construção local. utilizando-se técnicas imprevistas.

Esse quadro de austeridade arquitetõnica só encontrará alguma alteração com a hegemonia de Fortaleza sobre os demais centros regionais. com a construção de prédios que farão uso de materiais importados .

...que darão a Fortaleza aquela harmoniosa paisagem urbana, das mais belas do país, gradativamente destruída, a partir da década de 30.

AQUIRÁS Sediou a primeira vila do Ceará (1699-1713), com o nome de Vila de São José de Ribamar do Siará Grande. Por motivo da insegurança a que estava exposta foi descartada como centro hegemônico da futura capitania. Hoje é uma cidade localizada na região metropolitana de Fortaleza, mantendo um conjunto arquitetõnico típico do período colonial, apesar de muito mal conseNado, além de não restar quase nada do núcleo setecentista. Merece menção 







A IGREJA DE SÃO JOSÉ DE RIBAMAR, que teve sua construção iniciada no século XVIII sofreu várias modificações, mantendo. no entanto, alguns elementos originais como as portas da entrada principal e os painéis pintados no forro da capela-mor. AS RUÍNAS DO ANTIGO COLÉGIO DOS JESUÍTAS, construído na primeira metade do século XVIII, foi abandonado em 1759, devido à expulsão dos jesuítas do Brasil. Demolido em 1854, restando apenas as ruínas das paredes da capela-mor. A CASA DE CÂMARA E CADEIA, hoje, Museu de São José de Ribamar. O primeiro de pavimento, que funcionou como cadeia, foi erguido no século no século XVIII; o segundo, que servia de câmara. Data de 1877. O Museu Sacro conta em seu acervo com imagens talhadas em madeira, castiçais, turíbulos e pratarias do século XVIII. O MERCADO DA CARNE, se constitui numa das mais interessantes obras da arquitetura popular, segundo o arquiteto cearense, Liberal de Castro. É dele a seguinte descrição: "Tem planta quadrada, constante do núcleo central, contornado por alpendres. O telhado é piramidal, com vértice apoiada numa coluna central de alvenaria de tijolos. Todo madeiramento é de carnaúba e o traçado das peças estruturais se desenvolve no espírito de pesquisa das linhas internas do quadrado. A impressão sensorial do espaço interior pede experiência pessoal, já que não pode ser transmitida por descrições verbais e nem mesmo por fotografias".

ARACATI Quando Pero Coelho dirigia-se ao Maranhão, para dar combate aos franceses instalados naquela capitania, deparou-se com índios hostis. "a foz do rio Jaguaribe. Para pacificá-Ios, fez. ali um fortim. Que batizou de São Lourenço. Mais tarde surgiria a povoação de Santa Cruz do Aracati do Porto das Barcas. Aracati se tomaria o principal ponto de penetração para os que pretendiam descer o Jaguaribe. Logo conheceria o progresso através da indústria do charque. Com a decadência desta. a cidade conheceu seu ocaso. só vindo a conhecer um certo renascimento em data recente. com seu agitado carnaval e suas belas praias. Seu conjunto arquitetônico do século XIX é o mais importante do Ceará. contando ainda com edificações do século anterior. Relacionaremos aqui algumas delas: Turismo – História do Ceará

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IGREJA MATRIZ DE NOSSA SENHORA DO ROSARIO, construída entre o século XVIII e a segunda metade do XIX. Está tombada pelo patrimõnio histórico. Foi restaurada recentemente. CASA DE CÂMARA E CADEIA, iniciada no século XVIII. SOBRADO DE BARÃO DE ARACATI, onde está localizado o Museu Jaguaribano, que conta com peças de arte popular e documentos históricos. Apresenta uma fachada revestida de azulejos portugueses. A cidade apresenta vários conjuntos de sobrados, casas térreas e igrejas coloniais.    

SOBRAL Metrópole da zona norte do Estado, conheceu a prosperidade com o charque. Apresenta numeroso acervo arquitetõnico em quatro fases diferenciadas de estilos que se configuraram ao longo do século XIX. Suas Igrejas apresentam-se bastante modificadas. como de resto aconteceu em todo o Ceará. Seus espaços urbanos são bastante ricos. testemunho da sua proeminê"cia ancestral. Destacam-se do conjunto: IGREJA DE NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO DA CAlÇARA. apresenta belíssimo acervo decorativo com portada com um aro de pedraria lavrada em Iiós e lampadário de prata aceso permanentemente sobre o túmulo de D. José Tubinambá da Frota. IGREJA DO MENINO DEUS. que foi erguida no início do século passado. Salienta-se no forro, baixo relevo em talha poli cromada. representando a sagrada família em fuga para o Egito. TEATRO MUNICIPAL SÃO JOÃO, construído no final do século XIX. edifício de estilo neoclássico. CASA DA CÂMARA, edifício de aspecto austero. consoante com o objetivo para o qual foi construído. Sofreu várias reformas. MUSEU DIOCESANO DOM JOSÉ, sobrado dos idos do século XIX. o museu guarda peças olecionadas por D. José Tupinambá da Frota, bispo de Sobral de 1916 a 1959. 



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ICÓ Um dos mais antigos aglomerados urbanos do Ceará teve entre seus colonizadores os membros das famflias Monte e Feitosa, protagonistas de uma grande guerra incruenta, que assolou o sertão dos Inhamuns por muitos anos, no século XVIII. A cidade está localizada num ponto de confluência de diferentes correntes do comércio, favorecendo seu crescime'1to, tomando-a uma das mais progressistas do interior do Ceará, no período colonial. Foi favorecida oolos ciclos da pecuária e do algodão. Por seu intermédio se faziam os negócios entre as capitanias de Pernambuco, Rio Grande do Norte, Paraíba, Banhia, Piauí e a zonas e centro do Ceará. Ainda conserva seu aspecto arquitetônico colonial, destacando-se a Antiga Casa de Câmara e Cadeia, o Teatro da Ribeira dos Icós e outros prédios de estilo Barroco. Seu patrimônio também está a exigir uma polftica de consenação. A ARQUITETURA DE FORTALEZA Não se pode caracterizar a arquitetura fortalezense como antiga por conta do fato de seus prédios serem, de um modo geral, de construção recente, datando a maioria deles, da passagem do século passado para o atual e dos primeiros anos destes. Podemos classificá-Ia em três aspectos básicos, segundo Liberal de Castro: a) ARQUITETURA RELIGIOSA NEOCLÁSSICA E NEOGÓTICA. "No concemente às Igrejas fortalezenses ..., são em quase sua totalidade, edificações de meados ou fins de século passado, concluídas já neste século ... misturam, à planta de esquema basilical, influências dos movimentos historicistas do século passado, através de ecos amortecidos de um neoclassicismo ou de um neogoticismo sem pretensões. Assinale-se, entre elas, a do Pequeno Grande, inaugurada com o século, coberta de placas de ardósia montadas em estrutura metálica procedentes da Bélgica, segundo um projeto de inspiração neogótica, em cujo telhado os materiais e o caimento íngreme se uniam num desenho para escorrer a neve". Turismo – História do Ceará

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No mesmo estilo apresentava-se a antiga Sé, que foi demolida para dar lugar à nova. b) ARQUITETURA METÁLICA IMPORTADA Contruções que faziam uso de estruturas metálicas importadas das nações européias, que no início do século exerciam sua hegemonia sobre o mercado intemacional. Modelos copiados, que não raro, já vinham preparados para montar. Destacam-se desse período, o Teatro José de Alencar, o prédio da A.lfândega, o Mercado de Ferro que após ser desmontado desdobrou-se no Mercado da Aerolândia e o dos Pinhões; a Igreja do Pequeno Grande e o desaparecido Cine Majestic. c) ECLETISMO ARQUITETÔNICO Dos antigos sobrados que definiam as vias centrais do início do século restam muito poucos, destacando-se, ainda, em bom estado de conseNação, o dos Femandes Vieira, restaurado recentemente para dar lugar ao A.rquivo Público do Estado. As demais edificações consideradas antigas, se enquadram nos esquemas do dito ecletismo arquitetônico, vigente na França do século XIX, sob Napoleão III. Rema 1escentes desse estilo são o prédio do antigo IFOCS (DNOCS), de 1907; o Palacete Ceará, (Caixa Econômica), na Praça do Ferreira, de 1914; o Teatro José de Alencar, de 1910; o Prédio da Fênix Caixeiral, criminosamente demolido na década de 70, que era construção de 1915, e estava localizada na Praça José de Alencar. Destacavam-se, também, nesse período, as casas chácaras, inseridas em meio a amplos jardins, como o palacete do Coronel João Gentil, que deu lugar à Reitoria da Universidade Federal. Nesse estilo notabilizou-se também o Palacete do Plácido, demolido na década de 70, onde atualmente está localizado o Centro Artesanal Luiza Távora, na Avenida Santos Dumont. Registra-se também as influências do movimento "Art Nouveau", perceptível ainda um pequeno conjunto de casas situadas entre as ruas General Sampaio e 24 de Maio, modificadas em sua parte inferior para adaptação de lojas. Vigoram também nesse período os preceitos do movimento tradicionalista, que na Europa se expressava no retorno aos valores de épocas passadas, principalmente os da Idade Média e do período que marca o surgimento das nacionalidades. No caso brasileiro, o esforço centrou-se na recuperação do aceno arquitetônico do período colonial, embora não se possa falar de um estilo colonial. No Ceará, a obra do arquiteto Armando Oliveira se encaixou dentro dos parâmetros desse movimento, destacandose o prédio do Grupo Escolar Visconde do Rio Branco e as grades do Parque da Liberdade (Cidade da Criança). Finalizando esse período, às vésperas da revoluçâo de 30, vamos ter o Excelsior Hotel e alguns palacetes localizados no fim das linhas dos bondes, principalmente na Jacarecanga. CASA DE JOSÉ DE ALENCAR Localizada no sítio do Alagadiço Novo, que pertenceu ao Senador Alencar, pai do escritor José de Alencar. Pertence à Universidade Federal do Ceará e foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico, em 1965. No sÍtio encontra-se a casa onde nasceu o escritor, as ruínas da casa grande e do engenho, o primeiro a receber energia a vapor no Ceará. Segundo o arquiteto Liberal de Castro, a casa onde nasceu o escritor tem, além do seu valor histórico-sentimental. grande significado arquitetônico. pois demonstra o processo evolutivo do emprego da carnaúba, como material de cobrimento. O sítio abriga ainda um centro de estudos da UFC, com o museu Artur Ramos. cujo acerno é composto de material etnográfico. Já existe um projeto de restauração em andamento, que irá fazer o aproveitamento dos 7.5 ha do sítio, em sua totalidade. Além das partes já existentes, serão acrescentados ciclovias, restaurante é reativado o lago, com adaptação de áreas verdes para a prática de "cooper". A casa foi construída pelo padre José Martiniano de Alencar para abrigar sua prima e amante Ana Josefina de Alencar, juntamente com seus oito filhos.

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PALACETE CEARÁ Prédio construido em 1914 pelo Cel. José Gentil CaNalha, abrigou, no seu andar térreo, o "Rotisserie Sportman" e nos altos. o Clube Iracema. Foi por muito tempo um dos pontos mais refinados da cidade. Em 1955. o prédio foi adquirido pela Caixa Econômica Federal que aí instalou uma de suas agências. Em 1982, um incêndio deixou apenas sua fachada de pé. Feito os levantamentos, juntamente com o Patrimônio Histórico. optou-se por sua restauração .

PLÁCIO DA LUZ,PRAÇA GENERAL TIBÚRCIO, ARQUIVO PÚBLICO

Antiga residência do capitão-mor Antonio de Castro Viana, tendo funcionado aí a Câmara Municipal. Foi sede do governo do Estado até a década de 60 do corrente século. Abrigou também a Secretaria Estadual de Cultura e Biblioteca Pública, além da Casa de Cultura Raimundo Cela. Atualmente sedia a Academia Cearense de Letras. Ao lado do Palácio se encontra a Praça General Tibúrcio, mais conhecida como Praça dos Leões. Era o pátio do Palácio e servia de depósito de animais e lixo. Idelfonso Albano embelezou-a, dando-lhe a dignidade que até hoje apresenta. Antes disso, durante os choques que levaram à queda do Presidente Clarindo de Queiróz, em 1892, a estátua do General Tibúrcio foi atingida por um tiro de canhão que a derrubou do pedestal. O Arquivo Público do Estado, que abriga os documentos mais antigos do Estado, está instalado no casarão que pertenceu ao deputado Miguel Fernandes Vieira (1819-1879). O prédio foi adquirido pelo governo Imperial em 1883 para a Tesouraria da Fazenda. Sediou outras instituições públicas, entre as quais a Delegacia da Receita Federal. Cedido ao governo do Estado, foi adaptado para sediar o arquivo; sua inauguração se deu a 15 de junho de 1993. Na extremidade sul da Praça dos Leões está a Igreja de Nossa Senhora do Rosário. Fundada em 17 teve sua primeira festa em homenagem à Santa, em 27 de dezemoro de 1747. O templo tinha paredes de taipa e teto de palha, sendo utilizado pelos negros para suas orações.

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TEATRO JOSÉ DE ALENCAR

Foi construído entre os anos 1908 e 1910 no governo de Nogueira Accioly. É uma das mais notáveis as em arquitetura metálica, apresentando características ecléticas, onde são observados estilos ecdássico, moderno e "art nouveau", com aspectos da arte greco-romana. Suas estruturas foram imadas da Escócia, sendo seu corpo feito todo em ferro, aço e ferro fundido, com três pavimentos, do térreo, onde ficam a platéia, as frisas, camarotes e torrinhas, contendo ainda cadeiras austríacas de palhinha, balcão e elegante escadaria. A elaboração de sua planta esteve a cargo do engenheiro militar, capitão Bernardo José de Meio. A cenografia esteve a cargo de Herculano Ramos, os trabalho de pintura foram realizados por Ramos Cotoco, Antonio Rodrigues, José Vicente, Jacinto Matos, José de Paula Barros e Rodolfo Amoedo. Com fachada em estilo Coríntio, de acordo com os preceitos dos teatros-jardins, sendo que o jardim só Foi construído na reforma de 1974/75, de acordo com projeto do paisagista Burle Marx, recentemente falecido. O mesmo participou da reformulação do jardim na reforma de 1989/91. Inaugurado em 17 de junho de 1910, teve sua primeira encenação em 23 de setembro daquele ano. todo está formado de: bloco frontal ou "foyer", em estilo eclético: sala de espetáculos, na linha”ar nouveau”, jardim; caixa do palco e terreno onde funcionou a Faculdade de Odontologia, que as para ensaio de dança, teatro, música, sala para figurino, oficinas, palco ao ar livre, sala de espetáculos com 100 lugares, restaurante, copa, salas da administração, galeria de arte e bibiblioteca. A sala de espetáculos comporta 764 lugares. O interior do Teatro está decorado com pinturas em alto eferem à mitologia grega e à obra de José de Alencar. O teatro foi tombado em 10 de agosto de 1964, como Monumento Nacional, pela Sociedade do Patrimônio Histórico e Artístico. A CATEDRAL DA SÉ

O templo que deu orígem à primeira Catedral de Fortaleza foiconstruído entre os anos 1820 e 1854. Recebeu o nome de Sé e só foi receber os foros de Catedral em 1861, com a criação do bispado de Fortaleza, sendo o primeiro bispo, D. Manuel da Silva Gomes. Apresentava aspecto neoclássico e foi Turismo – História do Ceará

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demolida no final da década de 30 para dar lugar à nova catedral. Sua demolição foi amplamente criticada, porém, nada foi feito para impedir o fim da velha catedral, que estava no seu 84º aniversário. A nova catedral teve sua pedra fundamental lançada em 15 de agosto de 1939, mas só foi concluída em 1978, tendo sido inaugurada em 22 de dezembro daquele ano, no bispado de D. Aluísio Lorscheider. Sua construção teve hiatos e reanimações, sendo famosa a campanha da papeleta amarela, que visava angariar fundos para a conclusão do templo. O projeto é de autoria do engenheiro francês Georges Mounier, que o elaborou segundo o estilo "gótico estilizado" ou neogótico. A construção tem forma de cruz, com 96m de comprimento e 28 de largura, sendo que na parte dos braços, a largura se amplia para 60m. O pé direito é 32m (altura do chão ao teto). O altar tem 5m por 1m, o piso é granito, e possui mármores de Verona nos lambris. Seu interior está decorado com vitrais vindos da Itália, que contam passagens da Bíblia e vida dos Santos. Acima da porta principal, está o vitral com as armas da Catedral. A entrada ou saída do templo é feita por três portas frontais e quatro laterais, sendo a ciculação no seu interior facilitada pela disposição dos bancos nas partes centrais. Ocupa um terreno de 3.000m 2 com área coberta de 1.820m 2, sendo 1.726m 2 de área útil. Está localizada no centro da célula originária do município. CENTRO DE TURISMO

Localizado no casarão onde funcionou a antiga Casa de Detenção. Foi projetado e construído a partir de 1950, pelo engenheiro Manoel Caetano de Gouveia, sendo concluído, em parte, no ano de 1954 e definitivamente em 1866. Sua originalidade encontra-se na adaptação de suas linhas neoclássicas à ecologia da terra e aos nossos materiais, trata-se de uma construção que foge aos parâmetos comuns, ao neoclassicismo, dispensando os adomos característicos daquele estilo. Em torno do prédio central foi erguida uma muralha de 5 metros de altura, que estava separada do prédio por quatro pátios, posteriormente transformados num imenso jardim, projetado pelo escultor e paisagista Ricardo Vilela. No lado norte do jardim foi construído um lago artificial, do lado oeste, está o estacionamento e um palco de concreto para apresentações folclóricas. Cinco portões externos dão acesso ao jardim, sendo dois deles em ferro trabalhado. O prédio central tem dois pavimentos, que ainda conservam as linhas arquitetônicas originais, caracterizada por paredes largas em alvenaria, amplos portões de ferro, grades e telhado em quatro águas. O centro conta com 94 boxes de venda de artesanato, em três blocos e uma galeria na rua Dr. João Moreira. Conta também com restaurante e no pavimento superior do prédio central, o Museu de Arte e Cultura Popular, que conta com peças classificadas em três áreas: artes recreativas, utilitárias e religiosas. Turismo – História do Ceará

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O centro de Turismo foi aberto ao público em 30 de março de 1973. PONTE METÁCILA E PONTE DOS INGLESES ANTIGA

A antiga Ponte Metálica foi construída entre os anos de 1902 e 1906, sendo projetada pelo engenheiro Domingos Sérgio de Sabóia e Silva. Foram responsáveis por sua montagem o Engenheiro Hildebrando Pompeu e o escocês Robert Gow Blasby. Era um viaduto com estrutura de ferro e piso de madeira. Para a subida e descida de passageiros faziase uso de uma ponte móvel, o que a tornava muito insegura. Funcionou por muitos anos, sendo, inclusive, reformada em 1928. A ponte, que é popularmente chamada de metálica, é, na verdade, a Ponte dos Ingleses, que nunca foi concluída. Tinha o objetivo de fazer a ligação de um cais-ilha com a terra firme. Preferida pelos adoradores do sol que ao final da tarde vêm assistir ao ocaso do astro-rei, encontravase em adiantado estado de degradação. O governo do estado restaurou o concorrido "point", dentro de um projeto que prevê a criação de um centro cultural na Praia de Iracema. A nova Ponte é constituída de 3 etapas: a primeira tem iluminação mais forte. Na intermediária estão os quiosques em fibra de vidro, bares e restaurante. A terceira, mais distante, está reseNada à contemplação, com pouca luz. O Centro Cultural será administrado pela Fundação Dragão do Mar e aaigará um Museu da Imagem e do Som, cinemas, teatros, um aquário e um planetário, além do Centro de Artes Visuais Raimundo Cela. NOVA

RESTAURANTE ESTORIL

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Não do restaurante, mas da casa do empresário José de Magalhães Porto, construída em 1925, se originou o bairro Praia de Iracema. Antes o local era chamado de Porto das Jangadas e depois Praia do Peixe, sendo, em 1928, batizada com o romântico nome, que mantém até hoje. A casa foi construída em alicerce de madeira de maçaranduba, revestida de argamassa de cal e barro sobre estrutura de taipa. Foi feita assim, para resistir à invasão das águas que constantemente inundavam a praia; pois com a taipa, ela atravessava a parede sem derrubar toda a casa. Era de 2 andares, sendo que o terraço, no primeiro andar, em 1939 foi reforçado com o cimento armado. Com a 2ª Guerra, o empresário arrendou a Vila Morena para os americanos instalarem um cassino, onde promoviam estrondosas festas, freqüentadas pelas garotas da sociedade. Eram as "garotas cocacola", famosas por seu comportamento liberal, que chocava a moralidade da província. Com a saída dos americanos, o prédio foi alugado para os comerciantes portugueses, José Freitas de Almeida e Antonio Português que o transformaram no restaurante Estoril, eleito pela alta roda. Desde a década de 60, funcionava como ponto de encontro de artistas e intelectuais, que foram pouco a pouco se afastando, devido, principalmente, ao surgimento de outros bares que concorriam com o velho restaurante. A obra de urbanização da Praia de Iracema, paradoxalmente serviu para esvaziar mais ainda o Estoril, até que na noite de 20 de abril de 1994, desabou parcialmente. Tombado desde 1986 pelo Patrimônio Histórico, no entanto, nada se fez para preservá-Io. Seu desabamento detonou uma grande polêmica sobre a política de preservação do patrimônio histórico da cidade. O projeto de recuperação do Estoril, que visa transformá-Io em um novo Centro Cultural já está em andamento. SEMINÁRIO DA PRAINHA

A 20 de junho de 1861, o Bispo D. Luiz Antonio dos Santos lançou a pedra fundamental do Recolhimento de Nossa Senhora da Conceição. O objetivo era construir uma instituição destinada a escolher jovens para o estudo convencional. O prédio funcionou também como sede do Colégio da Imculada Conceição. Em 1864 tornou-se o Seminário do Outeiro da Prainha.

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o Seminário foi o responsável pela formação de algumas das melhores cabeças do Ceará. Funciona hoje, no prédio, o Instituto de Ciências, Religiosas e o Instituto Teológico Pastoral. Atualmente, ele passa por reformas em suas instalações. No projeto está previsto a criação de um Museu Sacro, podendo se constituir num dos mais importantes do Nordeste. O Seminário conta também com uma biblioteca de dez mil exemplares, uma das maiores no campo religioso. FAROL DO MUCURIPE

Em 1846 foi instalado um precário farol na Ponta do Mucuripe. Em 29 de julho de 1872, em comemoração ao aniversário da Princesa Isabel, foi ali inaugurado outro. Sua luz era vista a quatro léguas, de minuto em minuto. Desativado, o velho farol foi utilizado para abrigar o Museu do Jangadeiro. No momento está sendo restaurado e será transfonnado no Museu de Fortaleza. ALFÂNDEGA

Alguns historiadores afirmam que a Alfâ~dega foi instalada em 12 de julho de 1812, ou um pouco depois, pelo Governador Sampaio. Entretanto, o prédio de pedras só foi inaugurado em 30 de outubro de1893. Com a instalação da Alfândega, foram levados até a parte da frente os trilhos dos bondes puxados a burro, e do outro lado, os ramais da linha de ferro. À sua frente, nasceu uma rua chamada "Caminho da Praia", em 1932 passou a ser chamada de "Rua da Praia", hoje, chamada Av. Pessoa Anta. Sua ferragem foi importada da Inglaterra. A primeira construção estava instalada no centro da atual Praça Almirante Salda"ha. A edificação de pedra foi reformada em 1941 e 1945, quando foi construído o andar superior, sediado a Receita Federal. Com a mudança dessa para outra sede, passou a abrigar uma agência da Caixa Econômica Federal.

PRESERVAR PARA NÃO ESQUECER Turismo – História do Ceará

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Ultimamente vem crescendo no Ceará a discussão em torno da preseNação do patrimônio histórico do Estado. Em Fortaleza, ocorreram alguns eventos como o seminário "Fortaleza, Vários Olhares" e o "Fórum Adolfo Herbster", que puseram em discussão os problemas da cidade nesse fim de milênio. Uma das questôes mais discutidas é relativa a deteriorização do patrimônio histórico da cidade. É triste constatar o quanto esse acervo foi destruido ao longo dos últimos anos, restando pouco para se preservar. Entretanto, nem tudo está perdido, e o que ficou claro, foi a necessidade de se preservar o que ainda resta. Algumas propostas interessantes foram feitas, como a que prevê a revitalização do centro da cidade, com o desvelamento das fachadas antigas dos prédios e a recuperação dos antigos nomes das ruas e lougradouros públicos. É importante que esses esforços não se detenham por aqui, cabendo aos profissionais de turismo um papel muito importante nesse empreendimento, pois são profundas as relaçôes entre essa atividade, que se mostra cada vez mais como a verdadeira vocação do estado, e a história.

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Hino Nacional

Hino do Estado do Ceará

Ouviram do Ipiranga as margens plácidas De um povo heróico o brado retumbante, E o sol da liberdade, em raios fúlgidos, Brilhou no céu da pátria nesse instante.

Poesia de Thomaz Lopes Música de Alberto Nepomuceno Terra do sol, do amor, terra da luz! Soa o clarim que tua glória conta! Terra, o teu nome a fama aos céus remonta Em clarão que seduz! Nome que brilha esplêndido luzeiro Nos fulvos braços de ouro do cruzeiro!

Se o penhor dessa igualdade Conseguimos conquistar com braço forte, Em teu seio, ó liberdade, Desafia o nosso peito a própria morte! Ó Pátria amada, Idolatrada, Salve! Salve! Brasil, um sonho intenso, um raio vívido De amor e de esperança à terra desce, Se em teu formoso céu, risonho e límpido,  A imagem do Cruzeiro resplandece. Gigante pela própria natureza, És belo, és forte, impávido colosso, E o teu futuro espelha essa grandeza. Terra adorada, Entre outras mil, És tu, Brasil, Ó Pátria amada! Dos filhos deste solo és mãe gentil, Pátria amada,Brasil! Deitado eternamente em berço esplêndido,  Ao som do mar e à luz do céu profundo, Fulguras, ó Brasil, florão da América, Iluminado ao sol do Novo Mundo! Do que a terra, mais garrida, Teus risonhos, lindos campos têm mais flores; "Nossos bosques têm mais vida", "Nossa vida" no teu seio "mais amores." Ó Pátria amada, Idolatrada, Salve! Salve! Brasil, de amor eterno seja símbolo O lábaro que ostentas estrelado, E diga o verde-louro dessa flâmula - "Paz no futuro e glória no passado." Mas, se ergues da justiça a clava forte, Verás que um filho teu não foge à luta, Nem teme, quem te adora, a própria morte. Terra adorada, Entre outras mil, És tu, Brasil, Ó Pátria amada! Dos filhos deste solo és mãe gentil, Pátria amada, Brasil!

Mudem-se em flor as pedras dos caminhos! Chuvas de prata rolem das estrelas... E despertando, deslumbrada, ao vê-las Ressoa a voz dos ninhos... Há de florar nas rosas e nos cravos Rubros o sangue ardente dos escravos. Seja teu verbo a voz do coração, Verbo de paz e amor do Sul ao Norte! Ruja teu peito em luta contra a morte,  Acordando a amplidão. Peito que deu alívio a quem sofria E foi o sol iluminando o dia! Tua jangada afoita enfune o pano! Vento feliz conduza a vela ousada! Que importa que no seu barco seja um nada Na vastidão do oceano, Se à proa vão heróis e marinheiros E vão no peito corações guerreiros? Se, nós te amamos, em aventuras e mágoas! Porque esse chão que embebe a água dos rios Há de florar em meses, nos estios E bosques, pelas águas! Selvas e rios, serras e florestas Brotem no solo em rumorosas festas!  Abra-se ao vento o teu pendão natal Sobre as revoltas águas dos teus mares! E desfraldado diga aos céus e aos mares  A vitória imortal! Que foi de sangue, em guerras leais e francas, E foi na paz da cor das hóstias brancas!

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