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February 15, 2019 | Author: 142520 | Category: Émile Durkheim, Sociology, Positivism, Frankfurt School, Ciência
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Ai Carls Baza A. Sas Rafal Ls Susa

Sociologia

ApReSentAção É com satisação que a Unisa Digital oerece a você, aluno(a), esta apostila de Sociologia, parte integrante de um conjunto de materiais de pesquisa voltado ao aprendizado dinâmico e autônomo que a educação a distância exige. O principal objetivo desta apostila é propiciar aos(às) alunos(as) uma apresentação do conteúdo básico da disciplina. A Unisa Digital oerece outras ormas de solidicar seu aprendizado, por meio de recursos multidisciplinares, como chats, óruns, aulas web, material de apoio e e-mail . Para enriquecer o seu aprendizado, você ainda pode contar com a Biblioteca Virtual: www.unisa.br, a Biblioteca Central da Unisa, juntamente às bibliotecas setoriais, que ornecem acervo digital e impresso, bem como acesso a redes de inormação e documentação. Nesse contexto, os recursos disponíveis e necessários para apoiá-lo(a) no seu estudo são o suplemento que a Unisa Digital oerece, tornando seu aprendizado eciente e prazeroso, concorrendo para uma ormação completa, na qual o conteúdo aprendido infuencia sua vida prossional e pessoal. A Unisa Digital é assim para você: Universidade a qualquer hora e em qualquer lugar! Unisa Digital

SUMÁRIo ...................... ...................... ...................... ...................... ...................... ...................... ...................... ...................... ...................... ...................... ...................... ...................... ........... 5 IntRoDUção ........... ...................... ...................... ...................... ...................... ...................... ...................... ...................... ...................... ............... 7 1 IntRoDUção À SoCIoLoGIA ........... 1.1 O Nascimento da Sociologia .......................................................................................................................................7 1.2 O Contexto do Pensamento Positivista ...................................................................................................................8 1.3 Os Fundamentos do Positivismo ...............................................................................................................................8 1.4 Estraticação da Sociedade Positivista ...................................................................................................................9 ..................... ...................... ...................... ...................... ...................... ...................... ...................... ...................... ...........13 13 2 A SoCIoLoGIA De DURKHeIM .......... 2.1 A Objetividade do Fato Social ..................................................................................................................................14 2.2 A Consciência Coletiva ...............................................................................................................................................14 2.3 A Escola de Frankurt ...................................................................................................................................................15 2.4 A Indústria Cultural .....................................................................................................................................................15 2.5 Cultura de Massa ...........................................................................................................................................................16 2.6 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................17 2.7 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................18 ..................... ...................... ...................... ...................... ...................... ...................... ...................... ...................... ...................... ...........19 19 3 eSCoLAS SoCIoLÓGICAS .......... 3.1 Escola Sociológica Europeia .....................................................................................................................................19 3.2 Sociologia Alemã: a Contribuição de Max Weber ...........................................................................................21 3.3 Resumo do Capítulo ...................................................................................................................................................22 3.4 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................22 ..................... ...................... ...................... .................. ....... 23 4 A SoCIeDADe SoB UMA peRSpeCtIVA HIStÓRICA .......... 4.1 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................24 4.2 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................24 ...................... ....................... ............ 25 5 KARL MARX e A HIStÓRIA DA eXpLoRAção Do HoMeM ........... 5.1 O Método do Pensamento Marxista .....................................................................................................................26 5.2 A Práxis .............................................................................................................................................................................26 5.3 A Mais-Valia .....................................................................................................................................................................27 5.4 Modos de Produção ....................................................................................................................................................28 5.5 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................30 5.6 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................30

6 ConCeItoS De SoCIoLoGIA .......... ..................... ...................... ....................... ....................... ...................... ...................... ...................... ...................... .............. ... 31 6.1 Estrutura Social ..............................................................................................................................................................31 6.2 Status e Papéis ...............................................................................................................................................................32 6.3 Relações Sociais.............................................................................................................................................................32 6.4 Grupos ..............................................................................................................................................................................33 6.5 Fenômenos Sociais ......................................................................................................................................................34 6.6 Relações Sociais.............................................................................................................................................................35 6.7 Fim ou Objetivos da Sociologia ..............................................................................................................................35 6.8 Teoria Sociológica Geral .............................................................................................................................................36

6.9 Teorias Sociológicas Especiais .................................................................................................................................38 6.10 Pesquisas Sociológicas Concretas .......................................................................................................................38 6.11 Leis Sociais ....................................................................................................................................................................38 6.12 Processo Social ............................................................................................................................................................40 6.13 Teoria do Indivíduo Social .......................................................................................................................................40 6.14 Fato Social .....................................................................................................................................................................41 6.15 Ideologia ........................................................................................................................................................................42 6.16 Alienação .......................................................................................................................................................................42 6.17 Resumo do Capítulo .................................................................................................................................................44 6.18 Atividades Propostas ................................................................................................................................................44

7 GLoBALIZAção 7.1 7.2 7.3 7.4 7.5

.................................. ...................... ....................... ...................... ...................... ...................... ...................... ...................... ...................... ...................... ................ ..... 45 Histórico ...........................................................................................................................................................................45 Globalização e/ou Mundialização ..........................................................................................................................46 Meio Ambiente ..............................................................................................................................................................48 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................50 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................50

..................... ...................... ...................... ...................... ...................... ...................... ...................... ...................... ...................... ............... 51 8 ConSIDeRAçÕeS FInAIS .......... ....................... ...................... .............. ... 53 ReSpoStAS CoMentADAS DAS AtIVIDADeS pRopoStAS ............ ...................... ...................... ...................... ...................... ...................... ...................... ...................... ...................... ...................... ...................... ...................... .................... .........55 55 ReFeRÊnCIAS ...........

IntRoDUção Caro(a) aluno(a), Bem-vindo(a) a esta nova modalidade de aprendizado. A Sociologia possui uma quantidade enorme de pensadores. O objetivo geral de nosso estudo é problematizar e conrontar as ideias, conceitos e teorias de alguns importantes pensadores que contribuíram para a armação da Ciência Sociológica. Esperamos, dessa maneira, ornecer a você um panorama do pensamento sociológico desde o seu surgimento até os nossos dias. Esta apostila e a disciplina, como um todo, buscam detalhar o contexto em que surgiu a disciplina Sociologia e o legado que ela deixou para o mundo contemporâneo, repercutida na obra de seus principais teóricos: Comte, Durkheim, Weber e Marx. Em seguida, analisaremos o desdobramento dos conceitos das obras de cada um desses pensadores. A importância, a infuência e que tipo de intererência exerceu no modo de ser, pensar e agir do homem contemporâneo. Nesse sentido, a apostila está organizada de orma a promover sempre um debate sobre, e com, os autores, além de mostrar as transormações metodológicas e teóricas que as mesmas soreram ao longo do tempo. O assunto por ela abordado tem, assim, uma relevante importância para a compressão das relações humanas em dierentes momentos históricos. Desde o século XIX, quando o projeto de sociedade burguesa estava sendo engendrado, até o início do século XXI, quando esse projeto oi denitivamente consolidado, nós temos o auxílio teórico dos mais dierentes segmentos da sociologia para pensar relações e o convívio do homem em sociedade. Nesse percurso, as contribuições de Augusto Comte, buscando undamentar a importância da técnica e da ciência nos primórdios do mundo urbano-industrial, oram undamentais. Em seguida, as análises críticas que Karl Marx az desse mundo urbano-industrial apontam para uma nova conormação social: a hegemonia burguesa. Max Weber é outro importante autor que procura também estender o alcance das análises sobre o mundo burguês. Introduz, assim, no campo sociológico uma análise inovadora que relaciona o desenvolvimento do capitalismo à religião protestante. Émile Durkheim é outro importante autor que, com suas análises sobre os enômenos dos atos sociais, lançou luz também para uma melhor compreensão das relações do homem em sociedade. O estudo aproundado desses autores subsidiará as nossas investigações sobre os temas mais urgentes do mundo contemporâneo, como, por exemplo, o neoliberalismo e suas su as consequências humanas e econômicas. Será um prazer acompanhá-lo ao longo desse percurso. Esperamos que, ao nal dele, você seja um cidadão mais pleno de seus direitos e mais consciente de seus deveres, só assim construiremos uma sociedade mais plural e democrática onde a diversidade e as dierenças sociais, étnicas, culturais cult urais e religiosas serão respeitadas. Atenciosamente,  Antonio Carlos Banzato A. Santos Santos Raael Lopes de Sousa

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1 IntRoDUção À SoCIoLoGIA Caro(a) aluno(a), neste capítulo abordaremos o tema do positivismo e a sua importância para as ciências humanas. Esperamos que ao nal dele você compreenda a importância desse sistema de pensamento para a armação das ciências humanas e a infuência que exerceu sobre a organização das sociedades ocidentais. Vejamos então as suas principais contribuições. A Sociologia é uma ciência da observação. Durante milhares de anos, os homens vêm refetindo e tentando compreender o comportamento de seus semelhantes. As primeiras tentativas de compreender a ação humana esbarraram-se, todavia, em interpretações teológicas, mitológicas e muitas vezes antasiosas. Assim, para os gregos, os enômenos “sociais” tinham uma base de explicação mitológica, isto é, Zeus, senhor dos homens e dos deuses, era quem mantinha a ordem do mundo moral e ísico. Na Idade Média, os acontecimentos sociais estavam, por sua vez, relacionados a um princípio teológico que cingia a liberdade do indivíduo, visto que as explicações para todas as mazelas sociais estavam undamentadas no discurso da vontade “divina”. Obviamente que o homem sempre buscou escapar desses pensamentos totalizantes. Foi essa inquietação, aliás, que ez o homem avançar no caminho da ciência. De tal sorte que no século XVIII, aproveitando-se do capital cultural das gerações anteriores, o homem inaugura uma nova ase do pensamento crítico e estabelece novos parâmetros para explicar os enômenos sociais. Nessa nova conjuntura, merece destaque

Giambattista Vico, que escreve a obra: A Nova Ciência. Nessa obra, Vico arma que a sociedade subordina-se a leis denidas, que podem ser descobertas pelo estudo e pela observação objetiva. Entre outras contribuições, arma: “o mundo social é obra do homem”. Podemos entrever nessa armação certo distanciamento das questões mitológicas e o aproundamento das refexões contra a intererência divina sobre a vida e o cotidiano do homem. Tempos depois, Jean-Jacques Rousseau reconhece que a sociedade tem uma infuência decisiva sobre a vida do indivíduo. Em sua obra O Contrato Social arma: “O homem nasce puro, a sociedade é que o corrompe”. Em outras palavras, Rousseau estabelece que o homem é um ser social. As bases para a constituição do pensamento sociológico estavam, portanto, dadas. O undamental agora era organizar para, em seguida, oerecer um status cientíco para essa nova maneira de pensar as relações humanas. Essa preocupação intensicar-se-ia no século XIX, quando autores, como Augusto Comte, Émile Durkheim, Max Weber e Karl Marx, estabelecem critérios mais objetivos para investigar os enômenos sociais, emprestando a estes um caráter verdadeiramente cientíco. Esses quatro pensadores são considerados os principais representantes da Sociologia Clássica. O ob jetivo deste curso é oerecer ao aluno elementos para a compreensão de alguns dos conceitos criados por esses autores. Em seguida, pretendemos vericar os desdobramentos desses conceitos e a intererência que eles exercem na organização da sociedade contemporânea.

1.1 O Nascimento da Sociologia

Pode-se dizer que o positivismo oi nas ciên- metaísicas e as crenças do senso comum por meio cias humanas a primeira tentativa verdadeiramen- das quais o homem buscava, até então, explicar a te sistematizada de conhecer a realidade social. realidade social. Seus métodos pretendiam substituir as explicações O principal representante do positivismo

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oi Augusto Comte (1798-1857). Comte nasceu na França, numa amília católica e monarquista, talvez esteja aí uma das explicações para sua concepção de mundo. Estudou em Paris, na Escola Politécnica, e testemunhou os turbulentos tempos da era napoleônica. Tornou-se discípulo de Saint-Simon, de quem soreu enorme infuência. Devotou seus estudos à losoa positivista, considerada por ele

uma religião, da qual era o seu principal pregador. De acordo com sua losoa política, a história da humanidade era composta por três estados: um teológico, outro metaísico e nalmente o positivo. Este último representava o apogeu do progresso da humanidade. Para Comte, a sociologia era a ciência mais prounda e a que mais contribuições poderia oerecer para a humanidade.

1.2 O Contexto do Pensamento Positivista

O século XVIII havia consagrado o poder da burguesia, que impôs o uso da ciência e da técnica como metas para a nova sociedade, provocando, assim, modicações sociais, políticas e econômicas  jamais vistas. A consagração desse novo saber, isto é, da ciência e da técnica, leva para um novo entendimento das questões humanas, que passam, agora, pela concepção do cienticismo, ou seja, a ciência é o único conhecimento possível para a humanidade. O idealismo, pensamento predominante até a primeira metade do século XIX, passa a ser combatido e o positivismo é que primeiro leva esse combate adiante. O positivismo representa, então, uma reação contra o idealismo. A dierença undamental entre idealismo e positivismo é a seguinte: o primeiro procura uma interpretação, uma unicação da experiência mediante a razão; o segundo, ao contrário, quer limitar-se à experiência imediata. Além de ser uma reação contra o idealismo, o positivismo é ainda tributário do grande progresso das ciências naturais, particularmente das biológicas e siológicas do século XIX.

Saiba mais Para os idealistas, a losoa é o estudo dos processos pelos qual a realidade deriva dos princípios constitutivos do espírito, sendo o mundo o produto de um movimento do pensamento. Entre os principais idealistas podemos destacar: Schelling e Hegel.

Pode-se dizer que a losoa de Comte deende alguns princípios consagrados da sociedade, como a propriedade, a amília, o trabalho e a religião. Com esses princípios rigidamente seguidos, a sociedade alcançaria, segundo Comte, o progresso e a ordem. A ideia de ordem está, neste caso, associada à ideia de hierarquia, que gera consequentemente uma disciplina para a sociedade. É importante dizer que, para Comte ou para o positivismo, o entendimento da história se dá por meio de documentos ociais, isto é, a história só se explica e se  justica com a visão predominante de sua época.

1.3 Os Fundamentos do Positivismo

Comte estabelece no livro Curso de Filosoa Positiva os três princípios básicos do estado positivista. De acordo com esse princípio, a vida da humanidade compreende em três estágios, sendo o atual, isto é, aquele no qual vivia Comte, o principal deles. O primeiro estágio está relacionado à

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maneira de a humanidade explicar o mundo, uma explicação que sempre provinha dos mitos e das crenças religiosas. Esse estágio é chamado de teológico e Comte assim o descreve:

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No estado positivo, o espírito humano, reconhecendo a impossibilidade de obter noções absolutas, renuncia de procurar a origem e o destino do universo, [...] para preocupar-se unicamente em descobrir, graças ao uso bem combinado do raciocínio e da observação, suas leis eetivas que regem a vida humana”. O positivismo representa, então, o real rente ao quimérico, o útil rente ao inútil, a segurança rente à insegurança, o preciso rente ao vago, o relativo rente ao absoluto. (RIBEIRO JR, 1987, p. 18).

No estágio teológico, o espírito humano dirige essencialmente suas investigações para a natureza intima dos seres, as causas primeiras e nais de todos os eeitos que o tocam, numa palavra para o conhecimento absoluto; apresenta os enômenos como ação direta e contínua de agentes sobrenaturais. (COMTE, 1973, p. 9).

O segundo estágio, dito metaísico, uma cresça em Deus, mas sem undamentação cientíca, é assim descrito: “No undo nada mais é que a modicação geral do primeiro, os agentes sobrenaturais são substituídos por orças abstratas, concebidas como capazes de engendrar por elas próprias todos os enômenos observados”. Finalmente o estado positivo é o terceiro estágio e é marcado pelo triuno da ciência. A vida da humanidade passa agora a ser explicada pela razão em contraponto às explicações mitológicas e religiosas das ases anteriores.

O positivismo combate também a sociedade individualista e liberal, divulgando que o homem como individualidade não existe; aliás, para esse pensamento, o homem só pode existir como membro de outros grupos, desde o amiliar, que é núcleo undador de toda sociedade, até outros grupos mais complexos, como, por exemplo, o político.

1.4 Estratifcação da Sociedade Positivista

Dicionário Estraticação é o processo social que leva à superposição de camadas sociais, isto é, à ormação de um sistema social mais ou menos xo e rígido, de estados, classes ou castas.

c) Os sacerdotes: precisam ter uma idade superior aos 42 anos; são os maiores sacerdotes da humanidade, uma espécie de conselheiros para arbitrar as causas do estado positivista.

O patriciado é a classe detentora do poder temporal. Essa classe é composta pelos segmentos que controlam os meios de produção: banqueiros, abricantes, comerciantes; sempre colocados em escala hierárquica. Os banqueiros, portanto, nessa sociedade, são investidos de maior autoridade. Ao se apresentar como a religião da humanidade, o positivismo deende a existência de nove sacramentos para os membros de sua sociedade. a) Os aspirantes: estes precisam ter ao me- Vejamos alguns deles: nos 28 anos, pois só com essa idade ala) Apresentação, quando a amília apresencançam a cultura enciclopédica exigida ta o recém-nascido; pelo estado positivista; b) Iniciação, quando a criança, com catorze b) Os vigários: estes precisam ter ao menos anos, passa da educação materna à ins35 anos e exercem a unção superior de trução sacerdotal; ensinar;

Para o positivismo, a humanidade é ormada só de homens. Nessa ordem social, as mulheres estão condenadas à inerioridade, é claro, pelas leis irrevogáveis da natureza. Na sociedade positivista, a classe dos sacerdotes é a mais importante. Ela está dividida em três classes, a saber:

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c) Admissão, aos vinte e um anos, quando está pronto para servir a humanidade, retribuindo tudo que recebeu dela; d) Destinação, momento em que recebe dos sacerdotes o seu oício; e) Casamento, sacramento obrigatório, já que no estado positivista o celibato é condenado.

cos do liberalismo constitucional norte-americano. De qualquer orma, perpetuou suas marcas na vida e no cotidiano do homem brasileiro, sendo que a principal dessas marcas está registrada em nosso símbolo maior. Ou seja, a nossa bandeira, com seu Ordem e Progresso, mostra de maneira inquestionável o quanto a doutrina positivista infuenciou os nossos republicanos. Saiba mais

No Brasil, o positivismo teve uma importância decisiva no Império e na instalação da República, infuenciando a ideologia da nova sociedade. Suas primeiras maniestações em território nacional acorreram em 1844 na academia, isto é, na Faculdade de Medicina da Bahia. Contudo, sua primeira maniestação social acontece anos mais tarde. Inicialmente o positivismo brasileiro é composto por dois grupos: um deendendo, como proposto por Comte, o positivismo como religião da humanidade; havia, por outro lado, um grupo que desprezava o movimento da religião da humanidade e deendia apenas a metodologia cientíca de observação, experimentação e comparação proposta por Comte. Esse segundo grupo constituirá a base do movimento republicano aglutinado em torno do  jovem ocial Benjamin Constant. O positivismo enrenta, porém, a resistência de um grupo de republicanos que, dierentemente dos princípios rígidos do positivismo, deendiam os preceitos democráti-

Liderado por Benjamim Constant, o grupo de jovens republicanos deendia o m da escravidão e uma nova orma de governo. Esse grupo oi ortemente infuenciado pelo pensamento positivista, sobretudo na exaltação de uma sociedade industrial baseada na tecnologia e na ciência, instituindo uma nova ordem social baseada nos princípios burgueses.

Multimdia Mais elementos sobre essa discussão ver João Ribeiro Jr., O que é positivismo, 1987.

1.5 Resumo do Captulo

Caro(a) aluno(a), neste capítulo observamos que a Sociologia é observação, refexão a m de compreender o comportamento de seus semelhantes. Giambattista Vico arma que a sociedade subordina-se a leis denidas e que: “o mundo social é obra do homem.” Pode-se dizer que o positivismo oi nas ciências humanas a primeira tentativa verdadeiramente sistematizada de conhecer a realidade social. Seus métodos pretendiam substituir as explicações metaísicas e as crenças do senso comum, por meio das quais o homem buscava, até então, explicar a realidade social. No Brasil, o positivismo teve uma importância decisiva no Império e na instalação da República, infuenciando a ideologia da nova sociedade.

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1.6 Atividades Propostas

1. Quais as dierenças undamentais entre o idealismo e o positivismo? 2. Cite e comente dois sacramentos do positivismo.

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2 A SoCIoLoGIA De DURKHeIM David Émile Durkheim presenciou em sua juventude uma série de acontecimentos que marcou decisivamente a sua vida e sua obra. Na década de 1880, a França aprovou a chamada Lei Naquet, que instituiu o divórcio em seu território. Nessa mesma época, o ensino público tornou-se gratuito e obrigatório para todos dos 6 aos 13 anos; além disso, cava proibido ormalmente o ensino da religião. O vazio correspondente à ausência do ensino de religião na escola pública tenta-se preencher com uma pregação patriótica representada pela que cou conhecida como “Instrução Moral e Cívica”. Ao mesmo tempo em que essas questões políticas e sociais balizavam o seu tempo, as contradições do trabalho traziam também preocupações continuadas para sua militância intelectual. Uma repercussão decisiva dessas contradições cou conhecida como questão social , ou seja, as disputas e confitos decorrentes da oposição entre o capital e o trabalho, vale dizer, entre patrão e empregado, entre burguesia e proletariado, seriam doravante objetos de intervenção dos estudos sociológicos. No nal do século XIX, Durkheim reuniu um grupo de colaboradores que se esorçaram para emancipar a sociologia das demais teorias sobre a sociedade e constituí-la como disciplina rigorosamente cientíca. Buscou sempre denir com precisão o objeto, o método e as aplicações dessa nova ciência. Respondendo, assim, as preocupações da sociedade e da Sociologia de sua época, elegeu os atos sociais como o principal objeto da sociologia. De acordo com suas análises, o ato social é experimentado pelo indivíduo como uma realidade independente dele, que ele não criou e não pode rejeitar, como as regras morais, as leis, os costumes, os rituais e as práticas burocráticas, por exemplo.

Para Durkheim, os atos sociais são atravessados por três características undamentais. A primeira delas é a coerção social , ou seja, a orça que os atos exercem sobre os indivíduos, levando-os a aceitar as regras da sociedade em que vivem, independentemente da sua vontade e escolha. Essa orça maniesta-se, por exemplo, quando o indivíduo adota determinado idioma, ou quando se submete a um código de leis. A segunda característica dos atos sociais é que eles existem e atuam sobre os indivíduos independentemente de sua vontade ou de sua adesão consciente, ou seja, são exteriores aos indivíduos e existem antes da chegada do indivíduo na sociedade. A terceira característica apontada por Durkheim é a generalidade, isto é, aquilo que se repete em todos os indivíduos, o ritual do banho, por exemplo. Portanto, nem tudo que uma pessoa az é um ato social, para ser um ato social tem de atender a três características: generalidade, exterioridade e coercitividade. Isto é, o que as pessoas sentem, pensam ou azem, independentemente de suas vontades individuais, é um comportamento estabelecido pela sociedade. Não é algo que seja imposto especicamente a alguém, é algo que  já estava lá antes e que continua depois e que não dá margem a escolhas. Multimdia Multimdia Mais elementos sobre as características do ato social consultar o livro Sociologia – introdução à ciência da sociedade, de Cristina Costa, de 1997.

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Com essa caracterização que Durkheim az dos atos sociais , encontramos elementos para compreendermos melhor os grupos sociais que estão distribuídos na sociedade. Da inância até a maturidade, o indivíduo participa de vários grupos sociais, pois em cada ase ou etapa de sua vida ele busca apoio de um determinado grupo. Temos assim, o grupo amilial (amília); o grupo educativo (escola) e o grupo religioso (igreja). O primeiro pode ser denido como grupo primário, pois é aquele onde os contatos pessoais são mais constantes, como a

amília e os vizinhos; o segundo grupo é chamado de secundário e maniesta-se na igreja e no trabalho e é geralmente constituído por uma rede de relações mais complexa em que os contatos são mais ormais, sem a intimidade vericada no primeiro; o terceiro grupo, também chamado de intermediário, combina elementos do primeiro e do segundo grupo e cria outros rituais de pertencimento para sua identidade social. Um exemplo são as coletividades juvenis.

2.1 A Objetividade do Fato Social

A etapa seguinte dos estudos de Durkheim oi denir o método de conhecimento da Sociologia. Segundo Durkheim, o sociólogo precisa deixar de lado seus valores e sentimentos pessoais em relação ao acontecimento a ser estudado, pois só assim alcançaria a objetividade de sua análise. Procurando garantir à Sociologia um método tão eciente quanto o desenvolvido pelas ciências naturais, Durkheim desenvolve métodos para ugir do “senso comum”, que analisava de maneira supercial a realidade social. Sentenciava, assim, que para compreender os atos sociais o cientista precisa ter visão ampla e identicar os acontecimentos que apresentavam características exteriores comuns na sociedade. O suicídio, por exemplo,

apesar de ser resultado de razões particulares, apresenta em todas as sociedades características comuns e certa regularidade e, por isso, é um ato social. Saiba mais Chamamos senso comum ao conhecimento adquirido por tradição, herdado dos antepassados e ao qual acrescentamos os resultados da experiência vivida na coletividade a que pertencemos. Trata-se de um conjunto de ideias que nos permite interpretar a realidade, bem como um corpo de valores que nos ajuda a avaliar, julgar e, portanto, agir.

2.2 A Consciência Coletiva

A consciência coletiva está espalhada pela sociedade e, em certo sentido, revela o “tipo psíquico da sociedade”, denindo, por exemplo, o que numa sociedade é considerado “imoral”, “reprovável” ou “criminoso”. A consciência coletiva inibe e controla os impulsos do indivíduo na sociedade, padronizando o comportamento. Mas a consciência coletiva pode servir também de máscara para o indivíduo esconder sua personalidade no jogo do teatro social. Por exemplo, ao tripudiar sobre um

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 juiz no estádio de utebol, o indivíduo só o az porque está protegido por uma consciência coletiva, que o impede de ser prontamente identicado, ou seja, responsabilizado. Quando sai do estádio e vai embora sozinho para sua casa sem a proteção do grupo, isto é, da consciência coletiva, ele adota uma outra postura, pois agora ele responde sozinho por seus atos. Entre os muitos desdobramentos que as re-

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fexões de Durkheim abriram para os estudos so- buições para se pensar os caminhos da sociedade ciológicos, merecem destaque aqueles derivados contemporânea. da escola de Frankurt, os quais trouxeram contri-

2.3 A Escola de Frankurt

Denominada teoria crítica, apresentou-se como um contraponto às simplicações que determinadas correntes sociológicas vinham azendo dos estudos da sociedade. Os principais investigadores da Escola de Frankurt – Adorno, Walter Benjamim, Marcuse e Horkheimer, entre outros – caracterizavam-se por serem mais acadêmicos, envolvidos com uma concepção teórica global da sociedade e nitidamente infuenciados por Marx e Freud. A identidade da Teoria Crítica liga-se à utilização dos pressupostos marxistas e de alguns elementos da psicanálise, na análise das temáticas novas que as dinâmicas sociais da época conguravam – o totalitarismo, a indústria cultural, entre outros – numa preocupação com a superestrutu-

ra ideológica e a cultura. Assim, não se pode dizer que o tema dessa corrente seja apenas os meios de comunicação de massa, mas que, entre os vários assuntos abordados por essa Escola, os mais próximos a este tema seriam aqueles relativos à indústria cultural – marcados pelo enoque da manipulação do agente social. Não se pode, ainda, perder de vista todo o contexto histórico no qual os estudos de Frankurt se desenvolvem. A Alemanha vivendo a crise do pós-guerra, a Revolução Russa vitoriosa, o movimento operário alemão rechaçado, e o nazismo, que começava a se rmar. Tudo isso incidia de orma decisiva nas ideias dos jovens judeus marxistas Adorno, Marcuse e Horkheimer.

2.4 A Indústria Cultural

Com o avanço tecnológico e industrial, mais o crescimento econômico e urbanístico, sobretudo a partir das primeiras décadas do século XX, os meios de comunicação reorganizaram sua produção artística e cultural, sob o ponto de vista mercadológico, utilizando as novas linguagens do marketing. Em meio a esse processo, surge um grupo de teóricos em Frankurt na Alemanha. Preocupados com a postura e intererência dos meios de comunicação na sociedade, esses teóricos começaram a analisar de orma crítica o que eles denominaram de “Indústria Cultural”. Impulsionada pelo incessante desenvolvimento da tecnologia e a inevitável popularização dos aparelhos eletroeletrônicos, a indústria cultural ampliou a participação e a intererência do indivíduo – principalmente dos jovens – no meio circundante. Edgar Morin (1969) chama esse enômeno de Terceira Cultura.

Saiba mais Para Morin, a Terceira Cultura é decorrência do boom tecnológico que o mundo viveu depois da Segunda Guerra Mundial e que levou a uma popularização do cinema, da imprensa, do rádio, da televisão etc.

Pode-se dizer, então, que o século XX trouxe novos meios de sociabilidade e integração social – o rádio, o cinema, a indústria onográca etc. –, tornando decisivas suas infuências sobre a vida da  juventude. Essas novas técnicas logo serão incorporadas pelos jovens como orma mais cotidiana de intererência em um mundo social para eles amplicado. A juventude deixa, assim, de ser apenas receptora de cultura; suas maniestações ganham notoriedade, e, de receptora, ela passa a criadora de uma nova maneira de ser e viver.

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Essa nova conguração cultural da juventude ganha vulto, de maneira mais especíca no pós-guerra devido ao aquecimento ocorrido no setor industrial; ele possibilitou um aumento da demanda de empregos e, concomitantemente, levou mais recursos nanceiros para um número cada vez maior de amílias, que passam a investir seu tempo livre em diversão e lazer. Edgar Morin, ao analisar essas novas características da sociedade moderna, pondera que a ampliação do tempo de lazer, combinada com a popularização das novas técnicas de integração social, possibilitou o surgimento de uma cultura de massas na sociedade moderna. Foi no compasso dessa terceira cultura, portanto, que o ulcro do que era uma subcultura juvenil cedesse espaço para o surgimento de uma ampla cultura juvenil, que no decorrer dos anos 50 articula-se em torno de novos reerenciais (principalmente cinema e música rock’n roll ) para granjear uma posição de destaque na sociedade. Temos aí uma nova problematização no cenário juvenil, que, estimulado pelo aumento do poder aquisitivo e pelo tempo livre, cria espaços especícos para suas reuniões. As praças já não lhes são sucientes; agora eles querem o cinema,

as lanchonetes, enm, eles querem visibilidade e atenção. Morin, ao analisar os problemas comportamentais dos jovens numa sociedade pautada pela massicação cultural, alerta que: O desenvolvimento dessa cultura está ligado a uma conquista da autonomia dos adolescentes no seio da amília e da sociedade. A aquisição de relativa autonomia monetária (dinheiro para o gasto diário dado pelos pais nas sociedades avançadas e, alhures, dinheiro para o diário conservado pelos adolescentes que ganham a vida e entregam o que ganham aos pais) e de relativa liberdade no seio da amília (o que nos conduz ao problema da liberalização aqui, da desestruturação acolá, da amília) permitem aos adolescentes adquirir material que lhes insufará sua cultura (transistor, toca-discos e mesmo violão), que lhes dá sua liberdade de uga e de encontro (bicicleta, motocicleta, automóvel) e lhes permitirá viver sua vida autônoma no lazer e pelo lazer. Essa cultura, essa vida, aceleram em contrapartida as reivindicações dos adolescentes que não se satisazem com a semi-liberdade adquirida e azem crescer sua contestação a propósito de um mundo adulto cada vez menos semelhante ao deles. (MORIN, 1969, p. 140).

2.5 Cultura de Massa

O termo ‘Indústria Cultural’ oi utilizado pela primeira vez em 1947, por Theodor Adorno, para substituir a expressão “Cultura de Massa”, pois esta induz ao engodo de que são satiseitos os interesses dos detentores dos veículos de comunicação de massa. Os deensores da cultura de massa acreditam que esta surge espontaneamente das próprias massas em ressonância com a arte popular, enquanto a indústria cultural dierencia-se totalmente, pois vem atribuída de vários elementos, conceituando um novo estilo e qualidade. “A indústria cultural é a integração deliberada, a partir do alto, de seus consumidores” (ADORNO, 1978, p. 287). A prioridade da Indústria Cultural é explorar o gosto popular, e não os anseios do povo; por isso,

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seu objetivo não está voltado para a educação e a cultura em si, mas para a obtenção de lucro. Waldenyr Caldas, em seu livro, O que todo cidadão precisa saber sobre cultura , conceitua a cultura de massa dessa orma: A cultura de massa consiste na produção industrial de um universo muito grande de produtos que abrangem setores como moda, o lazer no sentido mais amplo, incluindo os esportes, o cinema, a imprensa escrita e alada, a música, a literatura, enm... tudo o que envolve a vida do homem contemporâneo [ ...] . (CALDAS, 1986, p. 83).

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Sociologia

A cultura de massa, portanto, não tem a ver com a cultura popular, pois a cultura de massa tem por meta a antasia e o consumo compulsivo. Ela apropria-se dos meios de comunicação – sobretudo do rádio, por este ser um veículo de grande infuência e penetração na classe trabalhadora periérica. Além de destacar outros locais com penetração restrita, como: casas noturnas, shows, boates, circos, estivais, de música regional, que são realizados nos bairros da perieria das grandes cidades. A espetacularização dos produtos culturais não se encontra apenas nos conteúdos ou nos meios de comunicação, está presente também na recepção. O consumidor da cultura de massa az a leitura, decodica a mensagem de acordo com seu interesse, sua vivência, sua expectativa. Não há, portanto, uma dominação e um controle rígido por parte dos meios de comunicação, pois as produções culturais de massa, de elite ou popular, apesar de serem produtos culturais de natureza dierente, ocupam os mesmos espaços. A cultura popular, então, é produzida a partir das maniestações das classes populares, que recebem infuências das culturas de massa e de elite, e pode até ser diundida nos espaços típicos dos segmentos da cultura de massa. Em se tratando da música popular, esta toma conta praticamente de todo o mercado, pois abrange desde as maniestações olclóricas até as maniestações de contexto urbano.

Os meios de comunicação de massa têm um orte poder a curto prazo para construir ou destruir a imagem de um ídolo popular, seja na política, seja em qualquer outra atividade prossional. Em se tratando da persuasão de consumo, presenciaram-se nos últimos anos, aqui no Brasil, vários enômenos criados pela indústria cultural. No campo da música oram reinventados: a lambada, o “axé music”, a música sertaneja, o samba e o pagode, o unk  carioca, o orró eletrônico, o “calypso” paraense e, inclusive, músicas religiosas, como a “Aeróbica do Senhor”, bastante diundida pelo padre Marcelo Rossi. Diante disso, podemos destacar dois aspectos importantes da cultura de massa: a) Saber a quem são dirigidos seus produtos; b) Identicar quais as repercussões sociais desse consumo e as inormações ideológicas e políticas da cultura de massa. A cultura de massa é conservadora, pois  jamais abre questões, apenas vulgariza ou repete conceitos estabelecidos nas camadas superiores da sociedade, azendo valer os conceitos e o poder da ideologia dominante. (CALDAS, 1979, p. 56).

2.6 Resumo do Captulo

Caro(a) aluno(a), notamos que, no nal do século XIX, Durkheim procurou emancipar a sociologia das demais teorias e constituí-la como disciplina cientíca; elegeu os atos sociais como o principal objeto da sociologia. Os atos sociais são atravessados por três características undamentais. A primeira delas é a coerção social , ou seja, a orça que os atos exercem sobre os indivíduos. A segunda característica dos atos sociais é que eles existem e atuam sobre os indivíduos independentemente de sua vontade, ou seja, são exteriores aos indivíduos e existem antes da chegada do indivíduo na sociedade. A terceira é a generalidade,

aquilo que se repete em todos os indivíduos, como tomar banho. Durkheim levantou a ideia da consciência coletiva que busca revelar o “tipo psíquico da sociedade”, denindo, por exemplo, o que numa sociedade é considerado “imoral”, “reprovável” ou “criminoso”. O mesmo trouxe contribuições da escola de Frankurt, no sentido de pensar os caminhos da sociedade contemporânea. Os teóricos em Frankurt, preocupados com a intererência dos meios de comunicação na sociedade, começaram a analisar de orma crítica o que eles denominaram de “Indústria Cultural”.

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2.7 Atividades Propostas

1. Na Perspectiva de Durkheim, como o ato social participa da vida do indivduo? 2. Faça um breve comentário do contexto histórico em que oi criada a Escola de Frankurt.

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3 eSCoLAS SoCIoLÓGICAS

3.1 Escola Sociológica Europeia

Na década de 1960, surge na Itália e na França um grupo de pesquisadores que penetraram nos estudos de comunicação de massa pelo viés da mensagem, utilizando a técnica da análise de conteúdo. Tratava-se de um grupo de estruturalistas, ormado por Umberto Eco, Edgar Morin, Roland Barthes, Jean Baudrillard, entre outros. Seus estudos estavam centrados no entorno dos meios acadêmicos, artísticos, em peças publicitárias, histórias em quadrinhos e “estrelas de cinema pela  pop art ” (SANTOS, 2003, p. 93). Os produtos culturais veiculados pelos meios de comunicação de massa passaram, no início da década de 1960, a receber atenção da intelectualidade, por meio de estudos eitos em centros universitários ou por obras de artistas como Andy Warhol, Roy Lichtennstein e Richard Hamilton (próceres do movimento da Pop Art , que sacralizaram, em seus trabalhos artísticos, peças publicitárias, histórias em quadrinhos e estrelas de cinema). Suas obras exploraram o potencial ormal dos signos da cultura de massa, transormando-os em ícones da arte. Nesse contexto, diversos teóricos europeus lançaram-se a estudar e analisar o conteúdo das mensagens da cultura de massa. Esses intelectuais tinham em comum uma postura crítica – mas não preconceituosa – em relação a esses produtos culturais e utilizavam os princípios da semiologia e aplicavam a análise estrutural  em seus trabalhos.

Todos divergiam tanto das posturas uncionalistas quanto das rankurtianas. Essa visão da comunicação e da cultura de massa era compartilhada por intelectuais ranceses ou que desenvolviam suas pesquisas na França, como Roland Barthes, Edgar Morin, Jean Baudrillard, Julia Kristeva, Chistian Metz, entre outros, e pelo italiano Umberto Eco. “Seus trabalhos teóricos passaram a ser publicados a partir de 1968 na revista Communnications e editados pelo Centro de estudos da comunicação de Massa (CECMAS), criado em 1960 no interior da Escola Prática de Altos Estudos e dirigido Por Georges Friedman”. (SANTOS, 2003, p. 94). Em consequência disso, em  Apocalípticos e Integrados1, Umberto Eco az críticas aos “integrados” (uncionalistas) pela passividade com que se colocavam “diante das questões relativas à cultura de massa”. Quanto à teoria crítica de Frankurt, a crítica de Eco estava centrada no “pessimismo diante da sociedade de massa por negar a cultura de massa sem realmente analisá-la”. Dessa maneira, Eco apontava a utilização de “conceitos-etiche (massa, indústria cultura)”, por parte das duas teorias, para azer proposições de maneira genérica sobre “um enômeno complexo como a cultura de massa”. Umberto Eco parte do pressuposto de que a cultura de massa é a cultura do homem contemporâneo e aponta o momento histórico de seu aparecimento “no momento em que a presença das mas-

Principal obra publicada por Umberto Eco. Faz crítica ao modelo uncionalista – Escola norte- americana e aos Frankurtianos – Escola Alemã. 1

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sas, na vida associada, se torna o enômeno mais evidente de um contexto histórico” (ECO apud SANTOS, 2003, p. 94). Assim, Eco maniesta seu pensamento e arma que nem mesmo os rankurtianos como críticos da cultura de massa poderiam estar ora da abrangência dela. Ainda, nessa abordagem, Eco complementa que a cultura de massa passa a ser “uma denição de ordem”. Os meios de comunicação de massa, na visão de Umberto Eco, ajustam o gosto e a linguagem dos produtos culturais que veiculam as capacidades receptivas da média do público. Para ele, as características undamentais dos produtos da cultura de massa são a eemeridade e a reprodutibilidade em série. Seu conteúdo é produzido para agradar o público, constituindo-se em material de evasão, mas pode também inormar e educar. (SANTOS, 2003, p. 94).

Outro expoente dessa Escola é Edgar Morin, que identicou dois métodos de estudar a cultura na sociedade: o da “totalidade que encerra o enômeno em suas interdependências e inclui o próprio pesquisador no sistema de relações” (SANTOS, 1992, p. 18); e o método “autocrítico – em que o pesquisador despe-se de preconceitos, acompanhando e apreciando seu objeto de estudos”. A cultura, para ele, é um sistema constituído de valores, símbolos, imagens e mitos, que dizem respeito à vida prática e ao imaginário coletivo, compondo uma dimensão simbólica que permite aos indivíduos se localizarem no grupo. A sociedade não pode ser conhecida a partir de indivíduos e grupos isolados. É necessário juntar as partes ao todo e o todo às partes. Desde então, Morin elaborou outras ideias desse modo: a ideia de circularidade, que expõe o caráter retroativo do sistema; o eeito volta à causa e a causalidade circula em espiral, onde o eeito é, ao mesmo tempo, causa; os indivíduos produzem a sociedade, mas ela própria retroage sobre os indivíduos, com sua cultura e sua linguagem: o indivíduo é produto e produtor ao mesmo tempo (WOLF, 1999). Para Morin, a sociedade de consumo é um substrato da cultura de massa: é o novo público

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que consome. Assim, a cultura massicada pressupõe “o único terreno de troca e de comunicação para a classe [...] a nova camada de assalariados” (WOLF, 1999, p. 103), uma vez que esta vai adquirindo valores cada vez maiores da classe anterior. Dessa maneira, para além da diversidade de “prestígio, hierarquia, conversações etc.”, é demarcada uma zona comum, uma “identidade dos valores de consumo”. Nesse viés, esses valores da cultura de massa põem em comunicação os dierentes estratos sociais. Esse diálogo contém em seu interior a ética do consumo; a lei undamental da cultura de massa é do mercado e sua dinâmica, produção e consumo. Sobre essa dinâmica ou continuidade dialógica entre o produtor e o consumidor, Edgar Morin assim a dene: [...] um diálogo desigual. E, a priori, um diálogo entre o prolixo e um mudo. A produção (o jornal, o lme, a transmissão etc.) distribui relatos, histórias, exprime-se através de uma linguagem. O consumidor – o espectador – responde apenas com reações pavlovianas, com um sim ou com um não, que determinam o sucesso ou o insucesso. (MORIN, 1962, p. 39 apud WOLF, 1999, p. 103).

Outra de suas contribuições é quanto ao estudo dos paradigmas. Nesse viés moriniano, paradigmas são estruturas de pensamento que comandam nosso discurso de maneira inconsciente. O paradigma da separação, por exemplo, reina, sobretudo, desde a Renascença, no mundo ocidental (mágica/lógica, arte/ciência etc.). Separou-se o sujeito do conhecimento, do objeto do conhecimento e cou cada vez mais diícil de se estabelecer ligações. Edgar Morin também destaca o valor da solidariedade para o equilíbrio e a sobrevivência de uma dada cultura: A única maneira de salvaguardar a liberdade é que haja o sentimento vivido de comunidade e solidariedade, no interior de cada membro, e é isso que dá uma realidade de existência a uma sociedade complexa. A solidariedade é constituinte dessa sociedade. (MORIN, 1983, p. 22).

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Sociologia

3.2 Sociologia Alemã: a Contribuição de Max Weber

Weber é considerado, junto com Karl Marx e Émile Durkheim, um dos undadores da Sociologia e dos estudos comparados sobre cultura e religião, disciplinas às quais deu um impulso decisivo. A sua abordagem dieria da de Marx (que utilizou o materialismo dialético como método para explicar a evolução histórica das relações de produção e das orças produtivas). Contrastava igualmente com as propostas de Durkheim (que considerava ser a religião a chave para entender as relações entre o indivíduo e a sociedade). Para Weber, o núcleo da análise social consistia na interdependência entre religião, economia e sociedade. Max Weber (1864-1920) participou da comissão redatora da Constituição da República de Weimar. Sua maior infuência nos ramos especializados da sociologia oi no estudo das religiões, estabelecendo relações entre ormações políticas e crenças religiosas. Suas principais obras oram:  Artigos Reunidos de Teoria da Ciência ; Economia e Sociedade (obra póstuma) e  A ética Protestante e o Espírito do Capitalismo . Saiba mais A República de Weimar oi instaurada na Alemanha logo após a Primeira Guerra Mundial, tendo como sistema de governo o modelo parlamentarista democrático. O Presidente da República nomeava um chanceler que seria responsável pelo Poder Executivo.

Segundo Weber, cada indivíduo age levado por motivos que resultam da infuência da tradição, dos interesses racionais e da emotividade. Cada ormação social adquiriu, para Weber, especicidade e importância próprias. Mas o ponto de partida da sociologia de Weber não estava nas entidades coletivas, grupos ou instituições. Seu objeto de investigação é a ação social, a conduta humana dotada de sentido, isto é, de uma justicativa sub-

 jetivamente elaborada. Assim, o homem passou a ter, enquanto indivíduo, na teoria weberiana, signicado e especicidade. É ele que dá sentido à sua ação social: estabelece a conexão entre o motivo da ação, a ação propriamente dita e seus eeitos. Para a sociologia positivista, a ordem social submete os indivíduos como orça exterior a eles. Para Weber, ao contrário, não existe oposição entre indivíduo e sociedade: as normas sociais só se tornam concretas quando se maniestam em cada indivíduo sob a orma de motivação. Assim, cada sujeito age levado por um motivo que é dado pela tradição. Nos séculos XVII e XVIII, A França e a Inglaterra contribuíram decisivamente para a consolidação do pensamento burguês. A Inglaterra oi a sede do desenvolvimento industrial; a França, por sua vez, diundiu para o mundo uma outra possibilidade de sistema político. Paralelamente a esses acontecimentos, o desenvolvimento da indústria e a expansão marítima e comercial colocaram esses países em contato com outras culturas e outras sociedades, obrigando seus pensadores a um esorço interpretativo da diversidade social. O sucesso alcançado pelas ciências ísicas e biológicas, impulsionadas pela indústria e pelo desenvolvimento tecnológico, zeram com que as primeiras escolas sociológicas ossem ortemente infuenciadas pela adaptação dos princípios e da metodologia dessas ciências à realidade social. Na Alemanha, em decorrência de sua descentralização política, o pensamento burguês organiza-se tardiamente, prejudicando o desenvolvimento e a modernização da sociedade, que só vai ser concretizada na etapa do capitalismo concorrencial, no século XIX. Por essa razão, as preocupações dos alemães com a sociedade undamentam-se de modo dierente daquelas preocupações encontradas nas sociedades rancesa e inglesa.

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3.3 Resumo do Captulo

Caro(a) aluno(a), nesse período, Weber, Karl Marx e Émile Durkheim são considerados os undadores da Sociologia e dos estudos comparados sobre cultura e religião. Marx utilizou o materialismo dialético como método para explicar a evolução histórica das relações de produção e das orças produtivas. Durkheim considerava ser a religião a chave para entender as relações entre o indivíduo e a sociedade. Para Weber, o núcleo da análise social consistia na interdependência entre religião, economia e sociedade. Surge nesse momento na Itália e na França estudos reerentes à análise de conteúdo dos meios de comunicação de massa, realizados por um grupo de estruturalistas, como Umberto Eco, Edgar Morin, Roland Barthes, Jean Baudrillard, entre outros. Para Morin, a sociedade de consumo é um substrato da cultura de massa: é o novo público que consome.

3.4 Atividades Propostas

1. Localize o campo de maior infuência nos ramos especializados da sociologia de Max Weber. 2. Por qual motivo o pensamento burguês organizou-se na Alemanha tardiamente?

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A SoCIeDADe SoB UMA peRSpeCtIVA HIStÓRICA

Para Weber, os indivíduos agem motivados por uma tradição; o resultado dessa ação permite estabelecer parâmetros para descobrir os sentidos da ação humana. Em seu conhecido ensaio A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo (1904-1905), Weber expunha porque haviam surgido no âmbito ocidental, e só aí, enômenos culturais que iriam assumir um signicado e uma validade universais. Para Weber, o protestantismo carregava uma proeminente tendência ao racionalismo econômico. Essa tendência estava, por sua vez, ausente no catolicismo. De acordo com seu raciocínio, a natureza ascética do catolicismo o distanciava do mundo, ao passo que o caráter obreiro do protestantismo deixava-o cada vez mais ligado aos problemas mundanos. Talvez por isso, nas amílias protestantes, os lhos eram criados para o ensino especializado e para o trabalho abril, optando sempre por atividades mais adequadas à obtenção do lucro. Por isso o protestantismo, especialmente a sua vertente calvinista, é constantemente associado ao sucesso econômico e à racionalização da sociedade ocidental e do desenvolvimento do capitalismo. Saiba mais O racionalismo é a corrente losóca que iniciou com a denição do raciocínio, que é a operação mental, discursiva e lógica. Este usa uma ou mais proposições para extrair conclusões se uma ou outra proposição é verdadeira, alsa ou provável. Essa era a ideia central comum ao conjunto de doutrinas conhecidas tradicionalmente como racionalismo.

só eram possíveis quando se utilizavam de uma multiplicidade de casos individuais. Assim, sua concepção de sociologia era abrangente e partia do conceito de conduta social, segundo o qual a Ciência devia explicar o enômeno social a partir da investigação do comportamento subjetivo, que vincula o indivíduo a seus atos. Weber argumenta que a sociedade pode ser compreendida a partir do conjunto das ações individuais. Estas são todo tipo de ação que o indivíduo pratica, orientando-se pela ação de outros. Portanto, só existe ação social quando o indivíduo tenta estabelecer algum tipo de comunicação, a partir de suas ações com os demais. A partir desses pressupostos, Weber estabeleceu quatro tipos de ação social. Estes são conceitos que explicam a realidade social, mas não são a realidade social: a) Ação tradicional: aquela determinada por um costume ou um hábito arraigado; b) Ação aetiva: aquela determinada por aetos ou estados sentimentais; c) Racional com relação a valores: determinada pela crença consciente num valor considerado importante, independentemente do êxito desse valor na realidade; d) Racional com relação a ns: determinada pelo cálculo racional que coloca ns e organiza os meios necessários.

Nos conceitos de ação social e denição de seus dierentes tipos, Weber não analisa as regras e normas sociais como exteriores aos indivíduos. Para ele, as normas e regras sociais são o resultado Para Weber, as investigações sociológicas do conjunto de ações individuais.

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Outra particularidade da sociologia de Weber é que ele rejeita a maioria das proposições positivistas. Weber argumenta que o cientista age infuenciado pelo seu tempo, sendo, portanto, impossível ao cientista agir com total imparcialidade dos atos como propunha Durkheim. Os atos sociais não são coisas, eles estão carregados de sentimentos e emoções, o que contagia as intervenções do cientista. O estudo e a pesquisa devem, de qualquer maneira, ser conduzidos com objetividade em suas análises, impondo, assim, limites para as crenças e ideias pessoais, ou seja, evitando uma tomada de posição pessoal do pesquisador rente ao ato estudado.

Na busca de uma melhor adequação para as análises dos atos sociais, Weber propôs um instrumento de análise denominado por ele de tipo ideal . Partindo de pressupostos do estudo das mais distintas maniestações culturais, o cientista constrói um modelo com os traços característicos dessa ou daquela maniestação e elege um tipo ideal  para suas análises. Nesse sentido, o capitalismo ocidental constitui um tipo ideal  de capitalismo por ser uma organização econômica racional voltada para o trabalho livre e para o lucro independentemente de sua localização.

4.1 Resumo do Captulo

Caro(a) aluno(a), segundo Weber, os indivíduos agem motivados por uma tradição que nos permite estabelecer parâmetros para descobrir os sentidos da ação humana. Para Weber, o protestantismo carregava uma proeminente tendência ao racionalismo econômico. O autor argumenta ainda que a sociedade pode ser compreendida a partir do conjunto das ações individuais. Outra particularidade da sociologia de Weber é que ele rejeita a maioria das proposições positivistas. Weber argumenta que o cientista age infuenciado pelo seu tempo, sendo, portanto, impossível ao cientista agir com total imparcialidade dos atos, como propunha Durkheim.

4.2 Atividades Propostas

1. Quem escreveu e do que trata a obra A ética protestante e o espírito do capitalismo ? 2. Weber estabeleceu quatro tipos de ação social. Indique e explique dois.

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KARL MARX e A HIStÓRIA DA eXpLoRAção Do HoMeM

Karl Marx (1818-1883) nasceu na cidade de Treves, na Alemanha. Em 1842, mudou-se para Paris, onde conheceu Friedrich Engels (1820-1895), seu companheiro de ideias. Em 1845, oi expulso da França, deslocando-se para Bruxelas e lá participando da recém-undada liga dos comunistas. Em 1848, escreveu com Engels O maniesto do Partido Comunista. Estabeleceu-se em Londres a partir de 1848 e lá deu continuidade aos seus estudos. Suas principais obras são: O Maniesto do Partido Comunista, A ideologia Alemã e O capital. O marxismo surgiu com a sociedade moderna, com a grande indústria e com o proletariado industrial. Aparece como a concepção de mundo que expressa esse mundo moderno, suas contradições e seus problemas, para os quais aponta soluções racionais em contraposição às alternativas metaísicas. Com o objetivo de entender o capitalismo, Marx produziu obras de losoa, economia e sociologia. Não se limitou, porém, em interpretar o mundo, queria antes de tudo transormá-lo. Podemos apontar algumas infuências básicas no desenvolvimento do pensamento de Marx. Em primeiro lugar, coloca-se a leitura crítica da losoa de Hegel, de quem Marx absorveu e aplicou de modo peculiar, o método dialético. Também signicativo oi seu contato com o pensamento socialista rancês e inglês do século XIX, sobretudo com Saint-Simon (1760-1825), Charles Fourier (17721837) e Robert Owen (1771-1858). Marx destacava o pioneirismo desses críticos da sociedade burguesa, mas reprovava o “utopismo” de suas propostas de mudança social.

Saiba mais ‘Utopia’ tem como signicado mais comum a ideia de civilização ideal. Pode reerir-se a uma cidade ou a um mundo, sendo possível tanto no uturo quanto no presente. A palavra signica literalmente “não lugar” ou “lugar que não existe”. Foi inventada por  Thomas More, servindo de título para uma de suas obras por volta de 1516. O utopismo é um modo absurdamente otimista de ver as coisas do jeito que gostaríamos que elas ossem.

Para Marx, as três teorias desenvolvidas tinham por traço comum o desejo de impor de uma só vez uma transormação social total, implantando, assim, o império da razão e da justiça eterna. Nos três sistemas elaborados, havia a eliminação do individualismo, da competição e da infuência da propriedade privada. Tratava-se, por isso, de descobrir um sistema novo e pereito de ordem social, vindo de ora, para implantá-lo na sociedade, por meio da propaganda e, sendo possível, com o exemplo, mediante experiências que servissem de modelo. Com essa ormulação, os três desconsideravam a necessidade da luta política entre as classes sociais e o papel revolucionário do proletariado na realização dessa transição. Finalmente, há toda a crítica da obra dos economistas clássicos ingleses, em particular Adam Smith e David Ricardo. Esse trabalho tomou a atenção de Marx até o nal da vida e resultou na maior parte de sua obra teórica. Essa trajetória é marcada pelo desenvolvimento de conceitos importantes, como alienação, ideologia valor, mercadoria, trabalho, mais-valia, inraestrutura e práxis

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5.1 O Método do Pensamento Marxista

É um pensamento materialista, que parte do objetivo para o subjetivo. A realidade é o campo de ação do homem. A realidade social é, porém, obra dos próprios homens. A história é, pois, eita pelos homens, não a partir das condições que desejariam, mas a partir da herança deixada pelas gerações passadas. É um pensamento dialético, que busca nas intervenções humanas e em suas contradições as explicações para a sociedade. Pode-se dizer, então, que é um pensamento que não se limita a interpretar o mundo, mas busca também transormá-lo. Até o advento do marxismo, não havia nenhuma descrição nem explicação cientíca da divisão social que acompanhava a humanidade desde os primórdios. Para Marx, a sociedade estrutura-se em níveis. O primeiro é a inraestrutura, que é constituída pela base econômica, aliás esse é, segundo Marx, o aspecto undamental de toda sociedade, isto é, transormar matérias-primas e ontes de energia em riqueza. Assim, a inraestrutura engloba a relação do homem com a natureza, no esorço de produzir a própria existência. Condiciona, assim, as relações dos homens entre si e o desenvolvimento das orças produtivas.

5.2 A Práxis

Atenção

Para Marx não existe uma “natureza humana” idêntica em todo tempo e lugar. O existir humano decorre do agir, pois o homem se autoproduz à medida que transorma a natureza pelo trabalho. O trabalho é um projeto humano e como tal depende da consciência que antecipa a ação humana pelo pensamento. Marx chama essa ação humana, de transormar a realidade, de práxis.

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Assim, cada grande etapa do desenvolvimento das orças produtivas corresponde a uma orma dierente de organização da sociedade. Por exemplo, no século XVIII, os agentes daquela sociedade zeram uma mudança na técnica: com as mesmas matérias-primas e erramentas que usavam os artesãos individualmente, agruparam operários em grandes ocinas, onde cada grupo azia uma parte da produção total, que até então era eita separadamente por cada artesão. Essa nova técnica cou conhecida como manuatura e substituiu a ase doméstica da produção. O segundo nível é chamado de superestrutura e é constituído de uma base jurídico-política, que é representada pelo estado que repercute as ideias da classe dominante. É composto também por uma estrutura ideológica repercutida nas ormas de consciência social, entre as quais se destacam: a religião, a educação, a arte e as leis. Por esses mecanismos, a classe dominada acaba sendo sujeitada ideologicamente e seus valores de vida passam a refetir as ideias e valores da classe dominante.

O conceito de práxis é muito anterior à losoa marxista, com raízes no pensamento de Aristóteles, mas oi por intermédio do pensador alemão Karl Marx que tal conceito, progressivamente, se aproundou, passando a ser o elemento central do materialismo histórico. Marx concebe a práxis como atividade humana prático-crítica, que nasce da relação entre o homem e a natureza. A natureza só adquire sentido para o homem à medida que é modicada por ele, para servir aos ns associados à satisação das necessidades do gênero humano.

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Sociologia

5.3 A Mais-Valia Para Marx, tudo no sistema capitalista está vinculado à produção de mercadoria. Mercadoria é tudo aquilo que é produzido não tendo em vista o valor de uso (por exemplo, o cachecol que a vovó az para o próprio uso), mas que tem por objetivo o valor de troca , isto é, a comercialização do produto. Como o operário não detém os meios de produção nem é dono das matérias-primas, precisa necessariamente vender seu trabalho para sobreviver. O capitalista compra essa mercadoria, isto é, a orça de trabalho do operário, que passa a trabalhar para o capitalista num regime de trabalho aparentemente livre. Como vendeu sua orça de trabalho ao capitalista, todo produto por ele criado pertence ao capitalista, que o paga pelo trabalho realizado. Ocorre que o pagamento nunca corresponde ao tempo trabalhado, por exemplo, se o operário gastou quatro horas para azer uma cadeira, o capitalista lhe paga apenas duas, as outras duas horas cam para o capitalista. Chama-se mais-valia, portanto, aquilo que o operário cria além do valor de sua orça de trabalho, e que é apropriado pelo capitalista. Analisando as consequências da mais-valia para a vida do trabalhador, Chauí (1984) argumenta: O preço da mercadoria no comércio é uma aparência, pois a determinação do valor dessa mercadoria depende do tempo de trabalho de sua produção e esse tempo o dos demais trabalhadores que tornaram possível a abricação dessa mercadoria. (...) o produtor da mercadoria recebe um salário, que é o preço de seu tempo trabalho, pois este é também uma mercadoria. Suponhamos, então, que, para abricar um metro de linho e para extrair um quilo de erro, os trabalhadores precisem de 8 horas de trabalho. Suponhamos que o preço desses produtos no mercado seja de R$ 16,00. Diremos, então, que cada hora de trabalho equivale a R$ 2,00. Porém, quando vamos vericar qual é o salário desses trabalhadores, descobrimos que não recebem R$ 16,00, mas sim R$ 8,00. Há, portanto, 4 horas de trabalho que não oram pagas, ape-

sar de estarem incluídas no preço nal da mercadoria. Essas 4 horas de trabalho não pagas constituem a mais-valia, o lucro do proprietário da ábrica de linho. Formam seu capital. A origem do capital, portanto, é o trabalho não pago. Graças à mais- valia, a mercadoria não é um valor de uso e um valor de troca qualquer, mas um valor capitalista. (CHAUÍ, 1984, p. 50-51).

Marx sistematizou essas refexões em sua obra máxima, O capital , onde analisa detalhadamente o uncionamento do sistema capitalista e mostra como suas próprias contradições produziriam a sua crise estrutural. Através do conceito da mais-valia, Marx demonstrou que o capitalismo baseia-se na exploração do trabalho. Como vericamos anteriormente e que agora exemplicaremos com outra ordem de pensamento: O sistema capitalista se ocupa da produção de artigos para a venda, isto é, de mercadorias. O valor de uma mercadoria é determinado pelo tempo de trabalho socialmente encerrado na sua produção. O trabalhador não possui os meios de produção (terras, erramentas, ábricas etc.), que pertencem ao capitalista. O valor de sua orça de trabalho, como o de qualquer mercadoria, é o total necessário a sua reprodução – no caso, a soma necessária para mantê-lo vivo. Os salários que lhe são pagos, portanto, serão iguais apenas ao necessário a sua manutenção. Mas esse total que recebe o trabalhador pode produzir em parte de um dia de trabalho. Isso signica que apenas parte do dia de trabalho o trabalhador estará trabalhando para si. O resto do dia ele está trabalhando para o patrão. A dierença entre o que o trabalhador recebe de salário e o valor da mercadoria que produz é a mais-valia. A mais-valia ca com o empregador - o dono dos meios de produção. É a onte do lucro, dos juros, das rendas - as rendas das classes que são proprietárias. A mais-valia é também a medida da exploração do trabalhador no sistema capitalista. (HUBERMAN, 1972, p. 232-233).

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Ao patrão o que interessa é o aumento constante da mais-valia, porque assim seus lucros também aumentam. Para azer isso, o capitalista usa algumas ormas básicas: aumentando ao máximo a  jornada de trabalho, mais-valia absoluta , de modo que depois de o operário ter produzido o valor equivalente ao de sua orça de trabalho, possa continuar trabalhando muito tempo mais; essa orma de obter maior quantidade de mais-valia é muito conveniente ao capitalista, porque ele não aumenta seus gastos nem em máquinas nem em locais, e consegue um rendimento muito maior da orça de trabalho. Era o método mais utilizado no começo do capitalismo. Mas não se pode prolongar indenidamente a jornada de trabalho. Existem limites para isso: limites ísicos – porque se o operário trabalha durante muito tempo, não pode descansar o suciente para reazer sua orça de trabalho na orma devida, o que irá produzindo um esgotamento intensivo, logo, uma baixa no rendimento, o que não interessa ao patrão; limites históricos – porque, à medida que o capitalismo oi se desenvolvendo, a classe operária também se desenvolveu, se

organizou e começou a lutar contra a exploração capitalista. Através de árduas lutas, a classe operária oi conseguindo reduzir a jornada de trabalho, obrigando o capitalista a buscar outras medidas para aumentar a mais-valia. Então, para isso, o patrão teve de lançar mão de outras ormas para azer com que o operário produzisse mais, reduzindo o tempo de trabalho necessário (mais-valia relativa ) sem reduzir a jornada de trabalho: introduzindo máquinas mais modernas, incentivando a produtividade etc. Portanto, segundo Marx, a exploração do trabalhador não decorre do ato de o patrão ser bom ou mau, e sim da lógica do sistema: para o empresário vencer a concorrência entre os demais produtores e obter lucros para novos investimentos, ele utiliza-se da mais-valia, que constitui a verdadeira essência do capitalismo. Sem ela, este não existe. Mas a exploração do trabalho acabaria por levar, por eeito da tendência decrescente da taxa de lucro, ao colapso do sistema capitalista.

5.4 Modelos de Produção

A mais-valia só existe no mundo do trabalho, sobretudo, do trabalho capitalista. Trabalho é toda atividade desenvolvida pelo homem, seja ela ísica ou mental, da qual resultam bens de consumo para a humanidade. Karl Marx armou alhures que oi o trabalho o primeiro responsável pela educação do homem. Trabalho aqui compreendido como a atividade manual e intelectual que visa produzir bens de serviços para o uso diário do homem. Há que se considerar, porém, que o peso de cada atividade é dierente. O trabalho do operário da construção civil é mais manual, apesar de exigir um mínimo de esorço mental. O trabalho do arquiteto e do engenheiro oerece a concepção de uma orma para o objeto que se quer produzir. Há ainda o trabalho que é eito por imitação, por exemplo, o trabalho de um eirante que vende rutas não exige aprendi-

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zagem anterior: ele é capaz de executá-lo por meio da imitação. A esse respeito, Marx pergunta: o que dierencia o trabalho do mais brilhante arquiteto do trabalho da abelha? A dierença está, segundo ele, no projeto, ou seja, o arquiteto ao executar qualquer projeto o concebe antes em sua imaginação. A abelha, dierentemente, az tudo pela intuição sem projeto concebido a priori . Dicionário  A priori , do latim, signica aquilo que vem antes.

É uma expressão losóca que designa uma etapa para se chegar ao conhecimento, que consiste no pensamento dedutivo. O conhecimento a priori  se complementa com o conhecimento a posteriori , ou seja, o que vem depois como resultado da experiência.

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Sociologia

A humanidade passou por diversas ases de desenvolvimento de produção. Durante toda a sua história, o homem transormou e oi transormado pela natureza. A comunidade primitiva oi a primeira orma de organização humana. O modo de produção primitivo indica uma ormação econômica ainda pouco estruturada. Tinha como característica a propriedade coletiva e não havia, portanto, a oposição proprietários e não proprietários, a terra era o principal meio de produção e não existia Estado. O modo de produção escravista predominou na Antiguidade, mas esteve presente também no Brasil e nos EUA durante o período colonial. Nas sociedades escravistas, todos os meios de produção, incluindo aí os escravos, eram propriedade do senhor. O escravo era considerado uma coisa, por isso, podia ser vendido como uma erramenta ou um animal. As relações de produção na sociedade escravista eram relações de domínio e de oposição senhor versus escravo. Nesse modo de produção, já temos a presença do Estado, criado pelos senhores para deender seus interesses. O modo de produção asiático predominou no Egito antigo, na China e na Índia. Nesse modo de produção, as terras pertenciam ao Estado, que controlava a produção e a distribuía segundo seus interesses e conveniências. O Estado egípcio, dominado pelos Faraós, é um exemplo típico e mais conhecido desse modo de produção. O modo de produção eudal predominou na Europa Ocidental do século VI ao século XVI. A sociedade eudal estava baseada nas relações servis, isto é, senhores versus servos. Os servos estavam presos ao trabalho da terra. Eles cultivavam um pedaço de terra cedido pelo senhor e em troca pagavam impostos, cediam parte da produção para o senhor e ainda eram obrigados a trabalhar e cuidar das terras do senhor. Apesar disso, não eram escravos, pois o servo não era propriedade do senhor, portanto, não podia ser negociado como uma mercadoria, como ocorria com os escravos.

O modo de produção capitalista institui o trabalho assalariado, suas relações de produção estão ancoradas na propriedade privada e no domínio dos meios de produção pela burguesia. A burguesia possui as ábricas, os meios de transporte, os bancos, as terras, os meios de comunicações e os dispositivos de controle social. Apesar disso, seus empregados não são escravos, nem servos. O trabalhador não é obrigado a car sempre no mesmo emprego; ele é livre para negociar com o capitalista o trabalho de seu interesse. Como os trabalhadores não são proprietários dos meios de produção, eles são obrigados a vender a orça de trabalho para o capitalista, que paga pelos serviços prestados2. Essas duas classes, isto é, a burguesia e o proletariado, são rivais. A burguesia luta para conservar os privilégios e o proletariado para tomar o poder da burguesia. No modo de produção socialista, a nalidade da sociedade socialista é a satisação completa das necessidades materiais e culturais da população. Nessa sociedade, não há separação entre proprietários (os donos dos meios de produção) e não proprietários (todos aqueles que têm apenas a orça de trabalho para tirar o sustento de suas vidas). O Estado é quem administra e distribui a produção, e não há divisão de classes, isto é, não há separação entre ricos e pobres, proprietários e não proprietário, intelectuais e não intelectuais. Pode-se dizer, então, que um sentimento de igualdade permeia as relações socioculturais da sociedade socialista.

Obviamente que o capitalista se utiliza de todos os mecanismos para tornar o trabalhador cada vez mais dependente. Conerir a esse respeito os conceitos de alienação, ideologia e mais-valia da presente apostila. 2

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5.5 Resumo do Captulo

Caro(a) aluno(a), o marxismo surgiu como a concepção que expressa esse mundo moderno, surge com a indústria e com o proletariado industrial. O pensamento materialista, que parte do objetivo para o subjetivo, é um pensamento dialético, que busca nas intervenções humanas e em suas contradições as explicações para a sociedade. Para Marx não existe uma “natureza humana”, pois o homem se autoproduz à medida que transorma

a natureza pelo trabalho. O trabalho é um projeto humano e como tal depende da consciência que antecipa a ação humana pelo pensamento. Para Marx, tudo no sistema capitalista está vinculado à produção de mercadoria; a mais-valia só existe no mundo do trabalho, sobretudo do trabalho capitalista. No modo de produção socialista, a nalidade é a satisação completa das necessidades materiais e culturais da população.

5.6 Atividades Propostas

1. Para Marx, a sociedade estrutura-se em níveis. Explique o nível da inraestrutura. 2. Caracterize o modo de produção eudal.

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6 ConCeItoS De SoCIoLoGIA Para Lakatos e Marconi (1999, p. 38), é “o estudo sistemático dos grupos e sociedades em que vivem os indivíduos, como são criadas e mantidas ou modicadas as estruturas sociais e as culturas e como estas aetam nosso comportamento.” Para Scuro (2004), é o estudo da realidade social, quanto à sua constituição, suas estruturas e seu uncionamento. Lemos Filho et al. (2004) entendem que a Sociologia é a Ciência que estuda o desenvolvimento, a estrutura e a unção da sociedade. Para Martins (1997, p. 9):

A Sociologia começa com a observação de que os humanos são criaturas imensamente sociais, tudo o que azemos, desde azer amor até azer uma guerra, o azemos em companhia de outros e é imperativo azê-lo com os demais. Nunca um indivíduo solitário poderá realizar estas atividades. Estamos em constante construção e reconstrução de grupos, desde amílias e grupos em almoços ou em corporações multinacionais.

6.1 Estrutura Social

Numa escola trabalham o diretor, o coordenador pedagógico, os proessores, o secretário e diversos uncionários, além dos alunos. Cada um desses elementos ocupa uma posição social, um status no grupo. Cada posição está relacionada com as demais, e todas elas, em conjunto, ormam a estrutura da escola. Esse mesmo raciocínio pode ser aplicado a outras estruturas, como, por exemplo, a um clube de utebol, que tem o presidente, o técnico, o massagista, os jogadores, enm, tem um conjunto humano que orma uma estrutura social. Estrutura social é, portanto, um conjunto ordenado de partes encadeadas que ormam um todo. Dito de outro modo, a estrutura social integra os indivíduos dentro de uma ordem e aí dene, por exemplo, o papel de cada um de seus membros. Assim, o diretor de escola e o proessor sabem de suas unções sem a necessidade de orientações diárias. O mesmo pode ser dito da estrutura de uma empresa ou de um clube de utebol. Nessas orga-

nizações, o papel de cada um já está dado previamente de modo que eles podem compartilhar sem animosidade o mesmo espaço social. Estrutura social unciona também como uma orientação teórica, um sistema de crenças e interesses que medeia as relações sociais. Os membros de uma sociedade tendem geralmente a compartilhar a crença na importância dos valores denidos consensualmente. A religião, a liberdade política e a crença nas leis para mediar as relações humanas são, por exemplo, como valores intrínsecos e universais que permeiam as estruturas sociais. A estrutura social inclui grandes grupos, como as sociedades, comunidades, e pequenos grupos, como as amílias e os amigos, mas o conceito de estrutura social inclui também os modelos ou padrões de interação social e relações sociais. Abarca enômenos que são tangíveis ou visíveis, como o de quem se relaciona e com quem: idéias ou crenças e objetivos ou interesses;

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podem observar-se as relações sociais, as idéias que os indivíduos sustentam em comum e qualquer coisa que apreciem ou estimem, a estrutura não é estática, mas está em mudança constante. (LAKATOS; MARCONI, 1999, p. 83).

Os elementos básicos da estrutura social são status e papéis, relações sociais, grupos e organizações.

6.2 Status e Papéis

Para Lakatos e Marconi (1999), status e papéis são elementos opostos e complementares, um não poderia existir sem o outro. Um papel é a coleção de direitos culturalmente denidos, obrigações e expectativas que acompanham um status num sistema social. Numa empresa, por exemplo, o patrão possui direitos, deveres e privilégios dierentes dos empregados. Numa escola, diretor e proessor possuem direitos e deveres dierentes dos alunos. Num clube de utebol, o técnico possui também direitos e deveres dierenciados dos jogadores. O que estamos querendo demonstrar é que a posição ocupada pelo indivíduo no grupo social denomina-se status social . O status social indica, então, a posição do indivíduo no grupo social. O status pode ser atribuído ou adquirido. Status atribuído é aquele que não é escolhido voluntariamente pelo indivíduo e não depende de suas ações e qualidades. Por exemplo, o status de “primogênito” ou de “lho de operário”. Já o status ad-

quirido é obtido de acordo com as qualidades pessoais do indivíduo. Esse status conere ao indivíduo uma posição de destaque entre os membros do grupo de pertencimento, pois seu status é ruto do reconhecimento de sua capacidade. Por exemplo, Pelé tem status adquirido pelas qualidades de seu utebol. O status adquirido está, então, associado à capacidade prossional, intelectual e de liderança do indivíduo na sociedade. Nas sociedades mais antigas, o status era quase sempre atribuído. Assim oi na Idade Média, com a Igreja atribuindo status religiosos para os indivíduos. Assim oi nas sociedades escravocratas, quando o status era também atribuído e assim permaneceu em algumas sociedades modernas, com o rei atribuindo status para seus súditos. Na sociedade contemporânea, predomina o status adquirido pelo destaque intelectual, liderança e habilidades pessoais.

6.3 Relações Sociais

Para Scuro (2004), os status e os papéis dão as bases para as relações sociais, as relações tomam muitas ormas dierentes. Para Martim (1997), algumas são multiacetadas: duas pessoas que vivem no mesmo bairro, trabalham para a mesma companhia e têm os mesmos amigos. Outras são simples propósitos: o dono de um cachorro com o

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qual alguém se encontra quase todos os dias. Para Lakatos e Marconi (1999), cada interação social é uma situação em que o comportamento de um participante infui no do outro, os indivíduos denem, negociam suas relações, algumas envolvem a relação direta cara a cara, outras são indiretas.

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Sociologia

6.4 Grupos

Grupo social é a reunião de duas ou mais pessoas, associadas por interesses comuns. Ao longo da vida, o indivíduo participa de vários grupos sociais, entre os quais, destacamos: 











Grupo Educativo – escola; Grupo Religioso – igreja; Grupo Familial – amília; Grupo Prossional – empresa; Grupo Político – partidos políticos; Grupo Sindical – sindicatos. Atenção

Em sociologia, grupo é um sistema de relações sociais, de interações recorrentes entre pessoas. Também pode ser denido como uma coleção de várias pessoas que compartilham certas características, que interajam uns com os outros, aceitem direitos e obrigações como sócios do grupo e compartilhem uma identidade comum.

Em cada ase da vida, um desses grupos estará presente na vida do indivíduo. Para melhor compreendê-los, podemos dividi-los em dois grupos:

certas características sociais. As pessoas que trabalham num consultório são um grupo social, veem-se requentemente, o “trabalhar juntos” lhes dá um propósito e metas comuns e um sentido compartilhado de identidade. Além disso, suas interações são estruturadas por seus papéis e dierentes posições hierárquicas. Organizações ormais Para Scuro (2004), organização ormal é um grupo planejado e criado para seguir suas metas e manter-se unido por regras explícitas e regulamentos. Dierenciam-se os grupos pelo equilíbrio, escala, estrutura e ênase em azer as coisas ou nas orientações de suas metas. Como coloca Martins (1997, p. 15): Em sua acepção original a palavra estrutura az reerência à construção de ediícios, mas no século XVI oi empregada para denotar as relações entre as partes de um todo. Era uma palavra utilizada normalmente nos estudos anatômicos que nesta época começavam a forescer. O passo do termo da anatomia à Sociologia, produziu-se vários séculos depois, oi uma conseqüência lógica das analogias orgânicas por parte dos pensadores políticos.

I. Grupo Primário: predominam os contatos pessoais, isto é, como a amília e os vizinhos. Os contatos são estabelecidos Instituições sociais mais diretamente, sem ormalidade. Para Lakatos e Marconi (1999), o elemento II. Grupo Secundário: são grupos mais estrutural mais importante dos elementos reunicomplexos, como a Igreja e o Estado. Os dos são as instituições sociais, conjuntos estáveis contatos aqui são mediados pela ormae perduráveis de normas e valores, status, papéis, lidade, respeitando-se a liturgia do cargo grupos e organizações com uma estrutura para a e da ocasião. conduta social numa área particular da vida. Todas as sociedades de grande escala têm Para Lakatos e Marconi (1999), há outros ní- cinco Instituições Sociais principais, segundo Scuveis da estrutura social que podem compartilhar ro (2004):

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A amiliar, que é a responsável pelo crescimento e cuidado para com as crianças de modo a substituir os membros da sociedade que morreram ou se oram;

IV. A política, que mantém a ordem social e protege os membros da sociedade das invasões, controla os delitos e desordens internas, resolve confitos de interesse;

II. A educacional, que assegura que as normas e valores culturais passem de uma geração à seguinte e que as pessoas jovens tenham conhecimento e habilidade para realizar papéis adultos;

V. A econômica, que organiza a produção e distribuição de bens e serviços.

I.

A ciência, as artes, o cuidado com a saúde, o sistema legal, o exercício e o tempo livre são eleIII. A religiosa, que reorça os valores, dá sig- mentos que também oram institucionalizados nas nicado e propósito à vida; sociedades modernas.

6.5 Fenômenos Sociais

Para Lakatos e Marconi (1999), os grandes acontecimentos históricos não se produzem sem razão; determinadas causas sociais de caráter complexo precisam ocorrer e, muitas vezes, são previsíveis, para que esses acontecimentos ocorram. O mesmo se pode dizer dos enômenos que se suscitaram com o decorrer dos tempos. A seguir, alguns de grande importância para a Sociologia, em Lakatos e Marconi (1999): 1. A Revolução Francesa de 1789 e a Revolução Industrial produziram um desmoronamento das estruturas sociais de tal maneira que passaram a ser motivo de preocupação coletiva; o que ocorre na sociedade, o que provoca essas mudanças e como se podem solucionar essas desigualdades e desequilíbrios que se apresentam na sociedade; 2. Os avanços cientícos e tecnológicos; 3. Desenvolvimento de uma nova economia industrial, já que ocorreu uma mudança na sociedade: deixou-se de produzir a terra (cultivável), abandonou-se a orma de produção artesanal e passou-se à produção em grandes ábricas, ao mesmo tempo em que os trabalhadores deixaram de trabalhar em suas casas para trabalhar sob as ordens de um supervisor. Isso teve como consequência

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grandes mudanças na amília, que deixou de consumir o que ela mesma produzia, de orma que se produziu uma dissociação: de um lado trabalhadores e de outro, consumidores, ao mesmo tempo em que a amília oi mudando seu sistema de valores; 4. O crescimento das cidades: os camponeses abandonaram o campo, trasladando-se à cidade em busca de trabalho, de tal orma que os núcleos industriais converteram-se em grandes cidades, surgiu a emigração, o aglomerado da população, a pobreza, o desemprego, a criminalidade, sendo esses problemas requentes nessas grandes cidades, o que deixou antever o quanto esses são problemas de diícil solução; 5. Mudanças políticas: o direito divino dos reis oi abandonado, de orma que a autoridade já não se legitimava por um caráter divino, nem a sociedade era produto de um plano guiado por Deus, e se começava a ver tanto a autoridade quanto a sociedade, um produto dos seres humanos, orientados a satisazer suas necessidades e seus interesses; ressurgiu, então, o interesse pelo indivíduo e um reconhecimento de seus direitos por sua condição de pessoa humana.

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Sociologia

Esses cinco pontos ormam o contexto que levou uma série de pensadores3 a propor a questão da sociedade e, consequentemente, da Sociologia. De acordo com Scuro (2004), outros dos e-

nômenos sociais que se apresentaram com maior requência em nossa moderna sociedade são: o delito, a violência, as drogas, o divórcio e a aculturação dos imigrantes.

6.6 Relações Sociais

O conceito da relação deve entender-se no entanto, o conteúdo da relação pode ser, secomo uma conduta plural pelo sentido que en- gundo Martins (1997): cerra: apresenta-se como reciprocamente reerida ou orientando-se por essa reciprocidade. Consiste a) Relações Dissociativas: na probabilidade de comportamento social numa inimizade; orma indicada, sendo indierente àquilo em que a confito; probabilidade prediz. À relação social temos que concorrência. vincular o processo social (WEBER, 1982). Segundo Scuro (2004, p. 107), “observando b) Relações Associativas: uma conduta plural, ou seja, conduta de vários atoamor sexual; res que criam uma interação ao agir e, além disto, amizade; orientam sua conduta pela idéia da reciprocidade.” associação comercial. Para que a interação ocorra, é preciso pluralidade, •











6.7 Fim ou Objetivos da Sociologia

O objetivo da Sociologia é o estudo cientíco A Sociologia consiste no estudo dos procesdos atos sociais (LAKATOS; MARCONI, 1999). Seu sos sociais ou inter-humanos e deve se dividir em objetivo principal inicial era descrever e quanticar três grandes tareas (LEMOS FILHO, 2004): os atos; pelo contrário, se queria dar à Sociologia um papel explicativo, e houve um grande esorço 1. Abstrair o social ou inter-humano do resem organizar um amplo aparelho conceitual (SCUto pertencente à vida humana; RO, 2004). 2. Constatar os eeitos do social e o modo Segundo Rodrigues (2003, p. 127): como se produzem; 3. Restituir o social ao conjunto da vida huO objetivo da Sociologia na consciência mana para azer compreensíveis suas recoletiva, o da psicologia a consciência inlações com esta. dividual, e as dierenças entre ambas as ciências é o que estuda a Sociologia, é o ato social que tem caráter externo e coercivo enquanto o ato psíquico é de natureza interna e de signicado mimético.

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Teoria que pretende atribuir um valor explicativo à doutrina estrutural uncional, e que tem

Saint-Simon, Comte, Karl Marx, Durkheim e Max Weber.

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6.8 Teoria Sociológica Geral

uma intenção consistente, não exatamente de destruir, negando veementemente a verdade das teorias sociológicas do passado, mas assinalando suas insuciências, a partir dos pontos de vista teóricos e prático (LAKATOS; MARCONI, 1999). Segundo Martins (1997), essa corrente sociológica estimava que a Sociologia devesse abarcar todo o campo das ciências, de tal modo que a Sociologia seria uma espécie de enciclopédia do saber, de tal sorte que de alguma orma a Sociologia estudaria o objeto das matemáticas, astronomia, ísica, química e, ao azer isso, a Sociologia se converteria numa ciência de importância primordial. Martins (1997, p. 14) arma ainda que, como muitas palavras excessivamente usadas, o termo ‘teoria sociológica’ ameaça car vazio de sentido. A mesma diversidade de coisas a que se aplica, a partir de pequenas hipóteses de trabalho, passando por especulações gerais mais vagas e desordenadas, até os sistemas axiomáticos do pensamento, o emprego da palavra com reqüência atrapalha o entendimento em vez de aclará-lo.

O termo ‘teoria sociológica’ reere-se a grupos de proposições logicamente interconectadas, dos quais podem se derivar uniormidades empíricas. Constantemente é enocado o que se denomina de “teorias de alcance intermediário”, segundo Scuro (2004, p. 73),

É uma teoria intermediária às teorias gerais dos sistemas sociais, que estão demasiado distantes dos tipos particulares de conduta, de organização e de mudança sociais para levá-las em conta no que se observa e nas descrições ordenadamente detalhadas de particularidades que não estão ainda generalizadas. A teoria de alcance intermediário inclui abstrações, por óbvio, mas estão próximas o bastante dos dados observados para incorporá-las em proposições que permitam a prova empírica (LAKATOS; MARCONI, 1999). Martins (1997) explica que as teorias de alcance intermediário tratam dos aspectos delimitados dos enômenos sociais, como o indicam seus próprios procedimentos. Fala-se de uma teoria dos grupos de reerência, da mobilidade social ou de confito de papéis e da ormação de normas sociais, da mesma orma que se ala de uma teoria dos preços, de uma teoria dos germes ou de uma doença, ou de uma teoria cinética dos gases. Para Lemos Filho (2004, p. 143), a busca de teorias de alcance intermediário exige do sociólogo um compromisso dierente que a busca de uma teoria totalizadora. As observações de cada aspecto da conduta, organização e mudanças sociais, encontram-se prexadas, implicando no mesmo desao e na mesma pequena promessa dos grandes sistemas losócos totalizadores que caíram em merecido desuso.

[...] teorias intermediárias entre essas hipóteses de trabalhos menores, mas necessários, que se produzem abundantemente durante as rotinas diárias da pesquisa e dos esorços sistemáticos totalizadores para desenvolver uma teoria unicada, que explique todas as uniormidades observadas na conduta, na organização e nas mudanças sociais.

Nesse caso, segundo Martins (1997), a ormulação de uma teoria sociológica geral, ampla o bastante para abarcar grandes quantidades de detalhes minuciosamente observados da conduta e organização sociais, não seria rutíera o bastante para chamar a atenção de milhares de pesquisadores para os problemas da pesquisa empírica. Para Martins (1997), um sentido histórico dos contextos intelectuais mutáveis da Sociologia deve A teoria intermediária é utilizada na Socioloser humilde o bastante para liberar aqueles otimisgia principalmente para guiar a pesquisa empírica. tas desta esperança extravagante.

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Sociologia

Por um lado, alguns aspectos de nosso passado histórico ainda permanecem em grande parte conosco. Devemos recordar que primeiramente a Sociologia desenvolveu-se numa atmosera intelectual na qual se introduziam por todos os lados sistemas losócos gerais. Qualquer lósoo do século XVIII e do início do século XIX que se prezasse tinha que desenvolver seu próprio sistema losóco, sendo os mais conhecidos excepcionalmente: Kant, Fichte, Schelling e Hegel. Cada sistema era uma aposta pessoal pela concepção denitiva do universo, do material, da natureza e do homem. Essas tentativas dos lósoos em criar sistemas totais serviram de modelo aos primeiros sociólogos, e assim o século XIX oi um século de sistemas sociológicos. Tendo como pais undadores Comte e Spencer (BENOIT, 1999). Nesse contexto, Benoit (1999) arma que quase todos os pioneiros da Sociologia trataram de criar um modelo de seu próprio sistema. A multiplicidade de sistemas, cada um deles com pretensões de ser genuína Sociologia, levou, muito naturalmente, à ormação de escolas, cada uma delas com seu grupo de mestres e discípulos. A sociologia não só se dierenciou de outras disciplinas, mas se dierenciou internamente. Essa dierenciação não era, no entanto, questão de especialização, como nas ciências; era mais, como em losoa, questão de sistemas completos, tipicamente sustentados como mutuamente excludentes e díspares. Como observou Bertrand Russell (apud LEMOS FILHO, 2004) a respeito da Filosoa, esta Sociologia total não captou a vantagem, comparada com as sociologias dos construtores de sistemas, de ser capaz de resolver problemas, um de cada vez e ao mesmo tempo, em lugar de ter que inventar de uma só vez um bloco teórico de todo o universo sociológico. Para Lemos Filho (2004, p. 147),

os sociólogos intelectuais de sua disciplina tomaram seu protótipo de sistemas da teoria cientíca em lugar de sistemas losócos. Esta via também levou às vezes à tentativa de criar sistemas totais de Sociologia, meta que reqüentemente se baseia numa ou mais de três concepções básicas errôneas sobre seguiram outro caminho em seu desejo de estabelecer a legitimidade às ciências.

Para Martins (1997), a primeira concepção errônea supõe que os sistemas de pensamento podem desenvolver-se eetivamente ante uma grande massa de observações básicas que se acumularam. De acordo com essa opinião, Einstein poderia ter seguido de imediato Kepler, sem necessidade dos séculos de pesquisa e pensamento sistemático a respeito dos resultados da pesquisa que oram necessários para preparar o terreno. Como arma Martins (1997, p. 22), os sistemas de Sociologia que partem desta pressuposição tácita são muito parecidos aos introduzidos pelos criadores de sistemas em medicina num lapso de 150 anos: os sistemas de Stahl, Boissier de Sauvages, Broussais, John Brown e Benjamin Rush. Até meados do século XIX, personagens eminentes da medicina pensaram que era necessário desenvolver um sistema teórico da doença muito antes que a anterior pesquisa empírica se tivesse desenvolvido adequadamente.

Esses caminhos já se echaram na Medicina, mas esse tipo de esorço ainda ressurge na Sociologia.

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6.9 Teorias Sociológicas Especiais

Para Martins (1997), essas teorias entendem que ideias, conceitos ou julgamentos provisórios a respeito da natureza da realidade ou a respeito do modo de se resolver um problema podem ser simples hipóteses, conceitos ou juízos aplicados a algum enômeno especíco e são as que a seguir se relacionam: 



A teoria da Gemeinschat; A Gesellschat;











A teoria da relatividade linguística; A teoria do etnocentrismo; A teoria da socialização; A teoria do eu que se vê num espelho; A teoria da conduta conormista.

Tendem a agrupar-se em várias correntes teóricas principais ou perspectivas que vinculam uma ampla quantidade de conceitos hipóteses e teorias (LAKATOS; MARCONI, 1999).

6.10 Pesquisas Sociológicas Concretas

O Funcionalismo Estrutural é uma orientação São orientações teóricas que dão ênase à oposição ente os indivíduos, os grupos ou as estru- teórica que acentua as unções ou contribuições turas sociais. Essa oposição é a existência da escas- eitas à sociedade pelas estruturas sociais existensez ou limitações nos recursos para conseguir obje- tes (SCURO, 2004): tivos ou realizar os valores. Os recursos reerem-se tanto aos atores não materiais, como poder e presa) Etnometodologia; tígio, quanto a atores utilizados para conseguir b) Teoria da mudança; objetivos. A Sociologia considera a escassez como c) Teoria do intercâmbio; algo que é parcialmente um senso comum por pard) Interacionismo simbólico; te da sociedade (WEBER, 2003). e) Teoria do confito.

6.11 Leis Sociais

Segundo Lemos Filho (2004), são os regulamentos que regem a conduta do indivíduo na sociedade, conorme o Direito. a) A LEI é uma norma de direito ditada, promulgada e sancionada pela autoridade pública, ainda sem o consentimento dos indivíduos, e que têm como m regular a conduta externa dos homens.

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b) O COSTUME é a observância uniorme e constante de regras de conduta obrigatórias elaboradas por uma comunidade, é um uso implantado numa coletividade e considerado por esta como juridicamente obrigatória, é o direito costumário. c) A JURISPRUDÊNCIA é a correta interpretação da lei eita pelos Ministros da Su-

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prema Corte de Justiça Plena ou pelos Magistrados dos Tribunais Colegiados. Havendo vários casos concretos, sem ob jeções, acaba por se converter em obrigatória, já que cobre as lacunas da lei. d) A DOUTRINA é o conjunto de estudos e opiniões que os tratadistas de direito emitem em suas obras. Estudos de caráter cientíco que os juristas azem sobre temas de direito, munidos de propósitos teóricos sistematizados de seus preceitos, com a nalidade de interpretar suas normas e assinalar as regras de aplicação. e) OS PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO são os que determinam uma controvérsia judicial, como a equidade, a justiça, o bem comum. ) A EQUIDADE é considerada por alguns autores também como onte ormal do Direito. A Lei é o conjunto de normas jurídicas de observância geral por parte da população de um Estado num regime de direito e que é sua principal onte. A Jurisprudência é realizada pelos grandes Jurisconsultos da Suprema Corte de Justiça da nação, que têm a aculdade de interpretação das normas jurídicas de um Estado, através de suas resoluções, que interpretam e uniormizam direito ao cobrir as lacunas da lei. O Costume, por sua vez, são normas de conduta criadas por uma comunidade e que vão sendo aceitas de orma obrigatória; surgem pela uniormidade do comportamento: “o costume se az lei”. Por outro lado, a doutrina é constituída pelos estudos que realizam os pesquisadores do direito, sobre variados aspectos e, por último, os Princípios Gerais do Direito são os axiomas ditados pela razão, a sabedoria que serve de inspiração e undamento ao direito positivo como rases doutrinárias com as quais se ormam máximas de caráter axiomático como as que se seguem: I.

Ninguém deve ser condenado somente por suspeitas;

II. É preerível absolver um culpado a condenar um inocente;

III. A boa-é se presume, a má-é se prova; IV. Onde a lei não distingue, não é lícito distinguir.

Lemos Filho (2004, p. 133) assinala: As ontes do direito são os procedimentos por meio dos quais se concretiza a norma  jurídica e se assinala sua orça obrigatória,  já que a lei é a norma jurídica emanada do poder público. O Costume é o conjunto de hábitos que levam o homem a agir de maneira determinada ao qual a sociedade dá caráter obrigatório. A Jurisprudência por sua vez, sustentada em sentenças ou decisões, dadas pela autoridade judicial ederal, aplica o direito corretamente, cobre suas alhas e a az obrigatória [...] a Doutrina é o conjunto de princípios que dão os juristas com o m de interpretar e comentar o direito, mas suas conclusões não podem ser juridicamente obrigatórias, por provir de particulares [...] e os Princípios Gerais do Direito determinam uma controvérsia judicial, já que se decide a avor do que trate de evitar prejuízo, não do que pretenda obter um lucro, de conormidade com o Código Civil, já que, na alta da legislação escrita, se resolverá conorme estes princípios.

Sobre isso, Benoit (1999) hierarquiza as ontes ormais do direito: em primeiro lugar a lei, em segundo lugar a jurisprudência, seguido pelos princípios gerais do direito, o costume e a equidade, pois nos indica que a lei, como norma de direito escrita, busca o bem comum da atividade social, enquanto a jurisprudência só interpreta a lei quando tem alhas e se az obrigatória depois de alguns casos concretos. A doutrina, como conjunto de estudos e opiniões que os tratadistas do direito azem, só pode tomar-se um ponto de reerência, assim como os costumes pelos quais os princípios são obrigatórios, mais do que essas duas ontes. Para Lemos Filho (2004, p. 135), o Costume, como repetição constante de uma conduta, conduz a um momento em que a sociedade a torna obrigatória e a tradição a reconhece como um meio de cria-

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ção do direito (direito costumário). A Jurisprudência, como resoluções da suprema Corte de Justiça e os Tribunais Colegiados, tem como m determinar o verdadeiro sentido e alcance das disposições existentes da lei, e a doutrina, como opiniões dos  juristas, leva em conta a regulação normativa que azem de diversos temas jurídicos, bem como os princípios gerais do direito que derivam do conteúdo das próprias normas como verdades undamentais. Além disso, é preciso levar em consideração como outra onte normal, os Tratados Internacionais, que de conormidade com a Constituição Federal, têm orça de lei ederal ordinária e azem parte do Direito Positivo Brasileiro.

O Costume é a mais antiga das ontes ormais do direito, desde a época dos sistemas primitivos  jurídicos. Na atualidade, perdeu seu papel transcendental, pois é considerado uma onte secundária subordinada à legislação (MARTINS, 1997). Lakatos e Marconi (1999, p. 109) explicam que: “Costume é direito ou oro que não é escrito, que oram usados pelos homens por um longo tempo, ajudando nas coisas ou nas razões sobre as quais usaram” e, por sua vez, Scuro (2004, p. 53) o denia como: “Uso existente num grupo social, que expressa um sentimento jurídico dos indivíduos que compõem este grupo.”

6.12 Processo Social

Entende-se por processo social um avanço, um caminhar adiante, um aproximar-se de uma meta considerada como socialmente valiosa. Também é considerado mudança ou movimento social na direção de um objeto reconhecido ou aprovado (SCURO, 2004). Martins (1997) explica que quando se quer determinar em que momento existe o processo social é preciso avaliar quais são os valores que se assentaram numa determinada sociedade, o progresso social consiste na realização de um determinado sistema de valores. O processo social do

cristianismo, por exemplo, consistirá na realização dos valores postulados pela moral cristã, cujo principal pilar é o “valor supremo do amor”. O processo material será a realização de valores materiais, encarnados nos equipamentos como a indústria e o maquinário em geral, objetos representativos da civilização. Nem toda mudança social implica progresso, já que poderia dar-se uma mudança regressiva, um retrocesso. Para Scuro (2004), processo social é equivalente à interação.

6.13 Teoria do Indivduo Social

O homem utiliza sua inteligência para suas necessidades, o animal o az intuitivamente, ou seja, o homem produz seus próprios bens materiais e para isso é necessário associar-se a outros homens para conseguir sua subsistência. Mas não apenas produz bens materiais, como também seus modos de vida, que são um refexo da produção dos bens materiais. O modo de vida dos povos coincide com sua produção, tanto com o que pro-

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duzem quanto com o modo de produzir, o que também condiciona as relações entre uma comunidade e outra (WEBER, 1982). Marx e Engels (apud SCURO, 2004) assinalam que toda subsistência humana pressupõe condições para poder viver e, para sobreviver, é necessário haver comida e bebida, moradia, roupa etc. Por isso, como coloca Martins (1997), o primeiro ato histórico, a produção dos meios para satisazer

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modo de vida da sociedade. (WEBER, 2003, p. 36).

essas necessidades, ocorreu há milhares de anos e, ainda na atualidade, precisa se cumprir todos os dias como condição indispensável para a existência do ser humano. O homem, ao mesmo tempo em que produz, também se reproduz; dessa orma, ao procriar, conserva a espécie humana. Tanto na procriação quanto na produção de bens para satisazer suas necessidades, há uma dupla relação: uma natural e outra social (MARTINS,1997).

A partir do momento em que o homem existiu como tal, recorreu a outros para tentar seu alimento, suas vestes, sua moradia e também para reproduzir-se. Para produzir, além de relacionar-se com outros homens, cria instrumentos de trabalho que lhe permitem obter e elaborar com maior acilidade suas ontes de satisação. O homem em sociedade vai incorporando cada vez mais conheA existência social implica uma coopera- cimentos, inventos e descobertas a seu trabalho, ção, onde os meios de produção conor- azendo com que a sociedade avance constantemam a orça produtiva, e a soma de rela- mente. ções das orças produtivas determina o

6.14 Fato Social

São atos realizados pelo homem na sociedade da qual az parte. Incluem relações inter-humanas, situações de relação e infuência recíproca entre os homens, processos sociais ou movimentos entre os homens, uns com relação aos outros, complexos, grupos ou ormações (LAKATOS; MARCONI, 1999). Para Martins (1997, p. 31), os atos sociais demandam o entendimento do sentido que estes têm: o entendimento destes é um elemento essencial e indispensável de seu estudo, também é a explicação pela qual os atos humanos ainda que não açam sentido, não são puramente abstratos, mas realidades concretas no espaço e no tempo.

Através das pesquisas em Sociologia, vai se denindo o ato social, bem como as refexões que hão de ser conduzidas para realizar um tratamento cientíco para o que será eito (LAKATOS; MARCONI, 1999). 



Como observar os atos sociais; Como distinguir os atos normais daque-







les outros que podem ter uma natureza patológica; Como construir os tipos sociais; Como explicar os atos sociais; Como estudar as provas.

Tudo isso para conseguir a distinção entre a especulação losóca e a especulação cientíca ou explicativa, de maneira que seja possível descobrir as regularidades ou uniormidades da conduta humana (SCURO, 2004). Como dene Durkheim (2000, p. 41): “Os Fatos sociais consistem uma maneira de pensar, de azer e de sentir, externas ao indivíduo e dotadas de um poder coercivo em cuja virtude se impõe.” O ato social o leva a distinguir entre consciência coletiva e consciência individual, que precisamente vai delimitar os campos da Sociologia e da Psicologia; assim, a consciência coletiva reere-se a modos de pensar, sentir e azer que constituem a herança comum de uma sociedade (DURKHEIM, 2000). Para Martins (1997, p. 29), isso será “[...] a cultura que atribui a cada sociedade seus traços dis-

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tintivos, rente a esta consciência coletiva, situa-se a consciência individual, denida como o universo privado de cada um.” As sociedades vão variar em unção do die-

rente grau de coerção que as consciências coletivas exercem sobre as consciências individuais, o que se traduz na possibilidade de que exista maior número de condutas desviadas (DURKHEIM, 2000).

6.15 Ideologia

A palavra ‘ideologia’ carrega vários signicados e é usada para dierentes nalidades. “A ideologia é – de qualquer maneira – o processo pelo qual as ideias da classe dominante tornam-se ideias de todas as classes sociais, tornam-se ideias dominantes.” (CHAUÍ, p. 1984, 92). A ideologia tem, então, infuência marcante na conormação social da sociedade capitalista, pois ajuda a ocultar suas contradições. Ela tem, pois, a unção de apagar as dierenças, como as de classe, oerecendo reerenciais universais para a unicação da sociedade. Nesse sentido, é interessante notar que a ideologia trabalha para a naturalização das contradições sociais , justicando e criando condições para a aceitação de determinadas situações aparentemente naturais, mas que na verdade são produtos da intervenção humana. Um exemplo disso é a ideia que está na divisão de classes da sociedade capitalista, isto é, de que o rico já nasceu rico e o pobre já nasceu pobre; ou a ideia criminalizante de que o pobre é inclinado à marginalidade.

Segundo Chauí (1984), isso signica que: 







as ideias da classe dominante, na sociedade capitalista, prevalecem sempre sobre as ideias das classes subalternas; para tanto, os membros da sociedade não se percebem como categorias dierentes, ou seja, como classes sociais distintas; o mecanismo para unifcação passa pelo discurso que a classe dominante cria e depois distribui para as classes subalternas por meio da educação, da arte e dos meios de comunicações; essas ideias não exprimem a realidade real, contrariamente a isso, elas apenas representam a aparência social, ocultando dos indivíduos as contradições do mundo real.

6.16 Alienação

Depois de conceituar mais-valia, Marx compreende que o trabalhador não poderia perceber a exploração da qual era vítima, pois se encontrava alienado. Alienado é o que está ora, o que não lhe pertence e a mercadoria que é produzida pelo operário no mundo capitalista não pertence a ele. Costuma-se armar que o poder do povo é inalienável, se ele é inalienável é porque ele não pode ser vendido. Por outro lado, costumam-se encon-

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trar nas ruas da cidade placas com os seguintes dizeres: “Compro seu carro, mesmo alienado”. O que isso quer dizer? Simplesmente que o carro não pertence ao seu condutor e sim a alguma nanciadora de que o indivíduo comprou o carro em 24, 36, ou em 48 prestações. Portanto, enquanto ele não acabar de pagar o carro, o carro estará alienado à nanciadora. A alienação maniesta-se, então, na vida real

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do homem, sobretudo a partir da divisão do trabalho, pois quando isso acontece o produto de seu trabalho deixa de lhe pertencer. Na medida em que ele não tem mais domínio sobre aquilo que az, ele está resolutamente alienado: não escolhe o salário, não escolhe o horário nem o ritmo do trabalho, sendo, portando, comandado de ora por orças exteriores a ele. Ocorre, então, o que Marx chama de etichismo da mercadoria . O etichismo leva a crer que a mercadoria tem vida própria, isto é, como se não houvesse nela a intervenção humana. Nos dizeres de CHAUÍ (1984), as coisas-mercadorias começam, pois, a se relacionar umas com as outras como se ossem sujeitos sociais dotados de vida própria (um apartamento estilo ‘mediterrâneo’ vale um ‘modo de viver’, um cigarro vale ‘um estilo de vida’, um automóvel zero Km. vale ‘um jeito de viver’ uma bebida vale ‘a alegria de viver’, uma calça vale ‘uma vida  jovem’). E os homens-mercadorias aparecem como coisas (um nordestino vale R$ 20,00 à hora na construção civil, um médico vale R$ 2.000,00 à hora no seu consultório). A mercadoria passa a ter vida própria indo da ábrica à loja, da loja à casa, como se caminhasse sobre seus próprios pé.

E continua sua argumentação. O primeiro momento do etichismo é este: a mercadoria é um etiche (no sentido religioso da palavra), uma coisa que existe em si e por si. O segundo momento do etichismo, mais importante é o seguinte: assim como o etiche religioso (deuses, objetos, símbolos, gestos) tem poder sobre seus crentes ou adoradores, os domina como uma orça estranha, assim também a mercadoria. O mundo se transorma numa imensa antasmagoria. (CHAUÍ, 1984, p. 5657).

A mercadoria adquire, portanto, na sociedade capitalista valor superior ao homem, pois se privilegiam as relações entre coisas e são essas coisas que vão intermediar as relações entre as pessoas. Com o advento da Revolução Bochevique, a aceitação dos ideais marxistas ganhou impulso

renovado; no século XX, diundiam-se pelos quatro continentes. Os ideais marxistas serviram de estímulo na luta pela independência que surgia nas colônias europeias da Árica e da Ásia, após a Primeira e a Segunda Guerra Mundial, assim como a luta por soberania e autonomia, existente nos países latino-americanos. Em 1919, surgiram partidos comunistas na América do Norte, na China e no México. Em 1920, no Uruguai; em 1922, no Brasil e no Chile; e, em 1925, em Cuba. O movimento revolucionário tornava-se mais orte à medida que os Estados Unidos e a URSS emergiam como potências mundiais e passavam a disputar sua infuência no mundo. Várias revoluções, como a chinesa, a cubana, a vietnamita e a coreana, instauraram regimes operários, que, apesar das suas dierenças, organizavam um sistema político com algumas características comuns – orte centralização, economia altamente planejada, coletivização dos meios de produção, scalismo e uso intenso de propaganda ideológica e do culto ao dirigente. Intensicava-se, nos anos 50 e 60, a oposição entre os dois blocos mundiais – o capitalista, liderado pelos Estados Unidos, e o socialista, liderado pela URSS. A polarização política e ideológica é transerida para o conjunto do método e da teoria marxista, que passam a ser usados sob o peso da direção do stalinismo na URSS e dos partidos comunistas a ele liados, como um corpo doutrinário echado para legitimar a tese do “socialismo em um só país”, preconizada pela liderança soviética e da gestão burocrática dos estados socialistas. O marxismo deixou de ser um método de análise da realidade social para transormar-se em ideologia, perdendo, assim, parte de sua capacidade de elucidar os homens em relação ao seu momento histórico e mobilizá-los para uma tomada consciente de posição. Entre 1989 e 1991, desazia-se o bloco soviético após uma crise interna e externa bastante intensa – diculdade em conciliar as dierenças regionais e étnicas, alta de recursos para manter um estado de permanente beligerância, atraso tecnológico, excesso de burocracia, baixa produtividade, escassez de produtos, infação e corrupção, entre

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outros atores. O m da União Soviética provocou um abalo nos partidos de esquerda do mundo todo e o redimensionamento das orças internacionais. Toda essa explicação a respeito do marxismo az-se necessária por diversas razões. Em primeiro lugar, porque a sociologia conundiu-se com socialismo em muitos países, em especial nos países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento – como são hoje chamados os países dependentes da América Latina e da Ásia, surgidos das antigas

colônias europeias. Nesses países, intelectuais e líderes políticos associaram de maneira categórica o desenvolvimento da sociologia ao desenvolvimento da luta política e dos partidos marxistas. A repercussão do pensamento sociológico desses três autores infuenciou decisivamente os rumos da sociedade contemporânea. Pode-se dizer mesmo que há para a organização social um antes e um depois, estabelecido a partir das refexões desses autores.

6.17 Resumo do Captulo

Caro(a) aluno(a), a estrutura social é um conjunto ordenado que orma um todo e integra os indivíduos dentro de uma ordem que dene o papel de cada um de seus membros, e unciona também como um sistema de crenças e interesses que media as relações sociais. Numa estrutura social, temos status e papéis que são elementos opostos e complementares, um não poderia existir sem o outro. Um papel é a coleção de direitos culturalmente denidos, obrigações e expectativas que acompanham um status num sistema social. O Status atribuído é aquele que não é escolhido voluntariamente pelo indivíduo e não depende de suas ações e qualidades. Por exemplo, o status de “primogênito”. O Status adquirido está, então, associado à capacidade prossional, intelectual e de liderança do indivíduo na sociedade, é ruto do reconhecimento de sua capacidade; por exemplo, Pelé tem status adquirido pelas qualidades de seu utebol.

6.18 Atividades Propostas

1. Caracterize o status atribuído e adquirido. 2. Todas as sociedades de grande escala têm cinco Instituições Sociais principais. Indique e caracterize duas.

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7 GLoBALIZAção A parte nal desta apostila analisa as mudanças ocorridas nas últimas décadas do século XX, que alteraram substancialmente o panorama político, econômico e ideológico mundial. Essas mudanças caram conhecidas como globalização econômica, estendendo-se posteriormente para outras áreas de infuência à cultura principalmente.

Saiba mais Globalização é um dos processos de aproundamento da integração econômica, social, cultural e política que teria sido impulsionado pelo barateamento dos meios de transporte e comunicação dos países do mundo no nal do século XX e início do século XXI.

7.1 Histórico

Após a Segunda Guerra Mundial, o mundo viveu um período conhecido como Guerra Fria. Os protagonistas dessa guerra oram EUA e URSS. Visando aumentar a infuência e a participação nas decisões globais, essas potências ormaram alianças com outros países e dividiram o mundo em dois blocos ideologicamente distintos. De um lado, estavam os países partidários da economia de mercado e da democracia política. Do outro, encontravam-se os países alinhados com a economia planicada e com a hegemonia de um partido único. Essa divisão do mundo em dois blocos cou conhecida como período do Sistema Bipolar, isto é, Sistema de Estados, cujo núcleo é constituído por duas superpotências que coexistem em relativo equilíbrio de poder, sobretudo militar. O sistema da Guerra Fria, que durou de 1947 a 1989, é o exemplo clássico do equilíbrio bipolar. Vejamos algumas das principais consequências da Guerra Fria: 

A Europa deixou de ser o centro das decisões internacionais, condição de que







desrutava desde o início dos tempos modernos. Esse status de centro operador das decisões internacionais oi assumido pelos EUA. A Europa oi dividida em duas áreas de infuência, a parte ocidental do continente aliou-se aos EUA e a parte oriental aliou-se à União Soviética. A Alemanha oi dividida em duas nações. De um lado, cou a República Federal da Alemanha (Alemanha Ocidental), com capital em Bonn, sob infuência dos EUA; do outro cou a República Democrática Alemã (Alemanha Oriental), com capital em Berlim, sob a infuência da União Soviética. Criação, em 1949, da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN). A OTAN oi uma aliança militar que os EUA zeram com a Europa Ocidental. Em resposta a essa aliança, a União Soviética criou, em 1955, o Pacto de Varsóvia. Aliança militar com os países da Europa Oriental.

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Saiba mais Guerra Fria é a designação atribuída ao período histórico de disputas estratégicas e confitos indiretos entre os Estados Unidos e a União Soviética, compreendendo o período entre o nal da Segunda Guerra Mundial (1945) e a extinção da União Soviética (1991). Em resumo, oi um confito de ordem política, militar, tecnológica, econômica, social e ideológica entre as duas nações e suas zonas de infuência.

A Guerra Fria maniestou-se também na rivalidade técnico-cientíca entre EUA e União Soviética. A corrida espacial oi, possivelmente, o lance mais espetacular dessa disputa. A União Soviética saiu na rente, quando, em 1957, Yuri Gagarin tornou-se o primeiro astronauta a azer o voo em torno da Terra, anunciando do espaço sideral: “A Terra é azul”. Em 1969, os EUA responderam a essa investida e criaram a missão Apollo 11. Nela, Neil Armstrong tornou-se o primeiro homem a pisar no solo lunar. Essa disputa oi vivenciada também em outros campos; nos esporte principalmente, nas Olimpíadas, quando os representantes desses dois blocos travavam uma errenha disputa para conquistar a hegemonia do quadro de medalhas.

7.2 Globalização e/ou Mundialização

A década de 1980 oi caracterizada por uma série de transormações na União Soviética. As transormações vivenciadas naquele território atingiram como um vendaval os países socialistas. Nessa década, Mikhail Gorbatchev implantou a Perestroika (reorma) e, logo em seguida, a Glasnost (transparência). Essas medidas visavam a promover uma reorma política e uma abertura econômica para a União Soviética. Os países alinhados com a União Soviética sentiram os eeitos desses acontecimentos. A queda do Muro de Berlim, em 1989, e a consequente unicação das duas Alemanhas simbolizam a importância que essas transormações tiveram para os países socialistas, além de marcar o m da Guerra Fria. A globalização surge, ou melhor, intensica-se, na esteira desses acontecimentos. Assim, da competição militar passou-se para a competição econômica e cultural. A globalização caracteriza-se por um conjunto de mudanças no processo de produção de riquezas, nas relações de trabalho, no papel do Estado e nas ormas de dominação sociocultural. A partir da década de 1970, o capital começou a circular mais livremente e as empresas buscaram uma maior participação no mercado mundial. Uma das maiores transormações operadas pelo enô-

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meno da globalização oi a exportação dos hábitos de consumo e do modo de vida dos países desenvolvidos para os países subdesenvolvidos. Marcas mundialmente conhecidas, redes de ast ood  e grandes redes de supermercados passaram a azer parte da vida cotidiana de todos. Se, por um lado, essa nova realidade trouxe acessibilidade a um número considerável de produtos e bens de consumo para o indivíduo, não podemos desconsiderar que, por outro, contribuiu para descaracterizar as culturas locais, como nos alerta Silva (2004). [...] é no decorrer do século XX que o movimento da mundialização orma-se completamente. No campo da cultura, tal movimento engendra ‘diásporas culturais’. Há uma produção de gostos, crenças e hábitos que transcendem as ronteiras nacionais. As eições culturais diaspóricas apresentam aspectos estandardizados, que são em larga medida ortalecidos pela maniestação midiática. Um exemplo emblemático é o que estudiosos começam a denir como internacionalização dos comportamentos alimentares. Esse processo traduz-se em dois pontos: primeiro, a pluralização dos produtos, ou seja, uma área não se caracteriza mais por uma quantidade restrita de

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alimentos cultivados localmente; segundo, a transormação da cozinha tradicional (pratos típicos) para uma outra, industrializada, cujos alicerces estão na produção em alta escala. Isso não signica que pratos reconhecidos tradicionalmente deixem de existir; porém, assumem uma nova conotação. A sosticação que requer uma verdadeira pizza italiana torna-se inadequada à valorização do tempo pelos vorazes consumidores que reqüentam Shopping Center. Na verdade, os alimentos perdem sua territorialidade e são deslocalizados em proporções globais. A esse respeito, é sugestivo a caso da empresa McDonald’s. (SILVIA, 2004, p. 594).

A globalização pode, então, ser vista como o esvaziamento de culturas locais em beneício de culturas globais. Em outras palavras, comunidades locais, até então echadas em suas próprias idiossincrasias, passam a receber infuências de outras culturas, que vão dos hábitos alimentares, passando pelo uso da língua, para, nalmente, atingir e modicar as tradições e costumes das comunidades com menos poder de infuência e comunicação. Nesse cenário, tornar-se “igual” ou “semelhante” à cultura hegemônica é uma meta a ser alcançada pelas culturas regionais. A cultura regional vai, assim, neste mundo globalizado, paulatinamente diminuindo a infuência e a participação na vida dos indivíduos. Em outras palavras, as culturas com menos poder de participação e infuência na vida das pessoas e no mercado mundial se descaracterizando e cedendo espaço para uma cultura cada vez mais estranha à realidade local, mas, apesar disso, vendável e lucrativa. É, por isso, exatamente por isso, que a história ou o mito do saci pererê, da mula sem cabeça e do currupira tem menos impacto na vida dos jovens do que o pastiche do halloween. Assim, em meio à mundialização cultural, passa a existir uma ativação das relações sociais num circuito aberto, no qual as dierentes localidades aproximam-se e assemelham-se, moldadas por transormações sociais que ultrapassam as ronteiras de convivência regional.

Saiba mais Mundialização é uma outra maneira que os ranceses encontraram para denir a integração dos mercados econômicos. Assim, o que os ingleses chamam de globalização os ranceses chamam de mundialização.

Um exemplo emblemático dessa situação é a presença das multinacionais no mundo. Na visão do norte-americano Behrman (1984), as multinacionais são divididas em três tipos: as que buscam recursos em outros países, ou seja, companhias que buscam recursos naturais ou humanos em países hospedeiros; as que buscam mercados, isto é, companhias que investem no exterior, para servir ao mercado do país hospedeiro; e as que buscam eciência, ou seja, dirigem investimentos externos a m de criar a rede de produção mais eciente para servir a múltiplos mercados padronizados mundialmente. Saiba mais Behrman – Proessor Emérito da Cátedra Luther Hodges, da Escola de Pós-Graduação de Administração de Empresas da Universidade da Carolina do Norte, Estados Unidos.

Todos esses aspectos, além da presença das multinacionais nos países subdesenvolvidos, contribuíram para reordenar o modo de ser e viver do indivíduo nessas localidades. Portanto, no centro da vida cotidiana, que exige dos indivíduos novas e constantes identidades sociais, o encontro com a uniormização cultural é uma saída cômoda, já que permite ao indivíduo despir-se de sua cultura (considerada inerior) para associar-se a uma cultura (considerada superior), a de “todos”. O cultivo da língua inglesa em escala planetária é um exemplo que salta aos olhos, pois essa língua, e somente ela, é capaz de lhe conectar aos símbolos globalizados. A emergência da indústria cultural nos países do capitalismo central e popularização dos novos meios de comunicação e inormação contribuíram

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decisivamente para a consolidação desse enômeno, como deende Silva (2004).

tornou-se uma cadeia comunicacional em que os espaços estão interconectados. (SILVIA, 2004, p. 595).

O modo de produção industrial retrabalhado no campo da cultura tem a capacidade de desenvolvê-la em escala mundial. As maniestações culturais, que antes se limitavam à esera local, agora se espraiam globalmente. Um exemplo signicativo desse movimento é o da indústria onográca. A característica central dessas empresas é a adoção de uma estratégia de ação mundial. [...] A indústria de publicidade também integra o processo de mundialização. Não é lícito asseverar que as indústrias onográca e publicitária já estejam, no alvorecer do século XX, denitivamente estruturadas. No entanto, elas constituem um esteio undamental que possibilita intercâmbios culturais de proporções mundiais. Tais trocas seriam ortalecidas ainda mais com a diusão do rádio e da televisão. Se inicialmente esses aparelhos ganham orça entre as nações ricas, num segundo momento pode-se notar sua presença nos países terceiro-mundistas. [...] É notória a infuência do avanço tecnológico na globalização da cultura. Há toda uma estrutura material – computador, ax, satélites – que torna possível a comunicação à distância, entre partes aastadas. [...] O mundo

A indústria cultural teve, então, entre outros, o mérito de diundir para o mundo as inovações tecnológicas. Essas novas técnicas – o rádio, o cinema, a indústria onográca e a televisão – oram incorporadas pelos jovens como orma mais cotidiana de intererência em um mundo social para eles agora, cada vez mais, amplicado. Em outras palavras, dentro dessa indústria cultural, a publicidade ez emergir e prolierar um novo estilo de vida. Esse novo estilo de vida oi impulsionado pela música, pelos lmes e pela publicidade, sobretudo de língua inglesa. Há, em tudo isso, uma ace legitimadora da cultura hegemônica, que consegue impor para os países periéricos a sua visão de mundo. Tendo uma inraestrutura de dependência, os países periéricos passam também a ter uma cultura dependente. Assim, pode ocorrer que, “através da propaganda de massa, o desprotegido homem do Terceiro Mundo caia na armadilha do consumismo e mude seu comportamento para adaptar-se aos propósitos e objetivos da indústria estrangeira” (GUARESCHI, 1983, p. 65).

7.3 Meio Ambiente

Os problemas ambientais são antigos, mas oi somente nas últimas décadas do século XX que essa questão ganhou relevo. As atividades humanas começaram a causar maior impacto na natureza com o advento da Revolução Industrial, que iniciou a produção em massa e a substituição das ontes de energia limpas pelo carvão e pelo petróleo. A concentração da população nas áreas urbanas colaborou também para essa situação. A cidade é a expressão mais acabada da alteração do espaço natural. Rios canalizados, quando não desviados de seu curso natural, e impermeabilização dos solos, com o asalto entre outras intererências humanas, colaboraram para o quadro de calamidade ambiental que estamos vivendo.

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Em 1972, em Estocolmo, na Suécia, representantes de 113 países reuniram-se para debater os problemas do meio ambiente. Nesse encontro, duas posições eram deendidas. A primeira, da qual o Brasil era signatário, deendia o crescimento a qualquer custo, isto é, não importava se a indústria poluía, o que importava eram os “beneícios” que ela possivelmente traria para o Brasil. A segunda posição alertava que o planeta poderia exaurir suas ontes de energia em apenas um século se mantivesse a tendência de aumento da produção, consumo e poluição. Essa proposta oi, ironicamente, batizada como política do crescimento zero, sendo amplamente rejeitada pela maioria dos países. A Conerência de Estocolmo oi de qualquer

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orma um marco na tomada de posição e consciência para o homem contemporâneo sobre as questões ambientais. Um ano depois da Conerência de Estocolmo oi lançada a ideia de Desenvolvimento Sustentável. A ideia básica desse conceito é que o atendimento às necessidades básicas das populações, no presente, não deve comprometer a vida das gerações uturas. Daí a consciência e necessidade de que os produtos podem e devem ser reaproveitados por meio da reciclagem. Em 1992, o Rio de Janeiro abrigou a Conerência das Nações Unidas sobre o Ambiente e o Desenvolvimento, também chamada de Eco-92. A novidade desse encontro oi a grande presença de Organizações não Governamentais (ONGs). Entre outros beneícios, essa conerência elaborou a Agenda 21, que se responsabilizou a ornecer recomendações de como alcançar o desenvolvimento sustentável no século XXI. Um dos pontos centrais desse documento está no princípio de que a conservação ambiental do planeta não pode ser alcançada sem a erradicação da pobreza e das desigualdades sociais. Essa conerência estabeleceu ainda a Convenção do Clima, que elaborou metas e estratégias de combate ao eeito estua. Criou também a Declaração de Princípios sobre a Floresta, que garantiu aos Estados o direito soberano de aproveitar as forestas de acordo com suas necessidades de desenvolvimento, desde que isso ocorra de modo sustentável. Em 2002, ocorreu a Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável em Joanesburgo, capital da Árica do Sul, conhecida também como Rio +10. Uma das principais discussões dessa cúpula girou em torno da mudança da matriz energética do mundo (petróleo) por ontes de energia renováveis. Os EUA e a OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) recusaram-se a assinar esse compromisso.

Como se vê, a questão do meio ambiente está cercada de interesses comerciais, industriais e também regionais. Nesse clima de disputa, quem perde são os países subdesenvolvidos, que são constrangidos a acatar determinações que não são seguidas pelos países desenvolvidos. Um exemplo notório oi a recusa dos EUA em assinar o Protocolo de Kyoto, alegando que a raticação desse documento travaria o desenvolvimento daquela sociedade. Saiba mais Concluído em 1997 em Kyoto, no Japão, o protocolo de Kyoto impõe a redução de seis gases causadores de eeito estua, responsáveis pelo aquecimento do planeta. Entre esses gases, está o CO2 (dióxido de carbono ou gás carbônico) e o CH4 (metano).

O ato é que o dióxido de carbono e o gás metano emitidos pelas ábricas e pelos veículos são os principais responsáveis pelo eeito estua. Os EUA são os maiores produtores e têm a maior rota de veículos do mundo; ainda assim recusaram-se a assinar o Protocolo de Kyoto e tentaram, com isso, transerir responsabilidade pelo eeito estua para os países subdesenvolvidos, alegando, entre outras coisas, que as queimadas das forestas tropicais emitem mais gás carbônico do que as ábricas e veículos. Frente a esse impasse, todos nós pagamos, pois somos obrigados a respirar um ar de baixa qualidade, beber água em condições duvidosas e ainda sorer as consequências de um clima descontrolado. Por isso, impõe-se a todos nós a urgente necessidade de empunhar a bandeira do meio ambiente sob pena de legarmos aos nossos descendentes um planeta sem condições de ser habitado.

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7.4 Resumo do Captulo

Caro(a) aluno(a), neste capítulo nal, oi possível observar as mudanças ocorridas nas últimas décadas do século XX, que caram conhecidas como globalização econômica. Após a Segunda Guerra Mundial, o mundo viveu um período conhecido como Guerra Fria. Durante essa guerra a rivalidade técnico-cientíca entre EUA e União Soviética cou marcada pela corrida espacial. Já a década de 1980 oi caracterizada por uma série de transormações na União Soviética, Mikhail Gorbatchev implantou a Perestroika (reorma) e, logo em seguida, a Glasnost (transparência). Essas medidas visavam a promover uma reorma política e uma abertura econômica para a União Soviética. A queda do Muro de Berlim, em 1989, e a consequente unicação das duas Alemanhas simbolizam a importância que essas transormações tiveram para os países socialistas, além de marcar o m da Guerra Fria.

7.5 Atividades Propostas

1. Explique o que é sistema bipolar. 2. A Conerência de Estocolmo ocorrida em 1972, na Suécia, reuniu representantes de 113 países para debater os problemas do meio ambiente. Quais propostas resultaram desse encontro.

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8 ConSIDeRAçÕeS FInAIS

As primeiras tentativas de compreender a ação humana esbarraram-se, todavia, em interpretações teológicas, mitológicas e muitas vezes antasiosas. Assim, para os gregos, os enômenos “sociais” tinham uma base de explicação mitológica, isto é, Zeus, senhor dos homens e dos deuses, era quem mantinha a ordem do mundo moral e ísico. Na Idade Média, os acontecimentos sociais estavam, por sua vez, relacionados a um princípio teológico que cingia a liberdade do indivíduo, visto que as explicações para todas as mazelas sociais estavam undamentadas no discurso da vontade “divina”. Com toda essa transormação social que ocorreu no mundo, os problemas ambientais surgiram com intensidade e somente nas últimas décadas do século XX que essa questão ganhou relevo. A cidade é a expressão mais acabada da alteração do espaço natural. Rios canalizados, impermeabilização dos solos, com o asalto, entre outras intererências humanas colaboraram para o quadro de calamidade ambiental que estamos vivendo. Para amenizar esses problemas, a Conerência de Estocolmo oi um marco na tomada de posição e consciência do homem contemporâneo sobre as questões ambientais.

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ReSpoStAS CoMentADAS DAS AtIVIDADeS pRopoStAS

CAPíTULO 1 1. O primeiro procura uma interpretação e o consequente entendimento dos atos e dos enômenos por meio da experiência e comprovação da razão; o segundo, ao contrário, limita-se à experiência imediata sem preocupações e comprovações empíricas. 2. a) Iniciação – quando a criança, com catorze anos, passa da educação materna à instrução sacerdotal. b) Admissão – quando o indivíduo aos vinte e um anos está preparado para servir à humanidade, retribuindo tudo que recebeu da sociedade. CAPíTULO 2 1. Ele é, segundo Durkheim, experimentado pelo indivíduo como uma realidade independente dele, que ele não criou e não pode rejeitar como as regras morais, as leis, os costumes, os rituais e as práticas burocráticas, por exemplo. 2. Foi logo após a Primeira Guerra Mundial, momento em que a Alemanha vivia uma grande crise econômica e convivia ainda com as retaliações do Tratado de Versalhes; em decorrência disso, o nazismo rmava-se como realidade. Concomitantemente a esses acontecimentos, a Revolução Russa acabara de triunar e sinalizava para o mundo uma nova possibilidade de sociedade. Tudo isso incidia de orma decisiva nas ideias dos jovens judeus marxistas Adorno, Marcuse e Horkheimer.

CAPíTULO 3 1. Foi no estudo das religiões, estabelecendo relações entre ormações políticas e crenças religiosas. 2. Isso ocorreu em decorrência de sua descentralização política.

CAPíTULO 4 1. Foi escrita por Max Weber e sua temática versa sobre as contribuições da religião protestante para o desenvolvimento do capitalismo. 2. Ação aetiva – aquela determinada por aetos ou estados sentimentais; Ação tradicional – aquela determinada por um costume ou um hábito arraigado.

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CAPíTULO 5 1. O nível da inraestrutura é constituído pela base econômica, que é, segundo Marx, o aspecto undamental de toda sociedade, isto é, transormar matérias-primas e ontes de energia em riqueza. 2. O modo de produção eudal predominou na Europa Ocidental do século VI ao século XVI. A sociedade eudal estava baseada nas relações servis, isto é, senhores versus servos. Os servos estavam presos ao trabalho da terra. Eles cultivavam um pedaço de terra cedido pelo senhor e em troca pagavam impostos, cedia parte da produção para o senhor e ainda eram obrigados a trabalhar e cuidar das terras do senhor. Apesar disso, não eram escravos, pois o servo não era propriedade do senhor, portanto não podia ser negociado como uma mercadoria, como ocorria com os escravos.

CAPíTULO 6 1. Status atribuído é aquele que não é escolhido voluntariamente pelo indivíduo e não depende de suas ações e qualidades. Por exemplo, o status de “primogênito” ou de “lho de operário”. Já o status adquirido é obtido de acordo com as qualidades pessoais do indivíduo. Esse status conere ao indivíduo uma posição de destaque entre os membros do grupo de pertencimento, pois seu status é ruto do reconhecimento de sua capacidade. 2. a) Religiosa – que reorça os valores; dá signicado e propósito à vida; b) Econômica – que organiza a produção e distribuição de bens e serviços. CAPíTULO 7 1. É um Sistema de Estados, cujo núcleo é constituído por duas superpotências que coexistem em relativo equilíbrio de poder, sobretudo militar. 2. Surgiram duas propostas, a primeira oi deendida pelo Brasil e deendia o crescimento a qualquer custo, isto é, não importava se a indústria poluía. A segunda posição, deendida por alguns ambientalistas, alertava que o planeta poderia exaurir suas ontes de energia em apenas um século se mantivesse a tendência de aumento da produção, consumo e poluição.

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