Apostila Hist-Litu Llopis

July 25, 2022 | Author: Anonymous | Category: N/A
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A liturgia através dos séculos  Joan Llop Llopis is

  rad raduzido uzido do espanho espanho(=l Emaús 6), Centre de Pastoral Pastoral Litúrgica, Barcelo na 1993,

L a L i t u g i a a t a v é s d e l o s s ig ig l o s

 

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po r Frei J. A. da Silva Silva

Petrópolis, março de 1998

 

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INTRODUÇÃO «ATÉ «A TÉ QUE ELE VENH VENHA» A» O leitor já terá adivinhado que o título desta introdução se inspira no conhecido texto de são Paulo aos cristãos de Corinto, que cada ano ouvimos proclamar na missa vespertina da Quinta-Feira Santa: «Irmãos, eu recebi do Senhor o que vos transmiti: O Senhor Jesus, na noite em que foi entregue, tomou o pão, e, depois de dar graças, partiuo e disse: “Isto é meu corpo, que se dá por vós; fazei isto em memória de mim”. E, do mesm me smoo mo modo do,, depo depois is de cear cear,, tomo tomouu o cáli cálice ce,, di dize zend ndo: o: “Est “Estee cá cáli lice ce é o Novo Novo Testamento no meu sangue; todas as vezes que o beberdes, fazei-o em memória de mim”. Pois todas as vezes que comerdes desse pão e beberdes desse cálice, anunciareis a morte do Senhor, até que ele venha» (1Cor 11,23-26). Este texto paulino nos serve admiravelmente para compreender o sentido e o alcance que devemos dar à história da liturgia cristã através dos séculos. Não se trata de aument aum entar ar nossa nossa eru erudiç dição ão nem de sat satisf isfaze azerr a cu curio riosid sidade ade intele intelectu ctual: al: trata-s trata-see de compreender e viver melhor nossas celebrações litúrgicas atuais, sabendo-nos herdeiros de uma tradição que tem seu ponto de partida no próprio Cristo, e transmissores de um legado que deve conservar-se íntegro ao longo dos séculos “até que ele venha”. A olhada que a história nos faz dar ao passado não tem nada de “retrógrada”: é a única maneira válida de assegurar a autenticidade do presente e a possibilidade do futuro. Temos que levar em conta o fato de que “quem perde as origens perde a identidade” e que, para dar um salto para frente, aos poucos tem que retroceder para tomar impulso. A hi hist stór ória ia da litu liturg rgia ia – pola polari riza zada da mu muit itoo es espe peci cial alme ment ntee na ev evol oluç ução ão da celebração eucarística – nos ajuda também a distinguir cuidadosamente aqueles dois elementos dos quais fala o número 21 da Constituição sobre a Liturgia do Concilio Vaticano II: “Pois a liturgia consta de uma parte imutável, divinamente instituída, e de  partes suscetíveis de mudança. Estas, com o correr dos tempos, podem ou mesmo devem variar, se nelas se introduzir algo que não corresponda bem à natureza íntima da  própria liturgia, ou se estas partes se tomarem menos aptas”. Uma análise atenta da história dos ritos litúrgicos permite ver com facilidade tudo o que, ao longo dos séculos,  permaneceu praticamente praticamente inalterado (não tanto em sua expressã expressãoo externa quanto em seu sentido profundo): isso é o que deve ser conservado e transmitido invariável às gerações seguin seg uintes tes.. E pe permi rmite te ver tam também bém a gra grande nde quanti quantida dade de de ex expre pressõ ssões es que foram foram mudando de acordo com as condições variáveis dos tempos e lugares: esta constatação nos convence da necessidade de que a liturgia mude e se adapte continuamente às características de cada época e de cada pais. Este livrinho pretende oferecer uma visão panorâmica – forçosamente muito resumida e sintética – das principais fases da evolução da liturgia cristã, desde suas

 

4 origens apostólicas até a reforma levada a cabo pelo Concilio V Vaticano aticano II. A finalidade –  como já dissemos – não é meramente histórica, nem muito menos arqueológica, mas catequética e pastoral: ajudar a compreender melhor por que os cristãos de hoje celebramos a liturgia do modo como o fazemos e, assim, contribuir para nela participar  daquela maneira “consciente, ativa e frutuosa” recomendada pelo Vaticano II (SC 11).

I. O CUL CULTO TO EM ESPÍR ESPÍRITO ITO E VERDAD VERDADE E  No diálogo de Jesus com a samaritana, assim como nos explica o evangelista João, existe uma frase que devemos ter sempre presente se quisermos compreender o sentido profundo da liturgia cristã, isto é, o culto que nós cristãos damos a Deus. A samaritana fez a Jesus uma pergunta tipicamente “ritualista”: “Nossos pais adoraram a Deus neste monte e vós dizeis que é em Jerusalém onde se deve adorar”. Jesus, com a sua habilidade de ir ao fundo das questões, anuncia um novo tipo de culto que superará as prescrições meramente externas e rituais: “Mulher, acredite-me, vem a hora em que nem neste monte nem em Jerusalém adorareis o Pai. (...) Mas vem a hora., e já chegou, em que os verdadeiros adoradores hão de adorar o Pai em espírito e verdade e são estes os adoradores que o Pai deseja. Deus é espírito, e quem o adora., deve adorá-lo em espírito e verdade” (Jo 4,20-24). Adorar a Deus em espírito e verdade quer dizer, na perspectiva de Jesus, colocar  o centro do culto não no cumprimento minucioso de uma série de normas externas mas no oferecimento interno do amor e da obediência a Deus. Os homens e mulheres dão culto a Deus na medida em que fazem de suas vidas uma oferenda., um “sacrifício” de amor ao Pai cumprindo sua vontade, de acordo com aquela exortação da primeira carta de são são Pe Pedr dro: o: “C “Com omoo pedr pedras as vi viva vas, s, tamb também ém vó vóss vo voss to torn rnas aste tess ca casa sa es espi piri ritu tual al e sacerdócio santo, para oferecerdes sacrifícios espirituais aceitos por Deus através de Jesus Cristo” (1Pd 2,5). Jesus mesmo fez consistir seu culto no cumprimento da vontade do Pai: “Eis por  que, ao entrar no mundo, Cristo diz: Não quiseste sacrifícios nem oblações, mas me  preparaste um corpo. Os holocaustos e sacrifícios pelo pecado não os recebeste. r ecebeste. Então eu disse: eis-me aqui, venho – no volume do livro está escrito – para fazer, ó Deus, a tua vontade" (Hb 10,5-6). A vida vida toda de Jesus foi um ato de culto e adoração, porque todos e cada um de seus momentos estiveram presididos pela obediência à vontade do Pai. E o momento culminante do culto de Cristo foi sua morte na cruz, já que constituiu a manifestação mais patente de seu desejo de levar até o final a missão que o Pai lha havia confiado. O fato de o culto cristão ser em espírito e verdade – isto é, que consiste  basicamente nas atitudes interiores de fé e obediência a Deus – não quer dizer que não deva haver manifestaçõ manifestações es exte externas rnas de tipo simbólic simbólicoo e ritua ritual.l. Se não as houvesse, houvesse, lhe faltaria uma dimensão irrenunciável do modo de ser dos seres humanos. Por isso, o  próprio Cristo que da o conteúdo espiritual de cristãos, sua mortedesde na cruz fosse reatualizado através do rito quis exterior ceia eucarística e os os primeiros tempos, foram conscientes do caráter ritual de seu culto, sem deixar de saber que a “liturgia” não

 

5  podia se separar nunca da “vida”. Por isso, as reuniões dos primeiros cristãos comportavam a “fração do pão” e as “orações” junto com a audição dos ensinamentos dos apóstolos e da vida de união entre os Irmãos (cf At 2,42). Para participar da reunião eucarística, era necessário ter sido incorporado à comunidade pelo rito do batismo,  prescrito por Jesus mesmo (cf Mt 28,19), como condição da vida nova (cf Jo 3,5), e realizado pelos apóstolos a partir do dia de Pentecostes (cf At 2,41). Também desde o iníc início io os após apósto tolo loss util utiliz izar aram am o gest gestoo da im impo posi siçã çãoo da dass mãos mãos pa para ra si sign gnif ific icar ar a comunicação do Espírito aos batizados (cf At 8,17). A estes três ritos fundamentais –  ceia do Senhor, batismo, imposição das mãos – pouco a pouco, foram se acrescentando outras cerimônias e práticas. Encontramo-nos no ponto de partida da história da liturgia cristã.

Contin Cont inui uida dade de e rupt ruptur ura a com com a litu liturg rgia ia  judaica  juda ica Os livros do Novo Testamento não contém nenhuma descrição completa de como era a liturgia das primeiras comunidades cristãs, mas, através de uma série de alusõe alu sõess e ind indica ções, es, pod podemo emos s for formar mar-no -nossliturgia uma boa idéia idéia de suas suamas s ca carac racter teríst ística icass  principais. Os icaçõ apóstolos não criaram uma totalmente nova, procuraram encarnar o novo “culto em espírito e verdade” nas formas litúrgicas do judaísmo, da mesma mes ma man maneir eiraa co como, mo, mais mais adian adiante, te, os ritos ritos cristã cristãos os adotar adotaram am for formas mas ex exter terna nass  provenientes do paganismo. Quanto aos aspectos externos, existe uma íntima relação entre o culto apostólico e os ritos ritos do juda judaís ísmo mo,, mas mas no que que se refe refere re ao si sign gnifi ifica cado do pr prof ofun undo do,, há um distanciamento e, inclusive, ruptura. É significativa, neste sentido, a relação que os  primeiros cristãos mantiveram com o T Templo emplo de Jerusalém, centro e expressão máxima do culto israelita. De acordo com o testemunho do livro dos Atos dos Apóstolos, a Igreja  primitiva – seguindo o exemplo exemplo do próprio Jesus – continuou vinculada vinculada ao Templo, Templo, mas esta vinculação unicamente afetava a oração e a pregação. Por outro lado, os cristãos se abstiveram de participar da oferta dos sacrifícios rituais, porque tinham muito claro que a morte e a ressurreição de Jesus Cristo havia abolido a vigência dos sacrifícios da Lei antiga. Mas esta vinculação durou relativamente pouco, porque foi se elaborando uma teol teolog ogia ia que que afir afirma ma que que o verd verdad adei eiro ro Templ emploo é Cr Cris isto to e, co cons nseq eque uent ntem emen ente te,, a comunidade cristã. E quando, a partir do martírio de Estevão, se originou a primeira  perseguição contra contra os cristãos de Jerusalém (cf At 7,54-8,3), a vincu vinculação lação com o Templo desapareceu e o autêntico culto cristão foi se formando nas reuniões celebradas nas casas particulares. Se quisermos fazer uma lista dos vestígios que a liturgia judaica deixou no culto cristão, teríamos que incluir necessariamente estes: a estrutura da liturgia da Palavra, com leituras da Bíblia, canto de salmos e explicação homilética; a forma da oração eucarística que, em parte, provém da oração ritual das refeições e, em parte, do culto sabático da sinagoga; as petições das orações dos fiéis, inspiradas no modelo das “dezoito bendições”; o ritmo semanal da reunião litúrgica, com a apassagem, porém, do sábado para o domingo; alguns elementos da oração quotidiana; fórmula do triságio (“Santo, Santo, Santo”), que provém da oração matinal judaica; muitas aclamações do

 

6  povo, que inclusive se conservaram na língua original (“Amém”, “Aleluia”, “Hosanna”). Uma amostra da influência judaica na liturgia dos primeiros cristãos se encontra no texto de uma oração eucarística contida na Didachè, documento contemporâneo de alguns escritos do Novo Testamento. A oração é cristã naquilo que diz respeito ao conteúdo, mas claramente judaica quanto à forma: “Nós te bendizemos (agradecemos), Pai Santo, por teu santo nome, que tu fizeste habitar em nossos corações, e pelo conhecimento, pela fé e imortalidade que tu nos revelaste por Jesus, teu servo; a ti, a glória pelos séculos. Amém. Tu, Senhor, Todo-poderoso, criaste todas as coisas para a glória do teu nome e, para o gozo deste alimento e bebida, deste-os aos filhos dos homens, a fim de que eles te bendigam; mas a nós deste uma comida e uma bebida espirituais para a vida eterna por Jesus, teu servo. Por tudo te agradecemos, pois és  poderoso; a ti, a glória pelos séculos. Amém. Lembra-te, Senhor, Senhor, de tua Igreja, para livrá-la de todo o mal e aperfeiçoá-la no teu amor; reúne esta Igreja santificada dos quatro ventos no teu reino que lhe preparaste, pois teu é o poder e a glória pelos séculos. Amém. Venha tua graça e passe este mundo! Amém. Hosana à casa de Davi. Venha aquele que é santo! Aquele que não é (santo) faça penitência: Maranatá! Amém” (X,16).

As ce l e b r a ç õ e s comunidades cristãs

das

p ri m e i r a s

Através dos dados contidos nos livros do Novo Testamento podemos fazer uma idéia muito aproximada das celebrações litúrgicas das primeiras comunidades cristãs, tanto da que se formou em Jerusalém como daquelas que, pouco a pouco, foram se constituindo fora desta cidade. As comunidades formadas por cristãos procedentes do  judaísmo foram as que se mantiveram mais fiéis às formas do culto israelita, mas os cristã cri stãos os pro proven venien ientes tes do pag pagani anismo smo tam também bém ace aceita itaram ram muitos muitos usos usos tip tipica icamen mente te  judaicos, por exemplo, exemplo, a leitura dos livros bíblicos. A leitura da Palavra foi, desde os primeiros tempos, um elemento essencial das reuniões de oração dos cristãos. Tanto antes como depois da ruptura definitiva com a sinagoga, sinag oga, os cristãos perma permanece neceram ram fiéis à leitu leitura ra dos livros da Lei e os Profetas e ao canto dos Salmos. Mas, pouco a pouco, foram ganhando força os elementos novos trazid tra zidos os pel peloo cri cristi stian anism ismo. o. Em pri primei meiro ro lugar lugar,, ad adqui quire re uma gra grande nde import importânc ância ia o comentário ou instrução que faz o apóstolo ou encarregado da reunião: tem um matiz de conversação (este é o sentido da palavra homilia), com perguntas e respostas. Em segundo lugar, lugar, quando o apóstolo fundador de uma comunidade - sobretudo são Paulo escreve de longe alguma carta, esta é lida na reunião litúrgica e vai se equiparando  pouco a pouco à leitura dos livros santos, de maneira que o conjunto dos escritos que hoje conhecemos com o nome de Novo Testamento são proclamados nas assembléias cristãs com a mesma categoria de Palavra de Deus que tinha os do chamado Antigo Testamento. No que diz respeito à oração, além das tradicionais judaicas, os cristãos começaram usar as suas da próprias: o Pai-nosso, elaboradas Paulo, composiçõesa espontâneas comunidade, como fórmulas a que figura no livropor dossão Atos dos Apóstolos (4,24-30).

 

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O elemento mais característico da liturgia da comunidade cristã primitiva é, sem sombras de dúvida, a Ceia do Senhor, chamada também de “fração do pão”, e que mais tarde adotou o nome de “eucaristia”, pela importância que nela tem a oração de ação de graças, derivada diretamente da “bendição” judaica. De acordo com o fragmento da carta de são Paulo aos Coríntios que citamos anteriormente (1Cor 11,23-26), os cristãos eram conscientes de que repetindo o rito da última ceia de Jesus com seus discípulos, obedeciam o mandado de perpetuar seu “memorial” e, deste modo, tornavam presentes sua pessoa e sua obra. Os dados do Novo Testamento Testamento não nos permitem determinar com  precisão em que consistia o ritual da Ceia do Senhor. Senhor. Nos primeiros primeiros tempos comportava uma verdadeira ceia, com a bendição e a distribuição do pão e do vinho no final, assim como se fazia nos rituais dos judeus, especialmente especialmente na Páscoa. Mais tarde se suprimiu a ceia, e as duas bendições se juntaram e, finalmente, se fundiram numa só. Intimamente vinculada com o rito eucarístico está a celebração do primeiro dia da semana, chamado dia do Senhor (dies dominica, em latim e, aqui, “domingo”). Os Evangelhos e os demais escritos do Novo Testamento Testamento destacam a importância deste dia: a ressurreição de Cristo, suas aparições, a vinda do Espírito Santo têm lugar no primeiro dia da semana, Apocalipse qualifica de “dia do Senhor” O Senhor, domingoesea converte no diaque da oreunião da comunidade, da Igreja, porque(Ap é o1,10). dia do comunidade é uma coisa só com ele. A presença do Senhor tem lugar através de sinais: a assembléia dos irmãos, os dirigentes da comunidade, o pão e o vinho.  Na reunião eucarística dominical, centro da vida da comunidade cristã, se reproduz a Ceia do Senhor, se re-atualiza sua presença e se antecipa sua última vinda. O domingo é então um dia de grande alegria, mas ainda não havia se convertido em dia descanso, e os cristãos provenientes do judaísmo continuam observando o repouso do sábado. O domingo não é ainda festa com suspensão dos trabalhos, mas é a máxima (e a única) festa dos cristãos. É a Páscoa semanal, quando ainda não tinha surgido a celebração da Páscoa anual.  No tocante aos ritos sacramentais dos primeiros cristãos, temos que destacar a importância do batismo, que ainda não conhece uma fórmula fixa: é uma simples  palavra de fé aceita e acompanhada do banho ritual. Também Também encontramos a imposição das mãos, sinal da doação do Espírito para diversos serviços. Em resumo: o culto “em espírito e verdade” inaugurado por Cristo tem nas reuniõ reu niões es litú litúrg rgica icass do doss cristã cristãos os pri primit mitivo ivoss uma expres expressão são cheia cheia de vitali vitalidad dadee e simplicidade. Todavia, os responsáveis pelo funcionamento da Igreja devem velar para que não se introduzam nelas desvios e desordens. Daí surge a necessidade de uma re regu gula lame ment ntaç ação ão da litu liturg rgia ia por por part partee dos dos di diri rige gent ntes es,, pa para ra qu quee tu tudo do se seja ja “p “par araa a edificação da comunidade” (1Cor 14,12).

II. A LITURGIA CRISTÃ PRIMITIVA Os escritos cristãos posteriores à época do Novo Testamento nos oferecem já

 

8 uma série de indicações muito precisas e abundantes que nos permitem formar uma idéia de como eram as celebrações litúrgicas das comunidades eclesiais durante os três  primeiros séculos. Um dos elementos que chama a atenção é a importância que tem a comunidade cristã local – a que hoje denominaríamos “igreja particular” –, que em cada lugar é única. Cada cristão pertence a uma destas comunidades, em cuja vida e culto participa de uma maneira plena. A fim de assegurar a coesão e a unidade interna, existem alguns ministérios específicos que, mesmo que no primeiro momento não estejam delineados de uma maneira uniforme e fixa para todas as comunidades, pouco a pouco vão se concretizando e precisando, até chegar – já pelo ano 150 – a adquirir a estrutura” essencial de um bispo como presidente único, assistido por um colégio de presbíteros e  pelos diáconos. diáconos. A unidade da comunidade local aparece de uma maneira especial na reunião litúrgica de cada domingo, que é deliberadamente única. Os cristãos se reúnem para celebrar a eucaristia, que apresenta já unidos os dois elementos do culto da Palavra e do rito da Ceia do Senhor e, além disso, inclui o exercício da partilha de bens materiais, com uma atenção especial pelos mais necessitados. As descrições mais importantes da celebração eucarística daquela época se encontram na Primeira apologia de são Justino e na Tradição apostólica de Hipólito de Roma. A descrição de são Justino – um leigo da metade do século II – nos mostra todos os elementos elementos essenci essenciais ais da missa, missa, sem sobra sobrarr nem faltar nada e, através através de Hipólito Hipólito –  um presbítero tradicionalista de meados do século III – conhecemos o primeiro texto escrito de oração eucarística, apresentado mais como modelo do que como fórmula fixa.

O s te s t e m u n h o s celebração eucarística

mai s

a n t ig os

da

Vale a pena reproduzir na íntegra estes textos tão importantes para conhecer  como os cristãos dos primeiros séculos celebravam a eucaristia, dando-nos conta de que, nos aspectos essenciais, é exatamente igual como nós a celebramos hoje, sobretudo depois das reformas litúrgicas do Concílio Vaticano II. Uma mesma tradição vincula a Igreja de hoje com as comunidades cristãs primitivas, numa fidelidade ininterrupta ao mandato do Senhor: “Fazei isto em memória de mim”. Diz Justino: “E no dia chamado do Sol, realiza-se uma reunião pum mesmo lugar de todos os que habitam nas cidades ou nos campos. Lêem-se os comentários dos Apóstolos ou os escritos dos profetas, enquanto o tempo o permitir. permitir. Em seguida, quando o leitor tiver terminado a leitura, o que preside, tomando a palavra, admoesta e exorta a imitar estas coisas sublimes. Depois nos levantamos todos juntos e recitamos orações; e como já dissemos, ao terminarmos a oração, são trazidos pão, vinho e água e o que  preside, na medida de seu poder, eleva orações e igualmente ações de graças e o povo aclama, dizendo o Amém. Então distribuição e a recepção, de cada dos alimentos eucaristizados, e ovem seu aenvio aos ausentes através por dosparte diáconos. Osqual, que  possuem bens e quiserem, cada qual segundo sua livre determinação, dão o que lhes

 

9  parecer, sendo colocado à ddisposição  parecer, isposição do que pre preside side o que foi recolhido. Ele po porr sua vez soco socorre rre órfã órfãos os e viúv viúvas as,, os qu quee por por enfe enferm rmid idad ades es ou ou outro tro qu qual alqu quer er moti motivo vo se encontram abandonados, os que se encontram em prisões, os forasteiros de passagem; em uma palavra, ele se toma provedor de quantos padecem necessidade”. necessidade”. É muito interessante a razão apontada por Justino para explicar por que os cristãos se reúnem no “dia do Senhor”, isto é, o domingo: “Fazemos a reunião todos  juntos no dia do Sol, porque é o primeiro dia, em que Deus, transformando as trevas e a matéria, fez o cosmos, e Jesus Cristo, nosso Salvador no mesmo dia ressuscitou de entre os mortos”. Hipólito nos descreve a cerimônia da ordenação de um bispo, que acontece num domingo diante de toda a comunidade reunida. A primeira coisa que faz o novo bispo, uma vez ordenado, é celebrar a eucaristia: “Logo que se tenha “Logo tenha ord orden enado ado bis bispo, po, ofe ofereç reçamam-lhe lhe todos todos o ósculo ósculo da paz, paz, saudando-o por se ter tornado digno. Apresentem-lhe os diáconos a oblação e ele, impondo a mão sobre ela, dando graças com todo o presbitério, diga: 'O Senhor esteja convosco'. todos: E com teu espírito'. 'Corações ao alto!'. 'Já os oferecemos ao Senhor'. Respondam Demos graças ao Senhor'. E digno e justo'. “E prossiga, a seguir: 'Graças te damos, Deus, pelo teu Filho querido, Jesus Cristo, que nos últimos tempos nos enviaste, Salvador e Redentor, mensageiro da tua vontade, que é o teu . V Verbo erbo inseparável, por meio do qual fizeste todas as coisas e que,  porque foi do teu agrado, enviaste do Céu ao seio de uma Virgem_ que, aí encerrado, tomou um corpo e revelou-se teu Filho, nascido do Espírito Santo e da Virgem. Que, cumprindo a. tua vontade - e obtendo para ti um povo santo - ergueu as mãos enquanto soma para salvar do sofrimento os que confiaram em ti. Que, enquanto era entregue à voluntária Paixão para destruir a morte, fazer em pedaços as cadeias do demônio, esmagar os poderes do mal, iluminar os justos, estabelecer a Lei e dar a conhecer a Ressurreição, tomou o pão e deu graças a ti, dizendo: Tomai, Tomai, comei, isto é o meu Corpo que por vós será destruído; tomou, igualmente o cálice, dizendo: Este é o meu Sangue, que por vós será derramado. Quando fizeres isto, fa-lo-eis em minha memória. Por isso, nós que nos lembramos de sua morte e ressurreição, oferecemos-te o pão e o cálice, dando-te graças porque nos consideraste dignos de estar diante de ti e de servir-te. E te  pedimos que envies o teu Espírito Santo à Oblação da santa Igreja: reunindo em um só rebanho todos os fiéis que recebemos a Eucaristia na plenitude do Espírito Santo para o fortalecimento da nossa fé na Verdade, concede que te louvemos e te glorifiquemos,  pelo teu Filho Jesus Cristo, pelo qual a ti a glória e a honra - ao Pai e ao Filho, com o Espírito Santo na tua santa Igreja, agora e pelos séculos dos séculos. Amém”. Mais adiante Hipólito adverte: “Dê graças o bispo, tal como mencionamos. De forma nenhuma é necessário que, dando graças a Deus, profira as mesmas palavras que menc me ncio iona namo mos, s, como como se o fize fizess ssee de me memó móri ria: a: re reze ze ca cada da um se segu gund ndoo su suas as  possibilidades.. Se alguém tiver capacidade para rezar uma oração mais longa ou mais  possibilidades solene, Se ooutro, proferir uma oração simples, contantoótimo. que reze que éporém, correto rezando, e dentro da ortodoxia”. O textomais oferecido pordeixai-o, Hipólito é, pois, orientador, e se dá por suposto que o celebrante tem a faculdade de improvisar a

 

10 oração permanecendo fiel a um esquema inalterável. E este esquema que serviu de guia  para as orações eucarísticas de todas as épocas e que inspirou também a oração eucarística II do Missal surgido da reforma do Vaticano II.

Outros elementos da liturgia primitiva  No tocante aos sacramentos, destaca-se por sua importância a iniciação cristã, constituída pela celebração unitária do batismo, confirmação e eucaristia. A partir do século sécu lo II, a inici iniciação ação era prece precedida dida pelo cate catecume cumenato nato,, importantí importantíssima ssima realização realização  pastoral, através da qual o novo cristão é introduzido à fé, ao culto e à vida dos discípulos de Cristo. O candidato é apresentado por um cristão plenamente integrado à comunidade, e sustentado em sua preparação pelas orações e o exemplo de todos os membros. Segundo Hipólito, o catecumenato pode chegar a durar três anos. Temos que destacar que a iniciação sacramental acontece no momento solene da Vigília Vigília pascal, que  já começa a perfilar-se perfilar-se como o centro de um incip incipiente iente ano litúrgic litúrgico. o. A partir do século III, aparece a organização da penitência pública para os  pecadores que cometeram faltas muito graves no e, arrependidos, voltar ao seio da Igreja. Consiste na admoestação do bispo, cumprimentoquerem das obras penitenciais indicadas e, depois de um tempo que não tem sempre a mesma duração, a reconciliação  pela imposição das mãos mãos do bispo e do presbitério. Só se pode fazer uma vez na vida. O sacramento da ordem consiste também na imposição das mãos, acompanhada de uma solene oração de ação de graças: o bispo recebe a imposição das mãos dos demais  bispos; os presbíteros, do bispo e dos demais presbíteros; e os diáconos, unicamente do  bispo. Naquela época, ainda não havia uma liturgia do matrimônio especificamente especificamente cristã: os fiéis se casam como os demais, mas “em Cristo”. Quanto à oração, os cristãos daquela época continuam fiéis à prática judaica, segundo a qual existem dois momentos de oração: a manhã e a tarde. As reuniões para a oração matutina e vespertina seguiam o esquema habitual de leituras, hinos, salmos e orações, e se consideravam públicas e comunitárias. Existia o costume de orar de uma maneira privada em outros momentos do dia e da noite. Os salmos extraídos da Bíblia não foram adotados definitivamente até já bem para dentro do século m. Antes desta época, se usavam muitas composiçõe composiçõess poéticas escritas por cristãos particulares. Também é do século que nasce propriamente o que poderíamos chamar de arte litúrgica. Até então, os cristãos se contentavam em afirmar que não tinham altares nem templos nem imagens, e olhavam a arte com prevenção porque estava unida aos cultos idolátricos dos pagãos. Mas no século m a Igreja se sente já capaz de utilizar os elementos religioso-culturais da arte para a edificação dos fiéis, e começam a aparecer   pinturas, esculturas e mosaicos, parecidos estilisticamente com os produtos da arte  profana da época, mas com temática cristã. Surgem e se propagam os símbolos típicos do cristianismo: peixe, âncora, cruz, etc. E se até então as rreuniões euniões litúrgicas eram feitas simplesmente na casa de algum dos Irmãos, a partir do século m os cristãos edificam casas de oração, comosala a que conservou Dura-Europos, na Síria, composta um  batistério e de uma desereunião. Nãoemexistem ainda ornamentos especiaisdepara celebrar o culto, a não ser as vestes normais de festa.

 

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Di Diga gamo moss fina finalm lmen ente te que que a es espi piri ritu tual alid idad adee da daqu quel eles es te temp mpos os se en enco cont ntra ra estreitamente vinculada ao culto litúrgico, junto com a disposição de sofrer o martírio. Os dois polos da vida espiritual cristã daquela época – conhecida também com o nome da era dos mártires – eram a piedade batismal e a piedade martirial, intimamente entrelaçadas. O máximo ideal de perfeição era viver o batismo na vida diária, com uma disposição entusiasta e constante diante do martírio, considerado como o supremo testemunho de Cristo e a realização plena de seu mistério pascal. Alguns Pais da Igreja dizem: o que misticamente” se realiza no batismo, realiza-se “pragmaticamente” no martírio. O martírio foi então o grande estimulante da fé de toda a comunidade cristã. E logo se começará a valorizar o chamado “martírio incruento”, que consiste na castidade consagrada: os que a abraçavam, como um sinal de entrega a Deus, à Igreja e aos  pobres, não se separavam da comunidade nem de sua reunião litúrgica. Pelo contrário ficavam ainda mais vinculados a ela.

III. AS PRIMEIRAS INCULTURAÇÕES Diz odeNovo Catecismo da Igrejaé oCatólica 1200-1202): “Desde a primeira comunidade Jerusalém até à parusia, mesmo (n. mistério pascal que é celebrado, em todo lugar, pelas Igrejas de Deus fiéis à fé apostólica. O mistério celebrado na liturgia é um só, mas as formas da sua celebração são diversas. “A riqueza insondável do mistério de Cristo é tal que nenhuma expressão litú litúrrgi gica ca é capa capazz de es esgo gota tarr su suaa expr expres essã são. o. A hi hist stór ória ia do su surrgi gime ment ntoo e do desenvolvimento desses ritos atesta uma complementaridade surpreendente. Quando as Igrejas viveram essas tradições litúrgicas em comunhão na fé e nos sacramentos da fé, enriqueceram-se mutuamente e cresceram na fidelidade à tradição e à missão comum à Igreja toda (cf. EN 63-64). “As diversas tradições litúrgicas surgiram justamente em razão da missão da Igreja. As Igrejas de uma mesma área geográfica e cultural acabaram celebrando o mistério misté rio de Cristo através de expressõ expressões es particular particulares es tipificada tipificadass culturalme culturalmente: nte: na tradição do 'depósito da fé' (2Tm 1,14), no simbolismo litúrgico, na organização da comunhão fraterna, na compreensão teológica dos mistérios e nos tipos de santidade. Assim, Cristo, luz e salvação de todos os povos, é manifestado pela vida litúrgica de uma Igreja, ao povo e à cultura aos quais ela é enviada e nos quais está enraizada. A Igreja é católica: pode integrar na sua unidade, purificando-as, todas as verdadeiras riquezas das culturas (cf. LG 23; UR 4)”. Já vimos que as primeiras manifestações da liturgia cristã eram muito devedoras das formas rituais do judaísmo. À medida que pessoas procedentes de outras culturas se incorporaram à Igreja, o culto cristão adota expressões diversas seguindo o princípio da “inculturação” como costumamos dizer hoje. Isto produz uma crescente diversificação das formas externas da liturgia, levando em conta que, nos primeiros séculos, se  produziram as seguintesmas fases: (séculos I-II), há uma unidade litúrgica em todas as comunidades, nãoprimeiro entendida no sentido de uniformidade rígida; esta unidade consiste unicamente em respeitar uns moldes comuns, recebidos da tradição, no

 

12 interior de uma grande liberdade e espontaneidade. Depois (séculos III-IV), vai se criando uma multiplicidade muito grande, em razão do aumento de cristãos e de comunidades, e do isolamento de algumas Igrejas; cada comunidade vai fixando seus costumes, seus ritos, suas orações. Finalmente (a partir do século V), se produz uma unificação progressiva, mas não de tipo universal, mas regional, em razão da influência e da autoridade das grandes Igrejas; é o momento da criação das diversas famílias ou ritos litúrgicos, tanto no Oriente como no Ocidente.

Expressões diversas da mesma fé As causas da diversificação das expressões externas do mesmo culto cristão são vári várias as.. Às veze vezess a dife difere renc ncia iaçã çãoo se deve deve,, si simp mple lesm smen ente te,, ao fa fato to de al algu guma mass comunidades ficarem isoladas das demais, por culpa das convulsões e perseguições e, ao faltar o contacto com o resto da Igreja “católica”, criam ritos peculiares. Mas o motivo mais comum - e mais profundo ao mesmo tempo - é a consciência de que o que importa é a fidelidade essencial à liturgia apostólica. a qual é perfeitamente compatível com a liberdade e diversidade das expressões próprias de cada comunidade, segundo suas características de lugar e tempo. Em tudo isto, tiveram muita importância os fatores geográficos e culturais.  Naquela época, houve uma adaptação natural e lógica da fé e do culto dos cristãos às características peculiares de cada povo, que favoreceu a difusão do cristianismo e sua encarnação na alma popular. A língua teve uma clara incidência na diversificação das distintas famílias litúrgicas, mas não pode ser considerado o elemento decisivo, já que uma liturgia se celebra em diversas línguas e diversas liturgias usam uma mesma língua. Influi mais nisso o que poderíamos chamar de mentalidade de cada área geográfica e cultural, que condic con dicion ionaa as divers diversas as co combi mbinaç nações ões dos dos ele eleme mento ntoss da celeb celebraç ração ão lit litúr úrgic gicaa cristã cristã,, criando “estilos” próprios tanto nas cerimônias como nas orações. Entre os elementos distintivos de cada rito litúrgico, tem lugar importante a maneira de estruturar a grande oração eucarística ou “anáfora”, que algumas vezes está feita de uma só peça, e outras vezes consta de diferentes peças variáveis. Também é característica de cada rito a maneira como são organizados os ciclos de leituras ao longo do ano litúrgico, tanto no que diz respeito à celebração da eucaristia como da oração litúrgica das horas. Existem Existe m igu igualm alment entee fór fórmul mulas as típ típica icass de ca cada da rito. rito. Assim, Assim, por exe exempl mplo, o, a fórmula de saudação do celebrante na África é “pax vobiscum” (a paz esteja convosco), enquanto que em Roma é “Dominus vobiscum” (O Senhor esteja convosco) e na Espan Esp anha, ha, “Do “Domin minus us sit sem sempe perr vob vobisc iscum” um” (O Sen Senhor hor esteja esteja se sempr mpree co convo nvosco sco). ). E seguramente o que tipifica mais as diferentes liturgias é o estilo literário com o qual são redigidas as orações, as antífonas, os hinos: Oriente, devedor da cultura helenística e com gosto herdeiro pela expressão faustosa, origina poética, solene. Ocidente, da cultura romana, dá uma lugarliturgia a uma mais liturgia mais teológica, prática, simples, austera. Espanha é um caso especial: sua liturgia autóctone é empolada, sentimental e

 

13 muito popular.

As grandes famílias litúrgicas Por sua origem histórica, os ritos se dividem em grandes famílias, nascidas nos mais antigos e importantes patriarcados: Antioquia, Alexandria, Roma. A expansão missionária destes grandes centros eclesiásticos levou sua própria liturgia a outros lugares, nos quais se diversificaria, conservando, não obstante, um tronco comum. Se quis quiser ermo moss esta estabe bele lece cerr um umaa clas classi sific ficaç ação ão dos dos di dife fere rent ntes es ri rito toss li litú túrg rgic icos os,, a mais mais comumente aceita é a seguinte. Em primeiro lugar está a grande divisão entre liturgias orientais e ocidentais. As liturgias do Oriente se distribuem em dois grupos, relacionados, respectivamente, com as sedes patriarcais de Antioquia e Alexandria. O grupo antioqueno, por sua vez, se subdiv sub divide ide em siríac siríacoo oci ocide denta ntall (forma (formado do pelo pelo sir siríac íacoo de Antioqui Antioquia, a, o maron maronita ita,,  bizantino e o armeno) e no siríaco oriental (constituído pelo nestoriano, o caldeu e o malabar). No que diz respeito ao grupo alexandrino, abarca o rito copta e o etiópico. As liturgias do(peculiar Ocidente o romano, o ambrosiano (próprio de Milão), o hispanomozárabe da são Espanha), o galicano e o celta. Atualmente, na prática só se conserva um rito ocidental, o romano. Dos demais permanecem unicamente vestígios, ou estão limitados a lugares muito determinados. A introdução das línguas modernas na liturgia romana (que até o Vaticano Vaticano II se celebrava em latim) representa um elemento de diversificação que, junto ao princípio da adaptação, promulgado pelo referido Concílio, fa fará rá com com que que se form formem em pa paul ulat atin inam amen ente te di dive vers rsos os ti tipo poss li litú túrg rgic icos os,, se be bem m qu quee substancialmente parentes e derivados do rito romano. Quanto aos orientais, o mais expandido é o bizantino que, já desde tempo antigos, se celebra em diversas línguas, embora seu idioma original seja grego. T Temos emos que ter presente que os ritos orientais são utilizados tanto pelos ortodoxos como pelos católicos.

As línguas litúrgicas Embora a língua não seja o elemento mais decisivo para a diversificação dos ritos litúrgicos, ela exerce, contudo, uma influência capital, sobretudo se levamos em conta que, ainda que em princípio toda língua seja apta para expressar a Palavra de Deus e a oração da comunidade, de fato, ao longo da história, algumas línguas determinadas se conv conver erte tera ram m na nass únic únicas as us usad adas as na litu liturrgi gia. a. Entr Entret etan anto to,, as co cois isas as nã nãoo se desenvolveram desenvolvera m da mesma maneira no Oriente e no Ocidente. Quanto ao Oriente, temos que levar em conta que a parte do Império romano que tinha estado sob a dominação helênica conservava o grego como língua veicular, mas alguns povos possuíam uma língua fixa e escrita, uma literatura e uma civilização que  podia rivalizar com o helenismo. Por isso estas línguas se mantiveram sem dificuldade na liturgia, sobretudo a semítica. As línguas que não tinham escritura nem literatura se  beneficiaram do multilingüismo destas regiões e puderam puderam chegar à maturidade, graças à liturgia cristã. A Igreja praticou a liturgia em língua grega nas grandes cidades do Oriente, mas

 

14 como a reunião tinha de ser comum para todos os batizados, também tiveram que atender a necessidade dos cristãos que não falavam grego, primeiro mediante traduções e depois com intervenções diretas orais durante a própria cerimônia e, finalmente, com uma celebração francamente poliglota. A Igreja que ficou constituída mais além do Eufrates utilizou exclusivamente o siríaco. Por outro lado, o rito bizantino acolheu todas as línguas dos diversos países pelos quais ia se expandindo.  No Ocidente, a Igreja da África foi a primeira comunidade cristã importante de língua latina. A Igreja de Roma usou o grego até o século III, e sua liturgia não se latinizou definitivamente até a segunda metade do século IV IV.. Os cristãos de língua grega tornaram a ser numerosos nela no século VII, e isto motivou que a liturgia fosse  bilíngüe no que diz respeito às leituras e a certos ritos do catecumenato, e os cantos em grego se misturavam com os cantos latinos. Até nossos dias se conservaram vestígios deste bilingüismo no rito romano: “Kyrie eleison”, “Agios o Theos” da Sexta-feira Santa, dupla leitura em grego e em latim das leituras bíblicas nas missas papais anteriores à reforma do Concilio Vaticano Vaticano II. As língua faladas nas Gálias e na Espanha antes da conquista romana não deixaram nenhumséculos rasto nao único liturgia. Os bárbaros se–latinizaram O latim foi durante idioma culto notambém Ocidente e, portanto,rapidamente. o único usado na litur liturgia gia –, exc exceto eto na Irla Irlanda nda,, pai paiss pouco pouco inf influe luenci nciad adoo pe pela la civili civiliza zação ção romana romana;; conservou-se e desenvolveu-se desenvolveu-se a língua indígena, sem que chegasse a alcançar um lugar  de importância na liturgia. A única vez que se colocou a questão de traduzir a liturgia latina foi em vista da evangelização da Morávia pelos santos Cirilo e Metódio: as objeções que se lhes fizeram tentavam justificar teologicamente a exclusividade do latim, o qual realmente obedecia mais a uma situação de fato. A liturgia romana em língua eslava se conservou até nossos dias, mas usando o eslavo antigo, praticamente desconhecidoo pelos fiéis. desconhecid  No Ocid Ocident ente, e, pode podemos mos diz dizer er que que aaté té o Concil Concilio io Vati Vatican canoo II não não se se compre compreend endeu, eu, no que se refere à diversidade das línguas litúrgicas, o que dizia o prefácio da antiga liturgia romana, aludindo ao milagre de Pentecostes: “A variedade de língua não é um obstáculo  para a edifi edificaç cação ão da da Ig Igreja reja,, ma mas, s, ao contrár contrário, io, con contrib tribui ui ppara ara fortale fortalecer cer sua unidad unidade”. e”.

IV. A IDADE DE OURO NO RITO ROMANO A partir do século V as diversas liturgias cristãs se enriqueceram com grande número de fórmulas e de ritos. As que desenvolveram mais são a bizantina, no Oriente, e a romana, no Ocidente, e se destacam sobre as demais por sua vinculação às sedes eclesiásticas das capitais do Império. Limitando-nos à descrição da liturgia que naquela época floresceu na cidade de Roma, não deve nos estranhar que se produzisse o fenômeno histórico conhecido com o nome de “idade de ouro do rito romano”, porque naquele momento se deu a confluência de uma série de circunstâncias favoráveis, das quais as mais importantes são as seguintes. Em primeiro lugar, a Igreja goza de completa liberdade, uma vez convertido o cristianismo em religião oficial; isto motiva que as comunidades cristãs cresçam e se

 

15 espalhem por todas as partes, e que o culto cristão saia das catacumbas e das casas  particulares e se estabeleça nas “basílicas” “basílicas”,, locais inspirados na arquitetura civil mas adaptado adap tadoss às nece necessida ssidades des das reuniões reuniões multitudin multitudinárias árias da comunida comunidade de cristã. cristã. Em segundo lugar, lugar, os bispos de Roma vão adquirindo cada vez mais prestígio e autoridade e sua atividade como autores de orações e introdutores de ritos se caracteriza por um sentido inovador e dinâmico, perfeitamente adaptado tanto às exigências da fé cristão como ao gosto da cultura da época. Também temos que ter presente que naquele tempo a participação do povo continua sendo espontânea e viva, com a qual - dado que ainda há uma grande liberdade na seleção dos textos - se realiza um admirável equilíbrio entre os aspectos comunitário e pessoal. Há também, especialmente a partir do século VI, um magnífico desenvolvimento do canto litúrgico, que contribui a dar ao culto cristão um tom de solenidade e de elevação artística que atrai e comove o povo.

Formação Fo rmação dos livros litúrgicos  Nesta época começam a se formar os livros litúrgicos. Até então cada presidente da cele celebraç bração ão litúr litúrgica gica costuma costumava va impro improvisar visar livreme livremente nte as fórmu fórmulas las das orações seguindo, esquema - e não tinha necessidade de lê-Ias em nenhum livro. Cadaisso vez sim, se fezum mais aguda afixo necessidade de recolher por escrito as fórmulas mais felizes, seja para tomar a utilizá-las em outras ocasiões, seja para satisfazer as demandas  procedentes de outras comunidade comunidades. s. Pouco a pouco foram se selecionando algumas destas recopilações ou coleções, por razão de sua qualidade literária e doutrina ou pelo  prestígio de seus autores. As compilações mencionadas mencionadas deram lugar à criação dos livros litúrgicos, que recebem nomes diversos segundo seu conteúdo e finalidade. Em primeiro lugar, temos os denominados sacramentários, que não são - como seu nome poderia induzir a pensar - o que hoje chamamos de rituais dos sacramentos, mas constitui o livro do celebrante, uma vez que contém as orações presidenciais tanto  para a celebração eucarística como para a dos sacramentos. Os mais importantes do rito romano são o chamado Veronense ou Leoniano, que contém recopilações de textos escritos pelo papas Leão, Gelásio e Vigílio; o Gelasiano antigo, atribuído por erro ao  papa Gelásio, mas que na realidade realidade é uma coleção de textos litúrgic litúrgicos os que se utilizavam nas igrejas presbiterais de Roma; o Gregoriano, que tem como base a coleção pessoal do  papa são Gregório e que se nos conservou em diversos tipos, tipos, entre os quais se destacam o do papa Adriano, o de Pádua, o revisto r evisto por Alcuino, etc. Depois Depo is te temo moss os leci lecion onár ário ios, s, que que cont contém ém os fragm fragmen ento toss bí bíbl blic icos os qu quee se  proclamam na celebração da eucaristia, seguindo o curso dos domingos e das festas. Primei Pri meiro ro se utiliz utilizava ava dir direta etamen mente te a Bíb Bíblia lia,, mas mas de depoi poiss se de desco scobri briuu mais mais prá prátic ticoo distribuiu ordenadamente os fragmentos escolhidos para cada celebração. Na liturgia hispanomozárabe hispanomozá rabe o lecionário recebe o curioso nome de  Liber commicus, que quer dizer  simp simple lesm smen ente te livr livroo dos dos “com “comma ma”” ou fragm fragmen ento tos. s. Tem emos os qu quee fa fala larr ta tamb mbém ém do doss antifonários, que contém os cantos e, finalmente, dos “ordines”, que são os livros das rubricas, isto é, as normas e orientações para celebrar como é devido. Estes livros não se usavam Roma, vez que todos conheciam ordem da celebração, mas foram redigidosem para seremuma enviados às demais igrejas, queaqueriam usar os livros romanos.

 

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Principais elementos do rito romano A respeito da missa, temos uma descrição muito clara num destes ordines dos quais acabamos de falar, o denominado ordo I, que descreve a missa papal do dia de Páscoa. Um rasgo característico da missa romana desta idade de ouro é que ao esquema tradicional da celebração eucarística - formado pela liturgia da Palavra e a liturgia eucarí euc arísti stica ca -, se acresc acrescent entaa a ritu rituali alizaç zação ão de trê trêss movime movimento ntoss da assemb assembléi léia: a: sua formação ou reunião, e os movimentos que precedem e seguem à grande oração eucarística (ofertório e comunhão). Em cada um destes movimentos se organiza uma  procissão, acompanhad acompanhadaa de um canto e acabada com uma oração. presidencial e o Amém do povo. Outro fenômeno típico da missa romana é que a oração dos fiéis desaparece praticamente - só se utiliza na cerimônia da Sexta-feira Santa - e permanece um vestígio nas invocações do Kyrie no início da missa. A oração eucarística (o cânon)  permanece fixo e invariável, porém contando com uma grande variedade e riqueza de  prefácios. Também se ritualiza a proclamaçã proclamaçãoo do evangelho, que fica reservada ao diác diácon ono. o. e vai vai prec preced edid idaa de uma uma proc procis issã sãoo ac acom ompa panh nhad adaa de lu luze zes, s, in ince cens nsoo e a aclamação do Aleluia.  No final da época, por influência de papas de origem oriental, se acrescenta a commixtio, o canto do Gloria e do  Agnus Dei. Em todo este período, destaca-se por sua importância a missa “estacional” em Roma, isto é, a que o papa celebra em diversas igrejas e que, de certa maneira supre a antiga “assembléia única”, que agora já é impossível, dado o elevado número de membros da comunidade comunidade.. A participação participação do povo continua sendo plena, mas já começam a advertir-se alguns sintomas de passividade, especialmente no que se refere aos cantos, que cada vez se fazem mais difíceis e ficam re rese serv rvad ados os a um umaa  schola cantorum  e também pelo que se refere à comunhão, ao introduzir-se idéias procedentes do Oriente que, insistindo no caráter “terrível” do Sacrifício eucarístico, afastam os fiéis da mesa do Senhor. Senhor. Quanto Quan to ao ano ano litú litúrg rgic ico, o, temo temoss que que de dest stac acar ar qu quee o do domi ming ngoo se co conv nver erte te oficialmente em dia de repouso, com o qual a celebração eucarística pode ter lugar com mais amplitude e solenidade. Por seu turno, a quarta e sexta feiras se estabilizam como dias estacionais de jejum e oração. Os diversos tempos litúrgicos adquirem um matiz  próprio e estável. O mesmo impulso de sincretismo religioso que fez com que o dia do Sol se convertesse no domingo cristão, fez com que a festa do  Natalis Solis Invicti  (25 de dezembro) se convertesse no Natal de nosso Senhor Jesus Cristo. Como preparação  para o Natal, se constituem as quatro semanas de Advento. Por seu turno, a celebração anual da Páscoa se estrutura no Tríduo Pascal ( sacratissimum triduum crucifixi, crucifix i, sepulti,  suscitati), formado pela Sexta-feira Santa, o Sábado Santo e a Vigília Pascal. E se organiza um tempo de preparação de quarenta dias (Quaresma) e um de prolongação de cinqüenta dias (Tempo pascal) que culmina na festa de Pentecostes. Até o final desta época aparecem festas especiais dedicadas a Maria, e se fazem também memórias de mártires e outros santos, mas quase sempre com um caráter local.  No campo dos sacramentos, a iniciação cristã consegue apara máxima solenidade. A Quaresma é o tempo da última preparação dos catecúmenos o batismo, que se celebra com todo esplendor no marco da Vigília pascal. Também Também os penitentes praticam

 

17 a penitência imposta durante o tempo quaresmal e são reconciliados na Quinta-feira Santa, na “missa de reconciliação dos penitentes”. Toda Toda a Igreja assume os catecúmen catecúmenos os e os peni penite tent ntes es,, e pa parti rtici cipa pa ativ ativam amen ente te no pr proc oces esso so de co conv nver ersã são, o, pe peni nitê tênc ncia ia e reconciliação. Vai nascendo a idéia de que todos somos pecadores, mas a penitência é sempre pública, e ainda se desconhece a prática da penitência sacramental privada. As ordenações se celebram de acordo com a antiga tradição, e o povo colabora de uma maneira mais ou menos ativa na eleição dos candidatos. Além das denominadas ordens maiores (episcopado, presbiterato, diaconato), há três ordens menores (leitor, acólito e subdiácono), que não são conferidas pela imposição das mãos, mas por uma oração acompanhadaa da entrega dos instrumentos próprios de cada um destes ministérios. acompanhad

Uma liturgia cada vez mais cerimoniosa A liturgia cristã mais primitiva se caracterizava por sua simplicidade, tanto no que diz respeito aos ritos como ao estilo das orações. A idade de ouro da liturgia romana começafenômeno, a introduzirteve nasmuita celebrações elementos da sobriedade original.o  Neste incidência o fatoque dedistanciam que, a partir de Constantino, cristianismo foi cada vez mais protegido pelos imperadores. Na época anterior, o culto  pagão ao imperador imperador era considerado pelos pelos cristãos como idolatria, e por isso se negaram de conceder-lhe o título de Kýrios (reservado unicamente a Deus e a Cristo), a fazer a  proskýnesis ou prostração e a queimar incenso diante de sua imagem. Renunciando o impe im pera rado dorr a su suas as pr prer erro roga gati tiva vass divi divina nas, s, muit muitos os de dest stes es ri rito toss se co cons nser erva vara ram m simplesmente como cerimonial da corte e, por um curioso processo de mimetismo, se transpuseram também à liturgia, como sinais de honra e reverência para com os ministros sagrados. Se o im impe pera rado dorr conc conced edeu eu aos aos di diri rige gent ntes es da Ig Igre reja ja ho honr nras as e pr priv ivil ilég égio ioss equiva equ ivalen lentes tes aos que cor corres respon pondia diam m aos dig dignit nitári ários os do Impéri Impérioo e à sua pró própri priaa dignidade imperial, era natural que os bispos - especialmente o de Roma - tivessem direito ao anel, a ser saudados com a genuflexão e com o beijo no pé, a usar o trono, a levar manipulo e a ser acompanhados com luzes e incenso. Todos estes ritos provenientes do cerimonial da corte imperial foram adotados nas celebrações litúrgicas, com o que a liturgia romana - se bem que sempre mais austera que a oriental - foi adquirindo um tom hierático e rígido que não sintonizava com os gestos simplicíssimos da Igreja primitiva.

V. AS CRISE CRISES S ME MEDIEV DIEVAIS AIS A Idade Média é um período de uma grande vitalidade em todas as ordens da vida eclesial, uma tanto épocanos de séculos crises profundas. A Liturgia se viu muito afetada pelas mas crisestambém medievais, que constituem a chamada Idade Média (VIIIXII como nos que formam a baixa Idade Média (XIII-XV).

 

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A alta Idade Média Uma série de causas configuram a situação crítica da liturgia no início da época medieval, entre as quais estão as culturais, as políticas e especialmente as eclesiásticas. As causas culturais estão relacionadas na história do Ocidente com a entrada de novos  povos, os bárbaros, bárbaros, com outra mentalidad mentalidadee e com línguas que não são são a latina. A liturgia liturgia romana é fraca para enfrentar o choque com este novo mundo. Mantém-se o latim, mas o povo não entende mais, e assim a liturgia perde uma de suas dimensões mais importantes: a capacidade de evangelização popular. Por outro lado, a mentalidade religiosa dos povos bárbaros, caracterizada por um terror diante da divindade, um grande individualismo e um forte sentimento de culpabilidade, motivará que todos estes elementos vão impregnando toda a liturgia. Entre as causas políticas, temos que assinalar o fracionamento do Império romano no Ocidente, que dá lugar à formação das futuras nacionalidades européias e  produz um enfraquecimen enfraquecimento to notável do prestígio de Roma. A invasão dos árabes contribui mais paraainda o afastamento de grandes setores do Ocidente da influência romana, enquanto que as lutas contínuas entre príncipes cristãos e contra os invasores muçulmanos não favorecem o desenvolvimento da vida litúrgica. Entre as causas especificamente eclesiásticas, temos que destacar a perda do  prestígio da instituição papal por culpa da indignidade de muitos dos ocupantes da sede de Pedro, ao lado de uma decadência geral da vida cristã em todos os estamentos. Ao mesmo tempo se produz uma mudança de mentalidade teológica no que se refere à comp compre reen ensã sãoo da es essê sênc ncia ia e fina finali lida dade de da Igre Igreja ja.. Como Como co cons nseq eqüê üênc ncia ia da dass lu luta tass antiarianas, a reflexão teológica insiste na divindade de Cristo, mas, de certo modo, Cristo fica deslocado da Igreja: esta não é mais o corpo de Cristo, que na liturgia dá culto ao Pai por meio do mesmo Cristo, mas uma espécie de sociedade religiosa dirigida pela hierarquia - que adora a Cristo. _ conseqüência mais clara de tudo isso é que a liturgia se clericaliza, os ritos se complicam e ficam estereotipados, o povo se converte em sujeito passivo. Outras conseqüências negativas para a liturgia é que perde o sentido da unidade do mi mist stér ério io cris cristã tãoo e o se sent ntid idoo de as asse semb mblé léia ia ou co comu muni nida dade de:: po porr cu culp lpaa do obscurecimento da presença de Cristo na comunidade litúrgica dos fiéis, se esquece a integração de cada cristão no corpo de Cristo, e a missa, por exemplo, deixa de ser um ato comunitário para converter-se numa devoção privada do sacerdote ou de cada um dos fiéis assistentes. Também Também se perde o sentido pascal da celebração cristã: não domina mais a ação salvadora de Deus mas o esforço humano de tipo devocional, e se dá mais importância aos aspectos sentimentais da meditação da Paixão de Cristo do que à dimensão mistérica da fé na ressurreição. A evol evdecadente oluç ução ão hist histór óric icaRoma, a da litu liaturg rgia ia nest nesta a ép époc ocaaé se segu guee osnopa pass ssos os se segu guin inte tes: s:  plenamente em liturgia romana adotada Império francogermânico (séculos VIII-IX) por Pipino I e Carlos Magno. Flexível como é, recebe

 

19  profundas influências galicanas nos ritos e nas orações (séculos IX-X). Esta nova liturgia franco-romana se imporá outra vez a Roma (séculos X-XI) e daí em todo o Ocidente. E é esta liturgia romana, modificada pela mentalidade franco-germânica, que  perdurará até a reforma reforma do Concilio Vaticano n. . Uma descrição rápida das principais características da liturgia desta época chama a atenção sobre os aspectos seguintes: a missa se enche de “apologias”, isto é, de confissões de indignidade por parte do sacerdote celebrante, recitadas antes de começar  a missa, ao ir ler o evangelho, no momento do ofertório e antes de comungar; abandonase o catecumenato, por culpa da generalização do batismo de crianças; a partir do século VIII nasc VI nascee e se difu difund ndee a pe peni nitê tênc ncia ia priv privad ada, a, de devi vido do ao ab aban ando dono no da pú públ blic ica, a, cons consid ider erad adaa dema demasi siad adoo rígi rígida da,, e pe pela la nova nova me ment ntal alid idad adee do doss po povo voss bá bárb rbar aros os;; o matrimônio começa a cair sob o controle jurídico da Igreja; a liturgia pontifical, sobretudo por ocasião das ordenações, se dramatiza e complica extraordinariamente; o oficio divino, por influência monástica, abarca todas as horas canônicas, se enriquece e complica, mas o que ganha em longitude e solenidade perde em popularidade, de modo que cada vez mais se considera exclusivo dos monges e dos clérigos, até converter-se numa obrigação individual para eles. Em aparência as celebrações litúrgicas são solenes e ricas, mas na realidade são uma espécie de andaime sem base popular.

A baixa Idade Média Em linh linhas as ge gera rais is,, os de defe feit itos os litú litúrrgico gicoss na nasc scid idos os na al alta ta Id Idad adee Médi Médiaa (formalismo, confusão doutrina, rubricismo, clericalismo) continuam ao entrar na época conhecida como baixa Idade Média e, de certo modo se convertem em mais perniciosas até o ponto que, no final deste período, se chega a uma situação lamentável marcada  pelas superstiçõe superstiçõess e os abusos. Esta situação é a que denunciarão os reformadores  protestantes e a que o Concílio de Trento ten tentará tará superar superar.. Quanto ao estado da missa, observamos que decai totalmente a participação do  povo, que é suprida pela simples contemplação e adoração da hóstia no momento da' elevação. Todos os historiadores da liturgia se surpreendem da audácia que supôs nos inícios do século XIII a introdução do rito espetacular da elevação da hóstia e, bastante tempo depois, a do cálice. Era um rito que rompia o ritmo interno da oração eucarística e fazia mudar o sentido profundo da celebração da missa, ao colocar o centro de atenção não na ação de graças tributada ao Pai por meio de Cristo na unidade do Espírito Santo, mas na adoração de Cristo presente sob as espécies eucarísticas. E tanto mais audaz era a inovação quanto mais provinha, de fato, da vontade de satisfazer um desejo mais bem supersticioso do povo. Seja como for, este rito se consolidou e, aos olhos do povo, se conver con verteu teu no mom momen ento to rea realme lmente nte cul culmin minant antee da missa, missa, o úni único co ver verdad dadeir eirame amente nte sagrado e digno de ser vivido no silêncio e atenção mais respeitosos. O que antes era assembléia, caridade, sacrifício e comunhão se reduz agora a adoração das espécies eucarísticas. De modo similar, Corpus Christi se converte na festa mais importante do ano ano litú litúrg rgic ico, o, su supe perio riorr na so sole leni nida dade de à próp própri riaa fe fest staa da Pá Pásc scoa oa,, e se co come meça ça a desenvolver a “piedade eucarística” num sentido muito distante do primitivo. Outras características da celebração da missa é que se conservam com esplendor 

 

20 exterior, mas sem a participação ativa do povo, as missas conventuais e paroquiais e,  por outro lado, a devoção acentua as missas privadas em sufrágio dos defuntos, em honra dos santos e por diversas intenções particulares. A abundância e variedade das apologias recitadas na missa é enorme e confusa. A dramatização dramatização de certos gestos tomase exagerada, até ao ponto que na verdade vão se separar da liturgia propriamente dita e se converter no germe do teatro religioso medieval. Os abusos dos estipêndios (esmola  para a celebração de uma missa), na multiplicação de missas e nos aspectos supersticiosos se tomam francamente intoleráveis. O culto litúrgico continua sendo  pomposo e solene, mas o povo se encontra em plena ignorância e no meio de um grave abandono pastoral. Quanto aos sacramentos, desaparece na prática o batismo de adultos e, com ele, o catecumenato. Suprime-se a entrega do Pai-nosso, do Credo e dos Evangelhos. A confirmação, que a partir do século IX havia começado a se separar do batismo, ao ficar  no Ocidente reservado para o bispo, cada vez se celebra mais como um sacramento independente, e em sua realização fica mais destacada a unção do que a imposição das mãos. A penitência privada se consolida e se vai convertendo na maneira mais habitual e normal de celebração deste sacramento. Os ritos das ordenações, por influência da mentalidade galicana, se dramatizam e complicam enormemente, com uma particular  insistência sobre os ornamentos, as unções e a entrega dos instrumentos próprios de cada ministério. O matrimônio, em cuja regulamentação jurídica a Igreja se sente autorizada a intervir, se celebra na porta da igreja, com uma investigação prévia e com  pedido expresso do consentime consentimento nto o uso germânico introd introduz uz o anel com se seuu simbolismo de aliança e de sujeição ao mesmo tempo, se bem que conservando uma grande variedade de ritos locais.  No campo da oração litúrgica, se produz o fenômeno de que o oficio divino, comoo ce com celeb lebraç ração ão com comuni unitár tária, ia, entre entre em crise. crise. EncheEnche-se se de acrésc acréscimo imoss (of (ofici icios os da Virgem e de defuntos, preces litânicas, salmos penitenciais, etc.) e se converte numa  pesada carga para os clérigos que, progressivamente vão abandonando abandonando a recitação comunitária. São Francisco de Assis Assis introduz a norma de rezar o ofício inclusive fora do coro, de uma forma plenamente individual e, para facilitar este costume, se publicam os “breviários” que, por um lado, representem a união num só volume os diferentes livros necessários para a recitação coletiva e, por outro, significam uma notável redução e simplificação do oficio divino. Os breviários franciscanos se espalharão por todas as  partes e se converterão em modelo para todos os futuros livros de horas dos religiosos e clérigos. Com tudo isto, a vida espiritual do povo cristão caminha à margem e fora do marco litúrgico. Há um aumento notável.. das devoções privadas, algumas das quais se  popularizam - como, por exemplo, o rosário e a via-crucis e servem para alimentar e manter a piedade dos cristãos, tanto dos leigos como dos clérigos e religiosos. De certo modo, inclusive a própria liturgia se converte em uma devoção, como pode se deduzir  da afeição pelas missas votivas, pelas missas em honra de santos determinados, pelas séries sér ies de missa missass apl aplica icadas das por inten intençõe çõess partic particula ulares res.. Na ép época oca mediev medieval al há um florescimento da mística, reduzida a minorias muito pequenas e, em geral, distantesexuberante das formas litúrgicas damas oração.

 

21 Uma avaliação de conjunto desta época nos permite observar que o povo está sumido na ignorância, na superficialidade e na superstição. Todos estes elementos originarão uma forte crise, que dará lugar à rreação eação da Reforma protestante.

VI. A OBRA DE TRENTO  No século XVI a situação da Liturgia no Ocidente é lamentável. lamentável. Pode compararse a um cadáver ricamente adornado mas sem vida e com sintomas de decomposição. Os ritos e as cerimônias são executados sem sentido pastoral e acompanhados de uma série de abusos e superstições. A anarquia é muito grande e o povo permanece afastado da liturgia, cumprindo só com o mínimo de assistência que lhe são exigi das se não quiser incorrer em sanções canônicas. Neste ambiente, é natural que surjam vozes de protesto, entre as quais destacam as de Lutero e seus seguidores. Os reformadores acusam com muita razão a decadência.ela liturgia, sua falta de espírito evangélico. Exigem o uso da língua do  povo, a participação efetiva da assembléia, a recitação r ecitação do cânon em voz alta (recitação que, desde séculos, por causas não suficientemente explicadas, se fazia em segredo), a simplificação de muitos ritos, isto é, uma série de coisas que a Igreja católica acabará concedendo, mas com quatro séculos de atraso, na reforma litúrgica do Concílio Vaticano II.

Abusos Da celebração litúrgica O estado de prostração da liturgia romana era reconhecido por todo aquele que olhasse os fatos com objetividade. O próprio Concílio de Trento (1545-1563), que foi convocado para sair ao encalço das inovações dos reformadores, estudou detidamente a situação das celebrações litúrgicas, especialmente a missa, e elaborou uma lista ou catálogo dos principais abusos que tinham sido introduzidos na nossa maneira de celebrar. Resulta iluminador repassar alguns destes abusos e defeitos, já que, por um lado, refletem a situação da época e, por outro, revelam até que contra-sensos pode chegar a prática da liturgia quando se perde de vista sua verdadeira natureza. Alguns dos abusos denunciados pelos padres do Concílio de Trento manifestam uma perda do sentido autêntico de comunidade ou assembléia: “E um abuso que, nos domingos e festas não se digam as missas próprias ordenadas pela Igreja, e em seu lugar  se dize dizem m mi miss ssas as voti votiva vass ou de defu defunt ntos os.. Tam ambé bém m é um ab abus usoo qu quee se ce cele lebr brem em simultaneamente duas ou mais missas, tão perto umas das. outras que mutuamente se estorvem. Outro abuso é que, enquanto se canta a missa solene se celebram ao mesmo tempo outras missas privadas. Há que considerar se não seria melhor celebrar menos missas, já que a excessiva abundância faz que os sacerdotes e os sacramentos se envileçam” . Outra série de abusos refere-se a um conceito equivocado da eficácia das  palavras sacramentais: “E um abuso que alguns, quando dizem a missa, não mantêm a

 

22 gravidade, mas pronunciam as palavras sagradas de uma maneira totalmente histriônica e, como se fizesse teatro, algumas vezes levantam a voz estentoreamente e outras vezes murmurejam em voz baixa, e assim recitam a tropeções umas palavras que deveriam ser  ditas com o mesmo tom sério e comedido. Há outros que, quando chegam às palavras da consagração achegam a boca à hóstia e ao cálice e, como se fizessem o alento sobre elas, dizem pouco a pouco cada uma das palavras da consagração e fazem com a cabeça o sinal da cruz, como se estes gestos conferissem mais força consecratória às palavras do Senhor ou toda a virtude da consagração estivesse colocada neste tipo de gesto: quando as palavras da consagração devem ser ditas de uma maneira simples sobre a hóstia e sobre o cálice”. Finalmente, os padres tridentinos assinalam vários abusos relacionados com o sentido mágico dos ritos: “Não está bem que sobre a hóstia consagrada se façam mais cruzes e sinais do que os que estão estabelecidos, como se faltasse algo à consagração. Além disso, alguns executam as cruzes que devem ser feitas sobre a hóstia e o cálice de tal maneira que, mais -que fazer o sinal da cruz, parece que gesticulam, provocando assim a hilaridade aos assistentes. Outros, depois da consagração, consagração, tomam com ambas as mãos a hóstia e, mantendo a cabeça inclinada, a erguem levando-a até a nuca, tocando muitas vezes os cabelos, com o grave perigo de rompê-la”. O Concílio de Trento também considerou abusivas algumas das práticas que se faziam por motivo da festa de Corpus Christi: “E um abuso que nas procissões de Corpus Christi enfeitam as ruas com ornamentos, que são antes pinturas lascivas, nada dignas de tão magno espetáculo, e inclusive às vezes pelas ruas se fazem bailes, danças e representações teatrais totalmente  profanas”.

A obra litúrgica do Concílio de Trento O Concilio de Trento, consciente da situação lamentável da liturgia, tentou remediar mas, devido à mudança para o terreno dogmático de muitas das questões que necess nec essita itava vam m som soment entee de uma ref reform ormaa dis discip ciplin linar ar,, as de decis cisões ões con concil ciliar iares es não  produziram todos os bons efeitos desejados. No dia 17 de setembro de 1562 se aprovou um decreto sobre o que era necessário observar e evitar na celebração da missa, que suprimiu muitos dos abusos, mas o Concílio não quis ceder em toda uma série de re reiv ivin indi dica caçõ ções es do doss refo reform rmad ador ores es lute lutera rano noss e, as assi sim, m, ma mant ntev evee o la lati tim, m, ma mass recomendando “munições” e explicações que deveriam ser feitas durante a celebração (norma que, de fato, não chegou a ser colocada em prática), continuou prescrevendo a recitação do cânon em segredo e, na prática, não favoreceu a participação direta dos fiéis na celebração litúrgica. De certa maneira, os padres do Concilio de Trento queriam e temiam, como se podem perceber na norma sobre a língua popular na missa: “Mesmo que a missa contenha uma grande instrução para o povo fiel, não pareceu oportuno aos Padres que se celebre ordinariamente na língua do povo. Por isso, deve-se manter em todos os lugares o rito antigo de cada Igreja e aprovado pela santa Igreja Romana, mãe e mestra de todas as Igrejas. Mas, para que as ovelhas de Cristo não passem fome e os  pequenos peçam pão e não haja quem lhes dê, o santo Concilio manda aos pastores e a todos quesetêm cura almas, por eles mesmos ou por outros, expliquem das coisasosque lêem na de missa e, além disso, declarem algum mistério deste alguma santíssimo sacrifício, especialmente nos domingos e dias festivos”.

 

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Em todo caso, o Concilio se centrou sobretudo nos esclarecimentos de tipo dogmático. Os reformadores,certos em tantos aspectos litúrgicos e pastorais, negavam o caráter sacrifical da missa. O Concilio estudou e esclareceu teologicamente este ponto, afirmando o caráter sacrifical da missa e a presença real de Cristo na eucaristia. A lást lástim imaa foi foi que, que, no trat tratam amen ento to teol teológ ógic icoo da eu euca cari rist stia ia,, po porr ra razõ zões es me mera rame ment ntee extrínsecas, a doutrina se apresentara em três capítulos diferentes: a presença real (sessão XIII), a comunhão (sessão XXI) e o sacrifício (sessão XXII). Esta separação dos diversos aspectos da eucaristia teve um efeito distorcedor na teologia sacramental  posterior ao Concilio de Trento e dificultou a busca de uma síntese harmônica da doutrina eucarística, o que repercutiu também na prática, motivando que, durante muito tempo, o povo visse como realidades separadas o altar, a mesa de comunhão e o sacrário. Resumindo, podemos dizer que a obra litúrgica do Concilio de Trento apresenta um aspecto mais positivo, que são os esclarecimentos teológicos sobre os sacramentos em geral e a eucaristia em especial; um aspecto claramente negativo, a saber, a não aceitação de muitas das reivindicações pastorais dos reformadores e, finalmente, um aspecto ambivalente, o de reservar ao Papa toda decisão em matéria litúrgica: isso constituía uma solução de emergência diante da anarquia reinante, mas manterá a liturgia romana durante quatro séculos completamente petrificada.

Os novos livros litúrgicos A última sessão do Concílio de Trento deixa nas mãos do Papa a publicação dos novos livros litúrgicos, que terão que ser únicos e obrigatórios para toda a Igreja latina, excetuando as dioceses ou ordens religiosas que creditem uma tradição própria de mais de dois séculos de antiguidade, como ocorria com os dominicanos, os cartuxos, os  premonstratensess e as diocese  premonstratense diocesess de Braga ou de L Lyon. yon. Pio V edita o  Breviarium romanum romanum  (1568) e o  Missale romanum romanum  (1570); Clemente VIII, o Pontificale romanum (1596) e o Caeremoniale episcoporum (1600); romanum  (1614), que não se apresente como obrigatório, mas Pa Paul uloo V, o  Rituale romanum soment som entee rec recome omenda ndado: do: as divers diversas as Igreja Igrejass locais locais pod podem em co conti ntinua nuarr manten mantendo do seus seus  próprios Rituais. Na edição de todos estes livros litúrgicos, se vê a boa intenção de voltar às fontes antigas e genuínas da liturgia, mas, devido à falta de meios técnicos adequados, a única coisa que a reforma tridentina faz é purificar e restaurar o rito romano de acordo mais ou menos com a forma que tinha nos tempos de Gregório VII. A grande novidade novidade do Concílio de Trento é a uniformidade que se impõe a toda a Igreja latina, uniformidade acompanhada de uma fixação das fórmulas litúrgicas e dos ritos, uma vez que, dai em diante, não se poderá introduzir nela nenhuma modificação. Para vigiar a manutenção desta liturgia fixa e inalterável, o Papa Xisto V cria, no ano de 1588, a Sagrada Congregação dos Ritos, cuja missão não é a de continuar a reforma mas velar pelo exato cumprimento de todas as normas estabeleci das. Isso dá pé ao início do que se costuma chamar “a era das rubricas”.

 

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VII. A ERA DAS RUBRICAS A criação da Sagrada Congregação dos Ritos, pelo papa Xisto V no dia 22 de  janeiro marca o início da era das durante a qual, e ao longototalmente de quatro séculos,dea 1588, 1iturgia romana, sobretudo no rubricas, que respeita à missa, permanece  petrificada. A mencionada Congregação foi instituída para resolver as dúvidas que a utilização dos novos livros litúrgicos pudesse apresentar. Não podia mudar nem textos nem rubricas, senão unicamente dar interpretações autorizadas de seu sentido; também  podia conceder dispensas e privilégios e, no único aspecto em que tinha algum tipo de criatividade era na redação dos formulários das novas festas. f estas. Em resumo, sua missão não era de continuar a reforma levada a cabo pelo Concílio de Trento, mas velar a fidelidade quanto à sua aplicação. A Congregação dos Ritos elaborou muitos decretos (uma coleção autêntica publicada em Roma entre os anos anos 1898 1898 e 1900 1900 reco recolh lhee ma mais is de 4. 4.00 000) 0).. Esta Esta ta tare refa fa de ca casu suís ísti tica ca de deta talh lhad adaa e minuciosa criou na Igreja católica o que alguns chamaram “complexo rubricista”, isto é, a obsessão por cumprir escrupulosamente todas e cada uma das prescrições rituais contid con tidas as nos liv livros ros litúr litúrgic gicos, os, pre precis cisam ament entee co com m ma mais is fid fideli elida dade de à “letra “letra”” que ao “espírito” da norma. De modo que as “rubricas” (palavra que provém da palavra latina rubrum  – vermelho –, já que nesta cor figuravam escritas nos livros litúrgicos, em contraste com o negro dos textos das leituras e orações), que num primeiro momento eram simplesmente indicações de “corno se costuma” realizar um rito determinado, se converteram finalmente em normas autoritárias e rígidas sobre “como deve” levá-lo a cabo obrigatoriamente, sob pena de não validade ou ilicitude do ato ritual.

Inuência da mentalidade barroca A denominada Contra-reforma católica vai muito ligada ao espírito cultural da época barroca. Depois da crise provocada pela Reforma protestante, a Igreja católica se sente segura e forte, e as expressões exteriores da fé – adotam um ar triunfalista, mas se  pode afirmar que o espírito do barroco – e o autêntico sentido da liturgia eram incompatíveis, apesar de que as celebrações litúrgicas barrocas fossem brilhantes e espetaculares. O motivo de tal incompatibilidade tem raiz no fato de que, durante esta época, a Igreja católica acentua os pontos negados ou discutidos pelos reformadores protestantes, e isso produz um desequilíbrio na prática serena da vida e da celebração cristã. Cada vez mais se acentua a preeminência da presença real de Cristo na eucaristia, com omissão dos demais aspectos do sacramento. Contra o sacerdócio comum dos fiéis, se insiste na eminente dignidade do sacerdócio dos ministros ordenados, com uma separação cada vez mais profunda entre o que o sacerdote faz e diz no altar e o que o povo fiel pratica durante a celebração. Contra a missa na língua do povo, se chega a proibir a tradução do missal, como fez o papa Alexan Alexandre dre VII em 1662 e, mesmo que apareçam devocionário devocionárioss com co m expl explic icaç açõe ões s so sobr bre e o que si sign gnif ific icad adooé favorecer dos dos rito ritossa da mi miss ssaa (g (ger eral alme ment nte e celebração, co com m sa sabo bor  r  alegorizante), a única coisa fazem participação indireta na limitada aos uns poucos seletos.

 

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Uma característica do barroco é a tendência aos aspetos periféricos da liturgia. Os altares laterais se multiplicam, como também as imagens dos santos e de Maria; a comunhão se separa do ambiente da missa e se converte em urna devoção privada; a homilia transforma-se emconvertendo “sermão”, saiemdacátedra celebração eucarística de seus textos, e se desenvolve no “púlpito”, de oratória sacra;e guarda-se a reserva eucarística, não na sacristia ou na parede, mas em sacrários em cima do próprio altar, costume que não se generalizou totalmente até o decreto da Congregação dos Ritos do ano ano de 18 1863 63;; os sa sacr crár ário ioss sã sãoo cada cada vez vez ma mais is mo monu nume ment ntai aiss e fa faus usto toso sos, s, co com m “templinhos” e baldaquinos, degraus, etc.; também se desenvolve a música sacra: é a época do auge da polifonia, mas não orientada à finalidade de serviço ao culto, mas corno um concerto que tem valor em si mesmo, de maneira que a igreja se converte em um salão, com palcos e galerias, coro alto, etc., em que a missa é “ouvida”; há uma grande riqueza e suntuosidade nos elementos artísticos, sobretudo nos imponentes retábulos barrocos, em relação aos quais o altar maior fica reduzido à categoria de um simples suporte ou zoco; as múltiplas devoções eucarísticas (quarenta horas, procissões, exposições do Santíssimo) superam a missa em esplendor e solenidade, que é – segundo o catecismo de Kettler, de 1734 – “uma das cinco maneiras de adorar a Cristo na eucaristia”; neste culto eucarístico se introduz um cerimonial, de tipo cortesão, similar  ao que na época constantiniana foi se infiltrando nas cerimônias cristãs, mas naquela ocasião tendo como destinatários os bispos e sacerdotes; agora, porém, é a Divina Majestade de Cristo presente na eucaristia que recebe as honras que as cortes mundanas tributam aos príncipes.

Tentativas reformistas do Iluminismo Paralelamente aos desvios barrocos, surgem, na mesma época, uma série de fenômenos positivos em relação à vivência e à compreensão da liturgia autêntica que, não obs obstan tante, te, não che chegam gam a faz fazer er o co contr ntra-p a-pes eso. o. Assin Assinale alemos mos a cha chamad madaa “e “esco scola la francesa de espiritualidade” do século XVII, impulsionada por Bérule, Condren e Olier, e centrada no conhecimento, meditação e vivência da liturgia; o costume dos cantos  populares na missa, espalhado sobretudo na Alemanha e que permite uma participação frutuosa, se bem que indireta, na liturgia; os primeiros estudos litúrgicos de tipo científico, a cargo especialmente de Mabillon e Muratori, graças aos quais se fazem investigações sérias sobre os Pais da Igreja, se descobrem e se editam os antigos livros litúrgicos romanos. Com o século XVIII, aparece o fenômeno cultural do Iluminismo ( Aufklärung )),, que tem também sua repercussão na vida litúrgica da Igreja. Este movimento se faz eco do descontentamento geral pela situação da liturgia e fomenta algumas tentativas de reforma ou de renovação, que obedecem ao desejo de uma participação comunitária maiss int mai inten ensa, sa, à exi exigê gênci nciaa de ma maior ior simpli simplicid cidade ade,, evitan evitando do no cul culto to os ele elemen mentos tos supérfluos, e à necessidade de compreender racionalmente o que se diz e se faz na liturgia, a fim de que o povo fiel receba dela iluminação e edificação. Estas tentativas, não obstante, não tiveram o êxito esperado e, além disso,pelos estavam demasiado imbuídos de espírito moralizante e pedagógico, sem consideração aspectos “mistéricos” do culto cristão: o Iluminismo não considerava a liturgia como a ação salvadora de Cristo,

 

26 na qual participa a comunidade, mas como uma função educadora para o povo, um meio  para o progresso moral do indivíduo. Mas é importante sublinhar que estas tentativas “iluministas” partem de uma idéia fecunda, que mais tarde orientará na reforma litúrgica do Concilio Vaticano Vaticano II: trata-se do princípio fundamental da “pastoral litúrgica”, isto é, que a liturgia é a fonte primordial da vida cristã. É sintomático que, em pleno século do Iluminismo, no ano de 1786, teve lugar a celebração do sínodo diocesano de Pistoia (Toscana) que, embora em seu momento recebesse o rechaço da autoridade central da Igreja, insistiu numa série de pontos susceptíveis de reforma que, substancialmente coincidem com os que levou em conta o Concilio Vaticano II: um único altar em cada igreja, participação ativa dos fiéis, aboliç abo lição ão do est estipê ipêndi ndioo da mis missa sa,, red reduçã uçãoo das pro procis cissõe sões, s, música música simple simples, s, séria séria e adaptada ao sentido da palavras, ornamentação que não distraia o espírito, reforma do Breviário e do Missal, publicação de um novo Ritual, redução do número excessivo de festas, leitura ao longo de um ano de toda a Bíblia no Ofício divino, etc.

Reação restauracionista Muitas das tendências do Iluminismo provocaram, na época do romantismo, uma reação no âmbito católico. Contra o racionalismo iluminista, se quer reafirmar a  primazia da revelação, do dogma e da tradição, e também o respeito à estrutura hierárquica da Igreja. Uma figura eminente da reação romântica e restauracionista no campo da liturgia é o abade beneditino Prosper Guéranger (1805-1875), o qual propugna um retorno à pura tradição romana, tanto no que se refere aos textos, cerimônias e rubricas, como, especialmente, à música sacra. A restauração do canto gregoriano, considerado como máximo expoente musical da autêntica tradição romana e o modelo mais perfeito de música sagrada, é uma das tarefas principais a que se dedicam os monges da abadia francesa de Solesmes, sob a direção de Guéranger. Mas este movimento, benemérito em tantos aspectos, não patrocina ainda com suficiente convicção a participação do povo na celebração litúrgica. O culto cristão é considerado como uma realidade intocável e misteriosa, obra perfeitíssima e inspirada diretamente pelo Espírito Santo, que deve permanecer inalterável, à margem de toda evolução histórica. O abade de Solesmes se mostra inimigo das chamadas “liturgias neogalicanas”, que haviam se proliferado na França ao longo do século XIII, e luta por  uma volta incondicional aos livros autênticos da tradição romana pura, que comenta em suas obras, especialmente na mais famosa, L'année liturgique liturgique. A mentalidade de Guéranger pode ser condensada nas seguintes afirmações: a liturgia é a oração do Espírito na Igreja, é a voz do Corpo de Cristo, da esposa que ora no Espírito; na liturgia há uma presença privilegiada da graça; na liturgia se encontra a expressão mais genuína da Igreja e de sua tradição; a chave para a compreensão da liturgia a leitura cristã do Antigo T Testamento estamento e do Testamento fundamentada no Antigo. éEm resumo: na celebração da liturgia se fazNovo vivo eTestamento presente todo o mistério da Igreja.

 

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 Não resta dúvida que as idéias e a atividade de Prosper Guéranger constituem o  ponto de partida do que, a partir de princípios do século XX, se converterá no chamado “movimento litúrgico”, que culminará, uma vez perpassada a metade do mesmo século, na reforma litúrgica do Concilio Vaticano lI.

VIII. A REFORMA DO VATICANO II A última etapa da história da liturgia é a época iniciada pela promulgação da constituiç cons tituição ão Sacrosanctum Concilium  sobre a sagrada liturgia, realizada no dia 4 de dezembro de 1963 por Paulo VI junto com todos os bispos da Igreja católica, reunidos no Concílio Vaticano II. Esta constituição deu luz verde a uma reforma profunda e extensa da liturgia romana, que abriu um período radicalmente novo em comparação com as etapas anteriores. Mas a reforma litúrgica do Vaticano Vaticano II não foi f oi um fenômeno aparecido como por  arte de magia, mas um fruto colhido do movimento litúrgico, preparado pela obra de dom Guéranger e surgido em princípios do século XX.

O movimento litúrgico A irradiação dos monges de Solesmes chega à Alemanha com a fundação da abadia de Beuron e, mais tarde, à Bélgica, com as abadias de Maredsous e Mont César. A restauração restauração do canto gregoriano encontra uma acolhida favorável no papa Pio X, que, com o motu proprio “Tra le sollecitudini” (1903), dá normas sobre o canto que deve se usar usar no cult cultoo e conv convid ida, a, ao mesm mesmoo temp tempo, o, ao aoss fi fiéi éiss a pa parti rtici cipa parr at ativ ivam amen ente te na celebração da liturgia, que é “a fonte primeira e indispensável do verdadeiro espírito cr cris istã tão” o”.. Esta Esta parti partici cipa paçã çãoo é mais mais perfe perfeit itaa qu quan ando do se fa fazz at atra ravé véss da co comu munh nhão ão sacramental: por isso Pio X fixa as condições para a comunhão freqüente dos fiéis (1905) e adianta a idade da recepção da primeira comunhão (1910). As disposições do papa encontram acolhida em muitos pastores preocupados com o fomento da vida litúrgica. Na Bélgica é dom Lambert Beauduin, monge de Mont César, que lança uma verdadeira cruzada em favor da participação dos cristãos nas celeb cel ebraç rações ões e, para para con conseg seguiui-lo, lo, public publicaa um mis missa sall pop popula ularr e or organ ganiza iza curso cursoss e conferências para sacerdotes. Outro monge, Gaspar Lefebvre, da 1ibadia de SaintAndré, de Bruges, edita também um Missal para os fiéis, que tem uma ampla difusão e é traduzido em diversas línguas. Na França, o jesuíta Paul Doncoeur inicia os jovens na  participação litúrgica fomentando a prática da chamada “missa dialogada” dialogada”,, que  posteriormente terá muita importância nos movimentos apostólicos da juventude. Na Alemanha, temos que destacar a obra de Romano Guardini e de dom Odo Casel monge de Maria Laach, que tem uma influência importante no âmbito intelectual. Por outro lado, Áustria, comTambém a atuaçãotem de eco Piuspopular Parsch, oo movimento movimento litúrgico litúrgico recebe formanamais popular. iniciadouma na Catalunha - com bastante antecipação em relação ao resto da Espanha - com o I

 

28 Congresso Litúrgico Litúrgico de Montserrat (1915), que dá como ffrutos rutos mais visíveis a edição do  Eucologi, de Lluís Carr Carrera eras, s, as pub public licaçõ ações es do  Foment de Pietat   e a fundação da Asso As soci ciaç ação ão greg gregor oria iani nist sta, a, so sobb a dire direçã çãoo do pa padr dree Greg Gregor orii M. Su Suno nol, l, mong mongee de Montserrat. Depois da segunda guerra mundial, o movimento litúrgico adota uma finalidade um pouco diferente: se até Então se tratava de por a liturgia existente ao alcance do  povo e promover o canto gregoriano, gregoriano, agora se vê mais claram claramente ente a necessidade necessidade de uma reforma profunda dos ritos e de uma introdução, mesmo que parcial, da língua do povo na celebração litúrgica. Um fato importante é a criação em Paris do Centro de Pastoral Litúrgica, que, com a revista “La Maison-Dieu”, a edição de livros e fascículos e a organização de sessões e congressos, chega a ter uma grande influência em toda a Igreja. Seguindo este exemplo, em 1958 se criou o Centro de Pastoral Litúrgica de Barcelona. O papa Pio XII, sem ser pessoalmente um entusiasta da liturgia, aceita o papel impulsionador da renovação litúrgica, com uma série de iniciativas que vão preparando o caminho para uma reforma mais profunda. A encíclica Mediator Dei (1947), redigida  para sair ao encalço de certos exageros “panliturgistas”, serve de fato para sancionar os resultados positivos do movimento litúrgico e abrir o caminho para um conceito e uma vivência da liturgia superadores das perspectivas “estética” e “jurídica” em que alguns corriam corria m o perigo de ence encerrar rrar-se. -se. Em 1953 Pio XII simp simplifica lifica as normas sobre o jeju jejum m eucarístico, com a finalidade de facilitar a celebração vespertina da missa. Em 1951 restaura a Vigília Pascal, situando-a outra vez na noite do Sábado Santo e reformandolhe alguns ritos, com a grande inovação do uso litúrgico da língua do povo na renovação das promessas batismais. E em 1955 completa a reforma da Semana Santa com uma renovação profunda dos ritos e os horários da Quinta e Sexta-feira Santa. Também é import imp ortant antee a aut autori orizaç zação ão dos Rit Rituai uaiss bil bilíng íngüe üess e a simpli simplific ficaçã açãoo da dass rubric rubricas as do Breviário, que culmina, já no pontificado de João XXIII, com a publicação do Código das rubricas (1960).

A Constituição

Sacrosanctum Concilium

 Não deixa de ser sintomático que o primeiro resultado do Concílio Vaticano Vaticano II (19621965) tenha sido a constituição sobre a liturgia. Mesmo sendo certo que o motivo determinante desta prioridade foi que, depois da recusa inicial de abordar o esquema dogmático, os altos dirigentes do Concílio se deram conta que o esquema litúrgico era o melhor preparado, também é certo que, objetivamente falando, a reforma da liturgia era muito adequada para cumprir as finalidades essenciais do Concílio, que, como diz a constituição litúrgica, eram estas quatro: “fomentar sempre mais a vida cristã entre os fiéis fié is;; ac acom omod odar ar melh melhor or às ne nece cess ssid idad ades es de no noss ssaa ép époc ocaa as in inst stit itui uiçõ ções es qu quee sã sãoo suscetíveis de mudanças; favorecer tudo o que possa contribuir para a união dos que crêem em Cristo; e promover tudo o que conduz ao chamamento de todos ao seio da Igreja”. Efetivame Efetiv amente nte,, a rev revita italiz lizaç ação ão da ex exist istênc ência ia cristã cristã se encont encontra ra sobret sobretud udoo na revitalização da liturgia “fonte e cume de toda a vida cristã”. Se em algum aspecto da

 

29 vida eclesial as estruturas necessitavam de uma reforma urgente, era precisamente no campo litúrgico, repleto de resíduos esclerosados do passado, incompreensíveis ao povo de hoje e causa de afastamento, por parte dos fiéis, das fontes genuínas da piedade. Um rejuvenescimento de um aspecto tão vital para a Igreja não podia deixar de produzir  impacto aos olhos edos demais acristãs, muitos deleslitúrgica. comprometidos também com com uma tarefa reformadora animados um retomo à vida Finalmente, o diálogo o mundo só é possível quando a Igreja se afirma tal como é autenticamente: o mundo deve saber que a finalidade própria e específica da Igreja não é de tipo cultural, huma humani nitá tári rioo ou so soci cial al,, ma mass es estri trita tame mente nte litú litúrg rgic ico, o, de gl glor orif ific icaç ação ão a Deus Deus e de santificação dos seres humanos. O texto da constituição Sacrosanctum Concilium se compõe de uma introdução, sete capítulos e um apêndice, com um total de 130 números ou artigos. Na introdução se declara a intenção do Concilio ao tratar do fomento e da reforma da liturgia, insistindo na vinculação desta reforma com os demais .aspectos da renovação da Igreja. O capítulo  primeiro é mais extenso e importante desde todos os pontos de vista. Leva o seguinte título: “Os princípios gerais da reforma e do incremento da liturgia”. E interessante observar que a intenção primeira do Concilio, se levamos em conta este título, é reformar a liturgia, condição indispensável para passar passar depois a fomentar entre os fiéis o amor à vida litúrgica. Constitui um reconhecimento claro do estado decadente a que tinha chegado a liturgia, por culpa do qual era quase impossível exigir dos fiéis uma autê autênt ntic icaa cone nexxão de sua vida ida de pie piedad adee com as cele lebr braaçõ çõees li litú túrrgic icaas, esplendidamente esplendidame nte isoladas do povo em uma perfeição hermética e inacessível.  Numa primeira parte, que ocupa os números 5-13, se trata dos aspectos dout doutri rina nais is da litu liturg rgia ia.. De ce cert rtoo mo modo do é o nú núcl cleo eo de to toda da a Cons Consti titu tuiç ição ão.. Numa Numa ling lingua uage gem m em emin inen ente teme ment ntee bíbl bíblic icaa e patr patrís ísti tica ca se re reco colh lhem em os re resu sult ltad ados os da dass investigações teológicas teológicas sobre a natureza da liturgia e se insiste em sua importância para a vida da Igreja. A segunda parte (14-20) está dedicada à necessidade. de promover a educação litúrgica e a participação ativa. A terceira parte, de uma importância capital, expõe já os princípios que devem regulamentar a reforma. Estabelecido o princípio fundamental, é o da dos sinais utilizados na liturgia (21),hierárquica se dão as normas gerais que (22-25), as transparência normas derivadas da índole da liturgia como ação e comunitária (26-32), as normas derivadas do caráter didático e pastoral da liturgia (3336) e, finalmente, as normas para adaptara liturgia à mentalidade e às tradições dos  povos (37-40). Acabadas as consideraçõe consideraçõess sobre a reforma litúrgica, em duas breves  partes se fala do fomento da vida litúrgica nas dioceses e na paróquia (41-42) e do fomento da ação pastoral litúrgica (43-46). Os demais capítulos da constituição descrevem os aspectos essenciais da liturgia, dando uma breve orientação doutrinal sobre os mesmos e os princípios que devem se observar I!° trabalho reformador. O capítulo segundo fala do “sacrossanto mistério da eucaristia”. E o núcleo de toda a liturgia, lugar que dá luz e calor às demais celebrações litúrgicas. O titulo não fala do “sacramento” da eucaristia nem do “sacrifício” da missa, mas, englobando numa só palavra carregada de ecos patrísticos suas diversas facetas, do “mistério” da eucaristia. Ocupa os números 47-58. No capítulo terceiro se incluem os demais sacramentos e sacramentais. Depois de umas considerações de tipo geral (5963), se trata do batismo (64-70), da confirmação (71), da penitência (72), da unção dos

 

30 enfermos (73-75), da ordem sagrada (76) e do matrimônio (77-78). Finalmente, nos números 79-82 se dão normas para a revisão de alguns sacramentos mais importantes. O capítulo quarto (83-101) contém a doutrina e os princípios de reforma do oficio divino. O quinto (102-111) se dedica ao ano litúrgico, e os dois últimos capítulos falam da música sagrada (112-121) arteaerevisão os objetos sagrados (122-130). O apêndice oferece uma declaração do Concilioe da sobre r evisão do calendário. As diretrizes diretrizes mais importa importantes ntes que a cons constituiç tituição ão Sacrosanctum Concilium  dá  para a reforma da liturgia estão em relação com as deficiências mais notáveis existentes na vida litúrgica dos cristãos: a desconexão com a Palavra de Deus e a perda do sentido comunitário. Por culpa destes fatores a religiosidade de muitos católicos tinha perdido contado com a fonte genuína, que é sempre a Palavra de Deus como expressão de sua vontade e de seu desígnio de salvação, e se havia refugiado num individualismo egocêntrico e de horizontes muito limitados. A Igreja deseja agora reformar a liturgia nesta dupla direção: abrir com maior abundância os tesouros da Palavra de Deus e destacar com mais intensidade e eficácia o aspecto comunitário das ações litúrgicas.

Itinerário da reforma litúrgica Uma vez vez publi ubliccada ada a const onstit ituuição ição Sacr Sacrosanc osanctum tum Concilium Concilium, o tr traaba balh lhoo reformado da liturgia que se leva a cabo segue com fidelidade as diretrizes deste importante documento conciliar. conciliar. No dia 29 de janeiro de 1964 o papa Paulo VI cria uma comiss com issão ão enc encarr arreg egada ada de por em prá prátic ticaa a, con consti stitui tuição ção co conci ncilia liar, r, o Con Consilium silium ad  exseque exse quenda ndam m Constit Constituti utione onem m de sacra sacra Litur Liturgia gia. E um or orga gani nism smoo co comp mpos osto to po por  r  cinqüenta cardeais e bispos e mais de duzentos especialistas de todo o mundo católico: seu presidente é o cardeal Giacono Lercado, arcebispo de Bolonha, e seu secretário o Pe. Annibale Bugnini, verdadeiro artífice da reforma. O primeiro fenômeno que se  produz é a inigualável invasão da língua do povo em todo o âmbito das celebrações litúrgicas, de tal modo que em 1971 é autorizado o uso integral dos idiomas próprios de cada país tanto na celebração do oficio divino como da missa e de todos os sacramentos. A introdução introdução da língua do povo suscita o desejo de um número maior de orações, já que as línguas vivas não suportam o fixismo de uma língua morta, como é o latim, e assim se chega inclusive a enriquecer a missa com três novas orações eucarísticas, rompendo a tradição multissecular da liturgia romana de usar um só texto (o Cânon). Em me meno noss de um ano, ano, se publ public icam am do dois is do docu cume ment ntos os de dest stin inad ados os a va varia riar  r   profundamente a celebração da missa: a instrução  Inter oecumenici (26 de setembro de 1964), que introduz as primeiras inovações tanto na maneira de celebrar a eucaristia como na disposição do lugar da celebração, e o ordo da concelebração e da comunhão sob duas espécies (7 de março de 1965), verdadeiras revoluções na tradição litúrgica ocidental. Em 1967 aparece uma instrução sobre a música sacra e outra sobre o mistério da eucaristia. Depois, no espaço de cinco anos, vão aparecendo os diversos livros litúrgicos reformados segundo as orientações do Concílio. Em 1968, depois das novas orações eucarísticas, vêm as ordenações de diácono, presbítero e bispo. Em 1969, aparecem Ordodas do matrimônio, o calendário, o Ordo Missae , o Ordo do batismo de crianças, ooOrdo leituras da missa e o das exéquias. Em 1970 são promulgados o Ordo da profissão religiosa, o Missal romano, os Ordines da consagração das virgens,

 

31 da bênção de um abade e de uma abadessa, da bênção dos óleos e da confecção do crisma. O novo livro da Liturgia das Horas (nome que toma agora o antigo Oficio divino) aparece diase2publicam de fevereiro de 1971, e no mesmo anoadultos, sai o Ordo da confirmação. Em no 1972 os Ordines da iniciação cristã de do canto da missa, da instituição de leitores e acólitos, da visita e unção dos enfermos. Em 1973 aparecem os ritos relativos ao culto da eucaristia fora da missa, e o Ordo da penitência. O da consagração de uma igreja e um altar sai em 1971. Em 1984 se publica o ritual das  bênçãos e o cerimonial dos bispos. O único livro que ainda está em processo de revisão é o Martirológio. Durante estes anos se publicam também uma série de documentos que ajudam a encaminhar a atividade litúrgica: o diretório para as missas com crianças (1973), a instrução sobre os ministros extraordinários da comunhão (1973), a instrução sobre a missa com grupos reduzidos (1969), etc. Como todo este trabalho de reforma significa às vezes mudanças importantes de tipo jurídico, o novo Código de Direito Canônico, publicado em 1983, os ratifica e os incorpora, com o risco, não obstante, de uma vez convertidos em leis, perderem seu espírito primigênio. Temos que levar em conta o enorme trabalho que os episcopados de todo o mundo fizeram na tradução e adaptação dos livros litúrgicos surgidos da reforma do Concilio Vaticano II. Dificilmente encontraríamos outra época da história da liturgia com tanta criatividade e com mudanças tão rápidas e profundas.

CONCLUSÃO: A LITURGIA DO AMANHÃ Chegados ao final do resgate histórico da evolução da liturgia, convém fazer um esforço de visão de futuro, não com a pretensão de vaticinar como serão as celebrações litúrgicas do século XXI, mas com a intenção de ver como devem ser Então nossas celebrações para que o núcleo essencial que veiculam - o “memorial” do Senhor - seja transm tra nsmiti itido do fie fielme lmente nte às ger geraç ações ões futura futuras. s. Dit Ditoo com outras outras pa palav lavras ras da própri própriaa constituiç cons tituição ão Sacrosanctum Concilium (n. 23): é necessário que nós cristãos de hoje saibamos “conservar a sã tradição” e, ao mesmo tempo, “abrir um caminho ao legítimo  progresso”.

Tradição e progresso da liturgia A evolução histórica dos ritos e dos textos litúrgicos foi dirigi da por duas grandes linhas de força: a tendência conservadora e a tendência progressista. Por um lado, a fidelidade à tradição obrigou a conservar intocáveis um certo número de ritos e fórmulas; por outro, a necessidade de adaptação introduziu mudanças, às vezes muito substanciais, nas celebrações litúrgicas. Tradição e progresso foram os dois polos de uma tensão dinâmica, que sempre se resolveu de uma maneira equilibrada. Vejamos as

 

32 características de cada uma das tendências.

a) Linha de conservação ou imutabilidade Ao longo da evolução histórica encontramos ritos que foram, pelo menos no núcleo essencial, idênticos a si mesmos. Temos que distinguir o rito em si e o sentido outorgado outor gado ao rito. Assim há ritos que foram tidos sempre sempre no mesmo mesmo sentido sentido (o banho banho  batismal, comer o pão e beber o vinho da eucaristia), e há outros que foram utilizados em sentidos diversos (a imposição das mãos, usada nos sacramentos de iniciação, da re reco conc ncil ilia iaçã çãoo e da orde ordena naçã ção) o).. De ac acor ordo do co com m is isto to,, há uma uma trí trípl plic icee fi fide deli lida dade de:: fi fide deli lida dade de ao rito rito e ao se sent ntid idoo ao mesm mesmoo te temp mpo; o; fi fide deli lida dade de ao se sent ntid idoo co com m independência independênc ia do rito; fi fidelidade delidade ao rito sem levar em conta o sentido. Encont Enco ntra ramo moss fide fideli lida dade de ao rito rito e ao se sent ntid idoo ao mesm mesmoo te temp mpoo na naqu quel eles es sacramentos dos quais consta com certeza a instituição por Cristo. Praticamente, se reduzem ao batismo e à eucaristia. Temos Temos que compreender a instituição por Cristo, não no sentido de que Jesus tivesse inventado uns ritos determinados, mas no sentido de que aoriginal. um ritoOra: já preexistente, lhe foi acrescentada Cristo umanova, significação novafoie a vinculação entre o rito concreto e por a significação nestes casos, considerada tão decisiva pela Igreja, que não se atreveu introduzir neles mudanças substanciais. Há fidelidade ao sentido com independência do rito em muitas cerimônias que a  própria Igreja estabeleceu estabeleceu,, de acordo com toda uma tradição que provém dos apóstolos e que, portanto, está também vinculada à vontade de Cristo. exceto o batismo e a eucaristia, observamos este fenômeno em todos os demais sacramentos. Assim se atribui o mesmo sentido fundamental ao sacramento da confirmação, tanto faz se considera como gesto essencial a unção ou a imposição das mãos; ou, no sacramento da ordem, tanto faz se considera essencial a entrega dos instrumentos ou se crê tratar-se de um rito acessório. Finalmente, há fidelidade ao rito sem levar em conta o sentido numa série de ritos menores que, introduzidos num momento determinado no conjunto do ritual da Igreja com uma significação precisa e conhecida, perdeu mais tarde esta significação sem que tenha des desapa aparec recido ido a prá prátic tica. a. Exe Exempl mplos: os: imposi imposiçã çãoo do sa sall no noss rit ritos os do catecumenato; o rito da commixtio na missa, etc. Temos que advertir que muitos destes ritos secundários são os que foram suprimidos ou modificados pela reforma litúrgica do Vaticano lI. É importante observar que o aspecto decisivo em todos os casos é a verdadeira conexão entre o gesto ritual e o sentido profundo deste gesto: esta é a realidade verdadeiramente imutável na liturgia, de tal maneira que quando desaparece o nexo entre rito e sentido, as ações litúrgicas caem no defeito do ritualismo mágico.

b) Linha do progresso ou mudança Apesar das fidelidades essenciais, na evolução histórica dos ritos litúrgicos

 

33 observamos também mudanças muito importantes. Assim, há casos em que se conserva imutável um núcleo essencial mas se acrescentam acrescentam ritos complementários que explicitam  – ou Então obscurece obscurecem m – o sentido dos ritos primigênios: é o caso do batismo e da eucaristia. Há outros casos em que as mudanças afetam o próprio núcleo essencial do rito, além ados acréscimos é o casohádemudanças muitos sacramentos, como, por  exemplo, penitência e ascomplementários: ordenações. Finalmente, devidas ao fato de que alguns alg uns ge gesto stos, s, de en entra trada da pur purame amente nte fun funcio ciona nais, is, foram foram adquir adquirind indoo a ca categ tegori oriaa de verdadeiros ritos, ao serem dotados de uma significação especial, geralmente de tipo alegórico: assim, o “lavabo” da missa, os sinais da cruz durante a oração eucarística, etc. As principais causas que influenciaram nas mudanças rituais foram estas: o ambiente cultural em que se desenvolveu a liturgia; a peculiar tradição religiosa de cada um dos povos que abraçaram o cristianismo; a mentalidade das diversas épocas: assim uma mentalidade mais alegorizante ampliou e complicou complicou os ritos e, por outro lado, outra mais racionalista reduziu e simplificou; o acento diferente sobre um ou outro dos aspectos doutrinais da fé, expressos na liturgia: assim, a introdução do rito da elevação da hóstia, e mais tarde, todo o conjunto ritual elaborado ao redor da devoção eucarística, se devem à importância concedida à doutrina da presença real de Cristo na eucaristia; algumas vezes também influenciou a comodidade, para não dizer a preguiça: assim, a supressão da comunhão com o cálice para os leigos. Podemos dizer que o princípio condutor das mudanças foi a necessidade de adaptação às comunidades comunidades concretas - uma preocupação pastoral, portanto - mesmo que esta adaptação tenha contribuído para melhorar como para piorar o sentido dos textos e dos ritos litúrgicos. Este princípio é o que, por exemplo, guiou a reforma litúrgica impulsionada pelo Concílio Vaticano Vaticano II: “Com esta reforma - diz o n. 21 da constituição sobre a liturgia -, o texto e as cerimônias devem ordenar-se de tal modo, que de fato exprimam mais claramente as coisas santas que eles significam e o povo cristão possa compre com preend endê-l ê-las as fac facilm ilmen ente, te, na medid medidaa do pos possív sível, el, e também também par partic ticipa iparr plena plena e ativamente da celebração comunitária”. Este é também o princípio que deve guiar a evolução futura dos ritos e fórmulas.

Papel decisivo da assembléia litúrgica O futuro da liturgia está, pois, em mãos da existência e da vitalidade das comunidades cristãs concretas, que têm na assembléia litúrgica o lugar de sua expressão mais típica e genuína. A importância da comunidade na celebração litúrgica foi sempre muito grande nas diversas etapas da evolução histórica, mas foi uma significação diversa segundo o contexto ambiental. Assim, no contexto da sociedade pagã, as assembléias dos cristãos assumem um aspecto de ruptura contra o ambiente e de intensa vinculação entre os membros da Igreja. Para um pagão, que observa de fora o fato cristão, este se apresenta sobretudo como um fenômeno de umas pessoas que celebram reuniões. As assembléias cristãs chamam atenção da antiguidade pagã,que queesta nãodispersa conheceemum que comporte reunião daa comunidade. A vida da Igreja umculto ambiente pagão, estáa estreitamente ligada à celebração das reuniões. Isso se vê muito bem nas descrições que

 

34 os Atos dos Apóstolos fazem da comunidade cristã primitiva e, sobretudo, na primeira carta de são Paulo aos Coríntios, na qual o apóstolo tenta resolver os diversos problemas da comunidade e suas reuniões: unidade, carismas, Ceia do Senhor. No meio de um mundo pagão, é na assembléia dos Irmãos que o cristão encontra visivelmente a Igreja, evêem só aíasa coisas encontra. E é na vida da assembléia litúrgica que inclusive os não-cristãos, que de fora, podem contemplar a vida da Igreja.  No contexto de cristandade, por outro lado, as coisas são de outra maneira. Quando a Igreja, pouco a pouco, se faz co-extensiva com a sociedade, Então o rosto da assembléia litúrgica começa a mudar profundamente. Se cada cidadão é também um  batizado, a assembléia dos batizados já não supõe uma distância em relação com a sociedade. O significado da participação na assembléia litúrgica é ao mesmo tempo religi rel igiosa osa e soc sociol iológi ógica. ca. Ent Então, ão, no int interi erior or da ass assemb embléi léiaa lit litúr úrgic gicaa se pro produ duzz um distan dis tancia ciamen mento to cad cadaa vez ma maior ior ent entre re os res respon ponsáv sáveis eis pela pela ex execu ecução ção dos rit ritos os (os clérigos) e a massa invertebrada dos assistentes passivos, situação que favorece o clericalismo e subtrai da assembléia litúrgica sua condição de reflexo fiel da vida da Igreja. Finalmente, no contexto do mundo secularizado, a assembléia litúrgica tem a oportunidade de recuperar seu verdadeiro sentido. Os membros da sociedade, sejam ou não batizados, sejam ou não crentes, se encontram num plano de igualdade no contexto da vida civil, profissional, política, econômica, etc. Os cristãos, ao contrário, se sentem comoo tais com tais pre precis cisam ament entee na as assem semblé bléia ia litúr litúrgic gica. a. Daí a import importân ância cia.. cresce crescente nte da  participação na celebração da liturgia como sinal eficaz de pertença à Igreja. I greja. No futuro imediato, cada vez terão mais importância as comunidades reais e concretas de cristãos  para a presença da Igreja no mundo e, portanto, uma das características básicas de sua vida litúrgica terá que ser a dimensão testemunhal e missionária. A liturgia do amanhã será, mais do que nunca, o meio imprescindível para que as comunidades cristãs “anunciem “anunciem a morte do Senhor até que ele venha” (1 Cor 11,26).

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