Apostila fraseologia musical - composição

June 26, 2019 | Author: Kevin Hart | Category: Teoria da Música, Elementos da Música, Musicologia, Composições Musicais, Formas Musicais
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APOSTILA - FRASEOLOGIA MUSICAL Antonio Celso Ribeiro A Frase Musical  Na acepção mais mais ampla da palavra, palavra, se denomina  frase o ciclo completo de uma idéia melódica integrado por ideias parciais que dão origem a formação de seções e subseções de categoria cada vez menor. A frase pode constituir por si mesma um tipo t ipo de composição. As frases  suspensivas representam uma porta aberta , permitindo a continuação. continuação. Neste tipo de frase é freqüente a mudança mudança do signo rítmico ou melódico para dar passo a uma nova idéia que constituirá o germe da frase seguinte. As frases conclusivas, ao contrário, representam r epresentam uma porta fechada, convidando pouco à continuação. Os Pequenos Tipos Formais 1. O pequeno tipo primário: corresponde a este tipo as composições breves constituídas por  uma  só frase. Trata-se, pois, da estrutura mais elementar e simples. Geralmente a brevidade da peça é compensada pelas repetições como no caso das canções folclóricas(Ciranda, cirandinha, por exemplo). Neste tipo de composição  Introdução e Coda são facultativos. Ex:

Cór

-

lo cor ta ré.

ta

meun

ra

mi

to

Cór ta meun ra mi to ver de,

ver

de;

de los á

ver

de

te

la mos del Rey.

2. O pequeno tipo binário: de tratar-se de um tipo  A-A¹, o  A¹ não pode ser a exata repetição do  primeiro, já que então resultaria um tipo primário. São, pois, indispensáveis indispensáveis modificações, ou ou no rítmo, ou na linha melódica, harmonia ou processo tonal. Esquema:  Exposição ou proposta A = tende a brevidade  Repetição ou resposta A¹ = tende a extensão. Nunca mais breve que

a exposição. Geralmente apresenta uma pequena coda (codeta). A tonalidade desta seção geralmente geralmente é um tom vizinho da 1ª parte. Ex: A

etc... A¹

etc...

Para o tipo A-B o esquema é o seguinte: 1ª parte ou seção:  A com final suspensivo ou conclusivo 2ª parte ou seção:  B no mesmo modo que  A ou diferente e com final conclusivo. A tonalidade desta seção geralmente é a dominante do tom principal. Ex:

2

A

En

el por tal de Be

lén

hay es tre lla, sol y

lu na. B

La Vir gen y San Jo



nid,

gad ya do rad al

pas to res lle

yel Ni ño que está enla

cu na.

Ni ño queha na ci do

Pas to res ve

ya.

3. O pequeno tipo ternário: apresenta asseguintes estruturas ->  A-B-A; A-A-B; A-B-B; A-B-C. A estrutura preferencal é A-B-A: ternária reexpositiva que é, na verdade, a mesma estrutura do  Lied. Esquema: 1ª parte: Exposição de A (idéia principal), com final  suspensivo ou conclusivo, tanto faz. 2ª parte: B (episódio), constituido com elementos próprios ou derivados de  A. 3ª parte: Reexposição de A, com final conclusivo, seja ou não o mesmo da 1ª parte. Exemplo: repetição textual integral (geminatio)

A

A¹ repetição textual parcial (reduplicatio)

B

Tipos rítmicos determinados pelo começo ou pelo final das idéias melódicas: segundo a sua posição em relação ao ictus, a frase, o período, etc., o rítmo pode ser: a) Tético, quando seu ataque coincide com o ictus inicial. b) Anacrústico, quando seu ataque é anterior ao ictus inicial. c) Acéfalo, se seu ataque for imediatamente após o ictus inicial. d) Masculino, se sua terminação coincide com o ictus final. e) Feminino, se sua terminação ocorre depois do ictus final, seja uma ou mais notas que o sucede. O final feminino mais característico que existe é o que apresenta uma apogiatura no momento do ictus. Exemplos: 1

3

2

tético

masculino

anacrústico

 feminino

acéfalo

 feminino

3 Unidade e variedade rítmica na construção da frase: para facilitar a análise esquemática dos diversos componentes de uma frase, é costume representá-los por meio de letras minúsculas e em itálico. O primeiro componente se designa com a letra a; o segundo, com a mesma letra se se repetir a fórmula rítmica, ou com a letra b caso contrário e assim por diante. É preciso ter em conta que a simples conversão de um final masculino em feminino ou vice versa não se considera suficiente para uma mudança de letra. Exemplos de diversos tipos rítmicos de período:

A

A 1. a

a

a

a

A

A 2. a

b

a

b

B

A 3. a

b

a

c

B

A 3. a

b

c



Fórmulas melódicas suspensivas e conclusivas: o caráter de uma frase, período, etc., é determinado  por seu final, que pode ser suspensivo (interrogativo) ou conclusivo (afirmativo). Mas, ao passo que algumas fórmulas determinam tal caráter por si próprias, outras já não são assim e necessitam ser  comparadas. Temos então a seguinte classificação: a) Fórmula melódica suspensiva ou interrogativa: é a que não dá sensação de final absoluto, senão um descanso (relaxamento) provisório que necessita de continuação. No caso, a que termina com uma nota que não pertence ao acorde de tônica. b) Fórmula melódica conclusiva ou afirmativa: é aquela que dá sensação de final absoluto, o que não significa que deva forçosamente sê-la. No caso, a que termina com a tônica e rítmo masculino. Ao dizer tônica nos referimos a que corresponde ao tom principal, excluindo qualquer outra resultante de uma modulação, pois ao abandonar aquela representa já um efeito de suspensão. c) Fórmula melódica incorreta: é a que resulta um efeito suspensivo se se compara com outra de efeito conclusivo, e vice-versa. No caso, a que termina com a tônica e rítmo feminino ou então com uma das outras notas do acorde de tônica.

4 Esquema harmônico das estruturas binárias: 1. Tom principal e modulação de afastamento || Retorno ao tom principal 2. Tom principal exclusivamente || modulação de afastamento e retorno imediato ao tom principal Esquema harmônico das estruturas ternárias: 1. Tom principal e modulação de afastamento || digressão ou continuação até outro tom, com princípio de retorno ou sem tal princípio || tom principal 2. Tom principal exclusivamente || modulação de afastamento, com princípio de retorno ou sem tal  princípio || tom principal Exemplos destas estruturas são abundantes nas Sonatas para Piano de Beethoven. Estas estruturas acima não esgotam todas as possibilidades mas são as principais. A frase de dois períodos: Cosntitui o tipo mais breve de frase binária. Sua estrutura, agora um pouco mais detalhada se dá da seguinte forma: 1. A, suspensivo ||  A, conclusivo 2. A, conclusivo || A, conclusivo 3. A, suspensivo ||  B, conclusivo 4. A, conclusivo ||  B, conclusivo Exemplos de cada tipo, com períodos binários: 1º período: A, suspensivo

2º período: A, conclusivo

1º período: A, conclusivo

2º período: A, conclusivo

1.

2.

1º período: A, suspensivo

2º período: B, conclusivo

3.

1º período: A, conclusivo 4.

2º período: B, conclusivo

5 A frase de três períodos: constitui o tipo mais breve da forma ternária. Os seguintes esquemas são  possíveis: 1. suspensivo-suspensivo-conclusivo 2. conclusivo-suspensivo-conclusivo 3. suspensivo-conclusivo-conclusivo 4. conclusivo-conclusivo-conclusivo  No tipo 3, o último período toma o caráter de uma coda. O tipo 4 é mais raro. Exemplo do tipo 1: 1º período: A, suspensivo

3º período: A, conclusivo

2º periodo: A, suspensivo

A estrutura A-A-A no exemplo acima se refere ao aspecto rítmico. Neste sentido, são possíveis as seguintes estruturas: A-A-A; A-A-B; A-B-A; A-B-B e A-B-C. Como já mencionado anteriormente, nos tipos A-A-A e A-B-A quando o 3º período for reexpositivo, se forma a chamada frase  Lied ternária. A frase de quatro períodos: é, regularmente, uma estrutura binária na qual cada parte está constituida  por um grupo de dois períodos:  Frase 1º grupo de períodos 1º período

2º grupo de períodos 2º período

3º período

4º período

Quando o 3º período é conclusivo, o 4º toma o caráter de uma coda. As frases de cinco períodos geralmente são frases quaternárias conclusivas onde o 5º período funciona como coda. Apesar de  pouco ocorrentes as frases de seis períodos são assim distribuidas: Estrutura binária: dois grupos de três períodos cada. Estrutura ternária: três grupos de dois períodos cada. Simetrias: A frase é simétrica ou regular quando cada um de seus períodos estão constituidos pelo mesmo número de compassos, e os subperíodos estejam nestas mesmas condições. Em todos os demais casos, frases, períodos e subperíodos são assimétricos e irregulares. Exemplo de estrutura irregular: A frase é simétrica mas os períodos são assimétricos.

6 Considerações sobre a frase assimétrica: a assimetria somente é defeituosa se resultar em uma frase cocha, ou seja, quando sem motivo sobrar ou faltar um compasso. Por outro lado, a assimetria intencional faz a obra fugir da monotonia, o que vai ocorrer principalmente nas obras a partir do período  pré-clássico. Os principais meios de que o compositor se dispõe para provocar a assimetria, quando a deseja, são: a) Dupla função por elipse b) Contração rítmica c) Dilatação rítmica d) Eco e) Amplificações

Dupla função por elipse: o ictus inicial de uma frase ou período, etc., coincide com o ictus final precedente, desaparecendo a separação normal entre ambos, fazendo com que o conjunto tenha um compasso a menos. A dupla função por elipse é muito frequente. Exemplo: começo

 final 

etc...  final 

começo

em lugar de:

etc...

Contração rítmica: o rítmo de um grupo de notas se contrai por redução de seus valores, com o qual dois compassos, dois tempos etc. se fundem em um. Exemplo:  frase normal 

 frase com contração

contração

 frase normal 

contração

7 Dilatação rítmica: é o oposto da contração rítmica. Exemplo:

 frase normal 

 frase com dilatação

dilatação

Eco: repetição imediata de um grupo de notas, de forma que se imite o fenômeno acústico. Somente causa assimetria quando aumenta o número de compassos. Exemplos: eco

eco

eco

eco

eco

Amplificações:o conteúdo de um período ou subperíodo é amplificado - com frequência por meio de modulações, repetições ou progressões - para aumentar sua expressividade. A assimetria por amplificação é muito frequente, principalmente na reexposição de frases e o procedimento é muito variado. Ex: 1º período

3º período

2º período

4º período

continuação do 4º período

amplificação semelhante a um parêntesis



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