Apostila de Literatura Sapiencial e Salmos

February 26, 2019 | Author: Pe. João Manoel | Category: Book Of Job, Book Of Proverbs
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Literatura Sapiencial e Salmos...

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 – LITERATURA SAPIENCIAL SAPIENCIAL E SALMOS CURSO DE TEOLOGIA MODULAR  – LITERATURA LITERATURA SAPIENCIAL SAPIENCIAL E SALMOS 1 INTRODUÇÃO À LITERATURA SAPIENCIAL 1.1 Panorama Geral: definições e delimitações 1.2 A literatura sapiencial do Antigo Oriente 1.3 A sabedoria em Israel 1.4 A personificação da Sabedoria 2 LIVROS SAPIENCIAIS 2.1 O livro de Jó: J ó: formação do texto, gênero literário e estrutura da obra; autor e data de composição; visão dos diferentes personagens; personagens; alcance teológico. 1. Autoria, datação, gênero literário 2. Teologia 3. A história de Jó 4. O grito de Jó e de sua mulher 5. Jó 1-2 e 42, 7-17: a pessoa manipulada por por Deus o Satanás 6. O sofrimento e a dor na literatura l iteratura sapiencial 7. A Sabedoria: sofrimento, morte e a Teologia da Retribuição 2.2 O livro dos Provérbios: formação do texto e seu contexto histórico-social; aspectos literários e unidade da obra; princípios de conduta e alcance teológico. 1. Datação, autoria, divisão, conteúdo e propósito 2. Análise de Pr 1,8-9; 13,7; 14,26; 30, 18-19; Pr 29

3. Estudo comparado entre Pr, Eclo e Jó: cristologia 4. O ideal de vida apresentado pelo livro dos Provérbios 5. Pobre: aflição, sofrimento e proteção nos conselhos sapienciais 6. Provérbios e conselheiros hoje 2.3 O livro do Eclesiástico: formação do texto e seu contexto histórico-social; aspectos literários e unidade da obra; princípios de conduta e alcance teológico. 1- Autoria, divisão e datação 2- Elogio aos antepassados de Israel 3- A rejeição da mulher 4- A arte de comer e jejuar com Sabedoria

5- Estudo comparado entre Pr e Eclesiástico: temas e textos 2.4 O livro da Sabedoria: formação do texto e seu contexto histórico-social; aspectos literários e unidade da obra; princípios de conduta e alcance teológico. DIOCESE DE FORMOSA - Prof. Pe. João Manoel Lopes

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 – LITERATURA SAPIENCIAL E SALMOS CURSO DE TEOLOGIA MODULAR  – LITERATURA 1. Autoria e influências recebidas 2. Destinatários e divisão 3. A sabedoria no livro da Sabedoria 4. O livro e o helenismo 5. A teologia do livro da Sabedoria 6. Relação justo e injusto

7. Estudo comparado entre Eclo e Sab: história XI –  XI –  Limitações,  Limitações, desafios e atualidade da Sabedoria 1. A sabedoria e seus desafios 2. Atualidade da Sabedoria 3. Atividade extraclasse: debate sobre o livro Caminho não muito suave.  Cartilha de literatura sapiencial bíblica 2.5 O livro do Eclesiastes: formação do texto e seu contexto histórico-social; aspectos literários e unidade da obra; princípios de conduta e alcance teológico. 1. Datação, divisão, estilo e autoria 2. Leitura e interpretação do livro 3. A morte como sentido de vida 4. Economia, trabalho e felicidade 5. O idoso e a sabedoria 2.6 O Cântico dos Cânticos: formação do texto e contexto histórico-social; aspectos literários e unidade da obra; princípios de conduta e alcance teológico. 1- Datação e autoria 2- Pluralidade de leituras 3- Leitura e interpretação do livro 4- Gênero literário wasf: a amada e o amado 3 CHAVES DE LEITURA 3.1 O sábio 3.2 A sabedoria 3.3 A retribuição 3.4 A educação educação 3.5 A morte 3.6 A vida após a morte 4 OS LIVROS POÉTICOS

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 – LITERATURA SAPIENCIAL E SALMOS CURSO DE TEOLOGIA MODULAR  – LITERATURA 4.1 Os Salmos (elementos literários gerais, estrutura da coleção dos salmos, relação com o conteúdo, mensagem teológica) 1. Definição, divisão, numeração e títulos 2. Gêneros literários dos Salmos 3. Paralelismos, recursos sonoros e literários 4. Teologia e imprecações nos Salmos 5. Análise crítica-literária dos Salmos1; 8; 137; 102; 72; etc 6. O corpo nos Salmos 7. Jesus e os Salmos 4.2 O Cântico dos Cânticos (análise literária e releitura religiosa) 5 NARRATIVA DIDÁTICA (gênero literário, protagonistas femininas, imagem dos  judeus e do Judaísmo) 5.1 Esther 5.2 Judite 5.3 Rute 5.4 Tobias CONCLUSÃO BIBLIOGRAFIA

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 – LITERATURA SAPIENCIAL E SALMOS CURSO DE TEOLOGIA MODULAR  – LITERATURA LITERATURA SAPIENCIAL SAPIENCIAL E SALMOS 1 INTRODUÇÃO À LITERATURA SAPIENCIAL Os livros sapienciais  mostram que a experiência comum do povo  também é lugar da manifestação de Deus e da revelação do seu projeto : Deus fala através da experiência do povo. Estes livros trazem o convite para também hoje darmos atenção a nossa vida cotidiana, a fim de aprendermos a articular nossa experiência da vida e da história. São chamados Sapienciais  porque nasceram no ambiente da Sabedoria. São seis os livros: Jó, Provérbios, Eclesiastes ou Qohelet, Cântico dos Cânticos, Sabedoria e Eclesiástico ou Sirácida. A estes livros acrescenta-se o livro dos Salmos. Sabedoria e Eclesiástico  foram escritos em grego  e não constam na Bíblia Hebraica. Por isso eles não aparecem na Bíblia dos protestantes , pois estes adotam os livros da Bíblia Hebraica. Estes livros estão entre os chamados deuterocanônicos. A Sabedoria segue uma lógica diferente da do historiador, do profeta ou do escriba. A História, a profecia e a Lei de Israel não querem mistura com a religião de outros povos. Querem as fronteiras bem definidas. Não é assim nos Sapienciais. As fronteiras parecem desaparecer. Há muitos trechos e até um livro inteiro (Cântico dos Cânticos) que não falam de Deus; só falam de coisas da vida . Às vezes não se sabe se o texto é de um israelita ou de um estrangeiro. A sabedoria do Povo de Deus , no começo, parece não ter tido nenhuma preocupação com a fé, mas recolhia tudo o que pudesse servir a vida . Aos poucos, porém, aprofundando as suas próprias raízes, descobre na sabedoria humana o reflexo da sabedoria de Deus.   Esta Sabedoria Divina, presente em tudo desde a criação do mundo, começa a ser critério para descobrir os sinais de Deus na vida e na história. É muito difícil encontrar as caraterísticas desses livros. Na tradução Grega (Setenta), eles são chamados livros Poéticos . Na tradição Latina (Vulgata), são chamados livros Didáticos . Mas a Bíblia Hebraica os chama simplesmente de Escritos. Esses livros apresentam a sabedoria e a espiritualidade de Israel. Em Israel, a sabedoria não é a cultura conseguida graças à acumulação de conhecimentos, mas o bom senso e o discernimento das situações, adquiridos através da meditação e reflexão sobre a experiência experiência concreta da vida . Trata-se de algo que se aprende na prática e que leva à arte de viver bem. Assim, nos livros sapienciais encontramos reflexões que brotam dos muitos problemas que  povoam o dia-a-dia dia-a-dia da vida de qualquer pessoa pessoa que busca busca o caminho da realização e felicidade. felicidade. A sabedoria de cunho mais popular, que encontramos no Livro dos Provérbios e no Eclesiástico apresenta-se na forma de uma coleção de frases curtas , sentenças que ajudam a compreender e a encontrar uma saída nas diversas situações enfrentadas pelo homem comum. Já os Livros de Jó, Eclesiastes e Sabedoria são estudos sobre problemas mais profundos e globais, como o sentido da vida, a morte, a justiça, a vida social, o mal, a natureza da sabedoria, etc . O Cântico dos Cânticos trata da experiência mais fundamental da vida: o amor humano, símbolo do amor de Deus para com o seu povo. A espiritualidade de Israel  é apresentada no livro dos Salmos , numa coleção de 150 orações que refletem as mais diversas situações da vida do indivíduo e do povo. São verdadeiros ensinamentos, ensinamentos, para aprendermos a fazer a nossa oração. A literatura Sapiencial aparece de várias formas: Provérbios  –   tipo mais simples, normalmente um par de versos (Prov.); Parábola  –  uma  uma comparação; longos poemas e hinos (Jó 27,1; 29,1). Enigma ou adivinhas , utilizando perguntas (Prov. 23,29ss; Ecl. 10,19; 22,14) Diálogos (Jó), Fábulas e alegorias  (Prov. 5,15-23; Ecl. 12,1-6). O processo de formação desta literatura também é lento e gradual , a antiga tradição  judaica a remete a Salomão é o rei sábio por excelência, o mais sábio de todos (Provérbios, Coelet, Sabedoria, Cânt. Dos Cânticos) e a Davi (Salmos). DIOCESE DE FORMOSA - Prof. Pe. João Manoel Lopes

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 – LITERATURA SAPIENCIAL E SALMOS CURSO DE TEOLOGIA MODULAR  – LITERATURA Para os Judeus, a verdadeira sabedoria humana tem uma fonte divina ; Deus pode comunicar e comunica a sabedoria a quem lhe apraz. Eis porque os escritores Sapienciais se comprazem em contemplar a divina sabedoria: sabem que a deles emanou dela. A origem do pensamento sapiencial em Israel  é tradicionalmente relacionada com a figura de Salomão  (1Rs 3,4-15; 5,9-14), que se tornou protótipo de todos os Sábios. Ele organizou a sua corte em conformidade com o modelo das cortes de outros países mais evoluídos, especialmente especialmen te o Egito; promoveu intensas relações políticas e comerciais com os povos vizinhos. Ora isso exigia uma preparação adequada dos funcionários de Israel, tanto a nível central como local, em escolas apropriadas de caráter sapiencial, também à semelhança do que já existia junto de outros povos. Foi Salomão que protagonizou toda essa dinâmica em Israel. Por isso, não é de admirar o fato de lhe terem sido atribuídas obras do gênero sapiencial muito recentes, que, efetivamente, nada têm a ver com ele. Era o costume antigo da psudoepigrafia, que se verifica em muitos casos da Bíblia.  Na investigação e procura da sabedoria, sabedoria, Israel não foi totalmente original. Este pequeno  povo soube assimilar a sabedoria dos povos vizinhos, sobretudo o Egito e a Mesopotâmia , e adaptá-la segundo a perspectiva da sua própria experiência religiosa. 1.1 Panorama Geral: definições e delimitações Em Israel, sabedoria não é cultura conseguida com acúmulo de conhecimentos , mas o bom senso e o discernimento das situações, adquiridos através da meditação e reflexão sobre a vida. É um livro que cultiva a Sabedoria, que para os Judeus eram um conjunto de normas que guiavam a vida pratica e moral dos jovens e adultos. Todo o povo tem a sua Sabedoria. Surge do temor do Senhor e procura agradar a Deus.  É um dom concedido por Deus. Chegando até a personificar a Sabedoria. Cristo, diz S. Paulo, é a Sabedoria de Deus. Nem todos estes livros têm t êm um caráter especificamente sapiencial . Dentre os salmos, apenas os salmos 1, 32, 34, 37, 49, 111-112, 128, 129 e 133 poderiam ser considerados sapienciais. O livro dos Cânticos, embora seja uma coleção de cantigas de amor, foi preservado e incluído na Bíblia Hebraica graças aos sábios judeus que reconheceram sua importância para uma maneira sábia de viver. Possuem um cunho sapiencial também outros textos da Bíblia, como Tb 4,3-21; 12,6-13 (conselhos), bem como o poema sobre a sabedoria em Br 3,9 – 4,4 4,4 e a “história de José do Egito ” (Gn 37 – 50). 50). Os autores, porém, divergem sobre que livros incluir na “literatura sapiencial” sapiencial ”.  Neste sentido sentido há várias propostas propostas diferentes sobre os livros que podem ser ser incluídos na literatura sapiencial: 1) Provérbios, Jó, Eclesiastes, Eclesiástico, Sabedoria, Salmos Cântico dos Cânticos, Lamentações, Lamentações, Rute e Tobias; 2) Da lista anterior se excluem os Salmos; 3) Suprimem-se Salmos e Lamentações; Lamentações; 4) Elimina-se também Rute e Tobias; 5) Elimina-se também Cânticos; 6) Alguns eliminam até Jó da lista! sapienciais”: Provérbios, Jó, Em geral são aceitos pelos especialistas como “sapienciais” Eclesiastes, Eclesiástico e Sabedoria. 1.2 A literatura sapiencial do Antigo Oriente Devido à semelhança existente entre a sabedoria egípcia e a mais antiga sabedoria israelita, os autores acham que também está provém dos ambientes palacianos . E, de fato, o AT reconhece que a sabedoria é uma caraterística dos vizinhos de Israel , ao comparar a sabedoria de Salomão com a do Egito e da Arábia. Notórios são os paralelos entre Pr 22,17 –  DIOCESE DE FORMOSA - Prof. Pe. João Manoel Lopes

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 – LITERATURA SAPIENCIAL E SALMOS CURSO DE TEOLOGIA MODULAR  – LITERATURA 24,22 e os ensinamentos do egípcio Amenemope (1100 a.C), ou a citação dos sábios vizinhos Lemuel e Agur (Pr 30 – 31). 31). Também em Israel a sabedoria tem um caráter internacional , pois dela estão ausentes os temas especificamente israelitas : culto, aliança, história da salvação (veja, porém, Sb 10 – 19 19 e Eclo 44 – 50). 50). Contudo, estudos recentes chamam atenção ao perigo de se exagerar a teoria que considera a sabedoria como privilégio dos ambientes “clericais” clericais”, dos escribas e governantes das cortes reais. Não devemos esquecer que o tão falado “ paralelismo de membros” da poesia hebraica é próprio da tradição oral, portanto  popular , não só dos povos orientais, mas de todos os povos. Portanto, ao lado da sabedoria palaciana florescia a sabedoria popular , nascida da experiência experiênci a e do senso de observação (por ex. “água mole em pedra dura tanto bate até que fura ”). Assim Davi, perseguido por Saul, exclama: “O mal vem do malvado ” (1Sm 24,14). Jeremias e Ezequiel (Jr 31,29; Ez 18,2) colheram um provérbio corrente na boca do povo, que sintetiza a doutrina da responsabilidade coletiva: “os pais comeram uvas amargas, e os dentes dos filhos ficaram embotados ” (cf. Ez 36,13 e Is 10,15). A sabedoria popular poderia ter como seu habitar a  família/clã (cf. Pr 4,3s), a roça (vida agrícola e pastoril), a cidade (especialmente o  portão, lugar em que se julgavam as questões). Além disso, é claro, o  palácio/corte e o templo/santuário eram locais em que se cultivava a sabedoria, elaborando-a elaborando-a literariamente, mesmo a sabedoria de origem popular. Pode-se dizer que o povo da roça tinha maior afinidade com sentenças ou ditados , e os membros da corte  preferiam as “instruções”. Embora os paralelos extra bíblicos da literatura sapiencial sejam valiosos para entendermos o desenvolvimento da literatura sapiencial bíblica , são de pouca importância  para a compreensão compreensão de sua mensagem religiosa. religiosa. Com efeito, os livros sapienciais do AT foram em grande parte escritos   após o exílio quando já não havia rei, nem corte, e o  conceito de sabedoria adquiria um caráter estritamente religioso  (Pr 1 – 9, 9, especialmente 1,7; 2,6; 3,5s). O papel de Salomão na sabedoria  foi tão acentuado que as tradições judaicas e cristãs chegaram a lhe atribuir a maior parte dos livros sapienciais . Na prática apenas Pr 10 – 22 22 e 25 – 29 29 podem ser pré-exílicos. Mas nem destes provérbios temos certeza de que tenham sido compostos por Salomão, apesar de algumas vezes lhe serem expressamente atribuídos (Pr 1,1; 10,1; 25,1), pois os sábios gostavam de atribuir suas obras a grandes homens . Uma vez que Salomão foi considerado o tipo do homem sábio, não foi difícil atribuir-lhe a autoria dos livros sapienciais. Em 1Rs 5,9-14 temos a justificativa para se atribuir a Salomão os livros li vros sapienciais: Deus “deu-lhe uma sabedoria tão grande que ultrapassava a sabedoria dos orientais e a do Egito ”. Reconhece-se assim que a sabedoria era um tema de caráter internacional. No Egito os ensinamentos visavam preparar os oficiais da corte, que deviam adquirir certos conhecimentos, habilidades, moralidade, etc., a fim de bem exercer sua tarefa, integrando-se harmoniosamente no princípio da ordem estabelecida ( Maat ). ). Israel , que copiou o sistema monárquico dos povos vizinhos (1Sm 8,5.20), especialmente especialmente do Egito (cf. 1Rs 4,4-6; 3,1), imitou também os conselhos sapienciais do Egito destinados à corte  (Pr 16; 25). Mais tarde, Isaías critica os sábios da corte, cuja “sabedoria perecerá ” (Is 29,14), e Jeremias J eremias os caracteriza como inimigos da palavra de Deus anunciada pelos profetas (Jr 8,8s; cf. 18,18; 9,22). 1.3 A sabedoria em Israel

sabedoria” um conhecimento Como todas as outras nações, Israel entendia por “sabedoria” experimental é,  prát  prátii co das leis leis da da vida e do mund undo, ba basea seado na expe xperi ênci nci a. O conhecimento experimental aliás, um dado antropológico. Desde os primeiros anos de nossa vida herdamos um vastíssimo cabedal de conhecimentos experimentais. A partir do momento em que começamos a ter consciência consciência de nós mesmos, iniciamos a nossa experiência pessoal, e somos capazes de situá-la dentro da compreensão que temos de nós e do mundo que nos rodeia. A herança de DIOCESE DE FORMOSA - Prof. Pe. João Manoel Lopes

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 – LITERATURA SAPIENCIAL E SALMOS CURSO DE TEOLOGIA MODULAR  – LITERATURA conhecimentos conhecimentos experimentais, vivida e acrescida de novas experiências pessoais, vai formando uma “sabedoria experimental ”. Esta sabedoria nasce, portanto, de um prolongado contato do homem com a realidade que o cerca, contato que se dá pela repetição das experiências e em vários níveis: com a natureza, com a sociedade, consigo mesmo, com Deus . As respostas que a pessoa vai dando ao longo deste processo, constituem uma tentativa de compreender e controlar a realidade. Nesta tentativa ele chega a formular certos princípios que têm valor de “lei geral”, mas sem conseguir reduzir a variedade desta experiência a um princípio de ordem geral. A sabedoria empírica  parte da pressuposição irrefutável de que há uma ordem por trás das coisas e dos acontecimentos , mas que essa ordem deve ser descoberta nos próprios acontecimentos, acontecimentos, com grande paciência e à custa de experiências dolorosas. Em Israel os sábios eram os conselheiros da corte   (2Sm 15,30-37; 16,23 – 17,23; 17,23; Pr 20,18; 24,6) que eram tidos em alta estima. A função do conselheiro do rei exigia uma longa  preparação, uma prudência no falar, habilidade oratória para exercer funções de embaixador, elementos acentuados repetidas vezes nos livros didáticos (Eclo 34,11s; 39,4). Além dos conselheiros mencionam-se  sábios dedicados ao conhecimento do tempo   (Est 1,13), ou que interpretavam sonhos (Dn 1,17; 2,28; José do Egito: Gn 41,14s). O livro da Sb 7,18-20 chega a enumerar vários ramos da ciência natural, então ensinados: astronomia, zoologia, demonologia,  psicologia, botânica botânica e farmacologia. farmacologia. Se examinarmos quais as pessoas que são habitualmente qualificadas como sábias, veremos que se trata em geral do rei ou de seus mais altos conselheiros (Is 19,11; 10,13; Ez 28,3; Gn 41,33; Is 30,4: Jr J r 50,35; 51,57). Raras vezes o adjetivo “sábio” é substantivado para designar uma profissão (Jr 18,18; 50,35). 1.4 Personificação da Sabedoria  Na fase do desenvolvimento sapiencial anterior ao Exílio, a sabedoria parece limitar-se l imitar-se ao âmbito da experiência histórica e religiosa de Israel. Mas, depois do Exílio  verifica-se uma evolução substancial: a partir daí a  sabedoria tende a ser considerada como uma realidade autónoma, distinta de Deus e do homem . Quer dizer: começa a surgir um processo da  personificação da sabedoria. Para além de uma sabedoria proverbial, que regula com sucesso a vida do homem, os sábios começam a desvendar e a admirar uma sabedoria observável a partir da ordem, harmonia e movimento do Universo. É o que o livro do Génesis no capítulo 1 apresenta em linguagem catequética, e os Salmos Sl 8,19 e Sl 104 apresentam em forma de oração. O próprio livro do Deuteronômio fala de “leis tão sábias ” dadas a Israel que provocam a admiração dos outros povos vizinhos (Dt 4,5-8). Ben Sira chega mesmo a identificar a sabedoria com a lei do Altíssimo  (Sir 24,22-23) e diz que a sabedoria estabelece a sua morada em Israel sob a forma de lei (Sir 24,8). Também o livro dos Provérbios fala da sabedoria  presidindo à obra da criação (Pr 8,25-36). Trata-se sempre da mesma sabedoria que leva o homem ao encontro com o universo de Deus e ao encontro com o Deus do Universo. A apresentação da sabedoria como um ser distinto de Deus e do homem, que age por si, ou seja, como uma pessoa mais do que qualquer outra coisa ou aspectos, quer sobretudo realçar a preciosidade e autenticidade dessa mesma sabedoria. Temos aqui algo que ultrapassará os limites da simples personificação literária, mas que ainda não chega verdadeiramente ao conceito de “hipóstases”, guardando o seu mistério, que o Novo Testamento virá, em parte, desvendar.  No prólogo dos Provérbios, vemos a sabedoria a convidar para a sua mesa (Pr 9,1-6); a ameaçar quem a rejeita, porque a vida ou a morte do homem depende da sua capacidade de acolher ou de rejeitar a sabedoria  (Pr 8,25-36). Ela pertence à esfera de Deus: só Ele a possui verdadeiramente verdadeiram ente e pode enviá-la como companheira e amiga do homem . É por isso que Ben Sira e o autor do livro da Sabedoria se dirigem a Deus em atitude de oração, pedindo o dom da sabedoria (Sb 8,21; Sir 39,5-6). DIOCESE DE FORMOSA - Prof. Pe. João Manoel Lopes

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 – LITERATURA SAPIENCIAL E SALMOS CURSO DE TEOLOGIA MODULAR  – LITERATURA  No Novo Testamento, Jesus, Ele próprio, é a sabedoria de Deus  (cf. 1 Cor 1,24.30),  pois o povo admirava-se de sua sabedoria e de como ensinava com autoridade. Ele podia dizer de si mesmo: “A Rainha do Sul veio dos confins da terra para ouvir a sabedoria de Salomão, mas aqui está quem é mais do que Salomão ” (Mt 12,42). A sabedoria pessoal de Deus se revela em Jesus Cristo que saiu do Pai para habitar entre os homens e conquistar-lhes a salvação. Nele toda a sabedoria dos sábios encontra o seu termo e seu verdadeiro significado. 2 OS LIVROS SAPIENCIAIS Os livros resultantes da compilação dos antigos provérbios e das novas reflexões sapienciais recebem o nome de Sapienciais porque ensinam a sabedoria como arte de viver . Ao analisar o conjunto dos Livros Sapienciais do AT, verifica-se uma diferença formal, que acabará por conduzir a uma particularização no próprio conteúdo. Trata-se da distinção entre a sabedoria proverbial e a tratadística ou intelectual . A primeira exprime, em frases  breves, verdades universais ou condicionadas por determinadas situações. Geralmente são máximas compostas de um só versículo em duas partes ou dísticos (existem, por vezes, unidades maiores) e encontram-se mais nos livros dos Provérbios, de Ben Sira e em parte do Eclesiastes e da Sabedoria. O seu objetivo é oferecer observações sobre a vida concreta . Seguindo tais instruções, o homem adapta-se à ordem social, que é o reflexo da ordem cósmica. Esta forma de sabedoria não se ocupa das coisas últimas da existência humana, mas assume o pragmatismo e a crítica face à sociedade em que se desenvolve. A sociedade é considerada como um fato consumado que o sábio não pretende mudar, mas apenas adaptar-se a ela, descobrindo as suas regras do jogo. É uma atitude que difere profundamente da posição assumida pelos profetas da época anterior anterior ao Exílio; mas não se trata de uma atitude alheia à fé. Diferente é o conteúdo da sabedoria tratadística , que, por vezes, como em Jó, assume a forma de diálogo, ou a de um monólogo-confissão , como no Eclesiastes. Ocupa-se essencialmente essencialmente de problemas fundamentais da existência humana . E a solução que ambos propõem submeter-se aos planos de Deus é tipicamente israelita, mesmo se desligada de qualquer enquadramento histórico. Assim, vemos semelhanças entre Provérbios e Ben Sira. Também Jó e Eclesiastes se assemelham no seu temperamento inconformista. A Sabedoria, por seu lado, é uma espécie de enclave tardio, do âmbito cultural grego. O mundo que o sábio procura conhecer é o mesmo que foi criado por Deus : um mundo que não é fundamentalmente hostil, porque foi criado bom desde o princípio (Gn 1); um mundo que se submete a Deus e do qual o próprio homem é constituído senhor (Gn 1,3-31). A principal preocupação preocupação dos Sábios é o destino pessoal dos indivíduos . Daí a importância dada ao problema da retribuição. Mas os Sábios, que tanto apelam à experiência, têm que enfrentar situações de contradição na própria esfera da experiência. É o confronto dramático entre Jó  e os seus amigos , com estes a defenderem a tese tradicional de que a justiça ou sabedoria leva automaticamente à felicidade, ao passo que a injustiça conduz à ruína. Perante o problema do  justo infeliz, não há resposta que satisfaça a compreensão humana. Contudo, o livro sugere que, apesar de tudo, é preciso aderir a Deus pela fé. Também o livro do Eclesiastes, embora com uma perspectiva diferente de Jó , realça a insuficiência das respostas tradicionais ao problema do justo infeliz , dentro da perspectiva terrena; mas não admite que a felicidade possa ser exigida como algo devido necessariamente ao homem, pois não se pode pedir contas a Deus. Ben Sira assume plenamente a doutrina tradicional t radicional dos Provérbios e exalta a felicidade do sábio (Sir 14,20-15,10); mas sente-se perturbado perante a ideia da morte e intui que, afinal, tudo depende dessa última hora (Sir 11,26).

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 – LITERATURA SAPIENCIAL E SALMOS CURSO DE TEOLOGIA MODULAR  – LITERATURA Foi o livro da Sabedoria, originário do ambiente cultural grego onde a filosofia platónica  proporcionava a ideia da imortalidade espiritual, sem a necessária ligação com o elemento material que veio afirmar pela primeira vez e de um modo explícito: “Deus criou o homem para a imortalidade” (Sb 2,23). Um novo caminho se abre à reflexão sapiencial sobre o destino do  justo infeliz: depois da morte, a alma al ma fiel gozará de uma felicidade eterna junto de Deus, enquanto os ímpios receberão o devido castigo  (Sb 3,1-12). É sintomática a insistência dos sábios de Israel  na ideia do temor de Deus , sobretudo sabedoria.”” (Pr 1,7) É que, sem no período mais tardio: “O temor do Senhor é o princípio da sabedoria. o temor de Deus, qualquer tipo de sabedoria perde o seu próprio fundamento e, por isso, a sua validade para uma reta condução da vida. 2.1 O livro de Jó O livro aborda o tema por que sofrem os bons? O povo de antigo de Israel via como castigo do pecado o sofrimento com isso aqueles considerados bons não sofriam , com o tempo foi se vendo que não era bem assim não necessariamente acontecia está realidade sobre o sofrimento. Esta concepção se impunha aos Judeus pelo fato de que ignoravam a existência de uma póstuma consciente; julgavam que após a morte o indivíduo perdia a lucidez l ucidez da mente e se encontraria adormecido no sheol, incapaz de receber alguma sansão. Por isto admitiam a retribuição do bem e do mal nesta vida mesmo. É com este pano de fundo que se realiza o livro de Jó um homem reto, que perde bens e saúde, três amigos diz para ele confessar os pecados graves que ele cometeu por ver tamanho sofrimento, mas Jó se diz inocente e diz que está situação é inexplicável . Eliu tenta dar uma explicação que o sofrimento dos bons é para que eles não se orgulhem. Deus então intervém calando Jó e seus amigos por que quem é capaz de sondar os desígnios da Providencia de Deus. Deus é sábio demais para que precise prestar contar dos seus planos . Então Jó reconhece a sua incapacidade de julgar a Deus e Deus devolve a saúde e os bens materiais . Por conseguinte conseguinte,, reverência e confiança  constituem a atitude que o autor sagrado quer incutir diante do problema da dor . Pondo em xeque a explicação antiga, ele não sabe propor nova sentença, que dependeria da revelação de vida póstuma consciente e da obra do Cristo Jesus. J esus. Todavia o livro indica a solução pratica estritamente religiosa, que é válida até hoje. Sim; mesmo depois de Cristo o homem não pode indicar o porquê de todos os seus sofrimentos ; faça, porém, um ato de confiança absoluta na infalível Providência Divina. E não será frustrado. O Novo testamento voltará a tratar do assunto, mostrando que  o sofrimento é disposto por Deus não como mera punição do pecado, mas como remédio contra o próprio mal ; o  patíbulo da Cruz sobre sobre o Calvário foi erguido erguido como arvore da vida e da ressurreição ressurreição gloriosa. O Homem, portanto, não sofre unicamente para pagar um tributo à justiça, mas para se purificar do pecado e voltar ao Pai com Cristo  –  que  que é suma felicidade. É preciso para compreender o sofrimento olhar para as realidades futuras , vida após a morte, assim poderá colher os frutos das obras praticadas na terra. Em Jesus, o justo que sofre em expiação dos pecados alheios e ressuscita dentre os mortos vem com um sentido novo ao sofrimento. O livro de Jó se coloca em divisão entre uma mentalidade do antigo testamento para o novo testamento. Podemos fazer a seguinte pergunta: o livro de Jó é real?  Os traços literários apontados  parecem demonstrar suficientemente que o autor de Jó tinha em vista um ensinamento não de ordem histórica, mas de ordem sapiencial ou de ordem filosófico-religiosa. fi losófico-religiosa. Mas precisamente: o que lhe interessava, era debater um problema muito focalizado tanto na lit eratura bíblica como na profana: O enigma do Justo que padece. Ora a discursão de um tema em termos abstratos não era familiar aos israelitas nem aos antigos orientais . Foi por isto que, afim de propor suas considerações sobre o problema, o DIOCESE DE FORMOSA - Prof. Pe. João Manoel Lopes

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 – LITERATURA SAPIENCIAL SAPIENCIAL E SALMOS CURSO DE TEOLOGIA MODULAR  – LITERATURA autor sagrado quis utilizar uma narrativa de fundo histórico que circulava no mundo oriental: o drama de um homem digno e aflito chamado Jó . Este drama serviu-lhe de ponto de partida para suas meditações; ele não hesitou em ornamentar e dramatizar, afim de o tornar veículo de suas ideias. O tema central do livro de Jó  não é o problema do mal, nem o sofrimento do justo e inocente, e muito menos o da “ paciência de Jó ”. O autor desse drama apaixonante discute a questão mais profunda da religião: a natureza da relação entre o homem e Deus . O povo de Israel vê concebida a relação com Deus através do dogma da retribuição: Deus retribui o bem com o bem e o mal com o mal. Ao justo, Deus concede saúde, prosperidade e felicidade; ao injusto, ele castiga com desgraças e sofrimentos. Tal concepção arrisca produzir uma religião de comércio, onde o homem pensa poder assegurar a própria vida e até ditar normas para o próprio Deus. Contra isso, o autor mostra que a religião verdadeira é mistério de fé e graça: o homem se entrega livre e gratuitamente a Deus; e Deus mistério insondável, volta-se para o homem, gratuitamente, a fim de estabelecer com ele uma comunhão que o leva para a vida. 2.1.1 Autoria, datação, gênero literário O livro, de autor desconhecido, possivelmente um judeu , provavelmente, provavelmente, foi redigido, em sua maior parte, durante o exílio, no século VI a.C.  Como Jó, o povo de Judá tinha perdido tudo: família, propriedades, instituições e a própria liberdade. Ora, tudo isso era garantido por uma concepção teológica vigente até esse tempo. E aqui entra a pergunta crucial feita por Satã: É possível ter uma relação gratuita com Deus, despojada de qualquer interesse?  (cf. 1,9). Podemos dizer que todo o livro é uma busca para responder a essa questão . A resposta implica superar toda a teologia da retribuição, incapaz de responder à nova situação do povo, sem cair em absurdos. O povo estava vivendo uma nova experiência, e isso exigia uma nova forma de conceber Deus, o homem e as relações entre ambos. Para conseguir sua intenção, o autor usa uma antiga lenda sobre a retribuição (1,1-2,13; 42,7-17), omitindo o final (42,7-17) e substituindo-o por uma série de debates que mostram o absurdo da teologia em voga, incapaz de atender à nova situação (3,1-42,6). Além de pretender condenar o homem para salvaguardar a justiça de Deus, essa teologia pode ser usada para condenar a Deus, a fim de salvaguardar a justiça do homem. Como sair desse impasse? A esta altura, percebemos que o livro de Jô é uma crítica de toda teologia que se pretenda definitiva e universal. Essa teologia pode se tornar um verdadeiro obstáculo para a própria experiência de Deus.   E aqui dá o seu recado:   É preciso pensar a religião a partir da experiência de Deus e não teoria a respeito dele. Aspecto importante do livro  é que Jó faz a sua experiência de Deus na pobreza e marginalização. Experiência que ultrapassa todas as explicações, tornando-se ponto de partida  para uma nova história história das relações entre os os homens e deles com com Deus. A confissão final de Jó  – “Eu  –  “Eu te conhecia só de ouvir. Agora, porém, meus olhos te veem” (42,5) –  é –  é o ponto de chegada de todo o livro, transformando a vida do pobre em lugar da manifestação e experiência de Deus.  A partir disso, podemos dizer que o livro de Jó é a proclamação proclamação de que somente o pobre é apto para fazer tal experiência  e, por isso, i sso, é capaz de anunciar a presença de Deus dentro da história. O livro é um convite para nos libertar da prisão das ideias feitas e continuamente repetidas, a fim de entrar na trama da vida e da história, onde Deus se manifesta ao pobre e se dispõe a caminhar com ele para construir um mundo novo. Do ponto de vista literário , o livro de Jó apresenta-se dividido em duas seções principais ambas escritas em prosa , apresentam-nos a personagem central do livro , a figura de Jó. É o que, no esquema proposto mais adiante, se chama prólogo e epílogo biográficos . No prólogo, Jó aparece bem situado numa vida honesta e simultaneamente feliz ; mas, depois,  passa por experiências de desgraça que levantam a questão de saber se ele era, de fato, ou se DIOCESE DE FORMOSA - Prof. Pe. João Manoel Lopes

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 – LITERATURA SAPIENCIAL E SALMOS CURSO DE TEOLOGIA MODULAR  – LITERATURA continuou ou não a ser honesto; no epílogo, a sua situação aparece, por fim, inteiramente restaurada. Esta evolução na ação dá importância à segunda seção do livro , que constitui a sua maior parte. Toda ela é uma discussão acesa sobre os problemas suscitados pelo aparecimento do sofrimento e de grandes desgraças na vida de um homem que não tinha culpa nem pecado. Esta parte em poesia é o essencial do livro, embora assente na situação de vida descrita pelo texto em prosa. O modelo literário  é inspirado possivelmente nas discussões que se faziam nos ambientes culturais da época. Cada amigo apresenta um tipo de argumentação, e a discussão decorre, sem que Jó, apesar do seu estado de sofrimento, se mostre desfalecido . Até para esclarecer as relações com Deus é utilizado o mesmo esquema. Numa intervenção final, Deus responde a todas as discussões anteriores. O livro apresenta-se, assim, como um autêntico tribunal de consciência, para o qual o próprio Deus é citado e onde toma assento. li terária , que A maior parte do livro está escrita num hebraico de grande qualidade literária levanta, pelo seu estilo e vocabulário originais, algumas dificuldades de tradução. É natural que os simples leitores de uma Bíblia o notem ao comparar várias traduções e verificar como estas assinalam dificuldades de tradução de vários termos e passagen passagens. s. 2.1.2 Teologia O livro de Jó é essencialmente uma obra de reflexão e meditação ; é mesmo um espaço  para levantar levantar questões questões ainda hoje dramáticas. dramáticas. Chamar teologia ao seu pensamento pensamento pode pode até fazer fazer crer que ali se apresenta uma catequese ortodoxa e tranquila. E não é o caso. No entanto, podemos servir-nos da palavra teologia, enquanto aqui é focado um conjunto de problemas, cuja solução acaba por ir desembocar, em última análise, na concepção que se tem sobre Deus . Por um lado, em Jó rejeita-se um sistema de pensamento religioso: as posições moralistas e tradicionais da equivalência entre o sofrimento de uma pessoa e algum pecado por ela cometido. É o pensamento majoritariamente defendido pelos amigos de Jó, com alguns matizes de diferença entre cada um deles. Por outro lado , o pensamento religioso do livro parece aproximar-se da nova consciência de Jó, de onde emergem verdades já bastante evidentes para ele, mas que o deixam ainda muito inseguro i nseguro e mesmo escandalizado . 2.1.3 Chave de Leitura  No livro, Jó sofre e sabe que é inocente. Os amigos defendem a Ortodoxia: sofrimento é consequência do pecado. Jó não é um herói fictício, mas sim um homem de carne e osso, que se esforça por vislumbrar um sentido nos inescrutáveis caminhos de Deus, um homem que avança às apalpadelas por densas trevas (de fé). A grandeza de Jó  está em ser capaz de desafiar os sofrimentos que o acabrunham para despojá-lo da sua fé no Deus oculto.  Na sua agonia, chegou a criticar a Deus e seus caminhos, mas isso é compensado pelo seu brado a Deus, seu anseio de encontrá-lo e sua  profissão final de fé: “Conhecia-te só de ouvido, mas agora viram-te meus olhos; por isso retratome e faço penitência no pó e na cinza” (Jo 42,55).  No livro de Jó, encontramos encontramos uma infinidade de temas e assuntos   para serem aprofundados. Propõe-nos questões fundamentais que podem servir de chaves de leitura  para todo o livro: o grito de Jó, a experiência de Deus e a oração . 2.1.3.1 O grito de Jó e de sua mulher É o grito do ser humano diante da dor, da miséria, da injustiça, da morte . Enfim, de tudo aquilo que contraria o plano de Deus. Onde há um pobre sofrendo, como podemos falar de Deus? Que Deus podemos apresentar? (Jó 24,12). DIOCESE DE FORMOSA - Prof. Pe. João Manoel Lopes

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 – LITERATURA SAPIENCIAL E SALMOS CURSO DE TEOLOGIA MODULAR  – LITERATURA No grito de Jó está não apenas o grito do pobre que clama por justiça, mas também o grito do justo que procura ser fiel  (Jó 27,5-6). O grito daquele que procura pautar sua vida  pelas exigências da ética e da fé e, no entanto, parece ter sido esquecido por Deus. É quando surge o grande questionamento questionamento feito por Jó: de que vale a pena procurar ser justo e fiel se o ímpio e corrupto prospera e vive no luxo e na abundância? Como manter a fé quando se percebe que, na realidade, triunfa o injusto, o malfeitor?  Vale a pena lutar pelo projeto de Deus quando percebemos percebemos que o mal leva a melhor? Não será preferível aderir ao sistema e viver folgado? (Jó 21,7-34; 24,1-25). 2.1.3.2 A Experiência de Deus O livro de Jó nos faz um convite perigoso. Convida-nos a um questionamento vital : em que Deus eu acredito? Qual a minha real experiência de Deus? Quais os traços do rosto de Deus em quem tenho fé?  Na discussão com seus amigos, Jó rejeita sistematicamente as doutrinas tradicionais que não se ajustam à sua própria experiência (Jó 23,8-17). Recusa os dogmatismos e moralismos da religião formalista, de uma religião que tenta abafar o clamor do pobre, o grito do justo (Jó 30,20-23). Uma religião que, em nome da piedade, pelo conformismo, imobilismo, silêncio e fórmulas prontas, não passa de alienação e pode ser chamada de “ópio do povo”. No livro de Jó, Deus não pede silêncio, mas se dispõe a ouvir . Eis porque Jó não hesita em fazer apaixonadamente sua própria defesa num longo discurso em que, por tabela, aparece à realidade com todos os abusos e injustiças com que ele não compactuou (Jó 29-30). Jó fala da experiência de Deus.   No final, dirigindo-se a Eliafaz de Temã, o próprio Deus proclama solenemente: “Estou indignado contigo e com teus dois companheiros porque não falastes corretamente de mim, como fez meu servo Jó ”. (42,7) 2.1.3.3 A Oração Geralmente, na oração, contentamo-nos em repetir fórmulas. O livro de Jó abre amplos horizontes para um novo conceito de oração . Ele nos ensina que o grito do rebelde, o protesto, a ira, a indignação, o sofrimento, a impotência diante dos acontecimentos, tudo isso pode ser canalizado para a oração. A revolta e a rebeldia, quando voltadas para Deus, partindo de um coração angustiado e sedento de justiça, podem tornar-se uma oração agradável a Deus mais do que o aroma do incenso. 2.1.4 O sofrimento e a dor na literatura sapiencial

Jó descobre o Deus da Vida, justo e misericordioso, na partilha do sofrimento dos empobrecidos . Para descobrir o Deus que liberta, experimentar o sofrimento dos pobres (Jó 29,11-27) é mais importante do que conhecer. O livro de Jó é um monumento da experiência religiosa a partir do sofrimento causado  pela violência e agressão da sociedade. Aí se faz a descoberta do dom gratuito de Deus, através da dor, e do despojamento de toda segurança idolátrica. Há três pontos que a mais recente análise sobre Jó nos leva l eva a considerar: 1. A experiência do sofrimento é fruto da dinâmica social da violência que procura vítimas inocentes para tornar possível a vida em comunidade ; a luta contra essa violência está na raiz da formação e desenvolvimento da cultura como um todo. 2. Nesse processo de violência destruidora Jó afirma sua esperanç esperançaa e integridade como um dom de Deus . Ele sabe que seu sofrimento não se explica pela teoria clássica da retribuição (Jó 21-23). Ele é um pobre diante de Deus . Como tal, sabe que existe para ele uma testemunha: é o seu sangue derramado (cf. Gn 4,10s) que grita por justiça, e defenderá a sua causa diante de DIOCESE DE FORMOSA - Prof. Pe. João Manoel Lopes

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 – LITERATURA SAPIENCIAL SAPIENCIAL E SALMOS CURSO DE TEOLOGIA MODULAR  – LITERATURA Deus (Jó 16,19-20). A experiência do sofrimento no seu mais alto limite humano torna-se oração personificada, e o grito do pobre terminará por obter de Deus que se declare em favor de Jó, sofredor e inocente e que deve ser libertado da violência causada pelos “amigos”  (Jó 19,25; 42,1-4). 3. Os protestos de Jó, são como o grito dos pobres . A constatação e a rebelde crítica de Jó têm mais profundidade do que a teologia superficial e convencional dos “amigos” (cf. Jó 12 14). O grito de Jó mostra que, no centro da teologia e da luta pelos “direitos humanos” é preciso concretizar o grito e a luta pelos “direitos dos pobres” (cf. Ne 5; Jó 24 e 29). Esse grito dos pobres, às vezes, até reduz o raciocínio religioso e teológico a cinzas sem consistência (Jó 12). Numa visão convencional e mecânica da justiça de Deus, o sofrimento dos pobres é a crítica de uma ética baseada no princípio da retribuição   (Jó 21-23). O discernimento teológico de Jó é contemplativo e profético (Jó 12,16-24)[2]. 12,16-24 )[2]. O sofrimento de Jó é um lugar teológico para criticar as imagens ideológicas de Deus , e para restabelecer a intimidade com o Deus próximo e doador da vida plena. 2.1.5 Divisão 2.1.5  Divisão e conteúdo O atual livro de Jó é o resultado de uma caminhada , com retoques e acréscimos. Por isso, sua divisão é meio complicada . Alguns estudiosos propõem o seguinte esquema: a) Prólogo  (Jó 1,1-2,10) e epílogo (Jó 42,10-17): é a moldura antiga para o quadro novo. Devia ser uma estória popular que todo mundo conhecia e cujo objetivo era explicar o sofrimento do justo , atribuindo-o às trapaças de Satanás, inimigo de Deus e inimigo nosso. Sem pretensão de situar-se no tempo e no espaço, devia ser contada como uma espécie de fábula.  b) Apresentação dos amigos (Jó 2,11-13) e reprovação de Deus  (Jó 42,7-9). São uma espécie de encaixe na moldura.  Essa parte está escrita em prosa. O resto do livro é todo em poesia. c) Discussão entre Jó e seus amigos (Jó 3-27). São debates teológicos . Os amigos querem interpretar o que aconteceu com Jó dentro da teologia tradicional da retribuição e forçam a barra para que Jó entregue os pontos e reconheça que está sofrendo por causa de algum pecado. Depois de cada discurso dos amigos, Jó responde, negando-se a se reconhecer culpado e rebatendo os argumentos invocados pelos amigos. d) Elogio da Sabedoria  (Jó 28). Possivelmente acrescentado depois. e) Discurso de Jó  (Jó 29-31). Neste longo discurso, Jó faz a sua defesa, rejeitando as explicações oficiais e tradicionais dos amigos . Relembra o passado próspero e feliz, f eliz, que contrata com os horrores do presente e, reafirmando sua integridade, indaga o porquê de tanto sofrimento. f) Discurso de Eliú  (Jó 32-37). Eliú aparece como paraquedista paraquedista.. Não é mencionado entre os amigos nem na apresentação (Jó 2,11-13) nem na repreensão de Deus (Jó 42,7-9). Não concorda com a argumentação dos três amigos. Tudo indica que este discurso é um acréscimo posterior. g) Diálogo entre Jó e Deus (Jó 38,1 – 42,17). 42,17). Neste diálogo, Jó  chega às raias da insolência. Reafirmando-se inocente, fala em mover uma ação contra Deus no tribunal. Mas Deus não deixa por menos. Responde, armando-se de todo o peso da criação onde se manifesta a grandiosidade de sua misericórdia.   Só resta a Jó confessar: “Eu te conhecia só de ouvir. Agora, porém, meus olhos te veem ” (Jó 42,5).

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 – LITERATURA SAPIENCIAL E SALMOS CURSO DE TEOLOGIA MODULAR  – LITERATURA 2.2 O livro dos Provérbios 2.2.1. Datação e autoria O livro dos Provérbios  é o primeiro e o mais representativo documento da literatura sapiencial de Israel . Trata-se de uma antologia de coleções heterogéneas, de origens e datas diferentes, abrangendo um período de tempo que se estende do séc. X ao séc. V a.C. A tradição hebraica é unânime na aceitação do livro dos Provérbios; o NT cita-o várias vezes e a Igreja primitiva tê-lo-ia utilizado na catequese moral para os catecúmenos. De fato, ainda hoje este livro nos ensina a ciência da vida. Os Provérbios não foram todos escritos por um mesmo autor e não pertencem todos à mesma época . A maioria deles nasceu da experiência popular, que foi depois coletada, burilada e editada por sábios profissionais desde o tempo de Salomão (950 a.C.) até dois séculos depois do exílio (400 a.C.). Foram atribuídos ao rei Salomão por causa de sua fama de sábio  (1Rs 3-5) mas, se olharmos atentamente os vários subtítulos que aparecem no livro, podemos facilmente distinguir nove coleções provindas de tempos e mãos diferentes. Agrupando ditos, sentenças e alguns desenvolvimentos desenvolvimentos maiores, o livro dos Provérbios é um verdadeiro resumo da sabedoria de Israel.  Os provérbios são ensinamentos deduzidos da experiência que o povo tem da vida, e sua finalidade é instruir, esclarecendo situações de perplexidade e fornecendo orientações para a vida humana, como as setas de uma estrada (1,1-7). Salomão foi considerado o maior sábio de Israel, é chamado “Provérbios de Salomão””. “Provérbios de Salomão, filho de Davi, rei de Israel ” (Pr 1,1). Assim começa o livro Salomão dos Provérbios. Mas isto é apenas uma atribuição por causa da decantada fama de sábio que Salomão deixou . No próprio livro, existe uma “coleção dos sábios ”  (Pr 22,17-24,34) e “ palavras” de Agur e de Lamuel, dois estrangeiros (Pr 30,1-4; 31,1-9). O Provérbio é uma forma típica da Sabedoria popular, baseada na experiência cotidiana da vida e do trabalho na família e no clã. Por isso mesmo, é anônimo, isto é, não tem um autor determinado. O livro dos Provérbios é um conjunto de coleções , uma mais antiga, outras menos, que foram compiladas num processo que atravessou séculos. Provavelmente há provérbios que foram colecionados no tempo de Salomão (970-931 a. C.). Porém, o próprio livro se refere a provérbios que foram recolhidos e copiados pelos funcionários do rei Ezequias (716-687 a.C.) e este trabalho deve ter continuado no reinado do rei Josias (640-609 a.C.). O trabalho final de reunir todas as coleções em um único livro deve ter terminado por volta do ano 400 a.C., na reforma de Esdras. 2.2.2 Chaves de Leitura Lendo as várias coleções de provérbios, podemos estranhar que a Bíblia, “Palavra de Deus”, os tenha incorporado. Afinal eles parecem tratar das coisas profanas do dia-a-dia e raramente tratam das questões referentes referentes a Deus e que ajudam a nossa vivência da fé . No entanto, os Provérbios nos falam de valores voltados, não diretamente para o relacionamento relacionamento com Deus, mas para com o relacionamento com o próximo.  E esta parece ter sido a maneira como Jesus utilizou os provérbios para desenvolver seus ensinamentos. Na  preocupação  preocupação de evangelizar os pobres, Jesus valeu-se da Sabedoria popular preservada nos  provérbios. E é Jesus quem nos dá as melhores chaves de leitura: a) Jesus utiliza provérbios para transmitir o conteúdo de sua mensagem e, assim, fazer-se compreender . Encontramos provérbios nas Bem-aventuranças. Bem-aventuranças. Comparemos Pr 2,21 (“ porque os retos habitarão a terra ”), com Mt 5,4 ( “os mansos possuirão a terra ”). Ou Pr DIOCESE DE FORMOSA - Prof. Pe. João Manoel Lopes

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 – LITERATURA SAPIENCIAL E SALMOS CURSO DE TEOLOGIA MODULAR  – LITERATURA 12,20 com Mt 5,9. O mesmo vale para outras passagens do Sermão da Montanha (Pr 3,27-29 com Mt 5,43-48; ou Pr 20,27 com Mt 6,22).  b) A partir dos Provérbios, Jesus desenvolve suas Parábolas . Basta conferir Pr 10,25 e 12,7 para percebermos a parábola da construção da casa em Mt 7,24-27. Sem dúvida o  ponto de partida da parábola do juiz e da viúva (Lc 18,1-8) é Pr 25,15 e Pr 15,1. O mesmo  poderíamos dizer da parábola do fariseu e do publicano (Lc 18,9-14) com os provérbios em Pr 28,9.13). c) Jesus também observa o comportamento das pessoas e retira ensinamentos a partir dos Provérbios Provérbios , como faz na festa do fariseu em Lc 14,1-11. Ele completa com a parábola (Lc 14,7-11) a partir de Pr 25,6-7. d) Ao contar uma parábola, Jesus conclui com um provérbio : “Quem tiver ouvidos para ouvir ouça! ” (Cf. Mc 4,9). Com esta frase, Jesus deixa que cada ouvinte tire suas conclusões. conclusões. Não dando uma resposta, faz o pessoal aprofundar a mensagem da parábola. A prática de Jesus nos ensina que devemos buscar nos provérbios de hoje e na Sabedoria popular o que revelam de Deus e do seu Projeto . Jesus nos ensina a evangelizar o  povo com a Sabedoria Sabedoria do próprio próprio povo. Os Provérbios nos mostram que a Palavra de Deus está presente no nosso dia-a-dia. Devemos, portanto, resgatar os traços do rosto de Deus revelados no cotidiano do povo . E mais, como ensina o livro dos Provérbios, buscar os traços do rosto de Deus mesmo em culturas e sabedorias não cristãs. 2.2.3 Texto e Gênero Literário Dadas as dificuldades provenientes de um estilo incisivo e sintético   e dos assuntos desconexos,, a versão dos Setenta e a Vulgata apresentam notáveis diferenças em relação ao texto desconexos t exto hebraico atual: a Setenta dá-nos um texto bastante mais longo e com ordem diferente na distribuição das perícopes ; a Vulgata é mais próxima do texto hebraico , mas sofre influência da Setenta. No aspecto literário , o livro evolui das formas mais simples de máximas breves  –  aquilo  – para para outras mais complexas e  aquilo que tecnicamente recebe a designação de “mashal ”  –  elaboradas de sentenças, aforismos, enigmas e até algumas reflexões teológicas . Tudo é expresso em forma poética , na qual encontramos o paralelismo sinonímico, antitético e sintético, embora este com menos frequência; e também t ambém em forma de comparações comparações,, de poemas numéricos e alfabéticos. Isto confere à obra uma grande riqueza literária . Essa evolução formal reflete igualmente uma evolução na própria concepção de sabedoria, que vai da simples capacidade e habilidade humanas, mais ou menos de sabor profano, a uma realidade mais transcendente que pertence à esfera divina. O livro enquadra-se no contexto do movimento sapiencial do Médio Oriente Antigo , donde recebe a mesma inspiração temática e expressiva. 2.2.4 Divisão e Conteúdo O livro começa por uma breve introdução geral (1,1-7), onde se explicita o seu conteúdo, se justifica o título e se afirma que, no limiar de todo o conhecimento está o temor do Senhor. Depois, apresenta um conjunto de nove coleções independentes , diferentes em extensão, estilo, conteúdo e época: I. 1,8 – 9,18: 9,18: advertências de um pai educador, sobre a sabedoria   contra as más companhias e a mulher leviana; a sabedoria, exaltada e personificada, toma a palavra (1,20-33), faz o elogio de si mesma, define as suas relações com Deus desde a eternidade, descreve o seu  papel na criação e fala do seu maior desejo: comunicar-se ao ser humano , para o orientar no DIOCESE DE FORMOSA - Prof. Pe. João Manoel Lopes

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 – LITERATURA SAPIENCIAL E SALMOS CURSO DE TEOLOGIA MODULAR  – LITERATURA processo do conhecimento do meio em que vive , em ordem a que Deus possa ser encontrado nessa mesma realidade (8,35). Também aparece a “Senhora Insensatez ”, em oposição à Sabedoria (9,1-6 e v.13-18). II. 10,1 –  10,1 – 22,16: 22,16:  coincide com a primeira coleção de Salomão e é constituída por sentenças muito antigas que se ocupam da vida moral. III. 22,17 –  22,17 – 24,22: 24,22: primeira coleção de advertências e conselhos , de certa afinidade com a sabedoria egípcia de Amenemope (22,17-23,14); notável sátira feita à embriaguez (23,29-35). IV. 24,23-34: segunda coleção dos sábios ; apresenta, sobretudo, o retrato do preguiçoso (v. 30-34). V. 25,1 – 29,27: 29,27: segunda coleção de Salomão , cuja compilação se atribui aos sábios que estavam ao serviço do rei Ezequias. Tem sinais de parentesco com a primeira (10,1-22,16) e nela se encontram alguns dos provérbios mais puros, tanto na forma como no conteúdo, especialmente especialmente nos capítulos 25-27. Os capítulos 28-29 distinguem-se pelo seu espírito religioso, r eligioso, com frequentes observância da lei l ei e contrapõem os malvados e os justos. alusões ao Senhor; recordam a observância VI. 30,1-14: provérbios de Agur , sábio de origem estrangeira. VII. 30,15-33: provérbios numéricos , organizados segundo o modelo de uma enumeração progressiva. VIII. 31,1-9: provérbios de Lemuel , outro sábio estrangeiro. IX. 31,10-31: célebre poema, elogio da mulher exemplar , onde se nota certa relação com a sabedoria apresentada no capítulo 9. O livro todo é um convite para valorizar não só a cultura popular, mas também, e principalmente, a percepção religiosa que o povo tem de uma Sabedoria que vem de Deus e é seu dom aos pequeninos ; sabedoria que nem sempre é captada e compreendida pelos sábios e doutores (Mt 11,25). O conteúdo dos Provérbios  serve para orientar sabiamente a vida do leitor, seja no plano individual, seja no social.   Afirma claramente o temor de Deus como princípio da verdadeira sabedoria e que só em Deus o homem deve colocar sua confiança . O livro consta de nove coleções. A coleção mais antiga é atribuída ao rei Salomão que são as duas primeiras coleções. 2.2.5 Teologia Tal como no aspecto literário, também no doutrinal este livro não apresenta unidade . De uma forma genérica, ensina a arte de bem viver , pondo em relevo a preocupação pelos simples, especialmente os jovens sem experiência, procurando incutir-lhes uma personalidade firme, guiada pela sabedoria e piedade filial, evitando a preguiça, o vinho, as más companhias, as mulheres de má vida, os desmandos da língua, a iniquidade. Esta moral pode parecer apenas natural e laica; mas não há dúvida que a religião é a base de toda a moralidade dos Provérbios . Por isso, “o temor do Senhor” Senhor ”, princípio e coroame coroamento nto da sabedoria, fonte de felicidade, aparece como chave e fecho deste livro  (1,7; 31,30), embora não sejam muitas as referências diretas à lei, ao culto e à aliança, noções fundamentais na religião hebraica. Quanto ao problema da retribuição e do além , o livro mantém-se na linha tradicional de uma retribuição individual, terrena, e ignora a reação de Jó , o Eclesiastes e os profetas exílicos. Foi uma ampla experiência humana que permitiu formular provérbios anunciadores anunciadores da recompensa atribuída à justiça, à bondade e à humildade, assim como da punição reservada a atitudes opostas. Contudo, também já se nota a percepção de que essa recompensa r ecompensa não obedece a nenhum automatismo, pois acima de toda a sabedoria e habilidade está Deus , o soberano absoluto da natureza, dos acontecime acontecimentos ntos e do coração humano (21,30-31). DIOCESE DE FORMOSA - Prof. Pe. João Manoel Lopes

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 – LITERATURA SAPIENCIAL E SALMOS CURSO DE TEOLOGIA MODULAR  – LITERATURA 2.3 O livro do Eclesiástico

l eitor vários problemas difíceis . É um livro O livro de Ben Sira coloca ao tradutor e ao leitor muito usado no judaísmo ; especialmente citado no Talmud, exerceu bastante influência na liturgia judaica (festa do Grande Perdão; Oração das 18 Bênçãos). Apesar de ser estimado e usado  pelos cristãos e de fazer parte da coleção dos livros religiosos em Alexandria, os cristãos dos  primeiros séculos tiveram alguma hesitação em relação a ele, ele, provavelmente por causa da história complicada da sua transmissão e pelo fato de não ter sido integrado no Cânon judaico. É,  portanto, um livro deuterocanônico . 2.3.1 Autoria, divisão e datação Desde os primeiros séculos do Cristianismo até há pouco tempo, o nome mais comum  para designar este livro era “Eclesiástico”. São Cipriano, falecido em 248, parece ter sido o primeiro a usar esse nome, devido ao uso que dele se fazia na Igreja antiga . Com efeito, de entre os Livros Sapienciais, é este o mais rico de ensinamentos práticos, apresentados de um modo paternal e persuasivo. É chamado de “Eclesiástico”,  isto é, “da Igreja”, porque era usado na Igreja e não na Sinagoga, por não fazer parte da Bíblia Hebraica. Ultimamente é também chamado de “Sirácida”, tirado do nome do autor, assim como o “Eclesiastes” Eclesiastes” é também chamado “Qohelet”. Trata-se de uma obra escrita entre 190 e 180 a.C.  por Jesus Ben Sirac , e chegou até nós graças à tradução grega feita pelo seu neto em 132 a.C.  No início do séc. séc. II a.C. a Palestina Palestina passou do domínio dos Ptolomeus Ptolomeus (Egito) para para o dos Selêucidas. Eles promoveram uma política de assimilação, e procuraram impor aos povos dominados a cultura, a religião e os costumes gregos  –  um  um imperialismo cultural que ameaçava destruir a identidade cultural e religiosa dos dominados. Entre os judeus houve uma corrente disposta a abrir-se ao espírito grego, desejando adaptar o judaísmo a uma civilização mais universal. A isso, todavia, opôs-se uma forte ala, que buscava preservar a identidade e salvaguardar salvaguardar a fé e a vocação de Israel, testemunha de Deus vivo para todas as nações. Ben Sirac escreveu então este livro, uma espécie de longa meditação sobre a fidelidade f idelidade hebraica.  Ele  procura reavivar a memória e a consciência histórica do seu povo, a fim de mostrar sua identidade  própria e o valor perene de suas tradições . O autor, porém, não é intransigente, pois em seu livro mostra ter já assimilado diversos aspectos da cultura grega, iniciando o caminho de uma síntese que culminará no livro da Sabedoria.  identifica a Sabedoria com a Lei de O centro do livro  está em Eclo 24, onde o autor  identifica Moisés (24,23) . Não se trata das leis (= legislação), e sim dos cinco livros do Pentateuco  que, em hebraico, se chamam Tora = Lei. Esta, na visão do autor, constitui a Sabedoria de Israel . Com efeito, a narração toda do Pentateuco mostra a experiência básica de todo homem e de qualquer povo: a sabedoria que nasce da experiência concreta e conduz à vida. Em hebraico é chamado: Palavra ou Sabedoria do filho de Sirac ; grego  chama de Sabedoria de Jesus, filho de Sirac ou Sabedoria de Sirac ; os Cristãos  de origem latina chamam de Eclesiasticus, pois o livro era apresentado aos catecúmenos preparando-se para o  batismo, era um manual de iniciação dos bons costumes  e à história do Antigo Testamento; era o livro da Ecclesia (Igreja); daí dizer-se “Eclesiástico”. Revela o pensamento Israelita evoluído . Alguns temas: Bom comportamento: temor de Deus, amizade, os anciãos, as mulheres, a riqueza, a pobreza, a doença, a medicina, os deveres de estado. Outro tema mais teológico que é o Saber: a gloria de Deus. O ponto mais alto do livro  como em provérbios e outros é a sabedoria personificada , mas agora é uma pessoa mais unida a Deus e distinta, o que de certo modo antecipa a realidade de João. Chama atenção também a realidade da identificação com a Torá (Lei).

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 – LITERATURA SAPIENCIAL E SALMOS CURSO DE TEOLOGIA MODULAR  – LITERATURA O livro pode dividir-se pelo menos em duas etapas: 1-23 e 24-50 , começando cada uma delas por um elogio da sabedoria . Alguns autores apresentam outra divisão, também em duas partes, depois do Prólogo: uma primeira propriamente sapiencial, segundo o gênero e o estilo dos Provérbios (1,1-42,14); e uma segunda, que é mais de meditação sobre as obras de Deus na Criação e na História Hist ória (42,15-50,29). É a que seguimos neste estudo. Além do prólogo e de um apêndice, o livro pode ser dividido em duas partes : PROLÓGO: não pertence ao livro original. Foi acrescentado pelo neto. 1ª PARTE: de 1,1 até 42,14. São provérbios e ditos sapienciais sobre os mais variados assuntos do cotidiano. É uma classificação mais organizada dos provérbios. Contém também  preces, hinos hinos e instruções. O capítulo capítulo 24 tende a ser apontado como sendo o centro do livro. 2ª PARTE: de 42,15 até 50,29. É um longo tratado teológico, mostrando como a glória de Deus se manifesta na natureza criada (42,15-43,33) e na história (44,1 – 50,29). 50,29). APÊNDICE: (51,1-30). Depois de ter concluído sua obra, Ben Sirac resolveu r esolveu acrescentar um hino de ação de graças e uma oração para pedir Sabedoria. 2.3.2 Texto O livro de Bem Sirac parece um manual de regras práticas para o comportamento de um judeu piedoso . Talvez por isso, ele defenda posições muito conservadoras, hoje inaceitáveis, sobre o papel da mulher (25,12-26,18), sobre a educação das crianças (30,113) e sobre a escravidão (33,25-33). Sua mensagem é dirigida ao povo de sua época em crise de fé . Diante da força militar, da organização civil e política, das ideias filosóficas, do rendoso comércio, muitos judeus sentiam-se atraídos pela maneira de viver dos gregos. Para opor uma barreira a essa tendência é que Ben Sirac escreveu seu livro. Ele busca mostrar que é preciso manter a identidade do povo diante da cultura grega . Para isso, é importante manter a tradição dos antepassados. antepassados. Aí é que está a verdadeira sabedoria e não nas ideias e escolas filosóficas, dos gregos. A verdadeira sabedoria é manter a fé em YHWH ; está fé manifesta-se na vida dos antepassados; Ben Sirac f é, não teme outras culturas. Mas diante não é contra os estrangeiros (cf. 34,11 ). Firme na sua fé, da invasão cultural grega, ele busca defender e apoiar o povo que possa viver sua fé caseira sem angustias ou sentimentos de inferioridade . Apesar de ser da nobreza ele bebe da fonte da sabedoria, coletando os provérbios do povo; ele aponta a perversidade da cultura grega que empobrece o povo por um comércio sedento de lucro.  Na medida em que que procura procura acomodar as coisas, coisas, a obra obra de Ben Sirac não não deixa deixa de ter ter certa certa ambiguidade. O povo, no entanto, a partir da insistência na observância da Lei e no culto do  passado, encontrou forças para para lutar contra os gregos na revolta revolta comandada comandada pelos pelos Macabeus, Macabeus, uns vinte anos depois. Na obra conservadora de um escriba, o povo encontrou a semente subversiva que provocou a mudança. 2.3.3 Teologia O livro de Ben Sira testemunha uma época de transição  onde já se começam a esboçar os traços caraterísticos do judaísmo como forma evoluída de religião bíblica . Do confronto f é ; mas helenismo-judaísmo, Ben Sira assimila o que considera bom e compatível com a sua fé rejeita o que se opõe à essência da fé judaica e alerta para os perigos da cultura dominante. O autor faz uma síntese da religião tradicional e da sabedoria comum, à luz da sua própria experiência.  O tradutor grego quis tornar este manual de conduta acessível a todos. A identificação entre a sabedoria e a Lei de Deus (24,23) é a afirmação mais inovadora e caraterística de Ben Sira, tal como é inovadora a inserção da História no género sapiencial. A série de personagens da História de Israel , cujo relato se apresenta na parte final do livro (44,1-50,21), tem o objetivo pedagógico de despertar o orgulho em pertencer a um DIOCESE DE FORMOSA - Prof. Pe. João Manoel Lopes

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 – LITERATURA SAPIENCIAL E SALMOS CURSO DE TEOLOGIA MODULAR  – LITERATURA povo de grandes homens . Porque eles seguiram a palavra de Deus com toda a fé e coragem e foram bem-sucedidos, são uma lição para o povo e serão sempre lembrados na posteridade. Ben Sira defende a fé tradicional do seu povo : Deus é eterno e único (18,1; ( 18,1; 36,4; 42,21), é autor de uma criação perfeita, apesar dos seus mistérios e contradições aparentes (42,21.24); (42,21.24); e, diante dela, o próprio Ben Sira, como o salmista, enche-se de um especial entusiasmo (39,12-35; 42,15-43,33). Deus tudo conhece  (42,15-25); “Ele é tudo” (43,27), governa o universo com  justiça e prudência (16,17-23) e retribui com equidade (33,13); é misericordioso, capaz de  perdoar e de salvar no tempo da aflição (2,11); é Pai, não apenas de Israel, de quem é o Deus único (17,17-18; 24,12), mas também de cada indivíduo (23,1). Esta concepção constitui um progressoo considerável na teologia do judaísmo. progress sabedorr i a: já em Eclo 1,1 se diz que O tema principal da teologia do eclesiástico e ́ a sabedo toda sabedoria vem do Senhor e est a est a    sempre com ele . Outros textos: 1,2-10; 4,12; 6,18-37; ́ 14,22 – 15,10; 15,10; 19; 20,27-33; 24,32-47; 38,25 –  39,15;  39,15; 51,18-38. Outros temas também se destacam, tais como: O temor do Senhor: 1,11-40, logo após a per  ́cope inaugural; 2,1-23; 10,23-34; 25,9-16; 31,12-42; 40,18-28. No AT o temor e ́  sinônimo de veneração, respeito e afeto, vizinhança, comunicação. Sem o temor do Senhor, ninguém pode atingir a sabedoria; e para chegar ao temor e ́  preciso da Lei.  A L ei  e  se manter no temor do Senhor . Contudo, apesar de falar constantemente de ́ temor do Senhor ligado a ̀  Lei, seria injusto qualific a ́ -lo como legalista ( 7,31; 7,31; 28,6-9). Parece que o filho de Sirac faz referência a citações da Torah quando fala da Lei: 7,31 (Lev 6,11; Nm 28,1113; Dt 18,3-5; Lv 19,1-3); Eclo 29,11-15 em relação ao socorro do pobre (Lv 19,10-13; 17-18).  A or or ação e ́  também um tema fundamental, comparado a ̀  Lei; o sábio trata da oração com muita ênfase e ardor; a oração e ́  coligada com a vida , a oração do sábio; quando o sábio fala da oração, o faz do mesmo modo que fala dos outros temas. O livro não diz como se deve orar , mas oferece exemplos : oração de suplica individual, 18,22; 22, 33 – 23,6; 23,6; a oração de suplica coletiva: 33, 1-15; agradecimento individual: 50,24-26; 51,1-17; oração de louvor 16,24-27; ; 42,15 – 43,37, 43,37, sentimento com a contemplação do criado; condições de oração (7,10). O culto apresenta o sacerdócio, os sacrifícios e as normas cultuais; fala que não se pode oferecer um sacrifício a Deus e ser moralmente incorreto; o culto est a ́  unido a ̀  expressão da vida moral do homem: o homem deve viver o seu cotidiano em relação pessoal com o Senhor ; ha ́ um culto político que resguarda o sumo sacerdote, a moral; um culto estético: vestes, cenário, cerimonia; um culto moral: sacrifícios justos. O culto, enfim, tem algo a ver com todos os aspectos da vida humana : o culto e ́  algo estético, mas, ao mesmo tempo, composto de elementos religiosos e proféticos. H i stó stór i a de I sra sr ael: 44 – 50 50 narra a história de Israel de um modo altamente original. Criação: considera o cosmo como uma criatura que o Senhor revelou na história do homem e especialmente na história de Israel. E ́  fortemente marcado por um nacionalismo . A criação vem impostada como louvor ao criador. Sublinha, sobretudo, a doutrina dos contrários, das coisas opostas que remonta ao  Livro do Genesis (42,15 – 43,37). 43,37). Toda a busca sobre a criação de um modo ou de outro e ́  o desejo de falar do homem . O homem quer compreender o criador. Essa problemática, a ̀  qual se d a ́  o nome de teodiceia, e ́  uma resposta a ̀  ânsia humana de conhecer a sua origem e o sentido da vida  A mo mor te e o além lém: ao filho de Sirac importa mais a condição da vida at e ́  o momento da morte. Estamos ainda antes da crise macabaica e não se fala de sobrevivência após a morte. Para todos ha ha ́  somente o Sheol . O autor não oferece, contudo, uma doutrina bem ordenada sobre o tema. As passagens que tocam nesse assunto são 11,20-28; 14,11-21; 30,14-20; 38,16-24; 40,117; 41,1-7. Ao autor interessa como se vive antes da morte (uma vida coerente). V i da em em socied sociedad ade: e: o livro e ́  pleno de pontos práticos . Exemplos: domínio das paixões, sexualidade, comer, beber, riqueza e falar. O capítulo 37 introduz o tema do discernimento. Coligados ainda a esse assunto aparecem os conselhos sobre sobre a família, a mulher e a amizade. DIOCESE DE FORMOSA - Prof. Pe. João Manoel Lopes

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 – LITERATURA SAPIENCIAL E SALMOS CURSO DE TEOLOGIA MODULAR  – LITERATURA 2.4 O livro da Sabedoria O livro da Sabedoria  é o último do Antigo Testamento e foi escrito em língua grega . Ele é atribuído a Salomão (cf. 7,1-15). A partir do século III da Era Cristã, a tradição é unânime em chamá-lo “Livro da Sabedoria ”. O título “Sabedoria de Salomão ” é fictício, pois seu autor, um judeu de Alexandria , escreveu o livro pelo ano 50 a.C . Mais uma vez um livro sapiencial é atribuído a Salomão, o sábio por excelência em Israel. imortal ”. De fato, o autor O livro todo poderia ser resumido em 1,15: “A justiça é imortal” identifica a sabedoria coma justiça e depois de mostrar que ela é o guia da vida (1,16-5,23) e apresentar a sua natureza (6,1-9,18), faz uma longa meditação sobre o êxodo (10,1-19,21). No êxodo, Israel descobriu a justiça de Deus, a qual comunica ao povo a verdadeira sabedoria. Doravante, toda sabedoria implica exercício da justiça, e este, se for verdadeiro, produz a libertação. 2.4.1 Autoria e influências recebidas Para ser corretamente avaliado, o livro deve ser entendido no contexto onde surgiu. Alexandria  era um importante centro político e cultural grego , e contava com cerca de 200.000 judeus entre seus habitantes. A cultura grega, porém, com suas filosofias, costumes e cultos religiosos de uma parte, e com a hostilidade dos pagãos e às vezes perseguição aberta de outra, constituía uma ameaça constante a fé e a cultura do povo judaico que habitava no Egito. Para não serem marginalizados da sociedade, muitos deixavam os costumes a até mesmo a fé, perdendo a própria identidade i dentidade para se conformar a uma sociedade idólatra e injusta. O autor, profundamente alimentado pelas Escrituras e pela consciência histórica do seu  povo, enfrenta a situação, escrevendo um livro que procura de todos os modos reforçar a fé e ativar a esperança , relembrando o patrimônio histórico-religioso dos antepassados. antepassados. Ele ensina a verdadeira sabedoria que conduz a uma vida justa e a felicidade.  Não se trata da cultura que se conquista pelo pensamento, mas da sabedoria que vem de Deus, opondo-se à idolatria e à vida injusta que nasce dela.  Esta sabedoria divina guiou magistralmente a história do povo de Deus, revelando que a verdadeira felicidade pertence aos amigos de Deus.   Em outras  palavras, o autor quer mostrar que a sabedoria ou senso de realização da vida não é apenas um fruto do esforço do homem, mas é em primeiro lugar um dom que Deus concede gratuitamente aos seus aliados. 2.4.2 Destinatários e divisão Os destinatários  são os  judeus da diáspora de Alexandria . Por razões políticas, econômicas, econômicas, sociais e religiosas, foram forçados a abandonar seu ambiente rural da Palestina para morar na grande metrópole de Alexandria. Isso causou a desagregação das comunidades judaicas e muitos conflitos. A proposta de vida baseada b aseada na sabedoria, presente na revelação de Deus, manifestada na História e no mundo criado, é desenvolvida em três partes: I. A Sabedoria e o destino do homem  (1,1 – 5,23): 5,23): descreve-se a sorte diversa dos justos e dos ímpios, à luz da fé; sendo a justiça imortal (1,16), Deus reserva a imortalidade aos justos. II. Elogio da Sabedoria  (6,1 – 9,18): 9,18): origem, natureza, propriedades e dons que acompanham acompanha m a sabedoria (7,22 – 8,1), 8,1), como personificação de Deus (ver Pr 8; Sir 24); elogio da sabedoria, elevando-a acima dos valores mais apreciados neste mundo.  Nesta segunda parte do livro, o sábio afirma que publicará tudo sobre a origem da Sabedoria.. Para ele, “grande número de sábios é a salvação para o mundo” (Sb 6,24). O autor, Sabedoria como se fosse o rei Salomão, afirma que todos os seres humanos são iguais e têm direito à DIOCESE DE FORMOSA - Prof. Pe. João Manoel Lopes

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 – LITERATURA SAPIENCIAL E SALMOS CURSO DE TEOLOGIA MODULAR  – LITERATURA Sabedoria. Ela “é um tesouro inesgotável para o ser humano” (Sb 7,14). A origem do Sabedoria. conhecimento conhecimen to está em Deus (Sb 7,15-21). Depois de apresentar os atributos da Sabedoria, o autor conclui: “Ela é emanação do poder de Deus” (Sb 7,25) e “tudo governa de maneira correta” (Sb 8,1; cf. 7,22-8,1) 7,22 -8,1). Apresentando a Sabedoria como mulher, pela qual está apaixonado e à qual sonha unir-se, o sábio ensina os jovens que estão se afastando da tradição  judaica (cf. Sb 8,2-16). Concluindo esta parte, temos uma ampliação de 1Rs 3,6-9: a oração de Salomão. O rei pede a Deus, com insistência, a obtenção da Sabedoria: caminho para a imortalidade (cf. Sb 8,17-9,18). III. A Sabedoria na História de Israel  (10,1 – 19,22): 19,22): descreve-se a presença e a atividade da sabedoria em toda a História do povo de Israel com especial incidência sobre o Êxodo (11,1-19,17). Destacandoo a libertação do justo, o autor apresenta o agir da Sabedoria na história da Destacand humanidade, desde Adão até a história de José   (cf. Sb 10,1-14). Em seguida, há longa recordação da experiência do êxodo, enfatizando que os inimigos serão punidos e os justos recompensados (cf. Sb 10,15-19,22). Em meio à história do êxodo, há extenso tratado contra a idolatria nos capítulos 13-15. Assim como Deus defendeu o povo hebreu da opressão dos egípcios, ele o fará em todos t odos os tempos  (cf. Sb 19,22). O livro da Sabedoria é convite para reconhecer a presença da Sabedoria de Deus, que conduz e protege a nossa vida . Nele encontramos forte apelo para que as pessoas, especialmente os governantes, amem a justiça e busquem a Sabedoria, entendida como fidelidade a Deus e à Lei. É a Sabedoria que age na história da humanidade, desde as origens até o momento presente, e agirá em todos os tempos e lugares. O estilo geral da obra   inclui recursos estilísticos hebraicos  (paralelismo, alusões a motivos do AT) e gregos   (abundância de sinônimos, adjetivação rebuscada, rimas e jogos de  palavras). Tudo isto faz do livro da Sabedoria um modelo do grego da Bíblia dos Setenta. 2.4.3 Chaves de leitura O livro da Sabedoria se dirige a um povo que está numa situação totalmente nova , diferente da tradição histórico-religiosa vivida até então. As comunidades correm o risco de desagregar-se, desagregar-se, perdendo sua identidade e a fé no único Deus  que tem um projeto de libertação.  Nesta situação, situação, o livro da Sabedoria Sabedoria oferece importantes importantes chaves de leitura: 1. Liberdade na releitura dos fatos passados; 2. Busca da identidade através da memória histórica; 3. Deus está sempre presente na caminhada do povo. Seu rosto se revela de forma nova em cada situação. Podemos assim ler e interpretar o livro da Sabedoria  como porta de entrada para a Boa Nova de Jesus Cristo no Novo Testamento. Uma das principais mensagens que o livro da Sabedoria quer revelar é quem é Deus. Diante da multiplicidade de deuses e de cultos, o autor responde evocando como Deus se apresenta na história do povo de Israel . Deus é “Aquele que é ” (13,1). É o “Criador ” (13,3.5). É justo e tudo t udo dispõe com justiça (12,2.15-22). Mas além do rosto do passado, p assado, encontramos encontramos um novo rosto de Deus: ele é o guia da Sabedoria e o orientador dos sábios e justos (7,15; 16,7). É o Deus da vida que ama a todos (11,24-26) e usa de misericórdia para com todos (11,23). Pela Sabedoria, todos têm a chance de se tornarem amigos de Deus  (7,14-28). Essa obra foi escrita em grego, no final do séc. I a.C., na colônia judaica de Alexandria. O título do livro aponta para a “Sabedoria” como o tema principal. De fato, na primeira parte,  o autor destaca a importância da Sabedoria como caminho para a justiça e a vida (cf. Sb 1,1-6,21). Na parte central do livro, há uma descrição da origem e da natureza da Sabedoria (cf. Sb u m resgate da ação da Sabedoria na história  (cf. Sb 6,22-9,18); na última parte, o autor faz um 10-19). DIOCESE DE FORMOSA - Prof. Pe. João Manoel Lopes

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 – LITERATURA SAPIENCIAL E SALMOS CURSO DE TEOLOGIA MODULAR  – LITERATURA 2.4.4 A teologia do livro da Sabedoria

Uma primeira ideia teológica do livro é a de que muitos judeus seriam tentados a seguir o caminho dos “ímpios ímpios”” e a renegar a sua fé, f é, tanto pela perseguição ou pelo ridículo a que eram sujeitos por causa das práticas dessa fé, como pela vida moral fácil que os alexandrinos levavam, levavam, em contraste com as exigências apontadas pela Lei  (2,1-20). O autor resolve o problema da felicidade dos justos e infelicidade dos ímpios  pela retribuição ultraterrena para os justos . Face a um ambiente religioso, filosófico e cultural, que apresentava um estilo de vida material e formalmente atraente, era imperioso dar razões fortes da fé, mesmo em termos racionais e vitais, para que ela não aparecesse aparecesse inferiorizada como proposta ou estilo de vida . Uma segunda ideia teológica  fundamental deste livro é a personificação da Sabedoria divina. Enquanto, para os gregos, a sabedoria era um meio para chegar ao conhecimento e al guém que está presente contemplaçãoo divina, para o autor, ela é uma proposta de vida, um alguém contemplaçã em toda a vida e que preside à vida toda; que fala, estimula e argumenta . A sabedoria é assim, porque é o reflexo da vontade e dos desígnios de Deus  (9,13.17);  porque partilha da própria vida de Deus e está associada a todas as suas obras  (8,3-4) e tem a ver com o espírito de Deus (1,6; 7,7.22-23; 9,17); é ela que torna a religião judaica muito superior às religiões idólatras  (cap. 13-15). Numa palavra, a sabedoria é um outro modo da revelação de Deus ; isto é, o próprio Deus atua na História de Israel (cap. 11 – 12; 12; 16 – 19) 19) e no mundo criado por meio da sua sabedoria. Ela prefigura o amor e a sabedoria de Deus que culmina em Jesus Cristo, também chamado “Sabedoria de Deus ” (ver 1 Cor 1,24.30). Do ponto de vista doutrinário , Sb é de grande importância não só por apresentar tal imagem da Sabedoria, mas também por desvendar um pouco a sorte póstuma do homem . A concepção do Sheol (lugar subterrâneo, onde estariam, inconscientes, bons e maus depois da morte) cede a noções mais próximas do Novo Testamento e mais exatas. Com efeito; segundo Sb, o homem, criado por Deus com especial benevolência consta de corpo e alma. A alma não é preexistente ao corpo, existe uma harmonia entre corpo e alma . Deus fez o homem para a imortalidade, imort alidade, de acordo com a sua imagem, mas foi por inveja do diabo ou tentador que a morte entrou no mundo. Acontece, porém, que as almas dos justos, depois de vida reta levada na terra, gozam de plena felicidade ou do fruto de suas labutas . Assim o  problema do mal, tão tormentoso para Jó, Ecl, se resolve na teologia do AT; a prosperidade dos maus e os sofrimentos dos bons já não são a última palavra de Deus ; mas é após a vida terrestre que se exerce plenamente a justiça de Deus, restabelecendo a reta ordem dos valores. As perícopes de Sb 1,13-15 e 2,21-24 explicam Gn 1-3 . A morte, mesmo aquela física, não fazia parte do projeto divino de criação: Deus queria somente a vida e, para o homem, a incorruptibilidade, a imortalidade. Foi o diabo, identificado com a serpente de Gn 3, que introduziu no mundo a morte, como uma intrusa (2,24). ( 2,24). Essa não e ́  somente a morte física, mas haver a ́   uma também aquela espiritual, porque distancia de Deus. Depois da morte física, havera averiguação conduzida por Deus sobre todo homem  (1,9; 6,5-8). Todavia, o autor ignora a distinção entre juízo súbito depois da morte e juízo final. No dia do juízo os ímpios se verão acusados, at e ́  mesmo pela sua própria consciência (4,20; 5,3). Então a morte espiritual, que tinham acolhido desde a terra (1,16), revelar a ́  toda a sua monstruosidade, maior que a morte física (5,6-13). Também os justos padecerão da morte física, mas m as para permanecer junto ao Senhor e receber, por graça, a coroa (5,4-5). A natureza da Sabedoria e ́  de tal pureza que penetra tudo em vista do bem (7,22-24). A Sabedoria e ́  efusiva, emanação, reflexo, o espelho, a imagem de Deus: tem origem desse modo em Deus, do qual e ́  inseparável  (7,25-26). A sua ação e ́  ao mesmo tempo de ordem cósmica e de ordem moral, espiritual. Ela rege o Universo de modo benéfico, animando-o com a sua presença e forma os santos (7,27 – 8,1). 8,1).

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 – LITERATURA SAPIENCIAL E SALMOS CURSO DE TEOLOGIA MODULAR  – LITERATURA 2.5 O livro do Eclesiastes O livro começa com a expressão “Palavras de Qohélet, filho de David, rei de Jerusalém””, geralmente considerada como título da obra. Trata-se de um livro profundamente lém crítico, lúcido e realista sobre a condição do povo na Palestina, por volta do século III a.C . A Palestina era então colônia do império grego dos Ptolomeus, ao qual devia pagar  pesados tributos, que que eram arrecadados arrecadados pela família dos Tobíadas, Tobíadas, que controlava controlava o comércio, a economia e a política interna. O autor escreveu durante esse tempo de exploração interna e externa (250 a.C.), que não deixava esperanças de futuro melhor para o povo. Num mundo sem horizontes, ele fez um balanço sobre a condição humana, buscando apaixonadamente uma perspectiva de realização. Quais os caminhos para realizar a vida e a felicidade?  O autor desmonta as ilusões que um determinado sistema de sociedade apresenta como ideal (riqueza, poder, ciência,  prazeres, status social, social, trabalho para enriquecer, enriquecer, etc.) e coloca uma uma pergunta fundamental: fundamental: “Que  proveito tira o homem homem de todo o trabalho trabalho com que se afadiga debaixo debaixo do sol? (1,3) ”. Em vez de cair no desespero, o autor descobre duas grandes perspectivas : Primeiro, descobre Deus como Senhor absoluto do mundo e da história, devolvendo a Deus a realidade de ser Deus . Depois, descobre o Deus sempre presente, fazendo o dom concreto da vida para o homem, a cada instante e continuamente . Isso leva o homem a descobrir que a própria realização é viver intensamente o momento presente, percebendo-o como lugar de relação com o Deus que dá a vida. Intensamente vivido, o momento presente se torna experiência da eternidade, saciando a sede que o homem tem da vida . O Eclesiastes é um convite para destruir e construir. Destruir uma falsa concepção a respeito de Deus e da vida, muitas vezes justificada  por concepções teológicas profundamente profundamente arraigadas. Depois, construir uma nova concepção de vida, que é dom gratuito de Deus, para que todos partilhem com justiça e fraternidade . Só então todos poderão ter acesso à felicidade, que consiste em usufruir a vida presente que, intensamente vivida, é a própria eternidade. 2.5.1 Datação, estilo e autoria O nome grego Eclesiastes é a tradução do hebraico Qohélet = o homem que fala na qahal ou na assembleia, ou o orador, o pregador. Este autor pertence ao círculo dos sábios . Qohélet é identificado em 1,1 com o filho de David, rei de Jerusalém. Um tal filho de David só poderia ser Salomão. Porém, um estudo sério, tanto no plano da linguagem como no  plano da doutrina, situa o livro num período posterior ao regresso do Exílio e anterior à época dos Macabeus.  O fato de aludir ao rei Salomão, nada significa; atribuí-lo àquele soberano não passa de uma ficção literária para quem procura um patrocínio literário. Os estudiosos datam este livro por volta do ano 250 a.C . Depois da morte de Alexandre Magno (323 a.C.) termina a época persa e começa a época helenista ou grega. Mesmo com a ocupação grega, a Judéia conseguiu manter os privilégios conquistados na época da dominação persa . Isto significava que sua religião era respeitada, o templo continuava funcionando e a administração da província era confiada ao Sumo Sacerdote . Mas a carga dos tributos aumentou muito. Toda riqueza do Egito e da Palestina foi canalizada para a cidadecapital Alexandria que logo se tornou a cidade mais importante da época. 2.5.2 Divisão do livro É muito difícil distinguir partes bem definidas neste livro. O pensamento vai e vem, se repete e corrige. Trata-se mais de variações sobre um tema único: a vaidade das coisas humanas, que é afirmada no começo (Ecl 1,2) e no fim do livro (Ecl 12,8). Ele parece ser o DIOCESE DE FORMOSA - Prof. Pe. João Manoel Lopes

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 – LITERATURA SAPIENCIAL E SALMOS CURSO DE TEOLOGIA MODULAR  – LITERATURA discurso único de um sábio, reunindo ditos e provérbios, para fundamentar sua opinião e, ao mesmo tempo, comentar o que observa da realidade. Entremeando provérbios e comentários, ele vai costurando os mais diversos assuntos. Podemos dividir assim o livro: Prólogo  (1,2-11): fala do retorno cíclico das coisas . I. 1,12 – 2,26: 2,26: O autor faz a sua autocrítica, constatando a inutilidade dos esforços do homem para se libertar l ibertar da condição humana. A conclusão a que chega é: “também isto é ilusão ” (2,26), princípio, aliás, solenemente afirmado logo em 1,2 e que dá o tom de fundo ao livro. II. 3,1 – 6,12: 6,12: demonstra o aspecto negativo e os limites de toda a realidade humana , ao mesmo tempo que toma consciência de que tudo é dom de Deus. III. 7,1 – 12,7: 12,7: apresenta algumas reflexões  sobre a sabedoria e a sua relação com a  justiça, a mulher, o exercício do poder, poder, o problema da justiça e as anomalias anomalias do mundo. mundo. Em forma tipicamente sapiencial de reflexão, de confissão, de máximas e de considerações consideraçõ es várias de matriz autobiográfico, o autor chama a atenção para a finalidade da existência humana . Este não é pessimista, nem otimista, nem oportunista; mas sim realista, lúcido, inconformista e franco, atento ao próprio ritmo da vida e consciente da radical insuficiência do homem, face à realidade da morte, para resolver o mistério da existência . Refletindo sobre a própria experiência  o autor não orienta o seu pensamento segundo um plano bem definido; vai seguindo a mesma dinâmica da vida, marcada por antinomias,  paradoxos, enigmas, dramas, repetições, correções, mistérios e por clareiras de felicidade. E chega à célebre conclusão de que tudo é ilusão , isto é, inconsistente e incompreensível à razão humana. Esta expressão aparece no princípio e no fim do livro (1,2 e 12,8), formando uma inclusão literária, sinal da importância que o autor lhe quer conferir. O livro é uma obra desconcertante , ao questionar valores que, na perspectiva da sabedoria tradicional, gozavam de um estatuto especial. A morte é apresentada como o absurdo de toda a existência , atingindo a todos igualmente (3,19-22). Seguindo o exemplo de Jó, Eclesiastes também apresenta o problema da retribuição do bem e do mal, contradizendo as posições tradicionais  (8,9-15). No entanto, Eclesiastes é um homem de fé . Perante situações absolutamente incompreensíveis para a razão humana, reconhece que a Deus não se pode pedir contas (7,13); que o homem deve aceitar tanto as provações como as alegrias (7,14) e que deve observar os mandamentos e temer a Deus. Para Eclesiastes, a sabedoria vale mais do que a insensatez , mas apenas na ordem  prática, para um melhor adestramento nas tarefas da vida quotidiana. Cada homem e cada mulher deve viver no temor de Deus, consciente de estar totalmente nas suas mãos . O temor de Deus parece ser a atitude religiosa fundamental de Eclesiastes que, não rejeitando a prática religiosa hebraica (4,17-5,6), não a considera uma garantia para a prosperidade e a felicidade.  Na linha l inha do livro de Jó, Eclesiastes põe em causa as certezas da sabedoria tradicional, mas ainda não tem soluções para as substituir. É uma obra de transição, situando-se na encruzilhada do pensamento hebraico ; e cria expectativa para uma nova luz que, sendo dom de Deus, ilumina todo o homem que vem a este mundo (Jo 1,9). 2.5.3 Chaves de leitura É muito conhecida a primeira frase do livro do Eclesiastes: “Vaidade das vaidades, tudo é vaidade!” vaidade!” (Ecl 1,2). Esta palavra ocorre 32 vezes neste livro, está em todos os capítulos, exceto o capítulo 10 . Talvez a palavra “vaidade” vaidade” não seja a melhor tradução. No texto, mais de vento ”. É possível que a palavra “ilusão” ilusão” seja a uma vez, ela é explicada por “correr atrás do vento” ilusão! ” mais apropriada: “Ilusão das ilusões, tudo é ilusão!” Pode-se dizer que o Qohelet, de certo modo, é pessimista. Mas por trás deste pessimismo, nos aponta caminhos. A pergunta central do livro é: A vida humana tem sentido? O Qohelet observa atentamente a realidade e nela percebe três valores indiscutíveis: a vida humana DIOCESE DE FORMOSA - Prof. Pe. João Manoel Lopes

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 – LITERATURA SAPIENCIAL E SALMOS CURSO DE TEOLOGIA MODULAR  – LITERATURA tem suas limitações (Ecl 5,17-18; 6,12; 7,29); o pobre e o oprimido não têm vez  (Ecl 4,1; 5,7; 9,14-16); o que Deus fez está feito   (Ecl 3,14-15; 7,13) diante desses três valores, tudo é relativizado: as gerações (Ecl 1,4), o poder (Ecl 2,9-11), a política (Ecl 4,13-16) o templo (Ecl 3,2-8), o trabalho (Ecl 6,7), o culto, a Lei (Ecl 4,17-5,6). A felicidade é poder trabalhar e usufruir o produto do próprio trabalho (Ecl 2,24; 5,17-19). Aqui ecoa a pregação do III Isaías (cf. Is 65,21-22). A proposta básica do Qohelet é o direito de todos à felicidade. Mas o autor não deixa de apresentar os mecanismos que impedem essa felicidade . Há, na sociedade, um mecanismo perverso que rouba do trabalhador os frutos do seu trabalho. Esse mecanismo vem da exploração do poder econômico (Ecl 5,7), das estruturas injustas (Ecl 3,16), da competição (Ecl 4,4). Para superar, o autor propõe o trabalho de toda comunidade. Este trabalho solidário (Ecl 4,7-12) deve levar à partilha do produto entre todos (Ecl 11,1-2). O mutirão popular dá coragem  para enfrentar os problemas da vida (Ecl 4,7-12). O livro discorre de falar da vaidade ou da deficiência dos bens . É um monologo , onde o autor discute consigo mesmo a respeito da possibilidade de encontrar a felicidade no gozo do prazer, no trabalho, no cultivo da sabedoria, nas riquezas, riquezas, e verifica que em tudo t udo existe decepções para o homem ; todos os bens se assemelham a vaidade; isto é, a sopro ou vento: escapam quando alguém os quer segurar nas mãos. O autor de Ecl. não tinha uma consciência de uma vida póstuma . Compartilhava a ideia de que, após a morte, o ser humano entra em estado de torpor e se torna t orna incapaz de receber a retribuição de seus atos bons e maus; por conseguinte Deus exerce sua justiça aqui na terra em todos os homens . Ora o autor de Ecl. tem um certo desânimo por ver que os ímpios são sadios, ricos e os fiéis sofrem perseguições e miséria. 2.5.3.1 A morte como sentido de vida

A morte é um elemento chave na interpretação do livro de Eclesiastes.  Para falar da vida e de todo o seu sentido, ele fala da morte. Porque existe a morte, a vida deve ser vivida intensamente. Tudo que não leva a vida a ser vivida intensamente é “vaidade das vaidades”. A morte dá sentido à vida. A partir da morte se descobre a vida. O otimismo do autor consiste em que o seu leitor, compreendendo a sua reflexão, dê um novo sentido à sua vida, tendo os pés no aqui e agora.  O autor de Eclesiastes não perde noites de sono pela vida do além. Essa, ele não a conhece e dela não pode falar. O mundo grego pregava a imortalidade da alma e nisto estava o sentido da vida para eles. Eclesiastes mostra que o sentido da vida está mais próximo de nós, que imaginamos. Falar da vida é falar de Deus.  Nas palavras poéticas e realistas sobre a morte, Eclesiastes revela um Deus próximo de cada um de nós, que nos oferece a vida e as condições para vivê-la com intensidade. Os seres humanos da sociedade de Eclesiastes é que justificaram as suas práticas injustas com reflexões sobre a vida no além. A felicidade em Eclesiastes consiste no sentido da vida, vivida com alegria . Enquanto a sociedade do seu tempo se preocupava com o acúmulo de bens, Eclesiastes ensina o valor de usufruir os frutos do próprio trabalho . Vida vivida com intensidade produz alegria. Pequenas coisas tornam-se grandes porque foram feitas com o traço da eternidade, mesmo que passageiras. passageiras. A vida é uma arte, um eterno rodízio do nascer e morrer. Uns vão v ão e outros vêm. E a vida continua o seu curso. Na vida, há um tempo para tudo, plantar, arrancar a planta; matar e curar; destruir e construir; chorar e rir; atirar pedras e recolher pedras; guerrear e fazer paz, abraçar e separar. Há um momento para cada coisa. Há de tudo na vida. Quem compreende este mistério vive a vida com intensidade. Viver é a arte de viver intensamente no amor!  Morrer é arte, desde que se tenha vivido com intensidade. Viver e morrer se entrelaçam. A morte, no entanto, é o princípio de sabedoria para quem entendeu o seu sentido. DIOCESE DE FORMOSA - Prof. Pe. João Manoel Lopes

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 – LITERATURA SAPIENCIAL E SALMOS CURSO DE TEOLOGIA MODULAR  – LITERATURA 2.6 O Cântico dos Cânticos O título de Cântico dos Cânticos  significa o mais belo dos cânticos ou o cântico maior e coincide com as duas primeiras palavras do texto. Nessa espécie de introdução, muito sumária, a autoria do livro é atribuída a Salomão , como acontece com os Provérbios e a Sabedoria. Cântico dos Cânticos está na Bíblia. É Palavra de Deus! Esta é a nossa fé. Para os judeus, este livro é tão importante que sua leitura oficial é feita no dia da Páscoa , a festa maior, a  principal do calendário litúrgico. Assim, através da celebração, celebração, o Cântico dos Cânticos é associado à libertação de Deus no Êxodo . Mas sempre houve problemas em relação a este livro, tanto entre judeus como entre cristãos. A sua inclusão na Bíblia foi questionada mais de uma vez.  De um lado, entusiasmo que acolhe e aprecia; do outro lado, desconfiança que resiste e rejeita. Até hoje, essas mesmas reações aparecem nos leitores e intérpretes do Cântico dos Cânticos. A melhor tradução para o título seria “o cântico por excelência ” ou “o mais belo cântico” cântico”. Na verdade, o livro é uma coleção de cantos populares de amor , usados talvez em festas de casamento, onde noivo e noiva eram chamados de reino e rainha. 2.6.1 Datação e autoria

Um redator reuniu esses cantos, formando uma espécie de drama poético, e o atribuiu ao rei Salomão, reconhecido em Israel como patrono da literatura sapiencial. A forma final do livro, de altíssimo valor poético, remonta ao século V ou IV a.C. Ao longo da antiga tradição hebraica e cristã, Salomão sempre foi tido como autor da obra. Hoje, nenhum exegeta adota essa posição. Estamos novamente diante de um caso de  psudoepigrafia,  psudoepigrafia, artifício literário que atribui a Salomão, ícone da sabedoria israelita, uma composição de época muito posterior a ele. 2.6.2 Pluralidade de leituras

O Cântico dos Cânticos aparece na Bíblia dividido em poemas , de acordo com a intervenção alternada dos principais personagens. Temos assim a abertura, cinco poemas, o epílogo e dois pequenos apêndices. Ct 1,2-4  –  Abertura  Abertura Ct 1,5-2,7  –  Primeiro  Primeiro poema Ct 2,8-3,5  –  Segundo  Segundo poema Ct 3,6-5,1  –  Terceiro  Terceiro poema Ct 5,2-6,3  –  Quarto  Quarto poema Ct 6,4-8,4  –  Quinto  Quinto poema Ct 8,5-7  –  Epílogo  Epílogo Ct 8,8-12  –  Apêndice  Apêndice Ct 8,13-14 –  Últimos  Últimos acréscimos 2.6.3 Leitura e interpretação do livro Em primeiro lugar, trata-se de um livro sapiencial que aborda a mais profunda, universal e significativa experiência humana: o amor . Mas o amor humano ou divino? Podemos dizer que o Cântico celebra inseparavelmente os dois, pois a criatura humana é imagem e semelhança do Criador (Gn 1,26-27). Além do mais, como afirma João, “o amor p rocede de Deus, e todo aquele que ama nasceu de Deus, e conhece a Deus pois Deus é amor” ( 1Jo 4,7-8). O amor humano é espelho, sacramento e manifestação do próprio Deus , que se torna  presente na pessoa pessoa dos seres humanos humanos que se amam. DIOCESE DE FORMOSA - Prof. Pe. João Manoel Lopes

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 – LITERATURA SAPIENCIAL SAPIENCIAL E SALMOS CURSO DE TEOLOGIA MODULAR  – LITERATURA O livro convida a descobrir e viver essa experiência, e com ela o cerne do grande mistério: Deus se manifesta na pessoa de Jesus, como amor pelos homens   (Jó 3,16). O Cântico e o que ele descreve  –  o   o amor humano  –  podem   podem e precisam ser lidos como parábola incomparável incomparável que revela a paixão e ternura de Deus pela Humanidade. Apesar do que dissemos acima, a leitura do Cântico dos Cânticos está sobretudo marcada, desde sempre ou quase, por uma transposição de sentido que faz dele uma alegoria, em que o amado é Deus ou o Messias , novo Salomão, e a amada é Israel ou a Igreja , como nova comunidade de Israel. Deste modo, o Cântico dos Cânticos transformou-se no principal veículo para exprimir uma antiga concepção bíblica da experiência religiosa , sobretudo como uma relação amorosa com Deus. Possivelmente, a grande dificuldade na leitura do Cântico residiu no desequilíbrio instaurado por uma espécie de totalitarismo alegórico das interpretações . A interpretação mais antiga , tanto na tradição judaica como cristã, é a de cunho religioso. O Cântico dos Cânticos contém três temas de salvação : o tema do Gênesis do amor; o tema do Êxodo e do Cativeiro. Mas não existe só a interpretação religiosa. Ao longo do tempo, as interpretações orientavam-se basicamente em quatro direções diferentes : a). Interpretação literal   - Conforme a letra trata-se claramente de cânticos que celebram o amor entre uma mulher e um homem . Proclama a legitimidade e exalta o valor do amor humano . Não está preocupado com o casamento nem com a procriação. Por mais  profano que pareça este tema, tem a ver com Deus que imprimiu a sua “imagem e semelhança ” no casal e não nos indivíduos i ndivíduos (Gn 1,27) e abençoou sua união afetuosa (Gn 2,23-24).  b). Interpretação cultural - O ambiente cultural circundante dos cananeus concebia a vida sexual a imagem das relações míticas entre as divindades da fecundidade. Alguns estudiosos acham que o Cântico dos Cânticos recebeu influência do culto de Ishtar e Tammuz do rito de primavera da religião assírio-babilônica . Existem também semelhanças com a poesia romântica do Egito antigo. De qualquer maneira, essas obras poéticas e românticas teriam  passado por por um processo de revisão e depuração depuração para serem usadas no culto a YHWH. c). Interpretação histórica - Qualquer obra literária é produto de sua época. O Cântico dos Cânticos, portanto, toma posição nos conflitos da época pós-exílica . Os personagens representam o povo que ficou na terra, o pessoal que voltou da Babilônia, a monarquia, etc. Com u ma o livro de Rute e outros livros, reage contra a política oficial de Esdras e Neemias e faz uma proposta de reconstrução a partir do clã e do campo . d). A interpretação simbólica - O amor descrito no Cântico dos Cânticos seria o símbolo de outras realidades. Como no profeta Oséias, simbolizaria o amor de YHWH como esposo de seu povo eleito. Pode também simbolizar o primeiro casal no paraíso terrestre. terrestr e. Os cristãos veem no Cântico dos Cânticos o símbolo da relação entre Cristo e sua Igreja . E alguns místicos o consideram como o símbolo da relação entre o Cristo e a alma . humana” O Cântico dos Cânticos fala de Deus uma única vez para dizer que a “paixão humana” é como “uma faísca de YHWH” YHWH” (Ct 8,6), isto é, como um raio no meio da tempestade. Pelo resto, só fala do amor humano e dele fala de maneira bem profana . Usa uma linguagem fortemente erótica de grande beleza poética: descreve com arte o jogo do amor (Ct 4,9-15; 5,28); com naturalidade, evoca a relação sexual (Ct 2,4); não fala da mulher como esposa ou mãe mas simplesmente mulher enamorada que busca ansiosamente o seu amado até encontrálo (Ct 3,1-4); descreve o corpo da mulher em todas as minúcias (Ct 4,1-7); descreve igualmente igualmente a beleza do corpo do homem (Ct 5,10-16); fala do amor humano não enquanto fonte de procriação mas só enquanto busca amorosa e entrega mútua. (Ct 2,16-;6,3). O Cântico dos Cânticos sempre provocou e provoca polêmicas.  O amor contido no livro é um amor humano autêntico, radical e total, pessoal e encarnado, encarnado, delicado e puro. É, antes de tudo, ressaltada a paridade do homem e da mulher em dignidade de valor.

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 – LITERATURA SAPIENCIAL E SALMOS CURSO DE TEOLOGIA MODULAR  – LITERATURA 3 GRANDES TEMAS DA LITERATURA SAPIENCIAL 3.1 A sabedoria e a conduta moral

A sabedoria é, pois, um conhecimento baseado na experiência acumulada ao longo da vida e enriquecida através de várias gerações , que se fixou gradualmente em máximas, sentenças e provérbios breves e ritmados, recheados de imagens ou comparaçõe comparações. s. Confrontando o conjunto da sabedoria de Israel com outros corpos literários do AT, não será difícil verificar que os Livros Sapienciais formam um mundo à parte , caraterizado pela fé na sabedoria divina que rege o universo e cada pessoa em particular . Ao contrário da palavra profética, a sabedoria exige o empenho de todas as capacidades e dons de que o ser humano dispõe   (Sir 15,14-20; 17,1-14). Mais do que  procedendoo do alto, como  procedend como a Lei, a Profecia Profecia e a própria História, História, a sabedoria surge e cresce cresce a partir de baixo, ou seja, da experiência humana. Quem procura viver na sabedoria encontra a vida e o que a odeia, a morte : “Pois quem me encontra, encontra a vida e obtém o favor do Senhor; mas quem me perde, prejudicase a si mesmo, todos os que me odeiam, amam a morte ” (Pr 8,35-36). A sabedoria coloca o homem diante de uma decisão fundamental em sua vida.  Neste particular, assemelha-se à  pregação deuteronomista para quem a obediência à Lei significa a vida e a desobediência, a morte (Dt 11,26s; 30,15-20).  A rec recompensa nsa pr ometi da para os seguidores da sabedoria é expressa pelo conceito de vida (6,23; 10,11; 11,30; 12,28; 13,12; 15,4.24; 16,22), sobretudo uma vida longa (Pr 10,27; Eclo 1,18s), cheia de riquezas, com família numerosa, sucesso e prestígio. Portanto, uma recompensa situada nos limites do mundo presente. Ações más produzem consequências más e ações boas têm bons resultados . Esta seria a natureza da “retribuição” estabelecida por Deus (cf. Gn 4,6-7). Os livros de Jó e Eclesiastes mostrariam uma quebra deste fatalismo próprio do Antigo Oriente Médio. Porém, há o princípio básico na Bíblia  segundo o qual Deus age em todos os acontecimentos  (cf. Am 3,6). Jó e Ecl mostram o conflito entre os dois tipos de retribuição. No entanto, as teses dos sábios sobre a recompensa divina para o sábio e o justo desembocam numa crise,  que foi benéfica para o desenvolvimento da própria doutrina da imortalidade. Segundo os sábios, a justiça divina exigia que o bem fosse recompensado, a virtude premiada, e o mal punido, já neste mundo. Mas a vida prática desmente continuamente este princípio (Jó e Ecl). A união u nião com Deus que se cultivou nesta vida, perdura na outra (cf. Sl 73,23-28). Em outras palavras, os sábios têm consciência de seu limite : não podem controlar a Deus (Pr 21,30-31; 16,1-2.9). Confrontam-se com o mistério de Deus (cf. Jó 11,7-8; 36,22-26). “Israel experimentou o mistério de Deus de modo mais radical no âmbito da sabedoria do que nas tradições de sua própria história ” (Murphy, op. cit., vol. VI, p. 924). 3.2 A retribuição Há uma espécie de “dogma”, na sabedoria israelita, que afirma que a vida corre bem aos bons e mal aos maus . Não acreditavam em outra vida, por isso acreditavam que Deus premia os  bons e castiga castiga os maus, ainda ainda nessa vida vida (Prov. 2, 21-22; 3,33). 3,33). Quem é reto a Deus (moral e religião) tem sua recompensa recompensa (riqueza, saúde), quem é infiel tem seu castigo (pobreza, doença, maldição) . O sucesso do ser humano depende de sua fidelidade a Deus. Porém, essa teologia não responde ao sofrimento do justo e do inocente (cf. Jó e Ecle), enfim ao próprio drama da vida humana. DIOCESE DE FORMOSA - Prof. Pe. João Manoel Lopes

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 – LITERATURA SAPIENCIAL E SALMOS CURSO DE TEOLOGIA MODULAR  – LITERATURA 3.3 A educação e Lei Após o exílio constata-se uma aproximação entre os conceitos de sabedoria e Lei, talvez em consequência da importância crescente que ambas adquiriram. Esta tendência nota-se, sobretudo, no Sirácida (Eclo 24,32; 39,1), embora a sabedoria continue sendo misteriosa (Eclo 1,8s): “O princípio da sabedoria é temer o Senhor ”  (Eclo 19,20). O Eclo procura unir a observância da lei com o ideal da disciplina do sábio.  Para ele, quem obedece à Lei é homem disciplinado e sábio. É ela que deve guiar a conduta humana. O temor a Deus é o princípio de toda Sabedoria. A Sabedoria capacita o homem para a Obediência . 3.4 Relação entre sabedoria e Deus  Nos livros mais recentes a sabedoria passa por uma formulação de conceito e é mais diretamente relacionada com Deus. Ela torna-se um  pre  pred dicad icado divino  (Jó 12,13). É compreendida compreendida como um apelo divino ao homem , como um intermediário i ntermediário divino da revelação, como a grande educadora das nações em geral e de Israel em particular, e até mesmo como o  princípio divino por ocasião ocasião da criação. criação. Esta teologização da sabedoria talvez tenha começado a partir das afirmações sobre sua inacessibilidade: “Só Deus conhece o caminho de acesso, só ele sabe de sua morada ” (Jó 28,23). Ele a comunicará àquele que a procurar (Pr 8,22-31; Sb 9,9). Citações que sugerem a teoria que leva a considerar a sabedoria como  pessoa, ou ao menos como personificação da sabedoria para mostrar a proximidade do Criador junto a suas criaturas. Esta personificação chegou ao cume na pessoa do Verbo. A sabedoria é neste sentido identificada com o espírito de Deus (Sb 1,5; 9,17s). É mostrada salvando Noé, os patriarcas e o próprio povo de Israel (Sb 9,18 – 10,13; 10,13; cf. Cl 1,6).  Neste sentido, a sabedoria é o modo como Javé quer acompanhar e aproximar-se do homem (salvação) . O mais importante é que a sabedoria não se volta para o homem como algo que ensina, guia p ara a salvação, mas como uma pessoa que o admoesta, como um ‘Eu’. Assim, a sabedoria, na verdade, seria a forma como Javé se torna presente e o modo como quer ser visto pelo homem .

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 – LITERATURA SAPIENCIAL SAPIENCIAL E SALMOS CURSO DE TEOLOGIA MODULAR  – LITERATURA

4 OS LIVROS POÉTICOS 4.1 Os Salmos O nome atual do Livro dos Salmos, ou simplesmente Salmos , está diretamente ligado à mais antiga designação utilizada para esta coleção de poemas ou cânticos religiosos. O nome Psalmoi””.  português deriva da palavra grega “Psalmoi O livro dos Salmos, com cento cinquenta orações, é o coração do Antigo Testamento . É a grande síntese que reúne todos os temas e estilos dessa parte da Bíblia. A palavra salmo quer dizer oração cantada e acompanhada com instrumentos musicais . Assim, na oração e no canto de Israel, podemos ver como a história, a profecia, a sabedoria e a lei penetram a vida do povo e a transformaram em oração viva, marcada por todo tipo de situações pessoais e coletivas. Temos nos salmos um exemplo de como as situações podem tornar-se oração. Os salmos são também poesia , que é a forma mais apropriada para expressar os sentimentos diante da realidade da vida. Esta é permeada pelo mistério de Deus, o aliado que se compromete com o homem para com ele construir a história. Nelas descobrimos o Deus sempre  presente e disposto disposto a se aliar, para para caminhar conosco conosco na luta pela construção do do mundo novo. novo. Os salmos supõem o contexto maior de uma fé que nasce da história e constrói história. Seu ponto de partida é o Deus libertador que ouve o clamor do povo e se torna presente, dando eficácia à sua luta pela liberdade e vida  (Ex 3,7-8). Por isso, os salmos são as orações que manifestam a fé que os pobres e oprimidos têm no Deus aliado. São orações que nos conscientizam e engajam na luta dentro dos conflitos, sem dar espaço para o pieguismo, o individualismo ou a alienação. Os salmos foram compostos e depois burilados para uso repetido.  Não se esgotam com a experiência do indivíduo que os criou, nem se restringem à história de um só povo. Pelo contrário, estão sempre abertos para exprimir situações de outros povos e indivíduos, já que as estruturas das situações se repetem. r epetem. O livro do Salmos é um dos mais citados pelos escritores do Novo Testamento . O  próprio Jesus rezava os salmos , e sua vida e ação trouxeram significado pleno para o sentido que essas orações já possuíam a vida de Israel. Depois dele, os salmos se tornaram as orações do novo povo de Deus, comprometido com Jesus Cristo para a transformação do mundo, em vista da construção do Reino. 4.1.1 Definição, divisão, numeração e títulos

A tradição hebraica e cristã sempre atribuiu uma grande importância a Davi, como estando na origem dos Salmos.  Na vida religiosa, os Salmos representavam um patrimônio muito utilizado e um elo fundamental de transmissão da fé ; alguns deles são, seguramente, dos textos mais repetidos de toda a Bíblia. Bíblia. Do judaísmo ao cristianismo, a vivência religiosa de grande parte da humanidade teve o seu alimento e a sua expressão mais natural no texto dos Salmos. Se pensarmos que o modelo  básico e até um ou outro salmo podem ter vindo diretamente da cultura religiosa de Canaã anterior aos hebreus, maior é o seu percurso e a sua representatividade. Cantar um salmo, hoje‚ é um ato de comunhão religiosa e humana que atravessa milênios de experiência. O livro dos Salmos engloba, na atual Bíblia Hebraica, um conjunto de 150 cânticos de que os Sl os Sl 1 e 2 constituem a abertura e oo Sl  Sl 150 representa representa o encerramento encerramento . Mas, na história antiga do texto bíblico, as numerações dos Salmos variaram bastante , sem que se modificasse DIOCESE DE FORMOSA - Prof. Pe. João Manoel Lopes

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 – LITERATURA SAPIENCIAL SAPIENCIAL E SALMOS CURSO DE TEOLOGIA MODULAR  – LITERATURA o seu conteúdo literário. Este conjunto de cânticos era dividido de maneiras diferentes, de tal modo que resultava um número umas vezes inferior e outras superior ao de 150, que se tornou o número canônico no texto hebraico. Um resto desta antiga variedade na numeração dos Salmos é aquela que ficou na tradução grega dos Setenta , de onde transitou para as traduções latinas dela dependentes e ainda se encontra em antigas traduções portuguesas. Nestas, os Salmos que se encontram entre o  9 e o 147 levam um número a menos . Esta segunda numeração é adotada pelas edições litúrgicas e vai entre parênteses. A numeração nas duas Bíblias é a seguinte:

Bíblia Hebraica

Setenta e Vulgata

1 –8

1 –8

9

9,1-21

10

9,22-39

11 –113

10 –112

114

113,1-8

115

113,9-26

116,1-9

114

116,10-19

115

117 –146

116 –145

147,1-11

146

147,12-20

147

148 –150

148 –150

A organização de vários conjuntos no interior do Livro dos Salmos  traduz também David ” - 3 – 41 algo da história da sua composição: temos coleções de “Salmos de David” 41 e 51 – 72; 72; “de Asaf ”: 50 e 73 – 83; Coré”: 42 – 49; 84 83; “de Coré” 49; 84 – 85; 85; 87 – 88; 88; “Cânticos de peregrinação ”: 120-134;  120-134; “Salmos de aleluia” aleluia ”: 105 – 107; 111 107; 111 – 118; 135 118; 135 – 136; 146 136; 146 – 150.  150.  Alguns outros Salmos foram dispersos por entre estas coleções. 4.1.2 Gêneros literários dos Salmos

O conteúdo e o contexto dos Salmos   fazem com que todos tenham um aspecto semelhante. São expressões de vivência religiosa e de oração . Mesmo assim, existem gêneros literários  que identificam todo um grupo de Salmos, com temas, processos, fórmulas e estruturas semelhantes. O mais normal é existir certa mistura de gêneros literários , de modo que cada salmo pode partilhar elementos provenientes de vários gêneros . Podem-se destacar, no entanto, os seguintes gêneros literários:   São hinos de louvor utilizados com muita frequência na  Salm  Salmo os de de louv louvo or ou hino hinoss  –  São liturgia das festas, e dos quais se conhecem muitos outros exemplos dispersos pela Bíblia, tal

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 – LITERATURA SAPIENCIAL SAPIENCIAL E SALMOS CURSO DE TEOLOGIA MODULAR  – LITERATURA como o Magnificat e outros, no Novo Testamento. Veja-se Sl 8, 19, 29, 33, 100, 103, 104, 111, 113, 114, 117, 135, 136, 145, 146, 147, 148, 149, 150. Semelhantes a estes são os  Salm  Salmo os da da r ealez leza de J avé , que celebram a Deus como rei: Sl rei: Sl 47, 93, 47, 93, 96,  96, 97,  97, 98,  98, 99;  99;   e os “Cânticos de Sião ”, que celebram Sião ou Jerusalém como cidade de Deus: Sl Deus:  Sl 46, 48, 46, 48, 76,  76, 84,  84, 87,  87, 122.  122. Salmos individuais de súplica, confiança ou ação de graças . São claramente os mais numerosos de todos, o que revela bem a atenção à experiência e aos problemas pessoais da fé, no âmbito da liturgia do povo bíblico. As três categorias traduzem um conteúdo específico: de súplica: Sl 5, 6, 7, 13, 17, 22, 25, 26, 28, 31, 35, 36, 38, 39, 42, 43, 51, 54, 55, 56,57, 59, 61, 63, 64, 69, 70, 71, 86, 88, 102, 109, 120, 130, 140, 141, 142, 143; de confiança: Sl 3, 4, 11, 16, 23, 27, 62,121, 131; e de ação de graças : Sl 9, 10, 30, 32, 34, 40, 41, 92, 107, 116, 138. Deste conjunto, os Salmos 6, 32, 38, 51,102, 130 e 143 costumam ser designados também como “Salmos penitenciais” , dado o seu espírito e o uso litúrgico tradicional. Salmos coletivos de súplica , confiança ou ação de graças . Partem de uma experiência humana coletiva e exprimem a vivência comunitária que se realiza no culto . São claramente menos numerosos do que os individuais. Exemplos de súplica: Sl 12, 44, 58, 60, 74, 79, 80, 82, 83, 85, 90, 94, 106, 108, 123, 126, 137; de confiança : 115, 125, 129; de ação de graças: 65, 66, 67, 68, 118, 124. Salmos reais . Têm como tema a importante função exercida pelos reis dentro da comunidade de Israel. Sendo embora um tema diferente do dos “Salmos da realeza de Javé ”, têm certamente algumas analogias com as esperanças messiânicas , porque estas voltam-se para uma figura com alguns contornos de rei. Exemplos: Sl 2, 18, 20, 21, 45, 72,89, 101, 110, 132, 144. Salmos didáticos . Tal é o título que se pode dar a um certo número de Salmos que ajudam a refletir sobre temas, acontecimentos e valores importantes. Podem subdividir-se em:  Salm  Salmo os  1, 37, 49,  49, 73,  73, 91,  91, 112,  112, 119,  119, 127,  127, 128,  128, 133,  133, 139;  139;  Salm  sap  sapi enciais nciais   ou de medi meditação tação: 1, 37,  Salmo os históricos : 78, 105;  Salmo os de exorta xortaçção profét rofética : 14, 50,  Salmo os  78, 105;  Salm  14, 50, 52,  52, 53,  53, 75,  75, 81,  81, 95;  95; e  Salm  15, 24, 134.  134. rituais : 15, 24, ” 

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 – LITERATURA SAPIENCIAL E SALMOS CURSO DE TEOLOGIA MODULAR  – LITERATURA 5 NARRATIVA DIDÁTICA 5.1 Ester O livro de Ester  é uma apaixonada descrição das experiências dramáticas por que passou a comunidade hebraica de Susa, quando esta cidade era capital do império persa . O texto sugere que esses acontecimentos afetariam a vida de todos os judeus residentes dentro das fronteiras daquele imenso império. Quer dizer que os episódios narrados atingiam todos os  judeus do mundo e as consequências consequências diziam respeito à sua sobrevivência sobrevivência.. babi lónico Mardoqueu e uma sua parente As figuras centrais  são um judeu de nome babilónico e protegida, chamada Ester . Mardoqueu surge como chefe da comunidade judaica; Ester é a  personagem  personage m decisiva no desenrolar dos acontecimentos. O livro descreve uma ameaça de morte que se transformou numa afirmação de triunfo . Semelhante sucesso merece ser cele brado e recordado. E, de fato, o livro de Ester culmina numa festa anual , ainda hoje celebrada entre os judeus: a festa de “Purim”, ou das “sortes” lançadas e transformadas. 5.1.1 Autor e data

O autor do livro de Ester é desconhecido . Alguns já sugeriram que tenha sido Mardoqueu, porém detalhes textuais tornam essa possibilidade bastante improvável. O que se sabe ao certo é que o autor do livro de Ester foi um judeu que possuía um grande conhecimento dos costumes persas, persas, da geografia do império e da corte. É bem provável que ele tenha vivido em Susã. Possivelmente ele também teve acesso aos escritos de Mardoqueu, às crônicas do governo persa e aos decretos reais. Devido a algumas semelhanças no estilo hebraico, Esdras e Neemias também já foram apontados como possíveis autores. A data mais provável  em que o livro de Ester foi escrito fica entre segunda metade do século 5 a.C e o início do século 4 a.C . Alguns tentam propor uma data mais recente, por volta do século 1 a.C. Entretanto, as evidencias praticamente descredenciam descredenciam essa sugestão. Já falamos que o autor do livro de Ester conhecia muito bem as dependências do palácio de Susã, e este palácio foi queimado em no máximo 30 anos após a morte do rei Assuero (465 a.C.). Também o autor demonstra uma postura favorável com relação ao rei persa. Por último, a ausência da influência da linguística grega no texto, praticamente anula qualquer possibilidade do livro ter sido escrito após 331 a.C ., quando Alexandre o Grande tomou o Império Persa. Considerando tudo isto, uma data entre 465 a.C. e o final do reinado de Artaxerxes I em 424 a.C. parece ser a melhor possibilidade. 5.1.2 Texto e divisão A multiplicidade de experiências do livro tem a sua expressão no próprio estado do texto chegado até nós, com dois extratos bem distintos: algumas seções, que constituem a parte mais longa e mais antiga estão em hebraico  e parecem representar o fio condutor da história ; outras suplementos,, ampliações e reformulações do mesmo assunto, encontram-se só em grego e são suplementos mas com um espírito e um horizonte diferentes , tentando recriar e reformular novas  perspectivas.. Estas novidades do texto grego vão sendo inseridas ao longo de toda a história  perspectivas descrita. São Jerônimo, ao preparar a edição da Bíblia em latim, chamada Vulgata, decidiu colocar em primeiro lugar a tradução contínua do hebraico  e acrescenta-lhe os suplementos em grego, numerados nos capítulos capítu los 11 a 16. E assim se apresentava o livro livr o de Ester, nas traduções

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 – LITERATURA SAPIENCIAL E SALMOS CURSO DE TEOLOGIA MODULAR  – LITERATURA que dependiam diretamente da Vulgata. No entanto, esta solução tornava mais difícil a leitura dos suplementos, que não representavam uma sequência completa. Os problemas quanto ao seu conteúdo vão desembocar na data de composição deste livro. A opinião mais aceita é a de que o texto hebraico  teria sido escrito durante o séc. III ou II a.C.  Nessa altura, o império persa já tinha terminado. Significaria isto que as situações descritas se referiam ao tempo dos persas , mas os problemas e as preocupações reais que, naquele momento, levavam a escrever este livro, podiam ser confrontações com outros inimigos. De fato, no séc. III a.C. ou depois, os conflitos do judaísmo eram sobretudo com o helenismo. E, se assim foi, o livro de Daniel e o de Judite dão testemunho de um recurso literário muito semelhante: servir-se de uma história referente a épocas do passado para enfrentar e combater dramas próprios do momento presente. O Novo Testamento não deu muita importância a este livro, pois não se refere a ele. O judaísmo, pelo contrário, sempre o valorizou bastante . A festa de Purim, aqui iniciada, também não consta no calendário de Qumrân, nem o livro li vro é referido na biblioteca da seita. Mas, para o judaísmo, Ester foi sempre um dos mais importantes dos cinco “rolos” ou “livros” cuja leitura ocorria regularmente em certas festas . O Cânon hebraico ou judeo-palestinense inclui só o texto hebraico de Ester, classificando-o na cate goria dos “Escritos” ou “Literatura”. O Cânon grego ou judeo-alexandrino inclui também os suplementos gregos, considerando-os igualmente canônicos, canônicos, aparecendo Ester entre os livros li vros históricos. A divisão geral do livro li vro é aquela que se nos apresenta através da narrativa em hebraico: I. Ester torna-se rainha : 1 – 2,23; 2,23; II. Conspiração contra os judeus : 3,1 – 5,14; 5,14; III. Haman é condenado à morte : 6,1 – 7,10; 7,10; IV. Os hebreus vingam-se dos inimigos : 8 – 11. 11. 5.1.3 Teologia É, sobretudo, na teologia que se nota a diferença mais sensível entre o texto hebraico e os textos em grego. No texto hebraico não existe sequer referência ao nome de Deus . Seja qual for a razão que levou a uma narrativa de aspecto aparentemente laico, pressupõe-se que, por detrás das vicissitudes da experiência histórica, existe uma outra instância da qual poderá vir a resposta para os problemas, se os humanos não forem capazes de os resolver (ver 1,14). É uma evidente referência a Deus, implícita, mas forte. Além disso, toda a narrativa se desenvolve num ambiente e com uma ressonância sapiencial clara . Ora toda a sabedoria oriental, mesmo quando expressa numa linguagem aparentemente profana, está imbuída de um profundo humanismo religioso. Uma das evidentes novidades do texto grego  é a maneira como sublinha os vários aspectos teológicos , em concreto a intervenção de Deus como providente condutor dos acontecimentos históricos . À primeira vista, pareceria que foi esta a razão que levou aos acréscimos gregos. Mas, fosse ou não essa a intenção principal, o fato é que o texto grego enquadra toda a história no contexto de um sonho , que é contado no princípio e explicado no fim. Tudo o que acontecera já tinha sido revelado a Mardoqueu por meio daquele sonho: estava previsto e cumpriu-se tal qual. O livro de Ester ensina alguns princípios fundamentais para nossa vida cristã . Nele s ofre intensas perseguições de aprendemos que em determinados momentos o povo de Deus sofre seus inimigos, porém Deus preserva o seu povo durante os períodos difíceis .  No livro li vro de Ester também aprendemos que, como povo escolhido do Senhor, devemos exaltá-lo por todas as suas maravilhas. Devemos permanecer fieis a Deus esperando sua provisão a nosso favor, confiando que Ele derrotará definitivamente todos aqueles que se levantam contra sua obra.

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 – LITERATURA SAPIENCIAL E SALMOS CURSO DE TEOLOGIA MODULAR  – LITERATURA 5.2 Judite Este livro, cujo nome é o da sua figura fi gura principal, mostra-nos como Israel domina todas as dificuldades quando obedece ao Senhor . As pessoas e os lugares nele descritos fazem crer que o autor pretendeu dar-lhes nomes fictícios, embora não se saiba exatamente porquê. O significado de alguns deles enquadra-se bem no próprio conteúdo do livro. O nome da heroína, Judite, que lhe serve de título, simboliza “a judia”, expressão frágil e desamparada do próprio Israel, sob a ameaça dos inimigos. O importante, contudo, é a lição que nos é dada pelo seu cântico: só os que temem o Senhor podem ser grandes em todas as coisas. 5.2.1 Texto Aquele que terá sido o texto original hebraico ou aramaico do Livro de Judite há muito que desaparece desapareceu u . O testemunho escrito que nos chegou era constituído por três recensões gregas, uma versão siríaca, a antiga versão latina e a tradução latina feita por São Jerônimo. As  poucas recensões recensões hebraicas hebraicas que se conhecem conhecem são consideradas consideradas pouco fidedignas fidedignas para nos nos derem a conhecer o texto original, uma vez que se apresentam como elaborações livres feitas sobre o mesmo texto. Segundo Orígenes e São Jerônimo, este livro não era considerado canónico pelos judeus da Palestina. Entretanto, foi traduzido pelo Targum, e o Talmude atribuiu-lhe um grau inferior de inspiração. Contudo, no séc. I d.C. o livro fazia parte do cânone dos judeus de Alexandria . Tudo isto contribuiu para o fato de alguns Padres da Igreja terem posto em causa, e mesmo negado, a sua inspiração. 5.2.2 Divisão e Conteúdo O livro de Judite divide-se em duas partes : I. Antecedentes do cerco a Betúlia  (1,1 – 6,21): 6,21): o poder de Nabucodonosor (1); expedição de Holofernes (2); procedimento das nações gentias (3); os judeus preparam-se para a guerra (4); discurso de Aquior a Holofernes (5); resposta de Holofernes (6). 16,25): a situação torna-se difícil em Betúlia (7); Judite II. Vitória dos judeus  (7,1 – 16,25): diante dos chefes do povo (8); a oração de Judite (9); a caminho do acampamento assírio (10); na presença de Holofernes (11); Judite na ceia de Holofernes (12); regresso triunfante à cidade (13); ataque contra os assírios (14); vitória completa dos Judeus (15); cântico de Judite (16,117); conclusão da história de Judite (16,18-25). 5.2.3 Teologia Quando Holofernes e os assírios sitiaram Betúlia, esgotou-se a água na cidade , e os seus habitantes estavam na iminência de perecer. Foi então que uma viúva, chamada Judite, traçou e pôs em prática um plano, que levou os sitiantes à debandada e deu a vitória final aos israelitas. Como quer que seja, e para além dos pormenores históricos e geográficos, a doutrina do livro merece a nossa atenção. Estamos diante da afirmação de verdades que em nada põem em causa o conjunto da teologia do AT: proclama-se a providência de Deus para com o seu povo; a omnipotência, realeza e sabedoria universal de Deus; a ideia da dor e do sofrimento como prova; a centralidade, reverência e valor do templo; o valor do jejum, da oração e dos atos de penitência . Este livro manifesta, sobretudo o amor de Deus pelos pequenos , servindo-se de todos os meios para os defender. Neste caso, de uma mulher, que nunca tinha participado numa guerra. DIOCESE DE FORMOSA - Prof. Pe. João Manoel Lopes

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 – LITERATURA SAPIENCIAL E SALMOS CURSO DE TEOLOGIA MODULAR  – LITERATURA 5.3 Rute

Na Bíblia Hebraica, a história de Rute vem colocada entre os Escritos (Ketubim) . A tradição grega e latina apresenta outra ordem: recuam-na para junto do livro dos Juízes,  provavelmente pela indicação contida em 1,1, que situa os acontecime acontecimentos ntos deste livro naquela época. Tal como hoje nos aparece, este pequeno livro foi escrito provavelmente só depois do cativeiro da Babilónia. Um autor desconhecido  deixou-nos esta bela composição literária. 5.3.1 Divisão A narração desenvolve-se numa harmonia notável de quatro cenas  (1,7-22; 2,1-23; 3,118; 4,1-12), precedidas de uma introdução (1,1-6) e seguidas de uma conclusão (4,13-17). Mais do que no amor, o livro de Rute centra o seu enredo no motivo legal do levirato e do resgate : quando um homem morre, sem deixar descendência, o irmão ou o parente mais  próximo deve receber a viúva e gerar filhos, que perpetuarão a memória do defunto; e deve ter igual atenção em relação aos bens patrimoniais. Assim se cumpria a lealdade familiar no quadro da legislação antiga (Dt 25,5-10). É esta lealdade que torna exemplar, mesmo admirável, o livro de Rute. As suas personagen personagenss têm nomes carregados de simbolismo : Elimélec = “o meu Deus é rei”; Noemi = “minha doçura”; Mara = “amargurada”; Maalon = “enfermidade”; Quilion = “fragilidade”; Orpa = “a que volta as costas ”; Rute = “a amiga”. Estes nomes representam, no cenário de uma sociedade agrícola, o drama do infortúnio e do luto, mas também a força triunfante da solidariedade e da vida . 5.3.2 Teologia Rute é uma história bíblica em que Deus se faz presente, não através de acontecimentos extraordinários, mas no cumprimento das normas sociais mais comuns . Este Deus discreto, quase silencioso, não é, porém, menos atuante e surpreendente na manifestação da sua fidelidade. Em linguagem aparentemente inofensiva, o livro parece conter um protesto muito hábil contra o rigor exagerado da época de Esdras e Neemias, relativamente aos casamentos mistos (Esd 9-10; Ne 13,1-3.23-27). Na história de Rute pode ver-se como o Deus de Israel, que permitiu a uma moabita entrar na genealogia de David (e por isso mesmo, na do próprio Jesus Cristo: Mt 1,5-17), não podia ser tão rigoroso que excluísse as estrangeiras do seu povo. 5.4 Tobias

Escrito sob a forma de um romance de matriz sapiencial , este livro narra-nos a história de Tobit, de Sara, mulher de seu filho Tobias, e das respectivas famílias. Apresentados como israelitas piedosos, que sempre permaneceram fiéis ao Senhor seu Deus, mesmo no meio das  piores tribulações, constituem, por isso mesmo, um paradigma de comportamento nas circunstâncias normais da vida. Dentro desta perspectiva, toda a trama se desenrola em torno de questões práticas que vão sendo resolvidas sempre com uma fé inabalável em Deus e dentro da fidelidade absoluta à sua vontade . Atribuindo-lhe uma linguagem dos nossos dias,  poderíamos dizer que que se trata de um tema de amor . Amor de dois jovens esposos; amor das diversas personagens dentro do quadro das respectivas famílias; amor dos fiéis pelo seu

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 – LITERATURA SAPIENCIAL E SALMOS CURSO DE TEOLOGIA MODULAR  – LITERATURA Deus que, através dos séculos e do suceder-se aparentemente inocente dos acontecimentos, guia o seu povo em direção ao cumprimento do seu destino de realização plena . 5.4.1 Texto e composição A história da sua transmissão é algo atribulada e só com alguma dificuldade entrou no conjunto dos livros canônicos. Com efeito, é considera considerado do apócrifo pelas Igrejas Evangélicas, não faz parte do cânone hebraico e só o Concílio de Hipona, em 393, o admitiu como inspirado . O livro foi redigido em aramaico, língua esta que, sendo próxima do hebraico, rapidamente se tornou também veículo de comunicação em toda a zona do Crescente Fértil e das suas zonas conhecimento nto circundantes.. Não chegou até nós nenhuma versão do texto nesta língua. circundantes l íngua. Assim, o conhecime que temos desta obra, é através das suas traduções t raduções em grego e latim . Não há unanimidade acerca da data de composição do livro . Para uns, teria sido escrito provavelmente entre os anos 200 e 180 a.C. e para outros numa data muito posterior. Como quer que seja, todo o texto deixa perceber um ambiente ligado à diáspora, em torno à época do exílio persa . Contudo, e independentemente das considerações cronológicas, é um texto com uma intencionalidade didática e edificante  evidente, visível não só a partir da sua forma narrativa, em jeito de saga, mas também a partir da constatação do pouco cuidado que o autor colocou nas referências cronológicas, históricas e geográficas, que resultam, na sua maioria, incoerentes. 5.4.3 Conteúdo e divisão

O esquema geral da obra é a sequência da sua história : Origens de Tobit e a sua  piedade (cap. ( cap. 1). Tobit no cativeiro (2,1-9). A sua resignação nas provas (2,10-3,6). Sara, no meio da sua aflição, ora ao Senhor (3,7-17). Discurso de Tobit a seu filho (cap. 4). O filho de Tobit empreende a viagem, acompanhado por um anjo (5,1-6,9). Bodas do filho de Tobit com Sara (6,10-8,9). Gabael assiste às bodas (cap. 9). Regresso de Tobias para junto de seus pais (1011). Revelação do anjo (cap. 12). Cântico de Tobit (cap. 13). Mortes de Tobit e de Tobias (cap. 14). O livro pode dividir-se nas seguintes seções: I. História de Tobit : 1,1-3,6; II. História de Sara : 3,7 – 4,21; 4,21; III. Preparação da viagem : 5,1-23; IV. Viagem à Média : 6,1-19; V. Casamento de Tobias e Sara : 7,1 – 14,15. 14,15. 5.4.4 Mensagem Teológica Depois do Exílio, enquanto uma parte do povo judeu se reuniu à volta de Jerusalém, um grande número permaneceu na Babilônia e nos outros territórios em redor de Israel: no Egito, na Assíria e nos territórios que atualmente constituem a zona norte do Irã. Muito provavelmente, o livro de Tobit nasce dentro deste ambiente linguístico e geográfico. Ao ser um texto narrativo de caráter “romanceado ”, a atenção do leitor é levada a centrar-se nas personagens, nas suas genealogias escrupulosamente israelitas e na forma fiel e  piedosa segundo a qual orientam as suas vidas. Estas caraterísticas, típicas dos intervenientes, são ainda postas em relevo graças ao recurso sistemático a comparações, quer com os outros membros do povo de Israel, quer com as personagens reais com as quais cada um deles se vai relacionando. Assim, o texto avança claramente em dois níveis paralelos e concêntricos de desenvolvimento: desenvolvime nto: por um lado, l ado, o nível da fidelidade e piedade de Tobit e dos seus familiares DIOCESE DE FORMOSA - Prof. Pe. João Manoel Lopes

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 – LITERATURA SAPIENCIAL SAPIENCIAL E SALMOS CURSO DE TEOLOGIA MODULAR  – LITERATURA diretos; por outro, a infidelidade do povo e a impiedade dos governantes . Todo o enredo, na sua forma simplista, está impregnado de um inconfundível sabor sapiencial e de referências indisfarçáveis, por exemplo, à História de José e à personagem de Jó.  Nesta simplicidade linear, o texto não é capaz capaz de criar qualquer qualquer tensão dramática. dramática. Desde o início, o leitor tem a sensação de já saber o que vem a seguir.  Seguindo as regras típicas deste gênero, o texto avança num crescendo de complicação com sucessivos momentos de resolução, atingindo o clímax ou ponto de viragem quando ficam resolvidas as duas dificuldades  principais ligadas à questão da herança: o aspecto financeiro e a descendênc descendência, ia, que se supõe venha a seguir-se à conclusão feliz do casamento de Sara e Tobias. Apesar disto, e na sua ingenuidade, o livro de Tobit respira um ambiente de fé incondicional em Deus . Para além das tribulações e dificuldades sofridas, as personagens centrais vivem com a certeza inabalável da presença de Deus, como condutor da História, e da recompensa recompen sa que hão de ter pela sua fidelidade. O próprio nome de Tobit (abreviatura hebraica de “Tôbiyyâh ”, que quer dizer “Deus é  bom”, ou “o meu bem está em Deus ”) confirma a ação da divina Providência, que vela por aqueles cuja fé é inabalável e os ajuda a vencer as provações, acabando por lhes dar uma recompensa recompen sa muito acima de toda a expectativa , como no caso do próprio Tobit. CONCLUSÃO A literatura sapiencial mostra Deus se manifesta na experiência que o ser humano faz no tempo (Kairós). Deus se revela  no nascimento, no plantar, no amar, no viver, nas coisas mais simples da vida, não somente nos grandes acontecimentos . Deus se revela também na morte, na crise existencial, na perda, no sofrimento, nas contrariedades que a própria condição humana traz em si. O conceito de sabedoria emerge no cotidiano da vida e Deus se mostra como um Deus misericordioso, providente e sábio. BIBLIOGRAFIA

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 – LITERATURA SAPIENCIAL E SALMOS CURSO DE TEOLOGIA MODULAR  – LITERATURA Paulinas, 2000. M ONLOUBOU, L. et al. Os salmos e os outros escritos. São Paulo: Paulus, 1996. MOREIRA, Gilvander; FARIA, Jacir de Freitas et. al. O povo sabe das coisas: Eclesiastes ilumina o trabalho, a vida e a religião do povo. Belo Horizonte: CEBI, 2006. PEREIRA, Ney Brasil. Sirácida ou Eclesiástico: a sabedoria de Jesus, filho de Sirac. Petrópolis: Vozes, 1992. SCHWANTES, Milton. Sentenças e Provérbios: sugestões para a interpretação da sabedoria . São Leopoldo: Oikos, 2011. STORNIOLO, Ivo. Como ler o Livro de Jó: o desafio da verdadeira religião. São Paulo: Paulinas, 1992. GOTTWALD, Norman K. Introdução socioliterária à Bíblia hebraica.  [Tradução: Anacleto Alvarez]. São Paulo: Paulus, 1988. LÍNDEZ, José Vílchez. Eclesiastes ou Qohélet.  [Tradução: João Rezende Costa]. São Paulo: Paulus, 1999. (Grande Comentário Bíblico) LÍNDEZ, José Vílchez. Sabedoria. [Tradução: João Rezende Costa]. São Paulo: Paulus, 1995. (Grande Comentário Bíblico) MONLOUBOU, L. et. al. Os salmos e os outros escritos.  [Tradução: Benôni Lemos]. São Paulo: Paulus, 1996. STORNIOLO, Ivo. Como ler o livro da Sabedoria: A sabedoria de Israel é o senso de  justiça. São Paulo: Paulus, 1997. Bíblia Sagrada de Jerusalém, versão on-line. Ver questões para estudo na próxima página

GRUPOS DE ESTUDO Cada grupo estudará de modo comparado os textos indicados, tendo como material básico de  pesquisa as as referências bibliográficas bibliográficas indicadas neste plano de ensino. Cada grupo fará a sua pesquisa. Depois, se encontrará com o seu respectivo grupo para confrontar o resultado do estudo. A apresentação apresentação será única dos dois grupos: Grupo 1a Ler os livros de Provérbios e Eclesiástico. Identificar os temas sapienciais. Interpretar, atualizar e comparar: Pr 1,7 e Eclo 1,14; Pr 3,5-6 e Eclo 2,6-9; Pr 3,34 e Eclo 3,18; Pr 8,18-19 e Eclo 1,1617; Pr 8,22 e Eclo 1,14; Pr 17,3 e Eclo 2,5; Pr 17,5 e Eclo 4,1-6. Elaborar um trabalho monográfico. Grupo 1b Ler os livros de Provérbios e Eclesiástico. Identificar os temas sapienciais. Interpretar, atualizar e comparar: Pr 1,7 e Eclo 1,14; Pr 3,5-6 e Eclo 2,6-9; Pr 3,34 e Eclo 3,18; Pr 8,18-19 e Eclo 1,1617; Pr 8,22 e Eclo 1,14; Pr 17,3 e Eclo 2,5; Pr 17,5 e Eclo 4,1-6. Elaborar um trabalho monográfico. Grupo 2a Comparar Eclo 44-50 e Sab 10-19 e descobrir em coincidem, complementam e divergem os autores de ambas as obras em relação à função da Sabedoria na história. Identificar nos livros sapienciais os elementos teológicos que identificam a sabedoria mais antiga (Prov 10-29), a crise de sabedoria (Jó e Eclesiastes) e a última sabedoria (Eclesiástico, Prov 1-9;30-31, Sabedoria)  produzida em Israel. Israel. Elaborar um trabalho trabalho monográfico. monográfico. Grupo 2b DIOCESE DE FORMOSA - Prof. Pe. João Manoel Lopes

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 – LITERATURA SAPIENCIAL E SALMOS CURSO DE TEOLOGIA MODULAR  – LITERATURA Comparar Eclo 44-50 e Sab 10-19 e descobrir em coincidem, complementam e divergem os autores de ambas as obras em relação à função da Sabedoria na história. Identificar nos livros sapienciais os elementos teológicos que identificam a sabedoria mais antiga (Prov 10-29), a crise de sabedoria (Jó e Eclesiastes) e a última sabedoria (Eclesiástico, Prov 1-9;30-31, Sabedoria)  produzida em Israel. Israel. Elaborar um trabalho trabalho monográfico. monográfico. Grupo 3a Fazer um estudo comparativo entre Pr 8,22-31, Jó 28 e Eclo 24,1-29. Identificar as controvérsias cristológicas da patrística e do Segundo Testamento em relação a Pr 8,22-31 e aos livros sapienciais em geral. Elaborar um trabalho tr abalho monográfico. Grupo 3b Fazer um estudo comparativo entre Pr 8,22-31, Jó 28 e Eclo 24,1-29. Identificar as controvérsias cristológicas da patrística e do Segundo Testamento em relação a Pr 8,22-31 e aos livros sapienciais em geral. Elaborar um trabalho tr abalho monográfico. Análise de Pr 1,8-9; 13,7; 14,26; 30, 18-19; Pr 29

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