Apostila de Doutrinação

March 22, 2019 | Author: Danilo Vegini de Matos | Category: Mediumship, Spiritism, Love, Prayer, Suicide
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DOUTRINAÇÃO DE ESPÍRITOS

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CONDUTA DO DOUTRINADOR O doutrinador deve sempre estar atento a todos que estão a mesa de trabalho, ele não deve eve se ater ao médium com maior facilidade de incorporação, mas sim deve passar por todos aqueles que estão num trabalho. Pois aquele médium que nunca incorporou, pode vir a incorporar um dia, então nunca devemos dizer “este não incorpora!” Nunca, jamais, um doutrinador deve se julgar capaz de doutrinar sozinho, pois pois se torn tornar ará á orgu orgulh lhos oso, o, inút inútil il,, e até até me mesm smo o prej prejud udic icia ial. l. Sua Sua efic eficiê iênc ncia ia depe depend nde e se semp mpre re de sua sua humi humild ldad ade, e, que que perm permit itir irá á a ele ele co comp mpre reen ende derr a necessidade de ser auxiliado pelos espíritos bons, nossos queridos amigos e prot protet etor ores es,, que que dent dentro ro das das nece necess ssid idad ades es do mome moment nto o tran transm smit item em ao doutrinador através da intuição, o que aquele espírito ali incorporado precisa ouvir ou saber, mostrando ao doutrinador o caminho que ele deve seguir para o sucesso de seu trabalho. O doutrinador que não compreender esse princípio precisa ser doutrinado e esclarecido, para tirar de seu espírito a vaidade e a pretensão. Só pode realmente doutrinar espíritos quem tiver amor, humildade e fé no seu coração. O doutrinador nunca deve esquecer que o espírito que comparece em busca de soluções para seus problemas e aflições, não está em condições, logo de início início,, de recebe receberr instr instruçõ uções es ace acerca rca da Doutr Doutrina ina Espír Espírita ita.. Ele não está está disposto a ouvir uma pregação, nem predisposto ao aprendizado, ele está desesperado em busca de explicações e resultados. Muitos espíritos quando chegam a uma sessão de doutrinação já chegam com o conhecimento sobre a Doutrina Espírita, alguns são inteligentes, bem preparados experimentados em diferentes técnicas de debate, tendo um linguajar sem igual. Porém isto não significa que todo doutrinador tem de ser um gênio, de enorme capacidade intelectual e de impecável formação filosófica. Se o doutrinador estiver bem familiarizado com as obras fundamentais do Espiritismo, e com o coração aberto ele encontrará sempre o que dizer, ainda que não esteja no mesmo níve nívell inte intele lect ctua uall dele dele.. O co conf nfro ront nto o aqui aqui,, não não é de inte inteli ligê gênc ncia ias, s, nem nem de culturas; é de corações, de sentimentos.

COMO SE APROXIMAR E INICIAR A DOUTRINAÇÃO A doutrinação, não é um amontoado de palavras difíceis ou decoradas. A doutrinação é simples, é puro amor, compreensão e harmonia. No instante em que o doutrinador se senta à mesa, no momento em que se inic inicia iarã rão o os trab trabal alho hoss me medi diún únic icos os deve deve se semp mpre re diri dirigi girr se seu u co cora raçã ção o e pensamentos aos mentores responsáveis pela realização daqueles trabalhos espirituais, solicitando proteção e interferência eficaz, bem como aos seus protetores, para que o auxiliem mais uma vez naquela batalha que vai travar, pedindo que seja iluminado e que possa receber suas instruções e orientações

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necessárias que guiarão suas palavras naquela empreitada, que os espíritos necess necessita itados dos que ali irão irão recebe receberr consol consolo o e orient orientaçã ação o possam possam ouvi-l ouvi-lo o de coração aberto, recitar as palavras do Pai. A dout doutri rina naçã ção o deve deve ma mant nter er se semp mpre re um crit critér ério io de ca cará ráte terr gera gerall individualizando-se na medida de sua necessidade e peculiaridades e situações espe es peci ciai aiss que que fore forem m apar aparec ecen endo do no deco decorr rrer er do trab trabal alho ho.. Nã Não o há co como mo utilizarem-se textos ou frases repetidas para todo um trabalho doutrinário, cont co ntud udo, o, pode podemo moss util utiliz izar ar ce cert rtos os crit critér ério ioss para para ce cert rtos os ca caso sos, s, co como mo por por exemplo, quando se aproxima um doutrinador em meio a um trabalho de um médium que não conhece ou manteve muito pouca experiência com ele em outros trabalhos, ou ainda quando se tratar de médiuns há pouco dese desenv nvol olvi vido doss se send ndo o alvo alvo de pouc poucas as inco incorp rpor oraç açõe õess até até entã então, o, pode poderá rá se proceder usando métodos de apoio, sustentação e ajuda como demonstramos a seguir: Há casos em que o médium, por qualquer motivo, não consegue a incorporação, porém o doutrinador percebe que há um espírito ali muito próximo, e isto está atra atrapa palh lhan ando do fisi fisica came ment nte e o mé médi dium um,, ca caus usan ando do-l -lhe he dore doress e ma mau u es esta tar. r. O doutrinador deve então colocar sua mão sobre a mão deste médium e colocar a outra mão sobre a mão de outro médium mais experiente, preparado e de fácil inco incorp rpor oraç ação ão,, faze fazend ndo o uma uma “pon “ponte te”” de liga ligaçã ção o entr entre e eles eles,, elev elevan ando do se seu u pensamento a Deus e solicitando a ajuda do plano espiritual e de seus mentores para “transportar” aquele espírito que necessita daquela incorporação para o outro médium que poderá ajudá-lo. Imediatamente o plano espiritual conduzirá o espírito para o médium já experiente e ele poderá se pronunciar. O doutrinador deve ser alguém de muita fé e preparado para exercer este mister, transbordando sempre em seu trabalho a fé que possui e que deverá ser percebido e alcançado por nossos irmãos, cujo trabalho tem como destino e alvo.

TIPOS DE ESPÍRITOS OS SUSTENTADORES Susten Sustentad tador ores es são aquele aqueless mentor mentores es espiri espiritua tuais is de luz, luz, ampara amparador dores es e resp respon onsá sáve veis is pela pela es esta tabi bili lida dade de e prot proteç eção ão dos dos trab trabal alho hoss es espi piri ritu tuai aiss e mediúnicos. Toda vez que um grupo de pessoas se reúne na promoção de trabalhos espirituais de caráter socorrista e doutrinário, forma-se no plano espiritual um mesmo grupo correspondente de Mentores Espíritos de Luz para dar suporte, ensinamento e apoio a esses trabalhos.  Todos nós carregamos conosco uma correspondência espiritual, companheiros, amigos, protetores, guias e mentores para suporte de todo tipo, assunto esse que demoraríamos uma obra inteira para abordarmos, o que não é objeto do presente trabalho, entretanto, se faz necessário observar esta es ta co corr rres espo pond ndên ênci cia a co como mo form forma a basi basila larr para para o que que mode modest stam amen ente te pretendemos expor.

OS RECÉM DESENCARNADOS E RECÉM SOCORRIDOS Fato de muita importância e que muitas vezes vem se tornando um conflito

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para alguns de nossos companheiros doutrinadores é o tratamento doutrinário destinado àqueles nossos irmãos recém desencarnados. Não oferecem à primeira vista dificuldades de reconhecimento, isto é, são facilmente identificáveis, devendo sempre o doutrinador carregar consigo a cautela devida, para não ser enganado. Manifestam-se, regra geral, pela maneira como se apresentam a partir da incorporação, demonstrando comportamento angustiante, desesperado e confuso, quase sempre não se lembrando do que aconteceu. Muitas vezes chegam queixando-se de frio, as mãos do médium normalmente tornam-se extremamente frias, isto significa que o espírito ainda está ligado ao seu corpo após a morte, ou seja, ao cadáver e, se disser que está no mais absoluto escuro, com certeza ainda encontra-se no caixão, revelando na conversação a realidade que está vivendo, que está escuro e com muito frio, neste caso o doutrinador deve concentrar-se com muito amor e carinho e oferecer sua mão dizendo que irá puxá-lo para fora do local onde se encontra dizendo que o trará para um lugar quente, iluminado e seguro, porém o doutrinador deve realmente acreditar que estará dando a mão e puxando o espírito para fora do caixão.

O OBSESSOR •OBSESSÃO: Impertinência excessiva. Idéia fixa, mania. •OBSESSOR: Aquele que pratica obsessão. •OBSEDAR: Prática da obsessão. Ficar com uma idéia fixa. •OBSEDIADO: Vítima do obsessor. A obsessão é um estado constante que se instrumentaliza através de um processo de vingança. Invariavelmente é perseguidor e vem dotado de um comportamento moralmente deseducado. O espírito perseguidor busca alívio para o seu sofrimento fazendo sofrer aquele que o feriu, tornando-se ambos infelizes e envolvendo ainda outros nas tramas de suas desgraças. Porém, no plano espiritual tudo está previsto, ao mesmo tempo em que permitem a cobrança de nossas faltas, nos liberam, pelo resgate. O QUE É UM ESPÍRITO OBSESSOR? São espíritos embrutecidos pelo tempo. Parados, estagnados, num ódio ou numa obstinação extrema que já quase nem sabem por quê. E, na maioria das vezes, já estão cansados, muito cansados desta condição. Apesar de muitos não demonstrarem isto, eles anseiam pelo momento do reencontro com o Pai Maior, por isso cada gota de amor a eles dispensada é muito valiosa.

Esses espíritos são difíceis? Sim. Porém não devemos evitá-los, pois é muito fácil doutrinarmos espíritos que já estão esclarecidos, ou os chamados “bonzinhos”, pois eles já estão prontos para irem para a luz. Não que eles não mereçam atenção, porém quando eles chegam, a doutrina deve ser mais rápida. Devemos deixar para nossos irmãos Protetores o maior esclarecimento à eles. Nós devemos apenas conduzi-los à luz. Pois é o que eles querem.

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O OBSESSOR POR AMOR Como já vimos anteriormente um obsessor é um espírito deformado pelo ódio, pela revolta, pela dor, ou até mesmo pelo amor. Não existem apenas espíritos obsessores pelo ódio, há muitos espíritos obsessores pelo amor, pois é muito difícil para eles serem separados de seus entes queridos e principalmente de seu grande amor. Como sabemos o amor e o ódio estão separados por uma barreira quase invisível, então muitas vezes quando pensamos que um espírito está com ódio do outro, na verdade muitas vezes é apenas um disfarce para esconder a dor do amor não correspondido, de um grande mal entendido ou até mesmo do medo de ter seu amor rejeitado. A obsessão pelo amor é a pior de todas, pois aquele que ama não pode imaginar e nem aceitar que está atrapalhando seus entes queridos. Ele julga que está ali para ajudá-los, que eles não podem viver sem sua ajuda.

O OBSEDIADO O ser humano objeto alvo do processo de obsessão, ensina a doutrina básica, tratar-se de alguém cujo débito é muito elevado diante da lei divina, uma vez que se presume tratar-se de alguém responsável por comportamentos graves contrários a Justiça Divina, em encarnações passadas. As ações cometidas contra nossos irmãos, ações essas contrárias à lei divina, de caráter grave ou ainda aquelas ausências de ações quando necessárias e de prejuízo do próximo, carregam consigo gravidade semelhante, sujeitando seu autor aos reveses e a ação incontinente de seus desafetos, desencadeando o processo de resgate. Fatos como esse ensejam uma relação de vingança corporificando-se a esta altura uma relação obsessiva, que por mais vezes acabam não sendo desenfreadas e levadas a efeito pela própria vítima, em muitos casos já até tendo o fato como perdoado, perdoando, desta feita seu próprio algoz, mas sim se exercendo por alguém cujo coração foi ferido com referida conduta, não perdoando e obsediando propriamente dito o causador daquele resultado maléfico, não importando nesse momento a posição da vítima em questão com relação a este feito. O que quer dizer que mesmo sem a autorização da vítima, pode outro espírito qualquer tomar suas dores, por razões diversas, como pode acontecer nos casos de parentesco ou relações afetivas aproximadas, estando ou não aquele cuja obsessão deve recair encarnada ou não, lembrando-se ou não da ofensa cometida, tão pouco tenha ela ocorrido nesta ou em qualquer outra existência.

O SUICIDA Quando o espírito de um suicida vem até nós para ser socorrido ele ainda vive o instante de sua morte, pois quando uma pessoa comete o suicídio ela acha que vai acabar com todos os seus problemas, que poderá encontrar mais rapidamente a tranqüilidade ao lado de Deus, porém, o que ele não sabe é que perante Deus este é um dos piores delitos, pois ninguém pode

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tirar o que Deus nos deus. O Dom da vida. Quando é cometido um desatino destes o espírito é levado imediatamente ao “Vale dos Suicidas”, onde permanece revivendo incessantemente o momento do suicídio até que complete o tempo que ainda teria de encarnado, pois enquanto estamos encarnados é porque temos uma missão a cumprir e quando de súbito, propositadamente a interrompemos, acabamos por mudar todo um processo de vida, não só do espírito que se suicidou, mas sim de todo um grupo de espíritos encarnados, pois além de deixarmos de cumprir nossa missão ainda não permitimos que os outros que se encontram a nossa volta e que necessitariam de nossa ajuda, consigam cumprir a sua missão. Além do que o suicídio também o impedirá de reencontrar, de pronto, seus antigos afetos e familiares já desencarnados, que ansiava por reencontrar. Um suicida quando chega a uma sessão socorrista é logo identificado, pois uma das características mais comuns é que continua com a arma do crime nas mãos e por mais que tente soltá-la não consegue.

O DEVEDOR São chamados devedores todos aqueles espíritos que não se perdoam pelos erros cometidos. Acham que jamais terão o “premio” de conhecer a luz, pois não acreditam serem merecedores. Na maioria das vezes quando chegam até uma “mesa socorrista” eles mesmos se punem, são seus próprios obsessores, alguns se chicoteiam, outros se acorrentam, etc. Quando explicamos a eles que já receberam a graça da acolhida da Luz eles se recusam a ir dizendo que não são merecedores, que seus crimes foram imperdoáveis e que por isso merecem continuar nas trevas pagando muito mais ainda pelos seus erros, eles anseiam por castigos e dor achando que isto irá purificá-los. Eles têm medo de reencontrar suas vítimas achando que elas jamais o perdoarão, pois eles mesmos não se acham dignos de perdão.

A PSICOGRAFIA • PSICOGRAFAR: Escrever (o médium) o que lhe dita um espírito. • PSICOGRAFIA: Descrição da mente e suas funções. Escrita de um espírito pela mão do médium. • PSICÓGRAFO: Pessoa versada em psicografia. Médium que escreve sob a ação de um espírito. Durante um trabalho de mesa socorrista pode-se utilizar vários tipos de trabalhos mediúnicos, porém os mais utilizados são a psicofonia, comunicação mediúnica através da fala, a psicografia, comunicação mediúnica através da escrita. As vezes, durante um trabalho de mesa socorrista aparecem espíritos que não conseguem se comunicar através da fala e por isso utilizam-se da escrita para comunicarem-se. Como o doutrinador perceberá que o espírito quer escrever se ele não consegue falar? O doutrinador deve estar sempre atento a tudo o que acontece em um trabalho socorrista. Deve observar todos os movimentos dos médiuns ali incorporados. Quando um doutrinador aproxima-se para o início de uma doutrinação e esgota todos os meios para conseguir se comunicar verbalmente, antes de encerrar a doutrinação deve perceber se o espírito ali presente não está ansioso, nervoso. Normalmente um espírito que quer

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escrever fica movimentando a mão como se estivesse escrevendo.

LIVRE ARBÍTRIO

É necessário, porém que se compreenda o verdadeiro significado de arbítrio para que possamos adentrar a esse tema de fundamental importância nas raízes de ensinamento e doutrinário da literatura espírita.  Arbítrio significa resolução que dependa só da vontade, o que nos leva à conclusão de que livre arbítrio determina a decisão livre, sob os auspícios da vontade livre, consciente e sem vícios de cada um. Que sendo certo, determinará também a força e o valor do resultado em razão da conduta livre e opcional de cada ser, ensejando a conseqüência necessária e respectiva, aí o resultado alcançado ou pretendido na conduta e comportamento individualizado da mente do ser humano. Surge então a questão de muito interesse que é saber se é verdadeiro o exercício do livre arbítrio quando se nega alguma coisa ou caminho que não se conhece, ou talvez se negue algo que não compreenda, bem assim argumentase à respeito de decisões tomadas sobre fatos desconhecidos ou que não se detêm a informação necessária, bem como precisa, sem que tivesse o esclarecimento mínimo necessário para exigi-la ou perceber sua falta. Conclui-se desta forma que só se pode falar em exercício de livre arbítrio a partir do momento em que se conhecem os dois lados de forma real e o mais total possível, aí sim se pode falar em opção, em caminhos em comportamentos, em lados positivo ou negativo, com a consciência necessária e certeza válida do que se deseja isto sim, é o livre arbítrio. Quando um espírito sofrido e escravizado pelos baixos trevosos optar por permanecer nas trevas, em algumas vezes ele não esta optando, mas apenas manifestando o desejo de permanecer no lugar que já conhece, mesmo que não seja um lugar ideal e bom, de sofrimento e tristeza, é o lugar que ele conhece e aprendeu a viver, sem estar sujeito a novidades ou coisas inesperadas de qualquer tipo, cujo medo é seu companheiro constante, decidindo estão pela opção conhecida, ou seja, em muitas vezes a única conhecida. Pergunta-se então como será o calor da luz? Será bom ou aumentará cada vez

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mais a sua dor? Amor... Uma palavra para ele tão distante!... Como será sentíla?... Todas estas dúvidas inundam a cabeça deste tipo de espírito que em total desespero opta por continuar nas trevas. Estes são seus maiores temores. E cabe ao doutrinador lhes dizer, que eles não devem temer, pois aqueles que ali se encontram não estão em busca de vingança, mas sim o estão esperando, de braços abertos, com muito amor, para ajudá-lo em mais esta prova que irá enfrentar.

ORIENTAÇÃO DOUTRINÁRIA PARA EFETUAR UMA PRECE

Caridade é igual ao amor que age, por isso, antes de pronunciarmos qualquer prece, por mais bela e significativa que seja, é importante nos reconciliarmos e sermos plenamente fraternos, verdadeiros confrades; buscarmos o modelo crístico para nossas vidas, exemplificando no cotidiano, a fim de nos tornarmos agentes transformadores da sociedade pelo poder do Amor. Agora, nesta hora de nossas vidas, quando almejamos ser dignos do Consolador, não podemos mais aprisionar a figura de Jesus nos moldes das nossas imperfeições, mas aprender a ter olhos de ver, para poder fazê-Lo verdadeiramente o paradigma para o nosso progresso moral.  AÇÃO DA PRECE - SEGUNDO ALLAN KARDEC

"A prece é uma invocação; por ela um ser se coloca em comunicação mental com outro ser ao qual se dirige. Ela pode ter por objeto um pedido, um agradecimento ou uma glorificação. Pode-se orar por si mesmo ou por outrem, pelos vivos ou pelos mortos. As preces dirigidas a Deus são ouvidas pelos Espíritos encarregados da execução das suas vontades; aquelas que são dirigidas aos bons Espíritos são levadas a Deus. Quando se ora a outros seres, senão a Deus, é apenas na qualidade de intermediários, intercessores, porque nada se pode fazer sem a vontade de Deus." (Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. XXVII, item 9) " - A prece torna o homem melhor? Sim, porque aquele que ora com fervor e confiança é mais forte contra as tentações do mal e Deus lhe envia os bons Espíritos para o assistir. É um socorro que não é jamais recusado, quando pedido com sinceridade. Como ocorre que certas pessoas que oram muito, sejam malgrado isso, de um caráter muito mau, invejosas, ciumentas, coléricas, carentes de benevolência e indulgência e, mesmo algumas vezes, viciosas? - O essencial não é orar muito, mas orar bem. Essas pessoas crêem que todo o mérito está na extensão da prece e fecham os olhos sobre seus próprios defeitos. A prece, para elas, é uma ocupação, um emprego de tempo, mas não é um estudo delas mesmas. “Não é o remédio que é ineficaz, mas a maneira

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como é empregado.” NOSSO PAI QUE ESTÁS EM TODA PARTE, SANTIFICADO SEJA O TEU NOME, NO LOUVOR DE  TODAS AS CRIATURAS; VENHA A NÓS O TEU REINO DE AMOR E SABEDORIA; SEJA FEITA A TUA VONTADE ACIMA DOS NOSSOS DESEJOS, TANTO NA TERRA QUANTO NOS CÍRCULOS ESPIRITUAIS; O PÃO NOSSO DO CORPO E DA MENTE DÁ-NOS HOJE; PERDOA AS NOSSAS DÍVIDAS ENSINANDO-NOS A PERDOAR NOSSOS DEVEDORES COM ESQUECIMENTO DE TODO MAL; NÃO PERMITAS QUE VENHAMOS A CAIR SOB OS GOLPES DA TENTAÇÃO DE NOSSA PRÓPRIA INFERIORIDADE! LIVRA-NOS DO MAL QUE AINDA RESIDE EM NÓS MESMOS; PORQUE SÓ EM TI BRILHA A LUZ ETERNA DO REINO E DO PODER, DA GLÓRIA E DA PAZ, DA JUSTIÇA E DO AMOR PARA SEMPRE. (EMMANUEL, PSICOGRAFIA DE F.C. XAVIER, IN À LUZ DA ORAÇÃO, CASA EDITORA O CLARIM, 4A ED., 1987, P. 80)

Resultados da doutrinação de Espíritos Os benefícios da desobsessão são incalculáveis. André Luiz assevera: "Erraríamos frontalmente se julgássemos que a desobsessão apenas auxilia os desencarnados que ainda pervagam nas sombras da mente. Semelhantes atividades beneficiam a eles, a nós, bem assim os que nos partilham a experiência cotidiana, sejam em casa ou fora do reduto doméstico e, ainda, os próprios lugares espaciais em que se desenvolve a nossa influência". O referido autor espiritual mostra-nos, então, que a desobsessão areja os caminhos mentais e nos imuniza contra os perigos da alienação, estabelecendo vantagens ocultas em nós, para nós e em torno de nós. Refere ele na mesma obra: “Através dela, desaparecem doenças-fantasmas, empeços obscuros, insucessos, além de obtermos com o seu apoio espiritual mais amplos horizontes ao entendimento da vida e recursos morais inapreciáveis para agir, diante do próximo, com desapego e compreensão". Os resultados da doutrinação dependem do ambiente formado pelos pensamentos do dirigente e dos participantes, da condição moral que o dirigente apresente para orientar os Espíritos e da própria condição espiritual da entidade, que pode aceitar ou não os conselhos e esclarecimentos que recebe. O resultado dependerá também dos métodos utilizados, que devem ser aplicados de acordo com a circunstância e a necessidade do momento. Assevera Herculano Pires : “A doutrinação espírita equilibrada, amorosa, modifica a nós mesmos e aos outros, abre as mentes para a percepção da realidade-real que nos escapa, quando nos apegamos à ilusão das nossas pretensões individuais, geralmente mesquinhas”.

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O objetivo da doutrinação dos Espíritos é o esclarecimento da entidade comunicante quanto ao seu estado transitório de perturbação, as causas de seus sofrimentos e a forma pela qual poderá encontrar a solução para seus problemas. O esclarecedor e todos os membros do grupo mediúnico são chamados a vibrar amorosamente em favor da entidade, demonstrando solidariedade com o seu sofrimento e emitindo pensamentos de auxílio e apoio moral. Depois de esclarecido e de haver aceito o novo caminho que se lhe abre, o Espírito apresenta mudanças no seu modo de agir. Se empedernido, mostrarse-á tocado e sensível aos ensinamentos cristãos, buscando nova forma de encarar a vida; se revoltado, mostrar-se-á submisso à Lei suprema, que não é injusta com ninguém; se odioso, observará as conseqüências em si mesmo de sua semeadura infeliz e procurará dominar seus maus sentimentos; se desesperado, notará agora novas possibilidades de alcançar a paz através do trabalho e da fé ativa. A doutrinação abre para os desencarnados um novo panorama de vida, onde novas atividades se descortinam, com possibilidades de trabalho, felicidade e progresso.

Métodos a serem utilizados Na tarefa de doutrinação dos Espíritos que se comunicam nas sessões mediúnicas não existe regra fixa, pois cada caso é único. Como a doutrinação não objetiva somente Espíritos sofredores, mas igualmente Espíritos ignorantes que ainda permanecem em esferas de embrutecimento, e Espíritos maldosos que se devotam ao mal conscientemente, bem variado deve ser o modo de doutrinar uns e outros. Há, entretanto, determinadas regras que não podem deixar de ser aplicadas nessa tarefa: a) receber com atenção e interesse as comunicações; b) ouvi-las com paciência e imbuído da melhor intenção de ajudar; c) envolver o comunicante em um clima de vibrações fraternais, dando oportunidade para que ele fale; d) estabelecer em tempo oportuno um diálogo amigo e esclarecedor; e) evitar acusações e desafios desnecessários; f) confortar e amparar através do esclarecimento; g) não discutir com exaltação tentando impor seu ponto de vista; h) não receber a todos como se fossem embusteiros e agentes do mal;

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i) ser preciso e enérgico na hora necessária, sem ser cruel e agressivo;  j) evitar o tom de discurso e também as longas preleções; l) ser claro, objetivo, honesto, amigo, fraterno, procurando dar ao comunicante aquilo que gostaria de receber se no lugar dele estivesse. André Luiz atribui o serviço de doutrinação à equipe de médiuns esclarecedores, a quem ele sugere a observância da seguinte postura para o bom cumprimento de sua tarefa: a) guardar atenção no campo intuitivo, a fim de registrar com segurança as sugestões e os pensamentos dos benfeitores espirituais que comandam as reuniões; b) tocar no corpo do médium em transe somente quando necessário; c) cultivar o tato psicológico, evitando atitudes ou palavras violentas, mas fugindo da doçura sistemática que anestesia a mente sem renová-la, na convicção de que é preciso aliar raciocínio e sentimento, compaixão e lógica, a fim de que a aplicação do socorro verbalista alcance o máximo rendimento; d) estudar os casos de obsessão surgidos na equipe mediúnica, que devam ser tratados na órbita da psiquiatria, para que a assistência médica seja tomada na medida aconselhável; e) impedir a presença de crianças nas tarefas da desobsessão. André Luiz recomenda ainda a dirigentes e esclarecedores, bem como a todos os que participam das reuniões mediúnicas, que tenhamos sempre em mente: I - desobsessão não se realiza sem a luz do raciocínio, mas não atinge os fins a que se propõe, sem as fontes profundas do sentimento; II - o esclarecimento aos desencarnados sofredores se assemelha à psicoterapia e que a reunião é tratamento em grupo, na qual, sempre que possível, deverão ser aplicados os métodos evangélicos; III - a parte essencial ao entendimento é atingir o centro de interesse do Espírito preso a idéias fixas, para que se lhes descongestione o campo mental, sendo de todo impróprio, por causa disso, qualquer discurso ou divagação desnecessária; IV - os manifestantes desencarnados, seja qual for sua conduta na reunião, são, na realidade, Espíritos carecedores de compreensão e tratamento adequados, a exigir paciência, entendimento, socorro e devotamento fraternais; V - cada Espírito sofredor deve ser recebido como se fosse um familiar nosso extremamente querido; agindo assim, acertaremos com a porta íntima através da qual lhe falaremos ao coração;

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VI - pelo que ouça do manifestante, o esclarecedor deduzirá qual o sexo a que o Espírito comunicante tenha pertencido na precedente existência, para que a conversação elucidativa se efetue na linha psicológica ideal; VII - os problemas de animismo ou de mistificação inconsciente que porventura surjam no grupo, devem ser analisados sem espírito de censura ou de escândalo, cabendo ao dirigente fazer todo o possível para esclarecer com paciência e caridade os médiuns e os desencarnados envolvidos nesses processos; VIII - é preciso anular qualquer intento de discussão ou desafio com os Espíritos comunicantes, dando mesmo razão, algumas vezes, aos manifestantes infelizes e obsessores; IX - nem sempre a desobsessão real consiste em desfazer o processo obsessivo, de imediato, porquanto em diversos casos a separação de obsediado e obsessor deve ser praticada lentamente; X - quando necessário, o esclarecedor poderá praticar a hipnose construtiva no ânimo dos Espíritos sofredores, quer usando a sonoterapia para entregá-los à direção e ao tratamento dos instrutores espirituais presentes, com a projeção de quadros mentais proveitosos ao esclarecimento, quer sugerindo a produção e ministração de medicamentos ou recursos de contenção em favor dos manifestantes que se mostrem menos acessíveis à enfermagem do grupo; XI - não se deve constranger os médiuns psicofônicos a receberem os desencarnados presentes, atentos ao preceito da espontaneidade, fator essencial ao êxito do intercâmbio; XII - o esclarecimento não deve ser longo em demasia, perdurando a palestra educativa em torno de dez minutos, ressalvadas as situações excepcionais; XIII - se o manifestante perturbado se fixar no braseiro da revolta ou na sombra da queixa, indiferente ou recalcitrante, o esclarecedor solicitará a cooperação dos benfeitores espirituais presentes para que o necessitado rebelde seja confiado à assistência espiritual especializada. Nesse caso, a hipnose benéfica poderá ser utilizada para que o magnetismo balsamizante asserene o companheiro perturbado e o afastamento dele seja efetivado.

Reportando-se aos casos em que os Espíritos comunicantes se mostram demasiado renitentes, a ponto de perturbar os trabalhos, sugere Herculano Pires que aí o melhor a fazer é chamar o médium a si mesmo, fazendo-o desligar-se do Espírito perturbador. O episódio servirá ainda para reforçar a confiança do médium em si mesmo, demonstrando-lhe que pode interromper por sua vontade as comunicações perturbadoras. O Espírito geralmente voltará em outras sessões, mas então já tocado pelo efeito da doutrinação e desiludido

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de sua pretensão de dominar o ambiente. Hermínio C. Miranda afirma que, no início, os Espíritos em estado de perturbação não estão em condições psicológicas adequadas à pregação doutrinária. Necessitam, então, de primeiros socorros, de quem os ouça com paciência e tolerância. “A doutrinação virá no momento oportuno, e, antes que o doutrinador possa dedicar-se a este aspecto específico, ele deve estar preparado para discutir o problema pessoal do espírito, a fim de obter dele a informação de que necessita”, esclarece Hermínio. Divaldo P. Franco concorda: “Não podemos ter a presunção de fazer o que a Divindade tem paciência no realizar. Essa questão de esclarecer o Espírito no primeiro encontro é um ato de invigilância e, às vezes, de leviandade, porque é muito fácil dizer a alguém que está em perturbação: Você já morreu! É muito difícil escutar-se esta frase e recebê-la serenamente". E acrescenta: “A nossa tarefa não é a de dizer verdades, m a s a d e consolar, porque dizer simplesmente que o comunicante já desencarnou os Guias também poderiam fazê-lo. Deve-se entrar em contato com a Entidade, participar de sua dor, consolá-la, e, na oportunidade que se faça lógica e própria, esclarecer-lhe que  já ocorreu o fenômeno da morte...” A tarefa assemelha-se, desse modo, ao chamado atendimento fraterno que as Casas espíritas dispensam aos encarnados que as buscam, em que é mais importante ouvir do que falar, idéia essa defendida por Suely Caldas Schubert em recente palestra realizada em Londrina. A propósito do assunto, Raul Teixeira sugere: “O doutrinador dispensará, sempre, os discursos durante a doutrinação, entendendo-se aqui discurso não como a linha ideológica utilizada, mas sim a falação interminável, que não dá ensejo à outra parte de se exprimir, de se explicar. Muitas vezes, na ânsia de ver as Entidades esclarecidas e renovadas, o doutrinador se perde numa excessiva e cansativa cantilena, de todo improdutiva e exasperante”. “O diálogo com os desencarnados deverá ser sóbrio e consistente, ponderado e clarificador, permitindo boa assimilação por parte do Espírito e excelente treino lógico para o doutrinador.” Para Roque Jacintho, a paciência inscreve-se como uma das virtudes maiores de todos os que se dedicam à tarefa da doutrinação das entidades desencarnadas. A paciência, diz ele, é filha do amor-sábio. Por isso é que, envolvendo os nossos semelhantes com as vibrações de nosso amor, poderemos ouvi-los dissertar longamente sobre seus problemas, sem nos atirarmos à empreitada de demoli-los ou censurá-los, pois sabemos que eles se levantarão um dia. A ironia jamais nos açulará à ação de revide nem a ímpetos de agressão, porque acolheremos a nossa humilhação como degraus da escada evolutiva. Saber ouvir será tão importante quanto falar. Saber calar será tão urgente quanto redargüir. Saber pacificar será tão importante quanto reagir.

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Saber compreender será tão importante quanto ser compreendido. O doutrinador e o esclarecedor devem ter, por fim, a consciência de que o bem prodigalizado às entidades em sofrimento vem do mais alto, como ensina Emmanuel nesta advertência psicografada por Francisco Cândido Xavier: “Que os doutrinadores sinceros se rejubilem, não por submeterem criaturas desencarnadas, em desespero, convictos de que em tais circunstâncias o bem é ministrado, não propriamente por eles, em sua feição humana, mas por emissários de Jesus, caridosos e solícitos, que os utilizam à maneira de canais para a misericórdia divina; que esse regozijo nasça da oportunidade de servir ao bem, de consciência sintonizada com o Mestre Divino, entre as certezas doces da fé, solidamente guardada no coração" .

Hábitos inconvenientes que devem ser abolidos Diversos autores têm chamado a atenção para hábitos, vícios e práticas que precisam ser abolidos das sessões mediúnicas. Edgard Armond seguintes:

considera absolutamente inconvenientes as atitudes

a) exigir o nome do Espírito comunicante; b) crer cegamente no que diz o Espírito; c) o misticismo exagerado; d) a verborragia e o falatório inútil, que são próprios de Espíritos mistificadores e irresponsáveis; e) a agitação por parte dos médiuns que batem mãos e pés, bufam, gemem, gritam, contorcem-se durante a sessão; f) as preces lidas; g) estabelecer ordem para os médiuns darem passividade; h) conferir hegemonia a determinado médium

Emílio Manso Vieira chama-nos a atenção para outra prática igualmente condenável, que é o afastamento dos Espíritos obsessores por meio da violência. Os dirigentes que assim procedem confundem energia serena, fruto da autoridade moral, com processos violentos de forças vibratórias. André Luiz nos mostra em “Libertação”, cap. XIV, qual a maneira correta de agir nesses casos, reabilitando o obsediado e conquistando o obsessor por meio de elucidações amoráveis e atitudes dignificantes.

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Roque Jacintho reporta-se a determinadas informações ou perguntas que alguns doutrinadores apresentam equivocadamente aos comunicantes, tais como: “Você já morreu e não pode sentir dores” “Ingresse nas escolas daí para aprender” “Você está doente. Procure um hospital” “Por que você não perdoa?” “Por que você não abandona aquela casa?” Há doutrinadores, adverte Roque Jacintho, que entendem que acordar de súbito o Espírito comunicante para a realidade seja um benefício e, por isso, costumam informá-los, abruptamente, que já estão mortos. O resultado dessa atitude é, amiúde, a loucura que se instala nos infelizes que desconheciam a própria morte. Evitemos, portanto, ferir diretamente a questão da morte com os Espíritos que não sabem que já desencarnaram. Ofereçamos-lhes orientação, conduzindo os entendimentos dentro do âmbito de suas necessidades pessoais e, pouco a pouco, eles mesmos compreenderão o fenômeno pelo qual passaram. Herculano Pires, em apoio a essa idéia, observa que, se o doutrinador disser cruamente a esses Espíritos que eles já morreram, mais assustados e confusos eles ficarão. Devemos, pois, tratar a entidade comunicante como se ela estivesse doente e não desencarnada. Mudando a sua situação mental e emocional, em poucos instantes ela mesma perceberá que já passou pelo transe da morte e que se encontra amparada por familiares e amigos que procuram ajudá-la.

Tipos de Espíritos comunicantes O doutrinador deve ler e reler, com atenção e persistência, a escala espírita constante de “O Livro dos Espíritos” (item 100 e seguintes), para bem informarse dos tipos de Espíritos com que vai se defrontar nas sessões. Essa recomendação feita por Herculano Pires tem por fundamento o ensinamento transmitido pelo Espírito de Sócrates, constante do item 197 de “O Livro dos Médiuns”. Segundo Sócrates, a escala espírita e o quadro sinótico das diferentes espécies de médiuns – a que se refere o capítulo XVI de “O Livro dos Médiuns” – devem estar constantemente sob os olhos de todo aquele que se ocupa das manifestações, porque um e outra resumem todos os princípios da Doutrina Espírita e contribuirão, mais do que supomos, para trazer o Espiritismo ao verdadeiro caminho. Suely Caldas Schubert organizou, com base na sua longa experiência na prática

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da mediunidade, uma lista de 17 diferentes tipos de Espíritos, tal como se apresentam nas reuniões mediúnicas, à qual acrescentou uma série de sugestões concernentes ao tratamento adequado a cada caso. Eis a lista e as recomendações propostas pela confreira mineira, salientando-se que nas cinco primeiras situações os comunicantes devem receber também o socorro do passe: I - Espíritos que não conseguem falar. Quatro podem ser as causas da mudez: problemas mentais que interferem no centro da fala, ódio, reflexo de doenças havidas antes da desencarnação e desejo de não deixar transparecer o que pensam. O passe e a prece ajudam muito os que, tendo tido problema de mudez quando encarnados, pensam que continuam mudos. Não se recomenda, em nenhuma das circunstâncias citadas, forçá-los a falar; II - Espíritos de suicidas. Como eles sofrem muito, cabe ao doutrinador socorrê-los, aliviando-lhes os sofrimentos através do passe. Precisam mais de consolo que de doutrinação; III - Espíritos de alcoólatras e toxicômanos. Nenhum resultado produz falar-lhes sobre a inconveniência dos vícios. Devemos falar-lhes sobre Jesus e o Evangelho, e, em caso de delírios, o passe é o meio de aliviá-los; IV - Espíritos dementados. Como não têm consciência de coisa alguma, devem ser socorridos com passes; V - Espíritos sofredores. Deve-se aliviá-los através da prece e do passe. A maioria adormece e é levada pelos trabalhadores espirituais; VI - Espíritos que desconhecem a própria situação. É muito comum o Espírito ignorar que já desencarnou, mas há indivíduos que não têm condições de serem informados sobre a própria morte. A explicação deve ser feita com tato, dosando-se a verdade conforme o caso. Devemos antes infundir-lhes a confiança em Deus, a idéia de que a vida se processa em vários estágios, que ninguém morre (a prova mais evidente é ele estar ali falando) e que a vida verdadeira é a vida espiritual; VII - Espíritos que desejam tomar o tempo da reunião. Valem-se de vários artifícios para alongar a conversa e têm resposta para tudo. Não se deve debater com eles, mas sim levá-los a pensar em si mesmos. De um modo geral, costumam voltar outras vezes; VIII - Espíritos irônicos. A ironia de que se utilizam torna difícil o diálogo. Procuram ferir o doutrinador e os membros do grupo com comentários e críticas mordazes. Não se deve ficar melindrado com isso, porque é exatamente o que desejam. Aceitando com humildade suas reprimendas, sem procurar defender-se, o esclarecedor fará com que fiquem desarmados. Conscientizá-los do verdadeiro estado em que se encontram, da solidão e da

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tristeza em que vivem, afastados dos seus afetos mais caros, eis o caminho a seguir no diálogo; IX - Espíritos desafiantes. O doutrinador deve encaminhar o diálogo atento a alguma observação que o comunicante faça e que possa servir de base a atingir-lhe o ponto sensível; X - Espíritos descrentes. Dizem-se frios, céticos, ateus. O doutrinador tem, porém, um argumento favorável ao mostrar-lhes que, apesar do que pensam, continuam vivos e se comunicam através da mediunidade. Pode-se dizer-lhes ainda que essa indiferença resulta dos sofrimentos por que passam, mas que isso não os levará a nada de bom, e sim a maiores dissabores e a uma solidão insuportável. Não se deve tentar provar que Deus existe, mas, em primeiro lugar, tentar despertá-los para a realidade da vida. Depois, o doutrinador dirá, com bastante tato, que somente o Pai pode oferecer-lhes o remédio e a cura para seus males; XI - Espíritos amedrontados. É necessário infundir-lhes confiança, mostrando que naquele recinto eles estão a salvo de qualquer ataque, desde que também se coloquem sob a proteção de Jesus; XII - Espíritos vingativos. A vingança e o ódio perturbam os Espíritos vingativos, por isso é preciso levá-los a refletir sobre si mesmos, para que verifiquem o estado em que se encontram e o mal que o ódio e a vingança produzem nos indivíduos que odeiam e desejam vingança. O doutrinador, tendo sempre em mente a orientação dada por Allan Kardec no cap. 28, item 81, de “O Evangelho segundo o Espiritismo”, deve enfatizar que a força que eles tentam demonstrar se dilui ante o poder do amor que dimana de Jesus; XIII - Espíritos que auxiliam os obsessores. Deve-se dizer-lhes que ninguém é chefe de ninguém e que o nosso único chefe é Jesus. O esclarecedor mostrará também o mal que estão praticando e do qual advirão sérias conseqüências para eles mesmos; XIV - Espíritos obsessores inimigos do Espiritismo. Deve-se evitar comentários sobre religião, porquanto geralmente nossos adversários são ligados a outros credos religiosos. O diálogo deve ser em torno dos ensinamentos de Jesus, comparando-se o que o Mestre ensinou e as atitudes dos que se dizem seus legítimos seguidores; XV - Espíritos galhofeiros e zombeteiros. É preciso ter muita paciência com tais entidades, mantendo-se elevado o teor dos pensamentos. O diálogo buscará torná-los conscientes da inutilidade de sua atitude, mostrando-lhes que o riso encobre, comumente, o medo, a solidão e o desassossego; XVI - Espíritos ligados a terreiro e magia. Muitas vezes estão vinculados a algum nome ou caso que esteja sendo tratado pelo grupo. O esclarecedor irá

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observar a característica apresentada, fazendo a abordagem correspondente; XVII - Espíritos mistificadores. Há mistificadores que se comunicam aparentando ser um sofredor, um necessitado, com a finalidade de desviar o ritmo das tarefas e de ocupar o tempo. O médium experiente e o grupo bem afinado os identificarão, mas é preciso para isso vigilância e discernimento. As vibrações do Espírito permitem ao médium captar sua real intenção. No momento da avaliação, após a reunião, o médium deve declarar o que sentiu e qual era o verdadeiro objetivo do comunicante. Às sugestões de Suely Caldas Schubert acrescentamos recomendações feitas por Edgard Armond em sua obra:

algumas

I - Espíritos portadores de moléstias. Basta dizer-lhes que tais enfermidades são simples reflexos perispirituais de perturbações do corpo físico e que, para eliminá-las, basta que o sofredor as varra de sua mente pela vontade, use da prece para readquirir suas forças e se disponha a qualquer trabalho construtivo a bem do próximo; II - Espíritos inconscientes, em período de readaptação ao novo meio. O recurso em tais casos são as preces e as vibrações fluídicas realizadas no ato pelos auxiliares do trabalho, verificando-se que muitas vezes o contato do sofredor com a corrente basta para o seu despertamento; III - Espíritos de suicidas. A doutrinação deve visar ao esclarecimento sobre o erro cometido, enfatizando-se que o corpo é o santuário do Espírito encarnado e elemento de imenso valor para a realização das provas necessárias à redenção espiritual neste plano, principalmente o resgate de dívidas pretéritas; IV - Espíritos portadores de perturbações psíquicas como tristeza, desânimo, manias, fobias etc. Devem ser instruídos sobre o valor das atividades construtivas e da necessidade do seu despertamento para as lutas do porvir.

19 Entrevista com Divaldo Franco.

Extraída do site www.plenus.net

Pergunta: Qual o requisito para ser um bom doutrinador e como se conduzir no exercício dessa função? Divaldo Franco: Para alguém ser um bom doutrinador, não basta ter boa vontade. Recordo-me que, quando estava muito em voga o termo boa vontade, um Espírito escreveu pela psicografia o seguinte: A boa vontade não basta. Já afirmava Goethe que "não pode haver nada pior de que um indivíduo com grande dose de boa vontade, mas sem discernimento de ação.” Acontece que a pessoa de boa vontade, não sabendo desempenhar a função a contento, termina fazendo uma confusão terrível. Não é suficiente ter apenas boa vontade, mas saber desempenhar a função. É melhor uma pessoa com má vontade que saiba fazer corretamente a tarefa do que outra de boa vontade que não sabe agir. Aliando-se as duas qualidades o resultado será mais  positivo. O médium doutrinador, que é também um indivíduo suscetível à influência dos Espíritos, pode desajustar-se no momento da doutrinação,  passando a sintonizar com a Entidade comunicante e não com o seu Mentor e, ao perturbar-se, perde a boa direção mental ficando a dizer palavras a esmo. Observa-se, às vezes, mesmo em reuniões sérias, que muitos companheiros excelentes, ao invés de serem objetivos, fazem verdadeiros discursos no atendimento aos Espíritos sofredores, referindo-se a detalhes que não têm nada com o problema do comunicante. Não é necessário ser um técnico, um especialista, para desempenhar a função de doutrinador. Porém, é preciso não abdicar do bom senso. Deste modo, quando o Espírito incorporar, cabe ao doutrinador acercar-se do médium e escutá-lo para avaliar o de que ele necessita. Não é recomendável falar-se antes do comunicante procurando adivinhar aquilo que o aflige. A técnica ideal, portanto, é ouvir-se o que o Espírito tem a dizer, para depois orientá-lo, de acordo com o que ele diga, sempre num posicionamento de conselheiro e nunca de um discutidor. Procurar ser conciso, porque alguém em perturbação não entende muito do assunto que seu interlocutor está falando. Torna-se imprescindível que o doutrinador ausculte a problemática da Entidade. Por exemplo: o médium está em estertor e não consegue dizer nada. O doutrinador aproxima-se e pergunta com delicadeza:

- Qual é o seu problema ou dificuldade? Estamos aqui para lhe ser úteis. Você  já percebeu porque foi trazido a este local? Qual a razão de encontrar-se tão inquieto? - A Entidade retruca: - Eu estou com raiva! - E o doutrinador : - Você já percebeu o quanto a raiva é prejudicial para a pessoa que a está sentindo?

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- Pois eu odeio. - Mas, tudo nos ensina a amar. Procure superar esse sentimento destruidor. O comunicante deve ser encaminhado ao autodescobrimento. Não adianta falar-lhe sobre pontos doutrinários, porque ele não se interessa. Vamos ilustrar: Chega uma pessoa com dor de cabeça e aconselha-se: - Tome um analgésico, descanse, depois vamos conversar. Isto significa dar o remédio específico para o problema do paciente. No atendimento mediúnico o doutrinador deve ser breve, porque nas discussões infindáveis e nas doutrinações que não acabam nunca, o medianeiro se desgasta excessivamente, e o que se deve fazer é preservá-lo ao máximo. Pergunta: Durante a doutrinação deve-se fornecer muitas informações doutrinárias à Entidade sofredora que se manifesta? Não. Essa é uma particularidade que devemos ter em mente. Coloquemo-nos na posição do comunicante. Quando alguém está com uma forte enxaqueca, por exemplo, não adianta nenhum médico se deter na explicação sobre a origem da doença. A enxaqueca está causando tanto malestar que o indivíduo não assimila nada do que é dito. Ele deseja apenas um medicamento para o curar do mal. Quanto menos informações forem dadas melhor. Os Espíritas, com exceções é claro, têm um hábito que não se coaduna com esta atividade: o de usarem vocabulário específico da Doutrina, esquecendo-se que nem todo Espírito que se comunica é um adepto do Espiritismo, capaz de conhecer os seus postulados. Comunica-se um Espírito e diz-se-lhe: - Você está desencarnado? Ele não tem a menor idéia do que a  pessoa está falando. Ou então: - Você precisa afastar-se do médium, desligarse. Tampouco ele entende desta vez. Devemos, nos lembrar, sempre, que este é um vocabulário específico da Doutrina Espírita que somente pode ser  entendido por Espíritas praticantes. É o mesmo que um engenheiro eletrônico chegar-se para outra pessoa e começar a explicar Eletrônica na linguagem científica. O ouvinte, não entendendo do assunto, demonstra total desinteresse  pelo que está sendo transmitido e, terminada a explanação, continua no mesmo estado mental. A função das comunicações dos Espíritos sofredores tem por finalidade primordial o seu contato com o fluídoanimalizado do médium para que ocorra o chamado choque anímico. Allan Kardec usou a expressão fluido animalizado ou animal, porque, quando o Espírito se acopla ao sensitivo para o fenômeno da psicofonia ou psicografia, recebe uma alta carga de energia animalizada que lhe produz um choque. Como se pode depreender, às vezes, quando advém a desencarnação,o psiquismo do Espírito leva com ele todas as impressões físicas, não se dando a menor conta do que ocorreu. Ele continua no local do desenlace, estranhando tudo em sua volta, sem a mínima idéia da cirurgia da morte que aconteceu há muito tempo. Quando se dá incorporação, o Espírito recebe um choque vibratório que o aturde. Se nessa hora forem dadas muitas informações, este estado se

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complica ainda mais e a Entidade não assimila, como seria de desejar, o socorro de emergência a ser ministrado. O doutrinador deve ser breve, simples e, sobretudo, gentil, para que o desencarnado receba mais pelas suas vibrações do que pelas suas palavras. Imaginemos alguém que teve uma  parada cardíaca e subitamente desperta num Hospital de Pronto Socorro com uma sensação de desmaio. A situação é comparável ao despertar pela manhã depois de uma noite de sono. Qual a nossa reação psicológica se alguém, aproximando-se da nossa cama, nessa hora nos diz: - Você já morreu. ? Damos uma risada e respondemos: - Qual nada! Estou aqui no quarto acordado. E continuamos, no entanto, a manter as impressões do sono. No caso de um Espírito desencarnado que se comunica, nesse momento é a vibração do interlocutor que vai torná-lo mais seguro, embora as palavras ditas suscitem nele alguns conflitos. Somente são necessários alguns esclarecimentos  preparatórios para que os Mentores façam-se recordar-se da desencarnação em outra ocasião. Em casos especiais é viável, quando o Espírito permite, dizer-se que a sua desencarnação foi consumada, pois toda regra é adaptável às circunstâncias. Chega por exemplo, um Espírito dizendo: - Estou sofrendo há muito tempo, não consigo livrar-me desta dor desconfortável. Redargue o doutrinador: - Você já notou o que lhe aconteceu? Há muito tempo você está sentindo esta dor? E o diálogo prossegue: - Ah! Eu não me lembro. Não tenho a menor idéia. - Meu amigo, isto é preocupante. Veja bem, examine-se, observe, onde você se encontra. Você sabe que lugar é este? - Não sei. -Você se encontra entre amigos. Note a forma como está falando. -Você já percebeu que se está expressando através de outra pessoa? O Espírito vai ficar surpreso porque está convencido de estar falando com os seus próprios recursos. Terminada a pausa, o diálogo continua: - Você já notou que até agora esteve falando e ninguém lhe respondia, enquanto neste momento estou lhe respondendo? Sabe o porquê? Note que até agora tem pedido ajuda e ninguém lhe apareceu, qual a razão disto?

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Enfim o doutrinador deve fazê-lo perceber, gentilmente, que algo aconteceu e ele não se deu conta.(...) Não há, pois, justificativa para a preocupação de darse muitos informes. É como dizer-se para uma criança o que ela não tem condição de assimilar. Não adianta falar muito. Tem que ser prático e objetivo. (...) Às vezes, o doutrinador fala em demasia, e não deixa o Espírito expor o seu problema. Observa-se com freqüência um hábito que deve ser eliminado: o médium apresenta os primeiros estertores e isso depende da organização nervosa ou da constituição psicológica do sensitivo e logo o doutrinador, aproximando-se, e sem ouvir o problema da Entidade, propõe: -Tenha calma, tenha calma ... O Espírito, nem sequer disse uma palavra, e já foi tolhido de falar. Necessário deixar-se que a comunicação se dê, para o doutrinador sentir o problema do comunicante, a fim de encontrar a forma mais sensata de atendê-lo. Se o Espírito está gemendo, ouve-se dizer: - Venha com Deus ou venha na paz de Deus. Existe uma outra fórmula muito corriqueira, que se costuma usar: - Ore, pense em Deus. São chavões que não levam a lugar nenhum. O doutrinador tem primeiro que ouvir as alegações da Entidade, para depois iniciar a argumentação específica, como se faz no relacionamento humano. Se alguém está chorando não se diz: - Calma, calma, não chore, não chore... Deixa-se a pessoa chorar um pouco, e depois Pergunta-se: - Qual é o  problema? Por que está chorando tanto? Damos um outro exemplo:  Aproxima-se de nós uma pessoa muito nervosa, e se quisermos atendê-la, dizemos: - Pois não... ? E mantemo-nos em silêncio até a outra extravasar os sentimentos. Depois é que a interrogamos. Interrogar na hora do desespero cria confusão e a irritação acontece,  prejudicando o êxito do atendimento. Portanto, poucas informações são um sinal de bom senso. Na hipótese da Entidade recalcitrar na teimosia, deve-selhe dizer: - Você veio aqui em busca de ajuda, deixe-me ajudá-lo. Tratando-se de Espíritos perturbadores que, por princípio, se deduz que sabem o estado em que se encontram, agindo, portanto, com intenção maléfica, o doutrinador usa outra técnica. Aliás, é bom alertar: a tática do obsessor é discutir para ganhar tempo e perturbar o ambiente. Enquanto está discutindo,

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irradia vibração desagradável que a todos irrita e provoca mal-estar; enfraquece-se o círculo vibratório e ele se torna senhor das mentes que emitem animosidade na sua direção. (...) Nota-se que o número de obsediados que se curam hoje, é bem menor do que nos primórdios. A razão disso é  porque o Espiritismo em muitos corações tem tido o efeito de uma reunião social, de um clube em que a pessoa vai participar com certa unção, mas, saindo dali acabou-se, não mais se interessa, tem a vida profana normal, é o homem social comum, e por isso, os Espíritos que nos observam não acreditam em nossas palavras. Os vingativos não abandonam as vítimas que não demonstrem propósitos de melhorar-se intimamente, nem também levam em consideração as palavras destituídas do respaldo dos bons atos. Desta forma, quando convivermos com os obsessores, a melhor técnica é não discutir com eles, porque são faladores e têm o objetivo de confundir; principalmente os inimigos do ideal superior, as Entidades "religiosas", frias, cínicas, sofistas. A atitude do doutrinador deve ser sempre pacifíca e gentil. Caso percebamos a intenção do Espírito em demorar-se além do necessário, digamo-lhe: - Agora, você pode ir-se. Já lhe atendemos conforme podíamos. Vamos aplicar-lhe uma medicação, e utiliza-se da indução hipnótica. Às vezes o Espírito reage, mas a medicação faz efeito, porque, quando tomamos esta postura, os Mentores Espirituais aplicam-lhes sedativo indispensável para o tratamento específico, hipnose ou certos produtos de origem espiritual que os anestesiam e retiramse. Esta é a técnica ideal.

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 Astúcia de um Doutrinador 

Ernesto Fagundes Varela era um confrade muito prestativo e eficiente em suas pregações, bastante conhecido e solicitado no ramal de Santa Cruz. Tanto pregava Espiritismo para adultos, como também levava a Doutrina, adequadamente, para a infância e os jovens, nos Centros Espíritas da região, graças à simplicidade de suas exposições e ao entusiasmo de sua palavra. Certa feita, contou-me esse fato o querido confrade João Batista Brilhante, presidente do Centro Espírita Amor à Verdade, de Santa Cruz, Rio de Janeiro, dirigindo Varela uma reunião mediúnica, no Centro Espírita Discípulos de Jesus, de Campo Grande, Rio de Janeiro, comunica-se um espírito deveras preocupado com seus haveres e que se dizia bastante espoliado. Queria que o indenizassem de seus prejuízos, pois se julgava prejudicado. Considerava-se ainda no rol dos vivos e exigia justiça. Por mais que o nosso Varela se esforçasse para fazê-lo compreender que já não mais pertencia ao plano físico e sim ao mundo dos espíritos, o comunicante não se conformava com a doutrinação, teimando em não se retirar, enquanto não o compensassem de seu prejuízo. Orando bastante pelo pobre irmão manifestante, irredutível na sua decisão de só se afastar se lhe restituíssem seu dinheiro, Varela teve uma intuição astuciosa e, por sinal, salvadora: abrindo sua carteira, tirou as maiores cédulas que possuía, colocou-as sobre a mesa e assim falou ao espírito: Está bem. Vou ajudá-lo a diminuir seu prejuízo. Pode levar todo este dinheiro  para você!... Satisfeito, o espírito então se despediu.  Todavia, retorna logo, reclamando não ter conseguido carregar consigo o dinheiro que fora colocado à sua disposição... Aí, então, se tornou mais fácil ao bondoso e astucioso Varela convencê-lo de que já era um espírito, não precisando, portanto, de bens materiais, porém, de agora em diante, de outros bens mais valiosos: os bens espirituais.

 José Jorge (Artigo retirado da Revista Estudos Espíritas - Fevereiro de 1998 - Edições Léon Denis)

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DOUTRINAÇÃO DE ESPÍRITOS Caso prático I Com a orientação recomendada Espírito – Ai! Estou sofrendo muito... Ninguém me atende... Ninguém me ajuda... Doutrinador – (mantém silêncio)

Espírito – Sim. Quando quiser, pode começar. Doutrinador - (faz uma prece curta, mas pausada, dirigida a Jesus)

Espírito – Ai! Alguém, por favor, me ajude. Já estou cansada de rogar... Doutrinador – Cansada? Você disse “cansada”?

Notas: 1. A prece deve ser feita pausadamente, de modo a permitir que o Espírito repita cada frase. 2. O passista previamente indicado para atender ao caso aproveita o momento para ministrar o passe.

Espírito – Sim. Quem me fala? Doutrinador – Um amigo, alguém que deseja ajudá-la. Que sente, irmã? Espírito –  Tenho muitas dores. Mas o pior é a solidão em que me encontro... Não vejo ninguém. Onde está meu marido? Doutrinador – Você se esqueceu, irmã? Alguém a trouxe aqui, para o nosso hospital. Certamente você dormia quando isso se deu... Espírito – Minhas costas doem muito... Doutrinador – Não perca a esperança, irmã. Confie em Deus e verá que o tratamento que lhe tem sido dado surtirá efeito. Vamos orar? Espírito – Ah! tenho rezado tanto! A prece me ajudará em alguma coisa? Doutrinador – Sim, não tenha dúvida quanto a isso. Em nosso hospital a prece é parte essencial no tratamento. Espírito – Se é assim, tudo bem. Vamos orar... Doutrinador – Pense em Jesus com todas as forças que você puder reunir. Eu farei a oração em voz alta e você repetirá minhas palavras. Está bem?

........................... 3. Durante a prece, a equipe vibra pela entidade, reforçando mentalmente o pedido contido na oração. Finda a prece, recomeça o diálogo:

Espírito – Ah! Graças a Deus, me sinto bem melhor. Doutrinador – Além de sentir-se melhor, você consegue ver quem está ao seu lado? Espírito – Não vejo ninguém... Mas... espere, não pode ser... Doutrinador – O que não pode ser, minha irmã? Espírito – Minha mãe está aqui... Mamãe, mamãe! que alegria vê-la... Doutrinador – (mantém silêncio) Espírito – Sim, mamãe. Compreendo agora... Como fui tola! Doutrinador – O que sua mãe lhe disse, irmã?

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Espírito – Ela me explicou o que ocorreu comigo. Agora entendo a solidão que sentia e a ausência do Armando e dos meus filhos ao meu lado... Doutrinador – Explique-se melhor, minha irmã. Se a sua mãe se encontra na vida espiritual, como você pode vê-la? Espírito – É que eu também morri, do mesmo modo que ela havia morrido, mas a morte, vejo agora, não muda as pessoas... A vida prossegue, tal como nos ensinava nosso grande amigo padre Vítor. Doutrinador – Você quer descansar, minha irmã, agora que sua mãe pode ampará-la? Espírito – Sim, eu me sinto um pouco cansada e gostaria de dormir... Doutrinador – Então vá, minha irmã, procure descansar e que Jesus a abençoe hoje e sempre. Nota – O Espírito se retira, depois de agradecer a ajuda recebida do grupo que agora ele podia ver.

DOUTRINAÇÃO DE ESPÍRITOS Caso prático II Doutrinação com alguns inconvenientes evitáveis Espírito – Ai! Estou sofrendo muito... Ninguém me atende... Ninguém me ajuda... Doutrinador – É um homem ou uma mulher que fala? Espírito – Ai! Alguém, por favor, me ajude. Já estou cansada de rogar... Doutrinador – Cansada? Você disse “cansada”? Espírito – Sim. Quem me fala? Doutrinador – Um amigo, alguém que deseja ajudá-la. Você sente dores, irmã? Espírito –  Tenho muitas dores. Mas o pior é a solidão em que me encontro... Não vejo ninguém. Onde está meu marido? Doutrinador – Você se esqueceu, irmã? A morte a levou deste mundo. Entende o que lhe digo: Você morreu, desencarnou, já se encontra no mundo espiritual... Espírito – Minhas costas doem muito... Doutrinador – Não tenha medo, irmã. A morte não é essa coisa assustadora que todos temem... Vamos orar? Espírito – Ah! tenho rezado tanto! A prece me ajudará em alguma coisa? Doutrinador – Sim, não tenha dúvida quanto a isso. A prece é um grande remédio para todas as dores. Aliás, havendo morrido você não deveria estar sentindo dores... Espírito – Tudo bem. Vamos orar... Doutrinador – Pense em Jesus com todas as forças que você puder

reunir. Eu farei a oração em voz alta e você repetirá minhas palavras. Está bem?

Espírito – Sim. Quando quiser, pode começar. Doutrinador - (faz uma prece curta, mas pausada, dirigida a Jesus) Notas: 1. A prece deve ser feita pausadamente, de modo a permitir que o Espírito repita cada frase. 2. O passista previamente indicado para atender ao caso aproveita o momento para ministrar o passe. 3. Durante a prece, a equipe vibra pela entidade, reforçando mentalmente o pedido contido na oração. Finda a prece, recomeça o diálogo:

Espírito – Ah! Graças a Deus, me sinto bem melhor. Doutrinador – Além de sentir-se melhor, você consegue ver quem está ao seu lado? Espírito – Não vejo ninguém... Mas espere, não pode ser... Doutrinador – O que não pode ser, minha irmã? Espírito – Minha mãe está aqui... Mamãe, mamãe! que alegria vê-la... Doutrinador – Não lhe disse? Sua mãe morreu e você pode vê-la, porque você também é agora um Espírito e vivem ambas no mesmo meio, no chamado plano espiritual.

Espírito – Sim, mamãe. Compreendo agora... Como fui tola! Doutrinador – O que sua mãe lhe disse, irmã? Espírito – Ela me explicou o que ocorreu comigo. Agora entendo a solidão que sentia e a ausência do Armando e dos meus filhos ao meu lado... Doutrinador – É verdade, irmã. A morte não existe realmente, e as pessoas não deveriam temê-la. Espírito – Sim, a morte não muda as pessoas... A vida prossegue, tal como nos ensinava nosso grande amigo padre Vítor. Doutrinador – Você quer descansar, minha irmã, agora que sua mãe pode ampará-la? Espírito – Sim, eu me sinto um pouco cansada e gostaria de dormir... Doutrinador – Então vá, minha irmã, descanse e que Jesus a abençoe hoje e sempre.

Nota – O Espírito se retira, agradecendo a ajuda recebida do grupo que agora ele podia ver.

DOUTRINAÇÃO DE ESPÍRITOS Caso prático III Com o recurso da regressão de memória Espírito – Me solte daqui! Eu estou preso com as cordas. Por que me fizeram isso? Vocês são uns covardes!!! Que ódio, que ódio, que ódio!... Doutrinador – (mantém silêncio) Espírito – Experimente soltar, que eu faço o maior estrago. Viro a mesa e bato em todos vocês! Vão pagar muito caro pelo que me fizeram, vocês vão ver! Doutrinador – (mantém silêncio) Espírito –  Trinta anos de trabalho... Foi tudo por água abaixo. Não é possível... Ele estava prontinho, prontinho para suicidar e vocês estragaram tudo com essa história de Culto no Lar... Doutrinador – Seja bem-vindo a esta Casa, meu irmão... Espírito – Não quero conversa com você. Me solte a corda. Quero voltar para lá... Ele tem que morrer. Desta vez, ele não me escapa. Ele vai morrer... Doutrinador – Calma, meu irmão. Pelo que vejo, ele o prejudicou muito... Espírito –  Justiça! quero justiça. O que estou fazendo está muito longe do que ele me fez. Por isso, ele tem que sofrer... sofrer... até morrer. Doutrinador – Meu irmão, você tem razão de estar magoado, mas entenda: - um erro não justifica outro. Tente perdoar. Espírito – Não se intrometa na minha vida... Ele violentou minha mulher e matou todos nós. Eu quero vê-lo no inferno. E depois, a sua mulher. Doutrinador – Meu amigo, a semeadura é livre, mas a colheita é obrigatória. “Quem matar pela espada, morrerá pela espada”, ensinou-nos  Jesus. É a lei de causa e efeito. Saiba, portanto, que a Divina Providência  já está cuidando do caso. Veja o sofrimento deles... Espírito – Acho pouco. Doutrinador – A Justiça Divina vai se encarregar de seu caso, mesmo sem o seu concurso. Deixe-o nas mãos de Deus. Não vale a pena sujar de sangue as suas mãos. Espírito – Isso não me interessa. Me deixe em paz. Vou-me embora. Doutrinador - Se você quer ir embora, tudo bem, mas antes me permita fazer uma prece em seu favor. Depois você irá.

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