Apostila de Arteterapia

June 8, 2019 | Author: Thais | Category: Art Therapy, Carl Jung, Archetype, Synchronicity, Old Age
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Apostila de Arteterapia...

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ARTETERAPIA “Os espelhos espelhos são usados para ver o rosto; a arte para ver a alma”. alma”. (George Bernard Shaw) O que é arteterapia? Durante nossa existência há muitos obstáculos a serem vencidos, mas um deles talvez seja o mais complicado: o “eu não sei...”. Ao longo da vida vamos recebendo e aceitando o “não” e com isso vamos limitando a nossa

flexibilidade, nossa autonomia, nossa coragem, nossa criatividade, nossa confiança no mundo e em nós mesmos. A arteterapia é um convite a dizer “sim”, “eu posso”, “eu quero”, “vale “v ale a pena tentar”.

 A arteterapia é uma pratica terapêutica que ajuda a despertar a capacidade criativa, a individualidade, a motivação, a expressão de sentimentos e a integração social. Sua meta é propiciar uma liberdade expressiva para que o individuo possa se auto-observar e sentir a si mesmo. Também se apresenta como uma possibilidade de organização emocional, intelectual e espiritual da personalidade.  Através de expressões expressões artísticas são revelados elementos do inconsciente do individuo, seu modo de ser, e como este se relaciona com o meio. O individuo passa a entrar em contato com os níveis mais profundos de sua psique e estimula sua autopercepção. Pela arte o individuo transmite seu sentimento, sua maneira de pensar, o modo como vive, compreende o mundo, promove mudanças internas, superação de problemas, equilíbrio emocional e construção de símbolos que libertam emoções e ideias. Por meio de pinturas, desenhos, colagens, esculturas, modelagens, sucata, dramatização, canto, musica, dança e qualquer outra forma de arte é possível manifestar sentimentos, pensamentos, desejos, fantasias e emoções. Muitas descobertas são possíveis, desde a mistura das cores até a composição de imagens que comunicam emoções reprimidas.  A grande variedade de materiais disponíveis para realizar uma produção artística, faz com que o individuo sinta-se livre na escolha daquele que mais lhe for apropriado. Isso facilita o despertar da criatividade e desbloqueia as defesas do inconsciente. As informações que aparecem nas produções podem estar reprimidas, ignoradas e encobertas na mente humana e essas informações colaboram para o desenvolvimento de toda dinâmica intrapsíquica, ao serem transportados à consciência. Para que serve?  A arte na terapia valoriza a criatividade e o fazer artístico em si, contribui para a organização psíquica, reforçando a identidade e o desenvolvimento global, contribuindo para o processo de cura. De inicio, o objetivo é proporcionar uma liberdade expressiva para que o paciente possa se auto-observar e sentir a si mesmo. A longo prazo, a meta é facilitar ao individuo o encontro de um maior numero de respostas, soluções e reações.

 A arteterapia é indicada para tratamento de patologias psíquicas e para auxiliar na busca do autoconhecimento. Durante sua aplicação, é bem aceito o uso de técnicas de relaxamento, meditação, visualização criativa e trabalhos corporais para proporcionar ao individuo um estado de interiorização e rebaixamento da censura do ego. É usada na exteriorização de sentimentos (ansiedade, culpa, frustração, etc.). Todo processo criativo, após o momento de se deixar levar, experimentar e explorar materiais surge como uma necessidade de organizar, arranjar e elaborar o trabalho final. Permite infinitas opções de descoberta e reflexão, favorecendo o equilíbrio emocional do paciente. Desenvolve a criatividade e imaginação, anulando as tensões e trazendo as emoções, temores e fantasias. Qualquer pessoa pode fazer uso da arteterapia, não é necessário ter nenhum tipo de aptidão artística e nem há qualquer restrição. Benefícios - Melhora a comunicação consigo mesmo e com o outro; - O cliente se torna mais independente do terapeuta, é mais ativo, cria nas sessões; - Favorece a busca de harmonia e do equilíbrio da vida; - Facilita o diagnostico, propiciando leitura do material in consciente; - Aumenta a espontaneidade e a criatividade; - Ajuda no relaxamento; - Descarrega tensões; - Melhora a autoestima; - Aumenta a motivação; - Diminui a ansiedade. História da arteterapia Desde os primórdios do tempo o homem usa a arte como meio de expressão, pinturas e entalhes datam de aproximadamente 30.000 anos atrás, no período Paleolítico. São imagens de animais, contornos de mãos e formas abstratas das quais não se pode dizer com certeza sobre suas funções. Podemos identificar alguns precursores da arte terapia. Na França, o Marquês de Sade, entre 1803 e 1813, internado na casa de saúde, escolhia peças de teatro que eram encenadas por atores profissionais, enfermeiros e loucos. O tratamento incluía além do teatro, os bailes semanais, a música as representações de ópera e dança. Durante o século XIX difundiu-se também a ideia do trabalho como atividade curativa, muitas vezes na forma de atividades artísticas e artesanais. O psiquiatra francês Paul-Max Simon estudou a produção artística de doentes mentais (1876, 1888), assim como o criminalista Cesare Lombroso (1887) que procurava identificar características na arte que revelassem propensões criminosas. Sigmund Freud em seus estudos (de 1906 a 1913) aponta a comunicação simbólica como função catártica. Estudou a obra de Leonardo da Vinci, e vê a produção artística profundamente relacionada com a biografia do

artista e a revelação de experiências, conflitos, enfim, a revelação mundo interior do mesmo. Na década de 20, Carl Gustav Jung utiliza a arte como parte do tratamento psicoterápico, como forma de tornar consciente o processo simbólico, agente liberador e transformador de energia psíquica, que eleva as necessidades instintivas a outro nível de significado e humaniza, espiritualiza e a cultura a energia bruta. Movimentos artísticos como o Surrealismo e o Expressionismo vão buscar a arte como expressão mais direta do inconsciente ou, no caso dos expressionistas, na arte como expressão direta dos sentimentos e a produção artística como resultado de uma verdade interior. Na década de 40, nos Estados Unidos, a utilização da arte como processo terapêutico teve seu maior desenvolvimento no período pós-guerra, com pacientes politraumatizados, e com sequelas emocionais graves, que não conseguiam se beneficiar pelo trabalho verbal. Quanto ao campo e nomeação das práticas realizadas no Brasil como  Arteterapia, tem-se o início deste campo por volta da década de 1960. Hoje este campo se ampliou, com a Arteterapia estando inserida em diversos campos e com a formulação, proposta pela União Brasileira das Associações de Arteterapia – UBAAT. Carl Jung (1875  – 1961) “... Arte é a expressão mais pura que há para a demonstração do inconsciente de cada um. É a liberdade de expressão, é sensibilidade, criatividade, é vida" (Carl Jung). Carl Gustav Jung foi o maior defensor e o primeiro a utilizar a arte como forma de expressão do inconsciente. Jung nasceu na Suíça e desenvolveu uma teoria de psicologia complexa e fascinante. A análise de Jung sobre a natureza humana inclui investigações acerca de religiões orientais, alquimia, parapsicologia e mitologia. Para ele, existe interação constante entre a consciência e o inconsciente, e os dois não são sistemas separados, mas dois aspectos de um único sistema. Seus estudos revelam o simbolismo das artes e nas expressões do inconsciente. Na visão junguiana o objetivo da arteterapia é o de apoiar e o de guiar instrumentos apropriados para que a energia psíquica forme símbolos em variadas produções.  Acontecimentos aprisionados no inconsciente são simbolizados e configurados em imagens e por meio da arte são conduzidos à consciência. A simbologia configurada em materialidade leva a compreensão, transformação, estruturação e expansão de toda a personalidade do individuo criador. Deve-se contextualizar o significado do símbolo, considerando os aspectos dinâmicos pertinentes a singularidade de cada ser. Conceitos Principais:

 As Atitudes: Introversão e Extroversão: Jung descobriu que cada indivíduo pode ser caracterizado como sendo primeiramente orientado ou para seu interior ou para o exterior. Ninguém é puramente introvertido ou extrovertido.

 Algumas vezes a introversão é mais apropriada, em outras ocasiões e é a extroversão. As duas são mutuamente exclusivas; não se pode manter ambas as atitudes, a introversão e a extroversão, ao mesmo tempo. O ideal é ser flexível e capaz de adotar qualquer uma delas quando for apropriado, operar em termos de um equilíbrio entre as duas e não desenvolver uma maneira fixa de responder ao mundo.  As Funções: Considerava que as funções psicológicas fundamentais são: pensamento, sentimento, sensação e intuição. O pensamento esta relacionado com a verdade, com critérios pessoais, lógicos e objetivos, serve para analisar as alternativas, elaborar julgamentos e tomar decisões. As pessoas com esta função predominante são reflexivas, planejadoras, estabelecem metas e são fieis a suas teorias. O sentimento visa o aspecto emocional da vida. A pessoa sentimental prefere emoções fortes e intensas (mesmo que negativas), valoriza consistência e princípios abstratos, decide de acordo com julgamentos éticos (certo x errado).  A sensação corresponde à situação vivenciada imediatamente. Os sensitivos lidam com todos os tipos de emergência, estão prontos para qualquer infortúnio.  A intuição é o que poderia ser, o que é possível. E estas supostas experiências são mais importantes do que a experiência real. Os intuitivos dão significados para suas percepções rapidamente, o que dificulta separar suas interpretações conscientes dos dados sensoriais. Para o indivíduo, uma combinação das quatro funções resulta em uma abordagem equilibrada do mundo. Entretanto, ninguém desenvolve igualmente bem todas as quatro funções. Cada pessoa tem uma função fortemente dominante, e uma função auxiliar parcialmente desenvolvida. As outras duas funções são em geral inconscientes e a eficácia de sua ação é bem menor. Inconsciente Coletivo: Jung descreve que nós nascemos com uma herança psicológica, que se soma à herança biológica. Ambas são determinantes essenciais do comportamento e da experiência. O inconsciente coletivo inclui materiais psíquicos que não provêm da experiência pessoal e é constituído, em uma proporção mínima, por conteúdos formados de maneira pessoal; não são aquisições individuais, são essencialmente os mesmos em qualquer lugar e não variam de homem para homem. Este inconsciente é como o ar, que é o mesmo em todo lugar, é respirado por todo o mundo e não pertence a ninguém. Seus conteúdos (chamados arquétipos) são condições ou modelos prévios da formação psíquica em geral.  Arquétipo: Dentro do inconsciente coletivo há "estruturas" psíquicas ou arquétipos. Tais arquétipos são formas sem conteúdo próprio que servem para organizar ou canalizar o material psicológico. Jung também chama os arquétipos de imagens primordiais, porque eles correspondem frequentemente a temas mitológicos que reaparecem em contos e lendas populares de épocas e culturas diferentes. De acordo com Jung, os arquétipos, como elementos estruturais formadores que se firmam no inconsciente, dão origem tanto às fantasias individuais quanto às mitologias de um povo.

O Ego: O ego é o centro da consciência e um dos maiores arquétipos da personalidade. Ele fornece um sentido de consistência e direção em nossas vidas conscientes. Ele tende a contrapor-se a qualquer coisa que possa ameaçar esta frágil consistência da consciência e tenta convencer-nos de que sempre devemos planejar e analisar conscientemente nossa experiência. Somos levados a crer que o ego é o elemento central de toda a psique e chegamos a ignorar sua outra metade, o inconsciente. De acordo com Jung, a princípio a psique é apenas o inconsciente. O ego emerge dele e reúne numerosas experiências e memórias, desenvolvendo a divisão entre o inconsciente e o consciente. Não há elementos inconscientes no ego, só conteúdos conscientes derivados da experiência pessoal. Individuação: processo de tornar-se uma pessoa inteira, integrada. É tornar-se a si mesmo, atingindo os próprios potenciais. É a descoberta de nossa identidade profunda por intermédio da realização dos nossos potenciais. Para este processo, é necessário identificar a persona. Sincronicidade: é o principio de coincidência significativa.  A sincronicidade difere da coincidência, pois não implica somente na aleatoriedade das circunstâncias, mas sim num padrão subjacente ou dinâmico que é expresso através de eventos ou relações significativos. Acredita-se que a sincronicidade é reveladora e necessita de uma compreensão, e essa compreensão poderia surgir espontaneamente, sem nenhum raciocínio lógico.  A Persona: Nossa persona é a forma como nos apresentamos ao mundo. É o caráter que assumimos; através dela nós nos relacionamos com os outros. A persona inclui nossos papéis sociais, o tipo de roupa que escolhemos para usar e nosso estilo de expressão pessoal. O termo "persona" é derivado da palavra latina equivalente à máscara. Jung chamou a persona de "arquétipo da conformidade". Entretanto, a persona não é totalmente negativa. Ela serve para proteger o ego e a psique das diversas forças e atitudes sociais que nos invadem. A persona é também um instrumento precioso para a comunicação. Ela pode desempenhar, com frequência, um papel importante em nosso desenvolvimento positivo. À medida que começamos a agir de determinada maneira, a desempenhar um papel, nosso ego se altera gradualmente nessa direção.  A Sombra: A sombra é o centro do inconsciente pessoal, o núcleo do material que foi reprimido da consciência. A sombra inclui aquelas tendências, desejos, memórias e experiências que são rejeitadas pelo indivíduo como incompatíveis com a persona e contrárias aos padrões e ideais sociais. Ela representa aquilo que consideramos inferior em nossa personalidade e também aquilo que negligenciamos e nunca desenvolvemos em nós mesmos. Jung descobriu que o material reprimido se organiza e se estrutura ao redor da sombra, que se torna, em certo sentido, um self negativo, a sombra do ego. Se o material da sombra for trazido à consciência, ele perde muito de sua natureza amedrontadora e escura, pois a sombra é mais perigosa quando não é reconhecida. Neste caso, o indivíduo tende a projetar suas qualidades indesejáveis em outros ou a deixar-se dominar pela sombra sem o perceber. Quanto mais o material da sombra tornar-se consciente, menos ele pode

dominar. A sombra não é apenas uma força negativa na psique. Ela é um depósito de considerável energia instintiva, espontaneidade e vitalidade, e é a fonte principal de nossa criatividade. Assim como todos os arquétipos, a sombra origina-se no inconsciente coletivo e pode permitir acesso individual a grande parte do valioso material inconsciente que é rejeitado pelo ego e pela persona.  Anima e Animus: É uma estrutura inconsciente que representa a parte sexual oposta de cada indivíduo. Jung denomina tal estrutura de anima no homem e animus na mulher.  Anima: (alma) passivo, flexível, tolerante, ligado ao sentimento, intuição, evitar o conflito, paciência, etc.  Animus: (mente) ativo, rígido, cobrador, ligado à razão, busca o conflito, agressividade, destruição, etc. Self: O self é o arquétipo central, arquétipo da ordem e totalidade da personalidade. Segundo Jung, consciente e inconsciente não estão necessariamente em oposição um ao outro, mas completam-se mutuamente para formar uma totalidade: o self. É um fator interno de orientação, muito diferente e até mesmo estranho ao ego e à consciência. O self não é apenas o centro, mas também toda a circunferência que abarca tanto o consciente quanto o inconsciente; é o centro desta totalidade, assim como o ego é o centro da consciência. Símbolos: De acordo com Jung, o inconsciente se expressa primariamente através de símbolos. Embora nenhum símbolo concreto possa representar de forma plena um arquétipo (que é uma forma sem conteúdo específico), quanto mais um símbolo harmonizar-se com o material inconsciente organizado ao redor de um arquétipo, mais ele evocará uma resposta intensa, emocionalmente carregada. Jung está interessado nos símbolos "naturais" que são produções espontâneas da psique individual. Além dos símbolos encontrados em sonhos ou fantasias de um indivíduo, há também símbolos coletivos importantes, que são geralmente imagens religiosas. O símbolo tem sempre significado diferente para cada pessoa. Contém em si uma dinâmica que possibilita despertar emoções. O ser humano primeiro organiza o universo a nível imaginário e depois ele pensa, raciocina. A imaginação é um processo. O imaginário é o seu produto. O SIMBOLISMO DA CASA:  A casa simboliza o nosso canto no mundo. Simboliza abrigo, segurança e proteção. É uma força de integração do indivíduo. É um símbolo feminino, pois acolhe, significando refúgio e proteção materna. Porão: corresponde ao inconsciente. Sótão: local onde se escondem os mistérios; é o espaço desconhecido. Está muito ligado à infância. Gavetas, cofres e armários: simbolizam a intimidade, onde se guardam sonhos, devaneios e segredos. Cada um desses espaços tem um significado íntimo para cada pessoa. Cantos da casa: são locais de extrema solidão. Parte exterior da casa: é a máscara ou a aparência do indivíduo

Telhado: é a cabeça e o espírito, o controle da consciência. Cozinha: simboliza o local das transformações psíquicas. O SIMBOLISMO DO CARRO: O carro é um símbolo que está relacionado com a autonomia, independência. Significando que o indivíduo está podendo dirigir a sua própria vida, ter comando sobre ela. É quando o homem tem domínio da ação pessoal. O SIMBOLISMO DA SERPENTE: É um símbolo sexual, de sabedoria, de astúcia, morte, transformação e renascimento. A mordida da serpente venenosa simboliza para Jung, as exigências de pulsões instintivas inconscientes, que agem como um veneno paralisante sobre a capacidade do homem de utilizar seus recursos de ação. O SIMBOLISMO DO CÍRCULO: O círculo é compreendido por Jung, como um símbolo do Self. Ele expressa a totalidade da psique incluindo todos os seus aspectos. O círculo representa a eternidade: uma linha sem começo nem fi m. O SIMBOLISMO DA CRUZ: Para Jung, a cruz é um símbolo que fala dos opostos dentro do indivíduo, podendo estar associada com o desafio do indivíduo de alcançar a consciência, procurando integrar o seu lado oculto (sombra). Mitos e Contos de fadas:

Para Jung, os mitos fazem parte da nossa vida, como uma das formas de pensar ou imaginar o existir humano. Os mitos procuram equacionar e responder aos desejos do nosso inconsciente.  A Mitologia é uma ciência que estuda as histórias dos deuses e dos heróis divinos. Os mitos contam o começo e o final, criação e destruição, vida e morte. Explicam o como e o porquê da vida. Mito é a narrativa de uma criação; conta-nos de que modo algo, que não era, começou a ser. O mito é atemporal. Quando se vive um mito, deixa-se de viver o tempo linear. Todo relato histórico é um relato mítico, porque os fatos foram apresentados de uma forma que ninguém sabe se é verdadeira ou não. Os acontecimentos dependem sempre de um mito, que explica porque alguma coisa acontece. O mito também é uma narração que implica em fé, pois só existe quando as pessoas acreditam que ele existiu, que foi verdadeiro.  As personagens dos contos ilustram conflitos internos (rivalidades entre irmãos, decepções, medos etc.) e sugerem, em linguagem simbólica, como convém resolvê-los.  As bruxas e monstros são os nossos próprios temores e incapacidades personificados, contra os quais temos de lutar; os animais solícitos e as fadas são as nossas capacidades e possibilidades ainda desconhecidas que nestas situações podemos obter. Para Jung, mitos e contos de fada dão expressão aos processos inconscientes e sua narração provoca a revitalização desses processos, restabelecendo assim a conexão entre consciente e inconsciente. O mito possui um caráter pessimista, e na maioria das vezes acaba com um final

trágico, já nos contos de fadas os protagonistas sempre têm um final feliz. Normalmente no que diz respeito a Id, Ego e Superego, os mitos fazem demonstrações de solicitações do superego em conflito com uma ação motivada pelo Id e com desejos de autopreservação do Ego, com isso, diferenciam-se dos contos que são felizes. Os contos de fada sempre sugerem transformações, principalmente a redenção que é a condição em que alguém foi enfeitiçado e é redimido de certos acontecimentos da história. Essas transformações são muito importantes, pois simbolicamente trazem significados arquetípicos e quando vivenciados e elaborados podem proporcionar a cura de conflitos, havendo maior ganho de consciência. O mundo da fantasia pode ser representado pelos contos de fada, pelas lendas, mitos, fábulas e contos populares. Os Contos de Fada tem uma linguagem internacional que transcende as diferenças de idade, raça cultura ou crenças. As polaridades são marcantes nos Contos de Fadas: vida e morte, o bem e o mal, o herói e o vilão, a luz e a escuridão, contrastes que subsistem num todo simbólico e vivencial, onde muitas vezes a fantasia e a realidade se confundem, provocando sentimentos, sensações e emoções a todos os tipos de pessoas, visto que cada personagem encerra algo de nós mesmos. Os Três Porquinhos, assim como O Pequeno Polegar, Chapeuzinho Vermelho e inúmeras outras histórias começam por “era uma vez” . Isso não é por acaso. A garantia de a cena se desenrolar em um tempo indeterminado do passado pode ser fundamental para a criança deixar-se conduzir com segurança. A garantia é de que aquilo não está acontecendo, não acontecerá, sequer aconteceu. E livrar-se da dureza da realidade pode ser o que permite à criança imaginar. Imaginando, ela pode brincar com os temas próprios de sua realidade psíquica, por vezes difícil, como o amor, a morte, o medo, a rivalidade fraterna, a separação e o abandono.  Através de um conto que aparentemente está cercado de imaginação, ou uma história que não é real, pode estar de modo disfarçados os sentimentos que cercam o interior da criança, como o sentimento de raiva ao ser abandonado pelos pais ou na possibilidade de vencê-los em esperteza, passando para a criança mensagens importantes para sua vida, como nunca desistir perante os obstáculos por mais que no início pareçam difíceis. Com relação aos personagens nos contos de fadas e também nas fábulas são perceptíveis características peculiares às crianças com imaturidade e a maturidade destes mostrando a capacidade de controle das emoções ou ser racional.  A história dos "Os Três Porquinhos" mostra as vantagens e a evolução da maturidade através dos três irmãos e suas construções: O caçula da prioridade a uma casa de palha dando importância principal a brincadeira, e não a estrutura e a segurança da casa, o porquinho do meio tem uma maturidade um pouco maior a do irmão menor, porém, ainda não possui um amadurecimento maior a do irmão construindo uma casa de madeira e também dando prioridade as brincadeiras, diferente dos irmãos o mais velho tem um amadurecimento adequado, tendo uma noção maior da realidade dos perigos que podem ocorrer, e constrói uma casa de tijolos pensando na segurança e nos perigos existentes e prevendo a invasão do Lobo mau.

 Algo interessante sobre o surgimento das figuras dos contos de fadas e capacidade de transformação na criança acerca do adulto, especialmente sobre a imagem da mãe, esta quando não dá bronca ou não chama a atenção da criança, no entanto quando esta decide punir ou a castiga imediatamente ela se transforma na madrasta má e cruel ou ao ser deixada sozinha por uns instantes se sentir maltratada sempre pela mãe que se torna madrasta. A mãe nos contos geralmente esta morta e seguidamente o pai se casa com outra que consequentemente finge-se de boa, mas é totalmente má. Essa ideia da morte da mãe nos contos tem seu lado positivo, pois, ela disfarçadamente ensina a criança a lidar com a morte da mãe. Os contos de fadas em algumas histórias possuem vários significados mostrando os conflitos internos dos protagonistas assim como aos leitores que podem se destruírem por acontecimentos que não são superados podendo como consequência causar danos destrutivos a essas pessoas, como no conto das Mil e uma noites, onde o rei Xazenã ao ser traído por sua esposa não mais confia em ninguém casando-se e matando suas esposas até se casar com Xerazade que estimula seus desejos internos para se salvar da morte. Estando com isso clara manifestações de Id, Ego e o Superego dos protagonistas, Ego sendo movido pelo Superego, que é representado no conto com a Xerazade, o rei com seu Id incontrolado até encontrar o seu Ego. Todas as histórias possuem suas características na fantasia como a visão do herói que sempre se sai bem no final e o castigo que ocorre com os maus. Elas mostram os impulsos reais e como é difícil aceitar a imaginação que cerca os contos, e também destacam a realidade como no conto de João e Maria que no início da história mostra as dificuldades dos pais deles para criálos, fato que esta visível aos olhos da humanidade que muitas vezes os tornam amargurados e modificam sua personalidade. No conto da Chapeuzinho Vermelho esta relatada a inocência da pequena menina ao visitar a sua avó pelo bosque e o Lobo com sua personalidade frustrada e mal estruturada que acaba engolindo a menina que para alegria das crianças é retirada da barriga do Lobo, ensinando a criança a obedecer seus pais e a serem cuidadosas não seguindo por caminhos que podem ser perigosos. É importante notar a importância dos contos de fadas para a demonstração dos sentimentos infantis para encontrarem e formarem suas identidades seu desenvolvimento ao que se refere à maturidade, suas preocupações internas, enfim, sua percepção do mundo e o crescimento da sua personalidade. CORES  As cores têm significados e são elementos provocadores de emoções: BRANCO: Sugere pureza, virgindade, espiritualidade, paz, harmonia, tranquilidade, cura, inconsciente. Nos contos de fada, o branco geralmente está representando a luz do dia, a claridade e a ordem. PRETO: É a cor da escuridão, do mal e da morte. Simboliza o luto, a dor, o sofrimento, a tristeza e as frustrações em geral. Pode indicar repressão, inibição, opressão e tristeza. O preto representa aquilo que não pode ser visto, que está além da percepção.

VERMELHO: É a cor mais quente e mais densa. Associa-se à energia, saúde e vitalidade e poder.  AZUL: É uma cor fria, associada à calma, harmonia, serenidade, paz e expressão de ideias. É a mais profunda das cores.  AMARELO: É uma cor primária, quente. Associa-se à felicidade, sociabilidade, ao intelecto, autonomia e à sabedoria. . Também relacionado com a capacidade de tomar decisões e a percepção intuitiva. LARANJA: É o resultante da fusão das qualidades físicas do vermelho com as mentais do amarelo. Possui efeito vitalizante, alegria, jovialidade e prazer. Estimula a criatividade e a assimilação de ideias novas. ROXO/VIOLETA: É a cor resultante da mistura do vermelho e azul. O violeta traz em si igualmente parte do significado do vermelho como cor excitante e outra parte do significado do azul, como cor de introversão e de retenção, e consequentemente tensa e ansiosa. Associa-se à inspiração espiritual. ROSA: É o resultante da mistura do branco e do vermelho. Simboliza amor e afeição sem paixão. É a cor que exprime espontaneidade, criatividade e alegria. MARROM: É a mistura de um tom escuro do amarelo e do vermelho, podendo ainda incluir o verde nessa mistura, de acordo com as variações de tonalidades. Possui fortes ligações com a terra. Associa-se à solidez, confiabilidade, segurança e tranquilidade. CINZA: É resultante da mistura do preto com o branco. O cinza é uma cor neutra. Representa preocupação e compromisso. É um equilíbrio entre os extremos do preto e do branco, uma busca de compostura e de paz. Está associada aos aspectos de culpa, autosabotagem, autoboicote, depressão, repressão afetiva e vulnerabilidade. VERDE: É a união do amarelo com o azul. Associa-se à esperança, fertilidade, empatia, compreensão e exerce um efeito calmante. É o símbolo da mãe natureza.  ARTETERAPIA COM CRIANÇAS  A manifestação artística iniciada nos primeiros anos de vida pode significar para a criança a possibilidade de uma adaptação mais adequada ao seu meio ambiente, como também constitui uma forma de equilíbrio necessário entre o intelecto e as emoções. Pode ainda funcionar como uma válvula de escape  –  uma espécie de apoio quando a criança encontra-se aborrecida coloca esse seu aborrecimento no desenho  A criança expressa ao pintar, sensações, sentimentos, aspirações e conhecimentos. Ela vê o mundo a partir do seu eu, unindo as fantasias, sonhos, medos e desejos. Usar a imaginação livremente torna crianças mais inteligentes e capazes de encontrar soluções criativas para situações do cotidiano. Muitas vezes a projeção pode ser o único modo de a criança se expressar. Ela pode se comunicar através de figuras humanas, objetos, animais ou simplesmente riscos e rabiscos, coisas que jamais diria diretamente.  ARTETERAPIA COM ADOLESCENTES

Para o adolescente, tanto as incontroláveis mudanças corporais como as exigências do mundo circunstantes são sentidas como invasores. Como defesa, o adolescente mantém seus processos mais primitivos, embora sentindo a necessidade e o desejo de alcançar novos níveis evolutivos. Por isso, pode dinamicamente retrair-se  –  voltar-se para si mesmo, refugiar-se em seu mundo interno  –  onde, conectando-se com seu passado, poderá defrontar-se com o futuro. Entrar no mundo dos adultos  – desejado e temido  – significa para o adolescente a perda definitiva da sua condição de criança, é um período confuso, ambivalente, doloroso e repleto de contradições. A arteterapia para o adolescente apresenta uma oportunidade de exercitar sua expressão e comunicação.  ARTETERAPIA COM IDOSOS Com o passar do tempo verifica-se a decadência natural da capacidade funcional da estrutura física da pessoa, diminuição da velocidade de reação e em sua capacidade de enfrentar estímulos externos. Porém, essa redução geral dos ritmos orgânicos não supõe inaptidão para a maioria das funções da maturidade. Com o decorrer da idade, a intensidade das emoções parece diminuir de acordo com a lentidão da personalidade. Encontramos na velhice o predomínio de sentimentos negativos, pois são sempre lembradas às experiências de perda da saúde, aposentadoria, morte de amigos e medo da sua própria morte. O mito da velhice como etapa negativa se baseia em pressupostos incertos. A maioria dos idosos não tem limitações, nem suas vidas são negativas e dependentes como se convenciona. A arteterapia pode ser um ótimo instrumento de trabalho com idosos, pois por seu aspecto lúdico proporciona às pessoas que estão nesta fase da vida a expressar seus sentimentos, emoções, medos e angústias, em relação ao seu processo de envelhecimento.  Através da arte, o idoso pode resgatar situações de vida que não foram devidamente elaboradas, e a partir dos recursos artísticos e expressivos, pode configurar tais situações, podendo elaborá-las e integrá-las à sua consciência. Ajuda ao idoso a resgatar a sua autoestima, pois ao constatar que foi capaz de pintar, desenhar e modelar, perceberá que ainda está capacitado a fazer coisas, aumentando dessa forma a sua estima por si próprio, e o seu sentimento, que ainda é útil e capaz de construir algo.  Analise dos trabalhos Durante o processo, é necessário observar: - como começou; - precisou de ajuda ou não; - refez alguma etapa do processo; - não aceitou o erro; - não gostou do trabalho. Deve-se avaliar as possibilidades de intervenção que estejam de acordo com o objetivo do trabalho. É importante salientar que haverá momentos em que será necessário facilitar a liberação de conteúdos inconscientes; haverá

outros em que o ideal será permitir a estruturação de conteúdos que já surgiram previamente. Linhas da arteterapia: 1) Trabalhos de arte no tratamento psicoterápico, focalizando a atenção no material inconsciente da arte e na compreensão dos símbolos, buscando insights sobre os conteúdos projetados; 2) Foco no trabalho criativo. Contribuição da arte para o desenvolvimento da organização psíquica, sendo de identidade e amadurecimento. 3) Valor no processo de criação e nas possíveis analises e elaborações sobre o processo de criação e o trabalho realizado. Contrato O contrato para a realização do trabalho de arteterapia deve ser claro e delimitar as atribuições dos papeis do terapeuta e do cliente. Como por exemplo: - local; - horário; - duração das sessões; - material a ser utilizado; - recursos disponíveis; - forma de pagamento; - funcionamento das sessões; - Condição primordial: Sigilo. Entrevista É necessário realizar uma entrevista inicial com o cliente e obter dados sobre sua historia, essas informações são importantes para compreensão da situação do sujeito. Segue sugestão de anamnese: a) Informações sobre a família (pai, avós, irmãos, etc.). b) Informações sobre o próprio nascimento (parto, amamentação, etc.). c) Histórico de sua infância (relação com os pais, brincadeiras, etc.). d) Informações escolares (condições de aprendizagem, amigos, etc.). e) Histórico de sua adolescência (namoros, amigos, etc.). f) Informações sobre sua sexualidade (iniciação sexual, dificuldades, etc.). g) Vida profissional (empregos, expectativas, etc.). h) Vida adulta (casamento, filhos, futuro, etc.).  Ambiente  A aparência e a organização do ambiente onde será executado o trabalho de arteterapia é fundamental para a criação de um ambiente espontâneo, despertando a imaginação e a criatividade.  As qualidades objetivas e subjetivas do ambiente possibilitarão a construção dos vínculos interno e externo do cliente para consigo mesmo. Deve ser um lugar onde o sujeito se sinta estimulado a criar, onde poderá falar e viver suas esperanças, medos e dificuldades. Os aspectos

inconscientes poderão revelar-se e assim possibilitar a descoberta dos verdadeiros entraves existente no processo simbólico. Segue alguns aspectos desejáveis no ambiente: - Uma mesa de tamanho regular; - Claridade, simplicidade, conforto, aconchego; - Material de vários tipos, texturas e cores; - Armários para manter o sigilo do material de cada paciente; - Fácil acesso ao lavatório. Técnicas de arteterapia Os recursos de expressão permitirão que acontecimentos aprisionados no inconsciente sejam simbolizados e configurados em imagens que possam conduzir a consciência informações deste universo. A simbologia da materialidade, leva à compreensão, transformação, estruturação e expansão de toda a personalidade do individuo. É necessário explorar constantemente novas técnicas expressivas ou revisar as que já se conhece para que assim, se ofereça maiores recursos criativos. Desenho

“  Numa folha qualquer Eu desenho um sol amarelo, E com cinco ou seis retas É fácil fazer um castelo...” (Vinicius e Toquinho) Desenhar é dar asas à imaginação. Desenhamos quando observamos formas e quando produzimos nossos próprios sinais. Desmontamos uma imagem em unidades de movimentos não significativos para construir, em seguida, uma representação complexa cuja significação emerge das relações entre as partes.  A criança, ou o adulto que consegue soltar sua criança interna, desenha com mais liberdade e não censura o que produz. O desenhista passa para o papel imagens de sua imaginação e criatividade. Há varias maneiras de fazer desenhos e com os mais diversos materiais. Para desenhar, é feita uma relação entre os elementos visuais: o ponto, a linha, a cor, a luz, o volume. É importante superar o preconceito de que desenhar é produzir uma copia da realidade à nossa volta e deixar soltar o traço. Musica

“...Basta imaginar e ele está Partindo, sereno e lindo Se a gente quiser Ele vai pousar.....”  (Vinicius e Toquinho)

Facilita a expressão e comunicação das emoções, sensações e percepções e pensamentos, que refletem o modo de sentir, perceber e pensar de cada um. Uma determinada musica pode causar emoções diferentes, por exemplo em uma pessoa ela pode causar fortes emoções e em outra pessoa pode causar bem estar.  A musica é dividida em três elementos: - Melodia: organização simples de uma serie de sons musicais - Harmonia: agrupamento agradável de sons ouvidos simultaneamente - Ritmo: combinações infinitas de diferentes durações ou combinações variadas de diferentes formas de movimento, alternado com inúmeras formas de repouso. Os sons que formam a musica são chamados de notas musicais: dó, ré, mi, fá, sol, lá, si; divididas em alturas diferentes, sendo graves e agudas.  A combinação diversificada dos elementos melodia, ritmo e harmonia são origem aos gêneros musicais (rock, pop, samba, etc.)  A musica promove o equilíbrio entre o pensar e o sentir, resgatando a afinação do individuo. Atividades com musica são bem vindas para o aquecimento das atividades, pois torna a sessão mais agradável, facilitando a sensibilização e seus objetivos terapêuticos são mais facilmente alcançados. Dança

.. Giro um simples compasso

“  

E num círculo eu faço o mundo... ” (Vinicius e Toquinho) É a arte de movimentar o corpo em um determinado ritmo de forma harmônica e coordenada. O movimento é uma expressão natural e por meio dele é possível expressar sentimentos, emoções e construir uma boa autoestima. Representa uma forma instintiva de comunicar-se usando o corpo por meio de padrões próprios de movimento.  A dança ajuda a aumentar a resistência imunológica, a energia vital, a disposição, a confiança e alegria de viver, sendo fundamental como arte e como terapia. É uma das raras atividades que envolve o corpo, espirito e coração. É um esporte completo, uma meditação e um meio de conhecimento.  Ajuda a combater a agressividade, canalizando excesso de energia, cria meios para enfrentar o isolamento, desenvolve o espirito de iniciativa e a auto expressão. Escultura

“Nesta estrada não nos cabe conhecer ou ver o que vir á O fim dela ninguém sabe bem ao certo onde vai dar...” (Vinicius e Toquinho) Representa objetos e seres por meio das imagens em relevo. O uso de material é ilimitado: bronze, mármore, argila, cera, madeira, gesso, material reciclável, papelão, sucata, etc. O material mais usado na arteterapia é a argila, pois é um material maleável e proporciona a oportunidade de fluidez entre material e manipulador.

Mobiliza o inconsciente e traz o consciente nosso ser interior. A sua plasticidade permite trabalhar os movimentos internos em toda sua complexidade. Transformando a argila, forma-se um objeto, dá vida ao seu interior, renovando o significado dos conteúdos internos e expandindo sua consciência. Também usamos técnicas com recorte, colagem e dobraduras. O que facilita a proximidade com o palpável, o concreto, o real. Podemos dar forma, estruturar, ordenar, moldar.  A colagem, por exemplo, oferece formas de integrar aspectos distintos do eu, onde cada parte vai oferecendo coerência ao todo. É uma forma de oferecer a troca de papeis, recolher ou compor estruturas que tragam um resultado terapêutico positivo. Também oferece a possibilidade de percepção dos diversos papéis que desempenhamos. Dar forma às imagens, sentimentos e emoções, possibilita o encontro consigo mesmo, desperta o potencial criativo e a transformação de energias bloqueadas. Ajuda a colocar ênfase no processo e não no produto e a descobrir quem é e para onde quer ir. Pintura

“Se um pinguinho de tinta Cai num pedacinho azul de papel... Num instante imagino Uma linda gaivota a voar no céu...” (Vinicius e Toquinho) Tem como fundamento a utilização de massas de cores para construir imagens. Permite a expressão pelas cores, desenvolve o gosto artístico, a sensibilidade, a observação, a destreza motora e a autoconfiança. Exercita novas maneiras de olhar a nós mesmos e a tudo que nos rodeia. Olhar o que foi produzido livremente é uma possibilidade de olhar para dentro, para algo que até então estava inconsciente.  Através da pintura podemos criar superfícies que se libertam dos traços limitadores impostos pelo desenho. Porem, nem sempre é fácil encarar essa liberdade.  A variedade de elementos presente na técnica da pintura: linhas, formas, volumes, cor, luz, sombra, etc. Funciona como um meio de aliviar tensões, encontrar soluções diferentes e a ter coragem de tentar algo diferente. É um meio eficaz para flexibilizar o nosso pensamento, liberando a energia psíquica. Sugestões de atividades 1) Quem sou eu? Material usado: Papel tigre Sucata Canetinha Giz de cera

Procedimento: Solicitar ao cliente que se deite sobre o papel tigre e o terapeuta ou o colega de dupla, faz o contorno do corpo com a canetinha. Pedir para o cliente levantar e observar o desenho. Estimular o cliente a montar seu próprio corpo com a sucata, da maneira que quiser.  Analise: Conversar sobre as diversas partes do corpo, o que gosta e o que mudaria, porque mudaria. O objetivo é avaliar a percepção corporal do cliente, sua autoestima, trabalhar o negativismo e características depressivas. 2) Paisagem Material usado: Lápis grafite ou de cor (aquarela ou simples) Caneta hidrocor ou esferográfica Borracha Giz de cera Procedimento: Escolher um quadro/foto com vários elementos visuais para realizar o procedimento. Conversar sobre o desenho e solicitar ao cliente que selecione uma área dessa paisagem para registrar, como um recorte. Iniciar o desenho, procurando incorporar o máximo de elementos da paisagem.  Analise:  Analisar os resultados obtidos e as semelhanças e diferenças entre o desenho e a paisagem. O objetivo é o relaxamento, promover a imaginação e criatividade, diminuir a ansiedade e melhorar a autoexpressão. 3) Arte em camisetas Material usado: Uma camiseta branca Retângulos de cartolina (30 x 40 cm) Moldes vazados ( no caso de desenhos dirigidos) Caneta preta própria para tecido Pinceis variados Recipiente com agua para limpeza dos pinceis Retalho de tecido para secagem dos pinceis Fita adesiva Tintas para tecido de cores variadas Procedimento:

Fixar a camiseta em uma superfície lisa para facilitar a pintura e desenhar e pintar livremente na camiseta ou usar o molde. Deixar secar por 12 horas  Analise: Conversar sobre as diversas partes do corpo, o que gosta e o que mudaria, porque mudaria. O objetivo é o relaxamento, controle da impulsividade, controle da ansiedade e autoexpressão. 4) Escultura em argila Material usado:  Argila Estecos ou palitos de churrasco Colher Garfo Procedimento: Utilizando a argila, o cliente deve modelar a peça, até chegar à forma desejada. Usam-se as ferramentas (estecos, palitos, colher, garfo) para fazer cavidade, desenhar, alisar a argila. Depois da peça pronta, deixar secar. Após a secagem, pode ser finalizada com a tinta escolhida.  Analise: Conversar sobre as diversas partes do corpo, o que gosta e o que mudaria, porque mudaria. O objetivo é avaliar a percepção corporal do cliente, sua autoestima, trabalhar o negativismo e características depressivas. 5) Expressão, ritmo e expressão Material usado: Papel liso Lápis preto e de cor Canetas hidrocor Musicas instrumentais Procedimento: Ouvindo o som, o cliente deve traçar linhas no papel, seguindo o ritmo da musica. As cores podem ser trocadas, por isso o material deve estar próximo. A linha deve representar as diferenças de timbres, as passagens de som e o ritmo.  Analise:  Analisar o desenho, procurando significados para determinados riscos e desenhos. A musica instrumental permite maior liberdade para a descoberta de sentido de sonoridade, já a musica cantada, sugestiona pelas palavras. O objetivo é o relaxamento, diminuição da ansiedade, autoconhecimento, harmonia e consciência corporal.

6) Balão magnético (grupo) Material usado: Balão Caneta Musica Procedimento: Cada participante enche um balão e escreve seu nome nele. Andem pela sala, tocando o balão, ao mesmo tempo em que movimentam o corpo todo. Deve tocar o balão para o alto, ao mesmo tempo em que troca de balão com os colegas, até que apenas um balão permaneça nas mãos de cada participante. Cada integrante deve ler o nome que esta no balão e ir até o encontro da pessoa. A seguir ele deve encostar o balão no corpo da pessoa e no corpo dele também. Lembrando que este integrante também tem o balão que deve encostar em outra pessoa. Quem não conseguir grudar o balão em quem deve grudar, tem que dançar para o grupo e o grupo deve imitar o movimento da pessoa.  Analise:  Após a atividade, trabalhar: Quais as sensações, emoções e pensamentos que ocorreram durante a atividade? Foi fácil liberar o corpo? O objetivo é estabelecer contato, estimular a criatividade, promover a expressão corporal, socializar e integrar o grupo. 7) Rolha Material usado: Papel 40 kg branco Tinta guache Rolhas Faca Dois pregos Procedimento: Colocar um prego em cada extremidade da rolha para conseguir segurar e fazê-la rolar. Fazer sulcos com a faca na rolha e passar a rolha na tinta guache e fazer a impressão no papel.  Analise: Preparando os sulcos na rolha podem ocorrer alguns resultados interessantes, pois é um material que por se fragmentar, não permite linhas muito retas, ininterruptas. O objetivo é trabalhar a redução de controle por parte de quem se expressa e eventualmente pode despertar impaciência pela dificuldade de conseguir o resultado planejado.

8) Impressão Material usado: Cartolina Tinta guache Sabão de coco Faca Procedimento: Com a faca, esculpir o sabão fazendo alto e baixo relevo. Depois molhar o sabão no guache e imprimir na cartolina.  Analise: O sabão é um material que permite realizar os sulcos com mais exatidão e por isso, o resultado fica mais próximo da imagem que se idealizou e permite alternativas na direção do que está imprimindo. O objetivo é trabalhar a quebra de rotina, como possibilidade de alteração de um habito. 9) Soprada Material usado: Papel 40 kg branco Canudos de vários comprimentos e espessuras Guache  Agua Procedimento: Deve-se pingar gotas de guache aguada sobre o papel e sopra-las com um canudo em diferentes direções. Repetir este procedimento quantas vezes desejar, variando as cores, as espessuras e comprimentos dos canudos.  Analise: É uma técnica libertadora, que ajuda a trabalhar controle e rigidez. Trabalhando com uma única cor podemos verificar as formas e com diversas cores, as figuras/fundo. O objetivo é trabalhar as possibilidades de efeitos variados. 10) A dedo Material usado: Papel pardo Mingau: ½ kg de farinha de trigo, 1 ½ litro de agua, 1 colher de sobremesa de Lysoform Tinta guache Procedimento: Levar ao fogo a farinha e a agua, mexendo até engrossar. Quando esfriar acrescentar o Lysoform. Separar este mingau em vários potes e a cada

um deles acrescentar diferentes cores de guache. Para o trabalho, aplicar sobre o papel, com os dedos, a cor desejada para criar o trabalho.  Analise: Permite a possibilidade de fazer e refazer, pois sua secagem não é imediata. Trabalha o tato e é possível trabalhar tanto a pintura figurativa quanto a abstrata. 11) Barbante Material usado: Papel pardo Barbante Guache bem espesso Procedimento: Cortar pedações de barbante de aproximadamente 50 cm, um para cada cor que se pretende usar e mergulhar o pedaço de barbante dobrado em guache espesso. Dar batidas com o barbante molhado sobre o papel, formando o que desejar.  Analise: É praticamente anulada a possibilidade de controlar o resultado final. O movimento feito pela mão não será traduzido rigorosamente pelo barbante, uma vez que se introduz um elemento de muita flexibilidade. 12)Monotipia Material usado: Papel 40 Kg Tinta guache Pinceis Procedimento: Dobra-se a folha ao meio e cria-se o motivo em um dos lados, na parte interna. Depois, pressiona-se o lado branco sobre o lado pintado, obtendo a impressão.  Analise: É uma técnica dual, ou seja, a pessoa constrói em um dos lados do trabalho e o outro nasce a partir desse primeiro, o que permite explorar a aparente ou enganosa sensação de igualdade entre duas partes.  Ajuda a aprofundar a capacidade de atenção, do olhar, percebendo sutilezas. 13) Peneira Material usado: Papel 40 kg branco Tinta guache

Peneira reta Escova de dentes Cartolina Procedimento: Recortar formas na cartolina, para cobrir ou delinear o desenho (mascaras). E prender essas mascaras no papel suporte. Espalhar a tinta com uma escova de dentes bem molhada na tinta, rapando-a sobre a peneira, a uma pequena distancia, em cima do papel.  Analise: É uma técnica organizadora, pois permite o planejamento e estruturação. O objetivo é trabalhar os limites, manter-se dentro deles e não ultrapassa-los. 14) Lápis de cera e removedor Material usado: Cartolina Lápis de cera Removedor  Algodão Procedimento: Escolher três ou mais cores claras de lápis de certa e sobre o papel branco, desenhar à vontade com bastante força, depois com um algodão umedecido no removedor, espalhar e misturar levemente as cores.  Analise: Possibilita trabalhar a transformação, na medida em que o resultado após a aplicação do removedor é diferente do que se tinha antes. O trabalho ganha beleza com a continuidade da cor que antes era fragmentada. O objetivo é explorar as diferenças que se manifestam. 15) Giz ao leite Material usado: Cartolina preta ou de cor escura Giz de varias cores Leite frio Procedimento: Molhar o giz no leite e desenhar livremente sobre o papel.  Analise: O resultado final só aparece quando o trabalho seca, porque a cor se ativa. Deve-se trabalhar a diferença entre o mesmo material (o giz) seco e molhado. Na primeira situação, o trabalho final é volátil, pois o pó de giz não se fixa no papel. No segundo caso, o leite funciona como um elemento f ixador.

O objetivo é trabalhar o elemento tempo pois, algumas pessoas acham o trabalho sem graça quando o estão executando e, depois de seco, surpreendem-se. 16) A cego Material usado: Papel 40 kg branco Lápis de cor Venda para os olhos Procedimento: Movimentar livremente, o dedo no ar como uma preparação. Depois vendar os olhos e desenhar com o lápis sobre o papel. Retirar a venda e olhar o desenho criado, procurando identificar uma forma e destaca-la, usando outras cores.  Analise:  A dificuldade em encontrar uma figura no meio dos traços, pode trazer desconforto. Pode acontecer que a pessoa não identifique nenhuma figura, neste caso, cabe exercitar o olhar atendo a uma certa liberdade de paradigmas  já estabelecidos. 17) Em papel alumínio Material usado: Papel alumínio Papel sulfite Caneta esferográfica (já gasta) Procedimento: Colocar o papel alumínio sobre algumas folhas sulfite e mpilhadas e fazer baixos-relevos, forçando o alumino com a ponta da caneta.  Analise: É um material que não permite correções. Cada traço feito ficará marcado e não poderá ser apagado. É muito comum que a mão desvie e crie efeitos que não haviam sido pensados pela pessoa. São surpresas importantes a serem trabalhadas. É interessante explorar as duas faces do trabalho, pois o que é feito de um lado cria um efeito complementar do lado oposto. Outro ponto interessante é a necessidade de se encontrar o ponto certo para a força a ser empregada na criação do trabalho: fraco demais não surge efeito e forte demais pode danificar o suporte. 18) Montagem de imagens e fotos Material usado: Revistas para recortar Cola Tesoura

Cartolina Lápis de cor Procedimento: Selecionar nas revistas figuras que possam representar parte de um cenário ou personagem que se queira criar, depois recortar a figura selecionada e colar na cartolina, na posição adequada. Completar a cena, desenhando com o lápis de cor, conforme imaginado.  Analise: Permite explorar varias alternativas de solução para um mesmo ponto de partida. É bastante liberadora do processo criativo. Podem ser usadas figuras idênticas e criar mais de um trabalho de diferente resultado final.  A opção de montar o personagem pode ser usada para se trabalhar a relação com o corpo. 19) Compondo com palavras Material usado: Cartolina Revistas ou jornal para recortar Tesoura Cola Procedimento: Selecionar das revistas ou jornal, palavras soltar que despertem atenção e recorta-las. Colar essas palavras no papel, criando uma sequencia logica, para que o texto final adquira um significado próprio.  Analise: É uma técnica estruturadora que oferece um trabalho em cima de alternativas e coerência. Possibilita a organização do pensamento, mas de alguma forma alivia o peso da própria expressão: é como falar através de outra pessoa. O objetivo é ajudar os que tenham maior dificuldade de expressão a encontrar palavras que falem dos seus sentimentos. 20) Mandala com materiais variados Material usado: Disco de vinil ou CD velho Sementes, miçangas, lantejoulas, ou qualquer outro tipo de material pequeno Cola Pinça Procedimento: Passar a cola por áreas da base e ir colocando os diversos elementos.  Analise:

É um desafio à paciência das pessoas mais apressadas ou mais imediatistas. Permite estruturação e muita criatividade, não só na escolha dos materiais, como também na distribuição pela base. O resultado final é sempre uma surpresa, pois os materiais colocados lado a lado interferem uns nos outros. 21) Caixa do olhar Material usado: Caixa de tamanho médio (ex. caixa de sapato) Papéis coloridos Tesoura Cola Imagens recortadas de revistas Objetos pequenos que possam ser colados Procedimento: O trabalho é realizado dentro da caixa. Colar nas faces internas da caixa, imagens ou elementos diversos. Depois escolher lugares, em todas as faces da caixa e com a tesoura, fazer orifício (de 1 cm de diâmetro) para observar através deles, o trabalho executado.  Analise: O objetivo é motivar a pessoa a observar detalhes específicos de um conjunto maior. Simbolicamente, é como se acontecesse um zoom destacando uma parte de um contexto mais amplo. Também é um exercício interessante para compreender um mesmo problema pode ser visto de formas totalmente diferente. 22) Caixa do eu Material usado: Uma caixa média, que possa ser aberta e fechada Imagens recortadas de revistas Tesoura Cola Procedimento: Escolher imagens conforme o agrado. Colar essas imagens, decorando as faces da caixa, interna e externa, escolhendo livremente a posição que deseja colocar cada imagem.  Analise: Permite uma reflexão a partir da posição em que foram colocadas cada imagem. O objetivo é trabalhar a introversão ou extroversão. Algumas pessoas detalham com muito cuidado a parte externa da caixa e não cuidam da parte interna ou vice-versa. 23) Montagem com flores

Material usado: Pétalas de flores e folhas naturais Cola Cartolina colorida Procedimento: Colar as pétalas e folhas sobre um pedaço de cartolina colorida, livremente. Fazer uma xerox colorida do trabalho, brevemente pois os elementos naturais irão murchar  Analise:  Além do impacto visual, essa técnica oferece sensações táteis e olfativas. O original irá murchar e perder a cor rapidamente, enquanto que sua copia em xerox ficará inalterada. O objetivo é refletir sobre a fugacidade de momentos da vida e a possibilidade de retê-los na memória. Também é possível explorar o aspecto de que os momentos precisam ser vividos no presente. 24) Lápis de cera na vela Material usado: Papel 40 kg branco Lápis de cera em varias cores Vela Fosforo Procedimento: Encostar a ponta do lápis de cera na chama da vela e leva-lo rapidamente, com a ponta derretida ao papel, desenhando ou fazendo manchas. Repetir o processo até criar o desenho desejado. .  Analise: O objetivo é trabalhar a paciência e persistência, pois o resultado final só é possível se a pessoa persistir em varias idas e vindas da vela ao papel. Também é possível ter camada sobre camada, permitindo modificações. 25) Imagens com musica Material usado:  Aparelho de som Cds com musicas Papel oficio Lápis preto Papel 40 kg Pincel Tinta guache Procedimento: Enquanto escutar a musica, desenhar e pintar livremente.

 Analise: Estimular a compreensão, acessando imagens do inconsciente. Buscar os significados dessas imagens e elaborar estes conteúdos inconscientes, integrando à consciência. “A arte alimenta-se de ingenuidades, de imaginações infantis que ultrapassam os limites do conhecimento; é aí que se encontra o seu reino. Toda a ciência do mundo não seria capaz de penetrá- lo.” ( Lionello Venturi) Experimente! Seja criativo! Seja livre!

Referencia bibliográfica

 A Psicanalise dos contos de fadas – Bruno Bettelheim  – Ed. Paz e Terra, 1903  Arteterapia – Patrícia Moreira – Maceió, 2007  Arteterapia com grupos  –  Maira B. Sei e Tatiana Gonçalves  –  Casa do Psicólogo, 2010 Criatividade em Arteterapia  – Edna C. Christo e Graça M. D. Silva – Wak, 2009 Curso de psicanalise  – Marc A. R. Keppe  – Edições Inteligentes, 2006 Revista: Mente e Cérebro  – Memória da Psicanalise: Jung 2- Duetto, 2009 Revista: Mente e Cérebro  – Ano XVIII nº 216 – Duetto, 2011 Revista: Mente e Cérebro  – Edição Especial nº 17  – Duetto, 2009

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