Apostila Bases Da Osteopatia

March 26, 2023 | Author: Anonymous | Category: N/A
Share Embed Donate


Short Description

Download Apostila Bases Da Osteopatia...

Description

 

1

 

INTRODUÇÃO E BASES FISIOLÓGICAS DA OSTEOPATIA  _________________________________________________  _________________________ _______________________________________________ ______________________________________________ _______________________

Bases da Osteopatia

 

2 INTRODUÇÃO E BASES FISIOLÓGICAS DA OSTEOPATIA  ________________________________________________  _________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________

SUMÁRIO 1 

...................................... ........................................ ........................................ ......................................... ........................................ ....................................... ........................................ ..........................4 ......4  INTRODUÇÃO ..................



..................................... ........................................ ........................................ ......................................... ......................................... ........................................ ......................5 ..5  HISTÓRIA DA OSTEOPATIA .................



........................................ ........................................ ........................................ ........................................ ........................................ .............................9 .........9  OS PRINCÍPIOS DA OSTEOPATIA ....................

3.1 

..................................... ........................................ ........................................ ........................................ ....................................9 ................9  A ESTRUTURA GOVERNA A FUNÇÃO .................

3.2 

....................................... ........................................ ........................................ ......................................... ........................................ ....................................... .....................10 .10  UNIDADE DO CORPO ...................

3.3 

...................................... ........................................ ........................................ ......................................... ........................................ ........................................ ....................................... ....................12 .12  AUTOCURA .................

3.4 

........................................ ........................................ ....................................... ......................................... ........................12 ...12  LEI DA ARTÉRIA (CIRCULAÇÃO E SAÚDE) ...................

...................................... ........................................ ........................................ ...............................13 ..........13  RELAÇÕES ANATOMOFISIOLÓGICAS DA OSTEOPATIA.................



4.1 

....................................... ........................................ ....................................... ......................................... ........................13 ...13  SISTEMA NERVOSO E NEUROFISIOLOGIA ..................

4.1.1 

SISTEMA SISTE MA NERVOS NERVOSO O MOTOR .................. ...................................... ........................................ ........................................ ......................................... ........................................ .................................13 ..............13 

4.1.2 

SISTEMA SISTE MA NERVO NERVOSO SO SENSORIAL SENSORIAL .................... ........................................ ........................................ ........................................ ........................................ ........................................ ...........................15 .......15 

4.1.3 

SISTEMA SISTE MA NERVO NERVOSO SO AUTÔNOMO.................. AUTÔNOMO...................................... ........................................ ........................................ ........................................ ........................................ ...........................20 .......20 

4.1.4 

NERVOS NERV OS ESPINA ESPINAIS IS ...................................... ......................................................... ....................................... ......................................... ........................................ ........................................ ...............................21 ..........21 

4.1.5 

NERVO DE LUSCHKA (RAMOS RECORRENTES MENÍNGEOS DOS NERVOS ESPINAIS) ................................................22  



........................................ ........................................ ........................................ ........................................ ........................................ ........................................ ........................23 ....23  DISFUNÇÃO SOMÁTICA ....................



....................................... ........................................ ........................................ ........................................ ........................................ ........................................ ........................24 ....24  FACILITAÇÃO MEDULAR ...................



........................................ ........................................ .....................................2 ..................25 5  NEUROFISIOLOGIA DA FIXAÇÃO DA DISFUNÇÃO SOMÁTICA ...................

7.1 

...................................... ........................................ ........................................ .....................................2 .................26 6  PAPEL DA FÁSCIA NA DISFUNÇAO SOMÁTICA ..................

7.2 

...................................... ......................................... ........................................ ........................................ ........................................ .....................................2 .................26 6  HISTOLOGIA DA FASCIA .................



..................................... ........................................ ........................................ ..................................27 ..............27  AS REPERCUSSÕES DAS DISFUNÇÕES SOMÁTICAS .................



........................................ ........................................ ........................................ ........................................ ........................................ ........................................ ........................29 ....29  FISIOLOGIA ARTICULAR....................

9.1 

....................................... ........................................ ........................................ ........................29 ....29  MOVIMENTOS ACESSÓRIOS – ARTROCINEMÁTICOS...................

9.2 

....................................... ........................................ ........................................ ......................................... ........................................ .................................29 ..............29  PRINCÍPIOS DE FRYETTE...................

9.2.1  9.2.2 

10 

Princípio I de Fryette ....................................... Princípio ........................................................... ........................................ ........................................ ........................................ ........................................ ........................29 ....29  Princípio Princíp io II de Fryette ...................................... .......................................................... ........................................ ........................................ ........................................ ........................................ ........................29 ....29 

....................................... ........................................ ........................................ ......................................... ...............................29 ..........29  DISFUNÇÕES SOMÁTICAS VERTEBRAIS ...................

........................................ ........................................ ........................................ ......................................... ....................................... ....................29 .29  10.1  DIFUNÇÃO FRS – 2ª lei de Fryette ................... ........................................ ........................................ ........................................ ......................................... ....................................... ....................30 .30  10.2  DIFUNÇÃO ERS – 2ª lei de Fryette................... ........................................ ........................................ ........................................ ......................................... ........................................ ....................................... .....................30 .30  10.3  DISFUNÇÃO EM NSR ....................

11 

...................................... ........................................ ........................................ ........................................ ..................................31 ..............31  HIPOMOBILIDADE / HIPERMOBILIDADE ..................

12 

....................................... ........................................ ........................................ ..................................31 ..............31  DIAGNÓSTICO DE UMA DISFUNÇÃO VERTEBRAL ...................

...................................... ........................................ ........................................ ........................................ ........................................ ......................................... .....................32 32  12.1  TRIADE METAMÉRICA ..................

13 

...................................... ....................................... ........................................ ......................................... ........................................ ..............................33 ..........33  DIAGNOSTICO OSTEOPATICO ..................

...................................... ........................................ ........................................ ......................................... ........................................ ........................................ ....................................... ....................33 .33  13.1  ANAMNESE ................. 13.1.1  TIPOS DE DOR .................. ....................................... ........................................ ....................................... ......................................... ........................................ ........................................ ...............................33 ..........33 

 

3 INTRODUÇÃO E BASES FISIOLÓGICAS DA OSTEOPATIA  _________________________________________________  _________________________ _______________________________________________ ______________________________________________ _______________________ ...................................... ........................................ ......................................... ......................................... ........................................ .....................................3 .................34 4  13.2  EXAME NEUROLÓGICO .................. ....................................... ....................................... ........................................ ......................................... ....................35 35  13.3  INSPEÇÃO DA ESTÁTICA E DA MOBILIDADE ................... ....................................... ....................................... ........................................ ......................................... ........................................ ........................................ .....................................3 .................36  6 13.4  RADIOLOGIA ...................

14 

..................................... ........................................ ........................................ ......................................... ........................................ .................................36 ..............36   TÉCNICAS DE TRATAMENTO .................

...................................... ........................................ ........................................ ......................................... ........................................ .................................36 ..............36  14.1  TÉCNICAS ESTRUTURAIS .................. 14.1.1 

TÉCNICASS RÍTMICA TÉCNICA RÍTMICASS ................... ....................................... ........................................ ........................................ ......................................... ........................................ ....................................... .....................36 .36 

14.1.1.1 

........................................ ........................................ ........................................ ........................................ ........................................ ........................36 ....36  Técnicas de Stretching ....................

14.1.1.2 

..................................... ........................................ ........................................ ........................................ ........................................ ........................36 ....36  Técnicas de Pompagem .................

14.1.1.3 

........................................ ........................................ ........................................ ........................................ ........................................ ........................37 ....37  Técnicas Articulatórias ....................

14.1.1.4 

...................................... ....................................... ........................................ ......................................... .....................................3 .................37 7  Técnica de Tensão Mantida ..................

14.1.1.5 

...................................... ....................................... ........................................ ......................................... ........................................ ..............................37 ..........37  Técnicas de Inibição ..................

14.1.1.6 

..................................... ........................................ ........................................ ......................................... ......................................... ........................................ ....................37 37  Bombeamento .................

14.1.1.7 

..................................... ........................................ ........................................ ........................................ ..................................37 ..............37  Técnicas de Energia Muscular  .................

14.1.1.8 

........................................ ........................................ ........................................ ........................................ ..................................38 ..............38  Inibição e indução miofascial ....................

14.1.2 

TÉCNICASS COM THRU TÉCNICA THRUST ST ........................................ ............................................................ ........................................ ......................................... ........................................ .................................38 ..............38 

14.1.2.1 

...................................... ........................................ ......................................... ......................................... ........................................ .....................................3 .................39 9  Tipos de Thrust ..................

....................................... ........................................ ....................................... ......................................... ........................................ ........................................ ...............................39 ..........39  Técnicas Indiretas.................. ..................................... ........................................ ........................................ ........................................ ........................................ ........................................ ..................................39 ..............39  Técnicas Diretas ................. ...................................... ........................................ ........................................ ........................................ ........................................ ........................................ ........................39 ....39  Técnicas Semidiretas: .................. ...................................... ........................................ ......................................... ......................................... ........................................ .....................................3 .................39 9  14.2  TÉCNICAS FUNCIONAIS.................. 14.2.1 

15 

Técnicas Técnic as dos Ponto Pontoss Gatilhos de Jones: Jones: ........................ ............................................ ....................................... ....................................... ......................................... ............................39 .......39 

........................................ ........................................ ........................................ ........................................ ........................................ ........................................ .....................................3 .................39 9  BIBLIOGRAFIA ....................

 

4 INTRODUÇÃO E BASES FISIOLÓGICAS DA OSTEOPATIA  ________________________________________________  _________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________

1

INTRODUÇÃO

A Osteopatia é uma técnica de tratamento desenvolvida pelo médico Americano Americano Dr. Andrew Taylor Still que visa corrigir as alterações de mobilidade das articulações e dos tecidos moles de forma geral. O tratamento e o estudo da Osteopatia são totalmente baseados em anatomia, fisiologia e biomecânica. A técnica utiliza a avaliação dos movimentos articulares articulares e teciduais como base, levando a um diagnóstico preciso sobre os problemas enfrentados pelo paciente. As mobilizações e manipulações são a base do tratamento osteopático.  A palavra Osteopatia é derivada derivada do grego, em que “osteon” significa osso e “pathos” significa efeito que que vem

do interior. Still acreditava que as disfunções ocorriam quando quando os tecidos do corpo perdiam sua mobilidade ideal. Ao corrigir a mobilidade normal dos tecidos, a disfunção desaparece e o corpo, por meio de seu sistema imunológico, consegue a correção do problema. A Osteopatia é dividida em 3 grandes áreas: Osteopatia Estrutural, Osteopatia Craniana e Osteopatia Visceral. Osteopatia Estrutural A Estrutural é responsável por avaliar e tratar os problemas de movimento dos tecidos do sistema musculoesquelético. Avaliando e intervindo sobre ossos, articulações, fáscias, músculos, ligamentos, cápsula articular, meniscos e todos os outros tecidos que compõem o sistema. As técnicas de avaliação são sempre sutis e precisas, auxiliando o fisioterapeuta a determinar o problema e o tecido comprometido, podendo, desta forma, aplicar uma técnica específica para cada tipo de tecido de forma segura. Osteopatia Craniana C raniana A Craniana é responsável por avaliar e tratar os movimentos dos tecidos cranianos, principalmente pela relação dos ossos ossos do crânio com a meninge dura-máter. William Sutherland Sutherland foi o responsável responsável pelo desenvolvimento da Osteopatia Craniana ao perceber que compressões nos ossos do crânio poderiam produzir prejuízos funcionais estruturais e alterações comportamentais nos indivíduos. A mobilidade da meninge e fáscias cranianas estão relacionadas com as tensões que a produção e reabsorção do líquido cérebro-espinal produz nesses tecidos. Se existe alguma tensão nos tecidos envolvidos nessa região, o sistema nervoso autônomo, nervos cranianos e vascularização encefálica também podem sofrer tensões, produzindo inúmeros sintomas como dores, alterações no funcionamento dos sistemas autonômicos. Um exemplo é o prejuízo na função dos órgãos inervados pelo n. vago que passa no forame jugular e pode ser comprometido pelas tensões fasciais, alterações na vascularização e funcionamento encefálico, entre muitas outras. As manipulações cranianas possuem função de restabelecer o funcionamento normal das suturas, normalizar as tensões entre os tecidos do crânio, diminuir estímulos nociceptivos dos mecanorreceptores das suturas, diminuir tensão da dura-máter, melhorar a vascularizaçã vascularização o encefálica, entre outras. Osteopatia Visceral A Visceral trata dos problemas de mobilidade das vísceras e de suas fáscias circundantes. Ao produzir diminuição na tensão dos tecidos viscerais, ocorre melhora na função, na vascularização, diminuição diminuição de dor, diminuição de aderências teciduais e de espasmos dos músculos lisos que compõem os órgãos. Apesar da pouca relação do Fisioterapeuta com as vísceras, é uma área de muita importância para o Fisioterapeuta

 

5 INTRODUÇÃO E BASES FISIOLÓGICAS DA OSTEOPATIA  _________________________________________________  _________________________ _______________________________________________ ______________________________________________ _______________________

Osteopata, sendo fundamental o seu estudo e sua relação com as outras grandes áreas da Osteopatia, a Craniana e Estrutural. Durante a respiração e outros movimentos, as vísceras tendem a se movimentar, bem como durante seu funcionamento normal, como os movimentos peristálticos. Disfunções somáticas, cicatrizes, infecções, alterações no funcionamento do sistema nervoso autônomo podem repercutir sobre o tônus das vísceras, modificando seu funcionamento e provocando a dor referida. As manipulações viscerais produzidas pelo Fisioterapeuta Osteopata têm a função de diminuir o espasmo da musculatura lisa, diminuir tensão das fáscias que recobrem as vísceras e se ligam em outros órgãos, diminuir a dor, melhorar a vascularização e eliminar dor referida. A Osteopatia é reconhecida no Brasil como uma especialidade da fisioterapia (Resolução 220, 23/05/01). Fisioterapeutass bem treinados Fisioterapeuta treinados com a Osteopatia podem produzir inúmeros benefícios para seus pacientes, conseguindo solucionar casos simples e complexos de forma rápida e precisa. O estudo teórico da Osteopatia é fundamental fundamental para o entendimento e conhecimento da técnica, entretanto, quanto mais o fisioterapeuta fisioterapeuta treinar e praticar, mais sensíveis e técnicos serão seus movimentos, avaliaçõe avaliaçõess e tratamentos. 2

HISTÓRIA HISTÓRIA DA OSTEOPATIA OSTEOPATIA Figura 1: Andrew Taylor Still (ATS) viveu de 1828 a 1917 – pai e criador da Osteopatia

Dr. Andrew Taylor Still (ATS), médico norte americano que viveu de 1828 a 1917, foi o criador desse método de medicina natural. Como um visionário, divorciou-se da filosofia de avaliação e tratamento de sua época, principalmente do “mercantilismo das drogas”, como ele chama o mercado de medicamentos. ATS

abandonou totalmente totalmente a alopatia e criou a Osteopatia, uma ciência que se desenvolve cada vez mais desde seus primórdios até hoje. Isso porque ela se baseia no profundo estudo da anatomia e fisiologia humana, conhecimentos conheciment os que a ciência avança vertiginosamente vertiginosamente com o tempo. A Osteopatia revolucionou a forma de pensar em como o ser humano adoece, e de que forma o terapeuta pode ajudá-lo a devolver sua saúde de forma integrada, enxergando o corpo, seus diferentes sistemas e membros como partes de um organismo totalmente integrado e entrelaçado. A Avaliação e o Tratamento Osteopático buscam integrar o corpo, este visto como um todo indivisível, capaz de gerar sua própria AUTO-CURA. ATS nasceu em Lee County, Virginia, EUA. Filho de Abram Still, pastor metodista e médico. Como pastor, seu pai mudou-se diversas vezes no período de 1834 a 1841, levando sua família consigo. Até que em 1851, foi designado a se mudar para Kansas devido aos seus sermões abolicionistas que pregava no Missouri onde moravam, estado este que era a favor do trabalho escravo na época. Em 1853, ATS já casado e com

 

6 INTRODUÇÃO E BASES FISIOLÓGICAS DA OSTEOPATIA  ________________________________________________  _________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________

2 filhos, mudou-se com a família também para o Kansas, foi quando ele decide se tornar médico. Nestes tempos o profissional recebia treinamento acompanhando e trabalhando com um mais experiente, assim como estudando os livros de medicina. Não se tem registros oficiais, mas parece que ATS recebeu treinamento formal em uma escola sediada em Kansas City. Still trabalhou com os feridos da guerra civil no Kansas-Nebraska, por volta de 1854, época que os assentados no estado podiam decidir pelo trabalho escravo ou não. Dr. Still atendia feridos da guerra e pegou armas em punho a favor da causa, o fim do trabalho escravo. A guerra durou anos até que em 1861 Kansas foi admitido como um Estado livre. Em 1864 ele debanda do regimento que lutava contra as forças Confederativas da Guerra Civil norte-americana. De volta à sua casa, ele luta novamente, mas agora com crises pessoais e existenciais. Ele perde sua esposa, por complicações complicações no parto, depois 2 de seus filhos por meningite espinhal, casa novamente e também perde sua segunda esposa com pneumonia. Ele encara uma crise emocional profunda profunda e se questiona muito sobre sua incapacidade em atender bem os feridos das guerras assim como seus familiares. familiares. Esse ambiente o fez questionar os métodos que usava até então e sair em busca de novas possibil possibilidades idades terapêuticas, com métodos novos e mais eficazes. É nesse momento que ATS inicia sua busca que culminaria na criação da Osteopatia. ATS busca novos caminhos caminhos terapêut terapêuticos icos se aprofun aprofundando dando no estudo da Anatomia, dessa forma, vai procurar respostas na anatomia, passa a acreditar piamente que o organismo é capaz de curar a si mesmo sem a utilização de drogas. A chave mestre de seu novo tratamento é: encontrar e corrigir os desvios anatômicos para que eles não interfiram no livre fluxo de sangue, assim como na “força nervosa” do corpo.

Figura 2: Still na sala de estudos da American School of Osteopathy (ASO)

Como toda nova forma de pensamento que ia de encontro aos métodos tradicionais de medicina, a Osteopatia desde seus primórdios, teve muita oposição pelas suas novas teorias e técnicas de tratamento. A igreja local dizia que suas técnicas manuais eram como sacrilégio. Seus irmãos o criticavam muito por afastar pacientes, por ele negligenciar sua família e sua fazenda, para correr atrás de suas “ ideias malucas”. Still tenta levar sua nova filosofia de tratamento para a Backer University, faculdade que sua família ajudou a fundar, mas não obteve sucesso. Em 1874 mudou-se para Macon no Missouri, na tentativa de aceitarem melhor suas ideias. Sem êxito também, ele se muda para Kirksville. Finalmente encontra um pouco de aceitação e monta um consultório na cidade em 1875. Anunciando-se como curandeir curandeiroo magnético, ajustador de ossos, foi atendendo mais e mais pacientes, percorrendo muitas vezes grandes distâncias, até que em 1885 ele nomeia como Osteopatia seu trabalho, após ter ajudado a curar uma série de pacientes sem esperança. Figura 3: Dr. Still demonstrando um tratamento cervical

 

7 INTRODUÇÃO E BASES FISIOLÓGICAS DA OSTEOPATIA  _________________________________________________  _________________________ _______________________________________________ ______________________________________________ _______________________

Ele precisava de ajudantes, pois não conseguia mais atender a tantos pacientes que o procuravam. Foi quando inaugurou a American School of Osteopathy (ASO), em 1892. Sua primeira turma era de 21 alunos, 16 homens e 5 mulheres, sendo 3 filhos do Dr. Still e um de seus irmãos. Eles se formaram em 1894. Figura 4: Primeira escola de Osteopatia - 1892

A escola se tornou um grande sucesso. Foi crescendo e seu prédio também. Em 1895 mais de 30.000 atendimentos foram realizados na enfermaria da escola. Aumentava cada vez mais o número de pessoas que vinham de outros lugares para serem tratadas em Kirksville. Subiram o número de trens que vinham à cidade devido à grande procura pela Osteopatia. ATS permaneceu ativo até seus 89 anos, quando foi acometido por um AVC em 1914. Veio a falecer em 12 de dezembro de 1917. Ele deixou nessa época 3000 membros de sua escola ASO. Alguns de seus alunos saíram dos EUA e levaram a Osteopatia pelo mundo. Muitos alunos pressionavam Still para que ele escrevesse sobre os preceitos de seu método terapêutico revolucionário, porém durante muito tempo ele não se convenceu dessa necessidade. Muitos ex-alunos oportunistas fizeram isso por ele, mas de forma deturpada, como se a Osteopatia utilizasse medicamentos medicamentos no tratamento dos pacientes, e ATS se viu na obrigação de escrever 3 livros para que deixasse todas as verdadeiras diretrizes diretrizes que regem a Osteopatia “original” até hoje. Por isso que atualmente existem algumas linhas de escolas de osteopatia nos EUA que utilizam cirurgia e medicamentos no tratamento osteopático; estas não respeitam nem fazem parte da linhagem original desenvolvid desenvolvida a por ATS. Seus 3 livros foram: “Autobiography of Andrew Taylor Still” 1887; “Philosophy of Osteopathy” 1899 e “Osteopathy Research and Practice” 1910. 

 

8 INTRODUÇÃO E BASES FISIOLÓGICAS DA OSTEOPATIA  ________________________________________________  _________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________

O que um estudante de Osteopatia precisa saber? A filosofia osteopática está embasada nos princípios que Andrew Taylor Still construiu ao longo do desenvolvimento desenvolvim ento do raciocínio osteopático. Muitos alunos perguntavam a Still: “O que um aluno de Osteopatia deve contemplar nos estudos dessa ciência? ATS dizia: “um aluno que deseja contemplar o estudo dessa ciência, e pergunta o q ue é necessário

para estudá-la, eu desejo fixar isso na sua cabeça, você começa com Anatomia, e termina com Anatomia. O conhecimento de anatomia é tudo o que você quer ou precisa. É tudo o que você pode usar e sempre vai usar em sua prática diária. ”  Ele compara o Osteopata com um pintor. “Carregue com você imagens vivas de toda ou qualquer parte do corpo, como um pintor faz com a imagem que ele deseja representar através de seu pincel, um rosto, a natureza. “Mantenha imagens vivas o tempo todo em sua ment e, para que possa ver as articulações, ligamentos, músculos, glândulas, glândulas, artérias, veias, linfáticos, fáscia superficial ou profunda, todos os órgãos, como eles são alimentados, o que eles devem fazer, e o que acontece se eles não o fazem adequadamente e no tempo correto. E me sinto livre para dizer aos meus alunos, mantenham suas mentes cheias de imagens vivas do corpo normal e saudável, enquanto tratando seus pacientes”. O Dr. Still valorizou como ninguém o estudo aprofundado da anatomia, de tal forma que o Osteopata consiga visualizar o paciente por dentro enquanto atendendo, sabendo avaliar o que é normal e o que é desvio anatômico (disfunção somática), e então buscar a normaliza normalização ção dos desvios anatômicos encontrados nos pacientes, e deixar a natureza fazer sua parte. Quando ele decidiu buscar novas possibilidades terapêuticas que provessem resultados resultados mais satisfatórios, ele aprofundou seus seus estudos principalm principalmente ente na Anatomia. Mas o que ATS queria dizer por Anatomi Anatomia? a? Em seu livro Philosophy of Osteopathy, ele explica melhor seu significado para o Osteopata. Primeiramente ele indica a (1) Anatomia descritiva, que consiste no conhecimento profundo de todos os tecidos do corpo: os ossos e seus acidentes, conformações articulares e artrologia, os ligamentos, cápsulas articulares, todos os músculos e suas fáscias superficiais e profundas, e como elas se comunicam entre si. Todos os órgãos, seus componentes fasciais, seus respectivo respectivoss funcionamentos e como eles podem interferir na saúde do organismo caso não estejam bem. Glândulas e suas funções. Todo o suprimento sanguíneo, os leitos arteriais, venosos e linfáticos, que vão fazer a nutrição de todos os tecidos e células do corpo, e o que pode acontecer se isso não ocorrer de forma correta e satisfatória. Toda a estrutura e strutura neuroanatômica neuroanatômica do SNC (Sistema Nervoso Central), SNP (Sistema Nervoso Periférico) e SNA (Sistema Nervoso Autônomo). Outro conhecimento fundamental para se obter sucesso com Osteopatia é o da (2) Fisiologia; o funcionamento de todos os sistemas do organismo e a interface entre eles, como os fluídos do corpo circulam, chegam até os pulmões para se purificar, caem no coração e saem para a grande circulação. Como a força nervosa do organismo é fundamental para que o comando dos efetuadores (órgãos, glândulas, músculos), seja pleno e harmônico. Da fisiologia parte-se para a (3) Histologia; como a microcircula microcirculação ção microscopicamente acontece, passando passando dos leitos capilares arteriais os nutrientes e oxigênio para o líquido extracelular, deste para o intracelular. Das células, os dejetos metabólic metabólicos os voltam para o líquido extracelular, extracelular, e deste vai para os capilares venosos. Esse caminho circulatório liberado faz toda a diferença para a manutenção da saúde e combate às doenças. Lembrando que todo esse conhecimento é uma parte da Anatomia. Posteriormente se estuda as (4) doenças e alterações funcionais; aprende-se a encontrar as alterações anatômicas que não permitem que a força nervosa do corpo esteja plena nem o livre fluxo de sangue.

 

9 INTRODUÇÃO E BASES FISIOLÓGICAS DA OSTEOPATIA  _________________________________________________  _________________________ _______________________________________________ ______________________________________________ _______________________

Entende-se por “força nervosa” a capacidade dos nervos em conduzir plenamente as aferências e eferências. Aprendido o diagnóstico, o osteopata aprende a (5) ( 5) corrigir essas disfunções somáticas (articulares, fasciais, circulatórias e nervosas). Após realizados os ajustes necessários, é a hora do corpo humano fazer sua parte através da auto cura dos pacientes. Todos esses processos de ensino são diferentes formatos da mesma Anatomia, segundo Still. 3

OS PRINCÍPIOS DA OSTEOPATIA

Podemos enumerar 4 conceitos principais da osteopatia: 3.1

A ESTRUTURA GOVERNA A FUNÇÃO

“Ordem e saúde são inseparáveis. inseparáveis. Quando existe ordem em todas as partes, a doença não pode prevalecer. ”  (ATS). Quando estão presentes os desvios anatômicos, as disfunções somáticas, hipomobilidades

articulares e fasciais nos músculos e vísceras, assim como nas chamadas membranas membranas de tensão recíproca (que ligam o crânio ao sacro, incluindo a dura-máter), isso desorganizará a função local e à distância. Figura 5: anatomia da região do diafragma, diafragma, fígado e sistema intestinal

Vamos utilizar um disfunção somática hepática. Quandoprincipalmente o fígado e suas fáscias entram em hipomobilidade, ouexemplo seja, as de fibras de colágeno ao redor do fígado, fibras diafragmáticas, criam uma densificação. O Fígado é o vizinho logo abaixo do principal músculo da respiração, que frequentemente entra em aderência colagenosa transmitida ao órgão hepático. O fígado recebe todo o retorno venoso do sistema porta, que traz o sangue dos intestinos desde o plexo hemorroidal. No caso de uma disfunção somática hepática (hipomobilidade fascial), alterando a mobilidade e motilidade do órgão, afetará a circulação e inervação, o sistema porta poderá entrar em insuficiência, gerar desde hemorroidas até mesmo alterações intestinais. A inervação diafragmática é C3-C4 – nervo frênico, e seu dermátomo da cúpula D corresponde ao topo do ombro D (C3-C4), (C3 -C4), muitas vezes o paciente apresenta uma dor no ombro D por uma disfunção conjunta do fígado e diafragma, e ou apresenta hemorroidas interna ou externa. A estrutura governa a função! Figura 6: inervação do diafragma e da região cervical.

 

10 INTRODUÇÃO E BASES FISIOLÓGICAS DA OSTEOPATIA  ________________________________________________  _________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________

3.2

UNIDADE DO CORPO

A unidade do corpo se faz muito presente pela interconectividade fascial, pois a fáscia é um tecido onipresente em todo o organismo. Os músculos estão todos contidos em sacos miofasciais, todos interconectados, propagando as tensões ao longo de toda a rede de colágeno e elastina. As fáscias compõem tecidual não tem começo e não tem fim. metamérica), Além disso, dependendo bloqueio articular, a uma forçatrama nervosa poderáque estar afetada (alteração neurológica alterando os do efetuadores (músculos, órgãos, glândulas). As tensões fasciais e os bloqueios articulares afetam diretamente a vascularização local e à distância, assim como podem gerar a alteração metamérica pela disfunçã disfunção o somática (dermátomo, miótomo, esclerótomo, angiótomo e viscerótom viscerótomo). o). Figura 7: união dos sistemas s istemas pelos tecidos

As Vísceras estão contidas no chamado tendão central. O tendão central consiste na rede miofascial que envolve as fáscias ao redor dos órgãos, peritônios parietal e visceral, o diafragma, o pericárdio e pleuras visceral e parietal. Todos esses tecidos entrelaçam-se entre si, formam um tendão único denomina denominado do tendão central, quee tensões pode levar a alterações estruturais das vísceras até aa Unidade coluna, assim como os bloqueios articulares miofasciais chegam até as vísceras, formando do Corpo. Como um efeito dominó.

 

11 INTRODUÇÃO E BASES FISIOLÓGICAS DA OSTEOPATIA  _________________________________________________  _________________________ _______________________________________________ ______________________________________________ _______________________

Os escalenos são contínuos à pleura e aos ligamentos vértebroperi vértebropericárdicos. cárdicos. Pulmões e coração apresentam suspensórios presos à coluna torácica e costelas. O diafragma se une às 6 últimas costelas, e pelos seus pilares às vértebras lombares. Seus orifícios internos dão passagem aos maiores vasos sanguíneos do corpo, aorta e veia cava, podendo afetar, se tensionado, toda a hemodinâmica e circulação e purificação do sangue pelo corpo todo, além da passagem do esôfago que em seguida formará a cárdia do estômago, local que pode se alterar e formar as hérnias de hiato, refluxo. No momento adequado, estudaremos o tendão central como um todo e suas conexões importante importantes. s. Figura 8: ligamentos pericárdico pericárdicoss

A musculatura posterior do corpo forma a chamada cadeia muscular posterior, composta pelos músculos da fáscia plantar, seguido pelo tríceps sural, que se une aos isquiotibiais mediais (semitendíneo e semimembranáceo), e lateral bíceps femoral, que terminam no ísquio e ligamento sacrotuberal, seguindo pelo músculo eretor da espinha, terminando nos músculos posteriores do pescoço seguindo pela fáscia epicraniana.. Quando houver um bloquei epicraniana bloqueio o articular ou fascial em qualquer par parte te desta cadeia, o que pode haver é a propagação dessa tensão pela cadeia miofascial, podendo gerar hipersolicitações posturais e biomecânica biomecânicas s à distância. O osteopata avalia cadeias miofasciais para diagnóstico causador (disfunção primária), que gera as as consequências normalmente no local do embloqueio que as tensional dores se encontram (disfunção secundária). secundária). Figura 9: Cadeia Miofascial Posterior

 

12 INTRODUÇÃO E BASES FISIOLÓGICAS DA OSTEOPATIA  ________________________________________________________________________  ________________________________________________ _______________________________________________ _______________________

3.3

AUTOCURA Figura 10: Dr. Still

“Encontre as sozinhas” trate-as, esdeixe(as disfunções anatômicos). Para Still organismo tem todas-as, as ferramentas ferramenta necessárias para reaver sua saúde,e adesvios homeostase. A Osteopatia atuao para liberar os entraves que não permitem o fluxo normal e natural da saúde. Isso significa que o osteopata vai em busca dos bloqueios fasciais e articulares que não permitem ao organismo manter ou reaver sua homeostase, como consequência, o sangue e o sistema nervoso/endócrino do corpo não funcionam adequa adequadamente. damente. “Como osteopata você nada mais faz do que ajustar uma condição anormal, anormal, a natureza fará o resto. ” (ATS)

3.4

LEI DA ARTÉRIA (CIR (CIRCULAÇÃO CULAÇÃO E SAÚDE)

ATS enfatiza muito a importânci importânciaa da circulação para a manutenção e recuperação do organismo. organismo. Os rios da vida, o leito arterial, venoso e linfático, carregam a capacidade regenerativa e mantém o organismo saudável e em homeostase. Figura 11: Sistema capilar - troca de nutrientes e substancias

 

13 INTRODUÇÃO E BASES FISIOLÓGICAS DA OSTEOPATIA  _________________________________________________  _________________________ _______________________________________________ ______________________________________________ _______________________

O livre fluxo de sangue entre os capilares arteriais e venosos depende da qualidade estrutural da fáscia (fibras de colágeno) ao redor das células, assim como da hidratação da substância fundamental amorfa circundando as células, que é algo em torno de 60% de água. O trabalho de harmonização harmonização miofascial resulta na melhora hemodinâm hemodinâmica, ica, favorecendo a auto cura (lei da artéria). A liberdade de passagem do sangue para o líquido extracelular (LEC), e do LEC para o líquido intracelular (LIC), assim como o caminho inverso, é fundamental para a manutenção da homeostase e equilíbrio do organismo. organismo. 4 RELAÇÕES ANATOMOFISIO ANATOMOFISIOLÓGICAS LÓGICAS DA OSTEOPATIA OSTEOPATIA As bases da Osteopatia estão fundamentadas nas relações anatomofisiológicas do corpo humano, dessa forma, algumas estruturas devem ser revistas para o bom entendimento do método. 4.1

SISTEMA NERVOSO E NEUROFISIOLOGIA

4.1.1 SISTEMA NERVOSO MOTOR Para estudar o sistema nervoso, diferentes critérios critérios podem ser empregados a fim de realizar a sua divisão. Esses critérios incluem, por exemplo, a divisão considerando aspectos anatômicos, embriológicos ou funcionais. Quando realizamos a divisão do sistema nervoso utilizando os critérios funcionais como parâmetro, dividimos dividimos esse sistema em duas porções: sistema nervoso motor e sistema nervoso nerv oso sensorial. O sistema nervoso motor é formado por diferentes tipos celulares, incluindo os motoneurônios e os interneurônios. Os interneurônios são células que apresentam axônio pequeno e realizam sinapses próximas de seu soma (corpo celular). Como os interneurônios podem realizar sinapses excitatórias ou inibitórias, eles possuem papel extremament extremamentee relevante na modulaçã modulaçãoo de sinapses sinapses.. Figura 12: tipos de neurônios

 

14 INTRODUÇÃO E BASES FISIOLÓGICAS DA OSTEOPATIA  ________________________________________________  _________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________

Fonte: STANDRING S. Anatomia, A Base Anatômica da Prática Clínica. 2008. Por sua vez, os motoneurônios são células que deixam o sistema nervoso central (SNC) para realizar a inervação dos músculos esqueléticos esqueléticos do organismo. Esses neurônios origin originam-se am-se da raiz anterior da medula espinal ou do tronco encefálico. Os motoneurônios que saem da medula espinal são responsáveis por realizar a inervação de músculos dos membros inferiores e superiores, além de parte dos músculos do pescoço. Já os neurônios que tem como origem o tronco encefálico, além de serem responsáveis pela inervação de parte da musculatura do pescoço, também realizam a inervação dos músculos da cabeça. Os motoneurônios podem ser divididos em três tipos: Motoneurônios α, motoneurônio motoneurônios s β e motoneurônios γ. Os motoneurônios α deixam o SNC para realizar a inervação efetiva das fibras mu sculares e comandar a contração muscular. Os motoneurônios β são responsáveis responsáveis pela inervação de fibras musculares modificadas modificadas que irão formar o fuso muscular. Já os motoneurônios γ são células que possuem propriedades

intermediárias e realizam a inervação de tanto de fibras musculares comuns, quanto das fibras do fuso muscular. Conforme descrito anteriormente, os Motoneurônios α quando saem da raiz anterior da medula espinal, tem

como destino as fibras musculares esqueléticas. O motoneurônio e as fibras m usculares por ele inervadas constituem as chamadas unidades motoras. As unidades motoras são recrutadas durante o processo de contração muscular, considerando basicamente calibre neuronal e a propriedade do potencial de ação, denominada princípio do tudo ou nada. O princípio do tudo ou nada refere-se à necessidade que o estímulo aplicado no neurônio seja capaz de atingir o limiar de excitação dessa célula, que é o valor mínimo do potencial de membrana que precisa ser atingido para que tenhamos o disparo do potencial de ação. Se esse limiar de excitação não é alcançado, o neurônio mantém sua condição de repouso celular. Em relação ao neuronal, durante o celular, processoque deapresentam contração muscular, inicialmentesendo temosque o recrutamento doscalibre neurônios de menor corpo maior excitabilidade,

 

15 INTRODUÇÃO E BASES FISIOLÓGICAS DA OSTEOPATIA  _________________________________________________  _________________________ _______________________________________________ ______________________________________________ _______________________

posteriormente, os neurônios maiores são recrutados. Essa ordem de recrutamento está relacionada com o ajuste fino do movimento e com a coordenação motora. 4.1.2 SISTEMA NERVOSO SENSORIAL Além dessa porção motora do sistema nervoso, funcionalm funcionalmente ente o sistema nervoso também é composto por uma parte sensorial, responsável por realizar a interação do organismo com o ambiente em que está inserido. Essa porção do sistema nervoso inclui diferentes tipos de receptores espalhados no corpo, cada um com funções específicas. Esses receptores incluem os mecanoceptores, quimioceptores, fotoceptores, nociceptores e termoceptores. Figura 13: sistemas sensoriais e receptores

Fonte: LENT R. R . Cem bilhões de neurônios?, 2010. O processo de funcionamento do sistema nervoso sensorial é dependente de um evento denominado de transdução. A transdução é caracterizada pela transformação da energia do ambiente em potenciais bioelétricos naamembrana dode receptor. Além desse o processamento informação sensorial inclui também necessidade outros neurônios quereceptor, conduzem a informação aodessa SNC para processamento. Essas células são denominadas de neurônios de segunda ordem e neurônios de terceira ordem. Os neurônios de segunda ordem projetam-se para núcleos talâmicos específicos, onde irão realizar sinapse com os neurônios de terceira ordem. Além do tálamo, outro destino dos neurônios de segunda ordem é o cerebelo. Para as técnicas utilizadas em Osteopatia, os mecanoceptores e os nociceptores são os receptores sensoriais mais importantes. Os mecanoceptores podem ser de diferentes tipos, cada um com especificidade para detectar determinados tipos de estímulos. Dentre os mecanoceptores existentes, podemos citar os corpúsculos de Meissner, os corpúsculos de Pacini, os discos de Merkel e os corpúsculos corpúsculos de Ruffini. Figura 14: Mecanoceptor Mecanoceptores es

 

16 INTRODUÇÃO E BASES FISIOLÓGICAS DA OSTEOPATIA  ________________________________________________  _________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________

Fonte: LENT R. Cem bilhões de neurônios?, 2010. Além dos diferentes tipos de estímulos que cada um desses receptores detecta, outros critérios também podem ser empregados para analisar o seu funcionamento, como o tempo de adaptação e o campo receptivo. A adaptação é um processo que ocorre nos receptores, uma vez que eles não são capazes de sustentar o potencial receptor por períodos prolongados, mesmo que o estímulo persista. O tempo de adaptação é diferente quando analisamos os tipos de receptores existentes no organismo. Alguns receptores apresentam um tempo rápido de adaptação, enquanto outros são de adaptação lenta. O campo receptivo refere-se à área em que um estímulo consegue desencadear um potencial bioelétrico no receptor. Considerando o campo receptivo, os receptores podem ser classificados em tipo I e tipo II. Figura 15: Tipos de campo receptivo

Fonte: KOEPPEN BM, STANTON BA. Berne e Levy – Fisiologia, 2009. Os receptores do tipo I são caracterizados caracterizados por possuírem um pequeno campo receptivo, em formato oval e bem delimitado, sendo localizados localizados em regiões de pele glabra. Já os receptores do tipo II são caracterizados por possuírem um campo receptivo mais amplo e com bordas pouco delimitadas. delimitadas.

 

17 INTRODUÇÃO E BASES FISIOLÓGICAS DA OSTEOPATIA  _________________________________________________  _________________________ _______________________________________________ ______________________________________________ _______________________

Os corpúsculos de Meissner e os discos de Merkel estão localizados na epiderme, e são sensíveis a pressão vibratória e pressão estática, respectivamente. Os corpúsculos de Meissner são de adaptação rápida e apresentam campo receptivo do tipo I. Os discos de Merkel são receptores que se adaptam mais lentamente e também possuem campo receptivo do tipo I. Os corpúsculos de Ruffini e Pacini são responsáveis pela detecção de uma variedade maior de estímulos, entretanto, na maior parte das vezes são acionados por estímulos de pressão, sendo que para os corpúsculos de Pacini, o estímulo é a pressão vibratória. Ambos são mais profundos que os corpúsculos de Meissner e os discos de Merkel, por isso, são ativados em estímulos mais intensos. Os corpúsculos de Ruffini apresentam adaptação lenta, enquanto que os corpúsculos de Pacini são de rápida adaptação. Ambos são receptores receptores de campo receptivo do tipo II. A figura abaixo mostra as variações morfológicas que existem entre esses receptores. Figura 16: Variações morfológicas dos receptores

Fonte: LENT R. Cem bilhões de neurônios?, 2010. Quando estes receptores são estimulados, a informação é levada para raiz dorsal da medula espinal e ascendem na direção do bulbo. Antes, porém, realizam sinapse com neurônio de segunda ordem em núcleos da coluna dorsal. Quando as informações são originadas das porções inferiores do corpo e dos membros inferiores, o núcleo da coluna dorsal envolvido é o núcleo grácil. Se as informações provêm dos membros superiores e da porção superior do corpo, o destino é o núcleo cuneiforme. Conforme descrito anteriormente, nesses núcleos da coluna dorsal são encontrados os neurônios de segunda ordem. Os axônios dos neurônios de segunda ordem saem do núcleo e formam as fibras arqueadas internas, que cruzam a linha média na altura do bulbo e formam o lemnisco medial medial.. Essas fibras dirigem-se para o tálamo, na região do núcleo ventral posterolateral. Ao chegar no tálamo, esses neurôniosal,realizam com os neurônios de terceira ordem, que tem como destino o córtex somatossensorial, somatossensori para quesinapse a informação finalmente possa ser interpretada.

 

18 INTRODUÇÃO E BASES FISIOLÓGICAS DA OSTEOPATIA  ________________________________________________  _________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________

Além desses receptores, na musculatura esquelética também encontramos dois tipos importantes de receptores sensoriais, que informam constantemente o SNC acerca do estado do músculo esquelético. Esses receptores são o fuso muscular e o órgão tendinoso tendinoso de Golgi. Figura 17: lemnisco medial

Fonte: LENT R. Cem bilhões de neurônios?, 2010. O fuso muscular é um receptor formado por oito a doze fibras musculares modificadas, que são envolvidas por uma cápsula de tecido conjuntivo, e está disposto em paralelo com as fibras musculares. As fibras do fuso podem ser classificadas em dois tipos, de acordo com a disposição de seu núcleo. As fibras do fuso que apresentam o núcleo centralizado são denominadas de fibras de bolsa nuclear e dividem-se em Bag 1 e Bag 2. As fibras do fuso muscular que apresentam o núcleo alongado são denominadas de fibras com cadeia nuclear. Considerando os aspectos funcionais, as fibras do tipo Bag 2 são muito semelhantes as fibras com cadeia nuclear. As fibras do fuso muscular apresentam inervação sensorial e motora. A inervaçã inervaçãoo sensorial pode ser feita por dois tipos diferentes de fibras nervosas: Fibras do tipo Ia e fibras do tipo II. As fibras aferentes do tipo Ia apresentam maior diâmetro, o que permite que essas fibras conduzam o impulso em alta velocidade. Essas fibras realizam a inervação de ambos os tipos de fibras do fuso muscular. As fibras do tipo II apresentam tamanho intermediário, sendo mais lentas que as fibras do tipo Ia. Essas fibras são responsáveis pela inervação das fibras Bag 2 e das fibras com cadeia nuclear. Figura 18: Fuso Muscular

 

19 INTRODUÇÃO E BASES FISIOLÓGICAS DA OSTEOPATIA  _________________________________________________  _________________________ _______________________________________________ ______________________________________________ _______________________

Fonte: KOEPPEN BM, STANTON BA. Berne e Levy – Fisiologia, 2009. Os motoneurônios γ, conforme informado anteriormente, são responsáveis responsáveis pela inervação das fibras do fuso muscular. Esses motoneurônios podem ser divididos em dois tipos: motoneurônios γ dinâmico, responsável pela inervação das fibras do fuso denominadas de Bag 1 e o motoneurônios γ estático, responsável pela

inervação das fibras Bag 2 e das fibras com cadeia nuclear. Quando esses motoneurônios disparam, as fibras do fuso muscular irão contrair. Esse receptor sensorial é de extrema importância para o funcionamento da musculatura, já que informa o SNC sobre a variação do comprimento da musculatura. Outro importante receptor sensorial que encontramos na musculatura é o órgão tendinoso de Golgi (OTG). O OTG é um receptor formado por fibras de colágeno entrelaçadas, que estão localizadas entre o ventre muscular e o tendão, sendo que sua disposição é em série com as fibras musculares. Esse receptor apresenta inervação aferente realizada pelas fibras do tipo Ib, que ssão ão calibrosas, e apresentam velocidade de condução do impulso similar a fibra Ia. O OTG é responsável pela informação do SNC acerca da tensão que está sendo aplicada na musculatura. Quando uma tensão excessiva é aplicada no músculo, o OTG informa ao SNC, que por sua vez irá promover o relaxamento da musculatura agonista, do movimento que está sendo executado. Figura 19: Órgão Tendinoso de Golgi

 

20 INTRODUÇÃO E BASES FISIOLÓGICAS DA OSTEOPATIA  ________________________________________________  _________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________

Fonte: LENT R. Cem bilhões de neurônios?, 2010. 4.1.3 SISTEMA NERVOSO AUTÔNOMO Conforme descrito anteriormente, o sistema nervoso periférico apresenta uma porção sensitiva e outra motora. A porção sensitiva está relacionada com a detecção de uma vasta diversidade de estímulos, que são conduzidos ao sistema nervoso central c entral para interpretação. Por sua vez, a parte motora é responsável por efetuar as ordens que saem do SNC. O Essa parte motora é dividida em sistema nervoso somático, caracterizada caracterizada por um co controle ntrole voluntário pelo indivíduo, e em sistema nervoso autônomo (SNA), cuja função é realizar o controle das funções viscerais. O sistema nervoso autônomo é formado por nervos que se originam da medula espinal e do tronco encefálico, realizando comunicação com quase todos os órgãos e tecidos que constituem o organismo. Apesar do nome, essa porção do sistema nervoso não completamente independente, já que suas ações são controladas pelo SNC. A divisão clássica do SNA descreve uma parte denominada sistema nervoso simpático e outra como sistema nervoso parassimpático. Existem várias diferenças quando realizamos a comparação entre essas duas porções. Parte dessas diferenças envolvem questões anatômicas, como por exemplo, a origem dos nervos. No caso do sistema nervoso simpático, a origem dos nervos é na medula toracolombar, enquanto que no sistema parassimpático, os nervos têm origem no tronco encefálico e na porção sacral da medula espinal. nervoso parassimpático, Outra diferença que podemos verificar é o tamanho do axônio dos neurônios. No sistema nervoso simpático, os neurônios pré-ganglionares possuem axônio curto, enquanto que os neurônios pós-ganglionares apresentam axônio longo. Já o sistema nervoso parassimpático apresenta neurônios pré-ganglionares longos e neurônios pós-ganglionares de axônio curto. Figura 20: Comparação Sistema Motor Somático e Sistema Nervoso Autônomo

Fonte: LENT R. Cem bilhões de neurônios?, 2010. No aspecto de transmissão das informações por essas partes do SNA, também verificamos diferenças importantes. A comunicação entre os neurônios pré-ganglionares com os neurônios pós-ganglionares, de ambos os sistemas, é mediada pela acetilcolina, entretanto, a grande maioria dos neurônios pósganglionares ganglionar es do sistema nervoso simpático secreta a noradrenal noradrenalina ina como neurotransmissor, enquanto que

 

21 INTRODUÇÃO E BASES FISIOLÓGICAS DA OSTEOPATIA  _________________________________________________  _________________________ _______________________________________________ ______________________________________________ _______________________

os neurônios pós-ganglionares do parassimpático secretam acetilcolina. Em virtude dessas diferenças, a maior parte dos efeitos realizados por essas duas partes do SNA nos tecidos é antagônica. 4.1.4 NERVOS ESPINAIS Os nervos espinais deixam a medula espinal a partir dos forames intervertebrais. Esses nervos originam-se em pares bilaterais de um segmento específico da medula espinal, assim, como temos 31 segmentos da medula espinal, 31 pares de nervos são formados. Inicialmente, os nervos espinais deixam a medula espinal como radículas, que em seguida convergem para formar duas raízes nervosas. A raiz anterior é formada por fibras motoras, responsáveis pelas informações eferentes, que deixam o corno anterior da substância cinzenta da medula espinal, em direção aos tecidos da periferia. Por sua vez, a raiz posterior é formada por fibras sensitivas aferentes, que se originam dos corpos celulares localizados localizados no gânglio da raiz dorsal. Os corpos celulares emitem esses ramos que entr entram am pela raiz posterior, além de outros ramos que vão em direção à periferia, formando terminações sensitiva sensitivass ou terminando em receptores sensoriais como descrito anteriormente. As raízes anteriores e posteriores se unem dentro ou logo após deixarem o forame intervertebral, formando um nervo misto, que possui uma porção motora e outra sensitiva. Logo em seguida, esse nervo se divide em dois ramos, um anterior e outro posterior, e ambos conduzem fibras motoras e sensitivas. A musculatura do tronco e dos membros é inervada por parte destes nervos (porção motora), responsável por comandar o processo de contração muscular. Além disso, também possuem uma porção sensitiva (cerca de 40% das fibras), que são responsáveis por conduzir informações de dor e de propriocepção. A porção unilateral da pele, que recebe as fibras sensitivas de um único nervo espinal é denominada dermátomo, enquanto que a massa muscular unilateral que recebe as fibras de um único nervo espinal é chamada de miótomo. Figura 21: Dermátomos e Miótomos

Fonte: MOORE KL. Anatomia orienta orientada da para clínica, 2014 A distribuição desses dermátomos pode ser verificada na figura abaixo. Figura 22: Dermátomos

 

22 INTRODUÇÃO E BASES FISIOLÓGICAS DA OSTEOPATIA  ________________________________________________  _________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________

Fonte: MOORE KL. Anatomia orienta orientada da para clínica, 2014 4.1.5 NERVO DE LUSCHKA (RAMOS (RA MOS R RECORRENTES ECORRENTES MENÍNGEOS DOS NERVOS ESPINAIS) O estudo da inervação do canal vertebral já demostrou que algumas porções do canal são desprovidas desprovidas de inervação, entretanto, em 1850, o anatomista alemão Hubert von Luschka descreveu um ramo recorrente meníngeo que, atualmente, é considerado como o responsável pela inervação de várias estruturas do canal vertebral. Esses ramos são originados do nervo espinal misto. Ao saírem do forame interverte intervertebral, bral, os nervos espinais fornecem de dois a quatro ramos, que também passam pelo forame, mas depois retornam ao canal vertebral,  juntamente com ramos comunicantes cinzentos do sistema nervoso simpático. Os ramos são originados bilateralmente, bilateralment e, em todos os níveis vertebrais, e, por conta desse trajeto anatômico, são denominados denominados ramos recorrentes. Alguns ramos permanecem fora do canal e distribuem suas fibras pelos discos intervertebrais, face anterolateral dos corpos vertebrais, bem como para o periósteo e, principalmente, para os anéis fibrosos e o ligamento longitudinal anterior. No interior do canal vertebral, ramos ascendentes, descendentes e transversos provém inervação do periósteo (parte posterior dos corpos vertebrais, pedículos e lâminas), anéis fibrosos da face posterior e posterolateral dos discos intervertebrais, ligamentos amarelos, ligamento longitudinal posterior, posterior, vasos sanguíneos do canal vertebral e ainda forma um plexo extenso sobre a porção ventral da dura-máter. Por sua vez, estudos demostraram que a face posterior do saco dural não possui inervação por esses ramos nervoso recorrentes. As fibras nervosas que vão para o periósteo, anéis fibrosos e ligamentos, estão relacionadas com a sensibilidade nociceptiva. Além disso, parte das fibras que suprem os anéis fibrosos e ligamentos são direcionadass para os receptores de proprioce direcionada propriocepção. pção. Conforme descrito anteriormente, os ramos recorrentes meníngeos, também apresentam fibras do sistema nervoso simpático, que estão relacionadas com a inervação dos vasos sanguíneos, causando vasoconstrição. As inervações realizadas por esses ramos recorrentes podem ser visualizadas na figura abaixo:

 

23 INTRODUÇÃO E BASES FISIOLÓGICAS DA OSTEOPATIA  _________________________________________________  _________________________ _______________________________________________ ______________________________________________ _______________________

Figura 23: Inervação do periósteo e ligamentos da coluna vertebral e das meninges

Fonte: MOORE KL. Anatomia orienta orientada da para clínica, 2014 5

DISFUNÇÃO SOMÁTICA

As disfunções somáticas são alterações no funcionamento normal de estruturas do sistema somático, como músculos, ossos, fáscias, cápsulas articulares, articulações, nervos e vasos sanguíneos, provocando diminuição na mobilidade desses tecidos, chamadas de hipomobilidades. Essa diminuição da mobilidade pode ser observada, por exemplo, em um segmento articular vertebral hipomóvel, que apresenta alteração na mobilidade mobilidade artrocinemática artrocinemática normal. Essas mudanças na artrocinemática são provocadas por espasmos de músculos monoarticulares, decorrentes da Hiperatividade Gama. Hiperatividade gama: é quando os neurônios gama, que controlam as fibras intrafusais, ficam excitados permanentemente, permanentement e, mantendo a contração das fibras intrafusais, gerando um reflexo de contração muscular. Em situações de traumas ou movimentos bruscos (e todas as outras situações que podem gerar esse tipo de movimento), pode ocorrer uma aproximação rápida entre inserção proximal e inserção distal de um músculo. Quando isso ocorre, o fuso neuromuscular encontra-se em uma situação encurtada, diminuindo a frequência de informações que são enviadas ao SNC, fazendo com que o sistema não reconheça seu posicionamento de forma correta. Com isso, por um mecanismo reflexo, os motoneurônios gama são excitados para produzir contração das fibras intrafusais, estirando os fusos e voltando a informar o SNC sobre seu posicionamento. Entretanto, essas mudanças que os motoneurônios gama produzem afetam exclusivamentee as fibras intrafusais, e o comprimento muscular propriamente dito continua da mesma forma, exclusivament com aproximação da sua inserção proximal e sua inserção distal, ou seja, em uma posição de encurtamento muscular provisório. Quando o corpo se reequilibra após o trauma, e os segmentos articulares/ósseos voltam para seu estado normal de posicionamento, os músculos também voltam ao seu estado normal de comprimento, com afastamento das inserções, entretanto, as fibras intrafusais, que já estavam em situação de estiramento pelo mecanismo reflexo citado acima, ficarão ainda mais estiradas. Dessa forma, se perpetua

 

24 INTRODUÇÃO E BASES FISIOLÓGICAS DA OSTEOPATIA  ________________________________________________  _________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________

o reflexo de estiramento, mantendo um espasmo muscular constante, provocando alterações de mobilidade no segmento. Esse espasmo muscular faz com que a irrigação sanguínea para o músculo fique comprometida, comprometid a, gerando pontos gatilho. Quando existe alguma disfunção, as fibras intrafusais do fuso neuromuscular funcionam em desconformidade desconformida de com as fibras extrafusais, fazendo com que os FNM fiquem sempre ativados e produzindo espasmo. A Hiperatividade Gama pode ser provocada por diversos fatores, como traumas, movi movimentos mentos bruscos, falhas na marcha, torções, entre vários outros. As disfunções somáticas, quando ocorrem nas vértebras, afetam uma série de sistemas, principalmente por causa das relações neurais e vasculares existentes. Entretanto, as disfunções podem ocorrer em qualquer articulação, produzindo um prejuízo local e também perpetuar uma informação errada para o SNC, comprometendoo as outras estruturas que estão relacionadas comprometend relacionadas com aquela metâmera. As alterações podem ser observadas no local da disfunção:          

• •

• • •

Alteração dos tecid tecidos os mole moless locai locais, s, com maior ttensão ensão e rigidez muscular e fascial, fascial, Diminuição da vascularização vascularização local, local, tornando a rregião egião mais fria. Diminuição da mobilidade mobilidade artrocinemática artrocinemática do segmento vertebral Diminuição do movimento fisiológico do segmento vertebral Alteração de posicionamento posicionamento das vértebras afetadas

As alterações serão também observadas em regiões que apresentam relações neurológicas e vasculares com o local afetado pela disfunção somáti somática. ca. 6

FACILITAÇÃO FACILITAÇÃ O MEDULA MEDULAR R

Na osteopatia chamamos de Metâmero a região formada por duas vértebras e todas as estruturas (teciduais, vasculares e nervosas) que existem entre as duas vértebras. Essa região de origem das raízes nervosas é responsável pela inervação somática e autonômica de:   Pele → dermátomo



       









Músculos → Miótomo Ossos → Esclerótomo Vasos sanguíneos → angiótomos Vísceras → viscerótomo viscerótomoss Figura 24: Inervação da Metâmera

 

25 INTRODUÇÃO E BASES FISIOLÓGICAS DA OSTEOPATIA  _________________________________________________  _________________________ _______________________________________________ ______________________________________________ _______________________

A – Angiótomo. D – Dermátomo. M –  Miótomo. S – Esclerótomo. V – Viscerótomo. 1 – Medula espinhal. 2 – Raiz nervosa posterior sensitiva. 3 – Raiz nervosa anterior motora. 4 – Gânglio simpático látero-vertebral e ramos comunicantes branco e cinzento. 5 – Gânglio visceral. Quando a disfunção somática afeta um metâmero, provocando diminuição no seu limiar de ativação, ou seja, fazendo com que sua ativação ocorra com menor intensidade de sinal, todos os outros neurônios do segmento vertebral sofrerão essa diminuição do limiar. Dessa forma, todos os tecidos citados acima poderão sofrer com uma disfunção somática. Esse fenômeno neurofisiológico de diminuição do limiar de todos os neurônios é conhecido como Facilitação Medular. Dessa forma, todos esses tecidos ficam hiperativados pelo baixo limiar, uma vez que qualquer estimulo consegue gerar e manter essa ativação, provocando prejuízo no funcionamento normal das estruturas. Essa facilitação provocará:   Simpaticotonia



→  alteração

das reações do sistema nervoso simpático, produzindo alterações na

e vasoconstrição, alteração de vascularização e temperatura local.   sudorese Dor → limiar de dor fica maisprovocando baixo, suportando menos   Tensão de músculos esquelétic esqueléticos os e lisos →  aumento de tônus muscular, dor, alteração da vascularização muscular, alterações alterações químicas e metabólicas.

• •

7

NEUROFISI NEUROFISIOLOGIA OLOGIA DA FIXAÇÃO DA DISFUNÇÃO DISFUNÇÃO SOMÁTICA

Quando ocorre uma brusca aproximação entre a inserção proximal e a inserção distal, os fusos neuromusculares se encontram relaxados, não emitindo informações proprioceptivas adequadas para o sistema nervoso central. Dessa forma, o sistema não reconhece o posicionamento muscular e aumenta a frequência de descarga dos motoneurônios gama, produzindo contração das fibras intrafusais e fazendo com que os fusos enviem sinais novamente (dessa vez os fusos estão mais estirados que o normal). A gravidade, sob a influência dos centros labirínticos e dos músculos antagonistas, tende a retornar o músculo ao seu comprimento inicial, com isso, o fuso que já estava estirado fica ainda mais estirado e aumenta a descarga dos fusos neuromusculares ao sistema nervoso central. Essa descarga permanente mantém, como resposta fusal, uma ativação muscular além do normal, produzindo espasmo e manutenção de

 

26 INTRODUÇÃO E BASES FISIOLÓGICAS DA OSTEOPATIA  ________________________________________________  _________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________

disfunção somática, ou seja, manutenção de fixação vertebral que impede mobilidade em alguns parâmetros. 7.1

PAPEL DA FÁSCIA NA DISFUNÇ DISFUNÇAO AO SOMÁTICA

O sistema fascial é uma trama conjuntiva, contínua através do corpo. O nome da fáscia varia segundo o órgão que ela recobre:          





• • •

Aponeuroses para os músculo músculos; s; Pleura para os pulmões; Pericárdio para o coração; Peritônio, mesentério ou Omento maior e menor para para as vísceras abdominais; abdominais; Meninges para o sistema nervoso.

A fáscia possui um duplo du plo papel: - Conduzir o sistema neurovascular neurovascular a seu destino; - Servir de intermediário entre o sistema musculoesquelético musculoesquelético e o sistema visceral. Muito inervada sensitivamente, a fáscia reage à tensão originando influxos nociceptivos, e, em consequênci consequênciaa destes, provocando modificações vasculares vasculares e bioquímicas, promovendo ainda mais restrição de movimento e tensão. 7.2 HISTO HISTOLOGIA LOGIA DA FASCIA A fáscia é composta pelas seguintes estruturas principais: principais:          

• • • •



Colágeno Elastina Substância fundamental amorfa Células musculares lisas Células do sistema autoimune Figura 25: Estrutura histológica fascial: as fibras de colágeno densificadas densificadas podem inibir o bom funcionamento dos capilares e ramos nervosos terminais

 

27 INTRODUÇÃO E BASES FISIOLÓGICAS DA OSTEOPATIA  _________________________________________________  _________________________ _______________________________________________ ______________________________________________ _______________________

Receptores fasciais   Corpúsculos de Pacini – vibração, movimentos rápidos   Receptores de Ruffini – tensões mantidas, técnicas profundas mantidas, transversalmente - ↓ SNA SIMP.   Receptores tipo III m mielínicos ielínicos (10%) e tipo tipo IV amielínicos (90%) - receptores mais abundant abundantes es –Tipo IV: pressão e tensão mecânica  – alguns são de baixo umbral, ativados por uma pincelada. Quando Quando ativados podem alterar a FC, FR e P.A.

• •



As diferentes técnicas miofasciais vão interagir com os diferentes tipos de receptores na fáscia. O entrecruzamento nas fibras de colágeno que geram a patologia fascial são as aderências que podem provocar disfunções ou perpetuá-las. As técnicas objetivam liberar essas aderências, diminuir tensões, melhorar a vascularização macro e microscópica (lei da artéria), favorecendo a auto cura. 8

AS REPERCUSSÕES REPERCUSSÕES DAS DISFUNÇÕE DISFUNÇÕES S SOMÁTICAS SOMÁTICA S

I – As Repercussões Repercussões Articulares e Ósseas A disfunção somática produz restrição de mobilidade local, produzindo diminuição na artrocinemática (movimentos acessórios). É fundamental restaurar a mobilidade do segmento, evitando assim as hipersolicitações compensatórias que normalmente aparecem nos segmentos adjacentes como forma de permitir um movimento mais próximo do normal, uma vez v ez que um segmento hipomóvel restring restringee movimento e obriga outras regiões a se movimentarem mais para compensar. Essas hipersolicitações são grandes causas de artroses. II – As Repercussões Capsuloligamentares Capsuloligamentares Ocasiona edema e fibrose, limitando de maneira crónica a mobilidade mobilidade articular. III – As Repercussões Sobre a Dura-Máter

 

28 INTRODUÇÃO E BASES FISIOLÓGICAS DA OSTEOPATIA  ________________________________________________________________________  ________________________________________________ _______________________________________________ _______________________

A restrição da mobilidad mobilidade e vertebral vai alterar a mobilidade da dura-máter e consequentemente provocand provocandoo agressões nas raízes nervosas, podendo gerar inclusive dores irradiadas. Essas alterações podem influenciar diretamente diretamente no movimento crânio sacral, alterando mobilidade em crânio, cervical e pelve. IV – As Repercussões Repercussões Fasciais As cadeias miofasciais também sofrem alterações com as disfunções somáticas. Como as cadeias se organizam em divisão anterior, posterior, laterais, cruzadas, entre outras, as alterações podem repercutir em toda a cadeia afetada. Uma disfunção somática cervical pode afetar a fáscia de toda a região, comprometendo músculos, vasos e nervos, promovendo alterações nas regiões de destino de vasos e nervos. Essa tensão produz alterações temporomandibulares, em ombro e são essas mesmas tensões fasciais que vão transtornar a função das vísceras e das diferentes glândulas (salivares, tireoides, hipófise, etc), pelo desvio de sua vascularização e de seus plexos neurovegetativos neurovegetativos locais. V – As Repercussões Repercussões Musculares O músculo em espasmo vai apresentar rapidamente uma isquemia e uma anóxia tissular responsável por dores referidas e pelo aparecimento de pontos gatilhos miofasciais. A facilitação no nível do miótomo produzirá aumento do tônus muscular (ou até mesmo hipotonia) e toda a região periférica do miótomo será mais propensa a lesões mecânicas, como tendinites por exemplo (a falta de vascularização também pode ser responsável pelas inflamações). A maioria dos nervos periféricos passa em seu trajeto pelos membros, pelos canais osteofibrosos e entre os feixes musculares: assim um espasmo muscular pode provocar uma irritação que aumentará a excitabilidade excitabilidade nervosa. Esta se propagará para cima, em direção à medula espinhal, onde reforçará o arco reflexo patológico primário, primário, mas também para baixo, podendo ser uma das causas da produção de alterações nas cadeias miofasciais. Por exemplo um espasmo de reto abdominal ou iliopsoas que pode manter um ilíaco em posterioridade e modificar toda a cadeia inferior. Esse espasmo pode ser provocado por disfunção somática na transição toracolombar, gerando estado de facilitação sobre os músculos. É importante conhecer as inervações musculares e as inserções dos diferentes músculos, assim como os seus movimentos fisiológicos. fisiológicos. VI – As Repercussões Repercussões Nervosas Pode-se produzir uma irritação dos elementos nervosos próximos e neuropatias. A lesão vertebral provoca uma facilitação dos influxos nervosos sensitivos-motores, que produzem dor e alteração de função periférica, e influxos nervosos neurovegetativos, neurovegetativos, responsáveis por um transtorno da função visceral. A disfunção somática vertebral pode transtornar a medula espinhal e os gânglios laterovertebrais simpáticos. simpáticos. Com isso, o espaço medular correspondente correspondente será submetido a influxos originado originadoss na periferia. Se criará um grupo de interneurônios ao nível da substância gelatinosa que vai mandar informações sem cessar aos centros medulares vizinhos do corno posterior da medula espinhal. Criando-se, portanto, um arco reflexo simpático patológico que chega ao órgão correspondente. correspondente.

 

29 INTRODUÇÃO E BASES FISIOLÓGICAS DA OSTEOPATIA  _________________________________________________  _________________________ _______________________________________________ ______________________________________________ _______________________

9 9.1

FISIOLOGIA ARTICULA ARTICULAR R MOVIMENTOS ACESSÓRIOS  – ARTROCINEMÁTICOS

Para as articulações periféricas e o entendimento da fisiologia articular, utilizamos como referência Kaltenborn, que descreve a Lei do Côncavo e Convexo, permitindo um bom entendimento do direcionam direcionamento ento dos movimentos acessórios durante os movimentos fisiológicos. Esses movimentos serão descritos no momento em que a articulação articulação for o foco do nosso módulo. 9.2

PRINCÍPIOS DE FRYETTE

As leis de Fryette foram apresentadas por Harrison Fryette em 1918 e renovadas no último congresso de osteopatia em 1984. Segundo Fryette existem dois princípios que regem o comportamento dos movimentos vertebrais. 9.2.1 Princípio 9.2.1 Princ ípio I de Fryette Quando uma vértebra se encontra em posição neutra, ou seja, sem flexão ou extensão, todo movimento de inclinação da vértebra será acompanhado de um movimento de rotação contralateral da mesma vértebra, ou seja, se inclinar (S) para direita ela estará rodada para a esquerda (R). Essa regra pode ser observada nas colunas torácica e lombar quando estão na posição neutra (N). Essa regra não é utilizada nas vértebras cervicais baixas mesmo quando estão em posição neutra, as conformações facetarias facetarias e ligamentare ligamentaress da região cervical não permitem esse tipo de movimento. Nesse princípio as disfunções recebem o nome de NSR: N SR: posição neutra (N) com side bend (S) (inclinação) e rotação (R). A nomenclatura da disfunção sempre é dada pelo lado em que a vértebra está rodada, pelo processo transverso mais posterior. Em uma disfunção NSR direita encontrarem encontraremos os a seguinte situação: Vértebra em posição neutra (sem flexão e extensão), rotação direita e inclinação esquerda. O processo espinhoso estará deslocado deslocado para a esquerda. O processo espinhoso direito estará posterior e mais alto e o esquerdo estará anterior e mais baixo. Ocorre imbricação (aproximação) facetária esquerda e desimbricação (afastamento) direita. 9.2.2 Princípio 9.2.2 Princ ípio II de Fryette Quando uma vértebra se encontra em flexão (F) ou extensão (E), a rotação (R) sempre será homolateral à inclinação (S). As disfunções podem ser ERS ou FRS. 10 DISFUNÇÕES SOMÁTICAS VERTEBRAIS 10.1 DIFUNÇÃO FRS  – 2ª lei de Fryette - Afeta 1 vértebra isolada que se fixa em flexão, inclinação e rotação homolateral. - Disfunção mecânica presente: desimbricação contralateral contralateral à rotação (desimbricação (desimbricação na convexidade), convexidade), ou seja, a faceta articular do lado oposto ao processo transverso posterior se encontra afastada do processo transverso inferior. - O processo transverso posterior é contralateral à disfunção de desimbricação

 

30 INTRODUÇÃO E BASES FISIOLÓGICAS DA OSTEOPATIA  ________________________________________________  _________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________

- Essa posteriorida posterioridade de do processo transverso, ao teste de Mitchell, aumenta com a extensão e diminui com a posição de flexão - Vértebra em flexão, rotação homolateral e inclinação homolateral - Processo espinhoso encontra-se deslocado contralateral à rotação e afastado do processo espinhoso inferior - Disfunção fixada pelo espasmo dos músculos intertransver intertransversário sário do lado do processo transverso posterior e pelo disco intervertebral que se desloca para o lado oposto e bloqueia o movimento. - Movimento articula limitado: extensão, ex tensão, rotação contralateral e inclinação contralateral - A técnica de tratamento visa fechar a faceta articular desimbri desimbricada. cada. 10.2 DIFUNÇÃO ERS  – 2ª lei de Fryette - Afeta 1 vértebra isolada que se fixa em extensão, inclinação e rotação homolateral homolateral.. - Disfunção mecânica presente: imbricação homolateral à rotação (na concavidade), ou seja, a faceta articular do lado em que o processo transverso está posterior encontra-se aproximada à faceta articular da vértebra inferior. - O processo transverso posterior é homolateral à disfunção de imbricação - Essa posterioridade do processo transverso, ao teste de Mitchell, aumenta com a flexão e diminui com a posição de extensão - Vértebra em extensão, rotação homolateral e inclinação homolateral - Processo espinhoso encontra-se deslocado deslocado contralateral à rotação e aproximado do processo espinhoso inferior - Disfunção fixada pelo espasmo dos músculos transverso-espinhoso homolateral. - Movimento articula limitado: flexão, rotação contralateral e inclinação contralateral - A técnica de tratamento visa abrir a faceta articular imbricada. 10.3 DISFUNÇÃO EM NSR Grupo de vértebras encontram-se em disfunção respeitando a Lei 1 de Fryette, estão em posição neutra, rotação homolateral e inclinação contralateral. Normalmente ocorrem em adaptação às disfunções ERS e FRS. - Disfunção de convexidade - A posterioridade encontra-se do lado da rotação e contralateral à inclinação (do lado da convexidade). - Inclinação contralateral limitada - Deve-se tratar a vértebra ápice do grupo de vértebras Exemplo: ERSe

 

31 INTRODUÇÃO E BASES FISIOLÓGICAS DA OSTEOPATIA  _________________________________________________  _________________________ _______________________________________________ ______________________________________________ _______________________

       

• • •



Vértebra em extensão, rotação esquerda e inclinação esquerda Faceta articular (esquerda) do lado da posterioridad posterioridade e encontra-se imbricada Processo espinhoso desviado para direita Processo transverso transverso es esquerdo querdo está está poste posterior rior e baixo e o processo direito está anterior e alto

As disfunções podem ser classificadas em primárias, que são as ERS e FRS, e sempre vão precisar de tratamento. As lesões adaptativas, ou secundárias, acometem as vértebras acima ou abaixo da disfunção primária, como forma de adaptação à lesão. As disfunções primárias podem também provocar disfunções secundárias à distância. Normalmente a correção da disfunção disfunção primária corrige automaticamente a disfunção secundár s ecundária. ia. 11 HIPOMOBILIDADE HIPOMOBILIDADE / HIPERMOBILIDADE HIPERMOBILIDADE Quando um nível vertebral, um grupo de vértebras ou qualquer articulação apresenta diminuição da mobilidade acessória, ou seja, diminuição dos parâmetros menores de mobilidade, como o deslizamento, rolamento e giro, definimos como região hipomóvel. Na presença de uma hipomobilidade, as regiões adjacentes ou até mesmo à distância, começam a apresentar alterações na sua mobilidade normal como forma de compensar a falta de movimento da região hipomóvel. A essa região que modifica a mobilidade de forma secundária, normalmente aumentando-a, chamamos de região hipermóvel ou região hipersolici hipersolicitada. tada. Essa é conhecida como hipermobilidade compensatória, ou seja, ocorre aumento da mobilidade dessa região como forma de compensar a falta de movimento em outra região próxima, na tentativa de produzir menos prejuízos para o movimento fisiológico normal do segmento como um todo. Por exemplo uma fixação com diminuição de movimento na região sacroilíaca que reflete uma hipermobilidade no segmento de transição L5-S1. Normalmente as vértebras e articulações em hipomobilidade são silenciosas, ou seja, não apresentam necessariamente necessariam ente algum sinal s inal ou sintoma ao paciente, são disfunções normalmente camufladas camufladas que podem ser observadas nos testes de movimentos. As regiões normalmente que emitem sinais e sintomas dolorosos e estressantes são as que apresentam hipermobilidades compensatórias. compensatórias. As hipomobilidades causadoras dos problemas dos pacientes são chamadas de lesões primárias, e as hipermobilidades compensatórias são as lesões secundárias. Esse conjunto de alterações na mobilidade somado a todas as outras alterações que a lesão primária produziu no paciente chamamos de Cadeia Lesional, que é a sequência de acontecimentos em cascata que culminaram na sintomatologia atual do paciente. 12 DIAGNÓSTICO DE UMA DISFUNÇÃO VERTEBRAL Para identificação de uma disfunção vertebral, devemos avaliar a região afetada em busca de alterações nos tecidos que são inervados por aquele metâmero. Como dito anteriormente, a facilitação medular que acompanha a disfunção provoca alterações em todos os neurônios do local. Dessa forma, em uma disfunção somática encontraremos as seguintes s eguintes alterações: Hiperativação de Esclerótomo → dor à palpação do processo espinhoso da vértebra correspondente Hiperativação de Dermátomo → dermalgias reflexas com dor ao teste de palpado rodado

 

32 INTRODUÇÃO E BASES FISIOLÓGICAS DA OSTEOPATIA  ________________________________________________  _________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________

Hiperativação de Miótomo → tensão muscular aumentada nos músculos que recém essa inervação, com presença de pontos gatilho e cordões de tensão. Espasmos do músculo agonista e hipotonia do músculo antagonista. Hiperativação do angiótomo → vasoconstrição por espasmo de músculos lisos arteriais, provocando prejuízo de vascularização para todas as estruturas como músculos, nervo, pele, fáscia etc. 12.1 TRIADE METAMÉRICA A disfunção somática é confirmada com o diagnóstico de alteração de 3 dos 5 elementos de um metâmero: - Alteração do dermátomo: dermalgia reflexa que pode ser observada pelo teste palpado rodado (rolamento sobre a pele) na região do dermátomo e também na região do processo espinhoso pelo ramo meníngeo do nervo espinal (n. Luschka ou Sinuvertebral). Ao teste palpado rodado o paciente refere dor ou alteração de sensibilidade, que pode ser comparada com lado contralateral. - Alteração no Esclerótomo: dor à palpação do processo espinhoso ou transverso do segmento e dor na inervação óssea correspondente correspondente Uma pressão sobre o processo espinhoso é suficiente para demonstrar a alteração, o paciente refere dor ou alteração de sensibili sensibilidade dade no processo espinhoso quando quando comparado com outros processos saudávei saudáveis. s. - Alteração de Miótomo: espasmo ou hipotonia dos músculos articulares em disfunção, bloqueando o movimento vertebral, além de alteração tônica dos músculos do miótomo correspon correspondente. dente. Por exemplo, uma facilitação na região de C5 e C6 produziria alteração do tônus dos músculos que fazem abdução de ombro ou flexão de cotovelo. O teste de tônus deve ser realizado com a articulação que apresenta o músculo testado sendo posicionada em amplitude média. O terapeuta aplica pequena resistência contra o movimento que o músculo realiza e o paciente solicitado a manter uma contração isométrica. O teste é de tônus, uma força suave é suficiente (500g já conseguimos obter resultados) para isso. Manter a contração por um período de 7 a 10 segundos e observar os resultados: - Músculo cede imediatamente imediatamente ao aplicar a resistência – hipotonia - Músculo cede após alguns segundos de contração – espasmo Os dois estados podem ser encontrados em caso de disfunção. A hipertonia também pode ser observada por meio do teste de tônus citado acima. Normalmente encontramos um músculo hipertônico como consequência secundária de uma alteração primária, como por exemplo na região antagonista a um músculo hipotônico ou espasmado. Ao realizar o teste, ocorre uma briga entre o paciente e terapeuta, como se o músculo estivesse estivesse buscando um ajuste de tônus para manter a contração no equilíbrio. Quando a tríade metamérica é encontrada, ou seja, alteração dos 3 elementos testados, podemos confirmar a disfunção somática com facilitação medular. medular.

 

33 INTRODUÇÃO E BASES FISIOLÓGICAS DA OSTEOPATIA  _________________________________________________  _________________________ _______________________________________________ ______________________________________________ _______________________

Essa facilitação pode ser provocada por qualquer um dos 5 elementos do metâmero e qualquer um dos elementos pode ser o provocador inicial da disfunção que acabou facilitando os outros elementos do metâmero. 13 DIAGNOSTICO OSTEOPATICO Cada um dos tecidos do corpo humano possui um tratamento específico, apresentando técnicas de tratamento para a fáscia, outras para o músculo e assim sucessivamente. O exame e diagnóstico os osteopático teopático serão responsáveis por determinar qual o tecido está com problemas e qual técnica promoverá melhor resultado terapêutico. 13.1 ANAMNESE A investigação de todo o histórico cronológico de acontecimentos, sinais e sintomas é extremamente importante para o fisioterapeuta, bem como históricos de traumas, cirurgias, acidentes, cicatrizes, alterações viscerais, entre outros. Para identificação do tipo de tecido lesionado, é necessário que o fisioterapeuta reconheça os sinais e sintomas que cada um deles provoca. 13.1.1 TIPOS DE DOR I – A Dor Óssea A dor óssea é precisa, centrada sobre a região danificada: a dor é surda; contínua, aumenta com todos os movimentos. II – A Dor Discal A dor é aguda, se manifesta quando o peso do corpo se coloca sobre o disco intervertebral danificado (posição sentada ou de pé). Aumenta com a flexão anterior que provoca a retropulsão do disco e coloca em tensão o ligamento longitudinal posterior ricamente inervado. A dor aparece imediatame imediatamente, nte, sem tempo de latência. Ao nível lombar, esta dor é aumentada pela tosse ou pelos esforços de defecação que elevam a pressão intra-abdominal e intra-discal. III – A Dor Ligamentar Aparece quando se mantêm uma postura durante muito tempo (leitura, escrita): não é imediata, aparece no final das amplitudes articulares articulares e apresenta um certo tempo de latência, ou seja, após a posição assumida a dor demora alguns minutos para aparecer. É descrita quase sempre como uma sensação de queimação. Alguns exemplos: - Ligamentos interespinhosos: dor em faixa aumentada com a flexão anterior do tronco ou do pescoço, podendo simular uma nevralgia pela dor referida que provoca. - Ligamentos ileolombares: dores unilaterais que aumentam com a flexão lateral contralateral; - Cápsulas articulares posteriores: dores unilaterais que aumentam com a flexão lateral e rotação homolateral. IV – A Dor Muscular

 

34 INTRODUÇÃO E BASES FISIOLÓGICAS DA OSTEOPATIA  ________________________________________________  _________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________

Manifesta-se com os movimentos e está relaciona relacionada da à ccontração ontração muscular muscular.. O movimento doloroso indica o músculo lesado. O movimento oposto, que coloca em tensão o músculo, é responsável por um rebote causado por um espasmo muscular. Pode existir uma dor referida a um ponto gatilho no ventre do músculo. A dor é isquêmica, surda, difusa e aumenta ou se reproduz pela contração contração isométrica. V – A Dor Nervosa A dor radicular é descrita como do tipo filiforme: o paciente pode indicar o trajeto com o dedo. A dor aumenta com certos movimentos e, às vezes, pelo apoio sobre o processo transverso da vértebra implicada. 13.2 EXAME NEUROLÓGICO Tem como finalidade elimi eliminar nar um certo número de patologias neurológicas no quadro do diagnóstico. O estudo dos reflexos permite colocar em evidência uma ausência de reflexos que indica um déficit motor (hérnia discal, patologias neurológicas periféricas) ou um aumento do reflexo, indicador de uma patologia neurológica central. . L5/S1: reflexo aquileu; . L3/L4: reflexo patelar; . C8: reflexo ulna-pronador; . C7: reflexo tricipital; . C6: reflexo estilo-radial; . C5: reflexo bicipital; Realizar o Teste do DERMÁTOMO. Palpação do Dermátomo: buscar alterações de sensibilidade na pele correspondente ao segmento da disfunção somática. As zonas de dermalgias reflexas estão relacionadas com a irritação das ramificações cutâneas sensitivas do ramo posterior ou anterior dos nervos espinais. Essas zonas dermálgicas são pesquisadas pela manobra de rolamento (palpado rodado), que consiste em segurar a pele entre o polegar e o indicador (pinça), e fazê-la deslizar. O teste é positivo quando encontra uma zona de pele espessa e dolorosa. MIÓTOMO: Pretende-se colocar em evidência ev idência uma hipotonia muscular, hipertonia ou um espasmo muscular que se evidencia também por uma sensação de cordão à palpação. É necessário para esse estudo conhecer a inervação metamérica dos músculos. Esses músculos são muitas vezes responsávei responsáveiss por dores referidas e apresentam um ponto gatilho, cuja palpação desperta a dor que habitualme habitualmente nte o paciente se queixa.                    

• • • • • • • • •



S1: tríceps sural; L5: fibulares, isquiotibiais; isquiotibiais; L4/L5: quadríceps; quadríceps; L1/L2: quadrado lombar, psoas; T6 a T12: abdominais; abdominais; C8/T1: músculos da mão; C7/C8: flexores do punho; C6/C5: deltóides e bíceps; C4/C3: trapézio superior; C0/C1/C2: esternocleidomastóideo. esternocleidomastóideo.

 

35 INTRODUÇÃO E BASES FISIOLÓGICAS DA OSTEOPATIA  _________________________________________________  _________________________ _______________________________________________ ______________________________________________ _______________________

Palpação do Esclerótomo: São pressões e fricções aplicadas sobre as regiões ósseas inervadas pelo metâmero, Dor no processo espinhosos indica uma facilitação medular (irritação do nervo sinuvertebral ou Luschka que inerva a região). 13.3 INSPE INSPEÇÃO ÇÃO DA ESTÁTICA ESTÁTICA E DA MOBILIDADE A inspeção pretende buscar indicações sobre a estática geral do paciente, e também sobre a patologia presente. Alterações de posicionamento podem ser indícios de bloqueios articulares, como por exemplo uma cabeça que se encontra em leve flexão, inclinação e rotação contralateral e pode estar sofrendo com um côndilo occipital fixado posterior homolateral à rotação Atitudes antálgicas na região lombar como uma flexão ou atitude antálgica cruzada que podem indicar a presença de uma hérnia de disco É necessário estudar a estática vertebral, posição de cabeça e todos os outros segmentos, observar as curvaturas da coluna nas vistas anterior, posterior e perfil. É importante também observar os pontos de quebra e zonas planas na coluna vertebral, dando indícios de hiper e hipomobilidade, hipomobilidade, respectivamente. Exame Dinâmico Ao teste global de mobilidade, podemos obter algumas informações importantes sobre as hipomobilidades:   Se a restrição restrição é devida devida ao músculo, a qualidad qualidadee da resi resistência stência ser será á elástica: se produz um rebote que vai restringir vários graus do movimento;   Se a restrição restrição é devida devida a uma faceta articular, a interrupção do movim movimento ento será brusca, a sensação se assemelhará à correspond correspondente ente barreira anatómica, mas chegará mais depressa;   Se a restrição restrição é ca causada usada por um ligam ligamento ento ou por um múscul músculoo fibrosad fibrosado, o, a resistência resistência será será abrupta, abrupta, se assemelhará à sensação correspondente à barreira fisiológica;   Se a restrição é devida devida a um edema, a qualidade qualidade será viscoelástica.   Em caso de lesão ligamentar, a dor aparece no final da amplitude articular, ou também durante o retorno à posição inicial;   Em caso de lesão lesão mu muscular, scular, a dor aparece quase sempre sempre no início do movimento. movimento.   Em caso de lesão discal a dor aume aumentará ntará com a compre compressão ssão e será aliviada aliviada com com a tração















É necessário examinar deglobal maneira global os movimentos do tronco, assim como coluna lombar.regionais, Qualquer limitação de movimento pode indicar disfunção somática vertebral, com da hipomobilidades alterações de tensão muscular por exemplo. Estudar todos os movimentos ativos como flexão/extensão, inclinação lateral, rotações e a associação de movimentos. Na Osteopatia utilizamos a estrela de Maigne como orientação para comparação de limitações do movimento e dores ao realizá-los.

Estrela de Maigne

 

36 INTRODUÇÃO E BASES FISIOLÓGICAS DA OSTEOPATIA  ________________________________________________  _________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________

13.4 RADIOLOGIA O objetivo da radiologia radiologia é buscar as contraindicações às manipulações e informações úteis ao tratamento osteopático. É difícil obter informação sobre a mobilidade articular de uma imagem estática. A imagem radiológica é muito importante em casos de hérnia discal, pois pode dar informações relevantes para as manipulações. Alterações de posicionamento de sacro até podem servir para identificar uma disfunção, entretanto, toda disfunção é uma alteração do movimento normal e para testar devemos utilizar testes e técnicas que nos oferecem informações sobre os movimentos que estão ocorrendo e os que estão bloqueados, sendo a avaliação estática radiológica em segundo plano. 14 TÉCNICAS DE TRATAMENTO TRATA MENTO As técnicas osteopáticas são classificadas em técnicas estruturais e em técnicas funcionais. Cada técnica terá uma ação específica sobre um elemento anatómico. Objetivos das técnicas: reduzir a frequência das descargas do sistema gama responsáveis pela contração crônica intrafusal, com a finalidade de liberar espasmo e restaurar a mobilidade articular. 14.1 TÉCNICAS ESTRUTURAIS Grupo de técnicas que consiste em levar o tecido no sentido da barreira motriz, ou seja, contra a restrição de mobilidade. O princípio geral dessas técnicas é o de ir no sentido da restrição da mobilidade a fim de romper as aderências e regular o tônus muscular. O terapeuta pode ir acrescentando maior força para restaurar a função e a mobilidade mobilidade articular. 14.1.1 TÉCNICAS RÍTMICAS Esse tipo de manipulação manipulação deve existir um controle do ritmo e das repetições repetições de aplica aplicação ção da técnica. Os movimentos serão acompanhados de reflexos reguladores, produzindo alteração do reflexo miotático provocada pela estimulação dos receptores tendinosos de Golgi. 14.1.1.1 14.1.1 .1 Técnic Técnic as de Stretching Stretc hing O objetivo dessas técnicas é estirar os ligamentos, as fáscias, os músculos e os tendões, utilizando alavancas, quebrando aderências, aderências, regulando o tônus e aumentando aumentando vascularização. O estiramento rítmico é transmitido aos tendões e estimulam os órgãos tendinosos de golgi, diminuindo a hiperatividade gama para proteger o músculo estirado. Utiliza-se uma amplitude pequena para atuar sobre os elementos articulares, articulares, uma grande amplitude atuará sobre os músculos. A força deve ser aplicada lenta e gradualmente, com a finalidade de produzir uma mudança e um relaxamento nos tecidos. À medida que os tecidos relaxam, aumenta-se o estiramento, para aproveitar o novo comprime comprimento nto adquirido. O stretching pode ser transversal ou longitudinal às fibras musculares, deve ser aplicado de forma lenta e rítmica, sendo a retirada da força de forma lenta também. 14.1.1.2 14.1.1 .2 Técnicas de Pomp agem Essas técnicas se dirigem essencialmente às aponeuroses e aos ligamentos. Para liberar as tensões é necessário tentar afastar o máximo possível das zonas de inserções. A técnica consiste em produzir tensão/tração na região a ser trabalhada, no sentido do eixo longitudinal das estruturas, de forma lenta e

 

37 INTRODUÇÃO E BASES FISIOLÓGICAS DA OSTEOPATIA  _________________________________________________  _________________________ _______________________________________________ ______________________________________________ _______________________

suave. Após chegar na barreira motriz, manter até o relaxamento da estrutura e retornar de forma muito lenta e suave. 14.1.1.3 Técnicas Articulatórias Essas técnicas se dirigem aos elementos periarticulares (músculos monoarticular monoarticulares, es, cápsula e ligamentos) ligamentos) e são baseadas nos movimentos passivos e repetitivos, associados associados a uma ou várias alavancas e a um ponto fixo a fim de aumentar a potência. O fisioterapeuta osteopata recebe tecidos e aumenta ou diminui a intensidade de sua ação em função de permanentemente suas sensações. informações dos A técnica é muito semelhante à técnica de thrust, em que posiciona o paciente e produz as alavancas para produzir movimentos na articulação afetada, entretanto, o paciente será mobilizado na posição, mas não será realizado o thrust. A utilização de um movimento rápido e curto no final da amplitude, permite produzir mudanças mais rápidas nos tecidos. Essas técnicas de articulações permitem ganhar uma maior amplitude de movimento. A técnica ajuda a diminuir aderências capsulares e ligamentar ligamentares, es, relaxar músculos espasmados, aumentar amplitude articular. 14.1.1.4 Técnica de Tensão Mantida Esse tipo de técnica utiliza os princípios das técnicas com thrust: a tensão é colocada até à redução do slack, mas o thrust não é realizado, a tensão é mantida e o paciente respira amplamente até que se obtenha um relaxamento dos tecidos. Pode ser utilizado para músculos e articulações. A técnica ajuda a relaxar músculos e melhorar os movimentos acessórios articul articulares. ares. 14.1.1.5 14.1.1 .5 Técnicas d e Inibição Inibi ção Essas técnicas se dirigem ao espasmo muscular, consistindo em exercer uma pressão perpendicular às fibras musculares: essa pressão é mantida durante um longo momento, até que o músculo relaxe e então se diminui a pressão lentamente. A técnica é aplicada em função das reações dos tecidos e do ritmo respiratório. A inibição permite obter um aumento de circulação local e uma diminuição da resposta aferente. 14.1.1.6 14.1.1 .6 Bomb B ombeame eamento nto Técnica aplicada para músculos e ligamentos, terapeuta deve posicionar seu contato sobre a região a ser tratada e realizar bombeamentos compressivos compressivos e tracionais até o relaxament relaxamento o do tecido. 14.1.1.7 14.1.1 .7 Técnicas de d e Energia Muscular Muscu lar Essas técnicas utilizam as contrações isométricas para relaxamento dos tecidos moles, normalização do fuso neuromuscular e ganho de mobilidade. O músculo é colocado em tensão máxima e o paciente é solicitado a produzir contrações isométricas no sentido oposto ao movimento (com o músculo que está sendo estirado) e o fisioterapeuta resiste ao movimento. A força aplicada deve ser entre 5 a 10 kg, o terapeuta deve solicitar 3 contrações isométricas de 3segundos cada com 3 segundos de repouso entre as contrações, ao final de um ciclo de 3 contrações, o terapeuta deve aumentar a amplitude amplitude de movimento. Realizar 3 ciclos no total com ganho de amplitude ao final de cada ciclo. Ao final, retornar à posição original de forma lenta e progressiva. A cada contração isométrica estimula-se os receptores de Golgi que se descarregam e que inibem os motoneurônios motoneurôni os alfa e gama. A cada novo comprimento ganho, o fuso neuromuscular é estirado, voltando a encontrar pouco a pouco seu comprimento normal.

 

38 INTRODUÇÃO E BASES FISIOLÓGICAS DA OSTEOPATIA  ________________________________________________  _________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________

Caso o músculo em questão esteja com dificuldades para produzir contraçõe contraçõess musculares, podemos utilizar a inibição recíproca descrita por Sherington, em que a contração muscular isométrica acontece com o antagonista, produzindo por reciprocidade reciprocidade a inibição do agonista que está sendo tratado. 14.1.1.8 Inibição e indução miofascial A técnica produz relaxamento de músculos músculos e fáscias. f áscias. O terapeuta deve pressionar o local a ser tratado até sentir relaxamento dos tecidos, quando Ao issoencontrar acontecenovas o terapeuta produz deslizam deslizamento ento sentido da cadeia miofascial buscando novas limitações. limitações o terapeuta devenoinibir a região com pressão e depois produzir uma indução por deslizamento. 14.1.2 TÉCNICAS COM THRUST Devem ser realizadas dentro dos limites fisiológicos das amplitudes dos movimentos. Deve ser utilizado uma velocidade suficiente para que a separação das facetas articulares possa ser alcançada sem provocar traumatismos. O thrust é aplicado paralelamente ou perpendicularmente perpendicularmente ao plano articular, contra a barreira da articulação lesada. Surpreendendo Surpreendendo as defesas fisiológicas articulares, a brusca separaçã s eparação o das superfícies surpreende também o sistema nervoso central e provoca um blackout sensorial local. O círculo vicioso irritativo que mantém o espasmo dos músculos monoarticulares é assim desfeito e o tônus muscular pode normaliza normalizar-se. r-se. Seja qual for o tipo de thrust, os limites articulares fisiológico fisiológicoss são sempre respeitados. Os objetivos das técnicas com thrust são:          

• •



• •

Liberar as aderências; Fazer deslizar as facetas facetas articulares e rrestaurar estaurar a função articular; Normalizar o sistema vascular local; Provocar um reflexo aferente; Estimular os centros centros simpáticos ou parassimpáticos parassimpáticos para obt obter er a ruptura do arco refl reflexo exo neurovegetativo neurovegetativ o patológico;

O estiramento da cápsula articular ao separar as facetas, estimula os receptores sensoriais (Pacini). A informação sensitiva caminha caminha pelas fibras aferentes até o corno posterior da medula espinhal. Nesse nível existe uma inibição dos motoneurônios alfa e gama, portanto, uma inibição do espasmo muscular que mantém a disfunção articular. Contraindicações Contraindicaçõ es às técnicas de thrust:   Ósseas: câncer (tumor), (tumor), osteoporose, osteoporose, raquitismo, reumatismo infeccioso e inflamatório, inflamatório, anomal anomalia ia congénita, fratura;   Nervosas: compressão medular, hérnia discal, exteriorizad exteriorizada, a, neuropraxia; neuropraxia;   Vasculares: sobretudo ao nível cervical;   Câncer visceral, devido ao risco de metástase óssea;   Não integridade integridade dos elementos periarticula periarticulares: res: diste distensões nsões mus musculares, culares, ruptura ligamentar;   Recusa do paciente (resistência, medo, espasmos);



• •



• •

A prudência deve ser primordial na gravidez e na idade avançada Obs.: redução de slack  – posicionar a articulação em posição de tensão máxima antes da realização do thrust. Quando o slack é reduzido o terapeuta deve, então, aplicar o thrust em alta velocidade e curta amplitude.

 

39 INTRODUÇÃO E BASES FISIOLÓGICAS DA OSTEOPATIA  _________________________________________________  _________________________ _______________________________________________ ______________________________________________ _______________________

14.1.2.1 14.1.2 .1 Tipos de d e Thrust Técnicas Indiretas A colocação em tensão e o thrust são realizadas unicamente com a ajuda das alavancas superiores e inferiores, sem aplicação de força direta na articulação a ser tratada. Técnicas Diretas Aplicação da manipulação com contato diretamente na região/articulação a ser tratada. O contato deve ser feito depois de haver sido efetuado um tissue pull, ou seja, um es estiramento tiramento cutâneo no sentido da redução para eliminar o deslizamento da pele. Técnicas Semidiretas: Trata-se de uma combinação das técnicas direta e indireta. Permitem ao mesmo tempo as vantagens da utilização das alavancas e a colocação da mão diretamente na articulaçã articulaçãoo a ser tratada. 14.2 TÉCNICAS FUNCIONAIS O princípio é ir no sentido da lesão, no sentido oposto à barreira, no sentido da facilidade até o ponto neutro da mobilidade, e manter esta posição de equilíbrio tridimensional até à liberação total dos elementos periarticulares. Essas técnicas, que vão no sentido da redução do espasmo muscular, fazem com que a aproximação das inserções do músculo espasmódico reduza a sua tensão. A disparidade entre as fibras intrafusais diminui e o sistema nervoso central diminui a atividade gama, o que permite ao músculo relaxar. 14.2 14.2.1 .1 Té Técnicas cnicas dos Pontos Pont os Gatilhos de Jones: O ponto gatilho é uma zona muito excitável na qual a palpação desencadeia manifestações dolorosas, uma nevralgia local ou uma irradiação dolorosa. Essa zona de hiperexcitabilidade está situada no tecido miofascial e pode ser localizada ao nível das aponeuroses, músculos, tendões, cápsulas articulares, ligamentos e periósteo. O ponto gatilho é doloroso à palpação e é responsável por dores referidas e pela manutenção da cronicidade do arco reflexo patológico que mantém a facilitação nervosa. Sua profundidade varia segundo o tecido implicado. O ponto gatilho muscular se caracteriza por uma dor do músculo à palpação, dor local durante a palpação é aumentada pela contração isométrica que diminui sua vascularização. O ponto gatilho casuloligamentar se caracteriza por uma dor à palpação que é aumentada pelo movimento passivo até o final das amplitudes. amplitudes. A técnica consiste em procurar o ponto gatilho, pressioná-lo até gerar o sintoma doloroso. Mantendo a mesma pressão por todo o tempo da manobra, o terapeuta deve realizar movimento movimentoss com a articulação para produzir alongamento alongamento ou encurtamento muscular buscando o “still point” ou silêncio neurológico, momento

em que a informação doloros dolorosaa diminui muito e cessa. Nesse momento, o terapeuta deve parar de produzir movimento e manter a pressão por pelo menos 90 segundos ou até sentir o relaxamento do tecido.

15 BIBLIOGRAFIA American osteopathic association et al. Foundations of osteopathic medicine. Lippincott williams & wilkins, 2010.

 

40 INTRODUÇÃO E BASES FISIOLÓGICAS DA OSTEOPATIA  ________________________________________________  _________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________

Bienfait, marcel. Bases fisiológicas de la terapia manual y de la osteopatía. Editorial paidotribo, 2006. Busquet, Leopold, Busquet-Vanderhey. As cadeias fisiológicas: a cadeia visceral: tórax, garganta e boca vol.7 –1ª edição. Editora Manole. 2010. De coux, gilles; curtil, philippe. Tratado práctico de osteopatía estructural (color). Editorial paidotribo, 2001. Digiovanna, Eileen L.; Schiowitz, Stanley; Dowling, Dennis J. (Ed.). An osteopathic approach to diagnosis and treatment. Lippincott Williams & Wilkins, 2005. Elke Lutjen-drecoll, Johannes W. Rohen, Chihiro Yokochi. Anatomia Humana - Atlas Fotográfico Anatomia Sistêmica Regional - Editora Manole. 8ª edição. 2016. Hansen,John T. Netter. Anatomia Para Colorir - 1ª Edição. Editora Elsevier. 2010. Hartman, Laurie S. Handbook of osteopathic technique. Springer, 2013. Junqueira, Lília. Anatomia Palpatória e seus Aspectos Clínicos . 1ª edição. Editora Guanabara Koogan. 2010. Kapandji, A.I. Fisiologia Articular, volume 1, 2, 3: tronco e coluna vertebral. São Paulo, Ed. Panamericana, 5ª edição, 2000. Koeppen Bm, Stanton BA. Berne e Levy – Fisiologia. 6ª edição, Elsevier, 2009. Lent R. Cem C em bilhões de neurônios? Conceitos fundament fundamentais ais de neurociên neurociência. cia. 2ª edição, Atheneu, 2010. Moore, Keith L. - Dalley II, Arthur F. - Agur, Anne M. R. Anatomia Orientada para a Clínica  –  Editora Guanabara Koogan. 7ª edição. 2014. Myers,Thomas W. Trilhos Anatômicos - 2ª Edição. Editora Elsevier. 2010. Netter,Frank H. Netter - Atlas de Anatomia Humana - 6ª Edição. Editora Elsevier, 2015. Neumann,Donald A. Cinesiologia do Aparelho Musculoesquelético - Fundamentos Para a Reabilitação Física – Editora Elsevier. 2ª Edição. . 2011. Ortega, P. Medina. Tratado de osteopatía integral: ilíaco, sacro (319 p.) 2. Columna vertebral (695 p.) 3. Extremidades (508 p.) 4. Visceral (407 p.) 5. Sacro craneal (319 p.). Escuela de Osteopatía Medina, 2001. Sobotta, Johannes. Atlas de Anatomia Humana - 3 Volumes – Editora Guanabara Koogan. 23ª Ed. 2013. Tixa. Serge. Atlas de Anatomia Palpatória - Do Pescoço, do Tronco e do Membro Superior - Vol. 1 - 3ª Edição. Editora. Manole. 2009. Tixa. Serge. Atlas de Anatomia Palpatória do Membro Membro Inferior - Vol. 2 - 3ª Edição. Editora. Manole. 2009. Tortora, Gerard J. Princípios de Anatomia Humana - 12ª Edição. Editora Guanabara Koogan. 2013. Wiles, Philip. Manual of Osteopathic Technique. By Alan Stoddard, MB, DO, D. Phys. Med., Consultant in Physical Medicine, Brook Hospital, London. 9¼ x 6 in. Pp. 275, with 160 figures. Index. 1959. London: Hutchinson Medical Publications Publications Ltd. Price 50s. Bone & Joint Journal, v. 42, n. 1, p. 174-174, 1960.

View more...

Comments

Copyright ©2017 KUPDF Inc.
SUPPORT KUPDF