Apostila AB

March 22, 2023 | Author: Anonymous | Category: N/A
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Liame Estudos em Psicologia Desde 2017 preparando estudantes e profissionais de Psicologia para o processo seletivo de Residências da SES-PE

Coordenação Executiva Rebeca Portela Gisléa Ferreira

Docentes | Módulo SUS Débora Oliveira Rafaela Domingos

Docentes | Módulo Atenção Básica Débora Oliveira Gisléa Ferreira Luanna Cruz Rafaela Domingos

Produção da apostila Débora Oliveira Gisléa Ferreira Luanna Cruz Rafaela Domingos

Revisão textual e diagramação Gisléa Ferreira

Design da Capa Rebeca Portela

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Apresentação busca preparar estudantes e O Liame  profissionais de Psicologia para as provas de Residência e promover aproximações por meio de trocas de experiências, vivências e debates sobre a atuação da Psicologia nas políticas públicas de saúde. Idealizado em 2017 por Rebeca Portela como um grupo de estudos dos conteúdos específicos de Psicologia requisitados para a seleção, em 2018 o grupo ganha a identidade LIAME e passa a ampliar a proposta para um curso preparatório para residências, abordando não só o conteúdo específico de Psicologia, como também os conhecimentos gerais dos respectivos perfis de atuação. Conduzido por docentes com trajetória de formação na modalidade de residência, pósgraduação em suas áreas de atuação atuaç ão e experiência profissional na Atenção Básica, na Saúde Coletiva e na Atenção Hospitalar, o Liame tem como propósito tanto a preparação para a prova da residência, como também produzir reflexões e trocas que possam contribuir para uma atuação psi contextualizada e alinhada aos princípios da defesa do direito à saúde, de maneira acessível, dialogada e sensível às necessidades da/o/e(s) participantes. O material de apoio é elaborado pelas docentes, apresentando resumo teórico, sugestões de leituras complementares, indicações de vídeos e filmes e resolução de questões Desde 2020, o Liame adota a modalidade virtual como meio de transmissão das aulas, que acontece uma vez na semana no módulo SUS e duas vezes por semana para os módulos específicos, ao vivo,

com duração de 3 a 4h de aula. A metodologia agrega conteúdo expositivo, dialogado e resolução de questões, sem deixar de trazer reflexões críticas sobre os conteúdos e sobre a prática em Psicologia nos diferentes cenários. Entendendo a residência como espaço de formação potente e desafiador realizado no SUS e para o SUS, é com bastante orgulho que nas cinco edições do curso até aqui somemos 52 aprovações, incluindo posições de primeiro lugar tanto no perfil Atenção Básica quanto no perfil Hospitalar. Nesta sexta edição do preparatório, o Liame apresenta como novidade o serviço de acompanhamento personalizado de plano de estudos, ofertado em separado do preparatório, para aqueles participantes com necessidade de um percurso de estudos mais estratégico e potencializado. O SUS e as políticas públicas de uma maneira geral tem sofrido duros retrocessos. Apesar de todas as dificuldades historicamente acumuladas, apenas o SUS possui real capacidade de resposta às necessidades de saúde pública e a presença de residentes em saúde se faz importante para a continuidade, fortalecimento do ideário da reforma sanitária e aperfeiçoamento das estruturas existentes no SUS. LIAME significa criar laços, construir vínculos e é a partir dessa aposta que viemos construindo pontes de diálogo entre Psicologia e políticas públicas de saúde, na direção do fortalecimento da atuação contextualizada e comprometida com o fortalecimento do SUS.

Desejamos uma jornada de aprendizados e trocas potentes durante este módulo.

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Docentes |  | Módulo Atenção Básica

Débora Oliveira Enfermeira, Residência em Saúde da Família (IMIP), mestre em Saúde Pública (Fiocruz PE), professora universitária, Núcleo de Enfermagem (UFPE/CAV).

Rafaela Domingos Enfermeira, Mestre em Saúde Pública (Fiocruz PE), Especialista em Direitos Humanos e Políticas Públicas, professora de Iniciação à Ciência e à Pesquisa Científica (IPQC), UFPB. Membro do grupo de Pesquisa de Educação Permanente em Saúde pelo Instituto de Pesquisa e Educação Permanente em Saúde- IPEPS.

Luanna Cruz Psicóloga clínica e hospitalar, Residência em Saúde Mental (Hospital do Ulisses Pernambucano/Universidade de Pernambuco). Especialista em Intervenções Clínicas na Abordagem Psicanalítica (Faculdade Frassinetti do Recife). Mestranda em Psicologia (UFPE), coordena o Coletivo Fazendo Questão, psicóloga no CENDHEC/Recife.

Gisléa Ferreira Psicóloga sanitarista, Residência em Saúde Coletiva (Fiocruz PE), Residência na Rede da Atenção Psicossocial (Secretaria de Saúde do Recife), mestre em Saúde Pública (Fiocruz PE), trabalhadora do SUS na rede municipal do Recife em contexto hospitalar, pesquisadora do ObservaPICS (Observatório Nacional de Saberes e Práticas Tradicionais, Integrativos e Complementares em Saúde (Fiocruz/Ministério da Saúde).

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Cronograma | Módulo Atenção Básica AULA

11 12

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14 15 16 17 18 19 20 21 22

23 24 25

CONTEÚDO

A construção do sujeito: modos de subjetivação (Teorias de Personalidade) (parte I) Reforma Psiquiátrica, histórico, princípios antimanicomiais antimanicomiais,, normatizações e linha de cuidado. Rede de atenção psicossocial(RAPS). psicossocial (RAPS). Conhecimentos gerais em Saúde da Família Atenção Primária à Saúde: conceitos, princípios e organização no Brasil e no mundo. História da APS. Atenção à Saúde da Família: Estratégia de Saúde da Família: histórico, processo de implantação no Brasil,organização Brasil,organização e normatizações. Princípios e Diretrizes do Programa de Saúde da Família e do Programa de Agentes Comunitários de Saúde. Saúde Mental e Redução de Danos: princípios, marcos teóricos,normatizações teóricos, normatizações e linha de cuidado. A construção do sujeito: modos de subjetivação (Teorias de Personalidade) (parte II) Núcleos de Apoio à Saúde da Família: organização, funcionamento, regulamentação; regulamentação; Psicologia e Atenção Básica; Psicologia e Atenção Básica A clínica do sujeito: a escuta clínica Políticas e Programas Nacionais de Saúde Políticas e Programas Nacionais de Saúde Desenvolvimento Psíquico da Criança e do Adolescente (Psicologia do Desenvolviment D esenvolvimento) o) Políticas e Programas Nacionais de Saúde Desenvolvimento Psíquico da Criança e do Adolescente (Psicologia do Desenvolvimento) Aspectos psicodinâmicos do envelheciment envelhecimento. o. Interprofissionalidade Interprofissionalida de e trabalho em equipe multiprofissional; Processos grupais; Psicologia e práticas interventivas grupais eterritoriais. eterritoriais. Aspectos psicodinâmicos das estruturas familiares; Parentalidade Raciocínio diagnóstico, nosográfico e psicossocial Raciocínio diagnóstico, nosográfico e psicossocial

26

DATA

10/08 (quarta) 12/08 (sexta)

17/08 (quarta)

PROFESSORA

Luanna Gisléa

Débora

19/08 (sexta)

Gisléa

24/08 (quarta)

Luanna

26/08 (sexta)

Rafaela

31/08 (quarta) 02/09 (sexta) 09/09 (sexta) 14/09 (quarta)

Luanna Rafaela Rafaela Luanna

16/09 (sexta)

Rafaela

21/09 (quarta)

Luanna

28/09 (quarta)

Luanna

05/10 (quarta)

Luanna

19/10 (quarta) 26/10 (quarta)

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Luanna Luanna

 

 

27

Aspectos Psicodinâmicos da gravidez, puerpério e climatério;

28

Ética Profissional

29

Aula de Revisão (Conteúdos de Psicologia)

30 31

Aula de Revisão (Conteúdos de SUS) Simulado 2 – 2 – (Todos  (Todos os conteúdos do módulo específico)

09/11 (quarta) 16/11 (quarta) 23/11 (quarta) 25/11 (sexta) 30/11 (quarta)

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Luanna Luanna Luanna Gisléa Débora Rafaela Luanna Débora Rafaela Gisléa

 

 

SUMÁRIO A CONSTRUÇÃO DO SUJEITO: MODOS DE SUBJETIVAÇÃO ..................... ............................................ ........................... 10  Algumas concepções de sujeito e subjetividade ....................................................................... 10 Subjetividade na perspectiva da Gestalt  Gestalt ............................................ ................................................................... ....................................... ................ 13 Sujeito em Lacan ..................... ............................................ .............................................. ............................................. ............................................. ............................ ..... 17 Sujeito e subjetividade em Vygostky  Vygostky. ........................................................ .............................................................................. ................................ .......... 18 Sujeito em Reich  Reich ............................................ ................................................................... ............................................. ............................................. ............................ ..... 20 Exercícios  ......................................................................................................................... Exercícios ...................................................................................................................................... .............. 25

REFORMA PSIQUIÁTRICA ...................... ............................................ ............................................ ............................................ .................................... .............. 30  REDE DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL (RAPS).......................................... ................................................................. ................................ ......... 30  Reforma Psiquiátrica  Psiquiátrica .......................................... ................................................................ ............................................ ............................................. ......................... .. 30 Lei Nº 10.216/2001  10.216/2001 ............................................ .................................................................. ............................................ ............................................. ......................... .. 33 Principais normatizações da Rede de Atenção Psicossocial  Psicossocial ........................................... ........................................................ ............. 35 Rede De Atenção Psicossocial  Psicossocial ............................................ .................................................................. ............................................ ................................ .......... 36 Exercícios  ......................................................................................................................... Exercícios ...................................................................................................................................... .............. 40

CONHECIMENTOS GERAIS EM SAÚDE DA FAMÍLIA; ........ .............................. ............................................ ............................ ...... 46  ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE; ................ ...................................... ............................................ ............................................ ................................ .......... 46  HISTÓRIA DA APS; .... .......................... ............................................. ............................................. ............................................ ........................................... ..................... 46  ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA; .................................. ........................................................ ............................................. ................................ ......... 46  ATENÇÃO ATENÇ ÃO PRIMÁRIA PRIMÁRIA À SAÚDE SAÚDE .......................................... ................................................................ ............................................ ................................ .......... 46 - Conferência internacional de Alma-Ata (1978) ......................................................................... (1978)  ......................................................................... 47 PROGRAMA AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE (PACS) ........................................................ 50 - Estratégia de Agentes Comunitários de Saúde (De acordo com a nova PNAB 2017) .............. 2017) .............. 50 PROGRAMA SAÚDE DA FAMÍLIA (PSF) ..................................................................................... 51 ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA (ESF) ................................................................................ 52 - Composição  Composição ................................................................................................................... ................................................................................................................................ .............. 52 - Cobertura  Cobertura .................................................................................................................................... ................................................................................................................................... 53 ATRIBUTOS ATRIBU TOS DA APS............................................ .................................................................. ............................................ ............................................. ......................... .. 53 EQUIPES DE ATENÇÃO BÁSICA PARA POPULAÇÕES ESPECÍFICAS .............................................. 54 Exercícios  ......................................................................................................................... Exercícios ...................................................................................................................................... .............. 56

SAÚDE MENTAL E REDUÇÃO DE DANOS: princípios, marcos teóricos, normatizações e linha de cuidado ..................... ............................................ .............................................. ............................................. ............................................. ............................ ..... 61  LIAME – Preparatório LIAME –  Preparatório para Residências em Psicologia SES-PE | Ano 6 | 2022| Módulo Atenção Básica

 

  SOBRE O CONSUMO E ABUSO DE SUBSTÂNCIAS ...................................................................... 61 O QUE É DROGA? PORQUE AS PESSOAS USAM? QUAIS OS EFEITOS? COMO PODEMOS CLASSIFICAR CLASS IFICAR?? ............................................. ................................................................... ............................................ ............................................ ................................ .......... 62 REDUÇÃO REDU ÇÃO DE DANOS DANOS ............................................. ................................................................... ............................................ ........................................... ..................... 63 ESTRATÉGIAS DE REDUÇÃO DE DANOS .................................................................................... 64 Marcos legais da Redução de Danos no Brasil .......................................................................... 65 Exercícios  ......................................................................................................................... Exercícios ...................................................................................................................................... .............. 69

NASF: organização, funcionamento e regulamentação ......................... ................................................ ............................ ..... 77  NASF-AB NASFAB............................................. .................................................................... ............................................. ............................................ ....................................... ................. 77

PSICOLOGIA E ATENÇÃO BÁSICA .................... .......................................... ............................................ ............................................ ......................... ... 82  A Psicologia na Saúde Pública – Pública –  Alguns Alguns marcos............................................ ................................................................... ............................ ..... 82 Principais referências para embasar a atuação contextualizada context ualizada da psicologia na Atenção Básica ........................................... ..................... ............................................. ............................................. ............................................ ............................................. ................................ ......... 84 O apoio matricial e o papel da Psicologia ................................................................................. 85

A CLÍNICA DO SUJ SUJEITO: EITO: a escuta clínica .................... .......................................... ............................................. .................................... ............. 90  EXERCÍCIOS  ...................................................................................................................... EXERCÍCIOS ................................................................................................................................... .............. 96

POLÍTICAS E PROGRAMAS NACIONAIS  NACIONAIS DE SAÚDE........................... SAÚDE.......................................... .............................1 ..............103.... 03.... 103  Exercícios  ......................................................................................................................... Exercícios .................................................................................................................................... ............ 110 4. Política Nacional de Humanização (2003) ............................................................................ 117 5. Programa Programa Farmácia Farmácia Popular Popular (2004) ................................ ...................................................... ............................................. ............................... ........ 119 7.Política Nacional de Saúde Bucal – Bucal – Brasil  Brasil Sorridente (2004) .................................................. 121 7. PMAQ - Programa de Melhoria do Acesso e Qualidade da Atenção Básica 2011 e revisada em 2015 ............................................ .................................................................. ............................................ ............................................ ............................................. ......................... 124 Exercícios  ......................................................................................................................... Exercícios .................................................................................................................................... ............ 126 8. Programa Programa Previne Previne Brasil Brasil (2019) ............................................ .................................................................. ............................................ ........................ .. 133 133 9. Programa Programa Mais Médicos Médicos (2013) ..................................... ........................................................... ............................................ ............................... .........136 9.1 Programa Médicos pelo Brasil (2019) ................................................................................ 138 Exercícios  ......................................................................................................................... Exercícios .................................................................................................................................... ............ 139

DESENVOLVIMENTO PSÍQUICO DA CRIANÇA E ADOLESCENTE...................................... ADOLESCENTE...................................... 145  - Aspectos do desenvolvimento humano: ............................................................................... 145

ASPECTOS PSICODINÂMICOS DO ENVELHECIMENTO .......................................... ..................................................... ........... 166  EXERCÍCIOS  ...................................................................................................................... EXERCÍCIOS ................................................................................................................................. ............ 173

INTERPROFISSIONALIDADE E TRABALHO EM EQUIPE MULTIPROFISSIONAL .............. 181  PROCESSOS GRUPAIS........................ ............................................... .............................................. ............................................. ..................................... ...............181  LIAME – Preparatório LIAME –  Preparatório para Residências em Psicologia SES-PE | Ano 6 | 2022| Módulo Atenção Básica

 

 

PSICOLOGIA E P PRÁTICAS RÁTICAS INTERVENTIVAS INT ERVENTIVAS GRUPAIS E TERRITORIAIS................... ........................... ........ 181  Interprofissionalidade e trabalho em equipe multiprofissional ................... .......................................... ............................... ........181 Processos Grupais ................... .......................................... .............................................. ............................................. ............................................. ........................... ....182 Grupo Operativo de Pichon-Rivière ........................................................................................ 184 Kurt Lewin.......................................... ................................................................. ............................................. ............................................ ...................................... ................186 Lane (1984) e Martin-Baró (1989): uma perspectiva sócio-histórica ......................................... 186 Exercícios  ......................................................................................................................... Exercícios .................................................................................................................................... ............ 189

ASPECTOS PSICODINÂMICOS P SICODINÂMICOS DAS ESTRUTURAS FAMILIARES....................................... FAMILIARES....................................... 197  PARENTALIDADE .................... ........................................... .............................................. ............................................. ............................................. .......................... ... 203  Exercícios  ......................................................................................................................... Exercícios .................................................................................................................................... ............ 205 Exercícios  ......................................................................................................................... Exercícios .................................................................................................................................... ............ 218

ASPECTOS PSICODINÂMICOS DA GRAVIDEZ, P PUERPÉRIO UERPÉRIO E CLIMATÉRIO ....................230  Exercícios  ......................................................................................................................... Exercícios .................................................................................................................................... ............ 234

ÉTICA PROFISSIONAL.................................... .......................................................... ............................................. .............................................. .......................... ...241   RESOLUÇÕE RESO LUÇÕESS CFP ........................................... .................................................................. ............................................. ............................................. ........................... ....241 RESOLUÇÃO RESO LUÇÃO CFP Nº 010/05............................ .................................................. ............................................. ............................................. ........................... .....241 RESOLUÇÃO RESO LUÇÃO CFP Nº 001/2009 001/2009 ........................................... ................................................................. ............................................ ............................... ......... 242 RESOLUÇÃO n.º 6, DE 29 DE MARÇO DE 2019 ......................................................................... 244 Exercícios  ......................................................................................................................... Exercícios .................................................................................................................................... ............ 259

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Aulas &

 15 DO SUJEITO: MODOS DE 11A CONSTRUÇÃO SUBJETIVAÇÃO Profª Luanna Cruz

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A CONSTRUÇÃO DO SUJEITO: MODOS DE SUBJETIVAÇÃO Gonzalez Rey (2003) afirma que a subjetividade é a categoria-chave para a compreensão do psiquismo, definindo-a como "um sistema complexo capaz de expressar através dos sentidos subjetivos a diversidade de aspectos objetivos da vida social que concorrem em sua formação" (p. 19). Em outro texto, o autor afirma: A subjetividade representa um macro conceito orientado à compreensão da psique como sistema complexo, que de forma simultânea se apresenta como processo e como organização. O macro conceito representa realidades que aparecem de múltiplas formas, que em suas próprias dinâmicas modificam sua auto-

organização, o que conduz de forma permanente a uma tensão entre os processos gerados pelo sistema e suas formas de auto-organização, as quais estão comprometidas de forma permanente com todos os processos do sistema. A subjetividade coloca a definição da psique num nível histórico-cultural, no qual as funções psíquicas são entendidas como processos permanentes de significação e sentidos. O tema da subjetividade nos conduz a colocar o indivíduo e a sociedade numa relação indivisível, em que ambos aparecem como momentos da subjetividade social e da subjetividade individual. (Gonzalez Rey, 2001, p. 1).

Algumas concepções de sujeito e subjetividade Os primeiros estudos acerca da noção de subjetividade foram produzidos no âmbito da Filosofia. Na Grécia antiga, Platão, em seus estudos a respeito do conhecimento humano, já tecia considerações sobre o sujeito. Esse filósofo entendia o ato de conhecer como um reconhecimento dos sentidos inscritos nas coisas, por isso, para ele, o saber não era construído pelo homem, porque Deus era responsável pela criação e ao homem cabia

apenas a imitação; o conhecimento se dava pelo reconhecimento. O advento da subjetividade na Filosofia se dá, mais precisamente, no momento em que a consciência passa a ser considerada como produtora de todas as verdades. Assim, tal ideia é fundamentada pelo célebre axioma de Descartes, de que pensar, é logo, existir. Nas palavras de Brandão:

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P á g i n a  | 11 A verdade não é simplesmente reconhecida, mas produzida pelo homem nesse processo de percepção de si próprio. O “eu penso” é a primeira verdade, a de acesso mais imediato e o ponto de partida de todas as outras evidências que serão produzidas por esse mesmo “eu penso”. (BRANDÃO, 1998, p.34).

De acordo com a concepção cartesiana, a subjetividade é responsável pela construção do saber e esse processo acontece quando o sujeito passa a representar o objeto, atribuindo-lhe significado: “considerado como uma exterioridade, o objeto passa a ser algo que é representado por um sujeito que lhe confere sentido” (BRANDÃO, 1998, p.35). Esse processo de representa representação ção considera o princípio da identidade e recusa a contradição, uma vez que o sujeito, na concepção de Descartes, seria um produtor de verdades universais, o que, no entendimento de Rey (2003), contribuiu para a construção de uma visão maniqueísta da sociedade: Por trás dessa ideia está o princípio profundamente racional de caráter universal das crenças que permite uma divisão estática entre um mundo “bom” e outro “mau”, o que tem escasso valor ético e moral, pois todos sentimos que somos parte do mundo “bom”, assumindo muito pouco a identidade do mal. A ideia de um sujeito universal apresentase muito associada à do sujeito ideal que inspirou boa parte das construções éticas, políticas e religiosas do pensamento ocidental

e que continuam muito arraigadas até hoje. (REY, 2003, p. 21).

Nesse momento, surge a dialética da realidade e a subjetividade, que antes estava na identidade dos seres, agora, é construída na relação de oposição entre eles. Foucault (1972) nega a unicidade do sujeito e o inscreve no âmbito da linguagem, opondo-se à ideia de uma subjetividade produtora de verdades universais, uma vez que, no entendimento desse autor, a contradição é inerente ao discurso. Nesse sentido, sentido, o discurso deixa de ser a manifestação “majestosamente desenvolvida” de um sujeito pensante p ensante para se constituir em um espaço de exterioridade no qual o sujeito pode ocupar diversos lugares. Segundo a teoria foucaultiana, o sujeito pode assumir diversas posições em suas práticas discursivas, o que caracteriza sua dispersão: As diversas modalidades de enunciação em lugar de remeter à síntese ou à função unificante de um sujeito, manifestam sua dispersão. Aos diversos estatutos, aos diversos lugares, às diversas posições que pode ocupar ou receber quando tem um discurso. À descontinuidade dos planos de onde fala. (FOUCAULT, 1972, p. 69-70).

Kant também desconstrói a ideia cartesiana, uma vez que a construção do pensamento não está simplesmente ligada ao fato do “eu penso” como determinador das propriedades dos objetos, mas sim na relação que o indivíduo estabelece com o meio. Na concepção kantiana, a relação entre o sujeito e o objeto passa pela

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percepção individual (KANT, s.d., p. 25, citado por MOREIRA; SILVEIRA, 2011): Temos querido provar que todas as nossas intuições só são representações de fenômenos, que não percebemos as coisas como são em si mesmas, nem são as suas relações tais como se nos apresentam, e que se suprimíssemos nosso sujeito, ou simplesmente a constituição subjetiva dos nossos sentidos em geral, desapareceriam também todas as propriedades, todas as relações dos objetos no espaço e no tempo, e também o espaço e o tempo, porque tudo isto, i sto, como fenômeno, não pode existir em si, mas somente em nós mesmos.

Para Husserl, faltou a Descartes desvendar o ego, compreendendo-o, não como algo vago, vago, mas como uma “corrente incessante do ser”. No campo da Psicologia, retomando Rey, a rejeição ao sujeito da razão provocou o que esse autor denomina “morte do sujeito”. Dessa forma:  forma:  A subjetividade e o sujeito não aparecem na psicologia como resultado de seu trânsito pela modernidade, mas como resultado de sua assimilação da dialética marxista, enriquecida no processo de desenvolvimento da psicologia pela influência crescente do pensamento complexo nas ciências do homem. (REY, 2003, p. 222).

Cumpre ressaltar que nem sempre a Outro filósofo que problematiza a visão cartesiana é Husserl. Ao discorrer sobre o que considera ser uma nova fenomenologia, esse filósofo chega a salientar a influência do pensamento cartesiano sobre essa corrente filosófica, mas propõe uma reformulação das meditações de Descartes, no que tange à noção de sujeito. No entendimento de Husserl, o sujeito cartesiano é abstrato, desvinculado do mundo: Infelizmente é oa que acontece em Descartes com viragem discreta, mas funesta, que transforma o ego em substantia cogitans, em animus humano separado, em ponto de partida para raciocínios segundo o princípio da causalidade, em suma, com a viragem pela qual se tornou o pai do contraditório realismo transcendental. (HUSSERL, 1929, p. 8, citado por MOREIRA; SILVEIRA, 2011).

Psicologia abarcou discussões sobreuma subjetividade. Rey (2003), ao traçar panorama das teorias do sujeito no âmbito da Psicologia, destaca as bases empiristas e experimentais que dominaram essa ciência, no final do século XIX e início do século XX, na Europa e nos Estados Unidos. A subjetividade aparece na Psicologia como produto da assimilação da dialética marxista. Dessa forma, pode-se notar a influência da visão marxista na Psicologia Social. A assimilação organizada do marxismo pela psicologia, que se apresenta pela primeira vez na psicologia soviética, incorporou a visão marxista do homem na construção do pensamento psicológico e, pela primeira vez, reconheceu a formação da psique dentro do espaço histórico-cultural do homem. (REY, 2003, p. 222).

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Ainda segundo esse autor, o surgimento da psicanálise foi fundamental para a inclusão do tema subjetividade nos estudos de Psicologia. Rey (2003) analisa as contribuições de Freud e Lacan, apontando os avanços de suas teorias e, ao mesmo

lacaniano é visto mais como uma entidade/construção psíquica que se adapta ao mundo, não se constituindo em agente de transformação, ou seja, é um sujeito incapaz de romper, de criar, de mudar e se torna “preso” às estruturas da

tempo, tece algumas críticas a partir das lacunas deixadas por esses autores. Ao falar sobre Freud, Rey (2003) destaca a importância do estudo de casos para a construção da base teórica da Psicologia. Porém, acrescenta que o sujeito freudiano se apresenta como um cenário de luta de forças, o que não nos autoriza, no entendimento de Rey, a considerar esse indivíduo como um sujeito propriamente dito.

linguagem, tornando-se produto delas. Portanto, é um sujeito a-histórico, alienado e sem criatividade. Dessa forma, para Rey, o sujeito lacaniano aparece como efeito, o que o descaracteriza enquanto sujeito social, com uma história, cuja consciência reflete as implicações da relação entre o eu e o outro.

Com relação ao sujeito lacaniano, Rey (2003) destaca a inserção da linguagem nos estudos daquele autor. Apesar de considerar tal fato como um avanço da teoria lacaniana, Rey sustenta que o “sujeito de Lacan é ficcional; está incapacitado para seguir o princípio da realidade” (REY, 2003, p.38). A linguagem, então, deixa de ser uma forma de expressão, desenvolvimento e mudança do próprio sujeito, uma vez que esse sujeito

Em seus estudos, Rey defende um sujeito que só existe em sua relação com o social, rompendo com a ideia de que a subjetividade é um fenômeno individual. Na perspectiva da subjetividade social, segundo o autor:

não se responsabiliza por sua ação no mundo. Sob essa perspectiva, o sujeito

Os processos sociais deixam de ser vistos como externos em relação aos indivíduos, ou como um bloco de determinantes consolidados, que adquirem o status do "objetivo" diante da subjetividade individual, para serem vistos como processos implicados dentro de um sistema complexo, a subjetividade social, da qual o indivíduo é constituinte e, simultaneamente, constituído. (REY, 2003, p. 202).

SUBJETIVIDADE NA PERSPECTIVA DA GESTALT A ideia básica da Gestalt é a de que “tudo é um todo”, um contraponto a uma visão atomista da compreensão da subjetividade e da noção nosográfica tradicional que considera a patologia como intrapsíquica e individual.  ______________________  _____________ ______________________ ______________________ ______________________ ______________________ ____________________ ___________ LIAME – Preparatório LIAME –  Preparatório para Residências em Psicologia SES-PE | Ano 6 | 2022| Módulo Atenção Básica

 

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Consideração dialética da Gestalt Tudo é uma totalidade. Concepção do holismo; holismo; 2) Tudo muda  muda  e; 3) Tudo se relaciona como algo mais: ideia de processo, de dinâmica da inter-relação. inter-relação.

conjunto envolvente. Apresenta um discurso sobre o funcionamento ótimo da personalidade, com ênfase maior na saúde do que na psicopatologia. A Gestalt se

Interrelação significa a própria dimensão da intersubjetividade e a superação da concepção linear e determinista de que as experiências infantis causam distúrbios na vida adulta. A concepção de psicopatologia da Gestalt é relacional, entende o sujeito como um ser de relações. O fundamento da relação está na confirmação da existência do outro e a psicopatologia é, pois, produto da desconfirmação. O ser humano não se

interessa pelo desenvolvimento máximo do potencial humano, ou seja, parte de sua dimensão saudável para compreendê-lo como um todo.

resume instintos, estesdefazem parte deaosumseus conjunto maior, um

Goldstein.

Fundamentos filosóficos: filosóficos: Fenomenologia e no Existencialismo (direcionamento para o humanismo) Teorias de fundo ou disciplinas basais: basais : Gestalt theory, Teoria do campo, de Kurt Lewin e Teoria  Teoria organísmica, de Kurt

Formulações basais da Gestalt Contato: equivalente à tele, no Contato: psicodrama, ou a sincronicidade, em Jung, ou seja, remete a ideia de padrões padrões  de interconexão. Redução fenomenológica: fenomenológica: busca do significado intrínseco da vivência, a procura do subjacente e tem como  como  consequência a intuição das essências. Totalidade:  ideia de que é virtualmente Totalidade: impossível apreendermos fenomenologicamente o outro sem  sem  atentarmos para a sua totalidade. O grande erro da psiquiatria é desconsiderar a globalidade do sujeito enquanto uma realidade interativa e inter-atuante.

Referencial organísmico: organísmico: valoriza-se os aspectos emocionais do sujeito. Isso significa dizer que o ser  ser   humano sente emoções e estas não são mediadas simbolicamente, mas vividas no imediato, sentidas diretamente da nossa realidade. Na psicanálise, a mediação verbal e daa instrumentalização através interpretação delimitam a suposição de que a realidade não pode ser tocada diretamente, mas tão somente por meio de signos e designações produzidas inconscientemente. inconscienteme nte. Na Gestalt-terapia, em consonância com a perspectiva existencialista, a realidade é a realidade do vivivo, presente e imediato. Assim, o significado, em Gestalt terapia, não é o

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simbólico freudiano, mas o próprio vivido perceptual, o dado imediato da sensação humana, tal qual o mundo, as coisas se apresentam aos sentidos e assim, analisálos. Perls et al. (1997): “O passado  passado e toda outra fixidez persistem através de seu  funcionamento  funcionamen to    presente: uma abstração  persiste quando é comprovada na fala  presente"" (p. 100). Ora, dessa forma, a   presente a 

Gestalt-terapia está assentada na crença de que a existência só se dá no presente; presente ; o passado é sempre lembrado a partir de sua posição e de sua repercussão na vida atual da pessoa. Ou seja, a ideia não é reviver o trauma em si, reviver imageticamente situações do psicoterapia passado. A asproposta é trabalhar na situações inacabadas do passado que ainda habitam e tomam de emoção o sujeito, bloqueando o fluxo de sua vida em determinada esfera.

NEUROSE NEUROSE     Neurose: incapacidade de regular o equilíbrio, manobras defensivas (clichês ou existência dos sinais - sinais de contato “bom dia”; dia”; papéis ou jogos - as pessoas fingem que são quem gostaria de ser “como se”; se” ; impasse, implosiva/antiexistência/evitar fóbico - experienciação do vazio e do nada, geralmente retrocede-se à camada dos papéis pela interrupção da tomada de consciência; consciência ; paralisia de forças opostas; contração, compressão, implosão; explosiva emergência da pessoa autêntica (formas de explosão: pesar - trabalho de perda ou morte não assimilado previamente, previamente, orgasmo - bloqueio sexual, sexual, raiva expressão reprimida; Joie de vivre - alegria, riso, alegria de viver); viver);  



MECANISMOS NEURÓTICOS (GESTALT)  (GESTALT)  Na Gestalt-terapia o homem é visto como potencialmente saudável. Assim os mecanismos de defesa neuróticos, são compreendidos como formas de evitação do contato; manobras defensivas de manutenção do equilíbrio e proteção contra o mundo. Esta evitação de contato pode ser saudável ou patológica,

conforme: intensidade, momento em que oportunidade.

maleabilidade, intervêm e

A ação terapêutica deve objetivar tornar as resistências mais conscientes ou figurais, favorecendo um adaptado à situação do momento. Um mecanismo de defesa por si

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só não é bom ou ruim. O seu uso e o seu funcionamento é o que caracteriza "patologia". 1.  ConfluênciaConfluência- estado de não-contato, por fusão ou ausência de fronteira de contato. O self (si mesmo) não pode ser identificado, ausência discriminação eu/meio.

de

2.  IntrojeçãoIntrojeção-  incorporação de elementos do meio, de ideias a sentimentos, relações, valores etc. Não há a implicação de um elemento que não foi assimilado. Alguns autores (Ginger) referem que a introjeção só é patológica quando não permite a assimilação. 3.  Projeção  Projeção  -  atribuir ao meio elementos fantasiados pelo próprio indivíduo. Há aqui um deslocamento da responsabilidade do indivíduo para o meio. Seu movimento não patológico é o que permite, por exemplo, a empatia entre os indivíduos.

4.  Retroflexão Retroflexão - voltar para si mesmo a energia mobilizada, fazer a si aquilo que gostaria de fazer aos outros ou que os outros lhe fizessem. São exemplos (patológica ou saudável): morder os dentes ou cerrar os punhos para não agredir; masturbação; sadismo e masoquismo; a fala mental etc. 5.  DeflexãoDeflexão- evitar o contato direto, desviando a energia de seu objeto primitivo. São exemplos: desviar o olhar; "falar sobre"; usar termos técnicos etc. 6.  ProflexãoProflexão- combinação de projeção e retroflexão, caracteriza-se em fazer ao outro aquilo que gostaríamos que o outro nos fizesse. f izesse. 7.  EgotismoEgotismo-  reforço deliberado nas fronteiras de contato, devido a um reinvestimento de energia no ego,; geralmente é uma etapa do processo terapêutico, mas como um estado crônico se torna uma patologia.

Resumindo a etiologia das neuroses do ponto de vista da Gestalt-terapia: •



Perls: com o acúmulo de necessidades Perls: com interrompidas ou inacabadas, o organismo repete, na busca de completar o que está inacabado ou interrompido, objetivando fechar a Gestalt;   Paul Goodman:  Goodman:  o self estaria vivendo uma interrupção na capacidade de promoção do ajustamento criativo do organismo ao ambiente de forma atualizada. - Existiram três funções no

 

self: função id (necessidades corporais); função eu (escolha ativa, funções de contato); função personalidade (autoimagem). Um sintoma caracteriza a resolução mais criativa que o organismo consegue alcançar naquele momento entre os diferentes níveis de funcionamento. A consciência é um evento focalizado no presente, no aqui-e-

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agora, isto significa que: para perceber melhor um fenômeno deve-se estar concentrado nas funções de contato. Este fluxo de consciência é conceituado em Gestalt-terapia como "awareness "awareness". ". Quando há uma interrupção desse

mecanismos de evitação, que podem ter funcionamento patológico. A resistência ou a defesa são construídas c onstruídas através de uma determinada fantasia, contudo, nem toda fantasia caracteriza em resistência ou defesa.  defesa.  A patologia

fluxo, significa que a consciência deixou de focalizar sua percepção sensorial para focalizar também uma fantasia. Estas fantasias são a base dos

implica não somente evitação do contato, mas a qualidade e a funcionalidade desta evitação.

SUJEITO EM LACAN Lacan concebe que a constituição o sujeito se expressa a partir de relações simbólicas,, estruturadas a partir da simbólicas linguagem intersubjetivamente linguagem  intersubjetivamente articuladas

como produção imaginária, é fonte de fragmentação, distorção e alienação. É nesta fase que a criança começa a estabelecer uma ilusão narcísica, pela qual

com o Outro. O imaginário  imaginário  é um registro psíquico correspondente ao ego (eu) do indivíduo. O indivíduo busca no Outro (pessoas, amor, imagem, objeto) uma sensação de completude, de unidade. No entanto, o Outro não existe para desenvolver a imagem com que o ego (eu) quer ser sustentado. “O real é  é  o registro psíquico que não deve ser confundido com a noção corrente de realidade. O real é o impossível,, aquilo que não pode ser impossível

buscará nessa relação indissolúvel entre sujeito e objeto perceber a falta e a incapacidade de integrar com ela mesma. Na medida em que a criança identifica com a sua imagem, experimenta a falta.

simbolizado e que permanece impenetrável no sujeito” (BRAGA, 1999, p. 2).  2).  O imaginário define-se como o reino em que não que não existe divisão entre sujeito e objeto. Significa Significa   dizer que nesta fase o sujeito não se diferencia do objeto de seu desejo, uma unidade, pois, faz com que essa separação não exista e, portanto, não consiga distinguir de sua imagem aquilo que é dele daquilo que é do outro. O si mesmo,

Na dialética do corpo ao ser atravessado pela linguagem, funda-se o sujeito no desejo. Assim, a trama constituise numa relação especular, e essa relação é constitutiva na formação do inconsciente, a “metáfora do espelho”. É a partir da problemática do real, do simbólico e do imaginário que se vai esclarecer como a teoria do estádio do espelho subjetiva. O “processo da sua maturação fisiológica permite ao sujeito, num dado momento da sua história, integrar efetivamente suas funções motoras, e aceder a um domínio real do seu corpo” (LACAN, 1998, p. 96). Para o autor, é necessário que a palavra, a linguagem, ultrapasse o campo do real e

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inscreva no corpo carne desse suposto sujeito os significantes que venham nomeálo como sujeito, por meio do que ele vive e internaliza como um traço na memória. E é pelo sulco, fenda ou rastro de memória que, pela repetição, vai se significando o sujeito.

que ele esteja ali refletido como outro  –  –   “metáfora do espelho” é que a mãe vai permitir ao filho se reconhecer como um sujeito outro que não ela. Esse Outro que remete a significantes é decisivo pelas marcas que deixa no corpo do infans. E são

Para Lacan (1998) existem dois momentos na constituição do sujeito no estádio do espelho. O primeiro momento é o de alienação recíproca quando o bebê uno com a mãe. O segundo momento é o de separação, quando é necessário que o mesmo bebê se veja separado do corpo da mãe e se movimente para outra coisa, elegendo outro objeto de satisfação. Nesse processo é necessário que o filho se desloque do corpo da mãe e passe a se

as significações que este dá a essas marcas que possibilitarão o processo de constituição do sujeito psíquico. Ao se sentir como “Eu” no espelho percebe-se percebe -se como um outro diferente da mãe, embora ainda dependa da sustentação desta mãe, que o suporta no corpo, nas palavras e nos gestos.

reconhecer a partir do espelho, “imagem especular”. Essa passagem é precedida de uma fase pré-especular em que a mãe empresta ao filho a sua imagem que aparece refletida no espelho. Lacan situa um tempo para que a criança reconheça sua própria imagem. Isso é possível mediante o olhar que o outro devolve ao bebê, na relação simbiótica do desejo fálico. Ao investir neste desejo de

A linguagem e a fala são ressaltadas como elementos constituintes da construção teórica e clínica de Freud, em oposição a qualquer leitura biologizante da obra freudiana. As manifestações do inconsciente, os sonhos, atos-falhos e chistes, dependem do campo da linguagem. A prática da análise é entendida a partir das funções da fala e do campo intersubjetivo em que ela se desenrola. É por isso que a proposta lacaniana de valorização da linguagem em psicanálise se faz sob o signo de um “retorno a Freud”. Freud”.  

SUJEITO E SUBJETIVIDADE EM VYGOSTKY Para compreender a constituição da subjetividade para Vygostky, precisamos nos remeter à própria história do mesmo: o conceito de subjetividade que orientava a psicologia do século XIX se referia às experiências vividas pelo indivíduo que

seriam íntimas, pessoais e únicas, ou seja, totalmente originais e intransferíveis, como uma salvaguarda para um período de crise social, em que cada vez mais o público penetrava na vida do indivíduo, desde sua concepção.

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Assim, desenvolveu-se um conceito de subjetividade que ressaltasse o indivíduo capaz de decidir, com autonomia, iniciativa, emoções e sentimentos privados, ao qual se denominou subjetividade privatizada. Porém, tal conceito, que remetia às idéias

perdurou diante da insegurança sobre esta pretensa singularidade e liberdade do indivíduo, porque se fundamentava numa ilusão de sujeito abstrato, à parte de sua cultura, desconectado de sua história e relações sociais nas quais estava inserido.

liberais e românticas da época, não O Nascimento cultural do Homem Vygotsky, em sua obra, referiu que o desenvolvimento psicológico da criança é um processo de natureza cultural, o que em outras palavras quer dizer que a criança desenvolve suas funções psicológicas superiores quando em contato com a cultura de seu grupo social. Aos poucos, a criança vai se apropriando das significações que os adultos atribuem às coisas e, em particular, às suas próprias ações. Para tanto, Vygotsky se utiliza do exemplo sobre o ato de apontar da criança para defender essa idéia.

A Internalização constitui para Vigotsky o modo  modo  como os sujeitos constroem significados sobre suas experiências no e do mundo. mundo. Além disso, destaca-se o papel da externalização da externalização,, que se caracteriza   como  um processo de análise caracteriza dessas experiências, em nível subjetivo (materiais pessoais-culturais) e a sua transposição para o mundo externo, como de “dentro” para “fora” da pessoa. Nessa transposição, a pessoa comunica a sua nova síntese, podendo modificar, dessa forma, o ambiente externo.

Poderíamos dizer que a constituição do sujeito passa pelo significado que o outro dá às ações que esse sujeito estabelece, mas além disso, o próprio significado que o outro dá a essas

Neste contexto, sem reduzir o ser humano às determinações sociais, mas considerando também as características orgânicas, Vygotsky enfatiza que a gênese da sua constituição é histórico-cultural,

ações é produto de todo um processo histórico e cultural. Assim, mais uma vez se comprova que a subjetividade do indivíduo se dá ao nível das relações deste com o outro. Através da mediação do outro, a criança vai se transformando de ser biológico em ser cultural.

relacionando a cultura como parte integrante da natureza do ser humano e como categoria central de uma nova concepção do desenvolvimento psicológico do homem. Acreditava em uma teoria do desenvolvimento psicológico humano, baseada na noção de que a essência da vida humana é cultural.

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SUJEITO EM REICH O valor básico do enfoque Reichiano reside no pioneirismo a

cada ser humano, tornando possível a criação de uma ponte entre maturidade

percorrer a profundidade no ser humano com um enfoque completamente diferente de tudo o que havia até então. Segundo o autor, já a partir de Freud começa a haver uma mudança positiva quanto às perspectivas e possibilidades de crescimento humano. Entretanto, a psicanálise, ao mesmo tempo em que nos trouxe a profundidade da dimensão do inconsciente, possibilitando novas perspectivas de crescimento do indivíduo, também instituiu que esta dimensão tão profunda, inevitavelmente presente em nós, teria uma base anti-social e destrutiva, capaz de devastar tudo à sua volta caso se tornasse dominante.

pessoal e sexual e a manifestação livre de uma vida plena, funcional e harmônica.

A plena possibilidade de liberdade do ser humano, desta forma, ficaria impedida, e as perspectiva perspectivass de crescimento limitariam-se limitariamse a um “reordenamento de controles”, sem configurar-se configurar-se uma verdadeira mudança estrutural. Reich propõe uma mudança deste enfoque freudiano da natureza humana, ao afirmar que o centro de energia do nosso ser  –   –  nosso Core, nossa sexualidade, o traço de vida mais profundo em nós – nós –,, ou seja, o que verdadeiramente somos, é bom, é a natureza funcionando com perfeição, e não um demônio que devamos controlar a vida toda. Esta concepção torna mais amplas as reais possibilidades de plena liberdade em

No livro Análise do Caráter, Reich traz uma revolução na prática da psicanálise clássica, que tem suas bases no foco do tratamento de sintomas neuróticos. Análise do Caráter propicia um grande salto dentro da psicologia. Na visão de Reich, todo o  o caráter (ou personalidade) de uma pessoa – pessoa – e  e não apenas os sintomas individuais aparentes aparentes –  – deveria  deveria ser olhado e tratado como fenômeno neurótico. O livro também introduz a teoria de Reich sobre a couraça caracterológica: afirma que a energia sexual retida no corpo produz estrangulamentos energéticos em músculos, tecidos e vísceras, impossibilitando a fluência e a descarga de energia. Devido ao desconhecimento da função da sexualidade em geral e do orgasmo em particular, que é a de regulador da energia biopsíquica do organismo, esta função está perturbada na maioria dos seres humanos. Este processo é mantido pela repressão sexual de origem social. A energia represada é a fonte de inúmeros sintomas individuais e sociais. A orgonoterapia, técnica desenvolvida por Reich para estabelecer o equilíbrio emocional e físico dos indivíduos, é uma terapia energética. A energia alimenta

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tanto a psique quanto o soma. Portanto, na base de qualquer sintoma, seja ele psíquico ou somático, há um desequilíbrio energético que precede à formação do sintoma. Alguns conceitos básicos, retirados do livro A Função do Orgasmo, podem definir sinteticamente esta teoria:   Sustenta a ideia de uma unicidade entre corpo e mente.



  O ser humano é mais que palavras, símbolos e imagens, sendo sustentado todo no corpo e no movimento.

  A energia vital, (libido/orgone) em circunstâncias naturais, tem poder de auto-regulação;



A estrutura caracterol caracterológica ógica do homem atual – atual – que  que vem perpetuando uma cultura patriarcal e autoritária há quatro mil anos  –  –caracteriza-se caracteriza-se por um “encouraçamento contra a natureza dentro de si mesmo e contra o mundo social que o rodeia”. (Reich, 1974, citado por ALMEIDA; ALBETINI, 2014).



  A saúde psíquica depende da  da  potência orgástica   (pleno desenvolvimento do orgástica reflexo do orgasmo);



  A maioria dos seres humanos sofre de impotência orgástica, pois a energia biológica está bloqueada e se converte, assim, na fonte das mais diversas manifestações irracionais, ou seja, todos os sintomas físicos ou mentais são parte de um sistema energético;



  A cura dos transtornos psíquicos requer, em primeiro lugar, o restabelecimento da capacidade natural de amar. Isso depende tanto das condições sociais como das psíquicas;



  As perturbações psíquicas são o resultado do caos sexual, originado pela natureza da sociedade;



muscular:  Soma total de atitudes Couraça muscular: musculares que o indivíduo desenvolve como defesa contra a supressão de afetos e emoções, principalmente a angústia, raiva e excitação sexual. caráter:   Soma Couraça caracterial ou de caráter: total de atitudes que o indivíduo desenvolve como defesa contra a angústia e cujo resultado é a rigidez de caráter, falta de contato, insensibilidade. Caráter genital: potência orgástica; capacidade de abandonar-se, livre de inibições, ao fluxo de energia biológica capacidade de descarga total da excitação sexual reprimida, por meio de convulsões corporais agradáveis e involuntárias; capacidade de auto-regulação. Energia Orgônica: energia biológica específica, derivada de organismo e orgasmo; é livre de massa; está presente em qualquer parte; é o meio para a atividade eletromagnética e gravitacional; está em constante movimento; altas concentraçõe concentraçõess de energia atraem a energia de ambientes

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menos concentrados; forma unidades que se tornam o centro da atividade criativa;

desastres terríveis. “A negação social extrema da vida conduz às mortes em massa em forma de guerras, assim como as perturbações psíquicas e somáticas do funcionamento vital.” (Reich,

O encouraçamento do caráter é a base da solidão, do desamparo, do insaciável desejo de autoridade, do medo da responsabilidade, da angústia mística, da miséria sexual, da rebelião impotente, assim como de uma resignação artificial e patológica. Os seres humanos têm adotado uma atitude hostil quanto ao que está vivo dentro de si mesmos, do qual têm se distanciado. Esse encouraçamento não possui uma origem biológica, e sim social e econômica; A formação do caráter no âmbito autoritário tem como ponto central não o amor parental, mas a família autoritária. Seu instrumento principal é a supressão da sexualidade na criança e no adolescente; O não cumprimento da lei natural da sexualidade (o homem é a única espécie que não a cumpre) é a causa imediata de uma série de

1974, citado por ALBERTINI, 2014).

ALMEIDA;

Reich contribuiu para a criação e o desenvolvimento de um novo paradigma científico que questiona o saber científico atual e propõe uma nova forma de compreender a natureza, as leis da física e o próprio ser humano. Em termos do desenvolvimento da psicoterapia corporal, a concepção reichiana implica num modelo de saúde global que utiliza ferramentas multidisciplinares da medicina energética e da própria psicoterapia corporal para abordar a enfermidade, tanto do ponto de vista preventivo como do patológico, e onde os transtornos emocionais e afetivos são a chave para compreender grande parte dos distúrbios psicossomáticos.

COURAÇA   SEGMENTOS DA COURAÇA •





Olhos: imobilidade da testa e expressão ‘vazia’ dos olhos;  olhos;    Boca: segmento oral (músculos do queixo, garganta e parte de trás da cabeça); maxilar excessivamente preso ou frouxo; expressões emocionais inibidas;   Pescoço: músculos profundo do pescoço e língua; segurar raiva ou choro;  

Tórax: músculos longos do tórax, músculos dos ombros e omoplata, toda caixa toráxica, mãos e braços;inibição do riso, raiva, tristeza e desejo; inibição da respiração;   Diafragma: diafragma, estômago, plexo solar, órgãos e músculos ao longo das vértebras torácicas baixas;   Abdômen: músculos abdominais e das costas; tensão muscular lombar ligada

 







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a medo de ataque; instabilidade e inibição do rancor;

 



Pélvis: músculos da pélvis e membros inferiores; inibição da raiva, ansiedade, e prazer

INSTRUMENTOS PARA DISSOLVER AS COURAÇAS Bioenergética: neo-reichiana; enfatiza a função do corpo na análise do caráter e na terapia; enfatiza a necessidade de fundamentação nos processos físicos, emocionais e intelectuais próprios;  próprios;    Integração Estrutural (Rolfing): sistema (Rolfing): sistema de remodelagem e realiviamento da postura do corpo através de um estiramento profundo e freqüentemente doloroso da fáscia muscular, realizado pela manipulação profunda e direta;  direta;    Técnica de Alexander: método para mostrar às pessoas como estão usando seus corpos de forma inadequada e ineficiente, e como podem evitar este uso quando es estão tão em atividade ou repouso; pré-requisito para o movimento livre e eficiente, é o maior alongamento possível da espinha, de forma nau.  nau.    Método Feldenkrais:  ajudar na Feldenkrais:  recuperação da graça natural e da  















liberdade das quais desfrutamos todos quando crianças. Trabalha com padrões de movimento muscular, ajudando o indivíduo a encontrar o modo mais eficiente de se mover e eliminando as tensões musculares desnecessárias além padrões ineficientes que aprendemos no decurso dos anos. Trabalha no restabelecim restabelecimento ento das as conexões entre o córtex motor e a



musculatura, que entraram em curtocircuito ou foram desviadas por maus hábitos, tensão ou outras influências negativas. O objetivo é o desenvolvimento de um corpo que possa mover-se com um esforço mínimo e o máximo de eficiência, não através do aumento da força muscular mas de uma maior compreensão do funcionamento corporal;   Conscientização Sensorial: focaliza a percepção direta, ensinando a distinguir as sensações das imagens aprendidas cultural e socialmente e que, com freqüência, encobrem e distorcem a experiência;   experiência;   Despertar sensorial: contato com seus corpos e sentidos, aprendendo a aceitar a tocar e a ser tocadas, a proteger e a ser protegidas;   protegidas;   Hatha Yoga:  Yoga:  práticas e disciplinas destinadas a controlar o corpo e as pranas ou energias vitais do corpo; freqüentemente encarada como uma disciplina preliminar para purificar o corpo e superar os obstáculos físicos para a meditação e outras práticas espirituais da ioga; objetivo princ principal ipal é o desenvolvimento de um funcionamento corporal saudável e apropriado;   apropriado;   Tai-chi chuan:  chuan:  significa literalmente “luta suprema final”; um dos maiores

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objetivos da prática é desenvolver chi (energia vital) no corpo; o propósito é eliminar toda tensão do corpo de forma que chi flua sem obstáculos; ob stáculos;     Aikido: aprender a harmonizar-se com os movimentos de um parceiro, em vez



de verificar quem é o mais forte.; pode ser traduzido por “uma forma de harmonia espiritual” (“Ai” - unificar,  juntar ou harmonizar; “ki” - é energia de vida, vontade, força vital ou espírito; “do” - trilha ou caminho).  caminho). 

REFERÊNCIAS ALMEIDA, B. P.; ALBERTINI, P. Anoção de couraça na obra de Wilhelm Reich: publicações de 1920 a 1933. Psicologia USP, v. USP, v. 25, n. 2, p. 134-143, 2014. BRANDÃO, Helena H. Nagamine. Subjetividade, representação e sentido. In: BRANDÃO, Helena H. Naganmine. Subjetividade, argumentação, polifonia: a propaganda da Petrobrás.  São Paulo: Fundação Editora da UNESP, 1998, p. 33-45. FERREIRA-LEMOS, PP. Sujeito na psicanálise: o ato de resposta à ordem social. In: SPINK, MJP., FIGUEIREDO, P., and BRASILINO, J., orgs. Psicologia social e pessoalidade [online]. Rio [online].  Rio de Janeiro: Centro Edelstein de Pesquisas Sociais; ABRAPSO, 2011, pp. 89-108. ISBN: 978-85-7982- 057-1. Available from SciELO Books . FOUCAULT, Michel. A arqueologia do saber. Tradução: saber. Tradução: Luiz Felipe Baeta Neves. Petrópolis: Vozes, 1972, 260 p. GINGER, S; GINGER, A.- GESTALT- UMA TERAPIA DO CONTATO , CONTATO , São Paulo: Summus, 1995. LACAN, J. O seminário. seminário. Livro 1: os 1: os escritos técnicos de Freud. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1994.  ______. O seminário. Livro 5: 5: as formações do inconsciente [1957-1958]. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1999. MOREIRA, A. G. SILVEIRA, H. M. M. L. Teorias da Subjetividade: convergências e contradições. Revista Revista   ContraPonto,, Belo Horizonte, v. 1, n. 1, p. 58-69, 2011. ContraPonto REY, Fernando Luis González. Sujeito e subjetividade: uma subjetividade: uma aproximação históricocultural. Tradução: Raquel Souza Lobo Guzzo. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2003, 290 p. ROSSETTO, E.; BRABO, G. A constituição do sujeito e a subjetividade a partir de Vygotsky: algumas reflexões. Travessias, n. 5. ISSN 1982-5935. Travessias, n. WEINMANN, Amadeu de Oliveira. Uma contribuição à história do movimento psicanalítico: a trajetória de Wilhelm Reich. Psicol. cienc. prof., prof., Brasília , v. 22, n. 3, p. 14-19, Sept. 2002 .

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EXERCÍCIOS 01. (CONUPE, 2016 Secretaria de Saúde do Recife, Perfil Atenção Básica) No âmbito da psicologia, temos, com Reich, um contraponto aos demais modos de

condições de possibilidades para a constituição de determinados saberes e de individualidades”. (Branco, 2007) 

construção da subjetividade. Assinale a alternativa que, CORRETAMENTE, tipifica a ideia desse autor. A) Valorização do campo perceptivo como fator configurador do campo psicológico B) Proposição mecanicista de compreensão do todo a partir de suas partes C) Tentativa de superar a restrição mentalista e afirmar a importância da matéria (corpo) D) Dimensionamento do sujeito ao desejo enquanto representação psíquica inconsciente

Assinale a alternativa que identifica, CORRETAMENTE, CORRETAME NTE, o autor que aborda a constituição da subjetividade a partir da rede de dispositivos ou mecanismos de poderes a que estamos submetidos. A) Marx B) Foucault C) Kurt Lewin D) Vygotsky E) Bion

E) Ênfase no contexto sócio-histórico como determinante da constituição psíquica

Sobre o processo de constituição da subjetividade, considere as afirmativas abaixo: I. Para Vygostsky, a constituição do sujeito decorre da aprendizagem-internal aprendizagem-internalização ização vivida com o outro, segundo a mediação sócio-histórica promovida pela linguagem. II. Com Rogers, o sujeito, senhor de sua subjetividade, marcada pela liberdade e pela responsabilidade individual, é capaz de se autocriar e autodeterminar para definir sua posição existencial no mundo. III. Lacan, supondo um sujeito do inconsciente,, concebe que a verdadeira inconsciente identidade do sujeito se constitui e se expressa, essencialmente, nas relações imaginárias (fantasística), intersubjetivamente articuladas com o outro. Está INCORRETO, apenas, o que se afirma em: A) I. B) II. C) III.   D) II e III. E) I e III.

02. (CONUPE, 2016) Embora tenham focos e abordagens distintas, e até díspares, sobre a subjetividade, Lacan e Vygotsky coincidem quando observam sua constituição a partir da linguagem e sua função de A) socialização. B) reflexão. C) mediação. D) polifonia. E) rememoração. 03. (CONUPE, Saúde da Família UFPE/CAV, 2014) Sobre o processo de constituição da subjetividade, analise a seguinte afirmação: “O poder é algo que reprime os indivíduos, as pulsões, a classe. As relações  relações  de poder, como bem mostram a questão da construção das identidades, devem ser consideradas não apenas como inibidoras, mas também como produtoras de

04. (CONUPE, Perfil Atenção Básica, 2017)

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05. (CONUPE 2020, Perfil Atenção Básica) Considere a seguinte afirmação: A Psicologia não deve se ater, apenas, ao estudo da doença, da fraqueza e das perdas; semelhante atenção deve ser dada ao estudo de forças e virtudes humanas. O tratamento psicológico não

concomitante, contribuem para a sua constituição e funcionamento. D) Considera a noção de causalidade conectada aos processos sociais, culturais, tecnológicos, midiáticos, ecológicos ou urbanos na sua constituição e funcionamento.

envolve apenas um reparo de algo que está quebrado, mas o cultivo do que há de melhor em cada indivíduo. (Adaptado de Passareli e Silva, 2007.)  2007.) 

E) Envolve a subjetividade como estrutura identitária, decorrente do processo de interioridade projetiva.

Essa perspectiva, que fundamenta a Psicologia Positiva, aborda a subjetividade, segundo alguns componentes, dos quais é INCORRETO considerar a  a  A) valoração da capacidade de resiliência. B) promoção das condições de felicidade. D) localização das emoções positivas e saudáveis. C) ênfase nas defesas psíquicas inconscientes. E) afirmação de um modelo pautado no bem-estar. 06. (CONUPE, 2015). A concepção de subjetividade vinculada à interioridade psicológica tem sido problematizada, e a discussão contemporânea nas políticas públicas volta-se à compreensão dos processos de subjetivação no território. Nesse sentido, dentro desse debate sobre a noção de “processo de subjetivação”, assinale a alternativa CORRETA. A) A noção de processo de subjetivação refere-se à vida íntima e privada em situação de sofrimento. B) Envolve a subjetividade mais como estrutura do que como processo. C) Trata-se de uma subjetividade não determinada pelo social, mas, em conexão com os processos sociais, culturais, econômicos, tecnológicos, midiáticos, ecológicos e urbanos que, de forma

07. (CONUPE, 2010). Assinale V (verdadeiro) ou F (falso) sobre as consequências no campo das práticas de saúde, apontadas por Ayres (2001), da passagem de uma concepção essencialista de sujeito para uma concepção da subjetividade como histórica. ( ) Construção de referências conceituais mais fecundas para o campo da saúde. ( ) Participação na construção de identidades e de fortalecimento do poder transformador de indivíduos e grupos no que se refere à saúde. ( ) Tratarmos o sujeito como núcleo individual e permanente de produção de coisas. ( ) Tornarmo-nos mais capazes de chegar ao âmago dos processos mais vivos da constituição como tal. ( ) Considerarmos os pacientes como mais um objeto no mundo. Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA. A) V, V, V, F, V. B) V, V, F, V, F. C) F, V, F, F, F. D) V, F, F, F, V. E) F, F, V, V, V 08. (UFES, SF, 2016) Qual das alternativas abaixo melhor traduz a noção de sujeito em psicanálise, inaugurada por Freud e retraçada por Lacan?

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A) O sujeito se constitui a partir da estrutura da linguagem que o submete e o divide. B) O sujeito da psicanálise é dividido e, portanto, possuidor de dupla personalidade. C) O sujeito da psicanálise é o sujeito da razão plena e da consciência de si. D) O sujeito da psicanálise é o sujeito do inconsciente, cujas alucinações criam a realidade psíquica eliminando a realidade externa. E) O sujeito da psicanálise é o sujeito da psicologia do desenvolvimento psicossexual. 09. (CONUPE, Perfil AB, 2018) Considere a seguinte afirmação: “O homem é um serser no-mundo, agindo ativamente sobre o mundo e o transformando e recebendo dele também influências, em uma relação recíproca. O indivíduo não pode ser concebido isoladamente; estará sempre em um contexto em que há um conjunto de forças atuando e sempre o atingindo de uma forma inteira, como um todo” (Elídio, 2000). Esse modo de abordagem da subjetividade, que propõe uma visão do sujeito mais integrado, para, assim, superar o fragmentarismo e o mecanicismo vigente em algumas concepções, é aquela concernente à A) Logoterapia. B) Gestalt-Terapi Gestalt-Terapia. a. C) Abordagem Centrada na Pessoa. D) Teoria Sistêmica. E) Psicologia Positiva. 10. (CONUPE, Perfil AB, 2018) Considere a seguinte afirmação: “O enfoque da subjetividade nos diversos campos onde se materializa a existência humana, por exemplo, uma criança e seu contexto escolar ou um trabalhador e seu ambiente

organizacional, deve comprometer-se com a imprescindível associação entre a constituição do sujeito e a trama complexa e heterogênea das ________________. Sem tal, não desvelamos o sujeito e sua verdade, mas sua meia-verdade” meia-verdade” (Adaptado de Branco, 2011). Considerando as ideias de Foucault, assinale a alternativa que, CORRETAMENTE, CORRETAME NTE, preenche a lacuna: A) condições de produção sociais B) crenças sociais e culturais C) relações de poder D) estratégias de resiliência E) formas de produção discursivas 11. (CONUPE, ESPPE-Garanhuns ESPPE-Garanhuns)) Suponha que um Psicólogo, em oposição ao cogito cartesiano – cartesiano  – Penso,  Penso, logo sou, faça a seguinte afirmação: “Penso onde não sou, sou onde não penso”. Assinale a alternativa que identifica, CORRETAMENTE, CORRETAME NTE, a perspectiva de subjetivação implícita na afirmação do Psicólogo. A) O desejo inconsciente B) A vontade consciente C) O desejo consciente e/ou pré-conciente D) A vontade consciente e/ou préconsciente E) O instinto e sua indeterminação hereditária. 12. (UPE, 2022, PERFIL AB) Ainda sobre a Teoria Psicanalítica, pode-se afirmar que: Quando o objeto de escolha original de uma  pulsão se torna inacessível, em virtude de obstáculos externos ou internos (anticatexis), formam-se novas cetexis, exceto quando ocorre a interferência de forte recalque. Se essa nova catexis também for bloqueada, ocorre outra (o)  _________________  ________ _________,, para reduzir a tensão.

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Considerando tal descrição, assinale a alternativa cujo termo preenche, CORRETAMENTE, CORRETAME NTE, a llacuna acuna acima. acima.   A) projeção  

B) deslocamento C) fixação D) regressão E) formação reativa

1. C

2. C

GABARITO 3. B 4.C

5. C

6. C

7. B

8. A

9. B

11. A

12. B

10. C

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Aula

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REFORMA PSIQUIÁTRICA REDE DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL Profª Gisléa Ferreira

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REFORMA PSIQUIÁTRIC PSIQUIÁTRICA A REDE DE ATENÇÃO PSICOSSOCI P SICOSSOCIAL AL (RAPS) REFORMA PSIQUIÁTRICA O movimento de Reforma Psiquiátrica teve início, no Brasil, na década de 70 e perdura até a atualidade, com algumas variações nomeadas Psiquiatria

redemocratização, fundado não apenas na crítica conjuntural ao subsistema nacional de saúde mental, mas também, e principalmente, na crítica estrutural ao

Comunitária, Reforma Psiquiátrica, Luta Antimanicomial e Atenção Psicossocial. Configura-se como uma reforma psiquiátrica antimanicomial, já que teve inspiração na experiência italiana de Franco Basaglia. Seu objetivo vai além do fechamento dos hospitais psiquiátricos, pretende-se mudar a forma de olhar e lidar com a loucura na sociedade. Do olhar da incapacidade e da exclusão social para o cuidado em liberdade e para a promoção da

saber e às instituições psiquiátricas clássicas, no bojo de toda a movimentação político-social que caracteriza esta mesma conjuntura de redemocratização (Amarante, 1995, p. 91).

autonomia e dos direitos da pessoa com transtorno mental. Considera-se a Reforma Psiquiátrica como o processo histórico de formulação crítica e prática que tem como objetivos e estratégias o questionamento e a elaboração de propostas de transformação do modelo clássico e do paradigma da psiquiatria.. No Brasil, a reforma psiquiátrica psiquiatria é um processo que surge mais concreta e principalmente a partir da conjuntura da

Um dos principais atores da reforma psiquiátrica brasileira foi o Movimento de Trabalhadores em Saúde Mental, Mental , na década de 70, que surgiu contrário à “indústria da loucura” constituída, dentre outros elementos, pela criação de mais hospitais psiquiátricos privados, muitas vezes conveniados com o sistema público;

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ao aumento do número de internações; à ausência de controle efetivo dessas internações e às péssimas condições do tratamento que eram oferecidas aos pacientes dentro dos hospitais psiquiátricos (idem). Havia um descontentamento dos trabalhadores com suas condições de trabalho e foram feitas denúncias das irregularidades nos hospitais psiquiátricos. Diante destas questões, criticava-se o sistema de assistência psiquiátrica e propunham-se outras formas de trabalho que rompessem com o modelo asilar. O movimento, posteriormente, agregou à luta dos trabalhadores, familiares e usuários, constituindo-se um movimento social denominado Luta Antimanicomial e Antimanicomial e tendo

como lema

Por uma sociedade sem

manicômios.. manicômios O movimento da Reforma Psiquiátrica que era radicalmente a favor da extinção do hospital psiquiátrico era a Antipsiquiatria   Antipsiquiatria e a Psiquiatria Democrática. A primeira propunha uma Democrática. nova concepção da loucura, entendendo-a não como doença, mas como uma resposta aos desequilíbrios familiares e à alienação social. A segunda, baseada na experiência italiana, observou que a melhor forma de tratamento para os portadores de transtorno mental seria a partir de sua inserção na comunidade, ao invés do isolamento (idem).

Marcos Históricos importantes

DÉCADA DE 1920 e 1930: A experiência de Juliano Moreira e Ulysses Pernambucano Pernambucano

Sob a influência da Psiquiatria Preventiva, ambos iniciaram experiências pioneiras de reforma do funcionamento do hospital psiquiátrico. Ulysses diferenciou os serviços de psicóticos agudos e crônicos. Criaram serviços abertos para tratamento

em regime de pensão, além de iniciativas de educação especial. Em menino, num engenho da Paraíba, ouvia falar da Tamarineira como o de um inferno. A casa de doidos do Recife criara a sua fama

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P á g i n a  | 32 terrível. Ulysses reduziu-a a uma casa de saúde modelar. Tudo o que era camisa de força, grades de  ferro, castigos, ficara como uma lembrança infeliz, uma recordação tenebrosa (José Lins do Rego).

1979: Criação da primeira associação de usuários e familiares do país, chamada Sosintra. Também foi o ano da visita histórica ao Hospital Barbacena Foi o ano de realização do I Congresso Nacional de Trabalhadores em Saúde Mental, o que coloca uma nova identidade para o movimento, organizado agora fora do Estado, denunciando sua prática dominante

1978: Criação do Movimento dos Trabalhadores em Saúde Mental (MTSM)

1986: 8ª Conferência Nacional de Saúde   1987:  1987:  O Centro de Atenção Psicossocial Luiz Cerqueira, Cerqueira, criado em 1987, em São Paulo, foi o primeiro CAPS do Brasil e o que ofereceu posteriormente o modelo da instituição adotada oficialmente pelo



No mesmo ano se tornou um movimento social não institucional e organizou o “congresso de abertura” em Camboriú, onde pela primeira vez os movimentos de saúde mental participam de um encontro dos setores considerados conservadores, organizados em torno da Associação Brasileira de Psiquiatria. Em 1978 houve um episódio estopim, a crise da DINSAM, com consequente greve geral dos trabalhadores das 4 unidades de responsabilidade da DINSAN, todas no Rio. Houve demissão de 260 estagiários e profissionais. Em 1978 também aconteceu o I Congresso Brasileiro de Psicanálise de Grupos e Instituições, que contou com a vinda de Basaglia e outros nomes das correntes críticas em saúde mental

Ministério da Saúde como substitutivo do Hospital Psiquiátrico.   Em 1987 aconteceu a I Conferência Nacional de Saúde Mental  Mental  dando prioridade às propostas extra-hospitalares e a mudança da equipe técnica-assistencial para o formato multiprofissional, não sendo o poder centralizado apenas na figura do médico (SILVA, 2010). Também em 1987, em Bauru, o II Encontro Nacional de Trabalhadores em Saúde Mental propôs a mudança das premissas p remissas teóricas e éticas da assistência psiquiátrica (Manifesto de Bauru).



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  1989 houve a intervenção da Secretaria Municipal de Saúde de Santos na Casa de Saúde Anchieta  Anchieta  e a possibilidade de construção de uma rede de cuidados efetivamente substitutiva ao hospital psiquiátrico: Núcleos de Atenção Psicossocial (NAPS) que funcionavam 24 horas, cooperativas, residências para os egressos do hospital e associações. Um marco na história da psiquiatria brasileira, por se tratar de uma experiência inovadora, em que ocorreu uma intervenção médico-legal num asilo. Esta



pode ser considerada a primeira experiência concreta de desconstrução do aparato manicomial no Brasil, e de construção de estruturas substitutivas.

Veja o vídeo sobre este importante marco na história da luta antimanicomial brasileira:

Vídeo Intervenção Anchieta  Anchieta    Em 1990, realizou-se a Conferência de Caracas,, uma referência para o processo de Caracas transformação do modelo de atenção à saúde mental. Em 1992 ocorreu a II Conferência Nacional de Saúde Mental  Mental  discutindo temas como a rede de atenção em saúde mental, transformação e cumprimento de leis, direito à atenção e à cidadania.

objetivos: consolidar a Reforma Psiquiátrica como política de governo, defender a construção de uma política de saúde mental para os usuários de álcool e outras drogas e estabelecer o controle social como garantia do avanço da Reforma Psiquiátrica no Brasil



  Em 2001 ocorreu a III Conferência Nacional de Saúde Mental, Mental, com os seguintes



 



2001: Promulgação da Lei 10.2016. O projeto inicial foi rejeitado e após 12 anos de intensas discussões na tramitação, foi aprovado um substitutivo.

Lei nº 10.216/2001 Uma das conquistas do movimento de luta antimanicomial foi a aprovação da Lei nº 10.216, de 6 de abril de 2001 que reverte o modelo assistencial em saúde  ______________________  _____________ ______________________ ______________________ ______________________ ______________________ ____________________ ___________ LIAME – Preparatório LIAME –  Preparatório para Residências em Psicologia SES-PE | Ano 6 | 2022| Módulo Atenção Básica

 

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mental do modelo hospitalocêntrico para um tratamento que vise a reinserção do sujeito na sociedade, utilizando-se de equipamentos no território e coloca a internação psiquiátrica como última estratégia a ser utilizada, apenas quando os

Segundo a mesma lei, são direitos da pessoa portadora de transtorno mental: I - ter acesso ao melhor tratamento do sistema de saúde, consentâneo às suas necessidades; II - ser tratada com humanidade e respeito

recursos extra-hospitalares forem insuficientes. Tal lei baseou-se no Projeto de Lei nº 3.657 do deputado Paulo Delgado que ficou em tramitação no Congresso Nacional por 12 anos até sua aprovação em 2001, porém ela não contemplou em sua integridade o projeto de lei original. A lei veda a internação em instituições, com características asilares, que violem os direitos humanos. As internações são discriminadas em três

e no interesse exclusivo de beneficiar sua saúde, visando alcançar sua recuperação pela inserção na família, no trabalho e na comunidade; III - ser protegida contra qualquer forma de abuso e exploração; IV - ter garantia de sigilo nas informações prestadas; V - ter direito à presença médica, em qualquer tempo, para esclarecer a necessidade ou não de sua hospitalização

tipos: a internação voluntária, com o consentimento do usuário (o mesmo deve assinar uma declaração de consentimento e ter autorização médica); a involuntária, feita a pedido de terceiro e sem o consentimento do usuário, mas com autorização médica e dever ser comunicada ao Ministério Público Estadual em até 72h; e a compulsória que é determinada pela justiça.

involuntária; VI - ter livre acesso aos meios de comunicação disponíveis; VII - receber o maior número de informações a respeito de sua doença e de seu tratamento; VIII - ser tratada em ambiente terapêutico pelos meios menos invasivos possíveis; IX - ser tratada, preferencialmente, em serviços comunitários de saúde mental.

Assista a um debate recente com importantes referência do campo da saúde mental no Brasil fazendo um balanço das conquistas e desafios desses 20 anos da Lei 10.216: 10 .216:

comemorar  Vídeo 20 anos de Lei 10.216 - O que temos a comemorar 

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Principais normatizações da Rede de Atenção Psicossocial   Lei 10.2016/2001, 10.2016/2001, redefine o modelo de atenção em saúde mental no Brasil   Portaria 3088/2011, 3088/2011, institui a Rede de Atenção Psicossocial

  Portaria 3588/2017, 3588/2017, altera disposições da Portaria 3088/2011, sendo um dos marcos dos retrocessos que vem se instaurando na política de saúde







Portaria nº 336, 336, de 2002, estabelece   as diferentes modalidades de CAPS   A portaria nº 130 de 130 de 2012 redefine o CAPS AD III ou 24h

mental no Brasil   Resolução º 32, 32, de 2017, estabelece as Diretrizes para o Fortalecimento da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) e aprova a criação do CAPS AD IV







Centros de Atenção Psicossocial A Portaria n.º 336/GM de 2002 estabelece as diversas modalidades de CAPS, apontando que dentre as atividades

funciona a partir da lógica do território. Atende pessoas com transtornos mentais severos e persistentes com o objetivo de

prestadas por individual este serviço estão: as os atendimentos e grupal, oficinas terapêuticas e o atendimento à família; as visitas domiciliares e as atividades comunitárias com o enfoque na inserção familiar e social do usuário.  usuário.  O CAPS é, portanto, um serviço aberto de saúde mental, diário e que

realizar o socialmente, acompanhamento clínicoquee reinseri-las possibilitando o sujeito se sinta parte da sociedade, fortaleça seus laços familiares e exerça sua cidadania. É um serviço criado para substituir as internações em hospitais psiquiátricos.

Modalidades de CAPS:  CAPS:    CAPS I é I é indicado para atender localidades acima 15.000 habitantes, possuindo capacidade operacional para atender municípios ou regiões com com população entre 20.000 e 70.000 habitantes;   CAPS II é II é indicado para atender localidades acima de 70.000 habitantes, possuindo capacidade operacional para atender municípios ou regiões com população entre 70.000 e 200.000;

  CAPS III  III  em municípios com população acima de 150,000; Considerando que este último também presta o acolhimento noturno, nos feriados e finais de semana, já que tem um funcionamento 24h.   CAPS i atende crianças e adolescentes com transtorno mental em municípios com população acima de 70.000;   CAPS AD atende pessoas de todas as faixas etárias com transtornos decorrentes do











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uso e dependência de substâncias psicoativas em municípios com população superior a 70.000 habitantes;   A portaria nº 130 de 2012 redefine 2012  redefine o CAPS AD III  III  colocando-o como um serviço que atende pessoas com necessidades relacionadas ao consumo de álcool, crack e outras drogas em municípios ou regiões

com população acima de 150.000 habitantes, com funcionamento 24h.   CAPS AD IV, atende todas as faixas etárias com quadros graves e intenso sofrimento decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas, com implantação em municípios com mais de 500.000 habitantes, funcionamento 24h, contando com leitos de observação.





REDE DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL A portaria nº 3.088 de 2011  2011   veio instituir a Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), havendo um reforço para que a internação seja de curta duração e em Hospital Geral, buscando desvincular-se do modelo asilar. A Portaria nº 32 de 14 de dezembro de 2017  2017   estabelece novas Diretrizes para a Rede de Atenção Psicossocial (RAPS)

Os componentes da RAPS são: Art. 1º Estabelecer as diretrizes para o fortalecimento da RAPS. Considera-se como componentes da RAPS os seguintes pontos de atenção atenção (de acordo com a portaria nº 32/2017) 1.Atenção Básica; 2.Consultório na Rua; 3.Centros de Convivência; 4.Unidades de Acolhimento (Adulto e Infanto-Juvenil); 5.Serviços Residenciais Terapêuticos (SRT) I e II; 6.Hospital Dia; 7.Unidades de Referência Especializadas em Hospitais Gerais; 8.Centros de Atenção Psicossocial nas suas diversas modalidades; 9.Equipe Multiprofissional de Atenção Especializada em Saúde Mental; 10.Hospitais Psiquiátricos Especializados.  ______________________  _____________ ______________________ ______________________ ______________________ ______________________ ____________________ ___________ LIAME – Preparatório LIAME –  Preparatório para Residências em Psicologia SES-PE | Ano 6 | 2022| Módulo Atenção Básica

 

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As diretrizes da RAPS são: I- respeito aos direitos humanos, garantindo a autonomia e a liberdade das pessoas; II - promoção da equidade, reconhecendo os determinantes sociais da saúde; III - combate a estigmas e preconceitos; IV - garantia do acesso e da qualidade dos serviços, ofertando cuidado integral e assistência multiprofissional, sob a lógica interdisciplinar; V - atenção humanizada e centrada nas necessidades das pessoas; VI - diversificação das estratégias de cuidado;

VIII - desenvolvimento de estratégias de Redução de Danos; IX - ênfase em serviços de base territorial e comunitária, com participação e controle social dos usuários e de seus familiares; X - organização dos serviços em rede de atenção à saúde regionalizada, com estabelecimento de ações intersetoriais para garantir a integralidade do cuidado; XI - promoção de estratégias de educação permanente; XII - desenvolvimento da lógica do cuidado para pessoas com transtornos mentais e com necessidades decorrentes do uso de

VII - desenvolvimento de atividades no território, que favoreça a inclusão social com vistas à promoção de autonomia e ao exercício da cidadania;

crack, álcool e outras drogas, tendo como eixo central a construção do projeto terapêutico singular.

O modelo de Atenção Psicossocial é definido por Costa-Rosa (2000 apud  SILVA,  SILVA, 2010) a partir de quatro elementos: 1) 1) Promoção  Promoção de uma relação sujeito-sujeito entre os profissionais de saúde e os usuários, assim como horizontalidade entre

origem políticas daquelas cuja origem é mais operativa; 3) 3)   Ações são realizadas no próprio

os diversos saberes; 2) 2)   Horizontalização das esferas do poder intra-organizacionais, estabelecendo que sejam definidas as esferas de poder de

território, onde este passa a assumir um local de referência; 4) 4) Foco  Foco na singularidade, metas e ações são baseadas nas necessidades subjetivas individuais.

Serviços Residenciais Terapêuticos São moradias inseridas na comunidade, destinadas a acolher pessoas egressas de

internação de longa permanência (dois anos ou mais ininterruptos), ininterruptos), egressas de

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hospitais psiquiátricos e hospitais de custódia, entre outros. O componente Estratégias de Desinstitucionalização é constituído por iniciativas que visam a garantir às pessoas com transtorno mental e com necessidades

SRTs tipo I: destinadas a pessoas com transtorno mental em processo de desinstitucionalização. Mínimo 4 e máximo 8 moradores. Um cuidador de referência SRTs tipo II: destinadas a pessoas com transtorno mental e acentuado nível de

decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas, em situação de internação de longa permanência, o cuidado integral por meio de estratégias substitutivas, na perspectiva da garantia de direitos com a promoção de autonomia e o exercício de cidadania, buscando sua progressiva inclusão social.

dependência, especialmente em função do seu comprometimento físico, que necessitam de cuidados permanentes específicos. Mínimo 4 e máximo 10 moradores. Pra cada 10 moradores, deve ter 5 cuidadores e um profissional técnico de enfermagem.

IMPORTANTE! Ler Portaria nº 3.090, de 23 de dezembro de 2011,  2011,   que aprofunda sobre os Serviços Residenciais Terapêuticos Terapêuticos e lei 10.708, de 31 de julho de 2003 que institui o auxílio reabilitação Programa de Volta Pra Casa psicossocial (De Volta Para Casa).

O hospital psiquiátrico pode ser acionado para o cuidado das pessoas com transtorno mental nas regiões de saúde enquanto o processo de implantação e expansão da Rede de Atenção Psicossocial ainda não se apresenta suficiente, devendo estas regiões de

nº 10.708, de 31 de julho de 2003, 2003 , que provê auxílio reabilitação para pessoas com transtorno mental egressas de internação de longa permanência. O benefício tem a duração de um ano, podendo ser renovado quando necessário aos propósitos da

saúde priorizar a expansão e qualificação dos pontos de atenção da Rede de Atenção Psicossocial para dar continuidade ao processo de substituição dos leitos em hospitais psiquiátricos. O Programa de Volta para Casa, enquanto estratégia de desinstitucionalização, é uma política pública de inclusão social que visa contribuir e fortalecer o processo de desinstitucionalização, desinstitucionali zação, instituída pela Lei

reintegração social do paciente. Características do benefício:  benefício:    Benefício consistirá em pagamento de auxílio pecuniário.   É fixado o valor do benefício mensal de R$ 240,00 (duzentos e quarenta reais), podendo ser reajustado pelo Poder Executivo, de acordo com a disponibilidade orçamentária.





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  Os valores podem ser pagos diretamente aos beneficiários mediante convênio com instituição financeira oficial.   O benefício terá a duração de um ano, podendo ser renovado, quando





necessário, aos propósitos da reintegração social do paciente.   O pagamento do auxílio-reabilitação psicossocial será suspenso, quando o beneficiário for reinternado em hospital psiquiátrico.



São requisitos cumulativos para a obtenção do benefício criado por esta Lei que:  que:     I - o paciente seja egresso de internação psiquiátrica cuja duração tenha sido, comprovadamente, por um período igual ou superior a dois anos;   anos;

reintegração social e a necessidade de auxílio financeiro;



  II - a situação clínica e social do



paciente não justifique permanência em ambiente hospitalar,a indique tecnicamente a possibilidade de inclusão em programa de

  III - haja expresso consentime consentimento nto do paciente, ou de seu representante legal, em se submeter às regras do programa;



  IV - seja garantida ao beneficiado a atenção continuada em saúde mental, na rede de saúde local ou regional.



IMPORTANTE! No governo de Bolsonaro saiu uma nota técnica (nº 11 de 2019) do Ministério da Saúde trazendo como pauta uma “nova nova”” política de saúde mental, indo de encontro com a lógica da Reforma Psiquiátrica e da Política de Redução de Danos até então atuantes no Brasil. Resumindo: 1. O hospital psiquiátrico é recolocado na rede, alegando que esta deve ser harmônica e complementar. Assim, não há mais por que se falar em “rede substitutiva”, já que nenhum serviço substitui outro. 2. Fortalecimento das Comunidades Comunidades Terapêutica Terapêuticass e as estratégias de tratamento, tratamento, no campo das drogas, terão como objetivo que o paciente fique e permaneça abstinente. 3. Mudança na própria RAPS com a inclusão do hospital psiquiátrico, da unidade especializada em saúde mental/ psiquiatria em hospital geral, do ambulatório multiprofissional de saúde mental, do CAPS AD IV e redirecionamento do perfil do morador da Residência Terapêutica.

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EXERCÍCIOS 01. (IAUPE, (IAUPE, RESIDÊNCIA MULTI 2017) A

E) No ano de 2001, após 12 anos de

Reforma Psiquiátrica é um processo complexo, que tem como meta a desinstitucionalização da loucura, compreendida como um conjunto de transformações de prática, saberes, valores culturais e sociais. É no cotidiano da vida das instituições, dos serviços e das relações interpessoais que essa Reforma avança, cercada por impasses, tensões, conflitos e desafios. Sobre marcos históricos que contribuíram para a

tramitação no Congresso Nacional, a Lei 10.216, que dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas com transtornos mentais, foi aprovada no país.

efetivação da Reforma Psiquiátrica no Brasil, analise as afirmativas e assinale a INCORRETA. A) O movimento pela Reforma Psiquiátrica se iniciou no Brasil, no final dos anos 70, tendo como bandeira a luta pelos direitos dos pacientes psiquiátricos em nosso país. B) A inauguração do primeiro CAPS na Cidade de São Paulo e a Intervenção Pública na Casa de Saúde Anchieta (Santos-SP) são dois grandes marcos da Reforma

Saúde Mental (MTSM) caracterizou-se pelas críticas ao hospitalocentrismo, às más condições de trabalho e de tratamento e à privatização da assistênc assistência. ia. B) uma de suas propostas fundamentais é o projeto terapêutico ancorado na ideia de reinserção social, o qual permita a afirmação da autonomia e cidadania do portador de transtorno mental. C) o sistema manicomial implantado após a reforma psiquiátrica visa ao cuidado

Psiquiátrica na década de 1980. C) Em 1990, o Brasil tornou-se signatário da Declaração de Caracas, a qual propôs a reestruturação reestruturaçã o da assistência psiquiátrica. D) Com a criação do Instituto Nacional de Previdência Social nos anos 90, o Estado passou a utilizar os serviços psiquiátricos do setor privado, surgindo o modelo antimanicomial brasileiro.

humanizado. Assim, desvincula-se do anterior, que era pautado na lógica da hierarquia, da opressão e do controle. D) se priorizou a criação de serviços substitutivos aos hospitais psiquiátricos, como os Centros de Atenção Psicossocial (CAPs), leitos em hospitais gerais e residências terapêuticas terapêuticas.. E) com o processo de desinstitucionalização, busca-se deslocar o

02. (IAUPE, 2015, GRUPO 30 E 31PSICOLOGIA) Em relação à saúde mental e ao processo de Reforma da Assistência Psiquiátrica no Brasil, é INCORRETO afirmar que  que  A) o Movimento dos Trabalhadores de

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centro da atenção da instituição para a comunidade, distrito, território, e, assim, resgatar a existência global e social do sujeito. 03. (IAUPE, 2016, FCM) Sobre a atual

II. Ter acesso ao melhor tratamento do sistema de saúde, de acordo com suas necessidades. III. Ser protegido contra qualquer forma de abuso e exploração. IV. Ter direito à presença médica, em

Política Nacional de Saúde Mental, analise as afirmativas abaixo e assinale a INCORRETA. A) A atual Política de Saúde Mental brasileira é resultado da mobilização de usuários, familiares e trabalhadores da saúde, iniciada na década de 1980. B) O movimento de Reforma Psiquiátrica visa à substituição de um modelo baseado no hospital psiquiátrico por um modelo não hospitalar com forte inserção territorial.

qualquer tempo, para esclarecer a necessidade, ou não, de sua hospitalização involuntária. V. Ser poupado quanto às informações a respeito de sua doença e de seu tratamento, evitando o agravamento do quadro apresenta apresentado. do. VI. Na crise, ser tratado em ambiente manicomial, desde que seja pelos meios menos invasivos possíveis. Estão CORRETAS apenas

C) Em 2001, foi sancionada a Lei nº 10.216, que afirma os direitos das pessoas com transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial. D) A atenção às pessoas com transtornos mentais passou a ter como objetivo o pleno controle de sua sintomatologia. E) A partir do Decreto Presidencial nº 7.508, de 2011, a RAPS passa a integrar o conjunto das redes indispensáveis do Sistema Único de Saúde – Saúde – SUS.  SUS.

A) I, III e VI. B) II, III, IV e V. C) I, II, III, IV e V. D) I, II, V e VI. III e IV.

04. (IAUPE, 2016, FCM) Sobre os direitos assegurados pela Lei Federal nº 10.216/2001 às pessoas com transtorno mental, incluindo aqueles relacionados ao uso de substâncias psicoativas, analise as afirmativas abaixo: I. Ser tratado, preferencialmente, em serviços comunitários de saúde mental.

E) I, II,

05. (IAUPE, 2015, FCM) Sobre a Política Nacional de Saúde Mental, assinale a alternativa INCORRETA I NCORRETA.. A) A referida Política promove a redução programada de leitos psiquiátricos de longa permanência. B) Propõe o cuidado ao paciente com transtorno mental prioritariamente em ambientes controlados, que tratam o paciente, isolando-o do convívio com a família e a sociedade. C) Visa à constituição de uma rede de dispositivos diferenciados que permitam a atenção ao portador de sofrimento mental no seu território. D) Incentiva que as internações psiquiátricas, quando necessárias, se deem

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no âmbito dos hospitais gerais e que sejam de curta duração. E) Propõe ações que permitam a reabilitação psicossocial por meio da inserção, pelo trabalho, da cultura e do lazer.

declaração de que optou por esse regime de tratamento. V. O término da internação voluntária darse-á por solicitação escrita do paciente ou por determinação do médico assistente. Assinale a alternativa CORRETA.

06. (IAUPE, 2018 PERFIL AB) Após tramitar por cerca de 12 anos no Congresso Nacional, o projeto de Lei do Deputado Paulo Delgado é sancionado com modificações (Lei 10.216/2001). Sobre essa Lei que dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial em saúde mental no Brasil, analise as itens abaixo:  abaixo:  

A) Todos estão corretos. B) Existem, apenas, quatro corretos. D) Existem, apenas, dois corretos. C) Existem, apenas, três corretos. E) Existe, apenas, um correto. 07. (IAUPE, 2016 PERFIL AB) Sobre os componentes da Rede de Atenção Psicossocial (RAS), analise os itens abaixo: I. Unidade Básica de Saúde II. Equipe de Consultório na Rua

I. A internação psiquiátrica involuntária deverá ser comunicada ao Ministério Público Estadual, devendo esse mesmo procedimento ser adotado quando da respectiva alta. II. A internação psiquiátrica voluntária deverá ser comunicada ao Ministério Público Estadual, devendo esse mesmo procedimento ser adotado quando da respectiva alta. III. Evasão, transferência, acidente,

III. SAMU 192 IV. UPA 24 horas V. Serviços de Atenção em Regime Residencial Está(ão) CORRETO(S)  CORRETO(S)  A) todos. B) apenas quatro. C) apenas três. D) apenas dois. E) apenas um.

intercorrência clínica grave e falecimento serão comunicados pela direção do estabelecimento de saúde mental aos familiares ou ao representante legal do paciente, bem como à autoridade sanitária responsável, no prazo máximo de vinte e quatro horas da data da ocorrência. IV. A pessoa que solicita voluntariamente sua internação, ou que a consente, deve assinar, no momento da admissão, uma

Psicossocial. Coloque V nas Verdadeiras e F nas Falsas. ( ) Promoção da equidade, reconhecendo os determinantes genéticos e ambientais da saúde. ( ) Oferta de atenção disciplinar, centrada centr ada na abordagem especializada especializada.. ( ) Desenvolvimento de atividades no território, que favoreçam a inclusão social com vistas ao exercício da cidadania.

08. (IAUPE, 2016, FCM) As assertivas abaixo dizem respeito às diretrizes para o funcionamento da Rede de Atenção

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( ) Ênfase em serviços de base territorial e comunitária, com participação e controle social dos usuários e de seus familiares. ( ) Promoção de estratégias de educação permanente. ( ) Respeito aos direitos humanos, garantindo a tutela após a abordagem à crise. Assinale a alternativa que indica a sequência CORRETA CORRETA.. A) F – F – F  F –  – V  V –  – F  F –  – V  V –  –  V B) V – F  – F –  – V  V –  – V  V –  –   F –  – F  F C) V – V – V  V –  – F  F –  – V  V –  – F  F –  –  V D) F – V  – V –  – V  V –  – F  F –  – V  V  –   – F E) F –  – F  F –  – V  V –  – V  V –  – V  V –  – F  F 09. (IAUPE, 2016 PERFIL AB) A Rede de Atenção Psicossocial (RAP) para pessoas

10. (IAUPE, 2017 PERFIL AB) Leia as sentenças abaixo sobre “O Programa Volta para Casa”, instituído mediante a Lei nº 10.708, de 31 de julho de 2003, que regulamenta o auxílio-reabilitação psicossocial. I.O benefício consistirá em pagamento de auxílio pecuniário. II. É fixado o valor do benefício mensal de R$ 240,00 (duzentos e quarenta reais), podendo ser reajustado pelo Poder Executivo, de acordo com a disponibilidade orçamentária. III. Os valores podem ser pagos diretamente aos beneficiários mediante convênio com instituição financeira oficial.

com sofrimento ou transtorno mental e com necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas, no âmbito do Sistema Único de Saúde, foi instituída em 2011. O ponto de atenção da RAP na atenção psicossocial especializada é o Centro de Atenção Psicossocial (CAPS). Existem várias modalidades de CAPS. Qual é a denominação para o CAPS que “atende pessoas com transtornos mentais graves e persistentes, podendo, também, atender

IV. O benefício terá a duração de um ano, podendo ser renovado, quando necessário, aos propósitos da reintegração social do paciente. V. O pagamento do auxílio-reabilitação psicossocial será suspenso, quando o beneficiário for reinternado em hospital psiquiátrico.

pessoas com necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas, conforme a organização da rede de saúde local, indicado para Municípios com população acima de setenta mil habitantes”?   habitantes”? A) CAPS I B) CAPS II C) CAPS III D) CAPS IV E) CAPS AD

B) I, II, III, IV e V estão corretos. C) IV está incorreto. D) III está incorreto. E) II está incorreto.

Assinale a alternativa CORRETA. A) Apenas I, II e V estão corretos.

11. (IAUPE, 2019 PERFIL AB)  AB)  Os Serviços Residenciais Terapêuticos (SRT) configuram-se como ponto de atenção do componente desinstitucionalização, sendo estratégicos no processo de

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desospitalização e reinserção social. Sobre esses serviços, leia as sentenças abaixo: I. São destinados a acolher pessoas egressas de hospitais psiquiátricos e hospitais de custódia. II. Seu acolhimento é para pessoas com

16. (IAUPE, 2021) O Ministério da Saúde instituiu a Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), cuja finalidade é a criação, ampliação e articulação de pontos de atenção à saúde para pessoas com sofrimento ou transtorno mental, incluindo aquelas com necessidades

internação de longa permanência (cinco anos ou mais ininterruptos). III. A lógica fundamental desse serviço é a criação de um espaço de construção de autonomia para retomada da vida cotidiana e reinserção social. IV. Cada módulo residencial deverá estar vinculado a um serviço/equipe de saúde mental de referência que dará o suporte técnico profissional necessário ao serviço residencial.

decorrentes do uso de drogas no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Sobre a RAPS, assinale a alternativa INCORRETA. A) São pontos de atenção na RAPS, na Atenção Residencial de Caráter Transitório os seguintes serviços: Unidade de Acolhimento e Serviços de Atenção em Regime Residencial. B) O CAPS I é indicado para Municípios ou regiões de saúde com população acima de quinze mil habitantes. C) O CAPS AD IV deve ter sua implantação planejada junto a cenas de uso em municípios com mais de 500.000 habitantes e capitais de Estado. D) A RAPS é constituída pelos três seguintes componentes: Atenção básica, Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF) e Atenção de Urgência e Emergência. E) As Unidades de Acolhimento estão organizadas nas seguintes modalidades: Unidade de Acolhimento Adulto e InfantoJuvenil.

V. No SRT tipo II, cada módulo residencial deverá contar com cuidadores de referência e um profissional técnico de enfermagem. Estão CORRETAS A) I, II, III, IV e V. B) I, II, III e IV, apenas. D) I, III e IV, apenas. C) I, III, IV e V, apenas. E) I, II, IV e V, apenas.

GABARITO   GABARITO 1. D

2. C

3. D

4. E

5. B

6. B

7. A

8. E

9. B

10. B

11. C

12. D

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Aula

13CONHECIMENTOS GERAIS EM SAÚDE DA FAMÍLIA E ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE Profª Debora Oliveira

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CONHECIMENTOS GERAIS EM SAÚDE DA FAMÍLIA; ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE; HISTÓRIA DA APS; ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA; PROGRAMA DOS AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE Atenção Primária à Saúde (APS) é reconhecida internacionalmente como uma estratégia de organização organização da atenção à saúde voltada para responder de forma regionalizada, regionalizada, contínua e sistematizada à maior parte das necessidades de saúde de  saúde de uma população, integrando ações preventivas e curativas, bem como a atenção a indivíduos e comunidades. Esse enunciado procura sintetizar as diversas concepções e denominações das propostas e experiências que se convencionaram chamar internacionalmente de APS. No Brasil, a APS incorpora os princípios da Reforma Sanitária, levando o o Sistema  Sistema Único de Saúde (SUS) a adotar a designação Atenção Básica à Saúde (ABS)  (ABS)  para enfatizar a reorientação do modelo assistencial, assistencial, a partir de um sistema universal e integrado de de atenção  atenção à saúde.  saúde.  - Relatório Dawnson (1920)

Historicamente, a ideia de atenção primária foi utilizada como forma de organização dos sistemas de saúde pela primeira vez no chamado Relatório Dawnson, Dawnson, em 1920. Esse documento do governo inglês procurou, de um lado, contrapor-se ao modelo flexineriano americano de cunho curativo, fundado no reducionismo biológico e na atenção individual, e por outro, constituir-se numa referência para a organização do modelo de atenção inglês, que começava a preocupar as autoridades daquele país, devido ao elevado  ___________________________________  ______________________ ______________________ ______________________ ______________________ ____________________ ___________ LIAME –  Preparatório para Residências em Psicologia SES-PE | Ano 6 | 2022| Módulo Atenção LIAME – Preparatório Básica

 

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custo, à crescente complexidade da atenção médica e à baixa resolutividade.  resolutividade.  seja, os serviços de saúde devem estar O referido relatório organizava o organizados de forma a atender as diversas modelo de atenção em centros de saúde regiões nacionais, através da sua primários e secundários, serviços distribuição a partir de bases domiciliares, serviços suplementares e populacionais, bem como devem hospitais de ensino. Os centros de saúde primários e os serviços domiciliares deveriam estar organizados de forma regionalizada, onde a maior parte dos problemas de saúde deveriam ser resolvidos por médicos com formação em clínica geral. Os casos que o médico não tivesse condições de solucionar com os recursos disponíveis nesse âmbito da atenção deveriam ser encaminhados para os centros de atenção secundária, onde haveria especialistas das mais diversas

identificar as necessidades de saúde de cada região. A segunda característica é a integralidade integralidade,,  que fortalece a indissociabilidade entre ações curativas e preventivas. Os elevados custos dos sistemas de saúde, o uso indiscriminado de tecnologia de tecnologia médica e a baixa resolutividade preocupavam a sustentação econômica da saúde nos países desenvolvidos, fazendo-os pesquisar novas

áreas, ou então, para os hospitais, quando existisse indicação de internação ou cirurgia. Essa organização caracteriza-se pela hierarquização dos níveis de atenção de atenção à saúde.   saúde. Esta concepção elaborada pelo governo inglês influenciou a organização dos sistemas de saúde de todo o mundo, definindo duas características básicas da APS.. A primeira seria a regionalização APS regionalização,, ou

formas de organização da atenção com custos menores e maior eficiência. Em contrapartida, os países pobres e em desenvolvimento sofriam com a iniqüidade dos seus sistemas de saúde, com a falta de acesso a  a cuidados básicos, básicos,   com a mortalidade infantil e com as precárias condições sociais, econômicas e sanitárias.

- Conferência internacional de Alma-Ata (1978) Em 1978 a Organização Mundial da Saúde (OMS) (OMS) e  e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) (Unicef)   realizaram a I Conferência Internacional sobre Cuidados sobre Cuidados Primários de Saúde em Alma-Ata, Alma-Ata, no Cazaquistão, antiga União Soviética, e propuseram um acordo e uma meta entre seus países membros para atingir o maior

nível de saúde possível até o ano 2000, através da APS. Essa política internacional ficou conhecida como 'Saúde para Todos no Ano 2000'. A Declaração de Alma-Ata, como foi chamado o pacto assinado entre 134 países, defendia a seguinte definição de APS, aqui denominada cuidados denominada cuidados primários de saúde:  saúde: 

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a participação social na gestão na gestão e controle de suas atividades. O documento descreve as seguintes ações mínimas, necessárias para o desenvolvimento da APS nos diversos países: educação países:  em saúde voltada para a prevenção e

Os Os   cuidados primários de saúde são cuidados são cuidados essenciais de saúde baseados em métodos e tecnologias práticas,  tecnologias práticas, cientificamente bem  fundamentadas e socialmente aceitáveis, colocadas ao alcance universal de indivíduos e  famílias da comunidade, mediante sua plena  participação e a um custo que a comunidade e o país possam manter em cada fase de seu desenvolvimento, no espírito de autoconfiança e autodeterminação. Fazem parte integrante tanto do sistema de saúde do país, do qual constituem a função central e o foco principal, quanto do desenvolvimento social e econômico global da comunidade. Representam o primeiro nível de contato dos indivíduos, da família e da comunidade com o sistema nacional de saúde,  pelo qual os os cuidados  cuidados de saúde são levados o mais proximamente possível aos lugares onde  pessoas vivem e trabalham, e constituem o  primeiro elemento de um continuado processo de assistência à saúde. (Opas /OMS, (Opas /OMS, 1978  1978 ).

No que diz respeito à organização da APS, a declaração de Alma-Ata propõe a instituição de serviços locais de saúde centrados nas necessidades de saúde da população e fundados numa perspectiva  interdisciplin perspectiva interdisciplinar ar envolvendo médicos, enfermeiros, parteiras, auxiliares e agentes comunitários, bem como

proteção; distribuição de alimentos e nutrição apropriada; tratamento da água e saneamento; saúde materno-infantil; planejamento familiar; imunização; prevenção e controle de doenças endêmicas; tratamento de doenças e lesões comuns; fornecimento de medicamentos essenciais. A Declaração de Alma-Ata representa uma proposta num contexto muito maior que um pacote seletivo  seletivo  de  de cuidados básicos em saúde. Nesse sentido, aponta para a necessidade de sistemas de saúde universais, isto é, concebe a saúde como um direito humano; aumento de investimentos em políticas sociais para o desenvolvimento das populações excluídas; o fornecimento e até mesmo a produção de medicamentos essenciais para distribuição à população de acordo com a suas necessidades; a compreensão de que a saúde é o resultado das condições econômicas e sociais, e das desigualdades entre os diversos países; e também estipula que os governos nacionais devem protagonizar a gestão a gestão dos sistemas de saúde,  saúde,  estimulando o intercâmbio e o apoio tecnológico, econômico e político internacional (Matta, 2005). Entretanto, muitos países e organismos internacionais, como o Banco Mundial, adotaram a APS numa

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perspectiva focalizada, focalizada, entendendo a atenção primária como um conjunto de ações de saúde de baixa complexidade, dedicada a populações de baixa renda, no sentindo de minimizar a exclusão a exclusão social e econômica decorrentes da expansão do

médicas simplificadas, caracterizando-se como uma política focalizada e de baixa resolutividade, sem capacidade para fornecer uma atenção integral à população. Com o movimento sanitário, as

capitalismo global, distanciando-se do caráter universalista da Declaração de Alma-Ata e da idéia de defesa da saúde como um direito (Mattos, 2000). No Brasil, algumas experiências de APS foram instituídas de forma incipiente desde o início do século XX, como os centros de saúde em 1924 que, 1924  que, apesar de manterem a divisão entre ações curativas e preventivas, organizavam-se a partir de uma base populacional e trabalhavam

concepções da APS foram incorporadas ao ideário reformista, compreendendo a necessidade de reorientação do modelo assistencial, rompendo com o modelo médico-privatista vigente até o início dos anos 80. Nesse período, durante a crise do modelo médico previdenciário representado pela centralidade do Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social (Inamps), surgiram as Ações Integradas de Saúde (AIS),  (AIS),  que

com educação sanitária. A partir da década com educação de 1940, foi criado o Serviço Especial de Saúde Pública (Sesp) que realizou ações curativas e preventivas, ainda que restritas às doenças infecciosas e carenciais. Essa experiência inicialmente limitada às áreas de relevância econômica, como as de extração de borracha, foi ampliada durante os anos 50 e 60 para outras regiões do país, mas represada de um lado pela expansão do modelo médico-privatista, e de outro,

visavam ao fortalecimento de um sistema unificado e descentralizado de saúde voltado para as ações integrais. Nesse sentido, as AIS surgiram de convênios entre estados e municípios, custeadas por recursos transferidos diretamente da previdência social, visando à atenção integral e universal dos cidadãos. Essas experiências somadas à constituição do SUS (Brasil, 1988) e sua regulamentação (Brasil, 1990)

pelas dificuldades de capilarização local de um órgão do governo federal, como é o caso do Sesp (Mendes, 2002). Nos anos 70, surge o Programa de Interiorização das Ações de Saúde  Saúde  e Saneamento do Nordeste (Piass)  (Piass)   cujo objetivo era fazer chegar à população historicamente excluída de qualquer acesso à saúde um conjunto de ações

possibilitaram a construção de uma política de ABS que visasse à reorientação do modelo assistencial, tornando-se o contato prioritário da população com o sistema de saúde. Assim, a concepção da ABS desenvolveu-se a partir dos princípios do SUS, principalmente a universalidade, a universalidade,   a descentralização, a integralidade e a integralidade a participação popular. popular.  

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PROGRAMA AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE (PACS) Surge na década de 1980 em municípios do sertão do estado do Ceará com a finalidade de promover ações de promoção da saúde frente às ocorrências

pela desidratação decorrentes da diarreia. Em 1991, o programa foi ampliado pelo Ministério da Saúde. O PACS teve sua atuação inicial na

de seca no sertão, envolvendo: reidratação oral, vacinação e orientação para o aleitamento materno. Ao término do período de estiagem, o programa foi expandido com o objetivo de expandir a capacidade de autocuidado da comunidade, tendo como objetivo reduzir o risco de morte de mães e crianças relacionadas ao parto; aumentar o número de mães que amamentassem até os 4 meses de vida, reduzir os óbitos causados

região nordeste do país, com ações de prevenção, mobilização da comunidade e atenção ao grupo materno-infantil. Na região norte, a implantação foi de caráter emergencial para combater a epidemia de cólera. A partir de influências internacionais de modelos cubano e inglês, e de influências nacionais, como o PACS, em 1994 o PSF foi oficializado como uma política nacional com o intuito de reorganizar a assistência à saúde no país.

- Estratégia de Agentes Comunitários de Saúde (De acordo com a nova PNAB 2017) Lembrando que... A PNAB/2017 não define número mínimo de ACS!

É prevista a implantação da estratégia de ACS na Unidades Básicas de Saúde como uma possibilidade para a reorganização inicial da AB com vistas à implantação gradual da ESF ou ESF  ou como uma forma de agregar os agentes comunitários a outras maneiras de organização da AB. São itens necessários à implantação desta estratégia: a)  b)  existência de uma Unidade Básica de Saúde, inscrita no SCNES vigente que passa a ser a UBS de referência para a equipe de agentes comunitários de saúde; c)  o número de ACS e ACE por equipe deverá ser definido de acordo com base

populacional (critérios demográficos, epidemiológicos e socioeconômicos), conforme legislação vigente. d)  o cumprimento da carga horária integral de 40 horas semanais por toda a equipe de agentes comunitários, por cada

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membro da equipe; composta por ACS e enfermeiro supervisor; e)  o enfermeiro supervisor e os ACS devem estar cadastrados no SCNES vigente, vinculados à equipe; f)  cada ACS deve realizar as ações

trabalho a partir das necessidades do território, com priorização para população com maior grau de vulnerabilidade e de risco epidemiológico. h)  a atuação em ações básicas de saúde

previstas nas regulamentaç regulamentações vigentes e nesta portaria e ter umaões microárea sob sua responsabilidade, cuja população não ultrapasse 750 pessoas; g)  a atividade do ACS deve se dar pela lógica do planejamento do processo de

deve visar eà integralidade do cuidado no território; i)  cadastrar, preencher e informar os dados através do Sistema de Informação em Saúde para a Atenção Básica vigente.

PROGRAMA SAÚDE DA FAMÍLIA (PSF) A partir da experiência acumulada no Ceará com o PACS, o Ministério da Saúde percebe a importância dos Agentes nos serviços básicos de saúde no município e começa a enfocar a família como unidade de ação programática de saúde, não mais enfocando somente o indivíduo, mas introduzindo a noção de cobertura por família. Cabe salientar que a supervisão do trabalho do agente comunitário pelo enfermeiro, no Ceará, foi um primeiro passo no processo de incorporação de novos profissionais. Em concordância com a portaria nº

assistência à família no Canadá, Cuba, Suécia e Inglaterra que serviram de referência para a formulação do programa brasileiro. Embora rotulado como programa, o PSF, por suas especificidades, foge à concepção usual dos demais programas concebidos pelo Ministério da Saúde, já que não é uma intervenção vertical e paralela às atividades dos serviços de saúde. Pelo contrário, caracteriza-se como estratégia que possibilita a integração e promove a organização das atividades em um território definido com o propósito de

648/2006, o Ministério da Saúde consolidou o PSF como estratégia prioritária para a reorganização da atenção básica no Brasil e passou a denominar a SF não mais como programa e sim como estratégia. O movimento de “olhar a  a família” se deu em muitos outros países e a formulação do PSF teve a seu favor o desenvolvimento anterior de modelos de

enfrentar e resolver os problemas identificados. As equipes de PSF, funcionando adequadamente, são capazes de resolver 85% dos problemas de saúde em sua comunidade, prestando atendimento de bom nível, prevenindo doenças, evitando internações desnecessárias e melhorando a qualidade de vida da população. O surgimento do PSF na década de 90,

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apoiado pelo Ministério da Saúde, reflete a tendência de valorização da família na agenda das políticas sociais brasileiras. Não é um atendimento simplificado, pelo contrário, é uma expansão da atenção primária à saúde em

principalmente, dos grupos mais vulneráveis. A atenção primária à saúde (APS) tem sido associada a uma assistência de baixo custo, pois parece tratar-se de serviço simples e quase sempre com poucos equipamentos, embora seja uma

direção à incorporação de práticas preventivas, educativas e curativas mais próximas da vida cotidiana da população e,

abordagem tecnológica específica de organizar a prática e, como tal, dotada de particular complexidade.

ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA (ESF) A Estratégia Saúde da Família (ESF) visa à reorganização da atenção básica no País, de acordo com os preceitos do Sistema Único de Saúde, e é tida pelo Ministério da Saúde e gestores estaduais e

reorientação do processo de trabalho com maior potencial de aprofundar os princípios, diretrizes e fundamentos da atenção básica, de ampliar a resolutividade e impacto na situação de saúde das

municipais como estratégia prioritária de expansão, qualificação e consolidação da atenção básica por favorecer uma

pessoas e coletividades, além de propiciar uma importante relação custoefetividade.

- Composição Um ponto importante é o estabelecimento de uma equipe multiprofissional (equipe de Saúde da Família  –  –   eSF) composta por, no mínimo: médico, preferencialmente da especialidade medicina de família e

especialista em saúde da família, e auxiliar ou técnico em saúde bucal. O número de ACS por equipe deverá ser definido de acordo com base populacional, critérios demográficos, epidemiológicos e socioeconômicos, de

comunidade, enfermeiro, preferencialmente especialista em saúde da família; auxiliar e/ou técnico de enfermagem e agente comunitário de saúde (ACS). Podendo fazer parte da equipe o agente de combate às endemias (ACE) e os profissionais de saúde bucal: cirurgião-dentista, preferencialmente

acordo com definição local. Em áreas de grande dispersão territorial, áreas de risco e vulnerabilidade social, recomenda-se a cobertura de 100% da população com número máximo de 750 pessoas por ACS.

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- Cobertura Cada equipe de Saúde da Família (eSF) deve ser responsável por cobrir população entre, 2.000 a 3.500 pessoas, respeitando critérios de equidade para essa definição. Recomenda-se que o número de pessoas por equipe considere o grau de vulnerabilidade das famílias daquele território, sendo que, quanto maior o grau de vulnerabilidade, menor deverá ser a quantidade de pessoas por equipe. Além dessa faixa populacional, podem existir outros arranjos de adscrição,

conforme vulnerabilidades, riscos e dinâmica comunitária, facultando aos gestores locais, conjuntamente com as equipes que atuam na Atenção Básica e Conselho Municipal ou Local de Saúde, a possibilidade de definir outro parâmetro populacional de responsabilidade da equipe, podendo ser maior ou menor do que o parâmetro recomendado, de acordo com as especificidades do território, assegurando-se a qualidade do cuidado.

ATRIBUTOS DA APS

Só haverá uma APS de qualidade quando os seus sete atributos estiverem sendo operacionalizados, em sua totalidade. Os primeiros quatro são os atributos essenciais e os três últimos os atributos derivados.

Atributos essenciais Primeiro contato: contato: implica a acessibilidade e o uso de serviços para cada novo problema ou novo episódio de um problema para os quais se procura atenção à saúde. Longitudinalidade:: constitui a existência Longitudinalidade do aporte regular de cuidados pela equipe

de saúde e seu uso consistente ao longo do tempo, num ambiente de relação mútua de confiança e humanizada entre equipe de saúde, indivíduos e famílias. Integralidade:   prestação, pela equipe de Integralidade: saúde, de um conjunto de serviços que atendam às necessidades da população

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adstrita nos campos da promoção, da prevenção, da cura, do cuidado, da reabilitação e dos cuidados paliativos, a responsabilização pela oferta de serviços em outros pontos de atenção à saúde e o reconhecimento adequado dos problemas

Coordenação: conota a capacidade de Coordenação: garantir a continuidade da atenção, através da equipe de saúde, com o reconhecimento dos problemas que requerem seguimento constante e se articula com a função de centro de

biológicos, psicológicos e sociais que causam as doenças.

comunicação das redes de atenção.

Atributos derivados Orientação familiar: familiar: considerar a família como o sujeito da atenção, o que exige uma interação da equipe de saúde com esta unidade social e o conhecimento integral de seus problemas de saúde e das formas singulares de abordagem familiar. Orientação comunitária:  comunitária:  reconhecimento das necessidades das famílias em função do contexto físico, econômico e social em que vivem, o que exige uma análise situacional das necessidades de saúde das

famílias numa perspectiva populacional e a sua integração em programas intersetoriais de enfrentamento dos determinantes sociais da saúde proximais e intermediários. Competência cultural: cultural: relação horizontal entre a equipe de saúde e a população que respeite as singularidades culturais e as preferências das pessoas e das famílias (STARFIELD, 2004).

EQUIPES DE ATENÇÃO BÁSICA PARA POPULAÇÕES ESPECÍFICAS - Equipes de Consultório na Rua

São equipes da Atenção Básica, compostas por profissionais de saúde com responsabilidade exclusiva de articular e prestar atenção integral à saúde das pessoas em situação de rua. As atividades são realizadas de forma itinerante, na rua, em instalações específicas, na unidade móvel e também nas instalações de UBS, as ações precisam ser articuladas em parceria com a UBS, NASF, CAPS, Rede de Urgência

e Emergência e outros serviços e setores, como o da Assistência Social, por exemplo. O cumprimento da carga horária mínima semanal é de 30h, em período diurno ou noturno. Em municípios ou áreas que não tenham ECR, o cuidado integral das pessoas em situação de rua deve seguir sendo de responsabilidade das equipes de atenção básica, incluindo os profissionais

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de saúde bucal e o NASF do d o território onde estas pessoas estão concentra concentradas. das. - Equipes de Saúde da Família para o atendimento da População Ribeirinha Municípios da Amazônia Legal e Mato Grosso do Sul podem optar entre dois arranjos organizacionais para equipes de Saúde da Família, além dos existentes para o restante do país: I-  ESF Ribeirinhas:  Ribeirinhas:  equipes que desempenham a maior parte de suas funções em UBSs construídas/localizadas construídas/localiza das nas comunidades pertencentes à área adscrita e cujo acesso se dá por meio fluvial; II-  ESF Fluviais: equipes Fluviais: equipes que desempenham suas funções em UBSs Fluviais. Equipe de Atenção Básica Prisional (eABP): (eABP): São  São compostas por equipe multiprofissional que deve estar cadastrada no Sistema Nacional de Estabelecimentos de Saúde vigente, e com responsabilidade de articular e prestar atenção integral à saúde das pessoas privadas de liberdade. Com o objetivo de garantir o acesso das pessoas privadas de liberdade no sistema prisional ao cuidado integral no SUS, é previsto na Política Nacional de Atenção Integral à Saúde das Pessoas Privadas de Liberdade no Sistema Prisional (PNAISP), que os serviços de saúde no sistema prisional passam a ser ponto de atenção da Rede de Atenção à Saúde (RAS) do SUS, qualificando também a Atenção Básica no âmbito prisional como porta de entrada do sistema e ordenadora das ações e serviços de saúde, devendo realizar suas atividades nas unidades prisionais ou nas Unidades Básicas de Saúde a que estiver vinculada, conforme portaria específica.

REFERÊNCIAS

FAUSTO, M. C. R. Dos Programas de Medicina Comunitária ao Sistema Único de Saúde: Saúde : uma análise histórica da atenção primária na política de saúde brasileira, 2005. Tese de Doutorado, Rio de Janeiro: IMS/Uerj. MATTA, G. C. A organização mundial de saúde: do controle de epidemias à luta pela hegemonia. Trabalho Educação e Saúde, Saúde, 3(2) p. 371-396, 2005. MENDES, E. V. Atenção Primária à Saúde no SUS. SUS . Fortaleza: Escola de Saúde Pública do Ceará, 2002. OPAS/OMS. Declaração de Alma-Ata. Conferência Internacional sobre Cuidados Primários em Saúde.  Saúde.   1978. Disponível em:  em: http://www.opas.org.br. http://www.opas.org.br . Acesso em: 12 nov. 2004. STARFIELD, B. Atenção Primária: equilíbrio entre necessidades de saúde, serviços e tecnologia. Brasília: Unesco Brasil/ Ministério da Saúde, 2004. BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 2.436, de 21 de setembro de 2017. Aprova a Política Nacional de Atenção Básica, estabelecendo a revisão de diretrizes para a organização da Atenção Básica, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Brasília, (SUS). Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2017.

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EXERCÍCIOS 1- (PSICOLOGIA HOSPITALAR/2022) Nos aspectos históricos e conceituais da

3-  3-  (SAÚDE COLETIVA AMPLA CONCORRÊNCIA/2021) Assinale a

Atenção Primária à Saúde (APS), é importante destacar que o marco da ideia da APS como forma de organização dos sistemas nacionais de saúde e a primeira descrição completa de uma rede regionalizada foram descritos na(no) A) Carta de Ottawa. B) Relatório Dawnson. C) Relatório Lalonde. D) 8ª Conferência Nacional de Saúde. E) Declaração de Alma-Ata sobre Cuidados

alternativa que indica o intervalo que representa a população adscrita por equipe de Atenção Básica e de Saúde da Família, de acordo com a PORTARIA Nº 2.436/2017.   2.436/2017. A) 100 a 500 B) 500 a 1500 C) 1000 a 2500 D) 2000 a 3500 E) 3000 a 4500

Primários.

4- (IMPARH - Prefeitura de Fortaleza/2021 ) A Atenção Primária em Saúde (APS) vem sendo construída no Brasil há, praticamente, cem anos. Fundamentada em distintos saberes, conjunturas políticas, momentos históricos e com diferentes formas de organização. Em anos mais recentes, a atual Política Nacional de Atenção Básica (PNAB), instituída por meio da Portaria nº 2.436/2017, conceitua Atenção Básica como:

2(SAÚDE COLETIVA AMPLA CONCORRÊNCIA/2022) A Declaração de Alma-Ata é um importante marco na saúde coletiva, documento de grande relevância para a construção do novo conceito de saúde e de assistência à saúde. Assinale a alternativa que faz menção a uma contribuição advinda desse documento. A) Perspectiva de saúde como ausência de doença B) Planejamento e execução da saúde centrado na gestão C) Introdução de um modelo de atenção à saúde que preserve a integralidade e as necessidades da população D) Aproximação com o modelo biomédico E) Postergação da atenção primária em virtude da simplicidade para o momento

A) forma a permitir o planejamento, a programação descentralizada e o desenvolvimento de ações setoriais e intersetoriais com foco em um território específico, com impacto na situação, nos condicionantes e determinantes da saúde das pessoas e coletividade coletividadess que constituem aquele espaço. B) a continuidade da relação de cuidado, com construção de vínculo e responsabilização entre profissionais e

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usuários ao longo do tempo e de modo permanente e consistente, acompanhando os efeitos das intervenções em saúde e de outros elementos na vida das pessoas, evitando a perda de referências e diminuindo os riscos de iatrogenia que são

I. Afirma a responsabilidade dos governos sobre a saúde de seus povos. II. Considera a APS como função central do sistema nacional de saúde. III. Representa o primeiro contato com o sistema de saúde.

decorrentes do desconhecimento das histórias de vida e da falta de coordenação do cuidado. C) o conjunto de ações de saúde individuais, familiares e coletivas que envolvem promoção, prevenção, proteção, diagnóstico, tratamento, reabilitação, redução de danos, cuidados paliativos e vigilância em saúde, desenvolvida por meio de práticas de cuidado integrado e gestão qualificada, realizada com equipe

IV. Enfatiza a necessidade de outros setores governamentais. V. Recebeu forte influência do Relatório Lalonde. Assinale a alternativa CORRETA. CORRETA.   A) I, II, III, IV e V estão corretas. B) Apenas I, II, III e V estão corretas. C) Apenas IV está incorreta. D) Existem duas incorretas. E) Apenas V está incorreta.  incorreta.  

multiprofissional e dirigida à população em território definido, sobre as quais as equipes assumem responsabilidade sanitária. D) uma clínica ampliada capaz de construir vínculos positivos e intervenções clínica e sanitariamente efetivas, centrada na pessoa, na perspectiva de ampliação dos graus de autonomia dos indivíduos e grupos sociais. Deve ser capaz de resolver a grande maioria dos problemas de saúde da

6- (PSICOLOGIA ATENÇÃO BÁSICA/2020)  BÁSICA/2020)  Qual alternativa abaixo NÃO está correta sobre os atributos da Atenção Primária à Saúde? A) Coordenação das ações e dos serviços de saúde. B) Longitudinalidade. C) Centralidade no indivíduo. D) Competência cultural. E) Primeiro contato.  contato. 

população.

7- (IAUPE, 2018) Na década de 70 do século XX, difundiu-se mundialmente a experiência dos “médicos descalços chineses” assim como o “Relatório Lalonde” do Ministério da Saúde do Canadá. Esses e outros movimentos por uma saúde pública abrangente e capaz de resolver a maioria dos problemas de saúde das populações desaguou numa conferência internacional, que plantou as

5- (PSICOLOGIA ATENÇÃO BÁSICA/2020)  BÁSICA/2020) O marco de maior dimensão para a institucionalização da Atenção Primária à Saúde (APS) surgiu no final dos anos setenta do século passado, em documento conhecido como “A Conferência de Alma Ata”. Sobre essa Conferência, leia as afirmativas abaixo:

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bases da Atenção Primária à Saúde. Qual o nome dessa Declaração? A) Rockefeller B) Unicef C) Genebra D) OPAS/OMS

C) estratégia de organização do sistema de atenção à saúde. E) atenção primária de saúde e de direitos humanos.

E) Alma-Ata

Agentes Comunitários de Saúde, leia as afirmativas a seguir: I. Caracteriza-se como Programa de atenção primária seletiva. II. Implantado inicialmente nas regiões Norte e Nordeste do Brasil. III. Atendeu, inicialmente, as demandas de combate e controle da epidemia do cólera. IV. Implementado em caráter emergencial. V. Transferiu a responsabilidade para o governo municipal.

8- (IAUPE, 2018) As três funções da Atenção Primária à Saúde como estratégia de organização da atenção à saúde (Resolubilidade, Comunicação e Responsabilização) implicam obedecer a certos princípios. Qual princípio significa a prestação, pela equipe de saúde, de um conjunto de serviços que atendam às necessidades da população adstrita nos campos da promoção, da prevenção, da cura, do cuidado, da reabilitação e dos cuidados paliativos? A) Longitudinalidade B) Coordenação C) Integralidade D) Focalização na família E) Complementarie Complementariedade dade  

10- (IAUPE, 2017) Sobre o Programa de

Assinale a alternativa CORRETA. A) Apenas II, III, IV e V estão corretas. B) Apenas I, II, III e IV estão corretas. C) I, II, III, IV e V estão corretas. D) I está incorreta. E) III está incorreta

9- (IAUPE, 2018) O Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS), existente

11- (IAUPE, 2016). O Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS) foi criado pelo Ministério da Saúde em 1991, considerado como o antecessor do

desde o início dos anos 90 e regulamentado em 1997, conformava-se como um modelo de abordagem de Atenção Primária à Saúde (APS), conhecido como A) Atenção Primária Seletiva. B) nível primário do sistema de atenção à saúde. D) porta de entrada do sistema de atenção à saúde.

Programa de Saúde da Família, hoje Estratégia de Saúde da Família. Sobre o PACS, é CORRETO afirmar que A) foi implantado, inicialmente, no Norte do Brasil. B) foi criado para o enfrentamento de altas taxas de Mortalidade Infantil e Materna. C) para sua implantação, não se exigia o funcionamento de Conselho Municipal de Saúde.

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D) não necessitava da existência de Unidade Básica de Saúde de referência. E) ainda não havia a definição de clientela adscrita a um território. 12- (IAUPE, 2016) Sobre características do processo de trabalho das equipes de atenção básica, analise as afirmativas abaixo: I. Definir território de atuação e de população sob responsabilidade das Unidades Básicas de Saúde (UBS) e das equipes. II. Realizar atenção à saúde na UBS, no domicílio e em locais do território (salões comunitários, escolas, creches, praças).

III. Desenvolver ações intersetorias, integrando projetos e redes de apoio social, voltadas para o desenvolvimento de uma atenção integral. IV. Apoiar as estratégias de fortalecimento da gestão local e do controle social. V. Promover atenção integral, contínua e organizada à população adscrita. Está(ão) CORRETA(S) A) todas. B) apenas quatro. C) apenas três. D) apenas duas. E) apenas uma.

GABARITO 1.B

2.C

3.D

4.C

5.E

6.C

7.E

8.C

9.A

10. C

11. B

12.A

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Aula

14 SAÚDE MENTAL E REDUÇAO DE DANOS: princípios, marcos teóricos e linha de cuidado Profª Gisléa Ferreira

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SAÚDE MENTAL E REDUÇÃO DE DANOS: princípios, marcos teóricos, normatizações e linha de cuidado SOBRE O CONSUMO E ABUSO DE SUBSTÂNCIAS Ao explorarmos a história das civilizações constatam constatamos os que o homem sempre buscou estados alterados da consciência. Almejando o material e o imaterial, o divino e o prosaico, através de um jogo puramente químico, certas substâncias permitem que o homem atribua as sensações ordinárias da vida uma dimensão de querer e pensar de maneira extraordinária. Estudos arqueológicos demonstram que o uso de álcool data de 6.000 a.C. (Observatório Brasileiro de Informações sobre Drogas [OBID], 2011). Por uma ou outra razão, o que a história da humanidade parece indicar é que as drogas, em geral, sempre estiveram presentes na sociedade humana, e, considerando-se essa história, certamente continuarão acompanhando o caminhar da humanidade. No início do século XX, o farmacólogo Louis Lewin, um dos primeiros a apontar classificações de algumas drogas a partir de seus efeitos escreveu “à exceção dos alimentos não existem na terra substâncias que tenham estado tão intimamente associadas à vida dos povos, em todos os países e em todos os tempos” (Souto, A. 2015). Com o passar do tempo se constatam mudanças variadas nos contextos sociais e, nas motivações que interferem na forma como as pessoas se relacionam com as drogas e no padrão de uso de drogas na sociedade (Mourão, C. 2011). Essas alterações do padrão de consumo de drogas (tipos de drogas, formas de administração, quantidade, sentido atribuído ao uso) demonstra significativas mudanças econômicas, sociais, entre outras, ocorridas na sociedade. Assim, ao longo do tempo, novas  ______________________  _____________ ______________________ ______________________ ______________________ ______________________ ____________________ ___________ LIAME – Preparatório LIAME –  Preparatório para Residências em Psicologia SES-PE | Ano 6 | 2022| Módulo Atenção Básica

 

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drogas ou novas formas de utilização de drogas já existentes vão emergindo, como evidenciamos com o crack no Brasil, que surgiu e se expandiu nos últimos 20 anos. 

O QUE É DROGA? PORQUE AS PESSOAS USAM? QUAIS OS EFEITOS? COMO PODEMOS CLASSIFICAR? Quando partimos de um conceito mais amplo sobre drogas, podemos definilas como toda e qualquer substância que, ao ser introduzida no organismo, produz alterações no seu funcionamento. A partir dessa definição, temos que qualquer medicação pode ser “enquadrada” no rol de drogas. Contudo, quando nos referimos à droga, estamos interessados em um grupo específico de

também pode estar associada à busca por alívio de sensações desprazerosas. Se as drogas gerassem apenas prejuízo, certamente as pessoas não repetiriam as experiências tantas vezes. As drogas psicotrópicas* são aquelas que atuam sobre o nosso cérebro, alterando de alguma maneira o nosso psiquismo, podem ser classificadas quanto a sua ação no organismo.

drogas, as definidas psicotrópicas, ouBucher substâncias psicoativas, Richard como “ {...} aquelas que provocam alterações altera ções no Sistema Nervoso Central, em particular alterações de percepção, do humor, das sensações, induzindo, ainda que temporariamente,, sensações de prazer, de temporariamente euforia, ou aliviando o medo, a dor, as frustrações, as angústias etc”.  etc”.  Utilizando tal definição como referência, fica óbvio que, ao nos

Um primeiro grupo é aquele de cérebro, drogas que diminuem a atividade do nosso ou seja, deprimem o funcionamento do mesmo o que significa dizer que a pessoa que faz uso desse tipo de droga fica "desligada", "devagar", desinteressada pelas coisas. Por isso estas drogas são chamadas de Depressoras da Atividade do Sistema Nervoso Central (SNC  –  –   sistema nervoso central é a parte que fica dentro da caixa craniana; o cérebro é o principal

referirmos estamos apenas dasa drogas, drogas não ilícitas, mas tratando também com as lícitas, resta alguma dúvida que tais substâncias provocam as alterações referidas acima? Mas porque as pessoas usam drogas? As pessoas usam drogas porque elas trazem algum tipo de gratificação, porque elas satisfazem algum tipo de necessidade do usuário. Essa gratificação pode estar ligada a busca do prazer, por bem-estar, e

órgão deste sistema). Num segundo grupo de drogas psicotrópicas estão aquelas que atuam por aumentar a atividade do nosso cérebro, ou seja, estimulam o funcionamento fazendo com a pessoa que se utiliza dessas drogas fique "ligada", "elétrica", sem sono. Por isso essas drogas recebem a denominação de Estimulantes da Atividade do Sistema Nervoso Central. Finalmente, há um terceiro grupo, constituído por aquelas drogas que agem

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modificando qualitativamente a atividade do nosso cérebro; não se trata, portanto, de mudanças quantitativas como de aumentar ou diminuir a atividade cerebral. Aqui a mudança é de qualidade! O cérebro passa a funcionar fora do seu normal, e a

acordo com a atividade que exercem junto ao nosso cérebro: a. Depressores ou psicolépticos da atividade do Sistema Nervoso Central (SNC);   (SNC); b. Estimulantes ou psicoanalépticos da

pessoa fica com a mente perturbada. Por esta razão este terceiro grupo de drogas recebe o nome de Perturbadores da Atividade do Sistema Nervoso Central. Resumindo, então, as drogas psicotrópicas podem ser classificadas em três grupos, de

Atividade do SNC; c. Perturbadores ou psicodélicos, alucinógenos da Atividade do SNC. a. Drogas depressoras ou psicolépticos da atividade do Sistema Nervoso Central (SNC).

REDUÇÃO DE DANOS Breve histórico As ações de Redução de Danos (RD) constituem um conjunto de medidas de saúde pública, que têm o objetivo de minimizar os efeitos adversos do uso de drogas, sem necessariamente reduzir o seu uso, sendo orientado, fundamentalmente, pelo respeito à liberdade de escolha do indivíduo (Ministério da Saúde, 2001). A Redução de Danos surgiu na Inglaterra, no ano de 1926, com o Relatório Rolleston, que estabelecia a prescrição médica de opiáceos, de forma assistida e monitorada, como manejo da síndrome de abstinência nos tratamentos. A primeira sistematização da RD ocorreu na Holanda, em 1984, devido à preocupação de uma associação de usuários de drogas, com a disseminação de doenças como hepatites B e C e HIV entre Usuários de Drogas Injetáveis (UDI) (Ministério da Saúde, 2001).

No Brasil, a primeira tentativa de se fazer troca de seringas ocorreu em 1989, mas foi impedida por uma decisão judicial diante disso, foi implementada uma atividade que consistia no uso de soluções de hipoclorito de sódio para a desinfecção de equipamentos de injeção (Ministério da Saúde, 2011). Em 1993 o município de Santos lançou os Redutores de Danos como agentes de promoção e prevenção à saúde. Dois anos depois, na Bahia, surge o primeiro Programa de Redução de Danos, com o objetivo de realizar troca de seringas e, desde então, diversos programas foram surgindo no país, mas só em 1998 foi sancionada, no estado de São Paulo, a primeira lei estadual sobre trocas de injetáveis. Finalmente, em 2004, a RD passou a ser compreendida como uma estratégia na

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Política de Atenção Integral a Usuários de Álcool e Outras Droga, onde o eixo de ações de redução de danos perpassam os serviços da rede assistencial do SUS, em especial, os Centro de Atenção Psicossocial e as Estratégias de Saúde da Família,

consumo de álcool e outras drogas que envolvam a co-responsabilização e autonomia da população, afinal, pessoas usuárias de drogas têm direito à saúde como qualquer outra e, pensando desta forma, é possível compreender que as

através de uma compreensão ampla sobre o uso de álcool e outras drogas, com o intuito de diversificar as formas de lidar com o problema, não se restringindo à abstinência ou padronização comportamentos. A divulgação e implementação da Política Nacional de Promoção da Saúde veio, em 2006, reforçar as ações de atenção ao usuário de drogas, tendo a intersetorialidade e a atenção integral

ações de redução de danos devam considerar a singularidade do indivíduo, valorizando sua autonomia e priorizando sua qualidade de vida. Em 11 de abril de 2019, o presidente do Brasil assinou um Decreto n° 9.761/2019 de lei que aprova uma Nova Política Nacional sobre Drogas, que retira a redução de danos como estratégia de política de drogas, promovendo a abstinência, dispersando todos os esforços

como importantes elementos para a concretização desta política, preconizando o desenvolvimento de iniciativas preventivas e de redução de danos pelo

e ganhos da saúde pública e, ainda mais preocupante, colocando em risco a vida dos indivíduos.

ESTRATÉGIAS DE REDUÇÃO DE DANOS As estratégias de redução de danos em eventos são numerosas e diversas. Eles vão desde a provisão de água e garrafas de água gratuitas em eventos, até o fornecimento de espaços para passear ou relaxar e santuários. Quanto mais se faz para lidar com a redução de danos em eventos, mais bem sucedidos são os resultados. Espaços relaxantes e santuários Abordagens ambientais para a redução de danos concentram-se em mudar o ambiente social e físico e oferecem aos gerentes e organizadores uma abordagem de redução de danos que é incorporada ao design dos eventos. Eles se concentram na criação de espaços (geralmente chamados de chill out

ou espaços do santuário), que oferecem alívio do evento, proporcionando um espaço calmo, tranquilo, confortável e sombreado para os clientes relaxarem. Essas também podem ser áreas que fornecem hidratação e alimentação e também podem ser uma boa oportunidade para fornecer informações de promoção de

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saúde aos usuários que abordam questõeschave específicas do ambiente do evento, como informações sobre substâncias comuns tomadas nesses eventos e

informações sobre como cuidar para amigos que possam estar usando substâncias.

Princípios Segundo Andrade (2002 apud SECRETARIA NACIONAL DE POLÍTICAS SOBRE DROGAS, 2013), os três princípios da Redução de Danos são: Danos são: Pragmatismo,, pois oferece serviços de 1. Pragmatismo saúde mesmo para aquelas pessoas que não querem ou não conseguem parar de usar droga, visto que preza pela preservação da vida;

2. Tolerância  Tolerância  na medida em que evita intervenções moralistas, preconceituosas e autoritárias; 3. Compreensão da diversidade  diversidade quando não impõe a abstinência como o único caminho possível, mas respeita a singularidade e escolhas do usuário.

Marcos legais da Redução de Danos no Brasil - Política de Atenção Integral a Usuários de Álcool e Outras Drogas (2003) As políticas e práticas dirigidas para pessoas que apresentam problemas decorrentes do uso de álcool e outras drogas, no âmbito de atuação do Ministério da Saúde, devem estar obrigatoriamente integradas às propostas elaboradas pela Área Técnica de Saúde Mental / Álcool e Drogas do MS. As diretrizes para uma política ministerial específica para a atenção a estes indivíduos estão em consonância com os princípios da política de saúde mental vigente - preconizada, articulada e implementada pelo Ministério da Saúde; uma vez regulamentada e respaldada pela Lei Federal 10.216 (MS, 2002), sancionada em 6/4/2001, constitui a política de Saúde Mental oficial para o Ministério da Saúde,

bem como para todas as unidades federativas. No que se refere às estratégias necessárias para a reformulação da Política Nacional de Álcool e Drogas, é relevante destacar algumas características do campo de práticas, observadas no cenário nacional e internacional: 1. o consumo de drogas não atinge de maneira uniforme toda a população e sua distribuição é distinta nas diferentes regiões do país, apresentando inclusive diferenças significativas em uma mesma região, tanto nos aspectos sociais quanto nas vias de utilização e na escolha do produto; 2. a pauperização do país, que atinge em maior número pessoas, famílias ou jovens

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de comunidades já empobrecidas, apresenta o tráfico como possibilidade de geração de renda e medida de proteção; 3. o aumento no início precoce em uso de drogas legais entre os jovens e utilização cada vez mais freqüente de uso de drogas

visa reduzir os danos causados pelo abuso de drogas lícitas e ilícitas, resgatando o usuário em seu papel autoregulador, sem a preconização imediata da abstinência e incentivando-o à mobilização social  –  –   nas ações de prevenção e de tratamento, como

de design e crack, e o seu impacto nas condições de saúde física e psíquica dos  jovens, notadamente pela infecção ao HIV e hepatites virais; 4. a definição de políticas internacionais que contextualizam os países em desenvolvimento somente a partir de sua condição de produção, refino e exportação de produtos nocivos à saúde. As propostas dessa Política têm o objetivo imprescindível de: 1) Alocar a questão do uso de álcool e

um método clínico-político de ação territorial inserido na perspectiva da clínica ampliada; 3) Formular políticas que possam desconstruir o senso comum de que todo usuário de droga é um doente que requer internação, prisão ou absolvição; 4) Mobilizar a sociedade civil, oferecendo à mesma condições de exercer seu controle, participar das práticas preventivas, terapêuticas e reabilitadoras, bem como

outras drogas como problema de saúde pública; 2) Indicar o paradigma da redução de danos  –  –   estratégia de saúde pública que

estabelecer parcerias locais para o fortalecimento das políticas municipais e estaduais.

- Portaria 1.028 de 1º de julho de 2005 Determina que as ações que visam à redução de danos sociais e à saúde, decorrentes do uso de produtos, substâncias ou drogas que causem

os riscos associados sem, necessariamente, intervir na oferta ou no consumo. Define as seguintes medidas de atenção integral à saúde:

dependência, sejam reguladas por esta Portaria. Define que a redução de danos sociais e à saúde, decorrentes do uso de produtos, substâncias ou drogas que causem dependência, desenvolva-se por meio de ações de saúde dirigidas a usuários ou a dependentes que não podem, não conseguem ou não querem interromper o referido uso, tendo como objetivo reduzir

I informação, educação e aconselhamento; II assistência social e à saúde; e III disponibilização de insumos de proteção à saúde e de prevenção ao HIV/Aids e Hepatites. Define as ações necessárias na oferta de assistência social e à saúde, quando requeridas pelo usuário ou pelo dependente:

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I - o tratamento à dependência causa causada da por produtos, substâncias ou drogas; II - o diagnóstico da infecção pelo HIV e o tratamento da infecção pelo HIV e da AIDS; III - a imunização, o diagnóstico e o tratamento das hepatites virais;

na Constituição Federal e quaisquer outros relativos à manutenção de qualidade digna da vida. Em todas as ações de redução de danos, devem ser preservadas a identidade e a liberdade da decisão do usuário ou

IV - o diagnóstico e o tratamento das doenças sexualmente transmissíveis (DST); e V - a orientação para o exercício dos direitos e garantias fundamentais previstos

dependente ou pessoas tomadas como tais, sobre qualquer procedimento relacionado à prevenção, ao diagnóstico e ao tratamento.

- Portaria 1.059 de 4 de julho de 2005 Destina incentivo financeiro para o fomento de ações de redução de danos em Centros de Atenção Psicossocial para o Álcool e outras Drogas Drogas –  – CAPSad.  CAPSad. Define que, no âmbito desta Portaria, entende-se ações de redução de danos como intervenções de saúde pública que visam prevenir as consequências negativas do uso de álcool e outras drogas, tais como: I - ampliação do acesso aos serviços de saúde, especialmente dos usuários que não têm contato com o sistema de saúde, por meio de trabalho de campo; II - distribuição de insumos (seringas, agulhas, cachimbos) para prevenir a infecção dos vírus HIV e Hepatites B e C entre usuários de drogas; III - elaboração e distribuição de materiais educativos para usuários de álcool e outras drogas informando sobre formas mais seguras do uso de álcool e outras drogas e sobre as consequências negativas do uso de substâncias psicoativas; IV - ampliação do número de unidades de tratamento para o uso nocivo de álcool e outras drogas; V - outras medidas de apoio e orientação, com o objetivo de modificar hábitos de consumo e reforçar o autocontrole. Após apresentado um breve histórico de leis e políticas voltadas para a questão das drogas de uma forma mais geral; visto que também existem ações e políticas voltadas mais especificamente para algumas drogas, como o álcool, o tabaco e o crack; o que pode ser ressaltado é que a problemática das drogas se insere no campo da saúde, assim como no campo da justiça. O histórico da política no Brasil é marcado pelas contradições: apesar da existência de uma lei que proíbe a privação da liberdade do usuário de droga, ainda o usuário de drogas, em especial o de crack, é visto como criminoso ou um criminoso em potencial, onde muitos são presos; apesar da Reforma Psiquiátrica, o judiciário tem decretado muitas  ______________________  _____________ ______________________ ______________________ ______________________ ______________________ ____________________ ___________ LIAME –  Preparatório para Residências em Psicologia SES-PE | Ano 6 | 2022| Módulo Atenção LIAME – Preparatório Básica

 

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internações compulsórias como uma medida de segurança pública ao invés de saúde, indo em alguns casos de encontro com a orientação dada pelo laudo médico; há um aumento da quantidade de Comunidades Terapêuticas que recebem financiamento do governo, onde a maioria delas violam os direitos humanos, assemelhando-se ao manicômio.

REFERÊNCIAS CARNEIRO, H. AS NECESSIDADES HUMANAS E O PROIBICIONISMO DAS DROGAS NO SÉCULO XX. OUTUBRO, V. 6, P.115-128. 2002. COSTA-ROSA, A. ATENÇÃO PSICOSSOCIAL ALÉM DA REFORMA PSQUIÁTRICA: CONTRIBUIÇÕES A UMA CLÍNICA CRÍTICA DOS PROCESSOS DE SUBJETIVAÇÃO NA SAÚDE COLETIVA. SÃO PAULO: EDITORA UNESP, 2013. FERRI, C. P.; GALDURÓZ, J. C. F. CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS: CID-10 E DSM. DISPONÍVEL EM: . ACESSO EM FEVEREIRO DE 2019. LANCETTI, A. CLÍNICA PERIPATÉTICA. SÃO PAULO: ED.HUCITEC, 2006. MINISTÉRIO DA SAÚDE. PORTARIA Nº 3.088, DE 23 DE DEZEMBRO DE 2011. DISPONÍVEL EM: < HTTP://BVSMS.SAUDE.GOV.BR/BVS/SAUDELEGIS/GM/2011/PRT3088_23_12_2011_REP.HTML >. ACESSO EM OUTUBRO DE 2017.  ______________________  _________________ _____ DROGAS E REDUÇÃO DE DANOS: UMA CARTILHA PARA PROFISSIONAIS DE SAÚDE. MARCELO NIEL E DARTIU XAVIER DA SILVEIRA (ORGS). SÃO PAULO, 2008.  _____________________  _________________ ____ REFORMA PSIQUIÁTRICA E POLÍTICA DE SAÚDE MENTAL NO BRASIL. BRASÍLIA, 2005.  _______________________  _________________ ______ A POLÍTICA DO DO MINISTÉRIO DA SAÚDE PARA PARA A ATENÇÃO INTEGRAL A USUÁRIOS DE ÁLCOOL E OUTRAS DROGAS. 1º EDIÇÃO. BRASÍLIA, 2003.  _____________________  _________________ ____ PORTARIA Nº 336, DE 19 DE FEVEREIRO DE 2002. DISPONÍVEL EM: < HTTP://BVSMS.SAUDE.GOV.BR/BVS/SAUDELEGIS/GM/2002/PRT0336_19_02_2002.HTML>. ACESSO EM OUTUBRO DE 2017. PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA. LEI Nº 10.216, DE 6 DE ABRIL DE 2001. DISPONÍVEL EM: .. ACESSO EM OUTUBRO DE 2017. RODRIGUES, T. POLÍTICA DE DROGAS E A LÓGICA DOS DANOS. REVISTA VERVE, SÃO PAULO, NU-SOL/PUC-SP, N. 03, 2003. SECRETARIA DE SAÚDE DE MINAS GERAIS. Atenção em Saúde Mental. Mental. Marta Elizabeth de Souza (Org.). Belo Horizonte, 2006. SECRETARIA NACIONAL DE POLÍTICAS SOBRE DROGAS. PREVENÇÃO DO USO DE DROGAS: CAPACITAÇÃO PARA CONSELHEIROS E LIDERANÇAS COMUNITÁRIAS. 5. ED. BRASÍLIA, 2013. SILVA, J. C. B. ENTRE (DES) ENCONTROS, TENSÕES E POSSIBILIDADES: REFORMA PSIQUIÁTRICA E TRABALHO EM EQUIPE NA CIDADE DO RECIFE. 2010. 137F. DISSERTAÇÃO (MESTRADO EM PSICOLOGIA) - CENTRO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS, UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO, RECIFE. 2010. BRASIL. A POLÍTICA DO MINISTÉRIO DA SAÚDE PARA ATENÇÃO INTEGRAL A USUÁRIOS DE ÁLCOOL E OUTRAS DROGAS. 2.ED. REV. AMPL. BRASÍLIA: MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2004; BRASIL. A POLÍTICA DO MINISTÉRIO DA SAÚDE PARA ATENÇÃO INTEGRAL A USUÁRIOS DE ÁLCOOL E OUTRAS DROGAS. 2.ED. REV. AMPL. BRASÍLIA: MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2004B; 2004. BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. SECRETARIA DE ATENÇÃO À SAÚDE. DEPARTAMENTO DE AÇÕES PROGRAMÁTICAS ESTRATÉGICAS. SAÚDE MENTAL NO SUS: OS CENTROS DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL. BRASÍLIA: MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2004C;

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P á g i n a  | 69 BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE, SECRETARIA DE ATENÇÃO À SAÚDE, DEPARTAMENTO DE AÇÕES PROGRAMÁTICAS E ESTRATÉGICAS EM SAÚDE, COORDENAÇÃO GERAL DE SAÚDE MENTAL. REFORMA PSIQUIÁTRICA E POLÍTICA DE SAÚDE MENTAL NO BRASIL. DOCUMENTO APRESENTADO À CONFERÊNCIA REGIONAL DE REFORMA DOS SERVIÇOS DE SAÚDE MENTAL: 15 ANOS DEPOIS DE CARACAS. BRASÍLIA: OPAS, MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2005.

EXERCÍCIOS 01. (IAUPE, 2015, GRUPO 40- RAPS) O mercado ilegal de drogas é bastante rentável, sendo a margem de lucro do comércio ilegal mais lucrativa que no legal. A indústria do tráfico geralmente está associada à violência, roubo e venda de armas, elementos que contribuem, significativamente, para o aumento da

02. (IAUPE, 2015, GRUPO 40- RAPS) Considere as seguintes afirmativas sobre a Redução de Danos: I. Tem como princípio fundamental o respeito à liberdade de escolha dos usuários. II. Movimento Internacional, que surgiu na década de 80 em resposta à crise da AIDS

criminalidade. Assim, no debate sobre Política de drogas, não há consenso em relação à legalização, proibição e descriminalização. Sobre a legalização, é CORRETO afirmar que tem por objetivo principal A) diminuir a oferta das drogas proscritas para aumentar o seu preço e as oportunidades de consumo. B) reduzir danos para usuários recreativos e dependentes e concentrar esforços na

com a adesão de vários países no desenvolvimento de estratégias para reduzir o risco de transmissão do HIV entre usuários de drogas injetáveis. III. Movimento Internacional que surgiu na década de 60, em resposta à crise da AIDS com a adesão de vários países no desenvolvimento de estratégias para reduzir o risco de transmissão do HIV entre usuários de drogas injetáveis. IV. O uso da abordagem redução de danos

prevenção no problemático combate à oferta. C) reduzir oeuso de drogas e os problemas causados pela criação de mercados ilegais. D) reduzir o uso recreativo de drogas e os problemas causados pela criação de mercados ilegais. E) reduzir o uso recreativo de drogas e os problemas causados pelo mercado legal.

exige que o usuário chegue à abstinência no final do tratamento. Está(ão) CORRETA(S) apenas A) III B) I e II C) I e III D) I E) II e IV. 03. (IAUPE, 2017 PERFIL AB) Considerando os usuários de droga injetáveis e a infecção pelo HIV/AIDS, assinale a alternativa INCORRETAMENTE relacionada aos

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fundamentos teórico-práticos da Redução de Danos.  Danos.  A) O princípio fundamental, que orienta as políticas de redução de danos, é o respeito à liberdade de escolha e a autonomia de decisão sobre a própria vida, por exemplo,

como no manejo em relação ao seu uso de drogas. B) pressupõem a dependência do usuário como uma problemática complexa, devendo ser abordada por meio de ações múltiplas e singulares no plano subjetivo,

de continuar usando droga. B) O espectro de medidas de redução é amplo, incluindo, por exemplo, a troca de seringas, a educação na comunidade, a prescrição de drogas e o subsídio e o auxílio às políticas legais de repressão. C) Procurando enfatizar se o comportamento é seguro ou inseguro, favorável ou desfavorável, as ações de redução centram-se no que funciona (pragmatismo) e no que efetivamente

social, cultural, político e econômico. C) focaliza a necessidade de ações preventivas, cujos resultados não dependam exclusivamente da aderência dos pacientes aos tratamentos direcionados à abstinência. D) empreendem medidas que minimizem as consequências das drogas psicoativas, considerando-se, para tanto, o convencimento do usuário à adoção de medidas de evitação da droga.

ajuda. D) Pressupõem a observação da realidade como é e não como é idealizada, para que se proponha e efetive medidas que, basicamente, diminuam (reduzam) prejuízos maiores em face de um problema de saúde. E) Concebem que o usuário de drogas d rogas não é passivo diante do consumo, mas ativo, capaz de adotar práticas de consumo menos prejudiciais, sendo a abstinência

E) se mostra como uma estratégia inovadora, inclusive no plano ético, uma vez que objetiva a construção de atitudes responsáveis em face de comportamentos de risco.  risco. 

uma contingência e não, um fim.

Comunidades Terapêuticas (CTs) no âmbito da Saúde Pública. Nesse cenário, as Comunidades Terapêuticas têm mobilizado o debate nacional e, sobre os pontos criticados pela militância da reforma psiquiátrica no que concerne à regulamentação desse dispositivo, analise os itens abaixo: I. A internação involuntária II. A coexistência de um modelo assistencial religioso no âmbito do estado laico.

04. (IAUPE, 2019 PERFIL AB) Considerando os fundamentos teóricos, que orientam a estratégia de Redução de Danos, especialmente aqueles direcionados aos usuários de drogas, é INCORRETO afirmar que   que A) favorece o apoio/incentivo ao protagonismo das pessoas que utilizam drogas tanto na busca pelo cuidado de si

05. (IAUPE, 2015, GRUPO 40- RAPS) A política de drogas no Brasil se encontra em um momento de debates acirrados. Um dos pontos desse acirramento se deve à tensão acerca da integração das

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III. A abstinência às drogas como meta do cuidado. IV. A requisição do Fundo Nacional de Saúde para financiamento desses dispositivos. Estão CORRETOS A) I, II e III, apenas. B) I, III e IV, apenas.

profissionais de saúde que se deparam com a complexidade da prevenção do uso indevido e do tratamento da dependência química. Sobre as ações de Redução de Danos, analise as afirmativas abaixo: I. As ações são eficazes em diminuir os

C) II, III e IV, apenas. I, II, III e IV.

riscos de contágio de doenças transmissíveis por via venosa e sexual, sem aumentar o consumo de drogas. II. São ações práticas e humanistas para diminuir os danos relacionados ao uso prejudicial do álcool e de outras drogas. III. As ações colocam as drogas no lugar central, reconhecendo-as como a causa principal dos problemas e doenças. IV. A RD respeita a igualdade entre os sujeitos, propondo ações que exijam

D) II e III, apenas. E)

06. (IAUPE  –  –   Perfil AB Psicologia 2020) A política nacional de redução de danos sociais e à saúde está estabelecida por portaria do Ministério da Saúde. Sobre essa portaria, leia as afirmativas abaixo:  abaixo:   I. A redução de danos é decorrente do uso de produtos, substâncias ou drogas que causem dependência. II. É dirigida a usuários ou a dependentes que não podem, não conseguem ou não querem interromper o referido uso III. Está assentada na informação, educação, aconselhamento e assistência social e à saúde. IV. Estabelece a distribuição de insumos de proteção à saúde e de prevenção ao HIV/Aids e Hepatites, (inclusive preservativos e seringas descartáveis). V. Essa portaria portaria é decorrente da “Lei Seca”

comportamento igual para todos em todas as situações. V. As ações trazem uma perspectiva ampla, propondo o uso controlado e seguro de drogas como alternativa à abstinência. Estão CORRETAS A) apenas I, II e V. B) apenas III, IV e V. C) apenas I e II. D) apenas I e IV. E) I, II, III, IV e V.

(Lei nº 11.705, de 19/06/08). Assinale a alternativa CORRETA. CORRETA.   A) I, II, III, IV e V estão corretas. B) Apenas I, II, III e IV estão corretas. C) Existem, apenas, duas incorretas. D) Existem, apenas, três incorretas. E) Apenas IV está incorreta.

situação de crise e sob efeito de substância psicoativa, João envolveu-se numa briga com o pai. Tendo sua mãe assistido a toda a cena, teve ao final do episódio, uma parada cardíaca, chegando a óbito. Diante de tal fato, três dias depois, o juiz da cidade decretou a internação compulsória de João. Considerando os princípios e as estratégias da redução de danos, o que seria mais adequado ser realizado em relação ao caso?

07. (IAUPE, RESIDÊNCIA MULTI 2017) A Redução de Danos - RD se oferece como mais uma possibilidade de atuação dos

08. (IAUPE, RESIDÊNCIA MULTI 2017) Em

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A) A equipe deveria, de imediato, acatar a ordem judicial, fazendo a busca ativa de João e possibilitando sua internação compulsória. B) A equipe deveria fazer uma campanha de prevenção em saúde mental junto à

indivíduo, e, caso continue com o uso, que o faça com o menor risco possível. E) Não passam uma mensagem de descrédito que seja possível interromper o uso de drogas (no âmbito individual).

comunidade. C) A equipe deveria, de imediato, acolher João integralmente (CAPS 24h ou hospital geral), desenvolvendo os cuidados necessários nesse momento de crise e procurar o juiz para conversar sobre a situação de João, renegociando a ordem de internação compulsória, expressando sua análise técnica e fazendo nova proposição terapêutica. D) A equipe deveria visitar o pai, apoiá-lo e

10. (IAUPE, RESIDÊNCIA MULTI 2016) A Redução de Danos é uma política pública oficial do Ministério da Saúde para o enfrentamento dos problemas que podem ser gerados pelo uso de álcool e outras drogas. Está preconizada na Política de Atenção Integral a Usuários de Álcool e Outras Drogas (2003) e respaldada pela Portaria nº 1.059/GM, de 4 de julho de 2005, do Ministério da Saúde. Sobre esse assunto, analise os itens abaixo:

orientá-lo acerca dos caminhos necessários para garantir uma internação definitiva de João. E) A equipe não deveria se envolver com o caso de João, considerando que atenção à crise não está sob a competência de um serviço territorial.  territorial.  09. (IAUPE, 2016, FCM) Sobre as estratégias de Redução de Danos (RD), assinale a alternativa INCORRETA.

I. A Política de Redução de Danos se apresenta como estratégia de superação da uma visão reducionista sobre o uso de substâncias psicoativas, uma vez que incentiva o protagonismo e autonomia do usuário, resgatando sua condição de sujeito na perspectiva dos direitos humanos. II. A Estratégia de Redução de Danos está empenhada em reduzir a oferta e a demanda por substâncias psicoativas com ações repressivas e criminalizadoras da

A) Não são contraditórias nem dispensam ações preventivas, dirigidas para a redução da oferta ou da demanda. B) As estratégias de RD são permissivas e contrárias à abstinência. C) Desde o início da utilização, as estratégias de RD vêm encontrando forte oposição, criando um campo de polêmicas e reflexões importantes. D) A RD considera que o ideal de não usar drogas pode ou não ser alcançado pelo

produção, comércio e uso. III. O paradigma da redução de danos concentra-se em enfrentar, de modo pragmático, os problemas de saúde, sociais e econômicos relacionados ao uso de substâncias psicoativas, sem avaliações morais sobre essa prática. IV. O movimento social da RD também questiona a partilha moral, realizada entre drogas lícitas e ilícitas. Essa partilha moral condiciona o modo como essas substâncias

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são visibilizadas no debate sobre saúde pública, além de produzir subjetividades autoritárias, principalmente em relação ao uso de drogas ilícitas. V. A interrupção do uso de substâncias psicoativas é, em muitas situações, um

( ) As ações relacionadas ao consumo de bebidas alcoólicas estão incluídas nas estratégias de redução de danos. ( ) A contratação de pessoal para trabalhar com redução de danos deve priorizar membros da administração pública,

passo não só necessário como desejável para diminuir os agravos à saúde. Dessa forma, é aceitável que a abstinência seja pré-condição e meta a ser atingida pelos usuários de drogas para que seus direitos sejam garantidos. Assinale a alternativa CORRETA CORRETA.. A) Todos estão corretos. B) Apenas II e V estão incorretos. C) Apenas I e III estão corretos. D) Apenas II, IV e V estão incorretos.

considerando, principalmente, o nível de instrução formal. Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA CORRETA.. A) F – F  – V  V –  – V  V –  – F  F –  –   F B) V  –  – V  V –  – F  F –  – F  F –  – V  V C) F – F  – V  V –  – V  V –  – V  V –  –   F D) V  –  – F  F –  – V  V –  – F  F –  – F  F E) F – F – F  F –  – V  V –  – V  V –  – F  F 12. (IAUPE, 2014, FCM) Sobre Redução de Danos sociais e à saúde, decorrentes do uso de produtos, substâncias ou drogas

11. (IAUPE, 2015, FCM) Sobre a regulamentação pelo Ministério da Saúde das ações destinadas à redução de danos sociais e à saúde, decorrentes do uso de álcool e outras drogas, analise as afirmativas e coloque V nas verdadeiras e F nas falsas. ( ) A redução de danos não se aplica no âmbito de instituições que mantenham

que causem dependência, assinale a alternativa INCORRETA. A) A redução de danos não implica o estabelecimento de vínculo com os profissionais, pois o usuário passa a ser o responsável pelos caminhos a serem construídos em sua vida. B) A redução de danos é uma estratégia de saúde pública, dirigida a usuários ou a dependentes químicos, que não conseguem ou não querem interromper o uso de

pessoas submetidas à privação ou à restrição da liberdade. ( ) A redução de danos está direcionada a usuários ou a dependentes que não podem, não conseguem ou não querem interromper o uso de drogas. ( ) Em todas as ações de redução de danos, devem ser preservadas a identidade e a liberdade da decisão do usuário ou dependente.

drogas, tendo como objetivo reduzir os riscos associados sem, necessariamente, intervir na oferta ou no consumo. C) As ações de redução de danos devem ser desenvolvidas em todos os espaços de interesse público em que ocorra ou possa ocorrer o consumo de produtos, substâncias ou drogas que causem dependência ou para onde se reportem os seus usuários.

E) Apenas I, II, IV e V estão corretos.  corretos. 

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D) Nas ações de redução de danos, devem ser preservadas a identidade e a liberdade da decisão do usuário ou dependente sobre qualquer procedimento relacionado à prevenção, ao diagnóstico e ao tratamento. E) As ações de informação, educação e

IV. A redução de danos não reconhece a abstinência como resultado ideal. Está(ão) CORRETA(S), apenas, A) I, II e III. B) I. C) II.

aconselhamento devem ser acompanhadas da distribuição dos insumos destinados a minimizar os riscos decorrentes do consumo de produtos, substâncias e drogas que causem dependência.

D) I e II. E) III e IV

13. (IAUPE, 2015, FCM) Sobre a Estratégia de Redução de Danos, analise as afirmativas abaixo: I. Constitui-se como uma alternativa de saúde pública para os modelos moral,

14. (IAUPE, 2018 PERFIL AB) A promoção de estratégias e ações de redução de danos, voltadas para a saúde pública e direitos humanos foram estabelecidas pela Portaria Nº 1.028, de 1º de julho de 2005. São ações necessárias na oferta de assistência social e à saúde, quando requeridas pelo usuário ou pelo

criminal e de doença na medida em que desvia a atenção do uso de drogas em si mesmo, focando nas consequências e efeitos prejudiciais do uso abusivo e/ou dependente para o usuário e a sociedade e ou grupo social do seu entorno. II. Diferentemente do modelo moral e o da doença que insistem na abstinência absoluta, reconhece-se a abstinência como resultado ideal, mas se aceitam alternativas que reduzam os danos.

dependente:  dependente:  I. O tratamento à dependência causada por produtos, substâncias ou drogas. II. O diagnóstico da infecção pelo HIV e o tratamento da infecção pelo HIV e da AIDS. III. A imunização, o diagnóstico e o tratamento das hepatites virais. IV. O diagnóstico e o tratamento das doenças sexualmente transmissíveis (DST). V. O diagnóstico e o tratamento das arboviroses.

III. Não reconhece a abstinência como resultado ideal; apenas considera que, no processo de tratamento dos usuários, pode haver a abstinência da droga de maior uso por um espaço de tempo até que o quadro da dependência possa estabilizar e estes possam voltar a usar de forma esporádica a droga escolhida por estes como a que acarreta menos danos no seu cotidiano e dos familiares.

Assinale a alternativa CORRETA. A) Todos os itens estão corretos. B) Existem, apenas, quatro itens corretos. C) Existem, apenas, três itens corretos. D) Existem, apenas, dois itens corretos. E) Existe, apenas, um item correto. 15.(IAUPE, 2021) Sobre a prática da Redução de Danos, assinale a alternativa INCORRETA.

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A) Tem por finalidade minimizar as consequências adversas do uso/abuso de drogas. B) Veicula-se a ideia da droga como algo eminentementee nocivo e incompatível com eminentement o cuidado de si. C) Compreende um marco ético, estético e político, na forma de organização das ações de cuidado. D) Versa sobre um modo de abarcar as demandas do usuário em sua singularidade e complexidade. E) Exige uma prática transversalizada que dialogue com a vida, o território e as determinações sociais.

16. (IAUPE, 2021) Uma análise da Redução de Danos, segundo seu enfoque histórico, permite, CORRETAMENTE, categorizá-la como uma relação de A) oposição entre forças progressistas e forças conservadoras. B) complementação entre política autoritária e forças progressistas. C) oposição entre forças conservadoras e política autoritária. D) complementação entre política democrática e políticas autoritárias. E) suplementação entre política autoritária e força conservadora

GABARITO 1. C

2. B

3. B

4. D

5. E

6. C

7. A

8. C

9. B

10. C

11. C

12. A

13. D

14. B

15. B

16. D

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Aula

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NASF: organização, funcionamento e regulamentação PSICOLOGIA E ATENÇÃO BÁSICA Profª Rafaela Domingos

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NASF: organização, funcionamento e regulamentação NASF-AB Ressalta-se que os Nasf-AB não se constituem como serviços com unidades físicas independentes ou especiais, e não são de livre acesso para atendimento individual ou coletivo (estes, quando

b.  b.  Contribuir para a integralidade do cuidado aos usuários do SUS principalmente por intermédio da ampliação da clínica, auxiliando no aumento da capacidade de análise e de

necessários, reguladosBásica). pelas equipes que devem atuam ser na Atenção Devem, a partir das demandas identificadas no trabalho conjunto com as equipes, atuar de forma integrada à Rede de Atenção à Saúde e seus diversos pontos de atenção, além de outros equipamentos sociais públicos/privados, redes sociais e comunitárias. Compete especificamente à Equipe do Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica  Básica (Nasf- AB):

intervenção problemas necessidades desobre saúde, tanto em termose clínicos quanto sanitários; e c. Realizar c. Realizar discussão de casos, atendimento individual, compartilhado, interconsulta, construção conjunta de projetos terapêuticos, educação permanente, intervenções no território e na saúde de grupos populacionais de todos os ciclos de vida, e da coletividade, ações intersetoriais, ações de prevenção e promoção da saúde, discussão do processo de trabalho das equipes dentre outros, no território.

a.  a.  Participar do planejamento conjunto com as equipes que atuam na Atenção Básica à que estão vinculadas;

Composição do NASF   Poderão compor os NASF-AB as ocupações do Código Brasileiro de Ocupações - CBO na área de saúde: Médico Acupunturista; Assistente Social;

Profissional/Professor de Educação Física; Farmacêutico; Fisioterapeuta; Fonoaudiólogo; Médico Ginecologista/Obstetra; Médico

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Homeopata; Nutricionista; Médico Pediatra; Psicólogo; Médico Psiquiatra; Terapeuta Ocupacional; Médico Geriatra; Médico Internista (clinica médica), Médico do Trabalho, Médico Veterinário, profissional com formação em arte e

graduado diretamente em uma dessas áreas conforme normativa vigente. A definição das categorias profissionais é de autonomia do gestor local, devendo ser escolhida de acordo com as necessidades dos territórios.

educação (arte educador) e profissional de saúde sanitarista, ou seja, profissional graduado na área de saúde com pósgraduação em saúde pública ou coletiva ou

OBS: (A portaria não menciona entre as ações realizadas pelo NASF, o apoio matricial)

2012   PORTARIA 3.124 DE 28 DE DEZEMBRO DE 2012  Redefine os parâmetros de vinculação dos Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF) Modalidades 1 e 2 às Equipes Saúde da Família e/ou Equipes de Atenção Básica para populações específicas, cria a Modalidade NASF, e dá outras providências. TIPO

NASF 1

NASF 2

NASF 3

PORTARIA 3.124/2012 3.124/2012   CARGA HORÁRIA DOS PROFISSIONAIS DO NASF  NASF   a) Somatória deve acumular no mínimo 200 (duzentas) horas semanais; b) nenhum profissional poderá ter carga horária semanal < 20 (vinte) horas; e c) cada ocupação, considerada isoladamente, deve ter no mínimo 20 (vinte) horas e no máximo 80 (oitenta) horas de carga horária semanal a) A somatória deve acumular no mínimo 120 (cento e vinte) horas semanais; b) nenhum profissional poderá ter carga horária semanal < 20 (vinte) horas; e c) cada ocupação, considerada isoladamente, deve ter no mínimo 20 (vinte) horas e no máximo 40 (quarenta) horas de carga horária semanal. a) A somatória deve acumular no mínimo 80 (oitenta) horas semanais;

NÚMERO DE EQUIPES VINCULADAS   VINCULADAS No mínimo 5 e a no máximo 9 ESF e/ou EAB para populações específicas (consultórios na rua, equipes ribeirinhas e fluviais) 3 a 4 ESF e/ou Equipes de Atenção Básica para populações específicas (consultórios na rua, equipes ribeirinhas e fluviais

No mínimo 1 e a no máximo 2 ESF e/ou EAB para populações específicas

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b) nenhum profissional poderá ter carga horária semanal < 20 (vinte horas); e c) cada ocupação, considerada isoladamente, deve ter no mínimo mínimo  20 (vinte) horas e no máximo máximo   40 (quarenta) horas (quarenta) horas de carga horária semanal.

(consultórios na rua, equipes ribeirinhas e fluviais, configurando-se como uma equipe ampliada.

EXERCÍCIOS   EXERCÍCIOS 1. (IAUPE  –  –   PERFIL AB 2020) O Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica (Nasf-AB) se constitui numa equipe multiprofissional e interdisciplinar composta por categorias de profissionais da saúde, complementar às equipes que atuam na Atenção Básica. Sobre o NASFAB, leia as afirmativas abaixo:  abaixo:  I. Os Nasf-AB não se constituem como serviços com unidades físicas independentes ou especiais. II. São de livre acesso para atendimento individual ou coletivo. III. Compete à Equipe do Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica (NasfAB) participar do planejamento conjunto com as equipes que atuam na Atenção Básica a que estão vinculadas. IV. Poderão compor os NASF-AB: Médico Acupunturista, Assistente Social, Médico Homeopata, Profissional/Professor de Educação Física; Farmacêutico; Fisioterapeuta. V. Compete realizar discussão de casos, atendimento individual, interconsulta, construção conjunta de projetos terapêuticos, educação permanente, intervenções no território e na saúde de grupos populacionais de todos os ciclos de vida.

Assinale a alternativa CORRETA. A) I, II, III, IV e V estão corretas. B) Apenas I, II, III e IV estão corretas. C) Apenas II está incorreta. D) Existem duas incorretas. E) Apenas V está incorreta. 02. (IAUPE, 2018 Perfil AB) O Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica (Nasf-AB) se constitui em uma equipe multiprofissional e interdisciplinar, atuando de maneira integrada para dar suporte (clínico, sanitário e pedagógico) aos profissionais das equipes de Saúde da Família (eSF) e de Atenção Básica (eAB). Sobre a composição do Nasf-AB na área de saúde, analise os itens abaixo: I. Médico Acupunturista II. Médico Ginecologista Ginecologista/Obstetra /Obstetra III. Médico Homeopata IV. Médico Pediatra V. Médico Veterinário. Assinale a alternativa CORRETA CORRETA.. A) Todos estão corretos. B) Existem, apenas, quatro corretos. C) Existem, apenas, três corretos. D) Existem, apenas, dois corretos. E) Existe, ape apenas, nas, um corre correto. to. 03. (IAUPE, 2018 FCM SC) Sobre a organização do NASF, segundo o Caderno

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