Apontamentos Português 1 - 10º Ano
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Português 10º Ano 2010/2011...
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Português 10º ano
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Texto Jornalístico
Notícia: relato curto e objectivo de um acontecimento actual com interesse geral. É, por excelência, o texto jornalístico mais informativo. Segue a técnica da pirâmide invertida. Linguagem clara, objectiva, simples, actual e breve, escrita na 3ª pessoa usando frases do tipo declarativo.
Quem? O quê? Onde? Quando? Como? Porquê?
informa
informa
NOTÍCIA
Sobre?
Como?
Facto actual (últimas 24 horas) de interesse geral.
Com objectividade; Revelando prioritariamente: quem, o quê, onde e quando.
Linguagem:
informa
Clara, concisa, corrente; Função informativa; Discurso de 3ª pessoa.
REPORTAGEM
informa
Sobre?
Como? Facto mais ou menos actual, de interesse geral; “coisas vistas” (o repórter desloca-se ao local, procura testemunhos); Vê , ouve, sente, anota para depois relatar o facto.
Com objectividade, mas detendo-se essencialmente no poquê dos factos; Pondo em relevo o seu significado; Integrando falas das personagens ligadas ao assunto focado; Exprimindo comentários pessoais (subjectividade).
Linguagem:
Clara, viva, directa, concise; Função informative ( também emotive e poética); Discurso de 3ª pessoa (possíveis marcas da 1ª pessoa).
Beatriz Martins Costa
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Reportagem: tem por base uma notícia de grande impacto, em que se faz o reelato pormenorizado e aprofundado de um acontecimento actual. Implica a deslocação do repórter ao local do sucedido para anotar o que vê, ouve e sente. Engloba a descrição do ambiente e falas das personagens ligadas ao assunto. Possui manifestações de subjectividade do emissor, derivadas da sua interpretação dos factos, daí que surja sempre assinada. Também possui um lead, centra-se nas respostas às questões Como? E Porquê?, desenvolvendo a primeira detalhadamente e levantando hipóteses plausíveis para a segunda. A imagem ocupa extrema importância neste género jornalístico, como complemento ilustrativo da informação.
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CRÓNICA
Como?
O que?
O quotidiano (social, politico, artistico, etc).
Com subjectividade/objectividade; Procurando uma visão pessoal e interpretativa dos factos; Recriando, muitas vezes, a realidade através da fantasia; Entrando num “diálogo” virtual com o leitor.
Linguagem:
Coloquial, viva e directa; Código entre o oral e o escrito; Função emotiva (também apelativa e poética); Discurso de 1ª/2ª pessoa.
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informa
TEXTO OPINIÃO
O que?
Como? O quotidiano (social, politico, artísticos, etc).
Com subjectividade/objectividade; Procurando uma visão pessoal e imperativa dos factos.
Linguagem:
Directa e viva; Código escrito; Função informativa/apelativa; Discurso de 1ª pessoa (singular e/ou plural).
Beatriz Martins Costa
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ENTREVISTA
O quê?
Sobre?
Individual.
Limitado aos interesses das personagens em foco.
Como?
Através de perguntas visando a subjectividade (perguntas feitas previamente).
Linguagem:
Código oral; Maior uniformidade nos níveis de língua utilizados; Linguagem de acordo com o entrevistado.
Entrevista: é uma técnica de recolha de informação sobre um tema ou uma pessoa, através de uma conversa. o Antes de realizar uma entrevista é necessário: Seleccionar o tema, os objectivos, a(s) pessoa(s) a entrevistar (o entrevistado); Fazer pesquisa de informação relativa ao tema e ao entrevistado, de forma a adequar o questionário que se vai construir; Construir um guião com as perguntas devidamente organizadas, de modo a obter mais rápida e correctamente as informações pretendidas. o Partes constituintes: Título – pode ser precedido de um antetítulo e/ou sucedido de um subtítulo; Introdução – apresentação do entrevistado, indicação do lugar e do porquê da entrevista; Questionário – perguntas do entrevistador e respostas do entrevistado; Conclusão – breve recapitulação do que foi dito; opinião do entrevistador sobre o trabalho realizado ou sobre a personalidade do entrevistado; e despedidas. o Procedimentos a respeitar na condução de uma entrevista: Elaborar perguntas adequadas ao tema, aos objectivoas estipulados, ao perfil do estrevistado e às expectativas do público; Esclarecer o entrevistado sobre as finalidades da entrevista; Elaborar perguntas diversificadas (abertas – em que o entrevistado pode dar a sua opinião de forma desenvolvida; fechadas – em que as respostas se limitam a «sim» ou «não» por parte do entrevistado; perguntas decorrentes das respostas do entrevistado); Estabelecer o número de questões e proceder à sua ordenação de forma lógica; Utilizar uma linguagem rigorosa, objectiva e acessível; Não emitir juízos de valor face às respostas dadas pelo entrevistado; Não influenciar as respostas; Registar correctamente as respostas ou usar um gravador. o Antes da publicitação da entrevista é importante: Verificar a pontuação e a ortografia do texto; Beatriz Martins Costa
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Certificar-se de que a entrevista reproduz fielmente as palavras do entrevistado; Cuidar do aspecto gráfico da mesma.
Texto Narrativo Texto Narrativo: relato de acontecimentos narrado pelo narrador que se desenrolam num determinado espaço e num tempo mais ou menos extenso onde intervêm as personagens. Categorias da Narrativa
Acção o
o
o
o
Quanto à relevância dos factos Principal: integra o conjunto de sequências narrativas que detêm a maior importância. Secundária: a sua importância define-se em relação à acção principal, ou seja, relata acontecimentos de menor relevo. Quanto ao desenlace Aberta: quando a acção não é totalmente solucionada. Fechada: quando a acção é totalmente solucionada, conhecendo-se o destino final das personagens. Quanto às sequências narrativas Introdução: corresponde à situação inicial, á informação sobre o tempo e o espaço, à apresentação das personagens. Desenvolvimento: a sucessão de peripécias e o ponto culminante. Conclusão ou desenlace: apresenta o desfecho da narrativa Quanto á organização das sequências narrativas Encadeamento: organização por ordem cronológica das acções. Ex: Sinicial -> S2 -> S’3 -> S4 -> Sfinal Encaixe: uma acção é introduzida numa outra que estava a ser narrada e que depois se retoma. Ex: S1 -> S2 -> S1 Alternância: em que várias histórias ou sequências vão sendo narradas alternadamente. Ex: S1 -> S2 -> S1 -> S2 ...
Personagens o Quanto ao relevo ou papel Principal ou protagonista: desempenha o papel central, é fundamental para o desenvolvimento da acção. Secundária: assume um papel de menor relevo que o do principal. Figurante: tem um papel irrelevante no desenrolar da acção. o Caracterização das personagens Retrato físico: corresponde à apresentação dos traços fisionómicos da personagem. Retrato psicológico: corresponde às características psicológicas das personagens (sentimentos, emoções, ideais, pensamentos, opiniões, etc). o Processos de caracterização das personagens Directa: caracterização feita através de palavras da personagem acerca de si própria ou de palavras de outras personagens. Beatriz Martins Costa
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o
Indirecta: deduções do leitor acerca das personagens a partir das suas atitudes e dos seus comportamentos. Composição das personagens Modelada ou redonda: capaz de alterar o seu comportamento e de evoluir ao longo da narrativa. Plana: é uma personagem estática, sem evolução, que se comporta da mesma forma ao longo de toda a narrativa. Tipo: representa um grupo profissional ou social.
Espaço o Físico ou geográfico: onde decorre a acção. o Social: corresponde ao ambiente social e à situação económica em que vivem as personagens. o Psicológico: corresponde às vivências e emoções que cada personagem tem de um determinado espaço.
Tempo o Histórico: época em que decorre a acção. o Cronológico: determinado pela sucessão cronológica dos acontecimentos narrados. o Discurso: corresponde ao modo como o narrador organiza o tempo da história. Analepse: recuo no tempo; Prolepse: avanço no tempo; Resumo/sumário: síntese dos acontecimentos; Elipse: omissão de determinados períodos de tempo. o Psicológico: corresponde ao modo como a personagem sente o passar do tempo cronológico.
Narrador o Quanto à presença Autodiegético: participa na acção como personagem principal e narra na primeira pessoa. Homodiegético: o narrador participa na acção como personagem secundária ou como observador. Heterodiegético: o narrador não participa na acção como personagem, apenas narra na 3ª pessoa. o Quanto à focalização ou ciência Omnisciente: sabe mais do que as personagens. Focalização interna: sabe tanto como as personagens. Focalização externa: apenas sabe o que é visível exteriormente. o Quanto à posição Objectivo: o narrador mostra-se imparcial face aos acontecimentos. Subjectivo: o narrador toma partido, comenta os acontecimentos, defende as personagens.
Narratário: destinatário da mensagem do narrador o Presente Explícito: o receptor da mensagem é mencionado no texto. Implícito: o receptor da mensagem não é mencionado no texto.
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o Ausente Modos de representação e de expressão do discurso o Narração: é a forma de expressão literária que confere dinamismo à acção e que se utiliza para contar factos. o Descrição: constitui o momento de pausa na acção para a representação de uma paisagem, lugar, personagens, etc. o Diálogo: conversa entre personagens. o Monólogo: o personagem dialoga consigo mesma.
Conto Tradicional O conto tradicional (ou popular) é uma narrativa breve, o que possibilita uma fácil memorização, concentrada numa só situação e com um reduzido número de personagens. É de tradição oral, tem a sua origem no povo anónimo. Tem uma função lúdica e transmite uma moralidade. O tempo é indeterminado e o espaço, geralmente também o é. Os temas são variados: a mulher, a infidelidade, a fidelidade, o engano, o homem dominado pela mulher, a superstição, a feitiçaria, a magia, a crença no destino, etc. No que respeita às personagens, encontra-se uma imensa variedade de personagens astuciosas, engenhosas, maliciosas, que se servem de ardis bem imaginados, de manhas e de espertezas para atingirem os seus objectivos.
Lenda A lenda é uma narrativa breve que assenta em factos reais, modificados pelo imaginatário. No fundo real é acrescentada a intervenção de entidades benéficas ou maléficas, a lenda resulta numa mistura de realidade e fantasia. A lenda tem, geralmente, fundamento histórico, mas isso nem sempre se verifica: por vezes, as lendas são narrativas que explicam fenómenos físicos ou aspectos da natureza.
Fábulas A fábula é uma narrativa breve de acontecimentos imaginários, na qual o autor, para moralizar ou divertir, foca os defeitos e as qualidades do Homem através de animais que agem como pessoas (personificação).
Sentido Conotativo e Denotativo
Conotação: é o sentido atribuido a uma unidade lexical indepeendentemente do contexto em que se encontra. Ex: fogo (chama, incêncido) Denotação: é o significado secundário das unidades lexicais que se agrega ao seu sentido denotativo. Ex: “Amor é um fogo que arde sem se ver” (emoção forte, paixão)
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Relações entre Palavras
Homónimas: são palavras que se escrevem e lêem da mesma maneira (grafia e som iguais), mas têm significados e origens diferentes. Exemplos: Nós jantamos em casa. A linha está cheia de nós. Ele ama a namorada. O bebé tem uma ama. O banco do corredor está partido. Hoje fui ao banco levantar dinheiro. Homófonas: são palavras que se lêem da mesma maneira, mas escrevem-se de maneira diferente e têm significados diferentes (som igual, mas grafia e significados diferentes). Exemplos: No sábado houve uma festa. O miúdo ouve bem. Estou a suar. Ouvia-se o soar da água na fonte. Este relógio já não tem conserto. Foi ontem o concerto dos U2. Homógrafas: são palavras que se escrevem da mesma maneira, mas lêem-se de maneira diferente e têm significados diferentes (grafia igual, mas acentuação e significados diferentes. Exemplos: Ele copia nos testes. Vou fazer uma cópia. Gosto daquele anúncio. Anuncio que vou casar. Comprei uma secretária nova. A secretaria da escola abre as 9.30h. Parónimas: são palavras que se escrevem e se lêem de forma semelhantes, mas têm significados diferentes (grafia e som próximos, mas significados diferentes). Exemplos: Qual é o comprimento da mesa? Que cumprimento simpático! A descrição da paisagem está bem feita. Se tiveres discrição ninguém se ofenderá. Hiperónimas: palavras de sentido mais geral que se relacionam com outras de sentido mais específico. Exemplos: Peixe (garoupa, sardinha, pescada, etc) Ave (andorinhas, rouxinol, galinha, etc) Hipónimas: palavras de sentido mais específico que se relacionan com outras de sentido mais geral. Exemplos: Vestido, calças, casaco (vestuário) Futebol, natação, atletismo (desporto) Sinónimas: são palavras diferentes que têm um significado muito semelhante Exemplos: Roubar/furtar, dever/obrigação, bonito/lindo, simpático/gentil, etc Antónimas: são palavras diferentes que têm significados opostos. Exemplos: Nascer/morrer, claro/escuro, gordo/magro, doente/são, etc.
Resumo Resumir é reduzir um texto às suas partes mais importantes, usando palavras claras e precisas.
Compreender o texto original para preparar o resumo o Ler atentamente o texto e compreender o seu conteúdo; o Sublinhar as ideias principais do texto, atendendo à progressão da informação; Beatriz Martins Costa
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o o
Identificar as partes que o configuram; Determinar as relações entre as diferentes ideias tendo em conta as diversas partes do texto; o Anotar na margem, de forma sintética, a informação essencial e principal de cada um dos parágrafos. Construir um novo texto, ou seja, redigir o resumo o Seleccionar as ideias ou factos essenciais do texto original que farão parte do resumo; o Suprimir as palavras ou frases referentes a ideias ou factos secundários; o Substituir fragmentos do texto original por frases que tornem mais económica a expressão, nomeadamente reduzindo as orações subordinadas a nomes, adjectivos, etc; o Redigir o resumo, respeitando as seguintes regras: Respeitar a ordem pela qual as ideias ou factos são apresentados no texto original: Não usar discurso directo; Manter os tempos ee as pessoas do texto original; Respeitar o número de palavras proposto, ou, caso não haja imposição prévia, apontar para cerca de ¼ do texto original; Articular as frases e os paragrafos, através de conectores, respeitando o texto de partida. Conceitos-chave para elaborar um bom resumo: o Seleccionar - suprimir palavras ou frases que refiram pormenores secundários: comentários, exemplos, citações, expressões e frases redundantes; o Generalizar – recorrendo a hiperónimos, sinónimos ou expressões englobantes com valor anafórico; o Reduzir – redundâncias, períferases, orações inteiras a adjectivos, a complementos, a determinantes, pronomes ou advérbios; o (Re)construir – transformar frases simples em complexas ou substituir um conjunto de frases por uma só que as inclua.
Exemplos: a) O Miguel foi ao mercado e comprou fanecas, carapaus e cherne, laranjas e maçãs, batatas, grelos e couves. Redução dos hipónimos ao hiperónimo O Miguel foi ao Mercado e comprou peixe, fruta e legumes. b) Todos os sábados e domingos vou até à beira-mar. Gosto de observar a areia, as rochas e o mar. Se não fossem as filas intermináveis de carros que encontro no regresso... Sinonímia, redução de enumeração e da períferase Ao fim-de-semana vou até à beira-mar. Gosto de observar a praia. Se não fosse o trânsito que encontro no regresso... c) Como chegou à hora previamente marcada, não precisou de esperar muito. O recurso ao gerúndio, à sinonímia e à forma afirmativa em vez de negativa Chegando pontualmente, evitou esperar muito. d) Descobri o livro que tinha perdido. A redução de orações relativas adjectivas ao adjectivo Descobri o livro desaparecido. e) Fizeram uma festa a quem fazia anos naquele dia. A redução de orações subordinadas substantivas ao grupo nominal Beatriz Martins Costa
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Fizeram uma festa aos aniversariantes. A Maria vive numa casa de duas assoalhadas. Foi nessa casa que criou os seus cinco filhos. Introdução de uma relação de subordinação – pronome relativo A Maria vive numa casa de duas assoalhadas onde criou os seus cinco filhos. g) Miguel Torga nasceu em 1907, em S. Martinho da Anta. Coube a Miguel Torga a honra de ser distinguido com o Prémio Camões, em 1989. A obra de Miguel Torga é vasta e abrange os mais diversos géneros. Pronominalização e redução a determinante Miguel Torga nasceu em 1907, em S. Martinho da Anta. Coube-lhe a honra de ser distinguido com o Prémio Camões, em 1989. A sua obra é vasta e abrange os mais diversos géneros. f)
Memórias As memórias fixam vivências, surgem como um escrito que permite ao seu autor recuperar e juntar pedaços que relatam acontecimentos considerados dignos de lembrança. A memória ocupa-se de registos passados, procura traduzir imagens recebidas mas afastadas no tempo. Identificando vivências e experiências passadas, favorece a construção de novos sentidos para o presente da vida humana. Torna-se assim uma obra histórica que situada no presente da memória, recorre ao passado para olhar o futuro.
Tipos de memória o Individual: recordação de experiências vividas. o Colectiva: conjunto de recordações de uma comunidade, grupo, tribo ou país. o Arquivo: suportes manuscritos, impressos, suportes electrónicos, monumentos, etc. Abordagem o Realidades: Humanas; Sociais; Geográficas; Culturais; Históricas; Políticas. Temáticas e recordações o Lembrança de acontecimentos marcantes; o Evocação de vivências; o Expressão de sentimentos e emoções; o Reflexão sobre as experiências vividas; o Relação com os outros e com o mundo; o Caracterização de realidades humanas, sociais, culturais, políticas, geográficas e outras; o Testemunho de situações; o Confidências ou confissões. Linguagem – caracterização da expressão o Presença do “eu”; o Como marcas de enunciação: Predominância das formas verbais na 1ª pessoa;
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Recurso aos pronomes pessoais e aos determinantes possessivos referentes aos sujeito (eu, me, mim, meu, minha, nosso); Discurso subjectivo; Predomínio da conotação; Uso dos nomes abstractos e adjectivos expressivos; Presença frequente dos verbos “ser” e “estar” Referências espaciais; Frases de tipo exclamativo e interrogativo.
Diário O diário é um género autobiográfico onde se relata experiências ou actividades profissionais, impressões de viagem ou comentários de leituras. Em qualquer dos casos é em torno do “eu”.
Variedade de diários o Siários íntimos; o Diários públicos; o Diários de viagem; o Diários de memória pessoal (por vezes confundidos com memórias); o Diários confessionais; o Diários de guerra; o Diários criativos; o Diários online. Motivos da escrita diarística o Aprofundamento do autoconhecimento; o Evocação de viv~encias; o Preservação da memória de pessoas e de acontecimentos marcantes; o Necessidade de confidência; o Exploração da identidade pessoal; o Balanço da vida individual; o Expressão de sentimentos e emoções; o Desejo de exploração do inconsciente; o Reflexão sobre as experiências vividas; o Testemunho de situações; o Confidências ou confissões; o Recordação ou exploração de sonhos; o Exploração de impulsos criativos; o Ordenação de pensamentos e ideias; o Relação com os outros e com o mundo; o Narração da “estória” da vida vivida opu sonhada; o Luta contra solidão. Linguagem do diário intimista o Presença do “eu”; o Como marcas de enunciação: Predominância das formas verbais na 1ª pessoa; Recurso aos pronomes pessoais e aos determinantes possessivos referentes aos sujeito (eu, me, mim, meu, minha, nosso); o Discurso subjectivo; o Predomínio da conotação; o Uso dos nomes abstractos e adjectivos expressivos; Beatriz Martins Costa
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Presença frequente dos verbos “ser” e “estar” Referências espaciais; Frases de tipo exclamativo e interrogativo.
Contrato É um documento que estabelece um acordo bilateral de vontades, regulamentando entre as partes contratantes os seus direitos e deveres.
Tipos de contracto o Contrato de adesão; o Contrato de arrendamento; o Contrato de prestação de serviços; o Contrato de trabalho; o Contrato matrimonial; o Contrato promessa. Extrutura do contrato o Abertura Identificação do primeiro outorgante (contraente); Identificação do segundo outorgante (contraente). o Encadeamento Cláusulas contratuais que os outorgantes (contraentes) se comprometem a respeitar. o Fecho Data e assinaturas dos outorgantes (contraentes). Características do discurso o O contrato é redigido na 3ª pessoa; o A linguagem é objectiva e denotativa; o O vocabulário é técnico, de acordo com a natureza do documento; o Utiliza frequentemente o lexico: Outorgante; Contraente; Contratante; Cláusula; Imputável; Perdas; Danos; Vigência; Prorrogar; Celebração; Violação; Reclamação; Consignar; Horonários; Ónus; Emergente; Rubricar; Assunção. o Verbos: Compromissivos; Beatriz Martins Costa
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Transitivos directos e indirectos (frequente); Voz passiva (tempo futuro).
Carta A carta é uma conversa, por escrito, com uma pessoa ausente. As cartas pessoais ou informais dirigem-se a familiares ou amigos. A carta é geralemnte redigida na 1ª pessoa do singular e no presente do indicativo.
Tipos de correspondência o Carta pessoal ou familiar Destinatários: pessoas com as quais se tem laços afectivos – parentes ou amigos. Finalidades: Comunicar assuntos pessoais de interesse mútuo; Expressar sentimentos; Dar ou pedir informações. o Carta comercial Destinatários: empresas de comércio/indústria. Finalidades: Estabelecer relações de negócios; Dar ou pedir informações. o Carta de cortesia Destinatários: pessoas com as quais se estabelecem relações profissionais, sociais, culturais e/ou pessoais. Finalidades: Apresentar felicitações, pêsames, etc; Fazer recomendações; Tratar de questões diversas, desde os temas de índole política aos de cariz pessoal, desportivo, religioso, cultural ou outro. o Carta de emprego ou de apresentação/recomendação Destinatários: empresas. Finalidades: Apresentar uma candidatura a um emprego (através de uma carta de apresentação e/ou pedido de emprego; resposta a um anúncio, etc). o Carta de pedido ou reclamação Destinatários: administração pública, instituições ou empresas. Finalidades: Tratar de questões pessoais, desde que não seja um assunto oficial e não haja outros instrumentos adequados; Apresentar uma reclamação sobre algum assunto. Extrutura da carta o Data e localização: apresentadas no canto superior esquedo da folha, podendo também ser escrito à direita (ex: Ovar, 22 de Novembro de 2010); o Saudação inicial; o Texto Introdução; Desenvolvimento;
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Conclusão. Fórmula de despedida; Assinatura.
A poesia antes de Camões Poesia Trovadoresca As primeiras manifestações do nosso património literário são letras de canções, pois eram poemas escritos para serem acompanhados por música. Conhecidos por poesia trovadoresca, os mais antigos destes poemas têm uma origem mais remota, integrando a tradição oral e popular. Chegaram até nós compilados em cancioneiros medieval: cancioneiro da vaticana e o cancioneiro da biblioteca nacional. Escrita, na sua maioria, por trovadores e divulgada, de região em região, pelos jograis, a poesia trovadoresca é constituida por: poemas líricos (cantigas de amigo e cantigas de amor) e satíricos (cantigas de escárnio e mal dizer).
Cantigas de Amigo Nas cantigas de amigo, o sujeito poético é uma jovem que exprime o seu amor pelo seu amado que designa por “amigo”. É uma rapariga do meio rural, cheia de juventude, de vida e de alegria, que confidencia às amigas, à mãe ou à natureza a sua felicidade, as suas mágoas, as suas preocupações, a sua saudade do namorado que está muitas vezes ausente.
Cantigas de Amor Nas cantigas de amor o sujeito poético é um homem que exprime o seu amor pela sua amada que designa por “dona” ou “senhor”. As cantigas de amor não reflectem uma relação amorosa espontânea ou uma experiência amorosa vivida a dois; elas exprimem um amor idealizado, acente na teoria do amor “cortês”. Segundo esta teoria que rege as leis do verdadeiro amor, o único digno de ser cantado poeticamente, o homem deve prestar vassalagem amorosa à sua “senhor” e, o amado deve lealdade e fidelidade à amada, até à morte. Para ele, a mulher amada é perfeita e inacessível como uma deusa.
Poesia Palaciana Em meados do séc. XIV a poesia trovadoresca tinha praticamente desaparecido e apenas um século depois os poetas regressariam às letras portuguesas. Desta vez, a poesia nasceu no paço onde o rei apadrinhava luxuosos serões palacianos nos quais se ouvia música, se dançava, e os nobres recitavam poesia às damas. Foi o poeta Garcia de Resende que, na segunda década do séc. XVI reuniu poemas num volume a que deu o nome “Cancioneiro Geral”. Tal como na poesia trovadoresca, o amor continua a ser predominante, mas as formas poéticas são agora mais diversificadas. A estrutura mais usada é a que consiste na utilização de um mote que é desenvolvido na glosa.
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Conforme a maneira de encadear o mote e as voltas, assim se distinguiam diversas formas métricas: o vilancete, constituido por um mote de dois ou três versos e uma volta de sete; a cantiga, com um mote de quatro ou cinco versos e uma glosa de oito, nove ou dez versos. São ainda cultivados outros géneros mais livres, como a esparsa, composta por uma estrofe que varia entre oito, nove e dez versos. Este conjunto de formas versificatórias com preferência pela redondilha constitui aquilo que no séc. XVI se chamará a “medida velha”.
Renascentismo É a aceitação definitiva pelos quinhentistas das formas artísticas greco-latinas e a assimilação do espírito que as anima, realizadas nas formas de expressão da Arte, da Literatura, da História, da Filosofia e na exaltação dos valores humanos (fazer renascer ideias provensais).
Humanismo É uma atitude filosófica que se define pela adopção de tudo quanto pode valorizar o elemento humano. O pensamento antropocêntrico, sem deixar de atender à alma e ao cèu, incide mais na vida do Homem, cidadão do mundo e no mundo, pátria do Homem. Como haviam feito os melhores de entre os Gregos e Romanos, tentou valorizar-se, no curto espaço de tempo que medeia entre o berço e o túmulo, tudo quanto pode elevar a vida do Homem terreno (pensamento antropocêntrico – Homem no centro do universo). Uma nova concepção do Cristianismo tenta fazer regressar a Igreja à pureza dos antigos cristãos; é a tentativa de refontalizar a Igreja.
Classicismo É a estética literária definitivamente estruturada na segunda metade do séc. XVI, que induzirá géneros literários com as suas regras próprias: o épico, o lírico com as suas formas fixas, como o soneto e o seu decassílabo, a canção, a écloga, a elegia, a epístola, o epigrama, a ode, a sextina, o epitalâmio e o ditirambo, o dramático (repartido em tragédia e comédia). O conjunto das regras ultrapassa a simples imitação da estética greco-latina e, partindo desta, cria a sua própria originalidade (forma de escrita que Camões usa).
Características gerais do movimento da Renascença
Exaltação do Homem, substituindo o teocentrismo medieval pelo antropocentrismo homérico; Predomínio da razão sobre o sentimento, refreando-se no escritor os voos da imaginação e os caprichos da fantasia; Imitação da Natureza pela Arte, tendo como base a verosimilhança que exclui da Literatura o insólito, o anormal, o estritamente local e os casos particulares e acidentais para poder reflectir o intemporal, o eterno, o essencial; Imitação dos autores gregos e romanos, adoptando temas, usando a mitologia, criando formas poéticas e introduzindo géneros literários; Valorização da Arte baseada na cultura, no estudo e no bom gosto, único meio de conhecer os antigos para os imitar; Sujeição a regras de conteúdo e forma que por motivo algum deviam ser violadas;
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Justa proporção e comedimento, de tal maneira que as personagens se comportassem de harmonia com a sua condição social, se omitissem expressões e vocábulos grosseiros, não se tratassem assuntos escabrosos, se proscrevessem cenas violentas e crueis, etc.
Glossário
Atafinda: processo que consiste em levar o assunto sem interrupção (por encadeamento lógico) até ao fim da cantiga; Cobra: estrofe; Copla: estrofe; Coplas uníssonas: têm todas o mesmo esquema rimático; Coplas singulares: as rimas renovam-se a cada estrofe; Coplas monórrimas: a rima é idêntica em todos os versos da mesma copla; Dobre: repetição de um ou mais vocábulos no mesmo lugar de cada copla; Encavalgamento: o conteúdo ideológico de um verso completa-se apenas no seguinte; Finda: estrofe de um a três versos que serve de remate e em que o poeta sintetiza o assunto da composição; Leixa-pren: processo pelo qual se retoma no início de uma copla o último verso da estrofe anterior, embora alternando as últimas palavras; Mestria (Cantiga de): cantiga sem refrão (de influência provençal); Mordobre: repetição de formas diferentes do mesmo verbo no mesmo lugar em cada copla; Paralelismo: consiste na repetição da mesma ideia em versos paralelos; Paralelismo anafórico: com anáforas; Paralelismo semântico: implica uma repetição das ideias; Paralelismo estrutural: pressupõe a alternância de coplas uníssonas; Perduda (palavra): verso branco ou solto, colocado na mesma posição em cada copla; Refrão: verso ou versos que se repetem na íntegra no fim de cada copla; Tenção: cantiga dialogada em que os interlocutores altercam ou confrontam opiniões e/ou pontos de vista diferentes.
Lírica Camoniana Na lírica Camoniana predomina o tema do amor, cantado em todos os tons: ligeiro, espirituoso ou mesmo picante, pelas variações que passam pelo elogio até ao tom sério quando não trágico, complicando-se com a temática da saudade, da insatisfação, da morte e com o sentimento do pecado. Além dos temas amorosos salienta-se também o do desconcerto ou do absurdo. Temos ainda composições de temática religiosa, e finalmente poemas de circunstância, quer para apresentar a obra de um contemporâneo, quer para interceder generosamente por uma pobre mulher condenada ao degredo, quer para lembrar jocosamente uma dívida ou para pedir protecção contra um credor, quer ainda para convidar os amigos para uma ceia onde apenas comerão trovas. Quanto às formas , Camões usou a redondilha com muita graça em composições de estilo semelhantes a textos do cancioneiro Geral de Garcia de Resende. Mas como é natural, a maioria das composições adoptam a medida nova que o renascimento põe em voga e alguns dos subgéneros líricos herdados da estética clássica: o soneto, a oitava rima, a canção, a ode, a elegia e a écloga. Nota
Medida nova: verso decassílabo com acento na sexta e décima sílabas ou na quarta, oitava e décima sílabas. Beatriz Martins Costa Medida Velha: verso de cinco sílabas métricas (redondilha menor) e de sete sílabas métricas (redondilha maior).
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No conjunto da obra lírica sente-se a influ~encia clássica: Virgílio, Horácio e Ovídeo. Torna-se mais potente a influência de Petrarca: a mulher como ser superior, quase divino, de beleza inefável; a atitude infinitamente do amante perante a senhora; o sentimento da distância que os separa; a morte por amor, etc...
Características da poesia lírica de Luís de Camões
A obra lírica camoniana é marcada por uma dualidade: por um lado, a poesia de carácter trovadoresco dos cancioneiros, por outro, as novas composições introduzidas pelo Renascentismo. Como poeta do Renascentismo, a sua produção lírica é uma expressão desse dolce stil nuevo. Trabalhou quase todos os géneros restaurados: a écloga, a ode, a elegia, e as formas fixas novas – o soneto e a canção. A sua poesia é sustentada em pólos antagónicos: mulher ideal e perfeita / mulher feiticeira; amor espiritual /amor sensual; humildade / orgulho; inocência / sentimento de culpa; natureza como espelho da alma / natureza contrastante com o estado de alma. Petrarca e Dante são seus principais mestres. Áreas temáticas: o O amor: amor físico vs amor platónico; a divisão interior do sujeito poético causada pelo conflito amoroso; o poder transformador do amor e os seus efeitos contraditórios. o A mulher: retrato da mulher perspetivada na concepção de Petrarca e Dante; a amada surge umas vezes como ser angélico, outras como ser maléfico; a mulher ideal é inacessível e intocável. o A natureza: encarada como fonte de recursos expressivos, sempre ligada à poesia amorosa; o locus amoenus. o A saudade: faz sofrer mas inspira; a ausência da amada é in sopurtavel e divide o sujeito poético. o O tempo e a mudança: a mudança é cíclica e o tempo anula qualquer esperança. o O destino: é sobretudo na sua vida amorosa que Camões sente a presença maléfica do destino: tentando lutar contra a má fortuna, o sujeito poético recorda, muitas vezes, o bem passado. Variedade formal: o Vilancete; o Cantiga; o Esparsa; o Trova (influência tradicional); o Soneto; o Canção; o Ode; o Elegia; o Écloga (influência clássica/renascentista). Verso: o Medida velha: verso de cinco sílabas métricas (redondilha menor) e versos de sete sílabas métricas (redondilha maior); o Medida nova: verso decassílabo com acento na sexta e décima sílabas (heróico) ou na quarta, oitava e décima sílabas (sáfico).
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Linguagem e estilo: o Adjectivação expressiva; o Pontuação emotiva (exclamações, interrogações); o Expressividade de tempos e modos verbais; o Uso de vocabulário erudito; o Recurso à mitologia; o Predomínio de metáforas, apóstrofes, hipérboles, anáforas, hipérbatos, etc; o Alternância entre ritmo rápido e lento.
Figuras de estilo
A nível fónico o Aliteração: repetição de sons consonânticos em sílabas próximas. «Bramindo, o negro mar de longe brada», Luís de Camões. o Assonância: repetição intencional dos mesmos sons vocálicos. «Entre estrelas e círios», Vitorino Nemésio. A nível sintáctico o Anáfora: repetição de uma ou mais palavras no início de uma frase, de um membro de frase ou de um verso. «Eu sou a que no mundo anda perdida Eu sou a que na vida não tem morte», Florbela Espanca. o Anástrofe: alteração da ordem directa da frase devido à anteposição de um complemento ou à deslocação de uma palavra. «Dentro de mim me quis eu ver», José Régio. o Assíndote: supressão da partícula de ligação (conjunção coordenativa). «Consideremos o jardim, mundo de pequenas coisas, / calhaus, pétalas, folhas, dedos, línguas, sementes», António Ramos Rosa. o Enumeração: acumulação ou inventariação de elementos da mesma natureza. «Que perla, rosa, Sol ou jasmim puro», Jerónimo Baía. o Paralelismo de construção: repetição da estrutura frásica para memorizar ou destacar ideias. «Árabe no sossego, / Africano no ardor / (...) / (..) Romano na ambição / Oriental no ardil», Vitorino nemésio. Paralelismo Puro: o segundo verso da primeira estrofe repete-se com o primeiro verso da terceira cópula; o segundo vreso da segunda cópula repete-se com o primeiro verso da quarta cópula e assim sussecivamente.
Paralelismo Imperfeito: quando o esquema não se repete rigorosamente. Paralelismo anafórico: quando há repetição de palavras. Paralelismo semântico: quando há repetição da ideia. Paralelismo Leixa-pren: quando o verso seguinte repete todo ou parte do verso da estrofe anterior.
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Polissíndeto: repetição do elemento de ligação entre frases ou palavras. «E tudo se passava numa outra vida / e havia para as coisas sempre uma saída», Ruy Belo. A nível interpretativo o Antítese: apresentação de dois conceitos opostos. «E em mim converte em choro o doce canto», Luís de Camões. o Paradoxo: confronto de duas ideias opostas inconsiliáveis simultaneamente. «É ferida que dói e não se sente», Luís de Camões. «Bastou ouvir o teu silêncio para chorar de saudades», Reinaldo Dias. o Apóstrofe/invocação: interpelação, chamamento de alguém ou de algo personificado. «E vós, Tágides minhas, pois criado», Luís de Camões. o Comparação: relação de semelhança entre duas ideias usando uma partícula comparativa ou verbos como “parecer”, “assemelhar-se”. «Gato que brincas na rua, / Como se fosse na cama», fernando pessoa. o Eufemismo: expressão de uma ideia chocante, de forma suave. «Fidalgo – Esta barca onde vai ora, / Que assim está apercebida? Diabo – vai pera ilha perdida.», Gil Vicente. o Gradação: encadeamente, disposição de palavras7ideias segundo uma ordem crescente ou decrescente. «Mas já desmaio, exausto e vacilante, / Quebrada a espada já, rota a armadura...», Antero de Quental. o Hipérbole: exagero da realidade. «trazem ferocidade e feror tanto, / Que a vivos medo, e a mortos faz espanto», Luís de Camões. o Interrogação: pergunta retórica que não pretende obter resposta, mas enfatizar a questão. «Que famas lhe prometerás? Que histórias? / Que triunfos? Que palmas? Que vitórias?», Luís de Camões. o Ironia: Afirmação que permite sugerir ou insinuar o contrário. «Diabo – Santo sapateiro honrado!», Gil Vicente. o Metáfora: comparação de dois conceitos, aproximando-os sem utilização da partícula comparativa. «Com ar de quem semeia uma ilusão», Miguel Torga. o Perífrase: utilização de muitas palavras para o que pode ser expresso com poucas. «Convocados, da parte do Tonante, / Pelo neto gentil do velho Atlante”, Luís de Camões. o Personificação: atribuição de qualidades ou comportamentos humanos a seres inanimados ou animais. «Toda a noite o rouxinol chorou», Florbela Espanca. o Pleonasmo: repetição da mesma ideia, com a intenção de a reforçar. «(...) dizendo que britassem as portas para entrar dentro», Fernão Lopes. o Sinédoque: expressão do todo pela parte ou da parte pelo todo, do singular pelo plural, do plural pelo singular, do género pelo indivíduo. «Que, da Ocidental praia Lusitana», Luís de Camões.
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Sinestesia: expressão simultânea de sensações diferentes, centrada na expressão de uma sensação. «um escarlate estridente», Eça de Queirós.
Noções de versificação O verso é uma das linhas de uma composição poética. O ritmo consiste numa cadência que resulta da alternância harmónica entre sílabas fortes e sílabas fracas. O metro é a medida poética que regula a quantidade e a disposição das sílabas. Cada verso é constituido por um determinado número de sílabas métricas que diferem das sílabas gramaticais porque a sua divisão assenta nos sons apercebidos pelo ouvido. Ex: Que/ da O/ci/den/tal/ prai/a/ Lu/si/ta/(na) elisão
Nota: Só se contam as sílabas métricas até á sílabas tónica da última palavra do verso. Faz-se elisão da vogal átona final da palavra com a vogal que inicia a palavra seguinte, constituindo uma única sílaba métrica. O acto de dividir sílabas métricas designa-se por escansão. A rima é a correspondência de sons no final do verso. As rimas podem combinar-se de diversas maneiras. Há poesia que não tem rima. Os versos que não rimam chamam-se brancos ou soltos.
Classificação dos versos quanto ao número de sílabas métricas: 1 sílaba métrica 2 sílabas métricas 3 sílabas métricas 4 sílabas métricas 5 sílabas métricas 6 sílabas métricas
Monossílabo Dissílabo Trissílabo Tetrasílabo ou quadrissílabo Pentassílabo ou redondilha menor hexassílabo
Heptassílabo ou redondilha maior Octassílabo Eneassílabo Decassílabo Hendecassílabo Dodecassílabo ou alexandrino
7 sílabas métricas 8 sílabas métricas 9 sílabas métricas 10 sílabas métricas 11 sílabas métricas 12 sílabas métricas
Tipos de rima: Tipos
Definição
Esquema Rimático
Interpolada
Os versos que rimam são separados por dois ou três versos de rima diferente.
ABBA / ABCDA
Os versos rimam alternadamente.
ABAB
Os versos rimam dois a dois ou três a três.
AABC / AAAB
Cruzada Emparelhada
A rima também pode considerar-se: Consoante Toante Rica Pobre
Quando é perfeita, isto é, rimam as vogais e as consoantes. Ex: Provável / agradável Quando é inperfeita, isto é, só rimam as vogais. Ex: Amigo / ferido Quando rimam palavras de categorias morfológicas diferentes. Ex: triste / viste Quando rimam palavras da mesma categoria morfolócica. Ex: Amor / dor
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Designação das estrofes: 1 verso 2 versos 3 versos 4 versos 5 versos
Monóstico Dístico ou parelha Terceto Quadra Quintilha
Sextilha ou sextina Sétima Oitava Nona Décima
6 versos 7 versos 8 versos 9 versos 10 versos
Amor é um fogo que arde sem se ver Amor é um fogo que arde sem se ver, Metáfora é ferida que dói e não se sente; é um contentamento descontente; é dor que desatina sem doer. É um não querer mais que bem querer; é um andar solitário entre a gente; é nunca contentar-se de contente; é um cuidar que ganha em se perder.
1ª Parte Retrata a complexidade do sentimento amoroso através do uso de antíteses e paradoxos, paralelismo anafórico e expressões indefinidas.
É querer estar preso por vontade; é servir a quem vende, o vencedor; é ter com quem nos mata, lealdade. Mas como causar pode seu favor nos corações humanos amizade, se tão contrário a si é o mesmo amor? Oposição / Contraste (conjunção adversativa)
2ª Parte Sendo incapaz de definir o amor, o sujeito poético remata o poema com uma pergunta retórica que mostra a perplexidade do sujeito face à aceitação desse sentimento. Se o amor é este mundo de contradições, como se deixam as pessoas envolver por ele?
Apesar do amor ser um sentimento tão contraditório e que causa tanto sofrimento toda a gente o deseja. Ciclo vicioso sem portas de saída. O poema começa e acaba da mesma maneira: “Amor”.
Tema: Amor (o poeta apresenta enumeração de manifestações comportamentais que denunciam a sua incapacidade de encontrar uma definição do amor).
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Aquela leda e triste madrugada Madrugada Personagem principal:
Valor de testemunha única Anáfora Confere à personagem a função de testemunha
1ª Parte
Aquela triste e leda madrugada, Antítese cheia toda de mágoa e de piedade, enquanto houver no mundo saudade quero que seja sempre celebrada.
Momento descritivo da madrugada e o desejo que o sujeito poético tem de celebrar/recordá-la.
Ela só, quando amena e marchetada saía, dando ao mundo claridade, viu apartar-se de ua outra vontade, que nunca poderá ver-se apartada.
2ª Parte
Jodo de Palavras
Ela só viu as lágrimas em fio, que duns e doutros olhos derivadas se acrescentaram em grande e largo rio. Hipérbole
Ela viu as palavras magoadas que puderam tornar o fogo frio, Paradoxo e dar descanso às almas condenadas.
Momento de narração (pretérito perfeito e imperfeito) que justifica o momento da separação e o porquê do sujeito poético desejar tanto celebrar essa madrugada.
Tema: Separação dos amantes numa madrugada triste e leda. Desejo de recordar quela madrugada (triste e alegre). Considera a madrugada uma pessoa (personificação). A madrugada tem o valor sentimental do amor. Triste: a madrugada foi a testemunha da grande dor da separação do casal de amantes. Leda: refere-se à madrugada, romper de uma aurora “amena e marchetada”, de um dia radioso.
Eu cantarei de amor tão docemente Eu cantarei de amor tão docemente, Por uns termos em si tão concertados, Comparação Que dous mil acidentes namorados hipérbole Faça sentir ao peito que não sente.
1ª Parte O poeta propõe-se a cantar o amor de tal forma doce e harmoniosamente que, quem não o sentir, passará a senti-lo.
Antítese/paradoxo
Farei que amor a todos avivente, Pintando mil segredos delicados, Brandas iras, suspiros magoados, Temerosa ousadia e pena ausente. Também, Senhora, do desprezo honesto De vossa vista branda e rigorosa, Contentar-me-ei dizendo a menos parte. Porém, pera cantar de vosso gesto A composição alta e milagrosa Aqui falta saber, engenho e arte. Pretende cantar a beleza da sua amada mas não consegue, pois falta-lhe experiência e talento. Tema: Amor
2ª Parte O sojeito poético dirige-se à amada anunciando que não irá por em evidência as suas características, dirá apenas a “menos parte”.
Senhora alta e milagrosa, ser excepcional, inalcansável, Deusa, superior. (amor petrarca)
Não põe em evidência as suas características físicas. Nunca se conhece a sua amada, é sempre uma mulher anónima. Beatriz Martins Costa
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Alegres campos, verdes arvoredos Alegres campos, verdes arvoredos, Água puras, claras e frescas águas de cristal, brilhantes, Que em vós os debuxais ao natural, transparentes discorrendo da altura dos rochedos; Silvestres montes, ásperos penedos, compostos em concerto desigual, sabei que, sem licença de meu mal, já não podeis fazer meus olhos ledos. E, pois me já não vedes como vistes, não me alegrem verduras deleitosas, nem águas que correndo alegres vêm. Semearei em vós lembranças tristes, regando-vos com lágrimas saudosas, e nascerão saudades de meu bem.
1ª Parte
Descrição exaustiva da Natureza, Natureza selvagem mas bonita
2ª Parte Sujeito poético e os seus sentimentos, remete para a sua mudança. Nem mesmo a beleza da natureza o consegue fazer feliz.
Adjectivações, personificações, metáforas, aliteração em «s», antítese, repetição do advérbio de negação, comparação, repetição do verbo ver, gerúndio (continuação da acção), arcaísmo. Tema: Natureza, Saudade
A fermosura desta fresca serra A fermosura desta fresca serra, e a sombra dos verdes castanheiros, o manso caminhar destes ribeiros, donde toda a tristeza se desterra; o rouco som do mar, a estranha terra, o esconder do sol pelos outeiros, o recolher dos gados derradeiros, das nuvens pelo ar a branda guerra;
1ª Parte Descrição que se estrutura numa enumeração de elementos que constituem a paisagem e que são qualificados ora por adjectivos ora por substantivos ou orações relativas.
2ª Parte enfim, tudo o que a rara natureza com tanta variedade nos of´rece, me está (se não te vejo) magoando. Sem ti, tudo me enjoa e me aborrece; sem ti, perpetuamente estou passando, nas mores alegrias, mor tristeza. Anáfora
Síntese da natureza que se conclui ser “rara” e dotada de grande “variedade”. Mas, para além dessa síntese, o poeta introduz a 1ª e 2ª pessoas do singular (instituindo-se uma relação eu-tu-Natureza) e o texto assume certo dramatismo e uma grande subjectividade.
Antítese
Dramatismo e subjectividade
Tema: a necessidade da presença da mulher amada para que a felicidade do sujeito seja possível. Beatriz Martins Costa
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