APHRODISIAKOS (Alessa B.) Trovart Publications

March 7, 2019 | Author: Axills Axl | Category: Aphrodite, Love, Divinity, Poetry, Nature
Share Embed Donate


Short Description

Estes versos concebidos sob as sagradas leis, bênçãos e apelos de Afrodite pretendem, de forma simples e poética, fazer ...

Description

 Trovart Publications

1

Alessa B. Curitiba/Paraná: Edição Independente, I ndependente, 2012. 41p. Curitiba 2012.  Todos os direitos reservados Esta obra está licenciada sob uma Licença CreativeCommons

Capa: Axills Produção Editorial: Samuel Achilles 2012  TrovartPublications

 Trovart Publications



SUMÁRIO PREFÁCIO ............................................ .................................................................. ............................................ ............................................. ............................. ...... 5

CERIMONIAL .......................................... ................................................................. ............................................. ............................................. ......................... .. 8 .................................................................. ............................................. ............................................ .................................... .............. 9 VAZÃO ........................................... PECADO ORIGINAL ............................................ .................................................................. ............................................ ............................... ......... 10 QUASE MORTE... ............................................ ................................................................... ............................................. .................................. ............ 11 ................................................................... ............................................. ............................................. ....................... 12 SENSORIAL ............................................ DELEITE ........................................... ................................................................. ............................................ ............................................. ............................... ........ 13 SONNET AUX AMANTS.......................................... ................................................................ ............................................ ........................... ..... 14 .................................................................. ............................................. ............................................. ....................... 15 BEIJA-FLOR ........................................... PASSEIO... ........................................... ................................................................. ............................................ ............................................. ........................... .... 16 ECLIPSE............................................ .................................................................. ............................................ ............................................. ............................... ........ 17 APOLÍNEO ............................................ .................................................................. ............................................ ............................................. ........................... .... 18 MÃOS DE VELUDO ......................................... ............................................................... ............................................. ................................... ............ 19 LÁBIOS DE ORGIA .......................................... ................................................................. ............................................. .................................. ............ 20 QUEDA LIVRE ........................................... ................................................................. ............................................ .......................................... .................... 21 SACRAMENTO ........................................... ................................................................. ............................................ .......................................... .................... 22 AO PHALLOS .......................................... ................................................................. ............................................. ............................................. ....................... 23 VAGINAL  –   – UMA ODE À VAGINA ......................................... ............................................................... ............................... ......... 24 AUDACIOSA............................................ ................................................................... ............................................. ............................................. ....................... 25 ÉROTIQUE ........................................... ................................................................. ............................................ ............................................. ........................... .... 26 VÊNUS EM COUROS .......................................... ................................................................ ............................................ ............................... ......... 27 FESTIM.......................................... ................................................................. ............................................. ............................................ .................................. ............ 28 ARTESÃO.......................................... ................................................................ ............................................ ............................................. ............................... ........ 29 PEGA-BRASAS........................................... ................................................................. ............................................ .......................................... .................... 30  TRANSCENDENTAL ............................................ .................................................................. ............................................ ............................... ......... 31 ARDENTIS ............................................ .................................................................. ............................................ ............................................. ........................... .... 32 MATINAL ........................................... ................................................................. ............................................ ............................................. ............................... ........ 33 * LASCIVO ............................................ .................................................................. ............................................ ............................................. ........................... .... 34 AKHILLEUS............................................. .................................................................... ............................................. ............................................. ....................... 35 LEITE DERRAMADO........................................... ................................................................. ............................................ ............................... ......... 36 MULHER-MANGA ............................................ ................................................................... ............................................. .................................. ............ 37 PÊNIS-ZANGÃO ............................................. ................................................................... ............................................ ...................................... ................ 38 POSFÁCIO I ............................................ ................................................................... ............................................. ............................................. ....................... 39 POSFÁCIO II ........................................... .................................................................. ............................................. ............................................. ....................... 40

 Trovart Publications



Ao Leitor...

Que as graças e os apelos de Afrodite, Te levem aos jardins da Tentação  E nestes versos fluas em apetite  Por entre preces, gozos e paixão... Que as prendas e os apelos de Afrodite  Te lancem às esferas do prazer, Que tua alma em ânsias mil palpite, E aos Céus teu corpo possa transcender. Alessa B.

 Trovart Publications



PREFÁCIO Afrodisíacos é um vocábulo proveniente do grego Aphrodisiakos, relativo à “afrodisia”, que significa “desejo sexual” e é também derivado do

nome da deusa grega Afrodite , divindade relacionada ao Amor em seus mais variados aspectos, à virilidade e à beleza, portadora de um forte e intenso poder de sedução. Segundo o mito, Afrodite teria surgido da espuma das águas do mar, onde Chronos , o deus do Tempo teria atirado os genitais de Urano, deus do Céu (conhecido por sua sensualidade e maldade), após tê-lo castrado e as quais formaram ondas chamadas de aphros a partir de seu sêmen. Por sua origem, a deusa passou a ser cultuada e reverenciada pelos humanos como a deusa do amor de alma e do amor carnal, amando e sendo amada por muitos deuses e mortais. As festas em sua honra eram chamadas de “afrodisíacas”. Vem daí que o vocábulo “afrodisíacos” passou a ser usado para se

referir a alimentos e elixires feitos a partir de ervas, raízes e plantas medicinais indicados para a restauração das forças geradoras e estimulantes dos impulsos e apetites de ordem libidinosa, uma vez que o homem de todas as épocas e de todas as culturas busca aprimorar seu desempenho sexual. Assim, segundo a crença esses alimentos e elixires, tais como: ostras, chocolate, frutas, mel, pimenta, canela, manjericão, orégano, salsinha, vinho, entre outros, combinados de diversas formas e preparados de maneira bem arranjada e apetitosa ao paladar, ao olfato e à visão têm o poder de excitar e estimular os sentidos para a prática do erotismo, tendo surgido as primeiras receitas já na Antiguidade. Desta feita, estes versos concebidos sob as sagradas leis, bênçãos e apelos de Afrodite  pretendem, de forma simples e poética, fazer as vezes destes estimulantes do apetite e do prazer sensual a fim de excitar e despertar a luxúria e os desejos libidinosos mais íntimos e mais secretos  Trovart Publications



do estimado(a) leitor(a) que por aqui se aventurar, pois como acreditava Anais Nin (e eu também), “o erotismo é uma das bases do conhecimento de nós próprios, tão indispensável como a poesia”.

Além disso, segundo o poeta e ensaísta mexicano Octávio Paz, em seu maravilhoso ensaio sobre o amor e o erotismo intitulado, A dupla 

chama , “a relação entre erotismo e poesia é tal que se pode dizer que [...] a imagem poética é o abraço de realidades opostas e a rima é a cópula de sons; a poesia erotiza a linguagem e o mundo porque ela própria, em seu modo de operação, já é erotismo ”. Lembrando que, ainda de acordo com o poeta e ensaísta, “poesia e erotismo nascem dos sentidos, mas não terminam neles. Ao se soltarem, inventam configurações imaginárias  – poemas  – poemas e cerimônias”... Portanto, nada mais resta a esta humilde poetisa desejar que a leitura destes versos lhe seja fartamente prazerosa e estimulante, amigo(a) leitor(a).

Alessa B. Curitiba, PR, 2011.

 Trovart Publications



O primeiro grito  – parto da palavra –  se faz em sussurro  macio de gozo, veludo de ventos. Aníbal Beça

Como é belo o ritual, cheio de anseios, Entre amantes que camuflam seus aspectos  Para o pronto desnudar-se, sem receios!  Alma Welt

 Trovart Publications



CERIMONIAL  Dou-te a carne que sou... mas teu anseio  Fora possuí-la – a espiritual, a rara, Essa que tem o olhar ao mundo alheio, Essa que tão somente astros encara. Gilka Machado

Debruça-te a este altar em devoção E unge teu círio c’óleos consagrados,

E deixa a deusa guiar-te em transição E dar-te benção, beijos conflagrados. Vem, curva-te a este ventre imortal, Violácea rosa, casta, em suspensão. Que nela flua o sêmen celestial, A mais fecunda graça em comunhão. Que eflúvios e apelos d’Afrodite,

Suspendam-te às matizes do prazer, Que o seio teu, em ânsias mil palpite... p alpite... E tua carne faça-se ascender. Que, de paixão, te sirva em apetites... Em chamas, ó mortal, a estremecer!

 Trovart Publications



VAZÃO Tudo nas cordas dos violões ecoa  E vibra e se contorce no ar, convulso... Tudo na noite, tudo clama e voa  Sob a febril agitação de um pulso. Cruz e Sousa

Nas vielas desse verso venturoso, Verter-te vem no vulto em volição, Vassalo teu vivaz e vaporoso, Vencida minha verve nos teus vãos! Amado, veste o ventre veludoso, Violácea vulva, viva convulsão... Do sêmen mais voraz e mais viscoso, Vazando vagas vozes, vibração. Em versos valorosos, mil vagidos, Vaidosos, vigorosos, com ardor! Uivando vorazmente vão no vento, Verbetes revirados sem pudor! Varando pelo ventre, um segmento, Volúpia revertida ao vencedor!

 Trovart Publications



PECADO ORIGINAL  Vem de Creta até este templo sagrado, onde há um gracioso bosque de macieiras  e altares onde arde o incenso... Safo

Vem, prova da maçã que te ofereço, Colhida na candura do pecado, Formoso ardil, celeste adereço, O fruto à volúpia consagrado! Vem, volta lá comigo, no começo, Nos bosques onde Adão bem inspirado... Me toca, belo Amado, que estremeço, Comamos nós do fruto malsinado! Se pros teus olhos Eva te pareço, Convite à luxúria do teu lado, Me morda a maçã que te endoideço, Deleite teu em êxtase tentado! Se for deixar o Paraíso, o preço, Façamos nosso Éden, belo Amado!

 Trovart Publications

10 

QUASE MORTE... Uma nuvem confusa me enevoa o olhar. Não ouço mais! Eu caio num langor supremo;  E pálida e perdida e febril e sem ar, Um frêmito me abala... Eu quase morro... Eu tremo!  Safo

Quando teu membro em transe me recebe, Sugando meus vãos numa ânsia louca... Sinto em meu corpo tua intensa febre E a esse fervor me penso um tanto pouca...  Teu falo em fogo, em fúria, firme e forte, Flamejando em meus flancos, frenesi. Sou-te efeito túnel e quase morte, Frêmito ardente, a fremitar por si. Duas almas nucleadas em etéreo Perfazem num instante um ano-luz, Vagando sob as valas do Mistério... Esquecem na Terra seus corpos nus. E desfraldando-se em mil planisférios, p lanisférios, Espasmamos num Céu que em nós reluz...

 Trovart Publications

11

SENSORIAL  E tanto penso em ti, ó meu ausente amado!  que te sinto no Vento e a ele, feliz, me exponho. [...]  E não podes saber do meu gozo violento, quando me fico assim, neste ermo, toda nua, completa-te exposta à Volúpia do Vento!  Gilka Machado

Aspira, querido, o som desse gemido... Renhido, esculpido nos ecos do vento, É meu corpo febril, castanho, atrevido, Fluído, mexido em frugal movimento. Apalpa, querido, esse olhar fescenino, Felino, ladino qu’em ti, eu e u sustento,

Instinto voraz, carnal, feminino... Ferino, latino com que me alimento. Saboreia, querido, esse cheiro vertido, Fruído, despido em meu pensamento. Em sonhos caído; em delírios volvido, Aturdido, expandido em ritmo lento. Mira, querido, esse tato menino Libertino, franzino tão em contento! Deslizando sobre o meu figurino, Nesse andor e ardor e fervor violento! Ouça, querido, esse pranto em libido Parido, provido d’meu sentimento,

Em meus flancos em amor convertido, Incontido, vencido em teu acalento!

 Trovart Publications

12 

DELEITE E todo o corpo  é esse movimento  em torno  em volta  no centro desses lábios. Maria Tereza Horta

Serena sob a Lua descansava, Ornada em flébeis sonhos deleitosos, No níveo seio a chama palpitava, Ardendo em mil desejos de sejos fervorosos... fervorosos... Visão febril nas pálpebras sentia, O Céu num transe, lábios suspirosos. A mão no ventre lúbrica descia... Oásis de fluídos langorosos!  Transporte entorpecido, olor supremo, Vagando nas entranhas ondulosas... Um barco a navegar em mar sem remos, Naufrágio em águas densas tão fogosas. Da Terra ao Céu varando os mil extremos, Furor em nuvens tensas tão ditosas...

 Trovart Publications

13 

SONNET AUX AMANTS Et c’est une splendeur claire que rien n’égale,

Sous le soleil penchant ou la nuit automnale!  Albert Lozeau

Vendo-te a amar-me ora aqui à noitinha, Hora em que Vênus no céu resplandece, Monótono outono qu’antes me tinha...

De meu peito, no teu colo espairece. Que tamanha felicidade a minha! A ter-te em mim desse jeito silvestre,  Jubilando em ti  – abelha rainha... Gozos da carne em fluência celeste! Contigo aqui, amor, à hora vadia Com o seio ruflando em descompasso, Sinto em mim a noite tragar o dia... Provendo cada vazio, cada espaço... E no extático voo em sincronia Feneço frouxa de amor em teus braços...

 Trovart Publications

14 

BEIJA-FLOR É boca aberta hiante   para de encher-se ao que se mova nela. [...]  É beijo tudo o que de lábios seja  quanto de lábios se deseja.  Jorge de Sena

 Teus lábios repousa sobre a fina flor, Guardiã do néctar de febris desejos, E tal como o dedicado beija-flor, Sugue-a em suaves e doces beijos...  Toque-a, gentil amado, com o teu amor, Solícito em mil pompas e cortejos... Que ela se revolva trêmula em ardor, Abrindo-se feliz em tais festejos. Com prazer acolha o viscoso mel, Derramado entre as pétalas ardentes, Que ele te eleve bem junto ao Céu, Lá onde os sentidos são frementes. Seiva cristalina, tenro coquetel... Cálice que queima nos teus dentes.

 Trovart Publications

15 

PASSEIO... E os gritos se tornam uma canção  No meio da tempestade de sentidos  Quando dois corpos atrevidos  Tateiam as paredes do infinito... R.

Meus lábios, toca com os teus,  Tua língua insinua sobre a minha. Beija-me o beijo impudico dos ateus, Provoca-me o frio lascivo na espinha!  Teus lábios, desliza no meu queixo, Escorrega-os em direção ao alvo pescoço.  Tira-me de mim, do meu próprio eixo, Ah, perturba-me o âmago, até o osso! Abre caminho pro vale entre os seios, Em frente segue até o ventre sedoso. Perca-os, detenha-os em outros veios, Ah, tortura febril, passeio audacioso! Volta à estrada, desce um pouco mais, Há um monte que t’espera, um remanso. Outros lábios, quentes lábios sensuais, Ah, oásis de delírios, teu descanso!

 Trovart Publications

16 

ECLIPSE Libidos soltas nessa imagem tão sonhada!  No lusco-fusco das paredes do meu quarto, Nossos orgasmos pelos vãos da madrugada. Magmah

A noite escorre rente ao nosso leito,  Transpiram mil estrelas em erupção... Os corpos vibram densos, liquefeitos, Em cálidas nuances pela vastidão. Um canto universal, ritmo perfeito, Explode em ondas... sacra composição. São luz e sombra, múltiplos efeitos,  Trançando meus desejos, elevação... Vão juntos, incessant i ncessantes es e parelhos, Na ânsia do prazer que os comprime, Vazados um em outro, dois espelhos, Derramam em espaços tenso crime. Gozando num eclipse tons vermelhos, Refluem nas esferas do sublime...

 Trovart Publications

17 

APOLÍNEO Quisera que te vissem como eu via  Depois, à luz da lâmpada macia  O púbis negro sobre o corpo branco. Vinicius de Moraes

 Teu corpo esculpido contra a Lua, Apolo soberano em evidência, Da pele um calor que se insinua, Arfando meus desejos, tua essência... Mil graças, eu te rendo seminua, Em preces de ternura e indecência... A serva que te ama e te cultua Com votos de louvor e apetência. No branco dos lençóis as tuas linhas  Transpiram convulsões em nós assentes, a ssentes, Que se desembaraçam pelas minhas Em fluxos e refluxos tão crescentes! O gozo frouxo que se adivinha... Nas tuas formas belas tão contentes!

 Trovart Publications

18 

MÃOS DE VELUDO Aquelas mãos em toques eternos  em alguns minutos apenas horas se tornaram  Eternos movimentos das pontas dos dedos  Procuravam retorno desejado presente na pele... Líria Bordinhão Dahlke

As mãos que desatavam nesta carne Soluços langorosos no veludo, Os meus sentidos todos em alarme, Espasmos calorosos tão desnudos. E todas as defesas em desarme, Entregue o corpo lasso todo mudo,  Tuas mãos matreiras a regozijar-me Num sonho de volúpia que foi tudo. E longe delas, ai que não seguro, A febre delirante por um toque, Que firme, sedutor e tão maduro, Em ébrios transes queime e me coloque! Que desvairadamente, eu procuro, Na súbita centelha de um só choque.

 Trovart Publications

19 

LÁBIOS DE ORGIA Embora de teus lábios afastada  Que importa? – Tua boca está vazia... Beijo esses lábios com que fui beijada, Beijo teus beijos numa nova orgia. Gilka Machado

Ah! Teus lábios tão firmes, de intenso beijar, Supra sumo vermelho  – dois gomos – carnudos, Ah! Que tenros morangos, deleitoso manjar! Esses lábios tão rubros que me fazem corar, São mil beijos vorazes, em carne desnudos Que na boca derretem... ai, não ouso falar! São sussurros nervosos, ardentes bramidos, Furiosos que queimam da cintura ao ouvido, Percorrendo em transe meu corpo ditosos Num balanço fogoso, fugaz, atrevido. Ah! Rompantes agudos de lábios ansiosos, Que na pele penetram sabor de libido. Escorregam em beijos densos, ociosos, Sequiosos em ondas, furor destemido.

 Trovart Publications

20 

QUEDA LIVRE Quem não sente no corpo a alma expandir-se  até desabrochar em puro grito  de orgasmo, num instante de infinito?  Carlos Drummond de Andrade

E chegas abrasado na loucura, lo ucura, As mãos apunhalando meus cabelos, Faminto vens, a língua me procura, Queimando pela nuca aos tornozelos. E nessa chama a pele mais acura, Meus pelos abraçados com teus pelos, Calor que se propaga in natura , Vibrando na paixão dos meus apelos. Os corpos se contorcem numa trama, As almas se entrelaçam num atrito, Ardendo plenas na etérea chama, Que vaza num espasmo oco, infinito. Em queda livre, leves sobre a cama, Vertendo nas paredes um só grito. g rito.

 Trovart Publications

21

SACRAMENTO Teu corpo é chama e flameja  [...]  A água clara que serpeja, Que em cantigas se derrama... Volúpia de água e da chama... Manuel Bandeira

E chegas bem talhado no desejo, Palavras capciosas pelo ouvido,  Traceja minha pele com mil beijos, Acende o fátuo fogo da libido... E cheio de urgência, com traquejo, Rasgando com furor o meu vestido, Amado em ti, deságuo e me despejo, O corpo lasso, leve em sustenido.  Teu cálice bem firme e bem sedento, Adentra minhas águas tão fogoso, Fervendo em forte e fero movimento, Ondula os corpos tersos tão gostoso. g ostoso. Deitando fogo em água, sacramento, A sede vai matando num só gozo.

 Trovart Publications

22 

AO PHALLOS Entre as pernas lânguidas, O membro se afoga  Em prazeres obscenos  Bebe o sabor desconexo  Dos teus soluços e gemidos  Consagrando-os à Vênus. R.

Humana carne, Falo esculpido, Soergue insuflado em cada coito. É rijo, firme, forte, decidido, É fogo em falo, fero e tão afoito! Sulcando grelos traça destemido, Sutil passagem, busca do intróito. Sob os meus flancos, falo em sustenido É gozo duas, d uas, três vezes, quase oito! Rompendo por caminhos imprecisos Se perde nas penumbras do desejo... São voos trêmulos, lassos, indivisos Cegando o Falo em mil lampejos! Na Terra desnudando paraísos, No Céu gozando em mil festejos!

 Trovart Publications

23 

VAGINAL  –  UMA ODE À VAGINA Pequeno furo, furo arteiro, furo  Tão bem guardado em matagal obscuro, Que ao mais rebelde domas com presteza:  Todo vero galã, para te honrar, Devia de joelhos te adorar, Firme empunhando a sua vela acesa!  Pierre de Ronsard

Varão, veja que tanto de vaginas, Perpassam por você todos os dias, Nas gurias, nas damas, nas vadias, Nas praças, nas calçadas, nas esquinas! Varão, bem veja que é sua Sina Qual sina abençoada dum Messias, É servo que bem sabe o que expia, Gozando-as entre todas as doutrinas! Adentre em pelo o templo consagrado, Adore-as em mil gozos infinitos... O círio bem aceso e bem untado Ardendo na cadência desses ritos! Nas mãos o belo sexo desnudado, É hóstia de perdão dos seus delitos!

 Trovart Publications

24 

AUDACIOSA E, nesta febre ansiosa que me invade  [...]  Olhos a arder em êxtases de amor, [...]  Sou a charneca rude a abrir em flor!  Florbela Espanca

Despi-lo com meus olhos? Não ousaria... Gentil cavalheiro dos meus devaneios! De que este estratagema me serviria? Se não mitigaria nenhum d’meus anseios?

Amá-lo em meus sonhos? Não, nem tentaria... Gentil cavalheiro que me consome! Por que este arroubo me deleitaria? Se pouco satisfaria esta imensa fome?  Tê-lo em meus braços? Muito me agradaria! Gentil cavalheiro que me desconcerta! Não sabes com que prazer me entregaria... Ao teu corpo, ao teu gozo em flor aberta!

 Trovart Publications

25 

ÉROTIQUE Que tu éclates entre mes cuisses  Que mes désirs soient exaucés sur sol fertile  De ton corps sans pudeur.  Joyce Monsour

Varão me suga todas as entranhas, Irrompe densas gotas de orvalho... Façamos as mais loucas façanhas E que a cona canse teu caralho. Desbrava essa mata alta e castanha, Só não confundas alhos com bugalhos.  Te unta se preciso for em banha E bem usa os teus penduricalhos! Que meus desejos todos satisfeitos, Nas órbitas frementes do conexo Espumem fortes ondas pelo leito, Explodam sobre nós em mil reflexos! Pra que possas no fim bater no peito: − Sou macho e sei comer bem o teu sexo!

 Trovart Publications

26 

VÊNUS EM COUROS Açoita-me – eu imploro – , açoita-me sem piedade. [...]  Açoita-me, eu imploro, causa-me este prazer. Sacher-Masoch

Eu quero te açoitar o corpo inteiro, A Vênus sem pudores só em couro. Fazer o teu desejo cavalheiro, Em doses de sadismo, teu tesouro. Deixar-te satisfeito e bem faceiro, Chicote retumbando num estouro. Gravar-te pelo dorso e no traseiro, Amor suado, lágrima de choro. No ardor do golpe forte tão certeiro, Em busca do delírio já vindouro, A ver-te, um menino sem cueiro Gozando teu instante em bom agouro. Aos meus pés ter-te dócil e rasteiro, O rabo balançando, meu cachorro.

 Trovart Publications

27 

FESTIM E o tato mais vibrante, O sabor mais sutil, a cor mais louca, O perfume mais doido, o som mais provocante  Moram na flor triunfal da tua boca!  Guilherme de Almeida

Me toca com fervor o falo grosso E deixa que se expanda na boceta. Eu quero a tua porra em alvoroço, Os lábios me chupando as duas tetas! De mim faz a tua janta e, ou almoço Me come sem ter medo de careta, Da carne te regala, rói-me o osso, Arrota o teu sêmen de veneta! De sobremesa, à tua boca eu ponho O grelo bem rosado da contenda, Eu quero-te corado e bem risonho Saciado nos sabores dessa prenda. Querendo, põe o creme feito sonho E caso queiras, dou-te mais merenda.

 Trovart Publications

28 

ARTESÃO Por isso, corre, por servir-me, [...]  Corre o cinzel. [...]  Corre; desenha, enfeita a imagem, [...]  No verso de ouro engasta a rima. Olavo Bilac

Que teu cinzel traçando vá seguro, Meus versos e veredas sinuosas, Lavrando firmemente, com apuro, As formas tenras, rijas, cavernosas. Bem hábil, carinhoso, tão maduro, Queimando as linhas tênues, ondulosas, Em busca do produto nascituro, Surgido das entranhas tão rugosas.  Trabalho prazeroso, artesanal, Calcado no mais fino acabamento, Matéria prima grã universal, Artista em solo fértil, aposento. A plena conjunção atemporal, Da arte e do labor em sentimento.

 Trovart Publications

29 

PEGA-BRASAS Teu corpo seja brasa  E o meu a casa  Que se consome no fogo  Um incêndio basta  Pra consumar esse jogo. Alice Ruiz

Me pega bem de jeito e me enlouquece, Me banha no teu corpo em combustão Enquanto nossa chama incandesce, Vertendo vivamente pelos vãos. Um corpo noutro corpo se conhece, Em pernas sobre pernas, confusão. Assim a natureza nos aquece Em fátuos fogos feros, profusão. Façamos desse instante a morada De sonhos descabidos sem razão, Perdidos em delírios sobre o nada, Efêmera fogueira em ascensão. Intensos nos amemos na alvorada, Queimando em tensas brasas de paixão.

 Trovart Publications

30 

TRANSCENDENTAL  Que força em nossos flancos nos transporta  A essa extrema região etérea, eterna, [...]  Nessa morte mais suave do que o sono:  A pausa dos sentidos, satisfeita. Carlos Drummond de Andrade

Sagrados em transe num céu opalino Perfazem dois corpos caminhos de luz, l uz, Buscando mistérios na paz do Divino, Orgasmos etéreos que a ele conduz. Atiram-se ávidos quais peregrinos Dum carma venéreo que chega, seduz, Somando desejos, fugaz desatino Num leito sidéreo na forma de cruz. Se atritam matérias, almas, aortas Com flébeis espasmos contíguos, afins,  Tecendo mil linhas concêntricas, tortas Nas fibras da derme, porosos cetins, Abrindo na Terra as esferas e portas Dos ermos e fartos, brumosos jardins.

 Trovart Publications

31

ARDENTIS Já a tua boca  [...]  que vai sorvendo os lábios  [...]  E todo o corpo  é esse movimento  em torno  em volta  no centro desses lábios. Oh meu amor... devagar... até que eu fique louca!  Maria Tereza Horta

De boca escorrega na pimenta E queima febrilmente essa língua Em pouco no palato ela assenta, Ardida em teus lábios como pinga! Bem tenra seu sabor ela sustenta E vibra na papila sua ginga, Enquanto o fero fogo pela venta Soergue meu prazer em tua língua! lí ngua! E quanto mais nos lábios ela esquenta O fogo sobe e desce na espinha A chama viva que arde e alimenta, O transe flébil que o corpo adivinha. E então no sal interno acre da pimenta O gozo vem cozendo as entrelinhas.

 Trovart Publications

32 

MATINAL  Ao amado amante amor... Perdidos ambos no deserto infinito  Que sonho lindo, que visões também!  E o éter puro como véu d'estrelas... E a chama delas a tremer além!... Rita Barém de Melo

Vão breves no findar da madrugada, Estrelas a tocar tão leve o chão Bem quando pela alcova revirada  Teu falo vem brincar em minhas mãos.  Te sorvo ébria, plena, dedicada,  Trabalho febrilmente em teu tesão Pra que por mil esferas graduadas Derrame teus espasmos de paixão. E quando o sol desperta de seu sono  Teu corpo desenhado junto ao meu, Sonhamos a beleza deste outono, Encontro sensual que o Amor nos deu. Entramos nas veredas do deus Chronos, Na mão fugaz do eterno deus Morpheu.

 Trovart Publications

33 

* LASCIVO Neste instante já não sou nada, Somente corpo, pele, pelos, línguas, bocas. E a vida brota da semente. Cláudia Marczak

Amado, põe-me crua, leve, sem roupa, Maestro sensual que me conduz A língua ardendo do ventre à boca Na alcova pela noite à alva luz. Perturba, vem, desfruta-me, não poupa Bem firme, apanha, doma e me seduz Em teu suor queimando em febre louca No fátuo fogo nossos corpos nus. Domina, Amado, em pernas faz teu laço No mais intenso amor assim sem nome, Abrindo brechas, rompendo espaços Delírio vil e santo em nós assome. E no calor vibrante dos teus braços Saciemos nossa eterna e farta fome.

* Em parceria com Axills.

 Trovart Publications

34 

AKHILLEUS E desde então sou porque tu és, e desde então é, sou e somos  e por amor serei, serás, seremos. Pablo Neruda

Amar-te docemente e com ternura, Amado do mais lindo sonho meu, Pra ti ser o placebo, tua cura, O sol se derramando no teu breu. Livrar-te da tristeza e da agrura, De cada farpa que tua alma absorveu. Amor, te dar a paz e a quentura Do níveo seio cônscio em apogeu. Estar contigo, ser a residência, Morada do desejo vasto teu. A tua calma dentro da urgência, O credo firme, forte de um ateu. Colher em ti a cor da existência, Nos teus acordes líricos, ó Orfeu!

 Trovart Publications

35 

LEITE DERRAMADO Teu gozo exploda em mim feito uma bomba  debata-se e debata-se vencido  calando o meu grunhir na tua boca... Isabel Machado

Por que chorar o leite derramado Por nosso fogo fartamente aferventado?

 Trovart Publications

36 

MULHER-MANGA Mulher és um fruto da terra  [...]  Aquele que saboreia a uva ou a amora  Mas que mangas e ameixas adora. Mourão

Chupa essa manga de polpa suculenta e rosada que te olha de cima da mesa. Chupa essa manga de polpa bem tenra e macia, Deixa-a só no caroço e palita teus dentes depois...

 Trovart Publications

37 

PÊNIS-ZANGÃO  Teu pênis, Zangão, copula na minha abelha-rainha. Pênis picão te mato na minha calcinha.

 Trovart Publications

38 

POSFÁCIO I A poeta cumpre aqui o papel da gueixa, da sacerdotisa, de Afrodite, todos esses seres que estimulam arquetipicamente em nós a libido, os calores mais íntimos, as fomes mais profundas. Sem perder o ritmo e o compasso, ela sopra com maestria e talento os vapores que nos estimulam ao prazer. Seu eu lírico levita em forma de ninfeta, cujo gozo verseja em verbos aquosos na boca de um Eros inebriado. Dentro de cada poema desses se despe e se mostra a figura feminina exótica, arrebatada, com sede e fome de amor. Existe um jogo de entrelace entre os versos que conduz à sutileza de todas as mulheres em uma só e dessa em todas as outras, concomitantemente. Haverá algo mais erótico do que o olhar por sobre o lirismo sensual de uma mulher apaixonada?  Trata-se de um convite para um passeio pelos meandros da alma do ser humano, seus recantos mais escusos e evidentes, num conflito de desejos e satisfações. Evidenciando as cores e texturas da nossa animalidade divina, o bicho que Deus nos fez para contrabalançar com a pureza e para reforçar o Sagrado. Eis que todo o poema é antes de tudo um sentimento, uma ânsia, uma busca, um vazio a ser preenchido por letras, palavras e sentenças que o traduzem. Aqui, a poeta se veste com roupagens de meninas sapecas, de damas sensuais, que se escondem e se mostram, tremulam os cílios, provocam, nos excitam a imaginação...

Magmah, jornalista e poetisa. Montenegro, RS, dez/2011.

 Trovart Publications

39 

POSFÁCIO II Esses "verbetes revirados sem pudor" espalhados ao longo de APHRODISIAKOS nos apresentam um Éden voluptuoso e ao mesmo tempo tenro e elegante. A poeta Alessa B., que ao longo de sua curta carreira já acumula significativos prêmios como o 1º lugar no Prêmio FEUC de Literatura  –  2011,

mostra-nos

sua

poesia

"literalmente"

nua,

arrebatadoramente arrebatadoramente erótica e sensual. É justamente essa poesia nua que faz com que o leitor também se dispa de censuras e abrace a concupiscência inebriante de versos que nos criam fotos imaginárias como se fossem filmes de Almodóvar com roteiro de Neruda. E neste mundo imaginário, em que tocados pelos versos, nos envolvemos a ponto de sentir na pele o real calor da poesia incandescente, afogados nesse fogo alimentado pelo sabor picante da pimenta e de outros alimentos e elementos igualmente afrodisíacos, atingimos, enfim, o clímax da orgasmática pungência literária.

Axills, músico e poeta. Curitiba, PR, dez/2011.  Trovart Publications

40 

CONTATOS COM A AUTORA Recanto das Letras http://recantodasletras.uol.com.br/ http://recantodas letras.uol.com.br/autores/alebertazzo autores/alebertazzo Alquimia, Arte & Poesia http://transversu.blogspot.com/ Alquimia, Erotismo & Poesia http://alquimiaerotica.blogspot.com/ Livros, Cinema & Literatura http://literanaveia.blogspot.com/ E-mail: [email protected]

 Trovart Publications

41

E silenciem os que amam, entre lençol e cortina  ainda úmidos de sêmen, estes segredos de cama. Carlos Drummond de Andrade

 Trovart Publications

42 

A poeta cumpre aqui o papel da gueixa, da sacerdotisa, de Afrodite, todos esses seres que estimulam arquetipicamente em nós a libido, os calores mais íntimos, as fomes mais profundas. Sem perder o ritmo e o compasso, ela sopra com maestria e talento os vapores que nos estimulam ao prazer. Seu eu lírico levita em forma de ninfeta, cujo gozo verseja em verbos aquosos na boca de um Eros inebriado. Magmah, jornalista e poetisa. Montenegro, RS, dez/2011.

E neste mundo imaginário, em que tocados pelos versos, nos envolvemos a ponto de sentir na pele o real calor da poesia incandescente, afogados nesse fogo alimentado pelo sabor picante da pimenta e de outros alimentos e elementos igualmente afrodisíacos, atingimos, enfim, o clímax da orgasmática pungência literária. Axills, músico e poeta. Curitiba, PR, dez/2011.  Trovart Publications

43 

View more...

Comments

Copyright ©2017 KUPDF Inc.
SUPPORT KUPDF