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ANGELOLOGIA E ANTROPOLOGIA
(Org.) Prof. Pr. VICENTE LEITE
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Declaração de fé A expressão "credo" vem da palavra latina, que apresenta a mesma grafia e cujo significado é "eu creio", expressão inicial do credo apostólico -, provavelmente, o mais conhecido de todos os credos: "Creio em Deus Pai todopoderoso...". Esta expressão veio a significar uma referência à declaração de fé, que sintetiza os principais pontos da fé cristã, os quais são compartilhados por todos os cristãos. Por esse motivo, o termo "credo" jamais é empregado em relação a declarações de fé que sejam associadas a denominações específicas. Estas são geralmente chamadas de "confissões" (como a Confissão Luterana de Augsburg ou a Confissão da Fé Reformada de Westminster). A "confissão" pertence a uma denominação e inclui dogmas e ênfases especificamente relacionados a ela; o "credo" pertence a toda a igreja cristã e inclui nada mais, nada menos do que uma declaração de crenças, as quais todo cristão deveria ser capaz de aceitar e observar. O "credo" veio a ser considerado como uma declaração concisa, formal, universalmente aceita e autorizada dos principais pontos da fé cristã. O Credo tem como objetivo sintetizar as doutrinas essenciais do cristianismo para facilitar as confissões públicas, conservar a doutrina contra as heresias e manter a unidade doutrinária. Encontramos no Novo Testamento algumas declarações rudimentares de confissões fé: A confissão de Natanael (Jo 1.50); a confissão de Pedro (Mt 16.16; Jo 6.68); a confissão de Tomé (Jo 20.28); a confissão do Eunuco (At 8.37); e artigos elementares de fé (Hb 6.1-2). A Faculdade Teológica IBETEL professa o seguinte Credo alicerçado fundamentalmente no que se segue: 1. Crê em um só Deus eternamente subsistente em três pessoas: o Pai, o Filho e o Espírito Santo (Dt 6.4; Mt 28.19; Mc 12.29).
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2. Na inspiração verbal da Bíblia Sagrada, única regra infalível de fé normativa para a vida e o caráter cristão (2Tm 3.14-17). 3. No nascimento virginal de Jesus, em sua morte vicária e expiatória, em sua ressurreição corporal dentre os mortos e sua ascensão vitoriosa aos céus (Is 7.14; Rm 8.34; At 1.9). 4. Na pecaminosidade do homem que o destituiu da glória de Deus, e que somente o arrependimento e a fé na obra expiatória e redentora de Jesus Cristo é que o pode restaurar a Deus (Rm 3.23; At 3.19). 5. Na necessidade absoluta no novo nascimento pela fé em Cristo e pelo poder atuante do Espírito Santo e da Palavra de Deus, para tornar o homem digno do reino dos céus (Jo 3.3-8). 6. No perdão dos pecados, na salvação presente e perfeita e na eterna justificação da alma recebidos gratuitamente na fé no sacrifício efetuado por Jesus Cristo em nosso favor (At 10.43; Rm 10.13; 3.24-26; Hb 7.25; 5.9). 7. No batismo bíblico efetuado por imersão do corpo inteiro uma só vez em águas, em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, conforme determinou o Senhor Jesus Cristo (Mt 28.19; Rm 6.1-6; Cl 2.12). 8. Na necessidade e na possibilidade que temos de viver vida santa mediante a obra expiatória e redentora de Jesus no Calvário, através do poder regenerador, inspirador e santificador do Espírito Santo, que nos capacita a viver como fiéis testemunhas do poder de Jesus Cristo (Hb 9.14; 1Pe 1.15). 9. No batismo bíblico com o Espírito Santo que nos é dado por Deus mediante a intercessão de Cristo, com a evidência inicial de falar em outras línguas, conforme a sua vontade (At 1.5; 2.4; 10.44-46; 19.1-7).
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10.Na atualidade dos dons espirituais distribuídos pelo Espírito Santo à Igreja para sua edificação conforme a sua soberana vontade (1Co 12.1-12). 11. Na segunda vinda premilenar de Cristo em duas fases distintas. Primeira - invisível ao mundo, para arrebatar a sua Igreja fiel da terra, antes da grande tribulação; Segunda visível e corporal, com sua Igreja glorificada, para reinar sobre o mundo durante mil anos (1Ts 4.16.17; 1Co 15.51-54; Ap 20.4; Zc 14.5; Jd 14). 12.Que todos os cristãos comparecerão ante ao tribunal de Cristo para receber a recompensa dos seus feitos em favor da causa de Cristo, na terra (2Co 5.10). 13.No juízo vindouro que recompensará os fiéis e condenará os infiéis, (Ap 20.11-15). 14.E na vida eterna de gozo e felicidade para os fiéis e de tristeza e tormento eterno para os infiéis (Mt 25.46).
Sumário Declaração de fé...................................................................... 05
PRIMEIRA PARTE ANGELOLOGIA - DOUTRINA DOS ANJOS Capítulo 1 - A Doutrina Secular Acerca dos Anjos................... 13 Capítulo 2 - A Doutrina Bíblica dos Anjos................................
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Capítulo 3 - A Natureza dos Anjos........................................... 29 Capítulo 4 - Hierarquia e Classificação dos Anjos................... 43 Capítulo 5 - Suas Atribuições Ministeriais................................ 53 Capítulo 6 - Satanologia - Doutrina Bíblica de Satanás........... 67 Capítulo 7 - Demonologia - Doutrina Bíblica dos Demônios.... 81
SEGUNDA PARTE ANTROPOLOGIA - DOUTRINA DO HOMEM Capítulo 1 - A Criação.............................................................. 89 Capítulo 2 - O Problema Hermenêutico................................... 99 Capítulo 3 - A Criação do Homem............................................ 107 Referências.............................................................................. 147
i ca ão Teol óg ç a c u d E e Centro d
ANGELOLOGIA
PRIMEIRA PARTE ANGELOLOGIA A Doutrina Bíblica dos Anjos Capítulo 1 A Doutrina Secular Acerca dos Anjos 1. Histórias nas sociedades Histórias seculares, histórias religiosas e a arqueologia mostram que quase todas as culturas do mundo aceitam a existência de seres sobrenaturais. Muitas sociedades não faziam nenhuma distinção entre seres bons e maus. Os egípcios antigos acreditavam que seres sobrenaturais controlavam todas as fases da vida. O mesmo acontecia na Pérsia, Babilônia e Índia. Apesar de ser uma cultura inteiramente voltada para a filosofia e idéias humanísticas, os gregos antigos acreditavam em espíritos, e a adoração dos mesmos fazia parte de sua vida diária. Os romanos absorveram grande parte de outras religiões em sua própria, isto é, eles faziam isso quando as outras religiões eram politeístas. Eles simplesmente acrescentavam deuses ao seu panteão. Geddes MacGregor escreveu no seu livro (Anjos, Ministros da Graça): "... da Escandinávia ao Irã, da Irlanda à América do Sul, o folclore popular é repleto de alusões a espíritos tão elementares [...] que foram trazidos do folclore antigo dos celtas, escandinavos, teutônicos e outras culturas". Mesmo nas culturas mais orientais, como da China, Japão e Coréia, anjos e/ou demônios eram parte integrante de suas religiões, embora muitas vezes esses seres fossem chamados
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deuses. No extremo oriente, os espíritos eram considerados como seres humanos mortos resultando na adoração de ancestrais e mesmo na adoração direta a anjos ou demônios. Certo teólogo, de nome Alexander Hislop, fez um trabalho monumental no final do século XVIII ao traçar conexões entre todas as religiões antigas. Ele comparou a crença e adoração de seres sobrenaturais de nação em nação e de religião em religião. Seu relatório dá maior evidência ao fato de que algo aconteceu em algum lugar nos tempos antigos envolvendo o relacionamento entre os reinos natural e sobrenatural. O que quer que tenha sido, ainda influencia muitas pessoas em nossos dias. 2. Os Anjos no decurso da história Nas tradições pagãs (algumas das quais influenciaram os judeus de tempos posteriores), os anjos eram, às vezes, considerados divinos, e outras vezes, fenômenos naturais. Eram seres que faziam boas ações em favor das pessoas, ou eram as próprias pessoas que praticavam o bem; tal confusão está refletida no fato de que tanto a palavra hebraica "mal'ãkh", quanto a grega "angelos" têm dois sentidos. O significado básico de cada uma delas é "mensageiro". Mas este mensageiro, (dependendo do contexto) pode ser um mensageiro humano comum, ou um mensageiro celestial, um anjo. Alguns, com base na teoria da evolução, fazem a idéia de anjos remontar ao início da civilização. "O conceito de anjos pode ter evoluído dos tempos pré-históricos quando, então, os seres humanos primitivos emergiram das cavernas e começaram a erguer os olhos aos céus... A voz de Deus já não era a rosnada da floresta, mas o estrondo do céu". Segundo essa teoria, desenvolveu-se um conceito de anjos que servissem à humanidade como mediadores de Deus. O conhecimento genuíno dos anjos, no entanto, veio somente através da Revelação Divina.
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3. Na visão da mitologia Posteriormente, os assírios e os gregos deram asas a alguns desses seres semidivinos. Hermes tinha asas nos calcanhares. Eros, "o espírito voador do amor apaixonado", tinha asas afixadas aos ombros. Num tom bastante divertido, os romanos inventaram Cupido, "o deus do amor erótico", retratado como um garoto brincalhão que atirava flechas invisíveis para encorajar romances. Platão (cerca de 427- 347 a.C.) também falava de "anjos da guarda". As Escrituras Hebraicas atribuem nomes a somente dois anjos: Gabriel, que iluminou o entendimento de Daniel (Dn 9.21-27), e o arcanjo Miguel, o protetor de Israel (Dn 12.1). O livro apócrifo de Tobias (200-250 a.C.), porém, inventou um arcanjo chamado Rafael que, repetidas vezes, ajudou Tobias em situações difíceis. Realmente, só existe um arcanjo (anjo principal), que é Miguel (Jd 9). Mais tarde, Filo (20 a.C. à 42 d.C.), o filósofo judaico de Alexandria, no Egito, retratou os anjos como mediadores entre Deus e a raça humana. Os anjos, criaturas subordinadas, habitavam nos ares como "os servos dos poderes de Deus. Eram almas incorpóreas sendo totalmente inteligentes em tudo e possuindo pensamentos puros". 4. Nos primeiros séculos do cristianismo Durante o período do Novo Testamento, os fariseus acreditavam que os anjos fossem seres sobrenaturais que, frequentemente, comunicavam a vontade de Deus (At 23.8). Os saduceus, todavia, influenciados pela filosofia grega, diziam: "não há ressurreição, nem anjo, nem espírito" (At 23.8). Para eles, os anjos não passavam de "bons pensamentos e intenções" do coração humano. Nos primeiros séculos depois de Cristo, os pais da igreja pouco disseram a respeito dos anjos. A maior parte de sua atenção era dedicada a outros assuntos referente à
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natureza de Cristo. Mesmo assim, todos eles acreditavam na existência dos anjos. (a) Inácio de Antioquia, um dos primeiros pais da igreja, acreditava que a salvação dos anjos dependia do sangue de Cristo; (b) Orígenes (182 - 251 d.C.) declarou a impecabilidade dos anjos, afirmando que, se foi possível a queda de um anjo, talvez seja possível a salvação de um demônio. Semelhante posicionamento acabou por ser rejeitado pelos concílios eclesiásticos; (c) Já em 400 d.C., Jerônimo (347 - 420 d.C.) acreditava que anjos da guarda eram dados aos seres humanos quando do nascimento destes; (d) Posteriormente, Pedro Lombardo (100 - 160 d.C.) acrescentou que um único anjo podia guardar muitas pessoas de uma só vez; (e) Dionísio, o Areopagita, (500 d.C.) contribuiu notavelmente para o estudo dos anjos. Ele retratou o anjo como "uma imagem de Deus, uma manifestação da luz oculta, um espelho puro, brilhante, sem defeito, nem impureza, ou mancha"; (f) Semelhantemente Irineu, quatro séculos antes (130 195 d.C.), também construiu hipóteses a respeito de uma hierarquia angelical; (g) Depois, Gregório Magno (540-604 d.C.) atribuiu aos anjos corpos celestiais.
5. Perguntas sem respostas Ao raiar do século XIII, os anjos passaram a ser assunto de muita especulação. O teólogo italiano Tomás de Aquino (1.225 - 1.274 d.C.) formulou perguntas mui relevantes a
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respeito. Sete das suas 118 conjeturas sondavam as seguintes áreas: (a) De que se compõe o corpo de um anjo? Há mais de uma espécie de anjo? (b) Quando os anjos assumem a forma humana, exercem funções vitais do corpo? (c) Os anjos sabem quando é manhã e quando é entardecer? (d) Conseguem entender muitos pensamentos ao mesmo tempo? (e) Conhecem nossas intenções secretas? (f) Têm capacidade de falar uns com os outros?
6. Pintados e cultuados Mais descritivos foram os retratos pintados pelos renascentistas; representavam os anjos como "figuras varonis [...] crianças tocando harpas e trombetas, bem diferentes de Miguel, o arcanjo. Retratos pintados com péssimo gosto como "cupidinhos gorduchinhos", com muito colesterol, vestidos com pouca roupa, estrategicamente colocados, essas criaturas eram frequentemente usadas como friso artístico. O cristianismo medieval assimilou a massa de especulações, e, como consequência, começou a incluir a adoração aos anjos em suas liturgias, essa aberração continuou crescendo, levando o Papa Clemente X (1670 - 1676 d.C.) a decretar uma festa em homenagem aos anjos. 7. Calvino e Lutero A despeito dos excessos católicos romanos, o Cristianismo Reformado continuou a ensinar que os anjos ajudam o povo de Deus.
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(a) João Calvino (1509 - 1564 d.C.) acreditava que "os anjos são despenseiros e administradores da beneficência de Deus para conosco... Mantêm a vigília, visando a nossa segurança; tomam a seu encargo a nossa defesa; dirigem os nossos caminhos, e zelam para que nenhum mal nos aconteça". (b) Martinho Lutero (1483 - 1546 d.C.) em "Conversas à Mesa", falou em termos semelhantes. Observou como esses seres espirituais, criados por Deus, servem à Igreja e ao Reino. Eles ficam mui perto de Deus e do cristão. "Estão em pé diante da face do Pai, perto do sol, mas sem esforço vêm rapidamente socorrer-nos".
8. Pós-reforma Na Era do Racionalismo (cerca de 1800 d.C.), surgiram graves dúvidas contra a existência do sobrenatural; os ensinamentos historicamente aceitos pela Igreja começaram a ser reexaminados. Como consequência, alguns céticos resolveram chamar os anjos "personificações de energias divinas, ou princípios bons e maus, ou doenças e influências naturais". Já em 1918, alguns eruditos judaicos começaram a ecoar a voz liberal, afirmando que os anjos não eram reais, pois desnecessários. "Um mundo de leis e de processos não precisa de uma escada viva para levar-nos da Terra até Deus, nas alturas". Isso não abalou a fé dos evangélicos conservadores que continuam a confirmar a validade dos anjos. 9. O Consenso do cenário moderno (a) Foi talvez o teólogo liberal Paul Tillich (1886 - 1965) quem postulou o conceito mais radical do período moderno. Considerava os anjos essências platônicas: emanações da parte de Deus. Acreditava que os anjos
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queriam voltar à essência divina da qual surgiram para serem iguais a Deus. Tillich aconselhava: "Para interpretar o conceito dos anjos de modo relevante, hoje, interprete-os como as essências platônicas, como os poderes da existência, e não como seres especiais. Se você interpretá-los desta última maneira, tudo não passará de grosseira mitologia". (b) Karl Barth (1886 - 1968) e Miliard Erickson (1932), entretanto, encorajavam uma abordagem mais cautelosa e sadia. Barth, o pai da neo-ortodoxia, achava ser o assunto "o mais notável e difícil de todos". Reconhecia o enigma do intérprete: Como "avançar sem ser precipitado"; estar "ao mesmo tempo aberto e cauteloso, crítico e ingênuo, perspicaz e modesto?" (c) Erickson, teólogo conservador, acrescentou que poderíamos ser tentados a omitir, ou negligenciar, o estudo dos anjos, porém "se é para sermos estudiosos fiéis da Bíblia, não temos outra escolha senão falar a respeito deles".
Capítulo 2 A Doutrina Bíblica dos Anjos 1. Preâmbulo Muito se tem escrito no mundo secular e religioso acerca dos anjos, explorando a credulidade de pessoas espiritualmente carentes e supersticiosas, induzindo-as à conceituações erradas e falsas sobre o mundo espiritual. Nesta disciplina, procuraremos aclarar a verdade e a realidade do assunto segundo a revelação feita pela Bíblia Sagrada. Não poucas passagens das Escrituras ensinam que há uma ordem de seres celestiais totalmente distintos da humanidade e da Divindade, que ocupam uma posição exaltada acima da atual posição do homem caído. Estes seres celestiais são mencionados pelo menos 108 vezes no Antigo Testamento e 165 vezes no Novo Testamento, e a partir deste conjunto de Escrituras o estudante pode criar a sua "doutrina dos Anjos". 2. Etimologia e conceito do termo A palavra portuguesa anjo possui origem no latim angelus, que por sua vez deriva-se do grego angelos. No idioma hebraico, temos mal'ãk. Seu significado básico é "mensageiro" (para designar a idéia de ofício de mensageiro). O grego clássico emprega o termo angelos para o mensageiro, o embaixador em assuntos humanos, que fala e age no lugar daquele que o enviou. No Antigo Testamento, onde o termo mal'ãk ocorre 108 vezes, os anjos aparecem como seres celestiais, membros da corte de Yahweh, que servem e louvam a Ele (Ne 9.6; Jó 1.6), são espíritos ministradores (1Rs 19.5), transmitem a vontade de Deus (Dn 8.16,17)), obedecem a vontade de Deus (Sl 103.20), executam os propósitos de Deus (Nm 22.22), e celebram os louvores de Deus (Jó 38.7; Sl 148.2).
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No Novo Testamento, onde a palavra angelos aparece por 175 vezes, os anjos aparecem como representativos do mundo celestial e mensageiros de Deus. Funções semelhantes às do Antigo Testamento são atribuídas a eles, tais como: servem e louvam a Cristo (Fp 2.9-11; Hb 1.6), são espíritos ministradores (Lc 16.22; At 12.7-11; Hb 1.7,14), transmitem a vontade de Cristo (Mt 2.13,20; At 8.26), obedecem a vontade dEle (Mt 6.10), executam os Seus propósitos (Mt 13.39-42), e celebram os louvores de Cristo (Lc 2.13,14). Ali, os anjos estão vinculados a eventos especiais, tais como: a concepção de Cristo (Mt 1.20,21), Seu nascimento (Lc 2.10-12), Sua ressurreição (Mt 28.5,7) e Sua ascensão e Segunda Vinda (At 1.11). O termo teológico apropriado para esse estudo que ora iniciamos é Angelologia (do grego angelos, "anjo" e logia, "estudo", "dissertação"). Angelologia se constitui, portanto, de doutrina específica dentro do contexto daquilo que denominados de Teologia Sistemática, a qual se ocupa em estudar a existência, as características, natureza moral e atividades dos anjos. Quando consideramos os anjos, como nas outras doutrinas, existe campo para o uso da razão. Considerando que Deus é Espírito (Jo 4.24), que não participa de maneira nenhuma dos elementos materiais, é natural presumir que existem seres criados que se assemelham mais com Deus do que com as criaturas terrestres que combinam o elemento material com o imaterial. Há um reino material, um reino animal e um reino humano; assim, podemos presumir que há um reino angélico ou espiritual. Contudo, a Angelologia não repousa sobre a razão ou a suposição, mas sobre a "Revelação". 3. Variedade dos termos aplicados aos anjos Os termos genéricos usados para anjos, geralmente indicam sua atribuição ou função. Relacionamos abaixo alguns destes termos encontrados nas Sagradas Escrituras:
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(a) Leitourgos (grego) e Mishrathim (hebraico): algumas vezes usadas com o significado de "anjos", são palavras para "servo" ou "ministro". (b) Hoste: É a palavra hebraica "sava". Essa palavra se estende a toda formação do exército celestial de Deus uma força militar que luta as batalhas e cumprem a vontade de Deus. (Lc 2.13; Ef 6.12; Hb 12.22). (c) Espíritos (Hb 1.14). (d) Vigias: Como em Dn 4.13,17, define anjos como supervisores e agentes de serviço de Deus nos assuntos do mundo. Talvez nessa classe de anjos estejam os que tomam decisões e executam os mandamentos de Deus na Terra. (e) Bene Elim: Ou "filhos poderosos", é traduzido por "poderosos" no SI 29.1. Essa é a descrição do grande poder dos anjos. (f) Bene Elohim: Ou "filhos de Deus", define os anjos como uma determinada classe de seres. Este termo inclui Satanás. (Jó 16; 2.1; Sl 29.1; 89.6). (g) Elohim: separadamente é algumas vezes aplicada aos anjos. Ela retrata os anjos como uma classe de seres sobrenaturais, de força mais elevada que a do homem. Quando os anjos apareceram a Jacó em Betel, o termo usado é Elohim (Gn 35.7). (h) Estrelas: É o termo simbólico usado para os anjos, sugerindo que sua habitação é os céus (Ap 12.4). (i) (j)
Um sacerdote (Ml 2.7). O sacerdote é chamado de mensageiro, "anjo" do Senhor. Santos (Sl 89.5-7).
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(k) Os seres celestiais (Sl 29.1; 89.6) têm esse título. (l)
Um uso mais amplo ainda inclui também a coluna de nuvem (Êx 14.19).
(m) A pestilência (2Sm 24.16,17). (n) Os ventos (Sl 104.4). (o) E as pragas (Sl 78.49). (p) Paulo chamou seu espinho na carne de anjo, isto é, "mensageiro de Satanás" (2Co 12.7; Gl 4.13,14). (q) Pastores da igreja (Ap 2.1,8,12). Os sete anjos das sete igrejas da Ásia Menor podem ter sido os sete bispos dessas igrejas que visitaram João na Ilha de Patmos. (r) Estrelas. Jesus Cristo diz que têm na Sua mão as sete estrelas (Ap 1.20b). "... As sete estrelas são os anjos das sete igrejas, e os sete castiçais, que viste, são as sete igrejas." (s) Principados, poderes, tronos, dominações e autoridades (Cl 1.16; Rm 38; 1Co 15.24; Ef 6.12; Cl 2.15). (t) Congregação/Assembléia (Sl 89.6,7). (u) Os anjos são mensageiros ou servidores celestiais de Deus (Hb 1.14). "Não são, porventura, todos eles espíritos ministradores, enviados para servir a favor daqueles que hão de herdar a salvação"?
4. Deus é autor de todas as coisas visíveis e invisíveis O ponto de partida está na declaração de que todas as coisas criadas foram feitas "segundo o propósito daquele que faz todas as coisas, segundo o conselho da sua vontade" (Ef
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1.11b). Portanto, o relato da obra da criação no livro de Gênesis se constitui como o princípio e a base de toda a revelação divina e, consequentemente, a base da relação do homem com Deus. A Bíblia revela que o Deus Trino é o Autor da criação (Gn 1.1; Is 40.12; 44.24; 45.12). O apóstolo Paulo destaca a Pessoa de Jesus Cristo, na qualidade de criador, mas diz que "todas as coisas são de Deus, o Pai" (1Co 8.6; Jo 1.3; Cl 1. 1517). O Espírito Santo participa da obra da criação em harmonia perfeita com o Pai e o Filho conforme indicam os textos de Gn 1.2; Jó 26.13; 33.4; Sl 104.30; Is 40.12,13. A Bíblia deixa claro que Deus é auto-suficiente e não tem qualquer relação de dependência de nada e de ninguém (Jó 22.3,13; At 17.25). Ao realizar a obra da criação, Ele o fez não por necessidade, mas por sua soberana e livre vontade de fazer o que quer e o que lhe apraz. Ora, a única dependência divina é a de sua própria e soberana vontade. A Bíblia Sagrada refuta essa idéia e fortalece o fato de que "Deus fez todas as coisas segundo o conselho da sua vontade" (Ef 1.11; Ap 4.11). A época de sua criação não é indicada com precisão em parte alguma, mas é provável que tenha se dado juntamente com a criação dos céus (Gn 1.1). Pode ser que tenham sido criados por Deus imediatamente após a criação dos céus e antes da criação da terra, pois de acordo com Jó 38.4-7, rejubilavam todos os filhos de Deus quando Ele lançava os fundamentos da terra. Que os anjos não existem desde a eternidade é mostrado pelos versículos que falam de sua criação (Ne 9.6, Sl 148.2,5; Cl 1.16). Embora não seja citado número definido na Bíblia, acredita-se que a quantidade de anjos é muito grande (Dn 7.10; Mt 26.53; Hb 12.22). 5. Sua existência A existência dos anjos é claramente demonstrada pelo ensino, tanto do Antigo, quanto do Novo Testamentos. São inúmeros os textos do Antigo Testamento que comprovam a
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realidade da existência dos anjos. Queremos, no entanto, destacar apenas os que se seguem: Gn 32.1,2; Jz 6.11ss; 1Rs 19.5; Ne 9.6; Jó 1.6; 2.1; Sl 68.17; 91.11; 104.4; Is 6.2,3; Dn 8.15-17; Nos textos alistados anteriormente, vemos os anjos em suas funções principais de servir e louvar a Yahweh, transmitir as mensagens de Deus, obedecer A Sua vontade, executar a vontade de Deus, e também como guerreiros. No contexto do Novo Testamento, os anjos não são apresentados simplesmente como "mensageiros de Deus", mas também como "ministros aos herdeiros da salvação" (Hb 1.14). Outrossim, a existência dos anjos é apresentada de maneira inequívoca no Novo Testamento. Vejamos, por exemplo, os textos a seguir: Mt 13.39; 13.41; 18.10; 26.53; Mc 8.38; Lc 22.43; Jo 1.51; Ef 1.21; Cl 1.16; 2Ts 1.7; Hb 1.13,14; 12.22; 1Pe 3.22; 2Pe 2.11; Jd 9; Ap 12.7; 22.8,9. A Bíblia fala da manifestação dos anjos na obra da criação do mundo físico (Jó 38.6,7). Eles estavam presentes quando Moisés recebeu de Deus as tábuas da Lei (Hb 2.2); no nascimento de Jesus (Lc 2.13); quando foram servir ao Senhor Jesus no deserto da tentação (Mt 4.11); na ressurreição de Cristo (Mt 28.2; Lc 24.4,5); na ascensão de Cristo (At 1.10). Outras manifestações podem ser listadas neste ponto em toda a Bíblia. Sua manifestação é incorpórea; eles são seres espirituais e morais, porque acima de tudo, são pessoas. A realidade dos anjos se comprova mediante os atributos de personalidade que eles demonstram falando, pensando, sentindo e decidindo. Muitas das suas manifestações são feitas através de formas materiais inexistentes. Entretanto, os demônios, que são anjos caídos da graça de Deus, incorporam em corpos de pessoas vivas ou de animais, e por essas possessões materiais, se manifestam. Os anjos de Deus não tomam outros corpos para se manifestarem, mas tomam formas de pessoas humanas visíveis para se fazerem manifestos.
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5.1. O propósito da criação Os anjos foram criados para darem glória, honra e ações de graça a Deus; para adorarem a Cristo (Hb 1.6); para cumprirem os propósitos de Deus: proteção de Israel (Dn 12.1), luta contra Satanás (Jd 9; Ap 12.7), anunciar a vinda de Cristo (1Ts 4.16), guardarem o trono de Deus (Ez 10.1-4), se preocuparem com a adoração a Deus perante o Seu Santo Trono (Is 6.2-7), assistirem a Deus em sua obra Soberana (Cl 1.16; 2.10; Ef 1.21; 3.10). 6. Existem anjos bons e anjos maus Na criação original dos anjos, não houve essa classificação entre bons e maus. A Bíblia declara que os anjos foram criados no mesmo nível de justiça, bondade e santidade (2Pe 2.4; Jd 6). O que define entre bons e maus é o fato de que foram criados como seres morais com livre-arbítrio, e daí, a liberdade de escolha consciente entre o bem e o mal. A queda de Lúcifer deve-se a esta condição moral dos anjos (Is 14.1216; Ez 28.12-19). A Bíblia fala acerca dos anjos que pecaram contra o Criador e não guardaram a sua dignidade (2Pe 2.4; Jd 6; Jó 4.18-21). Aos anjos que não pecaram e não seguiram a Lúcifer, Deus os exaltou e os confirmou em sua posição celestial e para sempre estarão na sua presença, contemplando e executando a vontade do Criador. São chamados de "anjos eleitos" (1Tm 5.21) e evidentemente receberam graça suficiente para habilitá-los a manter sua posição de perseverança, pela qual foram confirmados em sua condição e agora são incapazes de pecar. São chamados também de "santos anjos" (2Co 11.14). Sempre contemplam a face Deus (Lc 9.26), e tem vida imortal (Lc 20.36). Sua atividade mais elevada é a adoração a Deus (Ne 9.6; Fp 2.9-11; Hb 1.6; Jó 38.7; Is 6.3; Sl 103.20; 148.2 Ap 5.11).
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7. O número de Anjos Várias passagens das Escrituras indicam que há um número muito grande de anjos (Dn 7.10; Mt 26.53; Sl 68.17; Lc 2.13; Hb 12.22), e são repetidamente mencionados como exércitos dos céus ou de Deus. No Getsêmane, Jesus disse a um discípulo que queria defendê-los dos que vieram prendê-lo: "Acaso pensas que não posso rogar ao meu pai, e ele me mandaria neste momento mais de doze legiões de anjos"? (Mt 26.53). Portanto, seu criador e mestre é descrito como "Senhor dos Exércitos". Outrossim, a quantidade existente de anjos é única e incontável, porque desde que foram criados não foram aumentados nem diminuídos. Eles não procriam e foram criados de uma vez pelo poder da Palavra de Deus. A Bíblia utiliza expressões variadas para designar "milhares de milhares", "multidão dos exércitos celestiais", "muitos milhares de anjos" (Ap 5.11; Dn 7.10; Dt 33.2; Hb 12.22; Lc 2.13). É impossível determinar o número de anjos porque é incontável e é o mesmo número em todos os tempos, desde que foram criados (Sl 148.2-5).
Capítulo 3 A Natureza dos Anjos 1. Não são seres humanos glorificados Em Mateus 22.30 está escrito "que seremos como anjos", mas não diz que seremos anjos. No futuro, os crentes hão de julgar os anjos "Não sabeis vós que havemos de julgar os anjos? Quanto mais as coisas pertencentes a esta vida? (1Co 6.3). Embora havemos de julgar os anjos maus, isso é diferente de dizer que seremos anjos. As "incontáveis hostes de anjos" são diferenciadas dos "espíritos dos justos aperfeiçoados" (Hb 12.22,23). 2. Não são os filhos de Deus em Gênesis seis Os anjos são chamados "Filhos de Deus" no Velho Testamento nas referências de Jó 1.6; 2.1; 38.7. Deve ser observado, porém, que, apesar de serem assim chamados, os homens também o foram (Lc 3.38; Jo 1.12; 1Jo 5.1-2). A palavra original é "Benai-Elohim" - filhos de Deus. Que os filhos de Deus se refere aos anjos, neste texto de Gn 6, é a posição tomada por Josefo, Filo Judeus e os autores do Livro de Enoque e do Testamento dos Doze Patriarcas. Era a posição geralmente aceita pelos judeus eruditos dos primeiros séculos da era cristã. A impressão que geraram "gigantes" foi da Septuaginta (LXX), que também traduziu todos os manuscritos, substituindo "filhos de Deus" por "anjos de Deus" em Gn 6; Jó 1.6 e 2.1, e por "meus anjos" em Jó 38.7. “... Estes eram os valentes que houve na antiguidade, os homens de fama" (Gn 6.4). Filhos do relacionamento entre "os filhos de Deus" com as "filhas dos homens". Esta é a definição original dos textos da palavra de Deus e não
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"NEFILINS", que encontramos em alguns textos traduzido e não confiáveis, conforme The Theological Workbook of the Old Testament, por Harris, Archer e Waltke. 2.1. Teoria equivocada de que os "filhos de Deus" eram anjos (a) As referências de Jó 1.6; 2.1; 38.7. (b) A relação anormal produziu gigantes impiedosos. (c) Anjos podem aparecer como homens (Gn 19.1,5); ou em homens (Mc 1.23-26; Mc 5.13). O Dr. Henry Morris diz: "Os filhos de Deus e as filhas dos homens são homens e mulheres, mas foram possessos por demônios". (d) Em Mt 22.30, o Senhor estava apenas explicando que os anjos não se reproduzem como os humanos. Não há prova que os anjos não têm sexo. Nos originais, a palavra anjos, sempre é no gênero masculino. Alguém explica que os anjos não se reproduzem porque não existem "anjas". (e) As referências associadas com Judas 6; 1Pd 3.8-20; 2Pd 2.4-6. (f) Esta teoria foi assegurada por historiadores como Josefo e Plínio. (g) Os livros apócrifos (3 deles), asseguram esta posição. (h) É considerado que houve duas quedas dos anjos, uma quando Satanás liderou a rebelião, antes da queda do homem e outra em Gn 6 (teoria defendida por Clarence Larkin).
2.2. Teoria de que os "filhos de Deus" não eram os anjos e sim os descendentes de Sete
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Em Gênesis 6 encontramos a corrupção geral do gênero humano bem como um protesto de Deus contra os casamentos entre os da linhagem reta de Sete e os da linhagem ímpia de Caim. Eis o texto: v.1 "E aconteceu que, como os homens começaram a multiplicar-se sobre a face da terra, e lhes nasceram filhas, viram os filhos de Deus que as filhas dos homens eram formosas; e tomaram para si mulheres de todas as que escolheram. Então, disse o SENHOR: Não contenderá o meu Espírito para sempre com o homem, porque ele também é carne; porém os seus dias serão cento e vinte anos". Esses filhos de Deus, sem dúvida, não eram anjos como teorizam alguns, mas, descendentes da linhagem piedosa de Sete (Dt 14.1; Sl 73.15; Os 1.10); eles deram início aos casamentos mistos com as filhas dos homens, isto é, mulheres da família ímpia de Caim. A teoria de que os filhos de Deus eram anjos, não subsiste ante as palavras de Jesus, que os anjos não se casam (Mt 22.30; Mc 12.25). Essa união entre os justos e os ímpios levou à maldade do versículo 5, isto é, os justos passaram a uma vivência iníqua. Como resultado, a terra corrompeu-se e encheu-se de violência. Observemos alguns pontos que invalidam a teoria de que os filhos de Deus neste eram anjos: (a) Se anjos de fato se relacionam sexualmente com mulheres, este é um prodígio espetacular da história que viola as normas da natureza, e não há nada na Bíblia que diga que anjos têm poderes sexuais. (b) Em Gn 6, encontramos em seu contexto a sequência do termo "homem", vv 1,2,3. (c) A distinção entre os "filhos de Deus" e Satanás nos textos de Jó 1.6; 2.1 de modo que, claramente entendemos que o título "filhos de Deus" não se refere aos anjos caídos.
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(d) Se esta relação entre anjos e mulheres gerou os "nefilins-gigantes", como se explica a presença destes, antes deste ato, e depois do dilúvio em Nm 13.33? (e) A linguagem de Gn 6.2 é normal para expressar relação entre humanos. (f) Os textos do Novo Testamento não provam que são anjos: (a) 1Pd 3.18-20 não menciona nada sobre estes "espíritos em prisão" serem anjos, pelo contrário, o contexto indica homens (1Pd 4.6); (b) 2Pd 2.4 e Judas 6,7 são referências de anjos, mas não provam que estiveram envolvidos em Gn 6. (g) Os livros apócrifos, provavelmente foram produzidos pelos essênios, os quais adotaram a interpretação angélica. E tão somente pelo fato de serem apócrifos, isso lhes nega toda autenticidade em termo de canonicidade.
3. São seres espirituais, invisíveis e corpóreos Os anjos são descritos espíritos, porque diferentes dos homens, eles não estão limitados às condições naturais e físicas. Aparecem e desaparecem, e movimentam-se com uma rapidez imperceptível sem usar meios naturais. Apesar de serem espíritos, têm o poder de assumir a forma de corpos humanos a fim de tornar visível sua presença aos sentidos do homem (Gn 19.1-3). Os anjos são reais, mas nem sempre visíveis (Hb 12.22). Embora Deus ocasionalmente lhes conceda a visibilidade (Gn 19.1-22), são espíritos invisíveis (Sl 104.4; Hb 1.7,14).Vejamos o Sl 104.4: "Fazes a teus anjos ventos", citado em Hb 1.7. Observe também Hb 1.14; "Não são todos eles espíritos ministradores enviados para serviços, a favor dos que hão de herdar a salvação"?
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Com demasiada frequência o problema é confundido pela imposição aos seres espirituais daquelas limitações que pertencem à humanidade. Para os santos no céu foi prometido um "corpo espiritual" (1Co 15.44). Há muitos tipos de corpos até mesmo na Terra, o Apóstolo declara (1Co 15.39,40) e prossegue dizendo que também há corpos celestiais e corpos terrestres. Não podemos dizer que não há corpos celestiais apenas porque o homem não tem poder de discernir esses corpos. Os espíritos têm uma forma definida de organização que está adaptada à lei de sua existência. Eles são finitos e espaciais. Tudo isto é verdade embora eles estejam muito afastados desta economia do mundo. Eles têm a capacidade de se aproximar da esfera da vida humana, mas o fato de maneira nenhuma lhes impõe a conformidade com a existência humana. O aparecimento de anjos pode ser, quando a ocasião exige, com a aparência de homens, de modo que eles se passam por homens. Como poderíamos explicar de outra maneira que alguns "... sem o saber acolheram anjos..." (Hb 13.2)? Por outro lado, seu aparecimento às vezes é deslumbrante e glorioso (Mt 28.2-4). Quando Cristo declarou: "...um espírito não tem carne nem ossos, como vedes que eu tenho..." (Lc 24.37-39), Ele não quis dizer que um espírito não tem corpo algum, mas, antes, que os espíritos têm corpos constitucionalmente diferentes dos corpos dos homens. 4. São exércitos e não raça As Escrituras ensinam que o casamento não é da ordem ou do plano de Deus para os anjos: "Porque na ressurreição nem casam, nem se dão em casamento; são, porém, como os anjos do céu" (Mt 22.30; Mc 12.25). Portanto, não se caracteriza uma raça. No Velho Testamento os anjos são chamados de "filhos de Deus" (Jó 1.6; 2.1; 38.7), mas nunca lemos a respeito dos "filhos dos anjos". Os anjos sempre são descritos como varões, porém na realidade não tem sexo, não propagam sua espécie (Lc 20.34-35).
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As Escrituras em parte alguma ensinam que os anjos sejam seres sexuados. No fundamento genuíno criador de Deus, não foi deixada margem alguma para se acreditar na reprodução de seres da escala espiritual. Sobre este assunto, apenas nos foi revelado as leis que regem os seres naturais ou materiais. Não conhecemos nenhum texto Sagrado explícito ou sequer subjetivo que nos conduza ao pensamento de que os anjos podem se reproduzir, ou possuam sexo. Seus nomes masculinos, não se refere em nenhum momento à uma ordem de sexualidade humana (macho e fêmea). Acreditamos sim que os anjos não se reproduzem, pois a obra criadora de Deus revelada em Sua Palavra, se fez desse modo, e qualquer indagação ou afirmação contrária é mera especulação e apostasia da veracidade bíblica. 5. São seres racionais morais e imortais Aos anjos são atribuídas características pessoais; são inteligentes dotados de vontade e atividade. O fato de que são seres inteligentes parece inferir-se imediatamente do fato de que são espíritos (2Sm 14.20; Mt 24.36, Ef 3.10; 1Pe 1.12; 2Pe 2.11). Embora não sejam oniscientes, são superiores aos homens em conhecimento (Mt 24.36) e por ter natureza moral estão sob obrigação moral; são recompensados pela obediência e punidos pela desobediência. A Bíblia fala dos anjos que permanecerem leais como "santos anjos" (Mt 25.31; Mc 8.38; Lc 9.26; At 10.22; Ap 14.10) e retrata os que caíram como mentirosos e pecadores (Jo 8.44; 1Jo 3.8-10). A imortalidade dos anjos está ligada ao sentido de que os anjos bons não estão sujeitos a morte (Lc 20.35-36), além de serem dotados de poder formando o exército de Deus, uma hoste de heróis poderosos, sempre prontos para fazer o que o Senhor mandar (Sl 103.20; Cl 1.16; Ef 1.21; 3.10; Hb 1.14)
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enquanto que os anjos maus formam o exército de Satanás empenhado em destruir a obra do Senhor (Lc 11.21; 2Ts 2.9; 1Pe 5.8). Ilustrações do poder de um anjo são encontradas na libertação dos apóstolos da prisão (At 5.19; 12.7) e no rolar da pedra de mais de 4 toneladas que fechou o túmulo de Cristo (Mt 28.2). 6. São seres inteligentes, não oniscientes, mas poderosos Apesar de a Bíblia dizer que os anjos são mais inteligentes que Daniel, eles não são oniscientes. Eles não sabem tudo. Não são iguais a Deus em sabedoria. Jesus, particularmente, deu testemunho da limitação do conhecimento dos anjos, quando falou que eles ignoravam o dia da vinda do Filho do Homem (Mt 24.36). Pela sublime tarefa que os anjos desempenham no tempo e no espaço, desde o princípio; e por aquilo que a respeito deles a Bíblia diz, a conclusão a que se chega é que os anjos excedem em muito em conhecimento e em sabedoria os mais brilhantes homens que a história humana já teve. Eles são: Os anjos prestam culto inteligente (Sl 148.2); os anjos contemplam com o devido respeito à face do pai (Mt 18.10); os anjos conhecem suas limitações (Mt 24.36); os anjos reconhecem sua inferioridade para com Jesus (Hb 1.4-14). O que se aplica a todas as criaturas em relação ao poder que têm também se aplica aos anjos: Seu poder deriva de Deus. O seu poder, embora seja grande, é restrito. Eles não podem fazer aquelas coisas que são peculiares à Divindade: criar, agir sem os meios, ou sondar o coração do homem. Eles podem influenciar a mente humana como uma criatura pode influenciar outra. O conhecimento desta verdade é de grande importância, Até mesmo um anjo pode reivindicar ajuda divina quando em conflito com outro anjo (Jd v.9).
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O poder angelical é superior, mas não supremo. Deus simplesmente lhes empresta o seu poder, pois eles são os seus agentes especiais. Os anjos, portanto, são "maiores em força e poder" do que nós (2Pe 2.11), Como "magníficos em poder, que cumpris as suas ordens," (SI 103.20) "anjos poderosos" mediarão os juízos finais de Deus contra o pecado (2Ts 1.7). 7. Os Anjos são numerosos A alusão ao número dos anjos é um dos superlativos da Bíblia. Eles foram descritos em multidões "que os homens não podem contar". Temos razões para concluir que há tantos seres espirituais em existência quantos seres humanos vão existir em toda a história da Terra. É significativo que a frase "o exército do céu" descreve tanto as estrelas materiais quanto os anjos, sendo que ambos não podem ser contados (Gn 15.5). Vale a citação do Dr. Cooke com a sua lista de testemunho bíblico sobre o número dos anjos: "Veja o que diz Macaias: "Vi o Senhor assentado no seu trono, e todo o exército do céu estava junto a ele, à sua direita e à sua esquerda" (1Rs 22.19). Ouça o que diz Davi: "Os anjos de Deus são vinte mil, sim milhares de milhares" (SI 68.17). Eliseu viu um destacamento destes seres celestiais que foram enviados para sua guarda pessoal, quando "o monte estava cheio de cavalos e carros de fogo, em redor de Eliseu" (2Rs 6.17). Ouça o que Daniel viu: "... milhares de milhares o serviam, e miríade de miríade estavam diante dele..." (Dn 7.10). Eis o que os pastores vigilantes viram e ouviram na noite do nascimento do Redentor: "...uma multidão da milícia celestial louvando a Deus e dizendo: Glória a Deus nas maiores alturas..." (Lc 2.13). Ouça o que diz Jesus: "... acaso pensas que não posso rogar a meu Pai, e ele me mandaria neste momento mais de doze legiões de anjos?" (Mt 26.53). Veja novamente o magnífico espetáculo que João viu e ouviu quando olhou para o mundo celestial: "Vi, e ouvi uma voz
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de muitos anjos ao redor do trono, dos seres viventes e dos anciãos, cujo número era de milhões de milhões e milhares de milhares, proclamando em grande voz. Digno é o Cordeiro, que foi morto..." (Ap 5.11,12). Se estes números forem entendidos literalmente, eles indicam 202 milhões, mas são apenas uma parte do exército celestial. Contudo, é provável que estes números não tenham a intenção de indicar qualquer quantidade exata, mas que a multidão era imensa, além do que costuma usualmente entrar na computação humana. Por isso lemos, em Hb 12.22, não sobre um número definido ou limitado, embora grande, mas de "incontáveis hostes de anjos". 8. Os Anjos são maiores em força e poder "Enquanto os anjos, sendo maiores em força e poder não pronunciam contra eles juízo blasfemo diante do Senhor" (2Pe 2.11), estes seres celestiais, já contam na presente Era com a felicidade da vida última, isto é, são seres imortais (Lc 20.36). Esta capacidade a eles imposta, lhes dá a condição de serem superiores aos homens que são seres mortais. 9. Inferiores a Cristo “Ainda que por um pouco de tempo, Jesus fora feito um pouco menor do que os anjos, por causa da paixão e morte" (Sl 8.5; Hb 2.9). Quanto à pessoa de nosso Senhor Jesus Cristo, os anjos são inferiores a Ele em dois pontos. (a) Os Anjos são criaturas. Os anjos são "criaturas" de Deus, ainda que chamados "filhos de Deus", contudo, não tem em si a condição original peculiar ao Senhor Jesus. O escritor aos Hebreus, salienta: "... feito Jesus tanto mais excelente do que os anjos, quanto herdou mais excelente nome do que eles..." (Hb 1.4). (b) Os Anjos são adoradores. Em razão da adoração, os anjos são inferiores a Cristo; eles são adoradores, enquanto que Cristo é adorado! Isto é depreendido nas próprias palavras do Criador: "... e todos os anjos de Deus o adorem" (Hb 1.6b). Este direito inerente ao Filho de Deus o coloca acima deles.
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As Escrituras dizem que os anjos são seres superiores em força e poder aos homens: contudo, jamais em hipótese alguma, eles aceitam adoração; em lugar de os anjos serem objeto de adoração, eles são súditos que adoram Jesus Cristo. O apóstolo Paulo advertiu: "Ninguém vos domine a seu belprazer com pretexto de humildade e culto dos anjos..." (CI 2.18a). E no Apocalipse (19.10; 22.9) João é advertido pelo próprio ser angelical: "... Olha não faças tal, porque eu sou conservo teu e de teus irmãos, dos profetas, e dos que guardam as palavras deste livro. Adora a Deus". Portanto, os anjos não são objetos de adoração como João chegou a supor momentaneamente. E no contexto do significado do pensamento diz Paulo: "Porque estou certo de que, nem a morte, nem a vida, nem os anjos nem alguma outra criatura nos poderá separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor" (Rm 8.38,39). Ora, isto apresenta Cristo como sendo Senhor dos próprios anjos. E de fato, Ele foi feito mais excelente do que os anjos (Hb 1.4). Os anjos foram criados; Cristo é Criador: Como Criador Jesus é superior aos anjos, pois maior do que a criatura é aquele que a criou (Is 45.9). Anjos são súditos; Cristo é o Senhor. 10. Os Anjos tomam decisões Os anjos tomam decisões. A desobediência de um grupo deles subentende sua capacidade de escolha, e de influenciar outros com a sua iniquidade (1Tm 4.1). Por outro lado, quando o bom anjo recusou a adoração de João (Ap 22.8,9), fica subentendida sua capacidade de escolha, e de influenciar outros com o bem. Embora os anjos bons respondam com obediência ao mandamento de Deus, não são autômatos. Pelo contrário: optam com intenso ardor a obediência dedicada.
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11. Os Anjos possuem habitação A habitação dos anjos também é um assunto revelado definidamente. Já falamos da insinuação de que todo o Universo encontra-se habitado por inumeráveis exércitos de seres espirituais. Esta vasta ordem de seres com todas as suas classificações tem habitações e centros fixos para as suas atividades. Com o uso da frase "os anjos no céu" (Mc 13.32), Cristo definidamente afirma que os anjos habitam as esferas celestiais. O apóstolo Paulo escreve: "um anjo vindo do céu" (Gl 1.8) e "... toda família, tanto no céu como sobre a terra..." (Ef 3.15). Igualmente, na oração que Cristo ensinou aos Seus discípulos, eles foram instruídos a dizer: "... faça-se a Tua vontade, assim na Terra como no céu..." (Mt 6.10). O Dr. A. C. Gaebelein escreve sobre a habitação dos anjos, dizendo: "No hebraico, céu está no plural 'os céus'. A Bíblia fala de três céus, sendo o terceiro céu, o céu dos céus, o lugar da habitação de Deus, onde o Seu trono sempre esteve. O tabernáculo do Seu povo terreno, Israel, era um modelo dos céus. Moisés, quando esteve na montanha, olhou para a vastidão dos céus e viu os três céus. Ele não tinha telescópio. Mas o próprio Deus lhe mostrou os mistérios dos céus. Então Deus o advertiu quando estava para construir o tabernáculo, dizendo ao Seu servo: 'Vê que faças todas as coisas de acordo com o modelo que te foi mostrado no monte' (Hb 8.5). O tabernáculo tinha três compartimentos: o pátio externo, o lugar Santo e o Santo dos Santos. Uma vez por ano o sumo sacerdote entrava neste local terreno de adoração, passando pelo pátio externo para o lugar Santo e finalmente, levando o sangue do sacrifício, ele entrava no Santo dos Santos para aspergir o sangue na presença santa de Jeová. Mas Arão era apenas um tipo daquele que é maior que Arão, o verdadeiro Sumo Sacerdote. Dele, do verdadeiro Sacerdote, o nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, foi escrito que Ele penetrou os céus (Hb 4.14): 'Porque
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Cristo não entrou em santuário feito por mãos, figura do verdadeiro, porém no mesmo céu, para comparecer, agora, por nós, diante de Deus' (Hb 9.24). Ele passou pelos céus, o pátio exterior, o céu que circunda a Terra; o lugar Santo, o Universo imenso com sua distância imensurável e, finalmente, Ele entrou no terceiro céu, o céu que a astronomia sabe que existe, mas que nenhum telescópio pode alcançar. Nos lugares celestiais, de acordo com a Epístola aos Efésios, estão os principados e potestades, a multidão incontável de anjos. Sua habitação está nos céus. Deus que os criou, que os fez espíritos e os revestiu de corpos apropriados para a sua natureza espiritual, também deve lhes ter designado habitação... Também é significativo que a frase 'exército dos céus' signifique tanto as estrelas como os exércitos angelicais; o 'Senhor dos Exércitos também tem o mesmo significado duplo, pois Ele é o Senhor das estrelas e o Senhor dos anjos'". 12. Os Anjos são incomparáveis entre as criaturas de Deus O respeito aos anjos era profundo no judaísmo, a ponto de ver um anjo ser considerado como experiência tão grande, quanto ver o próprio Deus (Gn 16.13; 31.13; Êx 3.4; Jz 6.14; 13.22). Algum desses casos era Deus manifestando-se de alguma forma visível. A teologia judaica posterior encarava os anjos como mediadores entre Deus e os homens (Ez 40.3; Zc 3), e a posição tão elevada naturalmente fez com que alguns os adorassem. Os Anjos "são incomparáveis entre as criaturas, mas nem por isso deixam de ser criaturas". Correspondem com adoração e louvor a Deus (Sl 148.2; Is 6.1-3; Lc 2.13-15; Ap 4.6-11) e a Cristo (Hb 1.6). Como consequência, os cristãos não devem exaltá-los (Ap 22.8-9); os que o fazem, perdem a sua recompensa futura (Cl 2.18). Uma das razões pela qual se originou a carta aos Colossenses, escrita pela o apóstolo Paulo, foi o culto aos
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anjos. A cidade de Colossos estava localizada perto de Laodicéia (Cl 4.16), no sudeste da Ásia Menor, cerca de 160 quilômetros a leste de Éfeso. A igreja colossense, tudo indica, foi fundada como resultado do grandioso ministério de Paulo em Éfeso, durante três anos (At 20.31), cujos efeitos foram tão poderosos e de tão grande alcance que "todos os que habitavam na Ásia ouviram a palavra do Senhor Jesus" (At 19.10). Paulo talvez nunca tenha visitado Colossos pessoalmente (Cl 2.1), mas mantivera contatos com a igreja através de Epafras, um dos seus convertidos e cooperadores naquela cidade (Cl 1.7; 4.12). O motivo desta epístola foi o surgimento de ensinos falsos na igreja colossense, ameaçando o seu futuro espiritual (Cl 2.8). Quando Epafras, dirigente da igreja colossense e seu provável fundador viajou com o objetivo de visitar Paulo e informar-lhe a respeito da situação em Colossos (Cl 1.8; 4.12), Paulo então escreveu esta epístola. Nessa ocasião Paulo estava preso (Cl 4.3,10,18), possivelmente em Roma (At 28.16-31), aguardando comparecer perante César (At 25.11,12). O cooperador de Paulo, Tíquico, entregou pessoalmente a carta em Colossos, em nome do apóstolo (Cl 4.7). Paulo escreveu esta epístola porque os falsos mestres estavam se infiltrando na igreja de Colossos, ensinando que a doutrina apostólica e a salvação em Cristo eram insuficientes para a plena redenção. Esse falso ensino misturava a "filosofia" e a "tradição" humanas com o evangelho (Cl 2.8) e requeria a adoração de anjos como intermediários entre Deus e o homem (Cl 2.18). Os falsos mestres exigiam a observância de certos ritos religiosos judaicos (Cl 2.16,21-23) e justificavam a sua heresia, afirmando que recebiam revelações através de visões (Cl 2.18). A filosofia subjacente nessas heresias reaparece hoje entre os que ensinam que Jesus Cristo e o evangelho original do Novo Testamento são inadequados para satisfazer nossas necessidades espirituais (2Pe 1.3). Paulo refuta essa heresia ao demonstrar que Cristo não somente é nosso Salvador pessoal, como também cabeça da igreja e
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Senhor do universo e da criação. Logo, é Jesus Cristo e o seu poder em nossa vida, e não a filosofia ou sabedoria humanas, que nos redime e salva eternamente. Não necessitamos de intermediários para termos comunhão com Cristo; devemos nos acercar dEle diretamente. Ser crente significa crer em Cristo e no seu evangelho; confiar nEle amá-lo e viver na sua presença. Não devemos acrescentar coisa alguma ao evangelho, nem ter outro intermediário entre Deus e o homem, nem aceitar a filosofia humanista. A filosofia do humanismo começou com Satanás e é uma expressão da sua mentira de que o homem pode ser igual a Deus (Gn 3.5). As Escrituras identificam os humanistas como os que "mudaram a verdade de Deus em mentira e honraram e serviram mais a criatura do que o Criador" (Rm 1.25). Todos os dirigentes, pastores e pais cristãos devem envidar seus máximos esforços em proteger seus filhos da doutrinação humanista, desmascarando-lhes os erros e instilando nas mentes deles um desprezo santo pela sua influência destrutiva (Rm 1.20-32; 2Co 10.4,5; 2Tm 3.1-10; Jd 4-20; 1Co 1.20; 2Pe 2.19).
Capítulo 4 Hierarquia e Classificação dos Anjos A Bíblia faz menção de anjos bons e anjos maus, embora ressalte que todos os anjos foram originalmente criados bons e santos (Gn 1.31); tendo livre-arbítrio. Numerosos anjos participaram da rebelião de Satanás contra Deus (Ez 28.12-17; Jd 6; Ap 12.9; Mt 4.10) e abandonaram o seu estado original de graça, como servos de Deus, e assim perderam o direito à sua posição celestial. 1. O Anjo do Senhor Uma designação especial no Antigo Testamento é "O ANJO DO SENHOR". Podemos ler 60 ocorrências no Antigo Testamento, onde sua aparição e autoridade o classifica de forma especial (Gn 16.11; 16.13; 18.2; 18.13-33; 22.11-18; 24.7; 31.11-13; 32.24-30; Êx 3.2-6; Jz 2.1; 6.11-14; 13.21,22). Há vários argumentos que afirmam ser uma teofania da segunda pessoa da Trindade (Cristofania). Dentre eles alistamos: (a) A linguagem, malak yaweh, é um título singular e peculiar mostrando que esse personagem era mais do que um anjo. No Antigo Testamento, ele é consistentemente apresentado como Jeová: O anjo apareceu, mas Deus, ou o Senhor, falou. (b) Quando o Anjo do Senhor apareceu a Josué, diz a Palavra do Senhor que ele Josué "... se prostrou sobre o seu rosto na terra, e O adorou, e disse-lhE: Que diz meu Senhor ao seu servo?" (Js 5.1). Se o Anjo do Senhor não fosse o próprio Senhor (o Senhor Jesus), o anjo (caso fosse simplesmente "um anjo") teria proibido a Josué de adorá-lo, como ocorreu em Ap 19.10 e Ap 22.8,9.
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(c) Em Jz 2.1, o Anjo do Senhor diz: Do Egito Eu vos fiz subir, e Eu vos trouxe à terra que a vossos pais Eu tinha jurado, e Eu disse: Eu nunca invalidarei o meu concerto convosco (o grifo nos pronomes é nosso). Comparada esta passagem com outras que descrevem o mesmo evento, verifica-se que eram atos do Senhor, o Deus do concerto israelita. Foi Ele quem jurou a Abraão, a Isaque e a Jacó que aos seus descendentes daria a terra de Canaã (Gn 13.14-17; 17.8). Jurou que esse concerto seria eterno. Ele tirou os israelitas do Egito (Êx 20.1,2) e Ele os levou à terra prometida (Js 1.1,2). (d) Embora concordemos com o fato de que existem controvérsias a respeito desta passagem de Jz 13.18, reputamos a mesma como factual e elucidativa. Quando Manoá, pergunta ao Anjo do Senhor, o Seu nome, Ele responde: "... porque perguntas assim pelo meu nome, visto que é maravilhoso"? Uma comparação desta resposta com a passagem de Is 9.6 demonstra que o Anjo do Senhor que apareceu a Manoá é o Menino de quem nos Isaías se refere. Isto é, o Anjo do Senhor, cujo nome é Maravilhoso. (e) Outra prova escriturística que apresentamos, é que no contexto neotestamentário, a Bíblia deixa de utilizar-se do termo "o Anjo do Senhor" como pessoa específica. Isto é demonstrado pelo fato de que o artigo definido masculino singular "o" deixa de ser utilizado, sendo substituído pelo artigo indefinido "um". Alguns exemplos disto são os textos de Lc 1.11; At 12.7 e At 12.23, dentre muitos outros. Infelizmente, nem todas as ocorrências no Novo Testamento, na versão ARC, aonde deveria ocorrer a expressão "um" anjo do Senhor, acontece. Em vez disso, se encontra o termo "o" anjo do Senhor. Fato que foi corrigido na versão ARA, nos textos citados e em outros correlatos.
Esta substituição na ARA possui um grande significado. Pois no contexto do Novo Testamento, contemporâneo ou
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posterior à encarnação, as manifestações angelicais não eram do Anjo do Senhor, mas meramente de um de Seus anjos, pois o Anjo do Senhor já havia sido manifestado na carne (1Tm 3.16). Seu primeiro aparecimento foi à escrava egípcia, Hagar a fim de lhe socorrer e foi identificado como sendo "O Anjo do Senhor" (Gn 16.7-12); depois a pessoa de Abraão (Gn 22.11,15); a Jacó (Gn 31.11-13); a Moisés (Êx 3.2). Ainda mais explicitamente, o anjo do Senhor que apareceu a Moisés na sarça ardente disse, em linguagem bem clara: "Eu sou o Deus de teu pai, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó" (Êx 3.6); a todos os israelitas durante o êxodo (Êx 14.19); mais tarde em Boquim (Jz 2.1,4); a Balaão (Nm 22.22-36); a Josué (Js 5.13-15, onde o príncipe do exército do SENHOR é mais provavelmente o Anjo do SENHOR); Josué prostrou-se e o adorou (Js 5.14). Esta atitude tem levado muitos a crerem que esse anjo era uma manifestação do próprio Senhor Deus; do contrário, o anjo teria proibido Josué de adorá-lo (Ap 19.10; 22.8,9); a Gideão (Jz 6.11); a Davi (1Cr 21.16); K) a Elias (2Rs 1.3-4); a Daniel (Dn 6.22). 2. O Arcanjo Miguel Miguel tem seu correspondente no grego "Michael e no hebraico mika'el. O nome Miguel é muito expressivo, "quem é como Deus?" Em que aspecto ele é semelhante a Deus não foi revelado, mas temos três passagens nas quais ele foi diretamente mencionado e onde vemos que ele tem grande autoridade. De acordo com Dn 12.1, ele é o "defensor do povo de Daniel - Israel". Em Judas 9 ele teve uma controvérsia com Satanás sobre o corpo de Moisés; mas nessa situação e apesar de toda a sua grandeza, ele não se atreveu a "proferir juízo infamatório contra ele", mas confiando na sua dependência de Deus, ele declara: "...o Senhor te repreenda". Miguel se encontra novamente na predição registrada em Ap 12.7-12. Ele, como chefe dos exércitos do céu, participa de uma batalha vitoriosa no céu contra Satanás e os seus anjos.
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Temos ainda a revelação de que a "voz do arcanjo" será ouvida quando Cristo voltar para buscar a Igreja (1Ts 4.16). A tradição sobre a existência de arcanjos não fazia parte original da fé judaica. Assim, na literatura bíblica, Miguel é introduzido em Dn 10.13,21 e 12.1 e reaparece no Novo Testamento em Jd 9 e Ap 12.7. Embora algumas literaturas tenham Gabriel como outro Arcanjo (totalizando sete na literatura apócrifa e pseudepígrafa, onde quatro nomes são revelados: Miguel, Gabriel, Rafael e Uriel), a Bíblia só revela a existência de um único Arcanjo, Miguel. Isto é demonstrado pelo fato de que nas duas ocorrências da palavra grega archangelos, "arcanjo", 1Ts 4.16 e Jd 9, o termo só aparece no singular, ligado unicamente ao nome de Miguel, donde se conclui biblicamente que só exista um anjo assim denominado Arcanjo, ou anjo-chefe, e que esse Arcanjo chama-se Miguel. O Miguel que se pode encontrar no Novo Testamento surge no Antigo Testamento apenas no livro de Daniel, à semelhança de Gabriel, é um ser celestial. Tem, no entanto, responsabilidade especiais como campeão de Israel contra o anjo rival dos persas (Dn 10.13,21), e ele comanda os exércitos celestiais contra todas as forças sobrenaturais do mal na última grande batalha (Dn 12.1). Na literatura judaica recente, bem como nos apócrifos e pseudepígrafos, o nome de Miguel é apresentado como guardião militar e intercessor de Israel. No Novo Testamento, Miguel aparece apenas em duas ocasiões. Em Jd 9, há referência a uma disputa entre Miguel e o diabo com respeito ao corpo de Moisés. Essa passagem é bastante polêmica. Orígenes acreditava que isto estaria registrado num apócrifo chamado de "Assunção de Moisés", mas a história não aparece nos textos existentes, porém incompletos, desta obra. A literatura rabínica posterior parece ter conhecimento desta história. O outro texto em que Miguel aparece, é Ap 12.7, que retoma o tema de Dn 12.1,
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apresentando-se Miguel como sendo o vencedor do dragão primordial, identificado como Satanás. 3. Gabriel O vocábulo Gabriel tem sua correspondente no hebraico "geber El", e significa "homem de Deus". Aparece quatro vezes nas Escrituras como revelador do propósito divino. No Antigo Testamento ele falou a Daniel sobre o final dos tempos (Dn 8.15-27). Semelhantemente, deu a Daniel a predição quase incomparável de Dn 9.20-27. O profeta descobriu (Jr 25.11-12) que o período que Israel tinha de permanecer na Babilônia era de setenta anos e que esse tempo estava para se completar. Então se entregou à oração pelo seu povo. A oração, conforme registrada, Gabriel passou com incrível rapidez do trono de Deus para o profeta que orava na Terra. Foi então que este anjo revelou o propósito de Jeová quanto ao futuro de Israel. No Novo Testamento trouxe a Zacarias a mensagem do nascimento João (Lc 1.11-20) e foi ele que veio com a maior de todas as mensagens à Maria quanto ao nascimento de Cristo e o Seu ministério como Rei sobre o trono de Davi (Lc 1.26-33). Apresenta-se como aquele que "assiste diante de Deus" (Lc 1.19). 4. Querubins Querubim tem sua correspondente no hebraico "qeruvim" (Gn 3.22-24; Ez 10.1-3). Vocábulo correlato com um verbo acadiano que significa "bendizer, louvar, adorar". Os querubins estão sempre associados com a santidade de Deus e a adoração que a sua presença imediata inspira. O título querubim fala de sua posição elevada e santa e sua responsabilidade está intimamente relacionada com o trono de Deus como defensores de Seu caráter e presença santa. Proteger a santidade de Deus é uma atividade importante deles. Os querubins aparecem pela primeira vez junto ao portão do Éden, depois que o homem foi expulso e como protetores para que o homem não retorne poluindo a santa
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presença de Deus. Aparecem novamente como protetores, embora em imagens de ouro, sobre a arca da aliança, onde Deus se comprazia em habitar. A cortina do tabernáculo separava a presença divina do povo ímpio, tinha bordados de figuras de querubins (Êx 26.1). Ezequiel refere-se a estes seres chamando-os pelo seu título dezenove vezes e a verdade relacionada com eles deriva destas passagens. Ele os apresenta com quatro rostos diferentes: de um leão, de um boi, de um homem e a face de uma águia (Ez 1.3-28; 10.1-22). Este simbolismo relaciona-se imediatamente com as criaturas viventes da visão de João (Ap 4.6-5.14). 5. Serafins (Is 6.1-3) A palavra serafins do hebraico "saraph" significa "ardentes", "queimadores", "irradiantes da glória de Deus", "brilhantes de Deus", "incandescidos de Deus". Declaram a glória incomparável de Deus e a sua santidade suprema. O título serafins fala de adoração incessante, do seu ministério de purificação e de sua humildade. Eles aparecem apenas uma vez nas Escrituras sob esta designação (Is 6.1-3). Sua atribuição tripla de adoração conforme registrada por Isaías foi repetida por João (Ap 4.8) e sob o título de criaturas viventes. Alguns estudiosos acreditam que os "seres viventes" (ou animais, Ap 4.6-9) são sinônimos de serafins e querubins. Todavia, os querubins em Ezequiel parecem semelhantes, e os "seres viventes" em Apocalipse são diferentes entre si. 6. Anjos eleitos A referência, em 1Tm 5.21, aos "anjos eleitos", descortina imediatamente um campo interessante de pesquisa referente ao alcance que a doutrina da eleição soberana deve ter na relação dos anjos para com o seu Criador. É preciso aceitar que os anjos foram criados com um propósito e que no seu reino, assim como o homem, os desígnios do Criador serão executados até o final. A queda de alguns anjos foi tão antecipada por Deus quanto a queda do homem. Está também
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implícito que os anjos passaram por um período de experiência. 7. Governadores Há indicações de que existam organizações entre os anjos bons. Em Cl 1.16, Paulo fala de tronos, soberanias (domínios), principados e potestades (poderes) e acrescenta que foram criados por intermédio dEle e para Ele. Isto parece incluir que ele está se referindo aos anjos bons. Em Efésios 1.21, a referência parece incluir tanto os anjos bons quanto maus. Nas outras passagens, essa terminologia se refere definitivamente apenas aos anjos maus (Rm 8.38; Ef 6.13; Cl 2.15). (a) Tronos (thronoi) se referem a seres angélicos, cujo lugar é na presença imediata de Deus. Esses anjos são investidos de poder real que exercem sob Deus; (b) Domínios (gr. kuriotetes) parecem estar próximos dos thronoi em dignidade; (c) Principados (gr. archai) parecem se referir a governantes sobre povos e nações distintos. Assim, Miguel é tido como príncipe de Israel (Dn 10.21; 12.1); assim lemos também a respeito do príncipe da Pérsia e do príncipe da Grécia (Dn 10.20). Isto é, cada um é um príncipe em um destes principados; (d) Poderes - potestades (gr. exousiai) são possivelmente autoridades subordinadas, servindo sob uma das outras ordens. É verdade que não podemos saber com certeza o significado real desses termos, mas esses acima parecem ser uma explicação plausível.
8. Anjos especialmente nomeados Certos anjos só ficaram conhecidos pelo serviço que prestaram. Destes, temos aqueles que serviram como anjos
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de juízo (Gn 19.13; 2Sm 24.16; 2Rs 19.35; Ez 9.1,5,7; Sl 78.49). Vejamos: Vigilantes (Dn 4.13,23). Os "vigias" (aram. irin, correlato com o heb. ur, "estar acordado") são mencionados somente em Daniel 4.13,17,23. São os "santos" que promoviam zelosamente os decretos soberanos de Deus, e demonstravam o senhorio de Deus sobre Nabucodonosor. Anjo do abismo (Ap 9.11). "Tinham sobre si rei o anjo do abismo, cujo nome em hebraico é Abadom e em grego Apoliom" (Ap 9.11). Abadom (ou Apoliom) é identificado, tal como sucede como muitíssimos outros elementos do Apocalipse, de muitas formas variadas. A seguir damos os principais pareceres sobre Abadom ou Apoliom: (a) É possível que o "anjo-estrela" do primeiro versículo (Ap 9.1) esteja aqui em pauta, portanto ele é quem tem o poder de abrir o abismo; (b) as interpretações "simbólicas" não vêem aqui qualquer "ser" em particular, mas apenas a manifestação do "princípio do mal" de várias formas; (c) tradicionalmente, Satanás é reputado o "rei do mundo inferior", a personificação do mal e daquilo que ele produz neste caso, a "destruição". Portanto, vários intérpretes supõem que Satanás está em foco neste passo bíblico; (d) há precedentes, entretanto, para supor-se que o "rei do hades e Satanás são personalidades distintas". Se o vidente João alude aqui a esse tipo de tradição, então o "rei" (o "destruidor") neste caso será um elevado poder maligno, um arcanjo das trevas, por assim dizer, mas não o próprio Satanás. Não obstante, poderíamos supor que esse poder maligno está sujeito à autoridade do diabo. Dentre essas interpretações, a de número quatro (d) é a mais provável. Aquele que tem autoridade sobre o fogo. "E saiu do Altar outro anjo, que tinha poder sobre o fogo...". Esse Anjo é aquele que, cuja missão é conservar o fogo aceso no altar celeste (Ap 14.18).
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O anjo das águas. "e ouvi o anjo das águas que dizia: justo és tu, ó senhor, que és, e que eras, e santo és, porque julgaste estas coisas" (Ap 16.5). Essa idéia é extraída da noção judaica helenista de que cada elemento da natureza é controlado pelos anjos. assim, teríamos os anjos dos quatro ventos, do calor, da geada, das águas, do fogo, e assim, interminavelmente. O anjo que aparece neste versículo tem por tarefa guardar os suprimentos de água do globo terrestre. Anjos que controlam os ventos. "E, depois destas coisas, vi quatro anjos que estavam sobre os quatro cantos da terra, retendo os quatro ventos da terra, para que nenhum vento soprasse sobre a terra, nem sobre o mar, nem contra árvore alguma" (Ap 7.1). Os anjos que se acham nos quatro cantos da terra conservam presos os quatro ventos. Não lhes é permitido soprar e nem destruir. Em Dn 7.2,3, vemos os quatro ventos do céu irrompendo sobre o mar, provocando destruições imensas. Deus está no comando até do vento. "E ele, despertando, repreendeu o vento e disse ao mar: Cala-te, aquieta-te. E o vento se aquietou, e houve grande bonança" (Mc 4.39). Anjos guardiões das nações. "E olhei e ouvi a voz de muitos anjos ao redor do trono, e dos animais, e dos anciãos; e era o número deles milhões de milhões e milhares de milhares" (Ap 5.11). A exemplo de Apocalipse Mateus 26.53, Hebreus 12.22, e Salmos 68.17 indicam que os anjos a serviço de Deus são muito numerosos. Outras passagens indicam que eles observam os homens, prestando serviços em prol de nações, comunidades e indivíduos (Hb 1.14; Mt 18.10; Sl 9.1; Dn 10.13; 12.1; Js 5.14). Os trechos bíblicos que dão apoio à doutrina dos anjos guardiões são Jó 33.23; Dn 10.13; Mt 18.10; Hb 1.14 e Ap 1.20. Anjos guardiões da Crença judaica. Uma antiga doutrina judaica ensina que o anjo guardião tem a semelhança ou aparência daquele a quem guarda, a que talvez seja
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refletido em Atos 12.15. Essa idéia pode estar ligada à noção oriental do eu-superior ou super-eu do indivíduo. Presumivelmente, a alma não é o elemento superior do indivíduo, mas sim é um instrumento do eu-superior, que é a verdadeira entidade. Esse super-eu é o homem em sua forma mais elevada, um poderosíssimo ser espiritual. Nesse caso, o anjo guardião seria o próprio homem, e a alma seria seu instrumento, tal como o corpo é o instrumento da alma. Há muitos mistérios, e talvez o que aqui dizemos perscrute um tanto esses mistérios, sem desvendá-los. Se esse conceito é veraz, então o indivíduo é seu próprio anjo guardião, ou pelo menos, poderia ser, embora esse anjo exista em uma outra dimensão de seu próprio ser. Isso não negaria a existência de outros espíritos elevados, que poderiam interessar-se em nossas vidas e aos quais poderíamos chamar de "anjos".
Capítulo 5 Suas Atribuições Ministeriais 1. No ministério de Jesus 1.1. Na eternidade passada (Sl 90.2), adoravam a Cristo "E, quando outra vez introduz no mundo o Primogênito, diz: E todos os anjos de Deus o adorem" (Hb 1.6). A expressão eternidade passada refere-se à existência eterna de Deus, que não tem começo nem fim. Eternidade (hb. olam) não significa em primeiro lugar que Deus transcende o tempo, mas, sim, que é infindável no tempo (Gn 21.33; Jó 10.5; 36.26). As Escrituras não ensinam que Deus existe num tipo de eterno tempo presente, onde não há nem o passado nem o futuro. Os trechos das Escrituras que declaram a eternidade de Deus fazem-no em termos de continuidade, e não de intemporalidade, isto é, Deus conhece o passado como passado, o presente como presente e o futuro como futuro. 1.2. Anunciaram o seu nascimento “Ora, o nascimento de Jesus Cristo foi assim: Estando Maria, sua mãe, desposada com José, antes de se ajuntarem, rachou-se ter concebido do Espírito Santo. Então, José, seu marido, como era justo se a não queria infamar, intentou deixála secretamente. E, projetando ele isso, eis que, em sonho, lhe apareceu um anjo do Senhor, dizendo: José, filho de Davi, não temas receber a Maria, tua mulher, porque o que nela está gerado é do Espírito Santo. E ela dará à luz um filho, e lhe porás o nome de JESUS, porque ele salvará o seu povo dos seus pecados" (Mt 1.18,19, 20,21); Ler ainda Lc 1.26,28; 2.8,20. Um anjo do Senhor anuncia o nascimento de Jesus, fato registrado tanto por Mateus quanto por Lucas, ambos concordam em
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seus registros em declarar inequivocamente que Jesus nasceu de uma mãe virgem, sem a intervenção de pai humano, e que Ele foi concebido pelo Espírito Santo (Lc 1.34,35). A doutrina do nascimento virginal de Jesus, de há muito vem sendo atacada pelos teólogos liberais. É inegável, no entanto, que o profeta Isaías vaticinou a vinda de um menino, nascido de uma virgem, que seria chamado Emanuel , um termo hebraico que significa Deus conosco (Is 7.14). Essa predição foi feita 700 anos antes do nascimento de Cristo. A palavra virgem é a tradução correta da palavra grega parthenos, empregada na Setuaginta, em Is 7.14. A palavra hebraica significando virgem (almah) , empregada por Isaías, designa uma virgem em idade de casamento, e nunca é usada no Antigo Testamento para qualquer outra condição da mulher, exceto a da virgindade (Gn 24.43; Is 7.14). Daí, Isaías, Mateus e Lucas afirmarem a virgindade da mãe de Jesus (Is 7.14). É de toda importância o nascimento virginal de Jesus. Para que o nosso Redentor pudesse expiar os nossos pecados e assim nos salvar, Ele teria que ser numa só pessoa, tanto Deus como homem impecável (Hb 7.25,26). O nascimento virginal de Jesus satisfaz essas duas exigências. (a) A única maneira de Ele nascer como homem era nascer de uma mulher. (b) A única maneira de Ele ser um homem impecável era ser concebido pelo Espírito Santo (Hb 4.15). (c) A única maneira de Ele ser deidade, era ter Deus como seu Pai. A concepção de Jesus, portanto, não foi por meios naturais, mas sobrenaturais, daí, o Santo, que de ti há de nascer, será chamado Filho de Deus (Lc 1.35). Por isso, Jesus Cristo nos é revelado como uma só Pessoa divina, com duas naturezas: divina e humana, mas impecável. Por ter vivido como ser humano, Jesus se compadece das fraquezas do ser humano (Hb 4.15,16). Como o divino Filho de Deus, Ele tem poder para libertar o ser humano da escravidão do pecado e do poder de Satanás (At 26.18; Cl 2.15; Hb 2.14; 4.14,15; 7.25). Como ser divino e também homem impecável, Ele preenche os requisitos como sacrifício pelos pecados de cada um, e também como sumo
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sacerdote, para interceder por todos os que por Ele aproximam-se de Deus (Hb 2.9-18; 5.1-9; 7.24-28; 10.4-12). Eis a suprema importância da intervenção angelical junto a José quando este intentava deixar secretamente Maria (Mt 1.18,19). 1.3. Protegeram-No na Sua infância "E, tendo-se eles retirado, eis que o anjo do Senhor apareceu a José em sonhos, dizendo: Levanta-te, e toma o menino e sua mãe, e foge para o Egito, e demora-te lá até que eu te diga, porque Herodes há de procurar o menino para o matar. E, levantando-se ele, tomou o menino e sua mãe, de noite, e foi para o Egito. E esteve lá até à morte de Herodes, para que se cumprisse o que foi dito da parte do Senhor pelo profeta, que diz: Do Egito chamei o meu Filho. ...Morto, porém, Herodes, eis que o anjo do Senhor apareceu, num sonho, a José, no Egito, dizendo: Levanta-te, e toma o menino e sua mãe, e vai para a terra de Israel, porque já estão mortos os que procuravam a morte do menino. Então, ele se levantou, e tomou o menino e sua mãe, e foi para a terra de Israel". Esses dois avisos da parte de Deus a José, por meio dos seus anjos, nos ensinam que Deus vela por aqueles que Ele ama e Ele é quem melhor sabe frustrar os planos dos ímpios e livrar seus fiéis das mãos dos que lhes querem fazer mal. 1.4. Acolheram depois da tentação no deserto “E, tendo jejuado quarenta dias e quarenta noites, depois teve fome; E, chegando-se a ele o tentador, disse: Se tu és o Filho de Deus, manda que estas pedras se tornem em pães. Ele, porém, respondendo, disse: Está escrito: Nem só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus" (Mt 4.2,3). "Então, o diabo o deixou; e, eis que chegaram os anjos e o serviram" (Mt 4.11). Jesus jejuou 40 dias, e depois teve fome, e a seguir foi tentado por Satanás a comer. Isto pode indicar que Cristo absteve-se de alimento, mas não de água.
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Abster-se de água por 40 dias requer um milagre. Uma vez que Cristo teve que enfrentar a tentação, como representante do homem ele não poderia empregar nenhum outro meio para vencê-la além do de um homem cheio do Espírito Santo (Êx 34.28; 1Rs 19.8; Mt 6.16). Por conseguinte, esperaria na providência do Pai, não precisaria transformar pedras em pães para alimentar-se. A sua justa obediência é recompensada pelo Pai ao ser servido pelos anjos (Mt 4.11). Um dos aspectos principais da tentação de Jesus girou em torno do tipo de Messias que Ele seria e como empregaria a sua unção da parte de Deus. Jesus foi tentado a utilizar sua unção e posição para servir a seus próprios interesses, obter glória e poder sobre as nações, ao invés de aceitar a cruz e o caminho do sofrimento, e ajustar-se à expectativa popular de um Messias sensacional. 1.5. Consolaram-no em sua luta espiritual no Getsêmane Em oração no Getsêmane Jesus diz: "...Meu pai, se possível, passa de mim este cálice; todavia, não seja como eu quero, mas como tu queres" (Mt 26.39b). "E apareceu-lhe um anjo do céu, que o confortava" (Lc 22.43). Sua oração, no que diz respeito ao afastamento do cálice não foi atendida, contudo, foi ouvida, pois o Pai o fortaleceu mediante um anjo do céu, que o confortava. 1.6. Acompanharam toda sua vida ministerial Jesus falou de anjos que subiam e desciam sobre Ele (Jo 1.51); disse poder contar com mais de 12 legiões de anjos em prol de sua defesa (Mt 26.53). "E, sem dúvida alguma, grande é o mistério da piedade: Aquele que se manifestou em carne foi justificado em espírito, visto dos anjos, pregado aos gentios, crido no mundo e recebido acima, na glória" (1Tm 3.16).
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1.7. Observaram-no na Sua ressurreição A ressurreição de Jesus Cristo (Mt 28.2-5; Lc 24.23; Jo 20.12; Mt 28.6) é uma das verdades essenciais do evangelho (1Co 15.1-8). Qual a importância da ressurreição de Cristo para os que nEle crêem? Ela comprova que Ele é o Filho de Deus (Jo 10.17,18; Rm 1.4). Garante a eficácia da sua morte redentora (Rm 6.4; 1Co 15.17). Confirma a verdade das Escrituras (Sl 16.10; Lc 24.44-47; At 2.31). É prova do juízo futuro dos ímpios (At 17.30,31). É o fundamento pelo qual Cristo concede o Espírito Santo e a vida espiritual ao seu povo (Jo 20.22; Rm 5.10; 1Co 15.45), e a base do seu ministério celestial de intercessão pelo crente (Hb 7.23-28). Garante ao crente a sua futura herança celestial (1Pe 1.3,4) e sua ressurreição ou transformação quando o Senhor vier (Jo 14.3; 1Ts 4.14ss). Ela põe à disposição do crente, na sua vida diária, a presença de Cristo e o seu poder sobre o pecado (Gl 2.20; Ef 1.18-20; Rm 5.10). A ressurreição de Cristo está bem comprovada historicamente. Depois de ressurgir, Cristo permaneceu na terra por quarenta dias, aparecendo e falando com os apóstolos e muitos outros seus seguidores. Suas aparições depois da ressurreição são as seguintes: a Maria Madalena (Jo 20.11-18); às mulheres que voltavam do sepulcro (Mt 28.9,10); a Pedro (Lc 24.34); aos dois que iam a caminho de Emaús (Lc 24.13-32); a todos os discípulos, exceto Tomé e outros com eles (Lc 24.36-43); a todos os discípulos num domingo à noite, uma semana depois (Jo 20.26-31); a sete discípulos junto ao mar da Galiléia (Jo 21.1-25); a 500 crentes na Galiléia 1Co 15.6); a Tiago (1Co 15.7); aos discípulos que receberam a Grande Comissão (Mt 28.16-20); aos apóstolos, no momento da sua ascensão (At 1.3-11); e ao apóstolo Paulo (1Co 15.8). E nesta ocasião tão solene, de elevada significância, anjos do Senhor se fazem presentes, testemunhando, confortando e dando orientações às visitantes do túmulo
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vazio: "E eis que houvera um grande terremoto, porque um anjo do Senhor, descendo do céu, chegou, removendo a pedra, e sentou-se sobre ela. E o seu aspecto era como um relâmpago, e a sua veste branca como a neve. E os guardas, com medo dele, ficaram muito assombrados e como mortos. Mas o anjo, respondendo, disse às mulheres: Não tenhais medo; pois eu sei que buscai a Jesus, que foi crucificado. Ele não está aqui, porque já ressuscitou, como tinha dito. Vinde e vede o lugar onde o Senhor jazia. Ide, pois, imediatamente, e dizei aos seus discípulos que já ressuscitou dos mortos. E eis que ele vai adiante de vós para a Galiléia; ali o vereis. Eis que eu vo-lo tenho dito" (Mt 28.2-7). 1.8. Na sua ascensão acompanharam "E levou-os fora, até Betânia; e, levantando as mãos, os abençoou. E aconteceu que, abençoando-os ele, se apartou deles e foi elevado ao céu. E, adorando-o eles, tornaram com grande júbilo para Jerusalém" (Lc 24.50-52). "E, quando dizia isto, vendo-o eles, foi elevado às alturas, e uma nuvem o recebeu, ocultando-o a seus olhos. E, estando com os olhos fitos no céu, enquanto ele subia, eis que junto deles se puseram dois varões vestidos de branco, os quais lhes disseram: Varões galileus, por que estais olhando para o céu? Esse Jesus, que dentre vós foi recebido em cima no céu, há de vir assim como para o céu o vistes ir" (At 1.9,10,11). 1.9. Eles o acompanharão na Sua segunda vinda "E a vós, que sois atribulados, descanso conosco, quando se manifestar Senhor Jesus desde o céu, com os anjos do seu poder, como labareda de fogo, tomando vingança dos que não conhecem a Deus e dos que não obedecem ao evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo" (2Ts 1.7). Observamos que embora Deus vá retribuir aos ímpios (2Ts 1.6) no começo da grande tribulação (Ap 6), a retribuição completa (2Ts.6-9) ocorrerá somente no fim da presente era,
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quando o "Senhor Jesus se manifestar desde o céu, com os anjos do seu poder", para julgar os ímpios (2Ts 7-10; Ap 19.1121). Ler ainda: Mt 24.31; 25.31; Mc 8.38; 13.27; Lc 9.26. 2. Como espectadores da obra de Deus Em quatro exemplos lemos que os anjos foram espectadores (como aquele que assiste, que presencia algo, que observa algo). Em Lc 15.10 eles observaram a alegria do Senhor por um pecador que se arrepende. Não é a alegria dos anjos, como se supõe frequentemente (Jd 24). Em Lc 12.8-9, Cristo disse: "... digo-vos ainda: Todo aquele que me confessar diante dos homens, também o Filho do homem o confessará diante dos anjos de Deus, mas o que me negar diante dos homens, será negado diante dos anjos de Deus...". Assim, também, toda a vida terrena de Cristo foi "contemplada por anjos" (1Tm 3.16). Em Ap 14.10-11, os anjos observam o infortúnio eterno daqueles que "adoram a besta e a sua imagem". Por outro lado, a Igreja, segundo predição, julgará os anjos (1Co 6.3), apesar de que, atualmente, esteja tão pouco preparada até mesmo para julgar as coisas da Terra. 3. Executores de juízos divinos Foram portadores de mensagens de Deus (Zc 1.14-17); trouxeram respostas às orações (Dn 9.21-23; At 10.4); serviram em prol do povo de Deus (Dn 3.25; 6.22); protegeram os santos que tementes a Deus que se afastaram do mal (Sl 34.7; 91.11; Dn 6.22; At 12.7-10); castigaram os inimigos de Deus (2Rs 19.35). 4. Desempenharam uma elevada missão ao revelarem a lei de Deus a Moisés (At 7.38; Gl 3.19; Hb 2.2). “... Vós que recebestes a lei por ordenação dos anjos e não a guardastes" (At 7.53). Veja o contexto de GI 3.19: "...a lei..., foi posta pelos anjos na mão de um medianeiro". Moisés
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falava, e Deus respondia em alta voz. Agora com a presença de Deus na montanha, tudo mudou de aspecto. A montanha inteira pareceu pulsar de vida. O terror se apoderou do povo embaixo. A terra pareceu abalada por meio obscuro. Quando Deus veio ao topo da montanha, estava acompanhado de milhares de anjos (SI 68.8-17). Moisés, testemunha silenciosa e solitária deveria ter sido dominado por uma grande visão, ainda que não fosse a totalidade das forças de Deus. Abala a imaginação pensar que espécie de manchete teria ocorrido ali. "E tão terrível era a visão que Moisés disse: Estou todo assombrado, e tremendo" (Hb 12.21a). Observa-se que a aparição de Deus cercada de seres angélicos foi imensamente gloriosa. Ele resplandeceu como o sol quando ganha força no firmamento. Mesmo Seir e Parã, duas montanhas a alguma distância, foram iluminadas pela Glória Divina que apareceu no monte Sinai, refletindo alguns de seus raios; tão brilhante foi a aparição de Deus e Seus ministros e tanto empenho de relatar as maravilhas da providência divina, que até "... raios brilhantes saíam da sua mão..." (SI 18.7,8; Hb 3.3). Além desta aparição de anjos ao lado do seu Criador, o ministério angelical é proeminentemente desenvolvido no Antigo Testamento. H. Halley observa que os anjos estão presentes em quase todos os acontecimentos tanto do Antigo como do Novo Testamento. Eles afloram por toda a Bíblia! 5. Executam são questionar qualquer comando de Deus Sob as ordens de Deus um anjo feriu a 70 mil escolhidos de Israel no tempo de Davi. "Então, enviou o SENHOR a peste a Israel, desde pela manhã até ao tempo determinado; e, desde Dã até Berseba, morreram setenta mil homens do povo. Estendendo, pois, mo Anjo a sua mão sobre Jerusalém, para a destruir, o SENHOR se arrependeu daquele mal; e disse ao Anjo que fazia a destruição entre o povo: Basta, agora retira a tua mão. E o Anjo do SENHOR estava junto à eira de Araúna, o jebuseu. E, vendo Davi ao Anjo que feria o povo, falou ao SENHOR e disse: Eis que eu sou o que pequei e eu o que
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iniquamente procedi; porém estas ovelhas que fizeram? Seja, pois, a tua mão contra mim e contra a casa de meu pai" (2Sm 24.15-17). 6. Prestam socorro sob o comando divino Obedecendo a Deus um anjo acudiu Elias quando fugia da fúria de Jezabel. "E deitou-se e dormiu debaixo de um zimbro; e eis que, então, um anjo o tocou e lhe disse: Levantate e come. E olhou, e eis que à sua cabeceira estava um pão cozido sobre as brasas e uma botija de água; e comeu, e bebeu, e tornou a deitar-se. E o anjo do SENHOR tornou segunda vez, e o tocou, e disse: Levanta-te e come, porque mui comprido te será o caminho. Levantou-se, pois, e comeu, e bebeu, e, com a força daquela comida, caminhou quarenta dias de quarenta noites até Horebe, o monte de Deus" (1Rs 19.5-8); Deus cuidou do desalentado Elias de modo compassivo e amorável (Hb 4.14,15). Permitiu que Elias dormisse; fortaleceu-o com alimentos; propiciou-lhe uma revelação inspiradora do seu poder e presença; concedeu-lhe nova revelação e orientação; deu-lhe um companheiro fiel e fraterno. Noutras palavras, quando o filho de Deus enfrenta o desânimo, no desempenho que Deus lhe confiou, ele pode suplicar a Deus, em nome de Cristo, que lhe dê força, graça e coragem, e os capacite diante de tais situações (Hb 2.18; 3.6; 7.25). 7. Estão sempre prontos para agir Por divina revelação Eliseu, certa manhã, viu-se cercado de anjos invisíveis aos olhos de seu criado e visíveis aos seus. "Então, enviou para lá cavalos, e carros, e um grande exército, os quais vieram de noite e cercaram a cidade. E o moço do homem de Deus se levantou mui cedo e saiu, e eis que um exército tinha cercado a cidade com cavalos e carros; então, o seu moço lhe disse: Ai! Meu senhor! Que faremos? E ele disse: Não temas; porque mais são os que estão conosco
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do que os que estão com eles. E orou Eliseu e disse: SENHOR, peço-te que lhe abras os olhos, para que veja. E o SENHOR abriu os olhos do moço, e viu; e eis que o monte estava cheio de cavalos e carros de fogo, em redor de Eliseu" (2Rs 6.14-17). Existe um mundo espiritual invisível, que consiste nas hostes de anjos ministradores, que estão ativos na vida do povo de Deus (Gn 32.1,2; Sl 91.11; 34.7; Is 63.9). Desse ocorrido podemos assimilar vários princípios: Não somente Deus está a favor do seu povo (Rm 8.31), como também exércitos dos seus anjos estão disponíveis, prontos para defender o crente e o reino de Deus (Sl 34.7). Por conseguinte todos os que crêem na Bíblia devem orar continuamente para Deus livrá-los da cegueira espiritual e abrir os olhos dos seus corações para verem mais claramente a realidade espiritual do reino de Deus (Lc 24.31; Ef 1.18-21) e suas hostes celestiais (Hb 1.14). Os espíritos ministradores de Deus não estão distantes, mas, sim, bem perto (Gn 32.1,2), observando os atos e a fé dos filhos de Deus e agindo em favor deles (At 7.5560; 1Co 4.9; Ef 3.10; 1Tm 5.21). Sabemos que a verdadeira batalha no reino de Deus não é contra a carne e o sangue. É uma batalha espiritual "contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais" (Ef 6.12; Ap 12.7-9; Ef 6.11). Concluímos que há um relacionamento de causa e efeito nas batalhas espirituais; o resultado das batalhas espirituais é determinado parcialmente pela fé e oração dos santos (Ef 6.18,19; Mt 9.38). 8. Atuam em situações adversas Durante o cativeiro babilônico, um anjo livrou o profeta Daniel da cova dos leões. "O meu Deus enviou o seu anjo e fechou a boca dos leões, para que não me fizessem dano, porque foi achada em mim inocência diante dele; e também contra ti, ó rei, não tenho cometido delito algum" (Dn 6.22). A cova dos leões era subterrânea, tendo uma abertura na parte superior. Uma pedra grande cobria a abertura, e o selo do rei
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significava que a cova não podia ser aberta sem a sua autorização. Daniel, por ser íntegro e ter um "espírito excelente", era admirado pelo rei, que também honrava o seu Deus. Por isso, quando o rei cumpriu à risca o seu decreto, manifestou a esperança de que Deus livraria Daniel. Possivelmente ele ouvira falar do livramento que Deus concedera aos três amigos de Daniel, no caso da fornalha de fogo ardente (Dn 3.6,23-29). O rei procurou encorajar Daniel a crer no seu Deus, mas sua atitude na manhã seguinte não demonstrava confiança de que Daniel estivesse vivo. Mas o anjo de Deus fechou a boca dos leões diante do profeta fiel, e este estava são e salvo. Este livramento levou Dario a dar testemunho do poder do Deus que é maior do que o poder dos leões. Note-se também que o significado do nome de Daniel, "Deus é meu juiz", cumpriu-se na própria experiência do profeta. Ele foi vindicado pelo Senhor, e considerado justo por sua decisão de não se contaminar, para manter a pureza da lei de Deus e por sua fidelidade na oração. 9. Auxiliam os filhos de Deus na produção de textos Um anjo ajudou a Zacarias na redação de seu livro (Zc 1.9; 2.3 e 4.5). Durante todo o período da Antiga Aliança os anjos estiveram presentes na vida de muitos personagens da Bíblia. Podemos fazer outras citações, tais como; 1Rs 13.18; Jó 4.15,16; SI 34.7; Zc 3.3 etc. Ora, estas aparições ou intervenções angélicas na vida destas pessoas, são apenas manifestações tópicas, pois em outras ocasiões os anjos estiveram presentes, porém invisíveis aos olhos humanos. 10. Estão presentes não dificuldades dos que prestam serviço a Deus A Igreja Primitiva teve seu princípio de formação auxiliada e protegida por estes seres celestiais. Vejamos: dois anjos foram testemunhas da ascensão de Cristo (At 1.10,11); um anjo abriu as portas da prisão e soltou os apóstolos Pedro e
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João (At 5.19); um anjo encaminhou Filipe, o Evangelista, ao eunuco etíope (At 8.28); um anjo soltou Pedro da prisão (At 12.7-9); um anjo orientou o Centurião Cornélio, a chamar a Pedro (At 10.3); um anjo feriu Herodes e ele morreu comido de bichos (At 12.23); um anjo esteve com Paulo indo à Roma (At 27.23). 11. No final da presente era atuarão grandemente Os anjos no livro do Apocalipse são proeminentes. Por exemplo, um anjo dirigiu a redação do livro para João (Ap 11.1; 22.6,16). Cerca de 71 vezes, os anjos são nele mencionados com missão especial. Não é imaginação, mas realidade, que os anjos são nossos conservos de mil maneiras. Nenhuma verdade está mais estabelecida pelas Escrituras do que a declaração de Hb 1.14, que diz "serem estes seres enviados para servir a favor daqueles que hão de herdar a salvação". Deus mandará um anjo para completar a pregação do "Evangelho do Reino". Na passagem de Apocalipse 14.6, está pintado literalmente a missão deste mensageiro. "... e vi outro anjo voar pelo meio do céu, e tinha o Evangelho Eterno, para proclamar aos que habitam sobre a Terra, e a toda a nação, tribo, e língua, e povo". Duas pregações deste Evangelho são mencionadas nas Escrituras, uma passada, começando com o ministério de João Batista e terminando com a rejeição do seu Rei pelos judeus. A outra ainda é futura (Mt 24.14), durante a Grande Tribulação, e imediatamente antes da vinda em Glória de Cristo. Isso será feito pelo anjo do presente texto. Este Evangelho será pregado logo no fim da Grande Tribulação e imediatamente como já dissemos acima, antes do julgamento das nações viventes (Mt 25.31-46). Estas "BoasNovas" são universais e abrangem "toda a criatura". 12. Na cura divina Uma outra cooperação angelical no que diz respeito à pessoa humana, prende-se ao fato de cura divina. Embora um
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pouco escasso, a passagem de João 5.4 ilustra o significado do pensamento. Ali vemos um anjo de Deus trazendo cura para os enfermos, "...descia em certo tempo, ao tanque, e agitava a água; e o primeiro que ali descia, depois do movimento da água, sarava de qualquer enfermidade que tivesse". Em muitas outras passagens tanto do Antigo como do Novo Testamento, observamos os anjos cooperando com Deus e os homens no plano da redenção (Êx 23.20,23; Jó 33.23; Dn 9.2427; Hb 1.14; 1Pe 1.12). 13. No conforto e consolação Esta cooperação angelical prende-se ao ministério da "consolação" e do "conforto". Sua presença pode tranquilizar e confortar em tempos de crise argumenta Billy Graham (Anjos, os agentes secretos de Deus), Daniel também afirma isto no capítulo 10.19 do seu livro. Veja! "... e, falando ele (o anjo) comigo, esforcei-me, e disse: Fala, meu senhor, porque me confortaste...". Nosso amado Salvador, apesar de ser Senhor dos anjos, foi também certa vez confortado por um deles. "... e apareceu-lhe um anjo (Gabriel?) do Céu, que o confortava..." (Lc 22.43; Hb 5.7). O profeta Zacarias teve também similar experiência quando Deus pôs na boca do anjo intérprete "palavras consoladoras", as quais foram transmitidas para o profeta (Zc 1.13b). Outras passagens similares, tanto do Antigo como do Novo Testamento, poderiam ser aqui anotadas, mas somente catalogamos estas para expressar o significado do pensamento.
Capítulo 6 Satanologia - Doutrina Bíblica de Satanás Introdução Em tempos remotos, houve rebelião entre os seres espirituais, nos lugares elevados (Jó 4.18; Mt 25.41; 2Pe 2.4). O mais elevado dos anjos "querubim ungido", encabeçou essa rebelião. Por certo há muitas ordens de seres angelicais, algumas dotadas de grande poder, e outras de poder inferior aos homens, algumas elementares, talvez similares aos animais irracionais, e outras com inteligência ainda inferior aos irracionais. 1. O Fato de sua Queda Tudo nos leva a crer que os anjos foram criados em estado de perfeição. Quando nos referimos ao relato da criação em Gn 1, lemos sete vezes que o que Deus havia feito era bom. No último versículo desse capítulo, lemos "viu Deus tudo quanto fizera, e eis que era muito bom". Isso certamente inclui a perfeição dos anjos em santidade quando originalmente criados. Não poucos teólogos acham que Ez 28.15 se refere a Satanás. Assim sendo, então ele é definitivamente mostrado como tendo sido criado perfeito. Todavia, diversas passagens mostram alguns dos anjos como maus (Sl 78.49; Mt 25.41; Ap 9.11; 12.7-9), isto se deve ao fato de terem deixado seu próprio principado e habitação apropriada (Jd 6) e pecado (2Pe 2.4). Não há dúvida que Lúcifer tenha sido o chefe da apostasia. Is 14.12 se refere a ele como sendo a Estrela da Manhã e Filho da Alva, e lamenta a sua queda. Ez 28.15-17 semelhantemente descreve sua queda. Não pode haver dúvidas, portanto, de que houve realmente uma queda para alguns dos anjos.
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2. A Época da sua Queda A Escritura silencia quanto a este ponto; mas deixa claro que a queda dos anjos se deu antes da do homem, já que Satanás entrou no Jardim sob a forma de serpente e induziu Eva a pecar. 3. A Causa de sua Queda Este é dos profundos mistérios da teologia. Mostramos acima que os anjos foram criados perfeitos. Isto significa que toda a afeição de seus corações era dirigida por Deus. A questão é: como pôde tal ser cair? Como pôde a primeira afeição menos santa brotar em tal coração, e como pôde a vontade receber o primeiro impulso para se afastar de Deus? A idéia, apoiada em bases bíblicas, é de que a queda do "querubim ungido" resultou de sua própria escolha. Deus estabeleceu a sua soberana vontade para ser obedecida e apreciada por seus anjos. Entretanto, a vontade divina não seria obedecida por força, mas livremente. É por esse princípio bíblico que podemos entender a causa da queda. A Escritura de Isaías 14 é tipológica. A profecia fala do rei Nabucodonosor, um rei ilustrado à semelhança de Thobal, rei de Tiro. O que precedeu a queda do "querubim" foi a sua ilusão e engano acerca do seu próprio poder nas hostes angelicais. Imaginando-se superior a todos os demais anjos criados, pretendeu tomar o lugar do Criador. Cinco afirmativas descritas em Isaías 14.13,14 revelam as pretensões do "querubim". A primeira afirmativa foi "eu subirei ao céu". Uma tentativa de estar acima de toda a criação e do próprio Deus. As expressões "eu subirei ao céu", e "estavas no Éden, jardim de Deus" devem ser analisadas a luz de "como caíste do céu", a fim de que o Éden, aqui em apreço, não seja confundido com o Éden terrestre. Naqueles primórdios o jardim do Éden fora preparado com tanto magnificência para o "querubim", "o
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perfeito em formosura" que descarta a idéia de um Éden mineral. O Éden magnífico e riquíssimo do "querubim" existiu antes do Éden de Adão e Eva e com certeza, em outra dimensão e glória, tratava-se de um Éden metafísico, espiritual. A pomposa descrição de Ezequiel, embora nos mostre haver sido o Éden um reino mineral das pedras preciosas, isto se dar apenas a título de conotação, ao passo que, segundo Gn 2.5-15, o Éden de Adão era de natureza vegetal e mineral. Aquele era espiritual, criado para um ser espiritual, e este material, físico, pois seria o habitat de nossos pais, não confundamos, portanto, os Edens. A segunda, "acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono". Quando se refere às estrelas de Deus, ele estava falando dos demais anjos criados. A terceira, "no monte da congregação me assentarei". O monte da congregação refere-se ao lugar do trono de Deus onde ele queria assentar-se. A quarta, "subirei acima das mais altas nuvens". Mais uma vez, ele revela sua intenção presunçosa de superioridade. A quinta "serei semelhante ao Altíssimo". Aqui estava a mais grave das pretensões de Lúcifer. Ele queria colocar-se em posição unilateral em relação ao Criador. Devemos, portanto, concluir que a queda dos anjos se deu devido a sua revolta autodeterminada contra Deus. Foi sua escolha, de si próprios e seus interesses em lugar de escolherem a Deus e Seus interesses. Se indagarmos que motivo em particular pode ter estado por trás dessa rebelião, parecemos obter diversas respostas das Escrituras. Grande prosperidade e beleza parecem ser apontadas como possíveis causas. O rei de Tiro simboliza Satanás em Ez 28.11-19; e dizse que ele caiu devido a essas coisas (1Tm 3.6). Ambição desmedida e o desejo de ser mais que Deus parecem outra causa. O rei da Babilônia é acusado de ter essa ambição, e ele também simboliza Satanás (Is 14.13,14). A queda de Lúcifer foi inevitável e consequente. Sua avidez irrefreada de querer ser igual a Deus, aguçou o interesse de grande número de anjos que resolveu acompanhá-lo. Por esse ato pecaminoso contra
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o seu Criador, Lúcifer foi destituído de suas funções celestiais e condenado a execração eterna. Mas ele continua como o instigador do pecado no mundo (Rm 7.14). 4. O Resultado de sua Queda As Escrituras registram diversos resultados decorrentes sua queda, entre eles alistamos que: Todos eles perderam sua santidade original e se tornaram corruptos em natureza e conduta (Mt 10.1; Ef 6.11,12; Ap 12.9); alguns deles foram lançados no inferno (tártaro) e estão acorrentados até o dia do julgamento (2Pe 2.4); outros permaneceram em liberdade e trabalham em definida oposição à obra dos anjos bons (Ap 12.7-9; Dn 10.12,13,20,21; Jd 9); eles serão, em um dia futuro, atirados para a terra (Ap 12.8,9) e, após seu julgamento (1Co 6.3), no lago de fogo (Mt 25.41; 2Pe 2.4; Jd 6). Igualmente, discordamos da idéia de que a redenção de Cristo tenha incluído os anjos caídos, como querem alguns teólogos. O estado de condenação dos "anjos caídos" é irreversível, assim como é imutável, a situação daqueles que partiram para a eternidade sem Cristo (Ap 20.10). "E o diabo, que os enganava, foi lançado no lago de fogo e enxofre, onde está a besta e o falso profeta; e de dia e de noite serão atormentados para todo o sempre". O poder de Satanás acabará então, pois Deus o lançará no lago de fogo para todo o sempre (Is 14.9-17). Ali, ele não reinará, sendo sempre atormentado, dia e noite, eternamente. Finalmente, seria bom que os que advogam salvação para o diabo e seus anjos, observassem os textos bíblico, que alistamos na sequência: Anuncia "tribulação e angústia" (Rm 2.9). "Pranto e ranger de dentes" (Mt 22.13; 25.30). "Eterna perdição" (2Ts 1.9). "Fornalha de fogo" (Mt 13.42,50). Preconiza "cadeias da escuridão" (2Pe 2.4). Do "tormento eterno" (Mt 25.46), de um "inferno" e de um "fogo que nunca se
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apaga" (Mc 9.43). De um "ardente lago de fogo e de enxofre" (Ap 19.20). E onde "a fumaça do seu tormento sobe para todo o sempre; e não têm repouso, nem de dia nem de noite" (Ap 14.11). 5. Os Anjos Maus Eles estão divididos em duas classes distintas: os livres e os prisioneiros. Aqueles que estão livres andam pelas regiões celestiais sob o governo de seu príncipe e líder, Satanás, que é o único que recebe menção específica na Bíblia (Mt 12.24; Mt 25.41). Esses espíritos malignos em liberdade, sob o comando de Satanás, de quem são emissários e súditos (Mt 12.26), são tão numerosos que estão em todo o lugar. Os anjos caídos que estão presos são aqueles que abandonaram sua própria habitação, e tornaram-se tão depravados ou maus, que Deus os encerrou no abismo (tártaro, Jd v.6; Ap 9.1,2,11). 5.1. Os Anjos que são Mantidos Aprisionados Tanto o apóstolo Pedro como Judas irmão de Tiago (2Pe 2.4; Jd v.6) concordam ao se referirem aos mesmos anjos. Pedro diz que eles pecaram e que Deus os precipitou no Tártaro, entregando-os ao abismo de trevas e reservando-os para juízo. Judas apresenta seu pecado como sendo o de haverem abandonado seu próprio principado e domicílio. Pode ser que Judas estivesse pensando na passagem de Dt 32.8 da Septuaginta. Lá afirma que Deus dividiu as nações "de acordo com o número dos anjos de Deus". Assume-se que Deus tenha nomeado um ou mais anjos para cada uma das nações. O fato de que várias nações estão assim sob um ou outro desses príncipes "angélicos" é evidenciado por Daniel (10.13,20; 11.1; 12.1). Deixar seu próprio principado poderia assim significar infidelidade no cumprimento de seus deveres; mais provavelmente significa que eles tentaram obter um principado mais cobiçado. Como castigo do seu pecado, Deus os
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precipitou no Tártaro. É só aqui que esta palavra aparece no Novo Testamento. Para Homero poeta grego, autor dos épicos Ilíada e Odisséia (séc. IX a.C.), o Tártaro é um lugar sombrio abaixo do Hades. Se os homens maus descem ao Hades, não parece improvável que Tártaro, o lugar onde os anjos maus estão confinados seja ainda mais abaixo. Seu castigo consiste de estarem confinados em abismos de trevas e estarem presos por algemas eternas, reservados para o juízo do grande dia. As algemas são "eternas" (gr. aidiois), no sentido de que nunca se desgastam. Serão usadas, entretanto, apenas até o dia do juízo, e finalmente serão lançados no lago do fogo. 5.2. Os Anjos Maus que estão em Liberdade. Estes são normalmente mencionados em conexão com Satanás, seu líder (Mt 25.41; Ap 12.7-9). Mas, Sl 78.49; Rm 8.38; 1Co 6.3; Ap 9.14 referem-se a eles separadamente. Estão, é claro, incluído em "todo principado e potestade, e poder, e domínio" (Ef 1.21), e são mencionados especificamente em Ef 6.12 e Cl 2.15. Sua principal ocupação é a de apoiar seu líder Satanás na luta dele contra os anjos bons e o povo e a causa de Deus. 6. Satanás Satanás (gr. Satã, que significa adversário), foi antes um elevado anjo, criado perfeito e bom. Foi designado como ministro junto ao trono de Deus, porém num certo tempo, antes de o mundo existir, rebelou-se e tornou-se o principal adversário de Deus e dos homens (Ez 28.12-15). Satanás na sua rebelião contra Deus arrastou consigo uma grande multidão de anjos inferiores (Ap 12.4). Satanás e muitos desses anjos inferiores decaídos foram banidos para a terra e sua atmosfera circundante, onde operam limitados segundo a vontade permissiva de Deus.
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Satanás, também chamado "a serpente", provocou a queda da raça humana (Gn 3.1-6). Nesse episódio, a serpente levantou-se contra Deus através da sua criação. Declarou que aquilo que Deus dissera a Adão não era a verdade, por fim, ela foi a causa de Deus amaldiçoar a criação, inclusive a raça humana que ele fizera à sua imagem. A serpente é posteriormente identificada com Satanás ou o Diabo (Ap 12.9; 20.2). Certamente Satanás controlou a serpente e usou-a como instrumento para efetuar a tentação (2Co 11.3,14). 6.1. Todo o Mundo está no Maligno Nunca compreenderemos adequadamente o Novo Testamento a não ser que reconheçamos o fato subjacente nele de que Satanás é o deus deste mundo. Ele é o maligno, e o seu poder controla o presente século mau (Lc 13.16; 2Co 4.4; Gl 1.4; Ef 6.12). As Escrituras não ensinam que Deus hoje controla diretamente este mundo ímpio, cheio de gente pecaminosa, de maldade, de crueldade, de injustiça, de impiedade etc. Deus não deseja, nem causa, de nenhuma maneira, todo o sofrimento que há no mundo; nem tudo quanto aqui ocorre procede da sua perfeita vontade. A Bíblia indica que atualmente o mundo não está sob o domínio de Deus, mas em rebelião contra seu governo e sob o domínio de Satanás. Por causa dessa condição, Cristo veio a morrer (Jo 3.16) e reconciliar o mundo com Deus (2Co 5.18,19). Nunca devemos afirmar que "Deus está no controle de tudo", a fim de esquivarnos da responsabilidade de lutar seriamente contra o pecado, a iniquidade ou a mornidão espiritual. Há, no entanto, um sentido em que Deus está no controle do mundo ímpio. Deus é soberano e, portanto, todas as coisas acontecem de acordo com sua vontade permissiva e controle ou, às vezes, através da sua ação direta, de conformidade com o seu propósito e sabedoria. Mesmo assim, na presente era da história, Deus tem limitado seu supremo
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poder e domínio sobre o mundo. Esta limitação é apenas temporária, porque no tempo determinado pela sua sabedoria, Ele destruirá toda a iniquidade e o próprio Satanás (Ap 19.20). Somente então é que "os reinos do mundo vieram a ser de nosso Senhor e do seu Cristo, e ele reinará para todo o sempre" (Ap 11.15). O império do mal sobre o qual Satanás reina é altamente organizado e exerce autoridade sobre regiões do mundo inferior, os anjos caídos (Ap 12.7), os homens perdidos (Jo 12.31; Ef 2.2) e o mundo em geral (Lc 4.5,6; 2Co 4.4). Satanás não é onipresente, onipotente, nem onisciente; por isso a maior parte da sua atividade é delegada a seus inumeráveis demônios (Ap 16.13,14). Jesus veio à terra a fim de destruir as obras de Satanás (1Jo 3.8), de estabelecer o reino de Deus e de livrar o homem do domínio de Satanás (1Jo 3.8), Lc 4.19; 13.16; At 26.18). Cristo, pela sua morte e ressurreição, derrotou Satanás e ganhou a vitória final de Deus sobre ele (Hb 2.14). No fim da presente era, Satanás será confinado ao abismo durante mil anos (Ap 20.1-3). Depois disso será solto, após o que fará uma derradeira tentativa de derrotar Deus, seguindo-se sua ruína final, que será o seu lançamento no lago do fogo (Ap 20.7-10). Satanás atualmente guerreia contra Deus e seu povo (Ef 6.11-18), procurando desviar os fiéis da sua lealdade a Cristo (2Co 11.3) e fazê-los pecar e viver segundo o sistema do mundo (1Tm 5.15). O cristão deve sempre orar por livramento do poder de Satanás, para manter-se alerta contra seus ardis e tentações (Ef 6.11), e resistir-lhe no combate espiritual, permanecendo firme na fé (Ef 6.10-18).
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6.2. Nomes que designam Satanás Satanás é um ser inteligente, hostil e traiçoeiro. A Bíblia inteira o apresenta resistindo a Deus e perturbando a paz das nações com guerra, destruição e misérias. As Escrituras se referem a este ser poderoso através de substantivos próprios e pronomes pessoais diferentes, como: (a) Satanás (1Cr 21.1; Jó 1.6; Lc 10.18; Ap 20.2 etc.). Esse título lhe foi dado após a sua queda da presença de Deus, e significa "adversário" (Zc 3.1; 1Pe 5.8). Foi a partir do momento em que Lúcifer encheu-se de iniquidade e permitiu que a presunção o dominasse que aconteceu a grande tragédia universal. Tornou-se, por isso, um arquiinimigo de toda a criação viva de Deus. (b) Diabo (Mt 13.39; Jo 13.2 etc.). Este termo aparece apenas no Novo Testamento. É uma transcrição do vocábulo grego diabolos que significa "caluniador, acusador" (Ap 12.10). Existe uma história onde o diabo calunia e acusa um servo de Deus chamado Jó. Embora esse homem fosse íntegro, o diabo apareceu diante do Senhor para acusá-lo (Jó 1.9-11). Como diabo, ele é o acusador dos irmãos (Ap 12.10). Ele fala mal de Deus para o homem (Gn 3.1-7) e do homem para Deus (Ap 12.10. Como pai da mentira, ele tenta acusar os servos do Senhor, como se Deus não pudesse perceber as suas mentiras (Jo 8.44). (c) Dragão (Is 51.9; Ap 12.3,7 etc.). A palavra "dragão" (tannin) parece significar literalmente "serpente" ou "monstro marinho". O dragão é considerado como a personalidade de Satanás, como o é de Faraó em Ez 29.3; 32.2. O dragão é um animal marinho e pode apropriadamente representar a atividade de Satanás nos mares do mundo. (d) A Antiga serpente (Gn 3.1; Is 27.1 etc.). Este termo indica sua desonestidade (Jó 26.13) e falsidade (2Co 11.3).
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(e) Belzebu (Mt 10.25; 12.24,27), ou mais corretamente, Beelzebul, de acordo com a palavra grega. Não se conhece o significado exato do termo. Em sírio, significa "senhor do esterco". É também sugerido que o termo significa "senhor da casa". Esse título tinha uma relação com um deus pagão de Ecrom, por nome Baal-Zebub ou Baal-Zebul. No texto grego do Novo Testamento, esse nome aparece como Belzebu, cuja atribuição dada pelos judeus do tempo de Cristo era o de "príncipe dos demônios" (Mt 10.25; Mc 3.22). Como os judeus usavam esse nome com um tom de escárnio, porque o mesmo referia-se a um ídolo pagão, Jesus, sem reserva nem qualquer pudor, identificou Belzebu como Satanás (Lc 11.18,19; Mc 3.24-27). (f) Belial ou Beliar (2Co 6.15). Este termo é usado no Velho Testamento no sentido de "indignidade" (2Sm 23.6). Assim, lemos a respeito dos "filhos de Belial" (Jz 20.13), os "homens de Belial" (1Sm 30.22), e dos "homens depravados". (g) Lúcifer. Esse nome não aparece literalmente em nossas versões bíblicas, é a forma latina traduzido por Jerônimo na Vulgata. Na linguagem metafórica de Isaías 14.12, o nome Lúcifer aparece vinculado a expressão "filho da alva". Os babilônicos criam que os astros celestes ou estrelas fossem seres angélicos, por isso, "um filho da alva" representava a primeira luz da manhã, e Lúcifer, em seu primeiro estado possuía esta característica. Este termo significa a estrela da manhã, um nome dado ao planeta Vênus. Significa literalmente o que traz a luz, e é um nome usado para Satanás na passagem de Isaías. Como Lúcifer, Satanás é mostrado como um anjo de luz. (h) Maligno (Mt 13.19,38; 2Co 6.15 etc.). Esta é uma descrição de seu caráter e sua obra. (i)
Tentador (Gn 3.1; Jó 2.7; Mt 4.3; Mc 1.13; Jo 13.2 etc.).
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Este nome indica seu constante propósito e esforço para levar os homens ao pecado. (j)
Deus (deus) deste século (2Co 4.4). Como tal, ele tem seus "ministros" (2Co 11.15), "doutrinas" (1Tm 4.1), "sacrifícios" (1Co 10.20), "sinagogas" (Ap 2.9). Ele patrocina a religião do homem natural e é, sem dúvida alguma, responsável por todos os falsos cultos e sistemas que assolam a cristandade hoje em dia.
(k) Príncipe da potestade do ar (Ef 2.2; 6.12). Como tal, ele é o líder dos anjos maus (Mt 25.41; Ap 12.7) e o príncipe dos demônios (Mt 12.24; Ap 16.13,14). Ele comanda uma vasta hoste de servos que executam suas ordens, e governa com poder despótico. (l)
Príncipe deste mundo (Jo 12.31; 14.30). Isto parece se referir a sua influência sobre os governos deste mundo. Jesus não disputou a reivindicação de algum tipo de direito aqui neste planeta feita por Satanás em Mt 4.8,9. Mas Deus é claro, estabeleceu limites definidos para ele, e quando chegar a hora, ele será subjugado pelo governo dAquele que tem o direito de governar, Jesus, nosso santo Senhor.
(m) O Adversário (1Pe 5.8; Ap 7.17; 20.2). O Acusador dos filhos de Deus (Ap 12.10). O Enganador (Gn 3.4; 13; 2Co 11.3,13,14; 2Tm 2.26). O pai da mentira (Jo 8.44).
6.3. A atuação de Satanás 6.3.1. Em relação à obra redentora de Cristo O autor da Epístola aos Hebreus (4.15) diz que Jesus foi tentado em tudo. Essa declaração parece chocar-se com a lógica da Divindade, uma vez que é impossível que Deus seja tentado ou submetido à tentação. Porém, devemos analisar essa declaração sob a ótica cristológica que destaca as duas naturezas de Cristo, a divina e a humana. Por que Jesus foi
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tentado pelo Diabo? John Broadus, em seu comentário de Mateus, responde a essa questão da seguinte maneira: "Ele daria, pela tentação, prova de sua verdadeira humanidade, de que possuía uma alma humana; seria parte do seu exemplo a nós; faria parte de sua disciplina pessoal; faria parte de sua preparação para ser um intercessor compassivo (Hb 2.18; 4.15); era parte da grande batalha na qual 'a semente da mulher pisaria a cabeça da serpente'" (Gn 3.15). Ao tentar Jesus, o diabo queria convencê-lo a desistir ou a adiar sua missão. O tentador sabia qual era a missão de Jesus, por isso, procurou criar-lhe situações embaraçosas, tentando levá-lo a empregar meios contrários ao plano divino. Jesus, contudo, não cedeu a nenhuma das insinuações satânicas. Ele não fraquejou, nem tomou atalhos para cumprir sua missão. Do mesmo modo, somos tentados a provocar a ira de Deus e a pecar contra a sua vontade soberana, mas devemos resistir firmes na fé (Tg 4.7; 1Pe 5.8,9). É assim que Satanás opera em nossos dias. Ele procura compelir-nos a galgar lugares e posições fora de tempo, a tomar decisões precipitadas e, acima de tudo, a contrariar a vontade de Deus. Ele usou várias pessoas para tentar boicotar a obra de Cristo (Mt 2.16; Mt 16.23; Jo 8.44; Jo 13.27). 6.3.2. Em relação às nações “E o sexto anjo derramou a sua taça sobre o grande rio Eufrates; e a sua água secou-se, para que se preparasse o caminho dos reis do Oriente. E da boca do dragão, e da boca da besta, e da boca do falso profeta vi saírem três espíritos imundos, semelhantes a rãs, porque são espíritos de demônios, que fazem prodígios; os quais vão ao encontro dos reis de todo o mundo para os congregar para a batalha, naquele grande Dia do Deus Todo-poderoso... E os congregaram no lugar que em hebreu se chama Armagedom" (Ap 16.12-16). Esta será a penúltima rebelião de Satanás
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contra Deus. Trata-se das nações do Oriente que, impulsionadas por forças satânicas, participarão de um grande conflito, a saber, a guerra do Armagedom (Ap 19.17-21). O sexto anjo prepara o caminho para a guerra final da presente era, secando o rio Eufrates para deixar os exércitos do Oriente aproximarem-se de Israel (Is 11.15). O v.13 do texto supra faz menção de espíritos imundos semelhantes a rãs que são demônios operadores de milagres e, assim, enganam as nações para apoiarem o mal, o pecado e o anticristo. Isso é um sinal evidente que durante a grande tribulação, os governantes das nações ficarão endemoninhados. É dessa forma que enganados por Satanás através de seus milagres, urdirão um plano louco que lançará o mundo inteiro num grande holocausto que dar-se-á no local chamado Armagedom (gr. harmagedon) (Ap 16.16). Esta região está localizada no centro-norte da Palestina e significa "vale do Megido" que será o ponto central da batalha, naquele grande dia do Deus Todo-poderoso (Ap 16.14). Essa guerra será travada perto do fim da tribulação, e acabará quando Cristo voltar para destruir os ímpios (Ap 14.19), para libertar o seu povo e para inaugurar seu reino messiânico. Note os seguintes fatos no tocante a esse evento: Os profetas do Antigo Testamento profetizaram o evento (Dt 32.43; Jr 25.31; Jl 3.2,9-17; Sf 3.8; Zc 14.2-5); Satanás e os seus demônios reunirão muitas nações sob a direção do anticristo a fim de guerrearem contra Deus, contra seus exércitos, contra seu povo e para destruir Jerusalém (Ap 16.13,14,16; 17.14; 19.14,19; Ez 38,39; Zc 14.2). Embora o ponto central esteja na terra de Israel, o evento do Armagedom envolverá a totalidade do mundo (Jr 25.29-38); Cristo voltará e intervirá de modo sobrenatural, destruindo o anticristo e os seus exércitos (Ap 19.19-21; Zc 14.1-5), e todos aqueles que desobedecem ao evangelho (Sl 110.5; Is 66.15,16; 2Ts 1.7-10). Deus também enviará destruição e terremotos sobre o mundo inteiro nesse período (Ap 16.18,19; Jr 25.29-33).
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Após a batalha do Armagedom Satanás será preso por um período de mil anos, contudo, depois desse tempo será solto, onde por fim reunirá uma multidão incontável de pessoas (Ap 20.9) e as comandará para a última batalha na tentativa insana de derrotar a Deus. "E vi descer do céu um anjo que tinha a chave do abismo e uma grande cadeia na sua mão. Ele prendeu o dragão, a antiga serpente, que é o diabo e Satanás, e amarrou-o por mil anos. E lançou-o no abismo, e ali o encerrou, e pôs selo sobre ele, para que mais não engane as nações..." (Ap 20.3). "E, acabando-se os mil anos, Satanás será solto da sua prisão e sairá a enganar as nações que estão sobre os quatro cantos da terra, Gogue e Magogue, cujo número é como a areia do mar, para as ajuntar em batalha. E subiram sobre ia largura da terra e cercaram o arraial dos santos e a cidade amada; mas desceu fogo do céu e os devorou" (Ap 20.7-9). Como observamos acima, no término do milênio, Satanás será solto e numa atitude desesperada manipula, pela última vez, as nações, enganando-se a ponto de supor que ainda poderá derrotar a Deus. Sairá a enganar aqueles que quiserem rebelar-se contra o reino de Cristo, e ajuntará uma multidão de semelhantes rebeldes. "Gogue e Magogue" (Ap 20.8). É desta forma que Satanás trabalha incansavelmente. Atua cegando os entendimentos (2Co 4.4); arrebatando a palavra dos corações (Lc 8.12); usando homens para se oporem à obra de Deus (Ap 2.10). E para tanto mente (At 5.3); acusa e difama (Ap 12.10); dificulta trabalho (1Ts 2.18); se vale de demônios (Ef 6.11-12); semeia o joio entre os crentes (Mt 13.38-39); realiza perseguições contra os seus oponentes (Ap 2.10) etc.
Capítulo 7 Demonologia - Doutrina Bíblica dos Demônios Introdução A demonologia é um estudo que vem despertando o interesse das pessoas neste final de século. Idéias fictícias, invencionices mistificadas, teorias religiosas e filosóficas e até alusões bíblicas desprovidas de interpretação correta têm invadido o mundo da literatura secular. O cristão por sua vez não desconhece o fato de que Satanás na sua rebelião contra Deus arrastou consigo uma grande multidão de anjos das ordens inferiores (Ap 12.4) que são identificados (após sua queda) com os demônios ou espíritos e que Satanás e muitos desses anjos inferiores decaídos foram banidos para a terra e sua atmosfera circundante, onde operam limitados segundo a vontade permissiva de Deus. Neste capítulo, teremos a oportunidade de conhecer essa doutrina do ponto de vista da Bíblia, como única autoridade capaz de revelar e esclarecer a realidade e a identidade dos demônios. 1. A Doutrina dos Demônios O termo "demônio" aparece somente três vezes no Velho Testamento (Dt 32.17; Sl 106.37; Lv 17.7). No Novo Testamento, a palavra "demônio" (gr. daimon ou daimonion) assumiu o sentido de malignidade, pois eles são seres espirituais, inteligentes, impuros e com poder para afligir e contaminar os homens moral e espiritualmente. O termo daimon ocorre em Mt 8.31; e daimoniodes apenas em Tg 3.15. Mas o substantivo daimonion aparece 63 vezes, e o verbo daimonizomai, 13 vezes. No texto de Dt 32.17, o cântico de Moisés destaca que os israelitas caíram em idolatria: "sacrifícios ofereceram aos demônios (shedhim)". Entende-se então que o termo shedhim se identifica não só com as imagens de idolatria, mas também
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relaciona o termo com seres espirituais por detrás dos que adoram as imagens. 2. Quem são os Demônios Alguns teólogos entendem que os demônios e espíritos maus são diferentes dos anjos caídos. Outros admitem que tanto anjos caídos, espíritos malignos e demônios são apenas nomes diferentes para os mesmos seres. Antes de apresentarmos o nosso ponto de vista exibiremos algumas teorias enganosas. Os demônios são espíritos sem corpos de habitantes de uma raça pré-adâmica. Acreditam os defensores dessa teoria que havia na terra uma raça pré-adâmica que se constituía de criaturas físicas, as quais, pela rebelião de Lúcifer, sofreram a perda de seus corpos materiais, tornando-se espíritos sem corpos, denominados "demônios". Esta idéia vai de encontro ao fato de que em parte alguma das Escrituras é tal raça mencionada. Satanás é um anjo, e é chamado príncipe dos demônios (Mt 12.24), indicando que os demônios são anjos e não uma raça pré-adâmica. Além disso, Satanás tem uma hierarquia bem organizada de anjos (Ef 6.11-12), e é razoável supor que estes sejam demônios. Os demônios são seres gerados da relação de anjos com mulheres antediluvianas (Gn 6.1-4). Não são poucos os teólogos que apóiam as doutrinas das "testemunhas de Jeová", ao defenderem ser "os filhos de Deus" (Gn 6.2) anjos caídos que não guardaram o seu estado original. Essa teoria defende uma intromissão angélica na esfera humana e como resultado uma raça de gigantes perversos. Os defensores dessa teoria interpretam que "as filhas dos homens" eram descendência de Adão e Eva e que "os filhos de Deus" eram anjos que entraram em conúbio com estas mulheres e produziram uma progênie espantosa de filhos gigantes.
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É fato que em algumas Escrituras encontramos a expressão "filhos de Deus" para referir-se aos "anjos", mas não podemos omitir outro fato de que a mesma expressão "filhos de Deus" também se encontra em outras escrituras referindose a "homens". Isto só é possível perceber à luz do contexto de cada escritura. Forçar uma interpretação contrariando o contexto, tanto o imediato como o remoto, significa ferir a revelação divina de cada escritura. O argumento aceitável, racional e bíblico, é que esses "filhos de Deus" eram oriundos da linhagem piedosa de Sete e as "filhas dos homens" eram da linhagem pecaminosa de Caim. O ensino bíblico e canônico é que os anjos são seres assexuados. Eles não possuem descendência, nem ascendência ou família. 2.1. O que a Bíblia afirma serem os demônios O Novo Testamento menciona muitas vezes pessoas sofrendo de opressão ou influência maligna de Satanás, devido a um espírito maligno que neles habita; menciona também o conflito de Jesus com os demônios. O Evangelho segundo Marcos, por exemplo, descreve muitos desses casos: 1.23-27, 32, 34, 39; 3.10-12, 15; 5.1-20; 6.7, 13; 7.25-30; 9.1729; 16.17. Os demônios são seres espirituais com personalidade e inteligência. Como súditos de Satanás, inimigos de Deus e dos seres humanos (Mt 12.43-45), são malignos, destrutivos e estão sob a autoridade de Satanás (Mt 4.10). Os demônios são a força motriz que está por trás da idolatria, de modo que adorar falsos deuses é praticamente o mesmo que adorar demônios (1Co 10.20). O Novo Testamento mostra que o mundo está alienado de Deus e controlado por Satanás (Jo 12.31; 2Co 4.4; Ef 6.10-12). Os demônios são parte das potestades malignas; o cristão tem de lutar continuamente contra eles (Ef 6.12).
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Os demônios podem habitar no corpo dos incrédulos, e, constantemente, o fazem (Mc 5.15; Lc 4.41; 8.27,28; At 16.18) e falam através das vozes dessas pessoas. Escravizam tais indivíduos e os induzem à iniquidade, à imoralidade e à destruição. Os demônios podem causar doenças físicas (Mt 9.32,33; 12.22; 17.14-18; Mc 9.17-27; Lc 13.11,16), embora nem todas as doenças e enfermidades procedam de espíritos maus (Mt 4.24; Lc 5.12,13). Aqueles que se envolvem com espiritismo e magia (isto é, feitiçaria) estão lidando com espíritos malignos, o que facilmente leva à possessão demoníaca (At 13.8-10; 19.19; Gl 5.20; Ap 9.20,21). Os espíritos malignos estarão grandemente ativos nos últimos dias desta era, na difusão do ocultismo, imoralidade, violência e crueldade; atacarão a Palavra de Deus e a sã doutrina (Mt 24.24; 2Co 11.14,15; 1Tm 4.1). O maior surto de atividade demoníaca ocorrerá através do Anticristo e seus seguidores (2Ts 2.9; Ap 13.2-8; 16.13,14). 2.2. Jesus e os demônios Nos seus milagres, Jesus frequentemente ataca o poder de Satanás e o demonismo (Mc 1.25,26, 34, 39; 3.10,11; 5.1-20; 9.17-29; Lc 13.11,12,16). Um dos seus propósitos ao vir à terra foi subjugar Satanás e libertar seus escravos (Mt 12.29; Mc 1.27; Lc 4.18). Jesus derrotou Satanás, em parte pela expulsão de demônios e, de modo pleno, através da sua morte e ressurreição (Jo 12.31; 16.17; Cl 2.15; Hb 2.14). Deste modo, Ele aniquilou o domínio de Satanás e restaurou o poder do reino de Deus. O inferno (gr. Gehenna), o lugar de tormento, está preparado para o diabo e seus demônios - anjos (Mt 8.29;
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25.41). Exemplos do termo Gehenna no grego: Mc 9.43,45,47; Mt 10.28; 18.9. 2.3. O crente e os demônios As Escrituras ensinam que nenhum verdadeiro crente, em quem habita o Espírito Santo, pode ficar endemoninhado; isto é, o Espírito e os demônios nunca poderão habitar no mesmo corpo (2Co 6.15,16). Os demônios podem, no entanto, influenciar os pensamentos, emoções e atos dos crentes que não obedecem aos ditames do Espírito Santo (Mt 16.23; 2Co 11.3,14). Segundo a parábola em Mc 3.27, o conflito espiritual contra Satanás envolve três aspectos: declarar guerra contra Satanás segundo o propósito de Deus (Lc 4.14-19); ir onde Satanás está (qualquer lugar onde ele tem uma fortaleza), atacá-lo e vencê-lo pela oração e pela proclamação da Palavra, e destruir suas armas de engano e tentação demoníacos (Lc 11.20-22); apoderar-se de bens ou posses, isto é, libertando os cativos do inimigo e entregando-os a Deus para que recebam perdão e santificação mediante a fé em Cristo (Lc 11.22; At 26.18). Seguem-se os passos que cada um deve observar nesta luta contra o mal: Reconhecer que não estamos num conflito contra a carne e o sangue, mas contra forças espirituais do mal (Ef 6.12); viver diante de Deus uma vida fervorosamente dedicada à sua verdade e justiça (Rm 12.1,2; Ef 6.14); Crer que o poder de Satanás pode ser aniquilado seja onde for o seu domínio (At 26.18; Ef 6.16; 1Ts 5.8) e reconhecer que o crente tem armas espirituais poderosas dadas por Deus para a destruição das fortalezas de Satanás (2Co 10.3-5); proclamar o evangelho do reino, na plenitude do Espírito Santo (Mt 4.23; Lc 1.15-17; At 1.8; 2.4; 8.12; Rm 1.16; Ef 6.15); confrontar Satanás e o seu poder de modo direto, pela fé no nome de Jesus (At 16.16-18), ao usar a Palavra de Deus (Ef 6.17), ao orar no Espírito (At 6.4; Ef 6.18), ao jejuar (Mt 6.16;
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Mc 9.29) e ao expulsar demônios (Mt 10.1; 12.28; 17.17-21; Mc 16.17; Lc 10.17; At 5.16; 8.7; 16.18; 19.12); orar, principalmente, para que o Espírito Santo convença os perdidos, no tocante ao pecado, à justiça e ao juízo vindouro (Jo 16.7-11); orar, com desejo sincero, pelas manifestações do Espírito, mediante os dons de curar, de línguas, de milagres e de maravilhas (At 4.29-33; 10.38; 1Co 12.7-11). 3. Lugar atual e destino final dos demônios Satanás na sua rebelião inicial contra Deus (Mt 4.10) sublevou uma terça parte dos anjos (Ap 12.4). A maioria deles está solta sob o domínio e controle de Satanás (Mt 12.24; 25.41; Ef 2.2; Ap 12.7). Estes são os emissários altamente organizados do diabo (Ef 6.11,12) que equivalem aos demônios referidos na Bíblia. Outros desses estão algemados no poço do abismo (2Pe 2.4; Jd 6), e serão soltos na Grande Tribulação. "E o quinto anjo tocou a trombeta, e vi uma estrela que do céu caiu na terra; e foi-lhe dada a chave do poço do abismo. E abriu o poço do abismo, e subiu fumaça do poço como a fumaça de uma grande fornalha e, com a fumaça do poço, escureceu-se o sol e o ar" (Ap 9.1,2). Nesse texto encontramos a estrela que cai do céu que é provavelmente um anjo que executa o julgamento divino e o poço do abismo que é o lugar onde estão aprisionados os demônios que não guardaram o seu principado e ali foram encerrados até que chegue o tempo de serem soltos (Ap 11.7; 17.8; 20.1,3; Lc 8.31; 2Pe 2.4; Jd 6). Do poço do abismo saem gafanhotos que representam um vultoso número de demônios e também intensa atividade demoníaca na terra, perto do fim da história. Finalmente todos os demônios serão lançados juntamente com Satanás para dentro do lago de fogo. "Então, dirá também aos que estiverem à sua esquerda: Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos" (Mt 25.41).
i ca ão Teol óg ç a c u d E e Centro d
ANTROPOLOGIA
SEGUNDA PARTE ANTROPOLOGIA Doutrina do Homem Capítulo 1 A Criação 1. Criação do Ponto de Vista Filosófico Criação é o nome que se dá à formação do universo e dos seres vivos, especialmente o homem. A necessidade de buscar explicações para sua própria origem levou o homem à elaboração de mitos, processo pelo qual se constituíram as religiões. Num segundo momento, de racionalização, formularam-se conceitos e propostas de sentido filosófico. Nesse plano, as respostas podem reduzir-se, esquematicamente, a três possibilidades: a auto-suficiência da matéria eterna, a emanação a partir da substância divina e a criação. Os mitos são soluções imaginativas que os povos elaboram a propósito dos problemas emocionais e cognoscitivos que lhes propõe sua existência, sua história e os fenômenos da natureza. A profundidade antropológica dos problemas permite que tais explicações, embora às vezes de aparência ingênua, encontrem ressonância em homens das mais diversas culturas. Ao mesmo tempo, a confluência de mistério, comprometimento emocional e insatisfação humana deslocam o mito para o campo do sagrado. Um dos problemas fundamentais do homem, ao tratar de orientar-se no mundo de que faz parte, é a origem desse
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mundo. Entende-se por cosmogonia a teoria da formação do universo, muitas vezes atribuída a seres superiores ou a forças cegas e misteriosas, aos quais o homem fica subordinado, cujos desígnios podem ser eventualmente alterados mediante preces e exorcismos. Não há povo ou cultura que não tenha elaborado sua própria mitologia sobre a origem do mundo, às vezes por adaptação ou sincretismo de mitologias preexistentes. Em certo sentido, os mitos cosmogônicos são semelhantes ao pensamento filosófico sobre a origem das coisas. Mas, diferentemente da filosofia, baseiam-se num sistema de símbolos e, tendo em vista que constituem referência significativa para todo o modelo cultural de uma sociedade, incluem elementos racionais e irracionais. Os mesmos mitos podem ser tidos como origem da religião e da filosofia, mas segundo uma ordem e abrangência distintas. 2. A Bíblia e a Criação Gn 1.1 "No princípio, criou Deus os céus e a terra". Deus se revela na Bíblia como um ser infinito, eterno, auto-existente e como a Causa Primária de tudo o que existe. Nunca houve um momento em que Deus não existisse. Conforme afirma Moisés: "Antes que os montes nascessem, ou que tu formasses a terra e o mundo, sim, de eternidade a eternidade, tu és Deus" (Sl 90.2). Noutras palavras, Deus existiu eterna e infinitamente antes de criar o universo finito. Ele é anterior a toda criação, no céu e na terra, está acima e independe dela (1Tm 6.16 nota; Cl 1.16). Deus se revela como um ser pessoal que criou Adão e Eva "à sua imagem" (Gn 1.27). Porque Adão e Eva foram criados à imagem de Deus, podia comunicar-se com Ele, e também com Ele ter comunhão de modo amoroso e pessoal. Deus também se revela como um ser moral que criou tudo bom e, portanto, sem pecado. Ao terminar Deus a obra da
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criação, contemplou tudo o que fizera e observou que era "muito bom" (Gn 1.31). Posto que Adão e Eva foram criados à imagem e semelhança de Deus, eles também não tinham pecado (Gn 1.26). O pecado entrou na existência humana quando Eva foi tentada pela serpente, ou Satanás (Gn 3; Rm 5.12; Ap 12.9). 3. Atividade de Deus na Criação Deus criou todas as coisas em "os céus e a terra" (Gn 1.1; Is 40.28; 42.5; 45.18; Mc 13.19; Ef 3.9; Cl 1.16; Hb 1.2; Ap 10.6). O verbo "criar" é usado exclusivamente em referências a uma atividade que somente Deus pode realizar. Significa que, num momento específico, Deus criou a matéria e a substância, que antes nunca existiram (Gn 1.3). A Bíblia diz que no princípio da criação a terra estava informe, vazia e coberta de trevas (Gn 1.2). Naquele tempo o universo não tinha a forma ordenada que tem agora. O mundo estava vazio, sem nenhum ser vivente e destituído do mínimo vestígio de luz. Passada essa etapa inicial, Deus criou a luz para dissipar as trevas (Gn 1.3-5), deu forma ao universo (Gn 1.6-13) e encheu a terra de seres viventes (Gn 1.20-28). O método que Deus usou na criação foi o poder da sua palavra. Repetidas vezes está declarado; "E disse Deus..." (Gn 1.3, 6, 9, 11, 14, 20, 24, 26). Noutras palavras, Deus falou e os céus e a terra passaram a existir. Antes da palavra criadora de Deus, eles não existiam (Sl 33.6, 9; 148.5; Is 48.13; Rm 4.17; Hb 11.3). Toda a Trindade, e não apenas o Pai, desempenhou sua parte na criação; O próprio Filho é a Palavra (Verbo) poderosa, através de quem Deus criou todas as coisas. No prólogo do Evangelho Segundo João, Cristo é revelado como a eterna Palavra de Deus (Jo 1.1). "Todas as coisas foram feitas por Ele, e sem Ele nada do que foi feito se fez" (Jo 1.3). Semelhantemente, o apóstolo Paulo afirma que por Cristo
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"foram criadas todas as coisas que há nos céus e na terra, visíveis e invisíveis... tudo foi criado por Ele e para Ele" (Cl 1.16). Finalmente, o autor de Hebreus afirma enfaticamente que Deus fez o universo por meio do seu Filho (Hb 1.2). Igualmente, o Espírito Santo desempenhou um papel ativo na obra da criação. Ele é descrito como "pairando" (se movia) sobre a criação, preservando-a e preparando-a para as atividades criadoras adicionais de Deus. A palavra hebraica traduzida por "Espírito" ruah, também pode ser traduzida por "vento" e "fôlego". Por isso, o salmista testifica do papel do Espírito Santo, ao declarar: "Pela Palavra do Senhor foram feitos os céus; e todo o exército deles, pelo espírito (ruah) da sua boca" (Sl 33.6). Além disso, o Espírito Santo continua a manter e sustentar a criação (Jó 33.4; Sl 104.30). 4. O Propósito e o Alvo da Criação Deus criou os céus e a terra como manifestação da sua glória, majestade e poder. Davi diz: "Os céus manifestam a glória de Deus e o firmamento anuncia a obra das suas mãos" (Sl 19.1; 8.1). Ao olharmos a totalidade do cosmos criado desde a imensa expansão do universo, à beleza e à ordem da natureza - ficamos tomados de temor reverente ante a majestade do Senhor Deus, nosso Criador. Deus criou os céus e a terra para receber a glória e a honra que lhe são devidas. Todos os elementos da natureza - o sol e a lua, as árvores da floresta, a chuva e a neve, os rios e os córregos, as colinas e as montanhas, os animais e as aves rendem louvores ao Deus que os criou (Sl 98.7-8; 148.1-10; Is 55.12). Quanto mais Deus deseja e espera receber glória e louvor dos seres humanos! Deus criou a terra para prover um lugar onde o seu propósito e alvos para a humanidade fossem cumpridos. (a) Deus criou Adão e Eva à sua própria imagem, para
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comunhão amorável e pessoal com o ser humano por toda a eternidade. Deus projetou o ser humano como um ser trino e uno (corpo, alma e espírito), que possui mente, emoção e vontade, para que possa comunicar-se espontaneamente com Ele como Senhor, adorá-lo e servi-lo com fé, lealdade e gratidão; (b) Deus desejou de tal maneira esse relacionamento com a raça humana que, quando Satanás conseguiu tentar Adão e Eva a ponto de se rebelarem contra Deus e desobedecer ao seu mandamento, Ele prometeu enviar um Salvador para redimir a humanidade das consequências do pecado (Gn 3.15). Daí Deus teria um povo para sua própria possessão, cujo prazer estaria nEle, que o glorificaria, e que viveria em retidão e santidade diante dEle (Is 60.21; 61.1-3; Ef 1.11-12; 1Pe 2.9); (c) A culminação do propósito de Deus na criação está no livro do Apocalipse, onde João escreve o fim da História com estas palavras: "...com eles habitará, e eles serão o seu povo, e o mesmo Deus estará com eles e será o seu Deus" (Ap 21.3).
5. Criação e Evolução à Luz da Bíblia Os dois primeiros capítulos de Gênesis fornecem a descrição bíblica no que diz respeito à criação do homem. A primeira narrativa que é encontrada em Gênesis 1.26,27 é de natureza mais geral. A segunda, em Gênesis 2.4-25, fornece alguns detalhes a mais; é o complemento da primeira. Deus é o criador do homem. Foi Ele quem, num ato especial, o fez em conjunto com os demais elementos constituintes da criação, porém o homem é a coroa, o dominador; assim foi destinado pelo criador que, segundo o relato sagrado, ao criá-lo, usou uma linguagem especial: "Façamos o homem à nossa imagem".
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A Bíblia afirma que os seres humanos foram criados à imagem de Deus. Gn 1.26 registra as palavras do Criador: "Façamos o homem [Adam - humanidade] à nossa imagem, conforme a nossa semelhança". Outros textos bíblicos demonstram com clareza que os seres humanos, embora descendentes de Adão e Eva e já caídos (ao invés de criados diretamente por Deus), continuam a levar a imagem de Deus (Gn 9.6; 1Co 11.7; Tg 3.9). Os termos hebraicos em Gn 1.26 são tseleme e demuth. Tseleme, empregado 16 vezes no Antigo Testamento refere-se basicamente a uma imagem ou modelo funcional. Demuth, empregado 26 vezes, refere-se, de modo variado, a semelhanças visuais, audíveis e estruturais num desenho, padrão ou forma. Esses termos parecem estar explicados na continuação (vv 26-28), quando a humanidade recebe poder para subjugar a Terra (ou seja, controlá-la pelo conhecimento, por saber aproveitá-la) e governar (de modo benéfico) as demais criaturas. O Novo Testamento emprega as palavras eikõn (1Co 11.7) e hemoiõsis (Tg 3.9). Eikõn geralmente significa "imagem", "semelhança", "forma" ou "aparência" em toda a sua gama de usos. Homoiõsis significa "semelhança", "correspondência", "aparência semelhante". Posto que os termos, tanto no Antigo quanto no Novo Testamento, parecem ter sentido amplo e intercambiável, devemos olhar para além dos estudos lexicógrafos a fim de determinar a natureza da imagem de Deus. A evolução é o ponto de vista predominante, proposto pela comunidade científica e educacional do mundo atual, em se tratando da origem da vida e do universo. Quem crê, de fato, na Bíblia, deve atentar para estas quatro observações a respeito da evolução: (a) A evolução é uma tentativa naturalista para explicar a origem e o desenvolvimento do universo. Tal intento
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começa com pressuposição de que não existe nenhum Criador pessoal e divino que criou e formou o mundo; pelo contrário, tudo veio a existir mediante uma série de acontecimentos que decorreram por acaso, ao longo de bilhões de anos. Os postulantes da evolução alegam possuir dados científicos que apóiam a sua hipótese; (b) O ensino evolucionista não é realmente científico. Segundo o método científico, toda conclusão deve basear-se em "evidências" incontestáveis, oriundas de experiências que possam ser reproduzidas em qualquer laboratório. No entanto, nenhuma experiência foi idealizada, nem poderá sê-lo, para testar e comprovar teorias em torno da origem da matéria a partir de um hipotético "grande estrondo", ou desenvolvimento gradual dos seres vivos, a partir das formas mais simples às mais complexas. Por conseguinte, a evolução é uma hipótese sem evidência científica, e somente quem crê em teorias humanas é que pode aceitá-la. A fé do povo de Deus, pelo contrário, firma-se no Senhor e na sua revelação inspirada, a qual declara que Ele é quem criou do nada todas as coisas (Hb 11.3); (c) É inegável que alterações e melhoramentos ocorrem em várias espécies de seres viventes. Por exemplo: algumas variedades dentro de várias espécies estão se extinguindo; por outro lado, ocasionalmente vemos novas raças surgindo dentre algumas das espécies. Não há, porém, nenhuma evidência, nem sequer no registro geológico, a apoiar a teoria de que um tipo de ser vivente já evoluiu doutro tipo. Pelo contrário, as evidências existentes apóiam a declaração da Bíblia que Deus criou cada criatura vivente "conforme a sua espécie" (Gn 1.21, 24, 25); (d) Os crentes na Bíblia devem, também, rejeitar a teoria da chamada evolução teísta, apenas essa teoria aceita a maioria das conclusões da evolução naturalista que Deus deu início ao processo evolutivo. Essa teoria nega
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a revelação bíblica que atribui a Deus um papel ativo em todos os aspectos da criação. Por exemplo, todos os verbos principais em Gênesis 1 têm Deus como seu sujeito, a não ser em Gn 1.12 (que cumpre o mandamento de Deus no v. 1.1) e a frase repetida "E foi a tarde e a manha". Deus não é um supervisor indiferente, de um processo evolutivo. Pelo contrário, é o Criador ativo de todas as coisas (Cl 1.16).
6. Deus se Revela como um Ser Pessoal Deus se revela como um ser pessoal que criou Adão e Eva "à sua imagem". E criou Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; macho e fêmea os criou". (Gênesis 1.27). O homem e a mulher, igualmente, foram criados à imagem e semelhança de Deus. À base dessa imagem, podiam comunicar-se com Deus, ter comunhão com Ele e expressar de modo incomparável o seu amor, glória e santidade. Eles fariam isso conhecendo a Deus e obedecendo-O. (a) Eles tinham semelhança moral com Deus, pois não tinham pecado, eram santos, tinham sabedoria, um coração amoroso e o poder de decisão para fazer o que era certo. Viviam em comunhão pessoal com Deus, que abrangia obediência moral e plena comunhão. Quando Adão e Eva pecaram, sua semelhança moral com Deus foi desvirtuada (Gn 6.5). Na redenção, os crentes devem ser renovados segundo a semelhança moral original (Ef 4.22-24; Cl 3.10); (b) Adão e Eva possuíam semelhança natural com Deus. Foram criados como seres pessoais tendo espírito, mente, emoções, autoconsciência e livre-arbítrio; (c) Em certo sentido, a constituição física do homem e da mulher retrata a imagem de Deus, o que não ocorre no reino animal. Deus pôs nos seres humanos a imagem pela qual Ele apareceria visivelmente a eles (Gn 18.1, 2,
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22) e a forma que seu Filho um dia viria a ter (Lc 1.35; Fp 2.7; Hb 10.5);
(d) O fato dos seres humanos terem sido feitos à imagem de Deus não significa que são divinos. Foram criados segundo uma ordem inferior e dependente de Deus (Sl 8.5); (e) Toda a vida humana provém inicialmente de Adão e Eva (Gn 3.20; At 17.26; Rm 5.12); (f) Segundo o Dr Shedd a "imagem de Deus" significa ser dotado das faculdades de raciocinar, de expressar emoções e de agir voluntariamente. Particularmente, indica a capacidade que o homem tem de manter íntima comunhão com o seu criador; (g) Eis o comentário do Dr. S. I. Scofield acerca da "imagem e semelhança": "Esta imagem se encontra principalmente no fato do homem ser pessoal, racional e moral. Embora Deus seja infinito e o homem finito, o homem possui os elementos da personalidade semelhantes aos da Pessoa divina: pensamento (Gn 2.19,20); sentimento (Gn 3.6); vontade (Gn 3.6,7)"; (h) Que o homem tem natureza moral está implícito no registro e fica mais tarde evidenciado pelo Novo Testamento. (Ef 4.23,24; Cl 3.10). De acordo com 1Ts 5.23 o homem também é uma tríade composta de corpo, alma e espírito; mas, considerando que "Deus é espírito" (Jo 4.24), esta natureza tríplice do homem não deve ser confundida com a original "imagem e semelhança" de Deus que, sendo espiritual, relaciona-se com os elementos da personalidade".
Capítulo 2 O Problema Hermenêutico 1. Unidade, Natureza, Imagem e Semelhança A doutrina da unidade da humanidade prega que todos os seres humanos, masculino e feminino, de todas as raças, tiveram sua origem em Adão e Eva (Gn 1.27,28; 2.7, 22; 3.20; 9.19; At 17.26). Que tanto os homens quanto as mulheres estão inclusos na imagem de Deus, está claro em Gn 1.27: "Macho e Fêmea os criou". A lição é que todos os seres humanos, de ambos os sexos e pertencentes a todas as raças, classes econômicas e faixas etárias, levam igualmente a imagem divina e, portanto, são de igual valor aos olhos de Deus. Desde que a Bíblia revela terem sido os dois sexos da raça humana feitos à imagem de Deus, não há justificativa para os homens considerarem inferiores as mulheres. A palavra "adjutora" (Gn 2.18) também usada frequentemente traduzida como "ajuda" a respeito do propósito de Deus (Êx 18.4) e não indica uma categoria inferior. Além disso, quando o Novo Testamento coloca a esposa em subordinação funcional ao marido (Ef 5.24; Cl 3.18; Tito 2.5; 1Pe 3.1), não significa que a mulher seja inferior ao homem, nem que essa subordinação seja geral. O padrão neotestamentário é que a esposa esteja subordinada ao seu próprio marido. O verbo "sujeitar-se" (grego Hupotassõ), empregados nos quatro textos referentes à submissão, também é empregado em 1Co 15.28, onde Paulo declara que o filho "se sujeitará" ao Pai. Mesmo assim todos os crentes entendem aqui uma submissão administrativa do Filho, que de modo algum, é inferior ao Pai. O mesmo pode ser dito dos textos a respeito da esposa e do marido. Embora Deus tenha ordenado papéis funcionais diferentes aos vários membros da família, a
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nenhum desses membros se atribuiu valor menor que o do seu líder administrativo. Realmente, o apóstolo Paulo ensina que em Cristo "não há macho nem fêmea" (Gl 3.28). As bênçãos, promessas e provisões do Reino de Deus estão à disposição de todos, igualmente. O racismo torna-se insustentável ao se levar em conta a origem da raça humana em Adão e Eva. Pelo contrário, são outras as distinções que a Bíblia focaliza. Por exemplo, os escritores do Antigo Testamento mencionam "semente", "descendente" (zera'); "família", "clã", "parentela" (mishpachah); "tribo" (matteh, shavet), para as divisões por idioma. Seguindo um padrão semelhante, os escritores do Novo Testamento mencionam "descendente", "família", "nacionalidade" (genos); "nação" (ethnos) e "tribo" (phulê). Os escritores bíblicos não tinham absolutamente preocupação com a raça, como distinção entre cor e textura dos cabelos, cor da pele e dos olhos, estatura, proporções físicas e coisas semelhantes. M. K. Mayers conclui: "A Bíblia não se refere ao termo 'raça'; e nenhum conceito de raça é desenvolvido na Bíblia". Por isso os mitos raciais de que a maldição de Caim trouxe ao mundo a raça negra, ou que a maldição de Cão era ficar com a pele escura, devem ser rejeitados. Ao invés, Gn 3.20 simplesmente declara: "E chamou Adão o nome de sua mulher Eva, porquanto ela era a mãe de todos os viventes." No Novo Testamento o evangelho de Cristo invalidou todas as distinções entre os seres humanos que existiam no séc. I d.C. Incluíam divisões entre os judeus e samaritanos (Lc 10.30-35); judeus e gentios (At 10.34,35; Rm 10.12); judeus e incircuncisos, bárbaros e citas (Cl 3.11); homens e mulheres (Gl 3.28); escravos e livres (Gl 3.28; Cl 3.11). Em Atos 17.26 Paulo declara: "Deus... de um só fez toda a geração dos homens para habitar sobre toda a face da terra." No versículo seguinte, o apóstolo revela o propósito de Deus nesse ato criador: "... para que buscassem ao Senhor, se, porventura,
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tateando, o pudessem achar". (At 17.27). À luz de textos bíblicos como estes, não resta a mínima possibilidade de se sustentar uma teoria racista baseada em algum suposto apoio da Bíblia. Finalmente, não há maneira de se estabelecer categorias de valor humano com base nas condições econômicas ou na idade. O propósito de Deus para a humanidade é que conheçamos, amemos e sirvamos a Ele. Deus nos criou "com a capacidade de conhecê-lo. Essa é característica distintiva fundamental... que toda a humanidade tem em comum". Por isso, qualquer avaliação ou classificação do valor intrínseco de algum grupo de seres humanos deve ser rejeitada como artificial e antibíblica. 2. Imagem e Semelhança Na criação do homem, Deus o fez voltado para duas dimensões: uma material e outra, espiritual. Portanto, quando tratamos de imagem e semelhança de Deus no homem, estamos nos referindo ao elemento espiritual. O homem é, pois, imagem de Deus tão somente pelo elemento espiritual que lhe foi dado. De fato, a revelação mais importante da criação do homem se encontra no fato de que ele foi feito à imagem e semelhança de Deus e que esta imagem e semelhança se manifesta na parte imaterial. No ato da criação, a parte material do homem foi feita de modo direto e imediato, e de material existente. O texto bíblico declara: "E formou o Senhor Deus o homem do pó da Terra" (Gn 2.7). Porém, a parte imaterial foi outorgada, uma vez que não foi feita de matéria existente. 3. A Imagem de Deus não é a Semelhança Física A imagem de Deus não é uma semelhança física. A Bíblia declara que Deus, que é Espírito Onipresente, não pode ser limitado a um corpo físico (Jo 1.18; 4.24; Rm 1.20; Cl 1.15; 1Tm 1.17; 6.16). O Antigo Testamento utiliza, de fato, termos
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como "o dedo de Deus" ou "o braço de Deus" para expressar o seu poder. Também fala de suas "asas" e "penas" para expressar o seu cuidado protetor (Sl 91.4). Esses termos, porém, são antropomorfismo, figuras de linguagem empregadas para retratar algum aspecto da natureza ou do amor de Deus. Deus advertiu Israel de que não deveria fazer imagens para adorar, pois quando Ele falou ao seu povo, no Horebe (Monte Sinai) não foi vista "semelhança nenhuma" (Dt 4.15). Qualquer forma física seria contrária ao que Deus realmente é. Deus é espírito e não tem partes como homem. Os Mórmons e os Suecoborgianos representam Deus como um grande ser humano, mas estão errados em sua idéia. Sl 17.15 diz: "quando acordar, eu me satisfarei com a tua semelhança". Mas isto não sugere corporeidade. A "forma do Senhor" foi vista por Moisés (Nm 12.8); mas Sua face ele não pôde ver (Êx 33.20). Ao mesmo tempo, esta semelhança subentende que o homem era fisicamente ereto e não andava de quatro, como os evolucionistas querem que acreditemos, e que ele gozava de perfeita saúde. Não abrigava germes de moléstias herdadas ou comunicadas, nem estava sujeito à morte. Deus parece ter originalmente restringido o homem a uma dieta vegetariana (Gn 1.29), mas mais tarde Ele permitiu-lhe comer carne também (Gn 9.3). É interessante notar que ao permitir o uso da carne, Ele estabeleceu regras a respeito de animais puros e impuros. Essa lei veio depois, governando a conduta de um povo e apenas por algum tempo (Lv 11; Mc 7.19; At 10.15; Rm 14.1-12; Cl 2.16). 4. Uma Prerrogativa do Homem Exterior As Escrituras demonstram a condição original do homem com a frase: "à imagem e semelhança de Deus" (Gn 1.26-27; 5.1; 9.6; 1Co 11.7; Tg 3.9). Não parece haver qualquer diferença entre as palavras hebraicas para "imagem" e "semelhança". Brown, Driver e Briggs definem a primeira como "imagem, semelhança", e a última como "semelhança,
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similitude". Evans diz: "Imagem significa a sombra ou o traçado de uma figura, enquanto que semelhança denota que essa sombra se parece com a figura (Wm. Evans, Op. Cit. Pág. 127); mas isso também faz com que os dois signifiquem praticamente a mesma coisa. Não precisamos tentar encontrar uma diferença, mas temos que tentar descobrir em que consistiu essa "imagem e semelhança". Vários textos do Novo Testamento oferecem alicerce à nossa definição de imagem de Deus na pessoa humana. Em Ef 4.23,24, Paulo relembra aqueles crentes que foram ensinados assim: "Que vos renoveis no espírito do vosso sentido, e vos revistais do novo homem, que, segundo Deus, é criado em verdadeira justiça e santidade". Em outro trecho, o apóstolo diz que a razão de fazermos escolhas apropriadas está em nos vestirmos do novo homem, "que se renova para o conhecimento, segundo a imagem daquele que o criou" (Cl 3.10). Esses versículos indicam que a imagem de Deus pertence à nossa natureza moral - intelectual - espiritual. Explicando melhor: a imagem de Deus na pessoa humana é algo que somos, e não algo que temos ou fazemos. Esta opinião está em perfeito acordo com o que já estabelecemos como propósito de Deus na criação da humanidade. Primeiro: o homem foi criado para conhecer, amar e servir a Deus. Segundo: relacionamo-nos com outros seres humanos e temos a oportunidade de exercer o domínio apropriado sobre a criação de Deus. A imagem de Deus em nós ajuda-nos a fazer exatamente essas coisas. 5. Os Pais da Igreja No princípio do cristianismo, quando ainda se formava o cânon doutrinário, os chamados "pais da igreja" tinham um conceito quase único acerca da imagem e semelhança de Deus no homem. Para eles, esta imagem e semelhança
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consistir principalmente nas características racionais e morais do homem e na sua capacidade para atingir a santidade. Alguns, entretanto, como Irineu e Tertuliano, admitiam como parte da imagem de Deus no homem as características físicas. Esses dois teólogos dos primeiros séculos da Era Cristã defenderam a idéia de que havia uma distinção entre imagem e semelhança de Deus. Para a imagem de Deus admitiam as características físicas do homem e, para a semelhança de Deus, viam expressa a natureza espiritual do homem. Irineu, Tertuliano e outros que adotaram este conceito, foram refutados por outros conhecidos pais da Igreja, como Clemente de Alexandria e Orígenes. Esses últimos rejeitavam a idéia de qualquer semelhança física entre Deus e o homem. Porém, fizeram distinção entre as palavras imagem e semelhança. Defendiam a idéia de que a palavra imagem referia-se a características do homem como homem simplesmente; quanto à palavra semelhança, interpretavam que podia referir-se a qualidades que não são essenciais no homem, e que podem ser cultivadas ou perdidas. 6. Uma Delimitação na Esfera da Vida Na expressão "a nossa imagem conforme a nossa semelhança", há uma delimitação na esfera da vida do homem quanto ao seu destino final. Devemos perceber que a vida física se finda literalmente com a morte. Entretanto, o homem é mais que um ser físico, ele é um ser espiritual e por isso está comprometido com a eternidade. A sua destinação será alcançada com êxito mediante a aceitação do plano divino estabelecido para o homem na sua criação. Notemos que o homem não está entregue ao seu próprio destino. Ele não é completamente autônomo, ainda que exerça o seu livroarbítrio. Ele foi destinado para a vida eterna de comunhão e gozo na presença de Deus. Indiscutivelmente o homem perdeu a imagem de Deus em sua vida, i.e., foi destituído da
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glória de Deus (Rm 3.23). Ora, que glória é esta, perdida pelo homem? Ele perdeu a glória original da Criação, ao cair no pecado. A partir de então, a imagem de Deus não refletiu sua essência moral e espiritual do homem. Desde então, o homem tem procurado sua própria glória, que é efêmera e passageira. A própria Bíblia declara: "Toda a glória do homem é como a flor da erva, que se dissipa ou morre no pó" (1Pe 1.24). O futuro do homem encontra sua razão de ser na recuperação da glória perdida, essa imagem divina, através de Jesus Cristo. Na obra regeneradora, o Espírito da glória leva para o interior do homem esse reflexo do caráter divino, que é a "sua imagem". A partir de então, o novo crente vai conquistando seu lugar e fortalecendo o seu destino de "glória em glória" (2 Coríntios 3.18). 7. Cristo, a Imagem do Deus Invisível (Cl 1.15) Uma vez que "Cristo é o primogênito de toda a criação", devemos entender o ato criativo de Deus como o modo de fazer uma nova criação espiritual "em Cristo Jesus". Jesus foi, em sua manifestação física, a verdadeira imagem de Deus, i.e., o reflexo daquilo que Deus queria para nós, criaturas humanas. Devemos distinguir entre uma imagem divina que perdemos pelo efeito do pecado e uma imagem divina que, apesar do pecado, permanece em nós. Ao falarmos da "imagem divina" que o homem perdeu, referimo-nos à perda daquela condição de santidade e glória originais. Quanto ao aspecto da imagem de Deus que permanece em nós, apesar do pecado, referimo-nos ao fato de que o homem ainda tem condições racionais para rejeitar o mal e escolher o bem. Ele não se tornou, de modo algum, um ser irracional. Certas ações do homem são como as dos irracionais, mas ele as pratica de modo consciente e sabe o que deve e o que não deve fazer.
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O Novo Testamento apresenta ao homem a possibilidade de recuperação através do novo nascimento em Cristo Jesus (Ef 4.24; Cl 3.10; Rm 8.29). Portanto, o novo homem é criado em Cristo, segundo Deus, e é renovado "segundo a imagem daquele que o criou". Essa recuperação é, de fato, uma nova criação (2Co 5.17; Gl 6.15) que precisa ser vigiada, desenvolvida e amadurecida na experiência cristã cotidiana.
Capítulo 3 A Criação do Homem 1 A Doutrina da Natureza do Homem Os três temas mais atacados pelas seitas são a Trindade, a Natureza do Homem e o Inferno. Um estudo sistemático sobre estes assuntos haverá de equipar melhor o aluno para o estudo das seitas. 2. O Monismo O monismo, também uma cosmovisão, remonta "aos filósofos pré-socráticos que apelavam a um único princípio unificador para explicar toda a diversidade da experiência observada". No entanto, pode adotar um enfoque muito mais estreito e o faz quando se aplica ao estudo dos seres humanos. Os monistas teológicos argumentam que os vários componentes dos seres humanos descritos na Bíblia perfazem uma unidade indivisível e radical. Parcialmente o monismo era uma reação neo-ortodoxa ao liberalismo, que havia proposto uma ressurreição da alma, mas não a do corpo. Os monistas defendem que, onde o Antigo Testamento emprega a palavra "carne" (basar), os escritores no Novo Testamento aparentemente empregam tanto "carne" (sarx) quanto "corpo" (soma). Qualquer desses termos pode referirse ao ser humano inteiro porque, nos termos bíblicos, ele era considerado um ser unificado. Segundo o monismo, pois, devemos considerar o ser humano como um todo unificado, e não como vários componentes que podem ser individualmente identificados e classificados. Quando os escritores sagrados falam de "corpo e alma..." deve-se considerar uma descrição exaustiva da personalidade humana. No conceito do Antigo Testamento, cada pessoa individual "é uma unidade psicofísica, carne animada pela alma".
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A dificuldade do monismo, obviamente, é o fato de não deixar lugar para um estado intermediário entre a morte e a ressurreição física no futuro. Esse ponto de vista discorda de numerosos textos bíblicos. Jesus também faz clara referência ao corpo e à alma como elementos divisíveis quando adverte: "Não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma" (Mateus 10.28). Existem ainda duas outras correntes teológicas de interpretação para a composição físico-espiritual do ser humano. Essas correntes de interpretação se identificam como dicotômica e tricotômica. 3. A Dicotomia Esta palavra significa duas partes ou divisões. Esta teoria é seguida por um grande número de teólogos: que o homem se compõe de duas partes ou divisões: a material e a espiritual. Mesmo sobre esta teoria dicotômica há pontos de vista diferentes. A corrente mais forte da teoria dicotômica é a que considera o homem composto de duas substâncias: a material e a imaterial. Alma e espírito são, nessa teoria, a mesma coisa. Usam vários textos bíblicos que são empregados na Bíblia representando a parte imaterial do homem e que, segundo eles, parecem transmitir a mesma idéia. Para os defensores desta corrente, a alma aparece como espírito e vice-versa, e apegam-se aos seguintes versículos: Mt 10.28; At 2.31; Mc 8.12; Jo 11.33; 12.27; 2Co 7.13; 1Co 16.18. Estes textos são atribuídos à alma e ao espírito como tendo as mesmas funções. Entretanto, se estudarmos o assunto à luz do contexto escriturístico e doutrinário, perceberemos facilmente a diferença. 4. A Tricotomia Corpo, Alma e Espírito. O conceito popular da constituição dos seres humanos é dualístico: alma e corpo. Segundo este pensamento a alma é a parte espiritual invisível,
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interior, enquanto que o corpo é a parte material visível, exterior. Embora haja alguma verdade nisso, ela não é, todavia, precisa. Tal opinião procede do homem caído, não de Deus; à parte da revelação de Deus, nenhum conceito é digno de confiança. Que o corpo é o revestimento exterior do homem é, sem dúvida, correto, mas a Bíblia nunca confunde espírito e alma como se fossem idênticos. Não somente são diferentes em termos, mas suas próprias naturezas diferem entre si. A Palavra de Deus não divide o homem em duas partes, i.e., corpo e alma. Ela trata o homem antes como sendo tripartido: espírito, alma e corpo. Assim, lemos em 1Ts 5.23: "E o próprio Deus de paz vos santifique completamente; e o vosso espírito, e alma e corpo sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo". Este verso mostra precisamente que o homem todo é dividido em três partes. O apóstolo Paulo refere-se aqui à santificação completa dos crentes dizendo "vos santifique completamente". Como, segundo o apóstolo, uma pessoa é santificada completamente? Pela conservação do seu espírito, alma e corpo. Por isso podemos facilmente entender que a pessoa toda abrange essas três partes. Esse verso faz também uma distinção entre o espírito e a alma, senão Paulo teria simplesmente dito "vossa alma". Visto que Deus distinguiu o espírito humano da alma humana, nós concluímos que o homem é composto não de duas, mas de três partes: espírito, alma e corpo. Será assunto de qualquer consequência dividir espírito e alma? É uma questão de suprema importância, pois afeta grandemente a vida espiritual de um crente. Como um crente pode entender a vida espiritual se não sabe qual é a extensão da esfera do espírito? Sem tal entendimento, como ele pode crescer espiritualmente? Falhar em distinguir o espírito da alma é fatal para a maturidade espiritual, e por isso permanecem num estado pertencente à alma, não buscando o que é realmente espiritual. Como escaparemos do prejuízo, se confundirmos o que Deus separou?
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O conhecimento espiritual é muito importante para a vida espiritual. Devemos acrescentar, entretanto, que é igualmente importante, se não mais, que o crente seja humilde e esteja desejoso de aceitar o ensino do Espírito Santo. Se assim for, o Espírito Santo lhe concederá a experiência da divisão do espírito e alma, mesmo que ele não tenha muito conhecimento a respeito desta verdade. Por um lado, o cristão mais ignorante, sem a menor idéia da divisão do espírito e alma, mesmo que ele não tenha muito conhecimento a respeito desta verdade. Por um lado, o cristão mais ignorante, sem a menor idéia da divisão do espírito e alma, pode, contudo, experimentar tal divisão na vida real; por outro lado, o crente mais informado e completamente versado na verdade concernente ao espírito e alma, pode, não obstante, desconhecer tal experiência. O ideal é que a pessoa possua tanto o conhecimento como a experiência. A maioria, entretanto, carece de tal experiência. Portanto, no início, é bom conduzi-los no conhecimento das diferentes funções do espírito e alma, para depois encorajá-los a buscar o que é espiritual. Outras porções das Escrituras fazem a mesma diferença entre espírito e alma. "Porque a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes e penetra até a divisão de alma e espírito, e de juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração" (Hb 4.12). O escritor, neste verso, divide os elementos não corpóreos do homem em duas partes: "alma e espírito". A parte corpórea é aqui mencionada como que incluindo as juntas e medulas - órgãos de movimento e sensação. Quando o sacerdote usa a espada para cortar e dissecar completamente o sacrifício, nada no interior pode ficar escondido. Cada junta e medula é separada. Da mesma forma o Senhor Jesus usa a Palavra de Deus em Seu povo para separar completamente, para penetrar até à divisão do que é espiritual, da alma e do físico. Visto que alma e espírito
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podem ser divididos, conclui-se que eles devem ser diferentes em natureza. Aqui é evidente, portanto, que o homem é um composto de três partes. 5. A Metafísica da Criação do Homem "E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra, e soprou-lhe nas narinas o fôlego da vida, e o homem tornou-se uma alma vivente" (Gn 2.7). No início, quando Deus criou o homem, Ele o formou do pó da terra e depois soprou "o fôlego da vida" em suas narinas. Tão logo o fôlego da vida, que se tornou o espírito do homem, entrou em contato com o corpo do homem, a alma foi produzida. Portanto, a alma é a combinação do corpo e do espírito do homem. As Escrituras, por isso, chamam o homem de "alma vivente". O fôlego da vida tornouse o espírito do homem, i.e., o princípio da vida dentro dele. O Senhor Jesus nos diz que "é o espírito que vivifica" (Jo 6.63). Este fôlego de vida vem do Senhor da Criação. Todavia, não devemos confundir o espírito do homem com o Espírito Santo de Deus. O último é diferente do nosso espírito humano. Rm 8.16 manifesta esta diferença declarando que "o Espírito mesmo testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus". O original da palavra "vida" em "fôlego de vida" é chay e está no plural. Isto pode ser uma indicação para o fato de que o sopro de Deus produziu uma vida dupla: a vida da alma e a vida do espírito. Quando o sopro de Deus entrou no corpo do homem, ele se tornou o espírito do homem; mas quando o espírito reagiu com o corpo, a alma foi produzida. Isto explica a origem da vida do nosso espírito e da nossa alma. Devemos admitir, entretanto, que este espírito não é a própria vida de Deus, pois "o sopro do Todo-Poderoso me dá vida" (Jó 33.4). Ele não é a entrada da vida não criada de Deus, no homem, nem tampouco a vida de Deus que recebemos na regeneração. O que recebemos no novo nascimento é a Própria vida de Deus, como tipificada pela árvore da vida. Mas, nosso espírito humano, embora existindo permanentemente, está destituído da "vida eterna".
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A expressão "formou o homem do pó da terra", refere-se ao corpo do homem; "soprou em suas narinas o fôlego da vida" refere-se ao espírito do homem, conforme ele veio de Deus; e "o homem tornou-se alma vivente" refere-se à alma do homem quando o corpo foi vivificado pelo espírito e levado a ser um homem vivo e consciente de si mesmo. O homem completo é uma trindade - o composto de espírito, alma e corpo. De acordo com Gn 2.7, o homem foi feito de apenas dois elementos independentes: o corpóreo e o espiritual. Mas, quando Deus colocou o espírito dentro do revestimento da terra, a alma foi produzida. O espírito do homem tocando o corpo morto produziu a alma. O corpo separado do espírito estava morto, mas, com o espírito, o homem passou a viver. O órgão, assim estimulado, foi chamado de alma. "O homem tornou-se alva vivente", expressa não apenas o fato de que a combinação do espírito e corpo produziu a alma, como sugere também que o espírito e o corpo estavam completamente fundidos nessa alma. Em outras palavras, a alma e o corpo estavam juntos com o espírito, e o espírito e o corpo fundidos na alma. Adão "em seu estado antes da queda, nada sabia dessas incessantes lutas de espírito e carne, que são coisas da experiência diária para nós. Havia uma perfeita combinação das suas três naturezas em uma e a alma, como fator de unidade, tornou-se a causa da sua individualidade, da sua existência como um ser distinto" (Pember's Earth's Earliest Ages). O homem foi denominado alma vivente, porque era lá que espírito e corpo se encontravam e através da qual sua individualidade era conhecida. Talvez possamos usar uma ilustração imperfeita: derrame um pouco de tinta num como com água. A tinta e a água misturar-se-ão formando uma terceira substância chamada tinta de escrever. Da mesma forma os dois elementos independentes do espírito e corpo, unem-se para formar alma vivente. (A analogia falha nisso: a alma produzida pela combinação do espírito e do corpo torna-se num elemento independente e indissolúvel, tanto quanto o espírito e o corpo).
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Deus considerou a alma do homem como algo singular. Assim como os anjos foram criados como espíritos, o homem foi criado predominantemente como alma vivente. O homem tinha não apenas um corpo, um corpo com fôlego de vida; ele tornou-se uma alma vivente também. Por isso, mais tarde, nas Escrituras, encontramos Deus frequentemente referindo-se aos homens como "almas". Por quê? Porque aquilo que o homem é depende de como é sua alma. Ela o representa e expressa sua individualidade. É o órgão da vontade livre do homem, o órgão no qual o espírito e corpo estão completamente unidos. Se a alma do homem deseja obedecer a Deus, ela permitirá que o espírito governe esse homem, conforme ordenado por Deus. Se ela escolher, pode também reprimir o espírito e aceitar algum outro prazer, como dominadora do homem. Esta trindade de espírito, alma e corpo podem ser parcialmente ilustrados por uma lâmpada elétrica. Dentro da lâmpada, que pode representar o homem total, existem eletricidade, luz e fio. O espírito é como a eletricidade, a alma como a luz e o corpo como o fio. A eletricidade é a causa da luz enquanto que a luz é o efeito da eletricidade. O fio é a substância material para conduzir a eletricidade como também para manifestar a luz. A combinação do espírito e corpo produz a alma, aquilo que é singular no homem. A eletricidade, conduzida pelo fio, é manifesta na luz; assim, o espírito atua sobre a alma e a alma, por sua vez, se expressa a si mesma através do corpo. Entretanto, devemos nos lembrar bem de que, enquanto a alma é o ponto de encontro do elemento do nosso ser nesta vida presente, em nosso estado ressurreto, o espírito será o poder governante. Porque a Bíblia nos diz que "semeiase o corpo físico, é ressuscitado corpo espiritual!" (1Co 15.44). Todavia, aqui está um ponto vital: nós que fomos unidos ao Senhor ressurreto podemos, mesmo agora, ter nosso espírito no governo de todo o nosso ser. Não estamos unidos ao primeiro Adão, que foi feito alma vivente, mas, ao último Adão que é espírito vivificante (v 45).
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6. Funções Respectivas do Espírito, Alma e Corpo É através do corpo físico que o homem entra em contato com o mundo material. Portanto, podemos classificar o corpo como aquela parte que nos dá consciência do mundo. A alma inclui o intelecto, que nos ajuda no presente estado de existência e as emoções, que procedem dos sentidos. Visto que a alma pertence ao próprio ego do homem e revela sua personalidade, ela é denominada a parte de autoconsciência. O espírito é aquela parte pela qual temos comunhão com Deus e somente pela qual podemos compreendê-Lo e adorá-Lo. Por indicar nosso relacionamento com Deus, o espírito é denominado o elemento da consciência de Deus. Deus habita no espírito, o eu habita na alma, enquanto que os sentidos habitam no corpo. Conforme já mencionamos, a alma é o ponto de encontro do espírito e corpo, porque lá eles são unidos. Por meio do seu espírito, o homem mantém comunicação com o mundo espiritual e com o Espírito de Deus, ambos recebendo e expressando o poder e vida da esfera espiritual. Através do seu corpo o homem está em contato com o mundo exterior e sensual, afetando-o e sendo afetado por ele. A alma permanece entre esses dois mundos e ainda pertence a ambos. Ela está ligada ao mundo espiritual, através do espírito, e ao mundo material através do corpo. Ela possui também, o poder do livre-arbítrio, sendo, por isso, capaz de escolher dentro do seu meio ambiente. O espírito não pode atuar diretamente sobre o corpo. Ele precisa de um intermediário, e este intermediário é a alma, produzida pelo contato do espírito com o corpo. Portanto, a alma fica entre o espírito e o corpo, unido-os. O espírito pode subjugar o corpo, através da mediação da alma, para que ele obedeça a Deus; da mesma forma o corpo, através da alma, pode atrair o espírito para amar o mundo. Destes três elementos, o espírito é o mais nobre porque ele se une com Deus. O corpo é mais inferior porque tem
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contato com a matéria. A alma estando entre eles, os une e recebe o caráter deles como sendo dela própria. A alma torna possível a comunicação e cooperação entre o espírito e o corpo. O trabalho da alma é manter esses dois em seu funcionamento próprio, a fim de que não percam seu relacionamento correto - a saber, que o mais inferior, o corpo, possa ser subordinado ao espírito, e que o mais elevado, o espírito, possa governar o corpo através da alma. O elemento principal do homem é, definitivamente, a alma. Ela assiste ao espírito para dar-lhe o que ele recebeu do Espírito Santo, a fim de que a alma, após ter sido aperfeiçoada, possa transmitir ao corpo aquilo que recebeu; então o próprio corpo pode também, participar da perfeição do Espírito Santo, tornando-se, assim, um corpo espiritual. O espírito é a parte mais nobre do homem e ocupa a região mais interior do seu ser. O corpo é a mais inferior e recebe o lugar mais exterior. Entre estes dois habita a alma, servindo como intermediária. O corpo é o abrigo externo da alma, enquanto que a alma é o revestimento exterior do espírito. O espírito transmite seu pensamento à alma e a alma exercita o corpo a obedecer a ordem do espírito. Este é o significado da alma como intermediária. Antes da queda do homem, o espírito controlava todo o ser por meio da alma. O poder da alma é muito grande, visto que o espírito e o corpo, unidos lá, fazem dela o centro da personalidade e influência do homem. Antes de o homem cometer pecado, o poder da alma estava completamente sob o domínio do espírito. Sua força era portanto, a força do espírito. O espírito mesmo não pode atuar sobre o corpo; somente por meio da mediação da alma. Isso pode ver em Lc 1.46,47: "A minha alma engrandece ao Senhor e o meu espírito exultou-se em Deus, meu Salvador". "Aqui a mudança nos tempos verbais mostra que primeiro o espírito concebeu a alegria em Deus, e, depois, comunicando com a alma, levou-a a dar expressão ao sentimento por meio do órgão humano" (Pember's Earth's Earliest Ages).
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Repetindo, a alma é o lugar da personalidade. A vontade, o intelecto e as emoções do homem estão lá. Como o espírito é usado para comunicar com o mundo espiritual e o corpo com o mundo natural, assim a alma fica no meio e exercita seu poder para discernir e decidir se deve reinar o mundo espiritual ou o natural. Algumas vezes também, a alma mesma exerce controle sobre o homem, através do seu intelecto, criando assim um mundo ideativo que reina. A fim de o espírito governar, a alma precisa dar seu consentimento; senão o espírito fica sem recursos para regular a alma e o corpo. Mas esta decisão depende da alma, porque nela reside a personalidade do homem. Na verdade a alma é o eixo de todo o ser, porque a vontade do homem pertence a ela. Só quando a alma se dispõe a assumir uma posição humilde é que o espírito pode dirigir o homem. Se a alma se rebela contra tal tomada de posição, o espírito ficará sem poder para governar. Isso explica o significado do livre-arbítrio do homem. O homem não é um autômato que se move conforme a vontade de Deus. Pelo contrário, o homem tem pleno e soberano poder de decidir por si mesmo. Ele possui o órgão da sua própria vontade e pode escolher seguir a vontade de Deus, ou resistir e seguir a Satanás. Deus deseja que o espírito, que é a parte mais nobre do homem, controle todo o seu ser. Todavia, a vontade - a parte decisiva da individualidade - pertence à alma. É a alma que determina se o espírito, o corpo, ou ela mesma deve governar. Devido ao fato da alma possuir tal poder e por ser o órgão da individualidade do homem, a Bíblia chama o homem de "uma alma vivente". 7. O Templo Santo e o Homem “Não sabeis", escreve o apóstolo Paulo, "que sois santuário de Deus, e que o Espírito de Deus habita em vós?" (1Co 3.16). Ele recebeu a revelação ao comparar o homem com o templo. Assim como Deus habitava anteriormente no templo, assim o Espírito Santo habita no homem hoje. Sendo
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comparado ao templo podemos ver como os tríplices elementos do homem são distintamente manifestos. Sabemos que o templo é dividido em três partes. A primeira é o átrio exterior, que é visto e visitado por todos. Todo o culto exterior é oferecido ali. Mais adiante está o Lugar Santo, onde só os sacerdotes podem entrar para ali oferecer o azeite, o incenso e pão a Deus. Eles estão bem próximos de Deus mas não o mais próximo possível, porque ainda estão do lado de fora do véu e, portanto, sem condições de permanecer em Sua própria presença. Deus habita no mais profundo, por dentro, no Santo dos Santos, onde as trevas são ofuscadas pela brilhante luz e dentro do qual nenhum homem pode entrar. Embora o sumo sacerdote entre uma vez por ano, isto indica, todavia, que antes do véu ser rasgado, nenhum homem podia estar no Santo dos Santos. O homem também é o templo de Deus, e da mesma forma tem três partes. O corpo é como o átrio exterior, ocupando uma posição exterior com sua vida visível a todos. Aqui o homem deve obedecer cada mandamento de Deus. Aqui o Filho de Deus serve como substituto e morre pela humanidade. Por dentro está a alma do homem que constitui a vida interior do homem e inclui sua emoção, vontade e mente. Tal é o Lugar Santo de uma pessoa regenerada, pois seu amor, vontade e pensamento estão plenamente iluminados para que possa servir a Deus como o sacerdote do passado fazia. No mais interior, além do véu, jaz o Santo dos Santos, no qual nenhuma luz humana jamais entrou e olho humano algum jamais penetrou. Ele é "o esconderijo do Altíssimo", a habitação de Deus. O homem não pode ter acesso a ele, a menos que Deus queira rasgar o véu. Ele é o espírito do homem. Este espírito jaz além da consciência própria do homem e acima da sua sensibilidade. Aqui o homem une-se a Deus e tem comunhão com Ele. Nenhuma luz é fornecida para o Santo dos Santos porque Deus habita ali. No Lugar Santo existe a luz fornecida
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pelo candeeiro de sete hastes. O átrio exterior fica sob a ampla luz do dia. Todos estes servem como imagens e sombras para uma pessoa regenerada. Seu espírito é como o Santo dos Santos habitado por Deus, onde tudo é realizado pela fé, além da vista, sentido ou entendimento do crente. A alma simboliza o Lugar Santo, pois ela é amplamente iluminada com muitos pensamentos e preceitos racionais, muito conhecimento e entendimento concernentes às coisas do mundo idealista e material. O corpo é comparável ao átrio exterior, claramente visível a todos. As ações do corpo podem ser vistas por todos. A ordem a nós apresentada por Deus é inconfundível: "vosso espírito, e alma e corpo" (1Ts 5.23). Não é "alma e espírito e corpo", nem tampouco "corpo e alma e espírito". O espírito é a parte preeminente, daí ser mencionado primeiro; o corpo é a mais inferior e por isso mencionada por último; a alma fica no meio e por isso é mencionada entre os outros dois. Tendo em vista a ordem de Deus, podemos apreciar a sabedoria da Bíblia ao comparar o homem a um templo. Podemos observar a perfeita harmonia existente entre o templo e o homem, tanto no tocante à ordem, quando ao valor. O serviço do templo é realizado conforme a revelação no Santo dos Santos. Todas as atividades no Lugar Santo e no átrio exterior são reguladas pela presença de Deus no Lugar Santíssimo. Este é o lugar mais sagrado, o lugar sobre o qual os quatro cantos do templo convergem e descansam. Pode nos parecer que nada é feito no Santíssimo, porque ele é escuro como breu. Todas as atividades estão no Lugar Santo, até mesmo as atividades do átrio exterior são controladas pelos sacerdotes do Lugar Santo. Entretanto, todas as atividades do Lugar Santo são, na verdade, dirigidas pela revelação, na quietude e paz total do Santo dos Santos. Não é difícil perceber a aplicação espiritual. A alma, o órgão da nossa personalidade, é composta de mente, vontade e emoção. Parece que a alma é a dona de todas as ações, pois o corpo segue sua direção. Todavia, antes da queda, a alma, a
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despeito das suas muitas atividades, era governada pelo espírito. E esta ainda é a ordem que Deus quer: primeiro o espírito, depois a alma e por último o corpo. 8. O Espírito e a Alma O Espírito. É imperativo que um crente saiba que tem um espírito, visto que toda comunicação de Deus com o homem ocorre ali. Se o crente não discerne seu próprio espírito, ele, invariavelmente, desconhece como comungar com Deus no espírito. Substitui, facilmente, os pensamentos ou emoções da alma pelas obras do espírito. Dessa forma, ele confina a si mesmo à esfera exterior, sempre incapaz de alcançar a esfera espiritual. Eis algumas referências: 1Co 2.11 fala do "espírito do homem que nele está"; 1Co 5.4 menciona "meu espírito". Rm 8.16 diz "nosso espírito"; 1Co 14.14 usa "meu espírito"; 1Co 14.32 fala dos "espíritos dos profetas"; Pv 25.28 faz alusão ao "seu próprio espírito"; Hb 12.23 registra "os espíritos dos justos aperfeiçoados"; Zc 12.1 declara que "o Senhor... formou o espírito do homem dentro dele". Os versos das Escrituras acima são suficientes para provar que nós, seres humanos, possuímos um espírito humano. Este espírito não é sinônimo da nossa alma, nem é o mesmo que o Espírito Santo. Nós adoramos a Deus neste espírito. Segundo o ensino da Bíblia e a experiência dos crentes, pode-se dizer que o espírito humano inclui três partes, ou em outras palavras, pode-se dizer que ele tem três funções principais: consciência, intuição e comunhão. A consciência é o órgão do discernimento, que distingue o certo do errado, mas não por meio da influência do conhecimento acumulado na mente, senão por um julgamento espontâneo e direto. Frequentemente o raciocínio justifica
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coisas que nossa consciência julga. O trabalho da consciência é independente e direto; não se curva às opiniões exteriores. Se o homem agir errado, ela levanta sua voz de acusação. A intuição é o órgão sensitivo do espírito humano. É tão diametralmente diferente do sentido físico e da alma, que é chamado intuição. Ela envolve um sentimento direto e independente de qualquer influência exterior. Aquele conhecimento que chega a nós, sem qualquer ajuda da mente, emoção ou vontade, chega intuitivamente. Nós realmente "conhecemos" através da nossa intuição; nossa mente simplesmente nos ajuda a "entender". As revelações de Deus e todos os movimentos do Espírito Santo tornam-se conhecidos do crente por meio da sua intuição. O crente deve, portanto, estar atento a estes dois elementos: a voz da consciência e o ensino da intuição. Comunhão é adorar a Deus. Os órgãos da alma são incompetentes para adorar a Deus. Deus não é percebido pelos nossos pensamentos, sentimentos ou intenções, pois Ele só pode ser conhecido diretamente em nosso espírito. Nossa adoração a Deus e as comunicações de Deus conosco são diretamente no espírito. Elas acontecem no "homem interior" e não na alma ou no homem exterior. Podemos concluir então que estes três elementos da consciência, intuição e comunhão estão profundamente correlacionados e funcionam coordenadamente. O relacionamento entre a consciência e a intuição é que a consciência julga segundo a intuição; ela condena toda conduta que não segue as direções dadas pela intuição. A intuição está relacionada com a comunhão ou adoração, visto que Deus é conhecido pelo homem intuitivamente e revela Sua vontade ao homem na intuição. Medida alguma de expectativa ou dedução nos concede o conhecimento de Deus. Pode-se observar imediatamente, dos seguintes três grupos de versos bíblicos, que nosso espírito possui a função
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da consciência (não dizemos que o espírito é a consciência), a função da intuição (ou sentido espiritual), e a função da comunhão (adoração). A Função da Consciência no Espírito do Homem: "O Senhor teu Deus lhe endurecerá o espírito" (Dt 2.30); "Salva os contritos de espírito" (Sl 34.18); "Põe um espírito novo e reto dentro de mim" (Sl 51.10); "Tendo Jesus dito isto, turbou-se em espírito" (Jo 13.21); "Revoltava-se nele o seu espírito, vendo a cidade cheia de ídolos" (At 17.16); "O mesmo Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus" (Rm 8.16); "Presente no espírito, já julguei, como se estivesse presente" (1Co 5.3); "Não tive descanso no meu espírito" (2Co 2.13); "Porque Deus não nos deu o espírito de covardia" (2Tm 1.7). A Função da Intuição no Espírito do Homem: "O espírito da verdade está pronto" (Mt 26.41); "Mas Jesus logo percebeu em seu espírito" (Mc 2.8); "Ele, suspirando profundamente em seu espírito" (Mc 8.12); "Comoveu-se (Jesus) em espírito" (Jo 11.33); "Paulo foi pressionado no espírito" (At 18.5); "Sendo fervoroso de espírito" (At 18.5); "Eu, constrangido no meu espírito, vou a Jerusalém" (At 20.22); "Pois, qual dos homens entende as coisas do homem, senão o espírito do homem que nele está" (1Co 2.11); "Porque recrearam o meu espírito assim como o vosso" (1Co 16.18); "O seu espírito tem sido recreado por vós todos" (2Co 7.13). A Função da Comunhão no Espírito do Homem: "Meu espírito exulta em Deus meu Salvador" (Lc 1.47); "Os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade" (Jo 4.23); "Deus, a quem sirvo em meu espírito" (Rm 1.9); "Para servirmos em novidade de espírito" (Rm 7.6); "Recebestes o espírito de adoção, pelo qual clamamos: Aba, Pai" (Rm 8.15); "O Espírito mesmo testifica com o nosso espírito" (Rm 8.16); "O que se une ao Senhor é um espírito com ele" (1Co 6.17); "Cantarei com o espírito" (1Co 14.15); "Se bendisseres com o espírito" (1Co 14.16); "E levou-me um espírito" (Ap 21.10).
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Por estas Escrituras podemos saber que nosso espírito possui, pelo menos, estas três funções. Embora os não regenerados ainda não possuam vida, eles, todavia, possuem estas funções (mas o culto deles é de espíritos maus). Algumas pessoas manifestam mais destas funções enquanto que outras menos. Entretanto, isto não implica que não estejam mortos em delitos e pecados. O Novo Testamento não considera os que têm uma consciência sensitiva, intuição aguda ou tendência e interesse espiritual, como sendo indivíduos salvos. Tais pessoas apenas nos provam que, à parte da mente, da emoção e da vontade da nossa alma, também temos um espírito. Antes da regeneração, o espírito está separado da vida de Deus; só depois dela é que a vida de Deus e do Espírito Santo habita em nosso espírito. Eles foram, então, vivificados para serem instrumentos do Espírito Santo. Nosso alvo, ao estudar a importância do espírito, visa capacitar-nos a entender que nós, como seres humanos, possuímos um espírito independente. O espírito não é a mente, nem a vontade, nem a emoção do homem; pelo contrário, ele inclui as funções da consciência, da intuição e da comunhão. É aqui no espírito que Deus nos regenera, nos ensina e nos conduz ao Seu descanso. Mas, lamentavelmente, devido aos longos anos de cativeiro à alma, muitos cristãos conhecem muito pouco do seu espírito. Devemos estremecer diante de Deus e pedir a Ele que nos ensine através da experiência, o que é espiritual e o que é da alma. Antes do crente nascer de novo, seu espírito torna-se tão submerso e cercado por sua alma, que é impossível para ele distinguir se algo emana da alma ou do espírito. As funções do último misturam-se com as da anterior. Além disso, o espírito perdeu sua função primária - para com Deus, pois está morto para Deus. Assim parecia que ele se tornou um acessório da alma. E quando a mente, emoção e vontade se fortalecem, as funções do espírito tornam-se tão eclipsadas a
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ponto de fazê-las quase desconhecidas. É por isso que deve haver a obra de separação entre a alma e o espírito depois que o crente é regenerado. Examinando as Escrituras, parece que um espírito não regenerado funciona do mesmo modo que a alma. Os seguintes versos ilustram isto: "Seu espírito estava perturbado" (Gn 41.8); "Então o espírito deles se abrandou para com ele" (Jz 8.3); "O que é de espírito precipitado exalta a tolice" (Pv 14.29); "O espírito abatido seca os ossos" (Pv 17.22); "Os errados de espírito" (Is 29.24); "Uivareis pela angústia de espírito" (Is 65.14); "Seu espírito se endureceu" (Dn 5.20). Estas passagens mostram-nos as obras do espírito não regenerado e indicam como são semelhantes às da alma. A razão porque o espírito, e não a alma, é mencionado, visa revelar o que aconteceu nas profundezas do homem. Isto mostra como o espírito do homem veio a ser controlado e influenciado completamente por sua alma, com o resultado de que ele manifesta as obras da alma. O espírito, entretanto, ainda existe porque estas obras procedem do espírito. Embora governado pela alma, o espírito não deixa de ser um órgão. 9. A Alma Conceito Filosófico e Religioso. A noção de alma como "sopro", princípio ativo do corpo, acha-se em quase todos os povos e culturas, tornando-se objeto de constante elaboração filosófica, desde os pitagóricos até a teologia contemporânea ou a psicanálise de Jung. Definida como elemento vital e espiritual do ser humano, a alma foi sempre um dos problemas mais constantes da maior parte das religiões e filosóficas de todos os tempos. Diversas manifestações religiosas encontraram nela seu
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interesse principal, como o animismo e o espiritismo, e também algumas correntes filosóficas, especialmente as originárias do platonismo, que defendia a imortalidade da alma e a metempsicose (transmigração das almas). O dualismo inerente à abordagem platônica é uma herança do orfismo e do pitagorismo: a alma pertence à esfera divina, ao mundo das idéias e das formas, confundindo-se com estas e sendo, por isso, eterna, imortal, indestrutível. "O corpo é a prisão da alma", ensina Platão, correspondendo ela, assim, a uma entidade oposta à existência corpórea, a que só pode chegar após a queda. A escolástica representa mais um passo adiante: para Tomás de Aquino, a alma é a forma substancial do corpo. Escolásticos posteriores ensinaram, todavia, que existe uma outra forma do corpo além da alma. Esta, para eles, é bastante simples, mas possui "faculdades", que são como seus acidentes. Cada experiência acrescentaria à alma uma nova forma acidental. Por suas muitas implicações, o problema não é esquecido por Descartes, que na VII Meditação do Discours de la méthode (Discurso sobre o Método), afirma ser a alma uma questão tão importante quanto a de Deus. Na teologia de Martinho Lutero, em Das Magnificat (1521) mostra que as Escrituras dividem o homem em três partes e que "a alma é o mesmo espírito... contudo, em outra operação. O espírito é a casa onde habita a palavra de Deus, e a alma faz que o corpo tenha vida". O calvinista suíço Emil Brunner sustenta que não é a alma que distingue o homem como homem, mas a mente e o espírito. Para ele, o fato de se considerar a alma como base do espírito - e unida a este até a identidade - é que faz mais complexa a relação entre ambos.
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Segundo Brunner, a alma une o homem com o mundo da natureza e das coisas por intermédio do corpo, o qual relaciona a pessoa humana com o mundo. O teólogo suíço Karl afirma: "O homem é a alma de seu corpo, a alma racional guiando o organismo vegetativo e animal que está a seu serviço. Mas é um só e o mesmo ser, não dois domínios separados; trata-se sempre de um todo, do homem". O teólogo protestante Rudolf Kittel, acentua igualmente a unidade da natureza humana. Essa é também a direção da teologia católica mais recente, quer em seu novo catecismo, quer na orientação divulgada pelo concílio ecumênico Vaticano II. Identificada com animais em diversas mitologias, a alma, ou sua noção, foi inteiramente rejeitada por materialistas modernos. "Teoricamente uma tolice", para Ludwig Feuerbach, reduz-se a funções cerebrais cada vez mais conhecidas, para outros autores. 9.1. Conceito Bíblico - Teológico. Além de ter um espírito que o capacita a ter comunhão com deus, o homem também possui uma alma, sua consciência própria. Ele torna-se consciente da sua existência pela obra da alma. Ela é a sede da sua personalidade. Os elementos que nos fazem seres humanos pertencem à alma. Intelecto, pensamento, ideais, amor, emoção, discernimento, escolha, decisão etc., são apenas as várias experiências da alma. Já foi explicado que o espírito e o corpo estão fundidos na alma, a qual, por sua vez, forma o órgão da nossa personalidade. É por isso que, às vezes, a Bíblia chama o homem de "alma", como se o homem tivesse apenas esse
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elemento. Por exemplo: Gn 12.5 refere-se às pessoas como "almas". Quando Jacó trouxe sua família inteira para o Egito, novamente é registrado que "todas as almas da casa de Jacó, que vieram para o Egito eram setenta" (Gn 46.27). Inúmeros exemplos ocorrem na linguagem original da Bíblia, onde "alma" é usada em lugar de "homem". Porque a sede e essência da personalidade é a alma. Compreender a personalidade do homem é compreender sua pessoa. A existência, características e vida do homem estão todas na alma. A Bíblia, por conseguinte, chama o homem de "uma alma". O que constitui a personalidade do homem são as três principais faculdades: vontade, mente e emoção. Vontade é o instrumento para nossas decisões e revela nosso poder de escolha. Ela manifesta nossa disposição ou indisposição: "queremos" ou "não queremos". Sem ela o homem é reduzido a um autômato. A mente, o instrumento para nossos pensamentos, manifesta nosso poder intelectual. Dela surge a sabedoria, o conhecimento e o raciocínio. A falta dela faz o homem tolo e embotado. O instrumento para os nossos gostos e antipatias é a faculdade da emoção. Por meio dela somos capazes de expressar amor ou ódio e sentir alegria, ira, tristeza ou felicidade. Qualquer falta dela tornará o homem tão insensível como pau ou pedra. Um estudo cuidadoso da Bíblia fornecerá a conclusão de que essas três faculdades principais da personalidade pertencem à alma. As passagens das Escrituras são muitas, para citá-las todas. Por isso, apenas algumas citações podem ser enumeradas aqui: 9.2. A Faculdade Volitiva da Alma “Não me entregues à vontade (original, "alma") dos meus adversários" (Sl 17.12); "Tu, Senhor, não o entregarás à vontade (original, "alma") dos seus inimigos" (Sl 41.2); "Te
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entreguei à vontade (original, "alma") dos que te odeiam" (Ez 16.27); "Deixá-las ir à sua vontade" (original, "alma") (Dt 21.14); "Eia! Cumpriu-se o nosso desejo" (original, "alma") (Sl 35.25). "Ou jurar, ligando-se" (original, "alma") (Nm 30.2); "Disponde, pois, agora o vosso coração e a vossa alma para buscardes ao Senhor vosso Deus" (1Cr 22.19); "Eles desejam e elevam suas almas para voltar e lá habitar" (Jr 44.14); "Nessas coisas a minha alma recusa tocar" (Jó 6.7); "Minha alma escolhe antes, o estrangulamento e a morte do que meus ossos" (Jó 7.15). A "vontade" ou "coração", aqui, indicam a vontade humana. "Disponde vosso coração", "elevam suas almas", "recusam" e "escolhem" são todos exercícios da vontade, tendo suas fontes na alma. 9.3. A Faculdade Intelectual ou Mental da Alma "A que levantam eles sua alma, seus filhos e suas filhas" (Ez 24.25); "Não é bom que uma alma esteja sem conhecimento" (Pv 19.2); "Até quando encherei de cuidados a minha alma?" (Sl 13.2); "Maravilhosas são as tuas obras, e a minha alma o sabe muito bem" (Sl 139.14); "Minha alma ainda os conserva na memória" (Lm 3.20); "O conhecimento será aprazível à tua alma" (Pv 2.10); "Guarda a verdadeira sabedoria e o bom siso... assim serão eles vida para a tua alma" (Pv 3.21,22); "Saiba que é assim a sabedoria para a tua alma" (Pv 24.14). Aqui "conhecimento, "conselho", "levantam", "memória" etc., existem como as atividades do intelecto ou mente do homem, as quais a Bíblia indica como que provindo da alma. 9.4. A Faculdade Emotiva da Alma (A) Emoções de Afeição "A alma de Jônatas ligou-se com a alma de Davi; e Jônatas o amou como à sua própria alma" (1Sm 18.1); "Tu, a quem ama a minha alma" (Ct 1.7); "A minha alma engrandece ao Senhor" (Lc 1.46); "Sua vida abomina o pão e a sua alma a
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comida apetecível" (Jó 33.20); "A quem a alma de Davi aborrece" (2Sm 5.8); "Minha alma irritou-se com eles" (Zc 11.8); "Amarás, pois, ao Senhor teu Deus... de toda a sua alma" (Dt 6.5); "Minha alma está cansada da minha vida" (Jó 10.1); "A sua alma aborreceu toda sorte de comida" (Sl 107.18). (B) Emoções do Desejo "Por tudo o que tua alma desejar... ou por tudo o que te pedir a tua alma" (Dt 14.26); "O que tua alma pode dizer" (1Sm 20.4); "A minha alma suspira, sim, desfalece pelos átrios do Senhor" (Sl 84.2); "Os desejos de tua alma" (Ez 24.21); "Assim minha alma anseia por ti ó Deus" (Sl 42.1); "Minha alma te deseja de noite" (Js 26.9); "A minha alma se compraz" (Mt 12.18). (C) Emoções do Sentimento e Percepção "Uma espada transpassará tua própria alma" (Lc 2.35); "A alma de todo o povo estava amargurada" (1Sm 30.6); "Sua alma se afligiu pela miséria de Israel" (Jz 10.16); "Sua alma está em amargura" (2Rs 4.27); "Até quando afligires a minha alma" (Jó 19.2); "Minha alma se alegrará no meu Deus" (Is 61.10); "Alegra a alma do teu servo" (Sl 86.4); "Desfalecia-lhes a alma" (Sl 107.5); "Por que estás abatida, ó minha alma" (Sl 42.5); "Volta, minha alma, ao teu repouso" (Sl 116.7); "A minha alma se consome de anelos" (Sl 119.20); "Doçura para a alma" (Pv 16.24); "Deleite vossa alma com a gordura" (Is 55.2); "Dentro de mim desfalecia a minha alma" (Jn 2.7); "A minha alma está triste" (Mt 26.38); "Agora a minha alma está perturbada" (Jo 12.27); "Afligia todos os dias a sua alma justa" (2Pe 2.8).
Podemos descobrir, nas observações acima com respeito às várias emoções do homem, que nossa alma é capaz de amar e odiar, de desejar e aspirar, de sentir e perceber.
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10. A Vida da Alma Alguns eruditos da Bíblia indicam-nos que existem três palavras diferentes empregadas no grego para designar "vida". (a) bios, (b) psique, (b) zoe. Todas elas descrevem a vida, mas exprimem significados bem diferentes. Bios refere-se aos meios de vida ou subsistência. Nosso Senhor Jesus Cristo usou esta palavra quando elogiou a mulher que havia lançado no tesouro do templo toda a sua subsistência. Zoe é a vida mais elevada, a vida do espírito. Sempre que a Bíblia fala de vida eterna ela usa esta palavra. Psique refere-se à vida animada do homem, sua vida natural ou a vida da alma. A Bíblia emprega este termo, quando descreve a vida humana. Aqui devemos observar que as palavras "alma" e "vida da alma", na Bíblia, são uma só e a mesma palavra no original. No Antigo Testamento a palavra hebraica para "alma - nefesh é usada igualmente para "vida da alma". O Novo Testamento consequentemente emprega a palavra grega psiqué tanto para "alma" como para "vida da alma". Por isso sabemos que a "alma" não é apenas um dos três elementos do homem, mas também a vida do homem, sua vida natural. Em muitos lugares na Bíblia "alma" é traduzida como "vida": "A carne, porém, com sua vida, i.e., com seu sangue" (Gn 9.4-5); "A vida da carne está no sangue" (Lv 17.11); "Os que buscavam a vida do menino estão mortos" (Mt 2.20); "É lícito no sábado... salvar a vida ou tirá-la?" (Lc 6.9); "Têm exposto as suas vidas pelo nome de nosso Senhor Jesus Cristo" (At 15.26); "Em nada tenho a minha vida como preciosa" (At 20.24); "Para dar a sua vida em resgate de muitos" (Mt 20.28); "O bom pastor dá a sua vida pelas ovelhas" (1010,11, 15, 17).
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A palavra "vida" nestes versos é "alma" no original. Foi traduzido assim porque seria mais difícil entender de outra forma. A alma é realmente a própria vida do homem. A "vida da alma" é a vida natural do homem, aquilo que o faz existir e que o estimula. É a vida pela qual o homem vive hoje; é o poder pelo qual o homem vem a ser o que ele é. Visto que a Bíblia aplica os termos nefesh e psiqué tanto para a alma como para a vida do homem, é evidente para nós que estes dois, embora distinguíveis, não são separáveis. São distinguíveis porque em certos lugares psiqué deve ser traduzido ou como "alma" ou como "vida". As traduções não podem ser intercambiadas. Por exemplo: "alma" e "vida" em Lucas 12.19-23 e Marcos 3.4 são na verdade a mesma palavra no original, entretanto, traduzi-las com a mesma palavra em português ficaria sem sentido. São inseparáveis, no entanto, porque estas duas estão completamente unidas no homem. Um homem sem alma, não vive. A Bíblia nunca nos diz que o homem natural possui outra vida além da alma. A vida do homem é apenas a alma permeando o corpo. Quando a alma é unida ao corpo, ela torna-se a vida do homem. Vida é o fenômeno da alma. A Bíblia considera o atual corpo do homem como um "corpo da alma" (1Co 15.44), pois a vida do nosso corpo atual é a da alma. A vida do homem é, portanto, simplesmente uma expressão de um composto das suas energias mentais, emocionais e volitivas. A "personalidade", na esfera natural, engloba estas diferentes partes da alma, mas apenas isto. A vida da alma é a vida natural do homem. Reconhecer que a alma é a vida do homem, é um fato muito importante, pois se relaciona grandemente com a espécie de cristão que nos tornamos, se espirituais ou da alma. 11. A Alma o Ego do Homem Sendo a alma a sede da nossa personalidade, o órgão da vontade e da vida natural, concluímos que esta alma é
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também o verdadeiro "Eu" - Eu mesmo. Nosso ego é a alma. Isto pode ser demonstrado também pela Bíblia. Em Nm 30, a frase "ligar a si mesmo" ocorre dez vezes. No original é "ligar sua alma". Disso somos levados a entender que a alma é o nosso próprio eu. Em muitas outras passagens da Bíblia nós vemos que a palavra "alma" é substituída por pronomes. Por exemplo: "Nem neles vos contaminareis" (Lv 11.43); "Não vos contaminareis" (Lv 11.44); "Por si e pela sua descendência" (Et 9.31); "Oh, tu, que te despedaças na tua ira" (Jó 18.4); "Este se justificava a si mesmo" (Jó 32.2); "Eles mesmos vão para o cativeiro" (Is 46.2); "Ao que cada um houver de comer; somente isso poderá ser feito por vós" (Êx 12.16); "O homicida que tiver matado alguém involuntariamente" (Nm 35.11, 15);"Que eu morra a morte dos justos" (Nm 23.10); "Quando alguém trouxer uma oferta de cereais" (Lv 2.1); "Tenho feito acalmar e sossegar a minha alma" (Sl 131.2); “Não imagines que, por estares no palácio do rei escaparás" (Et 4.13); "Jurou o Senhor Deus por si mesmo" (Am 6.8). Estas Escrituras do Antigo Testamento, nos informam de várias maneiras como a alma é o ego do homem. O Novo Testamento transmite a mesma impressão. A tradução "oito pessoas" em 1Pe 3.20 no original é "almas" e também em At 27.37 "duzentos e setenta e seis pessoas". A frase em Rm 2.9 traduzida como "todo ser humano que pratica o mal" no original é "toda a alma de todo o homem que pratica o mal". Daí, advertir a alma de um homem que pratica o mal é advertir o homem mal. Em Tg 5.20 o salvar uma alma é considerada como salvar um pecador. Lc 12.19 mostra o homem tolo dizendo palavras de conforto à sua alma, como falando a si mesmo. Está claro, portanto, que a Bíblia, no todo, considera a alma do homem ou a vida da alma como o próprio homem. Podemos encontrar uma confirmação disso nas palavras do Senhor Jesus, dadas em dois Evangelhos
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diferentes. Assim lemos em Mt 16.26: "Pois que aproveitará ao homem se ganhar o mundo inteiro e perder a sua vida (psiqué)? Ou que dará o homem em troca da sua vida (psiqué)?" Ao passo que Lc 9.25 assim o traduz: "Pois, que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro e perder-se ou prejudicar-se a si mesmo (eautou)?" Os dois evangelistas registram a mesma coisa, todavia, um usa "vida" (ou alma), enquanto que o outro usa "si mesmo". Isto quer dizer que o Espírito Santo está usando Mateus para explicar o sentido de "si mesmo" em Lucas e Lucas para explicar o sentido de "vida" em Mateus. A alma ou vida do homem é o próprio homem, e vice-versa. Tal estudo nos capacita a concluir que, para ser um homem, devemos participar daquilo que está incluído na alma do homem. Todo homem natural possui este elemento e qualquer coisa que ele inclua, pois a alma é a vida comum partilhada por todos os homens naturais. Antes da regeneração, tudo o que estiver incluído na vida - seja o ego, vida, força, poder, escolha, pensamento, opinião, amor, sentimento - pertence à alma. Em outras palavras, a vida da alma é a vida que o homem herda no nascimento. Tudo o que esta vida possui e tudo o que ela possa vir a ser está na esfera da alma. Se, distintamente, nós reconhecermos o que é da alma, então mais tarde será mais fácil reconhecermos o que é espiritual. Será possível separar o espiritual do que é da alma. 12. A Queda Do Homem O homem que Deus formou era notavelmente diferente de todos os outros seres criados. O homem possuía um espírito semelhante àquele dos anjos e ao mesmo tempo tinha uma alma parecida com a dos animais inferiores. Quando Deus criou o homem Ele lhe deu uma liberdade perfeita. Ele não fez dele um autômato, controlado automaticamente por Sua vontade. Isto é evidente em Gn 2, quando Deus instruiu o homem original a respeito de qual fruto ele poderia ou não comer. O homem que Deus criou possuía perfeita liberdade de escolha. Se ele escolhesse obedecer a Deus, assim seria; se
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decidisse rebelar-se contra Deus, poderia fazer isso também. O homem tinha em sua posse uma soberania pela qual poderia exercitar sua vontade escolhendo obedecer ou não. Este é um ponto muito importante, pois devemos reconhecer que em nossa vida espiritual Deus nunca nos priva da nossa liberdade. A menos que cooperemos ativamente, Deus não realizará nada em nós. Nem Deus, nem o diabo podem fazer qualquer obra, sem primeiro obterem nosso consentimento, porque a vontade do homem é livre. O espírito do homem era, originalmente, a parte mais elevada de todo o seu ser ao qual alma e corpo deviam se submeter. Sob condições normais o espírito é como a patroa, a alma como o mordomo e o corpo como o criado. A patroa entrega as coisas ao mordomo que por sua vez ordena ao criado que as faça. A patroa dá as ordens em particular ao mordomo; o mordomo as transmite abertamente ao criado. O mordomo parece ser o senhor de tudo, mas na realidade quem domina sobre tudo é a patroa. Infelizmente o homem caiu; ele foi vencido e pecou; consequentemente, a ordem correta de espírito, alma e corpo ficaram misturados. Deus concedeu ao homem um poder soberano e outorgou muitos dons à alma humana. Pensamento, vontade ou intelecto e intenção estão entre as porções mais proeminentes. O propósito original de Deus é que a alma humana receba e assimile a verdade e a essência da vida espiritual de Deus. Ele concedeu dons aos homens para que pudessem receber o conhecimento e vontade de Deus como sendo deles mesmos. Se o espírito e alma do homem mantivessem sua perfeição original, saúde e vigor, então seu corpo poderia continuar para sempre sem mudança. Se ele exercitasse sua vontade tomando e comendo do fruto da vida, a Própria vida de Deus indubitavelmente entraria em seu espírito, penetraria sua alma, transformaria completamente seu homem interior e converteria seu corpo em incorruptibilidade. Ele estaria então, literalmente, de posse da "vida eterna". Naquele acontecimento, sua vida da alma seria
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totalmente cheia com a vida espiritual e seu ser inteiro seria transformado naquilo que é espiritual. De forma contrária, se a ordem do espírito e alma fosse invertida, então o homem precipitaria nas trevas e o corpo humano não poderia resistir muito tempo e logo se corromperia. Sabemos que a alma do homem escolheu a árvore do conhecimento do bem e do mal, ao invés da árvore da vida. Porém, não está claro que a vontade de Deus para Adão era que ele comesse do fruto da árvore da vida? Sim, porque antes de proibi-lo de comer do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal e adverti-lo que no dia em que dele comesse morreria (Gn 2.17), Ele primeiro ordenou que Adão comesse livremente de toda árvore do jardim e propositadamente mencionou a árvore da vida, no meio do jardim. Quem pode dizer que isto não é assim? "O fruto do conhecimento do bem e do mal" eleva a alma e abafa o espírito. Deus não proíbe o homem de comer deste fruto apenas para testá-lo. Ele o proíbe por saber que ao comer esse fruto, a alma do homem será tão estimulada a ponto de abafar a vida do espírito. Isso quer dizer que o homem perderá o verdadeiro conhecimento de Deus e estará assim morto para Ele. A proibição de Deus revela Seu amor. O conhecimento do bem e do mal neste mundo é em si mesmo mal. Tal conhecimento surge do intelecto da alma do homem. Ele incha a vida da alma e consequentemente esvazia a vida do espírito a ponto de perder qualquer conhecimento de Deus e tornar-se tal como morto. Um grande número de servos de Deus considera esta árvore da vida, como sendo Deus oferecendo vida ao mundo em Seu Filho, o Senhor Jesus. Isto é vida eterna, natureza de Deus. Sua vida não criada. Por isso, temos aqui duas árvores uma germina vida espiritual enquanto que a outra desenvolve a vida da alma. O homem em seu estado original não é nem pecaminoso, nem santo e justo. Ele fica entre os dois. Ele pode aceitar a vida de Deus tornando-se assim um homem espiritual
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e participante da natureza divina, ou pode inchar sua vida original tornando-se da alma, impondo consequente morte ao seu espírito. Deus concedeu um perfeito equilíbrio às três partes do homem. Sempre que uma parte se desenvolve em excesso, as outras são contristadas. Nosso andar espiritual será grandemente ajudado, se entendermos a origem da alma e seu princípio de vida. Nosso espírito vem diretamente de Deus, pois é dado por Deus (Nm 16.22). Nossa alma não é tão diretamente recebida; ela foi produzida depois que o espírito entrou no corpo. Está portanto, distintamente relacionada com o ser criado. É a vida criada, a vida natural. A utilidade da alma é realmente extensa, se ela mantiver seu devido lugar como mordomo, permitindo que o espírito seja a patroa. O homem pode então receber a vida de Deus e estar relacionado com Deus em vida. Se, todavia, esta esfera da alma torna-se dilatada, o espírito igualmente é abafado. Todos os feitos do homem serão confinados à esfera natural do criado, incapaz de estar unido à vida não criada e sobrenatural de Deus. O homem original sucumbiu à morte, porque comeu do fruto do conhecimento do bem e do mal, desenvolvendo assim, de forma anormal, sua vida da alma. Satanás tentou Eva com uma pergunta. Ele sabia que isto despertaria o pensamento da mulher. Se ela estivesse completamente sob o controle do espírito, rejeitaria tal interrogação. Por tentar responder, ela exercitou sua mente em desobediência ao espírito. Sem dúvida, que a pergunta de Satanás estava cheia de erros, pois seu motivo principal era simplesmente incitar o esforço mental de Eva. Ele esperava que Eva até o corrigisse, mas lamentavelmente, ela ousou muda a Palavra de Deus em sua conversa com Satanás. Consequentemente o inimigo foi encorajado a tentá-la no sentido de comer sugerindo que, ao comer, seus olhos seriam abertos e ela seria como Deus - conhecendo o bem e o mal. "Então, vendo a mulher que aquela árvore era boa para se comer, e agradável aos olhos, e árvore desejável para dar entendimento, tomou do seu fruto e comeu" (Gn 3.6). Foi assim
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que Eva considerou a pergunta. Satanás provocou seu pensamento da alma primeiro e depois avançou para apoderar-se da sua vontade. Resultado: ela caiu em pecado. Satanás sempre usa a necessidade física como o primeiro alvo de ataque. Ele mencionou simplesmente o comer do fruto a Eva, uma coisa totalmente física. Em seguida, ele prosseguiu para seduzir sua alma, insinuando que pela satisfação seus olhos seriam abertos para conhecer o bem e o mal. Embora tal busca pelo conhecimento fosse perfeitamente legítima, a consequência, não obstante, conduziu seu espírito a uma rebelião franca contra Deus, pois ela compreendeu erradamente a proibição de Deus, como se brotasse de uma má-intenção. A tentação de Satanás alcançará primeiro o corpo, depois a alma e finalmente o espírito. Após ser tentada, Eva deu sua decisão. Primeiro: "a árvore era boa para se comer". Isto é a "cobiça da carne". Sua carne foi a primeira a ser despertada. Segundo: "era agradável aos olhos". Isto é a "cobiça dos olhos". Agora tanto seu corpo como sua alma haviam sido seduzidos. Terceiro: "a árvore era desejável para dar entendimento". Isto é a "soberba da vida". Tal desejo manifestou a agitação da sua emoção e vontade. Sua alma estava agora agitada além do controle. Ela não mais dava apoio como um espectador, mas havia sido incitada a desejar o fruto. Quão perigosa é uma emoção humana dominadora! Por que devia Eva cobiçar o fruto? Não era simplesmente a cobiça da carne e a cobiça dos olhos, mas também o impulso da curiosidade pela sabedoria. Na busca da sabedoria e conhecimento, mesmo do assim chamado "conhecimento espiritual", as atividades da alma podem ser frequentemente detectadas. Quando alguém procura aumentar seu conhecimento, por meio de ginásticas mentais nos livros, sem esperar em Deus e sem buscar a condução do Espírito Santo, sua alma está claramente em plena atividade. Isso vai reduzir sua vida espiritual. A queda do homem foi
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ocasionada pela busca de conhecimento, por isso, Deus usa a loucura da cruz para "destruir a sabedoria do sábio". O intelecto foi a causa principal da queda, por isso, para alguém ser salvo é preciso que creia na loucura da Palavra da cruz, em vez de depender da sua inteligência. A árvore do conhecimento provoca a queda do homem, por isso Deus emprega a árvore da loucura (1Pe 2.24) para salvar almas. "Se alguém dentre vós se tem por sábio neste mundo, faça-se louco para se tornar sábio. Porque a sabedoria deste mundo é loucura diante de Deus" (1Co 3.18-20; 1.18-25). Tendo revisto cuidadosamente o registro da queda do homem, podemos ver que, ao rebelar-se contra Deus, Adão e Eva desenvolveram suas almas a ponto de substituírem seus espíritos e precipitarem-se nas trevas. As partes proeminentes da alma são a mente do homem, vontade e emoção. A vontade é o órgão da decisão, portanto, o senhor do homem. A mente é o órgão do pensamento, enquanto que a emoção é o órgão da afeição. O apóstolo Paulo nos diz que "Adão não foi enganado", indicando que a mente de Adão não foi confundida naquele dia fatal. Quem tinha a mente fraca era Eva: "a mulher sendo enganada, caiu em transgressão" (1Tm 2.14). Segundo o registro de Gênesis está escrito que "a mulher disse: a serpente enganou-me e eu comi" (Gn 3.14); mas que "o homem respondeu: a mulher que me deste por companheira deu-me (e, não, enganou-me) da árvore e eu comi" (Gn 3.12). Adão, obviamente, não foi enganado; sua mente estava clara e ele sabia que o fruto era da árvore proibida. Ele comeu por causa da sua afeição pela mulher. Adão sabia que as palavras da serpente eram nada mais que o engano do inimigo. Pelas palavras do apóstolo, somos levados a ver que Adão pecou deliberadamente. Ele amava Eva mais do que a si mesmo. Ele fez dela o seu ídolo e por amor a ela estava disposto a rebelarse contra o mandamento do seu Criador. Que lamentável que sua mente tenha sido anulada por sua emoção e seu raciocínio vencido por sua afeição! Por que é que os homens "não creram na verdade?" Porque "tiveram prazer na injustiça" (2Ts 2.12). Não é que a verdade seja irracional, mas, sim, que não é
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amada. Por isso, quando alguém verdadeiramente volta-se para o Senhor, ele "crê com o coração (não a mente) para a justiça" (Rm 10.10). Satanás moveu Adão a pecar apoderando-se da sua vontade através da sua emoção; enquanto que Eva foi tentada a pecar apoderando-se ele da sua vontade através do canal de uma mente obscurecida. Quando a vontade, mente e emoção do homem foram envenenadas pela serpente e o homem seguiu após Satanás ao invés de seguir a Deus, seu espírito, que era capaz de comungar com Deus, sofreu um golpe fatal. Aqui podemos ver a lei que governa a obra de Satanás. Ele usa as coisas da carne (comer o fruto) para seduzir a alma do homem a pecar; tão logo a alma peca, o espírito cai em trevas absolutas. A ordem da sua operação é sempre assim: do exterior para o interior. Se não começar com o corpo, então ele começa trabalhando na mente ou na emoção, a fim de alcançar a vontade do homem. No momento em que a vontade do homem se sujeita a Satanás, ele toma posse de todo o seu ser e executa o espírito. Mas, não é assim com a obra de Deus, que é sempre do interior para o exterior. Deus principia Sua obra no espírito do homem e prossegue iluminando sua mente, despertando sua emoção e levando-o a exercitar sua vontade sobre seu corpo, a fim de levar à realização a vontade de Deus. Todas as obras satânicas são feitas do exterior para o interior; todas as obras divinas são do interior para o exterior. Dessa forma, podemos distinguir aquilo que vem de Deus e o que vem de Satanás. Tudo isso nos ensina, adicionalmente, que uma vez que Satanás captura a vontade do homem, então ele está no controle sobre aquele homem. Devemos observar, cuidadosamente, que a alma é onde o homem expressa sua vontade livre e exerce seu próprio domínio. Por esta razão, a Bíblia sempre registra que é a alma que peca. Por exemplo: "o pecado da minha alma" (Mq 6.7), "a alma que pecar" (Ez 18.4, 20). E nos livros de Levítico e Números frequentemente menciona-se que a alma peca. Por quê? Porque é a alma que escolhe pecar. Nossa descrição do
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pecado é: "A vontade aceita a tentação". O pecar é uma vontade da alma; por conseguinte, a expiação deve ser para a alma: "Quando derem a oferta do Senhor, para fazerdes expiação por vossas almas" (Êx 30.15); "Porque a vida da carne está no sangue; pelo que vo-lo tenho dado sobre o altar, para fazer expiação pelas vossas almas" (Lv 17.11); "Para fazer expiação pelas nossas almas perante o Senhor" (Nm 31.50). Visto que a alma é que peca, conclui-se que é a que precisa ser expiada. E ela só pode ser expiada além disso, por uma alma: "Foi do agrade de Jeová moê-lo; ele o sujeitou ao sofrimento... tu farás sua alma uma oferta pelo pecado... Ele verá o fruto do trabalho da sua alma e ficará satisfeito... ele derramou a sua alma na morte...; ele levou o pecado de muitos e pelos transgressores intercedeu" (Is 53.10-12). Examinando a natureza do pecado de Adão, nós descobrimos que, à parte da rebelião, existe também um certo tipo de independência. Não devemos perder de vista aqui a vontade livre. Por um lado, a árvore da vida implica um sentido de dependência. O homem naquela ocasião não possuía a natureza de Deus, mas se tivesse participado do fruto da árvore da vida, poderia ter obtido a vida de Deus; o homem poderia ter alcançado seu ápice possuindo a própria vida de Deus. Isto é dependência. Por outro lado, a árvore do conhecimento do bem e do mal sugere independência, porque o homem esforçou-se pelo exercício da sua vontade, pelo conhecimento não prometido, por algo não outorgado a ele por Deus. Sua rebelião declarou sua independência. Rebelandose, ele não precisava depender de Deus. Além disso, sua busca pelo conhecimento do bem e do mal também manifestou sua independência, pois não estava satisfeito com o que Deus já havia concedido. A diferença entre o espiritual e o que é da alma é clara como cristal: o espiritual depende completamente de Deus, e satisfaz-se totalmente com o que Deus deu; o da alma foge de Deus e cobiça o que Deus não concedeu, principalmente o "conhecimento". A independência é uma característica especial daquilo que é da alma. Não importa quão boa seja determinada coisa; pode ser até o culto a Deus.
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Porém, se para fazê-la completa confiança em Deus não é exigida, mas, pelo contrário, a confiança está depositada na própria força da pessoa, ela é inquestionavelmente da alma. A árvore da vida não pode crescer dentro de nós junto com a árvore do conhecimento. Rebelião e independência explicam todo pecado cometido pelos pecadores e pelos santos. 13. Espírito, Alma e Corpo Após a Queda Adão vivia pelo fôlego de vida tornando-se o espírito nele. Pelo espírito ele percebia a Deus, conhecia a voz de Deus e comungava com Deus. Ele possuía uma consciência muito aguda de Deus, mas depois de sua queda seu espírito morreu. Quando Deus falou com Adão no princípio Ele disse: "no dia em que dela comeres certamente morrerás" (Gn 2.17). Entretanto, Adão e Eva continuaram a viver por centenas de anos depois de comerem do fruto proibido. Obviamente, isto indica que a morte predita não era física. A morte de Adão começou no seu espírito. O que é a morte realmente? Segundo a definição científica, morte é "a suspensão da comunicação com o ambiente". A morte do espírito é a suspensão da sua comunicação com Deus. A morte do corpo é a interrupção da comunicação entre este e o espírito. Por isso, quando dizemos que o espírito está morto, não significa que não haja mais espírito; quer dizer que o espírito perdeu sua sensibilidade para com Deus e assim está morto para Ele. A situação exata é que o espírito está incapacitado de ter comunhão com deus. Usemos como ilustração um mudo: ele tem boca e pulmões, mas algo está errado com suas cordas vocais tornando-o sem capacidade para falar. No tocante à linguagem humana, sua boca pode ser considerada como morta. Igualmente o espírito de Adão morreu por causa da sua desobediência a Deus. Ele ainda tinha seu espírito, todavia estava morto para Deus
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porque havia perdido seu instinto espiritual. Isto ainda é assim: o pecado destruiu o aguçado e intuitivo conhecimento de Deus que o espírito possuía tornando o homem espiritualmente morto. Ele pode ser religioso, respeitável, educado, capaz, forte e sábio, mas está morto para Deus. Ele pode até mesmo falar sobre Deus, raciocinar sobre Deus e pregar a Deus, mas ainda assim está morto para Ele. O homem não pode ouvir ou sentir a voz do Espírito de Deus. Por isso, no Testamento, Deus frequentemente se refere àqueles que estão vivendo na carne como mortos. A morte iniciou no espírito de nosso antepassado gradativamente até alcançar seu corpo. Embora continuando a viver por muitos anos depois que seu espírito morreu, a morte, todavia, continuou operando nele até que seu espírito, alma e corpo estivessem mortos. Seu corpo que poderia ter sido transformado e glorificado, retornou ao pó. Porque seu homem interior precipitou-se no caos, seu corpo exterior deve morrer e ser destruído. A partir dali o espírito de Adão - como também os de todos os seus descendentes - caiu sob a opressão da alma até que, gradativamente, uniu-se com a alma tornando-se as duas partes intimamente unidas. O escritor de Hebreus diz que a Palavra de Deus vai penetrar e dividir alma e espírito (Hb 4.12). A separação é necessária porque o espírito e a alma tornaram-se um. Enquanto estiverem intimamente unidos o homem será lançado por eles no mundo psíquico. Tudo é feito segundo os preceitos do intelecto ou sentimento. O espírito perdeu seu poder e impressão, como se estivesse em profundo sono. Qualquer instinto que ele tenha para conhecer e servir a Deus, está completamente paralisado. Ele permanece em coma como se não existisse. Este é o significado de Judas 19: "naturais, não tendo espírito" (literal). Certamente isso não quer dizer que o espírito humano deixa de existir, pois Nm 16.22 diz claramente que Deus é "o Deus dos espíritos de toda carne". Todo ser humano ainda tem em sua posse um espírito, embora esteja obscurecido pelo pecado e impotente para manter comunhão com Deus.
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Por mais morto que esse espírito esteja para com Deus, ele ainda pode permanecer tão ativo como a mente ou o corpo. Ele é considerado morto para Deus, mas ainda é muito ativo em outros aspectos. Algumas vezes o espírito de um homem caído pode ser até mais forte do que sua alma ou corpo e ganhar domínio sobre todo o seu ser. Tais pessoas são "espirituais", da mesma forma que muitas pessoas são grandemente da alma ou do corpo, pois seus espíritos são muito maiores do que os das pessoas comuns. Estes são os feiticeiros e bruxos, e verdadeiramente mantém contatos com a esfera espiritual, só que realizam isso através do espírito maligno e não pelo Espírito Santo. Desta forma, o espírito do homem caído está aliado com Satanás e seus espíritos maus. Está morto para Deus, entretanto, bem vivo para Satanás e segue o espírito mau que agora opera nele. Rendendo-se à exigência das suas paixões e cobiças, a alma tornou-se escrava do corpo de tal forma que o Espírito Santo considera inútil contender pelo lugar de Deus neste alguém. Daí a declaração da Escritura: "Meu Espírito não pleiteará para sempre com o homem; porque ele é realmente carne" (Gn 6.3). A Bíblia refere-se à carne como sendo o composto da alma regenerada e a vida física embora mais frequentemente indique o pecado que está no corpo. Uma vez que o homem esteja totalmente sob o domínio da carne, ele não tem possibilidade de liberar-se. A alma tomou o lugar de autoridade do espírito. Tudo é feito independentemente e segundo as ordens da sua mente. Mesmo em questões religiosas, na mais acalorada busca de Deus, tudo é realizado pela força e vontade da alma do homem, sem a revelação do Espírito Santo. A alma não está apenas independente do espírito; adicionalmente ela está sob o controle do corpo. Ela é solicitada a obedecer, a executar e cumprir as cobiças, paixões e exigências do corpo. Cada filho de Adão está, não somente morto em seu espírito, mas ele é também "da terra, terreno" (1Co 15.47). Os homens caídos são governados completamente pela carne, andando em reação aos desejos
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das suas vidas da alma e das paixões físicas. Estes estão incapacitados de ter comunhão com Deus. Às vezes eles exibem sua inteligência, em outras ocasiões suas paixões, porém, as mais frequentes são ambas: inteligência e paixão. Sem impedimento, a carne está em rígido controle sobre o homem total. Isto é o que está esclarecido em Judas: "... escarnecedores, andando segundo as suas ímpias concupiscências. Estes são os que se põem à parte, homens naturais, não tendo espírito". Ser da alma é antagônico ao ser do espírito, nossa parte mais nobre, a parte que pode unir-se a Deus e que deve regular a alma e o corpo, está agora sob o domínio da alma, aquela parte em nós que é terrena tanto no motivo como no alvo. O espírito foi despojado da sua posição original. A condição atual do homem é anormal, por conseguinte, ele é descrito como não tendo espírito. O resultado de ser da alma é que ele se torna um escarnecedor, buscando paixões ímpias e criando divisões. 1Co 2.14 fala de tais pessoas não-regeneradas desta forma: "O homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque para ele são loucuras; e não pode entendê-las porque elas se discernem espiritualmente." Tais homens, sob o controle de suas almas e com seus espíritos oprimidos, estão em contraste direto com as pessoas espirituais. Eles podem ser excessivamente inteligentes, capazes de apresentar idéias ou teorias magistrais, todavia não aprovam as coisas do Espírito de Deus. São Inadequados para receber revelação do Espírito Santo. Tal revelação é amplamente diferente das idéias humanas. O homem pode pensar que o intelecto e o raciocínio humanos são todo-poderosos, que o cérebro é capaz de compreender todas as verdades do mundo, mas o veredicto da Palavra de Deus é: "vaidade das vaidades". Enquanto o homem está em seu estado da alma, ele frequentemente sente a insegurança desta era, e, por isso,
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também busca a vida eterna da era vindoura. Mas mesmo que o faça, ainda é impotente para descobrir a Palavra da vida pelo seu muito pensar e teorizar. Quão indignos de confiança são os raciocínios humanos! Repetidamente observamos como pessoas muito inteligentes colidem em suas diferentes opiniões. As teorias conduzem o homem facilmente ao erro. São castelos no ar, atirando-o nas trevas eternas. Quão verdadeiro é que, sem a liderança do Espírito Santo, o intelecto não é apenas indigno de confiança, mas também extremamente perigoso, porque frequentemente confunde a questão do certo e errado. Um pequeno descuido pode provocar não só a perda temporária, mas até danos eternos. A mente entenebrecido do homem muitas vezes o conduz à morte eterna. Se as almas não-regeneradas apenas pudessem ver isto, quão bom seria! Enquanto o homem é carnal, ele pode ser controlado por mais do que simplesmente a alma; ele pode estar sob a direção do corpo também, porque a alma e o corpo estão intimamente entrelaçados. Pelo fato do corpo de pecado estar abundando em desejos e paixões, o homem pode cometer os mais hediondos pecados. Visto que o corpo é formado do pó, assim sua tendência natural é em direção a terra. A introdução do veneno da serpente no corpo do homem transforma todos os seus desejos legítimos em lascívia. Tendo cedido uma vez ao corpo, em desobediência a Deus, a alma vê-se compelida a ceder toda vez. Os baixos desejos do corpo podem ser comumente manifestados por meio da alma. O poder do corpo torna-se tão irresistível que a alma não consegue senão ser o escravo obediente. A idéia de Deus é que o espírito tenha a preeminência, governando nossa alma. Mas uma vez que o homem torna-se carnal, seu espírito afunda em servidão à alma. Maior degradação sucede quando o homem torna-se "material" (do corpo), pois o corpo, mais baixo, ergue-se para ser soberano.
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O homem desceu então do "controle do espírito" para o "controle da alma", e do "controle da alma" para o "controle do corpo". Ele afunda cada vez mais profundamente. Quão lamentável deve ser quando a carne ganha o domínio. O pecado matou o espírito: morte espiritual, então, torna-se porção de todos, pois todos estão mortos em delitos e pecados. O pecado levou a alma a ser independente: a vida da alma é, portanto, uma vida egoísta e obstinada. O pecado finalmente deu autoridade ao corpo: a natureza pecaminosa consequentemente reina através do corpo.
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