Análise - Tao Te Ching
November 30, 2022 | Author: Anonymous | Category: N/A
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Universidade de São Paulo
Faculdade de de Filosofia, Letra Letrass e Ciências Hum Humanas anas
História do Pensamento Chinês I
Ensaio histórico sobre a obra
Tao Te Ching
pela tradução de Mario Bruno Sproiero
Heitor Manente Dutra Curso: História N !"#$#%&
Introdução A proposta deste trabalho é o da análise do conceito de 'a 'ao o ( dao: 道 ) dentro de um prisma histórico e filosófico na sociedade humana. Para isto, é fundamental 'ao o a partir da sua obra primordial, 'ao 'e uma compreensão interpretativa do 'a C(in) , conforme exposto no curso. A tradução tradução do professor ário
!proviero foi
escolhida por recomendação no pro"rama de aulas e por sua preocupação em reali#ar uma tradução direta do chin$s e próxima do entendimento nos termos da nossa l%n"ua. A forma como o termo 'ao 'ao será abordado, assim como sua repercussão nas mais diversas manifestaç&es lin"uisticas, certamente carece de um amplo aprofundamento acad$mico, acad$mico, e por isto me desculpo por 'uais'uer e'u%vocos cometidos. As As demais informaç&es, no entanto, são fruto de uma reflexão histórica baseada nas recentes pes'uisas propostas pelo curso. 'ao o como ideia transcendente no tempo e na ação humana foi usado como 'a
ferramenta por e para muitos em momentos de construção social e for formação mação identitária, assim como para difusão e transformação de outros ideais 'ue o se"uiram, como o onfucionismo e o #en*budismo, por exemplo. +oe, discute* se o 'a 'ao o como filosofia e-ou reli"ião, com sua aplicação nos mbitos mais diversos, 'ue variam desde práticas mais comuns, como o e'uil%brio de corpo e mente ou o entendimento da medicina tradicional chinesa, e até mesmo / ideia de alcance da imortalidade. 0mbora dissertar acerca de séculos de aplicação do 'a 'ao o sea imposs%vel no caráter de um trabalho tão simples, uma breve análise pelas suas mais recorrentes ferramentas pode nos auxiliar 'uanto aos seus impactos na sociedade e filosofia humana. A partir da obra 'ao 'e C(in) e e das dicuss&es feitas no curso em 'uestão, partiremos primeiramente ao seu conceito mais básico.
! Tao " Dao Dao#
1 curso 'ue se pode discorrer nome 'ue se pode nomear
não é o eterno curso não é o eterno nome2 (ap%tulo 3)
'ao o é o 1curso2, embora diversas outras 4a tradução literal de ário !proviero, 'a 'ao o o curso, caminho ou via unindo si"nificaç&es á tenham sido dadas. !endo 'a
dois pontos distintos, ele "anhou também a alcunha abstrata de 5a#ão, !entido ou 6o"os, á 'ue "arante si"nificado / exist$ncia de ambos os pontos, além da coesão entre eles. 4ão é um caminho fis%co, se'uer espiritual, e sim o absoluto de ambos, 'ue os define e os op&e, tais como são7 8in e 8an" ( ( 陰陽 ). ercado de paradoxos, conforme pode se ver no trecho tr echo de abertura do primeiro cap%tulo, o termo não deve ser discorrido em especificidades, sob a pena de perder seu próprio caráter. caráter. 9 uma id ideia eia alcançada apenas pela in intuição, tuição, á 'ue existe existe e inexiste, simultaneamente. 9 a naturalidade de todas as coisas, produtor espontneo de tudo, e nada fa#, senão é, assim como tudo 'ue existe pode apenas existir. conceito de 'a 'ao o é muito anti"o e tem suas ori"ens incertas e m%ticas, tais 'uais as ori"ens da obra em análise. 'ao 'e C(in), na tradução livre mais comum de Livro do Camin(o Camin(o e da *irtude *irtude, tem seus primeiros re"istros entre :;< e =;<
a.., embora sua real data de escrita sea indeterminada na historio"rafia. !ua suposta autoria se dá / fi"ura lendária de 6ao >#u ( 老子 ), cercada de histórias 'ue o exaltam como um "rande sábio, tais 'uais não cabe a'ui dissertar a respeito. fato é 'ue esta obra é fundamental parte da literatura tradicional chinesa, é ponto de encontro com al"umas das principais correntes filosóficas orientais e é, por fim, uma das obras mais tradu#idas no mundo. livro é composto por ?@ pe'uenos cap%tulos sem nenhuma li"ação aparente, e escritos numa lin"ua"em considerada hermética, o 'ue lhe deu um caráter de ampla interpretação cultural ao lon"o dos tempos. 4ão há consenso, até hoe, a respeito de seu real contedo como mensa"em concreta ao momento de sua escrita, e ,por isso, á foi considerado manual de "overno, "uia milit militar, ar, tratado
filosófico, livro sa"rado, entre outras proposiç&es 'ue tomou até o presente. !eu tema principal, no entanto, se foca f oca em etapas para se alcançar o urso (>ao) (>ao) e o 'ao o se ul"a simples como a intuição natural humana, Poder (>e). caminhar do 'a
'uando se limita apenas a esta naturalidade. Bual'uer influ$ncia de nossos deseos e absorção de falsa sabedoria deve ser abandonada para 'ue se atina o curso natural. 0 o poder será encontrado através da não busca pelo poder, pois apenas pelo curso natural se tem o real poder.
1no estudo no curso
dia a dia se cresce dia a dia se descresce
descrescendo a mais descrescer descrescendo che"a*se ao não*atuar não atuando nada fica por atuar con'uista*se o mundo sempre por não ter afa#eres bastam afa#eres afa#eres 'ue não se con'uista o mun mundo2 do2 (ap%tulo C6D333)
! Tao Histórico onforme dito anteriormente, a abran"$ncia da obra 'ao 'e C(in) fe# fe# com 'ue o conceito invadisse todos os setores culturais chineses, fosse em relação /s filosofias 'ue sur"iriam a se"uir, fosse em relação /s ra%#es m%ticas identitárias á constitu%das. A corrente tao%sta, 'ue 'ue en"oliu e foi een"olida n"olida por várias outras outras correntes, possuiu, e possui até os dias atuais, um cárater tanto filosófico 'uanto reli"ioso. >ambém conhecido como Eao%smo, se expandiu realmente apenas no século 33 d., ao final da dinastia +an, 'uando o mestre Fhan" Eaolin" declarou haver recebido revelaç&es diretas do lendário 6ao >#u e fundou o movimento 'ians(idao (
aminho dos estres elestiais, em tradução livre). As supostas
revelaç&es teriam vindo com o intuito de substituir os cultos populares da época, considerados corrompidos. >al >al doutrina transformou*se no credo oficial da
dinastia Gei Gei (:?H*;:I), sucessora da +an, e assim a filosofia tao%sta tornou*se o mais próximo 'ue podemos chamar no cidente de reli"ião. Eurante o século D3, no per%odo da reunificação da hina nas dinastias !ui e >an", o tao%smo se expandiu por todo o império e passou a conviver com outras crenças e filosofias, como o budismo e até mesmo o nestorianismo, vindo de onstantinopla. tao%smo estendeu seus braços até mesmo para o distante passado chin$s, com as ideias do + C(in) (6ivro das utaç&es, em tradução mais comum) presentes em seu mistiscismo. A cosmolo"ia apresentada no + C(in) serviu serviu como base de reforço de paradoxia 'ue o 'ao (curso) dava coesão. Por tais princ%pios tudo se transformaria continuamente em seu oposto. 4os tri"ramas do + C(in) , os ouas, as linhas Jan", cont%nuas, transformam*se em Jin, partidas, podendo um tri"rama ou hexa"rama demonstrar sua tend$ncia a se transformar tr ansformar no outro. 4esta mitolo"ia, di"amos di"amos 'ue, antes antes de tudo, hav havia ia o 'a 'ao o, e este se diferenciou, dando ori"em a Jin e Jan", dimens&es opostas e distintas. Jin era pesado e por isso descendeu para dar ori"em / >erra. Jan", em sua leve#a ascendeu e deu ori"em ao éu. 0ntre estes dois princ%pios sur"iu o homem, considerado o terceiro elemento desta tr%ade. s dois opostos t$m ainda muitas outras determinaç&es, como o Jin representando a morte, a lua e a noiteK e Jan" a vida, o sol e o dia. 0ste dois princ%pios estão em tudo 'ue existe e um contém em si a semente do outro, como no clássico si"no tao%sta do >a >aii hi, á amplamente divul"ado nos dias de hoe. Ambos se determinam e co*existem numa relação dialética 'ue 'uase nos lembra +e"el, de forma em 'ue eles se op&em, mas não se contradi#em necessariamente necessariamente L bem pelo contrário, eles existem e não existem um para o outro, simultaneamente, "arantidos pelo e'uil%brio do 'a 'ao o. Portanto, o curso natural é o de não tentar conhecer um ou outro, mas sim estar suspenso neste caminho onde um é o outro, e ambos se apresentarão a voc$ em sintonia.
1sob o céu conhecer*se o 'ue fa# o belo belo
eis o feioM
conhecer*se o 'ue fa# o bom bom
eis o não bomM
portanto o imanifesto e o manifest
consur"em
o fácil e o dif%cil
confluem
o lon"o e o curto
condi#em
o alto e o baixo
conver"em
o som e a vo#
concordam
o anverso e o reverso
coincidem2 (ap%tulo 33)
! Tao$smo contempor%neo s customes e ensinamentos tao%stas podem variar, de acordo com a escola. as, no "eral, a ação através da não*ação, o curso espontneo e natural, e a compaixão, moderação e humildade para o alcance do 'a 'ao o são as refer$ncias mais comuns. tao%smo teve uma influ$ncia profunda na cultura chinesa no decorrer dos séculos. A al'uimia chinesa, a astrolo"ia, o #en*budismo, as diversas artes marciais, a medicina tradicional e o fen" shui t$m suas histórias entrelaçadas com a do tao%smo. Além da hina em si, o tao%smo teve "rande influ$ncia nas sociedades do leste da Nsia. A literatura do tao%smo cresceu e passou a ser compilada na forma de um cnone * o Eao#an". A corrente foi ainda, por diversas ve#es, decretada a reli"ião do 0stado chin$s.
om a 5evolução ultural na hina, no século CC, ideólo"os do partido comunista chin$s execraram por décadas a filosofia chinesa, apoiando o marxismo e o pensamento de ao >sé >un", sobretudo o expresso no 6ivro Dermelho. De rmelho. As correntes tao%stas e confucionista, até então influentes em todo o pa%s, foram forçosamente forçosamente descartados descartados pelo "overno "overno.. mao%smo, também chamado de marxismo*leninismo*mao%smo, foi uma corrente comunista baseada nas doutrinas de ao >se >un", 'ue perdurou até @OH. 4o entanto, através das reformas iniciadas por Een" Ciaopin" em @O?, a definição e o papel da ideolo"ia de ao >se >un" na hina mudou de modo radical e tem hoe um papel meramente decorativo. >al >al como todas as outras atividades reli"iosas, o tao%smo foi perse"uido durante a 5evolução ultural de ao >sé*>un", embora tenha continuado a ser praticado livremente em >aiQan. >aiQan. +oe em dia dia,, é uma das cinc cincoo reli"i&es reconhecidas pelo 0stado, e, embora não costume ser compreendida com facilidade lon"e de suas ra%#es asiáticas, tem se"uidores em diversas sociedades ao redor do mundo.
Bibliogra&ia !P5D305, ário Rruno. 'ao 'e C(in) - Lao '.u . !P7 +edra, =
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