Análise Exegética João 14.1-4
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ANÁLISE EXEGÉTICA JOÃO 14.1-4
Por Diego Brito Stallone de Lima
Análise Exegética apresentada em exigência a matéria Exegese do Novo Testamento II do Prof. Rev. Jackson William do Curso de Bacharel em Teologia do Seminário Teológico Presbiteriano Rev. Ashbel Green Simonton.
SEMINÁRIO TEOLÓGICO PRESBITERIANO REVERENDO ASHBEL GREEN SIMONTON OUTUBRO – 2010
ÍNDICE
1. Razão da Escolha 2. Texto Grego 3. Tradução Própria 4. Tradução Nova Versão Internacional (NVI) 5. Análise do Contexto I.
Integral
II.
Do Livro
III.
Remoto Anterior
IV.
Remoto Posterior
V.
Imediato Anterior
VI.
Imediato Posterior
6. Análise do Conteúdo/Teológica 7. Bibliografia
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1. Razão da Escolha Muitas são as razões pelas quais escolhi o texto de João 14.1-4, além de ser um texto que tem confortado gerações de crentes ao longo da história, um de seus termos, a saber, “não se turbe o vosso coração” é um dos mais conhecidos por aqueles que seguem a Cristo. A frase pela qual o Papa João Paulo II (que antecedeu Bento XI) ficou conhecido foi “não tenham medo”, sentimento que atinge rapidamente um coração turbado, que não consegue
reconhecer a realidade em sua volta. Com o intuito de entender com um pouco mais de profundidade as palavras de Cristo nesse texto, bem como a relação com a fé em Deus e em Cristo (crede em Deus, crede também em mim) que impede a confusão do coração do todo aquele que é seguidor de Cristo, assim como esclarecer alguns temas que dão margem a muitas interpretações no texto tais como “muitas moradas” e “vou preparar-vos lugar” .
Espero que essa análise exegética esclareça estes pontos de forma satisfatória e possamos entender com mais detalhes a palavra de Deus. 2. Texto Grego1 de João 14.1-4 14:1
Mh. tarasse,sqw u`mw/n h` kardi,a\ pisteu, ete eivj to.n qeo.n kai. eivj evme. pisteu, eteÅ
14:2 evn
th/ | oivk a| i, tou/ patro,j mou monai. pollai, eivsin\ eiv de. mh,( ei=pon a'n u`mi/n o[ti
poreu,omai e`toima,sai to,pon u`mi/n 14:3
kai. a. ev n poreuqw/ kai. e`toima,sw to,pon u`mi/n( pa,lin e;rcomai kai. paralh,myomai
u`ma/j pro.j evmauto,n( i[na o[pou eivmi. evgw. kai. u`mei/j h=teÅ John 14:4
kai. o[pou Îevgw.Ð u`pa,gw oi;date th.n o`do,nÅ
3. Tradução Própria de João 14.1-4 14.1 Não estejam com o coração perturbado. Confiem em Deus, confiem também em mim. 14.2 Na casa do meu Pai existem muitas moradas. Caso contrário eu teria dito a vocês. Pois vou preparar lugar para vocês. 14.3 Mas quando eu for, e preparar lugar, voltarei e receberei vocês para mim mesmo. Para que onde eu estiver presente, vocês estejam também. 14.4 E vocês sabem o caminho para onde eu vou.
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Grego BGT BibleWorks 7
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4. Tradução da Nova Versão Internacional (NVI) de João 14.1-4
4.1 Não se perturbe o coração de vocês. Creiam em Deus; creiam também em mim. 4.2 Na casa de meu Pai há muitos aposentos; se não fosse assim, eu lhes teria dito. Vou preparar-lhes lugar. 4.3 E se eu for e lhes preparar lugar, voltarei e os levarei para mim, para que vocês estejam onde eu estiver. 4.4 Vocês conhecem o caminho para onde vou.
5. Análise do Contexto
I.
Contexto Integral
O quarto evangelho é uma figura à parte dos outros evangelhos, não a toa denominados sinóticos. Aqui temos uma apresentação um tanto diferente do Senhor Jesus, de modo que se chega até mesmo a questionar se de fato os sinóticos e João se referem ao mesmo Jesus. Autores como Carson2 e Kümmel3 discutem bastante acerca da autoria do evangelho, e como essa questão não está fechada, caminharei com a tradição, que também possui fortes evidências, de que a autoria foi do próprio apóstolo João, o filho de Zebedeu, ou o discípulo a quem Jesus amava. Esse termo também é tema de grande discussão, pois não se pode argumentar categoricamente que esse discípulo seria João. Caminhando com a tradição, temos um evangelho escrito por alguém que caminhou com o próprio Cristo e viu a sua glória, como a glória do unigênito do Pai (Jo 1.14), escrevendo entre o ano 90 e 110 d.C com o objetivo, conforme apresentado por Marshall 4 de:
“ Apresentar Jesus como o messias e o filho de Deus, que veio ao mundo para revelar a verdade e morrer para que todas as pessoas tivessem a oportunidade de receber a vida ao crer nele”
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CARSON. Comentário de João, Vida Nova: 2009. Na introdução de seu comentário Carson gasta algumas páginas apresentando as possibilidades de autoria assim como as falhas em cada uma delas. A partir da pág. 69. 3 KÜMMEL, Introdução ao Novo Testamento, Paulinas: 1982. Á semelhança de Carson, apresenta as muitas possibilidades da autoria de João. A partir da pág. 298. 4 MARSHALL. Introdução ao Novo Testamento, Vida Nova: 2007. Pág. 454.
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De forma que, através de temas altamente ricos teologicamente como: O Conhecimento de Deus, a Verdade, a Fé, a União com Deus, A luz, a Glória, O Juízo, o Espírito, O Messias, o Filho do Homem, o Filho de Deus, o Logos e outros, conforme exposição de Dodd5, o autor caminha por verdades profundas acerca de Deus e de seu Filho Jesus. O texto que iremos analisar brevemente encontra-se diretamente no contexto do objetivo do livro, pois somente o Filho, o Messias, pode solicitar fé e confiança para si e para Deus, para que seus seguidores não tenham medo, como isso se dará é o que veremos adiante.
II.
Contexto do Livro
Dentre as muitas possibilidades de divisão do livro, Carson 6 apresenta primeiramente a divisão básica, que é: Um prólogo (1.1-18), um epílogo ou apêndice (21.1-25) e entre os dois, duas partes principais, a primeira (1.19-12.50) vem sendo designada “Livro de Sinais” já a segunda (13.1-20.31) é conhecida como o “Livro da Glória”. Abreviando a estruturação em Carson, temos João apresentado da seguinte forma:
a. Prólogo (1.1-18) b. A auto-revelação de Jesus em palavras e atos (1.19-10.42) c. Transição: Vida e Morte, rei e servo sofredor (11.1-12.50) d. Auto-revelação na cruz e exaltação de Jesus (13.1-20.31) e. Epílogo (21.1-25)
De forma que o nosso texto se encontra no início da seção “D” logo após a última ceia (13.1-30) em que Jesus lava os pés dos discípulos (13.1-17) e prediz a sua traição (13.18-30) e inicia seu discurso de despedida, que na primeira parte vai do capítulo 13.31 até 14.31. O texto de João 14.1 tem grande importância pois trata, em linhas gerais, da promessa do lugar para onde Jesus está indo, e que, mesmo quando ele for embora, não abandonará os seus discípulos, mas voltará para buscá-los. Diante das notícias ruins que rondavam o coração dos discípulos (anúncio da traição, Pedro avisado sobre a traição, etc.) ouvir do próprio Cristo que eles não precisavam ficar com o coração atribulado, vem muito bem a calhar.
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DODD. A Interpretação do Quarto Evangelho. Índice a partir da página 10. Carson, pág. 103.
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III.
Contexto Remoto Anterior
A partir da divisão proposta por Carson, temos no contexto remoto anterior a celebração da última ceia com os discípulos, aqui, como já dissemos alhures, dois eventos são marcantes, a saber: a. Jesus lava os pés dos discípulos. (13.1-17) b. Jesus prediz a sua traição. (13.18-30)
Esses textos abrem as portas para o uma guinada no estilo do evangelho, se antes os sinais eram sucedidos por longas explicações, agora, como apresenta Carson, o objetivo ao referir-se à última ceia, o discurso de despedida e a oração final de Jesus (Jo 13-17) é revelar, antes do evento, o significado da partida de Jesus – sua morte, sepultamento, ressurreição e exaltação e a conseqüente vinda do Espírito Santo 7. Nesse início de despedida de Jesus, conceitos que farão parte da essência do Cristianismo são apresentados em poucas palavras pelo evangelista e culminarão com o anúncio da traição, tais como a celebração da ceia, que se tornará um memorial e um mandamento do próprio Cristo, a ciência da traição de Judas (agora já consolidada na tradição, e já conhecida da igreja pelos evangelhos sinóticos), o exemplo da humildade, o novo mandamento (13.31-35) e finalmente a surpreendente (talvez para a comunidade, com certeza não para Cristo) fraqueza de Pedro que, na verdade, se estende aos outros apóstolos. Depois de tudo isso, inicia-se o capítulo quatorze, que vai colocando as coisas de volta no lugar.
IV.
Contexto Remoto Posterior
Seguindo ainda a divisão de Carson, temos no contexto posterior temos a segunda parte do discurso de despedida de Jesus, compreendido entre os capítulos 15.1 e 16.33. Aqui, Jesus atribui seu relacionamento com os crentes como uma Videira e os seus ramos (15.1-16), e prepara o coração dos discípulos para a perseguição que viria, não apenas imediata mas ao longo da história (15.17-16.4), chamaria atenção para a obra do Espírito Santo (16.4b-15) e mais uma vez confortaria e incentivaria os discípulos com o que Carson chama de “A perspectiva de alegria depois das tribulações do mundo” (16.16 -33).
Olhar esse bloco como um todo nos ajuda a entender melhor a mensagem que o evangelista deseja comunicar, Jesus, o Messias e Filho de Deus, veio com uma missão bem 7
Ibid , pág. 455.
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delineada para cumprir, essa missão compreende uma glória imarcescível, literalmente que não murcha, que não morre. Entretanto, essa glória passa por etapas, e uma delas é a morte de Cristo, os discípulos então não devem ter medo, tudo faz parte dos planos de Deus, e ele mesmo já fez seu arranjo na história. Ao término dessa seção, temos simplesmente a oração de Jesus, como terminar de melhor forma essa sucessão de informações?
V.
Contexto Imediato Anterior
No contexto imediato anterior, temos a predição de Jesus quanto a negação de Pedro (13.31-38), texto que se repetirá em todos os sinóticos (Mt 26.31-35; Mc 14.27-31 e Lc 22.3134). Carson, aos meus olhos, é muito feliz no comentário desse texto, segundo ele a última barreira para o início da “hora” iminente foi removida, Judas já se movimentava na
conspiração e a prisão de Jesus se aproximava, com a prisão, a Glória! Pode parecer paradoxal, entretanto, a Glória está justamente na morte de Cruz que Cristo estava prestes a padecer, conforme Carson observa:
“Agora, levando ao ápice um tema desenvolvido por todo esse evangelho, o evangelista deixa claro que o momento supremo de auto-revelação divina, o maior momento de glória manifestada, foi na vergonha da Cruz.” 8
Esse é o motivo principal para o título Filho do Homem aqui, fora do NT o título referiase a Glória (especialmente em Dn 7; 1 Enoque ), já nos sinóticos, o título é relacionado ao sofrimento, aqui em João, temos as duas definições reunidas de forma dramática. Após isso, e a fala acerca do amor, com afirmações fortes, como a que diz “todos saberão que vocês são meus discípulos, se vocês se amarem uns aos outros” o evangelho apresenta o aviso do que
Pedro faria, negando ao mestre. Pedro, assim como os outros apóstolos estavam mais interessados nos eventos que sucederiam do que o novo mandamento que acabara de ser dado, nem ele nem os outros apóstolos estavam entendendo muito bem o que aconteceria, se bem que tanto Carson 9 quanto Bock10 concordam que pelo menos a morte de Jesus, ao menos para Pedro já era iminente.
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Ibid. pág. 482. Ibid. pág. 486. 10 Bock, em Jesus segundo as escrituras. Pág. 472-473. 9
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VI.
Contexto Imediato Posterior
No contexto imediato posterior, conforme a divisão de Carson, temos a apresentação de “Jesus, o caminho para o Pai” (Jo 14.5-14), em que, partir da pergunta de Tomé no versículo 5,
Jesus revela verdades impressionantes. Carson argumenta que as palavras de Tomé denotam que ele imaginava receber de Jesus um itinerário, um destino claro para chegar. No comentário ao versículo 6 ele argumenta então que todo este versículo deve ser entendido como uma resposta a Tomé, de forma que o Caminho é o próprio Cristo, e ele só pode sê-lo porque é a verdade de Deus e a vida de Deus e todo aquele que vai ao Pai, só pode fazê-lo em e através de Cristo. Creio que cabe aqui a citação que Carson faz de Tomás de Kempis, acerca deste texto do Evangelho de João: “Siga-me. Eu sou o caminho a verdade e a vida. Sem o caminho não há como ir, sem a verdade não há saber, sem a ávida não há viver. Eu sou o caminho que você deve seguir a verdade que você deve crer, a vida pela qual você deve esperar. Eu sou o caminho inviolável, a verdade infalível, a vida sem fim. Eu sou o caminho mias reto, a verdade soberana, vida verdadeira, vida abençoada , vida incriada.” 11
Após essa resposta soberba, temos ainda a discussão com Filipe acerca da revelação do Pai, e Jesus uma vez mais conforta seus discípulos lembrando-os de que, aquele que o vê, vê o Pai, culminando com, a partir do versículo 16, a promessa do outro consolador.
6. Análise do Conteúdo / Teológica
Analisando finalmente o texto de João 14.1-4, grandes são os temas que estão diante de nós, já nos adianta isso o título da seção dado por Carson, conforme já falamos: “ A promessa do lugar para onde Jesus está indo”. Pensar no que antecedeu esse momento e as razões
porque o evangelista coloca essa passagem faz o coração do leitor do texto bíblico disparar. Imaginar que tudo se encaminhava muito bem, os sinais se sucediam de tal forma que a iminente vitória de Cristo se desenhava de maneira estrondosa, culminando com a ressurreição daquele que estava morto (cf. Jo 11) e finalmente com a entrada de Jesus em Jerusalém, agora era questão de Tempo até o ato final e a libertação a séculos aguardada por aquele que havia de vir. Mas não foi bem assim que aconteceu, como Jesus diria em outros textos, seu reino não era desse mundo (Jo 18.36) e seus planos eram outros. Dos capítulos 13 a 17 temos essa 11
The Imitation of Christ, 56. 1.
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transição de atitudes, passando do livro dos Sinais para o livro da Glória, agora importa confortar os discípulos e prepará-los para caminhada com Cristo, mas de uma forma diferente, eles então celebram a Ceia e recebem a notícia que ninguém gostaria de ouvir, o Mestre irá deixá-los, o que fazer então? Jesus apresenta em poucas palavras a sua resposta: Não perturbem o coração de vocês!
Passo agora a comentar mais detidamente cada um dos
versículos.
14.1 “Não estejam com o coração perturbado. Confiem em Deus, confiem também em
mim.” Dois dos autores consultados (Konings 12 e Carson13) começam o comentário desse versículo lembrando que o próprio Cristo estava “perturbado no coração” na presença da
morte (cf. Jo 12.27; 13.21), entretanto, uma vez mais, ele busca consolar os discípulos e conseqüentemente, toda a comunidade de fiéis. A idéia aqui é que os discípulos não fiquem perturbados, tumultuados, agitados, num estado de perplexidade e confusão, como bem ressalta Hendriksen14, mas que creiam, ou melhor, confiem em Deus e também em Cristo. Konings lembra que Cristo parece repetir a fala do Êxodo, quando Moisés conduziu o povo através do mar de juncos, o texto diz: “o povo teve fé em YHWH Deus e em Moisés também”
(cf. Ex. 14.31). Não por acaso esse texto é colocado aqui, pois era lido na Páscoa, evento que Jesus e os discípulos tinham acabado de celebrar. Escolhi aqui a palavra confiar, ao invés de crer, concordando com Hendriksen e observando as palavras de Dodd, quando interpreta e traduz o termo pisteuein, Dodd diz: “O sentido de confiança pessoal ou segurança está cl aramente presente em 14.1... O remédio contra a perturbação e o desnorteamento é uma firma confiança em Deus e em Cristo.”
Somente se os discípulos não perdessem as esperanças e confiassem firmemente em Cristo e em Deus, poderiam continuar seu caminho sem a presença de Cristo da forma que seguiam até ali. O evangelista deixa isso bem claro nesse primeiro versículo, e continua.
14.2 “Na casa do meu Pai existem muitas moradas. Caso contrário eu teria dito a vocês. Pois vou preparar lugar para vocês. ”
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KONINGS, Johan. Evangelho segundo João: Amor e Fidelidade. A partir da Página 308, segue comentário de João 14. 13 Carson, pág. 487. 14 HENDRIKSEN, William. O Evangelho de João. Comentário de João 14 a partir da página 647.
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Uma das razões que me fizeram escolher este trecho para essa análise exegética foi esse versículo. Entender o que Jesus quer dizer com muitas moradas ajuda a perceber que o chamado de Jesus à confiança tem fundamento. O texto que pode dar margem a muitas interpretações, conforme apresentam os comentaristas já citados, entre elas de que no céu existiriam muitas casas, e até mesmo mansões, como supõe a tradução americana da Bíblia Sagrada15, ou que aqui se está falando na igreja como casa espiritual ou templo de Deus, não. O texto tem em sua interpretação mais aceita, conforme Carson e Konings, a idéia de que casa de meu pai refere-se ao céu, e no céu há muitos aposentos, muitas habitações. A questão
aqui não é a abundância de cada aposento, mas que é uma provisão, um preparo tão grande que comportará todos os discípulos de Jesus. Vale lembrar aqui o termo que os dois autores ressaltam, a saber: morada , que tem em sua raiz permanecer, ficar ou habitar, dando a idéia de que o termo se refere ao segundo advento de Cristo, quando ele vem para levar seus seguidores pare estarem com ele para sempre.
14.3 “Mas quando eu for, e preparar lugar, voltarei e receberei vocês para mim mesmo. Para que onde eu estiver presente, vocês estejam também. ” As palavras aqui pressupõem que esse lugar já existe antes mesmo de Jesus chegar lá, antes o próprio ato de ir, através da cruz e da ressurreição, que prepara o lugar par aos discípulos de Jesus. Esse texto então focaliza o conforto a ser desfrutado pelos crentes na presença de Deus, além da certeza de que eles jamais estarão sozinhos.
14.4 “E vocês sabem o caminho para onde eu vou. ” Essa parece ser uma frase paradoxal de Jesus para os discípulos, eles provavelmente estavam pensando a essa altura que caminho seria esse que Jesus estava se referindo. Entretanto, olhando o desenrolar do texto tem-se um melhor esclarecimento de Jesus. Pois aqui o Cristo se refere a ele mesmo, de forma que é óbvio pensar que conhecendo a Jesus, conseqüentemente os discípulos conhecem o caminho, que é ele mesmo, conforme as palavras do versículo 6. Esse caminho, conforme explica Hendriksen16, é o caminho pelo qual os discípulos são levados ao Pai, ou seja, o próprio Cristo.
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KJV (King James Version), a Bíblia do Rei Tiago conforme edição de 1611 presente no software Bible Works 7.0 16 Hendriksen, Pág. 651.
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Bibliografia
BIBLEWORKS for Windows. Versão 7.0.0.12g. LLC 2006. BÍBLIA SAGRADA. Bíblia de Jerusalém . São Paulo, SP: Paulus, 2004. BÍBLIA SAGRADA. Nova Versão Internacional . São Paulo, SP: Vida, 2005. BOCK, Darrel L. Jesus segundo as escrituras.Trad. Daniel de Oliveira. São Paulo, SP: Shedd, 2006. BROADUS, Dave H. Introdução ao Estudo do Novo Testamento . Trad. Cláudio Vital de Souza. São Paulo, SP: Hagnos, 2001. CARSON, D.A. O Comentário de João . Trad. Daniel de Oliveira e Vivian Nunes do Amaral. São Paulo, SP, 2007. DODD, Charles H. A interpretação do quarto evangelho . Trad. José R. Vidigal. São Paulo, SP: Teológica, 2003. HENDRIKSEN, William. O Evangelho de João . Trad. Elias Dantas e Neuza Batista. São Paulo, SP: Cultura Cristã, 2004. KONINGS, Johan. Evangelho Segundo São João : Amor e fidelidade. Petrópolis, RJ: Vozes; São Leopoldo, RS: Sinodal, 2001. KÜMMEL, Werner G. Introdução ao Novo Testamento . Trad. Paulo Feine e Johannes Behm. São Paulo, SP: Paulinas, 1982. MARSHALL, I. Howard. Teologia do Novo Testamento: diversos testemunhos, um só evangelho. Trad. Marisa K. A. e Sueli da Silva Saraiva. São Paulo, SP: Vida Nova, 2007.
STRONG, J. Léxico Hebraico, Aramaico e Grego de Strong . Rio de Janeiro, RJ: Sociedade Bíblica do Brasil, 2005.
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