Análise do filme o corte

January 5, 2019 | Author: Oneide Facundo | Category: Sociology, Capitalism, Max Weber, Multinational Corporation, Economics
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Análise do filme

” de O cor cor te 



Costa Costa - Gravas baseado no texto



A cul tur a do do novo novo

capitalismo”  de Richard Sennett

O cenário do filme nos situa em meio à crise do sistema econômico capitalista. O nosso  protagonista intitulado i ntitulado Bruno Davert é um chefe de família de meia idade, casado, pai de dois filhos adolescentes, que se encontra em meio à crise econômica que assolou a Europa, no qual ele acaba perdendo o emprego e se tornando mais uma estatística. A trama parece se passar no início da primeira década do século XXI. A temática central é o desemprego decorrente da reestruturação das empresas, as relações sociais decorrentes deste fato, são possíveis realizar através desta obra várias análises, mas tentarei fazer meu enfoquei com base no texto escrito por Richard Sennett, que faz uma nova critica ao capitalismo vigente. O capítulo um da Burocracia nos revela um pensamento do autor, no qual ele crer que a instabilidade poderia ser a única constante possível encontrada no capitalismo. Todas as turbulências de mercado financeiro, investidores, empregados e de ofertas de empregos, citadas por Sennett, poderiam ser elucidadas por uma frase que ele transcreveu do sociólogo Joseph Schumpeter : “ destruição criativa”. criativa”. Seguindo neste mesmo capítulo, na pagina 24, encontramos um dado que Sennett descreveu sobre um estudo feito pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) sobre a desigualdade financeira no qual ele indica que á medida que ocorria um agravamento nos anos 90 do século passado, no que diz respeito ás desigualdade de renda, a perda de riqueza era mais perceptível entre trabalhadores subempregados ou  parciais. O aumento da desigualdade também afeta a população mais velha em todo espectro britânico-americano e comparando esses dados com o que vemos no filme, a Europa também estava na mesma situação no inicio do século XXI. Outro nome que encontramos no texto é o do sociólogo Leslie Sklair que aborda a globalização e as corporações multinacionais, que no texto ele exemplifica com sua tese sobre os chineses e a multinacionais americanas, no qual os chineses poderiam tomar o lugar das multinacionais americanas, são citados fatos importantes de muitos críticos sobre o que representaria a página a página nova. O capitalismo entendido por Marx segundo Sennett era errôneo, pois era um capitalismo “primitivo” em demasia para sobreviver de forma social so cial e política. Vemos que a

asseguração da longevidade dos negócios e aumento do número de empregos se deu graças à revolução da aplicação dos modelos militares de organização ao capitalismo.  Neste capítulo observamos também que é a Max Weber que se deve a análise da militarização da sociedade civil no final do século XIX. Richard Sennett pontua algo que podemos nos remeter a algumas ideias vista no filme sobre a reflexão de que quanto mais pobre seja o trabalhador que sabe que ocupa um  bom posto de trabalho, o mesmo estará menos propenso a revoltar-se do que aquele que não possui uma clara noção de sua posição na sociedade. Seriam estes os fundamentos da política do capitalismo social. O personagem do Bruno Davert se acha superior aos outros para buscar um emprego de nível inferior ao que ele desenvolvia na indústria de papel, por essa razão ele parecia uma pessoa revoltada, já um de seus concorrente, no caso o que ele pensou em matar ,cujo nome no momento infelizmente não me recordo ,porém descreverei o fato: „Bruno o segue e o encontra trabalhando de garçom em um bar ‟, o seu concorrente em questão estava contente e agradecido de ter encontrado alguma ocupação, ao notar sua aceitação a nova realidade ,ele deixa de o considerar um concorrente a altura. A tese da página nova nos leva a acreditar que a militarização do tempo se desintegra. Esta tese era fundamentada em fatos institucionais evidentes, como assim são postos por Sennett, um exemplo dado por ele, seria sobre o fim do emprego vitalício, outro o desaparecimento das carreiras de dedicação exclusiva a instituição e no setor público o caráter mais incerto adquirido pelos programas assistencialistas e previdenciários. Isso é visível na História de Bruno que trabalhou por 15 anos em uma empresa e quando estava na idade de começar a alcançar a estabilidade financeira, ele é descartado pela empresa e se encontra em um abismo para recomeçar novamente, agora a busca de um novo posto em uma nova empresa, no qual seus atributos profissionais sejam valorizados e que lhe permitam manter o mesmo padrão de vida que vinha levando antes. A expressão “jaula de ferro” é usada para se referir a passar o tempo numa organização de funções preestabelecidas e fixas. Foi utilizada por Weber para falar sobre a racionalização e burocracia na sociedade moderna.

As relações sociais levam tempo para progredirem; uma narrativa de vida na qual o individuo seja o foco para os outros exige uma instituição que tenha longa duração. As  pessoas ansiosas podem dissipar suas vidas em busca de colocações dessa espécie. As jaulas de ferro servem para capturar o tempo da convivência com as outras pessoas. As estruturas burocráticas passam uma sensação de estabilidade, estruturação, de fazer  parte de algo maior, deu ás pessoas a possiblidade de viverem suas vidas como uma narrativa.  No capitulo intitulado „desenjaulados‟, o autor do texto nos remete á três mudanças significativas: as “novas páginas” que pareciam indicar que o capitalismo social era apenas uma saudosa lembrança. A primeira seria a mudança do poder gerencial paro acionário, equivaleria á uma transferência de poder dos grandes burocratas institucionais para os investidores. A segunda mudança possui ligação com a primeira, poderia ser a preferência pelos resultados em curto prazo. Surge uma necessidade de permanentes mudanças, atualizações constantes e reengenharias. A terceira mudança está no desenvolvimento de novas tecnologias de comunicação e manufatura, tornando instantâneas as comunicações em escala global. A arquitetura institucional é maquina muito moderna, ela substitui a estrutura tradicional de conformação da pirâmide. Sennett exemplifica essa nova estrutura comparando-a com um aparelho de MP3. Poderia ser atribuída ao aparelho a característica de maleabilidade, eficiência e armazenamento de dados. As organizações flexíveis dão ênfase na capacitação em relações humana. Para a obtenção de resultados rápidos e flexíveis, os grupos de trabalho necessitam de certa dose de autonomia. Quando o personagem do Bruno, conversa com o terapeuta de casais pela segunda vez, ocorre um momento em que ele acaba desabafando na sessão e conta que não possui mais amigos desde que foi dispensado, pois os antigos colegas de trabalhos se tornaram seus atuais concorrentes, que o sistema mexe com tudo, que o emprego para ele faz  parte de sua essência. Sennett nos fala na página 53 do texto em questão, que o sistema gera muito estresse e ansiedade entre os trabalhadores, pois eles acabam em uma espécie de competição, nesse mercado a recompensa acaba sendo tudo ou nada. Os riscos são sempre grandes.

Quando acontece das empresas serem submetidas á algum tipo de reengenharia, como aconteceu com a antiga empresa em que Bruno trabalhava muitas vezes os empregados não têm noção do que lhes irá acontecer, isso também foi um argumento apresentando  por Sennett na página 54 do texto abordado para análise, quando ele cita o tema da arquitetura institucional, isso pode ocorrer devido as novas e modernas formas de reordenamento corporativo que são alavancadas passivamente pelo valor das ações estabelecidas nos mercados financeiros, e não pelo ordenamento interno da empresa. A reestruturação antes da recolocação era uma frase utilizada pelo personagem central quando questionado por alguém no filme sobre a razão de sua demissão, como pode ser visto na cena que ele vai em busca do filho preso e tem uma conversa com o inspetor e o mesmo lhe pergunta sobre sua situação e ele da a justificativa de que está buscando emprego, daí o inspetor pergunta qual a razão de sua demissão. O próprio já responde meio que retoricamente “corte de gastos, reestruturação” que são razões bem comuns na Europa para explicar o alto nível de desemprego. Observamos que a crise financeira que vem assolando a Europa e o mundo tornou ainda maior as desigualdades sociais. Para Sennett (2006, p.55), “O centro governa a periferia de forma específica. Na  periferia, as pessoas estão por conta própria no processo de trabalho, sem muita interação para cima e para baixo na cadeia de comando”. Quanto maior a distância e menor o vínculo entre operários e empregadores, maior é a desigualdade social entre eles. O termo autoridade pode ser vinculado à obediência voluntária de seus subordinados, e não obediência forçada como ocorre nos casos de tirania. Weber já concordava com essa afirmação, pois para ele as pessoas que estão em posição inferior acabam contando com as que estão em posição superior a sua. No filme O corte, é possível observar em algumas cenas, situações que representavam essa proposição. Outro aspecto trabalhado no filme foi a temática do racismo, exemplificada no caso,  pelo terapeuta negro de casais, no qual a esposa de Bruno Davert o leva para tentar melhorar a situação matrimonial de ambos.  No texto utilizado como fundamentação teórica para está análise, contém uma divisão que aborda três déficits sociais, que serão explanados por Richard Sennett e eu tentarei fazer um comparativo com as situações vividas pela racionalização capitalista que fez

com que o personagem central Bruno Davert perdesse seu emprego e tomasse a decisão de eliminar seus concorrentes em busca de conseguir a vaga que ele almejava na indústria de papel. Seriam os três déficits sociais: a ausência de lealdade e de confiança e a falta de informação para a adaptação. A lealdade é um fator necessário para sobreviver no mundo dos negócios, para os empregados os déficits de lealdade aumentam o estresse no trabalho. O segundo déficit social citado por Richard Sennett é a confiança, segundo ele a confiança pode ser de duas formas: formal e informal , a primeira a formal se dar em saber em quem se pode confiar no caso de uma das partes aderirem á um contrato acreditando que a outra honrará com o compromisso firmado entre ambos. A segunda seria a informal, que ocorre quando se busca saber em que se pode confiar, especialmente em situações de  pressão. O terceiro déficit social se remete a debilitação do conhecimento institucional. O filme “O corte” pode nos fornecer uma noção da questão da identidade do trabalho, como as pessoas se veem nos seus empregos e como aquela função reflete na sua autoimagem e no seu lado psicológico . O filme aborda de forma muito interessante a crise do capitalismo, o desemprego, e seu impacto na sociedade. Um ponto interessante que foi abordado de forma casual no texto é a ideia de que os fins justificam os meios, uma afirmação defendida por Maquiavel, na sua obra

„O

 príncipe‟, acredito que o personagem de Davert se utiliza desse lema para justificar os assassinatos visto que no fim ele tentava apenas ajudar a si e a sua própria família, ele estaria apenas em busca de uma nova oportunidade, um recomeço profissional. No subtema do capítulo da Burocracia, encontramos uma parte intitulada „entender a si‟, que nos diz que a identidade de trabalho se encontra nas consequências sociais de suas atividades. Assim, o filme que hoje foi analisado na disciplina de sociologia dois, com sua trama e seus personagens traz ilustrações que suscitam reflexões interessantes sobre a teoria social, o capital, e em vários outros campos, como a psicanálise, sociologia e ética . Podemos ver através dele o desafio de ilustrar e compreender as novas formas de organizações do trabalho, a temática do desemprego, conflitos sociais e psicológicos sobre o que é “certo e o errado” e as mudanças nos campos da economia, tecnologia e cultura.

UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

CENTRO DE HUMANIDADES- CH Curso de Ciências Sociais Bacharelado Disciplinas  – Sociologia 2 Professora: Mariana Barreto

ANÁLISE DO FILME O CORTE  BASEADO NO TEXTO DE RICHARD “



SENNETT

Oneide Facundo Vasconcelos de Oliveira Matrícula: 343149

Fortaleza Novembro-2013

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