Alvorada Na Serra Artigo Entregue Em Disciplina Pós

June 7, 2019 | Author: Silvio Reis | Category: Slavery, Entertainment (General)
Share Embed Donate


Short Description

Download Alvorada Na Serra Artigo Entregue Em Disciplina Pós...

Description

1

ALVORADA NA SERRA: NEPOMUCENO TRAZ À LUZ A CULTURA NACIONAL Sapo Cururu  Na beira do rio Quando o sapo canta, oh maninha É porque tem frio! A mulher do sapo Deve estar tá lá dentro Faendo rendinha, oh maninha ara o casamento! "Folclore brasileiro

Introdução

retendemos rememorar a obra de Alberto Nepomuceno, sobretudo neste ano que antecede os seus #$% anos de nascimento& nascimento& Compositor, maestro, maestro, pianista, or'anista, or'anista, educador, o cearense Alberto Nepomuceno (#)*+#-.%/, nascido em Fortalea, 0 um dos 'randes 1cones da m2sica brasileira, le'ando vasta obra que inclui 3peras, m2sica de c4mara, instrumental, vocal, sacra, al0m de pro5etar o 6rasil para o mundo& N7o pretendemos abordar a bio'rafia de  Nepomuceno& 8ntretanto, 8ntretanto, n7o poder1amos dei9ar de mencionar aspectos importantes relativos : sua obra, ao tempo e espa;o da sua tra5et3ria de vida& 8n'a5ado com as causas do seu tempo, Nepomuceno era abolicionista e republicano, mas tinha uma outra contribui;7o contribui;7o importante a dei9ar tamb0m< tamb0m< a luta em prol da m2sica em l1n'ua portu'uesa nas salas de concerto do 6rasil& Al0m de ressaltar esse relevante le'ado, Brasileira, comp este este trab trabal alho ho pret preten ende de anal analis isar ar a prim primei eira ra part partee da Série Brasileira compos osta ta pelo peloss

movimentos Alvorada na Serra ,  Intermédio, Sesta na rede e  Batuque, composta em 6erlim, em #)-#&

Canto em Portugu!" #Não tem $%tr&a o $o'o (ue não )anta na !ua *+ngua,Final do s0culo =>=, 6rasil >mperial (se'undo reinado/, in1cio da 'uerra do ara'uai< #)*+ 0 o ponto de partida para o desenvolvimento da tra5et3ria de Alberto Nepomuceno& Do  ponto vista pol1tico e social, o caf0 deu ori'em, cronolo'icamente, : 2ltima das tr?s 'randes aristocracias do pa1s depois dos senhores de en'enho e dos 'randes mineradores& @s faendeiros de caf0 tornamse a elite social brasileira& raticamente todos os maiores fatos

2

econBmicos, sociais e pol1ticos do 6rasil  desde meados do s0culo =>=, at0 o terceiro dec?nio do s0culo ==  se desenrolaram em fun;7o da lavoura cafeeira& @ ponto forte da economia do Ceará n7o era a escravid7o foi, inclusive, o primeiro estado a abolir a escravatura, em #))+& @ pre;o dos escravos era caro para a economia  baseada em 'ado e seus produtos derivados (como o couro/, que n7o demandavam muita m7o deobra, e ainda havia a facilidade de fu'a dos escravos pelo sert7o& A cotonicultura cearense tamb0m se desenvolveu na se'unda metade do s0culo =>>>& @ com0rcio do charque foi decisivo para a economia do Ceará, ao lon'o dos s0culos =>>> e =>=& Fortalea, entretanto, adentrou o s0culo == com uma certa ambienta;7o da 6elle Époque, embora n7o propriamente # como acontecia na capital federal, o io de Eaneiro& Desde o per1odo de colonia;7o, a l1n'ua portu'uesa come;ava a ser incorporada no 6rasil, entrando em um cenário cu5os povos falavam outras l1n'uas, as ind1'enas (no Ceará,  por e9emplo, viviam cerca de vinte e dois povos ind1'enas cada um com seu idioma  pr3prio/, e acabara por tornarse, por domina;7o, a l1n'ua oficial e nacional do 6rasil, em #$-, sobretudo com a e9puls7o dos 5esu1tas& Com a vinda dos escravos, as l1n'uas africanas somaramse aos dialetos portu'ueses, 5á que nem todos vieram da mesma re'i7o de ortu'al& Diversas palavras ind1'enas foram incorporadas ao portu'u?s e, posteriormente, e9pressGes utiliadas pelos escravos africanos e imi'rantes tamb0m foram adotadas, evidenciando uma pluralidade lin'u1sticocultural& 8ssa era a realidade das ruas& Nos salGes da sociedade, imperavam os idiomas estran'eiros nas obras musicais& A'indo pioneiramente, Alberto Nepomuceno introduiu o canto em portu'u?s nas salas de concerto onde se apresentava& Naquela 0poca, 5ul'avase impraticável o canto no idioma nacional& S3 era admitido em italiano e, muito e9cepcionalmente, em franc?s& Hoart e Iaendel ., respectivamente em iena e Jondres, haviam tido a mesma luta, um s0culo antes, pela implanta;7o do canto em alem7o e in'l?s&  N7o poder1amos, entretanto, dei9ar de mencionar a pioneira contribui;7o de AntBnio Eos0 da Silva, o Eudeu (#%$#K-/, queimado aos K+ anos numa fo'ueira da >nquisi;7o, em Jisboa< duas árias em l1n'ua portu'uesa foram publicadas entre #-. e #-$& Al0m de 1 @s caf0s, refle9o da influ?ncia francesa no 6rasil naquele tempo, e9istiam em 'rande quantidade em Fortalea& Sur'iam,

desde o s0culo =>=, teatros, cinemas, caf0s e os clubes (neste 2ltimo, aconteciam 5o'os, dan;as, concertos, pe;as teatrais, reuniGes pol1ticas/& 8nquanto ainda imperava a 6elle 0poque, havia o consumismo importadoL as elites procuravam acompanhar a moda parisiense e as festas deslumbrantes eram frequentes& Nos ale'res 5antares da oli'arquia, declamavamse versos de autores teatrais em franc?s, o mesmo acontecendo com a m2sica erudita& 8sta realidade cultural estendiase a Fortalea& 2 @ alem7o Meor' Friedrich Indel foi naturaliado cidad7o brit4nico em #.*&

3

Eudeu, destacase tamb0m o le'ado de Caldas 6arbosa (#K)#)%%/< a obra dele O0 a que mais se apro9ima do que depois se chamaria m2sica popular brasileiraP (S88>AN@, .%%-, p&#K/& Naturalmente, houve compositores que os precederam, como o baiano Mre'3rio de Hatos Muerra, o 6oca do >nferno (#*KK#*-*/, o padre Jouren;o ibeiro (#*+)#.+/, al0m de compositores anBnimos (S88>AN@, .%%-, p&#K/& ma das 'randes conquistas de Alberto Nepomuceno foi a apresenta;7o de solistas  brasileiros interpretando suas obras em portu'u?s num concerto em %+ de a'osto de #)-$, no >nstituto Nacional de H2sica, no io de Eaneiro& Foi uma atitude intr0pida, 5á que a l1n'ua portu'uesa era ainda considerada inadequada para o bel canto& A pol?mica tomou conta da imprensa e a rea;7o veio imediatamente do cr1tico de arte @scar Muanabarino< O8ntre outras observa;Ges irBnicas, diia que o maestro era Oadversário da m2sica italianaP, Omuito pretensiosoP e que Oestava lon'e de ser ori'inalP, 5á que outros compositores haviam feito a mesma coisa& KPP Aos cr1ticos, Alberto Nepomuceno respondia< ON7o tem pátria o  povo que n7o canta na sua l1n'uaP, ditado que se populariou ao lon'o da hist3ria& 8m #-%+, lan;ou o que seria considerada a primeira 3pera verdadeiramente  brasileira, O Garatuja, com0dia l1rica em tr?s atos, inspirada no livro homBnimo de Eos0 de Alencar, para a qual escreveu o libreto em parceria com Ju1s de Castro& Ha9i9e, lundu,  polca e tan'o constavam naquela 3pera, representando um van'uardismo na m2sica erudita  brasileira, 5á que esses '?neros estavam, desde o s0culo anterior, sendo, 'radativamente, incorporados : m2sica brasileira nos salGes e nas salas de concertos, com preconceito vi'ente por parte do p2blico& >nfelimente, a obra ficou inacabada&

M.!&)a /ra!&*e&ra em )ena Alberto Nepomuceno aprendeu m2sica com o pai, o violinista e or'anista 1tor  Au'usto Nepomuceno, ainda crian;a, em Fortalea& A mudan;a da fam1lia para ecife  propiciou a Nepomuceno o desenvolvimento de seu potencial art1stico e o encontro com artistas e intelectuais que incentivavam os movimentos abolicionistas e republicanos, como o 5urista, fil3sofo e escritor Cl3vis 6evilaqua& 8m #))+, tornavase membro da Sociedade  Nova 8mancipadora de ernambuco, abolicionistaL de volta para o Ceará naquele mesmo ano, continua sua participa;7o pol1tica atrav0s de 5ornais& Com a morte do pai, passou a morar no io de Eaneiro e fe seu primeiro concerto, aos .# anos, no Club 6eethoven (onde 3 httpnspirouse na temática popular brasileira e 0 considerado um dos le'1timos precursores do nacionalismo, cu5as obras teriam preponder4ncia no cenário cultural d0cadas posteriores, tornandose um 'rande nome da m2sica erudita brasileira& Has a pr3pria academia dei9a a dese5ar quanto : propa'a;7o do seu le'ado&  Nepomuceno n7o foi o primeiro, mas certamente foi um dos principais compositores da m2sica brasileira, sempre dependente dos avan;os europeusL n7o ne'ou essas influ?ncias e as utiliou, sobretudo, em prol da m2sica brasileira, enaltecendo, inclusive, outros compositores, como aconteceu em #)-*L quando nomeado diretor da @rquestra da Associa;7o de Concertos opulares, diri'iu duas s0ries de concertos e apresentou al'uns autores  brasileiros como Francisco ale, Jeopoldo Hi'ue, Ale9andre Jev^, Francisco 6ra'a, Carlos Momes& amb0m foi 'rande incentivador de Ieitor illaJobos& 8m #-%), foi a ve de levar  Catulo da ai97o Cearense para o >nstituto Nacional de H2sica (um compositor popular e um instrumento Omar'inalP, o viol7o/& 8m #-%+, as editoras ieira Hachado e Horeira de Sá publicaram colet4nea de can;Ges e piano Z todas em portu'u?s  o que consideramos de relev4ncia para a  popularia;7o da obra do compositor& Alberto Nepomuceno nos le'ou mais de .%% obras, al0m da OimortalP Série Brasileira, que nos remete, inclusive emocionalmente, ao patriotismo, 11httpn< Iist3ria da vida privada no 6rasil& >mp0rio< a corte e a modernidade nacional& vol& %.& S7o aulo< Companhia das Jetras, #--& p&##  -+& AY88D@, Jui Correa de& 567 ano! de M.!&)a no 8ra!&* & io de Eaneiro< Eos0 @l^mpio, #-$*& CAAJI@, Eos0 Hurilo de& A )on!trução da ordem & A elite pol1tica imperial& eatro de sombras& A pol1tica imperial& io de Eaneiro< Civilia;7o 6rasileira, .%%K& 8NC>CJ@ÉD>A da M.!&)a 8ra!&*e&ra < popular, erudita e folcl3rica& S7o aulo< Art 8ditora ublifolha, #--)& F8>8, M^lberto& Introdução 1 9&!tr&a da So)&edade Patr&ar)a* no 8ra!&*    Casa Mrande _ Senala& S7o aulo< ecord, #--& IA8` David& A e9peri?ncia do tempo e do espa;o >n Cond&ção P!;Moderna & S7o aulo< 8di;Ges Jo^ola, #--K& I@JANDA, S0r'io 6uarque de& Ra+@, Caio rado& 9&!tr&a E)on=m&)a do 8ra!&* & S7o aulo< 6rasiliense, #-*&  UUUUUU& 8volu;7o ol1tica do 6rasil e outros estudos& S7o aulo< 6rasiliense, #--& HA>Y, asco& 9&!tr&a da m.!&)a no 8ra!&* & io de Eaneiro< Nova Fronteira, .%%%&

10

@J>8>A, Jucia Jippi& Cu*tura ur/ana no R&o de >ane&ro & io de Eaneiro< uma cidade na hist3ria& io de Eaneiro< 8ditora FM, .%%%& @CIA, Haristela e C@SA, Fátima& Mrandes Nomes da H2sica 6rasileira& A*/erto Ne$omu)eno & ro'rama n ), *% min& 89ibido em .$&%)&-#& Eui de Fora< ádio Farol FH, #--#& @CIA, Haristela& A*'orada na !erra < Nepomuceno tra : lu a cultura nacional& Apresenta;7o de pBster na $* euni7o Anual da S6C, realiada de # a .. de 5ulho de .%%$, na niversidade 8stadual do Ceará, Fortalea& S>JA, Eos0 6onifácio de Andrada e& Pro?eto! $ara o 8ra!&* & e9tos reunidos e comentados  por Hiriam Dolhnioff& Mrandes Nomes do ensamento 6rasileiro& S7o aulo< Companhia das Jetras, .%%%& S8C8N@, Nicolau (or'&/& A )a$&ta* &rrad&ante < t0cnica, ritmos e ritos do io >n< Iist3ria da vida privada no 6rasil& ol& %K, pá's $#K a *#-& S7o aulo< Companhia das Jetras, #--)& S88>AN@, Eairo& Uma @&!tr&a da m.!&)a $o$u*ar /ra!&*e&ra & Das ori'ens : modernidade& S7o aulo< ed K+, .%%-& >NI@@, Eos0 amos& 9&!tr&a !o)&a* da m.!&)a $o$u*ar /ra!&*e&ra & S7o aulo 8ditora K+, #--)& ASC@NC8J@S, Ar^& Ra+J8@A& M.!&)a e Na)&ona*&!mo na! !ua! &n!erç2e! rom0nt&)a! a $art&r de A*/erto Ne$omu)eno B5;5FG7H- Dispon1vel online http
View more...

Comments

Copyright ©2017 KUPDF Inc.
SUPPORT KUPDF