Alterações psicológicas no puerpério
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Setor de Psicologia HMDI
Puerpério período de transição que dura aproximadamente 3 meses após o parto e é mais acentuado no primeiro filho. Neste período a mulher se torna mais sensível, muitas vezes confusa, desesperada e ansiosa. O humor varia da euforia a depressão.
A transição do bebê de dentro da barriga para fora pode ser difícil. Muitas vezes, durante a gravidez, o bebê é sentido como parte do corpo da mãe. Após o parto, a mulher pode se sentir vazia, amputada.
Após o nascimento do bebê, a mãe não é mais a fonte de atenção. Antes as pessoas passavam a mão em sua barriga, a elogiavam, se preocupavam com ela, era o centro da atenção e os cuidados dentro de casa, na rua e nas consultas médicas. Porém, após o nascimento, o bebê (Ele...) passa a ser o centro das atenções e a mãe pode se sentir deixada de lado, sozinha e infeliz. A mulher continua a precisar de amparo e proteção, pois a chegada do bebê desperta muitas ansiedades. Tornar-se mãe é deixar de ser não mãe, deixar de ser grávida e ter um corpo gravídico. É um caminho que não há volta e a mulher precisa de um tempo para se adaptar a essa perda e a construção de um novo papel.
Além das condições psíquicas, há também os hormônios que estão em queda livre no puerpério. As reações mais comuns da mulher nesse período são:
Tristeza materna (baby blues) – Ocorre em 70% a 80%
das mulheres. Essa tristeza caracteriza uma fase de adaptação da mãe a essa nova fase da vida. É diferente da depressão pós-parto. A mulher se sente frágil, sensível, hiper emotiva, explodindo em lágrimas por coisas pequenas e sem importância. A mulher sente falta de confiança em si. É muito comum no puerpério e, geralmente, passageiro. Requer muita compreensão e apoio dos familiares.
Depressão pós-parto - É algo que se prolonga. A mãe se sente
incapacitada para atender as necessidades do bebê, por isso, todo o cuidado prestado ao bebê, é uma fonte de angústia, pois ela não se sente capaz de realizar essas tarefas. Pode acarretar em maus-tratos e vontade ou fantasia de jogar o bebê pela janela. A mãe sente tristeza, irritabilidade, sentimentos de solidão. Mostram-se desinteressadas nas conversas e não gostam de oferecer informações sobre os bebês.
Adaptar-se ao novo cenário nem sempre é simples. Ajuda muito se a mulher for cercada de pessoas que a apoiem, que permitam que ela tenha um momento só para ela. O bebê imaginado pode não ser parecido com o bebê real, podendo trazer desapontamento e frustração. Pode haver também tristeza e desânimo pelo desapontamento com o companheiro, por não estar recebendo o apoio desejado ou até mesmo por ter sido desprezada e abandonada ainda na própria gravidez.
É importante lembrar que o bebê precisa sentir amor e carinho, mas que o vínculo entre pais e bebê não nasce pronto e é construído gradualmente. O bebê depende do outro para desenvolver sua vida psíquica. Sem alguém que possa cuidar dele, interpretar suas necessidades, ele não saberá quem é. A forma como o bebê é acolhido em suas necessidades deixará marcas em sua vida.
O bebê é um novo integrante da família. Os pais não sabem o que os choros significam. É através de tentativa e erro, de tempo e de muita paciência, que vão aprendendo a diferenciar um choro do outro e perceber o que o bebê quer. Os primeiros dias podem ser muito frustrantes por ainda não saber o que fazer quando o bebê chora.
O vínculo com o bebê começa muito antes do nascimento. O vínculo começa a se efetivar quando os pais passam a mão na barriga, colocam o ouvido para escutar o bebê, falam com ele e percebem os seus movimentos.
Na hora do parto humanizado – e sem intercorrências -, o bebê será colocado em cima da barriga da mãe após o nascimento para favorecer o vínculo mãe-bebê. Ela irá sentir calor do bebê, confirmar todos os dedinhos, tocá-lo, falar com ele, comparar suas feições com outros membros da família. Após o nascimento, esse vínculo continua sendo possibilitado pelo alojamento conjunto em que mãe e bebê ficam no mesmo quarto, acompanhados pelo pai ou algum outro acompanhante da escolha da mulher.
Este bebê, porém, pode não ser tão parecido quanto aquele que a mulher tanto sonhou e imaginou enquanto ele estava dentro de sua barriga e o amor pode não vir a primeira vista, podendo gerar culpa nos pais. Geralmente, o que a mulher sente após o parto é alívio e não amor. Alívio pelo nascimento do bebê, por ele estar bem e saudável. Já o amor será construído com o tempo. Os pais devem, aos poucos, conhecer o seu bebê. Aproveitar os momentos de cuidados com o bebê, como o banho, a troca de fraldas e a amamentação para tocá-lo e conversar com ele.
O bebê depende muito da mãe e do pai logo após o nascimento, por isso é importante acolhê-lo, sem medo de mimá-lo. O bebê estava acostumado a ficar junto da mãe o tempo todo, no escuro e no quentinho do útero. Tudo agora é muito novo e ele se sente inseguro, por isso é importante esse acolhimento. Com o tempo, essa dependência vai diminuindo, mas é importante se preparar para esse momento, sabendo que toda a rotina da família vai mudar. Quanto mais os familiares participarem desse processo, mais fácil será a adaptação.
Quando o bebê nasce prematuro, essa vinculação pode ser um pouco mais difícil, pois o bebê será separado dos pais para ser cuidado pela equipe de saúde. Apesar de mais difícil, a vinculação deve acontecer. Para facilitála, caso o bebê precise ficar na UTIN/UCIN, os pais tem acesso 24h, podendo ver o bebê, conversar com ele, tocá-lo. Assim que possível, os pais poderão colocar o bebê na posição canguru que propicia o desenvolvimento de laços afetivos e melhora o desenvolvimento do bebê nascido prematuramente. O bebê é mantido na posição vertical, junto ao peito da mãe ou algum outro adulto, propiciando um contato pele a pele.
Aumenta o vínculo mãe-bebê, reduzindo o tempo de separação entre ambos.
Melhora a qualidade do desenvolvimento neurocomportamental e psico-afetivo do RN.
Permite um contato térmico adequado – a temperatura ideal e natural para o bebê.
Reduz o estresse e a dor dos RN de baixo-peso.
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