Álgebra linear

September 16, 2017 | Author: Cota Maria | Category: Matrix (Mathematics), System Of Linear Equations, Equations, Algebra, Mathematical Objects
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Tópicos clássicos para um primeiro curso de álgebra linear....

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Paulo Almeida Enide Andrade Martins Soa Pinheiro Maria Raquel Pinto Rosália Rodrigues Rita Simões

Apontamentos de Álgebra Linear

Departamento de Matemáti a Universidade de Aveiro Janeiro de 2012

Conteúdo 1 Matrizes. Noções gerais

2

1.1

Denição. Algumas matrizes espe iais

. . . . . . . . . . . . . . .

3

1.2

Operações om matrizes e suas propriedades . . . . . . . . . . . .

5

1.2.1

Adição de matrizes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

5

1.2.2

Multipli ação por um es alar

7

1.2.3

Multipli ação de matrizes . . . . . . . . . . . . . . . . . .

9

1.2.4

Transposta de uma matriz . . . . . . . . . . . . . . . . . .

12

. . . . . . . . . . . . . . . .

2 Sistemas de equações lineares

16

2.1

Sistemas e matrizes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

17

2.2

Método de eliminação de Gauss . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

21

2.3

Dis ussão de sistemas

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

28

2.4

Sistemas homogéneos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

31

3 Matrizes invertíveis. Determinantes 3.1

3.2

35

Matrizes invertíveis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

36

3.1.1

Propriedades da inversa

. . . . . . . . . . . . . . . . . . .

37

3.1.2

Algoritmo de inversão

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

39

Determinantes. Con eitos gerais . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

42

3.2.1

Propriedades do determinante . . . . . . . . . . . . . . . .

46

3.2.2

Teorema de Lapla e

49

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

3.3

Condições de invertibilidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

52

3.4

Cál ulo da inversa a partir da matriz adjunta . . . . . . . . . . .

55

3.5

Sistemas de Cramer

57

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

4 Espaços ve toriais sobre um orpo

60

4.1

Denição e propriedades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

4.2

Subespaços ve toriais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

61 66

4.3

Combinação linear de ve tores

. . . . . . . . . . . . . . . . . . .

69

4.4

Independên ia e dependên ia linear . . . . . . . . . . . . . . . . .

71

4.5

Subespaço gerado por ve tores

. . . . . . . . . . . . . . . . . . .

78

4.6

Sistema de geradores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

80

4.7

Base e dimensão

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

81

4.8

Coordenadas de um ve tor relativamente a uma base . . . . . . .

90

CONTEÚDO 4.9

ii

Interse ção, reunião e soma de subespaços . . . . . . . . . . . . .

4.10 Teorema das dimensões

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

4.11 Subespaço omplementar

97

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 103

5 Apli ações lineares 5.1

92

106

Denição e propriedades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 107 5.1.1

Classi ação de apli ações lineares . . . . . . . . . . . . . 111

5.1.2

Propriedades das apli ações lineares

. . . . . . . . . . . . 112

5.2

Imagem e imagem re ípro a . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 116

5.3

Nú leo e imagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 118

5.4

Isomorsmos

5.5

Matriz de uma apli ação linear

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 126 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 128

L(E, E ′ )

e

Mp×n (K)

5.5.1

Isomorsmo entre

5.5.2

Matrizes invertíveis e isomorsmos . . . . . . . . . . . . . 134

. . . . . . . . . . 134

5.6

Matriz de mudança de base

5.7

Relação entre matrizes de uma mesma apli ação linear . . . . . . 137

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 135

6 Valores e ve tores próprios

142

6.1

Valores e ve tores próprios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 143

6.2

Endomorsmos diagonalizáveis

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 151

7 Produto interno

163

7.1

Denição e exemplos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 164

7.2

Norma de um ve tor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 166

7.3

Ângulo entre ve tores

7.4

Ve tores ortogonais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 173

7.5

Sistema ortogonal e sistema ortonormado

7.6

Base ortogonal e base ortonormada . . . . . . . . . . . . . . . . . 175 7.6.1

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 169 . . . . . . . . . . . . . 174

Método de ortonormalização de Gram-S hmidt . . . . . . 176

7.7

Matriz da métri a

7.8

Complemento ortogonal e proje ções ortogonais . . . . . . . . . . 182

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 179

7.9

Subespaço ortogonal de um subespaço ve torial . . . . . . . . . . 184

7.10 Distân ia entre ve tores

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 186

1. Matrizes. Noções gerais

1.1 Denição. Algumas matrizes espe iais

3

1.1 Denição. Algumas matrizes espe iais Suponha-se que se está a trabalhar em estruturas algébri as onhe idas, omo por exemplo, Considere

K

C, R

Q

ou

om as operações usuais de adição e de multipli ação.

um desses onjuntos. Aos elementos de

Denição 1.1.

Uma

K

hamam-se es alares.

matriz do tipo (ou de tamanho) p × q sobre K é uma

tabela de dupla entrada om

p

q

linhas e

olunas ujas entradas perten em a

K.

Em termos de notação representam-se matrizes por letras maiús ulas e usa-se a tabela de números dentro de parênteses re tos omo indi ado a seguir:



Os es alares

aij , A.

elementos ) de

om

a11  a21  A= .  .. ap1

i

e na oluna

j

Exemplo 1.2.

aij

om

(ou entrada Seja

A

···

ap2 e

j ∈ {1, . . . , q}

dizem-se entradas (ou

i ∈ {1, . . . , p}

e

j ∈ {1, . . . , q}.

representa a entrada da matriz

A que se en ontra na linha (i, j).

e é usual referir omo sendo a entrada (ou o elemento)

A matriz



3 × 2 pois (3, 1)) é 6.

é uma matriz do tipo

a31

. . .

Em termos gerais, também se es reve

  A = aij ,

O termo genéri o

. . .

i ∈ {1, . . . , p}

 a1q a2q   . . .  . apq

··· ···

a12 a22

uma matriz do tipo

quadrada de ordem

p.

 1 4 A =  2 9 6 5

é omposta por

p × q.

Quando

3

linhas e

p=q

2

olunas. A entrada

diz-se que

A

é uma matriz

Quando se tem uma matriz om uma só oluna (linha)

hama-se matriz oluna (matriz linha ).

Exemplo 1.3.

Considere as matrizes

A= A matriz

A



 2 3 , 3 1

B=

é quadrada de ordem

  2 3

2, B

e

  C= 2 3 .

é uma matriz oluna e

C

é uma matriz

linha.

  A = aij , om i, j ∈ {1, . . . , p}, uma matriz quadrada. As entradas aij

om i = j , isto é, as entradas da forma aii , formam a diagonal prin ipal de A. Os elementos aij e aji , om i 6= j , estão dispostos simetri amente em relação à Seja

diagonal prin ipal, e por isso dizem-se opostos.

1.1 Denição. Algumas matrizes espe iais Exemplo 1.4.

Considere a matriz



2 A=0 2

Chama-se

 0 4  0

3 1 5 2, 1

Os elementos da diagonal prin ipal são As entradas mar adas por

Denição 1.5.

4

0

e

e estão assinalados por

matriz diagonal a uma matriz quadrada em que os

elementos que não são da diagonal prin ipal são iguais a zero, ou seja, para

.

são um exemplo de elementos opostos.

aij = 0

i 6= j .

Exemplo 1.6.

A matriz



A= é uma matriz diagonal.

Denição 1.7.

2 0 0 1



matriz es alar a

Chama-se

uma matriz diagonal em que os

elementos da diagonal prin ipal são todos iguais entre si.

Exemplo 1.8.

As matrizes

A=



2 0 0 2





 −3 0 0 B =  0 −3 0  0 0 −3

e

são matrizes es alares.

Um aso espe ial de uma matriz es alar é a matriz em que todos os elementos da diagonal prin ipal são iguais a

1.

Assim, a matriz identidade de ordem

Essa matriz hama-se matriz identidade.

n,

representa-se por



··· ···

1 0 0 1  In =  . .  .. .. 0 0

..

.

···

In ,

e é a matriz

 0 0  . . . . 1

Se a sua ordem for depreendida do ontexto, representa-se simplesmente por

I.

Observe-se que

  In = δij ,

sendo

δij =

A matriz nula do tipo

p×q



δij

o símbolo de Krone ker, ou seja,

1 0

se se

i=j . i 6= j

é uma matriz em que todas as suas entradas

são iguais a zero e representa-se por

0p×q .

Por vezes representa-se apenas por

(zero), quando no ontexto está subentendido o tipo da matriz.

0

1.2 Operações om matrizes e suas propriedades Denição 1.9.

Uma matriz quadrada diz-se matriz

aij = 0

i > j,

quando

5

triangular superior

nulos. Analogamente, uma matriz quadrada diz-se matriz se

aij = 0

quando

se

isto é, os elementos abaixo da diagonal prin ipal são

i < j,

triangular inferior

isto é, os elementos a ima da diagonal prin ipal são

nulos.

Exemplo 1.10.

A matriz

A

Sejam

 3 A = 0 0

4 2 0

1 2



0 1

−2 B= 7 −4

e

é triangular superior e

Denição 1.11.



B

0 0 3 2

 0 0 . −1

é uma matriz triangular inferior.

    A = aij e B = bij do tipo p × q i ∈ {1, . . . , p} e j ∈ {1, . . . , q}.

Duas matrizes

iguais se aij = bij , para todo

dizem-se

1.2 Operações om matrizes e suas propriedades 1.2.1 Adição de matrizes Seja

Mp×q (K)

o onjunto das matrizes do tipo

p×q

om elementos em

K.

A adição de matrizes é uma apli ação denida no produto artesiano

Mp×q (K) × Mp×q (K)1 que, a ada par de matrizes de

Mp×q (K)

(A, B),

geralmente denotada por

operação interna em

Mp×q (K).

faz orresponder uma e uma só matriz

A + B.

Também se diz que esta é uma

Em termos de representação das entradas da

matriz que resulta da adição de duas matrizes quaisquer apresenta-se a seguinte denição.

Denição 1.12.

matriz soma

    A, B ∈ Mp×q (K) tais que A = aij , B = bij . a matriz de Mp×q (K) denida por:   A + B = cij ,

Sejam

A+B

é

om cij = aij +bij , para todo i ∈ {1, . . . , p} e   simplesmente A + B = aij + bij .

Exemplo 1.13.

Sejam

A= Tem-se que



1 4

−2 3 5 0



e

j ∈ {1, . . . , q}. Por vezes es reve-se

B=





6 −1 7 8

2 9



.

   1 + 6 −2 + (−1) 3 + 2 7 −3 5 A+B = = . 4+7 5+8 0+9 11 13 9

1M

p×q (K)

A

× Mp×q (K) = {(A, B) : A, B ∈ Mp×q (K)}

1.2 Operações om matrizes e suas propriedades

6

Propriedades da adição de matrizes Apresentam-se agora algumas propriedades da adição de matrizes. Ir-se-á provar algumas destas propriedades e as restantes demonstrações são deixadas omo exer í io. Sejam

A, B, C ∈ Mp×q (K)

matrizes quaisquer.

• Comutatividade: A + B = B + A. Demonstração. Sejam

j ∈ {1, . . . , q}.

A =

Tem-se:

  A + B = aij + bij   = bij + aij



aij



e

B =



bij



, om

i ∈ {1, . . . , p}

e

por denição de adição de matrizes pela omutatividade em

K

=B+A

• Asso iatividade: (A + B) + C = A + (B + C). Demonstração. Sejam

      A = aij , B = bij e C = cij , om i ∈ {1, . . . , p}

j ∈ {1, . . . , q}. Tem-se:     (A + B) + C = aij + bij + cij   = (aij + bij ) + cij   = aij + (bij + cij )     = aij + bij + cij       = aij + bij + cij e

por denição de adição de matrizes por denição de adição de matrizes pela asso iatividade em

K

por denição de adição de matrizes por denição de adição de matrizes

= A + (B + C).

• Existên ia de elemento neutro: 0p×q + A = A.

• Existên ia simétri o: A + (−A) = 0p×q ,    de elemento  A = aij então −A = −aij .

onde, sendo

As demonstrações da existên ia do elemento neutro e simétri o  am omo

exer í io. Uma vez que são válidas estas quatro propriedades, diz-se que

Mp×q (K)

munido da adição de matrizes é um grupo abeliano (ou omutativo).

Observação 1.14. A + (−B)

por

Dadas duas matrizes

A − B.

A, B ∈ Mp×q (K),

denota-se a matriz

1.2 Operações om matrizes e suas propriedades Exer í io 1.15.

Considere as matrizes



Cal ule

7

 −4 9 10 A =  5 −5 0  9 1 1



 −4 −1 −3 1 5 . B= 9 2 0 −1

e

A − B.

1.2.2 Multipli ação por um es alar Pode também denir-se uma operação externa entre o onjunto das matrizes e o onjunto

K.

A multipli ação por um es alar é uma apli ação denida no

K × Mp×q (K) que a ada par (α, A) faz orresponder uma e Mp×q (K) geralmente denotada por αA.   Denição 1.16. Seja A ∈ Mp×q (K) tal que A = aij e seja α ∈ K um es alar. A matriz αA é a matriz do tipo p × q que se obtém de A multipli ando todas as entradas de A pelo es alar α, ou seja:   αA = cij , produto artesiano

uma só matriz de

om

cij = αaij ,

para todo

Exemplo 1.17.

Seja

i ∈ {1, . . . , p}

A=



2 1 3 1



Cal ule

A=



2A − 3B ,  4 5 −1 0

j ∈ {1, . . . , q}.

, então

2A =

Exer í io 1.18.

e



4 2 6 2



.

sabendo que e

B=



−1 2 3 1



.

Propriedades da multipli ação por um es alar Sejam quer.

α, β

es alares quaisquer de

K

e sejam

A, B ∈ Mp×q (K)

matrizes quais-

• Distributividade da multipli ação por um es alar em relação à adição de matrizes: α(A + B) = αA + αB .

1.2 Operações om matrizes e suas propriedades Demonstração. Represente-se

j ∈ {1, . . . , q}.

Tem-se que:

  α(A + B) = α aij + bij   = α(aij + bij )   = αaij + αbij

  = αaij + αbij     = α aij + α bij 



  A = aij

e

8

  B = bij ,

om

i ∈ {1, . . . , p}

e

por denição de adição de matrizes por denição de multipli ação por um es alar pela distributividade da multipli ação em relação à adição em

K

por denição de adição de matrizes por denição de multipli ação por um es alar

= αA + αB.

• Distributividade da multipli ação por uma matriz em relação à adição de es alares: (α + β)A = αA + βA. Demonstração. Represente-se A Tem-se que:

  (α + β)A = (α + β) aij   = (α + β)aij   = αaij + βaij

  = αaij + βaij     = α aij + β aij 



  = aij , om i ∈ {1, . . . , p} e j ∈ {1, . . . , q}.

por denição de multipli ação por um es alar pela distributividade da multipli ação em relação à adição em

K

pela denição de adição de matrizes por denição de multipli ação por um es alar

= αA + βA

• Asso iatividade mista: α(βA) = (αβ)A.

• Existên ia de Elemento Neutro: 1K A = A, onde 1K é o elemento neutro da multipli ação em K (note-se que em R, Q ou C, 1K é 1). As demonstrações das Propriedades 3 e 4  am omo exer í io.

Exer í io 1.19.

1 × 3 tais   e B = 2 −3 −1 .   1 A+B . 5(A + B) + 2 2

Considere as matrizes



2A = 2 3

 4

Cal ule, apli ando as propriedades,

A

e

B

do tipo

que:

Prova-se também que é válida um tipo de lei do anulamento na multipli ação de uma matriz por um es alar.

1.2 Operações om matrizes e suas propriedades Teorema 1.20.

Sejam

A ∈ Mp×q (K)

αA = 0p×q onde

0K

e

α ∈ K.

Então

α = 0K

se e só se

9

é o elemento neutro da adição usual em

ou

K

A = 0p×q , (ou seja, em

R, Q

ou

C

é

0). Demonstração. Seja Então



αA = 0p×q

  A = aij ,

om

é equivalente a

 αaij = 0p×q

i ∈ {1, . . . , p}

e

j ∈ {1, . . . , q}. por denição de multipli ação es alar

⇔αaij = 0, ∀i ∈ {1, . . . , p}, j ∈ {1, . . . , q}

por denição de

⇔α = 0K ∨ aij = 0, ∀i ∈ {1, . . . , p}, j ∈ {1, . . . , q}

pela lei do anulamento

igualdade de matrizes





do produto em

K

⇔α = 0K ∨ A = aij = 0p×q

1.2.3 Multipli ação de matrizes Dadas duas matrizes

A

e

B,

a multipli ação

A×B

só é possível se o número de

olunas da primeira matriz oin ide om o número de linhas da segunda matriz. A matrizes que satisfazem esta relação hamam-se matrizes en adeadas. Assim,

B , se queremos efe tuar a multipli ação A × B e se p × q então B tem de ser uma matriz do tipo q × m. Nesse aso a matriz resultante, que se representa por AB , é uma matriz do tipo p × m. Esquemati amente

dadas duas matrizes

A

A

e

é uma matriz do tipo

A × |{z} B = |{z} AB . |{z} p×q

Sejam que

AB

A

uma matriz do tipo

q×m

p×q

está denido. Relativamente a

• BA

p×m

B uma matriz do tipo q × m. Note-se BA, três hipóteses poderão o orrer:

e

poderá não estar denido; isso a onte e se

m 6= p;

• BA está denido (isto é, p = m) e BA será uma matriz do tipo q × q e AB será uma matriz do tipo m × m; e neste aso podem surgir duas situações:





se q 6= m, AB AB 6= BA; se

q = m, AB

e

e

BA

BA

são de tipos diferentes e, onsequentemente,

são do mesmo tipo mas poderão ser diferentes.

1.2 Operações om matrizes e suas propriedades Exemplo 1.21. C

10

A uma matriz do tipo 2 × 3, B uma matriz do 3 × 2 e D e E matrizes do tipo 2 × 2. Então:

Sejam

uma matriz do tipo

• AB

é do tipo

2×4

e

BA

não está denida;

• AC

é do tipo

2×2

e

CA

é do tipo

• DE

é do tipo

2×2

e

ED

é do tipo

tipo

3 × 4,

3 × 3; 2 × 2.

Veja-se então omo se multipli am matrizes. Considere-se primeiro o aso parti ular do produto de uma matriz linha por uma matriz oluna.

Denição 1.22.

Sejam

A =

Observe-se que se então

AB

a1

···

a2

ap



e

Então o

A pela matriz oluna B é:   AB = a1 b1 + a2 b2 + · · · + ap bp .

produto da matriz linha

p × 1,



 b1  b2    B =  . .  ..  bp 

A

é uma matriz do tipo

é uma matriz do tipo

1 × 1.

1×p

e

B

é uma matriz do tipo



 5 Exemplo 1.23. Sejam A = 1 0 −2 e B =  3 . Então 4     AB = 1 × 5 + 0 × 3 + (−2) × 4 = −3 . 



Agora dene-se o produto entre duas matrizes en adeadas quaisquer tendo

por base a denição do aso parti ular anterior.

Denição 1.24. O

Sejam

A

e

B

matrizes do tipo

se obtém onsiderando para elemento

A

p×q

e

q × m,

respe tivamente.

produto de A por B , que se representa por AB , é a matriz do tipo p×m que pela oluna

j

da matriz

(i, j)

a multipli ação da linha

i

da matriz

B.

Formalmente tem-se que, para

  A = aik

  B = bkj , om i ∈ {1, . . . , p}, A por B é a matriz AB do tipo

e

k ∈ {1, . . . , q} e j ∈ {1, . . . , m}, o produto de p × m denida por:   AB = cij , om i ∈ {1, . . . , p}

e

j ∈ {1, . . . , m}

onde

cij = ai1 b1j + ai2 b2j + · · · + aiq bqj =

q X

k=1

aik bkj .

1.2 Operações om matrizes e suas propriedades

11

Esquemati amente



  ai1  

···

ai2

A

Exemplo 1.25.

Sejam



bqj {z B

2  A= 0 1

 3 −1  4

e

B=





. . .

     =   · · ·  } |

. . .







b1j b2j

  aiq    }|

{z

|



      

. . .

···

cij {z

}

AB

5 0 −1 2



. Então

  2 × 5 + 3 × (−1) 2×0+3×2 7 AB =  0 × 5 + (−1) × (−1) 0 × 0 + (−1) × 2  =  1 1 × 5 + 4 × (−1) 1×0+4×2 1

Exer í io 1.26.

Cal ule, se possível, o produto

A=



−1 4

5 7 0 2



e

AB , 

 6 −2  . 8

sabendo que

 3 0 B =  −1 2  . 1 4

Observe-se que dada uma matriz A do tipo p×q , om p 6= q , não está denido A2 = AA. Fa ilmente se on lui que só se pode denir potên ia de

o produto

uma matriz para matrizes quadradas. De uma forma geral, se A é uma matriz k quadrada de ordem n, A , om k ≥ 1, representa a matriz quadrada de ordem

n

denida por:

Ak = AA · · · A} . | {z k fa tores

Por onvenção,

0

A = In .

A2 = 0p×p e, no entanto, A 6= 0p×p .   0 1 , tem-se que matriz A = 0 0   0 0 A2 = = 02×2 . 0 0

Observe-se que pode ter-se

Exemplo 1.27.

Dada a

Pode então on luir-se que não é válida a lei do anulamento do produto no

onjunto

Mn×n (K).

Exer í io 1.28.

Sejam

A=



1 0 1 0



e

B=



0 1

0 1



. Cal ule

AB .

1.2 Operações om matrizes e suas propriedades

12

Propriedades da multipli ação de matrizes Sejam

α

um es alar e

A, B, C

matrizes quaisquer om tamanhos adequados.

• Existên ia de elemento neutro: e AIq = A;

A for do tipo p × q , então Ip A = A

Se

• Asso iatividade: A(BC) = (AB)C ;

• Asso iatividade mista: α(AB) = (αA)B = A(αB);

• Distributividade da multipli ação em relação à adição: A(B + C) = AB + AC e (A + B)C = AC + BC . As demonstrações das propriedades enun iadas  am omo exer í io.

Observação 1.29.

Re orde-se que a multipli ação de matrizes não é omutativa

e, onsequentemente, multipli ar à direita ou à esquerda por uma matriz (não nula) não é a mesma oisa!

Exemplo 1.30.

Considere as matrizes



1 A= 3

 2 4

e

0 B= 1

 2 4

 1 3

e

BA =

Então

AB =





 1 . 0 3 1

 4 . 2

1.2.4 Transposta de uma matriz   A = aij

uma matriz do tipo p × q . Chama-se transposta da matriz A, e representa-se por AT , à matriz do tipo q × p tal que

Denição 1.31.

om

a′ji = aij ,

Seja

para todo

j ∈ {1, . . . , q}

Assim, se

então

  AT = a′ji .



a11 a21  A= .  .. ap1 

a11 a12  AT =  .  .. a1q

Ou seja, as linhas da matriz

AT

e

a12 a22 . . .

i ∈ {1, . . . , p}.

..

ap2 a21 a22 . . .

a2q

 a1q a2q   . , .  . apq

··· ··· .

··· ··· ··· ..

.

···

 ap1 ap2   . . .  . apq

são as olunas da matriz

A.

1.2 Operações om matrizes e suas propriedades Exemplo 1.32.

Seja

A=

 2 5

3 4 6 7



. A transposta de

 2 AT = 3 4

13

A

é a seguinte matriz:

 5 6 . 7

Propriedades da transposta de uma matriz Seja

α um es alar e sejam A, B

matrizes quaisquer om os tamanhos adequados.

• Transposta da transposta: 

AT 

T

= A.

Demonstração. Seja A = aij , om i   T = a′ji , om a′ji = Por denição, A

i ∈ {1, . . . , p}.

Assim,

AT a′′ij = a′ji = aij ,

onde

 T T

A

T

 T   = a′ji = a′′ij

para todo

= A.

∈ {1, . . . , p} e j ∈ {1, . . . , q}. aij , para todo j ∈ {1, . . . , q} e

i ∈ {1, . . . , p}

e

j ∈ {1, . . . , q}.

Logo

• Transposta do produto de uma matriz por um es alar: (αA)T = αAT .   Demonstração. Seja A = aij , om i ∈ {1, . . . , p} e j ∈ {1, . . . , q}. Ora,   ′ T ′ sendo A = aji , om aji = aij , para todo j ∈ {1, . . . , q} e i ∈ {1, . . . , p}, então

   T   (αA)T = αaij = αa′ji = α a′ji = αAT .

• Transposta da soma de duas matrizes: (A + B)T = AT + B T .     Demonstração. Sejam A = aij e B = bij , om i ∈ {1, . . . , p} e   j ∈ {1, . . . , q}. Por denição de adição de matrizes, A + B = cij , om cij = aij + bij , para todo i ∈ {1, . . . , p} e j ∈ {1, . . . , q}. Assim,   (A + B)T = c′ji c′ji = cij ,

j ∈ {1, . . . , q} e i ∈ {1, . . . , p}.     T Por outro lado, omo A = a′ji , om a′ji = aij , e B T = b′ji , om         b′ji = bij , vem que AT + B T = a′ji + b′ji = a′ji + b′ji = dji , onde a entrada (j, i) é

om

para todo

dji = a′ji + b′ji = aij + bij = cij = c′ji .

E, portanto,

AT + B T = (A + B)T .

1.2 Operações om matrizes e suas propriedades

14

• Transposta do produto de duas matrizes: (AB)T = B T AT .     A = aik e B = bkj , j ∈ {1, . . . , m}. Tem-se que

Demonstração. Sejam

k ∈ {1, . . . , q}

e





AB = cij , para ada

i ∈ {1, . . . , p}

ail blj

l=1

e

    AT = a′ki , om a′ki = aik , e B T = b′jk , om b′jk = bkj , i ∈ {1, . . . , p}, k ∈ {1, . . . , q} e j ∈ {1, . . . , m}. Assim,   B T AT = dji , onde a entrada (j, i) é dji =

q X

b′jl a′li

=

T

T

T

(AB) = B A

Denição 1.33.

q X

blj ail =

q X

ail blj = cij = c′ji .

l=1

l=1

l=1

Logo

cij =

q X

i ∈ {1, . . . , p},

j ∈ {1, . . . , m}. Assim   (AB)T = c′ji , onde c′ji = cij .

Por outro lado, para todo

onde

om

.

Uma matriz

A

diz-se

simétri a se A = AT . A seja uma matriz A de ordem p é simétri a se existir

Observe-se que esta denição obriga a que a matriz quadrada. Além disso, uma matriz quadrada

simetria relativamente à diagonal prin ipal, isto é, se é da forma

  A = aij ,

Exemplo 1.34.

A matriz

Denição 1.35.



om

aij = aji , ∀i, j ∈ {1, . . . , p}.

1 2 2 3

Uma matriz

A



é simétri a.

diz-se

Assim, a denição obriga a que

anti-simétri a se AT

= −A.

A, para ser anti-simétri a, seja quadrada e os

elementos da sua diagonal prin ipal sejam todos nulos. Além disso, em posições opostas em relação à diagonal prin ipal, estão elementos simétri os entre si.

Exemplo 1.36.

A matriz

Exer í ios 1.37. a)

A + AT



0  −3 −4

1. Seja

A

é simétri a;

 3 4 0 1  −1 0

é anti-simétri a.

uma matriz quadrada. Prove que:

1.2 Operações om matrizes e suas propriedades b)

A − AT

15

é anti-simétri a.

2. Mostre que qualquer matriz quadrada se pode de ompor na soma de uma matriz simétri a om uma matriz anti-simétri a. 3. Em ada aso, prove que a armação é verdadeira ou apresente um ontra-exemplo mostrando que é falsa. Sejam

A, B

e

C

matrizes de tamanhos

adequados. a) Se

A+B =A+C

b) Se

A + B = 0,

) Se a entrada

−7.

d) Se

A = −A,

então

(2, 3) então

e) Para toda a matriz f ) A igualdade

B

então

e

C

são do mesmo tipo.

A

é

B = 0.

da matriz

7,

então a entrada

A

e

(3, 2)

de

AT

é

A = 0. A,

as matrizes

2

2

(A+B) = A +2AB+B

2

AT

têm a mesma diagonal.

é sempre válida para quaisquer

matrizes. g) Se

A2 = A

então

A=0

ou

A = I.

A ∈ Mp×q (K) e B, C ∈ Mq×m (K) matrizes quaisquer. Apli ando as propriedades das operações entre matrizes, mostre, de duas formas dis-

4. Sejam

tintas, que

T

(A(B + C)) = B T AT + C T AT .

2. Sistemas de equações lineares

2.1 Sistemas e matrizes

17

2.1 Sistemas e matrizes Nesta se ção apresentam-se algumas denições e nomen latura bási as asso iadas aos sistemas de equações lineares e a sua relação om as matrizes.

Denição 2.1.

Uma equação da forma

a1 x1 + a2 x2 + · · · + an xn = b,

(2.1)

equação linear

oe iente

ai ∈ K, para ada i ∈ {1, . . . , n} e b ∈ K, é hamada uma nas in ógnitas (ou indeterminadas) x1 , . . . , xn . A ada ai hama-se

onde

da equação e ao

b

hama-se

termo independente da equação.

Exemplo 2.2.

A equação −x1 + 4x2 − 7x3 = 11 é uma equação linear nas x1 , x2 e x3 de oe ientes −1, 4 e −7 e termo independente 11. equação 4x1 − 5x2 = x1 x3 não é uma equação linear.

in ógnitas A

Re ordando o produto de uma matriz linha por uma matriz oluna, note-se que a equação (2.1) pode ser representada matri ialmente por



Denição 2.3.



s1

s2

···

a1

a2

Diz-se que o T sn , é

···

 x1    x2    an  .  = b .  ..  xn 

n−uplo (s1 , s2 , . . . , sn ),

solução da equação



(2.1) (ou de (2.2)) se

a1

a2

···



 s1    s2    an  .  = b  ..  sn

Ao onjunto de todas as soluções de (2.1) hama-se

Exemplo 2.4.

onjunto solução de (2.1).

3x1 −x2 +4x3 = 5. Esta pode representar-se       x1 3 −1 4 x2  = 5 . x3

Considere a equação

matri ialmente omo

dada é

ou de forma equivalente,

a1 s1 + a2 s2 + · · · + an sn = b

ou

Como

(2.2)

3x1 − x2 + 4x3 = 5 ⇔ x2 = 3x1 + 4x3 − 5,

o onjunto solução da equação

S = {(x1 , 3x1 + 4x3 − 5, x3 ) : x1 , x3 ∈ R}. Algumas soluções são, por exemplo,

(0, −5, 0), (1, −2, 0)

e

(0, −1, 1).

2.1 Sistemas e matrizes

18

A uma  ole ção de um número nito de equações lineares hama-se sistema de equações lineares. Em seguida apresenta-se a denição formal:

Denição 2.5.

m, n ∈ N,

m

À onjunção de

hama-se

por

equações lineares em

sistema de equações lineares  a11 x1     a21 x1    

am1 x1

+···+ +···+

n

in ógnitas, om

e pode ser representado

a1n xn = b1 a2n xn = b2

(2.3)

. . .

+ · · · + amn xn = bm

oe ientes termos independentes do

aij ∈ K, om i ∈ {1, . . . , m} e j ∈ {1, . . . , n}, são hamados do sistema, os bi ∈ K, om i ∈ {1, . . . , m}, são os

onde

sistema e Se

x1 , . . . , xn

são as in ógnitas do sistema.

bi = 0, para todo i ∈ {1, . . . , m}, então diz-se que o sistema é homogéneo ; bi 6= 0, para algum i ∈ {1, . . . , m} então o sistema diz-se

aso ontrário, isto é, se

ompleto.

Exemplo 2.6. (S1 )

Considere os seguintes sistemas lineares

  2 x1 + 3 x2 + 4 x3 = 1 

e

−1 x1 + 5 x2 + 0 x3 = 2

(S2 )

  1 x1 − 2 x2 = 0 

.

−1 x1 + 3 x2 = 0

O sistema (S1 ) é um sistema ompleto om 2 equações e 3 in ógnitas e (S2 ) é um sistema homogéneo om 2 equações e 2 in ógnitas. Em ambos os sistemas os termos independentes estão mar ados por

e os oe ientes por

.

Atendendo à denição de solução de uma equação linear pode denir-se solução de um sistema de equações lineares.

solução

Denição 2.7.

O n−uplo (s1 , s2 , . . . , sn ) é do sistema de equações lineares na forma (2.3) se for solução de todas as equações que onstituem esse

sistema. Ao onjunto de todas as soluções de (2.3) hama-se

onjunto solução

desse sistema.

Exemplo  2.8. −2, 0, 45

Considere o sistema linear (S1 ) do exemplo anterior, o terno é uma solução desse sistema; de fa to,



2 × (−2) + 3 × 0 + 4 × 54 = 1 . −1 × (−2) + 5 × 0 + 0 × 45 = 2

Para a determinação do onjunto solução de um sistema, podem apli ar-se diversos métodos que permitem obter um sistema equivalente mais simples.

Denição 2.9. solução.

Dois sistemas são

equivalentes se tiverem o mesmo onjunto

2.1 Sistemas e matrizes

19

Um dos métodos para determinar o onjunto solução de um sistema onsiste em apli ar determinadas operações sobre as equações do sistema. Essas operações são hamadas operações elementares sobre equações. Represente-se por

om

i ∈ {1, . . . , m},

a

i-ésima

ei ,

equação de um sistema de equações lineares na

forma (2.3). As operações elementares sobre equações são: I. tro ar duas equações (representa-se por

ei ↔ ej );

II. multipli ar uma equação por um es alar não nulo ′ (representa-se por ei := αei , om α 6= 0); III. adi ionar a uma equação outra multipli ada por um es alar ′ (representa-se por ei := ei + βej , om β ∈ K e i 6= j ).

Exer í io 2.10. nas equações

Mostre que se se efe tuar operações elementares sobre equações

e1 , . . . , en

de um sistema de equações lineares obtém-se um sistema

equivalente. Veja-se um exemplo:

Exemplo 2.11.

Dado o sistema

tares a ima des ritas, obtém-se:



x+y =1 x−y =2

⇔ |{z}

e′2 :=e2 +e1

⇔ |{z}

e′1 :=e1 −e2

O onjunto solução é



1 3 2, −2





x+y =1 x−y =2



x+y =1 2x = 3



y = 1− x = 23

3 2

, efe tuando operações elemen-

⇔ |{z}

e′2 := 21 e2



x+y =1 x = 32

= − 21

.

Atendendo ao número de soluções que um sistema de equações lineares admite, este pode ser lassi ado da seguinte forma:

• impossível: quando • possível:

não tem solução;

quando admite uma ou mais soluções; neste aso pode dizer-se

que é: -

possível e determinado: quando tem apenas uma úni a solução; possível e indeterminado: quando tem uma innidade de soluções; neste aso atribui-se ainda um grau de indeterminação ao sistema que é o número de variáveis livres do sistema.

2.1 Sistemas e matrizes

20

Vejam-se alguns exemplos.

Exemplos 2.12.

1. O sistema do Exemplo 2.11 é possível e determinado.

2. O sistema



x1 − x2 + x3 = 1 −x1 + 2x2 − x3 = 2

⇔ |{z}

e′2 :=e2 +e1

⇔ |{z}

e′1 :=e1 +e2





x1 − x2 + x3 = 1 x2 = 3 x1 + x3 = 4 x2 = 3

{(4 − x3 , 3, x3 ) : x3 ∈ R}. Logo trata-se de um sistema possível e indeterminado, om grau de indeterminação igual

tem o seguinte onjunto solução a

1

(neste aso, a úni a variável livre é

x3 ).

3. O sistema



x1 − 2x2 = −1 −x1 + 2x2 = 3

⇔ |{z}

e′2 :=e2 +e1



x1 − 2x2 = −1 0=2

é impossível. O seu onjunto solução é o onjunto vazio

∅.

A informação de um sistema de equações lineares pode ser resumida numa úni a matriz. Re ordando o produto entre matrizes, note-se que é possível representar o sistema de equações lineares da forma (2.3) na seguinte forma matri ial:



a11  a21  AX = B ⇔  .  .. am1 |

onde à matriz

··· ···

a12 a22 . . .

..

.

am2 · · · {z A

    a1n x1 b1  x2   b2  a2n      .  .  =  .  .  .   ..  . . amn xn bm } | {z } | {z } X

B

A ∈ Mm×n (K) hama-se matriz dos oe ientes X ∈ Mn×1 (K) hama-se matriz das in ógnitas

simples), à matriz

B ∈ Mm×1 (K)

(ou matriz e à matriz

hama-se matriz dos termos independentes.

Pode ainda es rever-se uma úni a matriz om os oe ientes e os termos

independentes do sistema:



A



a11  a   21 B = .  .. am1

a12 a22 . . .

am2

··· ··· ..

.

···

a1n a2n . . .

amn

 b1 b2   . . .  . bm

A esta matriz hama-se matriz ampliada do sistema (2.3).

2.2 Método de eliminação de Gauss Exemplo 2.13.

21

Considere o sistema de equações lineares

  x1 + 2x2 − x3 = 0 2x2 − 8x3 = 7  −4x1 + 5x2 + 9x3 = −9

AX = B , om    1 2 −1 x1 A =  0 2 −8  , X = x2  −4 5 9 x3

A sua forma matri ial é



e

e a sua matriz ampliada é



A B





1 2 = 0 2 −4 5



 0 B= 7  −9

 −1 0 −8 7 . 9 −9

2.2 Método de eliminação de Gauss Re orde-se que nos exemplos anteriores usaram-se determinadas operações elementares sobre equações. Efe tuar operações elementares sobre as equações de um sistema é equivalente a efe tuar operações elementares sobre as linhas da matriz ampliada asso iada ao sistema. Represente-se por a

i-ésima

Li , om i ∈ {1, . . . , m},

linha da matriz ampliada. Veja-se um exemplo de omo resolver um

sistema usando a respe tiva matriz ampliada.

Exemplo 2.14.

Sistema   −2x1 − x2 = −4 x1 + x2 − 3x3 = 3  4x1 + 2x2 + 3x3 = 7

1o passo: e1 ↔ e2

  x1 + x2 − 3x3 = 3 −2x1 − x2 = −4  4x1 + 2x2 + 3x3 = 7

Matriz ampliada  −2 −1 0 −4  1 1 −3 3  4 2 3 7 

L1 ↔ L2

 1 1 −3 3  −2 −1 0 −4  4 2 3 7 

2.2 Método de eliminação de Gauss

22

2o passo: e′2 := e2 + 2e1 e′3

L′2 := L2 + 2L1 L′3 := L3 − 4L1

:= e3 − 4e1

  x1 + x2 − 3x3 = 3 x2 − 6x3 = 2  −2x2 + 15x3 = −5



1  0 0

3o passo: e′3 := e3 + 2e2

 1 −3 3 1 −6 2  −2 15 −5

L′3 := L3 + 2L2

  x1 + x2 − 3x3 = 3 x2 − 6x3 = 2  3x3 = −1



1  0 0

4o passo: e′3 := 13 e3

1 1 0

 −3 3 −6 2  3 −1

L′3 := 31 L3

  x1 + x2 − 3x3 = 3 x2 − 6x3 = 2  x3 = − 31



1  0 0

1 1 0

 −3 3 −6 2  1 1 −3

Assim, obtém-se um sistema equivalente ao ini ial, que se resolve fa ilmente por substituição,

    x1 + x2 − 3x3 = 3  x1 = 3 − 0 + 3 − 31 = 2 x2 − 6x3 = 2 x2 = 2 + 6 − 31 = 0 ⇔   x3 = − 31 x3 = − 31

E o onjunto solução do sistema é



2, 0, − 31



.

É mais fá il trabalhar om a matriz ampliada. Pode-se então resolver um sistema

AX = B

onsiderando a sua matriz ampliada



A B



e exe utando nela

de forma riteriosa operações sobre as linhas. Este tipo de operações hamamse operações elementares sobre as linhas e são orrespondentes às operações elementares sobre equações: I. tro ar linhas (representa-se por

Li ↔ Lj ,

om

i 6= j );

II. multipli ar uma linha por um es alar não nulo ′ (representa-se por Li := αLi , om α 6= 0); III. adi ionar a uma linha um múltiplo de uma outra linha ′ (representa-se por Li := Li + βLj , om β ∈ K e i 6= j ).

2.2 Método de eliminação de Gauss Exemplo 2.15.

Resolva-se o sistema

anteriormente.



3 1

−1 1 1 5



23

3x − y = 1 x+y =5

, usando a té ni a des rita

    −−−−−−−→ 1 1 5 −− −−−−−→ 1 ′ L1 ↔ L2 L2 := L2 − 3L1 3 −1 1 0   −− −−−−−→ 1 1 5 L′2 := − 41 L2 0 1 72

1 5 −4 −14



Logo



3x − y = 1 ⇔ x + yy = 5

e o seu onjunto solução é



x+y =5 ⇔ y = 72  3 7  . 2, 2

O que se fez foi um aso parti ular do



x=5− y = 27

7 2

=

10−7 4

=

3 2

método de eliminação de Gauss

para a resolução de sistemas de equações lineares. Antes de formalizar este método apresentam-se algumas denições ne essárias.

Denição 2.16.

Diz-se que uma matriz está na

nhas se satiszer as seguintes ondições:

forma es alonada por li-



se há linhas nulas elas situam-se abaixo das linhas não nulas;



o primeiro elemento não nulo de ada linha ( om ex epção da primeira) situa-se à direita do primeiro elemento não nulo da linha anterior.

Aos primeiros elementos não nulos de ada linha da forma es alonada por linhas hamam-se pivots. Observe-se que, atendendo à denição, os elementos que se situam na mesma

oluna e abaixo de um pivot na forma es alonada por linhas são todos nulos.

Exemplo 2.17. 

1 A= 0 0

Considere as matrizes

2 −1 3 1 0 −1

As matrizes

A

e

Denição 2.18.

B

 4 2  −1



1 0 B= 0 1 0 0

 4 0 0 −1  0 0



0 0 C= 1 0 0 0

estão na forma es alonada; mas a matriz

Diz-se que uma matriz está na

C

 −3 0 0 −1  0 1

não está.

forma es alonada reduzida

se estiver na forma es alonada por linhas, isto é, satiszer as ondições anteriores da denição 2.16 e, além disso, ada pivot é igual a 1 e é o úni o elemento não nulo da sua oluna.

Observação 2.19.

Repare-se que a forma es alonada reduzida é a forma es a-

lonada por linhas onde ada pivot é são nulos.

1

e, a ima destes, os elementos da matriz

2.2 Método de eliminação de Gauss Exemplo 2.20.

As matrizes

Sejam

 1 A = 0 0

A

e

Teorema 2.21.

24

B

0 0 1 0 0 1

 1 0 3

 1 B = 0 0

4 0 0 1 0 0

estão na forma es alonada reduzida.

 0 3 0 1 1 4

Toda a matriz pode ser olo ada na forma es alonada mediante

uma sequên ia nita de operações elementares sobre as linhas. Para onseguir transformar uma matriz numa matriz na forma es alonada por linhas exe uta-se o método de eliminação de Gauss.

Denição 2.22.

O

método de eliminação de Gauss onsiste nos seguintes

passos.

Passo 1: Se a matriz tiver todos os elementos nulos, pára. A matriz já está na forma es alonada por linhas.

Passo 2:

Caso ontrário, en ontre-se a primeira oluna, da esquerda para a

direita, que tenha um elemento não nulo,

u.

Mova-se a linha que o ontém para

o topo da matriz. O pivot da primeira linha é

u.

Passo 3: Anule-se ada elemento abaixo do pivot adi ionando às linhas orrespondentes múltiplos adequados da primeira linha. (Até aqui ompleta-se o pro esso no que diz respeito à primeira linha. No que se segue, usam-se as restantes linhas, ignorando a primeira linha.)

Passo 4: Repita-se os passos 1 a 3 na matriz formada

pelas restantes linhas,

até esgotar as linhas todas da matriz. Para obter a forma es alonada reduzida de uma matriz apli a-se o método

de eliminação de Gauss-Jordan.

Denição 2.23.

O

método de eliminação de Gauss-Jordan

é omposto

por duas fases.

1a fase: Apli ar o método de eliminação

de Gauss até produzir a forma es a-

lonada por linhas.

2a fase: Transformar todos os pivots em 1, multipli ando ada linha não nula pelo inverso do respe tivo pivot. Apli ar o método de eliminação de Gauss de baixo para ima por forma a anular todos os elementos da matriz situados a ima e na mesma oluna dos pivots. Para isso, bastará omeçar na última linha não nula e, de baixo para ima, adi ionar a ada linha múltiplos adequados das linhas inferiores.

Exemplo 2.24.

Suponha-se que a matriz ampliada de um sistema tem a forma:



0  0   2 2

2 0 2 0

 3 −4 1 2 3 4   −5 2 4  −6 9 7

2.2 Método de eliminação de Gauss

25

O Passo 1, do método de eliminação de Gauss, é ignorado uma vez que as entradas da matriz não são todas nulas. No Passo 2 tem-se que en ontrar a primeira oluna (da esquerda para a direita) om o primeiro elemento não nulo. Neste aso é a primeira oluna e o pivot pode ser a entrada

(3, 1).

Mova-se a

ter eira linha (a linha que o ontém) para o topo.



2 0 −−−−−→   L1 ↔ L3  0 2

 2 −5 2 4 0 2 3 4   2 3 −4 1  0 −6 9 7

Agora basta operar om as linhas para obter zeros abaixo do pivot (Passo 3):



2  0 −− − − − − − − → L′4 := L4 − L1   0 0

 2 −5 2 4 0 2 3 4   2 3 −4 1  −2 −1 7 3

O Passo 4 manda onsiderar a submatriz obtida eliminando a primeira linha e apli ar os Passos 1 a 3 até esgotar as linhas todas:



2 0 −−−−−→  L2 ↔ L3   0 0 

2  −−−−−−−−→  0 L4 := L4 − L3  0 0

 2 −5 2 4 −−−−−−−→ 2 3 −4 1  − L′ := L4 + L2 0 2 3 4  4 −2 −1 7 3 2 2 0 0

 −5 2 4 3 −4 1   2 3 4  0 0 0



2  0   0 0

 2 −5 2 4 2 3 −4 1   0 2 3 4  0 2 3 4

O método da eliminação de Gauss termina aqui e, omo tal, poder-se-ia já determinar a solução do sistema obtido, que é equivalente ao sistema ini ial, resolvendo-o por substituição.

  2x + 2y − 5z + 2t = 4 2y + 3z − 4t = 1  2z + 3t = 4

No entanto, pode ontinuar-se a apli ar o método de eliminação de GaussJordan à matriz ampliada es alonada por linhas obtida e só depois determinar a solução. A segunda fase desse método manda multipli ar ada linha não nula pelo inverso do pivot orrespondente e operar om as linhas da matriz de modo a obter zeros a ima dos pivots.

2.2 Método de eliminação de Gauss

26

Obtém-se assim



2  0   0 0

2 2 0 0



−−−−−−−−→

−5 2 4 3 −4 1   2 3 4  0 0 0

L′1 :=

1 L1 2

L′2 :=

1 L2 2

L′3 :=

1 L3 2



1 1 0 0

− 25

0 19 4 0 − 17 4 3 1 2 0 0

7

1  0   0 0

−−−−−−−−−−−→  5 1 1 L′1 := L1 + L3  0 1 2   0 0 3 ′ L2 := L2 − L3 0 0 2  1 0 0  0 1 0 −− − − − − − − → L′1 := L1 − L2   0 0 1 0 0 0

9 − 17 4 3 2

0

1 −2

3 2

3 2

1 0

0

2



  2  0

1 2



− 25   2  0  19 2

− 25   2  0

A matriz ampliada obtida já está na forma es alonada reduzida. Agora basta passar novamente para sistema e resolver de baixo para ima, por substituição:

   x = 19  x + 9t = 19 2 2 − 9t 17 5 y − 4 t = −2 ⇔ y = − 52 + 17 t ∈ R. 4 t ,   z + 32 t = 2 z = 2 − 23 t  19  5 17 3 O onjunto solução é 2 − 9t, − 2 + 4 t, 2 − 2 t, t : t ∈ R . Observe-se que existe uma variável livre, a variável t, pelo que o sistema é possível e inde-

terminado, om grau de indeterminação igual a um.

Exer í io Resolvido 2.25. S:

(S) o seguinte sistema   −x + 4z = 0 y = −1 .  −x + y + 4z = −1

Seja

de equações lineares

Determine, aso exista, o seu onjunto solução. Resolução: A sua matriz ampliada é:



−1 0 M = 0 1 −1 1

 4 0 0 −1  4 −1

Passo 1: Anular os elementos da 1a oluna que se en ontram abaixo do pivot da 1a linha. Para isso efe tua-se a operação L′3 := L3 − L1 , obtendo-se



−1 0 M1 =  0 1 0 1

 4 0 0 −1  0 −1

2.2 Método de eliminação de Gauss Passo 2: Anular o elemento da 2 a

2

a

27

oluna que se en ontram abaixo do pivot da L′3 := L3 − L2 e obtém-se

linha. Para isso efe tua-se a operação



−1 0 M2 =  0 1 0 0

 4 0 0 −1  0 0

Passo 3: Transformar os pivots de ada linha em 1; para isso basta fazer a ′ operação L1 := −L1 , obtendo-se

 0 −4 0 1 0 −1  0 0 0



A matriz

M3

1 M3 =  0 0

é a matriz ampliada de um sistema

S′ :

(S ′ )

equivalente a

(S):

   x − 4z = 0  x = 4z y = −1 y = −1 ⇔   0=0 0=0

que é um sistema possível e indeterminado; qualquer terno da forma (4z, −1, z), z ∈ R, é solução de (S ′ ) e, onsequentemente, o onjunto solução de (S) é

om

{(4z, −1, z) : z ∈ R}.

Veja-se agora um exemplo em que a transformação dos pivots é feito no nal para evitar trabalhar om números fra

ionários.

Exer í io Resolvido 2.26.

Resolva o sistema

ando o método de eliminação de Gauss. Resolução: A sua matriz ampliada é:



  2x − y + z = 3 2x − y + 4z = 2  −4x + 2y + z = −5

2 −1 1  2 −1 4 −4 2 1

 3 2 . −5

, apli-

Apli a-se o método

de eliminação de Gauss à matriz ampliada do sistema.



 2 −1 1 3 −−−−−−−−→  2 −1 4 2  L′2 := L2 − L1 −4 2 1 −5   2 −1 1 3 −− − − − − − − − → −−−−−−−−→  0 0 3 −1  L′3 := L3 − L2 L′3 := L3 + 2L1 0 0 3 1

 2 −1 1 3  0 0 3 −1  −4 2 1 −5   2 −1 1 3  0 0 3 −1  0 0 0 2 

A matriz resultante é a matriz ampliada do sistema seguinte, equivalente ao

dado:

O sistema é impossível.

  2x − y + z = 3 3z = −1  0=2

2.3 Dis ussão de sistemas Exer í io 2.27.

28

Resolva o sistema

  3y + z = 2 x + 2y − z = 4  x + 5y + 2z = 5

, usando o método de

eliminação de Gauss ou de Gauss-Jordan.

2.3 Dis ussão de sistemas No método de eliminação de Gauss (ou de Gauss-Jordan) obtém-se, para uma dada matriz, sempre o mesmo número de pivots. Isto é, matrizes es alonadas obtidas de uma mesma matriz têm o mesmo número de pivots.

Denição 2.28.

A

ara terísti a de uma matriz A é o número de pivots de

uma qualquer matriz es alonada obtida de elementares sobre as linhas de Note-se que se

A

A.

A por apli ação su essiva de operações r(A) ou car(A).

Representa-se por

é uma matriz do tipo

m×n

então

r(A) ≤ min{m, n}.

Considere-se o sistema de equações lineares uja forma matri ial é dada por

AX = B ,

om

A

uma matriz do tipo

m×n

e

B

uma matriz do tipo

m × 1.

Na

resolução pelo método de eliminação de Gauss (ou de Gauss-Jordan) faz-se:

Passo 1:

Forma-se a matriz ampliada

Passo 2:

Apli ar a

M

M=



A B



.

o método em ausa. No de urso da apli ação do método,

podem a onte er duas situações:

a)

se surgir uma linha do tipo



0 ···

0

α



, om

α 6= 0,

então

o sistema é impossível. Assim, qualquer matriz es alonada obtida

b)

a partir de M   r( A B ).

teria um pivot na última oluna, pelo que

se não surgir, terminar o pro esso até obter uma matrix es alonada

por linhas (ou reduzida). Represente-se essa matriz por

Passo 3:

r(A) <

  f) = r( A B ),

aso, r(A) = r(M en ontram nas primeiras n olunas.

(somente no aso

b))

Na matriz

f, M

f. M

pois todos os pivots de

Neste

f M

se

o número de olunas sem pivot or-

responde ao número de variáveis livres a onsiderar. Isto é, o número de variáveis livres é dado por:

f) n − r(A) = n − r(M

Para es olher as variáveis dependentes e as livres pode-se efe tuar o seguinte ra io ínio: - variáveis livres são as que orrespondem a olunas sem pivot; - variáveis dependentes são as outras, isto é, as que orrespondem a

olunas om pivot.

2.3 Dis ussão de sistemas Se é,

29

f tiver pivots em todas as olunas orrespondentes às in ógnitas, isto M f) = n então não existem variáveis livres e o sistema é r(A) = r(M

possível e determinado.

Pode então enun iar-se o seguinte teorema:

Teorema 2.29. matriz do tipo

Seja

m×n

AX = B um sistema de equações lineares, onde A é uma e B é uma matriz do tipo m × 1. Há exa tamente três

possibilidades para a sua lassi ação: 1. 2.

3.

 A B = n;   A B m (que   A 0 ≤ r(A) = r

o sistema é possível e indeterminado e, onsequentemente, existe uma

solução não trivial.

Os sistemas de equações lineares homogéneos possuem propriedades muito simples mas bastante úteis.

Proposição 2.34.

A ∈ Mm×n (K). Se Xh ∈ Mn×1 (K) é uma solução AX = 0, então αXh também é solução, para qualquer

Seja

do sistema homogéneo

α ∈ K. Demonstração. Se

AXh = 0.

Xh

é uma solução do sistema homogéneo

Logo

A (αXh ) = α (AXh ) = α0 = 0, ou seja,

αXh

é solução do sistema

AX = 0.

AX = 0,

então

2.4 Sistemas homogéneos Exemplo 2.35. o terno

32

O sistema homogéneo

(0, 1, −1),



2x − y − z = 0 x+y+z =0

admite omo solução

logo também são solução os ternos

2(0, 1, −1) = (0, 2, −2), −(0, 1, −1) = (0, −1, 1), 10(0, 1, −1) = (0, 10, −10), · · ·

Proposição 2.36.

Seja

A ∈ Mm×n (K). Se X1 , X2 ∈ Mn×1 (K) são duas AX = 0, então X1 + X2 também é solução.

soluções do sistema homogéneo

X1 e X2 AX2 = 0. Logo

Demonstração. Se

AX1 = 0

e

são soluções do sistema homogéneo

AX = 0,

então

A (X1 + X2 ) = AX1 + AX2 = 0 + 0 = 0, ou seja,

X1 + X2

é solução do sistema

Exemplo 2.37.

AX = 0.

soluções os quadruplos

(0, 1, −1, 0)

e



2x − y − z − w = 0 x+y+z+w =0 (0, 3, −2, −1), logo também

O sistema homogéneo

admite omo

(0, 1, −1, 0) + (0, 3, −2, −1) = (0, 4, −3, −1) é uma solução do sistema. As duas proposições anteriores podem-se generalizar omo segue:

Proposição 2.38.

A ∈ Mm×n (K). Se X1 , . . . , Xp ∈ Mn×1 (K) são soluções AX = 0, então α1 X1 + · · · + αp Xp também é solução, α1 , . . . , αp ∈ K. Seja

do sistema homogéneo para todos

A demonstração  a omo exer í io. Observe-se que este fa to não é válido para sistemas de equações lineares

ompletos.

Exemplo 2.39. (1, 1, 1)

e

O sistema

(1, 2, 0),

mas



2x − y − z = 0 x+y+z =3

(2, 3, 1)

admite omo soluções os ternos

não é solução do sistema.

Para qualquer sistema de equações lineares ompleto uja forma matri ial é

om A ∈ Mm×n (K) e B ∈ Mn×1 (K), podemos onsiderar o sistema homogéneo asso iado uja forma matri ial é AX = 0.

AX = B ,

Exemplo 2.40.

Dado o sistema

  x+y+z =2 2x + y = 3 ,  x−y−z =4

2.4 Sistemas homogéneos

a sua forma matri ial é

33

AX = B

onde

O sistema homogéneo asso iado é

uja forma matri ial é



1 A= 2 1

 1 1 1 0  −1 −1

e



 2 B =  3 . 4

  x+y+z =0 2x + y = 0  x−y−z =0

AX = 0.

O próximo resultado estabele e que o onjunto solução de um sistema de equações lineares ompleto pode ser obtido adi ionando uma solução parti ular desse sistema aos elementos do onjunto solução do sistema homogéneo asso iado.

Teorema 2.41.

Sejam A ∈ Mm×n (K) e B ∈ Mm×1 (K). Seja Xp ∈ Mn×1 (K) uma solução parti ular do sistema de equações lineares AX = B . Então, X0 ∈

Mn×1 (K) é solução desse sistema se e só se existe uma solução Xh do sistema homogéneo asso iado AX = 0 tal que X0 = Xp + Xh . Demonstração. Por hipótese, ou seja,

(⇒)

Xp

∈ Mn×1 (K)

é uma solução do sistema ompleto

AX = B ,

AXp = B .

Suponhamos que

X0

é também uma solução de

AX = B , isto é, AX0 = B .

Então

AXp = AX0 ⇔ AXp − AX0 = 0 ⇔ A(X0 − Xp ) = 0 Xh = X0 − Xp AX = 0. ou seja,

(⇐)

Suponhamos agora que

é uma solução do sistema homogéneo asso iado

Xh é uma solução do sistema homogéneo asso iado AXh = 0. Seja X0 = Xp + Xh . Então

ao sistema dado, ou seja,

AX0 = A(Xp + Xh ) = AXp + AXh = B + 0 = B. Donde

X0

é uma solução do sistema ompleto

Observação 2.42.

Se

S = {Xh : AXh = 0}

AX = B .

X0 é uma solução parti ular do sistema AX = B e se é o onjunto solução do sistema AX = 0, tem-se que o

onjunto solução do sistema

AX = B

é

X0 + S = {X0 + Xh : Xh ∈ S}1 .

1 A soma de um elemento a om um onjunto C dene-se omo sendo o onjunto formado pelas somas de a om todos os elementos de C , ou seja, a + C = {a + u : u ∈ C}

2.4 Sistemas homogéneos Exemplo 2.43.

34

Considere-se o sistema de equações lineares

O sistema homogéneo

  x − y − 4z = −4 x + 2y + 5z = 2  x + y + 2z = 0   x − y − 4z = 0 asso iado é x + 2y + 5z = 0  x + y + 2z = 0

. Construídas as matrizes

ampliadas e apli ado o método de eliminação de Gauss obtém-se:



A B

e







1 = 1 1

A 0





 −1 −4 −4 2 5 2  1 2 0

1 = 1 1

 −1 −4 0 2 5 0  1 2 0



1 −1 −4  0 1 3 0 0 0 

1  0 0

 −4 2  0

 −1 −4 0 1 3 0  0 0 0

(2.4)

(2.5)

Logo, de (2.4), vem que o sistema ompleto é equivalente a



x − y − 4z = −4 ⇔ y + 3z = 2



x=z−2 y = 2 − 3z

e, portanto, signi a que é um sistema possível e indeterminado e o seu onjunto

{(z − 2, 2 − 3z, z) : z ∈ R}.

solução é

De (2.5), vem que o sistema homogéneo asso iado é equivalente a



x − y − 4z = 0 ⇔ y + 3z = 0



x=z y = −3z

o que signi a que é também um sistema possível e indeterminado e o seu onjunto solução é

{(z, −3z, z) : z ∈ R}.

Repare-se que, se no onjunto solução do sistema ompleto es olhermos uma solução parti ular, por exemplo, aquela que orresponde a

(−2, 2, 0)

z = 0,

ou seja,

então podemos es rever o onjunto solução do sistema ompleto omo

soma desta solução parti ular om o onjunto solução do sistema homogéneo asso iado:

(−2, 2, 0) + {(z, −3z, z) : z ∈ R}.

3. Matrizes invertíveis. Determinantes

3.1 Matrizes invertíveis

36

3.1 Matrizes invertíveis Note-se que têm sido onsideradas propriedades das operações om as matrizes semelhantes às que já são familiares om os números reais. Dada uma matriz quadrada, formule-se, no onjunto das matrizes quadradas, a noção orrespondente ao inverso de um número real não nulo. Considere-se então o on eito de matriz invertível. Nesta se ção onsideram-se apenas matrizes quadradas.

Denição 3.1. Seja A ∈ Mn×n (K). A matriz A diz-se invertível singular) se existe uma matriz quadrada B ∈ Mn×n (K) tal que

(ou

não

AB = BA = In . A matriz

B

designa-se por

inversa de A.

Se não existir inversa, a matriz diz-se singular.

Exemplo 3.2.

Seja

A=



1 0

1 1



. Esta matriz é invertível. De fa to, seja

B= Então

AB = BA = I ,

Proposição 3.3. B

e

C

1 0

ou seja, a matriz

−1 1 B



.

é inversa de

A.

A inversa de uma matriz quadrada é úni a.

Demonstração. Seja que



A uma matriz quadrada de ordem n invertível e suponha-se A. Por denição,

são inversas de

AB = BA = In = AC = CA. Logo

B = BIn = B(AC) = (BA)C = In C = C .

Portanto, a inversa de

A

é

úni a.

A

Uma vez que a inversa é úni a, representa-se a inversa de

Observação 3.4.

Dada uma matriz quadrada

A

de ordem

Teorema 3.43) que se, para alguma matriz quadrada então

BA = In

e, onsequentemente,

B

Então, para veri ar se uma dada matriz veri ar que

AB = In

ou

BA = In ,

é inversa de

B

B A.

por

n,

prova-se (ver

de ordem

é a inversa de

A−1 .

n, AB = In

A apenas é ne essário

ou seja, não é ne essário veri ar as duas

igualdades.

Exer í io 3.5. admite inversa.

Mostre, usando a denição, que a matriz

A =



2 3 0 0



não

3.1 Matrizes invertíveis

37

3.1.1 Propriedades da inversa Sejam

A, B ∈ Mn×n (K).

Algumas propriedades da inversa são:

• Propriedade 1: In • Propriedade 2:

Se

é invertível e

(In )−1 = In .

A é invertível, então A−1

• Propriedade 3: Se A (AB)−1 = B −1 A−1 .

e

B

é invertível e

são invertíveis, então

AB

A−1

−1

= A.

é invertível e

Demonstração. Como A, B ∈ Mn×n (K) são matrizes invertíveis, existem A−1 , B −1 ∈ Mn×n (K) tais que AA−1 = In e BB −1 = In . Pelo que:

  (AB) B −1 A−1 = A BB −1 A−1 −1

= AIn A

pela asso iatividade do produto de matrizes por denição de inversa

−1

= AA

por denição de elemento neutro do produto de matrizes

= In

por denição de inversa.

−1 −1 Pela observação 3.4, e omo a inversa de uma matriz é úni a, B A éa −1 −1 −1 inversa de AB , isto é, (AB) = B A e, portanto, AB é invertível. Informalmente, pode dizer-se que a inversa do produto é o produto das inversas pela ordem inversa. Este resultado pode ser generalizado ao produto de várias matrizes (mostre):

(A1 A2 · · · Ak ) • Propriedade 4: Se A é −1 k k ∈ N, Ak = A−1 .

−1

−1 −1 = A−1 k · · · A2 A1 ,

invertível, então

Ak

é invertível e, para todo

Demonstração. Pode demonstrar-se esta propriedade por dois pro essos

distintos:

1o

pro esso

Como

A ∈ Mn×n (K)

é uma matriz invertível, existe

A−1 ∈ Mn×n (K)

tal

3.1 Matrizes invertíveis que

AA−1 = In .

Ak



A−1

k

38

Donde

= A · · · A(A A−1 )A−1 · · · A−1 {z } | {z } | k vezes

pela asso iatividade

k vezes

−1

= A · · · A In A | {z } | k−1 vezes

do produto de matrizes

−1

···A {z }

por denição de inversa

k−1 vezes −1 −1

= A · · · A(A A | {z } | k−1 vezes

)A

{z

· · · A−1 }

pela asso iatividade

k−1 vezes

do produto de matrizes

. . .

. . .

= AA−1 = In

por denição de inversa.

Ak

Pela observação 3.4, pode-se on luir que  k k k −1 = A−1 . inversa de A , isto é, A

2o

é invertível e

A−1

k

é a

pro esso

Demonstre-se, por indução matemáti a, que onde

P(k)

é a proposição

Ak ou seja, tem-se que: a) provar que b) supor

P(k)

P(k − 1)

−1

= A−1

é verdadeira para

P(k) é verdadeira para k ∈ N,

k

,

(3.1)

k = 1;

verdadeira e provar que

P(k)

é verdadeira.

Assim a) Para

k = 1,

a proposição (3.1)  a

que é laramente verdadeira;

(A1 )−1 = (A−1 )1 ⇔ A−1 = A−1 ,

b) Suponha-se agora que a proposição (3.1) é válida para k − 1, isto é,  k−1 k−1 −1 = A−1 é válida a igualdade A . Então pode-se on luir que:

Ak

−1

−1 = Ak−1 A −1 = A−1 Ak−1 k−1 = A−1 A−1 k = A−1

por denição de potên ia de matrizes pela propriedade 3 da inversa por hipótese de indução por denição de potên ia de uma matriz.

3.1 Matrizes invertíveis • Propriedade 5:

Se

39 A

−1 AT

= (In )T

por denição de inversa

= In

por denição de transposta.

Pela observação 3.4, podemos on luir que  T T T −1 = A−1 . inversa de A , isto é, A

• Propriedade 6: 1 (αA)−1 = A−1 . α

Se

A

Exer í io 3.6.

1, 2

A, B e C matrizes T C −1 AT = In ;

Sejam

a)

C T B(AB)−1

b)

A2 = In ⇔ A = A−1 ;

A2 = B 2 = (AB)2 = In

então

e

AT

é invertível e

α 6= 0,

é invertível e

As demonstrações das propriedades

) se

invertível e

A é uma matriz invertível, existe A−1 e tem-se que: T T A−1 = A−1 A pela propriedade transposta do produto

Demonstração. Como

AT

AT é T = A−1 .

é invertível, então

6

então

αA

A−1

T

é a

é invertível e

são deixadas omo exer í io.

quadradas de ordem

n.

Prove que:

AB = BA.

3.1.2 Algoritmo de inversão Veja-se agora omo determinar a inversa de uma matriz ou de idir que uma matriz não é invertível.

Exemplo 3.7.

Seja

A=



1 2 1 3



. Pretende-se averiguar se

A

é uma matriz

invertível e, em aso determinar a sua inversa, ou seja, determinar  armativo,  uma matriz

B=

x y z t

tal que

AB = I2 .

Re orde-se que, pela observação 3.4, basta mostrar uma das igualdades da

denição de inversa. Ora

AB = I2 ⇔



1 1

2 3



x y z t



=



1 0

0 1



ou seja,



   x + 2z y + 2t 1 0 = x + 3z y + 3t 0 1         x + 2z 1 y + 2t 0 ⇒ = ∧ = . x + 3z 0 y + 3t 1

,

3.1 Matrizes invertíveis

40

Assim, o sistema anterior é equivalente à resolução dos dois sistemas de equações lineares seguintes:

AX1 = B1 ⇔ e

AX2 = B2 ⇔





1 2 1 3 1 1

2 3





x z y t





=

=







1 0



0 1

,

que têm a parti ularidade de terem a mesma matriz dos oe ientes. Apli ando operações elementares na matriz ampliada de ada sistema obtém-se:



1 2 1 3



1 2 1 3

1 0 0 1



−− −−−−−−→ ′ L2 := L2 − L1





−− −−−−−−→ ′ L2 := L2 − L1

1 0



2 1 1 −1

1 2 0 1

0 1





−− −−−−−−−→ ′ L1 := L1 − 2L2



x z



=





e

−1



3 −1

ou seja,

B=A

=

1 0

−2 1



L1 := L1 − 2L2





=



3 −2 −1 1



.

y t

1 0 0 1



−− −−−−−−−→ ′

Tem-se então para soluções dos dois sistemas:



3 −1

0 −2 1 1





(3.2)

(3.3)

,

Repare-se que as operações efe tuadas em (3.2) e (3.3) são as mesmas. De fa to, pode aglutinar-se as operações num só pro esso, da seguinte forma:



A I

 −−−−−−−−→ L′2 := L2 − L1



1 2 0 1

e, novamente, se onrma que



1 0 −1 1



B = A−1 =

−− −−−−−−−→ ′ L1 := L1 − 2L2



3 −2 −1 1





3 −2 −1 1

1 0 0 1



.

Note-se que no exemplo anterior partiu-se de uma matriz ampliada da forma

A I2

A−1 .



e hegou-se a uma matriz ampliada da forma



I2

B



, onde

B=

Apresenta-se assim um algoritmo para inverter uma matriz quadrada.

Algoritmo de inversão Seja

A ∈ Mn×n (K).

1

Formar a matriz

2

Exe utar em





A

A In

In 



;

uma sequên ia de operações elementares sobre

as linhas que transformem a matriz no nal do pro esso a matriz



 Caso não seja possível obter In a matriz A não é invertível.

In

A na matriz A−1 ;

identidade

In ,

obtendo-se

no lado esquerdo da matriz ampliada, então

3.1 Matrizes invertíveis Exemplo 3.8. 

A

I3



Seja



0 = 1 1

41



 1 −1 . Apli ando o algoritmo de inversão: 2    0 0 1 2 −1 0 1 0 −−−−−→ 1 0  L1 ↔ L2  0 3 1 1 0 0  0 1 1 5 2 0 0 1

0 3 A= 1 2 1 5 3 1 1 2 −1 0 5 2 0

 1 2 −1 −− − − − − − − → 1 L′3 := L3 − L1  0 3 0 3 3  1 2 −1 −− −−−−−−→ 1 L′3 := L3 − L2  0 3 0 0 2 −−−−−−−−→  1 2 −1 1 L′2 := L2  1 3  0 1 1 3 L′3 :=

2

L3

0



Con lui-se

0

1 0

1

− 35

0 1 0 0 1 −1 0 1 3 − 21

− 32

 1 0 0 0  −1 1  1 0 0 0  −1 1  1 0  0 0  − 12 12 1

0



−− −−−−−−−→   1 1 0 0  L′1 := L1 − 2L2  0 1 3 3 0 0 1 − 12 − 21 12  1 5 −−−−−−−−−−−→  1 0 0 − 3 5 2 6 6 ′ L1 := L1 + L3   1 1 3 − 61   0 1 0 1 2 6 ′ L2 := L2 − L3 1 3 0 0 1 − 21 − 12 2  3 1 5  −2 6 6  1 1  1 −1 −1 − então que A = 2 = I3 . 6 6 . Verique que AA 1 1 1 −2 −2 2

Exer í ios 3.9.

1. Mostre que a matriz

ule a sua inversa.

 0 0 A = 1 2 3 7

 2 6 9

é invertível e al-

2. Uma das seguintes matrizes é singular. Cal ule a inversa no aso em que é possível.



1 0 (a)  1 1

1 0 1 0

0 1 1 0

 1 1  1 1



1 0 (b)  1 1

1 1 0 1

0 1 1 0

 1 1  0 1

3.2 Determinantes. Con eitos gerais

3. Determine o valor de

k

42

para o qual a matriz

singular.



 1 2 k 1  A =  3 −1 5 3 −5

é

3.2 Determinantes. Con eitos gerais Denição 3.10.

Uma

n elementos apresentados por (i1 , i2 , . . . , in ), onde ik ∈ {1, 2, . . . , n}, para todo j 6= k .

uma lista desses -se por

ik 6= ij ,

permutação dos elementos do onjunto {1, 2, . . . , n} é

Exemplo 3.11. (6, 3, 1, 5, 2, 4) é

uma erta ordem. Representapara todo

uma permutação de

O onjunto de todas as permutações de

k ∈ {1, 2, . . . , n},

{1, 2, 3, 4, 5, 6}.

{1, 2, ..., n}

representa-se por

Observe-se que a ardinalidade, isto é o número de elementos, de

Exemplo 3.12. S3 3! = 6

e

é o onjunto de todas as permutações de

elementos. De fa to,

Sn

é

Sn .

n!.

{1, 2, 3}

e tem

S3 = {(1, 2, 3), (1, 3, 2), (2, 1, 3), (2, 3, 1), (3, 1, 2), (3, 2, 1)}.

Observação 3.13.

Note-se que para inferir que a ardinalidade de S4 é 4!, ou 4 vezes a ardinalidade de S3 , basta notar que, para ada permutação de {1, 2, 3} existem 4 permutações distintas de {1, 2, 3, 4}; de fa to, por exemplo, das permutações (1, 2, 3), (3, 2, 1) ∈ S3 podem onstruir-se as seguintes permutações de S4 seja,

(1, 2, 3)

(4, 1, 2, 3) (1, 4, 2, 3) (1, 2, 4, 3) (1, 2, 3, 4)

(3, 2, 1)

(4, 3, 2, 1) (3, 4, 2, 1) (3, 2, 4, 1) (3, 2, 1, 4)

É esse o aminho para a demonstração por indução sobre dade de

Sn

é

Denição 3.14. k < j,

n

de que a ardinali-

n!. Dada uma permutação

designa-se uma

Note-se que par

(i1 , i2 , . . . , in ) ∈ Sn ,

inversão se ik > ij .

(ik , ij ),

om

k < j,

é uma inversão se

ik

o par

e

ij

(ik , ij ),

om

apare em na

permutação por ordem de res ente.

Exemplo 3.15.

(2, 1, 6, 3, 5, 4) ∈ S6 , o par (2, 1) é uma inver(6, 3), (6, 5), (6, 4) e (5, 4) são inversões. Ao todo nesta

Na permutação

são. Também os pares permutação o orrem

5

inversões.

3.2 Determinantes. Con eitos gerais Observação 3.16.

43

Para determinar todas as inversões de uma permutação

(i1 , i2 , . . . , in )

basta onsiderar o primeiro elemento da permutação i1 e en ontrar todos os elementos que são menores que i1 e estão olo ados do lado direito de i1 ; depois repetir o pro esso para os restantes elementos i2 , . . . , in−1 .

Uma permutação (i1 , i2 , . . . , in ) ∈ Sn é par (respe tivamente, ímpar) se o número total de inversões que nela o orrem é par (respe tivamente,

Denição 3.17. ímpar).

Exemplos 3.18. {1, 2} i)

ii)

e

Vai-se estudar a paridade das permutações dos onjuntos

{1, 2, 3}.

n=2 Permutação

Total de inversões

Paridade

(1, 2) (2, 1)

0 1

ímpar

Permutação

Total de inversões

Paridade

(1, 2, 3) (2, 3, 1) (3, 1, 2) (3, 2, 1) (2, 1, 3) (1, 3, 2)

0 2 2 3 1 1

par

par

n=3

par ímpar ímpar ímpar

  A = aij ∈ Mn×n (K). O determinante det A ou |A|, é o es alar X (−1)σ a1i1 a2i2 · · · anin , det A =

Denição 3.19. senta- -se por

par

Seja

de

A,

(i1 ,...,in )∈Sn

onde

σ

é o número de inversões da permutação

(i1 , i2 , . . . , in ).

Resulta imediatamente da denição (e do exemplo anterior) que:

  • det a11 = a11   a11 a12 = a11 a22 − a12 a21 • det a21 a22   a11 a12 a13 = a11 a22 a33 + a12 a23 a31 + a13 a21 a32 − • det a21 a22 a23  −a13 a22 a31 − a12 a21 a33 − a11 a23 a32 a31 a32 a33

repre-

3.2 Determinantes. Con eitos gerais Exer í io 3.20. Sabendo que

Considere as matrizes

A = BT ,

A =

determine

a c 4

44 

a2 2

0 b+c

b −1 1 1 . 5 2



e

B =



4 b

c −a

Uma mnemóni a para o ál ulo de determinante de uma matriz do tipo é onhe ida por Regra de Sarrus e tem duas versões:



.

3×3

3.2 Determinantes. Con eitos gerais

45

a versão

1

Repetir as duas primeiras olunas da matriz da seguinte forma:



a11 A = a21 a31

a12 a22 a32

 a13 a11 a23  a21 a33 a31

a12 a22 a32

Feito este pro esso, veri a-se a presença de



três diagonais prin ipais: a diagonal prin ipal



três diagonais se undárias: a diagonal se undária

nais paralelas a ela:

alelas a ela:

a12 , a23 , a31

a11 , a23 , a32

e

e

a11 , a22 , a33

e duas diago-

a13 , a21 , a32 ; a13 , a22 , a31

e duas par-

a12 , a21 , a33 .

O determinante será al ulado por meio da diferença entre o somatório do produto dos elementos das três diagonais prin ipais e o somatório do produto dos elementos das três diagonais se undárias, isto é:

det A = (a11 a22 a33 + a12 a23 a31 + a13 a21 a32 ) − (a13 a22 a31 + a11 a23 a32 + a12 a21 a33 ) .

(3.4)

a versão

2

A regra de Sarrus pode também ser apli ada repetindo-se as duas primeiras linhas da matriz

A

da seguinte forma:

A =

 a11 a21 a31 a11 a21

a12 a22 a32 a12 a22

 a13 a23  a33

a13 a23

Novamente se veri a a presença de três diagonais prin ipais e três diagonais se undárias. O determinante é al ulado da mesma forma, agora om estas diagonais:

det A = (a11 a22 a33 + a21 a32 a13 + a31 a12 a23 ) − (a13 a22 a31 + a23 a32 a11 + a33 a12 a21 ) .

(3.5)

Note que (3.4) e (3.5) são a mesma expressão.



 1 −1 2 3 1 . Apli ando Exemplo 3.21. Seja A =  −1 2 1 1 1 −1 2 1 −1 3 1 −1 3 det A = −1 2 1 1 2 1

a regra de Sarrus,

= (1 × 3 × 1 + (−1) × 1 × 2 + 2 × (−1) × 1) − − (2 × 3 × 2 + 1 × 1 × 1 + (−1) × (−1) × 1)

= 3 − 2 − 2 − 12 − 1 − 1 = −15.

3.2 Determinantes. Con eitos gerais Exer í io 3.22.

46

Cal ule, apli ando a Regra de Sarrus,

3.2.1 Propriedades do determinante Sejam

A

e

B

matrizes quadradas de ordem

n.

1 0 2

−5 3 −7 0 4 −4

.

Então:

(P1 ) Se A tem uma linha (respe tivamente, oluna) de zeros então det A = 0; Exemplo 3.23.



(P2 ) Se A = aij



0 0 5

1 3 0 0 = 0. 0 1

é uma matriz triangular (superior ou inferior), então

det A = a11 a22 · · · ann

Exemplo 3.24.

(P3 )



5 0 0 0

1 −2 0 0

0 3 1 0

4 0 1 1

= 5 × (−2) × 1 × 1 = −10.

Se a uma linha (respe tivamente, oluna) de uma matriz

A

adi ionar-

se um múltiplo qualquer de uma outra linha (respe tivamente, oluna), o valor do determinante não se altera;

Exemplo 3.25. 1 1 1 3 0 −1 1 1 = |{z} 0 0 1 ′ L := L2 + L1 0 2

1 3 2 4 |{z} = 2. 0 1 P2

(P4 ) Se A tem duas linhas (respe tivamente, olunas) iguais ou propor ionais, então

det A = 0;

Exemplo 3.26.

5 0 10 5

1 0 2 1

3 3 1 3

4 8 = 0. 1 |{z} C1 =5C2 1

3.2 Determinantes. Con eitos gerais (P5 )

47

Se se tro ar entre si duas linhas (respe tivamente, olunas) de

A,

então

o valor do determinante muda de sinal;

Exemplo 3.27.

(P6 ) Se a matriz B

1 1 3 3 0 |{z} = − 0 0 1 L1 ↔ L2 5

0 −46 = 1 5

3 0 1 3 = −46 0 1

se obtém a partir de uma matriz

A multipli ando uma das α, então

suas linhas (respe tivamente, olunas) por um es alar

det B = α det A Isto é:

a11 .. . ai−1 1 αai1 ai+1 1 . .. an1

a12 . . .

ai−1 2 αai2 ai+1 2 . . .

an2

Exemplo 3.28.

··· ··· ··· ··· ···

Sejam

a11 a1n .. . . . . ai−1 1 ai−1 n αain = α ai1 ai+1 1 ai+1 n . . . .. . an1 ann 

1 A= 1 2

 1 3 −1 0  0 1

a12 . . .

ai−1 2 ai2 ai+1 2 . . .

an2 e

B

··· ··· ··· ··· ···

a1n . . . ai−1 n ain ai+1 n . . . ann

a matriz que se obtém



 1 1 3 multipli ando a última linha de A por 2, ou seja, B =  1 −1 0 . 4 0 2 Então det B = 8 e det A = 4, isto é, det B = 2 det A.

(P7 ) det(αA) = αn det(A), para todo α ∈ K. 

   2 2 6 1 1 3 Exemplo 3.29. Sejam A =  1 −1 0  e B = 2A =  2 −2 0 . 4 0 2 2 0 1 3 Então det B = 32 e det A = 4, isto é, det B = 2 det A. 

(P8 ) det AT = det A. Exemplo 3.30. 1 2 1 −1

= −3

e

1 1 2 −1

= −3

3.2 Determinantes. Con eitos gerais (P9 )

A′′ duas matrizes tais que a linha (respe tivamente, oluna) i da matriz A é igual à soma das linhas (respe tivamente, olunas) i das ′ ′′ matrizes A e A e as outras linhas (respe tivamente, olunas) das matrizes ′ ′′ A e A são iguais às linhas (respe tivamente, oluna) orrespondentes da matriz A, então det A = det(A′ ) + det(A′′ ) Sejam

A′

48

e

Isto é,

a11 . . . ai−1 1 ai1 + bi1 ai+1 1 . . . an1

a11 .. . ai−1 1 = ai1 ai+1 1 . .. an1

. . .

ai−1 2 ai2 ai+1 2 . . .

Exemplo 3.31.

. . .

··· a1n a11 .. . . . . ai−1 n ai−1 1 ain + bi1 ai+1 n ai+1 1 . . . .. . ann an1 an2

··· ··· ···

−1 0 1 2 1 = 2 1 3 0

(P10 ) det(AB) = det A det B . Exemplo 3.32.

Sejam

det B = −4.   1 7 Então AB = 2 2

a1n

··· ··· ···

ai−1 2 ai2 + bi2 ai+1 2

···

an2

1 20 = 5 0

. . .

···

a12

. . . ai−1 n ain + bin = ai+1 n . . . ann

···

a12

A=

e



−1 0 1 1 0 + 3 1 3 0 

2 −1 1 1

e tem-se que

e

B=

a12 . . .

ai−1 2 bi2 ai+1 2 . . .

an2

···

··· ··· ··· ···

a1n . . . ai−1 n bin ai+1 n . . . ann

−1 0 1 1 = 9 + 11 1 3 

1 3 1 −1



, om

det(AB) = −12 = det A det B . 

(P11 ) Se A é uma matriz invertível então det A 6= 0 e det A−1 = Exemplo 3.33. lado,

A−1 =



1 3 2 3

A=  1

Seja

3 − 31

e



1 2

det A = 3

1 −1



. Então

 det A−1 = − 13 .

det A = −3 6= 0.

1 . det A Por outro

3.2 Determinantes. Con eitos gerais Exer í io Resolvido 3.34. 3

tais que

det A = −2

a) det(3A)

b) det

e

1 det B = . 4

A3 B −1

Resolução:

A

Sejam

e

49

B

matrizes reais quadradas de ordem

Determine, usando as propriedades:



) det

−BAT



d) det

  −1 1 − BT 2

det(3A) = 33 det A = −54;    det A3 B −1 = det A3 det B −1 = (det A)3 det1 B = −2;   det −BAT = det(−B) det AT = (−1)3 det B det A = 12 ;   −1  3 −1  1 1 1 = − 21 det B T = − 8 det(B det − 12 B T T ) = − 8 det B = − 2

a) b)

) d)

Exer í io 3.35. det B = 5

e

Sejam

1 det C = − . 2

a) det(ABC)

A, B, C ∈ M4×4 (R)

matrizes tais que

det A = −2,

Determine, usando as propriedades:

b) det(B

2

T

A C

−1

)

) det(−2B)

e) det



1 T −1 C A 3



3.2.2 Teorema de Lapla e A denição de determinante pode tornar-se pesada se a matriz for de ordem

3. Observe-se que, por exemplo, existem 4! = 24 permutações {1, 2, 3, 4}. O próximo resultado permite al ular o determinante

superior a

do

onjunto

de

uma forma mais práti a.

Denição 3.36. de

A,

de ordem

e da oluna

j.

  A = aij ∈ Mn×n (K). Seja A(i|j) n − 1, que se obtém desta a partir da Seja

Chama-se

representa-se por

Aij ,

omplemento algébri o

(ou

a submatriz quadrada supressão da linha

i

aij ,

e

o-fa tor)

ao es alar

Aij = (−1)i+j det A(i|j). 

 3 2 4 Exemplo 3.37. Seja A =  0 1 2 . Então −1 0 1 2+1 2 4 1+1 1 A21 = (−1) 0 1 = −2 e A11 = (−1) 0

2 = 1. 1

de

3.2 Determinantes. Con eitos gerais Teorema 3.38 (Teorema de Lapla e). det A =

n X

Seja

aij Aij =

j=1

para quaisquer

50

n X

  A = aij ∈ Mn×n (K).

Então

ars Ars ,

r=1

i, s ∈ {1, . . . , n}.

Este teorema também é onhe ido omo o desenvolvimento em o-fa tores para o ál ulo do determinante. Na práti a, onsiste em es olher uma linha (ou uma oluna) e multipli ar ada entrada dessa linha (ou oluna) es olhida pelo

ofa tor orrespondente, e adi ionar os resultados. Isto é, se es olher a linha

om

i ∈ {1, . . . , n},

det A = ai1 Ai1 + ai2 Ai2 + · · · + ain Ain = Se es olher a oluna

s,

om

s ∈ {1, . . . , n},

nante de

A

Seja



n X

aij Aij .

j=1

então:

det A = a1s A1s + a2s A2s + · · · + ans Ans =

Exemplo 3.39.

i,

então

 3 −2 7 0  1 −2 −3 8  . A =   6 0 −1 8  −1 2 5 2

n X

ars Ars .

r=1

Vai-se al ular o determi-

por apli ação dire ta do Teorema de Lapla e. Es olha-se a primeira

linha:

3 −2 7 0 1 −2 −3 8 = 3A11 + (−2)A12 + 7A13 + 0A14 6 0 −1 8 −1 2 5 2 −2 −3 8 = 3(−1)1+1 0 −1 8 2 5 2 1 −3 8 + (−2)(−1)1+2 6 −1 8 −1 5 2 1 −2 8 0 8 + 7(−1)1+3 6 −1 2 2

= 3(4 − 48 + 16 + 80) + 2(−2 + 24 + 240 − 8 − 40 + 36) + 7(16 + 96 − 16 + 24) = 1496.

3.2 Determinantes. Con eitos gerais

Exemplo 3.40. B,

Seja

 2 3 B =  2 1

6 5 4 2

 8 9 . 7 2

Vai-se al ular o determinante de

utilizando o Teorema de Lapla e e as propriedades dos determinantes.

2 3 2 1

4 6 1 2

6 5 4 2

8 9 7 2

P6 =

P3 =

T.L. C1

=

T.L. C1

=

=

Exer í io Resolvido 3.41. a1 b1 c1

4 6 1 2

51

a2 b2 c2

a3 b3 . c3

1 2 3 4 3 6 5 9 2 2 1 4 7 1 2 2 2 1 2 3 0 0 −4 2 0 −3 −2 0 0 −1 

4 −3 −1 −2  0 −4 −3 2 × 1 × (−1)1+1 −3 −2 −1  0 −1 −2 2+1 −4 −3 2(−3)(−1) −1 −2

6(8 − 3) = 30.

Sabendo que

2a1 2c1 2b1

a2 + a3 c2 + c3 b2 + b3

−a3 −c3 = 10, −b3

al ule

3.3 Condições de invertibilidade

52

Resolução:

10

=

P9 =

P6

e

=

P4

P6 =

P5 =

Portanto,

a1 b1 c1

a2 b2 c2

Exer í ios 3.42.

a3 b3 = 5. c3

2. Para quaisquer

2a1 a2 + a3 −a3 2c1 c2 + c3 −c3 2b1 b2 + b3 −b3 2a1 a2 −a3 2a1 2c1 c2 −c3 + 2c1 2b1 b2 −b3 2b1 a1 a2 −a3 2 c1 c2 −c3 + 0 b1 b2 −b3 a1 a2 a3 −2 c1 c2 c3 b1 b2 b3 a1 a2 a3 2 b1 b2 b3 . c1 c2 c3

1. Sabendo que

a1 a2 a3

x1 , x2 , y1 , y2 1 x1 1 y1 1 y1

a1 b1 c1

2b1 2b2 2b3

a2 b2 c2

−a3 −c3 −b3

a3 c3 b3

a3 b3 = 2, c3

al ule

4c1 + a1 4c2 + a2 . 4c3 + a3

∈ R, mostre que x2 x2 = (y1 − x1 )(y2 − x2 ). y2

3.3 Condições de invertibilidade É possível estabele er uma relação entre a existên ia ou não da inversa de uma matriz através do determinante, bem omo lassi ar o sistema de equações lineares asso iado a essa matriz.

Teorema 3.43.

Seja

A

mações são equivalentes:

uma matriz quadrada de ordem

n.

As seguintes ar-

3.3 Condições de invertibilidade a)

A

é invertível;

AX = 0

b) O sistema

)

53

r(A) = n

tem apenas a solução trivial;

e a matriz

A

In

pode ser reduzida à matriz

por operações ele-

mentares sobre linhas; d) O sistema tipo

AX = B

é possível e determinado, para qualquer matriz

B

do

n × 1;

e) Existe uma matriz quadrada

C

de ordem

n

tal que

AC = In .

Demonstração. Prova-se este resultado através da sequên ia de impli ações

a) ⇒ b) ⇒ c) ⇒ d) ⇒ e) ⇒ a). a) ⇒ b) Se A é Mn×1 (K) é ambos os

A−1 ∈ Mn×n (K). Suponha-se que X1 ∈ uma solução do sistema AX = 0, isto é, AX1 = 0. Multipli ando −1 , pode deduzir-se que: membros da equação anterior por A invertível então existe

⇔ A−1 (AX1 ) = A−1 0 ⇔ (A−1 A)X1 = 0

AX1 = 0

⇔ In X1 = 0 ⇔ X1 = 0. Portanto,

X1 = 0

e, dada a arbitrariedade de

X1 , AX = 0

tem uma úni a

solução que é a solução trivial.

b) ⇒ c)

Se o sistema

AX = 0

tem apenas a solução trivial, então é um sistema

r(A) = r reduzida a In por

possível e determinado. Logo impli a que

A

pode ser

c) ⇒ d) Seja B ∈ Mn×1 (K).

Como

A



A

0



= n,

o que por sua vez

operações elementares sobre linhas.

pode ser reduzida a

In

por operações elemen-

tares por linhas, então onsegue-se efe tuar a redução por linhas



A

  → · · · → In B ′ ,   A B = n = r(A) r B



B ′ ∈ Mn×1 (K). Logo AX = B é possível e determinado.

om

d) ⇒ e)

Para ada

In .

e, portanto, o sistema

i ∈ {1, . . . , n}, dena-se Bi ∈ Mn×1 (K) omo a oluna i da matriz

3.3 Condições de invertibilidade

54

i ∈ {1, . . . , n}, o sistema AX = Bi tem uma Xi ∈ Mn×1 (K). Seja C = X1 X2 · · · Xn . Então   AC = A X1 X2 · · · Xn   = AX1 AX2 · · · AXn por denição de produto entre matrizes   = B1 B2 · · · Bn por denição de Xi (AXi = Bi ) = In por denição de Bi . Então, por hipótese, para ada

úni a solução, diga-se

Ou seja, existe

C ∈ Mn×n (K)

tal que

AC = In .

e) ⇒ a)

Por hipótese, existe uma matriz quadrada

A

Para mostrar que

C

de ordem

n

Primeiro mostra-se que o sistema homogéneo X ′ ∈ Mn×1 (K) tal que CX ′ =

solução trivial. Seja

AC = In . CA = In .

tal que

é invertível basta mostrar que também se tem

CX = 0 0. Então

admite apenas a

X ′ = In X ′ = (AC)X ′ = A(CX ′ ) = A0 = 0. Ou seja,

b) ⇒ e),

X′ = 0

CX = 0 tem C ∈ Mn×n (K) tal

e, portanto, ′

existe uma matriz

apenas a solução trivial. Como CC ′ = In . Mas então

que

A = AIn = A(CC ′ ) = (AC)C ′ = In C ′ = C ′ . E, portanto,

CA = AC = In ,

ou seja,

A

é invertível.

Foi visto nas propriedades dos determinantes que se uma matriz é invertível então o seu determinante é não nulo. Prova-se mesmo que esta ondição é ne essária e su iente.

Teorema 3.44.

Uma matriz quadrada

Demonstração. Seja

A

é invertível se e só se

det A 6= 0.

A ∈ Mn×n (K).

 ⇒ Suponha-se que A é uma matriz invertível. Então existe uma matriz A−1 ∈ Mn×n (K) tal que AA−1 = In . Como o determinante do produto de

matrizes é o produto dos determinantes de ada uma das matrizes, tem-se pela

P10 )

propriedade (

Logo

det A 6= 0.

  det (A) det A−1 = det AA−1 = det (In ) = 1.

(3.6)

 ⇐ A demonstração da impli ação re ípro a é mais ompli ada e não será

efe tuada.



 0 α 1 0  α −2 −α 1  , Exer í io Resolvido 3.45. Considere a matriz A =   −1 1 1 0  0 −α2 −2 0 onde α é um parâmetro real. Determine os valores de α para os quais a matriz A é invertível.

3.4 Cál ulo da inversa a partir da matriz adjunta Resolução: Come e-se por al ular o determinante de

0 α 1 0 α −2 −α 1 −1 1 1 0 0 −α2 −2 0

=

T.L. C1

=



(−2α + α2 )

=

α(α − 2).

=

det A 6= 0. Portanto, A é inA é invertível para qualquer

Por teorema anterior,

e só se

vertível se e só se

ou seja,

α ∈ R \ {0, 2}.

A.

0 α 1 1 1 1(−1)2+4 −1 0 −α2 −2 α 1 (−1)(−1)2+1 −α2 −2

T.L. C4

A é invertível se α 6= 0 e 2 − α 6= 0,

55



 β 6 1 1 , onde β é um parâmetro real. Exer í io 3.46. Seja A =  0 β − 1 0 1 β+5 Determine os valores de β para os quais o sistema homogéneo AX = 0 admite apenas a solução trivial.

3.4 Cál ulo da inversa a partir da matriz adjunta Seja

A ∈ Mn×n (K). Chama-se matriz dos omplementos algébri os Aˆ, à matriz quadrada de ordem n denida por:

de

A,

e

representa-se por

onde

Aij

  Aˆ = Aij

é o omplemento algébri o da entrada

Denição 3.47.

Seja

representa-se por

adj A,

A,

A ∈ Mn×n (K).

aij ,

Chama-se

para todo

i, j ∈ {1, . . . , n}.

matriz adjunta de

isto é,

ˆ T. adj A = (A)

Exemplo 3.48.

Seja



A,

e

à transposta da matriz dos omplementos algébri os de



1 A= 0 4

A11 Aˆ =  A21 A31

A12 A22 A32

 1 3 2 2 . 0 5

Então

   A13 10 8 −8 A23  =  −5 −7 4  A33 −4 −2 2

3.4 Cál ulo da inversa a partir da matriz adjunta Logo



 −4 −2  . 2

10 −5 ˆ T =  8 −7 adj A = (A) −8 4

Exer í io 3.49.

Considere a matriz

A = adj A.

56



 −4 −3 −3 0 1 . A =  1 4 4 3

Verique que

O próximo resultado estabele e uma propriedade que permitirá al ular a inversa de uma matriz a partir da sua matriz adjunta.

Teorema 3.50.

Seja

A ∈ Mn×n (K).

Então

A (adj A) = (det A) In . Mais, se

A

é invertível então

1 adj A. det A   A = aij ∈ Mn×n (K),

A−1 = Demonstração. Dada uma matriz

A (adj A) =

=



a11  a21   ..  . an1  a11  a21   ..  . an1

a12 a22 . . .

an2 a12 a22 . . .

an2

··· ··· . . .

···

··· ··· . . .

···

 a1n  a2n     . .  . ann  a1n  a2n     . .  . ann

A11 A21

A12 A22

. . .

. . .

An1

An2

A11 A12

A21 A22

. . .

. . .

A1n

A2n

Pela denição de produto de matrizes, para ada da matriz

A (adj A)

é

tem-se que

··· ··· . . .

···

··· ··· . . .

···

i ∈ {1, . . . , n},

T A1n A2n    . .  . Ann  An1 An2   . . .  . Ann a entrada

(i, i)

ai1 Ai1 + ai2 Ai2 + · · · + ain Ain = det A, i da matriz A. i, j ∈ {1, . . . , n}, om i 6= j e onsidere-se a matriz B que se obtém da matriz A, substituindo a linha j por uma linha igual à linha i de A. Então det B = 0, porque a matriz B tem duas linhas iguais. Pelo Teorema de Lapla e, apli ado à linha j da matriz B , tem-se pelo Teorema de Lapla e apli ado à linha Sejam

0 = det B = ai1 Aj1 + ai2 Aj2 + · · · + ain Ajn ,

3.5 Sistemas de Cramer que é a entrada

(i, j)

57

da matriz

A (adj A).



Se

A

det A 0  0 det A  A (adj A) =  . . . .  . . 0 0

é invertível, então existe

A−1 = A−1



det A det A



. . .

. . .

···

det A e



   = (det A) In . 

det A 6= 0.

Logo

pela primeira parte do teorema por denição de inversa

Considere-se a matriz

então



1 A−1 = −  6

Seja

0 0

In

1 A−1 A (adj A) det A 1 adj A = det A

Exer í io 3.52.

··· ···

A−1 ∈ Mn×n (K)

=

Exemplo 3.51.

Portanto,

 1 A = 0 4

A

do Exemplo 3.48. Como



det A = −6,

10 −5 −4 8 −7 −2  −8 4 2

 1 2 1 3. 2 1

Cal ule

A−1 ,

usando a matriz adjunta.

3.5 Sistemas de Cramer Denição 3.53.

Sejam A ∈ Mn×n (K) e B ∈ Mn×1 (K). Diz-se que um sistema de equações lineares na forma matri ial AX = B é um

se a matriz

A

sistema de Cramer

é invertível.

Repare-se que se existe

A−1

então

AX = B ⇔ A−1 (AX) = A−1 B ⇔ X = A−1 B. Ou seja, um sistema de Cramer é sempre possível e determinado e a sua úni a solução é dada por:

X = A−1 B. Observe-se que, neste tipo de sistemas, basta al ular a matriz inversa de A e −1 B para obter a solução. No entanto existe um método, efe tuar o produto A denominado Regra de Cramer, que permite a obtenção da solução destes sistemas de uma forma mais e iente.

3.5 Sistemas de Cramer

58

Teorema 3.54 (Regra de Cramer).

Sejam A ∈ Mn×n (K) e B ∈ Mn×1 (K) matrizes tais que o sistema de equações lineares na forma matri ial AX = B é

j ∈ {1, . . . , n}, seja Aj a matriz que se obtém pela úni a oluna da matriz B .

um sistema de Cramer. Para ada de

A

substituindo a oluna

j

A solução (úni a) do sistema

αj =

AX = B

det(Aj ) , det A

Demonstração. Note-se que, sendo

n-uplo (α1 , . . . , αn ),

é o

onde

para todo

j ∈ {1, . . . , n}.

AX = B

um sistema de Cramer, então A X = A−1 B . Seja T bn . Então:

é uma matriz invertível e a solução do sistema é dada por T   α1 . . . αn essa solução e suponha-se que B = b1 · · ·

  

Repare-se que a entrada



α1

  =

. . .

αn

(j, 1)

A−1 B 1 (adj A) B. det A

=

(adj A) B

da matriz oluna

é

A1j b1 + A2j b2 + · · · + Anj bn = det Aj , por apli ação do Teorema de Lapla e à oluna

αj =

Exemplo 3.55.

ial é

AX = B ,

det Aj , det A

para qualquer

j

da matriz

Portanto

j ∈ {1, . . . , n}.

Considere-se o sistema de equações lineares uja forma matrionde



1 −1 0 A= 1 1 1

 −3 1  3

e

Note-se que é um sistema de Cramer uma vez que

A

Aj .

é invertível.

  2 B = 1 . 0

det A = −2 6= 0

e, portanto,

De a ordo om o teorema anterior, a solução deste sistema é o terno

(x, y, z)

onde

2 −1 −3 1 0 1 0 1 3 x= = 1, y = −2

1 1 1

2 −3 1 1 0 3 −2

Ou seja, a solução do sistema dado é



= −1

(1, −1, 0)

e

z=

(verique!).

1 1 1

−1 2 0 1 1 0 =0 −2

3.5 Sistemas de Cramer Exer í io 3.56. tri ial é

AX = B ,

59

Considere-se o sistema de equações lineares uja forma maonde



1 A= 0 1

 2 3 2 1  −1 1

e

  2 B = 1 . 3

Mostre que este sistema só admite uma solução e al ule-a, apli ando a regra de Cramer.

4. Espaços ve toriais sobre um orpo

4.1 Denição e propriedades

61

4.1 Denição e propriedades Seja

K

um onjunto não vazio onde estão denidas duas operações internas,

representadas por

α+β ∈K

À operação

em

+

+

·, isto é, α · β ∈ K.

e por

e um e um só

para todo

hama-se adição em

K

α, β ∈ K,

e à operação

K. Estas operações internas onferem a

Ko

·

existe um e um só

hama-se multipli ação

que habitualmente se hama estru-

tura algébri a, uja designação depende das propriedades que estas operações satisfazem. Se a operação adição

+

veri ar as propriedades (P1 ) a (P4 ), onde

(P1 ) omutatividade: α + β = β + α, ∀α, β ∈ K

(P2 ) asso iatividade: (α + β) + γ = α + (β + γ), ∀α, β, γ ∈ K

(P3 ) existên ia de elemento neutro: ∃0K ∈ K, ∀α ∈ K: 0K + α = α

(P4 ) existên ia de elemento simétri o: ∀α ∈ K, ∃−α ∈ K: α+(−α) = 0K diz-se que a estrutura algébri a Se a operação multipli ação

(K, +) ·

é um grupo abeliano.

veri ar as propriedades (P5 ) a (P8 ), onde

(P5 ) omutatividade: α · β = β · α, ∀α, β ∈ K

(P6 ) asso iatividade: (α · β) · γ = α · (β · γ), ∀α, β, γ ∈ K

(P7 ) existên ia de elemento neutro: ∃1K ∈ K, ∀α ∈ K: 1K · α = α

(P8 ) existên ia de elemento inverso: ∀α ∈ K \ {0K }, ∃α−1 ∈ K \ {0K }: α · α−1 = 1K diz-se que a estrutura algébri a

Denição 4.1. resentadas por

Seja

+

K

(K \ {0K }, ·)

é um grupo abeliano.

um onjunto munido de duas operações internas, rep-

e por ·, tais que são válidas as propriedades (P1 ) a (P8 ). Se

também for válida a propriedade distributiva de

·

em relação

+,

isto é, se

(P9 ) ∀α, β, γ ∈ K, α · (β + γ) = α · β + α · γ, diz-se que a estrutura algébri a

(K, +, ·)

é um

orpo.

0K , hama-se zero do orpo K e ao elemento 1K , hama-se identidade do orpo K.

Ao elemento neutro da adição, neutro da multipli ação,

Exemplo 4.2. (R, +, ·), (Q, +, ·) e (C, +, ·) são orpos, onde + e · representam,

respe tivamente, a adição e a multipli ação usuais entre números.

4.1 Denição e propriedades Denição 4.3.

Seja

K

62

um orpo e seja

E

um onjunto não vazio onde estão

denidas duas operações:

• •

uma operação interna, representada por

u, v ∈ E

tal que a todos



e uma operação externa, representada por

E , tal α ⊗ u ∈ E.

por es alar em elemento

e designada por adição em

que a todo

α∈K

E,

u ⊕ v ∈ E;

faz orresponder o elemento

⊗ e designada por multipli ação u ∈ E faz orresponder o

e a todo

(E, ⊕, ⊗) é um espaço ve torial sobre o

orpo K se são satisfeitas as seguintes propriedades, para quaisquer u, v, w ∈ E

Diz-se que a estrutura algébri a e quaisquer

α, β ∈ K:

(A1 ) u ⊕ v = v ⊕ u

⊕)

( omutatividade de

(A2 ) (u ⊕ v) ⊕ w = u ⊕ (v ⊕ w) (A3 ) ∃0E ∈ E , u ⊕ 0E = u

(asso iatividade de

⊕)

(existên ia de elemento neutro de

(A4 ) ∃ − u ∈ E , u ⊕ (−u) = 0E

⊕) ⊕)

(existên ia de elemento simétri o em

e ainda

(M1 ) (α + β) ⊗ u = (α ⊗ u) ⊕ (β ⊗ u) (distributividade (M2 ) α ⊗ (u ⊕ v) = α ⊗ u ⊕ α ⊗ v (M3 ) α ⊗ (β ⊗ u) = (α · β) ⊗ u (M4 ) 1K ⊗ u = u

(distributividade de

E





em relação a

em relação a

+)

⊕)

(asso iatividade mista)

(existên ia de elemento neutro de

Aos elementos de

de

⊗)

hamam-se ve tores e aos elementos de

es alares. O elemento neutro para a adição de

E

(representado por 0E ). Quando K = R (respe tivamente, espaço ve torial real (respe tivamente, omplexo ). Os es alares são aqui representados por letras gregas por letras minús ulas do alfabeto

u, v, w, . . . .

K

hamam-se

toma o nome de ve tor nulo

C),

diz-se que

α, β, λ, . . .

E

e os ve tores

Como as operações entre ve tores

e entre um es alar e um ve tor não se onfundem fa ilmente, em vez de usaremos simplesmente a notação

+

e

·

é um



e



(sendo este último símbolo omitido). O

ontexto determinará qual a operação que está em ausa. Apresentam-se de seguida alguns exemplos de espaços ve toriais reais.

Exemplos 4.4.

1. O onjunto

R2 = {(x1 , x2 ) : x1 , x2 ∈ R}

om as opera-

ções usuais entre pares ordenados:

(x1 , x2 ) + (y1 , y2 ) = (x1 + y1 , x2 + y2 ) α(x1 , x2 ) = (αx1 , αx2 ), para todo real.

(x1 , x2 ), (y1 , y2 ) ∈ R2

e para todo

α ∈ R,

O ve tor nulo é (0, 0) e o simétri o do ve tor (−x1 , −x2 ) ∈ R2 .

é um espaço ve torial

(x1 , x2 ) ∈ R2

é o ve tor

4.1 Denição e propriedades

63

2. Generalizando o exemplo anterior, para

n ∈ N,

o onjunto

Rn = {(x1 , x2 , . . . , xn ) : x1 , x2 , . . . , xn ∈ R},

om as operações usuais entre

n-uplos:

(x1 , x2 , . . . , xn ) + (y1 , y2 , . . . , yn ) = (x1 + y1 , x2 + y2 , . . . , xn + yn ) α(x1 , x2 , . . . , xn ) = (αx1 , αx2 , . . . , αxn ), para todo

(x1 , x2 , . . . , xn ), (y1 , y2 , . . . , yn ) ∈ Rn

e para todo

espaço ve torial real.

(0, 0, . . . , 0) e o simétri o (−x1 , −x2 , . . . , −xn ) ∈ Rn .

O ve tor nulo é é o ve tor

do ve tor

α ∈ R,

é um

(x1 , x2 , . . . , xn ) ∈ Rn

3. O onjunto

{p(x) : p(x)

P [x] =

é um polinómio om oe ientes reais

}

{p(x) = an xn + · · · + a1 x + a0 : an , . . . , a0 ∈ R, n ∈ N0 }

=

om a adição usual de polinómios e a multipli ação de um polinómio por um número real é um espaço ve torial real. Note-se que, dados dois polinómios

p(x), q(x) ∈ P [x] p(x) q(x)

de graus

n

e

m,

respe tivamente, tais que

= an xn + · · · + a1 x + a0 = bm xm + · · · + b1 x + b0

a adição e a multipli ação por um número real estão denidas da seguinte forma: supondo, sem perda de generalidade, que

n≤m

então

p(x) = 0xm + · · · + 0xm + an xn + · · · + a1 x + a0 e, sendo assim,

p(x) + q(x) = (0 + bm )xm + · · · + (0 + bn+1 )xn+1 + (an + bn )xn + + · · · + (a1 + b1 )x + (a0 + b0 ) e, para todo

α ∈ R, αp(x) = αan xn + · · · + αa1 x + αa0

O ve tor nulo é o polinómio nulo 0(x) = 0 e o simétri o do polinómio p(x) = an xn + · · · + a1 x + a0 ∈ P [x] é o polinómio

−p(x) = −an xn − · · · − a1 x − a0 ∈ P [x]. Mm×n (R) = {A : A é uma matriz real do tipo m × n}, om a adição usual de matrizes e a multipli ação por um es alar, é um espaço

4. O onjunto

ve torial real.

 e o simétri o m × n −A = −aij ∈ Mm×n (R).

O ve tor nulo é a matriz nula do tipo

  A = aij ∈ Mm×n (R)

é a matriz

da matriz

4.1 Denição e propriedades 5. O onjunto

64

F (R) das funções reais de variável real om domínio R, munido

da adição usual de funções e multipli ação duma função por um número real é um espaço ve torial real. Note-se que, dadas as funções

f +g

é uma função real de variável real tal que

(f + g)(x) = f (x) + g(x), e

αf

para todo o

f, g ∈ F (R),

x∈R

é uma função real de variável real tal que

(αf )(x) = α (f (x)) ,

x∈R

para todo o

O ve tor nulo é a função identi amente nula, isto é,

x ∈ R e o simétri o de uma função f ∈ F (R) que (−f )(x) = −f (x), para todo x ∈ R.

f (x) = 0, para todo −f ∈ F (R) tal

é a função

Vejam-se agora algumas propriedades dos espaços ve toriais.

Proposição 4.5. ve tores

u, v ∈ E

Seja

E

um espaço ve torial sobre

e quaisquer es alares

α, β ∈ K,

K.

Então, para quaisquer

tem-se que:

(b) α0E = 0E

(a) 0K u = 0E ( ) (−α)u = −(αu)

(d) α(−u) = −(αu)

(e) (α − β)u = αu − βu

(f) α(u − v) = αu − αv.

Notação: u − v = u + (−v) e α − β = α + (−β). Demonstração. Prove-se

(a). Por denição de zero do orpo, sabe-se que 0K = 0K + 0K

e, portanto,

0K u = (0K + 0K )u. Por (M1 ), obtém-se 0K u = 0K u + 0K u.

Por (A4 ), existe simétri o de

0K u,

isto é, existe

−(0K u).

Somando a ambos os

membros da equação, esse simétri o e utilizando (A2 ), tem-se que:

0K u + (−0K u) = (0K u + 0K u) + (−0K u) = 0K u + (0K u − 0K u) . Logo, pelas ondições (A3 ) e (A4 ), vem que:

0E = 0K u + 0E ⇔ 0E = 0K u. Prove-se

(b), analogamente. Por (A3 ), 0E = 0E +0E , logo α0E = α(0E +0E ).

Pela ondição (M2 ), vem que:

α0E = α0E + α0E .

4.1 Denição e propriedades

65

Somando a ambos os membros o simétri o de

α0E ,

isto é, somando

usando (A1 ), (A4 ) e (A3 ), tem-se que:

α0E + (−α0E ) = ⇔ 0E ⇔ 0E Prove-se de

αu.

= =

(α0E + α0E ) + (−α0E ) α0E + (α0E + (−α0E )) α0E .

( ). Repare-se que (−α)u = −(αu) signi a que (−α)u é o simétri o

Então, tem que se mostrar que

(−α)u + αu = 0E .

(−α)u + αu = (−α + α)u = 0K u

Prove-se

por denição de simétri o em por

(a).

αu,

ou seja, mostre-se que

α(−u) + αu = α(−u + u) = α0E

Ora

por (A1 ) e (A4 ) por

(b).

(e). Repare-se que (α − β)u = (α + (−β))u

por notação

= αu + (−β)u

por (M1 )

= αu + (−βu) = αu − βu

por

( )

por notação

(f), analogamente. Repare-se que α(u − v) = α(u + (−v)) = αu + α(−v)

por notação por (M2 )

= αu + (−αv) = αu − αv

Exer í io 4.6. ve tores

α(−u) + αu = 0E . por (M2 )

= 0E

Prove-se

K

(d), de forma análoga. Repare-se que α(−u) = −(αu) signi a que

é o simétri o de

Prove-se

Ora

por (M1 )

= 0E α(−u)

−α0E ,

Seja

u, v, w ∈ E

E

(a) −(−u) = u; se

αu = 0E

( )

se

u+v =u+w

(d)

se

αu = βu

então

e

α = 0K

então

u 6= 0E

ou

u = 0E ;

v = w;

então

α = β.

(d)

por notação

K. Prove que, para α, β ∈ K, tem-se que:

um espaço ve torial sobre

e para quaisquer es alares

(b)

por

quaisquer

4.2 Subespaços ve toriais

66

4.2 Subespaços ve toriais Denição 4.7. não vazio de por em

E.

Seja

E

F

é um

F ≤ E , se F for um espaço F pelas operações de E . E

É fá il veri ar que

K

um espaço ve torial sobre

Diz-se que

e

ve torial sobre

{0E }

e seja

F

um sub onjunto

subespaço ve torial de E , e representa-se K

para as operações induzidas

são subespaços ve toriais de

E.

Estes subes-

paços hamam-se subespaços triviais. Todos os outros subespaços ve toriais são não triviais.

Exemplo 4.8.

O sub onjunto de

P [x] onstituído pelos polinómios n , isto é, o onjunto

de oe-

ientes reais de grau menor ou igual a

Pn [x]

= =

{p(x) ∈ P [x] : grau(p(x)) ≤ n}

{p(x) = an xn + · · · + a1 x + a0 : ai ∈ R, ∀i ∈ {0, 1, . . . , n}}

P [x] para as operações denidas em P [x]. Note-se Pn [x] é um sub onjunto não vazio de P [x] pois o polinómio nulo perten e a Pn [x]. Além disso, para as operações denidas em P [x], Pn [x] satisfaz todas as ondições da denição de espaço ve torial. As ondições (A1 ), (A2 ), (M1 ), (M2 ), (M3 ) e (M4 ) são válidas porque se são válidas para todos os polinómios de P [x] também são válidas para os polinómios de grau menor ou igual a n. O polinómio nulo perten e a Pn [x] e, portanto, é válida a ondição (A3 ). Por m, o simétri o de um polinómio de grau menor ou igual a n é ainda um polinómio de grau menor ou igual a n, logo é válida (A4 ). é um subespaço ve torial de

que

Seguidamente apresenta-se uma ara terização para que um sub onjunto dum espaço ve torial

Proposição 4.9. de

E.

Então

F

E

Seja

seja um seu subespaço ve torial.

E

um espaço ve torial sobre

é um subespaço ve torial de

E

K

e seja

F

um sub onjunto

se e só se

(i) F 6= ∅;

(ii) ∀u, v ∈ F , u + v ∈ F (F

(iii) ∀α ∈ K, ∀u ∈ F , es alar).

Exemplo 4.10. (não trivial) de

é fe hado para a adição);

αu ∈ F

(F é fe hado para a multipli ação por um

Qualquer re ta que passa na origem é um subespaço ve torial

R2 .

De fa to, seja

m ∈ N.

O onjunto

F = {(x, y) ∈ R2 : y = mx} = {(x, mx) : x ∈ R} é um subespaço ve torial de

R2 .

De fa to

disso,

(i) (0, 0) ∈ F

já que

(0, 0) = (0, m0)

F ⊆ R2 ,

e, portanto,

por denição de

F 6= ∅;

F.

Além

4.2 Subespaços ve toriais (ii)

sejam

67

(x1 , mx1 ), (x2 , mx2 ) ∈ F

arbitrários, então

(x1 , mx1 )+(x2 , mx2 ) = (x1 +x2 , mx1 +mx2 ) = (x1 +x2 , m(x1 +x2 )) ∈ F ;

(iii)

sejam

α∈R

(x, mx) ∈ F

e

arbitrários, então

α(x, mx) = (αx, α(mx)) = (αx, m(αx)) ∈ F. Pela Proposição 4.9,

F

é um subespaço ve torial de

Exer í io Resolvido 4.11. um subespaço ve torial de

R2 .

H = {ax2 + bx + c ∈ P2 [x] : c = 0} P2 [x] = {ax + bx + c : a, b, c ∈ R}. Mostre que 2

é

Resolução: Note-se que

H = {ax2 + bx + c ∈ P2 [x] : c = 0} = {ax2 + bx : a, b ∈ R} Ora

(i)

H ⊆ P2 [x],

x2 − x ∈ H H 6= ∅;

o polinómio portanto,

(ii)

por denição de

sejam

H.

Além disso:

pois é da forma

ax2 + bx, cx2 + dx ∈ H ,

ax2 + bx

(iii)

seja

H

b = −1,

e,

∈R

é fe hado para a adição de polinómios.

ax2 + bx ∈ H

H

e

(ax2 + bx) + (cx2 + dx) = (a + c) x2 + (b + d) x ∈ H; | {z } | {z } e seja

α ∈ R,

então

α(ax2 + bx) = (αa) x2 + (αb) x ∈ H; |{z} |{z} ∈R

Logo

a=1

então

∈R

Logo

om

∈R

é fe hado para a multipli ação de um polinómio por um número

real. Logo, pela Proposição 4.9,

H

Exer í io Resolvido 4.12. perten e a

S . Logo R3 .

Verique se

3

P2 [x].

S = {(x, y, z) ∈ R3 : z = 1}

é um

R . que (0, 0, 1), (1, 1, 1) ∈ S e (0, 0, 1) + (1, 1, 1) = (1, 1, 2) não S não é fe hado para a adição e portanto não é subespaço

subespaço ve torial de Resolução: Note-se

é um subespaço ve torial de

ve torial de

Exer í io 4.13.

Averigúe se os seguintes onjuntos são subespaços ve toriais

dos espaços ve toriais indi ados.

4.2 Subespaços ve toriais

68

a)

F = {(x, y) ∈ R2 : x = 0}

b)

G = {(x, y, z) ∈ R3 : y = 2}

)

S = {ax2 + bx + c ∈ P2 [x] : a 6= 0}

de

R2 ;

de

R3 ; de

P2 [x].

O próximo resultado apresenta algumas propriedades dos subespaços ve toriais.

Proposição 4.14. ve torial de

E.

Seja

E

um espaço ve torial sobre

K

e seja

F

um subespaço

Então:

(a) 0E ∈ F ;

(b)

se

( )

u∈F

se

u, v ∈ F

então

−u ∈ F ,

então

u − v ∈ F,

Demonstração. Prove-se Por outro lado, omo Logo, omo

F

para todo

Prove-se

para todo

u, v ∈ F .

(a). Como K é orpo, existe o zero do orpo, 0K ∈ K.

F 6= ∅,

existe

u ∈ F.

é um subespaço ve torial, pela ondição

4.9, vem que:

(iii)

da Proposição

0K u = 0E ∈ F.

(b),

dade do orpo,

u ∈ F;

analogamente. Como

−1K ∈ K.

Seja

Novamente, pela ondição

K

é orpo, existe o simétri o da identi-

u ∈ F.

(iii) da Proposição 4.9, vem que: (−1K )u ∈ F.

Como

F

é um subespaço ve torial, pela ondição ( ) da Proposição 4.5 e pela

ondição (M4 ), vem que Prove-se

( ).

Sejam

(−1K )u = −(1K u) = −u.

Logo

−u ∈ F .

Por (b), −v ∈ F . Assim, omo F (ii) da Proposição 4.9, tem-se que

u, v ∈ F .

subespaço ve torial, pela ondição

é um

u + (−v) = u − v ∈ F.

Atendendo à proposição anterior, a ondição ser substituída por

0E ∈ F .

(i)

da Proposição 4.9 pode

Além disso, as ondições

(ii)

e

(iii)

podem ser

substituídas por uma só ondição.

Proposição 4.15. de

E.

Então

(1) 0E ∈ F ;

F

Seja

E

um espaço ve torial sobre

é um subespaço ve torial de

(2) ∀α, β ∈ K , ∀u, v ∈ F , αu + βv ∈ F .

E

K e seja F

se e só se

um sub onjunto

4.3 Combinação linear de ve tores Demonstração.  ⇒ Suponhamos que

E . Pela u, v ∈ F e α, β ∈ K então, pela ondição (iii) da Proposição 4.9, αu ∈ F e βv ∈ F . Logo, novamente pela Proposição 4.9, mas pela ondição (ii), αu + βv ∈ F .

(1).

proposição anterior, vale

F

69 é um subespaço ve torial de

Além disso, dados

 ⇐ Repare-se que:

(i) F 6= ∅ pois, por (1), 0E ∈ F .

(ii) (iii)

Sejam

u, v ∈ F .

Por

Analogamente, por

on lui-se que

Pela Proposição 4.9,

(2), fazendo α = β = 1K , on lui-se que u + v ∈ F .

(2),

αu ∈ F . F

sejam

u∈F

e

α ∈ K,

é um subespaço ve torial de

fazendo

β = 0K

e

v = 0E ,

E.

4.3 Combinação linear de ve tores Denição 4.16.

E um espaço ve torial sobre K e u1 , u2 , . . . , uk ∈ E . v ∈ E é ombinação linear dos ve tores u1 , u2 , . . . , uk es alares α1 , α2 , . . . , αk ∈ K tais que Sejam

Diz-se que o ve tor se existem

v = α1 u1 + α2 u2 + · · · + αk uk .

Exemplos 4.17.

1. Considere no espaço ve torial real

v = (2, −1, 3), v1 = (1, 0, 0), v2 = (1, 0, 1) O ve tor

v

é ombinação linear dos ve tores

De fa to, mostre-se que existem

α1 , α2 , α3 ∈ R

os ve tores

v3 = (1, 2, 1).

e

v1 , v2

R3 ,

e

v3 .

tais que

(2, −1, 3) = α1 (1, 0, 0) + α2 (1, 0, 1) + α3 (1, 2, 1). Ou seja, pretende-se veri ar que é possível o sistema

  2 = α1 + α2 + α3 −1 = 2α3  3 = α2 + α3

Sendo assim, passando o sistema para a sua matriz ampliada



   1 1 2 1 1 1 2 −−−−−→ 0 2 −1  L2 ↔ L3  0 1 1 3  1 1 3 0 0 2 −1   A B Note-se que r(A) = r e, portanto, o sistema anterior sível e determinado. Ou seja, v é ombinação linear de v1 , v2 , v3 . 1  0 0

é pos-

4.3 Combinação linear de ve tores

70

Continuando om o es alonamento da matriz até à sua forma reduzida obtém-se:



1 1 L3 := 2 L3  0 1 0 0  1 0 −− −−−−−−→ L′2 := L2 − L3  0 1 0 0 −− −−−1−→ ′

Donde

Assim,

v

  1 2 − − − − − − − − → 3  L′1 := L1 − L2  0 0 − 21  −1 7  2 − 21

1 1 1 0 0 1

  α1 = −1 α2 = 72  α3 = − 21

é ombinação linear de

v1 , v2

e

v3

pois

v3

é ombinação linear de

6x3 − x2 + 3x − 11 =

=

Assim

α1 = 3

e

α2 = −1.

Exer í io Resolvido 4.18. v = (−1, 3, −1) v3 = (0, −1, 0).

v2 .

De fa to,

α1 (2x3 + x − 3) + α2 (x2 + 2)

2α1 x3 + α2 x2 + α1 x − 3α1 + 2α2 .

Donde

(0, −1, 0)

se e só se

v = 3v1 − v2 .

R3 , averigúe se o ve tor v1 = (1, 0, 1), v2 = (1, 1, 1) e

No espaço ve torial real

é ombinação linear dos ve tores

Resolução: Ora, o ve tor

e

e

v1 = 2x3 + x − 3,

6x3 − x2 + 3x − 11 = 2α1 x3 + α2 x2 + α1 x − 3α1 + 2α2   6=6 2α1 = 6       α2 = −1 α2 = −1 ⇔ α1 = 3 α = 3   1     −11 = −11 2α2 − 3α1 = −11

E, portanto,

(1, 1, 1)

v1

 −1 3  1 −2

v = −v1 + 27 v2 − 12 v3 .

2. No espaço ve torial real P [x], onsiderem-se os ve tores v2 = x2 + 2 e v3 = 6x3 − x2 + 3x − 11. O ve tor

0 0 1 1 0 1

(−1, 3, −1) é ombinação α1 , α2 , α3 ∈ R tais

se existirem

linear dos ve tores que

(−1, 3, −1) = α1 (1, 0, 1) + α2 (1, 1, 1) + α3 (0, −1, 0) ou seja,

(−1, 3, −1) = (α1 + α2 , α2 − α3 , α1 + α2 ), isto é, se é possível o sistema

  α1 + α2 = −1 α2 − α3 = 3  α1 + α2 = −1

(1, 0, 1),

4.4 Independên ia e dependên ia linear

71

Passando para a matriz ampliada asso iada



   1 0 −1 1 1 0 −1 −−−−−−−−→ 1 −1 3  L′3 := L3 − L1  0 1 −1 3  1 0 −1 0 0 0 0   A B Tem-se então r(A) = r e, portanto, o sistema é possível v é ombinação linear dos outros três ve tores v1 , v2 , v3 . 1  0 1

e o ve tor

Continuando a resolução do sistema, e usando a matriz ampliada anterior

obtém-se:

Tomando

α3 = 0



α1 + α2 = −1 ⇔ α2 − α3 = 3

temos



α1 = −4 e α2 = 3

α1 = −4 + α3 α2 = 3 + α3

Assim,

(−1, 3, −1) = −4(1, 0, 1) + 3(1, 1, 1) + 0(0, −1, 0), ou, fazendo

α3 = 1

temos

α1 = −5 e α2 = 4.

Assim,

(−1, 3, −1) = −5(1, 0, 1) + 4(1, 1, 1) + 1(0, −1, 0). Observe-se assim que de

v1 , v2

e

v

não se es reve de forma úni a omo ombinação linear

v3 .

Exer í io 4.19. a) o ve tor em R3 ;

Nos espaços ve toriais indi ados, verique se:

(−1, 3, −1)

é ombinação linear dos ve tores

(1, 0, 0)

e

(0, 1, 0),

(−2, 2, 5) é ombinação linear dos ve tores (1, 1, 1), (1, 1, 0) e R3 ;       1 1 1 0 1 −1 a matriz é ombinação linear das matrizes , 0 2 2 1 0 3  2 2 e , em M2×2 (R). −1 1

b) o ve tor

(1, 0, 1),

)

em

4.4 Independên ia e dependên ia linear Seja

E

K. O ve tor nulo de E é u1 , u2 , . . . , uk ∈ E . Com efeito

um espaço ve torial sobre

linear de quaisquer ve tores

sempre ombinação

0E = 0K u1 + 0K u2 + · · · + 0K uk . A esta ombinação linear nula (isto é, ujo resultado é o ve tor nulo) dá-se o nome de ombinação linear nula trivial. Será esta a úni a forma de o fazer? Nem sempre!

4.4 Independên ia e dependên ia linear Exemplo 4.20. e

No espaço ve torial real

R3 ,

72

onsidere os ve tores

v1 = (1, 1, 1)

v2 = (−2, −2, −2).

Fa ilmente se veri a que:

(0, 0, 0) = 0v1 + 0v2

e

(0, 0, 0) = 2v1 + v2 .

Neste aso, o ve tor nulo não se es reve de forma úni a omo ombinação linear dos ve tores

v1

e

v2 .

De fa to,

αv1 + βv2 = (0, 0, 0) ⇔ (α − 2β, α − 2β, α − 2β) = (0, 0, 0) é equivalente a valor de

α = 2β

β ∈ R.

e

β ∈ R.

E se forem os ve tores

Donde,

v1 = (1, 1, 1)

e

(0, 0, 0) = 2βv1 + βv2 , v3 = (1, 0, 0)?

para qualquer

Neste aso,

  α+β =0 αv1 + βv3 = (0, 0, 0) ⇔ (α + β, α, α) = (0, 0, 0) ⇔ α=0  α=0

Assim, α = 0 e β = 0. Então, para os ve tores v1 e v3 , o ve tor nulo es reve-se de forma úni a omo a ombinação linear nula trivial. Apresentam-se assim as seguintes denições:

Denição 4.21.

Seja

Diz-se que os ve tores

E um espaço ve torial sobre K e sejam u1 , u2 , . . . , uk ∈ E . u1 , u2 , . . . , uk são:

(i) linearmente independentes

se

α1 u1 + α2 u2 + · · · + αk uk = 0E ⇒ α1 = α2 = · · · = αk = 0K Isto é, existe apenas uma úni a forma de es rever o ve tor nulo de

omo ombinação linear de

u1 , u2 , . . . , uk

E

e que é, neste aso, a ombinação

linear nula trivial.

(ii) linearmente dependentes existem

β1 , . . . , βk ∈ K

se

não todos nulos tais que

β1 u 1 + · · · + βk u k = 0 E

Isto é, existem es alares em que pelo menos um deles é diferente do zero do orpo que dão origem a uma ombinação linear nula, ou seja, existem outras ombinações lineares nulas para além da ombinação linear nula trivial.

Exemplos 4.22. •

1. No espaço ve torial real

os ve tores

v1 = (1, 2) e v2 = (2, 1) α, β ∈ R tais que

R2 ,

são linearmente independentes.

De fa to, sejam

α(1, 2) + β(2, 1) = (0, 0) ⇔ (α + 2β, 2α + β) = (0, 0)

4.4 Independên ia e dependên ia linear Então



73

α + 2β = 0 ⇔ 2α + β = 0



α=0 β=0

Ou seja, só existe a ombinação linear nula trivial.



os ve tores

v1 = (1, 2)

e

v2 = (2, 4)

são linearmente dependentes.

Existe, obviamente, a ombinação linear nula não trivial

2v1 − v2 = (0, 0) ⇔ 2(1, 2) − (2, 4) = (0, 0) Em termos geométri os, a dependên ia linear destes dois ve tores é evidente pois os ve tores são olineares. 2. No espaço ve torial real



R3 ,

os ve tores

v1 = independentes.

(1, 1, 1), v2 = (1, 0, 1) e v3 = (0, 0, 1) são linearmente

De fa to, sejam

α, β, γ ∈ R

tais que

α(1, 1, 1) + β(1, 0, 1) + γ(0, 0, 1) = (0, 0, 0) Então



v1 dependentes.

os ve tores

   α=0  α+β = 0 β=0 α=0 ⇔   γ=0 α+β+γ = 0

= (1, 1, 1), v2 = (1, 0, 1) e v3 = (2, 1, 2) são linearmente

De fa to, sejam

α, β, γ ∈ R

tais que

α(1, 1, 1) + β(1, 0, 1) + γ(2, 1, 2) = (0, 0, 0). Então

  α + β + 2γ = 0 α+γ =0  α + β + 2γ = 0

Passando à matriz ampliada



1  1 1

1 0 1

   1 2 0 2 0 −−− −−−−−−−→ 1 ′ 2 := L2 − L1  0 −1 −1 0  1 0  L L′3 := L3 − L1 0 0 0 0 2 0

O sistema orrespondente, equivalente ao ini ial, é:

 Assim, para

γ ∈ R,

α + β + 2γ = 0 ⇔ −β − γ = 0



α = −γ β = −γ

tem-se:

(−γ)(1, 1, 1) + (−γ)(1, 0, 1) + γ(2, 1, 2) = (0, 0, 0).

4.4 Independên ia e dependên ia linear Por exemplo, para

γ=1

74

tem-se

(−1)(1, 1, 1) + (−1)(1, 0, 1) + 1(2, 1, 2) = (0, 0, 0). Existe assim uma ombinação linear nula não trivial, isto é, em que os es alares não são todos nulos.

Exer í io 4.23.

Verique se os ve tores dados nos espaços ve toriais indi ados

são linearmente independentes.

(a) u = (1, 1, 1), v = (1, 1, 0) e w = (1, 0, 1) de R3 ; (b) p(x) = x + x2

e

q(x) = x3

de

P3 [x];

( ) p(x) = 1 + x, q(x) = x + x2 , r(x) = x3 (d) f (x) = 1, g(x) = cos2 x

e

e

t(x) = 1 + 2x + x2

h(x) = sin2 x, ∀x ∈ R,

de

de

P3 [x];

F (R).

As noções de independên ia e dependên ia lineares dizem respeito a um

onjunto de ve tores de um espaço ve torial um elemento? Veja-se o próximo resultado.

E.

E se esse onjunto apenas tiver

4.4 Independên ia e dependên ia linear Proposição 4.24. ainda

v ∈ E.

75

K = 6 {0K } e E um espaço ve torial sobre K. Seja v é linearmente independente se e só se v 6= 0E . linearmente dependente é o ve tor nulo 0E .

Sejam

Então o ve tor

Isto é, o úni o ve tor Demonstração.

Note-se que 1K 6= 0K . De fa to, suponha-se, 1K = 0K . Então, para todo α ∈ K \ {0K },

(⇒)

um absurdo, que

om vista a

α = 1K α = 0K α = 0K ,

1K 6= 0K .

v é linearmente independente v = 0E . Como 1K v = 1K 0E = 0E , existe uma ombinação linear nula não trivial. Logo v é linearmente dependente. Absurdo! Logo v 6= 0E . (⇐) Suponha-se agora que v 6= 0E . Novamente, om vista a um absurdo, suponha-se que v é linearmente dependente. Então existe α ∈ K \ {0K } tal que αv = 0E . Como existe α−1 ∈ K, tem-se que: o que é absurdo! Logo

Suponha-se que

e, om vista a um absurdo, suponha-se que

αv = 0E ⇔ α−1 (αv) = α−1 0E , que, pela asso iatividade mista e pelas propriedades do espaço ve torial, é equivalente a:

E, portanto,

v = 0E ,

 α−1 α v = 0E ⇔ 1K v = 0E .

o que é absurdo pois ontraria a hipótese

é linearmente independente. A ombinação linear nula não trivial

0E

1K 0 E = 0 E

v 6= 0E .

Logo

v

mostra que o ve tor nulo

é linearmente dependente. Portanto,



o ve tor

v

é linearmente independente se e só se



o ve tor

v

é linearmente dependente se e só se

v 6= 0E .

v = 0E .

Para onjuntos não singulares de ve tores tem-se a seguinte proposição que estabele e outra ara terização de independên ia e dependên ia lineares.

Proposição 4.25.

om

k∈N

e

Sejam

k ≥ 2.

E

K e v1 , v2 , . . . , vk ∈ E , são linearmente dependentes

um espaço ve torial sobre

Então os ve tores

v1 , . . . , vk

se e só se pelo menos um deles é ombinação linear dos restantes. Demonstração.

(⇒)

Suponha-se que

dentes. Então, por denição, existem

v1 , . . . , vk ∈ E são linearmente depenβ1 , . . . , βk ∈ K não todos nulos tais que

β1 v1 + · · · + βk vk = 0E . Sem perda de generalidade, suponha-se que mas da denição de espaço ve torial,

β1 6= 0K .

Então, apli ando os axio-

β1 v1 = (−β2 v2 ) + (−β3 v3 ) · · · + (−βk vk ),

4.4 Independên ia e dependên ia linear e assim, omo existe

v1

β1−1 ,

αi = −β1−1 βi ,

tem-se que:

(−β1−1 β2 )v2 + (−β1−1 β3 )v3 · · · (−β1−1 βk )vk

=

α2 v2 + α3 v3 + · · · + αk vk ,

=

om

76

para todo

restantes ve tores.

i ∈ {2, . . . , k}.

Donde

v1

é ombinação linear dos

(⇐) Por hipótese, suponha-se que um dos ve tores dados é ombinação linear v1 é ombinação linear dos restantes, isto é, existem α2 , . . . , αk ∈ K tais que

dos restantes. Sem perda de generalidade, suponha-se que

v1 = α2 v2 + · · · + αk vk . Apli ando os axiomas da denição de espaço ve torial, obtém-se

1K v1 − α2 v2 − · · · − αk vk = 0E . Ou seja, existe uma ombinação linear nula não trivial de

v1 , v2 , . . . , vk .

Logo os

ve tores são linearmente dependentes.

Exemplo 4.26. e

v = (2, 4)

No espaço ve torial real

R2 ,

já se viu que os ve tores

são linearmente dependentes. É óbvio que

Proposição 4.27.

Sejam

E

um espaço ve torial sobre

ve tores linearmente independentes. Seja ainda são linearmente dependentes. Então

w

u = (1, 2)

v = 2u.

w∈E

K e v1 , v2 , . . . , vk ∈ E tal que v1 , v2 , . . . , vk , w

é ombinação linear de

v1 , v2 , . . . , vk .

v1 , v2 , . . . , vk , w são linearmente dependentes, existem esα1 , α2 , . . . , αk , αk+1 ∈ K não todos nulos tais que

Demonstração. Como

alares

α1 v1 + α2 v2 + · · · + αk vk + αk+1 w = 0E . Por redução ao absurdo, suponha-se que

αk+1 = 0K .

Então,

α1 v1 + α2 v2 + · · · + αk vk = 0E ,

α1 = α2 = · · · = αk = 0K pois v1 , . . . , vk α1 = α2 = · · · = αk = αk+1 = 0K , o αk+1 6= 0K . Mas então existe α−1 k+1 e

o que impli a que

são linearmente

independentes. Logo

que ontraria a

hipótese. Donde

−1 −1 w = (−α−1 k+1 α1 )v1 + (−αk+1 α2 )v2 + · · · + (−αk+1 αk )vk . ou seja,

w

é ombinação linear de

Observação 4.28.

v1 , v2 , . . . , vk .

Note-se que da proposição anterior, resulta que, se a um

v1 , v2 , . . . , vk ∈ E , juntarmos w ∈ E que não é ombinação linear de v1 , v2 , . . . , vk então os ve tores v1 , v2 , . . . , vk , w são linearmente independentes.

onjunto de ve tores linearmente independentes

um ve tor

4.4 Independên ia e dependên ia linear Exemplo 4.29. A= As matrizes



A

M2×2 (R), onsidere as matrizes    4 0 −1 e C= . 1 −1 1

No espaço ve torial real

−1 0

5 2

e

B



,

B=

A, B

e



1 1

são linearmente independentes pois

αA + βB = 02×2

As matrizes

77

C

 5α + β = 0    −α − β = 0 ⇔ α = β = 0. ⇔ 2α +β =0    β=0

são linearmente dependentes (verique!) e

C = A − B.

Teorema 4.30.

Seja E um espaço ve torial sobre K e sejam v1 , . . . , vk ∈ E . Se v1 , . . . , vk são linearmente dependentes então, para qualquer l ∈ N, os ve tores v1 , v2 , . . . , vk , vk+1 , vk+2 , . . . , vk+l são linearmente dependentes, onde vk+1 , vk+2 , . . . , vk+l ∈ E .

os ve tores

Demonstração. Como

α1 , . . . , αk ∈ K

v1 , . . . , vk

são linearmente dependentes, existem es alares

não todos nulos tais que

α1 v1 + α2 v2 + · · · + αk vk = 0E . Logo

α1 v1 + α2 v2 + · · · + αk vk + 0K vk+1 + · · · + 0K vk+l = 0E .

é uma ombinação linear nula não trivial, ou seja, os ve tores

vk+1 , vk+2 , . . . , vk+l

Corolário 4.31.

v1 , v2 , . . . , vk ,

são linearmente dependentes.

Qualquer sub onjunto de um onjunto de ve tores linearmente

independentes é ainda linearmente independente.

Corolário 4.32.

Qualquer onjunto de ve tores que in lua o ve tor nulo é li-

nearmente dependente.

Corolário 4.33.

Qualquer onjunto de ve tores que in lua dois ve tores iguais

é linearmente dependente. As demonstrações destes orolários  am omo exer í io.

Observação 4.34.

Um onjunto de ve tores diz-se linearmente independente

(respe tivamente, dependente) se os ve tores que onstituem esse onjunto são linearmente independentes (respe tivamente, dependentes).

4.5 Subespaço gerado por ve tores

78

4.5 Subespaço gerado por ve tores Denição 4.35.

Sejam

E

K e v1 , v2 , . . . , vk ∈ E . Ao v1 , v2 , . . . , vk , isto é, ao onjunto

um espaço ve torial sobre

onjunto de todas as ombinações lineares de

G = {α1 v1 + α2 v2 + · · · + αk vk : α1 , α2 , . . . , αk ∈ K}

hama-se

subespaço gerado por

v1 , v2 , . . . , vk

e representa-se por

hv1 , v2 , . . . , vk i.

Proposição 4.36. Então

Sejam

hv1 , v2 , . . . , vk i

E

um espaço ve torial sobre

é um subespaço ve torial de

G = hv1 , v2 , . . . , vk i.

Demonstração. Seja Mais,

(i) G 6= ∅ uma vez que 0E

Então

K

e

E. G ⊆ E

é ombinação linear de

v1 , v2 , . . . , vk ∈ E .

por denição de

G.

v1 , v2 , . . . , vk :

0E = 0K v1 + · · · + 0K vk .

(ii)

Sejam

u, v ∈ G.

Então

∃α1 , α2 , . . . , αk ∈ K : u = α1 v1 + α2 v2 + · · · + αk vk ∃γ1 , γ2 , . . . , γk ∈ K :

v = γ1 v1 + γ2 v2 + · · · + γk vk

Assim,

u + v = (α1 v1 + α2 v2 + · · · + αk vk ) + (γ1 v1 + γ2 v2 + · · · + γk vk ) Apli ando os axiomas de espaço ve torial e obtém-se:

u + v = λ1 v1 + λ2 v2 + · · · + λk vk , onde

λi = αi + γi ∈ K,

para todo

fe hado para a adição.

(iii)

i ∈ {1, 2, . . . , k}.

Fi a omo exer í io mostrar, de forma análoga, que

G

E, portanto,

∀α ∈ K, ∀u ∈ G, αu ∈ G. G = hv1 , v2 , . . . , vk i

é

é fe hado para a

multipli ação por um es alar, isto é,

Pela Proposição 4.9,

G

é subespaço ve torial de

E.

4.5 Subespaço gerado por ve tores Exemplo 4.37.

79

R3 . Para determinar o subespaço gerado pelos ve tores (1, 1, 1) e (1, 0, 1), ou seja, h(1, 1, 1), (1, 0, 1)i tem que se atender à denição: (x, y, z) ∈ h(1, 1, 1), (1, 0, 1)i se e só se existem es alares α1 , α2 ∈ R tais que Considere o espaço ve torial real

(x, y, z) = α1 (1, 1, 1) + α2 (1, 0, 1). Ou seja, se e só se é possível o sistema nas in ógnitas

  α1 + α2 = x α1 = y  α1 + α2 = z

α1

e

α2 ,

Passando para a matriz ampliada, e es alonando obtém-se:



1  1 1

  1 x −−− 1 −−−−−−−→ 1 ′ L2 := L2 − L1  0 y  L 0 −1 ′ 3 := L3 − L1 1 z 0 0

E, portanto, o sistema é possível se e só se

 x y − x . z−x

z − x = 0 ⇔ z = x.

Então

3

h(1, 1, 1), (1, 0, 1)i = {(x, y, z) ∈ R : z = x}.

Exer í io Resolvido 4.38. gerado pelos ve tores

(0, 1)

e

No espaço ve torial real

R2 , determine o subespaço

(0, 2).

h(0, 1), (0, 2)i é determinado da (x, y) ∈ h(0, 1), (0, 2)i se e só se existem α1 , α2 ∈ R

Resolução: O subespaço

seguinte forma: um ve -

tor

tais que

(x, y) = α1 (0, 1) + α2 (0, 2). Ou seja, se e só se é possível o sistema nas in ógnitas



α1

e

α2 ,

α1 + 2α2 = y 0=x

Atendendo à sua matriz ampliada,



1 0

2 y 0 x

o sistema anterior é possível se e só se



,

x = 0.

Então

h(0, 1), (0, 2)i = {(x, y) ∈ R2 : x = 0}.

Exer í ios 4.39.

1. No espaço ve torial real

rado pelos ve tores

(1, −1, 0, 2)

e

R4 ,

determine o subespaço ge-

(0, 1, 2, 3).

E um espaço ve torial sobre K e sejam X e Y sub onjuntos nitos E . Seja ainda S um subespaço ve torial de E . Prove que: (b) h0E i = {0E } (a) hEi = E ( ) X ⊆ hXi (d) Se X ⊆ Y então hXi ⊆ hY i (e) Se X ⊆ S então hXi ⊆ S .

2. Seja de

4.6 Sistema de geradores

80

4.6 Sistema de geradores Denição 4.40.

E um espaço ve torial sobre K e sejam v1 , v2 , . . . , vk ∈ E . v1 , v2 , . . . , vk são geradores de E (ou geram E ou ainda formam um sistema de geradores de E ) se qualquer ve tor de E se es reve

omo ombinação linear dos ve tores v1 , v2 , . . . , vk , isto é: Seja

Diz-se que os ve tores

E = hv1 , v2 , . . . , vk i.

Exemplo 4.41. v=

2 No espaço ve torial real R , onsidere os ve tores u = (1, 1) e 2 (0, 1). Mostre-se que R = hu, vi, ou seja, que qualquer ve tor de R2 pode

u e v. (a, b) é ombinação linear de u β tais que (a, b) = αu + βv , ou seja:

es rever-se omo ombinação linear de 2 Seja (a, b) um ve tor de R . Então só se existem números reais

α

e

e

v

se e

(a, b) = α(1, 1) + β(0, 1) = (α, α) + (0, β) = (α, α + β). Donde





α=a α+β =b

1 0 1 1

a b



−− −−−−−−→ ′ L2 := L2 − L1



1 0 0 1

a b−a



,

que é sempre um sistema possível qualquer que seja (a, b) ∈ R2 , isto é, qualquer 2 ve tor de R pode ser es rito omo ombinação linear dos ve tores u e v da seguinte forma:

(a, b) = au + (b − a)v = a(1, 1) + (b − a)(0, 1). Por exemplo, Logo

(1, 1)

(13, 15) = 13(1, 1) + 2(0, 1). e (0, 1) são geradores de R2 .

Observação 4.42.

Um espaço ve torial E 6= {0E } om um número innito de ve tores tem uma innidade de sistemas de geradores. Por exemplo, verique que:

R2

= = = =

Denição 4.43.

h(1, 1), (0, 1)i

h(1, 0), (0, 1)i h(1, 2), (2, 3), (3, 4)i

h(0, 0), (2, 3), (3, 4), (0, 1)i

E diz-se nitamente v1 , v2 , . . . , vk ∈ E que geram E ,

Um espaço ve torial

um número nito de ve tores

E = hv1 , v2 , . . . , vk i.

gerado se existe ou seja, tais que

4.7 Base e dimensão Exemplo 4.44.

81

Atendendo ao exemplo anterior, o espaço ve torial real

R2

é

nitamente gerado.

Exemplo 4.45.

O espaço ve torial real

P [x]

não é nitamente gerado. Para

provar esta armação, suponha-se por absurdo que

P [x] tem um sistema nito de

geradores p1 (x), . . . , pk (x). Seja n o máximo do graus de p1 (x), . . . , pk (x). Claran+1 mente, x não pode ser es rito omo ombinação linear de p1 (x), . . . , pk (x). Portanto,

P [x]

não é nitamente gerado.

Observação 4.46.

Re orde-se que qualquer subespaço ve torial é um espaço

ve torial, por denição. Logo todos on eitos e resultados válidos para espaços ve toriais são também válidos para subespaços ve toriais.

Exer í io Resolvido 4.47. R

um subespaço ve torial de

4

F = {(x, y, z, w) ∈ R4 : x + y + z + w = 0} Mostre que F é nitamente gerado.

Seja .

F ≤ R4 .

Resolução: Verique que

F é nitamente gerado, é F. x = −y − z − w. Logo, os ve tores

Para mostrar que

ne essário en ontrar um sistema de geradores de

(x, y, z, w) ∈ F então (−y − z − w, y, z, w). Mas

Observe-se que se de

F

são da forma

(−y − z − w, y, z, w) = y(−1, 1, 0, 0) + z(−1, 0, 1, 0) + w(−1, 0, 0, 1), isto é, qualquer ve tor de

F

(−1, 1, 0, 0), (−1, 0, 1, 0)

e

pode ser es rito omo ombinação linear dos ve tores

(−1, 0, 0, 1),

que perten em a

F.

Portanto,

F = h(−1, 1, 0, 0), (−1, 0, 1, 0), (−1, 0, 0, 1)i. Como é gerado por um número nito de ve tores (neste aso, apenas três ve tores), então

F

é um (sub)espaço ve torial nitamente gerado.

Exer í io 4.48.

Mostre que o espaço ve torial real

M2×2 (R)

é nitamente

gerado, mostrando que as matrizes



  1 0 0 , 0 0 0

   1 0 0 , 0 1 0

e



 0 0 . 0 1

são geradores desse espaço ve torial.

4.7 Base e dimensão Denição 4.49.

Seja

B = {e1 , e2 , . . . , en }

E

um espaço ve torial nitamente gerado e seja ainda

um sub onjunto de

E.

Diz-se que

B

é uma

base de

E

se

4.7 Base e dimensão (i) B

82

é um onjunto de ve tores linearmente independentes;

(ii) e1 , e2 , . . . , en

é um sistema de geradores de

Observação 4.50. uma base

B,

E,

isto é,

E = he1 , e2 , . . . , en i.

Quando é dada uma ordenação espe í a aos elementos de

hama-se a

B

base ordenada, e representa-se por B = (e1 , e2 , . . . , en ),

onde

ei

representa o i-ésimo ve tor da base.

Por onvenção, o espaço trivial

{0E }

∅. {0E } = h0E i, porém,

tem omo base o onjunto vazio,

Note-se que este espaço é nitamente gerado, uma vez que

não existem ve tores linearmente independentes neste espaço ve torial trivial.

Exemplo 4.51.

3 O onjunto B = {(1, 1, 1), (1, 0, 1), (1, 2, 0)} é uma base de R . 3 Mostre-se primeiro que os ve tores (1, 1, 1), (1, 0, 1) e (1, 2, 0) geram R . Seja (x, y, z) ∈ R3 e veja-se que é possível es rever (x, y, z) omo ombinação

linear dos ve tores indi ados, isto é, veja-se que existem números reais e

α3

α1 , α2

tais que

(x, y, z) = α1 (1, 1, 1) + α2 (1, 0, 1) + α3 (1, 2, 0) = (α1 + α2 + α3 , α1 + 2α3 , α1 + α2 ). O que é equivalente a que seja possível o sistema nas in ógnitas

  α1 + α2 + α3 = x α1 + 2α3 = y  α1 + α2 = z

α1 , α2

e

α3

Es alonando a orrespondente matriz ampliada, obtém-se:



1 1  1 0 1 1

  1 x −−− −−−−−−−→ 1 ′ L := L − L 2 y  L′2 := L2 − L1  0 3 1 3 0 z 0

 1 1 x −1 1 y−x  0 −1 z − x

E, portanto, este sistema é sempre possível para todo (x, y, z) ∈ R3 , ou seja, 3 qualquer (x, y, z) ∈ R é ombinação dos ve tores (1, 1, 1), (1, 0, 1) e (1, 2, 0). Logo esses ve tores geram R3 . Falta provar que estes ve tores são linearmente independentes, o que orresponde a provar que há uma úni a maneira de es rever o ve tor nulo omo

ombinação linear destes ve tores. Suponha-se que

(0, 0, 0) = α1 (1, 1, 1) + α2 (1, 0, 1) + α3 (1, 2, 0). Repare-se que esta equação orresponde à equação anterior substituindo

z

x, y e x, y

por zero. Assim substituindo, na matriz ampliada do sistema anterior,

e z por zero, on lui-se que α1 = 0, α2 = 0 e α3 = 0. Logo, os ve tores são linearmente independentes e, portanto, B = {(1, 1, 1), (1, 0, 1), (1, 2, 0)} é uma base de R3 .

4.7 Base e dimensão Exer í io 4.52.

83

Mostre que

{1, x, x2 }

é uma base de

P2 [x].

O próximo resultado é útil para onstruir uma base para um espaço ve torial nitamente gerado.

Teorema 4.53. que, para algum Então

Sejam E um espaço ve torial sobre K e v1 , v2 , . . . , vk ∈ E tais i ∈ {1, . . . , k}, vi é ombinação linear dos restantes ve tores.

hv1 , . . . , vi−1 , vi , vi+1 , . . . , vk i = hv1 , . . . , vi−1 , vi+1 , . . . , vk i. Demonstração. Como

vi

é ombinação linear dos restantes ve tores, tem-se que

vi = β1 v1 + · · · + βi−1 vi−1 + βi+1 vi+1 + · · · + βk vk , para alguns

β1 , . . . , βi−1 , βi+1 , . . . , βk ∈ K.

(4.1)

Seja

x ∈ hv1 , . . . , vi−1 , vi , vi+1 , . . . , vk i. Então

x = α1 v1 + · · · + αi−1 vi−1 + αi vi + αi+1 vi+1 + · · · + αk vk , Para alguns

α1 , . . . , αk ∈ K.

Veja-se que

(4.1)) e (4.2) obtém-se que

(4.2)

x ∈ hv1 , . . . , vi−1 , vi+1 , . . . , vk i.

De

x = α1 v1 + · · · + αi−1 vi−1 + αi (β1 v1 + · · · + βi−1 vi−1 + βi+1 vi+1 + · · · + βk vk ) + αi+1 vi+1 + · · · + αk vk = γ1 v1 + · · · + γi−1 vi−1 + γi+1 vi+1 + · · · + γk vk ,

onde

γj = αj + αi βj ,

para

j ∈ {1, . . . , i − 1, i + 1, . . . , k}.

Con lui-se assim que

hv1 , . . . , vi−1 , vi , vi+1 , . . . , vk i ⊆ hv1 , . . . , vi−1 , vi+1 , . . . , vk i. Para mostrar a in lusão ontrária onsidere-se Logo

x ∈ hv1 , . . . , vi−1 , vi+1 , . . . , vk i.

x = α1 v1 + · · · + αi−1 vi−1 + αi+1 vi+1 + · · · + αk vk = α1 v1 + · · · + αi−1 vi−1 + 0K vi + αi+1 vi+1 + · · · + αk vk , para alguns

α1 , . . . , αi−1 , αi+1 , . . . , αk ∈ K.

Donde

x ∈ hv1 , . . . , vi−1 , vi , vi+1 , . . . , vk i. Consequentemente

hv1 , . . . , vi−1 , vi+1 , . . . , vk i ⊆ hv1 , . . . , vi−1 , vi , vi+1 , . . . , vk i. Portanto,

hv1 , . . . , vi−1 , vi , vi+1 , . . . , vk i = hv1 , . . . , vi−1 , vi+1 , . . . , vk i.

4.7 Base e dimensão Exemplo 4.54.

84 R2 = h(1, 1), (1, 0), (0, 1)i (1, 0) e (0, 1) uma vez que

Sabe-se que

é ombinação linear de

(verique!). Como

(1, 1)

(1, 1) = (1, 0) + (0, 1) então

R2 = h(1, 0), (0, 1)i.

Por outro lado, os ve tores (prove!) então

B = ((1, 0), (0, 1))

Proposição 4.55.

(1, 0)

e

(0, 1)

são linearmente independentes R2 .

é uma base ordenada de

Todo o espaço ve torial nitamente gerado tem uma base.

Demonstração. Seja

E

um espaço ve torial nitamente gerado. Se

então tem omo base o onjunto vazio. Portanto pode-se assumir que Então existem ve tores

u1 , u2 , . . . , un ∈ E

tais que

E = {0E } E 6= {0E }.

E = hu1 , u2 , . . . , un i. Como

E 6= {0E },

então um destes ve tores é diferente do ve tor

ve tor é linearmente independente. Se dentes então formam uma base de

E

u1 , u2 , . . . , un

0E ,

logo esse

são linearmente indepen-

e o resultado  a demonstrado. Caso sejam

linearmente dependentes então existe

i ∈ {1, . . . , n} tal que ui

é ombinação lin-

ear dos restantes. Pelo teorema anterior,

E = hu1 , . . . , ui−1 , ui+1 , . . . , un i. Agora, se

u1 , . . . , ui−1 , ui+1 , . . . , un são linearmente independentes então obtémE ; aso ontrário, repete-se o pro edimento anterior. Como E

se uma base de

tem um número nito de geradores este pro edimento é repetido até produzir

{u1 , u2 , . . . , un } formado por ve tores linearmente E e, portanto, onstituem uma base de E .

um sub onjunto de dentes que geram

Corolário 4.56. geradores de

E

Seja

E

um espaço ve torial sobre

ontém uma base de

K.

indepen-

Qualquer sistema de

E.

Nos exemplos que se seguem apresenta-se um pro esso para, a partir de um sistema de geradores de um espaço ve torial nitamente gerado, onstruir uma base desse espaço ve torial.

Exemplo 4.57.

R3 = h(1, 0, 1), (0, 1, −1), (1, 1, 1), (−1, 2, 3)i (veri3 des obrir uma base de R ontida em

Sabe-se que

que!) e pretende-se

S = {(1, 0, 1), (0, 1, −1), (1, 1, 1), (−1, 2, 3)}. Come e-se por veri ar se os ve tores de Sejam

λ1 , λ2 , λ3 , λ4 ∈ R

S

são linearmente independentes.

tais que

λ1 (1, 0, 1) + λ2 (0, 1, −1) + λ3 (1, 1, 1) + λ4 (−1, 2, 3) = (0, 0, 0).

4.7 Base e dimensão

85

Esta igualdade é equivalente ao sistema

  λ1 + λ3 − λ4 = 0 λ2 + λ3 + 2λ4 = 0  λ1 − λ2 + λ3 + 3λ4 = 0

Es alonando a matriz ampliada asso iada, obtém-se



1  0 1

 0 1 −1 0 1 1 2 0  −1 1 3 0

Donde se obtém



1  0 L3 := L3 − L1 0  1 −− −−−−−−→  0 L′3 := L3 + L2 0  1 −−− −−−−−−−→ L′1 := L1 − L3  0 ′ L2 := L2 − L3 0 −− −−−−−−→ ′

0 1 1 1 −1 0

0 1 0

1 1 1

0 1 0

0 0 1

  λ1 = 7λ4 λ2 = 4λ4  λ3 = −6λ4

 −1 0 2 0  4 0  −1 0 2 0  6 0  −7 0 −4 0  6 0

Como este sistema admite pelo menos uma solução não nula (por exemplo,

λ1 = 7, λ2 = 4, λ3 = −6

e λ4 = 1) os ve tores onsiderados são linearmente dependentes. Logo um deles pode es rever-se omo ombinação linear dos

restantes. Da solução não nula onsiderada, obtém-se

7(1, 0, 1) + 4(0, 1, −1) − 6(1, 1, 1) + (−1, 2, 3) = (0, 0, 0). Donde resulta que

(−1, 2, 3)

(−1, 2, 3) = 6(1, 1, 1)−7(1, 0, 1)−4(0, 1, −1), ou seja, o ve tor (1, 0, 1), (0, 1, −1) e (1, 1, 1). Como

é ombinação linear dos ve tores

R3 = h(1, 0, 1), (0, 1, −1), (1, 1, 1), (−1, 2, 3)i então

R3 = h(1, 0, 1), (0, 1, −1), (1, 1, 1)i . (1, 0, 1), (0, 1, −1) λ1 , λ2 , λ3 ∈ R tais que

Veja-se, agora, se os ve tores dependentes. Sejam

e

(1, 1, 1)

são linearmente in-

λ1 (1, 0, 1) + λ2 (0, 1, −1) + λ3 (1, 1, 1) = (0, 0, 0). Esta igualdade é equivalente ao sistema

    λ1 = 0  λ1 + λ3 = 0  λ1 = −λ3 λ2 = 0 λ2 + λ3 = 0 λ2 = −λ3 ⇔ ⇔    λ3 = 0 λ3 = 0 λ1 − λ2 + λ3 = 0

4.7 Base e dimensão Então os ve tores portanto,

é uma base de

86

(1, 0, 1), (0, 1, −1) e (1, 1, 1)

são linearmente independentes e,

B = {(1, 0, 1), (0, 1, −1), (1, 1, 1)}

R3 .

Observação 4.58.

Rn ,

Considere-se o espaço ve torial real

e1

=

(1, 0, 0, . . . , 0, 0, 0)

e2

=

(0, 1, 0, . . . , 0, 0, 0)

en−1

=

(0, 0, 0, . . . , 0, 1, 0)

en

=

(0, 0, 0, . . . , 0, 0, 1)

para

n ∈ N.

Sejam

. . .

Fa ilmente se prova que estes ve tores são linearmente independentes e que Rn , pelo que formam uma base de Rn . A esta base ordenada hama-se Rn , e representa-se por BRn :

geram

base anóni a de

BRn = (e1 , e2 , . . . , en ) Além da base anóni a, existem outras bases para

Rn .

v1 v2

= =

(1, 1, 1, . . . , 1, 1) (0, 1, 1, . . . , 1, 1)

v3

=

(0, 0, 1, . . . , 1, 1)

=

(0, 0, 0, . . . , 0, 1),

Por exemplo, os ve tores

. . .

vn também onstituem uma base

Exer í io 4.59. de

Pn [x],

B = {v1 , v2 , . . . , vn }

de

Rn

BPn [x] = (1, x, x2 , . . . , xn )

hama base anóni a de Pn [x].

é uma base (ordenada)

Mostre que

à qual se que

Na observação anterior en ontrou-se duas bases de

(prove!).

Rn

om

n

ve tores. De

fa to, todas as bases de um espaço ve torial têm o mesmo número de ve tores:

Proposição 4.60. E.

Então

B1

e

B2

Seja

E

um espaço ve torial e sejam

têm o mesmo número de ve tores.

B1

e

B2

duas bases de

Atendendo a este resultado pode denir-se o seguinte on eito:

Denição 4.61. ve torial

E

Ao número de ve tores de uma qualquer base de um espaço

hama-se

dimensão de

E

e representa-se por

dim E .

4.7 Base e dimensão

87

Exemplo 4.62. lar

2

dim R = 2

dim Rn = n,

Pela observação 4.58, on lui-se que 3 e dim R = 3.

Exer í io 4.63. Exemplo 4.64.

Justique que

Seja

ve torial

m ∈ R.

em parti u-

dim Pn [x] = n + 1.

No espaço ve torial

R2 ,

onsidere-se o subespaço

F = {(x, y) ∈ R2 : y = mx} = {(x, mx), x ∈ R}. (x, mx) = x(1, m), para qualquer x ∈ R. Donde F = h(1, m)i. Como (1, m) 6= (0, 0) então (1, m) é linearmente independente. Assim, B = ((1, m)) é uma base ordenada de F e dim F = 1. Então

Exer í io Resolvido 4.65.

3 Seja A = {(x, y, z) ∈ R : x = 0}. Sabendo que 3 é um subespaço ve torial de R , determine a dimensão de A. Resolução: Seja

v ∈ A,

então existem números reais

y

e

z

A

tais que

v = (0, y, z) = y(0, 1, 0) + z(0, 0, 1) v ∈ A se es reve omo ombinação linear de v1 = (0, 1, 0) v2 = (0, 0, 1). Logo A ⊆ h(0, 1, 0), (0, 0, 1)i. Por outro lado, omo (0, 1, 0) e (0, 0, 1) perten em a A, todas as ombinações lineares de (0, 1, 0) e (0, 0, 1) também perten em a A, pois A é fe hado para a adição e para a multipli ação por um es alar. Logo h(0, 1, 0), (0, 0, 1)i ⊆ A e, portanto, A = h(0, 1, 0), (0, 0, 1)i. Além disso, v1 e v2 são linearmente independentes (verique!). Logo B = (v1 , v2 ) é uma base ordenada de A. Como qualquer base tem o mesmo número de elementos, tem-se que dim A = 2. Então qualquer ve tor e

Exer í io Resolvido 4.66. ou igual a

n,

om

n ∈ N,

Seja



o onjunto dos polinómios de grau menor

om termo independente nulo, ou seja,

G = {p(x) ∈ Pn [x] : p(0) = 0}. Mostre que

G

é um subespaço ve torial de

Resolução: Mostre-se que

(i) (ii)

G

Pn [x]

e determine a dimensão de

é um subespaço ve torial de

Claramente que o polinómio nulo perten e a Sejam

p(x), q(x) ∈ G.

Então

p(0) = 0

e

G.

Pn [x].

Donde

q(0) = 0.

Logo

G

é fe hado para a adição de polinómios.

G 6= ∅.

(p + q)(x) ∈ G

(p + q)(0) = p(0) + q(0) = 0 + 0 = 0 E, portanto,

G.

pois

4.7 Base e dimensão (iii)

88

Analogamente, sejam

G

pois

p(x) ∈ G e α ∈ R.

p(0) = 0. Donde (αp)(x) ∈

Então

(αp)(0) = α(p(0)) = α0 = 0 Logo

G

é fe hado para a multipli ação por um número real.

Portanto, pela Proposição 4.9,

r(x) ∈ G.

Seja

G

é um subespaço ve torial de

Pn [x].

Então

r(x) = an xn + an−1 xn−1 + · · · + a2 x2 + a1 x, xn , xn−1 , . . . , x2 , x

isto é, os ve tores

geram

G.

Mais, estes ve tores são linear-

mente independentes pois formam um sub onjunto da base anóni a de Logo uma base ordenada de

G

Pn [x].

é

B = (xn , xn−1 , . . . , x2 , x) e, onsequentemente,

Exer í io 4.67. E22 =



0 0 0 1



dim G = n.

Sejam

E11 =



1 0 0 0



,

E12 =



0 1 0 0



,

E21 =



0 1

0 0



e

.

Mostre que Bc = (E11 , E12 , E21 , E22 ) é uma base de M2×2 (R) (à qual se

hama base anóni a de M2×2 (R)) e on lua que dim M2×2 (R) = 4. O próximo resultado estabele e o número mínimo de geradores e o número máximo de ve tores linearmente independentes num espaço ve torial, atendendo à dimensão desse espaço ve torial.

Teorema 4.68. i. Quaisquer

Seja

n

E

um espaço ve torial sobre

ve tores de

E

K

tal que

dim E = n.

Então:

linearmente independentes formam uma base

E;

de

ii. Qualquer sistema de geradores de de

E

om

n

E

om mais de

elementos formam uma base

E;

iii. Qualquer onjunto de ve tores de

n

elementos é linear-

mente dependente.

Observação 4.69. n

ve tores

base de

E

dim E = n, dados B = (v1 , v2 , . . . , vn ) é uma

Pelo teorema anterior, se se souber que

v1 , v2 , . . . , vn ∈ E ,

para se veri ar que

basta veri ar apenas uma das seguintes ondições:

• v1 , v2 , . . . , vn

são linearmente independentes;

• v1 , v2 , . . . , vn

geram

E.

4.7 Base e dimensão Corolário 4.70.

89

E

Seja

um espaço ve torial sobre

qualquer onjunto de ve tores de dido a uma base de

E

K

tal que

dim E = n.

Então

linearmente independentes pode ser exten-

E.

u1 , u2 , . . . , uk ∈ E ve tores linearmente independentes. k = n, pelo teorema 4.68, (u1 , u2 , . . . , uk ) é uma base de E . Se k < n, u1 , u2 , . . . , uk não formam uma base de E e, portanto, não geram E . Logo existem um ve tor uk+1 ∈ E , que não é ombinação linear de u1 , u2 , . . . , uk . Pela observação 4.28, tem-se que u1 , u2 , . . . , uk , uk+1 são linearmente independentes. Se k + 1 = n então (u1 , u2 , . . . , uk , uk+1 ) é uma base de E , aso ontrário, repete-se o pro esso adi ionando su essivamente um ve tor até obter-se n ve -

Demonstração. Sejam Se

tores linearmente independentes.

Exemplo 4.71.

Sejam

u = (1, 0, 1), v = (1, 1, 0)

e

w = (0, 1, 1).

Mostre-se que

B = ((1, 0, 1), (1, 1, 0), (0, 1, 1)) é uma base ordenada de

R3 .

Como

dim R3 = 3,

de a ordo om o teorema an-

terior, basta, por exemplo, ver se os ve tores são linearmente independentes. Sejam

α1 , α2 , α3 ∈ R,

tais que

α1 (1, 0, 1) + α2 (1, 1, 0) + α3 (0, 1, 1) = (0, 0, 0). Então

  α1 + α2 = 0 α2 + α3 = 0  α1 + α3 = 0

Resolvendo o sistema, obtém-se

  α1 = 0 α2 = 0  α3 = 0

Logo, os ve tores são linearmente independentes e, portanto, formam uma base R3 .

de

Exer í io Resolvido 4.72. que

S.

S

S = {(x, y, z) ∈ R3 : x − y + 3z = 0}. Mostre de R3 e determine um sistema de geradores de

Seja

é um subespaço ve torial

Verique se esse onjunto é formado por ve tores linearmente independentes

e indique, justi ando, a dimensão de

S.

Resolução: Tem-se que:

S

= {(x, y, z) ∈ R3 : x − y + 3z = 0}

= {(y − 3z, y, z) : y, z ∈ R} = {y(1, 1, 0) + z(−3, 0, 1) : y, z ∈ R}

= h(1, 1, 0), (−3, 0, 1)i.

4.8 Coordenadas de um ve tor relativamente a uma base S é um subespaço (1, 1, 0) e (−3, 0, 1).

E, portanto, ve tores

ve torial de

R3 S

Veja-se se estes ve tores geradores de

90

pois é o subespaço gerado pelos são linearmente independentes.

Suponha-se que

α(1, 1, 0) + β(−3, 0, 1) = (0, 0, 0), α, β ∈ R. Então, obtém-se α = 0 e β = 0. Portanto, os ve tores (1, 1, 0) (−3, 0, 1) são linearmente independentes. Logo formam uma base. Como B = ((1, 1, 0), (−3, 0, 1)) é uma base de S então dim S = 2.

om

e

Exer í io 4.73. V = {(x, y, z) ∈

No espaço ve torial real R3 , onsidere os subespaços ve toriais R3 : 2x − y + 3z = 0} e W = {(x, y, z) ∈ R3 : y = 5x}. Indique,

justi ando, a dimensão de

V

e de

W.

4.8 Coordenadas de um ve tor relativamente a uma base Proposição 4.74.

Seja

B = {e1 , e2 , . . . , en }

uma base de

E

um espaço ve torial sobre

E.

K

de dimensão

Então qualquer ve tor

forma úni a omo ombinação linear dos ve tores da base es alares úni os

α1 , α2 , . . . , αn ∈ K

tais que

u∈E B , ou

n

e seja

se es reve de seja, existem

u = α1 e1 + α2 e2 + · · · + αn en . Demonstração. Como

B = {e1 , e2 , . . . , en }

é uma base de

E

então

E = he1 , e2 , . . . , en i. Logo qualquer elemento de

e1 , e2 , . . . , en .

Seja

u∈E

E

se es reve omo ombinação linear dos ve tores

e suponha-se que

u = α1 e1 + α2 e2 + · · · + αn en ,

om

α1 , α2 . . . , αn ∈ K,

e

u = β1 e 1 + β2 e 2 + · · · + βn e n .

om

β1 , β2 . . . , βn ∈ K .

Então

α1 e1 + α2 e2 + · · · + αn en = β1 e1 + β2 e2 + · · · + βn en ou seja,

(α1 − β1 )e1 + (α2 − β2 )e2 + · · · + (αn − βn )en = 0E .

Como

e1 , e2 , . . . , en

são linearmente independentes, tem-se que:

αi − βi = 0K ⇔ αi = βi , para qualquer

i ∈ {1, 2, . . . , n}. Con lui-se assim que há u omo ombinação linear dos ve tores

maneira de es rever

apenas uma úni a da base

B.

4.8 Coordenadas de um ve tor relativamente a uma base Denição 4.75. (e1 , e2 , . . . , en )

Seja

E

91

n. Sejam ainda B = n-uplo (λ1 , λ2 , . . . , λn ), de

um espaço ve torial de dimensão

uma base ordenada de

E

e

u ∈ E.

Ao

es alares univo amente determinados, tais que

u = λ1 e1 + λ2 e2 + · · · + λn en

oordenadas (ou omponentes) de u na base (ou relativamente à base) B e es reve-se

hama-se

u = (λ1 , λ2 , . . . , λn )B .

Exemplo 4.76. real

B

R2 .

Seja

Sabe-se que

(x, y) ∈ R2 .

B = ((1, 2), (3, −1)) é uma base

do espaço ve torial

Para determinar as oordenadas deste ve tor na base

tem de se determinar os es alares

α, β ∈ R

tais que

α(1, 2) + β(3, −1) = (x, y), isto é,



α + 3β = x 2α − β = y

Passando para a matriz ampliada e es alonando, obtém-se



Donde

β=

1 3 2 −1

2x−y e 7

α=

x y



−− −−−−−−−→ ′



1 3 x 0 −7 y − 2x   −− −−−−−→ 1 3 x L′2 := − 17 L2 0 1 2x−y 7  x+3y  −− − − − − − − − → 1 0 7 . L′1 := L1 − 3L2 0 1 2x−y 7

L2 := L2 − 2L1



x+3y 7 . Portanto,

(x, y) = Observe-se que, para



x + 3y 2x − y , 7 7



.

B

(x1 , . . . , xn ) ∈ Rn ,

(x1 , x2 , . . . , xn ) = (x1 , x2 , . . . , xn )BRn , BRn é a base a1 x + a0 ∈ Pn [x], onde

anóni a de

Rn .

Assim omo, para

an xn + an−1 xn−1 + · · · +

an xn + an−1 xn−1 + · · · + a1 x + a0 = (a0 , a1 , . . . , an−1 , an )BPn [x] , onde

BPn [x]

é a base anóni a de

Exer í io Resolvido 4.77.

Pn [x].

No espaço ve torial real

R4

onsidere-se a base

B = ((1, 1, 0, 0), (0, 1, 1, 0), (1, 0, 0, 0), (0, 0, 0, 1)) .

4.9 Interse ção, reunião e soma de subespaços u = (−1, 3, 2, 0)

(a) Determine as oordenadas de (b) Indique o ve tor

v ∈ R4

tal que

92

relativamente à base

B.

v = (−1, 2, 3, 1)B .

Resolução:

(a) Sejam

α1 , α2 , α3 , α4 ∈ R4

tais que

(−1, 3, 2, 0) = α1 (1, 1, 0, 0) + α2 (0, 1, 1, 0) + α3 (1, 0, 0, 0) + α4 (0, 0, 0, 1), então

  α1 + α3 = −1 α3       α1 + α2 = 3 α1 ⇐⇒ α2 = 2 α2       α4 = 0 α4

Portanto,

= −2 =1 =2 =0

(−1, 3, 2, 0) = (1, 2, −2, 0)B .

(b) Como

v = (−1, 2, 3, 1)B

então

v = −1(1, 1, 0, 0) + 2(0, 1, 1, 0) + 3(1, 0, 0, 0) + 1(0, 0, 0, 1) = (2, 1, 2, 1).

Exer í io 4.78.

P3 [x], onsidere as bases B2 = (2, x − 3x3 , 2x2 + x3 , x − x2 ).

No espaço ve torial real

B1 = (1 − x, x + x2 , x2 , x3 )

e

(a) Determine as oordenadas dos polinómios x2 + 3x + 2 nas bases dadas. (b) Indique o polinómio

r(x) ∈ P3 [x]

tal que

ordenadas

p(x) = x3 − 4x2 − x

e

q(x) =

r(x) = (1, −2, 0, 1)B2 .

4.9 Interse ção, reunião e soma de subespaços Denição 4.79.

Seja E um espaço ve torial sobre K e sejam F e G subespaços E . Dene-se a interse ção dos subespaços F e G, e representaF ∩ G, omo sendo o sub onjunto de E denido por:

ve toriais de se por

F ∩ G = {u ∈ E : u ∈ F ∧ u ∈ G}.

Proposição 4.80. paços ve toriais de Demonstração.

Seja

E.

(i)

E

um espaço ve torial sobre

Então

Como

F ∩G

F

e

G

0E ∈ F ∩ G

e sejam

são subespaços ve toriais de

0E ∈ F Logo

K

é um subespaço ve torial de

e, portanto,

e

0E ∈ G.

F ∩ G 6= ∅.

F E.

E

e

G

então:

subes-

4.9 Interse ção, reunião e soma de subespaços (ii)

Sejam

u, v ∈ F ∩ G.

Por denição de interse ção de

u∈F ∩G ⇒ u∈F v ∈F ∩G ⇒ v ∈F

Por outro lado,

(iii)

u + v ∈ G,

F

e

pelo que

G são subespaços u + v ∈ F ∩ G.

De forma análoga, seja

λ∈K

e seja

F

e

G

Logo, pela Proposição 4.9,

Exemplo 4.81.

e

G,

vem que:

E,

logo

u+v ∈ F

e

Então

u ∈ G. E

são subespaços ve toriais de

λu ∈ F

e

v∈G

u ∈ F ∩ G. e

F

u∈G

e e

ve toriais de

u∈F ∩G⇒u∈F Mas omo

93

então

λu ∈ G ⇒ λu ∈ F ∩ G.

F ∩G

é um subespaço ve torial de

E.

No espaço ve torial real R3 , onsidere os subespaços ve toriais R3 : x+y+3z = 0} e G = h(1, 0, 1), (−1, 1, 2)i. Para determinar

F = {(x, y, z) ∈ F ∩ G determine-se

primeiro a ondição que dene

G:

(x, y, z) ∈ G ⇔ ∃α1 , α2 ∈ R : (x, y, z) = α1 (1, 0, 1) + α2 (−1, 1, 2) Ou seja, se e só se a matriz ampliada asso iada orresponde a um sistema possível:



   1 −1 x 1 −1 x −−−−−−−−→  0 1 y L′3 := L3 − L1  0 1 y  1 2 z 0 3 z−x   1 −1 x −− −−−−−−−→  1 y L′3 := L3 − 3L2  0 0 0 z − x − 3y

Para que o sistema seja possível a ondição que se impõe é G = {(x, y, z) ∈ R3 : z − x − 3y = 0}. Donde

Assim,

z − x − 3y = 0.

F ∩ G = {(x, y, z) ∈ R3 : x + y + 3z = 0 ∧ z − x − 3y = 0}. Resolvendo o sistema

 obtém-se que

x + y + 3z = 0 ⇔ z − x − 3y = 0



x = − 25 y ⇔ z = x + 3y



x = − 52 y , z = 21 y

   5 1 F ∩G= − y, y, y : y ∈ R . 2 2

4.9 Interse ção, reunião e soma de subespaços Exer í io 4.82.

No espaço ve torial real

U = {(x, y, z) ∈ R3 : x = y + 2z} Determine uma base de

Denição 4.83. ve toriais de

E.

Seja

R3 ,

onsidere os subespaços ve toriais

V = h(1, 0, −1), (2, 0, −4), (0, 3, 1)i.

e

U ∩V.

E

um espaço ve torial sobre

reunião dos subespaços

A

é o sub onjunto de

E

94

F

denido por:

K

e sejam

F

e

G

subespaços

e G, representa-se por F ∪ G,

F ∪ G = {u ∈ E : u ∈ F ∨ u ∈ G}. O exemplo que se apresenta a seguir permite on luir que, em geral, a reunião de subespaços ve toriais de um espaço ve torial de

E

não é um subespaço ve torial

E.

Exemplo 4.84.

No espaço ve torial real

R2 ,

onsidere-se os subespaços ve to-

riais

H = {(0, y) : y ∈ R} Repare-se que ve torial de

R

H ∪ F = {(x, y) ∈ R2 : x = 0 ∨ y = 0}

2

não é um subespaço

pois não é fe hado para a adição de ve tores. De fa to,

(0, 1) ∈ H ∪ F e, no entanto,

F = {(x, 0) : x ∈ R}

e

(1, 0) ∈ H ∪ F

e

(0, 1) + (1, 0) = (1, 1) ∈ / H ∪ F.

A proposição que se segue estabele e uma ondição ne essária e su iente para que a reunião de subespaços seja um subespaço ve torial.

Proposição 4.85.

Seja

espaços ve toriais de

E.

se

E

um espaço ve torial sobre

Então

F ∪G

F ⊆G Demonstração.

(⇒)

E

ou

e, no entanto,

∃f ∈ F : f ∈ /G f, g ∈ F ∪ G,

e

F *G

e

G * F.

sub-

Então,

F ∪G

é um

F ∪ G é um subespaço ve torial, é fe hado para a adição e, omo f + g = s ∈ F ∪ G. Tem-se então que s ∈ F ou s ∈ G. Assim, então

g = s − f ∈ F,

o que é absurdo!



se

s∈G

então

f = s − g ∈ G,

o que é absurdo!

ou

G ⊆ F.

F ⊆ G então F ∪ G = G, que é um subespaço ve torial de E . G ⊆ F então F ∪ G = F , que também é um subespaço de E .

Se

Analogamente, se ve torial

G

se é só

então

s∈F

(⇐)

e

E

∃g ∈ G : g ∈ / F.

se

F ⊆G

F

G ⊆ F.

• Logo

e sejam

Suponha-se, om vista a um absurdo, que

subespaço ve torial de

Uma vez que

K

é um subespaço ve torial de

4.9 Interse ção, reunião e soma de subespaços Teorema 4.86.

E

Seja

um espaço ve torial sobre

E. F = E.

um subespaço ve torial de se

dim F = n

então

Por onvenção diz-se que ve torial de

E

e

F 6= {0E }

Denição 4.87. ve toriais de

E.

Seja

A

o sub onjunto de

E

Então

F

n e seja F dim F ≤ n. Mais,

de dimensão

tem dimensão nita e

dim{0E } = 0. Observe-se que se F é um subespaço dim F ≥ 1. Portanto, dim F = 0 ⇔ F = {0E }.

então

K e sejam F e G subespaços G, representa-se por F + G, é

um espaço ve torial sobre

soma dos subespaços

E

K

95

F

e

dado por:

F + G = {u + v : u ∈ F ∧ v ∈ G}.

Proposição 4.88. Demonstração.

E um espaço ve torial sobre K e sejam F e G E . Então F + G é um subespaço ve torial de E .

Seja

subespaços ve toriais de

(i)

Como

F

e

G

são subespaços ve toriais de

0E ∈ F Logo

(ii)

0E = 0E + 0E ∈ F + G.

Sejam

Assim,

u, v ∈ F + G.

0E ∈ G.

E, portanto,

F + G 6= ∅.

u = u1 + u2 ,

tais que

v = v1 + v2 ,

tais que

u + v = (u1 + v1 ) + (u2 + v2 ). | {z } | {z }

u1 ∈ F, u2 ∈ G

v1 ∈ F, v2 ∈ G. Logo

u + v ∈ F + G.

∈G

λ ∈ K e u ∈ F + G. Então u = u1 + u2 para alguns u1 ∈ F λu = λ(u1 + u2 ) = λu1 + λu2 ∈ F + G. |{z} |{z}

Sejam Logo

então

Então

∈F

(iii)

e

E

∈F

Logo, pela Proposição 4.9,

Exemplo 4.89.

dois

F +G

∈G é um subespaço ve torial de

No espaço ve torial real

R3 ,

e

onsidere os seguintes subespaços

G = {(0, y, 0) : y ∈ R}

Então

F +G = = =

u2 ∈ G.

E.

ve toriais:

F = {(0, 0, z) : z ∈ R}

e

{(0, 0, z) + (0, y, 0) : y, z ∈ R}

{(0, y, z) : y, z ∈ R}

{(x, y, z) ∈ R3 : x = 0}.

4.9 Interse ção, reunião e soma de subespaços

96

Observação 4.90. de de

Seja E um espaço ve torial sobre K e seja X um sub onjunto E . Prova-se que hXi é o menor (no sentido da in lusão) subespaço ve torial E que ontém X , isto é: se

H

E

é subespaço ve torial de

tal que

X⊆H

então

hXi ⊆ H

Atendendo à observação anterior, pode provar-se que a soma de dois subespaços é o menor subespaço que ontém a união desses subespaços, isto é:

Proposição 4.91. paços ve toriais de

Seja

E.

E

um espaço ve torial sobre

Então

K

e sejam

F

e

G

subes-

F + G = hF ∪ Gi.

F + G = hF ∪ Gi, e atendendo à observação F + G é o menor subespaço ve torial que ontém F ∪ G. Ou seja, tem que se mostrar que: (i) F ∪ G ⊆ F + G e (ii) se H é um subespaço ve torial de E tal que tal que F ∪ G ⊆ H então F + G ⊆ H .

Demonstração. Para provar que anterior, basta mostrar que

(i)

Seja

u ∈ F ∪ G.

Então

u∈F

ou

u ∈ G.

Se

u∈F

tem-se

u = u + 0E ∈ F + G. u∈G F ∪ G ⊆ F + G.

Analogamente, se que

(ii)

tem-se

Seja H um subespaço ve torial u ∈ F + G arbitrário. Então:

u = u1 + u2 , Como

u = 0E + u ∈ F + G. de

E

tais que

tal que

u1 ∈ F,

Ou seja provou-se

F ∪ G ⊆ H. e

Seja ainda

u2 ∈ G

F ∪ G ⊆ H , então u1 , u2 ∈ H e, portanto, omo H u = u1 + u2 ∈ H . Logo F + G ⊆ H .

é subespaço

ve torial, então

Teorema 4.92.

E um espaço ve torial sobre K e sejam F e G subespaE tais que F = hu1 , . . . , un i e G = hv1 , . . . , vk i, para alguns u1 , . . . , un , v1 , . . . , vk ∈ E . Então Seja

ços ve toriais de

F + G = hu1 , . . . , un , v1 , . . . , vk i.

Exemplo 4.93.

No espaço ve torial

R3

3

onsidere-se os subespaços ve toriais

F = {(x, y, z) ∈ R : x + y + 3z = 0} Determine-se um sistema de geradores de de

G,

e

G = h(1, 0, 1), (−1, 1, 2)i

F +G.

Já são onhe idos os geradores

basta agora determinar um sistema de geradores de

F

F:

3

= {(x, y, z) ∈ R : x = −y − 3z} = {(−y − 3z, y, z) : y, z ∈ R}

= {y(−1, 1, 0) + z(−3, 0, 1) : y, z ∈ R} = h(−1, 1, 0), (−3, 0, 1)i Logo

F + G = h(−1, 1, 0), (−3, 0, 1), (1, 0, 1), (−1, 1, 2)i.

4.10 Teorema das dimensões Exer í io 4.94.

No espaço ve torial

S T S +T

Determine

97 R4

onsidere-se os subespaços ve toriais:

{(a, b, c, d) ∈ R4 : a − b = 0 ∧ a = b + d} h(1, 0, 0, 3), (2, 0, 0, 1)i

= =

e indique uma sua base.

4.10 Teorema das dimensões Teorema 4.95 um orpo

K

e

.

(Teorema das dimensões)

F

G

e

Sejam

subespaços ve toriais de

E,

E

um espaço ve torial sobre

nitamente gerados. Então

dim(F + G) = dim F + dim G − dim(F ∩ G). F = {0E } ou G = {0E }. F + G = F . Como dim{0E } = 0, a

Demonstração. Considere-se o aso parti ular em que Neste aso,

F ∩ G = {0E }

e

F +G= G

ou

igualdade veri a-se trivialmente.

F 6= {0E } e G 6= {0E }. Repare-se que F e G têm F ∩ G é um subespaço ve torial de F (e também de G)

Suponha-se então que dimensão nita; mais,

e, portanto, também tem dimensão nita.

F ∩G 6= {0E } e seja BF ∩G = (e1 , . . . , es ) uma base ordenada e1 , . . . , es ∈ F e são linearmente independentes, pelo orolário 4.70 é possível juntar ve tores de F à base de F ∩ G por forma a obter uma base de F . O mesmo se pode fazer para G. Assim, sejam BF = (e1 , . . . , es , t1 , . . . , tp ) e BG = (e1 , . . . , es , g1 , . . . , gk ) bases ordenadas de F e G, respe tivamente. Então Suponha-se que

de

F ∩ G.

Como

F = he1 , . . . , es , t1 , . . . , tp i, G = he1 , . . . , es , g1 , . . . , gk i e

F + G = he1 , . . . , es , t1 , . . . , tp , g1 , . . . , gk i. Prove-se que os ve tores

e 1 , . . . , e s , t1 , . . . , t p , g 1 , . . . , g k

são linearmente indepen-

dentes. Para tal onsidere-se a ombinação linear nula,

α1 e1 + · · · + αs es + β1 t1 + · · · + βp tp + γ1 g1 + · · · + γk gk = 0E ,

(4.3)

que é equivalente a

α1 e1 + · · · + αs es + β1 t1 + · · · + βp tp = (−γ1 g1 ) + · · · + (−γk gk ) . {z } {z } | | ∈F =he1 ,...,es ,t1 ,...,tp i

Logo

∈G=he1 ,...,es ,g1 ,...,gk i

α1 e1 +· · ·+αs es +β1 t1 +· · ·+βp tp ∈ F ∩G. Mas, omo BF ∩G = (e1 , . . . , es ) F ∩ G, então:

é uma base de

α1 e1 + · · · + αs es + β1 t1 + · · · + βp tp = ϕ1 e1 + · · · + ϕs es ,

4.10 Teorema das dimensões para alguns

ϕ1 , . . . , ϕs ∈ K.

98

Assim,

(α1 − ϕ1 )e1 + · · · + (αs − ϕs )es + β1 t1 + · · · + βp tp = 0E . e 1 , . . . , e s , t1 , . . . , t p F , tem-se que:

Uma vez que uma base de

são linearmente independentes pois formam

α1 − ϕ1 = · · · = αs − ϕs = β1 = · · · = βp = 0K . Con lui-se assim que

β1 = · · · = βp = 0K .

Substituindo em (4.3), obtém-se:

α1 e1 + · · · + αs es + γ1 g1 + · · · + γk gk = 0E , o que impli a que

α1 = · · · = αs = γ1 = · · · = γk = 0K , e1 , . . . , es , g1 , . . . , gk são linearmente independentes. e1 , . . . , es , t1 , . . . , tp , g1 , . . . , gk são linearmente independentes e, portanto, estes ve tores formam uma base de F + G. Logo

já que

Con lui-se assim que

dim(F + G) = dim F + dim G − dim(F ∩ G) . {z } | {z } | =s+p+k

=(s+p)+(s+k)−s

F ∩ G = {0E }, onsidere-se BF = (t1 , . . . , tp ) e BG = (g1 , . . . , gk ) bases F e G, respe tivamente. Por um ra io ínio análogo ao anterior, prova-se que BF +G = (t1 , . . . , tp , g1 , . . . , gk ) é uma base de F + G (demonstre!). Se

ordenadas de

Logo, também neste aso,

dim(F + G) = dim F + dim G − dim(F ∩ G) . | {z } | {z } =p+k

Observação 4.96.

=p+k−0

No demonstração do teorema anterior provou-se também

F ∩ G 6= {0E }, se BF ∩G = (e1 , . . . , es ) é uma base de F ∩ G e BF = (e1 , . . . , es , t1 , . . . , tp ) e BG = (e1 , . . . , es , g1 , . . . , gk ) ordenadas de F e G, respe tivamente, então

que, no aso de

ordenada são bases

BF +G = (e1 , . . . , es , t1 , . . . , tp , g1 , . . . , gk ) é uma base ordenada de e

BG = (g1 , . . . , gk )

F + G.

No aso de

são bases ordenadas de

F ∩ G = {0E } e se BF = (t1 , . . . , tp ) F e G, respe tivamente, então

BF +G = (t1 , . . . , tp , g1 , . . . , gk ) é uma base ordenada de

F + G.

4.10 Teorema das dimensões Exemplo 4.97.

99

Considere-se, no espaço ve torial real

R3 ,

os subespaços ve -

toriais

F = {(x, y, z) ∈ R3 : x + y + 3z = 0}

e

G = h(1, 0, 1), (−1, 1, 2)i.

No exemplo 4.81, viu-se que

F ∩G = = =

    5 1 y − , 1, :y∈R 2 2 5 1 h(− , 1, )i 2 2 h(−5, 2, 1)i

(−5, 2, 1) 6= (0, 0, 0), (−5, 2, 1) é linearmente independente e, portanto, BF ∩G = ((−5, 2, 1)) é uma base ordenada de F ∩ G. Veja-se que dim F = 2. Ora Como

F

= {(−y − 3z, y, z) : y, z ∈ R} = {y(−1, 1, 0) + z(−3, 0, 1) : y, z ∈ R} = h(−1, 1, 0), (−3, 0, 1)i

(−1, 1, 0) e (−3, 0, 1) ve tores linearmente independentes (verique!), enB = ((−1, 1, 0), (−3, 0, 1)) é uma base ordenada de F e dim F = 2. Assim, basta juntar um ve tor de F ao ve tor (−5, 2, 1) que não seja

ombinação linear de (−5, 2, 1) para se obter uma outra base de F . Por exemplo, (1, 2, −1) ∈ F e não é ombinação linear de (−5, 2, 1), pois (1, 2, −1) 6= α(−5, 2, 1), para todo α ∈ R. Como dim(F ) = 2 e (1, 2, −1), (−5, 2, 1) ∈ F são

Sendo tão

linearmente independentes,

BF = ((1, 2, −1), (−5, 2, 1)) Por outro lado, então

(−5, 2, 1)

F.

é base ordenada de

G = h(1, 0, 1), (−1, 1, 2)i,

dim G ≤ 2. Como F ∩ G ⊆ G, G. linear de (−5, 2, 1), logo (1, 0, 1)

logo

é um ve tor linearmente independente de

No entanto, (1, 0, 1) não é ombinação (−5, 2, 1) são dois ve tores de G linearmente independentes e, onsequentemente, dim G ≥ 2. Con lui-se assim que BG = ((1, 0, 1), (−5, 2, 1)) é uma base ordenada de G e que dim G = 2. e

Finalmente,

BF = ((1, 2, −1), (−5, 2, 1)) BG = ((1, 0, 1), (−5, 2, 1))

é base ordenada de

é base ordenada de

F

G

e, portanto, pela observação 4.96:

BF +G = ((1, 2, −1), (−5, 2, 1), (1, 0, 1)) Dado um espaço ve torial sobre da forma

F + G,

onde

F

e

G

K,

é base ordenada de

F + G.

de entre os subespaços ve toriais de

são subespaços ve toriais de

importân ia os que veri am a seguinte ondição:

E,

E

têm parti ular

4.10 Teorema das dimensões Para todo

u∈F +G

Denição 4.98.

100 u1 ∈ F u = u1 + u2 .

existem um e um só que

e um e um só

u2 ∈ G

tais

K e sejam F e G subespaços F + G é soma dire ta (ou que F e G estão em soma dire ta), e representa-se por F ⊕ G, se, para todo u ∈ F + G existem um e um só u1 ∈ F e um e um só u2 ∈ G tais que ve toriais de

E.

Seja

E

um espaço ve torial sobre

Diz-se que

u = u1 + u2 .

Exemplos 4.99.

No espaço ve torial real

R3 ,

onsidere-se os subespaços ve -

toriais: 1.

F = {(0, 0, z) : z ∈ R}

e

G = {(0, y, 0) : y ∈ R}.

F +G = = =

Então

{(0, 0, z) + (0, y, 0) : y, z ∈ R}

{(0, y, z) : y, z ∈ R} {(x, y, z) ∈ R3 : x = 0}.

u ∈ F + G tem-se que u = (0, b, c), para alguns b, c ∈ F + G, pelo que u se es reve de modo úni o omo soma de um elemento de F om um elemento de G, da forma u = (0, 0, c) + (0, b, 0), onde (0, 0, c) ∈ F e (0, b, 0) ∈ G. Então F está em soma dire ta om G. Assim, qualquer que seja

2.

F = {(x, y, z) ∈ R3 : x = 0}

e

G = {(x, y, z) ∈ R3 : y = x}.

Então

{(0, y, z) + (y ′ , y ′ , z ′ ) : y, z, y ′ , z ′ ∈ R} {(y ′ , y + y ′ , z + z ′ ) : y, z, y ′, z ′ ∈ R}

F +G = =

R3

=

(verique!).

Tem-se que:

(1, 1, 1) = (0, 0, 1) + (1, 1, 0) | {z } | {z } ∈F

e, por outro lado,

(1, 1, 1) = (0, 0, −1) + (1, 1, 2) | {z } | {z } ∈F

Então, existe de

F

∈G

u ∈ F + G que Ge

om um ve tor de

∈G

não se es reve de modo úni o omo um ve tor portanto

F

não está em soma dire ta om

G.

O próximo resultado estabele e uma ara terização para a soma dire ta de dois subespaços ve toriais.

Proposição 4.100. paços ve toriais de

(i)

A soma

Seja

E.

F +G

E

um espaço ve torial sobre

K

e sejam

F

e

G

Então, são equivalentes as seguintes armações:

é dire ta;

subes-

4.10 Teorema das dimensões (ii)

101

O ve tor nulo es reve-se de modo úni o omo soma de um ve tor de

om um ve tor de

F

G;

(iii) F ∩ G = {0E }. Demonstração. Prova-se este resultado através da seguinte sequên ia de impli ações:

(i) ⇒ (ii) ⇒ (iii) ⇒ (i)

(i) ⇒ (ii) Resulta imediatamente da denição de soma dire ta.

(ii) ⇒ (iii) Sabe-se que Por outro lado, seja ve torial de

E

{0E } ⊆ F ∩ G.

(4.4)

u ∈ F ∩ G. Então u ∈ F e u ∈ G. Como G é um subespaço −u ∈ G. Por denição de simétri o em E ,

tem-se que

u + (−u) = 0E |{z} | {z } ∈F

e tem-se também

∈G

0E + 0E = 0E . |{z} |{z} ∈F

∈G

Por hipótese, o ve tor nulo es reve-se de modo úni o omo soma de um elemento de

F

om um elemento de

G,

logo

u = 0E

e, onsequentemente,

F ∩ G ⊆ {0E } Por (4.4) e (4.5) on lui-se que

(4.5)

F ∩ G = {0E }.

(iii) ⇒ (i) Seja u ∈ F + G e admita-se que

Então

u1 + u2 ,

tais que

u =

u′1

′ tais que u1

u1 − u′ = u2 − u′ | {z }1 | {z }2 ∈F

hipótese,

+

u′2 ,

pelo que

e e

u2 ∈ G u′2 ∈ G

u2 − u′2 ∈ F ∩ G.

Mas, por

∈G

F ∩ G = {0E }.

u1 = u′1

e

∈F

u1 − u′1 ∈ F ∩ G

Logo

u1 − u′1 = 0E ou seja,

u1 ∈ F

u =

e

e

u2 − u′2 = 0E

u2 = u′2 .

Provou-se então que ada ve tor

u∈F ∩G G.

se es reve de modo úni o omo

soma de um ve tor de

F

Exemplos 4.101.

1. No espaço ve torial real

om um ve tor de

R4 ,

onsiderem-se os subes-

paços ve toriais

F

=

G =

{(x, y, z, t) ∈ R4 : x + y = 0 ∧ z + t = 0}

{(x, y, z, t) ∈ R4 : x = 0 ∧ t = 0}.

4.10 Teorema das dimensões

102

Atendendo a que

{(x, y, z, t) ∈ R4 : x + y = 0 ∧ z + t = 0 ∧ x = 0 ∧ t = 0} {(0, 0, 0, 0)},

F ∩G = = então

F

G.

está em soma dire ta om

2. No espaço ve torial real

P3 [x],

onsiderem-se os subespaços ve toriais

= {a0 + a1 x + a2 x2 + a3 x3 ∈ P3 [x] : a0 + a1 = 0 ∧ a3 = 0} = {a0 + a1 x + a2 x2 + a3 x3 ∈ P3 [x] : a0 + a1 + a2 = 0}.

F G

Atendendo a que

F ∩G = = tem-se que

{a0 + a1 x + a2 x2 + a3 x3 ∈ P3 [x] : a0 + a1 = 0 ∧ a3 = 0 ∧

∧a0 + a1 + a2 = 0} {−a1 + a1 x : a1 ∈ R}

1−x ∈ F ∩G

e, portanto,

não é soma dire ta.

Exer í io 4.102.

No espaço ve torial real

F ∩ G 6= {0E }. R3 ,

F

Seja

o subespaço gerado pelos ve tores

c

e

d.

(a)

F ∩ G;

(b)

F + G.

e

b

e seja

G

e

d = (2, 2, 2).

o subespaço gerado pelos

Determine uma base para:

(sugestão: use a observação 4.96)

Teorema 4.103. ve toriais de

a

F +G

onsidere os seguintes ve tores:

a = (1, 2, −1), b = (1, −2, −1), c = (1, 2, 3) ve tores

Logo a soma

E

Seja

E

K e sejam F e G subespaços S = F + G. Então as armações

um espaço ve torial sobre

de dimensão nita. Seja ainda

seguintes são equivalentes:

(i) S = F ⊕ G.

(ii) dim(F + G) = dim F + dim G. (iii)

BF = (t1 , t2 , . . . , tp ) é uma base ordenada de F e BG = (g1 , g2 , . . . , gk ) é uma base ordenada de G, então B = (t1 , t2 , . . . , tp , g1 , g2 , . . . , gk ) é uma

Se

base ordenada de

F + G = S.

(i) ⇒ (ii) Resulta de imediato do Teorema das dimensões. De S = F ⊕G então F ∩G = {0E } e, onsequentemente, dim(F ∩G) = 0.

Demonstração. fa to, omo Logo

dim(F + G) = dim F + dim G − dim(F ∩ G) ⇔ dim(F + G) = dim F + dim G

4.11 Subespaço omplementar

103

(ii) ⇒ (i) Novamente, pelo Teorema das dimensões, dim(F + G) = dim F + dim G ⇒ dim(F ∩ G) = 0 ⇒ F ∩ G = {0E }. Daqui on lui-se que (i) ⇔ (ii). (ii) ⇒ (iii) Por hipótese, dim(F + G) = dim F + dim G, logo, pelo teorema

dim(F ∩ G) = 0.

das dimensões tem-se

observação 4.96 obtém-se

Exer í io 4.104.

F

(b) Averigúe se

F ∩ G = {0E }.

R3 , onsidere-se G = {(0, y, z) : y, z ∈ R}.

No espaço ve torial real

F = {(x, y, 0) : x, y ∈ R} (a) Mostre que

Donde

(iii). A impli ação (iii) ⇒ (ii) é óbvia.

e

G

e

são subespaços ve toriais de

Atendendo à

os sub onjuntos

R3 .

R3 = F ⊕ G.

4.11 Subespaço omplementar Denição 4.105. ve torial de

E.

Seja

E

um espaço ve torial sobre K e seja F ⋆ , de E , tal que

F

um subespaço

A um subespaço ve torial

E = F ⊕ F ⋆,

hama-se

subespaço omplementar de

Teorema 4.106.

F.

E um espaço ve torial sobre K E tem pelo menos um subespaço

Seja

subespaço ve torial de Demonstração. Seja

F



Se



Se



Suponha-se que

um subespaço ve torial de

F = {0E } então um subespaço E (e é úni o);

de dimensão

n.

Todo o

omplementar.

E. F

omplementar de

é o próprio espaço

ve torial

F =E

então um subespaço omplementar de

F

é

{0E }

(e é úni o);

F é um subespaço ve torial não trivial de E . Então, seja B = (f1 , . . . , fk ) uma base ordenada de F . Como F 6= E então existem ve tores em E que não perten em a F . Pode assim ompletar-se a base de F por forma a obter uma base de E . Seja BE = (f1 , . . . , fk , ek+1 , . . . , en ) essa base ordenada de

E.

Tome-se

S = hek+1 , . . . , en i. E = F + S . Pelo Teorema 4.103, dim F + dim S = n e, portanto, E = F ⊕ S . Con lui-se assim que S é um subespaço omplementar de F . Logo

4.11 Subespaço omplementar

Exemplo 4.107.

No espaço ve torial real

104

R4 ,

onsidere

F = {(x, y, z, w) ∈ R4 : x + y + z = y + 2z − w = 0}. Verique que

F

é um subespaço ve torial de

R4 .

Agora, vai-se determinar dois

F. = ((−1, 1, 0, 1), (−1, 0, 1, 2))

subespaços omplementares de

é uma base ordenada de F Tem-se que BF (prove!). Complete-se, de duas formas diferentes, esta base até obter uma base 4 de R . 1. a res entando os ve tores Veja-se que os ve tores

(1, 0, 0, 0)

e

(0, 1, 0, 0).

(1, 0, 0, 0), (0, 1, 0, 0), (−1, 1, 0, 1) e (−1, 0, 1, 2) são α, β, γ, δ ∈ R tais que

linearmente independentes. Sejam

α(1, 0, 0, 0) + β(0, 1, 0, 0) + γ(−1, 1, 0, 1) + δ(−1, 0, 1, 2) = (0, 0, 0, 0), ou seja,

 α−γ−δ =0    β+γ =0 (α − γ − δ, β + γ, δ, γ + 2δ) = (0, 0, 0, 0) ⇔ δ =0    γ + 2δ = 0

E, portanto,

α = β = δ = γ = 0.

Logo, a úni a forma de es rever o

ve tor nulo omo ombinação dos ve tores dados é a ombinação linear nula trivial. Logo os ve tores

(1, 0, 0, 0), (0, 1, 0, 0), (−1, 1, 0, 1) e (−1, 0, 1, 2) são linearR4 tem dimensão 4, estes ve tores formam

mente independentes. Como uma base de R4 .

S = h(1, 0, 0, 0), (0, 1, 0, 0)i. Tem-se subespaço omplementar de F .

Seja um

2. a res entando os ve tores Veja-se que os ve tores

(1, 0, 0, 0)

e

que

R4 = F ⊕ S .

Portanto

S

é

(0, 0, 1, 0).

(1, 0, 0, 0), (0, 0, 1, 0), (−1, 1, 0, 1) e (−1, 0, 1, 2) são α, β, γ, δ ∈ R tais que

linearmente independentes. Sejam

α(1, 0, 0, 0) + β(0, 0, 1, 0) + γ(−1, 1, 0, 1) + δ(−1, 0, 1, 2) = (0, 0, 0, 0), ou seja,

 α−γ−δ =0    γ=0 (α − γ − δ, γ, β + δ, γ + 2δ) = (0, 0, 0, 0). ⇔ β  +δ =0   γ + 2δ = 0

4.11 Subespaço omplementar E, portanto,

(−1, 1, 0, 1)

105

α = β = δ = γ = 0. Logo os (−1, 0, 1, 2) são linearmente

ve tores

(1, 0, 0, 0), (0, 0, 1, 0),

independentes. Mais uma vez 4 pode on luir-se que estes ve tores também formam uma base de R . Seja

e

S1 = h(1, 0, 0, 0), (0, 0, 1, 0)i.

Tem-se que

é outro subespaço omplementar de

F.

R4 = F ⊕ S 1 .

Portanto

S1

5. Apli ações lineares

5.1 Denição e propriedades

107

5.1 Denição e propriedades Denição 5.1.

ação linear

em

E′

Sejam

(ou

E

e

E′

dois espaços ve toriais sobre

transformação linear

a toda a apli ação

ϕ : E −→ E ′

ou ainda

K.

Chama-se

homomorsmo)

aplide

E

que satisfaz as seguintes ondições:

(i) ∀u, v ∈ E , ϕ(u + v) = ϕ(u) + ϕ(v);

(ii) ∀λ ∈ K, ∀u ∈ E , ϕ(λu) = λϕ(u).

Simpli ação de notação: vez de

Se

u = (x1 , . . . , xn ),

es reve-se

ϕ(x1 , . . . , xn )

em

ϕ((x1 , . . . , xn )).

Exemplos 5.2.

1. A apli ação

ϕ:

R3 −→ R2 (x, y, z) 7−→ ϕ(x, y, z) = (x + y, z)

é uma apli ação linear de

(i)

Sejam

R3

em

(x, y, z), (a, b, c) ∈ R3

R2 .

De fa to,

arbitrários. Então

ϕ ((x, y, z) + (a, b, c)) = ϕ(x + a, y + b, z + c)

por denição de adição em

= ((x + a) + (y + b), z + c) = ((x + y) + (a + b), z + c)

por denição de

R

por denição de adição em

= ϕ(x, y, z) + ϕ(a, b, c) Provou-se assim que, para quaisquer

ϕ

pelas propriedades da adição em

= (x + y, z) + (a + b, c)

R3

R2

por denição de

(x, y, z), (a, b, c) ∈ R3 ,

ϕ.

se tem

ϕ ((x, y, z) + (a, b, c)) = ϕ(x, y, z) + ϕ(a, b, c).

(ii)

Sejam agora

λ∈R

e

(x, y, z) ∈ R3

ϕ (λ(x, y, z)) = ϕ(λx, λy, λz)

arbitrários. Então

por denição de multipli ação por

R3 de ϕ

um es alar em

= (λx + λy, λz)

por denição

= (λ(x + y), λz)

pela distributividade da multipli ação

= λ(x + y, z)

por denição de multipli ação por

em relação à adição em

R

R2 de ϕ.

um es alar em

= λϕ(x, y, z)

por denição

Provou-se assim que, para quaisquer

λ∈R

e

(x, y, z) ∈ R3 ,

ϕ (λ(x, y, z)) = λϕ(x, y, z).

se tem

5.1 Denição e propriedades 2. Seja

x0 ∈ R.

A apli ação

F (R) −→ R f 7−→ ψ(f ) = f (x0 )

ψ: é uma apli ação linear de

(i)

f, g ∈ F (R)

Sejam

108

F (R)

em

por denição de

por denição de

ψ(f + g) = ψ(f ) + ψ(g),

Sejam

f ∈ F (R)

e

ψ(λf ) = (λf )(x0 ) = λ(f (x0 )) = λψ(f ) Ou seja,

λ∈R

ψ

por denição de adição em

= ψ(f ) + ψ(g)

(ii)

De fa to,

arbitrários. Então

ψ(f + g) = (f + g)(x0 ) = f (x0 ) + g(x0 )

Logo

R.

para quaisquer

arbitrários. Então

por denição de

ψ.

f, g ∈ F (R).

ψ

por denição de multipli ação por um es alar em por denição de

ψ(λf ) = λψ(f ),

ψ.

para quaisquer

f ∈ F (R)

e

λ ∈ R.

3. A apli ação

φ : M3×1  (R) a b c

−→ 7−→

R2  a φ  b  = (a2 , b + c − 2) c

não é uma apli ação linear. De fa to,

e

mas

Logo,

F (R)

  1 φ 0 = (12 , 0 + 2 − 2) = (1, 0) 2

      1 2 φ 2 0 = φ 0 = (22 , 0 + 4 − 2) = (4, 2), 2 4

  1 2φ 0 = 2(1, 0) = (2, 0). 2   1 φ(λu) 6= λφ(u), quando λ = 2 e u = 0. 2

F (R)

5.1 Denição e propriedades Exer í io 5.3.

109

Verique que a apli ação

R2 (x, y)

θ:

é uma apli ação linear de

Proposição 5.4.

R2

−→ R3 7−→ θ(x, y) = (2x, x − y, 3y) em

R3 .

E e E ′ espaços E em E ′ . Então:

Sejam

apli ação linear de

K.

ve toriais sobre

Seja ainda

ϕ

uma

(a) ϕ(0E ) = 0E ′ ; (b) ϕ(−u) = −ϕ(u),

( ) ϕ(u − v) = ϕ(u) − ϕ(v),

Demonstração. Prove-se para a adição em

E,

u ∈ E;

para todo

para todo

u, v ∈ E .

(a). Como o ve tor nulo de E , 0E , é o elemento neutro

então

0E = 0E + 0E .

Donde

ϕ(0E ) = ϕ(0E + 0E ) ⇔ ϕ(0E ) = ϕ(0E ) + ϕ(0E ). Note-se que a última igualdade resulta do fa to de ϕ ser uma apli ação linear. ′ ′ Como E é um espaço ve torial e ϕ(0E ) ∈ E , então existe o seu simétri o em ′ E , −ϕ(0E ). Mas então, adi ionando a ambos os membros da igualdade anterior

esse simétri o, obtém-se

ϕ(0E ) + (−ϕ(0E )) = ϕ(0E ) + ϕ(0E ) + (−ϕ(0E )) ⇔ 0E ′ = ϕ(0E ) + 0E ′

pelos axiomas de espaço

⇔ 0E ′ = ϕ(0E )

por denição de

Prove-se

(b).

ve torial

u ∈ E. ϕ(u) em E ′ ,

Seja

simétri o do ve tor

Pretende-se provar que o ve tor ou seja,

ϕ(−u) + ϕ(u) = ϕ(−u + u) = ϕ(0E )

pois

ϕ(−u) = −ϕ(u),

Prove-se

ϕ

é apli ação linear

pela alínea para todo

ϕ(−u)

Ora

por denição de simétri o em

= 0E ′ Portanto,

ϕ(−u) + ϕ(u) = 0E ′ .

(a).

u ∈ E.

( ). Sejam u, v ∈ E . Então

ϕ(u − v) = ϕ(u + (−v))

0E ′ .

por notação

= ϕ(u) + ϕ(−v) = ϕ(u) + (−ϕ(v))

pois

ϕ

= ϕ(u) − ϕ(v)

por notação.

é apli ação linear

pela alínea

(b)

E

é o

5.1 Denição e propriedades

110

O próximo resultado estabele e uma nova ara terização para apli ações lineares.

Proposição 5.5.

ação de

E

E e E ′ espaços ve toriais sobre K e seja ϕ E . Então ϕ é uma apli ação linear se e só se Sejam

uma apli-



em

ϕ(αu + βv) = αϕ(u) + βϕ(v),

∀α, β ∈ K, ∀u, v ∈ E.

A demonstração  a omo exer í io.

′ espaços ve toriais sobre K. Representa-se por L(E, E ) o on′ ′ junto das apli ações lineares de E para E . Observe-se que, omo L(E, E ) é um Sejam

E

e

E′

onjunto de apli ações, pode onsiderar-se as seguintes operações:

Adição: Dadas ϕ, ψ ∈ L(E, E ′ ), ϕ + ψ

é a apli ação de

(ϕ + ψ)(u) = ϕ(u) + ψ(u), para

Multipli ação por um es alar: apli ação de

E

em

E′

tal que

Dados

e

λ ∈ K.

todo o

todo o

em

E′

tal que

u ∈ E.

ϕ ∈ L(E, E ′ )

(λϕ)(u) = λ (ϕ(u)) , para

Teorema 5.6.

E

e

λ ∈ K, λϕ

é a

u ∈ E.

E e E ′ espaços ve toriais sobre K e sejam ϕ, ψ ∈ L(E, E ′ ) ϕ + ψ e λϕ são apli ações lineares. Mais, L(E, E ′ ), munido om

Sejam

Então

a adição e a multipli ação por um es alar denidas anteriormente, é um espaço ve torial sobre

K.

Demonstração. Considere-se

u, v ∈ E .

Então

ϕ, ψ ∈ L(E, E ′ )

arbitrárias e sejam

(ϕ + ψ)(αu + βv) = ϕ(αu + βv) + ψ(αu + βv)

e

por denição de adição em

= αϕ(u) + βϕ(v) + αψ(u) + βψ(v) = α(ϕ(u) + ψ(u)) + β(ϕ(v) + ψ(v))

α, β ∈ K

L(E, E ′ ).

pela Proposição 5.5 por

E′

ser um espaço

ve torial

= α ((ϕ + ψ)(u)) + β ((ϕ + ψ)(v))

por denição de adição em

ϕ+ψ L(E, E ′ ).

Portanto, em

L(E, E ′ ).

é uma apli ação linear. Logo a adição é uma operação interna

Analogamente, onsidere-se

ϕ ∈ L(E, E ′ ), λ ∈ K

e sejam

α, β, λ ∈ K

e

5.1 Denição e propriedades u, v ∈ E .

111

Então

(λϕ)(αu + βv) = λ (ϕ(αu + βv))

por denição de multipli ação por um es alar em

L(E, E ′ ).

= λ (αϕ(u) + βϕ(v))

pela Proposição 5.5

= (λα)ϕ(u) + (λβ)ϕ(v) = (αλ)ϕ(u) + (βλ)ϕ(v)

por

= α (λ(ϕ(u))) + β (λ(ϕ(v))) = α (λϕ) (u) + β (λϕ) (v)

E′

ser um espaço ve torial

pela omutatividade em por

E



K

ser um espaço ve torial

por denição de multipli ação por um es alar em

L(E, E ′ ).

′ é uma apli ação linear, e portanto λϕ ∈ L(E, E ). ′ Fi a omo exer í io provar que L(E, E ) é um espaço ve torial sobre

Logo

λϕ

K

om

as operações anteriormente denidas.

Observação 5.7.

A apli ação

0L(E,E ′ ) : E u

−→ E ′ 7−→ 0L(E,E ′ ) (u) = 0E ′

é uma apli ação linear de E para E ′ e é o ve tor nulo do espaço ve torial L(E, E ′ ). Prove que, de fa to, 0L(E,E ′ ) + ψ = ψ , para todo ψ ∈ L(E, E ′ ). ′ Mais, para ada ψ ∈ L(E, E ), a apli ação

−→ E ′ 7−→ (−ψ)(u) = −(ψ(u))

−ψ : E u

E em E ′ ψ + (−ψ) = 0L(E,E ′ ) .

é uma apli ação linear de que, de fa to,

Exer í io 5.8. ′

′′

ψ ∈ L(E , E ).

Sejam

E, E′

e

E ′′

é uma apli ação linear de

E

em

em

espaços ve toriais sobre

Prove que a apli ação, à qual se hama

ψ◦ϕ: E u

ψ

e é o simétri o de

L(E, E ′ ).

Prove

K, ϕ ∈ L(E, E ′ )

e

apli ação omposta,

−→ E ′′ 7−→ (ψ ◦ ϕ)(u) = ψ (ϕ(u)) E ′′ .

5.1.1 Classi ação de apli ações lineares Denição 5.9. linear de

• •

E

Sejam E e E ′ espaços ve toriais sobre em E ′ . Diz-se que ϕ é um

K e seja ϕ uma apli ação

monomorsmo se ϕ é inje tiva, isto é, ϕ(u) = ϕ(v) ⇒ u = v, ∀u, v ∈ E ; epimorsmo se ϕ é sobreje tiva, isto é, se o ontradomínio de ϕ é E ′ ;

5.1 Denição e propriedades • • •

112

isomorsmo se ϕ é bije tiva, isto é, se ϕ é inje tiva e sobreje tiva; endomorsmo se E = E ′ ; automorsmo se ϕ é um endomorsmo e um isomorsmo.

Exemplos 5.10.

1. A apli ação linear

φ : R3 −→ R

φ(x, y, z) = x + y + z,

denida por

∀(x, y, z) ∈ R3

é um epimorsmo. 2. A apli ação linear

ψ : P3 [x] −→ R4

denida por

ψ(ax3 + bx2 + cx + d) = (a, b, c, d),

∀ax3 + bx2 + cx + d ∈ P3 [x]

é um isomorsmo. 3. A apli ação linear

ϕ : P2 [x] −→ P2 [x]

denida por

ϕ(ax2 + bx + c) = cx2 + bx + a,

∀ax2 + bx + c ∈ P2 [x]

é um automorsmo.

5.1.2 Propriedades das apli ações lineares O teorema seguinte exprime o omportamento das apli ações lineares em relação à dependên ia e/ou independên ia linear de ve tores.

Teorema 5.11. linear de

(i)

E

Sejam E e E ′ espaços ve toriais sobre ′ para E . Então:

K e seja ϕ uma apli ação

v1 , . . . , vk ∈ E são linearmente dependentes em E ϕ(v1 ), . . . , ϕ(vk ) são linearmente dependentes em E ′ .

Se os ve tores ve tores

(ii) ϕ

é monomorsmo se e só se

v1 , . . . , vk impli ar ϕ(v1 ), . . . , ϕ(vk ).

a independên ia linear dos ve tores pendên ia linear dos ve tores Demonstração. Prove-se

(i).

Sejam

v1 , . . . , vk ∈ E

todos nulos tais que

α1 v1 + · · · + αk vk = 0E . ϕ

a inde-

e suponha-se que estes ve -

tores são linearmente dependentes. Então existem es alares

Como

então os

é uma apli ação linear, tem-se

ϕ(0E ) = 0E ′ ⇔ ϕ(α1 v1 + · · · + αk vk ) = 0E ′ ⇔ α1 ϕ(v1 ) + · · · + αk ϕ(vk ) = 0E ′ .

α1 , . . . , αk ∈ K

não

5.1 Denição e propriedades

113 ϕ(v1 ), . . . , ϕ(vk ) em ϕ(v1 ), . . . , ϕ(vk ) são linearmente

Ou seja, obtém-se uma ombinação linear nula dos ve tores que os es alares não são todos nulos. Portanto, ′ dependentes em E .

(ii). (⇒) Suponha-se que ϕ é monomorsmo, ou seja, é inje tiva e v1 , . . . , vk ∈ E ve tores linearmente independentes. Sejam α1 , . . . , αk ∈ K

Prove-se sejam

tais que

α1 ϕ(v1 ) + · · · + αk ϕ(vk ) = 0E ′ .

α1 = · · · = αk = 0K , para se poder ϕ(v1 ), . . . , ϕ(vk ) são linearmente independentes. Como linear, tem-se ϕ(0E ) = 0E ′ e

Pretende-se provar que a sua úni a solução é

on luir que os ve tores

ϕ

é uma apli ação

ϕ(α1 v1 + · · · + αk vk ) = α1 ϕ(v1 ) + · · · + αk ϕ(vk ) = 0E ′ = ϕ(0E ). Como

ϕ é inje tiva, se dois obje tos têm a mesma imagem, então eles são iguais,

logo

α1 v1 + · · · + αk vk = 0E . Mas os ve tores

v1 , . . . , vk

são linearmente independentes, donde

α1 = · · · = αk = 0K . Portanto, os ve tores

ϕ(v1 ), . . . , ϕ(vk )

são linearmente independentes.

(⇐) Suponha-se agora que sempre que

pendentes então que

ϕ

ϕ(v1 ), . . . , ϕ(vk )

v1 , . . . , vk

forem linearmente inde-

são linearmente independentes. Vai-se provar

é inje tiva.

ϕ não é um monomorsmo, isto é, u, v ∈ E tais que u 6= v e ϕ(u) = ϕ(v). Seja w = u − v . w 6= 0E , donde w é linearmente independente. Então, por

Suponha-se, om vista a um absurdo, suponha-se que existem Como

u 6= v tem-se ϕ(w) é linearmente

hipótese,

independente. Mas, por outro lado,

ϕ(w) = ϕ(u − v) = ϕ(u) − ϕ(v) = 0E ′ e

0E ′

é linearmente dependente. Logo

absurdo. Portanto,

ϕ

ϕ(w)

é linearmente dependente, o que é

é monomorsmo.

Resumindo:



Uma apli ação linear transforma ve tores linearmente dependentes em ve -



Para que uma apli ação linear transforme sempre ve tores linearmente

tores linearmente dependentes.

independentes em ve tores linearmente independentes é ne essário e su iente que esta apli ação seja inje tiva.

Exemplos 5.12.

1. Seja

ϕ

uma apli ação linear de

ϕ(x, y, z) = (x + y, z),

para todo

R3

em

R2

(x, y, z) ∈ R3 .

tal que

5.1 Denição e propriedades É fá il veri ar que

ϕ

114

não é um monomorsmo. De fa to,

ϕ(3, 2, −1) = ϕ(4, 1, −1) = (5, −1). u1 = (1, 1, −1), v1 = (−1, −3, 2) e Note-se que são linearmente dependentes (prove!) e

Considere os ve tores

ϕ(u1 ) = (2, −1),

ϕ(v1 ) = (−4, 2)

w1 = (−1, −5, 3).

ϕ(w1 ) = (−6, 3)

e

também são linearmente dependentes.

u2 = (1, −1, 0), v2 = (0, −3, 2) e Prove que são linearmente independentes. No entanto,

Considere os ve tores

ϕ(u2 ) = (0, 0),

ϕ(v2 ) = (−3, 2)

w2 = (−1, 0, 3).

ϕ(w2 ) = (−1, 3)

e

são linearmente dependentes (justique!). 2. Seja

φ

uma apli ação linear de

para todo

ax + b ∈ P1 [x].

Prove

P1 [x] que φ

em

R2

tal que

φ(ax + b) = (a, b),

é um monomorsmo.

p1 (x) = x − 1, q1 (x) = −3 e r1 (x) = 3x + 3. Note-se que são linearmente dependentes pois dim(P1 [x]) = 2. Fa ilmente

Considere os polinómios se veri a que

φ(p1 (x)) = (1, −1),

φ(q1 (x)) = (0, −3)

e

φ(r1 (x)) = (3, 3)

também são linearmente dependentes.

p2 (x) = 4x − 3 e q2 (x) = x + 5. Prove que são linearmente independentes e verique que também os ve tores

Considere agora os polinómios

φ(p2 (x)) = (4, −3)

φ(q2 (x)) = (1, 5)

e

são linearmente independentes. O próximo resultado mostra que uma apli ação linear ujo domínio é um espaço ve torial de dimensão nita  a perfeitamente denida quando se onhe em as imagens dos ve tores de uma qualquer base desse mesmo espaço ve torial.

Proposição 5.13.

E e E ′ espaços B = (e1 , . . . , en ) uma

Sejam

dimensão nita. Seja

Então existem uma e uma só apli ação linear

i ∈ {1, . . . , n}. v = α1 e1 + · · · + αn en ,

K tais que E tem E e sejam u1 , . . . , un ∈ E ′ . E para E ′ tal que ϕ(ei ) = ui ,

ve toriais sobre base de

ϕ de

para qualquer Mais, se

Demonstração. Seja

v ∈ E.

Como

então

B

é uma base de

ombinação linear dos ve tores da base que

ϕ(v) = α1 u1 + · · · + αn un .

B,

E

v = α1 e1 + · · · + αn en .

v es reve-se omo α1 , . . . , αn ∈ K tais

então

ou seja, existem

5.1 Denição e propriedades Dena-se a apli ação

i ∈ {1, . . . , n},

então

115

ϕ : E −→ E ′

ϕ(v) = α1 u1 + · · · + αn un .

tal que

Seja

ei = 0K e1 + · · · + 0K ei−1 + 1K ei + 0K ei+1 + · · · + 0K en .

Por denição de

ϕ,

vem que

ϕ(ei ) = 0K u1 + · · · + 0K ui−1 + 1K ui + 0K ui+1 + · · · + 0K un = ui . A demonstração de que

ϕ

é uma apli ação linear  a omo exer í io.

Prove-se a uni idade. Suponha-se que existe uma outra apli ação linear tal que existem

ψ(ei ) = ui , para todo i ∈ {1, . . . , n}. α1 , . . . , αn ∈ K tais que

Seja

v ∈ E

ψ,

arbitrário. Então

v = α1 e1 + · · · + αn en . Donde

ψ(v) = ψ(α1 e1 + · · · + αn en ) = α1 ψ(e1 ) + · · · + αn ψ(en ) = α1 u1 + · · · + αn un = α1 ϕ(e1 ) + · · · + αn ϕ(en )

ϕ(v) = ψ(v),

Exemplos 5.14.

para todo

v ∈ E,

ψ

pois

ψ(ei ) = ui , ∀i ∈ {1, . . . , n} ui = ϕ(ei ), ∀i ∈ {1, . . . , n}

pois

= ϕ(α1 e1 + · · · + αn en ) = ϕ(v)

Como

pois

ϕ

pois

é apli ação linear

é apli ação linear

pode on luir-se que

1. Considere-se a apli ação linear

ϕ(1, 1) = (1, 0, −1)

ϕ = ψ.

ϕ : R2 −→ R3

tal que

ϕ(1, 0) = (0, 2, 1).

e

Pretende-se determinar a expressão geral de

ϕ.

é uma base ordenada de R2 (prove!). Em seguida, es reve-se um ve tor arbitrário de R2 omo omPrimeiro, note-se que

B = ((1, 1), (1, 0))

binação linear dos ve tores

(1, 1)

e

(1, 0).

Se

(x, y) = α(1, 1) + β(1, 0) então

Ou seja,



x=α+β =⇒ y=α



(x, y) = y(1, 1) + (x − y)(1, 0).

β = x−y α=y

Então

ϕ(x, y) = ϕ (y(1, 1) + (x − y)(1, 0)) = yϕ(1, 1) + (x − y)ϕ(1, 0)

= y(1, 0, −1) + (x − y)(0, 2, 1) = (y, 2x − 2y, x − 2y).

Portanto,

ϕ(x, y) = (y, 2x − 2y, x − 2y),

para todo

(x, y) ∈ R2 .

5.2 Imagem e imagem re ípro a

116

ψ : R2 −→ R2

ψ(1, 0) = (0, 1) e ψ(0, 1) = (1, 0) é y = x. Com efeito, atendendo a que BR2 = ((1, 0), (0, 1)) é a base anóni a de R2 , para qualquer (x, y) ∈ R2 , tem-se que (x, y) = x(1, 0) + y(0, 1). Logo:

2. A apli ação linear

tal que

a simetria do plano em relação à re ta

ψ(x, y) = ψ (x(1, 0) + y(0, 1)) = xψ(1, 0) + yψ(0, 1) = x(0, 1) + y(1, 0) = (y, x). ψ(x, y) = (y, x),

Portanto,

Exer í io 5.15.

(x, y) ∈ R2 .

para todo

θ : P2 [x] −→ M2×2 (R) tal que    −2 0 0 e θ(1 + 2x) = . 0 1 1

Considere a apli ação linear

θ(1 + x) =



−1 0 0 1

Verique que

θ

é úni a e determine



, θ(x2 − x) =



1 0

θ(ax2 +bx+c), para todo ax2 +bx+c ∈ P2 [x].

5.2 Imagem e imagem re ípro a Denição 5.16.

Sejam

subespaços ve toriais de E em E ′ .

linear de

Chama-se

E e E ′ espaços ve toriais sobre K e E e E ′ , respe tivamente. Seja ainda ϕ

imagem de

F

por

ϕ

ao sub onjunto de

E′

sejam

F

e

F′

uma apli ação

denido por

ϕ(F ) = {ϕ(u) : u ∈ F } ou seja, é o onjunto de todas as imagens dos ve tores perten entes a F . ′ Ao onjunto dos ve tores uja imagem perten e a F , isto é, ao sub onjunto de

E

denido por:

ϕ−1 (F ′ ) = {v ∈ E : ϕ(v) ∈ F ′ }

hama-se

imagem re ípro a de

Observação 5.17.

F′

por

ϕ.

As denições de imagem e imagem re ípro a podem ser E ′ e E , respe tivamente.

apli adas a quaisquer sub onjuntos de

Teorema 5.18. linear de

(a)

se de

E

Sejam E e em E ′ . Então:

F é E′.

E′

espaços ve toriais sobre

um subespaço ve torial de

E

então

ϕ(F )

K e seja ϕ uma apli ação é um subespaço ve torial

5.2 Imagem e imagem re ípro a (b)

se

F′

117 E′

é um subespaço ve torial de

então

ϕ−1 (F ′ )

é um subespaço ve -

E.

torial de

Demonstração. Prove-se

(a).

Suponha-se que

F

é subespaço ve torial de

E.

Então

(i) 0E ′ ∈ ϕ(F ),

(ii)

Sejam

pois

λ, β ∈ K

0E ∈ F .

0E ′ = ϕ(0E )

e

u, v ∈ ϕ(F ).

Então existem

e

u = ϕ(u1 )

u1 , v1 ∈ F

tais que

v = ϕ(v1 ).

e

Logo

λu + βv = λϕ(u1 ) + βϕ(v1 ) = ϕ(λu1 + βv1 ), pois

ϕ

é apli ação linear e, portanto,

λu + βv = ϕ(w), Donde

om

w = λu1 + βv1 ∈ F .

λu + βv ∈ ϕ(F ).

A demonstração de

Exemplo 5.19.

(b) é análoga e  a omo exer í io.

Considere a apli ação linear

ϕ(x, y) = (x, x + y, x − y),

ϕ : R2 −→ R3

para todo

e onsidere os seguintes subespaços ve toriais de

F = {(0, y) : y ∈ R}

e

R2

denida por

(x, y) ∈ R2

e

R3 ,

respe tivamente:



F = {(a, 2a, 0) : a ∈ R}.

Então,

ϕ(F ) = {ϕ(0, y) : y ∈ R}

= {(0, 0 + y, 0 − y) : y ∈ R} = {(0, y, −y) : y ∈ R} = h(0, 1, −1)i

e

ϕ−1 (F ′ ) = {(x, y) ∈ R2 : ϕ(x, y) ∈ F ′ }

= {(x, y) ∈ R2 : (x, x + y, x − y) = (a, 2a, 0), 2

para algum

= {(x, y) ∈ R : x = a ∧ x + y = 2a ∧ x − y = 0, 2

= {(x, y) ∈ R : x = a ∧ y = a ∧ x = y,

= {(a, a) : a ∈ R} = h(1, 1)i.

Exer í io 5.20. ϕ Sejam



a c

S=



b d 

ve toriais de

a ∈ R}

para algum

para algum

a ∈ R}

a ∈ R}

ϕ : M2×2 (R) −→ P2 [x] tal que   a b ∈ M2×2 (R). para todo c d

Considere a apli ação linear

= (a + b)x2 + 2ax − d,

  x 0 : x ∈ R e G = {ax2 + bx + c ∈ P2 [x] : c = 0} subespaços 2x x M2×2 (R) e P2 [x], respe tivamente. Determine ϕ(S) e ϕ−1 (G).

5.3 Nú leo e imagem

118

5.3 Nú leo e imagem Denição 5.21.

ação linear de Chama-se junto de

E

E

E′

Sejam E e ′ em E .

nú leo de

ϕ,

espaços ve toriais sobre

e representa-se por

Nuc ϕ

K

(ou

e seja

ϕ

Ker ϕ),

uma apli-

ao sub on-

denido por:

Nuc ϕ = {u ∈ E : ϕ(u) = 0E ′ } = ϕ−1 ({0E ′ }) .

Chama-se

imagem de

ϕ,

e representa-se por

Im ϕ,

ao sub onjunto de

E′

denido por:

Proposição 5.22. apli ação linear de

(a) Nuc ϕ (b) Im ϕ

Im ϕ = {ϕ(u) : u ∈ E} = ϕ(E). E

Sejam

E

E

em



e

E′

é um subespaço ve torial de

é um subespaço ve torial de

Demonstração. Prove-se

(i)

Como

(ii)

Sejam

omo

K

espaços ve toriais sobre

e seja

ϕ

uma

. Então:

E;

E′.

(a).

ϕ(0E ) = 0E ′ ,

então

0E ∈ Nuc ϕ;

u, v ∈ Nuc ϕ e α, β ∈ K. ϕ é apli ação linear,

Então

ϕ(u) = 0E ′

e

ϕ(v) = 0E ′ .

Logo,

ϕ(αu + βv) = αϕ(u) + βϕ(v) = α0E ′ + β0E ′ = 0E ′ . Donde

αu + βv ∈ Nuc ϕ.

Também se podia provar

(a)

um subespaço ve torial de A demonstração de

Exemplo 5.23. (x, y, z) ∈ R

3

,

E



atendendo a que

ϕ−1 ({0E ′ }) = Nuc ϕ

, pelo Teorema 5.18.

{0E ′ }

é

(b)  a omo exer í io.

Considere a apli ação linear

ϕ(x, y, z) = (x + 2z, y − z).

ϕ : R3 −→ R2

Então o nú leo de

tal que, para todo

ϕ

é

Nuc ϕ = {(x, y, z) ∈ R3 : ϕ(x, y, z) = (0, 0)}

= {(x, y, z) ∈ R3 : (x + 2z, y − z) = (0, 0)}.

Ora

(x + 2z, y − z) = (0, 0) ⇔ Logo

e

Nuc ϕ = {(−2z, z, z) : z ∈ R}.



x + 2z = 0 ⇔ y−z =0

A imagem de

ϕ

é



x = −2z y=z

3

Im ϕ = {ϕ(x, y, z) : (x, y, z) ∈ R }

= {(x + 2z, y − z) : x, y, z ∈ R} = {(x, 0) + (0, y) + (2z, −z) : x, y, z ∈ R}

= {x(1, 0) + y(0, 1) + z(2, −1) : x, y, z ∈ R}

= h(1, 0), (0, 1), (2, −1)i = R2

(prove!)

5.3 Nú leo e imagem Exer í io 5.24.

119

Considere a apli ação linear

φ(ax2 + bx + c) = (c + b)x3 + ax2 , Determine

Nuc φ

e

φ : P2 [x] −→ P3 [x]

para todo

tal que

ax2 + bx + c ∈ P2 [x].

Im φ.

Proposição 5.25.

Sejam

E

apli ação linear de ϕ(v) = v ′ então

em

E e E′ E ′ . Seja

espaços ve toriais sobre K e seja ϕ uma ′ ′ ainda v ∈ E . Se existe v ∈ E tal que

ϕ−1 ({v ′ }) = v + Nuc ϕ. Demonstração. De fa to,

ϕ−1 ({v ′ }) = {u ∈ E : ϕ(u) = v ′ } = {u ∈ E : ϕ(u) = ϕ(v)}

= {u ∈ E : ϕ(u − v) = 0E ′ } = {u ∈ E : u − v ∈ Nuc ϕ}

= {u ∈ E : u − v = w, w ∈ Nuc ϕ} = {v + w : w ∈ Nuc ϕ} = v + Nuc ϕ.

Exemplos 5.26.

1. Seja

ϕ : R3 −→ R2

ϕ(x, y, z) = (x + y, z), Seja

(0, 1, 2) ∈ R3

para todo

(x, y, z) ∈ R3 .

e determine-se o onjunto de ve tores de

ϕ

R3

om a

isto é, uja imagem por ϕ é o ve tor (ou seja, determine-se ϕ−1 ({(1, 2)})). Tem-se

mesma imagem por

ϕ(0, 1, 2) = (1, 2)

uma apli ação linear denida por

que

(0, 1, 2),

Nuc ϕ = {(x, y, z) ∈ R3 : ϕ(x, y, z) = (0, 0), } ou seja,

Logo



x+y =0 ⇔ z=0

Nuc ϕ = {(x, −x, 0) : x ∈ R}.



y = −x z=0

Con lui-se então que

ϕ−1 ({(1, 2)}) = (0, 1, 2) + {(x, −x, 0) : x ∈ R} = {(x, 1 − x, 2) : x ∈ R}.

2. Seja todo

uja

ϕ : P2 [x] −→ P3 [x] tal que ϕ(ax2 + bx + c) = b + (c + a)x + ax3 , para ax2 + bx + c ∈ P2 [x]. Determine-se o onjunto de polinómios de P2 [x]  3 −1 imagem por ϕ é −1 + 2x , ou seja, ϕ {−1 + 2x3 } .

Atendendo a que que!), tem-se

ϕ−1

ϕ(−2 − x + 2x2 ) = −1 + 2x3

e

Nuc ϕ = {0P2 [x] }

(veri-

    −1 + 2x3 = −2 − x + 2x2 + {0P2 [x] } = −2 − x + 2x2 .

5.3 Nú leo e imagem

120

Exer í io 5.27.

Seja ϕ : P2 [x] −→ P1 [x] uma apli ação linear denida por ϕ(ax2 +bx+c) = ax+b, para todo ax2 +bx+c ∈ P2 [x]. Determine ϕ−1 ({5x − 1}).

Proposição 5.28.

E e E ′ espaços ve toriais sobre K tais que E tem dimensão nita. Seja B = (e1 , e2 , . . . , en ) uma base ordenada de E e seja ainda ϕ uma apli ação linear de E em E ′ . Então Sejam

Im ϕ = hϕ(e1 ), ϕ(e2 ), . . . , ϕ(en )i. Demonstração. Para mostrar a igualdade entre os dois onjuntos tem de se mostrar as duas in lusões:

(i) hϕ(e1 ), ϕ(e2 ), . . . , ϕ(en )i ⊆ Im ϕ

(ii) Im ϕ ⊆ hϕ(e1 ), ϕ(e2 ), . . . , ϕ(en )i Prove-se

(i). Esta in lusão é óbvia. De fa to, seja u ∈ hϕ(e1 ), ϕ(e2 ), . . . , ϕ(en )i.

Então existem es alares

α1 , α2 , . . . , αn ∈ K

tais que

u = α1 ϕ(e1 ) + α2 ϕ(e2 ) + · · · + αn ϕ(en ). Como

ϕ(ei ) ∈ Im ϕ, para todo i ∈ {1, . . . , n}, E ′ , então u ∈ Im ϕ.

(justique!) e

Im ϕ

é subespaço

ve torial de

Prove-se lado, omo

(ii). Seja v ∈ Im ϕ. Então existe u ∈ E

B

é base de

E,

existem es alares

tal que v = ϕ(u). Por outro α1 , α2 , . . . , αn ∈ K tais que

u = α1 e1 + α2 e2 + · · · + αn en e, portanto,

v = ϕ(u) = ϕ(α1 e1 + α2 e2 + · · · + αn en )

= α1 ϕ(e1 ) + α2 ϕ(e2 ) + · · · + αn ϕ(en )

o que equivale a dizer que

v ∈ hϕ(e1 ), ϕ(e2 ), . . . , ϕ(en )i.

Observação 5.29.

Im ϕ

Como

é subespaço ve torial de

E′,

então

dim(Im ϕ) ≤ dim(E ′ ) e, analogamente, omo

Nuc ϕ

é subespaço ve torial de

dim(Nuc ϕ) ≤ dim E.

E,

então

5.3 Nú leo e imagem Exemplo 5.30.

Seja

121

ϕ : P1 [x] −→ R3

uma apli ação linear denida por

ϕ(ax + b) = (b + a, a, 2b), Sabendo que

B = (1 + x, x)

é uma base de

∀ax + b ∈ P1 [x].

P1 [x],

determine-se

Im ϕ.

Im ϕ = hϕ(1 + x), ϕ(x)i

= h(2, 1, 2), (1, 1, 0)i

= {(x, y, z) ∈ R3 : z = 2x − 2y}.

Denição 5.31.

E′

(verique!)

K tais que E tem E em E ′ . À dimensão de Nuc ϕ hama-se nulidade de ϕ, e representa-se por nϕ , e à dimensão de Im ϕ

hama-se ara terísti a de ϕ, e representa-se por cϕ . Sejam

E

dimensão nita. Seja ainda

e

ϕ

espaços ve toriais sobre

uma apli ação linear de

Exemplo 5.32. para todo nú leo de

Seja ϕ : R3 −→ R2 denida por ϕ(x, y, z) = (x + y + z, 2x − y), (x, y, z) ∈ R3 . Determine-se a nulidade e a ara terísti a de ϕ. O ϕ é:

Nuc ϕ = {(x, y, z) ∈ R3 : ϕ(x, y, z) = (0, 0)}

= {(x, y, z) ∈ R3 : (x + y + z, 2x − y) = (0, 0)}.

Ora

(x + y + z, 2x − y) = (0, 0) ⇔



x+y+z =0 ⇔ 2x − y = 0



z = −3x y = 2x

Logo

Nuc ϕ = {(x, 2x, −3x) : x ∈ R} = {x(1, 2, 3) : x ∈ R} = h(1, 2, 3)i. Como

(1, 2, 3) 6= (0, 0, 0) on lui-se que o úni o gerador de Nuc ϕ é linearmente B = ((1, 2, 3)) é uma base de Nuc ϕ e, portanto, nϕ = 1. imagem de ϕ é

independente. Assim, A

Im ϕ = {ϕ(x, y, z) : (x, y, z) ∈ R3 }

= {(x + y + z, 2x − y) : x, y, z ∈ R} = {x(1, 2) + y(1, −1) + z(1, 0) : x, y, z ∈ R}

= h(1, 2), (1, 1), (1, 0)i = R2 . Logo

(justif ique!)

cϕ = 2 .

Exer í io 5.33.

φ : R3 −→ R4 denida por todo (x, y, z) ∈ R3 . Determine

Considere a apli ação linear

φ(x, y, z) = (x − z, 0, y + 2z, x − y + z), a nulidade e a ara terísti a de φ.

para

5.3 Nú leo e imagem

122

O próximo resultado apresenta uma ondição ne essária e su iente para a inje tividade de uma apli ação linear, usando o nú leo dessa apli ação linear.

Proposição 5.34.

Sejam

apli ação linear de

E

em

E e E ′ espaços ve toriais sobre K. Seja ainda ϕ uma E ′ . A apli ação ϕ é um monomorsmo se e só se

Nuc ϕ = {0E }. Demonstração. (⇒) Suponha-se que

u ∈ Nuc ϕ ⇒ ϕ(u) = 0E ′ ⇒ ϕ(u) = ϕ(0E )

se

Nuc ϕ = {0E }.

(⇐) Suponha-se agora que

ϕ(u) = ϕ(v)

então

u = v.

pois

ϕ

é inje tiva.

Nuc ϕ = {0E }.

⇒ ϕ(u − v) = 0 ⇒ u − v ∈ Nuc ϕ ⇒ u − v = 0E ⇒u=v

E

em

Prove-se que, para todo

por

E′

pois

ϕ

é apli ação linear

por hipótese, por

E

u, v ∈ E ,

ser um espaço ve torial

por denição de

Nuc ϕ

Nuc ϕ = {0E }

ser um espaço ve torial.

é inje tiva.

Teorema 5.35. (Teorema da dimensão) sobre

Então

Nuc ϕ

Ora

E′

ϕ

u ∈ Nuc ϕ.

pelas propriedades de apli ação linear

ϕ(u) = ϕ(v) ⇒ ϕ(u) − ϕ(v) = 0E ′

Portanto

é inje tiva e seja

por denição de

⇒ u = 0E

Logo

ϕ

K tais que E E ′ . Então:

Sejam

tem dimensão nita. Seja ainda

E e E ′ espaços ve toriais ϕ uma apli ação linear de

dim E = dim(Nuc ϕ) + dim(Im ϕ) ou, abreviadamente,

dim E = nϕ + cϕ . E = {0E } então Nuc ϕ = {0E } e Im ϕ = {0E ′ }. Logo dim E = dim(Nuc ϕ) + dim(Im ϕ). Suponha-se que E 6= {0E } e seja B = (e1 , e2 , . . . , en ) uma base de E . Se Nuc ϕ = {0E } então, pela proposição 5.34, ϕ é um monomorsmo. Pela alínea (ii) do teorema 5.11 e omo os ve tores e1 , . . . , en são linearmente independentes, então ϕ(e1 ), . . . , ϕ(en ) são linearmente indepenDemonstração. Se

dentes. Pela proposição 5.28 tem-se

Im ϕ = hϕ(e1 ), ϕ(e2 ), . . . , ϕ(en )i. B ′ = (ϕ(e1 ), ϕ(e2 ), . . . , ϕ(en )) é uma base ordenada dim(Im ϕ) = n. Como dim(Nuc ϕ) = 0 e dim E = n, tem-se Logo

de

dim E = n = 0 + n = dim(Nuc ϕ) + dim(Im ϕ).

Im ϕ.

Donde,

5.3 Nú leo e imagem

123

Nuc ϕ 6= {0E }. Seja BNuc ϕ = (u1 , . . . , up ) uma base de p ≤ dim E . Pelo orolário 4.70 é possível juntar ve tores de E à Nuc ϕ por forma a obter uma base de E . Seja

Suponha-se agora que

Nuc ϕ,

onde

base de

B∞ = (u1 , . . . , up , e′p+1 , . . . , e′p+k ) uma base de uma base de

E , onde k = n − p. Agora, prova-se Im ϕ. Pela proposição 5.28 tem-se

que

(ϕ(e′p+1 ), . . . , ϕ(e′p+k ))

é

Im ϕ = hϕ(u1 ), . . . , ϕ(up ), ϕ(e′p+1 ), . . . , ϕ(e′p+k )i = h0E ′ , . . . , 0E ′ , ϕ(e′p+1 ), . . . , ϕ(e′p+k )i = hϕ(e′p+1 ), . . . , ϕ(e′p+k )i

Resta provar que os ve tores dentes. Sejam

αp+1 , . . . , αp+k

(ϕ(e′p+1 ), . . . , ϕ(e′p+k )) ∈ K tais que

são linearmente indepen-

αp+1 ϕ(e′p+1 ) + · · · + αp+k ϕ(e′p+k ) = 0E ′ . Então

ϕ(αp+1 e′p+1 + · · · + αp+k e′p+k ) = 0E ′ ,

ou seja, que

αp+1 e′p+1 + · · · + αp+k e′p+k ∈ Nuc ϕ.

Logo, existem

β1 , . . . , βp ∈ K

tais

αp+1 e′p+1 + · · · + αp+k e′p+k = β1 u1 + · · · + βp up , donde,

αp+1 e′p+1 + · · · + αp+k e′p+k − β1 u1 − · · · − βp up = 0E é uma ombinação linear nula dos ve tores estes ve tores formam uma base de

E,

u1 , . . . , up , e′p+1 , . . . , e′p+k . Mas omo

são linearmente independentes, logo a

úni a ombinação linear nula destes ve tores é a trivial. Consequentemente, αp+1 = · · · = αk = K e os ve tores ϕ(e′p+1 ), . . . , ϕ(e′p+k são linearmente in′ ′ dependentes. Provou-se assim que (ϕ(ep+1 ), . . . , ϕ(ep+k )) é uma base de Im ϕ e

0

dim(Im ϕ) = k .

Portanto,

Exemplo 5.36.

dim E = p + k = nϕ + cϕ .

Nuc ϕ = = = = Logo

ϕ

ϕ : R3 −→ R3 (x, y, z) ∈ R3 . Então

Considere a apli ação linear

ϕ(x, y, z) = (x + 2y, y − z, y),

para todo

denida por

{(x, y, z) ∈ R3 : ϕ(x, y, z) = (0, 0, 0)}

{(x, y, z) ∈ R3 : (x + 2y, y − z, y) = (0, 0, 0)} {(x, y, z) ∈ R3 : x + 2y = 0 ∧ y − z = 0 ∧ y = 0}

{(0, 0, 0)}.

é um monomorsmo. Além disso, pelo Teorema das dimensões, Im ϕ é um subespaço ve torial de R3 , Im ϕ = R3 , ou seja,

Logo, omo

epimorsmo. Donde

ϕ

é um isomorsmo.

cϕ = 3 . ϕ é um

5.3 Nú leo e imagem Exer í io 5.37.

Seja

ϕ

124 uma apli ação linear de

ϕ(1, 0, 0) = (1, 0), ϕ,

Classique

em

R2

denida por

ϕ(0, 0, 1) = (0, 1).

e

quanto à inje tividade e à sobreje tividade.

Observação 5.38.

E ainda ϕ

Sejam

dimensão nita. Seja

(i) ϕ

ϕ(0, 1, 0) = (1, 1)

R3

e

E′

espaços ve toriais sobre

uma apli ação linear de

é um monomorsmo se e só se

nϕ = 0 ;

E

em

K tais que E E ′ . Então:

tem

de fa to, pela proposição ante-

rior,

ϕ

(ii) ϕ

⇔ Nuc ϕ = {0E } ⇔ dim(Nuc ϕ) = 0 ⇔ nϕ = 0.

é monomorsmo

é um epimorsmo se e só se

Im ϕ = E ′

se e só se

cϕ = dim(E ′ );

de

fa to,

ϕ

(iii) ϕ

é epimorsmo

⇔ Im ϕ = E ′ ⇔ dim(Im ϕ) = dim(E ′ ) ⇔ cϕ = dim(E ′ ).

é um isomorsmo se e só se

Proposição 5.39.

Sejam

E

e

E′

nϕ = 0

e

cϕ = dim(E ′ ) = dim E .

monomorsmo se e só Demonstração. Seja

K E′.

espaços ve toriais sobre

ϕ uma apli ação linear se ϕ é um epimorsmo.

dimensão (nita) e seja

p = dim E = dim(E ′ ).

de

E

em

om a mesma Então

ϕ

é um

Pelo Teorema das dimensões,

p = n ϕ + cϕ . ϕ é um monomorsmo se só se nϕ = 0 se só se p = cϕ se só se dim(E ′ ) = cϕ se ϕ é um epimorsmo.

Logo, se só

Resulta desta proposição que para que uma apli ação linear entre espaços ve toriais om a mesma dimensão seja bije tiva basta que seja inje tiva ou sobreje tiva.

Exemplo 5.40.

ϕ(a, b, c) = (2a, b + c, b − c),

je tiva.

ϕ : R3 −→ R3 denida por (a, b, c) ∈ R3 . Averigúe-se se ϕ é bi-

Considere a apli ação linear para todo

 dim E = dim R3 = dim(E ′ ), basta mostrar que ϕ é sobreje tiva pois proposição anterior garante que se ϕ é sobreje tiva então também é inje tiva. Como

a

Ora

ϕ(R3 ) = {ϕ(a, b, c) : (a, b, c) ∈ R3 }

= {(2a, b + c, b − c) : a, b, c ∈ R} = {(2a, 0, 0) + (0, b, b) + (0, c, −c) : a, b, c ∈ R}

= {a(2, 0, 0) + b(0, 1, 1) + c(0, 1, −1) : a, b, c ∈ R} = h(2, 0, 0), (0, 1, 1), (0, 1, −1)i = R3 .

(justique!)

5.3 Nú leo e imagem

125

ϕ

é sobreje tiva, logo é inje tiva e, onsequentemente, é

Con lui-se assim que bije tiva.

Teorema 5.41. linear de

Sejam E e E ′ espaços ve toriais sobre ′ em E e seja F um subespaço ve torial de

E

(1)

se

(2)

F = hv1 , . . . , vk i,

Se

F

K. Seja ϕ uma apli ação E . Então:

ϕ(F ) = hϕ(v1 ), . . . , ϕ(vk )i;

então

é nitamente gerado, então

ϕ(F )

também o é e

dim(ϕ(F )) ≤ dim F. Demonstração. Prove-se

(1). Para mostrar a igualdade entre os dois onjuntos

tem de se mostrar as duas in lusões:

(i) ϕ(F ) ⊆ hϕ(v1 ), . . . , ϕ(vk )i

(ii) hϕ(v1 ), . . . , ϕ(vk )i ⊆ ϕ(F ) Prove-se

(i).

lado, omo

Seja v ∈ ϕ(F ). Então existe u ∈ F tal que v = ϕ(u). Por F = hv1 , . . . , vk i, existem es alares α1 , . . . , αk ∈ K tais que

outro

u = α1 v1 + · · · + αk vk e, portanto,

v = ϕ(u) = ϕ(α1 v1 + · · · + αk vk ) = α1 ϕ(v1 ) + · · · + αk ϕ(vk ) v ∈ hϕ(v1 ), . . . , ϕ(vk )i.

o que equivale a dizer que Prove-se que

(ii). Seja v ∈ hϕ(v1 ), . . . , ϕ(vk )i. Então existem β1 , . . . , βk ∈ K tais v = β1 ϕ(v1 ) + · · · + βk ϕ(vk ).

ϕ(vi ) ∈ ϕ(F ), pois vi ∈ F , para todo i ∈ {1, . . . , k}, e ϕ(F ) é subespaço E ′ , então v ∈ ϕ(F ). Prove-se (2). Se F é nitamente gerado então F = hv1 , . . . , vk i, para alguns ve tores v1 , . . . , vk ∈ F , e, pela alínea anterior, ϕ(F ) = hϕ(v1 ), . . . , ϕ(vk )i, ou seja, ϕ(F ) é nitamente gerado. Agora, se F = {0E } então ϕ(F ) = {ϕ(0E )} = {0E ′ . Logo dim(ϕ(F )) ≤ dim F . Se F 6= {0E } seja (v1 , . . . , vk ) uma base de E , omo Como

ve torial de

ϕ(F ) = hϕ(v1 ), . . . , ϕ(vk )i, então

dim(ϕ(F )) ≤ k = dim E .

Observação 5.42.

Sejam

F é dim(ϕ(F )) = dim(F ).

ação linear inje tiva e então

E

e

E′

espaços ve toriais sobre

um subespaço ve torial de

E,

K.

Se

ϕ

é uma apli-

nitamente gerado,

5.4 Isomorsmos

126

5.4 Isomorsmos Denição 5.43.

isomorfos

dizem-se de

E

′ espaços ve toriais sobre K. Os espaços E e E ′ , e representa-se por E ≃ E , se existe um isomorsmo ϕ

E

Sejam

em

E′.

e

E′

Proposição 5.44. E

morsmo de

′ Sejam E e E espaços ve toriais sobre K. Se ′ −1 ′ em E , então ϕ é um isomorsmo de E em E .

ϕ

é um iso-

ϕ é bije tiva, também ϕ−1 é bije tiva (justique!). Resta ϕ é também apli ação linear. ′ Sejam α, β ∈ K e u, v ∈ E . Como ϕ é sobreje tiva, existem a, b ∈ E tais que ϕ(a) = u e ϕ(b) = v . Donde

Demonstração. Como −1

mostrar que

ϕ−1 (αu + βv) = ϕ−1 (αϕ(a) + βϕ(b)). Assim,

ϕ−1 (αu + βv) = ϕ−1 (ϕ(αa + βb))  = ϕ−1 ◦ ϕ (αa + βb) = αa + βb −1

= αϕ

Teorema 5.45.

−1

(u) + βϕ

E, E′

Sejam

e

(v)

E ′′

pois

ϕ

é apli ação linear

por denição de apli ação omposta pois

ϕ−1 ◦ ϕ

pois

é a função identidade em

−1

a=ϕ

−1

(u)eb = ϕ

espaços ve toriais sobre

K.

E

(v).

Então,

(a) E ≃ E ;

(b)

se

( )

E ≃ E′,

se

E ≃ E′

E′ ≃ E;

então e

E ′ ≃ E ′′ ,

(a).

Demonstração. Prove-se denida por

então

idE (u) = u,

E ≃ E ′′ .

Basta onsiderar a apli ação

para todo

linear bije tiva. Prove-se

(b).

Prove-se

( ). Se E ≃ E ′

u ∈ E.

Prove que

idE

idE : E −→ E

é uma apli ação

′ então existe uma apli ação linear φ de E em E −1 bije tiva. Assim, pela proposição anterior, φ também é uma apli ação linear ′ bije tiva e, portanto, E ≃ E . Se

E ≃ E′,

existe um isomorsmo

ψ

existe um isomorsmo φ de E em ′ ′′ de E em E . Logo a apli ação ψ ◦

E ′ e se E ′ ≃ E ′′ φ : E −→ E ′′ é

uma apli ação linear bije tiva, pois a omposta de duas apli ações bije tivas é

bije tiva e a omposta de duas apli ações lineares é linear (veja-se o Exer í io 5.8).

Teorema 5.46.

Sejam

mensão nita. Então

E

e E ′ espaços ve toriais sobre K tais que E tem die E ′ são isomorfos se e só se dim E = dim(E ′ ).

E

5.4 Isomorsmos

127

Demonstração. (⇒) Como ′

E

E′

são isomorfos, existe um isomorsmo ϕ de E em E . Como ϕ é inje tiva, pela proposição 5.34 vem que Nuc ϕ = {0E } e Im ϕ = E ′ , ou seja dim(Nuc ϕ) = 0 e dim(Im ϕ) = dim E ′ . Logo, pelo teorema e

da dimensão, tem-se

dim E = dim(Nuc ϕ) + dim(Im ϕ) = dim E ′ . B ′ = (e′1 , . . . , e′n ) bases de ordenadas de E e E , respe tivamente. Considere a apli ação linear ϕ de E em E ′ denida por ϕ(ei ) = e′i , para i = 1, . . . , n. Como ϕ é bije tiva (prove!) então E e E ′ são ′

(⇐) Sejam

B = (e1 , . . . , en )

e

isomorfos.

Corolário 5.47. E

é isomorfo a

Seja

E

um espaço ve torial sobre

K

tal que

dim E = n.

Então

Kn .

Exemplo 5.48.

Os espaços ve toriais reais

M2×3 (R)

e

R6

são isomorfos, pois

têm dimensão nita e

dim(M2×3 (R)) = 6 = dim R6 . Por exemplo, a apli ação

φ



a d

b e

c f



φ : M2×3 (R) −→ R6

= (a, b, c, d, e, f ),

denida por

para todo



a d

 b c ∈ M2×3 (R), e f

M2×3 (R) em R6 . De fa to, φ é inje tiva e é uma apli ação linear. Prove-se que φ é inje tiva. Ora      a b c a b c Nuc φ = ∈ M2×3 (R) : φ = (0, 0, 0, 0, 0, 0) d e f d e f    a b c = ∈ M2×3 (R) : (a, b, c, d, e, f ) = (0, 0, 0, 0, 0, 0) d e f   0 0 0 = 0 0 0

é um isomorsmo de

Logo

φ

é inje tiva. Como

quentemente, é bije tiva.

dim (M2×3 (R)) = dim R6 , φ é sobreje tiva e, onseA prova de que φ é uma apli ação linear  a omo

exer í io.

Exer í io 5.49.

Mostre que

Pn [x]

e

Rn+1

são isomorfos.

5.5 Matriz de uma apli ação linear

128

5.5 Matriz de uma apli ação linear Na se ção que se segue todos os espaços ve toriais têm dimensão nita.

Denição 5.50.

E′

espaços ve toriais sobre K de dimensão n e p, respe tivamente. Sejam ainda B1 = (e1 , . . . , en ) uma base ordenada de E , B2 = (e′1 , . . . , e′p ) uma base ordenada de E ′ e ϕ uma apli ação linear de E ′ em E . Então a matriz de ϕ em relação às bases B1 e B2 , denotada por M (ϕ; B1 , B2 ), é a matriz do tipo p × n dada por:   a11 a12 · · · a1n a21 a22 · · · a2n    M (ϕ; B1 , B2 ) =  . . .  .. . .   .. . . . ap1 ap2 · · · apn onde

Sejam

E

e

 ϕ(e1 ) = a11 e′1 + a21 e′2 + · · · + ap1 e′p     ϕ(e2 ) = a12 e′1 + a22 e′2 + · · · + ap2 e′p

ou seja,

. . .

   

ϕ(en ) = a1n e′1 + a2n e′2 + · · · + apn e′p

ϕ(ei ) = (a1i , a2i , . . . , api )B2 ,

para todo

i ∈ {1, . . . , n}.

M (ϕ; B1 , B2 ) i ∈ {1, . . . , n}.

é onstituída pelas

ϕ : R2 −→ R3 uma apli ação ϕ(x, y) = (2x, x − y, 3y), para todo (x, y) ∈ R2 . Sejam

linear denida por

Por outras palavras, a oluna

oordenadas de

ϕ(ei )

Exemplos 5.51.

na base

B2 ,

i

da matriz

para todo

1. Seja

BR2 = ((1, 0), (0, 1)) bases ordenadas de

R2

(a) Cal ule-se

B = ((1, 1), (−1, 2))

e

BR3 = ((1, 0, 0), (0, 1, 0), (0, 0, 1)) bases ordenadas de

e

e

B ′ = ((1, 1, 1), (1, 1, 0), (1, 0, 0))

R3 .

M (ϕ; BR2 , BR3 ).

Tem-se

ϕ(1, 0) = (2, 1, 0) = 2(1, 0, 0) + 1(0, 1, 0) + 0(0, 0, 1) = (2, 1, 0)BR3 ϕ(0, 1) = (0, −1, 3) = 0(1, 0, 0) + (−1)(0, 1, 0) + 3(0, 0, 1) = (0, −1, 3)BR3 , donde



2 M (ϕ; BR2 , BR3 ) =  1 0

 0 −1  . 3

5.5 Matriz de uma apli ação linear (b) Cal ule-se

M (ϕ; B, B ′).

129

Tem-se

ϕ(1, 1) = (2, 0, 3) = 3(1, 1, 1) + (−3)(1, 1, 0) + 2(1, 0, 0) = (3, −3, 2)B′ ϕ(−1, 2) = (−2, −3, 6) = 6(1, 1, 1) + (−9)(1, 1, 0) + 1(1, 0, 0) = (6, −9, 1)B′ ,

donde

2. Seja para



 3 6 M (ϕ; B, B ′ ) =  −3 −9  . 2 1

φ : R3 −→ R2 uma apli ação todo (a, b, c) ∈ R3 , e sejam

linear tal que

B = ((1, 1, 2), (0, 2, 6), (0, 0, −4)) bases de

R3

e

R2 ,

φ(a, b, c) = (2a + b, −c),

B ′ = ((1, 0), (0, 2))

e

respe tivamente. Determine-se

M (φ; B, B ′).

Tem-se

φ(1, 1, 2) = (3, −2) = 3(1, 0) + (−1)(0, 2) = (3, −1)B′ φ(0, 2, 6) = (2, −6) = 2(1, 0) + (−3)(0, 2) = (2, −3)′B φ(0, 0, −4) = (0, 4) = 0(1, 0) + 2(0, 2) = (0, 2)B′ , pelo que ′

M (φ; B, B ) =

Exer í io Resolvido 5.52.

Seja

BP2 [x] = (1, x, x2 )

3 2 −1 −3

ψ : P2 [x] −→ R3

ψ(ax2 + bx + c) = (2b, b − 3a, a), Sejam ainda



para todo

a base anóni a de

0 2



.

uma apli ação linear tal que

ax2 + bx + c ∈ P2 [x]. P2 [x]

e

B = ((1, 0, 1), (1, 1, 0), (0, 0, 1)) uma base ordenada de

R3 .

Determine

M (ψ; BP2 [x] , B).

Resolução: Tem-se

ψ(1) = (0, 0, 0) = 0(1, 0, 1) + 0(1, 1, 0) + 0(0, 0, 1) = (0, 0, 0)B ψ(x) = (2, 1, 0) = 1(1, 0, 1) + 1(1, 1, 0) + (−1)(0, 0, 1) = (1, 1, −1)B ψ(x2 ) = (0, −3, 1) = 3(1, 0, 1) + (−3)(1, 1, 0) + (−2)(0, 0, 1) = (3, −3, −2)B . Logo,



 0 1 3 1 −3  . M (ψ; BP2 [x] , B) =  0 0 −1 −2

.

5.5 Matriz de uma apli ação linear Exer í io 5.53.

Sejam

130

θ : P2 [x] −→ P1 [x]

θ(ax2 + bx + c) = (a − b)x + 2c,

uma apli ação linear tal que

para todo

ax2 + bx + c ∈ P2 [x].

B = (3, 2 + x, x2 − 1) e B ′ = (x − 2, x) ′ respe tivamente. Determine M (θ; B, B ).

Sejam ainda

bases de

P2 [x]

e

P1 [x],

Uma apli ação linear também poderá  ar denida a partir de uma sua matriz em relação a bases previamente xadas no espaço ve torial domínio e no espaço ve torial hegada.

Teorema 5.54.

′ Sejam E e E espaços ve toriais sobre K e sejam B1 e B2 bases ′ e E , respe tivamente. Sejam ainda ϕ uma apli ação linear de

ordenadas de E em E ′ tal que

E

A = M (ϕ; B1 , B2 ) e u ∈ E . Se C é a matriz oluna formada u ∈ E relativamente à base B1 então AC é a matriz ′ pelas oordenadas de ϕ(u) ∈ E em relação à base B2 .

pelas oordenadas do ve tor

oluna formada

B1 = (e1 , . . . , en ) α1 , . . . , αn ∈ K tais

B2 = (e′1 , . . . , e′p )

Demonstração. Suponha-se que

e

u ∈ E.

que

Então existem es alares

e seja

u = α1 e1 + · · · + αn en . T α2 . . . αn , isto é, C é a matriz oluna formada pelas oorSeja C = α1 denadas do ve tor u ∈ E relativamente à base B1 e sejam β1 , β2 , . . . , βp ∈ K tais T  β . . . βp . Como ϕ é uma apli ação linear e atendendo a que AC = β1  ′ 2′  e2 . . . e′p Ai , onde Ai representa a oluna i da matriz A, que ϕ(ei ) = e1 para i = 1, . . . , n, tem-se 

ϕ(u) = α1 ϕ(e1 ) + · · · + αn ϕ(en )  = ϕ(e1 ) ϕ(e2 ) · · ·  = e′1

e′2

···



 α1    α2  ϕ(en )  .   ..  αn

 e′p AC

= β1 e′1 + β2 e′2 + · · · + βp e′p = (β1 , β2 , . . . , βp )B2 .

Portanto,

AC

relação à base

é a matriz oluna formada pelas oordenadas de

B2 .

Exemplo 5.55. nada de

R3

e

ϕ(u) ∈ E ′

em

Considere-se B = ((1, 1, 2), (0, 2, 6), (0, 0, −4)) uma base ordeB ′ = ((1, 0), (0, 2)) uma base ordenada de R2 . Seja ϕ : R3 −→ R2

uma apli ação linear tal que

A = M (ϕ; B, B ′) =



3 −1

2 0 −3 2



.

5.5 Matriz de uma apli ação linear Determine-se

131

ϕ(1, −3, −6).

É ne essário primeiro determinar as oordenadas do ve tor na base

B.

Ora

u = (1, −3, −6)

(1, −3, −6) = α1 (1, 1, 2) + α2 (0, 2, 6) + α3 (0, 0, −4) é equivalente a

   α1 = 1  α1 = 1 α1 + 2α2 = −3 α2 = −2 ⇔   2α1 + 6α2 − 4α3 = −6 α3 = −1

Pode então es rever-se:

(1, −3, −6) = 1(1, 1, 2) + (−2)(0, 2, 6) + (−1)(0, 0, −4) = (1, −2, −1)B . De a ordo om o teorema anterior, as oordenadas de

(−1, 3)

ϕ(u)

na base

pois

B′

são



Logo

       1 1 3 2 0  −1 −2  = A  −2  = . −1 −3 2 3 −1 −1

ϕ(u) = (−1, 3)B′

e, portanto,

ϕ(1, −3, −6) = −1(1, 0) + 3(0, 2) = (−1, 6).

Exer í io Resolvido 5.56.

φ : R2 −→ R3

Seja

em relação às bases ordenadas

B1 = ((1, 1), (−1, 2)) de

R2

e

R3 ,

a apli ação linear uja matriz

B2 = ((1, 1, 1), (1, 1, 0), (1, 0, 0))

e

respe tivamente, é:



Cal ule

φ(1, 0)

e

φ(x, y),

 3 6 A =  −3 −9  . 2 1

para todo

(x, y) ∈ R2 ,

re orrendo à matriz

Resolução: Ora

(1, 0) = α(1, 1) + β(−1, 2) ⇔ Donde

(1, 0) =



1 2 3 , − 3 B1 . Então

A



2 3 − 31







α−β =1 ⇔ α + 2β = 0



α = 23 β = − 31

   3 6  2  0 3 =  −3 −9  = 1  − 13 2 1 1

A.

5.5 Matriz de uma apli ação linear

132

e, portanto,

φ(1, 0) = (0, 1, 1)B2 = 0(1, 1, 1) + 1(1, 1, 0) + 1(1, 0, 0) = (2, 1, 0). Analogamente, verique que

(x, y) = Donde

A



y+2x 3 y−x 3

são as oordenadas de



y + 2x y−x (1, 1) + (−1, 2). 3 3



 3 6  =  −3 −9  2 1

φ(x, y)

na base

B2 .

y+2x 3 y−x 3

Logo





 3y =  x − 4y  x+y

φ(x, y) = (3y, x − 4y, x + y)B2 = 3y(1, 1, 1) + (x − 4y)(1, 1, 0) + (x + y)(1, 0, 0) = (2x, x − y, 3y),

para todo

(x, y) ∈ R2 .

Matriz da adição, da multipli ação por um es alar e da omposta de apli ações lineares ′ Sejam E e E espaços ve toriais sobre K. Sejam ϕ e φ apli ações lineares de E ′ ′ em E . Como já se viu ϕ + φ é uma apli ação linear de E em E e, qualquer que seja

λ ∈ K,

o mesmo su ede a

λϕ.

Então:

Teorema 5.57. lineares de seja

λ ∈ K.

E

Seja E e E ′ espaços ve toriais sobre K e sejam ϕ e φ apli ações em E ′ . Sejam ainda B e B ′ bases de E e E ′ , respe tivamente, e

Se

A = M (ϕ; B, B ′)

e

C = M (φ; B, B ′)

então,

M (ϕ + φ; B, B ′) = A + C e

M (λϕ; B, B ′ ) = λA. Demonstração. Prove! Pode também denir-se a matriz da omposta de duas apli ações lineares tendo por base as matrizes de ada uma das apli ações lineares.

Teorema 5.58.

E , E ′ e E ′′ espaços ve toriais sobre K. Sejam B , B ′ e B bases ordenadas de E , E ′ e E ′′ , respe tivamente. Seja ϕ uma apli ação linear de E em E ′ uja matriz em relação às bases B e B ′ é Sejam

′′

A = M (ϕ; B, B ′ ).

5.5 Matriz de uma apli ação linear Seja φ uma apli ação linear de B ′′ é

E′

em

E ′′

133

uja matriz em relação às bases

B′

e

C = M (φ; B ′ , B ′′ ).

Então

M (φ ◦ ϕ; B, B ′′ ) = M (φ; B ′ , B ′′ )M (ϕ; B, B ′) = CA.

Exemplo 5.59.

ϕ : R3 −→ R2

Seja

uma apli ação linear tal que

ϕ(x, y, z) = (x + y + z, y − 2z), Determine-se a matriz de

ϕ

para todo

(x, y, z) ∈ R3 .

em relação às bases anóni as de

R3

e

R2 .

Tem-se

ϕ(1, 0, 0) = (1, 0) = 1(1, 0) + 0(0, 1) = (1, 0)BR2 ϕ(0, 1, 0) = (1, 1) = 1(1, 0) + 1(0, 1) = (1, 1)BR2 ϕ(0, 0, 1) = (1, −2) = 1(1, 0) + (−2)(0, 1) = (1, −2)BR2 . Assim,

A = M (ϕ; BR3 , BR2 ) = Seja

φ : R2 −→ R3

tal que

Determine-se a matriz de

φ



1 0

1 1 1 −2



φ(x, y) = (x, x + y, x − y),

.

para todo R2 e

em relação às bases anóni as de

(x, y) ∈ R2 . R3 . Tem-se

φ(1, 0) = (1, 1, 1) = 1(1, 0, 0) + 1(0, 1, 0) + 1(0, 0, 1) = (1, 1, 1)BR3 φ(0, 1) = (0, 1, −1) = 0(1, 0, 0) + 1(0, 1, 0) + (−1)(0, 0, 1) = (0, 1, −1)BR3 . Logo



1 C = M (φ; BR2 , BR3 ) =  1 1

Por m, determine-se a matriz de

φ◦ϕ

 0 1 . −1

em relação à base anóni a de

sem denir a apli ação omposta. Sabe-se que

M (φ ◦ ϕ; BR3 , BR3 ) = M (φ; BR2 , BR3 )M (ϕ; BR3 , BR2 ) = CA. Assim



1 M (φ ◦ ϕ; BR3 , BR3 ) =  1 1

 0  1 1 1  0 1 −1

1 −2





1 1 = 1 2 1 0

 1 −1  . 3

R3 ,

5.5 Matriz de uma apli ação linear

134

5.5.1 Isomorsmo entre L(E, E ′ ) e Mp×n (K)

′ espaços ve toriais sobre K tais que dim E = n e dim E ′ Re orde-se que L(E, E ) é o onjunto das apli ações lineares de E em

Sejam

E

e

E′

= p. E′ e

Mp×n (K) é o onjunto das matrizes p × n om entradas em K. Também já se viu ′ que o onjunto L(E, E ) munido om as operações usuais de adição de apli ações e multipli ação de uma apli ação por um es alar é um espaço ve torial sobre K e que o onjunto Mp×n (K) munido om as operações de adição de matrizes e de multipli ação de uma matriz por um es alar é um espaço ve torial sobre K. Prova-se que:

Teorema 5.60.

E′

espaços ve toriais sobre K tais que dim E = n dim E = p. Sejam B e B bases ordenadas de E e E ′ , respe tivamente. A ′ ′ apli ação θ : L(E, E ) −→ Mp×n (K) tal que θ(ϕ) = M (ϕ; B, B ), para todo ′ ϕ ∈ L(E, E ), é um isomorsmo. Sejam

e



1 0  .. .. = . . 0 0

... ...

e



Observação 5.61.

M1,1

E



dim Mp×n (K) = pn pois as matrizes    ... 0 0 0 ... 0  . .. . . .  , . . . , Mp,n =  . . , . . . . ... 0 0 0 ... 1

É simples veri ar que

  0 0 1  . . . . .  , M1,2 =  . . . . 0 0 0

ou seja, na forma geral, as matrizes

onde

mij = 1

e

mks = 0,

Logo

  Mi,j = mks ∈ Mp×n (R),

para

k 6= i

e

s 6= j ,

onstituem uma base de

Mp×n (K).

dim (L(E, E ′ )) = pn, pois, pelo teorema anterior, os espaços

L(E, E ′ )

e

Mp×n (K)

são isomorfos.

5.5.2 Matrizes invertíveis e isomorsmos Teorema 5.62.

′ Sejam E e E espaços ve toriais sobre K om a mesma dimen′ ′ são n e sejam B e B bases ordenadas de E e E , respe tivamente. Seja ϕ uma ′ apli ação linear de E em E tal que A = M (ϕ; B, B ′ ). Então A é uma matriz

invertível se e só se

ϕ

é um isomorsmo. Mais,

Demonstração. (⇒) Suponha-se que

A

A−1 = M (ϕ−1 ; B ′ , B).

ϕé ϕ é inje tiva e, pela Proposição 5.34, basta mostrar que Nuc ϕ = {0E }. Seja v ∈ Nuc ϕ e seja X a matriz oluna formada pelas oordenadas de v na base B . Então é invertível. Pretende-se provar que

bije tiva. Pela Proposição 5.39, basta provar que

 v ∈ Nuc ϕ ⇔ ϕ(v) = 0E ′ ⇔ AX = 0

···

T 0 ,

5.6 Matriz de mudança de base

135

pela Proposição 5.54. Note-se que 0E ′ = (0, 0, . . . , 0)B′ . Como A−1 e, multipli ando à esquerda a igualdade anterior por

existe

A é A−1

invertível, em ambos

os membros, obtém-se

 A−1 (AX) = A−1 0

···

0

T

 ⇔ X = 0 ···

T 0 ,

v = (0, 0, . . . , 0)B . Logo v = 0E , donde Nuc ϕ = {0E }. Provou-se que ϕ é E e E ′ têm a mesma dimensão então ϕ é sobreje tiva. Portanto,

isto é,

inje tiva. Como

ϕ

é um isomorsmo.

(⇐) Re ipro amente, suponha-se que ϕ é um isomorsmo. Como ϕ é bije −1 tiva então a apli ação inversa ϕ está bem denida e é também um isomorsmo.  −1 Seja C = M ϕ ; B ′ , B . Então,

AC = M (ϕ; B, B ′ ) M ϕ−1 ; B ′ , B  = M ϕ ◦ ϕ−1 ; B ′ , B ′ = M (idE ′ ; B ′ , B ′ )



= In .

Portanto,

A

é invertível e

C

A.

é a matriz inversa de

5.6 Matriz de mudança de base Denição 5.63. B

B′

e

Seja

E

um espaço ve torial sobre

bases ordenadas de

E.

P = M (idE ; B, B ′)

hama-se M (B, B ′).

K de

dimensão nita. Sejam

À matriz

matriz de mudança de base de

B

para

B′,

e representa-se por

Re orde-se que

idE : E u Dado um ve tor

v ∈ E,

obter as oordenadas de De fa to, se então

PX

X

a matriz de mudança de base atrás denida, permite ′ na base B a partir das oordenadas de v na base B .

v

for a matriz oluna formada pelas oordenadas de

será a matriz oluna formada pelas oordenadas de

Exer í io 5.64.

No espaço ve torial real

B = ((1, 0, 1), (0, 1, 0), (−1, 0, 1) Determine as oordenadas de base

B,

−→ E 7−→ idE (u) = u

e

R3 ,

v

v

na base B′.

na base

B

onsidere-se as seguintes bases:

B ′ = ((1, 1, 1), (1, 1, 0), (1, 0, 0)) .

u = (1, 2, −3)

na base

usando as matrizes de mudança de base.

B′

e de

v = (−2, 0, 4)

na

5.6 Matriz de mudança de base Teorema 5.65.

136

Uma matriz de mudança de base é invertível.

Demonstração. Uma matriz de mudança de base é uma matriz da apli ação linear

idE ,

E

onde

é um espaço ve torial sobre

K.

Como

idE

é um isomorsmo,

então qualquer matriz de mudança de base é invertível.

Teorema 5.66.

Toda a matriz invertível pode ser onsiderada uma matriz de

mudança de base. Atendendo ao Teorema 5.62, é fá il provar

Teorema 5.67. B

e

B′

Seja

E

um espaço ve torial sobre

são duas bases ordenadas de

E.

K

−1

M (B, B ′) = (M (B ′ , B))

Exemplo 5.68.

No espaço ve torial real

B = ((1, 1), (2, 1))

al ular as oordenadas de

v

matriz de mudança de base de

R2 ,

.

onsidere-se as seguintes bases:

B ′ = ((1, 0), (1, −1)) .

e

(a) Suponha que as oordenadas de

de dimensão nita tal que

Então

v ∈ R2

na base

B

para

na base B são (2, 3). Pretende-se B ′ . Primeiro vai-se determinar a B ′ . Ora

idR2 (1, 1) = (1, 1) = 2(1, 0) + (−1)(1, −1) = (2, −1)B′ idR2 (2, 1) = (2, 1) = 3(1, 0) + (−1)(1, −1) = (3, −1)B′ .   2 3 ′ Portanto, P = M (B, B ) = . Como −1 −1      2 3 2 13 = , −1 −1 3 −5 então

v = (13, −5)B′ .

Veri ação: Se

v = (2, 3)B ,

então

v = 2(1, 1) + 3(2, 1) = (8, 5).

Por outro

lado,

(13, −5)B′ = 13(1, 0) + (−5)(1, −1) = (8, 5) = v. w = (1, 2)B′ e determine-se as oordenadas de Começa-se por determinar a matriz de mudança de base de

(b) Suponha-se agora que na base para

B.

B.

Note-se que

M (B ′ , B) = M (idR2 ; B ′ , B) = =

 ′ −1 M id−1 R2 ; B, B −1 (M (idR2 ; B, B ′)) −1

=P

w B′

por denição de matriz de mudança de base pelo Teorema 5.62 pois

2 id−1 R2 = idR

5.7 Relação entre matrizes de uma mesma apli ação linear Verique que

P −1 =

são dadas por

e, portanto,





−1 −3 1 2



. Donde as oordenadas de



−1 −3 1 2

1 2



=



−7 5

w

137 na base

B



w = (−7, 5)B .

5.7 Relação entre matrizes de uma mesma apli ação linear ′ Sejam E e E espaços ve toriais sobre K e seja ϕ uma apli ação linear de E em ′ E . Sejam ainda B1 e B2 bases ordenadas de E e B1′ e B2′ bases ordenadas de E ′ . Suponha-se que

A = M (ϕ; B1 , B1′ )

e

C = M (ϕ; B2 , B2′ ).

Considere-se o seguinte diagrama:

A E′

E (B1 )

(B ′ 1 )

ϕ

Q

idE

P

idE ′

(B2 )

ϕ E′

E

(B ′ 2 )

C Tem-se que

ϕ = idE ′ ◦ ϕ ◦ idE

e, matri ialmente, pelo Teorema 5.58,

M (ϕ; B2 , B2′ ) = M (idE ′ ; B1′ , B2′ ) M (ϕ; B1 , B1′ ) M (idE ; B2 , B1 ). ou seja,

C = P AQ.

Observação 5.69. em

E

e

E′,

Exemplo 5.70. R

2

,

Note-se que

P

e

Q

são duas matrizes de mudança de base

respe tivamente.

ϕ : R2 −→ R3 a apli ação ϕ(x, y) = (2x, x − y, 3y). Sejam Seja

B1 = ((1, 0), (0, 1)) bases ordenadas de

R2

e

linear tal que, para todo

(x, y) ∈

B2 = ((1, 1), (−1, 2))

e

B1′ = ((1, 0, 0), (0, 1, 0), (0, 0, 1))

e

B2′ = ((1, 1, 1), (1, 1, 0), (1, 0, 0))

5.7 Relação entre matrizes de uma mesma apli ação linear bases ordenadas de

R3 .

Sejam ainda



 2 0 A = M (ϕ; B1 , B1′ ) =  1 −1  0 3

Obtenha-se

C

138

a partir de

A

C = M (ϕ; B2 , B2′ ).

e

e de matrizes de mudança de base onvenientes.

Esquemati amente, tem-se,

A R2 (B1 ) Q

R3 (B ′ 1 )

ϕ

idR2

(B2 ) R2

idR3

P

ϕ R

3

(B ′ 2 )

C onde

Q = M (idR2 ; B2 , B1 ) = M (B2 , B1 ) = e





1 −1 1 2



 0 0 1 1 −1  , P = M (idR3 ; B1′ , B2′ ) = M (B1′ , B2′ ) =  0 1 −1 0

pois

(1, 1) = (1, 1)B1 (−1, 2) = (−1, 2)B1 (1, 0, 0) = 0(1, 1, 1) + 0(1, 1, 0) + 1(1, 0, 0) = (0, 0, 1)B2′ (0, 1, 0) = 0(1, 1, 1) + 1(1, 1, 0) + (−1)(1, 0, 0) = (0, 1, −1)B2′ (0, 0, 1) = 1(1, 1, 1) + (−1)(1, 1, 0) + 0(1, 0, 0) = (1, −1, 0)B2′ . Assim,



0 C = P AQ =  0 1

Exer í io 5.71.

Seja

 0 1 2 1 −1   1 −1 0 0 φ : R2 −→ R3

 0  1 −1  1 3

−1 2





3 =  −3 2

uma apli ação linear tal que



1 M (φ; BR2 , BR3 ) =  −1 0

 2 1 . 1

 6 −9  . 1

5.7 Relação entre matrizes de uma mesma apli ação linear

139

BR2 e BR3 são as bases anóni as de R2 e R3 , respe tivamente. Determine M (φ; B, B ′ ), onde B = ((1, 1), (1, −2)) e B ′ = ((1, 1, 1), (1, 1, 0), (1, 0, 0)) são 2 3 bases ordenadas de R e R , respe tivamente. onde

Denição 5.72.

Sejam A e C matrizes do tipo p × n om entradas em K. DizC são equivalentes se existem matrizes invertíveis P ∈ Mp×p (K) e Q ∈ Mn×n (K) tais que C = P AQ. se que

A

e

A e C são matrizes quadradas de ordem n S ∈ Mn×n (K) tal que C = S −1 AS , então diz-se Se

e existe uma matriz invertível que

A

e

C

são

semelhantes.

Teorema 5.73.

Sejam A, C ∈ Mp×n (K). As matrizes A e C são equivalentes se e só se representam a mesma apli ação linear em relação a determinadas bases.

Teorema 5.74.

Sejam A, C ∈ Mn×n (K). As matrizes A e C são semelhantes se e só se representam o mesmo endomorsmo em relação a diferentes bases.

K de dimensão n, B E tal que A = M (ϕ; B, B). Como A e C são semelhantes, existe uma matriz S ∈ Mn×n (K) invertível tal que C = S −1 AS . Pelo teorema 5.66 existe uma base B ′ de E tal que S = M (B ′ , B). Então C = M (ϕ; B ′ , B ′ ). (⇐) Re ipro amente, se A e C representam o mesmo endomorsmo então −1 pelo teorema anterior, C = P AQ. E fa ilmente se veri a que P = Q e,

onsequentemente, A e C são semelhantes. Demonstração. (⇒) Sejam uma base de

E

e

ϕ

E

um espaço ve torial sobre

o endomorsmo de

Observação 5.75.

Se A é a matriz de um endomorsmo em relação a uma B e C é a matriz do mesmo endomorsmo mas em relação a uma base B ′ então A e C são semelhantes. base

Exemplo 5.76.

anóni a de

R

3

Seja

ψ

o endomorsmo de

é



Determine-se a matriz de

ψ

A=

1 0 0 1 −1 0

R3

uja matriz em relação à base



−1 1 . 1

B ′ = ((1, 0, 1), (0, 1, 1), (0, 0, 1)), C = M (ψ; B ′ , B ′ ). Então, esquemati-

em relação à base

usando matrizes de mudança de base. Seja

amente,

A R3 (BR3 )

R3 ϕ

(BR3 ) P −1

P (B ′ ) R3

(B ′ )

ϕ R C

3

5.7 Relação entre matrizes de uma mesma apli ação linear e, portanto,

C = P −1 AP ,

onde



1 0 P = M (B ′ , BR3 ) =  0 1 1 1

e



Logo,



 1 0 0 1 0 1 0  0 1 C= 0 −1 −1 1 −1 0

Note-se que

A

e

C

Exer í io 5.77.

(x, y) ∈ R

2

,

 0 0  1

verique!

 0 0 . 1

1 0 = M (BR3 , B ′ ) =  0 1 −1 −1

P −1

 −1 1 1  0 1 1

verique!

  0 0 0 −1 1 0 = 1 2 1 1 −1 0

são semelhantes.

ψ : R2 −→ R3 a apli ação linear ψ(x, y) = (x + y, x − y, x + 2y). Sejam ainda Seja

B = ((1, −1), (0, 1)) R2

bases ordenadas de

e

140

R3 ,

(a) Determine a matriz de

e

 −1 1 . 1

tal que, para todo

B ′ = ((1, 1, 0), (0, 1, 1), (1, −1, 1))

respe tivamente.

ψ

em relação às bases anóni as dos espaços on-

ψ

em relação às bases

siderados. (b) Determine a matriz de

B

e

B′:

(i) usando a denição; (ii) usando matrizes de mudança de base. ( ) Determine

Teorema 5.78.

ψ(2, −3), Sejam

E

usando ambas as representações matri iais de

e

E′

espaços ve toriais sobre



nadas de E e E , respe tivamente. Seja ainda E ′ tal que A = M (ϕ; B, B ′). Então,

ϕ

K

e

B

e

r(A)

Observação 5.79.

representa a ara terísti a da matriz

Resulta deste teorema que:

r(A) = dim(E ′ );

(i)

ϕ

é um epimorsmo se e só se

(ii)

ϕ

é um monomorsmo se e só se

bases orde-

uma apli ação linear de

dim(Im ϕ) = r(A). Re orde-se que

B′

r(A) = dim E ;

A.

ψ.

E

em

5.7 Relação entre matrizes de uma mesma apli ação linear (iii)

ϕ

r(A) = dim E = dim(E ′ ).

é um isomorsmo se e só se

Exemplo 5.80. vamente, e seja

B e B ′ bases dos espaços ve toriais R4 ϕ : R −→ R3 a apli ação linear tal que   −1 2 1 0 0 . A = M (ϕ; B, B ′) =  0 1 1 1 0 1 −1 Sejam 4

Cal ulando a ara terísti a da matriz Es alonando a matriz



−1 2  0 1 1 0

A

141

A,

averigúe-se se

ϕ

e

R3 ,

respe ti-

é sobreje tiva.

tem-se,

 1 0 1 0  1 −1



−1 2  0 1 L3 := L3 + L1 0 2  −1 2 −− −−−−−−−→ 0 1 L′3 := L3 − 2L2  0 0 −− −−−−−−→ ′

 1 0 1 0  2 −1  1 0 1 0 . 0 −1

dim(Im ϕ) = r(A) = 3. Como Im ϕ é um subespaço ve torial de R3 e dim(Im ϕ) = dim(R3 ), então Im ϕ = R3 e, onsequentemente, ϕ é sobreje tiva. Logo,

Exer í ios 5.81.

1. Considere a apli ação linear ϕ de R3 em R2 uja matriz em relação à base anóni a de R3 e à base B = ((1, 1), (−1, 1)) de R2 é

A= Usando a matriz

A,

determine



 1 . 0

1 1 2 1

Nuc ϕ

e lassique a apli ação quanto à

inje tividade e sobreje tividade. 2. Considere a apli ação linear

φ

de

R3

em

R4

φ(1, 1, 1) = (1, 0, 0, 0), φ(1, 1, 0) = (1, 0, 0, 0) onde

k

denida por e

φ(1, 0, 0) = (k, 1, k, k − 1),

é um parâmetro real.

Diga para que valores de

k

a apli ação

φ

é:

(a) monomorsmo; (b) epimorsmo. Sugestão: use uma matriz de

φ em relação a bases onvenientemente

es olhidas.

6. Valores e ve tores próprios

6.1 Valores e ve tores próprios

143

6.1 Valores e ve tores próprios Denição 6.1. de

E.

ve tor

E um espaço ve torial sobre K e seja ϕ um endomorsmo λ ∈ K. Diz-se que λ é um valor próprio de ϕ se existe um que v 6= 0E e

Seja

Seja ainda

v∈E

tal

ϕ(v) = λv.

ve tor próprio de ϕ asso iado ao valor próprio λ. Denição 6.2. Chama-se espe tro de ϕ, e representa-se por σ(ϕ), ao onjunto

Ao ve tor

v

hama-se

de todos os valores próprios de

Exemplo 6.3. morsmo

ϕ.

Determine-se os valores próprios e ve tores próprios do endo-

ϕ de R3

denido, em relação à base anóni a desse espaço, pela matriz



1 0 1 A =  −1 1 −1

ϕ é en ontrar λ ∈ R para o qual existe (x, y, z) ϕ(x, y, z) = λ(x, y, z). Ora, pelo Teorema 5.54, pode passar-se

Determinar um valor próprio de não nulo tal que

 1 0 . 0

para representação matri ial:



    1 0 1 x x ϕ(x, y, z) = λ(x, y, z) ⇔  −1 1 0  y  = λ y  1 −1 0 z z       1 0 1 x x 0 ⇔  −1 1 0  y  − λ y  =  0 1 −1 0 z z 0      1 0 1 λ 0 0 x 1 0  −  0 λ 0   y ⇔  −1 1 −1 0 0 0 λ z      0 x 1−λ 0 1 0  y  =  0 . ⇔  −1 1 − λ 0 z 1 −1 −λ

Portanto, é ne essário en ontrar

λ∈R

 





 0 = 0  0

para o qual o sistema anterior admite,

pelo menos, uma solução não trivial, ou seja, tal que a ara terísti a da matriz do sistema seja inferior a

3, ou, equivalentemente, tal λ é tal que 1−λ 0 1 −1 1 − λ 0 = 0. 1 −1 −λ

não seja invertível. Assim,

que a matriz do sistema

6.1 Valores e ve tores próprios Assim:

1−λ −1 1

0 1 1−λ 0 −1 −λ

144

= 0 ⇔ (1 − λ)(1 − λ)(−λ) + 1(1 − (1 − λ)) = 0  ⇔ −λ (1 − λ)2 − 1 = 0 ⇔ λ = 0 ∨ (1 − λ)2 − 1 = 0 ⇔ λ = 0 ∨ λ = 2.

Assim, o espe tro de

ϕ

é o onjunto

σ(ϕ) = {0, 2}.

Determinem-se os ve tores próprios de ϕ asso iados a λ (x, y, z) ∈ R3 \ {(0, 0, 0)} tais que ϕ(x, y, z) =

são todos

= 0. Por denição, 0(x, y, z), ou seja,

ϕ(x, y, z) = (0, 0, 0). Novamente é equivalente a resolver o sistema        1 0 1 x 0  x+z =0 z = −x  −1      1 0 y = 0 ⇔ −x + y = 0 ⇔ y=x  1 −1 0 z 0 x−y =0 Logo, os ve tores próprios de

ϕ

asso iados a

λ=0

são da forma

x ∈ R \ {0}.

(x, x, −x),

om

Note-se que se determinaram as oordenadas dos ve tores próprios 3 na base anóni a de R :

(x, x, −x)BR3 = x(1, 0, 0) + x(0, 1, 0) − x(0, 0, 1) = (x, x, −x). Determinem-se agora os ve tores próprios de

ϕ

asso iados a

λ = 2.

Usando

o mesmo ra io ínio, basta resolver o sistema



     1 0 1 x x −1  −1 1 0   y  = 2  y  ⇔  −1 1 −1 0 z z 1

    0 1 x 0 −1 0  y  =  0 . −1 −2 z 0

Passando para matriz ampliada, obtém-se:



  −1 0 1 0 −−− 0 1 −−−−−−−→ −1 ′ L2 := L2 − L1   −1 −1 0 0  L 0 −1 −1 ′ 3 := L3 + L1 1 −1 −2 0 0 −1 −1  −1 0 1 0 −− −−−−−−→ 0 −1 −1 0 L′3 := L3 − L2  0 0 0 0

Logo,

λ = 2.

(z, −z, z),

Exer í io 6.4. φ



a c

om

z ∈ R \ {0},

b d

=



2c b − 2c



são os ve tores próprios de

Considere o endomorsmo



 0 0  0 



a+c , d

φ



x=z y = −z

ϕ

asso iados a

M2×2 (R) denido por   a b todo ∈ M2×2 (R). c d

de

para

Determine os seus valores próprios e os ve tores próprios asso iados.

6.1 Valores e ve tores próprios

145

Atendendo ao exemplo anterior, es reva-se o teorema:

Teorema 6.5.

Seja

base ordenada de

(a) λ ∈ K

E.

E

K de dimensão n e B uma E e A = M (ϕ; B, B). Então:

um espaço ve torial sobre

Seja

ϕ

um endomorsmo de

é valor próprio de

ϕ

se e só se

|A − λIn | = 0.

(b) v ∈ E X0

é ve tor próprio de

ϕ

λ se e só se, sendo B , X0 é uma solução

asso iado ao valor próprio

a matriz oluna das oordenadas de

v

na base

não nula do sistema de equações lineares

(A − λIn )X = 0.

(a). Seja λ ∈ K. Então λ é valor próprio de ϕ se e v ∈ E tal que v 6= 0E e ϕ(v) = λv , ou seja, se e só se existe X0 ∈ Mn×1 (K) \ {0}, tal que AX0 = λX0 , onde X0 é a matriz oluna das

oordenadas de v na base B , que é equivalente a Demonstração. Prove-se só se existe

AX0 − λX0 = 0 ⇔ (A − λIn )X0 = 0. Ou seja, se e só se o sistema homogéneo minado, isto é, se e só se

(A − λIn )X = 0

é possível e indeter-

|A − λIn | = 0, pelos Teorema 3.43 e Teorema 3.44. A demonstração de

Observação 6.6. grau

Se

n.

Teorema 6.7.

Se

(b)  a omo exer í io.

A ∈ Mn×n (K)

A, B ∈ Mn×n (K)

então

|A − λIn |

é um polinómio em

λ

de

são duas matrizes semelhantes então

|A − λIn | = |B − λIn | . Demonstração. Como

S ∈ Mn×n (K)

A

e

B

são matrizes semelhantes então existe uma matriz B = S −1 AS . Logo

invertível tal que

|B − λI| = S −1 AS − λS −1 In S = S −1 (A − λIn )S = S −1 |(A − λIn )| |S| 1 = |(A − λIn )| |S| |S| = |B − λI| .

6.1 Valores e ve tores próprios

146

Pelo teorema anterior e pelo teorema 5.74 tem-se que se

A, B ∈ Mn×n (K)

são duas matrizes que representam o mesmo endomorsmo então os polinómios

|A − λIn |

e

|B − λIn |

Denição 6.8.

são iguais. Temos então a denição seguinte.

E um espaço ve torial sobre K de dimensão n e B uma E . Seja ϕ um endomorsmo de E e A = M (ϕ; B, B). Ao polinómio |A − λIn | hama-se polinómio ara terísti o de ϕ, e representase por pϕ (λ). A equação pϕ (λ) = 0 designa-se por equação ara terísti a de ϕ. Seja

base ordenada de

ϕ em relação a uma |A − λI| = 0, ou seja, as raízes do valores próprios de ϕ.

Viu-se, no teorema 6.5, que, sendo base xa,

λ

é valor próprio de

polinómio ara terísti o de

Denição 6.9.

ϕ

ϕ

A

uma matriz de

se e só se

são os

E um espaço ve torial sobre K e seja ϕ um endomorsmo λ ∈ K um valor próprio de ϕ. Chama-se multipli idade algébri a de λ, e representa-se por ma (λ), à multipli idade de λ enquanto raiz do polinómio ara terísti o de ϕ, pϕ (λ). de

E.

Seja

Seja ainda

Re orde-se que λ0 é raiz de multipli idade k de um polinómio p(λ) se e só se p(λ) = (λ − λ0 )k q(λ), onde q(λ) é um polinómio que não admite λ0 omo raiz.

Exemplo 6.10.

anóni a de

R

4

Seja

φ

o endomorsmo de

, é



2  0  A= 0 0

R4

uja matriz, em relação à base

 1 0 0 2 0 0  . 0 −1 0  0 0 1

φ.

Determine-se a multipli idade algébri a dos valores próprios de

Pelo teorema

anterior, omo

2−λ 1 0 0 0 2−λ 0 0 pφ (λ) = |A − λI4 | = 0 −1 − λ 0 0 0 0 0 1−λ = (2 − λ)(2 − λ)(−1 − λ)(1 − λ) = (2 − λ)2 (−1 − λ)(1 − λ),

φ

são

ma (2) = 2

e

então os valores próprios de

Exer í io Resolvido 6.11. relação à base

−1, 1

e

2,

onde

ma (−1) = ma (1) = 1.

ϕ o endomorsmo B = ((1, 1, 1), (1, 1, 0), (1, 0, 0)) de R3 , é   1 −1 0 2 1 . A =  −1 0 1 1 Seja



de

R3

uja matriz, em

6.1 Valores e ve tores próprios Determine os valores próprios de

ϕ,

147 as respe tivas multipli idades algébri as e

os ve tores próprios asso iados. Resolução: Pelo teorema anterior, omo

1−λ −1 0 2−λ 1 pϕ (λ) = |A − λI3 | = −1 0 1 1−λ



= (1 − λ) ((2 − λ)(1 − λ) − 1) − (−1) (−(1 − λ) − 0)

= (1 − λ)2 (2 − λ) − (1 − λ) + (−1)(1 − λ) = (1 − λ)((1 − λ)(2 − λ) − 1 − 1) = (1 − λ)((1 − λ)(2 − λ) − 2)

= (1 − λ)(λ2 − 3λ)

= (1 − λ)λ(λ − 3), então os valores próprios de

ϕ

são

0, 1

e

3

e, portanto,

ma (0) = ma (1) = ma (3) = 1. Determinem-se os ve tores próprios asso iados a o sistema

(A−0I3 )X = 0 ⇔ AX = 0, onde X

λ = 0.

Tem que se resolver

é a matriz oluna das oordenadas

B . Donde,   0 1 −1 0 −−−−−−−−→ 0 L′2 := L2 + L1  0 1 1 0 0 1 1  1 −1 0 −− −−−−−−→ 1 1 L′3 := L3 − L2  0 0 0 0

de um ve tor próprio genéri o, em relação à base



1 −1 0  −1 2 1 0 1 1

omo

 0 0  0  0 0 , 0

vem que as oordenadas de um ve tor próprio têm que satisfazer o seguinte sistema



x−y =0 ⇔ y+z =0

Assim os ve tores próprios asso iados a



x=y z = −y

λ=0

são ve tores da forma:

v = (y, y, −y)B = y(1, 1, 1) + y(1, 1, 0) + (−y)(1, 0, 0) = (y, 2y, y),

om

y ∈ R \ {0}.

Determinem-se agora os ve tores próprios asso iados a mente, omo



A − 1I3

0





0 =  −1 0

λ = 1.

  −1 0 0 −1 1 1 − − − − − → 1 1 0  L2 ↔ L1  0 −1 0 1 0 0 0 1 0  −1 1 1 −− −−−−−−→ 0 −1 0 L′3 := L3 + L2  0 0 0

Analoga-

 0 0  0  0 0 , 0

6.1 Valores e ve tores próprios vem que



148

−x + y + z = 0 ⇔ −y = 0

Donde os ve tores próprios asso iados a



λ=1

z=x y=0

são ve tores da forma:

v = (x, 0, x)B = x(1, 1, 1) + 0(1, 1, 0) + x(1, 0, 0) = (2x, x, x),

om

x ∈ R \ {0}.

Por m, determinem-se os ve tores próprios asso iados a



A − 3I3

0

então









−x − y + z = 0 ⇔ y − 2z = 0

λ = 3.

Como

 −1 −1 1 0 −2 −1 0 0 − − − − − → 0 0  =  −1 −1 1 0  L2 ↔ L1  −2 −1 0 1 −2 0 0 1 −2 0   −1 −1 1 0 −− − − − − − − − → 0 1 −2 0  L′2 := L2 − 2L2  0 1 −2 0   −1 −1 1 0 −− − − − − − − → 0 1 −2 0  , L′3 := L3 − L2  0 0 0 0 



x = −z , y = 2z

λ=3

pelo que os ve tores próprios asso iados a

são ve tores da forma:

v = (−z, 2z, z)B = (−z)(1, 1, 1) + 2z(1, 1, 0) + z(1, 0, 0) = (2z, z, −z),

om

z ∈ R \ {0}.

Exer í io 6.12. base

B=

Considere o endomorsmo de ((1, 0, 1), (−1, 1, 0), (0, 0, −1)) de R3 , é



2 1 A= 2 3 3 3

R3

uja matriz, em relação à

 1 2 . 4

Determine os valores próprios, os respe tivos ve tores próprios asso iados e as respe tivas multipli idades algébri as. Seja

E

um espaço ve torial sobre

domorsmo de

E,

K.

Dado um valor próprio

λ

de um en-

os ve tores próprios asso iados são determinados a partir de

soluções não nulas de um sistema homogéneo indeterminado. Uma vez que um sistema homogéneo indeterminado tem um onjunto innito de soluções que formam um subespaço ve torial de

E

é laro que, se ao onjunto dos ve tores

próprios juntar-se o ve tor nulo do espaço ve torial ve torial de

E.

De fa to,

E,

se obtém um subespaço

6.1 Valores e ve tores próprios Teorema 6.13. de

E.

E um espaço λ ∈ K. Dena-se

Seja

Seja ainda

149 ve torial sobre

Ke

seja

ϕ

um endomorsmo

Uλ = {v ∈ E : ϕ(v) = λv}. Então:

(a) Uλ

é um subespaço ve torial de

(b) Uλ 6= {0E }

se e só se

Demonstração. Prove-se

λ

E.

é valor próprio de

ϕ.

(a). Note-se que:

(i) 0E ∈ Uλ , pois ϕ(0E ) = λ0E .

(ii)

Sejam

α, β ∈ K

e sejam

u, v ∈ Uλ .

Então

ϕ(αu + βv) = αϕ(u) + βϕ(v)

pois

= αλu + βλv = λ(αu + βv) Logo

ϕ(u) = λu ϕ

e

ϕ(v) = λv .

Donde

é apli ação linear

por hipótese

u ∈ Uλ

e

v ∈ Uλ

pelos axiomas de espaço ve torial

αu + βv ∈ Uλ .

Pelo Teorema 4.15,



é um subespaço ve torial de

E.

Prove-se (b). (⇒) Suponha-se que Uλ 6= {0E }. Então existe v 6= 0E tal que v ∈ Uλ , ou seja, ϕ(v) = λv e, portanto, por denição, λ é valor próprio de ϕ. (⇐) Re ipro amente, suponha-se que λ ∈ σ(ϕ). Então existe v 6= 0E tal que ϕ(v) = λv e, portanto, v ∈ Uλ , ou seja, Uλ 6= {0E }.

Denição 6.14. de

E.

Se

λ∈K

Seja

E

um espaço ve torial sobre

é um valor próprio de

ϕ,

K e seja ϕ um endomorsmo E denido por

ao sub onjunto de

Uλ = {v ∈ E : ϕ(v) = λv}

hama-se

subespaço próprio de

ϕ

asso iado ao valor próprio

λ.

Denição 6.15.

Seja E um espaço ve torial sobre K e seja ϕ um endomorsmo E . Se λ ∈ K é um valor próprio de ϕ, hama-se multipli idade geométri a de λ, e representa-se por mg (λ), à dimensão de Uλ , ou seja,

de

mg (λ) = dim(Uλ ).

Exemplo 6.16. base anóni a de

Considere o endomorsmo R3 , é

 1 1 A = 0 2 0 2

ϕ

de

 0 2 . 5

R3

uja matriz, em relação à

Determine-se a multipli idade geométri a dos valores próprios de

ϕ.

6.1 Valores e ve tores próprios

150

Primeiro, determinem-se os valores próprios de

1−λ 1 2−λ pϕ (λ) = |A − λI3 | = 0 0 2

ϕ.

Como

0 2 5−λ



= (1 − λ) ((2 − λ)(5 − λ) − 4)

= (1 − λ)(λ2 − 7λ + 6)

= (1 − λ)(λ − 1)(λ − 6)

então os valores próprios de

ϕ

são

1

ma (1) = 2 e ma (6) = 1. λ = 1.   0 −−− −−−−−−−−→ 0 1 0 0 ′ 2 := L2 − L1  0 0 2 0 0  L L′3 := L3 − 2L1 0 0 4 0 0  0 1 0 0 −− −−−−−−−→ L′3 := L3 − 2L2  0 0 2 0 0 0 0 0 e

6,

om

Determine-se o subespaço próprio asso iado a



A − 1I3

0





0 = 0 0

vem que



Logo

e, portanto,

1 0 1 2 2 4

y=0 ⇔ 2z = 0



vem que

mg (1) = 1

0



,

(justique!).



−5 = 0 0 

Donde

e, portanto,



y=0 z=0

Determine-se agora o subespaço próprio asso iado a

A − 6I3



U1 = {(x, 0, 0) : x ∈ R} = h(1, 0, 0)i

omo





λ = 6.

Analogamente,

  1 0 1 0 0 −−−−−−−−−→ −5 −4 2 0  L′3 = L3 + 21 L2  0 −4 2 0 0 0 2 −1 0 −5x + y = 0 ⇔ −4y + 2z = 0



 0 0 , 0

y = 5x z = 10x

U6 = {(x, 5x, 10x) : x ∈ R} = h(1, 5, 10)i

mg (6) = 1

(justique!).

Exer í io 6.17.

Considere o endomorsmo 3 à base anóni a de R , é 

1 1 A = 2 2 1 1

ψ

de

 −1 0 . 1

R3

uja matriz, em relação

Determine a multipli idade geométri a dos valores próprios de

ψ.

6.2 Endomorsmos diagonalizáveis

151

O próximo resultado estabele e uma relação entre a multipli idade algébri a e a multipli idade geométri a de um valor próprio de um endomorsmo.

Teorema 6.18. de

E.

Se

λ∈K

Seja

E

um espaço ve torial sobre

é um valor próprio de

ϕ

Ke

seja

ϕ

um endomorsmo

então,

1 ≤ mg (λ) ≤ ma (λ).

Observação 6.19. λ

Resulta do teorema anterior que, se

é uma raiz simples do polinómio ara terísti o, então

ma (λ) = 1, mg (λ) = 1.

ou seja, se

6.2 Endomorsmos diagonalizáveis O próximo resultado garante que a valores próprios distintos orrespondem ve tores próprios linearmente independentes.

Teorema 6.20.

Seja E um espaço ve torial sobre K e seja ϕ um endomorsmo E . Sejam ainda λ1 , λ2 , . . . , λp ∈ K valores próprios de ϕ, distintos dois a dois. Se u1 , u2 , . . . , up ∈ E são ve tores próprios de ϕ asso iados a λ1 , λ2 , . . . , λp , respe tivamente, então u1 , u2 , . . . , up são linearmente independentes.

de

p.

p = 1, u1 é u1 6= 0E . quaisquer p − 1 ve tores

Demonstração. A demonstração é feita por indução em

Para

linearmente independente pois, por denição de ve tor próprio, Suponha-se agora que, por hipótese de indução,

p − 1 valores próprios distintos são linearmente indepenu1 , u2 , . . . , up ∈ E ve tores próprios de ϕ asso iados aos valores próprios λ1 , λ2 , . . . , λp , respe tivamente, onde λi 6= λj , para todo i, j ∈ {1, . . . , p} e i 6= j . Sejam α1 , α2 , . . . , αp ∈ K tais que

próprios asso iados a dentes. Sejam

α1 u1 + α2 u2 + · · · + αp up = 0E .

(6.1)

Então,

ϕ(α1 u1 + α2 u2 + · · · + αp up ) = ϕ(0E )

⇒α1 ϕ(u1 ) + α2 ϕ(u2 ) + · · · + αp ϕ(up ) = 0E e, omo

u1 , u2 , . . . , up

são ve tores próprios, tem-se:

α1 (λ1 u1 ) + α2 (λ2 u2 ) + · · · + αp (λp up ) = 0E . Multipli ando ambos os membros da igualdade (6.1) por

λ1

(6.2)

obtém-se:

α1 λ1 u1 + α2 λ1 u2 + · · · + αp λ1 up = 0E . Subtraindo membro a membro (6.2) a (6.3), resulta que:

α2 (λ2 − λ1 )u2 + · · · + αp (λp − λ1 )up = 0E ,

(6.3)

6.2 Endomorsmos diagonalizáveis

152

p−1 ve tores próprios asso iados p − 1 valores próprios distintos; donde, por hipótese de indução, estes ve tores

ou seja, tem-se uma ombinação linear nula de a

são linearmente independentes e, portanto,

α2 (λ2 − λ1 ) = · · · = αp (λp − λ1 ) = 0K . Como, para todo

i ∈ {2, . . . , p}, λi 6= λ1 ,

então

α2 = · · · = αp = 0K . α2 , . . . , αp por 0K , vem α1 u1 = 0E , ou seja, u1 6= 0E , α1 = 0K . Logo u1 , u2 , . . . , up são linearmente independentes.

Substituindo em (6.1) os es alares

omo

Corolário 6.21. de

Seja E um espaço ve torial sobre K e seja ϕ um endomorsmo E . Sejam ainda λ1 , λ2 , . . . , λp ∈ K valores próprios de ϕ, distintos dois a dois.

Então,

Uλ1 + Uλ2 + · · · + Uλp é uma soma dire ta. Demonstração. Para se provar que a soma é dire ta prove-se que qualquer ele-

v ∈ Uλ1 +Uλ2 +· · ·+Uλp se es reve de forma úni a omo soma de elemenUλ1 , Uλ2 ,. . . ,Uλp . Seja v ∈ Uλ1 + Uλ2 + · · · + Uλp .

mento

tos dos subespaços ve toriais Suponha-se que

v = v1 + v2 + · · · + vp ,

om

vi ∈ Uλi ,

para todo

i ∈ {1, . . . , p}

v = u1 + u2 + · · · + up ,

om

ui ∈ Uλi ,

para todo

i ∈ {1, . . . , p}.

e

Assim,

0E = v − v = (v1 − u1 ) + (v2 − u2 ) + · · · + (vp − up ). Note-se que ve torial de

vi − ui ∈ Uλi , para E . Repare-se que se

todo

i ∈ {1, . . . , p},

pois

Uλi

é um subespaço

tem uma ombinação linear nula dos ve tores

referidos om es alares não todos nulos, o que impli aria que esses ve tores fossem linearmente dependentes. Como a valores próprios distintos orrespondem ve tores próprios linearmente independentes, o ve tor tor próprio asso iado a

λi ;

i ∈ {1, . . . , p}.

donde

vi − ui = 0E ,

vi − ui não pode ser ve vi = ui , para todo

ou seja,

Assim, note-se que no aso em que

E = Uλ1 ⊕ Uλ2 ⊕ · · · ⊕ Uλp ϕ: basta onUλ1 , Uλ2 , . . . , Uλp . Suponha-se que B = (e1 , e2 , . . . , en ) é uma base de E onstituída por ve tores próprios de ϕ. Suponha-se que ei é um ve tor próprio asso iado ao valor próprio então existe uma base de

E

onstituída por ve tores próprios de

siderar a união das bases das várias par elas

6.2 Endomorsmos diagonalizáveis λi ,

para todo

153

i ∈ {1, . . . , n}. Note-se que λ1 , λ2 , . . . , λn

não são ne essariamente

distintos. Então:

ϕ(e1 ) = λ1 e1 = (λ1 , 0, 0, . . . , 0, 0)B ϕ(e2 ) = λ2 e2 = (0, λ2 , 0, . . . , 0, 0)B . . .

ϕ(en ) = λn en = (0, 0, 0, . . . , 0, λn )B , Assim,

 λ1 0  M (ϕ; B, B) =  .  .. 0

0 λ2 . . .

0

··· ··· ..

.

···

Deste modo apresenta-se a seguinte denição:

Denição 6.22. de

E.

E

Seja

Diz-se que

ϕ

ve tores próprios de

é

ϕ.

um espaço ve torial sobre

diagonalizável

 0 0  . . .  . λn K e seja ϕ um endomorsmo E formada por

se existe uma base de

Atendendo ao que foi visto anteriormente pode es rever-se o seguinte resultado:

Teorema 6.23.

Seja

E . Então ϕ é M (ϕ; B, B) é uma

de

Demonstração.

E

um espaço ve torial sobre

Ke

seja

ϕ

um endomorsmo

diagonalizável se e só se existe uma base matriz diagonal.

(⇒)

B

de

E

Veja-se o que foi es rito antes da denição 6.22.

B = (e1 , e2 , . . . , en ) de E tal   λ1 0 · · · 0  0 λ2 · · · 0    M (ϕ; B, B) = diag(λ1 , λ2 , . . . , λn ) =  . . . . .. . .   .. . . . 0 0 · · · λn

(⇐)

tal que

Suponha-se que existe uma base

que

ϕ(ei ) = (0, . . . , 0, λi , 0, . . . , 0)B , onde λi o upa a i-ésima poϕ(ei ) = λi ei , para todo i ∈ {1, . . . , n}. Ou seja, ei é um ve tor próprio de ϕ asso iado ao valor próprio λi , para todo i ∈ {1, . . . , n}. Logo B é uma base de E formada por ve tores próprios de ϕ.

Isso signi a que sição do

n-uplo,

ou seja,

Observação 6.24.

Seja

um endomorsmo de base

B

de

E

E.

E

um espaço ve torial sobre

Suponha-se que

formada por

n

ϕ

K

de dimensão

n

e seja

ϕ

é diagonalizável. Então existe uma ve tores próprios de ϕ. Seja ainda B ′ uma outra

6.2 Endomorsmos diagonalizáveis base de

E

tal que

A = M (ϕ; B ′ , B ′ ).

154

Então, esquemati amente, tem-se:

A E

E

(B ′ )

(B ′ )

ϕ

P

idE

(B)

P −1

idE ϕ

(B) E

E D Logo

onde tos).

 λ1 0  D = M (ϕ; B, B) = P −1 AP =  .  .. 0

λ1 , λ2 , . . . , λn ∈ K

Note-se que

onde

Xi

são valores próprios de

P = M (B, B ′),

. . .

0

··· ··· ..

.

···

 0 0  .  .  . λn

(não ne essariamente distin-

ou seja,

 P = X1

···

 Xn .

B ′ , do i-ésimo próprio λi , para

é a i-ésima oluna onstituída pelas oordenadas, na base

B , que é um ve tor i ∈ {1, . . . , n}. Note-se que P

ve tor da base todo

ϕ

0 λ2

base. A esta matriz hama-se

próprio asso iado ao valor

é invertível pois é uma matriz mudança de

matriz diagonalizante de

A.

O próximo resultado forne e uma ondição ne essária e su iente para um endomorsmo ser diagonalizável.

Teorema 6.25.

Seja

um endomorsmo de

ϕ.

Então,

ϕ

E E.

K de dimensão n e seja ϕ λ1 , λ2 , . . . , λp ∈ K os valores próprios de

um espaço ve torial sobre Sejam ainda

é diagonalizável se e só se

mg (λ1 ) + mg (λ2 ) + · · · + mg (λp ) = n.

Exemplo 6.26.

Averigúe-se se os seguintes endomorsmos são diagonalizáveis

e, em aso armativo, es reva-se a matriz diagonal que o representa relativamente a uma erta base do espaço (formada por ve tores próprios desse mesmo endomorsmo) e a matriz diagonalizante utilizada.

ϕ um endomorsmo de R2 tal que ϕ(x, y) = (x + y, 3x − y), para (x, y) ∈ R2 . Note-se que ϕ(1, 0) = (1, 3) e ϕ(0, 1) = (1, −1). Donde,   1 1 A = M (ϕ; BR2 , BR2 ) = . 3 −1

1. Seja

todo

6.2 Endomorsmos diagonalizáveis

155

Determinem-se os valores próprios de

ϕ.

1−λ |A − λI2 | = 3

Ora

1 −1 − λ

= (1 − λ)(−1 − λ) − 3

= λ2 − 4 = (λ + 2)(λ − 2).

Assim,

ϕ

tem dois valores próprios

λ = −2

e

λ = 2.

Sabe-se que

ma (−2) = 1 ⇒ mg (−2) = 1 ma (2) = 1 ⇒ mg (2) = 1. Assim, omo

mg (−2) + mg (2) = 2 = dim R2 ,

pelo Teorema 6.25,

ϕ

é

diagonalizável. Determine-se agora uma base de Para

λ = 2,

R2

formada por ve tores próprios de

ϕ.

determine-se o subespaço próprio asso iado. Pretende-se as(x, y) ∈ R2 tais que

sim en ontrar os ve tores

(A − 2I2 )



x y





0 0



,

=



0 0



=

ou seja, en ontrar a solução do sistema



−1 3



1 −3

x y



.

Resolvendo o sistema orrespondente, obtém-se

U2 = {(x, x) : x ∈ R} = h(1, 1)i. Re orde-se que Para

λ = −2,

A

é a matriz de

ϕ

em relação à base anóni a.

al ule-se o subespaço próprio asso iado. Analogamente, (x, y) ∈ R2 tais que

pretende-se en ontrar os ve tores

(A + 2I2 )



x y



=



0 0



,

=



0 0



.

ou seja, en ontrar a solução do sistema



3 3

1 1



x y



Assim,

U−2 = {(x, −3x) : x ∈ R} = h(1, −3)i. Como ve tores próprios de

ϕ

asso iados a valores próprios distintos são

linearmente independentes, os ve tores

(1, 1)

e

(1, −3)

são linearmente

6.2 Endomorsmos diagonalizáveis

156

independentes e, portanto, formam uma base de 2 uma base de R formada por ve tores próprios é

R2

(justique!). Donde

B = ((1, 1), (1, −3)). Sabe-se que

ϕ(1, 1) = 2(1, 1) = (2, 0)B

e

Logo

D = M (ϕ; B, B) =

ϕ(1, −3) = −2(1, −3) = (0, −2)B . 



2 0 0 −2

.

Note-se que, esquemati amente

A R2 (BR2 ) P

R2 ϕ

(BR2 )

idR2

P −1

idR2

(B)

ϕ

(B)

R2

R2 D

Donde

D = P −1 AP ,

onde

ψ um endomorsmo (x, y) ∈ R2 .

2. Seja

Note-se que

P = M (B, BR2 ) e P −1 = M (BR2 , B),   1 1 P = . 1 −3 de

ψ(1, 0) = (1, 2)

R2

tal que

igual a

ψ(0, 1) = (0, 1). Logo,   1 0 A = M (ψ; BR2 , BR2 ) = . 2 1

1−λ 0 |A − λI2 | = 2 1−λ

ψ 2.

para todo

e

Determine-se os valores próprios de

Pelo que

ψ(x, y) = (x, 2x + y),

ou seja,

ψ.

Ora

= (1 − λ)(1 − λ) = (1 − λ)2 .

tem um úni o valor próprio

λ = 1, om multipli idade

Então mg (1) = 1 ou mg (1) = 2. Se mg (1) = 2, ψ mg (1) = 1, ψ não é diagonalizável. Determine-se o subespaço próprio asso iado a (x, y) ∈ R2 tais que

(A − 1I2 )



x y



=



0 0

é diagonalizável; se

λ = 1.

en ontrar os ve tores



,

algébri a

Pretende-se assim

6.2 Endomorsmos diagonalizáveis

157

ou seja, en ontrar a solução do sistema



0 2

0 0



x y



=



0 0



.

Assim,

e, onsequentemente,

U1 = {(0, y) : y ∈ R} = h(0, 1)i mg (1) = 1

Exer í io Resolvido 6.27.

e

ψ

não é diagonalizável.

φ um endomorsmo de R3 denido por φ(x, y, z) = (x − 3y + 3z, 3x − 5y + 3z, 6x − 6y + 4z), para todo (x, y, z) ∈ R3 . Averigúe se φ é diagonalizável e, em aso armativo, es reva a matriz diagonal que o representa relativamente a uma erta base de R3 (formada pelos Considere

seus ve tores próprios) e a matriz diagonalizante utilizada. Resolução: Note-se que

φ(1, 0, 0) = (1, 3, 6), Logo,

φ(0, 1, 0) = (−3, −5, −6)

e

φ(0, 0, 1) = (3, 3, 4).



 1 −3 3 A = M (φ; BR3 , BR3 ) =  3 −5 3  . 6 −6 4

Determinem-se os valores próprios de

1−λ −3 3 −5 − λ 3 |A − λI3 | = 3 6 −6 4−λ

φ.

Ora

= (1 − λ)((−5 − λ)(4 − λ) + 18) + (−3)(−1)1+2 (3(4 − λ) − 18)+ + 3(−18 − 6(−5 − λ)) = (1 − λ)(−5 − λ)(4 − λ) + 18(1 − λ) + 9(4 − λ) − 3 × 18 − 3 × 18 − 18(−5 − λ)

= (1 − λ)(−5 − λ)(4 − λ) + 18 − 18λ + 36 − 9λ − 108 + 90 + 18λ = (1 − λ)(−5 − λ)(4 − λ) + 9(4 − λ) = (4 − λ)[(1 − λ)(−5 − λ) + 9] = (4 − λ)(λ2 + 4λ + 4) = (4 − λ)(λ + 2)2 .

φ tem dois valores próprios λ = −2 e λ = 4, onde ma (−2) = 2 e ma (4) = 1. Tem-se então que mg (4) = 1 e mg (−2) = 1 ou mg (−2) = 2. Assim, φ é diagonalizável se e só se mg (−2) = 2. Determine-se então o subespaço próprio asso iado a λ = −2. Pretendem-se os ve tores (x, y, z) ∈ R3 tais que     x 0 (A + 2I3 )  y  =  0  , z 0 Assim,

6.2 Endomorsmos diagonalizáveis

158

ou seja, en ontrar a solução do sistema



    3 −3 3 x 0  3 −3 3   y  =  0  . 6 −6 6 z 0

Assim,

U−2 = {(y − z, y, z) : y, z ∈ R}

= {y(1, 1, 0) + z(−1, 0, 1) : y, z ∈ R} = h(1, 1, 0), (−1, 0, 1)i.

(1, 1, 0) e (−1, 0, 1) são linearmente independentes, ((1, 1, 0), (−1, 0, 1)) é U−2 e, portanto, mg (−2) = 2, ou seja, φ é diagonalizável. 3 Para determinar uma base de R onstituída por ve tores próprios é ne essário ainda determinar o subespaço próprio asso iado a λ = 4. Assim, para λ = 4, pretende-se en ontrar os ve tores (x, y, z) ∈ R3 tais que     x 0 (A − 4I3 )  y  =  0  . z 0 Como

uma base de

ou seja, en ontrar a solução do sistema



−3 −3  3 −9 6 −6

Assim,

    3 x 0 3  y  =  0 . 0 z 0

U4 = {(y, y, 2y) : y ∈ R} = h(1, 1, 2)i.

Como ve tores próprios de

φ

asso iados a valores próprios distintos são li-

nearmente independentes,

B = ((1, 1, 2), (1, 1, 0), (−1, 0, 1)). é uma base de

e

e

R3 ,

D = P −1 AP ,

formada por ve tores próprios de

onde

φ.

Assim,



 0 0 −2 0  0 −2



 1 −1 1 0  0 1

4 D = M (φ; B, B) =  0 0 1 P = M (B, BR3 ) =  1 2 

P −1 = M (BR3 , B) = 

1 2 − 21

−1

− 21 3 2

1

1 2 − 21

0



.

6.2 Endomorsmos diagonalizáveis Exer í io 6.28. à base

159

ψ um endomorsmo de R3 B = ((1, 1, −1), (1, −1, 0), (−1, 0, 0)) é   1 −3 3 A =  3 −5 3  . 6 −6 4

Averigúe se

ψ

Considere

uja matriz em relação

é diagonalizável e, em aso armativo, es reva a matriz diagonal

que o representa relativamente a uma erta base do espaço (formada pelos seus ve tores próprios) e a matriz diagonalizante utilizada. O seguinte resultado é um orolário do teorema 6.25.

Corolário 6.29. ϕ

Seja

um endomorsmo de

E um espaço ve torial sobre K de E . Se ϕ admite n valores próprios

dimensão

n

e seja

ϕ

distintos então

é

diagonalizável. De fa to, omo a multipli idade algébri a de ada valor próprio é tipli idade geométri a de ada um dos valores próprios também é a soma das multipli idades geométri as dos igual a

n,

ou seja, existe uma base de

Note-se que se

ϕ

não admite

n

E

n

1.

1,

a mul-

Por isso,

ϕ ϕ.

valores próprios distintos de

formada por ve tores próprios de

é

valores próprios distintos nada se pode on-

luir.

Observação 6.30.

Re orde-se L(E, E) ∼ = Mn×n (K) (veja-se Teorema 5.60). A ∈ Mn×n (K), existe um endomorsmo ϕ de E e uma base B de E tal que A = M (ϕ; B, B). Ora isso permite que todas as denições dadas neste

apítulo possam ser rees ritas para uma matriz quadrada de ordem n. Assim, diz-se que λ ∈ K é valor próprio de A se λ é valor próprio de ϕ. Analogamente, v ∈ E é um ve tor próprio de A asso iado ao valor próprio λ se v é um ve tor próprio de ϕ asso iado ao valor próprio λ. Além disso, diz-se que A é diagonalizável se for semelhante a uma matriz diagonal, isto é, se existem matrizes quadradas de ordem n, P e D , om P invertível e D diagonal, tais que Assim, dada

D = P −1 AP. Re orde-se que à matriz

P

hama-se matriz diagonalizante de

Do que foi dito anteriormente diz-se que, se

A.

é uma matriz quadrada de

n ve tores próprios linearmente indeA, tem por olunas as oordenadas na base B dos ve tores próprios de A linearmente independentes. Se P é uma matriz diagonalizante de A e D = P −1 AP , então os elementos diagonais de D são os valores próprios de A orrespondentes às olunas de P . ordem

n, A é

A

diagonalizável se e só se tem

pendentes. Uma matriz

Observação 6.31.

P

diagonalizante de

Note-se que se duas matrizes têm o mesmo polinómio a-

ra terísti o nada se pode on luir quanto à semelhança entre elas. Por exemplo,

onsiderem-se as matrizes

A=



1 1 0 1



e

I2 =



 1 0 . 0 1

6.2 Endomorsmos diagonalizáveis

160

É fá il veri ar que têm o mesmo polinómio ara terísti o,

(1 − λ)2

(verique!)

e, no entanto, não são semelhantes. De fa to, se A e I2 fossem semelhantes, −1 existia S ∈ M2×2 (R) invertível tal que A = S I2 S = I2 , o que é absurdo! Logo

A

e

I2

não são semelhantes.

Exer í io 6.32.

Verique se as matrizes



2 A= 0 0

são semelhantes.

 1 0 1 −1  2 4

Exer í io Resolvido 6.33. morsmo

ϕ

de

R2

e



2 C = 0 0

 0 0 3 0  0 2

A que representa B = ((1, 1), (−1, 2)) de R2 :   1 3 A= 2 2

Considere a matriz

um endo-

em relação à base

1. Cal ule os valores próprios de

ϕ.

2. Determine o subespaço próprio asso iado ao valor próprio de maior valor absoluto. 3. Indique, aso exista, uma matriz diagonal semelhante a

A,

justi ando a

existên ia dessa matriz. Resolução:

1. Os valores próprios de

ϕ

en ontram-se determinando as soluções da sua

equação ara terísti a. Ora,



A − λI2 = Assim,

det(A−λI) = 0 se e só

se

1−λ 3 2 2−λ



.

(1−λ)(2−λ)−6 = 0, o que é equivalente λ2 − 3λ − 4 = 0, ou seja, λ = −1 ou

a determinar as soluções da equação

λ = 4. Logo, os valores próprios de 2. Como

|4| > | − 1|,

ϕ

ou seja,

são

4

−1

e

4.

é o valor próprio de maior valor abso-

luto, o subespaço próprio pedido é o subespaço próprio asso iado a denição:

U4 = {(x, y) ∈ R2 : ϕ(x, y) = 4(x, y)}. Tem-se então:

ϕ(x, y) = 4(x, y) ⇔ (A − 4I2 )X = 0,

4.

Por

6.2 Endomorsmos diagonalizáveis X

onde

é a matriz oluna das oordenadas de

ampliada do sistema é:



161

A − 4I2

0

Assim,



=



−3 3 0 2 −2 0



(x, y)

na base

−− −−−−−−2−→ ′ L2 = L2 + 3 L1



B.

−3 3 0 0

A matriz

0 0



.

U4 = {(x, x)B : x ∈ R}

= {x(1, 1) + x(−1, 2) : x ∈ R} = {(0, 3x) : x ∈ R} = h(0, 3)i

3. Repare-se que existir uma matriz diagonal semelhante a

A

é o mesmo

que existir uma matriz diagonal que representa o mesmo endomorsmo

ϕ

(re orde-se que matrizes que representam o mesmo endomorsmo são

semelhantes). O que signi a veri ar que

ϕ

é diagonalizável. Pelo que

já foi dito, basta veri ar se a soma das multipli idades geométri as dos 2 valores próprios de ϕ é igual à dimensão de R . Ora,

ma (−1) = 1 ⇒ mg (−1) = 1 ma (4) = 1 ⇒ mg (4) = 1.

2 = dim R2 = mg (−1) + mg (4). Logo ϕ é diagonalizável, o que 2 signi a que existe uma base de R para a qual a matriz de ϕ é diagonal.

Então,

E essa base é a base formada por ve tores próprios de

ϕ

linearmente inde-

pendentes e a matriz é a matriz diagonal formada pelos valores próprios de

ϕ.

Note-se que

U−1 = {(x, y) ∈ R2 : ϕ(x, y) = −(x, y)}. Prove que

U−1

   3 = − y, y :y∈R 2 B   3 = − y(1, 1) + y(−1, 2) : y ∈ R 2    5 1 = − y, y : y ∈ R = h(−5, 1)i 2 2

Assim,

D = M (ϕ; B ′ , B ′ ) =

om

B ′ = ((0, 3), (−5, 1)).

Note-se que



4 0 0 −1



,

(0, 3) = a(1, 1) + b(−1, 2) ⇒ a = 1 ∧ b = 1 (−5, 1) = a(1, 1) + b(−1, 2) ⇒ a = −3 ∧ b = 2.

6.2 Endomorsmos diagonalizáveis

162

Donde ′

P = M (B , B) =



1 1

−3 2



.

Esquemati amente,

A R2

R2 (B) P

ϕ

(B)

idR2

P −1

idR2

(B ′ ) R2

(B ′ )

ϕ R

2

D Con lui-se assim que

D = P −1 AP ,

Exer í ios 6.34.

1. Considere o endomorsmo

ou seja,

P

é a matriz diagonalizante de

ϕ

de

R3

A.

denido por

ϕ(x, y, z) = (x, 2y + z, z), (x, y, z) ∈ R3 . Verique M (ϕ; B, B) é uma matriz diagonal para todo

se existe uma base

B

de

R3

tal que

e, em aso armativo, indique essa

base. 2. Seja

φ

um endomorsmo de

R3

tal que



onde

B R3

valores de

1 M (φ; BR3 , BR3 )  k + 1 0 é a base anóni a de

k

R3

e

k

k 1 1

 0 1  k−1

é um parâmetro real. Indique os

para os quais existe um ve tor não nulo

φ(a, b, c) = −(a, b, c).

(a, b, c)

tal que

7. Produto interno

7.1 Denição e exemplos

164

7.1 Denição e exemplos Nesta se ção apenas se irão onsiderar espaços ve toriais reais, isto é, espaços ve toriais sobre

Denição 7.1.

em

E

R. Seja

E

um espaço ve torial real. Chama-se

a qualquer apli ação

priedades:

ϕ : E × E −→ R

produto interno

que satisfaz as seguintes pro-

(a) linearidade relativamente ao primeiro argumento: α, β ∈ R

e quaisquer

para quaisquer

u, u′ , v ∈ E ,

ϕ(αu + βu′ , v) = αϕ(u, v) + βϕ(u′ , v);

(b) linearidade relativamente ao segundo argumento: α, β ∈ R

e quaisquer

para quaisquer

u, v, v ′ ∈ E ,

ϕ(u, αv + βv ′ ) = αϕ(u, v) + βϕ(u, v ′ );

( ) simetria: para

quaisquer

u, v ∈ E , ϕ(u, v) = ϕ(v, u);

(d) denida positiva: (i) ϕ(u, u) ≥ 0, para qualquer u ∈ E ; (ii) se ϕ(u, u) = 0 então u = 0E . Resumindo, uma apli ação de

E×E

em

R

é um produto interno em

E

se

for bilinear (isto é, linear relativamente ao primeiro e segundo argumentos), simétri a e denida positiva.

Observação 7.2. Observe-se que as propriedades (a) e ( ) impli am a propriedade (b). Portanto, quando se pretende provar que uma apli ação é um produto interno, basta mostrar as propriedades (a), ( ) e (d). Exemplos 7.3.

1. A apli ação

ϕ : R2 × R2 −→ R

ϕ ((x, y), (x′ , y ′ )) = xx′ + yy ′ , é um produto interno em

R2 .

para todo

De fa to,

denida por

(x, y), (x′ y ′ ) ∈ R2 ,

7.1 Denição e exemplos (a)

dados

165

(x, y), (x′ , y ′ ), (z, w) ∈ R2

e

α, β ∈ R

quaisquer, tem-se

ϕ (α(x, y) + β(x′ , y ′ ), (z, w)) = ϕ ((αx + βx′ , αy + βy ′ ), (z, w)) pela denição de adição e multipli ação por um es alar em

R2

= (αx + βx′ )z + (αy + βy ′ )w por denição de ϕ = α(xz + yw) + β(x′ z + y ′ w) pelas propriedades da adição e multi-

R2 = αϕ ((x, y), (z, w)) + βϕ ((x , y ′ ), (z, w)) pli ação por um es alar em



por denição de

( )

sejam

(x, y), (x′ , y ′ ) ∈ R2

ϕ;

quaisquer, então

ϕ ((x, y), (x′ , y ′ )) = xx′ + yy ′ ′

por denição de



=xx+y y

ϕ

pela omutatividade da multipli ação em





= ϕ ((x , y ), (x, y)) Portanto,

(d)

seja

ϕ

por denição de

R

ϕ.

é bilinear e simétri a.

(x, y) ∈ R2

qualquer, então:

(i) ϕ ((x, y), (x, y)) = x2 + y 2 ≥ 0; (ii) ϕ ((x, y), (x, y)) = 0 ⇔ x2 + y 2 = 0 ⇔ (x, y) = (0, 0). Logo,

ϕ

2. A apli ação

também é denida positiva e é portanto um produto interno.

ϕ : R2 × R2 −→ R

denida por

ϕ ((x1 , x2 ), (y1 , y2 )) = x1 y1 , não é um produto interno em

(0, 0).

Exer í io 7.4.

Seja

E

E. E.

ϕ ((0, 1), (0, 1)) = 0

Seja

E

um espaço ve torial real e sejam α, β ∈ R+ . Mostre que αϕ

Sejam ainda

um espaço ve torial real e seja

u, v ∈ E . O produto representa-se por u • v . jam ainda

porque

(x1 , x2 ), (y1 , y2 ) ∈ R2 ,

ϕ

interno entre

(0, 1) 6=

ϕ e ψ dois produtos + βψ é um produto E . Seϕ(u, v), e

um produto interno em

u

e

v

é o número real

Também é usual es rever o produto interno entre

hu, vi.

e

Portanto, não é denida positiva.

internos em interno em

R2 ,

para todo

u

e

v

omo

u|v

ou ainda

7.2 Norma de um ve tor Exemplos 7.5.

166

1. A apli ação de

Rn × Rn

em

R,

denida por

(x1 , x2 , . . . , xn ) • (y1 , y2 , . . . , yn ) = x1 y1 + x2 y2 + · · · + xn yn = para todos

(x1 , x2 , . . . , xn ), (y1 , y2 , . . . , yn ) ∈ Rn , R2 × R2

xi yi ,

i=1

é um produto interno Rn .

produto interno anóni o em

(prove!), ao qual se hama 2. A apli ação de

n X

em

R

denida por

(x1 , x2 ) • (y1 , y2 ) = x1 y1 + x1 y2 + x2 y1 + 2x2 y2 , para todos

Exer í io 7.6.

(x1 , x2 ), (y1 , y2 ) ∈ R2 ,

é um produto interno em

Mostre que a apli ação de

P2 [x] × P2 [x]

em

R

R2

(prove!).

denida por

(a1 x2 + b1 x + c1 ) • (a2 x2 + b2 x + c2 ) = a1 a2 + b1 b2 + c1 c2 , para todos

P2 [x].

a1 x2 + b1 x + c1 , a2 x2 + b2 x + c2 ∈ P2 [x],

Proposição 7.7.

Seja

E

um espaço ve torial real munido de um produto in-

terno. Então, para qualquer

u ∈ E,

u ∈ E.

Então:

Demonstração. Seja

é um produto interno em

0E • u = (0 × 0E ) • u = 0(0E • u)

tem-se

0E • u = 0.

pelas propriedades de espaço ve torial pela bilineariedade do produto interno

= 0.

7.2 Norma de um ve tor Denição 7.8. e seja

u ∈ E.

Seja

E

Chama-se

um espaço ve torial real munido de um produto interno

norma de

u,

não negativo dado por

kuk =

Exemplo 7.9. plo

e representa-se por

√ u • u.

kuk,

ao número real

Rn o produto interno anóni o denido anterior. Então, para (x1 , x2 , . . . , xn ) ∈ Rn , p k(x1 , x2 , . . . , xn )k = (x1 , x2 , . . . , xn ) • (x1 , x2 , . . . , xn ) q = x21 + x22 + · · · + x2n Considere em

R2 o ve tor (1, 2)√ . A norma de (1, 2) √ de R2 é k(1, 2)k = 12 + 22 = 5

Por exemplo, onsidere em ao produto interno anóni o

no exem-

em relação

7.2 Norma de um ve tor

167

Note-se que o on eito de norma depende do produto interno denido no espaço ve torial.

Exemplo 7.10.

Considere em

R2 ,

o produto interno

(x1 , x2 ) • (y1 , y2 ) = x1 y1 + x1 y2 + x2 y1 + 2x2 y2 . A norma de

(1, 2)

em relação a este produto interno é

p √ √ (1, 2) • (1, 2) = 1 + 2 + 2 + 8 = 13.

k(1, 2)k =

Teorema 7.11. (a) kuk = 0

E um espaço ve torial real munido de um produto inu, v ∈ E e α ∈ R são válidas as seguintes propriedades:

. Seja

terno. Para quaisquer

u = 0E ;

se e só se

(b) kαuk = |α| · kuk;

( ) Desigualdade de S hwarz: |u • v| ≤ kuk · kvk;

(d) |u • v| = kuk · kvk

se e só se

u

e

v

são linearmente dependentes;

(e) Desigualdade triangular: ku + vk ≤ kuk + kvk; (f) ku + vk = kuk + kvk se e

só se um dos ve tores se obtém do outro através

da multipli ação deste por um es alar não negativo.

(a). Seja u ∈ E . kuk = 0; então u•u = 0. Pelas propriedades do produto

Demonstração. Prove-se (⇒) Suponha-se que

interno,

u = 0E .

(⇐) Suponha-se agora que

u = 0E ;

Prove-se

e

(b). Sejam u ∈ E

p (αu) • (αu) p = α2 (u • u) √ √ = α2 u • u = |α| · kuk.

kαuk =

Prove-se

( ).

α ∈ R.

então

u•u=0

e, portanto,

kuk = 0.

Então

por denição de norma pela bilinearidade do produto interno

Note-se primeiro que se

u = 0E ou v = 0E , a desigualdade é u 6= 0E e v 6= 0E e seja λ ∈ R.

trivialmente satisfeita. Suponha-se então que

Como o produto interno é uma apli ação denida positiva então

(λu + v) • (λu + v) ≥ 0, ou seja, pela bilinearidade do produto interno,

λ2 (u • u) + λ(u • v) + λ(v • u) + v • v ≥ 0.

7.2 Norma de um ve tor

168

Como o produto interno também é simétri o, obtém-se

λ2 kuk2 + 2λ(u • v) + kvk2 ≥ 0, para qualquer

λ ∈ R.

Considerando

λ=− obtém-se

u•v , kuk2

(u • v)2 (u • v)2 2 kuk − 2 + kvk2 ≥ 0 kuk4 kuk2

o que é equivalente a

(u • v)2 ≤ kuk2 kvk2 .

Portanto,

|u • v| ≤ kuk · kvk. Prove-se

(d).

(⇒) Se

u = 0E então laramente que u e v são linearmente dependentes 6 0E e que e também se tem |u • v| = kuk · kvk. Suponha-se então que u = |u • v| = kuk · kvk. Então (u • v)2 = kuk2 kvk2 , donde (u • v)2 = kvk2 kuk2 e, portanto,

Como

tem-se

(u • v)2 − kvk2 = 0. kuk2

2

u•v

(u • v)2 2

− kvk = − − u + v

, kuk2 kuk2

Pela propriedade

(a),

(justique!)



u•v



= 0. u + v

kuk2

tem-se ne essariamente que



u•v u + v = 0E . kuk2

Portanto,

v=

u•v u, kuk2

v é um múltiplo de u, o que impli a que u e v são linearmente dependentes. u e v são linearmente dependentes. Sem perda generalidade, pode supor-se que v = αu, om α ∈ R. Então

isto é, de

(⇐) Suponha-se agora que

|u • v| = |u • (αu)| = |α| · kuk2.

7.3 Ângulo entre ve tores

169

Por outro lado,

kuk · kvk = kuk · kαuk = |α| · kuk2 . Logo,

|u • v| = kuk · kvk.

Prove-se

(e). Sejam u, v ∈ E . Vai-se provar que ku + vk2 ≤ (kuk + kvk)2 .

Usando a denição de norma e a desigualdade de S hwarz, tem-se

ku + vk2 = (u + v) • (u + v) =u•u+u•v+v•u+v•v = kuk2 + 2(u • v) + kvk2

≤ kuk2 + 2kuk · kvk + kvk2 2

= (kuk + kvk) .

Portanto,

ku + vk ≤ kuk + kvk.

Prove-se

(f). Pela demonstração da propriedade anterior, tem-se a igualdade

ku+vk = kuk+kvk se e só se u•v = kuk·kvk. Prove-se agora que u•v = kuk·kvk se e só se um dos ve tores se obtém do outro através da multipli ação deste por um es alar não negativo. Observe-se que omo Logo, pela propriedade

kuk · kvk ≥ 0 então u • v = |u • v|.

(d), sabe-se que |u • v| = kuk · kvk se e só se os ve tores

u e v são linearmente dependentes. Sem perda de generalidade, suponha-se que v = αu, om α ∈ R. Como u • v = αkuk2 e |u • v| = |α| · kuk2, então α > 0. Re ipro amente, se v = αu, om α > 0, então laramente u • v = kuk · kvk.

Denição 7.12. u vers(u),

e seja

Seja

E

um espaço ve torial real munido de um produto interno

um ve tor não nulo de

E.

Chama-se

ao ve tor

vers(u) =

Observação 7.13. norma

1.

versor de

1

e representa-se por

1 u kuk

O versor de um ve tor não nulo

A um ve tor de norma

u,

hama-se

u

é sempre um ve tor de

ve tor unitário.

7.3 Ângulo entre ve tores Sejam

u, v ∈ E

tais que

u 6= 0E

e

v 6= 0E .

Então, pela desigualdade de S hwarz,

|u • v| ≤ kuk · kvk. E, portanto,

−kuk · kvk ≤ u • v ≤ kuk · kvk,

7.3 Ângulo entre ve tores

170

isto é,

−1 ≤ Assim, existe um valor

θ ∈ [0, π]

u•v ≤ 1. kuk · kvk

tal que

cos θ =

Denição 7.14.

Seja

E

um espaço ve torial real munido de um produto interno.

Dados dois ve tores não nulos

∠(u, v),

representa-se por

u•v . kuk · kvk

u

e

ao valor

cos θ =

∠(u, v) = arccos

tores

(1, 3)

1. Em

(2, 1).

R2 ,

u

om



u•v kuk · kvk



2. Considere, em

R2 ,

onsidere o produto interno anóni o e os ve -

Determine-se

o produto interno denido por

(x1 , x2 ) • (y1 , y2 ) = x1 y1 + x1 y2 + x2 y1 + 2x2 y2 . Determine-se

∠((1, 3), (2, 1)).

Neste aso,



(1, 3) • (2, 1) k(1, 3)k · k(2, 1)k   15 √ = arccos 5 10 √ ! 3 10 = arccos . 10

∠((1, 3), (2, 1)) = arccos

Exer í io 7.16.

Considere, em

R3 ,



o produto interno denido por

(x1 , x2 , x3 ) • (y1 , y2 , y3 ) = 2x1 y1 + x1 y2 + x2 y1 + x2 y2 + x3 y3 . Determine

e

.

∠ ((1, 3), (2, 1)). Ora   (1, 3) • (2, 1) ∠((1, 3), (2, 1)) = arccos k(1, 3)k · k(2, 1)k   2+3 √ = arccos √ 12 + 32 22 + 12 √ ! 2 π = arccos = . 2 4

e

v,

u•v , kuk · kvk

isto é,

Exemplos 7.15.

ângulo de

v de E , hama-se θ ∈ [0, π] tal que

∠((1, 2, 1), (−1, 1, 1)).

7.3 Ângulo entre ve tores

171

Teorema 7.17.

um espaço ve torial real munido de um produto interno

e sejam

e

Seja E u, v ∈ E \ {0E }

α, β ∈ R \ {0}.

(a) ∠(u, u) = 0;

Então:

(b) ∠(u, v) = ∠(v, u); ( ) ∠(u, v) = ∠(αu, βv) se e só se α e β (d) ∠(u, v) = π − ∠(αu, βv)

se e só se

αβ > 0.

e têm o mesmo sinal, isto é,

α

e

β

e têm sinais ontrários, isto é,

αβ < 0.

(a). Ora

Demonstração. Prove-se

∠(u, u) = arccos Prove-se



u•u kuk · kuk

Provem-se



kuk2 kuk2



= arccos 1 = 0.

u•v kuk · kvk



= arccos



v•u kvk · kuk



= ∠(v, u).

( ) e (d). Note-se que αu, βv ∈ E \ {0E }. Logo,

∠(αu, βv) = arccos

e

= arccos



(b). Ora, pela simetria do produto interno,

∠(u, v) = arccos

E, portanto,





(αu) • (βv) kαuk · kβvk



= arccos



(αβ)(u • v) |αβ| · kuk · kvk



αβ > 0 ⇔ |αβ| = αβ ⇔   u•v = ∠(u, v), ⇔ ∠(αu, βv) = arccos kuk · kvk

αβ < 0 ⇔ |αβ| = −αβ ⇔

 ⇔ ∠(αu, βv) = arccos −

u•v kuk · kvk



= π − ∠(u, v).

Exer í io Resolvido 7.18. espaço ve torial real

ei • ei = 1 Sejam

.

u = e1 + e2

E

Seja B = (e1 , e2 , e3 ) uma base ordenada de um munido de um produto interno, tal que

e e

v = e2 − 2e3

(a) kuk; Resolução:

ei • ej = 0,

para todo

i, j ∈ {1, 2, 3}

dois ve tores de

(b) kvk;

E.

e

Determine:

(c) ∠(u, v).

i 6= j.

7.3 Ângulo entre ve tores

172

(a) Por denição de norma e pela bilinearidade do produto interno, tem-se:

√ u•u p = (e1 + e2 ) • (e1 + e2 ) p = e1 • (e1 + e2 ) + e2 • (e1 + e2 ) √ = e1 • e1 + e1 • e2 + e2 • e1 + e2 • e2 √ √ = 1 + 0 + 0 + 1 = 2.

kuk =

(b) Analogamente,

√ v•v p = (e2 − 2e3 ) • (e2 − 2e3 ) p = e2 • (e2 − 2e3 ) − 2e3 • (e2 − 2e3 ) p = e2 • e2 − 2(e2 • e3 ) − 2(e3 • e2 ) + 4(e3 • e3 ) √ √ = 1 − 0 − 0 + 4 = 5.

kvk =

( ) Como

u • v = (e1 + e2 ) • (e2 − 2e3 ) = e1 • (e2 − 2e3 ) + e2 • (e2 − 2e3 )

= e1 • e2 − 2(e1 • e3 ) + e2 • e2 − 2(e2 • e3 ) = 0 − 0 + 1 − 0 = 1,

usando as alíneas anteriores, obtém-se

∠(u, v) = arccos

Exer í io 7.19. e sejam

ke1 k = 2, Para

Seja

e1 , e2 , e3 ∈ E

E



u•v kuk · kvk

e

= arccos



1 √ 10



= arccos

√ ! 10 . 10

um espaço ve torial real munido de um produto interno

tais que

ke2 k = ke3 k = 1,

u = e1 − 3e2



v = e1 + e3 ,

(a) kuk;

e2 • e1 = 0,

∠(e1 , e3 ) =

π 4

e

∠(e2 , e3 ) =

determine:

(b) kvk;

(c) ∠(u, v).

π . 2

7.4 Ve tores ortogonais

173

7.4 Ve tores ortogonais E um espaço ve torial real munido de v são ve tores de E não nulos, então

Seja

u

e

um produto interno. Note-se que se

π u•v = 0 ⇔ cos (∠(u, v)) = 0 ⇔ ∠(u, v) = . kuk · kvk 2

u•v =0⇔

Apresenta-se então a seguinte denição.

Denição 7.20.

Seja

u, v ∈ E . u • v = 0.

E

um espaço ve torial real munido de um produto interno

u

é ortogonal a

v,

e sejam

Diz-se que

e representa-se por

Exemplo 7.21.

Considere, no espaço ve torial real

R2 ,

u ⊥ v,

(1, 0)

os ve tores

se

e

(0, 1). (a) Relativamente ao produto interno anóni o,

(1, 0)

(0, 1)

e

são ortogonais.

(1, 0) • (0, 1) = 0,

ou seja,

(b) Relativamente ao produto interno denido por

(x1 , x2 ) • (y1 , y2 ) = x1 y1 + x1 y2 + x2 y1 + 2x2 y2 ; tem-se

(1, 0) • (0, 1) = 1,

isto é,

(1, 0)

e

(0, 1)

não são ortogonais.

Note-se que, de a ordo om o exemplo anterior, dois ve tores podem ser ortogonais em relação a um produto interno e não serem ortogonais em relação a outro.

Exer í io 7.22.

Considere em

R3

o seguinte produto interno:

(x1 , x2 , x3 ) • (y1 , y2 , y3 ) = 2x1 y1 − x2 y1 − x1 y2 + x2 y2 + x3 y3 . Verique se os ve tores

u = (1, 1, 1), v = (−1, 1, 1) e w = (2, 1, 1) são

ortogonais

dois a dois.

Teorema 7.23. (a)

se

u⊥v

E um espaço u, v ∈ E ,

Seja

Então, para todos

então

(b) 0E ⊥ u; ( ) u ⊥ u

(d)

se

v ⊥ u;

se e só se

u⊥v

então

ve torial real munido de um produto interno.

u = 0E ;

u ⊥ λv ,

para todo

λ ∈ R.

7.5 Sistema ortogonal e sistema ortonormado Demonstração. Prove-se

u ∈ E. Prove-se Prove-se

(a)

(b).

resulta do fa to de que

Como

0E • u = 0,

174

u • v = v • u,

para todo

u ∈ E,

para todos

então

0E ⊥ u,

u, v ∈ E . para todo

( ). Repare-se que u ⊥ u se e só se u • u = 0 se e só se u = 0E . (d). Se u ⊥ v

então

u • v = 0.

Logo

λ(u • v) = 0, para todo λ ∈ R. u • (λv) = 0, para

Assim, usando a bilinearidade do produto interno, tem-se todo

λ ∈ R.

Exer í io 7.24.

u, v ∈ E

Determine para que valores do ve tor

E munido de um produto kuk = 1, kvk = 2 e ∠(u, v) = π3 . parâmetro α, o ve tor αu + v é ortogonal ao

Considere, num espaço ve torial real

interno, dois ve tores

tais que

2u + 3v .

7.5 Sistema ortogonal e sistema ortonormado Denição 7.25. Sejam ainda

Seja E um espaço ve torial real munido de um produto interno. v1 , v2 , . . . , vk ∈ E . Diz-se que os ve tores v1 , v2 , . . . , vk formam um

sistema ortogonal se ada um dos ve tores é ortogonal a ada um dos outros, ou seja,

vi • vj = 0,

para todo

i, j ∈ {1, 2, . . . , k}

e

i 6= j.

v1 , v2 , . . . , vk forem unitários (ou normados), isto é, i ∈ {1, 2, . . . , k}, diz-se que esses ve tores formam um sistema ortonormado, ou seja, v1 , v2 , . . . , vk formam um sistema ortonormado se, para todo i, j ∈ {1, 2, . . . , k},  0 se i 6= j vi • vj = 1 se i = j Se, além disso, os ve tores

kvi k = 1,

para todo

Exemplos 7.26.

R3 munido do produto interno anóni o, os ve tores u = (1, 0, −1), v = (2, 0, 2) e w = (0, 5, 0) formam um sistema ortogonal. (a) Em

De fa to, verique que

u • v = u • w = v • w = 0. Mas não √ 2 6= 1. (b) Em

Rn

formam um sistema ortonormado porque, por exemplo,

munido do produto interno anóni o, a base anóni a de

stitui um sistema ortonormado.

kuk =

Rn

on-

7.6 Base ortogonal e base ortonormada Exer í io 7.27.

No espaço ve torial real

R2 ,

175

onsidere o seguinte produto in-

terno:

(x1 , x2 ) • (y1 , y2 ) = x1 y1 + 2x1 y2 + 2x2 y1 + 5x2 y2 . u = (2, −1)

Mostre que os ve tores mado.

e

v = (−1, 0)

formam um sistema ortonor-

Teorema 7.28.

Seja E um espaço ve torial real munido de um produto interno. v1 , v2 , . . . , vk ∈ E não nulos. Se v1 , v2 , . . . , vk formam um sistema então v1 , v2 , . . . , vk são linearmente independentes.

Sejam ainda ortogonal,

Demonstração. Sejam

α1 , α2 , . . . , αk ∈ R

tais que

α1 v1 + α2 v2 + · · · + αk vk = 0E . i ∈ {1, . . . , k}

Então, para ada

tem-se

(α1 v1 + α2 v2 + · · · + αk vk ) • vi = 0E • vi , ou seja, pela bilinearidade do produto interno,

α1 (v1 •vi )+· · ·+αi−1 (vi−1 •vi )+αi (vi •vi )+αi+1 (vi+1 •vi )+· · ·+αk (vk •vi ) = 0 v1 , v2 , . . . , vk formam um sistema ortogonal, vj • vi = 0 para i 6= j . Logo, αi (vi • vi ) = 0. Por outro lado, omo o produto interno é denido positivo, vi • vi 6= 0, pois vi 6= 0E . Donde αi = 0. Con lui-se então que α1 = α2 = · · · = αk = 0, ou seja, que v1 , v2 , . . . , vk são linearmente independentes.

Como

obtém-se

7.6 Base ortogonal e base ortonormada Denição 7.29.

A um espaço ve torial real de dimensão nita munido de um

produto interno hama-se

Denição 7.30.

espaço eu lidiano.

n e seja B = u1 , u2 , . . . , un formam um sistema ortogonal diz-se que B é uma base ortogonal de E . Se u1 , u2 , . . . , un formam um sistema ortonormado diz-se que B é uma base ortonormada de E . (u1 , u2 , . . . , un )

Seja

E

um espaço eu lidiano de dimensão

uma base ordenada de

Exemplo 7.31.

E.

Se os ve tores

Considere a base anóni a de

R2 , BR2 = ((1, 0), (0, 1)).

R2 está munido do produto interno anóni o, então (1, 0) • (0, 1) = 0, k(1, 0)k = 1 e k(0, 1)k = 1, logo BR2 é uma base ortonormada.

(a) se

7.6 Base ortogonal e base ortonormada (b) se

R2

176

está munido do produto interno denido por

(x1 , x2 ) • (y1 , y2 ) = x1 y1 + x1 y2 + x2 y1 + 2x2 y2 , então (1, 0) • (0, 1) = 1 6= 0 e, portanto, BR2 não é uma base ortogonal de R2 e, onsequentemente, também não é uma base ortonormada de R2 .

Exer í io 7.32.

Seja

E

um espaço eu lidiano tal que

base ortogonal. Seja ainda

u = e1 + e2 .

Mostre que

B = (e1 , e2 )

é uma sua

kuk2 = ke1 k2 + ke2 k2 . (Observe-se que este resultado é o Teorema de Pitágoras para

E = R2

munido

do produto interno anóni o.)

Exer í io 7.33. U =< u >.

Seja

E

um espaço eu lidiano,

Determine as bases ortonormadas de

u um U.

ve tor não nulo de

E

e

7.6.1 Método de ortonormalização de Gram-S hmidt Nesta se ção vai-se mostrar que um espaço eu lidiano

E

admite sempre uma

base ortonormada, provando-se que a apli ação do algoritmo seguinte, denominado

método de ortonormalização de Gram-S hmidt,

a uma base de

E

qualquer produz uma sua base ortonormada.

Algoritmo 7.34. Método de ortonormalização de Gram-S hmidt

E um espaço eu lidiano e E . Aplique-se os n passos w1 , w2 , . . . , wn . Passo 1: w1 = vers(e1 ) = e1 . ke1 k Seja

nada de

seja

B = (e1 , e2 , . . . , en ) uma base ordeB , onstruindo-se os ve tores

seguintes a

Passo 2:

(a) z2 = e2 − (e2 • w1 )w1 . (b) w2 = vers(z2 ) =

z2 . kz2 k

Em geral, apli a-se o passo i, ao onjunto ordenado

(w1 , w2 , . . . , wi−1 , ei , . . . , en ) obtido no nal do passo

Passo i:

i − 1.

(a) zi = ei − (ei • w1 )w1 − (ei • w2 )w2 − · · · − (ei • wi−1 )wi−1 ;

7.6 Base ortogonal e base ortonormada (b) wi = vers(zi ) = No nal do passo

177

zi kzi k ,

n

obtém-se o onjunto ordenado

(w1 , w2 , . . . , wn ),

que é o

resultado do algoritmo. O teorema seguinte mostra que a apli ação do método de ortonormalização de Gram-S hmidt a uma base qualquer de um espaço eu lidiano produz uma base ortonormada desse espaço.

Teorema 7.35. ordenada de

E

e

ortonormalização

E um espaço eu lidiano, B = (e1 , . . . , en ) uma base B = (w1 , . . . , wn ) o resultado da apli ação do método de ′ de Gram-S hmidt a B . Então B é uma base ortonormada de

Sejam ′

E. Demonstração. A prova faz-se mostrando que em ada passo, o algoritmo onstrói uma base de

E

por substituição de um ve tor na base onstruída no passo

anterior, o qual forma um sistema ortonormado juntamente om os ve tores introduzidos nos passos anteriores.

||w1 || = 1, isto é, w1 forma um sistema ortonormado. (w1 , e2 , . . . , en ) é uma base de E (prove!). Prove-se agora que (w1 , w2 , e3 , . . . , en ) obtido no passo 2, é uma base de E em que w1 e w2 formam um sistema ortonormado. Como e2 e w1 são linearmente independentes, z2 = e2 − (e2 • w1 )w1 é um ve tor não nulo de E . Além disso, z2 ⊥ w1 , pois Note-se que no passo 1,

Além disso,

z2 • w1 = (e2 − (e2 • w1 )w1 ) • w1

= e2 • w1 − (e2 • w1 )(w1 • w1 ) = e2 • w1 − (e2 • w1 )kw1 k =0

2

pela bilinearidade do produto interno porque porque

w1 • w1 = kw1 k2 kw1 k = 1.

Logo pela bilinearidade do produto interno,

w2 • w1 =

z2 1 • w1 = (z2 • w1 ) = 0. ||z2 || ||z2 ||

Assim w1 , w2 formam um sistema ortogonal e, omo ||w2 || = 1 vers(z2 ), obtém-se que w1 , w2 formam um sistema ortonormado.

pois

w2 =

Para provar o aso geral, suponha-se que no m do passo i-1 obtém-se a base

E , (w1 , w2 , . . . , wi−1 , ei , . . . , en ), onde w1 , w2 , . . . , wi−1 formam um sistema ortonormado e prove-se que (w1 , w2 , . . . , wi−1 , wi , ei+1 . . . , en ) obtido no nal do passo i é uma base de E em que w1 , w2 , . . . , wi−1 , wi formam um sistema ortonormado. Como ei , w1 , w2 , . . . , wi−1 são linearmente independentes, zi é um ve tor não nulo de E . Além disso, para j ∈ {1, . . . , i − 1},

de

zi • wj = [ei − (ei • w1 )w1 − · · · − (ei • wj−1 )wj−1 − (ei • wj )wj −

− (ei • wj+1 )wj+1 − · · · − (ei • wi−1 )wi−1 ] • wj = ei • wj − (ei • w1 )(w1 • wj ) − · · · − (ei • wj−1 )(wj−1 • wj )−

− (ei • wj )(wj • wj ) − (ei • wj+1 )(wj+1 • wj ) −· · ·− (ei • wi−1 )(wi−1 • wj ),

7.6 Base ortogonal e base ortonormada

178

pela bilineariedade do produto interno, e portanto, zi • wj = 0, porque wℓ • wj = 0 se ℓ 6= j e wj • wj = ||wj ||2 = 1. Logo wi = ||zzii || é tal que wi ⊥ wj ,

j ∈ {1, . . . , i − 1}, e kwi k = 1. Con lui-se assim que w1 , w2 , . . . , wi−1 , wi

formam

um sistema ortonormado. Fa ilmente se vê que o onjunto ordenado

(w1 , w2 , . . . , wi−1 , wi , ei+1 , . . . , en ) é uma base de

E

(prove!).

Deste modo, no m do passo n, o método de ortonormalização de GramS hmidt produz uma base ortonormada,

Corolário 7.36.

Seja

E

(w1 , w2 , . . . , wn ),

de

E.

um espaço eu lidiano não trivial. Então

E

admite pelo

menos uma base ortonormada.

Exer í io Resolvido 7.37.

R3 munido do R3 , apli ando o

Considere o espaço ve torial real

produto interno anóni o. Obtenha uma base ortonormada de método de ortonormalização de Gram-S hmidt à base

B = ((0, 1, 0), (1, 2, 1), (0, 1, 2)). Resolução: Considere-se Como

ke1 k = 1,

e1 = (0, 1, 0), e2 = (1, 2, 1)

e

e3 = (0, 1, 2).

então

w1 = vers(e1 ) =

e1 = e1 = (0, 1, 0). ke1 k

Assim

z2 = e2 − (e2 • w1 ) w1 = (1, 2, 1) − 2 (0, 1, 0) = (1, 0, 1) . e, portanto, omo

então

√ kz2 k = k(1, 0, 1)k = 2, √ ! √ 2 2 z2 w2 = vers(z2 ) = . Por m, = , 0, kz2 k 2 2 z3

Como

kz3 k =

= e3 − (e3 • w1 ) w1 − (e3 • w2 ) w2 √ √ ! √ 2 2 = (0, 1, 2) − (0, 1, 0) − 2 = (−1, 0, 1). , 0, 2 2 √

2,

então

z3 w3 = vers(z3 ) = = kz3 k

R3 é √ √ √ ! √ !! 2 2 2 2 , − . , 0, , 0, 2 2 2 2

Assim uma base ortonormada de

B′ =

(0, 1, 0),

√ √ ! 2 2 . − , 0, 2 2

7.7 Matriz da métri a Exer í io 7.38.

179

Para o espaço ve torial real

R2

munido do produto interno

denido por

(x1 , x2 ) • (y1 , y2 ) = 3x1 y1 + x1 y2 + x2 y1 + x2 y2 , obtenha uma base ortonormada, apli ando o método de ortonormalização de 2 Gram-S hmidt à base anóni a de R , BR2 = ((1, 0), (0, 1)).

7.7 Matriz da métri a Sejam ainda

E um espaço u, v ∈ E e

eu lidiano e

B = (e1 , e2 , . . . , en )

u = (x1 , x2 , . . . , xn )B as oordenadas de

u

e

v,

e

uma base de

e

Sejam

v = (y1 , y2 , . . . , yn )B

respe tivamente, em relação à base

u = x1 e1 + x2 e2 + · · · + xn en

E.

B,

isto é,

v = y1 e1 + y2 e2 + · · · , yn en .

Então, pela bilinearidade do produto interno,

u•v

= (x1 e1 + x2 e2 + · · · + xn en ) • (y1 e1 + y2 e2 + · · · + yn en ) = x1 y1 (e1 • e1 ) + · · · + x1 yj (e1 • ej ) + · · · + x1 yn (e1 • en ) +···+ xi y1 (ei • e1 ) + · · · + xi yj (ei • ej ) + · · · + xi yn (ei • en ) +···+

xn y1 (en • e1 ) + · · · + xn yj (en • ej ) + · · · + xn yn (en • en )   y1 e1 • e1 · · · e1 • ej · · · e1 • en   ..  . . . . . .  .  . . .     e • e · · · e • e · · · e • e = x1 · · · xi · · · xn  i j i n   yj  i 1  .  . . . . . .   ..  . . . en • e1 · · · en • ej · · · en • en yn

isto é,

onde



 X = 

na base

B,

x1 . . .

xn

  

e



 Y = 

respe tivamente, e

da métri a

u • v = X T GY, 

y1 . . .

são os ve tores das oordenadas de

yn G = [ei • ej ].

A matriz

do produto interno em relação à base

ei • ej = ej • ei , i, j = 1, . . . , n,

simétri a.

 

u



   ,   

e

v

G é denominada matriz B . Observe-se que omo

tem-se que a matriz da métri a é uma matriz

7.7 Matriz da métri a

180

Exer í io Resolvido 7.39.

Considere o espaço ve torial real

R3

munido do

produto interno

(x1 , x2 , x3 ) • (y1 , y2 , y3 ) = 2x1 y1 + x1 y2 − x1 y3 + x2 y1 + 3x2 y2 − x3 y1 + x3 y3 e a base de

R3 , B = (e1 , e2 , e3 ) onde e1 = (1, 0, 0), e2 = (1, 1, 0) e e3 = (1, −1, 1).

a) Determine a matriz da métri a

G

do produto interno em relação à base

B. b) Cal ule

(1, 1, 0) • (2, −2, 1) usando

a matriz da métri a

G

obtida na alínea

anterior.

Resolução: a)

e1 • e1 = 2, e1 • e2 = 3, e1 • e3 = 0, e2 • e2 = 7, e2 • e3 = −2, e3 • e3 = 2 (verique!). Logo, omo G é simétri a, obtém-se,   2 3 0 G =  3 7 −2  . 0 −2 2

b)

(1, 1, 0) = (0, 1, 0)B

(2, −2, 1) = (2, −1, 1)B (verique!). Assim,    0 2   2 3 (1, 1, 0) • (2, −2, 1) = 0 1 0  3 7 −2   −1  = −3. 0 −2 2 1

Exer í io 7.40.

Sejam

e

E um E.

espaço eu lidiano de dimensão 3 e

(e1 , e2 , e3 )

uma base ortonormada de a) Mostre que

(e1 + e2 , e3 , e1 − e2 )

é uma base de

E

.

b) Determine a matriz da métri a do produto interno relativamente à base

(e1 + e2 , e3 , e1 − e2 ). O próximo teorema mostra omo se rela ionam duas matrizes da métri a que representam o mesmo produto interno.

Teorema 7.41.

Sejam E um espaço eu lidiano, B = (e1 , e2 , . . . , en ) e B ′ = ′ ′ ′ (e1 , e2 , . . . , en ) duas bases de E e G e G′ as matrizes da métri a do produto ′ interno em relação às bases B e B , respe tivamente. Então

G′ = P T GP, onde

P = M (idE ; B ′ , B).

7.7 Matriz da métri a x

ve tores arbitrários de E , X e ′ nas bases B e B , respe tivamente, e Y e ′ nas bases B e B , respe tivamente. Logo

Demonstração. Sejam

oordenadas de

oordenadas de

x y

181

e

y

x • y = X T GY Como

X = P X′

e

Y = P Y ′,

onde

e

X′ Y′

os ve tores das os ve tores das

x • y = X ′T G′ Y ′ .

P = M (idE ; B ′ , B),

obtém-se

x • y = X T GY = (P X ′ )T G(P Y ′ ) = X ′T P T GP Y ′ ,

on luindo-se assim que

X ′T (P T GP )Y ′ = X ′T G′ Y ′ . G′ = P T GP , onsiderem-se i, j ∈ {1, . . . , n} e x = e′i    0 0  ..  .  .   .  .    ′ i j , e portanto, 1  e Y =  1      .  .  .   ..  . 0 0

Para mostrar que



Então

   X′ =    

que é o elemento

e

y = e′j .

e′i • e′j = X ′T (P T GP )Y ′ ,

(i, j)

da matrix

P T GP .

Po outro lado, tem-se que

e′i • e′j = X ′T G′ Y ′ , ′ que é o elemento (i, j) da matrix G . Assim, on lui-se que os elementos (i, j) T ′ das matrizes P GP e G são iguais para quaisquer i, j ∈ {1, . . . , n}, ou seja, G′ = P T GP .

Exemplo 7.42.

Considere-se o espaço ve torial real

R3

munido do produto

interno

(x1 , x2 , x3 ) • (y1 , y2 , y3 ) = 2x1 y1 + x1 y2 − x1 y3 + x2 y1 + 3x2 y2 − x3 y1 + x3 y3 .   2 3 0 7 −2  é a matriz da métri a em relação à base B = Como G =  3 0 −2 2 ((1, 0, 0), (1, 1, 0), (1, −1, 1)) (ver Exer í io Resolvido 7.39) tem-se que a matriz da métri a em relação à base anóni ade R3 é G′ = P T GP , onde P = 1 −1 −2 1  (verique!) obtém-se M (idR3 , BR3 , B). Como P =  0 1 0 0 1       1 0 0 2 3 0 1 −1 −2 2 1 −1 1  =  1 3 0 . G′ =  −1 1 0   3 7 −2   0 1 −2 1 1 0 −2 2 0 0 1 −1 0 1

7.8 Complemento ortogonal e proje ções ortogonais Sejam

E

182

G a matriz da métri a em relação a uma B = (w1 , w2 , . . . , wn ) de E . Como wi • wj = 0, se i = 6 j, e i, j ∈ {1, . . . , n}, tem-se que G = In .

um espaço eu lidiano e

base ortonormada

wi • wi = 1,

para

Teorema 7.43.

Seja

E

Demonstração. Seja

B

um espaço eu lidiano. A matriz da métri a em relação

E

a uma base qualquer de

é invertível.

uma base de

E

e

G

a matriz da métri a em relação a

Vai-se provar que G é invertível. ′ Seja B uma base ortonormada de

B.

E . Então G = P T G′ P , onde G′ = In é B ′ e P = M (idE ; B, B ′ ). Logo, omo G′

matriz da métri a em relação à base P (e portanto P T ) são invertíveis, G também o é.

a e

7.8 Complemento ortogonal e proje ções ortogonais Denição 7.44. e

X

E

Seja

um espaço ve torial real munido de um produto interno

um sub onjunto não vazio de

E.

O ortogonal de

X

é

X ⊥ = {y ∈ E : y ⊥ x ∀ x ∈ X}.

Teorema 7.45. e

X

Seja

E

um espaço ve torial real munido de um produto interno E . Então X ⊥ é um subespaço ve torial de E .

um sub onjunto não vazio de

X ⊥ ⊂ E por denição de X ⊥ . ⊥ ⊥ Como 0E ⊥ x ∀ x ∈ X , 0E ∈ X , e portanto, X 6= ∅. ⊥ é fe hado em relação à adição e à multipli ação por Para provar que X ⊥ um es alar onsiderem-se y1 , y2 ∈ X e α, β ∈ R arbitrários e demonstre-se que ⊥ αy1 + βy2 ∈ X , ou seja, que (αy1 + βy2 ) • x = 0 ∀ x ∈ X . De fa to, se x é um ve tor arbitrário de X , tem-se que (αy1 + βy2 ) • x = α(y1 • x) + β(y2 • x), pela bilinearidade do produto interno, e portanto, omo y1 • x = y2 • x = 0, ⊥ pois y1 e y2 perten em a X , tem-se que (αy1 + βy2 ) • x = 0, o que prova que ⊥ αy1 + βy2 ∈ X . ⊥ Con lui-se assim que X é um subespaço ve torial de E . Demonstração. Note-se que

Denição 7.46. X X.

e

Seja

E

um espaço ve torial real munido de um produto interno E . A X ⊥ hama-se o subespaço ortogonal de

um sub onjunto não vazio de

Exemplo 7.47.

Considere-se o espaço ve torial real

interno anóni o e

X = {(1, 0)}. X⊥

= =

R2

O subespaço ortogonal de

munido do produto

X

{(x, y) ∈ R2 : (x, y) • (1, 0) = 0}

{(x, y) ∈ R2 : x = 0}.

é

7.8 Complemento ortogonal e proje ções ortogonais Teorema 7.48. X

e

e

(a)

Y

se

Seja

um espaço ve torial real munido de um produto interno

sub onjuntos não vazios de

X ⊂Y

então

(b) X ⊂ (X ⊥ )⊥ ; ( )

E

seja

S

E.

Então

Y ⊥ ⊂ X ⊥;

o menor subespaço ve torial de

interse ção de todos os subespaços de

(d)

se

X ∩ X ⊥ 6= ∅

183

então

E

E

que ontém

que ontêm

X ).

X

(isto é, ⊥

Então

S

S é a = X ⊥;

X ∩ X ⊥ = {0E }.

(a)

Demonstração. Para demonstrar , suponha-se que X ⊂ Y e prove-se que Y ⊥ ⊂ X ⊥ . Seja z ∈ Y ⊥ arbitrário. Então z • y = 0 ∀ y ∈ Y . Logo, omo X ⊂ Y ⊥ tem-se que z • y = 0 ∀ y ∈ X , o que signi a que z ∈ X , on luindo-se assim que

0

Y ⊥ ⊂ X ⊥.

(b)

⊥ Prove-se . Seja x ∈ X arbitrário. Então, por denição de X , x • z = ⊥ ⊥ ⊥ ∀ z ∈ X , o que impli a que x ∈ (X ) , on luindo-se que X ⊂ (X ⊥ )⊥ . ⊥ Prove-se . Como X ⊂ S on lui-se por que S ⊂ X ⊥ . Para provar a

( )

(a)

in lusão ontrária, ome e-se por observar que um ve tor arbitrário de

E

per-

ten e a S se e só se for ombinação linear de ve tores de X (prove!). Considere-se y ∈ X ⊥ arbitrário e prove-se que y ∈ S ⊥ . Como y ∈ X ⊥ ,

y • x = 0 ∀ x ∈ X.

(7.1)

y ∈ S ⊥ , tome-se um ve tor z de S arbitrário e mostre-se y • z = 0. Como z ∈ S , existem x1 , x2 , . . . , xk ∈ X e α1 , α2 , . . . , αk ∈ R tais z = α1 x1 + α2 x2 + · · · + αk xk . Então Para provar que

y•z

que que

= y • (α1 x1 + α2 x2 + · · · + αk xk ) = α1 (y • x1 ) + α2 (y • x2 ) + · · · + αk (y • xk ),

pela bilinearidade do produto interno. Logo, omo por (7.1), y • xi = 0, i = ⊥ ⊥ tem-se que y • z = 0, on luindo-se assim que y ∈ S . Logo X ⊂ S⊥. ⊥ Prove-se . Suponha-se que X ∩ X 6= ∅ e onsidere-se x ∈ X ∩ X ⊥ ⊥ arbitrário. Então omo x ∈ X e x ∈ X , tem-se que x • x = 0, o que signi a ⊥ que x = 0E . Logo X ∩ X = {0E }.

1, . . . , k ,

(d)

Exemplo 7.49.

Considere-se o espaço ve torial real

interno anóni o e

y ∈ R}

X = {(1, 0)}.

(ver Exemplo 7.47). Logo,

(X ⊥ )⊥

R2

O subespaço ortogonal de

munido do produto X é X ⊥ = {(0, y) :

= {(a, b) ∈ R2 : (a, b) • (x, y) = 0 ∀ (x, y) ∈ X ⊥ }

= {(a, b) ∈ R2 : (a, b) • (0, y) = 0 ∀ y ∈ R} = {(a, b) ∈ R2 : by = 0 ∀ y ∈ R}

= {(a, b) ∈ R2 : b = 0}. Note-se que

X ⊂ (X ⊥ )⊥

mas

X 6= (X ⊥ )⊥ .

7.9 Subespaço ortogonal de um subespaço ve torial Teorema 7.50.

E

Sejam

um espaço ve torial real munido de um produto in-

terno, v1 , v2 , . . . , vk ∈ E , S =< v1 , v2 , . . . , vk y ∈ S ⊥ se e só se y⊥vi , i = 1, . . . , k .

>

e

y

um ve tor de

Demonstração. Note-se que o menor subespaço ve torial de

( )

onjunto de ve tores X = {v1 , v2 , . . . , vk } é S . Logo, por S ⊥ = X ⊥ , on luindo-se assim que y ∈ S ⊥ se e só se y ∈ se

184

E

E.

Então

que ontém o

do Teorema 7.48, X ⊥ , ou seja, se e só

y⊥vi , i = 1, . . . , k .

7.9 Subespaço ortogonal de um subespaço ve torial Nesta se ção vão-se onsiderar sub onjuntos de de

E

Denição 7.51. e

F

E

que são subespaços ve toriais

e os seus ortogonais.

Seja

E

um espaço ve torial real munido de um produto interno E . Ao subespaço ortogonal de F , F ⊥ , hama-se

um subespaço ve torial de

omplemento ortogonal de

Exemplo 7.52.

F.

Considere o espaço ve torial real

R4

munido do produto interno

4 X 1 xj yj (x1 , x2 , x3 , x4 ) • (y1 , y2 , y3 , y4 ) = (x1 y2 + x2 y1 ) + 2 j=1

F =< (1, −1, 0, 0), (1, 0, 12 , 0), (0, 2, 1, 2) >.

omplementar de F .

e o subespaço ve torial o subespaço

Determine-se

Pelo Teorema 7.50 tem-se que

(a, b, c, d) ∈ F ⊥

Ou seja

  (a, b, c, d) • (1, −1, 0, 0) = ⇔ (a, b, c, d) • (1, 0, 12 , 0) =  (a, b, c, d) • (0, 2, 1, 2) =  b  a = c = −3b ⇔  d = 0

0 0 0

F ⊥ = {(a, b, c, d) ∈ R4 : a = b, c = −3b, d = 0}.

O teorema seguinte apli a-se a espaços ve toriais de dimensão nita.

Teorema 7.53. E.

Sejam

Então

(a) E = F ⊕ F ⊥ ;

E

um espaço eu lidiano e

F

um subespaço ve torial de

7.9 Subespaço ortogonal de um subespaço ve torial

185

(b) (F ⊥ )⊥ = F . (a).

⊥ ⊥ pois F e F são O ve tor 0E perten e a F ∩ F ⊥ subespaços ve toriais de E . Logo F ∩F 6= ∅, o que impli a (por do Teorema ⊥ 7.48) que F ∩ F = {0E }. ⊥ ⊥ Prove-se agora que E = F + F . É óbvio que F + F ⊂ E . Para provar que

Demonstração. Prove-se

(a)

a in lusão ontrária é verdadeira onsiderem-se os seguintes asos: ⊥ Caso 1: F = {0E }. Neste aso F = E e onsequentemente E = ⊥ Caso 2: F = E . É óbvio que E = F + F .

F + F ⊥.

F 6= {0E } e F 6= E . Como E tem dimensão nita e F é um subespaço E , tem-se que F admite uma base. Seja B = (f1 , f2 , . . . , fk ) ⊥ uma base ortonormada de F . Para provar que E ⊂ F + F , onsidere-se um ve tor x ∈ E arbitrário. Então Caso 3:

ve torial não nulo de

x−

x = = k X

k X i=1

(x • fi )fi +

x1 + x2 ,

i=1

(x • fi )fi

k X

(x • fi )fi . i=1 i=1 Como x2 é ombinação linear dos ve tores da base B de F , tem-se que x2 ∈ F . Vai-se provar que x1 ∈ F ⊥ . Pelo Teorema 7.50 basta mostrar que x1 ⊥fj , j = 1, . . . , k . Tem-se então que, para j ∈ {1, . . . , k}, onde

x1 = x −

(x • fi )fi

k X

x1 • fj

e

x2 =

=

=

(x −

k X i=1

x • fj −

(x • fi )fi ) • fj k X i=1

(x • fi )(fi • fj ),

pela bilinearidade do produto interno. Como que

fi • fj = 0 ⊥

i 6= j

x1 ∈ F , o que E = F + F ⊥.

Logo que

se

e

fj • fj = 1

B

é uma base ortonormada tem-se

e portanto

x1 • fj = x • fj − x • fj = 0. impli a que

x = x2 + x1 ∈ F + F ⊥ ,

on luindo-se assim

(b).

⊥ ⊥ Pelo Teorema 7.48, tem-se que F ⊂ (F ) , logo, F é um ⊥ ⊥ ⊥ ⊥ subespaço ve torial de (F ) . Para provar que F = (F ) basta provar que ⊥ ⊥ ⊥ ⊥ , E = F ⊕F e omo F também é um subespaço dim F = dim (F ) . Por ⊥ ve torial de E , E = F ⊕ (F ⊥ )⊥ . Logo dim E = dim F + dim F ⊥ e dim E = ⊥ ⊥ ⊥ dim F + dim (F ) , on luindo-se assim que dim F = dim (F ⊥ )⊥ , o que Prove-se

(a)

prova

(b).

Pelo Teorema 7.53, tem-se que se E é um espaço eu lidiano e E = F ⊕ F ⊥ . Assim, dado um ve tor v ∈ ⊥ e são úni os, os ve tores f1 ∈ F e f2 ∈ F tais que v = f1 + f2 . subespaço ve torial, então

F um seu E existem,

7.10 Distân ia entre ve tores Denição 7.54. E

e

v

Sejam

um ve tor de

E.

E

186 F um subespaço f2 ∈ F ⊥ tais que

um espaço eu lidiano,

Sejam ainda

f1 ∈ F

e

ve torial de

v = f1 + f2 . O ve tor

f1

designa-se proje ção ortogonal de

f1 . O ve tor f2 PF⊥⊥ (v) = f2 .

v

v

⊥ e representa-se PF (v) = ⊥ sobre F e representa-se

R4

munido do produto interno

sobre

designa-se proje ção ortogonal de

Exemplo 7.55.

Considere o espaço ve torial real

(x1 , x2 , x3 , x4 ) • (y1 , y2 , y3 , y4 ) =

F

4 X 1 (x1 y2 + x2 y1 ) + xj yj , 2 j=1

1 o subespaço ve torial F =< (1, −1, 0, 0), (1, 0, 2 , 0), (0, 2, 1, 2) > e o ve tor x = 4 ⊥ ⊥ (1, 2, 3, 4) ∈ R . Determine-se PF (x) e PF ⊥ (x). 1 1 1 Note-se que B = ((1, −1, 0, 0), ( 2 , 2 , 2 , 0), (0, 0, 0, 1)) é uma base ortonormada de F (verique!). Assim, tem-se que

PF⊥ (1, 2, 3, 4) = ((1, 2, 3, 4) • (1, −1, 0, 0))(1, −1, 0, 0) + 1 1 1 1 1 1 +((1, 2, 3, 4) • ( , , , 0))( , , , 0) + 2 2 2 2 2 2 +((1, 2, 3, 4) • (0, 0, 0, 1))(0, 0, 0, 1) 11 19 15 = ( , , , 4) 8 8 8 e

3 3 9 PF⊥⊥ (1, 2, 3, 4) = (1, 2, 3, 4) − PF⊥ (1, 2, 3, 4) = (− , − , , 0). 8 8 8

7.10 Distân ia entre ve tores Denição 7.56. Dados

a, b ∈ E ,

Seja

E

um espaço ve torial real munido de um produto interno.

dene-se a distân ia entre

a

e

b, d(a, b),

omo

d(a, b) = ||a − b||. Como visto na Se ção 7.2 a norma de um ve tor depende do produto interno

onsiderado, a onte endo portanto o mesmo om a distân ia entre ve tores.

Exemplo 7.57. (3, 4)

de

Considere-se o espaço ve torial real

R2

e os ve tores

(1, 2)

e

R2 .

(a) Relativamente ao produto interno anóni o,

d((1, 2), (3, 4)) = ||(1, 2)−(3, 4)|| = ||(−2, −2)|| =

p √ (−2)2 + (−2)2 = 2 2.

7.10 Distân ia entre ve tores

187

(b) Relativamente ao produto interno denido por

(x1 , x2 ) • (y1 , y2 ) = x1 y1 + x1 y2 + x2 y1 + 2x2 y2 ; √ √ d((1, 2), (3, 4)) = ||(1, 2) − (3, 4)|| = ||(−2, −2)|| = 4 + 4 + 4 + 8 = 2 5.

Teorema 7.58. terno e

Sejam

a, b, c ∈ E .

E

um espaço ve torial real munido de um produto in-

Então

(a) d(a, b) = 0 ⇔ a = b;

(b) d(a, b) = d(b, a);

( ) d(a, b) ≤ d(a, c) + d(c, b). Demonstração. As seguintes demonstrações de orrem do Teorema 7.11. Prove-se

(a):

d(a, b) = 0 ⇔ ||a − b|| = 0 ⇔ a − b = 0E ⇔ a = b. Prove-se

(b):

d(a, b) = ||a − b|| = || − (b − a)|| = | − 1| ||b − a|| = ||b − a|| = d(b, a). Prove-se

( ): observe-se que d(a, b) = ||a − b|| = ||a − c + c − b||. Como, pela

desigualdade triangular,

||a − c + c − b|| ≤ ||a − c|| + ||c − b||,

tem-se que

d(a, b) ≤ ||a − c|| + ||c − b|| = d(a, c) + d(c, b).

Bibliograa [1℄ A. Monteiro, G. Pinto, C. Marques, Álgebra Linear e Geometria Analíti a

- Problemas e Exer í ios, M Graw Hill, 2000. [2℄ A. Monteiro, Álgebra Linear e Geometria Analíti a, M Graw Hill, 2001. [3℄ W. K. Ni holson, Álgebra Linear, M Graw Hill, 2006. [4℄ I. Cabral, C. Perdigão, C. Saiago, Álgebra Linear, Es olar Editora, 2009. [5℄ A. P. Santana, J. F. Queiró, Introdução à Álgebra Linear, Gradiva, 2010. [6℄ I. Matos, Tópi os de Álgebra Linear, DEETC-ISEL, 2007. [7℄ L. Johnson, R. D. Riess, J. T. Arnold, Introdu tion to Linear Algebra, Pearson Edu ation, 2009. [8℄ B. Kolman, D. R. Hill, Elementary Linear Algebra, Pearson Prenti e Hall, 2008.

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