Agatha Christie - Poirot Perde Uma Cliente

January 30, 2023 | Author: Anonymous | Category: N/A
Share Embed Donate


Short Description

Download Agatha Christie - Poirot Perde Uma Cliente...

Description

 

 A  Aoo querido Peter Peter,, o mais leal dos amigos e a mais querida das companhias, companh ias, um cão em mil.

 

CAPÍTULO 1 A SENHORA DE LITTLEGREEN HOUSE A srta. Arundell morreu no dia 1 o  de maio. Embora a doença tenha durado pouco, sua morte não provocou muita surpresa na cidadezinha interiorana de Market Basing, onde vivia desde os dezesseis anos. Emily Arundell já tinha bem mais de setenta e era a última de uma família de cinco filhos. Não era segredo que estava com a saúde fragilizada havia um bom tempo e que, na realidade, cerca de dezoito meses antes, quase morrera de uma enfermidade  parecida  pareci da com a que a matou matou.. Embora a morte da srta. Arundell não tenha surpreendido ninguém, outra coisa surpreendeu. As cláusulas de seu testamento suscitaram diversas emoções: espanto, excitação,  profunda  profu nda reprovação, fúria, desespero, dese spero, raiva r aiva e fofoca generalizada. generalizada. Du Durant rantee semanas, semanas, meses meses até, não de outra empara Market Todos tinham o assunto: da do donosedofalou armazém, o sr.coisa Jones, quemBasing! “o sangue devia falar um maispalpite alto”, àsobre sra. Lamphrey, agência dos correios, que repetia ad nauseam: “Tem alguma coisa por trás disso, pode ter  certeza! Escreva o que estou dizendo”. O que apimentou as especulações sobre o assunto foi que o testamento havia sido feito em 21 de abril. Adicione-se ainda o fato de que as pessoas mais próximas a Emily Arundell hospedaram-se com ela pouco antes daquela data, no feriado de Páscoa, e irá se perceber que as teorias mais escandalosas poderiam ser levantadas, aliviando agradavelmente a monotonia da vida cotidiana de Market Basing. Havia uma pessoa que, suspeitava-se, sabia mais sobre o assunto do que gostaria de admitir. Era a disse srta. Wilhelmina companhia srta. Arundell. No entanto, srta. Lawson estar tão noLawson, escuro dama quantode todo mundo.daDeclarou que também ficaraa espantada com a leitura do testamento. É claro que muita gente não acreditava. Porém, quer a srta. Lawson fosse ou não tão ignorante quanto se declarava, apenas uma pessoa conhecia realmente os fatos. Essa pessoa era a própria morta. Emily Arundell não dera satisfações a ninguém, como era de seu feitio. Nem mesmo ao advogado mencionara seus motivos. Ficou satisfeita em deixar claros os seus desejos.  Nessa reticência podia ser encontrado encontrado o tom da personalidade de Emily Emily Arundell. Arundell. Em todos os aspectos, ela era um produto típico de sua geração. Tinha vícios e virtudes. Era autocrática e autoritária, mas também bastante calorosa. Tinha a língua afiada, mas agia com doçura. Era sentimental nas aparências, mas, internamente, perspicaz. Teve uma sucessão de damas de companhia de quem abusava de modo impiedoso, mas a quem tratava com grande generosi gen erosidade. dade. Valorizava alori zava mu muito a responsabilidade responsabil idade para com a famíli família. a.

 

 Na sexta-feira sexta-feira antes antes da Páscoa, Emily Emily estava no saguão saguão de Littlegreen ittlegreen House House dando diversas orientações à srta. Lawson. Emily Arundell fora uma moça bonita e tornou-se uma senhora conservada, empertigada e de modos enérgicos. O leve tom amarelado em sua pele era um alerta de que ela não podia comer alimentos pesados impunemente.  Naquele  Naqu ele mom moment ento, o, pergun perguntava:  – E então, então, Minn Minnie, ie, onde você acomodou acomodou ttodo odo mun mundo? do?  – Bem, Bem, pensei... e espero ter feito certo... em pôr o dr. e a sra. Tanios no quarto quarto de carvalho, Theresa no quarto azul e o sr. Charles no antigo quarto das crianças... A srta. Arundell interrompeu:  – Theresa Theresa pode ficar no antigo antigo quarto quarto das crianças, cria nças, e Charle Charles, s, no quarto quarto azul. azul.  – Ah, Ah, sim... sim... sinto sinto muit muito... o... pensei pensei que o quarto quarto das crianças cria nças fosse fosse inconvenient inconveniente... e...  – Servirá Servir á mu muito bem para Theresa.  No tempo tempo da srta. Arundell, Arundell, as mulheres ulheres ficavam em segu s egundo ndo plano. Os homens homens eram os membros mais importantes da sociedade.  – É um uma pena que que as crianças cri anças não não venham venham – murm murmuurou a srta. Lawson, Lawson, sentim sentiment ental. al. Adorava crianças, mas era incapaz de lidar com elas.  – Quatro Quatro visitant vi sitantes es é o suficiente suficiente – retrucou a srta. sr ta. Arundell. Arundell. – De qu q ualquer maneira, maneira, Bella mima os filhos de maneira abominável. Eles nem em sonhos são obedientes. Minnie Lawson objetou:  – A sra. Tanios Tanios é um uma mãe mãe muit muitoo dedicada. dedicada . A srta. Arundell replicou, com um grave tom de aprovação:  – Bella é uma uma boa mulh mulher. er. A srta. Lawson suspirou e disse: diss e:  – Deve ser muit muitoo difícil para ela, ela , às vezes, viver num num lugar lugar estranho estranho como como Esmirna. Esmirna. Emily Arundell respondeu:  – Ela fez a cama cama e agora deve se deitar nela. E tendo pronunciado tal dito vitoriano, prosseguiu:  – Agora Agora vou à cidade para tratar das encomendas encomendas para o fim de semana. semana.  – Ah, Ah, srta. Arundell, Arundell, deixe-me deixe-me tratar disso. Quero Quero dizer...  – Bobagem. Bobagem. Prefiro ir eu mesm mesma. a. Rogers precisa preci sa ser s er tratado com firmeza. firmeza. O seu problema, Minnie, é que você não tem pulso firme. Bob! Bob! Onde está ele? Um terrier pelo-de-arame desceu correndo a escada. Ficou andando em círculos ao redor  da dona e soltan sol tando do latidos curtos curtos e ritm r itmados ados de alegria e expectativa. expectativa. Juntos, dona e cachorro saíram pela porta da frente e seguiram pelo caminho que levava ao  portão. A srta. Lawson ficou parada na porta, atrás deles, sorrindo, com ar bobo e com a boca entreaber ent reaberta. ta. Atrás Atrás dela, uma voz disse, diss e, áspera: áspe ra:  – Aquelas Aquelas fronhas fronhas que você me me deu não não são do mesm mesmoo jogo.  – O quê? quê? Que Que distração a minh minha... Minnie Lawson mergulhou Minnie mergulhou novamen novamente te na rotina ro tina de cuidados cuidado s dom d oméstic ésticos. os. Emily Arundell, acompanhada por Bob, avançou com ar imponente pela rua principal de Market Basing. Era como uma verdadeira comitiva real. Em cada estabelecimento onde ela entrava, o

 

 propri etário sempre se apressava  proprietário apressav a para atendê-la. Ela era a srta. Arundell de Littlegreen House. Era “uma das nossas clientes mais antigas”. Era “da velha guarda. Não se fazem muitas como ela hoje em dia.”  – Bom dia, senhora! senhora! Em que posso ter o prazer de ajudá-la? Não é macia? Bem, Bem, sinto muito por isso. Pensei que se tratasse de uma boa sela... Sim, é claro, srta. Arundell... Se a senhora está dizendo, é porque é. Não, de fato, eu não pensaria em mandar para a senhora, srta. Arundell... Sim, eu mesmo tratarei disso. Bob e Spot, o cão do açougueiro, giravam ao redor um do outro, com os pelos do pescoço eriçados, rosnando um cachorro gordo dedeixar raça indefinida. que não devia brigar com osbaixinho. cachorrosSpot dos era clientes, mas se permitia claro a eles,Sabia por meio de uma sutil indicação, exatamente como os transformaria em carne moída se tivesse tal liberdade. Bob, um um cão corajoso, cor ajoso, respondia à altura. altura. Emily Arundell disse “Bob!”, com firmeza, e seguiu em frente.  Na quitanda, quitanda, havia uma uma reunião reunião de celebridades. celebr idades. Outra Outra senhora senhora de idade, de contornos contornos esféricos, mas igu i gualmen almente te distinta distinta pelo pel o ar de realeza, re aleza, disse: diss e:  – Bom dia, Emily Emily..  – Bom dia, Caroline. Caroli ne. Caroline Peabody disse:  – Esperando a visita dos seus jovens?  – Sim, Sim, de todos. Theresa, Theresa, Charles e Bella. Bell a.  – Então Então a Bella vem para cas casa? a? O marido marido também também??  – Sim. Sim. A resposta foi um simples monossílabo, mas enfatizada por um conhecimento comum a ambas as senhoras. Bella Biggs, sobrinha de Emily Arundell, se casara com um grego. E a família de Emily Arundell, que era conhecida como “gente de bem”, simplesmente não se casava com gregos. A fim de dar um vago tom de consolo ao que dizia (pois é claro que tal assunto não poderia ser comentado abertamente), a srta. Peabody falou:  – O marido marido de Bella Bel la é muit muitoo inteligent inteligente. e. E encant encantador! ador!  – Ele é muit muitoo encantador encantador – concordou a srta. Aru Arundell. ndell. A caminho caminho da rua, r ua, a srta. s rta. Peabo P eabody dy perguntou: perguntou:  – Que Que história é essa de Theresa estar noiva do jovem D Donaldson? onaldson? A srta. Arundell deu de ombros.  – Os jovens são muito uito inform informais ais hoje em dia... Infelizm Infelizment ente, e, creio que que terá de ser um noivado bastante longo... quer dizer, se sair algo disso. Ele não tem onde cair morto.  – É claro que Theresa Theresa tem seu próprio dinheiro dinheiro – com co mentou entou a srta. srta. Peabody. Peabody. A srta. Arundell respondeu, seca:  – De jeito nenh nenhum um um homem homem pode desejar desej ar viver vive r à custa do dinheiro dinheiro da esposa. A srta. Peabody deu uma risada forte e rouca.  – Eles não parecem se importar importar com isso is so hoje em dia. dia . Você e eu estamos estamos fora de moda, Emily. O que não consigo entender é o que a menina vê nele. Ele é muito sem graça!  – Imagin Imaginoo que que seja um bom médico.  – Aquele pincenê... pincenê... e aquele a quele jeito jei to formal formal de falar! Na minh minha ju j uventu ventude, nós o chamaríamos chamaríamos

 

de varapau! Houve uma pausa enquanto a memória da srta. Peabody, mergulhando no passado, invocava visões de jovens elegantes e de barba... Disse, num suspiro:  – Mande Mande aquele cachorro do Charles Charles ir me me ver... se for for possível. possí vel.  – Claro. Direi a ele. As duas senhoras senhoras se separar s epararam am.. Elas se conheciam havia bem mais de cinquenta anos. A srta. Peabody sabia de certos lapsos lamentáveis da vida do general pai de Emily. Sabiaideia exatamente o choque que o casamento de Thomas Arundell fora Arundell, para as irmãs. Tinha uma muito clara de certos  problemas ligados à geração geração mais jovem jovem.. Mas nenhuma palavra jamais havia sido mencionada entre as duas a respeito de qualquer  um desses assuntos. assuntos. Eram ambas ambas pilares pi lares da dig di gnidade e da solidaried soli dariedade ade famili familiar ar e de completa completa reticência em questões de família. A srta. Arundell voltou caminhando para casa com Bob trotando lentamente em seus calcanhares. Para si mesma, Emily Arundell admitia o que jamais admitiria para outro ser  humano: sua insatisfação em relação à geração mais jovem da família. Theresa, por exemplo. Não tinha qualquer controle sobre Theresa desde que ela tivera acesso ao próprio dinheiro aos 21 anos. Desde então, a menina havia conquistado certa  popularidade. Seu retrato aparecia apar ecia com frequên frequência cia nos jornais. Fazia parte par te de um grupo grupo jovem,  brilhan  bril hante te e moderninho oderninho de Londres – um grupo grupo que fazia fazia festas loucas l oucas e que ocasionalm ocasi onalment entee ia  parar na polícia. políc ia. Não era o tipo de notoriedade que Emily Emily aprovaria aprovar ia para um Arundell. Arundell. Na realidade, reprovava o modo de vida de Theresa. Quanto ao noivado da moça, tinha sentimentos um tanto conflitantes. Por um lado, não considerava um arrivista como o dr. Donaldson bom o  bastante  bastan te para uma uma Arundell. Arundell. Por outro, outro, tinha tinha uma uma desconfortável desconfortável consciên c onsciência cia de que Theresa Theresa era uma mulher absolutamente inadequada para um pacato médico do interior. Com um suspiro, desviou os pensamentos para Bella. Não havia defeito a ser encontrado em Bella. Era uma boa mulher – mãe e esposa devotada, de comportamento bastante exemplar –  e extremamente chata! Mas nem mesmo ela podia ser vista com total aprovação, pois havia se casado com um estrangeiro. E não apenas com um estrangeiro, mas um grego. Na mente  preconceituosa  preconceitu osa da srta. Arundell Arundell,, um grego grego era er a quase tão ruim r uim quanto quanto um um argentin argentinoo ou um tu turco. rco. O fato de o dr. Tanios ser encantador, educado e famoso pela competência na profissão apenas  piorava a opinião da velha a respeito respei to dele. Ela não conf c onfiava iava em modos modos encantadores encantadores nem em elogios fáceis. Também por este motivo, achava difícil gostar dos dois filhos do casal. Ambos tinham a aparência do pai – não tinha nada de inglês neles. E então havia Charles... Sim, Charles...  Não adiantava fazer vistas grossas rossa s aos fatos. fatos. Por mais encantador encantador que fosse, Charle Charless não era confiável. Emily Arundell suspirou. Sentiu-se repentinamente cansada, velha e deprimida... Pensou que não duraria durar ia muito mais mais tempo... tempo... Lembrou-se Lem brou-se do testam tes tamento ento que fizera alguns alguns anos a nos antes. Deixaria uma pequena parte aos criados e a instituições de caridade, mas a maior parte de

 

sua considerável fortun fortuna seria se ria dividida dividi da ig i gualment ualmentee entre seus três famili familiares ares vivos. Ainda lhe parecia que fizera o mais certo e justo. Passou pela sua cabeça perguntar se não havia alguma forma de garantir o dinheiro de Bella de modo que o marido não pudesse tocá-lo... Precisava Precis ava pergu per gunntar ao sr. s r. Purvis. Purvis. Atravessou o portão de Littlegreen House. Charles e Theresa Arundell chegaram de carro; os Tanios, de trem. O casal de irmãos chegou primeiro. Charles, alto e bonito, com seu jeito meio gozador, disse:  – Olá, tia Emily Emily,, como como está essa garota? Você está ótima. ótima. E lhe deu um beijo. Theresa esticou o rosto jovem com indiferença na direção do rosto enrugado de Emily.  – Como Como você está, tia Emily? Emily? Theresa, pensou a tia, estava longe de parecer bem. O rosto, por baixo da farta maquiagem, estava levem le vement entee cansado, e havia rugas rugas ao redor dos olhos. ol hos. Tomaram chá na sala de estar. Bella Tanios, com os cabelos presos para trás e cachos saindo de debaixo do chapéu da última moda, que ela usava num ângulo torto, encarava a prima Theresa com uma avidez patética por assimilar e memorizar as roupas da outra. Era o destino da  pobre Bella ser apaixonada apaixonada por roupas sem ter qualquer qualquer gosto gosto para se vestir. As roupas de Theresa eram caras, um tanto estranhas, e, além disso, Theresa tinha um corpo perfeito. Quando chegou à Inglaterra, de Esmirna, Bella tentara cuidadosamente copiar a elegância de Theresa com roupas de preços mais baixos e cortes de tecidos inferiores. O dr. Tanios, um homem barbudo de aparência alegre, estava conversando com a srta. Arundell. A voz dele era calorosa e grave, uma voz atraente que encantava o interlocutor quase contra a vontade. Encantava a própria srta. Arundell, a contragosto. A srta. Lawson estava bastante agitada. Ia e vinha, servindo pratos, mexendo na mesa do chá. Charles, cujos modos eram excelentes, levantou-se mais de uma vez para ajudá-la, mas ela não demonstrou qualquer gratidão. Quando, depois do chá, o grupo saiu para dar uma volta no jardim, Charles sussurrou para a irmã:  – A srta. Lawson Lawson não não gosta gosta de mim mim.. Estranho, Estranho, não? Theresa respondeu em tom jocoso:  – Muito Muito estranho. estranho. Então Então existe existe alguém alguém que resista ao seu fascínio fascínio fatal? Charle Ch arless deu um sorriso sorri so envolvente e disse: diss e:  – Sorte que que é apenas a srta. Lawson... Lawson...  No jardim jardi m, a srta. Lawson caminh caminhava ava com a sra. Tanios e lhe pergunt perguntava ava a respeito respei to das crianças. A expressão insípida de Bella Tanios se iluminou. Esqueceu-se de observar Theresa. Falou com vivacidade e animação. Mary havia dito uma coisa muito curiosa no barco... Achou Minnie Minnie Lawson Laws on uma uma interlocut interloc utora ora muito sim si mpática. pática . Em seguida, jovem cabelos claros, comtímido. um rosto solene e usando um pincenê, apareceu no jardim,umvindo da de casa. Parecia bastante A srta. Arundell o cumprimentou educadamente. Theresa disse:

 

 – Olá, Rex! Rex! Passou um um braço pelo pe lo dele. del e. Os dois se afastaram. afastaram. Charles fez uma careta. Escapou para conversar com o jardineiro, um aliado dos velhos tempos. Quando Qu ando a srta. Arundell Arundell voltou para a casa, Charles estava brincan bri ncando do com Bob. O cachorro estava parado em cima cima da escada, e scada, com co m a bola na boca e o rabo r abo abanando.  – Venh Venha, a, meu meu velho velho – chamou chamou Ch Charles. arle s. Bob se sentou e empurrou lentamente a bola com o focinho até a beirada do degrau. Quando escada enfim abaixo. a empurrou além do degrau, levantou-se, excitado.que A abola quicou devagar Charles a apanhou e a atirou de voltabastante para o cachorro, pegou com a boca. A performance se repetiu.  – Ele sempre faz faz isso – disse Charles. Emily Arundell sorriu.  – E é capaz de ficar ficar fazendo fazendo isso durante durante horas – coment comentou. ou. Entrou na sala de estar, e Charles a seguiu. Bob deu um latido decepcionado. Olhando Olh ando pela janela, Charles falou falou::  – Olhe Olhe para Theresa com o nnam amoradinh oradinho. o. Formam Formam mesmo esmo um um casal esquisito! e squisito!  – Você acha que que a Theresa Theresa está e stá realmente realmente levando isso a sério? séri o?  – Ah, Ah, ela é louca por ele – Charles Charles respondeu em tom confiante. confiante. – Gosto estranho estranho esse, mas, enfim... Acho que deve ser o jeito que ele olha para ela, como se ela fosse um rato de laboratório, e não uma mulher de verdade. Isso é uma novidade para Theresa. Pena que o sujeito seja tão pobre. Theresa tem gostos gostos caros. A srta. Arundell Arundell disse, disse , seca:  – Não tenh tenho dúvidas de que ela el a pode mudar seu estilo de vida... se quiser! E, afinal, afinal, ela tem renda própria. própr ia.  – Quê? Quê? Ah, Ah, sim, sim, sim, sim, é claro. – Charles lançou um um olhar quase quase culpado na direção dela. del a.  Naquela  Naqu ela noite, enquant enquantoo os outros estavam reunidos reunidos na sala sal a esperando esper ando o jantar jantar ser se r ser servido, vido, houve uma correria e uma explosão de palavrões na escada. Charles entrou com o rosto vermelho.  – Desculpe, Desculpe, tia Emily Emily,, estou atrasado? Aquele Aquele seu cachorro quase me fez levar l evar o maior  tombo. Deixou aquela bolinha dele na escada.  – Cachorrinho Cachorrinho descuidado! descuidado! – gritou gritou a srta. Lawson, Lawson, inclinando-se inclinando-se na direção de Bob. Bob olhou para ela el a com desdém e virou vir ou a cabeça.  – Eu sei – disse di sse a srta. sr ta. Arun Arundell dell.. – É muit muitoo perigoso. Min Minnnie, pegue pegue a bola e guarde. guarde. A srta. Lawson saiu apressada. apress ada. O dr. Tanios monopolizou a conversa na mesa do jantar durante a maior parte do tempo. Contou Con tou histórias divertidas di vertidas sobre a vida vi da dele del e em Esmirna. Esmirna. O grupo foi para a cama cedo. Levando um cobertor, óculos, uma grande sacola de veludo e um livro, a srta. Lawson acompanhou a patroa no caminho para o quarto, conversando animadamente.  – É mesmo esmo muito divertido o dr. Tanios. É uma companhia muito agradável! Não que eu fosse gostar gostar desse des se tipo de vida para p ara mim... mim... Imagin Imaginoo que seja preciso preci so até ferver a água... água... e o leite de cabra, talvez... um gosto muito desagradável...

 

A srta. Arundell se irritou:  – Não seja tola, Minnie. Minnie. Você disse diss e à Ellen para me me chamar chamar às seis sei s e meia? meia?  – Ah, Ah, sim, srta. Arun Arundell dell.. Eu disse para par a não servir servi r o chá, c há, mas mas a senhora senhora não acha que seria melhor... sabe, o vigário de Southbridge, um homem muito consciencioso, me disse com todas as letras que não é obrigat obri gatório ório jejuar... Mais uma vez, a srta. Arundell a interrompeu abruptamente.  – Nunca Nunca comi nada antes antes do culto culto matinal matinal e não vou começar começar agora. Você pode fazer fazer o que quiser.  –AAh, Ah , não... não... não não estava quis dizer... dizer ... tenho teneho certeza certeza de que... srta. Lawson agitada incomodada.  – Tire Tire a coleira col eira do Bob – disse dis se a srta. Arundell Arundell.. A escrava escrav a apressou-se apr essou-se a obedecer. Ainda tentan tentando do agradar, disse: disse :  – Que Que noite noite agradável . Todos pareciam tão satis  satisfeit feitos os de estar aqui.  – Hum Hum – fez Emily Emily Arundell. Arundell. – Todos Todos estão aqui para pegar o que que puderem. puderem.  – Ah, Ah, querida querida srta. s rta. Arundell... Arundell...  – Minha Minha cara Minn Minnie, se tem algo que que não sou é boba! Só não não sei quem vai tocar no assunto assunto  primeiro.  Não ficou ficou em dúvida por muito muito tempo. tempo. Ela e a srta. Lawson voltaram do culto matinal logo depois das nove horas. O dr. e a sra. Tanios estavam na sala de jantar, mas não havia sinal dos dois Arundell. Depois do café da manhã, quando os outros haviam saído, Emily se sentou para fazer anotações numa caderneta. Charle Ch arless entrou na sala por volta das dez d ez horas. horas.  – Desculpe Desculpe o atraso, tia Emily Emily,, mas mas a Theresa é bem pior. Ainda Ainda nem abriu os olhos.  – Às dez e meia o café da manhã anhã será retirado da mesa – anunciou anunciou a srta. s rta. Arundell. Arundell. – Sei que hoje em dia ninguém leva os criados em consideração, mas não é assim na minha casa.  – Ótim Ótimo. o. É o verdadeiro verdadeir o espírito espír ito conservador conservador!! Charles serviu-se de rins e sentou-se ao lado dela. O sorriso dele, como sempre, era muito atraente. Emily Arundell logo se viu sorrindo com indulgência para ele. Encorajado por esse sinal favorável, Charles atacou.  – Tia Emily Emily,, sint s intoo in i ncomodá-la, comodá-la, mas estou nu num aperto danado. Será que a senhora senhora poderia me ajudar? Cem seria suficiente. O rosto da tia não estava encorajador. Um certo azedume se revelou em sua expressão. Emily Arundell não tinha medo de dizer o que pensava. E disse. Passando pelo corredor, a srta. Lawson quase trombou com Charles quando ele saiu da sala de jantar. Olhou para ele com curiosidade. Ao entrar na sala, encontrou a srta. Arundell sentada, muito ereta e com o rosto vermelho.

 

CAPÍTULO 2 OS PARENTES Charles subiu a escada correndo e bateu na porta da irmã. Ela respondeu “entre”, e ele entrou. Theresa Th eresa estava sentada na cama, cama, bocejando. boce jando. Charles sentou-se.  – Como Como você é bonita, Theresa Theresa – observou obs ervou ele, apreciativo. apreci ativo. Theresa Th eresa disse, ríspida:  – Qual Qual é o problem probl ema? a? Charles sorriu.  – Afiada Afiada você, não? Bem, Bem, ganhei anhei vantagem vantagem em relação rel ação a você, moça! Pensei em fazer a minha antes da sua.  – jogada E? Charles estendeu as mãos para baixo, num sinal de negação.  – Nada feito! A tia Emily Emily me deu um chega chega pra pr a lá. Insinu Insinuou ou que não tem ilusões quanto quanto à razão de sua carinhosa família se reunir ao seu redor! E também insinuou que essa família carinhosa ficaria decepcionada. Que nada seria dado além de carinho... e nem muito disso também.  – Você deveria deveri a ter esperado – falou Theresa. Theresa. Charle Ch arless sorriu sor riu de novo.  – Fiquei com medo que você ou o Tanios pudessem chegar chegar ant antes es de mim. im. Infelizm Infelizment ente, e, minha boba. doce Theresa, acho que não conseguiremos nada desta vez. A velha Emily não é nem um  pouco  – Nunca Nunca pensei pensei que fosse.  – Tent Tentei ei até amedrontá-la. amedrontá-la.  – Como Como assim? – pergun perguntou tou a irmã com rispidez. rispi dez.  – Disse que que ela estava escolhendo um caminh caminhoo no qual acabaria acabari a eliminada. eliminada. Afinal, Afinal, não  pode levar o dinheiro dinheiro para par a o céu com ela. Por que não não liberar libe rar um pouco?  – Charle Charles, s, você é um idiota!  – Não, não sou. s ou. Sou meio que um psicólogo psicó logo do meu jeito. j eito. Nun Nunca é bom puxar puxar o saco da velha. Ela prefere ser enfrentada. E, afinal, eu só estava falando o óbvio. Nós vamos ficar com o dinheiro quando ela morrer... Ela bem que podia abrir mão de um pouco antecipadamente! Senão, a tentação tentação de tirá-la tirá -la do caminho caminho pode se tornar tornar in i ncontrolável controlável..  – Ela entendeu entendeu o que você estava querendo querendo dizer? – pergun perguntou Theresa, Theresa, com a boca delicada se curvando com escárnio.  – Não tenho tenho certeza. Ela não admitiu. admitiu. Apenas me agradeceu de um jeito bastante bastante maldoso

 

 pelo conselho conselho e disse que era perfeitament perfeitamentee capaz de cuidar de si mesma. esma. “Bem”, “Bem”, eu disse, “depois não diga que não lhe avisei.” “Vou me lembrar disso”, ela respondeu. Theresa disse, irritada:  – Sério, Charles, você é um idiota completo. completo.  – Dane-se, Dane-se, Theresa, Theresa, eu estava mesmo esmo sendo um pouco cruel. A velha está nadando nadando em dinheiro... simplesmente nadando em dinheiro! Aposto que não gasta um décimo da renda... No que vai gastar, afinal? E aqui estamos nós... jovens, capazes de aproveitar a vida... e, para nos irritar, ela é capaz de viver até os cem anos... Eu quero a minha diversão agora... você também... assentiu com...aos cabeça e sussurou, ofegante:  –Theresa Eles não entendem enten dem... velhos não não entendem entendem... ... não não podem... podem... não não sabem o que que é viver ! Os irmãos ficaram em silêncio por alguns minutos. Charles se levantou.  – Bom, Bom, minh minhaa querida, desejo qu q ue tenh tenha mais mais sucesso do que eu. eu. Mas duvido duvido mu muito. Theresa disse:  – Estou contando contando com a ajuda de Rex. Rex. Se eu conseguir conseguir fazer fazer com que a velha Emily Emily  perceba o quanto quanto ele é br brilhant ilhantee e como como seria seri a essencial que ele tivesse tivess e um umaa chance chance e não tivesse tivesse que se afundar como clínico geral... Ah, Charles, um capital de alguns milhares neste momento faria toda a diferença do mundo mundo nas nas nossas vidas!  – Espero que consiga, consiga, mas não acho que vá conseguir conseguir.. Você gastou gastou dem de mais com sua vida desregrada. Estou dizendo, Theresa, você não acha que a triste Bella ou o duvidoso Tanios vão conseguir alguma coisa, acha?  – Não acho que que o dinheiro dinheiro vá fazer fazer algum algum bem a Bella. Ela anda para lá e para cá  parecendo um uma maltrapil maltrapilhha, e seus gostos gostos são purament puramentee domésticos. domésticos.  – Ah, Ah, bem – disse Charles Charles,, um tant tantoo vago. – Imagin Imaginoo que ela queira coisas para aqueles filhos medonhos dela, escolas, aparelhos para os dentes e aulas de música. De qualquer  maneira, não é a Bella... é o Tanios. Aposto que ele tem faro para dinheiro! É típico de um grego. greg o. Sabia que ele já j á gastou a maior parte do dinheiro dinheiro da Bella? Bell a? Especulou Espec ulou e perdeu per deu tudo. tudo.  – Você acha que que ele vai conseguir conseguir tirar algum alguma coisa da velha ve lha Emily? Emily?  – Não se eu puder impedir impedir – respondeu r espondeu Charles Charles com raiva. raiva . Ele saiu do quarto e desceu para o andar de baixo. Bob estava no saguão. Aproximou-se fazendo festa. Os cachorros gostavam de Charles. Correu na direção da porta da sala de estar e olhou para o rapaz.  – O que que houve? houve? – pergunt perguntou ou Ch Charles, arle s, indo atrás atrás dele. del e. Bob correu para a sala sal a de estar es tar e sentou-se, sentou-se, ansioso, ao lado la do de uma uma escrivaninh escr ivaninha. a. Charles caminhou até ele.  – O que que está havendo? havendo? Bob abanou o rabo, olhou fixamente para as gavetas da escrivaninha e soltou um ganido suplicante.  – Você quer algum alguma coisa que está aqui? Charle Ch arless abriu abr iu a prim pr imeira eira gaveta. gaveta. Levantou Levantou as sobrancelhas.  – Ora, ora – disse diss e ele.  Num  Nu m lado da gaveta havia havia um pequeno pequeno maço maço de dinheiro. dinheiro. Charles pegou o maço e contou-o. Com um sorriso, tirou três notas de uma libra e duas de

 

dez xelins e as colocou no bolso. Devolveu o resto das notas cuidadosamente à gaveta em que as encontrara. encontrara.  – Boa ideia, i deia, Bob – reconh re conheceu eceu ele. – O seu tio Charles Charles vai conseg c onseguuir cobrir os gastos. Um Um  pouco de dinheiro dinheiro vivo sempre vem a calhar. Bob emitiu um latido de reprovação baixinho quando Charles fechou a gaveta.  – Desculpe, velho – disse Charles. Abriu a gaveta gaveta segu seguint inte. e. A bola de Bob estava es tava no no canto. canto. Pegou-a.  – Aqui está. Divirta-se com ela. – Bob pegou a bola, bol a, saiu s aiu trotando trotando da sala e eem m seg seguida uida o som bump, bumpo jardim. foi ouvido abaixo. Charlesbump, saiu para Eraescada uma bela manhã ensolarada com um perfume de lilás. A srta. Arundell estava sentada com o dr. Tanios ao seu lado. Ele estava falando sobre as virtudes de uma educação inglesa e o quanto ele lamentava não poder garantir esse luxo para os  próprios  própri os filhos. Charles sorriu com malícia, satisfeito. Entrou na conversa de mansinho, conduzindo-a com habilidade para rumos completamente diferentes. Emily Arundell sorriu para ele com ar afável. Chegou a imaginar que a tia estava se divertindo com sua tática e o estava encorajando com sutileza. O ânimo de Charles melhorou. Talvez, afinal, antes de ir embora... Charles era um otimista incurável. O dr. Donaldson chamou Theresa para passear de carro naquela tarde e a levou até a Abadia Worthem, um dos pontos turísticos do local. Os dois caminharam da abadia para o meio do bosque. Lá, Rex Donaldson falou longamente a Theresa sobre suas teorias e sobre algumas de suas experiências recentes. Ela entendia muito pouco, mas escutava fascinada, pensando consigo mesma: “Como o Rex é inteligente... e absolutamente adorável!” O noivo fez uma pausa e disse com ar desconfiado:  – Tem Temoo que isso tudo tudo seja entediante entediante para você, Theresa.  – Querido, Querido, é emocionan emocionante te demais demais – disse di sse Theresa, incisiva. – Continu Continue. Você Você tira um pouco de sangue do coelho infectado e...? Em seguida, Theresa disse com um suspiro:  – O seu trabalho significa significa tanto tanto para você, meu meu amor. amor.  – Naturalm Naturalment entee – concordou o dr. Donaldson. Donaldson. Aquilo não parecia nem um pouco natural para Theresa. Poucos amigos seus trabalhavam. E os que trabalhavam reclamavam fortemente disso. Ela pensou, como havia pensado uma ou duas vezes antes, sobre o fato inusitado de ter se apaixonado por Rex Donaldson. Por que essas coisas, essas loucuras ridículas e incríveis, aconteciam a alguém? Uma pergunta sem resposta. Havia acontecido com ela. Fechou a cara, pensando consigo mesma. Sua vida era tão alegre... tão cínica. Casos de amor eram necessários à vida, é claro, mas por que levá-los a sério? Amores vinham e iam embora. Mas o seu sentimento em relação a Rex Donaldson era diferente, era mais complexo. Ela sentia que não terminaria... A necessidade que tinha dele era simples e profunda. Tudo naquele homem a fascinava. A calma e o desapego dele, tão diferentes da vida agitada e ávida dela; a

 

frieza lógica de sua mente científica, e ainda outra coisa, ainda não compreendida, uma força secreta escondida por seus modos despretensiosamente pedantes, mas que ela, no entanto, sentia e percebia por instinto. Rex Donaldson tinha um talento – e o fato de que a profissão era a principal preocupação de sua vida e que Theresa era apenas uma parte, ainda que uma parte necessária, da sua existência, apenas aumentava a atração que exercia sobre ela. Pela primeira vez em sua vida egoísta e devotada ao prazer, Theresa se via contente de ficar em segundo lugar. A perspectiva a fascinava. Por Rex, ela faria qualquer coisa!  – Que Quepoderíamos maldita chateação chat eação é ologo, dinheiro dinheeiro – desabafou, comLondres, raiva. rai va. – Se enos a tia Emily Em ily morresse, nos casar você poderia ir para ter ao ummlaboratório cheio de tubos de ensaio e cobaias e nunca mais se incomodar com crianças com caxumba e velhas com problema de fígado. Donaldson Don aldson disse: dis se:  – Não há há motivos motivos para a sua tia não não viver ainda a inda por muit muitos os anos... se ela se cuidar. Theresa Th eresa disse, desanimada: desanimada:  – Eu sei...  No grande grande quarto quarto duplo com uma uma antiquada antiquada mobília obíli a de carvalho, carval ho, o dr. Tanios disse à esposa:  – Acho Acho que que preparei prepar ei o terreno. Agora Agora é a sua vez, m minh inhaa querida. Serviu um pouco d’água da antiga jarra de cobre na bacia de porcelana estampada de rosas. Bella Tanios estava sentada diante da penteadeira perguntando-se por que, quando ela  penteava  pent eava os cabelos cabe los como Theresa, Theresa, eles não ficavam como como os da prim pri ma! Passou-se um momento, então respondeu:  – Não acho acho que quero... quero... pedir dinheiro dinheiro à tia Emily Emily..  – Não é para você, Bella, é pelo bem das crianças. Nossos investiment investimentos os não têm tido muito êxito. Ele estava virado de costas e não viu o rápido olhar que ela lhe deu, um olhar furtivo e retraído. Ela disse di sse com c om suave obstinação: obstinação:  – Mesmo Mesmo assim, acho que prefiro não pedir... A tia Emily Emily é bem difícil. di fícil. É capaz de ser  generosa, mas não gosta que peçam a ela. Secando as mãos, Tanios aproximou-se da esposa.  – Francament Francamente, e, Bella, não é do seu feitio ser tão obstinada. Afinal, Afinal, por que que viemos viemos para cá? Ela murmurou:  – Eu não... nun nunca ca quis... não não queria pedir dinh d inheiro... eiro...  – Ainda Ainda assim, você concordou que a nossa única esperança em dar uma educação adequada às crianças cr ianças é com a ajuda da sua tia. Bella Tanios respondeu. Mexia-se de modo desconfortável. Mas trazia nonão rosto a expressão de teimosia compassiva que muitos maridos inteligentes de esposas burras conhecem bem. Ela disse:

 

 – Talvez Talvez a própria tia Emily Emily sugira... sugira...  – É possível, possível , mas mas não vi qualquer qualquer sinal disso até a té agora. agora.  – Se pu p udéssemos ter trazido as crianças cr ianças conosco... A tia tia Emily não não conseguiri conseguiriaa resistir re sistir aos encantos de Mary. E o Edward é tão int  i nteli eligen gente. te. Tanios disse, diss e, seco:  – Não acho que a sua tia goste goste muito de crianças. Provavelmente Provavelmente seja até melhor que as crianças não estejam aqui. aqui.  – Ah, Ah, Jacob, mas... mas...  – Sim Si melas , sim si mnão , minha minsão ha humanas. querida, euNós seiqueremos o que você estáosentindo. sentin do.possível Mas essas ingelesas murchas... fazer melhor pelasolteironas nossa Maryinglesas pelo nosso Edward, não queremos? Ajudar-nos um pouco não envolveria qualquer sacrifício à srta. Arundell. A sra. Tanios se virou, estava com o rosto vermelho.  – Ah, Ah, por favor, favor, por favor, favor, Jacob, não desta vez. Tenho enho certeza de que será insensato. insensato. Preferiria muito, muito que não. Tanios aproximou-se por trás, passou o braço por cima dos ombros dela. Bella estremeceu um pouco e ficou parada – quase rígida. E então ele concluiu, com a voz ainda agradável:  – Mesmo Mesmo assim, Bella, Bell a, eu acho. ac ho..... eu ach ac ho que você voc ê vai fazer fazer o que estou es tou pedindo... Você acaba fazendo... no final... Sim, acho que você vai fazer o que estou dizendo...

 

CAPÍTULO 3 O ACIDENTE Era terça-feira à tarde. A porta lateral para o jardim estava aberta. Parada na soleira da  porta, a srta. Arundell Arundell atirou a bola de Bob do outro outro lado do jardim jardi m. O terrier saiu correndo  para pegá-la.  – Só mais mais uma uma vez, Bob Bob – disse Emily Arundell. Arundell. – Um Uma boa. Mais uma vez, a bola rolou pelo chão com Bob correndo em velocidade máxima atrás dela. A srta. Arundell se abaixou, pegou a bola e entrou em casa, seguida de perto por Bob. Fechou a porta lateral, entrou na sala de estar, com Bob ainda em seus calcanhares, e guardou a  bola dentro da gaveta. gaveta. Olhou para o relógio sobre o consolo da lareira. Eram seis e meia.  –Ela Ach Acho o que quea éescada melhor melhoraté descansar umBob pouco antes antes do jantar, jantar, Bob. Bob. no grande sofá forrado de subiu o quarto. a acompanhou. Deitada chintz com Bob a seus pés, a srta. Arundell suspirou. Estava feliz por ser s er terça-feira terça- feira e por seus s eus convidados estarem indo embora embora no dia seguint seguinte. e.  Não que aquele fim de semana semana tivesse revelado revela do qualquer qualquer coisa que ela já não soubesse. Era mais pelo fato de que o fim de semana não havia lhe deixado esquecer o que sabia. Disse a si mesma: “Acho que estou ficando velha...” E então, com um choque de surpresa: “Estou velha...” Ficou deitada de olhos fechados durante meia hora e, em seguida, a velha copeira, Ellen, trouxe água quente. Ela se levantou e se preparou para o jantar. O dr. Donaldson iria jantarter com eles naquela noite. Emily Arundell desejava uma oportunidade de observá-lo de perto. Ainda lhe parecia um pouco incrível que a exótica Theresa quisesse se casar com aquele jovem tão formal e  pedante.  pedant e. Também ambém era um pouco esquisito que aquele jovem formal formal e pedante pedante quisesse se casar  com Theresa. Com o avançar da noite, ela não achou que estivesse conseguindo conhecer melhor o dr. Donaldson. Ele era muito educado, muito formal e, em sua opinião, chatíssimo. Pessoalmente, concordava com a avaliação aval iação da srta. s rta. Peabody. Peabody. A lembrança lembrança passou por sua ment mente: e: “Havia coisa c oisa melhor na nossa juventude”. juventude”. O dr. Donaldson não ficou até tarde. Ele se levantou para ir embora às dez horas. Depois que ele saiu, a própria Emily anunciou que ia para a cama. Subiu para o andar superior, e seus ovens parentes subiram também. Todos pareciam, de certa forma, desanimados naquela noite. A srta. Lawson permaneceu no andar de baixo terminando suas últimas tarefas: deixou Bob sair   para um passeio, apagou o fogo, fogo, posicionou posici onou a guarda guarda da lareira larei ra e enrolou o tapete para par a evitar  um incêndio.

 

Chegou sem fôle Chegou fôlego go no quarto da patroa mais ou menos menos cinco ci nco minut minutos os mais tarde.  – Acho Acho que está tu tudo em ordem – falou, falou, arrumando arrumando o cobertor, cobertor, o saco de costu cos tura ra e um livro livr o da biblioteca. – Espero que o livro seja bom. Ela não tinha nenhum dos que estavam na sua lista, mas disse di sse que a senhora senhora gostaria deste.  – Aquela menin meninaa é uma uma idiota idi ota – esbravejou esbr avejou Emily Emily Arundell. Arundell. – O gosto dela para par a livros li vros é o  pior que já vi na vida.  – Ah, Ah, puxa. puxa. Sint Sintoo muit muito. o. Talvez Talvez eu deva...  – Bobagem Bobagem,, não é culpa sua – Emily Emily acrescent acresce ntou ou gentilm gentilment ente. e. – Espero que tenha tenha se divertido hojedaà srta. tarde.Lawson se ilum O rosto il uminou inou.. Ela pareceu vivaz viva z e quase juvenil. juvenil.  – Ah, Ah, sim, muit muitoo obrigada. obri gada. Foi muit muitoo gentil  a  a senhora me dar folga. Foi muito interessante. Usamos a prancheta de psicografia e, realmente, ela escreveu coisas muito interessantes. Recebemos várias mensagens... Claro que não é exatamente a mesma  coisa que as sessões... Julia Tripp tem tido muito sucesso com a escrita automática. Muitas mensagens Daqueles que Fizeram a Passagem. Isso realmente nos faz sentir muito gratos... que tais coisas sejam  permitidas...  perm itidas... A srta. Arundell disse, com um leve sorriso:  – É melhor melhor não não deixar o vigário ouvir você.  – Ah, Ah, mas, de fato, fato, querida srta. Arundell, Arundell, estou convencida... convencida... bastante bastante conven convencida... cida... de que não pode haver nada de errado com isso. Eu só gostaria que o caro car o sr. Lonsdale Lonsdale examinasse examinasse o assunto. Parece-me tão tacanho condenar algo que nem sequer se investigou. Julia e Isabel Tripp são duas mulheres verdadeiramente espirituais.  – Quase Quase espirituais espi rituais demais demais para par a estarem vivas – disse di sse a srta. sr ta. Arun Arundell dell.. Ela não gostava mu muito de Julia J ulia e Isabel Tripp. Achava suas roupas ridículas, ri dículas, suas refeições re feições vegetarianas e cruas com frutas absurdas e seus modos afetados. Eram mulheres sem tradições, sem raízes. Na verdade, sem berço! Mas Mas ela el a se divertia bastante bastante com a determinação determinação delas de las e, no fundo, era boa o suficiente para não prejudicar o prazer que a amizade delas evidentemente dava à pobre Minnie. Minnie. Pobre Minnie! Emily Arundell olhou para a dama de companhia com um misto de afeição e desprezo. Tivera tantas dessas mulheres tolas de meia-idade para atendê-la – todas muito  parecidas,  pareci das, gentis, gentis, atrapalhadas, subservientes subservientes e quase inteira inteiram mente ente estúpidas. A pobre Minnie parecia bastante emocionada naquela noite. Seus olhos brilhavam. Ela ficou se agitando pelo quarto, tocando vagamente coisas aqui e ali, sem a mínima ideia do que estava fazendo, com o olhar alegre e brilhante. Gaguejo Gagu ejou, u, com nervosismo: nervosi smo:  – Eu... Eu... eu gostaria gostaria que a senhora senhora tivesse visto... Sabe, sinto que a senhora senhora ainda não acredita muito. Mas esta noite recebemos uma mensagem... para E.A. As iniciais vieram muito claramente. Era a mensagem de um homem que fez a passagem há muitos anos... um militar  muito bonito... Isabel o viu de modo muito distinto. Devia ser o querido general Arundell. Uma mensagem muito bonita, cheia de amor e consolo, dizendo como tudo pode ser obtido através da  perseverança.  persever ança.  – Esses sentiment sentimentos os não se parecem muito uito com os de papai – disse d isse a srta. s rta. Arundell. Arundell.  – Ah, Ah, mas os nossos entes entes queridos mudam muito... uito... do outro outro lado. É tu tudo do amor amor e

 

compreensão. E então a prancheta soletrou uma mensagem sobre uma chave... acho que era a chave da escrivaninha... poderia ser isso?  – A chave da escrivaninha? escrivaninha? – a voz de Em Emily ily Arundell Arundell soou agu aguda e interessada.  – Acho que que era er a isso. i sso. Pen Pe nsei que talvez pudesse pudesse se tratar de document documentos os im i mportantes... portantes... algo al go do gênero. Houve um caso confirmado em que foi recebida uma mensagem para se procurar num certo móvel, e descobriram um testamento lá.  – Não havia um testament testamentoo na escrivanin escri vaninha ha – disse a srta. Arundell. Arundell. Abruptam Abruptament entee acrescentou: – Vá para a cama, Minnie. Você está cansada. Eu também. Vamos convidar as Tripp –para umasernoite em! breve. Ah, Ah, virem isso vai muito uitaqui o bom! bom Boa noite, noite, querida. Está com tudo tudo de que precis p recisa? a? Espero que não tenha se cansado com tanta gente por aqui. Preciso dizer à Ellen que areje muito bem a sala de estar amanhã e sacuda as cortinas... toda aquela fumaça deixa um cheiro muito forte. Devo dizer que considero muito gentil da sua parte deixar todos fumarem na sala de estar!  – Preciso Precis o fazer fazer algum algumas concessões à modernidade – explicou Emily Emily Arundell. Arundell. – Boa noite, Minnie. Ao ficar sozinha, Emily Arundell se perguntou se esse negócio espírita realmente era bom  para Minnie. Minnie. Seus olhos estavam lhe saltando saltando da cabeça, e ela el a pareci pareciaa muit muitoo inquieta inquieta e excitada. “Estranhaa a história sobre a escrivaninh “Estranh es crivaninha”, a”, pensou Emily Emily Arundell Arundell ao se s e deitar dei tar.. Sorr Sorriu iu com amargura ao se lembrar da cena de tanto tempo atrás. A chave viera à luz depois da morte do pai dela, e a cascata de garrafas de conhaque vazias que desabaram quando o armário foi aberto! Eram detalhes como aquele, detalhes que nem Minnie Lawson nem Isabel e Julia Tripp  poderiam  poderia m saber, que faziam faziam com que ela se s e perg per guntasse, untasse, afinal, se não havia algu a lgum ma coisa coi sa nesse negócio neg ócio de espiri es piritism tismo. o. Emily estava sem sono deitada em sua imensa cama de quatro colunas. Nos últimos tempos, vinha sentindo uma dificuldade crescente para dormir. Mas rejeitou a hesitante sugestão do dr. Grainger de um sonífero. Soníferos eram para os fracos, para pessoas que não conseguiam suportar uma dor num dedo, ou uma pequena dor de dente, ou o tédio de uma noite insone. Com frequência, ela se levantava e silenciosamente vagava pela casa, pegava um livro, mexia num enfeite, arrumava um vaso de flores, ou escrevia uma ou duas cartas. Naquelas horas da madrugada, ela tinha uma sensação de que a casa estava tão viva quanto ela. Não eram desagradáveis essas perambulações noturnas. Era como se fantasmas caminhassem ao seu lado, os fantasmas de suas irmãs, Arabella, Matilda e Agnes, o fantasma de seu irmão Thomas, o querido companheiro que ele era antes de Aquela Mulher colocar as garras nele! Até mesmo o fantasma do general Charles Laverton Arundell, aquele tirano doméstico de modos encantadores que gritava e intimidava as filhas, mas que, mesmo assim, era objeto de orgulho para elas, com suas experiências na Revolta dos Sipais e seu conhecimento do mundo. E daí que houvesse dias em que ele “não estava muito bem”, como as filhas diziam para despistar? Voltando o pensamento ao noivo da sobrinha, a srta. Arundell pensou: “Não acho que ele algum dia comece a beber. Considera-se um homem, mas bebeu água de cevada naquela noite! Água de cevada! E eu abri o Porto especial do papai.” Charles, sim, fizera justiça ao Porto. Ah! Se ao menos Charles fosse confiável. Se ao menos não se soubesse que com ele...

 

Seus pensamentos foram interrompidos... Sua mente repassou os acontecimentos do fim de semana... Tudo Tu do pare p arecia cia vagamente vagamente inquietante... inquietante... Tentou afastar da mente os pensamentos de preocupação.  Não adiantou. adiantou. Levantou-se apoiada no cotovelo e, com a luz noturna que ficava sempre acesa num  pequenoo pires,  pequen pires , consultou consultou o relógio. Uma hora, e ela nunca sentira menos vontade de dormir. Saiu prontos da cama vestiu os chinelos e o confortável semanais parae os pagamentos da manhã seguinte. robe. Ia descer e deixar os livros Como uma sombra, deslizou para fora do quarto e percorreu o corredor, onde uma lâmpada ficava acesa a noite toda. Chegou ao topo da escada, esticou uma mão até o corrimão e, de modo inexplicável, tropeçou. Tentou recuperar o equilíbrio, não conseguiu e caiu escada abaixo. O barulho da queda e o grito que deu agitaram e despertaram a casa adormecida. Portas se abriram e luzes se acenderam. A srta. Lawson saltou do quarto no alto da escada. Soltando gritinhos de aflição, ela desceu batendo os pés. Um a um, os outros chegaram. Charles, bocejando, num roupão resplandecente. Theresa, enrolada em seda escura. Bella, vestindo um quimono azul-marinho, com o cabelo preso com pentes para ficar ondulado. Estupefata, Emily Arundell estava atirada ao chão, completamente torta. Seu ombro doía,  bem como como seu tornoz tornozelo elo – todo seu corpo era uma massa massa disform di sformee de dor. Estava consciente consciente das  pessoas ao seu redor, daquela daquela idiota i diota da Minnie Minnie Lawson gritando gritando e fazen fazendo do gestos inúteis inúteis com as mãos, de Theresa Theresa com um uma expressão espantada espantada nos olhos escuros, esc uros, de Bella Bell a parada, par ada, com a boca aberta, olhando com expectativa, e da voz de Charles dizendo, de algum lugar, aparentemente de muito longe:  – Foi a bola b ola daquele maldito cachorro! Ele El e deve tê-la deixado aqui, e ela tropeçou. Estão vendo? Aqui está! E então ela tomou consciência de uma autoridade, afastando os demais, ajoelhando-se ao seu lado, tocando-a com mãos experientes, que sabiam o que estavam fazendo. Foi tomada por um sentimento de alívio. Tudo ficaria bem agora. O dr. Tanios estava dizendo, em tom firme e tranquilizador:  – Não, está tudo tudo bem. bem. Nenh Nenhum osso quebrado... Ela só está assustada e machucada... achucada... e é claro que sofreu um impacto muito forte. Mas teve muita sorte de não ter sido pior. Então afastou os outros um pouco, levantou-a com facilidade e levou-a no colo até o quarto, onde segurou seu pulso por um minuto, contando. Mandou Minnie (que ainda chorava e agia como uma chata) para fora do quarto para pegar conhaque e uma bolsa de água quente. Confusa, abalada e com muita dor, ela sentiu imensa gratidão por Jacob Tanios naquele momento. Sentia-se aliviada por estar em mãos competentes. Ele era capaz de passar o exato sentimento de segurança e de confiança que um médico devia passar. Havia algo que ela não conseguia compreender muito bem, algo vagamente inquietante, mas ela não conseguia pensar nisso agora. Ia beber o que lhe dessem e dormir, como lhe

 

disseram. Mas era claro que algo estava faltando. Alguém. Ah, bem, ela não ia ficar pensando... O ombro doía. Bebeu o que lhe serviram. Ouviu o dr. Tanios dizer, num tom de voz reconfortante:  – Ela vai ficar bem b em agora. Fechou os olhos. Acordou com um som conhecido: um latido suave e abafado. Estava plenamente desperta em um minuto. Bob – o travesso Bob! Estava latindo do lado de fora da porta da frente – seu característico latido que significava “na rua a noite toda e com muita vergonha de si mesmo”, num nu m tom tom desanimado, mas esper es perançoso. ançoso. A srta. Arundell aguçou os ouvidos. Ah, sim, estava tudo certo. Pôde ouvir Minnie descendo para deixá-lo entrar. Ouviu o ranger da porta da frente se abrindo, um murmúrio confuuso – as suaves conf s uaves repreensões repree nsões de Minnie: Minnie:  – Ah, Ah, seu cachorri cachorrinh nhoo travesso, muit muitoo travesso... Ouviu a porta da despensa se abrir. A cama de Bob ficava embaixo da mesa da despensa. E, naquele instante, Emily se deu conta do que foi que ela havia sentido falta inconscientemente no momento do acidente que sofreu. Foi de Bob. Toda aquela comoção – a queda, as pessoas correndo – em geral teria feito Bob reagir com uma série de latidos de dentro da despensa. Então era com isso  que ela estava se preocupando. Mas agora tudo estava explicado. Quando deixaram Bob sair na noite passada, ele havia desavergonhada e deliberadamente fugido para passear. De vez em quando ele tinha esses lapsos de coragem – embora seus  pedidos de desculpas de sculpas posteriores posteriore s fossem sempre sempre tudo tudo o que se podia querer. Então estava tudo bem. Mas estava mesmo? O que mais a estava preocupando, incomodando no fundo da sua mente? O acidente – alguma coisa a ver com o acidente. Ah, sim, alguém dissera – Charles – que ela tinha pisado na bola que Bob deixara no topo da escada... A bola estava lá – ele a havia segu se gurado rado na mão... A cabeça de Emily Arundell doía. O ombro latejava. Seu corpo machucado sofria... Mas, em meio ao sofrimento, sua mente estava clara e lúcida. Ela não estava mais confusa  pelo choque. choque. Sua Sua mem memória ória estava es tava claríssim clarís sima. a. Repassou mentalmente todos os acontecimentos desde as seis horas da tarde anterior... Refez cada passo... até chegar ao instante em que chegou ao topo da escada e começou a descer... Foi atingida atingida por p or um arrepio arrepi o de horror incrédulo... Claro... claro que devia estar enganada... É normal ter ideias estranhas depois que algo assim acontece. acontece. Tent Tentou ou se lembrar da bola escorregadia escorr egadia de Bob sob seu s eu pé... Mas não conseguiu se lembrar de nada do gênero. Em vez disso...  – Nervosismo puro puro – concluiu concluiu Emily Emily Arundell. Arundell. – Um Uma ideia idei a ridícula. ridí cula. Mas sua mente vitoriana, sensata e perspicaz não poderia admitir aquilo por um instante

 

sequer. Vitorianos não eram otimistas bobos. Eram capazes de acreditar no pior, com a maior  facilidade. Emily Arundell acreditou no pior.

 

CAPÍTULO 4 A SRTA. ARUNDELL ESCREVE UMA CARTA Era sexta-feira. Os parentes haviam partido. Foram embora na quarta-feira, como planejado. Absolutamente todos se ofereceram para ficar por mais tempo. Absolutamente todas as ofertas foram recusadas com firmeza. A srta. Arundell explicou que preferia ficar “bem quietinha”. Durante os dois dias que tinham se passado desde a partida deles, Emily Arundell ficara  bastante  bastan te pensativa. pensativa. Às vezes nem escutava escutava o que Minn Minnie ie Lawson lhe dizia. Ficava Fi cava olh ol hando para ela e ordenava rudemente que começasse tudo de novo.  – É o choque, pobrezinha pobrezinha – disse di sse a srta. Lawson. E ela acrescentou, de outra forma banais: com a morbidez típica às situações trágicas que preenchem tantas vidas  – Ouso Ouso dizer que ela nu nunca mais mais voltará vol tará a ser o que era. O dr. Grainger, por outro lado, ridicularizou-a energicamente. O médico disse que a srta. Arundell estaria descendo a escada até o final da semana, que teve sorte de não ter quebrado nenhum osso e que ela causava problemas demais para um simples homem da medicina. Se todos os pacientes fossem como ela, era melhor que ele fechasse o consultório imediatamente. Emily Arundell respondeu com bom humor – ela e o velho dr. Grainger eram aliados de longa data. Ele a intimidava, e ela o desafiava. Sempre gostaram muito da companhia um do outro!Mas Mas agora, depois que o médico havia ido embora, a srta. Arundell estava deitada com a expressão tensa, pensando e repensando. Respondia distraidamente ao bem-intencionado alvoroço de Minnie Lawson, logo recobrando a consciência e arrasando-a com sua língua afiada.  – Pobre Bobby – disse a srta. sr ta. Lawson, Lawson, inclinando-se inclinando-se por cim ci ma de Bob, que tinha tinha um um tapete no canto canto da cama da dona. – Será Ser á que não ficaria triste se soubesse o qu q ue fez à sua pobre dona? A srta. Arundell explodiu:  – Não seja imbecil imbecil,, Minnie. Minnie. E onde está o seu senso britânico de justiça? Não sabe que todos neste neste país paí s são sã o considerados inocentes inocentes até que provem o contrári contrário? o?  – Ah, Ah, mas mas nós sabemos... sabemos... Emil Em ilyy a interrompeu:  – Nós não sabemos sabemos absolutament absolutamentee nada. E chega chega de tanta tanta agitação, agitação, Minnie. Minnie. Você fica  pegando  pegan do isso, isso , puxando puxando aquilo. aquilo. Não sabe sab e como como se comportar comportar num num quarto quarto de doente? doente? Vá Vá embora embora e mande a Ellen até aqui.

 

Obediente, a srta. Lawson se afastou. Emily Arundell observou-a saindo com um leve sentimento de remorso. Por mais irritante que fosse, Minnie fazia o melhor que podia. Então a expressão tensa tomou conta de seu rosto outra vez. Estava muito infeliz. Desprezava a inércia, não importava a razão, tal como ocorre com  pessoas idosas i dosas ainda ai nda bastant bastantee ativas. Mas naquela naquela situação situação em particular, não não sabia com c omoo agir. agir. Havia momentos em que desconfiava das próprias faculdades, de sua própria lembrança dos acontecimentos. E não havia ninguém, absolutamente ninguém em quem pudesse confiar. mais tarde, ahesitante, srta. Lawson, de caldo de entrou pé ante Meia pé nohora quarto e parou, ao vertrazendo a patroauma de xícara olhos fechados. Decarne, repente, Emily Arundell disse duas palavras com tanta força e convicção que a srta. Lawson quase deixou a xícara cair.  – Mary Fox! – exclamou exclamou a srta. Arun Arundell. dell.  – O quê, quê, querida? – disse a srta. Lawson. Lawson. – O que que você disse diss e que queria? queria?  – Você está ficando surda, Minnie. Minnie. Eu não disse que queria nada. Eu disse di sse Mary Fox. A mulher que conheci em Cheltenham no ano passado. Ela era irmã de um dos cônegos da Catedral de Exeter. Me dê essa xícara. Você derramou caldo no pires. E não entre no quarto pé ante pé.  Não imagin imaginaa como como é irritan irr itante. te. Agora Agora desça e me me traga traga a lista lis ta ttelefônica elefônica de L Londres. ondres.  – Posso encontrar encontrar o número número para você, voc ê, querida? Ou o endereço?  – Se eu quisesse que você fizesse fizesse isso, teria pedido. Faça o que estou dizendo. dizendo. Traga a lista aqui e me alcance al cance meus meus papéis de d e carta. A srta. Lawson obedeceu. Quando estava saindo do quarto, depois de ter feito tudo o que lhe havia sido solicitado, Emily Arundell disse, inesperadamente:  – Você é uma uma criatura boa e leal, leal , Minnie. Minnie. Não dê atenção atenção aos meus latidos. São muito uito  piores do que a minh minhaa mordida. mordida. Você Você é muit muitoo paciente e boa com comigo. igo. A srta. Lawson saiu do quarto com o rosto vermelho, balbuciando palavras incoerentes. Sentada na cama, a srta. Arundell escreveu uma carta. Redigiu devagar e com cuidado, com várias pausas para pensar e sublinhar bastante. Usou os dois lados da folha, pois fora educada numa escola em que aprendera a nunca desperdiçar papel. Finalmente, com um suspiro de satisfação, assinou o nome e pôs a carta num envelope. Escreveu um nome nele e então pegou outra folha. Dessa vez, fez um rascunho e, depois de reler, fazer alterações e apagar algumas coisas, passou a limpo. Leu tudo com muito cuidado e, satisfeita por ter se expressado como desejava, colocou a carta num envelope e a endereçou a William Purvis, Advogado, do escritório escri tório de Purvis, Purvis, Charlesworth Charlesw orth e Purvis, Purvis, em Harchester. Harchester. Pegou o primeiro envelope novamente, que estava endereçado a Monsieur Hercule Poirot, e abriu abri u a lista telefônica. telefônica. Depois Depoi s de encon e ncontrar trar o endereço, escreveu-o es creveu-o no envelope. envelope. Ouviu Ou viu uma uma batida ba tida na porta. por ta. A srta. Arundell, apressada, guardou a carta que tinha acabado de endereçar a Hercule Poirot dentro da pasta de papéis de carta. Não tinha intenção de despertar a curiosidade de Minnie, que era intrometida demais. Ela gritou “entre” “entre” e ssee recostou re costou nos nos travesseiro traves seiross com um um suspiro de alívio. alívi o. Havia tomado tomado medidas para par a lidar li dar com c om a situ si tuação. ação.

 

CAPÍTULO 5 HERCULE P OIROT RECEBE UMA CARTA Só muito tempo depois fiquei sabendo dos acontecimentos que acabei de narrar. Mas ao questionar minuciosamente vários membros da família, creio que tenha conseguido descrever os eventos com bastante precisão. Poirot e eu nos envolvemos no caso apenas quando recebemos a carta da srta. Arundell. LembroLem bro-m me bem be m do dia. dia . Era Er a uma uma manhã manhã quente quente e abafada do final de jun j unho. ho. Poirot tinha uma rotina peculiar ao abrir a correspondência matinal. Pegava cada carta, examinava-a com cuidado e abria o envelope impecavelmente com o corta-papel. O conteúdo do envelope era examinado e, então, depositado numa das quatro pilhas atrás do bule de chocolate. (Ele sempre tomava chocolate quente no café da manhã – um hábito desagradável.) TudoTanto isso com uma regularidade era assim, que a menormecânica! interrupção no ritmo chamava a atenção. Eu estava sentado em frente à janela, observando o trânsito. Retornara recentemente da Argentina e me parecia particularmente excitante estar outra vez em meio ao rugido de Londres. Virando a cabeça, disse com um sorriso:  – Poirot, eu, o hum humilde Watson Watson,, vou arriscar arri scar uma uma dedução.  – Encant Encantado, ado, meu meu amigo. amigo. Qual Qual é a dedução? dedução? Fiz uma pose e disse, com pompa:  – Esta manh manhãã você recebeu receb eu um uma carta particularment particularmentee interessa interessant nte! e!  – Você é mesm mesmoo um Sherloc Sherlockk Holmes! Holmes! Sim, Sim, você está certíssim certíssi mo. risada.  –Dei Sabe, conheço os seus métodos, conheço métodos, Poirot. Se você lê uma uma carta duas vezes, é bem provável que ela tenha algo muito interessante.  – Julgu Julgue por si mesmo, mesmo, Hastin Hastings. gs. Com um um sorriso, sorri so, meu amigo amigo me passou pass ou a carta c arta em questão. questão. Apanhei-a com interesse, mas logo fiz uma careta. Era escrita numa daquelas caligrafias antiquadas, compridas e finas e, além disso, tomava duas páginas inteiras.  – Preciso Precis o ler isto, i sto, Poirot? – reclamei.  – Ah, Ah, não, não, não se sinta sinta obrigado.  – Pode me me contar contar o que diz?  – Preferiria Preferiri a que você formasse formasse sua própria própri a opinião. Mas não se incomode, incomode, se isso vai entediar você.  – Não, não, não, eu quero quero saber do que se trata trata – protestei. Meu amigo observou, um pouco seco:  – Será difícil difíci l fazer fazer isso. iss o. Na verdade, a carta não diz absolutament absolutamentee nada.

 

Tomando isso como um exagero, iniciei a leitura sem mais reclamações.

 Monsieur Hercule Poirot.  Prezado  Pr ezado Senhor:  Após  Após muitas dúvidas e indecis indecisões, ões, escrevo (a últ última ima palavra estava riscada, e a carta continuava) estou decidida a escrever para o senhor na esperança de que  possa me ajudar numa questão de natureza estri estritamente tamente privada (as palavras “estritamente privada” estavam sublinhadas três vezes). Posso dizer que seu nome não me é desconhecido. Eleome foi mencionado por uma certa srta. de Exeter, e, embora a srta. Fox não conheça pessoalmente, mencionou   queFox, a irmã de seu cunhado (cujo nome, sinto dizer, não consigo lembrar) havia falado da sua  gentileza  gentil eza e discri discrição ção nos mais altos termos (“mais altos termos” est estava ava subli sublinhado nhado uma vez). Não questionei, é evi evidente, dente, quanto à natureza (“n (“natureza” atureza” sublinhada) da investigação invest igação que o senhor havia cconduzido onduzido para ela, mas compr compreendi eendi pelo relato da  srta. Fox que se tratava trat ava de algo de natureza natureza dolorosa e confidencial (as últimas três trê s  palavras estavam est avam m muito uito dest destacadas). acadas). Interrom Interrompi pi minha minha difícil tarefa de soletrar sol etrar as palavras palavra s compridas e finas. finas.  – Poirot, eu preciso continu continuar? ar? – perguntei. perguntei. – Ela em algum algum moment omentoo chega chega a algum algum lugar? lugar?  – Prossiga, Prossi ga, meu meu amigo. amigo. Paciência.  – Paciência! Paciê ncia! – resmun resmungu guei. ei. – É como como se uma aranha tivesse tivesse entrado entrado num num pote de nanquim nanquim e caminhado sobre uma folha de papel de carta! Lembro que a caligrafia da minha tia-avó Mary costumava ser muito parecida! Mais uma vez, segui com a leitura.

 No meu dilema atual, me ocorre que o senhor pode empreender as investigações invest igações necessárias para mim. O assunto em questão, como o senhor irá logo compreender, requer o máximo de discrição. Posso, na verdade – e preciso muito dizer o quanto espero e rezo (“rezo” sublinhada duas vezes) que seja este o caso – ...posso, na verdade,s estar completamente equivocada. Às vezes damos muito significado a fatos  passívei  passíveis de uma explicação natural.  – Pulei Pulei uma uma folha? folha? – murm murmuurei com certa perplexidade. Poirot riu.  – Não, não. não.  – Porque isso não parece fazer fazer sentido. Sobre o que que ela está es tá falando? falando?  – Continuez toujours.  – “O assunto assunto em questão, questão, como como o senhor senhor irá ir á logo compreender. compreender...” ..” Não, já li essa parte. pa rte. Ah! Ah! Aqui estamos.

 Dadas as circunstâncias, estou certa de que o senhor será o primeiro a avaliar  que me é impossível consultar qualquer um em Market Basing (olhei para o cabeçalho da carta. Littlegreen House, Market Basing, Berks), mas, ao mesmo tempo, o senhor irá sem dúvida compreender que me encontro perturbada (a última

 

 palavra estava est ava sublinhada). Durante os últimos úl timos di dias, as, tenho me censurado por estar  imaginando coisas (“imaginando coisas” sublinhado três vezes), mas tenho me  sentido cada vez mais incomodada. Posso estar dando importânci importânciaa indevi indevida da ao que é, afinal, uma bobagem (“bobagem” sublinhada duas vezes), mas minha inquietação permanece. Sinto que preciso me tranquilizar em relação a esse assunto, que está dominando a minha mente e afetando a minha saúde, e estou naturalmente numa posição difícil, já que não posso dizer nada a ninguém (“nada a ninguém” sublinhada com  força). sua experiência, senhor pode dizer, dizer , é claro, que que inocente tudo não passa de um boato. Com Os fatos podem ter ouma explicação perfeitamente (“inocente”  sublinhada). No entanto, por mais tri trivial vial que possa par parecer ecer,, desde o iincidente ncidente com a bola do meu cachorro, tenho me sentido cada vez mais desconfiada e assustada.  Devo, portanto, aceitar de bom grado sua opinião e aconselhamento sobre o assunto. Estou segura de que isso tiraria um grande peso das minhas costas. O  senhor poderia, por favor favor,, me dizer o valor dos seus honorários e o que me aconselharia a fazer na questão?  Devo reforçar reforçar,, mais uma vez, que ninguém aqui sabe de nada. Sei que os fatos  são tri triviais viais e corriqueiros, mas não ando bem de saúde, e meus nervos (“n (“nervos” ervos”  sublinhado três vezes) não são mais os mesmos. Estou convencida de que  preocupações  preocup ações desse gênero são muito ruins para mim, e quanto mais penso sobre isso, mais me convenço de que tinha razão e de que não era possível haver  qualquer engano. Claro que não sonho em dizer nada (sublinhado) a ninguém (sublinhado).  Espero contar com seu aconselhamento sobr sobree a questão em br breve. eve.  No aguardo aguardo,, atenciosamente,  Emily Arundell. Arundell. Virei a carta car ta e observei obse rvei cada págin pá ginaa com atenção. atenção.  – Mas, Poirot – objetei. – Do que que se trata isso? Meu amigo amigo encolheu encol heu os ombros.  – O que que exatam exatament ente? e? Bati nas folhas com alguma impaciência.  – Que Que mulh mulher! er! Por que a sra. ou srta. Arundell... Arundell...  – Senhorita, Senhorita, creio. crei o. É um uma carta típica de uma uma solteiron solteiro na.  – Sim. Sim. Um Uma velha solteirona realmente realmente perturbada. perturbada. Por que não pode dizer sobre o que está falando? Poirot suspirou suspiro u.  – Como Como você diz... um lament lamentável ável fracasso em empregar empregar ordem e método nos processos process os mentais, e sem s em ordem e método, Hastings...  – Isso mesm mesmoo – interrompi, interrompi, apressado. – Quase total total ausência ausência de células cél ulas cinzent cinzentas. as.  – Eu não diria isso, is so, meu meu amigo. amigo.  – Pois eu, sim. sim. Qual Qual o sentido  de se escrever escrev er uma uma carta como essa?  – Quase Quase nenhu nenhum m... é verdade – admitiu admitiu Poirot.

 

 – Um Uma longa longa lenga-lenga lenga-lenga sobre nada – continu continuei. ei. – Provavelmente Provavelmente algum algum problema com um cachorro gordo, um pug asmático ou um pequinês histérico! – Olhei com curiosidade para o meu amigo. am igo. – E ainda ai nda assim você lê a car carta ta duas vezes. Não entendo entendo você, Poirot. Poir ot. Poirot sorriu.  – Hastings, Hastings, você a teria teria jogado j ogado no no lixo?  – Creio Crei o qu q ue sim – respondi, r espondi, olhan ol hando do int i ntrigado rigado para pa ra a carta. – Imagin Imaginoo qu q ue eu esteja sendo obtuso, como sempre, mas não consigo ver nada de interessante nesta carta!  – No entant entantoo há um ponto ponto de grande interess interesse... e... um ponto ponto que me chamou chamou a atenção atenção de imediato.  – Espere! – exclamei. exclamei. – Não me me diga. Deixe-m Deixe-mee ver se não consigo consigo descobrir descobri r sozinho. sozinho. Talvez tenha sido infantil da minha parte. Examinei a carta com muita atenção. Então, sacudi a cabeça.  – Não, não estou enten entendendo. dendo. Estou vendo vendo qu q ue a velha se assustou... assustou... mas velhas costu c ostum mam se assustar! Pode não ser nada... pode até ser alguma coisa, mas não vejo como se possa dizer  isso pela carta. A menos que o seu instinto... Poirot levantou uma mão, ofendido:  – Instint Instinto! o! Você sabe o quanto quanto detesto detesto essa palavra. palavr a. “Algo está me me dizendo”... é o que você está inferindo.  Jamais de la vie ! Eu racionalizo. Uso as células cinzentas. Tem um ponto interessante nessa carta que você não percebeu, Hastings.  – Ah, Ah, bem – falei, cansado. – Vá Vá em frente. frente.  – Ir em frente? frente? Para onde?  – É um modo de dizer. dizer. Estou dizendo dizendo que vou deixar você se divertir ao me mostrar  exatamente como estou sendo tonto.  – Não é tonto, tonto, Hasting Hastings, s, apenas pouco pouco observador. observad or.  – Bem, Bem, vá logo. Qual Qual é o ponto ponto interess interessant ante? e? Suponh Suponho, o, como como o “incidente “incidente da bola do cachorro”, que o ponto é que não há um ponto interessante! Poirot desconsiderou desconsider ou essa explosão da minha inha parte e disse, com toda a calm cal ma:  – O ponto ponto interessant interessantee é a data.  – A data? Peguei a carta. No canto superior esquerdo estava escrito 17 de abril.  – Sim – falei lentament lentamente. e. – Que Que estranho, estranho, é de 17 de abril. abri l.  – E hoje hoje é 28 de jun j unhho. C’est curieux, n’est ce pas? Há mais mais de d e dois meses. Sacudi a cabeça, cabeça , intrigado. intrigado.  – É provável que isso não signifique signifique nada. Um deslize. desli ze. Ela queria escrever escreve r junho junho e escreveu abril.  – Mesmo Mesmo assim, a carta teria dez ou onze onze dias... um fato fato estranho. estranho. Mas, na verdade, você está equivocado. Olhe para a cor da tinta. A carta foi escrita há mais de dez ou onze dias. Não, 17 de abril é a data certa. Mas por que a carta não havia sido enviada? Encolhi os ombros.  – Essa é fácil. A velhinh velhinhaa mudou mudou de ideia. idei a.  – Então Então por que não destruiu a carta? Por que mant mantê-la ê-la por mais de dois meses e postá-la só agora? Fui obrigado a admitir que aquela pergunta era mais difícil de responder. Na verdade, não

 

consegui pensar num consegui numa re resposta sposta satisfatória. Apenas sacu sac udi a cabeça e não disse diss e nada. Poirot assentiu. assentiu.  – Está vendo... vendo... é um um ponto ponto interess interessant ante! e! Sim, Sim, é decididam decidi dament entee um ponto ponto curioso.  – Você vai responder? r esponder? – pergun perguntei.  – Oui, mon ami. A sala estava silenciosa, exceto pelo ruído da caneta de Poirot no papel. Era uma manhã quente quen te e abafada. Um cheiro de poeira e piche pi che entrava entrava pela pel a janela. ja nela. Poirot se levantou da mesa, com a carta completa na mão. Abriu uma gaveta e tirou de dentro caixinha para quadrada. Daàcaixa, esponjauma e preparou-o afixá-lo carta. tirou um selo. Umedeceu o selo com uma pequena Então, de repente, fez uma pausa, com o selo na mão, sacudindo a cabeça vigorosamente.  – Non! – exclamou. – Essa não é a coisa certa a fazer. – Rasgou a carta e atirou o papel no cesto de lixo. – Nós devemos tratar dessa questão! Vamos até lá, meu amigo.  – Você quer dizer ir até Market Market Basing Basing?  – Isso mesmo. esmo. Por que não? Não está sufocant sufocantee em Londres? O ar do campo campo não seria agradável?  – Bom, Bom, olhando olhando por esse pont p ontoo de vista – concordei. – Vam Vamos os de carro? carr o? Eu havi haviaa adquiri a dquirido do um Austin Austin de segu se gunda nda mão. mão.  –aremos Excelente. Excelente. Está umBasta dia m uito uitcasaco o agradável para andar de seda... carro. Provavelm Provavel mente ente não  precis  precisarem os de cachecóis. um um leve l eve e uma um a echarpe  – Meu caro companh companheiro, voc vocêê não vai para o Polo Norte! – protestei. protestei.  – É preciso tomar tomar muit muitoo cuidado para não peg pegar ar um resfriado – ponderou Poirot.  – Num Num dia como esse? Ignorando meus protestos, Poirot seguiu para vestir um casaco castanho amarelado e enrolar o pescoço com um lenço de seda branco. Tendo colocado cuidadosamente o selo umedecido um edecido sobre o papel absorvente para secar, se car, deixamos deixamos a sala juntos. juntos.

 

CAPÍTULO 6 VAMOS A LITTLEGREEN HOUSE  Não sei como como Poirot se sentia de casaco e cachecol, m mas as me me senti senti assan assa ndo antes antes de sairm sai rmos os de Londres. Um carro aberto no trânsito está longe de ser refrescante num dia quente de verão. Quando saímos de Londres, no entanto, aumentando um pouco a velocidade na Great West Road, meu ânimo melhorou. O trajeto levou mais ou menos uma hora e meia, e era perto do meio-dia quando chegamos à cidadezinha de Market Basing. Originalmente localizada junto à via principal, um caminho secundário recente agora deixava a pequena cidade cerca de cinco quilômetros ao norte do maior fluxo de trânsito, o que, em contrapartida, possibilitou que o local mantivesse um ar de respeito e tranquilidade à moda antiga. Sua única rua larga e a ampla praça comercial pareciam dizer: “Fuisendo. um lugar importante dia e, moderno para qualquer pessoa e boa família, continuo Deixem que esseummundo e veloz corracom pelabom-senso estrada recém-feita. Fui construída const ruída para resistir resis tir num num período em que que solidari sol idariedade edade e beleza andavam de mãos dadas”. Havia uma área de estacionamento no meio da grande praça, embora apenas poucos carros a ocupassem. ocupassem. Estacionei o Austin, Austin, Poirot se despiu das roupas supérfluas, supérfluas, certificou ce rtificou-se -se de que o  bigode estava adequadam adequadament entee extravagan extravagante, te, e seguim seguimos os em frente. frente. Foi uma surpresa que a nossa primeira tentativa de descobrir um endereço não obteve a resposta de sempre: “Sinto muito, mas não sou daqui”. Parecia mesmo plausível que não houvesse estranhos em Market Basing! Eu já estava com a impressão de que Poirot e eu (e sobretudo Poirot) éramos de alguma forma perceptíveis. Tendíamos a nos destacar do antiquado cenário umreen mercado inglês, resguardado em suas tradições.  – Littleg Lde ittlegreen House? House? – O homem hom em,, um sujeito forte forte de olhos grandes, grandes, nos exam examinou inou.. – Sigam  pela High High Street que não tem como como não ver. À esquerda. Não há nome nome no portão, mas é a  primeira casa grande depois do banco. – E repetiu: repetiu: – Não tem como como não não ver. Seu olhar nos acompanhou quando começamos o nosso percurso.  – Puxa Puxa – reclam recla mei. – Tem algum alguma coisa nesse lugar lugar que faz com que eu me sinta sinta extremamente deslocado. Quanto a você, Poirot, sem dúvida parece exótico.  – Você acha que que dá para notar que que sou estrangeiro? estrangeiro?  – O fato fato é gritant gritantee – garanti. garanti.  – E, no no entant entanto, o, as minh minhas as roupas são feitas por um alfaiate inglês inglês – refletiu Poirot.  – Roupas Roupas não são tudo tudo – falei. – Não se pode negar, negar, Poirot, que você tem uma uma  personalidade notável. Com frequência frequência me me pergunt perguntoo se ela não prejudicou a sua sua carreira. carrei ra. Poirot suspirou suspiro u.  – Isso é porque você tem a ideia idei a fixa fixa e equivocada de que um detetive detetive é um homem homem que usa usa  barba postiça e se esconde es conde atrás de colunas! colunas! A barba postiça é vieux jeu, e campanas são feitas

 

apenas pelos profissionais dos ramos mais inferiores da minha profissão. Os Hercule Poirot, meu amigo, precisam apenas se recostar numa cadeira e pensar.  – O que explica por que estamos estamos caminh caminhando ando por essa rua absurdament absurdamentee quente quente numa uma manhã absurdamente quente.  – Muito Muito bem observado, Hastings. Hastings. Para variar, var iar, admito admito que que você me me ganh ganhou. Encontramos Littlegreen House com facilidade, mas um choque nos esperava: uma placa de imobiliária. Enquanto observávamos a placa, o latido de um cachorro atraiu a minha atenção. Os terrier arbustos estavam pouco àquela e o cãoembaraçados. podia ser visto facilidade. Era um pelo-de-arame, comdensos os pelos um altura, tanto quanto Suascom patas estavam  bem separadas, separa das, um pouco inclinadas para um dos lados, e ele latia com evidente gosto gosto pelo  próprioo desempenh  própri desempenho, o, o que que demonst demonstrava rava que ele estava agindo agindo com intenções intenções amigáveis. amigáveis. “Sou um excelente cão de guarda, não sou?”, parecia estar dizendo. “Não se preocupem comigo! Só estou me divertindo! É minha tarefa também. Só preciso deixar claro que há um cachorro por aqui! A manhã está uma chatice total. É uma bênção ter algo para fazer. Vão entrar  na nossa propriedade? Espero que sim. Está muito chato aqui. Gostaria de bater um papo.”  – Alô, meu meu velho velho – falei, estendendo estendendo a mão. mão. Entortando o pescoço do outro lado da grade, ele me cheirou com desconfiança e, então, abanou o rabonão amistosamente, soltando preciso alguns latidos ritmados. “Ainda fomos apresentados, continuar com isso! Mas estou vendo que você sabe como como in i niciar icia r uma uma conversa.”  – Bom menino enino – eu disse. “Uff”, “U ff”, respondeu res pondeu amigavel amigavelm mente o terrier. terr ier.  – E então, então, Poirot? – eu disse, renu r enuncian nciando do à conversa e me me virando para meu meu amigo. amigo. Havia uma expressão esquisita no rosto dele, algo que não consegui compreender muito  bem.. Parecia uma excitação deliberadam  bem delibera dament entee contida. contida.  – O incidente incidente com a bola do cach cac horro – murm murmuurou.  – Bem, Bem, pelo menos menos tem temos os um cão aqui. “Uff”, observou o nosso novo amigo. Ele se sentou, deu um bocejo imenso e nos olhou com ar esperançoso.  – E agora? agora? – perg per guntei. untei. O cão parecia estar fazendo a mesma pergunta.  – Parbleu, vamos aos senhores... como é mesmo que se chamam? Srs. Gabler e Stretcher.  – Isso parece indicado – concordei. Demos meia-volta e refizemos nossos passos, com nosso conhecido canino dando alguns latidos aborrecidos às nossas costas. A imobiliária Gabler e Stretcher ficava na Market Square. Entramos por uma antessala onde fomos recebidos por uma moça com adenoides e olhos baços.  – Bom dia – Poirot Poir ot disse, educado.  Naquele  Naqu ele moment omento, o, a jovem estava falando ao telefone, telefone, mas indicou uma uma cadeira, cadeir a, e Poirot se sentou. Encontrei outra cadeira e também me sentei.  – Não saberia saberi a dizer – a moça falava, despreocu despreoc upada, ao telefone. telefone. – Não, não sei quais seriam os valores... Perdão? Ah, encanamento central, acho, mas, claro, não tenho certeza...

 

Sinto muito, estou certa de que... Não, ele não está... Não, eu não saberia dizer... Sim, claro que  pergunt  pergu ntarei arei a ele... Sim... Sim... 8135? In Infelizm felizment entee acho que não compreendi compreendi direito. direi to. Ah... Ah... 8935... 39... Ah, 5135... Sim, pedirei que ele telefone... depois das seis... Ah, perdão, antes das seis... Muito obrigada. Ela recolocou o telefone no gancho, rabiscou 5319 no bloco de anotações e voltou um olhar levem le vement entee in i nquiridor, porém desinteressado, para pa ra Poirot. Poirot começou a falar com c om vivacidade. vivaci dade.  – Notei Notei que há uma uma casa à venda nas cercanias da cidade. Creio que o nome ome da  propri  propriedade seja sej a Littl  Littlegreen egreen House.  –edade Perdão?  – Uma casa para ser alugada alugada ou vendida – repetiu Poirot Poir ot len le nta e claram clara mente. ente. – Littlegreen ittlegreen House.  – Ah, Ah, Littleg Littlegreen reen House House – a moça moça balbuciou. – O senhor senhor disse diss e Littleg Littlegreen reen House? House?  – Foi o que eu disse.  – Littlegreen ittlegreen  House – repetiu a jovem, fazendo um esforço mental tremendo. – Ah, sim, imagino que o sr. Gabler sabe a respeito dessa propriedade.  – Posso falar com o sr. sr. Gabler?  – Ele não está – respondeu re spondeu a moça moça com um uma satisfação fraca e desm desmaiada, aiada, com c omoo a de quem diz “ponto mim”.  – Sabepara quan quando do ele estará de volta? v olta?  – Não sei dizer – inform informou ou a moça. moça.  – Sabe, estou procurando procurando por uma uma casa nessa região – Poirot Poiro t falou. falou.  – Ah, Ah, sim – resmung resmungou ou a jovem, jovem, desinteressada.  – E Littlegreen ittlegreen House House me parece exatam exatament entee o que estou procurando. Sabe me dizer as características?  – Características? – A moça moça parecia parec ia espantada.  – As características da propriedade. propri edade. De má vontade, ela abriu uma gaveta, de onde tirou um arquivo de papéis desorganizado. Então cham c hamou: ou:  – John. John. Um rapaz magro, sentado num canto, ergueu o olhar.  – Sim, Sim, senhorita. senhorita.  – Nós temos temos as características car acterísticas de... o que foi que que o senhor senhor disse? diss e?  – Littleg Littlegreen reen House House – respon respo ndeu Poirot devagar. devagar.  – Vocês têm um anúncio anúncio enorme enorme sobre ela el a aqui – observei, apon apo ntando tando para a parede. par ede. Ela olhou para mim com frieza. Dois contra um, parecia pensar, era uma maneira injusta de ogar aquele jogo. Então chamou por reforços.  – Não sabe nada sobre Littleg Littlegreen reen House, House, sabe, John? John?  – Não, senhorita. senhorita. Deve Deve estar no arquivo. arquivo.  – Sint Si ntoo muito muito – disse ela sem sequer sequer olhar para par a o arquivo. – Imagin Imaginoo que tenham tenhamos os ficado sem todas as características.  – C’est domm dommage age.  – Perdão?

 

 – Que Que pena.  – Tem Temos os um ótimo ótimo chalé em Hemel Hemel End, com dois quartos e um uma sala. Ela informou sem entusiasmo, mas com o ar de alguém disposto a cumprir o dever junto ao  patrão.  – Obrigado, mas mas não estou interess interessado. ado.  – E um sem s emigem igeminado inado com um pequ peq ueno conservatório. Posso lhe dar as características caracterís ticas desse.  – Não, obrigado. Gostaria de saber o valor do aluguel aluguel que está sendo pedido por  Littlegreen Littlegree n House.  – Não está para alugar alugar – falou a moça, abandonando abandonando sua s ua posição pos ição de ignorância ignorância completa completa sobre Littlegreen House pelo prazer de marcar um ponto. – Ela está apenas à venda.  – A placa diz di z “aluga-se “aluga-se ou vende-se”.  – Não sei inform informar ar quanto quanto a isso, mas mas a casa está e stá apenas apenas à venda. A essa altura da batalha, a porta se abriu, e um homem grisalho de meia-idade entrou apressado. Com expressão enérgica, observou-nos com um brilho no olhar. Suas sobrancelhas questionaram a funcionária.  – Esse é o sr. Gabler – apresent aprese ntou ou a jovem. O sr. Gabler abriu a porta de um recôndito cômodo com um floreio.  – Entrem Entrem, , cavalheiros. caval heiros. – Ele nossentar-se levou le vou para dentrofrente da sala, sal a, cadeiras cademesa iras com um gesto amplo para, em seguida, à nossa doindicando-nos outro lado deasuma de trabalho.  – E então, então, o que que posso fazer por vocês? Poirot recom r ecomeçou, eçou, perseverant perseve rante. e.  – Eu gostaria gostaria de algum algumas informações informações sobre sobr e Littleg Littlegreen reen House... House...  Não foi foi além alé m disso. O sr. Gabler assumiu assumiu o comando. comando.  – Ah! Ah! Littlegreen ittlegreen House... House... eis uma uma propriedade! propri edade! Uma verdadeira verdadei ra pechincha. pechincha. Acabou de entrar no mercado. Posso dizer aos cavalheiros que não é sempre que temos uma casa dessa categoria e com esse preço. O bom gosto está voltando a ser o que era. As pessoas estão cansadas de construções feitas às pressas. Querem imóveis sólidos. Construções boas e honestas. É uma bela propriedade... tem personalidade... emoção... absolutamente georgiana. É isso que se quer hoje em dia... há um desejo por casas antigas, se sabem o que estou querendo dizer. Ah, sim, Littlegreen House não ficará no mercado por muito tempo. Ela será vendida num  piscar de olhos. Num Num piscar de olhos! Um membro embro do parlam parla mento ento veio vê-la no sábado  passado. Gostou tanto tanto que virá novament ovamentee nesse final final de semana. semana. E há um cavalheiro da bolsa de valores interessado também. Hoje, as pessoas querem tranquilidade quando vêm para o campo, querem ficar bem longe das vias principais. Isso é tudo muito bom para algumas  pessoas, mas nós atraímos atraímos gente gente de classe clas se aqui. E é isso i sso que aquela casa tem. tem. Classe! É preciso pre ciso admitir que sabiam construir para cavalheiros naqueles dias. Sim, não deveremos manter  Littlegree Litt legreenn por muito tempo tempo no nosso noss o catálogo. c atálogo. O falante sr. Gabler fez uma pausa para respirar.  – A propriedade propri edade mudou mudou de dono com frequência frequência nos nos últimos últimos anos? – pergunt perguntou ou Poirot.  – Pelo contrári contrário. o. Está na mesma esma famíli famíliaa há mais de cinquent cinquentaa anos. De nome nome Arun Arundell. Muito Mu ito respeitada respei tada na cidade. Senhoras Senhoras de d e tradição.

 

Levantou-se, abriu a porta e chamou:  – Características de Littlegreen Littlegreen Hou House, se, srta. Jenkins. Jenkins. Rápido. Voltou para a mesa.  – Gostaria de uma casa a mais ou menos menos essa distância de Londres – disse Poirot. – No interior, mas não muito isolada, se me compreende...  – Claro, claro. clar o. Isolament Isolamentoo não é bom. bom. Os criados criad os não gostam, gostam, para começar. começar. Aqui, temos temos as vantagens do interior, mas não as desvantagens. – A srta. Jenkins entrou voando com uma folha de papel datilografada, que pôs diante do patrão. Ele a dispensou com um aceno de cabeça.  – Aqui Aqui está – disse o sr. Gabler, lendo com velocidade velo cidade ensaiada. – É uma uma casa antiga, antiga, de  personalidade:: quatro  personalidade quatro salas, salas , oito quartos, quartos, gabinetes, gabinetes, amplas amplas instalações de cozinha, cozinha, amplas amplas dependências, estábulos etc. Encanamento central, jardins antigos, manutenção de baixo custo, somando 1,2 hectare no total, duas casas de verão etc., etc. O preço é de 2.850 libras ou oferta aproximada.  – O senhor senhor pode me me mostrar mostrar a residência? resi dência?  – Certament Certamente, e, senhor. senhor. – O sr. Gabler começou começou a escrever escrev er cheio de floreios. – Seu nome nome e endereço? Para minh minha surpresa, surpresa , Poirot Poir ot disse chamar-se chamar-se sr. Parotti. Temos Tem os uma ou duas proprieda pr opriedades des em nosso nosso catálogo que podem interessá-l interessá-loo – continu continuou ou o sr.  – Gabler. Poirot deixou que ele acrescentasse mais duas propriedades.  – Littleg Littlegreen reen House House pode ser vista a qualquer qualquer m mom oment ento? o? – ele pergu per gunntou. tou.  – Claro, senhor. senhor. Há criados resident resid entes. es. Talvez eu telefone antes antes para garantir garantir que alg al guém nos receba. Vocês irão agora? Ou depois do almoço?  – Talvez Talvez depois do alm al moço seja melhor. elhor.  – Com certeza, certeza, com certeza. Vou Vou telefon telefonar ar e dizer que os esperem mais ou m menos enos às duas da tarde... Certo? Tudo bem?  – Obrigado. O senhor senhor disse que a proprietária propri etária da casa... a srta. Arundell, Arundell, foi esse es se o nome nome que disse?  – Lawson. Srta. Lawson. É o nome nome da atual atual proprietária. propri etária. A srta. Arundell, Arundell, sinto dizer, dizer, morreu há alguns dias. Foi como a propriedade entrou no mercado. E posso lhe garantir que ela será vendida num piscar de olhos. Não há dúvidas quanto a isso. Aqui entre nós, se o senhor  está pensando em fazer uma oferta, é bom fazer logo. Como lhe disse, já há dois cavalheiros interessados nela, e eu não me surpreenderia se, a qualquer momento, recebesse uma oferta por  ela. Ambos têm conhecimento de que o outro está interessado, sabe? E não há dúvidas de que a concorrência é um belo estímulo. Ha, ha! Eu não gostaria que o senhor se decepcionasse.  – Imagin Imaginoo que que a srta. Lawson Lawson esteja ansiosa para vender ve nder.. O sr. Gabler baixou a voz, em tom de confidência.  – Exatam Exatament entee isso. A casa é maior do que ela gostaria... gostaria... uma uma mulher ulher de meia-idade, eia-i dade, morando sozinha. Ela quer se livrar disso e comprar uma casa em Londres. Bastante compreensível. com preensível. É por isso i sso que a casa cas a está tão em conta. conta.  – Será que ela estaria aberta abe rta a um uma oferta?  – Essa Es sa é a ideia, ideia , senh se nhor. or. Faça uma uma oferta e vamos vamos ver o que acontece. acontece. Mas o senhor senhor pode

 

acreditar que não haverá dificuldade de se obter um preço perto do valor pedido. Nossa, é ridículo! Construir uma casa como aquela hoje em dia custaria no mínimo seis mil libras, sem contar o valor do terreno e as valiosas fachadas.  – A srta. Arundell Arundell morreu morreu repentinam repentinament ente, e, não não foi?  – Ah, Ah, eu não diria diri a isso.  A  Anno nno domini...  anno domini. Ela já tinha passado dos setenta. E vinha adoentada há muito tempo. A última de sua família... vocês sabem algo sobre os Arundell?  – Conheço Conheço alg al gumas umas pessoas com o mesmo esmo sobrenome sobrenome que têm parentes parentes por aqui. Imagin Imaginoo que sejam da mesma família.  – É muito provável. provável . Havia quatro quattradicionais. ro irmãs. UA masrta. casou-se as out outras ras três continuaram morando aqui. Senhoras Emily bem era atarde, últimae delas. Bastante considerada na cidade. Inclinou-se para a frente e passou os papéis de indicação a Poirot.  – Voltarão aqui para me dizer o que acharam da propriedade, propri edade, certo? É claro que a casa  pode precisar pre cisar de algu al gum ma reforma aqui aqui e ali. É de se s e esperar. espe rar. Mas eu sempre sempre digo: di go: o que são um ou dois banheiros? É algo fácil de resolver. Saímos, e a última coisa que escutamos foi a voz inexpressiva da srta. Jenkins dizendo:  – A sra. Samuels Samuels lig li gou, senhor. senhor. Ela gostaria gostaria que o senhor senhor ligasse li gasse para ela... Holland Holla nd 5391. Até onde eu podia lembrar, aquele não era nem o número que a srta. Jenkins havia rabiscado no convencido bloco nem ode número queestava lhe informaram durante ligação. Estava que ela se vingando por ater sido forçada a encontrar as informações sobre Littlegreen House.

 

CAPÍTULO 7 O ALMOÇO NO RESTAURANTE DA POUSADA Quando chegamos em Market Square, comentei que o sr. Gabler era um tagarela! Poirot assentiu com um sorriso.  – Ele ficará bastan bas tante te decepcionado quando quando nnão ão voltarmos voltarmos – constatei. constatei. – Acho que que ele tem a sensação de já ter vendido a casa para você.  – Sim, Sim, acho que que ele vai ficar decepcionado. decepci onado.  – Almoçam Almoçamos os aqui antes antes de retornarmos retornarmos a Londres, ou vamos vamos almoçar almoçar em algum algum outro outro lugar no caminho de volta?  – Meu caro Hastings, Hastings, não pretendo deixar Market Market Basing tão depressa. depress a. Ainda Ainda não realizamos o que viemos fazer.  –Encarei-o. Você está querendo querendo dizer... dizer... Mas, meu meu amigo, amigo, é um um esforço inútil. inútil. A velha velha está morta. morta.  – Exatam Exatament ente. e. O tom daquela palavra me fez encará-lo com mais espanto do que nunca. Era óbvio que aquela carta sem sentido o deixara com uma pulga atrás da orelha.  – Mas se ela está morta, morta, Poirot Poir ot – comecei, com toda toda a tranquilidade tranquilidade –, qual é a razão? r azão? Ela não pode lhe dizer nada agora. Qualquer que fosse o problema, não existe mais.  – Com que frivolidade frivolida de e facilidade você põe o assunto assunto de lado! Deixe-me Deixe-me lhe dizer que  assuunt ntoo está encerrado encerrad o antes que que Hercule Poirot Poi rot deixe de se preocupar pr eocupar com ele! nenhum ass Eu deveria saber por experiência própria que não vale a pena discutir com Poirot, mas,  prossegui, im prudente.  – Masimpruden com como o elate.está morta... morta...  – Exato, Hastings. Hastings. Exato... Exato... exato... exato... exato. Você fica repetin re petindo do o ponto ponto mais im i mportante portante com co m uma negligência obtusa do que significa. Você não vê a importância desse ponto? A srta. Arundell morreu.  – Mas, meu caro car o Poirot, a morte dela foi natural natural e comum comum!! Não teve nada de estranho estranho ou inexplicá inex plicável. vel. Tem Temos os a palavra pa lavra do próprio própr io Gabler.  – Temos emos a palavra dele de que Littlegreen ittlegreen House House é uma uma pechincha pechincha a 2.850 libras. libr as. Você aceita isso como verdade absoluta também?  – Não, é verdade. Achei Achei mesmo esmo que Gabler estava dedicado demais demais a vender a  propri  propriedade... edade... e qu q uesua ela el a cliente... provavelm provave lment enteedisposto precisa preci sa aser seaceitar r reform re formada ada soma de cima cimmuito a a baixo. ba menor. ixo. Eu poderia que ele... ou então está uma Deve serjurar  um inferno inf erno se livrar l ivrar dessas mansões georgianas. georgianas.  – Eh bien, então então – concluiu concluiu Poirot. – Não diga d iga “mas “mas o Gabler disse!” como se ele el e fosse um  profeta incapaz incapaz de ment mentir. ir.

 

Eu estava prestes a protestar de novo, mas, naquele instante, passamos pela entrada do restaurante da pousada local e, com um enfático “psiu!”, Poirot abafou a continuação da conversa. Fomos levados até o refeitório, um salão de belas proporções, com janelas bem fechadas e cheiro de comida rançosa. Um garçom nos atendeu, era um senhor lento, com a respiração  pesada. Parecíam Parecía mos ser os únicos client clie ntes es do almoço. Comem Comemos os um carneiro excelente, excelente, com fatias grandes de batatas murchas. Algumas frutas cozidas bastante insípidas e creme de ovos se seguiram ao almoço. Depois de nos servir gorgonzola e biscoitos, o garçom trouxe duas xícaras de umAlíquido de aspecto chamou dos de café. essa altura, Poirotduvidoso apanhou aosque endereços imóveis sugeridos pela corretora e pediu a ajuda do garçom.  – Sim, Sim, senhor. senhor. Sei onde fica quase tudo. tudo. Hemel Hemel Down fica a cinco quilômetros quilômetros de distância, dis tância, na estrada e strada Much Much Benham Benham,, um lugar bem pequeno. Naylor’s Naylor ’s Farm Far m ffica ica a mais ou menos menos um quilômetro e meio. Há um caminho que leva até ali, logo depois de King’s Head. Bisset Grange? Não, nunca ouvi falar dessa propriedade. Littlegreen House é bem perto, a poucos minutos a pé.  – Ah, Ah, acho que que já a vi por po r fora. Acredito que que seja ela. e la. Está em bom estado, imagin imagino? o?  – Ah, Ah, sim, senh senhor. Está Está em boas condições... Telhado, Telhado, esgoto esgoto e tudo tudo o mais. mais. É antiga, antiga, claro. clar o.  Nunca  Nu nca foi foi reformada. reform Os pertence jardin jardi nce s são uma um pint ura.Lawson. A srta. Arundell Arundell gostava gostava muit muitoo do jardim jardi m.  – Soube Sou be queada. a casa perten a uma um a atalpintura. srta. Lawson.  – É isso mesmo. esmo. A srta. Lawson era a dama dama de companh companhia ia da srta. Arundell, Arundell, que, quando quando morreu, deixou-lhe tudo... a casa e tudo o mais.  – É mesm mesmo? o? Imagin Imaginoo que que ela não tivesse parentes a quem quem deixar a herança? herança?  – Bem, Bem, não exatam exatament ente. e. Ela tinha  sobrinhas e sobrinhos. Mas era a srta. Lawson quem estava com ela o tempo todo. E, claro, a srta. Arundell já estava velha e... bem... foi o que aconteceu.  – De qualquer qualquer forma, forma, imagin imaginoo que tenh tenhaa deixado apenas a casa e pouco dinheiro? dinheiro? Tenho percebido com frequência que, quando uma pergunta direta fica sem resposta, uma suposição falsa de imediato revela informações na forma de uma contradição.  – Longe Longe disso. Muito Muito longe na na verdade. ver dade. Todo Todo mundo mundo se surpreendeu com a quantia quantia que que ela el a deixou. O testamento foi publicado no jornal, com a quantia e tudo o mais. Parece que ela, há muito tempo, vivia abaixo dos padrões da própria renda. Deixou algo em torno de trezentas ou quatrocentas quat rocentas mil mil libras. libr as.  – Não me diga! – exclamou exclamou Poirot. Poir ot. – Parece um conto conto de fadas, não? A hu humilde dama dama de companhia de repente se torna riquíssima. Ainda é jovem, essa srta. Lawson? Conseguirá aproveitar aprovei tar a riquez ri quezaa recen rece nte?  – Ah, Ah, não. não. É um uma pessoa de meia-idade, meia-idade , senhor. senhor. O modo como enunciou a palavra  pessoa foi uma performance digna de um artista. Ficou claro que a srta. Lawson, a ex-dama de companhia, não desfrutava de boa reputação em Market Basing.  – Deve ter sido uma uma decepção para par a os sobri sobrinh nhos os e sobrin sobri nhas – refletiu Poirot.  – Sim Si m, senh se nhor, or, acredito acredi to que a notícia ten tenhha sido s ido um choque choque para par a eles. e les. Muito Muito inesperada. inesperada . O caso repercutiu muito aqui em Market Basing. Há os que não consideram certo deixar gente do

 

 própri o sangu  próprio sangue fora do testament testamento. o. Mas, sem dúvida, dúvi da, há os que acham que que todo mundo undo tem o direito de fazer o que bem entende com o que lhe pertence. Há argumentos para os dois pontos de vista, é claro.  – A srta. Arundell Arundell vivia aqui a qui há há muit muitos os anos, nnão? ão?  – Sim. Sim. Ela, as irmãs e o pai, o velho general Arundell. Arundell. Não que eu me lembre dele, naturalmente, mas acredito que ele tenha sido um sujeito e tanto. Participou da Revolta dos Sipais.  – Tinh Tinhaa muit muitas as filhas?  – eSea não e engano engano eramMatilda três, e morreu acho que uma uma foiemcasada. Sim , a srta. Matilda, Mate,ilda, srta.a Agnes srta. mEmily. A srta. primeiro, seguidaSim, a srta. Agnes por afim, srta. Emily.  – Ela morreu morreu recentem recentement ente? e?  – No começo começo de maio... maio... ou pode ter ter sido si do no final final de abril. abr il.  – Ficou doente doente por muit muitoo tem tempo? po?  – Tinha inha altos e baixos. Estava mais para doente. doente. Quase Quase morreu de icterícia icteríci a há um ano. Ficou amarela feito uma laranja por algum tempo. Sim, estava com a saúde debilitada nos últimos últim os cinco ci nco anos anos de vida.  – Imagin Imaginoo que que vocês tenham tenham bons médicos médicos por po r aqui.  – Bem, Bem , temos temoscom o dr. Graing Estáextravagante aqui há mais ou suas menos quarenta quarenmas ta anos, quase todo mundo se consulta ele.Grainger. É umer. pouco e tem manias, é um ebom médico. Trabalha com um sócio, o dr. Donaldson. Esse é mais jovem, segue um estilo mais moderno. Alguns o preferem. E, é claro, tem também o dr. Harding, mas ele não atende muito.  – Suponh Suponhoo que o dr. dr. Grainger Grainger fosse o médico médico da srta. sr ta. Arun Arundell. dell.  – Sim. Sim. Ele a tirou de muitas situações complica complicadas. das. É o tipo de médico que nos força a viver, queiramos ou não. Poirot assent ass entiu iu com a cabeça.  – É bom saber um pouco sobre o lugar lugar antes antes de nos mudarmos udarmos – observou. – Um bom médico é uma das pessoas mais importantes.  – Isso é bem verdade. Poirot pediu a conta, à qual acrescentou uma generosa gorjeta.  – Obrigado, senhor senhor.. Muito Muito obrigado. Espero mesm mesmoo que se mu mude para cá.  – Tam Também bém espero – mentiu mentiu Poirot. Deixamos o restaurante.  – Já está satisfeito, Poirot? – pergunt perguntei, ei, quando quando já estávamos estávamos na rua. rua.  – De maneira maneira algum alguma, meu meu amigo. amigo. Ele virou vi rou num numaa direção di reção inesperada.  – Aonde Aonde vai agora, Poirot?  – À igreja, igreja, meu caro. Pode ser se r interess interessant ante. e. Algum Algumas as placas... plac as... um monum onumento ento antigo. antigo. Sacudi a cabeça com desconfian desconfiança. ça. A investigação de Poirot no interior da igreja foi breve. Embora se tratasse de um exemplar arquitetônico atraente, havia sido restaurada com tamanha minúcia durante os exageros exag eros vitorianos que restavam re stavam poucas coisas cois as int i nteressa eressant ntes. es. Depois, Poirot vagou aparentemente sem rumo pelo cemitério da igreja, lia alguns dos

 

epitáfios, comentava o número de mortes em certas famílias, de vez em quando se espantava com a esquisitice de um nome.  Não me me surpreendi, no no entant entanto, o, quando quando afinal afinal ele parou par ou diante daquilo daquilo que, sem dúvida, era seu objetivo desde o começo. começo. Uma imponente lápide de mármore trazia uma inscrição parcialmente apagada: EM MEMÓRIA DE JOHN LAVERTON ARUNDELL GENERAL QUE DORMIU EM CRISTO EM 19 DE MAIO DE 1888 AOS 69 ANOS “TRAVA O BOM COMBATE COM TODA A TUA FORÇA” TAMBÉM DE MATILDA ANN ARUNDELL FALECIDA EM 10 DE MARÇO DE 1912 “LEVANTAR-ME-EI E IREI TER COM MEU PAI” TAMBÉM DE AGNES GEORGINA MARY ARUNDELL FALECIDA EM 20 DE NOVEMBRO DE 1921 “PEDI E RECEBERÁS” RECEBERÁS” Então havia uma nova epígrafe, feita há pouco: TAMBÉM DE EMILY HARRIET LAVERTON ARUNDELL FALECIDA EM 1o DE MAIO DE 1936 “SEJA FEITA A VOSSA VONTADE” Poirot ficou parado, observando a lápide por algum tempo, e murmurou baixinho:  – Dia 1o de maio... 1o de maio... e hoje, 28 de junho, junho, recebi a carta. Isso precisa preci sa ser  explicado, você não acha? Eu achava que sim. Ou seja, eu achava que Poirot estava decidido de cidido a encontrar encontrar uma uma explicação. explicaçã o.

 

CAPÍTULO 8 O INTERIOR DE LITTLEGREEN HOUSE Ao deixar o cemitério da igreja, Poirot, mais que depressa, tomou a direção de Littlegreen House. Supus que continuaria a desempenhar o papel de possível comprador. Segurando com cuidado os papéis pa péis com os endereços dos im i móveis, com o de Littleg Littlegreen reen House House à frente, frente, ele abriu o portão e seguiu seguiu até a porta por ta de entrada.  Nessa ocasião, ocasiã o, nosso amigo amigo terrier não estava à vista, mas podíamos ouvir o som de latidos dentro da casa, ainda que de longe – imaginei que na cozinha. Em seguida, ouvimos passos atravessando o hall, e a porta foi aberta por uma mulher de expressão simpática, já com mais de cinquenta anos – sem dúvida um tipo de criada que pouco se vê hoje em dia. as referências  –Poirot Sim, apresentou-lhe Sim, senhor, senhor, o corretor ligou. ligou. Podeda virimobiliária. por aqui? As persianas, que estavam fechadas quando de nossa passagem por ali mais cedo, agora estavam abertas, preparadas para a nossa visita. Observei que tudo estava muito limpo e bem cuidado. Tratava-se, sem dúvida, de uma mulher cuidadosa.  – Essa é a sala sal a de estar m mais ais ensolarada, ensolara da, senhor. senhor. Olhei em volta com ar de aprovação. Uma sala agradável, de janelas compridas com vista  para a rua. Era mobili mobiliada ada com peças de boa qualidade, qualida de, sólidas sóli das e antigas, antigas, quase quase todas vitorianas, mas havia uma estante Chippendale e um conjunto muito bonito de cadeiras Hepplewhite. Poirot e eu nos comportamos tal como pessoas procurando imóveis. Ficamos parados, mostrando um certo “você constrangimento, comentários como “muito bom”, “que ambiente agradável”, disse sala demurmurando estar ensolarada?” A empregada empregada nos levou pelo corredor até outra outra sala, s ala, do lado la do oposto. Essa era muito uito maior. maior.  – A sala de jant j antar, ar, senhor senhor.. Era um cômodo definitivamente vitoriano. Uma pesada mesa de jantar de mogno, um aparador maciço quase púrpura, entalhado com cachos de frutas, e cadeiras sólidas, forradas de couro. Na parede, viam-se viam-se pendurados pendurados retratos de famíli família. a. O terrier continuava a latir em algum ponto isolado. O som dos latidos tornou-se cada vez mais alto, e o cão c ão pôde ser s er ouvido trotando trotando pelo hall de entrada. “Quem entrou na casa? Vou despedaçá-lo”, era o que parecia afligi-lo. chegou porta, farejando intensamente.  –EleAh, Ah , Bob,naseu cachorro travesso! – exclamou exclamou a mulher. ulher. – Não se preocupe com ele, senhor. Ele não vai machucar você. Bob, de fato, ao ver os intrusos, mudou de atitude. Entrou com afobação, mas se apresentou

de modo muito civilizado.  

Enquan Enqu anto to cheirava cheirava nossos calcanh calcanhares, parecia diz di zer: “ um prazer prazer conhecê-los. conhecê-los. Perdoem o barulho, tenho um dever a cumprir. Preciso tomar cuidado com quem entra, sabe como é? Mas issoo é uma iss uma monotonia, monotonia, e estou contentíss contentíssimo imo em vê-los. vê-lo s. Imagino Imagino que tenham cães!” cães !” Essa últim úl timaa pergunta pergunta parecia dirigida diri gida a mim mim quando quando parei e o acariciei acari ciei..  – Sujeitinh Sujeitinhoo simpático simpático – eu disse à mulh mulher. er. – Só precisa de uma uma tosa.  – Sim, Sim, ele costuma costuma ser tosado três vezes por ano.  – Ele já é velho? vel ho?  – Ah, Ah, não. Bob não tem mais mais do que seis s eis anos. E às vezes se com comporta porta como como um filhote. filhote. Rouba os chinelos da cozinheira e foge com eles na boca. que É muito embora vezes faça muito barulho. A única pessoa que Bob ataca é o carteiro, morrecalmo, de medo dele, às o coitado. Bob agora investigava as calças de Poirot. Depois de descobrir tudo o que podia, soltou uma fungada profunda (“Hum, nada mal, mas não gosta muito de cachorros”) e aproximou-se de mim, com a cabeça inclinada e me olhando com expectativa.  – Não sei por que os cachorros sempre sempre persegu pers eguem em carteiros – prosseguiu prosseguiu a mulh mulher. er.  – É uma uma questão de bom-senso bom-senso – explicou Poirot. – O cão pondera por meio da lógica. Ele é um animal inteligente, que faz deduções de acordo com aquilo que observa. Logo aprende que há pessoas que entram e pessoas que não entram na casa.  Eh bien , quem é a pessoa que mais tenta toca a campainha três vezes por Édia, e nunca é recebida? O carteiro. É sem dúvidaentrar, um convidado indesejado indesejadduas o pelo pelou o dono da casa. sempre mandado mandado embora, embora, mas insiste i nsiste em voltar. Logo, o dever de um cão é bem claro: mandar o sujeito indesejado embora, e até mordêlo. Uma atitude bem plausível... Ele sorriu para Bob.  – Um Um camarada camarada muito muito esperto, imagin imagino. o.  – Ah, Ah, é sim. sim. Bob é quase quase gente. gente. Ela abriu abr iu outra outra porta.  – Essa é a sala sal a de estar. A sala evocava lembranças do passado. Uma leve fragrância de pot-pourri pairava no ambiente. Os tecidos estavam gastos, com estampas desbotadas de buquês de rosas. Nas  paredes, viam v iam-se -se retratos r etratos e aquarelas. Havia um bom número número de peças pe ças de porcelana por celana – estatuetas estatuetas frágeis de pastores e pastorinhas –, almofadas bordadas em ponto de cruz, fotografias esmaecidas em belos porta-retratos de prata, muitas caixas de costura entalhadas e latas de chá. Achei fascinantes duas bonecas de papel de seda cortadas com perfeição. Uma com uma roda de fiar, a outra com um gato no colo. Fui envolvido pela atmosfera reminiscente de dias passados, dias de lazer, de refinamento e de elegância. Aquela era de fato uma “sala de estar”. Ali, as senhoras se sentavam e tricotavam, e caso abrissem uma exceção para que um representante do sexo masculino fumasse um cigarro, por certo que logo em seguida sacudiriam as cortinas e arejariam o ambiente. Bob atraiu minha atenção. Estava sentado, absorto em pensamentos, perto de uma graciosa mesinha com duas gavetas. Quando viu que eu o observava, soltou um latido curto e choroso, olhando para mim e para a mesa.  – O que que ele quer? – pergunt perguntei. ei.

 

 Nosso interess interessee em Bob claramente claramente ag agradava radava a criada, cr iada, que parecia gostar mu muito dele.  – É a bola. Costum Costumava ficar nessa gaveta. gaveta. É por isso que Bob fica ali sentado, pedin pedindo. do. O tom dela mudou, e a mulher dirigiu-se a Bob com uma voz aguda.  – Não está mais mais aí, aí , lindinho. lindinho. A bola do Bob está na cozinh cozinha. a. Na cozinh cozinha, a, Bobizinho. Bobizinho. Bob dirigiu diri giu um olhar ansioso para pa ra Poirot. Poi rot. “Essa mulher é uma tonta”, parecia dizer. “Já você parece um camarada inteligente. Bolas são guardadas em lugares específicos, e essa gaveta é um deles. Sempre se guardou uma aqui. Portanto, Portan to, deve haver uma uma bol bolaa aqui agora. Óbvia lógica canina, não não é verdade?” verdade? ”  –Ele A bola estámim mais maiscom aí, aí , amigo am – falei falei.. Então, quando saímos da sala, ele nos seguiu olhounão para ar igo desconfiado. devagar, de um jeito hesitante. A criada nos mostrou vários armários, uma chapelaria, no andar de baixo, e uma pequena despensa, “onde a patroa costu cos tum mava arrumar arrumar as flores”. flore s”.  – Você trabalhou aqui por muit muitoo tempo? tempo? – pergunt perguntou ou Poirot.  – Vint Vintee e dois anos, senhor. senhor.  – A senhora senhora está cuidando cuidando da propriedade propri edade sozinha? sozinha?  – Eu e a cozinheira. cozinheira.  – Ela também também trabalhou por tanto tanto tem tempo po com a srta. Arundell? Arundell?  – Se Quatro Quatro anos. anos. A antiga antaiga cozinh cozainheira eira eu comprasse com prasse casa, senhora senh oramorreu. consideraria considerar ia ficar? Ela corou de leve.  – É muito uito gentil gentil da sua parte, senhor, senhor, mas vou me aposentar. aposentar. A srta. Arun Arundell me deixou uma boa herança, e eu vou morar com meu irmão. Estou aqui apenas prestando um favor à srta. Lawson, cuidarei da propriedade até ela ser vendida. Poirot assent ass entiu iu com a cabeça. De repente, ouviu-se um bump, bump, bump, um som repetitivo cada vez mais alto que  pareciaa vir de cim  pareci ci ma.  – É o Bob – a criada sorria. sorri a. – Ele pegou a bola e a atirou escada abaixo. É uma uma  brincadeira dele. de le. Quando chegamos ao pé da escada, uma bola de borracha preta atingiu o último degrau com uma pancada. Apanhei a bola e olhei para cima. Bob estava deitado no degrau mais alto, com as patas estendidas e com o rabo balançando. Atirei a bola na direção dele. Ele a apanhou sem dificuldade, mordeu-a por algum tempo com evidente contentamento, a colocou entre as  patas e a empurrou empurrou de leve com o focinho, focinho, até que a acertou a certou com a cabeça. A bola quicou mais mais umaa vez escada um es cada abaixo, e Bob balançou bala nçou o rabo r abo empolgadíss empolgadíssim imo, o, enquant enquantoo observava obs ervava a trajetória traj etória da bola.  – Ele El e é capaz de ficar horas assim. Passaria Passar ia o dia di a int i nteiro eiro fazendo fazendo isso. Agora Agora chega, chega, Bob. Os cavalheiros têm coisas mais importantes a fazer do que ficar brincando. Um cão sempre proporciona situações amistosas. Nosso interesse e simpatia por Bob haviam quebrado a frieza natural da velha criada. Quando subimos para ver os quartos, nossa guia tagarelava sobre a extraordinária esperteza do animal. A bola fora deixada no pé da escada. Ao passarmos por Bob, ele nos dirigiu um olhar de profundo desgosto e desceu com um ar solene para recuperá-la. Dobrando à direita, eu o vi subir lentamente com a bola na boca,

 

movendo-se no passo de um velho, obrigado a fazer um esforço tremendo por pessoas sem consideração. Enquanto olhávamos os quartos, Poirot começou aos poucos a sondar a criada.  – Quatro Quatro srtas. Arundell Arundell moraram moraram aqui, aqui, não? – ele pergunt perguntou. ou.  – No início, sim si m, mas mas isso is so foi antes de eu vir para cá. Quando Quando chegu cheguei, ei, havia apenas ape nas a srta. Agnes e a srta. Emily, e a srta. Agnes morreu logo depois. Ela era a mais jovem da família. Foi estranho ela morrer antes da irmã.  – Imagin Imaginoo que que não fosse fosse forte como como a irmã?  – Não, isso é curioso. A srta. que Emily Emily sem teve a saúde ais delicada. delicae da. Passou a vida cercada de médicos. A srta. Agnes, era sempre fortepree robusta, foi-se m primeiro, a srta. Emily, que tinha uma saúde frágil desde a infância, sobreviveu a toda a família. É mesmo muito esquisito.  – É impressi impressionan onante te como como isso é frequente. frequente. Poirot empolgou-se e começou a contar uma história completamente mentirosa (tenho certeza disso) sobre um tio inválido, a qual não vou me dar ao trabalho de repetir. Basta dizer  que surtiu efeito. Discussões sobre morte e assuntos afins são mais eficientes para destravar a língua humana do que qualquer outra coisa. Assim, Poirot pôde fazer perguntas que vinte minutos antes teriam levantado suspeitas e hostilidade.  – A srta. Arundell Arundell ficou doente doente por mu muito tempo. tempo. Ela sofreu muit muito? o?  – Não, não invernos diria diri a isso. ElaFicou vinha vinhamuito doente, doentmal e, senasabe o que dizer, havia bastante bastan te tempo... desdeeudois atrás. época, com quero icterícia. Com o rosto e os olhos amarelo amarelos... s...  – Ah, Ah, sim, é verdade... – E Poirot desfiou um uma história sobre um primo que que parecia pareci a ter sido a icterícia em pessoa.  – É isso mesmo, esmo, assim assi m como como o senhor senhor disse. Ela estava muito uito doente, doente, a pobrezinha. pobrezinha. Não conseguia manter nada no estômago. O dr. Grainger não achava que ela resistiria. Mas tinha um  pulso firme adm ad mirável com ela... intim intimidador, idador, sabe? “Decidiu ficar aí na cama e encomendar encomendar a lápide?”, ele perguntava. E ela respondia: “Ainda tenho forças para lutar, doutor”. E ele dizia: “É isso mesmo... é o que eu gosto de ouvir”. Tínhamos uma enfermeira, e ela se convenceu de que não havia esperança. Um dia chegou a dizer ao doutor que era melhor nem insistir que a srta. Arundell comesse, mas ele a contestou: “Que absurdo! Insistir? Você deve forçá-la a se alimentar”. Caldo de carne a tal hora, caldo de frango a tal hora, colheres de chá de conhaque a tal hora. No fim, disse algo que nunca esquecerei: “Você é jovem, minha filha”, dirigiu-se à enfermeira, “não percebe a resistência formidável dos idosos. São os jovens que acabam se entregando e morrendo por falta de desejo de viver. Quem vive mais de setenta anos é um lutador, alguém com vontade de viver”. E é verdade. Sempre se diz que a vitalidade e a lucidez dos mais velhos são impressionantes, mas o doutor deixou claro que é exatamente isso que os leva a viver tanto tempo.  – Há muita uita sabedoria sabedori a no que está dizendo! dizendo! E a srta. Arundell Arundell era assim, tinh tinha desejo de viver?  – Ah, sim, muit muito. o. A saúde dela era frágil, frágil, mas a cabeça funcion funcionava ava a mil. Como eu estava dizendo, ela superou a doença... e surpreendeu a enfermeira, e muito. Era cheia de pose a tal enfermeirinha, com o colarinho e os punhos engomados, exigia atenção e chá o tempo todo.  – Um Uma boa recuperação.

 

 – Sim, Sim, é verdade. Claro que a patroa precisou precis ou cuidar muito uito da dieta no começo, tudo era fervido e cozido no vapor, sem gordura, e ela também não podia comer ovos. Foi muito monótono para ela.  – Mas o que que importa importa é que que ela se recuperou r ecuperou bem. bem.  – Sim. Sim. É claro clar o que ela tinha tinha seus revezes. O que eu chamava chamava de crises cris es de fígado. fígado. Descuidava da dieta di eta após um tempo... tempo... Mas as crises cris es não eram era m sérias, séri as, não até a última. última.  – Ela ficou doente doente como como antes? antes?  – Sim, Sim, exatam exatament entee igual. igual. A mesma esma icterícia... icteríci a... aquela terrível cor amarel amarela, a, os horríveis enjoos e tudo mais.Na Acho que noite ela própria a doença, Comeu coisas que não odevia. mesma em queprovocou passou mal, comeu pobrezinha. curry no jantar, e o muitas senhor  sabe, curry é forte e um pouco oleoso.  – A doença surgiu surgiu de repente, então? então?  – Bem, Bem, parecia pareci a que sim, sim, mas o dr. Grainger Grainger disse que ficou incubada incubada por algum algum tempo. tempo. Veio após uma friagem, já que o tempo andava muito instável, e ela exagerou na comida pesada.  – Imagin Imaginoo que a srta. Lawson, como como dama dama de companh companhia, ia, tentava tentava dissuadir di ssuadir a srta. Arundell Arundell de comer pratos pesados.  – Ah, Ah, a srta. Lawson não podia fazer fazer nada. A srta. Arundell Arundell não aceitava ordens de ninguém.  – A srta.chegou Legou awson estava comFicou ela durante durant doença? Não, chLawson depois disso. di sso. por emais maaisprimeira ou menos menos um um ano.  – Imagin Imaginoo que que a srta. Arundell Arundell tenha tenha tido tido outras outras damas de companh companhia ia antes antes disso? dis so?  – Ah, Ah, várias, várias , senhor. senhor.  – Vê-se então então que as damas damas de companh companhia ia não ficavam tanto tanto quanto quanto as criadas... cria das... – falou Poirot, sorrindo. A mulher corou.  – Bem, era diferente. diferente. A srta. Arundell Arundell não saía muito, uito, e por uma coisa c oisa e outra... outra... – fez uma uma  pausa. Poirot olhou para ela por um instante e disse:  – Compreendo Compreendo um pouco a ment mentalida alidade de das senhoras senhoras mais velhas. Anseiam Anseiam por novidades. Talvez acabem por descobrir tudo a respeito de alguém.  – Puxa, Puxa, isso é muito uito perspicaz perspi caz da sua parte, senhor. senhor. Ating Atingiu iu o ponto ponto exato. exato. Quando Quando uma uma nova dama de companhia chegava, a srta. Arundell ficava sempre muito interessada sobre a vida da moça, sua infância, os lugares por onde havia andado e o que pensava a respeito das coisas. Então, quando já sabia de tudo, imagino que ficava... bem, enjoada. Acho que é essa a palavra correta.  – Isso mesmo. esmo. E, cá entre entre nós, essas senhoras senhoras que trabalham como como dam damas as de companh companhia ia não costumam ser muito interessantes... Curioso, não?  – É verdade, senhor. senhor. São criaturas da pior espécie, espéci e, a maioria aiori a delas. Absolutam Absolutament entee tolas, de vez em quando. A srta. Arundell logo se cansava delas, por assim dizer. E então contratava outra.  – No entan entanto, to, deve ter tido tido uma uma ligação especial especi al com a srta. Lawson. Lawson.  – Ah, Ah, acho que que não.  – A srta. Lawson Lawson não não era fora do comum comum?

 

 – Creio que não, não, senhor. senhor. Era Era como as outras. outras.  – A senhora senhora gostava dela? A mulher encolheu os ombros.  – Não havia nada para gostar gostar ou desgostar. desgostar. Era alvoroça a lvoroçada, da, uma uma solteirona sol teirona como como qualquer  outra, cheia de bobagens sobre espíritos.  – Espírit  Espíritos os? – Poirot pareceu interessado.  – Sim, Sim, espíritos. espír itos. Sentava-se Sentava-se no escuro ao redor de uma uma mesa para falar com gent gentee morta. Acho isso uma afronta à religiosidade, como se não soubéssemos que as almas têm o lugar que lhes  – cabe e que provavelmente venham a sair lá. também Então Então a srta. Lawson Lawson eranunca espírita! espí rita! A srta. Arun Arude ndell também acreditava acredi tava nisso? nisso?  – Bem que que a srta. Lawson gostaria! gostaria! – disparou. di sparou. Havia um toque toque de maldade em seu tom de voz.  – Não acreditava? – insistiu Poirot.  – A patroa era muito uito sensata – protestou. protestou. – Veja bem, bem, não digo que as sessões não a divertissem. “Estou disposta a ser convencida”, ela falava. Mas costumava olhar para a srta. Lawson e dizer: “Minha pobre, como você é tola de se deixar enganar assim!”  – Compreendo. Compreendo. Ela não não acreditava, acredi tava, mas mas entretinh entretinha-se. a-se.  – É isso mesmo. esmo. Às vezes v ezes eu me me pergu pe rgunnto se ela não... bem, se ela e la não pregava peças, peças , por  assim dizer, empurrando a mesa e esse tipo de coisa. Divertindo-se ao ver as outras três numa seriedade sepulcral.  – As outras outras três?  – A srta. Lawson Lawson e as duas srtas. Tripp. Tripp.  – A srta. Lawson Lawson era uma uma espírita espír ita muit muitoo convicta?  – Para ela o espiri e spiritism tismoo era verdade verda de absoluta.  – E a srta. Arundell Arundell era muit muitoo ligada à srta. L Lawson, awson, por certo. Poirot fez essa afirmação pela segunda vez e recebeu a mesma resposta.  – Bem, Bem, acho difícil difícil..  – Mas só pode ser, já que deixou tudo tudo para a srta. Lawson Lawson – concluiu concluiu Poirot. – Deixou, Deixou, não não deixou? A transformação foi imediata. O que havia de espontâneo nela desapareceu, e a criada autômata ressurgiu. A mulher se levantou e, num tom frio que demonstrava censura a tanta intimidade, proferiu:  – Não é da minh minhaa conta conta a quem a patroa deixou o dinheiro, dinheiro, senh se nhor. or. Senti que Poirot havia posto tudo a perder. Depois de fazer com que a mulher se sentisse à vontade, havia dado um passo em falso. Mas foi esperto o bastante para não se precipitar em recuperar o terreno perdido. Depois de uma observação trivial sobre o tamanho e o número de quartos, quart os, seguiu na direção da escada. esc ada. Bob desaparecera, mas, quando cheguei ao topo da escada, tropecei e quase caí. Agarrando-me à balaustrada para me firmar, olhei para baixo e vi que pisara inadvertidamente na bola de Bob, ali deixada por ele. A mulher logo se desculpou.  – Sinto muit muito, o, senhor! senhor! É culpa de Bob. Ele deixa a bola bol a aí. aí . E não se consegue consegue vê-la contra contra o tapete escuro. Qualquer dia vai acabar matando alguém. A pobre patroa levou um tombo feio

 

 por causa disso. Pode muito muito bem ter sido o que a matou matou.. Poirot parou de repent r epentee na escada.  – Está dizendo dizendo que ela sofreu um acidente?  – Sim, senhor senhor.. O Bob deixou a bola aí, como sempre, sempre, e a patroa saiu sai u do quarto, quarto, escorregou escorr egou e caiu escada abaixo. Poderia ter morrido.  – Ela ficou muit muitoo ferida?  – Poderia Poderi a ter sido si do pior. Ela teve muita muita sorte, o dr. Grainger Grainger falou. Sofreu um pequeno pequeno corte na cabeça e distendeu as costas. Claro que também ficou com hematomas, foi um tombo feio. Ficou –de cama poreceu umahá mas não foi grave. Isso acont aconteceu hásemana, muit muitoo tempo? tem po?  – Um Uma ou duas duas semanas semanas antes antes de morrer. morrer. Poirot se abaixou para juntar juntar algo que havia deixado cair. cai r.  – Perdão... minh minhaa caneta... caneta... Ah, Ah, aqui está. Levantou-se novamente.  – Que Que descuidado esse Bob – observou. obser vou.  – Ah, Ah, pois é, mas mas ele el e não faz por mal – argum argumentou entou a mulh mulher, er, nu num tom afetuoso. afetuoso. – Pode até  parecer gente, gente, mas mas não é. Sabe, a patroa dormia mal mal e muitas muitas vezes se levantava à noite, descia e ficava zanzan zanzando do pela pel a casa. cas a.  – Fazia com frequência? ência? Quase Quaseisso todas asfrequ noites. noites. Mas não deixava nem que que a srta. Lawson nem ning ninguém uém andasse andasse atrás dela. Poirot voltou à sala de estar.  – Que Que bela sala – observou. – Será que a minha inha estante estante caberia caberi a aqui? O que você acha, Hastings? Perplexo, respondi que era impossível ter certeza.  – Sim, Sim, é fácil confun confundir dir o tamanh tamanho. o. Pegue, Pegue, por favor, favor, a minha inha régua régua e meça a largura largura enquanto anoto as medidas. Obediente, tirei várias medidas com a trena que Poirot me entregou, enquanto ele escrevia no verso de um envelope. Eu começava a me perguntar por que razão ele havia adotado aquele método tão desleixado e atípico em vez de fazer uma anotação organizada em seu caderno de bolso quando Poirot me entregou o envelope, dizendo:  – É isso mesm mesmo? o? Melhor Melhor você conferir.  Não havia havia números números no envelope. Em vez disso, estava escrito: e scrito: “Quando “Quando subirmos subirmos de novo, finja lembrar-se de um compromisso e peça para usar o telefone. Deixe a mulher acompanhá-lo e demore o máximo possível”.  – É isso mesmo esmo – respondi, guardando guardando o envelope. – Acho Acho que as duas estantes estantes cabem direitinho.  – É melhor melhor ter certeza. Se não for incômodo, incômodo, gostaria de olhar ol har o quarto principal mais uma uma vez. Não estou mu muito seguro seguro a respeito r espeito das d as dim d imensões ensões das paredes. paredes .  – Claro, senhor. senhor. N Não ão é incômodo incômodo nenh nenhum. um. Subimos novamente. Poirot mediu uma das paredes e fez comentários sobre possíveis disposições da cama, do guarda-roupa e da escrivaninha quando olhei para o relógio e

 

exclamei, com um trejeito meio exagerado:  – Meu Deus! Já são três horas? O que Anderson Anderson vai pensar? É melhor ligar para ele! –  Virei-me para a mulher e perguntei: – Será que posso usar o telefone, se tiver?  – É claro. Fica Fic a na saleta no no final final do corredor. corr edor. Eu lhe mostro mostro o caminh caminho. o. Ela desceu comigo, indicando o aparelho, e fiz com que me ajudasse a encontrar um número na lista telefônica. No fim das contas, fiz mesmo um telefonema – a um tal sr. Anderson da cidadezinha de Harchester. Felizmente ele não estava, e deixei um recado de que não era nada urgente e que eu ligaria mais tarde! Quando voltei,Eu Poirot haviaideia descido escada e estava olhos tinham um brilho bril ho colorido. não não fazia idei a do maotivo, mas mas percebi per cebiparado que elenoestava eshall. tava Seus empolgado. empolgado. Poirot disse:  – A queda deve ter sido um choque choque terrível para a sua patroa. Depois do acident aci dente, e, passou a incomodar-se com Bob e com a bola?  – É curioso o senhor senhor dizer isso. A queda a deixou mu muito aflita. Quando Quando estava es tava morrendo, ficou delirante, e falou muito sobre Bob e a bola, e também sobre uma pintura que vaza.  – Um Uma pintura pintura que que vaza – repetiu Poirot, pensativo. pensativo.  – Claro que não não fazia fazia sentido, mas mas ela estava es tava delirando. delira ndo.  – Um Um instant instante... e... Preciso Precis o ir à sala sal a de estar mais mais uma uma vez. Perambulou pela da sala, examinando Um imenso pareceu atraí-lo. A qualidade peça, imagino, os nãoenfeites. era lá essas coisas. vaso Tinhadea porcelana pintura um tanto deselegante de um buldogue tristonho sentado à porta de entrada. Abaixo dele, estava escrito: “Na farra a noite inteira, e sem chave”. Típico humor vitoriano. Poirot, cujo gosto sempre acreditei acred itei ser s er irrem irre mediavelm ediavel mente ente burguês, burguês, pareci p areciaa des deslum lumbrado. brado.  – Na farra a noite inteira, inteira, e sem chave – murmu urmurou. – Que Que curioso! O Bob também também faz isso? Sai para farrear a noite toda?  – Muito Muito raramente, raramente, senhor senhor.. Muito Muito raramente. raramente. Bob Bob é um cão muit muitoo comportado. comportado.  – Estou certo disso. Mas mesm mesmoo o mais mais comportado dos cães...  – Ah, Ah, é verdade. verdade . De vez em quando quando ele saía s aía e voltava vol tava em torno torno das quatro da manh manhã. ã. Então Então ficava sent se ntado ado na porta por ta latindo até que abrissem abri ssem..  – Quem Quem o deixava entrar? entrar? A srta. Lawson? Lawson?  – Bem, qualquer qualquer pessoa que o escutasse. escutasse. Da última vez foi a srta. Lawson. Foi a noite eem m que a patroa se acidentou. Bob voltou para casa mais ou menos às cinco. A srta. Lawson correu  para deixá-lo entrar entrar antes antes que ele el e começasse a latir. Ficou com m medo edo de acordar a patroa e não disse a ela que Bob tinh tinhaa sumido sumido para par a não preocupá-la.  – Enten Entendo. do. Ela achou melhor que a srta. Arun Arundell dell não soubesse?  – Foi o que ela disse: “Ele com certeza certeza vai voltar. Sem Sempre pre volta. Mas a srta. Arundell Arundell pode se preocupar pr eocupar,, e isso i sso não seria ser ia bom bo m”. Então Então não dissem diss emos os nada.  – O Bob gostava gostava da srta. Lawson? Lawson?  – Bem, Bem, era muito uito malcri malcriado ado com ela, se s e entende entende o que quero quero dizer di zer.. Cães podem agir agir assim às vezes. Ela o tratava bem, o chamava de “cachorrinho bonzinho” e “cachorrinho querido”, mas Bob lhe lançava olhares petulantes e não prestava atenção alguma ao que ela dizia.  – Enten Entendo do – Poirot assentiu com a cabeça. De repente, ele fez algo que me surpreendeu: tirou do bolso a carta que recebera naquela

 

manhã.  – Ellen – disse ele el e –, você sabe al algu gum ma coisa sobre s obre isso? is so? A transformação na fisionomia de Ellen foi extraordinária. Boquiaberta, ficou encarando Poirot com uma expressão cômica de perplexidade.  – Bem – ela bradou. bra dou. – Não fazia fazia ideia... A observação soou pouco coerente, mas não deixou dúvidas quanto ao que Ellen queria dizer. Recompondo-se, perguntou lentamente:  – Sim. Então Então a carta feoiéescrita escr ita para o senhor? senhor?  – Sim . Meu nome nomfoi Hercule Poirot. Ellen, naturalmente, não prestara atenção no nome escrito nos papéis da imobiliária que Poirot lhe entregara ao chegar. Ela assentiu com a cabeça.  – Era isso mesmo. esmo. Hercules Poirot. – Ellen pronunciou pronunciou o S mudo de “Hercules” e o T mudo do sobrenome. – Minha nossa! – exclamou. – A cozinheira vai ficar surpresa. Poirot apressou-se apre ssou-se em dizer: dizer:  – Não seria melhor irmos à cozinh cozinha e, lá, na companh companhia ia da sua amiga, amiga, discutirmos discutirmos o assunto?  – Bem... Bem... se o senhor senhor não se importar. importar. Ellen pareceu um pouco desconfiada. Aquele dilemaà em particular novo para ela. Masa a cordialidade de Poirot a tranquilizou, e nos dirigimos cozinha. Ellenera explicou a situação uma mulher grande, de expressão simpática, que estava tirando uma chaleira do fogão.  – Você Você não vai acreditar acredi tar,, Annie! Annie! Este é o cavalheiro cava lheiro a quem a carta ca rta foi escrita, es crita, a carta que encontrei no bloco, lembra?  – Não se s e esqueçam es queçam de que estou no escuro – falou Poirot. Poiro t. – Talvez Talvez possam possa m me dizer di zer como como a carta foi enviada tão tarde?  – Bem, Bem, senhor, senhor, para dizer a verdade, eu não não sabia o que que fazer. fazer. Nenh Nenhum umaa de nós sabia.  – É mesm mesmo, o, não não sabíam sabía mos – confirmou confirmou a cozinheira. cozinheira.  – Veja bem, bem, senhor, senhor, a srta. Lawson doou e jogou fora muitas muitas coisas boas depois da morte da patroa. Entre elas havia um pequeno bloco, acho que é como chamam, de papel machê. A capa era muito bonita, com um lírio do vale pintado. A patroa o usava sempre que escrevia na cama. Bem, a srta. Lawson não o queria, de modo que o deu para mim, junto com várias quinquilharias que pertenciam à patroa. Guardei-o numa gaveta, e só ontem o tirei de lá. Dentro dele havia uma espécie de aba, enfiei a mão e encontrei ali uma carta com a caligrafia da  patroa. Fez uma breve pausa e prosseguiu:  – Bem, Bem, como falei, não sabia exatam exatament entee o que fazer. fazer. Era a letra l etra da patroa, com certeza, e vi que ela escrevera e guardara a carta para enviá-la no dia seguinte, mas esquecera onde a  pusera, coisa que a pobrezinha pobrezinha sempre sempre fazia. fazia. Uma vez foi um extrato extrato bancário que ning ninguém conseguia imaginar onde tinha ido parar e afinal foi encontrado guardado dentro de uma gaveta da escri e scrivanin vaninha. ha.  – Ela era desorgan des organizada? izada?  – Não, muit muitoo pelo cont c ontrári rário. o. Ela estava sem s empre pre guardando guardando e organizan organizando do tudo. tudo. E era esse es se o problema. Se ela parasse paras se de guardar guardar as a s coisas cois as seria seri a mais mais fácil encontrá-las. encontrá-las. O que acontecia acontecia era e ra

 problema. Se ela parasse paras se de guardar guardar as a s coisas cois as seria seri a mais mais fácil encontrá encontrá las. O que acontecia acontecia era e ra

 

que as coisas eram guardadas e esquecidas.  – Como Como a bola do Bob, por exemplo? exemplo? – pergu per gunt ntou ou Poirot com um sorriso. sorri so. O esperto terrier acabara de entrar correndo e nos cumprimentou mais uma vez, todo amistoso.  – Exatam Exatament ente. e. Assim que que Bob terminava terminava de brincar com a bola, bol a, a patroa a guardava. guardava. Mas isso não era problema, pr oblema, porque a bola sempre sempre ficava na gaveta que lhes mostrei. mostrei.  – Entendo. Entendo. Mas Mas eu a interrompi. interrompi. Por favor, contin continue. ue. A senhora senhora descobriu desc obriu a carta junto junto com o bloco? Si m , foisenti o que acont eceu. perguntei perguntei a Annie Anenieeuo concluímos que fazer. fazer. Não is queim queimá-la á-la,, e éà claro clsrta. aro que  – nãoSim me noaconteceu. direito de Eabri-la. Annie queqquunão interessava Lawson, de modo que, após discut dis cutirmos irmos por algu al gum m tempo, tempo, selei sel ei o envelope e o levei le vei ao correio. cor reio. Poirot virou-se vir ou-se de leve le ve para mim. im.  – Voilà – murmurou.  Não pude pude deixar de dizer, com certa malíc malícia: ia:  – Impressi Impressionan onante te como como certas coisas cois as podem ter um uma explicação tão simples! Ele me pareceu um pouco desapontado, e sem dúvida teria preferido que eu não tivesse me apressado em ironizá-lo. Ele se virou de novo para Ellen. Como Com o dizaomreceber eu am a migo: ter m um a explicação simples. Mas veja bem, bem, fiquei – intrigado fiquei int rigado uma umacertas carta car ta coisas com data datpodem a de dois eses atrás.  – Imagin Imaginoo que que sim. Não Não pensamos pensamos nisso.  – Além do mais – Poirot tossiu –, estou diante de um pequeno pequeno dilem dile ma. Esta carta diz respeito a uma incumbência particular da qual a srta. Arundell me encarregou. – Ele pigarreou, solene. – Agora que a srta. Arundell está morta, não sei como proceder. Será que a srta. Arunndell desejaria Aru deseja ria que eu atendesse atendesse ao seu se u pedido? Difícil saber, muit muitoo difícil. difícil . As duas mulheres olhavam para ele com respeito. Poirot prosseguiu:  – Creio que eu deva consultar consultar o advogado da srta. Arundell. Arundell. Ela tinha tinha um um advogado? Depressa, Ellen El len respondeu: respondeu:  – Sim, Sim, sim. sim. O sr. sr. Purvis, Purvis, de Harch Harc hester.  – Ele estava a par de todos os assun as suntos tos da srta. Arundell? Arundell?  – Acredito Acredi to que sim, senhor. senhor. Pelo que lembro, lembro, fazia fazia tu tudo do para par a ela. e la. Foi por ele que a patroa mandou chamar depois da queda.  – A queda da escada?  – Sim, Sim, senhor. senhor.  – Deixe-me Deixe-me ver, quando quando foi foi isso iss o exatam exatament ente? e? A cozinheira interferiu.  – Um dia depois do feriado. Lembro embro bem. bem. Trabalhei no feriado, já que ela estava hospedando hospedan do todas aquelas pessoas, pe ssoas, e tirei folga na quarta-feira. quarta-feira. Poirot pegou o calendário que trazia trazia no bolso. bols o.  – É verdade... O feriado de Páscoa, vejo aqui, caiu no dia 13 este ano. Então Então a srta. Arundell acidentou-se no dia 14. A carta foi escrita três dias depois. Uma pena que não tenha sido enviada. No entanto, talvez não seja tarde demais... – fez uma pausa. – Prefiro pensar que a

minha incumbência relacionava se a um dos... convidados que acabou de mencionar.

 

Esta observação, que era apenas um tiro no escuro, encontrou resposta imediata. A expressão de Ellen era a de quem tivera um estalo. Ela e a cozinheira cozinheira entreolharam-se. entreolharam-se.  – Deve ser o sr. Charles Charles – Ellen declarou.  – Se puderem me dizer quem estava aqui – sugeriu sugeriu Poirot.  – O dr. dr. Tanios Tanios e a mulh mulher er dele, dele , a srta. Bella, e a srta. Theresa e o sr. Charles Charles..  – Eram todos sobrinhos sobrinhos e sobrinh sobri nhas? as?  – Isso mesmo. mesmo. O dr. Tanios, Tanios, é claro, cl aro, não é parent pa rente. e. Na verdade, verd ade, ele el e é estrangeiro, estrangeiro, grego ou coisa parecida. pareci da. Ele se casou caso u com a srta. Bella, Bell a, sobrinh sobri nhaa da srta. sr ta. Arundell. Arundell. O sr. Charles Charles e a sr srta. ta. Theresa são, entendo. irmãos.  – Sim, Sim ent endo. Um Uma reunião reunião de famíli família. a. E quando quando eles partiram?  – Na quarta-feira quarta-feira de manhã, anhã, senhor. senhor. E o dr. Tanios e a srta. Bella voltaram no fim de semana seguinte porque estavam preocupados com a srta. Arundell.  – E o sr. Charles Charles e a srta. Theresa?  – Vieram Vieram no no fim de semana semana seguin seguinte, te, anterior anterior à morte morte da patroa. A curiosidade de Poirot era insaciável. Não conseguia entender o sentido daquelas  pergunt  pergu ntas as insistentes. insistentes. Ele obtivera uma uma explicação explica ção para o mistério e, a meu ver, ver, quanto quanto antes antes se se retirasse, e com dignidade, melhor. Ele pareceu captar meu pensamento.  – Eh bien. Essas informações são muito úteis. Devo procurar o sr. Purvis, foi esse o nome que disse? Muit o obrig obri gado pela pel a aju aj uBob. da. PoirotMuito se inclinou e acariciou  – Brave chien, va! Você amava a sua dona, não amava? Bob respondeu com simpatia e, já querendo brincar, correu e pegou um pedaço grande de carvão. Foi repreendido r epreendido e perdeu o carvão. car vão. Lançou-m Lançou-mee um olhar condoído. “Essas mulheres!”, parecia dizer. “São generosas com a comida mas não têm o mínimo espírito esportivo!”

 

CAPÍTULO 9 R ECONSTITUIÇÃO ECONSTITUIÇÃO DO INCIDENTE  – Bem, Poirot – falei, falei , en e nquanto quanto o portão de Littlegreen ittlegreen House fechava-se fechava-se às nossas costas cos tas  – espero que agora esteja satisfeito!  – Sim, Sim, meu meu caro. Estou Estou satisfeito. satisfeito.  – Graças aos céus por isso! Todos os mistérios estão explicados! O caso da Dama Dama de Companhia Perversa e da Senhora Rica já era. A carta atrasada e mesmo o famoso incidente com a bola de Bob foram esclarecido escla recidos. s. Tudo Tudo satisfat sa tisfatoriamen oriamente te resolvido resol vido e nos conformes! conformes! Poirot respondeu com uma tossezinha seca:  – Eu não diria satis Hasti ngs. s.  satisfatori fatoriamente amente, Hasting  – Mas você disse há um um minuto. inuto.  – Não, não. Eu não disse que a resolução resol ução era  satis  satisfatóri fatóriaa. Disse que minha curiosidade estava satis  satisfeit feitaa. Sei a verdade sobre o incidente com a bola.  – E foi tam também bém muito simples! simples!  – Não tão simples simples como como você pensa. – Balançou com a cabeça várias vezes e então então continuou: – Sei de um detalhezinho que você não sabe.  – E o que que é? – pergunt perguntei, ei, um tanto tanto cético.  – Sei que o rodapé no alto da escada tem um prego. Encarei En carei-o. -o. Seu rosto estava es tava m muuito sério. sér io.  – Bem – eu disse após alguns alguns instantes instantes –, por que não não haveria de ter?  – A questão, questão, Hasting Hastings, é: por que teria?  – Como Com o vou saber. saberconsigo . Algum Algum motivoem doméstico, dom éstico,ertalvez. Que diferença diféstico erençapara faz? faz? haver um prego no  – Muita. Muita. E não consig o pensar qualquer qualqu motivoQue doméstico dom rodapé no alto da escada, naquele lugar em particular. E foi cuidadosamente envernizado, também, como que para disfarçar.  – Onde Onde está querendo querendo chegar chegar,, Poirot? Você sabe o motivo? motivo?  – Posso Poss o imaginá-lo imaginá-lo com c om facilidade. facilidad e. Se alguém alguém quisess quisessee esticar es ticar um pedaço de fio ou arame arame no alto da escada a aproximadamente trinta centímetros do chão, poderia amarrá-lo de um lado da balaust bal austrada, rada, mas na na parte int i nterna erna da parede seria seri a preciso preci so algo al go como como um prego para prender pr ender o fio.  – Poirot! – exclam exclamei. ei. – Aonde, em nome ome dos céus, você quer chegar? chegar?  –  Mon c her ami, estou reconstituindo o incidente com a bola de Bob. Gostaria de ouvir a cher minha reconstituição? re constituição?  – Prossiga. Prossi ga.  –  Eh bien , aí vai. Alguém percebeu o costume que Bob tinha de deixar a bola no alto da

escada. Um hábito perigoso, que poderia levar a um acidente.  

Poir ot fez uma Poirot uma pausa p ausa e disse, dis se, num num tom tom diferente:  – Se quisesse matar matar alguém alguém,, Hasting Hastings, que providências você tomaria? tomaria?  – Eu... Eu... bem... bem... não não sei. Forjaria Forj aria um álibi ou coisa parecida, pareci da, im imagin agino. o.  – Um procedim procedi mento, ento, posso garantir, garantir, tanto tanto difícil quanto quanto perigoso. Mas você não tem o  perfil cauteloso cauteloso de um assassino que mata mata a sangue sangue frio. Não lhe ocorre ocor re que a forma forma mais fácil de se livrar de alguém indesejável seria tirar vantagem de um acidente? Acidentes acontecem o tempo todo. E, às vezes, Hastings, um acidente pode ser facilitado! Fez outra pausa antes de prosseguir: Acho Acho que o assassino assass ino teve a ideia ao veràa noite bola deixada ao acaso no alto da escada. A srta.  –Arundell tinha o hábito de sair do quarto e caminhar pela casa. Enxergava mal,  portanto  portan to havia uma uma boa chance chance de que tropeçasse na bola e caísse caíss e escada abaixo. Mas um assassino cuidadoso não confia no acaso. Esticar um fio no alto da escada seria muito mais fácil. Ela cairia de cabeça. Então, quando corressem para acudi-la, ali, à vista de todos, estaria a causa do acidente: a bola de Bob.  – Que Que horror! – exclamei. exclamei. Poirot concordou, em tom sério:  – Sim, Sim, foi um horror... horror... E também também malsucedido. malsucedido. A srta. sr ta. Arun Arundell quase não se machucou, achucou, embora pudesse ter quebrado o pescoço. Que decepção para o nosso ilustre desconhecido! Mas alásrta. Arun Arundell dell prova. era muito muito Tao odos disseram di sseramdo a ela que que havia escorregado esc orregado na bola, e a bola estava como No esperta. entanto,Todos lembrar-se acidente, pressentia que havia ocorrido de outro out ro modo. Ela não escorregara escor regara na bola. E, além disso, lembrava-s lembrava-see de outra outra coisa. co isa. Lembravaembravase de ouvir os latidos de Bob, que pedia para entrar, às cinco horas da manhã seguinte . “Admito “Adm ito que seja apenas suposição, mas acredito acre dito que estou certo. A própria própria sr srta. ta. Arund Arundell  ell  havia guardado a bola de Bob  na noite anterior. Depois disso, ele saiu e não voltou. Nesse caso, não foi Bob quem deixou a bola na escada.”  – Isso é pura pura especulação, espec ulação, Poirot – protestei. Ele objetou obj etou..  – Nem tanto, tanto, meu caro. A srta. Arun Arundell, dell , quando quando estava delirant delir ante, e, disse palavras palavr as muito uito expressivas... a respeito re speito da bola b ola de Bob e de uma uma “pintura “pintura que vaza”. Percebe?  – Nem umAlgo pouco.  – Curioso Curioso.. Conheço Conheço o suficiente suficiente sobre o seu idioma para saber que não se fala que uma uma  pintuura vaza. Um cano vaza. Uma  pint Uma pintu p intura ra envelhece.  – Ou apenas desbota.  – Ou desbota, desb ota, como como você diz. Então Então percebi que Ellen interpretou interpretou mal o significado significado das  palavras  palavr as que ouviu. Era de um vaso que a srta. Arundell Arundell falava. Na sala s ala de es estar tar há um vaso de  porcelana  porcel ana bastante bastante visível. visív el. Observei nele a pintu pintura de um cachorro. Com a lembrança lembrança dos delírios em mente, examinei a peça mais de perto. Descobri que retrata um cachorro que passou a noite fora. Entende o raciocínio dessa mulher febril? Bob era como o cão na pintura do vaso... na farra a noite toda... de forma que não foi ele quem deixou a bola na escada . Exclamei, com admiração:  – Você tem um uma sagacidade demoníaca, demoníaca, Poirot! Não consigo consigo entender entender como como pensa nessas coisas!

  Não penso nessas coisas . Elas estão à vista, para qualquer qualquer um ver.  Eh bien, você

 

 percebe a situação? A srta. Arundell, Arundell, deitada na cama cama depois da queda, fica desconf desconfiada. iada. A desconfiança talvez seja fantasiosa e absurda, mas está lá. “Desde o incidente com a bola de meu cachorro, venho me sentindo cada vez mais assustada.” E então ela escreve para mim e,  por um golpe de azar, azar, a carta não chega chega às m minh inhas as mãos mãos antes de se passarem passar em dois meses. Agora Agora me diga, a carta não se encaixa perfeitamente aos fatos?  – Sim – admiti. admiti. – Ela se encaixa. Poirot Poir ot contin c ontinuou uou::  – Um outro outro ponto merece merece consideração. A obstinação obstinação da srta. Lawson para impedir impedir que a srta.  – Arundell soubesse que Bob tinha passado a noite toda fora. Você acha que que ela...  – Acho Acho que que isso deve de ve ser avaliado ava liado com co m muito uito cuidado. Refleti sobre o assunto por alguns instantes.  – Bem – falei, por fim, fim, com um suspiro – é tu tudo do muito uito interess interessant ante... e... como como exercício mental, quero dizer. E tiro meu chapéu para você. Foi uma reconstituição brilhante. É uma pena que a velha tenha morrido.  – Uma pena, sim s im.. Ela escreveu escreve u contando contando que alg al guém tent tentara ara assass assassiná-la iná-la (em sínt sí ntese, ese, é o que a carta quer dizer), e, muito pouco tempo depois, ela estava morta.  – Sim – concordei. – E para você é uma uma grande decepção que ela tenha tenha morri morrido do de causas naturais, não? Vamos,osadmita. Poirot encolheu ombros.  – Ou talvez esteja esteja pensando que que ela foi enven envenenada? enada? – sugeri, sugeri, malic malicioso. ioso. Poirot sacudiu sa cudiu a cabeça com certo desânimo. desânimo.  – É o que que parece – adm a dmitiu itiu –, ainda ainda que a srta. Arun Arundell dell tenha tenha morri morrido do de causas natu naturais rais..  – Portanto Portanto – concluí concluí –, voltaremos voltaremos a Londres Londres com o rabo entre entre as pernas.  – Par  Pardon don, meu caro, mas não voltaremos a Londres.  – Como Como assim, Poirot?  – Se você mostrar um coelho ao a o cachorro, ele volta a Londres? Não, ele el e entra entra na toca do coelho. queorros que você caçam quer dizer?  – O Cachorros Cach coelhos. Hercule Poirot caça assassinos. assass inos. Temos emos aqui um assassino.. assassi no.... um assassino cujo crime talvez tenha falhado, é verdade, mas que não deixa de ser um assassino. E eu, meu meu caro, hei de desentocá-lo... ou desentocá-la desentocá-la,, caso seja uma uma assassi ass assinna. Virou-se ir ou-se bruscamente bruscamente e abriu abri u um um portão.  – Aonde Aonde está indo, Poirot?  – Para a toca! Esta é a casa do dr. Grainger, Grainger, que atendeu atendeu a srta. Arundell Arundell quando quando ela adoeceu pela última última vez. O dr. Grainger era um homem de cerca de sessenta anos. Tinha o rosto magro e ossudo, queixoo agressivo, queix agressivo , sobrancelhas espessas espes sas e olhos perspicazes. perspi cazes. Olhava Olhava com intensidade intensidade para mim e para Poirot.  – Em que posso ajudá-los? – pergunt perguntou ou,, áspero. Poirot deslanch des lanchou ou a falar, todo pernóst per nóstico: ico:  – Peço desculpas, dr. Grainger, Grainger, por esta invasão. Confesso Confesso desde já que não vim para

consultá-lo profissionalmente.

 

O dr. Grainger deu uma resposta seca:  – Bom saber. O senh senhor parece parec e bem saudável.  – Devo explicar o propósito pr opósito da minha inha visita vi sita – prosseguiu Poirot. – A verdade é que estou escrevendo escreve ndo um um livro livr o sobre sobr e a vida v ida do falecido general Arundell Arundell,, que, segundo segundo acredito, viveu em Market Basing por alguns anos antes de morrer. O médico médico pareceu bastante bastante surpreso. surpres o.  – Sim Si m, o general general Arundell Arundell viveu vi veu aqui até morrer. morrer. Em L Littleg ittlegreen reen House... House... nesta rua, depois depoi s do banco... O senhor já esteve lá, imagino? – Poirot assentiu com a cabeça. – Mas isso foi bem antes –deOeu Cheguei 1919.da srta. Arun senvir senhor horpara conhecia concá. hecia a filha filhaaqui dele,em a falecida faleci Arundell? dell ?  – Eu conhecia conhecia bem Emily Emily Arun Arundell. dell .  – O senhor senhor pode imagin imaginar ar o duro golpe que foi para mim, im, descobrir descobri r que a srta. Arundell Arundell morreu há pouco tempo.  – No final final de abril. abril .  – Foi o que ouvi. Sabe, eu tinh tinha esperança de que ela pudesse me fornecer fornecer detalhes  pessoaiss e reminiscências  pessoai reminiscências sobre sob re o pai.  – Sim, Sim, sim. sim. Mas não não sei o que posso fazer pelo senhor. senhor. Poirot Poir ot pergu pe rgunt ntou: ou:  – general general Aru ndell não tem tem outros outros filhos ou filhas vivos?  – O Não. EstãoArundell Estão todos mortos, mortos, todos.  – Quant Quantos os eram?  – Cinco. Cinco. Quatro Quatro filhas filhas e um filho.  – E a geração geração segu se guint inte? e?  – Charles Charles Arundell Arundell e a irmã, Theresa. Você Você pode procurá-los. Duvido, Duvido, no entant entanto, o, qu q ue lhe sejam úteis. A geração mais jovem não se interessa muito pelos avós. E tem também a sra. Tanios, mas também duvido que lhe seja útil.  – Será que eles têm registros de famíli famíliaa ou docum documentos? entos?  – Podem ter, ter, mas duvido. Fiquei sabendo que jogaram fora e queimaram queimaram muitas uitas coisas depois da morte srta.gemido Emily.de aflição. Grainger olhou para ele com curiosidade. Poirot soltoudaum  – Qual Qual é o interesse no velho velho Aru Arundell? ndell? Nunca Nunca ouvi ouvi dizer que fosse fosse algu al guém ém ilustre.  – Meu caro senhor senhor – os olhos de Poirot brilhavam bril havam nu numa excitação fanática fanática –, não se diz que a História desconhece seus homens mais formidáveis? Recentemente, surgiram documentos que lançaram nova luz sobre a Revolta dos Sipais, na Índia. Há aí uma história oculta. E nessa história oculta, John Arundell desempenhou um grande papel. É uma questão fascinante, fascinante! E deixe-me lhe dizer, meu caro senhor, que é um tema da maior relevância. A  política in i nglesa a respeito respei to da Índia Índia é o assun ass unto to mais mais comentado comentado do mom moment ento. o.  – Hum – resm r esmun unggou o médico. – Ou Ouvi vi dizer que o velho ve lho Arundell Arundell costum costumava falar muito uito a respeito respei to da Revolta. Era até considerado um chato. chato.  – Quem Quem lhe disse isso? is so?  – A srta. s rta. Peabody. Peabody. O senhor senhor pode procurá-la, aliás. aliás . É a moradora mais antiga, antiga, conhecia conhecia  bem os Arundell Arundell.. E fofocar fofocar é a sua principal diversão. diver são. Vale Vale a pena conhecê-l conhecê-la, a, é um umaa figu figura.

 – Obrigado. É uma uma excelente excelente ideia. idei a. Talvez Talvez o senhor senhor também também pudesse me me dar o endereço do

 

ovem sr. Arundell, o neto do finado general?  – Do Charles? Sim Si m, posso fazer fazer isso. i sso. Mas ele e le é um rapaz irreverente. irr everente. A história da famíli famíliaa não significa significa nada para ele.  – Ele é bem moço?  – É o que que um velho ultrapassado ultrapassado com c omoo eu consider consideraa jovem – disse o médico médico com um um piscar  de olhos. – Trinta e poucos anos. O tipo que nasce para ser um problema e um peso para a família. Uma personalidade encantadora, e nada mais. Já andou pelo mundo todo e não fez nada de bom em lugar algum.  – A sem dúvida gostava dele? arr – éCostum Cost umasei, a serele assim as sim. . consegu  – Hum Hutia m... Não sei. Emily Em ily Arundell Aru ndell– arriscou nãoiscou era Poirot. boba. Até At onde nunca nunca conseguiu tirar  dinheiro algum dela. Era um pouco irritável, a srta. Emily. Eu gostava dela. E a respeitava também. Era tal qual uma veterana de guerra.  – Ela morreu morreu repentinam repentinament ente? e?  – Sim, Sim, de certa forma. forma. Veja bem, bem, ela já vinha vinha com a saúde debilitada debili tada havia alguns alguns anos. Mas escapou de alguns apertos.  – Ouvi uma uma história, e peço perdão por repetir boatos – Poirot Poi rot fez um um gesto gesto desdenh desde nhoso oso –, de que ela se desent de sentendera endera com a famíli família? a?  – Ela não chegou chegou a se desentender   com eles – explicou pausadamente o dr. Grainger. –   Não  – houve houve uperdão. ma brigaTalvez declar ada, até on onde de sei. Peçoum Tdeclarada, alvez eu esteja sendo indiscreto.  – Não, não. não. Afinal, Afinal, são fatos fatos de domínio domínio público.  – Soube Soube que ela deixou o dinheiro dinheiro para par a pessoas que não eram da famíli família, a, é isso mesmo? mesmo?  – Sim, deixou tu tudo do para uma uma dama de companh companhia ia bobalhon bo balhona. a. Algo estranho. estranho. Eu mesm mesmoo não consigo entender. Não era do feitio da srta. Emily.  – Ah, Ah, bem – refletiu Poirot. Poiro t. – É fácil imagin imaginar ar uma uma situação situação dessas. Uma senhora senhora frágil frágil e adoentada, muito dependente da pessoa que cuida dela. Uma mulher inteligente, com alguma  personalidade,, pode exercer muit  personalidade muitaa inf influên luência cia dessa dess a forma. forma. A palavra palavr a influência foi como sacudir um tecido vermelho diante de um touro. Grainger  –O dr. In Influ fluência? ência? bufou: Influ Influência? ência? Nada disso! Emily Emily Arun Arundell tratava Minnie Minnie Lawson como como cachorro. Típico daquela geração! De qualquer modo, mulheres que ganham a vida como damas de companhia normalmente são tolas. Se tivessem tino, ganhariam a vida de outra maneira. Emily Arundell não tolerava tolos de bom grado. Ela costumava exaurir uma pobre-diaba por  ano. Influência? Nem de longe! Poirot escapou esca pou logo logo daquele terreno perigoso. peri goso.  – Seria possível possív el – sugeriu sugeriu – que essa... srta. Lawson tenha tenha consigo consigo cartas de famíli famíliaa e documentos?  – Pode ser – concordou Graing Grainger. er. – É comum comum que tenh tenhaa mu muitas coisas coisa s amon amontoadas toadas em casas de velhos. Acredito que a srta. Lawson ainda não viu a metade. Poirot se levantou. levantou.  – Muito Muito obrigado, dr. Graing Grainger. er. O senhor senhor foi muit muitoo gentil. gentil.  – Não há de quê – respondeu res pondeu o médico. médico. – Pena eu não não poder ser mais útil. A srta. Peabody

é a sua melhor chance. Mora em Morton Manor, a mais ou menos um quilômetro e meio.

 

Poirot cheirou um grande buquê de rosas sobre a mesa.  – Que Que delícia delíc ia – murm murmuurou.  – Sim, suponh suponhoo que sim. sim. Eu próprio não posso cheirá-las. cheirá-las . Perdi o olfato após uma uma gripe há quatro anos. Bela revelação para um médico, hein? “Médico, cure a si mesmo.” Maldita chateação. Fumar Fumar não tem mais mais a mesma mesma graça. graç a.  – Que Que azar! Bem, Bem, o senhor senhor pode me me dar o endereço do rapaz, o sr. Ch Charles arle s Arundell? Arundell?  – Posso pegar para o senhor, senhor, sim. sim. Ele nos levou até o saguão e, após chamar por alguém de nome “Donaldson”, explicou:  – Meu sócio. de Elenovo: deve–ter o endereço. Está prestes a ficar noivo da irmã de Charles Charles,, Theresa. – Chamou Donaldson! Um jovem saiu de uma sala nos fundos da casa. Tinha estatura média e fisionomia pálida. Seu comportamento era meticuloso. Não se poderia imaginar maior contraste com o sócio. O dr. Grainger explicou o que queria. Os olhos levemente saltados do dr. Donaldson, de um azul azul muito claro, cl aro, nos avali ava liara aram m com atenção. Quando falou, foi num num tom tom seco e formal.  – Não sei ao certo onde Charles pode ser encontrado. encontrado. Posso lhes dar o endereço da srta. Theresa Th eresa Arundell. Arundell. Ela sem dúvida poderá poder á colocá-l col ocá-los os em contat contatoo com o irmão. Poirot garantiu a Donaldson que isso seria suficiente. O médico escreveu o endereço no  bloco de anotações, anotações, arrancou a folha folha e a entregou entregou a Poirot, que agradeceu e despediu despedi u-se dos dois. Quando saímos pela porta, notei o dr. Donaldson parado no hall, nos observando com uma expressão preocupada.

 

CAPÍTULO 10 VISITA À SRTA. P EABODY  – Qual é a necessidade necessi dade de cont c ontar ar mentiras entiras tão enroladas, Poirot? – pergu per gunt ntei ei enquant enquantoo nos afastávamos. Poirot desconversou desc onversou..  – Se é para contar contar uma uma mentira... entira... percebo, aliás, aliá s, que a sua naturez naturezaa é bastante bastante avessa a mentiras... agora, a mim, elas não incomodam nem um pouco...  – Já notei notei – interrompi. interrompi.  – Como Como eu estava dizendo, dizendo, se é para contar contar uma uma mentira, entira, que seja criativa, românt romântica, ica, convincente!  – Acha Acha que foi foi convincente? convincente? Acha Acha que o dr. dr. Donaldson Donaldson acreditou?  – Aquele Aquele rapaz ra paz é cético cético por natureza natureza – ponderou ponderou Poirot.  – Pareceu-me Pareceu-me definitivam definitivament entee desconfiado.  – Não vejo razão. Imbecis Imbecis escrevem escrev em sobre as vidas de outros outros imbecis imbecis todos os dias. É comum, como você costuma dizer.  – Foi a prim pri meira vez ve z que que ouvi você cham chamar ar a si mesmo esmo de imbecil imbecil – coment comentei, ei, sorrindo. sorr indo.  – Posso represent repres entar ar um papel, espero, tão bem quanto quanto qualquer qualquer pessoa – retrucou Poirot com indiferença. – Sinto muito que você não tenha achado criativa a minha historinha. Eu fiquei  bastante  bastan te satisfeito com ela. Mudei de assunto.  – O que que faremos faremos agora?  –Morton É fácil.Manor Apanhamos Apanham o seu e vamos vam visitar visidotarperíodo Morton Mortonvitoriano. Manor. Manor. Um mordomo decrépito era os uma casacarro enorme e os feia, nos recebeu com ar meio desconfiado. Saiu e voltou em seguida para perguntar se “tínhamos hora marcada” marcada”..  – Por favor, diga à srta. Peabody que fom fomos os enviados pelo dr. Grainger Grainger – disse dis se Poirot. Depois de alguns minutos, as portas se abriram, e uma mulher baixinha e gorda entrou no ambiente. Os cabelos brancos e escassos estavam cuidadosamente repartidos ao meio. Usava um vestido de veludo preto puído em vários lugares e um lenço rendado muito bonito amarrado em torno do pescoço, preso com um broche. Atravessou a sala nos examinando com olhar  míope. Suas primeiras palavras foram um pouco surpreendentes.  – Nada, Estão vendendo ven dendo alg uma coisa?  – madame madam e –algu respondeu Poirot. Poirot.  – Tem Tem certeza?  – Absoluta. Absoluta.

 – Nenh Nenhum aspirador aspir ador de pó?  

 – Não.  – Nenh Nenhuma uma meia meia de seda? se da?  – Não.  – Nenh Nenhum tapete?  – Não.  – Certo – aquiesceu a srta. Peabody, Peabody, acomodando-se acomodando-se num numa poltrona. – Tudo bem então. então. É melhor vocês se sentarem.  Nós nos nos sentam sentamos, os, obedientes.  – cuidado. Os senhores senhores me perdoem por pergun pergu ntar – desculpou-se a srta. não Peabody –, de mas preciso preci so tomar Não imaginam os tipos que aparecem por aqui. Criados servem nada, não têm discernimento nenhum. Mas não é culpa deles. Se o sujeito se expressa bem, veste-se bem, tem bom nome, como vão saber? Comandante Ridgeway, sr. Scot Edgerton, capitão d’Arcy Fitzherbert. Homens bonitos, alguns deles. Mas, antes que se perceba, enfiam-lhe uma batedeira debaixo do nariz. Poirot foi enfático: enfático:  – Posso lhe garant garantir, ir, madam madame, e, que não não temos temos nada do tipo. tipo.  – Ainda Ainda bem! bem! – exclamou exclamou a srta. Peabody. Peabody. Poirot concentrou-se em contar sua história. A srta. Peabody ouviu sem fazer nenhum comentário, apenas  – Vai Vai escrever escr ever piscou um livro, livruma o, é?ou duas vezes os olhinhos miúdos. Ao final, perguntou:  – Sim. Sim.  – Em inglês? inglês?  – Sem dúvida... em inglês. inglês.  – Mas o senh senhor é estrangeiro. estrangeiro. Ora! Vam Vamos os lá, o senhor senhor é estrangeiro, estrangeiro, não é?  – É verdade. Ela desviou o olhar para mim.  – O senhor senhor é o secretário dele, del e, suponho? suponho?  – Ahn. Ahn..... sou – hesitei. hesitei. Sabe escrever escre bem  – Espero quever simbem? sim. . ?  – Hum Hum... Que Que escola frequentou frequentou??  – Eton. Eton.  – Então Então não não sabe. Fui obrigado a ignorar tamanha acusação contra uma das escolas mais antigas e respeitáveis de que se tem notícia, pois a srta. Peabody voltou a dirigir-se a Poirot.  – Vai Vai escrever escr ever uma uma biografia do general general Arundell, Arundell, é?  – Sim. Sim. E a senhora senhora o conhecia, conhecia, creio cr eio eu.  – Sim, Sim, conhecia conhecia John Arundell. Arundell. Ele bebia. Houve uma breve pausa. A srta. Peabody prosseguiu, contemplativa:  – Revolta de indianos, indianos, é? Na minh minhaa opinião, é chover no no m molhado. olhado. Mas Mas o problem probl emaa é seu.  – Sabe, madam madame, e, há há uma uma tendência tendência para esses esse s assuntos. assuntos. No mom moment ento, o, a Índia está na na moda. moda.  – Pode ser mesmo. mesmo. Modas vão e vêm, vêm, é só olhar para as mangas mangas das roupas.

Mantivemos um silêncio respeitoso.

 

 – Mangas Mangas bufant bufantes es sempre sempre foram um horror – coment comentou ou a srta. Peabody. Peabody. – Mas sempre sempre fiquei bem com mangas boca de sino. – Fixou um olhar radiante em Poirot. – E então, o que quer  saber? Poirot fez um gesto amplo com as mãos.  – Qualquer Qualquer coisa! Histórias famili familiares. ares. Fofocas. Rotin Rotinaa doméstica. doméstica.  – Não sei s ei nada sobre a Índia. A verdade é que eu não prestava p restava atenção. atenção. São muito uito chatos chatos esses velhos e suas histórias. Ele era um homem muito burro... mas nem por isso um mau general. Sempre ouvi dizer que inteligência não ajuda a carreira de ninguém no exército. Preste atenção à esposa costumava costum ava dizer. do seu superior e obedeça aos oficiais e você vai longe... era o que meu pai Tratando aquele comentário com deferência, Poirot esperou alguns momentos antes de  pergunt  pergu ntar: ar:  – A senhora senhora conhecia conhecia bem a fam famíli íliaa Arundell, Arundell, não? não?  – Conhecia Conhecia a todos – respondeu a srta. Peabody. Peabody. – Matilda Matilda era a mais velha. Uma garota garota sardenta. Costumava ensinar catecismo. Gostava de um dos curas. Depois vinha a Emily. Montava muito bem. Era a única que conseguia lidar com o pai quando ele desatava a beber. Quantidades imensas de garrafas costumavam ser tiradas daquela casa. Eram todas enterradas à noite. Daí, deixe-me ver, quem vinha depois, Arabella ou Thomas? Thomas, eu acho. Sempre tive pena quatro Faz um  própri  próprio o erademThomas. eio que uUm ma homem velha, oentre Thom Thomas. as. Ningu Ninmulheres. guém ém achava que homem se casaria. casariparecer a. Foi bobo. quase Ele um choque quando se casou. Deu uma risada – uma forte e gostosa risada vitoriana. Era óbvio que a srta. Peabody estava se divertindo. Parecia ter se esquecido de que estávamos ali. Ela estava bem longe, no  passado.  – Então Então vinha a Arabella. Arabella . Uma Uma menina enina comum comum,, de rosto redondo. Mas ela se casou, ainda que fosse a mais sem graça da família, com um professor de Cambridge. Um sujeito bem velho. Devia ter uns sessenta anos de idade. Ele deu uma série de palestras aqui, sobre as maravilhas da química moderna, acho. Fui a todas. Lembro que ele resmungava. E usava barba. Não consegui ele Devia disse. Arabella ficar atrás e fazer Ela  própri  própria a já j áouvir não era emuito ra lá mdo uitoque moça. estar perto pe rtocostumava dos quarenta. quaren ta. Ah, Ah , bom, agoraperguntas. os dois estão mortos. Foi um casamento bem feliz, o deles. É a vantagem de se casar com uma mulher sem graça: você conhece o pior dela já no início e é pouco provável que ela venha a ser infiel. E depois tinha a Agnes. Era a mais nova, e a mais bonita. Costumávamos achá-la muito extrovertida. Quase leviana! É estranho. Era de se esperar que casaria, mas não casou. Morreu não muito tempo depois da guerra. Poirot murmurou:  – A senhora senhora disse diss e que o casament casamentoo do sr. Thom Thomas as foi meio meio inesperado. A srta. Peabody deu outra risada forte e rouca.  – Inespera Inesperado? do? E como como foi! Foi um um escândalo que durou durou nove nove dias. dias . Nunca Nunca se esperou aquilo dele, um homem tão quieto, tímido, recatado e dedicado às irmãs. Fez uma pausa.  – Lembram embram-se -se de um caso que deu o que falar no final da década de 1890? Com um uma tal

sra. Varley, que, dizem, envenenou o marido com arsênico. Uma mulher bonita. Deu muito

 

falatório aquele caso. Ela foi absolvida. Bem, Thomas Arundell perdeu a cabeça completamente. Comprava todos os jornais, lia sobre o caso e recortava as fotografias da sra. Varley. E vocês acreditam que, quando o julgamento terminou, ele foi a Londres e pediu a mão dela em casamento? Thomas! O calado e pacato Thomas! Nunca se sabe o que esperar dos homens, não é? Sempre inclinados a desatinos.  – E o que que aconteceu? aconteceu?  – Ela se casou cas ou com ele, sim si m.  – Foi um choque choque mu muito grande grande para as irm ir mãs dele?  – Imagin Imagino o que sim! sim ! Elas não a recebiam recebi am.. Não sei sedo as culpo, levando tudo em consideração. Thomas ficou ofendidíssimo. Foi morar nas Ilhas Canal, e nunca mais tu sedoouviu falar nele. Não sei se a mulher envenenou o primeiro marido. Ela não envenenou Thomas. Ele morreu três anos depois da morte dela. Tiveram dois filhos, um menino e uma menina. Um casal  bonito...  bonit o... pux puxaram à mãe. mãe.  – Imagin Imaginoo que que viessem viess em visitar visi tar a tia com frequência? frequência?  – Não até os pais morrerem orrer em.. Estavam na escola e já j á eram crescidos então. então. Costum Costumavam vir  nos feriados. Emily estava sozinha no mundo, e eles e Bella Biggs eram os seus únicos parentes.  – Biggs? Biggs?  – A filha filha da Arabella. Arabel la. Menina Menina enjoada... alguns alguns anos m mais ais velha do que a Theresa. Mas fez  papel de boba. bobaterrível, . Casou-se comcom um ummodos ggring ringoo encantadores, que estava na devo univers universidade. idade. Bem, Um médico mnão édico grego. greg o. Homem Hom em de aparência porém admitir. acho que a pobre Bella teve muit muitas as oportu opo rtunnidades. idades . Passava Passa va o tempo tempo ajudan aj udando do o pai ou fazen fazendo do novelos de lã l ã para par a a mãe. mãe. O sujeito era exót e xótico, ico, e isso a atraiu.  – Eles têm um casament casamentoo feliz? A srta. Peabody irrompeu:  – Não diria diri a isso sobre qualquer  casamento!   casamento! Par  Parecem ecem muito felizes. Com dois filhos meio amare am arelad lados. os. Vivem ive m em Esmir Esmirna. na.  – Mas estão na na Inglat Inglaterra erra ag a gora, não estão?  – Sim, Sim, vieram em março. Imagin Imaginoo que partirão em breve.  – Se A srta. Em Aru gostava sobrinha? gostava gostEmily availy de d eArun Bella? Bellndell a? Ah, Ah , muito. muito.daEla é uma uma mulher mulher sim si mplória, plóri a, envolvida com os filhos, e esse tipo de coisa.  – E a tia aprovava o marido? marido? A srta. Peabody riu.  – Ela não o aprovava, mas acho que gostava do patife. Ele é inteligente. Se quiser saber, ele a manipulava direitinho. Tem bom faro para dinheiro, esse camarada. Poirot tossiu tossi u.  – Soube Soube que a srta. Arun Arundell dell morreu muit muitoo rica, é ve verdade? rdade? – murm murmurou urou.. A srta. Peabody acomodou-se na poltrona.  – Sim Si m, foi o qu q ue causou todo todo aquele pan pa ndemônio! demônio! Ningu Ninguém ém nem nem sonhava sonhava que estivesse estivess e tão  bem de vida. O que aconteceu aconteceu foi o seguint seguinte. e. O velho general general Arundell Arundell deixou uma uma bela herança, dividida igualmente entre os filhos. Parte dessa herança foi reinvestida, e acho que todos os investimentos deram bons resultados. Havia algumas ações da Mortauld. Claro que

Thomas e Arabella levaram sua parte da herança ao casarem. As outras três irmãs ficaram aqui

 

e não gastaram um décimo de sua renda conjunta, tudo foi reinvestido. Quando Matilda morreu, deixou o dinheiro para ser dividido entre Emily e Agnes, e, quando Agnes morreu, deixou a  parte dela para par a Emily Emily.. E Emily Emily continu continuou ou gastan gastando do muit muitoo pouco. Resultado: Resultado: morreu morreu rica... e a tal Lawson ficou com tudo! A srta. Peabody pronunciou a última frase num tom triunfal.  – Foi uma uma surpresa para a senh s enhora, ora, srta. Peabody?  – Para dizer a verdade, foi! Emily Emily sempre sempre disse para todos abertament abertamentee que quando quando morresse o dinheiro deveria ser dividido entre as sobrinhas e o sobrinho. E, na verdade, era o que estava no testam testament entoo origin ori ginal. al. Um pouco para os criados e o restante restante par paraa ser dividido dividi do entre Theresa, Charles e Bella. Meu Deus, foi um pandemônio quando, depois de sua morte, descobriram que ela havia feito um novo testamento deixando tudo para a pobre srta. Lawson!  – O testam testament entoo foi feito feito pouco antes antes da morte morte da srta. Arun Arundell? dell ? A srta. Peabody Pea body lançou la nçou-l -lhe he um olhar fu fuzilante. zilante.  – O senhor senhor está su s ugerindo gerindo que houve houve influên influência cia indevida? Creio que isso não leva a nada. E eu não acredito que a coitada da srta. Lawson fosse tão inteligente ou descarada para tentar  algo assim. Para ser sincera, ela ficou tão surpresa quanto todo mundo, ou pelo menos disse que estava! Poirot sorriu com aquele último comentário.  – O testament testam entooestá foi feito uns uns dez dias antes ant es até da m orte dela de la – continu continuou ou a srta. Peabody Pea body.. – O advogado disse que tudo certo. Bem... pode estar.  – A senhora senhora quer dizer que... que... – Poirot inclinou-se inclinou-se para par a frente. frente.  – Mutreta, Mutreta, é o que que digo – asseverou a srta. Peabody. Peabody. – Algo Algo cheira mal mal nessa história.  – Qual Qual é a sua teoria?  – Nenhu Nenhum ma! Como Como eu poderia saber onde entra entra a mutreta? Não sou advogada. Mas tem alguma coisa esquisita nisso tudo, ouça bem o que estou dizendo. Poirot Poir ot pergu pe rgunt ntou ou pausadam pausad amente: ente:  – Alguém Alguém contestou contestou o testament testamento? o?  – Theresa aconselhou-se aconselhou-se com c om um advogado, creio eu. Perda de tempo! tempo! Qual Qual é a opinião de noventa por cento “Não vez, cinco me aconselharam a não entrar com dos umaadvogados? ação. O que fiz?adianta.” Ignorei. Uma E ganhei o caso.advogados Puseram-me no banco de testemunhas, e um almofadinha de Londres tentou fazer com que eu caísse em contradição. Mas não conseguiu. “A senhora mal consegue identificar este casaco de pele, srta. Peabody”, disse ele. “Não tem etiqueta.” “Pode até ser”, respondi, “mas tem um remendo no forro, e, se alguém conseguir fazer um remendo desses hoje em dia, engulo meu guarda-chuva.” Desmoronou completamente, o sujeito. A srta. Peabody riu com prazer.  – Imagin Imaginoo – Poirot media as palavras palavr as – que... ahn... ahn... os ânimos ânimos estejam bastante bastante exaltados entre a srta. Lawson e os membros da família da srta. Arundell.  – O que o senhor senhor esperava? esperava ? Sabe como como é a natureza natureza hum humana. Sempre Sempre há problemas depois de uma morte, de qualquer maneira. Mal o caixão esfria e os pranteadores já estão arrancando os olhos uns dos outros. Poirot suspirou suspiro u.

 – É verdade.

 

 – a naturez naturezaa hum humana – concluiu concluiu,, tolerante, tolerante, a srta. Peabody. Peabody. Poirot Poir ot mudou mudou de assun as sunto. to.  – É verdade que a srta. Arun Arundell se s e interess interessava ava por espiritismo? espi ritismo? A srta. Peabody o observava com um olhar penetrante.  – Se o senhor senhor acha – ela disse – que o espírito espír ito de John Arundell Arundell voltou e mandou Emily Emily deixar o dinheiro para Minnie Lawson e que Emily obedeceu, o senhor está muito enganado. Emily não seria boba a esse ponto. Se quer saber, para ela o espiritismo era quase como um ogo de paciência ou um jogo de cartas qualquer. Já falou com as Tripp?  – Não.  – Se tivesse falado, perceberia perceber ia a baboseira baboseir a que era aquilo. Mulheres Mulheres irritan irri tantes. tes. Sempre Sempre trazendo mensagens de um ou outro parente, e sempre mensagens sem coerência nenhuma. Elas acreditam em tudo. Assim como Minnie Lawson. Mas, bem, suponho que seja um passatempo como qualquer outro. Poirot tentou outra abordagem:  – Presumo Presumo que a senhora senhora conheça conheça o jovem Ch Charles arles Arundell? Arundell? Que Que tipo de pessoa ele el e é?  – Não presta. Sujeito encantador encantador.. Sempre Sempre sem dinheiro, dinheiro, sempre sempre endividado, sempre sempre voltando como um cachorro sem dono de suas andanças pelo mundo. Lida bem com as mulheres.  – Deu um uma risada. ri sada. – Vi muitos muitos como ele para me deixar dei xar engan enganar! ar! Estranho Estranho o Thom Thomas as ter tido um filho como Mas, o Charles. Thomas era umruim. camarada e conservador. Um modelo de integridade. sei lá, devia ter sangue O pior austero é que gosto do patife do Charles, mas ele mataria a própria avó por uns centavos. Não tem escrúpulos. É estranho como certas pessoas já nascem assim assi m.  – E a irmã? irmã?  – Theresa? – a srta. Peabody sacudiu a cabeça e disse pausadament pausadamente: e: – Não sei. Ela El a é uma uma criatura exótica. Não é normal. Está noiva daquele médico insípido. Acho que o senhor já o viu.  – O dr. dr. Donaldson? Donaldson?  – Sim. Sim. Dizem que é competen competente te como médico, no mais, mais, é um pobre coitado. Não é o tipo de rapaz de quem eu gostaria se fosse moça. Bem, Theresa deve saber o que está fazendo. Já teve  – suas experiências, O dr. dr . Donaldson Donaldson aposto. atendia atendia a srta. sr ta. Arun Arundell dell??  – Costum Costumava atendê-la atendê-la quando Graing Grainger er saía saí a de férias.  – E na na última última vez que que ela adoeceu? adoe ceu?  – Acho Acho que que não. Poirot sorriu e disse:  – Tenh Tenhoo a impressã impressão, o, srta. Peabody, Peabody, que que a senhora senhora não o consider consideraa bom médico.  – Nunca Nunca disse di sse isso. Na verdade, verdade , o senhor senhor está errado. err ado. Ele El e é até bem esperto e eficiente eficiente do eito dele, só que não é o meu  jeito. Dou um exemplo. Antigamente, se uma criança comia muitas maçãs verdes e tinha uma crise de fígado, o médico chamava aquilo de “crise de fígado”, e do consultório consultório mesmo mesmo já se ia i a para par a casa cas a com os remédios. Hoje em e m dia, os médicos dizem que se trata de uma “acidose aguda”, que a dieta deve ser supervisionada, e prescrevem o mesmíssimo remédio, que agora vem em comprimidinhos brancos feitos em laboratórios e é três vezes mais caro do que antes! Donaldson é adepto desses métodos e, veja bem, é o que a

maioria das mães mais jovens prefere. Soa melhor. Não que ele vá ficar aqui por muito tempo

 

tratando sarampos tratando sarampos e crises crise s de fígado. fígado. Ele está de olho olho em Londres. ondres. ambicios ambicioso. o. Quer Quer se especializar.  – Em algum algum ramo ramo específico? especí fico?  – Vacinas. Acho Acho que é isso. A ideia idei a é enfiar enfiar uma uma daquelas agulhas agulhas hipodérmicas hipodérmicas asquerosas em você, mesmo que não esteja doente, como prevenção. Não vejo com bons olhos todas essas injeções complicadas.  – O dr. dr. Donaldson Donaldson está pesquisando pesquisando algum alguma doença em especial? especi al?  – Não me pergun pergunte. O que sei é que um mero consultório consultório de clínica cl ínica geral já não o satisfaz. satisfaz. Ele quer se estabelecer em Londres. Mas para isso precisa de dinheiro, e não tem onde cair  morto. Poirot murmurou:  – É triste que um talento talento genuín genuínoo como o dele seja prejudicado pela falta de dinheiro. dinheiro. E há aqueles que não gastam nem um quarto do que ganham!  – Emily Emily Arundell Arundell não gastava gastava – lembrou lembrou a srta. Peabody. Peabody. – Certas pessoas ficaram surpresas com a leitura daquele testamento. Estou me referindo à quantia, não ao resto.  – A senhora senhora acha que que foi um uma surpresa para os membros embros da famíli família? a?  – É curioso – disse a srta. Peabody, Peabody, apertando os olhos com ar de divertimento. divertimento. – Não diria que sim nem que não. Um deles intuía.  – Qu em? ? s. Ele fizera algum  – Quem O Charle Ch arles. algumas estimativas estimativas por conta própria. Não é bobo, o Charles Charles..  – Mas é um um pouco malandro, malandro, não é verdade?  – Seja como for, for, ele não não é insípido – acrescentou acr escentou com certa malíc malícia. ia. Ela fez uma breve pausa e então perguntou:  – Vai Vai entrar entrar em contat contatoo com ele?  – É o que pretendo – Poirot respondeu solene. – Deve ter certos document documentos os famili familiares ares relacionados com o avô.  – Ele deve é ter feito um uma fogueira fogueira com eles. Não respeita respe ita os mais mais velhos, vel hos, aquele aquele rapaz. rapa z.  – É preciso explorar e xplorar todas as possi possibili bilidades dades – sentenciou sentenciou Poirot.  –Um Parece que sim – concordou secamen a srta. Peabody . lampejo momentâneo nossecamente olhos te azuis da Peabody. velha pareceu incomodar Poirot, que se levantou.  – Não devo tomar tomar mais mais do seu se u tempo, tempo, madam madame. e. Sou muit muitoo grato grato por tudo tudo que me me disse. disse .  – Fiz o que pude pude – disse di sse a srta. Peabody. Peabody. – Percorremos Perc orremos um um longo longo caminh caminhoo desde a revolta revo lta dos tais indianos, indianos, hein? Trocamos apertos de mãos.  – Avisem Avisem quando quando o livro sair sai r – coment comentou ou por fim fim.. – Tenh Tenhoo muit muitoo interesse interesse.. A última coisa que ouvimos quando deixamos a sala foi uma risada forte e rouca.

 

CAPÍTULO 11 VISITA ÀS SRTAS. TRIPP  – E agora agora – disse dis se Poirot quando quando ent entram ramos os no carro –, o que faremos faremos a segu seguir? Por experiência própria, não sugeri que voltássemos à cidade. Afinal, se Poirot estava se divertindo a seu s eu modo, modo, por que eu protestaria? protestaria? Sugeri que tomássemos um chá.  – Chá, Chá, Hastings? Hastings? Qu Que ideia! idei a! Olhe Olhe a hora. hora.  – Eu olhei... eu vi, quero dizer. dizer. São cinco e meia. meia. Sem dúvida recom re comendo endo um um chá. Poirot suspirou suspiro u.  – Vocês Vocês ingleses ingleses e esse es se chá da tarde! Não, mon ami, nada de chá. Li num livro de etiqueta outro dia que não se deve fazer visitas depois das seis horas, seria um solecismo. Temos,  portanto,  portan to, apenas apenas meia meia hora para atingir atingir nosso objetivo.  – Você está sociável sociáve l hoje, Poirot! Quem Quem visitarem visi taremos? os?  – Les Les demoiselles Tripp.  – Agora Agora vai escrever e screver um livro livr o sobre espiri esp iritism tismo? o? Ou ainda é a vida do general general Arundell? Arundell?  – Será mais simples do que pode imagin imaginar, ar, meu caro. Antes Antes de mais nada precisam precis amos os descobrir onde moram. Obtivemos o endereço com facilidade, mas nos confundimos um pouco no caminho até lá. A residência das srtas. Tripp revelou-se um chalé pitoresco – tão antigo e expressivo que  pareciaa prestes a desmoronar.  pareci desmoronar. Uma menina de uns catorze anos abriu a porta e, com dificuldade, espremeu-se contra a  parede par a permitir permit que entrássem entrássemos. os. de carvalho – havia uma grande lareira e janelas tão O para interior erair repleto de vigas  pequenas  pequen as que era difícil ver com clareza. cla reza. Os móveis tinh tinham uma uma falsa simplicidade, e existia uma boa quantidade de frutas em tigelas de madeira e um grande número de fotografias – a maioria delas, percebi, das mesmas duas pessoas em diferentes poses: com buquês de flores agarrados ao peito ou segurando segurando chapéus chapéus de abas largas. A menina que nos recebeu havia murmurado algo e desaparecido, mas a ouvimos dizer  claramente no andar de cima:  – Dois senhores senhores desejam dese jam vê-la, senh s enhorita. orita. Ouviu-se uma espécie de gorjeio de vozes femininas e, em seguida, uma senhora desceu a escada cam ca minhou inhou gcinquenta raciosaa emanos, nossa nossatinha direção, direç farfalhando farfalhan do o ao vestido. Elae beirava os gracios o ão, cabelo repartido meio, como o de uma madona, e olhos castanhos um pouco saltados. Usava um vestido de musselina estampada que sugeria uma estranhaa sofisticação. estranh

Poirot aproximou-se e iniciou a conversa com toda sua grandiloquência:  

 – Devo desculpar-me por interferir interferir em sua rotina, rotina, madem mademoisel oiselle, le, mas mas estou enfren enfrentan tando do um contratempo. Vim até aqui visitar uma amiga, mas ela se mudou de Market Basing, e fui informado de que a senhora com certeza saberia o endereço.  – É mesm mesmo? o? De quem quem se trata?  – Da srta. Lawson. Lawson.  – Ah, Ah, Minnie Minnie Lawson. Lawson. Claro! Somos amissíssimas . Por favor, sente-se, senhor...?  – Parotti… E este é o capitão Hasting Hastings. s. A srta. Tripp cumpri cumprim mentou-nos entou-nos e agitou-se.  – Sente-se aqui, por favor… Não, não, por favor… Prefiro uma uma cadeira cade ira dura. Tem certeza de que está confortável aí? Querida Minnie Lawson… Ah, aí vem a minha irmã. Juntou Jun tou-se -se a nós uma uma senh s enhora ora num num vestido verde v erde farfalhante mais mais adequado adeq uado a uma uma menina menina de dezesseis anos.  – Minha Minha irmã Isabel, sr... ahn… ahn… Parrot… e… ahn... ahn... o capitão Hawkins. Hawkins. Isabel, querida, esses cavalheiros são am a migos da Minnie Minnie Lawson. A srta. Isabel Tripp era menos rechonchu rechonchuda da do que a irm ir mã. Ela poderia ser até considerada magra. Tinha cabelos claros presos em cachos desordenados. Agia como menina, e era facilmente reconhecível nas fotografias com as flores. Uniu as mãos numa excitação quase infantil.  – Que Qu e ótimo! ótim o! Querida Qhá uerida Min nie! O– senhor sen hor tem temPoirot. a visto?– Meio que  – Não a vejo alguns alguMinnie! ns anos explicou que perdemos contato. contato. Estive viajando. Foi por isso que fiquei tão surpreso e exultante ao saber da boa sorte da minha velha amiga.  – Sim, Sim, é verdade. E tão mereci merecida! da! Minn Minnie ie é uma uma alma rara. Tão simples, simples, tão sincera.  – Julia! – exclamou exclamou Isabel.  – Sim, Sim, Isabel?  – Que Que extraordi extraordinário! nário! P. P. Você lembra lembra que a letra P apareceu apa receu na sessão s essão de ontem ontem à noite? noite? Um visitante de além-mar e a inicial P.  – É mesm mesmo! o! – concordou concordou Julia. Julia. duaserra olharam Poirot ara rebatadas encantadas com a surpres surpresa. a.  –AsNão nunca para nun – sussurrou sussu rrouarrebatadas srta. Julia. Julia.e encantadas  – O senhor senhor se interessa interessa pelas p elas ciências ci ências ocultas, ocultas, sr. Parrot?  – Conheço Conheço pouco, madem ademoisel oiselle, le, mas, como como qualquer qualquer um que tenha tenha viajado viaja do pelo Oriente, Oriente, sou forçado a admitir que há muita coisa que não se pode entender ou explicar por meios naturais.  – É verdade – reconh rec onheceu eceu Julia. Julia. – Uma Uma verdade das da s mais mais profu pr ofunndas.  – O Oriente... Oriente... – murm murmurou urou Isabel. – Terra Terra do misticismo misticismo e do oculto! As viagens de Poirot pelo Oriente, até onde eu sabia, consistiam numa ida à Síria e ao Iraque que não durou mais do que poucas semanas. A julgar pela conversa que estava tendo,  pareciaa que ele  pareci el e havia passado a vida toda em selvas e bazares, conversando in i ntim timam ament entee com faquires, dervixes e mahatmas. Até onde pude identificar, as srtas. Tripp eram vegetarianas, teosofistas, israelitas israel itas britân bri tânicas, icas, cientistas cristãs, espíri es píritas tas e fotógrafas fotógrafas amadoras amadoras entusiásticas. entusiásticas.  – Às vezes parece parec e im i mpossível possíve l viver em Market Market Basing. Basing. Não há beleza aqui, não há alm al ma – 

Julia suspirou. – É preciso precis o ter alm a lma, a, o senhor senhor não concorda, capitão ca pitão Hawkins?

 

 – Muito Muito – respondi, um um tanto tanto constrang constrangido. ido. – Ah, Ah, muit muito. o.  – “Onde “Onde não há revelação, revel ação, as pessoas ficam sem freio” – declamou Isabel, com um suspiro. – Muitas vezes tentei argumentar com o vigário, mas ele tem uma mentalidade muito tacanha. O senhor não concorda, sr. Parrot, que toda doutrina tende a ser tacanha?  – E tudo tudo é tão simples simples – acrescentou ac rescentou a irmã.  – Como Como sabemos sabemos mu muito bem, bem, tudo tudo é alegria e amor!  – Tem razão, tem razão – acatou Poirot. – É uma uma pena que surjam mal-entendidos al-entendidos e disputas, sobretudo por dinheiro. dinheiro.  – O dinheiro dinheiro é mu muito sórdido... – suspirou Julia.  – Soube Soube que a finada finada srta. Arundell Arundell se converteu... converteu... – disse Poirot. Poir ot. As duas irmãs se entreolharam.  – Duvido Duvido mu muito! – retrucou retrucou Isabel.  – Nunca Nunca tivemos tivemos muita uita certeza c erteza – bufou Julia. Julia. – Num instante instante ela parecia pareci a convencida, convencida, e em em seguida fazia comentários sarcásticos. Ah, mas você se lembra daquela última manifestação! –  disse ela à irmã. – Foi tão, tão impressionante. – Virou-se para Poirot. – Foi a noite em que a querida srta. Arundell adoeceu. Minha irmã e eu passamos lá depois do jantar e fizemos uma sessão, apenas nós quatro. E sabe o que vimos? Nós três vimos, e muito  claramente, uma espécie de auréola sobre a cabeça da srta. Arundell.  –  – Comment  Sim. Sim. Era ?uma uma espécie espéci e de bruma bruma luminosa. luminosa. – Virou-se para a irmã. – Não é assim que descreveria aquilo, aquilo, Isabel? Isabel?  – Assim mesm mesmo. o. Um Uma bruma bruma luminosa luminosa que foi foi circun ci rcundando dando a cabeça da sr srta. ta. Arun Arundell, dell , uma uma auréola de luz tênue. Era um  sinal , agora sabemos disso! Um sinal de que ela estava prestes a fazer a passagem para o outro lado.  – Extraordinário! Extraordinário! – exclamou exclamou Poirot, Poi rot, num num tom impressi impressionado. onado. – Estava escuro no quarto, imagino?  – Ah, sim, sempre sempre conseguim conseguimos os melhores resultados no escuro, es curo, e a noite estava e stava quente, quente, de modo que nem a lareir l areiraa estava acesa.  – Um U mamava-se espírito espír ito interessa int eressant íssim moque falou conosco – disse Isabel. Cham Ch ava-se Fátima. Fátim a. ntíssi Contou Con tou fizera a passagem no tempo tempo das Cruzadas. Cruzadas. Deixou-nos Deixou-nos uma mensagem muito bonita.  – Ela falou mesm mesmoo com vocês?  – Não, não diretament diretamente. e. Comun Comunicou-se icou-se por batidas. Amor. Amor. Esperança. Vida. Belas  palavras.  palavr as.  – E a srta. Arundell Arundell passou mal mal durante durante a sessão? sessã o?  – Foi logo depois. Trouxeram rouxeram alguns alguns sanduíches sanduíches e vinho vinho do Porto, e a querida srta. Arundell não quis nada, disse que não estava se sentindo muito bem. Foi o início da enfermidade. Ainda bem que não precisou sofrer por muito tempo.  – Ela fez a passagem quatro quatro dias depois – completou Isabel.  – E já recebemos r ecebemos mensag mensagens ens dela! – entusiasm entusiasmou-se ou-se Julia. – Disse que está muit muitoo feliz, que que tudo lá é muito bonito e que deseja amor e paz entre os seus entes queridos. Poirot pig pi garreou.

 – Mas suponho suponho que isso esteja longe longe de acontecer... acontecer... Os parentes se com comportaram portaram com

 

indecência em relação à pobre Minnie – sentenciou Isabel, vermelha de indignação.  – Minn Minnie é uma uma alma muit muitoo altruísta – acrescent acresc entou ou Julia. Julia.  – As pessoas pess oas andam por aí dizen di zendo do as piores maledicências! aledi cências! Que Que ela el a tramou tramou para herdar o dinheiro!  – Quando Quando na na verdade foi inesperadíssimo para ela...  – Ela mal podia acreditar  quando  quando o advogado leu o testamento...  – Ela própria própri a nos falou isso. “Julia”, ela me disse. disse . “Minha “Minha querida, eu cairia cairi a se não estivesse sentada!” O testamento dizia: “Apenas alguns legados aos criados, e Littlegreen House e o remanescente do meu patrimônio para Wilhelmina Lawson”. Ela ficou tão boquiaberta que mal podia falar. Quando conseguiu, perguntou qual era o montante, pensando talvez que se tratasse de uns poucos milhares de libras. E o sr. Purvis, depois de enrolar e falar sobre coisas confusas como valores brutos e líquidos, afirmou que deveria estar em torno de 375 mil libras. Pobre Minnie, quase desmaiou.  – Ela não fazia fazia ideia  – reiterou a outra. – Nunca pensou que algo parecido pudesse acontecer!  – Isso foi foi o que ela lhes contou, contou, certo? certo?  – Ah, Ah, sim. Repetiu Repetiu várias vezes. ve zes. É por isso iss o que o comportam comportament entoo da famíli famíliaa Arundell Arundell é tão erverso, desprezando-a e tratando-a com suspeita. Afinal, vivemos num país livre...  – Os ingleses ingleses viver endeixar ganoo –seu murm murmurou urou Poirot.  – Imagin Imagino o queparecem   um nesse possaengan dinheiro a quem quiser! Acho que a srta. qualquer  Arundell foi  sábia. É óbvio que ela desconfiava  dos próprios parentes, e ouso dizer que tinha motivos.  – Ah, Ah, é? – Poirot inclinou-se inclinou-se para par a frente, frente, interessado. interessado. – Acha mesm mesmo? o? Aquela atenção encorajou Isabel a continuar.  – Acho. Acho. O sr. Charles Charles Arundell, Arundell, sobrinho dela, é de uma uma perversidade pervers idade absoluta. Todos sabem disso! Acredito, inclusive, que ele seja procurado pela polícia em algum país. Nem de longe um sujeito agradável. Quanto à irmã dele, bem, não cheguei a conversar com ela, mas é uma menina estranha. Ultramoderna, é claro, e carrega na maquiagem. Sério, só de olhar para aquelamuito boca fiquei . Parecia . Suspeito quedaquele ela use drogas, comporta-se de enjoada  sangue modo esquisito   às vezes. Está prestes a ficar até noiva rapaz simpático, o dr. Donaldson, mas acho que até ele parecia aborrecido. Claro que ela é atraente à sua maneira, mas espero que esse rapaz caia em si a tempo e se case com alguma inglesinha sossegada que goste da vida no campo e ao ar livre.  – E os outros outros parent par entes? es?  – São iguais. iguais. Muito Muito desagradáveis. Não que eu tenha tenha algo contra contra a sra. Tanios. É muito uito simpática, mas burríssima, e é completamente dominada pelo marido. Claro, um turco, acredito.  Não acha pavoroso pa voroso uma moça inglesa inglesa casar-se casar- se com um tu turco? rco? É content contentar-s ar-see com pouco. Mas sem dúvida a sra. Tanios é uma boa mãe, embora as crianças sejam sem graça, pobrezinhas.  – Então Então a senhora senhora considera c onsidera que a srta. s rta. Lawson Lawson mereci mereciaa herdar a fortuna fortuna da srta. Arundell, Arundell, mais do que os famili familiares? ares? Julia respondeu re spondeu,, serena: ser ena:  – Minnie Minnie Lawson é uma pessoa sem maldade. E é muito altruísta. Não pensava no

dinheiro. Nunca foi gananciosa.

 

 – Ainda Ainda assim assi m, nun nunca ca pensou em recusar o legado? Isabel recuou um pouco.  – Quem Quem faria isso? Poirot sorriu.  – É, acho acho que ning ninguém uém... ...  – Sabe, sr. Parrot Par rot – interferiu interferiu Julia –, ela vê isso como como um voto de confiança, uma coisa sagrada.  – E está absolutament absolutamentee disposta a fazer fazer algo pela sra. Tanios ou pelos filhos dela –   prosseguiu Isabel. – Só não quer quer que ele ponha ponha as mãos mãos no dinheiro. dinheiro.  – Inclusive Inclusive disse diss e que consider consideraria aria a possibi p ossibilidade lidade de dar uma uma mesada mesada a Theresa.  – E isso, acho, foi muit muitoo gen generoso eroso da parte par te dela, considerando-se a frieza com que que a moça sempre a tratou.  – Não resta dúvida, sr. Parrot, Minnie Minnie é a mais  generosa  das criaturas. Mas, enfim, o senhor a conhece, sabe como ela é!  – Sim – disse Poirot. Poi rot. – Eu sei. Só não sei... o endereço dela.  – É claro! Que Que estupidez estupidez a minh minha! a! Devo Devo anotá-lo anotá-lo para par a o senhor? senhor?  – Posso anotar. anotar. Poirot pegou a agenda de sempre.  – Clanroyden Clanroy den Mansions, Mansions, W.nos 2. últimos Nãoosmdias. ito longe longe de Whiteleys. Whiteleys. Mande Mande nossas lembranças? lembranças? Não tivemos notícias notícias17,dela últim diuas. Poirot levantou-se, e eu o segui.  – AgradeçoAgradeço-lhes lhes muito uito pela uma uma conversa agradabilíssima agradabilís sima e pela gentileza entileza de me fornecerem forn ecerem o endereço da srta. s rta. Lawson.  – Não entendo entendo por que não lhe deram – exclamou exclamou Isabel. – Deve ser aquela Ellen! Os criados às vezes são tão invejosos  e  mesquinhos! Costumavam ser muito grosseiros com Minnie. Julia apertou aper tou-nos -nos as mãos com ares de  grande dame dame.  – Apreciamos a visita – declarou, cortês. – Será que... para a–irmã.  –Lançou Vocêsum nãoolhar gostariam, gostinquiridor ariam, talvez... Isabel corou de leve. – Quero Quero dizer, dizer, não ficariam e antariam conosco? Uma refeição simples, vegetais crus ralados, pão preto com manteiga e frutas.  – Parece delicios del iciosoo – apressou-se apress ou-se em responder. – Mas Mas meu meu amigo amigo e eu precisam precis amos os retornar  a Londres. É uma uma pena! p ena! Trocamos novos apertos de mãos, e novos recados foram enviados à srta. Lawson. Finalmente Finalmen te saímos. sa ímos.

 

CAPÍTULO 12 P OIROT DISCUTE O CASO  – Graças a Deus Deus que você nos livrou li vrou daquelas cenou cenouras ras cruas! Que Que mulheres horríveis! –  falei com fervor.  –  Pour nous, un bon bift bifteck  eck , com batatas fritas e uma boa garrafa de vinho. O que nos ofereceriam para beber lá?  – Bem, Bem, água, água, imagin imaginoo – respondi, com um calafrio.  – Ou cidra sem álcool. Lugarzin ugarzinho ho dos mais mais desqualificados! d esqualificados! Aposto que que não tem banheiro banheiro nem saneamento, saneamento, exceto por p or uma uma latrina l atrina no jard j ardim! im!  – É estranho estranho como como as mulheres ulheres gostam gostam de viver sem conforto conforto – refletiu Poirot. Poir ot. – E não é  por serem pobres, pois em geral conseguem conseguem tirar o máximo áximo dos poucos recursos de que dispõem.  – Quais Quais as a s ordens ao chofer chofer agora? – perg per guntei untei ao passarm passar mos pela curva da última última ruaz ruazinh inhaa sinuosa, entrando na estrada de Market Basing. – Que celebridade local visitaremos a seguir? Ou voltaremos ao restaurante para interrogar o garçom asmático mais uma vez?  – Para sua satisfação, Hasting Hastings, s, já fizemos fizemos tudo tudo que havia havia a ser feito em Market Market Basing Basing...  – Esplêndido!  – Por ora, apenas. Voltarei! Voltarei!  – Ainda Ainda na tril trilha ha do assassino atrapalhado?  – Exatam Exatament ente. e.  – Aproveitou algum alguma coisa do monte monte de bobagens bobagens que que ouvimos? ouvimos?  – Alguns Alguns pontos pontos são dignos dignos de atenção. Os diversos personagens personagens do nosso nosso dram dr amaa começam começam a ficar mais nítidos. De certa maneira, não parece com um folhetim antigo? A humilde dama de companh com panhia, ia, antes desprezada, é alçada al çada à riqueza e agora assume assume o papel pap el de dama dama caridosa. cari dosa.  – Toda Toda essa caridade ca ridade deve de ve ser irritant i rritantee para os que se julgam herdeiros leg le gítimos! ítimos!  – Como Como você diz, Hasting Hastings, s, isso é bem be m verdade. Seguimos em silêncio por alguns minutos. Havíamos atravessado Market Basing e estávamos novamente na estrada principal. Cantarolei baixinho a melodia da canção “Little man, you’ve had a busy day”.  – Você se divertiu, dive rtiu, Poirot? Poirot? – pergun perguntei, afin afinal. al. Poirot disse dis se com frieza: frieza:  – bem o que você qu quis is dizer com “sede divertiu”, dive Hfez astings.  – Não Bemsei – respondi –, fiquei com a impressão quertiu”, vocêHasting nos.seu dia de folga as mesm mesmas as coisas de sempre!

  Você não acha acha que eu esteja levando leva ndo o caso a sério?  – Claro que está. Mas o caso em si parece ser um tanto hipotético. Resolveu investigá-lo  

 por puro exercíc exercício io ment mental. al. O que que quero dizer é que que não é... real. real .  – Au  Au contraire, é muito real!  – Não me expressei bem. bem. O que quero dizer é que se hou houvesse vesse como como  pr  proteger  oteger   a srta Arundell contra outro ataque, bem, haveria um motivo mais forte. Mas, como ela está morta, por  que se preocupar?  – Se fosse assim, mon ami, ninguém investigaria casos de assassinato!  – Não, não. não. Aí é diferente. diferente. Quero Quero dizer, daí você tem um cadáver… Ah, deixe deixe estar!  – Não fique fique irri i rritado. tado. Compreendo Compreendo perfeitament perfeitamente. e. Você Você faz um uma distinção di stinção entre entre um cadáver  e um simples  faleci  falecido do. Supondo, por exemplo, que a morte da srta. Arundell tivesse sido repentina, violenta e aterradora, e não causada por uma longa enfermidade, você não continuaria indiferente aos meus esforços para descobrir a verdade!  – É claro que não. não.  – Mesmo Mesmo assim, admite admite que que alguém alguém tentou tentou assassiná-la? assass iná-la?  – Sim, Sim, mas mas não consegu conseguiu. iu. Aí Aí é que está.  – Você não fica fica nem um pouco curios curiosoo para saber quem tentou tentou matá-la?  – Sim, Sim, até fico. fico.  – Tem Temos os um grupo grupo de suspeitos muit muitoo restrito – refletiu Poirot. – A Aquele quele fio…  – Um fio cuja presença você especula apenas porque viu um prego no topo da escada! –  interrompi. int errompi. aquele prego prete. go poderia estar es tar lá há anos!  – Não.–OOra, verniz é recente. recen  – Contin Continuo uo achando achando que que há mil mil explicações explicaç ões para o prego pr ego estar estar ali. ali .  – Ora, me me dê uma. uma.  Naquele  Naqu ele moment omento, o, não consegui consegui pensar em nenhu nenhum ma. Poirot Poi rot se aproveitou aprovei tou do meu meu silêncio sil êncio  para prossegu pros seguir ir com seu discurso.  – Sim Si m, um grupo grupo restrito. r estrito. O fio só poderia ter sido si do colocado col ocado de um lado a outro da escada depois que todos foram dormir. Portanto, temos de levar em conta apenas os ocupantes da casa. Ou seja, o culpado é um dos sete: o dr. Tanios, a sra. Tanios, Theresa Arundell, Charles Arundell, a srta. Lawson, Ellen ou a cozinheira.  – Ach que que você dei as criadas fora.  – Acho Elasoreceberam receber ampode partedeixar daxar herança, mon de cher  . E podiam ter outros motivos: rancor, brigas, desonestidade, não se pode ter certeza. c erteza.  – Parece muito muito improvável improvável..  – Improvável Improvável,, concordo. Mas Mas é preciso preci so levar todas as possibili possi bilidades dades em consider consideração. ação.  – Nesse caso, você deve contar contar oito pessoas, pessoas , não não sete.  – Como Como assim? Senti que estava prestes a marcar um ponto.  – Deve incluir a própria própri a srta. Arun Arundell. dell . Como Como sabe que ela mesma esma não colocou o fio na escada para fazer com que alguém caísse? Poirot encolheu os ombros.  – Você está dizendo dizendo uma bêtise, meu amigo. amigo. Se a srta. Arundell Arundell tivesse montado ontado uma uma armadilha, arm adilha, tomaria tomaria cuidado para não cai cairr nela. Foi ela quem caiu escada abaixo, não se esqueça disso.

Recuei, Recu ei, decepcionado. dec epcionado.

 

Poirot prosseguiu, prosseguiu, pensat pe nsativo: ivo:  – A sequência sequência dos eventos eventos é muit muitoo clara: clar a: a queda, a carta car ta para mim mim e a visita vis ita do advogado. Mas há um ponto duvidoso. A srta. Arundell guardou de propósito a carta que me escreveu, hesitando hesitan do em enviar? Ou, depois de escrevêes crevê-la, la, presumiu presumiu que a enviara?  – Não tem temos os como como saber – concluí.  – Não. Só podemos podemos  supor . Pessoalmente, imagino que presumiu ter enviado a carta. Deve ter ficado surpresa ao não receber uma uma resposta… res posta… Meu raciocínio tomou outra direção.  – Você Você acha que essa bobagem de espiri es piritism tismoo inf i nfluen luenciou ciou de algum alguma maneira? maneira? – perg per guntei. untei.  – Quero Quero dizer, apesar de a srta. Peabody ter negado, negado, você não acha que a srta. Arundell, Arundell, numa uma daquelas sessões espíritas, possa ter recebido a ordem de alterar o testamento e deixar o dinheiro dinh eiro para a tal Lawson? Poirot sacudiu a cabeça, cético.  – Isso não não combina combina com a ideia idei a que tenh tenhoo da personalidade personalidad e da srta. Arundell. Arundell.  – As Tripp disseram disser am que a srta. Lawson foi pega de surpresa na leitura de testament testamentoo –   ponderei.  – Foi o que a srta. Lawson Lawson disse – con co ncordou Poirot.  – Mas você não não acredita? acredi ta? acredito acredi to em nada nada que me me dizem dimon zemami a menos men confirmar ar ou corrobor corroborar. ar. Você conh – conhece eceNão a minha minh a natureza desconfiada, des confiada, ! os que possam confirm  – Conh Conheço sim, meu meu velho velho – falei, afetuoso. afetuoso. – Um Uma naturez naturezaa amistosa amistosa e leal. leal .  – “Ele disse”, disse” , “ela disse”, disse” , “eles disseram disser am”. ”. Ora! O que isso significa? significa? Absolutam Absolutament entee nada. Pode ser a verdade absoluta. Pode ser uma falácia. Eu lido apenas com fatos .  – E quais quais são os fatos? fatos?  – A srta. sr ta. Arundell Arundell levou um tombo. tombo. Isso ning ninguém discute. discute. A queda não foi acidental, foi  planejada.  – A única evidência disso é a palavra de Hercule Poirot!  – De forma forma algum alguma. Temos emos a evidência do prego. Da carta da srta. Arundell. Arundell. Do cach cac horro ter passadodaabola noite palavras evidência defora. Bob. Das São  fatos . da srta. Arundell sobre o vaso e sobre a pintura. E a  – E o fato fato seguint seguinte, e, posso saber? saber ?  – O fato fato seguint seguintee é a resposta resp osta à pergunt perguntaa de sempre: quem se benef beneficia icia com a morte morte da srta. Arunndell? Aru dell ? Resposta: a srta. sr ta. Lawson. Lawson.  – A dama dama de com c ompanh panhia ia perversa pe rversa!! Mas Mas é bom lembrar lembrar que os outros outros achavam a chavam que iriam s  see  beneficia  benef iciar. r. E, na ocasião do acidente, teria teriam m mesmo. esmo.  – Exatam Exatament ente, e, Hastings. Hastings. É por isso que todos são suspeitos. Há também também o fato fato de que a srta. Lawson esforçou-se esforçou-se para p ara evitar evi tar que a srta. Arundell Arundell soubesse que Bob passara a noite fora. fora.  – Acha Acha isso suspeito?  – De forma forma algum alguma. Mas é digno digno de nota. Pode ter sido uma uma preocupação natural natural com a tranquilidade da srta. Arundell. Essa é a explicação mais provável. Lancei um olhar oblíquo a Poirot. É detestável como consegue ser tão evasivo.  – A srta. Peabody acha que houve houve “mutreta” “mutreta” no testam testament entoo – lembrei. lembrei. – O que im i magina agina que

ela quis dizer com isso?

 

 – Acredito que tenha tenha sido a forma forma que ela encontrou encontrou de expressar suspeitas nebulosas nebulosas e indefinidas.  – Acho Acho que podemos podemos descartar influên influência cia indevida – refleti. – E tu tudo do indica que Emily Emily Arunndell era sensat Aru s ensataa demais para acredi a creditar tar em tolices com c omoo espiritismo. espi ritismo.  – Por que diz que o espiritismo espiritismo é uma uma tolice, Hastings? Hastings? Encarei-o, perplexo.  – Meu caro Poirot... Poir ot... aquelas aquelas mulheres mulheres pavorosas... pavorosa s... Ele sorriu.  – Concordo Concordo plenament plenamentee com a sua avaliação avali ação das srtas. Tripp, mas o simples simples fato fato de que elas adotaram a ciência cristã, o vegetarianismo, a teosofia e o espiritismo não é suficiente para condenar essas práticas! Só porque alguém compra um camafeu falso de um vendedor picareta não devemos devemos desmerecer desmerecer toda a egiptologia! egiptologia!  – Então Então acredita em espiritism espiri tismo, o, Poirot? Poir ot?  – Tenh Tenhoo a mente ente aberta sobre o assunto. assunto. Nunca Nunca investigu investiguei nenhum enhum fenôm fenômeno eno espírita, espír ita, mas muitos cientistas e pesquisadores admitem que há fenômenos que não são passíveis de serem explicados pela ingenuidade, digamos assim, de uma srta. Tripp.  – Mas você acreditou naquela naquela conversa conversa fiada de au a uréola sobre s obre a cabeça cabeç a da srta. Arun Arundell? dell ? Poirot fez um gesto com uma das mãos.  – Falei generic genericam ament ente, e, emda censura censu a esse es see seu ceticismo fortu fortuito. ito. Masmuito possocuidado dizer que, após formar uma opinião a respeito srta.raTripp da irmã, examinarei com todos os fatos que me apresentaram. Mulheres tolas, são mulheres tolas, mon ami, quer falem sobre espiritismo, política, a relação dos sexos ou os princípios do budismo.  – Ainda Ainda assim assi m, você prestou atenção atenção ao que que diziam. diziam.  – Esta foi a minh minha tarefa hoje, ouvir. Escutar Escutar o que todos têm a dizer a respeito respei to dessas sete  pessoas. Em especial especi al sobre os cinco principais suspeitos. Já sabemos sabemos algum algumas coisas sobre eles. Por exemplo, a srta. Lawson: das srtas. Tripp ouvimos que ela é dedicada, generosa, altruísta e uma pessoa de caráter excelente. Da srta. Peabody, ouvimos que é ingênua e burra e que não teria coragem nem inteligência para cometer um crime. O dr. Grainger nos disse que ela era menosprezada, como de companhia era precária e osquequeeraa uma  bobalhon  bobalhona, a, acho quequefoisua essasituação a palavra palavr a quedama ele usou. usou . Com o garçom, garçom , soubemos soubem srta. Lawson é “uma pessoa” e, com Ellen, que Bob, o cão, a desprezava! Como podemos ver, cada um a via de um ângulo diferente. Ocorre a mesma coisa com os outros. Ninguém parece ter uma  boa opinião op inião sobre sobr e o caráter de Charles Arundell. Arundell. No ent e ntant anto, o, todos o descrever des creveram am de maneiras maneiras distintas. O dr. Grainger teve condescendência e o chamou de “rapaz irreverente”. A srta. Peabody acha que que el elee seria ser ia capaz c apaz de matar matar a avó por uns uns trocados, mas deixou dei xou claro que prefere um malandro a alguém “insípido”. A srta. Tripp não apenas sugere que ele seria capaz de cometer um crime, mas que ele já cometeu um... ou mais. Esses detalhes são muito úteis e interessantes. E nos levam ao próximo ponto.  – Que Qu é? os nossos próprios Verecom Ver própri os olhos, meu meu caro.

 

CAPÍTULO 13 THERESA ARUNDELL  Na manhã anhã seguint seguinte, e, seguim seguimos os para o endereço fornecido fornecido pelo dr. Donaldson. Donaldson. Sugeri Sugeri que uma visita ao advogado, o sr. Purvis, poderia ser proveitosa, mas Poirot recusou enfaticamente a ideia.  – Não mesmo, esmo, meu caro! O que teríamos teríamos a dizer? Que Que desculpa daríamos para estarmos estarmos  buscando  buscan do inform informações? ações?  – Você costum costuma ter sempre sempre uma desculpa preparada, prepar ada, Poirot! Qualquer Qualquer mentira entira serviria, servi ria, não?  – Pelo contrári contrário. o. “Qualquer “Qualquer ment mentira”, ira”, como como você diz, di z, não não serviri ser viria. a. Não com um um advogado.  Nós o deixaríamos, deixaríamos, como como se diz, com uma pulga pulga atrás da orelha. orel ha.  – Ah, Ah, bom. bom. Não vamos vamos correr corr er esse risco! r isco! E então seguimos rumo ao apartamento de Theresa Arundell, situado num quarteirão de Chelsea com vista para o rio. Era mobiliado com peças caras e modernas, com cromados cintilantes e tapetes grossos com estampas geométricas. Ficamos esperando alguns minutos, até que uma moça entrou na sala e nos olhou, intrigada. Theresa Arundell parecia ter 28 ou 29 anos. Era alta e muito magra, parecia uma caricatura em preto e branco. Tinha os cabelos muito escuros e o rosto pálido, coberto com uma maquiagem pesada. As sobrancelhas, feitas com capricho, davam-lhe um ar insolente e sarcástico. Os lábios eram o único ponto de cor, um corte escarlate brilhante num rosto branco. Ela passava a impressão – não sei como exatamente, já que seus modos eram quase cansados e indiferentes – de ter o dobro do vigor da maioria das pessoas. Havia nela a energia contida numa chicotada. Com uma expressão fria, olhou para mim e para Poirot. Cansado (imaginei) de artifícios, Poirot entregou-lhe um cartão de visitas. Ela o segurou entre ent re os dedos, olhan ol hando do frente frente e verso.  – Suponh Suponhoo que o senhor senhor seja o monsieu monsieurr Poirot? Poir ot? Poirot saudou-a com toda pompa.  – Ao seu s eu dispor. dis por. A madem mademoisel oiselle le me permitiria permitiria abusar de alguns alguns instantes instantes do seu valioso val ioso tempo? Imitando Im itando de leve a pompa de Poir Poirot, ot, ela respondeu r espondeu::  –Poirot Encantada, Encant ada, monsieu monsieur r Poirot. Por favor, sen tem-se. -se. estofada baixa e quadrada. Peguei uma sentou-se, bastante cauteloso, numasentem poltrona cadeira reta, de metal cromado. Theresa sentou-se displicente num banquinho diante da lareira.

Ofereceu-nos cigarros. Recusamos, e ela acendeu um para si mesma.  – Talvez Talvez já tenha tenha ouvido ouvido meu meu nom nome, e, madem mademoisel oiselle? le?  

Ela assent as sentiu iu com a cabeça. cabe ça.  – É amigu amiguinh inhoo da Scotland Yard, Yard, não? Poirot, imagino, não gostou muito daquela descrição. Retrucou, com certo orgulho:  – Eu me ocupo de problemas problemas crim cri minais, madem mademoisel oiselle. le.  – Que Que emocionan emocionante te – disse Theresa Theresa Arundell, Arundell, num tom entediado. entediado. – E pensar que que perdi meu livro de autógrafos!  – A questão questão que me trouxe trouxe até aqui é a seguint seguintee – continu continuou ou Poirot. Poi rot. – Ontem Ontem,, recebi uma uma carta da su s ua tia. Os olhos alongados e amendoados da moça se arregalaram um pouco. Ela soprou uma nuvem de fumaça.  – Da minh minhaa tia, monsieu monsieurr Poirot?  – Foi o que eu disse, mademoisel mademoiselle. le. Ela murmurou:  – Sinto Sinto muit muitoo se estou sendo sendo desmancha-prazeres, desmancha-prazeres, mas, mas, sabe, essa e ssa pessoa pes soa não existe! existe! Todas Todas as minhas tias estão na paz do Senhor. A última morreu há dois meses.  – A srta. Emily Emily Arun Arundell? dell ?  – Sim, Sim, a srta. Emily Emily Arundell. Arundell. O senhor senhor não recebe carta de defunt defuntos, os, recebe, monsieur  onsieur  Poirot?  – Que Às evezes vez es recebo, receb o, madem mademoisel oiselle. le.  – Qu macabro! macabro! Mas havia um outro tom em sua voz, um tom de alerta e cautela.  – E o que que a minh minhaa tia disse, monsieur monsieur Poirot?  – Isso, mademoisel ademoiselle, le, não posso lhe revelar revel ar no moment omento. o. Trata-se, veja bem, bem, de um assunto – pigarreou – deveras “delicado”. Fez-se silêncio por alguns instantes. Theresa Arundell deu uma tragada no cigarro e disse:  – Parece delicios del iciosam ament entee confidencial. confidencial. Mas o que tenh tenhoo a ver com isso?  – Eu gostaria, gostaria, mademoisel mademoiselle, le, que a senhorita senhorita respondesse a algu al gum mas pergun perguntas.  – Pergunt Perguntas? as? Sobre o quê?  –Mais Pergu Pergunt sobre assun a ssuntos tosdela delanatu natureza reza fam famili iliar. ar. umntas uma aasvez, vi os olh ol hos de arregalarem. a rregalarem.  – Isso é magn magnífico! ífico! Suponh Suponhoo que que o senhor senhor vá me me dar uma uma amostra. amostra.  – Sem dúvida. A senhorita senhorita pode nos nos dizer o endereço atual atual do seu irm irmão, ão, Charles Charles?? Os olhos se estreitaram mais uma vez. A energia latente da moça estava menos visível, como se tivesse se encolhido em uma concha.  – Infelizm Infelizment ente, e, não posso. Não nos correspondem corres pondemos os muito. Acredito até que ele tenh tenha deixado a Inglaterra.  – Enten Entendo. do. Poirot ficou em silêncio por alguns instantes.  – Era tuodo tudo o queperg o gsenhor sen hor queria qu eria saber? s aber? Tenho Tenh outras per untas! untas! Por exemplo: exem plo: a senh s enhorita orita está e stá satisfeita com co m a form formaa com c omoo a sua tia dispôs da fortuna que deixou? Há quanto tempo a senhorita está noiva do dr. Donaldson?  – O senhor senhor realment realmentee está por dentro, dentro, não?

 – Eh bien.

 

 – Eh bien, já que somos tão sofisticados, minha resposta a ambas as perguntas é que não é da sua conta! Ça ne vous regarde pas, monsieur Hercule Poirot. Poirot observou-a com atenção por alguns instantes e, sem sinal de desapontamento, levantou-se.  – Tudo bem! bem! Não me surpreendo. Deixe-me, Deixe-me, mademoisel ademoiselle, le, cumprimen cumprimentá-la tá-la por seu sotaque francês. fra ncês. E desejar dese jar-l -lhe he uma uma excelent excele ntee manhã. manhã. Venha, enha, Hastings. Hastings. Havíamos chegado à porta quando a moça falou. A analogia que me veio à mente foi a de uma chicotada. Não se movera de onde estava, mas a palavra soou como o golpe de um chicote:  – Voltem! oltem! Poirot obedeceu, obedec eu, sem pressa. Sentou-se Sentou-se e olhou ol hou para ela com ar intrigado. intrigado.  – Vamos amos parar de brincadeiras brincadeira s – exigiu exigiu ela. – É possível possíve l que o senhor senhor me seja útil, monsieur Hercule Poirot.  – Encant Encantado, ado, madem mademoisel oiselle. le. E como? como? Entre En tre duas baforadas de fum fumaça, ela el a disse, dis se, serena se rena e calm cal ma:  – Diga-m Diga-mee como como anular anular aquele testament testamento. o.  – Com certeza um um advogado...  – Sim, Sim, talvez um advogado, se eu conhecesse conhecesse um advogado que soubesse como. como. Mas os únicos advogados que conheço são homens respeitáveis! Afirmam que o testamento é legalmente válido e ejo queque qualquer qualqu er tentativa tent cont c ontestá-lo está-lo s eria inútil. inútil.  – Vejo V a senhorita senh oritaativa nãode acredita neles.seria  – Acredito Acredi to que que há jeito jei to para tudo, tudo, deixan dei xando do os escrúpulos de lado l ado e pagando pagando bem. E estou disposta a pagar .  – E a senhorita senhorita presume presume que eu esteja disposto disp osto a ser inescrupuloso inescrupuloso se me pag pagar? ar?  – A maioria aiori a das pessoas estaria! Não vejo por que seria seri a uma uma exceção. Claro que, em  princípio, todos se proclam proc lamam am íntegros íntegros e decent decentes... es...  – Mas isso i sso faz parte do jogo, j ogo, não não é? é ? Supondo Supondo que eu esteja disposto a ser se r inescrupuloso... inescrupuloso... o que acha que eu poderia fazer?  – Não sei. O senhor senhor é um hom homem em inteligent inteligente. e. Todo mundo undo sabe disso. Poderia pensar em algum  – esquema. Como, por exemplo? Como, exemplo? Theresa Arundell deu de ombros.  – Isso é com o senhor. senhor. Poderia roubar o testament testamentoo e substitu substituí-l í-loo por um falsificado, sequestrar a srta. Lawson e obrigá-la a dizer que intimidou a minha tia a fazer o testamento. Apresentar um testamento posterior feito no leito de morte da tia Emily.  – Sua Sua imagin imaginação ação me me deixa sem fôlego, fôlego, madem mademoisel oiselle! le!  – Bem, Bem, o que diz? Fui Fui bastante bastante franca. franca. Se for uma uma recusa por convicções moralistas, orali stas, a  porta da rua fica fica ali. al i.  – Não é um uma recusa por convicções morali moralistas, stas, ainda – disse Poirot. Poir ot. riu. Olhou para mim.  –Theresa Seu amigo amArundell igo – observou – parece chocado. Devem Devemos os mandá-lo mandá-lo dar uma uma volta? Poirot dirigiu-se a mim com uma leve irritação.  – Controle, Controle, por favor, favor, a sua encantadora encantadora e correta naturez natureza, a, Hasting Hastings. Peço perdão pelo

meu amigo, mademoiselle. Ele é, como a senhorita pode perceber, honesto. Mas é também leal.

 

Sua lealdade a mim é absoluta. De qualquer forma, deixe-me enfatizar este ponto – lançou a ela um olhar severo. – O que quer que façamos, será estritamente dentro da lei. Ela levantou as sobrancelhas de leve.  – As margen margenss da lei são amplas amplas – refletiu re fletiu Poirot.  – Enten Entendo do – ela sorriu, sorri u, desanimada. desanimada. – Tudo bem, bem, vamos vamos deixar isso combinado. combinado. O senhor  senhor  quer discutir a sua parte no espólio, espólio , caso haja algu a lgum m espólio? espóli o?  – Isso também também pode ficar combinado. combinado. Um Uma parte bem pequena pequena é tudo tudo o que peço.  – Feito – concordou concordou Theresa. Theresa. Poirot inclinou i nclinou-se -se para frente. frente.  – Ouça, mademoisel mademoiselle, le, pode-se dizer qu q ue em 99 por cento cento dos casos estou do lado l ado da lei.  No um por cento cento restante... restante... bem, bem, aí é diferente. diferente. Em primeiro lugar, lugar, costum costuma ser muito mais lucrativo. Mas tudo precisa ser feito com muita discrição, entende... muita discrição mesmo. Minhha reputação não pode correr Min corre r riscos. ri scos. Preciso Pr eciso tomar tomar cuidado. Theresa Arundell assentiu com a cabeça.  – E preciso prec iso saber s aber todos os fatos fatos do caso! c aso! Preciso Precis o saber a verdade! verda de! Sem dúvida a senhorita senhorita compreende que, depois de sabermos a verdade, fica mais fácil saber exatamente que mentiras contar!  – Sim, Sim, parece bastan bas tante te sensato. sensato.  – Em Muito Muito bem . Diga-m Dig. a-me. e. Em que data data o testament testamentoo foi feito? feito?  – 21 bem. de abril. abril  – E o testam testament entoo anterior anterior??  – A tia Emily Emily fizera fizera um testament testamentoo cinco anos anos atrás.  – Quais Quais eram er am as disposições? dispos ições?  – Uma parte para Ellen, outra outra para uma ex-cozinh ex-cozinheira eira e o resto do patrimônio patrimônio seria dividido dividi do entre entre os filhos de seu irmão Thom Thomas as e os filhos de sua irm ir mã Arabella. Arabell a.  – O dinheiro dinheiro ficaria em um um fu fundo ndo fiduciário? fiduciário?  – Não, nos nos seria seri a dado diretam dire tament ente. e.  – Agora, Agora, atenção. atenção. Todos Todos vocês sabiam sa biam dos termos termos do testament testamento? o? Ah,verdade, sim. Charles sim. e eu e upedíamos sabíamos,algum e Bella Bellempréstimo, a sabia s abia também também. A tia Emily Emilydizer: não fazia faz ia segredo de nada. –Na quando ela . costumava “Vocês ficarão com todo o meu dinheiro quando eu não estiver mais aqui. Contentem-se com isso”.  – Ela recusaria um empréstim empréstimoo em caso de doença ou urgência? urgência?  – Não, acho acho que não não – Theresa respondeu devagar. devagar.  – Mas ela julgava julgava que todos todos tinham tinham como como se sustentar? sustentar?  – Ela achava que que sim. Havia amargura amargura em sua voz.  – Mas não não tinham tinham?? Theresa esperou alguns instantes antes de falar. Então disse:  – Meuchegam pai deixou trinta trinta mil libras libr as cada upor m de Os juros,de investidos com segurança, a aproximadamente milpara e duzentos ano.nós. O imposto renda tira uma  parte disso. diss o. É um rendiment rendimentoo bom, bom, com o qual qual é possível possíve l viver vi ver muito muito bem. bem. Mas eu... – o tom de voz mudou, ela endireitou o corpo magro e jogou a cabeça para trás, mostrando a incrível

voz mudou, ela endireitou o corpo magro e jogou a cabeça para trás, mostrando a incrível exuberância que eu percebera nela – ...quero mais do que isso da vida! Quero o melhor! A

 

melhor comida, as melhores roupas. Algo que faça jus a isso. Beleza. Não apenas roupas da moda. Quero viver e aproveitar. aprove itar. Ir Ir para par a o Mediterrâneo e deitar de itar à beira do mar mar quente quente no verão. Sentar numa mesa de jogo e apostar montes de dinheiro. Dar festas, festas loucas, absurdas, extravagantes! Quero tudo o que há neste mundo podre! E não quero isso algum dia... Eu quero agora! A voz de Theresa estava es tava excitada, emocionada, emocionada, alegre, in i nebria ebriada. da. Poirot a observava, obs ervava, atento. atento.  – E a senhorita, senhorita, imagin imagino, o, teve tudo tudo isso até agora? agora?  – Sim, Sim, Hercule, Hercule, tive!  – E quant quantoo ainda resta dos 30 mil? mil? De repente, repente, ela riu.  – Restam 221 libras l ibras e 14 cent c entavos. avos. Este é o saldo exato. exato. De modo que você precisará precis ará ser   pago pelos resultados, meu meu caro. Sem resultados... sem pagament pagamento. o.  – Assim sendo – respondeu Poirot, pragmático pragmático –, com certeza haverá haverá resultados. r esultados.  – Você é sujeitinho sujeitinho notável, notável, Hercule. Fico feliz que que tenham tenhamos os nos unido. unido. Poirot Poir ot cont co ntinu inuou, ou, num num tom tom profissi profis sional: onal:  – Há algum algumas coisas cois as que realment realmentee preciso preci so saber. A senhorita senhorita usa drogas?  – Não, nun nunca. ca.  –  – Bebe? Bastante, Bastante, mas não por vício. vício . Meus Meus amigos amigos bebem be bem,, e bebo com eles, mas poderia deixar  de beber amanhã.  – Isso é suficient suficiente. e. Ela riu.  – Não vou entregar entregar o jogo num numaa bebedeira, bebedei ra, Hercule. Poirot prosseguiu: prosseguiu:  – Relacionament Relacionamentos os amorosos? amorosos?  – Muitos Muitos no passado.  – E no no presente?  – Apen Rex.  – Apenas O dr. dr. as Donaldson? Don aldson?  – Sim. Sim.  – Ele parece, parec e, de certa forma, forma, muit muitoo distant distantee da vida que a senhorita senhorita mencion menciona. a.  – E ele é.  – E ainda assim a senhorita senhorita gosta gosta dele. Por que será?  – Ora, quais quais seriam ser iam os motivos? motivos? Por que Julieta Julieta se apaixon apai xonou ou por Romeu? Romeu?  – Bem, Bem, em primeiro lugar, lugar, com todo o respeito respei to a Shakespeare, Shakespeare, Romeu Romeu calhou de ser o  primeiro hom homem em que ela viu. Theresa respondeu pausadamente: nãoeufoisinto... nem de long primeiro homem homem que vi. – E acrescent acresce ntou, ou, em voz baixa: –  Mas  – euRex acho... quelonge seráe oo último.  – E ele é pobre, mademoisel mademoiselle. le.

Ela assent as sentiu iu com a cabeça. cabe ça.  – E também também precisa preci sa de dinheiro? dinheiro?

 

 – Desesperadam Desesperada mente. ente. Não pelos mesmos esmos motivos que eu. Ele não quer quer luxo, luxo, beleza, emoção, nem nada disso. Ele seria capaz de vestir o mesmo terno até puir, ficaria feliz com costeletas congeladas todos os dias no almoço e tomaria banho numa banheira de lata. Se tivesse dinheiro, gastaria todo com tubos de ensaio, laboratório e tudo o mais. Ele é ambicioso. A profissão significa tudo para ele. Significa mais até do que eu.  – Ele sabia sabi a que a senhorita senhorita herdari herdariaa um bom dinheiro dinheiro quando a srta. Arun Arundell dell morresse?  – Eu contei contei a ele. el e. Mas só depois de ficarmos noivos! Ele não está se casando comigo comigo pelo meu dinheiro, se é o que está querendo insinuar.  – Ainda Ainda estão noivos? noivos?  – Claro que sim. sim. Poirot não respon respo ndeu. Seu silêncio pare pareceu ceu inquietá-la. inquietá-la.  – Claro que sim – ela repetiu repe tiu com rispidez. rispi dez. E acrescentou: acrescentou: – O senhor... senhor... o senhor senhor o viu?  – Eu o vi ontem ontem... ... em Market Market Basing Basing.  – Por quê? O que disse a ele?  – Não disse nada. Apenas Apenas pedi o en e ndereço do seu s eu irmão. irmão.  – Do Charle Charles? s? – a voz da moça ficou ríspida rí spida novament ovamente. e. – O qu q ue o senhor senhor queria com o Charles?  – Charle Charles? s? Quem Quem está procurando procurando o Charles Charles?? Era uma um a voz v ozbronzeado, nova – uma umcom a voz v ozum masc masculina ulinasimpático, encantadora. Um jovem sorriso entrou na sala.  – Quem Quem está falando de mim? im? – pergun perguntou. tou. – Ouvi Ouvi meu nome nome no corredor, corre dor, mas mas não estava  bisbilhot  bisbi lhotando. ando. Eram muito uito chatos chatos com bisbilhot bisbi lhotices ices no reformatório. reformatório. E então, então, minha inha cara Theresa, o que está havendo? Vá falando.

 

CAPÍTULO 14 CHARLES ARUNDELL Confesso que, desde que pus os olhos nele, nutri uma simpatia secreta por Charles Arundell. Ele tinha um ar alegre e despreocupado, um brilho agradável e divertido no olhar e o sorriso mais afável que eu já vira. Ele atravessou atraves sou a sala sal a e sentou-se sentou-se no braço de um umaa poltron pol trona. a.  – Do que que se trata tudo tudo isso, moça? moça? – pergun perguntou. tou.  – Este é o monsieur onsieur Poirot, Charles Charles.. Ele está disposto dispos to a... a ... fazer fazer um trabalhinh trabalhinhoo sujo para nós em troca de uma pequena compensação.  – Eu protesto! pro testo! – indign indignou-se Poirot. – Não é trabalho sujo! Digamos Digamos que se s e trata de uma uma farsa inofensiva, a fim de fazer valer a intenção original da dona do testamento. Digamos que seja isso.  – Fale da forma forma que desejar desej ar – disse Charles Charles,, deferente. deferente. – Mas o que fez fez Theresa Theresa pensar no senhor?  – Ela não pensou – Poirot respondeu rapidam rapida mente. ente. – Vim até a té aqui de livre livr e e espontânea espontânea vontade.  – Para oferecer seus s eus serviços?  – Não exatam exatament ente. e. Vim Vim procurar pelo pel o senh s enhor. or. A sua sua irm i rmãã me informou informou que que o senh se nhor or estava no exterior.  – Theresa Theresa – explicou Charles Charles – é muito uito prudente. prudente. Quase Quase nun nunca se eng engana. ana. Na verdade, é desconfiada desconf iada como como o diabo. d iabo. O jovem sorriu com afeto para a irmã, que não lhe sorriu de volta. Theresa parecia  preocupada e pensativa. pensativa.  – Sem dúvida – continu continuou ou Charles Charles – a situação aqui se inverteu inverteu.. O monsieur onsieur Poirot é famoso por caçar criminosos, e não por encorajá-los.  – Não somos somos crim cri minosos! – reagiu reagiu Th Theresa, eresa, ríspi r íspida. da.  – Mas estamos estamos dispostos dispos tos a ser – respondeu Charles Charles afavelment afavelmente. e. – Inclusive Inclusive me me recordo de uma pequena falsificação, que é mais o meu estilo. Fui expulso de Oxford por um mal-entendido a respeito de um cheque. E foi facílimo, uma mera questão de acrescentar um zero. Então houve um pequeno desentendimento com a tia Emily e o banco local. Burrice da minha parte, é claro. Eu deveria ter percebido que a velha era esperta como uma raposa. No entanto, todos esses incidentes foramdúvida desprezíveis, unsSeria poucos trocados. Já um testamento num leito de e... morte seriaé arriscado, sem nenhuma. preciso contatar a rígida e inflexível Ellen Como que se diz? Suborná-la?... Enfim, induzi-la a dizer que testemunhara o novo testamento. Seria um

 pouco trabalhoso, acredito. acredi to. Talvez eu tivesse que me casar com Ellen para ela não poder  testem teste munhar unhar contra mim.  

Sorriu amistoso para Poirot.  – Tenho enho certeza de que o senhor senhor instalou instalou um gravador secreto, e a Scotland Yard está ouvindo tudo.  – Seu problema me interessa interessa – contestou contestou Poirot, com um toque toque de reprovação. reprova ção. –   Naturalmen  Natu ralmente te não posso ser conivente conivente com atos atos ilíci i lícitos. tos. Mas há outros outros meios... – fez um uma pausa expressiva. Charles Arundell deu de ombros.  – Não tenho tenho dúvida de que é possível possíve l andar dentro dentro da lei, mesmo esmo que por caminh caminhos os tortos... – retrucou com simpatia. – O senhor deve saber.  – Quem Quem testemu testemunhou nhou o testament testamento? o? Refiro-me Refiro-me ao de 21 de abril. abri l.  – Purvis Purvis levou l evou um um assisten assi stente, te, e a segun segunda da testemun testemunhha foi o jardin jardi neiro.  – Então Então foi foi assinado assi nado na na presença do sr. Purvis? Purvis?  – Foi.  – E o sr. Purvis, Purvis, suponho, suponho, é confiável confiável??  – Purvis Purvis e os sócios são tão confiávei confiáveiss e irrepreensíveis irr epreensíveis quanto quanto o Banco Banco da Inglat Inglaterra erra –  respondeu Charles Charles..  – Ele não gostou gostou de lavrar o testament testamentoo – acrescent acresc entou ou Theresa. Theresa. – Acredito que ele inclusive, num ímpeto de integridade, tentou dissuadir a tia Emily de fazê-lo.  –Charles Ele lheinterrompeu: disse isso, i sso, Theresa?  – Sim. Sim. Fui Fui vê-lo vê-l o ontem ontem..  – Não adianta, adianta, querida. Você precisa preci sa entender entender isso. Assim ele apenas apenas acumula acumula honorários. honorários. Theresa deu de ombros. Poirot retomou:  – Peço-lhes que que me deem o máximo áximo de inform informações ações sobre as últimas últimas semanas semanas da srta. Arundell. Para começar, soube que a senhorita, o sr. Charles e também o dr. Tanios e a esposa ficaram hospedados hospedados lá na Páscoa?  – Sim, Sim, ficamos. ficamos.  – Acho Acon Aconteceu algo digno digno de nota nota durant durantee o fim de semana? semana?  – Ach oteceu que que não.  – Nada? Mas pensei pensei que... Charles interrompeu.  – Que Que criatura mais egocêntrica egocêntrica você é, Theresa! Theresa! Não aconteceu aconteceu nada digno digno de nota nota com você! Apaixonada como estava! Deixe-me lhe dizer, monsieur Poirot, que Theresa tem um namoradinho em Market Basing. É um dos médicos locais. Consequentemente, ela perdeu o senso de proporção. Na verdade, minha idolatrada tia levou um tombo escada abaixo e quase morreu. Antes tivesse morrido. Teria nos poupado de toda essa confusão.  – Ela caiu da escada?  – Sim, Sim , escorregou escorr na bola de seu cachorro. Ele deixou a bola b ola no topo da escada, e minha inha tia caiu no meio daegou noite.na  – Quando Quando foi foi isso? iss o?

  Deixe me me ver... Terça, Terça, na noite noite antes antes de partirmos.  – A srta. Arundell Arundell ficou muito uito m machu achucada? cada?

 

 – Infelizm Infelizment ente, e, ela não bateu com a cabeça. Se tivesse, poderíam podería mos alegar lesão cerebral, cerebr al, sei lá qual é o nome científico. Não, ela quase não se machucou. Poirot comentou, irônico:  – Que Que decepção para par a vocês!  – Ahn Ahn? Ah, Ah, entendo entendo o que que quer dizer. dizer. Sim, Sim, como como o senhor senhor diz, uma uma decepção. A velhota era osso duro de roer.  – E todos partiram na quarta-f quarta-feira eira pela pe la manh manhã? ã?  – Sim. Sim.  – Isso foi foi quarta-feira, dia 15. Quando Quando viu a sua tia tia de novo?  – Bem, Bem, não não foi no no fim de semana semana seguin seguinte. te. Foi no no outro. outro.  – Então Então seria... por volta vol ta do dia 25?  – Sim, Sim, acho que que era esta a data.  – E quando quando foi foi que ela morreu? morreu?  – Na outra outra sexta-feira. sexta-feira.  – E adoeceu na na segunda-f segunda-feira eira à noite?  – Sim. Sim.  – Foi a segunda-f segunda-feira eira em que que o senhor senhor partiu?  – Sim. Sim.  – Não O senhor senaté horsexta-feira. não não retornou enquant enqu antoo os a srta. Aru doente? doente?  – sex ta-feira. Não sabíamos sabíam que Arundell ela ndell estavaesteve tão mal. mal.  – O senhor senhor chegou chegou lá a tempo tempo de vê-la com c om vida?  – Não. Morreu Morreu antes antes de chegarm chegarmos. os. Poirot olh ol hou para Theresa Theresa Arundell. Arundell.  – A senhorita senhorita acompanh acompanhou ou seu irmão em ambas ambas as ocasiões? ocas iões?  – Sim. Sim.  – E nada nada lhes foi dito no no segundo segundo final final de semana semana sobre o novo novo testament testamento? o?  – Nada – respondeu Theresa. Theresa. Charl Ch arles, es, no entanto, entanto, respondeu re spondeu ao mesmo tempo: tempo:  –Ele Ahfalou Ah, , sim. sim.com Coment Comaentaram aram algo. alg o. mesma irreverência de sempre, mas havia um constrangimento, como se aquela irreverência irr everência fosse mais artificial do que de costume. costume.  – Comentaram? – perguntou Poirot.  – Charle Charles! s! – protestou protestou Theresa. Theresa. Charles evitava encarar a irmã. Falou sem olhar para ela.  – Você lembra, lembra, mana? Eu lhe disse. A tia Emily Emily fez uma uma espécie espéci e de ultim ultimato. ato. Ficou lá sentada como uma juíza no tribunal. Fez um discurso. Disse que desaprovava todos os parentes, ou seja, eu e a Theresa. Admitiu não ter nada contra Bella, mas antipatizava e desconfiava do marido. “Consuma produtos sempre foi o lema da tia Emily. Se Bella herdasse soma considerável, minha tianacionais” estava convencida de que Tanios daria um jeito de pôr as mãosuma no dinheiro. É certo que um grego faria isso! “Ela está mais segura como está”, ela falou. E depois

disse que nem eu nem Theresa temos capacidade de lidar com dinheiro. Que iríamos apenas especular e desperdiçar. Concluiu dizendo que havia feito um novo testamento e deixado todo o

 

 patrimônio para a srta.  patrimônio s rta. Lawson. “Ela é uma uma tola”, justificou justificou tia Emily, Emily, “mas é leal. leal . E realmente realmente acredito que seja devotada a mim. Não tem culpa de ser desmiolada. Achei mais justo lhe contar, Charles, para que saiba que não será possível pedir adiantamentos contando com a herança.” Foi muito mald maldosa. osa. Era exatamente exatamente o que eu e u vinha vinha tentando tentando fazer.  – Por que você não não me me contou contou isso, Charle Charles? s? – Theresa pergunt perguntou, ou, fu furiosa riosa.. Poirot interrompeu:  – E o que que o senhor senhor disse, diss e, sr. Arun Arundell dell??  – Eu? Eu? – disse Charles Charles com irreverência. irre verência. – Ora, apenas ri. Não ajudaria em nada ficar  irritado. Não seria o melhor caminho. “Como a senhora quiser, tia Emily”, respondi. “É um revés e tanto, mas o dinheiro é seu, afinal, e a senhora pode fazer com ele o que quiser.”  – E qual qual foi a reação dela? de la?  – Ah, Ah, foi boa, muito uito boa, até. Ela coment comentou: ou: “Preciso “Preci so admitir admitir que você tem espírito espír ito esportivo, Charles”. E eu disse: “É preciso aceitar os altos e baixos da vida. Já que não tenho esperanças, que tal me dar uma nota de dez agora?” Ela me chamou de insolente, e acabei saindo com uma nota de cinco.  – O senhor senhor escondeu escondeu bem seus sentim sentiment entos. os.  – Bem, Bem, na na verdade, não levei aqu aq uilo muito muito a sério.  – Não?  – Não. fosse de coisa de gente ent e velha.ouElameses queriaelanos assustar. assustarrasgando . Eu tinh tinhaquele a uma uma suspeita fortePensei de quequedepois algumas semanas acabaria testamento. A tia Emily era muito ligada à família. E, na verdade, acredito que era o que ela acabaria fazendo se não tivesse morrido de modo tão repentino.  – Ah! Ah! – exclamou exclamou Poirot. – Eis uma uma ideia in i nteressante. Permaneceu em silêncio silênci o por po r algun a lgunss segu s egundos, ndos, então cont c ontinuou inuou::  – Será que alguém alguém,, a srta. Lawson, Lawson, por exemplo, exemplo, poderia poderi a ter escutado escutado a conversa?  – É possível. possív el. Não estávamos estávamos falando baixo. bai xo. Na verdade, a srta. Lawson estava zanzan zanzando do do lado la do de fora quando quando saí. saí . Na minh minhaa opinião, opi nião, estava bisbilhotan bi sbilhotando. do. Poirot voltou-se para Theresa.  –Antes E a senhorita senh não sabia de nada Charles disso? interrompeu. que orita ela pudesse responder,  – Theresa, Theresa, querida, estou es tou certo de que lhe lhe contei, contei, ou pelo menos menos dei algum alguma indicação. Houve uma pausa estranha. Charles encarava Theresa, e havia uma ansiedade, uma firmeza naquele naqu ele olhar que parecia exag exagerada erada para o tema tema da con co nversa. Theresa declarou lentamente:  – Se você tivesse me dito, não não acho que eu poderia ter esquecido. Não concorda, monsieu monsieur  r  Poirot? Os olhos escuros e alongados pousaram no detetive. Poirot respondeu r espondeu,, devagar:  –Virou-se Não, não não que queepara a ra senhorita senh Arundell.. deacho repent r epente pa Charle Chorita arles. s.teria esquecido, srta. Arundell  – Vamos amos esclarecer esclar ecer esse ponto: ponto: a srta. Arundell Arundell lhe disse que estava prestes a alterar o

testamento ou disse que de fato o alterara? Charles respondeu depressa:

 

 – Ela foi muit muitoo clara. Inclusive Inclusive me mostrou mostrou o testament testamento. o. Poirot inclinou-se para frente, frente, arregalando os olhos. ol hos.  – Isso é muito uito important importante. e. O senhor senhor está dizendo dizendo que a srta. Arundell Arundell lhe mostrou o testamento? Charles contorceu-se de repente, de modo infantil, num gesto quase comovente. A seriedade de Poirot o deixava desconfortável.  – Sim, Sim, mostrou mostrou..  – O senhor senhor poderia jurar?  – Claro que posso – respondeu Charles, olhando olhando inquieto inquieto para Poirot. – Não vejo o que  pode haver de tão importan importante te nisso. nisso. Theresa levantou-se num movimento brusco e repentino, colocando-se de pé ao lado da lareira. larei ra. Acendeu outro outro cigarro.  – E a senhorita? senhorita? – Poirot Poir ot pergun perguntou tou de repente. – A sua tia tia não lhe disse nada de important importantee durante aquele final de semana?  – Acho que não. Ela estava bastan bas tante te cordial. cordi al. Quer Quer dizer, tão cordia cordiall como como sem s empre. pre. Fez um sermão sobre o meu estilo de vida e tudo o mais. Mas, enfim, ela sempre fazia isso. Parecia talvez um pouco mais inquieta do que de costume. Poirot disse, di sse, com c om um sorriso: sorri so:  – Imagin Imaginoo que que a senhorita senhorita tenh tenha passado mais tempo tempo com seu noivo? noivo? Theresa Th eresa retrucou, retrucou, ríspida: rís pida:  – Ele não estava lá. Estava fora, fora, num num congresso congresso médico.  – Então Então a senhorita senhorita não não o vê desde a Páscoa? Pás coa? Foi a últim úl timaa vez em que o viu? viu?  – Sim. Sim. Na noite noite antes antes de partirmos, partirmos, jantou conosco.  – A senhorita senhorita não teve, teve, perdão pela pe la pergunt pergunta, a, algum alguma discussão com ele na na ocasião? ocasiã o?  – Claro que não. não.  – Cogitei Cogitei isso, isso , ao perceber que ele estava ausent ausentee na sua sua segunda segunda visita... Charles interrompeu:  – Ah, Ah, mas veja bem, bem, o segundo segundo final final de semana semana não foi planejado. Foi uma uma decisão de última hora.  – É mesmo? mesm o?  – Ora, vamos vamos contar contar a verdade – cansou-se cansou-se Theresa. Theresa. – Bella e o marido estiveram lá l á no final de semana anterior, bajulando a tia Emily por causa do acidente. Pensamos que eles queriam queria m ganh ganhar ar vantagem vantagem sobre nós...  – Pensamos Pensamos – prossegu pr osseguiu iu Charles Charles com um sorriso sorri so – que era melhor melhor também também demonst demonstrarmos rarmos  preocupação com c om a saúde da tia Emily Emily.. Mas a velha ve lha era esperta demais demais para se deixar enganar enganar.. Sabia bem o quanto valia. Não era boba, a tia Emily. Theresa riu, de súbito.  – Que Que história bonita, bonita, não? não? Todo Todo mun mundo do com a língu língua de fora atrás de dinheiro. dinheiro.  – A prima prim a e oestá marido marido tam Ah, Ahsua , sim, Bella sempre semtambém prebém? sem? dinheiro. dinheiro. É patét p atética ica a forma forma como como tenta tenta copiar cop iar todas as as minhas roupas com menos de um oitavo do preço. Acredito que Tanios tenha especulado com o

dinheiro dela. Eles passam por maus bocados financeiros. Têm dois filhos e querem educá-los na Inglaterra Inglaterra..

 

 – Poderiam me me dar o endereço deles? deles ? – pediu Poirot.  – Eles estão hospedados no Hotel Hotel Durham Durham,, em Bloomsbury Bloomsbury..  – Como Como ela é, a sua prima?  – Bella? Bem, Bem, é uum ma chata. chata. Hein, Charles Charles??  – Ah, Ah, definitivam definitivament entee uma chata. chata. Uma lacraia. lacra ia. É mãe dedicada. dedicada . Assim como as lacraias, lacr aias, suponho.  – E o marido? marido?  – Tanios? Tanios? Ele parece um pouco estranho, estranho, mas mas na verdade ver dade é um sujeito bastante bastante encantador. encantador. Inteligen Inteligente, te, divertido, com verdadeiro verdadeir o espírito espí rito esportivo. espor tivo.  – A senhorita senhorita concorda, madem mademoisel oiselle? le?  – Bem, Bem, conf c onfesso esso que gosto mais mais dele do que de Bella. É um médico médico muitíssim itíssi mo talentoso, talentoso, imagino. imag ino. Mesmo assim, as sim, não conf c onfio io muito nele.  – Theresa não confia confia em ning ninguém uém – rebateu r ebateu Charle Charles, s, passando pas sando o braço br aço ao a o redor re dor da irm i rmã. ã. –  Ela não confia em mim.  – Confiar Confiar em você, meu meu querido, querido, é sinôn s inônim imoo de deficiência ment mental al – disse dis se Theresa. Os dois afastaram-se e olharam para Poirot, que fez uma saudação e caminhou em direção à porta.  – Então, Então, como como se diz... aceito o trabalho! É difícil, difícil , mas a mademoisel ademoiselle le tem razão. r azão. Há sempre um jeito. Por sinal, essa srta. Lawson, ela é do tipo que poderia perder a cabeça ao depor no tribunal? Charle Ch arless e Theresa Theresa se entreolharam entreolharam..  – Eu diria diri a – sugeriu sugeriu Charle Charless – que um advogado advogado bem intim intimidador idador poderia poderi a fazê-la fazê-la afirmar  afirmar  que preto é branco! br anco!  – Isso pode vir a ser útil – disse diss e Poirot. Saiu da sala, e eu o segui. No hall, ele apanhou o chapéu, caminhou até a porta da frente, abriu-a e fechou-a com uma batida rápida. Caminhou na ponta dos pés até a sala de estar e encostou a orelha na parede, com o maior descaramento. Qualquer que tenha sido a escola em que Poirot foi educado, é certo que não havia regras tácitas sobre bisbilhotice. Fiquei horrorizado, impotente. sinais insistentes para Poirot,Arundell mas ele não atenção. E então,mas ouvimos a voz Fiz profunda e vibrante de Theresa dizerdeu duas palavras:  – Seu idiota! Escutamos o barulho de passos, e Poirot me puxou pelo braço, abriu a porta da rua e saiu, fechando-a sem nenhum ruído.

 

CAPÍTULO 15 SRTA. LAWSON  – Poirot! Precisamos Precisamos escutar atrás das portas? – protestei.  – Acalme-se, Acalme-se, meu caro. Fui Fui eu quem escutou! escutou! Não foi você quem pôs a orelha na porta. Pelo cont c ontrári rário, o, você ficou estático, estático, feito um um soldado.  – Mas ouvi ouvi assim assi m mesmo. esmo.  – É verdade. A madem ademoisel oiselle le não estava exatam exatament entee sussurrando. sussurrando.  – Porque ela achava que que havíamos havíamos saído do apartam a partament ento! o!  – Sim, Sim, usam usamos os de um pequeno pequeno artifício.  – Não gosto gosto desse tipo de coisa. cois a.  – Sua atitu atitude de moral moral é irrepreensível! irre preensível! Mas não não vamos vamos nos repetir. Já tivemos tivemos essa conversa. Você está prestes a dizer que não é assim que se joga. E minha resposta é que assassinato não é ogo.  – Mas não não há nenh nenhum um assassinato assass inato aqui.  – Não esteja tão seguro seguro disso.  – A intenção  de cometer um assassinato, talvez. Mas, afinal, assassinato e tentativa  de assassinat assass inatoo não são a mesma mesma coisa. coi sa.  – Moralment Moralmente, e, são a mesmíssi esmíssim ma coisa. Mas o que eu quis dizer foi: você tem certeza absoluta de que estamos investigando apenas uma tentativa de assassinato? Encarei-o.  – Mas a srta. Arun Arundell dell morreu de causas causas naturais. naturais.  – Repito: você tem certeza absoluta? absoluta?  – Todo Todo mu mundo diz que sim! sim!  – Todo Todo mu mundo? Oh, Oh, là, là!  – O médico médico diz di z que que sim – observei. observei . – O dr. dr. Grainger. Grainger. Ele deve saber.  – Sim, Sim, deve saber. – Havia um uma insatisfação na na voz de Poirot.  – Mas, lem l embre-se bre-se,, Hastings, Hastings, cadáveres ca dáveres costum costumam ser exum exumados, e para cada um deles uma uma certidão de óbito foi assinada de boa-fé pelo médico responsável.  – Sim, Sim, mas mas a srta. Arundell Arundell morreu de um uma enf enferm ermidade idade antiga. antiga.  – Sim, Sim, é o que que parece... parece ... A voz de Poirot Poir ot ainda revelava revel ava in i nsatisfação. Analisei-o Analisei- o com aten atenção. ção.  – Poirot, Poi rot, você certeza dei que não está sendo levado pelo zelo profissional? profissi onal? Você Você quer  que seja assassinat assass inato, o,tem então conclui conclu que deve  ser assassinato. A sombra em sua fronte se aprofundou. Ele assentiu com a cabeça.

 – O que você está dizen di zendo do tem fun fundam dament ento, o, Hasting Hastings. É um ponto ponto frágil frágil esse em qu quee você toca. Vivo de desvendar assassinatos. Sou como um cirurgião que se especializa em, digamos,  

apendicite ou alguma cirurgia mais rara. Quando um paciente o procura, o cirurgião vê aquele  paciente apenas do ponto ponto de vista de sua própria própri a especialização. especi alização. Há algum alguma possibilidade possibi lidade de que esse homem sofra disso e daquilo...? Eu sou assim também. Sempre pergunto a mim mesmo: “Será que houve assassinato?” E, sabe, meu amigo, quase sempre há uma possibilidade.  – Eu não diria que há há muit muitaa possi possibili bilidade dade neste neste caso – observei. obser vei.  – Mas ela morreu, morreu, Hasting Hastings! s! Você não pode fu fugir deste fato. fato. Ela morreu!  – Ela estava com a saúde frágil. frágil. Tinha inha mais de setenta setenta anos. Tudo parece muito uito natural natural  para mim mim..  – E lhe parece natural natural que Theresa Theresa Arundell Arundell tenh tenha chamado chamado o irmão de idiota daquele eito?  – O que que isso tem a ver?  – Tudo! Diga, Diga, o que você acha da declaração declar ação do sr. Charle Charless Arun Arundell de que a tia lhe mostrara ostra ra o testam tes tamento? ento? Olhei para Poirot, desconfiado.  – O que que você acha disso? – pergu per gunt ntei. ei. Por que teria de ser sempre sempre Poirot Poi rot a fazer as pergun perguntas?  – Acho Acho muito interessa interessant nte, e, muito uito interessa interessant ntee mesmo. esmo. Assim como como a reação da srta. Theresa Th eresa Arundell Arundell à declaraç dec laração ão de Charles. O duelo dos dois foi bem sugestivo. sugestivo.  – Hum Hum – murm murmuurei, em tom tom profético.  – Isso abre duas linhas linhas distintas de investigação. investigação.  – Parecem Par ecem mais mais um belo par de pilantras p ilantras – observei. observei . – Preparados Prepara dos para p ara qualquer qualquer coisa. A moça é lindíssima. Quanto ao jovem Charles, é sem dúvida um malandro carismático. Poirot acenou para um táxi. O carro parou, e Poirot deu um endereço ao motorista.  – Clanroyden Clanroyden Mansion Mansions, s, número número 17, Bayswater. Bayswater.  – Então Então a srta. Lawson Lawson é a próxima próxima – com coment entei. ei. – E depois disso, di sso, os Tanios? Tanios?  – Exatam Exatament ente, e, Hastings. Hastings.  – Que Que papel você vai v ai interpretar agora? – pergun perguntei, enquant enquantoo o táxi táxi se dirigia di rigia ao endereço.  – Do biógrafo do general general Arundell, Arundell, de um comprador comprador de imóveis, imóveis, ou algo ainda mais dissimulado?  – Vou me me apresen aprese ntar simplesmen simplesmente te como como Hercule Poirot.  – Que Que decepção! – zombei. zombei. Poirot me olhou de soslaio e pagou o táxi. O número 17 ficava no segundo andar. Uma empregada com ar atrevido abriu a porta e nos levou até uma sala ridícula, comparada àquela de onde recém tínhamos saído. O apartamento de Theresa Arundell era simples, sem excessos. O da srta. Lawson, por  outro lado, estava tão carregado de móveis e quinquilharias que quase não podíamos nos mexer  sem temer derrubar alguma coisa. A porta se abriu, e entrou uma senhora corpulenta de meia-idade. A srta. Lawson era como eu a imaginara. Tinhameio umtorto, rostono meio em bobo, cabelos grisalhos  pincen  pincenê ê empoleir empoleirado, ado, meio noansioso, nariz. nariz. Falava espasmos espasm os ofegant ofeg antes. es. desarrumados e um  – Bom dia. Não acho que... que...

 – Srta. Wilhelm Wilhelmina ina Lawson? Lawson?  – Sim, Sim, sim, sim, é o meu meu nom nome... e...

 

 – Sou Poirot, Hercule Poirot. Ontem Ontem estive em Littlegreen ittlegreen House. House.  – Ah, Ah, sim? sim? A boca da srta. Lawson se abriu um pouco mais, e ela tentou sem sucesso ajeitar o cabelo.  – Querem Querem se sentar? sentar? – ela continu continuou. ou. – Sentem Sentem-se -se aqui, sim s im?? Ah, Ah, puxa, puxa, essa mesa está no seu caminho. Estou meio cheia de coisas aqui. É tão difícil! Esses apartamentos! Pequenos, mas tão perto do centro! E gosto de ficar nesta região. E os senhores? Com um arquejo, ela se sentou numa poltrona vitoriana de aparência desconfortável e, com o pincenê ainda torto, inclinou-se para frente e olhou para Poirot com expectativa.  – Fui à Littlegreen ittlegreen House House sob s ob o pretexto pretexto de comprá-l comprá-laa – prosseguiu Poirot. – Mas gostaria de lhe dizer logo, e em absoluta confidência...  – Ah, Ah, sim – arfou a srta. Lawson, Lawson, com curiosidade.  – Na mais mais absoluta ab soluta confidên confidência, cia, – continu continuou Poirot – que que estive lá l á com outro outro objetivo. obje tivo. Não sei se sabe sa be que, pouco antes antes de morrer, a srta. Arundell Arundell me escreveu... esc reveu... Fez uma pausa, e prosseguiu:  – Sou um detetive particular particular conhecido. Várias expressões passaram pelo rosto corado da srta. Lawson. Imaginei qual delas Poirot destacaria como como a mais relevan releva nte à invest i nvestigação. igação. Susto, Susto, excitação, surpresa, perple perplexxidade...  – Ah – disse ela. e la. E, depois de uma uma pausa, de novo: novo: – Ah! Então, de súbito, perguntou:  – Foi sobre o dinh di nheiro? eiro? Até mesmo Poirot ficou surpreso. Hesitou em dizer:  – A senhora senhora se refere re fere ao dinheiro dinheiro que foi...  – Sim, Sim, sim. sim. Ao dinheiro dinheiro que foi foi tirado da gaveta. Poirot respondeu, baixinho:  – A srta. Arundell Arundell não lhe lhe contou contou que me me escrevera escrev era sobre sobr e isso?  – Na verdade, não. Eu não ffazia azia ideia... Bem, Bem, de fato, fato, confesso confesso que estou muito uito surpresa...  – A senhora senhora pensou que ela não não mencion mencionara ara a ningu ninguém ém??  – Achei Achei que não. não. Sabe, ela tinha tinha uma uma ideia muito uito boa... interveio, rápido:  –Ela Elaparou. tinha Poirot tinha uma uma ideia idei a muit muitoo boa de quem o pegara. Era isso que a senhora senhora ia dizer di zer,, não não era? A srta. Lawson assentiu com a cabeça e continuou, arfante:  – E eu não deveria deveri a ter pensado que ela iria iri a querer... querer... Bem, Bem, quero dizer qu q ue ela falou falou... ... Isto é, ela parecia achar... Mais uma vez, Poirot interrompeu aquelas incoerências:  – Era uma uma questão questão famili familiar? ar?  – Isso mesm mesmo. o.  – Sou especializado especi alizado em questões questões famili familiares ares – explicou Poirot. – E sou muito, muito uito discreto. srta. Lawso asse assent ntiu iutoda comavigor.  –AAh! Ah ! ÉLawson claro, clar o,nisso faz toda diferença. Não é como como a políci  políciaa?  – Não, não. não. Sou muit muitoo diferent diferentee da polícia. polí cia. Isso não teria teria funcionado funcionado de forma forma algu algum ma.

 – Ah, Ah, não. A querida srta. Arundell Arundell era muito uito orgulhosa. orgulhosa. Claro que que teve problemas com Charles antes, mas sempre eram abafados. Uma vez, se não me engano, ele teve de ir para a

 

Austrália!  – Exatam Exatament entee – disse Poirot. – Os fatos fatos do caso foram como como se segue, segue, não foram? foram? A srta. Arundell guardava uma quantia de dinheiro na gaveta... Fez um uma pau pa usa. A srta. Lawson se apressou apress ou para conf c onfirmar irmar a declaração. declar ação.  – Sim... Sim... do banco. banco. Para os salári sa lários, os, sabe. E os livros. li vros.  – E quant quantoo estava faltando? faltando?  – Quatro Quatro notas de uma uma libra. libr a. Não, não, estou enganada, enganada, três notas notas de uma uma libra libr a e duas de dez xelins. Precisamos ser exatos em questões como essa. – A srta. Lawson olhou com determinação para Poirot e sem perceber entortou o pincenê ainda mais. Os olhos proeminentes  pareciam  pareci am encará-lo.  – Obrigado, srta. Lawson. Lawson. Vejo Vejo que tem vocação para par a a contabili contabilidade. dade. A srta. Lawson fez um gesto de desdém e soltou uma risada.  – A srta. Arundell Arundell suspeitava, sem dúvida com razão, que o sobrin sobri nho Charles Charles foi o responsável pelo roubo – prosseguiu Poirot.  – Sim. Sim.  – Embora Embora não houvesse houvesse qualquer qualquer evidência de que realment realmentee havia tomado tomado o dinheiro? dinheiro?  – Ah, Ah, mas deve ter sido o Charles Charles!! A sra. s ra. Tanios não faria uma uma coisa dessas, dessas , e o marido não saberia onde o dinheiro estava guardado, nenhum dos dois saberia. E não acho que Theresa Arundell sonharia em fazer algo do gênero. Ela tem dinheiro e está sempre bem-vestida.  – Poderia ter sido si do um dos criados cri ados – sugeriu sugeriu Poirot. A srta. Lawson pareceu horrorizada com a ideia. idei a.  – Não, nem Ellen Elle n nem Annie Annie  sonhariam em fazer algo assim. Estou certa de que as duas são mulheres mulheres de caráter c aráter e absolutamente honestas. Poirot esperou por alguns instantes, então disse:  – Será que pode me dar algu a lgum ma ideia... i deia... Estou certo de que pode, pois p ois se alguém alguém mereci mereciaa a confiança da srta. Arundell esse alguém era a senhora... A srta. Lawson murmurou de maneira confusa:  – Ora, não não sei quanto quanto a isso... – mas mas ficou lisonjeada.  – que pode me ajudar. me  – Creio Estou certa de que, se puder... puder... ajudarei ajudarei com c om prazer... prazer... Poirot Poir ot contin c ontinuou uou::  – É confiden confidencial cial... ... Uma espécie de expressão solene surgiu no rosto da srta. Lawson. A palavra mágica “confidencial” “conf idencial” era uma uma espécie espéc ie de “abre-te, “abre- te, sésamo”. sésamo”.  – A senhora senhora faz ideia idei a do motivo motivo que que levou a srta. Arundell Arundell a alterar o testam testament ento? o? A srta. Lawson parecia um pouco surpresa. Olhando-a com atenção, Poirot continuou:  – É verdade, não é, que ela el a fez um novo testament testamentoo pouco antes de morrer e deixou de ixou toda toda a herança heran ça para par a a senhora? senhora?  – Sim, mas m–asFoi eu anão sabia de nadapara diss disso. o. DeUma absolut absolsurpresa utam ament enteemaravilhosa, nada! – A srta. Lawson Lawson guinch guinchou ou em protesto. maior surpresa mim! claro! Foi um gesto generoso da querida srta. Arundell. E ela nunca me deu uma pista que fosse. Nem sombra!

Fiquei tão surpresa quando o sr. Purvis leu o testamento que não sabia o que fazer, se ria ou chorava! Eu lhe garanto, monsieur Poirot, que foi um choque. A generosidade, a generosidade

 

extraordinnária da querida srta. Arun extraordi Arundell. dell . claro clar o que eu esperava espera va herdar algum alguma coisa, um uma  parte ínfim ínfimaa da herança, herança, embora, embora, é claro, clar o, não houvesse razão para que ela me deixasse nem mesmo isso. Fiquei com ela por pouco tempo. Mas aquilo, aquilo foi como um conto de fadas! Até agora não consigo acreditar, se o senhor entende o que digo. E às vezes, bem, às vezes não me sinto confortável com esta situação. Quero dizer, bem... Derrubou o pincenê, apanhou-o, ficou mexendo nele e continuou, de maneira ainda mais incoerente:  – Às vezes ve zes sinto sinto que... famíli famíliaa é famíli família, a, afinal, e não me me sint si ntoo confortável confortável com o fato fato de a srta. Arundell ter deixado a herança para alguém de fora. Não parece certo, parece? Não toda a herança. E uma fortuna tão grande! Ninguém fazia ideia, mas... é de deixar qualquer um constrangido... E há muito falatório, sabe... E logo eu, que sempre tive boa índole! Não ousaria influenciar a srta. Arundell! E eu nem tinha como. Verdade seja dita, eu estava sempre com um  pouquinh  pouqu inhoo de medo dela! Ela era ríspida, sabe, vivia nos criticando. Era muito indelicada às vezes! “Não seja idiota”, ela dizia, irritada. E eu tinha meus sentimentos, e às vezes ficava chateada... chat eada... E depois depo is descobri de scobrirr que ela na verdade gostava de mim... mim... foi maravi maravilhoso. lhoso. Mas claro, como eu disse, há muito falatór  falatório io e, de algum modo, a pessoa sente... Quero dizer, parece mais par a algum algumas pessoas? pes soas? difícil , não parece, para  – Quer Quer dizer que preferiria renu r enunciar nciar ao dinheiro? dinheiro? – pergu pe rgunt ntou ou Poirot. Por um instante achei ter visto uma expressão diferente nos olhos azuis pálidos e embotados da srta. Lawson. Imaginei que, apenas por um instante, havia ali uma mulher  inteligente e perspicaz, em vez de afável e tola. Ela disse, com uma risadinha:  – Bem, Bem, há o outro outro lado disso dis so também também... ... Tudo Tudo tem tem dois lados. l ados. A srta. Arundell Arundell queria que eu ficasse com o dinheiro. Quero dizer, se não ficasse com ele, estaria indo contra o desejo dela. Isso também também não não seria ser ia correto, c orreto, seria? ser ia?  – É um uma questão questão difícil – concordou c oncordou Poirot, sacudindo sacudindo a cabeça.  – Sim, Sim, tenho tenho pensado muito uito nisso. A sra. s ra. Tanios, Bella, é tão boa... E aquelas crian cria nças! Tenho certeza de que a srta. Arundell não iria querer que ela... Sinto que a querida srta. Arundell pretendia que eu usasse meu próprio discernimento. Ela não quis deixar o dinheiro  para –Bella Bell tem aquele homem homem se apoderasse apodera sse de tudo. Quae por Que homem homtemer em??er que aquele  – O marido dela. Sabe, sr. Poirot, a coitadinha coitadinha parece enfeitiçada. Faz tudo o que ele manda. Ouso dizer que ela mataria alguém se ele mandasse! E tem medo dele, tenho certeza disso. Vi o olhar de pavor  da  da moça algu al gum mas vezes. Há algo errado ali, sr. Poirot.  – Que Que tipo de hom homem em é o dr. Tanios? Tanios?  – Bem – hesitou a srta. Lawson Lawson –, ele é um homem homem muito uito agradável. Parou, incerta.  – Mas não não confia confia nele?  – Bem... Bem... não, não confio. confio. Confesso Confesso que não confio confio em homem homem nenhu nenhum m – continu continuou ou a srta. Lawson, hesitante. – Ouvimos tantas coisas terríveis! E tudo o que as esposas É um horror! É claro que o dr. Tanios finge gostar muito da esposa e épobres encantador comenfrentam! ela. Seus modos são bastante encantadores. Mas não confio em estrangeiros. São muito ardilosos, e tenho

certeza de que a querida srta. Arundell Arundell não queria queria que o dinheiro dinheiro fosse parar nas mãos mãos dele! del e!  – Tam Também bém é difícil difíci l para a srta. s rta. Theresa e para pa ra o sr. s r. Charles Charles Arun Arundell ficarem privados da

 

herança – sugeriu Poirot. O rosto da srta. Lawson ficou vermelho.  – Acho Acho que Theresa tem o dinheiro dinheiro de que precisa! pr ecisa! – disse, disse , ríspida. rísp ida. – Gasta cent c entenas enas de libras só em roupas. E as roupas íntimas... são indecentes! Quando penso em quantas moças  boas e bem criadas criad as precisam preci sam trabalhar para ganh ganhar a vida... vida ... Poirot Poir ot complementou complementou::  – A senhora senhora acha que que não faria faria mal a ela trabalhar para ganhar ganhar a vida? A srta. Lawson olhou para Poirot, solene.  – Pois faria muito muito bem a ela! Poria os pés p és no ch chão. ão. A adversidade adversi dade ensina muit muitas as coisas. cois as. Poirot assentiu lentamente com a cabeça.  – E Charles Charles??  – Charle Charless não merece merece um centavo. centavo. Se a srta. Arun Arundell o tirou tir ou do testament testamentoo foi por um uma boa razão, depois das ameaças terríveis que ele fez.  – Ameaças? Ameaças? – Poirot Poi rot ergueu ergueu as sobrancelhas. sobrancelhas.  – Sim, Sim, ameaças. ameaças.  – Que Que ameaças? ameaças? Quando Quando a ameaçou? ameaçou?  – Deixe-me Deixe-me ver... sim, sim, foi na na Páscoa. Na verdade, no domingo de Páscoa... para piorar!  – O que que ele disse? di sse?  – Ele pediu dinheiro, dinheiro, e ela se recusou a dar! E ele disse que não era inteligent inteligentee da parte dela e que, se ela continuasse assim, ele iria... Como foi mesmo que disse? Usou uma expressão muito vulgar... ah, sim, ele disse que a eliminaria!  – Ameaçou Ameaçou eliminá-la? eliminá-la?  – Sim. Sim.  – E o que que a srta. Arundell Arundell respondeu? respondeu?  – Ela falou: “Você vai descobrir, des cobrir, Charle Charles, s, que sei cuidar de mim mim mesma”. esma”.  – A senhora senhora estava na sala na ocasião?  – Não exatam exatament entee na sala – respondeu a srta. Lawson Lawson depois de uma uma pausa.  – Sim, Sim, sim – apressou-se Poirot. Poi rot. – E o que que Charles Charles falou depois disso? di sso?  – esteja tão acerta diss ao”.sério? disso”.  – Disse: A srta. “Não Arundell Arundell levou ameaça ameaça sér io?  – Bem, Bem, não não sei, ela el a não me me disse nada... Mas Mas ela não diria. diri a. Poirot sussurrou: sussurrou:  – A senhora senhora sabia sabi a que a srta. Arun Arundell dell havia feito um um novo testam testament ento? o?  – Não, não. não. Já lhe disse, foi uma uma surpresa. Jamais poderia iim maginar... aginar... Poirot a interrompeu.  – A senhora senhora não conhecia conhecia os termos. Mas tinha conhecimento do  fato de que o testamento estava sendo refeito?  – Bem, Bem, eu suspeitava... Quero Quero dizer, ela mandou chamar chamar o advogado quando quando estava acamada.  – Isso foi foi depois depoi s do acidente?  – Sim, Sim, Bob, o cachorro, cachorro, deix dei xara a bola bol a no topo topo da escada, e ela el a escorregou escorr egou na bola e caiu.

 – Um Um acidente feio. feio.  – Sim, Sim, nossa, nossa, ela poderia muito muito bem ter quebrado quebrado uma uma perna ou um braço, o médico disse.

 

 – Ela poderia poderi a ter morri morrido. do.  – Sim, Sim, é verdade. Aquela Aqu ela resposta respos ta pareceu bastan bas tante te natural natural e sincera. Poirot disse, sorrindo:  – Acho Acho que que vi Bob em Littlegreen ittlegreen Hou House. se.  – Imagin Imaginoo que que sim. É um cachorrinho cachorrinho mu muito querido. querido.  Nada me me incomoda incomoda mais mais do que ouvir ouvir um terrier ser chamado chamado de cachorrinho cachorrinho querido. Não é à toa, pensei, que Bob fazia fazia pouco caso da srta. Lawson e era desobedient desobedi entee com ela.  – E ele é inteligente? inteligente? – contin continuuou Poirot.  – Sim, Sim, mu muito.  – Garanto Garanto que que ficaria chateado se soubesse que quase quase matou matou a dona. A srta. Lawson não respondeu. Apenas sacudiu a cabeça e suspirou. Poirot Poir ot pergu pe rgunt ntou: ou:  – A senhora senhora acha possível possíve l que o tombo tombo tenha tenha influen influenciado ciado a srta. Arundell Arundell a refazer refazer o testamento? Estávamos chegando muito perto do âmago da questão, mas a srta. Lawson pareceu achar a  pergunt  pergu ntaa bastante bastante natural. natural.  – Sabe – ela el a disse di sse –, não me surpreenderia. A queda queda foi um choque para ela, estou segura disso. Os mais velhos não gostam de pensar que há qualquer possibilidade de morrerem. Mas um acidente como aquele faz as pessoas  pensarem. Talvez ela tenha tido uma  prem  premonição onição  de que morrer morreria ia logo. Poirot comentou, com naturalidade:  – Ela estava com a saúde boa, não estava?  – Sim. Sim. Ótim Ótima, a, na na verdade.  – A doença foi foi repen repe ntina? tina?  – Foi um verdadeiro verdadei ro choque. choque. Estávamos Estávamos com algum algumas amigas amigas naquela naquela noite... – a srta. Lawson fez uma pausa.  – As srtas. Tripp? Tripp? Conheci Conheci essas es sas senhoras. senhoras. São encantadoras. encantadoras. rostomesmo, da srta. sro,ta.não Lawson Lawson coroueres de alegria. al egria.  –OSão mesm são? Mulheres Mulh tão cultas! Com interesses tão amplos! E tão espirituais. Elas lhe contaram, imagino, sobre as sessões espíritas? Imagino que o senhor seja um cético, mas, mesmo assim, gostaria de poder expressar a alegria de entrar em contato com aqueles que fizeram a passagem pas sagem!!  – Imagin Imagino, o, imagin imagino. o.  – Sabe, sr. Poirot, minh minhaa mãe mãe falou comigo, comigo, e mais mais de uma vez. É um uma alegria im i mensa saber  que nossos entes queridos ainda pensam em nós e nos protegem.  – Compreendo Compreendo perfeitament perfeitamentee – assegu as segurou rou Poirot, gent gentil. il. – A srta. Arundell Arundell também também era uma uma adepta do espiritismo? rostoestava da srta. Lawson pouco sombrio.  –O Ela disposta dispos ta a tornou-se acreditar acredi tar um – respondeu, respondeu , hesitante. hesitante. – Mas acho que ela abordava o assunto do modo errado. Ela era cética e incrédula, e uma ou duas vezes aquela atitude atraiu

espíritos indesejáveis! Recebemos mensagens ofensivas... E estou convencida  de que foi por  causa da atitude da srta. Arundell.

 

 – Imagin Imaginoo que que sim – concordou concordou Poirot.  – Mas naquela naquela última última noite... – continu continuou ou a srta. Lawson –, talvez Isabel Isabel e Julia tenh tenham lhe lhe contado, ocorreu um fenômeno distinto. O início de uma materialização. Ectoplasma, o senhor  sabe o que é ectoplasma? ectoplasma?  – Sim, Sim, sim, sim, conheço conheço sua natu natureza. reza.  – Sabe, emana emana da boca do médium e com c omeça eça a tomar tomar  forma. Agora estou convencida, sr. Poirot, que,  sem saber , a srta. Arundell era médium. Naquela noite, vi distintamente uma luz saindo da boca da querida srta. Arundell! Sua cabeça ficou envolta por uma névoa luminosa.  – Que Que interessa interessant nte! e!  – Mas a srta. Arun Arundell dell teve um mal súbito, súbi to, e tivem tivemos os de interromper interromper a sessão. ses são.  – Mandaram Mandaram chamar chamar o médico? médico?  – Sim, Sim, na na primeira hora da manh manhã. ã.  – Ele considerou o caso grave?  – Bem, Bem, mandou uma uma enferm enfermeira eira na noite noite seguint seguinte, e, mas acho que esperava que a srta. Arunndell fosse se recuperar. Aru  – Perdão, mas mas os famili familiares ares não foram chamados? chamados? A srta. Lawson corou.  – Foram avisados avi sados assim assi m que que possível... possív el... Quer Quer dizer, quando quando o dr. Graing Grai nger er avisou que ela el a estava correndo perigo.  – Qual Qual foi a causa da enferm enfermidade? idade? Algo que que ela comeu? comeu?  – Não, creio que tenh tenha sido algo em particular. O dr. Grainger Grainger disse que ela não vinha vinha seguindo a dieta como deveria. Acho que ele imaginava que a crise havia sido provocada por  um resfriado. O clima andava muito instável.  – Theresa Theresa e Charles Arundell Arundell passaram pa ssaram aquele aquele fim de semana semana lá, não? não? A srta. Lawson apertou os lábios. lábi os.  – Passaram Passara m, sim. sim.  – A visita visi ta não não correu bem – sugeriu sugeriu Poirot, observando-a.  – Não correu, não – acrescent acresc entou, ou, ressen resse ntida. – A srta. Arundell Arundell sabia por que eles haviam ido!  – Por quê? – pergun perguntou tou Poirot.  – Dinheiro Dinheiro – explodiu explodiu a srta. Lawson. Lawson. – E não não consegu conseguiram.  – Não?  – E acredito que era disso que o dr. Tanios Tanios estava atrás tam também bém – ela continuou continuou..  – O dr. dr. Tanios? Tanios? Ele não esteve lá no no mesm mesmoo fim de semana, semana, esteve? esteve?  – Sim, Sim, ele foi lá no doming domingo. o. Ficou apenas apenas cerca cerc a de uma uma hora.  – Todo Todo mu mundo parecia estar atrás do dinheiro da pobre srta. Arundell Arundell – sugeriu Poirot.  – Eu sei. Uma Uma tristeza, tristeza, não acha? acha?  – É verdade – con co ncordou Poirot. Poir ot. – Deve ter sido si do um choque choque para Charles Charles e Theresa saber  que aAsrta. deserdara! srta.Arundell Lawson os encarou Poirot, que perguntou:  – Não foi foi assim assi m? Ela não os inform informou ou clarament claramentee do fato? fato?

 – Quant Quantoo a isso, eu não saberia saberi a dizer. Não ouvi nada a respeito! respei to! Não houve houve qualquer  qualquer  confusão  nem nada, até onde sei. Tanto Charles quanto a irmã pareceram ir embora bastante

 

contentes.  – Ah! Ah! É possível possíve l que eu esteja es teja mal inform informado. ado. A srta. Arun Arundell mantinh antinhaa o testament testamentoo em casa, não? A srta. Lawson deixou o pincenê cair e se abaixou abai xou para recolhê-lo. r ecolhê-lo.  – Eu não saberia dizer. Não, Não, acho que que ficava com o sr. Purvis. Purvis.  – Quem Quem era o testament testamenteiro? eiro?  – Era o sr. Purvis. Purvis.  – Depois do falecimento falecimento da srta. Arun Arundell, dell, ele el e foi até a casa para verificar veri ficar os document documentos? os?  – Sim, Sim, foi. Poirot olhou com atenção para ela e fez uma pergunta inesperada.  – Gosta do sr. sr. Pu Purvis? rvis? A srta. Lawson ficou agitada.  – Se eu gosto gosto do sr. Purvis? Purvis? Ora, isso é difícil de dizer. dizer. Tenho enho certeza de que ele é um homem muito inteligente, um advogado inteligente, quero dizer. Mas tem modos  bastante ásperos, não é muito agradável ter alguém falando com você como se... bem, eu não consigo explicar... Ele era muito educado e, ao mesmo tempo, quase gro s abe o que quer quer dizer di zer..  grossei sseiro ro, se sabe  – Um Uma situação difícil para a senhora senhora – solidari sol idarizou zou-se -se Poirot. Poir ot.  – Sim, Sim, difícil mesmo. mesmo. A srta. Lawson suspirou e sacudiu a cabeça. Poirot se levantou. levantou.  – Muito Muito obrigado, madam madame, e, pela gentileza gentileza e pela ajuda. A srta. Lawson se levantou também. Pareceu meio confusa.  – Não há de quê! Fico muito satisfeita de poder ajudar... ajudar... Se houver qualquer qualquer outra outra coisa que eu possa fazer... Poirot voltou vol tou-se -se para ela. Baixou Bai xou o tom de voz.  – Acho Acho que há algo que a senhora senhora precisa precis a saber. Charles Charles e Th Theresa eresa Arundell Arundell pretendem anular anu lar o testamento. testamento. Um rápido rubor se espalhou e spalhou pelo rosto ros to da srta. sr ta. Lawson. Lawson.  – Ora! Não podem faz erhora isso! is so!consultou Meu Msultou eu advogado advog me me garantiu garantiu..  – Então afazer Então senhora sen con umado advogado?  – Lóg Lógico ico que sim. sim. Por que não não consultaria? consultaria?  – Por nada. Um Uma m medida edida muito muito sábia. Passe Pass e bem, bem, madam madame. e. Quando chegamos à rua, Poirot respirou fundo.  – Hastings, Hastings, mon ami, ou essa mulher é exatamente o que parece ser ou é uma atriz de  primeira.  – Ela não acredita qu q ue a morte da srta. Arundell Arundell não tenha tenha sido natural. natural. Dá para ver isso –  falei. Poirot não respondeu. Há momentos em que sofre de uma surdez bastante conveniente. Cham Ch amou umeltáxi e am, deu d eu, Bloomsbury o endereço e ndereço motoris ta:  –ouHotel Hot Durham Durh Bloom sbury.ao . motorista:

 

CAPÍTULO 16 SRA. TANIOS  – Um Um cavalheiro deseja dese ja vê-la, vê-l a, madam madame. e. A mulher que escrevia, sentada a uma das mesas do saguão do Hotel Durham, virou a cabeça e a seguir levantou-se, vindo em nossa direção de modo hesitante. A sra. Tanios poderia ter qualquer idade acima de trinta anos. Era alta, magra, de cabelos escuros, olhos inexpressivos e rosto apreensivo. Um elegante chapéu estava disposto em sua cabeça, num ângulo estranho, e ela usava um vestido de algodão horrível.  – Não nos... nos... – ela começou a falar de modo modo vago. Poirot fez uma mesura.  – Estou vindo de um uma visita visi ta à sua sua prima, a srta. Theresa Theresa Arun Arundell. dell .  – Ah, Ah, Theresa? Theresa? Sim Si m?  – Poderia falar por alguns alguns minu minutos tos a sós com a senhora? senhora? A sra. Tanios olhou ao redor. Poirot sugeriu um sofá de couro num canto isolado. Enquanto caminhávamos caminh ávamos naquela direção dir eção,, ouvimos uma uma voz vo z infantil: infantil:  – Mamãe, Mamãe, aonde você está indo? indo?  – Estarei logo ali. Continu Continuee escrevendo escrev endo sua sua carta, querida. A criança, uma menina magra de uns sete anos, voltou ao que estava fazendo. O canto da sala estava vazio. A sra. Tanios se sentou, e fizemos o mesmo. Ela olhou intrigada int rigada para Poirot, que iniciou a conversa:  – É sobre a morte morte de sua tia, tia, a falecida falecid a srta. Emily Emily Arun Arundell. dell . Ou eu estava começando a imaginar coisas, ou vi um olhar de sobressalto surgir naqueles olhos pálidos páli dos e proem pr oeminen inentes. tes.  – Sim? Sim?  – A srta. Arundell Arundell alterou o testam testament entoo pouco antes antes de morrer, morrer, deixando todos todos os bens para a srta. Wilhelmina Lawson. Gostaria de saber, sra. Tanios, se a senhora pretende apoiar seus  primos no no esforço de obter a anulação anulação do document documento. o.  – Ah! Ah! – a sra. Tanios Tanios respirou respir ou fun fundo. do. – Não creio que isso seja s eja possível poss ível,, ou é? Quero Quero dizer, meu marido consultou um advogado, e ele achou melhor não tentar.  – Advogados, Advogados, madame, adame, são cautelosos cautelosos.. Geralment Geralmentee aconselham a evitar litígio a qualquer  qualquer  custo, e sem dúvida costumam ter razão. Mas há situações em que vale a pena arriscar. Não sou advogado e, portan por tanto, to, vejo as coisas de maneira maneira diferente. diferente. Quero dizer, a srta. sr ta. Theresa Theresa Arundell Arundell está pronta para lutar. E a senhora?  – Eu... Eu... Ora! Realment Realmentee não sei. – Ela contorceu contorceu os dedos num num gesto nervoso. – Terei de

consultar meu mari marido. do.  – Claro, a senhora senhora deve consultar consultar seu marido antes antes de tomar tomar qualquer qualquer atitude atitude definitiva. definitiva.  

Mas qual é a sua opinião sobre o caso?  – Bem, Bem, não sei mesmo. esmo. – A sra. Tanios Tanios parecia pare cia mais preocupada do que nun nunca. ca. – Depende Depende muito do meu marido.  – Mas a senhora, senhora, o que que acha, madam madame? e? A sra. Tanios franziu o cenho, e disse bem devagar:  – Não gosto gosto mu muito da ideia. ideia . Parece... um tanto tanto indecent indecente, e, não não parece? parece ?  – A senhora senhora acha?  – Sim... Sim... Afinal, Afinal, se a tia Emily Emily decidiu decidi u deixar de ixar o dinheiro dinheiro para alguém alguém de fora da famíli família, a, creio que temos de aceitar isso.  – A senhora senhora não se sente sente prejudicada, então?  – Ah, Ah, sim, me sinto. – Um rápido rápi do rubor surgiu surgiu em suas bochechas. bochechas. – Acho Acho que foi muito uito injusto! Muito injusto! E tão inesperado. Não era do feitio da tia Emily. E tão injusto com as crianças.  – A senhora senhora acha que que isso não era do feitio da srta. Emily Emily Arundell? Arundell?  – Acho Acho que que foi muit muitoo estranho estranho da parte dela!  – Então Então seria possível possíve l que ela estivesse agindo agindo contra contra a própria própri a vontade? vontade? Não acha que talvez ela estivesse sendo influenciada influenciada indevidament indevidamente? e? A sra. Tanios franziu o cenho outra vez e disse quase sem querer:  – O problem proble ma é que não consigo consigo imaginar imaginar a tia Emily sendo sendo influ influenciada enciada por ninguém! Ela era tão decidida. Poirot assent asse ntiu iu com a cabeça em sinal de aprovação. a provação.  – Sim, Sim, o que a senhora senhora diz é verdade. E a srta. Lawson está long longee de ser uma pessoa de  personalidade forte.  – Não, ela el a é uma boa pessoa, na verdade... verdade ... Meio tola, talvez, mas muito, uito, muito uito amável. amável. É em parte por isso que me sinto...  – Sim, Sim, madam madame? e? – Poirot interferiu interferiu quando quando ela hesitou. hesitou. A sra. Tanios voltou a contorcer os dedos enquanto respondia:  – Bem, Bem, que seria seri a maldade maldade tentar tentar contrari contrariar ar o testament testamento. o. Estou certa de que a srta. s rta. Lawson não teve nada a ver com isso... Tenho certeza de que ela seria incapaz de conspirar e fazer  intrigas...  – Mais um uma vez, concordo concordo com a senh senhora, madam madame. e.  – E é por isso iss o que recorrer à just j ustiça iça seria... ser ia... bem, bem, seria indign indigno, cruel e, além do mais, mais, seria ser ia muito caro, não seria?  – Seria caro, ca ro, sim.  – E provavelm provavel mente ente inútil. inútil. Mas o senhor senhor deve falar com meu marido sobre isso. Ele tem muito mais tino para os negócios do que eu. Poirot esperou alguns instantes, depois questionou:  – Que Que motivo motivo a senhora senhora acha que que há por trás trás da confecção daquele daquele testament testamento? o?  – Não tenho tenh a mais mlhe aisdisse vaga que ideia. ideianão . sou advogado. Mas a senhora  – Madame, Madam e,o eu senhora não me me pergunt perguntou ou qual é a minha profissão.

Ela olhou ol hou para ele, e le, int i ntrigada. rigada.  – Sou detetive. E, pouco pouco ant antes es de morrer, morrer, a srta. Emily Emily Arundell Arundell me me escreveu escreve u uma uma carta.

 

A sra. Tanios se inclinou para frente, apertando as mãos.  – Um Uma carta? – pergunt perguntou ou de súbito. – Sobre m meu eu marido? marido? Poirot a observou por alguns instantes e falou:  – Infelizm Infelizment ente, e, não tenh tenhoo liberdade libe rdade de responder re sponder a essa pergunt pergunta. a.  – Então Então era sobre o meu marido. – Seu tom de voz se s e elevou. – O que ela e la disse? Eu lh l he garanto, senhor, senhor, ahn a hn... ... não sei seu nome. nome.  – Meu nome ome é Poirot. Hercule Poirot.  – Eu lhe garanto, garanto, sr. Poirot, que, se algo foi dito naquela naquela carta contra contra o meu marido, é absolutamente falso! Sei, também, quem teria inspirado aquela carta! E essa é mais uma razão  pela qual prefiro não me envolver em nenhum nenhumaa ação movida por Theresa Theresa e Charles Charles!! Th Theresa eresa nunca gostou do meu marido. Ela disse coisas sobre ele! Sei que disse! A tia Emily tinha  preconceito contra contra o meu marido porque p orque ele não é inglês inglês e, portan po rtanto, to, ela pode ter acreditado acre ditado nas coisas que Theresa disse. Mas o que ela disse não é verdade, sr. Poirot, eu lhe dou a minha  palavra!  palavr a!  – Mãe... term terminei inei a minh minhaa carta. A sra. Tanios se virou na direção da menina. Com um sorriso afável, pegou a carta que a menina lhe estendeu.  – Está mu muito boa, querida querida,, muit muitoo boa mesm mesmo. o. E o desenho desenho do Mickey Mickey Mouse Mouse ficou ficou lindo.  – O que que faço agora, agora, mam mamãe? ãe?  – Você quer comprar comprar um cartão postal com uma uma fotograf fotografia ia bem bonita? bonita? Aqui Aqui está o dinheiro. Vá até o senhor na entrada e escolha um, e então você pode mandá-lo para a Turquia. A menina saiu andando. Lembrei-me do que Charles Arundell dissera. A sra. Tanios era sem dúvida uma esposa e mãe devotada. Também lembrava um inseto, conforme ele havia dito.  – Ela é a sua única única filha, madam madame? e?  – Não, tenh tenhoo um menino enino também também.. Ele está passeando com o pai.  – Eles não a acompanh acompanhavam avam nas visitas a Littleg Littlegreen reen House? House?  – Sim, Sim, às vezes, mas minha inha tia estava muito uito velha, e as crian cria nças tendiam tendiam a perturbá-l perturbá-la. a. Mesmo assim, ela era muito gentil e sempre mandava bons presentes a eles no Natal.  – Acho Deixe-m Deixe-me ver, qu foi foi dez a última vez que a senhora sen hora viu a srta. Emily Emily Arun Arundell? dell ?  – Ach o que quee mais m ais quando ouando menos menos dias antes de ela falecer.  – A senhora, senhora, o seu marido marido e seus s eus dois primos estavam lá, todos jun juntos, tos, não não estavam? estavam?  – Não, isso foi no fim de semana semana anterior... anterior... na na Páscoa.  – E a senhora senhora e o seu marido marido estiveram e stiveram lá no final final de semana semana depois da Páscoa também também??  – Sim. Sim.  – E a srta. Arundell Arundell estava com boa saúde e bem disposta na na ocasião? ocasi ão?  – Sim, Sim, parecia estar como como sempre. sempre.  – Ela não estava de cama? cama?  – Ela estava de cama cama por conta conta de uma queda que sofrera, mas voltou v oltou a descer para a sala s ala enquanto lá.go sobre um novo testament  – Elaestávamos lhe disse alg al testamento? o?  – Não, não não disse nada.

 – E ela lhe tratou como como de costum costume? Desta vez, fez-se uma pausa um pouco mais longa antes que a sra. Tanios dissesse:

 

 – Sim. Sim. Tenho certeza de que, naquele momento, Poirot e eu tivemos a mesma convicção: a sra. Tanios estava mentindo! Poirot ficou em silêncio por alguns instantes, depois complementou:  – Talvez eu deva esclarecer esclar ecer que, quando quando pergunt perguntei ei se a srta. Arun Arundell lhe tratou como como de costume, estava me referindo à senhora em especial . A sra. Tanios apressou-se em responder.  – Ah! Ah! Enten Entendo. do. Tia Emily Emily foi muito gentil gentil com comigo. igo. Ela me deu um pequeno pequeno broche de  pérola e diamant diamantee e mandou mandou dez xelins xelins para as crianças. c rianças.  Não havia havia qualquer hesitação hesitação em sua condut condutaa agora. As palavras fluíam. fluíam.  – E quant quantoo ao seu marido... marido... Não houve houve mudan mudanças ças no comportam comportament entoo dela em relação a ele? ele ? A hesitação voltou. A sra. Tanios não olhou nos olhos de Poirot ao responder:  – Não, é claro que não. não. Por que haveri haveria? a?  – Uma vez que a senhora senhora sugere sugere que sua prima Theresa Theresa Arundell Arundell pode ter ten tentado tado envenenar enven enar a cabeça cab eça de sua tia...  – Ela tentou tentou!! Tenho enho que certeza de que tentou tentou!! – a sra. Tanios inclinou-se inclinou-se para frente, frente, agitada. – Você tem razão.  Houve  uma mudança! A tia Emily, sem razão alguma, mostrou-se muito mais fria. E se comportou de maneira muito esquisita. Ele recomendou um composto digestivo especial, até mesmo se deu ao trabalho de ir ao farmacêutico e mandar fazer. Ela agradeceu e tudo mais, mas de modo bastante formal, e mais tarde cheguei a vê-la despejando todo o conteúdo da garrafa na pia! Sua indignação era bastante feroz. Os olhos de Poirot Poir ot brilharam brilharam..  – Um Uma atitude atitude muit muitoo estranha estranha – avaliou, avali ou, num num tom premeditadam premeditadament entee impassí impassível. vel.  – Achei Achei que foi foi muita ing  ingratidão ratidão da parte dela – desabafou desaba fou a esposa espos a do dr. Tanios. Tanios.  – Como Como a senhora senhora disse, pessoas mais velhas às vezes desconfiam desconfiam de estrangeiros estrangeiros.. Estou certo de que acham que os médicos ingleses são os únicos médicos do mundo. O isolamento da Ing Inglaterra é a causa c ausa disso...  – Quando Simando Sim, , suponho supon hohora que que sim. A sra. Tanios Tanios alivi ada.  – Qu a senhora sen volta–para Esmirna, Esm irna, parecia madam madame? e?mais aliviada.  – Dentro Dentro de poucas poucas semanas. semanas. Meu marido... ah! Aqui Aqui está ele, com Edward.

 

CAPÍTULO 17 DR. TANIOS Confesso que fiquei um tanto surpreso ao ver o dr. Tanios pela primeira vez. Em minha imaginação, atribuí a ele traços sinistros de toda a sorte. Esperava um estrangeiro moreno,  barbudo, com um aspecto sombrio sombrio e feições soturnas. soturnas. Em vez disso, vi um homem rechonchudo, alegre, de cabelos e olhos castanhos. E, embora ele de fato usasse barba, era um modesto cavanhaque castanho, como o de um artista. Ele falava o nosso idioma com perfeição. A voz tinha um timbre agradável e combinava com o aspecto simpático simpático de seu rosto. ros to.  – Aqui Aqui estamos estamos nós – ele disse, disse , sorrindo sorri ndo para a esposa. – John ficou muitíssi uitíssim mo empolgado empolgado com sua primeira viagem de metrô. Ele só havia andado de ônibus até hoje. Edward era parecido com o pai, tanto ele quanto a irmã tinham fisionomia claramente estrangeira, e então entendi o que srta. Peabody quis dizer quando os descreveu como crianças meio amarela amareladas. das. A presença do marido pareceu deixar a sra. Tanios nervosa. Gaguejando um pouco, ela apresentou Poirot a ele. A mim, ignorou. O dr. Tanios reconheceu o nome logo de cara.  – Poirot? Monsieur Monsieur Hercule Poirot? Mas Mas conheço conheço bem este nom nome! e! E o que que o traz até nós, nós, sr. Poirot?  – O caso de uma uma senhora senhora que faleceu recentement recentemente, e, a srta. Emily Emily Arundell Arundell – respondeu Poirot.  – A tia da minh minhaa esposa? Sim Si m... O qu quee tem ela?  – Certas questões questões relacionadas rela cionadas à morte morte dela têm se revelado... revel ado... A sra. Tanios o interrompeu, de súbito:  – É sobre o testament testamento, o, Jacob. Monsieur Monsieur Poirot esteve conversando com Theresa Theresa e Charles. O comportamento do dr. Tanios deixou entrever uma certa tensão. Ele se deixou cair em uma cadeira.  – Ah, Ah, o testam testament ento! o! Um Um testament testamentoo iníquo... iníquo... mas mas suponho suponho que isso não seja da minh minhaa conta. conta. Poirot esboçou um relato de sua entrevista com os dois Arundell (nada fiel, devo dizer) e cautelosamente aludiu à possibilidade de contestar o testamento.  – O senhor senhor me interessa interessa,, sr. Poirot, muito. uito. Admito Admito que compartilho compartilho da sua opinião. Algo Algo  poderia ser feito. Chegu Cheguei ei a consultar consultar um advogado para discut dis cutir ir o assunto, assunto, mas mas o conselho dele

não foi animador. Sendo assim... ele encolheu os ombros.  – Advogados, Advogados, como como eu disse à sua esposa, são cautelosos cautelosos.. Não gostam de correr riscos. risc os. Mas eu sou diferente! E você?  

O dr. Tanios riu, uma risada alegre e divertida.  – Ah, eu correria corr eria um risco, risc o, sim s im,, senh s enhor! or! Já corri muitos, uitos, não é mesmo, esmo, Bella, Bel la, meu anjo? –  Ele sorriu para ela, que lhe sorriu de volta, mas de um modo bastante mecânico, pensei. Mais uma vez ele voltou a atenção a Poirot.  – Não sou advogado – afirmou. afirmou. – Mas, na minh minhaa opinião, opi nião, está claro cl aro que aquele testament testamentoo foi feito quando a velha já não era senhora de si. Aquela tal srta. Lawson é esperta e engenhosa. A sra. Tanios se movia de modo apreensivo. Poirot Poir ot dirig diri giu a atenção para ela.  – A senhora senhora não concorda, concorda, madam madame? e? Ela disse, di sse, com voz fraca: fraca:  – Ela sempre foi foi mu muito gent gentil. il. Eu não não deveria deveri a chamá-la chamá-la de esperta. e sperta.  – Ela sempre sempre foi gentil gentil com você – disse di sse o dr. Tanios Tanios –, porque não tinha tinha nada a temer temer em relação a você, querida. Você é muito fácil de enganar! Ele falou de modo modo jocoso, joc oso, mas mas a esposa corou.  – Comigo Comigo era diferente diferente – continu continuou. ou. – Ela não gostava de mim. im. E não fazia fazia questão questão de esconder! Vou lhe dar um exemplo. A velha caiu da escada quando estávamos hospedados lá. Insisti em voltar no final de semana seguinte para ver como ela estava. A srta. Lawson fez o que  pôde para evitar que fôssemos. fôssemos. Não conseguiu, conseguiu, e percebi que estava irritada irri tada com isso. A razão razão estavaa clara: queria ficar sozinha com a velha. estav Mais uma uma vez Poirot voltou-se para a esposa. espos a.  – A senhora senhora concorda, madam madame? e? O marido não lhe deu tempo de responder.  – A Bella é muito coração mole. É incapaz de imput imputar ar más intenções intenções a qualquer qualquer pessoa. Mas não tenho dúvidas de que eu estava certo. E lhe digo mais, monsieur Poirot. O segredo de sua influên influência cia sobre a velha srta. Arundell Arundell era o espiritism espir itismo! o! Pode apostar!  – O senhor senhor acha? acha?  – Tenho enho certeza, meu caro. Já vi situações situações como como essa. Toma oma conta conta das pessoas. O senhor  senhor  ficaria espantado! Sobretudo pessoas na idade de srta. Arundell. Aposto que foi daí que veio a sugestão. Algum espírito, possivelmente do finado pai, ordenou que ela alterasse o testamento e deixasse o dinheiro para tal srta. Lawson. Ela Poirot estava voltou-se com a saúde vulnerável... A sra. Tanios fez uma movimento lânguido. paradebilitada... ela.  – A senhora senhora acha que que isso é possível p ossível??  – Vam Vamos, os, Bella, fale – disse dis se o dr. Tanios. Tanios. – Diga-nos Diga-nos o que que pensa. Ele olhou para a esposa de maneira a encorajá-la. O rápido olhar que ela lhe lançou em resposta foi esquisito. Ela hesitou, depois disse:  – Sei muit muitoo pouco sobre essas coisas. coi sas. Atrevo-me Atrevo-me a dizer que você tem tem razão, Jacob.  – Pode apostar que estou certo, não não é, monsieu monsieurr Poirot? Poir ot? Poirot assent ass entiu iu com a cabeça.  – Pode ser, sim. O senhor senhor eestava stava em Market Market Basing no final de semana semana anterior anterior à morte morte da srta.  – Arundell? Aru ndell? os lá na Páscoa e de novo no Estivem Estivemos no final final de semana semana seguint seguinte... e... isso mesm mesmo. o.  – Não, não, eu me me refiro ao final final de semana semana do dia 26. O senh s enhor or esteve lá no doming domingo, o, é

isso?  – Jacob, você esteve es teve lá? – A sra. Tanios Tanios arregalou os olhos olhos para ele. el e.

 

Ele se virou rapidamente para a esposa.  – Sim, Sim, você se lembra? Dei um uma passada lá l á à tarde. Contei Contei isso a você. você . Poirot e eu olhávamos para ela. Apreensiva, ela empurrou o chapéu um pouco mais para trás da cabeça.  – Sem dúvida você se lembra, lembra, Bella – o marido continu continuou. ou. – Que Que memória emória terrível você tem.  – É claro! claro ! – ela se desculpou, com um meio meio sorriso sorri so nos lábios. lábios . – É verdade, tenho tenho uma uma memória péssima. E já faz quase dois meses agora.  – A srta. Theresa Theresa Arundell Arundell e o sr. Charles Charles Arun Arundell estiveram lá l á nessa ocasião, ocasiã o, não é? –   pergunt  pergu ntou ou Poirot.  – É possível que sim – respondeu Tanios com tranquilidade. tranquilidade. – Eu não não os vi.  – O senhor senhor não não ficou lá por muit muitoo tempo, tempo, então? então?  – Não... só por um uma meia meia hora. O olhar inquiri inquiridor dor de Poirot pareceu par eceu deixá-lo um pouco desconfortável. desconfortável.  – É melhor eu confessar confessar – continu continuou, ou, piscan pisca ndo o olho. – Eu esperava espera va conseguir conseguir um empréstimo... mas não consegui. Acho que a tia da minha esposa não ia muito com a minha cara. Uma pena, porque eu gostava dela. Era uma senhora divertida.  – Posso lhe fazer fazer um umaa pergunt perguntaa franca, franca, dr. Tanios? Tanios? Foi impressão minha, ou percebi uma apreensão momentânea nos olhos de Tanios?  – Lóg Lógico ico que sim, sim, monsieu monsieurr Poirot.  – Qual Qual é a sua opinião sobre Charles e Theresa Arundell? Arundell? O médico pareceu aliviado.  – Charle Charless e Theresa? Theresa? – ele olhou para a esposa com um sorriso sorr iso afável. – Bella, minha inha querida, você não se importa qu quee eu seja franco franco em relação à sua famíli família? a? Ela sacudiu a cabeça, com um sorriso tímido.  – Então Então minha inha opinião é de que eles não prestam, prestam, nenhu nenhum m dos dois! É engraçado, engraçado, mas  prefiro o Charles. Ele El e é um tratante, tratante, mas mas um tratante tratante adorável. adorável . Não tem senso moral, moral, mas não não há nada que que possa fazer fazer em relação a iss isso. o. As pessoas pessoa s nascem assim.  –Tanios E a Theresa? Thhesitou. eresa?  – Não sei. se i. É uma uma mulher ulher muito uito atraente, atraente, mas bastante bastante cru cr uel. Ela seria seri a capaz de assassinar  assass inar  qualquer um a sangue frio se lhe conviesse. Ao menos é o que parece. O senhor deve ter ouvido, talvez, que que a mãe dela del a foi acusada ac usada de homicídi homicídio? o?  – E absolvida absolvi da – completou completou Poirot. Poirot.  – Isso mesmo, mesmo, “e absolvida” absolvi da” – acrescent acresc entou ou Tanios. Tanios. – Mas, mesm mesmoo assim, faz a gente gente ficar  em dúvida.  – O senhor senhor conheceu conheceu o jovem de quem ela está noiva?  – Donaldson? Donaldson? Sim, Sim, jantou jantou conosco conosco num numa noite destas. destas.  – qu e osujeito senhor senhorinteligent acha dele?  – OÉ que um int eligente. e. Acho Acho que vai longe... longe... se tiver oportunidade. oportunidade. Custa Custa caro se especializar.

 – O senhor senhor quer quer dizer que ele é um profissional competent competente? e?  – É a isso que me refiro, sim. Um cérebro de primeira. – Ele sorriu. sorri u. – Não é ainda uma uma

 

 personalidade ilustre na sociedade. socieda de. Um pouco metódico e afetado. afetado. Ele e Theresa Theresa formam formam um casal cômico. A atração dos opostos. Ela borboleteia em várias rodas sociais, e ele é um recluso. As crianças começaram a bombardear a mãe com perguntas.  – Mamãe, Mamãe, podemos podemos ir alm al moçar? Estou com muita fome. fome. Vam Vamos os nos atrasar. atrasar. Poirot olh ol hou para o relógio e exclamou: exclamou:  – Mil perdões! Atrasei Atrasei o almoço de vocês. Olhando de relance para o marido, a sra. Tanios falou, hesitante:  – Talvez Talvez pudéssemos pudéssemos oferecer oferecer-lhes... -lhes...  – É muito uito amável amável de sua parte, madame, adame, mas tenh tenho um comprom compromisso isso na hora do almoço, almoço,  para o qual já estou atrasado. atrasado. Ele se despediu despedi u do dr. e da sra. Tanios e das crianças. Fiz o mesmo. mesmo. Demoramo-nos alguns instantes no saguão. Poirot queria fazer uma chamada telefônica. Esperei por ele na recepção. Estava ali parado quando vi a sra. Tanios sair para o saguão e olhar em volta, como se procurasse algo. Aparentava estar esgotada, atormentada. Ela me viu e veio na minha direção.  – Seu amigo... amigo... o monsieu monsieurr Poirot... Poiro t... ele já foi embora? embora?  – Não, está na na cabine telefônica. telefônica.  – Ah. Ah.  – A senhora senhora quer falar com ele? Ela aqu aq uiesceu iesce u com a cabeça. cabe ça. Seu ar de nervosism nervosis mo se intensificou intensificou.. Poirot saiu da cabine naquele momento e nos viu parados lado a lado. Caminhou até nós.  – Monsieur Monsieur Poirot – ela com co meçou, nu num tom grave e apressado. apressado . – Há algo que que eu gostaria gostaria de dizer, que preciso lhe contar...  – Sim, Sim, madam madame. e.  – É importan importante, te, muit muitoo importan importante. te. Sabe... Ela parou ao ver que o dr. Tanios e as duas crianças acabavam de sair do salão e atravessavam o saguão para juntarem-se a nós. para pa ra pou quinhhooretrato mais com o monsieur onsieur Poirot, Bella? – Seu tom  – eraAproveitando bem-humorado, e oconversar sorriso emum seupouquin rosto, da simpatia.  – Sim... Sim... – ela el a hesitou, hesitou, e então disse: – Bem Bem,, mas mas isso i sso é tu tudo, do, monsieu monsieurr Poirot. Poi rot. Eu só queria queria dizer a Theresa que nós a apoiaremos no que ela decidir. A família deve permanecer unida. Despediu-se com um aceno e, então, segurando o braço do marido, afastou-se em direção à sala de jan ja ntar. tar. Segurei Segu rei Poirot pelo pel o ombro.  – Não era isso que ela ia dizer! Ele sacudiu a cabeça, observando o casal que se retirava.  – Ela mudou mudou de ideia idei a – continu continuei. ei.  – Sim mon ami, ela mudou de ideia.  – Sim, Por ,quê?  – Eu gostaria gostaria de saber – ele el e murm murmurou urou..

 – Ela nos contará contará outra outra hora hora – falei, esperançoso. espe rançoso.  – Será? Talvez Talvez não... não...

 

CAPÍTULO 18 “ ALGO DE PODRE NO REINO DA DINAMARCA”

Almoçamos num pequeno restaurante não muito longe dali. Eu estava ansioso para saber a opinião de Poirot Poi rot sobre os vários vári os membros membros da famíli famíliaa Arundell. Arundell.  – E então, então, Poirot? – pergunt perguntei ei impaciente. impaciente. Com um olhar de reprovação, Poirot devotou toda a sua atenção ao cardápio. Após fazer o  pedido, recostou rec ostou-se -se na cadeira, partiu pa rtiu um pão ao meio meio e disse dis se em tom de deboche:  – E então, então, Hasting Hastings? s?  – O que que você acha deles agora que conhece conhece a todos? todos?  –  Ma foi, acho que são um grupo interessante! Este caso é um estudo fascinante! É, como vocês dizem, uma caixa de surpresas. Cada vez que digo “a srta. Arundell me mandou uma carta antes de morrer”, uma nova informação surge. Pela srta. Lawson, descobri sobre o dinheiro desaparecido. A sra. Tanios falou logo de cara: “É sobre o meu marido?”. Por que sobre o marido? Por que srta. Arundell Arundell escreveria escreve ria para mim, im, Hercule Poirot, Poir ot, sobre o dr. Tanios? Tanios?  – Aquela Aquela mulher mulher está preocupada com algum alguma coisa.  – Sim, Sim, ela sabe de algo. Mas o quê? A srta. Peabody nos disse que Charles Charles Arundell Arundell mataria a avó por qualquer ninharia, a srta. Lawson disse que a sra. Tanios mataria qualquer   pessoa se o marido mandasse. O dr. Tanios disse que Charles e Theresa Theresa não prestam, prestam, insinuou insinuou que a mãe deles era uma assassina e afirmou de modo casual que Theresa seria capaz de assassinar qualquer um a sangue frio. “Que belo conceito eles têm uns dos outros! O dr. Tanios acha, ou diz que acha, que houve influência indevida. A esposa, antes de ele chegar, evidentemente não achava o mesmo. Em  princípio, ela el a não queria queria cont c ontestar estar o testament testamento. o. Depois, mudou mudou de ideia. idei a. Veja, Veja, Hastings, Hastings, é como como uma panela fervente, volta e meia um fato importante vem à tona e pode ser visto. Há alguma coisa no fundo, sim, há alguma coisa! Juro, pela honra de Hercule Poirot, juro!” Sem querer, eu estava impressionado com aquele ardor. Depois de alguns minutos, falei:  – Talvez Talvez você esteja certo, mas mas tudo tudo parece muito muito vago, vago, muit muitoo nebuloso. nebuloso.  – Mas concorda concorda que há há algum alguma coisa? coisa ?  – Sim – hesitei hesitei em dizer. dizer. – Creio Creio que sim. Poirot inclinou-se sobre a mesa, com os olhos perfurando os meus.  – Sim... Sim... você mudou. Não está mais distraído, condescendent condescendente, e, nem indulgen indulgente te com as minhas divagações acadêmicas. Mas o que o convenceu? Não foi o meu raciocínio brilhante...

on, ce n est pas ça! Mas algo afetou você. Diga-me, meu amigo, o que o fez levar o caso a sério assim de repente?  – Acho Acho que que – respondi, devagar – foi a sra. Tanios. Tanios. Ela parecia... pareci a... com medo...  

 – Com medo de mim mim??  – Não, não de você. Era Er a outra coisa. Ela falou de modo mu muito comedido comedido e sensato desde o início. Um ressentimento natural acerca dos termos do testamento, talvez, mas parecia resignada e disposta a deixar as coisas como estão. Parecia a conduta de uma mulher educada, porém um tanto apática. E então aquela mudança repentina, o ímpeto com que adotou o ponto de vista do dr. Tanios. A maneira como foi até o saguão atrás de nós, a maneira quase furtiva... Poirot assent as sentiu iu com a cabeça, concordando. concordando.  – E mais mais uma uma coisa que talvez você não não tenha tenha reparado...  – Eu reparo em e m tudo! tudo!  – Refiro-me Refiro-me à visita do marido a Littlegreen ittlegreen House House naquele último último doming domingo. o. Eu poderia po deria urar que ela nada sabia sobre aquilo, que foi uma surpresa para ela. No entanto, pegou a deixa com tanta facilidade, concordou que ele contara sobre a visita e que ela havia esquecido. Não gostei disso, Poirot.  – Você tem razão, Hasting Hastings... s... Aquilo Aquilo foi sig si gnificativo. nificativo.  – Fiquei com uma uma desagradável im i mpressão dde... e... medo. medo. Poirot acenou com a cabeça. cabeç a.  – Você sentiu o mesm mesmo? o?  – Sim, Sim, a impressão impressão sem dúvida estava no ar. – Ele fez uma pausa. – No entant entanto, o, você gostou de Tanios, não gostou? Achou-o um homem agradável, aberto, de boa índole, cordial. Cativante, a despeito do preconceito britânico contra argentinos, portugueses e gregos. Uma  personalidade dem d emasiado asiado agradável? agradável ?  – Sim – admiti. admiti. – Achei. Achei. Durante o silêncio que se seguiu, observei Poirot. Em seguida falei:  – Em que está está pensando, pensando, Poirot?  – Estou refletindo, pensando pensando em diversas divers as pessoas. pessoas . No jovem e belo Norman Norman Gale, na fanfarrona e amável Evelyn Howard, no simpático dr. Sheppard, no discreto e confiável Knighton. Por um mom moment ento, o, não entendi entendi aquelas referências r eferências a pessoas envolvidas em casos passados. pass ados.  – Todos Oodos que têm que – pergu padores... ergunt ntei. ei.  – T erameles? encant encantadores...  – Meu Deus, Deus, Poirot! Você acha que que Tanios... Tanios...  – Não, não. Não tire conclusões conclusões precipitadas, precipi tadas, Hasting Hastings. Estou apenas constatan constatando do que impressões pessoais sobre os indivíduos são pouco confiáveis. Não devemos nos guiar pelos  próprios  própri os sentim sentiment entos, os, e sim pelos fatos. fatos.  – Hum Hum. Fatos não não são nosso o forte. forte. Não, nnão, ão, Poirot, não repita tu tudo de novo!  – Serei breve, meu caro, não tenha tenha medo. Para começar, começar, temos temos com certeza um caso c aso de tentativa de homicídio. Você concorda com isso, não concorda?  – Sim – respondi devagar. devagar. – Concordo. Concordo. Até extravagante aquele ponto,feita eu estivera um pouco cético acerca da um tanto eu aa ulgara) por Poirot dos acontecimentos dareconstrução noite de Páscoa. Fui (como obrigado admitir, no entanto, que as deduções dele eram bastante lógicas.

 – Très bien. Ora, não há tentativa de homicídio sem um assassino. Uma das pessoas  presentes naquela naquela noite noite era um assassino... assass ino... em intenção, intenção, e nnão ão de fato.

 

 – Certo.  – Então Então este é o nosso ponto ponto de partida: um assassino. assa ssino. Fizemos Fizemos algum algumas investigações. investigações.  Nós, como como você diria, diri a, mexemos exemos na lama, lama, e o que encontram encontramos: os: diversas divers as acusações interess int eressant antíssi íssim mas proferidas de modo aparentem a parentement entee casual c asual durante durante o curso das conversas.  – Você acha que que elas não foram casuais?  – Impossíve Impossívell dizer no mom moment ento! o! A maneira maneira in i ngênu gênua com co m que que a srta. Lawson apontou apontou o fato de que Charles ameaçara a tia pode ter sido inocente, ou não. Os comentários do dr. Tanios sobre Theresa Arundell podem não ter malícia nenhuma, podem ser a opinião genuína de um médico. Por outro lado, é provável que a srta. Peabody tenha sido bastante sincera em sua opinião sobre as inclinações de Charles Arundell. Mas é, enfim, apenas uma opinião. E assim  por diante. Com Comoo se diz? “Há algo de podre no no reino da Dinam Dinamarca”? arca”?  Eh bien, é isso o que vejo aqui. Não há algo de podre, mas um assassino no reino da Dinamarca.  – Gostaria de saber o que você acha, Poirot.  – Hastings, Hastings, Hastings, Hastings, não me permito permito “achar” qualquer qualquer coisa. Não no sentido sentido em que que você está usando usando o termo. termo. Por hora apenas faço certas reflexões.  – Tais Tais como?  – Consider Consideroo a questão questão do motivo. Quais Quais são os prováveis provávei s motivos para a morte da srta. Arundell? O mais óbvio é o lucro. Quem lucraria com a morte da srta. Arundell, se ela tivesse morrido na terça-feira de Páscoa?  – Todos, Todos, com exceção da srta. Lawson. Lawson.  – Isso mesm mesmo. o.  – Bem, Bem, seja como for, for, um uma pessoa está es tá autom automaticam aticament entee fora de suspeita.  – Sim – refletiu Poirot. – Parece que sim. sim. Mas o mais mais interessa interessant ntee é que a pessoa pe ssoa que nada ganharia se a morte tivesse ocorrido na terça-feira de Páscoa ganhou tudo quando a morte ocorreu duas semanas semanas depois. depo is.  – Onde Onde você está querendo querendo chegar, chegar, Poirot? – pergun perguntei, tei, um um pouco intrigado. intrigado.  – Causa Causa e efeito, meu meu amigo, amigo, causa causa e efeito. Olhei Olh ei para pa ra ele, el e, meio meio desconf des confiado. iado. Poirot Poir ot contin c ontinuou uou::  – Use Use a lógica! O que que aconteceu aconteceu depois do acident acide nte? e? Detesto quando Poirot age assim. Qualquer coisa que se diga está fadada ao equívoco! Prossegui, com extrema cautela.  – A srta. Arundell Arundell estava de cama. cama.  – Certo. Com Com tempo tempo de sobra para par a pensar. pensar. E depois?  – Escreveu-lhe a carta. Poirot assent ass entiu iu com a cabeça.  – Sim, Sim, escreveu. E a carta não não foi enviada. enviada. Uma Uma pena.  – Você acha que que há algo algo suspeito no no fato fato de a carta não ter ter sido si do enviada? franziugs, o cenho.  –Poirot Aí, Hastings, Hastin sou obrigado a confessar confessar que não sei. Acredito e, diante de tu tudo, do, tenho tenho quase certeza de que a carta foi extraviada. Suponho, mas não estou certo, que ninguém

quase certeza de que a carta foi extraviada. Suponho, mas não estou certo, que ninguém suspeitava que a carta fora escrita. Continue... o que aconteceu a seguir?  – A visita visi ta do advogado advogado – sugeri. sugeri.

 

 – Sim, Sim, ela mandou mandou chamar chamar o advogado e, no no devido tem tempo, po, ele chegou. chegou.  – E ela fez um novo testam testament entoo – continu continuei. ei.  – Isso mesmo. esmo. Ela fez um novo e muito uito inesperado testament testamento. o. Agora, Agora, em vista disso, temos de considerar com cuidado uma declaração de Ellen. Ela disse, se você se recorda, que a srta. Lawson estava bastante empenhada em evitar que a notícia de que Bob passara a noite fora não chegasse chegasse aos ouvidos da srta. Arundell Arundell..  – Mas... Ah, Ah, entendo.. entendo.. não, na verdade, não. Ou estou es tou começando começando a entender entender o que você está sugerindo...?  – Duvido! Duvido! – disse Poirot. – Mas, se estiver, espero que perceba a suprema suprema importância importância daquela declaração. Ele cravou os olhos ávidos em mim.  – Claro. Claro – concordei depressa. de pressa.  – E então então – continu continuou ou Poirot –, várias v árias outras outras coisas aconteceram. aconteceram. Charles Charles e Theresa foram  passar o final final de semana, semana, e a srta. Arundell Arundell mostrou o novo testament testamentoo a Charle Charles, s, ou assim assi m ele afirma.  – Você não acredita nele?  – Só acredito acredi to em declarações declar ações comprovadas. comprovadas. A srta. Arundell Arundell não mostrou o testament testamentoo  para Theresa.  – Porque pensou pensou que que Charles Charles contaria contaria a ela.  – Mas ele não contou contou.. Por que será?  – Segun Segundo o próprio própri o Charles Charles,, ele contou, contou, sim. sim.  – Theresa afirmou afirmou categorica categoricam mente ente que não. Um Uma pequena pequena discor d iscordância dância muito muito int i nteressa eressant ntee e sugestiva. E, quando partimos, ela o chamou de idiota.  – Estou ficando confu confuso, so, Poirot – lastimei.  – Voltem Voltemos os à sequência sequência dos eventos. eventos. O dr. Tanios Tanios vai até lá no doming domingo, o, e é bem possível que a mulher não soubesse.  – Diria que com certeza ela não não sabia.  – Digam Digamos os que há uma probabilidade. probabil idade. Prossigam Prossi gamos! os! Charles Charles e Theresa Theresa vão embora embora na segunda-feira. A srta. Arundell está saudável e bem-disposta. Ela come bem no jantar e se senta no escuro com as Tripp e a srta. Lawson. Rumo ao final da sessão espírita, ela passa mal. Retira-se para a cama, morre quatro dias depois, a srta. Lawson herda todo o dinheiro, e o capitão Hastings acha que ela morreu de causas naturais!  – Enquan Enquanto to Hercule Poirot diz que ela foi envenenada envenenada no jantar jantar sem que haja evidência alguma disso!  – Há algum algumas evidên evidê ncias, Hastings. Hastings. Pense na na nossa conversa conversa com as srtas. Tripp. Tripp. E tam também bém em uma declaração que se destacou do relato um tanto desconexo da srta. Lawson.  – Você se refere ao fato fato de que ela comeu comeu curry no jantar? jantar? Curry Curry disfarçaria disfarçari a o gost gostoo de veneno. É a isso que você se referia? devagar:  –Poirot Sim, falou Sim, o curry tem um certo significado, significado, talvez.

  Mas se o que você está aventando aventando (em oposição oposiçã o a todas as evidências médicas) for  verdade, apenas a srta. Lawson ou um uma das da s empregadas empregadas poderia poderi a tê-la matado.  – Não tenh tenhoo tanta tanta certeza. certeza.

 

 – Ou as srtas. Tripp? Loucura. Loucura. Não posso acreditar acr editar nisso! óbvio que todas essa essass pessoas pess oas são inocentes. Poirot encolheu os ombros.  – Lembre-s embre-se, e, Hastings, Hastings, a estupidez, estupidez, ou mesmo esmo a tolice, pode andar lado a lado com a astúcia. E não se esqueça da tentativa original de assassinato. Não foi obra de um cérebro  particularment  particularm entee engenh engenhoso oso ou com c omplexo. plexo. Foi um ato bastante bastante simples, simples, sugerido sugerido por Bob e seu hábito de deixar a bola no topo da escada. A ideia de pôr um fio foi simples e fácil. Uma criança poderia ter pensado nisso! Franzi o cenho.  – Você quer dizer... dizer...  – Quero Quero dizer que estamos estamos procurando procurando apenas uma uma coisa: o desejo de matar. Nada além disso.  – Mas o veneno deve ter si sido do um muito engenh engenhoso oso para não deixar rastros r astros – argu ar gum mentei. entei. –  Algo que um leigo teria dificuldade em executar. Ah, meu Deus, Poirot. Simplesmente não posso acreditar nisso. Você não tem como saber! Tudo é pura suposição.  – Você está errado, meu am a migo. Por conta conta das várias entrevis entrevistas tas que fizemos fizemos esta manhã, anhã, agora tenho algo concreto em que me basear. Os indícios são vagos, porém inequívocos. O único problema é que... tenho medo.  – Medo? De quê? quê? Ele declarou, solene:  – De mexer mexer com quem quem está está quieto. É o que diz um dos seus provérbios, provér bios, não? Não se mexe com quem está quieto! É isso que o nosso assassino está fazendo agora, dormindo tranquilo sob o sol... Nós não sabemos, você e eu, Hastings, com que frequência um assassino, com a confiança abalad aba lada, a, age a ge e mata uma uma segu s egunda, nda, ou mesmo mesmo uma uma tercei ter ceira ra vez!  – Você tem medo de que isso aconteça? aconteça? Ele assent as sentiu iu com a cabeça. cabe ça.  – Sim, Sim, se há mesmo esmo um assassino assass ino no reino da Dinam Dinamarca, arca, temo temo e acredito acredi to que que haja, Hastings. Sim, acredito que haja...

 

CAPÍTULO 19 VISITA AO SR. P URVIS Poirot pediu a conta e pagou.  – O que que faremos faremos agora? – pergunt perguntei. ei.  – Vamos amos fazer fazer o que você sugeriu sugeriu mais cedo esta manhã. anhã. Vamos amos até Harchester conversar  com o sr. Purvis. Purvis. Foi por po r iisso sso que telefonei do hotel.  – Você telefonou telefonou para Purvis?  – Não, para Theresa Theresa Arundell. Arundell. Pedi que ela escrevesse escreve sse um umaa carta de apresentação ao sr. Purvis. Para que sejamos bem-sucedidos ao abordá-lo, precisamos ser recomendados pela família. Ela prometeu entregar a carta pessoalmente no meu apartamento. Já deve estar lá à nossa espera. Encontramos não apenas a carta, mas Charles Arundell, que a levara até lá.  – Belo apartament apartamentoo o seu, monsieu monsieurr Poirot – coment comentou, ou, olhando olhando em volta.  Naquele  Naqu ele instante, instante, meu meu olhar foi atraído por uma uma gaveta semiaber semiaberta ta na escrivan escriva ninha. inha. Alguns Alguns  papéis estavam e stavam impedindo impedindo que que a gaveta gaveta fechasse. fechasse. Ora, se havia algo impossível de acontecer era Poirot deixar uma gaveta daquela maneira! Olhei para Charles, apreensivo. Ele ficara sozinho no cômodo esperando por nós. Sem dúvida xeretou nos papéis de Poirot para se distrair durante a espera. Que sujeitinho vigarista! Senti meu sangue ferver de indignação. Charles estava bem-humorado.  – Aqui Aqui está – falou, falou, apresen aprese ntando tando a carta. – Tudo nos conform conformes. es. Espero que os senhores senhores tenham mais sorte com o velho Purvis do que nós.  – Ele não lhes lhes deu muit muitaa espera esperança, nça, suponh suponho? o?  – Com certeza nos nos desanimou. desanimou..... Na opinião opinião dele, del e, Minn Minnie Lawson sairá impun impune.  – O senhor senhor e a sua sua irmã nu nunca cogitaram cogitaram apelar aos sentiment sentimentos os da srta. Lawson? Charles forçou um sorriso.  – Pensei nisso, sim. Mas não surtiu efeito. Minha Minha retórica não serviu servi u de nada. O retrato  patético da ovelha negra negra deserdada, deserda da, e uma uma ovelha nem tão negra negra como como dizem (ou assim assi m empenhei-me em aventar), não comoveu a mulher! Sabe, ela definitivamente não gosta de mim!  Não sei por quê. – Riu. – As mu mulheres mais velhas costum costumam am cair nos m meus eus encant encantos os com m muit uitoo mais facilidade. Acham que sou um incompreendido, alguém que nunca teve uma chance de verdade!  – Um Um ponto ponto de vista convenient conveniente. e.

 – Ah, Ah, foi convenient convenientee até agora. Mas, como como disse, com Minnie Minnie Lawson nada feito. Acho Acho que ela é meio anti-homens. É provável que tenha se acorrentado a grades e agitado a bandeira sufragista nos bons e velhos tempos pré-guerra.  

 – Ah, Ah, bom – coment comentou ou Poirot, sacudindo a cabeça. – Se os métodos métodos mais mais sim si mples falham... falham...  – Tem Temos os que recorrer ao a o crime – acrescentou acrescentou Charles Charles,, animado. animado.  – Exato Exato – disse Poirot. – Agora, Agora, já que falamos falamos em crime, crime, é verdade que você ameaçou ameaçou a sua tia, dizendo dizendo que iria iri a “elim “el iminá-la”, iná-la”, ou algo que o valha? val ha? Charles sentou-se em uma cadeira, esticou as pernas e encarou Poirot.  – Quem Quem lhe contou contou isso? – pergu pe rgunntou. tou.  – Não interess interessa. a. É verdade?  – Bem, Bem, há há uma uma dose de verdade ver dade nisso.  – Vam Vamos, os, conte-m conte-mee a história. A verdade, por favor.  – Ora, com prazer, senhor. senhor. Não há nada melodram elodra mático. Eu estava tentan tentando do uma uma aproximação, se é que me entende.  – Compreendo. Compreendo.  – Bem, Bem, as coisas não saíram saír am conform conformee planejara. A tia Emily Emily anunciou anunciou que qualquer  qualquer  esforço para separá-la do dinheiro seria inútil! Bem, não perdi a calma, mas disse a ela com todas as letras: “Veja bem, tia Emily, se insistir nessa atitude, vai acabar sendo eliminada!” Ela  pergunt  pergu ntou, ou, com certa arrogân arr ogância, cia, o que eu queria dizer com aquilo. aquilo. “Ex “ Exatam atament entee o que a senhora senhora ouviu”, ouviu ”, respondi. re spondi. “Seus amigos amigos e parent p arentes es an a ndam à sua volta, de boca b oca aberta, abe rta, pobres como como viravi ralatas, todos na expectativa. E o que a senhora faz? Senta-se em cima do dinheiro e se recusa a dividir. É assim que as pessoas acabam assassinadas. Ouça o que digo, se a senhora for  eliminada, elimin ada, só poderá culpar a si mesma.” esma.” Charles fez uma pausa e prosseguiu:  – Então Então ela me olhou por cima cima dos óculos, como como costum costumava fazer, fazer, e lançou um olhar de desprezo. “Ah”, ela disse, seca, “então é essa a sua opinião?” “É, sim”, respondi. “Relaxe um  pouco, é o que aconselho.” “Obrigada pelo conselho, conselho, Charles Charles,” ,” ela disse, “mas “mas sou  perfeitament  perfeitam entee capaz de cuidar de mim mesm mesma.” a.” “Faça como como quiser, quiser, tia Emily Emily,” ,” falei. Eu sorria sorr ia de orelha a orelha, e no fim das contas não acho que ela tenha ficado tão furiosa quanto tentou  parecer. “Depois não diga que que não avisei.” “Lembrarei “Lembrarei disso”, disso” , ela respondeu res pondeu.. Ele fez outra pausa.  – E foi isso.  – Então Então – continu continuou ou Poirot – você se content contentou ou com algum algumas libras libr as que achou em uma uma gaveta. Charles o encarou e soltou uma gargalhada.  – Tiro Tiro o chapéu para o senhor! senhor! É um um detetive e tanto! tanto! Como Como ficou sabendo disso?  – É verdade, então?  – Ah, Ah, é verdade, sim! Eu estava sem um tostão. Tinha inha de consegu conseguir dinheiro dinheiro em algum algum lugar. Encontrei um maço de notas na gaveta e peguei algumas. Fui muito modesto, não achei que  perceberiam  perceber iam.. E, mesmo esmo que percebessem percebes sem,, é provável que pensassem que haviam sido os empregados. ríspido: muit  –Poirot Seriafalou, um problema muitoo sério para p ara os empregados empregados se essa ess a hipótese hipótese fosse levantada.

Charles encolheu os ombros.  – Cada um um por si – murm murmurou urou..  – E o último último a sair apague apague a luz? luz? – questionou questionou Poirot. – É essa a sua filosofia?

 

Charles olhava para ele com curiosidade.  – Não sabia s abia que a velha vel ha havia havia percebido. percebi do. Como Como o senhor senhor soube s oube disso e como soube sobre a conversa da eliminação? eliminação?  – A srta. Lawson Lawson me me contou. contou.  – Aquela Aquela velha dissim dissi mulada! – Charles Charles pareceu um pouco pouco perturbado. perturbado. – Ela não gosta de mim e nem de Theresa. O senhor acha que... ela tem mais cartas na manga?  – O que que ela poderia poder ia estar esconden esc ondendo? do?  – Ora, sei lá. Ela tem a malícia alíc ia do demônio! demônio! – Fez uma uma pausa. – Ela odeia Theresa... Theresa... –  acrescentou.  – O senhor senhor sabia, s abia, sr. s r. Arun Arundell, dell , que o dr. Tanios Tanios foi ver a sua tia no doming domingoo anterior ao da morte dela?  – O quê? quê? No doming domingoo em que estivem estivemos os lá?  – Sim. Sim. O senhor senhor não não o viu?  – Não. Saímos Saímos para dar uma uma caminh caminhada ada durante durante a tarde. Suponh Suponhoo que ele deva ter ido i do neste neste horário. É curioso que a tia Emily não tenha mencionado a visita. Quem lhe contou?  – A srta. Lawson. Lawson.  – Mas de novo? novo? Ela parece pare ce uma uma mina mina de inform informações. ações. Fez uma pausa e continuou:  – Sabe, Tanios Tanios é um um sujeito bacana. Gosto Gosto dele. Um Um camarada camarada agradável, alegre. al egre.  – Ele tem uma uma personalidade cativante, cativante, sim – concordou Poirot. Charles se levantou.  – Se eu fosse ele, teria matado a chata chata da Bella há anos! Não lhe l he parec parecee o tipo de mulher  ulher  fadada a ser vítima? Sabe, eu não ficaria surpreso se ela aparecesse esquartejada no portamalas de um carro!  – É uma uma barbaridade barbar idade para se atribuir ao marido dela, um médico médico dedicado – asseverou assever ou Poirot.  – Sim – refletiu Charles. – E acho que Tanios não seria ser ia capaz de fazer fazer mal a uma uma mosca. Ele é bondoso demais para isso.  – E quant quantoo a você? Cometeria Cometeria um assassinato assas sinato se lhe lhe conviesse? Charles deu uma risada vibrante, genuína.  – Pensando Pensando em chantag chantagem em,, monsieur onsieur Poirot? Nada feito. Posso lhe garantir que não coloquei... – parou, de repente, e prosseguiu – estricnina na sopa da tia Emily. Com um despreocupado aceno de mão, partiu.  – Você Você queria assust as sustá-lo, á-lo, Poirot? – pergu per gunntei. – Se queria, acho ac ho que que não consegu conseguiu. iu. Ele não demonstrou nenhum sinal de culpa.  – Não?  – Não. Ele parecia bastante bastante tranqu tranquilo. ilo.  – Curios Curiosaa aquela pausa pausa que ele fez – disse Poirot. Poi rot.  –  – Pausa? Sim. Um Sim. Uma pausa antes antes da palavra estricnin e stricnina. a. Quase Quase como se estivesse estivess e prestes a dizer algo

e mudou de ideia. Encolhi os ombros.  – Com certeza ele estava pensando pensando em um veneno veneno que soasse bem peçonh peçonhent ento. o.

 

 – possível. possíve l. Mas é melhor irmos agora. Acho Acho que vamos vamos passar a noite noite na pousada de Market Basing. Dez minutos depois estávamos saindo de Londres, em direção ao interior. Chegamos a Harchester por volta das quatro horas e nos dirigimos ao escritório de Purvis, Purvis Pu rvis,, Charle Charleswor sworth th e Purvis. O sr. Purvis era grande e corpulento, de cabelos brancos e tez rosada. Tinha uma leve aparência de um nobre rural. Era cortês, c ortês, porém reservado. Ele leu a carta de recomendação e nos observou de sua mesa. Era um olhar profundo e inquisitivo.  – Conheço Conheço o senhor senhor de nome, nome, é claro, cl aro, monsieur monsieur Poirot Poir ot – disse, disse , educado. – A srta. Arundell Arundell e o irmão contrataram, pelo que vejo, os seus serviços, mas não consigo imaginar em que o senhor se propõe a lhes ser útil.  – Digam Digamos, os, sr. Purvis Purvis,, que pretendo pretendo fazer fazer uma uma investigação investigação mais abrangent abrangentee das circunstâncias. O advogado respondeu, cáustico:  – A srta. Arun Arundell e o irmão conhecem conhecem a minha inha opinião quanto quanto à situação situação legal. As circunstâncias circunst âncias estão clarís cl aríssimas, simas, não não deixam espaço para pa ra erro. er ro.  – Perfeitament Perfeitamente, e, perfeitament perfeitamentee – Poirot apressou-se apress ou-se em responder res ponder.. – Mas o senhor, senhor, tenho tenho certeza, não não se importaria importaria em repeti-las repeti-l as para par a que eu possa visualizar vis ualizar a situação com clareza. clare za. O advogado assentiu.  – Estou à disposição. dispos ição. Poirot começou:  – A srta. Arundell Arundell escreveu escrev eu para pa ra o senhor senhor lhe dando instruções instruções no dia 17 de abril, abril , creio eu? O sr. Purvis consultou alguns papéis à sua frente.  – Sim, Sim, correto.  – O senhor senhor pode me me contar contar o que ela disse? disse ?  – Ela meeapediu redigir um testament testam o. ParteOdarestante herança herançadosseria a dois empregados três oupara quatro instituições deento. caridade. seusconcedida bens deveria ser  transmitido transm itido a Wil ilhelm helmina ina Lawson. Laws on.  – O senhor senhor me me perdoe a perg per gun unta, ta, sr. sr. Purvis, Purvis, mas não não ficou surpreso?  – Admito Admito que que sim, fiquei. fiquei.  – A srta. Arundell Arundell já fizera um um testament testamentoo antes? antes?  – Sim, Sim, cinco anos anos atrás.  – E nesse testament testamento, o, afora algum algumas pequenas pequenas doações, deixava tu tudo do para o sobrinh sobri nhoo e  para as sobrinh s obrinhas? as?  – O grosso dos bens seria dividido dividi do em partes iguais iguais entre entre os filhos de seu irmão Thom Thomas as e a filha Arabe Arabella lla eceu Biggs, Biggs, sua suaesse irm i rmã. ã.  – de O que qu e aconteceu acont com testament testam ento? o?

  A pedido da srta. Arundell, Arundell, eu o levei comigo comigo quando quando visitei Littlegreen Littlegreen House House no dia 21 de abril.  – Ficarei Ficare i muito uito agradecido, sr. Purvis, Purvis, se fizer fizer uma descrição descri ção completa completa de tu tudo do o que

 

aconteceu na ocasião. aconteceu ocasi ão. O advogado calou-se por alguns instantes. Então disse, com muita segurança:  – Chegu Cheguei ei a Littlegreen ittlegreen House House às três horas da tarde. Um escrevent esc reventee me acompanh acompanhou. ou. A srta. Arundell Arundell me recebeu rece beu na na sala sal a de visitas. vi sitas.  – Como Como ela lhe pareceu?  – Parecia Par ecia estar bem de saúde, saúde , apesar ape sar de caminh caminhar ar com a ajuda de uma beng be ngala. ala. Isso, pelo pel o que sei, foi por conta da queda que sofrera. Em geral, como falei, parecia com boa saúde, mas também um pouco nervosa e ansiosa.  – A srta. Lawson Lawson estava com ela?  – Estava, quando quando chegu cheguei. ei. Mas nos nos deixou a sós imediatament imediatamente. e.  – E então? então?  – A srta. Arundell Arundell me me pergun perguntou se eu havia havia feito o que ela pedira e se havia levado levad o o novo testamento para que assinasse. Respondi que sim. Eu... – ele hesitou por alguns instantes, e continuou em tom mecânico – devo dizer que, até onde era apropriado, desaconselhei a srta. Arundell. Ressaltei que o novo testamento poderia ser visto como algo bastante injusto pela família, que era, afinal de contas, seu próprio sangue.  – E o que que ela respondeu r espondeu??  – Ela me pergunt perguntou ou se o dinheiro dinheiro era dela ou não para par a fazer fazer com ele o que bem quisesse. Respondi-lhe que sim, sem sombra de dúvida. “Muito bem,” ela disse. Lembrei-lhe que conhecia a srta. Lawson há muito pouco tempo e perguntei-lhe se tinha certeza de que a injustiça que estava cometendo com a família era justificada. A resposta foi: “Meu caro, sei muito bem o que estou es tou fazendo”. fazendo”.  – Ela estava nervosa, o senhor senhor disse? diss e?  – Posso afirmar afirmar que sim, mas, entenda, entenda, monsieur onsieur Poirot, ela estava em posse de suas faculdades mentais. Estava, em todos os sentidos, plenamente apta a cuidar de suas finanças. Embora minha solidariedade esteja do lado da família de srta. Arundell, serei obrigado a confirmar isso perante qualquer tribunal.  – Compreendi Compreendi bem. bem. Prossiga, por favor.  – A srta. Arundell Arundell leu o testament testamentoo ant a ntigo. igo. Em seguida, seguida, pegou o que eu redigira. r edigira. Confesso Confesso que gostaria de apresentar um rascunho antes, mas ela exigiu que o testamento estivesse pronto  para ser assinado. Isso foi fácil, pois as cláusulas cláusulas eram muito uito simples. Ela leu o novo documento, assentiu com a cabeça e afirmou que assinaria imediatamente. Senti-me no dever de manifestar um último protesto. Ela escutou tudo o que eu tinha a dizer, mas reafirmou que estava decida. Chamei meu assistente, e ele e o jardineiro foram testemunhas. Os empregados, é claro, eram inelegíveis inelegíveis devido ao fato de serem beneficiári beneficiários. os.  – E depois ela entregou entregou o testament testamentoo aos seus cuidados para que o guardasse em segurança?  – Não, colocou-o na na gaveta gaveta da escrivanin escri vaninha, ha, e a trancou trancou..  – Não, E o testam test o cou antigo? antigo? o destruiu? destru iu?  – elaament oento tran trancou junt juntooEla com o outro. outro.

 – Depois da morte morte da srta. Arundell, Arundell, onde onde o testament testamentoo foi encont encontrado? rado?  – Na mesma esma gaveta. Na qualidade de executor executor,, eu tinha tinha as chaves e examinei examinei os documentos.

 

 – Os dois testament testamentos os estavam na gaveta? gaveta?  – Sim, Sim, exatam exatament entee como como ela os deixara. dei xara.  – O senhor senhor a questionou questionou sobre o que a levou a tom tomar ar aquela atitude atitude tão inesperada?  – Sim, Sim, mas não obtive uma uma resposta respos ta satisfatória. Ela apenas me garantiu garantiu que ““sabia sabia o que estava fazendo”.  – No entan entanto, to, o senhor senhor ficou ficou surpreso surpreso??  – Muito. Muito. A srta. Arundell, Arundell, devo dizer, sem sempre pre demonst demonstrou rou ser ligada à famíli família. a. Poirot Poir ot ficou em silêncio sil êncio por um instante, instante, ent e ntão ão pergu per gunt ntou: ou:  – O senhor senhor não não conversou com a srta. Lawson Lawson sobre o assu ass unt nto? o?  – Claro que não. não. Tal Tal conduta conduta seria altam al tament entee inadequada. inadequada. O sr. Purvis pareceu pa receu escandalizado com c om aquela aquela insinuação. insinuação.  – A srta. Arundell Arundell disse algo a lgo que que indicasse que a srta. Lawson Lawson sabia estar es tar sendo ffavoreci avorecida da no testamento?  – Pelo contrári contrário. o. Pergun Perguntei-lhe se a srta. Lawson estava ciente do que estava sendo feito, e a srta. Arundell foi categórica em dizer que ela nada sabia. Julguei que era aconselhável a srta. Lawson não tomar conhecimento do que havia acontecido. Empenhei-me em sugerir isso, e a srta. Arundell concordou.  – Por que o senhor senhor in insistiu sistiu nesse nesse ponto, sr. sr. Purvis? Purvis? O velho advogado lançou-lhe um olhar digno.  – Na minha inha opinião, é preferível que assuntos assuntos como como esse não sejam discutidos. Além do mais, poderia levar a decepções futuras.  – Ah! Ah! – Poirot respirou respi rou fundo. fundo. –  Então o senhor achou que a srta. Arundell mudaria de ideia num futuro fut uro próximo! O advogado assentiu.  – É verdade. Achei Achei que a srta. Arundell Arundell havia tido algum algum desentendim desentendiment entoo sério séri o com a família. Pensei que, quando se acalmasse, ela se arrependeria daquela decisão precipitada.  – Nesse caso, ela el a faria o quê?  – Ela me me instruiri instruiriaa a preparar prepar ar um novo testam testament ento. o.  – Mas poderia apenas destruir o testament testamentoo mais recente? E, nesse caso, o testament testamentoo anterior ainda seria válido?  – Este é um ponto ponto um pouco pouco cont c ontroverso roverso.. Veja Veja bem, bem, todos os testament testamentos os anterior anteriores es foram anulados anu lados pelo testador. testador.  – Mas a srta. Arundell Arundell talvez não tivesse o conhecimen conhecimento to jurídico para avaliar avali ar esse detalhe. Ela pode ter pensado que, destruin destruindo do o testament testamentoo mais mais recente, o ant anterior erior seria válido.  – É possível. possível .  – Se morres morresse se sem testament testamento, o, o dinheiro dinheiro ficaria ficari a para a famíli família? a?  – Sim. Metade Metade para par a a sra. Tanios, metade metade dividida divi dida entre entre Ch Charle arless e Theresa Theresa Arundell. Arundell. Mas, seja como for, ela não mudou de ideia! Ela morreu com a decisão inalterada.  –OMas é aí – olhou declarpara declarou ou Poirot Poirot – rigado. que eu entro. entro. advogado ele, intrigado. int

Poirot inclinou i nclinou-se -se para frente. frente.  – Suponh Suponhamos amos – ele disse – que a srta. Arun Arundell, em seu leito le ito de morte, desejou destruir  aquele testamento. Suponhamos que ela acreditou tê-lo destruído, mas, na realidade, destruiu

 

apenas o primeiro. O sr. Purvis negou, balançando a cabeça.  – Não, os dois testament testamentos os estavam intactos. intactos.  – Então Então suponham suponhamos os que tenh tenha destruído um testament testamentoo fictício, pensando pensando que estava destruindo o documento verdadeiro. Ela estava muito doente, o senhor lembra, seria fácil enganá-la.  – O senhor senhor teria teria de apresentar provas disso dis so – asseverou asseve rou o advogado. advogado.  – Sem dúvida, sem dúvida!  – Existe, Existe, se me me permite permite pergunt perguntar, ar, algum algumaa razão para crer que algo algo assim tenh tenhaa acontecido? acontecido? Poirot Poir ot recuou re cuou um um pouco. pouco.  – Prefiro não me me comprom comprometer eter neste neste mom moment ento... o...  – Claro, claro – concordou o sr. Purvis Purvis com aquela frase que que lhe era tão famili familiar. ar. – Mas  posso lhe dizer em caráter estritament estritamentee confidencial confidencial que há há aspectos curiosos sobre sobr e este caso!  – Sério? O senhor senhor acha mesm mesmo? o? O sr. Purvis esfregou as mãos como se exultasse de expectativa.  – O que eu queria do senhor, senhor, e consegu consegui – continu continuou ou Poirot –, era a sua opinião de que, cedo ou tarde, a srta. sr ta. Aru Arundell ndell mu mudaria de ideia idei a e benef be neficiar iciaria ia a famíli família. a.  – Essa é apenas a minh minhaa opinião, é claro clar o – ressaltou ressal tou o advogado.  – Enten Entendo. do. O senhor senhor,, acredito, acredi to, não não presta serviços servi ços para a srta. s rta. Lawson? Lawson?  – Aconselhei a srta. s rta. Lawson a consultar consultar um advogado independent independentee – revelou revel ou o sr. Purvis, em tom inexpressivo. Poirot apertou aper tou a mão mão dele, del e, agradecendo-lhe pela gentileza gentileza e pelas pel as inf i nform ormações. ações.

 

CAPÍTULO 20 SEGUNDA VISITA A LITTLEGREEN HOUSE  No caminho caminho de Harchester Harchester para Market Market Basing, Basing, a cerca de quinze quinze quilômetros, quilômetros, discutimos discutimos a situ si tuação. ação.  – Em que você baseia a hipótese que que levantou? levantou?  – A de que que a srta. s rta. Arun Arundell poderia ter acreditado acredi tado que aquele aquele testament testamentoo foi destruído? Em nada, mon ami, francamente, em nada. Mas, entenda, fui obrigado a levantar alguma hipótese! O sr. Purvis é um astuto. Se eu não desse um palpite como o que dei, ele se perguntaria qual é o meu interesse no caso.  – Sabe o que você parece, Poirot? Poiro t? – pergun perguntei. tei.  – Não, mon ami.  – Um malabar malabarista ista com várias bolas de cores diferentes! diferentes! Elas estão todas no ar ao mesmo esmo tempo.  – As bolas de cores core s diferentes diferentes são as mentiras mentiras que conto, conto, é isso?  – Mais ou menos.  – E você acha que que qualquer qualquer hora todas elas cairão? cair ão?  – Você não pode susten sustentar tar essa situação para sempre – observei.  – É verdade. Haverá o moment omentoo triunfal triunfal em qu q ue apanharei apanharei todas a bolas, uma uma por uma, farei uma reverência ao público e me retirarei do palco.  – Ao som de aplausos ensurdecedor ensurdecedores es da plateia. pla teia. Poirot me olhou, com certa desconfiança.  – É bem possível, possíve l, sim.  – Não descobrim descobri mos muita uita coisa com o sr. Purvis – desconversei, esgueirando-m esgueirando-mee do  perigo.  – Não, a conversa conversa apenas ape nas confirm confirmou ou nossas nossas ideias i deias gerais. gerais .  – E confirm confirmou ou a declaração declar ação da srta. Lawson de que que não sabia sobre o testament testamento. o.  – Para mim mim,, nada nada disso diss o foi confirm confirmado. ado.  – Purvis aconselhou a srta. Arundell Arundell a não contar contar nada, nada, e ela concordou, concordou, afirmando afirmando que que não tinhaa int tinh i ntenção enção de contar.  – Sim, Sim, isso está es tá claro. Mas há há furos, furos, meu meu amigo, amigo, e chaves chaves que abrem gavetas gavetas trancadas.  – Você Você acha mesm mesmoo que a srta. Lawson seria seri a capaz ca paz de escut e scutar ar atrás ddas as portas, bisbil bi sbilhot hotar  ar  e espionar? – perguntei, meio chocado. Poirot sorriu.

 – A srta. s rta. Lawson não é santa, santa, mon cher . Sabemos que ela ouviu uma conversa que não deveria ter ouvido. Refiro-me à conversa em que Charles e a tia discutiram sobre a eliminação de parentes mesquinhos.  

Admiti que era verdade. Admiti  – Então, Então, veja, Hastings, Hastings, ela e la pode ter ouvido algum alguma outra outra conversa entre entre o sr. Purvis e a srta. Arundell. Ele tem uma voz ressoante. E quanto a bisbilhotar e espionar – continuou Poirot  –, mais pessoas do que você supõe têm esse ess e hábito. Pessoas tímidas tímidas e que se assustam com facilidade, como a srta. Lawson, costumam adquirir hábitos um pouco indecorosos, que acabam sendo fonte fonte de conforto conforto e distração dis tração para elas.  – Não diga, Poirot! – protestei. Ele balançou a cabeça várias vezes.  – Pois sim si m, é verdade. Chegamos à pousada e pedimos dois quartos. Então saímos a pé em direção a Littlegreen House. Quando tocamos a campainha, Bob logo respondeu. Correndo pelo hall, latindo sem parar, ele se s e lan la nçou contra contra a porta de ent entrada. rada. “Vou acabar com vocês!”, rosnou. “Vou despedaçar vocês, pedacinho por pedacinho! Vão ver só o que acontece com quem tenta entrar nesta casa! Esperem até eu cravar meus dentes em vocês!” Um murm murmúri úrioo reconfortant r econfortantee juntou-se juntou-se à barulheira. barulheir a.  – Pronto, Pronto, pronto, pronto, seja bonzinh bonzinho, o, venha venha cá. Bob, arrastado pela pe la coleira col eira,, foi preso muito uito a contragosto contragosto na sala de estar. “Sempre acabam com a minha diversão”, reclamou. “Fazia tanto tempo que não tinha a chance de assustar alguém! Estou louco para cravar meus dentes numa perna de calça. Tenha cuidado, já que não posso proteg pr otegê-la ê-la.” .” A porta da sala sa la fechou-se, fechou-se, e Ellen retirou as travas e trancas e abriu abr iu a porta da frent frente. e.  – Ah, Ah, é o senhor! senhor! – exclamou exclamou.. Ela abriu abr iu a porta, com um uma expressão aagradável gradável de alegria. a legria.  – Entre, Entre, senh s enhor, or, por favor. – Entram Entramos os no hall. Por debaixo da porta à esquerda provin provi nham sons de bufadas, intercalados por rosnados. Bob estava empenhado em nos “identificar” corretamente.  – A senhora senhora pode soltá-lo sol tá-lo – sugeri. sugeri.  – Vou soltar. Ele é até bem manso, mas faz muito uito barulho barulho e assusta as pessoas. pessoas . Apesar  disso, é um esplêndido cão c ão de guarda. guarda. Ela abriu abr iu a porta da sala, s ala, e Bob projetou-se para fora como como uma uma bala de canhão. canhão. “Quem é? Onde estão? Ah, aí estão vocês! Minha nossa, acho que me lembro...”, farejou, farejou e deu uma longa fungada. “É claro! Já nos conhecemos!”  – Olá, meu meu velho velho – saudei Bob. – Como Como vai você? Bob abanou o rabo, em cortesia. “Bem, obrigado. Deixe-me ver...”, voltou à sua inspeção. “Andou falando com um spaniel, sinto o cheiro. Uns bobalhões. O que é isto? Um gato? Que interessante! Queria que ele estivesse É raro rar o termos term diversão di versão arecém qui. Hum Hu m... eaum belo bull terrier.” terriecaninos, r.” Apósaqui. diagnosticar as osvisitas que por eu aqui. fizera alguns amigos ele voltou a

atenção a Poirot, sentiu cheiro de benzina e se afastou desapontado.  – Bob – cham chamei. ei. Ele me olhou por sobre o ombro.

 

“Está tudo bem. Sei o que estou fazendo. Volto num instante.”  – A casa ca sa está toda fechada. fechada. Espero que o senhor senhor me perdoe... – Ellen entrou entrou na sala de estar e com c omeçou eçou a abrir as venezianas. venezianas.  – Não se incomode, incomode, assim está es tá bem – disse Poirot, seguindo-a seguindo-a para dentro dentro do aposento aposento e sentando-se. Eu estava prestes a me juntar a ele quando Bob ressurgiu, vindo sabe-se lá de onde, com uma bola na boca. Ele subiu correndo as escadas e se espreguiçou no último degrau, com a bola entre entre as patas. Balançava o rabo devagar. devagar. “Venha”, convidava ele. “Vamos brincar.” Meu interesse pela investigação foi ofuscado por um momento, e brincamos por alguns minutos. Então, tomado por um sentimento de culpa, corri para a sala. Poirot e Ellen El len pareciam parecia m entretidos, entretidos, falando sobre doenças e remédios.  – Uns comprimidinh comprimidinhos os brancos, senhor, senhor, era só o que ela costu costum mava tomar. tomar. Dois ou três após cada refeição. Recomendação do dr. Grainger. Ah, sim, ela seguia à risca. Eram bem  pequeninin  pequen ininhos. hos. E tomava tomava mais umas umas pílulas que a srta. Lawson garantia garantia que eram milagrosas. Eram cápsulas. “Cápsulas para o fígado do dr. Loughbarrow.” Há propagandas por todos os lugares.  – Ela tomava tomava essas cápsulas também também??  – Sim. Sim. A srta. Lawson Lawson começou começou a comprá-l comprá-las, as, e srta. Emily Emily achava que que lhe faziam faziam bem. bem.  – O dr. dr. Grainger Grainger sabia? sabi a?  – Ah, Ah, senhor, senhor, ele não se importava. importava. “A senhora senhora pode tomá-las tomá-las,, se acha que isso lhe faz  bem”,  bem ”, ele dizia. E ela respondia: “Bem, “Bem, o senhor senhor pode até rir, mas elas realmente realmente me fazem fazem  bem.. Muito  bem Muito mais do d o que os o s seus remédios”. E o dr. Grainger Grainger ria e falava qu q ue a fé era o melhor  melhor  remédio já inventado.  – Ela não tom tomava ava nada além disso?  – Não. O marido da srta. Bella, o médico estrangeiro, estrangeiro, troux trouxe um frasco com algum algum medicamento, mas, embora ela tenha agradecido com muita educação, jogou tudo fora, e disso tenho certeza! E acho que fez bem. É preciso ter cuidado com esses remédios estrangeiros.  – A sra. Tanios Tanios a viu jogando jogando o remédio remédio fora, não viu? viu?  – Sim, e acho que que ela el a ficou bastante bastante magoada, magoada, coitada. Lament Lamentei ei também também,, pois o dr. Tanios Tanios sem dúvida tinha boas intenções.  – Sem dúvida. Sem dúvida. Suponh Suponhoo que todos os medicamentos edicamentos tenham tenham sido jogados fora depois que srta. Arundell Arundell faleceu? Ellen pareceu um pouco surpresa com a pergunta.  – Sim. Sim. A enferm enfermeira eira jogou algun alguns fora, e a srta. Lawson se livr livrou ou de todos os outros outros que estavam no armário do banheiro.  – Era ali que as... cápsulas cápsulas para par a o fígado fígado do dr. Loug Loughhbarrow ficavam guardadas guardadas??  – Não, ficavam no no armário da sala de jant j antar, ar, para que estivessem à mão mão após as refeições, r efeições, conform conf ormee prescrito. prescr ito. Qu em era adela? enferm enf ermeira eira que cuidava da srta. Arun Arundell? dell ? A senh s enhora ora pode me inform informar ar o nome –e Quem nome o endereço de la?

Ellen atendeu ao pedido imediatamente. Poirot continuou fazendo perguntas sobre a derradeira doença da srta. Arundell. Ellen forneceu todos os detalhes com prazer, descrevendo a doença, a dor, o começo da

 

icterícia e o delírio final. Não sei se Poirot ficou satisfeito com o relato. Ele ouviu, paciente, e, vez por outra, interpolou com alguma pergunta, em geral sobre srta. Lawson e o tempo que ela  passava no quarto. quarto. Ele também também estava bastante bastante interessa interessado do na dieta administrada administrada à enferm enferma, a, comparando-a com a que fora administrada a um falecido (e inexistente) parente seu. Vendo que eles estavam se divertindo, saí furtivamente da peça e voltei ao hall. Bob adormecera adorm ecera no alto da escada, com a bola sob o queixo. Assobiei, e ele se levantou de um salto, alerta. Desta vez, no entanto, sem dúvida por  orgulho ferido, ele demorou a lançar-me a bola escada abaixo, apanhando-a de volta quando estava prestes a cair. “Você está desapontado, hein? Talvez eu deixe você ganhar desta vez!” Quando Qu ando voltei à sala sal a de estar es tar,, Poirot estava falando sobre a visita vis ita surpresa do dr. Tanios Tanios no domingo anterior à morte da srta. Arundell.  – Sim, Sim, senh s enhor, or, o sr. Charles e a srta. Theresa haviam saído para p ara dar um passeio. passei o. Ninguém Ninguém estava esperando uma visita do dr. Tanios, eu sei. A patroa estava deitada e ficou muito surpresa quando lhe disse que ele estava aqui. “O dr. Tanios?”, perguntou. “A sra. Tanios está com ele?” Respondi que não, que estava sozinho. Ela mandou avisá-lo que desceria num instante.  – Ele ficou muit muitoo tempo? tempo?  – Pouco Pouco menos menos de um uma hora. E não não parecia pareci a mu muito content contentee ao sair.  – A senhora senhora tem algum alguma ideia de qual era o... propósito da visita? vis ita?  – Não sei dizer.  – A senhora senhora não ouviu ouviu algum algumaa coisa, coisa , por acaso? Ellen corou.  – Não, não não ouvi nada, senhor! Nunca fui de ouvir conversas atrás das portas, não importa o que certas pessoas façam... façam... e pessoas pess oas que deveriam deveri am saber se comportar!  – Oh, Oh, a senhora senhora interpretou interpretou mal o que eu disse. – Poirot estava ansioso, apologético. –  Apenas me ocorreu que talvez possa ter servido chá enquanto o cavalheiro estava aqui e, nesse caso, a senhora senhora não poderia poderi a ter deix dei xado de ouvir o que conversavam. conversavam. Ellen se acalmou.  – Desculpe, Desculpe, senhor, senhor, eu o interpretei interpretei mal. Não, o dr. dr. Tanios Tanios não não ficou para o chá. Poirot olhou para ela e pestanejou. pestanejou.  – E se eu quiser quiser saber o motivo motivo da visita, vis ita, é possível que srta. Lawson Lawson saiba me inform informar? ar?  – Bem, Bem, se ela não souber, souber, nning inguuém mais sabe – disse Ellen, El len, torcendo torcendo o nariz. nariz.  – Deixe-me Deixe-me ver – Poirot franziu franziu o cenho cenho como como se tentasse tentasse lembrar. lembrar. – O quarto quarto da srta. Lawson... ficava ao lado l ado do quarto da srta. sr ta. Arun Arundell? dell ?  – Não, senhor senhor.. O quarto quarto da srta. Lawson Lawson fica bem no alto da escada. Posso Poss o lhe mostrar. mostrar. Poirot aceitou o convite. Subiu as escadas, mantendo-se próximo à parede, e assim que chegou ao topo soltou uma exclamação e abaixou-se, tocando na perna da calça.  – Ah, Ah, acabo de prender um fio. Sim, Sim, tem um prego no no rodapé. Sim, é vezes. Sim, verdade. verdad e. Acho Acho que deve ter afrouxado afrouxado ou algo do gênero. gênero. Meu Meu vestido ficou preso nele  – algumas

 – Faz tem tempo po que está está assim?  – Acho Acho que há algum algum tempo. tempo. Percebi pela primeira vez quando a patroa estava acamada, acamada, depois do acidente. Tentei tirar, mas não consegui.

 

 – Acho Acho que que havia um um fio amarrado amarrado em volta dele.  – Isso mesm mesmo, o, havia havia um pequeno pequeno laço, eu me me lembro. lembro. Não sei para par a que servia.  Não havia suspeita na na voz de Ellen. Ell en. Para ela, era apenas ape nas um uma daquelas coisas c oisas que ocorrem nas casas e sobre as quais não há explicação. Poirot entrara no quarto. Era um cômodo de tamanho médio, com duas janelas diretamente à nossa frente. Havia uma penteadeira num dos cantos e, entre as janelas, um guarda-roupa com um espelho alto. A cama ficava à direita, atrás da porta e de frente para as janelas. Na parede esquerda, havia uma grande cômoda de mogno e um lavatório com tampo de mármore. Poirot olh ol hou em volta, volta, pensativo, e saiu. Caminh Caminhou ou pelo corredor, c orredor, passando pas sando por dois outros outros quartos, até chegar ao amplo dormitório que pertencera a Emily Arundell.  – A enferm enfermeira eira ocupava o quartinho quartinho ao lado – Ellen explic explicou. ou. Poirot assentiu com a cabeça, absorto em pensamentos. Enquanto descíamos as escadas, ele perguntou se podia dar uma caminhada pelo jardim.  – Claro que sim. sim. É muit muitoo agradável a esta hora.  – O jardineiro ain ai nda está trabalhando trabalhando aqui?  – Angu Angus? s? Sim, Sim, ainda está conosco. A srta. Lawson quer manter anter tu tudo do em ordem por  acreditar que será mais fácil vender a propriedade assim.  – Acho Acho que que ela tem razão. Deixar Deixar uma uma casa jog j ogada ada às traças não é bom negócio. O jardim era muito tranquilo e bonito. Os grandes canteiros estavam cheios de tremoços, esporinhas e lindas papoulas escarlate. As peônias estavam em botão. Passeando pelo jardim, chegamos em seguida a uma cabana, onde um velho alto e robusto estava trabalhando. Cumprimentou-nos educadamente, e Poirot começou a conversar com ele. Ao ouvir que tínhamos visto o sr. Charles naquele dia, o velho ficou à vontade e passou a tagarelar.  – Sempre Sempre foi uma uma figura figura o sr. Charles Charles!! Lem Lembro-me bro-me dele saindo sai ndo da casa co com m metade de uma uma torta de groselha, enquanto a cozinheira procurava por todos os lados! E ele aparecia com uma cara tão deslavada que acabavam achando que tinha sido o gato, embora eu nunca tenha visto um gato comer torta de groselha! Ah, uma figura, o sr. Charles!  – Ele esteve aqui em abril, abril , não? não?  – Sim, Sim, veio em dois finais de semana. semana. L Logo ogo antes antes da patroa morrer. morrer.  – O senhor senhor o via com frequência? frequência?  – Eu o via bastan bas tante. te. Não havia havia muita uita distração dis tração para um jovem por aqui, isso é um fato. fato. Ele costumava caminhar até a pousada para tomar umas e outras. E ficava vagando por aqui, ogando conversa fora.  – Falavam sobre flores?  – Sim, Sim, flores, e ervas também também.. – O velho velho riu.  – Ervas? A voz de Poirot soou so ou hesitant hesitante. e. Ele virou a cabeça cab eça e olhou com atenção atenção para par a as prateleiras. prateleir as. Seu olhar se deteve eme saber uma lata.  – Talvez Talvez quisess quisesse com co mo o senhor senhor se livrava li vrava delas? del as?

 – Isso mesm mesmo! o!  – Suponh Suponhoo que este este seja o produt pr odutoo que o senhor senhor usa. usa. Poirot virou vir ou a lata com cuidado cuidado e leu o rótulo.

 

 – esse mesm mesmoo – confirmou confirmou Angu Angus. s. – muito uito útil.  – Esse produto é perigoso?  – Não se usado corretam c orretament ente. e. É arsênico, é claro. clar o. Eu e o sr. Charles fazíam fazíamos os uma uma piada sobre isso. Ele dizia que, quando casasse e enjoasse da esposa, viria me procurar e pegaria um  pouco desse negócio negócio para par a se livrar li vrar dela! del a! Talvez, Talvez, respondia eu, seja ela quem irá querer se s e livrar  livr ar  de você! Ah, isso o fez rir muito! Essa foi boa! Rimos, como que por obrigação. Poirot ergueu a tampa da lata.  – Quase Quase vazia – murm murmuurou. O velho deu uma olhada.  – Sim, Sim, tem menos menos do que achei que tinh tinha. Não pensava ter usado tanto. tanto. Vou encomendar  encomendar  mais.  – Sim – disse Poirot com um sorriso. sorr iso. – Receio que mal tenh tenha o suficie suficiennte para a minha esposa! Todos demos outra outra boa risada ri sada com c om a observação obser vação espiri es piritu tuosa. osa.  – O senhor senhor não não é casado?  – Não.  – Ah! São sem se mpre os solteiros que podem se dar da r o luxo luxo de fazer fazer essas es sas piadas. p iadas. Os solteiros solteir os não sabem o que é encrenca!  – Suponh Suponhoo que a sua sua esposa...? – Poirot Poi rot fez fez um uma pausa.  – Está viva, bem viva por sinal! s inal! Angus pareceu um pouco deprimido com aquela constatação. Elogiando seu trabalho no jardim, despedimo-nos.

 

CAPÍTULO 21 O FARMACÊUTICO, A ENFERMEIRA E O MÉDICO A lata de veneno para ervas daninhas desencadeou um novo curso ao meu pensamento. Era a prim pri meira suspeita concreta com a qual qual havia me deparado. depa rado. O interess interessee de Charles Charles no ven veneno, eno, a evidente surpresa do jardineiro ao encontrar a lata quase vazia, tudo parecia apontar para a direção certa. Como sempre acontece quando estou animado, Poirot mostrou-se evasivo.  – Mesmo Mesmo que o veneno veneno tenh tenha sido roubado, não há evidência algum alguma de que tenha tenha sido Charles quem o roubou, Hastings.  – Mas ele falava tanto tanto com o jardineiro jardi neiro sobre isso! is so!  – Oque quevem nãoàseria não ser mu itoquando inteligent inteligente se pretendia um si . Qual Qual é o prim pri meiro veneno s uaiamente sua mmuito ente quan do lhe l hee pedem pede m para citar c pegar itar um um? ? pouco para si.  – Arsênico, suponh suponho. o.  – Sim. Sim. Então Então você compreende compreende aquela pausa antes antes da palavra palavr a estricnina estricnina quando quando Charles Charles falou conosco hoje.  – Você quer dizer...? dizer...?  – Que Que ele estava prestes pre stes a dizer “arsênico na sopa” e se deteve.  – Ah! Ah! – exclamei. exclamei. – E por que que se deteve?  – Essa é a questão. questão.  Por quê? Posso dizer, Hastings, que foi para encontrar essa resposta em particular particular que resolvi res olvi ir até o jardim j ardim à procura de algum algum tipo de venen ve nenoo para par a ervas erv as daninhas. daninhas.  – E encont encontrou! rou!  – E encont encontrei. rei. Sacudi a cabeça.  – A coisa está ficando feia para o jovem j ovem Charles. Charles. Você Você teve uma uma conversa proveitosa com Ellen sobre a doença da srta. Arundell. Os sintomas que ela apresentava eram semelhantes aos de envenen e nvenenam amento ento com arsênico? arsênic o? Poirot coçou o nariz.  – É difícil saber. sa ber. Apresentava Apresentava dor abdominal, abdominal, enjoo.  – Claro... é isso! iss o!  – Não tenh tenhoo tanta tanta certeza. certeza.  – Com que veneno veneno se parecia?  –  Eh bien, meu caro, não parecia tanto com envenenamento, e sim com uma doença no fígado seguida de morte por esta causa!

 – Ora, Poirot! Não Não pode ser morte morte natu natural! Tem Tem que ser assassin assassi nato!  – Ah! Ah! Parece que que trocamos trocamos de lugar... lugar... Ele entrou de repente numa farmácia. Após uma longa conversa sobre os seus males  

íntimos, ele comprou uma caixa de pastilhas para indigestão. Quando o remédio já estava embrulhado e estávamos saindo, uma embalagem vistosa de “Cápsulas para o fígado do dr. Lough Lou ghbar barrow row”” lhe l he chamou chamou a atenção.  – Sim, Sim, um composto composto excelente. excelente. – O farmacêut farmacêutico ico era um homem omem de meia-idade eia-i dade com temperamento conversador. – São muito eficazes.  – Lem Lembro bro que a srta. Arun Arundell dell costu c ostum mava tomá-las tomá-las.. A srta. Emily Emily Arundell. Arundell.  – É verdade. A srta. Arundell, Arundell, de Littlegreen ittlegreen House. House. Uma senhora senhora distinta, distinta, como como as de antigamente. Eu costumava atendê-la.  – Ela tomava tomava muit muitos os remédios?  – Na verdade v erdade não, senh s enhor. or. Não tantos tantos quanto quanto algum algumas senhoras senhoras de idade i dade que conheço. conheço. Já Já a srta. Lawson, a dama de companhia, a que herdou todo o dinheiro... Poirot assent ass entiu iu com a cabeça.  – Ela tomava tomava de tudo. tudo. Pílulas, pastilhas expectorant expectorantes, es, pastilhas para azia, compostos compostos digestivos, fortificantes. Divertia-se entre os frascos. – Sorriu pesaroso. – Gostaria que houvesse mais pessoas como ela. As pessoas hoje em dia não tomam mais remédios como antes. Em compensação, vendemos uma grande quantidade de produtos de higiene pessoal.  – A srta. Arundell Arundell tomava tomava essas cápsulas para o fígado com regulari regularidade? dade?  – Sim, Sim, tomou tomou por un uns três meses, meses, acho, antes antes de morrer. morrer.  – Um Um famili familiar ar dela, dela , o dr. Tanios, Tanios, veio aqui outro outro dia aviar uma receita, recei ta, não não veio?  – Sim, claro, o grego que que se casou com a sobrinh sobr inhaa da srta. s rta. Arundell. Arundell. Sim, Sim, uma uma composição muito interessante, aquela. Nunca tinha visto nada parecido. O homem falava como quem fala de um espécime botânico raro.  – É uma mudança, udança, senhor, senhor, quando quando se s e recebe uma uma receita recei ta nova. Era uma uma combinação combinação muito muito interessante de medicamentos. Claro, o cavalheiro é médico. Muito simpático e muito educado.  – A esposa comprou algu algum ma coisa?  – Não me recordo. Ah, Ah, sim, aviou um sonífero, sonífero, cloral, cloral , agora me lembro. lembro. Uma receita recei ta dupla. É sempre um pouco complicado quando se trata de medicamentos soporíferos. Sabe, a maioria dos médicos não receita muitos de uma vez só.  – De quem quem era a receita? re ceita?  – Do marido marido dela, de la, eu acho. Ah, Ah, claro, estava tudo tudo nos conform conformes, es, mas mas o senhor senhor sabe, temos temos que ter cuidado hoje em dia. Talvez o senhor não saiba, mas se um médico comete um erro na receita e nós o corrigimos com a melhor das intenções, somos nós que levamos a culpa, caso algum algu ma coisa coi sa dê errado, não o médico.  – Que Que injusto! injusto!  – É preocupante, preocupante, admito. admito. Mas não posso reclam recla mar. Nunca Nunca tive nenhu nenhum m problema, ainda  bem..  bem Ele bateu ba teu forte no no balcão bal cão com os nós dos dedos. Poirot decidiu comprar uma caixa das cápsulas para o fígado do dr. Loughbarrow.  – Suponh Obrigado, senahor. senhor . De qu al tamanh tam  – Su ponhoo que caixa caix a maior mqual aior seja se jaanho: mais mo: ais25, barata, bar50 ata,oumas m100? as não sei...

 – Leve Leve a embalagem embalagem de cinquent cinquenta, a, senhor. senhor. Era a que que srta. Arundell Arundell costum costumava comprar. comprar. Poirot concordou, pagou e apanhou o embrulho. Em seguida saímos.

 

 – Então Então a sra. Tanios comprou comprou um sonífero! – exclamei exclamei quando quando chegam chegamos os à rua. – Uma sobredose mataria qualquer um, não é mesmo?  – Com a maior maior facilidade. facil idade.  – Você acha que que a srta. Arun Arundell... dell ... Lembrei-me das palavras da srta. Lawson: “Ouso dizer que ela mataria alguém se ele mandasse!”. Poirot balançou a cabeça.  – Cloral é um narcótico e soporífero. so porífero. Utilizado Utilizado para aliviar al iviar dores e também também como como sonífero. Pode viciar.  – Acha Acha que a sra. Tanios Tanios adquiri adquiriuu esse vício? ví cio? Poirot sacudiu a cabeça, perplexo.  – Não, creio crei o que não. Mas é curioso. Posso pensar em uma uma explicação. Mas isso significaria sign ificaria que... Ele parou de falar e olhou para o relógio de pulso.  – Venha, enha, vamos vamos tentar tentar encontrar encontrar a enferm enfermeira eira Carruthers, Carruthers, que cuidou da srta. Arundell Arundell durante a última enfermidade. A enfermeira Carruthers era uma mulher de meia-idade, de fisionomia séria. Poirot representou outro papel e inventou mais um parente fictício. Desta vez, precisava encontrar uma enfermeira para cuidar da mãe idosa...  – Veja, serei franco franco com a senhora. senhora. Minha Minha mãe é difícil. Tivemos ivemos algum algumas enferm enfermeiras eiras excelentes, jovens, muito competentes, mas o simples fato de serem jovens bastava. Minha mãe não gosta de mocinhas, ela as insulta, é rude e rabugenta, reclama das janelas abertas e da higiene hig iene moderna. É muito complica complicado do – lamentou, lamentou, com um um suspi suspiro. ro.  – Eu sei – disse a enferm enfermeira, eira, compreensiva. compreensiva. – É muito uito penoso às vezes. É preciso preci so ter  muito tato. Não é bom aborrecer os pacientes. O melhor é ceder até onde for possível. Uma vez que sentem que você não está tentando impor nada a eles, normalmente relaxam e ficam mansos comoo cordeirinh com cordei rinhos. os.  – Ah, Ah, vejo que a senhora senhora seria per perfeita feita para a em empreitada, preitada, entende entende bem as velhinhas. velhinhas.  – Tive que lidar com alg al gumas! umas! – ela disse com uma uma risada. risa da. – Mas com paciência paci ência e bom humor se vai longe.  – Tem Tem toda a razão. Ou Ouvi que a senh senhora ora cuidou da srta. Arun Arundell. dell. Ela não devia ser fácil!  – Para falar a verdade, não sei. Ela tinha tinha uma uma personalidade forte, mas eu não a achava difícil. No entanto, não trabalhei lá por muito tempo. Ela faleceu no quarto dia.  – Estive ontem ontem mesmo esmo com a sobrinh sobri nhaa dela, a srta. sr ta. Theresa Theresa Arundell. Arundell.  – É mesm mesmo? o? Ora, veja! É o que que sempre sempre digo, o mun mundo do é muit muitoo pequeno! pequeno!  – A senhora senhora a conhece, conhece, então? então?  – Sim, Sim, claro, clar o, esteve aqui depois da morte da tia, e foi ao enterro. enterro. Eu a tinha tinha visto vi sto antes, antes, claro, quando ficou hospedada na casa da tia. Uma moça muito bonita.  –Consciente Sim, é verdade, Sim, mu muito magra... magra... de quemas era gordinha, a enfermeira envaideceu-se um pouco.

 – É claro – concordou. – Não Não é bom ser magra magra demais. demais.  – Pobre moça moça – continu continuou Poirot. – Sinto Sinto muit muitoo por ela. ela . Entre nous nous – ele se curvou à frente  para confidenciar confidenciar um segredo –, o testam testament entoo da tia foi um um golpe duríss duríssim imo. o.

 

 – Suponh Suponhoo que sim. sim. Sei que causou causou um um grande grande falatório.  – Não posso imagin imaginar ar o que tenha tenha induzido induzido a srta. Arundell Arundell a deserdar deserda r a famíli famíliaa inteira. inteira. Foi uma atitude singular.  – Muito Muito singu singular. Concordo Concordo com o senhor. senhor. E, claro, claro , há quem dig di ga que há algo por trás disso.  – A senhora senhora faz algum alguma ideia do motivo dessa atitude? atitude? A srta. Arun Arundell coment comentou ou alg al guma uma coisa?  – Não. Não para mim mim,, pelo menos. menos.  – Mas e a outra outra pessoa?  – Bem, Bem, imagin imaginoo que tenh tenha mencionado encionado algo à srta. Lawson, porque a ouvi dizer: “Sim, “Sim, querida, mas está com o advogado”, e a srta. Arundell respondeu: “Tenho certeza de que está nas gavetas, lá embaixo”. Então a srta. Lawson falou: “Não, você mandou para o sr. Purvis. Não se lembra?”. Depois a srta. Arundell teve um novo ataque de náuseas, e a srta. Lawson foi embora enquanto eu cuidava dela, mas sempre me perguntei se não falavam do tal testamento.  – Parece provável. pr ovável. A enfermeira continuou:  – Assim, Assim, imagin imaginoo que srta. Arundell Arundell estivesse preocupada e talvez quisess quisessee alterá-lo... alterá- lo... mas mas ficou tão doente, pobrezinha, depois daquilo... que já não conseguia pensar em mais nada.  – A srta. Lawson Lawson participou do tratament tratamento? o? – pergunt perguntou ou Poirot.  – Minh Minha nossa, não, ela el a não tinha tinha jeito para isso! Era muito uito irrequiet irre quieta, a, sabe. Só irritava irri tava a  paciente.  – A senhora senhora cuidou dela sozinha? sozinha? C’est formidable ça.  – A criada... como é mesm mesmoo o nome nome dela? del a? Ellen? Ell en? Ellen me me ajudava e era muito muito boa, estava es tava acostumada com doenças e a cuidar da patroa. Trabalhamos bem juntas. Na verdade, o dr. Grainger iria mandar uma enfermeira para a noite na sexta-feira, mas a srta. Arundell morreu antes que ela chegasse.  – A srta. Lawson Lawson ajudava a preparar as refeições da doente? doente?  – Não, não ajudava. Na real realidade, idade, não havia nada a preparar. prepara r. Eu é quem lhe lhe da dava va o caldo de carne e o conhaque, o caldo de galinha, a glicose e tudo o mais. Tudo o que a srta. Lawson fazia era zanzar pela casa chorando e atrapalhando todo mundo. A enfermeira demonstrou um ressentimento evidente.  – Vejo – sugeriu sugeriu Poirot sorrindo sorri ndo – que a senhora senhora não tem um uma boa opinião a respeito respei to da competência da srta. Lawson.  – Damas Damas de companh companhia ia têm pouca utilidade, na minha inha opinião. Não são treinadas. São apenas amadoras. E, com frequência, são mulheres que não seriam competentes em mais nada.  – A senhora senhora acha que que a srta. Lawson Lawson era afeiçoada à srta. s rta. Arundell? Arundell?  – Parecia Pareci a ser. Ficou muito uito perturbada perturbada e reagiu muito muito mal quan quando do a senhora senhora morreu. Mais do que os famili familiares, ares, na minha opinião – a enfermeira torceu o nariz.  – fazendo Talvez, então Talvez, ent – ponderou Poirot, balançando a cabeça cabeç a –, a srta. sr ta. Aru Arundell ndell soubesse o que estava ao ão deixar-lhe a herança.

 – A srta. Arun Arundell era muito uito esperta espe rta – afirmou a enfermeira. enfermeira. – Acredito que pouco ou nada nada lhe escapava!  – Ela falou algo algo a respeito respei to do cão, Bob?

 

 – Que Que coincidência o senhor senhor mencionar encionar isso! Ela falava muito nele, quando quando delirava. delir ava. Alguma coisa sobre a bola e um tombo que ela levara. Um cão adorável, o Bob... Gosto tanto de cães! Pobrezinho, ficou triste quando ela morreu. São maravilhosos, não? Quase humanos. E com aquela aquela observação, observaçã o, despedim despe dimo-nos. o-nos.  – Com certeza ela não não desconfia desconfia de nada – observou Poirot depois que saím saímos. os. Parecia meio desencorajado. O jantar no restaurante da pousada foi péssimo. Poirot reclamou muito, principalmente a respeito da sopa.  – É tão fácil fácil,, Hasting Hastings, fazer fazer uma uma boa sopa. Le pot au feu... Com alguma dificuldade, consegui evitar um monólogo sobre culinária. Depois do jantar, uma surpresa. Estávamos sentados sozinhos na antessala do restaurante. A única outra pessoa presente no antar – um caixeiro viajante, pela aparência – já havia saído. Eu folheava as páginas de um ornal de pecuária, ou algo do gênero, quando de repente ouvi mencionarem o nome de Poirot. A voz em questão era de alguém lá fora.  – Onde Onde está ele? Aqui dentro? dentro? Certo... Vou encontrá-lo. encontrá-lo. A porta escancarou-se com violência, e o dr. Grainger, vermelho de raiva e com sobrancelhas franzidas de irritação, entrou no ambiente a passos largos. Fez uma pausa para fechar a porta e avançou até nós sem qualquer hesitação.  – Ah, aí está você! Então, monsieu monsieurr Hercu Herc ule Poirot, que diabos di abos pretendia ao me ccont ontar ar um monte de mentiras?  – Um Uma das bolas do malabar malabarista? ista? – murm murmurei, urei, malici malicioso. oso. Poirot respondeu, com voz melosa:  – Meu caro doutor, doutor, deixe-me deixe-me explicar...  – Deixar? Deixar? Diabos, eu vou forçá-l  forçá-loo a explicar! Você é um detetive, é o que é! Um detetive intrometido e enxerido! Aparece com um monte de mentiras, dizendo que vai escrever a  biografia do velho general general Arundell! Arundell! Que Que idiota eu sou por acreditar acredi tar num numa conversa mole dessas!  – Quem Quem lhe contou contou sobre a minha minha identidade? identidade? – pergun perguntou Poirot.  – Quem Quem me contou? contou? A srta. Peabody me me cont contou. ou. Ela não se deixou enganar! enganar!  – A srta. Peabody... Peabody... claro. – Poirot Poir ot reflet refletiu. iu. – Pensei... Pensei... O dr. Grainger interrompeu, furioso.  – E então, então, estou esperando uma uma explicação!  – Certament Certamente. e. Minha Minha explica explicação ção é muit muitoo simples. T Tent entativa ativa de assassinato. assas sinato.  – O quê? quê? Como Como assim? Poirot disse, di sse, baixin ba ixinhho:  – A srta. Arun Arundell sofreu um tombo, tombo, não foi? Um tombo tombo escada abaixo, pouco antes antes de morrer?  – Não, Sim, edoutor, Sim, daí?or,Ela enão scorreg gou na na bola maldito cão.  – dout  nado bola. Um fio  foi esticado do alto da escada para que elaescorre escorregou

ela tropeçasse. tropeçasse. O dr. Grainger o encarou.  – Então Então por que que ela não me me disse? disse ? – pergunt perguntou. ou. – Nun Nunca mencion mencionou ou nada nada disso! diss o!

 

 – Isso talvez seja compreensível compreensível se considerarmos que foi um membro da própria família quem prendeu o fio!  – Hum Hum... Entendo. Entendo. – Grainger Grainger lançou l ançou um olhar penetrant penetrantee a Poirot Poi rot e jogou-se jogou-se numa numa cadeira. cadei ra.  – E então? então? Como Como acabou se envolvendo envolvendo nessa nessa história?  – A srta. Arundell Arundell me escreveu escreve u uma uma carta, pedindo a máxima áxima discrição. discr ição. Infelizm Infelizment ente, e, a carta demorou a chegar. Poirot contou a história, omitindo alguns detalhes, e falou do prego encontrado no alto da escada. O médico médico ouviu com expressão séria s éria.. A raiva diminu diminuíra. íra.  – O senhor senhor veja que a minha inha posição po sição é difícil d ifícil – conclu c oncluiu iu Poirot. – Fui contratado contratado por uma uma cliente morta, mas mesmo assim me senti na obrigação de ajudá-la. O dr. Grainger franziu as sobrancelhas, intrigado.  – E você não faz faz ideia de quem esticou o fio fio na escada? – pergun perguntou. tou.  – Não tenh tenhoo provas, mas faço faço ideia idei a de quem tenha tenha sido.  – É um uma história sórdida – observou ob servou Grainger, Grainger, com a fisionomia fisionomia séria. sér ia.  – Sim. Sim. Enten Entenda da que, para começo começo de conversa, eu sequer tinha tinha certeza de que aquele atentado não fora seguido por outro.  – Como Como assim?  – Para todos os efeitos, a srta. Arundell Arundell morreu de morte natural, atural, mas como como ter certeza disso? Ela sofreu um atentado. Como poderia estar certo de que não houve um segundo? E, dessa vez, bem-sucedido? bem-sucedido? Grainger assentiu com a cabeça, pensativo.  – Suponho Suponho que que o senhor senhor tem a certez ce rteza, a, dr. Graing Grai nger, er, e, por favor, favor, não se ofenda, ofenda, de que foi uma morte natural. Deparei-me com algumas evidências hoje... Contou em detalhes a conversa que teve com o velho Angus, o interesse de Charles pelo venenoo para venen par a ervas erv as daninhas daninhas e, e , por fim, fim, a surpresa de Angu Anguss ao perceber a lata l ata quase vazia. Grainger ouviu com atenção e disse , em tom de voz baixo, quando Poirot acabou:  – Enten Entendo do o seu ponto ponto de vista. Muitos Muitos casos de envenenam envenenament entoo por arsênico acabam sendo diagnosticados como gastrenterite aguda e recebem atestados de óbito e tudo,  principalmente  principalmen te quando quando as circunstân circunstâncias cias não são suspeitas. De qualquer modo, envenenam envenenament entos os  por arsênico são difíceis de diagnosticar, diagnosticar, pois têm muitas muitas apresentações. Podem ser agu agudos, dos, subagudos, nervosos ou crônicos. Pode ocorrer vômito e dor no abdômen, ou esses sintomas  podem estar ausentes. ausentes. A pessoa pode cair de súbito e morrer logo em seguida. seguida. Pode haver  torpor e paralisia. parali sia. Os sintomas sintomas variam v ariam muit muito. o. Poirot Poir ot pergu pe rgunt ntou: ou:  – Eh bien, considerando todos os fatos, qual a sua opinião? O dr. Grainger ficou em silêncio por alguns instantes e respondeu devagar:  – Consider Considerando ando todos os fatos, fatos, e sem qualquer qualquer parcialida parci alidade, de, acho que um envenenam envenenament entoo  por arsênico ars ênico não não poderia poderi a ser responsável r esponsável pelos pel os sintomas sintomas da srta. sr ta. Arundell. Arundell. Estou convencido convencido de que morreu de atrofiaaodoque fígado. Comoa sua sabe,morte. eu a atendia muitos anos, emonsieur ela haviaPoirot. sofrido de ataques semelhantes provocou Essa é ahá minha opinião,

Assim, o assunto encerrou-se. O clima estava desanimado quando, meio que se desculpando, Poirot apresentou a caixa de cápsulas para par a o fígado fígado que comprara comprara na farm farmácia. ácia.

 

 – Creio que a srta. Arun Arundell tomava tomava estas cápsulas – afirmou. afirmou. – Suponh Suponhoo que não não pudessem lhe fazer qualquer mal?  – Estas coisas? coisas ? Nenhu Nenhum m mal mesmo. esmo. Aloés, podofilina, tu tudo do muito suave e inofensivo inofensivo –  disse Grainger. – Ela gostava de experimentar. Nunca me importei. Ele se levant l evantou. ou.  – O senhor senhor receitou medicamentos edicamentos para ela? – pergu pe rgunt ntou ou Poirot.  – Sim... Sim... um medicamento edicamento suave para o fígado fígado a ser tomado tomado depois das refeições. –  Pestanejou. – Ela poderia ter tomado uma caixa inteira sem problemas. Não enveneno meus  pacientes, monsieu monsieurr Poirot. Então, com um sorriso, apertou-nos as mãos e foi embora. Poirot abriu a caixa do remédio que comprara. Consistia de cápsulas transparentes, três quartos cheias de um pó castanho-escuro.  – Parecem um um remédio remédio para par a enjoo que que tomei tomei uma uma vez – observei. Poirot abriu uma cápsula, examinou o conteúdo e provou com a ponta da língua. Fez uma careta.  – Bem – falei, me recostando à cadeira cadeir a e bocejando –, parece bastante bastante inofensivo. inofensivo. As especialidades do dr. Loughbarrow, e as pílulas do dr. Grainger! E o dr. Grainger refutou a teoria do arsênico. Está con co nvencido afinal, seu teimoso? teimoso?  – É verdade que sou cabeça-dura, é essa a expressão, não é? Sim, Sim, eu definitivament definitivamentee sou um cabeçacabe ça-dura dura – refletiu refle tiu meu meu amigo. amigo.  – Então, Então, a despeito do que o farmacêut farmacêutico, ico, a enferm enfermeira eira e o médico disseram disse ram,, você ainda acha que que a srta. s rta. Arundell Arundell foi assassinada? assa ssinada? Poirot sussurrou: sussurrou:  – É o que que acho. Não, Não, mais mais do que acho. Tenh Tenhoo certeza, Hasting Has tings. s.  – Só há há um jeito de provar – falei: – exum exumação. Poirot assent ass entiu iu com a cabeça.  – É este o próxim próximoo passo?  – Meu caro, preciso prec iso agir com cautela. cautela.  – Por quê?  – Porque – baixou baixou a voz – receio recei o que que possa ocorrer ocor rer uma uma segunda segunda tragédia. tragédia.  – Quer Quer dizer...  – Estou receoso, receos o, Hastings, Hastings, estou estou receoso. receos o. Vam Vamos os deixar assim assi m.

 

CAPÍTULO 22 A MULHER NA ESCADA  Na manhã anhã seguint seguinte, e, entregaram entregaram-nos -nos um bilhete. A escrita escri ta era meio fraca e vacilant vacil ante, e, inclinada para cim c ima. a.

Caro monsieur Poirot:  soube por Ellen que o senhor estev estevee ontem em Littl Littlegreen egreen House. Ficaria muito agradecida se entrasse em contato e me fizesse uma visita hoje, em qualquer  horário.  A  Atenciosamente, tenciosamente, Wilhelmina Lawson.  – Então Então ela está aqui – observei.  – Sim. Sim.  – Por que será que veio? Poirot sorriu.  – Não acho acho que seja por um motivo sinistro. Af Afinal, inal, a casa pertence a ela.  – Sim, Sim, é verdade. O pior de tudo, tudo, Poirot, é que cada simples simples coi coisinh sinhaa que qualquer qualquer um um faça está aberta às mais sinistras interpretações.  – Pelo visto, vis to, convenci convenci você do meu meu lema lema “desconfie de todos”.  – Você ainda está desconfiando desconfiando de todos?  – Não... Suspeito Suspeito de uma uma única pessoa.  – Quem Quem??  – Já que, no moment omento, o, é apenas uma uma suspeita e não há prova definitiva, definitiva, prefiro que tire suas próprias conclusões, Hastings. E não despreze a psicologia... é importante. As características do assassinato indicam o temperamento do assassino e constituem uma pista essencial do crime.  – Não posso considerar o temperam temperament entoo do assassino assass ino se não não sei quem ele é!  – Não, não, você não prestou atenção atenção no que acabei de dizer. dizer. Se refletir sobre as características do assassinato, então irá se dar conta de quem é o assassino!  – Mas você sabe mesm mesmo, o, Poirot? – pergunt perguntei, ei, curioso.  – Não posso dizer que sei, não tenho tenho provas. É por isso que não posso falar mais no momento. Mas tenho certeza... Sim, meu caro, no meu íntimo, tenho certeza absoluta.

 – Bem – falei rindo –, cuide-se para que ele não o peg pegue! ue! Seria uma uma tragédia! tragédia! Poirot ficou um pouco tenso. Não levou na brincadeira. Ao contrário, murmurou:  – Tem Tem razão. Preciso ser cuidadoso... bastante bastante cuidadoso. cuidadoso.

 

 – Você precisa precis a usar um colete à prova de balas – sugeri, sugeri, de brincadeira. brincadeira . – E cont c ontratar ratar um degustador para o caso de envenenamento! Na verdade, deveria andar com guarda-costas armados para protegê-lo.  – Merci, Hastings, mas confiarei na minha inteligência. Em seguida escreveu um bilhete para a srta. Lawson dizendo que estaria em Littlegreen House às onze horas. Depois disso, tomamos café da manhã e caminhamos até a praça. Já eram dez e quinze de uma manhã quente e sonolenta. Estava olhando na vitrine do antiquário para um belo conjunto de cadeiras Hepplewhite quando levei uma estocada dolorosa nas costelas e uma voz aguda e penetrante disse:  – Oi! Virei-me indignado e dei de cara com a srta. Peabody. Trazia na mão um imenso guardachuva pontudo (a arma com a qual me atacou). Aparentemente insensível à dor que infligira, observou com uma voz satisfeita:  – Rá! Achei Achei que fosse fosse você. Não costumo costumo me me enganar enganar.. Respondi, indiferente:  – Bom dia. Em que posso ajudá-la?  – Pode me me dizer como como anda o livro daquele seu amigo... amigo... A vida do general general Arundell? Arundell?  – Na verdade, ainda não não começou começou a escrever. A srta. Peabody caiu na risada, balançando como gelatina. Quando parou de rir, observou:  – Tenh Tenhoo certeza que que não! Perguntei, sorrindo:  – Então Então a senhora senhora percebeu que que era tudo ment mentira? ira?  – Acham Acham que sou boba? – pergunt perguntou ou a srta. Peabody. Peabody. – Vi desde o começo começo o que o espertinho do seu amigo queria. Queria que eu falasse! Ora, não me importei. Gosto de falar. Difícil é encontrar quem ouça. E me diverti muito naquela tarde. Lançou-m Lan çou-mee um olhar enviesad e nviesado. o.  – Do que que se trata isso tudo, tudo, hhein? ein? Do que que se trata? Enquanto eu hesitava, procurando uma resposta, Poirot juntou-se a nós. Fez uma mesura  para a srta. sr ta. Peabody. Peabody.  – Bom dia, madem mademoisel oiselle. le. Que Que prazer encontrá-la. encontrá-la.  – Bom dia – respondeu res pondeu a srta. Peabody. Peabody. – Qual Qual é o seu nom nomee hoje, Parotti Parotti ou Poirot... hein? hein?  – Foi muito uito inteligent inteligentee da sua parte desmascarar desmascarar o meu disfarce tão depressa depress a – falou Poirot, sorrindo.  – Não havia muito uito o que desm des mascarar! ascara r! Não há muitos muitos parecidos pareci dos com você por aí, não é?  Não sei se isso is so é bom ou ruim ruim.. É difícil dizer di zer..  – Prefiro, madem mademoisel oiselle, le, ser único. único.  – E acho que consegue consegue – afirmou afirmou a srta. Peabody com co m desdém. desdém. – Então, Então, monsieur monsieur Poirot, contei-lhe todas as fofocas que o senhor queria. Agora é a minha vez de perguntar. O que está havendo? Hein? Do que se trata tudo isso?

 – A senhora senhora não está me me fazendo fazendo um uma pergunt perguntaa cuja resposta já sabe? sabe ?  – Faço ideia – olhou para ele de relance. – É algo sobre s obre aquele testament testamento? o? Ou tem algo algo mais? Vão desenterrar a Emily? É isso?

 

Poirot não respondeu. respondeu. A srta. Peabody balançou bala nçou a cabeça, cabe ça, pensativa, como se já tivesse obtido uma uma resposta. re sposta.  – Sempre Sempre me pergunt perguntei ei – disse ela – como como me sentiri sentiria... a... ao ler nos jornais, sabe... Me  pergunt  pergu ntava ava se alguém alguém algu al gum m dia seria seri a desenterrado desenterrado em Market Basing Basi ng... ... Não pensei que seria Emil Em ilyy Arundel Arundell... l... Lançou um olhar repentino e penetrante a Poirot.  – Ela não gostaria gostaria disso. dis so. Levou isso em consider consideração, ação, hein? hein?  – Sim, Sim, levei.  – Imagin Imaginei ei que sim... sim... O senhor senhor não não é bobo! Tam Também bém não acho acho que que seja int i ntrom rometido. etido. Poirot fez uma mesura.  – Obrigado, madem mademoisel oiselle. le.  – Mas ningu ninguém diria isso... i sso... olh ol hando para o seu bigode. Por que tem um bigode como como esse? ess e? Gosta dele? Virei-me de costas, passando mal de tanto rir.  – Na Inglaterra, Inglaterra, lament lamentavelmen avelmente te o culto ao bigode é negligenciado egligenciado – defendeu-se defendeu-se Poirot, acariciando acari ciando o enfeite enfeite cabeludo. cabel udo.  – Ah, Ah, entendo! entendo! Engraçado Engraçado – disse a srta. Peabody. Peabody. – Um Uma vez conheci conheci um uma mulh mulher er que tinh tinha uma papada e se orgulhava! Ninguém acredita, mas é verdade! Bem, é uma sorte quando gostamos do que Deus nos deu. Em geral é o contrário. Ela sacudiu a cabeça e suspirou.  – Nunca Nunca pensei que haveria um assassinato neste fim de mun mundo do – mais uma uma vez lançou um um olhar penetrante para Poirot. – Quem o cometeu?  – Devo gritar gritar o nome nome para a senh se nhora ora aqui, no no meio meio da rua?  – Isso quer dizer que o senhor senhor não sabe. sa be. Ou sabe? Ah, Ah, bem... bem... sangue sangue ruim... ruim... sangue sangue ruim. ruim. Gostaria de saber se aquela mulher de Varley envenenou o marido ou não. Faz diferença.  – A senhora senhora acredita acre dita em hereditariedade? eredi tariedade? A srta. Peabody disse, dis se, de repente:  – Preferia que fosse o Tanios. Um estrangeiro! estrangeiro! Mas querer não é poder. Bem, Bem, é melhor ir  andando. Já vi que o senhor não vai me contar nada... Para quem o senhor está trabalhando, aliás? Poirot respondeu, sério:  – Estou trabalhando trabalhando para a falecida, faleci da, madem mademoisel oiselle. le. Sinto dizer que a srta. Peabody recebeu essa observação com um repentino ataque de riso. Controlando-se, Con trolando-se, disse: diss e:  – Perdão. Per dão. O senhor senhor soou como como Isabel Tripp... só isso! Que Que mulher ulher terrível terrível!! A Julia Julia é pior, eu acho. Tão infantil. Nunca gostei daqueles vestidos. Bem, adeus. Viu o dr. Grainger?  – Mademoisel Mademoiselle, le, a senhora senhora está em dívida com c omigo. igo. Traiu Traiu meu meu segredo. segredo. A srta. Peabody deu sua sua car característica acterística risada r isada grave.  – Os homens homens são sim si mplórios! plóri os! Ele en e ngolira aquele mont ontee de mentiras entiras absurdas que o sen se nhor  lhe contou. Ficou furioso quando contei a verdade. Foi embora bufando de raiva! Está

 procurando pelo senhor senhor..  – Ele me me encontrou encontrou ontem ontem à noite.  – Ah! Ah! Pena Pena que eu não estava estava lá!

 

 – Eu também também acho, madem mademoisel oiselle le – concordou Poirot galantem galantement ente. e. A srta. Peabody riu ri u e se preparou pr eparou para ir embora. embora. Dirigiu-se Dirigiu-se a mim mim por cima do ombro. ombro.  – Adeus, Adeus, meu meu jovem. jovem. Não vá comprar comprar essas es sas cadeiras. cadei ras. São falsas. Foi embora, sorrindo.  – Eis uma uma mu mulher inteligent inteligentee – observou Poirot.  – Mesmo Mesmo que não não tenha tenha admirado admirado seu s eu bigode? bigode?  – Gosto é um uma coisa – pon p onderou derou Poirot, seco. – Inteligên Inteligência cia é outra. Entramos na loja e passamos agradáveis vinte minutos olhando ao redor. Saímos sem gastar um tostão e seguimos em direção a Littlegreen House. Ellen, mais corada do que o habitual, deixou-nos entrar e nos levou até a sala. Em seguida, ouvimos passos na escada, e a srta. Lawson entrou. Parecia ofegante e perturbada. Estava com os cabelos cabel os presos pres os com um um lenço de seda. seda .  – Desculpe-me Desculpe-me por aparecer desta maneira, monsieur onsieur Poirot. Estou arrumando arrumando alguns alguns armários... São tantas coisas! Creio que os velhos têm tendência a guardá-las. A querida srta. Arundell não era uma exceção... Ficamos com tanta poeira nos cabelos! É impressionante o que as pessoas p essoas guardam... uardam... Duas Duas dúzias de caixas de costura! costura! Duas Duas dúzias! d úzias!  – A senhora senhora quer dizer que que a srta. Arundell Arundell comprou comprou duas duas dúzias de caixas de costura?  – Sim, Sim, guardou guardou e esqueceu de todas... E, é claro, agora as agulhas agulhas estão enferrujadas... enferrujadas... Um Uma  pena. Costu Costum mava dar de present pr esentee às empregadas empregadas no Natal. Natal.  – Ela era muito muito esquecida, é?  – Ah, Ah, muito. uito. Principalmente Principalmente ao guardar as coisas. coisas . Como Como um cão com um osso, sabe. Era assim que costumávamos falar entre nós. “Não vá dar uma de cachorro com osso”, dizia a ela. Ela riu e, tirando um pequeno lenço do bolso, de repente começou a fungar.  – Ah, Ah, puxa puxa – lament lamentou, ou, lacrim lacr imejando. ejando. – Parece tão insensível insensível da minh minhaa parte rir deste d este jeito.  – A senhora senhora tem muita uita sensibilidade sensibili dade – disse diss e Poirot. – É sensível demais. demais.  – Era o que a minh minhaa mãe mãe sempre dizia, monsieu monsieurr Poirot. Poir ot. “Você é sensível se nsível demais, demais, Mina”. É um problema, monsieur Poirot, ser tão sensível. Ainda mais quando se precisa ganhar a vida.  – É verdade, mas isso é passado. Agora Agora você é senhora senhora de si. Pode aproveitar aprovei tar a vida, viajar... não tem absolutamente qualquer preocupação ou ansiedade.  – Suponh Suponhoo que sim – concordou a srta. Lawson, Lawson, desconfiada. desconfiada.  – Claro que sim. Agora, Agora, ffalando alando sobre os esqueciment esquecimentos os da srta. sr ta. Arundell, Arundell, entendo entendo por que que a carta demorou tanto a chegar. Ele explicou as circunstâncias que envolviam a chegada da carta. A srta. Lawson ficou com as bochechas vermelhas vermelhas e di disse, sse, exaltada:  – A Ellen deveria ter me contado! contado! Enviar Enviar a carta ao senhor senhor sem me dizer nada foi uma uma grande impertinência! Ela deveria ter me consultado primeiro. Que impertinência! Não ouvi uma só palavra sobre esse assunto. Deplorável!  – Minh Minha cara, estou es tou certo de que foi foi tudo tudo feito de boa-fé.  – Ora, acho que foi muito uito estranho.  Muito   estranho! Os criados fazem as coisas mais esquisitas. A Ellen deveria ter lem l embrado brado que sou a dona da casa agora.

Levantou-se, cheia de pompa.  – A Ellen era muit muitoo devotada à patroa, não não era? – perg per gun untou tou Poirot.  – Sim, Sim, creio que sim, sim, mas mas isso iss o não faz faz diferença. diferença. Eu deveria ter sido avisada! avis ada!

 

 – O importan importante te é que... que... recebi a carta c arta – concluiu concluiu Poirot.  – Concordo que não não adiant adi antaa criar cr iar caso com c om coisas que já aconteceram, aconteceram, mas, mas, mesmo mesmo assim ass im,, a Ellen Ell en deveria saber s aber que não pode tomar tomar decisões dec isões sem falar falar com comigo igo primeiro! primeiro! Parou, com as maçãs do rosto vermelhas. Poirot ficou em silêncio por um instante e perguntou:  – A senhora senhora queria me me ver hoje? De que que forma forma posso lhe ser útil? A irritação da srta. Lawson arrefeceu tão depressa quanto surgiu. Ela voltou a ficar   perturbada  pertu rbada e in i ncoerente.  – Bem, Bem, na verdade... Sabe, apenas estava me pergunt perguntando... ando... Bem, Bem, para dizer a verdade, monsieur Poirot, cheguei aqui ontem e, é claro, Ellen me contou que o senhor tinha estado aqui, e eu apenas estava me perguntando... Bem, como o senhor não havia mencionado que viria até aqui... Bem, Bem, me pareceu par eceu um pouco estranh es tranho... o... e não consegu c onseguii entender... entender...  – A senhora senhora não enten entendeu deu o que que vim fazer fazer aqui? – Poirot terminou terminou a frase para ela. el a.  – Eu... Eu... Bem... Bem... não não muit muito. o. Não consegu consegui.i. Ela olhou ol hou para ele, vermelha, vermelha, mas mas in i nquiridora.  – Preciso Precis o fazer fazer uma pequena pequena confissão confissão – declarou declar ou Poirot. – Infelizm Infelizment ente, e, permiti permiti que que a senhora acreditasse num mal-entendido. A senhora concluiu que a carta que recebi da srta. Arundell dizia respeito a uma pequena quantia de dinheiro provavelmente desviada pelo... sr. Charles Arundell. A srta. Lawson assentiu com a cabeça.  – Mas, veja bem, bem, não foi o caso... Na verdade, ver dade, a primeira pessoa pesso a que m mee falou do dinheiro dinheiro roubado foi a senh s enhora. ora. A srta. Arundell Arundell me escreveu esc reveu a respeito r espeito do acidente.  – Do acidente? acidente?  – Sim, Sim, caiu da escada, pelo que soube.  – Ah, Ah, certo, certo... – a srta. Lawson parecia con co nfusa. fusa. Ela encarou Poirot, perplexa. – Mas, desculpe, tenho certeza de que é muito estúpido da minha parte, mas por que ela escreveria para o senhor? Sei... na verdade, o senhor já me disse isso... que é um detetive. Você é... médico também? Ou um curandeiro, talvez?  – Não, não sou médico, médico, nem curandeiro. curandeiro. Mas, como como os médicos, édicos , por vezes tenho tenho interesse interesse nas assim chamada chamadass mortes acident acide ntais. ais.  – Mortes Mortes acident acid entais? ais?  – Nas assim chamadas chamadas mortes acidentais, eu disse. disse . É verdade que a srta. Arundell Arundell não mas poderia pod eria ter morri morrido! do! morreu na queda, mas  – Ah, Ah, puxa puxa vida, sim, sim, o doutor doutor disse diss e isso, mas não não entendo... entendo... A srta. Lawson ainda parecia pareci a desconcertada. des concertada.  – A causa do acidente acidente foi a bola de Bob, não foi? foi?  – Sim, Sim, sim, sim, foi a bola de Bob.  – Mas não, não, não foi foi a bola.  – Desculpe-me, Desculpe-me, monsieu monsieurr Poirot, eu mesm mesmaa vi a bola lá, l á, quando quando todos descemos descemos correndo. corre ndo.  – A senhora senhora viu a bola, sim, é possível. possív el. Mas ela não causou  o acidente. A causa do

acidente, srta. Lawson, foi um fio escuro esticado cerca de trinta centímetros acima do alto da escada!  – Mas... mas mas um cão não poderia...

 

 – Exatam Exatament entee – apressou-se apress ou-se em responder. – Um cão não poderia poderi a fazer fazer isso, não é inteligente o suficiente, ou não é maldoso o suficiente... Um ser humano colocou o fio lá. O rosto da srta. Lawson ficou lívido. Levou uma mão trêmula ao rosto.  – Monsieur Monsieur Poirot, não posso acreditar acredi tar... ... O senhor senhor quer dizer que... Mas isso é terrível, terrível , muito terrível. Quer dizer que foi de pr  propósito opósito?  – Sim, Sim, foi de propósito.  – Mas é espantoso. espantoso. É quase como... como... como como matar matar um uma pessoa!  – Se tivesse sido bem-sucedido, bem-sucedido, teria matado uma pessoa! Em outras palavras, teria sido assassinato! A srta. Lawson soltou um gritinho agudo. Poirot continuou, no mesmo tom grave.  – Um prego foi preso no rodapé roda pé no alto da escada para permitir permitir que o fio fosse preso. O  prego foi envernizado envernizado para não aparecer. aparece r. Diga-m Diga-me, e, a senhora senhora se lembra de algum algum cheiro de verniz? A srta. Lawson deu outro grito.  – Que Que coisa! Nossa, é claro! clar o! E pensar que nun nunca me ocorreu ocorre u... nunca unca sonh sonhei... ei... mas, também, como poderia? No entanto, realmente me pareceu estranho na ocasião. Poirot se inclinou para frente. frente.  – Então Então você pode nos ajudar, mademoisel ademoiselle. le. Mais uma uma vez, pode nos ajudar. ajudar. C’est  épatant !  – Então Então foi foi isso! iss o! Ora, Ora, tudo tudo se encaixa.  – Diga-m Diga-me, e, por favor. A senhora senhora sentiu cheiro de verniz?  – Sim. Sim. É claro. Não sabia sa bia o que era. Pensei... nossa... que era tinta... tinta... Não, era mais como como cera de d e assoalho. assoa lho. E então, então, lógico, achei que imaginava imaginava coisas. coisas .  – Quando Quando foi foi isso? iss o?  – Deixe-me Deixe-me ver... quando quando foi foi isso? iss o?  – Foi durante durante o final final de semana semana de Páscoa em que a casa estava cheia cheia de hóspedes?  – Sim, Sim, foi naquela naquela ocasião... ocasião ... Mas estou e stou tentan tentando do lembrar que dia di a foi... Deixe-me Deixe-me ver, não foi no domingo. Não, e não foi na terça-feira... que foi a noite em que o dr. Donaldson veio para o jantar. E na quarta-feira, todos haviam ido embora. Não, foi na segunda-feira... dia de feriado  bancário. Eu estava insone, insone, bastante bastante preocupada. Sempre Sempre fico angust angustiada iada nos feriados! Havia carne suficiente apenas para o jantar, e temi que a srta. Arundell pudesse ficar incomodada com isso. Sabe, encomendei o pernil no sábado, e é claro que eu deveria ter pedido quatro quilos, mas achei que dois quilos e meio seriam suficientes, mas a srta. Arundell ficava sempre muito aborrecida aborrec ida se s e faltava algum alguma coisa... cois a... Ela era e ra muito muito hospitaleira... A srta. Lawson deu um suspiro e continuou:  – Então, Então, eu estava acordada pensando pensando se ela iria iri a dizer algum alguma coisa sobre isso no dia seguinte e, entre uma coisa e outra, passei um longo tempo cochilando. Quando estava quase  pegando no sono, algo me acordou, uma  pegando uma espécie de batida, então então me sentei sentei na cama e respirei respi rei fundo. Claro que tenho pavor de fogo... algumas vezes acho que sinto cheiro de fogo duas ou três

vezes por noite. Não seria terrível ficar preso num incêndio? De qualquer modo, senti um cheiro, e inspirei fundo, mas não era fumaça nem nada parecido. E pensei comigo mesma que  pareciaa ser tinta  pareci tinta ou cera de assoalho... assoal ho... Mas ninguém inguém poderia poderi a sentir sentir aquele tipo de cheiro no

 

meio da noite. Era muito muito forte. Fiquei sentada inspirando e inspira inspiranndo, então a vi pelo espelho...  – A viu? Viu Viu quem quem??  – Pelo meu espelho, sabe, é muito uito convenient conveniente. e. Sempre Sempre deixava a porta entreaber entreaberta ta para ouvir um eventual chamado da srta. Arundell e para poder enxergá-la caso subisse ou descesse as escadas. Havia uma lâmpada sempre acesa no corredor. Foi por isso que a vi ajoelhada na escada... Theresa, quero dizer. Ela estava ajoelhada mais ou menos no terceiro degrau, com a cabeça abaixada sobre alguma coisa, e pensei: “Que estranho, será que está doente?” Quando ela se levantou e saiu, supus que havia escorregado ou coisa parecida. Ou talvez estivesse se abaixando abaixan do para par a apanhar apanhar algo. a lgo. Mas, é claro, cla ro, nunca nunca mais mais voltei a pensar nisso.  – A batida que a acordou devia ser se r do martelo martelo – refletiu Poirot.  – Sim, suponh suponhoo que sim. sim. Mas, monsieu monsieurr Poirot, Poi rot, que que horror! Que Que horror! Sempre Sempre ssent entii que a Theresa talvez fosse um pouco arredia, mas daí a fazer algo assim...  – A senhora senhora tem certeza de que que era a Theresa?  – Ah, Ah, sim! sim!  – Não poderia ser a sra. Tanios Tanios ou uma uma das criadas, cri adas, por exemplo? exemplo?  – Não, era a Theresa, Theresa, sim s im.. A srta. Lawson balançou a cabeça e murmurou “ah, nossa, ah, nossa” várias vezes. Poirot a observava de um jeito estranh e stranho. o.  – Permita-m Permita-mee – pediu, de repente – fazer fazer uma experiência. Vamos amos subir e reconstituir reconstituir a cena.  – Reconstitu Reconstituir? ir? Ah, é claro... Não sei... Quero Quero dizer, de fato fato não não vejo...  – Eu lhe mostro mostro – disse Poirot, Poi rot, interrom interrompendo pendo as dúvidas com autoridade autoridade.. Um pouco agitada, a srta. Lawson abriu caminho até o andar de cima.  – Espero que o quarto quarto esteja arrumado, arrumado, há tanto tanto a fazer... fazer... com uma uma coisa ou outra... outra... – ela seguiu falando incoerências. O quarto estava mesmo um pouco atravancado com objetos, obviamente o resultado da arrumação dos armários feita pela srta. Lawson. Com sua incoerência habitual, ela conseguiu indicar sua própria posição, e Poirot pode verificar por si mesmo que era possível avistar parte da escada pelo espelh espelho. o.  – E agora, agora, madam madamee – ele sugeriu sugeriu –, se puder sair para par a reproduzir as ações que viu.. viu.... Ainda murmurando “ah, nossa”, a srta. Lawson saiu do quarto para desempenhar seu papel. Poirot ficou no no papel de observador. obser vador. Concluída a performance, ele saiu até o alto da escada e perguntou qual lâmpada teria ficado acesa.  – Esta aqui... aqui... esta mais mais adiant adi antee aqui. Exatam Exatament entee do lado de fora da porta da srta. Arundell. Arundell. Poirot aproximou-se da lâmpada, desconectou-a e a examinou.  – Um Uma lâmpada lâmpada de quarenta quarenta watts. Não ilumina ilumina muit muito. o.  – Não, era apenas para que o corredor não ficass ficassee muit muitoo escuro. Poirot refez seus passos até o alto da escada.

  A senhora senhora terá de me perdoar, mas com essa luz fraca, e dada a forma forma como como a sombra sombra cai, é pouco provável que tenha conseguido enxergar com nitidez. A senhora pode garantir que foi a srta. Theresa Arundell, e não uma silhueta feminina? A srta. Lawson ficou indignada.

 

 – Não mesmo, esmo, monsieur monsieur Poirot! Poi rot! Tenh Tenhoo certez ce rtezaa absoluta! Conheço bem a Theresa! Era ela, com certeza. O vestido escuro e o broche brilhante que usava com suas iniciais... Vi tudo muito  bem..  bem  – Então Então não não há duvidas. duvidas. A senhora senhora viu as iniciais? iniciai s?  – Sim. T.A. T.A. Conheço Conheço o broche. broc he. Theresa Theresa o usava sempre. Sim, posso jurar j urar que era Theresa, Theresa, e jurarei se for necessário! Havia uma firmeza e uma determinação nas duas últimas frases que destoavam de seus modos habituais. Poirot olhou para ela. Havia algo curioso em seu olhar. Parecia distante, inquisitivo, com umaa estranh um estra nhaa determinação.  – A senhora senhora juraria? juraria ? – pergunt perguntou. ou.  – Se... se... for necessár necessário. io. Mas suponh suponho que... será necessário? necessár io? Poirot virou aquele olhar inquisitivo sobre ela.  – Depende Depende do resultado da exum exumação – respondeu res pondeu..  – Ex... Ex... exu exumação? Poirot estendeu a mão para ampará-la. Em sua excitação, a srta. Lawson quase rolou escada abaixo de cabeça.  – Pode ser preciso pre ciso exum exumar o corpo – ele el e disse. disse .  – Ah, Ah, mas mas que desagradável! Mas, quero dizer, tenho tenho certeza certeza de qu q ue a famíli famíliaa ir iráá se opor a essa ideia.  – É provável.  – Tenh Tenhoo certeza de que que sequer vão querer ouvir ouvir falar de tal coisa! coi sa!  – Mas se for um uma ordem judicia judicial... l...  – Monsieur Monsieur Poirot... por quê? Quero Quero dizer, dizer, não não é como como se... não é como como se...  – Não é como como se o quê?  – Não é como como se houvesse houvesse algu al gum ma coisa... errada. er rada.  – A senhora senhora acha que que não?  – Não, é claro que não. não. Ora, não não poderia haver! Quero dizer, o médico, a enfermeira e tudo o mais...  – Não fique fique nervosa nervosa – Poirot Poi rot a tranquilizou tranquilizou..  – Ah, Ah, mas mas não posso evitar! Pobrezinha Pobrezinha da srta. Arundell! Arundell! Theresa nem estava aqui quando quando a tia morreu.  – Não, ela foi embora embora na segun segunda-feira, da-feira, antes de a tia adoecer, não não foi?  – Pela manh manhã. ã. Bem cedo. Então, Então, veja, não tem nada a ver com o caso!  – Tom Tomara ara que não não – disse diss e Poirot.  – Ah, Ah, nossa. – A srta. Lawson juntou juntou as mãos. – Nunca Nunca ouvi nada tão horrível! Nem sei direito como estou. Poirot olhou para o relógio.  – Precisam Precis amos os partir. Estamos Estamos retornando retornando a Londres. E a senhora, senhora, madame, adame, permanecerá permanecerá

aqui por p or mais algum tempo? tempo?  – Não, não planejei pl anejei nada. Na verdade, ver dade, também também vou embora embora hoje... Vim Vim apenas apenas para pa ra passar  p assar  a noite, queria organizar um pouco as coisas.  – Enten Entendo. do. Bem, Bem, adeus, madam madame. e. E me me desculpe se a aborreci. abor reci.

 

 – Ah, monsieu monsieurr Poirot. Poi rot. A  Aborrecer  borrecer ? Estou me sentindo péssima! Ah, nossa... ah, nossa. Que mundo perverso! Que mundo terrível e perverso. Poirot interrompeu aquelas lamentações segurando as mãos dela com firmeza.  – Muito. Muito. E a senhorita senhorita ainda está disposta a jurar que que viu Theresa Theresa Arun Arundell ajoelhada ajoel hada na escada na noite do feriado de Páscoa?  – Sim, Sim, estou. estou.  – E pode também também jurar que que viu uma uma auréola de luz ao redor da cabeça da srta. Arundell Arundell durante a sessão espírita? A srta. Lawson ficou de queixo caído.  – Ah, Ah, monsieu monsieurr Poirot... Poiro t... não não faça piadas com essas coisas. coisas .  – Não estou fazendo fazendo piada. Estou falando sério. A srta. Lawson afirmou, com dignidade:  – Não foi bem um uma auréola. Foi mais como como o princípio pr incípio de uma manif manifestação. estação. Um Uma faixa de luz. Creio que estava começando a formar um rosto.  – Muito Muito interessa interessannte. A  Auu rrevoir  evoir , madame, e, por favor, mantenha sigilo.  – Ah, Ah, claro... claro. cl aro. Nem em sonho sonho coment comentaria... aria... A última imagem que vimos da srta. Lawson foi o seu olhar dócil nos observando da soleira da porta. porta.

 

CAPÍTULO 23 A VISITA DO DR. TANIOS Mal havíamos saído da casa, os modos de Poirot mudaram. Estava com uma expressão severa e decidida.  – Dépêchons nous, Hastings. Hastings. Tem Temos os que que voltar vol tar para par a Londres Londres o mais rápido rá pido possível. possíve l.  – Estou indo – apressei o passo para alcançá-lo.  – De quem você suspeita, Poirot? – pergunt perguntei. ei. – Gostaria que me dissess di ssesse. e. Você acredita acredi ta que era Theresa Arundell Arundell nas escadas esca das ou não? Poirot não respondeu. Em vez disso, fez ele próprio uma pergunta.  – Reflita bem antes antes de responder: re sponder: ocorreu ocor reu a você que havia havia algo errado com o depoim depoi mento ento da srta. s rta.  – OLawson? que quer dizer com algo errado? que  – Se eu soubesse, soubesse, não pergunt perguntaria! aria!  – Sim, Sim, mas mas errado erra do em que sentido? sentido?  – Esse é o problema. Não consigo consigo saber o que é. Mas, enquant enquantoo ela falava, eu tive, de alguma maneira, uma sensação de irrealidade... como se houvesse alguma coisa... algum aspecto que não combina com a história... Sim, era esta a sensação, de algo impossível ......  – Ela parecia parec ia estar certa cer ta de que que era Theresa.  – Sim, Sim, sim. sim.  – Mas, afinal, afinal, a luz não era boa. Não entendo entendo como como ela pode estar es tar tão segu segura.  – Não, não, Hastings, Hastings, você não está me ajudando. ajudando. Foi algum algum detalhe, algum alguma coisa a ver  com o quarto... Sim, tenho certeza disso!  – Com o quarto? – repeti, tentando tentando lembrar lembrar dos detalhes do aposent ap osento. o. – Não – falei, afinal.  – Não posso lhe ajudar. ajudar. Poirot sacudiu a cabeça, aborrecido.  – Por que você trouxe trouxe à ttona ona aquele aquele negócio negócio de espiritismo espi ritismo de novo? novo? – pergunt perguntei. ei.  – Porque é importan importante. te.  – Importan Importante te por quê? quê? Por causa da auréola ilu il uminada da srta. Lawson? Lawson?  – Você se lem le mbra da descrição desc rição que a srta. Tripp Tripp fez da sessão espírita? espír ita?  – Sei que elas viram um uma auréola em volta da cabeça ca beça da velha ve lha – ri, tentan tentando do me controlar. controlar.  – E pelo pe lo que todos falam, ela não era santa! santa! A srta. Lawson parecia morrer de medo dela. Sen Se nti muita pena quando descreveu que não conseguia dormir, preocupada por ter encomendado

 pouca carne. carne.  – Sim, Sim, e este foi um um toque toque interessa interessant nte. e.  – O que vamos vamos fazer fazer quando quando chegarm chegarmos os a Londres? – questionei, questionei, quando quando entram entramos os na  pousada e Poirot pediu a conta. conta.  

 – Precisam Precis amos os ver Theresa Arundell Arundell o mais rápido possível po ssível..  – E descobrir descobri r a verdade? verdade ? Mas ela não vai negar negar tudo tudo de qualquer qualquer maneira? maneira?  –  Mon cher , não é crime ajoelhar-se numa escada! Ela podia estar apanhando algo do chão... alguma coisa do gênero!  – E o cheiro cheiro de verniz ve rniz?? Fomos interrompidos naquele momento, quando o garçom chegou com a conta.  No caminh caminhoo para Londres, conversamos conversamos pouco. Não gosto gosto de dirigir di rigir con co nversando, e Poirot Poi rot ocupou-se falar. tanto em proteger o bigode dos desastrosos efeitos do vento e da poeira que não conseguia Chegamos ao apartamento perto das vinte para as duas. George, o imaculado mordomo inglês de Poirot, abriu a porta.  – Um Um certo dr. Tanios Tanios está esperando para vê-lo, vê-lo , senhor. senhor. Está Está aqui há há meia meia hora.  – Dr. Dr. Tanios? Tanios? Onde Onde ele está? es tá?  – Na sala de estar. Uma senhora senhora também também veio vê-lo. Ficou muito uito aflita ao saber que o senhor não estava em casa. Isso foi antes de eu receber a sua mensagem por telefone, então não soube dizer a ela quando quando o senhor senhor retorn r etornaria aria a Londres. Londres.  – Descreva esta senhora. senhora.  – Cerca de d e um metro e seten se tenta, ta, com cabelos escuros e olhos ol hos azul-claros. azul-claros. Estava usando usando um casaco cinza, cinza, saias sai as e um chapéu inclinado para trás, em vez de para o lado direito. direi to.  – A sra. Tanios Tanios – concluí concluí em voz baixa. baixa.  – Parecia Par ecia muito uito nervosa, senhor. senhor. Disse que era da maior importância importância encontrá-lo encontrá-lo o quanto quanto antes.  – A que horas horas foi isso? iss o?  – Por volta das dez e meia. meia. Poirot sacudiu a cabeça ao passar para a sala de estar.  – É a segunda segunda vez que perco a chance chance de ouvir o que a sra. Tanios tem a dizer. dizer. O que me diz, Hastings? Será o destino?  – A terceira vez ve z trará trará sorte s orte – consolei consolei-o. -o. Poirot sacudiu a cabeça.  – Será que haverá uma uma terceira vez? Começo Começo a duvidar. Venha, enha, vamos vamos ouvir o que o marido tem a dizer. O dr. Tanios estava sentado numa poltrona, lendo um dos livros de psicologia de Poirot. Levantou-se num pulo e nos cumprimentou.  – Perdoe-me a int intrusão. rusão. Espero que não se importe importe por eu ter aparecido apareci do e ficado à sua espera.  – Du tout, du tout . Por favor, sente-se. Permita-me oferecer-lhe um cálice de xerez.  – Muito Muito obrigado. Na verdade, tenho tenho uma justificativa. justificativa. Monsieur Monsieur Poirot, estou  preocupadíssim  preocupadíssi mo com a minh minhaa esposa.  – Com a sua esposa? Sinto Sinto mu muito! Qual Qual é o problema? problema?

Tanios respondeu: res pondeu:  – Talvez Talvez o senhor senhor a tenha tenha visto recentem recentement ente? e? Parecia uma pergunta bastante natural, mas o olhar rápido que a acompanhou não foi. Poirot respondeu r espondeu de forma forma di direta. reta.

 

 – Não, não não desde que a vi no hotel hotel com o senhor senhor ontem ontem..  – Ah... Ah... Pensei Pensei que ela talvez pudesse pudesse ter vindo vê-lo. Poirot estava ocupado servindo três cálices de xerez. Falou numa voz distraída:  – Não. Que Que motivo motivo ela teria para par a me me procurar?  – Nenh Nenhum – o dr. Tanios aceitou o cálice cáli ce de xerez. xerez. – Muito Muito obrigado. Muito Muito obrigado mesmo. Não, não havia nenhum motivo, mas, para ser sincero, estou muito preocupado com o estado de ,saúde saela údenão da éminha min ha esposa.  – Ah, Ah forte? forte?  – Sua Sua saúde física – respondeu Tanios Tanios devagar de vagar – é boa. Mas não posso pos so dizer o mesmo esmo de sua saúde mental.  – É?  – Receio, monsieu monsieurr Poirot, Poir ot, que que ela esteja à beira b eira de um esgotam esgotament entoo nervoso.  – Meu caro dr. Tanios, Tanios, sinto sinto mu muitíssim itíssi mo.  – Seu estado tem piorado já há algum algum tem tempo. po. Durant Durantee os últimos últimos dois meses, passou a me tratar de modo diferente. Ela anda nervosa, assusta-se por nada e tem os mais estranhos caprichos... Na verdade, são mais do que caprichos: são delírios!  – É mesm mesmo? o?  – Sim. Sim. Ela está sofrendo do que é comum comument entee conhecido conhecido com c omoo mania mania de perseguição... um uma moléstia bem conhecida. Poirot lastimou, emitindo uma exclamação.  – O senhor senhor pode imagin imaginar ar a minh minhaa ansiedade!  – Claro que sim! Mas o que não entendo entendo é por que o senhor senhor me procurou. procurou. Como Como posso ajudá-lo? O dr. Tanios Tanios pareceu par eceu um pouco constrang c onstrangido ido..  – Ocorreu-me Ocorreu-me que a minha inha esposa tivesse vindo... ou ainda possa vir... procurá-lo com alguma história extraordinária. É capaz de dizer que está correndo riscos por minha causa... algo do gênero.  – Mas por que que viri viriaa a mim mim?? O dr. Tanios Tanios sorriu. sorr iu. Era um sorriso charmoso charmoso e cordial, cor dial, ainda que melancólico. melancólico.  – O senhor senhor é um detetive famoso, famoso, monsieur onsieur Poirot. Percebi na hora que a minha inha esposa ficou impressionada ao conhecê-lo. O simples fato de conhecer um detetive seria suficiente para causar nela um forte impacto. Acho bastante provável que o procure, e, bem, que lhe faça confidências. É assim que essas alterações nervosas se manifestam! O doente tem a tendência de se voltar vol tar contra contra os mais chegados chegados e queridos.  – Um Uma lástima! lástima!  – Sim, é verdade. Gosto muit muitoo da minha minha esposa – havia um carin cari nho profun profundo em sua sua voz. –  Sempre considerei muito corajoso da parte dela se casar comigo, um homem de outra nacionalidade, e ir viver num país distante, deixando para trás amigos e conhecidos. Nos

últimos dias, tenho estado bastante perturbado... Vejo apenas uma solução...  – Sim? Sim?  – Repouso absoluto absoluto e tranquili tranquilidade... dade... e um tratament tratamentoo psicológico psi cológico adequado. Conheço Conheço um uma clínica ótima, administrada por um homem muito competente. Quero levá-la para lá. Fica em

 

 Norfolk. Descanso absoluto e isolam  Norfolk. isol ament entoo total total das influên influências cias externas externas é o que ela precisa. precis a. Estou convencido que depois de passar um ou dois meses sob tratamento, ficará melhor.  – Enten Entendo do – disse Poirot. Poi rot. Proferiu a palavra de modo objetivo, sem deixar qualquer indício dos sentimentos que o moviam. Tanios voltou a lhe lançar um rápido olhar.  – É por isso que, se ela vier vi er até o senhor, senhor, agradecer agradeceria ia se fosse avisado avi sado na m mesm esmaa hora.  – Sem Eu lhe telefono. telefono. O senhor senhor está ainda ainda no Hotel Hotel Durham Durham?? Sim. dúvida! Sim. Estou voltando para lá agora.  – E a sua esposa saiu?  – Saiu logo logo depois do café ca fé da manh manhã. ã.  – Sem lhe dizer onde onde ia?  – Sem dizer uma uma palavra. palavr a. O que que não é de seu feitio.  – E as crianças?  – Estão com ela.  – Enten Entendo. do. Tanios levantou lev antou-se -se..  – Agradeço Agradeço muito, muito, monsieu monsieurr Poirot. Poir ot. Nem preciso preci so avisá-lo avis á-lo para não dar atenção a eventuais eventuais histórias mirabolantes de intimidação e perseguição que ela lhe contar. Infelizmente, faz parte da doença.  – Um Uma lástima! lástima! – coment comentou ou Poirot, com empatia. empatia.  – Sim. Sim. Mesmo Mesmo sabendo, do ponto ponto de vista médico, que isso iss o é parte de uma doença ment mental al conhecida, é impossível não ficar magoado quando alguém querido se volta contra você e todo o seu afeto se transforma em desgosto.  – O senhor senhor tem a minha inha mais profunda profunda solidaried soli dariedade ade – disse Poirot apertando a mão do convidado. – A propósito... – a voz de Poirot chamou a atenção de Tanios quando ele já estava na porta.  – Sim? Sim?  – O senhor senhor prescreve cloral cl oral par paraa a sua esposa? Tanios fez um movimento assustado.  – Eu... Eu... não... posso até ter prescrito. prescr ito. Mas não ultim ultimam ament ente. e. Ela parece ter ficado com aversão a soníferos.  – Ah! Ah! Suponh Suponhoo que seja por não confiar confiar no senhor? senhor?  – Monsieur Monsieur Poirot! Tanios aproximou-se furioso.  – Isso faria faria parte pa rte da doença – suavizou suavizou Poirot. Tanios parou. paro u.  – Sim, Sim, sim, sim, é claro.  – É provável que ela fique fique desconfiada desconfiada de qualquer qualquer coisa que o senhor senhor lhe dê para comer  comer 

ou beber. Talvez suspeite que o senhor queira envenená-la.  – Minh Minha nossa, monsieu monsieurr Poirot, o senhor senhor tem toda a razão! Conhece Conhece casos assim assi m, ent então? ão?  – Vemos emos problem proble mas semelhan semelhantes tes de vez em quando quando na minh minhaa profissão. Mas não vou mais tomar o seu tempo. Ela pode estar à sua espera no hotel.

 

 – verdade. Espero Esper o qu quee sim. Estou Estou num numa angústia angústia terrível. terrível . Saiu apressado da sala. Poirot correu para o telefone. Folheou as páginas da lista telefônica e procurou por um número.  – Alô... alô... é do Hotel Durham Durham?? Pode me dizer se a sra. Tanios Tanios está? O quê? T-a-n-i-oT-a-n-i-o-s. s. Sim, isso mesmo. Sim? Sim? Ah, entendo. Colocou o aparelho no gancho.  – A sra. Tanios era deix dei xtrazida ou o hotel de manhã anh ã cedo. Ela retornou às onze onze horas, esperou no táxi enquanto a bagagem do quarto e partiu.  – Será que Tanios Tanios sabe que ela levou a bagagem bagagem??  – Acho Acho que que ainda não. não.  – Para onde será que foi? foi?  – É impossíve impossívell saber.  – Você acha que que voltará para cá? c á?  – É possível. possível . Não posso dizer. dizer.  – Talvez Talvez ela escreva... escr eva...  – Talvez. Talvez.  – O que que podemos podemos fazer? fazer? Poirot sacudiu a cabeça. Parecia preocupado e aflito.  – Nada, no no mom moment ento. o. Vam Vamos os almoçar e então então irem iremos os visitar visi tar Theresa Theresa Arundell. Arundell.  – Você acredita acredi ta que que era ela el a na escada?  – É impossíve impossívell dizer. Um Uma coisa garanto: garanto: a srta. Lawson não não viu o rosto. Ela viu uum ma figura figura alta em um vestido escuro, só isso.  – E o broche?  – Meu caro, um broche não faz parte da anatom anatomia ia de ning ninguém! uém! Pode ter sido tirado do dono. Pode ser perdido, emprestado ou até mesmo roubado.  – Em outras outras palavras, pal avras, você não quer acreditar que Theresa Theresa Arundell Arundell é culpada? c ulpada?  – Quero Quero ouvir o que ela tem a dizer.  – E se a sra. Tanios Tanios voltar?  – Vou cuidar cuidar disso. di sso. George trouxe uma omelete.  – Ouça, Ouça, George – disse Poirot. – Se aquela senhora senhora voltar, peça qu quee espere. espere . Se o dr. Tanios Tanios chegar enquanto ela estiver aqui, não o deixe entrar sob qualquer hipótese. Se ele perguntar se a esposa está aqui, diga-lhe que não. Entendeu?  – Sim, Sim, senhor. senhor. Poirot atacou a omelete.  – Este negócio negócio está se complic complicando ando – coment comentou. ou. – Precisam Precis amos os agir com muito uito cuidado. Senão... o assassino vai atacar de novo.  – Se isso acont ac ontecer, ecer, você poderá pegá-lo.

 – É bem provável, provável , mas prefiro um inocente inocente vivo a um criminoso criminoso preso. Temos emos de  prosseguir com muito, uito, mu muito cuidado. cuidado.

 

CAPÍTULO 24 A NEGAÇÃO DE THERESA Encontram Encont ramos os Theresa Arundell Arundell preparando-se pr eparando-se para sair. Ela estava belíssima. Um pequeno chapéu de última moda caía casualmente por cima de um dos olhos. Percebi, para meu divertimento, que Bella Tanios usava uma imitação barata do mesmo chapéu no dia anterior, como George falara, inclinado para trás em vez de para o lado. Lembrei-me bem de como ela o empurrara cada vez mais para trás sobre os cabelos desarrumados. Poirot perguntou, educado:  – Posso tomar tomar alguns alguns minu minutos tos do seu tempo, tempo, madem mademoisel oiselle, le, ou isso irá atrasá-la muito? muito? Theresa eresa riu.importa.  –Th Ah, Ah , não importa. Estou sempre sempre 45 minutos inutos atrasada para tu tudo. do. Posso muito bem me atrasar uma hora. Ela o levou para a sala de estar. Para minha surpresa, o dr. Donaldson se levantou da cadeira perto da janela.  – Você já conhece conhece o monsieu monsieurr Poirot, Rex? Rex?  – Sim, Sim, nos nos conhecem conhecemos os em Market Market Basing Basing – respondeu respondeu Donaldson Donaldson,, em tom formal. formal.  – Soube que o senhor senhor estava es tava fing fingindo que ia escrever esc rever a biografia do meu ébrio av avôô – disse di sse Theresa. Th eresa. – Rex, meu meu anjo, anjo, você vo cê nos deixaria a sós? sós ?  – Obrigado, Theresa, Theresa, mas acho que é aconselhável que eu esteja presente durante durante esta conversa. Houve um rápido duelo de olhares. O de Theresa estava no comando. O de Donaldson estava im i mpenetrável penetrável.. Ela mostrou um um breve lampejo de raiva. raiva .  – Tu Tudo bem, bem, pode ficar então, então, seu chato! chato! O dr. Donaldson parecia im impertu perturbável. rbável. Ele voltou a se sentar perto da janela, colocando o livro no braço da cadeira. Notei que era sobre glândulas lândulas pituitárias pituitárias.. Theresa sentou-se em seu banquinho preferido e olhou impaciente para Poirot.  – Bem, Bem, o senhor senhor conversou com Pu Purvis? rvis? E então? então? Poirot respondeu, com uma voz reservada:  – Há... possibilidades, possibil idades, madem mademoisel oiselle. le. Ela olhou para ele, pensativa. Lançou um olhar muito discreto na direção do médico. Isso

foi, penso eu, uma advertência a Poirot.  – Mas é melhor – prosseguiu prosseguiu Poirot – conversarmos conversarmos mais tarde, quando quando meus planos estiverem mais palpáveis. Um meio sorriso surgiu por um instante no rosto de Theresa.  

Poir ot contin Poirot c ontinuou uou::  – Vim Vim hoje hoje de Market Basing e, quando quando estive lá, conversei com a srta. Lawson. Diga-me, Diga-me, mademoiselle, na noite do dia 13 de abril (a noite do feriado de Páscoa), a senhorita se ajoelhou ajoel hou na escada depois de pois que todos haviam haviam ido para par a cama?  – Meu caro Hercule Poirot, que pergun pergunta! ta! Por que eu faria isso? iss o?  – A questão, questão, madem mademoisel oiselle, le, não é por que que faria, m mas as se fez.  – Não sei. Acho Acho muit muitoo im improvável provável..  –Theresa Sabe, madem m ademoisel oiselle, a srta. sr ta.atraentes. Lawson Lawson disse que sim. sim. encolheu osle, ombros  – Isso importa? importa?  – Importa Importa mu muito. Ela o encarou com uma expressão amena. Poirot a encarou de volta.  – Lou Loucura! cura! – exclamou exclamou Theresa. Theresa.  – Par  Pardon don?  – Que Que loucura! loucura! – exclamou exclamou Theresa. Theresa. – Você Você não acha, acha, Rex? Rex? O dr. Donaldson tossiu.  – Com licen lice nça, monsieu monsieurr Poirot, mas mas qual é o objetivo da pergun pergunta? Meu amigo abriu as mãos.  – É muit muitoo simples! Algu Alguém prendeu um prego nu numa posição posiç ão convenient convenientee no alto da escada. O prego foi pintado com verniz marrom para combinar com o rodapé.  – É algum algum tipo de bruxaria? bruxaria? – pergu pe rgunt ntou ou Theresa. Theresa.  – Não, mademoisel ademoiselle, le, é muito muito mais trivial trivi al e sim s imples ples do que isso. Na noite seguint seguinte, e, terçafeira, alguém amarrou um fio esticado do prego a um dos balaústres da escada, assim, quando a srta. Arundell Arundell saiu do seu se u quarto, quarto, tropeçou nele nele e caiu cai u escada abaixo. aba ixo. Theresa respirou fundo.  – Mas foi foi a bola do Bob!  – Par  Pardon don, não foi não. Houve uma pausa, quebrada por Donaldson, que questionou com voz baixa e incisiva:  – Com licen lice nça, mas mas que evidência o senhor senhor tem para sustentar sustentar essa declaração? decl aração? Poirot respondeu com calma:  – A evidência do prego, a evidência da carta escrita escri ta pela própria própri a srta. Arun Arundell e, finalmente, a evidência do testemunho da srta. Lawson. Theresa conseguiu dizer:  – Ela diz que que fiz isso, não é? Poirot não respondeu, respondeu, apenas inclinou de leve le ve a cabeça. ca beça.  – Ora, é ment mentira! ira! Não tenh tenho nada a ver com isso!  – A senhorita senhorita se ajoelhou ajoe lhou nas escadas por algu al gum m outro outro motivo? motivo?  – Não me me ajoelhei ajoel hei nas nas escadas escada s de jeito jei to nenh nenhum um!!  – Cuidado, Cuidado, madem mademoisel oiselle. le.

 – Eu não estava lá! Não saí do meu quarto depois de ter ido para cama cama em nenhu nenhum ma das noites que passei lá!  – A srta. Lawson Lawson a reconheceu. reconheceu.  – Provavelm Provavel mente ente viu Bella Tanios Tanios ou algum alguma criada. cria da.

 

 – Ela disse diss e que foi foi a senhorita. senhorita.  – Ela é uma uma grande grande ment mentirosa irosa!!  – Ela reconheceu reconheceu o vestido e o broche que que usa.  – Broche... que broche? broche?  – Um Um broche com as suas iniciais.  – Ah, Ah, sei qual é! Mas Mas que ment mentirosa irosa!!  – Contin Continua ua negan negando do ter sido a senhorita senhorita que ela viu?  – Se for orita a minh minha palavra palavr a contra cont a edela... dela ... É isso? A senhorita senh ment maente e melhor melhor doraque qu ela... iss o? Theresa respondeu com calma:  – Pode até ser que sim. sim. Mas neste caso estou es tou falando falando a verdade. Eu não não estava preparando prepara ndo umaa armadilha, um a rmadilha, nem rezando, nem juntando juntando m moeda oedass na escada. esc ada.  – Tem Tem o broche que que foi mencion mencionado? ado?  – Sim. Sim. O senhor senhor quer quer vê-lo? vê-l o?  – Se for possível, possível , madem mademoisel oiselle. le. Theresa levantou-se e deixou a sala. Houve um silêncio constrangedor. O dr. Donaldson olhou para Poirot como olharia para um espécime anatômico. Theresa voltou.  – Aqui Aqui está. Ela quase atirou a tirou o broche em Poirot. Era um broche cromado ou de aço, com a inscrição das letras “T.A.” num círculo. Tenho de admitir que era grande e chamativo o suficiente para ser facilmente identificado no espelho da srta. Lawson.  – Não o uso mais agora. Enjoei Enjoei dele – inform informou ou Theresa. Theresa. – Londres está reple repleta ta deles. Qualq Qu alquer uer criad cr iadaa tem um. um.  – Mas foi foi caro qu q uando a senhorita senhorita o comprou? comprou?  – Ah, Ah, sim. sim. No começo, começo, eram bastant bastantee exclusivos. exclusivos.  – Quando Quando foi foi isso? iss o?  – No Natal Natal passado, acho. Sim, Sim, foi nnessa essa época. época .  – A senhorita senhorita nunca nunca o emprestou emprestou a algu alguém? ém?  – Não.  – A senhorita senhorita estava com ele em Littleg Littlegreen reen House? House?  – Acho Acho que que sim. Sim Sim,, estava. Lem Lembro-me bro-me disso.  – A senhorita senhorita o guardou? guardou? Sempre Sempre o mant manteve eve consigo enquan enquanto to esteve lá?  – Não, não guardei guardei.. Lembro Lembro qu q ue o prendi num num casaco verde. verde . E usei o mesmo mesmo casaco cas aco todos os dias.  – E à noite? noite?  – Ainda Ainda estava preso no casaco.  – E o casaco?

 – Ora, que que inferno, inferno, larguei larguei o casaco casac o num numa cadeira. cadeir a.  – A senhorita senhorita tem certeza certeza de que ninguém ninguém removeu removeu o broche e o prendeu de volta no dia seguinte?  – Diremos Diremos isto no tribunal tribunal se o senhor senhor quiser... se acha que esta é a mentira entira mais

 

convincente! Na verdade, tenho certeza de que nada disso aconteceu! Pode até ser que alguém esteja armando contra mim... mas não acho que seja verdade. Poirot franziu as sobrancelhas. Levantou-se, prendeu o broche com cuidado na lapela do casaco e aproximou-se de um espelho na outra extremidade da sala. Ficou em frente ao espelho e moveu-se lentamente para trás, a fim de avistar o broche de longe. Soltou um grunhido.  – Mas que que imbecil imbecil eu sou! sou! É claro! devolveu o broche a Theresa comficou uma reverência.  –Voltou Tem erazão, mademoisel adem oiselle. le. O broche com a senhorita! senhorita! Eu é que estava sendo lamentavelmente obtuso.  – Gosto de modéstia – observou Theresa, Theresa, prendendo prendendo o broche à roupa. Encarou Poirot. Poi rot. –  Algoo mais? Alg mais? Preciso Precis o sair. sai r.  – Nada que que não possa ser discut dis cutido ido mais mais tarde. Theresa caminhou em direção à porta. Poirot continuou com uma voz calma:  – Há a questão questão da exum exumação, é verdade... verda de... Theresa Th eresa ficou estática, estática, deixando deixando o broche cair no chão. chão.  – Como Como é? Poirot respondeu r espondeu::  – É possível que o corpo da srta. Emily Emily Arundell Arundell venha venha a ser exum exumado. Theresa Th eresa ficou parada, apertan aper tando do as mãos. Ela disse em voz baixa e irritada:  – Isso é coisa sua? Não se pode fazer isso sem a solicitação da família!  – Não é verdade, madem mademoisel oiselle. le. Isso pode ser feito com uma uma ordem judicial.  – Meu Deus! Deus! – exclamou exclamou Theresa. Theresa. Ela se virou e ficou andando de um lado para o outro. Donaldso Donald sonn murm murmurou: urou:  – Não há necessidade ecessi dade para ficar tão perturbada, perturbada, Tessa. Ou Ouso so dizer que, vendo de fora, a ideia não é muito agradável, mas... Ela o interrompeu.  – Não seja bobo, Rex! Poirot Poir ot pergu pe rgunt ntou: ou:  – A ideia a incomoda, incomoda, madem mademoisel oiselle? le?  – É claro que sim! sim! N Não ão é decente. Pobre Pobre tia Emily Emily.. Por que diabos teria de ser exum exumada?  – Presumo Presumo – disse Donaldson Donaldson – que haja algum alguma dúvida em relação rel ação à causa da morte? –  Olhou intrigado para Poirot. – Confesso que estou surpreso. Acho que não há dúvidas de que a srta. Arundell morreu de causas naturais, após uma longa enfermidade.  – Você me falou algo sobre um coelho e sobre problem proble mas de fígado fígado uma uma vez – disse Theresa. – Não me lembro bem agora, mas parece que você infectava o coelho com o sangue de uma pessoa com atrofia do fígado, depois injetava o sangue do coelho num segundo coelho, e

depois o sangue sangue deste des te coelho num numa pessoa pess oa saudável, e então ela ficaria ficar ia ddoent oentee do fígado. fígado.  – Este foi foi apenas um exemplo exemplo do princípio pri ncípio das vacinas – disse diss e o dr. D Don onaldson. aldson.  – Pena que haja tantos tantos coelhos nessa história! – Theresa Theresa disse com uma uma gargalhada. –   Nenhhum de nós cria coelhos.  Nen

 

Ela se dirigiu a Poirot, com um tom de voz alterado:  – Monsieur, Monsieur, isso é verdade? ve rdade? – pergu per gunt ntou. ou.  – É verdade, sim si m, mas... mas... há maneiras maneiras de evitar tal conting contingência, madem mademoisel oiselle. le.  – Então evite! – sua s ua voz era quase um sussurro. sussurro. Soava urgente, urgente, como como num num apelo. – Evite a qualquer custo! Poirot se levantou. levantou.  – Essas são as suas inst instruções? ruções? – Sua Sua voz era formal. formal.  – Essas são as –mDonaldson inhas inhas instruções. instruções. Mas Tessa... Tessa... interrompeu interrompeu..  – Fique quieto! Ela era minha  tia, não era? Por que uma tia minha  haveria de ser  desenterrada? Não vê que sairá nos jornais e haverá falatórios e aborrecimentos de todo o tipo? Ela se dirigiu a Poirot de novo.  – O senhor precisa pre cisa impedir impedir isso! Eu lhe dou carta branca. Faça Fa ça o que quiser, mas impeça isso! Poirot fez uma mesura.  – Farei o possível pos sível.. Au ademoiselle, le, au revoir , doutor.  Au revoir , mademoisel  – Ora, vá logo! – choraming choramingou ou Theresa. – E leve junto junto o seu cão de guarda. Gostaria de nunca ter posto os olhos em nenhum de vocês dois! Saímos da sala. Desta vez, Poirot não colocou o ouvido na porta, mas ficou se demorando. E não foi em vão. A voz de Theresa elevou-se, contrariada:  – Não me me olhe assim, assim, Rex. Rex. – E, de repente, repente, mudou mudou o tom: tom: – Querido! Querido! Ele respondeu com sua voz incisiva:  – Aquele Aquele homem homem nos trará trará problemas. pr oblemas. Poirot sorriu e me puxou direto pela porta da frente.  – Venh Venha, a, cão de guarda guarda – falou. – C’est drôle, ça! Pessoalmente, achei a piada de mau gosto.

 

CAPÍTULO 25 P AUSA PARA REFLEXÃO Enquanto corria atrás de Poirot, cheguei à conclusão de que não tinha mais dúvidas. A srta. Arundell fora assassinada, e Theresa sabia disso. Mas seria ela mesma a criminosa ou haveria outra out ra explicação? e xplicação? Ela estava com medo, sim. Mas por si mesma ou por outra pessoa? Poderia essa outra  pessoa ser se r o jovem médico, médico, quieto e comedido, comedido, com seu comportam comportament entoo calmo e arrogant arrogante? e? Teria a velha morrido de uma doença provocada artificialmente? Até certo ponto, tudo parecia fazer sentido – as ambições de Donaldson, sua crença de que Theresa herdaria o dinheiro com a morte da tia e até mesmo o fato de ele ter ido jantar lá na noite noit e do acident ac idente. Seria Seri a fácil deixarcolocar uma uma janela aberta a berta e voltar vol tar na calada da noite para amarrar amarrar o fio assassino na e.escada. Mas como o prego?  Não, Theresa Theresa deve ter feito isso. i sso. Theresa, ccom om o noivo cúmplice. Trabalhando Trabalhando juntos, juntos, tudo tudo  pareciaa óbvio. Nesse caso, é provável que tenh  pareci tenha sido Theresa Theresa quem prendeu o fio. O primeiro crime, o crime que falhara, fora obra dela. O segundo crime, o que obtivera êxito, foi a obra prima científica científica de Donaldson. Donaldson. Sim, tudo se encaixava. Mesmo assim, ainda restavam algumas dúvidas. Por que Theresa mencionara toda aquela história sobre induzir doenças no fígado de seres humanos? Era quase como se não conseguisse enxergar enx ergar a verdade... Mas, nesse caso... cas o... Senti a minha minha ment mentee perder-s per der-see naquele naquele quebra-cabeça e interrompi minhas para perguntar:  – Aonde Aonde estamos estamespeculações os indo, Poirot?  – De volta ao meu meu apartament apartamento. o. É possível que en encont contrem remos os a sra. Tanios Tanios lá. Meuss pensam Meu p ensamentos entos começaram começara m a seguir um curso diferente. difer ente. A sra. Tanios! Outro mistério! Se Donaldson e Theresa eram culpados, qual era o papel dela e do marido sorridente? O que queria dizer a Poirot, e qual o motivo da ansiedade de Tanios para impedi-l impedi-laa de falar? falar ?  – Poirot – falei, com modéstia –, estou ficando confu confuso. so. Todos Todos estão envolvidos, é isso? iss o?  – Assassinato em quadrilha? quadril ha? Uma Uma famíli famíliaa de assassinos? assass inos? Não, não desta vez. Há a marca de um cérebro, e apenas um. O perfil psicológico está muito claro.  – Você Você quer dizer que ou Theresa ou Donaldson cometeu cometeu o crim cr ime, e, mas não os dois? Então Então ele conseguiu fazer com que ela colocasse o prego na escada sob algum pretexto inocente?

 – Meu caro, desde des de o mom moment entoo em que ouvi ouvi a história da srta. s rta. Lawson, Lawson, percebi que existiam existiam três possibilidades: que ela estivesse dizendo a verdade; que ela tivesse inventado a história  por algum algum motivo; ou que ela acreditasse acredi tasse na própria própri a história, mas que se baseava no reconhecimento do broche e, como já lhe disse, é fácil tirar um broche de alguém.  

 – Sim, Sim, mas mas Theresa insiste que que usou o broche o tem tempo po todo.  – E ela está certa. Deixei passar um fato fato pequeno, pequeno, porém bastante bastante significativo. significativo.  – Não é do seu feitio – observei em tom tom solene.  – N’est ce pas? Mas um um homem omem comete comete seus seus lapsos. lapso s.  – O tem tempo po dirá.  – O tem tempo po não tem tem nada a ver com isso – retru r etrucou cou Poirot.  – Bom, Bom, que fato fato significativo significativo era esse? – pergunt perguntei ei enquant enquantoo chegávam chegávamos os à entrada entrada do  prédio.  – Vou lhe lhe mostrar. mostrar. Tínhamos acabado de chegar ao apartamento. George abriu a porta. por ta. Em resposta respos ta à ansiosa pergun pergunta de Poirot, Poi rot, balançou a cabeça.  – Não, senhor senhor,, a sra. Tanios Tanios não não apareceu. aparece u. Nem telefonou telefonou.. Poirot foi para a sala de estar. Caminhou de lá para cá por alguns minutos. Pegou o telefone. Ligou primeiro para o Hotel Durham.  – Sim... Sim, Sim, por favor. favor. Ah, dr. Tanios, Tanios, aqui é Hercule Poirot. Sua esposa es posa jjáá retorn re tornou? ou? Ah, Ah, não chegou. Levou a bagagem, o senhor diz... E as crianças... O senhor não faz ideia para onde ela foi... Sim, claro... Perfeitamente... Os meus serviços podem lhe ser úteis? Tenho alguma experiência nesses assuntos... Essas coisas podem ser resolvidas com discrição... Não, não... Sim,, claro Sim cla ro que isso is so é verdade... Lógico... Lógico. Lógico. Respeitarei sua vont vontade. ade. Desligou, pensativo.  – Ele não sabe onde a esposa está. Acho Acho que foi sincero. A ansiedade em sua voz é inconfundível. Ele não quer ir à polícia, o que é compreensível. Sim, entendo. Ele também não quer a minha ajuda, e isso já é mais difícil de entender... Quer encontrá-la, mas não quer que eu a encontre... Não, definitivamente não quer que eu a encontre... Parece seguro de que pode cuidar do assunto sozinho. Não acha que ela possa ficar escondida por muito tempo, pois tem  pouco dinheiro dinheiro consigo. consigo. E está com c om as crianças. cr ianças. Sim, creio que ele possa encontrá-la encontrá-la sem m muit uitaa demora. Mas acho, Hastings, que devemos ser mais rápidos do que ele. É importante que sejamos.  – Acha Acha que ela é meio meio maluca? maluca? – pergunt perguntei. ei.  – Creio que ela está passando por um grave esgotament esgotamentoo nervoso.  – Mas não não a ponto ponto de ser mandada mandada a uma uma clínica psiquiát psi quiátrica rica??  – Não, isso não.  – Sabe, Poirot, não enten entendo do bem tudo tudo isso.  – Você me me perdoe, Hastings, Hastings, mas mas você não enten entende de nada!  – Há tant tantas as questões paralelas! paralela s!  – É natural natural que haja questões questões paralelas. paral elas. Separar a questão questão principal das outras outras é a  principal tarefa de uma uma m ment entee lúcida. lúci da.  – Diga, Diga, Poirot, você sabia sabi a o tempo tempo todo que que havia oito suspeitos, suspeitos, e não sete?  – Aventei ventei essa possibilidade possibi lidade desde que Theresa Theresa Arundell Arundell mencionou encionou ter visto o dr.

Donaldson pela última vez quando ele jantou em Littlegreen House no dia 14 de abril.  – Não compreendo compreendo – interrompi. interrompi.  – O que que você não compreende? compreende?  – Bem, Bem, se Donaldson Donaldson planejava se livrar livr ar da srta. Arun Arundell por meios científicos, científicos, por 

 

inoculação, quero dizer, não compreendo por que lançou mão de um artifício tão canhestro quanto um fio atravessado numa escada.  – En verité, Hasting Hastings, s, há mom moment entos os em que que perco a paciência com você! Um Um dos métodos métodos é altamente científico e exigiu conhecimentos especializados. Não é?  – Sim. Sim.  – O outro outro é um um método simples, simples, que qualquer qualquer um executaria. executaria. Concorda? Concorda?  – Sim, Sim, concordo.  – cinzenta. Então Então pense, Hastings. Hastings. Pense. Recoste-se na cadeira, cadeir a, feche feche os olhos, faça uso de sua massa Obedeci. Quer dizer, me reclinei na cadeira, fechei os olhos e tentei seguir a terceira parte das instruções de Poirot. O resultado, no entanto, não esclareceu muito os fatos. Ao abrir os olhos, Poirot me olhava com a atenção que uma enfermeira dedica a uma criança sob seus cuidados.  – Eh bien? Fiz um esforço desesper de sesperado ado para par a im i mitar suas s uas maneiras. maneiras.  – Bem, Bem, acho que a pessoa que planejou a armadilha armadilha original não é o tipo de pessoa que  planejaria um assassinato assass inato baseado em métodos métodos científicos. científicos.  – Isso mesm mesmo. o.  – E duvido que que uma uma ment mentee treinada para as com complexidades plexidades da ciência c iência pensasse em algo algo tão infant inf antil il como como o plano do acident aci dente; e; seria depender da sorte. s orte.  – Ótim Ótimoo raciocínio. racio cínio. Empolgado, Em polgado, continuei: continuei:  – Portanto, Portanto, a única solução lógica l ógica parece parec e ser se r esta: e sta: as duas tentat tentativas ivas foram planejadas por  duas pessoas diferentes. Estamos lidando com tentativas de assassinato feitas por duas pessoas diferentes.  – Você não acha acha que isso é coincidência demais? demais?  – Você mesm mesmoo disse certa c erta vez que que quase sempre sempre há coincidências coincidências em casos de assassinato. assas sinato.  – Sim, Sim, é verdade. Tenh Tenhoo de admitir. admitir.  – Muito Muito bem, bem, então. então.  – E quem quem você sugere sugere como criminosos? criminosos?  – Donaldson Donaldson e Theresa Theresa Arundell. Arundell. Um médico médico é o perfil mais indicado para a tentat tentativa iva de assassinato bem-sucedida. Por outro lado, sabemos que Theresa está envolvida na primeira tentativa. Acho que é possível que eles tenham agido de modo independente.  – Você gosta gosta tanto tanto de dizer “sabemos”, Hastings. Hastings. Posso assegurar assegurar que, não importa importa o que você saiba, eu não sei se Theresa estava envolvida.  – Mas a história história da srta. s rta. Lawson... Lawson...  – A história da srta. Lawson Lawson é a história da srta. Lawson. Lawson. Só isso.  – Mas ela diz...  – Ela diz, ela diz... Você está sempre sempre pronto pronto a tomar tomar o que as pessoas dizem como como fatos fatos

certos e garantidos. Agora ouça, mon cher , eu lhe disse que havia alguma coisa errada na história da srta. sr ta. Lawson, Lawson, não disse?  – Sim, Sim, eu me lembro. lembro. Mas você não sabia ao certo o que era.  – Bom, Bom, agora eu sei. Espere um moment omentoo e lhe mostro mostro o que eu, imbecil imbecil que sou, devia ter 

 

visto na hora. Foi até a mesa e, abrindo uma gaveta, pegou um cartão de papel. Cortou-o com uma tesoura, sinalizando para que eu não olhasse.  – Paciência, Hastings, Hastings, já vamos vamos dar continu continuidade ao nosso experiment experimento. o. Desviei os olhos, obediente. Em alguns instantes, Poirot soltou uma exclamação satisfeita. Largou a tesoura, jogou os restos do cartão no lixo e caminhou na minha direção.  –Obedeci. Não olheSatisfeito ainda. Contin ainda. Con ue desviando o olh olhar ar enqu enquant antoo prendo um uma coisa na suae lapela. aotinue finalizar o procedimento, Poirot ajudou-me a levantar guiou-me através da sala até o quarto ao lado.  – Agora, Agora, Hasting Hastings, olhe-se no espelho. esp elho. Você está usando um elegant elegantee broche com as suas iniciais, só que, bien entendu, ele não é cromado, nem de aço, platina ou ouro, mas de um simples pedaço de cartolina! Olhei para o reflexo e sorri. Poirot tem uma habilidade manual incomum. Eu usava uma imitação bastante convincente do broche de Theresa Arundell: um círculo emoldurando minhas iniciais, A.H.  – Eh bien, está satisfeito? Você tem aí um elegante broche com suas iniciais.  – Um Um belíssimo belís simo exem exemplar plar – concordei. concordei .  – Ele não brilha bril ha nem reflete a luz luz,, mas você diria diri a que esse broche pode ser visto com clareza clare za de uma uma certa cer ta distância?  – Nunca Nunca duvidei. duvidei.  – Lógico. Duvidar Duvidar não é o seu forte. forte. Ter fé é mais o seu estilo. E agora, Hastings, Hastings, por  favor, tire o casaco. Intrigado, fiz o que me pediu. Poirot desfez-se do próprio casaco e vestiu o meu, afastandose um pouco enqu e nquanto anto isso. iss o.  – E agora agora repare repa re como como o broche com as suas iniciais me cai bem bem.. Ele se virou. Eu o encarei por um momento, perplexo. Então percebi.  – Que Que grande grande idiota eu sou! sou! É claro, claro , é H.A. H.A. no no broche, não não A.H. Poirot sorriu para mim enquanto vestia suas próprias roupas e me alcançava as minhas.  – Exatam Exatament ente... e... Percebe agora o que havia de errado na história da srta. Lawson? Ela afirmou que viu as iniciais de Theresa no broche. Mas viu Theresa pelo espelho. Então, se de fato viu as iniciais, deve tê-las visto invertidas.  – Bem, Bem, talvez ela tenha tenha visto, mas pode também também ter percebido percebi do que estavam invert i nvertidas idas –  argumentei.  – Mon cher , só agora isso lhe ocorreu? Você não exclamou: “Rá! Poirot, você se enganou e inverteu as letras”. Não, você não disse isso. E você é bem mais inteligente do que a srta. Lawson. Não me diga que uma mulher com uma cabeça fraca como aquela acordou de repente e ainda meio dormindo percebeu que A.T. era na realidade T.A. Não, isso não condiz com mentalidade da srta. Lawson.

 – Ela insistiu que que foi Th Theresa eresa – falei devagar. devagar.  – Você está se aproximando, aproximando, meu amigo. amigo. Lembra embra quando quando insinuei insinuei que ela não podia ter  visto o rosto de ninguém na escada? O que ela fez, logo em seguida?  – Lembrou-se Lembrou-se do broche de Theresa e fixou-se fixou-se nisso, esquecendo que que o simples simples fato fato de tê-

 

lo visto pelo espelho desmentia a própria história. O telefone tocou, e Poirot foi atender. Falou pouco e foi evasivo.  – Sim? Sim? Sim... Sim... claro. Sim, mu muito conveniente. conveniente. À tarde, creio. Sim, às duas duas está ótim ótimo. o. Desligou o telefone e se virou para mim com um sorriso.  – O dr. Donaldson Donaldson está ansioso para par a falar comigo. comigo. Virá Virá aqui amanh amanhãã à tarde, às à s duas horas. Estamos progredindo, mon ami, estamos progredindo!

 

CAPÍTULO 26 A SRA. TANIOS SE RECUSA A FALAR  Quando cheguei, após o café da manhã, no dia seguinte, encontrei Poirot ocupado em sua escrivaninha. Fez uma saudação e deu continuidade à sua tarefa. Depois, juntou as folhas, guardou-as em um envelope e selou-o com cuidado.  – Bem, Bem, meu meu velho, velho, o que que está fazendo? fazendo? – pergun perguntei tei em tom de brincadeira. brincadeir a. – Registrando Registrando as informações para serem guardadas em segurança caso alguém o elimine no decorrer do dia?  – Sabe, Hastings, Hastings, você não não está tão errado quanto quanto pensa. pensa. Poirot estava sério.  – Um Nosso assass assassino estápre prestes a ficar ficar perigoso? pe rigoso? Poirot, grave. – É impressionante  – assassino assass inoino é sempre sem perigoso – respondeu impressionante que isso iss o  passe despercebi des percebido do com tanta tanta frequên frequência. cia.  – Algum Algumaa novidade?  – O dr. dr. Tanios Tanios ligou. ligou.  – Ainda Ainda sem pistas da esposa? espos a?  – Sim. Sim.  – Então Então está tudo tudo bem. bem.  – Imagin Imaginoo que que sim.  – Desembuch Desembuche, e, Poirot, você não acha acha que algu alguém se livrou li vrou dela, acha? bala nçou balançou a cabeça, cabeç eme dúvida.  –Poirot Confesso Confesso – murm murmu urou a, – que qu gostaria gostaria de saber s aber onde ela está.  – Ah, Ah, ela vai aparecer. a parecer.  – Seu otim otimismo ismo me diverte, Hastings! Hastings!  – Meu Deus, Deus, Poirot, Poi rot, você não acha que ela vai aparecer esquartejada ou desmembrada desmembrada em uma mala? Poirot respondeu r espondeu devagar: devagar:  – Acho a ansiedade do dr. Tanios Tanios excessiva, mas não mais do qquue isso. i sso. A primeira coisa coi sa a fazer é interrogar a srta. Lawson.  – Você vai apontar o erro sobre sobr e o broche?  – Lóg Lógico ico que não. não. Isso será minh minhaa carta na mang mangaa até que que o mom moment entoo certo apareça.  – Então, Então, o que que dirá a ela?

 – Isso, mon ami, você saberá s aberá no devido devi do tempo. tempo.  – Mais ment mentiras, iras, supon s uponho? ho?  – Às vezes você vo cê fica um tanto tanto desagradável, Hastings. Hastings. Quem Quem o ouvisse ouvisse poderia pensar que gosto de mentir.  

 – Mas acho acho mesm mesmoo que gosta. gosta. Na verdade, tenho tenho certeza. certeza.  – É verdade que às vezes fico orgulhoso orgulhoso da minha inha própria própri a engenh engenhosidade osidade – confessou confessou Poirot com inocência. inocência.  Não pude conter conter uma uma risada. risa da. Poirot olhou-m olhou-mee com ar de reprovação, reprovaç ão, e partimos partimos para Clanroyden Mansions. Fomos conduzidos à mesma sala de estar atravancada, e a srta. Lawson chegou fazendo  barulho,  barulh o, e ainda mais mais incoeren i ncoerente te do que que de costum costume. Oh , céus,para monsieu monsieur Poirot, bom dia. T Tant anto o aBella fazer. fazer.ch Est á tudo tu… do tão desarrumado. desarrumado. En Enfim fim,, tudo tudo está  – deOh, c abeça cabeça baixor essa manhã. anh ã. Desde que c hEstá egou… egou  – O que que disse? disse ? Bella?  – Sim, Sim, Bella Tanios. Tanios. Ela apareceu apare ceu há há meia meia hora, com as crianças, cri anças, com completam pletament entee exausta, exausta, a coitadinha! Não sei o que fazer. Sabe, ela deixou o marido.  – Deixou o marido? marido?  – É o que que diz. É claro, não tenh tenhoo dúvidas de que ela tem toda a razão, pobrezinh pobrezinha. a.  – Ela confiou confiou isso a você?  – Bem... Bem... não não exatam exatament ente. e. Na verdade, ela e la não quer conversar. conversar. Só repete que o deixou e que nada vai fazê-la voltar para ele!  – Um Uma decisão decisã o seríssima! serí ssima!  – É claro clar o que sim s im!! Veja Veja bem, bem, se ele fosse inglês, inglês, eu a teria aconselhado a reconsiderar... mas ele não é... E ela está agindo de um jeito tão estranho, coitadinha, tão assustada. O que ele  pode ter feito a ela? Acho Acho que os turcos turcos são terrivelm terrivel mente ente cruéis às vezes.  – O dr. dr. Tanios Tanios é grego. grego.  – Sim Si m, claro, cl aro, é o contrário, quer dizer, os gregos gregos são aqueles que os tu turcos rcos massacram assacr am,, ou são os armênios? Ora, dá tudo na mesma, não gosto de pensar nisso. Não acho que ela deva voltar para ele, o senhor concorda, monsieur Poirot? De qualquer forma, disse que não vai...  Nem mesmo esmo quer quer que ele saiba onde est está. á.  – É tão ruim ruim assim assi m?  – Sim, Sim, sabe, tem as crianças. Ela morre de medo que ele as leve de volta para Esmirna. Esmirna. Pobrezinha, está mesmo muito mal. Não tem dinheiro, dinheiro nenhum, não sabe para onde ir  nem o que fazer. Ela quer se sustentar, mas, verdade seja dita, monsieur Poirot, não é tão fácil quanto quan to parece. Sei disso. Não tem prática para par a nada!  – Quando Quando ela deixou o marido? marido?  – Ontem Ontem.. Ela passou a noite em um um pequeno pequeno hotel hotel perto per to de Padding Paddi ngton ton.. Veio Veio a mim porque não conseguia pensar pe nsar em e m mais mais ninguém ninguém a quem q uem recorr rec orrer, er, pobrezinha. pob rezinha.  – E a senhora senhora vai ajudá-la? a judá-la? Isso é muit muitoo gen gentil til da sua parte.  – Bem, Bem, monsieur onsieur Poirot, é o meu dever. Mas é claro, é muito uito difícil. difícil . É um apartam ap artament entoo  pequenoo e não há  pequen há espaço... e há tant tantoo a fazer... fazer...  – Por que não não a manda manda para Littleg Littlegreen reen House? House?

  Poderia mandar, andar, mas o marido pode pensar nisso. Por enquant enquanto, o, consegui consegui quartos quartos para ela no Hotel Wellington na Queen’s Road. Ela está lá sob o nome de sra. Peters.  – Enten Entendo do – disse Poirot. Poi rot. Ele parou por um minuto e disse:  – Gostaria de ver a sra. sr a. Tanios. Tanios. Ela foi até o meu meu apartament apartamentoo ontem ontem,, mas mas eu tinh tinhaa saído.

 

 – Ah, Ah, foi? Ela não não me me disse. disse . Vou falar com ela, sim si m?  – Por gentileza. gentileza. A srta. Lawson saiu apressada. apress ada. Podíam Podí amos os ouvi-la. ouvi-l a.  – Bella... Bella, minha minha querida, querida, você voc ê gostaria gostaria de ver v er o monsieu monsieurr Poirot?  Não ouvim ouvimos os a resposta respos ta da sra. Tanios, Tanios, mas mas alguns alguns instan instantes tes depois ela ent entrou rou na na sala. Fiquei bastante chocado com a sua aparência. Estava com olheiras enormes, e o rosto completamente destituído de cor, mas o que mais me impressionou foi sua expressão de terror. Ela sePoirot sobressaltava por qualquer coisa, parecia estar semprea alerta. a cumprimentou, cortês. Foieaté ela, apertou-lhe mão, puxou uma cadeira e lhe alcançou uma almofada. Tratou a mulher pálida e assustada como se fosse uma rainha.  – E agora, agora, madam madame, e, vamos vamos conversar um pouco. A senhora senhora foi me me ver ontem ontem,, creio. Ela balançou a cabeça, confirmando.  – Sinto Sinto muit muitoo por ter saído.  – Sim... Sim... queria queria muito muito encont encontrá-l rá-lo. o.  – A senhora senhora queria me me contar contar algo?  – Sim, Sim, eu... eu... eu queria...  – Eh bien, estou aqui, aos seus serviços. A sra. Tanios não respondeu. Continuou sentada, sem se mover, girando um anel ao redor  do dedo.  – E então, então, madam madame? e? Devagar, quase relutante, ela balançou a cabeça.  – Não – ela disse diss e –, não não ouso.  – Não ousa, ousa, madam madame? e?  – Não. Eu... Eu... se ele soubesse... ele... ele ... ah ah,, algo aconteceria aconteceria comigo! comigo!  – Ora, vamos, vamos, madam madame... e... Isso é absurdo.  – Ah, Ah, não, não, não é absurdo... absurdo... não é nem nem um pouco absurdo. absurdo. O senhor senhor não o conh conhece...  – Fala do seu marido? marido?  – Sim, Sim, é claro. Poirot ficou calado alguns instantes, então disse:  – Ele me me procurou ontem ontem.. Uma expressão de medo se espalhou no rosto da sra. Tanios.  – Ah, Ah, não! O senhor senhor não disse a ele... é claro clar o que o senhor senhor não disse! O senhor senhor não  poderia.. O senh  poderia senhor não sabia onde eu estava. Ele... falou que eu estava louca? Poirot respondeu r espondeu com cuidado.  – Disse que a senhora senhora estava... m muit uitoo nervosa. nervosa. Ela balançou a cabeça, sem se deixar enganar.  – Não, ele el e disse di sse que eu estava louca... ou então então que eu estava enlouquecendo! enlouquecendo! Ele quer me me calar para que eu nunca possa dizer nada a ninguém.

  Diz Dizer er o quê? Mas ela balançou a cabeça. Torcendo os dedos uns entre os outros, murmurou:  – Tenh Tenhoo medo... medo...  – Mas, madam madame, e, uma uma vez que me me conte, a senhora senhora estará es tará segura! segura! O segredo acabará! E isso is so a protegerá automatica automaticam mente.

 

Ela não respondeu, apenas continuou girando o anel.  – A senhora senhora precisa... preci sa... – disse Poirot com gentileza. gentileza. Ela soltou um soluço.  – Como Como posso saber... Ah, Ah, meu Deus, Deus, é terrível. Ele é tão convincent convincente! e! E é médico! As  pessoas vão acreditar acredi tar nele e não em mim mim.. Sei que vão! Eu mesm mesmaa iria. iria . Ningu Ninguém ém acreditará em mim. Como poderiam?  – A senhora senhora não me me daria dari a uma uma chance? chance? Lançou çououm olhar confuso confu a Poir Poorirot. ot.  –Lan Com Como posso saber? sabe r? Ososenhor senh pode estar do lado la do dele.  – Não estou do lado de ninguém ninguém,, madam madame. e. Estou, Estou, sempre, sempre, do lado da verdade. v erdade.  – Não sei – disse diss e a sra. T Tanios, anios, em um tom desesperançado. desesper ançado. – Ah, Ah, não sei. Ela continuou, as palavras ganhavam volume, ecoando umas sobre as outras.  – Tem Tem sido tão horrível... horrível ... Por tantos tantos anos. Vi Vi coisas acontecerem acontecerem e se repetirem. E eu e u não não  podia dizer nem fazer fazer nada a respeito. respei to. Tive as crianças. Tem sido como como um longo longo pesadelo. pesadel o. E agora isso... Mas não vou voltar para ele. Não vou deixá-lo ficar com as crianças! Vou para algum lugar em que ele não possa me encontrar. Minnie Lawson vai me ajudar. Ela tem sido tão gentil... Ninguém poderia ter sido mais gentil. Ela parou, lançou um rápido olhar a Poirot e perguntou:  – O que que ele disse di sse sobre sobr e mim mim?? Que Que eu estava estava tendo tendo alucinações?  – Ele disse diss e que a senhora senhora tinh tinha... a... mu mudado com ele. Ela concordou, balançando balançando a cabeça. ca beça.  – E também também que eu estava alucinando. alucinando. Ele diss dissee isso, isso , não não disse? disse ?  – Sim, Sim, madam madame, e, para ser franco, franco, disse. disse .  – É isso. É isso iss o que vai parecer. E não não tenh tenho nenhu nenhum ma prova, nenhu nenhum ma prova material. material. Poirot se inclinou na cadeira. Quando voltou a falar, foi de maneira muito diferente. Falou como um homem de negócios, com a emoção de quem discute cláusulas de um contrato.  – Suspeita Suspeita que o seu marido tenha tenha matado matado a srta. Emily Emily Aru Arundell? ndell?  – Não suspeito... suspeito... Eu sei.  – Então, Então, madam madame, e, é seu dever falar.  – Ah, Ah, mas mas não é tão tão fácil... Não, não não é fácil.  – Como Como ele a matou? matou?  – Não sei ao certo... mas mas foi ele.  – A senhora senhora não sabe que método método ele usou? usou?  – Não. Foi algo... algo algo que fez fez no no último último doming domingo. o.  – No doming domingoo em que ele foi vê-la?  – Sim. Sim.  – Mas a senhora senhora não não sabe o que foi? foi?

  Não.  – Então Então como, como, perdoe-me, madam madame, e, como como a senhora senhora pode ter tanta tanta certez certeza? a?  – Porque ele... – ela parou e falou devagar. devagar. – Eu tenho tenho certeza. certeza.  – Par  Pardon don, madame, a senhora está escondendo algo? Há algo que ainda não me disse?  – Sim. Sim.

 

 – Então Então me me fale. Bella Tanios se levantou de repente.  – Não. Não. Não posso pos so fazer isso. iss o. As crianças. cr ianças. É pai delas. Não posso. Simplesmen Simplesmente te não  posso.  – Mas, madam madame... e...  – Eu não posso, é o que que tenh tenho a dizer. Sua voz virou quase um grito. A porta se abriu, e a srta. Lawson entrou, com a cabeça inclinada para o lado,Acabaram em uum mamespécie espéc ie de agitação. agitnação.  – Posso Poss o entrar? Acabara sua sua conversin conversi ha? Bella, querida, você não acha que deve tom tomar  ar  uma xícara de chá, ou uma sopa, ou mesmo um pouco de conhaque? A sra. Tanios balançou a cabeça.  – Estou bem – deu de u um sorriso fraco. – Devo voltar para as crianças. Estão desfaz de sfazendo endo as malas.  – Adoráveis criatu cr iaturinh rinhas as – disse diss e a srta. Lawson. Lawson. – Adoro crianças. A sra. Tanios se voltou para ela. ela .  – Não sei o que faria faria sem s em você. Você... Você... você tem sido maravilhosa.  – Calma, Calma, calma, querida, não chore. Tudo ficará bem. bem. Você precisa preci sa falar com o meu advogado. Um homem tão bom, tão simpático... Vai aconselhá-la sobre a melhor maneira de conseguir o divórcio. Hoje em dia é tão simples, não é o que todos dizem? Ah, puxa, tocaram a campainha. Nem imagino quem possa ser. Ela deixou a sala às pressas. Ouviu-se um burburinho no hall. A srta. Lawson reapareceu, caminhando na ponta dos pés e fechando a porta com cuidado atrás de si. Falou, em um sussurro nervoso, balbuciando as palavra pa lavrass com exagero: exagero:  – Oh, Oh, céus, Bella Bella,, é o seu marido. marido. Não sei... sei ... A sra. Tanios deu um salto em direção à porta. A srta. Lawson balançou a cabeça vigorosamente, concordando.  – Isso mesm mesmo, o, querida querida,, entre entre aí, e depois você sai de fininh fininhoo quando quando eu o troux trouxer er para cá. cá . A sra. Tanios Tanios sussurrou:  – Não diga que que estive aqui. Não diga diga que me me viu.  – Não, não, não, claro qu q ue não vou dizer. dizer. A sra. Tanios saiu. Poirot e eu a seguimos até uma pequena sala de jantar. Poirot cruzou a sala até a porta que dava para o saguão, abriu uma fresta e ouviu. Então nos acenou.  – Pode vir. A srta. Lawson Lawson o levou para a outra outra peça. Passamos pelo hall e saímos pela porta da frente. Poirot fechou-a sem fazer ruído atrás de si. A sra. Tanios começou a descer apressada, tropeçando e tentando se agarrar ao corrimão. Poirot a amparou pelo braço.

   Du calme... Du  Du calme. Está Es tá tudo bem. Chegam Ch egamos os à ent e ntrad rada. a.  – Venh Venham am comigo comigo – pediu a sra. Tanios, Tanios, que que parecia pareci a prestes a desmaiar.  – Claro – confortou confortou-a -a Poirot. Poir ot. Cruzamos a estrada, dobramos uma esquina e chegamos à Queen’s Road. O Wellington era

 

um hotel pequeno e modesto, uma espécie de pensionato. Quando entramos, a sra. Tanios despencou sobre um sofá, com a mão no coração acelerado. Poirot afagou-lhe afagou-lhe o ombro ombro para acalmá-la.  – Foi por um triz... Agora, Agora, madam madame, e, ouça com atenção. atenção.  – Não posso dizer di zer m mais ais nada, monsieu monsieurr Poirot. Poir ot. Não Não seria ser ia certo. cer to. O senhor senhor... ... o senhor senhor sabe o que penso, no que acredito. O senhor deve... deve se contentar com isso. Ped i paraosque Pedi a senhora senh madame. madam Suponha, ha, e  oisso apenas me uma umadizer. suposição, qu q ue eu  já –conheça . Suponha que e.euSupon queé queria Isso faria fatos do ora casoouvisse, já saiba diferença, não faria faria?? Lançou um olhar de dúvida a Poirot. Poi rot. A inten intensidade sidade daquele olhar era er a dolorosa. dol orosa.  – Ah, Ah, acredite acredi te em mim, im, madame, adame, não estou tentan tentando do enganá-la enganá-la para que que diga o que não quer.. Mas faria diferença... não faria? quer  – Eu... Eu... suponh suponhoo que sim. sim.  – Bom. Bom. Então Então deixe-me deixe-me dizer: eu, Hercule Poirot, sei a verdade . Não vou lhe pedir que tome apenas a minha palavra como prova. Tome isto. Ele entregou entregou a ela o envelope que eu o vira vi ra selar s elar pela manhã. anhã.  – Os fatos fatos estão aí. aí . Depois de lê-los l ê-los,, se estiver satisfeita, me me telefone. telefone. Meu número úmero está no  papel. Vacilante, ela aceitou o envelope. Poirot Poir ot contin c ontinuou uou::  – E mais mais uma uma coisa: a senhora senhora deve deix dei xar este hotel hotel agora mesm mesmo. o.  – Mas por quê? quê?  – A senhora senhora irá ir á para o Hotel Coniston, Coniston, perto de Euston Euston.. Não diga diga a ning ninguém aonde vai.  – Mas Minn Minnie ie Lawson não não vai dizer di zer ao meu meu marido marido onde estou. estou.  – A senhora senhora acha que que não?  – Ah, Ah, não, não, ela está do meu meu lado.  – Sim, Sim, mas o seu marido, madame, adame, é um homem homem muito uito esperto. Ele não vai encontrar  encontrar  dificuldades em enredar uma mulher de meia-idade. É essencial que ele não saiba onde a senhora se encontra. Ela concordou com a cabeça, muda. Poirot pegou uma folha de papel.  – Aqui está o endereço. Faça as malas e vá para lá com as crianças cri anças o mais cedo possível. possív el. Está bem b em??  – Está bem. bem.  – É nas nas crianças cri anças que que deve pensar, madam madame, e, não em si mesma. mesma. A senhora senhora ama ama seus filhos. filhos. Ele tocou no ponto certo. O rosto da sra. Tanios ganhou um pouco de cor, e ela ergueu a cabeça para trás. Não

 pareci a mais  parecia mais assu ass ustada, mas mas uma uma mu mulher altiva, quase bela.  – Está combinado, combinado, então então – finalizou finalizou Poirot. Trocaram apertos de mãos, e nós dois partimos. Não fomos longe. Em um café ali perto, tomamos um expresso e ficamos observando a entrada do hotel. Em cerca de cinco minutos, vimos o dr. Tanios descendo a rua. Sequer olhou para o Wellington. Passou pelo hotel, a cabeça

 

 baixa, mergu mergulhada lhada em pensament pensamentos. os. Em seguida, seguida, entrou entrou na na estação do metrô. metrô. Cerca de dez minutos depois, vimos a sra. Tanios e os filhos saírem do hotel e entrarem num táxi com sua bagagem e partir.  – Bien – disse Poirot, levantando-se com a conta nas mãos –, fizemos a nossa parte. Agora está nas mãos de Deus.

 

CAPÍTULO 27 A VISITA DO DR. DONALDSON Donaldson chegou, como havia dito, às duas horas. Estava calmo e comedido, como sempre. A personalidade do médico começara a me intrigar. No início, parecia um jovem bastante desinteressante. Perguntei-me várias vezes o que uma criatura tão cheia de vida como Theresa via nele. Mas agora começava a perceber que Donaldson era tudo menos insípido. Por trás daquela máscara máscara pedante pedante havia força. Quando nossos comprimentos iniciais acabaram, Donaldson disse:  – A razão da minha inha visita é a seguint seguinte: e: estou louco para entender entender qual é a sua posição sobrePoirot o assunto, monsieur respondeu comPoirot. cautela:  – Conh Conhece minh minhaa profissão, presum pre sumo? o?  – Claro que sim. sim. Posso dizer que fiz fiz alg algum umas as pergunt perguntas as sobre você. v ocê.  – O senhor senhor é um um homem omem cuidadoso, doutor. doutor. Donaldson respondeu:  – Gosto de verificar os fatos.  – O senhor senhor tem tem uma uma ment mentee científica! científica!  – Devo dizer que todos os testemun testemunhhos sobre o senhor senhor são os mesmos. esmos. É competen competente te em sua profissão. Tem também a reputação de ser escrupuloso e honesto.  – senhor está senhor sen do lisonjeiro lisxoonjeiro murm murmurou urou Poirot.  – O É porque estousendo perple perplexo com a–sua participação neste caso.  – Mas é tão tão simples!  – Não acho. acho. Primeiro, Primeiro, o senh se nhor or se apresent apre sentaa como como autor autor de biografias.  – Um subterfúg subterfúgio io perdoável, perdoável , não lhe l he parece? pa rece? Não podia sair por aí alar alardeando deando o fato fato de ser um detetive, embora isso, às vezes, também tenha lá sua utilidade.  – Imagin Imaginoo que sim – mais mais uma uma vez o tom de Donaldson era seco. – Em seguida seguida – continu continuou ou  – procurou a srta. Theresa Theresa Arundell Arundell e disse di sse a ela el a que o testam testament entoo da tia poderia ser s er anulado. anulado. Poirot assent ass entiu, iu, baixando baixando a cabeça.  – Isso foi ridículo ridí culo – a voz de Donaldson Donaldson era e ra penetrant penetrante. e. – O senhor senhor sabia muitíssim itíssi mo bem que o testamento era legalmente válido e que não havia nada a fazer a respeito.

 – Acha Acha isso mesmo? mesmo?  – Não sou idiota, monsieu monsieurr Poirot...  – Não, dr. dr. Donaldson, Donaldson, o senhor senhor sem dúvida não é um um idiota.  – Sei o suficiente suficiente sobre a lei. O testament testamentoo não pode ser cont contestado. estado. Por que o senhor  senhor  alegou o contrário? Por interesses pessoais... dos quais a srta. Theresa Arundell jamais  

desconfiou.  – O senhor senhor parece muit muitoo certo das reações reaçõe s dela. Um sorriso tímido passou pelo rosto do médico, que respondeu, de modo inesperado:  – Sei muito mais sobre Theresa Theresa do que ela suspeita. Não tenho tenho dúvidas de que ela e Charles acreditam tê-lo contratado para resolver um assunto de caráter controverso. Charles é quase completamente amoral. Theresa herdou o que há de pior na família e recebeu uma educação lastim las timável. ável.  –Donaldson E é assimoque qu e o senhor senhatravés or fala do de pincenê. sua noiva, noiva, como se fosse fosse alg al gum tipo de experiment experimento? o? encarou  – Não vejo razão para esconder a verdade. Amo Amo Theresa Theresa Arun Arundell pelo que é, e não por  qualquer qualqu er qualidade imagin imaginária. ária.  – Enten Entende de que Theresa é devotada ao senhor senhor e que a principal razão de d e querer dinheiro dinheiro a todo custo custo é para satisfazer satisfazer suas s uas ambições? ambições?  – Claro que entendo. entendo. Já lhe disse di sse que não sou s ou idiota. idi ota. Mas não tenho tenho nenhu nenhum ma intenção intenção de deixar Theresa se envolver em negócios escusos por minha causa. Theresa ainda é uma criança sob muitos aspectos. Sou perfeitamente capaz de levar minha carreira adiante por meu próprio esforço. Não digo que uma herança não seria bem-vinda, mas não seria mais do que um atalho.  – Então En tão tem tem plena confian confiança em suas hasabilidades? dades? É provável que isso so eça soe pedante, pedant e, mas mhabili tenho, tenho, sim – respondeu respondeu Donaldson Donaldson com calma.  – Deixe-nos ir adiante, então. então. Admito Admito que ganhei ganhei a confiança confiança da srta. Theresa por meio de um truque. Eu a induzi a acreditar que eu seria, digamos, um tanto desonesto. Ela acreditou sem a menor dificuldade.  – Theresa Theresa acredita acredi ta qu q ue todo mundo mundo faria qualquer qualquer coisa por dinheiro dinheiro – afirmou afirmou o médico com o tom fatalista de quem anuncia uma verdade evidente.  – É verdade. Essa parece par ece ser a atitu a titude de dela... e a do irm i rmão ão também também..  – Charle Charless provavelm provavel mente ente faria  tudo por dinheiro!  – Vejo Vejo que o senhor senhor não não tem ilusões sobre o seu ffut uturo uro cunh cunhado. ado.  – Não. Ele é um estudo estudo de caso bastante bastante interessa interessant nte. e. Sofre, acho, de uma uma neurose neurose muito uito enraizada, mas isso não importa. Voltemos à nossa discussão. Eu me perguntei por que o senhor  agiria dessa maneira, e só há uma resposta. Está claro que o senhor suspeita que Theresa ou Charles estejam envolvidos na morte da srta. Arundell. Não, por favor, não se incomode em me contradizer! O senhor mencionou a exumação, acredito, apenas como estratégia para ver a reação que gerava. O senhor tomou alguma providência para conseguir uma ordem de exumação?  – Serei franco com o senhor. senhor. Até Até agora, agora, não. Donaldson concordou com a cabeça.  – Foi o que pensei. Suponho Suponho que que o senhor senhor tenha tenha considerado a poss possibil ibilidade idade de a morte da srta. Arundell Arundell ter sido por causas naturais naturais??

 – Consider Considerei ei o fato de que que parece ter sido, si do, sim. sim.  – Mas já tem opinião formada? formada?  – De modo bastante bastante definitivo. definitivo. Se o senhor senhor tem um caso de, digamos, digamos, tu tuberculose, berculose, que  parece com tubercu tuberculose, lose, se comporta comporta com c omoo tuberculose tuberculose e cujo exames exames acusam tu tuberculose... berculose... eh bien, o senhor dá o diagnóstico de tuberculose, não?

 

 – Acha Acha isso? Então o que que o senhor senhor está esperando?  – Estou esperan espera ndo a prova final. O telefone tocou. Com um gesto de Poirot, me levantei e atendi, e logo reconheci a voz.  – Capitão Hasting Hastings? Aqui Aqui é a sra. Tanios. Diga Diga ao monsieur onsieur Poirot que ele está com a razão. Se ele vier amanhã às dez da manhã, eu lhe darei o que quer.  – Amanh Amanhã, ã, às dez?  – Sim. Sim.  –Poirot Certo, vou dizer a ele. perguntou-me com os olhos. Assenti com a cabeça. Ele se s e virou vi rou para Donaldson. Sua Sua atitude atitude era er a outra: incisiva, incisiv a, confiante. confiante.  – Deixe-m Deixe-mee explicar – ele disse. – Diagnostiquei Diagnostiquei o caso como como homicíd homicídio. io. Tem todas as características caracterí sticas de um assassinato. assass inato. E, de fato, é um assassinato! assass inato! Disso não resta res ta a menor menor dúvida. dúv ida.  – Onde Onde então então está a dúvida? Pois Poi s percebo que ainda hháá dúvida.  – A dúvida está es tá na na identidade do assassino.. assassi no.... Mas essa dúvida já j á não existe existe mais! mais!  – Sério? O senhor senhor sabe?  – Digam Digamos os que terei terei a prova pr ova definitiva definitiva em mãos amanh amanhã. ã. As sobrancelh sobra ncelhas as do dr. Donaldson se levant l evantaram aram com leve ironia.  – Ah! Ah ! Am Acontrári manhã! anh ã! oAlgu A–lgum mas vezes, monsieu monsieur r Poirot, Poiro t, o amanh am anhã demora demde oraamanh mu manhã uitoãasucede chegar. chegar.o de hoje Pelo cont rário retrucou Poirot –, sempre sem pre achei que oã dia am com monóton monótonaa regu r egular larida idade. de. Donaldson sorriu e se levantou.  – Lam Lament entoo ter desperdiçado desperdiç ado o seu tem tempo, po, monsieu monsieurr Poirot.  – Nada disso. É sempre bom entenderm entendermos os uns uns aos outros. outros. Com uma leve reverência, o dr. Donaldson saiu da sala.

 

CAPÍTULO 28 OUTRA VÍTIM VÍTIMA A  – Eis um homem omem inteligent inteligentee – refletiu Poirot. Poirot.  – E cujas cujas motivações motivações são difíceis difícei s de entender entender..  – Sim. Sim. Um Um tanto tanto desum desumano. Mas Mas bastante bastante perspicaz. perspi caz.  – Era a sra. Tanios Tanios ao telefone. telefone.  – Foi o que imagin imaginei. ei. Repeti a mensagem. Poirot balançou a cabeça, aprovando.  – Ótimo. Ótimo. Tudo Tudo está se encaminh encaminhando. ando. Vint Vintee e quatro horas, Hastin Hastings, gs, e acho que que saberem saber emos os exatamente em que ponto nos encontramos.  – Ain estou pouco con fuso. so.suspeita, De quem quem suspeitamos suspeitam na verdade?  – Ainda Nãodafaço faço ideia ideiuamde quemconfu você Hasting Hast ings! s! De Deostodos ao redor, imagin imagino! o!  – Às vezes vezes acho que que você gosta gosta de me me confu confundir!  – Não, não, não, isso não me me traria qualquer divertiment divertimento. o.  – Não é o que que parece. Poirot balançou a cabeça, com um ar meio distante.  – Algum Algum problema? – pergunt perguntei. ei.  – Meu amigo, amigo, sempre sempre fico um pouco nervoso quando quando o fim de um caso se aproxima. aproxima. Se algo der errado...  – O que que pode dar errado? er rado?  – Não sei –gências. ele fez uma uma pausa, franziu franziu a testa. – Acho Acho que já me preparei prepare i para todas as  possíve  possíveis is contingên contin cias.  – Então, Então, que que tal esquecer do crime e ir ao teatro?  – Ma foi, Hastings, excelente ideia. Tivemos uma noite agradável, embora tenha cometido o erro de levar Poirot a uma peça  policial.  polici al. Eis um conselho conselho aos leitores. Jamais Jamais levem soldados a espetáculos de guerra, guerra, marinheiros a espetáculos sobre navegação, escoceses a espetáculos escoceses ou detetives a espetáculos policiais. E nunca leve atores a espetáculo nenhum! A rajada de críticas destrutivas em cada um dos casos é devastadora. Poirot não parou de reclamar da psicologia inconsistente, e a falta de ordem e método do herói-detetive quase o levou à loucura. Terminamos a noite com

Poirot com a trama tramanão poder ia ter sido sespetáculo. ido resolvi r esolvida da na primeira metade metade do prim pri meiro ato.  – explicando Mas, nesse nesse como caso, cas o,o Poirot, npoderia ão haveria Ele foi forçado a concordar comigo. comigo. Passava um pouco das nove quando entrei na sala de estar na manhã seguinte. Poirot estava à mesa do café, como de costume, abrindo cartas de maneira bastante metódica. O telefone tocou, e eu atendi.  

Uma mulher falou com dificuldade:  – Monsieur Monsieur Poirot? Ah, Ah, é o senh senhor, or, capitão Hasting Hastings. s. Ouvi um soluço.  – Srta. Lawson? Lawson?  – Sim, Sim, sim, sim, um uma coisa terrível terr ível acont a conteceu! eceu! Agarrei o telefone com força.  – O que que foi?  – Elaquedeixou o Wido ellin elliembora. ngton, gton, sabe... Bella, me quero dizer ont em à tardinha, tardinh disseram ela tinha Sem sequer dizerdizer. uma. Passei palavra!láÉ ontem incrível! Penso a, quee talvez o dr. Tanios tivesse razão, afinal. Ele falou com tanta delicadeza sobre ela e pareceu tão  preocupado, e agora parece que ele é quem tinha tinha raz razão. ão.  – Mas o que que aconteceu, aconteceu, srta. Lawson? Lawson? Telefonou Telefonou para dizer di zer que que a sra. Tanios Tanios deixou o hotel hotel sem lhe lhe avisar? avis ar?  – Oh, não, não é isso! Meu Deus, Deus, não! Se fosse só isso, tu tudo do estaria e staria bem. bem. Embora eu ache mesmo que foi estranho, sabe? O dr. Tanios disse que ela tinha algum tipo... de mania de  perseguição,  persegu ição, como ele cham chamou. ou.  – Sim. Sim. – Que Que mulh mulher er dos inf i nfernos! ernos! – Mas o que que aconteceu?  – Ah, Ah , minha inhcrianças! a nossa...Tudo é terrível! terrível enqu o dormia. dorm ia. Usenão ma overdose de soníferos. soníf aquelas pobres isso é! Morreu tão triste!enquant Euanto não fiz nada chorar desde queeros. fiqueiE sabendo.  – E como como foi que que a senhora senhora ficou sabendo? sabendo? Conte-m Conte-mee tudo. tudo. Com o canto do olho percebi que Poirot tinha parado de abrir as cartas e estava ouvindo a conversa. Eu não queria ceder meu lugar a ele, pois parecia muito provável que a srta. Lawson recomeçaria a ladainha desde o início.  – Eles me ligaram do hotel, do Coniston. Coniston. Parece que acharam meu meu nome nome e endereço junto junto aos pertences dela. Ah, meu Deus, monsieur Poirot... quero dizer, capitão Hastings, não é pobre s crianças cr ianças ficaram sem mãe. mãe. terrível ? Aquelas pobres  – Escute: Escute: a senhora senhora tem certeza c erteza de que foi um acident aci dente? e? Não levantaram a hipótese hipótese de suicídio?  – Ah, Ah, que ideia horrível, capitão ca pitão Hasting Hastings! Minh Minhaa nossa, não não sei mesmo. mesmo. O senhor senhor acha acha que  poderia ser? Seria Ser ia horrível! horrível ! É claro clar o que que ela parecia par ecia muito muito deprimida. Mas Mas não precisava. Quero dizer, não haveria nenhuma dificuldade financeira. Eu ia dividir tudo com ela, ia mesmo. A querida srta. Arundell ia querer. Tenho certeza disso! É terrível pensar que ela tirou a própria vida... mas talvez ela não tenha... No hotel parecem acreditar que foi um acidente...  – O que que ela tomou? tomou?  – Um desses dess es remédios remédios para dormir. dormir. Veronal, eu acho. Não, cloral. clora l. Sim, Sim, foi isso. Cloral. Meu Deus, capitão Hastings! O senhor acha que... Sem cerim ceri mônia, desligu desli guei ei o telefone telefone e me virei vir ei para Poirot.

 – A sra. Tanios... Tanios... Poirot levantou a mão.  – Sim, Sim, sim, sim, já sei o que você vai dizer di zer.. Ela está morta, morta, não não está?  – Sim, Sim, overdose de soníf s oníferos. eros. Cloral. Clora l. Poirot se levantou. levantou.

 

 – Venh Venha, a, Hastings, Hastings, tem temos os de ir para p ara lá ag a gora mesm mesmo. o.  – Era isso is so que você temia temia na noite noite passada? passa da? Quando Quando disse que sempre sempre fica nervoso quando quando o fim de um caso se aproxima?  – Tem Temia ia que houvesse houvesse outra outra morte, morte, sim. sim. O rosto de Poirot estava grave e impassível. Mal falamos enquanto seguíamos para Euston. Vez por outra, Poirot balançava a cabeça. Perguntei, Pergun tei, tímido tímido::  – ocê não ach a...? Poderia si doacidente. um acidente?  – V Não, Hastacha...? Hasting ings... s... não. não. Não ter foi foi sido um  – Como Como foi que que ele descobriu des cobriu para onde ela tinha tinha ido? Poirot apenas balançou bal ançou a cabeça cabe ça sem se m responder. O Coniston era um hotel sem nenhum atrativo, bem perto da estação Euston. Poirot, com seu cartão e com modos intimidadores, logo conseguiu entrar no escritório do gerente. Os fatos eram bem simples. A sra. Peters, como dissera disser a se chamar, chamar, e os dois filhos chegaram chegaram perto do meio-dia e meia. Almoçaram à uma hora. Às quatro, chegou um homem com um bilhete, o qual foi entregue à sra. Peters. Alguns minutos depois come as criançasque crianças partiram com o visitante. A sra. Peters foiela ao desceu escritório escri tório explicou quee uma ficaria ficarimaleta, a com um uemasquarto quart o apenas. Ela não parecia muito preocupada nem incomodada, na verdade parecia calma e contida. Jantou Jant ou por volta das sete e m meia eia e recolh recol heu-se logo depois.  Na manh manhãã seguint seguinte, e, a camarei camareira ra encontrou encontrou-a -a morta. morta. Chamaram um médico, que anunciou que ela estava morta há algumas horas. Um frasco vazio foi encontrado sobre a mesa de cabeceira ao lado da cama. Tudo parecia indicar que ela havia tomado algumas pílulas para dormir e, por engano, sofrido uma overdose. Não havia sinais de suicídio. O médico comentou que se tratava de uma droga perigosa. Não havia nenhuma carta. Procurando meios de notificar parentes ou amigos, encontraram o nome e o endereço da srta. Lawson, e ela foi comun comunicada icada por telefone. Poirot perguntou se tinham encontrado papéis ou cartas, como, por exemplo, o bilhete trazido traz ido pelo p elo homem homem que levara as crianças. c rianças.  Não encont encontraram, raram, o gerent gerentee disse, disse , mas mas havia papéis queimados queimados na lareira. lareir a. Poirot assent as sentiu iu com a cabeça, pensativo. pensativo. Até onde se sabia, a sra. Peters não recebera nenhum visitante e ninguém entrara em seu quarto – com a única exceção do homem que levara as crianças. Eu mesmo perguntei ao porteiro qual era a aparência do tal homem, mas ele foi muito vago. Um homem de estatura média, talvez louro, com porte militar, de aparência indefinida. Mas tinha certeza de que o homem não usava barba.  – Não foi foi Tanios Tanios – murm murmuurei para pa ra Poirot. Poiro t.

 – Meu caro Hastings! Hastings! Você de fato acredita que que a sra. Tanios, Tanios, depois de todo o trabalho que que teve para levar as crianças para longe do pai, as entregaria com tanta facilidade ao marido sem ao menos protestar? pro testar? De jeito j eito nenhu nenhum m!  – Então Então quem quem era o homem homem??  – Óbvio que era alguém alguém em quem a sra. Tanios confiava, confiava, ou alguém alguém enviado por uma uma

 

terceira pessoa.  – Um Um homem omem de estatura estatura média média – repeti. re peti.  – Não precisa precis a se preocupar com a aparência, Hasting Hastings. Duvido Duvido muito que o homem homem que apanhou as crianças seja de fato um personagem importante. O verdadeiro agente se manteve nos bastidores!  – E o bilhete era dessa terceira terceir a pessoa?  – Sim. Sim.  – Alg Tanios confiava? confiava?  – Alguém Simuém Sim. . em quem a sra. Tanios  – E o bilhete está está agora qu queim eimado? ado?  – Sim, Sim, ela foi instruída instruída a queim queimá-lo. á-lo.  – E o registro por escrito do caso que você entregou entregou a ela? Poirot ficou com a fisionomia inflexível.  – Tam Também bém foi queim queimado. ado. Mas isso não importa! importa!  – Não?  – Não. Pois, veja bem, está está tudo tudo na cabeça de Hercule Poirot! Ele me puxou pelo braço.  – Venha, enh Hasting Hastings, vam vamos os embora. embora. Nossa preocupação agora é com os vivos. É com eles que temos dea,lidar.

 

CAPÍTULO 29 INTERROGATÓRIO EM LITTLEGREEN HOUSE Eram onze horas da manhã seguinte. Sete pessoas estavam reunidas em Littlegreen House. Hercule Poirot ficou perto da lareira. Charles e Theresa estavam no sofá: Charles sentado no braço, com a mão sobre o ombro de Theresa. O dr. Tanios estava sentado em uma cadeira de  balanço. Tinh Tinhaa os olhos vermelhos vermelhos e usava usava uma uma faixa faixa preta no braço. Em uma poltrona de encosto ereto, perto de uma mesa redonda, estava a dona da casa, a srta. Lawson. Ela também estava com os olhos vermelhos, e com os cabelos ainda mais desarrumados do que de costume. O dr. Donaldson sentou à frente de Poirot, com rosto inexpressivo. Meu interesse aumentava enquanto eu olhava para o rosto de cada um ao meu redor. Ao longo da minha parceria com Poirot, já havia presenciado cenas semelhantes algumas vezes. Um pequeno grupo de pessoas, todas elas dissimuladas, encobrindo com máscaras as suas verdadeiras faces. E eu já havia presenciado Poirot arrancando uma daquelas máscaras  para revelar rev elar a verdadeir ve rdadeiraa face de quem quem a usava – a face de um assassino! Sim, não havia dúvidas. Um dos presentes era um assassino! Mas qual deles? Nem agora eu tinha certeza. Poirot pigarreou meio pomposo, como de hábito, e começou a falar.  – Estamos Estamos reunidos reunidos aqui, sen se nhoras e senhores, senhores, para investigar investigar a morte de Emily Emily Arundell, Arundell, ocorrida de maio Háde quatro possibilidades: quetirado ela tenha morrido deou, causas naturais; no quedia sua1omorte seja passado. o resultado um acidente; que tenha a própria vida; por  último, que tenha encontrado a morte pelas mãos de uma pessoa conhecida ou desconhecida. “Não houve investigação na época de sua morte, pois se presumiu que ela morreu de causas naturais, e o dr. Grainger assinou um atestado de óbito corroborando os fatos. “Em casos em que se levantam suspeitas após o enterro, costuma-se exumar o corpo da  pessoa em questão. questão. Há razões para que que eu tenh tenha evitado esse cam caminh inho. o. A principal pri ncipal delas é que minha cliente não teria gostado.” O dr. Donaldson o interrompeu:  – Sua Sua client cli ente? e?

ele. Emily  –Poirot Minhse Minha a cliente cvirou lientepara é a srta. Emily Arundell Arundell.. Estou agindo agindo em e m seu interesse. interesse. Seu maior maior desejo foi que não houvesse escândalo. Vou relatar, sem muitos detalhes, os próximos dez minutos, pois envolvem muitas repetições desnecessárias. Poirot contou sobre a carta que recebera, e a leu em voz alta. Em seguida, explicou o que tinha feito em sua visita a Market Basing e contou sobre como  

descobrira a causa do acidente. Ele fez uma pausa, pigarreou outra vez e continuou:  – Vou agora levá-los levá-l os pelo caminh caminhoo que percorri per corri até chegar chegar à verdade. Vou lhes mostrar o que acredito ser se r uma uma reconst re constitu ituição ição fiel dos fatos fatos deste des te caso. “Para começar, é necessário explicar em detalhes o que se passava na cabeça da srta. Arundell. Isso, creio, é bastante fácil. Ela sofre uma queda, supostamente por tropeçar na bola de Bob, mas não se convence de que a causa tenha sido essa. Na cama, sua mente ágil e lúcida estuda circunstâncias ea.chega a uma conclusão definitiva sobre o assunto: alguém tentou tent ou machu masachucácá-la, la, talvezda até a téqueda matá-l matá-la. “A partir daí, começou a pensar em quem poderia ter sido. Havia  sete   pessoas na casa: quatro convidados, a dama de companhia e duas empregadas. Dessas sete pessoas, apenas uma  pode ser eximida eximida de culpa, uma uma vez que não tinh tinha nada a ganh ganhar. A srta. sr ta. Emily não su s uspeitava seriamente das empregadas, pois trabalhavam com ela há muitos anos e, sem dúvida, lhe eram leais. Restam, então, quatro pessoas, três das quais membros da família, e uma por laços matrimoniais. Cada uma dessas quatro pessoas se beneficiaria, três diretamente, uma indiretamente, com a sua morte . “A srta. Arundell fica numa posição difícil, pois tinha um forte sentimento de obrigação  para com famíli fam ília. a. Emtambém essência,não nãoé éo otipo tipodedepessoa pessoaque queselava a roupa sujaaem público, públic o, como com dizem. Pora outro lado, submete quieta uma tentativa deo homicídio. “Então toma a decisão de escrever-me uma carta. E deu um passo adiante, que foi levado a cabo, creio, por dois motivos. Em primeiro lugar, um nítido sentimento de desprezo pela família! Ela suspeitava de todos, sem exceção, e estava determinada a afastá-los a qualquer  custo! O segundo motivo, e mais razoável, foi o desejo de se proteger. Como sabem, ela escreveu ao sr. Purvis, o advogado, e o instruiu a redigir um testamento em favor da única  pessoa que, segundo segundo acreditava, não não tinha tinha nada a ver com o acidente. “Agora posso dizer que, pelos termos da carta que me escreveu, e por suas ações subsequentes, estou convencido de que a srta. Arundell passou de uma suspeita indefinida  das quatro pessoas para uma suspeita definida de uma delas. Na carta que me foi enviada, insistiu  para que o assunto assunto fosse fosse mantido mantido em absoluto sigilo, sigilo, pois poi s a honra honra da famíli famíliaa estava envolvida. “Acho que, de um ponto de vista vitoriano, isso indicava o envolvimento de uma pessoa com o sobrenome da família, de preferência um homem. “Se ela el a tivesse suspeitado da sra. sr a. Tanios, Tanios, teria ficado bastante bastante ansiosa em proteger-s proteger-se, e, mas mas não ficaria preocupada em proteger a honra da família. Ela poderia ter sentido o mesmo em relação relaç ão a Theresa Theresa Arundell, Arundell, mas mas nem de lon lo nge o que ela sentiri sentiriaa em relação a Charles. “Charles era um  A  Arundell  rundell . Levaria adiante o nome da família! Suas razões para suspeitar  dele são bastante claras. Para começar, ela não tinha ilusões sobre Charles. Ele chegara perto de desgraçar a famíli famíliaa em outras outras ocasiões. ocasi ões. Isto é, ela el a sabia sabi a que ele era não apenas um criminoso criminoso

em  potencial , mas um criminoso de  fato! Ele forjara seu nome em um cheque. Depois da falsificação, o próximo passo... assassinato! “Além disso, ela teve uma conversa bastante sugestiva com ele apenas dois dias antes do acidente. Ele pediu dinheiro, e ela negou. Ele deixou claro, e de forma bastante sutil, que ela corria o risco de ser eliminada. A isso ela respondeu que sabia cuidar de si! Ao que, segundo

 

nos disseram disser am,, o sobrinh s obrinhoo respondeu re spondeu “depois não diga que que não lhe avisei”. avise i”.  E dois dias di as depois, o  sinistro  sinis tro acidente ocorre. “Não é de se surpreender que, presa à cama e remoendo o ocorrido, a srta. Arundell concluísse, por fim, que havia sido Charles Arundell quem atentara contra a sua vida. “A sequência de eventos está bastante clara. A conversa com Charles. O acidente. A carta aflita que me escreveu. A carta para o advogado. Na terça-feira seguinte, dia 21, o sr. Purvis traz o testamento, e ela o assina. “Charles necessárias e Theresa vêm no fim de semana seguinte, e aosrta. Arundell Ela tomanão as  providências paravisitá-la se proteger. proteger . Conta a Charles sobre testamento. apenas conta como de fato mostra o testamento! Isso, para mim,  é absolutamente conclusivo. la deixa bem claro para um assassino em potencial que ele não ganharia nada com o crime ! “É provável que ela tenha tenha pensado pensado que Charles Charles passaria passari a a in i nformação formação para par a a irm i rmã. ã. Mas ele não fez isso. Por quê? Tenho a impressão de que ele tinha um bom motivo: ele se sentia culpado! Acreditava que era por sua causa que o testamento havia sido feito. Mas por que ele se sentia culpado? Porque tentou matá-la de verdade? Ou apenas porque roubara uma pequena soma de dinheiro? dinh eiro? Um dos dois doi s crim cr imes es foi a causa de sua relut rel utância. ância. Ele não disse di sse nada, esperando es perando que a tia reconsiderasse e mudasse de ideia. que diz respeitoOaopróximo estado mental Arundell, que reconstituí os de eventos com “No razoável exatidão. passo daerasrta. decidir se asjulgo suspeitas dela eram fato ustificadas. “Assim como ela, percebi que minha lista de suspeitos se limitava a um círculo estreito. Sete pessoas, para ser exato. Charles e Theresa Arundell, o dr. Tanios e a esposa, as duas empregadas e a srta. Lawson. Havia uma oitava pessoa que tinha de ser levada em conta, a saber, o dr. Donaldson, que jantou lá naquela noite, mas de cuja presença só fiquei sabendo mais tarde. “Essas sete pessoas se encaixavam facilmente em duas categorias. Seis delas se  beneficia  benef iciariam riam em maior maior ou menor menor grau com a morte da srta. Arundell. Arundell. Se uma uma dessas pessoas tivesse cometido o crime, a razão seria provavelmente uma simples questão de  ganância. A segunda categoria continha apenas uma pessoa: a srta. Lawson. A srta. Lawson não ganharia nada com a morte da srta. Arundell, mas, como resultado do acidente, ela acabou sendo  beneficia  benef iciada da depois! “Isso significa significa que, se a srta. Lawson tivesse arm ar mado o tal acident acid ente...” e...”  – Nunca Nunca fiz nada disso! di sso! – irrom irr ompeu peu a srta. Lawson. – É uma uma ofensa ofensa ficar aí dizendo dizendo essas coisas!  – Um pouco de paciência, madame. adame. E tenha tenha a cortesia de não me interromper interromper – disse Poirot. A srta. Lawson balançou a cabeça com raiva.  – Insisto Insisto em protestar! É um uma ofensa ofensa o que o senhor senhor diz! diz! Um Uma ofensa! ofensa!

Poirot continuou, sem lhe dar atenção.  – Eu estava dizendo que, que, se a srta. sr ta. Lawson Lawson tivesse arm armado ado o acidente, seria por um umaa razão ra zão inteiramente diferente... isto é, teria arquitetado a armadilha porque assim a srta. Arundell suspeitaria dos familiares e se afastaria deles. Essa era uma possibilidade! Procurei confirmar  essa suspeita e descobri um fato decisivo. Se a srta. Lawson quisesse que a srta. Arundell

 

suspeitasse da famíli família, a, teria chamado chamado atenção para o fato de que o cachorro, Bob, não estava em casa naquele dia. Mas, ao contrário, a srta. Lawson fez fez de tu tudo do ao seu alcance para im impedir pedir que a srta. sr ta. Arundell Arundell soubesse. Portanto, Portanto, concluí concluí qu q ue a srta. Lawson devia ser inocente. inocente. A srta. Lawson bradou:  – Era o mínim mínimoo que que se esperava! esper ava!  – Passei a considerar a quest questão ão da morte morte da srta. Arundell. Arundell. Quando Quando ocorre uma uma tentat tentativa iva de homicídio frustrada, ela, com frequência, é seguida de uma segunda. Achei significativo que, duas fazer semanas pergu per gunt ntas. as.depois da primeira tentativa, a srta. Arundell tenha morrido. Então, comecei a “O dr. Grainger não parecia achar que houvesse algo de incomum na morte de sua paciente. Isso era um pouco desanimador para a minha teoria. Mas, investigando os acontecimentos da noite em que ela adoeceu, deparei com um fato importante. A senhora Isabel Tripp mencionou uma aura de luz em volta da cabeça da srta. Arundell. Sua irmã confirmou o fato. Elas poderiam, é claro, estar vendo coisas, tomadas pela emoção, mas achei pouco provável que isso ocorresse a ambas com tanta espontaneidade. Quando questionei a srta. Lawson, ela também me deu uma informação interessante. Ela se referiu a uma auréola de luz saindo da boca da srta. Arundell e formando uma névoa luminosa ao redor de sua cabeça. “Embora de forma um pouco diferente por observadores o fato o mesmo. O quedescrito ele apontava, desconsiderando-se o misticismo, era o diferentes, seguinte: na noiteeraem questão, a respiração da srta. Arundell estava fosforescente!” O dr. Donaldson se mexeu um pouco na cadeira. Poirot dirigiu-se a ele.  – Sim, o senhor senhor começa a entender entender.. Não há muit muitas as substâncias substâncias fosforescentes. fosforescentes. A primeira e mais comum era exatamente o que eu procurava. Vou ler para os senhores um trecho extraído de um artigo sobre envenenamento por fósforo: “A pessoa poderá ficar com a respiração fosforescente fosf orescente antes antes de começar a sent s entir ir os o s prim pri meiros efeitos”. Foi isso i sso o que a srta. Lawson e as srtas. Tripp viram no escuro – a respiração fosforescente da srta. Arundell –, uma névoa luminosa. E aqui começo a ler de novo: “Tendo a icterícia se manifestado por completo, a  pessoa não apenas sofre a influên influência cia da ação tóxica tóxica do fósforo, fósforo, como como todos os sintomas sintomas  provenientes  provenient es da retenção da secreção secreçã o biliar bili ar no sangu sangue, não havendo havendo a partir desse ponto ponto qualquer diferença entre envenenamento por fósforo e certas doenças do fígado, como, por  exemplo, a atrofia”. “Veem a esperteza disso? A srta. Arundell sofreu por muitos anos de problemas no fígado. Os sintomas do envenenamento por fósforo pareceriam apenas mais uma crise da doença. Não haveria nada de novo, nada que chamasse a atenção sobre o assunto. “Ah! Foi bem planejado! Palitos de fósforo estrangeiros... veneno para insetos... Não é difícil arranjar fósforo, e mesmo uma pequena dose pode matar. A dose medicinal vai de 1/100 a 1/30 gramas.

“Voilà. O plano todo fica claríssimo. Naturalmente, o dr. Grainger é enganado, ainda mais que perdeu o olfato e não podia sentir o odor de alho, que é um sintoma distintivo do envenenamento por fósforo. Ele não tinha suspeitas, mas por que haveria de ter? Não havia circunstâncias suspeitas, e a única coisa que poderia lhe dar uma pista jamais levaria a sério, não passariam passaria m para ele el e de bobagen boba genss místicas. místicas.

 

“Eu tinha certeza agora (pelas evidências fornecidas pela srta. Lawson e pelas srtas. Tripp) que um assassinato fora cometido. Restava saber quem o cometera. Eliminei as empregadas, pois não teriam capacidade para cometer tal crime. Eliminei a srta. Lawson,  porque ela dificilm dificil mente ente falaria sobre o ectoplasma ectoplasma luminoso luminoso se estivesse ligada ao crime. Eliminei Charles Arundell, pois ele sabia, tendo visto o testamento, que não ganharia nada com a morte da tia. “Restavam Theresa, o dr. Tanios, a sra. Tanios e o dr. Donaldson, que descobri ter jantado aqui na do acidente. “Anoite esta altura, havia muito pouco que pudesse me ajudar. Eu teria de voltar à psicologia do crime e à  personalidade  do criminoso! Os dois crimes seguiam basicamente a mesma linha. Ambos eram  simples , inteligentes e foram executados com perfeição. Requeriam certos conhecimentos, mas não muitos. Os elementos sobre o envenenamento por fósforo poderiam ser  aprendidos com facilidade, e a substância em si, como eu disse, pode ser obtida sem maiores  problemas, sobretudo sobretudo no exterior. exterior. “Considerei de início dois homens, ambos médicos inteligentes. Um deles poderia ter   pensado no fósforo fósforo e em como como seria seri a convenient convenientee para esse caso em particular, mas mas o episódio episódi o com a bola não parecia combinar com uma mente masculina. O incidente com a bola me parecia essencialmente uma lugar, ideia feminina . Theresa Arundell. Ela tinha certas potencialidades. Era “Em primeiro pensei em destemida, inconsequente e sem muitos escrúpulos. Levava uma vida egoísta. Sempre tivera tudo o que queria e estava desesperada por dinheiro, tanto para si quanto para o homem que amava. Suas atitudes também mostravam que ela sabia que a tia havia sido assassinada. “Houve um incidente interessante entre ela e o irmão. Veio-me a ideia de que um  suspeitava  suspeit ava que o outro cometera o cr crime ime. Charles tentou fazê-la dizer que  sabia da ex existê istência ncia do testamento. Por quê? Certamente porque, se soubesse disso, ela não seria suspeita do assassinato. Ela, por outro lado, não acreditava na afirmação de Charles de que a srta. Arundell lhe mostrara o documento! Achava que era apenas uma tentativa desajeitada de afastar as suspeitas que recaíam sobre ele. “Houve ainda outro ponto importante. Charles apresentou certa relutância em usar a  palavraa ‘arsênico’.  palavr ‘arsê nico’. Mais tarde, descobri que ele el e pergunt perguntara ara ao velho jardineiro jardi neiro sobre o poder  de certos cer tos venenos venenos contra ervas daninh daninhas. Estava claro cl aro o que se passava na cabeça de Charles.” Charles Arundell mudou um pouco de posição.  – Pensei nisso nisso – con co nfessou. – Mas, bem, bem, acho que que não tive tive corag cora gem. em. Poirot acenou para ele.  – Não, não teve. Isso não faz parte do seu  perfil perfi l psicológic psicológicoo. Seus crimes sempre serão crimes de fraqueza: roubar, fraudar, o que for mais fácil... Mas matar, não! Para matar é preciso ter uma mente obsessiva. Ele retomou as maneiras de palestrante.

 – Theresa Theresa Arundell, Arundell, concluí, concluí, tinha tinha força de vontade vontade o suficie suficiennte para levar adiante tal tarefa, mas havia outros fatores a levar em consideração. Tinha uma vida fácil, era egoísta, mas não é o tipo de pessoa que mata, exceto talvez se tomada por uma raiva repentina. E, ainda assim, eu tinha certeza, fora Theresa quem tirara tirar a o veneno para ervas daninhas da lata. Theresa interrompeu:

 

 – Vou Vou dizer a verdade. v erdade. Chegu Cheguei ei a pensar nisso. Peguei Peguei mesmo mesmo um pouco de veneno veneno de uma uma lata. Mas não consegui! Gosto demais de viver, de estar viva, e eu não poderia tirar isso de ninguém... tirar uma vida... Eu posso ser má e egoísta, mas há coisas que não conseguiria fazer! Eu não conseguiria matar quem quer que fosse! Poirot concordou com um aceno.  – Isso é verdade. E a senhorita senhorita não é tão má quanto quanto se pinta, pinta, mademoisel ademoiselle. le. A senhorita senhorita é apenas jovem... e inconsequente. continuou:  –EleRestava a sra. Tanios. Assim que a vi, percebi que ela estava com medo. Ela, porém, porém, notou isso e rapidamente aproveitou-se da situação. Montou um quadro muito convincente de uma mulher que temia pelo marido. Um pouco depois mudou de tática. Isso foi muito bem executado, mas a mudança não me enganou. Uma mulher pode temer pelo marido ou pode temer  o marido, mas dificilmente pode fazer os dois. A sra. Tanios se decidiu pelo último personagem, e desempenhou o papel de maneira inteligente, mesmo ao se dirigir a mim no saguão do hotel, fingindo que havia algo que queria me dizer. Quando o marido a seguiu, tal como ela sabia que ele faria, fari a, fingiu fingiu que que não podia falar perto dele. “Logo percebi que ela não temia o marido, mas que não gostava dele. E assim, ligando os  pont  pontos, ela tinh tinhUma a o perfil procurava. p rocurava. Aliuma estava não uma uminsossa, a mulher ulherincapaz realizada, reali zada, mas os, umapercebi pessoaque frustrada. moçaque semeugraça, levando existência de atrair os homens que ela gostaria de atrair, finalmente aceitando um homem que não amava para não se tornar uma solteirona. Pude identificar a crescente insatisfação com sua vida em Esmirna, exilada de tudo de que gostava. Então o nascimento de seus filhos e sua apaixonada ligação a eles. “O marido era devotado à esposa, mas ela, em segredo, desprezava-o cada vez mais. Ele especulara com o dinheiro dinheiro dela e perdido: per dido: outro outro ressentim r essentiment entoo para ela guardar. guardar. “Havia apenas uma coisa que iluminava sua vida monótona: a expectativa da morte da tia Emily. Assim ela teria dinheiro, independência e meios para educar os filhos como queria: lembrem-se de que a educação significava muito para ela: era filha de um grande professor! “Ela já poderia ter planejado o crime, ou pelo menos tinha a ideia em mente, antes de vir   para a Ing Inglaterra. Possuía certo conhecimen conhecimento to de química, química, ten tendo do ajudado o pai no laboratório. l aboratório. Conhecia a natureza da doença da srta. Arundell e sabia muito bem que o fósforo seria a substância ideal para seus propósitos. “Então, quando veio para Littlegreen House, um método mais simples se apresentou. A  bola de Bob: um fio amarrado amarrado na escada. Uma Uma ideia idei a simples, engen engenhosa hosa e fem feminin inina. a. “Ela tentou... e falhou. Não acho que tivesse a mais vaga ideia de que a srta. Arundell soubesse a verdade. As suspeitas da srta. Arundell se dirigiam inteiramente a Charles. Duvido que tenha passado a tratar Bella de maneira diferente. E assim, de modo silencioso e determinado, essa mulher reservada, infeliz e ambiciosa pôs seu plano original em execução.

Encontrou um excelente veículo para o veneno, as pílulas que a srta. Arundell tinha por hábito tomar após as refeições. Abrir uma cápsula, colocar nela o fósforo e fechá-la de novo era  brincadeira de criança. “A cápsula foi colocada junto com as outras. Mais cedo ou mais tarde, a srta. Arundell a engoliria. Dificilmente alguém suspeitaria de envenenamento. E, por mais improvável que fosse,

 

ela mesma não estaria perto de Market Basing na ocasião. “Ainda assim, ela tomou uma precaução. Obteve uma dose extra de cloral, forjando o nome do marido marido na receita. Não tenho tenho dúvidas sobre sobr e a sservent erventia ia disso: di sso: para ing i ngerir erir caso al algu gum ma coisa cois a desse errado. “Como eu disse, desde a primeira vez em que a vi, soube que a sra. Tanios era quem eu  procurava, mas mas não tinha tinha nenh nenhuma uma prova disso. disso . Tive de proceder pr oceder com cuidado. Se a sra. Tanios desconfiasse que eu suspeitava dela, temia que pudesse cometer mais um crime. Além disso, acho que a ideia desse crime já lhe ocorrera, já que seu único desejo na vida era se livrar do marido. “Seu primeiro crime mostrou-se decepcionante. O dinheiro, o maravilhoso e inebriante dinheiro, tinha ido todo para a srta. Lawson! Isso foi um golpe duro, mas ela voltou a agir com muita dedicação. Começou a influenciar a consciência da srta. Lawson, que, suspeito, já não estava muito tranquila.” Houve uma repentina explosão de soluços. A srta. Lawson puxou um lenço e chorou, encobrindo o rosto.  – É horrível – ela soluçou. soluçou. – Eu fu fuii má! Muito Muito má. Fiquei curiosa sobre o testament testamento... o... queria saber por que a srta. Arundell tinha feito um novo. E um dia, quando ela estava descansando, abrir imaginei a gaveta que da escrivaninha. E entãoalguns descobri que ela eu tinha deixado tudo pra mim!consegui Claro, nunca seria tanto. Apenas milhares... achava que isso era tudo. E por que não? Afinal, a própria família não se importava com ela! Mas, quando ela piorou, pediu o testamento. Eu podia ver... eu tinha certeza... ela ia destruí-lo... E foi quando fui muito má... Eu disse que ela o enviara ao sr. Purvis. Pobrezinha, estava tão esquecida. Ela nunca lembrava o que tinha feito com as coisas. Acreditou em mim. Disse-me que o solicitasse de volta vol ta ao sr. Purvis, e eu garanti garanti que assim faria faria.. “Ah, meu Deus... ah, meu Deus... e ela piorou e não conseguiu pensar em mais nada. E morreu. E quando o testamento foi lido e mencionava todo aquele dinheiro, eu me senti horrível. Trezentas e setenta e cinco mil libras. Nunca pensei que fosse tudo isso, ou eu jamais teria feito o que fiz. “Senti como se tivesse roubado o dinheiro, não sabia o que fazer. Naquele dia, quando Bella me procurou, disse que lhe daria a metade de tudo. Eu tinha certeza de que assim eu voltaria a ser feliz.”  – Viram? Viram? – pergun perguntou Poirot. – A sra. Tanios Tanios estava tendo tendo sucesso com su suaa nova estratégia. estratégia. Por isso i sso ela era contra contra qualquer tipo de contestação contestação ao testament testamento. o. Tinha Tinha seus próprios planos, e a última coisa que queria era se desentender com a srta. Lawson. Ela fingiu, é claro, concordar  com o desejo do marido, mas deixou bem claro quais eram seus verdadeiros sentimentos. “Ela tinha dois objetivos: livrar-se do dr. Tanios e obter parte do dinheiro. Assim teria o que desejava: uma vida rica e feliz na Inglaterra, junto dos filhos. “Conforme o tempo passava, ela não conseguia mais esconder seu desprezo pelo marido.

De fato, nem tentava. Ele, pobre homem, estava muito preocupado e infeliz. As ações da esposa devem ter parecido deveras incompreensíveis para ele. Na verdade, eram bastante lógicas. Ela estava fazendo o papel de mulher aterrorizada. Se eu tinha alguma suspeita, e ela tinha certeza de que era esse o caso, queria que eu acreditasse que o marido cometera o assassinato. E a qualquer momento, o segundo assassinato, com certeza já planejado em sua cabeça, poderia

 

acontecer. Eu sabia que ela tinha uma dose alta de cloral. Tinha medo de que forjasse um falso suicídio e uma confissão por parte do dr. Tanios. “E ainda assim eu não tinha provas contra ela! E então, já desesperado, finalmente consegui uma pista! A srta. Lawson me disse que tinha visto Theresa Arundell se ajoelhando nas escadas na noite da segunda-feira de Páscoa. Logo descobri que a srta. Lawson não poderia ter  visto Theresa com muita nitidez, não o bastante para reconhecer sua fisionomia. Mesmo assim, ela tinha certeza de sua identificação. Ao ser pressionada, mencionou um broche com as iniciais de Theresa, T.A. “A meu pedido, Theresa me mostrou o broche em questão. Ao mesmo tempo, negou veementemente ter estado nas escadas naquela hora. No início, imaginei que alguém pudesse ter  usado o broche, mas o vi pelo espelho, e a verdade saltou aos meus olhos. A srta. Lawson, ao acordar, tinha visto uma figura indistinguível com as iniciais T.A. brilhando sob a luz. Ela tinha concluído conclu ído qu q ue era er a Theresa. “Mas se no espelho ela tinha visto as iniciais T.A., então as verdadeiras inicias tinham de ser A.T., uma vez que o espelho reverte a ordem das letras. “É claro! A mãe da sra. Tanios se chamava Arabella Arundell. Bella é apenas um apelido. A.T. eram as iniciais de Arabella Tanios. Não havia nada de estranho no fato de a sra. Tanios ter  um broche Ele era exclusivo até Tanios o Natalcopiava passado,asmas na primavera eles estavam na moda, e eusemelhante. já tinha observado que a sra. roupas e os chapéus da prima Theresa. “Para mim, ao menos, o caso já estava solucionado. “Mas então... O que eu podia fazer? Obter uma ordem para a exumação do corpo? Isso sem dúvida poderia ser feito. Eu poderia provar que a srta. Arundell foi envenenada com fósforo, embora houvesse uma pequena dúvida quanto a isso. O corpo fora enterrado há dois meses, e eu sabia de casos de envenenamento por fósforo em que não se encontrou nenhuma lesão e nos quais exames  post mortem são muito inconclusivos. Mesmo assim, será que eu poderia ligar a sra. Tanios Tanios à compra do fósforo? Muito Muito duvidoso, uma uma vez que era provável pr ovável que ela o adquirira no exterior. “Nesse ponto, a sra. Tanios tomou uma atitude decisiva. Abandonou o marido, colocandose à mercê da piedade pi edade da srta. Lawson e, também também,, acusou o marido marido do assassi ass assinnato. “Se eu não tomasse uma atitude imediata, estava convencido de que haveria uma próxima vítima. Tive o cuidado de isolá-los um do outro sob o pretexto de que assim seria mais seguro  para ela. el a. Na verdade, era com a seguran segurança ça dele que eu me me preocupava. Então... Então... então...” então...” Ele fez uma longa pausa. Sua face estava lívida.  – Mas isso era apenas um uma medida medida temporári temporária. a. Eu tinha tinha de me me assegurar assegurar de que a assassina assas sina não mataria mais. Eu tinha de garantir a segurança dos inocentes. Redigi um relato do caso e o entreguei à sra. Tanios. Houve um longo silêncio.

 – Meu Deus, Deus, então então foi por isso que ela se matou! matou! – exclamou exclamou o dr. Tanios. Tanios. Poirot disse, com delicadeza:  – Não foi foi melhor? melhor? Ela achou que sim. sim. Havia, ainda, as crianças a considerar. O dr. Tanios enterrou o rosto entre as mãos. Poirot deu um passo à frente e pôs a mão sobre seu ombro.

 

 – Tinha inha de ser. Acredite, foi necessário. Haveria outras outras mortes. Primeiro a sua, então, então, é  provável,, a da srta. Lawson.  provável Lawson. E assim por diante. Fez uma pausa. Com uma voz fina, Tanios disse:  – Ela quis que eu... eu... tomasse tomasse uma uma pílula para dormir dormir certa noite... noite... Havia algo em seus olhos... eu joguei joguei a pílula píl ula fora. Foi então que que comecei a acreditar acr editar que ela estava ficando...  – Pense desse jeito. jei to. Era, de fato, fato, parcialm parcia lment entee verdade. Mas não no no sentido sentido legal le gal do termo. termo. Ela sabia saObia que suas sudisse as ações açõcom es sig sitristeza: gnificavam. nificavam. dr.oTanios  – Ela era boa dem de mais par paraa mim mim... ... sempre sempre foi. Um estranho epitáfio para uma assassina confessa!

 

CAPÍTULO 30 A ÚLTIMA PALAVRA Há pouco para contar além disso. Theresa se casou com o médico pouco depois. Passei a conhecê-los bem e aprendi a apreciar o dr. Donaldson – a clareza de sua visão, sua força e humanidade. Ele continua seco e comedido como sempre; Theresa, de brincadeira, o imita com frequência. Ela está, acho, felicíssima, e dedica-se com afinco à carreira do marido. Ele está fazendo nome e já é uma autoridade nas funções das glândulas endócrinas. A srta. Lawson, numa crise de consciência, teve de ser impedida à força de se livrar de cada centavo da herança. Um acordo entre as partes foi redigido pelo sr. Purvis. Segundo o acordo, a fortuna da srta. Arundell seria dividida entre a srta. Lawson, os dois Arundell e os filhos do dr. Tanios. Charles gastou sua parte em um pouco mais de um ano e agora, creio, está na Colúmbia Britânica. Há apenas dois inciden i ncidentes tes a relatar. rel atar.  – Você é um sujeito discreto, discr eto, não é? – disse a srta. Peabody, Peabody, detendo-nos detendo-nos um dia ao sairmos de Littlegreen House. – Conseguiu fazer tudo direitinho! Sem exumação. Tudo feito de forma muito decente.  – Parece não haver dúvidas de que a srta. Arundell Arundell morreu de atrofia do fígado fígado – falou Poirot, educado. Issofiquei é muito mu satisfat sa tisfatório ório – disse d isse a srta. s rta. Peabody Peabo dy.. – Bella Tanios sofreu uma uma ov overdose erdose de soníf – soníferos, eros, fiqu ei ito sabendo.  – Sim, Sim, um uma tristeza.  – Ela era muito muito infeliz... infeliz... sempre querendo querendo o que que não tinha. tinha. As pessoas pess oas ficam meio meio malucas às vezes, quando são assim. ass im. Tive Tive uma uma cozinh c ozinheir eiraa uma uma vez. v ez. A mesma mesma coisa. coi sa. Uma menina menina sim si mples. ple s. Ficou biruta. Começou a escrever cartas anônimas. As pessoas ficam bem malucas. Talvez tenha sido melhor assim.  – É o que que esperam espera mos, madam madame, e, é o que esperamos. esperamos.  – Bem – concluiu concluiu ela, preparando-se prepar ando-se para retomar retomar sua s ua caminh caminhada ada –, eu lhe digo isso. Você fez tudo direitinho. Muito bom mesmo.

Ela em tristonho frente. atrás de mim. Ouviseguiu um “au” Eu me virei e abri o portão.  – Venh Venha, a, amigão. amigão. Bob saiu, com uma bola na boca.  – Você não pode levá-la para passear. pass ear.  

Bob suspirou, virou-se e soltou a bola do lado de dentro do portão. Olhou para ela com ansiedade, saiu e olhou para mim. “Se é o chefe quem diz, acho que está bem.” Respirei fundo.  – Minh Minha nossa, Poirot, como como é bom ter um um cachorro de novo.  – Os espólios esp ólios da guerra guerra – refletiu Poirot. – Mas eu e u ia lembrá-lo, meu amigo, amigo, de que a srta. sr ta. Lawson deu o Bob para mim, e não para você.  – Pode deles. ser – eu disse di sseBob –, mas não sabe s abe lidar combem, cachorros, cachnão orros, Você não entende entende a psicologia Agora, e euvocê nos entendemos muito é? Poirot. Você “Au”, concordou concor dou Bob enfatica enfaticam mente.

 

Agatha Chris Chris tie (1890-1976) Agatha Christie é a autora mais publicada de todos os tempos, superada apenas por Shakespeare e pela Bíblia. Em uma carreira que durou mais de cinquenta anos, escreveu 66 romances de mistério, 163 contos, dezenove peças, uma série de poemas, dois livros autobiográficos, além de seis romances sob o pseudônimo de Mary Westmacott. Dois dos personagens que criou, o engenhoso detetive belga Hercule Poirot e a irrepreensível e implacável Miss Jane Marple, tornaram-se mundialmente famosos. Os livros da autora venderam mais de dois bilhões de exemplares em inglês, e sua obra foi traduzida para mais de cinquenta línguas. Grande parte da sua produção literária foi adaptada com sucesso para o teatro, o cinema e a tevê.   A ratoeira ratoeira,, de sua autoria, é a peça que mais tempo ficou em cartaz, desde sua estreia, em Londres, em 1952. A autora colecionou diversos prêmios ainda em vida, e sua obra conquistou uma imensa legião de fãs. Ela é a única escritora de mistério a alcançar também fama internacional como dramaturga e foi a primeira pessoa a ser homenageada com o Grandmaster Award, em 1954, concedido pela  prestigi  presti giosa osa associação My Mystery stery W Wri riters ters of Ameri America. ca. Em 1197 971, 1, recebeu o tí títul tuloo de Dama da Ordem do Imp Império ério Bri Britâni tânico. co. Agatha Mary Clarissa Miller nasceu em 15 de setembro de 1890 em Torquay, Inglaterra. Seu pai, Frederick, era um americano extrovertido que trabalhava como corretor da Bolsa, e sua mãe, Clara, era uma inglesa tímida. Agatha, a caçula de três irmãos, estudou basicamente em casa, com tutores. Também teve aulas de canto e piano, mas devido ao temperamento introvertido não seguiu carreira artística. O   pai pai de Agath A gathaa mo morreu rreu quand quandoo ela tinh tinhaa onze onze aano nos, s,  o que a aproximou da mãe, com quem fez várias viagens. A  paixão  paixão ppor or con conhecer hecer o mu mund ndoo acom acompanh panharia aria a escrito escritora ra até o fi final nal da vi vida. da. Em 1912, Agatha conheceu Archibald Christie, seu primeiro esposo, um aviador. Eles se casaram na véspera do Natal de 1914 e tiveram uma única filha, Rosalind, em 1919. A carreira literária de Agatha – uma fã dos livros de suspense do escritor  inglês Graham Greene – começou depois que sua irmã a desafiou a escrever um romance. Passaram-se alguns anos até que o  primei  pri meiro ro livro da escrito escritora ra fosse pu publ bliicado.  O misterioso caso de Styles   (1920), escrito próximo ao fim da Primeira Guerra Mundial, teve uma boa acolhida da crítica. Nesse romance aconteceu a primeira aparição de Hercule Poirot, o detetive que estava destinado a se tornar o personagem mais popular da ficção policial desde Sherlock Holmes. Protagonista de 33 romances e mais de cinquenta contos da autora, o detetive belga foi o único personagem a ter o obituário publicado pelo  The New York Times. Times . Em 1926, dois acontecimentos marcaram a vida de Agatha Christie: a sua mãe morreu, e Archie a deixou por outra mulher. É dessa época também um dos fatos mais nebulosos da biografia da autora: logo depois da separação, ela ficou desaparecida durante onze dias. Entre as hipóteses figuram um surto de amnésia, um choque nervoso e até uma grande jogada publicitária. Também em 1926, a autora escreveu sua obra-prima,  O assassinato de Roger Ackroyd . Este foi seu primeiro livro a ser  adaptado para o teatro – sob o nome   Álibi Álibi  –– e a fazer um estron estrondo doso so sucesso no noss teatros in ingl gleses. eses. Em 1192 927, 7, Miss Miss Marpl Marplee estre estreou ou como personagem no conto “The Tuesday Night Club”. Em uma de suas viagens ao Oriente Médio, Agatha conheceu o arqueólogo Max Mallowan, com quem se casou em 1930. A escritora passou a acompanhar o marido em expedições arqueológicas e nessas viagens colheu material para seus livros, muitas vezes ambientados em cenários exóticos. Após uma carreira de sucesso, Agatha Christie morreu em 12 de janeiro de 1976.

 

Texto de acordo com a nova ortografia. Título original: Dumb Witnes Witnesss Tradução: Cáss Cássiia Zanon Capa : designedbydavid.co.uk  © HarperCollins/Agatha Christie Ltd 2008 Preparaç Pre paração: ão: Bianca P Pasquali asqualini ni e Ti Tiago ago Martins Revisão: Ana Laura Freitas CIP-Brasil. Catalogação-na-Fonte Sindicato Nacional dos Editores de Livros, RJ. C479p Christie, Agatha, 1890-1976 Poirot perde uma cliente / Agatha Christie; tradução de  Cássia Zanon. – Porto Alegre, RS: L&PM, 2011. (Coleção L&PM POCKET ; v. 910) Tradução de: Dumb Witnes Witnesss ISBN 978.85.254.2212-5 1. Poi P oirot rot (P (Personagem ersonagem fictíci fictício). o). 2. Fi Ficçã cçãoo pol poliicial iingl nglesa esa.. I. I . Za Zanon non,, Cássia. Cás sia. II II.. Títul Título. o. III. Série. 10-4862. CDD: 823 CDU: 821.111-3 Agatha ChristieTM PoirotTM Poirot perde uma cliente, Copyright © 2010 Agatha Christie Limited (a Chorion company).   All rights reserved. Dumb Witnes Witnesss was fi first rst  publ  publiished iinn 1193 937. 7. Todos os direitos desta edição reservados a L&PM Editores Rua Comendador Coruja, 314, loja 9  –  – Floresta Floresta – 90 9022 220-1 0-180 80 Porto Alegre – RS – Brasil / Fone: 51.3225.5777 – Fax: 51.3221.5380 P EDIDOS & DEPTO. COMERCIAL: [email protected]  FALE CONOSCO: [email protected]  www.lpm.com.br 

 

Table of Contents Capítulo 1 - A senhora de Littlegreen House Capítulo Capítu lo 2 - Os parent parentes es Capítulo Capítu lo 3 - O acident ac identee Capítulo 4 - A srta. Arundell escreve uma carta Capítulo Capítu lo 5 - Hercule Poirot Poi rot recebe uma carta car ta Capítulo 6 - Vamos a Littlegreen House Capítulo 7 - O almoço no restaurante da pousada Capítulo 8 - O interior de Littlegreen House Capítulo 9 - Reconstituição do incidente Capítulo Capítu lo 10 - Visita Visita à srta. Peabody Capítulo 11 - Visita às srtas. Tripp Capítulo 12 - Poirot discute o caso Capítulo Capítu lo 13 - Th Theresa eresa Aru Arundell ndell Capítulo Capítu lo 14 - Ch Charles arles Aru Arundell ndell Capítu Capítulo lo 15 Srta.Tanios Lawson Capítulo 16 -- Sra. Capítulo 17 - Dr. Tanios Capítulo Capítu lo 18 - “Algo de podre no reino re ino da Dinamarca” Dinamarca” Capítulo 19 - Visita ao sr. Purvis Capítulo 20 - Segunda visita a Littlegreen House Capítulo 21 - O farmacêutico, a enfermeira e o médico Capítulo 22 - A mulher na escada Capítulo 23 - A visita do dr. Tanios Capítulo 24 - A negação de Theresa Capítu Capítulo lo 25 Pausa reflexão Capítulo 26 -- A sra. para Tanios se recusa a falar  Capítulo Capítu lo 27 - A visita do dr. Donaldson Donaldson Capítulo 28 - Outra vítima Capítulo 29 - Interrogatório em Littlegreen House Capítulo Capítu lo 30 - A última última palavra pal avra

View more...

Comments

Copyright ©2017 KUPDF Inc.
SUPPORT KUPDF