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Português 8...
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Conto Contigo8
Grupo I Oralidade
Para responderes aos itens que se seguem, vais ouvir um excerto de uma entrevista de Sophia de Mello Breyner, em 1974, à Rádio Emissora Nacional. (repetir duas vezes a audição)
1. Para cada item (1.1. a 1.8.), seleciona a opção que completa a frase, de acordo com o
sentido do texto. Escreve o número do item e a letra que identifica a opção escolhida. 1.1. A civilização e a cultura dos povos de África é motivo para:
(A) debater a postura dos intelectuais e dos artistas africanos. (B) pensar sobre os povos africanos como povos que não influenciaram a cultura moderna. (C) valorizar a arte africana e a forma como marcou o mundo africano. (D) refletir sobre a sociedade ocidental e a forma como esta se encontra gasta e necessitada de renovação. 1.2. Sophia de Mello Breyner admira poetas africanos, pois
(A) estes sempre lhe lembraram a cultura africana. (B) nunca conseguiu ter acesso a livros deles e sente-se atraída pelas suas temáticas. (C) lembram-lhe os tempos em que vive. (D) são poetas com um grande poder de expressão pictórica. 1.3. Os problemas do povo português e dos povos modernos do mundo ocidental são
(A) a alienação cultural e a falta de uma educação elitista. (B) a alienação e a divisão em castas, não havendo uma educação cultural para todos. (C) a ausência de uma plataforma comum ao nível da educação e da cultura. (D) a democracia real e a alienação social. 1.4. Segundo a autora, para a política democrática ser possível, é preciso trabalhar para
a desalienação cultural, o que passa por: (A) uma intervenção no ensino e, pessoalmente, escrever para crianças, com uma consciência política. (B) mudar as políticas educativas. (C) escrever para crianças, pensando em como são importantes. (D) focarmo-nos na educação das crianças. 1
Conto Contigo8
1.5. A principal infelicidade, “doença”, de um escritor é
(A) perceber que os seus livros não são para todos, pois tudo depende da casta em que se nasceu. (B) escrever para todas as crianças que tenham livros. (C) tornar os livros um objeto único de alguns. (D) perceber que só pode ser compreendido por alguns homens privilegiados, educados para entenderem uma cultura muito evoluída. 1.6. Um dos problemas que preocupa a escritora é o facto de os livros
(A) não conciliarem uma cultura literária e uma cultura plástica, não se escrevendo livros abertos e que abres horizontes amplos à criança. (B) transmitirem meras histórias para as crianças se divertirem. (C) não terem ilustrações belas. (D) terem apenas ilustrações de determinados artistas. 1.7. Para Sophia, a sociedade, com uma organização capitalista,
(A) permite que todas as crianças tenham acesso a livros bonitos. (B) limita o acesso de todas as crianças a livros bem escritos e bem ilustrados, pois estes são caros. (C) possibilita a socialização do livro infantil, em que todos podem comprar os livros que gostam. (D) não consente que todos os escritores publiquem os seus livros. 1.8. Por fim, outro aspeto da desalienação cultural é a importância de
(A) construir casas económicas, com rendas baratas. (B) permitir ao homem viver em casas melhores e com boas condições. (C) proporcionar a todos uma casa que tenha beleza, condição necessária do homem. (D) construir casas bonitas e luxuosas, que sejam desenhadas pelos melhores arquitetos.
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Conto Contigo8
Grupo II Leitura e Educação Literária – Texto A Lê, com atenção, o texto. A ARTE DAS IDEIAS
Mónica Baldaque Começavam as Férias Grandes, que dividia entre Esposende e o Douro. Nunca gostei particularmente do verão, do verão quente. Fujo das praias do sul, da água morna e da areia a escaldar. Mas 5
já me apetecem as praias do norte, com vento, nevoeiros e água gelada. Caminhar no areal imenso e livre de Esposende, com os pés na água, húmida até aos ossos do vento salgado, ou deitarme na sombra fria das dunas cobertas de junquilhos brancos, fechar os olhos e ouvir as ondas cadenciadas e hipnotizantes, era esse o melhor tempo do mundo. [...] Eu não era já criança. Começava a entrar no mundo dos adultos com a sensação de
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ser para sempre, e nunca mais poder sair dele. Isso assustava-me, era como se estivesse a andar para trás, a afastar-me do sentido perfeito da vida; mas ao mesmo tempo atraía-me. Conhecer o amor, por exemplo, era uma condição do crescimento. Eu lia sobre o amor nos livros que me iam dando para a mão – Dickens, Tolstoi, 15
Hermann Hesse, a Bíblia – e parecia-me muito difícil lidar com esse sentimento, tão escorregadio como as algas que eu arrastava do mar e enrolava na cinta, e me caíam aos pés. Foi o tempo de ensaiar as primeiras cartas de amor, tão rudimentares como as mais rudimentares experiências de Química, e tão inesquecíveis! [...]
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Em setembro, partia de comboio para o Douro: as janelas abertas em corrente de ar, as costas coladas aos estofos de veludo, as recoveiras conhecidas dos revisores, que regressavam com as cestas vazias metidas umas nas outras; a melancia madura, bem gelada, que a Idalina me servia na cozinha escura, quando eu chegava. [...] Atirava-me para o sofá de linho e lia horas e horas, escondida numa penumbra
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mágica: Salgari, Blasco Ibáñez, Defoe, Rider Haggard, Eça. A biblioteca era completamente desordenada, e dava-me enorme prazer encontrar os livros manuseados, anotados a lápis com pensamentos, referências pessoais, desenhos, pequenas contas de somar, uma violeta seca. Passava-lhes a mão por cima, devagar, como se os chamasse à minha atenção. 3
Conto Contigo8
Chegava o carteiro à hora de maior calor, e lá vinha mais uma carta que eu ia ler para
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junto do tanque, onde caía de uma bica de pedra uma água fresca, metálica. As minhas férias eram bastante solitárias. Tão fantásticas, inesquecíveis, porque significavam o contacto com a minha realidade que não era a da História, da Filosofia, do Grego, do Latim. Não eram um tempo de diversão. Por que haveria de ser?
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A vida é o que é. E não devemos esperar dela que nos reserve grandes emoções nem grandes alegrias. Temos é de saber encontrar na rotina do quotidiano o seu significado poético, a sua harmonia. Foram assim as minhas belas Férias Grandes. E é verdade que nunca as troquei por 40
nenhumas outras! Há uma fita de cor de alfazema que liga esses tempos ao meu coração. Jornal de Letras, 17 a 30 agosto de 2016, n.º 1197 (texto com supressões)
1. Escreve a sequência de letras (A – I) que corresponde à ordem pela qual as
informações aparecem no texto. Inicia a sequência pela letra G. A. As Férias Grandes permitem aprendizagens diferentes das escolares. B. Não é obrigatório associar Férias Grandes a diversão. C. O tempo vivido enquanto criança num mundo perfeito é abalado quando se cresce. D. O melhor tempo do mundo era ter o privilégio de numa praia ouvir o som das ondas
deitada no areal. E. A escritora conhecia o amor através dos livros. F. O passado, embora marcado por sentimentos de solidão e isolamento, traz-lhe
memórias singulares. G. As praias do norte têm aspetos mais atrativos para a autora do que as praias do
sul. H. As memórias proporcionaram reflexões sobre a vida presente e retirar
ensinamentos importantes. I. No Douro, tinha o privilégio de ler e manusear livros com testemunhos únicos.
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Conto Contigo8
2. Atenta na frase.
“as janelas abertas em corrente de ar, as costas coladas aos estofos de veludo, as recoveiras conhecidas dos revisores, que regressavam com as cestas vazias metidas umas nas outras”. 2.1. Indica o antecedente do pronome “que”. 3. Seleciona, em cada item (3.1. a 3.4.), a única opção que te permite obter uma
afirmação adequada ao sentido do texto. 3.1. A expressão “era esse o melhor tempo do mundo” (linha 9) ilustra a ideia de que
a autora (A) gostava das Férias Grandes, pois lhe lembram a criança que foi. (B) lembra o tempo das Férias Grandes, passadas junto ao mar. (C) recorda momentos únicos, em Esposende, que a marcaram até hoje. (D) não gostava das praias do sul. 3.2. A expressão “a afastar-me do sentido perfeito da vida” (linha 12) realça
(A) os medos de alguém prestes a entrar no mundo dos adultos. (B) o fascínio de abandonar o tempo de criança. (C) a transição entre duas fases da vida. (D) as lembranças do tempo das férias. 3.3. Com a pergunta “Por que haveria de ser?” (linha 35) a escritora
(A) põe em causa a ideia frequente de diversão que se associa ao período das férias. (B) interroga-se sobre a qualidade das suas férias. (C) relembra o período de férias no Douro. (D) questiona o seu tempo de solidão. 3.4. De acordo com o último parágrafo, as Férias Grandes para Mónica Baldaque
(A) marcaram um período da sua vida passado no Douro. (B) foram únicas e, até hoje, sente que jamais as esquecerá. (C) aconteceram de uma maneira inesquecível. (D) permitiram ter acesso a objetos fantásticos.
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Conto Contigo8
Leitura e Educação Literária – Texto B Lê o excerto.
Hans ficou a viver nessa casa [de Hoyle], em parte como empregado, em parte como filho adotivo. Na sua adolescência cresceu entre os cais, os armazéns e os barcos, em conversas com marinheiros 5
embarcadiços e comerciantes. De um barco ele sabia tudo desde o porão até ao cimo do mais alto mastro. E, ora a bordo ora em terra, ora debruçado nos bancos da escola sobre mapas e cálculos, ora mergulhado em narrações de viagens, estudando, sonhando e praticando, ele preparava-se para cumprir o seu projeto: regressar a Vig como
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capitão de um navio, ser perdoado pelo pai e acolhido em casa. Dois dias depois de ter recolhido Hans, Hoyle levou-o ao centro da cidade e comproulhe as roupas de que precisava e também papel e caneta. Hans escreveu para casa: pediu com ardor perdão da sua fuga, dizia as suas razões, as suas aventuras, o seu paradeiro. Prometia que um dia voltaria a Vig e seria capitão de
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um grande veleiro. A resposta só veio meses depois. Era uma carta da mãe. Leu: “Deus te perdoe, Hans, porque nos injuriaste e abandonaste. Manda-me o teu pai que te diga que não voltes a Vig pois não te receberá.” Depois dessa carta, Hans sonhou com Vig muitas vezes. Era acordado de noite pelo
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clamor de tempestades em que naufragava à vista da ilha sem a poder atingir. Ou deslizava, ao lado pai, num grande lago gelado, rente à luz de cristal e havia em seu redor um infinito silêncio, uma transparência infinita, uma leveza e uma felicidade sem nome. Mas outras noites acordava chorando e soluçando, pois o seu pai era o capitão do navio e o chicoteava brutalmente no convés e ele fugia e de novo ficava sozinho e perdido numa cidade
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estrangeira. Os anos passaram e Hans aprendeu a arte de navegar e a arte de comerciar. Hoyle nunca casara e, numa terra para ele estrangeira, não tinha família e as suas raras amizades eram pouco íntimas. No adolescente evadido ele via agora um reflexo da sua própria juventude aventurosa que, há muito tempo, naquela cidade ancorara. Para ele,
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Hans era a sua nova possibilidade, o destino outra vez oferecido, aquele que iria viver por 6
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ele a verdadeira vida, que nele, Hoyle, estava já perdida como se o destino, tendo falhado seus propósitos, fizesse, com uma nova mocidade, uma nova tentativa. Assim, Hans era para ele não o herdeiro daquilo que possuía e fizera mas antes o herdeiro daquilo que perdera. Por isso seguiu passo a passo os estudos e a aprendizagem 35
do adolescente, controlando a qualidade do ensino nas escolas onde o inscrevera e vigiando a competência dos superiores sob cujas ordens a bordo o colocava. Aos 21 anos, já Hans era capitão de um navio de Hoyle e homem de confiança nos seus negócios. Assim, desde muito cedo, Hans conhecera as ilhas do Atla ̂ntico, as costas de África e do Brasil, os mares da China. Manobrou velas e dirigiu a manobra das velas, descarregou
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fardos e dirigiu o embarque e desembarque de mercadorias. Sophia de Mello Breyner Andresen , in Saga, Porto Editora
oes abaixo apresentadas, seleciona todas as que permitem afirmar que o 1. De entre as opç ̃ narrador não e ́ uma das personagens da histo ́ria.
Escreve o nu ́mero do item e as letras que identificam as opç oes ̃ escolhidas. A. “Na sua adolescência” (linha 3). B. “regressar” (linha 9). C. “da sua fuga” (linha 13). D. “um dia” (linha 14). E. “à vista da ilha” (linha 20). F. “por ele” (linhas 30-31). 2. As palavras seguintes permitem caracterizar o comportamento de Hans no segundo
parágrafo do texto. A. Curioso
B. Estudioso
C. Determinado
2.1. Seleciona uma destas palavras e explica por que razão ela e adequada para ́
caracterizar o comportamento de Hans nessa parte do texto. 3. De entre as opções abaixo apresentadas, seleciona as que completam corretamente a
afirmação. No 7.º parágrafo (linha 19), os sonhos de Hans revelam A. os desejos e os medos da personagem. B. as recordações de épocas felizes. C. os sonhos do reencontro feliz ou traumático com o pai. D. os projetos da personagem. 7
Conto Contigo8
4. Atente na frase, “Assim, Hans era para ele não o herdeiro daquilo que possuía e fizera
mas antes o herdeiro daquilo que perdera” (linhas 33-34). 4.1. Explique a frase, tendo em conta a atitude de Hoyle para com Hans. 5. Hans, aos 21 anos, já era “capitão de um navio” e “homem de confiança” nos negócios de
Hoyle. 5.1. Justifica a confiança de Hoyle em Hans.
Grupo III Gramática 1. Identifica a função sintática dos constituintes destacados.
a. “Hoyle levou-o ao centro da cidade e comprou- lhe as roupas” (linhas 11-12); b. “pediu com ardor perdão da sua fuga” (linha 13); c. “Manda-me o teu pai que te diga que não voltes” (linhas 17-18); d. “as suas raras amizades eram pouco íntimas” (linhas 27-28). 2. Classifica as orações destacadas nas frases.
a. “ora debruçado nos bancos da escola sobre mapas e cálculos ” (linhas 7-8); b. “Prometia que um dia voltaria a Vig” (linha 14); c. Se bem que Hoyle tenha um império, sente-se um homem infeliz. d. “controlando a qualidade do ensino nas escolas onde o inscrevera” (linha 35). 3. Reescreve as frases substituindo os constituintes destacados por pronomes
pessoais. a. Um dia ele escreverá uma carta aos pais pedido perdão. b. Hoyle oferecerá um navio a Hans e ele será nomeado capitão. c. O pai de Hans não aceita que Hans regresse a Vig . d. Hoyle nunca casara, mas tinha alguns amigos íntimos.
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Conto Contigo8
4. Completa os espaços com as formas verbais, no tempo e modo indicados.
a. Se ele ____________ ( insistir , pretérito mais-que-perfeito composto, conjuntivo) com os pais, talvez eles o perdoassem. b. Hans ____________ ( voltar , condicional) a Vig, se os pais o ___________ ( aceitar , pretérito imperfeito, conjuntivo). c. Hans torna-se o herdeiro de tudo o que Hoyle __________ ( perder , pretérito maisque-perfeito, indicativo).
Grupo IV - Escrita
Relê o excerto do conto. “Por isso seguiu passo a passo os estudos e a aprendizagem do adolescente, controlando a qualidade do ensino nas escolas onde o inscrevera e vigiando a competência dos superiores sob cujas ordens a bordo o colocava. Aos 21 anos, já Hans era capitão de um navio de Hoyle e homem de confiança nos seus negócios. ” Escreve um texto de opinião, com um mínimo de 150 e um máximo de 240 palavras, em que reflitas sobre a importância da educação escolar e da experiência
profissional para a concretização dos nossos sonhos.
Bom trabalho!
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