Adequação da iluminância e automatização - Impactos na demanda e consumo de energia elétrica

April 11, 2019 | Author: Daniel Apolonio | Category: Electrical Engineering, Efficient Energy Use, Electrical Network, Daylight Saving Time, Economics
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Artigo sobre eficiência energética em iluminação....

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ADEQUAÇÃO DA ILUMINÂNCIA E AUTOMATIZAÇÃO: IMPACTOS NA DEMANDA E CONSUMO DE ENERGIA ELÉTRICA Daniel Moussalem Apolonio, Roberto Apolonio e Mário Kiyoshi Kawaphara Universidade Federal de Mato Grosso, Av. Fernando Correa da Costa 2367, Boa  Esperança, Cuiabá-MT 

Abstract: Due to the waste of electrical energy and the search to save finantial resources in public buildings for a better coordination and management, the energy efficiency has become very important and its use has been increasing. Besides that, power quality is very important to the good use of electrical devices, making this topic very significant as well. This article´s proposal is to analyse the illumination system in some corridors of the D block in the Federal University of Mato Grosso, presenting the saving possibilities and relating the power quality aspects due to the applied measures. Copyright © 2011 CBEE/ABEE 

Keywords: energy efficiency, retrofitting, ilumination, power quality. Resumo: Frente ao desperdício de energia elétrica e a busca da economia de recursos em instituições públicas para uma melhor coordenação e gerenciamento, a eficiência energética tem tido um papel cada vez mais crescente. Além disso, a qualidade da energia elétrica tem grande papel para o bom funcionamento dos aparelhos elétricos, tornando-a essencial nos dias de hoje. A proposta deste trabalho é analisar o sistema de iluminação de alguns corredores do bloco D da Universidade Federal de Mato Grosso, demonstrando o potencial de racionalização, economia e os aspectos relacionados à qualidade da energia elétrica em função das medidas conservadoras aplicadas. Palavras Chave: eficiência energética, retrofitting, qualidade da energia elétrica.

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INTRODUÇÃO

O Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (PROCEL) existe desde 1985, porém só se tornou Programa de Governo em 1991, assumindo maior abrangência e responsabilidade. Desde o começo tem por objetivo a racionalização da produção e do consumo de energia elétrica, e por isso tem diversos projetos, informações e recomendações para o uso racional de energia elétrica. A lei No 9.991, de julho de 2000, que dispõe sobre a realização de investimentos em pesquisa e desenvolvimento e em eficiência energética por parte das empresas do setor de energia elétrica, e a Lei de Eficiência Energética de outubro de 2001, que estabelece níveis máximos de consumo específico de energia, ou mínimos de eficiência energética, de máquinas e aparelhos, são marcos na evolução histórica do uso correto da energia e vêm se tornando cada vez mais influentes e necessárias. A demanda por energia elétrica vem aumentando e, por isso, a melhor utilização dos recursos já existentes

é uma saída econômica viável tanto para o consumidor como para o setor elétrico. Além da redução de custos para o consumidor, o combate ao desperdício de energia posterga investimentos do setor elétrico para atendimento de novos clientes e ajuda a evitar agressões ao meio ambiente. Nesse contexto, as edificações públicas podem apresentar reduções significativas de custos operacionais, por meio da racionalização de energia, utilizando-se de um gerenciamento consciente e adequado do uso da energia elétrica. A adoção de políticas de racionalização de energia realizadas por meio do uso de equipamentos com tecnologias avançadas, alterações em características construtivas da edificação, manutenções periódicas de equipamentos, alterações de hábitos ou rotinas, ou até mesmo reformas maiores e mais complexas podem trazer economias, que em médio ou longo prazo, equiparem aos investimentos e resultem numa melhor eficiência energética da edificação. Segundo Magalhães (2001), o perfil de consumo em prédios públicos mostra que 24% de toda energia consumida é usada para a iluminação, sendo seu

controle, portanto, muito significativo no uso racional da energia. O restante do consumo provém do uso de condicionadores de ar (48%), equipamentos de escritório (15%) e elevadores e bombas (13%). Em Cuiabá, na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), no bloco D da Faculdade de Arquitetura, Engenharia e Tecnologia (FAET) foi detectado um foco com potencial de aplicação das técnicas de retrofitting para racionalização de energia elétrica. Os corredores do bloco possuem uma iluminação dimensionada para um nível acima das necessidades do local, e frequentemente permanecem ligadas desnecessariamente. Isto ocorre porque não foi feito um projeto luminotécnico adequado, além das lâmpadas serem comandadas manualmente. Esse controle da iluminação é feito pelos funcionários do local, não tendo ninguém especificamente responsável pelo seu desligamento, nem um horário fixo para tal tarefa. Em vista do potencial de redução do consumo e demanda de energia da universidade, este trabalho tem por fim avaliar e melhorar a atual estrutura do sistema de iluminação artificial nos corredores do bloco. Essa análise será tanto na questão quantitativa (redução do consumo e demanda, com análises de investimento), como qualitativa (níveis de iluminação e distorções harmônicas), e a nova proposta comparada com a antiga em todos os aspectos.

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Os corredores inferiores possuem 55 luminárias distribuídas uniformemente e ligadas a 9 circuitos terminais de iluminação, com origem em três quadros terminais, sendo acionadas diretamente por disjuntores dentro dos quadros de luz. Os equipamentos de iluminação possuem as seguintes características: - Luminárias de sobrepor para duas lâmpadas fluorescentes tubulares de 32/36/40 W, com refletor facetado em alumínio anodizado brilhante de alta refletância e alta pureza (99,85%). Quanto à distribuição do feixe de luz, as luminárias são classificadas como direta, sem difusores ou aletas. A figura 2 mostra a luminária e a curva de distribuição de intensidade luminosa correspondente. - As lâmpadas fluorescentes tubulares são de 32 W, com fluxo luminoso de 2700 lúmens e temperatura de cor de 4100 K. - Os reatores utilizados são de diversos fabricantes, do tipo eletrônico, para duas lâmpadas de 32 W/127 V. Possuem fator de fluxo luminoso igual a 1,0 e fator de potência de 0,98c. A potência total de cada unidade quando ligado em 127 V é de 65 W.

ESTRUTURA EXISTENTE

Os corredores em questão ficam no piso térreo, são abertos em um dos lados para um maior aproveitamento da iluminação natural. O teto é de cor clara e o piso de cor cerâmica. O outro lado da parede que o compõe é de tijolos aparentes, conforme mostrados na figura 1.

a) b) Figura 2 – a) Foto da luminária existente; b) curva de distribuição luminosa

2.1 Avaliação do consumo do sistema de iluminação Para a análise do consumo foram instalados três medidores de energia, um em cada quadro terminal de iluminação, que coletaram, durante um mês consecutivo, o consumo do sistema de iluminação existente. Os medidores foram devidamente calibrados antes da sua instalação, para tanto se utilizou do método do medidor padrão, nas cargas nominal, indutiva e pequena com o medidor padrão existente no laboratório de Medidas Elétricas, do curso de Engenharia Elétrica. A escolha de um período contínuo de um mês foi necessária, pois havia muita variação quanto ao consumo diário, como mencionado anteriormente, em virtude da aleatoriedade de funcionamento das lâmpadas devido ao controle manual. Assim, permitiu-se obter um media diária mais condizente.

a)

b) Figura 1 – a) vista lateral do corredor inferior; b) vista longitudinal do corredor.

É importante ressaltar que as medições ocorreram nos meses de julho a outubro, antes do início do horário de verão. As possíveis alterações nos valores de

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consumo devido ao horário de verão são comentadas no tópico de análise de resultados sobre o consumo.

quadro), capazes de receber uma programação individual para os dias da semana, juntamente com o uso de um segundo contator trifásico. Assim, em cada quadro, metade dos circuitos de iluminação é comandado por um contator e a outra metade pelo segundo contator, sendo que ambos dependem do relé fotoelétrico para a energização inicial.

3.3 Novo projeto luminotécnico

Figura 3 – Foto de um medidor instalado.

3

ESTRATÉGIAS PARA REDUZIR A DEMANDA E O CONSUMO

Para reduzir o consumo algumas medidas foram tomadas, as quais podem ser divididas em ações imediatas e ações que requerem interferências mais significativas no sistema de iluminação.

3.1 Instalações de relés fotoelétricos Associado a cada quadro terminal de luz instalou-se um contator trifásico com potência adequada ao conjunto dos circuitos de iluminação. Cada contator foi comandado por um relé fotoelétrico colocado externamente aos corredores, de modo que, todos os circuitos ligados ao quadro terminal pudessem ser acionados automaticamente, fazendo com que todas as lâmpadas do corredor se acendam ao entardecer e apaguem ao amanhecer. Sendo assim, o controle manual por funcionários se torna desnecessário, aumentando a confiabilidade de acionamento do sistema, e mais importante, as lâmpadas passam a ligar e desligar de acordo com a necessidade de luz.

3.2 Divisões das luminárias em circuitos alternados e instalação de programadores horários As aulas existentes no referido bloco, que atendem principalmente aos cursos de Engenharia, terminam as 22h00, sendo assim, a partir das 22h30 já não há mais movimento relevante de pessoas pelos corredores. As lâmpadas dos corredores passam a ter somente a função de iluminação de segurança, propiciando condições adequadas ao trabalho dos vigias noturnos. Para tanto, os circuitos de iluminação foram divididos de modo que se pudessem ligar as luminárias alternadamente, e, portanto, depois das 22h30 somente metade das luminárias permaneçam em funcionamento. Além disso, nos finais de semana, somente metade das lâmpadas acessas seriam suficientes, pois as salas de aulas não são utilizadas. Esses desligamentos a partir das 22h30 e nos fins de semana, de 50% das luminárias, foram feitos automaticamente através do uso de três programadores horários digitais (um para cada

Para garantir a eficiência energética do sistema de iluminação fez-se necessário, também, a realização de um novo projeto luminotécnico dos corredores, no qual se pudessem garantir as condições de iluminação adequadas definidas por norma. Para tanto, recorreuse as indicações da NBR 5413. O novo projeto luminotécnico foi antecedido por um estudo da iluminância do sistema de iluminação em uso, e pensado de modo que o novo projeto pudesse atender as necessidades de iluminação e economizasse energia elétrica.

3.3.1 Medição da iluminância do corredor A obtenção da iluminância média no corredor foi efetuada de acordo com o procedimento descrito na norma NBR 5482. A média de iluminância medida no corredor a altura de 0,75 m foi de 187,75 lx. 3.3.2

Simulação computacional do ambiente A fim de caracterizar melhor a área sob estudo, de modo a reproduzir as condições lumínicas dos corredores, efetuou-se a simulação computacional de uma parte dos mesmos. A simulação foi realizada utilizando da ferramenta computacional DIALux 4.8. Trata-se de um programa computacional gratuito que pode, de maneira simples ou avançada, executar cálculos luminotécnicos e simulações 3D de ambientes, sejam eles internos, externos ou até de ruas e avenidas. Para a correta simulação avançada no programa é necessário a entrada de dados detalhados do ambiente como janelas, portas, blocos, refletâncias de paredes, etc., dados que podem influenciar na iluminância média final. As refletâncias das paredes que compõem o corredor foram medidas segundo o método proposto por H. Creder (2007). Para que a simulação pudesse ser realizada foi necessário obter junto ao fabricante da mesma, o arquivo de dados fotométricos compatível com o programa DIALux. Atualmente, o programa DIALux dispõe de diversos links para acesso a arquivos fotométricos de diversos fabricantes de luminárias, porém em sua grande maioria são fabricantes internacionais, sendo que os mesmos dispõem preferencialmente de luminárias para lâmpadas fluorescentes T5. Os resultados da simulação estão mostrados na figura 4 e 5.

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Figura 4 – Curvas de níveis de iluminância ao plano de trabalho.

alta pureza (99,85%). Luminária de iluminação direta sem difusores ou aletas, utilizando-se das mesmas lâmpadas de 32 W antigas. - Reatores do tipo eletrônico para uma lâmpada de 32 W/127 V, fator de fluxo luminoso igual a 1, fator de potência de 0,98c e THD < 15%.

a)

A figura 6 mostra uma foto e a curva fotométrica da nova luminária escolhida para uso no retrofitting.

b) Figura 5 – Simulação computacional do sistema antigo em 3D no DIALux: a) vista lateral do corredor; b) vista longitudinal.

Os resultados atingidos pelo programa e mostrados na figura 4 apresentam valores de iluminância bem próximos daqueles obtidos através das medições com base nos procedimentos da norma. A média encontrada pelo DIALux foi de 187 lx enquanto a média medida foi de 187,75 lx. Esses valores mostram que a simulação é válida e que um novo projeto luminotécnico pode ser proposto a partir do programa.

3.3.3 Sistema de Iluminação proposto O novo projeto tem por base garantir os níveis mínimos de iluminância descritos na NBR 5413. De acordo com a referida norma, a iluminância média em corredores e escadas deve ser de 75, 100 ou 150 lx. A escolha recaiu no valor de 100 lx após aplicação dos fatores determinantes da iluminância adequada: idade do observador, velocidade e precisão, e refletância do fundo da tarefa. A facilidade de uso do programa DIALux permitiu que se fizessem diversas simulações utilizando-se diferentes modelos de luminárias e disposições, cujo objetivo era de se obter resultados próximos ao requerido pela norma, além de uma iluminação que ficasse bem distribuída e uniforme. Após a análise dos diferentes resultados, concluiu-se que o novo sistema de iluminação deveria ser composto por: - Luminárias de sobrepor para uma lâmpada fluorescente tubular de 32 W, com refletor facetado em alumínio anodizado brilhante de alta refletância e

a) b) Figura 6 – a) foto da luminária escolhida (luminária para uma lâmpada); b) curva fotométrica.

3.3.4

Simulações e medições para o novo sistema As novas luminárias, além de possuírem metade da potência, permitem que a iluminação fique mais bem distribuída e uniforme. O valor médio da iluminância obtido na simulação é de 95 lx, muito próximo aos 100 lx propostos pela norma e escolhido para projeto. As figuras 7 e 8 mostram os resultados da simulação.

a)

b) Figura 7 – Simulação computacional do sistema proposto: a) vista lateral do corredor; b) vista longitudinal.

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Figura 8 – Curvas de níveis de iluminância ao plano de trabalho.

3.3.5 Sistema de iluminação implementado O procedimento de compras no setor público não é imediato e as luminárias utilizadas na simulação tiveram que ser substituídas por um modelo improvisado (fig. 9). Por isso, optou-se em instalar somente uma parte das luminárias, e um número suficiente para se fazer as medições fotométricas e analisar os resultados das simulações. As 12 luminárias instaladas foram montadas utilizando-se de um modelo de calha comercial e de um refletor disponível no almoxarifado de materiais elétricos da instituição. A luminária improvisada, portanto, não apresenta as mesmas propriedades fotométricas da luminária utilizada na simulação.

A análise dos resultados apresentados na tabela 1 mostra o melhor desempenho da luminária da figura 6.a (usada na simulação), principalmente para pontos próximos e abaixo da luminária, decorrente das melhores propriedades óticas do refletor e acabamento resultantes do processo de fabricação. Os reatores instalados possuem fator de fluxo luminoso de 0,95, acarretando a redução do fluxo luminoso da lâmpada. Por esses motivos a iluminância média de 74,92 lx medida no corredor, é justificável e esperada, sendo 21,14% menor do que o valor simulado. Ainda assim, o resultado está bem próximo do valor mínimo definido na norma. Caso fossem instaladas as luminárias usadas na simulação, a iluminância média medida se aproximaria da iluminância de projeto.

Figura 9 – Luminária improvisada para uso no retrofitting.

As figuras 10.a e 11.a mostram a iluminação do corredor após a troca das luminárias e as figuras 10.b e 11.b mostram a iluminação do corredor após as 22h30, após o término das aulas, quando metade da iluminação é desligada. Assim, a iluminância média reduz-se a metade, e os 37,46 lx produz resultados suficientes para vigilância.

A comparação entre a luminária improvisada para uso e aquela usada na simulação está mostrada na tabela 1. Essa comparação foi realizada do seguinte modo: - De posse de uma luminária improvisada usada no  fitting (fig. 9), a mesma foi colocada em substituição a uma das luminárias do corredor. Mediu-se a iluminância ao nível do piso em diversos pontos transversais e longitudinais. Essas medições foram realizadas no período noturno, sendo que todas as outras lâmpadas do corredor estavam apagadas; - De posse do arquivo de dados da luminária escolhida para o retrofitting (fig. 6.a), foi feita uma simulação no DIALux recriando o ambiente citado acima e os processos de medição dos referidos pontos. Tabela 1 – Comparação dos resultados fotométricos.

Pontos medidos Ângulo 0° 10° 20° 30° 40° 50° 60°

Iluminância [lux] Luminária Luminária simulada no “improvisada” do DIALux retrofitting Trans. Long. Trans. Long. 81 81 65 65 77 77 64 61,5 68 65 65 51 56 49 57 38 35 37 15 17 5,3 6 -

a)

b) Figura 10 – a) Lateral do corredor após implantação das novas luminárias; b) Idem com metade da iluminação.

a) b) Figura 11 – a) Longitudinal do corredor após implantação das novas luminárias; b) Idem com metade da iluminação.

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ANÁLISE DOS RESULTADOS

4.1 Demanda A substituição de equipamentos elétricos por equipamentos mais eficientes, de menor potência, ou no caso específico, a adequação do sistema de iluminação e uso de luminárias de melhor rendimento, traz de imediato a redução da demanda. Pode-se, portanto, reduzir a demanda contratada. A demanda medida para 12 luminárias com 2 lâmpadas de 32 W de um circuito sob tensão nominal foi de 735 W. O mesmo circuito após a troca das luminárias, quando se adequou o nível de iluminância, apresentou uma demanda de 380 W. Percebe-se, portanto, uma redução de aproximadamente 48,30 %. Se aplicada essa redução para todas as 55 luminárias ter-se-ia uma redução de 3395,14 W para 1639,85 W, ou seja, uma redução de 1,755 kW de demanda contratada, somente para o sistema de iluminação dos corredores em estudo. A demanda medida é um pouco menor que a demanda obtida através de cálculos do consumo. Isso se dá porque as lâmpadas do corredor funcionam principalmente durante a noite quando a tensão é geralmente maior, aumentando a potência dos circuitos. A unidade consumidora se enquadra na tarifa verde e no subgrupo A4, o que representa, segundo a concessionária local, a cobrança de um valor de demanda de 11,22 R$/kW. Considerando que fosse possível a pequena mudança do 1,755 kW na demanda contratada, poderíamos reduzir em R$ 19,69 mais impostos a conta de energia por mês. Deve-se levar em conta de que esse é apenas um pequeno corredor e que existem muitos outros blocos com corredores na mesma situação, o que nos leva a pensar em uma redução significativa na demanda contratada para todo o campus da Universidade.

4.2

Qualidade da energia elétrica no sistema de iluminação

As cargas não-lineares conectadas ao sistema são a principal causa das correntes harmônicas e estas circulando através das impedâncias da rede geram tensões harmônicas. O avanço da eletrônica de potência e o aumento do uso de aparelhos eletrônicos vêm causando maiores distorções na rede, e por isso a atenção a este item é uma questão importante para a qualidade da energia. Os reatores eletrônicos são cargas não-lineares e produzem correntes harmônicas na sua utilização, por isso, a escolha do reator com boas especificações é de suma importância. Quanto menor a distorção harmônica gerada pelo reator melhor para a instalação. O circuito no qual as mudanças foram feitas, com 12 luminárias, foi estudado, e as medições das correntes harmônicas estão mostradas e comparadas na tabela 2.

Tabela 2 – Comparação das correntes harmônicas.

Correntes Harmônicas (A) - (RMS) Ordem Harmônica

Sistema de Iluminação

Antigo Fundamental 5,843 3ª 0,121 0,274 5ª 0,166 7ª 0,073 9ª 0,070 11ª 0,085 13ª 0,087 15ª DHTi (%) 10,012 I Total (rms) 5,856

Novo Novo a Meia Carga 3,041 1,503 0,075 0,058 0,158 0,098 0,087 0,060 0,052 0,040 0,057 0,027 0,052 0,025 0,048 0,035 11,477 15,362 3,069 1,528

Percebe-se que não se deu um aumento significativo na distorção harmônica de corrente na passagem do sistema antigo para o novo. Quando se compara o sistema antigo ao novo com metade da carga há uma diferença maior, porém em todos os casos os níveis de distorção estão abaixo ou próximos ao indicado no reator (DHTi < 15%). Adicionalmente deve-se observar que as correntes harmônicas no sistema de iluminação novo, possuem valores inferiores aqueles do sistema antigo, que é mais importante do que a própria taxa de distorção. A redução da corrente eficaz é também benéfica a instalação.

4.3 Consumo A cada etapa percebeu-se uma redução no consumo de energia elétrica. A maior redução individual de consumo se deu pela troca das luminárias, de aproximadamente 49,51%. Conforme mostrado na tabela 3, o sistema antigo provou ser ineficiente e que o sistema novo (luminárias novas + dispositivos de automação) trouxe uma redução de 74,80% no consumo final. Tabela 3 – Comparação do consumo de energia elétrica em cada etapa de eficientização em kWh/mês.

Sistema de iluminação

Consumo (kWh/mês) Fora de Redução Total Ponta (%) 231,41 1469,72 1701,13 231,41 1064,51 1295,92 23,82 Ponta

Antigo Com relé Com relé + 231,41 617,67 849,08 programador Com relé + programador 116,71 311,95 428,66 + troca de luminárias Economia 114,70 1157,77 1272,47

49,91 74,80

Deve-se lembrar que a unidade consumidora está enquadrada no subgrupo A4 sob tarifação horo-

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sazonal verde, e que este possui consumo na ponta e fora de ponta, no período seco e úmido. Como as medições foram feitas de julho a outubro os cálculos foram efetuados usando a tarifação do período seco. A tabela 4 resume a economia em R$/mês devido a redução do consumo em cada etapa e levando-se em consideração os horários de ponta e fora de ponta. A unidade consumidora possui o horário de ponta definido entre 19h00 e 22h00. Tabela 4 – Comparação dos gastos de consumo de energia elétrica em cada etapa de eficientização em R$/mês.

Sistema de iluminação

Consumo (R$/mês) Fora de Redução Ponta Total Ponta (%) 273,72 263,73 537,44 273,72 191,02 464,73 13,53

Antigo Com relé Com relé + 273,72 110,83 programador Com relé + programador + 138,04 55,98 troca de luminárias Economia 135,67 207,75

384,55

28,45

194,02

63,90

343,42

Quando se compara a redução de consumo em kWh com a redução em R$, percebe-se que esta é menor. Isso acontece devido a diferença de preço entre os horários de ponta e fora de ponta. Com as três etapas de racionalização implantadas conseguiu-se uma redução de 63,90% no valor monetário referente ao consumo de energia elétrica. A substituição individual das luminárias permitiu uma redução de 49,55% pois atinge também o horário de ponta. Se analizarmos separadamente, é visível que cada etapa tem sua importância e que são valores relevantes na economia final. Pode-se fazer inferências sobre o comportamento do sistema de iluminação no verão. Uma vez que o dia é mais longo nesse período, mais horas de insolação, as lâmpadas passam a acender por menos tempo, e então haverá um consumo menor. Adicionalmente, a adoção do horário de verão, com o adiantamento de uma hora, tem-se uma hora a menos no funcionamento de todas as luminárias, após esse período metade das lâmpadas ficarão apagadas. Além disso, o preço da tarifa no período úmido é menor reduzindo ainda mais o valor final da conta. Assim, os cálculos feitos no periódo seco são aqueles que apresentam a maior redução, tanto no consumo em kWh quanto em R$.

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CÁLCULO DE VIABILIDADE E RETORNO

Tomando-se os cálculos feitos para o período seco, no qual se obteve uma redução do consumo de R$ 343,42, somados a teórica redução na demanda de R$ 19,69 e acrescidas de impostos (ICMS - 27%, PIS 1,1287% e COFINS - 5,1469%), nos revelam uma redução total de R$ 545,49 ao mês.

Um orçamento feito junto ao comércio local dos itens: 55 luminárias, 55 reatores, 3 relés fotoelétricos + bases, 3 programadores horários, 6 contatores, fios, etc., nos dá um valor final de aproximadamente R$ 3.700,00, sem considerar a mão de obra de adequação das instalações, para a qual se supõe fazer uso do quadro de eletricistas da instituição. Fazendo uso do método do tempo de retorno simples, tem-se que em sete meses o valor do investimento é recuperado. Cabe ressaltar que as luminárias atualmente em uso são de alto padrão e em excelente estado de conservação, podendo ser utilizadas em outras instalações da instituição, tornando o cálculo de viabilidade muito mais favorável.

6

CONCLUSÃO

Apresentou-se neste artigo uma sequência de alternativas a serem implementadas para gerar racionalização de energia elétrica em um sistema de iluminação. Entre as alternativas descritas, pode-se concluir que pequenas mudanças podem trazer economias significativas. O uso dos dispositivos de automação são muito importantes no controle de aparelhos elétricos que são usados em horários pré-definidos. No caso da iluminação, o relé fotoelétrico retira as perdas de consumo devido ao acionamento manual, pois controla as lâmpadas de acordo com a quantidade de luz necessária ao ambiente. Já o programador horário, controla a quantidade de lâmpadas acessas de acordo com a hora do dia e o dia da semana, adequando o nível de iluminação às necessidades do usuário. Cálculos aproximados permitiram concluir que as mudanças são economicamente viáveis e num curto prazo tem-se o retorno do investimento. Em maiores escalas, a adequação de toda a iluminação dos corredores da universidade permitiria a redução de seus custos operacionais, além de servir de exemplo a toda comunidade pelo uso racional da energia.

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BIBLIOGRAFÍA

PROCEL – Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica. Site Oficial: Magalhães, L. C. - Eletrobrás/PROCEL. (2001). Orientações Gerais Para Conservação de Energia Em Prédios Públicos. 1 ª Edição. Creder, Hélio. (2007). Instalações Elétricas. Editora LTC. 15 ª Edição. DIALux 4.8 – Site Oficial. ABNT

– ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. (1992) NBR 5413: Iluminância de Interiores.

_____ NBR 5482: Verificação de iluminância de interiores. (1985).

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