A Teoria Psicodinamica de Freud

November 25, 2017 | Author: Camila Isabel | Category: Sigmund Freud, Learning, Psychology & Cognitive Science, Cognitive Science, Behavioural Sciences
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A Teoria Psicodinâmica de Freud Não poderíamos iniciar nenhum estudo sobre as teorias psicológicas que dão suporte às abordagens em educação sem aprender um pouco com o grande mestre de Viena, Sigmund Freud, através de quem a psicologia moderna, envolvendo todas as suas aplicações, começou. Antes da consideração dos aspectos da teoria psicanalítica relacionados com a educação, faz-se necessária uma rápida revisão de como se estrutura e como funciona a pessoa humana, segundo este enfoque. Toda a teoria desenvolvida por Freud parte da concepção de um modelo do aparelho psíquico e de como este se estrutura. O que existe no início é o ID, abrangendo a totalidade do aparelho psíquico, compreendendo as representações psíquicas dos impulsos inatos e regidos pelo princípio do prazer. Depois, por volta dos primeiros seis a oito meses de vida, com a diferenciação mais especializada, através das relações inter-humanas e, ainda, a cultura, a ordem social e a institucionalização destas duas últimas, desenvolve-se o EGO, regido pelo princípio da realidade. Este surge, portanto, da incapacidade do ID, e funciona como mediador, integrando as exigências conflituosas do ID, superego e ambiente. É, em suma, a sede da consciência. Para que haja esse desenvolvimento é necessário um substrato biológico, que se desenvolve paralelamente através do sistema nervoso que se especializa, levando o indivíduo a interagir para poder diferenciar. O EGO surgiria, então, como um produto da especialização do ID, desenvolvendo-se à medida que dele se diferencia. Esta diferenciação vai ocorrendo através da aquisição do controle motor, da percepção sensorial, da memória, dos sentimentos, pensamentos etc.. O Ego se constitui, em suma, na sede da consciência. Notadamente de grande importância para a diferenciação do EGO é o contato do indivíduo com seu corpo e o processo de identificação. Um dos indicadores de quando o EGO começa a se diferenciar do ID são os chamados "GESTALT SIGNAIS": o primeiro é o sorriso da criança com a presença da mãe. A mãe é o primeiro objeto que a integra; o segundo é a chamada "angústia dos oito

meses", quando a criança se assusta com a aproximação de estranhos. Podemos verificar aí uma maior especificação psicológica, com o surgimento dos objetos ameaçadores. Desta forma, o EGO teria como funções principais: 1. Mediar as relações entre o ID e o SUPEREGO. 2. Mediar as relações entre o indivíduo e o ambiente. 3. Estruturar os mecanismos de defesa (o Ego é a estrutura recalcante) 4. Estruturação do raciocínio, memória etc. 5. Estruturação da linguagem verbal e pré-verbal. 6. Estruturação da motricidade. 7. Ordenação do espaço de vida. 8. Regulação dos impulsos do ID. 9. É regido pelo princípio da realidade e utiliza processos secundários.

Por fim, estrutura-se o SUPEREGO, constituído para vigiar o EGO, e estabelecer seus limites, opondo-se a todos os impulsos do ID, com base na realidade e proibição. O aparelho psíquico ficaria então estruturado desta forma:

Modelo Estrutural do Aparelho Psíquico

ID - Compreende as representações psíquicas dos impulsos. Imediatista e regido pelo princípio do prazer. EGO - Consiste naquelas funções ligadas às relações do indivíduo com seu ambiente. Regido pelo princípio da realidade. SUPEREGO - Abrange os preceitos morais de nossas mentes, bem como nossas aspirações ideais.

Quanto à questão do desenvolvimento, Freud considera que este acontece a partir da organização da LIBIDO, definida como uma energia vital, de cunho sexual. O

desenvolvimento do indivíduo estaria então diretamente ligado ao desenvolvimento sexual. A partir desta premissa, verificou que este desenvolvimento ocorreria nas fases abaixo descritas, sobre as quais teceremos alguns comentários superficiais: FASE ORAL - (1º ano de vida) A libido está centrada na parte superior do trato digestivo. A energia está, fundamentalmente, à disposição do impulso de auto-preservação, especialmente ligada à necessidade de alimentar-se. FASE ANAL - (2º e 3º anos de vida) A energia libidinosa concentra-se na atividade anal e é reforçada pelas exigências dos pais quanto ao controle dos esfíncteres. FASE FÁLICA - (4º e 5º anos de vida) O interesse libidinoso dirige-se para os órgãos genitais, iniciando-se a masturbação infantil. É também nesta fase que ocorre o complexo de Édipo. PERÍODO DE LATÊNCIA - Aparentemente os impulsos do ID são relegados a 2º plano em função do desenvolvimento intelectual. Este período mantém-se até eclodir a puberdade, quando se inicia a adolescência. Aí, os impulsos sexuais voltam à ação, agora reforçados pelo desenvolvimento dos órgãos genitais. Neste ponto, podemos ressaltar algumas concepções psicanalíticas que influíram nas teorias da aprendizagem. Uma primeira questão a considerar são suas descobertas acerca da ansiedade como elemento que interfere diretamente sobre a aprendizagem, podendo funcionar como elemento inibitório. Esta ansiedade pode se configurar como medo resultante de uma situação externa real (ansiedade objetiva), de uma situação real, porém com uma exacerbação da reação (ansiedade neurótica), ou da percepção de perigo vindo da consciência, i.é., do Superego. Em ambos os casos a ansiedade mobiliza o sujeito no sentido de estruturar defesas, impedindo-o, portanto, de se dedicar ao processo de aprendizagem. Outro ponto foi a descoberta de que os lapsos de memória poderiam estar ligados à repressão, resultantes geralmente de frustração ou de situações muito dolorosas para o indivíduo. Desta forma, contextos de aprendizagem com conteúdos ameaçadores tendem a ser "expulsos" da consciência, resultando em dificuldades de aprendizagem. Um aspecto ainda importante é aquele que diz respeito à fixação e à regressão, quando o indivíduo se fixa em uma determinada fase do desenvolvimento ou regride a uma fase anterior, ocorrendo assim bloqueios e dificuldades na aprendizagem.

Por fim, podemos assinalar a relação estabelecida entre a frustração e a agressão, em que, diante da impossibilidade do atendimento de seus objetivos o indivíduo tende para a agressão contra o elemento causador da frustração (um conteúdo a ser aprendido ou um professor, por exemplo), ou seu deslocamento para outro objeto quando este for desconhecido ou inacessível como objeto de ataque. No entanto, talvez o aspecto a ser mais fortemente considerado no contexto da aprendizagem formal é o da transferência. Em se constituindo o professor em figura de autoridade, o aluno transfere para ele os processos e relações que mantém com suas figuras parentais. Ao mesmo tempo em que precisa funcionar como espaço de integração e redefinição destes processos e complexos, cabe-lhe a função de executar a tarefa da educação formal propriamente dita. As implicações decorrentes daí são extremamente complexas, no que serão objetos de um texto específico.

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