A Reforma e A Contra Reforma Religiosa

July 5, 2022 | Author: Anonymous | Category: N/A
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A Reforma e a Contra-Reforma Religiosa “Durante a Idade Média, os povos europeus cristãos reconheciam a Igreja Católica como a única autoridade espiritual existente, não havendo salvação da alma fora dela. A Igreja vinha concentrando, ao longo dos anos, um imenso poder não apenas espiritual, mas também material e político. Seus altos mandatários, o papa, os cardeais e os bispos estavam mais preocupados em exercer esse poder, em aumentar os seus domínios e sua influência, do que oferecer conforto espiritual populações. (...)constante conflito com os imperadores, todos procurando obter cada Osàs papas viviam em vez mais poder político e econômico. Os príncipes, por seu lado, buscavam retirar da Igreja o controle das imensas extensões de terras e outros bens. (...) Na Europa do século XVI, era generalizada a necessidade de se encontrar algum apoio firme num mundo que parecia estar se desfazendo, que muitos afirmavam estar perto do fim. Durante algum tempo, a venda de indulgências promovida pela Igreja acalmou essa situação. No entanto, isso se revelou uma prática por demais vergonhosa. A Igreja Católica foi ficando cada vez mais desacreditada. desacreditada. Além da venda de indulgências, comercializava-se qualquer objeto como um suposto valor religioso. É nesse quadro, num Império Alemão descentralizado, dominado por muitos príncipes e com grande parte de seu território pertencente à Igreja, que surge um movimento de caráter  religioso e político conhecido como Reforma. Martinho Lutero, membro da Igreja Católica de Roma, inconformado com o vil comércio das coisas espirituais e angustiado com a salvação da própria alma, acende o estopim de um conflito dividindo a unidade cristã que prevaleceu por toda a Idade Média.” VEIGA, Luiz Maria. A reforma protestante .2.ed.São Paulo : Ática, 1991.p.01-02.

O conjunto de transformações transformações políticas, econômicas e socioculturais que passaram a ocorrer  no final da Idade Média e início da Idade Moderna, representam uma época de transição de um período com características bem definidas, para um outro ainda em formação. Já tivemos a oportunidade de estudar grande parte desses assuntos. Vamos agora procurar  compreender a questão religiosa, conhecida como Reforma e Contra-Reforma religiosa, religiosa, que ocorreu no final do século XV e início do século XVI. “(...) A expressão Reforma da Igreja designa uma série de acontecimentos que romperam a unidade da Igreja Católica e dão origem a novas religiões (luteranismo, anglicanismo, calvinismo...). Por Contra-Reforma, entendemos o conjunto de medidas que a Igreja Católica tomou para tentar deter esse processo de rompimento, modificando em parte seus dogmas e sua estrutura interna.” SEFFNER, Fernando. Da Reforma à Contra-Reforma : o cristianismo em crise. 3. ed. São Paulo : Atual, 1983. p. 03.

Causas da Reforma O texto introdutório nos apresentou uma síntese das causas que levaram às reformas religiosas, contudo as questões apresentadas pelo autor estão mais centralizadas nas questões políticas e econômicas; entretanto, não estavam restritas a elas, vejamos: ► Políticas – Conflitos entre papas e monarcas em torno de questões relacionadas ao controle do poder político. Muitos monarcas procuravam fazer uso da religião para se tornarem fortes polticamente. Os papas, por sua vez, afirmavam que a Igreja, além de deter o poder espiritual, possuía a autoridade sobre o temporal (político). Segundo eles, os reis só poderiam governar com a autorização e o acordo dos papas. 1

 

O desenvolvimento de uma consciência nacional, a partir da formação das monarquias nacionais, colocou a população contra o domínio e a influência excessiva da Igreja nos assuntos in inte tern rnos os de seus seus es esta tado dos. s. A sua sua inte interv rven ençã çãoo er eraa ti tida da pe pela la popu popula laçã çãoo co como mo um en entr trav avee ao desenvolvimento econômico, pois a Igreja mantinha uma estrutura política baseada nos antigos moldes feudais (aqueles que combatem, aqueles que rezam e aqueles que trabalham). ► Econômicas – Detentora de um enorme império econômico, a Igreja era maior proprietária de terra terrass na Europ Europaa Oci Ociden denta tal,l, det detin inha ha uma eno enorme rme conce concent ntraç ração ão de be bens, ns, igr igrej ejas, as, abadia abadias, s, conventos, metais preciosos, jóias, entre outras riquezas. Os reis e nobres viam na Reforma a possibilidade de tomar posse desses bens. A burguesia, por sua vez, via na Reforma uma oportunidade de não mais pagar impostos à Igreja Católica, os quais enriqueciam cada vez mais o clero. Como a Igreja condenava a usura (cobrança de juros) e o lucro obtido acima do valor real r eal das mercadorias, ela criava obstáculos para as atividades comerciais e bancárias praticadas pela burguesia mercantil. Além do mais, a Igreja Católica gozava da isenção de impostos sobre seus bens. ► Morais e religiosas – O dinheiro recolhido pela Igreja em forma de dízimo (o correspondente a um décimo da renda de cada cristão) era usado para sustentar a igreja paroquial. Contudo, a partir do Renascimento, além do dízimo, o número de impostos aumentou e tinha por  finalidade finalida de reunir fundos para a construção da igreja de São Pedro em Roma. Com a mesma finalidade, a Igreja passou, ainda, a vender cargos eclesiásticos em larga escala, prática que se tornou corrente, pois passou a representar uma importante fonte de renda para a instituição. Papas como Júlio II e Leão X tornaram-se grande mecenas, patrocinando as artes na Itália, com o dinheiro arrecadado dos cristãos do norte da Europa. A venda de relíquias (objetos tidos como sagrados e milagrosos) e de indulgências (perdão concedido pelo papa aos pecados cometidos, mediante o pagamento), tornaram-se práticas correntes durante longa data. “O comércio e a veneração de artigos religiosos atingiu tal vulto que alguns críticos da Igreja denunciavam o fato de que nada menos de cinco tíbias do jumento montado por Jesus quando entrou em Jerusalém eram exibidas em diferentes lugares, sem contar as doze cabeças de João Batista, inúmeras penas do Espírito Santo e inclusive um ovo exibido pelo arcebispo de Mogúncia, além de espinhos da cruz de Cristo, pedaços do Santo Sudário ou o manto da Virgem Maria, migalhas do pão que Jesus partiu na última ceia...” SEFFNER, Fernando. Da Reforma à Contra-Reforma : o cristianismo em crise. 3. ed. São Paulo : Atual, 1993. p. 20.

A vida escandalosa de certos papas, como Alexandre VI que teve amantes e filhos, e de muitos padres e monges que mantinham uma vida paralela à religiosa, vivendo com concubinas e filhos, não era vista com bons olhos pelos cristãos, pois boa parte do dinheiro arrecadado pela Igreja estava sendo destinado à manutenção dessas famílias e de concubinas. A vida desregrada do alto clero desperdiçava vultosas somas para manter a opulência e o luxo que os cercavam, assim como o envolvimento da Igreja em constantes guerras e crimes. ► Causas científicas e o espírito crítico dos humanistas – O aperfeiçoamento da imprensa, realizado por Gutenberg, favoreceu a difusão das obras escritas, entre elas a Bíblia. A sua tradução para outros idiomas deu a possibilidade para que muitos cristãos ou não-cristãos pudessem ter a oportunidade de interpretá-la pessoalmente, tomando conhecimento direto dos ensinamentos do cristianismo e reconhecendo as contradições praticadas pela Igreja da época.

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Os pensadores humanistas, como Erasmo de Rotterdam, Thomas Morus, Rabelais, entre outros, passaram a criticar a Igreja no intuito de fazê-la reencontrar os verdadeiros princípios do cristianismo. Não pretendiam, portanto, romper com ela, nem tampouco incentivar a criação de novas religiões. Criticavam-na apenas com o objetivo de moralizar os seus costumes.

Precursores da Reforma Muito antes da Reforma Protestante ter ocorrido na Alemanha, membros da própria Igreja já haviam necessidade de uma reestruturação reestruturação interna. tentado, sem obter êxito, sensibilizar a cúpula católica da necessidade Durante a Baixa Idade Média (século XIV e XV), houve duas tentativas de reformas religiosas por parte de dois teólogos dissidentes: John Wycliffe Wycliffe (1329-1384), na Inglaterra, e Jan Huss (1369-1415), na Boêmia (atual República Tcheca). Wycliffe censurou os tributos cobrados pela Igreja e o poder dos papas sobre os reis e governantes. Condenou, também, a posse das riquezas mantidas pelo clero, a cobrança das indulgências, o culto dos santos e das relíquias. Para ele, a única e legítima fonte para o cristão era a Bíblia (foi responsável por sua tradução para a língua inglesa) e afirmava que somente por meio da fé, e não pela mediação da Igreja, o cristão conseguiria a sua salvação. Jan Huss foi influenciado pelas idéias de Wycliffe e traduziu a Bíblia para o idioma tcheco. Assim como o seu precursor, atacou a Igreja por ser detentora de riquezas e poder, sendo, por esse motivo, excomungado pelo papa Alexandre V e morto na fogueira como herege. Sua execução provocou sangrentas guerras religiosas em seu país. Os movimentos pré-reformistas na Inglaterra e na Boêmia prepararam o caminho para o êxito da Reforma Protestante na Alemanha.

A Reforma na Alemanha No século XVI, a Alemanha era uma unidade política formada por pequenos estados independentes, os quais faziam parte do Sacro Império Romano-Germânico, governado por Carlos V de Habsburgo, o imperador sagrado pelo Papa. A unidade política desse império era bastante frágil, pois ele estava dividido em pequenos territórios e cidades, governados por príncipes locais que deviam lealdad lealdadee ao imperador. A economia e a estrutura social eram atrasadas, agrárias e semifeudais e 1/3 das terras alemãs pertenciam à Igreja Católica. Os príncipes locais ambicionavam tomar posse das propriedades da Igreja, pois, dessa forma, poderiam reduzir o poder e a influência do Papa e do imperador sobre os seus domínios, assim como a enorme carga de impostos aos quais estavam submetidos. O comér comércio cio de cargos cargos ecles eclesiá iásti stico coss e a venda venda de indulg indulgênc ência iass reali realiza zados dos pel pelaa Igrej Igrejaa funcionaram como estopim para a Reforma na Alemanha. O papa Leão X firmou um acordo com o banqueiro Függer, autorizando-o a fazer a arrecadação proveniente das vendas das indulgências mediante uma comissão de 1/3 do tal arrecadado. Os fundos iriam para a construção da nova Basílica de São Pedro em Roma. “O ponto de partida da Reforma foi o ataque feito por Lutero, em 1517, à prática que tinha a Igreja de vender indulgências. A Igreja ensinava que certas pessoas vão diretamente para o céu ou para o inferno, enquanto outras têm a sua entrada no céu retardada por um período passado no purgatório; esse período de espera é necessário para os que haviam pecado muito nessa vida. Naturalmente, Naturalmen te, as pessoas se preocupavam com o tempo que poderiam ter de passar no purgatório. purgatório. As indulgências reduziam esse tempo e eram concedidas pela Igreja aos que oravam, compareciam à missa e por obras pias, inclusive doações de dinheiro à Igreja. Estas últimas eram as mais controversas, pois davam a impressão de que as pessoas estavam literalmente comprando a sua entrada no céu.” “PERRY, Marvin. Uma história Concisa. Civilização Ocidental. São Paulo : Martins Fontes. s. d. p. 296.

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Martinho Lutero (1483-1546) Lutero era um monge da ordem católica dos agostinianos. Após ter passado alguns anos no mosteiro, estudando o pensamento de Santo Agostinho, tornou-se professor de teologia. Admirava os escritos e as idéias de Jan Huss, sobre a liberdade cristã e a necessidade de reconduzir o mundo cristão à simplicidade da vida cristã dos primeiros apóstolos. Mesmo antes de entrar para o convento, Lutero já se debatia com o sentimento do pecado, ao qual julgava estarem condenados todos ospelo cristãos. Ainda da queIgreja. monge, não via a possibil possibilidade idade de alcançar a salvação de sua alma nem mesmo intermédio Media Med iante nte a inc incans ansáve ávell leit leitura ura da Bíbli Bíblia, a, Lut Lutero ero encont encontrou rou,, enf enfim, im, respos resposta ta par paraa suas suas angústias pessoais. pessoais. A partir desse momento, passou a defender a tese que ficou conhecida como “A doutrina da salvação pela fé.” – somente a fé em Deus torna possível a salvação do cristão, pois ela é uma graça concedida aos homens por Deus; não é por meio de suas ações ou pela compra de indulgências que o cristão será salvo. Somente por intermédi intermédio o da leitura da Bíblia, o cristão conseguirá encontrar o significado da fé e de sua vida na terra.

Portanto, ele que havia seguido as orientações da Igreja Católica, passou a opor-se aos seus ensinamentos. Afirmava que não era por meio de jejum, pela compra de indulgências e outras práticas religiosas que o cristão poderia alcançar a salvação da alma, mas, sim, pela fé em Jesus Cristo, o qual era intermediário entre os homens e Deus. Em 1517, Lutero afixou na porta da igreja do castelo de Wittenberg noventa e cinco teses em que fazia duras críticas à venda das indulgências e ao sistema clerical dominante. Por meio de suas teses, ele deu início à Reforma Protestante, pois, além de criticar a Igreja Católic Católica, a, apontava os princípios básicos daquela que viria a ser a nova religião de grande parte da população da Alemanha, a saber: ►

A salv salvação ação se obté obtém m ppor or mei meioo ddaa fé e não pel pelaa inter intermedi mediaçã açãoo da Igrej Igreja. a.



O sac sacer erdó dóci cioo é univ univer ersa sal, l, não ha have vend ndoo mais mais nec neces essi sida dade de de se ma mant nter er a hier hierar arqu quia ia eclesiástica. O celibato do clero e a vida monástica deveriam ser extinto.



Propõ Propõee a livre livre interp interpreta retação ção ddaa Bí Bíbli blia, a, pois pois só só el elaa co contém ntém os pprinc rincípio ípioss da fé, que levam levam o cristão à salvação.



Ent Entre re os sacra sacrament mentos os da Igrej Igreja, a, apena apenass o batismo batismo e a comunhão comunhão são estr estrita itament mentee necess necessário árioss



ao cristão. Os ben benss pe pert rten ence cent ntes es à Igre Igreja ja dev dever eria iam m ser ser tr tran ansf sfer erid idos os aos gov gover erna nant ntes es,, pois pois só el eles es possuíam a supremacia da autoridade civil sobre qualquer outra autoridade, cabendo a eles a defesa da fé e também a sua divulgação.

A repercussão das idéias de Lutero foi enorme. Rapidamente obteve o apoio de grande parte dos príncipes, nobres e magistrados, pois esses também lutavam contra a tirania da Igreja. Contando com esse apoio, Lutero passou a defender a criação de uma igreja nacional independente de Roma. Propunha o fim das ordens religiosas, o casamento dos clérigos e medidas severas contra o luxo excessivo. Em 1520, o papa Leão X lançou uma Bula condenatória contra Lutero forçando a sua retrata Cão. Lutero queimou, em praça pública, essa Bula condenatória enviada pelo Papa. Prontamente a Igreja o excomungou e passou a persegui-lo como herege.

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Carlos V, im Carlos imper perado adorr do Sac Sacro ro Imp Impéri érioo Rom Romano ano-Ge -Germâ rmâni nico, co, pre pressi ssiona onado do pe pela la Igr Igrej eja, a, convocou uma assembléia, a Dieta de Worms, com a presença de todos os governantes locais, no intuito de julgar o “herege”. Lutero, que contava com o apoio de grande parte dos príncipes e boa parte dos camponeses alemães, não foi punido, ao contrário, recebeu o apoio do príncipe da Saxônia que o acolheu em seu castelo. Durante o seu exílio, fez a primeira tradução da Bíblia latina para o al alemã emão; o; esc escrev reveu eu ainda ainda pan panfle fleto toss e carta cartass criti critican cando do a Igr Igrej eja. a. Em 152 1521, 1, foi defini definiti tivam vamen ente te excomungado pela Igreja Católica. Durante o tempo em que passo refugiado na Saxônia, a Reforma religiosa por ele pretendida escapou de seu controle, assumindo conotações conotações políticas e socioeconômicas. Os príncipes tomaram posse das terras da Igreja, os camponeses, liderados pelo sacerdote luterano, Thomas Münzer, revoltaram-se em 1524 contra a exploração da Igreja e dos príncipes. Thomas Münzer, discípulo de Lutero, distanciou-se deste mais tarde, pregando sua própria doutrina de reforma, a qual além de condenar o clero e a Igreja Católica, opunha-se aos príncipes, ricos e poderosos, identificados por  ele como inimigos de Cristo. Lutero, que recebia a proteção dos príncipes, condenou a revolta dos camponeses. O seu líder, Thomas Münzer, foi decapitado e, com ele, grande número de revoltosos foram massacrados por um forte exército de cavaleiros organizado pelos príncipes locais. Em 1529, uma nova assembléia foi convocada pelo imperador – a Dieta de Speyer –  procurando desta vez impor o catolici catolicismo smo aos príncipes luteranos e afastar Lutero do Sacro Império. Esses príncipes protestaram contra as manobras políticas do imperador e se retiraram da assembléia; assembléia; a partir desse episódio, passaram a ser conhecidos como “protestantes” (termo que se estendeu depois a outras seitas reformadas não luteranas). Somente a partir de 1555, com a Paz de Augsburgo, é que a questão foi finalmente resolvida. Ali se estabeleceu que cada príncipe poderia optar em suas terras pela religião que melhor  lhe conviesse. Com isso, a Alemanha ficou dividida em duas facções: uma, com predominância protestantee (ao norte) e outra, católica (ao sul). protestant A Reforma Protestante e as idéias de Lutero chegaram a outros países, como Dinamarca, Suécia, Noruega, os quais foram, sucessivamente, rompendo com a doutrina católica e promovendo a reestruturação das novas doutrinas religiosas.

A Reforma em outros países da Europa França e Suíça

A medida que o luteranismo ganhava força e se espalhava entre outros países da Europa, aumentavam as disc discordâncias ordâncias entre os postulados defendido defendidoss por Lutero, multipli multiplicando-se, cando-se, assim, as interpretações. Antes de receber forte influência luterana, a França já havia tentado em várias ocasiões promover reformas religiosas. Elas, entretanto, não obtiveram êxito, pois o catolicismo naquele Estado era bastante forte e tinha apoio da monarquia. Jean Calvino (1509-1564) foi um dos teólogos franceses que aderiram ao movimento reformista luterano. Perseguido juntamente com outros reformistas, refugiou-se na Suíça. Nesse país, outro líder religioso Ulrich Zwingli, aliado aos interesses da burguesia, já defendia maior  liberdade do que aquela oferecida por Lutero. Perseguido, Zwingli lutou até a morte; suas pregações abriram caminho para a chegada do calvinismo ao país. No início Calvino foi o seguidor das idéias de Lutero; contudo, com o tempo, acrescentou a elas idéias mais radicais. Durante a sua permanência na Suíça, redigiu uma síntese de sua doutrina –  Institui Inst ituição ção da Religião Religião Cristã Cristã. Como Lutero, Calvino reconhecia a autoridade da Bíblia e, 5

 

igualmente, sustentava a convicção de que a salvação é obtida somente pela fé e não pelas obras de igualmente, caridade, penitência penitência e outras práticas defendida defendidass pelo catolicismo catolicismo;; contudo, afirmava que a fé é um dom de Deus, a salvação da alma de cada cristão depende da vontade de Deus, ou seja, o homem é predestinado , tem o seu destino traçado desde o nascimento. “Deus tudo sabe, e tudo vê, sendo assim, a ele cabe predestinar quem vai ser destinado à salvação e quem vai ser destinado à condenação”. Diant Diantee dess dessee post postulad ulado o, a que questão stão que que se co colo loca cava va er eraa de sa sabe berr quem quem er eraa

predestinado à salvação ou à condenação. Calvino afirmava que cabia ao homem, por meio de seu trabalho, demonstrar que era um eleito por Deus – a prosperidade econômica individual era considerada por ele um dos sinais dessa predestinação. “O trabalhador é o que mais se assemelha a Deus(...) Um homem que não quer trabalhar não deve comer...o pobre é suspeito de preguiça, o que constitui uma injúria a Deus.” A teoria da predestinação era, portanto, a base do pensamento de Calvino; as normas comportamentais comportament ais estabelecidas para seus seguidores foram bastante austeras e radicais; proibiam-se jogos, bailes, teatros e uso de jóias. Aboliu de sua igreja as imagens de santos, o ritual das missas, instituindo tão somente a leitura da Bíblia. Os únicos sacramentos por ele reconhecidos foram o batismo e a comunhão. A doutrina de Calvino foi criticada por muitos humanistas que condenavam a idéia de um Deus tirano e vingativo; contudo amplamente aceita entre os burgueses, que encontraram nela um alento às suas convicções no que diz respeito à valorização do trabalho, da poupança e do acúmulo de capital, valores nem sempre aceitos pela Igreja Católica. Por isso, a doutrina calvinista teve ampla difusão nos lugares em que o capitalismo se desenvolvia rapidamente, e onde a burguesia lutava pelo poder, contra a Igreja e os senhores feudais. Na Escócia, foi organizada a Igreja Presbiteriana , inspirada na doutrina de Calvino; no norte dos Países Baixos (Holanda), organizou-se o movimento dos puritanos , o qual conquistou também boa parte da população na Inglaterra; na França, os calvinistas ficaram conhecidos como huguenotes .

Inglaterra Ao contrário dos movimentos iniciados por Lutero e Calvino, a Reforma na Inglaterra assumiu um caráter mais político e econômico do que propriamente religioso. Henriq Hen rique ue VIII VIII (15 (150909-154 1547) 7) foi que quem m lider liderou ou o mov movim iment entoo ref reform ormis ista ta nesse nesse paí país. s. A princípio, o rei se mostrou contrário à Reforma Luterana, tendo, por isso, recebido do Papa o título de defensor da fé católica. Contudo, a monarquia inglesa ambicionava tomar posse das terras e das riquezas da Igreja e diminuir sua influência sobre a população. Henrique VIII pretendia também anular seu casamento com Catarina de Aragão, para se casar Bolena,com alegando a impossibilidade impossibilida de ter filhoCom homem, com a suadoesposa, criavacom umAna problema a questão sucessóriadeem seuum reino. a negativa Papa, oo que rei aproveitou a situação para romper com a Igreja Católica, fundando, então, a Igreja Anglicana. Em 1534, o Parlamento inglês aprovou o Ato de Supremacia, o qual reconhecia o rei como chefe supremo da Igreja na Inglaterra. Por essa afronta à Igreja Católica, o rei inglês foi excomungado pelo Papa. Em represália r epresália,, o rei anulou o seu próprio casamento, unindo-se a Ana Bolena; Confiscou os bens da Igreja Católica e vendeu-os aos nobres e aos burgueses. Durante o reinado de Henrique VIII, a hierarquia e a doutrina da nova Igreja Anglicana não sofreram grandes alterações em relação à Igreja Católica; coube aos seus sucessores promoverem, posterio post eriormen rmente, te, as reformas. reformas. Dur Durant antee o reinad reinado o de Mari Maria a Tudor Tudor (1553-1558), houve uma tentativa de retorno ao catolicismo; porém, quando Elizabeth I (1558-1663) assumiu o poder, o anglicanismo foi definitivamente incorporado como religião oficial da Inglaterra. A partir daquele momento, estabelecia-se definitivamente o controle do rei sobre a nova religião, o culto foi simplificado e liberou-se o casamento aos padres. Como Elizabeth estava mais preocupada com as questões políticas do que com as religiosas, no intuito de agradar às várias facções religiosas do país, manteve a estrutura hierárquica do catolicismo e elementos doutrinários do calvinismo. 6

 

A Contra-Reforma Contra-Reforma - A Reforma da Igreja Católica A Contra-Reforma foi a reação adotada pela Igreja Católica para conter o avanço do protestantismo na Europa. A proposta de reforma interna da Igreja, anteriormente rejeitada pelos papas, tornou-se inadiável diante dos abalos promovidos pelos movimentos reformistas no norte da Europa. Antes mesmo de se promover uma reforma mais ampla, algumas medidas foram adotadas para conter o avanço das novas religiões e buscar a moralização da instituição. Novas ordens religiosas foram Companhia de Jesus (jesuítas) (jesuítas), a qual exerceu um papel de vital importância criadas, entrejaelas aólica paraa a Igre par Igreja Cat Catól ica.. Cou Coube be a ela, ela, ent entre re out outras ras coi coisas sas,, co comba mbate terr as he heres resia iass e lutar lutar para para restabelecer restabele cer o catolici catolicismo smo nas áreas perdidas para os protestant protestantes. es. Muitos historiadores afirmam que a Reforma Católica nunca teria sido bem-sucedida, sem a participação decisiva dos padres jesuítas.

A Companhia de Jesus foi fundada por  Inácio de Loiola em 1543. A ordem combinava a tradicional disciplina monástica com especial dedicação ao ensino da teologia e à pregação dos evangelhos, aplicados no ensino universitários e no trabalho missionário. Entre as regras internas adota ado tadas das po porr essa essa congr congrega egação ção,, desta destacam cam-se -se os vot votos os de casti castidad dade, e, de pobrez pobrezaa e obediê obediênci nciaa irrestrita ao Papa. Consideravam-se “Soldados de Cristo”, que combatiam pela glória de Deus. Os jesuítas tornaram-se os principais defensores da fé católica contra a investida dos protestantes na Europa. Eles foram responsáveis pela retomada do catolicismo nas áreas onde a Igreja Católica havia perdido espaço para os protestantes, como na Polônia, no sul da Alemanha e em outros países. Formados a partir de uma sólida base cultura, eram pregadores de grande eloqüência e persuasão e exímios catequizadores, confessores e conselheiros espirituais de ministros e reis. reis. Com se seuu tra trabal balho ho mi missi ssion onári ário, o, foram foram cate catequi quizar zar os pov povos os na Índia Índia,, Áfr Áfric ica, a, Japão Japão e ameríndios do recém-descoberto continente americano. Por meio da organização de missões ou reduções no sul do continente americano (Argentina, Paraguai e o sul do Brasil), buscaram converter esses povos à fé cristã. Em todos os lugares onde se fixaram, fundaram inúmeros colégios colégios dentro dos moldes dos valores cristãos (como, por exemplo, o colégio que deu origem à cidade de São Paulo). O dinamismo e a determinação dos jesuítas fizeram-se sentir, também, no Concílio de Trento (1546-1563), do qual participaram ativamente e tornaram-se principais articuladores das decisões tomadas pela Igreja. pelo 1545, tinha principal re rede defi fini nirO r aConcílio do dout utri rina nafoidaconvocado fé cató católi lica ca, , pera pepapa rant ntee Paulo os novo noII vossemte temp mpos os.. ePa Para ra osporque quobjetivo e es espe pera rava vam m um umaa “modernização” da Igreja, o resultado foi frustrante, pois o que ficou definido durante a concílio serviu, em grande parte, apenas para ratificar a doutrina tradicional e reforçar a autoridade autoridade do Papa. Eis algumas das medidas: ►

Con Conde denaç nação ão das Re Refor formas mas Pro Prote testa stante ntes. s.



As ffonte ontess de fé são são a Bíbl Bíblia ia e as ttradi radições ções cris cristãs tãs do ccult ultoo à Virge Virgem m Ma Maria, ria, aos santo santos, s, ààss imagens e às relíquias sagradas.



A Bíb Bíbli liaa dev devee ser inter interpre preta tada da a par parti tirr das or orie ienta ntaçõe çõess do clero, clero, ddent entro ro da tr tradi adiçã çãoo e dos ensinamentos da Igreja.



As boas obra obrass são tão nece necessári ssárias as para a salv salvação ação quan quanto to a fé.

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Os dogm dogmas as da Igrej Igrejaa Cató Católica lica são irrev irrevogáv ogáveis. eis.



O latim latim perma permanece nece como lín língua gua ofic oficial ial dos cult cultos os reli religios giosos. os.



Man Manute utençã nçãoo do celi celibat batoo para para os rel relig igios iosos. os.



O casam casament entoo dos dos cri cristã stãos os é ind indiss issol olúve úvel.l.



Proi Proibiubiu-se se o acúmulo acúmulo de ccargos argos ecl eclesiá esiástic sticos os e a vvenda enda de indul indulgênc gências, ias, principai principaiss causas causas da Reforma Protestante.

No intuito de reprimir os “abusos” cometidos pelos reformadores protestantes, o concílio aprovou também medidas repressivas e coercitivas: ►

Foi o criado o Index, relação dos livros proibidos aos fiéis, por serem contrários à doutrina católica.



Fort Fortalec aleceram eram-se -se os trib tribunai unaiss inqu inquisit isitório órioss para jul julgame gamento nto de hereg hereges. es.

As medidas tomadas pela Contra-Reforma não foram suficientes para eliminar o avanço e o surgimento de novas religiões decorrentes da Reforma Protestante. Em contrapartida, a Igreja conseg con segui uiuu com compen pensar sar a per perda da dos fi fiéi éiss na Eur Europa opa,, ao invest investir ir na evange evangeli lizaç zação ão das nov novas as populações das colônias recém-formadas pelos espanhóis e portugueses, no além-mar: América, África e Ásia.

 

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