A GERAÇÃO QUE ESBANJOU OS SEUS POETAS
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O suicídio de Vladímir Maiakóvski cm 1930 marcou cm definitivo o fim do entusiasmo das vanguardas artísticas e literárias com o regime vitorioso na União Soviética. “Abalado ate os ossos”, o lingüista e crítico Roman Jakobson (1896-1982) reagiu com este ensaio sobre A geração que esbanjou seus poetas poetas,, publicado em 193 1. A morte de Maiakóvski significava muito mais que um drama pessoal: era “o rosto do nosso tempo, uma sufocação da história”. O lamento e a indignação, porém, aqui se misturam com a visada crítica inovadora, que procura entender em termos
especificamente
literários
(e
não
biográficos)
o
laço indissolúvel entre a vida e a obra de um grande poeta. O ensaio, que representa uma virada na obra madura de Jakobson, é ilustrado pelas colagens feitas por Aleksándi* Rodcbenko para o poema “Sobre isto”.
Tradução e posfácio s o n i a
regina martins gonçalvhs
A geração que esbanjou seus poetas
ROM AN JAKOBSON
A geração que esbanjou seus poetas
ROM AN JAKOBSON
SUMÁRIO
GERAÇAO QUE ESBANJOU SEUS POETAS 9
POSFÁCIO
Ç7
Notas
79
índice de autores e personalidades Sobre o autor
83 87
GERAÇÃO QUE ESBANJOU SEUS POETAS
[O pokolenii, rastrativchem svoikh poetov, publicado originalmente em Smert Vladimira Maiakovskogo (.A morte de Vladímir Maiakóvski), Berlim, 19 5 1 ]
A GE RA ÇÃ O QU E ES BA NJ OU SE US PO E TA S
Mortos — e para mim tanto faz se eu ou ele os matou.
Maiakóvski
O verso de Maiakóvski, suas imagens, sua composição lírica. Cheguei a escrever sobre isso. Publiquei alguns esboços, mas sempre me voltava à cabeça a idéia de uma monografia. O tema é bastante tentador, pois a poesia de Maiakóvski é qualitativa mente diferente de tudo o que foi o verso russo antes dele, e, apesar das associações genéticas que se queira estabelecer, a estrutura de sua poesia é profundamente original e revolucio nária. Mas como escrever sobre sua poesia agora, quando a tônica já não é mais o ritmo, mas a morte do poeta, quando (para fazer uso de sua terminologia poética) a “tristeza aguda” não quer mais se transformar em “dor clara e consciente”? Por ocasião de um de nossos encontros, Maiakóvski, como fazia de costume, leu-me alguns de seus últimos versos. Impôs-se a mim de imediato uma comparação involuntária entre aquilo que eu ouvia e aquilo que julgava que ele poderia produzir, que corresponderia de fato às reais possibilidades criativas do poe ta. “São bons”, eu disse,
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