A Escada de Ouro

February 10, 2019 | Author: Paulo Baptista | Category: Theosophy, Helena Blavatsky, Mind, Física e matemática, Physics
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A Escada de Ouro No ano de 1890, em instruções dirigidas à Secção Esotérica da Sociedade Teosófica, Helena Blavatsky deu a conhecer a “Escada de Ouro”, um conjunto

de regras destinadas aos membros daquela Secção e que foram retiradas do Livro da Disciplina. Este livro era usado nas escolas de Dzyan, pelos estudantes da Ciência Secreta (Gupta Vidya). O objectivo destas regras era ajudar ao progresso de cada um dos estudantes, aproveitando a experiência diária de cada um deles, de modo a que atingissem a Sabedoria necessária através de uma vida nobre e de serviço corajoso à humanidade. Essas instruções constam do volume XII dos Collected Writings de HPB e podem ser consultadas aqui (deve ser consultada a página 501). As duas frases que precedem a "Escada de Ouro” propriamente dita merecem

especial atenção: “Aquele que não retira a sujidade que pode ter contaminado a sua fonte de

inspiração, não ama a sua fonte de inspiração nem honra a si próprio. Aquele que não defende os perseguidos nem os indefesos, que não partilha a sua comida com os famintos nem tira água do seu poço para os sedentos, nasceu demasiado cedo na forma humana.” Avançando agora para a “Escada de Ouro”… “Observe a verdade diante de si:

Vida limpa, mente aberta, Coração puro, intelecto ardente, Clara percepção espiritual, Fraternidade para com o seu co-discípulo, Prontidão para dar e receber conselhos e instruções, Leal sentido de dever para com o Instrutor, Obediência diligente aos preceitos da Verdade, Uma vez que tenhamos depositado a nossa confiança nela, Crendo que o Instrutor a possui; Resistência corajosa às injustiças pessoais, Destemida declaração de princípios, Defesa valente daqueles que são injustamente atacados, Uma mira constante no ideal do progresso humano, E na perfeição, conforme revela a ciência secreta (Gupta Vidya). Esta é a escada de ouro

Os degraus da qual o aprendiz pode subir Até o templo da Sabedoria S abedoria Divina.”

Na internet é possível encontrar alguns comentários que podem auxiliar na interpretação da “Escada de Ouro”. Por exemplo em 1958, foram publicados

os comentários de Sidney A. Cook, Cook , um teosofista nascido na Inglaterra, mas que se viria a naturalizar norte-americano, tendo desempenhado cargos importantes na Sociedade Teosófica de Adyar, sob as presidências de Jinarajadasa e N. Sri Ram (o pai da actual presidente Radha Burnier). Burnier). Este teosofista argumenta que, pelo facto de ser uma escada, faz todo o sentido que exista uma ordem deliberada e que os degraus têm de ser todos percorridos. Cook refere que Blavatsky na verdade, não nos deixou apenas um manancial de informação sobre o funcionamento do Universo e os princípios filosóficos da Doutrina Secreta, mas delineou também os preceitos e instruções detalhadas sobre o caminho a trilhar por cada de um nós no caminho para a Iluminação. Avancemos para a interpretação que Cook faz da d a “Escada de Ouro”. 1. Vida limpa É um requisito para o desenvolvimento interior e envolve não só limpeza espiritual (de emoções negativas e de desejo) mas também física (cuidados com a alimentação, por exemplo). Está pois relacionado com o aspecto físico, emocional e etérico ou magnético. 2. Mente aberta Obriga a lidar com preconceitos e ideias fixas, pois a mente tem de estar aberta à análise de ideias novas e possivelmente conflituantes, algumas delas se calhar anteriormente postas de lado devido a uma visão demasiado estreita. Não pode haver nem n em aceitação nem rejeição a priori. Uma ideia que nos cause rejeição a princípio tem de ser analisada, pois podemos estar a ser vítimas do nosso próprio preconceito. Princípios mais estreitos devem dar lugar a princípios mais abrangentes e inclusivos. Estar aberto ao desafio, à dúvida, não significa viver na constante incerteza, mas sim numa busca constante, deixando sempre espaço para novo conhecimento entrar. entrar. O discernimento assenta assenta em verificar, pesar, pesar, descartar, substituir e aceitar, construindo um núcleo de verdades que devem ser examinadas ciclicamente ciclicamente de modo a que possam ser enriquecidas. Este passo está obviamente relacionado com o aspecto mental. 3. Coração puro

O coração é o instrumento perceptivo que compreende e entende. O coração transmuta, pois enquanto a mente recebe e examina examina tudo, o coração coração permite apenas a retransmissão daquilo que é Verdade. A palavra-chave deste passo é transmutação e está ligado à qualidade qu alidade intuitiva. 4. Intelecto ardente É mais do que ter uma mente aberta, é a ânsia, o ardor da procura por conhecimento. Está ligado ao aspecto da Vontade. Estes quatro passos estão associados com o desenvolvimento e controlo do nosso estado físico, mental e emocional. Estão relacionados com o Eu Inferior e são pré-requisitos do quinto degrau que é: 5. Clara percepção espiritual É o reconhecimento que existe algo mais: o Eu no homem, um plano na Natureza para ele, uma visão de que existe um propósito maior na vida. v ida. Chegado a este passo, o aprendiz domina já parcialmente a mente, a vontade e o coração e agora passa a direccioná-los para propósitos maiores. Há uma clara reorientação de vida, que deixa de ser governada por circunstâncias externas. O trabalho activo e serviço tomam o lugar da bondade passiva. É nesta fase de maior percepção espiritual que se descortina que as limitações são algo auto-imposto e começa uma luta interior para ultrapassar essas mesmas limitações. O karma, como lei de justiça começa agora a ser interiorizado e aceite. 6. Fraternidade para com o seu co-discípulo A falta de fraternidade e de tolerância dentro das e entre as várias as organizações teosóficas é sinal de que este degrau está a ser negligenciado. Não é algo exclusivo das organizações teosóficas, pois mesmo nas religiões organizadas esta lacuna tem estado omnipresente. O princípio de amar “o  próximo como a ti mesmo” não tem passado da teoria.

Lembremo-nos que nas nossas anteriores encarnações, com certeza estivemos ligados a diferentes religiões, religiões essas que como sabemos têm uma base comum. Fica ainda a nota que, por razões que desconheço Sidney Cook traduz este  princípio como “fraternidade para com todos”, diferindo da versão original

dos Collected Writings (pode ser conferida também a compilação de Daniel Caldwell “The Esoteric Papers of Madame Blavatsky” que está parcialmente

disponível aqui aqui)). 7. Prontidão para dar e receber conselhos e instruções

Neste passo, é importante perceber que a oferta de um conselho pode não implicar a aceitação por parte do outro lado, não devendo isso gerar qualquer desconforto ou preocupação. Escutar um conselho pode ser ainda mais difícil, devemos ser humildes e saber retirar aquilo que é bom e verdadeiro. 8. Leal sentido de dever para com o Instrutor Apenas aqueles que expressam confiança no Instrutor e têm desejo de aprender podem ser ensinados. É inconcebível ouvir um Instrutor de forma pretensiosa e desrespeitosa. 9. Obediência diligente aos preceitos da Verdade Por isto não se entende a aceitação cega, baseada na inactividade mental, ou outro qualquer estado negativo. Não é a aceitação da Verdade resultante de um desejo ou inclinação, mas uma obediência para com a mesma que resulte de intenção auto-dirigida e profunda em segui-la. Enquanto os degraus de 1 a 4 são qualificações pessoais, os passos de 5 a 9 são expressões de relacionamento  –  fraternidade, dar, receber, conselho, instrução, dever e obediência, portanto envolvem mais de uma pessoa. Os quatro passos finais são: 10. Resistência corajosa às injustiças pessoais Aqui bastaria pensar na vida de Helena Blavatsky, como grande exemplo deste passo. A defesa pessoal é esquecida, mas a defesa das Verdades Eternas nunca pode ser descurada. O esforço vai se tornando progressivamente mais solitário…

11. Destemida declaração de princípios É um teste aos nossos conhecimentos, às nossas certezas e convicções. A gentileza e o tacto não a devem condicionar, mas também devemos ter cuidado com o perigo do fanatismo, que pode conduzir a efeitos opostos aos pretendidos. 12. Defesa valente daqueles que são injustamente atacados É algo que obriga a ter discernimento, pois o quando e como ajudar nem sempre é muito claro. 13. Uma mira constante no ideal do progresso humano A mira deve estar na ajuda activa e não na observância passiva. Estes últimos quatro degraus são dirigidos ao Eu Superior. As qualidades são resistência, braveza na defesa de princípios, oposição à injustiça e a mira no Grande Plano – expressões do Eu na acção e no serviço.

Cook divide os degraus em quatro partes: 1 a 4 – Preparação 5 – A revelação e a visão 6 a 9 – Relacionamento Relacionamento e Instrução 10 a 13 – A descoberta e a libertação do Eu numa acção iluminada iluminada Cada indivíduo sobe pois pela “Escada de Ouro” ao seu ritmo, para se tornar 

um pilar do Templo da Humanidade. É uma longa mas fascinante caminhada, partilhada com muitos irmãos e irmãs.

publicado em http://lua-em-escorpiao.blogspot.pt em 3 e 7 de Julho de 2012

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