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March 7, 2019 | Author: Renata Santos | Category: Aleister Crowley, Ciência, Chess, Love, Clothing
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A CLAVÍCULA DE SALOMÃO  por Fernando H. F. Sacchetto – 25/05 - 21/10/2011

I Tudo começou com um camarada do Paulinho. “Tô te falando, o cara era um zero à esquerda”, ele estava explicando. “No catava mina nem com reza !rava. "... modo de dizer. #$ # $ te explico.” “%xplica o qu&'” Parecia mais uma das hist(rias compridas do Paulinho, e minha paci&ncia estava começando a se encher por antecipaço. “)eixa pra l$. * ne+(cio  que ele era o maior man, e no era s( com mulher. Tava sempre duro. %le vivia no *-alle/-s pra pa+ar de !ur+u&s...” “0+ual a voc&, n'” “1aai se ferr “1 ferraar. as as ele s( chu hupi pinh nhav avaa de tod odoo mundo, fazia o poss2vel pra +alera pa+ar a !irita dele. %, quando ele pe+ava al+uma coisa, era s( dra+o.” “3eleza, entendi, era um loser . as e a2'” “42, esse s$!ado eu es!arrei com ele, na festa de uma prima da minha mina. ano, fiquei de cara. *u o malandro en+ana muito !em, ou ele t$ investindo pesado na 3olsa, e +anhando. )iz que, s( semana passada, ele faturou mais de 566 mil no intraday.” intraday.” “7, isso  f$cil pra caram!a. 8ue cara  essa' 9(+ico que : 8ualquer rid2culo pode encher a cara de  !e!ida e dizer numa festa que faturou 566 ou ;66 mil com intraday ou intraday ou sei l$ o que mais.”

“T$, t$, tudo !em, mas o cara tava diferente. Tinha, sei l$, al+uma coisa nele...” “ustamente porque eu tam!m tenho.” “4h, rapaz, p$ra com isso: o+o s( porque  o dono da  !ola. 8uando encontramos com ele no miniA+olfe, eu >$ sa!ia quem era antes mesmo de o Paulinho nos apresentar. “Cilha da me”, disse eu, quando mandei a !ola para fora da $rea pela terceira vez. Cazia parte do plano. “)eve ter al+uma coisa errada com esse taco.” “o+ada foi razo$vel. 3essa se posicionou para sua tacada. “8ual, no esquenta,” disse ele, “acho que voc& t$ indo !em pra primeira vez.” “T$ !rincando' *ito pontos em tr&s !uracos, e com essa penalidade, >$ tô na quarta tacada pra esse aqui. @ealmente, esse troço no  pra mim.” Paulinho sorriu. “?, meu chapa, tô falando. 1oc& como >o+ador de +olfe  um (timo f2sico. *u nem isso... no presta nem pra calcular a tra>et(ria da dro+a da !ola:” “KAh, t$ !om. e d$ um feixe laser e um computador que eu resolvo esse pro!lema.” 3essa atravessou dois o!st$culos com sua !ola. “)e repente  uma questo de talentos... deve ter outras coisas que voc& faz !em.”

%u sorri enquanto posicionava minha !ola. "avia che+ado meu momento. “* ne+(cio  que isso aqui no tem nada a ver com calcular tra>et(ria de coisa nenhuma. ? s( ha!ilidade manual mesmo, +randes coisas.” o+o que precisa de racioc2nio, plane>amento, criatividade, como o xadrez... a2 sim, voc& vai ver o que   profissional.” “L, 3essa,” Paulinho disse enquanto alinhava sua tacada, “voc& no tinha um tal dum clu!e de xadrez' Podia levar esse cara pra l$, que aqui ele t$ s( perdendo tempo.” * rapaz ficou meio sem >eito. “7... voc& nunca se interessou pelo clu!e, porque t$ per+untando dele a+ora'” “%u falei pra levar ele, no eu. Tô nem a2 pra xadrez, ô troço chato.” “Ta2, parece le+al,” disse eu, procurando mostrar interesse. “0sso sim, eu topo numa !oa. *nde voc&s  >o+am'” “"...” %le parecia procurar al+o para dizer enquanto preparava sua tacada. “4cho que era !om ver com o pessoal l$, a a+enda de >o+os...” “4h, cala a !oca,” disse meu cole+a, com um +esto de a!orrecimento. “4t parece que tem uma fila enorme de +ente querendo entrar pro seu clu!inho.” “Nem que se>a s( pra assistir, at a!rir um >o+o,” ar+umentei. “%u aprecio uma !oa partida. %xiste toda uma  !eleza no ato de usar o pensamento pra moldar uma realidade.” Paulinho deu um +runhido de repulsa pela pretenso do que eu disse, mas 3essa sorriu. 4 refer&ncia havia

surtido efeito. “T$ certo... acho que d$ pra voc& frequentar l$ um pouco. =( pra ver se voc& se adapta ao nosso  pessoal.” “Tenho certeza que sim.” @etri!u2 o sorriso, mais  pela satisfaço de ter conse+uido vencer a primeira !arreira. “%u sinto que vou ter +randes coisas pela frente nesse clu!e.” M M M  Na terça se+uinte, l$ estava eu, rodeado por livros mais velhos que anti+osO e um !ando de caras com o mesmo olhar faminto de 3essa. * lu+ar ficava na =anta eito, no tem como avançar a aventura do clu!e de xadrez a+ora. as a aventura da aldeia de Rormund sim, e o tempo  valioso.” M M M  No dia se+uinte, resolvi ir mais cedo ao se!o para no atrasar e dar vexame, e aca!ei sendo o primeiro a che+ar. *r2+enes, que estava atendendo um fre+u&s, indicou uma das cadeiras no fundo da lo>a, onde hav2amos nos reunido da Bltima vez. Pe+uei um livro a esmo parecia ser al+o so!re a psican$lise so! a (tica da alquimia medievalO e me sentei, tentando em vo me concentrar na leitura. “3oa escolha,” ele me disse al+uns minutos depois, e se diri+iu à frente da lo>a. * fre+u&s >$ havia sa2do. “7m tanto quanto va+o e acad&mico, com certeza, mas uma introduço v$lida à su!lime ci&ncia.” %le desceu o porto de correr, e começou a preparar a porta que o atravessava. “% o elo com a psican$lise... muitos tradicionalistas podem torcer o nariz, mas eu particularmente s( ve>o !enef2cios no di$lo+o entre a ci&ncia dos anti+os tomos e a das universidades. No acha'”

“", acho que sim... afinal, NeHton era alquimista, no' Naquela poca, eles no faziam muito essa distinço.” %le apontou para mim, triunfante. “%xato: uita coisa se perdeu do homem renascentista, que !uscava uma viso completa do 7niverso. as parece que no preciso dizer isso para voc&, ah, no mesmo. o, voc& no trouxe preparativos. $ havia esquecido na se+undaAfeira, quando fui tra!alhar. %u pensei em li+ar, dizendo que estava doente, mas quando me dei conta, >$ estava che+ando ao escrit(rio. Paulinho e )>alma me cercaram, cheios de  per+untas so!re o s$!ado, que respondi com +runhidos va+os. %u tinha apenas uma leve noço da presença deles. Ciquei a manh toda analisando um al+oritmo que normalmente no levaria mais que dez minutos, refazendo meu tra!alho um nBmero incont$vel de vezes. 9$ pela quartaAfeira, meu racioc2nio finalmente havia voltado a um n2vel que me permitisse pensar so!re o ocorrido. o+o de @PR, pois no tivera condiçFes  psicol(+icas de preparar nada ao lon+o da semana. 4lfredo fez questo de me visitar para conversar so!re o que acontecera no Bltimo s$!adoQ no entanto, insisti que no havia nada de estranho para relatar, e ele eventualmente se rendeu. irna apenas reiterou seu pedido de cuidado. @efleti por muito tempo se eu deveria ou no voltar ao clu!e de xadrez. Por um lado, eu havia prometido a mim mesmo que >amais pisaria l$ de novo... mas por outro, eu sentia que merecia al+um tipo de explicaço da parte deles. %les no podiam simplesmente me dro+ar, hipnotizar, ou se>a l$ o que for que fizeram sem ouvir umas !oas verdades, e eu queria tirar isso a limpo pessoalmente, olho no olho. 4ssim, compareci ao local no s$!ado, novamente che+ando !em mais cedo que o hor$rio previsto D mas desta vez de prop(sito. 8ueria confrontar *r2+enes sozinho, sem seus lacaios por perto. )esta vez, a lo>a estava vazia. %le estava no !alco, fechando suas contas. “*ra, salve:” ele disse, antes que eu

 pudesse me expressar. “Cinalmente voc& voltou: ovem ar+umentou, “mas esse ne+(cio de colocar o cara l$ em!aixo da primeira vez no  podia prestar:” “%u deixei isso !em claro na semana passada,” o sacerdote disse firmemente. “4 escolha no foi minha.” “T$ !om que no foi...”

“8ue foi, 3essa'” %ra 9Bcio, que havia aca!ado de che+ar com sua namorada. “T$ com ciuminho, s( porque voc& teve que esperar pra caram!a'” “@$: V quem fala, o senhor inse+urança, morre de medo de al+um olhar pra namoradinha...” 9Bcio deu um passo à frente. “T$ maluco' 8uer  perder os dentes, ô man'” “Rente, +ente:” *scar suplicou. “4 +ente aqui t$ tudo >unto: Perfeito amor e perfeita confiança:” 3essa virouAse para ele com ar de desprezo. “Pra voc&  tudo florido, n, sua !icha'” “o+ar xadrez...” “4h, por favor: No insulte a minha inteli+&ncia. %u sei o que voc& veio procurar aqui. 3em, meu caro, che+ou tarde demais.” “Tarde demais' * que voc& quer dizer'” “? isso mesmo. 4ca!ou tudo. No tem mais clu!e de xadrez, nem concili$!ulo, nem ritual, nem coisa nenhuma. %stou fechando o !oteco.” “Pera2, como assim' =( por causa daquela !ri+uinha do s$!ado' 1ai aca!ar tudo assim, desse >eito, de uma hora  pra outra'” “1oc& no sa!e, n'” %le !alançou a ca!eça,  pesarosamente. “%sto perdidos, todos. 9iteralmente. )ois mortos, e os outros fora+idos... exceto voc&. % a pol2cia no me deixa em paz.” “"ein':” inha expresso era de horror. “* que c& t$ me dizendo' * que dia!os foi que aconteceu aqui'” “4qui, nada alm do que voc& presenciou, felizmente.” %le voltou a arrumar seu material ritual2stico. “as, para o resto do clu!e, a coisa de+rin+olou radicalmente depois que sa2ram daqui naquela noite. %u mesmo sei muito pouco do que houve, pra minha sorte. 3em, na falta de disc2pulos, eu acho que o c2rculo aca!ou, no'” 1i que ele se diri+ia à porta do poro, e se+urei seu  !raço. “as e quanto a... auilo' 1oc& no t$ pensando em simplesmente...” “%stou mais do que pensando, eu vou fazer neste exato momento.”

“as ento espera um pouquinho s(... vamos l$, me d$ dez minutinhos com ele: 8ue diferença vai fazer'” “Toda a diferença do mundo. No temos tempo a  perder. 4 qualquer momento eles vo entrar aqui, e quando que!rarem o c2rculo...” 4ntes que eu per+untasse de quem ele estava falando, a resposta veio na forma de uma !atida repentina no porto. “=enhor *r2+enes =alazar:” Ddisse uma voz autorit$ria. “Pol2cia civil:” %le olhou para mim, aterrorizado. “%scuta aqui, no tem tempo de explicar:” %le empurrou os o!>etos que estava carre+ando D al+umas velas, um talism e uma ada+a  D para minhas mos. “1oc& tem que invocar nomes divinos.  (ehovah $etra+rammaton Anaphaeton @rimeumaton. ? vital que voc& faça isso, t$ me entendendo'” *lhei incrdulo para as ferramentas. “as como que...” “=%N"*@ =4944@:” 4 !atida veio de novo, mais forte. “Temos um mandado >udicial de !usca so!re todas as depend&ncias desse recinto:” “8uieto: No h$ tempo:” %le olhou nervosamente  para a entrada da lo>a. “)i+a que ele tem licença para partir, de forma pac2fica e sem causar mal. ostre esse selo D” apontou para o amuleto D “e invoque os nomes. No perca tempo com per+untas. %le tem que ir em!ora antes deles che+arem l$ em!aixo.” 4 voz veio novamente, mais enr+ica. “@epetindo, senhor =alazar, n(s temos mandado: 1amos estar entrando a+ora mesmo:”

*r2+enes me empurrou porta adentro. “* c2rculo no pode ser que!rado:” disse aflitamente, enquanto fechava a porta atr$s de mim. )esci tropeçando os de+raus, com as vozes atr$s de mim cada vez mais distantes. 4 escadaria parecia !em mais escura que da Bltima vez. 8uando che+uei ao final, a luz das velas indicava o t&nue contorno do c2rculo. “RARlas/aA9a!olas'” disse, enquanto me  posicionava no centro, voltado para o triEn+ulo. “1oc&... voc& pode partir. ", em nome de Tetra+rammaton. #A #eov$.” “@enato' 1oltou cedo.” 4 voz era fraca e a!afada, mas seu tom de satisfaço era claro. “1eio em !usca de mais conhecimento'” “Pode partir,” repeti, com voz tr&mula. 9evantei o talism. “1$ em paz. =em causar mal. $etra+rammaton.” “* que eu lhe concedi no foi o suficiente'” ais uma vez, um som que aparentava ser uma risada. “as nunca , no  mesmo'” “%u... no lem!ro de nada:”  ?ro+a =enato, me recriminei. &4o d trela “%u avisei que sua mente no comportaria tudo de uma vez. % voc& no esqueceu. %st$ tudo l$. as... voc& sa!e disso, no'” 4s vozes no andar de cima se aproximaram da  porta. *uvi o !arulho da maçaneta. “1oc& precisa ir: %m nome de #eov$:” Se eu pelo menos lemrasse os outros nomes “1oc& diz isso... mas no quer mesmo que eu v$ em!ora, quer'”

“Por favor...” 4pertei o amuleto, molhado de suor, at os n(s de meus dedos ficarem !rancos. “No faz isso comi+o...” “* que voc& realmente quer sa!er'” *lhei para a entrada. 7ma fresta de luz se a!riu. “*... o ue  voc&'” “4penas al+um que v& a verdade por tr$s das ilusFes que voc& chama de espaço e tempo.” *uvi passos descendo a escada. “4l+um livre das amarras de um universo linear como o seu.” 4 voz estava ficando mais distante. “=enhor:” *s intrusos estavam se aproximando de mim. “%spere:” disse. “as como que eu faço pra...” 4 Bltima coisa que vi foi a perna do policial derru!ando uma das velas... e, ento, apenas escurido.

EPÍLOGO 4cordei com um tranco. %u estava em um ôni!us malAcheiroso. *lhei pela >anelaQ o lu+ar era desconhecido. Tentei recapitular os eventos que me levaram àquela situaço, mas uma dor de ca!eça lancinante dificultava minha concentraço. 0ma+ens indistintas passavam rapidamente pela minha menteJ um local escuro, um cheiro forte de ervas, v$rias pessoas passando pra l$ e pra c$ por cima de mim. Ce!re e dor. )ecidi avaliar melhor meu estado atual. *lhei para  !aixo, e vi que estava su>o, des+renhado, com as roupas um  pouco ras+adas. Perce!i que a maior parte do fedor que eu

sentia devia vir de mim mesmo. inha !oca estava seca, com um +osto amar+o, e praticamente todo o meu corpo do2a. e espre+uicei e me esfre+uei um poucoQ no parecia estar ferido, ao menos no +ravemente. %ntretanto, vi marcas nos pulsos e tornozelos, como se tivesse sido amarrado, !em como manchas de san+ue que no parecia ser meu, pois eu no tinha ferimentos que as explicassem.  Fui seuestrado, pensei. 1erifiquei os !olsos, e vi que nada tinha sido rou!ado, nem mesmo o dinheiro da minha carteira.  "stranho pra carama. eu celular estava desli+adoQ quando o li+uei, perce!i que >$ era quartaAfeira, mais de quatro da tarde. "aviam se passado mais de vinte e duas horas desde minha Bltima lem!rança, no se!o de *r2+enes. “4mi+o,” per+untei para o co!rador. “*nde que a +ente t$ mesmo'” %le me olhou com certa desconfiança. “4venida =apopem!a.”  @ut:. ue 7 ue eu tB a:endo num lu+ar desses, “eito, e a+ora dizendo que tava no hospital... eu tam!m fiquei preocupada. =a!e como .” “esmo'” Parei, surpreso. “8uer dizer... no achei que voc& fosse...”

“Pode tirar o cavalinho da chuva,” ela cortou, repentinamente. “No quer dizer nada. ? s( a simples empatia de um ser humano com outro. No  todo mundo que vive a vida nem a2 pro que acontece ao seu redor, sa!ia'” “%scuta...” Pausei para >untar meus pensamentos e decidir como eu me sentia em relaço a isso, levantando a mo. “*!ri+ado por se importar, mas no  o caso de...” “8ue  isso'” %la se aproximou, olhando para meu  pulso. “* que aconteceu a2'” “"ein' * qu&'” Tentei esconder as marcas, enver+onhado. “Nada de mais... acho que eles s( apertaram demais a faixa na hora de pôr o soro.” “@enato...” %la me encarou duramente. “%u sei quando voc& t$ mentindo.” “No tô mentindo:” e afastei repentinamente. “1oc& vem aqui de repente, sem nem li+ar pra sa!er se eu  posso te rece!er...” “Calou o cara que some o dia todo sem avisar nin+um...” “'oc3 vem aui,” insisti, “do nada, e >$ começa a me ofender' e xin+ar, dizer que eu sou irrespons$vel, isso e aquilo, falar da minha me, e ainda me chama de mentiroso'” “as voc& quer que eu no questione isso,” %la apontou para meu pulso, indi+nada. “*lha s( os seus  !raços:” “Pode parar com essa palhaçada.” 4!ri a porta, e antes que ela tivesse tempo para ar+umentar, continuei.

“%ssa  a minha casa, e eu no vou admitir isso. 1oc& no quer mais fazer parte da minha vida, ento no faça.” “? assim, '” %la passou pela porta com um ar or+ulhoso. “Cique à vontade. =e voc& quer se pre>udicar, sei l$ como, v$ em frente. No me importo.” “3om sa!er.” 8uando minha exAnamorada finalmente se foi, no me senti satisfeito com isso, como eu achava que me sentiria... mas essa era uma preocupaço  para outra hora. Terminei meu lanche, pus uma camisa de man+as compridas para evitar mais questionamentos, e sa2 pra pe+ar meu carro. 4l+o me dizia que ele no estava no meu prdio, o que foi confirmado por uma r$pida olhada. Tentei recordar onde o havia deixado da Bltima vez que o vi.  Foi ontem uando eu ui l nauele maldito seo lem!rei. "u deiei na rua. &o mDnimo 9 rouaram. Cui para l$ de metrô, e lo+o achei o lu+ar onde eu tinha estacionado, a umas tr&s quadras do se!o. * carro estava l$ do mesmo >eito. %ntretanto, no fundo, eu sa!ia que no era isso que eu realmente queria ver... eu precisava voltar mais uma vez ao centro de todo esse mistrio. 4o che+ar ao local, vi que a casa onde *r2+enes mantinha sua lo>a estava em ru2nas. %ra uma pilha de escom!ros ene+recidos, envoltos em uma mancha de fuli+em que se estendia para a rua e os prdios vizinhos. 9em!rei do cheiro de fumaça em minhas roupas, e um frio correu por minha espinha. “* ne+(cio a2 foi feio.” %ra o dono de um !ar, do outro lado da rua, em frente ao qual eu tinha parado, enquanto olhava em!as!acado. “)uma hora pra outra

 pe+ou fo+o em tudo, c& tinha que ver. Nem deu tempo dos  !om!eiros che+arem.” “8uando que foi isso'” per+untei, >$ sa!endo a resposta. “Coi ontem, no fim da tarde. 4 pol2cia tava a2...  parece que tinha uns ne+(cios meio esquisitos acontecendo l$, e eles tavam dando !usca. 7ns rituais de ma+ia ne+ra, satanismo, no sei... ouvi dizer que morreu +ente.” %le fez o sinal da cruz. “8uer dizer, antes do inc&ndio. Por isso que  !aixou a pol2cia a2.” %n+oli em seco. “%... tinha mais +ente l$ dentro'” “Tinha um rapaz... sei no quem era.” Ainda em,  pensei. “%le tinha entrado lo+o antes da pol2cia.” “as... no saiu'” “% deu tempo'” * homem !alançou a ca!eça,  pesaroso. “Nin+um saiu. Nem o seu *r2+enes, nem os  pol2cias, nem esse moço. 4inda to limpando as coisas l$. 1oc& conhecia'” “%u' No, no:” 3alancei a ca!eça veementemente. “=( tava passando por aqui e vi tudo aca!ado desse >eito... que coisa, n'” 1oltei correndo para meu carro e disparei para casa, tremendo.  A+ora a coisa estava ficando esquisita. Como assim n4o saD de l,  Dquestionei. Ser ue tinha uma  saDda por trs, "u n4o lemro de ter visto nenhuma. " como ue eu ui parar em Sapopema, ?e uem era esse  san+ue na minha roupa, % ue realmente  aconteceu comi+o, %ssas per+untas queimavam em minha mente como  !rasas ardentes. =enti que era inBtil vasculhar os escom!ros

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