A Canção No Tempo - 85 Anos de - ppt1

May 16, 2024 | Author: Anonymous | Category: N/A
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A canção no tempo – 85 anos de músicas brasileiras Esquema elaborado com base na obra de Jairo Severiano e Zuza Homem de Mello

1ª parte – 1901-1916

INTRODUÇÃO • Predomínio das mesmas características do final do século XIX. Mesmos gêneros – valsa, modinha, cançoneta, chótis, polca – mesmos modos de cantar e tocar, as mesmas formações instrumentais, a mesma predileção pelo piano. • Advento do disco brasileiro (1902). • Compositores de destaque: Ernesto Nazareth, Chiquinha Gonzaga e Anacleto de Medeiros. • Letristas: Hermes Fontes e Catulo da Paixão Cearense. • Pianistas: Arthur Camilo e Ernesto Nazareth. • Cantores de destaque eram poucos e cantoras, quase inexistentes antes da década de 1920.

Destaques 1901-1905 • 1901 • “Ó abre-alas” (marcha-rancho), de Chiquinha Gonzaga; • “O gondoleiro do amor”. • Com a marcha “Ó abre-alas”, dedicada ao cordão Rosa de Ouro, Chiquinha Gonzaga se torna pioneira na produção carnavalesca. Foi a composição preferida dos foliões até pelo menos 1910. • 1902 • “A conquista do ar” (“Santos Dummont”) – marcha, de Eduardo das Neves. Canção ufanista de louvor ao inventor da aviação. (“A Europa curvou-se ante o Brasil/ e clamou parabéns em meigo tom/). • Com base na composição de Neves, o radialista Paulo Roberto escreveu em 1945, uma letra exaltando Minas Gerais. • 1904 • “Corta-Jaca” (“Gaúcho”), tango, de Chiquinha Gonzaga; • Foi interpretado pela primeira dama Sra. Nair de Teffé no ano de 1914, fato explorado como escândalo pela oposição.

• “Saudades de Matão” (“Francana”), valsa, de Jorge Galati. • Grande sucesso da época, a autoria da valsa foi reivindicada por Pedro Perches de Aguiar, apesar de documentos indicarem a autoria de Jorge Galati. • 1905 • “Terna saudade” (“Por um beijo”), valsa de Anacleto de Medeiros e Catulo da Paixão Cearense. • Catulo da Paixão Cearense escreveu letras para muitas músicas instrumentais, sendo parceiro de vários compositores da época.

1906-1910

DESTAQUES • 1906 • “Casinha pequenina”, modinha, de autor desconhecido. • A modinha é considerada o gênero mais lírico e sentimental de nosso cancioneiro, onde existe desde o século XVIII. • O musicólogo Vicente Sales pesquisou a origem de “Casinha pequenina”, e acredita que seu autor é o paraense Bernardino Belém de Souza. • 1907 • “Choro e poesia” (“Ontem ao luar”), polca, de Pedro de Alcântara e Catulo da Paixão Cearense. • Semelhante à canção “Love story”, do filme homônimo, voltou a ser sucesso em 1970. • “Iara” (“Rasga o coração”), chótis, de Anacleto de Medeiros e Catulo da Paixão Cearense. • Essencialmente instrumental, o chótis perdeu em graça e leveza ao ser transformado em canção, embora os versos de Catulo tenham-lhe aumentado a popularidade.

• 1909 • “No bico da chaleira”, polca, de Juca Storoni (João José da Costa Júnior) • O sucesso da canção foi tão grande que popularizou as expressões “chaleira” e “chaleirar” como sinônimos de bajulador e bajular. Isso ocorria porque, dizia-se na época, o pessoal que subia a ladeira da Graça disputava acirradamente o privilégio de segurar a chaleira que supria de água quente o chimarrão do chefe José Gomes Pinheiro Machado, líder do Partido Republicano Conservador. • 1910 • “Odeon”, tango, Ernesto Nazareth • Obra-prima do gênero, é uma das muitas peças de Nazareth em que “melodia, harmonia e ritmo se entrosam de maneira quase espontânea, com refinamento e expressão”, como afirma o pianista-musicólogo Aloysio de Alencar Pinto. É dedicado à empresa Zambelli & Cia, dona do cinema homenageado no título, onde o autor tocou na sala de espera. • Em 1968, à pedido de Nara Leão, Vinicius de Moraes fez uma letra para “Odeon”.

1911-1916

DESTAQUES • 1912 • “Flor do mal” (“Saudade eterna”), canção, de Santos Coelho e Domingos Correia. • 1913 • “Subindo ao céu”, valsa, de Aristides Borges • 1914 • “Luar do sertão”, toada, de Catulo da Paixão Cearense • Um dos maiores sucessos da música brasileira de todos os tempos, essa toada permanece na memória dos brasileiros. Temática campestre, com versos ingênuos e simples melodia. • Catulo da Paixão Cearense deve ser apenas autor da letra, cabendo à João Pernambucano ou a um anônimo a autoria da melodia. • 1915 • “Apanhei-te cavaquinho”, polca, Ernesto Nazareth • É a segunda canção mais gravada de Nazareth, perdendo somente para “Odeon”. • “Pierrô e Colombina”, valsa, de Oscar de Almeida • Antes do advento do samba e da marchinha, qualquer música alegre como a valsa de Oscar de Almeida, fazia sucesso no carnaval. Como vários personagens brasileiros do início do século, Almeida trabalhava nos Correios e telégrafos.

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OUTROS SUCESSOS 1911 “Lua branca”, modinha, de Chiquinha Gonzaga. 1912 “Ameno resedá”, polca, de Ernesto Nazareth. 1916 “O meu boi morreu”, toada, de autor desconhecido.

2ª parte: 1917-1928

• INTRODUÇÃO • Período de formação de novos gêneros musicais e implantação de inventos tecnológicos com a área do lazer. • Advento da marchinha e do samba, iniciando o ciclo da canção carnavalesca. • O sucesso do samba “Pelo telefone”, chamou a atenção dos compositores, que passaram a fazer sambas e marchas carnavalescas. • Compositores de destaque: Sinhô, Zequinha de Abreu, Hekel Tavares, Pixinguinha (autor de “Rosa”) e Donga (Ernesto dos Santos). • Letristas: em menor número, destaque apenas para Luís Peixoto e Sinhô. O preconceito existente em relação à música pode ser o responsável por essa carência. • Os Oito Batutas, torna-se conjunto de sucesso fora do Brasil – Argentina e França – organizado e dirigido por Pixinguinha, que inicia carreira como arranjador e chefe de orquestra, além de instrumentista. • Em 1927, aumenta a produção de discos cantados, prenunciando o culto à voz dos anos trinta. • Cantores: Francisco Alves e Vicente Celestino, Araci Cortes (que ganha projeção na década de 1920, influenciando cantoras da década posterior, como Carmem Miranda e Odete Amaral.

• Além da gravação elétrica do som, chegam ao Brasil o rádio (1922) e o cinema falado (1929), responsáveis pela popularização musical.

1917-1920

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DESTAQUES 1917 “Pelo telefone”, samba, Donga e Mauro de Almeida. Primeiro samba a ser sucesso, inaugurou o reinado da canção carnavalesca.

1921-1924

DESTAQUES • 1922 • “Tristezas do jeca”, toada paulista, de Angelino de Oliveira.

1925-1928

• “Abismo de rosas”, valsa, de Américo Jacomino (Canhoto) • É considerado o hino nacional brasileiro do violão, pelo professor Ronoel Simões, uma autoridade no assunto. • “Chuá, chuá”, canção, Pedro de Sá Pereira e Ari Pavão. • OUTROS SUCESSOS • 1927 • “Os calças largas” (marcha/carnaval), de Lamartine Babo e Gonçalves de Oliveira. • “Malandrinha”, canção, de Freire Júnior. • 1928 • “Suçuarana”, toada, de Hekel Tavares e Luís Peixoto • MÚSICAS ESTRANGEIRAS DE SUCESSO NO BRASIL • 1925 • “Amapola”, de Joseph M. Lacalle. • “Cielito lindo”, tema popular mexicano. • 1929 • “Fumando espero”, de J. Villadomat. • “Tea for two”, de Vincent Youmans e Irving Caesar.

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1927 “A media luz”, de Carlos C. Lenzi e Eduardo Donato. “Baby face”, de Harry Akst e Benny Danis “La cumparsita”, de Gerardo Matos Rodriguez, Pascual Contorsi e Enrique P. Maroni. 1928 “Caminito”, de Gabino Coria Peñaloza e Juan de Dios Filiberto. “Esta noche me emborracho”, de Enrique S. Discepolo. “Mano a mano”, de Carlos Gardel, José Razzano e Celedonio E. Flores.

3ª parte: 1929-1945

• INTRODUÇÃO • De 1929 a 1945, tem início a chamada Época de Ouro da Música Brasileira. • A Época de Ouro formou-se devido a três fatores: 1) renovação musical propiciada pela invenção do samba, da marchinha e outros gêneros; 2) a chegada do rádio no Brasil e da gravação eletromagnética do cinema falado; 3) surgimento de considerável número e artistas talentosos. • Compositores e letristas de destaque: Ari Barroso, Noel Rosa, Lamartine Babo, João de Barro (Braguinha), Custódio Mesquita, Joubert de Carvalho, Assis Valente, Ismael Silva, Antônio Nássara, Orestes Barbosa, Moreira da Silva, Carmem Miranda, Radamés Gnattalli, Olegário Mariano. • Cantores: Mário Reis. • Noel Rosa, em apenas sete anos de atividade, deixou 250 composições, das quais 60% são sambas. Lamartine Babo e João de Barro podem ser considerados os pais da marchinha. • O cinema foi importante para consolidar a carreira de Carmem Miranda, grande sucesso da época. • Em 1939, “Aquarela de Brasil”, de Ari Barroso, alcança popularidade. Com tons ufanistas e exagerados, contribuiu para o aparecimento do chamado samba-exaltação.

• Nos anos 1940, destaque para “Praça onze” (Herivelto e Grande Otelo) e “Falsa baiana”, de Geraldo Pereira. • 1929 DESTAQUES • “Casa de caboclo”, canção, de Hekel Tavares e Luís Peixoto • Mote desta canção, os versos “Numa casa de caboclo/ um é pouco/ dois é bom/ três é demais”, consagraram-se como um verdadeiro dito popular. • “Gosto que me enrosco”, samba, Sinhô • Letra de Bastos Tigre • “Jura”, samba, Sinhô • É o maior sucesso de Sinhô, representativo de sua última fase do compositor. Apresenta características mais marcantes de suas composições, como a repetição de palavras no início do estribilho (jura, jura...), fraseado musical simples, alegre e original. • “Linda flor” (“Ai, Ioiô), samba-canção, de Henrique Vogeler, Luís Peixoto e Marques Porto • Foi o primeiro samba-canção a fazer sucesso.

• 1930 • DESTAQUES • “Pra você gostar de mim” (“Taí”), marcha de carnaval, de Joubert de Carvalho. • 1931 • DESTAQUES • “Canção para inglês ver” (foxe humorístico), de Lamartine Babo • Babo construiu uma letra com rimas absurdas (“I love you” rimando com “Itapiru”), ao melhor estilo dos foxes americanos. Outras composições foram feitas sobre o mesmo tema, como “Não tem tradução”, de Noel Rosa e “Good-bye”, de Assis Valente. • “Com que roupa”, samba (carnaval), de Noel Rosa • Foi o primeiro sucesso de Rosa e inspirou anúncios comerciais, charges, paródias, crônicas, entrevistas e até ajudou a fixar a expressão “Com que roupa” como dito popular. • “De papo pro á”, catererê, de Joubert de Carvalho e Olegário Mariano • “No rancho fundo”, samba-canção de Ari Barroso e Lamartine Babo • “Tico-tico no fubá”, choro, de Zequinha de Abreu

• MÚSICAS ESTRANGEIRAS DE SUCESSO NO BRASIL • “El manicero” (“The peanut vendor”), de Moises Simon.

1932 DESTAQUES

“A.E.I.O.U.”, marcha/carnaval, de Lamartine Babo e Noel Rosa. “Coisas nossas”, samba, de Noel Rosa. “Loura ou morena”, foxe-canção, de Vinícius de Moraes e Haroldo Tapajós. “Maringá”, toada, de Joubert de Carvalho. “Noite cheia de estrelas”, tango-canção, de Cândido das Neves. “Pra me livrar do mal”, samba, de Ismael Silva e Noel Rosa. “Pierrô”, canção, de Joubert de Carvalho e Pascoal Carlos Magno. “O teu cabelo não nega”, marcha/carnaval, de Irmãos Valença e Lamartine Babo.

4ª parte: 1946-1957

INTRODUÇÃO Período no qual convivem veteranos da Época de Ouro com os artistas iniciantes que integrarão a Bossa Nova. As maiores novidades da época são modas de baião (que vigorou entre 46 e 52) e do samba canção depressivo (conhecido como samba de fossa, que vigorou entre 52 e 57). As modas projetaram o cantor, compositor e sanfoneiro Luiz Gonzaga, bem como seu parceiro Humberto Teixeira, além de conferir visibilidade para o compositor, radialista e jornalista Antônio Maria – autor de sambas de fossa – e sua intérprete Nora Ney.

Ao mesmo tempo, surgia uma geração considerada precursora da bossa-nova. Integravam essa geração Dick Farney, Lúcio Alves, Dóris Monteiro, Sílvia Teles, Luis Cláudio e Agostinho dos Santos, o conjunto vocal Os Cariocas, os músicos Chiquinho do Acordeom, Johnny Alf (também cantor),Luís Bonfá,MoacirSantos,JoãoDonatoe Paulo Moura.

Os compositores/cantores Tito Madi, Dolores Duran e Billy Blanco, o arranjador Lindolfo Gaya, além de Antônio Carlos Jobim, Vinicius de Moraes, João Gilberto, Newton Mendonça e Carlos Lira. Provenientes de época anterior, devem ser incluídos também o maestro Radamés Gnattali e os músicos Garoto, Valzinho, Laurindo de Almeida e Vadico(Osvaldo Gogliano).

Fato marcante do período: declínio da música de carnaval, ocasionada pela aposentadoria ou desinteresse dos grandes compositores da década. Os veteranos que continuavam compondo eram apenas Braguinha (João de Barro), Haroldo Lobo e Wilson Batista. A qualidade das canções carnavalescas só não despencou totalmente pela atuação de novos compositores, como KleciusCaldas, Armando Cavalcânti, Jota Júnior e Luís Antônio. Inovaçõestecnológicas: Surgimento da televisão (1959), do elepê de 33 rotações (1951), do disco de 45 rotações (1953) e o aperfeiçoamento do processo de gravação de som.

• Período de prestígio do rádio brasileiro, ocasionado pelos programas de auditório, nos quais se apresentavam Cauby Peixoto, Francisco Carlos e as rivais Marlene e Emilinha Borba. • COMPOSITORES E LETRISTAS DE DESTAQUE: Adoniran Barbosa, Fernando Lobo, Zé Kéti e Luís Bandeira; Cantores: Gilberto Milfont, Jamelão, Blecaute, Jackson do Pandeiro, Eliseth Cardoso, Ângela Maria, Maysa e os conjuntos vocais Demônios da Garoa, Trio Irakitan e Trio Nagô; Instrumentistas: Altamiro Carrilho (flauta), Severino Araújo (clarinete), Sivuca (Severino Dias de Oliveira) e Orlando Silveira (acordeom), Cipó (Orlando Costa), Zé Bodega (José Araújo) e Moacir Silva (Saxtenor), Valdir Azevedo (cavaquinho), entre outros; Compositores: provenientes da Época de Ouro: Dorival Caymmi, Ataulfo Alves, Wilson Batista, Geraldo Pereira, Herivelto Martins, João de Barro e Lupicínio Rodrigues;

• Cantores: Nelson Rodrigues, Gilberto Alves, Roberto Paiva e Dalva de Oliveira, bem como os instrumentistas Jacó do Bandolim, Abel Ferreira, Nicolino Copia, entre outros. • No fim da década de 1950, o público já saturado de boleros e sambas amargos estava pronto a receber a bossa-nova, a jovem guarda e os festivais de canções.

A canção no tempo: 85 anos de músicas brasileiras Vol. 2

Apresentação • A canção no tempo: 85 anos de músicas brasileiras (vol. 2: 1958-1985) relaciona, classifica e analisa as canções que o povo brasileiro consagrou através dos anos, de 1958 a 1985, oferecendo uma abrangente visão musical dessa época.

• Dividido em duas partes, cada uma correspondendo a uma determinada fase histórica, o livro apresenta 28 capítulos assim distribuídos: 1° parte: 1958 a 1972 – 15 capítulos; 2° parte: 1973 a 1985 – 13 capítulos. Considerando-se as quatro fases estudadas no volume 1, essas partes correspondem, respectivamente, à quinta e à sexta fase de nossa música popular no século vinte.

• A estrutura dos capítulos é dividida em cinco segmentos. No primeiro são apresentadas e comentadas as composições de maior destaque. Seguem-se as relações de outros sucessos, de gravações representativas, de músicas estrangeiras de sucesso no Brasil e, por fim, uma cronologia geral.

• Outra resolução adotada foi a de restringir a escolha aos sucessos de âmbito nacional, ignorando-se os exclusivamente regionais. • Para a localização das composições no tempo foram considerados os anos em que fizeram sucesso, os quais nem sempre correspondem aos anos em que foram compostas ou gravadas pela primeira vez.

• Os trabalhos de pesquisa e redação deste Volume 2 puderam estender-se até setembro de 1998, tendo sido ouvidos depoimentos de dezenas de personagens que participaram da história.

1° parte: 1958 a 1972

Introdução • A segunda grande fase da música popular brasileira começa com o surgimento da bossa nova, em 1958, e se estende ao final da era dos festivais, em 1972, passando pelo tropicalismo e outras tendências. É uma fase de renovação e modernização, que introduz novos estilos de composição, harmonização e interpretação, determinando uma apreciável mudança na linha evolutiva de nossa canção.

• A fase de maior evidência da bossa nova esgota-se nos últimos meses de 1962, quando acontecem o espetáculo “Encontro”, o único a reunir num palco o trio Jobim-ViniciusGilberto, e o legendário show do Carnegie Hall, em Nova York.

• Na ocasião, porém, a bossa nova já havia aberto as portas do sucesso à segunda leva de artistas do período que, entrando em cena a partir de 1964, quase ao mesmo tempo que os festivais da televisão, pode ser chamada de turma dos festivais. Igualmente talentosos, os componentes desta turma são adeptos fervorosos dos princípios bossanovistas, idolatram os seus criadores e realizam à sua maneira uma continuação do movimento.

• Sobressaem-se no grupo compositores como Chico Buarque, Edu Lobo, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Milton Nascimento, as cantoras Elis Regina, Maria Bethânia, Nana Caymmi, Gal Costa e um grande número de letristas e músicos-compositores.

• Durante oito anos, esses artistas praticamente monopolizaram as principais colocações nos festivais da televisão que, além de lhes proporcionar a oportunidade de se tornarem conhecidos no momento em que se iniciavam profissionalmente, foram de inestimável ajuda para a consolidação de suas carreiras.

• Em 1967/68, componentes da ala baiana dessa geração – Caetano, Gil, Tom Zé, Capinan, mais o piauiense Torquato Neto, liderados pelos dois primeiros – lançaram a tropicália, ou tropicalismo, um movimento poético-musical de vanguarda que, mesmo sendo de duração efêmera, causou grande agitação cultural e exerceu influência na obra de vários compositores, alguns até surgidos anos depois como Arrigo Barnabé e Eduardo Dusek. Em que pese a importância da bossa nova e do tropicalismo, foram os citados festivais que ficaram na memória do povo como a marca mais forte do período.

• Ao mesmo tempo em que esses fatos revolucionavam a MPB, aconteceu na área da música pop o crescimento do rock, numa forma aqui denominada de iê-iê-iê, o que originaria o fenômeno Jovem Guarda.

• O prestígio do iê-iê-iê atingiu o auge no triênio 1965/67. Estes anos corresponderiam à duração de um programa de televisão – comandado pelo cantor-compositor Roberto Carlos, coadjuvado pelo parceiro Erasmo Carlos e a cantora Wanderléa – que daria nome ao movimento e seria o seu principal divulgador.

• Sustentada pelo entusiasmo de milhares de admiradores, adolescentes na maioria, que fizeram de Roberto Carlos o seu ídolo, a Jovem Guarda consagrou um numeroso grupo de artistas, cujas carreiras não resistiram ao declínio do iê-iê-iê. • O período 1958/1972 assistiu ainda ao final da canção carnavalesca tradicional.

• A marchinha e o samba de carnaval praticamente desapareceram durante os anos sessenta, substituídos pelo samba-enredo das escolas de samba.

• No setor da tecnologia foi completada a implantação do sistema estereofônico de gravação e reprodução do som, ao mesmo tempo em que se difundia o uso dos gravadores caseiros de fita magnética, preferencialmente o cassete, então recém-inventado, e se aposentava para sempre o disco de 78 rotações.

• Em 1972, com o final do grande ciclo de festivais musicais da televisão, pode-se considerar encerrada esta fase de nossa música popular, a mais importante do século vinte, ao lado da chamada Época de Ouro (de 1929 a 1945). • Foi com a obra da geração consagrada nos anos sessenta que a música popular brasileira conquistou a admiração e o respeito de todo o mundo por sua criatividade e acabamento profissional.

I. 1958 • DESTAQUES • “Balada Triste” (samba-canção), Dalton Vogeler e Esdras Silva • “Cabecinha no Ombro” (rasqueado), Paulo Borges: apenas um verso pitoresco (“Encosta a tua cabecinha no meu ombro e chora”), cantado sobre uma melodia simples, de fácil memorização, pode às vezes despertar a atenção e a simpatia do público.

• “Castigo” (samba-canção), Dolores Duran: a obra de Dolores Duran a credencia como uma das maiores letristas da música brasileira. • “Chega de Saudade” (samba), Antônio Carlos Jobim e Vinicius de Moraes: embora considerada o marco zero da bossa nova, “Chega de Saudade” não é na opinião de Tom Jobim uma composição bossa nova. Aliás, a inovação já está presente na gravação de Elizeth Cardoso, a primeira de “Chega de Saudade”, feita para o elepê Canção do amor demais, que tem a participação de João Gilberto como violinista.

• No dia 10.7.58, seis meses depois da gravação da Elizeth, aconteceu a do João, naturalmente repetindo a mesma batida de violão e apresentando o seu estilo bossa nova de cantar. Este disco histórico, que traz na outra face o baiãozinho “BimBom” (classificado no selo como samba) provocaria a pitoresca e mal-humorada reação de Álvaro Ramos, gerente das Lojas Assunção, quebrando o disco, indignado com o que o Rio lhe mandava.

• “Fanzoca de Rádio” (marcha-carnaval), Miguel Gustavo: lançada pelo palhaço/cantor Carequinha (George Gomes), astro de um programa infantil da televisão, “Fanzoca de Rádio” foi a marcha mais popular de 1958. • “Madureira Chorou” (samba-carnaval), Carvalhinho e Júlio Monteiro

• OUTROS SUCESSOS • “Atiraste Uma Pedra” (samba-canção), Herivelto Martins e David Nasser • “Eu Chorarei Amanhã” (samba-carnaval), Raul Sampaio e Ivo Santos • “Meu Mundo Caiu” (samba-canção), Maysa • “A Taça do Mundo É Nossa” (marcha), Wagner Maugeri, Maugeri Sobrinho, Vitor Dagô e Lauro Müller

• GRAVAÇÕES REPRESENTATIVAS • João Gilberto – Odeon, 14360, “Chega de Saudade”

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MÚSICAS ESTRANGEIRAS DE SUCESSO NO BRASIL “Cachito” (Consuelo Velasquez) “Diana” (Paul Anka) “Nel Blu Dipinto di Blu (Volare)” (Domenico Modugno e F. Migliacci) • “Patricia” (Perez Prado)

• CRONOLOGIA • 10.03: Suicida-se no Rio de Janeiro (RJ) o compositor Assis Valente. • 04.04: Nasce no Rio de Janeiro (RJ) o compositor/cantor Cazuza (Agenor de Miranda Araújo Neto). • 29.06: O Brasil ganha em Estocolmo (Suécia) o VI Campeonato Mundial de futebol, derrotando na final a Suécia por 5 a 2. • 12: O romance Gabriela, cravo e canela, de Jorge Amado, bate recordes de vendagem, tornando-se o livro brasileiro mais vendido no ano.

II. 1959 • DESTAQUES • “Chiclete com Banana” (samba), Gordurinha e Almira Castilho: gravado por Jackson do Pandeiro em 1959, a composição propõe uma divertida troca de influências entre as músicas brasileira e americana. Além de inspirar um espetáculo de Augusto Boal, “Chiclete com Banana” deu nome a uma bem-sucedida banda baiana e às tiras de quadrinhos do cartunista Angeli. Em 1972, voltou a fazer sucesso ao ser incluída por Gilberto Gil no disco que marcou o seu retorno do exílio londrino.

• “Desafinado” (samba), Antônio Carlos Jobim e Newton Mendonça: soando como a coisa mias estranha que aparecera até então na música brasileira, a primeira gravação de “Desafinado” (Odeon, 14426-b), lançada em fevereiro de 59, já mostrava tudo o que a bossa nova oferecia de inovador e revolucionário: o canto intimista, a letra sintética, despojada, o emprego de acordes alterados e, sobretudo, um extraordinário jogo rítmico entre o violão, a bateria e a voz do cantor. Responsável por este jogo rítmico, seu intérprete, João Gilberto, assumia assim de imediato um papel destacado no trio – completado pelo compositor Tom Jobim e o poeta Vinicius de Moraes – que, criando a bossa nova, alteraria de forma irreversível o curso de nossa música popular.

• Os autores criaram a impressão de que o cantor semitonava, ou seja, desafinava, o que levou muita gente a achar João Gilberto um cantor desafinado. Ao mesmo tempo, a batida deslocada do violão e o contratempo da percussão confundiram os músicos, provocando estupefação geral. Tanta novidade apresentada numa única composição a levaria inevitavelmente ao sucesso, que se estenderia ao exterior. Nos Estados Unidos, por exemplo, o single de “Desafinado”, com Stan Getz e Charlie Byrd, gravado em 1962, ultrapassou a marca de um milhão de cópias e recebeu o prêmio Grammy de melhor performance de jazz. Esta gravação é considerada o marco inicial da bossa nova nos Estados Unidos.

• “Dindi” (samba-canção), Antônio Carlos Jobim e Aloísio de Oliveira: Sílvia Teles, a própria “Dindi” da canção cuja letra é assinada por seu futuro marido, Aloísio de Oliveira, foi a lançadora, responsável pelo sucesso inicial da canção. Fervorosa, envolvente, ela não seria igualada nem pela mesma Silvinha nas três vezes em que a regravou: nos elepês Amor em hi-fi (1960), Reencontro, com o Tamba Trio (1966) e, finalmente, um mês antes de sua morte num acidente automobilístico, no disco gravado ao vivo, em Berlim, com o acompanhamento da violinista Rosinha de Valença.

• “Eu Sei que Vou te Amar” (samba-canção), Antônio Carlos Jobim e Vinicius de Moraes: a melhor das 24 versões, lançadas só no ano de 1959, seria a de Elza Laranjeira. “Eu Sei que Vou te Amar” é uma composição standard em duas partes, nas quais os oito primeiros compassos têm melodia idêntica, encaminhada, porém, por meio de uma sutil alteração harmônica, a diferentes arremates. Entretanto, o ponto alto da canção é a letra: “Eu sei que vou te amar/ por toda a minha vida eu vou te amar/ em cada despedida eu vou te amar/ desesperadamente, eu sei que vou te amar.” Seu romantismo exacerbado remete a alguns sonetos de Vinicius, que embalaram declarações de amor de toda uma geração. Por tudo isso, pode-se concluir que “Eu Sei que Vou te Amar” é mais uma canção de Vinicius do que de Tom Jobim, sem demérito para o maestro.

• “A Felicidade” (samba), Antônio Carlos Jobim e Vinicius de Moraes: estimulada pela expectativa de sucesso do filme – que afinal aconteceu, com a premiação da Palma de Ouro em Cannes e o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, em Hollywood -, nossa indústria do disco lançou em 1959 nada menos do que 25 gravações de “A Felicidade” (uma a mais do que “Eu Sei que Vou te Amar”). Detalhe pitoresco é que “A Felicidade” foi praticamente composta numa sucessão de telefonemas, com Jobim no Rio de Janeiro e Vinicius em Montevidéu, onde servia na embaixada brasileira.

• “Lobo Bobo” (samba), Carlos Lira e Ronaldo Boscoli. • “Manhã de Carnaval” (samba), Luís Bonfá e Antônio Maria: Sacha Gordine resolveu filmar a peça “Orfeu da Conceição” (filme que se chamaria “Orfeu do Carnaval”). “A Felicidade” e “Manhã de Carnaval” se tornaram clássicos do repertório internacional.

• “A Noite do Meu Bem” (samba-canção), Dolores Duran: uma obra-prima do repertório romântico, é o maior sucesso de Dolores Duran. “A Noite do Meu Bem” foi lançada em setembro de 1959 por Dolores, que não teve a oportunidade de conhecer-lhe o sucesso, pois morreu no mês seguinte.

• OUTROS SUCESSOS • “Brigas Nunca Mais” (samba), Antônio Carlos Jobim e Vinicius de Moraes • “Deusa do Asfalto” (samba-canção), Adelino Moreira • “Ela Disse-me Assim” (samba-canção), Lupicínio Rodrigues • “Este Seu Olhar” (samba), Antônio Carlos Jobim • “Maria Ninguém” (samba), Carlos Lira • “Quero Beijar-te as Mãos” (guarânia), Arsênio de Carvalho e Lourival Faissal

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MÚSICAS ESTRANGEIRAS DE SUCESSO NO BRASIL “La Barca”, Roberto Cantoral “Come Prima”, Panzeri, Taccani e Di Paola “Hymme a l’Amour”, Edith Piaf e Marguerite Monnot “Oh! Carol”, Neil Sedaka e Howard Greenfield “Stupid Cupid (Estúpido Cupido)”, Neil Sedaka e Howard Greenfield

• CRONOLOGIA • 04.02: É lançado pela Odeon o elepê Chega de saudade, o primeiro da bossa-nova. • 09: Roberto Carlos grava seu primeiro disco.

III. 1960 • DESTAQUES • “Coração de Luto” (toada-milonga), Teixeirinha. • “Samba de uma Nota Só” (samba), Antônio Carlos Jobim e Newton Mendonça: mostrando afinidades com a poesia concreta, é o exemplo da mais perfeita integração texto/melodia que se conhece na música popular brasileira. É a mais bossa nova de todas as composições que constituíram o movimento.

• “Serenata Suburbana” (guarânia), Capiba. • “Zelão” (samba), Sérgio Ricardo: maior sucesso de Sérgio Ricardo e uma obra-prima da canção de protesto, marca o momento em que ele rompe com o lirismo bossanovista e passa a se dedicar a uma pesquisa popular, que dá à sua obra nova perspectiva, inteiramente voltada para os temas sociais.

• OUTROS SUCESSOS • “Me Dá um Dinheiro Aí” (marcha/carnaval), Homero Ferreira, Glauco Ferreira e Ivan Ferreira

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