A Arte da Declamação

May 13, 2018 | Author: Regina Sperança | Category: Poetry, Theatre, Dances, Creativity, Actor
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Declamar poemas, parte importante da oratória que se arrisca a cair em desuso se não for cultivada...

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 A Arte da Declamação Dicas & Truques

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Um brinde da 

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Declamar é comunicação 

  A poesia é uma das mais completas formas de expressão artística. Ela nos fala de sentimentos, de acontecimentos, de pessoas, de lugares, enfim nos fala de conhecimentos.  A declamação é a verbalização ou interpretação da poesia, ou seja: o declamador dá voz ao autor da poesia.   Ao pretender declamar, uma pessoa tem que tomar alguns cuidados, sem os quais corre o risco de cometer erros, que podem comprometer a qualidade artística de seu trabalho. O primeiro cuidado que o declamador deve ter é com relação à escolha do poema. Se o mesmo estiver na 1ª pessoa do singular ou do plural, deve ser compatível com a situação do declamador: sexo e idade. O declamador deve compreender perfeitamente o que está dizendo, isto é conhecer o poema, saber o que significa cada termo do poema, bem como sua correta pronúncia. Também dever entender a pontuação, para poder fazer as pausas adequadamente. É comum ver-se um declamador recitando um 3

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poema verso a verso, quebrando o sentido da frase, ou da expressão. MEMORIZAÇÃO Memorizar um poema, não é apenas decorar os seus termos. È recomendável que a memorização ocorra simultaneamente com a interpretação. Outro detalhe importante é a memorização gradual, ou seja, memoriza a 1ª estrofe, depois a 2ª, antecedida da 1ª, depois da terceira, antecedida da 1ª e das 2 ª e assim sucessivamente. A tentativa de memorização simultânea de todas pode ocasionar o esquecimento de parte de parte e daí não saber como continua. POSTURA CÊNICA Por postura cênica entende-se a gesticulação que deve acompanhar a recitação do poema. Os gestos não devem ser muitos, nem exagerados, devendo ser coerentes. INTERPRETAÇÃO É na interpretação que o declamador tem a oportunidade de mostra a sua arte. A interpretação deve ser comedida, porém não pode ser pobre. IMPOSTAÇÃO DE VOZ Impostação de voz é do que a interpretação de um poema, sob o aspecto da voz. Deve ser observado com muito cuidado o texto, para não se dramatizar passagens neutras, ou não apresentar de maneira neutra passagem dramáticas. IDENTIFICAÇÃO DO POEMA Necessariamente tem de ser indicados o nome de seu autor e o titulo do poema, antes de iniciar a declamação. Porém não os dizer já declamando. 4

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 AGRADECIMENTO  Alguns declamadores ao terminar sua interpretação acrescentam agradecimentos ou a expressão!”Tenho dito”. Não cabe. Para indicar que terminou sua recitação o declamador deve usar um pequeno estratagema, que pode ser diminuir o tom da voz, levantá-lo, se couber, fazer um gesto de cabeça ou de mãos. (Nara Elizene Porto Alves) **

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 A quase esotérica arte de declamar poesia 

Declamar poesia. Esta é uma arte praticamente em extinção. A prática de declamar poesia extingue-se na razão inversamente proporcional ao cultivo da poesia em nosso país nos dias atuais. Muitos escrevem, mas poucos declamam. Lembro de quando conheci a Casa do Poeta "Lampião de Gás" de São Paulo em 1997 e, lá dentro, a inefável figura de Divenei Boseli, uma de minhas "madrinhas" na Trova. Lá, no aconchego quase espiritual da Casa do Poeta, tomei contato com esta grande  Arte, infelizmente em vias de extinção. Naqueles tempos, a Casa do Poeta tinha em Adélia Victória e em Divenei suas maiores declamadoras. Mas, como disse, declamar está virando uma raridade. Por que isso acontece? Suponho algumas razões. Logicamente não é nada “científico”. Fruto de empirismo: Primeiro, declamar envolve a memorização de um poema. Este é o primeiro problema - a maioria das pessoas tem problemas com a memória. Ler um poema e memorizá-lo é, portanto, um primeiro entrave: o que fazer para memorizar um texto? Que 6

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técnica específica alguém deve utilizar? Ler o poema até a exaustão? Ler como? Leitura silenciosa? Leitura em voz alta? Ler é o suficiente? Ou será necessário copiar o poema em um caderno - por exemplo - várias vezes até visualizar sua estrutura e memorizar aos poucos as estrofes e os versos? Cada um é cada um e, independente do método que utilize, isso vai dar trabalho. E quem tem tempo para tanto trabalho? Segundo, que tipo de poema e de qual tamanho? Um poema metrificado é melhor de memorizar por causa das estrofes, dos  versos regulares, da acentuação e das rimas? Ou isso é indiferente, e um poema moderno pode ser memorizado com o mesmo grau de dificuldade ou facilidade? Um poema de maior extensão pode ser memorizado em quanto tempo? A memória não pode trair o declamador na hora "H" e ele "engolir" algum verso ou trocar alguma palavra? E se ficar tenso? Um “branco” (ou “apagão”, como se diz nos dias de hoje) pode acontecer a qualquer instante...   Terceiro, declamar um poema não exige certa medida de teatralidade? O declamador não precisa ter um pouquinho de ator no sangue? Declamar envolve sentimento - não é apenas "dizer de cor", mas recitar com sentimento. Para quem gosta de poesia, sentimento não é um problema em si. Mas como expressar sentimento sem ser sentimental ou piegas? Aliás, não seria esse um motivo para a extinção da arte de declamar poesia? Talvez as pessoas tenham receio de ser piegas, e é difícil encontrar esse equilíbrio - traduzir o sentimento poético sem exagero. E isso novamente aproxima a declamação das artes cênicas. Ou artes cínicas, dependendo de quem seja... Diante de tudo isto, coloquei o título "A quase esotérica arte de declamar poesia". Como aprender a declamar? Quem pode ensinar? Há como ensinar ou isto é um talento "inato", um "dom"? 7

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Eu, particularmente, sou muito ansioso ao falar em público. Falar usando papel é algo que me deixa aflito. Minhas mãos tremem segurando um papel. Por isso prefiro decorar um poema e dizê-lo em público. Mas reconheço que ainda não posso dizer que sou um "declamador", no pleno sentido do vocábulo. Estou "em construção". Como não frequento saraus, não falo poemas (meus e de outros) em público, acabo ficando enferrujado. No último sábado, 12 de dezembro, entretanto, tive o prazer de ir a um sarau na "Casa das Rosas", na Avenida Paulista. E, depois de muito tempo, voltei a declamar. Na dúvida, escolhi um lindo poema de Guilherme de Almeida, "Esta vida", que tenho decorado há muito tempo e declamei com relativo êxito. Notei que fui o único que “declamou”. Todos pegaram suas anotações e leram seus poemas. Tudo perfeitamente natural. Todos se saíram bem. Percebi, entretanto, que alguns presentes olharam para mim demonstrando surpresa e contentamento. Senti que agradei e que o poema agradou mais ainda... Falando em declamação de poesia, devo aproveitar o momento para reverenciar aquela que me fez tomar gosto por isto e que é a melhor declamadora que conheço - DIVENEI BOSELI, minha melhor amiga e uma das minhas "madrinhas" na Trova. Tive o prazer de ver Divenei Boseli declamar em reuniões da Casa do Poeta e em outras oportunidades. Lindamente, como sempre. O carro-chefe de Divenei é o belíssimo "Cântico Negro", de José Régio - poeta português. Ressalvo que, graças à Divenei, além de fazer Trovas e associarme à UBT, me interessei por declamar poesia. Decorei o poema do Guilherme de Almeida a que me referi há pouco e decorei até o Cântico Negro também! Apesar de ser uma arte quase esotérica, que exige certa medida de "iniciação", vale a pena - a poesia se torna não só um hobby, mas uma fonte de estudo, es tudo, de exercício da memória e do raciocínio... Às vezes me pego dizendo poemas 8

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sem razão aparente... E a poesia vai tomando conta de minha  vida... (Abro parênteses para lembrar alguém que declamava muito bem e que, mesmo com a idade avançada, era dono de uma memória invejável: José Maria Machado de Araújo, que era um declamador maravilhoso. Quem não se lembra dele declamando no ônibus que levava os trovadores do Rio a Nova Friburgo nos  Jogos Florais? Minha Saudade!)  Acho um tema interessante para nós, trovadores da UBT, pensarmos um pouco. Já que vivemos imersos em poesia, por que não exercitar a arte da declamação para que ela não desapareça? (Pedro Mello, professor) **

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 A arte de encenar, dançar e declamar 

(Uma abordagem educativa)

  As escolas buscam novas formas de comunicação que sejam capazes de atrair o público estudantil. O teatro tem como objetivo principal a representação com o caráter de lazer, de diversão e de transmitir uma mensagem importante.   Já foi comprovado que a arte teatral é a que mais facilmente atrai o interesse das pessoas, porque é uma arte de comunicação  viva e dinâmica e, como tal, possuidora de um apelo muito forte, conseguindo convencer muito mais do que mil cartazes espalhados pela cidade.  Assim, o investimento em cultura torna-se uma ferramenta com grande potencial de utilização por escolas públicas e privadas. Investir em cultura significa estar associado a momentos de 10

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emoção e de grande circulação de idéias e informações levando professores/alunos a despertar para os sonhos e imaginações.   Atualmente, está consagrado o teatro cultural como o meio mais importante de comunicação, principalmente, para as escolas alcançarem seus objetivos. Investir em cultura é, portanto, uma forma de criar um processo de aprendizado dinâmico,  valorizando a escola e a sociedade na qual está inserida.  A arte é uma importante ferramenta de trabalho para qualquer educador, portanto, usamos as artes cênicas como elemento fundamental para a interação sócio-cultural, num contexto amplo de cidadania e participação comunitária.  A dramatização teatral é uma estratégia pedagógica que facilita e melhora a eficiência do trabalho pedagógico facilitando o trabalho dos professores.  A partir da necessidade da realização deste trabalho, como um passo importante para novas perspectivas de atividades escolar, propiciando a todos participantes um momento divertido e prazeroso, a oficina aborda Relações Humanas (Dinâmica:  Tecendo o teatro); Textos para reflexão: Compreendendo o que é teatro, O teatro na Educação através dos tempos, Metas da Encenação, Termos de Palco, Atuar e Criar, Trabalhar o corpo e a voz, Características de uma boa voz de palco, Diversas dinâmicas teatrais para a sala de aula; Trabalhar a música e a poesia como teatro; Através da dança praticamos teatro; Fantoches; Encenando Poesias e Apresentações das Peças de   Teatro: “Sem luz ao amanhecer” e “O Planeta Terra pede Socorro” com os alunos da Oficina de Teatro: Arteiros do CEM, tendo como objetivo principal mostrar o resultado de um trabalho realizado com produção de textos, encenação, construção de textos, dança, expressão corporal e criatividade dos participantes desta oficina.   A apresentação dos espetáculos trás para a escola e a comunidade a possibilidade de várias reflexões: o direito do aluno 11

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ao acesso a bens culturais; a modificação do olhar que se tem sobre o que é feito para o aluno confrontado com a qualidade dos espetáculos a serem apresentados; o respeito, a inteligência e a sensibilidade da criança; o desenvolvimento do olhar crítico dos educandos sobre a sociedade e a vida; e a possibilidade de apresentar o tema de forma lúdica. Para tanto, a oficina objetiva desenvolver o espírito crítico dos espectadores; favorecer e facilitar o encontro entre teatro, dança e poesia; permitir aos educadores uma autoavaliação a respeito do teatro em sua sala de aula; proporcionar atividades que contribuíram para o crescimento integrado do educando; refletir com os participantes a importância do teatro como expressão e comunicação, produção coletiva e cultural; propor uma atividade significativa e prazerosa, incentivando a descoberta, a criatividade e a criticidade; provocar o reconhecimento da identidade cultural através do teatro; divulgar o teatro de forma coletiva de atuação na sociedade e escola. Dentre as atividades práticas, destacam-se as de “Quebra-gelo” que se destina a apresentação e integração dos participantes. Outras, como Mapeando o corpo, na qual os participantes reconhecem o próprio corpo a partir do corpo do outro, exercitam os movimentos corporais um dos alicerces da atuação teatral. Na atividade Explorando a bola, os participantes estabelecem o contato da bola e relacionam com cada membro do corpo, assim exercitam o corpo, lateralidade, coordenação motora e trabalha o esquema corporal. História continuada (inserindo objetos), História em cena e Incêndio na Floresta exercitam a memória, criatividade, atenção e capacidade de improvisação e criação. Com a atividade Mímica dos provérbios o trabalho em equipe é estimulado assim como o resgate da cultura popular e o movimento corporal. Com a Argola são exercitados a 12

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coordenação viso-motora, o cooperativismo, ansiedade e a interação do grupo. Quando o educando brinca, sonha, canta, inventa –ele trabalhar arte cênica; pois o teatro para o educando compreende a extravasão dos sentidos mais urgentes e das fantasias mais gritantes.   Teatro desinibe, eleva, cria, transforma. Teatro em forma de brincadeira, faz das horas passadas na escola, momentos alegres de refugio e extravasão. E paralelamente a esta relação intuitiva –  emocional, vão sendo trabalhadas, a coordenação motora fina e grossa, todo o esquema corporal, gradativamente o equilíbrio físico e psicológico, desinibição, autoconfiança, criatividade e liberação da agressividade e tensão. Sabemos que os PCN’s se prestam a orientar o planejamento escolar e as ações de reorganizações do currículo, destinando a formar os alunos em cidadãos dos novos tempos. Tendo como fonte os PCN’s: DANÇA, permite experimentar o próprio corpo e testar os seus limites, desenvolvendo a compreensão da sua capacidade de movimento. “... um bom momento para que os alunos exercitem toda a sua criatividade”. (pg. 65 – Revista Nova Escola/Edição especial).   TEATRO, que vêm orientar os educadores a incentivar o teatro, a dança e a música na escola, confirma a importância deste, pois, “...proporciona experiências que contribuem para o crescimento integrado da criança sob vários aspectos. No plano individual, desenvolve a capacidade expressiva e artística. No coletivo, exercita o senso de cooperação, o diálogo, o respeito mútuo, a reflexão, e torna as crianças mais flexíveis para aceitar as diferenças. Os PCN, também, orientam os professores a incentivar essa atividade. Com a educação teatral, a garotada se relaciona, fala, ouve, observa e atua, ou seja, pratica liberdade e 13

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solidariedade enquanto se diverte”. (pg. 66– Revista Nova Escola / Edição especial).   A valorização do teatro, da música, da dança e da literatura  vêem sendo levada em conta há muito tempo atrás por diversos pensadores da educação, e entre eles podemos citar PLATÃO, que considerava o jogo fundamental na educação, pois ele também acreditava que os educandos devem participar de todas as formas de jogo adequados ao seu nível de desenvolvimento, pois sem o lúdico jamais seriam adultos educados e bons cidadãos. Achava também que a educação deveria começar sem constrangimento, podendo desenvolver a tendência natural de seu caráter. Sendo assim concluímos que as atividades de arte (teatro/ dança) são de grande importância no verdadeiro papel na educação e que podemos alcançar dos educandos diversos objetivos em diversas disciplinas, além de prepará-los para a vida e proporcioná-los ao mesmo tempo prazer.  _   Autora: Fernanda da Silveira Souza [email protected] Co-autoras: Annaelise Fritz Machado [email protected]  Valéria Viera Marques Garcia  [email protected] **

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 A poesia através dos tempos 

Uma das coisas que separa a poesia da prosa é o ritmo, haja rimas ou não. A essência da poesia, como digo e repito, é a sua leitura - a música das palavras declamadas. Nos tempos medievais, quando a maioria dos Senhores Feudais e seus súditos não sabia ler, os artistas eram uma classe essencial da sociedade, fossem eles músicos, poetas ou atores, ou tudo isto ao mesmo tempo. Assim, artistas iam de vilarejo em vilarejo apresentando peças musicadas ao povo, enquanto que os os Bardos e suas equipes iam de castelo em castelo levando aos Senhores Feudais não apenas a música instrumental ou cantada, mas, e talvez principalmente, a pura declamação de poesias. Mais tarde, quando os Feudos começaram a deixar de existir para dar lugar a Reinos mais extensos, os reis continuaram a patrocinar as Artes, e o teatro grego e romano foram desenterrados. Artistas como Shakespeare criaram novos dramas e novas comédias para entreter as cortes. Os atores, contudo, eram todos homens. Quando havia um papel feminino, como o 15

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de Julieta, um ator jovem e imberbe vestia-se de mulher para representá-lo. Se você estudar os textos teatrais da época, assim como os gregos e os romanos, verá que eles eram todos escritos em forma de poema. Os diálogos não eram "falados", mas recitados, ou seja, declamados dramaticamente. Hoje em dia, ao produzirem uma peça de teatro dessas épocas, tanto o teatro quanto o cinema precisam fazer com que os textos sejam acessíveis ao grande público, então os atores e atrizes devem possuir um grande talento para transformar os textos poéticos em linguagem normal. Ser escalado para interpretar quaisquer personagens de uma peça grega, romana ou medieval pode elevar ou destruir um ator para sempre, e você pode confirmar isto ao examinar cuidadosamente a carreira daqueles que marcaram época em produções como Romeu e Julieta. Hoje em dia, os roteiros de teatro, televisão e cinema obviamente deixaram de lado a esquecida arte do declamar. Com isto, a poesia também se transformou, deixando os palcos para permanecer entre as páginas pouco lidas de livros e antologias. O poeta, hoje, é um marginal. A menos que seus textos sejam colocados em música, a sua obra passa totalmente desapercebida pelo grande publico. Este fato, contudo, não é novo. Tanto na época medieval quanto na grega e romana, a poesia do povo era a trova, não os grandes textos épicos. Estes eram exclusivamente para o deleite das cortes de reis e senhores feudais. Nos nossos dias, entretanto, até mesmo a trova deixou seu niche de poesia popular para ingressar no rol das finas artes, se bem que, nos estados do nordeste e no Rio Grande do Sul, ela ainda faça parte da cultura do povo. (Dalva Agne Lynch) ** 16

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Como declamar uma poesia 

Sou declamadora há mais de 40 anos. Considero-me um aprendiz em tudo que faço, pois a vida nos ensina a cada dia. Seja através do meu próximo, adulto, criança ou idoso, da vida rotineira, do barulho da chuva e do vento, do ronco dos carros, do silêncio da madrugada no campo, quebrado apenas pelo barulho de um grilo ou de um sapo. Hoje aprendo. Amanhã ensino. E depois, você me ensina. A vida é uma troca.  A MENSAGEM DEVE FALAR AO SEU CORAÇÃO: Minha primeira dica, aquela que eu considero mais importante, evite declamar uma poesia que não tenha falado ao seu coração. Antes de você tentar comunicar uma mensagem para outras pessoas, ela deve ser interiorizada em sua alma. É impossível transmitir com  verdade algo que você não acredita. Como falar ao outro se você mesmo não se convenceu daquela mensagem?   TEMA PROPÍCIO PARA A OCASIÃO: Uma outra preocupação que o declamador precisa ter ao escolher uma poesia é se o tema é propicio para aquela ocasião. Se o momento é de comemoração de aniversário, escolha os temas que falam de vida, de celebração, de gratidão. Se for uma homenagem a uma pessoa, 17

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  veja se a mensagem corresponde a realidade do homenageado. Um exemplo de um erro: homenagear alguém que não teve filhos ou não casou, com uma poesia que fale das bênçãos dos filhos, netos, cônjuges, etc. COMPREENDER A MENSAGEM: Este é um cuidado que o declamador deve ter, antes mesmo de decorar o poema. É necessário compreender o que significa cada termo que lhe seja desconhecido. Faça também uma boa leitura de todo texto,   verifique as pontuações e faça todas as pausas necessárias. A memorização deve ser feita corretamente, para que o sentido das frases não seja quebrado ou fique sem expressão. Posteriormente daremos dicas de memorização. DECORAR OU NÃO O TEXTO: Decore todo o texto e tenha certeza de que ele ficou gravado em sua memória. Caso   você não tenha conseguido decorar, leve a poesia escrita e coloque-a sobre o púlpito ou estante. É melhor uma bela e boa leitura, do que o esquecimento e a mensagem ficar incompleta por falha da memória na hora da declamação. O FUNDO MUSICAL: Se for possível, escolha es colha um bom fundo musical. Pode ser blay back ou um instrumento como piano, órgão, vilão. Tenha cuidado com a seleção da música, para que sua mensagem esteja em sintonia com o tema do poema. Por exemplo: se a poesia for festiva, o fundo musical não deve ser sombrio. O AUTOR DA POESIA: Este nunca deve ser esquecido. A quem honra, honra. A menos que ele seja desconhecido, o nome do autor deve ser o primeiro a ser citado, vindo depois o título da poesia e só então a declamação. Entretanto, não cite o autor e nome da poesia como se estive declamando. 18

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Exemplos: 1. De Myrtes Mathias, MENINA SEM NOME. Magrinha, sem nome, vestida de trapos, lá vai pela rua…… 2. De Mário Barreto França, MORREREI MORREREI ESTA NOITE.   A imprensa anunciou irada e com alarde, mais um crime de morte…..   ADAPTAÇÕES POSSÍVEIS OU NÃO: É possível fazer algumas adaptações sem ferir a obra do autor. Como por exemplo, os gêneros das palavras, do feminino para o masculino, e vice-versa. Veja abaixo a parte final da poesia de Myrtes Mathias, Caminhos da Vida:  TEXTO ORIGINAL: Forasteiro, estrangeiro, em busca da Pátria, cantando a canção que o mundo não entende, prossigo subindo o caminho estreito…. EU SEMPRE DECLAMEI MUDANDO PARA O GÊNERO FEMININO: Forasteira, estrangeira, em busca da Pátria, cantando a canção que o mundo não entende, prossigo subindo o caminho estreito…. Contudo na Poesia, também de Myrtes, ASSIM CANTARIA BARRABÁS, eu nunca mudei o gênero, pois estou contando a possível história deste homem. Não sou eu quem descreve a 19

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narrativa, e sim o próprio Barrabás. Assim, o declamador faz o personagem. Não há necessidade de comunicar ao público estas mudanças. NARRATIVAS: Eu sempre fui convidada para fazer narração em cantadas, programas e cultos. Por vezes, nas narrações as adaptações são necessárias. Fiz a narrativa de um musical infantil que cantava as histórias da bíblia. Além de ser a narradora, fui a autora do texto. Como grande parte havia citação de textos bíblicos, onde Deus falava ao seu povo, eu precisei usar uma mudança de tom na voz, para que o publico percebesse a diferença entre a Liliana e a pessoa de Deus. POESIAS COM PALAVRAS DE VOCABULÁRIO  ANTIGO: Muitas poesias têm palavras desconhecidas do nosso  vocabulário. Não adianta falar um poema que o publico não seja capaz de entender. Eu Liliana, prefiro trocar por palavras sinônimas. Exemplo: Urze = Flores coloridas, arbustos silvestres.  A INTERPRETAÇÃO: Cada um tem o seu estilo. Contudo, é bom observar os gestos que devem coadunar com a fala e nem deve ser exagerado e nem tão pouco pobre. Gosto de usar bastante o olhar. Alias, não consigo me comunicar sem olhar nos olhos das pessoas. Um declamador, um pregador, precisa se comunicar com seu publico através dos olhos. No jogo do olhar, por vezes uso o artifício de alguns segundos de silêncio. Como que convidando o público a uma reflexão sobre o assunto. Uma outra questão na interpretação, que falaremos em outro artigo, é a questão do uso da voz, da entonação. Há declamadores que parecem gritar o tempo todo, como se declamar compreendesse um único estilo: jogar a voz lá em cima e recitar versos em uma mesma cadência. 20

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FINALIZANDO A DECLAMAÇÃO: Não cabe completar nenhuma palavra explicativa do poema, ou qualquer outra coisa quando terminar a declamação. A não ser que a poesia esteja dentro de programação e que a você seja designado terminar este programa ou coisa parecida. Se desejar felicitar alguém, faço-o antes de recitar, para que a mensagem do poema se mantenha  viva. Ao finalizar, você pode fazer algum gesto com a mão ou a cabeça. Eu tenho por costume começar com as mãos unidas, citar poeta e tema. Ao terminar, junto novamente as mãos e inclino suavemente a cabeça. (Liliana Viana) **

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Declamação de um poema 

 A leitura silenciosa de uma poesia é feita f eita do mesmo modo que a leitura de um texto em prosa, no ritmo natural do leitor. Já a leitura em voz alta de uma poesia pode assumir um status de declamação ou recitação. Em tal caso, algumas exigências devem ser satisfeitas. Vamos a elas. 1) A declamação não deve ser apressada. A poesia costuma encerrar preciosas idéias em poucas palavras. Uma leitura veloz poderá impedir o leitor e os ouvintes de captarem plenamente essas idéias. A leitura veloz poderá também “ocultar” uma alegoria ou figura de linguagem tida como ponto alto do texto. 2) Pronúncia cuidadosa de cada palavra. As palavras que formam cada verso foram, em princípio, objeto de acurada escolha por parte do poeta, e cada uma cumpre uma função também de ordem estética. Por isso, é necessário que cada palavra seja pronunciada com boa dicção para que o texto soe com toda sua poética. 3) Obediência à pontuação. É importante respeitar a pontuação na leitura de qualquer texto. No caso da poesia, a pontuação deve reger a declamação, mesmo que para isso se tenha que juntar  versos ou partes deles, como nos exemplos a seguir:(Quando o 22

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poema não é pontuado, o declamador deve extrair a pontuação de acordo c/o contexto) 4) Modulação/Entonação de voz. Imprimir à declamação uma modulação ou entonação de voz (uma nuance), de conformidade com o que exprime o verso. 5) Pausa técnica. É um lapso de silêncio que o declamador impõe em meio à declamação, para realçar um momento do poema e criar uma expectativa. Nesse lapso de silêncio o declamador pode utilizar algum recurso de expressão corporal, um olhar etc. 6) Gestual. O declamador pode imprimir à declamação todos os recursos gestuais: movimento de braços, pernas, tronco, cabeça... de pé, sentado, ajoelhado... olhar, riso, choro, admiração, medo, alegria etc. É preciso dosar bem esses recursos. Os excessos podem desviar a atenção mais para o declamador do que para o poema declamado. 7) Caracterização. Um poema pode “pedir” uma caracterização de personagem. Uma roupa especial, um objeto, um elemento cenográfico etc.. 8) Naturalidade. As recomendações anteriores devem ser cumpridas sem prejuízo da expressão natural do declamador, que imporá o seu próprio estilo. (José Carlos da Silva) **

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Poesia crioula: orientações para iniciantes 

O declamador deve ter uma postura cênica sóbria e sem exageros, inclusive na indumentária. No palco deve portar-se "como quem nada teme, porém a ninguém afronta" (Colmar Duarte, no questionário/pesquisa elaborado pelo Galpão da Poesia Crioula). Os gestos devem ser os mais naturais possíveis, como quem "conta uma história". A mímica é um recurso auxiliar, não podendo se sobrepor à interpretação vocal. O tom de voz deve ser o tom natural do declamador, pois ao impostar a voz de forma inadequada pode ocorrer o mesmo que ocorre com quem canta fora de seu tom, ou seja, desafinar ou não alcançar determinada inflexão.  A dramaticidade é diretamente proporcional ao texto, mas sem "encarnar" o personagem como o ator de teatro. O declamador é apenas o portador do recado (mensagem) que o autor traz para os ouvintes.   A mensagem deve ser transmitida com a maior sinceridade e convicção possíveis, para que as emoções sejam sentidas por quem assiste. Para isso não é necessário levar para o palco adagas, borrachões, bandeiras, etc...   A diferença entre interpretação teatral e declamação é exatamente esta: 24

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- o ator finge ser um personagem, vestindo-se, pensando e agindo como tal; - o declamador "conta a história" fazendo o possível para convencer as pessoas de que está falando a verdade e que acredita no que está dizendo. Portanto, não é aconselhável chorar, gritar, exagerar nos gestos ou usar adereços que não façam parte da indumentária. "Em declamação todo o excesso é pecado!" (José Severo Marques, no questionário/pesquisa elaborado pelo Galpão da Poesia Crioula). CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO NOS CONCURSOS DE DECLAMAÇÃO: - Fundamentos da voz (dicção, impostação e inflexão); - Expressão (facial e gestual); - Fidelidade ao texto; - Transmissão da mensagem poética. **

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Técnica de Alexander  “Você traduz tudo, seja  físico, mental  ou espiritual, em tensão muscular” (F. muscular”  (F. M. Alexander) M.  Alexander)

O texto a seguir tem a finalidade de demonstrar a importância da preparação do declamador não apenas para o desenvolvimento de sua arte mas também em suas relações humanas e com o mundo, considerando sua saúde física e mental.  A Técnica de Alexander  é uma técnica à qual o Sr. F. Matthias  Alexander deu o próprio nome. Ela foi descrita como um método de treinamento de postura, mas é muito mais do que isto e deve ser considerada como uma técnica pela qual o corpo e mente entram em harmonia. F. Matthias Alexander nasceu na Tasmânia, Austrália, em 1869 e se tornou declamador de poesia e peças cômicas. Foi pelo fato 26

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de perder habitualmente a voz que ele começou a prestar mais atenção ao próprio corpo, seus movimentos e equilíbrio. Estudando a si mesmo em frente ao espelho enquanto declamava, ele percebeu que estava usando o corpo erradamente. Notou que, toda vez que começava a declamar, puxava a cabeça para trás e apertava a garganta. Embora esta postura aparentemente estranha parecesse normal para ele, achou que seria aconselhável modifica-la e trabalhou para isso até conseguir declamar sem executar esses estranhos movimentos e tensões. Sua voz melhorou e ele não tornou a perde-la ao declamar.   Alexander treinou a própria respiração e postura e em pouco tempo começou a sentir-se mais saudável e confiante. Passou a ensinar aos outros a fazer o que havia sido útil para ele e os resultados falaram por si mesmos. Então ele criou um sistema baseado inteiramente na observação meticulosa de si mesmo e dos outros, que encorajava as pessoas a desaprenderem movimentos prejudiciais ou simplesmente inúteis do seu dia-adia, livrando-se assim de posturas e movimentos estranhos, "não naturais". Ele descobriu que os piores agressores de si mesmo eram aqueles que usavam mal o corpo ao passar da posição sentada para a de pé ou da posição deitada para a sentada, geralmente jogando a cabeça para trás. Depois de ensinar na Austrália e na Nova Zelândia por 10 anos,  Alexander foi para Londres em 1904. Aos poucos, o seu trabalho e as suas idéias foram sendo reconhecidos e, nos períodos de 1914-1918 e 1940-1943, ele trabalhou em Nova York. Ele encarregou seu irmão mais moço, A. R. Alexander, de desenvolver o seu método nos Estados Unidos. Seu livro The Use of the Self, foi publicado em 1932 e, daí em diante, seus ensinamentos se espalharam por todo o mundo ocidental. 27

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Como Funciona?  A Técnica de Alexander é um trabalho que visa restabelecer o equilíbrio e a postura corporal natural, mostrando às pessoas como estão usando seus corpos de maneira inadequada e ineficiente, reflexo de uma postura mental desequilibrada e cheia de tensões. É um processo de reeducação, encorajado e orientado por um especialista, que ajuda o indivíduo a redescobrir sua postura básica, natural, e os seus padrões de movimento, liberando o corpo daqueles movimentos que foram aprendidos e impostos. Desta forma, a coordenação neuromotora melhora de forma global. Não existem exercícios padronizados a serem feitos pelos alunos. Não está ligado diretamente a técnicas. Não é um trabalho conceitual, uma aula de modelos de conduta.   Ao atingirmos a idade adulta, muitos de nós já teremos adquirido hábitos nocivos de postura que levam à tensão física e mental. Pede-se que o aluno deite sobre uma superfície plana e dura, à altura de um sofá. Ele é então encorajado a "inibir" ou evitar qualquer movimento reflexo, aparentemente normal, à medida que o professor movimenta o seu corpo. Lentamente, o aluno aprende um vocabulário inteiramente novo de movimentos do corpo, à medida que o professor move diversas partes do corpo dele para aliviar a tensão e corrigir a postura. O aluno aprende a associar certos grupos de palavras e instruções à posição correta em que o professor o coloca e é isso que ele continua a fazer sozinho quando aquele não estiver presente. O aluno prende não só a inibir os movimentos, tensões e posturas erradas, mas a "comandar" o seu corpo a fazer a coisa certa. A idéia é que, após esta reeducação, grande parte da aprendizagem 28

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se torna instintiva, embora a maioria das pessoas ache necessária uma atenção consciente para conseguir isso.   Tudo o que Alexander disse, em essência, foi que existe para cada um de nós uma postura ideal e um padrão de movimentos que se adaptam melhor a nós. As técnicas usadas pelos professores do método simplesmente ajudam o aluno a voltar ao seu estado ideal de descanso, sem tensão, após os movimentos normais do dia-a-dia. O trabalho em si constitui em uma seqüência de toques na região tensionada acrescida de uma seqüência de ordens verbais. Por exemplo: para trabalhar a região do pescoço, pode-se tocar a terceira vértebra cervical, a fim de induzir o cliente a soltar a musculatura. O trabalho com a Técnica de Alexander não está ligado diretamente a técnicas. Não é um trabalho conceitual, uma aula de modelos de conduta. Ele tenta fazer com que o aluno acorde para suas próprias direções, sua própria naturalidade. Ele toma conhecimento da sua natureza. Percebe o quanto vem interferindo em si mesmo e na sua maneira de ser. Como a Terapia de Alexander tem por objetivo restabelecer o equilíbrio postural, ele é muito valioso para atores, músicos e bailarino, que se beneficiam enormemente deste treinamento. No entanto, como aumenta a sensação de bem-estar da pessoa e chega até a melhorar muitas pessoas que estejam doentes, está se tornando cada vez mais popular como uma forma de terapia.   A Técnica de Alexander tem sido útil para pessoas com problemas específicos de postura, respiração e fala. Desta forma 29

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um equilíbrio pode ser encontrado entre o tônus muscular para o suporte do corpo e o relaxamento necessário para movimentos, respiração e circulação mais livres. O próprio Alexander nunca teve a intenção de que o seu método se transformasse num tipo de terapia curativa, mas sim que fosse uma forma de auto-ajuda. Pode ser necessário um ano de prática diária para se alcançar todos os seus benefícios. Para Alexander, o equilíbrio da postura e dos movimentos corporais estava ligado ao que ele chamou de controle primordial - deixar que o pescoço se solte para que a cabeça se solte para cima e para frente, para que as costas se alonguem e se alarguem. Por exemplo: para trabalhar a região do pescoço, pode-se tocar a terceira vértebra cervical, a fim de induzir o cliente a soltar a musculatura. O aluno deve esvaziar completamente sua mente e corpo. É uma experiência Zen. O indivíduo, por natureza, é livre e solto. Não precisa buscar novos conceitos e regras de como se soltar. Ele não tem nada a aprender, a não ser desaprender aquilo que aprendeu. Embora pouco conhecida no Brasil a Técnica Alexander é amplamente aplicada em diversos países. Em alguns distritos da Inglaterra é custeada pelo National Health Service, sistema da saúde público britânico. Também vem sendo incluída nos currículos de Universidades, Escolas e Conservatórios de Música,   Teatro e Dança ao redor do mundo como base para uma exploração criativa, aperfeiçoamento da saúde, clareza mental, compreensão e expansão do potencial Humano. **

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(Magda Vaniski, estudante destaque em técnica oratória)

“Se os líderes lessem poesia, seriam mais sábios”  – Octávio Paz

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Esperamos que este livreto lhe tenha sido útil!

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