A Armadura Espiritual - Hank Hanegraaff

March 26, 2017 | Author: Patricia Sigone | Category: N/A
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Armadura Espiritual o Plano

de

D eus

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Armadura Espiritual o Plano

de

D eus

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P R O T E G E R V O C Ê DO M A L

HANK HANEGRAAFF Traduzido por

M arta D o reto de A ndrade

CB©

Digitalizado Por - Alex machado

Editado Por Pastor Digital Todos os direitos reservados. Copyright © 2

Para Graça Fabian, que usa c>capacete da salvação como uma cobertura; e para Graça Hanegraajf, que trocou seu capacete por tuna coroa.

A g r a d e c im e n t o s

Em primeiro lugar, uma palavra de agradecimento ao conselho, à equipe e aos amigos do Christian Research Institute por suas orações. Eles não foram apenas a minha cobertura; foram o meu conforto. Ademais, quero agra­ decer a Stephen Ross por seus insights, Elliot Miller, por seus comentários, Gretchen Passantino e Lee Strobel,por seu encorajamento e sugestões, Mark Sweenwy e toda a equipe da W Publishing, por seu suporte e perita revisão. Finalmente, meu amor e gratidão a Kathy e a nossos pe­ quenos — Michelle, Katie, David, John Mark, Hank Jr., Christina, Paul Stephan, Faith, e o bebê Graça, que pre­ cedeu-nos no céu. Acima de tudo, sou supremamente agradecido ao meu Pai celeste, que se reveste de “justiça, como de uma couraça” (Is 59.17).

S u m á r io

A g r a d e c im e n to s

6

In tro d u ç ã o

9

1. O D iabo Levou- me 2. A Batalha

a Fazê- lo

23

M ente

37

3. A Armadura

da V erdade

45

4. A Armadura

da J ustiça

59

5. A Armadura

da

Paz

73

6. A Armadura

da



81

7. A A rmadura

da Salvação

8. A Armadura

da

Escritura

9. A Armadura

da

O ração

pela

10. A Armadura

N o ta s

como um

Estilo

89 99 113 de Vida

123

128

In tr o d u ç ã o

Uma das realidades inescapáveis à visão cristã deste mundo é que “ não temos que lutar contra carne e san­ gue, mas, sim, contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais’’ (Ef 6.12). Em outras palavras, você e eu estamos engajados numa guerra contra um inimigo invisível. E da mesma forma que fazemos com a nossa guerra contra o terrorismo, o ocidente encontra-se, repentinamente, preocupado em descobrir estratégias para vencer esta guerra invisível. A A m a zo n .co n i alista, agora, mais de quinhentos títu­ los sobre combate espiritual. E a Coogle, que faz pesqui­ sas pela Internet, identificou mais de cinquenta mil refe­ rências à luta espiritual. Na qualidade de erudito cristão, o Dr. Clinton Arnolds bem o disse: “Em nenhum perío­ do da história da Igreja escreveu-se tanto sobre a guerra

9

A A rmadura de D eus espiritual quanto na década passada. Parece que existem mais cristãos pensando no assunto hoje do que existia há alguns séculos”. Ironicamente, não faz tanto tempo que Satanás pare­ cia qualquer coisa, menos morto e enterrado — o desas­ tre de uma disposição mental modernista, inclinada a ra­ cionalizar o sobrenatural da existência. Mas quando o modernismo rendeu-se à espiritualidade do pós-modernismo, Satanás reapareceu com uma vingança. Contudo, a declaração de que o Diabo havia emergido não mais se baseava numa visão cristã de mundo. Em vez disto, sur­ giu de repente a caricatura cultural, movida pela indús­ tria do entretenimento. Um dos momentos definidos como a reaparição de Satanás deu-se em 1973, quando O Exorcista, de William Peter Blatty, surgiu no cinema. A América assistia sem fôlego, enquanto o filme tornava-se o mensageiro da demonização. Misteriosas marcas satânicas surgiram no corpo da atriz Linda Blair. E isto foi apenas o começo. Hollywood estimulava as massas com uma linguagem se­ xualmente perversa, e com episódios de levitação sensa­ cionalmente produzidos.

10

Introdução

A F ascinação

da

A mérica

pela

P ossessão

Í((J_

s >j >' -'T,

Inúm eras idéias dos séculos X I X e X X combinaram-se a fi m âe preparar nossa cultura para a sua atual fascinação pela possessão demoníaca. N o século X I X , o surgim ento do espiritualism o — a crença na existência da comunicação com os mortos — preparou o caminho para os modernos filmes do gênero, corno O Sexto Sentido, ou o seriado de

T V Arquivo X .2 A s psicanálises de Freud atravessaram os séculos X I X e X X com a crença, agora comumente aceita, de que as enfermi­ dades atuais de uma pessoa (física, mental ou emocional) p o ­ dem ter sido causadas por experiências traumáticas do passa­ do. A presença das doenças, argumentam Freud e seus suces­ sores, “provam ” a presença âe traumas passados, sem qual­ quer evidência empírica.3 A última metade do século X X lançou uma base de credu­ lidade e superstição sustentada pela pseudociência, pelo espetá­ culo público e pela experiência pessoal. A decadência dos anos 6 0 fo i compendiada nos desenhos de A n to n Szandor Lavey, na celebração da "missa negra” sobre o altar de uma mulher nua. Lavey form ou a igreja de Satã em 1965, e em 1968

11

A Armadura de D eus

publicou a Bíblia Satânico, num convite à adoração pública, exemplificado na ode ao satanismo apresentada por Hollywood no film e O Bebê de Rosemavy, de 1 9 6 8 .4 O s anos 8 0 e 9 0 deram passagem ao grande susto do satanismo, o correlativo do século X X p a r a a Salem da A m éri­ ca colonial, com os seus julgamentos. ‘ O grande espanto do satanismo acelerou com os rumores de uma vasta conspiração satânica internacional e multigeracional, quase não dctectávcl, descrita em M idielle Kemembers, em 1983. A tin g iu a for­ ça total no “pânico sa tâ n ico ” cristianizado de .SataiTs

U nderground e The Satan Seller. Testemunhes pessoais sen­ sacionais, e não confirmados, promoveram um período sem pre­ cedentes de execuções criminosas, institucionalização psiquiá­ trica e desintegração fam iliar.6

Milhões de modernistas que haviam tentado raciona­ lizar o mal sobrenatural começaram, de repente, a abra­ çar a teologia de Flip Wilson. Aparentemente de um dia para o outro, o novo mantra das massas materialistas tor­ nou-se: “O Diabo levou-me a fazê-lo” . Pessoas de todos os espectros sociológicos tornaram-se certas de que ne­ las habitavam demônios, e procuravam libertação.

Introdução

Tragicamente, a fascinação pelos demônios na cultura livre tem levado a um forte movimento de libertação entre os evangélicos. C om o explica o antropólogo Michael Cuneo, alguém estaria ocupado em inventar um esquema melhor. “Qualquer seja o problema pessoal — depressão, ansiedade, dependência química, ou mesmo um apetite sexual descomedido — há ministérios de exor­ cismo disponíveis, hoje, que alegremente declaram-se habilitados a lidar com o problema. E ainda com o bônus significativo de não ser, na maioria dos casos, responsável pelo problema. Os demônios são para serem repreendi­ dos, e livrar-se deles é a chave para a redenção moral e psicológica”. N o A m erican E xorcism , Cuneo traça a expansão da mania de libertação, da cultura popular para o cristianis­ mo — de O Exorcista para os ministérios de exorcismo evangélicos. Ele observa que a demanda por libertação, estimulada pelo filme O E xorcista , poderia bem ter-se extinguido, não fosse pela liberação, em 1976, de H ostage

to the D cvil (Refém do Diabo), do controverso jesuíta Malachi Martin. Não obstante demonstrar “um notável talento para a invencionice e o embelezamento — trans­

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A A rmadura de D eus formando meias verdades pelo truque prestidigitador li9

terário, e aludindo a fatos imutáveis da história”, Martin teve sucesso ao assoprar a chama do exorcismo, tornan­ do-a um autêntico inferno. Naquele mesmo ano, Ed e Lorraine Warren, aponta­ dos como “Os mais Famosos Demonólogos do M undo”, acertaram em cheio com o resultado do que viria a ser conhecido como T he A m ity v ille Horror. Os Warrens de­ clararam amaldiçoada uma casa em Amityville, Long Island — cenário de múltiplos assassinatos — e dirigiram no 1M local uma sessão espírita televisionada. No frenesi que se seguiu na mídia, os Warrens retrataram Amityville como um microcosmo de atividades demoníacas na América. Nos livros e filmes que vieram a seguir ( G lw st H unters,

T he H au n ted, etc.), os Warrens contaram sombrias histó­ rias de misteriosas marcas em banheiros, e seres demoní­ acos que podiam arranhar e ferir suas vítimas. Até mes­ mo remodelaram, em prosa contemporânea, o incubo e 12 o súcubo da mitologia medieval. De acordo com os Warrens, estes demônios sexuais masculinos e femininos freqüentavam os lares da classe média americana, pilhando as mulheres e satisfazendo os homens.

14

13

Introdução

Enquanto, na década seguinte à estréia de O Exorcista, as pessoas estavam às voltas com debates acerca da pos­ sessão demoníaca, o famoso autor e psicoterapeuta M. Scott Peck supria a moda da libertação com alguma legi14 timidade muito necessária. Em 1983, no lançamento de People o f the Lie, o psiquiatra formado em Harvard/ Columbia argumentou que o exorcismo não era apenas heróico, mas também o único remédio para muitos de seus pacientes problemáticos. Ao confidenciar que este seu ponto de vista sobre o exorcismo fora iniciado com O Exorcista e instruído com

H ostage to the D evil,

Peck proporcionou à industria da

libertação o ar de respeitabilidade de que ela desesperada­ mente carecia.

Cuneo declara:“Nos anos que se segui­

ram à publicação de People o f the L ie, o namoro da Amé­ rica com o exorcismo deu, gradualmente, passagem a uma bem desenvolvida fascinação cultural pelo satanismo” .

1K

Esta fascinação pelos demônios na cultura livre levaria, inexoravelmente, a um forte movimento de combate es­ piritual entre os evangélicos. Havendo perdido a habilida­ de de pensar biblicamente, os crentes pós-modernos fo­ ram rapidamente transformados de agentes e introdutores a

A A rmadura de D eus de mudança cultural a conformistas e imitadores. A cultu­ ra popular acenou, e os cristãos pós-modernos morderam a isca. Como resultado, o modelo discipular de guerra es­ piritual, uma vez patrocinado pelos puritanos na América pré-moderna, deu passagem a um motivo de libertação. Em outras palavras, a paixão puritana pelo exercício da disciplina espiritual, a fim de viver à semelhança de Cristo, cedeu lugar à agitada atividade de exorcizar demônios. Liderando a onda de libertação estão homens como Bob Larson, convencidos de que os demônios podem aci­ onar, simultaneamente, centenas de alarmes de incêndios independentes,

materializar do nada armas perigosas,

danificar freios de carros,

e causar terremotos que atin22

jam 5.0 na escala Richter. A incursão de Larson no cam­ po do exorcismo resultou em dramáticos encontros com um vasto sortimento de espíritos impuros, incluindo o que ele chama de “demônios sexuais” . Num de seus livros, Larson reconta a história de uma mulher a quem ajudou, que precisava de um aborto após ter sido “violentada por um demônio incubo”. Conta ele:“Nós lutamos contra esta fecundação demoníaca com orações, e ordenamos que o 23

fruto sobrenatural de Satanás fosse abortado” .

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Introdução

Como Larson, o Dr. Neil Anderson acreditava em de­ mônios sexuais. De seu ponto de vista, a interação entre humanos e demônios sexuais é “uma experiência sufici­ entemente comum para ser incluída no primeiro de seus sete “passos para a liberdade”, como um possível pecado - cometido no passado — a ser renunciado”. Anderson também está convencido de que o abuso de rituais satâni­ cos e situações de personalidade múltipla são problemas causados por uma ampla conspiração satânica. “ Há reprodutores lá fora”, afirma ele. “Temos encontrado mé­ dicos, advogados e pastores que são satanistas disfarçados 25

de ministros de justiça”. Anderson observa que tem “acon­ selhado vítimas do satanismo o suficiente para saber que há reprodutores (gerando filhos especialmente para sacri­ fícios, ou para transformá-los em líderes), e agentes comprometidos a infiltrar-se e a romper o ministério cristão”. Em seu best-seller T he Bondage Breakcr, Anderson des­ creve como as forças das trevas o atacaram pessoalmente, objetivando expor as estratégias de Satanás: “Quando saí do chuveiro, encontrei diversos símbolos estranhos tra­ çados no espelho embaçado... Fui tomar o café da manhã sozinho, e quando estava me sentando na cozinha, senti

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A Armadura de D eus de repente uma leve dor na mão, que me fez recuar. Olhei e vi em minha mão o que parecia duas pequenas marcas de mordidas.‘Este é o seu melhor projétil?’, indaguei aos poderes das trevas que me atacavam.‘Você acha que sím­ bolos no espelho e uma marquinha vão impedir-me de entregar a mensagem na capela, hoje? Saia daqui!’”

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Ele adverte que “os satanistas reúnem-se entre meianoite e três horas da madrugada, e parte de seu ritual é convocar e enviar demônios. Três horas é o primeiro momento para atividades demoníacas, e se você acordar neste momento, pode ser que tenha sido atacado. Já fui 2rt

atingido por demônios inúmeras vezes”. Anderson alerta ainda que crianças adotadas são especialmente vulnerá­ veis à possessão demoníaca,

que os monstros que as cri­

anças vêem à noite em seus quartos são demônios que devem ser repreendidos em nome de Jesus, e que os . 31 espíritos malignos podem atacá-las com objetos. Anderson e Larson,sem dúvida, discordam sobre vá­ rios aspectos da guerra espiritual, mas partilham a cren­ ça de que os cristãos são os alvos p rincipais da demonizaçâo. Segundo Anderson, 85% da comunidade cristã evangélica acha-se apanhada em algum nível de

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Introdução

servidão satânica.

32

E Larson vai mais longe ao sustentar

que os crentes não se ocupam de tentar “expulsar o de!t 33

mônio de alguém que não seja cristão”.

Este ponto de vista não é, de maneira alguma, único. Durante os últimos trinta anos, formou-se uma verda­ deira controvérsia no cristianismo quanto à noção dc que os cristãos podem ficar endemoninhados, e de que a cura é a libertação.

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A maioria confessa que duvidava, mas

experiências pastorais forçaram -nos a repensar seus paradigmas intelectuais. Don Basham, autor do difundi­ do D elirer Us From E vil, é um exemplo clássico. Logo após mergulhar no ministério da libertação, Basham foi impactado pela compreensão de que todos os seus exorcismos envolviam crentes nascidos de novo, que haviam sido batizados no Espírito Santo. Informado de que a sua experiência estava em conflito com a Bíblia e a teolo­ gia pcntecostal, Basham procurou conselho com um antigo professor de filosofia de Cambridge, chamado Dcrck Prince, que se tornara um experiente ministro da libertação.

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Prince destacou que 95% das pessoas que haviam ex­ perimentado libertação genuína eram crentes sinceros e que ele havia sido pessoalmente exorcizado do demônio

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A A rmadura de D eus da ira. Como explicou Prince, “fora como se alguma opressão, algum peso, houvesse sido tirado de dentro do meu peito e passado por minha boca. Senti, distintanien30

te, alguma coisa saindo” . Prince admitiu que não havia evidência bíblica direta quanto ao fato de um cristão so­ frer possessão demoníaca. A seu ver, contudo, a evidência empírica era esmagadora. Deste modo, a sua mudança de opinião foi influenciada pela experiência subjetiva, e não 37

pela evidência bíblica. E esta é precisamente a questão. Experiências subjeti­ vas são notoriamente falíveis. Assina sendo, devem sempre ser testadas à luz das verdades objetivas das Escrituras.

3X

Nas páginas a seguir, demonstrarei que a chave da vitória na guerra espiritual não se encontra na libertação, mas no discipulado. Conquanto devemos dar ao Diabo o que lhe é devido, ousamos não superestimar o seu poder e o seu território. Espíritos sexuais, demônios que mordem, e fór­ mulas da moda para a libertação não passam de tantasias passageiras da cultura popular e da superstição pagã. De qualquer modo, a cobertura descrita na Bíblia como a armadura completa de Deus é uma barreira im­ penetrável contra a qual os dardos inflamados do malig-

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Introdução

no são impotentes. Quando estamos vestidos com a ar­ madura, somos invencíveis. Porém, quando não estamos, somos fantoches no esquema malévolo do Diabo. Meu desejo de escrever A A rm adura Espiritual nasceu de meu livro anterior, .4 Oração de Jesus. No último pedi­ do desta oração modelo, Jesus ensinou os discípulos a orar:“E não nos induzas à tentação, mas livra-nos do mal” (Mt 6.13). Quando você o faz, deve ser imediatamente lembrado: “Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para que possais estar firmes contra as astutas ciladas do dia­ bo” (Ef 6.11). Isto, é claro, significa que você não apenas está intimamente familiarizado com cada peça da arma­ dura descrita por Paulo em Efésios 6, mas que entende o que cada peça representa. Quando terminei de escrever A Oração de Jesus, disse à minha esposa, Kathy, que se não o tivesse escrito para ninguém, mas para mim mesmo, teria sido igualmente válido o esforço. Esse livro revolucionou absolutamente a minha vida de oração. Meu único pesar é que o espaço não me permitiu expor toda a armadura de Deus. Por­ tanto, estou vibrando pela oportunidade de fazê-lo ago­ ra, neste livro.

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Um

O D iabo L evo u -m e a F a zê-lo ... fortalecei-vos rw Senhor e na forço do sen poder. Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para que possais estar firmes contra as astutas ciladas do diabo. (E f 6.10,11)

Foi um m om ento que ja m a is esquecerei. A in d a posso lem ­ brar exatam ente de onde me encontrava e o que estava fa z e n ­ do, quando ouvi, pela prim eira v e z, o Dr. C lin to n A rn o ld contar a história. E le debatia com E llío t M íller, editor-chefe do C h ristian Research Journal, sobre o tem a "O Cristão e a Influência D em o n íaca ”. Term inando as apresentações de aber­ tura, A rn o ld contou a história de E d m u n d Fabian, tradutor da Bíblia W ycliffe, que fora brutalm ente assassinado em Papua N ova G uiné. Prolongando-se, Arnold expôs sua convicção de que “há um grande perigo, e às vezes perigo de m orte”, em achar que um cristão não pode ser possuído por um de­ mônio. Ele prosseguiu observando que o assassinato de Edmund Fabian instigou 'Wycliffe a “repensar seu ponto de vista sobre a relação entre crentes e possessão” .

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A A rmai >uka de D eus Segundo A n w ld , E d m tin d Fabian cometeu o engano fatal de supor que R in , seu consultor cristão de tradução, não pudesse ser possuído por um demônio. Embora R iu declarasse que uma vo z poderosa em sua m ente insistia em dizer-lhe para pegar um machado e golpear a cabeça de E dm ttnd, este recomendou-lhe: “D eix e de se preocupar achando que possa ser um espírito m a­ ligno — demônios não podem possuir cristãos“. Pouco depois, R in acabou rendendo-se ao comando do demônio, apanhou uma m achadinha c brutalm ente assassinou E d m u n d Fabian. Embora eu houvesse, ao longo dos anos, ouvido ou lido centenas de histórias sobre os chamados “cristãos endemoninhados’’, a história da morte de Edmund Fabian prendeu-me como nenhuma outra.Talvez porque Arnold seja o líder cristão mais digno de confiança sobre a ques­ tão de que os crentes podem cair sob possessão demoní­ aca. Ou foi, talvez, a importância das palavras: “há um grande perigo, e às vezes, perigo de m orte”. Se já houve um exemplo de idéias tendo conseqiiências, este foi um! Edmund praticamente assinou o seu próprio atestado de óbito por, teimosamente, recusar acre­ ditar que cristãos possam ser possuídos por demônios. Pior ainda, a imagem ensangüentada da morte de Edmund

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O Diabo Levou-me a Fazê-lo forçou-me a considerar a possibilidade de que eu posso ser culpado por acalmar os cristãos com um falso senso de segurança. Se o assassinato de Edrnund levou uma or­ ganização mundial como a Wycliffe a repensar sua posi­ ção sobre a possessão demoníaca de crentes, talvez eu também devesse reconsiderar as minhas crenças.

D

e

V

olta à

B

íb l ia

A morte de Edrnund Fabian levou-me a experimen­ tar um genuíno paradoxo psicológico. Por um lado, eu estava certo de que as Escrituras excluem a possibilidade de cristãos caírem sob possessão demoníaca. Por outro, eu não tinha dúvidas de que o relato de Arnold sobre a morte de Edrnund nas mãos de um cristão possesso fora cuidadosamente investigado, c era digno de crédito. Fi­ nalmente, houve aquela tensão emocional que me levou a um exame mais aprofundando das Escrituras, além de rever o relato do episódio. À medida que eu mergulhava na Bíblia, era conforta­ do ao descobrir que o próprio Cristo exclui a possibili­ dade de um cristão ser possuído por demônios. Usando a

25

A A rmadura de D eus ilustração de uma casa, Jesus indaga: “Ou como pode al­ guém entrar em casa do homem valente e furtar os seus bens, se primeiro não manietar o valente, saqueando, en­ tão, a sua casa?” (Mt 12.29) No caso de uma pessoa pos­ suída por demônios, o homem forte é obviamente o D i­ abo. No crente habitado pelo Espírito, contudo, o ho­ mem forte é Deus. A força do argumento de Cristo leva inexoravelmente à conclusão de que, para os demônios possuírem um crente, eles teriam, primeiro, que atacar aquEle que o habita — isto é, o próprio Deus! Jesus forneceu um argumento que leva à dedução, ao frisar:“E, quando o espírito imundo tem saído do homem, anda por lugares áridos, buscando repouso, e não o encon­ tra. Então, diz:Voltarei para a minha casa, donde saí. E, vol­ tando, acha-a desocupada, varrida e adornada. Então, vai e leva consigo outros sete espíritos piores do que ele, e, en­ trando, habitam ali; e são os últimos atos desse homem pio­ res do que os primeiros” (Mt 12.43-45, ênfase do autor).A questão aqui é clara e precisa: se não estamos ocupados pelo Espírito Santo, sujeitamo-nos à possibilidade de ser habitados por demônios. Se, por outro lado, a nossa casa é habitação de Cristo, o Diabo não acha lugar em nós.

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O Diabo Levou-me a Fazê-lo Ademais, descobri no Evangelho de João um argu­ mento igualmente incontestável contra a possessão de cristãos. Os judeus estavam, mais uma vez, acusando Je­ sus de estar possuído por um demônio. Em vez de evitar­ as acusações, Ele rebateu seus acusadores usando a razão. A essência de seu argumento é:“Eu não tenho demônio; antes, honro a meu Pai” (Jo 8.49). Portanto, é impossível se enganar quanto à questão: ser possuído por demônios J 2 e honrar a Deus são situações distintas! Finalmente, enquanto eu fluía através das páginas das Escrituras, não surgiu um único exemplo de cristão O ensinamento consistente das Escritmas c que os cristãos não podem ser controlados, contra a sua vontade, por possessão demoníaca.

endemoninhado. Em vez disso, o ensina­ mento consistente da Palavra de Deus é que os cristãos não podem ser controla-

dos, contra a sua vontade, por possessão demoníaca. O prin­ cípio é perfeitamente seguro. Se você é um seguidor de Jesus Cristo, o próprio Rei habita em você (veja Jo 14.23; Rm 8.9-17). E você pode descansar seguro de que “maior é o que está em vós do que o que está no mundo” (1 Jo 4.4).

27

A A rmadura do D eus Pesquisar as Escrituras fez mais que satisfazer-me in­ telectualmente. Se Cristo afirmou que honrar a Deus e ser possuído por demônios são circunstancias distintas, e se a Bíblia não contém um único exemplo de um cris­ tão endemoninhado, o assunto ficou esclarecido em minha mente. Em meu coração, contudo, eu ainda luta­ va com o impacto emocional do bárbaro assassinato de Edmund Fabian. P ode

o

C rente F icar E ndemoninhado ? tStçi . . ti A

D iz-se que aqueles que persistem cm superestimar 0 poder e o campo de ação de Satanás têm dc recorrer ao uso da história da mulher paralítica, relatada em Lucas 13, como “o caso claro de um crente que estivera endem oninhado".' Seu argumento c apresentado tipicamente como sc segue:A mulher que Jesus encontrou “tinha um espírito de enfermidade, havia já dezoito anos". Ela estava na sinagoga, e fo i mencio­ nada como uma "filha de A braão”. Consequentemente, ela deve ter sido uma crente endemoninhada. X ão obstante, isto acha-se longe da verdade. Para começar, esta narrativa de Lucas carece totalmente da feição comum dc um caso de exorcismo.

28

O Diabo Levou-me a Fazê-lo

Jesus dirigiu-se à mulher, cm lugar de dirigir-se ao demônio; Satanás não falou através da mulher aleijada, cia manteve-se silenciosa até que Jesus a curasse; e não apenas Lucas, mas os principais da sinagoga referiram-se ao acontecimento como uma cura, e não como um exorcismo. E mesmo que consideremos isto um exorcismo, o fa to de Jesus encontrara mulher na sinagoga não f a z dela uma cristã. Cristo encontrava todo tipo de pessoas na sinagoga, c que não eram crentes. N a verdade, Ele referiu-se aos rabinos que ensi­ navam a Lei na sinagoga como '‘hipócritas", "guias cegos", "raça de víboras ”, e "sepulcros caiados, que por fora realmente parecem formosos, mas interiormente estão cheios de ossos de mortos e de toda imundícia’' (Alt 2 3 .1 3 ,1 6 ,2 7 ,3 3 ). A lém do que, o fato de Jesus referir-se a ela corno "filha de Abraão" não faz dela, necessariamente, uma cristã possessa. O Senhor referiu-se a Zaqueu como "filho de A braão", apesar de, clara­ mente, ele não ser um crente naquele momento (lx 19.9). N a realidade, a frase "filha de A braão” não implica nada mais que descendência física. Conforme as Escrituras explicitamente ensinam, nem todos

que são descendentes de Abraão têm a

fé que ele possuía (R m 9 .7 ,8 ; A lt 3 .9 ).

29

A A rmadura de D eus A H

i s t ó r i a da

G raça

Fiquei fascinado ao assistir ao vídeo intitulado A tra 4

vês de tudo aquilo com Jesus, no qual Grace Fabian conta a história do assassinato de seu marido. Uma coisa im­ pressionou-me mais que tudo. Os Fabians podiam ser qualquer coisa, menos cristãos dados ao sensacionalismo.Ao contrário, eram, sem dúvida, firmemente enrai­ zados nas Escrituras. Esta impressão foi ainda mais reforçada, quando tive o privilégio de falar pessoalmente com Grace. Em vez de estar fixada no poder de Satanás para possuir os cren­ tes, ela focava o poder de Deus para sustentar-nos em meio ao sofrimento. Longe de superestimar o poder e o domínio de nosso adversário, ela reconhecia que Deus é soberano sobre todas as coisas, inclusive as tentações do Diabo. Através do sofrimento, Grace veio a conhecer, de modo mais pleno, que nada pode acontecer-nos sem pri­ meiro passar pelo filtro do amor de Deus. De um modo humilde, porém sentencioso, Grace enfatiza que Satanás nunca teve o controle — nem mesmo no dia do brutal assassinato de seu marido. Nem por um momento a idéia de que um cristão possesso pudesse lhes fazer algum

30

O Diabo Levou-me a Fazê-lo

mal lhe ocorrera. A mera noção era estranha para Grace. Sua resposta ao relato de Arnold sobre a morte do marido fora enfatica:“Não, não!”, exclamara ela.“Simplesmente, não é verdade! Eu não sei de onde veio essa história. Odeio quando alguém escreve isso, e nunca chequei suas fontes”. Além disso, Grace deixou claro que, uma vez que Arnold não tinha um conhecimento direto do assassino de Edmund, não possuía bases sobre as quais determinar se ele era endemoninhado. De modo inverso, Grace, que tivera com ele contato direto, declarou: “Não acredito que o homem que matou meu marido estivesse possesso. Ele é um esquizofrênico”. De fato, afirmou Grace:“Quando ele foi transferido da cadeia para uma clínica psiquiá­ trica, tornou-se calmo, normal e capaz de ter pensamen­ tos sobre o Salvador”. Ela fez uma pausa por um mo­ mento, e acrescentou: “Eu sei que quando ele estava sob vigilância psiquiátrica, nós líamos para ele as Escrituras, c ele parecia estar experimentando a graça de Deus, ao menos naquele momento, senão antes”. Finalmente, de modo inflexível, Grace negou a idéia de que o assassinato de Edmund levara Wycliffe a “re­ pensar seu ponto de vista sobre a relação entre crentes e

31

A A rmadura de D eus possessão”. Em suas palavras: “A nossa organização não mudou qualquer orientação, que eu saiba, relacionando a morte de meu marido aos demônios. Nem mesmo te­ mos uma política sobre demonização”. O presidente da Wycliffe nos Estados Unidos, Roy Petcrson, confirmou que Grace está certa, como ele mesmo assumiu: “A nossa organização não empreendeu qualquer forma de revisão sobre a ligação entre crentes e possessão demoníaca. Se este fosse o caso, Grace teria, certamcnte, sido informada a respeito. Usar a história de Grace de um modo com que ela não esteja familiarizada é errado”.

S u pe r e st im a n d o

o nosso

A d v e r s á r io

Ao longo dos anos tenho lido uma grande variedade de histórias sustentando a idéia de que os cristãos podem ser possuídos por demônios. No final, todas elas têm algo em comum: superestimam grandemente o poder e o do­ mínio de Satanás. Alguns ministros da libertação fazem uma tentativa mais valente que outros, a fim de prover bases bíblicas para a argumentação de que Satanás pode possuir crentes. Inevitavelmente, contudo, suas experiên­

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O Diabo Levou-me a Fazê-lo cias c histórias obscurecem sua exegese das Escrituras. Em T h e Botidage Breaker, o Dr. Neil Anderson usa, em excesso, setenta e cinco histórias (algumas chocantes) para demonstrar que 85% dos crentes são apanhados em al­ gum nível de escravidão satânica. De igual modo, em 3

Crucial Q uestions about Spiritual H arfare (Três Questões Cruciais sobre Guerra espiritual), Arnold busca respon­ der a indagação “ Pode um cristão ser possuído por de­ mônios?” , começando com três histórias extraordinári­ as. Além disso, numa versão ligeiramente mais dramática do assassinato de Edmund, ele emprega a história notici­ ada de uma mulher que fora subjugada c violentada por um demônio, e a história registrada de um homem, cujo casamento foi maravilhosamente salvo por Cristo, mas a quem o demônio da raiva ainda leva ao descontrole toda vez que discute com a esposa. O que estas histórias têm em comum é que elas supe­ restimam enormemente o poder e a autoridade de Sata­ nás. Demônios sexuais são o recorrentes na mitologia me ríivi; i

te Ele pode ensinar-nos a usá-la corretamente. Foi o Es­ pírito que instruiu Paulo a e sc re v e r.“ Tomai a espada” (Ef 6.17, ênfase do autor). Portanto, somos lembrados dejque ■e
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