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Universidade do Sul de Santa Catarina
Finanças Internacionais Disciplina na modalidade a distância
Palhoça UnisulVirtual 2011
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Coordenadores Graduação Aloísio José Rodrigues Ana Luísa Mülbert Ana Paula R.Pacheco Artur Beck Neto Bernardino José da Silva Charles Odair Cesconetto da Silva Dilsa Mondardo Diva Marília Flemming Horácio Dutra Mello Itamar Pedro Bevilaqua Jairo Afonso Henkes Janaína Baeta Neves Jorge Alexandre Nogared Cardoso José Carlos da Silva Junior José Gabriel da Silva José Humberto Dias de Toledo Joseane Borges de Miranda Luiz G. Buchmann Figueiredo Marciel Evangelista Catâneo Maria Cristina Schweitzer Veit Maria da Graça Poyer Mauro Faccioni Filho Moacir Fogaça Nélio Herzmann Onei Tadeu Dutra Patrícia Fontanella Roberto Iunskovski Rose Clér Estivalete Beche Vice-Coordenadores Graduação Adriana Santos Rammê Bernardino José da Silva Catia Melissa Silveira Rodrigues Horácio Dutra Mello Jardel Mendes Vieira Joel Irineu Lohn José Carlos Noronha de Oliveira José Gabriel da Silva José Humberto Dias de Toledo Luciana Manfroi Rogério Santos da Costa Rosa Beatriz Madruga Pinheiro Sergio Sell Tatiana Lee Marques Valnei Carlos Denardin Sâmia Mônica Fortunato (Adjunta) Coordenadores Pós-Graduação Aloísio José Rodrigues Anelise Leal Vieira Cubas Bernardino José da Silva Carmen Maria Cipriani Pandini Daniela Ernani Monteiro Will Giovani de Paula Karla Leonora Dayse Nunes Letícia Cristina Bizarro Barbosa Luiz Otávio Botelho Lento Roberto Iunskovski Rodrigo Nunes Lunardelli Rogério Santos da Costa Thiago Coelho Soares Vera Rejane Niedersberg Schuhmacher GerênciaAdministração Acadêmica
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Desenho Educacional Cristina Klipp de Oliveira (Coord.Grad./DAD) Roseli A. Rocha Moterle (Coord. Pós/Ext.) Aline Cassol Daga Aline Pimentel Carmelita Schulze Daniela Siqueira de Menezes Delma Cristiane Morari Eliete de Oliveira Costa Eloísa Machado Seemann Flavia Lumi Matuzawa Geovania Japiassu Martins Isabel Zoldan da Veiga Rambo João Marcos de Souza Alves Leandro Romanó Bamberg Lygia Pereira Lis Airê Fogolari Luiz Henrique Milani Queriquelli Marcelo Tavares de Souza Campos Mariana Aparecida dos Santos Marina Melhado Gomes da Silva Marina Cabeda Egger Moellwald Mirian Elizabet Hahmeyer Collares Elpo Pâmella Rocha Flores da Silva Rafael da Cunha Lara Roberta de Fátima Martins Roseli Aparecida Rocha Moterle Sabrina Bleicher Verônica Ribas Cúrcio
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Conferência (e-OLA) Carla Fabiana Feltrin Raimundo (Coord.) Bruno Augusto Zunino Gabriel Barbosa Produção Industrial Marcelo Bittencourt (Coord.) Gerência Serviço de Atenção Integral ao Acadêmico Maria Isabel Aragon (Gerente) Ana Paula Batista Detóni André Luiz Portes Carolina Dias Damasceno Cleide Inácio Goulart Seeman Denise Fernandes Francielle Fernandes Holdrin Milet Brandão Jenniffer Camargo Jessica da Silva Bruchado Jonatas Collaço de Souza Juliana Cardoso da Silva Juliana Elen Tizian Kamilla Rosa Mariana Souza Marilene Fátima Capeleto Maurício dos Santos Augusto Maycon de Sousa Candido Monique Napoli Ribeiro Priscilla Geovana Pagani Sabrina Mari Kawano Gonçalves Scheila Cristina Martins Taize Muller Tatiane Crestani Trentin
André Luís da Silva Leite Graciella Martignago
Finanças Internacionais Livro Didático
Revisão e Atualização de Conteúdo Joseane Borges de Miranda Design Instrucional Viviane Bastos
3ª edição
Palhoça UnisulVirtual 2011
Copyright © UnisulVirtual 2011 Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida por qualquer meio sem a prévia autorização desta instituição.
Edição – Livro Didático Professores Conteudistas André Luís da Silva Leite Graciella Martignago Revisão e Atualização de Conteúdo Joseane Borges de Miranda (2. ed. rev. e atual.) Design Instrucional Viviane Bastos Assistente Acadêmico Leandro Rocha (2. ed. rev. e atual.) Aline Cassol Daga (3ª edição) Projeto Gráfico e Capa Equipe UnisulVirtual Diagramação Adriane Ferreira dos Santos Higor Ghisi (2. ed. rev. e atual.) Pedro Teixeira (3ª edição) Revisão Ortográfica Simone Rejane Martins
338.91 L55 Leite, André Luis da Silva Finanças internacionais : livro didático / André Luís da Silva Leite, Graciella Martignago ; revisão e atualização de conteúdo Joseane Borges de Miranda ; design instrucional Viviane Bastos ; [assistente acadêmico Leandro Rocha, Aline Cassol Daga]. – 3. ed. – Palhoça : UnisulVirtual, 2011. 134 p. : il. ; 28 cm.
Inclui bibliografa.
1. Finanças internacionais. 2. Relações econômicas internacionais. I. Martignago, Graciella. II. Miranda, Joseane Borges de. III. Bastos, Viviane. IV. Rocha, Leandro. V. Título. Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Universitária da Unisul
Sumário
Apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7 Palavras dos professores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9 Plano de estudo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11 Unidade 1 – Economia internacional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17 Unidade 2 – Integração e blocos econômicos regionais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39 Unidade 3 – Globalização financeira . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53 Unidade 4 – Sistema financeiro internacional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69 Unidade 5 – Instituições financeiras internacionais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 93
Para concluir o estudo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Sobre os professores conteudistas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Respostas e comentários das atividades de auto-avaliação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Biblioteca Virtual . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
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Apresentação
Este livro didático corresponde à disciplina Finanças Internacionais. O material foi elaborado visando a uma aprendizagem autônoma, abordando conteúdos especialmente selecionados e adotando uma linguagem que facilite seu estudo a distância. Por falar em distância, isso não significa que você estará sozinho. Não esqueça que sua caminhada nesta disciplina também será acompanhada constantemente pelo Sistema Tutorial da UnisulVirtual. Entre em contato sempre que sentir necessidade, seja por correio postal, fax, telefone, e-mail ou Espaço Unisul Virtual de Aprendizagem. Nossa equipe terá o maior prazer em atendê-lo, pois sua aprendizagem é nosso principal objetivo. Bom estudo e sucesso! Equipe UnisulVirtual.
Palavras dos professores
Seja bem-vindo(a) à disciplina Finanças Internacionais. Esta disciplina visa, especificamente, permitir que você compreenda a dinâmica da conjuntura financeira internacional. Isto é importante, pois a conjuntura internacional tem influência direta na determinação do desempenho econômico e financeiro de um país, e, por conseqüência, das empresas deste país. Sucesso! Profa. Graciella Martignago Prof. André Luís da Silva Leite
Plano de estudo
Plano de estudo O plano de estudo visa a orientá-lo no desenvolvimento da disciplina. Ele possui elementos que o ajudarão a conhecer o contexto da disciplina e a organizar o seu tempo de estudos. O processo de ensino e aprendizagem na UnisulVirtual leva em conta instrumentos que se articulam e se complementam, portanto, a construção de competências se dá sobre a articulação de metodologias e por meio das diversas formas de ação/ mediação. São elementos desse processo:
o livro didático;
o Espaço UnisulVirtual de Aprendizagem - EVA ;
as atividades de avaliação (complementares, a distância e presenciais). o Sistema Tutorial.
Ementa Economia Internacional. Globalização de Mercados e Financeira. Alianças Estratégicas Internacionais. Mercado Financeiro Internacional. Instituições Financeiras Internacionais. Preços e Financiamento Internacionais. Influência do Mercado Financeiro Internacional na Economia Nacional.
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Carga horária A carga horária total da disciplina é 60 horas-aula.
Objetivo da disciplina Geral:
Oportunizar a compreensão do Sistema Financeiro Internacional, considerado como influência determinante no desempenho econômico de países e organizações. Específicos:
Conhecer as principais teorias de comércio internacional. Entender o processo de integração econômica e a formação de blocos econômicos.
Compreender o processo de globalização financeira.
Identificar as funções do sistema financeiro internacional.
Entender o contexto de atuação de uma instituição financeira internacional.
Conteúdo programático/objetivos Os objetivos de cada unidade definem o conjunto de conhecimentos que você deverá deter para o desenvolvimento de habilidades e competências necessárias à sua formação. Neste sentido, veja a seguir as unidades que compõem o Livro Didático desta Disciplina, bem como os seus respectivos objetivos.
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Finanças internacionais
Unidades de estudo: 5 Unidade 1 - Economia internacional
O objetivo desta unidade é apresentar as principais teorias de comércio internacional, ou seja, as teorias das vantagens absolutas e relativas, e a metodologia de registro das transações com o exterior. Unidade 2 - Integração e blocos econômicos regionais
O objetivo desta unidade é apresentar ao aluno a natureza do processo de integração econômica regional da América Latina e do mundo e sua importância no contexto econômico financeiro internacional. Unidade 3 - Globalização financeira
O objetivo desta unidade é apresentar como e o porquê ocorre a globalização, destacando a possibilidade de internacionalização da produção por meio de Investimentos Externos Diretos (IED), exportação dentre outros métodos. Unidade 4 - Sistema financeiro internacional
O objetivo desta unidade é apresentar o sistema financeiro internacional permitindo a compreensão das funções do sistema financeiro e os principais agentes que fomentam este mercado. Unidade 5 - Instituições financeiras internacionais
O objetivo desta unidade é apresentar o conceito de instituições financeiras internacionais e seu contexto de atuação. E as possibilidades dos países e suas instituições poderem usufruir das organizações multilaterais de crédito que atuam no sistema financeiro internacional.
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Agenda de atividades/ Cronograma
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Verifique com atenção o EVA, organize-se para acessar periodicamente o espaço da Disciplina. O sucesso nos seus estudos depende da priorização do tempo para a leitura; da realização de análises e sínteses do conteúdo; e da interação com os seus colegas e tutor. Não perca os prazos das atividades. Registre no espaço a seguir as datas, com base no cronograma da disciplina disponibilizado no EVA. Use o quadro para agendar e programar as atividades relativas ao desenvolvimento da Disciplina.
Finanças internacionais
Atividades obrigatórias
Demais atividades (registro pessoal)
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UNIDADE 1
Economia internacional Objetivo de aprendizagem
Conhecer as principais teorias de comércio internacional e a metodologia de registro das transações com o exterior.
Seções de estudo
Seção 1
O período do Mercantilismo
Seção 2
O que diz a Teoria das Vantagens Absolutas?
Seção 3
O que diz a Teoria das Vantagens Comparativas?
Seção 4
O balanço de pagamentos
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Para início de estudo Você já se perguntou por que as nações comercializam? Os professores Maria Carvalho e César Silva (2000), respondem afirmando que “o bom senso nos leva a crer que as nações comerciam porque podem obter vantagens”. E estas vantagens são mostradas na teoria clássica do comércio internacional, que é o principal item desta unidade. Bom estudo!
Seção 1 - O período do Mercantilismo Este período compreendeu do século XV a meados do século XVIII. A doutrina mercantilista resultou da expansão do comércio iniciada no final da Idade Média e teve seu apogeu após o descobrimento da América e do caminho marítimo para as Índias. O Mercantilismo como sistema econômico é uma reação à ordem medieval, opondo-se simultaneamente ao poder local do nobre rural e ao poder universal da Igreja Católica. As idéias mercantilistas expressavam os interesses do Estado e da burguesia. A política comercial mercantilista reforçava o poder do monarca absoluto, defendendo a unificação econômica e o poder nacional para permitir a sobrevivência do Estado-Nação contra ameaças externas. A contrapartida política do Mercantilismo era o absolutismo e o nacionalismo. Essa conjunção de fatores fazia com que a coroa tivesse que gerar receitas para manter-se no poder. A origem dessas receitas era o comércio interno e externo. Os mercantilistas defendiam a unificação econômica doméstica e a liberdade de comércio no interior do território nacional. Houve restrições às aduanas e pedágios impostos por nobres feudais, a unificação do regime monetário, a racionalização do sistema de pesos e medidas e, como conseqüência, promoveu a liberdade da indústria.
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Finanças internacionais
As palavras de Tomas Mun, um comerciante inglês, em 1644, mostram o pensamento mercantilista da época em relação ao comércio exterior. A forma mais comum [....] de aumentar nossa riqueza e nosso tesouro é através do comércio exterior, por isso devemos observar sempre esta regra: todo ano, vender mais aos estrangeiros do que consumimos deles. Suponhamos que este Reino tenha abundância de tecidos, chumbo, estanho, ferro, peixe e outros bens nativos e nós exportemos anualmente o excesso para outros países por 2,2 milhões de libras. Assim, tem-se condições de comprar bens estrangeiros para nosso consumo no valor de dois milhões de libras. Sendo essa ordem devidamente mantida em nosso comércio, permanece a certeza de que o Reino enriquecerá seus cofres a cada ano com duzentas mil libras, quantia que será colocada no Tesouro, pois a parte que não nos for devolvida em bens terá que ser trazida para casa na forma de tesouro (KENEN, 1998, p.35).
Thomas Mun, England’s Theasure by Foreign Trade, 1664, cap II apud Kenen, Peter, Economia Internacional: Teoria e Política. São Paulo: Campus, 1998.
As exportações consistiam em uma maneira de incrementar o volume de metais preciosos do país, pois os pagamentos internacionais eram feitos em ouro e prata. Tinha-se, portanto, a visão de que o país tinha que ser superavitário comercialmente (exportações maiores que as importações) para tornar-se mais rico. E, o Estado, tinha como função, estimular as exportações e desestimular as importações. Gonçalves (1998) afirma que a Espanha extraía metais preciosos (ouro e prata) dos Incas. A Inglaterra, a França e outros países extraíam ouro e prata da Espanha por meio do comércio exterior. Para os mercantilistas o aumento da produção e do comércio doméstico depende, além do estoque dos meios de pagamento, da unificação econômica e liberdade de comércio no interior das fronteiras nacionais. E, o crescimento do estoque de meios de pagamento de um país depende da produção de minas nacionais ou do superávit na balança comercial.
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Portanto, para um país sem minas, uma política comercial baseada no protecionismo e na promoção de exportação é a única estratégia compatível com o aumento do poder nacional. Mas por que a concepção de comércio exterior dos mercantilistas estava errada?
Porque se todos os países fechassem suas economias não haveria comércio. As exportações tenderiam a zero. Como conseqüência, o país teria que produzir internamente tudo que precisasse. Outra forma de ver a questão é que um país que exporta mais do que importa tende a aumentar a oferta monetária. Como conseqüência, há aumento de preços. O aumento dos preços internos faz com que o país perca competitividade no mercado internacional e faz com que as exportações diminuam e que as importações aumentem. Baseados nesses argumentos, os economistas clássicos se opuseram aos mercantilistas, enfatizando que o governo não deveria intervir no comércio internacional.
Seção 2 - O que diz a Teoria das Vantagens Absolutas? A visão clássica não vinha ao encontro dos interesses da coroa, mas sim dos súditos da coroa. Argumentavam que a exportação era um meio para a aquisição de produtos importados, não ouro e prata. De acordo com Adam Smith (1776 apud KENEN, 1998, p. 9): Dar o monopólio do mercado interno ao produto da indústria nacional, em qualquer arte ou manufatura em particular, de certa foram é o mesmo que definir o que cada pessoa deve fazer com o seu capital, sendo, em quase todos os casos, uma regra inútil ou prejudicial... O princípio de qualquer chefe de família prudente é nunca tentar fazer em casa algo que lhe custe mais para produzir do que para comprar. O alfaiate não procura fazer os próprios sapatos, ele os compra do sapateiro. O sapateiro não tenta fazer as suas próprias roupas, ele contrata um alfaiate... 20
Finanças internacionais
Aquilo que é prudente na condução de qualquer família dificilmente poderia ser insensato na condução de um grande reino. Se um outro país puder nos fornecer um bem por um preço menor do que o necessário para que nós mesmos o produzamos, é mais sensato comprar dele com parte da produção da nossa própria indústria, empregada de modo a nos trazer uma certa vantagem.
De acordo com Smith (1983), quando um produto de qualquer ramo da indústria excede a demanda interna de um país, o excedente deve ser mandado para o exterior e trocado por alguma coisa que tenha demanda em casa. Para ele, sem tal exportação, uma parte do trabalho produtivo de um país deve cessar e o valor de sua produção anual diminuir. Além disso, argumentava que o excedente do produto importado, pago com excedente doméstico, pode ser trocado mais uma vez por um produto demandado domesticamente. Outra contribuição de Smith segundo Gonçalves (1998), foi que os metais preciosos são um produto como qualquer outro. Portanto, um país grande produtor de metais preciosos seria naturalmente exportador deste produto, porque o preço dos outros produtos cotados em ouro e prata, no país com minas, seria mais alto do que no país sem minas. Mais tarde, a teoria da vantagem absoluta foi aperfeiçoada por David Ricardo, um dos seguidores de Adam Smith, que criou a Teoria das Vantagens Comparativas.
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Seção 3 - O que diz a Teoria das Vantagens Comparativas? A teoria de David Ricardo, conhecida como a Teoria das vantagens comparativas, tem como argumento principal, que o comércio entre dois países cujas estruturas de produção não sejam similares é sempre vantajoso em relação ao não-comércio.
Utilizando o exemplo do vinho e do tecido, produzidos por Portugal e Inglaterra, Ricardo afirmava que se Portugal tivesse que dividir seu capital na produção de vinhos e tecidos, certamente perderia em relação à possibilidade de realizar comércio com a Inglaterra. O comércio com a Inglaterra lhe proporcionaria mais tecidos e de melhor qualidade.
Para melhor descrever o raciocínio de Ricardo, leia o esquema a seguir. Para Inglaterra são necessários 100 homens, por um ano, para produzir uma determinada quantidade de tecido; e são necessários 120 homens, por um ano, para produzir uma determinada quantidade de vinho. Para Portugal são necessários 90 homens, por um ano, para produzir a mesma quantidade de tecido; e são necessários 80 homens, por um ano, para produzir a mesma quantidade de vinho que a Inglaterra. Embora Portugal tenha uma vantagem absoluta na produção de vinhos e tecidos, pela teoria das vantagens comparativas, Ricardo afirmava que seria vantajoso Portugal realizar comércio com a Inglaterra. Nesse caso, a Inglaterra dedicar-se-ia à produção de tecidos, enquanto Portugal dedicar-se-ia à produção de vinhos. Com o comércio entre os dois países, a Inglaterra compraria os vinhos (que custaram o trabalho de 80 homens) e venderia os tecidos (que custaram o trabalho de 100 homens), mas ela poderia obtê-los a um preço mais baixo do que ela pagaria internamente (120 homens).
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Por outro lado, Portugal pagaria pelos tecidos (que lhe custariam 90 homens) o equivalente em vinho, que lhe custa 80 homens. Desta forma, os dois países têm vantagens comparativas com o comércio internacional. Logo, as teorias de comércio internacional mostram que o protecionismo e o isolamento é prejudicial aos países. Quanto maior a abertura do comércio, mais progresso econômico o mundo alcançará.
Mas Adam Smith já alertava sobre a dinâmica de um processo de abertura econômica. Segundo ele, a abertura deve ser lenta para dar tempo da economia adaptar-se às novas condições e possam realocar os recursos de um setor para o outro. Essa é a grande dificuldade que a Organização Mundial do Comércio se depara neste século XXI. Todas as transações que um país realiza com o exterior, incluindo o comércio internacional, devem ser registrados na contabilidade do país. É sobre isso que trata a seção seguinte: como são contabilizadas as transações internacionais?
Seção 4 - O balanço de pagamentos O Balanço de Pagamentos de um país representa o resumo contábil das transações econômicas que esse país faz com o resto do mundo, durante certo período de tempo. Com base nesse balanço é possível avaliar a situação econômica internacional do país (LOPES, VASCONCELLOS, 1998). Ou, como resumem Simonsen e Cysne (1995), o balanço de pagamentos é o registro sistemático das transações entre residentes e não residentes de um país durante um período de tempo. Como residentes se entende os indivíduos que vivem permanentemente no país (incluindo os estrangeiros com residência fixa), os funcionários fora do país em viagens de turismo, negócios, educação, etc. Consideram-se também Unidade 1
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residentes as pessoas jurídicas de direito privado ou público sediadas no país, inclusive filiais de empresas estrangeiras. No Brasil, o Balanço de Pagamentos é elaborado pelo Banco Central e para o registro contábil utiliza-se a regra de partidas dobradas: o débito em determinada conta corresponde a um crédito em outra. Toda transação que cria um direito constitui um crédito. As exportações, por exemplo, são lançadas como crédito. Por outro lado, as importações são lançadas como débito, assim como juros pagos ao exterior. Os créditos entram com sinal positivo e os débitos entram com sinal negativo. De modo geral, considera-se que toda entrada de divisas corresponde a um crédito e toda saída a um débito, conforme os exemplos indicados no quadro a seguir: CRÉDITO Exportação de bens e serviços Recebimento de doações e indenizações de terceiros Recebimento de empréstimos de estrangeiros Recebimento de reembolso de capital do estrangeiro Vendas de ativos para estrangeiros Recebimento de Fretes
DÉBITO Importação de bens e serviços Pagamento de doações e indenizações a Estrangeiros Pagamentos de capital emprestado por estrangeiros Reembolsos de capital a estrangeiros Compras de ativos de estrangeiros Pagamentos de Fretes
Quadro 1.1 - Exemplos de lançamentos no Balanço de Pagamentos Fonte: Lopes e Vasconcellos (1998).
Observe alguns exemplos de lançamento apresentados por Simonsen e Cysne (1995), cujas operações são liquidadas em moeda ou títulos de curto prazo:
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um país exporta uma mercadoria recebendo pagamento à vista em moeda estrangeira: credita-se na conta exportações e debita-se na conta “haveres de curto prazo no exterior”; um país importa mercadorias pagando-se à vista em moeda nacional: debita-se em importações e credita-se em “capitais de curto prazo”; um país paga em ouro monetário a amortização de um empréstimo externo: débito de “Amortizações” e crédito em “ouro monetário”.
Finanças internacionais
Se a transação não envolve pagamento em moeda, ela é concebida como resultado de duas operações, a primeira envolvendo uma entrada e a segunda uma saída, conforme os exemplos:
um país recebe um donativo do exterior em mercadorias: débito em importações e crédito em transferências unilaterais; um país permuta mercadorias com o exterior: crédito em exportações e débito em importações; um equipamento estrangeiro é adquirido pelo país com financiamento externo: crédito de financiamento, débito de Importações. Como é a Estrutura do Balanço de Pagamentos?
As transações na balança de pagamentos dividem-se em: transações autônomas (ou espontâneas) e transações compensatórias (ou induzidas):
As transações autônomas são realizadas normalmente e acontecem por si mesmas. Essas transações são motivadas pelos interesses dos agentes (empresas, consumidores, governo) e referem-se às transações da balança de transações correntes e da balança de capitais, como mostra o quadro 1. As transações compensatórias têm como objetivo financiar o saldo final das transações autônomas. Acabado um determinado período não pode existir igualdade entre crédito e débito quanto às transações voluntárias. Com base nesse superávit (ou déficit), o governo é induzido a realizar uma série de transações (compensatórias) com o intuito de equilibrar (ou zerar) as contas do Balanço de Pagamentos.
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A estrutura do Balanço de Pagamentos é apresentada a seguir.
Balanço de Pagamentos 1. Balanço de Transações Correntes (BTC) I - Balança Comercial Exportações (FOB) Importações (FOB) II - Balança de Serviços Transportes (fretes) e Seguros Viagens Internacionais e Turismo Rendas de Capital (lucros, dividendos e juros) Diversos (como serviços governamentais) III - Transferências Unilaterais (donativos) Saldo do Balanço de Pagamentos em Conta Corrente (I + II+ III) 2. Balança de Capitais Investimentos Diretos Reinvestimentos Empréstimos e Financiamentos a Longo e Médio Prazo Empréstimos a Curto Prazo Amortizações Capitais a Curto Prazo 3. Erros e Omissões Saldo do Balanço de Pagamentos (1+2+3) Transferências Compensatórias (Financiamento Oficial Compensatório) Variação de Reservas Variação no Total Haveres de Curto Prazo no Exterior Contrapartida para Valorizações e Desvalorizações Variação no total Ouro Monetário Contrapartida para Valorizações e Desvalorizações Contrapartida para Monetização e Desmonetização Variação no total Direitos Especiais de Saque Contrapartida para Valorizações e Desvalorizações Contrapartida para Cancelamento e Alocação Posição de reservas no FMI Operações de Regularização Atrasados Comerciais Quadro 1.2 - Estrutura do Balanço de Pagamentos Fonte: Simonsen e Cysne (1995).
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Variação no Total Contrapartida para Valorizações e Desvalorizações
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Para entender melhor o Quadro 1.2, que mostra a estrutura do balanço de pagamentos, a seguir apresenta-se descrito com mais detalhes cada item. Para iniciar acompanhe:
1) Balanço de ransações Correntes (BC) Resume a diferença entre o total das exportações e importações tanto de mercadorias como de serviços, sendo também incluído o saldo de transferências unilaterias (donativos), executadas durante o período.
BC superavitária Significa que o país está recebendo recursos que podem ser utilizados: a) no pagamento de compromissos assumidos anteriormente (diminuição do endividamenro externo); b) para investimento do país no exterior (aumento de controle do país sobre empreendimentos no exterior); c) para aumentar as reservas do país.
BC deficitárias Implica a necessidade de: a) contrair empréstimos no exterior (aumentando o endividamento do país); b) contrair investimentos estrangeiros no país; c) diminuir as reservas do país.
Poupança Externa Negativa Representa a transferência de bens e serviços para o resto do mundo.
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Poupança Externa Positiva Em termos reais (não financeiros) significa a absorção de recursos reais do resto do mundo, que permitem o financiamento do consumo e dos investimentos do país. Os principais itens do BTC são: a) Balança comercial: a balança comercial inclui basicamente as importações e exportações: Exportações > Importações = Superávit Balança Comercial
Importações > Exportações = Déficit Balança Comercial
As Exportações e Importações podem ser contabilizadas como:
FOB – Free On Board
CIF – Cost, insurance and freight
No conceito FOB, as despesas incluídas no valor das mercadorias são as incorridas até o embarque da mercadoria. As exportações CIF são as que incluem, além do custo, o valor do frete e do seguro do transporte da mercadoria até o destino. Para efeito do Balanço de Pagamentos, utilizam-se as exportações e importações FOB, já que as despesas com seguros e fretes estão incluídas na balança de serviços. b) Balança de Serviços: a balança de serviços mostra as negociações internacionais dos chamados bens invisíveis ou intangíveis, e os rendimentos de investimentos. Contabiliza-se como serviços as seguintes operações:
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transportes e seguros: corresponde ao saldo das receitas e despesas realizadas com fretes e prêmios de seguros efetuados; viagens internacionais: representa o saldo das receitas e despesas com turistas; rendas de capital: refere-se a rendimentos de capital auferidos ou pagos pelo país. Nesta conta estão incluídos os juros pagos ou recebidos do exterior por empréstimos ou financiamentos recebidos ou concedidos por nãoresidentes em momento anterior. Também são incluídos
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nesta conta os lucros enviados por empresas nacionais no exterior – crédito e os lucros remetidos pelas empresas estrangeiras no país-débito. Inclui os lucros reinvestidos por empresas estrangeiras no país-crédito);
diversos (inclui-se aqui todos os gastos com representações diplomáticas no exterior e transferências dos demais países para os gastos de suas representações diplomáticas no país. Inclui também: recebimentos e pagamentos referentes a royalties, patentes, assistência técnica, comissões, aluguel de equipamentos, filmes, etc).
c) ransferências Unilaterais: as transferências unilaterais se referem aos pagamentos sem contrapartida de um país para outro. São consideradas transferências unilaterais: as remessas feitas por empregados migrantes para suas famílias no país de origem, doações feitas por um governo para outro, reparações de guerra, etc.
2. Balança de Capitais Consideram-se aqui as contas que representam modificações nos direitos e obrigações de residentes no país para com nãoresidentes. As contas de capitais são as seguintes:
investimentos: referentes ao capital de não residentes no país aplicados no país, sejam esses investimentos diretos ou em carteira, assim como os investimentos feitos por residentes do país aplicados no exterior; reinvestimentos: refere-se aos investimentos de empresas estrangeiras localizadas no país; empréstimos e financiamentos: refere-se a empréstimos e financiamentos de longo e médio prazo; empréstimos de curto prazo: inclui os empréstimos recebidos do exterior e concedidos a outros países, tanto para governos, como para empresas e indivíduos, além dos financiamentos obtidos na importação e concedidos na exportação. Os empréstimos de médio prazo são os
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considerados de um a cinco anos. Os de longo prazo refere-se aos superiores a cinco anos. Os empréstimos de curto prazo são inferiores a um ano;
amortizações: registra os pagamentos do principal referentes a empréstimos e financiamentos tomados no exterior, e os pagamentos do principal feitos por não residentes referentes a empréstimos e financiamentos concedidos pelo país ao exterior; capitais de curto prazo: constitui-se de capitais especulativos, como aplicações no mercado financeiro e de alta volatibilidade.
3. Erros e Omissões
O registro de várias contas com valores estimados impede a equivalência entre os créditos e débitos. Como uma forma de cobrir os erros estatísticos cometidos, bem como as transações não registradas, surge essa conta de resíduo chamada de Erros e Omissões. Somados todos os saldos das contas mencionadas (Transações correntes, Transações de capital e erros e omissões), tem-se o resultado do balanço de pagamentos, que pode ser superavitário ou deficitário. As transações compensatórias são de sinal contrário ao resultado do balanço de pagamentos. Se o balanço for positivo (indicando entrada de recursos) a conta de transações compensatórias será deficitária. Quando o balanço de pagamentos for deficitário, a conta de transações compensatórias será credora. As transações compensatórias são:
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Variação de reservas (conta caixa): As reservas internacionais registram a variação nos haveres em moeda estrangeira (ou haveres de curto prazo no exterior) e ouro possuídos em reservas pelo país, mais a variação nos Direitos Especiais de Saque e na posição de reservas no FMI. Quando há déficit no balanço de pagamentos, ele poderá ser coberto por uma saída de divisas ou de ouro do país, ou seja, ocorrerá uma variação negativa no volume de reservas do país, indicado por uma conta credora no item variação de recursos.
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Se o balanço for superavitário, haverá entrada de divisas ou ouro, ou seja, uma variação positiva de reservas, indicada por um débito no item variação de reservas. Uma observação importante a ser feita aqui se refere às desvalorizações e valorizações e monetização e desmonetização. Por exemplo, como o balanço é contabilizado em dólares e parte das reservas é mantida em euro, uma valorização do euro em relação ao dólar levará a um lançamento negativo na conta de haveres de curto prazo, porque o saldo desses haveres avaliados em dólares aumentou; e como contrapartida faz-se um lançamento positivo na conta de valorizações e desvalorizações. O mesmo acontece com as valorizações ou desvalorizações do ouro e dos Direitos Especiais de Saque -DES. A monetização e a desmonetização se referem as seguintes operações: se o Banco central compra ouro no mercado interno há um lançamento a débito na conta “Ouro Monetário” com lançamento em contra-partida para Monetização/Desmonetização. O mesmo acontece se ocorre uma alocação ou cancelamento dos DES.
Operações de regularização: Refere-se a operações realizadas com instituições internacionais, como o Fundo Monetário Internacional – FMI. Quando há déficit no balanço de pagamentos recorre-se a empréstimos dessas instituições para cobrir esses déficits. Atrasados comerciais: São contas vencidas e não pagas no exterior. Quando um empréstimo é vencido e não pago, debita-se da conta amortizações (exatamente como se ele fosse pago) e credita-se de atrasados comerciais. Quando o pagamento é feito, debita-se na conta atrasados e credita-se na conta caixa (reservas internacionais).
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Considerações adicionais: O que acontece quando um cidadão inglês que vem residir no Brasil e traz consigo um carro, por exemplo? Haverá um lançamento positivo em “Transferências Unilaterais” e um lançamento negativo na conta Importações. Se o cidadão inglês também trouxer um título representativo de um direito sobre determinado capital (como um empréstimo que efetuou a um cidadão inglês), haverá um crédito na conta “Transferências Unilaterais” e debita-se a conta “Empréstimos”. E, para complicar o caso, se o imigrante tiver uma dívida com um cidadão estrangeiro, haverá um débito na conta transferências unilaterais e um crédito na conta empréstimos. O que ocorre quando um cidadão brasileiro, residente, é assalariado de uma empresa estrangeira (não-residente)? A operação será contabilizada na balança serviços, na conta rendas de trabalho. Mesmo o brasileiro estando fora do Brasil (mas permanecendo como residente no Brasil), todas as rendas de trabalho auferidas por ele serão contabilizadas na balança serviços, não se restringindo ao valor transferido para o Brasil. Todos os gastos em bens e serviços realizados no estrangeiro serão contabilizados a débito na conta transações correntes no Brasil.
Com relação ao país que possui déficit em transações correntes considere que:
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com déficit em transações correntes o país fechará o saldo do balanço de pagamentos com a entrada de capitais autônomos ou compensatórios. Se o país receber capital autônomo além do seu déficit em conta corrente, ocorrerá um superávit total no balanço de pagamentos; o excesso de capital não será absorvido pela economia, ficará depositado no exterior sob a forma de reservas adicionais, como uma provisão para o futuro. Mas, se o país não recebe capital suficiente para cobrir o déficit em conta corrente, terá que usar os capitais acumulados anteriormente. Se esses capitais provisionados não forem suficientes o país terá que recorrer aos empréstimos do FMI, por exemplo, ou contabilizar como atrasados comerciais, que implica em “sujar” a imagem do país no exterior.
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O Brasil, no início do Plano Real, em 1994, apresentou uma valorização monetária (Real valorizado em relação ao dólar). Isso estimulou a importação de bens e serviços. Houve aumento na compra de bens de consumo e de produtos intermediários, além dos brasileiros viajarem muito para o exterior. E o Brasil não exportava o suficiente para pagar toda essa conta. Como resultado, o país tinha que compensar essas operações com o movimento de capitais. E foi isso que ocorreu. Na época, o país atraiu muito capital externo, como forma de Investimento Externo Direto (IED) e também capitais de curto prazo. O IED entrou principalmente para a compra das empresas estatais que estavam sendo privatizadas. O capital de curto prazo sentia-se atraído pelas altas taxas de juros brasileiras. Essa entrada de capitais mantinha, portanto, a moeda valorizada. O problema adveio com as crises internacionais do final da década de 90. Os capitais de curto prazo fugiram dos países emergentes, como o Brasil. A questão que ficou portanto era: como financiar o déficit em conta corrente? A saída de curto prazo foi a desvalorização do real em 1999. A desvalorização da moeda, na medida em que aumenta a remuneração para o exportador, permite que ele abaixe o preço do produto brasileiro no exterior, estimulando as exportações e inibindo as importações, que ficam mais caras para os brasileiros. O problema dos déficits em conta corrente, cobertos por capitais externos, é que isso implica em transferências de rendas futuras para o exterior sob a forma de remessa de juros e lucros, gerando um efeito de bola de neve. Logo, os capitais estrangeiros recebidos do exterior deveriam vir, predominantemente na forma de IED que gerem exportações ou queda de importações como forma de compensar o envio de juros e lucros para o exterior. Os déficits permanentes na BPs podem ser corrigidos por alguma das seguintes medidas:
desvalorizações das taxas de câmbio;
redução do nível de atividade econômica;
restrições tarifárias ou quantitativas às importações;
subsídios às exportações;
aumento da taxa interna de juros;
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controle da saída de capitais e de rendimentos para o exterior.
A adoção de algumas dessas saídas depende da conjuntura econômica de cada país. Apelar para o protecionismo econômico significa ter problemas com parceiros comerciais, dificultando o desenvolvimento de longo prazo do comércio internacional e gerando a necessidade do país explicar-se junto à Organização Mundial do Comércio. Agora que você já aprendeu sobre a Economia Internacional, antes de seguir para o estudo da próxima unidade, realize a seguir as atividades propostas para praticar os novos conhecimentos.
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Síntese Nesta unidade, você pôde verificar que as teorias de comércio internacional condenam o protecionismo e consideram que o isolamento é prejudicial aos países. Quanto maior a abertura do comércio mais progresso econômico o mundo alcançará. Dentre as teorias de comércio internacional, salienta-se a teoria de David Ricardo, conhecida como a Teoria das Vantagens Comparativas. Esta teoria tem como argumento principal que o comércio entre dois países cujas estruturas de produção não sejam similares é sempre vantajoso em relação ao não-comércio. Também se estudou neste capítulo a balança de pagamentos que representa o resumo contábil das transações econômicas que um país faz com o resto do mundo, durante um certo período de tempo. Seguindo a proposta da disciplina, na próxima unidade você irá estudar Integração e Blocos Econômicos Regionais. Até lá!
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Atividades de auto-avaliação Efetue as atividades de auto-avaliação e, em seguida, acompanhe as respostas e comentários a respeito no final deste livro didático. Para melhor aproveitamento do seu estudo, realize a conferência de suas respostas somente depois de fazer as atividades. Leia com atenção aos enunciados e realize a seguir as atividades propostas. 1. Por que os países devem manter comércio internacional? Explique a teoria das vantagens comparativas.
2. O que significa déficit em transações correntes no balanço de pagamentos? Indique duas medidas que o país pode adotar para cobrir esse déficit.
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Saiba mais Se você ficou interessado em conhecer mais detalhes sobre a economia internacional, segue algumas sugestões de leitura sobre o assunto: GONÇALVES, R. A nova economia internacional : uma perspectiva brasileira. São Paulo: Campus, 1998. LOPES, L. M.; VASCONCELLOS, M. A. S. de. (org). Manual de macroeconomia : nível básico e nível intermediário. São Paulo: Atlas, 1998. KENEN, P. Economia internacional: teoria e política. São Paulo: Campus, 1998. SIMONSEN, M. H.; CYSNE, R. P. Macroeconomia . São Paulo: Atlas, 1995.
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Integração e blocos econômicos regionais Objetivo de aprendizagem
Entender o processo de integração econômica e sua importância no contexto econômico-financeiro internacional.
Seções de estudo
Seção 1
Por que os países formam blocos econômicos?
Seção 2
Quais são os Estágios de Integração?
Seção 3
Exemplo de Integração Total
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Para início de estudo Como você estudou na unidade anterior, uma característica importante da economia mundial é a crescente interdependência entre as economias domésticas. Nas últimas décadas, as relações comerciais e as transações financeiras aumentaram significativamente. Na verdade, o comércio internacional cresceu tornando as taxas maiores que o crescimento do PIB mundial. Além da questão financeira, a globalização da economia tem consequência na estrutura produtiva. Este é o tema desta unidade. O aumento do comércio mundial cresce em velocidade superior à produção. O aumento do comércio internacional tem como uma característica importante o fato de que as mercadorias estão se tornando cada vez mais parecidas, o que exige similaridade nas tecnologias de produção. Também é possível observar que as empresas multinacionais ou transnacionais internacionalizam sua produção, fabricando partes ou componentes de seus produtos em países diferentes, e com isso, aproveitando as condições mais favoráveis de cada um deles.
As barreiras comerciais são um conjunto de instrumentos que o governo de um pais adota para controlar o comércio internacional, tais como tarifas, subsídios, quotas de importação, licenças de importação e controle sanitário. O controle sanitário é uma barreira não tarifaria assim como padrões de segurança, são formas que podem dificultar ou mesmo impedir o comércio internacional.
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Nesta unidade, você vai aprender sobre integração econômica e sua importância como elemento dinamizador do comércio entre as nações.
Seção 1 - Por que os países formam blocos econômicos? Em primeiro lugar, é importante que você perceba que o livre comércio traz benefícios significativos às economias domésticas. Em outras palavras, o comércio sem barreiras é vantajoso para todos os países. Mas nem sempre os países transacionam seus produtos sem barreiras. Diga-se de passagem, muito raramente!
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Você pode notar que, ao longo do último século, sucessivas rodadas de negociações internacionais vêm, com algum êxito, diminuindo as barreiras protecionistas erguidas pelos países para defender seus interesses.
E paralelamente, ocorre a formação de blocos regionais (Mercosul, União Européia, Nafta, entre outros). Muitos autores argumentam que a formação da União Européia deu-se mais por razões políticas do que econômicas e comerciais. Breve histórico do processo de formação da União Européia No último século, a Europa foi o principal palco de duas guerras mundiais. Ao final da Segunda Guerra Mundial, o mundo estava polarizado entre Estados Unidos e União Soviética. Esta polarização deu início à chamada Guerra Fria. A Europa encontrava-se no meio do conflito. Daí, segundo alguns teóricos, a melhor forma de se proteger das influências americana e/ou soviética era através da união política e econômica. O processo de integração da Europa teve início em 1951, com acordos que resultaram na Comunidade Européia do Carvão e do Aço (CECA). Este primeiro tratado visava ao livre comércio de carvão e aço entre os países signatários. O processo ficou ainda mais forte com o Tratado de Roma (1957), que estendeu o livre comércio a todos os produtos e instituiu a Comunidade Econômica Européia (CEE). Os primeiros países a aderir foram: Alemanha, França, Itália, Bélgica, Holanda e Luxemburgo. Em 1972, Reino Unido, Dinamarca e Irlanda aderiram ao acordo. A Grécia foi incorporada em 1979. Portugal e Espanha em 1985. Áustria, Suécia e Finlândia somente passaram a fazer parte da União Européia em 1995. Em 1° de Maio de 2004 entraram para União Européia: Estônia, Eslovênia, Polônia, Lituânia, Letônia, República Tcheca, Eslováquia, Chipre, Hungria e Malta. Atualmente, a Turquia está prestes a entrar. Lembre-se que nem todos esses países fazem parte da chamada “Zona do Euro”
Você sabe o que é Zona do Euro? A Zona Euro, oficialmente Área do Euro (também referenciada como Eurozona, Euro-Área ou ainda Eurolândia) refere-se a uma união monetária dentro da União Europeia, na qual alguns Estados-membros adotaram oficialmente o Euro como moeda comum. A área monetária é constituída por 16 membros dentro da União Europeia e mais 9 fora dela.
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Os blocos têm como principal vantagem aumentar as facilidades de negociação e regras próprias estabelecidas pelos países membros. Com isso, procura-se preservar espaços regionais da competição internacional, ao mesmo tempo em que se buscam aumentos de produtividade para as empresas pertencentes a um determinado bloco.
Seção 2 - Quais são os Estágios de Integração ? As nações independentes, atualmente, procuram se integrar através de acordos firmados em função de seus interesses recíprocos. Há diversos estágios de integração e alguns autores apresentam tais estágios de maneira mais simplificada e outros de maneira mais completa. Você conhecerá, a seguir, a classificação mais completa sob o ponto de vista teórico, na ordem do estágio onde há menos integração (e menos interdependência) para o estágio no qual há mais integração (e mais interdependência): Zona ou área de livre comércio: países membros concordam em eliminar as barreiras sobre o comércio recíproco. Mas, as políticas em relação aos países não membros são independentes.
União Aduaneira: além da eliminação das barreiras comerciais, os países membros p assam a adotar política comercial uniforme em relação a países não membros.
Mercado comum: tem os mesmos preceitos da União Aduaneira somados com a livre movimentação dos fatores de produção (capital e trabalho).
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União monetária ou união econômica: tem as mesmas características do Mercado Comum e harmonização da política monetária, ou seja, uma moeda comum.
Integração econômica total: além da União Monetária, prevê também harmonização de todas as políticas econômicas. Figura 2.1 - Estágios de Integração Fonte: Elaboração dos autores (2009).
Observe que esta é uma classificação usual e a descrição apresentada de forma progressiva somente para fins didáticos. Mas é importante você saber que, não necessariamente, um processo de integração entre países precisa se dar nesta ordem. A implementação destes blocos é tarefa árdua. É um processo delicado, demorado e que envolve significativos custos. Isto, pois envolve modificações nas estruturas econômicas, produtivas, jurídicas e tributárias dos diferentes países.
No que se refere aos estágios de integração, você deve ter percebido que à medida que há maior integração entre países, também se reduz a soberania destes sobre suas políticas econômicas. Assim, a maioria dos projetos de integração visa apenas à formação de uma Zona de Livre Comércio. A ALCA (Área de Livre Comércio das Américas) é um projeto que prevê que os produtos feitos nos países das Américas (à exceção de Cuba) sejam transacionados sem nenhum tipo de barreira comercial, como impostos de importação. Já no caso do Mercado Comum, a idéia central é que haja livre mobilidade de fatores de produção. Ou seja, há liberdade de enviar capital para um país membro e os trabalhadores podem escolher trabalhar em qualquer dos países membros. O Mercosul visa se tornar um mercado comum, mas, por enquanto, enquadrase na categoria de União Aduaneira.
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Mais um pouco de história da União Européia Até a década de 1970, países como Portugal, Espanha e Irlanda eram considerados os mais pobres da Europa Ocidental. Com a formação do Mercado Comum Europeu, o capital de habitantes de países mais ricos como Alemanha, Inglaterra e França se deslocou para aqueles países visando maior remuneração. Da mesma forma, trabalhadores destes países puderam buscar mais renda e qualificação nos países mais ricos da Europa. A conseqüência é que hoje estes países apresentam crescimento econômico expressivo, melhor índices sociais e mais qualidade de vida.
Uma ampla discussão a respeito da criação de blocos econômicos refere-se às possíveis vantagens e desvantagens advindas da criação de um bloco econômico. As vantagens são chamadas de criação de comércio e as desvantagens são chamadas de desvio de comércio. Acompanhe a seguir como se refere cada uma.
Criação de comércio refere-se ao fato de que o volume de comércio entre os países membros e o valor dos produtos comercializados aumentam. Isto seria positivo para os países membros, pois os países comprariam somente aquilo que é mais vantajoso em comparação à produção própria. Quando um país importa, por exemplo, ele está despendendo menos recursos produtivos na produção de um bem do que se o produzisse internamente. Desvio de comércio significa que, pelo fato de existir uma barreira protecionista para certo produto proveniente de países fora do bloco, torna-se vantajoso produzir este produto dentro do bloco. Mas, é importante notar que isto é uma distorção, pois seria mais barato para os países de dentro do bloco importar este produto sem barreiras protecionistas. Imagine um determinado produto que é produzido pelos três países. O custo de se produzir no Brasil é de US$ 100,00, na Argentina de US$ 84,00 e nos EUA de US$ 72,00. Logo, o Brasil é o país com a produção menos eficiente deste produto.
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Tabela 2.1 – Situação hipotética de livre comércio
Livre Comércio Tarifa 25% Tarifa 50%
Brasil 100,00 100,00 100,00
Argentina 84,00 105,00 126,00
USA 72,00 90,00 108,00
Fonte: Elaboração dos autores (2009).
**** Neste exemplo, para fins de simplificação estamos desconsiderando valores com fretes e seguros.
Assim, numa situação hipotética de livre comércio entre os três países, seria natural que o produto fosse importado dos EUA, pois a população pagaria o menor preço. Caso o Governo brasileiro desejasse proteger os produtores deste produto e impusesse uma tarifa de 50% sobre o preço do produto importado, então, o produto nacional seria o mais barato e seria o consumido pela população. Mas, como há Mercosul, então, o produto argentino não está sujeito à tarifa, logo o preço dele no Brasil será o mesmo cobrado na Argentina. Ou seja, há criação de comércio. Mas, como o Mercosul impõe barreiras aos produtos norte-americanos, então, este fica mais caro e é preterido pela população (embora sejam mais eficientes). Logo, há desvio de comércio. Em suma, conclui que o bem-estar de uma sociedade aumenta se houver mais criação de comércio do que desvio de comércio já que ela terá acesso a produtos mais baratos. Mas se houver mais desvio de comércio do que criação de comércio, então, o bem-estar de uma sociedade tenderá a diminuir.
Quais as vantagens da integração econômica?
As vantagens são: a) maior aproveitamento das vantagens comparativas regionais: pode ser obtida pela especialização dos países Unidade 2
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membros naqueles produtos nos quais são mais eficientes, ou seja, onde a produção tem menores custos unitários; b) criação de economias de escala : economias de escala referem-se à situações onde quanto maior a produção, menor tende a ser o custo unitário ou médio. Como uma área de livre comércio resulta na formação de um mercado maior, o que pode induzir a um maior nível de produção e, por conseqüência, economias de escala; c) possibilidade de oferta de maior variedade de produtos: com a integração econômica, o tamanho do mercado aumenta e possibilita a existência de uma maior variedade de produtos (diferenciados/sofisticados) resultando em preços menores e maior bem-estar social; d) maior concorrência intra-regional: com um mercado maior, maior também será a concorrência. Logo, isto tende a favorecer a sociedade, pois mais concorrência significa preços menores e maior qualidade.
Seção 3 - Exemplo de Integração total O processo de Integração Total, na verdade, limita-se à integração monetária, como ocorre na União Européia.
A) O Euro (€) A União Econômica e Monetária (UME) representa um grande avanço no sentido de uma integração política e econômica européia. Este avanço foi dado com a introdução do Euro em substituição às moedas nacionais. O Euro é uma moeda que representa um cesta de moedas. As moedas de maior peso nesta cesta são o marco alemão, o franco francês e o florim holandês. As moedas com menos peso é o dracma grego. Uma moeda comum implica, entre os países signatários, uma estabilidade cambial e uma política monetária comum. Logo, cada país perde individualmente a política monetária como 46
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ferramenta de gestão da política econômica e de ajuste das economias domésticas, pois não podem mais manipular nem a taxa de juros nem a taxa de câmbio. Uma moeda única requer também um conjunto de instituições (um Banco Central Europeu) e regras fiscais comuns. Mas, para fazer parte da UME, os países têm que obedecer determinados critérios especificados no tratado de Maastricht, como por exemplo:
inflação anual não superior a 1,5% acima da taxa média dos três países com menor inflação; taxa de juros não superior a 2% acima da taxa média dos três países com menor inflação; dívida pública menor que 60% do PIB.
Quais as vantagens da União Monetária?
Pode-se considerar que a União Monetária:
contribui para aumentar o volume de comércio, já que uma moeda única permite que os consumidores possam comparar preço em diferentes lugares, o que aumenta a concorrência; reduz a inflação e as taxas de juros, já que há mais concorrência; aumenta o poder político da União Européia, já que eles passaram a emitir uma moeda conversível capaz de rivalizar com o dólar americano. E quais as desvantagens da União Monetária?
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Diante dessa situação, a União Monetária apresenta algumas desvantagens, tais como:
os países perderam a taxa de câmbio como mecanismo de ajuste. Muitas vezes, visando aumentar as exportações de suas empresas, os governos desvalorizam a moeda doméstica. Mas, com a União Monetária, perderam esse importante mecanismo de ajuste do balanço de pagamentos; perda da política monetária como instrumento de administração da economia. Além de perder o direito de gerir a taxa de câmbio, o país perde também a capacidade de manipular a taxa de juros interna, já que esta passa ser determinado regionalmente.
B) Mercosul A idéia do Mercado Comum do Sul (Mercosul) deu-se a partir do Tratado de Assunção, assinado entre Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai. O Mercosul, na prática, foi precedido por acordos bilaterais entre Brasil e Argentina. Em julho de 1986, os países assinaram a Ata para Integração Argentino-Brasileira. Dois anos depois, assinaram o Tratado de Integração, Cooperação e Desenvolvimento, cujo objetivo principal era instituir o livre comércio entre os dois países num prazo máximo de dez anos. Você já deve ter percebido que, até esse momento, o projeto ainda não teve o sucesso esperado. De fato, o Mercosul foi criado com o Tratado de Assunção em 1991, com as seguintes premissas:
livre circulação de bens, serviços e fatores de produção;
estabelecimento de uma tarifa externa comum (TEC);
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coordenação de política macro e microeconômicas em conjunto; compromisso de harmonização das legislações referentes às áreas de comércio, trabalhista, econômica, fiscal e financeira.
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A idéia principal era que houvesse uma longa fase de transição, para minimizar o impacto sobre os agentes econômicos. Mas, percebe-se que se está longe sequer de uma fase de transição. Apesar do nome, o Mercosul está longe de ser um mercado comum, como você aprendeu anteriormente. Mas há algumas explicações para o fato de o Mercosul ainda não ter tido sucesso. Em essência, ao contrário do que acontece na União Européia, há muitas diferenças entre os países. O Brasil apresenta o maior PIB (aproximadamente, 70% do PIB do Mercosul) e a maior população (aproximadamente 80%). Além do mais, o Brasil tem um parque industrial moderno e sofisticado, o que representa um temor para os outros países. Em contrapartida, é o Brasil que apresenta os piores indicadores sócio-econômicos. Além disso, outros fatores têm contribuído, ao longo do tempo, para que o Mercosul não deslanche. Primeiro, destacamos o fato de que os países-membros têm tido alguns problemas econômicos internos. O Brasil tinha o problema da inflação elevada, que só foi resolvido em 1994, com o Plano Real. A Argentina durante uma década utilizou uma âncora cambial, que atrelava o peso ao dólar, o que levou o país a um sério problema macroeconômico em 2002. Politicamente, o Paraguai viveu várias crises na última década. Com isso, pode concluir que os problemas internos de cada país são prioritários, o que faz com que o Mercosul seja preterido.
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Síntese Nesta unidade, você estudou sobre o processo de integração. O principal objetivo da integração é aumentar as relações comerciais e econômicas das nações envolvidas. Com isso, os países podem obter diversos benefícios do livre comércio. Dando sequência ao estudo, na próxima unidade você vai estudar sobre a globalização financeira. Até lá!
Atividades de auto-avaliação Efetue as atividades de auto-avaliação e, em seguida, acompanhe as respostas e comentários a respeito no final deste livro didático. Para melhor aproveitamento do seu estudo, realize a conferência de suas respostas somente depois de fazer as atividades propostas. Leia com atenção aos enunciados e realize a seguir as atividades. 1. Qual a razão pela qual os países formam blocos econômicos?
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2. Na sua opinião, por que o bloco europeu teve mais sucesso do que o bloco econômico sul-americano?
Saiba mais Uma boa opção de leitura são as bibliografias seguintes: CARVALHO, Maria; SILVA, César L. Economia Internacional . São Paulo: Saraiva, 2000. KRUGMAN, Paul; OBSTEFELD, Maurice. Economia Internacional . São Paulo: Makron, 2000.
Unidade 2
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UNIDADE 3
Globalização financeira Objetivo de aprendizagem
Entender o fenômeno da globalização.
Seções de estudo
Seção 1
Como ocorre o processo de globalização?
Seção 2
Empresas multinacionais e investimento externo direto (IED)
Seção 3
A internacionalização da produção
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Para início de estudo Você já deve ter escutado alguma definição de globalização. Nesta unidade, você vai estudar sobre este assunto com mais profundidade dando ênfase à dimensão financeira do processo de globalização que é considerada, por alguns autores, a mais importante. De forma simples, pode-se definir globalização como sendo o aumento da interdependência entre as nações. Ou seja, as relações internacionais, nas diversas esferas, passaram a ter importância significativa nos rumos de uma nação. Essas diversas esferas podem ser: social, cultural, econômica, comercial, financeira, dentre outras. Por exemplo, políticas econômicas de um país podem interferir no desempenho econômico de outra nação. Assim, quando os EUA aumentam sua taxa de juros interna, há um movimento financeiro global atraído por esta maior remuneração. E este movimento altera juros e câmbios ao redor do planeta. Um outro exemplo pode ser visto no comércio internacional. Com as facilidades de comunicação, por exemplo, as pessoas podem comprar produtos via internet sem precisarem mais ir às lojas locais. Isso aumenta a competição e induz as empresas a serem mais competitivas e eficientes.
Seção 1 - Como ocorre o processo de globalização? No sentido econômico-financeiro, há quem acredite que o mundo caminha para a interdependência total entre mercados e empresas. Mas, convém observar que os governos nacionais ainda terão importante papel na condução dos destinos das nações. Existe um significativo consenso de que o aspecto mais evidente da globalização refere-se às finanças internacionais. Três fatores contribuíram para isso:
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a) o comércio internacional cresceu a taxas maiores que o crescimento do PIB mundial; b) inovações tecnológicas nas áreas de informática e telecomunicações; e, c) desregulamentação (liberação) dos mercados de capitais internacionais. O primeiro destes fatores é importante, mas não é o que mais contribui para intensificar o processo de globalização. A conjugação dos fatores b e c contribuiu de maneira mais expressiva para a aceleração dos deslocamentos de capitais internacionais. Os avanços tecnológicos reduziram os custos de informação e reduziram também a importância da localização geográfica. Atualmente, os mercados operam 24 horas, on line . Paralelamente, a desregulamentação dos mercados de capitais reduziu a burocracia para se enviar recursos de um país a outro, e com isso, amplia a interdependência financeira internacional. Como ocorre o processo de interdependência financeira internacional?
Para facilitar a compreensão deste fenômeno, o professor Renato Baumann (1996) o analisa sob cinco enfoques distintos: a) Enfoque financeiro: não há dúvidas de que a parte da economia com maior grau de internacionalização é o setor financeiro. A internacionalização do sistema financeiro refere-se ao aumento do volume e/ou da velocidade de circulação de capital entre as nações. O lado positivo é que os investidores internacionais podem remeter seu capital para outros países com mais facilidade. O lado negativo é que aumenta a vulnerabilidade financeira dos países. Por exemplo, os países formam reservas em moeda estrangeira e podem ser surpreendidos com uma migração maciça de capital.
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b) Enfoque comercial: com a globalização, a competição passa a ocorrer em escala mundial. Conforme Carvalho e Silva (1999), há uma crescente homogeneidade nas estruturas de oferta e demanda, o que possibilita ganhos de escala e a uniformização de padrões produtivos e administrativos. Por exemplo, uma montadora de automóveis, que visa a otimização de seus recursos não precisa mais produzir diversos modelos para atender às necessidades dos mercados locais. Como tem subsidiárias em vários países, ela pode especializar cada uma delas em determinado modelo e a demanda local seria suprida por importações de outros modelos da própria montadora. c) Enfoque produtivo: as empresas multinacionais podem ter estruturas de produção interligadas, localizadas em diversas partes do mundo. De outra forma, cresce o número de empresas transnacionais, com o acirramento do processo de fusão e aquisição. Ainda não há exemplos expressivos que permita verificar a validade desta idéia, mas com o aumento no número de fusões é possível notar que as empresas tendem a interligar sua estrutura de logística, marketing, finanças, dentre outros. d) Enfoque institucional: com a globalização, há uma tendência maior para a homogeneização dos sistemas que regulam a atividade econômica e empresarial. Por exemplo, uma das leis que rege a atividade econômica é a Legislação Antitruste. À medida que haja mais integração entre os países, as legislações tendem a se tornar mais equivalentes e com isso visam evitar que algumas empresas possam obter vantagens em alguns países. Em fevereiro de 2005, tramitou no Congresso Brasileiro o projeto que prevê mudanças na Lei Antitruste do Brasil (lei nº 8.884/94) com o objetivo de modernizá-la e ajusta-la às leis americana e européia. e) Enfoque da governabilidade: a globalização reduz a autonomia dos governos no que se refere à condução das políticas econômicas (fiscal, monetária, cambial, salarial, etc.). Isso contribui para reduzir a soberania econômica e política das nações. Um bom exemplo se refere ao 56
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fato de que como hoje as empresas podem escolher onde irão instalar suas plantas, elas, em alguns casos, se instalam onde os salários são menores. Logo, diminui a capacidade do governo de proporcionar melhores condições sociais. Agora que você já estudou sobre o processo em que ocorre a interdependência financeira internacional, acompanhe nas seções seguintes, sobre as empresas multinacionais e a internacionalização dos capitais.
Seção 2 - Empresas multinacionais e investimento externo direto (IED) Uma das mais importantes características do processo de globalização é a livre mobilidade dos fatores de produção (capital e trabalho). Estes se movem das áreas onde são mais abundantes (menor remuneração) para áreas onde são mais escassos (maior remuneração). No caso do fator trabalho, há a movimentação devido às situações como exilados políticos e fugitivos de guerra. A movimentação do fator trabalho é, na maior parte das vezes, representada pela migração de trabalhadores do terceiro mundo para países do primeiro mundo e visa condições sócioeconômicas melhores. Na atualidade, há grande resistência aos deslocamentos de recursos humanos entre nações (com exceção dos países membros da União Européia), exceto no caso de mão-de-obra altamente qualificada. O que são empresas multinacionais e transnacionais?
Conforme Carvalho e Silva (1999), empresas multinacionais são aquelas que preservam a base de origem nacional e estão sujeitas à regulamentação e ao controle do seu país de origem.
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Já as empresas transnacionais, conforme descrevem os autores citados, têm capital inteiramente livre, sem identificação nacional específica e com gestão internacionalizada e, no mínimo, potencialmente inclinadas a localizar-se em qualquer local do mundo para obter retornos maiores ou com menos riscos. r iscos. O movimento internacional de capitais se dá basicamente de duas formas:
investimento em portfólio ou carteira : diz respeito somente somen te a ativos financeiros. As transações t ransações realizam-se real izam-se através das instituições financeiras. Normalmente são investimentos investiment os de curto cur to prazo e seu movimento se dá de acordo com as perspectivas de remuneração (taxa (taxa de juros do país hospedeiro) hospedeiro) e, por ser de curto prazo, pode ter implicações na vulnerabilidade financeira de um país. Investimento Externo Direto (IED): é a operação na qual uma empresa cria uma subsidiária no exterior ou compra uma empresa já existente em outro país (como no caso das privatizações da telefo telefonia nia no Brasil). Ao contrário do investimento em carteira, o IED é de longo prazo e representa um importante canal para os fluxos internacionais internacio nais de capitais privados.
Na última década, o crescimento c rescimento do IED foi bastante bastante acelerado e representativo representa tivo do processo de globalização. É através do IED que as grandes empresas globais realizam sua inserção em mercados estrangeiros e passam a competir na arena global.
Você já deve ter percebido que a maior parte das empresas multinacionais é dos Estados Unidos, da União Européia e do Japão. Eles representam aproximadamente 85% do IED mundial. No que se refere ao IED, o Brasil é mais receptor do que investidor.. Na década de 90, o país foi um dos maiores receptores investidor de IED devido ao crescimento do mercado brasileiro e ao processo de privatização. Atualmente, muitas empresas brasileiras têm realizado investimentos externos. Dentre os países em desenvolvimento, 58
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o Brasil é um dos países que mais tem empresas que realizam IED. Dentre estas, destacam-se a Petrobras, Grupo Gerdau, Weg, Tupy T upy,, dentre outras. Quais as vantagens para as empresas?
Ao realizar um IED, as empresas buscam obter algum tipo de vantagem no país hospedeiro. Confira Confira algumas a lgumas destas vantagens: va ntagens:
matéria-prima : uma empresa transnacional pode reduzir seus custos de produção e realizar realiza r investimentos diretos em países onde os recursos naturais e/ e /ou matérias-primas matérias-primas sejam mais abundantes (e mais baratos). baratos). Exemp E xemplos los disso são investimentos em petróleo, minerais e atividades agrícolas; mão-de-obra : empresas cuja matriz esteja sediada em um país onde os salários são elevados podem obter vantagens ao criar subsidiárias em locais onde a remuneração dos trabalhadores é menor. Você deve observar também ta mbém que além da remuneração, a decisão em investir no exterior ex terior deve levar em conta também a produtividade produ tividade da mão-de-ob mão-de-obra. ra. Um caso ca so interessante e recente é o deslocamento de empresas de telemarketing dos Estados Unidos para a Índia. Da Índia, os trabalhadores trabal hadores atendem os consumidores consumidores norteamericanos; transporte: os custos de transporte tra nsporte também podem influenciar as decisões de investimento no exterior ex terior.. Neste caso, a localização da empresa será escolhida com base na comparação das despesas de transporte t ransporte do produto final e da matéria matéria-prima; -prima; políticas públicas: alguns países podem oferecer tratamento especial a empresas transnacionais. Os países podem oferecer vantagens em impostos ou subsídios. No Brasil, ficou famosa a guerra fiscal entre os estados da Federação Fed eração que visavam atrair atra ir empresas para sua região e que ofereciam vantagens financeiras para estas.
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E os países? O que têm a ganhar?
De modo geral, os investimento investimentoss externos ex ternos diretos são benéficos para os países hospedeiros, pois criam empregos, aumentam aumentam o PIB e, em muitos casos, contribuem para a transferência tra nsferência de tecnologia e conhecimento. Os investimentos externos também contribuem para aumentar a receita dos governos locais, que com o aumento da atividade econômica, arrecadam mais. Mas, também há inconvenie inconvenientes ntes para os países hospedeiros. Um deles é a redução da soberania dos Estados nacionais na defesa de seus interesses. Outro inconveniente inconveniente sério se s e refere à possibilidade de formação de monopólios/oligopólio monopólios/oligopólioss privados, ou seja, a redução da concorrência.
Seção 3 - A internacionalização da produção Você já sabe que é a perspectiva de lucro (remuneração do capital) que leva pessoas a abrirem empresas. Logo, Logo, é o lucro que move os capitais pelo mundo. Então, pode-se dizer que há basicamente três maneiras de internacionalizar um produto: a) exportação: a maneira mais evidente de internacionaliz internacio nalizar ar um u m determinado produto é enviá-lo ao exterior; b) IED: criar uma subsidiária no exterior (exportar capital); c) licença : conceder uma licença para que uma empresa estrangeira possa produzir um determinado produto (exportar tecnol tecnologia, ogia, paten patentes, tes, etc. 60
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Como se dá a escolha de uma empresa?
A escolha dependerá de uma série de fatores, tais como: economias de escala, demanda, custos de fretes, barreiras comerciais, dentre outros. Bom, se houver barreiras à importação, a exportação do produto é descartada. Mas vamos supor que não existam barreiras comerciais e que os produtos possam ser transacionados livremente. Assim, analise a escolha de uma empresa estrangeira em ter que exportar seu produto para o Brasil ou produzi-lo aqui. De certa forma, a decisão da empresa é condicionada pela demanda do seu produto aqui no Brasil e pela economia de escala que ela pode obter. Caso a demanda no Brasil seja pequena e não compense o investimento, então, a empresa tende a exportar seu produto para o Brasil. Ao contrário, se a demanda no Brasil cresce, será mais vantajoso realizar investimentos diretos aqui ou conceder licença para que alguma empresa brasileira possa produzir o produto aqui. O Registro do IED “A partir da implantação do módulo RDE-IED, o registro dos investimentos externos diretos em empresas receptoras no País, que, por força da legislação em vigor, deve ser efetuado no Departamento de Capitais Estrangeiros e Câmbio - DECEC do Banco Central do Brasil, passa a ser declaratório em meio eletrônico, no Sistema Banco Central de Informações - SISBACEN. RDE-IED é o sistema de registro declaratório eletrônico dos investimentos externos diretos no Brasil. Classificam-se como investimentos externos diretos, para fins de registro declaratório eletrônico, as participações permanentes em empresas receptoras no país, ou, segundo as práticas usuais de mercado, as participações com ânimo de permanentes, detidas por investidor nãoresidente, pessoa física ou jurídica, residente, domiciliada ou com sede no exterior, mediante a propriedade de ações ou quotas representativas do seu capital social, bem como o capital destacado de empresas estrangeiras autorizadas a operar no país: Banco central do Brasil”.
Registro declaratório eletrônico.
Fonte: Registro declaratório eletrônico módulo investimento externo direto rde-ied. Manual do declarante (19.06.2001).
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E as licenças?
Não há uma teoria específica sobre a internacionalização de um produto através da concessão de licenças. Mas, de modo geral, elas ocorrem em casos específicos referentes a patentes ou produtos ligados à tecnologia. O caso mais famoso é o do videocassete formato VHS. Em meados dos anos 60, três companhias pesquisavam e desenvolviam o produto que hoje se conhece como videocassete. A JVC utilizava o padrão VHS (criado pela Matsushita), a Sony possuía o padrão Betamax e a Philips o padrão V2000. Cada padrão tinha um formato de fita diferente um do outro e assim que os aparelhos foram lançados, as empresas fizeram, individualmente, contratos com os estúdios de cinema. Só que um grande problema apareceu: cada filme era lançado apenas no padrão da companhia com a qual o estúdio havia realizado contrato. Logo, a única maneira de uma pessoa poder ver todos os filmes disponíveis em uma locadora era ter três aparelhos em casa, o que é, claramente, impossível. A JVC resolveu o problema ao licenciar seu padrão VHS para outras empresas. Com o tempo, vários produtores ao redor do mundo adotaram esse padrão, o que facilitou a vida das pessoas. E a JVC conseguiu emplacar seu padrão em todo o mundo. Em 2004, o Brasil passou a ser o quinto país em desenvolvimento a realizar IED, só estando atrás de países asiáticos. Naquele ano, empresas brasileiras investiram US$ 9,5 bilhões na construção e/ou aquisição de novas plantas industriais. Entre as empresas, podemos destacar a Petrobras, Odebrecht, Ambev, Tigre tubos e conexões, Fundição Tupy e Weg, dentre outras. Investimentos em carteira ou portfólio?
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Você estudou até agora sobre o IED e viu que trata-se de um investimento de longo prazo e que implica alguns benefícios aos países hospedeiros. Já os investimentos em carteira, ou seja, os investimentos puramente financeiros são normalmente investimentos de curto prazo (este prazo pode ser menor do que um dia). O fato de serem de curto prazo e terem, na maioria dos países, livre mobilidade, implica o aumento da vulnerabilidade dos países menos desenvolvidos. Quando você estudou os fundamentos econômicos aprendeu que os fatores de produção são terra, capital e trabalho. Há alguns países que têm alguns destes fatores em menor abundância, logo, precisam importá-los. É o caso dos países em desenvolvimento, como o Brasil, que têm que importar capital. Ou seja, como se tem pouca poupança interna (observe que, de acordo com a teoria econômica, poupança é igual a investimentos) vai se depender de poupança externa. E já que se depende de poupança externa, o ritmo de crescimento da nossa economia depende dos movimentos de retração e expansão das finanças internacionais. Quanto maior for esta dependência, maior risco corre um determinado país. Na medida em que os controles sobre os movimentos de capitais foram sendo reduzidos, os mercados criaram novos mecanismos de investimentos. Houve, então, uma gradativa redução da importância dos bancos tradicionais, ao passo que novos agentes como corretoras de valores, sociedades de créditos, bancos de investimentos, entre outros, ganharam mercado, pois se especializaram em gerenciamento de carteiras neste novo ambiente. As modernas instituições financeiras captam poupanças e buscam aplicá-las onde proporcionarem maior retorno aos seus clientes. Com a atual tecnologia, sempre se pode modificar a composição de uma carteira e deslocar recursos de um mercado para outro.
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Lembre-se: quanto maior o retorno maior será o risco.
Com a desregulamentação financeira, os agentes passaram a ser mais ousados, ou seja, tornaram-se mais propensos a fazer investimentos mais arriscados, que, em contrapartida, oferecem maior retorno. Mas, para reduzir estes riscos, foram criados diversos mecanismos de defesa, tais como, mercados futuros, swaps e derivativos. Estes mecanismos, principalmente os derivativos, contribuem para aumentar a instabilidade financeira do planeta, pois se tornaram instrumentos de mera especulação financeira. O que move o capital pelo mundo?
Como você já sabe, o que move o capital é a perspectiva de maiores ganhos. Um movimento muito comum é buscar taxas de juros maiores, já que estas representam investimentos mais seguros, pois contam com a garantia dos governos locais. Veja o caso do Brasil: o Brasil que precisa atrair capital estrangeiro para fazer face às suas necessidades de capital. Ao mesmo tempo, o Banco Central brasileiro usa a taxa de juros como um instrumento de combate à inflação. Como você já deve ter reparado ao ler os noticiários brasileiros, sempre que a inflação ameaça aumentar, o BC aumenta as taxas de juros. Com esse aumento, o BC atrai para o país capital de investidores estrangeiros interessados em maiores ganhos. Com a entrada de dólares/euros, no mercado interno, o valor destas moedas tende a cair no mercado doméstico e, assim, prejudica as exportações e incentiva as importações.
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O que é o risco país?
Você já deve ter ouvido esse termo várias vezes, principalmente, com a terminologia “risco Brasil”. Fundamentalmente, o risco país refere-se à significativa volatilidade do Balanço de Pagamentos (BP). Isto porque a facilidade de deslocamento do capital pode levar a rápidas e expressivas variações no saldo em transações correntes. Os países em desenvolvimento tendem a apresentar déficit em transações correntes, pois são importadores de capital. Segundo Carvalho e Silva (1999), o problema dos saldos em transações correntes é que a entrada de capitais externos significa maiores transferências futuras para o exterior, na forma de juros e lucros. Assim, o déficit constante implica a dificuldade de um país em conseguir créditos para financiar este déficit. O risco país reflete a percepção de segurança que os investidores estrangeiros têm em relação à capacidade de um país de pagar sua dívida externa. O risco país é medido pelo número de pontos percentuais de juros que um governo tem de pagar a mais que os EUA para conseguir empréstimos no exterior. Um risco em torno de 650 pontos significa que os títulos do país pagam ao investidor, em média, um prêmio extra de 6,5%, na comparação a um título dos EUA, considerado de risco zero. Mas, afinal, o que causa os aumentos e as quedas no risco país?
Bom, há elementos quantitativos e qualitativos. No caso dos elementos qualitativos, vamos destacar a estabilidade da conjuntura político-econômica de um país. Quanto mais estável for, menor tende a ser o risco e vice-versa.
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No que concerne aos fatores quantitativos, vamos destacar alguns, como você verá no quadro abaixo: INDICADOR Dívida Externa/PIB Transações Correntes/PIB Dívida Externa/Exportações Volume de exportação Volume de Reservas
RISCO + + + -
MEDE Comprometimento do PIB com dívida Dependência de poupança externa Capacidade de gerar divisas Capacidade de gerar divisas Liquidez
Quadro 3.1 – Elementos quantitativos Fonte: Adaptado de Carvalho e Silva (1999).
Dê atenção ao último item. Ele refere-se às reservas de moeda estrangeira (especialmente dólar, euro e libra esterlina) que um país dispõe no cofre do seu Banco Central. Em outras palavras, reservas referem-se ao volume de moeda estrangeira (e ouro) acumulado por um país. Normalmente, as reservas são feitas em moedas conversíveis, como o dólar americano, o euro, o iene e libra esterlina, o franco suíço e outras moedas fortes. As reservas indicam a variação no estoque de moeda estrangeira, ou seja, se o país ganhou mais do que perdeu ou se perdeu mais do que ganhou. As reservas internacionais são utilizadas como ferramentas de intervenção governamental no mercado, já que, através da compra e venda de moedas, é possível controlar as taxas de câmbio. Há estudos que mostram que quanto maior são as reservas, menor tende a ser o risco que o país sofre e menores tendem a ser as variações na taxa de câmbio. Acompanhe a seguir, para aprimorar os conhecimentos adquiridos com esta unidade, as atividades de autoavaliação.
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Síntese Nesta unidade, você aprendeu que a dimensão financeira da globalização é a mais importante característica desse processo. Além disso, aprendeu também que as empresas podem fazer investimentos diretos no exterior ou investimentos em portfólio. De forma geral, fica evidente que o movimento de capitais tem significativo impacto no Balanço de Pagamentos. A próxima unidade convida você a estudar sobre a essência das finanças internacionais: o sistema financeiro internacional. Até lá!
Atividades de auto-avaliação Efetue as atividades de auto-avaliação e, em seguida, acompanhe as respostas e comentários a respeito no final deste livro didático. Para melhor aproveitamento do seu estudo, realize a conferência de suas respostas somente depois de fazer as atividades propostas. Leia com atenção aos enunciados e realize a seguir as atividades: 1. Por que as empresas realizam investimentos diretos no exterior?
2. O que é risco país?
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Saiba mais Se você ficou interessado em conhecer mais detalhes sobre o IED, vale a pena você ler: KRUGMAN, P.; OBSTEFELD, M. Economia Internacional. São Paulo: Makron, 2002. Mas se você quiser saber mais detalhes sobre investimentos em carteira, há uma análise bastante completa em: GONÇALVES, R. et al. Economia internacional: uma perspectiva brasileira. Rio de Janeiro: Campus, 1998.
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UNIDADE 4
Sistema financeiro internacional Objetivos de aprendizagem Entender o sistema financeiro internacional. Compreender as funções do sistema financeiro e os principais agentes e mercados.
Seções de estudo
Seção 1
Quais as funções do sistema financeiro internacional?
Seção 2
Breve histórico do sistema financeiro internacional
Seção 3
Quais são os diferentes tipos de mercados?
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Para início de estudo Com esta unidade, você vai aprender sobre o sistema financeiro internacional. Este sistema se refere ao conjunto de acordos, instituições e regras sob os quais operam os mercados internacionais. No século XX, o sistema financeiro internacional passou por três etapas distintas: o padrão-ouro, o sistema de Bretton Woods e o sistema de taxas de câmbio flutuantes. Carvalho (1998) ensina que sistema financeiro é o conjunto de instituições e mercados operantes em um dado espaço dedicado à transferência entre os agentes econômicos de instrumentos representativos de poder de comando sobre a riqueza existente ou futura. Nas próximas seções você aprofundará seus conhecimentos sobre questões referente ao sistema financeiro internacional.
Seção 1 - Quais as funções do sistema financeiro internacional? Conforme Roberts (2000), o sistema financeiro internacional desempenha basicamente três funções:
realizar os pagamentos correspondentes às transações efetuadas;
prover unidade estável de valor; e,
estabelecer normas para pagamentos diferidos.
No que diz respeito ao sistema financeiro internacional, os pagamentos são internacionais, o que envolve transações em moedas diferentes. As transações em moedas diferentes ocorrem nos mercados de câmbio que são fundamentais para este sistema.
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O comércio internacional e as movimentações de capital geram transações cambiais, já que os pagamentos são feitos nas moedas nacionais ou domésticas. O preço através do qual as moedas nacionais são transacionadas chama-se taxa de câmbio.
Seção 2 - Breve histórico do sistema financeiro internacional A partir de agora, você conhecerá sucintamente, um esboço da história do Sistema Financeiro Internacional, que passou por três etapas: a) Padrão-ouro
O padrão-ouro foi um sistema de câmbio fixo, sendo o ouro a mercadoria padrão. Os países participantes do sistema fixavam certa quantidade de ouro pela qual sua moeda podia ser livremente convertida. O Banco Central é o responsável por trocar por ouro as cédulas emitidas pelo país. Os valores eram determinados de acordo com seus respectivos valores em termos de ouro. Assim, podemos dizer que a quantidade de moeda em circulação em um país era estritamente proporcional à quantidade de ouro disponível em suas reservas - o que ajudava a controlar a inflação e adquirir confiança . Inglaterra adotou o padrão-ouro oficialmente em 1816 com a paridade definida em 123,7 grãos de ouro por libra esterlina (£). A Inglaterra teve papel de destaque no sistema financeiro internacional até o começo da Primeira Guerra Mundial. O comércio internacional utilizava basicamente a libra como moeda. Esta era a principal moeda de reserva e o componente mais importante do mercado de capitais mundial. Isso ocorria devido ao prestígio do Estado inglês e à competência do Banco Central inglês.
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A libra esterlina era tão valiosa quanto o ouro?
No fim do século XIX, diversos países adotaram o padrão-ouro, como os Estados Unidos. Com a Primeira Guerra Mundial, a Inglaterra e outros países europeus abandonaram o padrão-ouro e o dólar (US$) tornou-se referência do sistema. Após a guerra, a Inglaterra e países como a Alemanha retornaram ao padrão-ouro. O principal problema do padrão-ouro era que o comércio mundial estava à mercê de descobertas de novas reservas de ouro. Mas em 1929, uma grave crise abateu-se sobre a economia mundial. Esta crise é conhecida como a Grande Depressão de 1929. Com o mundo vivendo uma séria restrição econômica, a década de 30 viu o colapso do comércio mundial e dos fluxos financeiros internacionais à medida que aumentavam as barreiras protecionistas e as restrições à mobilidade de capital. O início da Segunda Guerra Mundial foi o estopim do colapso da economia internacional. b) O sistema de Bretton Woods
O sistema de Bretton Woods foi assim batizado devido ao fato de que no hotel de mesmo nome, na cidade de New Hampshire (EUA), em julho de 1944, foi realizada uma conferência com a participação de 45 países na qual foi desenhada uma nova configuração para o sistema financeiro internacional. O Brasil foi um dos países que participou desta conferência.
O principal objetivo deste encontro era construir um novo padrão financeiro internacional com o intuito de evitar uma nova depressão como a dos anos 30 e permitir o aumento do fluxo de comércio internacional. Na verdade, desejava-se criar um ambiente de estabilidade cambial. Como a Segunda Guerra Mundial estava perto do fim e os EUA já eram o país mais saudável economicamente, o dólar americano se tornou a moeda pivô neste novo sistema. 72
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Nesta época, os EUA detinham 70% das reservas de ouro do planeta. Assim, o dólar foi ancorado ao ouro e as autoridades americanas eram responsáveis por manter a conversibilidade do dólar em ouro. Para você conhecer esta medida, saiba que:
1 onça de ouro = US$ 35 Já que o dólar tinha esse valor, você deve ter percebido que o sistema de Bretton Woods era um sistema de taxas de câmbio fixas. Mas é importante notar que havia mecanismos e ajustes de forma que se atribuiu às demais moedas uma paridade central em relação ao dólar em torno da qual poderiam flutuar em média 1%. Em casos extremos, que houvesse sérios riscos, os países podiam valorizar ou desvalorizar suas moedas em relação ao dólar. Essa flexibilidade permitia aos países corrigir problemas significativos no Balanço de Pagamentos. De fato, o sistema de Bretton Woods entrou em vigor em 1947, mas apenas parcialmente, pois as moedas européias permaneciam inconversíveis devido à falta de reservas. Lembre-se que ao fim da Guerra, os EUA estavam se expandindo economicamente, enquanto a Europa estava devastada e necessitava recursos para sua reconstrução. Estes recursos foram concedidos através do Plano Marshall.
O Plano Marshall foi um pacote de crédito e doações, entre os anos de 1948 e 1952, que forneceu aos europeus US$ 14 bilhões para financiar a importação de capital e matérias-primas norteamericanos necessários à reconstrução. Mas o sistema de Bretton Woods, assim como o padrão-ouro, também teve seu fim. Uma das razões foi o envolvimento dos EUA na Guerra do Vietnã. O excesso de gastos do governo americano implicou que o governo tinha que tomar empréstimos, o que elevou as taxas de inflação e, por conseqüência, as taxas de juros. Já que todas as moedas tinham sua paridade ancorada no dólar, logo elas sofreram os efeitos da desvalorização da moeda americana. Outra razão para o colapso do sistema reside no fato de que nesta
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época houve significativa exportação de capital dos EUA para expansão de suas multinacionais. c) Sistema de taxas de câmbio flutuantes
Assim, a partir de 1973 o sistema financeiro internacional passou a conviver com o regime de taxas de câmbio flutuantes. Mas afinal, o que é câmbio? O câmbio é um dos preços mais importantes no sistema econômico, pois é responsável por definir as relações de troca entre os países.
Há dois tipos de taxas de câmbio:
câmbio fixo: é aquele cujo valor é definido pelas autoridades monetárias (Banco Central). Mas lembre-se que o câmbio fixo pode variar, mas só quando houver necessidade estipulada pelo Banco Central. câmbio flutuante ou variável: aqui, o valor da moeda estrangeira é determinado pelo mercado, através de livre interação entre demanda e oferta.
Neste caso, há duas formas do Banco Central (BC) operar dentro deste regime:
flutuação suja : o BC atua de forma a estabelecer uma banda ou faixa de variação informal. Ou seja, sem que seja uma informação pública, o BC determina valores mínimos e máximos para a moeda estrangeira e atua como demandante (comprador) ou ofertante (vendedor) de divisas. câmbio livre: o BC atua no mercado apenas visando impedir oscilações bruscas e elevada volatilidade.
Uma moeda é considerada “apreciada” quando uma unidade desta moeda passa a comprar mais unidades de uma determinada moeda estrangeira. 74
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Por exemplo: em uma determinada data zero, a taxa de câmbio real para dólar seja igual a: 1 US$ = 2,90 R$ (inversamente, 1 R$ = 0,344 US$). Numa data posterior, verificamos novamente a taxa e notamos que agora 1 US$ = 2,60 R$ (inversamente, 1 R$ = 0,384 US$). Atente para o fato de que neste caso, o Real se apreciou frente ao dólar (ou o dólar depreciouse), pois precisamos de menos reais para comprar uma unidade de dólar. Em outras palavras, podemos comprar mais dólares com uma unidade de Real.
Por outro lado, a moeda de um país é depreciada quando uma unidade desta moeda compra menos unidades de uma moeda estrangeira. Por exemplo, vamos supor que em uma determinada data zero, a taxa de câmbio real para dólar seja igual a: 1 US$ = 2,90 R$ (inversamente, 1 R$ = 0,344 US$). Numa data posterior, verificamos novamente a taxa e notamos que agora 1 US$ = 3,10 R$ (inversamente, 1 R$ = 0,322 US$). Atente para o fato de que neste caso, o Real foi depreciado frente ao dólar (ou o dólar foi apreciado), pois precisamos de mais reais para comprar uma unidade de dólar. Em outras palavras, podemos comprar menos dólares com uma unidade de Real
Quais os problemas no sistema de taxas de câmbio flutuantes?
Dois problemas mundiais afetaram o sistema de taxas de câmbio flutuantes: a crise do petróleo e a crise da dívida. Confira a seguir, detalhes de cada um desses problemas. Acompanhe a seguir como estas crises aconteceram.
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1. A crise do petróleo
Commodities: No comércio internacional, o termo refere-se a mercadorias no seu estado bruto ou com pouco valor agregado. Também se diz que commodities são produtos com preços internacionais expressos em dólar. São commodities: produtos agrícolas, minerais, aço e petróleo. O Japão, por exemplo, que dependia das importações de petróleo viu seu superávit comercial de US$ 100 milhões se transformar em um déficit de US$ 4,5 bilhões em apenas um ano.
A desvalorização do dólar ocorrida no início da década de 70 implicou significativas perdas aos detentores de dólares e aos produtores de Commodities comercializadas em dólar. Nesta época, a principal commodity era o petróleo. No fim de 1973, a Organização dos Países Produtores de Petróleo (OPEP), insatisfeita com as perdas, retaliou com a redução da oferta de petróleo e com o aumento do seu preço. Outra justificativa para o aumento nos preços do petróleo devese à guerra árabe-israelense, como mostra Roberts (2000). Em pouco tempo, o petróleo quadruplicou de preço. Este fantástico aumento teve um impacto expressivo na economia internacional, pois provocou superávits comerciais nos balanços de pagamentos dos países exportadores de petróleo e déficit no balanço dos países importadores. Este aumento no preço de petróleo ficou conhecido como I Choque do Petróleo. Este choque desencadeou um expressivo processo de inflação nos países mais avançados. Isto porque aumentaram os custos de energia (lembre-se que, nestes países, boa parte da energia elétrica vem de usinas termelétricas a óleo). Além do mais, como o nível de atividade econômica diminuíra, muitos países europeus reduziram suas taxas de juros no sentido de tentar dinamizar a economia. Esta redução também contribuiu para o aumento da inflação.
É importante você lembrar que países em desenvolvimento como o Brasil não aderiram de imediato ao sistema de taxas de câmbio flutuantes. Esta época, conhecida no Brasil como a época do “milagre econômico”, a taxa de câmbio era uma poderosa ferramenta à disposição das autoridades governamentais para dinamizar a economia, aumentar as exportações e equilibrar eventuais problemas no Balanço de Pagamentos. Assim, controles sobre a taxa de câmbio foram constantes no Brasil. Na realidade, o sistema de taxas de câmbio flutuantes só foi utilizado no Brasil a partir de 1999. 76
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2. A crise da dívida
Os choques do petróleo tiveram significativas conseqüências sobre as economias em desenvolvimento, especialmente as da América Latina. Em lugar de investir em projetos produtivos, os governos utilizaram os recursos de forma a angariar mais popularidade na manutenção de empresas estatais ou, como afirma Roberts (2000), desapareceram nas mãos de políticos e burocratas. Em 1982, muitos países em desenvolvimento se viram impossibilitados de pagar os juros de suas dívidas. A crise começou quando o México anunciou a moratória dos pagamentos de sua dívida. A moratória mexicana foi um choque para os principais bancos credores. Estes, especialmente os grandes bancos americanos, estavam expostos às dívidas dos países em desenvolvimento. Veja no quadro a seguir a dívida externa de alguns países da América Latina em 1982. Paí s Argentina Brasil México Venezuela
Dívida Externa (US$ bi) 43,6 92,8 86,0 32,1
Fonte: World Bank.
Assim, como a exposição dos bancos estrangeiros nos países em desenvolvimento colocava em risco o sistema financeiro internacional, os governos dos países desenvolvidos d esenvolvidos e as instituições financeiras internacionais passaram a se envolver na administração da crise. A principal conseqüência para os países em desenvolvimento foi a redução do acesso a crédito, ou seja, na redução dos fluxos de capital para estes países, especialmente os da América Latina. Muitos estudiosos creditam à crise da dívida a grave recessão econômica que reduziu os gastos per capita em um quinto, comparando com a década de 70, na região na década de 80, que é conhecida como “A década Perdida“
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Seção 3 - Quais são s ão os diferentes tipos de mercados? A seguir, nas demais seções, você conhecerá mais detalhes dos diferentes tipos de mercados financeiros internacionais, que são: a) Mercado de câmbio; b) Mercado monetário internacional; c) Mercado internacional de bônus; d) Mercado internacional de ações; e) Mercado de derivativos. a) Mercado de Câmbio
O mercado cambial internacional pode ser definido como o local onde acontecem as negociações bilaterais de moedas de diferentes países. Neste mercado, também é que acontece a compensação financeira dos compromissos entre países derivados do comércio (importações e exportações) e dos fluxos internacionais de capital. E, também acontece um grande volume de transações especulativas, onde os especuladores es peculadores procuram lucrar prevendo corretamente as flutuações cambiais resultantes de diferentes fatores, desde as taxas de d e juros às taxas de desemprego e crescimento da economia. Segundo Roberts (2000) o mercado cambial opera sem que haja uma estrutura institucionalizada do tipo bolsa de valores. As negociações entre compradores e vendedores ocorrem de forma bilateral, via via telefones e computadores. Um dos instrumentos instr umentos da rede de comunicação para transações internacionais é a Society (SWIFT), for Worldwide Worldwide Interbank Financial Telecommunications (SWIFT), uma cooperativa belga.
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O que é especulação? Segundo o dicionário de Economia, de Paulo Sandroni (1989), especulação é a compra e venda sistemática de um ativo com o objetivo de obter lucro rápido e elevado, aproveitando a flutuação de preços. Na verdade, a especulação depende de se ter certas informações sobre os rumos do mercado. O seu sucesso é muito limitado, pois é prática comum numa economia de mercado.
Existem várias agências internacionais que auxiliam na tomada de decisão quanto à aplicação na bolsa. Os principais agentes neste mercado são os Bancos centrais, bancos comerciais, bancos de investimentos, importadores e exportadores, entre outros. O principal objetivo de se atuar neste mercado é buscar alguns mecanismos de hedge contra variações var iações cambiais. Quem atua neste mercado também visa especular e fazer faz er investimentos. Os principais participantes incluem importadores e exportadores, administradores de carteira, c arteira, corretores e Bancos Centrais. O mercado de câmbio é o maior mercado financeiro do mundo. A maior parte das transações envolve poucas moedas: o dólar americano (US$), o Euro (€), a libra esterlina (£ ), o franco suíço (SF), o iene japonês (¥). Diz-se que estas moedas são as ‘moedas conversíveis’, por serem amplamente aceitas para trocas no mercado financeiro internacional. Imagine uma empresa no Brasil que tenha comprado, em dez prestaç prestações, ões, uma máquina importada. Suponha também que cada prestação desta máquina seja de U$ 10.000,00 e que as prestações tenham vencimento no dia 30 de cada mês. Mas, devido à flutuação da taxa de câmbio é praticamente impossível impossív el saber o valor da moeda norte-americana no dia 30. Assim, a empresa procura fazer o que se chama de hedge cambial.
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Qual a natureza do mercado cambial?
Há três formas tradicionais de transações no mercado de câmbio:
transações à vista (mercado spot );
transações a termo (entrega futura); e
Swaps de câmbio.
No mercado spot , a entrega é imediata e o preço é a cotação da moeda no momento da transação. Já no mercado a termo, conforme tratado na disciplina de mercado de capitais, a entrega ocorrerá em um dado momento no futuro. O mercado de swaps cambiais é o mercado onde há transações de compra e venda de divisas (moedas) simultaneamente. O mercado cambial tem estreita ligação com o mercado monetário de cada país. Esta ligação deriva, principalmente, das diferenças de taxas de juros entre os países. Quando, por exemplo, as taxas de juros no Brasil estão mais altas do que na Europa, os fundos cotados em euro se deslocam para o Brasil em busca de rendimentos mais elevados, configurando transações cambiais à vista. A diferença entre as taxas de juros permite a Arbitragem. Podemos definir arbitragem como sendo o lucro decorrente da diferença entre os preços dos ativos em diferentes mercados . Qual é a lei do preço único e a Paridade do Poder de Compra?
Como afirmam Ross, Westerfeld e Jaffe (1995), a Lei do Preço Único (LPU) diz que uma mercadoria custará o mesmo independentemente do país em que foi adquirida. A idéia parece ser um pouco irrealista. Mas a proposta é entender as diferenças nos custos de produção nos países e a diferença nos desempenhos das economias nacionais. Para que a LPU seja válida, três hipóteses devem ser satisfeitas: 80
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1. não deve haver custos de transação (frete, seguros, etc.); 2. não deve haver barreiras ao comércio internacional; 3. os produtos devem ser exatamente iguais. Essas condições dificilmente são satisfeitas. Mas, como os consumidores ao redor do mundo adquirem muitos bens distintos, os economistas se referem à paridade do poder de compra (PPC), isto é, a idéia de que a taxa de câmbio se ajusta de modo a fazer com que uma determinada cesta de mercadorias custe o mesmo, independente do país em que seja produzida. Em outras palavras: a idéia central é que, caso exista livre comércio entre os países, as taxas de câmbio automaticamente tendem a se ajustar de modo que um mesmo produto tenha o mesmo preço, seja ele medido em dólares, euros, reais, ienes, etc, exceto devido às diferenças de frete, seguros, entre outros elementos.
Esta simples afirmação é a base da teoria da “ determinação da taxa de câmbio de longo prazo ”. Suponha que o aço brasileiro e o aço alemão sejam exatamente iguais e que as duas nações produzam aço para vendê-lo no mercado mundial. Dado que o aço brasileiro custa R$ 210/ tonelada e o alemão custa € 300/tonelada, qual deve ser a taxa de câmbio entre o Real e o Euro? Se R$ 210 e € 300 compram uma tonelada de aço, então, basta fazer uma regra de três simples para se descobrir que 1€ = 0,70 R$.
De acordo com a teoria da PPC, diferenças nas taxas de inflação domésticas são responsáveis pela maior parte dos ajustes que ocorrem nas taxas de câmbio. Afinal, se um país tem inflação maior do que outro, então, sua moeda deve se desvalorizar. b) Mercado monetário internacional
O método de escrituração dos fatos contábeis universalmente reconhecido e aplicado pela Contabilidade foi divulgado pelo Unidade 4
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frade franciscano Lucca Pacioli, no Século XV e foi por ele denominado de método das partidas dobradas. O mercado monetário internacional é o mercado atacadista de moedas, normalmente, para obrigações de curto prazo (tempo inferior a um ano). Este mercado inclui:
Regulação é a interferência dos governos na atividade econômica, no sentido de preservar ou aumentar o bem-estar social. Uma das idéias centrais é evitar que as empresas tomem atitudes que possam prejudicar os consumidores.
operações bancárias tradicionais: referem-se a operações onde se utilizam recursos de um banco doméstico para fazer empréstimo ao exterior. Tais empréstimos e captações estão sujeitos à regulação dos bancos centrais domésticos. operações com euromoedas: referem-se às operações com moedas diferentes daquela do país de origem dos operadores. Em outras palavras, os euromercados são os mercados monetários e de capitais internacionais cujas transações se dão em moedas diferentes daquela do país de origem dos operadores. Por exemplo, os eurodólares são depósitos em dólares realizados em bancos que operam fora dos Estados Unidos e usados para fazer empréstimos em dólar fora dos Estados Unidos. Você sabia... O prefixo ‘euro’ não tem nenhuma relação com o Euro, a nova moeda européia? Usa-se este prefixo, pois foi na Europa que, na década de 1950, pela primeira vez aconteceu um depósito em moeda estrangeira. Nesta época, o dólar era a única moeda transacionada no exterior, o que permitia que houvesse depósitos em dólares em outros países, que não os Estados Unidos. Além do mais na guerra fria, os países comunistas, com temor de alguma reação dos EUA, depositavam seus dólares em Londres. Paul Krugman, no seu livro economia internacional: teoria e política, traz um exemplo de como pode surgir um depósito em eurodólares: Suponha que a empresa alemã Daimler-Benz venda um carro para um norte-americano por US$ 40.000,00. O norte-americano pagará com cheque do Citibank, de modo que a Daimler-Benz passa a ter um cheque de US$
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40.000,00. O norte-americano pagará com cheque do Citibank, de modo que a Daimler-Benz passa a ter um cheque de US$ 40.000,00 e tem que tomar a decisão de onde colocar o dinheiro. Imaginemos que a empresa precisará do dinheiro em um mês para pagar um fornecedor nos EUA. Para que o dinheiro renda juros, a empresa pode aplicar em títulos do tesouro americano ou comprar certificados de depósitos emitidos por bancos norteamericanos. Outra opção é comprar um depósito em eurodólares, depositando o cheque do norteamericano em um banco inglês, o Barclays, em Londres, por exemplo. A empresa vai analisar a opção que lhe renda a maior remuneração pelo seu dinheiro (juros). Se o Barclays está pagando mais juros que as aplicações nos EUA, a Daimler optará pelo depósito no banco inglês. Quando o depósito no Barclays é efetuado, um depósito em eurodólares está surgindo.
c) Mercado internacional de bônus
Bônus são títulos de longo prazo que pagam juros e são emitidos por governos, empresas e organizações internacionais. Há dois componentes do mercado internacional de bônus:
bônus estrangeiros: são títulos de longo prazo emitidos em um único mercado nacional em nome de um tomador de empréstimos estrangeiro. São denominados na moeda do país onde é feita a emissão. Eurobônus: são os títulos denominados em uma moeda diferente daquela do país ou mercado em que são emitidos, ou seja, seguem o mesmo princípio dos euromercados.
O Brasil também possui um bônus de capitalização conhecido como C – Bond, que significa Capitalization Bond, principal título da dívida brasileira. Os C-Bonds começaram a ser emitidos em 15 abril de 1994, durante o programa de reestruturação da dívida externa brasileira após a moratória de 1987. Antes disso, o Brasil não tinha acesso a linhas de crédito no mercado financeiro internacional. Unidade 4
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É o papel da dívida brasileira mais negociado no exterior e o mais líquido entre os papéis de dívida dos países em desenvolvimento. Os papéis vencem em abril de 2014. Os pagamentos de juros são feitos a cada seis meses (sempre nos dias 15 de abril e 15 de outubro). Apesar de ser um título com alta liquidez no mercado, o C-Bond paga um spread (taxa de risco adicional cobrada no mercado financeiro internacional) maior que outros títulos da dívida brasileira. Isso porque, o C-Bond é um título que foi criado para reestruturar uma dívida anterior, que o governo não tinha como pagar. O spread pago pelo C-Bond, que vence em 2014, varia em torno dos 430 pontos básicos, valor maior que o Global 30, que vence em 2030, que paga 420 pontos básicos. O spread do Global 2010, por exemplo, é de 300 pontos básicos,100 pontos básicos equivalem a um por cento.
Outros títulos do Brasil que também são negociados no exterior são os Globais (com vencimentos até 2040), Eurobônus, bônus Samurais (emitidos na moeda japonesa, o iene), o Par e o Discount. Os dois últimos, como o C-Bond, foram lançados para o programa de reestruturação da dívida externa, no final da década de 80. No total, o Brasil tem US$ 67,4 bilhões em títulos emitidos no exterior. A maior emissão é em Globais - US$ 32,9 bilhões, seguida pelo Eurobônus, que soma US$ 7,7 bilhões. d) Mercado Internacional de Ações
As negociações de Ações no âmbito de um país são feitas pelas bolsas de valores domésticas. Por outro lado, é recente o fato de empresas ofertarem suas ações em mercados estrangeiros. A negociação de ações internacionais (Ações emitidas em outras bolsas de valores) é uma nova dimensão do capitalismo global. Com Ações cotadas em bolsas estrangeiras, as empresas internacionais têm a oportunidade de levantar fundos em 84
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diferentes mercados de capitais. Nos EUA e em alguns países da Europa, a emissão de Ações de empresas estrangeiras é feita mediante os recibos de depósitos de Ações. O que impede a integração total entre os mercados de Ações domésticos é a diferença entre as legislações contábeis de cada país. Assim, note que emitir Ações em bolsas estrangeiras representa um custo elevado para as empresas, pois ele deve emitir balanços e formulários de acordo com a legislação local. Ao emitir uma ação nos EUA, uma empresa esta emitindo um Recibo de Depósito Americano (ADR). Um ADR é um título emitido nos EUA, em dólares americanos, representando ações de uma empresa estrangeira, permitindo que estas ações sejam negociadas nos EUA.
No Brasil, a primeira empresa a emitir ações fora do país foi a Aracruz Celulose, do Espírito Santo, em 1996, na Bolsa de Valores de Nova Iorque (NYSE). Seu desempenho é excelente já que o Brasil é um dos maiores produtores de celulose do mundo. Depois da Aracruz Celulose, foi a vez da Brahma (antes da fusão com a Antarctica dando origem a Ambev) e o Bradesco, que também seguiram o mesmo caminho. Atualmente, 37 empresas brasileiras negociam ações em Nova Iorque, com destaque para a Gol Transportes Aéreos e a Embraer. e) Mercado de Derivativos
O mais novo mercado, e o que mais cresce, é o de derivativos financeiros. Você já aprendeu o que são derivativos na disciplina de mercado de capitais. Derivativos são ativos que derivam de vários produtos, ou seja, é o nome que se aplica a um conjunto de instrumentos genéricos derivados de outros produtos. Normalmente, os derivativos são utilizados para fazer hedge de riscos financeiros ou para apostar em variações de preços, de moedas, de taxas de juros, etc. Normalmente, os detentores de derivativos não têm a intenção de tomar posse dos valores, moedas ou mercadorias. Apenas, querem lucrar com as diferenças de valores de compra e venda. Unidade 4
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O mercado internacional de derivativos teve início em 1972, na Chicago Mercantile Exchange (CME), bolsa de mercadorias futuras, que lançou um contrato futuro de moedas. Com o fim do sistema de Bretton Woods, ocorreu um expressivo aumento da volatilidade das moedas, que provocou a demanda por um instrumento que permitisse aos agentes econômicos fazerem um “seguro” contra o risco das variações na taxa de câmbio. Na verdade, o termo derivativo representa um conjunto de instrumentos financeiros (futuros, opções e swaps ) que se originam de outros instrumentos financeiros: a) futuros: os futuros financeiros são contratos que comprometem duas partes a transacionar um instrumento financeiro em uma data futura a um preço pré-estabelecido. Normalmente, os contrats futuros são utilizados para fazer hedge , ou seja, reduzir o risco de variações no preço do produto transacionado; b) opções: as opções financeiras são contratos que dão ao seu proprietário o direito de comprar ou vender um determinado produto a um preço pré-estabelecido em um período estabelecido. Não é obrigatório executar a transação. A vantagem é que quando da data de vencimento, o detentor da opção pode escolher entre exercê-la ou não, daí o nome ‘opção’. As opções são utilizadas, principalmente, para venda e compra de produtos agrícolas, mas atualmente são utilizadas em mercados de petróleo, gás natural, energia elétrica, e outras commodities . Além, é claro, de produtos financeiros como câmbio, taxas de juros, crédito, etc. Uma opção de compra dá a seu portador o direito de comprar, ao preço pré-estabelecido. São utilizadas para reduzir o risco de que o preço de um dado ativo tenha subido na data que for exercida a opção. Já uma opção de venda dá a seu portador o direito de vender um certo ativo em uma estabelecida a preço previamente determinado; c) swaps: a tradução literal de swap é troca, logo swaps são transações financeiras em que dois agentes trocam fluxos de pagamentos. Usualmente, são empregados para
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converter uma exposição de mercado existente relativa a um empréstimo, um título, uma moeda ou uma taxa de juros em outra diferente. Os investidores internacionais utilizam swaps para alcançar seu principal objetivo que é maximizar o rendimento de sua carteira. Os Bancos Centrais recorrem aos swaps para obter moeda estrangeira para intervir em seus respectivos mercados cambiais mediantes acordos recíprocos de crédito de curto prazo. Os principais produtos transacionados nestes mercados são as taxas de juros, taxas de câmbio, índice de mercado de ações, commodities e crédito. Em direção à conclusão desta unidade, podemos destacar uma observação de Roberts (2000), segundo o autor, os mercados financeiros não são apenas grandes como ficam cada vez maiores. Para praticar os novos conhecimentos realize as atividades a seguir.
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Síntese Com esta unidade você aprendeu sobre a essência das finanças internacionais: o sistema financeiro internacional. Trata-se do conjunto de instituições e mercados dedicado às transferências entre os agentes econômicos de instrumentos representativos de poder de comando sobre a riqueza existente ou futura. Aprendeu também sobre a taxa de câmbio que é o preço da transação das moedas nacionais. Por isso, na próxima unidade você vai estudar sobre as Instituições Financeiras Internacionais. Até lá!
Atividades de auto-avaliação Efetue as atividades de auto-avaliação e, em seguida, acompanhe as respostas e comentários a respeito. Para melhor aproveitamento do seu estudo, realize a conferência de suas respostas somente depois de fazer as atividades. Leia com atenção aos enunciados e realize a seguir as atividades propostas. 1. Quais os principais tipos de mercados do sistema financeiro internacional?
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2. Quais as funções do sistema financeiro internacional?
3. Na sua opinião, por que a globalização financeira aumentou a vulnerabilidade dos países em desenvolvimento?
Saiba mais Se você ficou interessado em conhecer mais detalhes sobre o Sistema Financeiro Internacional, vale a pena você ler: CARVALHO, Fernando C. Sistema Financeiro Internacional: tendências e perspectivas. In: OLIVEIRA, A.; PINTO JR., H. (orgs.) Financiamento do setor elétrico brasileiro. Rio de Janeiro: Garamond, 1998. ROBERTS, Richard. Por dentro das finanças internacionais: guia prático dos mercados e instituições financeiras. Rio de Janeiro: Zahar, 2000. Mais detalhes sobre investimentos internacionais você pode encontrar no livro: ROSS, S.; WESTERFIELD, R.; JAFFE, J. Administração financeira. São Paulo: Atlas, 1995.
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A seguir, realize a leitura dos artigos: o primeiro publicado no Editorial da Folha de São Paulo em 26 de fevereiro de 2005 e, o segundo, baseado em Carvalho e Silva (2000). Mas antes, uma curiosidade: ÍNDICE BIG MAC Uma curiosidade sobre a teoria da Paridade do poder de compra A partir de 1986, a revista inglesa The Economist passou a utilizar uma commodity internacionalmente conhecida, o sanduíche Big Mac da rede MacDonald’s, para avaliar a validade da teoria da paridade do poder de compra. Na verdade, a intenção da revista era fazer uma brincadeira com a teoria, pois o sanduíche não pode ter preços semelhantes ao redor do mundo, já que há diferenças de custos (salários, matérias-primas) entre as nações que vão ter conseqüências no preço do sanduíche. Funciona assim: Em fevereiro de 2005, um Big Mac custava no Brasil, em média, R$ 6,85. Nos EUA, o seu preço era US$ 2,65. Para que o sanduíche custasse a mesma coisa nos dois países, um dólar deveria valer, no Brasil, R$ 6,85/US$ 2,65 = R$2,58. Nesta época, a taxa de câmbio era aproximadamente 1 US$ = R$ 2,62. Note que os valores estão bem próximos um do outro. A diferença é de apenas R$ 1,3%. O mais irônico é que a idéia começou como uma brincadeira e hoje o Índice Big Mac é levado a sério por analistas do mundo inteiro para entenderem as variações nas taxas de câmbio. Você pode consultar o índice em www.economist.com. INSTABILIDADES GLOBAIS (Editorial da Folha de São Paulo em 26 de fevereiro de 2005) Os mercados financeiros globais vêm revelando seu potencial de instabilidade não apenas nos países emergentes, mas também no centro do sistema econômico mundial. Diante do elevado e renitente déficit da balança comercial norte-americana – que atingiu US$ 617,7 bilhões, equivalentes a 5,2% do PIB – e da política de “negligência benigna” em relação à desvalorização do dólar, adotada pelo Tesouro americano, os investidores públicos e privados ameaçam promover reajustes de seus portfólios. O estoque de ativos norte-americanos – títulos do Tesouro, ações e bônus das corporações – detidos por investidores estrangeiros chegava a US$ 4,5 trilhões em outubro de 2004. Apenas os japoneses, sob liderança do Banco Central do Japão, detinham US$ 711,8 bilhões em títulos do Tesouro dos EUA; a China, US$ 193,8 bilhões e a Coréia do Sul US$ 69 bilhões. Como o dólar se enfraquece, esse gigantesco estoque de riqueza vai perdendo o valor. No entanto, ele é fundamental para preservar as relações entre os EUA, como forte importador de mercadorias e capital, e os países asiáticos, que desempenham o papel de exportadores. Nesse contexto, gerou alguma turbulência o anúncio de alguns bancos centrais – como o da Rússia, o da Coréia do Sul e os dos países produtores
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de petróleo – estariam movimentando-se para diversificar, na margem, suas reservas internacionais mediante aplicações em outras moedas ou ativos mais rentáveis. Paralelamente, os investidores privados ampliaram suas posições vendidas de dólar nos mercados futuros de câmbio, apostando na continuidade do processo de desvalorização da moeda norte-americana no mercado internacional. O perigo reside no fato de que um possível colapso do valor do dólar poderia forçar o Fed (banco central norte-americano) a promover um aumento das taxas de juros de curto prazo para atrair recursos, desencadeando uma série de efeitos, além da conseqüente desaceleração da economia global. A elevação dos juros revalorizaria o dólar, causando prejuízos monumentais aos fundos de investimentos com posições contrárias à moeda americana. Diante dessas possíveis turbulências financeiras e cambiais, o mais sensato – e o esperado – é que os bancos centrais não façam movimentos bruscos, mantendo-se cautelosos em relação à gestão de suas reservas. Quanto aos movimentos de capitais privados, é previsível o vai-e-vem sobre o Atlântico e o Pacífico. Se há ameaça de desvalorização do dólar, eles fluem para a Europa e o Japão. Todavia, como o crescimento dessas regiões é menor que o norteamericano, o potencial de valorização dos ativos é mais limitado, o que acaba estimulando os capitais a refluir para Wall Street. Nesse quadro, persiste um elevado grau de instabilidade financeira global, que oferece riscos, mas não parece prenunciar, ao menos por ora, nenhuma catástrofe.
O PERIGO DOS DERIVATIVOS Por Carvalho e Silva (2000) Contratos futuros são acordos entre duas partes para comprar ou vender um determinado ativo, seja ele real ou financeiro. A grande vantagem do mercado futuro é reduzir a volatilidade do preço de uma mercadoria e reduzir o risco dos agentes envolvidos na transação. Derivativos são operações derivadas das operações de mercado futuro. Os derivativos foram criados para reduzir o risco das operações financeiras, via incremento da diversificação e ampliação do mercado. No entanto, na última década, passaram a representar elevado risco, pois com um volume mínimo de capital é possível alavancar muito dinheiro e aumentar o risco da atividade econômica. Vamos ver um exemplo: Uma empresa americana fechou um contrato de exportação para a União Européia no valor de US$ 1 milhão, que será pago em euro (€) dentro de
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seis meses. Suponha que, no momento do fechamento do contrato, a taxa de câmbio seja € 1,5/1 US$. Logo, a empresa teria a receber € 1,5 milhão. Como a empresa é americana, ela está interessada na receita em dólar. No entanto, entre o momento do fechamento do contrato e o pagamento, podem acontecer mudanças na taxa de câmbio, que podem representar ganhos ou perdas para a empresa. Ela vai ganhar se o euro se apreciar e vai perder caso o euro se deprecie. Você já percebeu que quanto maior a desvalorização, maior será o prejuízo da empresa. Para se proteger e garantir o recebimento de US$ 1 milhão, a empresa pode comprar dólares no mercado futuro. Se, até o vencimento, o euro se valorizar, o ganho na operação de exportação anula a perda no mercado futuro. Caso contrário, o ganho no mercado futuro compensa a perda na exportação. Assim, a empresa minimiza o risco cambial. O perigo dos derivativos está no fato de que, neste mercado, os especuladores podem mobilizar muito dinheiro dispondo de muito pouco. Imaginemos que a taxa de câmbio euro / dólar seja € 1,5/1 US$ e que o especulador contrate um derivativo apostando que a moeda européia terá uma desvalorização de 5%. Ou seja, ele está apostando que a cotação cairá para € 1,575/ 1 US$. Caso sua previsão se confirme, ganhará 0,075 € por dólar apostado. Do contrário, terá que pagar esta quantia. O dinheiro que o especulador precisa para bancar sua aposta é a diferença entre o preço contratado e a cotação efetiva da moeda no vencimento do contrato, além dos custos de transação (taxas de administração das corretoras/bancos). Como esse dinheiro pode ser financiado, os especuladores podem causar significativos prejuízos a economia de um país. Assim, quando os indicadores de um determinado país levam a prever desvalorização de sua moeda, as empresas tendem a se proteger e os especuladores aproveitam para lucrar. A isto chamamos de ataque especulativo. Um ataque especulativo ocorre quando todos os agentes econômicos querem vender uma determinada moeda e, no limite, o Banco Central do país passa a ser o único comprador. Caso o Banco Central, tenha reservas suficientes, ele será capaz de defender sua moeda. Caso contrário, não há como evitar a desvalorização. Há vários casos recentes de ataque especulativo: A Grã-Bretanha, em 1992; México em 1994; Tailândia, Malásia e outros países da Ásia em 1997; A Rússia em 1998; o Brasil em 1999; e a Argentina em 2001.
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Instituições financeiras internacionais Objetivos de aprendizagem Conceituar instituição financeira internacional. Identificar qual o contexto de atuação de uma instituição financeira internacional. Conhecer como os países e suas instituições podem se disponibilizar das organizações multilaterais de crédito que exercem suas atividades no sistema financeiro internacional.
Seções de estudo
Seção 1
O que é uma instituição financeira?
Seção 2
Como se desenvolveram as instituições financeiras internacionais?
Seção 3
Quais são as formas das instituições financeiras internacionais?
Seção 4
Qual o contexto atual do mercado financeiro internacional?
Seção 5
Quais são as organizações multilaterais de crédito?
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Para início de estudo Como você pôde notar na unidade anterior, o sistema financeiro internacional tornou-se mais complexo nas últimas décadas. A chamada globalização financeira provocou um aumento no número de transações entre agentes financeiros nos mais diferentes países, desenvolvendo negócios com várias moedas. A nova arquitetura financeira internacional gerou mudanças na atuação das instituições financeiras. E são as instituições financeiras que constituem o objeto de estudo desta unidade. Aqui você conhecerá quais são as principais instituições financeiras internacionais e como atuam no mercado financeiro atual.
Seção 1 - O que é uma instituição financeira? No atual arranjo do sistema financeiro nacional e internacional, as principais instituições estão constituídas sob a forma de banco múltiplo (banco universal), que oferece ampla gama de serviços bancários. Mas ainda encontra-se instituições que apresentam um grau de especialização, conforme exemplos a seguir:
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bancos comerciais - comerciais captam principalmente depósitos à vista e depósitos de poupança e são tradicionais fornecedores de crédito para as pessoas físicas e jurídicas (especialmente capital de giro no caso das empresas); bancos de investimento - captam depósitos a prazo e são especializados em operações financeiras de médio e longo prazo; caixas econômicas - no Brasil temos as Caixas Econômicas. Elas captam depósitos à vista e depósitos de poupança e atuam mais fortemente no crédito habitacional;
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bancos cooperativos e cooperativas de crédito: essas instituições são voltadas para a concessão de crédito e prestação de serviços bancários aos cooperados; sociedades de crédito imobiliário e associações de poupança e empréstimo: também são voltadas para o crédito habitacional; sociedades de crédito e financiamento: são direcionadas para o crédito ao consumidor; empresas corretoras e distribuidoras: possuem atuação centrada nos mercados de câmbio, títulos públicos e privados, valores mobiliários, mercadorias e futuros.
O que é banco múltiplo?
No Brasil, de acordo com a resolução nº 2.099/94 do Conselho Monetário Nacional, considera-se que banco múltiplo são as instituições financeiras privadas ou públicas que realizam as operações ativas, passivas e acessórias das diversas instituições financeiras. Os bancos múltiplos atuam por intermédio das seguintes carteiras: comercial, de investimento e/ou de desenvolvimento, de crédito imobiliário, de arrendamento mercantil e de crédito, financiamento e investimento. Essas operações estão sujeitas às mesmas normas legais e regulamentares aplicáveis às instituições singulares correspondentes às suas carteiras. A carteira de desenvolvimento somente poderá ser operada por banco público. O banco múltiplo deve ser constituído com, no mínimo, duas carteiras, sendo uma delas, obrigatoriamente, comercial ou de investimento, e ser organizado sob a forma de sociedade anônima. As instituições com carteira comercial podem captar depósitos à vista. Na sua denominação social deve constar a expressão “Banco”:
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os bancos comerciais são instituições financeiras privadas ou públicas que têm como objetivo principal proporcionar suprimento de recursos necessários para financiar, a curto e a médio prazos, o comércio, a indústria, as empresas prestadoras de serviços, as pessoas físicas e terceiros em geral. A captação de depósitos à vista, livremente movimentáveis, é atividade típica do banco comercial, o qual pode também captar depósitos a prazo; os bancos de investimento são instituições financeiras privadas especializadas em operações de participação societária de caráter temporário, de financiamento da atividade produtiva para suprimento de capital fixo e de giro e de administração de recursos de terceiros. Devem ser constituídos sob a forma de sociedade anônima e adotar, obrigatoriamente, em sua denominação social, a expressão “Banco de Investimento”. Não possuem contas correntes e captam recursos via depósitos a prazo, repasses de recursos externos, internos e venda de cotas de fundos de investimento por eles administrados. As principais operações ativas são financiamento de capital de giro e capital fixo, subscrição ou aquisição de títulos e valores mobiliários, depósitos interfinanceiros e repasses de empréstimos externos (resolução nº 2.624 do Conselho Monetário Nacional de 1999).
No cenário internacional, as atividades desenvolvidas pelos bancos variam de país para país de acordo com a legislação e/ou práticas mercadológicas. Nos EUA e no Reino Unido geralmente os bancos comerciais são separados dos bancos de investimento. Na Alemanha e na Suíça é comum a existência de bancos múltiplos. Quais são os tipos de atuação dos bancos?
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Os bancos, de forma geral, podem operar em dois ramos: atacadista e varejista.
Atacadista : negócios com outros bancos, com governos, com instituições não-governamentais, bancos centrais. Operam principalmente no mercado interbancário, onde os bancos fazem negócio entre si. Varejo: atendimento ao público em geral, inclusive empresas.
Agora que você já sabe o que é uma instituição financeira e seus tipos e áreas de atuação, conheça a seguir, as intituições financeiras internacionais.
Seção 2 - Como se desenvolveram as instituições financeiras internacionais? Já é senso comum que os mercados financeiros sofreram um forte processo de internacionalização das suas operações nos últimos anos. A tecnologia agora permite a disponibilização da informação em todos os mercados, assim como a transferência de enormes quantias de recursos financeiros em questão de segundos. Mas o que determinou a rápida expansão da atividade bancária internacional?
Em resposta a essa pergunda, Krugman (1999) indica que houve um crescimento acentuado do comércio internacional e a expansão das atividades multinacionais das empresas. Como as empresas precisam de serviços financeiros internacionais, os bancos passaram a expandir seus negócios em áreas estrangeiras.
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Esse processo intensificou-se a partir dos anos 60 com o surgimento dos euromercados, conforme você estudou na unidade anterior. Tornou-se possível que um importador inglês de produtos norte-americanos, mantenha um depósito em dólares (mercado de euromoedas). O aumento do preço do petróleo nos anos 70 criou nos países exportadores de petróleo grandes excedentes de dólares em suas balanças comerciais. Grande parte desses dólares foram depositados fora dos EUA, o que também estimulou o crescimento do mercado com moedas estrangeiras. Quais são os outros fatores que pressionam para o crescimento do mercado financeiro internacional?
Como as transações bancárias internacionais cresceram muito mais que o próprio comércio internacional, acredita-se que houve um desejo dos bancos de escapar das regulamentações governamentais internas sobre a atividade financeira e, com isso, deslocar algumas das suas operações para fora do seu país de origem e também os depositantes desejaram manter moedas fora da jurisdição dos países que as emitem. E depositar fora do país de origem pode significar escapar de taxas de juros baixas, por exemplo.
Securitização é a conversão de empréstimos bancários e outros ativos em títulos ( securities) para a venda a investidores que passam a ser os novos credores desta dívida.
Somente em 1982, quando houve o início da crise internacional da dívida (dificuldade dos países devedores pagarem seus empréstimos externos) é que houve uma redução do ritmo de crescimento dos ativos em moeda estrangeira dos bancos internacionais. Na década de 90, o que marcou a evolução da atividade bancária internacional foi o aumento do uso de títulos, a conhecida securitização , ao invés do financiamento bancário. Como ocorreu com as operações bancárias em euromoedas, o desenvolvimento dos mercados de eurobônus se deu em reação às restrições e aos custos de transação na emissão de bônus na moeda dos mercados internos. Em 1960 apenas oito bancos norte-americanos tinham filiais em países estrangeiros, agora centenas têm filiais internacionais;
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assim como o número de escritórios de bancos estrangeiros nos EUA tem aumentando significativamente. Os números relativos à economia brasileira também registram o mesmo processo, como você verificará a seguir. Segundo Roberts (2000), a atividade bancária internacional tem duas dimensões: os serviços bancários internacionais e os bancos multinacionais. Os serviços bancários internacionais consistem no atendimento das necessidades internacionais de diversos clientes como: importadores, exportadores ou viajantes, no país e no exterior. Com o aumento das transações internacionais, os bancos passaram a desenvolver relações com outros bancos, em outros países, de modo a funcionar como agentes locais uns dos outros. Atuam nas atividades conhecidas como “Cross-border operations” ou “external operations” que consistem em transações entre residentes de diferentes países. Como agentes locais, esses bancos recebem e mantém depósitos, informam a classificação de crédito dos clientes. Com o desenvolvimento da atividade bancária internacional, os bancos passaram a ter presença própria no mercado internacional, o que fez surgir os bancos multinacionais. As várias formas de atuação das instituições financeiras no mercado internacional podem ser identificadas no quadro a seguir:
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Atuação
Subsidiária
Filial no exterior
Escritório de representação Agência
Banco consorciado
Descrição É uma entidade legal distinta do banco matriz. Um banco subsidiário no estrangeiro difere de um banco local porque o banco estrangeiro detém o controle. Uma subsidiária de banco estrangeiro no Brasil é uma empresa brasileira, com sede e administração no Brasil. É o escritório de um banco em outro país, submetido a legislação local e, geralmente da de seu país de origem. Um sistema de filiais permite aos bancos atender as necessidades das empresas multinacionais e trabalhar com todos os fusos horários. Funcionam com pontos de contato entre bancos e clientes locais, mas não podem captar depósitos nem realizar empréstimos. As agências assemelham-se a uma filial, mas não podem captar depósitos locais. São instituídas quando os governos hospedeiros não permitem aos bancos estrangeiros a abertura de filiais. Podem realizar empréstimos e transferências. É um banco cuja propriedade está distribuída entre vários bancos e empreende atividades bancárias diferentes daquelas desenvolvidas pelos bancos acionistas.
Quadro 5.1 – Campos de atuação das instituições financeiras Fonte: Adaptado de Roberts (2000)
Você aprendeu nesta seção sobre as instituições financeiras internacionais e, a descrição de sua trajetória histórica. Na próxima, conheça as formas de atuação bem como, a atuação dos bancos internacionais.
Seção 3 - Quais são as formas das instituições financeiras internacionais? O BIS (Bank for International Settlements), considerado o banco central dos bancos centrais, utiliza os seguintes conceitos relativos à atividade internacional de instituições financeiras:
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Banco Doméstico ou Domestic Bank - banco que possui a sede dentro do país em que está localizado.
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Banco Estrangeiro ou Foreign Bank - banco cuja sede está fora do país em que está localizado. Constitui uma filial; Negócios Bancários Internacionais ou International Banking Business - nesse contexto, o termo internacional refere-se aos bancos com transações em qualquer moeda com não-residentes (external or cross-border business ), além das transações com moedas estrangeiras (não-locais) com residentes. Um depósito off-shore é um depósito bancário denominado em uma moeda que não a do país de origem de um banco – por exemplo, depósitos em ienes em um banco de Londres. Os depósitos off-shore em moeda são considerados euromoedas. Os depósitos em dólares efetuados fora dos EUA são denominados eurodólares. Os bancos que aceitam depósitos em euromoedas (incluindo os eurodólares) são conhecidos como eurobancos; Instrumentos Bancários Internacionais ou International Banking Facility (IBF) - é uma unidade bancária dos EUA conduzindo negócios além das fronteiras norte-americanas, sem restrições impostas por regulamentos aplicados a outros bancos que operam com residentes. Instituições similares existem no Japão. IBFs e outras instituições similares são consideradas instituições residentes do país em que estão localizadas. Os IBFs surgiram para possibilitar que bancos norteamericanos concorressem por depósitos internacionais e operassem na realização de empréstimos em dólares. Foi uma forma encontrada pela legislação dos EUA para permitir que seus bancos participassem do mercado de euromoedas; Mercado Internacional Interbancário ou International Interbank Market - consiste em um mercado monetário internacional em que os bancos emprestam uns aos outros, seja interfronteiras dos países ou localmente em moeda estrangeira, uma quantidade grande de dinheiro, geralmente no curto prazo, de overnight a seis meses;
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Negócios Entre Escritórios ou Inter-office Business são negócios entre diferentes escritórios de um mesmo banco. Na estatística do BIS geralmente considera-se somente as operações cross-border ou locais em moeda estrangeira; Centros Off-shore ou Off-shore Centers - essa expressão é usada para descrever o país cujo setor bancário trabalha principalmente com não-residentes e/ou com moeda estrangeiras em uma escala desproporcional ao tamanho da economia doméstica. Consulte o livro Bank for International Settlements: Guide to the international banking statistics. BIS Papers, n. 16. Switzerland: Monetary and Economic Department, april, 2003. Este guia você também encontrará na internet.
No Brasil, o Banco Central utiliza as seguintes expressões:
instituição financeira nacional com participação estrangeira - as instituições que possuem participação direta e/ou indireta relevante, ou seja, entre 10% e 50% do capital votante; instituição financeira nacional com controle estrangeiro - as instituições que possuem participação direta e/ou indireta da maioria do capital votante; instituição financeira estrangeira - as instituições constituídas e sediadas no exterior com dependência ou filial no país.
Como ocorre a atuação dos bancos internacionais?
No que se refere aos bancos comerciais internacionais, essencialmente, sua atuação é com:
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financiamento comercial - financiamento de importações e de exportações na forma tradicional de letras de câmbio ou por outros meios;
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negociação com moedas - operações com câmbio; empréstimo ao exterior - empréstimo a clientes no exterior.
Foi a partir dos anos 60 e 70, com o desenvolvimento dos euromercados que os bancos comerciais passaram a negociar com:
euromoedas (corretagem com euromoedas); empréstimos consorciados (participação de grupos de bancos na concessão de empréstimos em euromoedas); eurobônus (subscrição de emissões em nome de empresas e governos e negociação de eurobônus).
Nos anos 80 e 90 surgiram:
derivativos e formas de financiamento inovadoras (instrumento de emissão de títulos e futuros, opções, swaps financeiros); operações no mercado monetário global (negociações no mercado monetário com instrumentos como o títulos do tesouro norte-americano); custódia global (liquidação de títulos e serviços de gestão para administradores de fundos e outros grandes investidores); negócios bancários privados globais (oferta de serviços bancários e financeiros dirigidos para pessoas ricas). E a atuação dos bancos de investimento internacional?
Quanto a atuação dos bancos de investimento internacionais, desenvolvem as seguintes atividades principais:
levantamento de capital - subscrição, estruturação e venda de ações e títulos de dívida para pessoas jurídicas, governos e instituições; negociação - Determinação de preços de compra e venda de títulos de investidores e operações de tesouraria do próprio banco; Unidade 5
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gestão financeira institucional - consultoria para empresas e governos sobre ampla gama de negócios; gestão de ativos - administração profissional de fundos de investidores institucionais, fundos mútuos próprios e demais fundos de investimento por cotas.
Outras atividades importantes são transações cambiais, como commodities e derivativos, gestão de aquisições de controle acionário e de capital de risco, gestão monetária e atividades bancárias específicas.
Seção 4 - Qual o contexto atual do mercado financeiro internacional? Nos últimos anos o mercado bancário internacional sofreu o impacto da maior liberalização dos mercados internacionais, o que gerou maior concorrência entre os bancos assim como entre bancos e não-bancos. Observa-se, por exemplo, que empresas especializadas em cartões de crédito concorrem com a concessão de empréstimos. Juntamente com a liberalização houve a globalização, que gerou um incremento e a intensificação da atividade bancária multinacional. Houve também maior desintermediação das operações e com isso cresceu a securitização. No campo tecnológico, percebe-se que a tecnologia está alterando consideravelmente as atividades bancárias. O banco por telefone e o banco pela internet, vem se firmando como alternativas aos serviços prestados pelas agências bancárias, gerando mudanças nos processos internos e na estrutura organizacional das corporações. Em termos de estratégia, identificou-se a formação de conglomerações ao longo das últimas décadas. Grandes conglomerados surgiram nos últimos anos. Os bancos estão adquirindo companhias de seguro e empresas de administração de fundos que possibilitem vender seguros e produtos para aplicações em suas agências. 104
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Todas essas pressões resultam em estratégias de fusões e aquisições no mercado bancário internacional. As fusões geram cortes de custo e obtenção de economias de escala e escopo, além de impor barreiras à atuação de concorrentes. O 74o Relatório Anual do BIS (de 1º de abril de 2003 a 31 de março de 2004) corrobora essas tendências. O relatório destaca que a partir dos anos 90 os bancos alcançaram a racionalização da sua estrutura de custos internos e aumentaram a eficiência nas suas operações, enquanto procuraram ampliar a estabilidade dos seus ganhos por meio da diversificação de receitas. A redução de custos tem sido obtida por redução nos níveis hierárquicos. O aumento dos recursos de tecnologia da informação e a terceirização tem permitido aos bancos tirar vantagem de economias de escala e enfocar as operações nas funções essenciais (core functions ) de intermediação e distribuição de produtos financeiros. Os bancos norte-americanos iniciaram esse processo no início dos anos 90 e têm avançado rapidamente. As instituições européias têm tomado essas iniciativas mais recentemente. Os bancos japoneses, depois de um início vagaroso, têm acelerado a implementação de planos de racionalização. Ao contrário das tendências em relação aos custos, o quadro não é claro em relação aos estabelecimentos bancários. Enquanto as novas tecnologias implicariam em um movimento para canais de distribuição mais eficientes em termos de custos, em comparação com os bancos tradicionais, o sucesso de várias formas de bancos remotos tem sido melhor combinados com as operações tradicionais. Além disso, um enfoque mais intensivo no mercado bancário varejista tem transformado as redes de estabelecimentos bancários em importantes pontos de venda para uma variedade crescente de serviços financeiros. A concentração permanece como uma opção estratégica para os banqueiros, apesar de que houve um considerável arrefecimento nas fusões em comparação com o final dos anos 90.
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Mas ainda no início deste século, dois grandes acordos nos EUA criaram a segunda e a terceira maiores organizações bancárias norte-americanas. Além disso, complementa o relatório do BIS, a concentração em nível local e regional toma o lugar de estruturas institucionais que estão se desmantelando e que historicamente suportaram a fragmentação do sistema bancário norte-americano. Na Europa, uma concentração doméstica também continua. Desapontamentos com as persistentes dificuldades na formação de um mercado bancário Pan-Europeu fez com que alguns bancos europeus buscassem fortalecer suas posições financeiras domésticas. O quadro a seguir mostra a concentração que ocorreu no setor bancário em vários países, assim como a evolução do número de estabelecimentos e empregos gerados. Concentração2
Estados Unidos Japão Alemanha França Reino Unido Itália Canadá Espanha Austrália Holanda Bélgica Suécia Áustria Suíca
1990 13 42 174 52 49 24 83 38 65 74 48 70 35 54
1997 21 39 17 38 47 25 87 47 69 79 57 90 44 73
20033 24 42 22 45 41 27 87 55 77 84 83 90 44 80
Número de estabelecimentos (em milhares) 1990 1997 20033 72.8 77.3 84.8 24.7 25.4 22.7 43.3 47.1 38.2 25.7 25.5 26.2 19 14.3 12.9 17.7 25.6 29.9 8.7 9.4 10.4 35.2 37.6 39.4 6.9 6.1 4.9 8 7 3.7 8.3 7.4 5.6 3.3 2.5 2 4.5 4.7 4.4 4.2 3.3 2.7
Emprego (em milhares) 1990 696 593 696 399 423 324 211 252 357 123 79 45 75 120
1997 751 561 751 386 360 343 264 242 308 120 77 43 75 107
20033 732 447 732 384 360 341 279 239 344 140 75 42 75 100
Quadro 5.2 - Reestruturação do Setor Bancário Internacional 1 Fonte: 74o Relatório Anual do BIS (1 abril 2003 - 31 Março 2004)
Notas: 1 Instiuições que aceitam depósitos como bancos comerciais e outros tipos de bancos mútuos e cooperativos. 2 Ativos dos cinco maiores bancos como um percentual dos ativos dos demais bancos. 3 Para Bélgica, França, Alemanha, Itália, Japão, Suíça e Reino Unido, considerar 2002. 4 1995.
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Seção 5 - Quais são as organizações multilaterais de crédito? Nas décadas de 40 e 50, importantes instituições financeiras foram criadas no mercado internacional. Com isso, passaram a configurar um novo sistema financeiro internacional. Nesta seção, você poderá conhecer as principais características dessas instituições e seus instrumentos de atuação: FMI, Banco Mundial e o BID. A) Fundo Monetário Internacional
Em 1944, representantes de 44 nações reuniram-se para estabelecer o sistema monetário que vigoraria após a Segunda Guerra Mundial. O FMI foi concebido em uma conferência das Nações Unidas em Bretton Woods, New Hampshire, EUA. O objetivo da criação de um Fundo Monetário Internacional era construir uma estrutura de cooperação entre as economias do mundo para evitar a repetição das políticas econômicas que contribuíram para A Grande Depressão dos anos Trinta. Foi a partir dessas negociações entre as nações que foi constituído o FMI – Fundo Monetário Internacional, que começou a operar em março de 1947. O Brasil ingressou no FMI em janeiro de 1946. Hoje o Fundo conta com 184 países membros e tem sua sede em Washington, EUA. Atuam no Fundo aproximadamente 2.700 pessoas de 141 países. O total de cotas (em ago/2004) era de $311 bilhões ou SDR $213 bilhões. O Fundo Monetário internacional foi criado com o objetivo de promover a cooperação monetária internacional garantindo a estabilidade do sistema monetário e provendo assistência financeira temporária aos países que necessitam de auxílio no processo de ajuste do balanço de pagamentos. Quais os principais objetivos do FMI?
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Os principais objetivos do FMI consistem em:
promover a cooperação monetária internacional através de uma instituição permanente que proporcione consulta e colaboração para resolução de problemas monetários internacionais; faciliar a expansão e o crescimento balanceado do comércio internacional, e contribuir para a promoção e manutenção de altos níveis de emprego e do produto real, além do desenvolvimento de recursos produtivos para todos os membros integrantes do Fundo; promover a estabilidade no sistema de trocas internacionais , prevendo crises econômicas e encorajando os países a adotar determinadas políticas econômicas; assistir no estabelecimento de um sistema multilateral de pagamentos e na eliminação de restrições às trocas internacionais; tornar os recursos do Fundo temporariamente disponíveis aos seus membros (com salvaguardas) e provendo-os com a oportunidade de corrigir desajustes na balança de pagamentos. Quais os serviços prestados pelo FMI?
O Fundo desenvolve um trabalho de acompanhamento econômico de cada membro. Geralmente, uma vez por ano, o Fundo faz uma análise da situação econômica do país e discute com as autoridades as políticas consideradas mais adequadas para o seu crescimento econômico. O FMI combina as informações individuais para elaborar uma avaliação do desenvolvimento global e do desenvolvimento regional e faz projeções. O resultado desses trabalhos são publicados nos relatórios conhecidos como “World Economic Outlook” e no “Global Financial Stability Report ”. Outro serviço prestado pelo Fundo é a oferta de assistência técnica. Tem como objetivo auxiliar os países membros a 108
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desenhar e implementar suas políticas econômicas em áreas como política fiscal, monetária, taxas de câmbio, supervisão e regulamentação bancária e criação de sistemas estatísticos. E o serviço prestado pelo Fundo mais conhecido consiste na oferta de assistência financeira para correção de desequilíbrios na balança de pagamentos. Um programa é desenvolvido pelo FMI em conjunto com as autoridades do país e o suporte financeiro é mantido de acordo com a efetiva implementação do programa idealizado. Como ocorrem os financiamentos do FMI?
A maioria dos financiamentos do FMI provem de três tipos diferentes de políticas.
Stand-By arrangements: é a princiapl política do FMI.
Foi usada pela primeira vez em 1952 e é utilizada quando ocorrem problemas de curto prazo na balança de pagamentos.
Extended fund facility: empréstimos de médio prazo para
países que possuem problemas estruturais na balança de pagamentos e que podem levar mais tempo para serem corrigidos. Políticas estruturais associadas a esse tipo de empréstimo incluem, por exemplo, reformas tributárias, reformas do setor financeiro, privatizações, maior flexibilidade no mercado de trabalho.
Poverty reduction and growth facility (PRGF): é uma
linha voltada para países pobres e veio substituir o enhanced structural adjustment facility (ESAF) em 1999. Seu objetivo é que a redução da pobreza e o crescimento econômico se tornem os propósitos centrais dos programas políticos. Quais as principais características dos empréstimos do FMI?
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Algumas características dos empréstimos do FMI são: a) os recursos são depositados junto ao banco central do país tomador , na conta de reservas internacionais; b) todos os empréstimos são condicionais. Isso é, o país tomador tem que adotar determinadas políticas para correção dos problemas da balança de pagamentos; c) os empréstimos são temporários. Os pagamentos vão de três anos e meio a cinco anos para os empréstimos de curto prazo (os Stand-By Arrangements ) e de quatro anos e meio a dez anos para os de médio prazo (extended arrangements ). Para o PRGE o período é de dez anos sendo que o principal começa a ser pago em cinco anos e meio. O Brasil tem empréstimos do tipo Standy-by com o FMI. As últimas vezes que o país recorreu ao FMI foram em dezembro de 1998, como forma de atenuar a fuga de capitais pela qual estava passando, como reflexo das crises Asiáticas e da Rússia. Mesmo recorrendo ao Fundo, o país teve que desvalorizar a moeda (Real) em janeiro de 1999. Com a instabilidade eleitoral, fruto das expectativas em relação às eleições presidenciais, o Brasil solicitou novos empréstimos em 2001 e 2002. O prazo do último acordo expira em março de 2005, sendo que o Brasil ainda pagará em torno de US$ 6 bilhões por ano ao FMI até 2007, referentes ao principal mais juros dos empréstimos anteriormente contraídos. Qual a origem dos recursos do FMI?
Os recursos do Fundo são proporcionados pelos países membros através do pagamento de cotas que devem refletir o tamanho da economia de cada país. A cota de um membro determina o seu poder de voto e o seu acesso ao financiamento do fundo. As cotas são denominadas Special Drawing Reights (SDRs) ou Direitos Especiais de Saque. O maior membro do FMI é os EUA com uma quota de SDR 37.1 bilhões (aproximadamente $54.2 bilhões) e o menor país é Palau com uma quota de SDR 3.1 milhões (aproximadamente $4.5 milhões). A cota brasileira é de aproximadamente SDR 3 bilhões. 110
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As quotas determinam o montante máximo de recursos financeiros que o membro é obrigado a pagar ao FMI. Mais de 25% da quota deve ser paga em SDRs ou em moedas de aceitação ampla como o dólar norte-americano, o euro, o iene). O restante é pago na moeda do próprio país. A quota também é uma referência para o acesso aos recursos do fundo. Nos empréstimos tipo stand-by ou extended, por exemplo, um membro pode pegar emprestado 100% da sua quota anualmente e 300% cumulativamente, podendo o valor ser maior em casos excepcionais. DES – Direitos Especiais de Saque O ano de 1971 marcou o fim do sistema de Bretton Woods. Houve um crescimento acentuado do déficit do balanço de pagamentos dos EUA, o que fez crescer a liquidez internacional. Na medida em que os EUA compram do resto do mundo, geram uma abundância de dólares junto aos bancos centrais dos países que possuem comércio com os EUA. Isso fez com que o montante de dólares no mercado internacional fosse superior ao lastro-ouro dos EUA. Com o crescimento econômico do período, outras moedas também ganharam trânsito internacional como unidade de reserva, apesar da menor escala em relação ao dólar. Isso aconteceu com o marco-alemão, o iene japonês, a libra esterlina e o franco francês. Gerou-se portanto um movimento especulativo com moedas no mercado internacional. O preço oficial de 35 dólares por onça passou a valer somente nas transações entre os bancos centrais. As demais transações passaram a ter preços livres de mercado. Houve, portanto, a ruptura da conversibilidade de dólar em ouro a um preço fixo. Foi nesse contexto que em 1967 os países cotistas do FMI reuniram-se no Rio de Janeiro e criaram uma nova moeda internacional, o Direito Especial de Saque (DES). O DES é emitido pelo FMI e alocado entre os países membros do Fundo na proporção das suas cotas. O DES pode ser usado nas transações entre os países membros do Fundo e nas operações com o próprio FMI. O DES é também, a unidade de conta do FMI. O valor do DES é determinado diariamente usando as cotações de uma cesta de moedas. São consideradas as quatro principais moedas: o euro, o iene, a libra esterlina e o dólar norte-americano. Em 1 de julho de 2004, a cotação era DES 1 = US$1,48. A composição da cesta de moedas é revisada a cada cinco anos.
Dentre os países que mais recorreram ao FMI no período de 1947 a 2000 estão, por ordem de montante de empréstimos, o México, Coréia do Sul, Rússia, Brasil, Argentina, Reino Unido e Índia. Unidade 5
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Quais os desafios atuais do FMI?
Os anos 90 foram de muitos desafios para o Fundo Monetário Internacional. Esses desafios estão associados à globalização – aumento da integração internacional dos mercados e das economias. Aqui se inclui:
a turbulência nos mercados financeiros emergentes, como Ásia e América Latina; o auxílio para que vários países realizem uma transição satisfatória de um sistema central planejado para um sistema orientado para o mercado e entrem na economia do mercado global; promover o crescimento econômico; redução da pobreza nos países mais pobres e que correm o risco de serem deixados de lado pela globalização.
A globalização, na medida em que aumentou o volume e a velocidade do fluxos de capitais internacionais também aumentou o risco de uma crise financeira. A crise financeira que ocorreu nos mercados emergentes nos anos 90 deixou claro que os investidores podem deixar o país rapidamente e, ao mesmo tempo, percebem instabilidades na economia. Além disso, a crise em um país ou região pode rapidamente “contaminar” outras economias. Essa realidade faz com que reformas sejam necessárias como forma de fortalecer o sistema financeiro e monetário internacional.
O trabalho do FMI nesse sentido tem buscado estimular que os países desenvolvam mecanismos para fortalecer o setor financeiro – uma possível origem de vulnerabilidade econômica de um país é a fragilidade do seu sistema financeiro, no qual as instituições possuem riscos de insolvência e não se tornam 112
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confiáveis. Requer-se, para tanto, que as autoridades desenvolvam mecanismos de supervisão e regulação. O Brasil avançou nessa área por meio da criação do novo sistema de pagamentos brasileiro. O FMI tem objetivado também estimular que os países publiquem dados confiáveis sobre a economia do país, suas políticas financeiras, práticas, decisões, como forma de auxiliar os investidores a tomarem decisões eficientes e de forma suave, evitando crises abruptas. O FMI, em 1997, desenvolveu um sistema de disseminação de dados que serve como um guia para que os países sigam ( General Data Dissemination System – GDDS). Outra iniciativa do Fundo tem sido ampliar a discussão sobre as suas próprias políticas e envolver o setor privado na prevenção e na resolução das crises financeiras. O Fundo tem buscado aproximar-se do mercado de capitais internacional para a análise econômica dos países durante os processos de renegociação de dívidas que geralmente envolvem as duas partes. Atualmente, a fonte mais provável de instabilidade provem dos déficits gêmeos dos EUA, o déficit fiscal e o déficit comercial. O déficit da balança comercial americana tem baixado o valor do dólar no mercado internacional, gerando o temor de uma queda nas importações desse país. Como forma de contornar o problema, os norte-americanos podem aumentar as taxas de juros. A conseqüência seria um maior fluxo de capitais para os EUA, isso é, uma saída de capitais de outros países. Se os demais países possuem problemas com a balança de pagamentos (baixas reservas internacionais, por exemplo), podem ter que adotar medidas não desejáveis como uma desvalorização monetária. No caso do Brasil isso seria indesejável na medida que inibiria as importações e estimularia o retorno de um processo inflacionário difícil de ser controlado.
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B) Banco Mundial
O Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD) foi criado em 1945, no mesmo período em que ocorreu a criação do Fundo Monetário Internacional. Foi concebido durante a Segunda Guerra Mundial, em Bretton Woods e, inicialmente, ajudou a reconstruir a Europa após a guerra. Atualmente possui 183 países membros, inclusive o Brasil. É o principal organismo multilateral internacional de financiamento do desenvolvimento social e econômico. Seu principal objetivo é a promoção do progresso econômico e social dos países membros, mediante o financiamento de projetos com vistas à melhoria da produtividade e das condições de vida desses países. O BIRD utiliza recursos obtidos principalmente no mercado internacional de capitais mas também possui recursos próprios. Somente aqueles países membros FMI podem fazer parte do BIRD. Quais instituições fazem parte do BIRD?
O BIRD, juntamente com a AID (Associação Internacional de Desenvolvimento) formam o Banco Mundial. A AID concentra sua atuação na assistência aos países mais pobres, proporcionando empréstimos sem juros e outros serviços. A AID depende das contribuições dos seus países membros mais ricos - inclusive alguns países em desenvolvimento - para levantar a maior parte dos seus recursos financeiros. Outras instituições unem-se ao Banco Mundial formando o Grupo Banco Mundial. São elas:
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IFC (Corporação Financeira Internacional): o objetivo do IFC é promover o crescimento no mundo em desenvolvimento mediante o financiamento de investimentos ao setor privado e a prestação de assistência técnica e de assessoramento aos governos
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e empresas. Em parceria com investidores privados, a IFC proporciona tanto empréstimos quanto participação acionária em negócios nos países em desenvolvimento;
AMGI (Agência Multilateral de Garantia de Investimentos): o objetivo dessa agência é estimular os investimentos estrangeiros nos países em desenvolvimento por meio de garantias a investidores estrangeiros contra prejuízos causados por riscos não comerciais. A AMGI também proporciona assistência técnica para ajudar os países a divulgarem informações sobre oportunidades de investimento; CIADI (Centro Internacional para Arbitragem de Disputas sobre Investimentos): o CIADI proporciona instalações para a resolução mediante conciliação ou arbitragem de disputas referentes a investimentos entre investidores estrangeiros e os seus países anfitriões. O Grupo Banco Mundial é constituído por essas cinco instituições estreitamente relacionadas que contam com uma única presidência.
O Governador do Brasil no BIRD é o Ministro da Fazenda. O país possui 1,67% do capital do Banco. A diretoria executiva da constituency integrada pelo Brasil (juntamente com Colômbia, Equador, Filipinas, Haiti, República Dominicana, Suriname, Trinidad e Tobago) correspondem 3,17% dos votos do organismo. A partir de 1997, o Banco Mundial passou a descentralizar suas operações para países membros. Com isso consegue uma maior aproximação da realidade desses países e de melhorar e agilizar a implementação dos projetos financiados pela instituição. No Brasil, o BIRD possui três escritórios: em Brasília, onde situação o escritório principal, e dois outros no Nordeste, em Fortaleza e Recife, nos quais se destacam os trabalhos direcionados ao desenvolvimento rural e à pobreza. A IFC tem escritórios em São Paulo e no Rio de Janeiro, e neste último, se coordenam as atividades para a América Latina.
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O Banco Mundial apóia o Brasil desde 1949 por meio de empréstimos, doações e atividades de análise e consultoria. Nas cinco últimas décadas, esse apoio tem se deslocado gradualmente do enfoque inicial nos projetos de infra-estrutura para um paradigma mais abrangente de desenvolvimento. O primeiro empréstimo para o Brasil foi de US$ 75 milhões para o Projeto de Energia e Telefones. O banco dispõe atualmente de uma carteira de investimentos ativa, composta de US$5,4 bilhões em empréstimos para o Brasil. Existem mais de 50 projetos em andamento. Cada projeto tem duração média de quatro anos. São exemplos de projetos financiados pelo BIRD no Brasil: • nanciamento parcial do Gasoduto Brasil-Bolívia; • programa de Reforma do Setor de Saúde
– Reforsus; • programa de reestruturação e privatização da
malha ferroviária federal; • programas de redução da pobreza e melhorias
ambientais.
Atua também, desde 1988, na oferta de financiamentos para o programa de combate à transmissão do HIV/AIDS, com um total de US$ 325 milhões em empréstimos para projetos relacionados à AIDS. Na área de gestão e infra-estrutura municipal destaca-se o projeto do Estado da Bahia (Programa de Administração Municipal e Desenvolvimento de Infra-estrutura Urbana - PRODUR). O Banco Mundial financia 50% do projeto e fornece assistência técnica, treinamento, estudos e equipamento de tecnologia da informação – para apoiar a modernização e as reformas administrativas dos governos municipais e de determinadas agências estaduais na Bahia. Em 1998, o Brasil lançou o Programa de Desenvolvimento Sustentável do Semi-Árido Brasileiro (PROÁGUA), o primeiro programa nacional de gestão sustentável dos recursos hídricos. 116
Finanças internacionais
Com compromissos da ordem de US$1 bilhão do Banco Mundial, o PROÁGUA destina-se a: promover o uso sustentável e racional, bem como a gestão participativa dos recursos hídricos em todo o Brasil como um todo, e no Nordeste em particular. Na área educacional o Banco Mundial já investiu mais de US$2,1 bilhões. C) BID - Banco Interamericano de Desenvolvimento
O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) é uma instituição financeira regional criada em 1959. O BID é a maior e mais antiga instituição de desenvolvimento regional do mundo. Sua sede é em Washington D.C. e tem como objetivo contribuir para o progresso econômico e social da América Latina e do Caribe. O BID conta hoje com 46 membros, entre países regionais e extra-regionais. Os recursos de que dispõe o BID são do seu capital próprio, de recursos obtidos no mercado financeiro e de outros fundos sob sua administração. O banco financia o desenvolvimento nos países membros de forma a complementar os investimentos privados e prover assistência técnica para preparação, financiamento e execução de projetos e programas de desenvolvimento. A maioria dos empréstimos do BID é concedida a taxas de juros vinculadas ao custo da captação de recursos em mercados de capital. As operações do BID enfatizam os setores de produção agrícola e manufatureira ; de infra-estrutura física , como energia e transportes; e os setores sociais, incluindo saúde, educação, desenvolvimento urbano e ambiental. Atualmente, o Banco tem priorizado projetos para a redução da pobreza e a promoção da eqüidade social, modernização do Estado, integração regional e meio ambiente. Em 1995, o BID instituiu uma “janela” que permite a concessão de empréstimos diretamente ao setor privado, sem garantias governamentais.
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Universidade do Sul de Santa Catarina
O BID realiza empréstimos:
de investimento; de política (para reformas institucionais e de políticas em nível setorial ou subsetorial); de programas de cooperação técnica; ao setor privado (garantias, instrumentos flexíveis de empréstimo);
de programa de empreendedorismo social;
de empréstimos de emergência; e,
de mecanismos de preparação de projeto.
O BID financia uma porcentagem dos custos totais de um projeto que é inversa à magnitude da economia dos países. O resto do custo é financiado pelo mutuário. A porcentagem do banco nos custos totais dos projetos para o Brasil são de 60%. O financiamento do banco pode ser complementado com mais 10% quando pelo menos 50% dos benefícios líquidos do projeto forem canalizados para grupos de baixa renda. O financiamento não poderá exceder 90% do custo total do projeto. O Brasil é membro do BID desde sua criação e possui 11,07% do capital ordinário e do poder de voto do organismo. É um dos maiores tomadores de recursos do BID e os projetos financiados pelo banco concentram-se atualmente nos setores de reforma e modernização do Estado e redução da pobreza (como o: Programa de Administração Fiscal dos Estados; Projeto de Reforma do Setor de Saúde - Reforsus; Programa de Melhorias nas Favelas de São Paulo; Programa Comunidade Solidária). O BID mantém um escritório permanente em Brasília. Argentina* ^ Alemanha * Áustria * ^ Bahamas * ^ Barbados* ^ Bélgica Belize * ^
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PAÍSES MEMBROS El Salvador* ^ Eslovênia Espanha * ^ Estados Unidos * ^ Finlândia França * Guatemala* ^
Noruega Países Baixos *^ Panamá * ^ Paraguai * ^ Peru * ^ Portugal ^ Suécia *
Finanças internacionais
Bolívia* ^ Guiana* ^ Brasil* ^ Haiti* Canadá^ Honduras* ^ Chile* ^ Israel* Colômbia* ^ Itália * ^ Costa Rica* ^ Jamaica* ^ Croácia Japão * ^ Dinamarca* México* ^ Equador* ^ Nicarágua* ^ * Membro da Corporação Interamericana de Investimentos ^ Membro do Fundo Multilateral de Investimentos
Suíça * Suriname* Trinidad e Tobago * ^ Reino Unido* República Dominicana * ^ Uruguai* ^ Venezuela* ^
Quadro 5.3 – Países membros do BID Fonte: BID
Ao longo das décadas seguintes, o banco ampliou o número de membros, inicialmente somente no Hemisfério Ocidental. Os países membros não-regionais ou de fora do Hemisfério Ocidental constituem 16 estados europeus mais Israel e Japão. Belize passou a membro em 1992 e a Croácia e Eslovênia aderiram como estados sucessores da Iugoslávia em 1993. Os demais estados sucessores da Iugoslávia decidiram não permanecer como sucessores no banco, à exceção de SérviaMontenegro, que ainda tem a opção de admissão como membro do BID. Cuba assinou mas não ratificou os Artigos do Convênio Constitutivo, a carta da instituição, não sendo portanto ainda membro. O poder de voto de cada país membro é determinado por sua subscrição de recursos ao capital ordinário da instituição. Para tornar-se membro regional, o país primeiro tem que ser membro da Organização dos Estados Americanos. Para ser membro não-regional, o país deve ser também membro do Fundo Monetário Internacional. Uma segunda exigência em ambos os casos é a subscrição de Ações do Capital Ordinário e uma contribuição ao Fundo para Operações Especiais.
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D) BIS – Bank for International Settlements
O BIS tem como objetivo:
promover a estabilidade monetária e financeira dos países; agir como fórum de discussão e cooperação entre bancos centrais e a comunidade financeira; agir como banco para os bancos centrais e organizações internacionais.
Criado em 1930, o BIS consiste em uma organização internacional criada inicialmente para administração e distribuição dos pagamentos realizados para a reconstrução da Alemanha depois da Primeira Guerra Mundial. Atualmente, as atividades do banco enfocam duas áreas principais:
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oferece assistência aos bancos centrais e outras autoridades financeiras no seus esforços para promover estabilidade monetária e financeira. Serve como um local de encontro entre dirigentes dos bancos centrais do mundo. O departamento Econômico conduz pesquisas e análises estatísticas (como o Annual Report e o BIS Quarterly Review sobre o desenvolvimento do mercado financeiro internacional) e o Instituto de Estabilidade Fnanceira, dissemina as melhores práticas e os padrões na área de supervisão. As reuniões no BIS com os dirigentes dos bancos centrais são bimestrais. O BIS abriga também, uma série de comitês que procuram promover a cooperação através da troca de informações em questões específicas. Um exemplo é o Comitê da Basiléia em supervisão bancária, que também desenvolve e propõe padrões internacionais comuns que são implementados pelas legislações nacionais. age como um banco, quase que exclusivamente para bancos centrais, proporcionando serviços relativos a suas operações financeiras. O BIS busca oferecer retorno atrativo para os fundos depositados pelos bancos centrais através de instrumentos financeiros especialmente desenhados para as operações dos BCs. Dos serviços financeirso proporcionados pelo BIS estão a admintração de ativos e a garantia de crédito de curto prazo para os bancos centrais. Desde abril de 2003 a unidade de conta do BIS é o SDR ou DES (Direitos Especiais de Saque).
Finanças internacionais
Síntese A partir dos anos 40 o sistema financeiro internacional sofreu mudanças fundamentais na sua configuração. O crescimento acentuado do comércio internacional e a expansão das atividades multinacionais das empresas são alguns dos motivos que levaram os bancos a expandir seus negócios em áreas estrangeiras. Além da atividade bancária ter se tornado internacional, surgiram as instituições multilaterais de crédito que passaram a fornecer crédito para países e instituições públicas e privadas ao redor do globo. As principais instituições multilaterais de crédito são o Fundo Monetário Internacional, o Banco Mundial, o Banco Interamericano de Desenvolvimento e o Bank for International Settlements (BIS).
Atividades de auto-avaliação Efetue as atividades de auto-avaliação e, em seguida, acompanhe as respostas e comentários a respeito. Para melhor aproveitamento do seu estudo, realize a conferência de suas respostas somente depois de fazer as atividades propostas. Leia com atenção aos enunciados e realize a seguir as atividades. 1. Indique como uma instituição financeira pode ser considerada uma instituição financeira internacional.
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2. Descreva por que o FMI foi criado e qual a sua principal finalidade como instituição internacional.
3. O que é um Direito Especial de Saque?
Saiba mais Se você ficou interessado em conhecer mais detalhes sobre as instituições financeiras internacionais, vale a pena ler: BANK FOR INTERNATIONAL SETTLEMENTS. Guide to the international banking statistics. BIS Papers, n. 16. Switzerland: Monetary and Economic Department, April, 2003. HUGON, P. História das Doutrinas Econômicas. São Paulo: Atlas, 1992. KRUGMAN, P; Obsfeld, M. Economia Internacional: teoria e política. São Paulo: Makron Books, 1999. ROBERTS, R. Por dentro das finanças internacionais. Rio de Janeiro: Zahar, 2000.
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Finanças internacionais
Realize a seguir a leitura do artigo de Paul Hugon sobre “Os primórdios da atividade bancária”. Os primórdios da atividade bancária Nos primórdios do século XVIII (em 1716), no período metalista, a economia européia conhece a forma fiduciária de moeda, o que teve impacto significativo no papel dos bancos na economia. John Law, teórico e banqueiro escocês, escocês, percebeu que a moeda-ouro e a moedaprata sofriam variações de valor que dificultavam o seu emprego como padrão monetário. O papel-moeda ainda apresentaria as vantagens de ser mais barato que o metal, poderia ser produzido à vontade e de acordo com as necessidades econômicas do país. Law passou então, a emitir notas de bancos sem a garantia de lastro metálico. A diferença entre o valor das notas emitidas e a cobertura metálica representava o lucro da operação. O banqueiro partia da concepção que jamais os clientes de um banco, enquanto houver confiança, exigirão a conversão das notas em espécies metálicas. Mas a experiência de Law fracassou. Fez emissões em excesso e criou-se um clima de desconfiança entre os depositantes que perceberam o caráter artificial e inflacionista das emissões. O erro de Law foi não ter levado em conta a procura efetiva da moeda em função do desenvo desenvolvimento lvimento da riqueza. As noções de crédito e moeda, volume monetário e circula circulação ção de moeda, ainda não estavam claras, o que fez a moeda criada por Law perder uma das funções de uma moeda: a reserva de valor. Mas a experiência de John Law mostrou a conveniência de substituir a moeda metálica por papel-moeda e também a necess necessidade idade de criação da concentração do estoque de metais preciosos em um banco central. Fonte: Hugon, Paul. História das Doutrinas Econômicas. Econômicas. São Paulo:Atlas, 1992. 1992.
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Para concluir o estudo
Nesta disciplina, você estudou questões referentes as Finanças Fina nças Internacionais. O nosso estudo começou com a Teoria Teoria do comércio cnternacional e o Balanço de Pagamentos. Muitas decisões governamentais (como por exemplo, as intervenções no câmbio) ocorrem devido a problemas no Balanço de Pagamentos. Além disso, conheceu a questão da globalização financeira e dos investimentos diretos e o processo de integração entre países. Nas últimas unidades, você também aprendeu sobre os mercados e organismos internacionais, como o FMI e o Banco Mundial. Esperamos que ao término dessa dess a disciplina, você você possa melhor compreender a conjuntura financeira internacional e o quanto ela determina o desempenho econômico-financeiro das nações e, consequentemente, das empresas. Sucesso!!! Prof. André Luís da Silva Leite L eite Profa. Graciella Martignago
Referências
BANK FOR INTERNATIONAL SETTLEMENTS. Guide to the international banking statistics. BIS Papers, n. 16. Switzerland: Monetary and Economic Department, April, 2003. BAUMANN, R. Uma visão econômica da Globalização. In: BAUMANN, R. O Brasil e a economia global. Rio de Janeiro: Campus, 1996. CARVALHO, Fernando C. Sistema financeiro internacional: tendências e perspectivas. In: OLIVEIRA, A.; PINTO JR., H. (orgs.) Financiamento do setor elétrico brasileiro. Rio de Janeiro: Garamond, 1998. CARVALHO, Maria Carvalho; SILVA, César L. Economia Internacional. São Paulo: Saraiva, 2000. ECONOMIA mundial em transformação. Rio de Janeiro: FGV, 1998.(Comitê de cooperação empresarial). FORTES, H.; PELAEZ, C. M. A política, a economia e a globalização do Brasil. Rio de Janeiro: FGV, 1998. GONÇALVES, Reinaldo et al. Economia internacional: uma perspectiva brasileira. Rio de Janeiro: Campus, 1998. HUGON, Paul. História das doutrinas econômicas. São Paulo: Atlas, 1992. KENEN, Peter. Economia internacional. Rio de Janeiro: Campus, 1998. KRUGMAN, P; OBSFELD, M. Economia internacional: Teoria e política. São Paulo: Makron Books, 1999. LOPES, Alessandro Brodel. Finanças Internacionais: uma introdução. SP: Atlas, 2003. LOPES, Luiz Martins; VASCONCELLOS, Marco Antonio Sandoval de (Org.). Manual de macroeconomia: nível básico e nível intermediário. São Paulo: Atlas, 1998. RATTI, Bruno. Comercio internacional e câmbio. 11. ed. São Paulo: Lex, 2007. ROBERTS, Richard. Por dentro das finanças internacionais: guia prático dos mercados e instituições financeiras. Rio de Janeiro: Zahar, 2000. ROSS, S.; WESTERFIELD, R.; JAFFE, J. Administração financeira. São Paulo: Atlas, 1995.
Universidade do Sul de Santa Catarina
SANDRONI, Paulo. Dicionário de economia. São Paulo: Best Seller, 1989. SIMONSEN, Mário Henrique; CYSNE, Rubens. Macroeconomia. São Paulo: Atlas, 1995. SMITH, A. A riqueza das nações: investigação sobre a sua natureza e suas causas. São Paulo: Abril Cultural, 1983.
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Sobre os professores conteudistas
André Luís da Silva Leite é doutor e mestre em Engenharia de Produção pela UFSC. Graduado em economia pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). É professor da UNISUL desde 1997, onde leciona as disciplinas de Fundamentos Econômicos, Economia e Mercado e Economia Internacional. Também é professor do mestrado em Relações Internacionais para o Mercosul, na mesma universidade. Graciella Martignago é graduada em Economia pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e Administração pela Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC/ESAG). É mestre em Engenharia de Produção pela UFSC. Professora da UNISUL em diversos cursos presenciais. É também professora do Mestrado Executivo em Relações Internacionais, também da UNISUL. Tem diversos artigos publicados em congressos nacionais e internacionais. Além das atividades docentes, é consultora da Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina.
Respostas e comentários das atividades de auto-avaliação Unidade 1 1) Os países mantêm comércio internacional pois podem aproveitar melhor os recursos produtivos. A teoria das vantagens comparativas, elaborada por David Ricardo, mostra os custos de produção de um determinado produto X em um certo país A são expressos em relação aos custos de produzi-lo no país B. Possui a vantagem comparativa o país onde for menor a relação dos custos de produção de um certo produto. 2) Déficit em transações correntes significa que o país importou mais do que exportou. Para solucioná-lo, o país pode (a) contrair empréstimos no exterior (aumentando o endividamento do país); (b) contrair investimentos estrangeiros no país; (c) diminuir as reservas do país
Unidade 2 1) Os países formam blocos econômicos visando incrementar as relações comerciais entre os países membros. Os blocos têm como principal vantagem aumentar as facilidades de negociação e regras próprias estabelecidas pelos países membros. 2) A principal razão é política, pois, devido à guerra fria, os países europeus se uniram para poderem dialogar politicamente sem desvantagens com os Estados Unidos e a União Soviética. Na questão econômica, os países europeus têm vantagens comparativas complementares. Ou seja, as suas economias são interdependentes, mas não excludentes. Já na América Latina, os países são mais segregados culturalmente e historicamente. Além do mais, as crises econômicas e a instabilidade política, que ainda existe em alguns países, contribuem para que o processo de integração na evolua.
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Unidade 3 1) As empresas realizam investimentos diretos no exterior visando ao lucro. Também o fazem visando o crescimento, mas este se traduzirá em lucro também, no longo prazo. 2) A expressão “risco país” entrou para a linguagem cotidiana do noticiário econômico, principalmente em países que vivem em clima de instabilidade, como o Brasil e a Argentina. O “risco país” é um indicador que tenta determinar o grau de instabilidade econômica de cada país. Desta forma, se tornou decisivo para o futuro imediato dos países emergentes. O risco país é a sobretaxa de se paga em relação à rentabilidade garantida pelos bônus do Tesouro dos Estados Unidos, país considerado o mais solvente do mundo, ou seja, o de menor risco para um aplicador não receber o dinheiro investido acrescido dos juros prometidos. São avaliados, principalmente, aspectos como o nível do déficit fiscal, as turbulências políticas, o crescimento da economia e a relação entre arrecadação e a dívida de um país.
Unidade 4 1) O mercado de câmbio, mercado monetário, internacional de capital, de derivativos e de ouro. 2) São basicamente 3: realizar os pagamentos correspondentes às transações efetuadas; prover unidade estável de valor; e,estabelecer normas para pagamentos diferidos. 3) Essencialmente porque os países em desenvolvimento precisam se financiar e têm que tomar crédito no mercado internacional, ficando expostos à conjuntura financeira internacional.
Unidade 5 1) Uma intituição financeira pode constituir uma agência, uma subsidiária, um escritório de representação, uma filial ou participar de um banco consorciado. 2) O objetivo da criação de um Fundo Monetário Internacional era construir uma estrutura de cooperação entre as economias do mundo para evitar a repetição das políticas econômicas que contribuíram para a Grande Depressão dos anos Trinta. Sua finalidade é a de promover
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Finanças internacionais
a cooperação monetária internacional garantindo a estabilidade do sistema monetário e provendo assistência financeira temporária aos países que necessitam de auxílio no processo de ajuste do balanço de pagamentos
3) O DES é emitido pelo FMI e alocado entre os países membros do Fundo na proporção das suas cotas. O DES podem ser usados nas transações entre os países membros do Fundo e nas operações com o próprio FMI. O DES é também, a unidade de conta do FMI. O valor do DES é determinado diariamente usando as cotações de uma cesta de moedas. São consideradas as quatro principais moedas: o euro, o iene, a libra esterlina e o dólar norte-americano.
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Biblioteca Virtual Veja a seguir os serviços oferecidos pela Biblioteca Virtual aos alunos a distância:
Pesquisa a publicações online www.unisul.br/textocompleto Acesso a bases de dados assinadas www. unisul.br/bdassinadas Acesso a bases de dados gratuitas selecionadas www.unisul.br/bdgratuitas Acesso a jornais e revistas on-line www. unisul.br/periodicos Empréstimo de livros www. unisul.br/emprestimos Escaneamento de parte de obra1
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