8° Antologia REPERTÓRIO FINAL

September 24, 2017 | Author: Washington Yohan | Category: Love, Poetry, Knowledge, Sky, Francis Of Assisi
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Textos , Poesias e ArtenGrpafica, apresentados na Oitava Versão Do Sarau Boca de Cena...

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8ª Antologia Poética Sarau Boca de Cena

Sarau Boca de Cena 2012 Direção artística e revisão de texto Juliana Impaléa

Imagem da Capa - “Caminhos” Flôr Kepah

Coordenação Técnica Rogério Messias

Projeto gráfico Washington Yohan e Flôr Kepah

Arte Gráfica da Capa e Contracapa Patrícia Parrela

Seleção de Imagens Flôr Kepah e Washington Yohan

Escritores Arthus de Vasconcellos

João Pedro Garcia

Neto da Silva

Blimer

Jordane Câmara

Pablo Luz

Carmen Fossari

José Luiz Amorim

Rafael Bitencourt

Christian von Koenig

Juliana Impaléa

Renata Dias

Flôr Kepah

Juliana Pereira

Renatta Calippo

Francisco de Assis Junior

Julio Cesar Gentil

Rogério Messias

Gabriel Felipe Jacomel

Julio de Mattos

Samanta Rosa Maia

Ingrid Oliveira

Juniores Rodrigues

Thierry Mickael Motta

Ismael Alberto Schonhors

Luisandra Junges

Tiago Kroich

João Jacinto

Markian Deneszczuk

Washington Yohan

Ilustradores Calini Detoni

Izabel Garcia

Lara Montechio

Douglas Bruno F.

Jhozfer da Silveira

Micael

Flôr Kepah

Jonas

Michael Rosa

Fred Cruz e Gizelli Flor

Jordane Câmara

Renatta Calippo

Gabriel T. de Oliveira

Kaicy Loren

Tabata Vieira da Silva

Ficha Catalográfica ____________________________________________________________________________________ A637 Antologia poética: sarau boca de cena, 2012. Florianópolis: UFSC, 2012. 100 p.; 21 cm; il.; vários autores. 1- Literatura brasileira 2- Poesia I.Título CDU 869.0(81)) ____________________________________________________________________________________

“Se um homem encara a vida de um ponto de vista artístico, seu cérebro passa a ser seu coração”.

“A finalidade da arte é, simplesmente, criar um estudo da alma”.

Oscar Wilde

Agradecimentos

Edeltrudes Dutra Impaléa (in memorian), Carmen Fossari, Zelia Anita Viviani, Vicente Impaléa Neto, Clóvis Werner, Zelia Sabino, Maris Viana, Jussara Giacomelli, Simone Schmidt, Zeca Pires, José Ernesto Vargas, Stélio Furlan, Marcelo Siqueira, Salvador dos Santos, Marcos Ebersol, Banda 3Jay, Banda Numb, Banda Alquimista, Banda Desclassificados, Banda Expedição, Banda Circo Quebra Copos, Banda Café da Manhã, Banda Psy-cubensis, Banda Comum de 3, Banda UNH8, Banda Guandma, Banda Balanço Bruxólico, Banda Cerveja Grátis, Lucas Quirino, Banda Jambar, Banda Verminoize, Estou Cavando um Buraco, Banda Um Par de Ímpar, Louie, Tatiana Cobbett, Marco Liva, Chico Caprário, Valmor Coutinho, Guilherme Zorel, Juarez Mendonça, Daniel Johnstone, Michel Góes, Eduardo Dias, Oswaldo Junior Pezzato, Ana Santos, Milena Abreu, Grupo de Dança Kirinus, Bob Carvalho, Flavia Desor, Andre Paraíba, Lucas Romero, Grupo de Dança Domínio Cigano, Clair Leal, Telma Scherer, Erick Klein, Aline Maciel, George França, Bárbara Mafra, Aline Fonseca, Fernando Kudder, Bruno Barbi, Fabiano Bernardes, Alessandra Gutierrez da Cruz, Fabiano Foresti, Adrian Impaléa, Mateus Romero, Fabricio Foresti, Escola Estadual Simão José Hess, Fundação Franklin Cascaes, Cine Paredão, Arte de Caderno, Teatro da UFSC, Jornal do Almoço – RBS, Rádio UDESC, Zarpante - cooperatira artística da cultura lusófona, BuuZine, GAIA (Grupo de Apoio à Inclusão do Autista e Síndrome de Asperger), TV-COM, SEPEX – UFSC, DAC, CCE, SeCarte, Agecom, a todos que participaram, direta ou indiretamente, do Sarau Boca de Cena e ao público cativo que participa ativamente desta iniciativa cultural que completa oito anos de existência. Até o próximo Sarau Boca de Cena! Vamos cultuar a cultura!

Florianópolis, abril de 2012.

Sumário

Apresentação Palavra pregando peça O nó Coceira da vida Inconsciente Sonho Traduzir-me, confundir-me Manifesto à poesia Classicacos Viver Daqui até o fim dessa enunciação Poema Fingidor Para uma antologia Julho de mattos Quando eu for poeta Auto-psicografia Words may guard me No adro das mínguas Poema de arames Vivendo e aprendendo a viver rafael bitencourt Dádivas Eu vou indo evoluindo Olha Os olhos dela A dança da passarinha vermelha Sorvete Encontro Poema dos desejos Estou fazendo anotações incertas e alimentando as traças Azeites & bacalhaus O adeus eterno Poema dos desejos Iamo Chickenneckyou Haiku Teoria literária i Pentear Heartstealing Reticente Seegano Como comover-se sobre uma pessoa que ama? Consubstanciação Nosso amor Tu, aí E eu que sei apenas o seu nome

(poesia épica)

Carmen L. Fossari Juliana Impaléa João Pedro Garcia Julio de Mattos Renatta Calippo João Jacinto Washington Yohan e Flôr Kepah Flôr Kepah Gabriel Felipe Jacomel Francisco de Assis Junior Blimer Flôr Kepah Juniores Rodrigues Tiago Kroich Thierry M. Motta Flôr Kepah Julio Cesar Gentil Julio de Mattos Arthus de Vasconcellos Thierry M. Motta Jordane Câmara Rafael Bitencourt Renata Dias Juliana Impaléa Juliana Impaléa Francisco de Assis Junior Flôr Kepah Gabriel Felipe Jacomel Washington Yohan Jordane Câmara Blimer Luisandra Junges Christian von Koenig Carmen L. Fossari João Pedro Garcia José Luiz Amorim José Luiz Amorim João Pedro Garcia Gabriel Felipe Jacomel Juliana Impaléa Washington Yohan Blimer Christian von Koenig Juliana Impaléa João Jacinto Francisco de Assis Junior

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Sobre o inesperado To oscar Pornaso Mastro em ação! Estranhezas Tic-tac Pontal Ilha The earth, a planet Ix Suspiros Personagem Coqueiral Nublo ao mesmo tempo Preso em meu mundo, livre em minha mente. Facebook Informação e conhecimento Gabarito da vida Epitáfio Andarilha Solidão em escala de dó Bom dia do escravo Greve geral Na lona preta Catedral noturna Percepções Demonstração que está fazendo falta Golden goose Vazio Das profundezas do para um jovial Dasinferno profundezas dopacto inferno para um pacto jovial Depois de aldebarã Passo em falso Não poderemos morrer Biografia dos artistas

Luisandra Junges Neto da Silva Markian Deneszczuk Washington Yohan José Amorim Flôr Kepah Christian von Koenig Juniores Rodrigues Rafael Bitencourt Pablo Luz Juliana Impaléa Carmen L. Fossari Tiago Kroich João Jacinto Julio de Mattos Juliana Impaléa Samanta Rosa Maia Rafael Bitencourt Jordane Câmara Rogério Messias Ingrid Oliveira Pablo Luz Tiago Kroich Renatta Calippo Renata Dias Jordane Câmara João Jacinto Ingrid Oliveira Tiago Kroich Renata Dias Samanta Rosa Maia Gabriel Felipe Jacomel Ingrid Oliveira Blimer Luisandra Junges Carmen L. Fossari Juniores Rodrigues Flôr Kepah João Jacinto

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8ª ANTOLOGIA POÉTICA SARAU BOCA DE CENA

Apresentação OITAVA!!!! A Oitava edição da Revista ANTOLOGIA DO SARAU BOCA DE CENA chega com muito vigor e números significativos: 30 poetas e poetisas, 87 poesias e 16 ilustradores. Uma revista que registra um panorama literário poético contemporâneo e é distribuída gratuitamente é um feito a ser celebrado numa sociedade movida e focada no lucro. Na contra mão das obviedades consumistas, está o belo Projeto SARAU BOCA DE CENA, idealizado por uma turma de jovens artistas ao seio da UFSC e logo ampliado para a cidade, outras regiões e mesmo outros países. Juliana Impaléa , cantora, poetisa, produtora, filha da saudosa e querida artista Tude ( grande incentivadora do Sarau) e do poeta Vicente, geriu a ideia e a concretou, leva em seus braços com cuidado para que tenha continuidade. O Projeto SARAU BOCA DE CENA tem duas vertentes, a primeira reúne artistas de diversas áreas para num teatro ou outro espaço declamarem os poetas as suas criações, os músicos tocarem e cantarem, os dançarinos dançarem, as Artes Plásticas e o Cinema interagirem. A segunda vertente é o registro literário através da Revista ANTOLOGIA DO SARAU BOCA DE CENA, que agora atinge sua oitava edição. Poetas e Poetisas presentes nesta edição: Juliana Impaléa, Juniores Rodrigues, Flôr Kepah, Washington Yohan, Blimer, Juliana Pereira, Thierry Mickael Motta, Luisandra Junges, Julio Cesar Gentil, Carmen Fossari, Francisco de Assis Junior, Ismael Alberto Schonhors, Markian Deneszczuk, João Pedro Garcia, Christian von Koenig, Tiago Kroich, Neto da Silva, João Jacinto, Arthus de Vasconcellos, José Luiz Amorim, Ingrid Oliveira, Julio de Mattos, Rafael Bitencourt, Jordane Câmara, Gabriel Felipe Jacomel, Renatta Calippo, Rogério Messias, Renata Dias e Pablo Luz. E por fim, lembro uma frase de William Shakespeare, para saudar aos Poetas e Artistas Plásticos desta ANTOLOGIA POÉTICA SARAU BOCA DE CENA: “Bem aventurados os que aliam a paixão e o tino”. Boa leitura! Abre-se na Antologia da Revista Literária BOCA DE CENA a Cena da Palavra Escrita: boca da palavra! Carmen Fossari Poetisa, Diretora e Atriz de Teatro, Dramaturga. Da ACLA, Academia Catarinense de Letras e Artes. Ilha, verão 2012

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8ª ANTOLOGIA POÉTICA SARAU BOCA DE CENA

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8ª ANTOLOGIA POÉTICA SARAU BOCA DE CENA

Palavra Pregando Peça Juliana Impaléa

Palavra pregando peça não é sempre que se acerta a forma de se expressar Palavra pregando peça sentimento é quem gagueja o discurso muda o curso cambiando o bê-a-bá Palavra pregando peça então quero ver se nessa dá certo de te falar que há uma sensação tão bela e um sentimento à vera Nem sempre me expresso à beça a palavra prega peça Palavra pregando peça então quero ver se nessa dá certo de te falar que há uma sensação tão bela e um sentimento à vera Izabel Garcia - Bailando

Nem sempre me expresso à beça a palavra prega peça

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8ª ANTOLOGIA POÉTICA SARAU BOCA DE CENA

O Nó João Pedro Garcia Eu só quis prender o sol dentro de um verbo intransigente Ao final deixar a chuva estuprar o meu sossego Desejei perder o medo de matar o horizonte Perceber que na visão da minha verdade eu sou cego Nunca quis matar a fome antes que ela me matasse Eu escarro na palavra que minha lida abençoou Deposito meu amor no pó e viro a outra face Ao acaso galgo idéias onde nada me atiçou Meu descanso em preto-e-branco deve paz à minha dor Mas meu verso se engrandece onde perco minha alma Beijo o céu ensandecido quando nego seu amor O silêncio por final dá revelia à minha calma Rogo a todos os impunes que apontem para mim Peço a todas as descrenças que acabem em minha mão Pra que o sol e a chuva desçam para ver meu pobre fim Pra que julguem meu juízo com um nó no coração

Calini Detoni

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Coceira da vida Julio de Mattos

Ai! que coceira Na ponta da língua Soubesse falava O quê? Isso aí. Falasse a sua Minha língua existia E leve passavam-se As horas e os dias... Ai! que besteira Quem fala essa língua? Não tenho palavra Não tenho avenida Tivesse o sonho Por realidade Falo a verdade: Não reclamaria

Ai! Que bobeira Fraqueza à beça! Eira nem beira Pé sem cabeça Fosse o seu chão Não caía o teto De tantas ideias Em vão dialeto Faltava rua e Não tinha problema; Andava nas águas Dessa melodia Fazendo esquecer Meu doce dilema: Coceira de ser Poema da vida.

Mas ai! Que coceira No céu dessa boca Poeira engasgada Na estrada do ensejo Tivesse o beijo Daquela menina Não ficava à míngua De tanto querer E de tanto amor Até eu resistia A uma tentação De não existir

Douglas Bruno F.

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Inconsciente Renatta Calippo

Não abro os olhos para todos os sonhos, nem fecho para todos os pesadelos.

Renatta Calippo

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Sonho João Jacinto

O sonho é maior que eu, para que me imponha a não vivê-lo. Mesmo que me (des)iluda, não me resignarei à força da gravidade, à cristalização... O sonho leva-me ao melhor de mim.

Izabel Garcia – A meia noite congelarei teu sangue

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Traduzir-me, confundir-me Washington Yohan (intervenção de Flôr Kepah)

Nunca a pretensão de agradar, não desta forma! vaga, vazia... de agradar por agradar. as coisas que digo são parte do que sou, a expressão autêntica, verdadeira. sem mais, só. não sei se é para todos na verdade não sei se importa se é só para você, para poucos... não sei! escrevo expresso, traduzo o que preciso. gostem (ou não!) - no fundo gostaria que sim -, Direi o que sinto, eu apenas insisto .

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Manifesto à poesia Flôr Kepah

Não estranhe a naturalidade de meu poema, de cada verso: contemporâneo, direto, livre, sem amarras... Estranhe o excesso de rebuscamento do verso alheio, geralmente, utilizado para mostrar o tamanho do Aurélio que carrega: léxicos. Palavras que se misturam sem apropriação, vagam por metáforas incompreensíveis, geralmente, por falta do que dizer, sem uma mensagem real, sem foco. Não são diretas, não acompanham o presente, a velocidade da informação, o desprendimento da arte. Então, tornam-se obsoletas e descartáveis. Pior, com cara de outro século, com algumas poucas exceções: as obras dos gênios surrealistas sobrevivem ao tempo que, dali (trocadilho com o mestre Salvador Dalí) não morreu. Pobre dos eruditos! Exageram em seus textos adornados, cheios de incompreensão. De tão ocultos, são incontestáveis, conseqüentemente, arrogantes e prepotentes. Assemelham-se a uma teia de aranha (envenena o outro), confusos e petulantes, tirados de um livro de história. Aprisionados a regras pré-impostas, medidas, sem coragem para rompêlas, em prol de algo novo, autêntico. Que espelhe os seus reais pensamentos, sentimentos e modos de ser, desnudos. Sem “plágio”, sem medo de desapegar-se do passado, mantendo-o no eterno olhar de admiração ao que foi condizente ao tempo: à construção arquitetônica Barroca que, em ruínas ou não, será sempre bela.

Flôr Kepah – Flor (120 x 80 cm)

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Calini Detoni - Escultura

8ª ANTOLOGIA POÉTICA SARAU BOCA DE CENA

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Classicacos Gabriel Felipe Jacomel

o clássico não se põe em pedestal se derruba (e) distraído! fiz mosaico de sentidos classe co lar classe fi car

Lara Montechio

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Viver Francisco de Assis Junior

Tenho sede desse Yin Yang. Do grito descontrolado da vida. Do dique que se rompe em forma de tigre. Do dragão que serpenteia no céu com olhos flamejantes. Nas palavras de um Pessoa, muitas pessoas, alguns espíritos. No extrato dos olhos, ondulante e extenso, o grito clandestino da alma.

Michael Rosa

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Daqui até o fim dessa enunciação Blimer

A cidade é construída através de palavras. E as palavras - de aparência estática - se movimentam o tempo todo. Tudo é feito e desfeito de acordo com a missão da expressão: com ou sem cuidado; como tudo é descrito dentro de um círculo fechado: com ou sem distribuições. E foi lendo os classificados dos jornais que senti uma indisposição extremamente suburbana, atingindo as piores catástrofes do meu inconsciente, fazendo-me lamentar profundamente das palavras mal empregadas que empreguei em juramentos completamente neutros. A humanidade festeja um novo tempo lá fora com a mesma imparcialidade que as aranhas constroem suas teias aqui dentro. A intermediação entre as conclusões ilusórias dos jornais e o repertório de vida de seu leitor só poderia se transformar nessa enunciação obscura. Sabendo eu, que essas fantasias nunca me colocaram em xeque, nem em meus mais profundos sonhos infantilizados. Porém, ruge numa existência apocalíptica aquilo que nenhum pensamento poderá ser acompanhado através de palavras: a mais brilhante presença dessa Fênix de destruição. Como se uma nova destruição surgisse nas acomodações das velhas destruições já conhecidas pela humanidade. Aqui, apresento-lhes os choques de razão, enfrentando-se, destruindo-se, construindo-se e revezando-se com as necessidades de nossos apreços comuns e esquecimentos comuns. Cidades inteiras foram ameaçadas e pisoteadas, através de palavras, antes da chegada triunfal da fome. Suas principais influências se ocupavam tentando formar seus exércitos e suas quadrilhas para dançar em desventura. Mais uma vez de nada as palavras valeram, viu só!? Estava esse matuto pacato de longe observando as palavras formadas pelos comerciais. A cidade estava toda iluminada. Sabendo que esse irremediável leitor viera de longe para observar as mesmas enunciações de sempre, as palavras mudaram de formas a fim de atingir seu público-alvo. E atingiram, em menos de alguns meses vocês poderão sentir uma nova vigência social saindo de suas cabeças e dominando todas as ruas de todos os centros urbanos. Estou tentando mudar de pele mais uma vez a fim de me apreender em palavras. Embora eu tente entender suas transformações e adaptações, ainda sinto o desgosto dessas opiniões que se encaixam como luvas num círculo fechado de vícios e conclusões precipitadas. A cidade é feita e construída por palavras. As palavras estão em todos os lados. Os sentidos são obrigatórios. Só não sabe quem não quer saber. Pois, de vez em quando, esse alguém pode estar se deliciando em sua abstração mais que saudável: esperando a morte das palavras em um rejuvenescimento profético. Em vida, com certeza, seria semi-óbvio.

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Flôr Kepah – Teia (100 x 120 cm)

8ª ANTOLOGIA POÉTICA SARAU BOCA DE CENA

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Poema Flôr Kepah

Não meça o poema Nem pra mais, nem pra menos Ele é exatamente do tamanho que tem que ser Métrica? Vem naturalmente... É livre, Ou some, quando não tinha que ser. Ritmo, som... A dança é você quem faz. Importe-se com a palavra Tenha o que dizer Tenha respeito a ela! E se fala de si, de outro ou de ninguém, ah... É só questão de pronome, desde que seja arte. Nada de “plágio”, seja raro, meu caro! Deixe os gênios dormirem em paz. Que tal olhar pro acordado? Praquele que tá do seu lado, Pro que ainda sonha, mesmo com medo. Admiração não morre, nem deve morrer, nem vai morrer. O passado nos faz mais sábio, mas sente sono também! Precisa do céu, precisa do nosso “esquecimento”, Pra fazer arte em outro lugar. Admiração é pra sempre! Sobrevive no belo, no subjetivo mundo da arte. Admiração mexe com a gente. Tá dentro da alma que implora: Não me corrompa!

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Juniores Rodrigues

De barro e papel misturando letra e tijolo ergue-se a culpa que oprime o poeta.

Micael

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Fingidor Tiago Kroich

Escrever é aprisionar, Ler é imaginar: Me sinto um espectador Da minha própria dor.

Flôr Kepah – Casca (50 x 120 cm)

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Para uma antologia Thierry M. Motta

Vozes na clausura das palavras aprisionadas no papel que em profunda confidência a sete chaves de silêncio poetas vivos segregaram de um mundo morto; rebelando-se em família desde o pó de seu desterro multiplicam sua angústia em volumes gratuitos da poesia que assumem pela pouca esperança ânsia de ressuscitarem Vozes

Izabel Garcia – Livre-se

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Julho de Mattos Flôr Kepah Eu já gosto de você! "Nem me conhece direito!" Intuição não tem valor? "Quando vir a minha loucura inconsciente!" E se eu me reconheço em você? ... Quem disse que tudo tem que ter sentido, direção e lugar? Quem disse que amizade verdadeira tem que tá ao lado? Quem disse que o platônico não é real? Ou será o real falso? ... Quem diz tanta coisa pra gente? Quem enfia conceitos na nossa mente? Quem mente mais? Você ou ela? Inventor ou criação? Tanta criatividade! Será em vão? Como viver neste mundo capitalista sem a prática remunerada da aptidão? Escrevê-la na areia sem medo do vento resolve? Ou medo dos riscos da profissão? Porque artista sonha, mas carece de objetividade! Também de espaço, pra pôr em prática o dom. Independente da escolha, do caminho seu Admiro a sua arte Sua música, seu poema Sua poesia! Tudo o que nos aproxima e faz - no espelho Eu gostar de você.

Gabriel T. de Oliveira

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Quando eu for poeta Julio Cesar Gentil

Quando eu for poeta, só escreverei no papel, e pintarei a lua de verde para esverdear o céu.

Quando eu for poeta, terei paz em todo lugar: mandarei flores à Hillary Clinton em nome do Ahmadinejad.

Usarei uma flor na lapela do meu fino paletó, e apertarei a gravata escarlate com o mais requintado nó.

Não haverá arrastões na Praia de Copacabana, nem sofreremos influências de ideias bolivarianas.

Libertarei os titãs e os ciclopes, ao primeiro sol da manhã e tomaremos café juntos, num bistrô em Amsterdã.

Serei revolucionário, sem ter que ser anarquista e também não irei me ater a interesses capitalistas.

Pagarei tudo com o cartão, sem me preocupar com o saldo, pois jogarei na Seleção com Pelé, Zico e Ronaldo.

Reescreverei o Neruda, o Drummond e a Clarice. Cobrirei com poemas a Terra e toda a sua superfície.

Eu escreverei para o povo conseguir entender, pois não quero imitar o discurso do político na TV.

Todo dia será celebrado como a noite de natal, depois disso, os próximos dias serão todos carnaval.

Desprenderei as amarras do meu maior opressor e aumentarei cem por cento o salário do trabalhador.

Inexistirá a inveja, o ódio e o preconceito. A vida será o sonho mais utópico e perfeito. Quando eu for poeta tudo irá acontecer... Enquanto não sou poeta, só me resta... Escrever.

Izabel Garcia

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Auto-psicografia Julio de Mattos

Na ponta da língua uma vírgula: O buraco é bem mais embaixo. A palavra que encaixa no verso, Universo menor refletido à míngua? Se a mula é sem cabeça, Tem fogo; A gula que sempre ganha Vem logo e tamanha: Nos acompanha Na crença e no jogo... Por uma sentença apenas Vive o profeta, médium, Poeta: Estar di(st)ante de si Para amar ou morrer!

Izabel Garcia

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Words may guard me Arthus de Vasconcellos

After coffee, I lean and guard myself. My hands, occupied in labor, clean the sheets off their plainness uncovering a thousand wishes bathed in last dawn's memories I try to guard me, and fail, I pour it, as I labor upon this wishing paper in every curve of each letter's form I free this flaming hunger, reason devourer. Let words guard me, since for the night you won't.

Lara Montechio

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No adro das mínguas Thierry Mickael Motta

Um desvario de flores pela altura – Lâmpadas engasgadas: uivos mortos Tisnam seu arredor a sujas súplicas Bocas de cera invocam tal acaso Enquanto de através na ígnea noite; Outras, por inventá-lo, escancararam-se Um velho se vergasta das pronúncias Mil desta imensidão sonhada em falso: Divina tatos onde os rasgos mudos Do vórtice sonâmbulo das ruas A palavra abortada rola das línguas À luz; quer ser crisálida – chafurda No pó: poetas curvos a um delírio de Lágrimas patinam fezes e pétalas

Tabata Vieira da Silva

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Poema de arames Jordane Câmara

Entrelaçando ilusões, as curvas tomam formas; O vento as sacode, balança, dá movimento ao inanimado; Sempre brilhantes e prontas. Às vezes não nos dizem nada; Às vezes é o último suspiro de um coração aborrecido. Sua beleza chama a atenção de todos. Ofuscando sua verdadeira face, que prefere a solidão. Sua existência permite “outros” existirem. Sua forma morta mantém vivo o escultor. Este sem sua obra azeda em melancolia. O que seria desse poema sem a forma viva do arame?

Jonas – Escultura Iemanjá (Arame e tecido)

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Vivendo e aprendendo a viver Rafael Bitencourt

Quando eu vivo, eu aprendo. Quando eu aprendo, Me sinto ainda mais vivo. Viver é colocar o aprendizado em prática. Aprender é colocar a vida em prática. Quem vive aprende, quem sobrevive se arrepende. Quem aprende, entende o viver. Quem não entende, se contenta em sobreviver. Se viver é aprender, quero ser eterno aprendiz, e se por acaso eu não sobreviver, morrerei feliz. Quero aprender para não sobreviver e viver pra não me arrepender.

Flôr Kepah – Poesia (120 x 50 cm)

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8ª ANTOLOGIA POÉTICA SARAU BOCA DE CENA

Dádivas Renata Dias

Quantas partes de mim existem por aí? Com quantas já me encontrei e com quantas ainda posso me encontrar? Onde está o mal em me doar? Quem há de discriminar um marinheiro que sempre a viajar um amor em cada porto encontrar? Será excesso de amar? Ou será uma forma de a solidão aplacar... Só sei que vivo para amar, E não farei outra coisa nessa vida do que me doar!

Flôr Kepah – De braços abertos (70 x 120 cm)

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8ª ANTOLOGIA POÉTICA SARAU BOCA DE CENA

Eu vou indo evoluindo Juliana Impaléa

Tua paz cada segundo pode contar Amor no peito não precisa conter Dizem que é pela causa de tanto te amar Meu pensamento vai onde está você Anoitecendo com a chuva evoluindo com você Amanhecendo na sua eu vou indo com você Eu vou indo com você Evoluindo com você Eu vou indo com você Tua paz cada segundo pode contar Amor no peito não precisa conter Pode contar, Não precisa conter... pode contar, pode contar Eu vou indo com você Evoluindo com você Eu vou indo evoluindo

Lara Montechio

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8ª ANTOLOGIA POÉTICA SARAU BOCA DE CENA

Olha Juliana Impaléa

Olha, vou te falar que é gostoso Todo esse gozo em sua prosa Pudesse eu saber de tudo Ando querendo eu ver o seu mundo E o seu perfume doce prova Que o seu raso chega ao fundo Rosas, ou camisas quadriculadas E o seu suor sobre as calçadas Fazendo renascer o que já foi Céu sem ciúme em seu peito Qualidade é maior do que defeito Invade o sim que sabes seu só seu Outro é ninguém, outro é nenhum Céu sem ciúme em seu peito De mãos abertas Sou mais você do que um perfeito O perfeito é só

Calini Detoni – Escultura

Mais um O perfeito é só Só mais um Só mais um só Você é perfeito pra quem sabe do imperfeito Você é perfeito pra quem sabe Olha...

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Os olhos dela Francisco de Assis Junior

Perdi o sono, os olhos e a boca no desassossego da silhueta dela Caminhando o pensamento abrupto serve ao paladar em conta-gotas Destila que é pra não gastar de uma vez, mas hoje e só por hoje Deixa transbordar essa chaleira deita teus sonhos em meus poros Aquece o peito meu, tira os nós dos braços e, enrosca o pescoço Nua nuca de lavanda e marapuama acalma e perturba minha intenção Novamente perdido em cada pedaço desse teu olhar caleidoscópico

Izabel Garcia – Qualquer coisa que se sinta (...)

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8ª ANTOLOGIA POÉTICA SARAU BOCA DE CENA

A dança da passarinha vermelha Flôr Kepah Quero ver-te todo nu Saborear-te com os olhos Pra que tenhas a certeza do que significa teu corpo pra mim Far-te-ei experimentar o gosto do que não tocas No suor ácido que escorre por meu corpo em chamas, Louco por ti Mas longe do erétil desejo que invoca o toque, Sem que possa Dominarei o jogo Pra te levar ao suplício das minhas mãos firmes Tão macias quanto à seda que virá a ser Todavia não. Só pra eternizar tuas curvas e retas Em desenhos de cada parte em partes Lentidão... Pelo menos em princípio! Porque de pressa já morri de desejo Agora desejo sem pressa Pra não morrer outra vez. Mas se assim for, ao menos o retrato terei comigo Pra te lembrar quando tiver saudade Do cheiro que exalas por mim

Filmarei teu umbigo Bingo! Perto da bola da vez Agora sim, Mais próxima da zona que me fecunda em ti Teu olhar de sedento ficará tonto Na dança da passarinha vermelha Que mexe as asas sem medo E pousa na ponta do caule o bico entreaberto Pra sentir devagarzinho Todo o gosto do néctar teu.

Flôr Kepah – Nós dois (90 x 90 cm)

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8ª ANTOLOGIA POÉTICA SARAU BOCA DE CENA

Sorvete Gabriel Felipe Jacomel

todo mundo já sabia tua boca eu abriria a espinha gelaria tão inteira te sorvia agora que todos já sabem orgulho na gente não cabe tão bem como corpo cabia num freezer de sorveteria

security cam não deixou insegura

caiu na net!

Renatta Calippo

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8ª ANTOLOGIA POÉTICA SARAU BOCA DE CENA

O encontro Washington Yohan No encontro houve chama e se tornou calor intenso, prazeroso a chama viva existia se mantinha em cada encontro Se riu se falou se dançou se beijou se dormiu abraçados e tudo alimentou a chama a chama pedia para arder crescer e no encontro os consumir em labaredas os corações em festa mas delicadamente com o frescor de flores na primavera soprou o vento polar a chama tremeu de frio e só restou o desejo a saudade daquilo que no encontro se desencontrou Calini Detoni

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8ª ANTOLOGIA POÉTICA SARAU BOCA DE CENA

Poema dos desejos Jordane Câmara

Procurando o que já perdeu. Esqueceu que perdia, quando achou não quis; Comovendo os olhos, esperar não podia, quando tinha se fez; Atraindo olhares, quando vê não enxerga, quando vir, nudez; Esperando já perdeu. Perdia e esqueceu, quando não tinha, quis.

Fred Cruz e Gizelli Flor

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8ª ANTOLOGIA POÉTICA SARAU BOCA DE CENA

Estou fazendo anotações incertas e alimentando as traças Blimer De noite, durante uma longa espera de um coletivo urbano, lembrei-me de certos fragmentos de meus sonhos. Esses se repetem há um ano. A minha visão foge de tua presença assim como a vida muda e a cidade fica cada vez mais descontrolada. Um dia terei coragem de lhe entregar essa carta. Um dia terei coragem de dizer que estou muito bem acompanhado com todos os fantasmas da solidão. Não será um dia para perder as chances, e sim, um dia para cultivar as incertezas. Eu vi a sua alma fugir de meu corpo. Eu observei os passos ninjas da garota que se vestia de negro e acompanhava involuntariamente os embaraços da noite e do meu quase futuro. Dos sentimentos que acontecem e se cristalizam, e tornam-se crônicos. Vejo seus passos na escuridão e na contramão dos meus vestígios e da minha morbidez. Não vejo mais móveis em sua casa. Não vejo mais seus passos pela cidade. E toda vez que lhe abria meu coração, você se distanciava, pois meus sentimentos fedem. Meu coração-cadáver não aprecia o desejo de se congelar. Por isso que ele é quente, e fede.

Calini Detoni

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8ª ANTOLOGIA POÉTICA SARAU BOCA DE CENA

Azeites & Bacalhaus Luisandra Junges

Não me venha subverter Com estes olhos sórdidos... - Dá um tempo! Virá à esquina e Segue à via sacra. Meus caminhos não são. Campos de oliveira. E nem eu Cheiro à azeite Extra-virgem. - Me dá um tempo! Desce as escadas da vida. E vai por mim...

Izabel Garcia

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8ª ANTOLOGIA POÉTICA SARAU BOCA DE CENA

O adeus eterno Christian von Koenig Com meus tornozelos enterrados eu a via desaparecer, lentamente. Erguia meus braços para impedi-la, mas o mais que os erguia, mais a areia me segurava e, com meus joelhos como que algemados, reduzia-se o alcance de minhas mãos. Ela confundiu meus gestos de agonia com acenos de despedida, enquanto a terra, obstinada em separar-nos, prendia-me agora pela cintura. E atava-me também as costelas, os ombros e os próprios braços no esforço de conter-me... Por fim, ao ver sua imagem já distante percebi que não era ela quem passava, mas eu mesmo que partia.

Lara Montechio

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8ª ANTOLOGIA POÉTICA SARAU BOCA DE CENA

IAMO Carmen L. Fossari As estrelas da Via Láctea Iluminaram esta face de frio De tantos mares Marés outras Tu e eu E vez e outra nos nossos Reencontros e partidas. Prolongamos o Inverno, Que é sempre o mesmo Sem o ser. Que ondas volteiam oceanos Que águas chovem, evaporam Desgelam das montanhas, Repletam os leitos dos rios E a noite se reproduz de noite Longo é o tempo de colher gravetos Secos em feixes amarrados Que o fogo consome na ânsia de ser Dia Ver o Sol de todo em todo Beijando verdes e flores E tu amado, de retorno Me encontras Pressinto de olhar, a rua calma E tanto e ainda mais Já nós sabemos Do abraço, beijos tanto em bem querer Que ao girarmos a bússola do tempo Nunca sabemos se ao Norte ou Sul caminharemos Mas que tu e eu tracejamos um ponto cardeal De aurora, pôr do sol e infiniTus

Gizelli Flor

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8ª ANTOLOGIA POÉTICA SARAU BOCA DE CENA

Chickenneckyou João Pedro Garcia

Ai... eu chickenneckyou ai... eu chickenneckyou cada pômulo porsobrinfonte cada dômulo entoqueimado vil losangulo da nosybitch scúpido, mas serraceno ração de minha resposta sobreposta em abandôneyou mas eu chickenneckyou eu chickenneckyou nunca makeatraitorei-me sempre trustineveryday-me decepço a mim e chick, chick sim, eu chickenneckyou sim, eu chickenneckyou.

Renatta Calippo

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8ª ANTOLOGIA POÉTICA SARAU BOCA DE CENA

HAIKU José Luiz Amorim

Visão da alegria Se ela me desse o cuzinho, Então, fá-lo-ia.

Flôr Kepah – O elefante (90 x 90 cm)

TEORIA LITERÁRIA I (POESIA ÉPICA) Quando você usa o falo Até fazer calo, Isso significa Que o gênero literário É - pica.

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8ª ANTOLOGIA POÉTICA SARAU BOCA DE CENA

Pentear João Pedro Garcia

Eu ando beliscando gorilas Por onde passo Tombo elefantes E me desfaço Num formigueiro Minha vontade não me faz inteiro Eu insisto em pentear macacos Desço ao esqueleto Aonde a dor encontra o brejo Onde junto crocodilos para o meu sacrilégio Aos olhos do mundo, Carrego a faca fundo em um dos sovacos Não existo sem pentear macacos

Michael Rosa

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8ª ANTOLOGIA POÉTICA SARAU BOCA DE CENA

Heartstealing Gabriel Felipe Jacomel

nossa vã prisão o máximo frágil quão caixão torácico vendo o Sol nascer rajado nessas grades de costela ah! Se os punhos fossem limas se as promessas fossem sérrias fugiria com tuas rimas por quilômetros de artérias

Renatta Calippo

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8ª ANTOLOGIA POÉTICA SARAU BOCA DE CENA

Reticente Juliana Impaléa

Mais um silêncio e bye, não vou mais aguentar... Tua reticência traz o que eu não quero olhar Mais um segredo e bye, não vou mais aguentar aprender na prática, eu vou te estudar que é pra ver se daqui pra frente ‘cê vai lembrar de lembrar o que é amor... Cuida de mim, cuido da gente, teu abraço me dá tanto calor Porque o momento sempre vai... Então me diz, fala pra mim, mais um segredo e bye

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8ª ANTOLOGIA POÉTICA SARAU BOCA DE CENA

Seegano Washington Yohan

Não queria ter que ir, não de novo, ir embora sempre é sofrido deixar coisas pessoas amizades amores sonhos intenções Não quero ter que ir, mas não sei, se quero ficar onde estou na mesma posição, Eu quero ir e ficar ir onde posso Ser e ficar onde posso Estar

Izabel Garcia

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8ª ANTOLOGIA POÉTICA SARAU BOCA DE CENA

Como comover-se sobre uma pessoa que ama? Blimer

A história se repete. Mas isso não significa que poderemos ser movidos pela superação. A mutilação das pétalas das flores celebra a existência dos amores da vida. A mutilação do coração daquele que ama é algo sem importância e banal. Dos amores que eu tive, não sobrou um pra contar história.

Kaicy Loren – Croqui de moda

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8ª ANTOLOGIA POÉTICA SARAU BOCA DE CENA

Consubstanciação Christian von Koenig

Nós partimos um doutro com o amor latente, Como alguém que descobre, depois de amputado, A importância dum membro antes desusado E assim, quando já dele separado, o sente. Teve a distância de amputar-nos lentamente, Revelar na tristeza o que foi sonegado Para que esse amor, feito tanto de passado, Gravasse-se nos nossos peitos tão presente. Partimos divididos duma só pessoa Que se atém à esperança, por mais que lhe doa, De que a substanciação própria se restitua. Pois se em teus lábios minha voz inda ressoa E dos meus olhos cai uma lágrima tua, Somente falta a carne que nos seja mútua.

Lara Montechio

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8ª ANTOLOGIA POÉTICA SARAU BOCA DE CENA

Nosso Amor Juliana Impaléa Para minha Tude Você se foi, mas quem falou que quem se ama some assim? O nosso amor não vai ter fim E a gente sempre irá sorrir Para de dizer que não Nossa liga é linda e ponto É porque te sinto aqui No meu coração te encontro...

Calini Detoni

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8ª ANTOLOGIA POÉTICA SARAU BOCA DE CENA

Tu, aí João Jacinto É bem possível que tenha chegado aos cem, vivido, até aos cento e qualquer coisa, anos, por que cada vez se morre mais tarde, mas não sei, se da melhor maneira. Mas se Tu, aí, onde estiveres, tomares conhecimento desta mensagem, e de minha existência e a quiseres mudar em qualquer altura, a meu pedido, fá-lo, agora, quando ainda tenho cinquenta, já feitos, em dois mil e nove, do calendário gregoriano, e outro tanto, possa ainda usufruir. Que me encontro aqui, por Sete Rios, pertencendo a uma espécie do reino animal, a Homo Sapiens, na Lisboa da saudade, onde desagua o Tejo, num pequeno país europeu, chamado Portugal, e que é banhado pela imensidão do Atlântico, no terceiro planeta do Sistema Solar, o azul, onde se luta e se mata pelos direitos à Terra e à vida, e pelo poder, e pela sobrevivência, e em nome de deus(es), e por prazer, localizado entre muitos bilhões de outras estrelas da Via Láctea, a que integra com mais de três dezenas de galáxias o Grupo Local, no Superaglomerado de Virgem, etc, etc, etc…

Liberta-me de vez deste Ego, enorme, doentio, herança milenar, que me abafa a inteligência que me liga ao Universo, que me prende à insignificância que não (pres)sinto, e à Terra, e à forma, e ao estilo… Por que sou o que nem sei, e quero evoluir, seguir o movimento da espiral, sentir-me em casa, e paz. E não me canso de olhar para este céu, onde se desenha o presente, (relógio com dez ponteiros), e de Te procurar mais além, nas estrelas, mas se aí, Te visse estarias em outro tempo, talvez, quando reinara o Luís XIV, e eu aí, nem Te (re)conhecesse. Haverá outro caminho, e terei, sempre em dois mil e nove, feito cinquenta, e à Tua espera

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Renatta Calippo

8ª ANTOLOGIA POÉTICA SARAU BOCA DE CENA

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8ª ANTOLOGIA POÉTICA SARAU BOCA DE CENA

E eu que sei apenas o seu nome Francisco de Assis Junior É com ela que repousa o verso um querer intenso de saber como é o sabor dos olhos o toque dos poros É com ela que desperta o inverso a paz que se desfaz num segundo o desenho dos lábios o cheiro dos cabelos É com ela que mora o canto aquele que emudeceu por não saber o macio do ouvido o sopro do desejo É com ela que desata o silêncio a pausa que antecede o batimento o acorde da voz a música do corpo É com ela que repousa a dança os pés, leve tempo dissolvido a carícia dos dedos a mordida dos passos É com ela que eu sonho o momento ensaio imaginando e me desfaço que cor terá seu beijo? Deve ser uma cor de céu ou talvez a cor dos olhos de um dragão.

Renatta Calippo

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8ª ANTOLOGIA POÉTICA SARAU BOCA DE CENA

Luisandra Junges Cantarolavam as pernas bambas num compasso desafinado. Não sei como me mantive em pé nem quando, nem onde... Nem por que me desafiavam (as pernas, o compasso) No alto falante - estourado do peito a acústica do teu olhar me fez tremer por dentro. Meu corpo quente escorria aos prantos Confesso que os nervos queimaram meu estômago Até sair pela boca.

Calini Detoni

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8ª ANTOLOGIA POÉTICA SARAU BOCA DE CENA

Sobre o inesperado Neto da Silva Eram sempre frases de efeito Eram contos mal contados Com biscoitos estragados Abraços e composições sem jeito. Te guardei um sofá e maços As frases que assimilei, tornei Real e avesso ao que sei Te aguardei com chá e tragos. E me traga boas novas Pois domingo tem Flamengo E à noite violão com bossa.

Lara Montechio

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8ª ANTOLOGIA POÉTICA SARAU BOCA DE CENA

To Oscar Markian Deneszczuk

Que por um "e" não foi selvagem Por esta vogal, foi muito mais que isso. Não escrevo aqui por um prêmio do cinema, escrevo sim pelo presente em nossas vidas, que sua existência representou. Começou falando da vida de nobres, seus amores, senso artístico e beleza, Por fim, encarcerado pela injustiça, de um tempo a qual não pertencia. E oferecendo aos meros mortais sua última dádiva, uma reflexão sobre o que deveria mudar, e como deveria isto se realizar. Poucos tiveram a oportunidade de conhecê-lo, e os felizardos, jamais esquecerão... Tenho a certeza que foi muito mais que sua obra. Mesmo porque sua vida foi ARTE. Por isso digo, mais que selvagem, foi muito além, e completou sua viagem.

Izabel Garcia - Tributo a Leminski

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8ª ANTOLOGIA POÉTICA SARAU BOCA DE CENA

Washington Yohan

"Amo como ama o amor, não conheço nenhuma outra razão para amar, senão amar. Que queres que te diga, além de que te amo, se o quero dizer-te é que te amo?" (Fernando Pessoa)

Na parede, inusitada parede, à minha frente, em atitude vulnerável, em letras delicadamente desenhadas, me deparo com Pessoa, e vou lendo, ao mesmo tempo que ouço, o barulho do jato de minha urina, na água do vaso, e de olhos fixos na parede, na inusitada parede à minha frente, urino e leio poesia, e uma mistura de sensações me envolve, o olhar nas palavras, o ouvir no jorro na água, o tato, minhas mãos quentes no meu pênis e o pensamento,

ah o pensamento.... Flôr Kepah – Mãos (90 x 90 cm)

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8ª ANTOLOGIA POÉTICA SARAU BOCA DE CENA

PORNASO José Amorim

Ele prolonga-se até ficar de pé Quando tua boca escala até O posto píncaro de minha pica Eu digo: - fica que ele estica. Sinto-me feliz estando a olho nu Diante de teu róseo e belo cu. Apaixonado por teu redondel Cravo o anelar no teu anel. Nas gêmeas virgens tetas com saúde Eu as mamo mais que amiúde. E quando ficas toda orvalhada É na tua boa boceta bem salgada Que eu enterro meu tinto tabaco E crio inveja até no Deus Baco.

Flôr Kepah – O bicho (90 x 90 cm)

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8ª ANTOLOGIA POÉTICA SARAU BOCA DE CENA

Mastro em ação! Flôr Kepah

Toque, toque, toque-me! Comece de um jeito, toque sem jeito. Ora com carinho, ora sem apresso. Dedos! Toque sem parar e não pare no mesmo lugar. Nada de acanhamento! Sinta todo o doc, bem fundo, mas não finda não. Muito há pra ser feito, tenha pressa não! Pra tudo tem o tempo, pro afogamento também. Circule pela margem, só não se esqueça do foco, meu bem! Onde o “Vesúvio” dorme - perto da “Pompéia” Pra lavar-se, depois de tanto toc, toc, toc, Na boca do dragão.

Jhozfer da Silveira

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8ª ANTOLOGIA POÉTICA SARAU BOCA DE CENA

Estranhezas Christian von Koenig É estranho, é muito estranho... Temo ferir-te com minhas palavras, como o vento que carrega as últimas pétalas de uma rosa; no entanto, nessas circunstâncias a fragilidade dela está em morrer. Eis a estranheza de que te falo: tu... tu és tão viva! És a rosa natural que o viajante encontra em seu caminho e, encantado, decide colhê-la e venerá-la e amá-la e possuí-la e despedaçá-la. Como explicar esse desejo de, ao mesmo tempo, proteger e destruir? E essa vontade de furtar a beleza da flor? E essa necessidade de posse? E esse apego ao mal que se faz na esperança de fazer-se um bem? É estranho, definitivamente estranho...

Lara Montechio

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8ª ANTOLOGIA POÉTICA SARAU BOCA DE CENA

Juniores Rodrigues

O que ninguém diz que o tempo passa mesmo atrás das cortinas a velha tela amarela corta o tanto de pensar que há naquela tinta um resto de alma ainda pesar do que resta ao redor inventário pouco de paixões permutas de silêncio e fogo e logo é jogo acabado que assim se esquece o frio e se convence que esse fio de luz só pertence à lua.

Renatta Calippo

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8ª ANTOLOGIA POÉTICA SARAU BOCA DE CENA

Tic-Tac Rafael Bitencourt

Enquanto eu o descrevo ele se vai embora, na ampulheta da vida a areia não volta mais, querer controlá-lo mesmo que por um agora, pode apenas mostrar o quanto atrasado estais. Passa o tempo passam as horas, não aceita comando e não volta para trás. Não respeita, nem enamora, passa voando, é assim que ele faz. A relatividade o faz complexo e da complexidade vem o tormento, saber a verdadeira medida do objeto circunflexo, entender que não está no ponteiro, e sim no momento. Desfaz a imagem, altera o reflexo, Mostra que o que vale está do lado de dentro. Às vezes comigo, às vezes ao relento, preterido por todos, assim é o tempo.

Izabel Garcia

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8ª ANTOLOGIA POÉTICA SARAU BOCA DE CENA

Pontal Pablo Luz Anjos urinam a beira-mar Enquanto poetas são banhados no Sol Júbilos na baía dourada No calmo movimento das águas Várias almas deleitam-se No furor dos que se atrasam Tempo bobo a nos confundir Buscando presentes destoantes Enquanto o Micro trabalha feliz E o Macro ironiza supondo um fim Somos cegos servos dos signos E importamos com os resquícios De nós que já não somos De sonhos desbotados do devir ...envia-nos à outra Ilha E sempre renova-nos a brisa.

Flôr Kepah – A ponte (120 x 60 cm), releitura da Hercílio Luz.

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8ª ANTOLOGIA POÉTICA SARAU BOCA DE CENA

Ilha Juliana Impaléa

Cai o dia, acorda a noite... calma minha a te acompanhar A canoa vai descendo rio abaixo, de encontro com o mar E lá: ilha! Linda rendeira Ilha brilha, canta na areia

Gizelli Flor – O pescador

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8ª ANTOLOGIA POÉTICA SARAU BOCA DE CENA

The Earth, a planet Carmen L. Fossari

The homeland The handful of dust The sand pile gravity The five continents Third of that in the Sun Planet that is At the center of its core It is iron and nickel Changes in chemical Earth Sun daughter of the First Sister from another planet Emerged the great meeting Clouds of dust and gas, contraction Her bountiful waters Of all the seas, life species Planet home to several species Exterminated and endangered For ignoble, some grantees That the number of human the

Lara Montechio

numbers of tenure Succumb to greed. The force uses the language of the land Sensitive nature To tell their secrets, And its storms Not everyone listens. Circular, large cosmic Mandala The land is in the universe, the house, the nest, the hive Magic initial energy Is possible that the side of the mystery Whose word that flows to the senses Call: miracle, a gift Like her, the Earth. Planeta we live, here we plant dreams To preserve it.

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8ª ANTOLOGIA POÉTICA SARAU BOCA DE CENA

IX Tiago Kroich

Não quero ser pedras A pastar velhos campos Sólidas, rudes, regras Não quero invejar os ventos Eu quero vistas breves Quero ser como as nuvens Que, de tão altas e leves, serenas – Apesar do que dizem – Voam tanto e tão rápidas Dotadas monocromaticamente Acima de todas as belezas terrenas E, como qualquer sonhador, Quero determinar e julgar a força (E há quem me clame de ditador) Da invasão das ideias, da luz Que iluminam os seres abaixo De quem as conduz Enquanto sorrindo me encaixo Branco no azul

Izabel Garcia

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8ª ANTOLOGIA POÉTICA SARAU BOCA DE CENA

Suspiros João Jacinto

Tudo está em mim. E assim, sou reflexo do céu. E o espelho deve estar em consonância com a imagem. E por cada suspiro que dou, há uma estrela que aumenta a intensidade de seu brilho. E mesmo que queira, nem sempre há brilho suficiente, numa qualquer estrela, que me leve a ter uma respiração anelante. E nem sempre nos meus suspiros há verdade capaz de provocar movimento seja ao que for. E continuo observando o céu, em mim, e o firmamento onde me perco, à espera de qualquer entendimento que justifique este sincronismo, para além desta realidade.

Jordane Câmara - Fotografia

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8ª ANTOLOGIA POÉTICA SARAU BOCA DE CENA

Personagem Julio de Mattos Personagem de mim, outro A cada instante Sorrindo o semblante Da sinceridade das horas Na voz da tristeza que canta E que late e levanta Pra ver o que o ego Quer dessa vez Acordo trajado de sombra E tão logo visto A primeira persona do dia Me sinto saído De algum desenho animado. Muito embora eu mesma Me chame de homem Não sei se o que sou Tem nos livros de história Ou de biologia E se não me falha a memória Me falta essa (onis)ciência Pois o que sei é bem pouco Quase nada Perto da imensidão Dessa estrada Repleta de auroras.

Coqueiral Calini Detoni

Juliana Impaléa

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8ª ANTOLOGIA POÉTICA SARAU BOCA DE CENA

Coqueiral Juliana Impaléa O coqueiral traz corpo Carajás morenos de paz E eles trazem madeira, mel e milho, banana, cana e tinta, pintada nossa índia de urucum e carinhos. Colar, coral, cantigas, côco, cedro e moringa, lanças, tranças e umbigais. Índio quer sol e chuva! Índio não quer discussão... Isso não é pedir nada, que palidez a sua, meu irmão.

Flôr Kepah – Dois lados (100 x 70 cm)

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8ª ANTOLOGIA POÉTICA SARAU BOCA DE CENA

Nublo ao mesmo tempo Samanta Rosa Maia

genuínos os olhos que de um gato me olhavam cercavam minha cara de amarelo e os olhos-portas pra algum lugar dentro da bíblia de pêlos corriam.

Micael

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8ª ANTOLOGIA POÉTICA SARAU BOCA DE CENA

Preso em meu mundo, livre em minha mente. Rafael Bitencourt

Liberdade não se conquista, Liberdade não se vende, Liberdade não se ganha, Liberdade se aprende. Liberdade não se limita ao lado externo, Ela pode estar presa a um pensamento. Vejo pessoas reclusas por fora, E algumas livres por dentro. Asas não garantem liberdade, E sua ausência não o impede de sonhar. Há muitos Hermes em gaiolas, E muitos ápteros por aí a voar. O pai da vida não me fez alado, Mas pôs sua filha a me ensinar, E eu, mesmo sem asas, Atento, aprendi a sonhar.

Izabel Garcia – Desfazendo-me em linhas.

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8ª ANTOLOGIA POÉTICA SARAU BOCA DE CENA

Facebook Jordane Câmara

Compartilhar o quê? Se todas as coisas permeiam o esquecimento. Na loucura do cotidiano não encontramos mas algo verdadeiro a compartilhar. Apenas doces ilusões existenciais, nessas horas a bebida vai bem. Cai a noite e o vento bate nas folhas caindo do outono... isso não posso compartilhar, nunca me pertenceu. Sinto, ouço, até mesmo vejo, mas passou, o vento. Todo o resto faz parte do que já foi e não volta, não ha tempo.

Izabel Garcia – Os sonhos loucos que tive quando dormi pensando em você.

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8ª ANTOLOGIA POÉTICA SARAU BOCA DE CENA

Informação e conhecimento: os detalhes que fazem toda a diferença Rogério Messias

Sempre tive ambição de ser alguém na vida, não que tenha feito algo de tão notável assim, acredito que tenha feito diferença na vida de muitos amigos, uma vez que o contato com o mundo que de tão grande fica complexo de se entender. Tenho lido e acompanhado informações que me alarmam... De repente, todos somos tomados por um instinto quase “aurelístico”, numa exaustiva disputa de conhecimento que transcende a discussão, ultrapassando todos os limites do que pode ser aceitável de difusão da informação, e da pior maneira possível. A responsabilidade de transmissão e difusão da informação acaba por gerar um conhecimento que num micro espaço pode causar muitos problemas, com isso causando transtornos à vida de várias pessoas nesse micro espaço e em relação a um macro espaço, onde por vezes ocorre este problema: um conhecimento gerado através de informações erradas. Como exemplo de como uma informação errônea pode gerar situações constrangedoras, temos uma história que pode ter um final engraçado... Num domingo à tarde, bem na hora do jogo de futebol de seu time de coração entrar em campo, o bêbado cai no sono. O time do mané perdeu! Foi um chocolate: 6X0 para o Corinthians. A maior farra na rua e o pobre torcedor em seu sono pesado. Lá por umas horas da madrugada o cara acorda. A ansiedade dá lugar a uma angústia de saber o resultado do jogo. Ele até liga a TV, mas já era muito tarde para qualquer emissora manter a cobertura da festa do timão... Então o mané resolve ligar para alguém, mas quem poderia dar essa notícia sem que tivesse chances de tirar um sarro? Um amigo de time? Mas e se o cara estivesse querendo esquecer (e devia estar mesmo)?... Então resolve ligar para sua mãe. Grande erro! Buscar informação sem levar em conta seus conhecimentos, ao negligenciar o fato de que sua mãe nunca falaria nada que pudesse magoá-lo, com objetivo de defender seu filhinho das dores e angústias. Logicamente ela não disse que tinha acontecido, e pior... Ele, louco de curiosidade, perguntou: – Fui campeão, mãe? - Ela devolve a questão com um enorme e sonoro sim. Sem esperar sua mãe terminar de falar, ele desliga o telefone sem escutar o mais importante, que ele sempre será o campeão da mamãe... O cara ficou louco, achando que seu time tinha sido campeão. Sai pela rua, tirando um sarro de todos como um autêntico campeão - que não era - e começa a beber novamente, pensando brindar a vitória. A situação fica tenebrosa: o cidadão, no amanhecer da city, sai correndo pela avenida, alucinado, entoava um brado que exprime todo seu sentimento daquele momento: – É Campeão !!! ... Os torcedores do timão começavam a sair para o trabalho, quando percebem o Locke pendurado na estátua no meio da praça, acreditando ser campeão - e é aí que a história começa a degringolar: os corinthianos, como se poderia prever, não quebraram de pancada o mal informado, pelo contrário, deram corda, fingindo um chororô. Apenas o beberrão que não entendeu, e pior, ele também tinha que trabalhar. Então, o mané dirige-se muito atrasado, e meio bebado ao batente. O que ele não imaginava é que seu chefe era um dos corinthianos que tiravam sarro dele na praça. Em tom de piada, seu chefe comenta sobre os torcedores que comemoram até quando o time é humilhado... Obviamente ele não acreditou, e começa a discutir com o chefe, que de tão feliz com o timão nem dá bola e vira de costas, deixando o mané chorando sozinho. A situação do mal informado piora, pois ele não se controla e vai às vias de fato com seu empregador, que por sinal não brigava nada e tomou um pau de doido, quase passando dessa pra melhor. Nosso mané mal informado acabou sendo demitido, e por justa causa. E mais: acabou preso, condenado há 20 anos de prisão por tentativa de homicídio. Sua mãe vai visitá-lo sempre, mas agora ele não pergunta mais nada sobre seu time... Depois de muito, o mané percebeu a importância de utilizar informações precisas para gerar conhecimento. É importante que se compreenda: conhecimentos são necessários, e, bem articulados, tem a missão de desenvolver outros conhecimentos, gerados por informações bem trabalhadas em seu dia a dia. É, mas isto já é outro capitulo...

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8ª ANTOLOGIA POÉTICA SARAU BOCA DE CENA

Ingrid Oliveira

indignação: s.f. Sentimento de cólera e desprezo que uma ofensa ou uma ação injusta provocam. Faz tempo não escrevo poesia infelizmente o que vou escrever não será poesia porque tem por trás selvageria hipocrisia. O que vou escrever é minha transcrição de muita indignação. Da tua boca saem palavras tão firmes tão infladas de uma verdade cinicamente falsa Que essa tua suposta segurança não camufla toda essa preponderância e arrogância. Por tua língua só passam palavras tortas Palavras mortas que se amontoam num grande oco Que hora mais cedo hora mais tarde se perdem e se esfacelam no ar no meio da voz da língua do povo. E pasmem, minha ironia não é vazia porque corre nas minhas veias sonhos vermelhos de rebeldia. E digo ainda, aquilo que me faz não mudar de lado e virar um pelegado é convicção De que o que esse povo precisa minha gente é de conscientização!

Gabriel T. de Oliveira

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Fred Cruz e Gizelli Flor – Madonna

8ª ANTOLOGIA POÉTICA SARAU BOCA DE CENA

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8ª ANTOLOGIA POÉTICA SARAU BOCA DE CENA

Gabarito da Vida Pablo Luz Veja irmã, melhor que te afogasse Para que tu não percebesses Num tremendo lago de Fogo Do qual nós, de ombros pesados Obrigados somos a nos apresentar Tenho tanto de tanta coisa Que no fim dá Vontade De escarrar demente E neutralizar a ânsia, sim: Apaixonar-se é morte Detenha qualquer rotação além E preserve os graves Pois estamos aflitos E acordar tão cedo Poderia ser bonito, irmã Se tivéssemos direção E nunca se sabe quando A Vida recomeça Se no lar que se deixa Ou no próximo prato Que se lava.

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8ª ANTOLOGIA POÉTICA SARAU BOCA DE CENA

Epitáfio Tiago Kroich

Não sei o que sou Se carne ou se alma Se tudo ou se nada Essa idéia de mundo Já me devorou

Lara Montechio

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8ª ANTOLOGIA POÉTICA SARAU BOCA DE CENA

Andarilha Renatta Calippo

Perdi minha identidade, Não sirvo à pátria, Acendo uma vela para Deus, e um cigarro para o Diabo. Vivo com as malas nas mãos, Vejo anarquistas em todas as partes. Viro a esquina rumando entre as cidades. Não volto mais, Sou filha do mundo, Não tenho mais dó nem piedade. No meio das latas e da fumaça, No meio do purgatório diante do inferno.... Não temo mais o meu desejo. Sem olhar para trás, Eu sigo feliz Até o penhasco.

Jordane Câmara - Fotografia

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8ª ANTOLOGIA POÉTICA SARAU BOCA DE CENA

SOLIDÃO EM ESCALA DE DÓ Renata Dias

E a solidão dos que mesmo acompanhados se sentem sós. E a turba da multidão delirante que não se deixa acompanhar dos solitários. Um ser só será sempre e tão somente só. Só ele estará entre seus semelhantes; Só ele estará entre seus pares; Só ele estará entre seus parentes, entre os amigos... E muito mais só entre desconhecidos. Só ele trilhará seu caminho... E quando parar para descansar, ainda assim estará só. E nessa rima triste de só com dó Não tenha pena desse ser solitário que anda só; Talvez só você também esteja, e no momento... Não há ninguém com dó!

Izabel Garcia – Homem versus gaiola.

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8ª ANTOLOGIA POÉTICA SARAU BOCA DE CENA

Bom dia do Escravo Jordane Câmara

A voz arredia que invade a tranquila fala do poeta, em manhãs de primavera, onde o som dos pássaros, a brisa do mar, até mesmo o minuano cortando o rosto não passam de lembranças. Perturbado ainda com os primeiros raios de sol, aquele sussurro lhe deseja bom dia, como a ordem do sinhô para o escravo, nunca será um bom dia, não para o indigente que não é dono de sua própria liberdade. Mesmo liberto dos grunhidos o escravo não tem nada a fazer, a não ser procurar sua família, quando negado seu desejo seu dia não é bom. No teatro aristocrático os negros ganham um papel, triste como sua história. O libambo aprisiona seus dias... não existe Helenas, Afrodite, nem Dionísio. Não existe espaço para felicidade. Uma vida inteira do desejo, da busca interminável, do sonho não realizado, da conexão interrompida, esse é o bom dia do escravo poeta. Não ganhou papel e lápis para descrever seus próprios sonhos, agora da mão do historiador suas anciãs revelam-se. Ele também sonhava, também queria um bom dia, não sabemos de suas individualidades, mas quando reunidos celebravam sem pudor, sem patrão, sorridentes e capazes. Suas vidas incógnitas ganham as academias, suas individualidades serão expostas, mesmo que não seja num bom dia.

Renatta Calippo

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8ª ANTOLOGIA POÉTICA SARAU BOCA DE CENA

Greve Geral João Jacinto

Greve Geral?! Vão, mas é, trabalhar!... Como é possível, quando há quem ainda não esteja suficientemente rico, à custa da vossa labutação e tenha já, para roubar, muito mais tempo? Greve Geral?! O que ganham com isso? Nada! Mas há quem precise do vosso esforço, para que lhe cresça os lucros e nada vos sobre! Greve Geral?! Vão, mas é, trabalhar, que o senhor engenheiro vos agradecerá com mais umas quantas promessas de nãos!... E viva, in feliz democracia! Viva!

Lara Montechio

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8ª ANTOLOGIA POÉTICA SARAU BOCA DE CENA

Na Lona Preta Ingrid Oliveira

ao MST

Este céu não tem estrelas Não tem nuvens Não tem sol Erguido por mãos vermelhas Mãos que lutam Este céu tem cor escura Tem cheiro de terra Tem grito de força Este céu é lona preta.

Lara Montechio

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Catedral Noturna Tiago Kroich

Quem é você? Luz enganosa! De quem é esse rosto? De quem são esses cabelos negros? E esses olhos cansados, estranhos Cheios de sonhos quebrados De quem são essas lágrimas? Quem é você que me persegue? Por que vejo você no meu reflexo? Quem é, o que quer? Por que me olha? *** Que palavras sussurras calado? Não vês que não há mais nada? Que só este espelho te escuta Essa tua voz que ninguém ouve Esse grito que ninguém sente Essa alma perdida no esforço Esse pêndulo, esse ciclo De silêncio e de sufoco Você que me olha e que pergunta Eu sou a sombra e o reflexo Sou os desejos e ilusões Sou um caráter perdido A sede do que foi e do que sempre será Não sou luz nem escuridão Sou só o semblante sem razão O fantasma de uma noite

Em que o sol não significa nada Já você, carne fadada que me pergunta Agora as palavras caem no espelho Você tem sua resposta? Quem é você que me renega A própria história da sua vida Eu que sou o seu percurso Eu que sou o seu destino Seu passado e seu futuro A treva que lhe espera Poder unânime da vida Você, dos cabelos negros Dos olhos cansados Das lágrimas sem brilho Que me molham o rosto E você, quem é? *** Eu sou... ...a chama dos meus sonhos Sou a dança que resiste Sou a força determinante A última gota da esperança Se porém não sou tudo Tampouco sou eu nada E persisto

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Douglas Bruno F.

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Percepções Renata Dias

Note o ar petulante; O andar como fosse sobre ovos; O aperto de mão tal como dedilhar os botões nojentos de um elevador público. Tudo revela ares de superioridade, mas não passa de afetação! Quais são os valores em que acreditam essas pessoas? Nem sabem quem eu sou... Não sabem o que trago nos bolsos... Não sabem se quer o quanto o ser humano pode se degradar... Por dinheiro Por drogas Por cachaça Por poder Por mulher ou por jogo.

Izabel Garcia

Existem os que se degradam até por açúcar, e some-se a isso o poder global que o açúcar enquanto combustível irá desempenhar. Pobreza lhes parece doença contagiosa e para fugir do contágio, foge-se primeiramente de seus estereótipos. E não haverá lugar entre eles para os negros, os nordestinos, os mutilados e para aqueles que as dores da vida deixaram rugas no rosto. E por que vindo de onde eu vim por vezes compactuo e até contribuo com essas manifestações racistas e preconceituosas? ...quando finjo que não sinto. ...quando finjo que não sei, e até quando finjo que nem é comigo. Acredito ser uma forma de desejar ser invisível, passar sem ser percebido... Já que não sou negro, não sou nordestino, não sou mutilado e jovem demais para que as desgraças que vivi deixem marcas no meu rosto.

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Demonstração que está fazendo falta Samanta Rosa Maia

Saltam em salto as pôças – as póças as môças – as móças nas docas, dondocas nem tiram os sapatos

Kaicy Loren – Croqui de moda.

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Golden goose Gabriel Felipe Jacomel

fígado fidalgo algo diz que deu errado na receita do foie gras o ganso pateta tomou uma mais e roubou o canto do cisne

Flôr Kepah – Família (90 x 90 cm)

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Vazio Ingrid Oliveira

Hoje, tudo o que consigo ver é gente invisível. Seus olhos carregam algo que ainda não tem nome porque atroz demais pra ser falado. e passam por elas riem com seus silêncios de vergonha. seguem não se importam. só consigo indagar, e sem respostas cato meus devaneios. são corpos ocos travestidos de carne e osso.

Lara Montechio

ainda é tarde, pra gente criar dignidade?

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Das profundezas do inferno para um pacto jovial Blimer Lilith aproveita cada segundo da eternidade dos bons homens para distorcer a visão do mal e contrabalancear a necessidade que temos de mentir. Afinal de contas, se Deus não tivesse inventado o pecado, não precisaríamos cometê-lo. Eu senti as carícias de Lilith enquanto descansava em um sono profundo, no intervalo entre um sonho e outro. Foi como se eu estivesse morrido e esperando pelo julgamento das pessoas de bem em algum telejornal sensacionalista. Mesmo assim, não considero um engano. Em muitos momentos, eu visitei o inferno com a finalidade de observar os anjos que caíram em tentação com essa minha visão de águia.

Douglas Bruno F.

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Luisandra Junges

Sinto nojo do vazio que me corrói Do buraco no estômago que me consome até o cerne A sujeira das compridas avenidas me dá vida Um misto de amor & ódio De estar aqui e em lugar nenhum Enquanto minhas veias estouram corpo adentro Sinto tesão pelo sujo Quero a boca das prostitutas de vermelho tinto Tingindo de vinho a minha roupa pálida Quero as ruas esquálidas à minha disposição Quero que brote do âmago dos transeuntes Suas ridículas peculiaridades Quero gritos & roupas amassadas Sussurros ao pé do ouvido

Lambidas Ruídos Grunhidos Quero ratos & baratas de esgoto Perambulando petulantes pelas avenidas Quero o lado podre da vida Quero o SER humano Nu Cru Apenas Sendo.

Jhozfer da Silveira

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Depois de Aldebarã Carmen L. Fossari Chove n.ilha aos cântaros chove em minh.alma tantas dores do povo sem casa nas intempéries da vida E na máscara que esculpia de tua face Na leitura que ofertastes de” parecenças”. A chuva diluiu os traços d.admiração, d.afetos, desfaço n.água tão de sal, e tanto menos a última sombra tua que permanecestes. O céu d.aguas sabe o sabor amargo do que vimos. As casas humildes desmancham seus tetos, abrigos enquanto sob a proteção pequeno burguesa ouço as forças d, águas e eu mesma oceano. Sob o manto da aparente proteção ver o que sob as máscaras te desnudas de omissão, volteios e mentiras. A pior pobreza tu a vestes, na dissimulada forma de viveres. Todo teu ser, que desconheço Deposito à memória da terra Que as águas de Maio, levam e lavam O caminho que retorno em navegar-me

Flôr Kepah – Visão da cidade (escultura em madeira triangular).

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Juniores Rodrigues

Vida está escrito em toda coisa para a maioria mover-se basta martelo e cinzel pedra que grita dor e aprisionamento no mesmo horizonte.

Micael

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Passo em falso Flôr Kepah

Estou em busca de paz,

Não me rendo

Sou da paz.

Mas respeito os “vencedores”

Antagônico isto!

Idiotice não fazê-lo,

Humano, diga-se.

Só não os sinto com medo.

Retrato da ousadia

Senti-lo por quê?

De quem se permite ser,

O medo não vem de outros

Simplesmente,

O medo vem de mim

Aqui, ali.

Do que eu posso ou não fazer Com o que eu tenho

À margem de outros

Ou com o que está longe de mim

Ou dos que esperam mais de mim –

...

E como esperam!

E olha que eu faço mesmo! Sem me arrepender muito.

Melhor um passo em falso Do que a inércia sufocante do buraco.

Izabel Garcia

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Não poderemos morrer João Jacinto

Como pode o mal (ou o bem) de alguns prejudicar muitos, e haver tanto fanatismo e solidariedade por quem tão orgulhosamente corrói e tanto desprezo tem por quem sem defesas sofre e tristemente se perde? Onde mora o homem de gênero; capaz, de fazer nascer o futuro e do amor que justifique sua grandeza? Entre tanta pobreza haverá quem, certamente, esteja bem acordado e pleno de sabedoria, pronto para marchar e a emergir do silêncio... Não poderemos morrer de inércia, esvaídos de memórias. Não poderemos morrer.

Lara Montechio

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BIOGRAFIA DOS ARTISTAS

Arthus de Vasconcellos - Bacharel em Letras, Língua Inglesa e Literaturas pela UFSC onde começou o Programa de Pós-Graduação em Inglês, tendo como objeto de estudo a poesia no multiculturalismo canadense e brasileiro. É seu primeiro envolvimento direto com um projeto artístico, embora já escreva poesia há 10 anos. Douglas Bruno F. – Nasceu em 12 de maio de 1994. Mora em Palhoça, é estudante do ensino médio e faz parte do projeto Arte de Caderno. Flôr Kepah – Nasceu em Florianópolis em 26 de dezembro de 1976. Poetisa há 20 anos, descobriu o Sarau Boca de Cena em 2008, quando passou a apresentar os seus poemas ao público. Momento de transição entre o anonimato e a expressividade de sua arte, tanto escrita, quanto no palco, com evidente evolução. Suas poesias foram publicadas em duas Antologias Poéticas Sarau Boca de Cena, sendo esta a terceira. Alguns de seus poemas estão postados no Facebook e Youtube, escritos e em vídeos. Pintora autodidata desde 2004 perambulou por várias estéticas, de maneira sensorial, que culminaram em sua linguagem plástica atual: orgânica e sensual. Atua profissionalmente como decoradora de interiores há dez anos, motivada pelo curso universitário iniciado em 2001, Arquitetura e Urbanismo, cursado durante três anos. Em 2011 iniciou o seu caminho como compositora musical e letrista, em parceria com amigos músicos. Com sua sensibilidade aflorada, sempre esteve ligada às artes e suas mais diversas expressões, (in) diretamente, o que é perceptível a qualquer um. Francisco de Assis da Silva Júnior (Chico) - Nascido na cidade de São Paulo em 22 de Julho de 1982. Começou a escrever em 2005, publicando textos sob o pseudônimo de "Assis Monteiro". Trabalhou como coordenador e artista no projeto Bom de ler contando e tocando histórias por todo o estado de Santa Catarina. É músico, baixista, e compositor da banda Baudelaire na Casa do Batuque. Gabriel Felipe Jacomel é performer. Escreve para o blog faziafagiaebulimia; canta, dança e inventa moda em algumas bandas por aí - tais como Horny Gospel Gods e Balanço Bruxólico; atua na Companhia Teatro (em) Movimento - Vermelho-vermelho. Gabriel T. de Oliveira – Estuda no Instituto Estadual de Eduação, em Florianópolis, e faz partedo projeto Arte de Caderno. Ismael Alberto Schonhorst a.k.a. Papa Maolcolm Luther Chenrezig Tse King (1988 - 2012) alternou momentos como escritor (romances, poesia, teatro e rádio), humorista, diretor, filósofo, psicólogo, linguista, redator, músico (Influências: ruídos e Richard Wagner), futurista, zen anarquista e pesquisador/teórico do caos e conspirações, mas, sobretudo, sempre, diletante! Izabel Garcia – Voltou a desenhar pela vontade de trabalhar com a ilustração infantil. Foi quando a magia dos pinceis, canetinhas e colagens a tomaram por completo. Hoje trabalha com cenário e figurino pra teatro. Mas já mexeu com fotografia, bordados e produção de moda. Sente que, existe uma conexão entre todas as artes, ligadas pelo fio condutor do amor: “tudo o que tenho feito envolve bem pouco de racionalidade, é uma coisa de sentir e me envolver de coração. O lema é nunca perder a paixão”. Jhozfer da Silveira – Nasceu em 02 de junho de 1994. É estudante do ensino médio no Instituto Estadual de Educação, em Florianópolis e faz parte do projeto Arte de Caderno.

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José Luiz Amorim - Nasceu em Florianópolis, SC, em 23 de maio de 1985. Participa do Grupo de Poetas Livres e Sarau Boca de Cena da UFSC onde cursa Letras-Português. Poesias publicadas na revista Nua, jornal Hora de Santa Catarina e antologias. Classificação no concurso literário Celeiro dos Escritores 2007(Poema: Restauração).Classificação no III Concurso Literário Valdeck Almeida de Jesus de Poesia 2007 (Poema: Restauração). 3º lugar no concurso Grandes Poetas do Orkut 2008 (Poema: Perdão Senhor). Menção Honrosa no 4º Concurso nacional de poesia prêmio '' Affonso Romano de Sant'na" 2008 (Poema: O poeta). Classificação no IV Concurso Literário Valdeck Almeida de Jesus de Poesia 2008(Poema: Sublime). Menção Honrosa no concurso cem anos de Franklin Cascaes 2009 (Poema: Desterro). Classificação no Concurso Nacional de Poesia Cassiano Nunes 2009 (Poema: História de Pescador). Classificação no 7º concurso de conto e poesia Sinergia 2011(Poema:Pornaso). Juliana Impaléa – Atriz profissional, com vasta experiência em Teatro de Rua, Teatro Sindical e Teatro Empresa. Musicista profissional, venceu em 1998 o FestValda/Rio de Janeiro, como melhor vocalista e 1° lugar em música inédita, com sua obra intitulada Perdidos no Ar, com a banda João Teimoso. Morou seis anos no Rio de Janeiro, aonde trabalhou com o grupo de Teatro Tá na Rua, primeiro grupo de teatro de rua da América Latina, com o diretor Amir Haddad. No Rio, desenvolve seu trabalho como compositora musical, tendo criado mais de 400 músicas próprias. Voltou a Florianópolis em 2004. Em 2005 criou o Sarau Boca de Cena, junto com Flávia Desor, com o lema,“Vamos cultuar a cultura” e a Antologia Poética Sarau Boca de Cena. Formou-se em Letras e Literaturas Português pela UFSC em 2011. Segundo ela, “A Arte é a ciência da vida”. Juliana Pereira - Nascida em Florianópolis. Trabalha como pesquisadora de poesia moderna, integrante do Núcleo de Estudos Literários e Culturais (NELIC) da UFSC. Graduanda do curso de Letras-Português da UFSC, tem esta Antologia como a primeira publicação em livro de seu trabalho. Além disso, Juliana também participa do Buz Zine, um fanzine independente que surgiu entre os graduandos da Universidade. Julio de Mattos - Natural de Taubaté, São Paulo. Aos 6 anos escreveu um livrinho chamado "Tutti & Frutti". Aos 13 começou a aprender violão e logo em seguida a fazer canções. Morou por 6 anos em Florianópolis, estudando Filosofia e fazendo um som com seu amigo poeta Thierry Motta. Kaicy Loren – Aos 14 anos de idade esta jovem faz croquis de moda com inegável talento. É aluna do colégio Estadual Simão José Hess em Florianópolis. Lara Montechio - Estuda Artes Visuais na UDESC. Experimenta desenho, pintura, fotografia, vídeo etc. Busca junções entre as técnicas. Trabalha atualmente pensando a cenografia de um espetáculo teatral. Michael Rosa – Com 15 anos de idade, o artista produz com grande talento plástico, desde os 11 anos. Sua maior inspiração são as obras de Animes e Mangas. É aluno do colégio Estadual Simão José Hess em Florianópolis. Rafael M. de Bitencourt - Nasceu em Santa Rosa do Sul, Santa Catarina. Quando seus sonhos ficaram maiores que a pequena cidade ele partiu. Graduou-se em Farmácia e em Florianópolis concluiu o Mestrado e Doutorado em Farmacologia. Contudo, tem sido na poesia, muito mais do que nos textos científicos, que vem reencontrando o prazer da escrita. Renata Mendes Dias - Natural de São Paulo, é graduada em publicidade e propaganda, mas é doutora mesmo em coisas da vida. Produtora cultural, foi uma das idealizadoras do Sarau da Ademar que acontece na periferia da cidade de São Paulo. Reside em Florianópolis há três anos, atraída pelos encantos da ilha. Admiradora da lua, da natureza e do ser humano, acredita que todos tem algo de bom para contribuir, sendo assim, só depende descobrir o que cada um tem de melhor. Acredita, sobretudo no bem vencendo o mal. Tabata Vieira da Silva – Nasceu em 14 denovembro de 1996. É estudante do ensino médio na EEB Nadir Becker, em Brunópolis.

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Washington Yohan - Nascido na Liberdade, São Paulo. Cigano Honorário, morou em SP, BH/MG, RJ, SC, PR, RS. Foi Gerente da Caixa Econômica Federal e trabalhou na Petrobras e outras empresas, sempre com informática. Militante, participou da Anistia Internacional. Transforma-se em Terapeuta Holístico em 99. Mestre de Reiki (Tradicional, Tibetano e Sekhen), Terapeuta Floral pelo Bach Centre/EN, Formado como Renascedor Profissional por Leonard Orr e Ronald Fuchs, Aromaterapeuta. Faz Filosofia na UFSC e pretende terminá-la pelo menos dessa vez; nas outras cinco não teve saco. Yohan é auto atribuído e significa João em hebraico ou aramaico.

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MARCAS LOGOTIPOS

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