6713980 Os Sete Reinos Sagrados

May 27, 2018 | Author: Imagenes Vivas | Category: Pythagoras, Universe, Time, Aristotle, Matter
Share Embed Donate


Short Description

Download 6713980 Os Sete Reinos Sagrados...

Description

UMBANDA Os 7 Reinos Sagrados

Manoel Lopes

UMBANDA – Os 7 Reinos Sagrados

REGISTRO

ESSA OBRA ENCONTRA-SE SOB REGISTRO  NO ESCRITÓRIO DE DIREITOS AUTORAIS DA FUNDAÇÃO BIBLIOTECA  NACIONAL (RJ) SOB NO. 393.432 LIVRO: 732 FOLHA: 92 TODOS OS DIREITOS DO AUTOR  RESERVADOS.

2

UMBANDA – Os 7 Reinos Sagrados

REGISTRO

ESSA OBRA ENCONTRA-SE SOB REGISTRO  NO ESCRITÓRIO DE DIREITOS AUTORAIS DA FUNDAÇÃO BIBLIOTECA  NACIONAL (RJ) SOB NO. 393.432 LIVRO: 732 FOLHA: 92 TODOS OS DIREITOS DO AUTOR  RESERVADOS.

2

UMBANDA – Os 7 Reinos Sagrados

ÍNDICE INTRODUÇÃO ................................................... ................................................................................................................ ................................................................. .... 7 CAPÍTULO 1........................................................................................................................8 O U NIVERSO........................................................................................................................8 A MITOLOGIA GREGA .........................................................................................................8 HOMERO ..............................................................................................................................8 THALES (DE MILETUS).........................................................................................................9 A NAXIMANDER (DE MILETUS).............................................................................................9 HERACLITUS (DE EPHESUS) ............................................... ............................................................................................... ................................................ 10 A NAXIMENES (DE MILETUS)..............................................................................................10 A NAXAGORAS (DE CLAZOMENAE).....................................................................................10 O UNIVERSO DE PITÁGORAS (DE SAMOS) ............. .................... .............. ............. ............. .............. .............. .............. .............. .............11 ......11 TEOREMA DE PITÁGORAS ..................................................................................................11 A MÚSICA DAS ESFERAS ....................................................................................................11 OS PITAGÓRICOS NO SÉCULO 5 A.C. ................................................... .................................................................................. ............................... 12 PLATÃO .............................................................................................................................12 SÓLIDOS PLATÔNICOS .......................................................................................................12 EUDOXOS ...........................................................................................................................13 ESFERAS CELESTIAIS .........................................................................................................13 DEMOCRITUS (460 A.C. - 370 OU 360 A.C.)......................................................................14 O UNIVERSO DE ARISTÓTELES ...........................................................................................14 OS QUATRO ELEMENTOS ....................................................................................................14 O UNIVERSO DOS ESTÓICOS ...............................................................................................15 ZENO DE CITIUM................................................................................................................15 A ESCOLA ELEÁTICA .........................................................................................................16 PARMÊNIDES .....................................................................................................................16 CAPÍTULO 2......................................................................................................................17 O U NIVERSO UMBANDISTA ...............................................................................................17 ETERNIDADE E O I NFINITO .................................................................................................17 A DIMENSÃO ESPIRITUAL ...................................................................................................17 ORUM E AYÊ .....................................................................................................................18 O U NIVERSO MATERIAL  – AYÊ........................................................................................18 U NIVERSO ESPIRITUAL - ORUM.......................................................................................18 CAPÍTULO 3......................................................................................................................20 CAMPOS DE FORÇA ............................................................................................................20 O NDAS MENTO-EMOCIONAIS .............................................................................................20 O U NIVERSO SEGUNDO OS YORUBAS ................................................................................21 I NTERAÇÃO ENTRE OS U NIVERSOS.....................................................................................21 CAPÍTULO 4......................................................................................................................23 CAMPO ETÉRICO ................................................................................................................23 O ÉTER ..............................................................................................................................23 3

UMBANDA – Os 7 Reinos Sagrados O FIM DO ÉTER ...................................................................................................................23 DEFINIÇÃO DE CAMPO ETÉRICO .........................................................................................24 CAPÍTULO 5......................................................................................................................25 CAMPO ESTRUTURAL ........................................................................................................25 MANIFESTAÇÕES DO CAMPO ESTRUTURAL ........................................................................26 I NFINITOS CAMPOS ESTRUTURAIS ......................................................................................28 CAPÍTULO 6......................................................................................................................30 DEUS - O CRIADOR .............................................................................................................30 MONOTEÍSMO ....................................................................................................................30 MAS AFINAL, QUEM É DEUS?.............................................................................................30 OXALÁ E JESUS..................................................................................................................31 CAPÍTULO 7......................................................................................................................32 A ESTRUTURA DA MATÉRIA ...............................................................................................32 I NTERAÇÕES ......................................................................................................................33 I NTERAÇÃO FÍSICA .............................................................................................................33 I NTERAÇÃO ETÉRICA .........................................................................................................33 I NTERAÇÕES MENTO -EMOCIONAIS .....................................................................................34 I NTERAÇÕES ENTRE AS PESSOAS ........................................................................................35 O CAMPO ESTRUTURAL DOS OBJETOS ................................................................................36 AS MÔNADAS .....................................................................................................................36 CAPÍTULO 8......................................................................................................................37 O  NASCIMENTO DO PLANETA TERRA .................................................................................37 UMA LONGA HISTÓRIA .......................................................................................................38 A QUATRO BILHÕES DE ANOS ............................................................................................38 AQUI COMEÇA NOSSA HISTÓRIA.........................................................................................39 A VIDA NO PLANETA ..........................................................................................................40 O HOMEM NO PLANETA......................................................................................................41 AS SETE FASES DO PLANETA ..............................................................................................42 CAPÍTULO 9......................................................................................................................43 OS 7 REINOS ......................................................................................................................43 OS SETE REINOS E OS ORIXÁS .............................................................................................43 AS CORES E OS SETE REINOS ..............................................................................................44 PARA REFLEXÃO ................................................................................................................44 A ASTROLOGIA .................................................................................................................44 OS SIGNOS E OS ELEMENTOS ..............................................................................................45 A SEQÜÊNCIA DOS QUATRO ELEMENTOS ............................................................................45 A PRIMEIRA CODIFICAÇÃO DAS SETE LINHAS DA UMBANDA ..............................................46 MATTA E SILVA E AS SETE LINHAS DA UMBANDA ..............................................................46 CAPÍTULO 10....................................................................................................................48 OS SETE GRAUS DA INICIAÇÃO UMBANDISTA .....................................................................48 1º GRAU DE INICIAÇÃO – OGUM.........................................................................................48

4

UMBANDA – Os 7 Reinos Sagrados 2º GRAU DE INICIAÇÃO – XANGÔ .......................................................................................48 3º GRAU DE INICIAÇÃO – IANSà .........................................................................................48 4º GRAU DE INICIAÇÃO – IEMANJÁ.....................................................................................48 5º GRAU DE INICIAÇÃO – OXOSSI .......................................................................................48 6º GRAU DE INICIAÇÃO – OXALÁ .......................................................................................48 7º GRAU DE INICIAÇÃO – OMULU.......................................................................................48 QUALIDADES DO SETE REINOS DA UMBANDA .....................................................................49 1) R EINO DO FOGO – ORIXÁ REGENTE OGUM – COR VERMELHA - I NICIATIVA ..................49 2) R EINO DA TERRA – ORIXÁ REGENTE XANGÔ – COR MARROM – ESTRUTURA................49 3) R EINO DO AR  – ORIXÁ REGENTE IANSà– COR AMARELA – EXPANSÃO ........................49 4) R EINO DA ÁGUA – ORIXÁ REGENTE IEMANJÁ – COR AZUL CLARO – ADAPTABILIDADE 49 5) R EINO DAS MATAS – ORIXÁ REGENTE OXOSSI – COR VERDE – INDEPENDÊNCIA ..........50 6) R EINO DA HUMANIDADE – ORIXÁ REGENTE OXALÁ – COR BRANCA – LIVRE ARBÍTRIO 50 7) R EINO DAS ALMAS – ORIXÁ REGENTE OMULU – COR PRETA – ESPIRITUALIDADE ........50 CAPÍTULO 11....................................................................................................................51 OS ORIXÁS .........................................................................................................................51 ORIXÁ OGUM ....................................................................................................................51 OGUM DÁ AOS HOMENS O SEGREDO DO FERRO . ................................................................. 52 OGUM NA UMBANDA ESOTÉRICA .......................................................................................53 OGUM NO CONHECIMENTO POPULAR .................................................................................54 ORIXÁ XANGÔ ...................................................................................................................55 XANGÔ É RECONHECIDO COMO O ORIXÁ DA JUSTIÇA .........................................................56 XANGÔ NA UMBANDA ESOTÉRICA .....................................................................................57 XANGÔ NO CONHECIMENTO POPULAR  ...............................................................................58 ORIXÁ IANSà .....................................................................................................................58 IANSà FOGE LIGEIRA E TRANSFORMA -SE NO VENTO ...........................................................59 OIÁ SOPRA A FORJA DE OGUM E CRIA O VENTO E A TEMPESTADE ......................................59 IANSà NO CONHECIMENTO POPULAR  .................................................................................60 ORIXÁ IEMANJÁ.................................................................................................................61 IEMANJÁ AJUDA OLODUMARE NA CRIAÇÃO DO MUNDO .....................................................62 IEMANJÁ DÁ À LUZ AS ESTRELAS , AS NUVENS E OS ORIXÁS ...............................................63 IEMANJÁ NA UMBANDA ESOTÉRICA ...................................................................................63 IEMANJÁ CONHECIMENTO POPULAR ...................................................................................64 ORIXÁ OXÓSSI ...................................................................................................................64 OXÓSSI APRENDE COM OGUM A ARTE DA CAÇA .................................................................65 OXÓSSI QUEBRA TABU E É PARALISADO COM SEU ARCO E FLECHA ....................................66 OXOSSI NO CONHECIMENTO POPULAR : .............................................................................. 67 ELEMENTO E FORÇA DA NATUREZA : AS MATAS .................................................................68 DIA DA SEMANA: QUINTA-FEIRA .......................................................................................68 CHACRA ATUANTE : ESPLÊNICO .........................................................................................68 PLANETA REGENTE : VÊNUS ...............................................................................................68  NOTA MUSICAL: RÉ............................................................................................................68 COR VIBRATÓRIA: AZUL ....................................................................................................68 COR REPRESENTATIVA: VERDE (ROUPAS, ETC.).................................................................68 COR DA GUIA (COLARES): VERDE E BRANCO ......................................................................68 SAUDAÇÃO: OKÊ CABOCLO ..............................................................................................68 5

UMBANDA – Os 7 Reinos Sagrados  NEGATIVO: EXU MARABÔ .................................................................................................68 AMALÁ: MILHO COZIDO COM MEL DE ABELHA , MANDIOCA COZIDA E TODAS AS FRUTAS ...68 OTÍ: CERVEJA BRANCA, VINHO TINTO OU ALUÁ (CACHAÇA DE MILHO )..............................68 LOCAL DE ENTREGA: MATAS (OU AO PÉ DE UMA ÁRVORE ) ................................................68  NA REPRESENTAÇÃO DOS PONTOS RISCADOS , SÃO USADOS ARCOS E FLECHAS ..................68 ORIXÁ OXALÁ ...................................................................................................................68 OBATALÁ CRIA ICU, A MORTE ...........................................................................................69 ORIXÁ OMULU...................................................................................................................71 OMULU CURA TODOS DA PESTE E É CHAMADO OBALUAÊ ..................................................73 OMULU GANHA AS PÉROLAS DE IEMANJÁ ..........................................................................74 CAPÍTULO 12....................................................................................................................76  NASCE UMA REDE ..............................................................................................................76 R EDE BRASILEIRA DE UMBANDA.......................................................................................76 BIBLIOGRAFIA: .................................................................................................................. 77

6

UMBANDA – Os 7 Reinos Sagrados

Introdução

Durante mais de trinta anos, exercemos a mediunidade na religião de umbanda. Durante este período constatamos, que a maioria dos Terreiros de umbanda deixavam muito a desejar, quando o assunto era estudo teórico da umbanda. Somos de uma época, em que os dirigentes não estimulavam o estudo da doutrina umbandista; é fácil entender o motivo deles quando analisamos a prática e a teoria existente naquela época. A maioria dos dirigentes eram iniciados na umbanda sem estudos teóricos, seu aprendizado era empírico, observando o dia a dia dos trabalhos espirituais. Era muito comum também a preocupação em perder seus “filhos” para outras casas maiores, ou mais organizadas; era difundida a idéia que seus filhos não deveriam visitar  outras tendas de umbanda, para não trazerem “demandas” ou perturbações das outras casas. Alguns chegavam ao cúmulo de não aconselharem o estudo teórico da umbanda, pois a teoria de nada serviria para a prática do terreiro (que na maioria das vezes, era totalmente diferente do que os livros diziam), e comentavam “que era bobagem colocar idéias erradas na cabeça”. O tempo passou e hoje não podemos imaginar um Terreiro que não forneça estudos e orientações aos seus filhos. Pensando nisso lançamos este livro juntamente com o Curso de Doutrina Umbandista –  Umbanda e os sete reinos sagrados realizado no Núcleo de Estudos Espirituais Mata Verde, localizado na cidade de Santos/SP.  Neste livro é apresentado os princípios básicos da “doutrina”, podemos dizer que se trata do alicerce, de onde se originou toda a estrutura ritualística da nossa casa. Entre todos os assuntos abordados neste livro destacamos três principais: definição dos sete reinos sagrados, as sete vibrações primordiais, definição de campo estrutural e campo etérico. É a partir destes conceitos básicos, que um novo horizonte se abrirá para o leitor e umbandista. Registramos que embora este livro seja fruto de estudos e experiências vividas pelo autor, ele também é resultado de orientações dos mentores espirituais Caboclo Mata Verde e o  Exú das Sete Encruzilhadas, que sempre estiveram dispostos a sanar nossas dúvidas.

O Autor 

7

UMBANDA – Os 7 Reinos Sagrados

CAPÍTULO 1

O Universo Vamos iniciar o estudo da Umbanda e os sete reinos sagrados, tentando responder uma  pergunta: O que é o Universo? Vamos voltar ao passado e relembrar algumas interpretações e conceitos sobre a natureza do Universo. É muito interessante fazermos um passeio pela história para termos uma visão de como nossos antepassados entendiam o Universo. Iniciaremos nosso passeio pela civilização que mais se destacou no estudo científico do universo, a civilização grega. Foram eles que começaram a desenvolver o método cientifico de investigação. O desenvolvimento da matemática grega foi um fato da maior importância para o desenvolvimento da ciência naquela região. Os gregos antigos também desenvolveram uma verdadeira paixão pela geometria. Eles acreditavam que o círculo era a forma "perfeita". Esta quase adoração pela perfeição do círculo levou os gregos antigos a postularem que, uma vez que os céus também são "perfeitos", as órbitas planetárias tinham de ser circulares.  A Mitologia Grega A mitologia grega é vastíssima. Inúmeros deuses e semi-deuses dividiam poderes e,  possuíam também vários dos chamados "defeitos" humanos tais como, ciúme, cobiça, ódio, etc. Encontramos na mitologia grega muitas semelhanças com os Deuses Africanos - Os Orixás. Um desses deuses, Atlas, era representado carregando o mundo em suas costas. Com esses deuses os gregos montaram a sua concepção do universo.  Nos poemas épicos escritos por Homero e por Hesíodo encontramos os primeiros registros de como os gregos interpretavam o universo.  Homero Homero escreveu a Odisséia e a Ilíada, dois famosos poemas épicos, nos quais descrevia as guerras da época e os perigos de retornar para casa após tão longas ausências.  Na Odisséia Homero dizia que o firmamento tinha a forma de uma bacia sólida emborcada que englobava toda a terra, e com um "aither" (éter) brilhante e flamejante situado acima do "aer" (ar), onde estão as nuvens.

8

UMBANDA – Os 7 Reinos Sagrados Para Homero, Tártaro era o lugar de todo o mal, nele estavam as cavernas e grutas mais  profundas e cantos mais terríveis do reino de Hades, o mundo dos mortos, para onde todos os inimigos do Olimpo eram enviados e onde eram castigados por seus crimes. Tártaro estava localizado no "lado de baixo"da Terra. Esta localização teve um profundo impacto sobre o conceito grego de firmamento: Hades, o reino dos mortos ou simplesmente o submundo, não era iluminado pelo Sol e, por conseguinte, tanto o Sol como os outros corpos celestes deveriam se esconder somente até o nível do Oceano. O Oceano é o rio que circunda a borda da Terra. É do Oceano que o Sol também se levanta  para brilhar durante o dia. Para Hesíodo, a noite era uma substância, vinda das profundezas da Terra, que jorrava para cima como se a noite fosse uma névoa escura que fluía no fim do dia. Além das interpretações do universo feitas pelos gregos cultos havia também aquelas que   pertenciam à cultura popular. Um desses cultos era o de Orpheus que desenvolveu seus  próprios deuses e uma variante sobre a criação do universo diferente daquelas de Homero e Hesíodo. Neste caso, os deuses teriam gerado um ovo, onde a metade superior de sua casca quebrada se tornou a abóbada do céu. Lembramos que as cidades e tribos gregas estavam unidas pela linguagem e pela cultura comum e, mesmo assim, ambas tinham variantes regionais. Os cultos existentes nestas cidades e tribos eram muito variados e certamente tinham versões diferentes sobre o universo. Os deuses responsáveis pelos movimentos dos corpos celestes também variavam ligeiramente entre as várias regiões. Thales (de Miletus) O interesse dos gregos pela especulação científica foi visto pela primeira vez na cidade de Miletus, em Iônia. Entre os filósofos que lá viviam um se destacou: Thales de Miletus. Thales de Miletus nasceu em 640 a.C., é considerado o pai da astronomia grega, foi o   primeiro filósofo natural (assim os cientistas eram chamados naquela época) grego importante.   Nenhum dos trabalhos de Thales sobreviveu, mas a sua reputação entre os gregos nos séculos que se seguiram, ficou sendo aquela de um homem que sempre assumia uma abordagem racional ou "científica" em relação aos mistérios do mundo natural. A descrição do universo feita por Thales sugeria que a Terra flutuava sobre a água.  Anaximander (de Miletus) Depois de Thales a escola iônica foi liderada por Anaximander (610 – 547 a.C.), também de Miletus. Entretanto, o ensinamento de Anaximander era mais complexo e sutil do que o de Thales. Curiosamente, a reputação de Thales de Miletus esteve fortemente apoiada pelas realizações de seu aluno Anaximander. A este é creditado ter sido o primeiro homem a tentar mapear o mundo e a oferecer uma audaciosa explicação da origem do universo. Segundo Anaximander o cosmos resultou de uma luta entre os opostos de calor e frio. No vasto começo não limitado do tempo os dois começaram a se separar, resultando em uma   bola de fogo circundada por neblina. A bola quente contraiu e endureceu formando uma esfera sólida no centro, que é a Terra. 9

UMBANDA – Os 7 Reinos Sagrados Como essa separação não foi perfeita, alguns anéis mais externos de fogo aprisionaram camadas de névoa dentro deles. Esta névoa é a nossa atmosfera. Através de aberturas nela podemos observar pequenas partes do fogo circundante, na forma do Sol, Lua e as estrelas. Anaximander mantinha que a origem de tudo era uma massa primária, indefinida e eterna, a  partir da qual os opostos primários de calor e frio, aridez e umidade se separaram. A idéia da existência de uma matéria primária é digna de reflexão. Que força de abstração científica temos que ter para visualizar um único princípio metamórfico como base de todas as coisas! Anaximander afirmava que a Terra estava necessariamente em repouso por causa da sua homoiotes, palavra grega que significa uniformidade, e portanto, não precisava repousar  sobre coisa alguma.  Heraclitus (de Ephesus) Heraclitus viveu no período entre 540 e 480 a.C. Para ele a criação ocorria através do equilíbrio de diferentes substâncias e todas as coisas eram produzidas através de um processo de condensação criado pelo fogo. O fogo era o princípio constitutivo de todas as coisas. Tudo nasce do fogo e tudo também termina nele. Segundo ele, a parte mais espessa do fogo, ao se contrair, fez nascer a terra e quando esta se dilatou, em virtude do fogo, nasceu a água. Da evaporação da água teve origem o ar. A noite era formada por emanações escuras liberadas pela Terra e o dia era criado pelas emanações acendidas pelo Sol. Heraclitus acreditava que Sol, a Lua e as estrelas são fogos aprisionados em bacias que lançam pontas para fora delas ocasionando os eclipses e as fases da Lua. Ele também achava que a Lua se deslocava através do ar menos puro que está próximo à Terra e, por esse motivo, ela é menos brilhante.  Anaximenes (de Miletus) Anaximenes viveu por volta do ano 525 a.C. Ele refinou a idéia de que a Terra era plana e sugeriu que todas as coisas seriam produzidas através de um processo de "condensação" e "rarefação" gradual. Para Anaximenes a terra se condensa a partir do ar e o fogo é "exalado" pela terra. Segundo ele a Terra e os corpos celestes são planos e flutuam no ar infinito como se fossem folhas de uma árvore.  Anaxagoras (de Clazomenae) Anaxagoras viveu no período entre 500 e 428 a.C. Ele sugeriu que nous, palavra grega que significa a mente, controlava o universo. Anaxagoras acreditava que o Sol era uma bola de fogo, de ferro derretido, maior que o Peloponeso. Segundo ele, a Terra era plana, sólida e estava suspensa no ar. Para ele a Lua estava mais  perto da Terra do que o Sol. Segundo Anaxagoras existiam corpos invisíveis atrás das estrelas. 10

UMBANDA – Os 7 Reinos Sagrados Anaxagoras também acreditava que os meteoros que eles viam caírem do céu eram formados pelos mesmos materiais que encontramos na Terra. Para ele os corpos celestes originalmente faziam parte da Terra, mas foram lançados no espaço devido à rápida rotação do nosso planeta. À medida que a rotação desses outros corpos diminuía, eles eram puxados de volta pela Terra e caiam sobre ela na forma de meteoros. O universo de Pitágoras (de Samos) Pitágoras viveu no período entre 580 e 500 antes de Cristo e é geralmente considerado um dos maiores professores gregos desta época mais remota. Pitágoras foi um importante contemporâneo de Thales de Miletus. Ele fundou uma escola que misturava filosofia natural e misticismo e que atraiu muitos seguidores. Vários estudiosos preferem dizer que Pitágoras formou um culto e não uma escola. Porque um culto? Os seguidores de Pitágoras viviam em um rígido regime, que incluía o vegetarianismo, o voto de silêncio durante os cinco primeiros anos de permanência no grupo, e total anonimato em relação a feitos pessoais. A escola de Pitágoras fez vários desenvolvimentos na matemática. Foram eles que, pela   primeira vez, reconheceram a existência de números irracionais. Havia também muito misticismo nos seus estudos. Para os pitagóricos o ponto estava associado ao número 1, uma linha com o número 2, uma superfície com o 3 e um sólido com o 4. Sua soma dava 10, número então considerado sagrado e onipotente. Teorema de Pitágoras Pitágoras é muito conhecido pelo Teorema de Pitágoras : "Em um triângulo retângulo o comprimento da hipotenusa elevado ao quadrado é igual à soma dos comprimentos de cada cateto elevado ao quadrado." O teorema de Pitágoras já era conhecido pelos antigos Babilônios, mas parece que Pitágoras foi o primeiro a demonstrá-lo.  A música das esferas A escola de Pitágoras estava interessada na relação entre a música e a matemática. Seus membros acreditavam que os planetas estavam associados a esferas cristalinas, uma para cada planeta, as quais produziam a "Música das Esferas". Estas esferas estavam centradas na Terra, e ela mesma estava em movimento. Nós não notamos a "música das esferas" por  que ela sempre esteve à nossa volta e, portanto, não sabemos como seria não sentir o seu som. Embora somente oito corpos celestes fossem conhecidos naquela época, Pitágoras acreditava que deveria haver dez - os cinco planetas conhecidos, o Sol, a Lua, a Terra, e uma chamada "contra Terra" designada pelo termo grego antikhthon.

11

UMBANDA – Os 7 Reinos Sagrados Os Pitagóricos no século 5 a.C. Os seguidores de Pitágoras, no século 5 a.C., foram os primeiros a produzir uma teoria astronômica na qual uma Terra esférica girava em torno de seu próprio eixo assim como se movia em uma órbita. Essa teoria surgiu em parte da necessidade de localizar o grande fogo que eles acreditavam alimentar o universo. Os Pitagóricos acreditavam que nem a Terra nem o Sol, mas sim um "fogo central", estava no centro do universo. Este fogo é que fornecia a energia para que os outros corpos celestes pudessem se movimentar. Em torno deste "fogo central" moviam-se os planetas conhecidos, a Terra, a contra-Terra, a Lua e o Sol, cada um deles associado à sua própria esfera de cristal. Estas "esferas celestiais", surgidas no século 5 a.C. e conservadas como relíquias por  Ptolomeu, introduziram os círculos concêntricos que dominariam a descrição do Universo  pelos próximos 2000 anos. A Terra estava protegida deste "fogo central" pela "contra-terra". Acredita-se que a "contraterra" foi "inventada" para explicar os eclipses, mas também para fazer com que o número de objetos que circundavam o fogo central fosse 10, o número mágico dos pitagóricos. Os Pitagóricos colocaram esse fogo no centro escondido das coisas, com a Terra girando em torno dele mais próxima do que qualquer um dos outros corpos visíveis no céu. A razão  pela qual nunca vemos ou somos torrados por esse fogo é pelo fato de que vivemos sobre somente metade da esfera da Terra e essa nossa metade está sempre virada na direção contrária ao fogo.  Platão Platão (427 a.C. - 347 a.C.) estabeleceu que o tempo teve um início e que ele surgiu junto com o universo em um instante de criação. Platão foi o primeiro filósofo que formou uma escola, a primeira universidade. Como ela estava no terreno que tinha uma vez pertencido a um lendário grego chamado Academus, o nome dessa escola passou a ser "Academia". Para Platão os corpos celestiais exibiam formas geométricas perfeitas. Baseado nisso ele   procurou associar os elementos essenciais de sua concepção do universo com os sólidos regulares considerados perfeitos.  Sólidos Platônicos Existem cinco sólidos regulares possíveis. Cada um desses sólidos tem faces equivalentes com todas as linhas e ângulos iguais. Todos os seus lados são iguais, seus ângulos são os mesmos e todas suas faces são idênticas. Em cada vértice de tais sólidos vemos o encontro do mesmo número de superfícies. A esses sólidos, perfeitamente regulares, damos o nome de "sólidos Platônicos". Existem somente cinco sólidos platônicos: o tetraedro, o hexaedro, o octaedro, o dodecaedro e o icosaedro. Para Platão, quatro destes cinco sólidos regulares representavam os quatro elementos, ar, fogo, água e terra. Um deles representava o universo como um todo. São eles: Tetraedro: Possui quatro lados que são triângulos eqüiláteros. Ele tem o menor volume para sua superfície e representa a propriedade de secura, falta de chuva. 12

UMBANDA – Os 7 Reinos Sagrados O tetraedro corresponde ao fogo. Hexaedro: Possui seis lados que são quadrados. Como o hexaedro (ou cubo) pode permanecer firmemente sobre sua base, corresponde à Terra estável. Octaedro: Possui oito lados que são triângulos eqüiláteros. Quando seguro por dois vértices opostos, o octaedro pode girar livremente. O octaedro corresponde ao ar. Dodecaedro: Possui 12 lados que são pentágonos eqüiláteros. O zodíaco é formado por 12 signos, que correspondem às doze faces do dodecaedro. Por esse motivo o dodecaedro corresponde ao universo. Icosaedro: Possui 20 lados que são triângulos eqüiláteros. Ele tem o maior volume para a sua área superficial. O icosaedro representa a propriedade de umidade, umedecimento e,  por conseguinte, corresponde à água. Foi na época de Platão, século 4 a.C., que surgiu o modelo que descrevia o universo por  meio de esferas. Este modelo tornou-se popular e consistia de uma Terra esférica no centro, circundada por  uma esfera externa formada por estrelas. Entre estas duas esferas os planetas se moviam de um modo não determinado.  Eudoxos Eudoxus nasceu entre 408 e 390 a.C. em Cnidus, nas costas do Mar Negro, e morreu aos 53 anos. Aos 23 anos Eudoxus freqüentou a academia de Platão em Atenas com o objetivo de estudar filosofia e retórica. Anos mais tarde ele foi para o Egito aprender astronomia em Helopolis. No ano 365 a.C. Eudoxus retornou a Atenas com seus alunos e tornou-se colega de Platão. A astronomia grega alcançou um novo patamar científico, muito mais sofisticado, a partir dos trabalhos de Eudoxus.  Esferas Celestiais Ele foi o primeiro a propor que o movimento dos corpos celestes podia ser descrito por  meio de uma série de esferas transparentes nos céus, que transportavam os corpos celestiais a diferentes velocidades em grupos encadeados, com centros que variavam ligeiramente. Através deste engenhoso conjunto de esferas que se relacionavam de tal forma que alguns importantes aspectos do movimento planetário eram reproduzidos por este conjunto. O mais importante é que Eudoxus foi o primeiro a propor um modelo deste tipo, com esferas concêntricas, e que foi adotado por muitos filósofos do seu tempo. Para fazer com que essas "esferas celestiais" agissem mais de acordo com o que pode ser  observado no céu arranjos ainda mais complexos do que o proposto por Eudoxus foram necessários. Seu modelo foi melhorado por Callippus que logo viu a necessidade de serem introduzidas mais esferas. Mais tarde, no século 4 a.C.,

13

UMBANDA – Os 7 Reinos Sagrados Aristóteles acreditou que tinha resolvido o problema de certos movimentos anômalos introduzindo algumas "esferas retrógradas". O modelo de Aristóteles exigia não menos do que 55 esferas transparentes.  No entanto, todas essas adições feitas ao modelo de Eudoxus não conseguiam explicar por  que os astros variavam suas luminosidades, um fenômeno facilmente observável.  Democritus (460 a.C. - 370 ou 360 a.C.) Por volta do ano 500 a.C. Leucippus enunciou sua teoria atomística do mundo.  No final do século 5 a.C. Democritus estabeleceu uma interessante teoria. Democritus estabeleceu que toda a matéria é composta por substâncias infinitamente   pequenas, eternas, indivisíveis, indestrutíveis, que se reúnem em diferentes combinações  para formar os objetos que percebemos. A palavra grega para "indivisível" é "atomo". Esta teoria fez nascer o conceito de átomo. Democritus descreve um começo extraordinário para o universo. Ele explica que originalmente todos os átomos estavam rodopiando de uma maneira caótica, até que colisões os reuniram de modo que pudessem formar estruturas maiores, incluindo eventualmente o mundo e tudo que está nele. A teoria de Democritus não foi bem aceita e encontrou poucos seguidores ao longo dos séculos seguintes. O universo de Aristóteles Aristóteles, que foi estudante de Platão, viveu no período entre 384 e 322 antes de Cristo. Aproximadamente no ano 335 a.C. Aristóteles fundou a sua própria escola de Filosofia  Natural, o "Liceu", em Atenas. Ao contrário de Platão, Aristóteles prestava muita atenção aos resultados das observações e das experiências de outros filósofos. Aristóteles acabou sendo o mais famoso e mais influente dos filósofos iniciais gregos. Sua Filosofia Natural foi incorporada nos escritos de Tomás de Aquino e se tornou o fundamento da doutrina Católica e da instrução universitária na época medieval. O trabalho cosmológico de Aristóteles chamava-se "Sobre os Céus". Este é o mais influente livro deste tipo em toda a história da humanidade tendo sido aceito por mais de 18 séculos, desde a sua criação por volta de 350a.C. até os trabalhos de Copernicus no início dos anos 1500. Os quatro elementos Segundo Aristóteles a Terra, assim como todos os corpos, era composta de 4 elementos: terra água fogo ar  Cada um destes elementos procurava o seu lugar natural no Universo. Deste modo: 14

UMBANDA – Os 7 Reinos Sagrados

1) Corpos feitos de terra caem na Terra. 2) A chuva cai do céu, se deslocando através dos arroios, para os córregos, para os rios e finalmente para o mar.   Na cosmologia Aristotélica, a Terra "imperfeita" estava situada no centro do Universo. Lembramos que nesta época o Universo era apenas o Sistema Solar. Aristóteles adotou o sistema de esferas concêntricas proposto por Pitágoras para descrever  os planetas, mas deduziu que a Terra devia estar imóvel. A Terra não gira em torno de qualquer outra coisa nem gira em torno do seu eixo. A Terra é circundada por 10 esferas concêntricas feitas de uma substância perfeitamente transparente conhecida como "quintessência" ou "éter". Essas esferas é que "seguram" os  planetas. As estrelas são fixas e não se movem. O "Reinado dos Céus" está localizado além da décima esfera. Aristóteles afirmava que o universo não surgiu em um ponto, mas sim que ele tinha existido, inalterado, por toda a eternidade. Isso tinha que ser assim porque ele era "perfeito". Deste modo Aristóteles estabelecia um cenário de "estado estacionário" para o universo. Mais ainda, como ele acreditava que a esfera era a mais perfeita de todas as formas geométricas, o universo tinha um centro, que era a Terra, e sua parte "material" tinha uma borda que era "gradual", começando na esfera lunar e terminando na esfera das estrelas fixas. Depois da esfera das estrelas o universo continuava para dentro do domínio espiritual onde as coisas materias não podiam estar. Aristóteles rejeitava a descrição da matéria por meio de átomos, ou seja, a visão atomística de Democritus. O universo dos Estóicos  Zeno de Citium Zeno de Citium (333 a.C.-264 a.C. ou 334 a.C.-262 a.C.) nasceu em Citium, ilha de Chipre. Zeno, também chamado de "O Fenício", chegou a Atenas ainda jovem, em 313 a.C., e ai viveu pelo resto de sua vida, embora sem jamais ter se tornado cidadão ateniense. Ele estudou nas várias escolas filosóficas de Atenas e teve várias profissões. Por volta do ano 308 a.C.,(com 42 anos) ele fundou em Atenas a chamada escola Estóica de filosofia. Seus adeptos foram chamados de estóicos. Zeno ensinava a seus discípulos em vários lugares públicos, em particular na chamada "Stoa Poikile", um lugar público localizado na "Agora" ou mercado de Atenas. O estoicismo é uma doutrina filosófica que propõe viver de acordo com a lei racional da natureza e aconselha a indiferença (apathea) em relação a tudo que é externo ao ser. O homem sábio obedece a lei natural reconhecendo-se como uma peça na grande ordem e  propósito do universo. Os estóicos acreditavam no destino. Para eles tudo estava predestinado. A mente é governada pelo universo. O universo era uma entidade orgânica viva. Para os estóicos o cosmos estrelado é finito. Para além do cosmos finito se estende o "vazio". 15

UMBANDA – Os 7 Reinos Sagrados Os estóicos também acreditavam que o cosmos pulsava lentamente em tamanho e que ele   periodicamente passa por eventos catastróficos. Este era o chamado "ciclo eterno de eventos" dos estóicos. Os estóicos mantinham que "Logos" era o "princípio ativo" ou estimulador de toda a realidade. O Logos era concebido como um conduto para o poder divino que, em essência, ordena e dirige o universo. A razão e a alma humanas eram ambas consideradas subordinadas ao Logos e, por conseguinte imortal tendo em vista a reciclagem contínua do universo. A visão cosmológica dos estóicos teve grande influência por cerca de 2000 anos. Ela também serviu de fundamento para o universo vitoriano do século 19.  A Escola Eleática A Escola Eleática de filósofos foi fundada pelo poeta e pensador religioso Xenophanes (nascido por volta de 570 a.C.). Seu principal ensinamento era que o universo é singular, eterno e inalteravel. Segundo Xenophanes "O todo é um". A Escola Eleática se opunha à doutrina Jônica de desenvolvimento. Os eleáticos viam a natureza como uma unidade imutável, universal, considerando a criação, a variedade, a mudança e o movimento como ilusões dos sentidos.  Parmênides O maior dos filósofos eleáticos foi Parmenides( 539 a.C.). As crenças de Parmenides na unidade absoluta e constância da realidade são bastante radicais e abstratas, mesmo para os padrões modernos.

16

UMBANDA – Os 7 Reinos Sagrados

CAPÍTULO 2

O Universo Umbandista A ciência atual tenta de todas as maneiras encontrar uma explicação para o universo e novas teorias surgem a todo instante.  Não é nossa intenção aprofundarmos em questões teóricas da física.  Eternidade e o Infinito Para nossos estudos podemos considerar o universo como sendo infinito e eterno. Em termos espaciais ele é infinito, isto significa, que se pudéssemos nos deslocar para qualquer direção: para cima, para baixo, para frente, para trás, para esquerda para a direita; iríamos sempre caminhar e nunca encontraríamos um limite, não estamos falando do  planeta Terra e sim do universo. Com o desenvolvimento dos telescópios cada vez o homem consegue enxergar mais longe, mas sempre observa que mais coisas existem além daquele limite; as galáxias, os buracos negros, os quasares, as estrelas, os planetas, etc... Em relação ao tempo, uma idéia semelhante se apresenta: A eternidade do tempo. Se através do nosso pensamento voltarmos no tempo, não conseguiremos encontrar um limite, da mesma maneira em relação ao futuro. Através das teorias da física moderna, sabemos que a luz das estrelas, que são observadas  pelos telescópios, demoraram bilhões de anos luz até atingirem nosso planeta, ou seja, são eventos que foram realizados num passado muito distante e que devido a sua grandeza  podemos até considera-lo eterno, pois em função das nossas grandezas (tempo de vida do ser humano), bilhões de anos luz é uma eternidade. Podemos, portanto, considerar o universo, quando comparado com as dimensões (espaciais e temporais) da realidade humana, como infinito e eterno. Sabemos que as dimensões espaciais e temporais são interligadas, conforme diz a Teoria da relatividade; mas o universo Umbandista inclui mais uma dimensão.  A dimensão espiritual  A dimensão espiritual independe do espaço e do tempo da dimensão material, podemos dizer que se trata de uma dimensão independente, embora exista uma forte interação entre estas duas realidades: a material (espaço e tempo) e a espiritual. Podemos afirmar que o universo é formado por dois universos distintos: O universo material e o universo espiritual.   Neste estudo é dada prioridade a uma visão macroscópica da realidade, que servirá de referencia ao estudo dos fenômenos que ocorrem nos Terreiros Umbandistas.

17

UMBANDA – Os 7 Reinos Sagrados Orum e Ayê  Os africanos chamavam estes universos de AYÊ e ORUM . O mundo material e o mundo espiritual. O Universo Material – AYÊ  Atualmente temos observado uma grande confusão em relação a questões espirituais e, sobretudo sobre a natureza do espírito. É prática muito comum, nos dias de hoje, uma tentativa de materialização do espírito, e da mesma forma uma espiritualização da matéria. Alguns conceitos da física quântica tem levado alguns cientistas (materialistas) a tentarem explicar a realidade espiritual através de fenômenos da dimensão quântica. Por sua vez, alguns “Espiritualistas” mais apressados e talvez sem alicerces filosóficos acabaram num processo de materialização do espírito. È muito comum, ouvirmos expressões de que Deus, ou um espírito é uma forma de energia, que os pensamentos são ondas eletromagnéticas, que o espírito irradia luz (luz no sentido material e não no sentido figurado significando conhecimento e evolução); muito comum tratamentos espirituais com luz, como se o fato de ficarmos expostos a uma determinada lâmpada incandescente produzisse alterações espirituais (evolução, conhecimento, determinação, etc...), percebe-se uma tentativa de fugir da difícil tarefa de nos espiritualizarmos vencendo nossos vícios, fazendo a caridade, e praticando o amor ao  próximo. Combatemos formalmente esta visão; matéria e espírito são as essências básicas distintas do Universo, uma não se transforma na outra; são totalmente diferentes e distintas, embora uma interaja com a outra, nunca uma se transformará na outra. O universo material é o universo que conhecemos melhor, é onde vivemos a experiência do nosso dia a dia, como somos espíritos presos a matéria, é a realidade da nossa consciência.   Neste universo encontramos a matéria (independente da definição científica de matéria, todos sabem subjetivamente o que é a matéria), a eletricidade, o magnetismo, a gravidade, o calor,a luz (ondas eletromagnéticas), ondas de radio, a radioatividade , o som, etc....Todas são manifestações do universo material, e são estudadas pela física e pela ciência tradicional. Incluímos neste rol as construções e objetos da nossa vida cotidiana. Da nossa experiência diária sabemos que os corpos possuem altura, largura e profundidade e também, é da nossa vivência a noção do tempo. Vivemos “presos” ao tempo, mais   precisamente ao que chamamos de “Presente”; todos os acontecimentos que nos sensibilizam, são acontecimentos que se realizam no “Presente”; por exemplo: você não tem como conversar com uma pessoa que viveu na época do descobrimento do Brasil, você só pode conversar com pessoas que estão vivendo neste momento. Universo Espiritual - ORUM   No universo espiritual encontramos o espírito.  Neste universo se manifesta a inteligência, os pensamentos, as emoções e sentimentos, as informações etc.... É o que podemos chamar de universo das idéias e emoções. 18

UMBANDA – Os 7 Reinos Sagrados   Neste universo seus elementos não possuem formas físicas definidas, como no universo material, também estas manifestações não se encontram presas ao tempo. Podemos em espírito, facilmente viajar no tempo. Faça uma experiência com seus   pensamentos (podemos dizer que onde o pensamento está, o espírito também está), viaje   pelo passado e pelo futuro, perceba que seus pensamentos não se encontram presos ao “Presente” do universo material.   Num instante nos deslocamos da Terra ao Sol, ou do momento presente até a época da formação do universo, não existem barreiras para as manifestações neste universo. É neste universo que “vive” o espírito. Acreditamos que todos tenham entendido a diferença existente entre as duas dimensões – a material e a espiritual. O elemento “principal” do universo espiritual é o que chamamos de espírito, e este espírito  possui a característica (qualidade) de gerar (criar) os pensamentos que por sua vez geram o que chamaremos de “campo mental” do espírito.

19

UMBANDA – Os 7 Reinos Sagrados CAPÍTULO 3

Campos de Força O termo “campo” é emprestado da física moderna. Para que todos entendam de uma maneira bem simples o conceito de campo, vamos comentar rapidamente sobre o campo elétrico. A maioria de nós já estudou nos cursos básicos, os princípios de eletricidade e das  partículas elementares: elétrons e prótons. O elétron é definido como uma partícula (física tradicional e não a quântica) que possui carga elétrica, ou seja, se colocarmos ao seu redor outro elétron, notaremos a manifestação de uma força de repulsão entre as duas partículas. Afirmamos então, que existe ao redor da partícula denominada elétron, um campo elétrico, onde qualquer partícula que possua carga elétrica, colocada dentro deste campo, sofrerá a ação de uma força. O campo sempre é definido em função de uma característica da matéria. Encontramos por exemplo: campo elétrico, campo magnético, campo gravitacional, campo sonoro, campo visual etc... Após esta breve descrição do conceito de campo, voltamos nossa atenção ao espírito. Além dos pensamentos que geram o campo mental, ele também possui a característica de gerar emoções e sentimentos e respectivamente um “campo emocional”. Citamos estas duas características do espírito, pois todos nós somos espíritos presos a matéria (encarnados na linguagem espírita) e possuímos a capacidade de pensar e de se emocionar. Estas duas manifestações, não são consideradas manifestações materiais e sim espirituais,  portanto pertencentes ao universo espiritual. É obvio que uma pedra, uma mesa, uma cadeira, etc... , não pensa e nem se emociona. Se por um momento o espírito parar de pensar e/ou manter-se livre das emoções, teríamos uma situação peculiar, onde o espírito estaria gerando um campo mental e emocional estático (sem alterações), em algumas ocasiões isto é possível. Mas a realidade é bem diferente, nosso espírito não se cansa de pensar e de se emocionar. Ondas Mento-emocionais Esta alteração no pensamento e nas emoções gera o que chamamos de ONDAS MENTOEMOCIONAIS. O conceito de onda é emprestado da física. Geramos uma onda quando produzimos alterações em um campo. Por exemplo: Quando produzimos alterações no campo elétrico e no campo magnético, geramos o que chamamos na física de ondas eletromagnéticas. Estas ondas eletromagnéticas nada mais são que variações do campo elétrico e do campo magnético. Estas ondas se propagam através do espaço material e na prática são as ondas de radio, ondas de luz, raios X, microondas, etc...

20

UMBANDA – Os 7 Reinos Sagrados Voltando as ONDAS MENTO-EMOCIONAIS (geradas pelos espíritos e propagadas no universo espiritual), podemos perceber que o universo espiritual é rico em ONDAS MENTO-EMOCIONAIS, de diferentes naturezas, pois todos os espíritos geram constantemente estas ondas. Como estas ondas existem somente na dimensão espiritual, podemos chamá-las de ondas ou vibrações espirituais. Resumindo: UNIVERSO ESPIRITUAL -> ESPÍRITOS -> ONDAS MENTO-EMOCIONAIS  Lembramos que somente os espíritos geram este tipo de ondas. Citamos a pergunta 27 do Livro dos Espíritos de Allan Kardec: 27 - “Haveria assim, dois elementos gerais do Universo: a matéria e o Espírito? Sim, e acima de tudo Deus, o criador, o pai de todas as coisas; essas três coisas são o  princípio de tudo o que existe, a trindade universal....” O Universo segundo os Yorubas A resposta dos espíritos é bastante semelhante ao conceito dos Yorubas: Deus – Olorum (criador) Mundo material – Ayê Mundo espiritual – Orum  Interação entre os Universos Sabemos que os espíritos agem sobre a matéria; basta pensarmos em nós mesmos, pois somos espíritos encarnados (ligados a matéria), ou seja, nosso espírito controla todo o nosso corpo, ou seja, ele (o espírito) tem ação sobre a matéria. Mas, se espírito e matéria são princípios diferentes e existem em universos diferentes e com características diferentes como se processa esta interação entre estes universos (o material e o espiritual). É ponto pacifico a interação, pois além do exemplo dado acima, basta ir até um Terreiro de Umbanda e assistir as manifestações dos nossos queridos guias: Caboclos, Pretos Velhos, Exus, crianças, etc... O fenômeno existe, portanto, precisamos de um modelo lógico que explique e demonstre esta realidade. Para os espíritas existe um fluido universal, responsável pela interação entre a matéria e o espírito. Vamos ler novamente a pergunta numero 27 do livro dos espíritos, já mencionada anteriormente, agora faremos a leitura na íntegra. 27- “Haveria assim, dois elementos gerais do Universo: a matéria e o Espírito? 21

UMBANDA – Os 7 Reinos Sagrados

Sim, e acima de tudo Deus, o criador, o pai de todas as coisas; essas três coisas são o  princípio de tudo o que existe, a trindade universal. Mas, ao elemento material é preciso   juntar o “Fluido Universal”, que desempenha  papel intermediário entre o espírito e a matéria propriamente dita, muito grosseira para que o espírito possa ter uma ação sobre ela. Ainda que, sob certo ponto de vista se possa incluí-lo no elemento material, ele se distingue por propriedades especiais; se fosse matéria não haveria razão para que o espírito também não o fosse. Ele está colocado entre o espírito e a matéria; é fluido, como a matéria é matéria, suscetível, pelas inumeráveis combinações com esta e sob a ação do espírito , de produzir uma infinita variedade de coisas das quais não conheceis senão uma   pequena parte. Esse fluido universal, ou primitivo, ou elementar, sendo agente que o espírito utiliza, é o principio sem o qual a matéria estaria em perpetuo estado de divisão e  jamais adquiriria as propriedades que a gravidade lhe dá.” Em nosso modelo dizemos que a interação entre a matéria e o espírito se dá através da interação entre o “Campo Etérico” e o “Campo Estrutural”.

22

UMBANDA – Os 7 Reinos Sagrados

CAPÍTULO 4

Campo Etérico A palavra etérico nos remete a palavra éter. Como vimos anteriormente o conceito de éter é anterior a Aristóteles e depois, na era moderna, durante muito tempo se pensou que existisse uma meio chamado éter, que serviria de substrato as ondas elétricas e magnéticas, (luz, por exemplo). O éter  A idéia era, que da mesma forma, que as ondas sonoras necessitavam do ar para se   propagarem e as ondas do mar da água, era normal se imaginar que as ondas luminosas (eletromagnéticas) precisassem de algum meio para se propagar. Os físicos já sabiam há muito tempo que o som se propagava através de um meio material. Isso naturalmente levou-os a postular, no final do século XIX, que também deveria existir  um meio material no qual a luz se propagava. Tal meio foi chamado de éter luminífero ou, simplesmente, éter. Vários grandes cientistas dessa época, tais como Cauchy, Stokes, Thomson e Planck, aceitaram a hipótese da existência do éter e postularam suas várias propriedades. No final do século XIX a luz, o calor, a eletricidade e o magnetismo todos tinham seus respectivos éters.   No entanto, à medida que os pesquisadores tentavam explicar o éter e estabelecer suas  propriedades o que se viu foi o surgimento de uma substância quase mágica. Segundo as teorias correntes, o éter tinha que ser um fluido, pois ele precisava preencher o espaço. No entanto, ele também precisava ser milhões de vezes mais rígido do que o aço pois precisava agüentar as altas freqüências das ondas luminosas. Ao mesmo tempo o éter não podia ter  massa, deveria ser completamente transparente, não dispersivo, incompressível, contínuo e não ter viscosidade! Ao verificar que o campo eletromagnético se propagava com uma velocidade essencialmente igual à velocidade da luz, Maxwell postulou que a própria luz era um fenômeno eletromagnético. Ele escreveu um artigo sobre o éter para a edição de 1878 da   Encyclopaedia Britannica e propôs a existência de um único éter. Seu artigo narra sua   própria tentativa, sem sucesso, em medir o efeito do arrasto do éter provocado pelo movimento da Terra no espaço. Maxwell também propôs uma maneira astronômica pela qual poderíamos verificar o arrasto do éter feito pelo nosso planeta. Para isso deveríamos medir a velocidade da luz usando os diferentes satélites de Júpiter quando eles estivessem em posições diferentes em relação à Terra. O fim do éter 

23

UMBANDA – Os 7 Reinos Sagrados Impelido pelas idéias de Maxwell, o físico Albert Abraham Michelson (nascido na Prússia e naturalizado norte-americano) iniciou uma série de experiências sobre o éter. Em 1881, ele registrou: "O resultado da hipótese de um éter estacionário é mostrada ser incorreta, e segue a conclusão necessária de que a hipótese está errada."  Em 1886 o físico holandês Hendrik Lorentz escreveu um artigo onde criticava a experiência feita por Michelson. Ele declarou que, realmente, não estava preocupado com o resultado experimental obtido por Michelson, que ele desprezava considerando-o ter sido resultado de experiências realizadas sem a precisão necessária. Michelson foi persuadido por Thomson e outros a repetir sua experiência. Ele assim o fez em 1887, dessa vez associando-se ao físico norte-americano Edward Williams Morley. Os dois cientistas registraram, mais uma vez, que nenhum efeito de arrasto havia sido encontrado. Parecia que a velocidade da luz era independente da velocidade do observador. Michelson e Morley refinaram a experiência e a repetiriam várias vezes até 1929. A idéia da existência de um meio material chamado éter só foi abandonada quando as transformações Galileanas e a dinâmica Newtoniana foram modificadas pelas transformações de Lorentz-FitzGerald e pela Teoria da Relatividade Restrita de Albert Einstein. Atualmente é uma idéia ultrapassada e desnecessária, pois o conceito de campo veio esclarecer este assunto. Como o termo é muito utilizado ainda, nas principais escolas esotéricas e espiritualistas, manteremos a expressão, mas lembrando que estamos utilizando este nome simplesmente  por uma questão histórica.  Definição de campo etérico Iremos então definir “Campo Etérico” como o conjunto (a somatória) de todas as radiações geradas pela matéria independente da sua natureza. A física prova e demonstra, que todo deslocamento de partículas carregadas eletricamente geram campos elétricos, magnéticos e ondas eletromagnéticas. Como a matéria é formada por partículas carregadas de energia elétrica, todos os corpos materiais (objetos materiais), orgânicos e inorgânicos, possuem ao seu redor campos elétricos e eletromagnéticos das mais diversas freqüências, intensidades e naturezas. Podemos incluir neste item também o calor irradiado, a luz refletida ou emitida etc... Portanto, em nosso “modelo”, o “Campo Etérico” é definido como o conjunto de todas as radiações, emitidas pela matéria, conhecidas ou ainda não conhecidas pela ciência. Lembramos que no caso do corpo humano, existem variadas emissões eletromagnéticas geradas por ele. É importante registrar que a matéria gera o campo etérico, mas que perturbações no campo etérico também produzem alterações na intimidade da matéria. Por exemplo: Quando colocamos alguma substância num forno de micro-ondas, as radiações geradas pelo forno interagem com o campo etérico da substância, produzindo alterações na (estrutura) da matéria.  No nosso modelo, afirmamos que houve uma interação do campo etérico.

24

UMBANDA – Os 7 Reinos Sagrados CAPÍTULO 5 Campo Estrutural  O “Campo Estrutural“ é gerado e mantido pela vontade do espírito. Como exemplo, pedimos que você mentalize, por exemplo, uma estrela vermelha.  Neste processo de mentalização, seu espírito plasmou na dimensão espiritual a imagem de uma estrela vermelha. Esta imagem é mantida pela sua vontade e através das ondas mento-emocionais emitidas  por você. A esta imagem da estrela chamamos de “Campo Estrutural” de uma estrela vermelha e ele existe na dimensão espiritual. Se você parar de mentalizar a estrela, ela provavelmente deixará de existir, por isto é que afirmamos que o espírito gera e mantém o campo estrutural. É fácil perceber que não é tarefa fácil, para nós que somos espíritos encarnados, manter um campo estrutural na dimensão espiritual. Veremos a necessidade de grandes esforços para manter estas formas no universo espiritual. Lembramos que todos os espíritos possuem a capacidade de gerar campos estruturais; alguns possuem mais habilidades e força, mas todos possuem a capacidade de gerar e manter os campos estruturais. As chamadas “formas-pensamento” são um dos tipos de “campos estruturais” artificiais criados pelos espíritos. Os campos estruturais são formados a partir das ondas mento-emocionais geradas pelos espíritos. Estes campos quando gerados podem ser mantidos, por um único espírito ou por uma “comunidade” de espíritos, o que normalmente chamamos de egrégoras. O campo estrutural é mantido por uma intensa onda mento-emocional, dirigida para aquela finalidade, através da vontade do espírito. Embora tenha uma direção e sentido, uma parcela das ondas mento-emocionais é dispersada em outras direções o que será utilizado na manutenção de outros campos estruturais semelhantes. Voltando a questão da interação entre a dimensão material e a dimensão espiritual, dizemos que esta interação é feita entre os campos: Estrutural e o Etérico. Sabemos da dificuldade de explicar novos conceitos, estranhos ao cotidiano, e muitas vezes não encontramos palavras adequadas, pois a realidade espiritual é totalmente estranha a vida material e somente aqueles que possuem alguma vivência espiritual é que entenderão de início estas explicações. Mas fazemos questão de dizer, que todos podem entender e utilizar estes mecanismos que estaremos descrevendo neste livro. Com um simples exemplo, vamos explicar em seguida a interação entre o campo etérico e o campo estrutural: Se você não continuou a emitir as ondas mento-emocionais necessárias, a estrela vermelha que você gerou a poucos instantes no universo espiritual, provavelmente já deixou de existir. Podemos materializar esta estrela. 25

UMBANDA – Os 7 Reinos Sagrados Continuando com nosso exercício, agora iremos trazer a estrela para o universo material,   pois como somos espíritos presos a matéria (encarnados), nossos sentidos fornecem as impressões do universo material. Você poderá “materializar” a estrela vermelha no universo material de várias maneiras. A mais simples e que todos podem fazer é através da escrita, através do risco. Vamos trazer agora a estrela para o universo material: Primeira etapa: gerar e manter o “campo estrutural” da estrela no universo espiritual. Segunda etapa: através da sua habilidade (leia-se conhecimento) você poderá utilizar uma caneta, lápis, pincel, etc...e ir desenhando a estrela num papel por exemplo. Quando você acabar de desenhar a estrela, podemos afirmar que você conseguiu através de seu esforço individual, e de sua habilidade, materializar a estrela que você havia criado no dimensão espiritual. Mas e a interação entre os universos? É neste ponto que queremos chegar. Conforme foi desenhando a estrela, você foi através de sua vontade, dirigindo esforços no sentido de “trazer” para o universo material (realidade material) aquele campo estrutural gerado por você na dimensão espiritual. O desenho que você acabou de fazer, possui a “matéria estruturada”, ou seja, o grafite está sobre o papel, mas está “preso” num campo estrutural que lhe dá a forma de uma estrela. Sabemos que é um conceito bastante abstrato, mas quando começarmos a entender esta “Ciência Umbandista”, nossos horizontes irão se expandir. Começaremos a entender e a compreender que certos conceitos não são somente abstrações, mas realidades. Se você entendeu o mecanismo acima, deve estar percebendo que tudo aquilo que existe no universo material, que conhecemos ou não, possui um campo estrutural, que lhe dá as formas e características.(o campo estrutural possui as informações)   Na minha frente tenho um microcomputador, estou sentado em uma cadeira, minha sala tem paredes azuis, uma lâmpada fluorescente ilumina a sala, o micro está sobre uma mesa de madeira que possui gavetas do lado esquerdo, etc.... Perguntamos: Todos estes objetos existiam sozinhos ou foram criados por alguém? Pare um momento e examine ao seu redor. O que você observa? Perceba que vivemos dentro de um universo material criado pelos homens, vários são os campos estruturais existentes. O conceito de campo estrutural é bem amplo. Acabamos de estudar um campo estrutural que possui as informações de um determinado objeto material (a estrela vermelha), ele dá as formas e características deste objeto. Quando olhamos para uma pintura (um quadro) foi um espírito que criou aquele campo estrutural (o artista), ele está ligado àquela estrutura através das ondas mento-emocionais, em muito casos é muito fácil identificar o autor daquele campo estrutural.   Neste primeiro contato com o campo estrutural, estamos estudando de uma maneira  bastante genérica. Mas todo o modelo é desenvolvido em cima destes conceitos que foram abordados acima.  Manifestações do campo estrutural  Para que você possa ir refletindo e ampliando seus horizontes vamos citar mais algumas manifestações dos campos estruturais: 26

UMBANDA – Os 7 Reinos Sagrados

1)Aquilo que os espíritas chamam de perispírito, nada mais é do que um campo estrutural, a   própria doutrina diz que os espíritos podem mudar a sua “vestimenta fluídica”( leia-se:  podem criar campos estruturais diferentes) na hora que quiserem. 2)Um Templo de Umbanda. Podemos dizer que é uma construção (um salão, uma casa, uma sala, etc),mas todos concordam que o lugar é mais do que uma simples casa. Dizemos que existe naquele lugar um campo estrutural, que é mantido por todos os   participantes daquele templo (incluindo os espíritos de Caboclos, Pretos Velhos, Exus, etc...). Este campo estrutural transformou aquela construção num lugar “sagrado”, e todos aqueles que participam daquele Terreiro, alimentam o campo estrutural com suas ondas mentoemocionais, e desta forma sentem a influência do campo estrutural, mantendo o respeito, a educação, a compostura, o equilíbrio que o lugar inspira. O Campo Estrutural transfere para aquelas pessoas que estão em sua área de atuação as mesmas características das ondas mento-emocionais que estão mantendo a egrégora. Quando estão em oração, mesmo sem saberem, estão alimentando e mantendo o campo estrutural daquele Terreiro. Muitas vezes o Dirigente é quem iniciou o campo estrutural daquele Templo, desejou e criou na dimensão espiritual; depois através de seu esforço conseguiu materializar, e aos  poucos, quando outras pessoas começam a freqüentar o lugar, o campo estrutural passa a ser mantido pelas ondas mento-emocionais dos demais participantes. 3)A cidade onde residimos, possui um campo estrutural que lhe dá as características do lugar, este campo é mantido pelas pessoas que aí residem. 4)O lugar onde você trabalha, você vive dentro de um campo estrutural que lhe confere as atribuições do seu cargo. 5) Normalmente criamos campos estruturais para “prendermos” as pessoas da maneira que achamos melhor, outras vezes, estamos sendo vitimas de campos estruturais criados por  outras pessoas. Por exemplo, um rapaz não quer que sua namorada olhe para outro rapaz (ou vice-versa), então ele cria aquele campo estrutural em cima da namorada. Ela por sua vez sente aquele campo e se transforma em vítima, fazendo exatamente aquilo que o rapaz determinou no campo estrutural. 6) Nossos pais criam campos estruturais mesmo antes do nosso nascimento. Por exemplo: Meu filho será médico. O filho nasce e é vitima daquele campo estrutural alimentado pelos seus pais, o que muitas vezes poderá trazer sérias conseqüências. Enquanto aquele campo estrutural não for destruído, ele estará exercendo sua ação sobre a  pessoa, independente do lugar e do tempo. 7)Não podemos nos esquecer nos nossos desafetos. Temos um desentendimento com uma   pessoa, esta pessoa cria um campo estrutural negativo sobre nós, e enquanto aquele 27

UMBANDA – Os 7 Reinos Sagrados desentendimento existir, a pessoa estará alimentando com as ondas mento-emocionais aquele campo estrutural negativo. 8) Os inimigos de outras vidas. Os espíritos continuam a existir e alimentar os campos estruturais negativos, mesmo depois de desencarnados. Existem campos estruturais que foram criados e são mantidos a centenas de anos. 9)Nós mesmos geramos campos estruturais sobre nós, alguns podem acabar nos  prejudicando, nos limitando. Somos vítimas, muitas vezes dos nossos próprios campos estruturais. Em função de todas as nossas encarnações, geramos um campo estrutural que é fruto da nossa evolução e experiências vividas, sejam elas boas ou más. Este campo é normalmente responsável pelas nossas limitações, ou em outras palavras pelo nosso “destino”, ele nos “prende” e nos influência. Mas lembramos que podemos alimentar, alterar, neutralizar ou destruir estes campos estruturais. 10) O País em que vivemos possui o seu campo estrutural, que é alimentado por todos os seus habitantes. Estes campos estruturais determinam uma série de características de cada nação. 11) O Karma não seria produto do conjunto de campos estruturais que nós mesmos geramos e de todos aqueles outros campos gerados pelos nossos inimigos de outras vidas? Fica a pergunta. Para a reflexão: Muitos destes campos são ou foram produzidos por nós mesmos, ou seja, nós mesmos criamos o nosso Karma, e conseqüentemente campos estruturais que irão limitar nossa vida atual.  Nós mesmos temos as condições de alterarmos estas campos.  Infinitos campos estruturais Poderíamos ficar relacionando inúmeros exemplos de campos estruturais, mas acreditamos que estes são suficientes. É fácil observar que vivemos dentro de infinitos campos estruturais, os quais acabam determinando nossas ações. Algumas pessoas mais “acomodadas” passam suas vidas totalmente “presas” a estes campos, outras pessoas (aquelas que possuem mais força de vontade) resistem, mudam, alteram, destroem e criam novos campos estruturais. Para encerrarmos este assunto, colocamos duas questões que serão discutidas mais a frente. 1) Sabemos que todos os objetos do universo material possuem um campo estrutural, que lhes dá a forma e suas características. Estes campos foram criados e são mantidos por  espíritos, ou seja, somente espíritos possuem a característica de gerar e manter campos estruturais.  Na natureza, as matas, as pedreiras, os rios, as plantas, o mar, o fogo, as tempestades etc... 28

UMBANDA – Os 7 Reinos Sagrados Quem criou estes campos estruturais? Quem sustenta estes campos estruturais? 2) Segunda questão: Como podemos fazer para alterar ou destruir campos estruturais que estão nos prejudicando? A Magia é uma solução?

29

UMBANDA – Os 7 Reinos Sagrados CAPÍTULO 6

 Deus - o criador  Como podemos falar de Deus diante da nossa pequenez e das nossas limitações. Ainda estamos engatinhando neste processo de conhecimento do universo e de suas leis, ainda somos mônadas que evoluíram até o estágio da humanidade, estágio em que nos encontramos, ainda temos um caminho muito longo a percorrer até compreendermos a grandeza e a beleza de toda a realidade espiritual.  Nossa visão limitada pela matéria nos induz constantemente a erros e muitas vezes nos leva a arrogância e a prepotência. Temos muito a aprender, e não somos ninguém para definirmos Deus. De uma maneira simples, mas esperamos que seja do entendimento dos leitores, iremos relacionar algumas características de Deus.  Monoteísmo A Umbanda aceita um único Deus, ela não é politeísta. A Umbanda é monoteísta. Como a umbanda é uma religião universalista, ela permite que chamemos este Deus, pelo nome que quisermos. As palavras servem para que os homens possam se entender, então utilizem as palavras que quiserem, desde que, expressem as mesmas características. Como os fundamentos da umbanda foram absorvidos de várias religiões e filosofias, encontramos vários nomes para Deus: Olorum, Monã, Zambi, Olodumare, Deus, etc... Lembramos que na umbanda você poderá usar qualquer uma destas palavras quando se referir a Deus.   Não é necessário você chamar o criador pelo seu nome africano ou indígena, se você se sente bem chamando somente por Deus, assim deve fazer; não existem estes preconceitos dentro da Umbanda; devendo respeitar aqueles que preferem chamá-lo por Olorum ou Zambi.  Mas afinal, quem é Deus? A primeira assertiva, é que Deus é o criador. Deus criou os Orixás, os espíritos, os homens, a natureza, o universo. Ele é a “força” criadora e mantenedora da vida e do próprio universo. Ele é único, se não fosse único, haveria milhares de Deuses e a umbanda não aceita esta tese. É incriado, ou seja, não foi criado por ninguém, pois se assim não fosse, teríamos outros seres que teriam a qualidade de criar ao próprio Deus. Devido a nossa limitação não podemos entender como alguma coisa pode ser incriada, nesta fase da nossa evolução espiritual somente podemos aceitar. Deus não é material, ele é eterno e infinito.

30

UMBANDA – Os 7 Reinos Sagrados  Não tem sexo ou raça, pois o sexo e a raça pertencem às limitações da matéria, e Deus não é material. Como o ser mais perfeito do universo, ele é a fonte geradora de todas as virtudes e qualidades. É justo, é o amor em sua totalidade, é o princípio inteligente (pois se nós pequenas almas em evolução temos inteligência, o que falar de Deus o criador). É imutável e por ser único é todo poderoso. Devido a nossa incapacidade intelectual, espiritual e da nossa limitação sensorial; só  podemos compreender Deus através da descrição de suas qualidades. Resumindo: Deus é o criador. Mantenedor da vida e do universo. É único. É todo poderoso. É infinito e eterno.  Não é material.  Não tem sexo e nem raça. É incriado. (Não foi criado por ninguém) É a perfeição, o amor, a inteligência, a bondade e a justiça em sua plenitude. Se quisermos crescer em termos espirituais, devemos buscar seu entendimento, sua aproximação em nossas vidas, somente assim conseguiremos evoluir.  Nada existe acima de Deus, ele é o ápice da evolução espiritual, e nunca chegaremos a ele,  pois nunca poderemos nos igualar a Deus. Se um dia igualássemos a Deus, seriamos outro Deus, e como Deus é único isto nunca acontecerá. Oxalá e Jesus Deus também não é Oxalá e nem Jesus; Oxalá é um Orixá cósmico (mais a frente falaremos sobre os Orixás) e Jesus é um espírito de elevada evolução espiritual, responsável pelo sistema solar, e em missão se encarnou na Terra. Jesus é um espírito mensageiro de Oxalá.

31

UMBANDA – Os 7 Reinos Sagrados CAPÍTULO 7

 A estrutura da matéria Já estudamos que todo elemento existente no universo possui a seguinte constituição; Elemento físico (elemento material mais denso) Campo etérico Campo estrutural Ondas mento-emocionais sustentadoras do campo estrutural Para os seres vivos a estrutura tem a seguinte configuração: Elemento físico (corpo material) Campo etérico (corpo etérico) Campo estrutural (corpo espiritual) Ondas mento-emocionais (elo de ligação entre o corpo estrutural e o espírito) Espírito (indivisível) Percebemos que as estruturas são bastante semelhantes; diferenciando somente em relação a estrutura dos seres vivos possuírem um espírito que é a fonte das ondas mento-emocionais responsáveis pela manutenção do campo estrutural responsável pela organização do seu corpo físico; este campo estrutural é também conhecido como corpo espiritual, ou  perispírito. O significado de campo estrutural é bastante amplo, é como o conceito das ondas eletromagnéticas, que na dimensão material podem se apresentar como calor, luz, ondas de rádio, ondas de TV, micro ondas, raios X, etc... Embora o conceito de ondas eletromagnéticas seja amplo ele permite que possamos estudar  as suas várias manifestações. Quando falamos em campo estrutural, também expressamos um conceito bastante amplo,  principalmente por ser uma estrutura existente na dimensão espiritual. Sabemos que a dimensão espiritual é bastante diferente da dimensão material, onde tempo e espaço deixam de ter as mesmas características que conhecemos. Achamos importante lembrar algumas manifestações do campo estrutural: É ele quem dá a aparência de todos os corpos, objetos e elementos existentes no universo. Se alguma “coisa” existe e esta “coisa”, de alguma maneira influência nosso espírito então existe um campo estrutural mantendo aquela “coisa”. Uma rocha, uma chama, uma ventania, um átomo, todos possuem um campo estrutural que existe na dimensão espiritual. Este campo estrutural é responsável pela estrutura do objeto. Podemos dizer que o campo estrutural é mantido pelos campos mentais e emocionais gerados por um espírito, e reside no “campo estrutural” toda a informação necessária para manter aquele objeto.

32

UMBANDA – Os 7 Reinos Sagrados O campo mental é um dos sustentáculos do campo estrutural, é ele quem vai determinar a aparência e vai determinar as características do objeto. Quando olhamos para um objeto e sentimos que aquele objeto é bonito ou é feio, ou seja, ele produz em nós uma alteração emocional, fazendo-nos sentir atração por aquele objeto (bonito), ou sentirmos uma repulsão (feio), estas características são dadas ao objeto através do campo emocional gerado por algum espírito. Lembramos que os campos estruturais só podem existir quando são alimentados pelas ondas mento-emocionais e estas ondas somente são geradas pelos espíritos.  Interações Pela análise da estrutura dos elementos materiais e dos seres vivos, percebemos que existem 3 tipos de interações: Interação física Interação etérica Interação mento-emocional (ou espiritual) Iremos descrever os três tipos de interações, referindo-nos somente aos seres humanos, mas o princípio é o mesmo para todo e qualquer objeto existente no universo.  Interação física Dizemos que existe interação física, quando existe o contato físico entre os seres ou os objetos. São exemplos de interações físicas: O contato físico, massagens, a voz, a música, os odores, o incenso, alimentos, bebidas, etc... O som é uma interação física, pois ele é propagado através da vibração mecânica do ar. Esta interação age diretamente sobre o nosso organismo, age diretamente no “Corpo Físico” da pessoa, e produz alterações no físico, no etérico e no campo estrutural.  Interação etérica Seu efeito é à distância, não existe contato físico entre os seres ou objetos. Em alguns casos só podem existir à pequenas distâncias (centímetros) em outros casos as interações existem a distâncias muito grandes. O campo etérico é a soma da bioeletricidade e do eletromagnetismo gerados pelos sistemas orgânicos, principalmente o sistema nervoso, e pelo processo vibratório dos elementos do organismo submetidos ao campo eletromagnético de todos os objetos do planeta. Muitos nervos somáticos e autônomos conduzem corrente no sentido longitudinal ao eixo corporal, e essas correntes se espraiam como campos elétricos ao longo dos nervos. O campo magnético produzido se estende no sentido perpendicular ao eixo. Mesmo que sua força diminua com a distância de sua origem, ele ainda se projeta para além da pele. São exemplos de interações etéricas:

33

UMBANDA – Os 7 Reinos Sagrados As ondas eletromagnéticas, por exemplo a luz. Quando vemos alguma pessoa à distância, dizemos que está ocorrendo uma interação etérica. O calor, os passes espíritas, os campos bioeletricos, campo magnético terrestre, etc... Os campos bioeletricos, gerados pelo nosso organismo interferem sobre os corpos das outras pessoas. Por serem de intensidade muito pequena, agem a pequenas distâncias. Quando juntamos várias pessoas, em um determinado local, podemos amplificar estes campos. Através do uso da vontade, alguns campos bioeletricos também podem ser amplificados. Quando aproximamos nossa mão de alguma parte do nosso corpo (ou de outra pessoa) e sentimos o calor irradiado por ela, dizemos que está havendo uma interação etérica. Lembramos que todos os objetos geram campos eletromagnéticos das mais diferentes freqüências e intensidades, a este conjunto de interações chamamos de interações etéricas. Um cristal, um mineral, um metal, uma planta, um animal, uma arvore, um punhado de terra, um planeta, etc...Todos possuem seu campo etérico e por conseqüência interagem etéricamente entre si. A interação etérica age diretamente sobre o campo etérico dos demais objetos. Esta interação irá produzir alterações no corpo físico e no corpo estrutural. A luz é a principal interação etérica que estamos expostos. As cores nos influenciam diariamente e sua ação age sobre nosso corpo físico e também sobre nosso mental e emocional.  Interações mento-emocionais Estas interações existem entre os espíritos, ela é natural da dimensão espiritual. Elas agem sobre os campos estruturais e diretamente sobre os espíritos. São exemplos de interação mento-emocional: A oração, a telepatia, a ação de espíritos através da mediunidade, passe espiritual, etc... Esta é a única interação existente no universo espiritual, todos os espíritos interagem através da interação mento-emocional. Toda a realidade espiritual, formada pelos campos estruturais é alimentada pelos espíritos desencarnados. Os seres humanos, por possuírem, um espírito interagem entre si através destes campos mento-emocionais. Devido ao fato do nosso espírito, utilizar quase que completamente suas “energias” espirituais para manter o campo estrutural do seu corpo físico, temos muito pouco contato com a dimensão espiritual; mas as ondas mento-emocionais nos atingem a todo instante. Quando meditamos, ou estamos em concentração, ou dormindo, nossa sensibilidade espiritual aumenta bastante e passamos a “ver” e a sentir estes campos estruturais da dimensão espiritual. Todos os sete reinos possuem seus correspondentes elementos físicos, etéricos e mentoemocionais. (faremos em seguida uma descrição destas 7 reinos) Quando existe algum desajuste precisamos saber como interagir para obtermos o equilíbrio novamente. 34

UMBANDA – Os 7 Reinos Sagrados

 Interações entre as pessoas De uma maneira bastante simplificada, que será oportunamente esmiuçada, podemos agir  sobre uma pessoa, para buscar o equilíbrio daquela pessoa, utilizando os três tipos de interações: 1)Interação física Através da música (som), a voz, através do uso de incensos (odores), através de banhos de ervas (contato físico com a pele) 2)Interação etérica A mais comum é com o uso das cores (cromoterapia), ou através do calor (sem o contato físico), através do que os espíritas chamam de passe magnético, agindo sobre a aura da  pessoa. 3)Interação mento-emocional (espiritual) Através das preces, ou intervenção de espíritos. Obtemos o acesso aos três tipos de interações quando visitamos os campos vibratórios, como as matas, as praias, os campos, as cachoeiras, etc...  Nestes lugares é muito forte a intensidade de todos estes elementos. Podemos desenvolver algumas ações onde iremos somar os vários tipos de interações. Por exemplo: Uma pessoa com um desequilíbrio, necessitando equilibrar os três níveis: físico, etérico e estrutural. Esta pessoa pode ser colocada no centro de uma sala, onde um grupo de pessoas ficará ao seu redor. (não muito distantes) Estas pessoas estarão orando em voz alta em beneficio daquela pessoa. A voz das pessoas estará agindo sobre o físico. O campo etérico gerado no ambiente, em função da quantidade de pessoas na sala, agirá sobre o campo etérico da pessoa, reforçando a ação sobre o físico e o estrutural. As orações (ondas mento-emocionais) feitas com o coração, atingirão o campo estrutural e o espírito da pessoa. Além da ação direta sobre o interessado, haverá a formação de um campo estrutural sobre o local, que também irá produzir interações em todos os presentes. Chamamos este campo estrutural de egrégora.  Neste exemplo demos um simples ritual, que faz uso dos conceitos explanados neste livro. Muitos outros rituais poderão ser elaborados a partir deste conhecimento inicial sobre a constituição da natureza, suas interações e os sete reinos.

35

UMBANDA – Os 7 Reinos Sagrados

O campo estrutural dos objetos Descrevemos acima que todos os objetos possuem um campo estrutural, e que este campo estrutural sempre é mantido através de ondas mento-emocionais geradas por espíritos, que são os únicos elementos que podem gerar este tipo de ondas. Sabemos que todos os humanos possuem um espírito, e este espírito é o responsável pela manutenção do campo estrutural do corpo físico; que neste processo o espírito praticamente esgota suas energias; sendo este o motivo da dificuldade que muitos possuem de entrar em contato com a espiritualidade superior. Mas e os objetos da natureza? Estamos falando das rochas, cristais, do fogo, ventos, plantas, pássaros, animais, etc... Quem mantém o campo estrutural, por exemplo, de uma pedra, pois todos concordamos que uma pedra não possui um espírito. Existem algumas diferenças entre todos os objetos e seres citados acima; mas podemos neste momento dizer que as ondas mento-emocionais responsáveis pela manutenção destes objetos são originárias dos construtores siderais, os orixás cósmicos; responsáveis pelos sete reinos. Cada reino tem sob sua responsabilidade um ou mais orixás que entre outras coisas, tem a responsabilidade da ordenação e manutenção dos campos estruturais.  As mônadas Além das ondas mento-emocionais dos orixás, que são forças ordenadoras, existe toda uma hierarquia de mônadas espirituais, que em função do processo evolutivo, executam determinadas tarefas no equilíbrio universal; neste processo, estas mônadas cumprem sua tarefa no equilíbrio do universo físico, e absorvem o conhecimento “espiritual” destas experiências. Em alguns casos são milhões de mônadas executando uma determinada tarefa, outras vezes grupos menores se especializam em determinada tarefa, em outros casos estas mônadas  passam a agir independentemente, até chegarem ao nível do reino humano, onde exercem com total independência o livre arbítrio. Este genealogia espiritual será estudada em um capítulo a parte, por ser uma questão de muita importância; veremos a longa trajetória das mônadas. Das mônadas recém criadas, até atingirem o estágio angelical no reino das almas, passando  pelo reino da humanidade em que nos encontramos atualmente.

36

UMBANDA – Os 7 Reinos Sagrados

CAPÍTULO 8

O nascimento do planeta Terra É muito importante para os Umbandistas conhecerem como foi a formação do planeta Terra. Sabemos que as grandes forças celestiais que chamamos de Orixás participaram da formação de todo o universo e da formação do planeta Terra.   Neste capítulo não vamos descrever individualmente os Orixás, mas começaremos a levantar uma das pontas do véu. Infelizmente notamos que muitos Núcleos Umbandistas encontram dificuldades em explicar para seus filhos a natureza e a participação dos Orixás em nossa vida, tanto material como espiritual. Alguns núcleos de formação africana, ainda estão presos àquela metodologia trazida pelos escravos africanos, que consiste em descrever as qualidades dos Orixás através de lendas e mitos. Esta metodologia deve ser utilizada naqueles cultos que ainda mantém a originalidade do culto da época da escravidão, são os chamados cultos de Nação ou Candomblé. É próprio destes cultos manterem a tradição, embora todos saibamos que muito da tradição original da áfrica já foi alterada e adaptada ao novo mundo. Existem muitos escritores que pesquisaram sobre o culto dos Orixás na África e no Brasil,  podemos citar o livro “Os Orixás” de Pierre Verger. Lembramos que a Umbanda é uma religião brasileira e que absorveu elementos do culto africano, indígena e europeu. A Umbanda é uma religião nova e que procura interpretar seus fundamentos a partir dos elementos atuais de nossa cultura.  Não podemos comparar a vida daqueles africanos que viviam há 400 anos atrás, no meio das matas africanas, com a vida que levamos atualmente nos grandes centros urbanos. A realidade é totalmente diferente. Como os antigos africanos viviam em contato com a natureza e levavam uma vida sem o stress da vida atual, sem poluição, contaminação, barulho, preocupações materiais atuais, eles podiam perceber ou sentir estas energias presentes no universo de uma maneira bem mais fácil do que nós que vivemos esta vida corrida das grandes cidades. È muito comum hoje em dia, crianças que nunca viram uma galinha, uma vaca, um cavalo, nunca entraram em uma mata, nunca tomaram um banho de rio ou cachoeira, muitos ainda desconhecem o mar. Se conhecerem, com certeza, é através da televisão, internet ou cinema; o distanciamento da natureza é muito grande atualmente, principalmente nos grandes centros urbanos. A cultura africana era oral, seus conhecimentos passavam de pessoa para pessoa, através do relato oral. É possível imaginar, com que facilidade, muitas destas lendas e mitos foram alteradas. Mas ainda é através delas que nós os Umbandistas conseguimos entender a natureza destas forças cósmicas. 37

UMBANDA – Os 7 Reinos Sagrados Após a identificação da natureza dos orixás a umbanda procurou atualizar a visão e os conceitos, para que o homem atual pudesse entender através da razão, a natureza, a força e  participação dos Orixás em nossas vidas. Como não podemos ainda estudar (compreender) a origem do universo; por enquanto a ciência ainda especula sobre este assunto, existem somente hipóteses; iremos voltar nossa atenção para o desenvolvimento do planeta Terra. A ciência atual já possui muitas informações sobre nosso planeta e nós os Umbandistas faremos uso destes conhecimentos. Este estudo visa mostrar que todos nós somos frutos da mãe terra.   Nosso corpo material é fruto de um processo evolutivo que já tem mais de 4 bilhões de anos. Ele, nosso corpo, tem guardado toda a história do planeta, assim como, é produto do equilíbrio de todas as forças construtoras do universo, nossos amados engenheiros celestiais os Orixás. Quando nos afastamos da nossa origem, é gerado um desequilíbrio destas forças o que vai refletir num desequilíbrio em nosso corpo e espírito. Este assunto será abordado mais à frente.  Neste momento iremos estudar a formação do planeta Terra. Uma longa história Sabemos que a Terra já foi diferente. Houve época em que os continentes estavam reunidos em um só bloco; camadas de gelo chegaram a cobrir boa parte do planeta, nas eras glaciais. Mas ao longo de nossas vidas (algumas dezenas de anos) provavelmente não chegaremos a ver modificações sensíveis em nosso planeta. As gigantescas transformações por que passou (e talvez esteja passando) a Terra ocorreram ao longo de milhões, bilhões de anos.  A quatro bilhões de anos Como nasceu a Terra? Quando ela passou a existir? Durante milhares de anos o homem não dispôs de meios para encontrar as respostas a essas perguntas.  No século XX, porém, a descoberta da radioatividade permitiu que pelo menos a segunda dessas questões encontrasse uma resposta aproximada. Os elementos radioativos – como o urânio, o tório e o rádio – são instáveis, isto é, desintegram-se para dar origem a elementos estáveis, como o chumbo. É possível prever o tempo que uma determinada quantidade de urânio demora em converter-se em chumbo. Ao confrontar-se numa rocha a quantidade de matéria ainda radioativa e seu resíduo de chumbo, pode-se calcular há quanto tempo o depósito foi formado. Análises de rochas radioativas de todas as partes do planeta revelaram a existência de fragmentos com 3 a 4 bilhões de anos, o que leva à conclusão de que a crosta terrestre solidificou-se há pelo menos 4 bilhões de anos. Outras formas de solucionar o problema – por exemplo, o cálculo da proporção de sal existente nos oceanos em relação à quantidade de sal anualmente levada pelos rios para o mar – indicam sempre um começo situado dentro de certos limites, entre 4 e 5 bilhões de anos. 38

UMBANDA – Os 7 Reinos Sagrados Portanto, nem sempre a Terra existiu; mas ela é muito, muito velha. Quando se passa da questão do “quando” para a do “como”, a ciência encontra obstáculos,  pois é difícil reconstituir e interpretar acontecimentos tão remotos. Os cientistas ainda não são capazes de explicar exatamente a origem do sistema solar e,  portanto, do nosso planeta. Segundo uma das hipóteses, a mais provável, o sistema solar teria se originado de uma enorme nuvem de gás e poeira cósmica que girava no espaço. A pressão e a temperatura internas subiram até que, num último estágio de incandescência, acendeu-se o sol, uma   jovem estrela que crescia e brilhava no centro de um disco giratório cujo diâmetro correspondia ao do atual sistema solar. À medida que girava e se tornava cada vez mais plano, o disco dividia-se em anéis e, dentro dos anéis, formavam-se nuvens em turbilhão que se entrechocavam e combinavam entre si,   juntando porções cada vez maiores de matéria em agregados ainda maiores. Em dado momento – talvez o processo tenha levado 100 milhões de anos – os núcleos das nuvens maiores condensaram-se nos planetas, um dos quais era a Terra no início de sua história. Depois dessa fase, uma série de gigantescos processos combinados entre si provocou tal aumento da temperatura do núcleo que este se fundiu.  Aqui começa nossa história. Primeira fase:   Neste primeiro momento temos um núcleo com altíssima temperatura, incandescente,  pastoso, viscoso, um magna. É a partir deste momento que a Terra começa a tomar suas características. È neste instante que é dado o impulso inicial para a formação do planeta. Segunda fase: Em seguida (e a medida do tempo é sempre de milhões de anos), o planeta começou a esfriar. Sua superfície solidificou-se numa crosta delgada.  Neste momento começa a se formar sobre o planeta o que hoje conhecemos como crosta terrestre, formada pelas montanhas, rochas, pedras, cristais e minerais. O núcleo central do planeta continuou incandescente e é composto principalmente de ferro (contendo também níquel e outros elementos). Terceira fase: Os gases produzidos pela intensa atividade vulcânica formaram a primeira atmosfera, composta principalmente de gás carbônico, metano, amônia. O oxigênio livre, componente fundamental da atmosfera terrestre – pois torna possível a vida sobre o planeta – só apareceu muito tempo depois. Quarta fase: Finalmente, um resfriamento posterior permitiu a condensação do vapor de água, que se  precipitou sobre a superfície da Terra sob a forma de chuvas torrenciais. 39

UMBANDA – Os 7 Reinos Sagrados   Ninguém pode dizer quanto tempo durou este dilúvio – talvez séculos -, mas quando as nuvens finalmente se adelgaçaram, o oceano primordial (ainda de água doce) brilhou sob os raios do sol.  A vida no planeta O planeta estava se preparando para dar a vida. Aproximadamente a 3 bilhões de anos algo importantíssimo acontece: aparece a vida. Trata-se no momento de seres microscópicos e de organização extremamente simples, mas que já apresentam as duas características fundamentais da “matéria viva”: capacidade de nutrir-se e de reproduzir-se. As condições para a formação desses primeiros organismos vivos surgiram lentamente nos oceanos. A vida, portanto, teve origem num período muito precoce da história do nosso planeta, mas sua evolução deu-se de forma muito lenta. Aproximadamente a 500 milhões de anos nas águas dos rios aparecem os primeiros vertebrados, peixes de esqueleto interno cartilaginoso. Alguns deles vivem principalmente nos fundos e apresentam uma couraça que os protege dos gigantescos escorpiões aquáticos e de diversos predadores.   No final deste período, plantas e animais começam a “sair” da água: primeiro as algas revestidas de uma carapaça que lhes permite manter a umidade; depois as primeiras plantas   propriamente de terra firme, os musgos. Os primeiros animais que puderam sair da água foram os escorpiões, também protegidos por couraças. Quinta fase: Entre 395 a 345 milhões de anos atrás verificam-se acontecimentos fundamentais para o desenvolvimento da vida na Terra. Samambaias gigantes e os antepassados das atuais coníferas formam as primeiras florestas, que se propagarão intensamente no período seguinte.  Nos bosques vivem aranhas, centopéias e escorpiões. Surgem os primeiros insetos e entre eles alguns semelhantes às baratas atuais. Alguns peixes desenvolvem rudimentares pulmões e destes peixes surgirão os primeiros anfíbios, seres de “vida dupla”, que se adaptam às regiões de contato entre água e ar seco. Surgem também os vertebrados. Florestas exuberantes recobrem boa parte da Terra. Com o surgimento dos répteis, os vertebrados completam a “conquista” da terra firme. Com o passar do tempo (milhões de anos) vários répteis foram aparecendo sobre a superfície terrestre. Aproximadamente a 65 milhões de anos começa o domínio dos grandes mamíferos sobre a Terra.   Neste período proliferam os mamíferos insetívoros, marsupiais, roedores, carnívoros e desdentados. Aparecem também os grandes concorrentes dos mamíferos – as aves. De 26 a 1,8 milhões de anos atrás a Terra é povoada por muitas espécies de mamíferos, entre elas o mastodonte e o tigre-dente-de-sabre.  No inicio deste período destaca-se um grupo de primatas, os driopitecos. 40

UMBANDA – Os 7 Reinos Sagrados Deles derivam os chimpanzés, gorilas, orangotangos e ramapitecos – estes últimos importantíssimos porque constituem a ponte entre o macaco e o homem. Os ramapitecos são um dos três gêneros da família do homem, e o mais primitivo deles. Os outros são os australopitecos e o homo. Sexta fase: O homem no planeta Cerca de 1,2 milhões de anos atrás surge o Homo habilis; em seguida o Homo erectus e finalmente o Homo sapiens, espécie a qual pertence, com outras subespécies extintas, o homem atual. O primeiro fóssil de ramapiteco foi encontrado no norte da Índia, aos pés do Himalaia. Por  este motivo, a origem de seu nome é uma divindade hindu, Rama (ramapiteco significa,  justamente, “símio de Rama”). Esta espécie , não foi, porém o mais antigo representante de seu gênero. Na verdade, o   primeiro ramapiteco viveu há quase 14 milhões de anos, na savana africana (seus restos fósseis foram encontrados em Fort Ternan, no Quênia).  Na historia da evolução posterior dos hominídeos há um lugar muito importante ocupado  pelos australopitecos (símios meridionais). Trata-se de seres não muito grandes – mediam cerca de 1,5 m de altura -, que caminhavam em posição quase ereta e eram capazes de utilizar ferramentas primitivas. Até alguns anos atrás, quase todos os cientistas reconheciam como último progenitor do gênero Homo a mais comum espécie de australopiteco, o “Australopithecus africanus”, cujos primeiros fósseis foram descobertos em Taung, na África meridional.   No entanto, essa opinião teve de ser reformulada quando foram encontrados alguns importantes testemunhos na região de Afar e no vale do rio Omo, na Etiópia. Os primeiros “homens verdadeiros”, freqüentemente denominados arqueântropos (do grego, “homens antigos”), provavelmente derivam do Homo habilis, que poderia ser  considerado “meio homem e meio australopiteco”. Geralmente, todos estes arqueântropos são reunidos em uma só espécie, progenitora direta do Homo Sapiens e denominada Homo Erectus. Essa espécie, que difere do homem atual quase exclusivamente pela estrutura do crânio, difundiu-se rapidamente por todo o velho mundo e, quase certamente, provocou a extinção dos últimos australopitecos. Os primeiros fósseis do Homo Erectus foram encontrados em Trinil, na ilha de Java. Os arqueântropos conseguiram notáveis progressos na elaboração de instrumentos de pedra e chegaram, inclusive, a descobrir o uso do fogo. Esses primeiros “homens verdadeiros” viveram num período incluído entre 1 milhão e quase 200.000 anos atrás; todos os restos fósseis mais recentes são atribuídos à espécie humana atual, Homo Sapiens – que acredita-se, derivou de uma subespécie particularmente “adiantada” de Homo Erectus. Os primeiros restos fósseis que podem ser atribuídos com relativa segurança à nossa espécie, Homo Sapiens, têm em torno de 300.000 anos. Não eram seres iguais ao homem atual, mas homens muito primitivos, primitivos, pertencentes a subespécies já extintas. Entre estas, a mais célebre é o homem de Neanderthal, uma subespécie que prosperou durante as grandes glaciações.

41

UMBANDA – Os 7 Reinos Sagrados Após o desaparecimento do homem de Neanderthal, o gênero humano passou a ser  representado exclusivamente pela subespécie atual, Homo sapiens, à qual pertencem também os famosos homens pré-históricos, como o homem de Cro-Magnon.  Nesse ponto, a evolução física do ser humano, como a conhecemos hoje, completou-se; os grandes progressos seguintes dependeram, única e exclusivamente, da evolução cultural da espécie, daquilo que foi criado e transmitido socialmente. Assim completamos a evolução do planeta Terra, desde a “bola de fogo” inicial, até os nossos dias.  As sete fases do planeta Para fins didáticos dividiremos este período em sete fases distintas: Primeira fase – fase do fogo Segunda fase – fase da Terra Terceira fase – fase do Ar  Quarta fase – fase da água Quinta fase – fase das matas Sexta fase – fase da humanidade Acrescentaremos mais uma fase, a sétima que chamaremos de fase das almas. Desta forma a evolução do homem (e do espírito) se processa através destas 7 fases (ou reinos), na seguinte ordem: Fogo, Terra, Ar, Água, Matas, Humanidade, Almas

42

UMBANDA – Os 7 Reinos Sagrados CAPÍTULO 9

Os 7 reinos Como estudamos anteriormente, o planeta Terra levou aproximadamente de 4 a 5 bilhões de anos para chegar até as condições atuais. Para efeito de estudos dividimos este longo período em seis fases, a sabe: 1) Primeira fase – reino do Fogo 2) Segunda fase – reino da Terra 3) Terceira fase – reino do Ar  4) Quarta fase – reino da Água 5) Quinta fase – reino das Matas 6) Sexta fase – reino da Humanidade Além destas seis fases, que foram estudadas quando discutimos a formação do planeta Terra, acrescentamos mais uma fase, que chamamos de reino das Almas. Ficamos então com os sete reinos: Fogo, Terra, Ar, Água, Matas, Humanidade e Almas Este último reino que foi adicionado aos demais reinos corresponde a dimensão espiritual. É nele que encontramos todos os espíritos, eguns, orixás, entidades, etc... É para este reino que todos caminhamos, quando a evolução espiritual atingir determinado grau, iremos nos libertar das amarras da “carne”, e o reino das almas, será a nossa morada.  Naturalmente, que estamos envolvidos com todas as “energias”, destes sete reinos. Estas energias podem ser percebidas, em todos os lugares, e em todas as situações sejam elas quais forem. É muito importante que o Umbandista entenda, que todos os processos que ocorrem no  planeta Terra, em termos materiais e espirituais, é fruto de ações oriundas destes sete tipos de “energias”. Quando estudarmos a magia da Umbanda, aprenderemos como utilizar as “forças” destes reinos. A palavra “energia” não é a melhor palavra para identificar estas forças, no momento estamos utilizando para facilitar a compreensão, talvez fosse melhor utilizarmos a expressão “informação”, quando nos referirmos a estes reinos. Os sete reinos e os orixás Para cada reino associaremos um Orixá responsável por aquele reino. Reino do Fogo – Orixá Ogum (impulso inicial) Reino da Terra – Orixá Xangô (senhor das pedreiras) Reino do Ar – Orixá Iansã (rainha dos ventos) Reino da Água – Orixá Iemanjá (rainha das águas) 43

UMBANDA – Os 7 Reinos Sagrados Reino das Matas – Orixá Oxossi (rei das matas) Reino da Humanidade – Orixá Oxalá (criador e responsável pela humanidade) Reino das Almas – Orixá Omulu (senhor das almas)   Neste modelo que adotamos para o estudo da Umbanda, não limitamos a quantidade de Orixás. Sabemos que na sua origem africana, eram cultuados centenas de orixás; quando o culto dos orixás foi trazido para o Brasil esta quantidade foi limitada a 16 ou 21 orixás. Colocamos como os Orixás regentes, aqueles de maior expressão; mas não existe uma limitação do número de Orixás em cada reino. Por exemplo, no reino das águas: podemos identificar e “trabalhar” com as “energias” dos orixás: Oxum, Iemanjá, Nanã; todas pertencentes ao elemento água.  As cores e os sete reinos Para cada reino associamos uma cor, de acordo com a manifestação desta “energia” na natureza, ou através do conhecimento adquirido através dos mitos. Reino do Fogo – Orixá Ogum – Vermelho Reino da Terra – Orixá Xangô – Marrom Reino do Ar – Orixá Iansã – Amarelo Reino da Água – Orixá Iemanjá – Azul (Iemanjá: azul claro, Oxum: azul escuro, Nanã: Roxo) Reino das Matas – Orixá Oxossi – Verde Reino da Humanidade – Orixá Oxalá – Branco Reino das Almas – Orixá Omulu – Preto  Não estranhem a relação acima, sabemos que existem muitas variantes sobre esta questão, mas para que o umbandista reflita sobre este assunto, lembramos que usamos como orientação a formação do planeta Terra.  Para reflexão Chamamos a atenção para duas questões: Primeira questão:  A Astrologia A maioria dos umbandistas conhece ou já ouviu falar sobre a astrologia. Ciência (ou arte) milenar, que desconhecemos sua origem. De onde vem essa ciência que é mais antiga do que os dois mais antigos monumentos existentes na Terra, a Grande Pirâmide e a Esfinge? Em todas as ruínas das mais remotas civilizações encontramos zodíacos, signos, observações sobre os planetas e restos de tratados astrológicos escritos em velhos papiros, gravados em pedra, pintados em seda ou riscados em tabuinhas de argila.

44

UMBANDA – Os 7 Reinos Sagrados Tanto os reis sumérios como os príncipes chineses, os soberanos assírios, os senhores da Índia e os faraós egípcios guiavam-se pelas predições dos seus astrólogos que eram sempre sacerdotes de alta categoria. Por todo o mundo antigo, o hermético conhecimento sobre os mistérios dos astros era privilegio de reis e sacerdotes e seus segredos eram cuidadosamente preservados. Hoje em dia, quando descobrimos algum velho papiro ou uma arcaica tabuinha de argila desfazendo-se em pó, neles encontramos referências a conjunções planetárias, predições astrológicas e citações sobre papiros ou tabuinhas ainda mais distantes no tempo. Olhamos para trás e ficamos atordoados quando vemos quantas religiões já nasceram e morreram; quantas civilizações floresceram durante séculos e depois desapareceram, deixando apenas algumas ruínas para atestar sua passada existência; quantos pensadores criaram sistemas filosóficos que tiveram o rápido brilho de um cometa e depois destruídos,   pedra por pedra! Constatamos, atônitos, que tudo quanto o homem construiu o próprio homem destruiu ou desprezou! Apenas a astrologia sobreviveu. Com toda a certeza precisamos buscar nos seus ensinamentos verdades eternas. Os Signos e os elementos Quando olhamos para o céu e vemos o movimento dos astros, temos a impressão de que a Terra é fixa e todo o universo se move em torno de nós. Sabemos que essa visão é falsa, mas é exatamente assim que o astrólogo retrata, num horóscopo, o panorama celeste de um momento natal. Para os astrólogos, o trecho mais importante do céu é o zodíaco. Podemos imagina-lo como uma faixa por onde caminham sempre as mesmas constelações, ou grupos estelares, que  por isso mesmo são chamadas “constelações zodiacais”. A seqüência dos signos é: Áries, Touro, Gêmeos, Câncer, Leão, Virgem, Libra, Escorpião, Sagitário, Capricórnio, Aquário e Peixes. Para cada signo é associado um elemento. Cada signo é associado a um elemento. Áries – Fogo Touro – Terra Gêmeos – Ar  Câncer – Água  A seqüência dos quatro elementos O ciclo dos quatro elementos se repete, na mesma seqüência: Fogo, Terra, Ar e Água. Aqui chegamos na questão em foco. Repare na seqüência dos elementos: fogo, terra, ar e água. É a mesma seqüência utilizada em nosso modelo. Áries é o início do Zodíaco, é a força inicial, o impulso inicial e pertence ao elemento Fogo. Será pura coincidência? Ou esta seqüência representa exatamente a criação do planeta, como descrevemos anteriormente? Será a seqüência da criação do Universo? A primeira questão fica para a reflexão do umbandista. Segunda Questão. 45

UMBANDA – Os 7 Reinos Sagrados

 A primeira codificação das sete linhas da umbanda Vamos voltar um pouco na história do movimento Umbandista. Em 1928, Leal de Souza propôs a primeira tentativa de se codificar a Umbanda. Leal de Souza era amigo de Zélio de Moraes, e durante 10 anos foi participante ativo da Tenda Nossa Senhora da Piedade, a primeira Tenda de Umbanda do Brasil. Somente se afastou da Tenda Nossa Senhora da Piedade, por ordem do Caboclo das Sete Encruzilhadas, para fundar a Tenda Nossa Senhora da Conceição, uma das 7 primeiras Tendas de Umbanda do Brasil. Leal de Souza viveu todos estes anos junto ao Caboclo das Sete Encruzilhadas, pesquisando e estudando tudo o que acontecia dentro dos Terreiros de Umbanda. Leal de Souza era poeta, jornalista e escritor, escreveu durante alguns anos, vários artigos sobre a umbanda e o espiritismo, para o Diário de Notícias, da antiga Capital Federal. Era um “especialista” na Umbanda, pois conviveu, observando e estudando durante muitos anos, os rituais de umbanda. Observando as manifestações das entidades nos vários terreiros daquela época, ele propôs as sete linhas da Umbanda: Oxalá, Ogum, Oxossi, Xangô, Iansã, Iemanjá, As Almas Se o Umbandista reparar, perceberá que as sete linhas propostas na primeira codificação da Umbanda, coincide exatamente com os sete reinos: Ogum, Xangô, Iansã, Iemanjá, Oxossi, Oxalá e Almas O que mudou foi a seqüência dos reinos, mas as características são as mesmas. Será pura coincidência?  Matta e Silva e as sete linhas da umbanda Em 1956 (praticamente 48 anos após o início da Umbanda) Matta e Silva lança o livro “Umbanda de Todos Nós”, onde comenta (paginas.106/107): “Mas, não obstante tudo isso, a tendência no meio umbandista é evoluir muito, muito mesmo, haja vista que em 1942 houve um congresso, a que deram o nome de “Primeiro Congresso Brasileiro do Espiritismo de Umbanda” e nessa ocasião, dignos e esforçados irmãos-de-fé, sintetizaram num gráfico o que qualificaram de Graus de Iniciados ou Pontos da Linha Branca de Umbanda, com sua hierarquia e respectiva correspondência, que transcrevemos literalmente, na parte que determina os Pontos:” 1º Grau de iniciação – Almas 2º Grau de iniciação – Xangô 3º Grau de iniciação – Ogum 4º Grau de iniciação – Nhãsan 5º Grau de iniciação – Euxoce 6º Grau de iniciação – Yemanja 46

UMBANDA – Os 7 Reinos Sagrados 7º Grau de iniciação – Oxalá Continua Matta e Silva: “ Bem naquela época, a Umbanda não era ainda uma Lei, era uma linha branca, com sete pontos, porém já se sabia, pelo menos intuitivamente , que estes “ditos pontos”, tinham um significado mais profundo e possivelmente poderiam ser  identificados no futuro em sua real expressão....”  Nesta época havia no meio umbandista uma forte influência da teosofia. Matta e Silva, lança na época o que foi chamado de umbanda esotérica e através da análise das silabas das palavras, apresenta um modelo onde inclui dois novos orixás: Orixalá, Yemanjá, Xangô, Ogum, Oxossi, Yori e Yorimá A partir desta época desapareceu das sete linhas Iansã e Almas . Matta e Silva tinha razão quando escreveu que aqueles sete pontos tinham um significado e que seriam identificados no futuro. Estes sete pontos nada mais são que os sete reinos, e sua seqüência é apresentada pela “natureza”, ou melhor dizendo, pela formação do nosso amado planeta Terra: Ogum, Xangô, Iansã, Iemanjá, Oxossi, Oxalá e Almas. Será uma simples coincidência?

47

UMBANDA – Os 7 Reinos Sagrados CAPÍTULO 10

Os sete graus da iniciação umbandista. Para efeito da ritualista podemos classificar os sete graus da seguinte maneira: 1º grau de iniciação – Ogum É o impulso inicial, a iniciativa, a força para vencer os obstáculos e iniciar uma nova vida. É o início da vida do umbandista dentro do Terreiro. 2º grau de iniciação – Xangô É a lei, a estrutura, as regras.   Neste grau o umbandista já venceu a fase de ogum e agora passa a conhecer as leis da Umbanda e do seu Terreiro. 3º grau de iniciação – Iansã É a expansão, o crescimento, sua mente se abre, novas idéias surgem. 4º grau de iniciação – Iemanjá É a adaptabilidade. O umbandista se adapta com facilidade em qualquer situação, ele transita com mais naturalidade dentro das varias religiões e filosofias, seus conhecimentos e sua vivência o tornam mais “adaptável”. 5º grau de iniciação – Oxossi  É a individualidade do caçador. O umbandista se identifica como uma individualidade, se sente respeitado pelo estágio que atingiu, tem segurança para trilhar qualquer caminho, não tem medo da solidão e do futuro. 6º grau de iniciação – Oxalá É a fé e o livre arbítrio. É o umbandista vivendo dentro da sociedade, exercendo o livre arbítrio e assumindo suas conseqüências.  Neste grau ele já tem condições de escolher seus caminhos sozinhos. 7º grau de iniciação – Omulu É a transcendência, a regeneração. É o conhecimento pleno da espiritualidade, da magia, da vida e da morte. 48

UMBANDA – Os 7 Reinos Sagrados É o grau máximo. Qualidades do sete reinos da umbanda 1) Reino do Fogo – Orixá regente Ogum – cor vermelha - Iniciativa Criação, nascimento, sexo, impulso, iniciativa, luz, calor, rompimento, manutenção, destruição, guerreiros, guerra, cores, tudo que é vermelho, sangue, ódio, paixão, incêndios,   bombeiros, velas, queimaduras, ferro, espadas, lanças, escudos, liderança, manutenção da ordem, manutenção da vida, rosas vermelhas, espada de ogum (planta), agressão, princípio,   proteção, febre, coração, soldados, militares, exercito, solda, faísca, eletricidade, ondas eletromagnéticas, sol, temperatura, planeta marte, salamandras, brigas, caminhos. 2) Reino da Terra – Orixá regente Xangô – cor marrom – Estrutura Corpo físico, escola, educação, controle, juizes, leis, regras, justiça, rochas, pedras, cristais, tudo o que é marrom, estrutura, esqueleto, poeira, areia, barreiras, obstáculos, construções, vias, montanhas, pedreiras, rosas amarelas, espada de xangô (planta), machado, prisão, restrição, muros, vasilhames, moveis, imóveis, casa, paredes, balança, contato físico, lentidão, suporte, Karma, Lei de ação e reação, solidez, destino, algemas, ligações fortes, nêutron, minerais, metais, limitação, limites, exercito, agricultores, fazendas, mineradores, sal grosso, sustentação, construtores, aparência, comportamento, fórum, organização. 3) Reino do Ar – Orixá regente Iansã – cor amarela – Expansão Mente, pensamentos, rapidez, brincadeira, som, musica, cantores, orquestras, comunicação, ventanias, a fala, voz, canto, brisa, tempestade, raios, pedreiras, tudo que é amarelo, oxigênio, respiração, sufocamento, expansão, planeta mercúrio, crescimento, incensos, aromas, perfumes, movimento, tv, radio, livros, imprensa, revistas, fofocas, gritaria, harmonia, dualidade, poeira, crianças, adolescentes, correria, atmosfera, espada de Iansã (planta), furacão, maremotos, cheiros, aroma das flores, mantém a paixão, mantém o fogo,  janelas, ar, gases, fumaça, defumação, comunicados, sinos, violão, instrumentos musicais, rojões, trovões, explosões. 4) Reino da Água – Orixá regente Iemanjá – cor azul claro – Adaptabilidade Emoções, água, mãe, mar, tudo que é azul, emocional, sal marinho, fertilidade, nascimento, gravidez, bebidas, leite, banhos, chuvas, rios, lagoas, cachoeiras, cascatas, flores brancas,   perfumes, tintas, líquidos corporais, lagrima, urina, sangue, linfa, suor, adaptabilidade, aceitação, ondas, mares, amor , amor materno, beleza, mulheres, adultas, jovens, e velhas, avó, irmã, tia, amigas, remédios líquidos, lua, prata, menstruação, rins, útero, bexiga, artérias, saliva, gosto, peixes, golfinhos, baleias, navios, marinha, pescadores, marinheiros,   praia, areia, suavidade, sensualidade, elegância, charme, fases, períodos, família, delicadeza, explosões emocionais, calmaria, maremotos.

49

UMBANDA – Os 7 Reinos Sagrados 5) Reino das Matas – Orixá regente Oxossi – cor verde – independência Caboclos, irmãos, primos, professores, sustento, individualidade, independência, liberdade,   paciência, remédios, conhecimento, técnicas, trilhas, plantas, arvores, ervas, flores, madeira, tudo o que é verde, chás, banho de ervas, flechas, arco e flecha, índios, direção, única tentativa, animais, insetos, répteis, pássaros, floresta, plantações, independência, solidão, alimentos, alimentação, perseverança, agricultores, fazendas, perigos, ecologia, frutas, ciladas, cobras, fumaça, defumação, cheiro de mato, fumo, troncos, cascaras, folhagens, cipós, verduras, tribos, clãs, macacos, peles de animais, pêlos, coco, algodão, tocaias, cordas, objetos de madeira, estomago, digestão, intestino, penas, samambaias. 6) Reino da Humanidade – Orixá regente Oxalá – cor branca – livre arbítrio Pai, Cristo, pureza, beneficência, ajuda ao próximo, a sociedade, atividades profissionais, fé, profissões, livre arbítrio, diferenças, raças, países, evolução, tudo o que é branco, regras sociais, cidades, economia, cultura, diferenças culturais, estrela, céu, campos, rosa branca, água mineral, perfumes suaves, flores brancas e delicadas, religião, filosofia, sociologia, o  planeta Terra, sistema solar, fraternidade, leis naturais, leis de Deus, evangelho, criação da humanidade, roupas brancas, tecnologia, sol, ciência, todos os problemas da humanidade, lugares altos, topo, paz, amor, caridade. 7) Reino das Almas – Orixá regente Omulu – cor preta – espiritualidade o inconsciente, escravidão, os avós, avô e avó, magia, exús, quiumbas, morte, cemitério, doenças, a cura das doenças, eguns, tudo o que é preto, cor roxa, mistérios, infinito, mundo espiritual, medicina, perturbações, obsessões, prisões, lugares sombrios, vela preta ou preta e branca, pipoca, hospitais, necrotérios, túmulos, velhice, sabedoria, pretos velhos, cruz, cruzeiro, sofrimento, dor, fantasmas, punição, lama, brejo, mangue, transformação, mudança forçada, vingança, câncer, lepra, mediunidade, cura espiritual, hospícios, lentidão,  profundezas, expiação, regeneração, transcendência.

50

UMBANDA – Os 7 Reinos Sagrados CAPÍTULO 11

Os orixás Orixá Ogum A primeira mensagem que nos vem à mente, quando vibramos a palavra OGUM é a do guerreiro. É aquele que avança, sem medo, sobre o desconhecido. É aquele que abre os caminhos, para que os demais possam trilha-lo, sem preocupações ou receios; que toma a iniciativa, que vai à frente empunhando a bandeira e fazendo se respeitar, se preciso for pela espada e pela lança.  Nada o detêm, pois sua determinação é como o ferro; não muda de idéia facilmente e sabe muito bem, quais são as suas metas e objetivos. Além de avançar, de romper barreira, é ele quem garante a segurança pelos caminhos, e aí incluímos todos os caminhos, os caminhos materiais e os caminhos espirituais, os caminhos da vida. É ele quem garante que a ordem seja cumprida. Ele é a força mantenedora, da ordem, da justiça, da vida; ele mantém a vida; é a energia que sustenta os átomos, as células, o universo, a vida. Sua força, se necessário for será destrutiva, é a energia que destrói, que elimina, que transforma, é o FOGO PURIFICADOR.

Podemos resumir a vibração cósmica de OGUM em três frases: 1)Impulso inicial 2)Força mantenedora 3)Força destruidora Embora muitos liguem OGUM ao ferro, sua ligação é com o FOGO. O fogo formado pelo calor e pela luz é o principio do planeta Terra e do universo, é o  primeiro reino. Também é o fogo que mantém as estruturas materiais, sejam elas orgânicas ou inorgânicas, se a temperatura do nosso planeta fosse outra com certeza a vida não existiria. A matéria só permanece unida devido a energia térmica, podemos afirmar que todos os corpos possuem uma temperatura (calor), a do corpo humano gira em torno de 36,5º. Quando a morte chega, o corpo esfria, é a vida que se foi e junto com ela o calor do corpo, é o fogo da vida que se extinguiu. A cultura dos Orixás chegou até o Brasil, trazida pelos escravos; e todo o conhecimento foi  passado através dos tempos na forma oral.

51

UMBANDA – Os 7 Reinos Sagrados É natural que muita coisa tenha se perdido, que algumas lendas tenham se distorcido através do tempo, devemos considerar também que muito do conhecimento estava escondido, pois este conhecimento era restrito aos sacerdotes, e as lendas embora revelassem os mistérios dos Orixás; esta revelação estava escondida nas entrelinhas; nem sempre a mensagem principal da lenda revelava a essência do Orixá. Embora as lendas e mitos sejam originados do culto de nação, iremos apresentar algumas neste estudo sobre os orixás. Também usaremos alguns exemplos retirados do estudo proporcionado pela linha esotérica, através do estudo silábico das palavras. Ogum dá aos homens o segredo do ferro.  Na Terra criada por Obatalá, em Ifé, Os orixás e os seres humanos trabalhavam e viviam em igualdade. Todos caçavam e plantavam usando frágeis instrumentos feitos de madeira, pedra ou metal mole. Por isso o trabalho exigia grande esforço. Com o aumento da população de Ifé, a comida andava escassa. Era necessário plantar uma área maior. Os orixás então se reuniram para decidir como fariam  para remover as árvores do terreno e aumentar a área da lavoura. Ossaim, o orixá da medicina, dispôs-se a ir primeiro e limpar o terreno. Mas seu facão era de metal mole e ele não foi bem sucedido. Do mesmo modo que Ossaim, todos os outros orixás tentaram, um por um, e fracassaram na tarefa de limpar o terreno para o plantio. Ogum, que conhecia o segredo do ferro, não tinha dito nada até então. Quando todos os outros orixás tinham fracassado, Ogum pegou seu facão, de ferro, foi até a mata e limpou o terreno. Os orixás, admirados, perguntaram a Ogum de que material era feito tão resistente facão. Ogum respondeu que era o ferro, um segredo recebido de Orunmilá. Os orixás invejavam Ogum pelos benefícios que o ferro trazia, não só à agricultura, como à caça e até mesmo à guerra. Por muito tempo os orixás importunaram Ogum  para saber o segredo do ferro, mas ele mantinha o segredo só para si. Os orixás decidiram então oferecer-lhe o reinado em troca de que ele lhes ensinasse tudo sobre aquele metal tão resistente. Ogum aceitou a proposta. Os humanos também vieram a Ogum  pedir-lhe o conhecimento do ferro. E Ogum lhes deu o conhecimento da forja, 52

UMBANDA – Os 7 Reinos Sagrados até o dia em que todo caçador e todo guerreiro tiveram sua lança de ferro. Mas, apesar de Ogum ter aceitado o comando dos orixás, antes de mais nada ele era um caçador. Certa ocasião, saiu para caçar e passou muitos dias fora numa difícil temporada. Quando voltou da mata, estava sujo e maltrapilho. Os orixás não gostaram de ver seu líder naquele estado. Eles o desprezaram e decidiram destituí-lo do reinado. Ogum se decepcionou com os orixás,  pois, quando precisaram dele para o segredo da forja, eles o fizeram rei e agora diziam que não era digno de governá-los. Então Ogum banhou-se, vestiu-se com folhas de palmeira desfiadas,  pegou suas armas e partiu.  Num lugar distante chamado Irê, construiu uma casa embaixo da árvore de acocô e lá permaneceu. Os humanos que receberam de Ogum o segredo do ferro  Não o esqueceram. Todo mês de dezembro, celebram a festa de Iudê-Ogum. Caçadores, guerreiros, ferreiros e muitos outros fazem sacrifícios em memória de Ogum. Ogum é o senhor do ferro para sempre. Existem centenas de lendas sobre os orixás, não pretendemos neste estudo aprofundarmos nestas lendas.  Na lenda acima, podemos retirar vários ensinamentos, e embora ela afirme que Ogum é o senhor do ferro, se fizermos uma leitura mais cautelosa, verificaremos que Ogum é o SENHOR DO SEGREDO DO FERRO. E este segredo, é a FORJA, que nada mais é do que a manipulação adequada do fogo. É este o segredo que Ogum domina. Ogum domina o segredo da manipulação do elemento fogo. É através do uso do fogo que Ogum consegue fazer suas ferramentas e suas armas. Sem o fogo, Ogum não teria conseguido trabalhar o ferro, obtendo toda a gama de utensílios utilizados pelos caçadores e guerreiros. Ogum na Umbanda esotérica Vamos agora buscar na Umbanda esotérica a origem do significado da palavra Ogum. Iremos nos guiar pelo livro “Umbanda de todos nós” de Matta e Silva. Diz o autor: “Vibração original ou linha de Ogum A linha ou vibração de Ogum é conhecida como linha de São Jorge. Ogum é a correspondência fonética da palavra AGAUM ou IGAUM ou AGOM ou IGOM. 53

UMBANDA – Os 7 Reinos Sagrados É o AGNI dos hindus, é a misteriosa palavra mística de evocação sagrada: AUM (ÔM) UM. As duas, afinal, vêm a ser a mesma... Ela está contida na palavra UMBANDA, donde foi extraída. Vejamos seu significado: AGAUM – O fogo sagrado – AG=Fogo AGOM AGUM – O fogo da salvação – IG= fogo IGAUM IGUM – ou da gloria – UM, AUM (OM): inovação, glória, salvação OGUM – inovação mística A vibração de Ogum é, portanto, o FOGO DA SALVAÇÃO OU DA GLÓRIA, o mediador, o controlador dos choques conseqüentes ao Karma. É a linha das demandas da fé, das aflições e das lutas, batalhas, etc. É a divindade que, no sentido místico, protege os guerreiros....” Em nosso modelo, a vibração cósmica de Ogum, governa o elemento fogo e possui todas as características do elemento. É o senhor do primeiro reino, lembramos que aquela massa de magma incandescente do  princípio do planeta terra, ainda existe no interior do planeta. Este núcleo central é composto principalmente de ferro (contendo também níquel e outros elementos). Ogum no conhecimento Popular  Elementos do orixá: Sincretismo: São Jorge (São Paulo e Rio de Janeiro) Dia da Semana: terça-feira Chacra atuante: solar ou solear  Planeta regente: Marte  Nota musical: mi Cor: vermelho Saudação: Ogum-Iê  Negativo: Exu Tranca-ruas Amalá: feijão fradinho, lombo e lingüiça Otí: cerveja branca Local de entrega: praia ou campina. A representação de pontos riscados é feita por espadas.  No culto de nação tem junto com Exu, posição de destaque logo no início de um ritual. Tal como Exu, Ogum também gosta de vir à frente. A força de Ogum está tanto na coragem de se lançar à luta como na objetividade que o domina nesses momentos.   No Candomblé existem sete tipos diferentes de Ogum, mas Ogum Xoroquê merece um destaque específico, pois é um Orixá masculino duplo, ou seja possui duas formas diferentes de manifestação. É associado à irmandade e afinidade estreita de Ogum com 54

UMBANDA – Os 7 Reinos Sagrados Exu, pois passa seis meses do ano como Ogum e os outros como Exu, sendo considerado guerreiro feroz, irascível e imbatível. Orixá Xangô Xangô, a justiça chegou... Xangô é o orixá responsável pelo segundo reino, o reino da Terra. É neste reino que a matéria assume seu estado sólido, sua estrutura sólida. A aparência do planeta muda radicalmente, de um estado plasmático para o sólido, aparecem na superfície do planeta as rochas vulcânicas, as pedreiras, as montanhas, os cristais, os minerais, a terra.... Xangô é o senhor da justiça, é o senhor das leis, das estruturas.... Esta vibração cósmica geradora regula as leis universais, da matéria e do espírito, é o senhor do karma, sua balança é imparcial... Determinado, rege todas as situações e ambientes onde se faça necessário o cumprimento das leis, sejam elas leis dos homens, da natureza ou de Deus. A lei da gravidade, a lei de atração e repulsão, a estrutura atômica, os sistemas planetários, todas as leis são mantidas atuantes pela vibração cósmica de Xangô. A geometria e a física. Se observarmos com atenção, verificaremos que vivemos presos, a leis imutáveis, no reino da matéria. Todas as regras, leis, estruturas, elementos materiais, corpos sólidos, pertencem a seu reino. É ele quem faz cumprir as leis, suas leis são justas e imparciais. É nesta vibração que devemos entrar em “ressonância espiritual” quando desejamos que a lei seja cumprida para nós ou para os outros, a lei é única para todos. È de seu reino os cristais, estruturas que despertam a atenção por sua beleza e rigidez estrutural.  No culto de nação Xangô é às vezes confundido como um Orixá com especial ascendência sobre os demais, em termos hierárquicos. Essa confusão acontece porque Xangô é miticamente um rei, alguém que cuida da administração, do poder e, principalmente, da  justiça - representa a autoridade constituída no panteão africano.   Na mitologia, é atribuído a Xangô (enquanto homem, ser histórico) o reinado sobre a cidade-estado de Oyó, posto que conseguiu após destronar o próprio meio-irmão DadaAjaká com um golpe militar. Por isso, sempre existe uma aura de seriedade e de autoridade quando alguém se refere a Xangô. Xangô é pesado, íntegro, indivisível, irremovível; com tudo isso, é evidente que um certo autoritarismo faça parte da sua figura e das lendas sobre suas determinações e desígnios, coisa que não é questionada pela maior parte de seus filhos, quando inquiridos. Suas decisões são sempre consideradas sábias, ponderadas, hábeis e corretas. Ele é o Orixá que decide sobre o bem e o mal. Ele é o Orixá do raio e do trovão. Miticamente, o raio é uma de suas armas, que ele envia como castigo. Xangô tem a fama de agir sempre com neutralidade (a não ser em contendas pessoais suas,  presentes nas lendas referentes a seus envolvimentos amorosos e congêneres). Seu raio e eventual castigo são o resultado de um quase processo judicial, onde todos os prós e os contras foram pensados e pesados exaustivamente - a famosa balança da Justiça. Seu Axé,  portanto está concentrado nas formações de rochas cristalinas, nos terrenos rochosos à flor  55

UMBANDA – Os 7 Reinos Sagrados da terra, nas pedreiras, nos maciços. Suas pedras são inteiras, duras de se quebrar, fixas e inabaláveis, como o próprio Orixá. O símbolo do Axé de Xangô é uma espécie de machado estilizado com duas lâminas, que indica o poder de Xangô, corta em duas direções opostas. O administrador da justiça nunca   poderia olhar apenas para um lado, defender os interesses de um mesmo ponto de vista sempre. Numa disputa, seu poder pode voltar-se contra qualquer um dos contendores, sendo essa a marca de independência e de totalidade de abrangência da justiça por ele aplicada. Segundo  Pierre Verger , esse símbolo se aproxima demais do símbolo de Zeus encontrado em Creta. Para facilitar a memorização da sua essência, relacionamos abaixo três palavras: 1)Justiça 2)Estruturas 3)Solidez Embora as lendas e mitos sejam originados do culto de nação, iremos apresentar algumas neste estudo sobre os orixás.  Xangô é reconhecido como o orixá da justiça Xangô e seus homens lutavam com um inimigo implacável. Os guerreiros de Xangô, capturados pelo inimigo, eram mutilados e torturados até a morte, sem piedade ou compaixão. As atrocidades já não tinham limites. O inimigo mandava entregar a Xangô seus homens aos pedaços. Xangô estava desesperado e enfurecido. Xangô subiu no alto de uma pedreira perto do acampamento e dali consultou Orunmilá. Xangô estava irado e começou a bater nas pedras com o oxé,  bater com seu machado duplo. O machado arrancava das pedras faíscas, que acendiam no ar famintas línguas de fogo, que devoravam os soldados inimigos. A guerra perdida foi se transformando em vitória. Xangô ganhou a guerra. Os chefes inimigos que haviam ordenado o massacre dos soldados de Xangô foram dizimados por um raio que Xangô disparou no auge da fúria. Mas os soldados inimigos que sobreviveram foram poupados por Xangô. A partir daí, o senso de justiça de Xangô foi admirado e cantado por todos. Através dos séculos, os orixás e os homens têm recorrido a Xangô  para resolver todo tipo de pendência,  julgar as discordâncias e administrar a justiça. 56

UMBANDA – Os 7 Reinos Sagrados

Existem centenas de lendas sobre os orixás, não pretendemos neste estudo aprofundarmos nestas lendas.  Na lenda acima, podemos retirar vários ensinamentos, mas é bastante clara a ligação entre a Justiça e o Orixá Xangô. Vamos agora buscar na Umbanda esotérica a origem do significado da palavra Xangô. Lembramos que os conceitos apresentados neste livro, necessariamente não se prendem ao esoterismo ou culto de nação, simplesmente recorremos a estas bibliografias para a sustentação das nossas idéias.  Xangô na umbanda esotérica  Novamente ,como fizemos para o orixá Ogum, recorremos ao livro “Umbanda de Todos  Nós” de Matta e Silva: “Vibração original ou linha de Xangô  Esta linha, mais conhecida como de São Jerônimo, dá ainda, vulgarmente, subdivisão para dois santos: São Pedro e São Paulo, que afirmam ser Xangô-Kaô e Xangô-Agodô ou agajô.  Não consta existir nenhuma “comunicação divina” afirmando que esses apóstolos estejam em grau de Anjo ou Arcanjo e muito menos de Vibração Original. Sobre o termo XANGÔ ou Changô, vamos tecer maiores considerações, visto sua primeira “silaba mágica” estar também compondo a palavra Orixalá, em sua sonância original.  Eis, portanto, a palavra certa CHANGÔ, que gerou: SHANGÔ – movimento de vibração - SHAN ou CHAM – O fogo subterrâneo. CHAMGÔ – da energia Oculta, O CHANGÔ – Raio Oculto, a Alma ou – XÁ – Senhor dirigente.  XA-ANGÔ – o senhor do fogo, o - ANGÔ – fogo oculto  XANGÔ – Dirigente das Almas - GÔ – Raio, fogo, alma, ...ora, como dissemos que teceríamos maiores considerações sobre a sílaba CHAM ou SHAN, que é de muita força para certas invocações da magia celeste, vamos dar uma busca, então, na própria gênese de Moisés. Estudemos o capitulo VI, 10, no sentido real, que é o cosmogônico e não o cosmográfico.   De acordo com a verdadeira grafia, lê-se, então, em sua pureza, o genuíno sentido da  palavra GHAM, que deturparam para Caim e daí para cão. Vamos ler que “NOÉ gerou SEM, CHAM e JAFÉ”. Bem, todas as escolas iniciáticas ensinam que Noé é o princípio biológico do nosso sistema solar. NOÉ, por metátese, EON, é o conjunto de vibrações elétricas deste princípio. São os ÍONS que ocupam todo o espaço interplanetário. Sem correspondente a JAFÉ ou JAPHET, que é o principio da força expansiva evolutiva, destruída por CHAM, que é o principio da força compressiva adstringente, gerando o termo SETH, isto é, o resfriamento do globo...  Em síntese, CHAM é o fogo subterrâneo; SEM, o fogo etério...

57

UMBANDA – Os 7 Reinos Sagrados   XANGÔ é o ser existente que coordena toda Lei Karmânica; é, ainda, o Dirigente das  Almas, o Senhor da Balança Universal, que afere nosso estado espiritual.” Em nosso modelo, a vibração cósmica de Xangô, governa o elemento Terra e possui todas as características do elemento. É o senhor do segundo reino, lembramos que aquela massa de magma incandescente do  princípio do planeta terra (fogo), ainda existe no interior do planeta, revestido pela crosta terrestre. (Fogo oculto) Verificamos uma semelhança muito grande, entre as idéias acima expostas, e o modelo apresentado neste livro.  Xangô no conhecimento popular  Elementos do orixá: Representa a JUSTIÇA, na acepção da palavra. Elemento e força da natureza: as pedras (vivas), pedreiras à beira mar, etc. Dia da semana: quarta-feira Chacra atuante: cardíaco Planeta regente: Júpiter   Nota musical: fá cor: Marrom Saudação: Kaô Cabecile  Negativo: Exu Gira-mundo Amalá: rabo de vaca, quiabo e camarão Otí: cerveja preta Local de entrega: pedreira Orixá Iansã Heparrei! Iansã....Senhora dos ventos e das tempestades. Iansã governa o reino do Ar, tem predomínio sobre tudo aquilo que é gerado através do ar, seja a ventania, os tufões, os trovões, os raios, o som, os incensos, os aromas, a comunicação etc... Conhecida também como Oiá, é na África nome de um rio, embora não se confunda com o elemento água, como os demais orixás femininos. (Iemanjá, Oxum, Nanã). Embora seja um orixá bastante conhecido no Brasil, e no início da Umbanda estivesse incluída entre as 7 linhas da Umbanda: (Codificação do primeiro Congresso de Umbanda – 1941) Oxalá, Ogum, Oxossi, Xangô, Iansã, Iemanjá, As Almas; Com o passar do tempo e com o crescimento da chamada linha esotérica esta linha acabou dando lugar juntamente com a linha das almas para os Orixás Iori e Iorimá. (crianças e velhos). Podemos resumir a vibração cósmica de IANSÃ em três palavras:

58

UMBANDA – Os 7 Reinos Sagrados 1)Expansão 2)Rapidez 3)Comunicação/Som O temperamento dos que têm Oiá como Orixá de cabeça, costuma ser instável, exagerado, dramático em questões que, para outras pessoas não mereceriam tanta atenção e,  principalmente, tão grande dispêndio de energia. Da mesma forma que o filho de Iansã revirou sua vida uma vez de pernas para o ar, poderá novamente chegar à conclusão de que estava enganado e, algum tempo depois, fazer mais uma alteração - tão ou mais radical ainda que a anterior. São do tipo Iansã, aquelas pessoas que podem ter um desastroso ataque de cólera no meio de uma festa, num acontecimento social, na casa de um amigo - e, o que é mais desconcertante, momentos após extravasar uma irreprimível felicidade, fazer questão de mostrar, à todos, aspectos particulares de sua vida. É um dos Orixás do Candomblé que mais penetrou no sincretismo da Umbanda, talvez por  ser o único que se relaciona, na liturgia mais tradicional africana, com os espíritos dos mortos (Eguns), que têm participação ativa na Umbanda, enquanto são afastados e pouco cultuados no Candomblé. Em termos de sincretismo, costuma ser associada à figura católica de Santa Bárbara, talvez por causa do raio, já que a santa é sempre invocada para  proteger um fiel de uma tempestade. O mesmo acontece com Iansã, que deve ser saudada após os trovões, não pelo raio em si (propriedade de Xangô ao qual ela costuma ter acesso), mas principalmente porque tem sido Iansã uma das mais apaixonadas amantes de Xangô, o senhor da justiça não atingiria quem se lembrasse do nome da amada. Ao mesmo tempo, ela é a senhora do vento e, conseqüentemente, da tempestade. Embora as lendas e mitos sejam originados do culto de nação, iremos apresentar algumas neste estudo sobre os orixás.  Iansã foge ligeira e transforma-se no vento Iansã tinha muitas jóias, que usava com orgulho. Uma ocasião resolveu sair de casa, mas foi interpelada por seus pais. Disseram que era perigoso sair com tantas jóias e a impediram de satisfazer seu desejo. Oiá, furiosa, entregou suas jóias a Oxum e fugiu voando, rápida, pelo teto da casa, arrasando tudo o que atravessasse seu caminho. Oiá tinha se transformado no vento. Oiá sopra a forja de Ogum e cria o vento e a tempestade Oxaguiã estava em guerra, mas a guerra não acabava nunca, tão poucas eram as armas para guerrear. Ogum fazia as armas, mas fazia lentamente. Oxaguiã pediu a seu amigo Ogum urgência, 59

UMBANDA – Os 7 Reinos Sagrados mas o ferreiro já fazia o possível. O ferro era muito demorado para se forjar  e cada ferramenta nova tardava como o tempo. Tanto reclamou Oxaguiã que Oiá, esposa do ferreiro, resolveu ajudar Ogum a apressar o fabrico. Oiá se pôs a soprar o fogo da forja de Ogum e seu sopro avivava intensamente as chamas e o fogo mais forte derretia mais rapidamente o ferro. Logo Ogum pôde fazer muito mais armas e com mais armas Oxaguiã venceu logo a guerra. Oxaguiã veio então a agradecer a Ogum. E na casa de Ogum enamorou-se de Oiá. Um dia fugiram Oxaguiã e Oiá, deixando Ogum enfurecido e sua forja fria. Quando mais tarde Oxaguiã voltou à guerra e quando precisou de armas muito urgentemente, Oiá teve que reavivar a forja, mas não quis voltar para a casa de Ogum. E lá da casa de Oxaguiã, onde vivia, Oiá soprava em direção à forja de Ogum. E seu sopro atravessava toda a terra que separava a cidade de Oxaguiã da de Ogum. E seu sopro cruzava os ares e arrastava consigo pó, folhas e tudo o mais pelo caminho, até chegar às chamas que com furor atiçava. E o povo se acostumou com o sopro de Oiá cruzando os ares e logo o chamou de vento. E quanto mais a guerra era terrível e mais urgia a fabricação das armas, mais forte soprava Oiá a forja de Ogum. Tão forte que às vezes destruía tudo pelo caminho, Levando casas, arrancando árvores, arrasando cidades e aldeias. O povo reconhecia o sopro destrutivo de Oiá e o povo chamava a isso tempestade. Existem centenas de lendas sobre os orixás, não pretendemos neste estudo aprofundarmos nestas lendas.  Nas lendas acima, podemos tirar varias lições, mas é importante ressaltar a ligação de Iansã com o vento, com o reino do Ar.  Iansã no conhecimento popular  Elementos do orixá: 60

UMBANDA – Os 7 Reinos Sagrados

O elemento e força da natureza correspondente Iansã, são as tempestades, raios e ventos. Dia da semana: Ela atua todos os dias da semana das 12:00hs às 18hs, porém o seu dia de maior vibração são a quarta-feira e o sábado. Chacra atuante: frontal e cardíaco Planeta regente: Lua (no quarto de nova) e Júpiter  cor:amarelo Saudação: Heparrei  Negativo: Dona Maria Mulambo Amalá: acarajé (não suporta abóbora) Otí: champanhe (exclusivamente) Local de entregas: beira de praia com pedras ou pedreira Representação no ponto riscado: raios Orixá Iemanjá É a grande Mãe. Rainha das águas, divide com outros orixás femininos o reinado sobre as águas, mas por ser a vibração responsável pelo mar, é representada como a vibração cósmica do reino das águas; pois é dominante em nosso planeta. É no reino das águas que a vida apareceu sobre a superfície do nosso planeta, nosso corpo é formado quase que totalmente por água; é uma das vibrações predominantes em todos os seres vivos. A água é considerada o solvente universal, é na água que a maioria das substâncias se dissolvem, da mesma forma todas as nossas emoções se dissolvem na água.   Na mitologia africana, Iemanjá reina sobre as águas salgadas; as águas provocadas pelo choro da mãe que sofre pela vida de seus filhos, que os vê se afastarem de seu abrigo, tomando rumos independentes; e o mar, sua morada. Além de ser a mãe de todos os seres vivos, pois a vida nasceu na água; é considerada a mãe de quase todos os Orixás de origem ioruba (com exceção de Logunnedê).   Na África, a origem de Iemanjá também é um rio que vai desembocar no mar. De tanto chorar com o rompimento com seu filho Oxóssi, que a abandonou e foi viver escondido na mata junto com o irmão renegado Ossaim (Oçanhe). Iemanjá se derreteu, transformando-se num rio que foi desembocar no mar. Sua vibração é de tolerância, aceitação e carinho. É portanto semelhante às outras mães da água, o que é compreensível, já que as diferentes tribos e nações acabaram por desenvolver o culto a um Orixá feminino específico, que relacionavam com um rio da região. No caso de Iemanjá, as lendas africanas já a identificavam com o mar. É no reino das águas, que as mônadas adquirem muitas qualidades, entre elas aprendem a se adaptar as várias condições e situações. O reino das águas está presente em todos os elementos onde existem líquidos: lágrimas, suor, sangue, rios, mares, chuvas, lagoas, etc... Podemos resumir a vibração cósmica de IEMANJÁ em três palavras: 1)Adaptabilidade 2)Emoções 3)Fertilidade (abundância)

61

UMBANDA – Os 7 Reinos Sagrados Enquanto os filhos de Oxum são diplomatas e sinuosos, os de Iemanjá se mostram mais diretos. São capazes de fazer chantagens emocionais, mas nunca diabólicas. A força e a determinação fazem parte de seus caracteres básicos, assim como o sentido da amizade e do companheirismo. Como são pessoas presas ao arquétipo da mãe, a família e os filhos têm grande importância na vida dos filhos de Iemanjá. A relação com eles pode ser carinhosa, mas nunca esquecendo conceitos tradicionais como respeito e principalmente hierarquia. São pessoas que não gostam de viver sozinhas, sentem falta da tribo, inconsciente ancestral, e costumam, por isso casar ou associar-se cedo. Não apreciam as viagens, detestam os hotéis, preferindo casas onde rapidamente possam repetir os mecanismos e os quase ritos que fazem do cotidiano. Como já mencionamos, a cultura dos Orixás chegou até o Brasil, trazida pelos escravos; e todo o conhecimento foi passado através dos tempos na forma oral. É natural que muita coisa tenha se perdido, que algumas lendas tenham se distorcido através do tempo, devemos considerar também que muito do conhecimento estava escondido, pois este conhecimento era restrito ao sacerdotes, e as lendas embora revelassem os mistérios dos Orixás; esta revelação estava escondida nas entrelinhas; nem sempre a mensagem principal da lenda revelava a essência do Orixá. Embora as lendas e mitos sejam originados do culto de nação, iremos apresentar algumas neste estudo sobre os orixás. Também usaremos alguns exemplos retirados do estudo proporcionado pela linha esotérica, através do estudo silábico das palavras.  Iemanjá ajuda Olodumare na criação do mundo Olodumare-Olofim vivia só no infinito, cercado apenas de fogo, chamas e vapores, onde quase nem podia caminhar. Cansado desse seu universo tenebroso, cansado de não ter com quem falar, cansado de não ter com quem brigar, decidiu pôr fim àquela situação. Libertou as suas forças e a violência delas fez jorrar uma tormenta de águas. As águas debateram-se com rochas que nasciam e abriram no chão profundas e grandes cavidades. A água encheu as fendas ocas, fazendo-se os mares e oceanos, em cujas profundezas Olocum foi habitar. Do que sobrou da inundação se fez a terra.  Na superfície do mar,junto à terra, ali tomou seu reino Iemanjá, com suas algas e estrelas do mar,  peixes, corais, conchas, madrepérolas. Ali nasceu Iemanjá em prata e azul, coroada pelo arco-íris Oxumarê. Olodumare e Iemanjá, a mãe dos orixás, dominaram o fogo no fundo da Terra 62

UMBANDA – Os 7 Reinos Sagrados e o entregaram ao poder de Angaju, o mestre dos vulcões,  por onde ainda respira o fogo aprisionado. O fogo que se consumia na superfície do mundo eles apagaram e com suas cinzas Orixá Ocô fertilizou os campos,  propiciando o nascimento das ervas, frutos, árvores, bosques, florestas, que foram dados aos cuidados de Ossaim.  Nos lugares onde as cinzas foram escassas, nasceram os pântanos e nos pântanos, a peste, que foi doada pela mãe dos orixás ao filho omulu. Iemanjá encantou-se com a Terra e a enfeitou com rios, cascatas e lagoas. Assim surgiu Oxum, dona das águas doces. Quando tudo estava feito e cada natureza se encontrava na posse de um dos filhos de Iemanjá, Obatalá, respondendo às ordens de Olorum, criou o ser humano. E o ser humano povoou a Terra. E os orixás pelos humanos foram celebrados.  Iemanjá dá à luz as estrelas, as nuvens e os orixás Iemanjá vivia sozinha no Orum. Ali ela vivia, ali ela dormia, ali se alimentava. Um dia Olodumare decidiu que Iemanjá  precisava ter uma família, ter com quem comer, conversar, brincar, viver. Então o estômago de Iemanjá cresceu e cresceu e dele nasceram todas as estrelas. Mas as estrelas foram se fixar na distante abóbada celeste. Iemanjá continuava solitária. Então de sua barriga crescida nasceram as nuvens. Mas as nuvens perambulavam pelo céu até se precipitarem em chuva sobre a terra. Iemanjá continuava solitária. De seu estômago nasceram então os orixás, nasceram Xangô, Oiá, Ogum, Ossaim, Obaluaê e os Ibejis. Eles fizeram companhia a Iemanjá. Existem centenas de lendas sobre os orixás, não pretendemos neste estudo aprofundarmos nestas lendas.  Nas lendas acima, podemos retirar vários ensinamentos, entre eles, a ligação entre Iemanjá e o mar e a ligação entre Iemanjá e a vida.(A grande mãe).  Iemanjá na umbanda esotérica Vamos agora buscar na Umbanda esotérica a origem do significado da palavra Iemanjá. 63

UMBANDA – Os 7 Reinos Sagrados  Novamente iremos nos guiar pelo livro “Umbanda de todos nós” de Matta e Silva. Diz o autor ao analisar o significado da palavra Iemanjá: YE – Princípio ou ordem gerante MÃ ou MAN – o Mar, a água JÁ ou YÁ – a maternidade, a matriz, a potência criadora, o movimento criador. Conclui então, que YEMANJÁ significa: A energia geradora, Os elementos geradores, o eterno feminino, o principio das águas. “E, como vimos por comparação, a Divina Mãe do Universo, a Mãe Sofia dos Teosofistas... é a DIVINA MÃE NA UMBANDA e traduz: o principio que atua na Natureza, ou seja, o eterno feminino, a divindade da fecundação, da gestação, etc... “  Iemanjá conhecimento popular  Elementos do orixá: O elemento e força da natureza correspondente à Iemanjá são as águas verdes (mares e oceanos) Dia da Semana: Ela atua todos os dias da semana de 6:00hs às 12:00hs, porém o seu dia de maior vibração é o sábado. Chacra atuante: frontal Planeta regente: Lua (no quarto minguante)  Nota musical: lá Cor: azul claro Saudação: Ó dociaba ou Odo iá  Negativo: Dona Pomba-gira Amalá: vatapá ou manjar de milho branco Otí: água mineral ou champanhe Local de entregas: beira das praias Representação no ponto riscado: ondas

Orixá Oxóssi  É o caçador. Aquele que se embrenha nas matas para buscar o sustento.É o que caminha  pelas trilhas, o que abre caminhos pela floresta e matas cerradas, é o que vai ao encontro de novas tribos. A floresta é a terra do perigo, o mundo desconhecido além do limite estabelecido pela civilização iorubana, é o que está além do fim da aldeia. Os caminhos não são traçados  pelas cabanas, mas sim pelas árvores, o mato invade as trilhas não utilizadas, os animais estão soltos e podem atacar livremente. É o território do medo. Oxóssi é o Orixá masculino ioruba responsável pela fundamental atividade da caça. Por  isso na África é também cultuado como Ode, que significa caçador. É tradicionalmente associado à lua e, por conseguinte, à noite, melhor momento para a caça. Oxóssi e Oçanhe têm na floresta o próprio fim, nela se escondem. O primeiro para capturar os animais, o segundo para poder estudar sozinho e recolher as folhas sagradas. 64

UMBANDA – Os 7 Reinos Sagrados É o solitário, o que espera a caça, aquele que tem paciência e passa dias esperando atingir  seus objetivos. Como é o rei das matas e conhece todos os seus mistérios sua cor na Umbanda é o verde. É representado como caboclos e índios nos Terreiros de Umbanda, pois são estes aqueles que mais se identificam com o orixá cósmico Oxóssi. Somente no reino das matas é que a vida passa a ter liberdade, individualidade; é nas matas que vivem livres os pássaros, os animais, os insetos. A mata é a fonte de sustento, e também onde encontramos todos as ervas e plantas que utilizamos para fazermos a maioria dos remédios; é, portanto um Orixá ligado a cura das doenças, seus mensageiros espirituais dominam as técnicas da manipulação das energias existentes neste reino. É somente neste reino sagrado que as mônadas passam a se individualizar, deixando de atuarem em miríades e passam a atuar individualmente se preparando para a grande jornada do reino da Humanidade, quando então passam a assumir a “verdadeira” vida espiritual. Podemos resumir a vibração cósmica de Oxóssi em três palavras: 1) Individualidade/liberdade 2) Sustento 3) Remédios É do reino das matas que provém toda a nossa alimentação: vegetal ou animal. Também é o grande pulmão do planeta, é responsável pelo equilíbrio do planeta. Sabemos que nosso corpo e também nosso espírito é fruto de um processo evolutivo através de todos os 7 reinos sagrados, mas embora tenhamos em nossa constituição material e espiritual elementos dos quatro reinos anteriores ao reino das matas (fogo, terra, ar e água) não conseguimos viver, sem nos alimentarmos das energias oriundas do reino das matas; é também neste enorme laboratório que encontramos todos os remédios para os males do corpo e da alma. A individualidade e a liberdade deste reino são essenciais para todos os seres humanos. Vamos analisar algumas lendas trazidas pelos escravos, que retratam o orixá; lembrando sempre que não é nossa intenção nos aprofundarmos nestas lendas. Oxóssi aprende com Ogum a arte da caça Oxóssi é irmão de Ogum. Ogum tem pelo irmão um afeto especial.  Num dia em que voltava da batalha, Ogum encontrou o irmão temeroso e sem reação, cercado de inimigos que já tinham destruído quase toda a aldeia e que estavam prestes a atingir sua família e tomar suas terras. Ogum vinha cansado de outra guerra, Mas ficou irado e sedento de vingança. Procurou dentro de si forças para continuar lutando E partiu na direção dos inimigos. Com sua espada de ferro pelejou até o amanhecer.

65

UMBANDA – Os 7 Reinos Sagrados Quando por fim venceu os invasores, Sentou-se o irmão e o tranqüilizou com sua proteção. Sempre que houvesse necessidade Ele iria até seu encontro para auxiliá-lo. Ogum então ensinou Oxóssi a caçar, A abrir caminhos pela floresta e matas cerradas. Oxóssi aprendeu com o irmão a nobre arte da caça, Sem a qual a vida é muito difícil. Ogum ensinou a Oxóssi a defender-se por si próprio e ensinou Oxóssi a cuidar da sua gente. Agora Ogum podia voltar tranqüilo para a guerra. Ogum fez de Oxóssi o provedor . Oxóssi é irmão de Ogum. Ogum é o grande guerreiro. Oxóssi é o grande caçador . Assim como o irmão ligado à guerra, Oxóssi é um Orixá que vive ao ar livre e está sempre longe de um lar organizado e estável. Seu combate cotidiano, entretanto, está nas matas, caçando os animais que vão garantir a alimentação da tribo, sendo por isso consagrado como protetor dos caçadores e eterno provedor da subsistência do gênero humano. Protege tanto o que mata o animal como o próprio animal, já que é um fim nobre a morte de um ser   para servir de alimento para outro. Protege os antagonistas, o caçador, e a caça, pois são seres do mesmo espaço, a floresta. Por isso Oxóssi nunca aprova a matança pura e simples,  para ele a morte dos animais deve garantir a comida para os humanos ou os rituais para os deuses, sendo símbolo de resistência à caça predatória. O conceito de liberdade e independência para Oxóssi é muito claro. Sua responsabilidade principal com relação ao mundo é garantir a vida dos animais para que possam ser caçados. Em alguns cultos de Umbanda, também se atribui à ele o poder sobre as colheitas, já que agricultura foi introduzida historicamente depois da caça como meio de subsistência.

Oxóssi quebra tabu e é paralisado com seu arco e flecha Oxóssi caçava todo dia. Todo dia ia à mata em busca de caça. Mas tinha dia em que tudo era proibido. As mulheres não vendiam no mercado. Os homens não cultivavam os campos. Os pescadores não pescavam. Os guerreiros não guerreavam. Os adivinhos não adivinhavam. Os Ogãs sacrificadores não matavam as oferendas. Os caçadores não caçavam. Era o grande dia das proibições, era dia de euó. 66

UMBANDA – Os 7 Reinos Sagrados Oxóssi ia à mata todo dia para a caça. Mas tinha um dia em que tudo era tabu. Oxóssi naquele dia não podia caçar. Mas Oxóssi só pensava em si  e contrariou as determinações de Olodumare. Penetrou na floresta e pôs-se a lançar flechas indiscriminadamente. De repente, surgiu diante dele uma fera, uma visão bestial, que Oxóssi desejou ardentemente abater. Antes que Oxóssi lançasse sua flacha, a besta transformou-se em Odudua. Oxóssi entendeu o sentido dos tabus daquele dia. O caçador aterrorizado gritou petrificado, o arco esticado como se fosse atirar. Ali ficou Oxóssi, o arco retesado, o gesto de ataque parado no ar. Ali ficou para sempre seu ofá, seu arco e flecha. O ofá do caçador, o ofá do orixá. O filho de Oxóssi apresenta arquetipicamente as características atribuídas do Orixá. Representa o homem impondo sua marca sobre o mundo selvagem, nele intervindo para sobreviver, mas sem alterá-lo. Oxóssi desconhece a agricultura, não muda o solo para ele  plantar, apenas recolhe o que pode ser imediatamente consumido, a caça.   No tipo psicológico a ele identificado, o resultado dessa atividade é o conceito de forte independência e de extrema capacidade de ruptura, o afastar-se de casa e da aldeia para embrenhar-se na mata, afim de caçar. Seus filhos, portanto são aqueles em que a vida apresenta forte necessidade de independência e de rompimento de laços. Nada pior do que um ruído para afastar a caça, alertar os animais da proximidade do caçador. Assim os filhos de Oxóssi trazem em seu inconsciente o gosto pelo ficar calado, a necessidade do silêncio e desenvolver a observação tão importantes para seu Orixá. Geralmente Oxóssi é associado às pessoas joviais, rápidas e espertas, tanto mental como fisicamente. Tem portanto, grande capacidade de concentração e de atenção, aliada à firme determinação de alcançar seus objetivos e paciência para aguardar o momento correto para agir. Sua luta é baseada na necessidade de sobrevivência e não no desejo de expansão e conquista. Busca a alimentação, o que pode ser entendido como sua luta do dia-a-dia. Esse Orixá é o guia dos que não sonham muito, mas sua violência é canalizada e represada para o movimento certo no momento exato. É basicamente reservado, guardando quase que exclusivamente para si seus comentários e sensações, sendo muito discreto quanto ao seu  próprio humor e disposição. Oxossi no conhecimento popular:

67

UMBANDA – Os 7 Reinos Sagrados Elemento e Força da natureza: as matas Dia da Semana: quinta-feira Chacra atuante: esplênico Planeta regente: Vênus  Nota musical: ré Cor vibratória: azul Cor representativa: verde (roupas, etc.) Cor da guia (colares): verde e branco Saudação: Okê Caboclo  Negativo: Exu Marabô Amalá: milho cozido com mel de abelha, mandioca cozida e todas as frutas Otí: cerveja branca, vinho tinto ou aluá (cachaça de milho) Local de entrega: matas (ou ao pé de uma árvore)  Na representação dos pontos riscados, são usados arcos e flechas. Orixá Oxalá Embora no culto original africano, todos os orixá sejam tratados da mesma forma, ou seja, todos estão no mesmo nível de importância,Oxalá é considerado o principal Orixá dentro do panteão africano. Esta importância deve-se ao fato dele ser o Pai dos outros Orixás e também o Orixá responsável pela criação da humanidade. Esta é a razão do sincretismo existente entre Jesus e Oxalá, pois ambos são responsáveis  pela humanidade, pelos homens, cada um dentro de uma cultura. Em nossos estudos tratamos os orixás como vibrações cósmicas, ou seja, entidades espirituais que possuem um altíssimo grau de evolução espiritual; são seres que comandam a construção do universo. Para Oxalá foi dada pelo criador, a responsabilidade de criar e zelar pela humanidade. Ele é o responsável pelo quinto reino, o reino da humanidade. É neste reino que nos encontramos. Estamos atravessando, dentro do processo evolutivo espiritual, o reino da humanidade. É nesta fase que exercemos o livre arbítrio, e é neste reino que erramos e aprendemos, e  para completarmos o processo evolutivo, reencarnamos varias vezes. Oxalá tem a cor branca. É esta vibração cósmica, a responsável pela paz, pela fraternidade, pelas relações sociais, o sentimento religioso, é conhecido por outras filosofias e religiões como o governador do sistema solar. A mônada espiritual veio seguindo seu processo espiritual através dos cinco reinos anteriores; coletivamente foi responsável pelos campos estruturais dos reinos do fogo, da terra, do ar e da água, quando atinge o reino das matas, passa a ter uma individualidade mas ainda sua liberdade é bastante restrita e seu campo de atuação bastante limitado. É no reino da humanidade que a mônada espiritual, passa realmente a exercer sua completa independência, e é neste reino que ela aprende entre outras coisas o que é a liberdade, mas também o que é o erro, é neste reino que a mônada assume a forma que chamamos de espírito, é agora que ela entra nos chamados ciclos reencarnatórios. É um dos momentos mais ricos na sua caminhada espiritual. 68

UMBANDA – Os 7 Reinos Sagrados É neste reino que nos encontramos, e estamos todos sob a orientação de Oxalá, a vibração cósmica responsável pela humanidade. Este reino é o penúltimo reino do ciclo evolutivo dos sete reinos; o próximo reino é o reino das almas, onde finalmente completamos nosso processo evolutivo e nos libertamos finalmente da matéria. O reino da humanidade é antecedido pelo reino das matas, onde encontramos a flora e a fauna. Podemos dizer que no reino da humanidade, que é regido por Oxalá encontramos pessoas que ainda estão bem próximas do reino das matas, ou seja, possuem ainda um acentuado instinto animal, são muito animalizadas ainda; e de outra parte encontramos também  pessoas que já estão bem próximas do reino das almas, são aquelas pessoas espiritualizadas. A grande maioria ainda está no meio do caminho. E toda esta diversidade de comportamentos, que vai desde o comportamento animal até o comportamento espiritualizado, acrescido pelo livre arbítrio, é amparado e controlado pelo grande orixá Oxalá. Devido a esta diversidade e ao livre arbítrio, é que observarmos tantas barbaridades em nosso planeta. Para facilidade de estudos, podemos resumir a vibração cósmica de Oxalá em três palavras: 1)Livre arbítrio 2)Religiosidade 3)Fraternidade Como já mencionamos, as lendas e mitos são originários do culto de nação, mas iremos apresentar algumas neste estudo para não nos afastarmos muito da tradição. Obatalá cria Icu, a morte Quando o mundo foi criado, coube a Obatalá (Oxalá) a criação do homem. O homem foi criado e povoou a Terra. Cada natureza da Terra, cada mistério e segredo, foi tudo governado pelos orixás. Com atenção e oferendas aos orixás, tudo o homem conquistava. Mas os seres humanos começaram a se imaginar  com os poderes que eram próprios dos orixás. Os homens deixaram de alimentar as divindades. Os homens, imortais que eram,  pensavam em si mesmos como deuses.  Não precisavam de outros deuses. Cansado dos desmandos dos humanos, a quem criara na origem do mundo, Obatalá (oxalá) decidiu viver com os orixás no espaço sagrado que fica entre o Aiê, a Terra, e o Orum, o Céu. E Obatalá decidiu que os homens deveriam morrer; cada um num certo tempo, numa certa hora. 69

UMBANDA – Os 7 Reinos Sagrados Então Obatalá criou Icu, a Morte. E a encarregou de fazer morrer todos os humanos. Obatalá impôs, contudo, à morte Icu uma condição: só Olodumare (Olorum) podia decidir a hora de morrer de cada homem. A Morte leva, mas a Morte não decide a hora de morrer. O mistério maior pertence exclusivamente a Olorum. Existem centenas de lendas sobre os orixás, não pretendemos neste estudo aprofundarmos nestas lendas.  Na lenda acima, podemos retirar vários ensinamentos, mas fica bem claro que Oxalá foi o criador dos homens. Orixá masculino, de origem Ioruba (nagô) bastante cultuado no Brasil, onde costuma ser  considerado a divindade mais importante do panteão africano. Na África é cultuado com o nome de Obatalá. Quando porém os negros vieram para cá, como mão-de-obra escrava na agricultura, trouxeram consigo, além do nome do Orixá, uma outra forma de a ele se referirem, Orixalá, que significa, orixá dos orixás. Numa versão contraída, o nome que se acabou popularizando, é OXALÁ. Oxalá não tem mais poderes que os outros nem é hierarquicamente superior, mas merece o respeito de todos por representar o patriarca, o chefe da família. Cada membro da família tem suas funções e o direito de se inter-relacionar de igual para igual com todos os outros membros, o que as lendas dos Orixás confirmam através da independência que cada um mantém em relação aos outros. Oxalá, porém, é o que traz consigo a memória de outros tempos, as soluções já encontradas no passado para casos semelhantes, fazendo jus,  portanto, ao respeito de todos numa sociedade que cultuava ativamente seus ancestrais. É o princípio gerador em potencial, o responsável pela existência de todos os seres do céu e da terra. É o que permite a concepção no sentido masculino do termo. Sua cor é o branco,  porque ela é a soma de todas as cores. Por causa de Oxalá a cor branca esta associada ao candomblé e aos cultos afro-brasileiros em geral, e não importa qual o santo cultuado num terreiro, nem o Orixá de cabeça de cada filho de santo, é comum que se vistam de branco, prestando homenagem ao Pai de todos os Orixás e dos seres humanos. Oxalá é o pai dos Orixás e, por extensão, de toda a humanidade. Estabelece, pois, entre ele e os outros, uma aura não de temeridade (já que não é nada inseguro), mas sim de respeito e carinho. Os filhos de Oxalá, portanto, são pessoas tranqüilas, com tendência à calma, até nos momentos mais difíceis; conseguem o respeito mesmo sem que se esforcem objetivamente para obtê-lo. São amáveis e pensativos, mas nunca de maneira subserviente. Seu defeito mais comum é a teimosia, principalmente quando têm certeza de suas convicções; será difícil convencê-los de que estão errados ou que existem outros caminhos  para a resolução de um problema. Vamos agora buscar na Umbanda esotérica a origem do significado da palavra Oxalá. Segundo Matta e Silva a palavra Oxalá tem sua correspondência fonética na palavra original ORISHALÁ que tem os seguintes significados: Orishalá – A luz do senhor deus Orixalá – A luz do fogo divino Orisá-nla – O clarão do fogo divino 70

UMBANDA – Os 7 Reinos Sagrados Orichamallah – A luz do senhor oculto “Esta linha tem a supervisão de Jesus, o Cristo, e representa o Princípio, o Incriado, o Reflexo de Deus, o Verbo Solar. É a luz refletida que coordena as demais vibrações originais....” Oxalá no conhecimento popular: Elemento e Força da natureza correspondente à esta linha, é o ÉTER e a LUZ. Dia da semana de melhor vibração: sexta-feira Chacra atuante: coronário Planeta regente: Sol  Nota musical: si Cor: branco Saudação: Babá-Ekê ou Aê-Babá  Negativo: Seu OMOLU Amalá: para Oxalá não se dá amalá, faz-se agrado com uma mesa de frutas, que não podem ter espinhos nem farpas: manga, abacaxi, morango, carambola, cajá-manga, etc. É o único Orixá que não exige matança, em tempo algum. Otí : água mineral, vinho branco e vinho tinto (Sangue de Cristo) Local de entregas: campo gramado, limpo É representado nos pontos riscados, por uma estrela de cinco pontas, ou o Pentateuco. Jamais se deve representar Oxalá por uma cruz, pois ela representa as Almas que passaram na carne (Reencarnações).

Orixá Omulu Atotô meu Pai! Omulu é o orixá das doenças e das curas. É o responsável pelo sétimo reino, o reino das almas. Este reino simboliza a sabedoria, os mais velhos, daqueles que atingiram o último estágio. Pierre Verger, nesse sentido, sustenta que a cultura do Daomé é muito mais antiga que a ioruba, o que pode ser sentido em seus mitos: A antiguidade dos cultos de Omolu- Obaluaê e Nanã (Orixá feminino), freqüentemente confundidos em certas partes da África, é indicada por um detalhe do ritual dos sacrifícios de animais que lhe são feitos. Este ritual é realizado sem o emprego de instrumentos de ferro, indicando que essas duas divindades  faziam parte de uma civilização anterior à Idade do Ferro e à chegada de Ogum.  Na Umbanda a linha dos pretos velhos é a representante do reino das almas, ou do sétimo reino, embora encontremos também Caboclos pertencentes a linhas das almas. A vibração cósmica de Omulu, é a vibração responsável pelas pestes e epidemias, assim como pela cura destas doenças. Seu campo de atuação é o cemitério.  Neste reino é onde encontramos todas as almas, os espíritos evoluídos ou não. 71

UMBANDA – Os 7 Reinos Sagrados É o reino para onde todos caminhamos, o reino da perfeição, embora não seja fácil atingirmos o grau supremo. Este reino é antecedido pelo reino da humanidade, significando que muitas daquela almas (espíritos) que se encontram neste reino ainda estão muito apegadas ao reino da humanidade; são todos aqueles espíritos que ainda não encontraram o caminho da luz. São espíritos que ainda mantém todos os vícios existentes na humanidade, ainda necessitam do poder, do sexo, da comida, etc.... É um dos reinos mais complexos, pois embora nós que estamos ainda no reino da humanidade, busquemos a todo instante a nossa espiritualização, precisamos lembrar que vivemos rodeados destes seres que embora estejam no reino das almas, seus pensamentos e sentimentos ainda se encontram demasiadamente apegados ao reino da humanidade. É preciso muito conhecimento ao adentrar neste reino. Seu regente Omulu, é o responsável pela vida e pela morte. Por todas aquelas almas que ainda sofrem, almas que ainda se encontram presas de suas ilusões e doenças espirituais. É Omulu que encaminha as almas desencarnadas. Sua cor é o preto. Como comentamos acima, o reino das almas (o reino de omulu) é antecedido pelo reino da humanidade e também é o último reino, onde iniciamos novamente o ciclo dos sete reinos, ou seja, o reino do fogo é o reino posterior ao reino das almas. O reino do fogo, como já estudamos, é o reino do instante inicial, é aquele reino que da escuridão se fez a luz, o “Fiat lux”, sua cor é o vermelho; é a partir deste novo ciclo evolutivo que os espíritos evoluídos passam a trabalhar na criação universal. (A espiral evolutiva é eterna) Analisando as cores, podemos observar para o reino de omulu, assim como para os demais reinos, três combinações de cores: Branco e Preto (reino da humanidade e reino das almas), Preto (somente o reino das almas) e Preto e Vermelho (reino das almas e o reino do fogo); todas estas cores são representativas do orixá omulu na Umbanda, ficando agora mais fácil entendermos o motivo destas cores. As guias (colares) utilizadas por linhas de pretos velhos, são feitas por contas pretas e  brancas. Para facilitar a memorização da sua essência, relacionamos abaixo três palavras: 1) Espiritualidade 2) Magia 3) Doenças e curas A figura de Omolu-Obaluaê, assim como seus mitos, é completamente cercada de mistérios e dogmas indevassáveis. Em termos gerais, a essa figura é atribuído o controle sobre todas as doenças, especialmente as epidêmicas. Faria parte da essência básica vibratória do Orixá tanto o poder de causar a doença como o de possibilitar a cura do mesmo mal que criou. Em algumas narrativas mais tradicionalistas tentam apontar-se que o conceito original da divindade se referia ao deus da varíola, tal visão, porém, nos parece uma evidente limitação. A varíola não seria a única doença sob seu controle, simplesmente pôr ser a epidemia mais devastadora e perigosa que conheciam os habitantes da comunidade original africana, onde surgiu Omolu-Obaluaê, o Daomé. 72

UMBANDA – Os 7 Reinos Sagrados Ao senhor da doença é relacionado um arquétipo psicológico derivado de sua postura na dança: se nela Omolu-Obaluaê esconde dos espectadores suas chagas, não deixa de mostrar,  pelos sofrimentos implícitos em sua postura, a desgraça que o abate. No comportamento do dia-a-dia, tal tendência se revela através de um caráter tipicamente masoquista. Pierre Verger define os filhos de Omolu como “ pessoas que são incapazes de se sentirem  satisfeitas quando a vida corre tranqüila para elas. Podem até atingir situações materiais e rejeitar, um belo dia, todas essas vantagens por causa de certos escrúpulos imaginários. São pessoas que, em certos casos, se sentem capazes de se consagrar ao bem-estar dos outros, fazendo completa abstração de seus próprios interesses e necessidades vitais”. Mesmo tendo um grande círculo de amizades, freqüentando o mundo social, seu comportamento seria superficialmente aberto e intimamente fechado, mantendo um relacionamento superficial com o mundo e guardando sua intimidade para si própria. Não raro são pessoas que julgam. O filho do Orixá oculta sua individualidade com uma máscara de austeridade, mantendo até uma aura de respeito e de imposição, de certo medo aos outros. Pela experiência inerente a um Orixá velho, são pessoas irônicas. Seus comentários,  porém não são prolixos e superficiais, mas secos e diretos, o que colabora para a imagem de terrível que forma de si próprio. Um último, mas importante detalhe; em diversas de suas lendas, o Orixá da varíola é apresentado como uma divindade que perdeu uma perna. Isso se refletiria em seus filhos como um defeito congênito em uma das pernas ou a tendência a sofrer, durante sua vida,  por um problema de relativa gravidade em seus membros inferiores, a partir de quedas ou desastres que podem ou não ser curados e ultrapassados. Embora as lendas e mitos sejam originados do culto de nação, iremos apresentar algumas neste estudo sobre os orixás.

Omulu cura todos da peste e é chamado Obaluaê  Quando Omulu era um menino de uns doze anos, saiu de casa e foi para o mundo para fazer a vida. De cidade em cidade, de vila em vila, ele ia oferecendo seus serviços,  procurando emprego. Mas Omulu não conseguiu nada.  Ninguém lhe dava o que fazer, ninguém o empregava. E ele teve que pedir esmola, mas ao menino ninguém dava nada, nem do que comer, nem do que beber. Tinha um cachorro que o acompanhava e só. Omulu e seu cachorro retiraram-se no mato e foram viver com as cobras. Omulu comia o que a mata dava: frutas, folhas, raízes. Mas os espinhos da floresta feriam o menino. 73

UMBANDA – Os 7 Reinos Sagrados As picadas de mosquito cobriam-lhe o corpo. Omulu ficou coberto de chagas. Só o cachorro confortava Omulu, lambendo-lhe as feridas. Um dia, quando dormia, Omulu escutou uma voz: “Estás pronto. Levanta e vai cuidar do povo”. Omulu viu que todas as feridas estavam cicatrizadas.  Não tinha dores nem febre. Obaluaê juntou as cabacinhas, os atós, onde guardava água e remédios que aprendera a usar com a floresta, agradeceu a Olorum e partiu.  Naquele tempo uma peste infestava a Terra. Por todo lado estava morrendo gente. Todas as aldeias enterravam os seus mortos. Os pais de Omulu foram ao babalaô e ele disse que Omulu estava vivo e que ele traria a cura para a peste. Todo lugar aonde chegava, a fama precedia Omulu. Todos esperavam-no com festa, pois ele curava. Os que antes lhe negaram até mesmo água de beber  agora imploravam por sua cura. Ele curava todos, afastava a peste. Então dizia que se protegessem, levando na mão uma folha de dracena, o peregum, e pintando a cabeça com efum, ossum e uági, os pós brancos, vermelho e azul usados nos rituais e encantamentos. Curava os doentes e com o xaxará varria a peste para fora da casa,  para que a praga não pegasse outras pessoas da família. Limpava casas e aldeias com a mágica vassoura de fibras de coqueiro, seu instrumento de cura, seu símbolo, seu cetro, o xaxará. Quando chegou em casa, Omulu curou os pais e todos estavam felizes. Todos cantavam e louvavam o curandeiro e todos o chamaram de Obaluaê, todos davam vivas ao Senhor da Terra, Obaluaê. Omulu ganha as pérolas de Iemanjá Omulu foi salvo por Iemanjá. Quando sua mãe, Nanã Burucu, ao vê-lo doente, coberto de chagas, purulento, abandonou-o numa gruta perto da praia. Iemanjá recolheu Omulu e o lavou com a água do mar. O sal da água secou suas feridas. Omulu tornou-se um homem vigoroso, 74

UMBANDA – Os 7 Reinos Sagrados mas ainda carregava as cicatrizes, as marcas feias da varíola. Iemanjá confeccionou para ele uma roupa toda de ráfia. E com ela ele escondia as marcas de suas doenças. Ele era um homem poderoso. Andava pelas aldeias e por onde passava deixava um rastro ora de cura, ora de saúde, ora de doença. Mas continuava sendo um homem pobre. Iemanjá não se conformava com a pobreza do filho adotivo. Ela pensou: “Se eu dei a ele a cura, a saúde, não posso deixar que seja sempre um homem pobre”. Ficou imaginando quais riquezas poderia dar a ele. Iemanjá era a dona da pesca, tinha os peixes, os polvos, os caramujos, as conchas, os corais. Tudo aquilo que dava vida ao oceano  pertencia a sua mãe, Olocum, e ela dera tudo a Iemanjá. Iemanjá resolveu então ver suas jóias. Tinha algumas, mas enfeitava-se mesmo era com algas. Ela enfeitava-se com a água do mar, vestia-se de espuma. Ela adorava-se com o reflexo de Oxu, a Lua. Mas Iemanjá tinha uma grande riqueza e essa riqueza eram as pérolas, Que as ostras fabricavam para ela. Iemanjá, muito contente com a sua lembrança, chamou Omulu e lhe disse: “De hoje em diante, és tu quem cuidas das pérolas do mar. Serás assim chamado de Jeholu, o Senhor das Pérolas”. Por isso as pérolas pertencem a Omulu. Por baixo de sua roupa de ráfia, enfeitando seu corpo marcado de chagas, Omulu ostenta colares e mais colares de pérolas,  belíssimos colares. Existem centenas de lendas sobre os orixás, não pretendemos neste estudo aprofundarmos nestas lendas.  Nas lendas acima, podemos retirar vários ensinamentos, mas é bastante clara a ligação entre Omulu e as doenças e curas.

75

UMBANDA – Os 7 Reinos Sagrados CAPÍTULO 12

 Nasce uma rede Durante um bom tempo fizemos um trabalho de divulgação da Umbanda na Internet.  Neste período tivemos contato com vários Umbandistas, e pudemos conhecer diversos tipos de rituais e pensamentos sobre a Umbanda. Foi um período muito rico e podemos afirmar que este contato virtual permitiu que muitas  pessoas ficassem livres de vários preconceitos sobre a Umbanda, e também possibilitou o surgimento de varias amizades, que em alguns casos permitiram a formação de novos núcleos umbandistas. A Internet é atualmente o meio de comunicação mais barato e completo que existe, e entendemos que não podemos deixar escapar esta oportunidade, para nos unirmos em prol de uma Umbanda respeitada e admirada pela nossa sociedade. Em função disto, o   Núcleo de Estudos Espirituais Mata Verde – Templo de Umbanda, desenvolveu um sistema chamado de RBU – Rede Brasileira de Umbanda. É uma rede que só existe através da Internet, e que tem objetivos bem definidos. Aproveitamos este espaço para convidá-lo a participar da Rede Brasileira de Umbanda. Segue abaixo o texto da página principal da RBU. Seu acesso é pela Internet, através do endereço: http://www.rbu.com.br   Rede Brasileira de Umbanda A RBU é a primeira Rede Brasileira de Umbanda, e tem como propósito unir os Umbandistas e mudar a imagem que a sociedade possui da Umbanda. Infelizmente alguns grupos que possuem acesso a mídia, tem exercido uma campanha constante no sentido de gerar preconceitos em relação a religião de Umbanda, criando uma imagem totalmente distorcida para a opinião pública. Diante de tal situação é que a RBU nasce, sustentada tecnicamente nos princípios mais modernos das teorias de redes. Concomitantemente com a campanha difamatória, observamos uma considerável desunião entre os Templos Umbandistas. Se você é dirigente de alguma federação, ordem, conselho, colégio, etc..., faça seu cadastro e divulgue a RBU entre seus associados. A RBU entende que a força do Movimento Umbandista são os Umbandistas, são aquelas pessoas que estão nos Templos de Umbanda espalhados pelos vários municípios de nosso País. A RBU não tem Presidente, chefe ou algum comando central, e não aceita qualquer tipo de estrutura hierárquica autoritária; toda a força de rede está justamente na liberdade dos vários núcleos existentes. Todos os núcleos possuem a mesma autoridade e o mesmo valor, trabalhando em conjunto. A força da Rede Brasileira de Umbanda é a ação conjunta dos Umbandistas. Se você entende que a Umbanda não comporta uma única doutrina! Se você concorda que a Umbanda possui uma grande variedade de rituais e que estes rituais devem ser respeitados, sem nenhuma interferência externa! Se você concorda que nunca existirá um Papa da Umbanda! Se você sente que precisamos unir as nossas forças, para fazermos nos respeitar 

76

View more...

Comments

Copyright ©2017 KUPDF Inc.
SUPPORT KUPDF