65 - Classificação das Variantes

January 13, 2019 | Author: Carlos Bento | Category: Numismatics, Currency, Brazil, Science (General), Ciência
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SOCIEDADE NUMISMÁTICA BRASILEIRA-B65

Classificação das  Variantes  V ariantes das Moedas Moedas Coloniais Brasileiras de Prata  Marco Tulio Freire Baptista A intenção deste artigo é dar a oportunidade para novos colecionadores ingressarem no árduo, porém prazeroso, caminho da coleção e estudo das moedas brasileiras de prata do período Coloniall e Reino Unido Colonia Uni do,, com ênf ên fase em suas variant varia ntes. es. Por Por este motivo estabelecemos objetivos múltiplos, quais sejam: dar uma noção de como se processou os primeiros p rimeiros estudos e norma nor matizaçõe tizaçõess neste campo campo da numismática brasileira; disponibilizar informações bibliográficas sobre as obras que consagraram a atividade (mesmo algumas sendo um tanto tanto escassas no mercado ainda podem p odem ser encontradas encontradas,, com um pouco de pac paciência, iência, garimpando-se os sebos e as lojas especializadas) e; por último, reproduzir informações necessárias e essenciais para o estudo, pesquisa e classificação de tais variantes. Peço desculpas aos experts do assunto, mas tenho em foco que os novos colecionadores de hoje serão o experts do futuro f uturo.. A problemática da classificação da numária brasileira é uma questão bastante trabalhada pelos pesquisadores, mas ainda não totalmente resolvida. Durante o período colonial, o Rei de Portugal D. Pedro II autorizou a criação da primeira Casa da Moeda no Brasil (na Bahia em 1694). 1694 ). A partir de 1695 esta iniciou a cunhagem cunhagem de moedas com principal destaque para as moedas de prata. A precariedade dos cunhos, e suas frequentes fraturas, acarretava a necessidade de substituição e a confecção de novos cunhos. Daí existirem grandes quantidades de variantes de mesma data, principalmente nas moedas maiores, 640 e 960 réis. O primeiro pesquisador a realmente realizar um estudo sistemático e significativo que constasse a classificação das variantes de prata colonial foi Kurt Prober com o livro Catálogo de Moedas Brasileiras de Prata, publicado em 1947. Como o próprio autor afirmou no prefácio de sua obra, este foi um salto muito grande para a numismática brasileira de sua época e, durante o planejamento de sua obra, percebeu que muitos colecionadores não acompanhariam acompanh ariam este salto, salto, sendo necessário preparar p reparar os leitores leitores metodologicamente met odologicamente para tal. Foi pensando pensa ndo assim as sim que q ue,, enquant enqu antoo seu catálogo de moedas de prata estava ainda em fase embrionária, lançou o Manual Manu al de Numismática, Numismá tica, em 1944. Este manual fez fez grande sucesso entre os colecionadores colecionadores,, logo se esgot esgotando. ando. Por Por solicitação so licitação de muitos numismatas, Prober lançou no ano seguinte a segunda edição do manual, já revisada e ampliada.

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   A    T    A    R    P    E    D    S    A    R    I    E    L    I    S    A    R    B    S    I    A    I    N    O    L    O    C    S    A    D    E    O    M    S    A    D    S    E    T    N    A    I    R    A    V    S    A    D    O     Ã    Ç    A    C    I    F    I    S    S    A    L    C

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Para que os jovens numismatas possam se iniciar na coleção das variantes de prata, reproduziremos a seguir a nomenclatura adotada e consagrada por Prober no seu Manual de Numismática a ser utilizada na descrição das minúcias destas moedas:

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1A 1B 1C 3

Arco Externo Esquerdo Arco Int Intermediár ermediário io Esquerdo Arco Int Interno erno Esquerdo. Cruz

5 7-O 8 10 12 13

Diadema Florão Oblíquo Valo alorr Pé da Esf Esfera era Sombra do Zodíaco Zonas (Trópicos (Trópicos – Capricórn Capricórnio io e Câncer – e Círculo Círculoss Polares – Norte e Sul) Campo da Esf Esfera era 15 Letr Letraa Monetária Eixo da Esf Esfera era (meridi (meridiano) ano)

14 16

2A 2B 2C 4

Arco Externo Direit Direitoo Arco Int Intermediár ermediário io Direit Direitoo Arco Int Interno erno Direit Direitoo Florões do Diadema (ou pérolas) 6 Ponta do Escudo 7-V Florão Vertical. 9 Bic Bicoo da Esfera 11 Zodíaco

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Grinald a de Tulipas (nas moedas de cobre Grinalda cobre,, Colar de Pérolas) Forro da Coroa (Imperi (Imperial). al). 19 Grãos de Ca Café fé Folhas de Ca Folhas Café fé 21 Flores de Tabaco Folhas de Tabaco 23 Estrelas Laço Nacional 25 Cast Castelos elos Escudetes 27 Escudin Escudinho ho1.

Vivia-se um grande momento de entusiasmo na numismática brasileira. Poucos anos antes, a revista Numária, da Sociedade Numismática Cearense, no seu nº 3 de julho de 1936, divulgou a notícia espetacular da descoberta do único patacão de 1809, da Casa da Moeda do Rio de Janeiro. Esta notícia causou furor no meio numismático numism ático e levou muita gent gentee a voltar seus olhos para as moedas mo edas de três patacas (como é chamada a moeda de 960 réis) e suas variantes. Identificar e classificar as variantes não era um processo muito fácil. Foi aí que Prober demonstrou sua genialidade, criando o primeiro método de identificação identifi cação das variant variantes es para os Pa Pata tacões. cões. A criatividade c riatividade científica do método merece algumas linhas: A base científica do método de Prober foi o fato de que cada vez que era confeccionado um novo cunho, este, feito manualmente, não guardava exatamente o mesmo posicionamento das legendas do cunho anterior, podendo-se, assim, medir esta variação de posição das legendas de forma a dif di ferenciar cada variante. Paraa a realização do trabalho, Kurt Par Kurt Prober utilizou utili zou um transf transferidor eridor transparente de 360° (celulose, plástico ou acrílico) com o qual fazia a 1

Nomenclatura introduzida por Lupércio. Berbert chama de escudo menor.

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   A    T    A    R    P    E    D    S    A    R    I    E    L    I    S    A    R    B    S    I    A    I    N    O    L    O    C    S    A    D    E    O    M    S    A    D    S    E    T    N    A    I    R    A    V    S    A    D    O     Ã    Ç    A    C    I    F    I    S    S    A    L    C

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medição angular ang ular de cinco cinc o pontos pontos padronizados. padronizados. O posicionamento posicio namento do transferidor para moedas coloniais era o seguinte: a medição ocorre no REVERSO; a linha horizontal (0° - 180°) do transferidor é colocada cobrindo a linha inferior do Zodíaco da esfera armilar (moeda de cabeça para baixo), desloca-se o transferidor horizontalmente de forma que o ângulo de 90° passa sobre o ponto onde o eixo corta a esfera esf era no pólo Sul. Sul . A partir daí da í faz-se a leitura em graus dos segmentos angulares que partem da origem do eixo cartesiano e passam pelos seguintes pont po ntos: os: A – Ponto da abreviatura SIGN; B – Ponta inf inferior erior do triângulo triângul o do braço braço esquerdo da cruz; C – Ponto do Bico da esfera; D – Pont ontoo em que encosta enco sta na esfera, esfera, o traço superior do braço b raço direito da cruz; e E – Ponta inf inferior erior do triângulo triângul o do braço braço direito direito da cruz.

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   A    T    A    R    P    E    D    S    A    R    I    E    L    I    S    A    R    B    S    I    A    I    N    O    L    O    C    S    A    D    E    O    M    S    A    D    S    E    T    N    A    I    R    A    V    S    A    D    O     Ã    Ç    A    C    I    F    I    S    S    A    L    C

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Exemplo Ex emplo de leitur leitura: a: 54X140X221X289X336 O posicionamento do transferidor para moedas do Reino Unido era feito da seguinte forma: a medição ocorre no ANVERSO; a linha horizontal do transferidor (0° - 180°) era colocada cobrindo o seguimento que liga os dois últimos frutos (interno e externo) do ramo direito do café e, simultaneamente, o ângulo de 90° passa sobre o ponto depois de PORT. A partir daí faz-se a leitura angular dos segmentos angulares que partem da origem do eixo cartesiano e passam pelos seguintes pontos: A – 2º fruto interno interno do ramo direit di reito; o; B – Pont ontoo final da legenda, legenda, depois de REX; C – Primeira pérola do diadema; D – Pedra da folha do centro do diadema; e E – A primeira pérola pérola superior do arco externo externo direito direito da coroa.

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O Catálogo de moedas brasileiras de pra prata ta foi foi conf con feccionado na na forma de uma grande tabela onde se pode identificar, primeiramente, o ano, seguido de uma série de dados importantes tais como serrilha,

   A    T    A    R    P    E    D    S    A    R    I    E    L    I    S    A    R    B    S    I    A    I    N    O    L    O    C    S    A    D    E    O    M    S    A    D    S    E    T    N    A    I    R    A    V    S    A    D    O     Ã    Ç    A    C    I    F    I    S    S    A    L    C

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   A    T    A    R    P    E    D    S    A    R    I    E    L    I    S    A    R    B    S    I    A    I    N    O    L    O    C    S    A    D    E    O    M    S    A    D    S    E    T    N    A    I    R    A    V    S    A    D    O     Ã    Ç    A    C    I    F    I    S    S    A    L    C

orla, bico, pé, florões, etc, todos tabelados segundo o estabelecido no Manual de Numismática. Em seguida, nas minúcias minúcias,, pode-se tirar a prova da variante com a medição acima descrita. Quanto ao método de Prober, destaca-se que as moedas coloniais são medidas pelo reverso e as do Reino Unido são medidas pelo anverso. Daí Daí surge um problema logo de início iníc io para os que qu e querem todas as variantes de cunho: os cunhos de anverso e reverso são independentes, para classificar perfeitamente seria necessário ampliar o método para os dois lados do cunho. A classificação de Kurt Prober atendeu perfeitamente aos anseios dos numismatas da época, contudo a medida que a atividade ganhava vulto aumentava a necessidade de uma classificação mais simples que garantisse aos compradores e vendedores de moedas decidirem por uma negociação de forma mais rápida e eficiente. Em 1961, o numisma numis mata ta Luiz Nogueira da Gama Filho publicou o livro Carimbo Carimbo de Minas – “960”, “96 0”, que tinha por objetivo classificar as variantes desta famosa contra-marca brasileira, aplicada sobre moedas de 8 reales espanholas. Nesta obra utilizou-se do método descritivo, o qual se mostrou muito eficiente na identificação dos cunhos de anverso e reverso. Incluiu novos cunhos descobertos depois do d o trabalho de Prober sobre o assunto, assunto, bem como com o provas provas e cunhos falsos, dando um passo pas so a frente frente para a numismática numi smática brasileira. Embora a precisão do método tenha sido satisfatória, ficou claro que ao descrever d escrever uma variante varia nte,, anverso e reverso, reverso, algumas algum as destas se repetiam, formando novas combinações e fazendo-se descrições repetidas. Além disso era necessário criar uma nova classificação para cada cada combinação combina ção que aparecia. A solução so lução foi o que ele chamou de Classificação Racional. Esta se constituía em classificar todos os cunhos de anverso e reverso, de forma independente e apenas publicar a listagem das combinações já encontradas. Segundo relata, procedeu desta forma por sugestão do numismata Dr. Alceu de Campos Pulpo e publicou esta nova classificação no Boletim da Sociedade Numismática Brasileira nº 19, ano VI, de janeiro de 1964. Este procedimento simplificou sobremaneira o trabalho de identificação e reduziu consideravelmente a necessidade de descrição de um mesmo cunho diversas vezes, ou seja, toda vez que aparece em outra combinação. O exemplo de Luis Nogueira da Gama Filho serviu de laboratório para o passo seguinte, pois embora os cunhos do Carimbo de Minas permitissem grande número de combinações (nem todas ocorreram) estes se resumiam a 24 pares (anverso e reverso), embora nem todos tenham sido encontrados. O passo seguinte seria aplicar a classificação racional em todas as variantes de prata. Neste sentido,em 1970, Renato Berbert de Castro publicou o “Catálogo dos 960 réis da Casa da Moeda da Bahia”. Em seu livro utilizou a metodologia descritiva para individualizar cada variante de cunho, e uma tabela iniciando cada data (variantes de anverso X variantes variant es de re reverso) verso) com as variantes encontradas. A classificação cla ssificação foi

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feita considerando-se consi derando-se cada variante variante como com o sendo send o o conjunto resultante resultante de determinado anverso e reverso. reverso. Por exemplo: exemplo: em 1810, 18 10, a variante 7 era o conjunt conj untoo resultante resultante do anverso 2 com o reverso reverso 6. 6. A ousadia de partir para um método descritivo aplicado a um grande conjunto (215 variantes dos 960 réis B) fez com que alguns lhe dirigissem a crítica de ser por demais minucioso nos det d etalhes alhes e tornar o método cansativo cansativo, dificultando difi cultando uma rápida r ápida identificação. Por outro lado, lado, a descrição das minúcias é mais rápida e prática do que a medição de Prober e, também, fazem o deleite de numerosos numismatas. Críticas a parte, o método utilizado por Berbert possibilitou a identificação e catalogação de diversas outras variantes (Prober havia classificado 162 variantes de 960 B) e se mostrou mais prático para as negociações. Seguindo a idéia do método descritivo, Lupércio Gonçalves Ferreira lançou em 1978 o primeiro volume de sua obra Catálogo Descritivo dos Patacões da Casa da Moeda do Rio, abrangendo 957 variantes das moedas de 960 réis do Período Colonial entre as dez datas estudadas, 1809 – 1818, (incluindo-se 12 variantes de 1816 Série Especial). Poucos anos depois, em 1981, publicou o segundo volume de sua obra, abrangendo 1145 variantes das moedas do Reino Unido e Império, entre treze datas estudadas de 1818 a 1834. Em 1986 publicou, ainda, o “Catálogo das 960B”, uma versão resumida da obra de Berbert para servir de referência rápida, extremamente útil para negociações. Neste livro também acrescentou algumas novas variantes descobertas depois de 1970. Lupércio também investiu grande parte de seu tempo para o estudo das 640 réis, editando, também em 1986, o “Catálogo Descritivoo das Moedas de 640 Réis”. Descritiv Nesta catálogo classificou 726 variantes desde 1695 até 1834, consagrando definitivamente o método descritivo para a classificação das variantes de prata. A classificação de Lupércio Ferreira foi fixada no anverso anv erso da moeda, mo eda, ou seja, sej a, numerou de acordo com os anversos, anversos, dando um número núm ero e uma letr l etraa (1A, (1A , 1B, etc) etc) para pa ra o conjunt conju ntoo, de acordo com as variantes de reverso. Este método de classificação facilita a introdução de novas variantes, pois se encontrando novo anverso ou reverso, estes podem entrar na sequência dos já conhecidos para determinada data. Por estes serem os trabalhos mais consagra co nsagrados dos e que nortearam o meio numismático brasileiro neste campo da numismática, creio que seja oportuno oport uno discorrer disc orrer um pouco mais sobre sob re o assunto assunto para facilitar facilitar a introdução dos novos colecionadores colecion adores à coleção das da s variantes de prata prata coloniais e do Reino Unido. O Método é realmente muito fácil. O problema reside, para o iniciante, no excesso de abreviaturas e conhecimentos básicos de heráldica, os quais q uais pre prettendo esclarecer esclarecer.. No início in ício de cada catálogo catálogo existem orientações e abre abreviatur viaturas as que ajudam a efetuar uma leitura compreensiva da descrição, portanto vamos nos ater apenas aos pontos que não são muito claros e podem causar dúvidas. Observando-se o exemplo abaixo referent ref erentee a variant variantee nº 54 de d e 1816 18 16 (ca ( catálogo tálogo de Lupércio Ferreir Ferreira), a),

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   A    T    A    R    P    E    D    S    A    R    I    E    L    I    S    A    R    B    S    I    A    I    N    O    L    O    C    S    A    D    E    O    M    S    A    D    S    E    T    N    A    I    R    A    V    S    A    D    O     Ã    Ç    A    C    I    F    I    S    S    A    L    C

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Casa da Moeda do Rio de Janeiro. a) A primeira questão que aparece ao novo novo colecionador é saber se tem na mão um patacão da Casa da Moeda do Rio de Janeiro ou da Bahia quando a letra monetária não é visível, devido falha a na re-cunhagem ou desgaste. Para esta questão basta observar-se o reverso, onde os braços da cruz suportam trapézios para a Casa da Moeda do Rio de Janeiro e triângulos para a Casa da Moeda da Bahia. Esta é a regra geral, geral, porém existem e xistem exceções, exceções, daí  58

   A    T    A    R    P    E    D    S    A    R    I    E    L    I    S    A    R    B    S    I    A    I    N    O    L    O    C    S    A    D    E    O    M    S    A    D    S    E    T    N    A    I    R    A    V    S    A    D    O     Ã    Ç    A    C    I    F    I    S    S    A    L    C

(Rio de Janeiro)

(Bahia)  

existir o “reverso do Rio” em moedas da Bahia! b) Ao lado lado da palavra palavra ANVERSO, ANVERSO, tem-se tem-se a disposição dispo sição da legenda conforme informado no início do catálogo. Em seguida aparece “6v”. Neste caso, o 6 refere-se ao algarismo da data 1816, cujo formato é bem verticalizado. Compare as imagens a seguir:

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c) A informação informação seguinte seg uinte ref refere-se ere-se à perolag perolagem; em; a quantidade de perolas segundo suas disposições nos arcos (conforme aparece no índice do livro). Em seguida, tem-se “2r”. Este 2r significa o número de linhas encontradas na base da coroa, que podem ser 59

r (reta) ou c (curva); Vejamos outras situações que podem causar dúvidas na classificação: d) “dois vermelhos descem da ponta” ponta” e “vermelho longo longo à esquerda” (960 réis, 1811, 15A): Referent Ref erentee à heráldica, h eráldica, ou ao esmalte vermelho que qu e é representado representado

   A    T    A    R    P    E    D    S    A    R    I    E    L    I    S    A    R    B    S    I    A    I    N    O    L    O    C    S    A    D    E    O    M    S    A    D    S    E    T    N    A    I    R    A    V    S    A    D    O     Ã    Ç    A    C    I    F    I    S    S    A    L    C

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   A    T    A    R    P    E    D    S    A    R    I    E    L    I    S    A    R    B    S    I    A    I    N    O    L    O    C    S    A    D    E    O    M    S    A    D    S    E    T    N    A    I    R    A    V    S    A    D    O     Ã    Ç    A    C    I    F    I    S    S    A    L    C

por linhas verticais, neste exemplo: e) “tra “travessão vessão superior unido à esf esfera” era” (960 réis, réis, 1814, 17): Refere-se ao pé da cruz que sustenta a esfera armilar, onde se espera encontrar dois traços (travessões) que dividem as hastes em três porções iguais. Aparecem, também, descrições com um ou outro travessão (inferior e superior) deslocado para esquerda

ou para direita. f) Com ferência ferência a posiçã posiçãoo da legenda, devemos levar em consid consideração eração que esta sempre acompanha a orla circular, por isso uma descrição do tipo GP (+G), ou seja, entre G e P,P, mais para G, poderá causar dúvidas dependendo do ângulo de visada. Neste Neste caso é melhor que se faça uma observação bem na vertical do ponto de referência. g) Alguns termos termos também podem ger gerar ar dúvidas como “quase toca”, toca”, “próximo “pró ximo”, ”, “afastado”, “afastado”, etc. No entanto entanto, é o ônus do trabalho trabalho descri descritivo! tivo!

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Ainda sobre o método descritivo deve-se mencionar o trabalho de Luiz Oswaldo Norris Aranha, “Catálogo Descritivo das Moedas de Prata Pra ta Brasileiras do Primeiro Pri meiro Sistema Sistema Monetário, Livro V – 320 Réis”. Não N ão há uma sequência sequ ência de livros li vros deste deste numismata, a menção livro V é porque conta com os trabalhos anteriormente descritos como uma sequência lógica para o seu próprio trabalho. Neste catálogo o autor classificou 360 variantes das moedas de 320 réis, desde 1695 até 1833. Temo cometer uma injustiça se deixasse de tecer algum comentário sobre algumas alguma s obras recentes recentes e que q ue somam som am admiravelment admiravelmentee para o futuro de nossa numismática. Por isso gostaria de ressaltar a irretocável obra de José Serrano Júnior e Flávio Barbosa Rebouças, Catálogo descritivo dos 960 réis da Casa da Moeda da Bahia, publicada em 2003. Nesta obra os autores adotaram a ordenação e classificação também pelo anverso anverso,, assim ass im facilitando a introdução de novas variantes. Acresce o fato de cada uma das variantes virem acompanhada de suas fotografias de anverso e reverso, facilitando a identificação. Outra obra obra que não podemos deixar de citar é “Os Recunhos de 960 réis” de David André Levy, publicado em 2002. Este livro inteiramente dedicado ao estudo das variantes de 960 réis, tomandose por referência a moeda base, ou seja, depende da identificação da moeda que foi utilizada para a re-cunhagem, seja ela hispanoamericanas ou não. Sem dúvida este foi o mais novo ramo de estudo da numismática brasileira, tornando esta obra genuína e inovadora. Embora se soubesse desde o lançamento dos patacões que estes eram cunhados sobre moedas estrangeiras, por muito tempo os numismatas deixaram esta possibilidade de coleção e classificação de lado para focar a atenção nas variantes de cunho. A delícia deste tipo de classificação está justamente na busca de traços ainda visíveis da moeda anterior (que não foram totalmente apagados com a batida do novo cunho). Este tipo de classificação nos leva a estudar e reconhecer aspectos da cunhagem hispano hispano-american -americana, a, na sua maioria, mas também de outros países como EUA, Itália, França, Áustria, etc. Dando uma prazerosa complexidade à numismática brasileira. O trabalho de classificação das variantes de prata não se encerra com as obras descritas, cumpre lembrar que novos trabalhos  já surgir surgiram am e ainda surgirão no desenv desenvolve olverr da ciência numismática brasileira. Contudo uma classificação padronizada e oficial para todas as moedas brasileira parece ser um objetivo longe de ser alcançado pois não é tarefa exequível por uma pessoa física, pelo contrário, é uma tarefa que deveria, na minha opinião, ser realizada por uma instituição especializada. Desta maneira contaria com a colaboração simultânea de muitos especialistas congregados para uma obra única que abrangeria todo o acervo brasileiro e seria utilizada sem barreiras por todos os numismatas n umismatas,, experts ou principiantes. Uma grande vantagem para o estabelecimento de uma classificação oficial da numária brasileira brasileira seria a redução das restrições impostas por direitos autorais. Isto possibilitaria uma ampla divulgação

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   A    T    A    R    P    E    D    S    A    R    I    E    L    I    S    A    R    B    S    I    A    I    N    O    L    O    C    S    A    D    E    O    M    S    A    D    S    E    T    N    A    I    R    A    V    S    A    D    O     Ã    Ç    A    C    I    F    I    S    S    A    L    C

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da mesma e o consequente aumento do interesse do público alvo, o numismata brasileiro. Muito da falta de interesse dos novos colecionadores se dá pela falta de material de consulta adequado, pela escasses dos mesmos no mercado devido a publicações de tiragens extremamente pequenas e caras. Veja-se, por exemplo, se um numismata quiser publicar um album fotográfico de variantes de prata de um determinado período, para facilitar a sua identificação, qual seria a classificação utilizada? Uma classificação de um determinado autor, ou outro? Uma nova classificação? Cada um que publicar sobre o assunto fará uma nova classificação? Onde estará a continuidade? Neste aspecto, creio que não seria nenhum absurdo se uma instituição ou uma associação de instituições numismáticas assumissem o ônus de uma classificação oficial da numária brasileira com todas as suas possíveis variant variantes. es.

REFERÊNCIAS ARANHA, Luiz Oswaldo Norris, Catálogo descritivo das moedas de prata brasileiras do primeiro sistema monetário – Livro V – 320 réis. Ed. J. Anesi: Rio de Janeiro, 2000. 62

   A    T    A    R    P    E    D    S    A    R    I    E    L    I    S    A    R    B    S    I    A    I    N    O    L    O    C    S    A    D    E    O    M    S    A    D    S    E    T    N    A    I    R    A    V    S    A    D    O     Ã    Ç    A    C    I    F    I    S    S    A    L    C

BERBERT (DE CASTRO), Renato. Catálogo dos 960 Réis da Casa da Moeda da Bahia. Ed. Mensageiro da Fé: Salvador, 1970. FERREIRA, Lupércio. Catálogo do Patacões da Casa da Moeda do Rio. Vol. 1 e 2, Tipografia Marista: Recife, 1978 e 1981. FERREIRA, Lupércio. Catálogo Descritivo das Moedas de 640 Réis. Ind. Gráfica Barreto LTDA: São Paulo,1986. FERREIRA, Lupércio. Ca E ditora ora de Pernambuco: Catálogo tálogo das 960 96 0 B. Cia. Edit Recife,1986. GAMA FILHO, Luiz Nogueira da. Carimbo de Minas, “960”. Rio de  Janeiroo, 1961.  Janeir LEVY, David André. Os recunhos de 960 réis. São Pa Paulo ulo,, 2002. 200 2. PROBER, Kurt. Manual de Numismática. Monografia numismática Vol. I. Rio de Janeiro.1944. PROBER, Kurt. Catálogo das Moedas Brasileiras de Prata . 1947. SERRANO Jr, José; REBOUÇAS, Flávio Barbosa. Catálogo descritivo dos 960 réis da Casa da Moeda da Bahia . 2003. SOCIEDADE NUMISMÁTICA BRASILEIRA, Boletim nº 19, Ano VI, São Paulo, 1964. SOCIEDADE NUMISMÁTICA DO CEARENSE, Revista Numária, Ano

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