40anosdewiccanobrasil.pdf

September 4, 2017 | Author: RicardoMachado | Category: Witchcraft, Brazil, Religion And Belief, Philosophical Science, Science
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40 ANOS DE WICCA NO BRASIL De prática religiosa a produto de consumo esotérico

FERNANDO MARTINS

Prefácio Desde já deixo claro que os fatos e são fatos, pois comprovados, colocados aqui não tem nenhuma intenção de prejudicar ninguém nem difamar ninguém, pois a verdade nunca difama, mas sim, esclarece. E mais do que nunca, deixar registrado o que ocorreu em um período que eu chamaria obscuro da wicca nacional. Neste e-book de distribuição gratuita, delineio a partir do ano de 1973, quatro décadas de trajetória da Wicca em solo nacional. A data de partida refere-se à primeira aparição registrada do termo no Brasil, na revista Planeta, em uma de suas primeiras edições lançadas em nosso país, ainda sendo traduzida diretamente da revista original francesa. No mesmo ano, nova reportagem na mesma revista demonstrava o bom retorno manifestado pelos leitores ainda expressando-se por cartas. Eram dados os primeiros passos ainda tímidos da Arte em nosso país, visto que a morte de Gerald Gardner, seu sistematizador, ainda era bem recente, ocorrida em 1964, embora a movimentação e expansão dos Covens gardnerianos tenha sido intensa nos fins dos anos 60 com a fundação, na virada da década, em 1971, da Pagan Federation, que tinha como publicação de divulgação e informação, o The Wiccan, revista que levou este nome até 1994, quando passou a chamar-se Pagan Dawn, visto que em suas fileiras já haviam pagãos de todas as tradições não só da Wicca. A organização cresceu muito, sendo criada a Pagan Federation International com Coordenações sendo criadas em vários países e nos cinco continentes.

Na América do Sul, a Pagan Federation International Sul Americana – PFISAM estabeleceu-se no fim da década de 90 mas sua caminhada foi muito tímida até 2003. Em 2005, fui nomeado como Organizador Local para o estado do Rio de Janeiro, e comecei a fazer a divulgação do órgão, por incrível que pareça, muito pouco conhecido aqui no Brasil. Intrigas e maledicências fizeram afastar-me da PFI-SAM, quando solicitei inclusive que meu nome fosse retirado do site, deixando tão somente o nome da Tradição que eu representava, a Tradição Filosófica, como consta no site da PFI-SAM até hoje por fazer parte da História do órgão no Brasil. Outra Tradição brasileira consta também na página da PFI-SAM e que vem a ser uma Tradição fundada por uma antiga participante do círculo de postulantes da Tradição Filosófica que eu coordenava mas que no dia da Iniciação, por questões de disciplina, não foi iniciada por mim, criando posteriormente a sua própria Tradição, chamada Tradição da Lua Negra. Ela inclusive foi indicada por mim na época para ser Organizadora Local para o estado de Pernambuco onde residia, sendo que atualmente, reside na Bahia. Atualmente não sei a quantos anda o movimento da PFI-SAM no Brasil e sou persona non grata embora venha tentando restabelecer contato para tão somente, esclarecer as mentiras e maldades criadas ao meu respeito à época e o leitor saberá a razão durante a leitura deste e-book. Mas o fato é que o meu principal objetivo com este e-book é deixar registrado e que seja amplamente divulgado, o que ocorreu e que existe de registro nestas quatro décadas da Arte em solo nacional. Espero que seja proveitosa, agradável e, principalmente, esclarecedora, a sua leitura. Abençoada Seja e Esteja nossa Arte e Ofício Ostara 2014 Fernando Martins

Introdução O Brasil por sua formação cultural foi um contexto propício para a manutenção das práticas bruxas. Estas sempre existiram nas figuras das benzedeiras com suas ervas e seu conhecimento de cura natural e das conversas com os espíritos. Registrado mesmo, oficialmente, temos o caso em São Paulo, em 1750, da acusação e condenação da escrava Páscoa, que segundo o relato nos autos da investigação de seus crimes, havia feito um pacto com o diabo e já havia matado pelo menos, cinco homens. Entre 1749 e 1771, nove mulheres e quatro homens foram acusados de feitiçaria em São Paulo, e encaminhados para a Inquisição de Portugal. Estas informações foram encontradas alguns anos atrás em um baú de metal esquecido na Arquidiocese de São Paulo. A matéria completa publicada na revista Veja na época, você poderá ver no site da revista. Outros documentos poderão ser encontrados ainda, mas até hoje, nada além disto, é registrado embora saibamos que nossas bruxas estão por aí faz tempo. Agora quando falamos de Wicca, temos que ser específicos, embora a Wicca atualmente seja sinônimo de qualquer prática similar a sistematizada por Gerald Gardner. Gardner como já dito morreu em 1964, menos de 14 anos depois de ter lançado o seu primeiro livro utilizando o seu próprio nome. O livro anterior, High Magic Aid, foi publicado sob o pseudônimo de Scire, nome dado a ele por Aleister Crowley quando do seu ingresso na OTO, por causa de ainda

vigir a Lei Anti-Bruxaria na Inglaterra que proibia qualquer alusão ao tema de forma expansiva. Paralelo ao desenvolvimento da Wicca na Inglaterra, a Wicca veio para solo norte-americano via Raymond Buckland, que após muito tempo correspondendo-se com Gardner, foi iniciado por Monique Wilson, uma das últimas sacerdotisas iniciadas pelo pai da Wicca. Nos Estados Unidos, Buckland criou a sua própria forma de trabalhar a Wicca, sistematizando o que chamou de Seax Wicca com divulgação através do livro The Tree: The Complete Book of Saxon Witchcraft. Vemos que ao contrário dos ingleses, os americanos já pensavam em fazer algo diferente e principalmente, ganhar dinheiro com isto, bem ao modo americano de viver. Daí que encontrando solo fértil em plena década de 70 com vários movimentos libertários, a Wicca caiu como uma luva na terra de Tio Sam e daí foram sendo criadas várias “wiccas”. Como bandeira do movimento feminista e pela igualdade das minorias, a Wicca foi utilizada também por feministas, como Morgan McFarland e seu marido, Mark Roberts, que criaram a Old Dianic, que tem a sua radicalização na Tradição Diânica, criada pela ativista norte-americana Zsuzsanna Budapest, onde só era permitido mulheres e que se pautava na distorção da frase célebre de Doreen Valiente: “toda forma de amar é sagrada”. Ainda tivemos a versão hippie através de Oberon Zell e sua CAW – A Igreja de Todos os Mundos, com quem me correspondi muito pela internet, já com idade avançada, mas ainda cheio de idéias por um mundo melhor. Foi ele quem criou o termo neopaganismo, publicado pela primeira vez na revista que criou, Green Egg, a melhor e mais importante publicação pagã depois da The Wiccan inglesa, foi inclusive nesta revista, Green Egg, que estabeleceu-se os nomes modernos para a Roda do Ano da nova Wicca que nascia, como o nome de Litha e Mabon, respectivamente solstícios de verão e equinócio de outono, criados por Aidan Kelly, com o qual me correspondi muito também durante os primeiros anos de internet no Brasil. Mas o fato é que como tudo nos Estados Unidos vira comércio, livros e mais livros começaram a ser publicados e como tudo que inventam lá, vem parar aqui, vieram chegando livros e mais livros sobre bruxaria no Brasil nos fins dos anos 70, início dos 80 e é por onde iniciaremos nossa Jornada.

Anos 70/80 No Brasil, tive acesso à primeira revista brasileira a falar no assunto em 1973, um exemplar da revista Planeta, que trazia uma matéria sobre o ressurgimento do Deus Chifrudo. Na época, a revista Planeta começava a ser publicada no Brasil com artigos originais de sua versão francesa, daí certamente fazia referência ao desenvolvimento da Wicca na Europa, mais nitidamente na Inglaterra, como verificamos com o surgimento da Pagan Federation em 1971, dois anos antes. Se você conhece alguém que conheça uma publicação brasileira mais antiga do que esta com a palavra Wicca, me avise por gentileza para que eu atualize esta informação.

Capa da Revista Planeta que tive nas mãos no ano de 1973 e que pela primeira vez publicou o termo Wicca no Brasil.

Na época, eu era um garoto ainda e fiquei muito impressionado com a matéria. Por sinal, o filme O Exorcista estreava nos cinemas e todo um clima de terror e mistério tomava conta do contexto. Eu já naquela época tinha muito interesse em assuntos místicos, mas somente alguns anos depois, fui ter contato pessoal com o assunto. Foi no extinto CEPO – Centro de Estudos e Pesquisas Ocultistas no bairro da Tijuca, no Rio de Janeiro. Estive lá na época com meus 15 para 16 anos, fazendo um curso de tarot. Uma mulher, de nome Tereza Cristina, dizia ser uma bruxa wiccan e que tinha um Coven em Santíssimo, um bairro da região oeste do Rio. Suas palavras falando sobre os encontros, as celebrações, os rituais, me encantaram muito, pois muito jovem ainda e assim, entrei para o Coven para participar das atividades, mas somente em 1981, fui iniciado formalmente por ela, quando já maior de idade e de ter vivido uma grande tragédia em minha vida que não cabe aqui relatar. Depois de minha iniciação em 1981 saí do Coven e segui meu caminho carregando comigo aqueles momentos maravilhosos de quase 4 anos passados juntos ao Coven da Lua em Santíssimo e com uma missão, que eu levaria muitos anos para realizar, quando que já desistindo. Neste período entre a morte de Gardner e os anos 70/80, pouco ou quase nada se sabe sobre o desenvolvimento da Wicca no Brasil. Temos o nome de Mario Martinez, do Rio de Janeiro, que foi iniciado em um Coven em NewCastle, na Inglaterra e que mudou-se para o Brasil em 1974, mas que segundo o próprio, somente a partir de 1994 começou um Coven familiar junto à sua esposa que tinha todas as características necessárias para ser sua Alta Sacerdotisa. Ou seja, como ele, como Tereza Cristina minha sacerdotisa, outros poderiam ter vindo para o Brasil após contato com a Wicca inglesa, ou mesmo, terem tido contato com a Wicca que se desenvolvia modificada nos Estados Unidos. No caso de Tereza Cristina, fora iniciada por Gary T. simultaneamente com ele sendo iniciado por Doreen Valiente, a grande e histórica sacerdotisa de Gardner, cuja informação pode ser confirmada com John Belham-Payne que desde 1999, após a morte de Doreen Valiente, mantêm viva a sua memória administrando a sua Fundação. Seria eu então um wiccan em quarta linhagem a partir de Gardner, embora na época, isto pouco importasse. Muito pouco na época eu sabia dele e de Doreen. Acreditava inclusive na história de que ele houvesse encontrado realmente um coven de bruxas em New Forrest. Eram outros tempos. Tempos de práticas veladas. Os caminhos se mostravam através dos contatos inesperados, nos olhares, nas palavras e

gestos. Dai não existir nada registrado a não ser na memória dos que vivenciaram estes tempos pré-internet, onde a comunicação entre as pessoas e o acesso às informações eram bem limitados. Eu fui ter uma Green Egg nas mãos somente aos 20 anos de idade para se ter uma idéia. Registros e informações e um efetivo desenvolvimento reconhecido em solo nacional, em grandes proporções, somente com o advento da internet.

ANOS 90 O que era raro na década de 70, como os livros de temática esotérica, por exemplo, os livros de Louise Hay ou com temáticas espiritualistas alternativas por assim dizer, por exemplo, os livros de Carlos Castañeda, na década de 90, viraram febre. Livros e mais livros enchiam as prateleiras das livrarias etiquetadas com “esoterismo”, “misticismo” e outras nomenclaturas que colocavam tudo dentro de um mesmo seguimento. Livros sobre Wicca e Neopaganismo seguiram o mesmo caminho, prateleiras de livros esotéricos. Não se falava em religião Wicca, ainda mais, que quem trouxe o termo e associou à chamada Antiga Religião, Gerald Gardner, era pouco conhecido por aqui, praticamente por ninguém que tinha interesse pelo tema, visto que os livros eram de autores norte-americanos que tudo o que mais queriam eram sepultar o nome de Gerald Gardner para terem a liberdade necessária de utilizar a Wicca conforme seus padrões e necessidades. Na verdade, os livros de Gerald Gardner bem como de Doreen Valiente e outros históricos wiccans só foram traduzidos para o Brasil já nos anos 2000. Mas voltando à década de 90, tudo o que se tinha na sua primeira parte, até 1995, eram livros e mais livros e pessoas cultivando o desejo de se aprofundarem. A revista Planeta - lembra que citei lá no início do texto como a revista que me trouxe o nome Wicca pela primeira vez quando eu era criança em 1973? – pois é, nela existia uma seção para que leitores fizessem contatos com outros através de cartas e colocando o interesse. Foi assim que muitos se encontraram. Outros através de contatos em lojas comerciais, como a loja paulista Além da Lenda, criação da artista plástica Heloisa Galves, um marco, pois precursora da temática que foi criada nos fins da década de 80, e que durante os anos 90 virou um reduto de encontro de interessados em bruxaria. Outro ponto importante, também em São Paulo, foi o Empório Wicca de Claudia Hauy, onde na década de 90 já se

podia se conhecer através de cursos, detalhes sobre a prática da bruxaria moderna. São Paulo foi o grande centro propulsor da bruxaria moderna. Embora nenhum registro destes encontros exista, a não ser na memória de quem deles participou. A partir de 1995, com a liberação da internet para o grande público, a interação pode ser ampliada. Sites e mais sites de bruxaria começaram a ser criados. Os contatos ampliando, culminando com a criação de vários sites, sendo dois blogs importantes na época, um de Márcia Frazão e outro de Morgan La Fey. Por sinal, em 1997 era lançado o primeiro livro brasileiro tratando do tema, O Feitiço da Lua, de Márcia Frazão. A idéia de uma união destes já denominados bruxos modernos começou a nascer e buscou o fortalecimento em encontros, como o I e II Encontro de Bruxaria no Brasil, nos anos de 1997 e 1998 organizados por Wagner Périco. Em 1998 além do II Encontro de Bruxaria no Brasil, ocorreu também o Fórum de Magia, promovido pela Livraria Zipak, do jornalista Luis Pellegrini, ambos próximo ao Natal daquele ano e meu contato até hoje. Lembro que no segundo encontro, ocorreram palestras maravilhosas, com a abertura sobre Bruxaria com Wagner Périco, seguindo com o tema Ásatrú apresentado por Octávio de Carvalho, especialista em paganismo nórdico, Ricardo Maluf falando sobre ervas, a bela Claudia Hauy falando sobre a Bruxaria no contexto social brasileiro, até mesmo o thelemita Marcos Torrigo, esteve presente falando sobre ética. Ufa, a minha memória. Aquele segundo encontro foi um marco definitivo no início da busca da organização dos praticantes, simpatizantes e estudiosos da Bruxaria no Brasil. De um lado tínhamos antigos wiccans de linhagem gardneriana como eu e Mario Martinez e de certo outros que nunca se apresentaram, de outro lado, uma turma séria e dedicada a ampliar os passos da Bruxaria como prática místico-religiosa no país, com destaque para Wagner Périco, Claudia Hauy e Denise de Santi. O ano de 1998 encerrou com este grande encontro deixando como marca, um registro histórico. Viria o ano de 1999 e os primeiros grupos de debate na internet apareceriam através de um espaço no yahoogrupos, na época, chamados de clubs. A UOL também lançava salas de bate papo específicas, sendo que salas de wicca eram uma opção dada pela UOL. O principal grupo ou como eram chamadas, listas de debate da época era o Arte Magicka de Carlos Raposo, meu contato até hoje. O Arte Magicka parou suas atividades próximo ao equinócio de primavera de 2006. Antes da

última mensagem de Carlos Raposo, tem duas mensagens minhas e o grupo foi aberto para qualquer pessoa podendo ver suas mensagens. O outro grupo de destaque foi o Templo da Deusa, também no yahoogrupos que está ativo até hoje e pode ser acessado pelo link https://br.groups.yahoo.com/neo/groups/templodadeusa/info Foi neste grupo que começou a ser delineada uma nova direção para a Wicca, mais comercial e atendendo mais a egos do que propriamente à prática religiosa. Senão vejamos... A primeira mensagem do grupo Templo da Deusa, em 4 de janeiro de 1999, demonstro abaixo e faz menção à deusa e seu consorte, ou seja, claramente enquadrada dentro do conceito de dualidade na prática neopagã. Isto seria distorcido mais à frente, imagino eu, para dar respaldo ao livro que seria lançado na época chamado Wicca, a Religião da Deusa. Abaixo o recorte do pdf que tenho em meu poder da página do grupo com a mensagem citada:

O autor do livro em questão, Claudiney Prieto, entraria no grupo somente em 21 de junho de 1999, com o Nick de LUGH através da mensagem 848 do grupo Templo da Deusa no yahoogrupos cujo recorte do pdf da página que tenho em meu poder coloco abaixo:

E aí começa a minha estranheza, pois eu fazia parte deste grupo. Pense comigo: Estava Claudiney então com 21 anos, nesta época, pois nascera em 02 de outubro de 1977, sendo que 3 anos antes, aos 19 anos, havia lançado o livro Anjos Mensageiro do Infinito pela editora Zenda em 1996 que eu tive e confirmei ser a mesma pessoa. Friso esta informação, pois estranhamente, dias após ter entrado no grupo, ele diz conforme mensagem 921 do grupo, que coloco o recorte abaixo, que fora iniciado entre os 16 e 17 anos, em mensagem intitulada Bruxinhas de Shoping ou seja, pelas contas, fora iniciado entre o ano de 1993/1994 três anos antes de lançar um livro sobre Anjos. Por que não lançou um livro sobre Bruxaria já que era um iniciado?

Fora que se sabe que ele foi conhecer sobre Wicca somente no ano de 1998 através de um curso de Claudia Hauy, proprietária na época do Empório Mágico. Ou seja, tudo muito confuso. Olhem a mensagem e ainda com o Nick de LUGH mas já assinando o nome próprio.

Ora, diz na mensagem ter sido iniciado de 16 para 17 anos, ou seja, em 1993, no entanto, 3 anos depois, em 1996, lança um livro sobre Anjos e dois anos após, 1998, faz um curso sobre Wicca com Claudia Hauy. Sinceramente, havia algo de errado nesta história. Fora que na mensagem já critica autores de livros sobre bruxaria quando ele mesmo poderia então, ter escrito 3 anos antes um livro sobre o tema e não, sobre Anjos!!!!!!!!!!!!!!!!!! Abaixo a capa do livro sobre Angeologia lançada por Claudiney e que creio foi sua primeira tentativa de entrar no mercado editorial místico-esotérico, mas que infelizmente foi um fracasso, sendo que eu fui um dos poucos a comprar este livro.

O texto de Claudia Hauy onde ela conta a história de seu contato com Claudiney Prieto, imagino ter sido excluido da internet, mas ainda existem duas reproduções, uma no grupo Arte Magicka de Carlos Raposo e outra no grupo Chaves do Oculto, ambos no yahoogrupos, através de mensagens minhas, do ano de 2006. Digo que Claudia Hauy faz parte da história do paganismo nacional e é contato meu desde os tempos de meu grupo Wicca Hoje no yahoogrupos. E como é uma mensagem que está pública, coloco aqui.

O fato é que na época eu havia percebido que existia algo de errado e resolvi criar o grupo Wicca Hoje, no yahoogrupos, fazendo referência ao criador da Wicca, Gerald Gardner, e para dar mais uma opção específica de Wicca no yahoogrupos, pois o Arte Magicka de Carlos Raposo, era mais amplo, com temática do ocultismo ao esoterismo em geral e não de Wicca. Daí para a frente iniciou-se uma verdadeira guerra, de um lado, eu tentando lançar luz sobre a obscuridade e querendo entender esta história e do outro, um grupo que ia expandido-se vertiginosamente pautado em uma origem no mínimo discutível. O respaldo para o lançamento do primeiro livro sobre bruxaria de Claudiney Prieto, ocorreria neste mesmo ano, 1999, e foi a criação de uma associação chamada Abrawicca cuja origem você já leu em mensagem de Claudia Hauy reproduzida acima, que deu respaldo ao livro. Com o título de presidente da primeira associação de Wicca do Brasil, lançou seu livro, Wicca A Religião da Deusa. O livro fez um enorme sucesso, afinal, era o livro do presidente da abrawicca. Minha batalha não era solitária, mas era dura. O sacerdote Mario Martinez do Rio de Janeiro, que até então era chamado de amigo pela proprietária do grupo Templo da Deusa, Mavesper, passou a execrar a associação Abrawicca, dizendo que não tinham o direito de utilizar o nome da Wicca pois não eram sacerdotes iniciados. Começou a era da infame auto-iniciação, que não fazia nenhum sentido e de muita baixaria no meio virtual. A bruxaria viraria um ótimo mercado para venda de produtos, principalmente livros, e daí começaram a surgir novos bruxos, sacerdotes, dentre eles com destaque, o bruxo Milenium no Rio de Janeiro, que travava batalhas verbais homéricas com o pessoal da abrawicca, da mesma forma que Mario Martinez. Estranhamente, parece que o bruxo Milenium buscava fazer um caminho parecido com o de Claudiney, visto que em seu site, chamado de Diário de um Bruxo, aparecia em foto abraçado com Mavesper, na época, tida como um nome em ascensão nesta nova fase da Wicca no Brasil, amizade esta que foi rompida com muita briga como demonstra a, mensagem 29137 já no ano de 2002, do grupo Templo da Deusa e que coloco o recorte do pdf que tenho em meu poder, abaixo.

Ou seja a barra pesava. E a Wicca com isto, sendo ridicularizada, desvalorizada. Eu seguia com minha ingênua busca de esclarecimentos, com encontros, alguns bastante proveitosos como um que ocorreu na praia do Arpoador no ano de 2001 reunindo mais de 200 pessoas. Eu já começava a incomodar sobremaneira e os ataques a mim cada vez mais pesados. Mas voltando aos meus encontros, estes foram acontecendo paralelos às batalhas verbais na internet até o ano de 2003, sempre na Quinta da Boa Vista, quando realizei meu último encontro, pois iria dedicar-me a construção da Tradição Filosófica, uma vertente pautada na Tradição Mãe Gardneriana e que seria um sonho ver realizado e poder dar uma opção naquela altura, para os reais interessados em um caminho de prática

espiritual e não, o que vinha se estabelecendo, além do que, eu havia sido incorporado a lista dos organizadores locais da Pagan Federation International Sul Americana, o que causou mais rebuliço ainda. Eu dois dos meus encontros, estava Helena Leão, que já realizava encontros em sua casa, chamados de Encontro Social Pagão, que me presenteou com um cd com imagens de tarot que tenho até hoje e que dali para à frente, aproveitando o espaço deixado e a idéia por mim lançada, começou a fazer os seus ESP ao ar livre, no mesmo local, Quinta da Boa Vista só que no Templo de Apolo o que viria a se tornar o maior evento público pagão do país. A minha amizade com Helena foi promissora, principalmente para ela, visto que ao ser convidado para a primeira participação pagã no evento Aldeia Sagrada do MIR/ISER indiquei a ela, o que deu bastante visibilidade e publicidade ao seu ESP. Não sei o que ocorreu anos depois de meu sumiço que Helena simplesmente é mais uma pessoa que me tem como persona no grata. Helena criaria neste mesmo ano um grupo no yahoogrupos chamado Gaia Paganus que parece já foi retirado do ar. A Abrawicca começou a promover rituais públicos misturando os Sabás em uma chamada Roda Mista, onde celebravam ao mesmo tempo os Sabás do Hemisfério Norte e do Sul (não me perguntem como era, pois nunca consegui entender e claro, nunca vi). Além de meus encontros, tinha o Coven em Mangaratiba de Mario Martinez. Também na época foi criado o Templo de Brigith pela polêmica figura Millenium, já citado acima, um maçon e profundo conhecedor de Ocultismo e que promovia encontros e cursos. Millenium já tinha um antigo grupo de estudo chamado Água da Lua. O movimento ia crescendo, apesar dos debates acalorados que ocorriam na internet. Em 2003 o Instituto Xamânico Paz Geia promoveu um evento importante, contando com a presença de Carminha Levy tratando de Xamanismo, Claudia Hauy falando sobre Wicca, Cyro Leão com a leitura sobre o Sagrado, Claudio Crow Quintino com o Druidismo e outros. Começavam a surgir representantes do xamanismo e do druidismo. Foram muitos, muitos eventos mesmo acontecendo e que iam construindo uma grande comunidade neopagã. Abaixo uma relíquia. Uma foto de um de meus encontros na Quinta da Boa Vista. Nele tem a presença de Beth Ghimel da futura Tradição Lua Negra.

Foto de um Encontro Pagão promovido por mim na Quinta da Boa Vista.

Neste mesmo ano de 2003 é criada a lista de debates no yahoogrupos da Abrawicca embora a Abrawicca já existisse desde 2001. No seu site, dizem que ela foi criada em 1998, talvez por ter sido o ano do Segundo Encontro de Bruxos realizado no Hotel Danúbio. Na verdade ela foi oficialmente registrada na junta comercial, somente no ano de 2001 em Brasília, conforme podem conferir digitando o CNPJ da associação no Google que é 05.294.081/0001-01, sendo que o registro é de Brasília, ou seja, imagino feito por Mavesper a proprietária do grupo Templo da Deusa, que também criaria o grupo virtual Abrawicca em 2003 no yahoogrupos e que tão logo foi criado, dias depois, vem a mensagem da renúncia de Claudiney da presidência, imagino eu, por já estar fazendo sucesso suficiente para não precisar mais do nome da associação, para lhe dar respaldo, deixando na “presidência” Mavesper que a comanda até hoje. O texto da renúncia extraído do grupo Templo da Deusa coloco abaixo o recorte do original em pdf que tenho em meu poder.

Foi neste ano, 2003, que decidi parar com meus encontros e definir um grupo para sistematizar os caminhos que culminariam na criação da Tradição Filosófica, uma opção de prática espiritual dentro da Wicca e especificamente brasileira, visto que até então, o que existiam eram muitos encontros, várias atividades de vários grupos, mas nenhuma prática efetiva constante e disciplinada da Wicca. No ano seguinte, em 2004 decidi me filiar a Pagan Federation International e minha filiação foi aceita e pouco tempo depois, me tornaria o Organizador Local para o estado do Rio de Janeiro da PFI Sul Americana. No final daquele ano, eu anunciava orgulhoso a responsabilidade que tínhamos com a Tradição Filosófica, visto que ao lado da Tradicion del Sur, a Tradição Filosófica já figurava nas páginas da home page da Pagan Federation International - América do Sul, divisão sul-americana da Pagan Federation, a maior organização Pagã do mundo, naquela altura com presença em 30 países. De 2004 a 2006, desenvolvi o Projeto com a ajuda de muitas pessoas e o contexto não mudou muito. Não irei narrar o que sofri nesta época, pois não tenho como provar, mas você pode imaginar pelo que passou alguém que conhecia toda a história, era organizador local do maior órgão pagão do mundo e ainda tinha a “petulância” de sistematizar uma e a primeira, Tradição brasileira e que com tudo isto, atrapalhava bastante muitos comerciantes da fé. Mas enfim... Entra o ano de 2006 e o grande momento para a Wicca brasileira chega. Novos ventos pareciam que iriam soprar... Melhor do que podermos fazer nosso trabalho de forma séria e honesta, é termos este trabalho reconhecido. No caso, melhor ainda quando ele é reconhecido por seguimentos com olhares diferentes do nosso. Pois neste ano de 2006, fui convidado e aceitei de pronto a participar de um evento ecumênico promovido pelo CESEP - Centro Ecumênico de Serviços à Evangelização e Educação Popular em São Paulo e cujos cursos teriam certificado pela PUC de São Paulo. A CESEP naquele ano abriu seus cursos para outras vertentes religiosas não cristãs. O tema foi DOS FUNDAMENTALISMOS AO PLURALISMO RELIGIOSO e o evento tratava-se de um mês de aulas com representantes de diversos seguimentos religiosos, dentre eles Monja Cohen que falou de Budismo, Swami Nirmalatmananda falando sobre Hinduismo, Benedito Prézia falando sobre espiritualidade indígena, dentre outros.

Eu fui convidado para falar sobre o NeoPaganismo em geral e a Wicca em particular, após ter sido indicado por alguém que pertencia a UFMG e que acompanhava meu trabalho mas que nunca se apresentou a mim. O evento ocorreu de 02 a 29 de julho de 2006 e naquele momento todo um trabalho sério e honesto estava sendo coroado, com o apoio da PFI Sul Americana, pude expor para um público que ia desde padres italianos até cubanos da santeria, passando por monges budistas, sacerdotes indianos e outros, nossa prática religiosa. Retornando ao Rio após o evento, fui convidado para falar a respeito, no evento Aldeia Sagrada, promovido pela ISER Instituto de Estudos da Religião e o MIR – Movimento Inter-religioso do projeto Viva Rio, no mês seguinte, em agosto. Estava ali a certeza de que novos tempos pareciam começar. Mas não, o cerco fechou, ficou agressivo, perigoso e eu, já sem forças, simplesmente estava a ponto de desistir de tudo. Consagrei a Tradição Filosófica, com os membros que seguiram até o fim, cumprindo o Ofício e o prometido no então distante ano de 1981 de quando minha Iniciação. O nome de nossa Tradição está registrado para a posteridade nas páginas da Pagan Federation, embora meu nome tenha sido retirado. No de 2008, afastei-me do meio. Grupos virtuais, endereços de email, tudo removido para ser esquecido. E agora relembro, como disse no início, talvez para deixar como registro, talvez em tom de desabafo, mas o que importa, e que disse o que deveria ter dito e quanto ao meio pagão nacional, fatiado está entre consumidores e os que vendem a religião como produto, sem o incômodo de pessoas como eu a questioná-las. Fazem eles como as Canções Novas da vida, embora estas, estejam com o intuito de evangelizar, o que dizem na Wicca, não ser permitido, o proselitismo. Mas enfim, esta dito, escrito e registrado e que repassem se acharem de interesse, e denunciem, se acham que conseguirão alguma coisa, pois o que foi dito nada mais é do o relato de parte de uma vida e as pessoas citadas, pessoas notoriamente públicas pois assim se fizeram e o que dito a respeito delas, colocado documentalmente, embora certamente em breve, as mensagens sejam apagadas do grupo citado ou mesmo, o grupo seja deletado para digamos, “queima de arquivos”. Eu retornei mas verifiquei que tudo está com dantes e ao me expor e ficar sendo alvo não só de antigos pau-mandados mas também de novos que na verdade não me conhecem mas já ouviram falar um monte de coisas, prefiro

sumir de vez mas sem antes deixar este documento distribuído e que seja repassado. No mais, que me esqueçam em definitivo ou lembrem de mim para sempre. Com as Bençãos Plenas dos Antigos. Fernando Martins Contato para quem quiser me escrever [email protected]

Eu e uma das sacerdotisas iniciadas da Tradição Filosófica realizando o Grande Rito Simbólico

Outros sacerdotes da Tradição Filosófica preparando o Círculo

Um definitivo FIM E que apesar de tudo Abençoada Seja e Esteja nossa Arte e Ofício No Amor e Na Confiança

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