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May 22, 2019 | Author: Ricardo Campos | Category: Warehouse, Food Safety, Packaging And Labeling, Temperature, Distribution (Business)
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Higiene e Segurança Alimentar na Distribuição de Produtos Alimentares Paulo Baptista, Pedro Dinis D inis Gaspar, João Oliveira

02

Ficha Técnica Título Higiene e Segurança Alimentar na Distribuição de Produtos Alimentares

Autor  Paulo Baptista, Pedro Dinis Gaspar e João Oliveira

Editora Forvisão - Consultoria em Formação Integrada, S.A. Largo Navarros de Andrade, n.º1, 3º Dir. 4800-160 Guimarães Tel. 253 511 904 / Fax 253 415 341 [email protected] / www.forvisao.pt 

Projecto Gráco e Design Forvisão, S.A.

Impressão e Acabamentos Ideal, artes grácas - Guimarães

ISBN 978-972-8942-02-1

Depósito Legal 253360/07 

2

Índice

02

Introdução

007

Capítulo 1 – Distribuição alimentar  1.1.Aevoluçãodadistribuiçãoalimentaremportugal

015

1.2.Asprincipaiscaracterísticasdadistribuiçãoemportugal

015

1.3.Osmodelosdecanaisdedistribuiçãodeprodutosalimentares

016

1.4.Aimportânciadadistribuiçãonascadeiasalimentares

017

1.5.Asimplicaçõesdaatitudedoconsumidornopontodevendanasegurançadosprodutosalimentares

018

Osperigosassociadosàdistribuiçãodeprodutosalimentares,assuasorigenseasmedidasdecontrolo 1.6.Osperigosassociadosàdistribuiçãodeprodutosalimentares,assuasorigenseasmedidasdecontrolo

019

paragarantiadasegurançaalimentar  Capítulo 2 - Estrutura física das instalações de expedição e distribuição 2.1.Enquadramento

027

2.2.Consideraçõesiniciaisdeconstrução

027

2.2.1. Localização

027

2.2.2. Denição de layout e da sua dimensão

028

2.2.3. Disposição e colocação

028

2.3.Concepçãodainstalação

029

2.4.Caisdecargaedescarga

030

2.5.Armazénsrefrigerados

032

2.5.1. Pavimentos

032

2.5.2. Paredes

033

2.5.3. Preparação da superfície

033

2.5.4. Acabamentos

033

2.5.5. Tectos

034

2.5.6. Portas

034

2.5.7. Instalação eléctrica

035

2.5.8. Inovações no armazenamento refrigerado

035

2.6.Isolamento

036

2.6.1. Tipos de isolamento

036

2.6.2. Resistência térmica do isolamento

037

Capítulo 3 – Sistemas de refrigeração 3.1.Enquadramento

043

3.2.Fluidosfriogénicos

043

3.3.Cicloderefrigeração

048

3.4.Componentesessenciaisdeumsistemaderefrigeraçãoporcompressãodevapor

050

3.4.1. Compressor

050

3.4.2. Condensador

050

3.4.3. Evaporador

050

3.4.4. Válvula de expansão

051

3.4.5. Ventilador

051

3.4.6. Equipamento de regulação e controlo

051

3.5.Cicloderefrigeraçãoporcompressãodevapor

051

3.6.Ciclorealdecompressãodevapor

055

Capítulo 4 – Equipamentos de refrigeração 4.1.Enquadramento

061

4.2.Omercadomundialdeequipamentosderefrigeração

061

4.3.Equipamentosexpositoresrefrigerados

065

4.3.1. Expositores verticais - murais

068

4.3.2. Expositores horizontais - ilhas

069

4.3.3. Vitrinas

070

070

4.4.Característicasgerais

4.4.1. Funcionamento

071

4.4.2. Serviço

071

4.4.3. Economia

071

4.4.4. Ecologia

071

4.4.5. Marketing

071

4.4.6. Cortinas de ar

072

4.4.7. Outras considerações

077

077

4.5.Aplicaçõesdecomercialização

4.5.1. Versão lacticínios

077

4.5.2. Versão de carne

079

4.5.3. Versão de hortofrutícolas

081

4.5.4. Versão de produtos congelados e gelados

081

Capítulo 5 – Carga de arrefecimento 5.1.Introdução

089

5.2.Cargatérmicaportransmissão

090

5.2.1. Resistência térmica condutiva

091

5.2.2. Resistência térmica radiativa

091

5.2.3. Resistência térmica convectiva

092

4

5.3. Carga térmica por inltração do ar ambiente

092

5.4.Cargatérmicaporradiaçãotérmica

094

5.5.Cargastérmicasinternas

097

5.6.Cargatérmicadosprodutosalimentares

097

5.6.1. Carga térmica de armazenamento

097

5.6.2. Carga térmica devido à respiração dos produtos

097

098

5.7.Cargastérmicasinternas

5.7.1. Carga térmica do mecanismo de descongelação

098

5.7.2. Carga das resistências de anti-embaciamento

099

5.8.Cargatérmicatotal

099

5.9.Outrasconsiderações

100

Capítulo 6 – O i mpacto dos equipamentos de refrigeração na segurança ali mentar e as tendências futuras 6.1.Impactodosequipamentosderefrigeraçãonasegurançaalimentar

107

6.2.Tendênciasfuturas

111

6.2.1. Redução da carga térmica

111

6.2.2. Melhoria dos componentes do equipamento expositor refrigerado

112

Capítulo 7 – Legislação e regulamentação aplicável à distribuição de produtos alimentares 7.1.Introdução

121

7.2.Legislaçãoportipodeprodutos

121

7.2.1. Produtos hortofrutícolas

121

7.2.2. Carnes e produtos cárnicos

122

7.2.3. Pescado e outros produto do mar

123

7.2.4. Lacticínios

125

7.2.5. Ovoprodutos

125

7.2.6. Outros produtos

126

5

6

Introdução

02

Todososintervenientesnumacadeiaalimentartêmaresponsabilidadedeassegurarasegurançadosprodutos alimentaresnasfasesemqueintervêm,independentementedanaturezadasactividadesquedesenvolvem.Nesta incluem-seasempresasqueoperamnadistribuiçãoecomercializaçãodeprodutosalimentaresbemcomooutras quedirectaouindirectamenteinteragemnestaactividade,comoporexemploosfabricantesdeequipamentosde frioparaaconservaçãodealimentosnospontosdevendaaoconsumidor. Aimportânciadosalimentosnasaúdedosconsumidoreseosperigosqueestespodemrepresentarquandonão sãodevidamentemanipuladosaolongodacadeiaagro-alimentar,sãohojerealidadesperfeitamentereconhecidas portodos.Aminimizaçãodasocorrênciascomimpactoparaoconsumidordeveconstituirumapreocupaçãopara todosintervenientesnacadeia,desdeoagricultoratéaoconsumidor.Nestacadeia,otransporteeadistribuição deprodutosalimentares(incluindoacomercialização)émuitasvezesumdoselosmaisfracosnagarantiada segurançaalimentar. A distribuição e comercialização de produtos alimentares tem especicidades as quais é indispensável que os operadoresdosectortenhamconhecimento. Nestasincluem-se,naturalmente, todos osaspectosrelacionados comasboaspráticasdehigienenamanipulaçãoeconservaçãodeprodutosalimentares.Acompreensãodas boas práticas é reforçada se esse conhecimento for sustentado por um conhecimento mais aprofundado de questõestécnicasrelacionadascomaconservaçãodosprodutosalimentares.Assim,conhecimentostaiscomoos relativos:i)aosperigosassociadosaprodutosalimentareseassuasorigens,ii)aimportânciadasboaspráticas comomedidaspreventivasdaocorrênciadosperigoseiii)aimportânciadosequipamentosnaconservaçãodos alimentos,sãoimportantesparareforçaraconsciencializaçãoaoníveldocumprimentodasboaspráticasaplicáveis àactividade. Emboraa realidadesejamuitovariável nosectorda comercializaçãoedistribuiçãode produtosalimentares,é possívelobservarfrequentementecomportamentos,porpartedosoperadores,quesedesviamdasboaspráticas aplicáveis. O nível de formação é muitas das vezes deciente, ou mesmo inexistente. Muitas vezes o pessoal envolvido na distribuição e comercialização de produtos alimentares não possui formação especíca adequada em domíniosrelacionadoscomasegurançaalimentar,econsequentementenãotêmsensibilidadeparaasimplicações queasuaactividadepodetersobreosprodutos.Porestasrazões,oconhecimentoadequadodosmeiosdisponíveis paraadistribuiçãoecomercializaçãodeprodutosalimentares,oconhecimentodasimplicaçõesdaactividadena qualidadeesegurançaalimentardosprodutosalimentarese oconhecimentodasboaspráticassãoelementos importantes,necessáriosparasustentaro desenvolvimentodecompetênciasdosoperadoresintervenientesna distribuiçãoecomercializaçãodeprodutosalimentares. É nesteenquadramento que, com este livro, se pretende apresentar de uma formasistemática osprincipais elementosrelevantesparaumaadequadacompreensãodaspráticasaoníveldadistribuiçãoecomercialização

de produtos alimentares e das suas implicações ao nível da segurança alimentar. De modo a compreender adequadamente estas implicações é fundamental uma adequada compreensão dos processos e dos meios tecnológicosdisponíveis.Estelivrodáparticularatençãoaosprodutosalimentaresmaissusceptíveisdesofrerem alteraçõesquepodemterimplicaçõesqueraoníveldaqualidadequeraoníveldasegurançaalimentardosmesmos: osprodutosvulgarmentedesignadosporperecíveis.Estesprodutos,requeremfriodurantedurantetodaacadeia alimentar.Porestemotivo,amanutençãodasadequadascondiçõesderefrigeraçãoconstituiumelementocrítico paragarantiraqualidadeeasegurançaalimentardosprodutosalimentaresperecíveisnasetapasdedistribuição ecomercialização. Osdiferentestiposde sistemase equipamentosde refrigeraçãoutilizadosna distribuiçãoe comercializaçãodeprodutosalimentares,bemcomoassuasimplicaçõesaoníveldaconformidadedoproduto, sãoanalisadosediscutidosnestelivro. Estelivroencontra-seorganizadoem7capítulos: i)Distribuiçãoalimentar; ii)Estruturafísicadeinstalaçõesdeexpediçãoedistribuição; iii)Sistemasderefrigeração; iv)Equipamentosderefrigeração; v)Cargadearrefecimento; vi)Oimpactodosequipamentosderefrigeraçãonasegurançaalimentareastendênciasfuturas; vii)Legislaçãoeregulamentaçãoaplicávelàdistribuiçãodeprodutosalimentares. Atravésdaabordagemdestestemas,osobjectivosgeraisquesepretendematingirsão: •

Apresentarediscutiraimportânciadadistribuiçãonascadeiasalimentaresdopontodevistadesegurança alimentar;



Apresentarediscutirasimplicaçõesdaatitudedoconsumidornopontodevendanasegurançadosprodutos alimentares;



Detalharosaspectosrelevantesnaconcepçãodeinstalaçõesdearmazenamentodeprodutosalimentaresa temperaturacontrolada,incluindoosaspectosrelevantesemtermosdesegurançaalimentar;



Identicar e descrever os principais uidos frigorigéneos utilizados em equipamentos de refrigeração, discutindoosprincípiosbásicosdetransferênciadecaloremequipamentosdefrio;



Apresentar os tipos de equipamentos de frio nos pontos de venda e as suas principais características (Expositores frigorícos horizontais, verticais, abertos, fechados), analisando comparativamente os equipamentos disponíveis e discutindo as suas vantagens/desvantagens e a sua adequabilidade face à naturezadosprodutosaconservar;



Descreveras principais características deequipamentosexpositoresrefrigeradosutilizadosparaprodutos alimentares,demonstrandoaaplicaçãodosdiferentestiposdeequipamentosexpositoresrefrigeradospara váriostiposdeprodutosalimentaresediscutindoasuaimportâncianapreservaçãodaqualidadeesegurança alimentardessesprodutos;



Caracterizar os principais tipos de cargas térmicas que inuem no funcionamento dos equipamentos de frio, explicitandoosprincípiosfísicossubjacentesaosdiferentesfenómenosdetransferênciadecalorassociados aosdiferentestiposdecargatérmica;

8



Descreveraimportânciaecaracterizaroimpactodosequipamentosderefrigeraçãonagarantiadaqualidade edasegurançaalimentardosprodutos;



Identicar a principal legislação aplicável à distribuição de produtos alimentares, sistematizando por tipo de produtos. Paulo Baptista

9

10

Capítulo 01

02

12

Distribuiçãoalimentar

02

1.1

-AevoluçãodadistibuiçãoalimentaremPortugal

1.2

-AsprincipaiscaracterísticasdadistribuiçãoemPortugal

1.3

-Osmodelosdecanaisdedistribuiçãodeprodutosalimentares

1.4

-Aimportânciadadistribuiçãonascadeiasalimentares

1.5

-Asimplicaçõesdaatitudedoconsumidornopontodevendanasegurançadosprodutosalimentares

1.6

- Osperigosassociadosàdistibuiçãodeprodutosalimentares,assuasorigenseasmedidasdecontrolo paragarantiadasegurançaalimentar 

Objectivos do Capítulo •Apresentar a evolução da distribuição alimentar em Portugal e caracterizar as principais características da distribuição em Portugal, no sentido de facilitar um adequado enquadramento à abordagem das questões relacionadascomsegurançaalimentar; •Apresentarosmodelosdecanaisdedistribuiçãodeprodutosalimentares; •Apresentarediscutiraimportânciadadistribuiçãonascadeiasalimentaresdopontodevistadesegurança alimentar; •Apresentare discutirasimplicaçõesdaatitudedoconsumidornopontodevendanasegurançadosprodutos alimentares; •Apresentarosperigosassociadosàdistribuiçãodeprodutosalimentaresediscutirasprincipaisorigensdos perigos na distribuição de produtos alimentares e as medidas de controlo a implementar para garantia da segurançaalimentar.

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1.1-A

evolução da distribuição alimentar em Portuga l

Nopassado,opequenocomércioalimentarasseguravaoabastecimentodetodasasfamílias,independentemente dacategoriasocial,havendoapenasdistinçãoentreprodutosadquiridos.Emvirtudedomercadoretalhistase caracterizarpelaexistênciadeumgrandenúmerodepequenosestabelecimentos,aredededistribuiçãoalimentar emPortugalcaracterizava-sepelaexistência deumnúmeroelevadodedistribuidoresdepequenadimensão e abrangendoumaáreadedistribuiçãorestrita. Em meados da década de 80 a realidade da distribuição alimentar em Portugal começou a sofrer mutações signicativas com o advento da Grande Distribuição. O aparecimento de lojas de grandes dimensões onde se podem encontrarnummesmo espaço umagrande variedadede produtos,alimentares e nãoalimentares, traduz-senumamais-valiaparaoconsumidor.Estepassaadispordageneralidadedosprodutosquenecessita noquotidianonummesmolocalcomumamultiplicidadedeescolhaquenãolheeraoferecidanopassado.A dimensãodestaslojaseacrescentedimensãodosgruposeconómicosaqueestaspertencemreforçamtambém acapacidade negocialdestasempresasjuntodosseusfornecedores.Assim,comas elevadasquantidadesde produtosvendidos,nomeadamenteprodutosalimentares,ascadeiasdedistribuiçãoconseguemobtercondições favoráveisnanegociaçãocomosfornecedoresoquelhespermitiuofereceraoconsumidorprodutosapreços mais baixos. A entrada de Portugal na União Europeia na segunda metade da década de 80 e a liberalização dosmercadostevetambémumimpactomuitoimportanteaoníveldosectoralimentar.Aimportaçãodeprodutos alimentares cresceu de forma substancial e o consumidor passou a dispor de produtos alimentares mais sosticados queanteriormentenãodisponha.Ascadeiasdedistribuiçãomodernativeramtambémaquiumpapelimportante. Pelasuadimensãoeeventualmentetambémpelasuaorigem,ascadeiasdedistribuiçãointroduziramessesnovos produtosnomercado. Duranteadécadade90assistiu-seaumcrescimentocontínuodonúmerodelojasdecadeiasdedistribuição,o qualsetemmantidoatéàactualidade.

1.2-As

principais características da distribuição alimentar em Portugal

AdistribuiçãoalimentaremPortugalestáactualmenteconcentradanadesignadadistribuiçãomoderna,naqualse incluiascentraisdecompraquerepresentamumamultiplicidadedepequenosassociadoscomlojasdepequena dimensão.Existemactualmentenomercadonacionalumconjuntodemaisde10insígniaspertencentesquer agruposnacionais queramultinacionais.Aníveldasempresasnacionais,destacam-seasinsígniasModelo e ContinentedaSonaeeasinsígniasPingoDoce,FeiraNovaeRecheiodogrupoJerónimoMartins.Em2004,a Sonae possuía em Portugal 282 lojas com uma área de venda de 433.000 m2equeapresentaramumvolume devendasbrutasde2957milhõesdeeuros.Nomesmoano,ogrupoJerónimoMartinstinha,emPortugal,190 lojas Pingo Doce, 28 lojas Feira Nova e 34 lojas Recheio, representando no total mais de 393.000 m2.Ovolume devendasfoi,em2004,de2450milhõesdeeuros.Deentreasinsígniasinternacionais,oJumbo(Auchan)e oCarrefour têmunidadesde grandesdimensões, comcorrespondêncianas empresasnacionais nasinsígnias ContinenteeFeiraNova.Estaslojas,oshipermercados,encontram-selocalizadasnavizinhançadosprincipais centrosurbanosdopaís,comdestaqueparaLisboaePorto.Ageneralidadedasrestantesinsígnias,taiscomoo Intermarché/Ecomarché,Leclerc,Lidl,Plus,MiniPreçoestabeleceram-seinicialmenteemcentrosurbanosdemenor dimensão ou em áreas mais periféricas dos principais centros urbanos. Ao nível dos “cash & carry” destacam-se as

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insígniasRecheio(grupoJerónimoMartins),Makro(Metro–Alemanha)eEllos(pequenosassociados).Existem ainda alguns “cash & carry” de menores dimensões, de carácter mais local ou regional mas que conjuntamente comosprimeirosconcentramumapartesubstancialdascompras. AlgumasdasprincipaiscaracterísticasetendênciasdadistribuiçãoalimentaremPortugalincluem: •Umaprogressivaintegraçãodacadeiaalimentar,nomeadamentenaaproximaçãoàproduçãoprimária,com acriaçãoderelaçõespriveligiadascomprodutoresougruposdeprodutores(e.g.clubedeprodutoresda Sonae); •Redução de stocks e redução do tempo de entrega de produtos por parte dos fornecedores, baseado numa abordagem que se aproxima do “Just-in-time”, nomeadamente através de tecnologia de informação e comunicação(e.g.EDI)quesuportamatrocadeinformaçãoeatomadadedecisões; •Sincronizaçãodoprocessologísticocomaprocuradoladodoconsumo,atravésdoaumentodafrequência deentregaspelosfornecedoresedadiminuiçãodotamanhodelotes); •Coordenaçãodasdecisõeslogísticasnacadeiadedistribuiçãoalimentaratravés daintroduçãodapadronização deprodutosesistemasdegestãoquereduzamoueliminamaprobabilidadedeerroassociadaàintervenção humana. Aníveldecaracterísticasrelevantesemtermosdesegurançaalimentar,adistribuiçãomodernatemtambém introduzido melhorias signicativas na forma como os produtos alimentares são colocados à disposição dos consumidores.Aestenívelédedestacar: •Aadequabilidadedosequipamentosde frio queosprincipaisgruposde distribuiçãoqueintervemnaárea alimentarpossuemnassuasinstalaçõesdearmazenamentoenassuaslojas; •Amelhoriadacapacidadederastrearosprodutoscomercializadosnaloja; •Oreforçodasactividadesdecontrolodequalidadeefectuadosaosprodutos,queraoníveldarecepçãoquer na amostragem para efeitos de vericação (e.g. análises microbiológicas ao produto); •Apreocupaçãocomcritériosdequalidadeesegurançaalimentarnaselecçãodefornecedores. Estas melhorias não signicam contudo que tudo esteja bem e que todas as empresas de distribuição se situem nummesmopatamardedesenvolvimento.Existemaspectosquenecessitamdesermelhorados.Deentreos anteriores,arastreabilidadedesdeoscentrosdearmazenamento/entrepostosdedistribuiçãoatéàslojas,constitui um ponto onde ainda existem lacunas signicativas. As práticas ao nível do manuseamento de produtos constituem pontosfracosquecarecemigualmentedeatençãoredobradaporpartedosoperadoresdestesector.Arotatividade do pessoal é muitas vezes um factor que diculta o atingir os padrões adequados ao nível das boas práticas nestas empresas.

1.3-Os

modelos de canais de distribuição de produtos alimentares

OaparecimentodestemodelodelojasconsubstanciouoaparecimentodadistribuiçãomodernaemPortugal.À medidaqueadistribuiçãomodernaseexpandiaocomérciotradicionalentravaemdeclinio.Aspequenaslojasde bairroiamprogressivamentedesaparecendo,incapazesdecompetircomasgrandessuperfíciesemexpansão. Tambémaprópriaimagemdemodernidadeeoconfortodaslojasdascadeiasdedistribuiçãoconstituiramfactores deatracçãodoconsumidor.Adécadade90,frutotambémdocrescimentoeconómicoaqueseassistiuemPortugal, correspondeu a uma época de alterações signicativas nos hábitos de consumo dos portugueses. Neste período

16

intensicou-se o consumismo em detrimento dos hábitos de poupança que anteriormente caracterizavam a atitude dosportugueses.Todosestesfactorescontribuíramparaocrescentenúmerodecadeiasdehipermercados,de lojas de discount e lojas “cash & carry”, cada vez mais próximas do consumidor. Para responder à entrada de grandes grupos de distribuição, as pequenas empresas que possuem lojas de pequenasdimensãoequetendemaapostarnaqualidadeenofactorproximidadetêmprogressivamentereagido àconcorrênciaatravésdacriaçãodediferentestiposderedesdeassociaçãoedecooperação,designadamente ocasodascooperativasderetalhistas,agrupamentosdecompras.Talcomoasgrandessuperfícies,estareacção dosretalhistasaomercadoobrigoutambémàcriaçãodegrandescentrosdearmazenamentoedistribuição. Assim,hojetemosdoismodelosprincipaisdedistribuiçãodeprodutosalimentaresquenapráticasãoidênticos, sendoqueoqueosdistingueéaresponsabilidadeeaextensãodasuaintervençãonacadeiaalimentar,desdeo fabricante até ao consumidor nal. No caso das cadeias de distribuição moderna (Figura 1.1), a responsabilidade começaporvezesnasinstalaçõesdoprópriofornecedor,quandootransporteédaresponsabilidadedaprópria empresa de distribuição. A sua responsabilidade mantém-se nos centros de armazenamento/entrepostos de distribuiçãoeprolonga-seatéàslojasondeoprodutoécolocadoàdisposiçãodoconsumidor.Asactividades de transporte, quando da responsabilidade da empresa de distribuição, são na maior parte dos casos subcontratadasaempresasdetransporteespecializadas.Asactividadesdearmazenamentoelogísticanoscentros dearmazenamento/entrepostosdedistribuiçãopodemtambémsersub-contratadasaoperadoreslogísticos. Nocasodepequenasempresasindependentes,adiferençaestáessencialmentenaresponsabilidadeaonívelda logísticadetransportesedoarmazenamentonoscentrosdearmazenamento/entrepostosdedistribuição,queé asseguradapelasestruturasnasquaisestasseencontramassociadas.

Figura 1.1 – Modelo de canal de distribuição de cadeias de distribuição

Figura 1.2 – Modelo de canal de distribuição de pequenas empresas associadas em centrais de compras

1.4-A

importância da distribuição nas cadeias alimentares

Acolocaçãodosprodutosalimentaresàmesadoconsumidorexigecondiçõesdearmazenamentoedetransporte quedevemserrespeitadasparasemanteraqualidadeeasegurançadosalimentosaolongodetodaacadeia, desdeaorigematéaodestino.Todaaevoluçãoaoníveldadistribuiçãolevouà necessidadedearmazenaros alimentosduranteperíodosdetempomaisoumenosprolongadosecomoaumentodasdistânciasdedistribuição, osalimentospassaramaestarexpostosamaiornúmerodefactoresquecontribuemparaasuadegradação.

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No novo conceito de distribuição as operações de logística que incluem as actividades de transporte, de armazenamentoeaconstituiçãoegestãodestocks,obrigamaocumprimentoderigorosasmedidasdehigienee segurançaalimentar,durantetodooprocesso,porpartedosagenteseconómicosenvolvidos.Estaimportâncianão derivadofactodestasoperaçõesadicionaremsegurançaaoprodutomasdapossibilidadededuranteasmesmas, caso ocorram falhas, a segurança do consumidor nal poder ser posta em causa. Efectivamente, no processo de distribuição,nãoéefectuadaemgeralqualqueractividadecomobjectivodereforçaraqualidadeeasegurança alimentar.O objectivoprincipalé colocaro produtoatempadamenteà disposiçãodoconsumidor,mantendoas característicasomaispróximopossíveldasquepossuíanaorigem.Otipodeperigosquepodemocorrerdepende empartedanaturezadosprodutosalimentares.Istoéparticularmenteverdadeparaosperigosmicrobiológicos. Os produtos alimentares perecíveis, que requerem frio para a manutenção das suas características, são os maiscríticosnasetapasassociadasàdistribuiçãoalimentar.Qualquerabusodetemperaturaqueestetipode produtossofrateminevitavelmenteconsequênciasnareduçãodaqualidadedoprodutoepodeeventualmenteter implicaçõesemtermosdesegurançaalimentar.Talaconteceseascondiçõesàsquaisoprodutotenhasidoexposto potenciaremodesenvolvimentomicrobiológicoqueconduzaaqueacargamicrobianainicialmentepresenteatinga níveisinaceitáveis. Também énecessárioassegurarqueo modocomosãorealizadasas operaçõeslogísticasnadistribuiçãonão introduzamperigosfísicosouquímicosnosprodutosalimentares. Deformaaminimizaros perigosdecontaminaçãodosalimentosnadistribuiçãoé deextremaimportânciaque osintervenientesconheçamosmecanismosdecontaminaçãodosalimentoseosperigosbiológicos,físicose químicosaqueestãosujeitos.Paraalémdoconhecimentodosdiferentesperigosassociadosàdistribuiçãoé tambémrelevantequeosintervenientesadquiramconhecimentosrelativamenteàorigemefontedosdiferentes perigos,paraestaremaptosaagirdeformaaminimizaraocorrênciadealgunsdessesperigos(verSecção1.6).

1.5-As implicações da atitude do consumidor no ponto

segurança dos produtos alimentares

de venda na

Oconsumidorrepresentatambémumpapelrelevantenagarantiadasegurançaalimentar,namedidaemqueo seucomportamentonomanuseamentodosalimentosnospontosdevenda,podepôremcausaaqualidadedos mesmos.Narealidade,oconsumidornomomentodecomprapodeteratitudesquecontribuemnegativamentepara aqualidadeeasegurançaalimentardosprodutosalimentares.Entreassituaçõesemqueopróprioconsumidor podeterumimpactonegativonosprodutosestão: •Asmáspráticasdehigienenamanipulaçãodeprodutos,emparticularprodutosalimentaresfrescosnão embalados(e.g.hortofrutícolas),taiscomoomanuseamentosemqualquerhigienizaçãopréviadasmãos,o falareotossirdirectamentesobreoproduto; •Acolocaçãodeprodutosfrescosemlocaisquenãoosprópriosparaosprodutos(e.g.misturadediferentes hortícolas); •Oapalpardosprodutos,nomeadamentefrutos,paraavaliaroseugraudematuração,provocandodanosque vãofacilitarodesenvolvimentomicrobiano; •Aselecçãodeprodutosrefrigeradosparacompraeposteriorrecolocaçãonosexpositores,quandoexisteum iatodetempoentreoactoinicialdeescolhaedereavaliaçãodaescolha;

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• A abertura de portas de expositores de produtos refrigerados e de produtos congelados antes ter denido o produtoquepretendepegar; •Amanutençãodasportasdeexpositoresdeprodutosrefrigeradosedeprodutoscongeladosabertosapóster retiradooprodutopretendido; • O danicar materiais de embalagem de produtos pré-embalados; •Oprocederaoconsumo/provadeprodutosexpostosparavenda(e.g.frutos,frutossecos); •Todaequalquermanipulaçãodesnecessáriodeprodutosalimentares. Nageneralidadedasvezes,oconsumidornãoestáconscientedopotencialimpactodosseusactosnaqualidade e segurança alimentar dos produtos. Tal resulta da falta de sensibilidade e de formação que a maioria dos consumidorestememrelaçãoàsquestõesdesegurançaalimentar.Estafaltadeformaçãolevaaque,apóso actodecompra,eletenhaoutrasatitudesquepodemtambémcomprometerasegurançadosprodutosporsi compradosmesmoantesdechegaràsuaresidência.Aestenívelasmáspráticascomeçamaindadentrodaslojas quando o consumidor não deixa a compra de produtos refrigerados e congelados para o nal das suas compras, e transportaestesprodutosatemperaturaspróximasde20ºCenquantorealizatodasasoutrascompras.Tambémno transporte,porvezesoconsumidornegligenciaoimpactodestaactividadenosprodutoscomprados.Novamente esteimpactoéparticularmenterelevantecomosprodutosrefrigeradosecongelados,quandooconsumidorapós concluirascomprasnãoefectuaoregressoacasadeimediatoouquandooptaporefectuarascomprasemlojas demasiadoafastadasdasuaresidênciaequeobrigamatemposprolongadosnopercurso.Naturalmenteoimpacto dotempodetransportenaqualidadeesegurançaalimentardoprodutoétantomaiorquantomaiortemperatura, peloqueestasituaçãopodesercríticanoVerão. Existeumoutropapelimportantequeoconsumidortambémtemaobrigaçãodeassumirdeformaacontribuir paraoreforçodaseguançaalimentaraolongodetodaacadeia:acomunicaçãodesituaçõesdeprodutos deterioradosquedetecteantesounomomentodoconsumo.Muitasvezes,pordesconhecimentodecomo reclamar,porcomodismooupordesvalorizarasituação,oconsumidorabstem-sedeefectuarareclamação. Tambémsemprequedetectesituaçõesdeprodutosqueseencontramnospontosdevendaemcondições impróprias para consumo, o consumidor deve reclamar. O reclamar implica uma análise da reclamação econsequentementeumaanálisedacausadanãoconformidadesubjacenteàreclamação.Destemodo,a reclamaçãoconstituiumaoportunidadeparamelhorianamedidaemqueobrigaaodesencadeamentodeacções correctivasparaevitarareocorrênciadoproblema.

1.6-Os

perigos associados à distribuição de produtos alimentares, as suas origens e as medidas de controlo para garantia da segurança alimentar 

Nesta secção procura-se sistematizar os principais perigos que estão presentes nas três principais etapas associadasàdistribuiçãodeprodutosalimentares: •Otransporte; •Oarmazenamento; •Acolocaçãodoprodutoàdisposiçãodoconsumidornopontodevenda.

19

Para cada uma destas etapas são identicados de forma genérica os principais perigos e as situações que as originam, identicando igualmente um conjunto de práticas relevantes para controlar os perigos (Tabela 1.1). Conformejádiscutidonassecçõesanteriores,amanutençãodatemperaturaassumeumdestaqueparticular.Atal nãoseráestranhoofactode,apósatransformação,osprodutosalimentaresrefrigeradosseremtransportadosem média2,5vezes,queremveículosdelongaoudecurtadistância.Estima-sequenospaísesdesenvolvidos,cerca de70%detodososprodutosalimentaressãocongeladosourefrigeradosquandoproduzidosequecercade50% davendadeprodutosalimentaresérealizadaatravésdaconservaçãoeexposiçãoemfrio.

Tabela 1.1 – Principais perigos associados à distribuição de produtos alimentares, as suas origens e medidas de controlo para garantia da segurança alimentar 

TRANSPORTE

Perigos

Medidas de Controlo

• • • •

Desenvolvimentomicrobiológicodevidoacondiçõesinadequadasdetemperaturanotransporte; Contaminaçãopormanipulaçãoinadequadadeprodutosalimentaresnãoembalados; Contaminação por manutenção deciente do equipamento de frio do veículo e das condições físicas da caixa de carga; Contaminaçãoporperdadehermeticidadedasembalagens,derivadadamámanipulaçãonapreparaçãoda carga (rotura, golpes, sobrecarga, protecção insuciente das embalagens); • Contaminaçãoporperdadehermeticidadedasembalagensdevidoamauacondicionamentonotransporte; • Contaminaçãoquímicadoprodutoportransporteconjuntamentecomprodutosquímicos(e.g.detergentes)ou veículosutilizadosnotransportedeprodutosnãoalimentares. • Regulaçãodatemperaturadosistemadefrioparaascondiçõesdetransporterequeridaspeloproduto(para produtosrefrigeradosecongelados); • Calibraçãodassondasdetemperaturaassociadasàmonitorizaçãoecontrolodatemperaturanotransporte (paraprodutosrefrigeradosecongelados); • Acondicionamentodoprodutodeformaaassegurarumaadequadacirculaçãodear(paraprodutosrefrigerados econgelados); • Monitorizaçãodatemperaturadoveículoduranteotransporte(paraprodutosrefrigeradosecongelados); • Controlodascondiçõesàrecepçãodoveículo:estadodelimpezadosveículos(incluindoodoresestranhos), temperaturadoveículoàrecepção; • Cumprimentodeboaspráticasdehigienenamanipulaçãodeprodutosalimentares,nacargaedescargade produtosalimentares; • Supervisãodaspráticasdemanipulação,nacargadeprodutosalimentares; • Cumprimentodosplanosdelimpezaedesinfecçãoestabelecidosparaosveículosdetransporte; • Comprovaçãodocumprimentodosprogramasdelimpezaedesinfecçãodosveículosdetransporte; • Manutençãodossistemasderefrigeraçãodosveículos; • Manutençãodobomestadodascaixasdecargadosveículos; • Utilização de embalagens adequadas com suciente protecção; • Limitaçãodaalturadesobreposiçãodeembalagensdeformaaevitarsobrecargasqueprovoquemdanosno produto; • Respeitarascondiçõesdepaletizaçãodoproduto.

ARMAZENAMENTO

Perigos

• • • • •

Desenvolvimentomicrobiológicodevidoacondiçõesinadequadasdetemperaturanoslocaisdearmazenagem; Contaminaçãopormanipulaçãoinadequadadeprodutosalimentaresnãoembaladosnoarmazém; Contaminação por manutenção deciente das condições físicas das instalações; Contaminação por manutenção deciente das condições de higiene das instalações; Contaminaçãoporperdadehermeticidadedasembalagens,derivadadamámanipulaçãonosarmazéns;(rotura, golpes, sobrecarga, protecção insuciente das embalagens); • Contaminaçãoquímicadoprodutoporarmazenamentoconjuntamentecomprodutosquímicos(e.g. detergentes).

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• Regulaçãodatemperaturadascâmarasderefrigeraçãoedecongelaçãoparaascondiçõesdearmazenamento requeridaspeloproduto(paraprodutosrefrigeradosecongelados); • Utilizaçãodecaisdedescargarefrigeradosparaarecepçãodeprodutosrefrigeradosoucongelados; • Calibraçãodassondasdetemperaturaassociadasàmonitorizaçãoecontrolodatemperaturano armazenamento(paraprodutosrefrigeradosecongelados); • Minimizaçãodotempoentrearecepçãodeprodutosrefrigeradosecongeladoseasuacolocaçãonas respectivascâmarasdefrio; • Monitorizaçãodatemperaturadascâmarasderefrigeraçãoedecongelaçãoduranteoarmazenamentoeda temperaturanoscaisdedescargarefrigerados; • Nãocolocação/manutençãodeprodutosrefrigeradosoucongeladosforadascâmarasapropriadas; • Manutençãodasportasdascâmarasderefrigeraçãoedecongelaçãoencerradas,abrindo-asapenasotempo mínimoindispensávelpararealizaroperaçõesdemanuseamentodeproduto; • Planeamentodanecessidadedereposiçãodeprodutoparaminimizarasaberturasdecâmarasderefrigeração

Medidas de Controlo

oudecongelação; • Controlodarotação/gestãodestocks; • Estabelecimento de regras de armazenagem dos diferentes lotes, a m de poder controlar e isolar qualquer tipo deproblema; • Controlodascondiçõesàrecepção:estadodasembalagens,estadodelimpezadoveículo,temperaturado veículo e do produto à recepção, vericação das cargas transportadas; • Cumprimentodeboaspráticasdehigienenamanipulaçãodeprodutosalimentares; • Supervisãodaspráticasdemanipulação; • Cumprimentodoplanodelimpezaedesinfecçãoestabelecido; • Comprovaçãodocumprimentodosprogramasdelimpezaedesinfecçãodoslocais; • Manutençãodossistemasdefriodascâmarasderefrigeraçãoedecongelação; • Utilização de embalagens adequadas com suciente protecção; • Evitarsobrecargas,limitandoaalturadesobreposiçãodeembalagens; • Respeitopelascondiçõesdepaletizaçãodoproduto; • Desenhofuncionalemanutençãodobomestadofísicodasinstalações.

PONTO DE VENDA • Desenvolvimentomicrobiológicodevidoacondiçõesinadequadasdetemperaturanosexpositores; • Contaminaçãopormanipulaçãoinadequadadeprodutosalimentaresnãoembaladosnopontodevenda;

Perigos

• Contaminação por manutenção deciente das condições físicas das instalações e dos equipamentos; • Contaminação por manutenção deciente das condições de higiene das instalações e dos equipamentos; • Contaminaçãoporperdadehermeticidadedasembalagens,derivadadamámanipulaçãonopontodevenda; (rotura, golpes, sobrecarga, protecção insuciente das embalagens).

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• Regulaçãodatemperaturadosexpostoresderefrigeradosecongeladosparaascondiçõesrequeridaspelo produto(paraprodutosrefrigeradosecongelados); • Calibraçãodassondasdetemperaturadosexpositoresderefrigeraçãoecongelaçãoassociadosàmonitorização econtrolodatemperaturanosexpositores(paraprodutosrefrigeradosecongelados); • Monitorizaçãodastemperaturasdosexpositoresdeprodutosrefrigeradosedeprodutoscongelados; • Nãocolocação/manutençãodeprodutosrefrigeradosoucongeladosforadascâmarasapropriadas; • Nãocolocaçãodeprodutoemexcessonosexpositoresdeprodutosrefrigeradosecongelados; • Comunicação/sensibilizaçãodeboaspráticasaosconsumidores(e.g.manterportas–deexpositores  –fechadas); • Reposiçãorápidadeprodutosnasprateleirasouarcas(paraprodutosrefrigeradosoucongelados);

Medidas de Controlo

• Vericação da rotação dos produtos no linear, nomeadamente assegurando a não existência de produto com o prazodevalidadeexpirado; • Colocaçãodoslotesdeprodutomaisantigosnapartefrontaldoslineares; • Vericação do estado de integridade das embalagens dos produtos aquando da sua colocação nos linerares; • Cumprimentodeboaspráticasdehigienenamanipulaçãodeprodutosalimentares; • Supervisãodaspráticasdemanipulação; • Cumprimentodoplanodelimpezaedesinfecçãoestabelecido; • Comprovaçãodocumprimentodosprogramasdelimpezaedesinfecçãodoslocais; • Desenhofuncionalemanutençãodasinstalaçõesedosequipamentos,nomeadamentedossistemasdefriodos expositoresderefrigeraçãoedecongelação; • Utilização de embalagens adequadas com suciente protecção; • Disposiçãodoprodutoemcondiçõesqueminimizeoimpactodoconsumidorquandoomanipula.

22

Capítulo 2

02

24

Estruturafísicadeinstalaçõesdeexpediçãoedistribuição

2.1

-Enquadramento

2.2

-Consideraçõesiniciaisdeconstrução

02

2.2.1  -Localização 2.2.2

- Denição de layout e da sua dimensão

2.2.3  -Disposiçãoecolocação 2.3

-Concepçãodainstalação

2.4

-Caisdecargaedescarga

2.5

-Armazénsrefrigerados

2.5.1  -Pavimentos 2.5.2  -Paredes 2.5.3  -Preparaçãodasuperfície 2.5.4  -Acabamentos 2.5.5  -Tectos 2.5.6  -Portas 2.5.7  -Instalaçãoeléctrica 2.5.8  -Inovaçõesnoarmazenamentorefrigerado 2.6

- Isolamento

2.6.1  -Tiposdeisolamento 2.6.2  -Resistênciatérmicadoisolamento

Objectivos do Capítulo •Apresentar e discutir os requisitos relativos a instalações para a conservação de produtos alimentares nos diversostiposdeestabelecimentos; • Apresentar as principais características dos tipos de armazéns frigorícos (câmaras de refrigeração e câmaras de conservaçãodecongelados)ediscutirassuasvantagens; •Detalharosaspectosrelevantesnaconcepçãodeinstalaçõesdearmazenamentodeprodutosalimentaresa temperaturacontrolada,incluindoosaspectosrelevantesemtermosdesegurançaalimentar; •Ilustraraaplicaçãodosconceitoserequisitosrelevantesnaconcepçãodeinstalaçõesdefrioparaaconservação deprodutosalimentares.

26

2.1-Enquadramento O desenvolvimento, concepção e manutenção da estrutura física dos estabelecimentos de armazenamento e distribuição são factores essenciais da segurança alimentar. A manutenção da temperatura dos produtos alimentaresperecíveis, sejam produtosrefrigeradosou congelados,constituium elementofundamentalparaa garantia da segurança alimentar ao longo de toda a cadeia, até ao consumidor nal. Existemdiferentestiposdeinstalaçõesparaaconservaçãodeprodutosalimentaresrefrigeradosoucongelados. Estas instalações, normalmente designadas por instalações refrigeradas são quaisquer edifícios ou secções deedifíciosqueconseguemcontrolarascondiçõesdearmazenamentousandoarefrigeração.Asinstalações básicas são armazéns refrigerados (ou câmaras de refrigerados) que protegem os produtos alimentares a temperaturasnormalmenteacimados0ºCearmazénsdecongelados(câmarasdecongelados),ondeosprodutos sãoconservadosatemperaturasinferioresa0ºC.Estetipodeinstalaçõespodemestarinstaladosemdiferentes tiposdeunidades,nasquaissepodemincluirinstalaçõesde processamento,entrepostosde armazenamento, instalaçõesdosdistribuidoresouretalhistas. Independentemente da localização da instalação, pretende-se que as instalações de frio sejam capazes de assegurarcondiçõesdentrodascâmarasquepreservemoprodutoarmazenado.Paraasseguraramanutenção defrioadequadaetemperaturasuniformesnosespaçosdearmazenamento,devemsertidosemconsideraçãoos seguinteselementos: • O uxo de circulação de ar e a sua inuência sobre o produto armazenado; •Oefeitodahumidaderelativa; •Aventilaçãodainstalação; •Atemperaturadoprodutoàentrada; •Atemperaturadearmazenamentoadequadaparaoproduto; •Otempodearmazenamentoexpectávelparaoproduto; •Osmovimentosdeentradaesaídanaáreadearmazenamento. O armazenamento refrigerado de produtos alimentares pode ser classicado em cinco categorias (ASHRAE, 2006): •Atmosferacontroladadelongoprazoparaoarmazenamentodefrutosevegetais; •Armazénsoucâmarasderefrigeradosparatemperaturasiguaisousuperioresa0ºC; •Armazénsoucâmarasdecongelaçãoparatemperaturasmaiselevadas,entre-2e-3ºC; •Armazénsoucâmarasdecongelação,paraprodutoscongeladosemgeral,normalmentemantidosde-20 a-29ºC; •Armazenamentodebaixatemperaturade-20a-29ºC,comcapacidadederefrigeraçãodeprodutosrecebidos com uma temperatura superior a -18ºC.

2.2-Considerações 2.2.1

iniciais de construção

- Localização

Aselecçãodolocaldeconstruçãoestánaturalmentecondicionadapelotipodeinstalaçãoàqualestáassociada. É no entanto possível identicar um conjunto de aspectos a ter em consideração em termos gerais, para os quais será necessário salvaguardar as eventuais restrições especícas existentes. Entre os aspectos a considerar na construçãoépossívelenumerar:

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•Aconveniênciadalocalizaçãoparaprodutores,transportadores,edistribuidores,considerandoaimportância deevitarocongestionamentodasáreas; •Afacilidadedeacessoaboasviasdecomunicaçãorodoviária,ferroviária,marítimaouaérea; •Adisponibilidadedeespaçoamploparaamovimentaçãodecamiões,espaçodafábricaútileparafutura expansão; •Adisponibilidadedeterrenoapreçosrazoáveis; •Aexistênciadeinfraestruturasapropriadas,incluindoofornecimentodeáguaeenergia; •Aexistênciadeinfraestruturasemeiosadequadosparaasseguraraeliminaçãoderesíduoseáguasresiduais; •Oimpactodobarulhodeequipamentotaiscomoosventiladoresesistemasdefriopossamternaspopulações casoalocalizaçãosejapróximadezonasresidenciais; •Aparênciaexternaquenãosejaagressivaàcomunidade; •Asegurançadasinstalaçõesedostrabalhadores; •Osrequisitosdesegurançaalimentar(Baptista,P.eNoronha,J.,2003).

2.2.2 - Denição do layout e da dimensão A conguração e dimensão do edifício de uma instalação de armazenamento de frio são determinadas pelos seguintesfactores: •Otipodetransporteutilizadonarecepçãoe/oudistribuiçãodeprodutosalimentares; •A percentagem relativa de produtos alimentares a serem armazenados em áreas de refrigeração e de congelação; •Aexistência de produtos que requeremcondiçõesespecialmentecontroladas, taiscomo frutos frescos e vegetais, que pode justicar a necessidade de existirem salas individuais de armazenamento; •Opescado,manteigas,enozestambémrequeremtratamentosespeciais.Ondeaocupaçãogeralpodeser reduzidadevidoacondiçõesdesazonalidade,deveserconsideradoofornecimentodeespaçosmultiusos; •Otempodearmazenamentoexpectávelparaosprodutos; •Adimensãodoslotesdeprodutosalimentaresaarmazenar,quepodecondicionarotipodeestantariaa utilizar (e.g. xa ou móvel); •Omododearmazenamentodoproduto.Nocasodeutilizaçãodepaletesapossibilidadedesobreporpaletes ou a utilização de estantaria (“racks”) que possibilitam a utilização de toda a altura do armazém e a paletização detodasasmercadoriasfechadasemcaixas; •Adisponibilizaçãode espaçosparaaluguer.Nestecasodeveráserconsideradaaexistênciadeumaárea isoladaparaasoperaçõesdoarrendatário.

2.2.3 - Disposição e colocação Tipicamente, a altura dos espaços refrigerados é de pelo menos 8.5 a 10.5 metros. A utilização de estantaria/ sistemas de “racks” para paletes permite alturas ainda superiores. Na prática, a altura da colocação de paletes sem os “racks” é de 4.5 a 5.5 metros, devido a limitações da resistência estrutural das caixas onde os produtos estãoembaladosquandodiversaspaletessãosobrepostas.Oespaçolivreacimaéusadoparaasunidadesdear,

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de distribuição de ar, de iluminação e, eventualmente, da rede de combate a incêndios. Geralmente, é necessário umespaçomínimode2a3metrosdotopodoprodutoàbasedaestruturametálicaparaassegurarquenão existeminterferênciasnacirculaçãodoarquecomprometamumaadequadadistribuiçãodoarnoespaçode armazenamento. Aáreadebasedainstalaçãoondeserãoarmazenadosváriostiposdeprodutosalimentarespodesercalculado combaseem130a160kg/m3,nopressupostoqueoscorredoreseovolumeacimadaestantarianoarmazém representam 40% do volume total. Em arranjos especícos ou instalações de produção, os produtos podem ser  colocadoscommenoresáreasdecorredor,peloqueaquelevalorpodeserreduzidopara20%.

2.3-Concepção

da instalação

A maioria das instalações refrigeradas possuem uma estrutura de um único andar. Pequenas colunas em centrosabertospermitemoarmazenamentoempaletescomumcustomínimodoespaço.Estetipodeedifício normalmenteforneceespaçoparacargaedescargadeveículos.Nasuaconcepçãodevemserconsiderados osseguintesaspectos: • Diculdades de movimentação para realização de operações de carga e descarga, nomeadamente a movimentaçãohorizontaldosempilhadores; • Diculdade de utilização de toda a altura de estantaria devido à existência de muitos produtos alimentares armazenados,depequenoslotesegrandemovimentaçãodosmesmos; •Necessidadedetratamentodopavimentodeformaapermitirumaadequadaprotecçãofaceàscondições deuso; •Custode terreno com capacidade de construção.Uma instalação de umúnicopiso com uma altura de estantariamoderadaoubaixapossuiumelevadocustoporunidadedeáreaeunidadedevolumearmazenado devidoaoelevadoráciodecustodeconstruçãoecustodeterreno.Noentanto,oscustosoperacionaissão tipicamentemaisbaixoseminstalaçõescomumúnicopiso. A Figura 2.1 mostra o layout de uma instalação de refrigeração, com um único piso, para produtos congelados a -23ºC.Ainstalaçãoécompostatipicamentepelosseguinteselementos: •Saladoequipamentodefrio; •Caisdecargae/oudescargarefrigeradoscomportasdefechoemangasdeisolamento; •Portasautomáticasentreasáreas,oueventualmentenalgunspontosdecortinasplásticasoudevai-vem; •Armazenamentodebaixatemperaturamantidoa-23ºCoumenos; • Sistemas de “racks” para colocação de paletes, de modo a facilitar o manuseamento de pequenos lotes e respeitar o princípio do “rst-in, rst out”, ou do “rst end, rst out”; •Saladoequipamentodecongelação,paraprodutosemquesejanecessáriofazerbaixaratemperaturaantes dearmazenar; •Espaçodearmazenamentorefrigerado; •Espaçodegabineteparaarealizaçãodeactividadesdecarácteradministrativo; •Espaçoparaoarmazenamentodepaletesvazias; •Espaçoparaocarregamentodebaterias/empilhadores;

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•Sistemasdeprotecçãodeacordocomalegislaçãoemvigor; •Áreaderepousoparafuncionários. É por vezes usado um desenho modicado de instalações com um só piso para reduzir as distâncias de tráfego horizontaiseoscustosdeterreno.Umaalternativaélocalizarosserviçosnãoprodutivos(incluindogabinetese equipamentodefrio)maquinaria)numsegundopiso,porexemplo,sobreaáreadeplataformadoscamiões,de formaaafectaropisotérreoaoperaçõesprodutivasedearmazenamento.

Figura 2.1 – Layout de uma instalação de refrigeração

2.4-Cais

de carga e descarga

Osrequisitosdecontrolodetemperaturaparatodosospassosnomanuseamentolevaramaodesenvolvimento decaisdecargaedescargacomante-câmarasrefrigeradas.Estesespaçossãomuitoimportantesnosentidode manteroprodutoemcondiçõesadequadasdetemperaturaduranteasoperaçõesdecargaedescarga,minimizando a probabilidade de ocorrerem alterações signicativas na temperatura do produto que podessem pôr em causa a qualidadee,eventualmente,asegurançaalimentardoproduto.Narealizaçãodasoperaçõesdecargaedescarga éimportantequeosoperadorestenhamapreocupaçãodeminimizarotempoqueoprodutopermanecenocais. Nacarga,étambémmuitoimportanteassegurarque,antesdeseiniciaracarga,osistemadefriodoveículose encontraligadoequeacaixadetransporteseencontraàtemperaturapretendidaparaoprodutoatransportar. A colocação de mangas em volta das áreas de acostagem dos camiões reduz a inltração de ar exterior. Mangas insuáveis ou telescópicas que selem os espaços entre o camião e a doca reduzem ainda mais a entrada do arexterior.Deve-setertambématençãoaoespaçoentreocamiãoeocaisnaparteinferior,juntoàplataforma elevatóriaouàrampa.Oscustosdasportas,dasmangasedarefrigeraçãoinfuenciamigualmenteadimensãodo caisdedescargaedonúmerodeportas.

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Umatemperaturaentre2e7ºCnoscaisdedescargaapresentadiversasvantagens: •Reduzarefrigeraçãodacargaemáreasdebaixatemperatura,ondeaexigênciadeenergiaporunidadede capacidadeémaior; • Ocorre menor formação de gelo no armazenamento a baixas temperaturas, porque o ar a inltrar-se na área émaisfrioemenoshúmido; •Osprodutosrefrigeradosmantidosnasdocasmantêmumatemperaturamaisfavorável,mantendoassima qualidadedoproduto; •Aembalagemmantém-seembomestadoporquesemantémseca; •Os colaboradores nas instalações estão mais confortáveis dado que as diferenças de temperatura são menores.Énoentantonecessárioqueosoperadoresdisponhamdevestuárioeequipamentoapropriado paraosprotegeradequadamentedofrio; •Énecessáriaumamenormanutençãodosempilhadoresedeoutrosequipamentosporqueacondensaçãoé reduzida; •Éreduzidaoueliminadaanecessidadedeante-câmarasparaoespaçodecongelação; •Asáreasdochãomantêm-sesecas,particularmenteemfrentedasáreasdasportas.Istoajudaàmanutenção doespaçoeaumentaasegurança. Oscaisde cargae descarga refrigerados mantidosa temperaturas de2 a 7ºC requeremcerca de190Wde refrigeração por metro quadrado de área de pavimento (ASHRAE, 2006). Os cais de carga e descarga e os corredores devem ter espaço livre suciente para permitir a: •Movimentodebensdeeparaarmazenamento; •Colocaçãodepaletesedeequipamentonecessárioàsoperações; •Realizaçãodeactividadesdecontroloderecepção. Aalturadospavimentosdosveículosrefrigeradossãomuitovariáveismassãonormalmentemaioresdoqueas dosveículosnãorefrigerados.Aalturadasdocasdecamiõesdevemrespeitarosrequisitosdafrotadeveículos que é expectávelque utilizem as instalações. Os camiões de maiores dimensões geralmente requerem uma alturade1370mmacimadopavimento,noentanto,osveículosdedistribuiçãolocalpodemsermuitomenores.A instalaçãoderampasajustáveispermitecompensaralgumadiferençadealturasquepossaexistir.Apossibilidade deoempilhadorou oporta-paletespoderentrardentrodoveículodetransporteé umamais-valiapoisreduzo tempodasoperaçõesdecargaoudescarga. Onúmerodecaisdedescargadependedeváriosfactores,sendoqueadimensãodainstalaçãoearotação doprodutoarmazenadoconstituemoselementosmaisimportantes.Comoorientação,paraumacapacidadede armazenamentode30000m3,devemexistirentre7e10pontosdeacostagemdecamiões. As portas devem ser fortes mas sucientemente leves para uma fácil abertura e fecho. O material deve ser de boa qualidade,dispondodevedantesapropriadosquegarantamumfechocomumadequadoníveldeestanquicidade, demodoaminimizaracirculaçãodearfrioapartirdoespaçodearmazenamento.Recomenda-sequeasportas dearmazémdecongeladostenhamaquecimentodemodoaevitaraformaçãodegelonaportaquebloqueiea suaabertura.

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2.5-Armazéns refrigerados Noarmazenamentoemfrio,maisdoquenoutrasconstruções,oprojectodeveassegurarqueumaadequada instalaçãopodeserconseguidaemcondiçõesbastanteadversas.Osmateriaisdevemsercompatíveisunscom osoutroseaconstruçãodeveserfeitaportrabalhadorescuidadosossobavigilânciadeumsupervisorexperiente ecomformaçãoadequada.

2.5.1 - Pavimentos Ospavimentosdeinstalaçõesderefrigeraçãodefriopositivo(acimade0ºC)nãonecessitamdenenhumtratamento particularsobopavimento.Nocasodeinstalaçõesmantidasatemperaturasdecongelação,aformaçãodegelo debaixodopavimentopodelevaraolevantamentodochãoedascolunas.Aaplicaçãodeumretardadordevapor deveserconsideradaparaevitarqueosub-soloeventualmentecongeleeconsequentementequalquerhumidade no solo também congele e cause danos no pavimento. O aquecimento articial, quer através da circulação de ar  atravésdecondutassubterrâneasouporglicolquecirculeemtubagensplásticas,éométodoadequadopara prevenirestefenómeno.Resistênciaseléctricasdeaquecimentoinstaladassobopavimentopodemtambémser usadosparapreveniraformaçãodegelo.Emclimasquentes,tubossubterrâneoscomarambientepodemtambém ser sucientes. A escolha do método de aquecimento depende do custo de energia, da abilidade e dos requisitos demanutenção.Ossistemasdecondutasdeardevemestarprotegidascomralosnaextremidadesparaprevenir aentradaderoedoresequaisqueroutrosmateriaisquepossamtaparapassagemdoar.Astubagensdevem possuirumainclinaçãoparaassegurarumaadequadadrenagemdaágua.AFigura2.2representaumsistemade tubagens de aquecimento no pavimento para armazéns de congelados (ASHRAE, 2006). Estetipodesistemadetubagenssubterrâneasétambémapropriadoparafacilitarumafuturaexpansãodaárea de armazenamento. O calor é fornecido por um qualquer tipo de sistema de permutadores de calor e o uido (e.g. propileno-glicol,águaglicolada)circulaaumatemperaturaquenormalmentevariaentre10e21ºC.Astubagens nas quais o uido circula são normalmente plásticas e são colocadas imediatamente por debaixo do isolante. Ocaloraserfornecidoatravésdastubagenscorrespondeaocalorperdidoatravésdopavimento.Umvalorde referênciade4.1W/m2 é um valor recomendado (ASHRAE, 2006).

Figura 2.2 - Sistema de tubagens de aquecimento no pavimento para armazéns de congelados

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Oaquecimentosobaáreadedocaemfrentedasportasdoarmazémdecongeladosajudaaeliminarahumidade naportaenasjuntasdopavimento. Osdrenosdopavimentodevemserevitadossepossível,particularmenteemarmazénsdecongelados.Seforem necessários, devem possuir dimensões curtas e serem colocados sucientemente altos para permitir que a drenagemeacanalizaçãosejaminstaladasacimadaestruturadoisolamento.

2.5.2 - Paredes Aconstruçãodasparedesdeveserconcebidadeformaqueomenornúmeropossíveldeelementospenetrena estruturaenvolventedoisolamento.Ondeforusadaaconstruçãodeparedesemcimentooutijolo,ocaixilhoda estruturadeveserindependentedasparedesexteriores.Aparedeexteriornãopodeserusadacomoparede estruturalamenosquesejausadoumtectodeisolamentosuspenso. Quandosãonecessáriaspartiçõesinterioresdoisolamento,arranjosdeduascolunasnaspartiçõesprevinemque membrosestruturaispenetremasparedesdeisolamento.Paraassegurarumbomníveldeoperaçãoeumtempo devidalongadoisolamento,aconstruçãodeumaestruturadeveserusadaquandopossível. Membranas resistentes a abrasões, tais como lmes de polietileno preto com espessura de 0.254mm, são adequadas comoretardadoresdevapor.Acontracçãodosacabamentosinterioresémaisimportantedoqueaexpansão,dado queatemperaturaaqueosarmazénssãonormalmentemantidossãomuitoinferioresàtemperaturaambiente aquandodainstalaçãodosmateriais.

2.5.3 - Preparação à superfície A superfície emque é aplicadoo materialde isolamento deve ser lisa e estarlivre desujidades.Quando as temperaturasforemdecongelação,asparedesdevemestarniveladasenãodevemserporosas.Casootipode cimento aplicado não seja no, a superfície deve ser tratada com revestimento tipo plasticante. No caso do isolante ser aplicado na forma de spray, a superfície deve ser aquecida e seca. Quaisquer rachas ou  juntas deconstrução devemser preparadas.Todoa sujidadesoltadeve serremovidaparaassegurar uma boa ligaçãoentreoisolamentoeasuperfície.Superfíciesbastantelisaspodemrequereragentesdeligaçãoespeciais. Nenhumapreparaçãoespecialdasuperfícieénecessáriaparaospainéisdeisolamentousadosnorevestimento doedifício,assumindoqueassuperfíciessãorazoavelmentelisas.

2.5.4 - Acabamentos Ospainéisdaestruturadeisolamentocomexterioresemmetaloufacesinterioresreforçadasdeplásticosãoos maisutilizadosemarmazénsderefrigeradosecongelados.Estetipodeestruturaimpedeahumidadedecontactar comomaterialdeisolamento,protegendo-o.Asjuntasentrepainéisconstituempotenciaispontosdeentradade humidade,pelooacabamentoentrejuntasémuitoimportante. Todasasparedesdeisolamentoetectosdevemtertambémacabamentosinteriores.Oacabamentodeveser impermeávelaovapordeáguaeàhumidade.Paraseleccionarumacabamentointeriorquerespeiteosrequisitos deuso,devemserconsideradosváriosfactoresnosquaisdeincluemaresistênciaaofogo,osrequisitosde lavagem,osdanosmecânicos,apermeabilidadeahumidadee vapor.Todasasparedesinterioresdeespaços comisolamentotérmicodevemterprotecções(e.g.protecçõesmetálicasjuntoapilareseaesquinas)paraevitar apossibilidadededanosnosacabamentos(e.g.resultantesdechoquesdeempilhadores).

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2.5.5 - Tectos Nãoépoucocomum,asinstalaçõesderefrigeraçãopossuiremespaçosintersticiaisacimaouadjacentesaosespaços frioseminstalaçõesrefrigeradas.Arazãoparaesseespaçopodeserdeprojectoouexpansãodasinstalações. Ométododeconstruçãodetectossuspensosépreferívelparaconseguirumcompletoenvelopetérmicoedevapor. Osmateriaisdeisolamentopodemsercolocadosnotectooupavimentoacimadoespaçorefrigeradoemvezde coladoàestruturadotelhado.Seestetipodeconstruçãonãoforpossível,eoisolamentotiverdeserinstalado directamentesobo tecto,entãoo retardadordevapor,o isolamento,eosmateriaisdeacabamentodevemser mecanicamentesuportadospelaestruturaacimaem vezdeseremsuportados meramentecoma aplicaçãode adesivo. A qualidade da aplicação e uma adequada selagem dos pontos de penetração (e.g. pontos de xação do isolamento,colunas,condutas)éessencialparaassegurarumbomníveldeisolamento. Devidoaoespaçorefrigeradonãosernormalmentesujeitoavariaçõesdetemperatura,ocaixilhodaestruturaé normalmentedesenvolvidosemjuntasdeexpansãooucontracçãoseestiverinteiramenteincluídonaestruturade isolamento. Seasinstalaçõesderefrigeraçãonãopossuíremsistemasdeventilaçãoouderenovaçãodoar,ahumidadenoar irácondensarnasuperfíciefria,epodeoriginarporviadacorrosão,dapenetraçãodogeloouporoutrasformas adegradaçãodaestruturaenvolventedoisolamentoeconsequentementetambémdeste.Acolocaçãodeum desumidicador é uma das possibilidades. No entanto, o método mais frequentemente utilizado para prevenir a condensaçãoéventilarcontinuamenteespaço. Ostectossuspensossãomuitasvezesdesenhadosparapermitirapassagemdetubagensecablagensderedes dainfraestruturaetambémasrespectivasactividadesdeinspecçãoemanutenção.

2.5.6 -

Portas

Aselecçãoe aplicaçãodeportasdearmazénsdefriosãoumapartefundamentaldodesenhodasinstalações epossuemumimportantepapelnaeconomiageraldasoperações.Atendênciaépossuircadavezmenose melhoresportas.Osprodutoresoferecemmuitostiposdeportascomaespessuraadequadadeisolamentopara ousopretendido. No caso de portas em armazéns de frio negativo, quando ocorre a inltração de ar exterior, este mistura-se com oar dentrodos congeladores,formandocristaisdegelono ar.Estescristaispodem-seacumularnasparedes, nostectosepodemconduziraformaçãoeacumulaçãodegelonopavimento.Comoconsequência,aumentaa probabilidadedeacidentespessoaisedanosnosequipamentoseveículos.Aacumulaçãodegelodopavimento reduz também a produtividade pois a eciência das operações é diminuída em consequência das limitações que osempilhadoresvãoternasuamovimentação. Naselecçãodeumaportadevem-seteremconsideraçãováriosfactores,nosquaisseincluem: •Asuaadequabilidadeaotráfegoaquevaiestarsujeita,nomeadamenteemaspectosrelacionadoscoma rapidezdeaberturaeasuaresistênciaachoques; •Asuadimensão,naperspectivadasperdasdecalorqueocorremaquandodasuaabertura; •Acapacidadedeisolamento,paraminimizaratrocasdecalorcomoexterioratravésdela; •Osrequisitosdemanutenção,paraassegurarquearealizaçãodestetipodeactividadesnãocomprometea operacionalidadedainstalação.

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Naconcepçãodasportasdevemsertidosemconsideraçãodiversoselementos,nosquaisseincluem: •Asportasdevemserrevestidasporumalevechapametálicaoudeplásticoquereforçamaprotecçãodas portas.Portasemáreasmaissujeitasachoquesdevemserprotegidascomchapasmetálicasmaisgrossas, natotalidadedaportaouapenasemparte; •Asportas demaior dimensãoou operadascommaisfrequência e mais sujeitasa danosdevem possuir igualmenteprotecçõeslateraisnasparedese,eventualmente,parasegurançadaspessoasprotecçãonas zonasdepassagem; •Parapreveniraformaçãodegeloeomaufuncionamentodasportasdaíresultante,asportaspodemter sistemasdeaquecimentoeléctricoautomático.Osdispositivosdesegurançaquerespeitamcódigoseléctricos devemserusados; •Asportasdevemestarlocalizadasdeformaaabrigarcomsegurançaosprodutosefacilitarumaoperação economicamente ecaz das operações de carga e descarga; •Asportasdevemternomínimoumtamanhoquedeixelivre,pelomenos,30cmdecadaumdosladosde umapalete; • As dimensões especícas de uma porta podem requerer variações desta recomendação. Normalmente uma alturade3metroséadequadaparaageneralidadedosempilhadoresutilizados.

2.5.7 - Instalação eléctrica Os cabos eléctricos devem ser levados para a sala refrigerada através do menor número possível de sítios (preferivelmenteum),furandoapenasumavezaparederetardadoradevaporeoisolamento.Oscabosrevestidosa plásticosãorecomendadosparaestetipodesituações.Asinstalaçõesdeluzesnoespaçodearmazémnãodevem serseladasaovapormasdevempermitirumalivrepassagemdahumidade.Deve-setomaratençãoparamanter aselagemdevaporentreoexteriordosserviçoseléctricoseoretardadordevapordoarmazémrefrigerado.

2.5.8 - Inovações no armazenamento refrigerado Armazéns automatizados Os armazéns automatizados normalmente contêm arranjos de “racks” altos e xos com estantaria móvel que pode sercompletamenteautomática,semi-automáticaoudecontrolomanual.Ossistemasdecontrolopodemserligados aumsistemadecomputadoresqueretémoinventáriocompletodeprodutosesuaslocalizações.Aautomação dearmazénséaindabastantelimitadaemPortugal.Emboraexigauminvestimentoinicialsubstancialmentemais elevado, existe um conjunto de vantagens na automação que podem justicar a opção: • Manutenção do “rst-in, rst-out”; •Aestruturainternaéalta,requerendoumespaçodeterrenomínimoefornecendoumcustopormetrocúbico maisbaixo; •Minimizaçãodosdanosnosprodutos; •Minimizaçãodoscustosdirectosdemanuseamentodomaterial.

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Paraalémdocustoinicialdosistemaedoedifícioexistemoutrasdesvantagensrelativamenteaosarmazéns convencionaisquedevemserconsiderados: • O acesso pode ser mais lento, dependendo do uxo do produto e localização; •Oequipamentoderefrigeraçãopodeserdedifícilacessoparaamanutenção.

Método de refrigeração Tipicamentearefrigeraçãodosespaçosdearmazenamentoéefectuadaatravésdarefrigeraçãodoaredasua circulaçãonoespaçodearmazenamento.Existem,noentanto,soluçõesalternativasoucomplementaresemque sãoasparedes,ochãoeostectosquesãorefrigerados.Arefrigeraçãomecânicadeparedes,chãoetectos podeserumaopçãoeconómicaparaocontrolodatemperatura.Nestetipodeconcepção,existemtubagens queseencontramembebidasouespaçosdearatravésdosquaisoarrefrigeradocirculaparafornecerofrio.A refrigeraçãosuplementarporcirculaçãodearpodeserfornecidaporunidadesdearcondicionadodesalasfrias quefuncionamapenasquandonecessário.

2.6-Isolamento

2.6.1 -

Tipo de isolamento

Existemtrêsmétodosprincipaisdecriaroisolamentopretendido(verSecção2.5),nomeadamente: •Atravésdeisolamentomecanicamenteaplicado(isolamentorígido); •Aplicandoestruturasdepainéisisolados; • Através de sistemas adesivos ou de aplicação na forma de spray. Emqualquerdestastécnicas,omaterialdeisolamentoéseladodentrodeumaestruturaenvolventeemcontacto com o isolamento, apertando-o. Esta estrutura envolvente tem de ser resistente à humidade e ser sucientemente resistenteparanãoserfacilmentevioladaporacçãomecânicainadvertida.

Isolamento rígido Materiaisdeisolamento,taiscomopoliestireno,poliuretanoe materiaisfenólicos,provaramseremsatisfatórios comomateriaisdeisolamentoquandoinstaladoscomumretardadordevaporadequadoeacabamentoscom materiaisquefornecemprotecçãocontraincêndiosesuperfícieshigiénicas.Aselecçãodomaterialdeisolamento deveserbaseadanoscustosdomaterialdeisolamento,incluindoacabamentos,dosrequisitosdehigieneede protecçãocontraincêndios.

Painéis de isolamento Ousodepainéisdeisolamentopré-fabricadosparaparedesdeisolamentoeconstruçãodetectosencontra-se largamentedivulgado.Estespainéispodemsermontadosàvoltadaestruturadoedifíciooucontraoutrotipode paredes.Ospainéispodemserisoladosnafábricaquercompoliestirenooupoliuretanos.Outrosmateriaisde isolamentonãotendemaseremutilizadosnaconstruçãoempainéis.

36

As vantagens básicas, para além das económicas, da utilização de painéis de isolamento são a simplicação da reparaçãoemanutençãodevidoàsuasuperfícieexteriorservirtambémcomoretardadordevaporeseracessível. Estaéumagrandevantagemseaestruturavieraseralargadanofuturo.

Aplicação de espumas de isolamento Este método de aplicação ganhou grande aceitação como resultado do desenvolvimento do isolamento de poliuretano e do equipamento para instalação. As máquinas portáteis com mangueiras de spray alimentam o isolamentonascavidadesdasparedes,pavimentoetectos,paraenchersemjuntasoespaçofornecidopara construçãodeisolamentomonolítico.Noentanto,dadoqueestematerialnãooferecegranderesistênciaaovapor, asuaaplicaçãonaconstruçãodepavimentosdeveserlimitada.

2.6.2 - Resistência térmica do isolamento O valorda resistênciatérmica(R) doisolamento necessário variacom a temperaturamantidano espaçode refrigeração e as condições envolventes da sala. A Tabela 2.1 mostra os valores de resistência térmica recomendadosparadiferentestiposdeinstalações.AamplitudedosvaloresRdeve-seavariaçõesnoscustosde energia,materiaisdeisolamento,econdiçõesclimatéricas.Paravaloresmaisexactosdevemserconsultadoso projectistae/ouofornecedordomaterialdeisolamentoautilizar.Nãodevem,contudo,serutilizadosvaloresde resistênciatérmicainferioresaosqueconstamdaTabela2.1.

Tabela 2.1 – Valores resistência térmica recomendados para o isolamento

AMPLITUDE DA TEMPERATURA NO ARMAZÉM (ºC)

Pavimentos

Paredes/ tectos suspensos

Telhados

4 a 10

Isolamento do perímetro c)

4.4

5.3 a 6.2

-4 a 2

3.5

4.2 a 5.6

6.2 a 7.0

-23a-29

4.8 a 5.6

6.2a7.0

7.9 a 8.8

-40 a -46

5.3 a 7.0

7.9 a 8.8

8.8 a 10.6

RESISTÊNCIA TÉRMICA (m2K)/W

Se umarmazémde refrigerados pudervir a ser convertido num armazém de congelados no futuro, deve-se consideraroisolamentodainstalaçãocomvaloresRmaiselevadosparaaquelaqueéexpectávelvirasera secçãodecongelados.Sefornecessáriaumaelevadahumidaderelativanoarmazém,entãooisolamentodo pavimentodeveserpelomenosigualaorecomendadoparaasparedes.

37

38

Capítulo 3

02

40

Sistemasderefrigeração

3.1

-Enquadramento

3.2

-Fluidosfrigorigéneos

3.3

-Cicloderefrigeração

3.4

-Componentesessenciaisdeumsistemaderefrigeraçãoporcompressãodevapor 

02

3.4.1  -Compressor  3.4.2  -Condensador  3.4.3  -Evaporador  3.4.4  -Válvuladeexpansão 3.4.5  -Ventilador  3.4.6  -Equipamentoderegulaçãoecontrolo 3.5

-Cicloderefrigeraçãoporcompressãodevapor 

3.6

-Ciclorealdecompressãodevapor 

Objectivos do Capítulo • Identicar e descrever os principais uidos frigorigéneos utilizados em equipamentos de refrigeração; •Apresentarosprincípiosbásicosdetransferênciadecaloremequipamentosdefrio; •Descreveroscomponentesessenciaisdeumsistemaderefrigeraçãoeoseumododefuncionamento.

42

3.1-Enquadramento Desde tempos imemoráveis o Homem debateu-se com a problemática da conservação de géneros alimentícios, pois o caráctersazonal e a distribuição irregular degéneros por regiões impuserama procura deformas de conservaçãoquepermitissemotransporteeoarmazenamentoparaposteriorconsumo.Osmétodostradicionais depreservaçãodealimentos(secagem,fumagem,salgaesalmoura)apresentamdiversasdesvantagens,como sejamaalteraçãodaaparênciaedosaborinicial,alimitaçãodotempodearmazenamento,entreoutros,embora sejam inteiramente adequados a prolongar o período de preservação dos alimentos. Como a conservação de alimentos se resume à prevenção ou retardamento da deterioração, independentemente do processo de refrigeraçãoutilizado,énecessárioteremconsideraçãoqueexistemdiversosgrausdequalidadedosprodutos alimentaresfrescosemfunçãodaetapadedeterioraçãoatésetornaremimprópriosparaconsumo.Oobjectivoda conservaçãodeprodutosalimentaresconsistenamanutençãodosalimentosnumescalãodequalidadeomais elevadopossívelnoquerespeitaàaparência,odor,saboreconteúdonutritivo,jáquedesteselementosdepende ovalorcomercial,alémdasegurançaalimentardosconsumidores. Ofrioconstituioúnicomeiodeconservaçãodealimentosnoseuestadonatural,peloqueoutrodosmétodos tradicionais destinados à conservação de alimentos perecíveis consistia na colocação de blocos de gelo em câmarasdegrandesdimensõesjuntamentecomosprodutosalimentaresarmazenadosduranteoInvernocomo objectivodeconsumiralimentosarrefecidospelocalordefusãodogeloarmazenado.Estemétodocontinuaactual, empaísesservidosporredesdefrioadaptadasetecnologicamenteavançadas,nasmalasisotérmicasutilizadas paraconservaremanterrefrigeradososalimentosebebidasemsituaçõesemquenãosepossarecorrerauma fonteexternadeenergia. Quando em meados do século XIX o Homem descobriu a propriedade frigorigénea dos gases, isto é, a capacidade deretirarcalordeumsistemaquandosubmetidoàexpansão,iniciou-seaproduçãoindustrialdegelo.Desde então,aactividadecomercialdeconservaçãodeprodutosalimentaresperecíveisemgrandeescaladesenvolveuseatéàimprescindívelnecessidadequepossuihojeemdia.

3.2-Fluidos frigorigéneos O sector da refrigeração teve uma franca expansão nos países desenvolvidos após a 2ª Guerra Mundial, data quando as cadeias de frio começaram a ser estabelecidas. No entanto, a evolução em tecnologias e em uidos refrigerantes foi mais lenta, e apenas em 1987 com a assinatura do Protocolo de Montreal, é que o sector da refrigeração iniciou modicações profundas que permitiram hoje em dia a existência de uma gama larga de novos uidos refrigerantes e tecnologias alternativas. A produção de frio articial baseia-se no princípio físico de acordo com o qual todo o fenómeno de evaporação é acompanhado pela dissipação de calor. Assim, será necessário construir um sistema baseado naquele princípio,quefuncionecontinuamente,istoéemcircuitofechado,queextraiocalordeumdeterminadorecinto hermeticamentefechado. Tipicamente,ossistemasderefrigeraçãofazemusodeumciclotermodinâmicodecompressãodevaporque será alvo de posterior descrição. Os uidos utilizados no ciclo de refrigeração são vulgarmente designados por 

43

uidos frigorigéneos. Os uidos frigorigéneos usados no início da actividade comercial e industrial da refrigeração eram o amoníaco, o dióxido de enxofre e o cloreto de metilo. Dadas as propriedades destes uidos, o processo de refrigeração era, por vezes, perigoso, explosivo, inamável e tóxico. Além do que, necessitavam de pressão elevadaparaatingircapacidadefrigorigéneanecessáriaàfabricaçãoeconómicadegelo. As características destes uidos têm em consideração os seguintes requisitos de modo a tornarem a sua utilização em ciclos de compressão de vapor mais eciente e segura: • O uido deverá evaporar-se em condições de pressão não demasiado baixa e de temperatura sucientemente baixa, de modo a serem conseguidas temperaturas na superfície do evaporador sucientemente baixas de modo a que a transferência de calor com o uido que contacta permita refrigerá-lo, uido esse que, por sua vez,irácontactarcomosalimentos; • A compressão do uido deverá permitir liquefazê-lo a uma temperatura não muito superior à de um uido baratoeacessível,peloquenãopoderáatingirumapressãoeumatemperaturacríticanocircuito,jáquenão seriacondensável; • A compressão do uido deverá poder ser feita sem atingir grandes valores de pressão, uma vez que estes obrigamagrandestaxasdecompressãoeaumaumentodecustodocompressor; • O uido deve ainda ter um calor de vaporização tão elevado quanto possível, à temperatura de evaporação, parasepoderutilizarumcaudalemmassanãomuitoelevado; • O uido, no estado de vapor, deverá ter um volume especíco tão baixo quanto possível, para que o caudal acomprimirsejatambémtãobaixoquantopossível,nãoobrigandoaumesforçotãograndedecompressão, ouaumcompressordemaioresdimensões; • O uido não deverá congelar a uma temperatura próxima da do evaporador. A congelação do uido iria impedir  osistemaderealizaropropósitoparaoqualfoiprojectado,jáquenaproximidadedopontodecongelaçãoo aumento da viscosidade do uido poderia anular ou reduzir a taxa de transferência de calor; • O uido a utilizar deverá ser quimicamente estável, na gama de pressões e temperaturas a utilizar, em mistura com o lubricante ou relativamente ao material de que é construído o equipamento, de modo a evitar  acorrosãonoequipamento; • O uido deverá apresentar um baixo custo, permitir uma fácil detecção de fugas, de preferência não inamável/ explosivo,isoladamentenememmisturascomoar.Depreferênciadeverásernãotóxico,masnocaso deapresentarumqualquergraudetoxicidade,deveráserfácildeprevenircomautilizaçãodesistemas simples; • Adicionalmente, uido não deverá ser prejudicial ao ambiente, nomeadamente, à destruição da camada de ozonoemcasodeocorrênciadefugas. Somente em 1932 foi descoberto o Refrigerante 12 (R12), mais conhecido como Freon 12. Este clorouorcarboneto (CFC)quetemacaracterísticadeserendotérmicoquandoexpandeouquandovaporiza.OFreonéumgásinerte (não inamável, não explosivo, não tóxico e não corrosivo). A pressão necessária para que suas propriedades frigorigéneasocorramcom transferênciaapreciáveldecalor paraseraplicadapraticamente,erabeminferior à requerida pelos gases refrigerantes conhecidos até então. Era um “gás ideal” até ser descoberto o efeito de destruiçãodacamadadeozonodaatmosfera,fundamentalparabarraroexcessoderadiaçãosolarultra-violeta nasuperfíciedaTerra.

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Na Tabela 3.1 é apresentada a comparação das características dos uidos frigorigéneos: Amoníaco e do Freon 12. Tabela 3.1 - Características dos uidos frigorigéneos - Amoníaco e R12 

PROPRIEDADE

AMONÍACO (NH3)

R12 (CCl2F2)

Temperatura crítica

132 ºC

115 ºC

Temperaturadefusão

-78 ºC

-158 ºC

Entalpiade vaporização

Muitoelevada

1/8 do NH3

Estabilidade

Atacao Cobre eligas deCobre

Não corrosivo

Condutividade térmica

Elevada

10% do NH3

Toxicidade

Tóxico

Não tóxico

Destruição do ozono

Sem efeito

Nocivo

Custo

Muito barato

Muito caro

Dopontodevistaambiental,asactividadesrelacionadascomarefrigeraçãoeintegradasnumdesenvolvimento sustentável, possuem duas componentes principais: as emissões para a atmosfera de determinados gases refrigerantesutilizadosnossistemasderefrigeraçãoeaemissãodedióxidodecarbonoresultantedageraçãode energiarequeridaparaofuncionamentodessessistemas.AsemissõesparaaatmosferadeCFCsenumamenor escala, as emissões de hidroclorouorcarbonetos (HCFCs), exercem efeitos de redução da camada de ozono, sendo64%daproduçãodestinadaaousoemsistemasderefrigeraçãoearcondicionadoconformeindicado emAFEAS(2001).Oimpactodassubstânciascausadorasdareduçãodacamadadeozonoéquantitativamente medido através do seu Ozone Depleting Potential  (ODP) Estas duas famílias de refrigerantes também são incluídasnoselementosquecontribuemparaoaquecimentoglobaldaTerradevidoaoefeitodeestufa.Embora os gases hidrouorcarbonetos (HFCs) fossem desenvolvidos com o intuito de substituir os CFCs e HCFCs já que nãodegradamacamadadeozono,têmtambémefeitosdirectosnoaquecimentoglobaldoplaneta.Atravésdo protocolodeMontreal,177paísescomprometeram-seatomarmedidasparaprotecçãodacamadadeozono. EsteprotocolodeterminaumaaboliçãogradualetotalcessaçãodofabricoeutilizaçãodeCFCsseguidospelos HCFCs. O objectivo do protocolo de Quioto, que ainda não foi raticado por um número suciente de países de modoatornar-senumaforçamotrizdealteraçãodecomportamentos,consistenareduçãoem5%dasemissões de seis gases, entre os quais se encontram os HFCs, entre 1990 a 2008 e 2012. Os benefícios ambientais das estratégias delineadas são avaliados segundo uma medida objectiva de mérito ambiental, baseada na denição de umciclodevidareal- Life Cycle Climate Performance(LCCP),queponderaaglobalidadedoimpactoambiental duranteociclodevidadosistemaderefrigeração,emboraestamediçãotambémpossaserefectuadacomo Global Warming Potential  (GWP). De modo a combater o aquecimento global, as estratégias fundamentais a seguir consistemna redução do consumo energético, redução nas emissões de refrigerantes, investigação e desenvolvimento de novos uidos refrigerantes e tecnologias alternativas (tecnologias que possibilitem soluções alternativasadequadasaociclodecompressãodevapor,comosejamastecnologiasdeabsorçãoeabdorção, refrigeraçãosolar,arrefecimentodissecante,ciclodear,ciclodeStirling,arrefecimentotermoeléctrico,etc...).

45

OconceitoTotal Equivalent Warming Impact (TEWI)levaemcontanãosóasemissõesdirectas,mastambém indirectasdegasesutilizadosnossistemasderefrigeraçãoquecontribuemparao efeitode estufa.Osvalores médiosdasemissõesdirectaeindirectadoimpactototaldosectordarefrigeraçãonoaquecimentoglobalforam estimados respectivamente em 20 % devido a fugas de uidos refrigerantes das instalações de refrigeração, e em 80 % devido às emissões indirectas de dióxido de carbono gerado pela produção (essencialmente eléctrica) de energiarequeridaparaofuncionamentodossistemas(IIR,2000). Porimperativosambientaisrelacionadoscomaprotecçãodacamadadeozonodevidoàlibertaçãodegasescom efeito de estufa, isto é, os uidos frigorigéneos contendo cloro, as novas unidades frigorícas e de ar condicionado usam hidrouorocarbonetos (HFC), que apenas contêm como halogéneo o úor, como substitutos dos uidos frigorigéneosCFCs. Porexemplo,oR134aéumsubstitutodoR12,oqualpossuipropriedadessemelhantesàsdoR12,masnãoprovoca a destruição da camada de ozono. Outros uidos frigorigéneos também têm sido progressivamente utilizados para asubstituiçãodoR12.Entreestes,encontram-seoR600(n-butano),R600a(iso-butano)ouR600b(ciclo-pentano) preferencialmente utilizados em equipamentos domésticos. Todavia, os uidos frigorigéneos hidrocarbonetos cloradossãoaindaosmaisempregues,jáque,emboraossistemasmaisantigosqueforamconcebidospara trabalharcomR12possamseralteradosparaR134a,nãotemsidotomadaumaacçãoconsciencializadorapara substituir os uidos frigorigéneos, nomeadamente em pequenos sistemas domésticos.

Tabela 3.2 - Propriedades dos uidos frigorigéneos de uso doméstico

PROPRIEDADES

R12

R134a

R600a

Massa molar [kg/mol]

0.121

0.102

0.058

Temperatura ebulição [K]

243.2

246.6

261.5

Temperaturacrítica[K]

388

374

408

Pressão critica [MPa]

4.01

4.07

3.65

Densidade(25ºC)[kg/m3]

1470

1370

600

Pressão de vapor (25 ºC) [kPa]

124

107

58

Entalpia de vaporização (25 ºC) [kJ/kg]

163

216

376

Exemplos de uidos frigorigéneos inorgânicos comuns são o amoníaco (R717), dióxido de carbono (R744), azoto (R728), neon (R720), água (R718), etc. Como exemplos de uidos frigorigéneos orgânicos podem ser indicados o triclorouorometano (R11), diclorodicluorometano (R12), triuorotricloroetano (R113), tetrauoroetano (R134a), etano(R170),metano(R50),etc.NaseguinteTabela3.3sãoapresentadasalgumasdepropriedadesfísicasde uidos frigorigéneos.

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Tabela 3.3 - Propriedades termodinâmicos de diversos uidos frigorigéneos

FLUIDO FRIGORIGÉNEO

TEMPERATURA DE EBULIÇÃO (ºC)

TEMPERATURA CRÍTICA (ºC)

PRESSÃO CRÍTICA (bar)

GAMA DE UTILIZAÇÃO (ºC)

Hidrogénio (R702a)

-252

-240

12,8

-

Azoto (R728)

-196

-147

34,0

-

Ar (R729)

-195

-141

37,7

-

Etileno (R1150)

-104

+9

50,4

-100 a -73

Dióxido de carbono (R744)

-79

+31

73,9

-

Propileno(R1270)

-48

+92

46,6

-45 a -10

Propano (R290)

-42

+97

42,4

-40 a -5

Amoníaco (R717)

-33

+132

113,0

-35 a 0

Tetrauoroetano (R134a)

-26

+101

40,6

-26 a 15

Butano (R600)

-1

+152

38,0

-

Água (R718)

+100

+374

221,0

+7 a +50

Nota: Uma forma rudimentar, mas simples, de avaliar a aplicabilidade de um dado uido como frigorigéneo num ciclo de refrigeração, consiste na determinação da sua temperatura de ebulição normal. Quanto mais baixa for a temperatura, menor  será o nível de arrefecimento que se poderá alcançar no sistema.

Idealmente e numa fase inicial de selecção, os uidos frigorigéneos deverão ser avaliados através das propriedades apresentadasnaTabela3.4seguinte. Tabela 3.4 - Características relevantes dos uidos frigorigéneos

PROPRIEDADE

CARACTERÍSTICA DESEJADA

COMENTÁRIO

Temperaturacrítica

Inferioràtemperaturadecondensação

AproximaçãoaociclodeCarnotepermitir elevadoCOP

Temperatura de fusão

Baixa

No evaporador deverá existir líquido

Pressãodesaturação

Acima da pressãoatmosférica

Evitar entradas dearno sistema

Entalpia de vaporização

Elevada

Redução do caudal a processar  

Volume especíco

Baixo

Condutividade térmica

Elevada

Elevadas taxas de transferência de calor  

Estabilidade

Boa

Quer de substâncias puras quer de misturas

Solubilidade

Baixa

Evitar contaminação por água ou óleo

47

Reduçãodotrabalhodocompressoredas dimensõesdosistema

Toxicidade

Baixa

Permitirmanipulaçãosemriscode envenenamento

Inamabilidade

Baixa

Segurança na operação

Detectabilidade

Boa

Detecção de fugas

Destruição do ozono

Nenhuma

Prevenir a destruição da camada de ozono

Custo

Baixo

-

3.3-Ciclo

de refrigeração

Oprocessoderefrigeraçãoéumatransferênciadeenergia(naformadecalor),deumcorpofrioparaumcorpo quente,pelaaplicaçãodetrabalhoexterno(oucalor).Umequipamentoderefrigeraçãoévulgarmenteassociado ao inverso de uma “máquina de calor” (Figura 3.1).

QUENTE T2 Q2

QUENTE T2 Q2

W Q1

FRIO M áquina de calor

W Q1

T1

FRIO

T1

Bomba de calor   (equipameentoderefrigeração)

Figura 3.1 - Esquema do processo de refrigeração

O funcionamento destes sistemas pode ser avaliado através do denominado Coeciente de Performance (Coefcient Of Performance – COP) da bomba de calor ou do equipamento de refrigeração, análogo à eciência

térmica( th) da máquina de calor. Qualquer destas quantidades dene o efeito útil do equipamento de refrigeração queconsistenaremoçãodecaloraoobjectofrio,ouseja,aobtençãodeumaquantidadeQ 1fornecendootrabalho W(usualmentedeumcompressor).

Outrosdoisimportantesparâmetrosigualmenteassociadosaosciclosderefrigeraçãosão: • O efeito refrigerante q [kJ/kg], que é o calor removido à fonte fria por unidade de massa de uido refrigerante; •AcapacidadederefrigeraçãoQ[kJ/s],queéataxadecalorremovidaàfontefria. Um ciclo de refrigeração simples (Figura 3.2) é o inverso do Ciclo de Carnot para o trabalho num uido condensável, formadoporumcompressor,umcondensador,umdispositivodeexpansãoeumevaporador.

48

Q23

CONDENSADOR

3

EXPANSOR W34

4

2

COMPRESSOR EVAPORADOR

1

W12

Q41 Figura 3.2 - Ciclo de refrigeração simples

Emborateoricamenteestesistemafuncione,napráticanãoéutilizadoemvaporescondensáveisumavezquea misturaquechegaaodispositivodeexpansãoéumlíquidooucontémumamisturadevaporelíquido.Naprática, émuitodifícilconseguirumsistemadeexpansão(oucompressão)demisturashúmidasdevidoaimpedimentos mecânicos. De forma a evitar estas diculdades práticas no ciclo de refrigeração, foram feitas duas modicações (Figura3.3): •Odispositivodeexpansãofoisubstituídoporumaválvula; • O uido é completamente evaporado na saída do evaporador, de modo a que ao compressor chegue somente gás.

Q23 3

CONDENSADOR

     e     o       d       ã      a     s       l      n     u     a     v     p       l       á    x       V     e

4

2

COMPRESSOR EVAPORADOR

1

W12

Q41 Figura 3.3 - Ciclo de refrigeração modicado

Estaalteraçãoapresentanoentantoalgumasdesvantagens: •Comoaválvuladeexpansãocriaentropia,eaenergiadisponívelparapermutanoevaporadoréinferior; •Paraumadadataxadecompressão,otrabalhodocompressorésuperioraodociclosimplespoisnadescarga ogásestásobreaquecido; •OvalordoCOPéinferioraoCOPdoinversoidealdoCiclodeCarnotpoisacondensaçãonãoéisotérmicae aválvuladeexpansãoéirreversível. Umcicloderefrigeraçãoporcompressãodevaporconsistenumasériedeprocessosexecutadossobreeporum uido frigorigéneo. O ciclo é constituído dos seguintes processos: •Compressãodovapor(realizaçãodetrabalhosobreovapor,transferindo-lhepotência);

49

•Condensaçãodovapor(transferênciadecalorcomomeiofrio); •Expansãodolíquidoapóscondensação; •Evaporaçãodolíquido(transferênciadecalorcomomeioquente).

3.4-Componentes

essenciais de um sistema de refrigeração por  compressão de vapor 

Antes de avançar para análise dos ciclos de refrigeração, são apresentados esquematicamente os quatro componentes principais dos sistemas frigorícos de compressão de vapor: evaporador, compressor, condensador  eválvuladeexpansão,deformaafamiliarizaroleitorcomossistemasdisponíveisnomercado.

3.4.1 - Compressor  Equipamento destinado aumentar a pressão de um gás ou escoamento gasoso. Ao comprimir o uido frigorigéneo naformadevapor,paraalémdeaumentarasuapressão,aumentaasuatemperaturadovapor,atéumvalor situado sucientemente acima do valor de temperatura de um uido abundante e barato, ar ou água, que será utilizadonasuacondensação. Os compressores utilizados nos equipamentos de refrigeração operam com uidos bastante especícos e em condições de sucçãoe descarga pouco variáveis, possibilitando assim o seu fabrico em série. Consoante o funcionamentopodemsersubdivididosemdoisgrandesgrupos: •Volumétricos ou de deslocamento positivo :rotativos,alternativos,deparafuso,scroll, swing ; •Roto dinâmicos ou de deslocamento cinético :centrífugoseaxiais. Adicionalmente,consoanteotipodeacessoaoseuinterior,podemsersubdivididosem: •Aberto:compressorseparadodomotorsendoatransmissãousualmenteefectuadaporcorreias; •Semi-hermético: compressor acoplado a um motor eléctrico, estando ambos encerrados num invólucro metálico; •Hermético:compressoracopladoaummotoreléctrico,estandoambosencerradosnuminvólucrometálicoselado.

3.4.2 - Condensador  Equipamento destinado a permitir a que o uido frigorigéneo comprimido, no estado gasoso, dissipe calor para um uido que constitui o meio externo. Durante este processo de transferência de calor, o uido perde energia e condensa-se. Os uidos externos utilizados para arrefecer o condensador são tipicamente a água ou o ar. No entanto,existeumtipodecondensadorondeépulverizadaáguanaparteexterioraostubos,deformaaaumentar atrocadecalor,aproveitandoocalorlatentedaágua(condensadorevaporativo).

3.4.3 - Evaporador  Equipamento destinado a permitir que onde o uido frigorigéneo receba calor do meio que se pretende arrefecer. Não é mais do que um permutador de calor que arrefece um uido exterior a uma temperatura constante (a temperatura de vaporização do uido frigorigéneo à pressão de trabalho). Durante este processo de transferência

50

de calor, o uido recebe energia e evapora-se. Consoante o seu tipo de funcionamento, podem ser subdivididos emdoisgrupos: •Inundados:evaporadoremqueexisteumaquantidadedelíquido,cujovolumeécontroladopeloseunível; •Secos:evaporadoremquetodoolíquidoqueneleentra,sainascondiçõesdevapor.

3.4.4 - Válvula de expansão Equipamento destinado a permitir o controlo do caudal de uido frigorigéneo condensado ao evaporador, servindo assimcomoórgãodeseparaçãoentreazonadepressãomaiselevadaeazonadepressãomaisbaixanocircuito frigoríco de compressão de vapor. Asprincipaisválvulasquenecessitamdecorrenteeléctricasão: •Válvula motorizada :válvulaoperadaporumpequenomotoreléctrico(actuador); •Válvula solenóide :válvulaqueabreoufechaporacçãodoefeitoelectromagnético. Emtermosgenéricosorecursoaválvulaselectrónicaspermitemummelhorrendimentodainstalaçãoquando comparadocomorendimentoqueasválvulasconvencionaispermitem.

3.4.5 - Ventilador  Quandoapropriadaaobtençãodemaiorestaxasdetransferênciadecalorouaformaçãodeumacortinadearem equipamentosderefrigeraçãoabertosaoarambiente,sãofrequentementeutilizadosventiladores.Consoanteo funcionamentopodemserdistinguidososseguintestipos: •Axial:ocaudaltendeaseguirnumadirecçãoparalelaàdoeixodoventilador; •Centrífugo:aadmissãoéefectuadaaxialmenteeadescargaradialmente,numplanonormalàdirecção daadmissão.

3.4.6 - Equipamento de regulação e controlo Osequipamentosderegulaçãoecontrolonormalmenteexistentesnumequipamentoderefrigeraçãodestinam-se avaliar as alterações duma propriedade do uido no ponto de leitura. Um sensor faz a medição da propriedade, enviandoumsinalproporcionalàgrandezalida.Osequipamentosdecontrolomaisusuaissão: •Termóstato :controlodetemperatura; •Pressostato:controlodepressão; •Higrostato:controlodahumidade(poucoutilizadonaspequenasunidades). Oposicionamentodosensornolocal(oulocais)acontrolaréimportante.Aqualidadedascondiçõesobtidasea eciência do sistema depende dum correcto posicionamento dos sensores.

3.5-Ciclo

de refrigeração por compressão de vapor 

Osprocessosocorridosnumcicloderefrigeraçãoporcompressãodevaporretratamasalterações,detemperatura e de pressão responsáveis pelas transferências de calor, que o uido frigorigéneo sofre (Figura 3.4). Um modo gráco de esboçar os processos que ocorrem num ciclo é através dos diagramas de estado. Há vários tipos de

51

diagramasquepodemserutilizadosparaesteefeito,sendoosmaisusuaisosquerelacionamaspropriedadesdo uido: pressão, p, com a entalpia, h, (diagrama de Mollier) e os que relacionam a temperatura, T, com a entropia, s(Figura3.5). Inicialmente,serádescritoocicloidealdecompressãodevaporjáqueociclorealdesvia-sedocicloidealizado,não obstantesendoconstituídopelosmesmosprocessos.Estecicloidealédeseguidarepresentadoesquematicamente enodiagramadeMollier(p-h):

Ambiente (FonteQuente) QH 

Condensador  3

2

W in

Válvulade expansão Compressor  4

1

Evaporador  QL

Espaçorefrigerado (FonteFria)

Figura 3.4 - Representação esquemática do ciclo ideal  de refrigeração por compressão de vapor 

 p

T  2

Liquido saturado

QH  3

2

QH 

3

QL 4

1

W in

W in 4’

4

1 QL

Vaporsaturado

h

s

DiagramadeMollier( p-h).

Diagrama T-s.

Figura 3.5 - Ciclo de compressão de vapor ideal 

52

NodiagramadeMollier(p-h)podemserdistinguidasasseguintesregiões: •Ponto 1 Ponto 2: O uido frigorigéneo entra no compressor como vapor saturado sofrendo uma compressãoadiabática,istoé,semtrocasdecalorcomoexterior(aliásisentrópica,aentropiaconstante)no compressor até a pressão de condensação. Durante este processo a temperatura do uido aumenta acima datemperaturadomeioenvolvente; •Ponto 2 Ponto 3: O uido frigorigéneo entra no condensador como vapor sobre aquecido onde é realizada a dissipação de calor isotérmica até atingir o estado de liquido saturado, todavia, com uma temperaturasuperioràdomeioenvolvente; Ponto 4:Expansãodolíquidoapóscondensaçãoaentalpiaconstanteatravésdeumtubo •Ponto 3 capilar ou válvula de expansão com o objectivo de regular a admissão de uido frigorigéneo ao evaporador. Durante este processo a temperatura do uido desce abaixo da temperatura do espaço que se pretende refrigerar. O arrefecimento provoca uma diminuição da pressão, sendo o uido frigorigéneo parcialmente vaporizado;

Ponto 1:Absorçãodecalordoespaçoquesepretenderefrigerarnoevaporador,sendooseu •Ponto 4 estadoalteradoparavaporsaturadoeretornandoaoPonto1. Matematicamente, o ciclo de refrigeração por compressão de vapor pode ser descrito pela formulação da EquaçãodaEnergia,aplicávelparaumsistemaemregimepermanente,paraumescoamentounidimensionalcom conservaçãodemassa,istoé,ms=me=m.

Emque, Potência caloríca [W]; h

Entalpia, [kJ/kg];

g

Aceleração da gravidade, ( = 9,81 [m/s2]);

e

Cota, [m];

m

Massa, [kg]; Potência, [W].

Aanálisedecadaumdosprocessospodeserrealizadaseparadamentepelaconsideraçãodevolumesdecontrolo (VC): •Ponto1

Ponto2:Compressão-Modeloidealdocompressor 

Considerando as seguintes simplicações no denição do modelo baseado na equação de energia: (1) regime permanente:

;

53

(2)processodecompressãoéadiabáticoereversível,istoé,éisoentrópico: (3)existeconservaçãodemassa:me=ms = m :

;

;

(4)variaçõesdeenergiacinéticaepotencialsãodesprezáveis:

; (5)apressãoéconstante(estaéumaaproximação). SendoWotrabalhorealizadosobreoVC,oprocessoserádescritopor:

•Ponto2

Ponto3:Condensação-Modeloidealdocondensador 

•Ponto4

Ponto1:Evaporação–Modeloidealdoevaporador 

A aplicação da Equação da Energia aos processos decondensação e evaporação é análoga e assenta nos mesmospressupostos: (1) regime permanente:

;

(2) sóexistetrabalhodeescoamento (incluídonaentalpia):

;

(3)existeconservaçãodemassa:me=ms=m; ; (4)variaçõesdeenergiacinéticaepotencialsãodesprezáveisfaceàvariaçãodaentalpia: ; (5)apressãoéconstante(estaéumaaproximação).

54

Assim: Condensadorideal: Evaporadorideal: •Ponto3

Ponto4:Expansão-Modeloidealdaválvuladeexpansão

Assumindoque: (1) regime permanente:

;

(2) processo é adiabático:

;

(3)existeconservaçãodemassa:me=ms=m; ; (4)variaçõesdeenergiacinéticaepotencialsãodesprezáveis: . Aequaçãodaenergiavirá:

Expansãoideal: Istoé, Evaporador ideal:

(processo isoentálpico)

Consequentemente, é irreversível poisnão é isoentrópico: istoé, um processo adiabáticoisoentálpico não é isoentrópico.

3.6-Ciclo

real de compressão de vapor 

Osciclosderefrigeraçãoporcompressãodevaporreaisdiferemdosciclosideiais,emgrandeparte,devidoàs irreversibilidadesdosprocessos.NaFigura3.6sãoapresentadosoesquemadeumciclorealporcompressãode vaporerespectivodiagramadeestadosT-squeesquematizamestasdiferenças.

55

Ambiente (FonteQuente)

4

Condensador 

2



QH 

3

3

5

2’

2

4 W in

Válvulade expansão

5 6 7

Compressor  6

8

1

1

Evaporador  7

8

QL

s Espaçorefrigerado (FonteFria)

Representaçãoesquemáticadociclorealderefrigeração

DiagramaT-s

porcompressãodevapor 

Figura 3.6 - Ciclo de refrigeração real 

Osdesviosqueocorremnosprocessospodemserdescritoscomo: • O uido frigorigéneo que abandona o evaporador e entra no compressor poderá não estar no estado de vapor  saturado, já que não é possível controlar precisamente o estado do uido. Esta consequência deve-se em grande parte ao processo de transferência de calor entre o uido frigorigéneo e o ambiente envolvente. Para tal, o sistema é projectado para que o uido à entrada do compressor se encontre sobre-aquecido; • Perdas de pressão signicativas na tubagem entre o evaporador e o compressor por efeito de atrito e por  transferência de calor, o que resulta num aumento do volume especíco e consequentemente na potência requeridaaocompressor; •Oprocessodecompressãorealenvolveefeitos deatritoquepoderãoaumentaroreduzir aentropia dependendo dosentidodatransferênciadecalordoprocesso; •O processo de condensação poderá não ser completodevido a perdasde pressão fazendo com que o uido à saída do condensador não se encontre no estado de liquido saturado. Assim, torna-se adequado sub arrefecer o uido antes de passar pela válvula de expansão. Assim,sendooobjectivodeumcicloderefrigeração,aremoçãodecalordoarambienteaserrefrigerado,oseu COP – Coeciente de Performance, é denido como sendo a razão entre o calor retirado e o trabalho realizado:

Idealmente, .

56

Capítulo 4

02

58

Equipamentoderefrigeração

4.1

-Enquadramento

4.2

-Omercadomundialdeequipamentosderefrigeração

4.3

-Equipamentosexpositoresrefrigerados

02

4.3.1  -Expositoresverticais-murais 4.3.2  -Expositoreshorizontais-ilhas 4.3.3  -Vitrinas 4.4

-Característicasgerais

4.4.1  -Funcionamento 4.4.2  -Serviço 4.4.3  -Economia 4.4.4  -Ecologia 4.4.5  -Marketing 4.4.6  -Cortinasdear  4.4.7

-Outrasconsiderações

4.5

-Aplicaçõesdecomercialização

4.5.1

-Versãolacticínios

4.5.2

-Versãodecarne

4.5.3

-Versãodehortofrutícolas

4.5.4

-Versãodeprodutoscongeladosegelados

Objectivos do Capítulo •Apresentarostiposdeequipamentosdefrionospontosdevendaeassuasprincipaiscaracterísticas(Expositores frigorícos horizontais, verticais, abertos, fechados), analisando comparativamente os equipamentos disponíveis e discutindoassuasvantagens/desvantagenseasuaadequabilidadefaceànaturezadosprodutosaconservar; •Apresentareosdiscutirosaspectosrelevantesateremconsideraçãonodesignhigiénicodeequipamentos,em particularexpositores; •Descrever as principais características de equipamentos expositores refrigerados utilizados para produtos alimentares; •Demonstraraaplicaçãodosdiferentestiposdeequipamentosexpositoresrefrigeradosparaváriostiposdeprodutos alimentaresediscutirasuaimportâncianapreservaçãodaqualidadeesegurançaalimentardessesprodutos.

60

4.1-Enquadramento O frio constitui o único meio de conservação de alimentos no seu estado natural. Porém apenas se revela ecaz casosejaaplicadocomcontinuidade,desdeaproduçãodosprodutosatéaoseuconsumo. Atemperaturaéumfactorimportanteparamanteraqualidadedosalimentosarmazenados,adiminuiçãoda temperaturafazcomqueocorraumadiminuiçãodavelocidadedasreacçõesqueproduzemadeterioraçãoda qualidadedosalimentos.Oefeitoconservadordofriobaseia-senainibiçãototalouparcialdosprincipaisagentes responsáveispelaalteraçãodosalimentos.Assim,aaplicaçãodofrionassuasvertentesmaisimportantes– refrigeraçãoecongelação-,permitealargaravidaútildosalimentos,quersejamfrescosouprocessados,durante períodos de tempo relativamente longos, com uma repercussão mínima nas suas características nutritivas e organolépticas. Tambémnadistribuiçãoosequipamentosdefriotêmvindoasercadavezmaisutilizadosdemodoapreservara qualidadedosalimentos.Osequipamentosdeexposiçãodeprodutosalimentaresperecíveisconservadospelo frio,conjuntamentecomosequipamentosdetransportesão,regrageral,porquestõestécnicasecomerciais,os pontos mais decientes da cadeia de frio. Osequipamentosdefrionospontosdevendapodemserde diversostipos(e.g.horizontais,verticais,abertos, fechados) segundo as características decorrentes da necessidade especíca de mercado, além do cumprimento dosdiversosrequisitosexigidospelanormalizaçãoparaacomercializaçãodeprodutosalimentaresconservados eexpostosemfrio. Acomponentedarefrigeraçãoaquiapresentadaéacomercial,emquearefrigeraçãotemcomoobjectivopreservar osprodutosalimentares,durantea fasedecomercialização,demodoa mantê-losemperfeitoestadosanitário enumelevadograudequalidadenoquerespeitaàaparência,odor,saboreconteúdonutritivo,jáquedestes elementosdependeovalorcomercialdoproduto.

4.2-O

mercado mundial de equipamentos de refrigeração

Dopontodevistaeconómicoosequipamentosderefrigeraçãocomercialemutilização,sãoaproximadamente10 milhões, correspondendo a vendas anuais de 18,6 mil milhões de dólares, subdivididas pelas categorias indicadas naTabela4.1(IIR,2002).

Tabela 4.1 - Vendas anuais de equipamentos de refrigeração

CATEGORIA

VENDAS ANUAIS (mil milhões de dólares)

Expositores abertos e fechados ao ar ambiente

3,00

Armários e ilhas

4,95

Pontos de venda automáticos

2,50

Máquinas de gelo

1,35

Componentes

6,80

Fonte: (IIR, 2002)

61

No entanto, estima-se que a procura mundial de equipamentos de refrigeração comercial aumente 5,3% anualmente (incluindo o aumento de preços) até 2008 para cerca de 26 mil milhões de dólares, com os países em desenvolvimento a registarem os ganhos mais elevados (Freedonia, 2005). Esta situação constitui uma melhoria substancial relativamente ao período 1998-2003, reectindo um crescimento económico acelerado na Europaorientaleemoutrasregiõesemdesenvolvimento.Odesenvolvimentoeconómicoirápromoveramaioria dos sectores consumidores de equipamentos de refrigeração nestas regiões.Os mercados maispromissores encontram-se na América Latina e na região Ásia/Pacico, onde o crescimento da população e a tendência de melhoria da qualidadede vidaestimularão a procura de equipamentos de refrigeração comercial. É visível a distânciaqueseparaospaísesindustrializadosdospaísesem desenvolvimento,poisapenas33%donúmero de frigorícos produzidos anualmente se destina a países subdesenvolvidos embora 80 % da população mundial habitenessesmesmospaíses(IIR,2002).AChinaapresentaráumdosmaioresaumentosnaprocura,estimandose cerca de 8 % por ano até 2008. A Índia também exibirá um forte ganho devido à industrialização e ao aumento de investimento xo. A América Latina, em particular o México e a Argentina irão beneciar da recuperação económica a seguir à recessãoque sofreramno início dadécada de2000. Ospaíses desenvolvidos daE.U.A.,Europa Ocidental e região Ásia/Pacico como sejam Austrália, Hong Kong, Japão, Nova Zelândia, Singapura e Coreia doSul,apresentamjámercadosestáveisdeequipamentosderefrigeraçãocomercial.Paraosmercadosdos E.U.A., Japão e Europa Ocidental apresentam-se previsões até 2008 de um crescimento abaixo da média quando comparados com os dos paísessubdesenvolvidos, embora com ummelhor desempenho que o registado no período 1998-2003. Em toda esta análise, os equipamentos que liderarão o mercado de venda de equipamentos derefrigeraçãocomercial,serãoosarmárioseilhasderefrigeração,seguidosdosexpositoresabertos.Nocaso particulardospaísesdesenvolvidosetendocomoreferênciaosE.U.A.,prevê-sequeaprocuradeequipamentos de refrigeração comercial cresça 5,5 % por ano até 2008 (incluindo o aumento de preços), excedendo os 8,6 mil milhõesdedólares(Freedonia,2004).Oaumentoresultarádeumamelhorianoinvestimentodecapitaisàmedida quearecuperaçãoeconómicaincentivaráarenovaçãoouexpansãodasinstalaçõesexistentes.Oaumentodeverse-á,emgrandeparte,àtentativadeimpulsionarascomprasdeprodutospelosconsumidores,comainstalação deexpositoresabertos.Asprevisõesindicamtambémumgrandeaumentodevendasdeequipamentocriogénico para unidades de cuidados de saúde, assim como para investigação médica e cientíca. Actualmente, a importância do sector da refrigeração comercialtem vindoa seracentuadapelanecessidade crescentedeprodutosalimentaresfrescosoucongeladosnasáreasurbanas,quenageneralidadesãoproduzidos eprocessadosnoutrasáreasequetêmnecessidadefundamentaldeseremmantidosemcondiçõesdepreservação durante o transporte e no armazenamento até serem consumidos. Há que ter em consideração que muitos produtos alimentaressãosazonais,peloquedeverãoserpreservadosdemodoaseencontraremdisponíveisdurantetodoo ano.Tambémacrescenteregulamentaçãodosectoreasexigênciasdosconsumidoresrelativamenteàqualidade dosprodutostempautadoocrescimentoo sector.Ascaracterísticasactuaisdosempreendimentoscomerciais, conduzemaumautilizaçãomaisintensivadeequipamentosdestinadosàexposiçãoeconservaçãoemfriode produtosalimentaresperecíveis,bemcomodosprópriossistemasderefrigeração(Flannicketal.,1994).Estes factoresconduzemaocrescimentodoconsumoenergéticoeamaiorescustosoperativosdosectorcomercialno quetocaaossistemasdeconservaçãopelofrio,paraalémdasdiversasconsequênciasambientaisdaíresultantes. Paralelamente,querpelaconcorrêncianomercado,querpelaevoluçãodasempresasrelacionadascomosserviços

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dealimentação,éexigidoaestetipodeequipamentosumpotencialdemarketingquecorrespondaaonívelde desempenhocomercialpretendido,mesmoqueemprejuízodeumaevoluçãosustentadanodomínioenergético e ambiental. Por isso, a optimização do desempenho e da eciência energética de equipamentos de refrigeração reveste-sedeenormeimportância.Estaoptimizaçãoencontra-secondicionadaporvariadosfactores,peloquese tornafundamentalassegurarodesenvolvimentodemeioseinstrumentosdecálculoparamelhorarodesempenho energético,bem comoreduzira incidênciasobreocampoambiental, garantindoaadequadaconservaçãodos produtosalimentaresperecíveis. Faceao cruzamentode dados, os programasde conservaçãode energia implementadosem território NorteAmericano, destinados ao sector comercial dão um ênfase particular à iluminação e aos equipamentos de Aquecimento,VentilaçãoeArCondicionado(AVAC),jáqueconstituem65%doconsumoanualdeenergiaprimária (produção,distribuiçãoeperdasdetransmissão)(EIA,1995;ADL,1993).Todavia,todootipodeequipamentos utilizados no sector da refrigeração comercial constitui cerca de 20% desta carga. Os equipamentos de refrigeraçãoconsomemaproximadamente2,3%daelectricidadetotaldosedifícioscomerciaisdosEstadosUnidos (ASHRAE, 2006). Já em 1996 se estimava que o consumo anual de energia primária nos Estados Unidos no sectordarefrigeraçãocomercialfossedeaproximadamente291TWh(ADL,1996).NaFigura4.1éapresentadaa contribuiçãodosdistintoselementosqueconstituemoconsumoenergéticodeumsupermercado,comumvolume devendasde2milmilhõesdedólareseumaáreade4650m2 (Komor et al., 1998). Os supermercados possuem umadasintensidadesde usode electricidademaiselevadasdosedifícioscomerciais,correspondendo a1650 MJ/m2 por ano (Komor et al., 1998). Na Figura 4.2 é apresentada esta estimativa diferenciada pelos distintos equipamentos de refrigeração comercial, tendo em consideração que tanto na denominação “Grandes superfícies comerciais” como “Outros” (relativa a pequenos estabelecimentos comerciais), o consumo energético deve-se em grandeparteaosexpositoresrefrigerados.

Condensadores3%

Outros7%

Walk-ins4% Iluminação 38% Equipamentos expositores refrigerados 15%

Compressores 28%

Arcondicionado5%

Figura 4.1 - Consumo de energia eléctrica de um supermercado típico

Fonte: (ADL, 1996)

63

Máquinasdegelo10% Postosrefrigerados devendaautomática 14%

Grandes superfícies comerciais33%

Armáriosderefrigeração5%

Armáriosdecongelação7% Outros 8% Pontosdevendade bebidasrefrigeradas5% Câmaras refrigeradas 18%

Figura 4.2 - Consumo de energia primária no sector da refrigeração comercial (291 TWh)

Fonte: (ADL, 1996)

Aevoluçãodoconsumoenergéticodeelectricidadediscriminadopelosequipamentosderefrigeraçãocomercial nas análises realizadas em 1999 foi de: em qualquer tipo de equipamento, 485 TWh; em câmaras, 406 TWh; em expositores, 424 TWh, o que reecte o aumento do número de unidades em serviço (EIA, 1999). Aanáliseefectuada(ADL,1996)indicaqueexistemgrandespotencialidadesdereduçãodoconsumoenergético nal e de energia primária em cerca de 78 TWh (≈ 27 %), através de desenvolvimentos nas tecnologias actuais e assumindoaimplementaçãodetecnologiaseconomicamentemaisatractivasemtodosostiposdeequipamentos. AFigura4.3traduzopotencialdereduçãodoconsumodeenergiaprimáriasubdivididapelosváriostiposde equipamentos na utilização nal de energia. Câmarasrefrigeradas16,9%

Grandes superfícies comerciais15,5%

Máquinasdegelo5,3% Pontosrefrigerados devendadebebidas 8,5%

Postosrefrigerados devendaautomática 16,4%

Armários de congelação 8,2% Armáriosderefrigeração7,0%

Figura 4.3 - Potencial de redução do consumo energético no sector da refrigeração comercial (TWh)

Fonte: (ADL, 1996)

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Opotencialdereduçãodoconsumoenergéticoestáassociadoaváriosfactoresemecanismos: • Utilização de ventiladores e compressores de maior eciência no processo (retorno de investimento inferior  a2anos); •Sistemasdedescongelaçãoporgásfrigorigéneoquente; •Mecanismosdeanti-embaciamento,porgásquentee/oulíquidos; •Métodosdecontrolodosciclosdedescongelação(retornodoinvestimentoparaosúltimosquatrofactoresé deaproximadamentede5anos). O consumo de energia primária para a necessidade de refrigeração em estabelecimentos comerciais (supermercados)éestimadoemcerca96TWh.Ossistemasderefrigeraçãonestesestabelecimentospodemser divididosemdoissegmentosquefazemusodedistintastecnologias.Aspartesmaisvisíveisdestessistemassãoos equipamentosdeexposiçãoeconservaçãoemfriodeprodutosalimentares,fechadosouabertosaoarambiente. Nestetipodeequipamentos,opotencialdereduçãodoconsumoenergéticoéestimadoem13,2TWh,cerca de14%datotalidadedopotencialde reduçãodoconsumodeenergiaprimáriaemsupermercados.NaTabela 4.2,éapresentadaadiscriminaçãodopotencialdereduçãodeconsumodeenergiaeléctricaportecnologiasem equipamentosdeexposiçãoeconservaçãoemfriodeprodutosalimentares.

Tabela 4.2 - Potencial de redução do consumo de energia eléctrica para as várias tecnologias

POTENCIAL DE REDUÇÃO DO CONSUMO ENERGÉTICO TECNOLOGIAS ELECTRICIDADE (%)

ENERGIA PRIMÁRIA (GWh)

Controlo do aquecimento de anti-embaciamento

5,7

1460,0

Controlo da descongelação

1,3

590,0

Descongelação por gás quente

3,1

880,0

Iluminação eciente - balastros electrónicos

2,0

31,9

Isolamento

0,3

290,0

MotorDCdoventiladordoevaporador(comutaçãoelect.)

8,2

7062,0

Permutadores de calor de sucção líquida

2,4

1170,0

Pás ecientes dos ventiladores

3,2

50,4

Fonte: (ADL, 1996)

4.3-Equipamentos

expositores refrigerados

Devidoaquestõesdemarketing,osprodutosexpostosemdiversosexpositoresrefrigeradosabertosnãopossuem umabarreirafísicaentreoconsumidoreoproduto.Anecessidadedoconsumidordepoderveremanusearsem constrangimentosoprodutoembaladoquepretendeadquirir,apresentadiversosproblemastécnicos.Acortinade

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ar,quedeveráfornecerumabarreiratérmica,entreoprodutoeoconsumidor,nãoéperfeita,jáqueoarambiente quentee húmidodo estabelecimentocomercialinteragecomo arrefrigerado dointeriordo equipamentopelas viastérmicasemássicas,sendotambémaspiradoatravésdagrelhaderetornoparaosistemaderefrigeração. Aspectosrelativosàscaracterísticasgeométricasdosequipamentoslevamà saídadearrefrigeradopelazona inferiordoexpositor,dequeresultaumaperdadecapacidade.Todasestassituaçõesconduzemaoaumentoda cargatérmica. Factorescomosejamadisposiçãodosequipamentosnointeriordoestabelecimento,condiçõesdearmazenamento, condições ambiente, padrões de carga, entre outros, inuenciam directamente a temperatura dos produtos, a qual deverápermaneceromaisestávelpossívelepróximadoseuvaloradequadoenecessárioàconservação. Conforme expresso porAdams(1992), considera-se a comercializaçãocomo sendoa apresentação atractiva deprodutosalimentaresdemodoaencorajarasuacompraporpartedopúblicoemgeral.Paratal,osdiversos tiposdeexpositoresrefrigeradospossuemdiferentescaracterísticasrelativamenteàapresentaçãodosprodutose diferentesconsumosenergéticosdependendodotipodeprodutoalimentarqueirãoalbergar.Esteautorindicaque acomercializaçãodeprodutosalimentaresemfriocorrespondeacercade50%doconsumoenergéticototalde um estabelecimento comercial alimentar. Assim, verica-se que a correcta escolha dos equipamentos refrigerados inuencia directamente a apresentação dos produtos e consequente venda, bem como o consumo energético do local,peloque,naselecçãodeexpositoresrefrigerados,nãodeveráserapenasconsideradaaapresentaçãodo produto,mastambémoseuconsumoenergéticoecusto,jáqueosdoisfactoressãodeprimordialimportânciana rentabilidadedoestabelecimento. Antesdemaisénecessáriocategorizarosequipamentosderefrigeraçãoemfunçãodatemperaturadeserviço: i) temperatura positiva, nos quais a temperatura do evaporador é mantida entre -18 e 4,5 ºC e a temperatura dos produtosacimadatemperaturadecongelação;eii)temperaturanegativa,cujatemperaturadoevaporadorse encontra entre -40 e -18 ºC e os produtos alimentares são conservados abaixo da temperatura de congelação. Ostiposprincipaisdeequipamentosderefrigeraçãodestinadosàconservaçãoeexposiçãoemfriodeprodutos alimentares, em função das características decorrentes da necessidade especíca de mercado que pretendem preencher,são: •Expositores verticais(murais),cuja característicaprincipalé apresentaremuma ampla áreade exposição emmododeserviçodeprodutos(lácteos,talhoecharcutaria,frutaselegumes,produtoscongeladosouaté mesmopossuíremcaracterísticasmulti-funcionais); •Expositoreshorizontais(ilhas),indicadosparaaproveitaremosespaçoslivresevendaemmododeserviço, tipicamentedestinadosàexposiçãoeconservaçãoemfriodeprodutoscongelados,emboratambémse encontremversõesdetemperaturapositivaparaaconservaçãodeprodutosalimentaresfrescos; •Vitrinas,destinadasàexposiçãoeconservaçãodeprodutosdepastelariaebar,talhoecharcutaria,peixaria e ans. Este último tipo de equipamento é, por norma, fechado ao público.

As distintas tipologias encontram-se exemplicadas na Figura 4.4.

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Vertical(mural)

Horizontal (ilha)

Vitrina

Figura 4.4 - Equipamentos expositores refrigerados (Cortesia: JORDÃO Cooling Systems®  )

Cadatipodeproduto alimentarperecívelpossui características físicas particulares,distintosmodosdemanuseamento ediferentesexigênciasdeexposição,peloqueainstalaçãonumsupermercadotípicodeequipamentosexpositores refrigerados de temperaturas positivas e negativas subdivide-se em 68 e 32%, respectivamente conforme indicado naFigura4.5.Ainda,osequipamentosexpositoresrefrigeradosverticaisdestinadosàconservaçãodeprodutos cárneos/charcutarias, lácteos e diários representam aproximadamente 46% da totalidade dos expositores refrigerados(Faramarzi,2000). Temperaturapositiva (outros)22% Temperaturanegativa32%

Temperaturapositiva(murais)46% Figura 4.5 - Distribuição dos equipamentos expositores refrigerados por temperatura de serviço

Osequipamentosexpositores refrigeradossão projectados paracomercializar produtosalimentares perecíveis tirando partido do reduzido tempo de armazenamento, no entanto, é fundamental uma correcta manutenção datemperatura dos produtosde modo a manter a sua segurança alimentar. Face aos dadosdas doenças e mortesprovocadaspelaingestãodealimentosdeteriorados,oFDA(FoodandDrugAdministration)recomenda queatemperaturadonúcleodeprodutosdetalho/charcutaria,aviário,pastelariaepadaria,peixaria,lacticínios, e leguminososnão exceda 5 ºCdurante toda a cadeia defrio(FDA,2001). NaTabela 4.3 são apresentadas as temperaturas de descarga do ar refrigerado recomendadas pela ASHRAE (ASHRAE, 2006), em função dos diferentestiposdeprodutosqueoequipamentoexpositorrefrigeradoalbergará.

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Tabela 4.3 - Temperatura de descarga de ar refrigerado

TEMPERATURA DE DESCARGA a) (ºC) TIPO DE EQUIPAMENTO MÍNIMA

MÁXIMA

Multi-funcional

1,1

3,3

Ilhas Multi-funcional

1,7 1,7

3,3 3,3

Área de exposição

2,2b

3,3b

0

2,2

-4,5 -4,5

-3,3 -3,3

Ilhas Multi-funcional aberto ao ar ambiente Multi-funcional com portas

c

-25c -23c -20c

Ilhas Multi-funcional com portas

c

Lacticínios Frutaselegumes(empacotados)

Carnefresca(áreadeexposiçãofechada)

Carnefumada

Multi-funcional

Carneempacotada(áreadeexposiçãoaberta)

Versão única Multi-funcional

Produtoscongelados

Gelados

c c

c

-31c -25c

Fonte: (ASHRAE, 2006)

Nota: a A temperatura do ar refrigerado é medida à saída da grelha de descarga. b A carne fresca sem qualquer tipo de empacotamento deverá ser conservada em expositores refrigerados fechados ao ar  ambiente. A carne deverá ser introduzida no equipamento com uma temperatura interna de 2,2 ºC, pelo que o equipamento deverá ser capaz de manter esta temperatura na zona de exposição e conservação de modo a reduzir a desidratação da carne e segurança alimentar. c  A temperatura mínima de conservação de gelados não é critica à excepção da proporcionalidade com o consumo energético do equipamento.

4.3.1 - Expositores verticais - Murais Quandosepretendeusarosequipamentosemmododeserviço,ocupandopoucaáreadesolocomercialecom umaelevadaáreadeexposiçãoquepossibilitaumaapresentaçãoatractivadosprodutosalimentaresrefrigerados, osestabelecimentossãoequipadoscommurais. Na Figura 4.6 é apresentado um esquema da conguração típica de um equipamento expositor vertical aberto. O arambienteéaspiradoatravésdosventilo-convectoreslocalizadosajusantedoevaporador.Duranteapassagem doaratravésdoevaporador,éarrefecidoatéàgamadetemperaturasdeconservaçãodosprodutosalimentares queserãoexpostos.Estamassadearéconduzidaporumacondutaposterior,quepermitequepartedestamassa dearsejaintroduzidaabaixavelocidadenazonadeconservaçãoeexposição,pelasuapassagematravésda perfuraçãodaparedefrontal.Noentanto,devidoàelevadavelocidadedoar,grandepartedestecaudalmássico irá formar uma cortina de ar, que acabará por se desenvolver entre as grelhas de insuação e de aspiração.

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Figura 4.6 - Conguração típica de um expositor refrigerado vertical aberto (Cortesia: JORDÃO Cooling Systems®  )

4.3.2 - Expositores horizontais - Ilhas As “ilhas” são expositores horizontais amplamente utilizados em estabelecimentos comerciais destinados à venda de produtos alimentares em regime de “self-service”, disponíveis no mercado em versões para temperaturas positivas(produtosalimentaresfrescos)eparabaixastemperaturas(congelados,gelados)(Figura4.7).

Figura 4.7 - Exemplicação de expositores horizontais (Cortesia: JORDÃO Cooling Systems®  )

Regem-sepelosmesmosprincípiosdosgradientesdetemperaturae velocidadequeosexpositoresverticaise tambémpossuemcortinasdear,noentanto,desfrutamdoprincipiofísicodagravidadequejogaafavordaredução dacargatotaldearrefecimento.O arrefrigeradonointeriordo equipamentoé maispesadoqueoar ambiente exterior,peloquea cortinade arlograuma interacçãomaisreduzida com o arambientee assenta sobreos

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produtosalimentares,mantendo-osàdevidatemperaturadeconservação.Oefeitodagravidadepermiteousode velocidadesmaisreduzidaseaespessuradacortinadearéinferior,oquenarealidadesetraduznumaredução doconsumoenergéticodoequipamentofaceaosexpositoresverticais. Seja qual for o tipo de expositor, verica-se que, independentemente do uso de cortinas de ar, a temperatura de funcionamentoparaaqualoequipamentoestáprojectadoéalcançadamaisrapidamenteseestecontiveruma cargaalimentarquereduzaovolumevazio,poisnoutrocasoiráfavorecerainteracçãotérmicacomoarambiente doestabelecimentocomercial.

4.3.3 - Vitrinas Osdiversosfabricantesoferecemumavariadagamadevitrinasparapastelariaebar,talhoecharcutaria,peixaria, supermercadoserestauração. Omodelodevitrinaéidealparapequenaslojasespecializadasporquepermiteumrelacionamentoóptimoentre asuperfícieocupadaeaáreadeexposição.Estetipodeexpositorgeralmenteéfechadoeapresentaumaampla áreadevisibilidadedosprodutosquealberga. No caso de armazenar produtos frescos, é necessário atender às características da vitrina, em termos do funcionamentoatravésderefrigeraçãoestáticaouventilada. Avitrinacomrefrigeraçãoestáticaapresentaavantagemdenãocontribuirpararessequirosalimentosfrescos, vistonãopossuirconvecçãoforçadadoarrefrigerado.Estefactoimplicaumareduçãonaáreadeexposição devido àsgrandes dimensões doevaporador. Como a recirculação doar nointerior daárea deexposiçãoé natural,nãohánecessidadedeventiladoreseoevaporadorpoderásercolocadoemdiversoslocais,dependendo dotipodeproduto.Pornorma,devidoàsdimensõesdoevaporador,esteéinstaladoporbaixodotabuleiroouna zonaposteriordavitrinaocupandoáreaquedeoutramaneiraseriadeexposição.Comoalternativa,poderáser colocadonotopodoexpositor,seoequipamentofuncionarcomrefrigeraçãoestáticaporgravidade.Avitrinacom refrigeraçãoventiladaapresentaadesvantagemdesecarosprodutosfrescosmaisrapidamenteeterumconsumo energéticosuperior,noentantoapresentaumarespostamuitosuperior,eao possuiroevaporadornofundodo equipamento, a área de exposição aumenta e possibilita diversas congurações de colocação de prateleiras que beneciam a comercialização dos produtos alimentares.

4.4-Características

gerais

Ascaracterísticastécnicasgeraisconvencionadaspelageneralidadedosfabricantesdestetipodeequipamentos (JORDÃO Cooling Systems®,2000)epelosfabricantesdedispositivosconstituintesdosistemaderefrigeração, tentamatenderasexigênciasdosproprietáriosdeestabelecimentoscomerciais,sendorelativasao: •Funcionamento; •Serviço; •Economia; •Ambiente; •Marketing; •Cortinasdear.

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4.4.1 - Funcionamento Emtermosdefuncionamentoénecessárioconsiderar,emfunçãodouso,osseguinteselementos: •Sistemaderefrigeração,quepoderáserporcirculaçãonaturaldoarrefrigerado(frioestático)ouporconvecção forçada com a utilização de ventiladores (refrigeração ventilada). A escolha de uma das possibilidades encontra-serelacionada com o tipo deprodutos alimentar que irá albergar, pois o primeirodestina-se a produtoscomumatemperaturadeconservaçãonãomuitoreduzida,comavantagemdenãocontribuirpara ressequirosalimentosfrescos.Noentanto,estacaracterísticaexigeumevaporadordemaioresdimensões, o que se reecte numa diminuição da área de conservação e exposição em frio de produtos; •Sistemadecontrolodatemperaturaedosciclosdedescongelação; •Mecanismodedescongelaçãodoevaporador,quepoderáserrealizadaporventilação,resistênciaseléctricas ouporgásquente; •Tipodeisolamentoemateriaisdeconstruçãodosequipamentos.

4.4.2 - Serviço O tipo de serviço poderá ser considerado semelhante ao das câmaras frigorícas, conforme a utilização destinada aoequipamento: •Fraco,quandoafrequênciadeaberturadasportaséreduzidaouestádestinadoaoarmazenamentode produtossazonaisoudelongaduraçãoparacongelados; •Normal,quandosedestinaaoarmazenamentodecurtaduraçãotantoparaprodutosfrescoscomocongelados, emsupermercadosoutalho; •Forte,quandoseprocessaumelevadonúmerodesubstituiçãodeprodutos; •Muitoforte,apenasnoscasosemqueosequipamentosestãolocalizadosemlocaisanormalmentequentes.

4.4.3 - Economia Nestemomentoaeconomiadosequipamentoséavaliadaemfunçãodorigornocontrolodastemperaturasdentro dacâmaradereserva(nocasodosequipamentosquepossuamumaáreadecongelaçãoouarmazenamento interior) e na área de exposição que auxilia na melhoria da eciência energética dos equipamentos, bem como no tipodeisolamento(e.g.poliuretanoinjectado)dasparedesexterioresquepermiteumaconsiderávelreduçãono consumoenergético.

4.4.4 - Ambiente Apreocupaçãoambientaldosfabricanteseanormalizaçãolevouàutilizaçãodegasesrefrigerantesnaprodução defrio(e.g.R404aouR134a)edosgasesutilizadosparaotipodeisolamento(e.g.R141b)isentosdeCFCs,de modoanãoprejudicaremacamadadeozono.

4.4.5 - Marketing Noselementosdemarketingateremconsideraçãonacomercializaçãodosequipamentosderefrigeraçãoincluem-se:

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•A visibilidade :Dependendodotipodeequipamento,pretende-seobterumaamplavisãosobreoproduto,de modoaproporcionarumaextensaáreadeexposição.Estefactortambéméobtidoatravésdodesfasamento deprateleiras,parapermitirumacaptaçãovisualdoprodutosemcondicionalismos; • A luminosidade :Asensibilidadedohomemaosvaloresenuancescromáticoséparticularmenteimportante emrelaçãoaosprodutosalimentares.Amotivaçãooudissuasãopeloprodutoexpostopoderávariarapenas pela cor da fonte luminosa, de modo que uma reexão cromática próxima da luz do sol permite valorizar os tonsnaturaisdosprodutosfrescos; •O design:Odesigntomaumpapelpredominantenaescolhaevendadestetipodeequipamentos,tanto pelasuaconstruçãocomopelosmateriaise acabamentosqueoscaracterizam.Tambémsefazsentirnos elementosinternosquevalorizamaapresentaçãodosprodutos,comosejamailuminaçãoindirecta,opesoe volumevisualdoequipamento; •A ergonomia:Emfunçãodaergonomia,osdiversosmodelospropostospelosfabricantesforamdesenhados deacordocomascondiçõesmédiasdecaptaçãovisualdopúblico.Tentampermitirumaobservaçãodo produto menos condicionada pela barreira do vidro, reduzindo simultaneamente a probabilidade de reectir  pontosdeluzparasitas. Alémdestas característicasgenéricas, os equipamentos de refrigeração poderão serfechados ou abertos ao arambiente.Tipicamente,oprimeirocasosucedeemequipamentosderefrigeraçãodetemperaturanegativa (congelação)eosegundoparaequipamentosderefrigeraçãodestinadosàconservaçãoemfrioatemperaturas positivasdosprodutosalimentares.Usualmenteosequipamentosderefrigeraçãoabertosaoarambientedispõem decortinasdear.

4.4.6 - Cortinas de ar  As cortinas de ar são dispositivos frequentemente utilizados em aplicações comerciais e industriais para connar  epreservarespaçoscontíguos,comambientestérmicosdistintos,cujosacessosdevamsermantidosabertospor razõesoperacionaise/oucomerciais. Segundo a Norma AMCA Standard 220-91 (AMCA, 1991), uma cortina de ar é denida como um jacto de ar  estabelecido segundo a altura e a espessura de uma abertura, com suciente velocidade e volume para reduzir  a inltração de ar, isto é, a transferência de calor e de massa entre um ambiente exterior e um espaço com atmosfera controlada. Destinada a connar espaços controlados, este dispositivo deverá simultaneamente, facilitar  apassagemdepessoaseequipamentos,einibirapassagemdeinsectos,póoudetritos. Dadaa sua versatilidade,assiste-se actualmente a umacrescenteutilizaçãodeste tipode equipamentos em espaçoshabitacionais,comerciaiseindustriaiscomovedaçãotérmica.Todavia,faceaonúmerodevariáveisque inuenciam o desempenho dos dispositivos, torna-se imprescindível desenvolver métodos que permitam optimizar  o seu desempenho térmico, assim como a sua eciência energética. Antes de mais, há que salientar que os tipos de cortinas de ar dependem da sua aplicação especíca. Relativamente aostiposdecortinasdear,fundamentalmentepodemserdotiponãorecirculadas,frequentementeutilizadas em espaços comerciais e em câmaras frigorícas, ou então do tipo recirculadas, usualmente encontradas nos equipamentosdeexposiçãoeconservaçãodeprodutosalimentares.

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Qualquerexpositorrefrigeradoabertodependedecortinasdearparaimpediraentradanoseuinterior,dear ambienteaumatemperaturasuperiorecomumconteúdodehumidademaiselevado,demodoamanteracorrecta temperaturadosprodutosquearmazena.Nageneralidade,osexpositorespossuementreumaatrêscortinasde ardependendodatemperaturadefuncionamentoedaáreadasuperfíciedaaberturadeexposição.Ainteracção entre o ar ambiente e o ar refrigerado da cortina aumenta o uxo de calor ao longo da cortina de ar, que por sua vez iráincrementaracargatérmicadaunidade.Alémdisso,estainteracçãocausaoaumentodosníveisdehumidade doequipamento,levandoaumafrequênciasuperiordosciclosdedescongelação.Assim,areduçãodainteracção térmicadacortinadearcomoarambienteaumentaráaquantidadedearrefrigeradoqueérecirculado,reduzindo acargadearrefecimento,bemcomo,diminuindoafrequênciadosciclosdedescongelação,permitindo,poruma vertente,amanutençãodeumatemperaturamaisuniformenointeriordoequipamentoe,poroutra,areduçãodo consumoenergético. Um conito clássico entre as componentes comercial e energética, inerentes aos equipamentos expositores refrigeradospodeserexpostaconsiderandoum mesmotipodeexpositorrefrigeradovertical (mural),mascom característicasdiferentes.Assumindoumdotipoabertoeoutrofechado(tipicamentecomportasdevidro),ocusto darefrigeraçãodoprimeiroécercadodobrodosegundo,noentanto,tipicamente,omuralabertopossuiumataxa devendadoprodutomuitosuperior,paraqueoseucustooperacionalseaproximedoexpositorverticalfechado (Figura 4.8).

Figura 4.8 - Inuência das componentes comercial e energética dos expositores

Cortina de ar simples Os balcões frigorícos verticais abertos de exposição em frio (Figura 4.9) baseiam-se nas cortinas de ar para impedirqueoarambienteaumatemperaturasuperiorpenetrenoambientefriodentrodobalcão.

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Figura 4.9 - Inuência da cortina de ar nas interacções térmicas

As cortinas de ar possuem um papel signicante na interacção térmica do balcão frigoríco com o ar circunvizinho. O uxo de ar de uma cortina mistura-se com o ar interior arrefecido, mas também se mistura na fronteira exterior  comoarambientedoestabelecimento.Paramaximizaramisturanafronteirainterioreminimizarnafronteira exterior,a cortinadeardeverápossuirumgradientedetemperaturaascendentee umgradientedevelocidade descendente,dointeriorparaoexterior,talqueoescoamentoaelevadavelocidadeebaixatemperaturaassegure amisturanafronteirainteriorenquantooescoamentoabaixavelocidadeetemperaturaambientenafronteira exteriorminimizeamisturadoarrefrigeradocomoarambientedolocal(Figura4.10).

Figura 4.10 - Conguração ideal dos gradientes de temperatura e velocidade da cortina de ar 

Além dos efeitos dos gradientes de temperatura e de velocidade, o uxo de ar que abandona a grelha de descarga deverá seguir a mesma direcção, pelo que geralmente as grelhas de descarga apresentam uma conguração defavosdeabelha,cujoobjectivoconsistenodireccionamentodoescoamentoereduçãodaintensidadede turbulência,paraatenuarosmecanismosdifusivosereduziramistura.

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A cortina de ar forma uma barreira térmica, que a baixos números de Reynolds, se apresenta como uma blocagem efectiva,tantoàentradadearambientedoestabelecimentocomercialcomoàsaídadearrefrigeradodointerior doexpositor. No entanto, as cortinas de ar não conseguem ser mantidas a baixos números de Reynolds e o escoamento real está situado no regime de transição. Quanto mais reduzidas forem as instabilidades do uxo de ar da cortina, ou seja, quanto mais se reduzir o número de Reynolds de modo a tornar o escoamento completamente laminar, maior  seráapossibilidadedeobterumabarreiradearquereduzaefectivamenteaumapequenafracçãoainteracção comoarquenteehúmidoambiente(Figura4.11).

Figura 4.11 - Tendência conceptual da percentagem de interacção com o número de Reynolds

Cortina de ar tripla Dependendo do modelo de expositor e do m que lhe é destinado, podem ser utilizadas diversas cortinas de ar  comgradientesdetemperaturaevelocidadenãouniformes,cadaumacomasuatemperaturae velocidade.A eciência das cortinas de ar é afectada pela diferença de densidade entre o ar refrigerado e o ar ambiente, assim, quantomaisreduzidaforatemperaturadefuncionamentoemaiorforaaberturaverticaldoexpositor,maior deveráseraespessuraeavelocidadedacortinadear.Encontram-senomercado,equipamentosderefrigeração abertosaoarambientequefazemusodemaisdoqueumacortinadear(Figura4.12).Usualmentedestinamà conservaçãodeprodutoscongelados.

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Figura 4.12 - Cortinas de ar em murais com diferentes temperaturas de funcionamento

Ascaracterísticasdacortinadeartripla(Figura4.13)devemsertaisque: •Acortinadeardafronteirainteriordeverápossuirumavelocidademaiselevadaedescarregaroarrefrigerado queatravessaoevaporador; •Acortinaintermédiadeveráserobtidacomarrecirculadomasnãorefrigerado; •Acortinadafronteiraexteriordeveráserrealizadacomarambientedescarregadoabaixavelocidade,de modoaprotegerascortinasinteriores.

Figura 4.13 - Cortina de ar tripla

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4.4.7 - Outras considerações A conguração do local de instalação dos equipamentos, pequenas lojas ou grandes hipermercados, normalmente dene o tipo de sistema refrigeração, isto é, se está localizado no equipamento ou à distância, respectivamente. Trata-sedeumasoluçãocomointuitodereduzircustosoperativosdossistemasderefrigeração.Oprimeirocaso foijádescritonaapresentaçãodostiposdeequipamentosenquantoqueosegundofaznormalmenteusodeum uido secundário que irá arrefecer o ambiente ou processo. Neste caso o uido de transferência não é o uido frigorigéneocomoqualoperaociclo. Os fabricantes destes equipamentos desenvolvem modelos que tentam conuir todas estas características, no entanto, as soluções são pornorma obtidas numabase de compromisso, melhorando umacaracterísticaem detrimento de outra, já que a correcta escolha dos equipamentos inuencia directamente a apresentação dos produtose,consequentemente,asuavenda. Étambémimportanteomodocomoos equipamentossãoempilhadosnazonade exposiçãoeconservação.A análiseefectuadaporFaramarzi(2003)indicaqueocarregamentoinapropriadodeprodutosalimentareslevaao aumento signicativo da sua temperatura, atingindo valores que afectam a segurança alimentar: •Bloqueiodagrelhadeaspiraçãoporcolocaçãodeprodutosalimentaressobreesta:11,3ºC; •Sobre-carregamento(colocaçãodeprodutosparaalémdoslimitesdecarga):7,6ºC; •Distribuiçãonãouniformedosprodutoslevandoaespaçosvaziosnasprateleiras:6,2ºC; •Bloqueiodacortinadear:5,5ºC; •Combinaçãodoscasosanteriores:10ºC.

4.5-Aplicações

de comercialização

Segundo ASHRAE (2006), os equipamentos expositores refrigerados podem ser diferenciados em função dacomercializaçãodotipodeprodutoalimentaraquesedestinam.Estadiferenciaçãoresultadasexigências particularesdecadaprodutoalimentarnoquerespeitaàsuaexposiçãoeconservaçãoemfrio.

4.5.1 - Versão de lacticínios Osprodutosdeinstaladosemequipamentosexpositoresrefrigeradosnaversãodelacticíniosincluemartigoscom um signicativo volume de vendas diário, tal como o leite, manteiga, ovos, e margarina. Incluem também outros produtostaiscomoqueijofresco,produtosdepastelaria,eoutrosprodutosalimentaresperecíveisquepossuama temperaturadeconservaçãonagamaadequada.Osequipamentosexpositoresrefrigeradospoderãoserdotipo: •Expositorrefrigeradoverticalcomprateleirasajustáveisatodaalturadeexposiçãoesemportanaparte posteriorparapermitiro encostodo equipamentoàs paredesdo estabelecimentocomercial(Figura4.14). O esquema apresentado na gura representa um equipamento expositor refrigerado vertical aberto ao ar  ambientecomsistemaderefrigeraçãoàdistância,permitindo-lhepossui umaáreadeexposiçãosuperior,  jáquenoincorporanoequipamentoocompressore condensador.Nocasodepossuirportasposteriores, estasdestinar-se-ãoaoabastecimentodeprodutos.Aáreadeexposiçãopoderáserabertaaoarambiente oufechadaatravésdeportasdevidro;

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Figura 4.14 - Mural na versão lacticínios multi-funcional 

Fonte: (ASHRAE, 2006)

• Outra conguração corresponde a expositores fechados construídos na parede da câmara de refrigeração destinada aoarmazenamentodosprodutos.Poderãopossuirprateleirasajustáveisemalturaqueseencontramatrásdasportas devidronointeriordacâmaraderefrigeração.Outratipologiapoderácorresponderaumcarrodeprateleirasqueé carregadonointeriordacâmaraderefrigeraçãoetransportadoparaazonadeexposição(Figura4.15).

Figura 4.15 - Carro de prateleiras na versão lacticínios

Fonte: (ASHRAE, 2006)

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4.5.2 - Versão de carne Por questões de segurança alimentar, a carne é vendida preferencialmente já embalada, embora o corte e embalagemsejajá realizadono interiordo estabelecimentocomercial.Comoreferido,a temperaturadacarne frescadeverásermantida,durantetodaacadeiadefrio,abaixode4,5°Cparaassegurarasuaqualidade.Os equipamentosexpositoresrefrigeradosverticaisdestinadosaalbergarestetipodeprodutossãoprojectadospara funcionar à menor temperatura possível sem congelar a carne. As temperaturas são mantidas com utuações mínimas(àexcepçãodociclodedescongelação)paraassegurarastemperaturasinternasedesuperfícieda carne,maisestáveispossíveis.Ahigienizaçãoétambémfundamentalparamanteraqualidadedoproduto,jáqueo desenvolvimentodebactérias,mesmocomaadequadatemperaturadeconservação,nãoimpediráadescoloração prematuraeadeterioraçãosubsequentedacarne.Istodeve-sefundamentalmenteaoaumentodatemperatura supercial da carne devido a: •Raiosinfravermelhosdailuminação; • Raios infravermelhos reectidos pela superfície do tecto do estabelecimento comercial; •Sobre-lotaçãodoexpositorrefrigerado; •Espaçoslivresnazonadeexposiçãoeconservaçãodosprodutos; •Perturbaçãodoarrefrigerado. Osequipamentosvulgarmenteutilizadospoderãopossuirdiversastipologias.Nosequipamentosemmodode “self-service”, encontra-se normalmente carne embalada. Estes poderão ser do tipo: •Expositorrefrigeradohorizontal,comacessofrontalouposterioropcional(Figura4.16);

Figura 4.16 - Ilha na versão de carne

Fonte: (ASHRAE, 2006)

•Expositorrefrigeradoverticalcomcaracterísticasmulti-funcionais,ecomacessoposterioropcional(Figura4.17);

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Figura 4.17 - Mural na versão de carne

Fonte: (ASHRAE, 2006)

•Qualquer um dos tipos anteriores são fechados ao ar ambiente por portas de vidro. Todos estes tipos de equipamentos são disponibilizados pelos fabricantes com diferentes características relativamente à iluminação,estrutura,prateleiraseoutrosacessórios.Nocasodeequipamentosquedisponhamdeuma câmararefrigeradadearmazenamento,raramenteestaécolocadaemmododeself-serviceedestina-se unicamenteaoarmazenamentodeprodutos. Osequipamentos expositoresunicamenteem modo deexposição,istoé, emque o cliente é servido por um empregadoquelheforneceoproduto(nestecasocarnefresca)quepretendeadquirir,podemsersubdivididosnas seguintescategorias: • Vitrina, com câmara refrigerada opcional (Figura 4.18);

Figura 4.18 - Vitrina na versão de carne

Fonte: (ASHRAE, 2006)

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•Produtosdegastronomia,comocarnespreparadas,comcâmararefrigeradadearmazenamentoopcional; •Produtosdepeixariaeavícolas,usualmentesemcâmararefrigeradadearmazenamento,masdestinadosà exposiçãosobreumacamadadegelo.

4.5.3 - Versão de hortofrutícolas Osprodutos hortofrutícolasfrescose embaladossãoporvezesexpostosno mesmoequipamento.Idealmente, osprodutosfrescossemqualquertipodeembalagemdeverãoserexpostosemequipamentoscomreduzida velocidadedoarrefrigerado.Normalmente,épulverizadaáguasobreosvegetaisparamanterasuafrescura.No casodosprodutoshortofrutícolasembalados,énecessáriaumamaiorvelocidadedo arrefrigerado,peloquea escolhadotipodeequipamentoserárealizadaemfunçãodascaracterísticasdesejadas.Encontram-sedisponíveis osseguintestiposdeequipamentosparaestaversão: •Ilhas; •Expositorvertical(Figura4.19);

Figura 4.19 - Expositor vertical na versão de produtos hortofrutícolas

Fonte: (ASHRAE, 2006)

•Devido à natureza dos produtos agrícolas, existem unidades da mesma família de equipamentos não refrigeradasdestinadasunicamenteàexposiçãodosprodutossemacapacidadedeosconservarporfrio; • Também é possível a conguração semelhante ao expositor vertical, mas composta por um carro de prateleiras queécarregadonointeriordacâmaraderefrigeraçãoetransportadoparaazonadeexposição(Figura4.15).

4.5.4 - Versão de produtos congelados e gelados Osprodutoscongeladossãoexpostosemequipamentosexpositoresrefrigeradosdostiposjácitados,noentanto, possuindocaracterísticasparticulares.Podemserencontradosequipamentosdosseguintestipos: •Expositoreshorizontais,conformeexpostonaFigura4.20destinadosàcomercializaçãounicamenteporum doslados.Tipicamenteestesequipamentossãoabertosaoarambiente;

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Figura 4.20 - Ilha na versão de produtos congelados e gelados com acesso unicamente por um dos lados

Fonte: (ASHRAE, 2006)

• Outra conguração é semelhante à anterior mas permite a comercialização em ambos os lados do equipamento (Figura4.21);

Figura 4.21 - Ilha na versão de produtos congelados e gelados com acesso por ambos os lados

Fonte: (ASHRAE, 2006)

•Expositoresverticais,queconformereferidoanteriormentenecessitamdeduasoutrêscortinasdearpara manteratemperaturanegativadeconservaçãodosprodutoscongelados(Figura4.22);

Figura 4.22 - Mural na versão de produtos congelados e gelados com cortina dupla

Fonte: (ASHRAE, 2006)

82

•Expositoresverticaisfechadosaoarambienteporportasdevidro(Figura4.23).

Figura 4.23 - Mural fechado ao ar ambiente na versão de produtos congelados e gelados

Fonte: (ASHRAE, 2006)

83

84

Capítulo 5

02

86

Cargadearrefecimento

5.1

- Introdução

5.2

-Cargatérmicaportransmissão

02

5.2.1  -Resistênciatérmicacondutiva 5.2.2  -Resistênciatérmicaradiativa 5.2.3  -Resistênciatérmicaconvectiva 5.3

- Carga térmica por inltração do ar ambiente

5.4

-Cargatérmicaporradiaçãotérmica

5.5

-Cargastérmicasinternas

5.6

-Cargatérmicadosprodutosalimentares

5.6.1  -Cargatérmicadearmazenamento 5.6.2  -Cargatérmicadevidoàrespiraçãodosprodutos 5.7

-Cargastérmicasinternas

5.7.1  -Cargatérmicadomecanismodedescongelação 5.7.2  -Cargadasresistênciasdeanti-embaciamento 5.8

-Cargatérmicatotal

5.9

-Outrasconsiderações

Objectivos do Capítulo • Caracterizar os principais tipos de cargas térmicas que inuem no funcionamento dos equipamentos de frio; •Explicitarosprincípiosfísicossubjacentesaosdiferentesfenómenosdetransferênciadecalorassociadosaos diferentestiposdecargatérmica.

88

5.1-Introdução A carga térmica com maior preponderância nos equipamentos expositores abertos é relativa à inltração de ar  ambiente.Sistematizando,ascomponentessensíveiselatentesdacargatérmicaaqueésujeitoumequipamento destetipo,subdividem-seem: • Carga térmica por inltração de ar; •Cargatérmicaportransmissãoatravésdasparedes,compostaspelascomponentesconvectiva,condutivae radiativa; •Cargatérmicaporradiaçãotérmica; •Cargastérmicasinternasrelacionadascomailuminaçãoecomosistemadeventilação; •Cargatérmicadosprodutosalimentares,queconsideraascomponentesrelativasàrespiraçãodosprodutos eaoseuarmazenamento; •Cargatérmicadoequipamento,queconsideraascargastérmicasdomecanismodedescongelaçãoedo sistemadeanti-embaciamento. ConformeFaramarzi(1999),acontribuiçãodecadaumadascargastérmicaséapresentadanaFigura5.1. infiltraçãodearambiente72%

outras1% ventilação3%

iluminação 8%

radiaçãotérmica12%

transmissão4% Figura 5.1 - Peso relativo das componentes individuais da carga refrigerante

Fonte: (Faramarzi, 1999)

A análise conjunta destes dados permite vericar que grande parte do consumo energético no sector da refrigeração comercialéimputadaaosequipamentosexpositoresrefrigeradosabertosaoarambiente.Estesequipamentosde refrigeraçãotêmumpotencialdevendassuperior,determinadopelaconcorrênciadomercadoepelasexigências dasempresasrelacionadascomosserviçosdealimentação.Estedesempenhocomercialéconseguidoatravés dainexistênciadeumabarreirafísicaentreoprodutoconservadoemfrioeoconsumidor,demodoqueestepossa veremanusearsemconstrangimentosoprodutoquepretendeadquirir.Estasituaçãoconduzaocrescimento doconsumoenergéticoeacustosdefuncionamentomaiselevadosdosectorcomercialdosequipamentosde exposiçãoeconservaçãopelofrio,devidoàsuautilizaçãomaisintensivanosactuaisempreendimentoscomerciais. Autilizaçãodeequipamentosderefrigeraçãoabertosaoarambienteestárelacionadacomdiversosproblemas técnicos,dequesesalientam:

89

•Imperfeiçãodabarreiratérmicadeterminadapelacortinadearquefacilitaoacessofácildoconsumidorao produto; •Interacçãotérmicaemássicadoarrefrigeradodointeriordoequipamentoaberto,comoarambientemais quenteehúmido,porviadaaspiraçãoatravésdagrelhaderetornodoarparaoprocessodearrefecimento; •Perdasdemassadeararrefecidopelazonainferiordaaberturadoexpositor,resultantesdascaracterísticas deconcepçãodosequipamentos; •Necessidades de potências térmicas de refrigeração nominalmente mais elevadas para compensar um “design” desajustado dos equipamentos e também alguma imposição do mercado pela acessibilidade directa doconsumidoraoproduto; •Disposiçãodosequipamentosnalojaounocentrocomercialbaseadaapenasnumalógicavisualedeacesso maisimediatos; •Variabilidadedascondiçõesdoarambienteaolongododiaemqueseprocessaacompradeprodutos; •Condiçõesdearmazenagempreviadosprodutosedacargadosequipamentosabertos. AleituradodiagramaapresentadonaFigura5.1permiteconcluirqueacargatérmicacommaiorpreponderância nos equipamentos expositores abertos é relativa à inltração de ar ambiente. Esta inltração de ar tem inuência no desempenho térmico e eciência energética dos equipamentos, sendo função da velocidade e direcção do ar  ambiente.Asvariaçõesemmóduloedirecçãodavelocidadedoarambientedevem-seàlocalizaçãodassaídas do sistema de condicionamento de ar do estabelecimento, aos uxos mássicos originados por diferenças de pressãodecorrentesdeaberturasaoexterior,etambémàperturbaçãodomovimentodoarpelapassagemdos consumidoresemfrenteàaberturadoequipamento.Qualquerumadestassituaçõesafectaodesempenhoda cortinadeareconsequentementeodesempenhodoequipamento. De seguida são apresentadas uma série de equações simplicadas do cálculo da estimativa da carga refrigerante que fornecem directrizes básicas para a determinação das cargas individuais, de modo a estabelecer uma sensibilidademaisaguçadarelativamenteàmagnitudeepesorelativodascomponentesdacargarefrigerante econstituirumabasemaisprecisaparaasimulaçãodesistemasenergéticosdeestabelecimentoscomerciais (Çengel, 1998; Faramarzi, 1999). Para o estudo em causa, pretende-se fornecer uma perspicácia adicional no auxíliodocálculodacargatotaldearrefecimentodeequipamentosexpositoresrefrigerados,demodoapermitir umamodelaçãonuméricadocomportamentotérmicomaisplausível.

5.2-Carga

térmica por transmissão

Acargatérmicaportransmissãoretrataacomponentesensíveldosganhosdecalorquesereferemàtransmissão decaloratravésdosmateriaisqueconstituemaestruturadeumequipamentoexpositorrefrigerado.Adiferença detemperaturasentreoardavizinhançaeoarnazonadeconservaçãoeexposiçãodeprodutosalimentareséa força motriz para esta transmissão de calor. A diculdade resume-se em determinar o coeciente de transmissão de calor global das paredes do equipamento. Isto envolve os coecientes de convecção internos e externos do lme dear(dependodoregimeemqueseencontram:natural,forçadooumisto),acondutibilidadetérmicadosmateriais dasdiversassuperfíciesexteriorese interiores queconstituema estruturadoequipamento eacondutibilidade térmicadoisolamentoexistenteentreasparedesinterioreseexteriores.

90

O uxo de calor total (condutivo, convectivo e radiativo) que é introduzido no equipamento expositor através das superfíciesfronteiraqueenvolvemoenvelopeinteriorécalculadoatravésdasresistênciastérmicasrelativasaos diversoselementosqueconstituemasparedesdoequipamento.

5.2.1 - Resistência térmica condutiva Ocircuitotérmicocondutivoequivalenterelativoàcomposiçãodasdiversascamadasdemateriais,envolveuma sériederesistênciastérmicasemsérie,vistoqueascamadasepelículassãosobrepostas:

Emque, A

Área, [m2],

Li

Espessura, [m],

ki

Condutividade térmica, [W/m.K].

5.2.2 - Resistência térmica radiativa Um modo de obter uma quanticação bastante simplicada da resistência térmica radiativa, consiste em considerar  atrocadecalorproporcionalàdiferençadetemperaturas.

Emque, Emissividade, Constante de Stefan-Boltzmann ( = 5,6678.10-8[W/m2.K4]), T

Temperatura, [K]. (índices: s, supercial; ∞, ambiente).

Pormanipulaçãomatemática,obtém-se:

É de salientar que as resistências térmicas superciais de convecção e radiação são compostas por um circuito térmico equivalente em paralelo, já que se reectem como uma sobreposição de efeitos sobre as superfícies.

91

5.2.3 - Resistência térmica convectiva AseguinteEquaçãoexpressaaLeideNewtondeArrefecimentoepodeserusadaparadeterminararesistência térmicadeconvecçãorepresentativadatransmissãodecalorporconvecçãonasuperfíciedoequipamento.

Emque, hconv

Coeciente convectivo de transmissão de calor, [W/m2.K].

A diculdade consiste na determinação dos coecientes convectivos de calor, dada a variação dos tipos de escoamentopresenteseaslocalizaçõeseorientaçõesdassuperfíciesquerepresentamasparedesexteriorese interioresdoexpositor. Segundo a ASHRAE (1997), para ar ambiente estabilizado e sem fontes de perturbação, considera-se o coeciente convectivomédiodadoporhi=h0=9,37[W/m2K]. A consideração de todos os modos de transferência de calor é realizada pela aplicação do coeciente de transmissão decalorglobal,U,podeserdeterminadoapósadeterminaçãodetodasasvariáveisqueoconstituem,tendoem consideração a denição de resistências térmicas condutiva, convectiva e radiativa:

Paraequipamentoscomparedesgrossasecombaixacondutibilidade,aresistênciatérmicacondutivafazcomque o coeciente global de transmissão de calor seja tão reduzido que as resistências térmicas convectivas passam a possuir uma inuência desprezável, pelo que podem ser omitidas dos cálculos. A componente latente da carga por  transmissãocorrespondenteaoganhodecalorportransmissãodehumidadeatravésdasparedesdoequipamento é depreciada, já que na realidade possui uma inuência muito reduzida. Após a determinação do coeciente global de transmissão de calor, a carga de transmissão relativa à superfície considerada pode ser quanticada:

5.3-Carga

térmica por inltração de ar ambiente

A carga térmica por inltração corresponde aos ganhos de calor associados à entrada de ar ambiente, pela cortina de ar no espaço refrigerado do expositor. Assim, verica-se que a cortina de ar é sem duvida o mecanismo que de algummodoreduzestacomponentedacargarefrigerante,tendoemcontaqueoseudesempenhoeaquantidade

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decalortransferidodependemdeváriosfactores,entreoutros,podemsercitadosaquelesquesejulgapossuírem importânciaredobrada: • Velocidade da cortina de ar e perl de temperatura; •Númerodeorifíciosdagrelhadedescarga; •Larguraeespessuradacortinadear; •Característicasdimensionaisdagrelhadedescargadear; •Temperaturasehumidadesnointeriordoequipamentoexpositorrefrigeradoedoambientedocompartimento ondeestáinserido; •Agitaçãodacortinadeardevidoàmovimentaçãonointeriordocompartimento; •Efeitosdeturbulênciaeviscosidadeturbulentanaregiãoinicialdojacto. Estacargatérmicatemduascomponentes:asensívelealatente.Acomponentesensívelretrataaparceladocalor associadoaoaumentodetemperaturadoequipamentoexpositorrefrigerado.Acomponentelatenteéimputadaao conteúdodehumidadedoarambientequeatravessaacortinadear.Àmedidaqueoarpassapeloevaporador, perdeoseucalor,sensívelelatente. Determinar a carga de inltração é o aspecto mais desaador da análise da carga refrigerante de um equipamento expositor refrigerado. A falta de conhecimento do desempenho térmico das cortinas de ar contribui signicativamente para este desao, principalmente, pela ausência de um método robusto e simplicado para determinar a quantidade dearqueentranobalcão. Actualmente, um pouco em função do objectivo nal dos expositores refrigerados, que reside na exposição e vendadeprodutosalimentares,osaspectosestéticosededesignsãodeextremaimportância,emdetrimentodos aspectos construtivos, geométricos e de materiais capazes de reduzir a carga de arrefecimento o que diculta a realaplicaçãodosestudosrealizadosatéaomomento. Acomponentesensíveldestacargaretrataaparcela docalorassociadoaoaumento detemperaturadoequipamento expositorrefrigerado:

Emque, Massa especica, [kg/m3], V

Volume, [m3],

Cp

Calor especíco, [kJ/kg K].

No entanto, para um uxo completamente estabelecido, a seguinte expressão descrita em ASHRAE (1997), traduz acontabilizaçãodestacomponentedacargarefrigerantedeummodomaispreciso:

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Emque, g

Aceleração da gravidade, ( = 9,81 [m/s2]),

H

Altura, [m].

Sendoofactordedensidadedadopor:

Como os equipamentos não são herméticos, é necessário calcular a carga de inltração por circulação transversal directaqueadvémdofactodeoenvelopeinteriorrefrigeradodoequipamentopossuirumapressãonegativa relativamenteaosambientesondeestesmesmosequipamentossãocolocados,fomentandoumganhodecalor devidoàentradadirectadearambientenoespaçorefrigerado.Aseguinteequaçãorepresentaoganhodecalor de inltração por circulação transversal directa:

Acomponentelatenteéimputadaaoconteúdodehumidadedoarambientequeatravessaacortinadear.Em algunscasos,arespiraçãodoprodutogerahumidadeadicionaldentrodoequipamentoexpositorrefrigerado.

Emque, Humidade absoluta, [kgv/kga], hfg

Calorlatentedevaporizaçãodaágua,[kJ/kg], Caudal volumétrico, [m3/s].

5.4

- Carga térmica por radiação térmica

O ganho de calor do equipamento expositor refrigerado por radiação é função das condições interiores do equipamento, incluindo as temperaturas, emissividades e áreas e factores forma das paredes interiores do equipamento,paredes,chãoetectodocompartimentoondeestáintroduzidoedosdiversosobjectosqueestão localizados dentro deste espaço físico. Trata-se de uma componente difícil de quanticar, já que para obter um valor  precisodacargaporradiaçãotêmqueserconsideradososmateriais,texturasegeometrianãosódoinvólucro correspondenteàáreadeexposiçãoedocompartimentoqueoabriga,mastambémdasembalagensouprodutos queoequipamentoexpositorrefrigeradoiráconter. Parasimplicidade de cálculo, cadasuperfíciepode serrepresentada porum conjunto de áreasequivalentes, emissividadesetemperaturasqueapenastraduzatrocaradiativaentresuperfícies.Nocasodesepretenderuma contabilizaçãomaisprecisa,considerandoomeiocomosendoparticipante,torna-senecessáriorecorreramétodos mais elaborados, como sejam o Método de Monte Carlo (Estatístico), das Ordenadas Discretas ou das Harmónicas Esféricas (P-N), entre outros. A desvantagem da utilização de métodos mais áveis reside no esforço numérico necessário,tendoemconsideraçãoqueascaracterísticasfísicasedimensionaisdosprodutosouembalagensque

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irãosercolocadosnointeriordoespaçorefrigerado,irãoinduzirumaelevadavariaçãodestacarga. No cálculo dos uxos de calor através das paredes foi considerada uma resistência térmica radiativa, no entanto acargadevidoàtransmissãodecalorporradiaçãoentresuperfíciespodeserdeterminadadeummodomais precisomodelandoosistemacomodiversassuperfíciescinzentas.Umadestassuperfíciesrepresentaumplano imaginárioquecobreaaberturadoequipamentoexpositorrefrigerado,querecebetodaaradiaçãoquedeixaas superfíciesadjacentes(paredes,pavimento,tecto).Porsuavez,oplanoimagináriorepresentativodaaberturado balcão,trocaradiaçãocomassuperfíciesinterioresdoequipamentoexpositorrefrigerado.AFigura5.2representa um diagrama simplicado que identica as superfícies que trocam calor por radiação (Faramarzi, 1999). O interior  doequipamentoexpositorrefrigeradoconstituídopelotopo(Superfície1),frente(Superfície2)efundo(Superfície 3).Assuperfíciesexterioresaobalcão(chão,tecto,paredese objectos)trocamradiaçãotérmicacomo interior atravésdeumplanoimaginárioquecobreaaberturadobalcãodesignadoporSuperfície4.

Figura 5.2 - Superfícies que participam na transmissão de calor por radiação

Fonte: (Faramarzi, 1999)

Considerandotodasassuperfíciescomosendoopacas,difusasecinzentas,obalançoradiativoparaonóde radiosidadeassociadoacadaumadassuperfíciesédadopelaseguinteequação.Representaaigualdadeentre a taxa de radiação transferida para uma das superfícies pela sua resistência supercial e a taxa de radiação transferidaporestasuperfícieparatodasasoutraspelassuasresistênciasgeométricascorrespondentes.

Emque, E

Emitância total, [W/m2],

J

Radiosidade, [W/m2],

F

Factor de forma.

95

Desenvolvendoestebalançoparacadaumadassuperfícieséobtidoumsistemadeequaçõesalgébricas,tendo em consideração que a Superfície 4 não possui uma resistência supercial radiativa por corresponder a um plano imaginário. Colocandonaformamatricialparaobtençãodaradiosidadeemcadaumadassuperfícies,obtém-se:

Sendo as temperaturas superciais consideradas para o cálculo das radiosidades de cada uma das superfícies, as obtidasatravésdosensaiosexperimentais. Osdiversosfactoresdeformaforamobtidosfazendousodasdiversasrelaçõesentreosfactoresdeformacom sejamaregradareciprocidadeearegradasoma,mastambémpelaformulaçãodecálculoparageometrias bidimensionaisapresentadosporIncroperaetal.(1996). Airradiaçãodecadaumadassuperfíciespodeseravaliadaapartirdasradiosidadesdetodasassuperfíciesda cavidade.Ataxatotalaquearadiaçãoatingeumadeterminadasuperfícieapartirdetodasasoutrasédadapela seguinteequação.

Emque, G

Irradiação, [W/m2].

Sendoataxalíquidadetrocaderadiaçãoqueabandonaasuperfíciedadapor:

Interessa assim determinar o uxo de calor que atravessa o plano imaginário para o interior do equipamento, para ocaso,q4’. Oganhodecalorporradiaçãoapresentaumvalorbastanteelevado,mastambémseapresentacomoomaisdifícil de quanticar, já que para obter um valor preciso da carga por radiação têm que ser considerados os materiais, texturasegeometrianãosódoinvólucrocorrespondenteàáreadeexposiçãoedocompartimentoqueoabriga, mastambémdasembalagensouprodutosqueoequipamentoexpositorrefrigeradoiráconter(Modest,1993).

96

5.5-Cargas

térmicas internas

As cargas internas do equipamento expositorrefrigerado incluem o calor dissipado pelailuminação e pelo(s) motor(es)daventilação.Paraoscálculosdacargatérmicacorrespondenteaestesdispositivospodemserutilizados osvaloresdasuapotêncianominal,comoéexpostonasseguintesequações:

Nocasodacargainternaatribuídaà iluminação,aconstantekilumrepresentaapercentagemdecalordissipado emfunçãodalocalizaçãodaslâmpadasedosbalastrosqueseencontremdentrodafronteiratermodinâmicado equipamento. Iluminação de elevada intensidade irá aumentar a temperatura dos produtos e poderá descolorar a carne. A iluminação utilizada nos equipamentos expositores refrigerados tipicamente é constituída por lâmpadas uorescentes T12 com balastro magnético com um consumo eléctrico de cerca de 0,73 A a 120 V.

5.6

- Carga térmica dos produtos alimentares

Ascausasprimáriasdacargarefrigeranteatribuídaaosprodutosalimentaresaintroduziremanternumespaço refrigerado,devem-seànecessidadedeextrairocalornecessárioparareduziratemperaturadosprodutosdesde oseuvalorinicialatéàtemperaturadearmazenamentoeaocalorgeradopelosprodutosemarmazenamento, principalmentepelosprodutosfrescos,comosejamasfrutasoulegumes.

5.6.1 - Carga térmica de armazenamento Acargatérmicadearmazenamentodeve-seàintroduçãodeprodutosalimentaresnointeriordoequipamento expositor refrigerado que possuem uma temperatura superior à temperatura de armazenamento pretendida. Geralmente considera-se a temperatura inicial dos produtos na gama 15 ≈ 20 ºC para produtos frescos e -15 ≈ -20ºCparacongelados.Representaaquantidadedearrefecimentoexigidaparabaixaratemperaturadoproduto a um valor desejado num determinado intervalo de tempo, ∆t:

Oprocessodearrefecimentodeprodutosalimentaressólidosédominadopelatransmissãodecalorconvectiva,no entantooarrefecimentointernodoprodutoédominadopelacondução,oquetraduzumsistemadetransmissão decalorextremamentelento,funçãodacondutibilidadetérmicadosprodutosalimentares.

5.6.2 - Carga térmica devido à respiração dos produtos Asfrutasfrescaselegumesperdemhumidadeporrespiração.Estahumidadetransfere-sepelapeledoalimento, evapora,eacabanoambienteatravésdatransmissãoconvectivademassa.Arespiraçãoéumprocessoquímico

97

pelo qualas frutas e oslegumesconvertemaçúcarese oxigénioem dióxido decarbonoem água ecalor.O calorgeradopeloprocessoderespiraçãotendeaaumentaratemperaturadoprodutoelevaàtranspiraçãopela peledosalimentosparaoequipamentoexpositorrefrigerado.Estacargarefrigeranteparanprodutospodeser calculadapelaseguinteequação:

5.7-Cargas

térmicas internas

Ascargastérmicasassociadasaoequipamentoencontram-serelacionadascomosganhosdecalorcriadospelos diversosmecanismosquecontrolameimplementamoprocessodosistemaderefrigeração.

5.7.1 - Carga térmica do mecanismo de descongelação Nocasodeequipamentosexpositoresquefuncionematemperaturasabaixodopontodecongelaçãodaágua, torna-senecessárioperiodicamentedescongelaraserpentinadoevaporador,devidoàformaçãodegelonasua superfície.Ahumidadenoarquerecirculaoevaporadoréaprincipalfontedeformaçãodegelo.Àmedidaque aspartículasde água entram emcontacto com a superfície fria daserpentinaabaixo dasua temperaturade orvalho, condensam e perdem o calor latente de vaporização. Se a temperatura supercial estiver abaixo do pontodecongelação,aáguaperdeoseucalordefusãoeconverte-seemgelo.Aformaçãodegelonasuperfície de transferência de calor diminui o coeciente de transferência de calor do evaporador e além disso, aumenta a resistência ao uxo de ar pela serpentina. Durante o ciclo de descongelação, a temperatura dos produtos colocados nazonadeconservaçãoeexposiçãoeleva-se.Quandoadescongelaçãoterminaosistemaderefrigeraçãotemque teracapacidadenecessáriapararemoverocaloracumuladoduranteoperíododedescongelaçãodoevaporador ebaixaratemperaturadoprodutoa umvalordesejávelnumreduzidoespaçodetempo.Otempoexigidopara removeroganhodecalordevidoaoperíododedescongelaçãodependedo: •Tipodedescongelaçãoeconsequenteintensidadedecalor; •Controlodaterminaçãodociclodedescongelação; • Calor especíco do produto; •Temperaturadeconservação. Durante ociclodedescongelação,ocompressordoequipamentoexpositorrefrigeradonãofunciona.Logo,osistema derefrigeraçãonecessitadebastantecapacidaderefrigeranteparamanteratemperaturadearmazenamentodos produtosdesejada,duranteointervalodetempoemqueseprocessaociclodedescongelação.

Consequentemente, as aplicações de refrigeração onde o gelo se possa acumular deverão utilizar algum tipo de mecanismo de descongelação, que em primeira instância podem ser classicados em mecanismos dedescongelaçãonaturaleemmecanismosquefaçamusosuplementareexternodecalor.Tipicamente,os mecanismosdedescongelaçãofuncionamemciclodeacordocomintervalosdetempopredeterminados.Outros

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iniciam-senumdeterminadociclodetempoeterminamquandoatemperaturadoevaporadoralcançaumvalor estabelecido.Dependendodaaplicaçãodarefrigeração,osmecanismosdedescongelaçãopodemserde: •Descongelação natural, em que o ciclo de descongelação é realizado sem qualquer adição de calor, à excepçãodacirculaçãodearambienteatravésdoevaporador; •Descongelaçãoporresistênciaseléctricas,situadasnasuperfíciedoevaporadorqueirãodissiparcalordurante ociclodedescongelaçãocomoobjectivodederreterogeloformadosobreasuperfíciedoevaporador; •Descongelaçãoporgásquente,queutilizaumafracçãodocalorcontidonumadescargadegásdocompressor operacional,paradescongelaroevaporador. Tipicamente, a descongelação por resistências eléctricas ou por descarga de gás quente fornece mais calor (85 %) doqueéonecessárioparaderreterogelo(15%),peloquetambémpossuiráumapercentagemelevadanacarga dearrefecimento. A seguinte equação proporciona uma aproximação elementar para quanticar a carga de descongelação por  resistênciaseléctricas:

Enquantoomecanismodedescongelaçãopordescargadegásquente,apresenta-secomoummétodomais eciente do que o descrito no ponto anterior:

5.7.2 - Carga das resistências de anti-embaciamento Asresistênciasdeanti-embaciamentosãousadasprincipalmenteembalcõesouvitrinascomportasoulateraisde vidro. Estas resistências eléctricas cam situadas ao redor do caixilho das superfícies laterais dos equipamentos e nasconexõesdasportasparapreveniracondensaçãonassuperfíciesdemetal,eliminandooembaciamentodos vidros.Asuapotênciaecargarefrigeranteresultantepodemserreduzidasaplicandocontrolosinteligentesque reduzamaoperaçãodasresistênciasemfunçãodahumidadeinterior. Em equipamentos expositores refrigerados fechados ao ar ambiente,o consumo eléctricodestes dispositivos podeatingiraté35%doconsumoeléctricototaldoequipamento(Faramarzietal.2001).Ocalordissipadopelas resistênciaseléctricascontribuiparaacargadecalorsensíveldoexpositor. Aseguinteequaçãorepresentaacontribuiçãodoaquecimentoanti-embaciamentoparaacargarefrigerante,sendo aconstantek1umindicadordafracçãodadissipaçãodecalornointeriordoequipamento.

5.8-Carga

térmica total

Acargasensíveltotalpodesercalculadacomaseguinteequação,representativadascontribuiçõesdasdiversas cargastérmicasindividuais:

99

Acargalatentepodesercalculadapelacontribuiçãodascargastérmicas quepossuemcomponenteslatentes, como sejam a inltração de ar ambiente, e a respiração dos produtos alimentares frescos:

Acargade arrefecimento total necessária para o correcto funcionamento do expositor refrigeradopode ser expressapor:

5.9-Outras

considerações

De acordo com os testes de laboratório realizados por Faramarzi (1999) e Gas Research Institute (2000), as maiorescontribuiçõesparaa cargarefrigerantetotalem equipamentosexpositoresrefrigeradosabertossãoas cargas por inltração de ar ambiente e por radiação térmica. No caso de equipamentos expositores refrigerados verticais abertos ao ar ambiente, a carga térmica por inltração de ar ambiente constitui cerca de 80% da carga refrigerante. Porém, a inltração poderá não representar o mesmo papel crucial para outras congurações de balcões frigorícos. Nocasodeequipamentosexpositoresrefrigeradoshorizontaisabertosaoarambiente(ilhas)detemperaturanegativa, a radiação passa a ser uma componente mais inuente da carga refrigerante total, constituindo cerca de 43% do seu valor,vistoqueoplanodaaberturadeexposiçãoéparaleloaotectoondeestãocolocadososdiversoselementos deiluminação.Istoé,aconsideraçãodeoutrotipodemodelodeequipamentoexpositorrefrigerado,alteraráopeso relativo das componentes das diversas cargas de arrefecimento, conforme exemplicado na Figura 5.3. 100

Mecanismodeanti-embaciamento Mecanismodedescongelação Evaporador(es)/ventilador(es) Infiltração Radiação Condução

90    l   a    t   o    t

  e    t   n   a   r   e   g    i   r    f   e   r   a   g   r   a   c   a   a   r   a   p   o    ã   ç    i   u    b    i   r    t   n   o    C

80 70 60 50 40 30 20 10 0 Muralaberto(carne)

Muralaberto(lacticínios)

Ilha(congelados)

Tipo de Equipamento

Figura 5.3 - Componentes da carga refrigerante total para distintos equipamentos expositores refrigerados (24 ºC, 55%)

Fonte: (Gas Research Institute, 2000)

Determinar a carga de inltração é o aspecto mais desaador da análise da carga refrigerante de um equipamento expositor refrigerado. A falta de conhecimento do desempenho térmico das cortinas de ar contribui signicativamente

100

para este desao, principalmente, pela ausência de um método robusto e simplicado para determinar a quantidade dearqueentranobalcão. Actualmente, um pouco em função do objectivo nal dos balcões frigorícos, que reside na exposição e venda de produtosalimentares,osaspectosestéticosededesignsãodeextremaimportância,emdetrimentodosaspectos construtivos,geométricosedemateriaiscapazesdereduziracargadearrefecimento.

101

102

Capítulo 6

02

104

02

Oimpactodosequipamentosderefrigeraçãonasegurançaalimentareas tendênciasfuturas

6.1

-Impactodosequipamentosderefrigeraçãonasegurançaalimentar 

6.2

-Tendênciasfuturas

6.2.1 -Reduçãodacargatérmica 6.2.2  -Melhoriadoscomponentesdoequipamentoexpositorrefrigerado

Objectivos do Capítulo •Descreveraimportânciaecaracterizaroimpactodosequipamentosderefrigeraçãonagarantiadaqualidadee dasegurançaalimentardosprodutos; • Descrever os desaos futuros ao nível da refrigeração de produtos alimentar e apresentar as tendências futuras.

106

6.1-Impacto Impacto

dos equipamentos de refrigeração na segurança alimentar 

Na generalidade dos casos, os transportes e a comercialização representam os elos mais decientes da rede de frio. Ambos os sectores apresentam deciências intrínsecas que motivam um crescente esforço de investigação de modoadarrespostaaoscadavezmaisexigentesr modoadarrespostaaos cadavezmaisexigentesrequisitosdequalidadedef equisitosdequalidadedefrioparaaconservaçãode rioparaaconservaçãodeprodutos produtos perecíveisederacionalização perecíveise deracionalizaçãoenergética.Durante energética.Duranteotransporte, otransporte,aconservaçãodos aconservaçãodosprodutosalimentar produtosalimentaresemf esemfrioé rioé fortemente afectada pelas condições climáticas ambientais, podendo a distribuição espacial e a utuação temporal datemperaturaafectaraqualidadedosprodutos. Verica-se então que existem muitos elementos dos equipamentos expositores de refrigeração sobre os quais épossívelumaoptimizaçãodoconsumoenergéticoeumamelhoriadoseudesempenhotérmico.Noentanto, existemváriasbarreirasquedeverãoserultrapassadas,entreasquaissesalientam: •Aselecçãodosexpositoresrefrigeradosérealizadaemfunçãodopotencialdevendasquepossuemenãoem Aselecçãodosexpositoresrefrigeradosérealizadaemfunçãodopotencialdevendasquepossuemenãoem função da sua eciência energética, por falta de conhecimento sobre o valor monetário associado ao potencial dereduçãodoconsumoenergético,assimcomopeloretornodoinvestimentoserconsideradomaisrápido paraequipamentoscujascaracterísticasestejamrelacionadascomapromoçãodasvendas; •Ocustoinicialdoinvestimento,jáqueoretornodeinvestimentodeveráserconseguidoemcurtosespaços Ocustoinicialdoinvestimento,jáqueoretornodeinvestimentodeveráserconseguidoemcurtosespaços temporais,cercade2a3anos; •Apoucaaceitaçãodenovastecnologiasdevidoàfal •A poucaaceitaçãodenovastecnologiasdevidoàfaltadedadosconcretossobreassuasvantagens; tadedadosconcretossobreassuasvantagens; • A variabilidade espacial e sazonal das condições do ar ambiente e a sua grande inuência no desempenho energéticodosequipamentos.Tantofabricantescomoinstaladoresdeequipamentosindicamqueascondições do ar ambiente inuenciam consideravelmente o funcionamento dos equipamentos, e assim sendo, o seu desempenho térmico e eciência energética. A inuência da variação das condições do ar ambiente no desempenho térmico e na eciência energética dos expositorespodeserdeterminadapelacomparaçãodasmediçõesexperimentais expositorespodeserdeterminadapel acomparaçãodasmediçõesexperimentaisdoconsumoenergético(I), doconsumoenergético(I),edo edo volumedecondensadonoevaporador(V),epelocálculodofactordecontacto(FC). Noarrefecimentodoarhúmidopodemsermencionadososseguintescasos: •Atemperaturadoevaporadorésuperioràtemperaturadopontodeorvalhodoarqueentranoevaporador, Atemperaturadoevaporadorésuperioràtemperaturadopontodeorvalhodoarqueentranoevaporador, determinandoqueadiferençaentreaspressõesparciaisdevapordaáguanasuperfíciefriaenoarseja positiva.Asuperfíciedoevaporadorpermanecesecaeoarrefecimentoocorresemcondensaçãodevapor deágua; •Atemperatur Atemperaturado adoevapor evaporadoréinferio adoréinferiorà ràtemper temperatura aturado do pontodeorvalho pontodeorvalhodo do arqueentranoevaporador arqueentranoevaporador, , oquedeterminaqueadiferençaentreapressãoparcialdovapordeáguasaturadonasuperfíciefriaea pressãoparcialdevapordoarsejanegativa.Oarrefe pressã oparcialdevapordoarsejanegativa.Oarrefeciment cimentoproduz-se oproduz-secoma coma condens condensaçãodovaporde açãodovaporde água.Apósoarrefecimentoahumidadeabsoluta água.Apóso arrefecimentoahumidadeabsolutadoaràsaídaéinferior doaràsaídaéinferioraoseuvalorinicial. aoseuvalorinicial. Regra geral e também face aos resultados da análise experimental, o segundo caso é o mais usual. Dene-se o factor de contacto (FC) da serpentina do evaporador como a eciência de desumidicação, já que uma serpentina 100% eciente levará o conteúdo de humidade do ar para o estado de ar saturado à temperatura de ponto de orvalhododispositivo:

107

NaFigura6.1éapresentadoodiagrama NaFigura6.1éapresentado odiagramapsicrométricono psicrométriconoqualérepr qualérepresentadoumprocesso esentadoumprocessodearrefecimento dearrefecimentocom com desumidicação, em que os pontos A e B correspondem às condições do ar à entrada e à saída do evaporador, respectivamente,enquantoopontoCcorrespondeàscondiçõesdoaràtemperaturadepontodeorvalhodo equipamento. Especicamente, o factor de contacto expressa a fracção da quantidade de ar que é arrefecido por contacto com a superfície do evaporador. O parâmetro factor de bypass (FBP) é utilizado para expressar a eciência de permutadores de arrefecimento de ar ambiente, e representa a fracção da quantidade de ar que atravessaoevaporadorsemsofreralteraçãodasuacondiçãopsicrométricainicial,i.e.,traduzocomplementodo factordecontacto(FBP=1-FC).

Figura 6.1 - Representação esquemática de um processo de arrefecimento

com desumidicação no diagrama psicrométrico

Assim,nãoépossíveldissociarosefeitosdatemperaturaedahumidaderelativadoarambientenodesempenho Assim,nãoépossíveldissociarosefeitosdatemperaturaedahumidader elativadoarambientenodesempenho térmico e eciência energética, pelo que quanto maior for o FC, melhor será o desempenho térmico do equipamento econsequentesegura econsequen tesegurançaalime nçaalimentaremenor ntaremenorseráoseuconsumoenerg seráoseuconsumoenergético ético.Quandosedáacondensaç .Quandosedáacondensaçãodo ãodo vapor de água na superfície do evaporador, em função da sua temperatura supercial, a água passa ao estado sólido, o que com o aumento de espessura reduz o coeciente global de transferência de calor entre a superfície do evaporadoreoar.Estasituaçãolevaaquesejamrealizadosciclosdedescongelaçãonasuperfíciedoevaporador poractivaçãoderesist poractiva çãoderesistências ênciaseléctric eléctricas.Esteproce as.Esteprocesso,para sso,paraalémdeconstitui alémdeconstituirumacargatérm rumacargatérmicaparaoarna icaparaoarna regiãodeconservaçãoeexposiçãodosprodutos,aumentaoconsumoenergéticodoequipamento. ConformeapresentadoporMirandaetal.(2002),aevoluçãoclimáticadaTerranastrêsúltimasdécadasapresenta umatendênciadeaquecimento,aindaquemoderadamasjáacimadonívelusualdevariabilidadeinteranual.A quebrasucessivaderecordespara quebrasucessivade recordesparaatemperatura atemperaturaemdiferentes emdiferentesregiõese regiõeseaocorrência aocorrênciadeperíodos deperíodoscomsituações comsituações extremasdecalor,comgrandeimpactoeconómicoesocial,obrigouageneralidadedasociedadeaolharparao aquecimentoglobalcomoumproblemapremente.EstandoPortugalContinentallocalizadoaproximadamenteentre

108

aslatitudesde37ºNe42ºNeas aslatitudesde37ºNe42ºN easlongit longitudesde9,5º udesde9,5ºWe6,5ºW We6,5ºW,noextremo ,noextremoSudoestedaEuro SudoestedaEuropa,encon pa,encontra-s tra-se e nazonadetransiçãoentreoanticiclone nazonadetransição entreoanticiclonesubtropical(anticiclone subtropical(anticiclonedosA dosAçores)eazona çores)eazonadasdepressõessubpolares, dasdepressõessubpolares, sendo o clima fortemente inuenciado pela proximidade ao Oceano Atlântico. No entanto, algumas das regiões que o constituem apresentam características climáticas de tipo continental. O clima é fortemente inuenciado pela orograa da região, já que várias áreas das zonas Norte e Centro ultrapassam os 1000 m de altitude. A ligeira variação dos factores climáticos referidos (latitude, proximidade ao oceano e orograa) é suciente para induzir  variações signicativas na temperatura (Tabela 6.1 e Tabela 6.2) e, principalmente, na precipitação (Tabela 6.3) observadasemPortugalContinental. Tabela 6.1 - Temperatura média observada em Portugal Continental no período 1961-1990 (ºC)

MÍNIMO (ºC)

LOCALIZAÇÃO

MÁXIMO (ºC)

LOCALIZAÇÃO

Anual

7

centro-interior (terras altas)

18

Litoral-sul

Verão

16

Serra da Estrela

34

Centro-interior e centro-sul oriental

Inverno

2

centro-interior (terras altas)

12

Litoral-sul

Fonte: (Miranda et al., 2002)

Tabela 6.2 – 6.2 – Número de dias por ano médio com t emperatura média prescrita, no período 1961-1990 

MÍNIMO (ºC)

LOCALIZAÇÃO

MÁXIMO (ºC)

LOCALIZAÇÃO

T min ≤0ºC

0

Litoral-oeste e sul

100

Terras altas do centro-interior

T min ≥20ºC

2

Litoral-oeste e sul

40

Centro-interior  

T max ≥25ºC

2

Cent Ce ntro ro-i -int nter erio ior r(l (loc ocal aliz izad ado) o)

180

Centro-suloriental

T max ≥35ºC

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