3.3 - Portugal - Dificuldades e Crescimento Económico

March 21, 2019 | Author: Alberto Telmo Araujo | Category: Portugal, Brazil, Slavery, Netherlands, Caribbean
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3.3 Portugal –  Portugal –  Dificuldades  Dificuldades e Crescimento Económico 

País europeu de vocação atlântica, Portugal partilha os destinos da Europa e as flutuações do seu comércio. O século XVII, começa sob o signo das dificuldades económicas, que procura resolver implementando medidas proteccionistas. Já no século XVIII mostra-se mais propício. A descoberta do ouro, no Brasil, traz um breve desafogo económico, mas intenso, que marca o reinado de D. João V; no fim do século, é a política económica do Marquês de Pombal que dá os seus frutos. Vive-se, então, um período de acentuada prosperidade.

3.3.1. Da crise comercial de finais do século XVII à apropriação do ouro brasileiro pelo mercado britânico 

No século XVII, Portugal vivia sobretudo da reexportação dos produtos coloniais, tais como o ,   (ver nota 1 –  pág.  pág. 104) e as Em meados do século XVII, os Holandeses, expulsos do Brasil, transportaram para as Pequenas Antilhas (1) as técnicas de produção de açúcar e tabaco que, no litoral brasileiro, tinham aprendido. Estes cultivos rapidamente se generalizaram também aos territórios franceses e ingleses O Prof. Alberto Telmo de Araújo

Pequenas Antilhas (1) As  formam uma região do Caribe. Elas são formadas por picos de 18 vulcões, dispostos por mais de 700 km, na zona de encontro das placas tectónicas do Caribe e da América do Sul. Elas também são conhecidas como  (as mais ao norte) e (mais ao sul). Às vezes, a parte meridional das Antilhas Holandesas (Bonaire e Curaçao), Aruba e também Trinidad e Tobago  não são classificados como pertencentes à região ( ). O Prof. Alberto Telmo de Araújo

Pequenas Antilhas

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Deste modo, a Holanda, França e Inglaterra, que constituíam os nossos principais mercados, passam a consumir as suas próprias produções, reduzindo acentuadamente as compras feitas a Lisboa (ver doc.26A). Os efeitos negativos destas novas zonas produtoras, conjugadas com a política proteccionista de Colbert e a concorrência sofrida no comércio asiático, desencadearam uma crise comercial grave que, se não foi exclusivamente portuguesa, assumiu aqui maiores proporções que nos restantes países da Europa.

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Entre e , época em que a crise atingiu o seu auge, os armazéns de   abarrotavam de mercadorias sem compradores. O excesso de oferta reflectiu-se, de forma dramática, nos preços, que baixaram sem cessar (ver doc. 25). Para cúmulo, decaíram também as vendas de sal aos mercadores holandeses que aqui deixavam, em troca, boa prata espanhola adquirida em  (ver nota, pág. 105).



.

O surto manufatureiro 

( Produzir internamente o que até aí se adquiria ao estrangeiro pareceu aos nossos governantes a solução mais viável. Os esforços foram, pois, no sentido do . O panorama da nossa indústria era, nesta época, desolador. A dependência do estrangeiro no ramo dos lanifícios, o mais importante, era quase total. A lã alentejana, exportada em bruto para Espanha e Inglaterra, reentrava, depois, na forma de tecidos acabados. Nos outros sectores, a situação era idêntica. O Prof. Alberto Telmo de Araújo

Continuação … 



Embora a ideia de estivesse já na forja, foi o impacto da obra Discurso sobre a Introdução das Artes no Reyno , de Duarte Ribeiro de Macedo, embaixador em Paris, e por isso muito em contato com o colbertismo, que deu o impulso necessário ao arranque das manufaturas portuguesas (ver doc. 26). Nesta política distinguiram-se os de D. Pedro II, , 1º Marquês de Fronteira e, sobretudo, , 3º Conde da Ericeira (ver doc. 27, pág. 106).

Continuação … Desde que assumiu o cargo, em 1675, este ministro, a quem chamaram o Colbert português, procurou substituindo as importações por artigos de fabrico nacional. Neste sentido: 1. , sobretudo ingleses, holandeses e venezianos; 2. 

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, através da promulgação de , que proibiam o uso de diversos produtos de luxo importados ( , , , )

Continuação … à desvalorização monetária com o fim de tornar os produtos portugueses competitivos no mercado externo e, simultaneamente, encarecer os artigos que, de fora, nos chegavam .

4. Recorreu

Ainda de acordo com os preceitos do mercantilismo, , ás quais se deram privilégios fiscais: a , para o tráfico de escravos, a , destinada ao comércio brasileiro, e outras que, a partir de , operavam na , na   e em .

A inversão da conjuntura e a descoberta do ouro brasileiro 



Cerca de 1690, a crise comercial dá sinais de se extinguir. Uma série de conflitos político-militares transforma as relações comerciais entre os países europeus, prejudicando Holandeses e Franceses, os nossos mais directos concorrentes. As exportações portuguesas saem, então, do marasmo em que se encontravam: escoam-se os stocks dos armazéns, os preços das mercadorias coloniais elevamse e, em simultâneo, reactivam-se as vendas dos tradicionais produtos do reino , e, sobretudo, impõem-se nos mercados internacionais.

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A esta retoma do sector comercial veio-se juntar a concretização de um velho sonho; , pág.109). A esperança de que o subsolo brasileiro albergasse riquezas semelhantes às da América espanhola levou a que muitas   do século XVI ao século XVIII, partissem do litoral, embrenhando-se na floresta. Eram grupos de colonos e aventureiros, em geral armados, e organizados de forma paramilitar e empunhando um estandarte  –   daí o nome de  -, afrontavam os perigos, na esperança de encontrarem minas e aprisionarem nativos.

Bandeirantes

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Estas expedições, na sua grande maioria de iniciativa particular, tiveram como centro , vila inicialmente habitada por gente de poucos recursos que, não tendo possibilidades de adquirir escravos negros para as , recorria ao apresamento e comércio de nativos.. Embora formalmente proibido pela lei, a captura destes escravos só diminuiu em meados do século XVII, quando os bandeirantes tomaram como objectivo prioritário a procura de .

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Inicia-se então um período de pesquisa intensa, que a Coroa portuguesa procurou estimular. Entre e , estes esforços foram coroados de êxito, descobrindo-se ricas jazidas de ouro nos territórios de , e , entre outros. Uma súbita sensação de riqueza invadiu então Portugal. Só entre 1695 e 1703 , o país recebeu mais ouro do que, no seu conjunto, nos tinha chegado da  e . Ao todo, na , terão entrado no país cerca de .

Mapa do Brasil (ação dos Bandeirantes)

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Suporte do esplendor que dourou o reinado de D. João V, o ouro brasileiro não se revelou um incentivo ao desenvolvimento económico: pelo contrário (ler último parágrafo da página 110).

. 

À medida que a crise social se desvanecia, Portugal viase novamente em situação de poder adquirir, no estrangeiro, os produtos industriais necessários ao consumo interno. Além de que a liquidez proporcionada pelo ouro brasileiro permitia redobradas facilidades de pagamento.

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Neste contexto,

. A incapacidade de fazer cumprir as pragmáticas, bem como a fraca qualidade dos produtos fabricados, concorreu também para a decadência das nossas unidades industriais (ver nota, pág.112). Em 1703. o projecto industrializador recebe mais um rude golpe: a assinatura do (ver doc.32). Nos termos deste acordo, os tecidos de lã ingleses e outras manufacturas seriam admitidos sem restrições em Portugal, anulando assim, as leis pragmáticas que os proibiam.

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Em troca, os vinhos portugueses entrariam em Inglaterra pagando apenas dois terços dos direitos exigidos aos vinhos franceses. Este tratado foi durante muito tempo responsabilizado pela derrocada da nossa indústria e pela subsequente preponderância britânica. Na realidade, . Desde meados do século XVII que os Portugueses pagavam em benefícios económicos o apoio da Inglaterra à causa da Restauração. O estimulou o crescimento das exportações dos nossos vinhos (ver doc.32) que, desde

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… então, ficaram para sempre no gosto dos ingleses,

mas originou uma enorme dependência neste sector: em 1777, o mercado britânico representava 94% das nossas exportações vinícolas (ver nota, pág.113). Simultaneamente , não parando de crescer até 1761, ano em que atingiu a cifra de 1.061,049 Libras. Este défice, pago em numerário, foi o maior caudal por onde se esvaiu a riqueza do Brasil. Calcula-se que, por esta via,  recebido tenha ido parar às (ver doc. 33).

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